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Faculdade de Letras da Universidade do Porto Nome: Ana Sofia Ribeiro Santos Disciplina: Literatura Portuguesa Medieval Data de Entrega: 13-12-1007

António José Saraiva, A Cultura em Portugal

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Faculdade de Letras da Universidade do Porto

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 A Cultura Em Portugal 

Índice

• Introdução..............................................................................p. 2

•Desenvolvimento.....................................................................p. 3 a 7

Autor.................................p.3

Livro..................................p. 4 a 7

•Conclusão................................................................................p. 8

•Bibliografia...............................................................................p. 9

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 A Cultura Em Portugal 

Introdução

O presente trabalho, baseado na obra A Cultura Em Portugal de António

José Saraiva, tem como finalidade abordar os temas que mais se relacionamcom a Idade Média. Neste sentido, os acontecimentos referidos ao longo do

trabalho serão aqueles que decorreram desde o início da formação do Reino

Português até ao século XIV. Num primeiro momento faz-se a apresentação do

autor, referem-se os momentos mais importantes da sua vida e carreira. De

seguida, abordam-se aspectos da formação da Nação Portuguesa, da língua,

da personalidade cultural dos portugueses e das diferentes épocas da nossa

cultura.Não posso deixar de referir que aquilo de que mais gostei ao elaborar o

trabalho foram as justificações históricas e cientificas dadas pelo autor para

temas como a língua portuguesa e a personalidade cultural de todos nós.

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 A Cultura Em Portugal 

Desenvolvimento

O autor 

António José Saraiva, escritor, ensaísta, crítico e historiador de

Literatura Portuguesa, nasceu em Leiria a 31 de Dezembro de 1917. AntónioJosé Saraiva sempre considerou como seu irmão predilecto José Hermano

Saraiva, sendo conhecidas as suas divergências políticas (António José foi

militante do Partido Comunista Português e José Hermano, Ministro da

Educação do Estado Novo). António J. Saraiva estudou em Lisboa, tendo-se

doutorado em Filologia Românica na Faculdade de Letras da Universidade de

Lisboa com a tese “Gil Vicente e o Fim do Teatro Medieval”, em 1942. Foi

nesta passagem pela faculdade que conheceu Óscar Lopes (1940); ambosfaziam estágio pedagógico no liceu Pedro Nunes. Viriam a escrever, treze anos

depois, em 1953, a História da Literatura Portuguesa.

António José Saraiva leccionou no liceu Passos Manuel e casou com

uma aluna da mesma idade. Da relação nasceram 3 filhos: António Manuel,

arquitecto paisagista; José António, director do jornal “Sol” e Pedro António.

Entre 1946 e 1949 leccionou em Viana do Castelo, sendo demitido por apoiar a

candidatura do general Norton Matos. António José Saraiva rejeitava a figura

de Salazar, tendo sido várias vezes interpelado pela PIDE  e tendo mesmo

chegado a ser preso. Em 1960 emigra como exilado para França onde foi

bolseiro do Collège de France. Um ano depois, será investigador no Centre

National de la Recherche Cientifique, na secção de História Moderna. Viu o

Maio de 68 como algo misterioso e sem qualquer motivação prática: “os

estudantes não queriam melhores aulas nem queriam melhores cursos, nem

queriam mais nada: queriam manifestar-se, queriam rebentar, estavam fartos

da sociedade”. De Paris partiu para a Holanda, para o cargo de professor 

catedrático da Universidade de Amesterdão. Volta a Portugal após a Revolução

de 25 de Abril de 1974, para o cargo de professor catedrático da Universidade

Nova de Lisboa e mais tarde para a Faculdade de Letras da Universidade de

Lisboa.

De António José Saraiva ficou-nos a sua vasta obra, da qual se

destacam A Cultura em Portugal, História da Literatura Portuguesa... Porém,

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 A Cultura Em Portugal 

ficou-nos também um espírito rebelde, inconformista e explosivo. Faleceu a 17

de Março de 1993, com 76 anos de idade, vítima de doença prolongada.

O livroO primeiro capítulo da obra remete para os inícios da formação do Reino

Português. A costa ocidental da Península Ibérica era considerada o finis

terrae −o fim do mundo. Na verdade o litoral ocidental da península era ainda

um mundo por descobrir. Com o objectivo de distinguir áreas culturais antigas,

Jorge Dias, no estudo sobre Os Arados Portugueses, apresentou um mapa de

distribuição dos tipos de arado existentes na Península. A zona interior até ao

Tejo apresenta o “arado radial”, simples e primitivo, conhecido dos romanos;era indicado para a cultura do centeio. Na zona ao sul do Tejo verifica-se a

existência do “arado de garganta”, um pouco mais complexo e utilizado na

cultura do trigo. Na zona litoral predominava o “arado quadrangular”, o mais

complicado de todos. Este último era o arado do milho e ficou conhecido por 

“arado suevo”. Este mapa mostra que as regiões do Litoral até ao Tejo estavam

mais predispostas à inovação técnica aceitando um arado mais evoluído. Já na

região montanhosa do país vigorava o arado mais primitivo que se conhece.

Assim, o Noroeste montanhoso é entendido como uma região cultural una e

isolada. O interesse de todas estas considerações está em ajudar-nos a

entender as actuais 3 grandes zonas do território português: o Litoral até ao

Tejo (onde se encontram as principais cidades −Porto e Lisboa), o Além-Tejo e

o Portugal Interior.

O que hoje conhecemos por Gaia foi, em tempos, um povoado,

Portucale. De facto os livros de linhagens do século XIII referem um rei mouro

de Gaia que raptou a mulher do rei Ramiro que, segundo a lenda, mata o rei

mouro e a mulher que o tinha atraiçoado. A primeira referência à «província

portugalense» encontra-se num documento leonês de 841, contudo a sua

veracidade é duvidosa. Sabe-se que, no século XI, a zona dos combates da

reconquista ia do Douro até Coimbra e também, horizontalmente, ao longo do

rio Mondego excedendo Viseu. Estes factos são conhecidos , pois Afonso V de

Leão, em 1029, morreu nesta cidade, como comprova a sua lápide funerária

(«apud Viseum in Portugal»).

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 A Cultura Em Portugal 

A independência do território relativamente a Castela deveu-se à guerra

civil entre D. Afonso Henriques e sua mãe D. Teresa que culminou com a

coroação do jovem infante através de um movimento regional. O litígio decidiu-

se numa batalha nos arredores de Guimarães, em que D. Teresa e o Conde

galego Fernão Peres de Trava foram vencidos (1128). Afonso Henriques

começou a usar o título de rei alguns anos depois. A capital fixou-se em

Coimbra e foi também nesta cidade que se fundou o Mosteiro de Santa Cruz

(1131). Relembre-se que a fundação de mosteiros e igrejas era uma boa forma

de fixar população na região e de garantir que o território não voltava a ser 

conquistado pelos mouros. A formação do reino deriva da junção de duas

partes diferentes: uma galega e outra moçárabe, concentrada em Coimbra.

Lisboa possuía população muçulmana e moçárabe. Sabe-se que também em

Santarém existiram moçárabes. Durante a reconquista os mouros, quando

conseguiam escapar à morte, eram feitos escravos a título de prisioneiros de

guerra. António Saraiva diz-nos que a regra da reconquista foi “ocupar as

propriedades dos mouros e servirem-se os cristãos das pessoas deles” (p. 33).

Contudo, ao lado de mouros servos existiam também mouros forros. Sabe-se

que D. Afonso Henriques, em 1170, passou uma carta de garantia aos mouros

forros contra as «injustas perseguições».

O segundo capítulo ocupa-se da língua portuguesa. O português surge

entre os séculos IX e XI. Nesta fase, o português e o galego estão ainda muito

próximos, distinguindo-se por completo das restantes línguas neolatinas.

Segundo o autor, o português possui “caracteres muito próprios e originais” (p.

46). Tal verifica-se pela fonética e por alguns traços gramaticais que a

distinguem das línguas irmãs. Neste sentido, é uma língua inovadora; mas

também conservadora, devido à conservação de vogais tónicas latinas (ex:

“novem”, em Português, nove). Ramón Pidal afirma que alguns fenómenos da

língua portuguesa só podem ser explicados pela existência de um substracto

local; assim, o português seria o resultado da latinização de “tribos indígenas”.

Em Lisboa, por exemplo, falava-se moçárabe, o que está evidente na

toponímia: “Fontanelas”, “Barcarena”, que conservam o “n” e o “l”

intervocálicos. A influência do substracto germânico fez-se sentir em

designações bélicas, como por exemplo, guerra, “werr” em Germano. Osubstracto Árabe ficou assinalado, sobretudo, por um vocabulário relativo a

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 A Cultura Em Portugal 

artes e ofícios. A escrita do português surgiu no século XIII. O mais antigo

testamento escrito e português é o de Afonso II (1214).

O terceiro capítulo faz uma análise da personalidade Cultural

Portuguesa. O espaço linguístico do galego-português foi amputado por forças

militares. Todavia, a esta amputação política não correspondeu uma

amputação cultural: a Galiza continua a ter mais afinidades com o Minho do

que com o lado castelhano. “A consciência nacional formou-se por oposição a

dois inimigos fronteiriços: os Mouros e Castela” (p. 80). A obra aponta como

uma feição da personalidade cultural portuguesa o sentimento de isolamento −

de um lado, o oceano, de outro, Castela (um deserto). Nesta altura, o mar era

inavegável e Castela um deserto; por isso, Portugal seria um género de ilha ou

oásis. A «saudade» não é, certamente, um sentimento exclusivamente

português, contudo é um termo inexistente noutras línguas e intraduzível, como

aliás verificou o rei D. Duarte. A Crónica da Tomada de Ceuta coloca

igualmente em evidência a palavra «soidade», sendo que a palavra também já

se encontra nos cancioneiros dos séculos XIII e XIV.

O humor português vai desde a chacota à auto-ironia. Os alvos da

chacota seriam aqueles que tentavam sobressair do comum, veja-se o exemplo

das cantigas de escárnio e mal dizer. Um outro aspecto da personalidade

cultural portuguesa é a religião. Façamos uma análise comparativa entre

Portugal e Espanha: ambos lutaram contra os muçulmanos, ambos

exterminaram o judaísmo, tiveram a inquisição e espalharam a fé católica.

Contudo, o cristianismo espanhol apresenta um Cristo mais rígido que o

português. Como diz Guerra Junqueiro “ o Cristo português brinca com os

camponeses pelos campos” (p. 87).

No quarto capítulo da obra, o último a ser aqui analisado, o autor 

distingue três épocas na cultura portuguesa: a dos cavaleiros, a dos clérigos e

a dos mercadores. Esta distinção tem como fim saber qual o grupo que, numa

determinada época, conseguiu impor os seus modelos, padrões, valores e

símbolos à restante população. Desde a época da conquista do território até ao

século XIII, o grupo mais activo da população são os cavaleiros. Durante este

período, as decisões de maior importância estavam a cargo dos cavaleiros, a

própria economia dependia deles, visto que, em parte, era baseada no saque,estava profundamente orientada para a guerra. Ainda que os chefes de guerra

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fossem hereditários, a casta dos fidalgos não era absolutamente intocável, uma

vez que ao lado destes havia ainda os cavaleiros vilãos e também os

aventureiros, que A. Saraiva define como “chefes de bando e guerrilha, que em

condições favoráveis ingressavam na casta por mérito próprio” (p. 118). No que

toca à época dos clérigos não é tão simples traçar limites cronológicos, mas

sabe-se que o Clero deixa de existir como pólo cultural independente no século

XV. De facto, a organização religiosa da Península é anterior à fundação do

reino. Muitos dos clérigos eram Nobres. As funções desempenhadas por este

grupo eram várias: eram os doutrinários e os doutrinadores, desempenhavam

um papel importante na diplomacia, na burocracia e na tesouraria. Era habitual

que durante a Idade Média existissem clérigos a comandar exércitos. Os livros

de linhagens defendem como valores guerreiros a valentia física, a fidelidade

ao senhor e a generosidade gratuita. Os clérigos tinham-se como “herdeiros

dos letrados e burocratas do Império, os domesticadores de bárbaros” (p. 120,

121). Julga-se que, numa primeira fase, a comunicação do clero com o povo

era mais complicada do que a dos cavaleiros, visto que os últimos

preconizavam uma cultura oral e tradicional, ao passo que os clérigos

prezavam a cultura escrita. Aquando do nascimento do Reino de Portugal

instalava-se, vinda de França, a reforma eclesiástica de Cluny que aboliu a

tradição hispânica, de tal forma, que os principais bispos de Portugal eram

franceses ou nórdicos. Nos séculos XIII e XIV, a distância entre o clero e o

povo está muito atenuada, devido à introdução das ordens religiosas

mendicantes −Dominicanos e Franciscanos. A partir do século XV a corte está

no centro das atenções. A corte muitas vezes assimilava os filhos dos

mercadores, que frequentemente adquiriam carta de Nobreza. No século XV os

mercadores são já um grupo muito importante economicamente. É o Marquês

de Pombal quem dá à classe dos mercadores uma feição dominante. Os

mercadores tornam-se a classe mais útil e nobre da nação. Na opinião de

António José Saraiva, os mercadores não foram bem recebidos num país em

que a economia rural de subsistência continuava a predominar.

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Conclusão

Em jeito de resumo refira-se que Portugal é um país com uma

história demasiado extensa e complexa para que alguma situação ouacontecimento possa ser descrito e analisado de forma superficial. O

que António José Saraiva transmite aos seus leitores é toda essa carga

histórica imanente a Portugal, que não pode ser ignorada. Desde a

língua aos traços culturais da personalidade, tudo tem uma razão

histórica, tudo tem uma explicação relacionada com os inícios da

formação do reino português. Aliás a consciência deste princípio leva a

que em Portugal existam ou tenham existido grandes historiadores comoJoão de Barros, Oliveira Martins, por exemplo. Dar importância à

historiografia é ter consciência da nacionalidade. 

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 A Cultura Em Portugal 

Bibliografia

Saraiva, António José, A Cultura Em Portugal, livro I, Lisboa, ed.

Gradiva, 1994.

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