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MENDES, Eduardo Meyer. Aplicabilidade da Extrafiscalidade, em Território Nacional, como Forma de Estimular Condutas Consumeristas Ambientalmente Corretas. ANIMA: Revista Eletrônica do Curso de Direito das Faculdades OPET. Curitiba PR - Brasil. Ano VII, nº 13, jan/jun 2015. ISSN 2175-7119. APLICABILIDADE DA EXTRAFISCALIDADE, EM TERRITÓRIO NACIONAL, COMO FORMA DE ESTIMULAR CONDUTAS CONSUMERISTAS AMBIENTALMENTE CORRETAS Eduardo Meyer Mendes 1 RESUMO A presente pesquisa versa sobre a tributação aplicada com fins ambientais. A partir disso, a questão sobre a qual se deseja refletir é: o sistema tributário pátrio pode auxiliar no controle do consumo ambientalmente incorreto? Para responder a pergunta, a pesquisa foi dividida em três itens. Em um primeiro momento se aborda a extrafiscalidade, delimitando seus contornos conceituais e características. Em um segundo instante se perquire a aplicação da extrafiscalidade no campo ambiental. E, por último, se analisa os casos de aplicação da extrafiscalidade com fins ambientais no território nacional, bem como se ventila possíveis situações em que se poderia utilizar de tal meio, inclusive com rápida incursão no direito comparado. A natureza da pesquisa é teórica, proveniente de consultas bibliográficas, em periódicos, na lei e em precedentes do Supremo Tribunal Federal. O método utilizado foi o compreensivo. A par do que foi investigado, é possível afirmar que a tributação com finalidade extrafiscal é um dos possíveis mecanismos que devem ser utilizados em território brasileiro para a minimização do impacto ambiental advindo do consumismo. Palavras-chave: Extrafiscalidade. Meio ambiente. Sistema Tributário. ABSTRACT This research is about the taxation for environmental purposes. From this, the question to reflect is: Brazilian tax system can aid in the control of environmentally incorrect consumption? To answer this question, the research was divided into three items. At first it approaches the extrafiscality, defining its conceptual contours and features. In a second moment, it is questioned the application of extrafiscality in the environmental field. And lastly, it is analyzed the cases of application of extrafiscality for environmental purposes within the Brazilian territory and how to fan possible situations that could use such means, including a quick foray into comparative law. The research's nature is theoretical, from bibliographic searches in periodicals, law and precedents the Supreme Federal Court. The method employed was the sympathetic. Aware of what was investigated, it is clear that taxation with extrafiscal purpose is one possible mechanism to be used in Brazil to minimize the environmental impact arising from consumerism. Keywords: Extrafiscality- environmentally- tax system. 1. INTRODUÇÃO 1 Mestre em Desenvolvimento: desenvolvimento e direitos humanos, pela UNIJUI, Professor de Direito Tributário, Processo Civil, Prática Jurídica e Coordenador do NPjur do curso de Direito da Uri- campus Santo Ângelo.

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Ambientalmente Corretas. ANIMA: Revista Eletrônica do Curso de Direito das Faculdades OPET. Curitiba PR - Brasil. Ano VII, nº 13,

jan/jun 2015. ISSN 2175-7119.

APLICABILIDADE DA EXTRAFISCALIDADE, EM TERRITÓRIO NACIONAL,

COMO FORMA DE ESTIMULAR CONDUTAS CONSUMERISTAS

AMBIENTALMENTE CORRETAS

Eduardo Meyer Mendes1

RESUMO

A presente pesquisa versa sobre a tributação aplicada com fins ambientais. A partir

disso, a questão sobre a qual se deseja refletir é: o sistema tributário pátrio pode auxiliar no

controle do consumo ambientalmente incorreto? Para responder a pergunta, a pesquisa foi

dividida em três itens. Em um primeiro momento se aborda a extrafiscalidade, delimitando seus

contornos conceituais e características. Em um segundo instante se perquire a aplicação da

extrafiscalidade no campo ambiental. E, por último, se analisa os casos de aplicação da

extrafiscalidade com fins ambientais no território nacional, bem como se ventila possíveis

situações em que se poderia utilizar de tal meio, inclusive com rápida incursão no direito

comparado. A natureza da pesquisa é teórica, proveniente de consultas bibliográficas, em

periódicos, na lei e em precedentes do Supremo Tribunal Federal. O método utilizado foi o

compreensivo. A par do que foi investigado, é possível afirmar que a tributação com finalidade

extrafiscal é um dos possíveis mecanismos que devem ser utilizados em território brasileiro

para a minimização do impacto ambiental advindo do consumismo.

Palavras-chave: Extrafiscalidade. Meio ambiente. Sistema Tributário.

ABSTRACT

This research is about the taxation for environmental purposes. From this, the question to reflect

is: Brazilian tax system can aid in the control of environmentally incorrect consumption? To

answer this question, the research was divided into three items. At first it approaches the

extrafiscality, defining its conceptual contours and features. In a second moment, it is

questioned the application of extrafiscality in the environmental field. And lastly, it is analyzed

the cases of application of extrafiscality for environmental purposes within the Brazilian

territory and how to fan possible situations that could use such means, including a quick foray

into comparative law. The research's nature is theoretical, from bibliographic searches in

periodicals, law and precedents the Supreme Federal Court. The method employed was the

sympathetic. Aware of what was investigated, it is clear that taxation with extrafiscal purpose

is one possible mechanism to be used in Brazil to minimize the environmental impact arising

from consumerism.

Keywords: Extrafiscality- environmentally- tax system.

1. INTRODUÇÃO

1 Mestre em Desenvolvimento: desenvolvimento e direitos humanos, pela UNIJUI, Professor de Direito Tributário, Processo Civil, Prática Jurídica e Coordenador do NPjur do curso de Direito da Uri- campus Santo Ângelo.

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jan/jun 2015. ISSN 2175-7119.

O tema analisado no presente estudo é a tributação como instrumento de proteção do

meio ambiente, para tanto investiga-se a legislação pátria em busca de exemplos de tributos

ambientais, especialmente a partir da ideia da extrafiscalidade, bem como de possíveis situações

de aplicabilidade da extrafiscalidade com esse mesmo objetivo. Entende-se que o tema

proposto é de grande importância e ganha relevo nos dias de hoje pelas constantes discussões

acerca da alta carga tributária, da efetividade dos direitos fundamentais de terceira geração ou

dimensão e o desenvolvimento sustentável, pontos esses que são cada vez mais frequentes no

cotidiano social.

O objetivo central da pesquisa é possibilitar a reflexão, discussão e aplicação de

normas desta natureza no direito brasileiro, até mesmo por que a legislação brasileira é escassa

no que se refere à matéria. Ademais, não é exagero ponderar que a proteção e equilíbrio do

meio ambiente é, simplesmente, o desafio do século, pois, trata-se de uma verdadeira questão

de sobrevivência.

2. EXTRAFISCALIDADE TRIBUTÁRIA

É certo afirmar que o sistema tributário de uma nação deve ser um dos instrumentos à

disposição do Estado para a consecução dos seus fins que, por sua vez, deve atender aos

interesses da coletividade, visando ao seu bem-estar.

No que diz respeito à relevância do sistema, e a seu potencial efeito intervencionista,

Ives Gandra da Silva Martins, já no ano 1998, afirmava que:

Por todo o exposto até o presente, deflui claramente a relevância do

direito tributário como instrumento hábil para permitir a reorientação

dos costumes e o combate efetivo àquelas atividades indesejáveis e

corrosivas da convivência social. Sendo de todos os ramos jurídicos

aquele que mais permite a participação direta do Estado na evolução

econômica natural, sua capacidade econômica reguladora é de

intensidade aferível na medida em que crie ou desestimule à exploração

das referidas atividades no aspecto mais sensível aos que a estimulam,

ou seja, no seu benefício pecuniário. (1993, p. 396-397).

Dentro deste quadro, o tributo pode encarnar outra finalidade que não simplesmente a

de arrecadar fundos para o erário público, justamente quando esse passa a ter o objetivo

preponderante de regulação de condutas e atividades ligadas principalmente ao campo social e

econômico, conhecida, portanto, pelo fim extrafiscal ou regulatório.

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Na busca dos contornos conceituais do termo extrafiscalidade, convenientes são as

palavras de Marciano Buffon, o qual afirma “(...) ao invés de apenas arrecadar tributos e

aplicar os recursos respectivos, o Estado estimula ou desestimular comportamentos, visando a

atingir os mesmos fins que tradicionalmente buscava atingir tributando. Esse fenômeno é

denominado de extrafiscalidade” (2009, p. 218).

Para Ribas (2005, p. 688), o Poder público tem em suas mãos, além de outros meios,

a tributação como meio regulador, justamente com o fim de alcançar os objetivos esperados do

próprio Estado.

A extrafiscalidade, segundo José Marcos Domingues de Oliveira (1999, p. 37-38), se

consubstancia em fins outros que não o da captação de riquezas destinadas aos cofres públicos,

sendo um instrumento indispensável no exercício do poder estatal. O mesmo autor, ao tratar

dos fundamentos dos tributos com fins regulatórios, dispõe que:

E há também sólidos fundamentos democráticos para tanto, pois, se

a Economia é a “ciência da escassez”, onde os agentes devem ter

liberdade de optar pela conduta que a seu ver melhor otimize os

recursos escassos na satisfação de suas necessidades infinitas, então,

através da extrafiscalidade, o Estado lhes enseja a escolha de continuar

ou encerrar ou adaptar suas atividades, pagando mais ou menos

impostos (1999, p. 39-40).

Como exemplo da função extrafiscal, vige no Brasil o Decreto-Lei 7.567/2011 que

aumentou o imposto sobre produtos industrializados (IPI) incidente na produção de alguns

veículos fabricados com componentes e matéria-prima estrangeira, visando, em suma, à

proteção da indústria nacional.

Assim, a finalidade extrafiscal se evidencia em determinado tributo quando neste são

alteradas as alíquotas, a base de cálculo ou, por meio de concessão de isenções ou incentivos

fiscais, tais como deduções, compensações, dentre outros, objetiva-se determinada conduta de

fazer ou não fazer algo almejado pelo ente tributante. Entretanto, vale a lembrança, que a

tributação deve ser feita sempre em simetria com objetivos lícitos que realmente atendam ao

bem social.

Sobre a temática, Fernando Lemme Weiss dispõe que:

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Ao contrário da fiscalidade comum, que almeja tributar para custear

os benefícios com os valores arrecadados, o manuseio extrafiscal dos

tributos tem a finalidade de induzir ou desestimular condutas privadas,

para que se voltem aos objetivos legal ou constitucionalmente previstos.

Frequentemente a tributação pautada em critério extrafiscal constitui

um atalho, meio mais direto de atingir a finalidade constitucional do

que cobrar e em seguida gastar (2003, p. 60).

Interessante trazer à tona as palavras de Carlos E. Peralta Montenegro (2008, p. 132)

que afirma que os tributos com finalidade extrafiscal têm objetivo ordenatório com o fim de

induzir condutas por parte dos contribuintes, ansiadas pela sociedade. Ao contrário do que

ocorre com as exações de ordem fiscal, para a tributação extrafiscal, a menor arrecadação pode

ser encarada como um sinônimo de eficiência no desiderato perseguido pela extrafiscalidade.

Nesse sentido, se valendo da ideia antes apresentada, nas situações de emprego da

extrafiscalidade para fins ambientais, pode-se dizer que quanto menor a arrecadação daquele

tributo com o fim indicado, tanto maior o êxito da meta perseguida, haja vista que será menor

a atividade poluidora e nociva ao equilíbrio ambiental.

No que concerne à extrafiscalidade aplicada em defesa do meio ambiente, Fernando

Magalhães Modé (2006, p. 72-73) refere que tal ocorre quando os tributos ambientais têm por

objetivo privilegiar atitudes que, do ponto de vista do Estado, sejam ecologicamente

pretendidos ou que, no mínimo, tenham um reduzido impacto sobre a natureza.

Ainda, tendo em vista que o instituto em análise não é aplicado tão somente no

território nacional, valer-se-á da doutrina estrangeira, in verbis:

(...) una categoría de tributos que se distinguen por su naturaleza no

fiscal; son figuras que no buscan allegar recursos monetários a las

Administraciones Públicas de manera genérica para hacer frente alos

gastos públicos (como los de más tributos) y si otras finalidades o

financeiras: hacer frente a los costes sociales derivados de determinados

consumos, defender el medio ambiente, desalentar actividades

concretas que se consideran lesivas para elinterés público (...).

(ORTEGA, Rafael Calvo, 2007, p. 143, citado por Leandro Paulsen,

2009, p. 15-16).

A extrafiscalidade tributária não está inserida de forma literal na Carta Magna, porém,

vários dispositivos constitucionais lhe dão vida, como o artigo 225, o inciso VI do artigo 170,

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bem como os artigos 151, I; 153 § 4º; 156, § 2º, I; 182 §4º. Ademais, o fundamento legal para

a utilização de tributos regulatórios sócio-ambientais, encontra-se justamente na Constituição.

Paulsen (2009, p. 16) lembra que a mesma situação ocorre na Espanha, lugar em que,

mesmo que não haja previsão constitucional expressa, também se aplica o instituo em questão,

como inclusive já decidiu o Tribunal Constitucional daquele país. Os autores espanhóis, Pedro

Manuel Herrera Molina e Domingo Carbajo Vasco, se referem aos tributos com finalidade

extrafiscal ao afirmar que:

Pues bien, aquellos impuestos extrafiscales dirigidos a desincentivar

conductas indeseables responden precisamente a la citada idea de

equivalência o causalidade. (...). Por ello – desde el punto de vista

jurídico - las tasas constituyen el cauce natural para o desarrollo de

ciertos tributos extrafiscales (2005, p. 170).

A extrafiscalidade não é algo novo no mundo jurídico, tanto em território nacional

quanto em território internacional, haja vista que tal medida há muito já era utilizada, em

especial, nos impostos de importação, mesmo que os seus delineamentos conceituais fossem

diferentes.

Ademais, a extrafiscalidade, como ensina Carraza, decorre do próprio Estado

Democrático de Direito. Seguindo a linha de pensamento, o mesmo autor afirma que:

[....] ao utilizar o mecanismo da extrarfiscalidade para estimular

comportamentos (comissivos ou omissivos) dos contribuintes, o Estado

quase sempre obtem vantagens maiores do que se previamente

arrecadasse os tributos para, depois, aplicá-los aos gastos públicos.

Realmente, com a supressão das instâncias burocráticas encarregadas

de controlar a destinação do dinheiro obtido mediante o exercício da

tributação, a despesa pública tende a diminuir, sem prejuízo do

atendimento das exigências de estabilidade e progressos sociais (2004,

p. 642).

Há autores que preferem a utilização de outra terminologia, em vez de extrafiscalidade,

como é o caso de Schoueri (2011, p. 32-33), que se vale do termo função indutora, mas que,

todavia, tem a mesma conotação da palavra anterior, haja vista que também nessa concepção o

tributo não visa primordialmente à arrecadação, como ocorre na função fiscal, mas à regulação

de condutas.

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A tributação extrafiscal, por óbvio, também deve estar em sintonia com a Carta Magna,

pois se o seu elemento justificador é a busca do bem comum, por meio dos direitos

fundamentais, seria totalmente contraditório que a sua aplicabilidade destoasse dos limites

constitucionais.

Ainda, Maria Ángeles Guervós Maíllo lembra que os tributos extrafiscais devem estar

em simetria com os seus propósitos para justificar tal medida:

(...) para merecer tal calificativo debe ‘asumirensus elementos

estructurales tales objetivos extrafiscales’, siendo que es preciso que

‘el tributo entero, y no solo el elemento objetivo Del hecho imponible

em su aspecto material, este estrutura do coerentemente atendiendo al

objetivo extrafiscal’ (p. 103, 2000 citado por PAULSEN, p. 16-17,

2009).

Cabe destacar que a extrafiscalidade não é exatamente um regime especial, pois,

segundo Ribas (2005, p. 690), trata-se de um emprego de uma equação jurídico-tributária,

dentro dos próprios tributos, impulsionada pela busca de interesses políticos, sociais e

econômicos, por meio de estímulos e desestímulos de condutas desejáveis. Dispõe a autora

antes citada “Não é o tributo que é extrafiscal; concretiza-se a extrafiscalidade com uma série

de medidas que influenciam o comportamento humano, visando a determinados fins” (2005, p.

691).

Assim sendo, o que se deseja deixar claro é que a extrafiscalidade pode se revestir em

um objetivo de determinado(s) tributos pré-existentes, sendo que o que lhe caracteriza é sua

finalidade indutora de atividades compatíveis com a materialização dos direitos fundamentais.

A função regulatória de um tributo não é privilégio exclusivo de uma de suas espécies,

ou seja, pode ser utilizada em todas elas. É importante reconhecer, todavia que nas

contribuições de melhoria e nos empréstimos compulsórios seja mais difícil a sua aplicação,

em especial no último caso, em razão das raras exceções existentes ao longo da história

tributária brasileira.

Igualmente, é verdade reconhecer que os impostos são o campo mais fértil para a

prática extrafiscal, sendo que, embora não haja um rol taxativo dos impostos passíveis da

finalidade regulatória, pode-se destacar que o imposto de importação, de exportação, de

produtos industrializados e sobre as operações financeiras têm nítido contorno extrafiscal.

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Os impostos com vocação extrafiscal, em sua grande maioria, são exceção aos

princípios constitucionais tributários, em especial o da legalidade2 e o da anterioridade3,

justamente em razão do fato de serem regulatórios, pois é necessária a adoção de medidas de

urgência em seus campos de atuação, como ocorre, por exemplo, com a elevação da alíquota

do imposto de importação, dos produtos de origem estrangeira. Essa adoção tem por objetivo

aumentar o seu valor no mercado interno e, consequentemente, retirar a sua atratividade

econômica, com vista à proteção da indústria brasileira.

Sobre o tema ventilado, Hugo de Brito Machado (2010, p. 49) adverte que a supressão

das garantias do contribuinte, por meio da mitigação dos princípios constitucionais tributários,

não pode ocorrer de forma imotivada, ou seja, mesmo nos casos autorizados pela Constituição,

a respectiva restrição deve ter uma finalidade expressa que justifique a medida e que esteja em

simetria com os próprios ditames constitucionais. O mesmo autor, entretanto, enfatiza que “O

Supremo Tribunal Federal, todavia, já admitiu que a motivação de um Decreto que aumenta

alíquotas de imposto extrafiscal não esteja expressa nele próprio, bastando que conste do

processo administrativo interno que ensejou sua edição” (2010, p. 49-50).

Ainda, ponto que desafia reflexão, é se todos os impostos poderiam ser munidos de

caráter extrafiscal. Acredita-se que sim, que todos eles em menor ou maior grau, podem se

revestir do manto regulatório. Em relação, por exemplo, ao IPTU e ao ITR, a própria

Constituição traz tal legitimidade, quando autoriza que as alíquotas do primeiro deles sejam

progressivas no tempo para os imóveis urbanos que não estejam cumprindo com a sua função

social4. E no caso do ITR, a Lei Maior determina que esse imposto terá alíquotas diferenciadas

de forma a desestimular as propriedades improdutivas por meio de sua majoração.5

A corroborar a afirmação supracitada, Cleucio Santos Nunes (2005, p. 93-95) entende

que a interpretação que se deve dar às normas constitucionais e à legislação nacional como um

todo, aqui obviamente se incluindo o sistema tributário, deve ser sistemática, tendo em mente

2 O princípio segundo o qual é vedada a exigência ou majoração de tributo sem lei que o estabeleça. Art. 150, I, da Constituição Federal de 1988. 3 O princípio da anterioridade tem duas facetas, o da anterioridade anual, que é a vedação à cobrança de tributos no mesmo exercício da lei que os houver instituído ou aumentado, e o da anterioridade nonagesimal, que proíbe a efetiva cobrança de tributo antes de decorrido noventa dias da Lei que os criou e aumentou. Art. 150, III “b” e “c”, respectivamente. 4 CF. Art. 182 (...) § 4º É facultado ao Poder Público municipal, mediante lei específica para área incluída no plano diretor, exigir, nos termos da lei federal, do proprietário do solo urbano não edificado, subutilizado ou não utilizado, que promova seu adequado aproveitamento, sob pena, sucessivamente, de: (...) II- imposto sobre a propriedade predial e territorial urbana progressivo no tempo 5 CF. Art. 153, I, § 4º.

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a finalidade do Poder Público de tributar. Ora, se a ideia do sistema tributário é a proteção dos

direitos fundamentais, por que não usar de todos os seus instrumentos para atingir a sua

finalidade? Assim, não há razão plausível para se tolher a possibilidade da utilização de um

tributo com fim extrafiscal quando em consonância com o ordenamento jurídico.

Aliás, Nabais (2005, p. 422-423) argumenta que mesmo os tributos sob o invólucro da

fiscalidade também têm uma dose de extrafiscalidade, uma vez que, nesses casos, ainda que em

menor grau, vai haver reflexos no campo social e econômico, o que o autor denomina de

extrafiscalidade em sentido impróprio.

Outrossim, uma das possibilidades de utilização da extrafiscalidade é por meio da

concessão de isenções e benefícios fiscais. Nesses casos, como assevera Buffon (2009, p. 221-

224), a razoabilidade e a proporcionalidade devem estar presentes, e o fim almejado deve ser a

concretização dos direitos fundamentais, até mesmo para se evitar distorções nocivas ao bem

estar comum, como, por exemplo, o incentivo à concorrência desleal de empresas atuantes em

ramos de atividades idênticas ou similares. Seguindo a mesma tese, Ribas acredita que:

A concessão de benefícios fiscais como instrumento de políticas

econômico-sociais, ou seja, com fins extrafiscais, é legitimada

constitucionalmente, mas não pode se dar de forma abusiva e servir ao

favorecimento de interesses econômicos ou ideológicos de grupos de

pressão que exerçam influência ou pertençam às classes dirigentes, sob

pena de comprometerem a justiça social (2005, p. 691).

Muito embora o direito constitucional tributário tenha uma vocação para a tributação

arrecadatória, é possível afirmar que cada vez mais os tributos pátrios vêm ganhando contornos

e funções extrafiscais, em vários ramos e setores, inclusive no campo ambiental, onde a

finalidade citada serve como instrumento de regulação de condutas equilibradas com a natureza.

Pelo até aqui delineado, é possível perceber a ligação existente entre a finalidade

extrafiscal de um tributo com a busca da proteção ambiental, em especial na sociedade de

consumo. Sobre o tema, afirmam Lobato e Almeida:

[...] o emprego dos tributos com fins extrafiscais ou regulatórios

constitui um importante instrumento para a proteção e preservação do

meio ambiente. Pode-se dizer que a presença de normas viabilizadoras

de um equilíbrio ecológico encontra nas normas constitucionais de

natureza extrafiscal a possibilidade de consolidarem o desenvolvimento

sustentável (2005, p. 632).

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Pelo exposto, é possível traçar o seguinte raciocínio: o fundamento do Poder de tributar

é o atendimento do bem comum, principalmente pela concretização dos direitos fundamentais

previstos na Constituição Federal; o direito a um meio ambiente equilibrado está expressamente

previsto na Constituição; a extrafiscalidade tributária é um instrumento de modulação de

condutas comissivas e omissivas. Assim, por meio da Extrafiscalidade, é possível buscarem-se

atitudes ambientalmente corretas, o que, ao mesmo tempo, legitima a atividade tributária e

alcança um dos direitos mais caros.

3. BREVE REFLEXÃO SOBRE A EXTRAFISCALIDADE AMBIENTAL

A par do disposto no item anterior e levando em consideração que a sociedade de

consumo na qual vivemos traz sérios riscos à qualidade de vida humana, a reflexão necessária

é: como exatamente utilizar a ferramenta regulatória para diminuir a devastação ambiental

ocasionada pela cultura do consumo? É o que se buscará responder, ao menos, refletir sobre

possíveis soluções.

A atual sociedade está imersa na cultura do consumo, com práticas de aquisição

totalmente exageradas e nocivas ao meio ambiente, com reflexos degradantes que, por sua vez,

somado a outros fatores, põe em risco o equilíbrio da natureza e, portanto, da própria vida no

planeta.

É prudente que se busquem alternativas nos vários ramos da ciência para a

minimização de tal choque, dentre os quais na seara tributária que, pela sua complexidade e

consequências nos campos social e econômico, é um instrumento hábil a tal finalidade, em

especial a partir da ideia da extrafiscalidade com o fim de modulação de condutas

ambientalmente corretas.

Sobre a questão, deve se ponderar, que a tributação é uma inegável forma de

intervenção do Estado nos campos citados no parágrafo anterior, sendo que é pertinente a

utilização do mecanismo tributário como forma de administração da biodiversidade. Nesse

contexto, Modé afirma:

A intervenção do Estado no domínio econômico é necessária uma

vez que o ideal proposto pelo liberalismo econômico não se mostrou

possível. A intervenção do Estado, tão necessária para o

desenvolvimento econômico, também se mostra indelegável no

gerenciamento de recursos naturais, garantindo equidade entre os

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interesses individuais e coletivos, assim como das presentes e futuras

gerações (2006, p. 122).

Sobre o crescente número de situações de tributos cuja finalidade seja a preservação

da natureza, imperioso é este registro de Lobato e Almeida:

Estatísticas da OCDE apontam que em 1989 existiam cerca de 81

imposições tributárias incidindo direta ou indiretamente na proteção do

meio ambiente. Esse número, em meados de dos anos 90, no Canadá,

na Dinamarca, Finlândia e Noruega, países que decididamente

investiram no emprego de tais instrumentos, representavam 95 tributos

ambientais. Nesse período, agregando-se as exações já existentes na

Áustria, Holando, no Reino Unido, na Suécia, Suíça e no Japão, chega-

se a 176 espécies tributárias ambientais (2005, p. 633).

Importante lembrar que o Brasil tem uma escorchante carga tributária, sendo que com

raríssimas exceções, ano após ano, bate recordes de arrecadação. Ora, se o país arrecada tanto,

e se o fundamento do poder de tributar é o bem estar da sociedade, por que os direitos

fundamentais em especial os de terceira geração, financiados por meio dos tributos,

permanecem sendo constante e gritantemente violados pelo Poder Público?

A resposta à questão é sem dúvida extremamente complexa, em especial no que diz

respeito à temática ambiental, todavia, algumas considerações podem ser elencadas, pois

infelizmente a máquina pública é lenta e demasiadamente burocrática, bem como considerável

parcela do dinheiro público é indevidamente surrupiada por corruptos irresponsáveis. Assim,

pode-se afirmar que a arrecadação tributária por si não basta para atender aos fins

constitucionais, em especial a proteção ambiental.

Nessa linha de raciocínio, acredita-se que a criação de novos tributos, em solo

brasileiro, não deve ser o foco no auxílio da resolução do problema, pelo contrário, serviriam

tão somente para deixar ainda mais extenso e complexo o sistema tributário.

Assim, a extrafiscalidade como mecanismo de proteção ambiental na sociedade de

consumo ganha fôlego. Portanto, passar-se a ao estudo da sua utilização no território nacional,

visando a análise e debate sobre o tema e, especialmente, uma via para a problemática apontada.

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4.POSSÍVEIS SITUAÇÕES DE APLICABILIDADE DA EXTRAFISCALIDADE, EM

TERRITÓRIO NACIONAL, COMO FORMA DE ESTIMULAR CONDUTAS

CONSUMERISTAS AMBIENTALMENTE CORRETAS

Como visto, a tributação é um poderoso instrumento nas mãos do Poder Público para

o alcance de suas finalidades, dentre as quais a busca pelo direito/dever ao meio ambiente

equilibrado, que, como se sabe, trata-se de um direito fundamental, classificado pela doutrina

como de terceira geração.

Assim, levando em consideração que o que justifica a cobrança de tributos por parte

de um governo é a busca da concretização do bem comum e que, sem dúvida, a proteção do

meio ambiente traz incalculáveis benefícios à sociedade, nada mais correto que a utilização

desse ramo do direito com o intuito da minimização dos impactos causados pelo consumismo.

A extrafiscalidade, quando aplicada no campo ambiental, mostra uma verdadeira

intervenção do Estado, com vista à satisfação dos interesses da coletividade e do bem estar da

mesma. É incontestável, pois que um meio ambiente equilibrado é uma condição mínima para

tais desideratos.

Acerca do debate, Oliveira já escreveu que:

Sem dúvida, entre os meios de prevenção e combate à poluição, o

tributo surge como instrumento eficiente tanto para proporcionar ao

Estado recursos para agir (tributação fiscal), como fundamentalmente

para estimular condutas não-poluidoras (tributação extrafiscal) (....)

assim, o Estado reconhece o esforço do cidadão em cumprir a lei, e não

apenas castiga o recalcitrante: tributa-se menos – a título de prêmio –

quem não polui (...) (1999, p. 38-39).

Assim sendo, não apenas louvável, mas obrigatória a utilização dos tributos imbuídos

na extrafiscalidade como instrumentos de auxílio na consecução da proteção ao meio ambiente.

Oliveira destaca que “Na tributação ambiental a preocupação com o incremento da

arrecadação cede lugar à ideia de uma recomendação qualitativa da carga tributária (...)”

(1999, p. 69).

O meio ambiente é um terreno extremamente fértil para a aplicação da tributação

extrafiscal. Corroborando os argumentos já explanados, Nunes (2005, p. 146) também defende

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que é totalmente pertinente a utilização da extrafiscalidade dos tributos já existentes na busca

das finalidades de preservação e proteção ambiental.

Schoueri (2011, p. 346-347) apresenta exemplos de alguns casos práticos da aplicação

da extrafiscalidade no Brasil em prol do meio ambiente (ou como prefere o autor: normas

indutoras), como a Lei nº 5.106/66 e o Decreto nº 79.046/76, que trazem incentivos à

conservação do solo, de águas, do florestamento e do reflorestamento. O mesmo autor antes

referido lembra que “A ideia do tributo como instrumento de controle ambiental remonta ao

economista Pigou, que defendia a internacionalização dos custos ambientais mediante uma

tributação razoável” (2011, p. 346).

Abaixo seguem algumas possibilidades de aplicação da extrafiscalidade no direito

brasileiro, objetivando o incentivo de um consumo ambientalmente menos nocivo.

A aplicação do IPI com menor incidência, ou alíquota zero, sobre os produtos

fabricados de forma ecologicamente correta, como, por exemplo, caminhões com catalisadores

mais eficientes, veículos elétricos ou movidos a gás e combustíveis alternativos e menos

poluentes, ou, para produtos que utilizem matérias-primas recicladas, podendo abranger

também o ICMS.

Sobre a redução de IPI para os veículos que utilizem outro combustível que não a

gasolina, vale a lembrança do Decreto Federal nº 755, de 19 de fevereiro de 1993, que previa

em seu texto a redução do imposto para os veículos movidos a álcool (etanol), em razão de esse

ser menos poluente que a gasolina. O citado decreto foi revogado pelo Decreto 2.092, de

dezembro de 1996. Oportuno ponderar que, de fato, hodiernamente o revogado decreto perderia

parte de sua finalidade, haja vista que grande parcela dos veículos atualmente fabricados são

biocombustível, porém, é válida a lembrança, até mesmo para se demonstrar tanto a pertinência

da tributação com vista à proteção ambiental, bem como, mesmo que de forma tímida, que a

preocupação com a temática não é tão recente.

Levando-se em consideração que ambos os impostos citados tratam de tributos

denominados indiretos, oportuna aqui a corroboração de Oliveira (2005, p. 108-109 e 115)

acerca dos argumentos defendidos no presente estudo quando afirma que se tem nos referidos

impostos, que incidam sobre a produção, um terreno fértil para a utilização do instrumento da

tributação ambiental, mediante a graduação e redução de alíquotas, bem como de isenções, em

razão da natureza da mercadoria transformada e/ou comercializada. Estimula-se, assim, não

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apenas a fabricação e a circulação de produtos ecologicamente corretos, mas também a compra

de tais produtos pelo consumidor final em razão do seu menor preço de mercado decorrente da

ausência ou diminuta tributação em relação aos demais produtos do gênero que não possuam

essas mesmas características.

No contexto apresentado, imagine-se o seguinte cenário: dois bonecos de brinquedo

com especificações semelhantes, sendo que o primeiro deles utiliza a matéria-prima habitual,

sem qualquer preocupação com o impacto ambiental advindo de sua produção, e o segundo,

produzido a partir de matérias-primas limpas, deveria ter uma tributação menor, a partir da ideia

da utilização do tributo com a finalidade extrafiscal. O segundo produto, pois poderia ter uma

alíquota de IPI consideravelmente menor que o primeiro, o que, dentro da lógica do mercado

que turbina a sociedade de consumo, faria com que o consumidor final provavelmente se

inclinasse pela aquisição deste segundo produto. Atingir-se-ia, assim, a finalidade de

minimização dos choques ambientais advindos de sua industrialização.

Ainda há de se ressaltar que o IPI seja talvez o imposto com a aplicação mais nítida no

que concerne à extrafiscalidade com fins de proteção ambiental, haja vista que, como lembra

Nunes (2005, p. 161-165), a produção de bens duráveis para o consumo é a que mais contamina

o meio ambiente. Não é demais lembrar como o faz Milaré (2011, p. 561) que o Brasil conta

com a Lei 6.938, do ano de 1981, que traz em seu corpo a previsão de incentivos à

implementação de equipamentos e tecnologias destinadas a redução da poluição. Sendo assim,

mais uma vez se verifica a total legitimidade legislativa e ética para a utilização da

extrafiscalidade voltada ao meio ambiente ecologicamente equilibrado.

Também no campo de incidência do ICMS, pode-se citar a possibilidade de concessão

de isenção ou redução de alíquotas dos produtos agrícolas plantados sem a utilização de

agrotóxicos. Ainda, como lembra Fiorillo (2005, p.115-117), ressalta-se a prática adotada por

alguns Estados da Federação no que diz respeito à repartição da receita do respectivo tributo

com os municípios6, criando critérios a fim de privilegiar, nos respectivos repasses, os

municípios que possuam unidades de conservação ambiental, mananciais de abastecimento,

coleta seletiva de lixo, saneamento ambiental, controle de queimadas, dentre outros. Além do

6 Art. 158. C.F. Pertencem aos municípios (...) IV- vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação. Parágrafo único. As parcelas de receita pertencentes aos Municípios, mencionadas no inciso IV, serão creditadas conforme os seguintes critérios. (....) II- até um quarto, de acordo com o que dispuser lei estadual, ou, no caso dos Territórios, lei federal.

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Estado do Paraná, os Estados do Rio Grande do Sul, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, São

Paulo, Amapá e Rondônia também preveem possibilidades semelhantes.

Sobre os exemplos de utilização do tributo em análise em território brasileiro,

conforme Nunes (2005, p. 172), podem-se citar algumas previsões legislativas do Estado do

Rio de Janeiro, como a Lei 2.055, de 25 de janeiro do ano de 1993, que prevê a redução da

alíquota normal em três pontos percentuais, para as operações cujos produtos busquem a defesa

da natureza, também a Lei 2.273, de 27 de junho de 1994 que, muito embora tenha tido os seus

efeitos suspensos pela ausência de convênios, prevê a possibilidade de concessão pelo Poder

Executivo de prazos especiais para o recolhimento do ICMS pelas agroindústrias e indústrias

que se valham de técnicas pioneiras em defesa do meio ambiente.

Outra forma em que se pode utilizar o ICMS para fins ambientais é na sua redução

para o biocombustível e, de outro lado, a elevação desse mesmo tributo para os combustíveis

mais nocivos ao meio ambiente a fim de que fosse atrativa ao consumidor final a escolha pelo

etanol, por exemplo, ao invés da gasolina, pois, como é cediço, atualmente ocorre justamente o

contrário.

Sobre o tema, Xico Graziano (2012) lembra que, conforme dados da Agência de

Proteção Ambiental norte-americana7, o etanol derivado da cana-de- açúcar pode reduzir em

até 91% o efeito estufa do planeta Terra, em comparação com a queima de gasolina.

E também pode-se utilizar tanto o ICMS como o próprio IPI, com menor ou nenhuma

incidência, sobre as madeiras com certificação ambiental, ou seja, que foram extraídas nos

modelos de sustentabilidade, seja enquanto matéria-prima, seja quando transformadas.

A extrafiscalidade tributária ambiental, também pode ser utilizada por meio do

imposto de renda, mesmo que, muito embora possa haver alguma espécie de crítica nesse

sentido, pois para alguns tal imposto é nitidamente fiscal, o que, entende-se, não deve prosperar.

Como já mencionado nas páginas anteriores, não existe uma lista taxativa de quais são os

impostos com finalidade extrafiscal, bem como todo o sistema tributário deve ser interpretado

a partir de seu objetivo maior, que é o bem estar da coletividade.

Seguindo o raciocínio supracitado e tendo em vista que o imposto de renda admite a

dedução de algumas despesas específicas para o ajuste do valor a ser pago pelo contribuinte,

7 EPA em inglês.

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pode-se utilizar da extrafiscalidade a fim de se permitir a dedutibilidade na base IRPJ das

despesas oriundas de tratamento de lixo industrial, e material tóxico, da aquisição de produtos

e máquinas para a diminuição do impacto ambiental, como filtros e catalisadores eficientes e

também da compra de produtos biodegradáveis. Nesse passo, se estará incentivando a correta

deliberação e destino dos referidos resíduos, bem como a aquisição de maquinário e tecnologias

que ajudem na filtragem da emissão de gases poluentes.

Cabe destacar que, no que se refere ao IR, o Brasil, por meio da lei 5.106 de 02 de

setembro de 1966, previa a possibilidade de concessão de incentivos fiscais no citado tributo,

em prol dos contribuintes que utilizassem valores no florestamento e reflorestamento de matas,

porém, tal lei foi parcialmente alterada pela sucessão de alguns decretos, dentre os quais o

Decreto- lei 1.376, de 12 de dezembro de 1974, e o Decreto 93. 607/86, tornando-o mais

burocrático e restrito, sendo que, dentre outros, condicionou a concessão de benefícios à

anterior aprovação de projeto de viabilidade e aspectos ambientais.

Em que pese tal benefício não ter sua viabilidade facilitada e de não ser do

conhecimento geral da população, inclusive dos empresários, não se pode negar a importância

de tal legislação, porém o melhor seria aperfeiçoa-lá, com a finalidade de lhe empresar maior

operacionalidade e abrangência, atingindo-se os verdadeiros objetivos da tutela tributária com

fins ambientais.

No ponto em debate, Nunes (2005, 186-187) lembra que países como os Estados

Unidos se utilizam da dedução do tributo em casos semelhantes aos acima elencados, bem como

impõem uma espécie de adicional ao imposto de renda para práticas nocivas ao meio ambiente8.

No mesmo país, também existe a possibilidade da dedução no imposto de renda nos casos de

doações de terrenos e matas para fins de proteção ecológica.

No campo da incidência de impostos sobre a propriedade, tem-se o imposto predial e

territorial urbano e o imposto territorial rural que permitem a progressividade com efeito

negativo, ou seja, a baixa de alíquotas para propriedades que se inclinem para a preservação

ecológica, seja na área urbana, seja na rural.

Acerca do ITR, pode-se pontuar a prática utilizada pelo legislador no artigo 10 da Lei

9.393/96 com os acréscimos da Lei 11.428/2006, que estabelece, em suma que, para a apuração

8 Muito embora os EUA definitivamente não sejam o melhor exemplo de proteção ao meio ambiente, no tópico em debate, a prática adotada naquele país é digna de nota.

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do imposto em questão, deve ser excluída do cálculo a área correspondente à floresta plantada,

bem como não se deve tributar as áreas de preservação permanente, de interesse ecológico,

cobertas por florestas nativas, primárias, ou secundárias em estágio médio ou avançado de

regeneração.

O tributo em estudo, de igual forma, pode ser utilizado para combater o uso irracional

da propriedade e para o controle de queimadas. Assim, deve ser agravado severamente o ITR

sobre as propriedades rurais objeto de práticas nocivas ao meio ambiente cujos proprietários

não observem condutas cautelosas no controle e erradicação dos incêndios. De outro lado, deve

se beneficiar, com incentivos fiscais, os proprietários das áreas rurais que adotem

comportamentos adequados e novas tecnologias no uso racional da terra e no controle de

queimadas.

No que se refere aos impostos pesquisados, não se pode olvidar que o próprio texto

constitucional determina que se persiga o cumprimento da função social da propriedade e o

bem-estar dos seus cidadãos. Certo é afirmar que determinado imóvel que sirva de moradia,

mas que, todavia, degrade o meio ambiente, certamente não estará cumprindo efetivamente a

sua função social e assim deverá se sujeitar a alíquotas mais pesadas.

Um claro exemplo de aplicação da extrafiscalidade do IPTU ocorre na cidade de Santa

Rosa, Estado do Rio Grande do Sul, onde, no respectivo Código Tributário Municipal, há

previsão de isenção total ou parcial, dependendo do caso, do imposto citado para os imóveis

localizados no perímetro urbano que estejam cobertos por mata nativa, florestada, reflorestada

ou em processo de regeneração, ainda que apenas em uma parcela do terreno.9 Na mesma linha,

a cidade do Rio de Janeiro concede isenção do imposto em tela para os terrenos e prédios de

reservas florestais, de interesse ecológico e de quaisquer áreas acima de 10.000 m² coberta por

florestas.

O IPVA cuja competência é dos Estados e do Distrito Federal, também se presta para

fins extrafiscais ambientais. Para citar um exemplo, pode-se utilizar dos ensinamentos de Nunes

(2005, p. 172) que lembra da existência da Lei 948, de 26 de dezembro do ano 1985, do Estado

9 Lei Complementar 34/2006 (CTM de Santa Rosa). Art. 106. Ficam isentos dos tributos municipais os contribuintes que atendam a uma das seguintes condições: § 1º Em se tratando de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana: (....) VI- proprietário de terreno, localizado no perímetro urbano, que esteja total ou parcialmente coberto por mata nativa, florestada, reflorestada ou em processo de regeneração, nas seguintes condições: (...).

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do Rio de Janeiro, que prevê a incidência da alíquota de 3% para os veículos movidos a gasolina

e de 2% para os veículos movidos a etanol.

Apenas para se traçar uma rápida comparação, o Estado do Rio Grande do Sul não

prevê a mesma possibilidade na legislação competente, qual seja o Decreto nº 32.144, de 30 de

dezembro de 1985 (Regulamento do IPVA). A questão acerca da pertinência sobre a legalidade

da diferenciação de alíquotas em razão da natureza do combustível foi enfrentada pelo Supremo

Tribunal Federal, conforme se analisará abaixo.

Sobre argumentos que envolvem o tema, o STF, em decisão monocrática10 do então

Ministro Nelson Jobim, confirmada em sede de agravo11, se manifestou pela legalidade do

diferencial de alíquotas em razão da natureza do combustível. Abaixo segue trecho da ementa

proferida:

Ficaram os Estados, portanto, legitimados a ditar as normas gerais

indispensáveis à instituição dos novos impostos, o que foi cumprido,

em relação ao IPVA, no exercício da competência concorrente prevista

no art. 24 e em seu § 3º, da Carta, com vigência até o advento da lei

complementar da União (§ 4º), ainda não editada. (...) Diversidade de

alíquotas em razão da natureza do combustível (álcool e gasolina) que

por contemplar coisas distintas, não ofende o princípio da isonomia,

nem configura tributo progressivo. (RE 414259, Relator(a): Min.

NELSON JOBIM, julgado em 04/03/2004, publicado em DJ 25/3/2004

PP-00107).

Assim, os argumentos defendidos pelo recorrente de que o diferencial de alíquotas de

IPVA em razão do tipo de combustível é ilegal ante a ausência de autorização constitucional

para a implementação da progressividade12 neste tributo não prosperam, haja vista que, mesmo

que se trabalhe com a tese de que efetivamente a Constituição Federal não a prevê de forma

expressa, trata-se na verdade de técnica de seletividade, como exposto acima na decisão

proferida por Nelson Jobim.

10 RE 414259, Relator: Min. Nelson Jobim , 2ª Turma, DJ 25/3/2004. 11 .Agravo Regimental no RE nº 414.259-7- MG: Relator Ministro Eros Grau. 2ª Turma. 24 de junho de 2008. 12 Trata-se de técnica de variação de alíquotas em razão da base de cálculo ou da função social, comumente utilizada no sistema tributário brasileiro no IR, IPTU e ITR.

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Sobre o assunto, Nieves (2012, p. 125-127) defende o argumento de que assim como

no ICMS e IPI, no IPVA é obrigatória a aplicação da seletividade com vistas a proteção

ambiental, em razão, dentre outros, da aplicação do já citado artigo 170 da Constituição Federal.

Cabe ressaltar que o IPVA, além de ter o seu valor reduzido em razão do combustível

utilizado, bem que poderia ser diferenciado em razão da matéria-prima usada para a sua

produção, em um verdadeiro pacote de impostos verdes. Sendo assim, um veículo que na sua

fabricação se valesse de insumos ambientalmente corretos em sua produção e até mesmo

comercialização, poderia, perfeitamente, além de ser beneficiado com uma tributação menor

em sua industrialização (IPI) e venda (ICMS), também o poderia no IPVA.

Urge destacar que, como lembra Cláudio Vieira França (2012, p. 35-37), o que ocorre

nos dias de hoje é justamente o contrário, pois, em muitos casos, as matérias-primas para

produtos “ecológicos” geralmente são mais refinadas e, portanto, dentro da lógica do mercado,

chegam com preço mais elevado para o consumidor final em relação aos produtos similares que

não são sustentáveis. Segundo o mesmo autor, a forma mais eficiente de induzir o consumo

racional é tocar a parte mais sensível do consumidor, que é o bolso.

Ainda em relação ao IPVA, pertinente a lembrança de Nieves (2012, p. 126) que traz

o exemplo da Lei Amazonense, mais precisamente no artigo 15 da Lei 3.135/2007, que instituiu

tratamento favorecido aos proprietários de veículos que optem pela adoção de mecanismos

tecnológicos que, comprovadamente, reduzam a emissão de gases poluentes, bem como àqueles

que tenham substituído o combustível tradicional por biodiesel ou gás, que, efetivamente,

reduzam a emissão desses mesmos gases em um percentual mínimo previsto em lei.

No ISS, também se pode utilizar da linha de raciocínio já adotada ao, por exemplo, se

desonerar serviços ecologicamente corretos, como os serviços ligados ao ecoturismo, e

educação ambiental, dentre outros, pois as formas de conscientização da população são

extremamente importantes. Quando bem aplicadas, servem ao controle preventivo que é mais

eficiente, haja vista que evita a ocorrência do dano.

Assim, uma vez mais, pode-se vislumbrar o entrelaçamento dos temas, pois se

beneficiando por meio do sistema tributário extrafiscal os produtos ecologicamente corretos, o

que certamente atingiria o bolso dos consumidores, se estará alcançando o objetivo maior, que

é a proteção do meio ambiente, pois a tendência é que, com a baixa da tributação e consequente

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redução do preço, o consumidor final opte por tal produto, diminuindo a respectiva colisão

ambiental.

Ponto passível de discussão é a possibilidade e a legitimidade da criação de um novo

imposto, de natureza ambiental. Primeiro, há que se asseverar que a Constituição Federal

distribui entre os entes públicos a competência para a instituição de impostos, sendo que o único

desses entes que pode criar um novo imposto, além daqueles já previstos no texto

constitucional, é a União, conforme dispõe o artigo 154, I.13 Entretanto, para que isso ocorra,

deverá respeitar três requisitos mínimos, quais sejam: a) deve ser criado por lei complementar;

b) não pode ser cumulativo;14 e c) deve ter base de cálculo diferente da prevista para os impostos

já vigentes. Assim, verifica-se a possibilidade jurídica da União, mediante a observância

cumulativa dos três requisitos supracitados, criar um imposto verde.

Ocorre que, como já dito acima, não parece prudente a criação de um novo tributo,

mesmo que com desiderato tão nobre, haja vista que já se tem no país uma carga tributária

pesada e complexa. Os impostos, como lembra França (2012, p. 33), são um tributo dito

desvinculado15, ou seja, no ordenamento jurídico pátrio não é possível a vinculação direta da

arrecadação das receitas advindas do pagamento dos impostos com os projetos ambientais.

Ainda, mesmo que fosse criado tal imposto, correr-se-ia um sério risco de haver um desvio de

finalidade, como mostra a história do país.

A impressão que é passada aos cidadãos é que não há dinheiro que baste à máquina

pública e que, mesmo que arrecade mais do que já vem arrecadando, e os números são

expressivos, não haveria um beneficiamento maior em favor da população.

Sobre o tema em debate, Nunes (2005, p. 145) entende que a criação de um imposto

verde seria demasiadamente caro, considerada a carga tributária vigente, bem como o fato de

que elevaria os gastos das empresas para sua apuração e recolhimento e também a repercussão

no mercado interno e externo, já que a praxe é o repasse do valor dos produtos na venda do

produto pelo contribuinte de direito aos contribuintes de fato, que são os consumidores finais.

13 CTN. 154. A União poderá instituir: I- mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição. 14 A não-cumulatividade visa a impedir que as incidências sucessivas nas diversas operações da cadeia econômica de um produto impliquem um ônus tributário muito elevado, decorrente da múltipla tributação da mesma base econômica (PAULSEN, 2009, p. 313). 15 CTN. Art. 16. imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal específica relativa ao contribuinte.

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Ademais, interessante ressaltar a existência de outras legislações vigentes que tratam

do tema em estudo, como a já citada Lei 12.305/2010, que regulamenta a questão atinente aos

resíduos sólidos, a qual prevê uma série de linhas de créditos para gerenciamento e prevenção

de resíduos sólidos no processo produtivo que, por sua vez, foi complementada pelo Decreto

7.404/2010 que testifica a possibilidade de incentivos tributários por parte do Poder Público da

União, Estados, Distrito Federal e Municípios, para as empresas que adotarem políticas corretas

relacionadas aos referidos resíduos.

Assim sendo, atualmente é perfeitamente possível no Brasil que uma indústria ou

entidade que se dedique à reutilização, tratamento e reciclagem dos resíduos sólidos produzidos,

possa se beneficiar de incentivos tributários.

Nesse passo, é jurídica e socialmente legítima a menor ou inexistente incidência de

IPI, em âmbito federal, de ICMS em âmbito estadual e de ISS em âmbito municipal, apenas

para citar alguns exemplos, às indústrias que adotarem e se dedicarem às supracitadas práticas,

o que, certamente, serviria para incentivar que empresas fossem criadas com tal finalidade, e

que as já existentes passassem também a seguir o mesmo caminho. Afinal de conta, sabe-se que

um dos problemas advindos da sociedade de consumo é a produção de toneladas e mais

toneladas de resíduos sólidos.

Não se pode esquecer, como já advertido, que a extrafiscalidade não se restringe

apenas aos impostos, embora seja mais comum nessa espécie tributária. Nesse viés, é possível

se verificar situações no campo das taxas e das contribuições especiais, como se verá adiante.

No Brasil, foi criada a chamada Taxa de Fiscalização Ambiental – TFA, instituída pela

Lei 9.960, de 2000, de competência da União, que, entretanto, foi alvo de mais de uma

insurgência no plano judicial, sendo que o Supremo Tribunal Federal se manifestou sobre a

matéria em mais de um julgado.

No campo das contribuições especiais, pode-se destacar o CIDE- combustíveis, sendo

que uma de suas destinações financeiras se presta ao financiamento de projetos ambientais

relacionados com a indústria do petróleo e do gás, ou seja, parcela dos valores arrecadados com

o referido tributo serve para promover a defesa do meio ambiente.

As críticas que são feitas ao tributo ora analisado, como assevera Nieves (2012, p. 142-

144), no que se refere à questão ambiental, são as de que: primeiro, não é lícito tributar de igual

forma produtos com diferentes graduações de gases poluentes, ou seja, o diesel e a gasolina têm

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um maior potencial ofensivo do que o etanol, não sendo crível que ambos sejam tributados com

o mesmo rigor, como atualmente ocorre; segundo, o legislador não estipulou de forma

específica o percentual da receita que deve ser destinada ao financiamento dos projetos

ecológicos.

Outra possibilidade é utilizar as isenções tributárias para os fins ambientais. Poder-se-

ia desonerar, então, por completo alguns produtos ambientalmente corretos do pagamento de

impostos, desde a aquisição da matéria-prima utilizada até o consumidor final.

Oportuno mencionar que o Centro de Estudos em Sustentabilidade da Escola de

Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas apresentou no ano de

2008, pela internet, um catálogo, com a finalidade de disponibilizar informações acerca das

características técnicas, sustentabilidade de alguns produtos e serviços, inclusive com a criação

de uma lista de mais ou menos 1.000 itens tidos como sustentáveis pela referida instituição.

Por todo o explanado no tópico em análise, verifica-se ser possível a utilização da

tributação extrafiscal pelo Estado, regulando as condutas dos cidadãos, dentro da cultura do

consumo, a fim de se minimizar o seu negativo impacto ambiental, não apenas pelos exemplos

vigentes, mas também por meio de algumas sugestões de aplicabilidade, que nada mais são do

que um convite à reflexão e prática.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pelo exposto e pelas leituras realizadas acerca do tema, verifica-se que, o sistema

tributário é um importante mecanismo a serviço da proteção do meio ambiente, tendo em vista

que o tributo tem um poder de interferência direta nas condutas (ações e omissões) dos

cidadãos-contribuintes, especialmente a partir de sua faceta extrafiscal.

Percebe-se que a extrafiscalidade vem angariando cada vez mais o seu espaço na

ciência jurídica tributária, diante do reconhecimento de sua importância teórica e prática,

mormente em terrenos tão salutares como o meio ambiente. Há sem dúvida uma simbiose entre

o conceito e objetivos da extrafiscalidade e a questão ambiental.

Da análise da tributação ambiental no Direito brasileiro pode-se extrair alguns

importantes exemplos, como o previsto em alguns Estados da Federação que em suas

legislações sobre o IPVA, preveem percentuais de incidência menores para os veículos que

utilizam combustíveis com pequeno ou nenhum potencial poluidor. Ainda, a exclusão da base

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de cálculo do ITR das áreas de preservação e proteção ambiental, apenas para citar dois

exemplos vigentes em nosso ordenamento.

Ocorre que, a legislação brasileira ainda é muito escassa no que tange a matéria,

especialmente se levarmos em consideração a simbiose antes referida, bem como, a importância

da manutenção do equilíbrio e proteção ambiental. Assim sendo, na pesquisa em análise,

buscou-se a reflexão sobre algumas possíveis situações em que se poderia aplicar a

extrafiscalidade ambiental em nosso direito, como no caso de redução da incidência de impostos

sobre o consumo de produtos que diminuam ou eliminem o impacto ambiental, como painéis

solares, filtros de ar, e demais tecnologias já existentes, para serem empregados com fins

domésticos, comerciais e industriais. Nesta mesma linha, poder-se-ia utilizar da dedução do

imposto de renda da pessoa física e jurídica, que fizessem uso de tais tecnologias, como ocorre

em países como EUA, Canadá, Bélgica, dentre outros.

Por fim, pode-se visualizar que, muito embora ainda sejam tímidas as ações de

proteção ao meio ambiente por meio do instrumento tributário, elas existem, cabendo aos

cientistas jurídicos, conhecê-las, estudá-las, para que possam ser aplicadas efetivamente, a fim

de auxiliar no patrocínio e na busca de uma vida mais equilibrada e atenta aos verdadeiros

anseios da humanidade.

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