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Anteprojeto de nova sede para APAE - NATAL/RN Giovanna Palhares Souza de Paiva Fagundes

Anteprojeto de nova sede para APAE - NATAL/RN · 2020-02-09 · CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO GIOVANNA PALHARES SOUZA DE PAIVA FAGUNDES ... ser forte e resiliente. AGRADECIMENTOS

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Anteprojeto de nova sede para

APAE - NATAL/RNGiovanna Palhares Souza de Paiva Fagundes

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

GIOVANNA PALHARES SOUZA DE PAIVA FAGUNDES

ANTEPROJETO DE NOVA SEDE PARA A APAE NATAL/RN

Natal/RN

2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE TECNOLOGIA

DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA E URBANISMO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO

GIOVANNA PALHARES SOUZA DE PAIVA FAGUNDES

ANTEPROJETO DE NOVA SEDE PARA A APAE NATAL/RN

Natal/RN

2018

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GIOVANNA PALHARES SOUZA DE PAIVA FAGUNDES

ANTEPROJETO DE NOVA SEDE PARA A APAE NATAL/RN

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de arquiteto e urbanista.

Orientadora: Dra. Gleice Virgínia Medeiros de Azambuja Elali

Co-orientador: Prof. Verner Max Liger de Mello Monteiro

Natal/RN

2018

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN

Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial Prof. Dr. Marcelo Bezerra de Melo Tinôco - DARQ - ­CT

Fagundes, Giovanna Palhares Souza de Paiva.

Anteprojeto de nova sede para a APAE Natal/RN / Giovanna

Palhares Souza de Paiva Fagundes. - Natal, 2018.

127f.: il.

Monografia (Graduação) - Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. Centro de Tecnologia. Departamento de Arquitetura e

Urbanismo.

Orientadora: Gleice Virgínia Medeiros de Azambuja Elali.

Coorientador: Verner Max Liger de Mello Monteiro.

1. Projeto arquitetônico - Monografia. 2. Pessoa com

deficiência intelectual - Monografia. 3. Arquitetura sensorial -

Monografia. 4. Educação inclusiva - Monografia. 5. Flexibilidade

arquitetônica - Monografia. 6. Síndrome de down - Monografia. I.

Elali, Gleice Virgínia Medeiros de Azambuja. II. Monteiro, Verner

Max Liger de Mello. III. Universidade Federal do Rio Grande do

Norte. IV. Título.

RN/UF/BSE15 CDU 72.012.1

Elaborado por Ericka Luana Gomes da Costa Cortez - CRB-15/344

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GIOVANNA PALHARES SOUZA DE PAIVA FAGUNDES

ANTEPROJETO DE NOVA SEDE PARA A APAE NATAL/RN

Trabalho Final de Graduação apresentado ao curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito para obtenção do grau de arquiteto e urbanista.

Aprovado em 03 de dezembro de 2018.

BANCA EXAMINADORA

Orientadora – Prof. Dra. Gleice Virgínia Medeiros de Azambuja Elali

Co-orientador – Prof. Verner Max Liger de Mello Monteiro

Avaliador Interno – Prof. José Aureliano de Souza Filho

Avaliador Externo – Arq. Msc. Giordana Chaves Calado Timeni

Natal/RN

2018

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A Deus, por me iluminar em toda

essa jornada.

Aos meus pais, pela vida e amor.

A minha avó, que me ensinou a

ser forte e resiliente.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a toda minha família, por ter me dado incentivo e acreditado no meu

potencial: aos tios, tias, avôs, avós e primos, que mesmo com algumas palavras e

boas energias me fizeram amparo. Em especial meus avós maternos, por terem me

dado suporte diário e ao meu irmão Antônio, pelo companheirismo, ajuda e amizade.

Ao meu amado Yago, por ter me encorajado, apoiado, compreendido minhas

angústias e ser meu porto-seguro em todos os momentos.

Aos professores e profissionais da UFRN que contribuíram na formação

acadêmica, em especial a Gleice Elali, que acreditou no projeto, dividiu comigo seu

tempo, conhecimento, empenho e me aconselhou em momentos de dúvidas – sempre

com bom humor e um abraço carinhoso. A Verner Monteiro pela disponibilidade e

colaboração no trabalho.

A todos os meus amigos, em especial a Natalya, pelo ombro amigo e

disposição a dar bons conselhos, e aos colegas de turma que compartilharam

ensinamentos ao longo desses seis anos.

Aos irmãos de coração com que o Ciências Sem Fronteiras me presenteou:

Paulo, Roberto e Leo (e a experiência vivida ao lado deles), e às minhas queridas

amigas do colégio CEI, que levo para a vida.

Aos profissionais que me ensinaram muito sobre a arquitetura, André Macedo,

Renata Matos e às suas equipes do escritório. Além daqueles que surgiram na minha

vida acadêmica fora da UFRN.

Por último, mas não menos importante, agradeço às equipes pedagógica e

clínica, todos os membros da APAE-Natal, em especial a Dr. Murilo, Sandra, Sueli e

Alzira – pessoas queridas que forneceram subsídios para elaboração desse projeto.

A todos que contribuíram de alguma forma para a minha jornada, meus

sinceros agradecimentos.

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RESUMO

A Política de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva brasileira

(MEC, 2008) orienta as estratégias educacionais sobre o Atendimento Educacional

Especializado (AEE), por meio de atividades e recursos pedagógicos que são

prestados às pessoas com deficiência em complementação ao ensino regular. Um

exemplo de instituição que se enquadra nessa categoria é a Associação de Pais e

Amigos dos Excepcionais (APAE) que atua no país há mais de 60 anos, focalizando

crianças e adolescentes (0 a 18 anos) com deficiências física, motora, intelectual ou

múltiplas. Nesse contexto, o presente Trabalho Final de Graduação objetiva

desenvolver o anteprojeto arquitetônico de uma nova sede para a APAE Natal/RN,

utilizando diretrizes da arquitetura sensorial a fim de promover um ambiente que

estimule a aprendizagem de seus usuários. A proposta se baseia em revisão de

literatura do panorama internacional e brasileiro acerca da educação inclusiva, e na

análise dos princípios da flexibilidade arquitetônica. Implantada em terreno com cerca

de 8.000 m², a nova edificação recorre a blocos de concreto estrutural para criar uma

área construída de 2.454,40m2, composta por setores de apoio pedagógico e

poliesportivo, e de tratamentos clínicos, como hidro e equoterapia.

Palavras-Chave: Educação inclusiva; Pessoa com deficiência intelectual; Flexibilidade

Arquitetônica; Arquitetura Sensorial; Síndrome de Down.

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ABSTRACT

In Brazil, the special education policy in the perspective of inclusive education (MEC,

2008) guides the educational strategies on the Specialized Educational Service,

through activities and pedagogical resources provided to people with intellectual

disabilities. An example of an institution in this category is the Association of Parents

and Friends of the Exceptional (APAE) that has been operating for more than 60 years

in the country, focusing on children and adolescents (0 to 18 years) with physical,

motor, intellectual or multiple disabilities. In this context, the present final graduation

work aims to develop a new headquarters proposal for APAE Natal/RN by means of

guidelines of sensory architecture, in order to promote an environment that stimulates

the learning of users. The proposal is based on a literature review of the international

and Brazilian panorama on inclusive education, and in the analysis of the principles of

architectural flexibility. The new physical structure of the institution, implanted in blocks

arranged in land with about 8,000 m², is composed of areas of pedagogical and multi-

sportive support, and clinical treatments, such as hydro and equine therapy.

Keywords: Inclusive education; Disabled person; Architectural flexibility; Sensory

architecture; Down Syndrome.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Equoterapia ............................................................................................... 34

Figura 2 - Estímulos cerebrais durante a equoterapia ............................................... 35

Figura 3 - Vista aérea do Jardim Social a Cidade da Alegria .................................... 39

Figura 4 - Planta de implantação ............................................................................... 40

Figura 5 - Croqui da implantação e relação dos pátios ............................................. 41

Figura 6 - Corte do módulo base ............................................................................... 41

Figura 7 - Planta baixa do módulo base .................................................................... 42

Figura 8 - Estudos volumétricos ................................................................................ 43

Figura 9 - Vista aérea do projeto ............................................................................... 44

Figura 10 – Módulos compostos em colmeia ............................................................ 45

Figura 11 - Pátios internos e áreas de circulação o envolvendo ............................... 45

Figura 12 - Layout aberto da sala de aula e pilar central .......................................... 46

Figura 13 - Terreno com conformação em colmeia ................................................... 46

Figura 14 - Escola primária Santa Maria da Cruz ...................................................... 47

Figura 15 - Layout aberto e conectividade de espaços ............................................. 48

Figura 16 - Planta do projeto da escola ..................................................................... 49

Figura 17 - Mobiliário em formato de colmeia ........................................................... 49

Figura 18 - Localização do CERN ............................................................................. 51

Figura 19 - Arena coberta e rampa de acesso para PCD ......................................... 52

Figura 20 - Baias dos cavalos e pasto ...................................................................... 52

Figura 21 - Terraço para guarda de celas de montaria ............................................. 53

Figura 22 - APAE Natal localização .......................................................................... 56

Figura 23 - Planta baixa esquemática da APAE........................................................ 58

Figura 24 - Equipamento público de parada de ônibus na frente da APAE .............. 60

Figura 25 - Placa de divisão dos setores .................................................................. 62

Figura 26 - Salas de atendimento setor clínico ......................................................... 63

Figura 27 - Sala de terapia ocupacional .................................................................... 64

Figura 28 - Setor de fisioterapia ................................................................................ 64

Figura 29 - Salas de aula da APAE ........................................................................... 65

Figura 30 – Quadra da APAE .................................................................................... 66

Figura 31 - Terreno escolhido ................................................................................... 68

Figura 32 – Condições físicas do terreno .................................................................. 69

Figura 33 - Gabarito do entorno ................................................................................ 70

Figura 34 - uso do solo no entorno do terreno .......................................................... 71

Figura 35 - zoneamento bioclimático brasileiro ......................................................... 72

Figura 36 - Croquis de HOLANDA (1976) em Roteiro para construir no Nordeste ... 72

Figura 37 - Análise dos ventos predominantes no terreno ........................................ 73

Figura 38 - Análise de ventos vindos de sudeste ...................................................... 73

Figura 39 - Análise de ventos vindos de leste ........................................................... 74

Figura 40 - Análise do sombreamento dos edifícios do entorno................................ 75

Figura 41 - Dados de sombreamento no mês de março ........................................... 75

Figura 42 - Incidência solar no solstício de inverno ................................................... 76

Figura 43 - Macrozoneamento de Natal segundo o Plano Diretor ............................. 77

Figura 44 - Impressão digital de um indivíduo ........................................................... 84

Figura 45 - Padrões encontrados nas impressões digitais ........................................ 85

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Figura 46 - Croquis de concepção projetual .............................................................. 86

Figura 47 - Repetição do módulo zero ...................................................................... 86

Figura 48 - Partido arquitetônico ............................................................................... 87

Figura 49 - Módulos P, M e GG ................................................................................. 88

Figura 50 - Proposta inicial de projeto ....................................................................... 89

Figura 51 – Estudos com maquete volumétrica ........................................................ 90

Figura 52 - Evolução da planta baixa: soluções 01 e 02 ........................................... 90

Figura 53 – Croqui do zoneamento final ................................................................... 91

Figura 54 - Imagem realista do projeto ...................................................................... 92

Figura 55 - Setorização em planta baixa ................................................................... 93

Figura 56 - Planta baixa da APAE ............................................................................. 94

Figura 57 - Piscina e arena de equoterapia .............................................................. 95

Figura 58 - Acesso secundário do estacionamento ................................................... 96

Figura 59 - Quadra poliesportiva ............................................................................... 96

Figura 60 - Área do pátio interno ............................................................................... 97

Figura 61 - Esquema de projeto com sugestões paisagísticas ................................. 98

Figura 62 - Parede em concreto armado estrutural ................................................... 99

Figura 63 - Detalhe de laje impermeabilizada ......................................................... 101

Figura 64 - Laje do tipo BubbleDeck ....................................................................... 101

Figura 65 - Corte esquemático de divisórias em DryWall ........................................ 103

Figura 66 - Pingadeira das marquises das circulações ........................................... 103

Figura 67 - Telha termoacústica com isolamento em EPS ...................................... 104

Figura 68 - Exemplos de arquibancadas em pré-moldado ...................................... 104

Figura 69 - Exemplo de brise com eixo vertical ....................................................... 105

Figura 70 - Identidade visual através de cores ........................................................ 105

Figura 71 - Dimensão mínima de 1.50m para circulações ...................................... 106

Figura 72 - Medidas mínimas de sanitário acessível ............................................... 107

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LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Ficha técnica estudo do Jardim Social A Cidade Da Alegria ................... 40

Quadro 2 - Ficha técnica do Jardim de Infância bilingue ECNU ................................ 44

Quadro 3 - Ficha técnica da Escola Primária Santa Maria Da Cruz .......................... 47

Quadro 4 - Ficha técnica do CERN ........................................................................... 50

Quadro 5 - Síntese dos estudos de casos ................................................................ 54

Quadro 6 - Ficha técnica da APAE - Natal ................................................................ 57

Quadro 7 - Medidas de recuos exigidas pelo Plano Diretor de Natal (PMN, 2007) ... 78

Quadro 8 – Pre-dimensionamento ............................................................................ 79

Quadro 9 - Descritivo de ambiente por tipologia de blocos ..................................... 100

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Quantidade de usuários atendidos pela APAE-RN e que residem em outros

municípios do estado do RN (exceto Natal) .............................................................. 59

Tabela 2 - Vãos usuais e sua carga permanente equivalente ................................. 102

Tabela 3 - Cálculo da capacidade da caixa d'água ................................................. 108

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ABNT – Associação Brasileira de Normas Técnicas

AAIDD – American Association on Intellectual and Developmental Disabilities

(Associação Americana de Retardo Mental)

AEE – Atendimento Educacional Especializado

ANDE – Associação Nacional de Equoterapia

APAE – Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais

DSM-IV – Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

CERN – Centro de Equoterapia do Rio Grande do Norte

FENAPAE – Federação Nacional das APAEs

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

MEC – Ministério da Educação

NBR – Norma Brasileira

UFRN – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .................................................................................................... 15

2 SOBRE A EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL .... 19

2.1 A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) ......................... 22

3 ARQUITETURA SENSORIAL E SUAS RELAÇÕES .......................................... 27

3.1 A arquitetura sensível e o sexto sentido espacial ........................................ 27

3.2 Duas teorias pedagógicas e seu espaço ...................................................... 31

3.3 A equoterapia – instrumento de conexão ..................................................... 33

4 ESTUDOS DE CASO ......................................................................................... 39

4.1 Estudos de caso – indiretos ......................................................................... 39

4.1.1 Jardim Social A Cidade Da Alegria/ Timayui, Colômbia ........................ 39

4.1.2 Jardim de Infância bilingue ECNU / Xangai, China ................................ 43

4.1.3 Escola Primária Santa Maria Da Cruz / Point Cook, Austrália ............... 47

4.2 Estudo de caso – direto ................................................................................ 50

4.2.1 Centro de Equoterapia do Rio Grande do Norte (CERN) / Natal, Rio

Grande do Norte ................................................................................................. 50

4.3 Síntese dos estudos de caso ....................................................................... 54

5 A APAE NATAL .................................................................................................. 56

6 ESTUDOS INICIAIS ........................................................................................... 68

6.1 O terreno e seu entorno ............................................................................... 68

6.2 Condicionantes ambientais .......................................................................... 71

6.3 Condicionantes normativos e legais ............................................................. 76

6.4 Programa de necessidades e pré-dimensionamento ................................... 78

6.5 Princípios da flexibilidade arquitetônica ....................................................... 80

6.6 Flexibilidade do projeto e o sistema construtivo ........................................... 81

7 PROPOSTA ARQUITETÔNICA ......................................................................... 84

7.1 O conceito e o partido arquitetônico ............................................................. 84

7.2 Processo propositivo .................................................................................... 87

7.3 Memorial descritivo e justificativo ................................................................. 92

7.3.1 Inserção urbana ..................................................................................... 92

7.3.2 Soluções funcionais ............................................................................... 93

7.3.3 Indicações paisagísticas ........................................................................ 97

7.3.4 Estrutura e envoltória ............................................................................. 99

7.3.5 Elementos de identificação dos ambientes .......................................... 105

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7.3.6 Acessibilidade ...................................................................................... 106

7.3.7 Reservatório d’água ............................................................................. 107

8 IMAGENS REALISTAS DA PROPOSTA DE PROJETO .................................. 109

9 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................. 119

REFERÊNCIAS ....................................................................................................... 120

APÊNDICE A - ROTEIRO I PARA ENTREVISTA À APAE NATAL ......................... 126

APÊNDICE B - ROTEIRO II PARA ENTREVISTA À APAE NATAL ........................ 127

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15

1 INTRODUÇÃO

De acordo com Censo 2010 realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE), quase 24% da população do país tem algum tipo de deficiência, ou

seja, 45,6 milhões de pessoas. Em alguns estados, no entanto, esse percentual sobe

em função de fatores como pobreza, má alimentação, ausência de políticas de

prevenção ou violência urbana (IBGE, 201báisc8). Nesse campo, uma das maiores

preocupações é garantir educação às pessoas envolvidas, ampliando seu convívio

social e sua visibilidade.

No Brasil, atualmente o documento mais amplamente utilizado para assegurar

educação a pessoas com deficiências e outras necessidades especiais é a Política

Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (BRASIL,

2008). Ela destaca a inclusão como prioridade do Ministério da Educação, ressaltando

a importância de oferecer condições para que todas as crianças frequentem as

mesmas escolas e nelas convivam, qualidade que deve envolver tanto a rede pública

quanto a privada.

A política também admite a chamada Educação Especial, ofertada como

complemento à escolarização básica em todas as suas etapas. Em geral as

instituições que oferecem essa complementação recorrem a correntes pedagógicas

denominadas ‘pedagogias ativas’, em cuja implantação o ambiente é entendido como

instrumento educacional, de modo que tanto o espaço físico quanto o entorno de um

edifício podem ser capazes de ensinar e despertar o conhecimento do estudante.

Nesse contexto, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) é

uma instituição que atua há mais de 60 anos no campo da Educação Especial,

promovendo a defesa de direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla a

partir de atividades que envolvem as esferas clínica, pedagógica, social e cultural.

Desde o ano de 2008 a APAE é classificada pelo Ministério da Educação como uma

unidade de Atendimento Educacional Especializado (AEE), se inserindo no meio

pedagógico como um complemento à pessoa com algum déficit de desenvolvimento

intelectual (seja derivados de doenças ou de dificuldades motoras). Agregado a esse

caráter educativo, a instituição conta com atendimento médico e fisioterápico,

entendidos como parte importante da formação básica, uma vez que sensibilizam,

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16

motivam e preparam os estudantes para participação no processo de ensino-

aprendizagem.

Segundo Pessoti (1984, apud CRUZ 2015), os estudantes com deficiências

intelectuais apresentam necessidades físicas, psicológicas intelectuais e sociais

diferenciadas. Assim, em muitas situações elas podem precisar de maior quantidade

de estímulos sensoriais e objetos concretos a fim de adquirirem noções básicas

essenciais à incorporação de habilidades importantes, como acontece com a noção

de número e outras abstrações, e com a prontidão para a escrita e a leitura.

Desde 31 de outubro de 1959 localizada na Rua dos Potiguares, no bairro de

Dix-Sept Rosado em Natal/RN, a APAE-Natal foi a 5ª sede da instituição fundada no

Brasil. Por ser uma associação sem fins lucrativos, sua estrutura física é mantida

através de doações e, devido a essa condição, é perceptível que o edifício após cerca

de seis décadas não oferece funcionamento pleno aos seus usuários.

Assim, entendendo-se que o ambiente físico escolar é, em essência, o local do

desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, refletindo e expressando

aspectos que vão além da sua materialidade, o que exige sua compreensão como

resultado da expressão cultural de uma comunidade ou grupo (KOWALTOVSKI,

2011), infere-se que a elaboração do anteprojeto de um edifício que abrigue a APAE

justifica-se como um tema para a realização de um Trabalho Final de Graduação

(TFG) no campo do projeto de Arquitetura.

Além da evidente importância social do tema, sua escolha se deu por motivos

de cunho pessoal, pois durante cerca de uma década minha mãe e minhas tias fizeram

parte da equipe pedagógica da APAE, de modo que desde criança minha visita à

instituição era frequente. Assim, a medida em que ia adquirindo conhecimentos no

curso de Arquitetura e Urbanismo comecei a identificar falhas no edifício da APAE

(como problemas em sua acessibilidade, conforto ambiental, estrutura física,

disposição espacial, entre outros.), entendendo que tais dificuldades interferem no

bom desempenho da equipe e na utilização do espaço pelos estudantes e seus

familiares.

Nesse contexto, compreende-se, ainda, a importância do espaço escolar em

sua dimensão educativa, o que torna evidente a importância de estudá-lo

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17

arquitetonicamente. Sobretudo, destaca-se o desafio que significa analisar o processo

de inclusão social de estudantes com deficiência no ensino regular, e o papel

assumido pela arquitetura nesse processo.

Diante desse quadro geral, este TFG teve como ponto de partida a necessidade

de avaliar o ambiente da APAE-Natal de modo a verificar as carências do espaço

edificado e subsidiar a concepção de um anteprojeto de nova sede para a instituição.

Seu objetivo geral consiste em desenvolver o anteprojeto arquitetônico de uma nova

sede para a APAE Natal/RN, utilizando diretrizes da arquitetura sensorial a fim de

promover um ambiente que estimule a aprendizagem dos usuários, ou seja, pretende-

se investir na proposta de um edifício que promova a otimização das relações pessoa-

ambiente, para o que é essencial que o projeto valorize os sentidos humanos

(sensorialidade) e ofereça condições de flexibilidade espacial.

Como uma segunda e importante meta a atender pretendeu-se utilizar uma

técnica construtiva diferente da habitualmente trabalhada no CAU-UFRN, ou seja, o

uso de estrutura em concreto e fechamentos em alvenaria. Tal opção se explica tanto

em função da importância de buscar-se novas soluções para questões arquitetônicas

e urbanísticas emergentes, quanto pela necessidade de estudar outros métodos,

pouco abordados na graduação. Assim, em um primeiro momento foi pretendida a

utilização do Steel Frame como técnica construtiva, opção que posteriormente migrou

para o uso de concreto armado. Apesar dessa intenção, ressalva-se que, como trata-

se de um estudo em nível de anteprojeto, a definição final da técnica construtiva

poderia ser transferida para uma etapa posterior da atividade projetual, a partir da

negociação com o contratante e com outros membros da equipe multidisciplinar que

deveria envolver-se com uma proposta dessa natureza.

Traçado a partir dessa linhas gerais, além da introdução e das considerações

finais, esse TFG está organizado em sete capítulos: os dois primeiros relativos ao

referencial teórico – no qual são comentados os princípios da educação inclusiva e

tecidas reflexões sobre a arquitetura sensorial e suas relações, segue um capítulo que

apresenta os estudos de referência que nortearam a elaboração da proposta; o

capítulo 5 apresenta a APAE-RN enquanto objeto em estudo; o capítulo 6 traz estudos

iniciais realizados; e, por último, no capítulo 7 é explanada a proposta arquitetônica

que se configura no anteprojeto.

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CAPÍTULO 2

SOBRE A EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL

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2 SOBRE A EDUCAÇÃO DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL

Historicamente, diversas situações foram enfrentadas pelas pessoas com

deficiência: do extermínio (na antiguidade) ao abandono à própria sorte e ao castigo

divino (difusão do cristianismo), até a abordagem médica e o atendimento em

instituições especializadas (SANTOS, MENDONÇA, OLIVEIRA 2014).

De acordo com Cruz (2015) existem três principais sistemas de classificação

de deficiências intelectuais: a da American Association on Intellectual and

Developmental Disabilities1 (AAIDD), a do Manual Diagnóstico e Estatístico de

Transtornos Mentais (DSM-IVTM) e a Classificação de Transtornos Mentais e de

Comportamento (CID-10).

Geralmente a deficiência intelectual corresponde a uma alteração no

desempenho cerebral provocada por fatores genéticos, distúrbios na gestação,

problemas no parto ou após o nascimento. Em muitas situações ela está ligada a

síndromes (Síndrome de Down; do X-Frágil; de Prader-Willi; de Angelman; Williams)

ou a erros inatos de Metabolismo (Fenilcetonúria, Hipotireoidismo congênito etc.).

(APAE, 2015). Além das síndromes supracitadas, a instituição ainda menciona os

Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID). Os TIDS são caracterizados por

severos déficits e prejuízo invasivo em múltiplas áreas do desenvolvimento, dentre

eles: transtorno Autista, transtorno de Rett, transtorno ‘desintegrativo’ da Infância,

transtorno de Asperger e transtorno invasivo do desenvolvimento sem outra

especificação (DSM-IV, 1995).

Em 1961, a AAIDD publicou em seu manual a definição da deficiência

intelectual que, após revisões, na nona edição do manual (no ano de 1992) passou a

ser multidimensional, e que passou a ser adotada como referência em diferentes

países, dentre eles o Brasil. De acordo com a instituição a deficiência intelectual (DI)

é “caracterizada por limitações significativas no funcionamento intelectual global,

acompanhadas por dificuldades acentuadas no comportamento adaptativo,

manifestadas antes dos dezoito anos de idade” (AAIDD, 2010, p. 02). Atualmente a

AAIDD visa superar a concepção que a deficiência intelectual é uma condição estática

e difundir a ideia de que o desenvolvimento da pessoa com deficiência varia de acordo

1 Anteriormente denominada American Association on Mental Retardation (AAMR).

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com o ambiente em que vive e dos apoios e suportes que ela recebe, um dos grandes

desafios está ligado no desenvolvimento do indivíduo e na capacidade de gerar

estímulos, o que justifica a busca por uma arquitetura sensorial que auxilie seu

aprendizado.

Até meados da década de 70 pouco se ouvia falar em estudantes com

deficiência matriculados em escolas do ensino regular. A eles eram destinadas as

chamadas classes especiais, localizadas fora do sistema educacional. “A segregação

era baseada na crença que eles seriam mais bem atendidos em suas necessidades

educacionais se ensinados em ambientes separados” (MENDES, 2006, p.387).

No Brasil, a definição de educação voltada a pessoa com deficiência se

intensificou com a lei nº 5.692/97 que, em seu Artigo 9º, define tratamento especial

para “os alunos que apresentem deficiências físicas ou mentais, os que se encontrem

em atraso considerável quanto à idade regular de matrícula e os superdotados”

(BRASIL, 1997). Diante disso, foram criadas classes especiais para as pessoas com

deficiência, nas quais eram realizadas atividades pedagógicas específicas, pois os

métodos de ensino regular excluíam as pessoas que não alcançavam um nível de

aprendizado comum aos demais. “Assim, a educação especial foi constituindo-se

como um sistema paralelo ao sistema educacional geral” (MENDES, 2006, p.388).

Paralelamente, no contexto mundial gradualmente começaram a acontecer

mudanças do sistema educacional, sobretudo nos países europeus, que avançaram

do conceito da “segregação” para “integração” da pessoa com deficiência ao campo

escolar. Segundo Christie (apud MENDES, 2006) o conceito de integração reforçava

o pressuposto de inserir as pessoas com deficiência em uma mesma escola, mas não

necessariamente na mesma classe. Essa transição se diferenciava do conceito de

inclusão escolar, já que era necessário o progresso individual da criança a fim de

atingir um nível que garantisse sua permanência na sala de aula.

Quase ao mesmo tempo, nos Estados Unidos o termo “inclusão” passou a ser

recorrente desde meados da década de 90, associado à ideia de ser obrigação do

estado oferecer educação à crianças e jovens com necessidades especiais. Nesse

campo, Will (apud MENDES, 2006) defendia que as escolas regulares deveriam ser

aptas a receber todos os perfis de estudantes, porém, sem descartar a necessidade

da manutenção do serviço de ensino especial.

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Em ambos os casos, a ideia central da inclusão social reforçava a necessidade

de mudar a escola, possibilitando a convivência dos diferentes e legitimando as

diferenças humanas. O propósito deixou de ser tão somente intervir diretamente sobre

as pessoas com deficiência, mas envolver a sociedade como um todo no

enfrentamento da questão. Ao ganhar proporções mundiais essa ideologia

sensibilizou a população sobre os prejuízos sofridos pela segregação de indivíduos

estigmatizados como minoritários, tornando qualquer tipo de segregação educacional

intolerável.

Na Conferência Mundial sobre Educação para Todos2, acontecida em 1990 em

Jomtien, Tailândia, foi aprovada a Declaração Mundial sobre Educação para Todos,

que culminou em 1994 na realização da Conferência Mundial sobre Necessidades

Educacionais Especiais: acesso e qualidade, produzindo, por fim, a Declaração de

Salamanca definida como o grande marco que gerou a difusão da filosofia da

educação inclusiva (MENDES, 2006).

Nesse contexto, na última década o Brasil está passando por uma reforma

educacional visando prover uma educação de qualidade para todos, o que, em 2010,

originou o Plano Nacional de Educação (PNE), definido segundo a Política Nacional

de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (2008) como:

[...] uma modalidade de ensino que perpassa todos os níveis, etapas

e modalidades, realiza o atendimento educacional especializado,

disponibiliza os recursos e serviços e orienta quanto a sua utilização

no processo de ensino e aprendizagem nas turmas comuns do ensino

regular. (BRASIL, 2008, p. 11)

Na ocasião o Ministério da Educação determinou que todos os estudantes

devem usufruir de Atendimento Educacional Especializado (AEE), preferencialmente

de forma integrada e transversal ao sistema regular de ensino.

Atendimento educacional especializado: conjunto de atividades,

recursos de acessibilidade e pedagógicos organizados

institucionalmente, prestado de forma complementar ou suplementar

à formação dos alunos no ensino regular. (BRASIL, 2008, p. 1)

2 Promovida pelo Banco Mundial, Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) e Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD)

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Essa deliberação, no entanto, não impede o surgimento de instituições

especializadas, dedicadas a realização de outros tipos de atendimento às pessoas

com necessidades especificas, em geral aliando atividades educativas a tratamentos

complementares, quer clínicos ou fisioterápicos. Este é o caso da Associação de Pais

e Amigos dos Excepcionais (APAE).

2.1 A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE)

A Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (APAE) foi fundada em 11

de dezembro de 1954, na cidade do Rio de Janeiro, por Beatrice e George Bemis,

diplomatas dos Estados Unidos que, ao chegarem ao Brasil, não encontraram

entidade de acolhimento para um filho com síndrome de Down. A constatação dessa

lacuna gerou a luta do casal por um organismo que contemplasse o atendimento às

pessoas com deficiência intelectual e culminou com o surgimento da nova instituição.

Naquele ano aos diplomatas aliaram-se vários pais, amigos e médicos de

pessoas com deficiência. Com eles nasceu a primeira Associação de Pais e Amigos

dos Excepcionais (APAE). Em março de 1955, em uma reunião na sede da Sociedade

Pestalozzi do Brasil, foi escolhido seu conselho deliberativo, e, contando com o apoio

e o espaço cedido pela Sociedade Pestalozzi, foi iniciado seu trabalho pedagógico em

duas turmas com 20 crianças (VÉRAS, 2000).

Na década de 50 a educação pública abordava a deficiência intelectual através

do viés do estigma da diferença, provocando a exclusão desses estudantes dos

serviços escolares. Esse contexto provocou a disseminação do movimento para

outras capitais e cidades do interior, o que resultou entre os anos de 1954 a 1962 a

fundação de dezesseis APAEs no Brasil, incluindo a do estado do Rio Grande do

Norte, na cidade de Natal. Diante desse sucesso, em 10 de novembro de 1962 foi

fundada a Federação Nacional das APAEs (FENAPAE) em São Paulo, no consultório

do médico Stanislau Krinski. A FENAPAE se configura como um organismo nacional

agindo para representar, organizar e articular as ideias da instituição.

Atualmente a instituição se organiza em quatro níveis hierárquicos

administrativos:

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• Federação Nacional das APAEs – responsável por proporcionar atenção

integral e integrada às pessoas com deficiência, provocando articulações,

interligação entre saberes, recursos, programas e ações;

• Federações das APAEs nos estados (atualmente conta com 25 estados e

Distrito Federal, exceto o estado de Roraima) – responsáveis pelos rumos,

diretrizes, e estratégias do Movimento apaeano e, pela articulação política,

defesa de direito e ações, em âmbito estadual;

• Conselhos Regionais das APAEs – com a função de organizar as APAEs nas

microrregiões, orientando seus rumos e sendo o contato direto entre a base e

a Federação das APAEs no estado;

• APAEs nos municípios – são as prestadoras de serviços e atendimentos diretos

ao seu público especial.

De acordo com a FENAPAE, a instituição opera na assistência integral e defesa

de direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla e é considerada uma

das maiores redes da América Latina, se fazendo presente atualmente em cerca de

dois mil municípios brasileiros. Pode ser traduzida em “um movimento associativo

entre famílias, escolas, organizações de saúde e sociedade, para promover e articular

ações de defesa dos direitos das pessoas com deficiência intelectual e múltipla na

perspectiva de sua inclusão social” (APAE, 2015 s/p).

Em sua composição atual, a APAE atua na assistência clínica, atendendo

desde o apoio psicológico, psicomotor, fisioterápico, psicopedagógico, psicossocial,

fonoaudiológico, médico, terapêutico, além de desempenhar um atendimento

educacional especializado a crianças, adolescentes e adultos. As famílias também

estão envolvidas nas ações, recebendo orientações e apoio dos profissionais.

Não obstante, é importante retomar o contexto da inclusão social no que tange

as instituições de categorias AEE’s. Recorda-se que a história da educação especial

no país tem início na década de 50, com iniciativas de médicos e pedagogos que

ousaram contrariar os conceitos vigentes na época e acreditaram na possibilidade de

educação de pessoas para as quais, até então, não era oferecido nenhum tipo de

instrução (MENDES, 2006).

Em 2008, com a mudança das políticas de educação, as instituições que

atendiam pacientes em caráter integral e multidisciplinar passaram a ter uma redução

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de estudantes, tendo em vista que foi proibido pelo MEC, assim como o Ministério

Público, as atividades continuadas em sala de aula nas instituições como a APAE,

com o princípio em que o processo bilateral entre a sociedade e as pessoas excluídas

procuravam garantir oportunidade para todos, a fim de promover uma sociedade mais

democrática (MENDES, 2006). No entanto, ao longo de trinta anos, ainda existem

divergências de pensamentos quanto a política de educação inclusiva acerca das

vantagens e desvantagens seja da integração escolar, seja da inclusão escolar.

Ao mesmo tempo em que o ideal da inclusão se globaliza e se torna

pauta de discussão obrigatória para todos os interessados nos direitos

dos alunos com necessidades educacionais especiais, são renovadas

velhas controvérsias, que estavam também presentes no ideário da

integração escolar, e que se referem às formas de efetivá-la.

(MENDES, 2006, p. 395)

Ferguson e Ferguson (1998, apud MENDES, 2006, p. 395) levantam

questionamentos quanto ao processo de inclusão escolar das pessoas com

deficiência:

a) a inclusão é para todos, ou só para alguns? B) a inclusão significa

colocação integral na classe comum com situações especializadas de

aprendizagem? c) a inclusão prioriza a aprendizagem social e as

amizades ou o desempenho acadêmico bem-sucedido? D) a inclusão

será prejudicial ou positiva para os alunos sem limitações? E) as

evidências empíricas sustentam ou não a inclusão?

Hallahan e Kauffman (1994, apud MENDES, 2006, p. 396) defendem que a

“inclusão social” ainda sofre resistência pois:

[...] para alguns tipos de dificuldade [...] pode ser mais restritiva e

segregadora a sala de aula comum do que um tipo de colocação mais

protegida e estruturada; nem todos os professores e educadores do

ensino regular estão dispostos a, ou mesmo são capazes de lidar com

todos os tipos de alunos com dificuldades especiais, principalmente

com os casos [...] exigem recursos técnicos e serviços diferenciados

de apoio; [...] um dos principais direitos de qualquer minoria é o seu

direito de escolha, sendo que os pais ou tutores desses alunos devem

ter liberdade para escolher o que acham melhor para os seus filhos;

desconsiderar a evidência empírica de que há eficácia em alguns tipos

de resposta mais protegida, para alguns tipos de alunos com

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dificuldades especiais na escola, seria uma atitude profissionalmente

irresponsável e antiética; na ausência de dados que suportem a

vantagem do modelo, os educadores e políticos deveriam preservar o

contínuo de serviços, para que, em qualquer momento, seja

salvaguardada a escolha daquele que se mostrar menos restritivo para

as circunstâncias.

Em suma, a construção de um modelo capaz de oferecer respostas às novas

demandas sociais é exigido pela sociedade. Nesse contexto, a inclusão social deve

ser um reflexo do compromisso em concentrar esforços para eliminar quaisquer

barreiras físicas, psicológicas, sociais ou historicamente construídas, e a educação é

o instrumento que faz com que os indivíduos sejam inseridos em seus meios sociais.

Segundo Brandão (1993 apud MARTINS, GIROTTO e SOUZA, 2013, p. 24) “a

educação, na espécie humana, dá continuidade ao trabalho da vida; exerce no homem

a continuidade do trabalho da natureza de fazer com que ele evolua, tornando-se,

assim, mais humano.”

Entre as principais pedagogias que podem subsidiar o trabalho na APAE estão

a Montessori e a Reggio Emilia, tratadas no próximo capítulo.

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CAPÍTULO 3

ARQUITETURA SENSORIAL E SUAS RELAÇÕES

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3 ARQUITETURA SENSORIAL E SUAS RELAÇÕES

Esse capítulo reflete brevemente sobre as características de algumas teorias

pedagógicas da área das relações pessoa-ambiente e discorre sobre a arquitetura

sensível no que diz respeito ao seu rebatimento ao espaço edificado, por meio de

elementos Além disso, apresenta a vertente fisioterápica de tratamento assistido com

animais, em específico o cavalo, selecionada como uma forma eficaz de terapia para

pessoas com deficiência intelectual. Essa fundamentação servirá como embasamento

para a concepção projetual.

3.1 A arquitetura sensível e o sexto sentido espacial

Atuando de modo não verbal, o meio físico tem impacto direto e simbólico sobre

seus ocupantes, facilitando e/ou inibindo comportamentos (HORNE, LOUREIRO,

2000, apud ELALI 2003, p.310). Diante desse pressuposto, a atmosfera arquitetônica

é capaz de criar experiências multissensoriais em um indivíduo, estimulando suas

percepções ao misturar as sensações percebidas através dos sentidos, o que cria

experiências espaciais únicas (ZUMTHOR, 2005, apud VIEIRA 2017, p.38).

De acordo com Elali (2003, p. 310) “o ambiente é um agente continuamente

presente na vivência humana, sendo capaz de ensinar seus usuários diariamente”.

Nesse caso, a experiência transmitida ao usuário pode ser proporcionada através do

próprio ambiente por meio de: formato, temperatura, cheiro, materiais, sons, gerando

uma integração entre função e percepção. Dentre esses recursos, Vieira (2016) indica

diversas estratégias a serem trabalhadas, as quais envolvem:

▪ Luz: pode ser explorada através da iluminação natural ou artificial

(diferentes cores, intensidades e exposição), uso de elementos vazados

ou vegetação para criar luz e sombra, por exemplo, são bons artifícios

para causar efeitos de transparência ou opacidade;

▪ Cor: usadas para criar atmosferas e cenários, as cores podem provocar

estímulos, deixando o ambiente mais agradável e trazendo à tona

sentimentos. Podem ser usadas para recursos de reconhecimento e

percepção do ambiente através da diferenciação cromática aplicada a

paredes, mobiliários, elementos móveis ou até mesmo vegetação;

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▪ Materiais: o uso de materiais com texturas variadas estimula a

percepção e diferenciação visual e ajuda no reconhecimento do espaço;

▪ Escalas: utilizar de diferentes proporções como esquadrias variadas, pé-

direito mais alto ou mais baixo, criam sensações variadas nos usuários,

seja de aconchego, seja de amplitude;

▪ Odores e sons: utilizar de recursos paisagísticos para provocar memoria

olfativa faz com que o usuário estimule sua percepção espacial. Além

do uso de plantas e elementos naturais com aromas, os sons podem

causar relaxamento ou excitação ao usuário, como o barulho da água,

música, canto ou animais.

A utilização de cada um destes princípios pode ser planejada na concepção

projetual a fim de criar um ambiente que estimule o aprendizado, as brincadeiras e a

integração entre os usuários, sendo traduzida e ressignificada a partir das

competências, habilidades, expectativas e sentimentos de cada pessoa ao utilizar ou

observar o local (VIEIRA, 2016).

Sanoff (2001, apud KOWALTOWSKI, 2011, p.162) complementa essa ideia ao

indicar que o espaço físico é capaz de “promover relações entre pessoas de diversas

idades [...] e despertar diferentes tipos de aprendizado social, cognitivo e afetivo”, O

autor defende como princípios norteadores para o projeto arquitetônico a busca por:

ambiente estimulante; lugar para ensino em grupo; conexão entre interior com

exterior; áreas públicas incorporadas ao espaço escolar; segurança; variedade

espacial; interação com o ambiente externo; flexibilidade; riqueza de recursos;

espaços personalizados e espaços comunitários.

De acordo com Kowaltowski (2011), para transmitir a ideia de que a educação

e aprendizagem são visíveis e celebradas, o conceito de transparência pode ser

tratado na arquitetura escolar. Utilizando corredores com luz natural, vistas ocasionas

para o exterior ao longo do percurso e dos ambientes internos evitam a sensação de

confinamento. Além disso, ela defende o uso de um horizonte externo além da sala

de aula. Os ambientes de aprendizados podem ser terraços externos, por exemplo,

tendo em vista que a concentração do aluno depende muito mais do nível de interesse

nas atividades do que em sua possível distração.

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Dentre os conceitos apresentados é importante destacar que o ambiente pode

ser o instrumento de ensino e a arquitetura que o contempla deve ser capaz de facilitar

o reconhecimento do indivíduo com o mundo. O espaço pode ser concebido visando

a melhor qualidade para os usuários, provocando o sentimento de pertencimento,

tornando-o seu lugar.

Além disso, outro importante recurso da arquitetura sensível está ligado ao

tratamento paisagístico. Marcus e Sachs (2014)3 apresentam diretrizes gerais de

projeto associadas à doença mental, resumidas a seguir:

▪ Segurança primeiro - A segurança de todos os usuários de jardins (quer

pacientes, visitantes ou funcionários) é a principal preocupação para o projeto

do espaço de instalações ligadas à saúde mental e comportamental, variando

de acordo com cada população específica.

▪ Evitar objetos que possam ser usados para prejudicar os outros ou a si

mesmo - Pedras decorativas, plantas em pequenos vasos, luminárias que

podem ser quebradas, parafusos, espinhos, tijolos, arame, alfinetes de tecido

paisagístico, estacas, vegetação venenosa e árvores que precisam de poda

frequente.

▪ Evitar oportunidades de fuga - proporcionadas por árvores, bancos, muros

de contenção, grades ou outras estruturas fixas ou móveis colocadas contra

uma cerca ou parede a ser escalada.

▪ Equilibrar segurança e privacidade - Em instalações onde os pacientes são

autorizados a sair sozinhos, a capacidade de monitorar os pacientes ainda

pode ser necessária. Os espaços dentro do jardim devem parecer

relativamente privados e seguros, mas ainda assim visíveis para os

funcionários.

▪ Criar um ambiente não institucional e acolhedor - Um jardim oferece uma

excelente oportunidade para os pacientes e familiares desfrutarem de um

sentimento de normalidade e uma sensação de fuga.

3 Ver especificamente o capítulo 12: Gardens for Mental and Behavioral Health Facilities

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▪ Fornecer acesso visual e físico à natureza - Permitir o acesso visual ao ar

livre a partir de tantos espaços dentro do edifício quanto possível - áreas

comuns de reunião, como salas de jantar e lounges, salas de pacientes, até

mesmo algumas salas de terapia.

▪ Design para suporte social - Forneça assentos para conversas individuais,

bem como para grandes grupos, como sessões de terapia em grupo.

▪ Fornecer sombra e evitar o brilho - Pacientes com certos transtornos

cognitivos e mentais são frequentemente sensíveis ao brilho. Evite pavimentar

e aplicar superfícies, incluindo materiais de construção como vidro ou metal,

que criam ofuscamento. Forneça muitos lugares para os pacientes se sentarem

e caminharem na sombra.

▪ Fornecer áreas e saídas para exercícios - como caminhos para caminhadas,

pistas para caminhadas ou corridas, equipamentos para exercícios e assim por

diante. A atividade física, incluindo a caminhada, pode aliviar os sintomas de

depressão (CAREK, LAIBSTAIN, CAREK 2011), e pesquisas indicam que o

“exercício verde” - atividade física na natureza - pode oferecer benefícios ainda

maiores.

▪ Evitar materiais potencialmente ameaçadores - Pessoas com doenças

mentais às vezes experimentam delírios visuais e auditivos. Por exemplo, nós

e padrões na madeira podem ser vistos como faces macabras. Material vegetal

e outros objetos devem ser escolhidos com isso em mente.

▪ O jardim deve ser facilmente "legível" por alguém que está prestes a se

aventurar nele. O desconhecido é especialmente irritante para pessoas com

doença mental. Além disso, dicas práticas ajudarão pessoas confusas ou

desorientadas a voltarem para a entrada do jardim.

Algumas recomendações de projeto podem ser usuais em situações

particulares como no tratamento e acompanhamento de pacientes com deficiências

mentais, propocionar aspectos como escala humana e oportunidades para conexão

com a natureza e a si mesmo criam nos espaços sensação de conforto, longe da

sensação de enclasuramento, por meio de acesso fácil e seguro à natureza.

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Fornecer pelo menos uma característica da água, seja o som, a visão ou até

mesmo o “cheiro da água” podem ser especialmente reconfortantes para as pessoas

que estão agitadas ou instáveis. Devem ser projetadas de modo que sejam fáceis de

manter e não apresentem qualquer risco de saúde para os usuários do jardim, como

exemplo, o risco de afogamento. Sugestões temporais podem também ser

interessantes. Vegetações que podem oferecer dicas diárias ou até mesmo sazonais

do tempo, relógios, relógios de sol e outros recursos podem ser uma ajuda e um

conforto para pessoas com um sentido distorcido de tempo.

Contudo, é importante fornecer espaços separados para os profissionais

colaboradores da instituição. Sempre que possível, espaços externos separados para

o pessoal devem estar disponíveis, de preferência perto da sala de descanso, com

fácil acesso e não visíveis para os pacientes ou visitantes.

3.2 Duas teorias pedagógicas e seu espaço

Como o edifício escolar expressa aspectos que vão além da sua materialidade,

ele precisa ser analisado como parte da expressão cultural de uma comunidade

(KOWALTOWSKI, 2011). A fim de garantir uma abordagem assertiva durante o

processo projetual de modo a conceber um espaço edificado ajustado à cultura de

ensino vigente na instituição, buscou-se o conhecimento sobre aspectos gerais de

teorias pedagógicas voltadas à inclusão de pessoas com deficiência intelectual. Nesse

campo, passamos a enfocar dois métodos pedagógicos centrados no respeito ao

estudante como pessoa4 e usadas como apoio às atividades educativas realizadas na

APAE: Montessori e Reggio Emilia.

O método Montessori, delimitado a partir dos estudos realizados pela médica

italiana Maria Montessori, tinha a premissa de aumentar a eficácia do tratamento

clínico de crianças com deficiência intelectual através de atendimento pedagógico. A

Casa dei Bambini foi a primeira escola que abriu as portas para aplicar suas teorias,

sendo suas maiores características detalhadas por Machado (1986, apud CIRÍACO,

2015, p.20) como por exemplo: manipulação de materiais (na escrita, aritmética e

ciências); liberdade na escolha das atividades; aula-silêncio para controle da mente e

do corpo; exercícios de vida prática (calçar, varrer, cuidar do jardim, etc); prática da

4 Conforme as linhas pedagógicas há métodos centrados no professor, nas técnicas do ensino e ao estudante (MIZUKAMI, 1986; PARONETO, VIEIRA, 2010).

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ginástica, com exercícios voltados para o aperfeiçoamento dos mecanismos motores;

educação dos sentidos e pelos sentidos.

Montessori produziu uma série de materiais didáticos que eram utilizados para

exercícios da vida cotidiana. Os princípios fundamentais de sua doutrina pedagógica

eram: a atividade, individualidade e liberdade. Dentre as principais características

apontadas por Kowaltowski e Alvares (2013, apud CIRIACO, 2015, p.21) os ambientes

edificados baseados em seus conceitos valorizavam a relação do espaço interno com

o externo, criando um ar estimulante, convidativo, desafiador, bem iluminado, amplo,

com o layout aberto e mutável. Vale salientar, que os apontamentos quanto a

dinamicidade do ambiente da sala de aula reflete movimentos vigentes, pois:

No século XX, o incentivo à maior democratização no uso do espaço

(...) foi aliado à consolidação do Movimento Moderno em Arquitetura,

fazendo com que a planta-livre ou aberta (sem divisões internas ou

adotando divisórias leves) passasse a ser considerada solução

adequada para muitos ambientes escolares (SOMMER, 1973 apud

ELALI, 2003, p.311).

Por sua vez, o método Reggio Emilia, surgido sob o contexto pós-segunda

guerra, buscava o envolvimento da comunidade com a finalidade de renovação.

Segundo Baracho (2011, apud CIRIACO, 2015, p.29) Loris Malaguzzi, idealizador da

proposta reggiana, idealizava a escola como um espaço que possibilitava à criança

ter participação ativa na construção de sua aprendizagem. Para ele, o ambiente

precisava ser entendido como terceiro educador, a comunidade tinha papel educativo

e era essencial incorporar a educação artística ao método de ensino (HOYUELOS,

2004 apud CIRIACO, 2015, p.29). Ou seja, o ambiente escolar deveria ser, sobretudo,

um espaço de respeito à diversidade, criando uma atmosfera de solidariedade,

responsabilidade e inclusão. Ciriaco (2015) aponta como principais premissas para o

projeto do ambiente escolar reggiano atributos como: diálogo entre interior e exterior;

uso da transparência; importância do atelier; espaço de convivência central

(denominado praça); presença de plantas; relação do edifício com a identidade local

– participação de diferentes pessoas (pais, funcionários, educadores, crianças).

O espaço edificado tem valor educativo, devendo incentivar a expressão e

desenvolvimento da criança, estimulando suas habilidades, sentidos e interação. De

acordo com Martín (2014, apud VIEIRA, 2016, p.27), Malaguzzi defende que o

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ambiente escolar deve ser como um “aquário”, deixando transparecer o que ocorre

dentro dele.

No aspecto formal, as edificações reggianas são normalmente térreas e

horizontalizadas, estabelecendo um padrão de importância a todos os ambientes que

compõem o conjunto. De maneira geral, o arranjo arquitetônico é formado sob um eixo

central: a piazza. Esse conceito, fundamentador da arquitetura italiana, se define na

convergência de todos os ambientes para um pátio central. Essa composição espacial

permite que todos os observadores vejam o que está acontecendo no centro, além de

valorizar a integração e interação entre todos os indivíduos.

Por fim, expandindo o conceito tradicional de educação, Elali (2003, p. 311)

aponta Decroly como defensor do contato da criança com a dinâmica da natureza,

“fonte de saúde e elemento gerador de curiosidade/conhecimento/aprendizado” , a

qual inserindo áreas verdes e animais permite que o sujeito acompanhe a variação

das estações do ano e a evolução natural. Tendo em vista esse argumento, a

utilização do animal como método terapêutico para pessoas com deficiência

intelectual surge como uma potencialidade para valorizar a relação pessoa-ambiente.

3.3 A equoterapia – instrumento de conexão

Finalizando, como último ponto ligado ao ambiente sensível a ser

proporcionado na instituição, destaca-se o tratamento assistido por animais como a

equoterapia, que é identificada como um eficiente método de atuação terapêutica, que

utiliza o cavalo dentro de uma abordagem interdisciplinar nas áreas de saúde,

educação e equitação. Utilizada para promover o desenvolvimento biopsicossocial de

pessoas com deficiência ou com necessidades especiais (ANDE, 1999), em linhas

gerais ela propicia a melhora do funcionamento neurológico em nível cognitivo, afetivo

e motor (APEL, 2007 apud BARBOSA, MUNSTER, 2011).

O emprego do cavalo como forma terapêutica data da Grécia antiga. Hipócrates

(458 a 370 a.C.), o pai da medicina ocidental, utilizava a equitação ao ar livre para

regenerar a saúde de pessoas doentes e tratar de determinadas patologias

(CASTANHEIRA, 2013). Além disso, durante a Primeira Guerra Mundial, lidar com

cavalos foi indicado como um meio reabilitador nos soldados com sequelas

traumáticas (BEZERRA, 2011).

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No Brasil, a prática da equoterapia segue as normativas da Associação

Nacional de Equoterapia (ANDE-Brasil) que tem sede em Brasília/DF. Para evitar

divergências conceituais a respeito do nome dado a atividade, em 1989 a instituição

estabeleceu a palavra “equoterapia”, que caracteriza todas as atividades que usam o

cavalo como recurso terapêutico/educacional no território brasileiro e “praticante de

equoterapia” para:

designar a pessoa com deficiência e/ou com necessidades especiais

quando em atividades equoterápicas. Nesta atividade, o sujeito do

processo participa de sua reabilitação, na medida em que interage

com o seu cavalo (ANDE, 2011, s/p.).

A Equoterapia é feita após a avaliação médica, psicológica e fisioterapêutica, e

desenvolvida por equipe multidisciplinar. O acompanhamento do paciente é individual,

devendo ser sempre registrado por cada profissional. No tratamento, o atendimento a

cavalo dura cerca de trinta minutos, podendo ser maior ou menor, dependendo da

patologia de cada indivíduo.

Para cada praticante há um objetivo específico para que se venha a ter

resultados a médio e longo prazo, seja ele de intenções terapêuticas, reabilitação, fins

educativos ou sociais. A terapia fundamenta-se no alinhamento postural e nos

posicionamentos, permitindo a maior autonomia e equilíbrio corporal do praticante,

além de estimular sensibilidade, autoconfiança e percepção ambiental (Figura 1).

Figura 1 - Equoterapia

Fonte: Centro Oeste Popular (2017) e Casa do Produtor (2018)

Segundo Martinez (2005, apud BEZERRA, 2011 p.20), em geral o tratamento:

melhora o equilíbrio e a postura, rompendo o esquema patológico por

ter o alinhamento cabeça-tronco; desenvolve a coordenação motora

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de movimentos entre troncos; estimula a sensibilidade tátil, visual,

auditiva e olfativa pelo ambiente e pelo uso do cavalo; promove a

organização e a consciência do corpo; estimula a força muscular.

Segundo Robacher (2004, apud ECKERT 2013), o cavalo é considerado um

agente cinesioterapêutico, pois através dos movimentos tridimensionais (cima/baixo;

ântero/posterior; látero/lateral) (Figura 2), o animal transmite diferentes estímulos ao

praticante durante a andadura. Sendo a Terapia Assistida por Animais (TAA) uma

abordagem interdisciplinar complementar a outras terapias, realizando o auxílio da

resolução de um problema humano e não substituindo os tratamentos convencionais.

O animal, neste caso, atua como agente facilitador.

Figura 2 - Estímulos cerebrais durante a equoterapia

Fonte: Produzido por JUNQUEIRA e SANTOS, disponível em Terapias com Animais (2012)

Os métodos terapêuticos são divididos em quatro categorias: hipoterapia,

educação/reeducação, pré-esportiva e prática esportiva paraequestre. Cada um deles

apresenta um nível de atuação conforme as condições patológicas do paciente, sendo

em alguns casos a possibilidade de evolução nos programas. Segundo

CASTANHEIRA (2013), são definidas como:

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▪ Hipoterapia - adaptado especialmente ao indivíduo que não possui

capacidade física e/ou mental para se manter sozinho em cima do

cavalo. Neste tipo de programa, o praticante recebe acompanhamento

de um ou mais terapeutas permanentemente. Ao contrário dos

programas seguintes, o paciente tem grandes limitações para interagir

individualmente com o cavalo, tendo maioritariamente que ser os

terapeutas a fazê-lo por ele (CASTANHEIRA, 2013). Recomenda-se

este tipo de tratamento para os seguintes casos clínicos: paralisia

cerebral, deficiência intelectual, síndrome de Down, autismo, disfunções

sensório-motoras, dificuldades na aprendizagem e distúrbios na

linguagem e fala.

▪ Educação e Reeducação - Categoria indicada para indivíduos que

apresentam condições mínimas para se manterem em cima do cavalo.

Bastante indicado para pacientes que precisam ser estimulados a

autonomia, fala, timidez, insegurança, medo, agressividade ou

hiperatividade.

▪ Pré-esportiva - indicado para pacientes com autonomia, pois já introduz

exercícios característicos do hipismo. Desenvolvem no paciente

autoconfiança e autoestima, atuando como um programa de reabilitação

e inserção social.

▪ Prática Esportiva Paraequestre - evolução do programa pré-esportivo,

cuja finalidade é preparar pessoas com deficiência para competições.

Quanto as condições do espaço físico, são exigidos sobretudo o picadeiro

destinado as atividades com o cavalo, tendo as dimensões na razão 2:1, usualmente

recomendado a dimensão de 15x30m com proteções em madeira em todo seu

perímetro. O acesso deve ser feito consoante ao tipo de deficiência motora do

paciente, apenas prevendo uma rampa acessível composta com corrimão de apoio

ou plataforma elevatória.

O pessoal mínimo necessário para trabalhar com um paciente num

picadeiro de equitação são 3 a 4 pessoas: um psicólogo, um auxiliar

guia, um auxiliar lateral e um instrutor de equitação, podendo o

psicólogo ocupar uma das funções de auxiliar caso tenha habilitações

necessárias e conhecimento sobre como lidar com o cavalo.

(CASTANHEIRA, 2013)

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O cavalo utilizado no tratamento deverá ser treinado previamente, sendo

escolhido sobretudo animais dóceis que realizem exclusivamente essa atividade. O

local de apoio para eles deve estar próximo a arena, visto que a relação entre paciente

e cavaleiro é estabelecida através da relação de confiança, no qual o paciente vai até

a baia do seu cavalo para alimentá-lo, escová-lo ou arreá-lo.

Os inúmeros benefícios físicos, sociais, emocionais e afetivos proporcionados

pela equoterapia evidenciam a adequabilidade da equoterapia em um espaço com

funções clínicas e pedagógicas para pessoas com deficiência, como o objeto de

estudo em questão.

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CAPÍTULO 4

ESTUDOS DE CASO

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4 ESTUDOS DE CASO

O presente capítulo aborda projetos arquitetônicos utilizados como referências

projetuais para esse TFG, e escolhidos por sua relevância para a compreensão das

diretrizes de projeto, a definição do programa de necessidades, e influência em

elementos formais, espaciais e funcionais. Destaca-se que foram considerados as

questões educacionais envolvidas nos estudos apesar da APAE não ser uma escola.

4.1 Estudos de caso – indiretos

Foram realizados três estudos de caso indireto focando nos aspectos da teoria

pedagógica e sua influência no espaço edificado, os conceitos de flexibilidade e os

aspectos da arquitetura sensorial que foram premissas escolhidas para a concepção

da proposta de projeto. Dentre as instituições em estudo, todas possuem função

educacional – assim como o edifício proposto – com algumas diferenciações

relacionadas ao enfoque do projeto e público alvo.

4.1.1 Jardim Social A Cidade Da Alegria/ Timayui, Colômbia

Concebida pelo arquiteto colombiano Giancarlo Mazzanti, o jardim de infância

a Cidade da Alegria em Santa Maria no bairro de Timayui ocupa 1.200 m² de área

construída em um terreno com 8.000 m². (Figura 3 e Quadro 1) Atende crianças de 0

a 5 anos e, dentre suas principais soluções utilizadas se destacam: arquitetura

modular, ventilação e iluminação naturais, sistema para reuso de água e técnicas

construtivas inovadoras.

Figura 3 - Vista aérea do Jardim Social a Cidade da Alegria

Fonte: Archdaily (2012)

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Quadro 1 - Ficha técnica estudo do Jardim Social A Cidade Da Alegria

Arquiteto Giancarlo Mazzanti

Local Timayui, Santa Marta, Colômbia.

Área construída 1.200 m²

Área do terreno 8.000 m²

Ano 2011

Tipo de Projeto Educacional

Estrutura Concreto

Aspecto de estudo Filosofia pedagógica e Flexibilidade arquitetônica

Fonte: elaborado pela autora (2018)

Baseado na teoria pedagógica de Loris Malaguzzi – a Reggio Emilia – o

arquiteto partiu da premissa de relacionar situações e experiências entre crianças,

professores e familiares, entendendo que a escola deveria tentar ser um veículo de

mudança comportamental em um bairro carente que combatia a violência e pobreza.

Para isso, desenvolveu um módulo de três centros em forma de flor e replicou ao longo

do terreno (Figura 4 e 5). Este módulo seria adaptado para diversas situações, como

clima, topografia ou até mesmo a possibilidade de ser um edifício capaz de crescer,

mudar e se adaptar, conforme a particularidades e circunstâncias da comunidade.

Figura 4 - Planta de implantação

Fonte: Archdaily (2012)

Seguindo a configuração do terreno e vegetação existente, foi criada uma

repetição das unidades em que se consegue uma conformação em cadeia gerando

ambientes edificados compostos por um átrio interno e espaços livres envolvendo o

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conjunto de módulos para recreação e aprendizado ao ar livre. A composição dos

módulos relaciona-se com os espaços externos mais próximos, denominados em seis

tipos diferentes de jardins (Figura 5), como fazenda, caixa de areia, horta, parque,

folhas secas e flores, possibilitando relações recreativas e educativas entre crianças

e professores.

Figura 5 - Croqui da implantação e relação dos pátios

Fonte: Archdaily (2012)

Nas salas de aula o pé direito tem altura variável, com o teto acompanhando a

inclinação da volumetria cônica da edificação (Figura 6). Essa inclinação, além de

proporcionar ao ambiente um jogo de alturas que desperta a sensação dos

estudantes, contribui para o sistema de iluminação, ventilação e exaustão das salas.

Na parte mais alta da cobertura claraboias tiram partido da iluminação natural e

ajudam na circulação do ar (CIRÍACO, 2015).

Figura 6 - Corte do módulo base

Fonte: Archdaily (2012)

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O módulo tipo (Figura 7) é caracterizado como um espaço flexível e neutro que

permite o desenvolvimento de múltiplas atividades no seu interior. Cada módulo é

formado por três ambientes de salas de aulas agrupados em torno de um pátio central

que funciona como jardim. (CIRÍACO, 2015). O projeto de cada unidade modular é

composto por um layout diverso (Figura 5), como por exemplo, sala de aula com

banheiros, sala de informática, brinquedoteca, refeitório, sala multiuso, cozinha, setor

administrativo e demais áreas adjacentes.

Figura 7 - Planta baixa do módulo base

Fonte: Archdaily (2012)

Os módulos são formados por painéis de poliuretano expandido (Figura 8) que,

após serem montados de acordo com o projeto, recebem uma malha metálica e uma

cobertura de concreto. O sistema de painéis reduz o tempo de construção – em sete

meses foram edificados 1.450 m² de superfície – e facilita a possível ampliação do

complexo.

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Figura 8 - Estudos volumétricos

Fonte: Archdaily (2012)

Os painéis, recobertos com elementos cerâmicos, o que ajuda na manutenção

e na limpeza do edifício, são também reguladores da temperatura. As paredes

funcionam como membranas de suporte, eliminando colunas e vigas e permitindo

vãos de quatro metros. Assim, em um só elemento se tem um sistema construtivo

integral, resistente a abalos sísmicos e com a função de isolante termo acústico.

As contribuições desse estudo para proposta do projeto desse TFG são:

incentivar o desenvolvimento de uma unidade modular com layout aberto que possa

ser utilizado em todo o programa de necessidades; promover a integração entre o

espaço edificado – sala de aula – e das áreas externas, auxiliando o aprendizado; e

utilizar elementos da teoria pedagógica da Reggio Emilia como base para o projeto.

4.1.2 Jardim de Infância bilingue ECNU / Xangai, China

Com projeto elaborado pelo escritório Chinês Scenic Architecture Office, essa

escola infantil (Figura 9 e Quadro 2) em Anting – cidade suburbana próxima da

fronteira noroeste de Xangai – é distribuída em um terreno estreito e tem capacidade

para abrigar 15 salas de aula em seus 6.600 m². Os pontos principais do projeto são:

a implantação em malha de formato de colmeia; o módulo base hexagonal; as

soluções com elementos verticais de proteção das circulações externas.

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Figura 9 - Vista aérea do projeto

Fonte: Archdaily (2017)

Quadro 2 - Ficha técnica do Jardim de Infância bilingue ECNU

Arquitetos Scenic Architecture Office

Local Anting, Jiading, Xangai, China.

Área construída 6600 m²

Área do terreno 7.400 m²

Ano 2015

Tipo de Projeto Educacional

Estrutura Concreto e Madeira

Aspecto de estudo Flexibilidade arquitetônica

Fonte: elaborado pela autora (2018)

Baseado no conceito de pátio na arquitetura chinesa, o projeto foi concebido a

fim de proporcionar comunicação entre o ambiente interno e o externo, visando

estimular o contato das crianças com os elementos da natureza.

Nesse contexto, foi criado o módulo hexagonal (Figura 10), reproduzindo uma

composição no terreno em formato de colmeia que mescla espaços edificados e não

edificados. Essa solução proporcionou adaptabilidade à topografia do terreno, e gerou

uma relação dinâmica entre espaços internos e externos.

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Figura 10 – Módulos compostos em colmeia

Fonte: Archdaily (2017)

Na unidade hexagonal, três dos seis lados do hexágono são usadas aberturas

permitindo o aproveitamento da iluminação natural, sem perda da funcionalidade.

Para definir os pátios foram acomodadas unidades limitando seu fechamento (Figura

11), o que garantiu áreas internas de convivência ou recreação.

Figura 11 - Pátios internos e áreas de circulação o envolvendo

Fonte: Archdaily (2017)

Ao entrar, os estudantes e funcionários seguem circulações não lineares ao

longo dos limites hexagonais, passando por diferentes salas de aulas e pátios, com

alguns caminhos em bifurcação antes de se aproximarem de sua própria classe

(ARCHDAILY, 2017).

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O layout das salas de aula envolve um pilar redondo central (Figura 12) e

permite uma organização diversificada do mobiliário, adaptado às necessidades da

turma às atividades. A cada duas salas de aulas existe um pátio compartilhado.

Figura 12 - Layout aberto da sala de aula e pilar central

Fonte: Archdaily (2017)

A implantação da proposta no terreno também segue a conformação de

colmeia e produz um efeito de cheios e vazios através dos hexágonos edificados e os

não edificados (Figura 13). Dentre as áreas edificadas, além das salas de aula, a

escola conta com biblioteca, sala de música, sala de artes, cantina, sala multifuncional

e pequena granja.

Figura 13 - Terreno com conformação em colmeia

Fonte: Archdaily (2017)

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Esse estudo, colabora com este TFG quanto ao conceito de implantação em

malha, o que gera uma relação de cheios e vazios através dos espaços edificados e

não edificados. Outro ponto a atender são os elementos verticais, usados como

soluções de conforto ambiental.

4.1.3 Escola Primária Santa Maria Da Cruz / Point Cook, Austrália

Esta escola primária, desenvolvida pelo escritório Baldasso Cortese está

localizada na cidade de Point Cook na Austrália (Figura 14 e Quadro 3). Ela reúne as

ideias atuais na aprendizagem contemporânea e têm capacidade para 250

estudantes.

Figura 14 - Escola primária Santa Maria da Cruz

Fonte: Archdaily (2015)

Quadro 3 - Ficha técnica da Escola Primária Santa Maria Da Cruz

Arquitetos Baldasso Cortese Architects

Local Point Cook VIC, Austrália.

Ano 2013

Tipo de Projeto Educacional

Estrutura Metálica

Aspecto de estudo Elementos da arquitetura sensorial

Fonte: elaborado pela autora (2018)

Dentre suas principais características, se destacam: a relação da arquitetura

com a teoria pedagógica, ou seja, um amplo ambiente de aprendizagem (Figura 15)

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interconectado com espaços especializados e áreas ao ar livre; o método construtivo

com estrutura metálica permitindo um projeto com vão avantajado; e os conceitos de

sustentabilidade e tecnologia.

Figura 15 - Layout aberto e conectividade de espaços

Fonte: Archdaily (2015)

Esta escola representa a primeira etapa de um masterplan desenvolvido em

2012, em cujo programa havia um pavilhão central de aprendizagem e áreas

adjacentes (Figura 16), incluindo: área de atividades em grupo, atividades de arte,

aprendizado externo com áreas verdes e áreas recreativas, espaço destinado a

apresentações internas, sala de teatro, setor administrativo, setor de serviço,

recepção e espaço comunitário para pais e visitantes. A arquitetura proporciona

sensação de amplitude, e cada espaço possui acesso direto aos cinco ambientes

compartilhados.

A escola utiliza uma paleta de cores variadas, tanto alegres quanto sóbrias, que

são combinadas com as aberturas (boa iluminação natural). As placas de madeira

aplicadas nas paredes, pisos e tetos proporcionam boa acústica, e a estrutura

metálica garante grandes vãos livres.

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Figura 16 - Planta do projeto da escola

Fonte: Archdaily (2015)

O mobiliário é disposto em pontos estratégicos e assumem forma de “colmeias”

(Figura 17) dentro das duas áreas de aprendizagem, dando liberdade ao trabalho

individual. Além disso, a estrutura vazada não deixa que o espaço fique totalmente

isolado e ajuda aos professores supervisionarem as crianças e criarem exercícios. Na

parte externa à colmeia, uma bancada possibilita o uso para leitura e computadores.

Figura 17 - Mobiliário em formato de colmeia

Fonte: Archdaily (2015)

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Dentre os aspectos relevantes encontrados para o TFG esse estudo chama

atenção para: a elaboração de um espaço amplo de aprendizado que pode ser

desenvolvido no anteprojeto da APAE, como uma sala multiuso que incentive a

relação entre o ambiente e as pessoas portadoras de deficiência; a utilização de

mobiliário que facilite o aprendizado e sirva como elemento lúdico através de cores,

texturas e escala.

4.2 Estudo de caso – direto

Ainda para auxiliar na elaboração da proposta projetual pretendida, foi

necessária a realização de um estudo de caso direto, que aconteceu no Centro de

Equoterapia do RN. Diferentemente dos estudos apresentados na seção anterior, a

investigação se deu por meio de contato direto com o estabelecimento, bem como

através de conversa com funcionários e administração.

4.2.1 Centro de Equoterapia do Rio Grande do Norte (CERN) / Natal, Rio Grande do

Norte

Fundado no ano de 2002 pela fisioterapeuta Sanny de Aquino, o Centro de

Equoterapia do Rio Grande do Norte (CERN) é uma instituição privada que realiza

atendimento de equoterapia para cerca de 43 pacientes de 0 a 25 anos de idade e

está localizada na cidade de Parnamirim/RN na Rua Francisco Gomes, nº 2152, no

bairro Parque do Jiqui (Quadro 4 e Figura 18). Atualmente o CERN e conta com uma

equipe formada por profissionais como: fisioterapeuta, fonoaudiólogo, psicólogo,

pedagogo, terapeuta ocupacional, auxiliar guia e equitador, além dos quatro cavalos.

Quadro 4 - Ficha técnica do CERN

Arquitetos Sem identificação

Local Parnamirim, RN / Brasil

Ano 2002

Tipo de Projeto Atendimento de Equoterapia

Estrutura Alvenaria de tijolo cerâmico e pré-moldado

Aspecto de estudo Elaboração do programa de necessidades

Fonte: elaborado pela autora

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Figura 18 - Localização do CERN

Fonte: CERN (2018)

De acordo com a Associação Nacional de Equoterapia, o tratamento consiste

em “um método terapêutico que utiliza o cavalo dentro de uma abordagem

multidisciplinar e interdisciplinar, nas áreas de saúde, educação e equitação,

buscando o desenvolvimento biopsicossocial de pessoas com deficiências e/ou

necessidades especiais.” (ANDE/BR, 1999)

A CERN conta com um espaço físico distribuído em um lote de 1,5 hectare e é

composta por quatro baias para cavalos, sala de celas, sala de feno e ração, galpão

coberto (Figura 19 e 20)e arena descoberta para atendimento, pista de equitação,

casa do caseiro (equitador), além de uma edificação com banheiro, secretaria e área

de espera para acompanhantes. Seu funcionamento segue os horários: matutino de

8h as 11:40h e vespertino de 14h as 17:40h, sendo realizados cinco atendimentos por

turno, cada um de 40 minutos.

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Figura 19 - Arena coberta e rampa de acesso para PCD

Fonte: Acervo da autora (2018)

Os animais seguem uma rotina diária para se tornarem aptos ao serviço, tendo

uma área de pasto para poderem descansar ao ar livre. A instituição se localiza em

uma área de expansão urbana, mas é perceptível que o ambiente tem uma atmosfera

tranquila e relaxante, o que favorece a ambiência adequada ao atendimento.

Após a chegada do paciente e seus acompanhantes é realizada uma sequência

e atividades que fazem parte do atendimento: escovação do animal, colocação do

equipamento de montaria, atividades de montaria acompanhados da equipe, nutrição

do animal e retiro do equipamento de montaria (Figura 21).

Figura 20 - Baias dos cavalos e pasto

Fonte: Acervo da autora (2018)

Os cavalos recebem um treinamento prévio para adquirirem aptidão necessária

ao serviço de terapia, no entanto cada paciente utiliza um animal de acordo com a

marcha do cavalo, a fim de garantir o melhor desempenho e evolução do paciente

através da relação entre animal e usuário.

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Quanto a estrutura física foi possível observar a importância do galpão coberto

que garante que os atendimentos sejam realizados independentemente do clima.

Além disso, por estar localizado em uma área de granjas, o acesso é feito

exclusivamente por veículos, o que reforça o padrão social das pessoas, em virtude

de o tratamento ser particular e com custo elevado. Logo, não há um fluxo intenso de

pessoas, visto que o atendimento é realizado por hora marcada e de maneira

individual. Desse modo os acompanhantes aguardam na área de terraço e logo após

a finalização o profissional preenche o prontuário do paciente e eles são liberados e

saem em seguida. Enquanto isso, outro paciente chega e o mesmo processo é

seguido.

Figura 21 - Terraço para guarda de celas de montaria

Fonte: Acervo da autora (2018)

Assim sendo, a contribuição desse estudo de caso é, sobretudo, coleta de

dados para formulação do programa de necessidades e do pré-dimensionamento da

área de tratamento da equoterapia.

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4.3 Síntese dos estudos de caso

A partir dos estudos de caso indiretos foi desenvolvido o Quadro 5, que resume

as principais ideias a serem aplicadas na elaboração do anteprojeto desenvolvido

neste TFG, no que diz respeito aos itens flexibilidade, sensorialidade, filosofia

pedagógica e conforto ambiental. Dentre tais indicações destacam-se: utilização de

modulação e grandes vãos, valorização da relação interior-exterior, sala de aula com

layout aberto, uso de ventilação cruzada e elementos para proteção da insolação

direta, uso de cores.

Quadro 5 - Síntese dos estudos de casos

Estudo de

Caso/ Aspecto

Modulação e

Flexibilidade Sensorialidade Filosofia pedagógica

Conforto

ambiental

Jardim social a

cidade da

alegria/

Timayui,

Colômbia

Elaboração de um

módulo base que

se repete ao longo

do terreno

Diferenciação dos

pátios externos com

variadas

classificações

paisagísticas (seis

pátios diversos)

Aplicação da filosofia

Reggio Emilia na

concepção do projeto

Ventilação

cruzada através

de aberturas no

teto.

Escola Infantil

Na China /

Scenic

Architecture

Office

Salas com layout

aberto com

capacidade de

adaptação

Interação entre salas

de aula e pátios

permitindo relação

espaço

interno/externo

Sala de aula com layout

aberto, permitindo

organização conforme

necessidade de

professor e estudante

Elementos de

proteção contra

incidência solar

Escola Primária

Santa Maria da

Cruz / Point

Cook, Austrália

Ambientes com

grandes vãos

Elementos de

mobiliário lúdicos;

ambientes com cores

diferenciando o uso;

Filosofia pedagógica

que integra todos os

alunos permitindo a

livre escolha do

aprendizado

Placas de madeira

funcionando como

tratamento

acústico

O estudo de caso direto não participou desse resumo final por tratar-se de uma

atividade específica, ligada a um item do programa desenvolvido.

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55

CAPÍTULO 5

A APAE NATAL

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56

5 A APAE NATAL

Fundada em 31 de outubro de 1959 pelos médicos Severino Lopes e Militão

Chaves, a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais, localizada na Rua dos

Potiguares, no bairro de Dix-Sept Rosado em Natal (Figura 22), foi a 5ª APAE fundada

no Brasil dentre as 2500 unidades existentes. Atualmente conta com 74 profissionais

e 459 alunos e pacientes (dados da APAE/2017) de 0 a 18 anos, com condições

financeiras de baixa renda (até 1,5 salários mínimos) atendidos nos turnos matutino e

vespertino.

Figura 22 - APAE Natal localização

Fonte: Google (2018)

Na década de 60, em Natal havia apenas uma instituição pedagógica de

reabilitação para pessoas com deficiência intelectual, a Clínica pedagógica Heitor

Carrilho, também fundada pelo Dr. Severino Lopes. No ano de 1959, quando soube

do surgimento da entidade APAE – fundada no ano de 1954 – e por esta desempenhar

a assistência à pessoa com deficiência nos setores clínicos e pedagógicos, o médico

se juntou ao seu colega para abrir a sede da APAE que, permanece até hoje no local

(Quadro 6).

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57

Quadro 6 - Ficha técnica da APAE - Natal

Arquitetos Inicialmente sem identificação/ Reforma de Carlos

Ribeiro Dantas

Local Natal, RN / Brasil

Ano 1959

Tipo de Projeto Apoio Psico-social

Estrutura Alvenaria de tijolo cerâmico

Aspecto de estudo Elaboração do programa de necessidades

Fonte: elaborado pela autora (2018)

A APAE fornece assistência social em quatro esferas, compreendendo os

seguintes espaços:

• Setor clínico: salas de psicologia, fonoaudiologia, psicomotricidade, terapia

ocupacional, psicopedagogia, assistência social, odontologia, pediatria, apoio

psicossocial, fisioterapia motora, fisioterapia respiratória, hidroterapia e

ludoterapia;

• Atendimento educacional especializado (AEE): salas de expressão e

linguagem, matemática no cotidiano, orientação para a vida, sala de leitura,

laboratório de informática educativa, brincando e aprendendo, corpo e

movimento, oficina de artes e artes corporais;

• Projetos culturais: grupo de dança, grupo de capoeira, banda marcial, coral e

futsal;

• Mercado de trabalho: programa de empregabilidade e cursos de qualificação

para alunos e familiares.

Além dos setores de atendimento, o edifício contempla:

• Setor administrativo: recepção, secretaria, sala de diretoria e arquivo;

• Setor de serviço: refeitório, cozinha, depósito e despensa;

• Setor técnico: telemarketing, sala de gerência e sala de mensageiros;

• Auditório, quadra de esportes, banheiros e vestiários.

O terreno tem 1.716 m² e possui área edificada que ocupa, atualmente, cerca

de 90% de sua extensão. Desde sua fundação, diversas ampliações foram realizadas

até a atual estrutura física se consolidar. (Figura 23).

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58

Figura 23 - Planta baixa esquemática da APAE

Fonte: elaborado pela autora (2018)

Nesse contexto, a grande proporção da área clínica em relação à educativa se

justifica por adequações da instituição ao longo do tempo e por sua origem local no

campo da medicina. No entanto nas entrevistas a diretoria indicou claramente a

necessidade de maior espaço para atividades educativas (como as oficinas

profissionalizantes) para a área de lazer, sobretudo esportivo, e para apoio aos

acompanhantes, atualmente inexistentes (ou pouco expressivos no conjunto

edificado).

A instituição realiza atendimento das 7:30h as 12:30h no turno matutino e das

13:30h as 17:30h no turno vespertino, realizando os atendimentos individuais e em

grupo com no máximo de cinco a oito alunos, a depender do grau de

comprometimento e limitações do aluno/paciente. Os estudantes são em sua maioria

da cidade de Natal, (cerca de 400) e outros municípios (região metropolitana e interior

do estado somando 59), totalizando atendimento a pessoas de 16 municípios do

estado (Tabela 1).

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59

Tabela 1 - Quantidade de usuários atendidos pela APAE-RN e que residem em outros municípios do estado do RN (exceto Natal)

Fonte: APAE (2018)

O método de transporte mais utilizado é através de transporte público (Figura

24), o que é gratuito para pessoas com deficiência e seu acompanhante. Além de

ambulâncias ou táxis (pessoas que vem de outro munícipio). Portanto, é muito comum

ver pais e mães aguardando na recepção enquanto seus filhos participam do

atendimento que, normalmente dura trinta minutos e cada paciente tem em torno de

três por dia, seja ele de qualquer setor.

Microregião Município Quantidade

Extremoz 4

Parnamirim 4

Arês 2

Canguaretama 2

Muriú 2

Pureza 3

Maxaranguape 3

Pitangui 9

Taipu 2

Região do Mato Grande 2

Bom Jesus 2

Jundiá 2

São Pedro 2

Vera Cruz 2

Lagoa de Pedras 2

Ielmo Marinho 2

Serrinha 2

São Paulo do Potengi 2

BAIXA VERDE João Câmara 2

SERIDÓ ORIENTAL Jardim do Seridó 2

São José de Mipibu 2

São Gonçalo do Amarante 4

59

*Dados coletados na APAE Natal no ano de 2017 e fornecidos pela diretoria pedagógica

LITORAL NORDESTE

AGRESTE

LITORAL SUL

Quantidade de usuários atendidos na APAE/Natal por município do estado do RN*

TOTAL

MACAÍBA

NATALR. M. de NATAL

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60

Figura 24 - Equipamento público de parada de ônibus na frente da APAE

Fonte: Google Street View (2018)

A APAE conta com uma equipe técnica multidisciplinar que atua de maneira

interdisciplinar para identificar situações relativas à aprendizagem e a consolidação

dos objetivos nas áreas clínica e pedagógica. Estes profissionais são cedidos pelo

governo do estado ou voluntários.

Os atendimentos são realizados no turno matutino e/ou vespertino. O paciente

que está matriculado em uma instituição de ensino recebe atendimento no

contraturno. Alguns atendimentos são feitos uma vez por semana, como médicos por

exemplo, enquanto o de fisioterapia, psicomotricidade, fonoaudiologia são realizados

durante os dois turnos. Já no setor pedagógico, as aulas são realizadas também nos

dois turnos, além dos apoios psicopedagógico e de assistência social. Isso gera um

fluxo intenso de pessoas, tanto de profissionais quanto de pacientes e

acompanhantes.

O edifício foi sofreu diversas reformas ao longo dos anos. De acordo com o

Presidente da instituição, Dr. Murilo Barros, a ex-governadora do Estado do Rio

Grande do Norte, Wilma Maia, presidenta da APAE nos anos de 1960 a 1964,

concedeu recursos para a instituição melhorar a qualidade do espaço físico,

promovendo a expansão e criação de setores novos. Além dela, um grande parceiro

foi o Padre holandês Ian Sterk, que custeou a quadra de esportes, piscina aquecida e

novos setores durante a década de 80 e 90, período de maior expansão da instituição.

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61

Nos seus 59 anos, a APAE se mantém por meio de doações de empresas

privadas; apesar de ter parcerias com o SUS e o SEMTAS, não recebe subsídios da

prefeitura ou do governo. De acordo com a diretora pedagógica, Sueli Andrade, o

Ministério de Desenvolvimento de Combate à Fome fornece recursos federais que são

repassados pela prefeitura de Natal para a APAE. Embora existam parcerias, a maior

fonte de arrecadação se dá através do setor de telemarketing.

Algumas reformas, como o setor de telemarketing e o auditório, foram

projetadas pelo arquiteto Carlos Ribeiro Dantas. Nesses ambientes há uma

discrepância com outros espaços reformados em termos de: respeito à acessibilidade,

noções espaciais, condições bioclimáticas e concepção de layout. Muitas reformas

não foram feitas com apoio de um profissional.

Diante desse cenário de expansões e, sobretudo ao alto índice de ocupação

do terreno, a APAE se mobilizou para conseguir um terreno do governo durante o

mandato de Wilma Maia. De acordo com Dr. Murilo “em grande parte, a demanda

restrita é culpa da estrutura física. Nós temos pessoal, temos condição de aumentar,

mas a estrutura física não permite.” Com o auxílio do arquiteto Carlos Ribeiro Dantas

foi elaborado um projeto para apresentar a prefeitura e as secretarias e conseguir a

concessão de um terreno na Av. Mor Gouveia, em Natal. No entanto o grupo não

obteve sucesso. Como consequência, ainda que mantenha um funcionamento diário

normal, o espaço físico não suporta de maneira confortável todos os usuários. De

acordo com a diretora pedagógica, os acompanhantes não têm um espaço adequado

para aguardarem, não existem ambientes de convivência e os usuários indicam a

necessidade de oficinas para atividades profissionalizante.

Outra problemática em 2008 foi a extinção das atividades pedagógicas e a

adoção do sistema de AEE. Isso estabeleceu um limite etário até 18 anos de idade

para os pacientes, o que gerou um déficit do aprendizado dos estudantes que eram

desligados da APAE, segundo depoimento da direção.

No entanto, para não prejudicar o avanço clínico/ pedagógico desses

pacientes, a instituição começou a inseri-los em ocupações como banda, coral,

capoeira e futsal, além do apoio profissionalizante criado para estudantes acima de

16 anos de idade. Atualmente existem 32 alunos adolescentes empregados no

mercado de trabalho, sendo o maior empregador o Mc Donald’s. Para o atendimento

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62

desses futuros profissionais são essenciais áreas destinadas a oficinas e salas

profissionalizantes.

Durante a visita técnica à APAE, toda a estrutura física foi apresentada pela

diretora. Grande parte dela é em alvenaria convencional de tijolo cerâmico, laje de

concreto com cobertura em telha colonial, esquadrias de madeira com venezianas

horizontais, piso cerâmico, paredes rebocadas e pintadas distribuída em um

pavimento térreo através de circulações horizontais e verticais – apenas para alguns

ambientes com extensões no primeiro pavimento.

A APAE fica voltada para a Rua dos Potiguares e possui uma entrada pequena

com portão de alumínio que dá acesso a uma pequena sala de espera e logo após a

recepção/secretária. Na área de recepção surgem dois grandes corredores que fazem

a distribuição dos setores clínico e pedagógico (Figura 25).

Figura 25 - Placa de divisão dos setores

Fonte: acervo da autora (2018)

No setor clínico, a estrutura física das salas de consultórios individualizados é

convencional, o mobiliário é composto por estantes, birô para computador, mesa para

atendimento, ventilador de teto ou ar-condicionado – o que pode variar de acordo com

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63

o tipo de serviço realizado no ambiente (Figura 26). Algumas salas possuem

configuração diferenciada, como as salas dos setores de fisioterapia e fonoaudiologia.

Figura 26 - Salas de atendimento setor clínico

Fonte: acervo da autora (2018)

As salas maiores do setor clínico são destinadas a terapia ocupacional (Figura

27), psicomotricidade, fisioterapia e fonoaudiologia em virtude de o atendimento ser

voltado para estimular alguma especificidade do paciente. Na sala de terapia

ocupacional existem mobiliários que “reúnem tecnologias orientadas para a

emancipação e autonomia das pessoas que, por razões ligadas a problemática física,

sensorial, mental, psicológica e/ou social, apresentam, temporariamente ou

definitivamente um comprometimento” (FMUSP, 1997).

A sala da psicomotricidade tem mobiliário que incita a integração das funções

motoras e psíquicas, relação considerada essencial para o êxito da atividade

educativa. Foi questionado aos profissionais quais seriam as melhorias que poderiam

ser aplicadas: as respostas foram sobretudo a integração com o ambiente externo e

a criação de pátios para atendimento.

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64

Figura 27 - Sala de terapia ocupacional

Fonte: acervo da autora (2018)

O setor de fisioterapia (Figura 28) é um dos maiores setores, composto por:

sala de mecanoterapia dotada de diversos equipamentos de atividades físicas; sala

para atendimento multidisciplinar com 3 tatames, sendo um separado por divisórias

em PVC; sala de avaliação (consultório) e sala de fisioterapia respiratória. Além da

área de hidroterapia composta por duas piscinas aquecidas e um consultório com

banheiro.

Figura 28 - Setor de fisioterapia

Fonte: acervo da autora (2018)

Em lugar da “Escola Especial Militão Chaves”, existente até 2008, o setor

pedagógico foi renomeado como “Centro de Atendimento Educacional Especializado

para o Desenvolvimento e Aprendizagem Militão Chaves” (CAEEDA) e se estrutura

em espaços de aprendizagem sendo as atividades propostas para cada um desses

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espaços nas áreas de: Expressão e Linguagem, Matemática no Cotidiano, Corpo e

Movimento, Sala de Jogos e Informática.

Portanto, em sua estrutura física existem quatro salas de aula (Figura 29)

compostas por mobiliário com até seis carteiras, birô, quadro negro, estante,

computador e Datashow. Além disso, as duas oficinas possuem mesa para cerca de

dez estudantes e são dotadas de boa iluminação e de ventilação natural.

Figura 29 - Salas de aula da APAE

Fonte: acervo da autora (2018)

Nos anexos do primeiro pavimento foram instalados a sala de informática e a

sala de estimulação precoce, cada uma localizada acima das salas de oficina de artes,

acessadas através de escadas e plataformas. Acima do refeitório se localiza o

auditório, que serve também como fonte de renda pois é locado para outras

instituições. Não menos importante, existem área destinadas ao apoio técnico como

cozinha industrial, depósito, almoxarifado, despensa, arquivo, sala para professores e

os vestiários. Já no setor esportivo existe uma quadra (Figura 30) onde são realizadas

aulas de futsal, capoeira, apresentações e até o ensaio da banda. Anexado à quadra

existe um pequeno salão para aulas de dança.

Atualmente a instituição não tem piscina para aulas de natação, o que

professores e administradores consideram uma carência para os estudantes,

atribuindo a ausência à falta de espaço livre no lote. Além disso, também há poucos

espaços verdes e ambientes ao ar livre para convivência. Outra queixa é a reduzida

quantidade de banheiros: há apenas dois banheiros adequadamente adaptados

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66

(segundo a NBR9050), que estão localizados no auditório, todos os demais são

banheiros comuns.

Figura 30 – Quadra da APAE

Fonte: acervo da autora (2018)

Ao longo da visita a diretora pedagógica indicou várias necessidades da

APAE/Natal que se refletem na concepção do programa e seu pré-dimensionamento.

Tanto o programa atual do edifício quanto os ambientes almejados foram incorporados

ao desenvolvimento da proposta. desse TFG. Dentre estas solicitações se destacam:

• poucos ambientes de convivência, seja para os pacientes e

profissionais, seja para os acompanhantes;

• baixa adequação as normas de acessibilidade vigentes;

• espaço esportivo carente e com poucos recursos;

• baixa integração com ambientes externos que favoreçam o estímulo a

questão motora e psíquica;

• má distribuição dos ambientes que precisam de conexão (como setor de

fisioterapia e hidroterapia) e poucos ambientes de salas e consultórios,

devido ao alto índice de ocupação, que não atende à demanda atual.

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CAPÍTULO 6

ESTUDOS INICIAIS

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6 ESTUDOS INICIAIS

Para desenvolvimento da proposta de projeto foram considerados: estudo do

terreno, suas condições físicas e as análises da relação com o entorno. Além disso,

foram feitas consultas as normas vigentes da cidade de Natal e elencados princípios

de flexibilidade que norteiam a concepção projetual.

6.1 O terreno e seu entorno

Diante dos critérios considerados, o terreno escolhido para o projeto fica

situado na cidade de Natal, Rio Grande do Norte, no bairro de Lagoa Nova na Zona

Sul da cidade (Figura 31).

Figura 31 - Terreno escolhido

Fonte: Adaptado de SEMURB (2007)

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69

O terreno se localiza no bairro de Lagoa Nova e tem testadas para a Rua dos

Potiguares e com a Rua Prof. Antônio Fagundes (Figura 32). Tem uma área de

7.857,10 m², com dimensões de 102.53m a norte, 76.34m a leste, 101.77m a sul e

77.15m. Em seu perfil natural o terreno apresenta um declive diagonal de

aproximadamente 2 metros, no entanto, parte dessa diferença se relaciona apenas a

uma das laterais da Rua dos Potiguares. Assim, considerando a importancia de

maximizar a acessibilidade no local, na proposta final optou-se por fazer um

movimento de terra transferindo material da áraa de cota mais alta para a mais baixa.

Como trata-se de um terreno praticamente sem vegetação, entende-se que tal solução

é viável no contexto do empreendimento pretendido.

Figura 32 – Condições físicas do terreno

Fonte: Adaptado de SEMURB (2007)

Por estar localizado no meio de quadra, o terreno possui dois acessos distintos

por ruas pavimentadas: a Rua Prof. Antônio Fagundes, considerada via local, e a Rua

dos Potiguares, classificada como via coletora e que apresenta fluxo de ônibus e

tangencia os bairros de Lagoa Nova, Alecrim, Dix-Sept Rosado e Nossa Senhora do

Nazaré. Ele está a 400m da atual sede da APAE, fica próximo à Avenida Nascimento

de Castro e a Avenida Antônio Basílio, e é hoje caracterizado como área desocupada.

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70

Na avaliação do entorno imediato foi elaborado um mapa de gabarito para

facilitar (Figura 33), o qual indica que a área possui predominância de edificações até

dois pavimentos na testada posterior do terreno, enquanto seu lote vizinho é composto

por um condomínio residencial com dois prédios altos, que impactam diretamente no

sombreamento do terreno. Também foi desenvolvido um mapa de uso de solo (Figura

34), sendo possível perceber pouca diversidade de usos nas imediações, com

predominância do uso habitacional e poucos serviços e comércios.

Figura 33 - Gabarito do entorno

Fonte: Adaptado de SEMURB (2007)

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Figura 34 - uso do solo no entorno do terreno

Fonte: Adaptado de SEMURB (2007)

6.2 Condicionantes ambientais

Segundo a norma brasileira de zoneamento bioclimático brasileiro, NBR 15220-

3 (2003), a cidade de Natal/RN se enquadra na Zona 8 (Figura 35). A norma

estabelece diretrizes projetuais para cidades situadas nessa condição, sendo elas:

grandes aberturas para empregar ventilação cruzada, elementos de sombreamento

para aberturas, paredes e coberturas leves e refletoras.

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72

Figura 35 - zoneamento bioclimático brasileiro

Fonte: Adaptado de NBR 15220 (2003)

Precedente à norma, Armando de Holanda (1976) já recomendava estratégias

para construções em clima tropical nas cidades nordestinas, dentre as quais podem

ser destacadas: aberturas protegidas para facilitar a retirada do calor por meio das

brisas de ventos, filtragem da insolação direta com uso de elementos vazados,

integração dos espaços internos com a natureza (Figura 36).

Figura 36 - Croquis de HOLANDA (1976) em Roteiro para construir no Nordeste

Fonte: Adaptado de HOLANDA (1976)

A incidência dos ventos predominantes no terreno segue os dados do Centro

Regional do Nordeste do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CRN/INPE), que

avaliou a incidência das 00hr às 24hr em 2003 na cidade de Natal, demonstrando uma

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maior predominância anual a sudeste, o que determina a melhor posição para direção

das aberturas para aproveitamento da ventilação natural (Figura 37).

Figura 37 - Análise dos ventos predominantes no terreno

Fonte: Adaptado de SEMURB (2007) e INPE-CRN (2009)

No caso do terreno em estudo percebe-se incidência anual significativa de

ventos entre sul e leste. Nos ventos vindos de sudeste há uma boa qualidade de

velocidade e intensidade conforme dados apontados pelo software FlowDesign

(Figura 38) o que justifica a escolha do terreno.

Figura 38 - Análise de ventos vindos de sudeste

Fonte: Acervo da autora (2018)

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74

O impacto de esteira de vento conforme as análises no software, demonstram

que os ventos têm maior velocidade e intensidade vindos de leste (Figura 39), já que

não há bloqueios devido ao entorno ser predominantemente térreo, apenas os dois

edifícios dificultam um pouco a ventilação, embora de forma não significativa.

Figura 39 - Análise de ventos vindos de leste

Fonte: Acervo da autora (2018)

Além disso, foram realizados estudos para verificar o impacto solar causado

pelos edifícios altos que ficam na Rua Nascimento de Castro. Utilizando o software

técnico Ecotect, os resultados da influência do entorno mostram que no solstício de

verão (21 de dezembro) há uma influência maior (Figura 40). No entanto esse impacto

acontece durante dezembro e janeiro, período em que há um recesso de final de ano

na APAE, cujo uso diminui. Já no mês de março (Figura 41) os resultados apontam

uma menor incidência de sombra dos edifícios sobre o terreno. Nesse caso, esse

sombreamento pode ser considerado positivo por favorecer áreas que recebem

incidência solar de oeste, uma vez que gera uma proteção nos horários finais do dia.

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75

Figura 40 - Análise do sombreamento dos edifícios do entorno

Fonte: Acervo da autora (2018)

Figura 41 - Dados de sombreamento no mês de março

Por sua vez, no solstício de inverno (21 de junho) os edifícios não causam muita

sombra ao terreno, apenas na testada lateral esquerda dele que será composta pela

quadra esportiva – elemento que será coberto e precisa ser protegido das incidências

de oeste e leste (Figura 42).

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76

Figura 42 - Incidência solar no solstício de inverno

Fonte: Acervo da autora (2018)

6.3 Condicionantes normativos e legais

O bairro de Lagoa Nova está enquadrado no Plano Diretor de Natal (PMN,

2007) como Zona Adensável, estabelecida na Lei Complementar nº. 082 de junho de

2007 (Figura 44), cujo índice de aproveitamento máximo é 3.0 e a taxa de ocupação

de no máximo 80% da área do terreno, sendo 20% destinada à área permeável.

Naquele local a prescrição normativa do corpo de bombeiros exige para a

categoria de projeto de instituição do tipo reunião pública exige saídas de emergência,

extintores, casa de gás e lixo com distância de no mínimo três metros entre si, e

reserva de incêndio de 15.000 litros.

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77

Figura 43 - Macrozoneamento de Natal segundo o Plano Diretor

Fonte: Adaptado de SEMURB (2007)

Além disso, a altura máxima de gabarito determinada pela lei do Plano Diretor

(2007) permite para toda cidade 90m (noventa metros) de altura para zonas

adensáveis (Quadro 7); a prescrição também estabelece recuo frontal mínimo de

3.00m (três metros), não obrigatório nas laterais e de fundo em edificações térreas.

Note-se que, como o lote está voltado para duas ruas paralelas, deverão ser

estabelecidos dois recuos frontais.

Além disso, conforme a Lei Complementar Nº055/00 – Anexo I do Código de

Obras (PMN, 2004), a Rua dos Potiguares é classificada como Coletora II e a tipologia

do edifício é enquadrada pela Lei Complementar Nº055/00 – Anexo III como a

categoria 13 “serviços de educação em geral incluindo escolas de artes, dança,

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idiomas, academia de ginástica e de esportes, etc.”, a qual exige o número de 1 vaga

de estacionamento a cada 50m², embarque e desembarque e casa de lixo.

Quadro 7 - Medidas de recuos exigidas pelo Plano Diretor de Natal (PMN, 2007)

Fonte: Adaptado de SEMURB (2007)

6.4 Programa de necessidades e pré-dimensionamento

O programa de necessidades foi formado, sobretudo, com base na sede atual

da APAE tendo em vista que é um equipamento aprovado pela FENAPAE. Portanto,

tomou-se como partido os ambientes que compõem o estabelecimento em condições

atuais, cruzando com dados numéricos de 2017, em que declararam oficialmente o

número de 459 alunos e 74 profissionais (Quadro 8).

Com isso foi determinado que o projeto da nova sede seria desenvolvido para

600 usuários, tendo em vista que os alunos recebem atendimentos semanais e que a

faixa etária determinada pelo MEC para a instituição é de 0 a 18 anos, e que se justifica

historicamente o aumento pela procura (segundo entrevistas com a direção). Também

buscou-se atender as demandas solicitadas durante a visita de estudo de caso

contemplando os ambientes carentes na instituição como: salas de atendimento

clínico e pedagógico, espaços de convivência, áreas verdes, espaços esportivos e

novos setores fisioterápicos.

Para a elaboração do pré-dimensionamento do projeto foram utilizadas fontes

de dados como SOMASUS (MS, 2002) e o FUNDESCOLA (MEC, 2000), e suas

recomendações de áreas mínimas para os ambientes elencados no programa.

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Quadro 8 – Pre-dimensionamento

Fonte: Produzido pela autora (2018)

QUANT ÁREA QUANT ÁREA

RECEPÇÃO/HALL DE ESPERA 1 20 1 20 Área destinada a espera e informações

SECRETARIA 1 14 1 14 Área para secretaria

SALA DA DIRETORIA 1 12,25 1 12,25 Área para presidente, diretoras e adjuntos

ARQUIVO 1 17,5 1 17,5 Arquivo físico já existente desde fundação da APAE

SALA DE REUNIÃO 1 16,2 1 16,2 Sala anexa a sala da diretoria com segundo acesso diferenciado

SALA DE CONVIVÊNCIA 1 16 1 16 Área destinada para descanso e apoio dos profissionais

AUDITÓRIO 1 70 1 70 Auditório usado para locação e eventos com capacidade para 90 pessoas

ALMOXARIFADO 1 17,5 1 17,5 Almoxarifado para guarda de material

TELEMARKETING 1 1 Sala para 20 cabines individuais com cabine isolada para gerente

SALA DA GERÊNCIA 1 14 1 14 Cabine individualizada para gerente do telemarketing

SALA DE MENSAGEIROS 1 7,5 1 7,5 Sala para coleta de arrecadações coletadas pelos funcionários e prestação de contas

ESCRITÓRIO 1 12,25 1 12,25 Escritório para setor de telemarketing

COZINHA 1 24,5 1 24,5 Cozinha industrial

D.M.L. 1 8,75 1 8,75 Depósito para material de limpeza

DESPENSA 1 19,76 1 19,76 Despensa para alimentos e bebidas

DEPÓSITO 1 15,99 1 15,99 Depósito para material avulso

COPA 1 1 Copa para funcionários

REFEITÓRIO 1 50 1 50 Refeitório para alunos

QUADRA POLIESPORTIVA 1 416 1 416 Quadra com dimensões de 26m x 16m

PISCINA 1 1 0 Piscina com dimensão de 20m x 17,5m

HORTA 1 1 0

ARENA COBERTA 1 225 1 225 Arena coberta para atendimento formato 15x15

ARENA DESCOBERTA 1 225 1 225 Arena descoberta para atendimento formato 15x16

BAIAS 1 12 3 36 Baias para 3 cavalos 12m² cada

PSICOLOGO 1 7,2 3 21,6 Consultório indiferenciado

FONOAUDIOLOGO 1 7,2 3 21,6 Consultório indiferenciado

TERAPIA OCUPACIONAL 1 20 1 20

Sala para estímulo das atividades motoras com ambiente relacionado ao espaço externo

(jardim sensorial)

PSICOPEDAGOGIA 1 12,25 2 24,5 Consultório indiferenciado

ASSISTENCIA SOCIAL 1 7,2 1 7,2 Consultório indiferenciado

ODONTOLOGIA 1 9 1 9 Consultório diferenciado (odontologia)

PEDIATRIA 1 9 1 9 Consultório indiferenciado

LUDOTERAPIA 1 7,2 1 7,2 Sala para atendimento de psicólogo com uso de materias educativos e brinquedos

FISIOTERAPIA MOTORA 1 1 0

SALÃO DE ATIVIDADES 1 1 0

PSICOMOTRICIDADE 1 1 0 Sala para estímulo das atividades motoras e psíquicas com um Fisioterapeuta

ESTIMULAÇÃO PRECOCE 1 1 0

FISIOTERAPIA RESPIRATORIA 1 7,2 1 7,2 Consultório indiferenciado

CAIXA DE AREIA 1 1 0 Tratamento fisioterapeutico na areia

HIDROTERAPIA 1 1 0 Piscinas aquecidas de alturas diferenciadas

SALA DE AULA 1 1,15 4 27,6 Salas de aula para 4 estudantes LABORATÓRIO DE

INFORMÁTICA 1 52,87 1 52,87 Laboratório para 14 estudantes

SALA DE LEITURA 1 20 1 20

BRINCANDO E APRENDENDO 1 20 1 20 Sala para atendimento com uso de brinquedos

OFICINA DE ARTES 1 2,6 1 39 Sala com mesa grande

OFICINA DE DANÇA 1 50 1 50 Sala com barras e espelhos

OFICINA MULTIUSO 1 2,6 1 39

OFICINA DE ARTESANATO 1 1 0 Sala com mesa grande

SALA PARA ACOMPANHANTES 1 1 0 Sala para espera dos acompanhantes e apoio para mães e pais

SALA DE ARTESANATO 1 1 0 Sala para apoio aos acompanhantes com espaço para artesanato

LOJINHA Lojinha para venda de produtos produzidos pelas mães e estudantes

FRALDÁRIO 1 1 0

SALA DE AULA 2 1 0

OFICINA MULTIUSO 1 1 0

ESTACIONAMENTO 0

* conforme indicações do SOMA-SUS e Caderno Tecnico do FUNDESCOLA

** programa elaborado em função dos resultados do estudo de caso direto

*** acréscimo ao programa básico

PROGRAMA DE NECESSIDADES E PRÉ-DIMENSIONAMENTO

INDICAÇÕES* PROJETODESCRIÇÃO/OBSERVAÇÕESAMBIENTE**

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6.5 Princípios da flexibilidade arquitetônica

O conceito da flexibilidade em arquitetura aborda variadas definições:

adaptabilidade, multifuncionalidade, mobilidade, entre outras (ESTEVES, 2013). A

autora destaca duas abordagens distintas: flexibilidade inicial ou conceitual e a

permanente ou contínua. De acordo com Ciriaco (2015, p. 40):

“o primeiro tipo é obtido na fase de projeto por meio de soluções

flexíveis e envolve a possibilidade da participação do usuário,

enquanto o segundo diz respeito a possibilidade de modificar o espaço

e o uso ao longo da vida útil da construção”.

Além disso, o conceito de flexibilidade é abordado pela autora através de várias

definições: mobilidade, evolução, elasticidade, adaptabilidade, polivalência, entre

outros. Para isso, busca-se entender cada um deles:

▪ Mobilidade – definida como a capacidade de rápida modificação dos

espaços através de elementos versáteis, como divisórias leves e

passivas de movimento (deslocar, encolher, correr e mover);

▪ Evolução e elasticidade – Relacionados as transformações evolutivas

dos usuários, como famílias em uma habitação, que adicionam ou

removem compartimentos (evolução) ou modificam o ambiente juntando

uma ou mais estadias (elasticidade);

▪ Adaptabilidade – Esteves (2013) utiliza do conceito de Maccreanor

(1998), entendido no “que diz respeito a transfuncionalidade e

multifuncionalidade”, pois o edifício adaptável deve permitir a

possibilidade da mudança de uso ou do layout conforme as atividades e

funções. Seja pela adaptação dos espaços ou adaptação de mobiliários;

▪ Polivalência – a autora adota o conceito de Hertzberger (1996) na qual

se define como uma capacidade estática de prestar diferentes usos, sem

que o espaço tenha que sofrer mudanças físicas, segundo Ciriaco (2015,

apud JORGE, 2012) a polivalência consiste na flexibilidade relacionada

a organização espacial e aos processos construtivos sem alteração na

configuração espacial;

Ciriaco (2015) elenca elementos que facilitam os conceitos de flexibilidade

baseados em Finkelstein (2009), como por exemplo: separação entre a estrutura

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portante e a vedação (independência estrutural); modulação; paredes e divisórias

internas leves; ambiente único (ausência de divisão interna); terraços e varandas.

O conceito da flexibilidade será adotado neste trabalho através das definições

de Esteves (2013), conjugando mobilidade, adaptabilidade e polivalência. Para tanto,

serão avaliados métodos construtivos modulares, que garantam a independência dos

ambientes e facilitando sua multifuncionalidade.

6.6 Flexibilidade do projeto e o sistema construtivo

No âmbito da construção civil, desde a revolução industrial busca-se

produtividade e diminuição de desperdício em virtude do aumento populacional e o

avanço tecnológico. Segundo Esteves (2013), a revolução industrial, as explosões

demográficas, a migração de pessoas para as cidades, a precariedade de moradias,

o legado pós-guerra e transformações sociais e tecnológicas caracterizaram a

sociedade europeia do século XIX e fizeram surgir a arquitetura moderna, uma

arquitetura que visava a industrialização, a produção em série e a funcionalidade.

Algumas soluções estruturais atendem diretamente a essas exigências, entre as quais

o sistema construtivo em aço e o concreto estrutural.

Mais conhecido como Light Steel Framing, o sistema construtivo em aço ou

“estrutura em aço leve” é definindo, na prática, como um sistema inteligente de perfis

em aço galvanizado, que se encaixam e sustentam placas de revestimento. Na

adoção desse sistema, a flexibilidade construtiva caracteriza um projeto arquitetônico

que prevê a facilidade de alterações com o reaproveitamento da maioria dos materiais

de construção (SANTIAGO, FREITAS, CASTRO, 2012).

Apesar da ampla adoção desse tipo de solução no mundo, nas construções

brasileiras ele não apresenta um emprego expressivo, mesmo que o país seja um

grande produtor mundial de aço. De fato, o uso do concreto é muito mais disseminado

na cultura brasileira, sobretudo o concreto armado, adotado devido a sua agilidade, e

porque as paredes de concreto armado são estruturais (SANTIAGO, FREITAS,

CASTRO, 2012).

O sistema de concreto armado estrutural consiste na moldagem de paredes e

lajes maciças de concreto armado com telas metálicas centralizadas permitindo o

controle geométrico das peças e a obtenção de superfícies aptas a receberem o

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acabamento. Por exercerem função estrutural, as paredes de concreto provocam uma

rigidez nos espaços, no entanto, seu sistema construtivo pode ser estudado de modo

a atender aos requisitos de mobilidade e polivalência anteriormente discutidos no

capítulo IV.

Tendo em vista que o projeto desenvolvido para esse TFG se baseia em uma

solução espacial térrea com módulos individuais, ambos os sistemas poderiam ser

aplicados em sua execução. No entanto, optou-se por utilizar o método construtivo

que mais se adequasse à atual realidade brasileira, em virtude da maior facilidade em

encontrar mão de obra especializada. Diante desse ponto, o sistema de Light Steel

Frame foi desconsiderado para a concepção projetual e preferiu-se trabalhar com as

estruturas de parede de concreto armado.

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83

CAPÍTULO 7

PROPOSTA ARQUITETÔNICA

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84

7 PROPOSTA ARQUITETÔNICA

Este capítulo apresenta o processo de projeto que idealizou a nova sede da

APAE começando pela definição do conceito, partido arquitetônico, metodologia de

projeto, estudos preliminares, para, por fim, chegar à solução formal.

7.1 O conceito e o partido arquitetônico

O conceito escolhido para nortear o desenvolvimento da proposta projetual foi

o de impressão digital.

Impressões digitais são um desenho formado pelas papilas (elevações da

pele), presente nas polpas dos dedos das mãos de um indivíduo deixada em uma

superfície lisa (Figura 44). Além de imutáveis, em cada ser humano as digitais são

únicas, inclusive em gêmeos univitelinos. Como conceito de projeto, as impressões

digitais retratam a unicidade, entendendo-se que cada indivíduo é único no mundo,

de modo que através da sua digital é possível que seja distinguido e reconhecido entre

os demais.

Figura 44 - Impressão digital de um indivíduo

Fonte: Wikipedia (2013)

Também o espaço é um meio no qual (através do qual) o indivíduo consegue

se reconhecer e, ao se apropriar dele ao longo dos anos, pode sentir que deixou sua

marca neste local.

Nesse caso, entende-se que a APAE é uma instituição que, desde a década

de 50, já acolheu diversas gerações, realizando tratamentos às pessoas com

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deficiência. Em meu contato com o local observei que a relação que os usuários têm

com o espaço é uma extensão de sua “casa”, como um segundo lar, tendo em vista

que existem pacientes que frequentam a associação há mais de 15 anos.

Com esse pressuposto, a concepção projetual se baseia na premissa de gerar

um espaço que acolha os pacientes, profissionais e acompanhantes, promovendo a

integração, interação e afetividade, partindo do conceito que todos os indivíduos são

diferentes uns dos outros, independentemente de estereótipos.

A partir do conceito, observou-se a partir da literatura, que as impressões

digitais apresentam padrões de repetição (Figura 45). Elementos estes usados pelos

especialistas em reconhecimento para identificar a identidade de um sujeito. Tais

padrões são apresentados pela papiloscopia5 como tipos de impressões digitais, tais

como: presilha interna, presilha externa, verticilo e arco.

Figura 45 - Padrões encontrados nas impressões digitais

Fonte: Brasil escola, disponível em Canal do educador (2013)

Após a análise dos padrões e partindo do eixo da digital, criou-se uma repetição

radial que compôs um polígono de formato trapezoidal. Essa forma poligonal ficou

definida como o módulo 0 (Figura 46).

5 Ciência que trata da identificação humana através das papilas dérmicas presentes na palma das mãos e na sola dos pés (impressões digitais).

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Figura 46 - Croquis de concepção projetual

Fonte: Acervo da autora (2018)

Com base no conceito de Ching (2002) de ritmo, a volumetria foi obtida por

meio da repetição do módulo, escalonando-o e variando sua altura (Figura 47), para

criar variedade de alturas e volumes.

Figura 47 - Repetição do módulo zero

Fonte: Acervo da autora (2018)

Partindo desse entendimento inicial, o partido arquitetônico do projeto definiu-

se por meio da repetição do módulo a partir de seu eixo, variando seus tamanhos para

garantir ritmo volumétrico e organizando-os em torno do pátio central (Figura 48).

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Figura 48 - Partido arquitetônico

Fonte: Acervo da autora (2018)

7.2 Processo propositivo

Utilizando os dados elaborados para o programa de necessidades, e visto que

muitos deles apresentavam medidas aproximadas, dividiu-se, então, o programa de

necessidades em três grupos.

Os módulos foram definidos em tamanhos: pequeno, médio e extragrande.

Sendo o último o caso divergente, apenas para quatro ambientes que saiam do padrão

pequeno ou médio. Com isso, definiu-se uma progressão aritmética proporcionando

uma evolução do módulo 0 para os novos tamanhos.

Assim sendo, estipulou-se três médias de áreas para cada modulação com

uma progressão: pequeno com cerca de 15m²; médio com cerca de 25m²; grande com

cerca de 90m². Logo, foi elaborado uma definição de medidas numéricas que

permitissem a mesma angulação do módulo, ou bem próximo a isso. Partindo do

módulo pequeno adotou-se 2.40 x 4.40m; para o médio 3.60 x 6.40m; para o

extragrande, 6.00 x 11.60m (Figura 49).

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Figura 49 - Módulos P, M e GG

Fonte: Produzido pela autora (2018)

Como a instituição tem um programa bem definido em setores, buscou-se

trabalhar de modo que os ambientes relacionados estivessem dispostos uns pertos

dos outros e que o conector entre eles fosse uma circulação fluida e aberta. Esse foi

o princípio norteador: criar conjuntos de módulos setorizando atividades

administrativas, técnicas, pedagógicas, clínicas, comunitárias e de telemarketing.

Para isso, chegou-se em uma proposta inicial de criar unidades espaciais

conectadas por passeios, condição incialmente claramente inspirada no estudo de

caso indireto 01 (conforme capítulo III). No entanto, a disposição desse conjunto no

terreno foi inviabilizada devido ao programa ser extenso. Desse modo, a proposta

evoluiu para que os blocos individuais passassem a formar um grande conjunto

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orgânico, em que a fluidez das circulações era provocada à medida que o módulo era

repetido, espelhado, repetido e rotacionado em seu eixo (Figura 50).

Figura 50 - Proposta inicial de projeto

Fonte: Acervo da autora (2018)

Essa solução satisfazia a setorização pretendida e promovia ambientes

integradores. Para tanto, cada bloco apresentava em seu centro um pátio individual e

o ritmo volumétrico era respeitado pela diferença de módulos uns ao lado dos outros.

Embora os aspectos formais positivos, a funcionalidade era colocada em risco pois

poderia provocar caminhos difíceis e confusos ao perfil dos usuários (crianças com

síndrome de Down e outras deficiências) e segregava algumas funções.

Chegado a esse ponto crítico, foi possível perceber que esse tipo de repetição

poderia causar essa situação. Quando as faces menores dos blocos eram repetidas

para o centro, a disposição geral em planta causava caminhos extensos que não eram

viáveis, tanto pela dimensão no terreno, quanto pelas distâncias criadas. Foram

elaborados blocos volumétricos que pudessem permitir o estudo das repetições

(Figura 51).

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Figura 51 – Estudos com maquete volumétrica

Fonte: Acervo da autora (2018)

Foram realizados novos zoneamentos e composições espaciais (Figura 52),

sendo a solução 01 (Figura 52) a que melhor se distribuiu no terreno, porém não

provocava o efeito dos pátios integradores. Era necessário que existissem pontos de

encontros, sobretudo uma praça central, para que todos os usuários pudessem

compartilhar experiências.

Figura 52 - Evolução da planta baixa: soluções 01 e 02

Fonte: Acervo da autora (2018)

Desse modo, a questão do pátio central foi resolvida por meio da inserção de

pontos integradores (quadra poliesportiva, piscina e horta) nos vazios que existiam na

proposta 01. Portanto, esse impasse fez com que o projeto evoluísse, por fim, para a

solução espacial adotada (Figura 53).

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Figura 53 – Croqui do zoneamento final

Fonte: Acervo da autora (2018)

As decisões finais dependeriam, ainda, da definição do sistema construtivo,

para o que foi essencial analisar questões relacionadas à flexibilidade do projeto,

conforme segue.

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7.3 Memorial descritivo e justificativo

Este item traz uma sucinta explicação técnica do projeto, considerando

sugestões de materiais e soluções a serem adotadas em sua execução. Ele apresenta

informações acerca das soluções funcionais, estruturais, paisagísticas e demais

detalhamentos de estratégias de percepção do edifício.

7.3.1 Inserção urbana

A nova APAE-Natal se localiza na Rua dos Potiguares, no bairro de Lagoa Nova

e possui área construída total de 2.454,40 m². A instituição será composta por setores

clínicos e pedagógicos mais amplos, sobretudo com uma nova área de atendimento

fisioterapêutico de equoterapia e uma praça central que irá promover interação social,

contato com a natureza, lazer e integração (Figura 54).

Figura 54 - Imagem realista do projeto

Fonte: Produzido pela autora (2018)

Além de novos espaços esportivos, como quadra e piscina, a APAE terá

capacidade de comportar 600 pessoas, entre profissionais, pacientes ou

acompanhantes, contando com estacionamento com capacidade para 54 vagas de

veículos, estacionamento de motos, bicicletário e um equipamento de parada de

ônibus na Rua dos Potiguares na proximidade do acesso principal da instituição.

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7.3.2 Soluções funcionais

Baseado na setorização do programa, a edificação foi disposta de maneira a

facilitar a locomoção do usuário e a distribuição de cada ambiente conforme sua

relação funcional. A instituição é formada pelos setores: administrativo, comunitário,

telemarketing, pedagógico, clínico, profissionalizante, oficinas, esportivo, equoterapia,

técnico, profissionalizante e espaços comuns. (Figura 55). A nova APAE terá um

acesso principal coberto para embarque e desembarque, que está voltado para a Rua

dos Potiguares.

Figura 55 - Setorização em planta baixa

Fonte: Produzido pela autora (2018)

A partir desta entrada, o primeiro setor que se apresenta é o administrativo,

composto por: acolhimento e recepção, secretaria, arquivo, sala de reunião, banheiro,

lojinha, presidência, diretoria, auditório e sala de profissionais com pátio externo

(Figura 56). Logo após existe o setor comunitário, servindo de apoio aos

acompanhantes dos usuários, e onde se encontram: oficina multiuso, sala de

acompanhantes, banheiros feminino, masculino e fraldário. Por trás, e mais discreto,

está o setor de telemarketing, composto por: sala de telemarketing, copa, banheiros e

escritório.

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O setor técnico conta com acesso restrito pela Rua Professor Antônio

Fagundes e é composto por: refeitório, banheiro, lavatório, cozinha, pré-higienização,

despensa, apoio a cozinha, área de serviço, depósito de material de limpeza, vestiário

feminino, vestiário masculino, apoio para funcionários e pátio para funcionários. As

casas de lixo e gás também se voltam para a rua de acesso de serviço.

O setor pedagógico foi dividido em: sala de terapia ocupacional, brincando e

aprendendo, sala de informática, sala de leitura, quatro salas de aula, duas salas de

psicopedagogia e uma sala de assistência social.

Figura 56 - Planta baixa da APAE

Fonte: Produzido pela autora (2018)

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O setor clínico comporta: setor de fisioterapia (com sala de fisioterapia

respiratória) caixa de areia, sala de atividades, quatro salas de fonoaudiologia,

hidroterapia, três salas de psicologia, psicomotricidade, estimulação precoce,

pediatria e odontologia. Além dessas haverá ainda piscina (com apoio) e o setor de

equoterapia que terá uma arena coberta e descoberta, três baias para cavalos e a

guarda de celas (Figura 57).

Figura 57 - Piscina e arena de equoterapia

Fonte: Produzido pela autora (2018)

A equoterapia será um tratamento oferecido na APAE, porém os animais não

vão residir na sede onde reduz o espaço necessário, o custo de manutenção e

aspectos ligadas a vigilância sanitária. Há um acesso restrito para a chegada e saída

dos cavalos pela Rua Prof. Antônio Fagundes para esse trânsito dos animais.

Já o setor de oficinas ligado a questão educativa é composto por oficina de

artes e artesanato, além delas foi acrescido um setor profissionalizante com duas

salas de aula e uma sala de oficinas. Enquanto o setor esportivo é composto por

quadra poliesportiva, piscina e oficina de dança.

Todos os banheiros da instituição foram distribuídos de modo que atendessem

cada setor específico. Além dos estacionamentos que foram dispostos de modo a

criarem mais dois acessos, um que fica ao lado do setor de oficinas e outro que fica

ao lado do setor esportivo (Figura 58), todos controlados por portão.

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Figura 58 - Acesso secundário do estacionamento

Fonte: Produzido pela autora (2018)

Esses acessos serão secundários, sendo o primeiro mais usual pelas pessoas

que utilizam veículo particular (carro, moto, bicicleta), e o segundo para acessos

exclusivos durante competições ou eventos que exijam acesso direto à quadra (Figura

59).

Figura 59 - Quadra poliesportiva

Fonte: Produzido pela autora (2018)

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7.3.3 Indicações paisagísticas

A nova sede da APAE contará com um espaço integrador de praça que

proporcionará aos usuários o contato com a natureza, socialização e integração

(Figura 60). Para isso, foi previsto o pátio central que será realizado intervenção

paisagística baseado nas estratégias indicadas no item 3.1.

Figura 60 - Área do pátio interno

Fonte: Produzido pela autora (2018)

Embora o projeto paisagístico não seja objeto dessa proposta, consideramos

importante apresentar e ilustrar as estratégias pretendidas para o seu futuro

desenvolvimento. Para tanto foi elaborado um esquema que poderá servir de apoio

ao profissional responsável pela elaboração das definições técnicas e projetuais no

que tange a concepção da paisagem (Figura 61).

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Figura 61 - Esquema de projeto com sugestões paisagísticas

Fonte: Produzido pela autora (2018)

A proposta sugerida consiste em criar ambientes com diferentes sensações de

acordo com os espaços que o circundam. Ao entrar no edifício o usuário será

contemplado com o jardim colorido, a fim de estimular a sua visão. Logo após será

adotado a composição de jardim tátil e praça, que configuram ambientes de

convivência e integração, utilizando mobiliário urbano. O jardim aromático irá ser

disposto ao longo do setor clínico, promovendo ao paciente um ambiente que estimule

seu olfato e o faça identificar o espaço.

Além disso, são sugeridos jardins coloridos nas áreas de oficinas para estimular

a criatividade, e ao lado da parada de ônibus que será o caminho percorrido pelos

pacientes e acompanhantes que utilizam o transporte público.

Outro importante elemento paisagístico e pedagógico é a horta, que se

aproxima do refeitório. Ela será voltada para as salas de terapia ocupacional,

brincando e aprendendo e o refeitório, permitindo integração com os usuários e

dinâmicas de aprendizado.

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7.3.4 Estrutura e envoltória

Para atender a solução modular de projeto, foi adotado o sistema de paredes

de concreto armado estrutural. Tal sistema, vem apresentando grande aceitação no

ramo da construção civil no Brasil (conforme apresentado no capítulo V) e se adequa

melhor a realidade brasileira e a realidade da instituição.

O sistema será composto por paredes estruturais com aberturas posicionadas

estrategicamente (ver item 7.2). Portanto, as paredes serão moldadas in loco através

de fôrmas, sob radier de concreto, com espessura de 10cm, armadas com telas

metálicas eletrossoldadas (malha quadrada de 100mm) posicionadas no centro delas

(Figura 62).

Figura 62 - Parede em concreto armado estrutural

Fonte: Norma ABNT NBR 16055 (2002)

A concretagem das paredes é feita com o auxílio de caçambas transportadas

por gruas e as fôrmas utilizadas para cada módulo servirão para a execução de toda

a edificação, visto que o projeto foi concebido de maneira modular (Quadro 9). Como

os módulos apresentam layout aberto, foram adotados em cada um deles, layout

predominantemente iguais para que as fôrmas fossem utilizadas de forma mais

inteligente e barata. Serão manipulados três moldes de fôrmas que farão a execução

do projeto, uma para cada módulo tipo.

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Quadro 9 - Descritivo de ambiente por tipologia de blocos

Fonte: Produzido pela autora (2018)

A laje de cobertura será do tipo BubbleDeck beneficiada com camada de

isolamento térmico em lã de vidro, assim como processo de impermeabilização

(Figura 63). Tal solução foi adotada para melhoria da transmitância térmica da laje

(ainda que seja baixa), a fim de garantir um melhor desempenho térmico na edificação

com base nas orientações do professor Aldomar Pedrini, do laboratório de conforto

(LABCON).

As lajes do tipo BubbleDeck foram criadas pelo engenheiro dinamarquês

Jorgen Breuning, na década de 80. É um sistema construtivo formado por esferas

plásticas contidas entre uma pré-laje de concreto e uma tela soldada armada superior.

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As esferas (bubbles) introduzidas na intersecção das armaduras "ocupam" o lugar do

concreto que não desempenharia função estrutural (Figura 64).

Figura 63 - Detalhe de laje impermeabilizada

Fonte: acervo da autora (2018)

Figura 64 - Laje do tipo BubbleDeck

Fonte: Programa de Educação Tutorial do Curso de Engenharia Civil · UFSC (2015)

Segundo Silva (2011) a tecnologia bubbledeck envolve muitos efeitos

benéficos, tais como:

▪ Eliminação de vigas – economia de fôrmas, execução mais barata e

rápida de alvenarias e instalações;

▪ Redução do volume de concreto – 3,5kg do plástico reciclável das

esferas substituem 14,31kg de concreto;

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▪ Redução de energia e emissão de carbono – devido a utilização de

plástico reciclável, diminuindo o do consumo de matérias primas;

▪ Liberdade nos projetos – layouts flexíveis que facilmente se adaptam a

layouts curvos e irregulares.

▪ Aumento dos vãos nas duas direções – conexão da laje diretamente aos

pilares sem nenhuma viga através de concreto in-situ;

▪ Redução do peso próprio – 35% menor, permitindo redução nas

fundações;

▪ Aumento dos intereixos dos pilares – até 50% a mais do que estruturas

tradicionais;

Estima-se que as lajes dos blocos pequeno e médio tenham espessura de

230mm, enquanto o bloco extragrande terá espessura de 450mm, devido ao seu vão

livre (Tabela 8). Ambas serão impermeabilizadas e vão ter inclinação de 35%.

Tabela 2 - Vãos usuais e sua carga permanente equivalente

Fonte: Silva (2011)

Nos ambientes que precisem de delimitação, ela será feita em sistema de Dry-

Wall com isolamento em lã de vidro, o que irá garantir desempenho acústico

adequado, e grande flexibilidade espacial ao edifício ao longo de sua vida útil (Figura

65).

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Figura 65 - Corte esquemático de divisórias em DryWall

Fonte: Disponível em Conforto Acústico

O acabamento da envoltória do módulo deverá ser feito com uma camada

superficial de revestimento do tipo micro-seixo (ou granilha) uma vez que a parede de

concreto já tem a superfície acabada após a concretagem, evitando o uso de

regularização, chapisco, emboço, reboco e argamassa. Nas paredes internas do bloco

será feito o uso do selador, massa acrílica e pintura em tinta acrílica fosca.

Quanto a estrutura das circulações cobertas, deverá ser executada marquise

em concreto beneficiada com isolamento térmico e camada de impermeabilização em

lã de vidro, seguindo a mesma proposta prevista para as lajes de cobertura dos

módulos. Deverá ser realizado inclinação de 1% com previsão de pingadeira em

concreto para garantir a condução das águas pluviais (Figura 66).

Figura 66 - Pingadeira das marquises das circulações

Fonte: Produzido pela autora (2018)

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As estruturas da quadra poliesportiva e da arena de equoterapia serão

executadas em elementos de vigas e pilares pré-moldados para facilitar seu processo

construtivo. Deverão receber cobertura em telha termo acústica ondulada com

isolamento em EPS pintada de branco nas duas faces e com calhas em alumínio para

condução das águas pluviais (Figura 67).

Figura 67 - Telha termoacústica com isolamento em EPS

Fonte: Disponível em Serra Telhas

No caso da quadra, haverá fechamento em bloco de concreto com acabamento

em chapisco, emboço e reboco. Acima das paredes de vedação será inserido

alambrado para garantir ventilação e iluminação para o espaço interno. Enquanto as

arquibancadas serão executadas em estrutura de pré-moldado, seguindo todas as

normas de dimensionamento adequado para o usuário (Figura 68).

Figura 68 - Exemplos de arquibancadas em pré-moldado

Fonte: Disponível em Lajes Patagônia

No que diz respeito as estruturas de proteção das esquadrias e das circulações,

foi previsto em projeto elementos verticais de brise-soleil em estrutura de alumínio

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com eixos verticais permitindo o seu giro e movimentação, com acabamento em

pintura eletroestática em cores variadas (Figura 69).

Figura 69 - Exemplo de brise com eixo vertical

Fonte: Disponível em REFAX

7.3.5 Elementos de identificação dos ambientes

No que diz respeito a identidade visual do ambiente, foi proposto diferenciação

de cores dos setores através de pintura em molduras para as esquadrias de cada

bloco, o que facilitará sua percepção diferenciada. Sendo adotado inclusive, lâmina

de vidro fixo nas portas de acesso para facilitar a visualização interna do ambiente.

(Figura 70)

Figura 70 - Identidade visual através de cores

Fonte: Produzido pela autora (2018)

Além disso, será adotado o uso da fonte Rooko Ultra LFL conforme padrão da

logomarca da instituição afim de facilitar o reconhecimento de cada espaço e manter

a proposta de identidade visual.

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7.3.6 Acessibilidade

Quanto à acessibilidade, foram adotados parâmetros da NBR 9050 (2015) no

que diz respeito às circulações cobertas, com dimensões mínimas de 1.50m (Figura

71), além dos acessos com aberturas de 1.90m de largura. As diferenças de nível do

edifício e seus ambientes seguem o padrão de no máximo 1cm e todas as portas

internas foram dimensionadas com largura mínima de 96cm com aberturas para fora.

Figura 71 - Dimensão mínima de 1.50m para circulações

Fonte: Norma ABNT NBR 9050 (2015)

Para o cálculo de vagas reservadas foi superestimado o valor determinado em

norma, visto que, embora a APAE receba grande número de pessoas com deficiência,

não há uma incidência significativa de pessoas com déficits motores e que dependam

de cadeira de rodas. Portanto, das 54 vagas de estacionamento, calculadas com base

na normativa apresentada no capítulo 6, foram destinadas seis vagas para pessoas

com deficiência física e três para idosos, todas com 2.50 x 5.00m de dimensão e

compostas por sinalizações horizontal e vertical, conforme norma. Haverá também,

embarque e desembarque coberto no acesso 01 da edificação.

Além disso, a edificação da APAE contará com sanitários femininos e

masculinos adaptados em todos os seus blocos de setores, seguindo os parâmetros

de barras de apoio, área de transferência e aproximação (Figura 72), acesso através

de porta sinalizada, com barra horizontal associada à maçaneta e faixa de

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revestimento resistente a impactos. O espaço de auditório é composto por cadeiras

móveis e contém cadeiras para pessoa com deficiência, obeso, pessoa com

mobilidade reduzida e cão guia na primeira fila.

Figura 72 - Medidas mínimas de sanitário acessível

Fonte: Norma ABNT NBR 9050 (2015)

No que diz respeito à circulação de pedestres optou-se por definir faixas

elevadas, a fim de garantir a melhor circulação dos usuários e transeuntes nos

passeios públicos e sua chegada com segurança à edificação. Foi proposto, inclusive,

um local para inserção de parada de ônibus na frente da APAE, tendo-se em vista o

significativo uso do transporte público pelos pacientes e acompanhantes.

Quanto a piscina e demais instalações, não cabe o detalhamento nesse

anteprojeto, ele será feito através de detalhamento de projeto complementar de

acessibilidade para garantir a execução adequada.

7.3.7 Reservatório d’água

Para o cálculo da capacidade do reservatório de água da APAE foi utilizado a

recomendação de Creder (2006), avaliando a categoria de uso do edifício e a

quantidade de usuários dele. Para tal, foi definido o valor de 50L/pessoa para a

tipologia de “escola – externato” e foi acrescido 3 dias de falta de abastecimento, além

da reserva de incêndio sendo considerada no valor arredondado. Tal sistema de

abastecimento de água será realizado a partir de reservatório elevado e reservatório

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enterrado (tabela 3). Além disso, considera-se a quantia de 15.000L destinado à

reserva de incêndio.

Tabela 3 - Cálculo da capacidade da caixa d'água

Fonte: Produzido pela autora (2018)

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8 IMAGENS REALISTAS DA PROPOSTA DE PROJETO

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9 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Como filha e sobrinha de pessoas que aturam na APAE, convivi com a

instituição e seus personagens desde a infância, e me sinto fortemente ligada a ela.

Essa ligação me trouxe a apresentar uma proposta arquitetônica para um novo prédio

para abrigar a instituição, que há muito tempo precisa de um local mais adequado às

suas atividades. Ainda que esta proposta seja gerada pelo idealismo, visto que não

existem tantos recursos públicos ou privados voltados para a manutenção de

instituições como a APAE, acredito que pensar esse tipo de projeto é uma forma de

agradecimento pessoal ao meu próprio acolhimento naquele local, além de uma

contribuição como futura arquiteta e urbanista.

Assim, nas decisões inerentes ao projeto, além dos requisitos técnicos ligados

à arquitetura, procurou-se manter sintonia com as questões ligadas à valorização da

inclusão social no que diz respeito as pessoas com deficiência, sobretudo os

pacientes da APAE, condição que incluir considerável complexidade ao processo

projetual.

Desde a definição de seu conceito (impressão digital), a nova sede para a

APAE/Natal busca propiciar identidade, qualidade espacial e ambiental para seus

usuários, sejam pacientes/acompanhantes, sejam membros da equipe pedagógica,

clínica, administrativa ou técnica. Isso se reflete, inclusive na inserção de novos

tratamentos para os pacientes, como a equoterapia e espaços esportivos,

considerados fundamentais para um tratamento adequado.

Ao final desse trabalho, entendo que foi possível aplicar os conhecimentos

adquiridos na academia, o que possibilitou enfrentar (e passar) por todas as etapas

de concepção de projeto, desde a fundamentação teórica, as estratégias e

condicionantes projetuais, aos estudos formais, funcionais, espaciais, qualidade

ambiental, sistema estrutural, estética e acessibilidade, para chegar, enfim, a um

resultado que reunisse (e representasse) os objetivos almejados. Acredito, portanto,

ser possível reconhecer a valia deste TFG como proposta de projeto arquitetônico

condizente com as necessidades da instituição.

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APÊNDICE A - ROTEIRO I PARA ENTREVISTA À APAE NATAL

DATA:

ENTREVISTA A EQUIPE DIRETORA

1. Quando foi fundada a APAE Natal?

2. O terreno inicial era qual? Foi preciso adquirir mais espaços no entorno?

3. Existe alguma solicitação da Federação das APAE quanto a estrutura física da

unidade?

4. A federação disponibiliza um programa de necessidades de todos os ambientes

necessários na instituição?

5. Esse projeto foi realizado com um arquiteto?

6. Ao longo dos anos quantas reformas já foram feitas?

7. Quando é feito uma reforma, o dinheiro é da instituição ou é feita uma doação?

8. Existe algum órgão responsável por realizar reformas e custeá-las?

9. Vocês já receberam incentivo de algum mandato de governo para fundar uma

nova sede para a APAE ou receberam algum terreno doado?

10. Sobre a estrutura física do prédio atual, existem quantos profissionais atuando?

São profissionais do governo do estado?

11. Quais são os setores de cada profissional?

12. Quantos estudantes estão matriculados atualmente?

13. Quais são os setores que envolvem a APAE?

14. Quantas salas são destinadas a cada setor?

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APÊNDICE B - ROTEIRO II PARA ENTREVISTA À APAE NATAL

DATA:

ENTREVISTA AO CORPO DOCENTE

1. Quais são as idades dos alunos e como são divididas as turmas?

2. Em média são quantos alunos por turma?

3. São quantas professoras por turma? Tem uma auxiliar?

4. As aulas são em turnos matutino ou vespertino ou tempo integral?

5. Qual o horário de intervalo?

6. Qual a condição da estrutura física da sala de aula? (portas, janelas, piso, forro,

parede, parte elétrica, iluminação)

7. As salas de aula são ventiladas? Bem iluminadas durante o dia?

8. Qual a condição dos mobiliários (mesas, carteiras, birô do professor, quadro

negro)?

9. Como é a relação da sala de aula com os alunos?

10. Quais são as principais atividades que os estudantes praticam além dos

setores clínico e pedagógico?

11. A família participa das atividades? Existe um incentivo à participação?

12. Quais espaços são destinados aos acompanhantes dos estudantes?

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Anteprojeto de nova sede para

APAE - NATAL/RNGiovanna Palhares Souza de Paiva Fagundes