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António Alves‐Caetano
«À Mesa do Orçamento»: as remunerações da Função Pública na época da Guerra Civil (1828‐1835) (Ensaio de Cliometria)
In Memoriam
Alberto Estima de Oliveira (1934-2008) João José Godinho Leite Novais (1941-2008)
Amigos de sensibilidade e valor intelectual, raros
Preâmbulo
Era Fevereiro. No seu décimo primeiro dia. Aguardava‐se o regresso do Infante D. Miguel, «que a Providência traga a salvamento!», como ansiava o Ministro da Fazenda, Manoel António de Carvalho, no Relatório que submetia à Câmara dos Senhores Deputados (CARVALHO, 1828: 4). A deslocação do Sereníssimo Infante já custara nove mil Libras, remetidas para Londres, por conta. Esta, porém, era apenas uma das três despesas extraordinárias imputáveis ao exercício anterior. Mas, nem era isso o que mais preocupava. Na verdade, o que tirava o sono ao Barão de Chanceleiros era o estado caótico do Erário Régio. O percurso da Administração Pública, em zig‐zag desde a Revolução de 1820, conduzira a situação desesperada das Finanças Públicas. «Só o Exército e a Marinha absorveram Rs. 6.093:227$291; isto é, quase toda a Receita Ordinária da Nação», que fora 6.400 contos de réis (CARVALHO, 1828: 1). Mas, nem isto o Ministro poderia garantir ser a plena dimensão do desastre, «porque as Repartições que fizeram a [despesa] não dão contas há bastantes anos; e por isso, os Documentos que comprovam esta grande parte da Despesa Pública na Conta do mesmo Tesouro são os simples conhecimentos de Recibo dos Tesoureiros daquelas Repartições» (CARVALHO, 1828: 1). O Ministro alertava o Parlamento para a inexistência (era o termo correcto) de uma Contabilidade Pública devidamente organizada, dotada de «uma Escrituração simples, metódica e judiciosamente classificada», extensiva a «todos os Estabelecimentos da Administração Pública, quaisquer que eles sejam» (CARVALHO, 1828: 1).
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A autenticidade que o Ministro não ousava garantir quanto à Conta do Tesouro Público, faltava, também, acerca da Conta da Junta dos Juros, da Dívida Pública (um poço sem fundo) e do Orçamento Geral. Mesmo em relação a este, o Ministro asseverava haver colegas de Governo distantes do seu tempo, em especial o responsável pelas Forças Armadas, a orçamentar com base em Regulação de 1814, que não era «real nem efectiva». Chanceleiros ia ao ponto de pedir a rejeição da despesa prevista para o Exército: «se porventura ela for aprovada, como não é de esperar» (CARVALHO, 1828: 3). Assim sendo, os Deputados eram colocados perante um cenário (vocábulo muito ajustado ao quadro existente) para o qual não era possível garantir autenticidade de nenhuma rubrica, fosse da receita, da despesa ou do orçamento para 1828, já avançado, no seu segundo mês. Tanto a situação era desesperada, e pouco clara, que o Ministro rematou a fala de apresentação dos números da Conta de 1827 e do Orçamento para 1828 pedindo que a Representação Nacional habilitasse «o Governo para ocorrer às precisões Públicas, ou seja, por meio de redução na Despesa, ou por meio de aumento na Receita, ou finalmente em último extremo, por meio de novo Empréstimo que se haja de decretar, e contrair com as possíveis vantagens» (CARVALHO, 1828: 4). Pedia, com lhaneza, cheque em branco. Assim, no início de 1828, não apenas a Nação não estava refeita das incertezas que pontuavam a sua vida desde a morte de D. João VI, como continuava afundada no consuetudinário desgoverno, sujeita a uma tropa que sugava a Receita Ordinária e roubava braços ao trabalho produtivo, e a um Erário Régio em permanente crise, de fundos e de registos, porque nem um simples rol, completo, de receitas e despesas podia ser exibido pelas diferentes Repartições Públicas. E ainda faltava o sobressalto que assolaria o País, logo no mês seguinte, quando o Infante D. Miguel abjurou de ser Sereníssimo, para dissolver a Câmara dos Deputados e encetar os preparativos de ser entronizado monarca absoluto. Se, em 1827, os empréstimos de que o Tesouro se socorrera para não afundar mais o défice tinham representado 55% da renda (ALVES‐CAETANO, 2010: 19), a beligerância civil determinada pelo assalto miguelista iria impor à Nação crescente endividamento para alimentar a máquina da guerra fratricida. Por mais um ror de anos a comunidade lusitana esteve alheada do progresso que, por toda a parte, no Velho e no Novo Mundo, animava o género humano. Demo‐nos conta, entretanto, das despesas ordinárias que o Orçamento previa para esse ano de 1828, em Pessoal, e de quais eram as várias categorias de Servidores do Estado que tinham estipulada a sua paga, para termos ideia, ainda que vaga, dos rendimentos distribuídos por parte significativa da burguesia e do operariado. Agora, começam os números, com a sua crueza. Já não dá para fazer literatura em cima de défices, permanentes. Sempre a gastar‐se mais do que se tem. A sobreviver à custa de empréstimos. Que não há capacidade para pagar. Que crescem no ano
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seguinte. No outro. E no outro. Os números não permitem escamotear a dura realidade da prevalência dos injustos impostos indirectos, a taxarem mais duramente os consumidores de menores rendimentos. Da distância a que os poderosos estavam dos sacrifícios da tributação directa. E os números que recheiam este artigo não vão permitir dúvidas acerca da disparidade na repartição dos rendimentos, mesmo, apenas, nos do trabalho. Pior, ainda. Quando as remunerações que foi possível individuar não abrangem a maioria dos rendimentos mais baixos: os pagos aos trabalhadores indiferenciados, sob a denominação de férias e jornais. A discriminação estava, logo, na elaboração dos quadros apresentados pelos Ministros ao Parlamento. Numa coluna, o “Pessoal de Serviço: Ordenados, Soldos, Gratificações e Ajudas de Custo”. Noutra, “Material do Serviço, Jornais, Férias, Transportes, Géneros, etc.”. Portanto, quem era pago através de Jornais e Férias não era considerado “Pessoal de Serviço”. Para cada Ministério procurei avaliar a parte das remunerações que corresponderia a esses assalariados, mas o desconhecimento do seu número impede, mesmo o cálculo de uma simples média. Sublinha‐se, portanto, que o limite inferior dos leques de remunerações encontrados ainda o não é: número incontável de cidadãos que viviam de prestar serviços na Administração Pública auferia pagas de miséria, ainda maior do que a expressa pelos ínfimos valores do fim das tabelas. O objecto destes estudos não é produzir peças de estilo. Isto não comporta retórica. Procura‐se que sejam bases de dados a ter em consideração cada vez que algum historiador queira conhecer a realidade económica destas épocas recuadas, mas de que somos tributários, mesmo que muitos persistam em desvalorizar. Ou em não estudar a fundo.
1. Orçamento para 1828 Com todas estas imperfeições, avançava‐se com Despesa orçamentada próxima de 14.945 contos de réis e uma Receita que pouco ia além de 11.076 contos1 (CARVALHO, 1828, Mapa IV)2. De qualquer modo, estas contas previsionais conduziam a um défice de 3.869 contos (35% da receita esperada) que, na melhor das hipóteses, como acontecera em anos anteriores, seria coberto por empréstimo do Banco de Lisboa – que, assim, caminhava para a insolvência – se Londres não estivesse disponível. O grosso da Despesa era processado pelo Tesouro Público, num total próximo de 11.418 contos de réis: respeitava à Casa Real, às Câmaras Legislativas e aos diferentes Ministérios. O restante era pago por Cofres independentes do Tesouro, sujeitos a vários Ministérios, o que ajudava ao descontrole.
1 Não subscrevo o expediente de retirar, a débito e a crédito, a mesma importância, correspondente a receita esperada do Hospital de S. José e da Casa Pia. 2 O Mapa IV é a fonte de todos os números utilizados neste capítulo, salvo outra indicação.
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Da Receita prevista, 7.300,1 contos seriam arrecadados pelo Tesouro, cabendo 3.776 contos aos outros Cofres. Na Despesa, o carro‐chefe era o Ministério da Guerra (mais de 5.710 contos); seguia‐se o da Fazenda, com 5.143; Marinha, com 1.352 e Casa Real, com 562 contos de réis. Portanto, as Forças Armadas iriam absorver 47,3% da despesa. Dos 14.944,7 contos de Despesa prevista, os ordenados do pessoal de serviço correspondiam a 41,1%, seguindo‐se uma rubrica mista, de despesas de material, transportes e remuneração de pessoal operário, a representar 29,6%. O pagamento de dívidas e consignações certas absorvia 16,8% e o dos funcionários aposentados e de pensões, tensas e ordinárias, a que acresciam esmolas e o Montepio Militar não ia além de 8,1%. Havia, ainda, dotações para estabelecimentos religiosos (4,4%). Não é difícil admitir que mais de 50% da despesa seria pagamento de remunerações. Quanto à Receita, 63,0% dos estimados 11.076,1 contos de réis eram de impostos indirectos, em que o destaque ia para as Alfândegas, nas suas múltiplas facetas, desde os direitos aduaneiros aos vários impostos cobrados, como o donativo dos 4% e os 3% para as fragatas de guerra. O contrato do tabaco deveria render 1.470,1 contos de réis (CARVALHO, 1828: Resumo A). Os impostos directos quedavam‐se em 3.104,3 contos, 28,0% do total (CARVALHO, 1828: Mapa IV), com as décimas como principal rubrica (1.128,3 contos) e as sisas em 397,4 contos (CARVALHO, 1828: Resumo A). O Orçamento não teve execução dado o choque político resultante da dissolução da Câmara dos Deputados, em Março, e da exoneração do Executivo. Esta circunstância não invalida a utilização, no presente estudo, dos valores que o integravam.
2. Despesas orçamentadas para 1828 A dotação da Família Real era de 562 contos de réis, calculada com base em 366 contos para despesas de manutenção da Corte e 40 contos para cada um dos seguintes membros: Infanta D. Isabel Maria, Regente do Reino, Infante D. Miguel e Princesa do Brasil, D. Maria Francisca Benedita; para a Imperatriz Rainha Viúva, 36 contos e 20 contos para cada uma das Infantas D. Maria d’Assumpção e D. Ana de Jesus Maria (CARVALHO, 1828: Resumo B). Ter‐se‐á ideia do nível a que era contemplada a Família Real notando que a remuneração de qualquer Ministro e Secretário de Estado era de 4,8 contos de réis. E que muitas das despesas em que incorriam membros da Casa Real eram pagas como Despesas Extraordinárias do Tesouro (ALVES‐CAETANO, 2010: 9). A dotação orçamental para o Pessoal de Serviço do Parlamento não ia além de 67 contos de réis, sendo 7 para a Câmara dos Dignos Pares do Reino. Não havia qualquer especificação do número de funcionários existentes nas duas Câmaras (CARVALHO, 1828: Resumo C). O execrado orçamento do Ministério da Guerra tinha, além da desmesura da despesa, a particularidade de ser pouco esclarecedor acerca dos beneficiários do dispêndio. Previa‐se gastar 5.710,6 contos de réis, 38,2% do total da Administração Pública.
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Fazendo as decomposições possíveis consegue entender‐se que 3.472,4 contos, 61% do total do Ministério, se destinavam à remuneração do pessoal, no activo e reformado, incluindo a verba destinada ao Montepio Militar; 2.101,5 contos (37%) pagavam fornecimentos de material e 136,7 contos, 2%, diversas consignações. Considerando as diferentes unidades de despesa, o maior quinhão destinava‐se às tropas, através da correspondente tesouraria geral, com 3.294,9 contos de réis, 58% do total. Seguia‐se o comissariado, cuja despesa se destinava, maioritariamente, à logística militar, atingindo 1.299,7 contos, 23% do total. O arsenal do exército absorvia 876,6 contos, 15% do total e a intendência das obras militares despendia 4% (209,6 contos). As remunerações do pessoal da Secretaria de Estado, compreendendo o ministro e o seu gabinete, quedavam‐se em 29,8 contos. O orçamento apresentado pela principal pasta militar era tão agregado que nem permitia saber qual a remuneração de cada oficial, qualquer que fosse a patente, ou o pré de cada praça. Nem o número total de efectivos que a tropa comportava3. A situação quanto ao Ministério da Marinha não é mais lisonjeira. Conhece‐se a despesa geral estimada, de 1.351,9 contos de réis, 9% do total, sua repartição por pessoal, materiais, etc., bem como pelos diferentes departamentos considerados, mas nada se adianta acerca dos efectivos da Armada e das remunerações das várias patentes de oficiais, das praças, etc. No entanto, o orçamento apresentado deixa entender o escasso número de embarcações de que a Marinha poderia dispor, porquanto se faz a estimativa da despesa com «géneros e sobressalentes para o caso de se conservarem armadas as seguintes Embarcações: 1 Nau, 2 Fragatas, 3 Corvetas, 2 Brigues, 2 Charruas, 1 Nau de Viagem e 5 Correios». Portanto, ainda estes mínimos poderiam não existir. Poucos anos tinham passado sobre a cobiça da nossa Esquadra por Napoleão. Tinha sido doada ao Brasil. Mas ainda estava longe o tempo em que Eça seria sarcástico para com a nossa indústria naval, a caminho do palito. Aliás, quando se apresenta o bloco de despesa com 346 oficiais é referido terem «Soldos de Terra». Sem ser apresentado o ordenado de referência de qualquer patente, há a discriminação de 1 almirante, 2 vice‐almirantes, 2 chefes de esquadra, 2 chefes de divisão, 7 capitães‐de‐mar‐e‐guerra, 13 capitães‐de‐fragata, etc., bem como vários graduados nas diferentes patentes. Somente quanto aos Ministérios Civis é possível conhecer alguns aspectos das remunerações dos funcionários da Administração Pública, em 1828. Deles nos ocuparemos, então. 3 Consultas feitas ao Arquivo Histórico Militar não possibilitaram informações, para este ano, com a especificação apresentada no Orçamento de Estado para 1835/6. Nem o Regulamento de 29 de Outubro de 1814, que serviu de suporte ao Orçamento de 1828, foi possível encontrar. Assim, ao menos, poderíamos saber qual era, ao tempo, a remuneração das várias patentes de oficiais e o pré dos soldados. Também se encontra indisponível a documentação referente a Vencimentos, da 1.ª Divisão, 14ª Secção, por estar em curso a sua digitalização.
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3. Quatro Ministérios possíveis em 1828
No Orçamento para 1828 só consegue dispor‐se de informação acerca da remuneração funcional para um número reduzido de agentes de quatro Ministérios: dos Negócios do Reino, dos Negócios da Fazenda, dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça e dos Negócios Estrangeiros. Com o decorrer do tempo só este Ministério manteve a denominação antiga. Apesar da informação recolhida, não é possível abranger os universos dos respectivos empregados e assalariados. Fez‐se o estudo das correspondentes distribuições de frequências de remunerações e da resultante da agregação dos quatro ministérios, elaborando Índices de Gini e traçando Curvas de Lorenz (v. pág. 23). A situação é diferenciada nos quatro ministérios. Aquele de que se obteve mais informação foi o da Fazenda, referente a 1.966 funcionários, de um total ignorado. Mesmo assim, os 585,6 contos de réis que lhes respeitam são 64% da despesa com Pessoal, excluído o que se encontrava fora do Continente, desde a Madeira às Índias. No caso do Ministério da Fazenda, como no do Reino, existe número significativo de funcionários para os quais não é possível individuar a remuneração. Era indicada, apenas, a verba da retribuição de certo número de pessoas. Nalguns casos, seriam titulares de postos de trabalho (ou reformados) com remunerações aproximadas, pelo que a utilização da correspondente média não falsearia, muito, os resultados. Noutras situações, porém, aos empregados abrangidos no grupo corresponderiam ordenados muito diferenciados. Nestes casos a média esconde leques salariais muito abertos. Deste modo, as situações evidenciadas nestes dois ministérios, de peso significativo de baixas remunerações, seriam mais graves. Com efeito, no Ministério da Fazenda, para 1.031 pessoas, 52% do total identificável, a que correspondiam 42% do valor das remunerações apuradas, os ordenados individuais considerados são médias. No do Reino os valores correspondentes são, respectivamente, de 87% de 968 indivíduos e 68% da massa salarial. Estas situações não se verificam nos Ministérios da Justiça e dos Estrangeiros. Outro aspecto importante a considerar respeita a este ministério. O respectivo Orçamento apresentado à Câmara dos Deputados ocupa‐se, apenas, do pessoal diplomático e consular e do referente à Secretaria de Estado, com pouco mais do que o gabinete do ministro. Nas várias representações diplomáticas no exterior, aos ordenados do pessoal já referenciado, apenas se acrescentam as despesas de funcionamento, sem que haja especificação do correspondente pessoal administrativo. Deste modo, o Ministério dos Negócios Estrangeiros apresenta pronunciada disparidade remunerativa – é a Curva de Lorenz mais distante da recta de igual distribuição – apesar de o seu nível inferior se situar em 240$000 rs., quando na
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Fazenda o ordenado mais baixo, atribuído a 12 empregados, foi de 2$850 rs., na Justiça, de 7$200 rs e no Reino, de 32$121 rs., num daqueles casos de média atribuída a um grupo de sete funcionários. O mesmo é dizer que o valor real da menor retribuição seria inferior a estes trinta e dois mil réis. Os valores apresentados são, sempre, de remunerações anuais. Para o enorme leque salarial no Ministério dos Estrangeiros contribui a circunstância de ser o único em que os 4,8 contos do ordenado do ministro não são o tecto. Aqui, o embaixador no Rio de Janeiro ganhava 19,2 contos de réis, o de Madrid, 14 contos e, ao todo, havia dez remunerações de embaixadores e enviados a Cortes Europeias acima da do ministro. No Quadro 1 apresentam‐se os principais elementos referentes aos quatro Ministérios e à respectiva agregação. Aspecto saliente é a menor representatividade do Ministério do Reino no estudo feito (38,2% da despesa com pessoal), apesar do expediente de calcular ordenados médios para quase 90% dos indivíduos. Talvez por isso é o ministério em que a posição dos 20% mais pobres está mais atenuada. Dada a circunstância de, neste ministério, a maior parte das remunerações abaixo de 200 mil réis resultar de médias de grupos indiferenciados, só é possível identificar poucos cargos com retribuição neste escalão. Assim, no Arquivo da Torre do Tombo havia o porteiro (160$000) e o escrivão (135$000). Na Casa de Bragança, com ordenados entre 180$000 e 48$000 havia porteiro, meirinho, solicitador, inquiridor, escrivão do meirinho, tapeceiro, contínuo, escrivão da Ouvidoria Geral, oficial papelista e oficial do registo. Não se pode considerar serem funções a desempenhar por pessoas de fracas habilitações literárias e de pouca responsabilização. O mesmo se diga quanto aos cargos remunerados no escalão seguinte, em que se identificam, entre 295$200 e 200$000: porteiro, na Biblioteca Pública; oficial, na Torre do Tombo; juiz das justificações, oficial maior, oficial e cronista na Casa de Bragança e amanuense, na Torre do Tombo. Também no da Fazenda o rendimento detido pelos 20% mais pobres representa 4,2% do respectivo total, por ser outro com grande participação de ordenados médios. Apesar disso, no escalão inferior são identificáveis mais situações do que no Ministério do Reino, como a do mais baixo ordenado, de 2$805, anuais, pago a 12 escrivães das sisas, do Almoxarifado das Sisas do Termo. É apresentado como ordenado, mas custa a crer que não seja gratificação atribuída a quem tenha outro ordenado de base. Situação análoga quanto a 4$000, suposto ordenado do oficial que faz a folha, no Almoxarifado das Terças do Reino, ou acerca de 4$800 (0,1% do ordenado de ministro) atribuídos ao escrivão das malfeitorias na Chancelaria Mor do Reino. Nenhuma destas funções podia ser desempenhada por quem não tivesse razoável grau de alfabetização e de sentido de responsabilidade.
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Mais próximo do limite superior dos 200 mil réis há que considerar os 185$000 do chanceler da Chancelaria das Três Ordens Militares4; os 180 mil réis do administrador do Consulado da Alfândega Grande e dos feitores do Almoxarifado dos Vinhos; os 170 mil de vários funcionários da Alfândega Grande do Açúcar, etc. Mesmo com 150 mil, a maioria dos cargos era de escrivão, feitor, solicitador, procurador, tudo situações a requererem razoáveis habilitações literárias e noção de responsabilidade. No Ministério da Justiça o valor das remunerações susceptíveis de estudo representa 91% da massa salarial respectiva e tem a posição mais baixa dos 20% mais pobres: 2,4%. É um ministério em que há muitos letrados, a par de profissões de mais reduzida remuneração. É a pátria dos desembargadores. Já existe o escol da Mesa da Consciência e Ordens, do Desembargo do Paço e da Casa da Suplicação, com muitos ordenados de conto de réis ou superiores, identificáveis no Anexo A. Mas, o que se destaca neste ministério é o maior peso do que podemos chamar a Classe Média Alta, com ordenados anuais entre 500 mil réis e os 999 mil, e profissões como chanceler da Relação e Casa do Porto, corregedores extravagantes da Casa da Suplicação, porteiro e tesoureiro do Desembargo do Paço, escrivão da Mesa da Consciência e Ordens, oficial ordinário da Secretaria de Estado, etc. Como se evidencia no Quadro 2, os 122 letrados aqui abrangidos valiam 40% do rendimento distribuído pelo ministério. E logo a seguir apresenta‐se a classe de remunerações mais elevada abaixo do ordenado do ministro. Assim, entre 500$000 e 4 contos de réis situavam‐se 42% dos funcionários e 76% dos rendimentos. A Classe Média, correspondente aos ordenados anuais de 200 a 499 mil réis, absorvia significativo número de pessoas5. Nestes termos, no Ministério da Justiça, abaixo de 200 mil réis havia 147 funcionários a auferir, apenas, 6,5% da massa salarial. O Índice de Gini em todos os ministérios denota elevada assimetria na repartição de rendimentos. O menor é o da Fazenda, com os 20% mais ricos a deterem metade do rendimento. O Quadro 2 evidencia o predomínio das remunerações de 300 mil a 499 mil réis, logo seguida da imediatamente inferior. Este conjunto absorve quase metade do pessoal e 46% da renda. O maior contingente – 742 empregados – ganhava abaixo de 200 mil réis. Neste ministério, a Classe Média Alta representa menos de 10% dos efectivos e os rendimentos de conto de réis, ou mais, só contemplam 86 pessoas. Respeitam a número restrito de funcionários de topo na Alfândega Grande do Açúcar, na Casa da Índia, no Conselho da Fazenda, na Chancelaria Mor do Reino e no Tesouro Público. É pouco para quase dois mil empregados.
4 Tem de ser gratificação de funcionário de elevada graduação, pelo alto cargo e porque o recebedor, seu subordinado, ganhava 300$000. 5 A esta distância é muito difícil estabelecer classificações sociais baseadas em remunerações, desconhecido o custo de vida. Um indicador para a tentativa de classificação feita foi facultado pelo Ministro da Fazenda, José Silva Carvalho, no Relatório apresentado à Câmara dos Deputados, na Sessão Extraordinária de 30 de Agosto de 1834, ao considerar “módico subsídio” uma remuneração mensal de 12$000 réis, anual de 144$000. Considerando a inflação verificada no decurso de tempo desde 1828, que abrangeu a Guerra Civil, admiti que, em 1828, 200$000 réis anuais seria o limite inferior de vida familiar confortável.
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A situação mais aguda é a do Ministério do Reino. O Índice de Gini é elevado e os 48% de rendimento dos 20% mais ricos não têm a clareza dos elementos contidos no Quadro 2. Com remunerações abaixo de 200 mil réis há quase metade do respectivo funcionalismo, que detém só 15% da renda. Acrescentando a classe imediata tem‐se cerca de 90% do pessoal a ganhar menos de 300 mil réis! Num universo de 968 pessoas somente 28 pertencem à Classe Média Alta e apenas 8 auferem remuneração igual ou superior a conto de réis, sendo metade ministros de Estado aposentados. É certo que não existe especificação de ordenados no Ensino Público, na Guarda Real de Archeiros, nas Obras Públicas e em outros diferentes departamentos onde não é de supor devessem existir remunerações das mais elevadas. São poucas as funções que, neste ministério, têm remunerações acima de 500 mil réis. Importa considerar a componente regional. No Orçamento de 1828 não consegue vislumbrar‐se. A pouca individuação de remunerações nos Ministérios do Reino e da Fazenda não permite qualquer ideia sobre diferenciação espacial de ordenados. Na Fazenda, o melhor que se consegue é identificar a hierarquização dos órgãos aduaneiros da capital. A supremacia ia para a Alfândega Grande do Açúcar, com remunerações mais elevadas em todos os cargos. A Alfândega do Tabaco fica a alguma distância. Nos Almoxarifados, destaque para os dos Vinhos, Pescado e do Paço da Madeira. Já a situação do Almoxarifado da Casa dos Cinco é incompreensível, com o juiz da balança a ganhar 20 mil réis, o meirinho, 19$200 e o escrivão, 10$000. No Ministério da Justiça conhecem‐se, apenas, as remunerações de duas funções na Relação do Porto, ambas abaixo das correspondentes, em Lisboa, na Casa da Suplicação. O chanceler desta recebia um conto e trezentos e o da Relação do Porto, 950 mil réis. O desembargador desta ganhava 600 mil réis e o da Suplicação quase o dobro: 1,1 contos de réis. Neste Ministério, a Mesa da Consciência e Ordens era o órgão mais relevante, com o respectivo presidente a receber 2,4 contos e metade os deputados. O Desembargo do Paço vinha logo após, superando a Casa da Suplicação. A distribuição de frequências resultante da agregação dos dados referentes aos quatro Ministérios Civis tem de estar fortemente influenciada pelas características dos dois ministérios com maior número de funcionários: Fazenda e Reino. O Índice de Gini ultrapassa 0,5, a denotar a elevada concentração de rendimentos, com quase 60% detidos pelos 20% mais ricos. Os valores do Quadro 2 revelam que quase 70% dos funcionários tinha remuneração inferior a 300 mil réis e que, juntando a classe seguinte (até 499$000 rs.), se encontra mais de 80% do pessoal com cerca de metade do rendimento distribuído. A Classe Média Alta contempla 400 funcionários (pouco mais de 10% do total) e os ricos não seriam mais do que 204, num universo de 3.522 (5,8%). O maior ordenado – 19,2 contos de réis, atribuído ao embaixador no Rio de Janeiro – era 6.845 vezes superior ao menor, de 2$805 rs., a que já se aludiu.
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4. A situação financeira no início de 1835 As armas da guerra fratricida tinham sido depostas havia alguns meses, apenas. Muitas feridas continuavam em carne viva. A maior parte associava‐se à clivagem da Sociedade. Ninguém era neutro. A todos pesavam mortes. As Contas Públicas permitiam saber que se pagava, embora pela Tarifa mais antiga, de 1790, a «oficiais apresentados do Exército do usurpador» (em minúscula). Os que o tinham feito depois de 16 de Maio de 1834, amnistiados e um grupo vindo da ilha da Madeira, eram pagos por meio soldo. O Erário Régio ainda custeava três Corpos de Militares Ingleses e dois de Franceses. Naquele início de 1835, quando o Ministro dos Negócios da Fazenda, José da Silva Carvalho, apresentou perante a Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa o Orçamento Geral do Estado para o ano económico de 1 de Julho de 1835 a 30 de Junho de 1836, as Finanças Públicas estavam de rastos. Apesar dos generosos – e decisivos para o triunfo da Causa Liberal – contributos do Conde do Farrobo, então, Barão de Quintela, feitos em tempo de grande incerteza, e de contribuições públicas, foi necessário recorrer ao crédito externo, em condições onerosas. Além disso, como proclamou o ministro Silva Carvalho, na sessão extraordinária da Câmara dos Deputados, em 30 de Agosto de 1834, após a debandada Miguelista «em todas as repartições do Estado ficou a desordem, e confusão, motivada menos pela súbita fuga dos rebeldes, do que pela delapidação e estragos de seis anos de desgoverno, de malversações e violências, obra de uma administração tão ignorante como bárbara» (CARVALHO, 1834: 13). Silva Carvalho apresentou ao Parlamento as Contas que fora possível apurar e o Orçamento para o ano que, pela primeira vez, não coincidiria com o ano civil e, ainda, pela vez primeira, era apresentado a tempo. Ficou bem evidente o extraordinário esforço desenvolvido para superar a desorganização e desgoverno herdados e conseguir exibir resultados animadores: pelo que fora possível arrecadar, pelas perspectivas de cobrar dívidas antigas e pelo empenho em respeitar encargos da dívida do Estado, com o que se reconquistava o crédito público. O ministro mostrou‐se particularmente agradado pela qualidade das Contas que apresentava aos deputados, até por ser a primeira ocasião em que um governo da Monarquia Portuguesa – disse – conseguia fazê‐lo (CARVALHO, 1835: n.º 92). Na sessão extraordinária de 30 de Agosto de 1834 houvera uma primeira apresentação de Contas de todo o tempo da guerra, e do orçamento, que seria reapresentado, com ajustamentos permitidos pelo decurso do tempo, em Janeiro seguinte, quando, em cumprimento do estabelecido na Carta Constitucional, as Câmaras abriam para sua apreciação. Acerca deste orçamento elaborado por Silva Carvalho escreveu Armand Carrel, no seu jornal parisiense National, ser «o documento financeiro mais importante estampado depois do orçamento de Necker» (MOGARRO, 1990: 44). O Orçamento nem terá sido discutido no Parlamento (VALÉRIO, 2005: 27), o que não invalida a utilização que se faz da informação nele contida acerca da prevista
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retribuição do Funcionalismo Público. Não abundam fontes destas e não podem ser desprezadas. E o Orçamento da Despesa foi apresentado com grande clareza, permitindo fazer as análises que se seguem. Certo, também, é que o Ministro da Fazenda não conseguiu pôr em prática a sua política de transformações estruturais visando a melhoria global da Economia e da Sociedade. Como proclamou na Câmara dos Deputados, em 1840, após o regresso de mais um exílio, «a única coisa em que me enganei foi persuadir‐me que as revoluções em Portugal estavam acabadas; este é que foi o meu engano» (MOGARRO, 1990: 44).
5. O Orçamento de Pessoal para 1835/6 e o confronto com o de 1828 Vamos ater‐nos à despesa prevista com o funcionalismo6. Considerando, apenas, a Casa Real, as Câmaras (dos Pares e dos Deputados) e o Serviço dos Ministérios, no Continente Europeu, a Despesa Total Orçamentada era de 10.874,0 contos de réis. Para conhecer a despesa total da Nação haveria que acrescentar os encargos com Empréstimos de Londres (1.870,2 contos) e a despesa com as Províncias Ultramarinas (1.612,0 contos). Estabelecendo o confronto com a Despesa prevista no Orçamento para 1828, aos 10.874,0 contos de 1835/6 correspondem 14.944,7 contos em 1828, portanto, cerca de 40% mais antes do início da Guerra Civil, com menor inflação. A parte referente ao Pessoal era de 6.435,7 contos de réis, em 1828, e de 5.406,1 contos em 1835/6, quebra de 16%. Na Casa Real, embora a base da dotação da Rainha fosse a mesma – um conto de réis por dia – havia menos Pessoas Reais a contemplar adicionalmente, pelo que a despesa prevista para 1835/6 era de 450,8 contos, enquanto a de 1828 fora de 562,0. Com o Pessoal das Câmaras Legislativas previa‐se gastar 72 contos de réis, quando o Orçamento para 1828 fora de 67,0 contos. Entre as duas datas em confronto, para além da Guerra Civil existiu, também, a Reforma Administrativa empreendida pelo ministro Mouzinho da Silveira, ainda nos Açores. Por esta circunstância a orgânica dos vários Ministérios apresenta grandes alterações que justificam parte das diferenças de verbas, a denunciar, no geral, maior eficiência dos serviços e, por vezes, economia de recursos. Agora, existia presidente do Conselho de Ministros, com a mesma remuneração de 4,8 contos de réis dos restantes ministros, mantida ao nível de 1828. O Ministério do Reino tinha grande diferença de estrutura, com a supressão de órgãos e a criação de outros, embora, no total da remuneração do pessoal, o acréscimo seja diminuto, ao passar de 466,4 para 493,2 contos de réis. Os efectivos conhecidos, e que aumentaram 48%, respeitam, apenas, à parte do custo de pessoal com individuação, desconhecendo‐se o total de funcionários nas duas datas.
6 As fontes utilizadas para recolha dos números apresentados são (CARVALHO: 1828) e (CARVALHO: 1835), consoante os correspondentes Orçamentos.
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Significativo da maior preocupação com o Ensino Público, o agravamento de remunerações, de 35,5 para 193,2 contos de réis! Além de muitos serviços com designações não comparáveis nas duas épocas, assinale‐se a nova despesa resultante da criação das Prefeituras do Reino, a absorverem 160,2 contos, com pessoal. No Ministério da Fazenda, a reforma empreendida determinou uma mais racional distribuição de serviços, nomeadamente ao nível alfandegário, com supressões, o que conduziu ao abaixamento de 919,5 para 589,2 contos de réis, como retribuição dos funcionários, entre 1828 e 1835/6. A quebra da massa salarial foi de 64%. No Ministério da Justiça um dos factores de agravamento da despesa foi a nova Lei pela qual as Côngruas dos Párocos passavam a ser encargo do Tesouro. Já no Ministério dos Negócios Estrangeiros observou‐se grande redução, baixando de 337,7 para 223,3 contos, a que corresponde quebra de um terço. Houve cortes significativos na remuneração do pessoal de topo. Em 1835/6, talvez pelo pouco tempo decorrido desde a vitória liberal, havia encarregados de negócios em várias Cortes, com o ordenado de 2,4 contos de réis e não havia embaixadores. Os diplomatas acreditados nas Cortes mais salientes tinham a categoria de enviado, auferindo 10 contos o colocado em Londres; 8 contos, cada um dos colocados em Paris, Madrid e Rio de Janeiro e 7,2 contos o de Roma. Não se pense haver menor preocupação pelo resguardo do «decoro nacional» exigido pela representação diplomática, pois era entendimento do governo, expresso pelo ministro, dever retribuí‐los convenientemente, para que não fossem, apenas, os que tivessem fortuna pessoal a representar a Nação Portuguesa (CARVALHO, 1835: n.º 92). Também no Ministério da Guerra se obteve substancial redução da despesa com pessoal. Não temos ideia, por desconhecer os efectivos em 1828, da influência que pode ter tido eventual abaixamento do número de militares e funcionários. É certo que os 3.243,6 contos de réis arbitrados para 1828 mereciam a reprovação do ministro Manoel António de Carvalho, como a seu tempo foi assinalado. Mesmo para os 2.401,8 contos de 1835/6 (quebra de 26%), o ministro Silva Carvalho tinha esperança de substancial abaixamento «quando poder considerar‐se a guerra definitivamente terminada», porque os corpos do Exército poderiam ter menor dotação de militares. Na Marinha, o agravamento de 41%, ao passar de 606,4 para 853,2 contos de réis, deve atribuir‐se à mais robusta composição da Armada Nacional, distante da escassa dimensão a que se aludiu ao fazer a análise de 1828. No mais, a impossibilidade de comparação entre departamentos com denominação desigual, por força da reforma empreendida, não permite fazer suposições7.
7 Composição da Armada Nacional em 1835/6: «1 Nau em meio armamento; 2 Fragatas em armamento; 1 Fragata em meio armamento; 4 Corvetas em armamento; 1 Corveta em meio armamento; 4 Brigues em armamento; 1 Brigue em meio armamento; 4 Escunas em armamento; 2 Escunas em meio armamento; 4 Iates em armamento; 7 Charruas em armamento; 4 Correios em armamento; 1 Cuter em armamento; 3 Canhoneiras em armamento; 2 Vapores em armamento» (CARVALHO, 1835: Marinha, Armamento).
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6. Remunerações individuadas em 1835/6 O Orçamento para 1835/6 permitiu a obtenção de amostras significativas em todos os Ministérios, o que possibilita maior aproximação ao universo do Funcionalismo Público. No Ministério dos Estrangeiros, tal como em 1828, apenas o pessoal diplomático e consular teve especificadas as remunerações, bem como o da Secretaria de Estado. Nestes termos, ficou‐se com amostra representando 49,8% de despesa com pessoal. As percentagens das restantes amostras são as seguintes: Ministério dos Negócios Eclesiásticos e da Justiça 100% Idem dos Negócios da Marinha 85,0% Idem dos Negócios do Reino 74,0% Idem dos Negócios da Guerra 70,5% Idem dos Negócios da Fazenda 62,1%. O Quadro 3, com os principais indicadores da repartição de rendimentos nos ministérios, em 1835/6, continua a exibir Índices de Gini correspondentes a elevadas concentrações. O menos mau é o do Ministério da Marinha, com os 20% mais pobres com 5,1% da renda distribuída e os 20% mais ricos, com perto de 47%. Porém, esta situação é ilusória, porquanto os 20%, supostamente, mais ricos iniciam‐se com um ordenado anual de 180$000 rs., que não dava riqueza a ninguém. As distribuições de frequências dos Ministérios Militares, que vão influenciar a distribuição geral pelo peso dos seus efectivos (78,1% na Guerra e 15,0% na Marinha), são particularmente desequilibradas, exigindo a especificação do Quadro 5. Com efeito, 91% do pessoal da Marinha recebia retribuição abaixo de 200 mil réis, com destaque para os marinheiros, grumetes e pages da Armada Nacional e os sargentos e praças da Brigada Real da Marinha. Com ordenados de conto de réis ou superior só havia 18 pessoas em 6.954, uma insignificância! Situação análoga ocorre no Ministério da Guerra, em que o Índice de Gini não faz sobressair o absurdo de os 20% tidos como mais ricos se iniciarem com a remuneração anual de 65$500 rs., que só poderia comprar miséria! Neste ministério, 95% dos efectivos (Quadro 5) tinha ordenado e salário abaixo de 200 mil réis, a que correspondiam 62% da renda distribuída. Juntando o grupo seguinte, de 200 mil a 299 mil réis, obtém‐se 80% do rendimento pago por este ministério. Apenas 26 pessoas ganhavam um conto de réis ou mais num universo de 36.134! Quanto aos Ministérios Civis, a concentração face a 1828 aumentou nos do Reino e da Fazenda. No primeiro dos casos deve resultar, basicamente, dos ordenados mais elevados atribuídos aos integrantes da nova estrutura das Prefeituras do Reino. À sua parte, e considerando, apenas, as remunerações mais elevadas, houve dois ordenados de 3,2 contos, seis de 2,4 contos, um de 1,2 contos e trinta e três de conto de réis! Os dez conselheiros de Estado, a 2,4 contos cada, também contribuem para a maior concentração, efeito da Reforma Administrativa.
14
Assim, o Ministério do Reino tem agora 61% dos efectivos (Quadro 4) a ganhar menos de 200 mil réis e 4,5% acima ou igual a conto de réis, quando em 1828 (Quadro 2) tinha, respectivamente, 48,6% e 0,9%. No Ministério da Fazenda o agravamento do Índice de Gini é muito pronunciado, ao passar de 0,43 para 0,57. O confronto dos respectivos indicadores nos Quadros que lhes respeitam revela bem a diferença de situações. Agora, os 20% mais ricos têm 60% da renda, exactamente todo o conjunto com remunerações acima de 500 mil réis. Estes ordenados, em 1828, eram detidos por, apenas, 14% dos funcionários e representavam 41% do rendimento distribuído. Os 20% mais pobres, em 1835/6, são muito menos do que em 1828. Nos Ministérios da Justiça e dos Estrangeiros os Índices de Gini atenuaram‐se entre as duas datas, embora em 1835/6 continuem a denunciar situações de concentração. No Ministério dos Estrangeiros persiste a circunstância de não haver individuação das remunerações, mais baixas, dos empregados administrativos das representações diplomáticas no exterior e dos serviços de Correio, o que falseia os resultados. No Ministério da Justiça há plena representatividade do núcleo de remunerações especificadas, agora correspondente à totalidade da despesa de pessoal. Diminuiu, substancialmente, a parte das remunerações abaixo de 200 mil réis (10% dos efectivos contra 34%; 1% da renda contra 7%), reforçou‐se a situação da Classe Média e a da Classe Média Alta, e os que recebem um conto de réis e mais são 19%, com 48% da renda, quando em 1828 representavam 15% dos efectivos, com 38% do rendimento. O peso da Fazenda e do Reino faz que, em 1835/6, a situação dos Ministérios Civis seja de maior concentração de renda do que em 1828, como claramente evidenciam os indicadores dos respectivos Quadros estatísticos. O que, agravado pelas circunstâncias já descritas quanto aos Ministérios Militares, determina a situação do Total Geral, evidenciada no Quadro 5. Estamos perante uma distribuição de frequências perversa, em que os 20% tidos como mais ricos começam numa remuneração anual de 180$000 rs., impensável como característica de riqueza! E assim é que 91% dos 46.274 funcionários inventariados ganhavam menos de 200 mil réis, correspondentes a 48% da massa salarial! A Classe Média – se podermos admitir que, em 1835/6, com a inflação implantada por uma Guerra Civil que desmantelou a Nação, um ordenado de 200 mil réis confere esse estatuto – só comportava 6% de efectivos, dispondo de 23% da renda. A Classe Média Alta não tinha mais de 1,8% de Servidores do Estado, com 15,5% do rendimento. Finalmente, os ricos (com um conto de réis e mais) seriam, apenas, 285 pessoas, a deter 14% da riqueza distribuída! O Orçamento para 1835/6 permite algumas ilações acerca das diferenciações espaciais das remunerações do funcionalismo. No Ministério do Reino, os «Estudos nas Províncias» não são especificados. Mesmo acerca da Universidade de Coimbra nada pode ser apurado, por ser apresentado o valor total da despesa da «Universidade, Hospitais, Colégio das Artes, Junta Literária e da Folha dos Professores e Mestres que recebem pelo Subsídio Literário».
15
Só as Prefeituras permitem alguma luz sobre a distribuição regional da despesa. A da Estremadura, com Lisboa na dianteira, absorvia 40,6 contos de réis. O respectivo prefeito ganhava 3,2 contos, assim como o da do Douro (Porto), que custava 35,6 contos. Os outros prefeitos ganhavam 2,4 contos de réis e as despesas oscilavam entre 28,0 contos no Alentejo e 13,2 em Trás‐os‐Montes. Em todas havia várias sub‐prefeituras, não se notando diferenciações marcadas nas remunerações, todas consideradas de bom nível quando comparadas com o que ocorria no Ministério da Fazenda, em especial nas Alfândegas, exceptuadas as de Lisboa e Porto. Os cargos da capital seriam mais apetecidos, por se situarem na Corte. Além disso, o movimento e, portanto, a importância como fonte de renda de alfândegas como as situadas em Lisboa, justificava remunerações mais robustas. No entanto, dificilmente se aceitam situações como as de muitas estações aduaneiras da província, em que os ordenados pagos não têm relação com o que ocorria em funções análogas em Lisboa, Porto e, mesmo, Setúbal. O administrador geral da Alfândega das Sete Casas era o que auferia a remuneração mais elevada (2,4 contos de réis), mas os restantes funcionários perdiam no confronto com os da Alfândega Grande de Lisboa, com ordenados maiores em todas as funções, desde o tesoureiro geral ao meirinho. A Alfândega do Porto regista diferenças para menos quando comparada com a Alfândega Grande mas, em alguns casos, tinha remunerações superiores às verificadas nas Sete Casas. A Alfândega de Setúbal, embora a distância destas, apresentava maiores ordenados do que as restantes espalhadas pelo território nacional, apesar de ainda ter meirinho a receber 12 mil réis e o escrivão do superintendente da Alfândega, 6 mil. As Alfândegas provinciais eram multidão e proporcionavam rendimentos muito baixos (ALVES‐CAETANO, 2008: 118). A norte eram vinte e cinco e, a sul, vinte. Algumas tinham até razoável proximidade. A remuneração mais frequente de juiz situava‐se no intervalo de 40 a 30 mil réis. Havia casos de 20 mil réis, mas nas Alfândegas de Alegrete, Castelo de Vide, Marvão (encostadas) e Montalvão quedava‐se em 12 mil. As situações mais comuns de feitor/recebedor registam entre 60 e 30 mil réis, mas recebiam 12 mil réis os de Peniche e Campo Maior e incríveis 3 mil réis o de Tavira. As remunerações, de forma geral, eram de baixo valor, em especial quanto ao escrivão que, raramente, auferia mais do que 10 mil réis. O caso mais surpreendente é o da Alfândega de Esposende, em que se referem como «Ordenados» 3 mil réis para director e tesoureiro e 4 mil para escrivão e guarda. A verba destinada a despesas de expediente (12$800) quase igualava a dos quatro ordenados. O Ministério da Justiça tinha muitíssimos funcionários colocados em todo o espaço continental. Os juízes de direito para a região de Lisboa recebiam 1,2 contos; para a do Porto, um conto e, para as comarcas do Reino, 800 mil réis. Na Relação de Lisboa todos os ordenados – salvo o do guarda – sobrelevavam os correspondentes na do Porto. A excepção estava nos Tribunais de Comércio da Primeira Instância: no Porto e em Lisboa tinham iguais retribuições nos diversos cargos e os mesmos efectivos.
16
No Exército, não é conhecida a distribuição territorial dos vários regimentos, mas, nas Forças Armadas, a diferenciação era segundo as Armas, onde quer que se situassem. Verdadeiramente, só Engenharia, com remunerações mais elevadas para os seus oficiais, se destacava das restantes, todas niveladas. Apesar das transformações operadas pelos anos de Guerra Civil, com o agravamento da dificuldade de abastecimentos e a inerente inflação, o quadro remuneratório da Função Pública não se alterou. O confronto entre as remunerações funcionais em 1828 e em 1835/6 revela uma certa fixidez. O ministro continuou a ter a retribuição de 4.800$000, os porteiros das Secretarias de Estado permaneceram com 600 mil réis de ordenado, os oficiais dos gabinetes ministeriais, sempre com 700 mil réis, etc.8 As alterações operadas pela Reforma Administrativa, com a supressão de uns órgãos e a criação de outros, impedem comparações directas como as das Secretarias de Estado. Mas nota‐se que funções análogas, embora exercidas em departamentos com diferente denominação, tinham remunerações da mesma ordem de grandeza. De certo modo, o que denominei de Classe Média e Classe Média Alta, permaneceria com os mesmos limites, embora possa admitir‐se que a inflação tirava poder de compra e que o nível de vida permitido por 200 mil réis, em 1828, seria inferior, sete anos volvidos, com o mesmo rédito nominal. Quanto às remunerações das funções de topo nos vários ministérios – para o que basta comparar os Anexos A e B – nota‐se, apenas, troca de prevalência, da Fazenda, outrora, pela Justiça, agora: onde estava o provedor da Casa da Índia está, em 1835, o presidente do Supremo, logo seguido do procurador geral da Coroa e dos conselheiros do Supremo. Na Fazenda, mesmo o procurador da Fazenda, cargo de cariz judicial, sobreleva ao administrador geral da Alfândega das Sete Casas que, de certo modo, se substituiu ao que tinha idênticas funções na Alfândega Grande do Açúcar, extinta. A Universidade de Coimbra saíra vitoriosa: os desembargadores tomavam conta do País. Viu‐se, ainda, que os postos diplomáticos que ultrapassavam, muito, em 1828, a remuneração do ministro, passaram a ter dotações significativamente mais baixas. Mas, subsistia o império das remunerações reduzidíssimas. O Ministério da Fazenda tinha, em 1835, a maioria dos ordenados abaixo de 200 mil réis, descontando o pré dos soldados – 21$900 para 21.216 indivíduos – e das praças de Marinha, ambos desconhecidos em 1828. Indicador bastante da penúria da paga ao pessoal nos vários ministérios está em que 411 funcionários tinham remuneração inferior aos 21$900 que recebiam os soldados, alimentados e vestidos pelo Estado. Era impossível que a corrupção não grassasse numa Administração que pagava ordenados abaixo dos 10 mil réis a empregados alfandegários, com funções de 8 O problema é mais fundo. Pelo menos desde 1808 a tabela de remunerações do funcionalismo civil seria a mesma. Nos decretos publicados no Rio de Janeiro a estruturar a Corte os ordenados de ministro, oficial da Secretaria de Estado ido de Lisboa, etc. têm o valor existente em 1828 e em 1835. Importa construir índices de preços que permitam avaliar a erosão que foi sofrendo, por dezenas de anos, a paga dos servidores públicos, na maioria dos casos, como se viu, de baixíssimo nível.
17
direcção (!), superintendência, tesoureiro, juiz de balança, pesador, selador, medidor, guarda, escrivão, não se acreditando que os emolumentos permitissem a reunião de rendimento apropriado para vida familiar desafogada.
*** A amostra constituída pelos que «se sentavam à Mesa do Orçamento» em 1835/6 não será lisonjeira acerca da riqueza nacional, se atendermos a que, na época, a própria Agricultura, mesmo pouco vigorosa, ainda não podia ter recuperado da destruição causada pela guerra. Existia no Governo e no Ministro da Fazenda a noção de que a Economia Interna não comportava maiores sacrifícios tributários e de que tinha de ser aliviada para poder soerguer‐se. Ao apresentar‐se perante os Deputados, em Janeiro de 1835, o Ministro Silva Carvalho formulou várias hipóteses à sua disposição para criar impostos, tanto directos como indirectos. Mas, esclareceu não ser esse o caminho a percorrer pelo Governo encarregado de curar as feridas da Guerra Civil para obter o equilíbrio das Contas Públicas. Cortava com a tradição. Iniciava‐se nova fase na gestão das Finanças Públicas Portuguesas. Silva Carvalho terá aspirado a fazer Escola. «Geralmente se creria, à vista do que entre nós se tem passado até agora, que o único meio de ocorrer às despesas públicas, e de cobrir o défice fora o de lançar novos tributos sobre a Nação, onerando o presente e o futuro para pagamento do passado; porém o meu sistema, individualmente falando, e o do Governo de que tenho a honra de formar parte, é totalmente o inverso – ele consiste em aliviar o povo para colher os frutos da geral prosperidade – ele consiste em fomentar toda a casta de empresas úteis para elevar ao mais alto valor este nosso solo tão favorecido da Providência. E enquanto assim se aumentam os valores, de que deve derivar‐se a Renda pública, o que se for vendendo dos Bens Nacionais, e as Cobranças do Brasil da parte da Dívida já vencida, não somente nos hão‐de habilitar a pagar com prontidão a despesa corrente, mas também nos darão meios para irmos diminuindo os nossos empenhos» (CARVALHO, 1835: n.º 92). (Texto escrito em conformidade com a ortografia anterior ao último Acordo) Ligustro, Agosto de 2011
18
Rubricas
REINO
FAZENDA
JUSTIÇA
ESTRAN
GEIROS
TOTA
L
Despesa Total
1.207.106,141
5.143.254,320
346.809,590
555.979,510
7.253.149,561
Despesa com Pessoal
466.422,986
919.504,880
233.083,144
337.745,910
1.956.756,920
% da De
spesa Total
38,6
17,9
67,2
60,7
27,0
Desp. c/ P
ess. Especificada
177.978,186
585.645,100
211.764,544
218.240,110
1.193.627,940
% da De
spesa c/ Pessoal
38,2
63,7
90,7
64,6
61,0
N.º Fun
cion
ários E
specificado
s968
1.966
436
152
3.522
Men
or Orden
ado
32$121
2$805
7$200
240$000
2$805
Maior Orden
ado
4.800$000
4.800$000
4.800$000
19.200$000
19.200$000
Idem
abaixo do
Ministro
1.600$000
4.000$000
2.400$000
4.000$000
4.000$000
% de Re
ndim
ento detida po
r: 20% c/
men
ores Orden
ados
4,4
4,2
2,4
4,0
2,4
20% c/
maiores Orden
ados
48,0
50,1
48,4
68,0
57,9
ÍNDICE
DE GINI
0,4492
0,4313
0,4641
0,5868
0,5173
Nota: A Des
pesa
com
Pes
soal exclui a
realizad
a na
s Províncias
Ultramarinas
.
Fonte: CAR
VALH
O, 1828: Diverso
s Qua
dros
.
© Antón
io Alves
‐Cae
tano
M I N
I S T É R I O
S
PRINCIPA
IS IN
DICA
DORES DA
REPAR
TIÇÃ
O DE RENDIMEN
TOS EM
MINISTÉRIOS EM
1828
Quadro 1
Valores e
m Réis
19
Va
lores em
Mil Réis
ESCA
LÕES
N.º
Valor
N.º
Valor
N.º
Valor
N.º
Valor
N.º
Valor
Inferio
r a 200$000
Núm
ero
470
25.910,2
742
78.661,3
147
13.815,7
00,0
1.359
118.387,2
Percen
tagem
48,6
14,6
37,7
13,4
33,7
6,5
0,0
0,0
38,6
9,9
200$000 a 299$000
Núm
ero
390
89.262,1
585131.005,3
5311.752,0
4011.185,4
1.068
243.204,8
Percen
tagem
40,3
50,2
29,8
22,4
12,2
5,5
26,3
5,1
30,3
20,4
300$000 a 499$000
Núm
ero
7128.485,9
363138.079,8
5019.890,0
73.310,0
491
189.765,7
Percen
tagem
7,3
16,0
18,5
23,6
11,5
9,4
4,6
1,5
13,9
15,9
500$000 a 999$000
Núm
ero
2818.920,0
189111.200,0
122
85.556,8
6142.344,7
400
258.021,5
Percen
tagem
2,9
10,6
9,6
19,0
2840,4
40,1
19,4
11,4
21,6
1.000$000 a 4.000$000
Núm
ero
810.600,0
86121.898,7
6375.950,0
3353.080,0
190
261.528,7
Percen
tagem
0,8
6,0
4,4
20,8
14,4
35,9
21,7
24,3
5,4
21,9
Supe
rior a
4.000$000
Núm
ero
14.800,0
14.800,0
14.800,0
11108.320,0
14122.720,0
Percen
tagem
0,1
2,7
0,0
0,8
0,2
2,3
7,2
49,6
0,4
10,3
TOTA
L968177.978,2
1.966585.645,1
436211.764,5
152,0218.240,1
3.522
1.193.627,9
Fonte: CAR
VALH
O,1828: Diverso
s Qua
dros
.
© Antón
io Alves
‐Cae
tano
DISTRIBU
IÇÃO
DOS FU
NCIONÁR
IOS DO
S MINISTÉRIOS CIVIS PO
R ESCA
LÕES DE REMUNERAÇ
ÃO EM 1828
Quadro 2
REINO
FAZENDA
JUSTIÇA
ESTRAN
GEIROS
T O T A L
20
Rubricas
REINO
FAZENDA
JUSTIÇA
ESTRAN
GEIROS
C I V I S
GUERRA
MAR
INHA
TOTA
L
Despesa Total
1.102.448,958
2.785.150,850
794.190,830
278.700,640
4.960.491,278
3.989.945,066
1.395.941,15610.346.377,500
Despesa com Pessoal
493.207,660
589.168,119
317.901,200
223.278,640
1.623.555,619
2.401.761,813
853.161,344
4.878.478,776
% da De
spesa Total
44,7
21,2
40,0
80,1
32,7
60,2
61,1
47,2
Desp. c/ P
ess. Especificada
364.800,680
365.699,287
317.901,200
111.246,000
1.159.647,167
1.692.449,900
725.578,960
3.577.676,027
% da De
spesa c/ Pessoal
74,0
62,1
100,0
49,8
71,4
70,5
85,0
73,3
N.º Fun
cion
ários E
specificado
s1.434
1.222
465
653.186
36.134
6.954
46.274
Men
or Orden
ado
6$000
$220
30$000
300$000
$220
21$900
12$000
$220
Maior Orden
ado
4.800$000
4.800$000
4.800$000
10.000$000
10.000$000
4.800$000
4.800$000
10.000$000
Idem
abaixo do
Ministro
3.200$000
3.000$000
4.000$000
3.200$000
4.000$000
2.400$000
2.319$960
4.000$000
% de Re
ndim
ento detida po
r: 20% c/
men
ores Orden
ados
6,5
1,2
4,2
5,9
2,9
9,4
5,1
5,6
20% c/
maiores Orden
ados
56,0
60,5
49,8
57,2
62,5
60,8
46,7
71,1
ÍNDICE
DE GINI
0,4571
0,5675
0,4562
0,4708
0,5604
0,4613
0,4172
0,5911
Nota: A Des
pesa
com
Pes
soal exclui a
realizad
a na
s Províncias
Ultramarinas
.
Fonte: CAR
VALH
O, 1835: Diverso
s Qua
dros
.
© Antón
io Alves
‐Cae
tano
M I N
I S T É R I O
S
Quadro 3
PRINCIPA
IS IN
DICA
DORES DA
REPAR
TIÇÃ
O DE RENDIMEN
TOS NOS MINISTÉRIOS EM
1835/6
Valores e
m Réis
21
Valores em
Mil Réis
ESCA
LÕES
N.º
Valor
N.º
Valor
N.º
Valor
N.º
Valor
N.º
Valor
Inferio
r a 200$000
Núm
ero
872
94.500,2
654
47.086,3
453.501,2
00,0
1.571
145.087,7
Percen
tagem
60,8
25,9
53,5
12,9
9,7
1,1
0,0
0,0
49,3
12,5
200$000 a 299$000
Núm
ero
219
49.567,8
100
22.139,1
155
31.808,0
00,0
474
103.514,9
Percen
tagem
15,3
13,6
8,2
6,1
33,3
10,0
0,0
0,0
14,9
8,9
300$000 a 499$000
Núm
ero
201
73.423,7
223
75.117,0
248.960,0
83.546,0
456
161.046,7
Percen
tagem
14,0
20,1
18,2
20,5
5,2
2,8
12,3
3,2
14,3
13,9
500$000 a 999$000
Núm
ero
7850.344,0
185122.926,9
154120.032,0
2719.700,0
444
313.002,9
Percen
tagem
5,4
13,8
15,1
33,6
33,1
37,8
41,5
17,7
13,9
27,0
1.000$000 a 4.000$000
Núm
ero
6392.165,0
5993.630,0
86148.800,0
2442.000,0
232
376.595,0
Percen
tagem
4,4
25,3
4,8
25,6
18,5
46,8
36,9
37,8
7,3
32,5
Supe
rior a
4.000$000
Núm
ero
14.800,0
14.800,0
14.800,0
646.000,0
960.400,0
Percen
tagem
0,1
1,3
0,1
1,3
0,2
1,5
9,2
41,3
0,3
5,2
TOTA
L1.434364.800,7
1.222365.699,3
465317.901,2
65111.246,0
3.186
1.159.647,2
Fonte: CAR
VALH
O,1835: Diverso
s Qua
dros
.
© Antón
io Alves
‐Cae
tano
DISTRIBU
IÇÃO
DOS FU
NCIONÁR
IOS DO
S MINISTÉRIOS CIVIS PO
R ESCA
LÕES DE REMUNERAÇ
ÃO EM 1835/36
Quadro 4
REINO
FAZENDA
JUSTIÇA
ESTRAN
GEIROS
T O T A L
22
Valores em
Mil Réis
ESCA
LÕES
N.º
Valor
N.º
Valor
N.º
Valor
N.º
Valor
Inferio
r a 200$000
Núm
ero
34.316
1.050.291,9
6.344506.935,7
40.660
1.557.227,6
42.231
1.702.315,3
Percen
tagem
95,0
62,1
91,2
69,9
94,4
64,4
91,3
47,6
200$000 a 299$000
Núm
ero
1.252
310.632,0
318
75.390,6
1.570
386.022,6
2.044
489.537,5
Percen
tagem
3,4
18,3
4,6
10,4
3,6
16,0
4,4
13,7
300$000 a 499$000
Núm
ero
211
91.434,0
202
72.673,9
413
164.107,9
869
325.154,6
Percen
tagem
0,6
5,4
2,9
10,0
1,0
6,8
1,9
9,1
500$000 a 999$000
Núm
ero
329
198.772,0
7243.446,4
401
242.218,4
845
555.221,3
Percen
tagem
0,9
11,7
1,0
6,0
0,9
10,0
1,8
15,5
1.000$000 a 4.000$000
Núm
ero
2536.520,0
1722.332,3
4258.852,3
274
435.447,3
Percen
tagem
0,1
2,2
0,2
3,1
0,1
2,4
0,6
12,2
Supe
rior a
4.000$000
Núm
ero
14.800,0
14.800,0
29.600,0
1170.000,0
Percen
tagem
0,0
0,3
0,0
0,6
0,0
0,4
0,0
1,9
TOTA
L36.134
1.692.449,9
6.954725.578,9
43.088
2.418.028,8
46.274
3.577.676,0
Fonte: CAR
VALH
O,1835: Diverso
s Qua
dros
.
© Antón
io Alves
‐Cae
tano
DISTRIBU
IÇÃO
DOS FU
NCIONÁR
IOS DO
S MINISTÉRIOS MILITAR
ES POR ESCA
LÕES DE REMUNERAÇ
ÃO E TOTA
L GERAL
EM 1835/36
Quadro 5
GUERRA
MAR
INHA
MILITAR
EST O T A L G
E R A L
MINISTÉRIOS
23
CURVA DE LORENZ DOS MINISTÉRIOS CIVIS EM 1828 E EM 1835/6
CURVA DE LORENZ DE TODOS OS MINISTÉRIOS EM 1835/6
©António Alves‐Caetano
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100
1828
1835/6
reta
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
0% 10% 20% 30% 40% 50% 60% 70% 80% 90% 100%
reta
24
ANEXO A
CARGOS DE MAIORES REMUNERAÇÕES ABAIXO DE MINISTRO, EM 1828
4.000$000 – Provedor da Casa da Índia (F); Encarregado de Negócios (E). 3.000$000 – 2 Encarregado de Negócios (E). 2.800$000 – Administrador Geral da Alfândega Grande do Açúcar (F). 2.400$000 – Procurador da Fazenda (F); Procurador da Coroa (J); Presidente da Mesa da Consciência e Ordens (J); 2 Encarregado de Negócios (E); 3 Secretário de Embaixada (E); 2 Comissário da Comissão de Reclamações (E). 2.000$000 – Presidente da Junta do Tabaco (F); Tesoureiro Mor do Tesouro Público (F); 15 Conselheiro do Conselho da Fazenda (F); 3 Conselheiro do Conselho da Fazenda, Aposentado. 1.800$000 – Escrivão do Tesoureiro Mor, do Tesouro Público (F). 1.600$000 – 4 Ministro de Estado, Aposentado (R); Guarda‐Mor da Casa da Índia (F); 3 Escrivão da Fazenda, do Conselho da Fazenda (F); 4 Contador Geral, do Tesouro Público (F); Escrivão da Repartição da Fazenda, da Mesa da Consciência e Ordens (J); Intendente Geral da Polícia (J); 4 Secretário de Embaixada (E). 1.500$000 – Escrivão do Desembargo do Paço (J). 1.400$000 – Primeiro Feitor da Casa da Índia (F); Tesoureiro Geral da Junta do Tabaco (F). 1.300$000 – Juiz da Balança da Casa da Índia (F); Chanceler da Casa da Suplicação (J). 1.280$000 – Secretário de Embaixada (E). 1.250$000 – Escrivão do Desembargo do Paço (J). 1.200$000 – Primeiro Feitor da Alfândega Grande do Açúcar (F); 5 Escrivão da Mesa Grande da Casa da Índia (F); Escrivão do Registo das Mercês, na Chancelaria Mor do Reino (F); 3 Oficial Maior das Secretarias, no Conselho da Fazenda (F); Contador Geral Graduado, no Tesouro Público (F); 13 Desembargador, do Desembargo do Paço (J); 3 Escrivão, do Desembargo do Paço (J); 7 Deputado da Mesa da Consciência e Ordens (J); 2 Deputado Aposentado, da Mesa da Consciência e Ordens (J); Conselheiro de Embaixada (E); Secretário de Embaixada (E). 1.170$000 – Recebedor da Chancelaria, pelo Tesouro Público (F). 1.100$000 – 3 Juiz da Coroa, na Casa da Suplicação (J); Ajudante do Procurador da Coroa, na Casa da Suplicação (J); Procurador da Fazenda, na Casa da Suplicação (J); Corregedor do Crime da Corte e Casa, na Casa da Suplicação (J); Corregedor do Crime da Corte, na Casa da Suplicação (J); 12 Desembargador de Agravos efectivo, na Casa da Suplicação (J); Ouvidor Geral do Crime, na Casa da Suplicação (J); Juiz da Chancelaria, na Casa da Suplicação (J); Promotor da Justiça, na Casa da Suplicação (J); 3 Corregedor do Cível, na Casa da Suplicação (J); 2 Agravista, na Casa da Suplicação (J); 2 Desembargador de Agravos, Aposentado, na Casa da Suplicação (J). 1.000$000 – 4 Oficial Maior da Secretaria de Estado (R, F, J, E); 2 Oficial Maior, Aposentado (R); 8 Escrivão da Mesa Grande da Alfândega Grande do Açúcar (F); Guarda‐Mor da Alfândega Grande do Açúcar (F); Tesoureiro da Alfândega Grande do Açúcar (F); Tesoureiro da Casa da Índia (F); Escrivão da Carga e Descarga da Casa da Índia (F); Ajudante do Escrivão, no Tesouro Público (F); 3 Tesoureiro Geral, no Tesouro Público (F); 4 Ajudante do Contador Geral, no Tesouro Público (F); 4 Fiel do Tesouro, no Tesouro Público (F); Contador Geral, na Junta dos Juros dos Reais Empréstimos (F); Comissário Geral da Junta da Bula da Cruzada (J); 12 Adido de Embaixada (E); Secretário de Embaixada (E).
25
ANEXO B
CARGOS DE MAIORES REMUNERAÇÕES ABAIXO DE MINISTRO, EM 1835/6
4.000$000 – Presidente do Supremo Tribunal de Justiça (J). 3.600$000 – Procurador Geral da Coroa, no Supremo Tribunal de Justiça (J). 3.200$000 – Encarregado de Negócios em Petersburgo (E); Prefeito da Prefeitura do Douro (R); Prefeito da Prefeitura da Estremadura (R); 12 Conselheiro do Supremo Tribunal de Justiça (J). 3.000$000 – Procurador da Fazenda, no Tesouro Público (F); 8 Conselheiro do T. Público (F). 2.400$000 – 10 Conselheiro do Conselho de Estado (R); 6 Prefeito de Prefeitura da Província (R); Administrador Geral da Alfândega das Sete Casas (F); Director Geral da Contadoria do Tesouro Público (F); Pensão ao Duque de Palmela (E); 7 Encarregado de Negócios (E); 2 Marechal de Exército (G). 2.319$960 – Almirante da Armada Nacional (M). 2.000$000 – Inspector Geral do Terreiro Público (R); Tesoureiro Geral da Alfândega Grande de Lisboa (F); Presidente da Relação de Lisboa (J); Presidente do Tribunal de Comércio de 2.ª Instância (J). 1.800$000 – Presidente da Relação do Porto (J), Ajudante do Procurador Geral da Coroa, no Supremo Tribunal de Justiça (J). 1.640$000 – Tesoureiro Geral da Alfândega do Porto (F). 1.600$000 – Pensão a Ministro de Estado, Honorário (R); Administrador Geral das Alfândegas do Sul (F); Administrador da Repartição do Papel Selado (F); 8 Recebedor Geral (F); 2 Sub Director do Tesouro Público (F); Empregado da Junta dos Juros (F); Pensão a Ministro de Estado, Honorário (F); 21 Juiz da Relação de Lisboa (J); Procurador Régio, na Relação de Lisboa (J); 4 Juiz do Tribunal de Comércio de 2.ª Instância (J); 4 Secretário de Legação (E); 2 Pensão a Diplomata (E); Inspector/Intendente do Arsenal da Marinha (M); Contador Geral da Contadoria Geral da Marinha (M); Major General (gratificação) (M); Conselheiro Relator do Supremo Tribunal da Marinha (M); Procurador Régio, no Supremo Tribunal da Marinha (M). 1.440$000 – 10 Tenente General, de Oficiais Generais (G); 8 Tenente General, de 3.ª Secção do Exército (G). 1.400$000 – Director da Alfândega Grande de Lisboa (F); 6 Chefe de Repartição do Tesouro Público (F); Administrador Geral das Alfândegas do Norte (F); 21 Juiz da Relação do Porto (J); Procurador Régio, na Relação do Porto (J). 1.320$000 – Ajudante do Procurador da Fazenda, no Tesouro Público (F). 1.240$000 – Administrador Geral das Matas (M). 1.200$000 – Comandante Geral da Guarda Municipal (R); Secretário Geral da Prefeitura da Estremadura (R); Tesoureiro Geral da Alfândega das Sete Casas (F); 1.º Escrivão da Mesa Grande da Alfândega Grande de Lisboa (F); 6 Juiz de Direito para os Distritos de Lisboa (J); 3 Magistrado da Polícia Correccional, na Relação de Lisboa (J); Secretário do Supremo Tribunal de Justiça (J); Magistrado do Tribunal de Comércio (J); Juiz do Tribunal de Comércio da 1.ª Instância (Lisboa) (J); Juiz do Tribunal de Comércio da 1.ª Instância (Porto) (J); 2 Cônsul (E); 2 Adido de Legação (E); Secretário de Embaixada (E); 4 Intendente da Intendência Militar (G); Vogal do Supremo Tribunal da Marinha (M); Tesoureiro Pagador das Estações Civis e da Fazenda (M). 1.065$000 – Intendente de Obras Públicas (R).
26
1.000$000 – 6 Oficial Maior da Secretaria de Estado (R, F, J, E, G, M); 3 Oficial Maior da Secretaria de Estado, Aposentado (R, M); 3 Oficial Maior da Secretaria de Estado, Graduado (E, M); 32 Sub‐Prefeito (R); Secretário Geral da Prefeitura do Douro (R); Tesoureiro do Terreiro Público (R); Director do Real Museu e Jardim Botânico (R); Escrivão da Receita Geral da Alfândega das Sete Casas (F); Director da Alfândega do Porto (F); Guarda‐Mor da Alfândega Grande de Lisboa (F); Superintendente da Mesa dos Novos e Velhos Direitos (F); 6 Sub‐Chefe do Tesouro Público (F); 8 Escrivão da Mesa Grande da Alfândega Grande do Açúcar (F); Guarda‐Mor da Alfândega Grande do Açúcar (F); Tesoureiro da Alfândega Grande de Lisboa (F); 3 Juiz de Direito para os Distritos do Porto (J); 2 Ajudante Procurador Régio, na Relação de Lisboa (J); 2 Adido de Legação (E); Oficial Maior da Contadoria Geral da Marinha (M).
27
FONTES E BIBLIOGRAFIA
FONTES
Biblioteca da Assembleia da República (BAR): CARVALHO, Manoel António de, 1828 – Relatório apresentado na Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa em 11 de Fevereiro de 1828 pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda Manoel António de Carvalho. Lisboa: Impressão Régia. CARVALHO, José da Silva, 1834 – Relatório do Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda apresentado à Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa na Sessão Extraordinária de 1834. Lisboa: Imprensa Nacional. CARVALHO, José da Silva, 1835 – Relatório apresentado na Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portuguesa em 23 de Janeiro de 1835 pelo Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Fazenda José da Silva Carvalho com a Conta da Receita e Despeza do Thesouro Público, etc. Lisboa: Imprensa Nacional.
BIBLIOGRAFIA
ALVES‐CAETANO, António, 2008 – A Economia Portuguesa no Tempo de Napoleão – Constantes e Linhas de Força. Lisboa: Tribuna da História. , 2010 – As Crises, das Finanças Públicas e do Erário Régio, na véspera do Miguelismo (1822‐1827). Lisboa: Actas do XXX Encontro Anual da APHES. BACCINI, A. e GIANNETTI, R., 1977 – Cliometría. Barcelona: Crítica, N. I. U. CÂMARA dos Senhores Deputados (Coord.), 1883‐1891 – Documentos para a História das Cortes Gerais da Nação Portuguesa. 8 Volumes. Lisboa: Imprensa Nacional. COLLECÇÃO de Decretos e Regulamentos publicados durante o Governo do Reino estabelecido na Ilha Terceira, de 2 de Junho de 1830 a 16 de Julho de 1834. Lisboa: Imprensa Nacional. FUENTE, Francisco de la, 2011 – D. Miguel Pereira Forjaz, Conde da Feira, 1769‐1827 – O Organizador da luta contra Napoleão. Tradução a apresentação de Manuel Amaral. Lisboa: Tribuna da História. GODINHO, Vitorino Magalhães, 1955 – Prix et Monnaies au Portugal (1750‐1850). Paris: Librairie Armand Colin. MOGARRO, Maria João, 1990 – José da Silva Carvalho e a Revolução de 1820. Lisboa: Livros Horizonte. Colecção Horizonte Histórico, n.º 34. MURTEIRA, Bento J. F., 1996 – Análise Exploratória de Dados – Estatística Descritiva. Lisboa: McGRAW‐HILL. PEREIRA, Miriam Halpern, 2009 – Mouzinho da Silveira. Pensamento e Acção Política. Lisboa: Assembleia da República. Colecção Parlamento, n.º 28. RODRIGUES, António Simões (Coord.), 1994 – História de Portugal em Datas. Lisboa: Círculo de Leitores. VALÉRIO, Nuno (Coord.), 2005 – Os Orçamentos no Parlamento Português. Lisboa: Assembleia da República. Colecção Parlamento, n.º 21. VASCONCELLOS, J. Leite de, 1902 – Diccionario Chorographico de Portugal. Porto: Lopes & C.ª., 2.ª Edição, 1903. YULE, G. e KENDALL, M. G., 1945 – Introduccion a la Estadistica Matematica. Madrid: M. Aguilar, 1947.