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35 Anuário da Produção Acadêmica Docente Vol. III, Nº. 5, Ano 2009 José Alberto Sallum Faculdade Anhanguera de Campinas unidade 3 [email protected] A MISSÃO DOCENTE NA ANHANGUERA EDUCACIONAL 1 RESUMO As aspirações e as grandes diretrizes definidas para as ações pedagógicas e educacionais da Anhanguera Educacional podem ser encontradas na missão da instituição: promover o ensino de forma eficiente, para que os educandos possam desenvolver seus projetos de vida como cidadãos conscientes dos seus direitos, deveres e responsabilidades sociais. Para que isso ocorra, as crenças e valores da instituição constituem a base referencial de toda a ação pedagógica, estando presentes em todos os projetos pedagógicos dos cursos. A Anhanguera Educacional possui como crenças e valores que o ensino superior de qualidade, baseado na qualificação dos professores e outros agentes educacionais, além da co-responsabilidade dos próprios alunos por seu aprendizado, traduz-se em uma aprendizagem eficaz, contendo embasamento teórico e prático, estudo da ética, responsabilidade social e promoção da defesa dos direitos humanos, qualidade de vida e meio ambiente. Sendo assim, este artigo tem como objetivo compilar informações que orientem os professores novos ou antigos da Anhanguera Educacional quanto às crenças, valores e perfil corporativo da Companhia, para melhor executarem sua ação pedagógica. Palavras-Chave: Anhanguera Educacional; ação pedagógica; crenças; missão; perfil corporativo; valores. ABSTRACT The aspirations and major guidelines set for the teaching activities and educational Anhanguera Education can be found on the institution's mission: to promote education efficiently, so that students can develop their life projects as citizens aware of their rights, duties and social responsibilities. For this, the beliefs and values of the institution form the basis of reference throughout the pedagogical action, present in all projects of educational courses. Anhanguera Education has as beliefs and values that quality higher education, based on the qualifications of teachers and other education agents, and co-responsibility of the students in their learning, translates into effective learning, containing theoretical and practical , study of ethics, social responsibility and promotion of human rights, quality of life and environment. Therefore, this article aims to compile information that can guide the new teachers or former Anhanguera Educational regarding beliefs, values and corporate profile of the Company, to better implement the classroom. Keywords: Anhanguera Educacional; pedagogical action; beliefs; mission; corporate profile; values. 1 Material da 1ª. aula da Disciplina Perfil Corporativo, Crenças e Valores, Programas Institucionais, ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Didática e Metodologia do Ensino Superior – Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2009. Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected] Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE Informe Técnico Recebido em: 25/4/2009 Avaliado em: 18/1/2010 Publicação: 21 de abril de 2010 ANUDO_N5_miolo-v1.pdf 35 28/5/2010 09:57:29

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Anuário da Produção Acadêmica Docente Vol. III, Nº. 5, Ano 2009

José Alberto Sallum Faculdade Anhanguera de Campinas unidade 3 [email protected]

A MISSÃO DOCENTE NA ANHANGUERA EDUCACIONAL1

RESUMO

As aspirações e as grandes diretrizes definidas para as ações pedagógicas e educacionais da Anhanguera Educacional podem ser encontradas na missão da instituição: promover o ensino de forma eficiente, para que os educandos possam desenvolver seus projetos de vida como cidadãos conscientes dos seus direitos, deveres e responsabilidades sociais. Para que isso ocorra, as crenças e valores da instituição constituem a base referencial de toda a ação pedagógica, estando presentes em todos os projetos pedagógicos dos cursos. A Anhanguera Educacional possui como crenças e valores que o ensino superior de qualidade, baseado na qualificação dos professores e outros agentes educacionais, além da co-responsabilidade dos próprios alunos por seu aprendizado, traduz-se em uma aprendizagem eficaz, contendo embasamento teórico e prático, estudo da ética, responsabilidade social e promoção da defesa dos direitos humanos, qualidade de vida e meio ambiente. Sendo assim, este artigo tem como objetivo compilar informações que orientem os professores novos ou antigos da Anhanguera Educacional quanto às crenças, valores e perfil corporativo da Companhia, para melhor executarem sua ação pedagógica.

Palavras-Chave: Anhanguera Educacional; ação pedagógica; crenças; missão; perfil corporativo; valores.

ABSTRACT

The aspirations and major guidelines set for the teaching activities and educational Anhanguera Education can be found on the institution's mission: to promote education efficiently, so that students can develop their life projects as citizens aware of their rights, duties and social responsibilities. For this, the beliefs and values of the institution form the basis of reference throughout the pedagogical action, present in all projects of educational courses. Anhanguera Education has as beliefs and values that quality higher education, based on the qualifications of teachers and other education agents, and co-responsibility of the students in their learning, translates into effective learning, containing theoretical and practical , study of ethics, social responsibility and promotion of human rights, quality of life and environment. Therefore, this article aims to compile information that can guide the new teachers or former Anhanguera Educational regarding beliefs, values and corporate profile of the Company, to better implement the classroom.

Keywords: Anhanguera Educacional; pedagogical action; beliefs; mission; corporate profile; values.

1 Material da 1ª. aula da Disciplina Perfil Corporativo, Crenças e Valores, Programas Institucionais, ministrada no Curso de Pós-Graduação Lato Sensu em Didática e Metodologia do Ensino Superior – Programa Permanente de Capacitação Docente. Valinhos, SP: Anhanguera Educacional, 2009.

Anhanguera Educacional S.A. Correspondência/Contato

Alameda Maria Tereza, 2000 Valinhos, São Paulo CEP 13.278-181 [email protected]

Coordenação Instituto de Pesquisas Aplicadas e Desenvolvimento Educacional - IPADE

Informe Técnico Recebido em: 25/4/2009 Avaliado em: 18/1/2010

Publicação: 21 de abril de 2010

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A MISSÃO DOCENTE NA ANHANGUERA EDUCACIONAL

O objetivo deste texto é compilar informações que orientem os professores novos ou

antigos da Anhanguera Educacional quanto às crenças, valores e perfil corporativo da

Companhia. Hoje, os municípios-sede das unidades são mais de 50, distribuídos pelos

estados de São Paulo, Goiás, Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Mato Grosso, Mato

Grosso do Sul, Minas Gerais e Distrito Federal.

Ao longo de sua trajetória, a Anhanguera Educacional S.A. vivenciou quatro

fases de crescimento: a expansão de seus cursos superiores e da sua base física, até 1998; a

otimização e qualificação dos seus currículos e projetos pedagógicos, até 2003; a

reorganização estrutural, administrativa e financeira, com o ingresso de novos parceiros-

sócios e investidores; e a abertura do seu capital na Bolsa de Valores de São Paulo, em

março de 2007, transformando-se na primeira empresa do gênero com capital aberto na

América Latina.

Para Carbonari Netto (2009), as aspirações e as grandes diretrizes definidas para

as ações pedagógicas e educacionais do grupo, muito valorizadas nas ações diárias podem

ser resumidas na missão, objetivos e filosofia gerencial da Anhanguera Educacional. A

Missão da instituição é “promover a oferta de cursos superiores de qualidade, nas várias

áreas do saber, prioritariamente aos jovens trabalhadores, com custos acessíveis, visando

o desenvolvimento do seu projeto de vida”. De outra forma,

[...] promover o ensino de forma eficiente, com um grau de qualidade necessário ao bom desempenho das futuras atividades profissionais dos educandos, para que, de forma competente e ética, possam desenvolver seus projetos de vida como cidadãos conscientes dos seus direitos, deveres e responsabilidades sociais.

Os objetivos podem ser diferenciados em geral e específico. O Objetivo Geral é

“formar diplomados, nas diferentes áreas do conhecimento, aptos para a inserção social

em setores profissionais e para a participação no desenvolvimento da sua comunidade,

colaborando para a sua formação contínua”. Portanto, “oferecer aos educandos uma

sólida base de conhecimentos, competências e habilidades com vistas a desenvolver uma

aprendizagem significativa, capacitando-os para implementar seus projetos de vida”.

Os Objetivos Específicos podem ser descritos como: obter uma conduta ética

associada à responsabilidade social e profissional; desenvolvimento da capacidade de

compreensão, produção e transmissão dos saberes adquiridos; desenvolvimento da

capacidade de equacionar problemas e procurar soluções com as demandas individuais e

sociais; busca permanente de prevenção e soluções dos conflitos individuais e coletivos

com vistas ao bem estar social; desenvolvimento da capacidade de realizar investigações

cientificas, raciocínios logicamente consistentes de leitura, compreensão e produção de

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textos em processos comunicativos individuais ou em equipe; aprimoramento do

julgamento e da tomada de decisões, do aprender a aprender, para a educação

permanente.

Por fim, a Filosofia Gerencial da instituição é “delegar autoridade e

responsabilidade aos Diretores, Coordenadores e Professores, para que possam alcançar

as metas, os objetivos e planos institucionais aprovados, com incentivo ao trabalho sério e

comprometido com resultados”.

Esses compromissos institucionais devem ser assumidos por todos aqueles que

estão envolvidos com a Anhanguera Educacional: integrantes do corpo técnico-

administrativo, corpo docente e demais agentes educacionais envolvidos. As crenças e

valores da instituição constituem a base referencial de toda a ação pedagógica, estando

presentes em todos os projetos pedagógicos dos cursos. A Anhanguera Educacional e suas

unidades mantidas têm dez itens como crenças e valores (CARBONARI NETTO, 2009):

1. Que o bom ensino, ministrado de forma eficiente, com qualidade e com seriedade, traduz-se numa aprendizagem eficaz, útil ao estudante, para que desenvolva suas habilidades e competências com vistas ao seu projeto de vida.

2. Que o ensino superior de qualidade, além de atender aos interesses e anseios dos educandos, baseia-se também na qualidade dos professores e de outros agentes educacionais que interagem na formação discente.

3. Que a educação continuada dos docentes, agentes formacionais de excelência, bem como sua estabilidade emocional e funcional, são fundamentais para sua qualificação, capacitação e atualização.

4. Que o bom ensino superior, para uma aprendizagem eficaz, deve ter embasamento teórico e prático, quer pelo emprego de metodologias apropriadas, quer pelo uso de tecnologias educacionais e da informática, como multimeios auxiliares, além do uso sistemático do Livro-Texto em cada disciplina.

5. Que o processo de aprendizagem, para ser eficiente e eficaz, deve ser fomentado e implementado constantemente, além de avaliado em função dos objetivos propostos, de forma coerente, nos termos do projeto pedagógico de cada curso.

6. Que ao aprendizado formal deve ser acrescentado o estudo e a prática da ética, para a formação de um cidadão consciente dos seus deveres e direitos, para uma vida social compartilhada e solidária.

7. Que os alunos são co-responsáveis pelo aprendizado eficiente e eficaz, devendo dedicação aos propósitos, compromissos, metas e objetivos assumidos.

8. Que os alunos desenvolverão suas habilidades e competências quando motivados pelos docentes, hoje entendidos como facilitadores da aprendizagem.

9. Que a responsabilidade social da instituição compreende os preceitos da inclusão social, promoção da igualdade de direitos e oportunidades, com

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vistas à ascensão dos indivíduos na sociedade globalizada.

10. Que é dever da instituição e de seus educandos o respeito, a promoção e a defesa dos direitos humanos, da qualidade de vida e do meio ambiente.

Para Carbonari Netto (2009), o bom ensino superior, ministrado de forma

eficiente, com qualidade e seriedade, resulta numa aprendizagem que tem utilidade ao

aluno para que este atinja o êxito em seu projeto de vida. A meta deve ser sempre a

aprendizagem, atingindo aos objetivos reais, claramente definidos e propostos com

termos simples, efetivos e pertinentes, de forma sistêmica para se evitar más

interpretações ou falta de profissionalismo. Para comprovar o bom ensino, os estudantes

devem demonstrar que assimilaram a aprendizagem, desenvolvendo melhor as

competências e habilidades que participaram do processo. Assim, o resultado desse bom

ensino superior, orientado sempre por seus objetivos e metas, e utilizando diversos

métodos, estratégias e teorias da aprendizagem, traduz-se na aprendizagem eficaz do

aluno.

Um ensino superior responsável baseia-se na oferta de cursos superiores de

qualidade. Para isso, é imprescindível o preparo docente e de outros agentes

educacionais, bem como uma organização didático-pedagógica moderna e uma infra-

estrutura adequada à formação discente. A infra-estrutura deve ser sempre atualizada,

com equipamentos modernos para serem utilizados sempre segundo planejamento. Os

projetos pedagógicos dos cursos devem ser definidos em função das necessidades e

desejos dos alunos e da comunidade em que eles prestarão seus futuros serviços, sempre

sob a égide legal das Diretrizes Curriculares Nacionais.

A qualidade dos professores, ao invés de ser restrita à titulação ou à

disponibilidade de trabalho, reflete-se na prática pedagógica eficaz, que leve a um

aprendizado real e com o desenvolvimento das competências e habilidades dos alunos.

Por fim, todos os agentes educacionais, funcionários, professores, coordenadores e demais

indivíduos que participam da formação dos estudantes devem ter plena consciência que o

aluno é a meta de atendimento maior. Do mesmo modo, a qualidade do curso superior

reside muito mais num conjunto de características e conceitos capazes de atender aos

interesses e aspirações dos estudantes, e não somente aos professores ou gestores

(CARBONARI NETTO, 2009).

Os professores e todos aqueles que interagem na formação discente, com

metodologia e tecnologias educacionais adequadas, são entendidos como os grandes

facilitadores da aprendizagem para os alunos. Assim, os professores não são, e nem

devem ser, meros ministradores de informações, e sim, facilitadores eficientes da

aprendizagem, sempre sob o apoio dos materiais auxiliares, para um aprendizado eficaz.

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Os professores precisam valorizar novas e modernas técnicas instrucionais, que visam o

melhor aprendizado, além de incentivar estudos em equipes ou grupos

multidisciplinares. Por fim deve haver a conscientização dos estudantes de que ele deve

participar ativamente para obter o próprio aprendizado, através da participação destes na

ampliação de seus conhecimentos, através do ensino, da aprendizagem e da dedicação aos

objetivos e interesses em pertencer ao curso escolhido.

Para Demo (2009b), o trabalho do professor deve ser norteado por algumas

referências. Primeiramente, referências de base biológica: o aluno aprende melhor quando

pode manipular, com graus crescentes de autonomia, construções virtuais, como ocorre

nos jogos eletrônicos (GEE, 2004), devido à estrutura cerebral, que recebe estímulos

vindos dos cinco sentidos e constrói uma interpretação; a mente é máquina reconstrutiva

e não reprodutiva. Referências instrucionistas social e culturalmente situadas, isto é, a

interação social do aluno e desafios impostos por situações novas; a mente desenvolve-se

interagindo consigo e com o meio ambiente. Há também referências a habilidades

emocionais, como motivação dos estudantes e a aplicabilidade prática do que se fala em

sala de aula; o aluno precisa ver em suas vidas concretas o que se fala nas aulas. E por

último, referências virtuais de aprendizagem, tecnologias de computador, uso da Internet;

o professor não é substituído (a não ser o reprodutivista, aquele que simplesmente

reproduz informações para os alunos, sem modificá-las, sem acrescentar nada novo ou de

sua própria autoria), mas assume o papel de orientador e avaliador.

Ainda segundo Demo (2009b), é de extrema importância priorizar ambientes que

privilegiem a autonomia do educando e de ambientes construtivistas (que favorecem a

construção da autonomia e da autoria do estudante). Somado ao ambiente, é necessário

haver procedimentos didáticos que avaliem e orientem os alunos, incentivo à pesquisa e

elaboração de projetos realizados pelos próprios estudantes. Isso favorece, novamente, a

autonomia do estudante, colocando o professor como orientador e motivador, não como

disciplinador. O objetivo da aprendizagem é a construção da autoria e autonomia do

aluno, sob a orientação do professor.

É importante ressaltar que a qualidade do corpo docente baseia-se na sua

educação continuada e na produção acadêmica atualizada e relevante, para que se possa

embasar a formação discente com os melhores conteúdos de conhecimento (CARBONARI

NETTO, 2009). Assim, como afirma Demo (2009a), “para que o aluno aprenda bem, é

indispensável um docente que aprenda bem”. Para isso, há, na Anhanguera Educacional,

o incentivo à participação docente em congressos, encontros científicos ou de corporações

profissionais, em nome da instituição, para a publicação e/ou defesa de trabalhos

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científicos, técnicos ou intelectuais de relevância nas respectivas áreas de conhecimento.

Por fim, há a ascensão funcional dos docentes, sempre com recursos financeiros

proporcionais à respectiva produção acadêmica atualizada e relevante.

É necessário pesquisar e elaborar: sem produção própria não pode existir

docência, porque esta decairia para o mero instrucionismo (DEMO, 2009a). No entanto,

esse procedimento não garante a boa qualidade do ensino: um bom pesquisador não é

necessariamente um bom docente, pois este precisa saber fazer o aluno aprender, o que

não decorre de saber pesquisar; a docência é um cenário composto de inúmeras

referências, incluindo as emocionais, pessoais e carismáticas. Dessa maneira, para se

suprir essas inúmeras referências, a Anhanguera também promove a educação

continuada e capacitação profissional dos professores, com cursos de atualização,

especialização, mestrado e doutorado, incentivos de carreira e promoção pessoal e

funcional (CARBONARI NETTO, 2009).

Ser docente é cuidar que o aluno aprenda (DEMO, 2004). É essencial que o aluno

elabore seu próprio conhecimento, aos poucos arquitetando sua autonomia, pois nada é

mais importante em sua vida futura que saber fazer conhecimento próprio, com

originalidade e persuasão. Isso pode ser resumido na noção de aprender a aprender, ou

seja, é necessário aprender durante toda a vida, sempre renovando o que foi aprendido,

convivendo com a instabilidade que obriga a rever tudo que se faz e a ser flexível perante

novos desafios.

Existem muitos problemas para se atingir esse estado. O principal deles talvez

seja o chamado “pacto da mediocridade”, já que o aluno nem sempre está disposto a

pesquisar e elaborar, preferindo a aula expositiva, simplesmente porque significa menor

esforço. Por outro lado, o professor entra no mesmo pacto, ou até empurra o aluno nessa

direção, porque ele mesmo nunca aprendeu a aprender. Isso reflete o despreparo do

professor, já que para garantir a aprendizagem do aluno, ele precisa ser capaz de

aprender, deve ser capaz de pesquisar e elaborar de maneira exímia, para servir de

exemplo (DEMO, 2009b). O pacto da mediocridade reflete a situação: o aluno finge que

aprende e o professor finge que ensina (GIANOTTI, 1985). Para Almeida Filho (2005), é o

acordo tácito entre as partes para suspender exigências (permanecendo medíocres)

apostando na obtenção fácil do imerecido diploma. Além do despreparo docente, o pacto

da mediocridade reflete outro perigo: o chamado “Bacharelismo”, que se apresenta como

uma supervalorização do diploma, do “canudo” sem lastro, sem que ele seja a

conseqüência de uma verdadeira e sólida experiência universitária. Manifesta-se nas

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massas de diplomados que não podem exercer sua profissão plenamente por falta de

preparo.

Outro problema é a facilidade em se cair em modismos e invencionices, por falta

de espírito crítico, base teórica, preparo metodológico e bom senso (DEMO, 2009b). É mais

fácil se apegar às teorias de autores que ao compromisso de aprendizagem do aluno. Ao

mesmo tempo, muda-se de teoria e de autor sem verificar que vantagens isso traria aos

alunos. Por fim, os resultados não podem ser imediatos, porque saber pensar não é receita

pronta: sendo dinâmica, complexa e não-linear, não é possível se ter o controle pleno nem

desfechos garantidos.

O que constitui um professor, antes de qualquer coisa, é a habilidade de

pesquisar, já que se não produz conhecimento, não tem o que ensinar (DEMO, 2009b). O

professor não se define pelo ensino, mas pela aprendizagem. Ser professor é cuidar que o

aluno aprenda, não é necessariamente dar aula. Quase sempre a aula é fruto da cópia,

destinada à cópia dos alunos, um vício secular que reflete a atual mediocridade dos cursos

superiores. No entanto, não tem sentido apenas criticar o professor. É urgente modificá-lo,

refazê-lo, para que ocupe seu papel insubstituível.

Para uma aprendizagem eficaz, além de professores facilitadores, deve haver

embasamento teórico-prático, através do emprego de metodologias apropriadas, uso

auxiliar de tecnologias educacionais de informática e a utilização do Livro-texto em cada

disciplina. A base da aprendizagem deve conter saberes, ou seja, os devidos conteúdos

teóricos, mas também o saber fazer, estratégias para o desenvolvimento das competências

planejadas com aquele conteúdo. Para isso, é necessário conhecer as diversas

metodologias de ensino e de aprendizagem, para se poder avaliar qual é a melhor delas

em cada situação vivida pelo docente. A definição, pelos professores e coordenadores dos

cursos, do Livro-texto em cada disciplina é fundamental para o alcance dos objetivos da

aprendizagem. Para Carbonari Netto (2009), “o Livro-texto é pré-condição importante no

planejamento didático-pedagógico das disciplinas”. Além disso, o Livro-texto é de

extrema importância para a formação das bibliotecas individuais dos alunos, para a

melhoria do nível intelectual dos estudantes e desenvolvimento do hábito de leitura e

interpretação de textos, além de evitar o uso ilegal de cópias xerográficas. Ou seja, é dever

dos professores utilizar novas e apropriadas tecnologias educacionais para a facilitação do

aprendizado, inclusive recursos da informática.

A Internet vem se tornando a grande biblioteca disponível para a pesquisa, e sua

interatividade permite acesso de qualquer pessoa a qualquer informação. Essa nova mídia

faz com que o docente reprodutivista seja substituído: para simplesmente expor

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informações alheias, basta procurá-las nos lugares certos. Com o avanço da Internet surge

a autoria coletiva, como é o caso da Wikipédia, uma “enciclopédia virtual” na qual todos

podem participar. Quando o docente pede que os alunos façam trabalhos em casa, em

geral os estudantes os fazem juntos, via Internet, ficando difícil se definir a autoria

daquele trabalho. É papel do docente educar os alunos a usarem bem essa nova mídia, ao

invés de adotar posturas para exigir o esforço dos alunos, como pedir trabalhos escritos à

mão. Para Demo (2009a), do ponto de vista da Educação, o docente continua tão

importante quanto sempre foi, mas sob uma ótica que o aproxima do conceito norte-

americano de coach (DUDERSTADT, 2003; MINK et al., 1993). No caso do coach de futebol,

ele não joga, mas precisa organizar a movimentação dos atletas, fazendo com que os

jogadores possam ver o jogo da forma como ele vê, sempre motivando os atletas, como

quando estão perdendo a partida. É possível se jogar sem coach, mas para haver um

resultado qualitativo, o docente continua sendo imprescindível.

Para que o processo da aprendizagem seja realmente eficiente e eficaz, deve ser

constantemente avaliado, de forma coerente e com qualidade, em função dos objetivos

propostos. A participação dos estudantes nessa avaliação é fundamental, para que estes

possam se sentir co-responsáveis no seu processo de aprendizagem, em seu próprio

crescimento intelectual e no seu desenvolvimento profissional, nos termos do projeto

pedagógico de cada curso. Para isso, devem ser avaliados o planejamento didático da

disciplina, com planos de ensino e cronogramas de execução aprovados, a fixação de

metas e objetivos da disciplina e de seus conteúdos, além do conhecimento pertinente das

modernas teorias da aprendizagem, facilitadoras da ação discente.

É necessário sempre se avaliar o docente. Para Demo (2009a), não há coisa que

avaliadores detestem mais que serem avaliados, assim como não toleram também que os

avaliados discutam sua avaliação. A avaliação docente deve ser feita de muitos ângulos:

pelos alunos, pelos seus pares, pelas autoridades públicas, pelas publicações, por convites

a eventos acadêmicos, por projetos de extensão, pela movimentação acadêmica e pela

produção própria reconhecida. De forma mais simples, a avaliação deve conter a

produção própria do docente (que implica na publicação constante e reconhecimento por

seus pares), a movimentação acadêmica (que inclui liderança científica, convites a eventos

acadêmicos), habilidade pedagógica e habilidade de encantar os estudantes (fazer com

que os alunos aprendam bem e se sintam motivados), atualização tecnológica (uso de

novas mídias de aprendizagem) e avaliação pelos alunos (a opinião discente sobre o

docente).

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Ainda nas crenças e valores da Anhanguera Educacional, a participação dos

estudantes não é fundamental apenas na avaliação do processo de aprendizagem, e sim

no processo de aprendizagem em si. Para Carbonari Netto (2009), os alunos, auxiliados

por seus professores, são co-responsáveis pelo seu aprendizado eficiente e eficaz, sendo

responsáveis pela dedicação aos propósitos, compromissos, metas e objetivos assumidos,

aos estudos independentes e à auto-aprendizagem. Devem se comprometer em dedicar-se

aos estudos orientados ou ministrados, além dos estudos independentes que visam à

prática do auto-aprendizado e da prática da investigação, para a obtenção da

independência intelectual. Também são responsáveis pelo contrato de aprendizado

implícito nas ações docentes e institucionais, pela sua preparação para a aquisição de

novos conhecimentos, sua dedicação ao querer aprender e suas ações de auto-

aprendizado e autodesenvolvimento, além da dedicação em seus estudos independentes.

Tudo isso visa o estímulo ao estudante em procurar obter seu próprio

aprendizado, fato muito importante para o desenvolvimento dos seus projetos de vida, da

futura profissão ou ocupação profissional, uma vez que é algo valorizado pelos mercados

de trabalho. O verdadeiro estudante universitário vai além da cópia seletiva, da

reprodução de conhecimentos muitas vezes desaplicados, do comentário sobre autores e

obras já conhecidas (ALMEIDA FILHO, 2000). Para Demo (2009a), “o ponto de partida do

saber pensar é questionar”. Para que o aluno seja co-responsável pelo seu aprendizado ele

deve saber pensar. Só dá conta de novos desafios se os souber pensar, questionar,

desconstruir e reconstruir. Caso contrário, os educandos tornam-se agentes passivos do

processo de aprendizagem, objetos, marionetes (DEMO, 2009b). Quando o aluno aprende

a pensar, aparece também o lado mais fascinante da pesquisa docente, que é sua

dimensão formativa, pedagógica, que une qualidade formal e política. O diploma perde o

status de produto final. O curso acaba porque o tempo caba, e não porque pudesse acabar.

Qualquer diploma caduca em alguns anos, mas aprender sempre é o que melhor se

aprende na faculdade.

Observa-se um grande cuidado da parte da Anhanguera Educacional com a

responsabilidade social, ou seja, ao cumprimento dos deveres e obrigações para com a

sociedade em geral. Como há um claro compromisso com a sociedade, há

responsabilidade.

Essa responsabilidade pode ser vista ao fato de ao aprendizado formal dos

estudantes ser acrescentada a ética humana e profissional, para a formação de um cidadão

consciente de seus direitos e deveres sociais, para uma vida compartilhada e solidária. A

instituição apóia e promove estudos sistêmicos sobre a ética humana e profissional com

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disciplinas curriculares incluídas nos projetos de todos os cursos. Também incentiva a

colocação nos conteúdos curriculares dos valores sociais e morais necessários a uma vida

solidária, de respeito aos direitos e deveres de todos os seres. Estimula-se o aprendizado e

desenvolvimento de competências profissionais, descritas nas Diretrizes Curriculares

Nacionais, para o melhor preparo dos estudantes em direção à vida profissional.

É requisito do bom docente ter qualidade formal – competência técnica, domínio

dos conteúdos, profissionalismo e conhecimento – e política – habilidade de criar e utilizar

meios técnicos para fins devidos, sobretudo éticos. O aluno precisa, além de se tornar um

profissional, tornar-se cidadão. A qualidade política deve ser feita conjuntamente com a

qualidade formal. Para Demo (2009a), quando o aluno aprende a fundamentar o que diz,

a escutar com atenção o que os outros dizem, a ceder perante outros argumentos

melhores, a compartilhar idéias, a rever suas posições e a descartar posições erradas, não

está apenas construindo conhecimento, como também está edificando sua cidadania.

A responsabilidade social da instituição, promovida constantemente pela

extensão universitária e atividades comunitárias, compreende e visa à promoção da

inclusão social e da igualdade de direitos e oportunidades, para a ascensão dos indivíduos

na sociedade (CARBONARI NETTO, 2009). Para isso são oferecidos cursos e atividades

de extensão, para a atualização de conhecimentos e competências dos estudantes, ações

extensionistas nas comunidades para solucionar problemas locais com o objetivo de

melhorar as condições de vida profissional e social, especialmente de pessoas jovens e

idosas, ações de inclusão social por meio de incentivos à obtenção de bolsas de estudos e

de outros auxílios para o financiamento estudantil. Os cursos de extensão de curta

duração proporcionam acesso às mais novas informações, oferecendo conhecimento

técnico, teórico e prático em diferentes áreas de interesse e de atuação. São destinados ao

aprimoramento das comunidades interna e externa no que se refere à qualificação

profissional, para que alunos e profissionais atendam às exigências do mercado de

trabalho acompanhando, assim, sua constante atualização. Há a promoção social

participativa como forma de envolver os estudantes na vida comunitária e o preparo

desses estudantes para a obtenção de bases sólidas de conhecimentos e competências para

desenvolver projetos comunitários de auxílio às comunidades mais necessitadas.

Ainda em relação à responsabilidade social, é dever da instituição e de seus

estudantes a promoção e defesa dos direitos humanos, da qualidade de vida e do meio

ambiente. Para isso, a Anhanguera promove constantes discussões e conscientização dos

estudantes com relação aos problemas de respeito e preservação do ambiente e qualidade

de vida. Viabilizam-se atividades e meios curriculares possíveis para o aprendizado

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consciente e de respeito aos direitos fundamentais dos seres humanos e das suas ações.

Também concretizam-se, com os estudantes, projetos de melhoria da qualidade de vida

de todos os seres, além de defender causas favoráveis à manutenção dos meios essenciais

à vida e à paz entre todos, para uma convivência justa, fraterna e solidária (CARBONARI

NETTO, 2009).

REFERÊNCIAS

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46 A missão docente na Anhanguera Educacional

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José Alberto Sallum

Coordenador dos cursos de Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos da Faculdade Anhanguera de Campinas, unidades 2 e 3. Coordenador do curso especial da Faculdade Anhanguera de Campinas, unidade 3. Professor dos cursos de Administração de Empresas e Tecnologia em Gestão de Recursos Humanos. Psicólogo, atuando nas áreas de treinamento e desenvolvimento, gerenciamento de carreiras e gestão de pessoas.

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