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Ao andar encontro Deus: vivências do sagrado e profano nas Folias de Reis no Vale do Guaporé (Rondônia) AVACIR GOMES DOS SANTOS SILVA* 1 VALDINEI BACKES DA SILVA** Resumo Os grupos de folias de reis são exemplos da necessidade humana de interligar o profano e sagrado. O encanto e a complexidade dessa tradição são os condutores da pesquisa apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Geografia-UERJ. Nossos objetivos são: provocar a quebra de preconceitos em relação às folias de reis e interpretar seus signos, os significados e representações. Para tanto, contamos com as contribuições de Rosendahl (1999, 2007), Cassirer (1994), Landau (2013) e Chauí (2000a, 2000b) entre outros. Quanto a metodologia realizamos o estudo etnogeográfico e o acompanhamento das folias dos municípios de Novo Horizonte, Santa Luzia, Castanheiras entre dezembro/2015 a janeiro/16, e de Alta Floresta entre dezembro/2017 e janeiro/18. No decorrer desses dias mergulhamos nas águas claras e profundas das folias de reis. Frente a tantas expressões de religiosidades propomos a classificação de cinco elementos entre a vivencias das folias de reis do Vale do Guaporé (Rondônia): os identitários; os estruturantes; os sociabilizantes; os profanos e os sagrados. As folias de reis interligam o profano e sagrado e nos faz crer na capacidade da criatura se elevar ao criador. 1 Introdução A ideia central deste escrito é apresentar as espacialidades que compõem os grupos de Folias de Reis do Vale do Guaporé (Rondônia), os quais rememoram os caminhos realizadoss pelos Três Reis Magos: Melquior, Gaspar e Baltazar, em busca do menino Jesus. A folia de reis é uma tradição cultural oriunda da Espanha e Portugal, que fora trazida para o Brasil por influencias dos jesuítas e da Família Real. Sua origem mais remota está ligada a comemoração egípcia em homenagem ao Deus Sol, chamada de Festa do Sol Invencível, comemorada no dia 06 de janeiro. Em Rondônia, ao longo do território do Vale do Guaporé, a representação dessa passagem bíblica, repete-se ano após anos, desde as décadas 40/50 do século passado, quando por aqui chegaram as primeiras levas de migrantes nordestinos, para explorar os seringais e extrair a borracha, que era encaminhada para os EUA durante a “Segunda Guerra Mundial”. *Universidade Federal de Rondônia UNIR. Doutora em Geografia. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas de Espacialidades Amazônicas (GEAM). **Universidade Federal de Rondônia UNIR. Graduado em Pedagogia, Bolsista Voluntário do PIBIC/UNIR, Membro do GEAM. Apoio PIBIC/UNIR.

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Ao andar encontro Deus: vivências do sagrado e profano nas

Folias de Reis no Vale do Guaporé (Rondônia)

AVACIR GOMES DOS SANTOS SILVA*1

VALDINEI BACKES DA SILVA**

Resumo

Os grupos de folias de reis são exemplos da necessidade humana de interligar o profano e

sagrado. O encanto e a complexidade dessa tradição são os condutores da pesquisa apresentada

ao Programa de Pós-Graduação em Geografia-UERJ. Nossos objetivos são: provocar a quebra

de preconceitos em relação às folias de reis e interpretar seus signos, os significados e

representações. Para tanto, contamos com as contribuições de Rosendahl (1999, 2007), Cassirer

(1994), Landau (2013) e Chauí (2000a, 2000b) entre outros. Quanto a metodologia realizamos

o estudo etnogeográfico e o acompanhamento das folias dos municípios de Novo Horizonte,

Santa Luzia, Castanheiras entre dezembro/2015 a janeiro/16, e de Alta Floresta entre

dezembro/2017 e janeiro/18. No decorrer desses dias mergulhamos nas águas claras e profundas

das folias de reis. Frente a tantas expressões de religiosidades propomos a classificação de cinco

elementos entre a vivencias das folias de reis do Vale do Guaporé (Rondônia): os identitários;

os estruturantes; os sociabilizantes; os profanos e os sagrados. As folias de reis interligam o

profano e sagrado e nos faz crer na capacidade da criatura se elevar ao criador.

1 Introdução

A ideia central deste escrito é apresentar as espacialidades que compõem os grupos de

Folias de Reis do Vale do Guaporé (Rondônia), os quais rememoram os caminhos realizadoss

pelos Três Reis Magos: Melquior, Gaspar e Baltazar, em busca do menino Jesus.

A folia de reis é uma tradição cultural oriunda da Espanha e Portugal, que fora trazida

para o Brasil por influencias dos jesuítas e da Família Real. Sua origem mais remota está ligada

a comemoração egípcia em homenagem ao Deus Sol, chamada de Festa do Sol Invencível,

comemorada no dia 06 de janeiro.

Em Rondônia, ao longo do território do Vale do Guaporé, a representação dessa

passagem bíblica, repete-se ano após anos, desde as décadas 40/50 do século passado, quando

por aqui chegaram as primeiras levas de migrantes nordestinos, para explorar os seringais e

extrair a borracha, que era encaminhada para os EUA durante a “Segunda Guerra Mundial”.

*Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Doutora em Geografia. Líder do Grupo de Estudos e Pesquisas de

Espacialidades Amazônicas (GEAM).

**Universidade Federal de Rondônia – UNIR. Graduado em Pedagogia, Bolsista Voluntário do PIBIC/UNIR,

Membro do GEAM. Apoio PIBIC/UNIR.

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Ao longo dos anos, o que temos assistido por essas plagas é a essência dos reisados,

vivenciada por seus devotos: homens, mulheres, negros, pardos, brancos, idosos, crianças,

jovens, adultos, ricos, pobres, católicos e até evangélicos. Assim, à primeira vista, esta

manifestação cultural de cunho religioso nos remete à ideia de práticas sociais, culturais e

religiosas inclusivas.

Dentre os cinco elementos: identitários; estruturantes; sociabilizantes; profanos e

sagrados, para título de especificação, abordaremos neste artigo o aspecto étnico, que se

apresenta tanto na dimensão identitária, quanto na socializante das folias de reis do Vale do

Guaporé. É a gente negra que promove a folia, que está aberta a quem queira dela fazer parte.

Dessa feita, as simbologias dos festejos das folias interligam gente, tempos, espaços e

lugares diferentes, por meio da tradição passada às várias gerações, tendo por base a oralidade,

a devoção, ensinamentos e práticas vivenciados por aqueles que, em comum, acreditam na

substanciação de um Deus que se fez homem.

Inúmeros símbolos, rituais, ritos e significados foram agenciados e (re)significados nas

Folias de Reis, a qual entre tantas outras manifestações de crença, reforçam a necessidade

humana de transcendência do espaço profano para o espaço sagrado (ELIADE, 2010). De

acordo com Cassirer: “não estando mais num universo meramente físico, o homem vive em um

universo simbólico. A linguagem, o mito, a arte, a religião são partes desse universo”

(CASSISER, 1994: 48).

A fim de compreender a importância da religião como manifestação do transcendente

tomamos por base as contribuições teóricas de Cassirer (1994), Chaui (2000a, 2000b), Pereira

(2012), Risério (2012), Rosendahl (1999, 2007), Eliade (2010) e Landau (2013), os quais

concebem a religião não apenas como maquinaria de controle social e de alienação, mas como

possibilidade do ser humano relacionar-se com o sagrado, com a interferência de seus símbolos

e significados, por meio das hierofanias ou teofanias, manifestadas nos elementos da natureza.

Frente à riqueza e complexidade dessa manifestação religiosa e cultural recorremos aos

pressupostos metodológicos da História Oral (2011), para compreender como as folias são

vivenciadas por meio da ótica do narrador, que ao narrar suas tradições tipifica um saber fazer

para as próximas gerações de meninos e meninas, devotos dos Santos Reis.

Assim, além das narrativas de nossos colaboradores, os foliões, agregamos à pesquisa

de campo o estudo etnográfico, que implicou no acompanhamento dos grupos de folias durante

as caminhadas de dezembro de 2015 a janeiro de 2016, pelas casas, comunidades, linhas,

cidades, de dia, de noite, com sol e sob as chuvas torrenciais, típicas do verão amazônico.

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Esperamos que a socialização das nossas vivências contribua para maior entendimento

e reconhecimento cultural e religioso da nossa gente negra, branca e de outros tantos matizes,

que segue pelas plagas amazônicas crentes na visitação dos reis magos ao Menino Deus.

2 Os reis magos: andanças pelos caminhos da fé

As Folias de Reis, festejo popular originário da Espanha e de Portugal, datada por volta

do século XII, é uma dramatização, que alude à caminhada dos Reis Magos, Baltazar, Belquior

e Gaspar2, orientados pela Estrela Guia, em visita ao Menino Jesus. Ao encontrá-lo os reis

magos presentearam-no com ouro, incenso e mirra, os quais marcam a condição social

privilegiada da família do nazareno.

A partir de então, inúmeros grupos culturais agenciaram uma enorme simbologia e

subjetividade à folia, a partir de cada realidade local. Não se sabe ao certo quantos eram os reis,

não havendo bases históricas concretas se realmente eram três, mas subentende-se esse número

em função dos presentes descritos na narrativa bíblica, segundo o Evangelho de Mateus

(BLIBIA SAGRADA, 1982).

Há inúmeras representações artísticas, que fazem menção à quantidade de 123 reis

magos, e em outras os personagens são caracterizados como representantes das três “raças”

existentes no mundo. Assim, Belchior (ou Melchior) seria o representante da raça branca

(europeia) e descenderia de Jafé; Gaspar representaria a raça amarela (asiática) e seria

descendente de Sem; por fim, Baltazar representaria todos os de raça negra (africana) e

descenderia de Cam (SANTOS, 2005: s/p).

Negros, amarelos e brancos, postulados nessa citação, aludem às três “raças” percebidas

naquela época, organizaram-se para seguir em caravana rumo ao encontro do recém-nascido,

Menino Deus, sob orientação da Estrela Guia.

Por que no imaginário coletivo permanece a ideia de que foram três reis que viajaram

do Oriente até Belém? De onde vem esta invenção? Na Bíblia Sagrada (1982), não há indicação

da quantidade de magos e nem tão pouco das etnias ou dos nomes Baltazar, Bechior e Gaspar.

Por que a versão bíblica foi disseminada em detrimento a versão dos manuscritos do Reis

2 Embora o Evangelho de São Mateus não mencione quem nem quantos são os Reis Magos, os nomes de Belquior,

Baltazar e Gaspar foram atribuídos por um monge, conhecido como o “Venerável Beda” e significam,

respectivamente, Baltazar: “Deus manifesta o Rei; Belquior: “Meu rei é luz” e Gaspar: “Aquele que vai

inspecionar”. Disponível em: <http://cienciaconfirmaigreja.blogspot.com.br/2013/01/quem-foram-os-reis-

magos.html>. Acesso em: 20 de maio de 2017. 3 O número 12 é repleto de simbologia nas folias. Este era a quantidade de reis magos, pertencentes as 12 tribos

de Israel, que seguiram em caravana durante 12 dias de viagem, ao menino Deus (LANDAU, 201).

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Magos (LANDAU, 2013), o qual possui uma narrativa muito mais completa da aventura

empreita pelos reis magos?

A representação dessa passagem bíblica ficou conhecida por Folias de Reis, secularizou-

se e ecoou além-mar, perpassando espaços europeus e, a partir da chegada dos colonizadores

secundou-se por meio das práticas educacionais realizadas pelos jesuítas, que utilizavam os

catecismos e os autos como instrumentos de disseminação da ideia de um Deus universal.

O termo folias relaciona-se aos momentos de regozijos, que ocorreram nas terras de

origem dos reis magos, quando estes voltaram com a boa nova, anunciando o nascimento de

Jesus. “E houve grande alegria em toda a terra do Oriente, e os nobres, e os pobres, e as

mulheres, e as crianças de toda a terra se uniram no amor de nosso senhor” (LANDAU, 2013:

76). Nas folias de reis as festividades são realizadas no final dos rituais, no dia 06 de janeiro,

conhecido como o dia dos Santos Reis.

Na Península Ibérica as festividades ganharam destaque principal na ritualização das

folias. Nas plagas brasileiras este festejo especializa-se de forma diferente, o sagrado ficou em

primeiro plano e o profano em segundo. Desta feita, as folias constituíram-se em uma

manifestação cultural desviante (SANTOS SILVA, 2014).

As antigas formas de culturas foram espacializadas em meio à hileia amazônica, por

meio de sons e passos desviantes dos foliões dos Santos Reis. Num primeiro momento, durante

o período colonial, a Igreja Católica promove esse desvio do profano para o sagrado

(ROSENDAHL, 1999), na tentativa de imposição da fé católica aos índios capturados e depois

aos negros escravizados.

Ao passo que o território brasileiro foi sendo ocupado, surge a necessidade de grupos

religiosos, que saíssem em caminhada nos lugares mais longínquos possíveis, empregando

cânticos e louvores em representação, ao que os três reis magos fizeram séculos atrás.

Com o passar dos anos a Igreja Católica foi “abrindo” mão dessa celebração, que foi

sendo agenciada cada vez mais pela gente sem formação religiosa. No Brasil, como afirma

Chaui: “a religião popular enquanto catolicismo rural [...] caracteriza-se pela presença marcante

dos leigos como estimuladores da vida religiosa (irmandades, romarias, ermidas, devoções,

procissões e festas) (CHAUI, 2000b: 73).

No Vale do Guaporé, longe dos grandes centros urbanos, sem acesso as agências de

financiamentos culturais, fora dos holofotes das mídias televisivas, e sem constar no calendário

oficial das festas nacionais e dos auspícios da Santa Igreja Católica, os devotos do Santos Reis

e os irmãos de folias carregam suas bandeiras, tocam e cantam versos de adoração, andam à pé

ou em veículos sem as mínimas condições de segurança, pelas cidades, linhas comunidades,

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atravessam atoleiros, pinguelas e pontes alagadas sem se preocupar com a sede, a fome, o

repouso ou com as chuvas torrenciais, típicas do verão amazônico, seguem mantendo viva nos

corações das pessoas simples e dos homens ordinários (FREUD, 1997) o sentimento de

religiosidade, fé, comunidade e caridade cristã.

Naquela região há vários grupos de folias de reis surgidos nas comunidades católicas,

que viram nessa encenação uma maneira de manter viva a tradição religiosa experenciada em

tempos e espaços idos. Assim, um dos nossos colaboradores revive suas memórias: “Fui

incentivado dos mais velho, então eu guardei aquela cultura do Espírito Santo. Cheguei aqui

não tinha nada pra faze, se não fosse quadrilha. Ai eu fui lá fora e já entrei na folia” (Nildo

Trevizani. Trabalho de campo, 2015)4.

Por mais simples que possam parecer a realização das folias, no Vale do Guaporé, por

exemplo, as pessoas devotas dos Santos Reis e os foliões se articulam em uma grande rede

social e comunitária, que pode ser percebida, entre outros elementos, nos bens simbólicos, como

afirma Rosendahl,

Não devemos nos deter em descrever os bens simbólicos que existem nos lugares, mas

saber o que esses bens significam para seus usuários. Essa questão envolve o

conhecimento da religião como um sistema de símbolos sagrados e seus valores, e

também a dinâmica da produção de bens simbólicos religiosos, envolvendo os

agentes sociais do processo em suas dimensões simbólica, econômica, social e

política (ROSENDAHL, 2007:198).

As dimensões do simbólico pontuadas por Rosendahl corroboram nossa tese inicial: a religião

não é o simples espaço da alienação, mas o espaço de intersecção de dois mundos: o sagrado e

profano. Não mundos diferentes onde um está subjugado ao outro. O sagrado e o profano são

duas dimensões do mesmo mundo, vivido e re(criado) pelos seres humanos. Segundo Eliade “o

sagrado é o real por excelência, ao mesmo tempo poder, eficiência, fonte de vida e fecundidade”

(ELIADE, 2010: 31).

As representações do sagrado, primeiramente, eram vividas por meios dos elementos

naturais: água, terra, fogo, planta, vento ou um animal. Com o passar dos tempos e em função

da necessidade de controle institucional a diversidade de deuses foi paulatinamente substituída

pela ideia do Deus uno. Para Chaui: “o sagrado é a experiência simbólica da diferença entre os

seres, da superioridade de alguns sobre os outros, do poderio de alguns sobre os outros,

4 Neste escrito optamos por apresentar as contribuições das narrativas dos nossos colaboradores da pesquisa com

a indicação do nome completo, junto com a referência e a data que foi realizado o trabalho de campo, para coleta

de entrevista.

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superioridade e poder sentidos como espantosos, misteriosos, desejados e temidos” (CHAUÍ,

2000a: 297).

A partir desses pressupostos fundamentais passamos a descrever como as relações

étnicas ocorrem nos grupos de foliões do Vale do Guaporé. Esta é uma cultura que por aqui

fora agenciada pelos brancos ou negros? Quem assume a liderança desses grupos? Quais as

famílias que abrem suas portas para receber os foliões? Nos festejos do dia dos Santos Reis a

presença majoritária é de negros ou brancos, nos locais da festa?

3 O viver entre a etnia negra e tantos outros matizes sociais

Quando discutimos sobre diversidade, uma gama de conceitos emerge como referente a

este termo: diversidade de gênero, religiosa, classe social, gerações ou campos de trabalho são

algumas das postulações, porém, algo latente na realidade social brasileira é a diversidade

étnica. Como aludido anteriormente, nas folias de reis do Vale do Guaporé a etnia se configura

como elemento que identifica os grupos e simultaneamente promove a socialização entre negros

e brancos, velhos, jovens e crianças, homens e mulheres e católicos e outras religiões.

As terras brasilis, recém “descoberta”, munida de recursos naturais valiosíssimos,

como: as ervas do sertão, madeira e ouro, protagonizou grandes eventos, onde as diferenças

étnicas se estabeleceram na tríade: índios, negros e brancos. Os brancos eram os colonizadores

os índios os escravos da terra e os negros os escravizados de outras terras. Segundo Pereira, “é

possível perceber a imagem que o homem branco fazia do homem negro, sequestrando-o de sua

terra natal e forçando-o a trabalhar como escravos, além de se autodeclarar dono e/ou senhor

desses, até então, homens livres” (PEREIRA, 2012: 01).

As diferenças entre os grupos se intensificaram durante o período colonial, ecoando a

sobreposição dos brancos em relação aos índios e negros escravizados. Na tentativa de controle

social, os mandatários portugueses utilizaram como estratégia de poder o apagamento da

diversidade dos grupos étnicos. De acordo com Risério: “aquela época, segundo este esquema

redutor, viviam por aqui somente ‘brancos’ e ‘negros’, categoria que, além dos africanos e de

seus descendentes locais, incluía também os índios, os ‘negros da terra’, apesar do tom de sua

pele” (RISÉRIO, 2012:24-25).

Anos se passaram após a colonização, a diferença imposta e perpetuada entre brancos e

escravizados ainda assola a sociedade contemporânea, de forma truculenta. Porém, não somente

na cor da pele se vê tal disparidade, mas também em palavras, como é o caso do termo muito

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utilizado: “denegrir”. Segundo o Dicionário Online de Português5, denegrir significa

“obscurecer ou obscurecer-se; fazer ficar mais negro ou escuro; reduzir a transparência de;

manchar-se”. Assim, o emprego desse termo na linguagem alude uma condição em que

“obscurecer” a imagem do outro torna-o malquisto e malvisto perante a sociedade,

evidenciando, ainda mais, a ideia de que aquilo que é negro, escuro é ruim. Como narra nossa

colaboradora,

“Oxente, nos morou num lugar, o cara alemão falou que nos era da família dos

vermelhos, que é preto, é escuro, quem não é da cor deles é vermelho, só que depois

que eles acostumam é a mesma coisa, mas primeiro eles ficam cismados, por que

acham que os pretos roubam eles” (Maria Silva. Trabalho de campo. 2016).

A mídia, por exemplo, ditadora de padrões culturais e de estética é responsável, também,

por inculcar e valorar as diferenças étnico-raciais de tal forma que “naturaliza” toda essa

relação. Fora da vida real, e, não obstante, a teledramaturgia brasileira legitima a supremacia

branca, uma vez que os negros foram e são representados em condições econômico-sociais

dicotômicas, nas quais brancos são os “patrões” e os negros os serviçais.

Nesse sentido, a máxima “a arte imita a vida” é posta não só como verdade, mas como

reprodutora de uma ideia de sobreposição de um grupo étnico em detrimento ao outro. Neste

caso, é impetrado ao negro ocupar os espaços das favelas, ser o empregado dos brancos e muitas

vezes tendo a sua imagem percebida como o protótipo do marginal.

Entretanto, há produções que seguem na contramão dessa ideologia étnica e evocam

elementos que tentam romper a ideia de superioridade entre os grupos humanos. Na literatura

infantil, por exemplo, constatamos publicações que evidenciam o personagem negro, na busca

por diminuir a discriminação racial existente.

Gail Haley, autor do livro de contos: “Baú de Histórias” (2006), provoca discussões

acerca dos negros, e elenca características do povo negro, sistematizadas em vários contos sobre

a cultura africana, como forma de introduzir uma perspectiva diferente das relações étnicas,

mantida por uma literatura infantil “branquecida”.

Outra autora que proporciona tais reflexões é Ana Zarco Câmara, em sua obra “O

Cabelo de Cora” (2013), onde narra a história de uma garota negra descontente com seu cabelo,

a partir de implicações feitas por uma colega, alegando que o cabelo de Cora era “ruim” e que

era preciso prendê-lo com uma fita colorida, a fim de deixa-lo mais “bonito”. Para as meninas

5 Dicionário online de português. Verbete: denegrir. In: <https://www.dicio.com.br/denegrir/>. Acesso em: 18 de

maio de 2017.

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negras o cabelo é o maior alvo de preconceitos. Na atualidade, os penteados negros surgem

como uma forma de empoderamento da presença social e pública das mulheres negras.

Rogério Andrade Barbosa narra no livro: “O guardião da folia” (2007), a história de

seu Libério, negro, que, fiel as suas raízes afro-brasileiras, manteve seu entusiasmo pelas festas

populares como a Folias de Reis. Nessa narrativa, todos os personagens são negros e dão

visibilidade a dois elementos que também estão presentes nas Folias de Reis do Vale do

Guaporé, como a própria folia, entrelaçada à participação efetiva dos negros no festejo.

Frente a invisibilidade do negro, nos espaços de poder, no Brasil, ainda é algo muito

presente. Porém, é necessário ressaltar as bonitezas étnicas dos grupos negros, suas culturas,

seus costumes, suas crenças que foram e são importantes para a compreensão e enriquecimento

da história brasileira, forjada à “ferro e fogo”, não pelas mãos brancas, mas pelo sangue, suor e

a vida dos negros escravizados.

4 Entre brancos, negros, pardos e outras tantas cores: as espacialidades étnicas vividas nas

Folias de Reis do Vale do Guaporé6

Os elementos étnicos apresentados anteriormente são (re)significados nas Folias de Reis

guaporeanas. Durante os dias de realização da pesquisa de campo foi possível observar alguns

pontos chave, que subsidiam nossas discussões acerca das etnias nesses grupos.

Quanto à organização dos grupos de foliões não verificamos distinções entre brancos ou

negros, para desempenho dessa função, uma vez que, nos grupos pesquisados, encontramos

tantos líderes fundadores negros como brancos. Como defende nosso colaborador José Abreu:

“folia de reis não pode ter isso não, não tem escolha são todos irmãos pra que isso, pode ser

preto pode ser branco, aqui não tem esse negócio fazendo comparação não” (José Abreu.

Trabalho de campo. 2016).

No Município de Santa Luzia existem dois grupos de foliões, um organizado pelo senhor

Pedrinho e outro pelo senhor Zé Mineirão, ambos negros. Em Alta Floresta o grupo de folias

foi fundado pelo conhecido senhor Zezinho, outro negro. No Município de Castanheiras o

fundador da folia também é negro, senhor Geraldinho. Em Novo Horizonte, o senhor Nildo, o

patriarca da folia, é branco.

6 Os termos brancos, pardos e negros fazem referências a diversidade étnica brasileira. E “tantas outras cores” é

apresentado com alusão as inúmeras cores presentes nos símbolos das Folias de Reis. Assim, a ideia é a de

provocar a curiosidade entre o jogo de palavras etnias e cores.

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A participação maior de homens negros na liderança dos grupos de folias da região

guaporeana evidencia a inversão de papéis estabelecidos socialmente, onde, os negros são

postos em condições subalternas em relação aos brancos, reproduzindo a ideia de hierárquica

entre os grupos humanos. No Vale do Guaporé os negros são os guardiões das Folias de Reis.

No município de Alta Floresta o grupo de Folias de Reis foi fundado e é mantido por

uma família de negros. Esse grupo, existente na cidade há mais de 30 anos, em função da força

política conseguiu construir a Igreja dos Santos Reis, localizada no bairro Cidade Alta, onde

são celebradas todas as festividades do grupo e guardados os instrumentos e a bandeira ao final

de cada ano (CRUZ, 2015).

Em Alta Floresta, o dia dos Santos Reis é feriado municipal. O comércio local é fechado

e um aglomerado de pessoas se junta frente à Igreja dos Santos Reis para esperar a chegada dos

foliões. Depois da apresentação dos rituais da folia toda a comunidade presente se confraterniza

em torno da grande mesa, onde é servido o alimento, sem distinção de credo, cor, gênero ou

classe social. Para Marilene Santos, uma das nossas colaboradoras: “nas folias podem ter negros

e brancos, podem ter várias raças, mas tem mais negros por ser de família de negros. Vêm

prefeitos, vereadores, ricos, pobres, vêm todo tipo de pessoa e nunca houve brigas (Marilene

Santos. Trabalho de campo. 2016).

Outro elemento percebido foram os presépios, enquanto maior simbologia natalina,

presentes nas comunidades e casas visitadas pelos foliões. Assim, como há obras e escrituras

que caracterizam os Três Reis como sendo de etnias diferentes, nas comunidades católicas

encontramos representações de presépios, onde os Reis Magos são representados sem distinção

da cor da epiderme. Ao longo do tempo as reproduções do presépio promoveram o

embranquecimento dos três reis magos.

Ao nosso ver, esta é uma tentativa inconsciente/consciente de se apagar nas formas de

representações dos presépios a figura do personagem negro. Neste quesito referente à presença

de um rei negro entre os reis magos há uma incógnita: eram os reis magos todos brancos e a

igreja católica brasileira, como estratégia de sincretismo, insere a figura do rei negro entre os

reis brancos? Ou os reis magos eram todos negros e em função da suposta supremacia branca

as formas de representações artísticas foram paulatinamente apagando a presença do negro,

colocando-o numericamente em desvantagem, até constatarmos nos dias atuais o apagamento

dessa personagem nos presépios?

Nas comunidades que percorremos com os grupos de foliões, durante a pesquisa de

campo, encontramos ministros negros e brancos e ministras negras e brancas, famílias formadas

por casais de negros e brancas e outras de brancos e negras.

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Nesse sentido, as possíveis diferenças étnicas, que poderiam percorrer esses espaços

comunitários se tornam obsoletas, uma vez que é levado em consideração não é a cor da pele,

mas o sentimento de pertença a mesma congregação religiosa. Como afirma o nosso

colaborador, o senhor José Abreu: “de cor não, porque cor não manda nada, o que manda é o

nosso coração, pode ser moreno pode ser o que for lá, se for da parte de Deus é de Deus” (José

Abreu. Trabalho de campo. 2016).

Como os grupos de folias não são mantidos somente por um ou dois indivíduos

encarregados de organizar os giros e festividades, há uma rede social, formada por muitas

pessoas envolvidas, que desempenham funções importantes para a manutenção dessa tradição.

Existem os tocadores e cantadores, que animam as visitas e o festejo final; os palhaços ou

bastiões, que fazem estripulias durante as apresentações dos foliões; os tesoureiros, que cuidam

do financeiro; as cozinheiras e cozinheiros, que preparam os alimentos, servidos em forma de

oferendas no dia do festejo aos Santos Reis, os devotos, que abrem as portas de suas casas para

receber e fazer ofertas aos grupos de folias.

Nesse ponto, a divisão de trabalho verificada ocorre mais em função do gênero do que

da questão étnica. Homens e mulheres, brancos ou negros, dividem-se e relacionam-se

“harmonicamente” para a execução dessas tarefas, fundamentais para a manutenção e

continuidade da tradição das Folias dos Santos Reis.

No entanto, algo basilar percebido é que, durante a caminhada nas comunidades, o

índice de famílias negras nos espaços rurais, que abriram suas casas para a acolhida das folias,

é consideravelmente maior em relação às pessoas brancas, que recepcionaram os grupos de

foliões no perímetro urbano. Em suma, por excelência o espaço rural é o lugar de maior

expressividade das Folias de Reis.

Nas cidades as classes sociais que ocupam os melhores espaços, e espaços mais

centralizados, são das pessoas com maior poder aquisitivo. Tudo aquilo que é distante do centro

da cidade é considerado periferia, e tudo que é periférico é taxado de ruim, logo são os espaços

socialmente e historicamente indicados para ocupação das populações negras e pobres.

Por meio de nossas andanças, junto aos foliões pelas comunidades, linhas, cidades e

ruas a dinâmica espacial dessas localidades tornou-se algo visível. Assim, constatamos essa

distinção de status financeiro e de lócus de moradia, nitidamente. Brancos ocupam os melhores

espaços urbanos e comunitários e os negros, geralmente, ocupam os espaços “marginais”

(SANTOS; ALMEIDA, 2009).

Assimilando tal condição de disparidade espacial voltamos nosso olhar para os espaços

rurais, onde os negros estão mais presentes que nos espaços urbanizados. Fenômeno social, que

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pode ser compreendido, não apenas pela condição financeira, mas também pela estratégia de

ocupação do Vale do Guaporé no decorrer da sua história de colonização.

No período colonial o Vale do Guaporé foi ocupado pelas levas de negros fugitivos da

Província do Mato Grosso, cujo o mote econômico era a exploração aurífera. Na tentativa de

se libertarem do trabalho escravo, os negros escravizando fugiam das minas e adentraram cada

vez mais as florestas guaporeanas (TEIXEIRA e FONSECA, 1998). Desta feita, os primeiros

grupos populacionais que ocuparam as terras e rios do Guaporé foram os negros.

No decorrer das décadas de 50 e 60 do século passado os nordestinos migraram para a

região do Vale do Guaporé. Na tentativa de controle da ocupação territorial o governo brasileiro

conclama os “cabras bravos” do sertão para ocuparem espaços “vazios” da Amazônia

(SANTOS SILVA, 2014). Mais uma vez o Guaporé é banhado pelo matiz negro, com sua

cultura, crenças, rituais, festejos e as folias de reis.

Onde estão os negros do Vale do Guaporé? Eles estão espessos nos centros urbanos, mas

concentrados nos limites da fronteira, e é lá onde as Folias de Reis são recriadas e representadas

com maior efervescência, tanto em sua dimensão ao sagrada quanto profana.

Embora tenha se passado anos da abolição da escravatura os negros ainda são postos em

“caixões”. Segundo Pereira: “o negro não consegue conceber que as sequelas de uma escravidão

inacabada, consiga contaminar as relações humanas a ponto de invisibilizá-los (PEREIRA,

2012: 06). Por mais que os mecanismos ideológicos tentem “naturalizar” esse processo, a soma

de negros, pardos, caboclos e índios supera os dados populacionais brasileiros. De tal forma, a

esses grupos étnicos também deveria ser garantida a ocupação dos espaços reconhecidos

socialmente, na mesma proporção.

5 Considerações finais

As Folias de Reis se caracterizam pela representação e resignificação da caminhada dos

Três Reis Magos ao encontro do Menino Deus. Nos grupos de foliões guaporeanos constatamos,

por meio do trabalho de campo, que as questões de ordem étnicas são vivenciadas, em maior

ou menor grau de sociabilidade entres os devotos do Divino.

As folias guaporeanas são compostas por negros e brancos, homens e mulheres, velhos

e crianças, ricos e pobres, letrados e analfabetos, numa relação “harmoniosa”, onde o espírito

de coletividade eleva-se rumo ao transcendente, ressignificando as relações humanas nos

espaços de fé, sejam esses espaços sagrados ou profanos.

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Nas Folias de Reis guaporeanos as pessoas negras, em especial os homens, ocupam

cargos de responsabilidade nas comunidades, definem as andanças durante o percurso da folia,

recolhem os donativos, organizam os festejos finais alusivos ao dia dos Santos Reis. Assim

sendo, pelo menos durante a realização dos rituais e festividades das folias eles, os negros:

homens e mulheres, ganham no grupo uma certa notoriedade social, promovida por meio da

catarse cultural e religiosa.

A pluralidade étnica e social presente nos grupos de folias tonificam essa cultura de

forma particular, onde o que se sobressai está longe de ser determinado pela cor da pele, mas

que pode ser percebido nas manifestações de devoção e fé aos Santos Reis e ao Menino Jesus,

que emanam no semblante de cada folião, enquanto caminha pelas plagas guaporeanas.

Nesse sentido, embora haja uma determinação social e econômica que define o espaço

da cidade como lugar de branco e o da linha (espaço rural) como lugar de negro, nos grupos de

Folias de Reis, que acompanhamos durante nossa pesquisa de campo, as pessoas aproximam-

se e relacionam-se muito mais em função da religiosidade e devoção ao Divino que comungam

do que a cor da epiderme, gênero ou classe social, que, por ventura, venham separá-las fora dos

tempos e espaços profanos, mas que os unem no espaço sagrado da fé.

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