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Ano 20 – n o 117 – Março de 2016 Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia Nº 9912260030/DR/BA Impresso Especial SOGIBA CORREIOS SOGIBA Jornal da “Imagem extraída da https://pixabay.com/pt/nude-nascer-mulher-nuas-adulto-379097/” 8 de Março O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado pelas Nações Unidas como Dia Internacional da Mulher. Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas ope- rárias, que recebiam menos de um terço do salário dos homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto, se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres morreram queimadas. Em 1903, profissionais liberais norte-americanas cria- ram a Women´s Trade Union League. Esta associação tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalha- doras a exigirem melhores condições de trabalho. Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as ope- rárias no ano de 1857, bem como o direito de voto. Caminhavam com o slogan Pão e Rosas, em que o pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas uma melhor qualidade de vida. Em 1910, numa conferência internacional de mulhe- res realizada na Dinamarca, foi decidido, em home- nagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março como Dia Internacional da Mulher. E sta edição do jornal da Sogiba traz um texto sobre o vírus da zika, ações recentes e futuras da Sogiba. Também traz dicas referentes à Semana Santa e uma linda poesia para a mulher. Não perca!

Jornal sogiba 117

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Ano 20 – no 117 – Março de 2016

Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia

Nº 9912260030/DR/BA

ImpressoEspecial

SOGIBA

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8 de Março

O dia 8 de Março é, desde 1975, comemorado

pelas Nações Unidas como Dia Internacional

da Mulher.

Neste dia, do ano de 1857, as operárias têxteis de uma

fábrica de Nova Iorque entraram em greve ocupando

a fábrica, para reivindicarem a redução de um horário

de mais de 16 horas por dia para 10 horas. Estas ope-

rárias, que recebiam menos de um terço do salário dos

homens, foram fechadas na fábrica onde, entretanto,

se declarara um incêndio, e cerca de 130 mulheres

morreram queimadas.

Em 1903, profissionais liberais norte-americanas cria-

ram a Women´s Trade Union League. Esta associação

tinha como principal objetivo ajudar todas as trabalha-

doras a exigirem melhores condições de trabalho.

Em 1908, mais de 14 mil mulheres marcharam nas ruas

de Nova Iorque: reivindicaram o mesmo que as ope-

rárias no ano de 1857, bem como o direito de voto.

Caminhavam com o slogan Pão e Rosas, em que o

pão simbolizava a estabilidade econômica e as rosas

uma melhor qualidade de vida.

Em 1910, numa conferência internacional de mulhe-

res realizada na Dinamarca, foi decidido, em home-

nagem àquelas mulheres, comemorar o 8 de Março

como Dia Internacional da Mulher.

Esta edição do jornal da Sogiba traz um texto sobre o vírus da zika, ações recentes e futuras da

Sogiba. Também traz dicas referentes à Semana Santa e uma linda poesia para a mulher. Não

perca!

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Editorial

Com uma pro-posta diferente, utilizamos este

editorial para parabe-nizar os funcionários que fizeram parte da Comissão responsável por escrever o relatório sobre as maternidades públicas. Tendo como base uma pesquisa re-alizada após visitas as 11 maiores unidades de obstetrícia do Sistema

Único de Saúde (SUS) de Salvador e de Lauro de Freitas entre os meses de abril e agosto de 2015, o documen-to produzido por Marcia Silveira, Caio Lessa, Claudia Smith, Gaspar, João Paulo, Luiz Américo, Monica Bahia, Nelson Lourenzo, Roberta Karina, Vera Nossa e Sandra Renata transmite com clareza e abrangência a impor-tante questão.

Diversas fragilidades foram identificadas nos dife-rentes serviços do setor, sendo a falta de Recursos Humanos a falta mais grave. Nenhuma maternida-de apresentou equipes médicas de plantonistas completas com falta de anestesistas e outros pro-fissionais. O relatório final mostrou que a carência de profissionais nas emergências obstétricas não só resulta no cansaço físico, mental e emocional desses profissionais da área de saúde, como tam-bém na restrição de internamentos nas unidades.

Bloqueios de leitos, equipamentos desvirtuados para as áreas de depósito ou neonatologia, por exemplo, além do descumprimento da Políti-ca Vaga Sempre foram questões recorrentes nos hospitais. Soma-se a essas falhas, os plantões de emergências obstétricas superlotadas e não há garantia de atendimento humanizado.

É fundamental desenvolvermos um trabalho como este na avaliação dos serviços de ginecologia, pois acreditamos que a situação é ainda mais dra-mática, embora não se configure como emergên-cia e, portanto, não consiga a devida atenção. Avaliado como um “divisor de águas” na atuação da nossa Associação, o relatório pode ser atuali-zado periodicamente para que, dessa forma, seja criado um mecanismo de cobrança permanente e efetivo às autoridades competentes. A atuação de vocês jamais será esquecida.

Carlos C. LinoPresidente da Sogiba

SOGIBA - ASSOCIAÇÃO DE OBSTETRÍCIA E GINECOLOGIA DA BAHIAAv. ACM, 2.487, Edf. Fernandez Plaza, S/2304, CEP 40280-000 Salvador - Bahia Telefax: (71) 3351-5907 –E-mail: [email protected] - site: www.sogiba.com.br

DIRETORIA DA SOGIBA – Triênio 2015-2017

Presidente: Carlos Augusto Pires Costa LinoVice-presidente: Clodoaldo Cadete Fernandes CostaSecretário Geral: Tatiana Magalhães AguiarPrimeira Secretária: Mara Valéria Pereira MendesTesoureiro: Dina Rita Perez CervinoDiretora Científica: Márcia Sacramento Cunha MachadoDiretora Cultural: Márcia Maria Pedreira da SilveiraDiretora de Divulgação: Carla Kruschewsky Sarno

COMISSÃO CIENTÍFICA - Presidente: Denise dos Santos Barata; Membros: Antonio Carlos Vieira Lopes; Cláudia Margareth Smi-th; Joaquim Roberto Costa Lopes; Hilton Pina

COMISSÃO DE ÉTICA E DEFESA PROFISSIONAL - Presidente: Caio Nogueira Lessa; Membros: José Carlos de Jesus Gaspar; D’Cerqueira Lyrio; Ilmar Cabral de Oliveira; Luiz Carlos Calmon Teixeira Filho

COMISSÃO DE ENSINO E RESIDÊNCIA MÉDICA - Presidente: Rena-ta Lopes Brito; Membros: Adenilda Lima Lopes Martins; Amado Nizarala de Ávila; Sylvia Vianna Pereira Aragão; Fábio Agnelo Vieira Miranda Rios

COMISSÃO DE EVENTOS - Presidente: Maria José Andrade Car-valho; Membros: Maria das Graças de Mello Cunha; Margari-da Silva Nascimento; Valdeci Lima Maldonado; Altacir Rebou-ças Campos D Oliveira– Comitês: Medicina Fetal: Luiz Eduardo Machado; Mastologia: Augusto Tufi Hassan; Ultra--sonografia: Kleber Chagas

CONSELHO FISCAL - Maria da Conceição Farani de Santana; Li-cia de Fatima de Amorim Simões; Karen dos Santos Abbehusen Dorea; Suplente: Ana Maria de Souza Terencio

REGIONAIS DA SOGIBA

Regional Sertão – Feira de SantanaPresidente: Dr. Francisco Mota

Regional Sul – Itabuna/IlhéusPresidente: DR. Viriato Luiza Corrêa NetoVice–Presidente: Antonio Augusto MonteiroPrimeira Secretária: Dóris Marta Vilas Boas L. ReisTesoureiro: Jose Slaib Filho

COMISSÃO CIENTÍFICA - Karen Freire, Eduardo Leahy e Ernesto SilveiraRegional Sudeste – Vitória da Conquista

Presidente: Dr. Absolon Duque dos SantosRegional Nordeste – Paulo Afonso

Representante: Francisco Pereira de AssisRegional Oeste – Barreiras

Representante: Peres Embiruçu Barreto JuniorRegional Chapada – Jacobina

Representante: Cilmara Melo Nunes de SouzaRegional Recôncavo – Santo Antonio de Jesus

Representante: Luiz Christian Darwim Ferraz Souto

JORNAL DA SOGIBA

Maria del Carmen González Azevêdo DRT-BA 3335Editoração e Arte - Bárbara Almeida - (71) 99983 1578Impressão - GENSA Gráfica (71) [email protected]

Expediente

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Que o outro saiba quando estou com medo, e me tome nos braços sem fazer perguntas demais.

Que o outro note quando preciso de silêncio e não vá embora batendo a porta, mas entenda que não o amarei menos porque estou quieta.

Que o outro aceite que me preocupo com ele e não se irrite com minha solicitude, e se ela for ex-cessiva saiba me dizer isso com delicadeza ou bom humor.

Que o outro perceba minha fragilidade e não ria de mim, nem se aproveite disso.

Que se eu faço uma bobagem o outro goste um pouco mais de mim, porque também preciso po-der fazer tolices tantas vezes.

Que se estou apenas cansada o outro não pense logo que estou nervosa, ou doente, ou agressiva, nem diga que reclamo demais.

Que o outro sinta quanto me dóia idéia da perda, e ouse ficar comigo um pouco - em lugar de voltar logo à sua vida.

Que se estou numa fase ruim o outro seja meu cúm-plice, mas sem fazer alarde nem dizendo ‘’Olha que estou tendo muita paciência com você!’’

Que quando sem querer eu digo uma coisa bem inadequada diante de mais pessoas, o outro não me exponha nem me ridicularize.

Que se eventualmente perco a paciência, perco a graça e perco a compostura, o outro ainda assim me ache linda e me admire.

Que o outro não me considere sempre disponível, sempre necessariamente compreensiva, mas me aceite quando não estou podendo ser nada disso.

Que, finalmente, o outro entenda que mesmo se às vezes me esforço, não sou, nem devo ser, a mulher--maravilha, mas apenas uma pessoa: vulnerável e forte, incapaz e gloriosa, assustada e audaciosa - uma mulher.

Canção das mulheresLya Luft

Poesia

SumárioImpacto do surto de Zika Vírus no processo reprodutivo: uma reflexão ...........................................4

Superlotação, migração do interior e falta de estrutura: caos nas maternidades de Salvador e RMS...6

Dicas: Passeio Religioso Paixão de Cristo 2016. e Sobremesas para a Semana Santa........................8

Notícias da Sogiba.................................................................................................................................11

Atividades Científicas da SOGIBA do 1º semestre de 2016 ................................................................12

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Impacto do surto de Zika Vírus no processo reprodutivo: uma reflexão

Opinião de especialista:

No segundo semestre de 2015, o nordeste brasileiro chamou a atenção do Brasil e do Mundo para um fenômeno. Um surto de be-

bês microcéfalos foi detectado em Pernambuco, ao passo que especialistas da Bahia já vinham de-tectando um aumento do mesmo evento em seus consultórios públicos e privados. Médicos passaram a questionar modelos de diagnóstico e notificação, buscando seguir um padrão que permitisse rigor científico nas investigações dos casos. Os pesqui-sadores começaram a descrever casos e sequelas associadas como defeitos ósseos, alterações oftal-mológicas e hepáticas, além do temido dano neu-rológico, descrito com requintes e atrelado a altas chances de danos psicomotores definitivos que exi-giriam investimento de reabilitação e apoio a estas crianças e seus familiares. Cada grupo ia colhen-do informações junto a essas família atingidas pelo evento da microcefalia e um relato começou a aparecer com muita frequência: “Eu tive Zika nesta gestação”. Os especialistas identificaram um surto concomitante entre os dois eventos Microcefalia e relato de doença viral por Zika vírus.

Em outubro, a Secretaria Estadual de Saúde de Per-nambuco fez o primeiro alerta em órgãos oficiais, sendo seguida pelo Ministério da Saúde em no-vembro de 2015. O fato foi eleito como situação de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional com alto potencial de impacto na mor-bimortalidade neonatal infantil. Estávamos sendo palco de um processo de saúde e doença novo, sem evidências científicas claras de causalidade, com uma nova pergunta agitando pesquisadores e equipes de Saúde em todo o mundo: O Zika Vírus causa Microcefalia? Todos ficaram estupefatos com a agressividade da lesão supostamente atribuída à ação do vírus, investindo em ações de prevenção e elucidação diagnóstica. Pesquisadores locais ini-ciaram publicações científicas inéditas e meritosas.

Mas o olhar que trago hoje vai além do cenário

epidemiológico do surto e da prevenção, bem como extrapola a academia em sua visão científica. Levanto aqui uma nova hipótese: Protelar a gestação frente ao surto de microcefalia/danos fetais possivelmente associados ao Zika vírus tem fundamento?

A aflição que tomou conta da população trazendo pânico de estar grávida ou engravidar neste mo-mento de incertezas estabeleceu nas pessoas o uso de “tapa” (viseira usada para que os animais de montaria não olhem para os lados). Pacientes e médicos se uniram na ignorância dizendo que ges-tar agora seria impróprio. E foram seguidos pelos órgãos regulatórios da saúde no país e no mundo.

Não resisto em fazer algumas perguntas: Para quem? Será que as decisões reprodutivas das pes-soas e seus contextos pessoais de saúde e doença ou ainda os seus direitos sexuais e reprodutivos de-veriam ser suplantados por uma processo em fase de esclarecimento? Se haveria exceções clínicas, quais os parâmetros? E se a recomendação téc-nica se coloca como favorável à Contracepção, não seria a hora de retomar essa ação de saúde há muito tempo relegada, construindo estratégias de Planejamento Familiar e Aconselhamento Repro-dutivo acessíveis neste país? Ampliar a oferta de in-sumos com opções mais seguras e duradouras de Contracepção efetiva como os métodos de longa duração? Levantar a bandeira da dupla contracep-ção com uso de camisinha e métodos hormonais seguros para cada perfil de usuária? Afinal, o vírus já foi encontrado no sêmen e continuou identificado por 5 meses num relato cientifico recente. A trans-missão horizontal do vírus pelo sexo já foi aventada por um relato de caso de 2011, em que um indi-víduo afetado pelo Zika vírus teria sido o vetor de contaminação de uma mulher nos EUA. Seria uma nova DST emergindo?

A Secretaria Estadual de Pernambuco apresentou em seu “Protocolo clínico e Epidemiológico: Micro-cefalia” 2015 uma visão louvável ao valorizar a au-tonomia das pessoas para recomendar estratégias e apontar a abordagem para pacientes que bus-quem atendimento: “não há uma recomendação formal para evitar a gravidez, sendo a decisão por uma gestação questão de foro pessoal de cada mulher e sua família”, e recomendou o uso de re-pelentes (Ministério da Saúde link recomendado: j.mp/nota_repelentes). Atenta ainda para e a ida-de feminina: “Para mulheres em idade reprodutiva avançada (e que, por isso, não podem esperar) que desejem postergar a gravidez por não se sentirem seguras, existe a possibilidade do uso de técnicas de congelamento de óvulos ou embriões, que são

Karina AdamiCRM 13372

Especialista em Reprodução Humana pela USP Ribeirão Preto/ Mestre em Medicina e Saúde Humana pela EBMSP

Médica MCO-UFBA EBSERH / CEDAP-SESAB / CENAFERT-INSEMINA

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seguras e permitem conservar as chances atuais de gravidez para um momento futuro”. Quem vai subsidiar estes custos? A Medicina Reprodutiva não tem sido valorizada como estratégia de saúde pú-blica, havendo poucos centros nacionais afiliados ao SUS, restringindo assim, a busca deste caminho para pessoas com recursos pessoais disponíveis, num pais em franca crise econômica. Além do mais, qual será o aproveitamento real de congelar óvulos em mulheres mais velhas por causa do Zika? Seria ético comentar que a vitrificação de óvulos nesta idade apresenta resultados tímidos de suces-so com “bebê em casa”. Ao menos, ofereçamos vitrificar embriões, cujo resultado compensa.

Falar de “idade reprodutiva avançada” em tem-pos modernos é ser reducionista. Sejamos pragmá-ticos como foi a Organização Mundial da Saúde, pois ainda carece de confirmação a causalidade. As notas técnicas acerca do assunto comentam: abaixo de 30 anos não gestar; entre 31-34 anos orientar os casais sobre o surto, riscos potenciais e deixá-los decidirem; e acima de 35 anos recomen-dar a vitrificação (limites práticos já comentados). A capacidade reprodutiva hoje é avaliada, não só pela idade feminina mas por seu potencial repro-dutivo como um todo. São analisados na história médica aspectos como: ser portadora de endo-metriose, miomas uterinos volumosos, tireoidopatias e doenças autoimunes, cirurgias uterinas e ovaria-nas prévias que possam impactar negativamente no sucesso reprodutivo dos casais em curto e mé-dio prazo. Como postergar nestes casos?

Atualmente, existe a consulta pré-concepcional, o antigo “pré-nupcial”, quando estas perspectivas cli-nicas são discutidas com o casal para que possam julgar se é oportuno ou não gestar naquele momen-to de suas vidas. Nesta abordagem, são solicitados exames de rastreio para DST e doenças infecciosas como rubéola, toxoplasmose e citomegalovírus, que podem afetar a formação fetal, permitindo in-tervenções vacinais quando cabíveis e orientação quanto ao prazo seguro para gestar após infecções agudas. Passamos a incluir entre os fatores de retar-do no projeto parental dos casais o Zika vírus. Como orientar? Até quando protelar? Existe imunidade de-finitiva para o vírus após aquisição natural? Teremos

vacina? Recentemente a FIOCRUZ lançou um kit laboratorial para identificação de anticorpos IgG (infecção no passado) IgM (infecção aguda) para o Zika vírus, permitindo, ao menos, identificar casos agudos assintomáticos para o aconselhamento. Se forem negativos, ainda não temos vacinação e só nos resta o uso de repelentes e medidas preventi-vas. E se forem positivos? Não temos ainda qual é o prazo seguro para liberar para engravidar. Não conhecemos a história natural da doença e as cur-vas de evolução sorológica ao longo do tempo.

Se faz necessário alertar sobre perdas e ganhos com a atitude de não gestar. Quando se protela gestar, há o impacto negativo na capacidade reprodutiva inexorável com o avançar da idade feminina e ain-da incorporamos outros riscos de desfechos negati-vos maternos e perinatais, além de anomalias fetais associadas a idade materna avançada que são muito mais prevalentes do que a proporção atual estimada da Microcefalia possivelmente associada ao Zika vírus, a exemplo das cardiopatias, Síndrome de Down e outras cromossomopatias.

A parceria saudável preconizada hoje no exercício de nossa profissão prevê que as tomadas de deci-sões não podem ser arbitrárias e em sentido verti-cal. Temos o papel de nos atualizar e levar aos ca-sais esclarecimento concreto da realidade e não manchetes midiáticas. Somos médicos, temos uma enorme responsabilidade com a formação de con-ceitos diante da opinião pública. Até que a verda-de científica se configure, prefiro acreditar que os eventos atrelados ao Zika vírus precisam ser moni-torados, com linhas de pesquisa bem desenhadas e com atitudes preventivas cotidianas de combate ao seu vetor, vigilância epidemiológica e uso de re-pelentes pela população. Quanto a gestar, melhor individualizar o aconselhamento reprodutivo. Aos médicos cabe continuar pesquisando, esclarecen-do, identificando riscos e ofertando opções segu-ras. A escolha final continua sendo do casal.

[email protected].

Salvador, 05 de março de 2016

Publicações para consultas técnicas e leigas sobre assuntos correlatos de interesse frente ao Zika vírus, acesse www.sogiba.com.br.

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Reportagem

Superlotação, migração do interior e falta de estrutura: caos nas maternidades de Salvador e RMS

No intuito de promover a melhoria no cuidado da mulher durante a gravidez, a Associação de Obstetrícia e Ginecologia da Bahia (Sogi-

ba) traçou diagnóstico com o consentimento da Se-cretaria de Saúde do Estado da Bahia (Sesab), após visitas realizadas às 11 unidades de obstetrícia que atendem SUS, em Salvador e Lauro de Freitas, no pe-ríodo de abril a agosto de 2015. A comissão, criada pela Sogiba, foi composta por 11 médicos obstetras da rede SUS.

A falta de Recursos Humanos, nos plantões de obste-trícia, foi a maior das fragilidades encontradas. Todas as maternidades apresentaram equipes médicas de plantonistas incompletas. O impacto da carência de profissionais nas emergências obstétricas não resulta apenas no cansaço físico-mental e emocional dos profissionais pela sobrecarga de trabalho, mas com-promete a qualidade da assistência obstétrica.

Em várias unidades foi identificado bloqueio de leitos, caso da Maternidade Tsylla Balbino. Alguns equipa-mentos foram desvirtuados para área de depósito ou para neonatologia. É o caso também dos hospitais João Batista Caribé e Menandro de Faria (Lauro de Freitas).

O descumprimento da Política Vaga Sempre foi fla-grado na maioria dos serviços. Na Maternidade Pro-fessor José Maria de Magalhães Neto, apenas as pacientes de fichas classificadas como vermelhas (alto risco) eram atendidas pelo médico plantonista. Com isso ocorreu diminuição do quantitativo de par-tos assistidos: de 900/mês para cerca de 400 partos/mês. Na maternidade Albert Sabin, foi flagrada uma gestante esperando por mais de 24 horas. Na Mater-nidade Climério de Oliveira há deficiência de local para o primeiro atendimento médico. Pacientes inter-nadas em poltronas em trabalho de parto, mulheres recém paridas internadas e mantidas nas salas de parto ou mesmo em macas em corredores são ca-sos comuns.

Gestantes do interior do estado migram para Salva-dor em busca de assistência obstétrica mais efetiva. A pesquisa identificou que a peregrinação da mulher grávida neste período é um dos principais determi-nantes da morbimortalidade materna e perinatal. Diante do exposto e da superlotação testemunhada, evidencia-se a deficiência de leitos para Assistência ao Parto e Nascimento na Cidade de Salvador.

Algumas unidades dividem o atendimento com gi-necologia, gerando diminuição de leito para a pa-ciente obstétrica e promovendo uma má assistência ginecológica também. Os visitadores foram surpre-endidos com uma mulher com abscesso de glându-

la de Bartholin, que esperava por mais de 10 horas para ser atendida.

Histórico - Em abril de 2015, havia um desequilíbrio entre oferta e demanda de leitos obstétricos na ca-pital baiana. Não foi identificada melhora do cenário no restante do ano. No mês de outubro, houve corte em 32 leitos de obstetrícia da unidade da Sagrada Família com o fechamento da obstetrícia no Hospital Salvador.

Documento - Após as visitas, foi elaborado um docu-mento já entregue ao Secretário de Saúde, Dr. Fábio Vilas Boas, em janeiro de 2016. Ele afirmou que ave-riguaria todas as inconformidades relatadas. Foi pac-tuado que ocorreria uma reunião a cada 15 dias na Sesab, com a presença de representantes da SOGIBA.

As maternidades visitadas em Salvador foram: Ma-ternidade Tsylla Balbino (MTB), Maternidade Albert Sa-bin (MAS), Instituto de Perinatologia da Bahia (IPERBA), Hospital Geral Roberto Santos, Hospital Geral João Ba-tista Caribé (HGJBC), Hospital Sagrada Família - Bon-fim (HSF Bonfim), Hospital Sagrada Família – Salvador (HSF Salvador), Maternidade de Referência Professor José Maria de Magalhães Neto (MRPJMMN), Mater-nidade Climério de Oliveira (COM), Centro de Parto Natural Marieta de Souza Pereira (CPN). Em Lauro de Freitas, foi realizada visita ao Hospital Geral Menandro de Faria (HGMF).

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Prática intensiva com duraçãode 1 mês e dedicação de11 turnos semanais

Prática intensiva com duraçãode 3 meses e dedicação de2 turnos semanaisPR

ÁTIC

A IN

TENS

IVA

PÓS-

GRAD

UAÇÃ

O Programa de TreinamentoProfissional emUltrassonografia Geral(Nos moldes de Pós-Graduação)

Programa de TreinamentoProfissional em Ultrassonografiaem Ginecologia e Obstetrícia(Nos moldes de Pós-Graduação)

Programa de Aperfeiçoamentoem Ultrassonografia GeralCredenciado pelo ColégioBrasileiro de Radiologia eDiagnóstico por Imagem

çonografia Geralo pelo Colégio

de Radiologia eo por Imagemem

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O espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Je-rusalém, na verdade, teve sua origem nas encenações do Drama do Calvário, realiza-

das nas ruas da vila de Fazenda Nova, Pernambu-co, no período de 1951 a 1962, graças à iniciativa do patriarca da família Mendonça, o comercian-te e líder político local Epaminondas Mendonça. Depois de ter lido em uma revista de variedades como os habitantes da cidade de Oberammergau, na Baviera alemã, encenavam a Paixão de Cristo, Mendonça teve a idéia de realizar um evento se-melhante durante a Semana Santa a fim de atrair turistas e, assim, movimentar o comércio do lugar. Os primeiros espetáculos da pequena vila conta-vam com a participação apenas de familiares e amigos dos Mendonça. Com o passar dos anos, as encenações começaram a atrair atores e técnicos de teatro do Recife e a Paixão começou a ganhar fama e notoriedade em todo o estado. Fazenda Nova, vila do município do Brejo da Madre de Deus, onde aconteceram essas primeiras encenações, fica bem próxima ao local onde hoje se situa a ci-dade teatro de Nova Jerusalém.

A idéia de construir um teatro que fosse como que uma pequena réplica da cidade de Jerusalém para que nela ocorressem as encenações da Pai-xão foi de Plínio Pacheco que chegou a Fazenda Nova em 1956. Mas o plano só veio a se concretizar em 1968, quando foi realizado o primeiro espetá-culo na cidade teatro de Nova Jerusalém. Desde então, já são 45 anos de apresentações ininterrup-tas dentro das muralhas, atraindo espectadores de todo o Brasil e do mundo. O maior teatro ao ar li-vre do mundo é uma cidade teatro com 100 mil metros quadrados, o que equivale a um terço da área murada da Jerusalém original, onde Jesus vi-veu seus últimos dias. É cercada por uma muralha

Passeio ReligiosoPaixão de Cristo 2016

Dicas

de pedras de quatro metros de altura e com 70 torres de sete metros cada uma. No seu interior, nove palcos-platéias reproduzem cenários naturais, arruados e palácios além do Templo de Jerusalém, constituindo obras monumentais, concebidas por vários arquitetos e cenógrafos nordestinos e pelo gênio do seu fundador Plínio Pacheco.

A Sociedade Teatral de Fazenda Nova (STFN) ini-ciou as vendas dos ingressos da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém desde 1º de dezembro no site ofi-cial www.novajerusalem.com.br. O espetáculo será realizado de 19 a 26 de março.

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Aprenda receitas para encerrar as refeições do feriado mais doce do ano, sem precisar ata-car os ovos de chocolate das crianças

Os almoços em família da Semana Santa são sem-pre fartos. Bacalhau, cordeiro e grandes travessas enfeitam as mesas. No fim da comilança, as crian-ças correm para desembrulhar os ovos de Páscoa. É comum o chocolate ser dividido por todos e virar a sobremesa da refeição. Mas isso não precisa ser regra: veja uma ideia bacana de doces que todo mundo gosta, e libere as guloseimas da molecada.

Rocambole rápido de chocolate

INGREDIENTES

•1 bolo simples (pode ser comprado pronto) sabor chocolate

Meio pote (litro) de sorvete sabor napolitano

1/2 xícara (chá) de chocolate meio amargo picado

1 caixinha de creme de leite

Papel alumínio para embrulhar

MODO DE PREPARO

Em uma superfície seca, corte o bolo no sentido do comprimento em 4 fatias. Reserve. Em uma super-fície seca, coloque as fatias de bolo reservadas e utilize um rolo para afiná-las na espessura e 1 cm. Reserve. Em uma superfície seca, coloque uma folha de papel alumínio e, sobre ela, coloque as fatias reservadas, uma ao lado da outra, formando um retângulo. Com uma espátula, passe o sorve-te, formando uma camada. Enrole o rocambole com o auxílio do papel alumínio e leve ao freezer por 1 hora. Reserve. Em uma panela média, derre-ta o chocolate em banho-maria e misture o creme de leite até obter um creme homogêneo. Reser-ve. Retire o rocambole do freezer, desembrulhe e

coloque-o em uma travessa. Cubra com o creme reservado e sirva em seguida.

Se preferir, acrescente 4 morangos picados ao re-cheio.

Dica: dê preferência à fôrma de bolo inglês para o preparo do rocambole.

Fonte: http://receitas.ig.com.br/rocambole-rapido--de-chocolate/4f74bf48d14d951b1200003f.html

Sobremesas para a Semana Santa

O chocolate tem efeitos benéficos para

o coração. Cientistas da Universidade de

Linkoping, na Suécia, descobriram que a

versão amarga (rica em cacau) inibe uma

enzima no organismo conhecida por elevar a

pressão arterial. O resultado positivo é atribuído

às catequinas e procianidinas, antioxidantes

encontrados na iguaria.

http://saude.terra.com.br/nutricao/chocolate-faz-bem-para-a-saude-confira-10-beneficios,a2f98c3d1

0f27310VgnCLD100000bbcceb0aRCRD.html

Saúde do coração

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ISO9001:2008

ZIKA, CHIKUNGUNYA E DENGUE:

DIAGNÓSTICO LABORATORIAL

Além da Dengue, que há vários anos assola o país, o Brasil convive agora com dois outros arbovírus: O Zika e o Chikungunya. Ambos têm como vetor o Aedes aegypti, amplamente disseminado em território nacional, o que torna inevitável a proliferação destes agentes.

Clinicamente, a doença causada pelo Zika vírus é mais branda, com menos sintomas sistêmicos, enquanto rash e conjuntivite são mais comuns. A febre chikungunya caracteriza-se por apresentar, além de artralgias importantes, possibilidade de manutenção destes sintomas articulares meses após o quadro inicial. Já a dengue, além de sua forma clássica – mialgia, febre, cefaleia –, pode evoluir com quadros mais graves, inclusive óbito, em especial nas reinfecções e extremos de idade.

Todos estes vírus podem desencadear sintomas neurológicos como síndrome de Guillain-Barré e encefalite. O Zika, em especial, foi recentemente identificado como agente causador de microcefalia, o que representa risco adicional às gestantes.

O diagnóstico laboratorial difere para cada agente:

Dengue Chikungunya Zika

Fase Aguda* Antígeno NS1 ou PCR* PCR PCR

Convalescença Anticorpos IgM/IgG Anticorpos IgM/IgG Anticorpos IgM/IgG

O Laboratório Sabin disponibiliza todas as metodologias disponíveis indicadas para o diagnóstico destas arboviroses.

Novidade: Um teste totalmente desenvolvido pelo Sabin e com metodologia de RT-PCR, é capaz de em uma única amostra distinguir os três vírus de modo confiável e específico.

Salvador: 71 3261-1314

*A pesquisa de antígeno NS1 ou PCR deve idealmente ser solicitada nos 3 primeiros dias,

quando a positividade é maior. A pesquisa de anticorpos também pode ser útil na fase

aguda para identificação de infecção prévia, em especial para dengue, em que a presen-

ça de anticorpos de sensibilização prévia pode indicar maior risco de complicações.

Dr. Alexandre Cunha CRM: 12881-DF

Médico Infectologista

Assessor do Laboratório Sabin

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Sogiba começa 2016 com grandes ações

O ano de 2016 já começou com muitas ações da diretoria da Sogiba. O Presidente da Associação, Dr. Carlos Lino, parabenizou

os médicos que fizeram parte da Comissão respon-sável por escrever um relatório sobre as maternida-des públicas. Durante cinco meses, os médicos fize-ram uma análise nos hospitais públicos de Salvador e Lauro de Freitas e depois produziram um relatório com os problemas e as sugestões de melhorias.

No dia 23 de janeiro, a Sogiba realizou um curso sobre a relação entre o Zika vírus e a microcefalia, doenças que têm apavorado à população, princi-palmente as gestantes. A conferência de abertura apresentou ações que foram e estão sendo feitas pelo Estado da Bahia com o objetivo de combater o mosquito Aedes aegypti.

No início de fevereiro, a Reitoria da Universidade Fe-deral da Bahia (Ufba) contou com o apoio da Sogi-ba para divulgar uma Sessão Pública sobre a situa-ção da assistência obstétrica e neonatal na Bahia. A Sessão, que aconteceu no Salão Nobre da Reito-ria, debateu as soluções imediatas sobre o assunto.

Ainda no primeiro semestre será realizada mais uma sessão. Sob coordenação do presidente Dr. Carlos Lino, a Sessão Científica vai acontecer no Centro Médico Aliança. A programação tem início no dia 7 de março com a palestra sobre Contracepção LARC da Dra. Milena Brito. Dia 4 de abril acontece o Calendário Vacinal Feminino com a Dra. Nilma Ne-ves; dia 2 de maio será realizada a palestra sobre Hemorragia do 3º trimestre com Dr. João Batista e sobre Medina Hemorragia Puerperal com Dr. David Neves Junior. Em 6 de junho, a sessão se encerra com a palestra sobre DST: Condutas com a gineco-logista Dra. Ana Travassos e a protologista Dra. Eda Vinhaes. Os interessados em se inscrever devem procurar a Associação no e-mail [email protected] ou pelo telefone 71 3351-5907.

Já para o segundo semestre, médicos e estudan-tes de medicina podem se programar para o XXI Congresso Baiano de Ginecologia e Obstetrícia, que será realizado de 13 a 15 de outubro, no Bahia Othon Palace Hotel. Em breve serão divulgadas mais informações sobre o evento.

Notícias da Sogiba

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Diversos

ABRIL - Dia 04

Calendário Vacinal FemininoDra. Nilma Antas Neves

MAIO - Dia 02Hemorragia do 3º trimestre

Dr. João Alberto Batista Medina

Hemorragia Puerperal

Dr. David da Costa Nunes Junior

JUNHO - Dia 06DST: Condutas

Ginecologista: Dra. Ana Gabriela Travassos

Proctologista: Dra. Eda Vinhaes

1º semestre de 2016 2º semestre de 2016

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13 a 15 de Outubro

XXI Congresso Baiano de Ginecologia e Obstetrícia

Bahia Othon Palace HotelInformações 71 21079682

Atividades Científicas da SOGIBA