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Informédia - China Newsletter nº 7 - Março de 2014 “Líbia: Três anos depois da intervenção” por Sandra Coelho “Post - soviet Unfrozen dilemmas: Profiling Gagauzia” por Tiago Ferreira Lopes Para além dos acontecimentos mais recentes na área do State Building and Fragility!

“Post-soviet Unfrozen dilemmas · Na América Latina, foi eleito o novo presidente de El Salvador, o antigo rebelde es-querdista, Salvador Sanchez Ceren, que ganhou a corrida presidencial

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Informédia - China

Newsletter nº 7 - Março de 2014

“Líbia: Três anos depois da intervenção”

por Sandra Coelho

“Post-soviet Unfrozen dilemmas:

Profiling Gagauzia”

por Tiago Ferreira Lopes

Para além dos acontecimentos mais recentes na área do

State Building and Fragility!

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III

Editorial

Editorial

L ançamos agora o número 7 da nossa Newsletter que abre com a habitual sec-

ção 'Cronologia Fotográfica', onde se dá o devido destaque aos assuntos na

'ordem do dia'. Assim, da obrigatória e incontornável questão da Ucrânia-Crimeia, alar-

gamos o leque para outras latitudes, designadamente focando as agruras da existência

da oposição egípcia, do repatriamento dos refugiados congoleses no Uganda, da eleição

do radical presidente de El-Salvador, das manifestações por e contra Maduro, dos re-

sultados obtidos por Marine Le Pen na primeira volta das autárquicas em França, do

lançamento de cerca de 40 mísseis pela Coreia do Norte, entre outros.

A Newsletter oferece também dois artigos de fundo: um primeiro, escrito por San-

dra Coelho, que ensaia o balanço da intervenção na Líbia três anos volvidos após o der-

rube de Kadhafi. O segundo, de Tiago Ferreira Lopes, sobre o interessante caso da Ga-

gauzia na Moldova, mais uma de outras Crimeias. Por último, a Informédia dá-nos con-

ta da posição da China perante a Ucrânia e chama a atenção para o reforço do seu po-

derio militar no Pacífico.

Uma selecção 'ecléctica', como habitual!

Nuno Canas Mendes

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IV

Cronologia Fotográfica

O mês de Março assinala a continuação de um dos casos que irá certamente

marcar o ano político de 2014. Depois dos protestos na Ucrânia, o novo PM

interino, Arseniy Yatseniuk, assistiu à ocupação das bases militares e dos navios ucra-

nianos na Crimeia por forças russas, seguida da anexação do território ucraniano

(acções estas justificadas pelos resultados no referendo popular, com mais de 96% dos

votantes a favor da anexação à Federação Russa). A escalada de tensão levou também à

exclusão da Rússia da reunião do G8 e à aproximação de Kiev a Bruxelas. As ameaças

por parte do Ocidente com pesadas sanções à Federação Russa parecem não ser sufici-

entes para demover a posição de Putin, contudo, a fuga de capitais estrangeiros de

Moscovo coloca a economia russa numa situação cada vez mais delicada.

No Egipto, 529 apoiantes de Mohammed Morsi foram condenados à morte. Ao

mesmo tempo que a Liga Árabe se reúne no Kuwait, a Irmandade Muçulmana parece

cada vez mais isolada um pouco por todo o Médio Oriente. A violência indiscriminada

face à oposição egípcia está a ser reproduzida por todo o país e, outros 638 apoiantes

desta organização foram também julgados. A sua sentença será conhecida a 28 de

Abril.

O governo do Uganda, com o apoio da ONU, prepara agora o repatriamento dos so-

breviventes do naufrágio que vitimou 108 passageiros, a maioria refugiados congoleses.

Cronologia Fotográfica

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V

Na América Latina, foi eleito o novo presidente de El Salvador, o antigo rebelde es-

querdista, Salvador Sanchez Ceren, que ganhou a corrida presidencial por uma mar-

gem inferior a 1% dos votos. Na Venezuela, as manifestações pró e contra o governo de

Nicolás Maduro prosseguem e subiu para 29 o número de vítimas mortais.

Em França, o partido de extrema-direita de Marine le Pen, alcançou resultados

históricos na primeira volta das eleições autárquicas. A Frente Nacional lidera também

as sondagens para as eleições europeias, a realizar em Maio. Já em Espanha o Consti-

tucional espanhol declarou inconstitucional a declaração de soberania aprovada pelo

parlamento catalão, no mês de Janeiro.

Na Ásia, a Coreia do Norte lançou 16 mísseis de curto alcance junto à sua costa

depois de já o ter feito com 25 dispositivos, poucos dias antes, como forma de protesto

face aos exercícios militares conjuntos realizados pelos EUA e pela Coreia do Sul.

Na Oceânia, o PM neozelandês, John Key, anunciou a eleição de um referendo re-

lativo à reformulação da bandeira, tendo em vista a representação colonial ainda visível

neste símbolo do país. Não põe em causa, no entanto, a ligação à Coroa britânica.

Fontes das Imagens:

Imagem número 1- http://www.publico.pt/mundo/noticia/fuga-de-capitais-da-russia-ja-ascende-a

-3-do-pib-1629699

Imagem número 2- http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3776290

Imagem número 3- http://www.publico.pt/mundo/noticia/egipto-comeca-a-julgar-mais-683-

membros-da-irmandade-muculmana-1629615

Imagem número 4- http://edition.cnn.com/2014/03/25/world/africa/uganda-boat-capsized-

repatriation/index.html?hpt=iaf_c2

Imagem número 5- http://www.jn.pt/PaginaInicial/Mundo/Interior.aspx?content_id=3755705

Imagem número 6- http://www.dn.pt/inicio/globo/interior.aspx?

content_id=3467848&seccao=Europa

Imagem número 7- http://www.publico.pt/mundo/noticia/constitucional-espanhol-anula-

declaracao-de-soberania-catala-1629721

Imagem número 8- http://www.aljazeera.com/news/asia-pacific/2014/03/north-korea-fires-more-

short-range-rockets-201432341048349836.html

Imagem número 9- http://www.bbc.com/news/world-asia-26524132

Cronologia Fotográfica

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VI

Artigo 1 - Líbia

Líbia: Três anos depois da intervenção

por Sandra Coelho,

Estagiária do State Building and Fragility Monitor

O s primeiros protestos populares na Líbia, contra o regime do Coronel Muam-

mar al-Kadhafi, ocorreram em meados de Fevereiro de 2011. Acompanhando

os efeitos da Primavera Árabe, as manifestações começaram, primeiramente, na cidade

de Bengasi, e rapidamente alastraram-se ao resto do país. Os confrontos entre as forças

de segurança e os manifestantes, que exigiam o fim do governo de 42 anos de Kadhafi,

escalaram violentamente, deixando a Líbia submersa numa guerra civil. Apesar da

pressão interna e externa, Kadhafi recusou-se a demitir-se e manteve Trípoli, a capital

do país, controlada, embora Bengasi tenha ficado sob tutela dos rebeldes.1

A comunidade internacional apressou-se a condenar as acções do líder líbio contra

a população civil, acusando-o de cometer crimes contra a humanidade. Neste âmbito, o

Conselho de Segurança da ONU (CSNU), adoptou a Resolução 1970, a 27 de Fevereiro,

que previa a aplicação de sanções ao governo de Kadhafi, entre as quais o congelamen-

to de bens financeiros e um embargo de armas. Porém, foi no mês seguinte que foi

aprovada a Resolução 1973, que acabou por ser decisiva para a Líbia. O documento

apelava ao cessar-fogo entre as duas partes envolvidas no conflito, decretava o encerra-

mento do espaço aéreo da Líbia, e mais importante: autorizava os Estados-membro a

tomar «all necessary measures (…) to protect civilians and civilian populated areas under

threat of attack (…) while excluding a foreign occupation force of any form on any part of

Libyan territory».2

Portanto, a 19 de Março de 2011, as forças militares dos EUA, da Grã-Bretanha e

de França, no âmbito da NATO, iniciaram a operação no território líbio, com o objectivo

de proteger a população civil. Ao longo dos meses seguintes, a oposição, com apoio das

forças da NATO, conseguiram conquistar várias partes da Líbia, e em Agosto de 2011

chegaram, por fim, a Trípoli.3 Com a chegada dos rebeldes à capital, o Coronel fugiu

mas, dois meses mais tarde, acabou por ser capturado e morto em Sirte, a sua terra

natal.

A dia 23 de Outubro, três dias após a morte de Kadhafi, o Conselho de Transição

Nacional (NTC) da Líbia, representante das forças rebeldes e reconhecido por diversos

países como o governo legítimo do país, declarou o fim oficial do anterior regime e

anunciou a realização de eleições para Julho do ano seguinte.4

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VII

A queda de Kadhafi e a derrota dos seus apoiantes não significou, no entanto, o

apaziguamento da Líbia. Em Janeiro de 2012 ocorreram novos confrontos violentos en-

tre grupos de rebeldes, descontentes com o rumo da revolução.5 Estas milícias não só

estavam altamente armadas, como não tinham qualquer controlo estatal. De facto, os

Médicos Sem Fronteiras e as Nações Unidas confirmaram que estas milícias manti-

nham centros de detenção secretos, onde aprisionavam e torturavam civis suspeitos de

serem leais a Kadhafi.6

As eleições para o Congresso Nacional, em Junho de 2012, prometiam o regresso à

estabilidade. Porém, o país continuou mergulhado em episódios violentos, e exemplo

disso foram os ataques de Bengasi que resultaram na morte do embaixador norte-

americano e três civis norte-americanos nas mãos de milícias. Quando Ali Zeidan foi

nomeado Primeiro-Ministro pelo Congresso, em Outubro, tinha a missão de formar um

governo interino para escrever uma nova constituição, preparar novas eleições parla-

mentares e desmantelar as milícias ilegais.7

A Líbia que testemunhamos hoje, dois anos depois da formação de um novo gover-

no pós-Kadhafi, não está muito diferente do país instável e caótico de 2011, em plena

guerra civil. Neste sentido é inevitável colocar esta questão: era este o sonho democráti-

co pelo qual a revolução lutava? Certamente a resposta será não. O país que vemos ho-

je ainda não tem novo texto constitucional, as condições de vida são cada vez mais pre-

cárias e as violações dos Direitos Humanos subiram exponencialmente desde a queda

do anterior regime.8

Um dos maiores problemas internos da Líbia são de facto as milícias armadas, que

permanecem sem supervisão estatal. De forma a contrariar esta tendência, o governo

de Ali Zeidan procurou integrá-las no exército nacional mas sem sucesso. Estes grupos

têm vindo a beneficiar da falta de autoridade governamental em algumas regiões, ga-

nhando deste modo maior autonomia.9 Aliás, em Maio de 2013, antes da formação do

governo, as milícias conseguiram pressionar o parlamento líbio a aprovar uma lei que

proíbe todos os oficiais do regime de Muammar Kadhafi de exercerem cargos públicos.10

O próprio Primeiro-Ministro Zeidan chegou a ser raptado por milicianos armados, e em

Março deste ano, Zeidan foi deposto pelo Congresso depois de um navio-tanque que

transportava petróleo, vindo de um porto controlado pelos rebeldes, ter rompido um

bloqueio naval.11 Sucedeu-lhe o Ministro da Defesa, Abdullah al-Thinni.12 Estes episó-

dios demonstram cada vez mais que o executivo líbio é um governo falhado, que cami-

nha a passos largos para um Estado falhado.

Artigo 1 - Líbia

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VIII

Tendo em conta a actual realidade da Líbia, impõem-se uma nova pergunta: Esta

situação era evitável? Antes de respondermos a esta pergunta, vamos primeiro analisar

a intervenção humanitária executada pela NATO, em 2011.

Em primeiro lugar, desde o começo do conflito líbio que a narrativa sobre o mesmo

tem sido falaciosa. Diferentes meios de comunicação social ocidentais transmitiram a

ideia que Muammar Kadhafi reprimiu violentamente protestos pacíficos, quando na ver-

dade, de acordo com documentos oficiais da ONU e da Amnistia Internacional, foram os

manifestantes que recorreram à violência primeiro. Neste sentido, o governo vigente res-

pondeu às forças opositoras na mesma linha, mas não usou força “indiscriminada” so-

bre os civis, tal como foi noticiado. Há relatórios emitidos pelo Human Rights Watch

(HRW) que provam isso mesmo, por exemplo: o HRW documentou que nas primeiras

semanas de confrontos, na cidade de Misrata, foram feridas 949 pessoas, das quais

apenas cerca de 30 eram mulheres e crianças.13

Também a narrativa sobre a própria intervenção da NATO tem sido ilusória. Apa-

rentemente uma missão humanitária, que muitos especialistas consideraram um su-

cesso, uma vez que salvou a vida de inúmeros líbios e foi capaz de cumprir o principio

humanitário da Responsabilidade de Proteger (R2P). Quando a NATO entrou na Líbia,

os rebeldes estavam praticamente derrotados, e a ingerência trouxe a estas forças um

novo ímpeto. O problema é que a NATO quando forneceu armamento aos rebeldes esta-

va inconscientemente a armar grupos radicais islâmicos, reprimidos até então. Muitos

destes grupos são hoje aqueles se recusam a submeter ao novo governo líbio e a entre-

gar as armas. Outro dos problemas que a intervenção trouxe foi o risco de proliferação

do arsenal químico de Kadhafi, para grupos radicais. No entanto, houve pelo menos um

resultado positivo da operação da NATO – as eleições parlamentares de 2012, que re-

sultaram na formação de um governo moderado e secular.14

Tendo em conta estes factos, a resposta à pergunta anterior será: talvez. Talvez se

não tivesse sido feita uma intervenção irreflectida, a Líbia não estivesse na situação

caótica que actualmente a caracteriza. Sublinho que não é de todo minha intenção ili-

bar de responsabilidade o regime ditatorial de Muammar Kadhafi, mas sim desmistifi-

car algumas questões relativas à missão da NATO, porque se de facto esta operação ti-

nha objectivos humanitários, falhou, no mínimo, na fase pós-conflito. Se de facto existe

responsabilidade de proteger as vidas de civis inocentes, a comunidade internacional

não deveria ter virado as costas a esses mesmos civis que ficaram sujeitos a inseguran-

ça da existência de milícias armadas que não se submetem a qualquer autoridade esta-

tal. No fundo a fase de State Building e Peace Keeping não foram garantidas e como

Artigo 1 - Líbia

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consequência disso temos hoje uma Líbia fragmentada, com graves problemas de segu-

rança e com um sonho democrático por cumprir.

Por outro lado, os países ocidentais utilizaram como pretexto os conflitos internos

da Líbia para intervencionar o país, invocando o princípio do R2P, servindo interesses

próprios que passavam pelo derrube do regime de Kadhafi. Portanto, a operação da NA-

TO, que tinha como missão proteger os civis e evitar mais mortes, acabou por ter o efei-

to contrário. Parece que em relações internacionais os interesses prevalecem, até mes-

mo sobre a própria vida humana.

Artigo 1 - Líbia

1- http://jurist.org/feature/featured/libya-conflict/detail.php

2- Ibid.

3- Ibid.

4- http://www.bbc.com/news/world-africa-13755445

5- Ibid.

6- http://www.aljazeera.com/programmes/insidestory/2012/01/20121279497910159.html

7- http://www.bbc.com/news/world-africa-13755445

8- http://www.aljazeera.com/programmes/insidestory/2013/10/libya-brink-new-civil-war-

2013102183055736865.html

9- Ibid.

10- http://www.bbc.com/news/world-africa-13754897

11- http://www.bbc.com/news/world-africa-26533594

12- http://www.bbc.com/news/world-africa-13755445

13- http://belfercenter.ksg.harvard.edu/publication/23387/lessons_from_libya.html

14- Ibid.

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X

Artigo 2 - Profiling Gagauzia

Post-soviet Unfrozen dilemmas: Profiling Gagauzia

por Tiago Ferreira Lopes,

Lecturer at the Faculty of Economic and Administrative Sciences, Kirikkale University, Turkey

W ith the events still unfolding in Crimea, the Western Powers are now

rushing to try to understand what will be Russia’s next move. Although

the rush might prove to be fruitless (few analysts, experts and academicians are consi-

dering the hypothesis that maybe there will be no next move) it is indeed possible to

point some territories that would welcome Moscow’s intervention or at least a greater

rapprochement towards the Kremlin. The Autonomous Republic of Gagauzia, in Moldo-

va, is one of those territories.

The origin of the Gagauz is highly uncertain. Although we can find around twenty

theses of ethnogenesis concerning the Gagauz, only three of these theses gather a grea-

ter consensus. The first explanation claims that Gagauz are Bulgarians that were turki-

fied under the Ottoman Empire; the second theory relates the Gagauz with the nomadic

Turkic tribes of Central Asia like the Cumans and the Pechnegs, that would have mi-

grated to the Balkans during the tenth century; a third theory “claims that the Gagauz

have an Anatolian origin. According to the so-called Seljuk hypothesis, the Gagauz are

descendents of the Seljuk Turks, who settled in Eastern Balkans and converted to

Christianity [under Byzantine influence] in the XIII century” (Cole, 2011: 159). The third

theory is the one that gathers greater consensus nowadays.

Regardless of the origin of the Gagauz, we know that “the southern part of Bessa-

rabia where the Gagauz settled was under Turkish rule until Russian annexation in

1812” (Chinn and Roper, 1998: 89) under the Treaty of Bucharest that ends the Russo-

Turkish War of 1806-1812. “The Gagauz preserved their language and Orthodox religi-

on and kept growing under the Russian policies of colonization during the first half of

the 19th century” (Brezianu and Spânu, 2007: 158-159). Russian Empire greatly favo-

red the Gagauz settled in Bessarabia (Eastern Moldova) with military service dispensati-

on, taxes exemption and allowing them to use state land.

“In 1918, Bessarabia declared independence [24 January] from Russia and united

with Romania [9 April]” (Kaufman and Hardt, 1993: 992), following the Hungarian regi-

on of Transylvania and the Austrian Bukovina. The annexation of Bessarabia was re-

cognized by the majority of the Allied Powers under the Treaty of Paris of 1920, with the

USA and the newly born Soviet Union failing to do so.

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XI

In fact “the incorporation of Bessarabia into Romania (…) continued to block

attempts to normalize relations between Bucharest and Moscow throughout much of

the 1918-40 period” (King, 1993: 135). Under the Molotov-Ribbentrop Pact, Soviet Union

gained, once more, control over Bessarabia.

After the annexation, Soviet authorities perceived that the Gagauz were, at least

since 1918, going through a continuous assimilation process towards the Romanian

culture. This merging tendency was against the intentions of the Soviet Kremlin and so

“the Gagauz were then encouraged either to retain their Gagauz culture or to rus-

sify” (Olson, 1994: 238). Interestingly after 1940 and until 1990, “several decrees were

issued to reorganize the cultural and educational life of the Gagauz, but these decrees

were never put into practice” (Munteanu, 2002: 219). There were some ephemeral

events like the creation of a Gagauz primary school in 1958 (under Nikita Khrushchev

leadership) that was closed down in 1961; but nothing with an enduring character.

Soviet Moscow, however, acknowledge the right of the Gagauz to express, expand

and celebrate their culture against the centralizing tendencies of the Moldovan politici-

ans. With the Soviet Union giving signs of impending implosion and fearing the Moldo-

van nationalists anti-autonomy attitudes “in 1988-9 the Gagauz created their own poli-

tical organization to claim their autonomy: an idea that had arisen from time to time

from their ranks since the 1970s, well before perestroika, in response to Moldovan nati-

onalists who were hostile to all forms of autonomy” (Dressler, 2006: 37).

With few surprises, a poll conducted in 1990 revealed that “support for the Popular

Front, a nationalist Moldovan movement, was much weaker in the Gagauz region (21%)

than in other parts of the historical Bessarabian region of Moldova” (Katchanovski,

2005: 882), while support for pro-Soviet and anti-independence movements was stron-

ger in Gagauzia than in the rest of Moldova’s territory.

On 30th of August 1989 the Constitution of the Moldovan Socialist Soviet Republic

was amended by article 70 that introduced Moldovan, written with a Latin alphabet, as

the state language. Russian language was granted the status of lingua franca for inte-

rethnic communication and Gagauz language was to be protected. On the following day

the Law on the Use of Languages on the Territory of the Moldavian SSR stated that Rus-

sian could be used across Moldova like Romanian.

Although the Law on the Use of Languages seemed balanced the wording of article

7 raised fear over the prospects of a merger with Romania. Gagauz leaders saw no other

choice other than claim for greater territorial. A parade of declarations issued from Ga-

gauzia (and considered null and void by Chisinau) begun! “On 12 November 1989 (…)

Gagauz assembled in Comrat proclaimed a ‘Gagauz Autonomous Soviet Socialist Repu-

Artigo 2 - Profiling Gagauzia

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blic within Moldova’. (…) on 22 June 1990 [Gagauz delegates] declared [again] the crea-

tion of the Gagauz ASSR within Moldova. (…) On 19 August 1990, the Gagauz lea-

dership proclaimed a ‘Gagauz Soviet Socialist Republic’, which would be independent

from Moldova, but part of the Soviet Union” (Järve, 2005: 433)

The declaration of independence of the Republic of Moldova in 27 August 1991 on-

ly deepened the conflict between Chisinau and Gagauzia, with Moldova struggling also

to contain Transdniester irredentism. Moldova central authorities and Gagauzia lived in

an extremely tense environment from August 1991 to 1994 with some killings and

small outbursts of violence.

The lack of resources from Gagauzia, the poorest region in Moldova (cumulatively

the poorest state in Europe), prevented an escalation of physical confrontation. Coupled

with lack of resources, the traumatic warlike experiences of Moldova in Transdniester

rushed Chisinau to come out with a solution to accommodate the cultural, social and

political aspirations of Gagauzia.

“After OSCE mediation, Moldova on 23 December 1994 adopted a Special Law on

the Autonomous Territorial Unit of Gagauzia” (Weller, 2009: 119), recognizing the right of

the Gagauz to self-determination and stating that in case of merger between Moldova

and Romania, Gagauzia has the right to proclaim full-fledge independence.

Almost twenty years after the agreement that pacified Gagauz ethnopolitical agen-

da, it is interesting to observe that “many inhabitants of both the Left and the Right

Banks of the Dniester look back in nostalgia to the days of the Soviet universal welfare

state” (Williams, 2004: 354), mostly because Moldova has not been able to leave the

status of “Europe’s poorest country”. The situation is even more dramatic in Gagauzia

that remains Moldova poorest regions.

Gagauzia high levels of poverty can work in favor of Moscow, if the Kremlin decides

to declare Gagauzia as a new constituent of the Russian Federation. We need to recall

that ethnic politics is all about interests and “there is no such thing as an inherently

ethnic interest or ethnic preference” (Hale, 2008: 52). Ethnic politics is about finding

the best bargain to protect a certain ethnicity.

To clarify, “the language of ethnicity is the language of kinship” (Horowitz, 2000:

57) this means that ethnicity “defines the most relevant characteristics of a group that

sees itself (…) has different from the others” (Pignatelli, 2010: 69). Ethnic politics is

about the politicization of a certain ethnic group, in order to protect the endurance/

survival of that ethnic group in an environment of uncertainty. That is the reason why

ethnic politics is mutable and ethnic agenda “goals often expand and contract in the

course of bargaining, as [ethnopolitical] movements are radicalized or pacified by cen-

Artigo 2 - Profiling Gagauzia

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XIII

tral responses” (Treisman, 1997: 214) to their aspirations.

The fact that Gagauz populations had legal privileges under the Russian Empire

and the Soviet Union and that Gagauz faced assimilation/merger with the Romanians

during 1918-1940 works also in favor of Moscow. Interestingly, the desire of Chisinau

to have deeper relations with the European Union also works in favor of Moscow. In Ga-

gauzia, in the last few years, with Moldova being praised by Brussels old fears of a reu-

nification of Moldova and Romania reemerged.

This year, on February 3 a local referendum (considered illegal by Moldova and

null by Brussels) showed some interesting numbers that help us to portray the general

mood in Gagauzia: “98.4 percent of voters chose closer relations with the CIS Customs

Union. In a separate question, 97.2 percent were against closer EU integration. In addi-

tion, 98.9 percent of voters supported Gagauzia's right to declare independence should

Moldova lose or surrender its own independence” (RFL/RE, 2014).

Despite all this, it is not likely that Moscow is going to advance towards an anne-

xation of Gagauzia mostly because of three facts: 1.) Gagauzia lacks territorial integrity,

being composed of four separated enclaves, which makes annexation more complicated

and less desirable (unless the medium-term goal is to fragile Moldova’s state viability);

2.) the “generalization” of the defense of the right for self-determination might stir the

Chechens, the Circassians, the Karachay-Balkar, the Ingush and the Bashkir (just to

name some) to ask for greater autonomy or even secession from the Russian Federati-

on; 3.) unlike Crimea (that is militarily and economically relevant), the annexation of

Gagauzia is not bound to have a positive impact in Russia that already has to heavily

subsidize the North Caucasian republics.

Artigo 2 - Profiling Gagauzia

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XIV

Referências Bibliográficas

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Hale, Henry, 2008. The foundations of Ethnic Politics – Separatism of States and Nation in Eura-

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Artigo 2 - Profiling Gagauzia

Page 15: “Post-soviet Unfrozen dilemmas · Na América Latina, foi eleito o novo presidente de El Salvador, o antigo rebelde es-querdista, Salvador Sanchez Ceren, que ganhou a corrida presidencial

XV

Informédia “A Informação via multimédia!”

China

N a edição deste mês os temas em destaque são as reacções da China a toda a

questão relacionada com a crise ucraniana, a acção da Rússia em relação à

mesma, e ainda a sua decisão de aumentar gastos na defesa, não só pelas suas ques-

tões regionais como numa forma de afirmação internacional, sendo uma força militar

cada vez mais reconhecida. Excepcionalmente, teremos apenas dois vídeos ao invés dos

3 vídeos habituais, sendo que um deles é mais extenso e, por conseguinte, possui mais

volume de informação a ser considerado.

A China reagiu à crise ucraniana através do seu porta vez do Ministério dos Negó-

cios Estrangeiros, Qin Gang, ao afirmar tacitamente que “O Ocidente deve abandonar o

pensamento da Guerra Fria”. Reafirmando que “A política da China prende-se com a

não interferência nos assuntos internos de cada país”. Relativamente à Rússia, apesar

de não criticar a presença de tropas russas na Ucrânia, apelou ao diálogo como modo

de resolução do diferendo. As declarações de Qin Gang mostram a preocupação da Chi-

na em manter uma postura ambígua, mantendo as boas relações com a Rússia e evi-

tando a alienação por parte de EUA e União Europeia. Na sequência destas declarações,

a China resolveu também aumentar os seus gastos com a defesa em 12.2%, elevando o

seu orçamento militar de 2014 para cerca de 132 milhões de dólares. A recente tensão

na Ucrânia, bem como outros atritos regionais serão as principais razões para justificar

este enorme investimento, que tem vindo a ser constante ao longo dos anos, aliado ao

desenvolvimento económico da China e ao seu objectivo de se tornar uma presença mi-

litar dominante no Pacífico.

1- China reacts to Ukraine crisis — http://www.youtube.com/watch?

v=HixL1eYFs8c / http://edition.cnn.com/2014/03/05/world/asia/china-russia-

ukraine-analysis/

2- China announces military spending increase — http://www.youtube.com/

watch?v=cLFwR-S3Ve0

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