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RESPOSTA DO DENUNCIADO (Petição 11 3.72012006) SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Coordeiiadoria de 1 Processaineiito Inicial 1 12il 112007 14: 14 184241 I 11111111111111111111111111111111 111111111111111 1111111111 11111111 i i

Ap 117

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Page 1: Ap 117

RESPOSTA DO DENUNCIADO

(Petição 11 3.72012006)

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL Coordeiiadoria de 1

Processaineiito Inicial 1 1 2i l 112007 14: 14 184241

I 1111111 1111111111111111111111111 111111111111111 1111111111 1111 1111 i i

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z MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ALIVOCACIA CWM7NAL b EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JOAQUIM BARBOSA

MINISTRO DO EGRÉGIO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.

SIIPREMO TRIBUNAL FEDERAL C.ooicleiia<lnria <Ir

Referência: Inquérito n O 2.245

HENRIQUE PIZZOLATO, já

devidamente qualificado, nos autos do feito, em epígrafe, por seu advogado,

vem, a presença de Vossa Excelência com fundamento no artigo 4 O, da Lei

n O 8.038/90, apresentar sua

RESPOSTA

aos termos da denúncia, fazendo-a nos se intes argumentos de fato e de P direito a seguir articuladamente expostos. I

Prnça Antonio Prado, 33.5'andar. b o . São Paulo. Capital, CEP 01010410 1 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 3: Ap 117

I MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO

./ A D VOCA CIA CRhWNAL

Colenda Suprema Corte

Excelentíssimo Senhor Ministro Relator

Doutos Magistrados

E. Procurador Geral da República

A severíssima denúncia imputa ao

denunciado Hemique Pizzolato a prática das infrações em concurso

material, capituladas nos artigos 317, 312 por quatro vezes todos do Código

Penal e artigo 1 O, incisos V, VI, e VI1 da Lei n O 9.613/98.

Em apertada síntese o denunciado no

exercício do cargo de diretor de marketing do Banco do Brasil teria, em tese,

desviado em proveito alheio, para o grupo liderado por Marcos V W o ,

diretor da empresa DNA Propaganda Ltda., recursos financeiros oriundos

do Fundo Visanet, destinados a campanha publicitária de veicuiação desta

marca.

Imputou-se-lhe ainda, o crime de

cormpção passiva, porque na condição de diretor de marketing do Banco do

Brasil, obteve vantagem indevida de R$326.000,00. I Praça Antonio Prado. 33.5' andar, Centro, São Paulo, capifal, CEP 0101M)IO 2

Pabx: 55.1 1.31M.0491e-mail: advocac~oliveuaf~Iho.adv.br

Page 4: Ap 117

MÁRIO DE OLNELRA FILHO J AD VOCA CTA CRIMNAL

Oferecida denúncia foram intimados os

acusados para o prazo de resposta.

É a síntese do necessário.

II - CONHECENDO E ENTENDENDO O QUE É A "COMPANHIA

DE MEIOS DE PAGAMENTOS-CBMP", O "FUNDO DE

INCENTIVO MSANET", A "MSANET" E O RELACIONAMENTO

e COMERCIAL COM O BANCO DO BRASIL.

O Banco do Brasil foi autorizado a

operar no mercado de cartões de crédito em 1987, atividade que, até então,

ihe era vedada. O êxito do BB nesse mercado superou as próprias

expectativas do banco, exigindo redimensionamento dos seus sistemas de

processamento e exacerbando a disputa pela clientela, já bastante acirrada

1 entre os concorrentes pré-existentes.

I Naquela época, a tecnologia disponível

I era constituída de máquinas manuais e boletos fisicos, e cada banco

I concorrente aparelhava o estabelecimento comercial a ele credenciado, com

a sua máquina (P.O.S.). Esse procedimento levava o estabelecimento

comercial credenciado a ter vários aparelhos de operação de cartões de

diversos bancos para processamento às vezes de cartps da mesma bandeira

(VISA, Mastercad, etc.).

Praqa Antonio Prado. 33.5" andar, C e m , São Paulo. 3 Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: a d v o c a c ~ o l i

Page 5: Ap 117

Em meados de 1996 a busca da

racionalização dos custos levou um conjunto de grandes bancos - inclusive o

Banco do Brasil entre outros como Bradesco e Itaú - a reavaliar o

desperdício constituído pela superposição de máquinas e se concluiu pela

conveniência de se utilizar apenas uma máquina para cada cartão operado

em cada loja.

Decidiram então esses bancos, criar

uma empresa que operacionalizasse essa estratégia, centralizando as

operações da bandeira VISA e resguardando os interesses de cada banco

interessado.

A solução encontrada foi a criação da

mencionada "Companhia Brasileira de Meios de Pagamento - CBMP", com

o nome fantasia de VISANET, doravante assim denominada, personalidade

de direito privado, tendo como sócios um grupo de bancos, com estatuto

próprio, constante dos autos.

A unificação dos equipamentos

mostrou-se medida extremamente eficaz e desdobrou-se em outras

vantagens como o desenvolvimento de tecnologias de automação que deram

ao negócio dos cartões a feição que hoje tem. / I '

Raga Antonio Prado, 33.5" wdm, Centro, São Paulo, Capital, CEP 01010-010 4 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-4: [email protected]

Page 6: Ap 117

06 MARIO DE OLIVEIRA FILHO

., ADVOCACIA C m N m

A par disso, abriu-se claramente a

possibilidade da bandeira VISA, desenvolver seus negócios no Brasil,

apoiada na agilidade dos seus agentes bancários e na tecnologia, o que

descortinou o cenário de buscar a ampliação de sua base de clientes,

tomando-se imprescindíveis ações de marketing conjunto, que respeitasse às

especiíicidades de cada banco associado e atendesse aos seus objetivos.

Para atender a essa necessidade, a

a empresa privada VISANET decidiu alocar em seu orçamento verba

destinada a ações de marketing e que constituíram o FUNDO VISANET.

Esse fundo passaria a financiar todas as

ações promocionais dos cartões da bandeira VISA, sendo direcionado,

dentro da própria VISANET, a cada banco associado proporcionalmente a

sua participação societária. Para tanto, o Conselho de Administração da

VISANET definia o valor global a ser aplicado pela empresa e incumbia ao

Comitê Gestor do Fundo VISANET, órgão interno da empresa, administrá-

O Comitê Gestor era composto pelo

presidente, pelo vice-presidente e pelo diretor de marketing da VISANET e

por representante indicado pelos sócios, sendo um de cada banco, intitulado

Gestor do Fundo.

Praça Antonio Pmdo, 33, SOaodar, Ccniro, Silo Paulo, ~ q i t á l , CEP 0101M)IO 5 Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 7: Ap 117

O Banco do Brasil, como cotista

minoritário, passou a fazer jus ao idêntico percentual dos recursos do Fundo

Visanet.

Observe-se, entretanto, que tais recursos

pertenciam a Visanet, cabendo aos bancos associados apenas sugerir aquela

empresa a forma de seu uso no respectivo âmbito, de modo que o

acionamento de tais recursos se harmonizasse com as estratégias e

orçamentos de marketing próprios do associado.

Para isso foi criado o mecanismo em

que cada associado designava um Gestor do Fundo Visanet, responsável por

levar aquela empresa propostas de utilização dos recursos segundo suas

conveniências mercadológicas, cabendo a Visanet aprovar ou não tais

propostas. Em as aprovando, caber-lhe-ia proceder ao pagamento dos

serviços e produtos diretamente ao fornecedor.

Anteriormente dividido em

departamentos segundo o modelo de produtos e funções, a partir de 2002 o

Banco do Brasil procedeu a uma reforma interna e introduziu a estrutura

segundo o cliente. Assim, foram criados entre outros três grandes órgãos

direcionados para os clientes Pessoa Física (Pilar Varejo), Pessoa Jurídica

(Pilar Comercial) e Governo (Pilar Governo), cada uma com uma Diretoria

própria e com os produtos próprios de cada um desses clientes. i Praça Antonio Pmdo, 33.5" andar, Centro, São Pauio, Capital, CEP 0101&010 6

Pabx 55.11.3104.049le-mail: [email protected]

Page 8: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO

Note-se que o Pilar Varejo, sob a

responsabilidade da Diretoria de Varejo, tem sob sua administração todos os

produtos destinados ao cliente pessoa física, entre eles o cartão de crédito,

em especial o cartão de crédito da bandeira VISA, o que determinou sua

designação como interlocutor formal do Banco do Brasil junto a VISANET,

também com a incumbência de designar funcionário para a função de

Gestor do Fundo Visanet, figura exigida pelo regulamento da Visanet para

operacionalização do mencionado fundo.

Desse modo, o Comitê Gestor do

Fundo VISANET, órgão interno da VISANET tinha em sua composição o

representante do Banco do Brasil, na função regulamentar de Gestor do

Fundo, a quem competia todo o relacionamento com mencionada empresa,

no que tange a qualquer proposta de utilização da verba alocada e cuja

designação era definida pela Diretoria de Varejo.

A incumbência da formulação do plano

de marketing do Banco do Brasil é da Diretoria de Marketing, observado o

orçamento próprio aprovado pelo Conselho de Administração do Banco do

Brasil e contemplados todos os produtos e serviços oferecidos pela empresa,

em harmonia com as unidades (Pilares) responsáveis pelos clientes a quem

aqueles produtos e serviços se destinam.

No caso do produto cartão de crédito

Visa definidas em conjunto pela Diretoria de Marketing e Diretoria de

Prap Antonio Prado. 33, Somdar, Centro. SaoPaulo, Capital. CEP 0LOlM)lO Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 9: Ap 117

MÁRTO DE OLIVEIRA FILMO 09 ADVOCACIA C R r 5 A L

Varejo, as ações de marketing relacionadas ao produto, cumpriam a esta

última - Diretoria de Varejo -, por intermédio do seu representante no

Comitê Gestor do Fundo Visanet, apresentar a proposta e obter a alocação

dos recursos necessários.

Aprovada a proposta, procedia-se A

contratação dos serviços através dos fornecedores credenciados junto ao

Banco do Brasil, por meio de licitação prevista em lei, com os quais a

VISANET efetivava diretamente o respectivo pagamento, mediante a

apresentação da documentação fiscal regulamentarmente exigida.

Como se depreende, não existia

qualquer vínculo funcional, hierárquico, técnico, comercial ou

administrativo entre a Diretoria de Marketing do Banco do Brasil e a Visanet

ou com o respectivo fundo de incentivo, porquanto se tratava de relação

específica e exclusiva da Diretoria de Varejo do Banco do Brasil.

Na divisão das alçadas, cabia ao diretor

de Marketing e Comunicação do Banco do Brasil, a titulo individual:

a) coordenar o Comitê de Adminisíração da Diretoria (formado pelo Diretor

e os seis Gerentes Executivos da Diretoria);

b) decidir sobre a indicação de nomes para comissionamento de alçada

superior.

Por h, importante se entender o

mecanismo para acyso e utilização dos recursos do fundo pelo Banco do

Brasil. 1 h~ A

' S. ktonio prado, 33, P andar, centro, ~ão~auio, Capital, CEP OIOIWIO 8 Pabx: 55.L1.3104.0491~-maii: advoç[email protected]

Page 10: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO I

ADVOCACIA CRlMI?'.'AL

Como os recursos não eram de

propriedade do Banco do Brasil, conforme demonstrado acima, não

existiam quaisquer regulamentos ou normas internas prevendo seu uso.

Portanto, a utilização se adaptava ao previsto no regulamento do fundo I estabelecido pela própria Visanet.

Primeiramente, as Diretorias

interessadas na utilização dos recursos elaboravam uma nota que definia e

aprovava a ação no âmbito do Banco do Brasil.

Em seguida era enviada a Visanet a

Proposta de Ações de Incentivo (JOB) para ser objeto de aprovação,

conforme previsto no regulamento do fundo.

Após a aprovação, por parte da Visanet,

a diretoria interessada autorizava a execução do serviço e encaminhava ao

gestor do fundo a nota fiscal para pagamento.

Conforme previsto no regulamento, a

nota fiscal era, então, encaminhada a Visanet para pagamento. / -

Praça Antonio Prado, 33,5' andar. Centro, Sáo Paulo, Capital, CEP OLOIMLO 9 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: advoç[email protected]

Page 11: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA CRIMINAL

É ainda importante destacar que a

forma de utilização por parte do Banco do Brasil foi objeto de várias

manifestações das suas áreas técnicas e todas concluíram que a forma

adotada é a que melhor atende aos interesses da instituição.

Há um parecer da DIJUR 81, de

31/08/04, afirmando em seu item 14.b, que o pagamento direto da Visanet

ao fornecedor é a melhor forma de se operar para o Banco do Brasil; o

documento 2004/3073, de 27/08/04, também da Contadoria do Banco do

e Brasil é clara em seu item 7 de que a metodologia adotada "que prevê o

faturarnento pela empresa executora contra a Visanet, com pagamento direto é a

forma mais benepca, a% ponto de vista fical, para execução dos gastos com a

promoção e divulgação da marca Visa, por meio do Fundo de Incentivo Visanet".

Pois bem, conhecidos os protagonistas

empresariais e a metodologia empregada na relação comercial entre eles,

pode-se então avançar na presente resposta.

m - DA ATIPICWADE DA CONDUTA DELITUOSA DO ARTIGO

312 DO CÓDIGO PENAL IMPUTADA AO DENUNCIADO

O longo texto da denúncia a fez

metamorfosear-se em uma carta de cunho político, numa candente narração

de fatos, não tipificando criminalmente com o rigor exigido pela legislação,

a conduta imputada aos denunciados, como é o casq específico de Henrique

Pizzolato.

7 - Pl;rçaAntonio Prado, 33, SOandar, Centro, Sáo Paulo, Capital, CEP OIOLO-O10 10

Pabx: 55.1 1.3 104.0491e-mail: a d v o c a c i a @ o l i w ~ . a d v . b r

Page 12: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO AD VOCACL4 CRúWNAL

Conhecendo-se agora um pouco mais

sobre a estrutura da relação comercial entre Visanet e o Banco do Brasil,

percebe-se da leitura da denúncia, claramente a sua impropriedade contra o

ora denunciado pela falta de justa causa para a eclosão da ação penal pela

imposição por quatro vezes de f i a ç ã o ao artigo 312 do CP.

A conduta que se lhe atribuí é atipica.

Diz a denúncia:

"". .. O contrato de publicidade do Banco do Brasil, firmado com a

DNA Propaganda e com as demais agências, reveste-se de

caractersticas que tomam a contratação totalmente desvantajosa

para a administração pública, possibilitando o demo de recursos

públicos em beneficio de terceiros, bem como o pagamento hdevido

de m ç o s que não foram prestados pela agência de publicidade

contratada, entre diversar miras iliciiudes.

O procedimento & pagammto dos fatecedores subcontratdos

durante a execução do contrato de publicidade é &to da seguinte

forma: o Banco do Brasil. contratante. r m a ri apência de

publindade o valor total do servico. ou seia. a imvottância devida

aos fomesedoles suhiratados oela wóoria aaênna. acmci'do dos

seus honorários. A aaência de nublicidade efètua o uanammto a

mes fedores.

A apuração do TCU, resultante, inclusive, & dil&ências realiadas

junto a alguns dos / m e d o r e s subcatratados pela DNA

Propaganda, revelou aue referida emmesa. durante a execuuio dos 1

A R J - h p ~ n t o n i o h d o , 33.5" andar, Centro. são ~auio, ~apiiai, CEP O oYo-010 11

Pabx: 55. L 1.31 04.0491e-mail: [email protected]

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MÁRIO DE OLIVEIRA FKHO ADVOCA CIA C R I M N U

contratos de ~ublicidade mantidos com o Banco do Brasil, desviou

em urovooto mómio no mínimo, R$4.275.608,92.

A análise técnico teve como base: notas fiscais emitidas nela a~ência

contra esses fornecedores par cobrança do chamado ' bônus ou

bonifcação de volume: notasJ?scais da agência emitidas contra o

Banco do B d para cobrança dos smços prestados; notas fieais

defaturamento defimecedores, entre outros documentos.

Do montante acima, R$2.923.686,15 refèrem-se a pagamentos de

bonifcaçüo efèhudos pelos fòmecedora à DNA Propaganda no

*do de 31/03/2003 a14/06/2006, durante a gestão de

Henrique Pimlato na Diretoria de Marketing do Banco do Brasil.

O d& de= recursos 4i'wu-se porque os dirigmtes do Banco do

Brasil responsáveis pelo acompanhamento e ~ % c n l ~ o do

contrato, em conluio com o gnrpo de Marcos Valério, permitiram

que a agêncin de publicidade cobrasse dofaecedor subamtratado a

comh"o denominada ' bônus de volume' que, no caso de ambos os

contratosfimados com o Banco do Brasil, deveria ser integralmente

devolvida ou mesmo desmntada da fnhua emitida pelo fòmecedor

contra o banco.

Os preços praticados pelos fòmecedwes já incluem o valor dessa

bonifiação e ambos os contratos firmados entre a DNA

Propaganda Ltda. e o Banco do Brasil, em março de 2000 e

setembro de 2003, possuem cláusulas que apresamente estabelecem

a obrigatotkdade de a agência & publicidade transjbir,

integralmente, as bonifcaçk e demais vantagens obtidas na

negociação para o Banco do Brasil.

O montante de R$4.275.608,92, não arualizndo, desviado em

b d c i o do grupo de Marcos Valhio, refere-se unicamente às notas

fiscais localizndaspela auditoria do TC U...

No que conceme ao Banco do Brasil, o &o desses m n o s foi efehrado pelo Diretor de Marketing do Banco do Brasil, Hennque

Piuolato, re spdve l direto pelo acompanhamento e aecu@o

contrato epleno conhecedor das cláusulas contratuais que 1

Pn>çn Antonio M o , 33, SDandar. Centro, SãoPaulo, Capital, CEP 0101M110 12 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-d: [email protected]

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MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA CREMlh'AL

obngavam a tramfnênna da comlwo 'bônus de volume' ao banco

contratante ...... .. . . .. ... . . . . .. . .. . ... ... . Hmriaue Pizwlato dmeSY20u os valores em prol do grupo liderado por

Marcos Valério, pois tinha plmo conhecimento que citada

quadrilha aplicava os valores con-ter <i comiwão BV em

b@cio do núcleo mtral da organização delitiva, caractprizando

um dos mecanismos para alimentar o squema m'minoso ora

denunciado.. . ""

Descreve o caput, segunda figura, do

artigo 3 12 do Código Penal, na parte imputada ao ora denunciado:

'Xpropnar-se o firncionário miblico de dinheiro, valor ou

qualquer outro bem móvel, público ou particular, de Que tem

posse em rarõo do carpo, ou dma-10. em proveito próptio ou

a':

A figura penal como se sabe é fechada,

não se admitindo interpretações extensivas ou análogas.

Um fato para ser adjetivado de típico

precisa adequar-se a um modelo descrito na lei penal, isto, é a conduta

praticada pelo agente deve subsumir-se na moldura descrita na lei! '

I I Tratado de Direito Penal, Cezar Robnto Bitencourt, Saraiva, 2003, vol.1, pag201.

I Raça Antonio Prado, 33.5" andar, Centro, São Paulo, Capilal, CEP0101dO10 13

Pabx 55.1 1.31M.0491e-mail: advoca~@oliwirafilho.~dv.br

Page 15: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA CRIMmAL

O denunciado Henrique Pizzolato está

denunciado porque no exercício do cargo de diretor de marketing do Banco

do Brasil teria desviado valores que estavam em sua posse, daquela

instituição financeira em favor da empresa DNA e de pessoas, segundo a

acusatoria, ligadas ao grupo de Marcos Valério.

Mais uma vez a atipicidade da

imputação toma-se visível de plano.

Independentemente da origem dos

recursos da Visanet, origem essa privada, o funcionário público em questão,

por primeiro, precisaria em razão do cargo, ter a posse do dinheiro, e por

segundo, teria que desviá-lo em proveito alheio. Portanto, todas essas

circunstâncias deveriam ser antecedentes e não subseqüentes ou

conseqüentes.

Houve uma auditoria interna realizada

pelo Banco do Brasil, em 07 de dezembro de 2005, documento com trinta e

uma folhas, juntado aos autos no início do volume de número 25,

concluindo no tópico "Sumário da Auditoria", item 5.2.1, o seguinte:

"52.1 - De acordo com o Regulamento de Constituição e

Uso do Fundo de Inccntiw Vknet , a CBMP s e m e se

manterá como Iepítima momr'etária do Fundo, devendo os

/ recursos ser &stinndos mIusivamentepara ações de incmiivu

aprovadaspe~a Visanet, NÁO PERTENCENDO OS

Praça Antonio Prado, 33,s - andar, Centro, São Paulo, Capital, CEP 0101M10 14 Pabx: 55.1 1.31M.0491e-mail: advocaci@oliwirafíIho.adv.br

Page 16: Ap 117

-RIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA C R l M I N U

MESMOS AO BB BANCO DE INYESTlM?NTOS E

NEM AO BANCO DO BRASIL. O mesmo Regulamento

previa gue AS DESPESAS COM AS AC& SERL4M

PAGAS DíRETAMENTE PELA VISANET ds emoresas

execut%ms do wmwmeto ou reemboisa&as ao incentivador. Q

BANCO OPTOU PELA FORMA DE PAGAMENTO

DíRETO. POR ~ ~ 1 0 DA CBMP. A EMPRESA FORNECEDORA. SEM TRÃNsITO DOS

RECURSOS PELO BB. "

(b O Fundo de Incentivo Visanet foi

criado, como já se expôs, em 2001 pela "Companhia Brasileira de Meios de

Pagamentos - CBMP", com objetivo da promoção no Brasil, do uso dos

cartões com a bandeira Visa e, consequentemente, buscando maior

faturamento para a Visanet.

Isso quer dizer que os recursos

financeiros para a realização das campanhas publicitárias, provinham de

pessoa jurídica de direito privado a CBMP, promotora no Brasil da marca

Visanet, esta também empresa privada e não pública.

O

Assim, uma vez mais, os recursos

privados alocados pelo Fundo de Incentivo Visanet para publicidade

(recursos esses qae não pertenciam nem Banco do Brasil nem ao BB Banco de

investimentos), eram repassados em pagamento direto As , empresas

fornecedoras pela CBMP, sem trânsito uelo Banco do Brasil. i . Pra$a Antonio Prado, 33, SOandm. Centro. Si40 Paulo, Capital, CEP OlO1M)IO 15

Pabx: 5S.11.3104.0491e-d: advocac~oliveirafiIho.&.br

Page 17: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA C w A L

Claro está que os recursos financeiros

ficavam em poder da Visanet para pagamento direto aos seus fornecedores,

sem que o Banco do Brasil, por seu diretor de marketing Henrique Pizzolato,

os detivesse sob sua guarda, custódia ou mera responsabilidade pessoal.

O Fundo de Incentivo Visanet era e é

operacionalizado de acordo com o Regulamento aprovado, anualmente,

pelo Conselho de Administração da CBMP.

A diretoria de marketing não participava

de nenhuma das instâncias de decisão da Visanet e ou do Fundo Visanet.

1, A Diretoria de Marketing do Banco do

Brasil, não recebia nenhuma informação formal da Visanet. O

relacionamento, a época dos fatos, Banco do Brasil com Visanet era

realizado pela Gerência de Cartões de Crédito do BB, subordinada a

Diretoria de Varejo, pela Diretoria de Varejo, pela vice-presidência de a Varejo e Distribuição e pelos Conselheiros do Banco do Brasil na Visanet.

A diretoria de marketing, exercida a

época pelo ora denunciado, não tinha sob sua responsabilidade ou posse

direta ou indireta, a guarda de recursos (dinheiro) quer do Banco do Brasil,

quer da Visanet, para efetuar pagamentos a quem quer que seja. 1 - L

Praça Antonio Prado, 33, f andar, Centro, S%o Paulo, Capital, CEP 01010-010 16 Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 18: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO AD VOCA UA CRIMTNAL

As Notas Técnicas, para liberação de

recursos por parte da Visanet, sempre tinham origem na Diretoria de Varejo

e Gerência de Cartões, pois eram eles detentores das informações, inclusive,

a informação dos valores alocados que seriam disponibilizados. Quando

apresentada a Nota Técnica para o "de acordo", da Diretona de Marketing

esta diretoria só tomava conhecimento do montante de recursos que estavam

sendo disponibilizados para as campanhas de publicidade e patrocínio dos

cartões de crédito, não as recebendo diretamente para gerenciamento, na

verdade era um mero "ciente" de uma decisão já tomada anteriormente em

outras instâncias, diretorias e gerencias.

As Notas Técnicas, documentos internos

do Banco do Brasil, eram assinadas conjuntamente pela Diretoria de Varejo

e Marketing.

A Diretoria de Marketing ficava o encargo

de desenvolver tecnicamente as campanhas solicitadas pela área de

Cartões/Varejo. Assim, a área de Cartões/Varejo, enviava o briejng das

campanhas com a indicação do publico alvo, volume de recursos destinados • pela Visanet, periodicidade da campanha e sugestões de mídia, para a

Diretoria de Marketing e esta promovia a estruturação técnica.

O ato formal do denunciado em dar o

seu "de acordo-ciente", era posterior a decisão da Visanet em alocar os

recursos e posterior às decisões da diretoria de varejo d Banco do Brasil, P vale dizer, manifestava-se sobre situação pretérita! I .

Praça Antonio Prado, 33,5'an&r, Centm. São Paulo, Capital, C#P 01010610 17 Pabx: 55.1 1.3104.0491~mail: [email protected]

Page 19: Ap 117

h/lAlRIO DE OLIVELRA FILHO AD VOCA UA CRúWXAL.

Portanto, todo o poder de decisão

de alocar recursos da Visanet para o Banco do Brasil, para efetuar

pagamentos, estava fora da Diretoria de Marketing, sendo esta uma

prestadora de serviços para a Gerência de Cartões/Diretoria de Varejo e

vice-presidência de Varejo e Distribuição.

Nessa condicão o denunciado

Henrique Pizzolato diretor de marketim do Banco do Brasil. em razão do

a cargo. não detinha a posse dos recursos da Visanet destinados ao pagamento

das empresas de publicidade atuantes por licitacão pelo Banco do Brasil.

responsáveis pela divul-acão das campanhas publicitárias envolvendo as

instituicóes.

Importante ressaltar que todas

essas operações são comprovadas pelo fluxo de documentos trocados entre o

Banco do Brasil e a Visanet, Diretoria de Varejo e a Diretoria de Marketing.

• Nesse passo, ausentes os elementos

necessários para configuração da tipicidade do artigo 312, segunda parte do

caput, quanto a circunstância de ter posse dos recursos em razão do cargo.

Não detinha a posse dos recursos.

Assim, o tipo exerce uma p ç ã o

iimitadora e individualizadora das condutas humanas penalmente / n f i

Pr;LFa Antonio Rado, 33.5' andar, CCentro, Sáo Paulo, Capital, CEP 01010010 [v 18 Pabx: 55.1 1.31 W.049Ie-niail. advocac~oliveirafiIho.adv.br

Page 20: Ap 117

& MÁWIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA C R l m A L

relevantes. Tipo é um modelo abstrato que descreve um comportamento

proibido. Cada tipo possui características e elementos próprios que os

distinguem uns dos outros, tomando-os inconfundíveis, inadrnitindo-se a

adequação de uma conduta que não lhes corresponda perfeitamente. Cada

tipo desempenha uma função particular, e a ausência de um tipo não pode

ser suprida por analogia ou interpretação extensiva. 2

Por outro lado, não poderia desviar

(aquilo que não detinha) em proveito alheio valor algum, porque, repise-se uma

vez mais, não os detinha em sua posse, em sua esfera de disponibilidade,

nem possuía poder organizacional e ou funcional para tanto.

Descaracteriza-se a figura imputada

porque não atendida a sua descrição quanto a posse dos recursos da Visanet

pelo ora denunciado.

No tocante ao desvio de verba descrito

na denúncia, ela própria, a denúncia, afirma com todas as letras o resultado

de uma apuração pelo TCU, onde e quando se revelou que a empresa DNA,

teria, ela própria, durante a execução de contratos de publicidade com o

Banco do Brasil, desviado em seu proveito no mínimo a quantia de

R$4.275.608,92.

Assim, se em tese a DNA Propaganda

desviou dinheiro da Visanet, em proveito próprio, não há de se imputar,ao

denunciado a ação de desvio de dinheiro para bquela empresa. Lógico. / I *

' Obra citada, pág. 199.

Pmça Antonio Prado, 33.5' andar, Cenh.0, São Paulo, Capital, CEP OIOIM110 / 19 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 21: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO AD VOCA CZ4 C R M m A L

Em conclusão não ocorreu o propalado

delito de peculato porque atipica a conduta imputada uma vez que a

conduta descrita não encontra respaldo na realidade das atividades

desenvolvidas pelo denunciado na condição de diretor de marketing do

Banco do Brasil.

IV - DAS RESPOSTAS NECESSARIAS NESTA FASE N. A - ''m. 2 - CONTMTOSN "99/1131 E 01/2003 -DNA PROPAGANDA LTDA EBANCO

DO BRASIL (PROCESSO TC 019.032/2005-O)':

Durante todo o período que esteve a

frente da Diretoria de Marketing, o denunciado, nunca recebeu qualquer

notificação e ou comunicação que serviços contratados não tivessem sido

realizados, nem tampouco que alguma comprovação fora realizada com

documentos impróprios.

Várias auditorias foram realizadas,

auditorias de rotina e auditorias especiais. Nenhuma auditoria constatou

irregularidades na aplicação dos recursos, durante todo o período em que

esteve na Diretoria. As sugestões de aperfeiçoamento sugeridas pelas

auditorias e a cargo da Diretoria de Marketing, foram todas implementadas

em tempo hábil e certiíicadas por auditoria. 1

Raça Antonio Prado. 33.5' andar, Centro, São Paulo, Capital, CEP 01010610 20 Pabx: 55.11.3 104.049 le-mail: [email protected]

Page 22: Ap 117

MÁRIO DE OLlVEIRA FILHO AD VOCA CIA CRUMINA L

Sequer a Visanet representada por

advogados, em manifestação acostada aos autos, mencionou ter sido vítima

de algum delito levando-a a suportar prejuízos financeiros.

Em maio/2005, depois de concluída a

implantação da nova estrutura da Diretoria e certificada de área de

Organização e Estratégia, solicitou o ora denunciado, por correspondência,

uma nova auditoria especial na Diretoria, certifcação final dos

procedimentos de acompanhamento, controle e gestão. Portanto, a falsa

idéia de que não havia controles, é um grande equívoco.

Ademais, apregoar que qualquer

Diretoria do Banco do Brasil, o Diretor "manda e desmanda sozinho" é no

mínimo, zombar da inteligência alheia. O Banco do Brasil possui métodos

muito modernos de gestão. As decisões são tomadas sempre em colegiado,

as funções são sedirnentadas e ninguém tem autonomia isoladamente. A

iiberação do volume de verbas, nos montantes divulgados pela imprensa,

com estardalhaço comum na busca e veiculação de "noticias", como ato

isolado de um Diretor ou de uma Diretoria é fantasiosa, e completamente

fora da realidade. Há necessidade de melhor análise dos documentos, pois

estes provam exatamente o contrário.

Aliás, quanto a menção ao TC-

019.032/2005-0, a defesa apresentada naquela esfera pelo ora denunciado, e

que não merece reparo algum, impecavelmente redigida pelos ilustres

advogados Drs. Arthur Lima Guedes e Antonio Newton Soares de Matos,

afasta qualquer dúvida quanto a licitude dos pagamentos de bônus por

volume: I- I A n

ç ã ~ n t o n i o Prado, 33.5" andar, C e m , Sáo Paulo. Capital. CEP 0101Q010 2 1 Pabx: 55.11.3 104.0491e-mail: [email protected]

Page 23: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO A D VOCA C24 CRIMZKAL

"De início, é de se questionar a razão pela qual a auditoria e o

próprio Tribunal de Contas da União não tenham solicitado

explicações ao Banco do Brasil para os esclarecimentos que se

tornassem necessários para elucidar a questão levantada nos

autos.

Nesse sentido, verrJ?ca-se que a única manifestação do Banco por

meio de sua Gerência Executiva, em atendimento à solicitqaçao da

própria auditoria por ocasião dos trabalhos de campo, dava conta

de que:

"3. O procedimento usual nas contratações de produção é a

apresentação, pela agêncta, de, pelo menos, três cotações de preço

para o setviço pretendido, com a indicação da proposta mais

adequada para a sua execução, como, aliás, está previsto nas

cláusulas 2.5.6.1.1 e 2.7.4.1 dos contratos originários,

respectivamente, das licitapapes 99/1131 e 01/2003. Ressalte-se

que a partir de meados do ano em curso, este Banco passou a

comparar as ofertas de preço com as bases históricas de preços

constantes de seu banco de dados. Além disso, porforça do Decreto

n9 4.799/2003, a realização de toda e qualquer ação de

comunicação, nomeadamente a de publicidade, deve ser

submetida àprévia aprovação da SECOMIPR - Subsecretaria de

Comunicação Znstihrconal.

4. Essa prática, que permite optar pela proposta mais

vantajosa, seja em termos de preço, seja em t m o s de qualidade,

prazo, eficihcia ou qualquer outro m'tétio adotado, garante o

integral respeito às condiç6es contratuais a que se rtporta o Ofcio // A L

I ''

Praça Antonio Prado, 33, 5" andar, Centro, São Paulo, Capital, CEP OLO10-010 / 22 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-d: advocaci@olivfu~lho.adv.br

Page 24: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILE30 ADVOCACIA CRBM/Nfi

de Requisição, com o pagamento final, pelo Banco, do preço

referente a melhor proposta. Daí, possivelmente, a menção a

'inexistência de ocorrência de valores transferidos ao Banco do

Brasil pelas agências de propaganda'.

5. De qualquer sorte, a simples alegação 'da constatação,

por esta equipe de auditoria, da existência de pagamento de bônus

de volume pelos subcontratados às agências de publicidades ', sem

qualquer alusão a fatos ou a documentos que a justifiquem,

dificulta sobremaneira, se não impossibilita, a prestação de

esclare&nentos sobre eventual ocomêtuia da espécie.

6. C o n v h registrar, entretanto, que esta Instituição, em

seu processo de constante aperfeiçoamento dar rotinas

administrativas, com vistas ao ganho de eficiência e redução de

custos, alterou recentemente a modalidade de aquisições de

materiais promocionais, brindes e serviços gráficos, dentre outros,

passando a adotar o Registro de Preços; estd planqando realizar

licztação para a contratação de agências promotoras de eventos, de

modo a não ficar adrtnfnto àquelas vinculadas a agências de

propaganda; e continua a reforçar a busca pelos melhores preços,

compatíveis com o mercado e com o porte de nossa empresa, nas

contratações realizadas por meio das agências de publicidade

contratadas." (v. expediente da Diretoria de Marketing e

Comunicação - 2005/3933, de 19/ 10/2005).

Observe-se que a resposta do Gerente-Executivo do Banco ocorreu

em fúnção de Orno de Requisição da equipe de auditoria do

Tribunal de Contas da União, que, em razão da manifesta@ da 1 *

Praça Antonio Prado, 33, SOandar. Cmho, São Paulo, Capital. CEP 01010-010 23 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: [email protected],br

Page 25: Ap 117

Diretoria de Marketing e Comunicação sobre a "inexiStência de

registro de ocorrência de valores transfmef2hs ao Banco do Brasil

pelas agências de propaganda, conforme preceituam as cláusulas"

contratuais citadas, solicitou esclarecimentos sobre os

procedimentos adotados pela DIMAC para assegurar o

cumprimento das disposições contratuais.

Antes de ser imputada qualquer prática de atos irregulares ao ora

defpndente, a ptudência recomendava que o Banco, como

instituição, fosse ouvido para saber se a prática, que vem de gestões

anteriores, era legítima ou não. Se os esclarecimentos pertinentes

tivessem sido solicitados, certamente o Banco do Brasil teria

prestado as infomações necessárias a evitar uma atitude

apressada, como a que ocorreu na conversão do processo em

Tomada de Contas Especial.

2.2 A questão do '%ônus de volume" ou "bonifcação de

volume"

De início, é prenso situar a questão nos seus devidos termos. Os

valores relativos ao bônus de volume não estão no rol de vantagens

previstas no item 2.5.11 do contrato como devendo ser repassados

ao Banco do Brasil. O bônus de volume é uma vrática instituída

de forma voluntária velos fornecedores em -favor das agências. O

próprio Relator reconhece em seu voto não ser incomurn no

mercado a apropriação do bônus de volume pelas agências de

publicidade". Trata-se de uma prática &tente no mercado

publicitário há muito tempo e não ratões para se

desconhecer esse fato.

f'raça Antonio Prado, 33.5' a n h . Cento, Silo Paulo, Capital, CEP 01010-010 24 Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 26: Ap 117

MÁRIO DE OLLVEIRA FILHO AD VOCA CLA C R I m A L

Como se sabe, aos contratos de publicidade são aplicadas as

normas da Lei 4.680, de 18/6/1965, que dispõe sobre o exercício

da proJissão de publicitário e de agenciador de propaganda e dá

outras prm'dênn'as, regulamentada pelo Decreto 57.690, de I O de

fevereiro de 1966, e pelas Normas-Padrão da Atividade

Publicitária, expressamente reconhecidas pelo citado decreto.

O fornecedor de servicos, conforme conceituado pelas

Normas-Padrão, '"é pessoa física ou jurídica especializada e

tecnicamente capacitada a fornecer os serviços ou suprimentos

necessários ao estudo, concepção e execução da publindade, em

complementação ou apoio tis atividades da Agência, Anunciante e

Veículo " (item 1.5).

O desconto vadrão de agência é defnido como 'b abatimento

concedido, com exclusividade, pelo Veículo de comunicação (i

Agência de Publicidade, a título de remuneração, pela

criação/produção de conteido e intermediação técnica entre

aquele e o Anunciante" (item 1.10). Nesse sentido, os contratos

celebrados pelas agências no âmbito do contrato com o Banco do

Brasil eram previamente submetidos ao Banco para a expressa

anuência, nos termos do contrato. O Banco, pela da Dretoria de

Marketing e Propaganda, avaliava os orçamentos apresentados

pelos fornecedores, m i m como os descontos e as vantagem

oferecidos diretamente sobre os produtos e serviços como resultado

das negociações r e d ~ , nos termos do contrato.

i.. Prap Antonio Prado, 33.5Oandar. Centro, São Paulo, Cqital, CEP 0IOLM)LO 25

Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 27: Ap 117

$+ -0 DIE OlJMXRA FILHO A D VOCAUA ClUMWU

V Conforme ficou estipulado no contrato, a remuneração direta do

Banco a agência se dava nos seguintes moldes, como se depreende

dos itens 6.1.1 e 6.1.2 da Cláusula 6" do contrato:

I - honorários:

- 2% sobre os custos comprovados e previamente

autorizados de servips realizados por terceiros, com a efétiva

in tmediqão da contratada, referentes à elaboração de peças e

materiais cuja distribuição lhe proporcione o desconto de agência a

ser concedido pelos veículos de divulgação;

- 2% sobre os custos comprovados e previamente

autorizados de smerwps realizados por terceiros, com a efetiva

intmediação da contratada, referentes à elaborapio de peças e

materiais cuja d&hrhrbuição não lhe proporcione o desconto de

agência a ser concedido pelos veículos de divulgação;

- 2% sobre o custo comprovado de outros serviços realizados

por terceiros com a efètva intermediação da contratada, como os

de pesquisa de mercado e de opinião, de patrohio, de identidade

visual, de desenvolvimento de brindes, de regisho de marcas e

expressões de propaganda, de comunicação social e outros.

I1 - desconto-padrão de agência. Do desconto-padrão de agência,

de 20%, a contratada fazia jus a 15%. 5% eram transferidos ao

Banco (Cláusula 7" do contrato).

Mas as empresas de publicidade, seguindo a prática usual no I mercado há muito tempo, recebem dos seus fornecedores o / ,

A r Praça Antonio Prado, 33.5" andar, Gemo, Sáo Paulo, Capital, CEP 01010-010 Y/ ' 26

Pabx: 55.11.31M.0491e-mail: advmaci@oli~irafilho.a&.br

Page 28: Ap 117

h/LÁXIO DE OLIVEIRA FILHO AD VOCA CfA CRDMnVfi

chamado bônus de volume, benefíno esse que não tem nada a ver

com o contrato celebrado com o Banco. O bônus de volume é uma

remuneração dos fornecedores às agências, decorrente dos '>Ianos

de incentivo" cobertos pelas Normas-Padrão. Como o próprio

nome indica, os 'fplanos de incentivo" destinam-se a remunerar as

atividades das agências em relaçüo aos fornecedores na busca dos

melhores resultados possíveis para o produto ou serviço que esteja

sendo anunciado e incentivar as agências no seu aprimoramento

técnico e recompensá-las pelos riscos assumidos.

Veja-se que o contrato não excetua, em suas cláusulas 6 e 7, que

tratam da remuneração da agência, nenhuma remuneração

indireta porpatte da contratada.

A obrigação prevista no item 2.5.11 da Cláusula Segunda deve ser

entendida como algo inerente aos produtos ou serviços que estejam

sendo negociados com os fornecedores. A cláusula é bastante clara

ao espenfiar que os benefícios serão os decowentes das negoaiações

com terceiros, nos auais não se insere o bônus de volume, aue

i n d m d e de ipalper ne~ociacão com os fornecedores de

materiais eurestadores de servi$os para a sua concessão.

Assim, os descontos e bonifcações que deveriam ser rtpassados ao

Banco eram aqueles decorrentes das negociações sobre os preços dos

produtos e serviços junto aos fómecedores, tendo a cláusula

contratua1 sido observada.

Praça Antonio Prado, 33.5' wdar, Centro, São Paulo, Capital, C ! 3 OIOIO-010 27 Pabx: 55.11.31M.0491e-mail: [email protected]

Page 29: Ap 117

MARIO DE OLIVELRA FILHO AD VOCACO1

Por ser uma prática adotada pelo Banco do Brasil há muito tempo

- vale dizer, é uma prática institucional e não dos dirigentes que

em determinado momento exerceram ou exerpm fùnções no setor

de marketing e propaganda do Banco -, não havia necessidade de

ser excetuada do contrato celebrado com as agências, nem com a

DNA,, no caso deste processo, e tampouco com os demais

contratos celebrados com as outras agências. Veja-se que a própria

auditoria afima em seu relatório que "O pagamento de

bonifcações de volume pelos fornecedores cis agências é praxe nas

contratqões do Banco do Brasil" (item 37, f%. 203). Trata-se, vale

insistir, de uma prática institucional que ukrapassa as fi-onteiras

de uma possível obrigaçaaçao individual dos agentes incumbidos das

tarefas relacionadas aos setores de marketing e propaganda do

Banco.

Há um equívoco da auditoria ao afirmar, no item 4 do seu

relatório, que a bonificaço de volume é uma comissão vaza velo

Banco. vois os vrecos vraticados iá incluiriam o valor dessa

comissão. Como se verá a seguir, a bont$cqão de volume é, na

verdade, uma remunerqão das agências em virtude de seu

relacionamento com os fornecedores e paga por estes

exclusivamente em virtude desse relacionamento.

Não se cuida de dinheiro que tenha sido subtraído dos wfies do

Banco do Brasil e que, por conta disso, pudesse dar ensejo a uma

restituição, como sugere o relatório de auditoria. Osfornecedores e

prestadores de serviços transferem para as agências parte de seus

lucros com a presta@ de serviços e fornecimento de materiais, I diminuindo, portanto, seus ganhos em fùnção do relacionamento /' . - . .

m a Antonio Pmdo, 33.5' andar, Centro, São Paulo, Capital, CEP 01010-010 28 Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 30: Ap 117

30 MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA CRúMwAL

que mantêm com as agências. O Banco nada uaga pelo "bônus de

volume" destinado às agências.

Deve ser esclarendo ainda que o "bônus de volume" recai sobre o

total das compras de materiais e serviços prestados à agência na

atividade de criação, execução e implementqão das publicidades

que lhes são af- de uma f o m geral, embora algumas vezes os

fornecedores de materiais e serviços o dismCfIminem, relacionando-o

a determinado fornecimento ou prestação de serviços a um

determinado anunciante. Não é, assim, dinheiro que tenha que ser

repassado ao Banco, pois não faz parte do seu patrnnônio e nem a

ele se destinava.

Para melhor entender a figura do bônus de volume, tome-se o exemplo dos planos de fidelidade - que acabam sendo também planos de incentivo -, instituídos pelas companhias aéreas contemplando seus clientes com passagens quando alcançam um determinado número de milhas. As passagens concedidas são dos clientes, MO importando se um determinado órgão ou empresa tenha arcado com as constantes viagens ao longo de um determinado período.

Embora o eminente Relatur, ao votar em outros processos que

cuidam da mesma questão relativa a outros contratos tenha

reconhecido que "no mercado publicitário Mo é incomum que o

BV sqa apropriado pelas agências de publicidade", entende S.

Exa. que "essa prática passa a ser irregular a partir do momento

em que o contrato celebrado entre o anunciante e a agência

expressamente atribui essa vantagem ao anunciante" (v. fi. 160

do TC-019.024/2005-8).

Praça Antonio Prado, 33.5" andar, Centro, Sáo Paulo, Capital, CEP 0IOIM)IO Pabx: 55.11.3 104.0491e-mil: a6vocaçi~oliveirafiLhoLhoa6v.br

29

Page 31: Ap 117

MÁRXO DE OLIVEIRA FILHO AD VOCACIA CRIMmAL

Com as devidas vênias, trata-se de uma interpretação que Mo tem

respaldo nas práticas do Banco do Brasil e nos pri@ios gerais de

autonomia gerencial das smOCIedades de economia mista. Os

contratos celebrados anteriomente a esses cujo procedimento está

sendo questionado também continham a mesma ckiusula. Todos

eles continham a mesma disposição contratuaf, a respeio da qual

não houve qualquer questionarnento em razão de sobre eles não

pairarem quaisquer dúvidas.

Ora, como já afirmado, o bônus de volume não está

inserido nos contratos celebrados entre o Banco e a Agência. A

Associação Brasileira de Agências de Publicidade - ABAP, ao se

pronunciar sobre essa matéria em Nota divuigada em 3/11 12005,

afirmou que:

5. A bonifcação de volume (Bv, que os meios de

comunicação usam para incentivar a qualidade de publicidade e o

aumento de venda de espaço publicitário faz parte das nonnas que

regem a atividade publicitária, gerando para as agências receitas

legitimas, fituradas, contabiIizudm, sobre as quais se recolhem

impostos e que MO podem ser transfm.das a terceiros ou a

anunciantes. " (doc. A

I Trata-se de uma liberalidade dos fòmecedores e prestadores de I

serviços para com as agêmbs exclusivamente em razão do

relanonamento entre essas entidades privadas. Tal é a prática que

existe nos contratos ceiebrados pelas agências com anunciantes i. Praw Antonio Prado, 33, S'andar, Centro, São Paulo, Capital. CEP 0 1 0 1 ~ 0 1 0

Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: [email protected] 30

Page 32: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA CMMfNAL

privados e não poderia ser diferente com os anunciantes do setor

público.

Dai porque essa prática do mercado não está

incluída no rol de descontos e bonifcações previstas no contrato

que incidam sobre os produtos e serviços decorrentes de negociações

com as agências, esses sim devem ser repassados ao Banco.

Vda-se que a cláusula contratual é clara de modo a

se evitarem dúvidas quanto ao seu real alcance:

'25.11. Envidar esforços para obter as melhores

condições nas negociações junto a terceiros e tramferi'r,

integralmente, ao BANCO, os descontos eqmiais (além dos

normais, previstos em tabelas), bonificções, reapliqões, prazos

especiais de pagamento e outras vantagens. '"

Vm&a-se da disposição contratual acima que a

contratada deveria se-empenhar no sentido de obter,

negociacões com terceiros, vantagens que se traduzissem em

descontos especiais, bonifcações e outras vantagens que deveriam

ser repassadas ao Banco. Os descontos apeciais, bonifiações e

outras vantagens seriam aqueles benefinos diretamente incidentes

sobre os preços dos fornecimentos e serviços que estivessem sendo

objeto de negociação. O bônus de volume não fat parte dme rol

justamente porque já é reconhendo pelo mercado e pelo próprio

Banco do Brasil como sendo devido às agências. Para obter o

I

Praça Antonio Prado, 33.5'wdar. Ccmro, SáoPaulo, Capital, CEPOIOIO4IO I 3 1 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 33: Ap 117

MÁRIO DE OLIVELRA FILHO AD VOCA CfA CRIMmTAL

bônus de volume as agências não precisam nem negociar com os

seus fornecedores.

Inexistência dos pressupostos da solidariedade

Feitos esses esclarecimentos, que não deixam dúvidas sobre a

legalidade de conduta do defenente em relação ao bônus de

volume, passa-se a examinar a seguir a questão da aplicação do

instituto da solidariedade pela decisão do Tribunal de Contas da

União que acabou por determinar a conversão do processo em

Tomada de Contas Especial.

De início, é é ser ressaltaáo que a solidariedade dos agentes

públicos é subjetiva. Assim foi entendido pelo Acórdão 386/ 1995

- TCU - 2" Câmara (TC-574.0&4//193-2) que reconheceu à

impossibilidade de ser aplicada a responsabilidade objetiva ao

agente na prática é atos administrativos. Com efeito, d h e o

representante do Ministério Público junto ao TCU, Dr. Ubaldo

Alves Caldas, ao se pronunciar no citado processo, cujo parecerjõi

inteiramente acatado pelo Relator, Minktro Adhemar Paladini

Guisi em seu voto:

'r..] o art. 37, j 6: da Constituição Federal, disciplina a

responsabilidade objetiva do e c o adminktrativo das pessoas

jurídicas de direito público e das legatátias, por atos praticados

pelos agentes públicos, violando direitos é outras pasoas,

causando-lhes danos ou prejuúos, uma evolução da / responsabilidade civilkta. '!ín fine': o citado parágrafo disnpina ( ..

I A Pmçahtonio Pndo, 33,5'ands~, Centro, São Paulo. Capital, CEP 0101M)IO b'"' 32 Pabx: 55.1 1.3104.049Le-mail: advocaci@oliveirafiIho,adv.br .

Page 34: Ap 117

MARIO DE OLIVEIRA FILHO AD VOCACZ.4 CRIM7hXL

que o agente público praticante do ato responde perante a pessoa

jurídica responsável, por culpa "lato sensu ". "

Esse mesmo entendimento foi reiterado no Acórdão 6712003 -

TCU - 2" Câmara (TC-325.165/1997-I), tendo o Relator

Ministro Benjamin Zymler assim se pronumhdo:

"48. Em virtude da jõma de controle exercido pelo

Tribunal de Contas do Estado de Goiiís, creio que não se deva

imputar débito ao Secretário Estadual de Saúde e ao Coordenador

e do Núcleo Setortal de Finanças. Explico.

49. A responsabilidade dos administradores de recursos

públicos, escorada no parágrajõ único do art. 70 da Constituição

Federal e no artigo 159 da IRi no 3.071 /16, segue a regra geral da

responsabilídade civil. Quer d w , trata-se de responsabilidade

subjetiva. O fato de o ônus de provar a correta aplicnção dos

recursos caber ao administrador público não faz com que a

responsabilidade deúre de ser subjetiva e tome-se objetiva. Esta,

vale *ar, é responsabilidade excepcional, a exemplo do que

ocorre com os danos causados pelo Estado em em interqão com

particulares - art. 337, § 6: da Constituição Federal.

1) 50. A responsabilidade subjetiva (. ..] possui como um dos

sempressupostos a existênn'a do elemento culpa."

Na mesma oportunidade S. Em. transcreveu em seu

voto trecho de Silvio Rodrigues (Drreito Civil, Responsabilidade

Civil, pág. 16), que m i m lecionou sobre a propósito da d p a :

Praça Antonio Prado, 33.5' andar, C-, São Paulo, Capital, CEP 0 1 0 1 ~ 1 0 Pabx: 55.11.3104.0491e-mail: advocaçi@oliveiraf~Iho.adv.br

33

Page 35: Ap 117

MARIO DE OLIVEIRA FILHO ALI VOCACTA CRIMINAL

"Culpa do agente. - O segundo elemento, diria, o segundo

pressuposto para caracterizar a responsabilidade pela reparação do

dano é a culpa ou dolo do agente que cailriou o prejutzo. A lei

declara que se alguém causou o p r q u h a outrem através de ação

ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, jca obrigado

a reparar. De modo que, nos termos da lei, para que

responsabiliaáde se caracte?fze mister se fat a prova de que o

comportamento do agente causador do dano tenha sido doloso ou

pelos menos culposo. "

e Tal entendimento foi ainda corroborado pelo mamo

Relator no processo 325.165/1997-1 (Voto condutor do Acórdão

33/2005 - TCU- Plenário):

"17. A d m que a responsabilidade solidária do agente

público também não se presume, como se depreende da leitura do

retrometuionado Acórdáo 67/2003 - Segunda Câmara. Naquela

oportunidade, foi assim drSnrtida a responsabilidade dos

administradores de r e m o s públicos:

3. A solidariedade, nos termos do art. 896 do Código Civil

de 1916, lei que rege os fatos ora examinados, não se presume.

Resulta da vontade da lei ou da vontade das partes. Decme,

também, a teor do art. 1.518 desse mesmo código, da prática de

ato ilícito - respondem pela prática do ato todos que concoreram

para sua exew-o. No âmbito da legislação que rege os processos

desta Corte, o inriSo I do art. 12 da Lei no 8.#3/1992 dispõe que

o Relator, vm>cada irregularidade nas conta, fucará a

responsabilidade, que poderá ser individual ou solidária.

# I

b$a Antonio Prado, 33.5' andar, Centro. São Paulo, Capital. CEP 0ld10-010 34 Pabx: 55.1 1.3104.0491eniail: advo~aci+oliwirafilho.adv.br

Page 36: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA CRruWAL

4. Dessa legislação que ora memono, é possível &reender

que a responsabilidade solidária só surge da lei, do contrato ou da

prática de ato ilícito.

18. Conseqüentemente, a imputação de débito solidário aos

agentes públicos de que ora se cuida depende, jündarnentalmente,

da exiitência de dolo ou culpa. Considerando que não há nos

autos indícios de locupletamento ou de dolo desses agentes,

entendo haver necessidade de perquirir a existência de culpa.

Tendo em vista que age com culpa quem atua com imperícia

(relativa à fàlta de habilidade, de capacidade técnica),

O imprudência (lgada a ações temerárias) ou negligênn'a

(relacionada com ações desidiosas ou com omksões), anaharei em

separado a conduta de cada um dos citados, procurando a f h r se

s m atos estão ou não eivados por uma dessas modalidades de

culpa.

Embora as deliberações acima tenham sido tomadas

em relação a fatos ocorridos na ngênn'a do Código Civil de 1916

(Lei 3.071/1916), aplicam-se elas também a ocorrências já na

vigência do Código de 2002, uma vez que não houve alteraçüo no

instituto da solidariedade pelo novo regramento.

Da conduta do ora defendente é possível extrair

algumas conclusões que corroboram um entendimento pela não

aplicação da solidariedade em rarão dos atos tidos pela unidade

técnica como iíregulares.

Em primeiro lugar, segundo tudo o que já foi dito / ( .

nesta defesa, não se vislumbra qualquer ato, no exercicio de suas

Praça Antonio Prado, 33, f andar, Cemo, SBo Paulo, Capital, CEP 0101M)10 / " 35 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: advocaci@oliveiraíilho.adv.br

Page 37: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACU C R I M A L

fùnções no Banco do Brasil, que tenha causado prejuhs a

entidade bancária. A remunerqão, denominada bônus de volume

ou bonificqão de volume, propiciada pelos fornecedores de

produtos e serviços às agências, é devida às agências e sobre ela o

Banco contratante não tem qualquer direito preestabelecido. Logo,

se não houve dano passível de repara@o nem conduta que

caracterize impnrdência, imperícia ou negl~ência - requisitos da

culpa - não há que se falar em solidariedade.

Em segundo lugar, como era de se esperar, o

peticionário não se benefciou com os valores questionados. Esses

valores foram pagos às agências, como era de direito, e apenas

elas, as agências, deles se beneficiaram. Ora, se o defendente não

m b i u qualquer benefcio dessas importâncias, e se os recursos

não se destinavam ao Banco do Brasil, como e e i r deles

reparação solidária com as empresas que se beneficiaram?

Em terceiro lugar, sendo a responsabilidade solidária

subietiva, o que implica a apreciqão da conduta do agente,

verifica-se que, em todos os casos, nos respectivos processos

convertidos em tomadas de contas especiais para a citqão

solidária, não está presente qualquer indício de conduta dolosa, ou

de que se tenha agido com mú-fi.

Se o TCU, ultrapassando os limites do razoável, pretender que os valores recebidos pela agência de seus fornecedores sejam tramfmmdos ao Banco do Brasil, deve cobrar exdusivamente de quem dele se beneficiou, nunca da pessoa ab administrador cuja conduta não foi dolosa, culposa ou de quaiquer modo repreensível. /

h a p Antonio Prado, 33, Somda?, Centro. São Paulo, Capiial, CEP 0101(MIO 36 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 38: Ap 117

36 MARIO DE OLIVEIRA F W O ADVOCACIA CRMAx?.

Esclarecido, pelas própfias decisões do Tribunal de Contas da União, que a responsabilidade no caso é subjetiva, vvmfica-se, como será exposto a seguir, que não está presente no caso o elemento de culpa.

Por ser uma prática de mercado, não cabia ao defendente mudar o rumo das coisas, sem um entendimento anterior que pudesse resultar na necessidade de se reavaliar essa prática. ReaJime-se: o bônus de volume, embora usuaírnente sga concedido pelos fornecedores de produtos e serviços às agências com base em um percentual do serviço prestado ou do que é produzido, independe de esforços ou neg~~~~ação das agências para o seu recebimento, o que signifca diz-a que esse instituto Mo se aplica a p r h " o da cláusula contratual. Esse era o entendimento.

Agora, o Tribunal de Contas da União pretende dar um novo tratamento ao assunto, distinto daquele que vinha sendo aplicado há anos. As próprias auditorias do TCUjá realimdas em contratos de publicidade do governo Federal e no Banco do Brasil não questionaram essa prática. Naturalmente que, diante dessa nova postura do órgão de controle externo, é preciso reavaliar o entendimento do mercado, avalizado pelas Normas-Padrão da Atividade PublicitáM, e vertjicar se o instituto do bônus de volume implica necessariamente o repasse dos recursos recebidos ao contratante. De qualguafom, é importante notar que um novo entendimento nesse sentido somente poderá ser aplicado mediante disciplinamento nos editais de licitação e nos próprios contratos que obriguem expressamente o repasse dos recursos ao contratante.

Isto porque as agências de publindade, ao formularem suas propostas, já assumem implicitamente que os recursos a esse título Ihes pertencem. U m nova postura que desvie os recursos das agências para o contratante mudará completamente as condições negonais do contrato, ocasionando desequilíbrio ewnômico-financeiro Mo amparado na lei de licitações e contratos da administraçüo pública ou nas próprias normas do Banco do Brasil. Assim, não poderia o ora defendente antea)ar-se 2 nova orientaçüo do TCU e passar simplesmente a exigír que esses recursos @em transfmdos para o Banco, tendo

I"

Raça Antonio Pndo, 33.50 andar, Cenho, São Paulo, Capital, CEP 01010-010 L 37 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 39: Ap 117

MÁRIo DE OLIVEIRA FILHO 39

L ADVOCACIA C R W A L

em vista que os contratos não dispunham expressamente sobre a figura do bônus de volume ou bon$cação de volume.

O novo entendimento certamente fará com que, após estudos que sejam realizados no Banco do Brasil a esse respeito, nas próximas licitações se inclua, se for o caso, a previsão para que as agências transfiam os recursos ao Banco. Nesse caso, as próprias agências irão descobrir uma fomza de compensar a perda

por outros meios ou mesmo suportá-la, se pretenderem celebrar novos contratos, anuindo com as novas condições impostas no edital. Não nos contratos atuais que não têm previsão expressa.

Em síntese, não há culpa dos defendentes por não haverem mudado uma prática de mercado que não Ihes cabia unilateralmente mudar, tendo em vista que os editais sempre foram omlssos em expressamente atribuir ao Banco a proptiedade do bônus de volume.

Outro ponto importante a ser considerado é o de que não havia no Banco do Brasil um setor com atribuições especificas de acompanhar e controlar os contratos de publicidade. Esse acompanhamento era feito deforma genérica pelo setor que cuida dos contratos do Banco em geral. Vale d im, a responsabilidade pelo acompanhamento dos contratos estava localizada fora do setor de marketing e propaganda do Banco. Somente a partir de 23/6/2004, com a Ordem de SeMp 11/2004, essa responsabilidade passou a ser da Gerência de Propaganda.

Portanto, vm$ca-se mais uma vez não caber culpa

ao dirigente do setor de marketing e propaganda pela não-

cobrança do bônus, pob apenas deu seguimento ao que vinha

sendo feito anteriomente em temzos de controle dos contratos de

propaganda. A partir dessa data nenhum contrato novo foi I celebrado que previsse expressamente a apropriq-o dos recursos 1.

ll .P Raça Antonio Prado, 33, 5°andar, Centro. SãoPauio, Capital, CEP 01010-010 38

Pabx: 55.11.3104.0491umail; adv0~8ci@oliwirafilho~adv.br

Page 40: Ap 117

q MÁMO DE O L n / E m FILHO ADVOCACIA CRIMZVAL

pelo Banco do Brasil e que autorizasse ao setor exigir das agênn'as

s w transferência a instituição bancária. Se anteriormente não era

cobrado, também não &i expedida qualquer norma interna

dispondo em sentido contrário':

Como se observa da peça reproduzida

nesta petição de defesa, a denúncia oferecida, uma vez mais padece de justa

causa para prosperar.

É necessário para embasar a presente

resposta, se analisar a importante questão do Orçamento de Marketing do

Banco do Brasil.

O orçamento é elaborado pelo Comitê

de Orçamento e vice-presidência de Controle e Recuperação de Ativos. A

Diretoria de Marketing colabora no fornecimento de informações, porém

não participa do Comitê de Orçamento nem tem direito a voto na sua

aprovação no Conselho Diretor.

Após a aprovação do Orçamento a

Diretoria de Marketing, propõem ao Comitê de Comunicação (formado por

todas as Diretorias de Negocio do BB) um Plano Anual de Comunicação,

Propaganda e Patrocínio onde consta a alocação de recursos para cada

evento previsto e qual a Diretoria de Negócios coordenadora do evento.

Praça Antonio Prado, 33, S'andar, Centro, SHo Paulo, Capital, CEP 01010610 39 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 41: Ap 117

+ MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO AD VOCA CDl C m u

Aprovado no Comitê de Comunicação

segue para aprovação no Conselho Diretor. Daí, por força de Decreto deve

ser submetido à aprovação da SECON.

Importante se entender que,

independente de todo esse percurso de aprovação a Diretoria de Marketing

não tem alçada para implementar as ações previstas. Devem elas ser

novamente submetidas a aprovação nos comitês de Marketing,

Comunicação e Conselho Diretor. Portanto o orçamento não é de

autorização plena.

Assim, o Orçamento e o Plano de 2003

já haviam sido encaminhados e aprovados na SECON e estavam em fase de

implementação, quando o ora denunciado, recebeu a informação da

existência do Fundo VISANET.

j Informado da existência dos recursos do

Fundo VISANET, o denunciado dirigiu-se a SECON, para informar sobre

eles. Sua preocupação era de que pairasse dúvidas sobre o orçamento do BB,

muito menos suspeita na SECON que o BB havia lhe sonegado informações

e executava dois orçamentos; um aprovado pela SECON e outro não.

A informação foi repassada ao chefe de

Gabinete do Ministro, conduzindo, até o Ministro, as informações que havia

recebido do vice-presidente de Varejo e Distribuição - Edson

Diretor de Varejo Fernando Barbosa sobre o Fundo Visanet. r. r

Praça Antonio Prado, 33.5O andar, Centro. São Paulo, Capital, CEP O 1010-O1 V 40 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: advocaci@oliveiraf~h.adv.br

Page 42: Ap 117

+ MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACIA C R W f w A L

O ora denunciado fiisou que o

entendimento da Direção do BB era que aqueles recursos, por não terem

sido incluídos no orçamento do BB, não estavam submetidos ao Decreto que

determinava a prévia aprovação da SECON das campanhas envolvendo a

sua utilização.

O Ministro e seu chefe de gabinete

concordaram com a interpretação da Diretoria do BB, orientando o

denunciado a assinar a Nota Técnica sob a alegação de que quanto maior o

volume de recursos disponíveis, maior o poder de barganha nas negociações

com as agências e veículos de mídia.

Solicitaram aquelas autoridades a

apresentação, informalmente, das campanhas realizadas com tais recursos,

para que pudesse orientar a sinergia e uniformidade de linguagem entre as

diversas campanhas do BB, e também objetivando terem uma visão

completa das ações de marketing e patrocínio realizadas pelo Banco.

A idéia era de se evitar que na mídia

surgissem dois Bancos do Brasil, sendo um de cartões de crédito e outro das

campanhas do orçamento aprovado. Comprometeu-se o denunciado

também, de mensalmente, buscar junto a Diretoria de Varejo, e entregar a

SECON, uma planilha de acompanhamento, que demonstrasse, as

campanhas realizadas, os recursos já utilizados e o saldo a utilizar. Isso foi

feito e o responsável, para montar a planilha e entregá-la a SECON era o

gerente de Propaganda Cláudio de Castro Vasconcelos. i I

1 D Raça Antonio Prado, 33,s' andar, Centro, Sãa Paulo. Capital, CEP 4 1

Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mil: advoçacia@oliveirafiIho.

Page 43: Ap 117

MÁXIO DE OLIVEIRA FILHO ADV0CACL.I CRIMINAL

Essa reunião na SECON não foi

exclusiva para tratar dos recursos do Fundo VISANET, havia assuntos

ordinários de pauta (apresentação de campanhas, estratégias de propaganda

e patrocínio, etc.).

Só após essa reunião o denunciado deu

também o "de acordo" (na prática do dia-a-dia um mero ciente) na Nota

Técnica que depois foi encaminhada para a Diretoria de Varejo e a Gerência

de Cartões para as providências junto a VISANET.

i ) Foram liberadas, quatro Notas Técnicas

com recursos do Fundo VISANET para a agência DNA.

A primeira, em maio de 2003 com valor

aproximado de 24 milhões.

No fínal do ano de 2003, início de

dezembro, o Diretor de Varejo informou que havia mais recursos disponíveis

oriundos do Fundo VISANET, aproximadamente cinco miihões de reais, e

que deveriam ser utilizados. Confeccionou-se então, mais uma Nota Técnica

de aproximadamente quatro milhões. Foi quando o denunciado manifestou

sua preocupação com um aonograma de programação orçamentária sendo

comentada com o Diretor de Varejo no sentido de que a partir do próximo

ano estaria sendo feito também pela Diretoria de Marketing, um

acompanhamento de utilização do Fundo VISANET para evitar os I

atropelos de última hora. [ . ,4h / I I

R F n Antonio Prado, 33, 5" &. Ccnbo. Sào Paulo, Capital, CEP OLOIO4IO 42 Pabx 55 11 3104 0491e-ml advowc~@olsw~mriIho adv br

Page 44: Ap 117

4 MÁRTO DE OLIVEIRA FILHO AD VOCA CTA CRIM/NA L

Em meado de março de 2004, a

Diretoria de Varejo informou a Diretoria de Marketing que os recursos do

Fundo VISANET para o exercício 2004 haviam aumentado e eram da

ordem de 35 milhões. Foi feita então a Nota Técnica, conjunta transferindo

para a conta da DNA o valor aproximado de 35 milhões.

Em abril de 2004, após saber que a

VISANET havia creditado os recursos na conta da DNA, o denunciado

solicitou por meio de correspondência a DNA, informação para a Diretoria

de Marketing, mensalmente, sobre os valores utilizados, os valores

comprometidos e o saldo de recursos para utilização. Foi designada a

Gerência de Acompanhamento e Controle da Diretoria de Marketing

(gerente Rogério Souza) para fazer a planiiha de acompanhamento mensal.

A gerência, por sua vez designou a funcionária Regina para a tarefa. Esta

planilha foi entregue, mensalmente para todos os membros do Comitê de

Comunicação (Diretores da Diretoria de Negocio, Controladoria, Recursos

* Humanos e Organização e Estratégia do BB), Presidente do BB e SECON.

Nunca houve qualquer observação ou comentário que indicasse erros ou

irregularidades até junho de 2005.

Em novembro de 2004, a Diretoria de

Varejo, mais uma vez informou a Diretoria de Marketing que havia mais

recursos no Fundo VISk.NET e confeccionou-s nova Nota Técnica no

valor de aproximadamente nove milhões. 7 - Raça Antonio Rado, 33,5'andar, Centro, SHo ~aulokapital, CEP 01010-010 43

Pabx: 55.1 1.3104.049Lc-mail: [email protected]

Page 45: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FILHO . ADVOCACIA CRIMINA L

A partir de 2005, das discussões e

sugestões da Diretoria de Marketing, observações da Auditoria, decidiu-se

não mais fazer a transferência de recursos para uma agência de Propaganda,

porém, a VISANET os efetuava, após os serviços realizados.

Houve muitos transtornos

administrativos na mudança de metodologia e ate o início de junho de 2005,

nenhuma agência havia sido paga pelos serviços prestados, o que gerava

reclamação constante das agências para a Diretoria de Marketing. Essas

reclamações são provas contundentes de que a Diretoria de Marketing não

tinha ingerência nenhuma sobre a liberação de recursos do Fundo

VISANET.

Em todo esse penodo, os Balanços do

BB foram aprovados em todas as instâncias. A Diretoria de Marketing

nunca teve qualquer ressalva ou observação do Conselho Fiscal, Comitê de

Auditoria, TCU ou Auditoria Externa. A Auditoria Interna e Controladoria

não apontaram nenhuma irregularidade.

Essas explicações, mais do que resposta,

dão o norte seguro no sentido de demonstrar a improcedência da denúncia,

que é imprecisa, não descreve a conduta delituosa do/ denunciado, ficando

apenas numa superficialidade que a toma inepta. I Pmça Antonio Prado, 33.5" andar. Gemo, São Paulo. Capital. CEP 01010-010 44

Pabx: 55.1 1.31M.0491e-mail: [email protected]

Page 46: Ap 117

?&&I0 DE OLIVEIRA FILHO . AD VOCA CIA CRrMBVAL

w.b - <.LU- T R A N S ~ ~ C U S DE RECURSOS DO BANCO DO BRASIL PARA A EMPRESA

DENOiWNADA DNA PROPAGAMIA LTDA POR METO DA CAMPANEL4 BRASILEIRA DE

METOS DE PAGAMENTO - YISRNET"

A imprecisa denúncia imputa:

'!..O ex Ministro da Secretaria de Comunicação e

Gestão Estratégica da P r e s i W a da Rtpública,

Luiz Gushiken, e o ex Diretor de Marketing e

Comunicação do Banco do Brasil, Henrique

P ida to , em atuação orquestrada, desviaram, no

período & 2003 a 2004, em benejkio do grupo

liderado por Marcos Valério (Cristiano Paz, Ramon

Hollerbach e Rogério Tolentino) e do Partido dos

Trabalhadores (José Dirceu, José Genoíno, Sílvio

Pereira e Delubio Soares, vultosas quantias do

Fundo VISAhET, constituído com recursos do

Banco do Brasil S/A.

Henrique Phla to , em razão do cargo de Diretor de

Marketing do Banco do Brasil, também recebeu de * Marcos Valério, Cristiano Paz, Ramon Hollerbach e

Rogério Tolentino, valendese de um intermediário,

na data de 15 de janeiro de 2004, a quantia de

R$326.660,67 como contraprestação pelos bemjcios

proporcionados, no exercício de sua fùnção, ao grupo

empresarial & Marcos Vaíério.

I Antonio Prado, 33,s" andar, Centro, S;lo Paulo, Capital, CEP 0IOIM)lO 45

Pabx: 55.11.3 104.0491e-mail: [email protected]

Page 47: Ap 117

?víÁRIO DE OLIVEIRA FILHO v

ADVOCACIA CRMINA L

Não por acaso, Henrique Pizwlato, filiado ao PT

desde a sua fùnaáqão, foi nomeado para um dos

cargos mak estratégicos da engrenagem criminosa

montada por José Lh'rceu, José Genoíno, Sílvio

Pereira e Delubio Soares".

Mais uma vez a denúncia se mostra

inepta pela generalidade e superficialidade das acusações, sem descrever a

conduta imputada de maneira e forma orientadas pelo Código de Processo

Penal e pela mais abalizada jurisprudência.

São mencionadas orquestrações, sem

descrevê-las, são apontados nomes sem vinculá-los a fatos ou entre eles

mesmos. Alegações lançadas e nada mais, com a suposição da sua

aceitação pela repercussão jomalística, como verdadeira prestação de

contas a opinião pública, que como sempre, tem uma sentença pronta para

qualquer caso apresentado, independentemente de conhecer a prova do

processo e não somente aquela veiculada nos órgãos de imprensa ao sabor

da orientação da poíítica adotada por eles.

Até o histórico da vida pública do

denunciado Henrique Pizzolato, é utilizado para desmerecê-lo. i . , -

Praça Antonio Prado, 33,Y andar, Centro. Sáo Paulo, Capital, CEP 01010410/ 46 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: advocac~ol i~ id i lho .adv .br

Page 48: Ap 117

MÁRIO DE OLIVEIRA FPLWO %

ADVOCACIA CRIMlh'AL

Desde muito jovem, ainda estudante no

colégio Franciscano em Agudos, no interior de São Paulo, já participava de

reuniões em bairros populares e atuando na organização dos trabalhadores

das cervejarias Brahma e Froendenberger.

Em 1974 tomou posse no Banco do

Brasil, por intermédio de concurso público, como funcionário de carreira,

r aposentando-se em 2005, após trinta anos de dedicação sem qualquer

mácula em seu histórico de vida.

Sempre envolvido em atividades

políticas, formou-se em arquitetura, foi fundador e dirigente do DCE da

UNISINOS. Nesse passo constante, em 1980, é eleito delegado sindical

pelos funcionários do Banco do Brasil e inicia sua militância no Sindicato

dos Bancários de POA. Entre a leitura de um livro e outro e também de

rn escrevê-los, atua no projeto "Mãos a obra", integrando a universidade aos

bairros populares na perifia da grande Porto Alegre/RS. Durante a

campanha de Olívio Dutra ao governo do Rio Grande do Sul, tem atuação

destacada e em 1983 passa a conviver com os então líderes sindicais Lula,

Gushiken, Jacó Bittar entre outros. Em 1984 transferido a pedido para a

cidade de Toledo no Paraná, entre outras atividades poííticas é eleito

presidente do Sindicato dos Bancários de Toledo. Nesse ano sua atuação , também se intensifica no contato com líderes sindicais nacionais. A partir 1

L

P m p Antonio Prado, 33, S'andar, &mo, SHo Paulo, Capital, CEP 01010-010 Pabx: 55.11.3 104.049 1e-mail: [email protected] P"

Page 49: Ap 117

h4ÁRIO DE OLIVEIRA FlLHO AD VOCA CZA CRLUNAL

de 1985, aproxima-se da CUT, chegando a sua presidência da CUT/PR em Y

1985 e reeleito em 1991. No ano seguinte é eleito presidente da Direção

Nacional do Dieese. Busca eleger-se prefeito de Toledo em 1988 e a

governador do Paraná em 1990, depois de participar da campanha

presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva. Em 1993 é leito com mais de

cinqüenta mil votos Conselheiro Representante dos Funcionários do Banco

do Brasil no Conselho de Administração do BB, para o triênio 1993/96.

Junto de "Betinho" engaja-se na campanha nacional contra a fome. Com

expressiva votação nacional em 1995 é eleito para a direção nacional da

Associação Nacional dos Funcionários do Banco do Brasil. Gradua-se na

'iv Wohorton - Filadélfia sobre Fundo de Pensão, passando a integrar o

núcleo de previdência do PT, partido, alias, que auxiliou a fundar. Com

votação de mais de 40.000 votos é leito em 1998, Diretor de Seguridade da

PREVI, e ainda nesse mesmo ano passa dividir um apartamento com

Gushiken e o deputado Jorge de São Paulo, em Brasíiia. Em contato

próximo com Gushiken participa da organização da Associação Nacional

dos Participantes de Fundo de Pensão. Em 2002, é leito o primeiro

presidente da ANAPAR em Belo Horizonte, se engaja na campanha de

Lula até a sua posse como presidente da república. Em 2003 assume a

direção de marketing e comunicação do Banco do Brasil.

Esse curriculurn, muito, mas muito ao

contrário da odiosa acusação de ter sido guindado ao posto de diretor de

marketing do BB, por fazer parte de uma quadrilha, esta a demonstrar seu

compromisso político não com falcatruas, mas sim com ideais sérios de

fundo altruístico. / Praça Antonio Prado, 33,s' Silo Paulo, Capital, CEP 01010-010 48

[email protected]

Page 50: Ap 117

Se distanciamento houve, e houve com

alguns dos companheiros de militância, esse se deveu aqueles ideais

mencionados que não admitiam desvio de conduta. Surgiram inimigos. É

da vida.

O cargo de diretor de marketing do BB,

também, muito ao contrário do texto da denúncia, foi conquistado, além do

requisito indeclinável da capacidade, porque para ocupa-lo é condição

primária ser funcionário de carreira do Banco do Brasil!

-

MÁauO DE OLIVEIRA F I M 0 AD VOCACL4 CRIMUVAL

Posto isso, a imputação de prática de

crime capitulado no artigo 317, consistente em ter recebido expressiva

quantia em dinheiro por contraprestação de serviços inidôneos ao grupo

empresarial liderado por Marcos Valério é totalmente inverossimil.

Mercê de seu contato com as agências

de publicidade, inclusive, com a DNA, empresa que por intermédio de

licitação já prestava serviço no Banco do Brasil há mais de onze anos,

recebeu em seu telefone celular institucional de conhecimento irrestrito

pelas pessoas que com ele trabalhavam um pedido.

O pedido era para buscar uma

documentação no centro da cidade do Rio de Janeiro, com certa urgência,

até o final do expediente. C -

Praça Antonio hado, 33.5" andar, Centro, Sãa Paulo, Capital, CEP OIOI(K110 49 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: [email protected]

Page 51: Ap 117

MÁXIO DE OLIVEIRA FILHO ADVOCACU CRlMZVXL

Para realizar tal tarefa, o ora

denunciado se valeu dos préstimos de um contínuo conhecido por "Duda",

que por sua vez, se dirigiu até o local indicado, um escritório no centro da

cidade, e o retirou, entregando-o na residência daquele.

No início da noite, uma pessoa se

identificando como membro do PT do Rio de Janeiro, e responsável pela

retirada dos documentos se apresentou ao denunciado e levou os envelopes.

Posteriormente a todos os problemas

surgidos com a vinda a público dos fatos que ensejararn a "CPMI dos

Correios", constatou-se conter dinheiro vivo nos envelopes e que esse

numerário destinava-se ao pagamento de despesas de campanha do PT do

Rio de Janeiro, a época, presidido pó Manoel Severino.

Assim, não houve pagamento algum

por parte da empresa DNA, nem por ninguém, por suposta e hipotética

contraprestação de benéficos ilicitamente proporcionados a quem quer que

seja por parte do denunciado.

Ad argumentandum, soubesse o

denunciado do conteúdo dos envelopes, no mínimo, não iria mandar uma

terceira pessoa, um contínuo, aquele local, principalmente, tratando-se do

centro da cidade do Rio de Janeiro, onde facilmente poderia ser assaltado, I- mas sim, iria pessoalmente.

Praça Antonio Prado, 33,k%dar, Cniuo, Sáo Paulo, Capital, CEP 0101W010 50 Pabx: 55.11.3 104.0491e-mail: advocacia@oliveiraf~iho.adv.br

Page 52: Ap 117

.* M m O DE OLIVEIRA FILHO AD VOCACU CRIMmA L

Mais não há que se falar sobre essa

hipotética tese levantada na denúncia.

Henrique Pizzolato nega como sempre

negou com veemência, tal acusação sem fundamento, desprovida de

argumentação a sustentá-la. Aliás, como já se defendeu e se demonstrou,

não tinha o diretor de marketing do Banco do Brasil, como realizar

beneficios, muito menos iucitos em favor da DNA a ponto de ser pago por

tal contraprestação de serviço.

Senhor Ministro, nesta fase processual,

esta é a resposta a ser oferecida com esclarecimentos diretos sobre as

imputações acusatórias, pugnando a defesa pela rejeição da denúncia,

porque ausentes os pressupostos legais estampados no artigo 41 do Código

de Processo Penal no tocante a todos os delitos, descritos nos artigos 317,

312 por quatro vezes todos do Código Penal e artigo 1 O, incisos V, VI, e VI1

da Lei n O 9.613/98, e por ser atipica a conduta capitulada no artigo 312 do

Código Penal.

De São Paulo para Brasília em 15 de agosto de 2006.

Prqa Antonio Pnido, 33,Y andas. Centro, Sfio Paulo, Capital, CEP OIOIO-O10 5 1 Pabx: 55.1 1.3104.0491e-mail: advo~aç[email protected]

Page 53: Ap 117

INQ N." 2245 - APENSO N." 11.7

TERMO DE CONCLUSÃO

de 2006, faço Barbosa. Eu,

aria das Graças Camarinha Caetano, ocessamento do Plenário, lavrei este termo.