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ii APLICAÇÃO DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL PARA AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DURANTE A SÍNTESE DO DIAMANTE SINTÉTICO USANDO AS CAMADAS ALTERNADAS DO GRAFITE E METAL SOLVENTE ADRIANA MEIRELES MACEDO ABREU “Dissertação apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como parte das exigências para obtenção do título de mestre em Engenharia e Ciências dos Materiais”. Orientador: Dr. Guerold Bobrovnitvchii Co-Orientador: Dr. João José de Assis Rangel Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ DEZEMBRO – 2001

APLICAÇÃO DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL PARA …uenf.br/Uenf/Downloads/PosMateriais_4042_1221761597.pdf · Figura 12 - Esquema de montagem do sensor no DAP tipo toroidal.....37 Figura

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APLICAÇÃO DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL PARA AVALIAÇÃO DA TEMPERATURA DURANTE A SÍNTESE DO DIAMANTE

SINTÉTICO USANDO AS CAMADAS ALTERNADAS DO GRAFITE E METAL SOLVENTE

ADRIANA MEIRELES MACEDO ABREU

“Dissertação apresentada ao Centro de Ciência e Tecnologia

da Universidade Estadual do Norte Fluminense, como

parte das exigências para obtenção do título de mestre

em Engenharia e Ciências dos Materiais”.

Orientador: Dr. Guerold Bobrovnitvchii Co-Orientador: Dr. João José de Assis Rangel

Universidade Estadual do Norte Fluminense – UENF

CAMPOS DOS GOYTACAZES – RJ

DEZEMBRO – 2001

iii

DEDICATÓRIA

AO MEU MARIDO EDUARDO E MINHA FILHA AMANDA, PELO APOIO, COMPREENSÃO E AMOR.

AOS MEUS PAIS JULIO E ROSA MARIA, POR MINHA EXISTÊNCIA, PELO CARINHO, INCENTIVO E POR ELES SEMPRE ESTAREM COMIGO.

ÁS MINHAS AMIGAS E IRMÃS ROSANA E ANA ROSA, PELO APOIO E CARINHO CONCEDIDOS NESTA IMPORTANTE FASE DA MINHA VIDA.

iv

AGRADECIMENTOS

AGRADEÇO AO MEU ORIENTADOR PROF. GUEROLD PELO SEU APOIO E DEDICAÇÃO E

PRINCIPALMENTE POR COMPARTILHAR SEMPRE SUA SABEDORIA DE VIDA E DE PROFISSÃO.

AO PROF. JOÃO RANGEL AGRADEÇO POR TER INCENTIVADO MINHA PESQUISA E POR TER

COLABORADO SEMPRE QUE NECESSITEI. AOS MEUS COLEGAS E COMPANHEIROS ANA

LÚCIA, MÁRCIA, ENEIDA, WILLIAN, ALAN E MUITOS OUTROS QUE CONTRIBUÍRAM POR

FORMAR UM AMBIENTE DE ESTUDO SEMPRE AGRADÁVEL E ESTIMULANTE.

NÃO PODERIA DEIXAR DE AGRADECER OS LABORATÓRIOS LAMAV E LCMAT PELO

APOIO TÉCNICO E AO PROF. GERALDO ONDE ME RECEBEU MUITO BEM PARA MEU TRABALHO

DE MONITORIA NA MATEMÁTICA.

E PARA FINALIZAR GOSTARIA DE AGRADECER A TODA MINHA FAMÍLIA E A DEUS POR

TER ME DADO CONDIÇÕES DE PERCORRER TODO ESSE CAMINHO AMPARADA PELA FORÇA E

ENERGIA DESPRENDIDA POR TODOS.

v

ÍNDICE RESUMO........................................................................................................................................................ 11

CAPÍTULO 1 ................................................................................................................................................. 12

1 - INTRODUÇÃO .................................................................................................................................... 12

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ................................................................................................................ 15

2.1 – BREVE HISTÓRICO DA SÍNTESE DOS DIAMANTES............................................................... 15 2.2 – ALGUNS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SÍNTESE DOS DIAMANTES .............................. 16

2.2.1 – DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DE FASES DO CARBONO .................................................... 16 2.2.2 – TERMODINÂMICA DO PROCESSO....................................................................................... 19 2.2.3 – A INFLUÊNCIA DOS MATERIAIS CARBONÁCEOS SOBRE OS PARÂMETROS E

PRODUTOS DA SÍNTESE......................................................................................................................... 23 2.2.4 – O MECANISMO DE NUCLEAÇÃO E CRESCIMENTO.......................................................... 25

2.3 – PROCESSO DA SÍNTESE DOS DIAMANTES SOB ALTAS PRESSÕES ................................... 28 2.3.1 – OS MÉTODOS DA SÍNTESE ................................................................................................... 28

2.3.1.1 – MÉTODO DA DEPOSIÇÃO QUÍMICA A VAPOR........................................................................29 2.3.1.2 – MÉTODO DE SÍNTESE DO DIAMANTE SOB ALTA PRESSÃO ESTÁTICA............................29

2.4 – DESCRIÇÃO GERAL DO PROCESSO DE SÍNTESE DOS DIAMANTES.................................. 31 2.4.1 – ESQUEMA GERAL DA TECNOLOGIA PARA OBTENÇÃO DE DIAMANTES SINTÉTICOS

......................................................................................................................................................................... 31 2.4.2 – DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA DE ALTA PRESSÃO ................................................... 32 2.4.3 – A CÁPSULA DEFORMÁVEL COMO MEIO COMPRESSIVO................................................ 33 2.4.4 – MEDIÇÃO DA PRESSÃO E DA TEMPERATURA POR MEIOS EXPERIMENTAIS............. 35

2.4.4.1 - Medição da pressão ............................................................................................................................35 2.4.4.2 - Medição da temperatura .....................................................................................................................40

2.4.5 – PARTICULARIDADES DA SÍNTESE DOS DIAMANTES ....................................................... 43 2.4.6 – EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DIAMANTES OBTIDOS ...... 44

2.5. – A INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DA SÍNTESE NA QUALIDADE E QUANTIDADE DE DIAMANTES OBTIDOS................................................................................................................................ 46

2.5.1 – CONSTRUÇÕES DA CÉLULA REATIVA E SUAS INFLUÊNCIAS NOS PARÂMETROS DA SÍNTESE .............................................................................................................................................. 46 2.6 - DEFINIÇÃO DE SIMULAÇÃO ....................................................................................................... 48

2.6.1 – A IMPORTÂNCIA DA SIMULAÇÃO ....................................................................................... 48 2.6.1.1- MODELAMENTO E OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE SÍNTESE .............................................50

2.6.2 – AS VANTAGENS DA SIMULAÇÃO NA INDÚSTRIA E NA CIÊNCIA .................................... 56 2.6.3 – A IMPORTÂNCIA DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL NOS PROCESSOS DA SÍNTESE

DOS DIAMANTES ..................................................................................................................................... 58

3 – METODOLOGIA.................................................................................................................................... 60

3.1 – EQUIPAMENTOS E MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA O PRESENTE TRABALHO ........... 60 3.1.1 – MATERIAIS E REAGENTES .................................................................................................... 60 3.1.2 – SOFTWARES ............................................................................................................................ 61 3.1.3 – SERVIÇO DE TERCEIROS ...................................................................................................... 61

3.2 – CALIBRAÇÃO DOS TERMOPARES............................................................................................. 61 3.2.1 – INSTALAÇÃO DO TERMOPAR............................................................................................... 61 3.2.2 – CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO EM FUNÇÃO DA TENSÃO ELÉTRICA..... 62 3.2.3 – CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO EM FUNÇÃO DA CORRENTE ELÉTRICA63

3.3 – SÍNTESE DOS DIAMANTES ......................................................................................................... 63 3.3.1 – PREPARAÇÃO DA MISTURA REATIVA................................................................................. 63 3.3.2 – MONTAGEM DA MISTURA REATIVA NA CÁPSULA DEFORMÁVEL................................. 64 3.3.3 – INVESTIGAÇÃO DOS PARÂMETROS DA SÍNTESE.............................................................. 65 3.3.4 – EXECUÇÃO DA SÍNTESE COM MEDIÇÃO DA TEMPERATURA NO DAP ........................ 65 3.3.5 – ESTUDO DO PRODUTO OBTIDO ......................................................................................... 66

3.4 – DESENVOLVIMENTO DA BASE PARA A SIMULAÇÃO REALIZADA.................................. 67 3.4.1 – ESQUEMA GERAL .................................................................................................................. 67 3.4.2 – EQUAÇÕES TERMODINÂMICAS DA PARTIDA ................................................................... 68 3.4.3 – APLICAÇÃO DO MÉTODO DAS DIFERENÇAS FINITAS PARA SOLUÇÃO DAS

EQUAÇÕES. .............................................................................................................................................. 69 3.4.4 – CONSIDERAÇÕES DAS PARTICULARIDADES DO AQUECIMENTO REAL E

CONSTRUÇÃO DA CÉLULA DE REAÇÃO.............................................................................................. 70

vi

3.4.5 – ETAPAS DA PREPARAÇÃO DO PROGRAMA...............................................................................71 3.4.6 – SIMULAÇÃO COM MUDANÇAS NAS DIMENSÕES DOS ELEMENTOS DA CÉLULA

REATIVA.................................................................................................................................................... 80 3.4.7 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA SIMULAÇÃO...................................................... 80

CAPÍTULO 4 ................................................................................................................................................. 81

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES ........................................................................................................ 81 4.1 – AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SÍNTESE DOS DIAMANTES.......... 81

4.1.1 – RESULTADOS E AVALIAÇÃO DA CALIBRAÇÃO.......................................................................81 4.1.2 –AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA DA ÁREA DE CORTE ..................................................................82 4.1.3 – AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DA TEMPERATURA ATRAVÉS DO MEV ..........................84 4.1.4 – AVALIAÇÃO DA VARIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE SÍNTESE ATRAVÉS DA

GRANULOMETRIA .............................................................................................................................................85 4.1.5 – ESTUDO DA ESTABILIDADE TÉRMICA DO DAP........................................................................86 4.1.6 – EFEITO DA ELETRO EROSÃO NA BIGORNA...............................................................................87

4.2 – DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA DE SIMULAÇÃO...................................................... 88 4.2.1 – A SIMULAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NO DECORRER DO TEMPO EM

PARTE DO DAP – CÁPSULA DEFORMADA – CÉLULA REATIVA COM DIMENSÕES REAIS UTILIZADAS NA SÍNTESE.................................................................................................................................88

4.2.2 – ANALISE DA MUDANÇA DO DIÂMETRO DO CONDUTOR DE GRAFITE EM FUNÇÃO DO TEMPO DE AQUECIMENTO ..............................................................................................................................96 4.3 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS COM DAS SIMULAÇÕES............... 97

CAPÍTULO 5 ................................................................................................................................................. 98

5 - CONCLUSÕES .................................................................................................................................... 98

CAPÍTULO 6 ............................................................................................................................................... 101

6 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS.............................................................................. 101

CAPÍTULO 7 ............................................................................................................................................... 103

7– REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................................ 103

vii

ÍNDICE DAS FIGURAS

Figura 1 – Diagrama de fases do carbono proposto por Leipunskii em 1939 (adaptado de Bundy,

1995). ..............................................................................................................................................16

Figura 2 – Diagrama de fases do carbono proposto em 1969 (adaptado de Bundy, 1995). ...................17

Figura 3 - Diagrama de fases do carbono, construído de acordo com os dados acumulados até 1994.

(Bundy, 1995) .................................................................................................................................18

Figura 4 – Linhas de equilíbrio de fases entre grafite e diamante dos principais dados reportados na

literatura (adaptado de Kenedy e Kenedy, 1976)............................................................................22

Figura 5 – Linhas de equilíbrio para diferentes tipos de materiais carbonáceos (Vereschagin, 1975) .23

Figura 6 - Linhas de equilíbrio do diamante com os diferentes tipos de materiais carbonáceos. 1 -

grafite quase monocristalino; 2 - grafite policristalino (piorgrafite); 3 - grafite quase amorfo e

coque...............................................................................................................................................24

Figura 7 - Temperatura de fusão dos metais. 1- Eutética estável; 2- Peritética; 3- Eutética metaestável;

4-Temperaturas mínimas da síntese nos sistemas correspondentes. ...............................................27

Figura 8 - Diagrama de fases do carbono (Elwood, 1999).....................................................................28

Figura 9 – Esquema da instalação para síntese através do método de alta pressão estática.1- Estrutura

de força da prensa; 2- Corpo do cilindro; 3- Êmbolo; 4-Trave móvel; 5- Bomba; 6- DAP; 7-

Isolante; 8- Bloco; 9- Pistão; 10- Forno; 11- Amostra ou mistura reativa;12-Transformador do

aquecimento. ...................................................................................................................................29

Figura 10 - Esquema geral da tecnologia de obtenção de diamantes (Ramalho,1998) ..........................31

Figura 11 - Esquemas dos dispositivos de alta pressão. (a) do tipo BELT. (b) do tipo

MULTIPISTÕES. (c) do tipo BIGORNA com concavidade (Gschneidner, 1964)........................32

Figura 12 - Esquema de montagem do sensor no DAP tipo toroidal. ...................................................37

Figura 13 - Curvas de variação da resistência elétrica em função da pressão para alguns metais

(Decker, 1972). ...............................................................................................................................38

Figura 14 - Forma geral da curva de calibração....................................................................................40

Figura 15 - Arranjo da célula reativa para calibração da temperatura ...................................................41

Figura 16 – Curva de calibração POTÊNCIA X TEMPERATURA para câmara Toroidal (Kindlein,

1995). ..............................................................................................................................................42

Figura 17 – Curva de calibração POTÊNCIAX TEMPERATURA, em diferentes pressões para sistema

Belt (Kindlein, 1995). .....................................................................................................................43

Figura 18 – Esquema simplificado do processo de extração, caracterização e classificação do diamante

obtido. .............................................................................................................................................45

Figura 19 – Exemplos de células para obtenção de diamantes. (a) mistura homogênea dos pós de

metal-solvente e do grafite; (b) disposição das camadas alternadas dos pós do metal-solvente e do

grafite; (c) disposição das camadas alternadas dos pós do metal-solvente e de duas camadas dos

viii

grafites diferentes; (d) disposição alternada dos discos do grafite feitos por usinagem (corte) e de

pó do metal-solvente. ......................................................................................................................46

Figura 20 – Distribuição do campo de temperaturas para o aquecimento na célula reativa: .................47

Figura 21 - Perfil de temperatura (grafite1; 1,8V; 1096A; 1973W).......................................................53

Figura 22 - Perfil de temperatura (grafite2; 1,6V; 780A; 1249W)........................................................54

Figura 23 : Distribuição na célula reativa de (a) temperatura em 0C; (b) pressão em GPa; (c)

temperatura acima da temperatura de equilíbrio em 0C e (d) pressão acima da pressão de

equilíbrio em GPa. ( adaptado da referência: Novikov et al., 1984)...............................................55

Figura 24 – Esquema de montagem do termopar na cápsula deformável. .............................................62

Figura 25 - Esquema da cápsula deformável com mistura reativa que consiste em camadas alternadas

dos discos do grafite e metal catalizador. .......................................................................................64

Figura 26 - Esquema da matriz de compactação....................................................................................65

Figura 27 – Esquema Geral da base de desenvolvimento para simulação computacional....................67

Figura 28 – Composições e dimensões de parte da câmara de alta pressão, apresentada no programa.72

Figura 29 – Distribuição da voltagem – 2,0V ........................................................................................73

Figura 30 – Distribuição da temperatura – 2,5V; 7min..........................................................................73

Figura 31 – Perfil da voltagem aplicada para aquecimento da célula reativa com dois discos de metal

solvente, grafite e calcita - 1,5V .....................................................................................................74

Figura 32 – Simulação da distribuição de temperatura com discos de metal solvente e grafite na célula

reativa – 672ºC no centro da CR, 6 min . .......................................................................................74

Figura 33 - Perfil da voltagem aplicada para aquecimento da célula reativa, usando matriz 175x175 -

1,5V.................................................................................................................................................75

Figura 34 - Distribuição da temperatura ................................................................................................76

Figura 35 – Interface do programa de simulação computacional da distribuição de ............................77

Figura 36 - Especificação, através das cores, dos tipos de materiais usados na síntese.........................78

Figura 37 - Legenda do tipo de material em cada região da matriz. .....................................................78

Figura 38 – Formulário onde o usuário obtêm algumas informações sobre Simulação.........................79

Figura 39 –Formulário onde o usuário obtêm algumas informações sobre Síntese do Diamante. ........79

Figura 40 - Curvas de calibração de temperatura em função da tensão elétrica para pressão hidráulica

de 100 Mpa (Vianna,2001) .............................................................................................................81

Figura 41 - Curva de calibração de temperatura em função da corrente elétrica para pressão hidráulica

de 100 MPa. ....................................................................................................................................82

Figura 42 – Corte axial de parte do aglomerado ....................................................................................83

Figura 43 – Corte diametral de parte do aglomerado.............................................................................83

Figura 44 - Micrografia da amostra da região central do aglomerado . .................................................84

Figura 45 - Micrografia da amostra da região periférica do aglomerado...............................................84

Figura 46 – Gráfico da granulometria em função da média dos parâmetros.........................................85

ix

Figura 47 - Gráfico do número de operações de síntese x temperatura da bigorna ...............................86

Figura 48 – Disco de molibdênio ...........................................................................................................87

Figura 49 – Cone de alta resistência ao calor.........................................................................................88

Figura 50 - Panorâmica da distribuição da temperatura com disco protetor de grafite de diâmetro

=10 mm ; altura = 3,4 mm com temperatura no centro da CR = 1277,90 ºC , tempo = 11,93 min

........................................................................................................................................................89

Figura 51 - Panorâmica da distribuição da temperatura com disco protetor de grafite de diâmetro = 8

mm ; altura = 4 mm com temperatura no centro da CR = 1277,90 ºC , tempo = 24,57 min .......90

Figura 52 - Panorâmica da distribuição da temperatura com disco protetor de grafite de diâmetro = 8

mm ; altura = 3 mm com temperatura no centro da CR = 1283,87 ºC, tempo = 20,56 min ........91

Figura 53 - Panorâmica da distribuição da temperatura com disco protetor de grafite de diâmetro = 10

mm ; altura = 4 mm com temperatura no centro da CR = 1277,90 ºC, tempo = 13 min .............92

Figura 54 – Célula reativa com dimensões do disco protetor de grafite: diâmetro = 8mm; altura = 4

mm. Com temperatura no contato da bigorna com o disco protetor de grafite de 1500ºC; T = 24,57

min. .................................................................................................................................................94

Figura 55 - Célula reativa com dimensões do disco protetor de grafite: diâmetro = 10,0 mm; altura =

4,0 mm. Com temperatura no contato da bigorna com o disco protetor de grafite de 1500ºC; T =

13,0 min ..........................................................................................................................................94

Figura 56 - Célula reativa com dimensões do disco protetor de grafite: diâmetro = 8,0 mm; altura = 3,0

mm. Com temperatura no contato da bigorna com o disco protetor de grafite de 1520ºC; T = 20,50

min. .................................................................................................................................................95

Figura 57 - Célula reativa com dimensões do disco protetor de grafite: diâmetro = 10,0 mm; altura =

3,4 mm. Com temperatura no contato da bigorna com o disco protetor de grafite de 1500ºC; T =

11,93 min. .......................................................................................................................................95

Figura 58 - Gráfico do diâmetro do condutor de grafite em função do tempo de aquecimento com

temperatura de 1200ºC e altura do disco de condutor de grafite de 4mm. .....................................96

x

ÍNDICE DAS TABELAS

Tabela 1 – Propriedades termodinâmicas e físicas do grafite e do diamante (Greenwood e

Earnshaw, 1989). ...............................................................................................................21

Tabela 2 – Valores de pressão de transformação polimórfica de alguns elementos e compostos

utilizados para medição de alta pressão. ............................................................................36

Tabela 3 – Valores do diâmetro e da altura do disco de grafite ..............................................80

Tabela 4 – Composição da granulometria em relação aos parâmetros da síntese....................85

Tabela 5 – Tabela com valores do tempo de aquecimento até temperatura de 1200ºC no

interior da célula reativa, variando a altura e o diâmetro do disco protetor de grafite. .....93

11

Resumo

No presente trabalho foi elaborado um programa para simulação da

distribuição de temperatura baseado em estudos anteriores (Rangel, 1998), dentro

da câmara de compressão do dispositivo de alta pressão tipo bigorna com

concavidade de diâmetro 55 mm. As simulações realizadas na presente tese

ocorrem durante o aquecimento da célula reativa com camadas alternadas de grafite

e liga Ni-Mn até a temperatura de 1300ºC sob pressão de 5GPa.

Foram realizadas simulações prevendo a possibilidade de mudanças na

construção da célula, já que os componentes da célula reativa podem influenciar a

distribuição da temperatura. Os resultados deste trabalho podem ser utilizados para

melhoria da construção do dispositivo de alta pressão em relação os materiais

empregados, tipo de proteção das superfícies de contato e refrigeração. Talvez esse

método possa ajudar na busca de novos materiais para capsula deformável,

melhorando assim as condições de manutenção dos parâmetros de síntese.

Após a obtenção dos resultados da simulação computacional da distribuição

de temperatura iniciou-se o processo de comparação com os resultados da síntese

real obtidos sob os parâmetros similares.

O objetivo específico desse trabalho é determinar as condições que possa

aumentar a produtividade e qualidade dos produtos da síntese, buscando

parâmetros favoráveis do processo através da flexibilidade da simulação

computacional.

A produção dos diamantes cresce anualmente cerca de 2,5 a 3,5%. No ano

2000 a indústria mundial pode produzir cerca de 500 milhões de quilates (100 ton)

de diamante. No Brasil estes percentuais assemelham-se sendo porém todo ele

importado (cerca de 350 Kg ou cerca de 3 a 5 milhões de dólares por ano – 1994)

(Skury, 1997).

12

CAPÍTULO 1

1 - INTRODUÇÃO

Entre os materiais avançados encontrados no mercado mundial os

superduros, ocupam uma posição estratégica especialmente o diamante e o nitreto

cúbico de boro (CBN). Esses materiais são considerados fundamentais devido a sua

vasta aplicação na indústria moderna (Skury, 2001).

O diamante sintético industrial é usado principalmente como um material para

ferramentas e tem muitas aplicações práticas. Além de suas aplicações como

abrasivos e material de corte, o diamante tem outras propriedades excepcionais, tais

como características elétricas, ópticas e térmicas, fazendo com que ele seja o

melhor material disponível para indústria eletrônica, circuitos elétricos e muitas

outras tecnologias avançadas.

Diamantes sintéticos são atualmente produzidos em diversos processos que

permitem obter o material com diferentes propriedades ,as quais estão associadas a

características estruturais próprias tais como: pó e micropó, monocristais, policristais

e agregados sinterizados, filmes.

Diamantes sintéticos de pó e monocristalinos de alta qualidade têm

aplicações importantes na confecção de ferramentas como serras, rebolos, lâminas

e fresas utilizadas no corte e polimento de pedras e na indústria metal-mecânica

onde se requer alta resistência ao desgaste. Os rebolos diamantados encontram sua

principal aplicação nas operações de retífica e nas operações de afiação de

ferramentas manuais e automáticas principalmente de carbetos sinterizados. A

usinagem de peças não ferrosos, cerâmicas, vidro, corte de pedras e concreto são

também campo de trabalho para os diamantes. As variações de qualidade dos lotes

naturais, o preço e a possibilidade de controlar a morfologia do grão sintético fizeram

com que os fabricantes adotassem cada vez mais em maior escala o uso de

diamante sintético.

Atualmente, são conhecidos três métodos para produção de diamante

sintético: pressão estática, pressão dinâmica e CVD (Chemical Vapor Deposition). O

estudo relacionado com a síntese dos diamantes monocristalinos, que é objeto de

estudo nesta tese, é normalmente realizada sob altas pressões estáticas através da

compressão e do aquecimento da mistura de grafite com alguns metais ou ligas, na

região de estabilidade termodinâmica do diamante, em um dispositivo especial de

alta pressão. Na maioria dos casos o aquecimento neste processo é feito através da

13

passagem de corrente elétrica diretamente pela zona de reação até ser obtida uma

temperatura determinada. A velocidade de formação de núcleos e o crescimento dos

cristais do diamante na solução do carbono em fusão metálica depende

principalmente da pressão aplicada e da temperatura, que não são uniformes em

todo volume de reação. As propriedades dos materiais carbóneos, das ligas duplas e

triplas dos metais solventes também são características fundamentais no processo

da síntese do diamante (Field, 1979).

Durante a síntese não é possível que a cada operação de obtenção de

diamantes, seja realizado a medição da alta pressão e alta temperatura. Por isso são

aplicados os chamados métodos de calibração, para ( )12 pfp = e para ( )If=T .

Estudos feitos no sentido de melhoria da obtenção das informações sobre a

distribuição de temperatura e pressão através de métodos experimentais que são

ligadas com medição experimental desses parâmetros, enfrentam muitas

dificuldades devido à pequena dimensão da célula reativa e à necessidade da

medição, principalmente da temperatura em diferentes pontos da câmara de

compressão, sendo necessário a realização de vários experimentos complexos, que

mesmo assim, não garante a precisão da medição. Além disso, há grande

probabilidade de destruição do termopar na região de formação da gaxeta, devido às

severas condições do processo. Por esse motivo a execução dos experimentos

ligados com o estudo da temperatura apresenta um custo elevado e exige um longo

tempo de atuação.

Ressalta-se que os conhecimentos sobre a distribuição da temperatura na

célula reativa e em todo volume da câmara de compressão tem grande importância,

pois a influência que a temperatura exerce sobre o processo de síntese compromete

a produtividade e a qualidade do produto a ser obtido e, principalmente, influencia a

vida útil dos dispositivos de alta pressão (DAP) e os gastos de energia para

aquecimento.

Deve-se considerar também que toda mudança na construção do dispositivo

de alta pressão, da célula reativa ou das propriedades do grafite e liga-solvente

exige nova calibração do sistema, sendo uma dificuldade a mais no processamento

deste material.

Somente através de simulação computacional é possível determinar a

distribuição de temperatura destes processos com certa precisão e flexibilidade,

14

reduzindo também os gastos com matérias-primas e energia e aumentando a

rapidez na determinação do perfil de temperatura dentro da célula reativa.

A distribuição de temperatura no interior da célula reativa permite ampla

análise do processo de síntese do diamante e a otimização dos recursos envolvidos,

tais como: dimensões dos componentes da célula reativa, análise da influência da

temperatura na vida útil dos componentes do DAP, produtividade do processo de

síntese, dentre outras.

Nos últimos anos começaram a ser desenvolvidos métodos computacionais

que permitem análises rápidas e eficientes do processo de síntese do diamante,

possibilitando, dentre outras coisas, novos estudos para melhoria da construção do

dispositivo de alta pressão, como também da câmara de compressão.

15

CAPÍTULO 2

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – BREVE HISTÓRICO DA SÍNTESE DOS DIAMANTES

Após a descoberta, em 1797 feita pelo químico inglês Smithson Tennant,

relacionada com a composição química do diamante, que se apresenta sendo a

mesma do grafite, do carvão, do negro de fumo e de outras formas de carbono,

muitos cientistas começaram a elaborar métodos de sintetizar diamantes.

Consta na literatura que J. Ballantine Hannay e Henri Moissan, em 1890,

conseguiram produzir diamantes artificialmente. Entretanto, muitos outros cientistas

não conseguiram reproduzir seus experimentos.

A necessidade de alta pressão no processo de síntese do diamante foram

características descobertas por volta dos anos 1850, mas somente a partir dos

estudos teóricos feitos pelos cientistas Leipunskii (1939), Lilgeblad (1955), Berman

e Simon (1955) é que se começou a obter, com alguma precisão, os valores de

pressão e temperatura necessários para síntese do diamante elaborando assim o

diagrama de equilíbrio do carbono (Field, 1979).

Mas, foi somente em 1953 que os cientistas suecos, pesquisadores da ASEA,

sinterizaram realmente diamantes. No intuito de guardar seguramente os resultados

dos experimentos, os suecos não publicaram as patentes. Foi então que no ano de

1954, quase que paralelamente, os cientistas americanos da General Eletric (GE) já

haviam produzido diamante e em 1955 eles tiveram prioridade e publicaram as

patentes (Bundy et al, 1955).

Atualmente sabe-se que o processo tecnológico da produção dos diamantes

tem seus próprios parâmetros na sua execução. Mas ainda hoje há muitas

possibilidades para melhoria desse processo.

O diamante possui características muito apreciadas pela indústria e comércio.

Sua elevada dureza, alta condutividade térmica, elevada resistência mecânica e

inércia química o permite satisfazer as exigências das ferramentas utilizadas para

construção de máquinas, como também de instrumentos e outras áreas da indústria.

Os primeiros diamantes usados nas indústrias foram os diamantes naturais, que

através do aumento da sua demanda, viabilizaram os investimentos necessários

para o desenvolvimento de tecnologias de alta pressão para síntese de materiais

superduros. Cerca de 95% do diamante consumido mundialmente pela indústria é

16

utilizado em operações abrasivas, sendo que deste número, mais de 85% são

sintéticos (Bundy, 1995). A produção dos diamantes cresce anualmente cerca de 2,5

a 3,5%.

2.2 – ALGUNS FUNDAMENTOS TEÓRICOS DA SÍNTESE DOS DIAMANTES 2.2.1 – DIAGRAMA DE EQUILÍBRIO DE FASES DO CARBONO

Como resultado do desenvolvimento de técnicas experimentais e teóricas no

decorrer de 50 anos, importantes avanços foram feitos em relação a melhor

compreensão do diagrama de equilíbrio de fases do carbono. (Bundy,1995)

O primeiro diagrama de fase (p,T) para o carbono foi elaborado em 1901 por

Rozeboon, na Holanda, no qual foi demonstrado que a uma dada pressão e

temperatura a fase estável do carbono seria o diamante, e que a pressão

atmosférica e temperatura ambiente o diamante é metaestável e o grafite estável.

Figura 1 – Diagrama de fases do carbono proposto por Leipunskii em 1939

(adaptado de Bundy, 1995).

Em 1938, Rossini e Jessup descreveram o cálculo da linha de equilíbrio de

fases do carbono que divide as regiões de estabilidade do grafite e do diamante, ou

seja, a menor pressão que o diamante seria formado a partir do grafite, e obtendo

dois pares de valores (p,T) – ( 1,3 GPa, 0 K) e (2,0 GPa, 500K) (Muncke,1979).

17

Em 1939, Leipunskii propôs o primeiro diagrama de fases, mostrado na

página anterior, no qual ele utilizou dados termodinâmicamente calculados,

considerando também em presença de metais-solventes.

Em 1963, Bundy estabeleceu experimentalmente a linha de fusão do grafite a

alta pressão e reportou a primeira transformação direta do grafite para o diamante a

alta pressão estática, através de um forte pulso elétrico que aquecia uma amostra de

grafite.

Dando continuidade a esses estudos, muitos pesquisadores contribuíram para

a evolução do diagrama de fases do carbono. Em 1969, o diagrama se apresentou

na forma mais completa, figura 2 (Bundy, 1995) com indicação das regiões de

síntese direta e através do processo catalítico.

Mais tarde, em 1994, foi proposto o mais recente diagrama de fase (p,T) do

carbono, o diagrama tornou-se mais preciso devido às melhores condições dos

equipamentos utilizados (Kern, 1966; Biswas, 1984; Bundy, 1995), assemelhando-se

bastante com o diagrama apresentado em 1969. A figura 3 mostra o diagrama de

fases (p,T) para o carbono feito por Bundy em 1994. (Bundy, 1995)

Figura 2 – Diagrama de fases do carbono proposto em 1969 (adaptado de Bundy,

1995).

Tendo em vista o diagrama da figura 3, observa-se que existem três regiões

termodinâmicamente estáveis : grafite, diamante e carbono líquido.

Estas regiões são separadas por três linhas de contorno:

1. linha de equilíbrio do grafite e diamante

18

2. linha de fusão do grafite

3. linha de fusão do diamante

Existem dois pontos triplos: o ponto grafite / líquido / vapor a 0,011 GPa e

5000 K e o ponto grafite / diamante / líquido a 12,0 Gpa e 5000 K .(Bundy, 1995).

Na figura 3 as regiões indicadas pelas letras A, B, C, ..., J, são de grande interesse.

A região A indica as condições de (p,T) onde ocorre a síntese de diamantes a alta

pressão a partir da transformação do grafite em diamante via filme fino de metal

solvente. A linha tracejada B indica as condições iniciais de temperatura e pressão

para transformação direta do grafite em diamante que ocorre rapidamente. A região

C representa as condições (p,T) da transformação muito rápida do diamante em

grafite. A área indicada por D delimita a região (p,T) na qual o grafite hexagonal,

prensado na direção do eixo x e aquecido em temperaturas entre 1200 e 1500 K,

transforma-se em diamante hexagonal. A região (p,T) representada por E indica as

condições máximas para a compressão por choque. Os pontos F e G marcam o

início da transformação muito rápida do grafite prensado em diamante cúbico por

aquecimento (elétrico, laser ou compressão por choque). As regiões I, J e H

correspondem às condições (p,T) de compressão lenta do grafite (Bundy, 1995).

Figura 3 - Diagrama de fases do carbono, construído de acordo com os dados

acumulados até 1994. (Bundy, 1995)

Da análise das informações citadas, segue que os diagramas dão a

possibilidade de determinação dos parâmetros ideais, utilizando métodos variáveis,

19

da síntese. Podendo ser visto que a região da síntese catalítica é muito estreita e

tem limites de pressão ( 4,5 Gpa à 10 Gpa ) e temperatura de 1500 K à 2200 K.

2.2.2 – TERMODINÂMICA DO PROCESSO

De acordo com o princípio de Le Chatelier, a diferença nas densidades do

grafite ( 2 ) e do diamante ( ) indica que a aplicação da alta pressão

deve favorecer a transformação de diamante a partir do grafite.

325, −gcm 351,3 −gcm

Em pressão atmosférica, para qualquer temperatura, o grafite é a fase mais

estável do carbono, sendo o diamante a fase metaestável. Em condições normais,

pode-se dizer que o diamante não se transforma em grafite, uma vez que a

velocidade do processo é infinitamente pequena. Com a elevação da temperatura, a

velocidade da transformação aumenta.

O equilíbrio termodinâmico entre diamante e grafite pode ser atindido quando

seus potenciais de Gibbs são iguais:

∆GG →D = GD - GG ( 1 ) A variação do potencial isobárico-isotérmico em função da pressão, para 1

mol é descrita como (Kalashnikov, 1987):

VPG

T

∆=

∂∆∂

ou ( 2 )

VdpGd T ∆=∆ )(

∆V → variação do volume para a transformação de 1mol de grafite em 1mol

de diamante

Integrando a equação ( 2 ) , em um intervalo de pressão que varia de 0,1013

MPa até uma alta pressão p para uma temperatura predeterminada, e

acrescentando um termo que considera a variação do potencial em função da

temperatura em pressão atmosférica, tem-se que:

∫ ∆+∆=∆p

Tp

T GVdpG103,0

0 ( 3 )

20

Onde é a variação do potencial em função da temperatura sob pressão

atmosférica.

0TG∆

Concluímos que quando V∆ for nulo, a pressão não irá influenciar no

equilíbrio. Se 0<∆V , então a pressão contribui para a diminuição de , ou seja,

favorece a reação. Se , a pressão contribuirá para reação inversa

G∆

0>∆V

Considerando as expressões:

oTTT STHG )()()( 00 ∆−∆=∆ ( 4 )

Por sua vez:

∫ ∆+∆=∆T

pT dTCHH298

00298

0 (5 )

e

∫∆

+∆=∆T

pT dT

TC

SS298

00298

0 ( 6 )

Onde as variações de entalpia, entropia e capacidade calorífera relativas às

transformação G→D, são representadas, respectivamente, por H∆ , e . S∆ pC∆

Substituindo as equações (4), (5) e (6) na equação (3), chega-se a expressão

para o potencial isobárico-isotérmico em função da pressão e da temperatura:

∫ ∫ ∫ ∆+∆

−∆+∆−∆=∆T T p

PPT VdpdT

TCTdTCSTHG

298 1,0 103,0

000

2980298

0 )()()( ( 7 )

A equação (7) pode ser aplicada para qualquer reação química ou de

transformação de fase. Em sistemas reais algumas aproximações e suposições são

feitas para a simplificação dos cálculos do potencial isobárico-isotérmico, pois os

valores exatos dos parâmetros dos componentes do processo ( ,G∆ H∆ , e S∆ pC∆ )

não são determinados para a região das altas pressões. Considerando que V∆ não

é função da temperatura, aproximação adotada para simplificação do trabalho, a

equação (7) é escrita da seguinte forma:

0298

0298

0298

0 VpSTHGT ∆+∆−∆=∆ ( 8 )

21

Segundo a literatura, onde são encontrados os valores da capacidade

calorífera, em pressão constante, para o grafite e para o diamante, pode-se calcular,

aproximadamente o potencial termodinâmico da transformação G→D:(Poliakov,

1990) ( 9 ) pTG P

T610.91,126,31881 −−+=∆

Usando-se as propriedades descritas na tabela 1:

Tabela 1 – Propriedades termodinâmicas e físicas do grafite e do diamante (Greenwood e Earnshaw, 1989). 0

298H∆ (J /mol) 0298S (J / mol.K) 0

298V (cm3 / mol) ρ (g / cm3 )

Grafite 0 5,68 5,33 2,25 Diamante 1881 2,42 3,42 3,51

Analisando a equação (9), nota-se que para pressão igual a 0,1Mpa e para

qualquer valor positivo da temperatura a estabilidade do diamante não será

alcançada. Por outro lado, para temperatura constante, o aumento da pressão

contribui para a diminuição da potencial, atestando a possibilidade da reação

proceder para direita, ou seja, para a formação do diamante. Assim, torna-se claro

que a região de estabilidade do diamante é caracterizada por alta pressão.

Para realização do processo sob p e T constantes é necessário que se tenha

diminuição do potencial isotérmico, ou seja, a análise da equação (9) mostra que sob

a pressão atmosférica, é positivo sob qualquer temperatura e o aumento dela

só vai representar o aumento positivo de ∆ . Então, para fazer negativo será

aumentando a pressão que levará à possibilidade de formação dos diamantes.

0TG∆

0TG p

TG∆

Para o cálculo da linha de equilíbrio deve-se ter e a pressão passa a

assumir a seguinte forma:

0=∆ pTG

1881 010.91,126,3 6 =−+ − pT ( 10 ) ou

Tp 66 10.7,110.848,9 +=

22

De análise das últimas expressões, segue que com o aumento da

temperatura T da síntese é necessário o aumento também da pressão. Deve-se

notar que em função dos dados e suposições iniciais adotadas é possível se obter

várias equações para a linha de equilíbrio, considerando-se as diferentes variáveis

com sua própria precisão, conforme pode ser visto na figura 4 (Kenedy e Kenedy,

1976).

Figura 4 – Linhas de equilíbrio de fases entre grafite e diamante dos principais dados

reportados na literatura (adaptado de Kenedy e Kenedy, 1976).

Todas as teorias da linha de equilíbrio G-P consideram o grafite como

material ideal, mas foram obtidos linhas de equilíbrio com outros materiais

carbonáceos. O tipo de material carbonáceo utilizado como fonte de carbono,

também influencia na posição e inclinação da linha de equilíbrio. Diversos materiais

já foram estudados, tais como o grafite monocristalino, pirografite, carbono vítreo e

coque. A figura 5 mostra as linhas de equilíbrio para estes materiais.

23

Figura 5 – Linhas de equilíbrio para diferentes tipos de materiais carbonáceos

(Vereschagin, 1975) Então, existe variedades dos parâmetros para cada condição de síntese que

são ligados principalmente com as propriedades dos materiais que contém a mistura

reativa.

2.2.3 – A INFLUÊNCIA DOS MATERIAIS CARBONÁCEOS SOBRE OS PARÂMETROS E

PRODUTOS DA SÍNTESE

A literatura contém poucos trabalhos dedicados ao estudo do comportamento

de diferentes materiais carbonáceos submetidos às condições de alta pressão e alta

temperatura e sua transformação em diamantes. Já foi demonstrado que nem todos

os materiais carbonáceos podem ser transformados em diamante (Wentorf, 1974).

O carbono pode ser encontrado em várias formas alotrópicas, tais como

fullerenes, carbono vítreo, amorfos e formas híbridas, sendo que o grafite e o

diamante são as mais conhecidas (Robbins, 1986).

O tipo de material carbonáceo exerce grande influência na formação e

crescimento dos diamantes. O grau de transformação do material carbonáceo em

diamante está relacionado com o seu grau de ordenação estrutural. Estas

características influem tanto nos índices qualitativos quanto nos quantitativos da

tranformação G D.

Muitos parâmetros podem ser utilizados para a avaliação dos vários materiais

24

carbonáceos utilizados como fonte de carbono no processo de síntese. Entre eles

destacam-se o tamanho dos cristalitos (áreas com a estrutura do grafite),

cristalinidade, seqüência de empilhamento das camadas, densidade e também o

teor de impurezas (Hirai et al, 1995).

Se o material carbonáceo inicial não contém cristalitos com tamanho

adequado ou se eles não passam através da solução de metal líquido, então a

formação do diamante é obstruída (Elyutin et al, 1987).

Normalmente, a fonte de carbono utilizado para sintetizar diamantes é o

grafite sintético, o qual contém muitos defeitos; por sua vez o grafite recristalizado

em solução de carbono contém poucos defeitos de rede, possui maior tamanho de

partícula ( de ordem de centenas de µm) e é saturado com o solvente (metal).

Assim, o grafite recristalizado pode ser considerado como um grafite ideal para o

processo de síntese de diamantes (Wakatsuki, 1998).

A análise do comportamento de alguns materiais carbonáceos submetidos à

altas pressões e altas temperaturas aplicadas durante o processo de formação dos

diamantes, permite que se estabeleça que a possibilidade de produção dos

diamantes depende da capacidade para grafitização homogênea e do grau de

perfeição da estrutura cristalina do material carbonáceo utilizado.

No gráfico da figura 6 pode se vistos as linhas de equilíbrio G D para três

tipos de materiais carbonáceos. É visível que para a transformação do grafite em

diamante sob a pressão constante, a temperatura para o grafite amorfo é maior do

que a do pirografite.

0 2,5 5,0 7,5 GPa

Figura 6 - Linhas de equilíbrio do diamante com os diferentes tipos de materiais carbonáceos. 1 - grafite quase monocristalino; 2 - grafite policristalino (piorgrafite); 3 - grafite quase amorfo e coque.

25

A escolha do tipo de material a ser utilizado na produção de diamantes deve

também ser determinada pelas propriedades e tamanhos dos cristais a serem

obtidos. Por exemplo, na síntese de diamantes mais resistentes (tamanho 630 – 200

µm), devido a menor velocidade de crescimento dos cristais, é mais adequado

utilizar um grafite com menor grau de ordenação estrutural. Por outro lado, na

obtenção de pós, deve-se utilizar o grafite com maior grau de ordenação estrutural

pois, nesse caso, ele possui maior número de centros de cristalização.

A resistividade, condutividade, densidade e calor específico do grafite

escolido para síntese do diamante monocristalino são dados fundamentais para que

se possa obter respostas satisfatórias da simulação computacional da distribuição de

temperatura na célula reativa, proposta do presente trabalho.

2.2.4 – O MECANISMO DE NUCLEAÇÃO E CRESCIMENTO

Nucleação é um processo que ocorre antes do crescimento do cristal,

consistindo na formação de núcleos de uma nova fase durante uma transformação

polimórfica .

A nucleação pode ser homogênea ou heterogênea. Na nucleação

homogênea, o núcleo é formado exclusivamente do carbono a partir da solução

supersaturada de C – Me (Caveney, 1992), e a energia livre disponível para

formação de núcleos se apresenta em todo volume da fase reagente, possuindo a

probabilidade de formação de núcleos em todo o volume da reação. Já a nucleação

heterogênea resulta do crescimento em um corpo estranho ou semente ( a qual

pode ser o diamante colocado na zona de reação) (Caveney, 1992). Defeitos

estruturais, tais como superfícies de partículas estranhas, contornos de grão, grãos

de borda, falhas de cristalização, discordâncias, lacunas constituem locais de alta

energia, os quais são capazes de induzir uma nucleação preferencial (Jena e

Chaturvedi, 1992), ocorrendo, assim, formação de núcleos distintos nos diferentes

pontos do volume de reação.

Após a nucleação, tanto homogênea quanto heterogênea, ocorre o

crescimento que envolve a transferência de átomos, através de uma interface, da

fase reagente para fase produto. (Jena e Chaturved, 1992), (Novikov et al., 1991)

A diferença entre os potenciais químicos do grafite e do diamante é o fator

termodinâmico que funciona como “força motriz” para a transformação

grafite diamante; o sinal e o valor desta diferença dependem dos parâmetros

26

termodinâmicos (p, T) do processo. A formação dos “núcleos” (processo de

nucleação), diminui significativamente quando o processo de cristalização do

carbono ocorre em solução de metais fundidos (Strong e Hanneman, 1967).

Entretanto, nem todos os metais, capazes de dissolver o carbono, podem auxiliar o

processo de transformação grafite diamante (Bundy, 1973, Wentorf, 1974).

Os parâmetros básicos que determinam o crescimento dos cristais são: a

pressão, a temperatura e a quantidade de centros de cristalização que se formam

no estágio de nucleação. A composição da mistura reativa exerce significativa

influência na velocidade do crescimento dos cristais. O método de cristalização

espontânea do diamante, nas condições da sua estabilidade termodinâmica no

sistema Me-C, é o mais difundido para a produção de pós e monocristais com

tamanho de até 2 mm. Neste caso, a montagem da mistura reativa pode ser feita em

camadas alternadas de metal e carbono (Fedoseev e Deriagin, 1978).

É interessante observar a influência da pressão, da temperatura e da duração

do processo em relação a formação e crescimento do diamante. O número dos

centros de cristalização muda com o aumento de duração do processo. Já foi

determinado que quanto maior é a pressão, em temperatura constante, mais

rapidamente ocorre o processo de síntese e maior é o número de “núcleos” (centros

de cristalização) formados.

Durante o crescimento, o cristal de diamante está separado do grafite por

uma fina camada de metal fundido, através da qual ocorre a transferência do

carbono. Ao abandonar a superfície do grafite, os átomos de grafite difundem

através da camada de metal e compõem a rede cristalina do diamante. Portanto,

pode-se dizer de maneira geral que o crescimento dos cristais é caracterizado por

três processos: dissolução do carbono, difusão dos átomos de carbono e

cristalização do diamante.

Para cada tipo de diamante existem determinados parâmetros de síntese

(temperatura, pressão e tempo de manutenção da pressão e da temperatura),

composição do metal solvente do carbono ou catalizadores podendo ser Cr, Mn, Fe,

Co, Ni, Ru, Rh, Pb, além de outros que durante a síntese dissolvem o carbono e

facilitam a formação dos núcleos contribuindo para o crescimento dos cristais de

diamante de uma forma quase ideal com estrutura perfeita, o tipo de grafite utilizado

e também dos métodos de comando para temperatura e pressão. Variando-se a

composição da mistura reativa e utilizando-se condições especiais de comando no

27

controle da pressão e temperatura é possível a produção de diamantes com

propriedades predeterminadas, tais como diamantes semicondutores.

Através de experimentos estabeleceu-se que praticamente para cada

solvente existe uma área particular no diagrama de equilíbrio do carbono de

formação dos diamantes, ou seja, sua própria pressão e temperatura.

Analisando a dependência das temperaturas de fusão dos metais que formam

soluções eutéticas com o valor da solubilidade do carbono, somente os elementos

Fe, Co, Ni, Mn é que apresentam temperaturas mínimas de fusão.

Na figura 7 são mostrados as temperaturas mínimas para a síntese do

diamante em sistemas da solução correspondente e o ponto de fusão dos metais.

Em função das comparações feitas pode-se mostrar a dependência direta dos

parâmetros mínimos do processo de síntese pela temperatura de fusão das soluções

de carbono no metal. Isso eleva a importância do estudo da distribuição da

temperatura durante a síntese dos diamantes.

Figura 7 - Temperatura de fusão dos metais. 1- Eutética estável; 2- Peritética; 3- Eutética metaestável; 4-Temperaturas mínimas da síntese nos sistemas

correspondentes.

28

2.3 – PROCESSO DA SÍNTESE DOS DIAMANTES SOB ALTAS PRESSÕES

2.3.1 – OS MÉTODOS DA SÍNTESE

O método de síntese normalmente é aplicado para obtenção de diamantes

com modificações variáveis. O material sintetizado pode se apresentar sob a forma

de pó, de monocristais ou de policristais.

Atualmente são conhecidos dois métodos para produção de diamantes

sintéticos: por alta pressão e por CVD (deposição química de vapor).

Na figura 8 é apresentado o diagrama de fases do carbono, onde são

identificadas as regiões de síntese do diamante pelos três métodos mencionados.

Figura 8 - Diagrama de fases do carbono (Elwood, 1999).

O método de alta pressão é subdividido em pressão estática e pressão

dinâmica. Na síntese de diamantes sob altas pressões dinâmicas, o grafite é

submetido a pressões acima de 20 Gpa e temperaturas da ordem de 2000K,

geradas por explosões em intervalos de tempo da ordem de microsegundos. Os

diamante são obtidos sem a presença do metal solvente ou liga e apresentam

tamanho de alguns nanômetros (Ownby, 1991) .Como o método de produção de

diamantes por pressões estáticas é aquele que possibilita a obtenção de

29

monocristais, e porque este trabalho está direcionado para síntese do diamante

monocristalino, o método será detalhado a seguir.

2.3.1.1 – MÉTODO DA DEPOSIÇÃO QUÍMICA A VAPOR

O método por deposição química a vapor (CVD) é um processo no qual o

diamante pode ser sintetizado sob a forma de um filme policristalino contínuo, com

espessura variável, desde poucos micra até centenas de micra. A deposição pode

ser feita tanto em substratos de diamantes quanto em substratos não diamantados

(Field, 1979). Utiliza-se como fonte de carbono, normalmente, o metano (CH4). Uma

mistura de gases (CH4 e H2) é distribuído no interior de uma ampola de quartzo, na

qual a pressão é aproximadamente 10% inferior a pressão atmosférica, sendo

aquecida por radiação, superfície para criar plasma. Assim, o metano se decompõe

e libera os átomos de carbono que se depositam em uma placa (substrato),

formando cristais (filmes) de diamantes sintéticos.

2.3.1.2 – MÉTODO DE SÍNTESE DO DIAMANTE SOB ALTA PRESSÃO ESTÁTICA

A síntese dos diamantes sob altas pressões estáticas é obtida através da

compressão e do aquecimento da mistura do grafite com alguns metais ou ligas,

com os parâmetros correspondentes à região de estabilidade termodinâmica do

diamante determinada, em dispositivos especiais de alta pressão (ver figura 11).

A síntese ocorre, de modo geral, em um tipo de instalação apresentada na

figura 9.

Figura 9 – Esquema da instalação para síntese através do método de alta pressão estática.1- Estrutura de força da prensa; 2- Corpo do cilindro; 3- Êmbolo; 4-Trave

móvel; 5- Bomba; 6- DAP; 7- Isolante; 8- Bloco; 9- Pistão; 10- Forno; 11- Amostra ou mistura reativa;12-Transformador do aquecimento.

30

Cada tecnologia exige a construção adequada de todas as partes da

instalação. Geralmente a instalação inclui: a estrutura da prensa (1), cilindro principal

(2) que é ligado à bomba (5), êmbolo (3) do cilindro (2) e trave móvel (4). Na trave

móvel pode ser instalado qualquer tipo de dispositivo de alta pressão (6), que tem de

incluir um elemento que suporte a pressão gerada pelo pistão (9). Para gerar a alta

pressão dentro do DAP é colocado o meio compressivo (13) em forma de corpo

sólido, com configuração adequada ao DAP. Dentro do meio comprimível é instalado

o elemento de aquecimento (10), ou qualquer outro elemento capaz de gerar calor.

Dentro do forno pode ser colocada a amostra (11) ou mistura reativa compacta. Para

gerar calor dentro do forno na estrutura (1) utiliza-se um transformador (12) ligado

diretamente com o forno (10), por isso o bloco de apoio (8) da estrutura (1) é isolado

por um disco (7).

O funcionamento dessa instalação pode ser descrito da seguinte maneira:

a) A prensa pode ter várias construções e os dispositivos de alta pressão

podem ser do tipo BELT, MULTIPISTÕES ou BIGORNA com concavidade;

b) O aquecimento pode ser indireto ou direto, onde a corrente elétrica passa

pelo interior da mistura reativa;

O procedimento geral da síntese é descrito da seguinte forma:

1 - são colocados o meio comprimível, o aquecedor interno e a amostra no DAP;

2 - o DAP é então instalado dentro da estrutura na mesa móvel da prensa e

previamente é calibrado;

3 - gera-se a pressão primária P1 no cilindro da prensa e, dentro do DAP, ela se

eleva até P2 , juntamente com a refrigeração do DAP;

4 - depois de atingir o valor da pressão adequado para o processo de síntese, liga-

se a corrente elétrica a qual, através do aquecedor, aumenta a temperatura do

interior do meio comprimível;

5 - depois de certo tempo o processo é concluído, a corrente é desligada e a

pressão P1 no cilindro é reduzida;

6 - segue-se então a desmontagem do dispositivo com posterior retirada do produto

obtido.

Existe também, no método das pressões estáticas, a possibilidade da síntese

sem a utilização de catalizadores, na qual ocorre a transformação direta G→D. Em

comparação com a síntese catalítica, a transformação direta requer parâmetros de

síntese (p,T) muito mais severos, pressões em torno de 12 Gpa e temperaturas

31

entre 2500 e 3000K (Mantel, 1968). Através deste método podem ser obtidos pós,

monocristais e policristais.

No comando da instalação somente a temperatura pode ser variada,

geralmente sem considerar sua distribuição dentro da célula reativa.

2.4 – DESCRIÇÃO GERAL DO PROCESSO DE SÍNTESE DOS DIAMANTES

2.4.1 – ESQUEMA GERAL DA TECNOLOGIA PARA OBTENÇÃO DE DIAMANTES SINTÉTICOS

Para obtenção de diamantes sintéticos é necessário a execução de algumas

etapas para a construção da cápsula deformável e dos dispositivos de alta pressão,

como está representado na figura 10.

DIAMANTES

Classificação

Separação e Purificação dos diamantes

Síntese dos diamantes na prensa (consumo de energia, custo de manutenção)

Montagem da Cápsula Deformável

Reforma dos dispositivos de alta

pressão

Fabricação dos dispositivos de alta

pressão

Discos de Proteção

Mistura Reativa

Cápsula Deformável

TECNOLOGIA

Figura 10 - Esquema geral da tecnologia de obtenção de diamantes (Ramalho,1998)

A tecnologia de síntese é subdividida e possui várias etapas de controle. A

mistura reativa é preparada inicialmente através de vários equipamentos, tais como

prensa, torno e forno, e também requer várias operações, como por exemplo a

britagem do grafite e dos metais, a preparação mecânica da mistura, entre outras.

32

Em seguida, a cápsula deformável é construída, sendo que sua forma

depende do tipo de diapositivo de alta pressão a ser utilizado, nela é colocada a

mistura reativa. A etapa que antecede o processo da síntese é a colocação da

cápsula deformável dentro do dispositivo e a instalação do conjunto na prensa.

2.4.2 – DESENVOLVIMENTO DA TÉCNICA DE ALTA PRESSÃO

Na produção industrial do diamante sintético são usados três tipos principais

de DAP, que possibilitam atingir pressões de 4,5 à 10 GPa e temperaturas que

variam de 1200 a 2000 ºC, são eles: o tipo BELT, o tipo BIGORNA com concavidade

e o tipo MULTIPISTÕES. Os esquemas das construções dos DAP são

representados na figura 11.

O desenvolvimento dos processos de produção dos diamantes sintéticos,

revelou a necessidade da construção de dispositivos de alta pressão (DAP) de

volume relativamente grande ( da ordem de algumas dezenas de cm3 ), dentro do

qual a pressão e a temperatura podem ser mantidas por certo período de tempo (até

algumas horas) (Bundy et al.,1955).

A pressão é gerada quando as bigornas são simultaneamente aproximadas,

deformando a cápsula. Ela absorve cada porção do carregamento, o qual provoca a

sua deformação contínua até que seja alcançada a espessura de fechamento da

câmara, formando assim parte da cápsula deformada que atua como vedação,

evitando-se assim a diminuição da pressão. A partir desse momento o aumento da

pressão dentro da câmara de compressão continua mais rapidamente (Gschneidner,

1964). (c)

(c)

Suporte de apoio Anéis Bigorna Anéis

Isolante

Pistões

Mistura reativa

gaxetaPistão

Anéis

Anéis

Mistura reativa

gaxeta

Figura 11 - Esquemas dos dispositivos de alta pressão. (a) do tipo BELT. (b) do tipo

MULTIPISTÕES. (c) do tipo BIGORNA com concavidade (Gschneidner, 1964).

33

O dispositivo do tipo bigorna com concavidade mostrada na figura 14(c) será

usada no presente trabalho. Este dispositivo de alta pressão funciona da seguinte

maneira: a) as bigornas são aproximadas através da força exercida por uma prensa

hidráulica. Com a aproximação das bigornas, elas comprimem a cápsula deformável

junto com a célula reativa. A cápsula (feita de calcita) se deforma durante a

compressão sendo responsável pela retenção da pressão na célula reativa. A gaxeta

formada desempenha o papel de vedação da câmara de compressão e de apoio das

superfícies de trabalho;

b) a célula reativa é aquecida através da passagem de corrente elétrica

diretamente pela mesma. A corrente elétrica chega a célula reativa conduzida pela

bigorna e pelos suportes de apoio da prensa;

c) os anéis de cintamento são tencionados de modo a manter a carga

compressiva na bigorna, para prever uma possível quebra devido aos altos valores

de pressão na câmara de compressão. O cintamento é composto pelo anel externo,

anel intermediário e anel interno.

dispositivo do tipo bigorna com concavidade possui uma construção relativamente

simples e operação fácil, possibilitando assim uma maior agilidade no processo e

aumento na produtividade. Entretanto, a regulagem da pressão na célula reativa é

muito difícil, uma vez que o aumento da pressão se concentra na gaxeta ( Prikhna et

al., 1975). Então cada tipo de DAP tem suas próprias particularidades do ponto de

vista das distribuições da pressão e temperatura.

2.4.3 – A CÁPSULA DEFORMÁVEL COMO MEIO COMPRESSIVO

A cápsula deformável, que segura a célula reativa e gera alta pressão, é um

elemento básico do DAP. Para definir o material e as propriedades da cápsula, é

necessário o conhecimento das condições de síntese. Com atuação do

carregamento no local da reação, a cápsula sofre uma grande deformação plástica

e, assim, forma a gaxeta que veda a câmara de compressão. Sob o aquecimento da

célula reativa pela corrente elétrica, a cápsula e gaxeta formada desempenham o

papel de isolador termo-elétrico e também de elemento de força que preserva a

desremetização da câmara de alta pressão. Para fabricação das cápsulas utilizam-

se a pedra litográfica, pirofilite, talco, etc.

34

A expansão elástica da gaxeta possibilita segurança e também aumento

térmico da pressão na câmara de compressão quando a corrente é ligada para

aquecimento.

O material da cápsula deformável, a densidade da mistura reativa e a formato

da superfície de fora da bigorna influenciam significantemente na formação da

gaxeta durante a compressão.

O processo de formação da gaxeta tem as seguintes etapas:

a) diminuição da porosidade da mistura reativa e da cápsula;

b) fluxo do material da cápsula na fenda entre bordas da bigorna fora da

concavidade;

c) formação da gaxeta;

d) diminuição da espessura da gaxeta até a espessura crítica que corresponde a

pressão de trabalho gerada dentro da câmara.

O papel da gaxeta é o mesmo em quase todos os DAP, mas nos do tipo Belt

e Multipistões, as gaxetas têm um outro papel importante: diante da necessidade de

se ter a regulagem da pressão durante a síntese, elas permitem algum

deslocamento de elementos em relação um ao outro em 1,5 vezes maior do que

para as bigornas, devido a conicidade.

As cápsulas podem ser feitas de minerais puros ou misturados. Quando a

cápsula é feita de mineral utiliza-se usinagem, e quando é feita de pó de minerais

aplicam a prensagem em matrizes.

A pedra litográfica é usada na fabricação da célula deformável no DAP do tipo

Bigorna; nos do tipo Belt, é usado a pirofilite. Isto significa que para diferentes

tecnologias são elaborados materiais próprios para cápsula deformável. As gaxetas

do tipo Belt são compostas também de outros materiais como folha de metal, talco

ou Fe2O3 e plástico.

Para fabricação das cápsulas deformáveis do DAP tipo Belt, utiliza-se também

uma matriz que compacta o pó num cilindro com razão do diâmetro pela altura

variável. Além da cápsula é necessário fabricar as gaxetas em forma cônica com

espessura relativamente fina. A obtenção desta gaxeta é tecnologicamente difícil. Na

maioria dos casos, para aumentar a espessura crítica da gaxeta já deformada

inicialmente utilizam-se as gaxetas do tipo sanduiche: entre duas gaxetas é instalado

35

um cone vazio feito de aço com baixo teor de carbono com espessura 2 vezes

menor do que a espessura da gaxeta.

A fabricação da cápsula deformável para o DAP do tipo cúbico Multipistões

apresenta as mesmas dificuldades encontradas para o dispositivo do tipo Belt. A

diferença encontra-se na densidade variável da cápsula nos sentidos

perpendiculares à direção de compactação e na forma das gaxetas, as quais são

feitas de planos em forma de trapézios.

O custo da produção do diamante sintético aumenta em função destas

tecnologias que usam Belt e Multpistões, mas ao mesmo tempo ela possibilita a

produção do material super duro com alta qualidade. Isto ocorre devido a uma

melhoria da regulagem da pressão a garantia de um melhor gradiente de

temperatura e pressão dentro da câmara de alta pressão.

Devido a deformação perpendicular dentro da câmara de compressão do

dispositivo do tipo Bigorna, o gradiente de pressão é bastante alta. A distribuição da

temperatura também é muito diferente das outras tecnologias. Por isso nas

tecnologias com utilização do DAP do tipo Belt e Bigorna a qualidade e quantidade

dos diamantes obtidos é diferente.

Os materiais usados para fabricação das cápsulas devem apresentar

propriedades bem específicas, tais como: (Bundy, 1976)

(a) tensão de cisalhamento determinado para cada tipo de DAP;

(b) baixa condutividade térmica;

(c) propriedades eletro-térmicas determinadas;

(d) elevado ponto de fusão (≅ 1600 K), o qual deve acompanhar o aumento da

pressão;

(e) ser quimicamente inerte em contato com metais nas condições de síntese;

(f ) ter compressibilidade apropriada.

Observa-se então que o material e a construção da cápsula, gaxeta e do

dispositivo de alta pressão, tem grande influência sobre a distribuição e o gradiente

de temperatura no dispositivo de alta pressão.

2.4.4 – MEDIÇÃO DA PRESSÃO E DA TEMPERATURA POR MEIOS EXPERIMENTAIS

2.4.4.1 - Medição da pressão

Em processos que atingem até 1,0 Gpa, a medição de pressão pode ser

obtida tomando-se alguns cuidados como o uso de manômetros devidamente

calibrados e de “peso morto”. Acima destes valores as dificuldades vão aumentando,

36

devido a diversos fatores, como : congelamento do fluido hidráulico, problemas de

vedação, atrito nos pistões, etc. Acima de 4,0 GPa, contudo as dificuldades são

extremas, principalmente pela particularidade da câmara de alta pressão que não

permite uma relação direta de obtenção do valor da pressão simplesmente dividindo-

se a força aplicada pela área de atuação. Tratando-se de dispositivos de altas

pressões, a medida da pressão torna-se impossível através de um método direto

convencional, o procedimento utilizado para avaliação da pressão é o de relacionar

a pressão interna com a força externa aplicada na prensa ou pressão hidráulica no

cilindro da prensa. O que mais é largamente empregado é a utilização de materiais

calibrantes que tem alternadas suas propriedades físicas quando submetidos à

pressão (Kindlein, 1995)

Por ser muito difícil introduzir medidores diretos de pressão dentro da câmera

de compressão sem alterar a vida útil dos mesmos, a medição da pressão é feita por

meio dos chamados metais e materiais específicos (calibrantes), que sob condições

de pressão apresentam um comportamento resistivo que permite a visualização

clara do momento da mudança de fase em valores de pressão característicos, ver

figura 12. Os metais mais utilizados são: Bismuto; Tálio; Bário e também

Halogenetos: Telureto de Cádmo , Seleneto de Chumbo, dentre outros.

A tabela 2 mostra os valores de mudança de fase para alguns materiais

utilizados na calibração de pressão (Kindlein,1995).

Tabela 2 – Valores de pressão de transformação polimórfica de alguns elementos e

compostos utilizados para medição de alta pressão.

Metal Transição Pressão (Pa)

Bi I – II 2,55 x 108

Tl II – III 3,60 x 109

Cs II – III 4,20 x 109

Cs III – V 4,30 x 109

Ba I – III 5,50 x 109

Sn I – III 9,40 x 108

Ba II – III 1,26 x 1010

Pb I – II 1,30 x 1010

37

1-cápsula (pedra litográfica); 2-disco (pedra litográfica); 3-sensor (fio ou cilindro); 4-camada isolante (papel); 5-condutor (folha de cobre com espessura de 0,1 mm); 6-condutor (tubo de grafite com espessura da parede de 0,5 mm); 7-mistura reativa.

Figura 12 - Esquema de montagem do sensor no DAP tipo toroidal.

Para determinação da pressão o sensor da pressão em forma de fio curto

(∅ 0,2 a 0,3 mm) no caso dos metais, ou em forma de cilindro curto do pó

compactado é colocado no ponto estudado da cápsula, figura 12.

Um circuito é responsável por medir a mudança da resistência elétrica do

sensor no processo de carregamento do dispositivo de alta pressão. Durante a

compressão, a pressão do óleo dentro do cilindro principal é registrada em um

manômetro ou registrador, e é relacionada ao ponto que ocorre a variação da

resistência elétrica do metal, figura 13.

38

( GPressão

Ca ll-lll 4 ,19 GPa

Ba l-ll 5,5 GPa

Ti ll-lll 3,60 GPa

Bi ll-lll

Bi l-ll 2,55 GPa

Bi lll-V 7,6 GPa

Resistência

pa )

Figura 13 - Curvas de variação da resistência elétrica em função da pressão para

alguns metais (Decker, 1972).

Como foi estabelecido experimentalmente, a distribuição da pressão na

câmara de pressão não é uniforme. Na borda da concavidade atinge-se a pressão

máxima de 5 – 10 Kbar, enquanto nos limites da posição da mistura reativa, não

ultrapassa de 1 – 1,5 Kbar.

Com o aquecimento, a determinação da distribuição das pressões na câmara

de compressão torna-se quase impossível. Uma análise dos fatores básicos que

influem sobre o valor da pressão (p) durante o processo de síntese mostram que:

3210 ppppp ∆−∆−∆+= (11)

Onde:

0p - pressão inicial sob a temperatura inicial;

1p∆ - crescimento da pressão devido a expansão térmica dos materiais da

cápsula e mistura reativa;

39

2p∆ - queda da pressão resultante das transformações de fases nas misturas

e nas cápsulas com a diminuição do volume na zona de grande

aquecimento;

3p∆ - queda da pressão devido ao aquecimento e expansão térmica das

peças do dispositivo de alta pressão.

Todas as grandezas citadas dependem simultaneamente da temperatura,

velocidade e tempo de aquecimento. A mudança da pressão ocorre nas seguintes

etapas:

(a) na etapa inicial do aquecimento ocorre um aumento significativo da pressão

devido a expansão térmica dos materiais na zona quente ( 1p∆ );

(b) em função da temperatura no início da transformação de fase na mistura reativa

e no material da cápsula deformável, a pressão atinge o valor máximo ( maxp∆ ) e

pode superar a pressão inicial ( ) em 20 – 30% ; 0p

(c) por último, ocorre a queda da pressão por conta da diminuição do volume devido

a fusão do metal solvente, das transformações de fase e pelo aquecimento da

bigorna e do cintamento ( ), em 25 - 35%. teresp tan

Fazer o cálculo correto das correções é praticamente impossível, por isso a

determinação destas, na prática, faz-se por meio impírico para as condições

concretas da síntese que realiza-se pelo tratamento dos regimes do processo

tecnológico, levando-se em conta a qualidade na produção dos materiais super

duros. Além disso, a calibração da pressão sem o aquecimento tem um papel

importante como pré requisito na seleção dos parâmetros de síntese.

A calibração é feita usando-se o registro da resistência do sensor e o registro

da grandeza do valor da pressão dentro do cilindro principal. Para construir uma

curva de calibração de pressão utiliza-se pelo menos três medições para cada

sensor. A curva é apresentada na figura 14.

40

P2 P3Pl

Ba

Ti

Bi

P2 (Kgf / cm2)

P1 (GPa)

2,5

3,5

5,5

Figura 14 - Forma geral da curva de calibração

2.4.4.2 - Medição da temperatura

A medida de temperatura interna em câmaras de compressão dos DAP para

síntese de materiais superduros é um problema extremamente difícil. A

determinação da temperatura é realizada utilizando-se diferentes tipos de

termopares submetidos a pressões que podem chegar a 10 GPa com temperaturas

de até 1600ºC.

A medição exige que a amostra esteja sob pressão tal que, ao ser aplicada a

potência para aquecimento, a célula de reação deve continuar funcionando como

selo, não permitindo o fluxo de material em uma direção preferencial, o qual deve

permanecer contido no interior da câmara, evitando explosões que danificam o

ferramental (Kindlein, 1995). Também é importante que o teste de calibração seja

realizado com valores de pressões mais próximos possíveis das pressões de

síntese, a fim de minimizar os erros devido a diferença da força eletromotriz térmica

entre a pressão de síntese e a pressão de calibração.

Os termopares são introduzidos na zona reativa ou por meio dos pontos de

fusão dos metais puros. Na utilização prática dos termopares é necessário lembrar

que os valores da temperatura dependem da pressão, com isso a extrusão da

41

gaxeta durante o processamento da amostra sintetizada, muitas vezes ocasiona o

rompimento do termopar devido ao grande fluxo de material. Geralmente utiliza-se

termopares de cromel-alumel e platina-platina/ródio.

A montagem do termopar na cápsula é representado no esquema da figura 15.

1- Termopar, 2- Tubo de cilindro de cerâmica,

1

42

3

5

3- Solda, 4- Disco de proteção 5- Mistura reativa.

Figura 15 - Arranjo da célula reativa para calibração da temperatura

O processo de medição da temperatura relaciona a potência aplicada (W) ou

corrente com a temperatura na célula reativa.

Ocorrendo um bom isolamento entre os fios do termopar e a bigorna,

procede-se à calibração relacionando-se a potência ou corrente correspondente com

a resposta do termopar em mV. De posse desses dados, levanta-se a curva de

calibração POTËNCIA X TEMPERATURA, conforme está representado na figura 16.

42

Temperatura (ºC)

Potência (W) 10000.00 500.00

1500

1000

500

5000.00

Figura 16 – Curva de calibração POTÊNCIA X TEMPERATURA para câmara

Toroidal (Kindlein, 1995).

Estudos feitos por Kindlein (1995) para calibração da temperatura em

diferentes pressões permitiram avaliar o comportamento de amostras na pressão de

síntese (6,0 GPa). Em cada nível de pressão aplicava-se uma tensão, relacionada

com a potência elétrica aplicada; o aquecimento era detectado pelo termopar,

resultando uma relação Temperatura – Potência. Os dados colhidos permitem gerar

gráficos e equações destes parâmetros. Os resultados mostram que, com o aumento

da pressão no interior da câmara de compressão, faz-se necessário uma maior

potência para a obtenção de uma mesma temperatura interna na célula de reação.

Isto se deve a variação da dimensão da célula de reação durante a compressão e

também ao aumento da condutividade térmica dos elementos componentes da

célula de reação com a pressão. As curvas de calibração obtidas em diferentes

pressões podem ser observadas na figura 17.

43

Figura 17 – Curva de calibração POTÊNCIAX TEMPERATURA, em diferentes

pressões para sistema Belt (Kindlein, 1995).

2.4.5 – PARTICULARIDADES DA SÍNTESE DOS DIAMANTES

Para garantir uma boa produtividade de diamantes, os parâmetros da síntese

devem ser estabelecidos em conformidade às leis pré-estabelecidas durante o

processo experimental do desenvolvimento científico.

Para cada tipo de diamante existem determinados parâmetros da síntese (T,

P, tempo de manutenção da pressão). A qualidade dos cristais, bem como suas

dimensões, dependem de vários fatores, onde o principal é a velocidade de

crescimento, cujo controle é a função dos parâmetros termodinâmicos do processo.

O controle da pressão e da temperatura no processo de crescimento dos cristais é

fundamental para obtenção de diamantes monocristalinos de alta qualidade. A

solução destas questões possibilita a obtenção de cristais grandes e resistentes.

Utilizando-se diferentes técnicas de controle da taxa de velocidade de crescimento é

possível diminuir a concentração de defeitos e assim, aumentar a resistência térmica

dos diamantes.

44

A síntese dos diamantes nos sistemas de crescimento com concentração

variável de carbono é realizada em pressões acima de 4,3 GPa, temperaturas acima

de 1200ºC e tempo de manutenção de aproximadamente 10-30 minutos.

Muito embora o aumento da pressão possa melhorar as propriedades do

diamante, esta variável não é hoje mais considerada um meio eficiente de aprimorar

o produto. Isto se deve ao fato de que as pressões superiores a 8,0 GPa diminuem a

vida útil das câmaras de processamento do diamante, tornando assim o processo

industrialmente antieconômico ( Rangel, 1998).

Apesar dos estudos de materiais Ter proporcionado muitos dados sobre sua

produção, alguns problemas ainda permitem, como é o caso do estudo do processo

térmico e da distribuição de temperatura, bem como a simulação dos processos

(Kravet,1997).

Serão descritas a seguir algumas particularidades que nos possibilitaram

entender a importância da análise do perfil de temperatura neste processo. Segundo

Rangel (1998) a estrutura cristalográfica e as propriedades termocondutoras do

grafite além de influenciarem nas propriedades do diamante produzido, influenciam

também no gradiente de temperatura no dispositivo, tornando mais difícil a

determinação do perfil de temperatura no dispositivo durante o processo; alto

coeficiente de condutividade térmica gerada pelas partes adjacentes, superior e

inferior da célula reativa, acarreta formação de grandes gradientes de temperatura

na zona de reação; os perfis de temperatura permitirão um conhecimento mais

aprofundado de como o calor se dissipa no dispositivo e qual a influência dos metais

catalíticos na distribuição dos gradientes de temperatura, bem como a influência de

algumas propriedades do grafite nas propriedades do diamante.

2.4.6 – EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E CLASSIFICAÇÃO DOS DIAMANTES OBTIDOS

Observa-se a figura 18, nota-se que após o processo de síntese, obtém-se

um aglomerado sólido, formado principalmente por grafite, diamantes, metais,

carbetos de concentração variável e outros compostos formados pela interação com

o material da cápsula deformável, segue-se então à etapa de extração e purificação

dos diamantes. Esta etapa é caracterizada pelo tempo gasto em realizá-la, podendo

variar de algumas horas até alguns dias. Estima-se que cerca de 80% do tempo

gasto em todo o processo é destinado à etapa de purificação (Skury et al. 1998)

45

Embalagem do produto obtido.

Classificação. Caracterização física-mecânica, testes.

Extração e purificação do produto obtido.

Síntese ou sinterização dos materiais superduros obtendo o aglomerado.

Figura 18 – Esquema simplificado do processo de extração, caracterização e

classificação do diamante obtido.

Independentemente dos métodos da síntese, o processo de extração dos

diamantes como produto final, consiste de duas etapas principais: a dissolução do

componente metálico e a retirada do grafite não recristalizado.

Cada tipo de ferramenta diamantada exige diamantes com características pré-

determinadas. As exigências com relação à forma, pureza e propriedades dos

diamantes são rigorosas. A seleção apropriada dos cristais de diamante para

determinada aplicação é um pré-requisito para a obtenção dos melhores

rendimentos de uma ferramenta diamantada. Portanto, para este fim foram

desenvolvidos vários métodos de testes e classificação de diamantes.

Os diamantes depois de extraídos e purificados se apresentam como cristais

isolados, agrupamento de cristais e fragmentos de cristais de formas variáveis, com

o formato de grãos triangulares, agulhados, laminados, etc. Apresentam também

uma quantidade de drusas e de grãos defeituosos, de menor resistência em função

dos defeitos e trincas. Sendo assim, se faz necessário, em alguns casos, para

obtenção de pós o uso da britagem mecânica selecionada ou tratamento por ultra

som e em seguida a classificação.

A classificação pode ser feita quanto a glanulometria ou quanto à morfologia,

mas em cada parte selecionada tem que ter pós e cristais com propriedades

46

homogêneas.

2.5. – A INFLUÊNCIA DOS PARÂMETROS DA SÍNTESE NA QUALIDADE E QUANTIDADE DE DIAMANTES OBTIDOS

2.5.1 – CONSTRUÇÕES DA CÉLULA REATIVA E SUAS INFLUÊNCIAS NOS PARÂMETROS DA SÍNTESE

A síntese ocorre nas células reativas que possuem diferentes construções.

Cada tipo de tecnologia utiliza sua própria mistura reativa, sendo que a forma com

que os componentes da mistura são colocados dentro da cápsula deformável é

considerada como um fator influenciável na produtividade, propriedade e qualidade

dos diamantes obtidos (Akaishi et al, 1991).

Na figura 22 são apresentadas como exemplo as células para obtenção dos

diamantes em geral, para os dispositivos do tipo bigorna com concavidade.

(b)

Figura 19 – Exemplos de células para obtenção de diamantes. (a) mistura homogênea dos pós de metal-solvente e do grafite; (b) disposição das camadas alternadas dos pós do metal-solvente e do grafite; (c) disposição das camadas

alternadas dos pós do metal-solvente e de duas camadas dos grafites diferentes; (d) disposição alternada dos discos do grafite feitos por usinagem (corte) e de pó

do metal-solvente.

Para construção de cada célula reativa é necessário condições próprias de

tratamento por altas pressões e temperaturas.

A mistura reativa é composta por proporções definidas de pó ou pedaços de

grafite e do metal (ou liga), utilizado como solvente. A colocação da mistura reativa

dentro da cápsula deformável, cujas funções são segurar a célula reativa e gerar a

47

alta pressão, pode ser feita manualmente ou através da prensagem prévia dos pós

dentro da própria cápsula.

Durante a compressão da célula reativa no DAP tipo Bigorna, é gerado um

gradiente de pressão na camada de compressão e consequentemente na mistura

reativa.

Já foi experimentalmente determinada a existência de um acentuado

gradiente de temperatura e de pressão no DAP tipo Bigorna (Vereshchagin, et

al.,1975).

Os gradientes de temperatura aparecem no interior do DAP, por exemplo,

devido à grande perda de calor através da condução térmica da matriz de liga dura

(Kindlein, 1995). Basicamente o gradiente de temperatura dependerá da forma de

aquecimento: direto ou indireto, ver figura 20.

O aquecimento direto consiste em passar a corrente de aquecimento pela

mistura reativa; já no aquecimento indireto, a corrente elétrica de aquecimento passa

por resistores laterais.

Figura 20 – Distribuição do campo de temperaturas para o aquecimento na célula reativa:

a) direto b) indireto 1 – cápsula; 2 – aquecedor; 3 – bigorna.

48

2.6 - DEFINIÇÃO DE SIMULAÇÃO

Simular, segundo a Webster's Collegiate Dictionary, é " fingir, para obter a

essência externa da realidade ". De acordo com Schriber (1987), "A simulação

envolve a modelagem de um processo ou sistema de modo que o modelo imite a

resposta do sistema atual para eventos que acontecem com o passar do tempo".

A simulação pode também ser definida como um processo de projetar um

modelo de um sistema real e procedimentos de experimentos com este modelo, com

o propósito de conhecer o comportamento do sistema avaliar várias estratégias para

a sua operação (Pegden, 1990 ). De modo que, no aspecto mais amplo, pode-se

incluir ambos: a construção do uso da modelagem e os experimentos para estudar

um problema. Assim, pode-se pensar na modelagem da simulação como uma

metodologia experimental e aplicada que visa a executar os seguintes aspectos:

a) descrever o comportamento dos sistemas,

b) estabelecer teorias ou hipóteses que avaliem o comportamento observado, e

c) usar o modelo para predizer o comportamento futuro, isto é, os efeitos produzidos

por mudanças no sistema ou nos métodos de operação.

Os termos "modelos " e "sistemas " são os componentes chaves da definição

de simulação. Por modelo se entende a representação de um grupo de objetos e

idéias. Por outro lado, um sistema é um grupo ou coleção de elementos

interrelacionados que cooperam para executar algum objetivo pré-estabelecido (

Pegden, 1990 ).

A simulação pode ser aplicada a sistemas já existentes ou aos que existirão,

isto é, aqueles em fase de desenvolvimento ou planejamento.

2.6.1 – A IMPORTÂNCIA DA SIMULAÇÃO

Devido ao fato de que seu conceito é facilmente compreendido, um modelo

de simulação é muitas vezes usado para justificar o comportamento de um sistema.

Além disso, a simulação tem mais credibilidade quando seus procedimentos são

comparados com o sistema real. Ela requer menos, simplifica as hipóteses e como

conseqüência tem capturado mais características ajustadas do sistema real.

Em geral todos os modelos de simulação são chamados de modelos de

entrada e saída, ou seja, eles geram a saída através de uma entrada conhecida. Os

49

modelos de simulação são , portanto, mais pesquisadores do que resolvedores. Eles

não podem gerar uma solução ótima como os modelos analíticos, servindo somente

como ferramenta para análise dos elementos de um sistema sob condições

específicas ( à exceção de um modelo de simulação usado para encontrar o valor

ótimo para um setor de variáveis de controle sob um setor de entradas conhecidas ).

Apresenta-se, a seguir, uma lista que descreve alguns dos benefícios

associados à simulação:

a) novas políticas, procedimentos de operação, regras de decisão, estruturas

operacionais, fluxo de informações, etc. podem ser explorados sem alterar o

andamento das operações.

b) novos projetos de harware, lay-outs tísicos, programas de software, sistemas de

transporte, etc. podem ser testados antes de encomendar a aquisição de recursos

e/ou a implementação.

c) hipóteses sob como ou por que certos fenômenos acontecem podem ser testados

com antecedência;

d) o tempo pode ser controlado: ele pode ser expandido ou comprimido, permitindo

um avanço rápido ou redução da velocidade do fenômeno em estudo;

e) pode-se determinar como as variáveis interagem e que variáveis são mais

importantes para o desempenho dos processos;

f) um estudo de simulação pode fornecer um conhecimento valioso de como

realmente opera um sistema em oposição a como todos pensam que opera; e

g) novas situações, da qual temos adotadas informações e experiência, podem ser

manipuladas em ordem para preparar o comportamento teórico futuro dos eventos.

A simulação é um grande formador de questionamentos explorando questões

tais como " o que passaria se .. ".

50

Simular é estar resolvendo um problema com uma metodologia indispensável

para a solução de muitos problemas do mundo real. A Simulação é usada para

descrever e analisar o comportamento de um sistema. Análise esta que estimula a

ciência e a indústria a investirem cada vez mais na área da simulação.

2.6.1.1- MODELAMENTO E OTIMIZAÇÃO DO PROCESSO DE SÍNTESE

Muitos estudos teóricos do processo da cristalização dos diamantes e

experimentos, mostraram que a diminuição da temperatura e da pressão possibilitam

a formação dos cristais de diamante com qualidade e estrutura perfeita. O método

da cristalização espontânea permite formar cristais com tamanhos de até 2mm

durante 20 – 30min.

Através de trabalhos experimentais (Laptev, 1991) estabeleceu-se que o

número dos centros de cristalização é proporcional a pressão. Então, a condição

ótima de crescimento do cristal é obtido através de uma pressão que possibilite um

desenvolvimento livre dos cristais sob um determinado fluxo da solução. A obtenção

dessas condições é tarefa tecnicamente difícil, principalmente durante a produção

em série do diamante.

As condições de temperatura da síntese, em geral, determinam os hábitos

dos cristais formados (Bezrukov et al 1971). A manutenção desse parâmetro leva em

conta que o cristal conserva sua forma constante durante o tempo de crescimento. A

presença de pontos na câmara de compressão onde o gradiente de temperatura

pode ser de 100ºC/mm, leva a uma condição na qual no mesmo experimento são

formados os cristais de hábitos diferentes. A manutenção da temperatura constante

durante todo o processo da cristalização leva à formação preferencial dos tipos

morfológicos que são características para as temperaturas dadas. Por isso a

qualidade do produto obtido depende da temperatura.

Sabe-se que a distribuição de temperatura na câmara de compressão não é

uniforme. Essa distribuição depende de muitos fatores. É impossível a avaliação

desses fatores por meios experimentais. Para isso, foram desenvolvidos meios

matemáticos que usam, por exemplo, a equação da condutividade témica não

estacionária.

No trabalho (Semenova, 1978) foi analisado teoricamente a distribuição não

estacionária da temperatura na câmara de compressão. O processo de

estabelecimento da temperatura pode influir significantemente nos resultados da

51

síntese do diamante. A mudança brusca das condições termodinâmicas durante os

aumentos em saltos da potência térmica fornecida ao dispositivo de alta pressão,

influi significativamente nos processos ocorridos na câmara de compressão,

especialmente no período inicial da síntese.

Para facilitar a resolução da equação da condutividade não estacionária,

limitam-se pela observação da tarefa de uma medida.

Escolheu-se a origem do sistema das coordenadas no centro da célula

reativa. Nesse caso as coordenadas das extremidades da célula serão (± l ) e

comprimento igual a (2l).

A temperatura nas extremidades da célula reativa pode ser considerada

constante. Foi desprezada a troca de calor na superfície cilíndrica (lateral). Também

foi considerado que o calor gerado durante a passagem de corrente através do

cilindro distribui-se uniformemente em todo o volume.

Para facilitar o cálculo da equação da condutividade térmica não estacionária,

a análise numérica do problema foi feita a partir da equação de distribuição da

temperatura (eq. Biot-Fourier), definida por:

l...22

2

scIu

xT

tT

ρχ +∂∂

=∂∂ (12)

com condições de fronteira 0);( =± tlT e condição inicial será:

( )( )

+−

+

+−

−−= ∑∞=

= lll

l

4..)12(2exp..

212cos

121321

..4..),(

2

032

2 tnxnn

xsuItxT

n

n

n χπππλ

(13)

onde

T - temperatura

t - tempo

l - largura da cápsula

Ι - corrente elétrica

u - tensão elétrica

s - seção do cilindro da célula reativa

ρ - densidade

c - capacidade térmica

52

χ e λ - coeficientes de condutividade da temperatura e térmica, em

conformidade.

Quando ∞→t obtêm-se a distribuição estacionária da temperatura, dado

por:

Ι= 2

2

14

)(l

xsuLxTλ

(14)

Observa-se que esta é a equação de uma parábola, portanto, o valor da

temperatura máxima ocorre no centro da célula reativa ( )0=x , ou seja:

λsuLTmáx 4Ι

= (15)

A equação 13 pode ser aproximada pela equação :

−−= 24

exp1),0(l

tTtT máxχπ

(16)

Da qual pode ser visto que a temperatura muda em conformidade com a lei

exponencial. O tempo característico (constante no tempo) é igual à:

χπτ

.42

2l= (17)

Podendo então ser construída a curva )(tfT = , que permite a avaliação da

velocidade da mudança da temperatura em função do tempo e previamente

determinar experimentalmente a condutividade da temperatura e do calor das

amostras (λ , χ ).

Existem outros caminhos matemáticos, porém sem exigir condições de

fronteiras exatas.

A técnica de Simulação Computacional é uma técnica capaz de conduzir

"experimentos" em um computador, envolvendo relações de conteúdo lógico e

53

matemático, necessários às descrições do comportamento e da estrutura de um

problema real, em períodos de tempo bem definidos.

Mudanças no experimento prático, numa análise experimental, as variações

das propriedades podem representar um aumento significativo nos custos.

Entretanto, esse fato não ocorre quando essas variações são realizadas ao nível

computacional, onde a simulação fornecerá a resposta imediata dos resultados.

Para exemplificar, abaixo é apresentada uma simulação computacional do

processo de síntese do diamante policristalino do tipo carbonado (DSPC), trabalho

de doutorado realizado na UENF, ver figura 21 e 22. Onde o diapositivo de alta

pressão usado nesse trabalho é do tipo toroidal e através dessa simulação; como

pode ser visto, o foco do aquecimento fica deslocado do centro da célula reativa.

Este foco se aproxima do cilindro de metal catalisador, já que ali existe a maior

geração de calor do processo.

Figura 21 - Perfil de temperatura (grafite1; 1,8V; 1096A; 1973W)

Analisando as Figuras 21 e 22, verifica-se que a diferença entre as

propriedades elétricas do grafite exerce pouca influência na forma do perfil de

temperatura, apesar de alterar bastante os valores da temperatura.

54

A geometria e a posição dos elementos constituintes do dispositivo de alta

pressão são os principais responsáveis pela alteração na forma do perfil de

temperatura (Rangel et al., 1996). Mas o estudo não considerou a influência dos

contatos entre materiais diferentes.

Figura 22 - Perfil de temperatura (grafite2; 1,6V; 780A; 1249W)

A simulação computacional do processo de síntese do diamante policristalino

(Rangel, 1998) possibilita analisar a mudança de fase na zona de reação e então

investigar a influência de distribuição de temperatura durante a síntese na estrutura

do diamante policristalino, além de explicar a existência das variações da

microdureza no corpo do diamante sintético policristalino.

Outro estudo mostra a simulação do perfil de temperatura em ºC que está

representado no primeiro quadrante da Figura 23 (a), da pressão em GPa

representado no segundo quadrante (b), da temperatura acima da temperatura de

equilíbrio em ºC representado no terceiro quadrante (c) e da pressão acima da

pressão de equiíbrio em Gpa representado no quarto quadrante (d), as isotermas

55

desta figura referem-se apenas as temperaturas da célula reativa.( Novikov et al.,

1984)

A região 1 do quadrante (c) é a região do metal fundido e a região 2 do metal

sólido. No quadrante (d) a região A é a região de estabilidade do grafite e a região B

da estabilidade do diamante.

A distribuição da temperatura possui um gradiente axial de quase 400ºC e

gradiente radial de 100ºC, já a distribuição da pressão possui um gradiente axial de

0,13 GPa e gradiente radial de 0,1 GPa.

Os autores desse trabalho apresentam a variação da temperatura e pressão

em relação a linha de equilíbrio. Mostram que existe preferencial de síntese e que a

região de transformação G→D fica no centro da célula reativa.

(c) (d)

(b) (a)

Figura 23 : Distribuição na célula reativa de (a) temperatura em 0C; (b) pressão em

GPa; (c) temperatura acima da temperatura de equilíbrio em 0C e (d) pressão

acima da pressão de equilíbrio em GPa. ( adaptado da referência: Novikov et al.,

1984)

56

Para otimização das condições de obtenção dos diamantes, dispõe-se de

várias opções, entre elas: perfeição do material da cápsula deformável; precisão da

fabricação de todos os componentes da câmara e mistura reativa; manutenção do

perfil constante das supefícies de trabalho do DAP; melhoramento da refrigeração;

diminuição dos gradientes da pressão e temperatura com diminuição da potência

aplicada para atingir a temperatura determinada para síntese.

Todas essas variações podem ser simuladas. Mas a simulação dos

gradientes de temperatura e pressão, por estarem ligadas diretamente ou

indiretamente com as outras variações, proporciona melhores resultados. Assim,

sabendo-se o caminho para diminuição dos gradientes de pressão e temperatura

fica mais fácil otimizar as outras condições.

2.6.2 – AS VANTAGENS DA SIMULAÇÃO NA INDÚSTRIA E NA CIÊNCIA

A Competição na indústria de computador gerou inovações tecnológicas que

estão permitindo que companhias de hardware produzam melhores produtos

continuamente. Quase sempre estão sendo anunciados produtos com mais opções,

memória, gráficos, capacidade e velocidade, ocorrendo assim o desenvolvimento de

novas indústrias de computadores que agem freqüentemente como um trampolim

para outras indústrias, em particular para indústria de software de simulação.

Com o aumento do número de negócios que usam simulação, muitos

gerentes estão percebendo os benefícios dessa ferramenta para análise de

processos que necessitam de economia de tempo e estão incorporando a simulação

em operações diárias em uma base crescentemente regular.

Para a maioria das companhias, os benefícios do uso de simulação vai além

de prover um olhar no futuro. Estes benefícios são mencionados por muitos autores

como: Banks, Carson e Nelson (1996); Law e Kelton (1991); Pegden, Shannon e

Sadowski (1995); e Schriber (1991) e é incluído o seguinte: A escolha do uso da

simulação tem a vantagem de poder testar o aspecto de uma mudança proposta ou

adição sem o uso de recursos financeiros para o conhecimento dos resultados . Isto

é crítico, porque uma vez tomadas no sistema real as duras decisões, as mudanças

e correções podem ser extremamente caros. A Simulação lhe permite testar seus

desígnios sem necessitar de aquisição de recursos.

Comprimindo ou ampliando a simulação no tempo e permitindo acelerar ou

reduzir a velocidade do fenômeno, de forma que se possa investiga-lo

57

completamente, é possível examinar todos os resultados de uma troca em questão

de minutos, ou passar duas horas, por exemplo, examinando todos os eventos que

aconteceram durante um minuto de atividade simulada. Este fato é importante pois

possibilita o conhecimento do por que certos fenômenos acontecerem em um

sistema real. Com a simulação, é determina a resposta para o " por que " ,

reconstruindo a cena e levando um exame microscópico do sistema para determinar

por que o fenômeno acontece. Isso não pode ser realizado no sistema real, que não

pode ser visto ou ser controlado na sua totalidade

Uma das maiores vantagens do uso do software de simulação

computacional é permitir o desenvolvimento de um modelo válido de simulação, que

possibilite explorar novas metodologias, procedimentos operacionais, ou métodos

sem despesas e rompimento dos processos atuais. Modificações são incorporadas

no modelo, e observa-se os efeitos dessas mudanças no computador em lugar de

um sistema real.

A base de uma indústria moderna ou de uma organização de serviços é muito

complexa, a ponto de ser impossível considerar todas as interações que acontecem

em um determinado momento. A Simulação permite melhorar o entendimento das

interações entre as variáveis que fazem parte dos sistemas complexos.

Simulação usada para apresentar desígnios de mudanças criam uma opinião

objetiva e as conclusões e decisões de aprovação ou reprovação são demonstradas

simplesmente selecionando os projetos e modificações que proveram os resultados

mais desejáveis. Pode ser considerado por exemplo o aumento da produção ou a

redução do tempo de serviço. Além disso, é muito mais fácil aceitar uma simulação

fidedigna que resulta de um modelo testado, validado, e visualmente representado,

do que uma opinião de pessoas dos resultados que acontecerão numa mudança

proposta.

O custo típico de um estudo de simulação é substancialmente menor que 1%

da quantia total a ser gasto para o implementação de um projeto. Como o custo de

uma mudança ou modificação para um sistema depois de instalado é grande, optar

pela simulação é um investimento sábio ( Sturrock, 1999).

No campo da ciência, existem várias aplicações da simulação visando o

melhoramento das pesquisas como por exemplo a simulação da expectativa de

perdas de solo em microbacia sob diferentes manejos florestais que foi permitido a

análise comparativa da expectativa quanto aos processos de perda de solo por

58

deflúvio superficial em diferentes condições de manejo ambiental e florestal. O

conjunto de resultados obtidos a partir dessas simulações, de refinamentos

experimentais e observações de campo, torna possível o aprimoramento das ações

de manejo florestal, em especial quanto ao estabelecimento de práticas ótimas de

manejo em programas de gestão integrada da base de recursos naturais, incluindo

os florestais (Valério, 1997).

Outro exemplo é a simulação da reflectância espectral planetária de alvos,

um modelo físico é estabelecido para simular a reflectância planetária de diferentes

alvos de uma região do nordeste do Brasil. O modelo simula o sinal detectado por

um sensor como uma função de sucessivas ordens de interação da radiação solar

com o sistema terra-atmosfera. Uma precisa expressão analítica é estabelecida para

determinar a reflectância aparente de uma superfície uniforme isotrópica, incluindo-

se os efeitos de absorção de gases e espalhamento molecular e de aerossóis

(Bastos, 1998).

2.6.3 – A IMPORTÂNCIA DA SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL NOS PROCESSOS DA SÍNTESE DOS DIAMANTES

A necessidade de análise da distribuição de temperatura durante o processo

de síntese de diamante foi identificada, como um dos fatores responsáveis para

melhoria de suas propriedades.

Um fato que motivou a elaboração dos modelos matemáticos e

computacionais para análise do processo de síntese do diamante foi a

impossibilidade de obtenção dos perfis de temperatura por medição direta. Isto

ocorre devido aos seguintes fatos: a introdução do termopar no volume da reação

promove perdas de calor por suas hastes, fazendo com que a leitura não

corresponderá a realidade dentro da câmara; o próprio termopar sofrerá alterações

na sua força eletromotriz, a qual é dependente da pressão; a utilização do termopar

não fornece com exatidão a distribuição da temperatura (Kindlein, 1995).

Somente através da simulação computacional é possível obter a distribuição

de temperatura, por exemplo, no DAP do tipo bigorna com concavidade.

Com os resultados das simulações computacionais realizadas, será possível

investigar alguns mecanismos e características do processo de síntese do diamante,

tais como:

59

a) influência dos materiais componentes e construção do dispositivo de alta

pressão na distribuição de temperatura durante o processo de síntese;

b) análise da distribuição de temperatura para diferentes construções da célula

reativa.

60

CAPÍTULO 3

3 – METODOLOGIA

3.1 – EQUIPAMENTOS E MATERIAIS NECESSÁRIOS PARA O PRESENTE TRABALHO

Os seguintes materiais e equipamentos foram necessários para a execução

do presente projeto. Aqueles que não estavam disponíveis na UENF, encontraram-

se em outras instituições (os quais são indicados com o símbolo * ) : ♦ prensa hidráulica especial com força 2500 t, modelo D0044 para a produção dos

diamantes;

♦dispositivos de alta pressão tipo bigorna com concavidade feitos de aço rápido,

com concavidade de 55mm de diâmetro;

♦prensa manual de 20t para a compactação da mistura ;

♦*forno;

♦aparelhos para a medição da pressão;

♦multimetro digital para a medição da temperatura;

♦*torno universal para usinagem;

♦microscópio ótico e eletrônico;

♦*material de laboratório (cadinhos, bechers, provetas, etc.);

♦capela; e

♦microcomputador.

3.1.1 – MATERIAIS E REAGENTES

Foram utilizados os seguintes materiais:

♦*termopares cromel-alumel, Pt-PtRd – 3 m cada;

♦*cápsulas deformáveis de pedra litográfica com 55mm de diâmetro – 150 unidades;

♦*disco de proteção de calcita com 30mm de diâmetro – 300 unidades;

♦*mistura reativa – 150 unidades;

♦*cone de aço termo resistente – 10 unidades;

♦*reagentes para serem utilizados na purificação (KOH, KNO3, HCl, K2Cr2O7,

H2SO4);

61

♦*grafite em disco com 30 mm de diâmetro – 450 unidades;

♦*discos de liga metálica de 30mm de diâmetro – 450 unidades;

♦*folhas de Molibdênio; e

♦ligas resistentes ao calor.

3.1.2 – SOFTWARES

♦Delphi 5.

3.1.3 – SERVIÇO DE TERCEIROS ♦fabricação dos discos de grafite;

♦fabricação dos discos de liga metálica;

♦fabricação dos moldes para compactação e montagem da célula reativa; e

♦fabricação de cápsulas.

3.2 – CALIBRAÇÃO DOS TERMOPARES

Foram utilizados termopares do tipo cromel alumel (tipo K) e de platina-ródio

platina (tipo S) com diâmetro de 0,5 mm. Os termopares foram previamente

calibrados (Vianna, 2001) com incerteza de 1± ºC, através da utilização de um forno,

termômetro digital e um milivoltímetro certificados.

Três termopares com junta de medição soldada, três com junta de medição

apoiada e dois termopares calibrados, foram utilizados. Os termopares para o teste

foram submetidos a temperaturas entre 26 e 1000 oC. A partir do valor médio das

milivoltagens dos termopares de teste, foram calculados os percentuais de desvios

dos dois tipos de montagem (Vianna,2001.)

O termopar com junta de medição apoiada apresentou um coeficiente de

desvio menor do que o termopar com junta quente soldada, podendo chegar a 3 %

de desvio a 1200 oC, logo causando um erro de aproximadamente 40 oC para a

temperatura de 1300 oC. As equações do desvio foram consideradas para o registro

dos dados da temperatura.

3.2.1 – INSTALAÇÃO DO TERMOPAR

O conjunto termopar e isolante de cerâmica (48,0 mm de comprimento, 2,0

mm de diâmetro externo e 0,5 mm de diâmetro interno) foi instalado no interior da

62

célula reativa para que fosse possível realizar a calibração dos sensores, como

mostra a figura24.

Figura 24 – Esquema de montagem do termopar na cápsula deformável.

Na região vazia localizada no interior do tubo de cerâmica, ocorre o

preenchimento com NaCl, funcionando como apoio para o tubo isolante de alumina

evitando que o mesmo se rompa, desta forma impede o curto circuito do termopar

com a bigorna (Vianna, 2000).

3.2.2 – CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO EM FUNÇÃO DA TENSÃO ELÉTRICA

Para obtenção da curva de calibração dos sensores térmicos no interior da

cápsula deformada, foi considerada a tensão gerada, devido a influência da pressão

aos níveis aplicados. Após a estabilidade, tem-se um valor médio da temperatura

que foi utilizado para a determinação da curva de calibração da temperatura.

(Vianna, 2001).

Curvas elaboradas no estudo realizado por Vianna mostram que, em

diferentes níveis de pressão hidráulica, existe uma pequena mudança na inclinação;

logo, este parâmetro tem que ser considerado para a determinação da curva de

calibração dos sensores de temperatura para níveis superiores de pressão e para

correção no ajuste da temperatura durante o processo de síntese.

Com base nos coeficientes de inclinação encontrados nas curvas de

calibração de temperatura em função da tensão em níveis de pressão de 20, 30 e 40

MPa, foi determinada a função que define a inclinação da curva em função da

63

pressão hidráulica aplicada sobre a amostra (Vianna, 2001). A partir da equação foi

feita uma projeção para o nível de pressão de 100 MPa.

31,660)ln(.305,59 +−= xy ( 18 )

Onde: y - coeficiente de inclinação

X - pressão em MPa

3.2.3 – CONSTRUÇÃO DA CURVA DE CALIBRAÇÃO EM FUNÇÃO DA CORRENTE

ELÉTRICA

Para o uso do parâmetro corrente no controle da temperatura em operações

de obtenção dos diamantes sintéticos, a calibração dos sensores de temperatura se

faz necessário, pois o objetivo é relacionar a corrente elétrica de aquecimento com a

temperatura atingida no interior da cápsula deformável.

As curvas elaboradas no estudo realizado por Vianna, mostram que em três

diferentes níveis de pressão hidráulica, existe uma mudança na inclinação das

curvas de calibração, logo esse parâmetro tem que ser considerado para correção

no ajuste da temperatura durante o processo de síntese. Este fato se explica devido

a redução da porosidade da mistura reativa ocasionando aumento na condutividade

elétrica e térmica da mistura reativa. (Vianna, 2001)

Com base nos coeficientes de inclinação encontrados a partir das curvas de

calibração de temperatura a níveis de pressão de 20, 30 e 40 MPa, foi determinada

a equação que define a inclinação da curva em função da pressão hidráulica

aplicada sobre a amostra (Vianna, 2001).

837,1)ln(.095,0 +−= xy ( 19 )

Onde: y - coeficiente de inclinação

x - pressão em Mpa

3.3 – SÍNTESE DOS DIAMANTES

3.3.1 – PREPARAÇÃO DA MISTURA REATIVA

A mistura reativa usada nesse trabalho, é composta por camadas alternadas

de pós de grafite e metal catalizador, esquematizado na figura 26.

64

Discos termo-isolantes

Cápsula deformável

Discos de Grafite

Discos de Metal solvente

Condutor de grafite

Figura 25 - Esquema da cápsula deformável com mistura reativa que consiste em camadas alternadas dos discos do grafite e metal catalizador.

O grafite “unimetal-100” foi moído no moinho de esferas até obter a

granulometria de 0,006 à 0,2 mm.

Como metais catalizadores foram escolhidos o Mn (60%) e Ni (40%). A

granulometria do pó, de cada metal, ficou na faixa de 20 a 30 mµ .

Usando a balança analítica, os metais foram pesadas nas quantidades

indicadas acima e depois misturados no misturador do tipo “Υ ” durante uma hora.

3.3.2 – MONTAGEM DA MISTURA REATIVA NA CÁPSULA DEFORMÁVEL Para a montagem da mistura reativa na cápsula deformável, foram seguidos

os seguintes passos:

1 – O grafite “do exército” foi separado em 40 grupos, contendo cada grupo

pesos de 4,6 0,1 g. ±

2 - A mistura dos pós de metais foram pesadas e separadas em um total de

30 grupos, cada um contendo 4,6 ± 0,1 g.

3 - No interior da matriz de compactação com diâmetro interno de 29,2 mm,

esquematizado na figura 27, foi colocado inicialmente 4,6 g de grafite. Manualmente

o grafite foi pré-compactado, em seguida colocam-se 4,6 g de pó metálico que

sofreram a mesma pré-compactação. As operações citadas, continuaram até se

obter 7 camadas alternadas, sendo a última formada pelo grafite.

Após a finalização desse processo, todo o conjunto foi levado à prensa de

força de 20 Ton, onde foi aplicado uma pressão de 120 Mpa, obtendo-se assim uma

altura de compactação de 24 mm.

4 – A mistura reativa instala-se simetricamente no interior do orifício da

cápsula deformável. Os discos de proteção de diâmetro externo de 30 mm e interno

65

de 9 mm, são colocados manualmente nos topos da célula reativa. Depois instala-se

nos orifícios dos discos os cilindros condutores feitos de grafite.

29,2 mm

Figura 26 - Esquema da matriz de compactação

3.3.3 – INVESTIGAÇÃO DOS PARÂMETROS DA SÍNTESE

Na avaliação da distribuição de temperatura na câmara de compressão é

importante considerar pontos que podem determinar as regiões de síntese e regiões

da bigorna onde a temperatura pode diminuir a resistência dos elementos do DAP.

Em conformidade com as curvas de calibração, foram escolhidos as pressões de 4,7

à 5,0 GPa ( que corresponde aos valores de pressão no cilindro principal p1 = 98

MPa e p2 = 104 MPa) e temperatura única de 1280 - 1300ºC ( que corresponde

aproximadamente ao valor de corrente de 850 – 860 A) no centro da célula.

Para cada grupo de parâmetros foram preparados 5 cápsulas.

3.3.4 – EXECUÇÃO DA SÍNTESE COM MEDIÇÃO DA TEMPERATURA NO DAP

O processamento da síntese realizada no dispositivo de alta pressão do tipo

bigorna com concavidade de diâmetro de 55mm, utilizando a prensa de força de

2500 Ton, modelo D0044 ( Rússia), pode ser descrita da seguinte seguinte forma:

a) coloca-se a cápsula já montada na cavidade da parte inferior do DAP;

b) liga-se a prensa no regime normal, onde as partes do DAP são fixadas e

direcionadas para o interior da prensa através de um carrinho;

c) aumenta-se a pressão do cilindro principal até 98 ou 104 MPa;

d) mantendo o nível de pressão por de 0,5 min, liga-se a corrente de aquecimento

até o patamar de 860 A;

66

e) a pressão e a corrente elétrica são mantidas constantes durante 10 min;

f) desliga-se a corrente;

g) depois de 0,5 min pode-se reduzir lentamente a pressão até o valor da pressão

atmosférica;

h) retira-se o carrinho da prensa;

i) separa-se as partes do DAP;

j) retira-se o aglomerado sintetizado.

3.3.5 – ESTUDO DO PRODUTO OBTIDO Com o objetivo de obter a analise dos aglomerados no MEV para determinar

qual a distribuição de diamantes e a sua morfologia, podendo assim relaciona-los

com a distribuição da temperatura, os aglomerados foram submetidos aos seguintes

procedimentos :

1 - corte radial e axial do aglomerado obtido. Houve o aparecimento da forma

octaídrica dos cristais, justificando a síntese na região de estabilidade do

diamante acima da linha de equilíbrio com temperatura acima de 1270ºC e

pressão de 5,0 GPa). Já os cristais que possuem a forma Cubooctaedro,

marcam a região com parâmetros de 1190 - 1250ºC e pressão de 4,7 – 4,9 GPa

e os que possuem forma cúbica as pressões são superiores a 4,56 Gpa e

temperatura na faixa de 1150 – 1190ºC.

2 - o aglomerado obtido é purificado e os cristais juntamente com seus fragmentos

são analisados por microscopia; e

3 - para verificação da mudança de temperatura na célula reativa, os diamantes

obtidos são separados por granulometria através do conjunto das peneiras marca

BRONFINOX. O número de cristais com granulometria fina chega a menos de

48/40 mµ , o que justifica a distribuição quase uniforme da temperatura na célula

reativa.

67

3.4 – DESENVOLVIMENTO DA BASE PARA A SIMULAÇÃO REALIZADA

3.4.1 – ESQUEMA GERAL

Na figura 28 é apresentado um esquema da base de desenvolvimento para

simulação computacional.

Análise matemática das equações

Distribuição do calor

Distribuição da voltagem

Aplicação no métododas diferenças finitas

Escolha das equações adequadas

a necessidade

Tipo de grafite

Análise dos resultados

Simulação da distribuição da

temperatura

Simulação da distribuição da

voltagem

Configuração da célula reativa

Interface

Execução da simulação

computacional

Adequação do programa de simulação

(Rangel,1998)

Elaboração da hipóteses simplificadoras

Definição da construção da célula reativa

Análise dos resultados das

Simulações finais

Ajuste do modelo

matemático

Avaliação da temperatura

real por meios experimentais

Dimensão da matriz de cálculo

Parâmetros

Tipo de liga solvente

Figura 27 – Esquema Geral da base de desenvolvimento para simulação computacional.

68

3.4.2 – EQUAÇÕES TERMODINÂMICAS DA PARTIDA

Para determinação da distribuição de temperatura na bigorna através da

simulação numérica, é necessário primeiro modelar a distribuição de voltagem na

câmara de compressão do dispositivo de alta pressão, para assim calcular o calor

gerado em cada ponto do seu interior. Isto permite posteriormente, o modelamento

da distribuição de temperatura na mesma.

Para processos em regime permanente, , a equação para solução do

problema elétrico tem a seguinte forma (Rangel, 1997). 0=ut

0.. 22 =

+

yVxk

yxVxk

x ∂∂

∂∂

∂∂

∂∂ ( 20 )

Onde: - potencial elétrico em Volts; V

- coeficiente de condutividade elétrica. k2

Com as seguintes condições de contorno: ( yVV =

y )x,

V

(condição de simetria); 0=

V∂

( ) 0, VhxV =( ) 00, =x

h

x 0 =Lxx∂L

Sendo: h e L a altura e o raio da câmara de compressão do dispositivo

respectivamente e V0 a voltagem aplicada para aquecimento do processo.

E para solução do problema de distribuição de temperatura utiliza-se a

equação da condução de calor:

dydx

qyTxk

yxTxk

xtTxc

...2.... 11 π

ρ +

∂∂

∂∂

+

∂∂

∂∂

=∂∂ ( 21 )

Onde: - massa específica; - temperatura; ρ T - calor específico. - tempo; tc - coeficiente de condutividade térmica; k1

69

Com as seguintes condições de contorno: y

0 x 0=∂∂

=LxxV (condição de simetria);

( ) =0,,0 yT ( ) =0,0,xT ( ) ambienteThxT =0,,

h

),,( tyxTT =

L Sendo: h e L a altura e o raio do dispositivo de alta pressão respectivamente,

a temperatura ambiente e a fonte de calor. qT ambiente

Os modelos matemáticos mostrados acima foram elaborados e o presente

trabalho usou-os para validação do modelo proposto para estudo.

3.4.3 – APLICAÇÃO DO MÉTODO DAS DIFERENÇAS FINITAS PARA SOLUÇÃO DAS EQUAÇÕES.

Baseado no modelo já desenvolvido para o cálculo da distribuição da

temperatura no dispositivo de alta pressão para síntese do diamante policristalino do

tipo carbonado, o modelo proposto neste trabalho também utiliza o método numérico

das diferenças finitas.

O método das diferenças finitas é uma técnica de discretização na qual o

domínio de interesse é representado por um conjunto de pontos e a informação

entre esses pontos é obtida usando expansão em série de Taylor. (Samarskii e

Vabisshchevich, 1995)

Para isso o domínio da solução da equação diferencial parcial dada é

primeiro subdividida por uma rede com número finito numa malha de pontos. A

derivada de cada ponto é então substituída pela aproximação em diferença finita.

Alternativamente, o procedimento de discretização pode ser visualizado com a

substituição da solução de uma equação diferencial parcial com uma interpolação

polinomial e a diferenciação deste polinômio.

Este método é recomendado para solução de problemas de transferência de

calor e mecânica dos fluidos, funcionando bem em problemas multidimensionais

(Rangel, 1998).

70

Hoje este método é largamente usado para problemas de tensão térmica. A

solução de problema térmico é a entrada do problema de análise de tensões, e a

mesma discretização pode ser usada para ambos os problemas.

O método das diferenças finitas possui um meio mais fácil de programação e

como foi dito acima é normalmente usado nos problemas de condução de calor,

como pode ser verificado na bibliografia clássica que trata do assunto. (Hobson et

at., 1996)

Assim, a técnica de modelagem numérica das diferenças finitas foi usado no

presente trabalho descrevendo com precisão o problema proposto.

3.4.4 – CONSIDERAÇÕES DAS PARTICULARIDADES DO AQUECIMENTO REAL E CONSTRUÇÃO DA CÉLULA DE REAÇÃO

• Já foi mencionado anteriormente que, a mistura reativa usado neste trabalho,

para síntese do diamante monocristalino, consiste em camadas alternadas dos

discos do grafite e de ligas Ni-Mn. • O presente trabalho considera as propriedades termoelétricas dos materiais

usados no estudo, considerando o material da cápsula deformável como material

compósito, o material da bigorna como material homogêneo e mistura reativa como

material heterogêneo.

As propriedades elétricas e térmicas dos materiais que compõem o dispositivo

de alta pressão estão descritas a seguir.

Resistividades elétricas em (Ω.mm)

Grafite: 8 (Ostrovski et al., 1996) 310−x

NiMn : 1 310−x

Calcita: 1 1010x

Condutividade térmica em (W/(mm.K))

Grafite: 0,1 (Ostrovski et al., 1996)

NiMn : 0,250

Calcita: 0,00183

Aço rápido: 0,03

É importante ressaltar que os valores das propriedades dos materiais

componentes do dispositivo estão sendo considerados sob pressão normal.

Apesar das propriedades dos materiais sofrerem influência da alta pressão do

71

processo, estes dados não são encontrados na literatura sob condições de alta

pressão.

Entretanto, não é de grande importância neste trabalho o fato de não se

dispor de valores exatos destas propriedades, já que o mais importante aqui é a

análise qualitativa dos resultados das simulações computacionais

• Foi considerado a refrigeração do equipamento, onde a temperatura de contato do

topo da bigorna com o bloco de apoio atinge o valor máximo de 150 ºC.

• Na elaboração do modelo matemático para a distribuição da temperatura na célula

reativa no processo de síntese do diamante monocristalino com camadas alternadas

de grafite e metal solvente, foi admitido que a área de entrada e saída do fluxo de

calor no elemento sejam a mesma. Essa igualdade é válida pois em se tratando de

elementos muitos pequenos, o erro aproximativo é bastante pequeno, ainda assim

será considerado a área média entre as duas áreas da superfície do elemento.

3.4.5 – ETAPAS DA PREPARAÇÃO DO PROGRAMA

De todo o universo de linguagens, apenas quatro crescem ou mantêm sua

participação no mercado de desenvolvimento. São a Visual Basic, da Microsoft, o

Delphi, da ex-Borland e atual Inprise, o Java, da Sun Microsystems, e o C++,

produzido por Microsoft e Imprise, entre outros fabricantes (Info Exame, 1999).

O C++ não tem interesse para o presente trabalho pois é mais usado na

criação de sistemas robustos como aplicativos comerciais de grande tiragem ou

sistemas complexos que exigem do Software uma sintonia feria com o computador.

No mundo das interfaces gráficas, VB e Delphi despontam como linguagens

preferidas, sendo que a linguagem Delphi é, por excelência, a linguagem que

incorpora todos os cânones de programação orientada a objetos. Isso significa que o

código fica mais organizado e, portanto, preparado para atualizações futuras. Devido

a essas características fundamentais do Delphi, o presente trabalho desenvolverá

um programa feito em “Object Pascal” utilizando o sistema de desenvolvimento

“Delph 5” onde se dividirá em três partes principais, que são: o cálculo da

distribuição das fontes de calor, o cálculo da distribuição de temperatura e a

mudança de fase do material na zona de reação.

72

Tendo como base o programa usado na simulação computacional do perfil de

temperatura durante a síntese do diamante policristalino do tipo carbonado

(Rangel,1998), o presente trabalho desenvolveu um programa que possibilitou

satisfazer a realidade da síntese do diamante monocristalino com camadas

alternadas de grafite e metal solvente, obedecendo basicamente aos seguintes

passos:

• análise do programa já elaborado para simulação da distribuição de temperatura

para diamantes policristalinos do tipo carbonado;

• mudanças nos parâmetros, na configuração da célula reativa, na dimensão da

matriz de cálculo, na interface, etc;

• Colocar o programa em perfeito funcionamento, conforme desejado.

Estão relacionados a seguir, as etapas da preparação do programa.

I – Na figura 28, mostra-se o desenho esquemático que foi usado no modelo

computacional para simulação do processo. O desenho representa parte da

câmara de alta pressão e célula reativa que possui camadas alternadas de grafite

e metal solvente. Fazendo uso da simetria da geometria cilíndrica do objeto em

estudo, a figura 28 mostra um quarto da câmara de alta pressão com suas

dimensões e os materiais que compõem uma das partes da câmara de alta

pressão do tipo bigorna com concavidade.

20,0 mm

Figura 28 – Composições e dimensões de parte da câmara de alta pressão, apresentada no programa.

73

Na realidade, apesar de ser apresentado apenas um quarto do objeto de estudo,

a simulação analisa todo o volume da célula reativa juntamente com a bigorna. As

condições de contorno consideradas no programa foram testadas através da

simetria.

II – Para as primeiras simulações da distribuição da voltagem e da temperatura,

foi considerado parte da bigorna composta por metal duro (liga de carbeto de

tugstênio e cobalto) e calcita e a célula reativa composta for grafite.

Grafite

Calcita

Metal duro

Metal

Isolante térmico e elétrico

Grafite

Figura 29 – Distribuição da voltagem – 2,0V

35ºC

500ºC

900ºC

11100ºC 1300ºC 1430ºC

11600ºC

2,00 V

1,70 V

1,50 V

1,20 V

1,00 V

Figura 30 – Distribuição da temperatura – 2,5V; 7min

74

Observando o comportamento da distribuição da voltagem e da distribuição

de temperatura, ilustradas nas figuras 29 e 30, verificou-se uma conformidade

quanto a influência dos materiais compostos em parte da bigorna e na célula reativa

(CR), pois no interior da célula reativa (CR) só existe a presença do grafite.

Possibilitando assim realizar a próxima etapa. III – Nessa etapa houve o acréscimo da calcita bem como sua melhor distribuição e

camadas alternadas de discos de metal solvente ( NiMn) e grafite na célula reativa.

1,42 V

1,27 V

1,12 V

0,97 V 0,82 V

Figura 31 – Perfil da voltagem aplicada para aquecimento da célula reativa com dois discos de metal solvente, grafite e calcita - 1,5V

Figura 32 – Simulação da distribuição de temperatura com discos de metal solvente e grafite na célula reativa – 672ºC no centro da CR, 6 min .

35ºC

500ºC

75

3.4.5.1 – AJUSTES DAS SIMULAÇÕES

Devido ao desempenho apresentado pelo programa inicial, optamos por

diminuir a matriz usada no programa, afim de diminuir o tempo da simulação, já que

no caso anterior estava se tornando inviável.

Novas simulações foram feitas, e foi verificado que houve mudanças na

questão da precisão dos resultados.

Podemos observar na figura 31 a distribuição da voltagem na célula reativa,

obtendo assim o perfil da temperatura na câmara de alta pressão.

Este passo se faz necessário devido ao fato de a célula reativa ser composta

por diferentes materiais com diferentes resistividades e por isso causar uma não

linearidade da distribuição do potencial elétrico no seu interior.

Conseqüentemente, o calor gerado na célula reativa será não uniforme e a

distribuição de temperatura no dispositivo será influenciada por esses valores.

A figura 33 mostra o perfil da voltagem aplicada para o aquecimento da célula

reativa e a figura 34 o perfil de temperatura onde podem ser identificado as

isotermas.

Fazendo uma análise dos perfis de temperatura, na figura 36, pode ser

verificado que devido à diferença de valor nas propriedades térmicas dos materiais

componentes do dispositivo de alta pressão, os gradientes de temperatura na zona

de reação se tornam bem diferentes nas direções radial e longitudinal.

Pode ser visto também que o disco de calcita devido as suas propriedades

isolantes, mantém por mais tempo a temperatura presa na célula reativa.

Figura 33 - Perfil da voltagem aplicada para aquecimento da célula reativa, usando matriz 175x175 - 1,5V

76

Os perfis de temperatura mostrados a seguir podem identificar isotermas

referentes temperaturas: 100, 300, 500, 700, 900, 1018ºC.

100 ºC

500 ºC 300 ºC

1018 ºC920,33 ºC

797,20 ºC

100 ºC

300 ºC 500 ºC

100 ºC

300 ºC

509,47ºC

100 ºC

300 ºC

462,06ºC

Figura 34 - Distribuição da temperatura

77

IV – Paralelo ao processo de desenvolvimento do programa de simulação tratado

nesse trabalho, houve a elaboração de uma interface da qual se estabelece um

diálogo entre o programa e o ser humano, através dos componentes oferecidos pela

ferramenta Delphi 5, permitindo ao usuário uma melhor integração com o programa,

ver figura 35.

Figura 35 – Interface do programa de simulação computacional da distribuição de temperatura na célula reativa utilizada no processo de síntese de diamantes

monocristalinos.

A interface oferece possibilidades de visualizar o valor da voltagem, o número

de iterações, a legenda contendo os valores e cores respectivas das voltagens e

temperaturas, o tempo real do processo, a corrente, a potência e o valor da

temperatura no ponto desejado da célula reativa, figuras 36, 37, 38,39. Além de

oferecer opção para uso automático da atualização da visualização das isotermas.

A simulação pode ser acompanhada visualmente através da interface.

78

Figura 36 - Especificação, através das cores, dos tipos de materiais usados na síntese.

Figura 37 - Legenda do tipo de material em cada região da matriz.

79

Figura 38 – Formulário onde o usuário obtêm algumas informações sobre Simulação.

Figura 39 –Formulário onde o usuário obtêm algumas informações sobre Síntese do Diamante.

80

3.4.6 – SIMULAÇÃO COM MUDANÇAS NAS DIMENSÕES DOS ELEMENTOS DA CÉLULA REATIVA

Para simular mudanças nas dimensões de alguns elementos da célula

reativa, é necessário introduzir alterações nos códigos do programa e na distribuição

das propriedades dos materiais na matriz de cálculo, conforme sua nova localização.

Mudanças foram feitas na altura e no diâmetro do disco de grafite localizado

na parte superior e inferior da célula reativa; na tabela 3 são listadas as

combinações dos diâmetros e das alturas usados nas simulações.

Tabela 3 – Valores do diâmetro e da altura do disco de grafite

SIMULAÇÃO DIAMETRO (d) DO DISCO DE GRAFITE

(mm)

ALTURA (h) DO DISCO DE GRAFITE

(mm) 1.1 8,0 3,0 1.2 8,0 3,4 1.3 8,0 4,0 2.1 9,2 3,0 2.2 9,2 3,4 2.3 9,2 4,0 3.1 10,0 3,0 3.2 10,0 3,4 3.3 10,0 4,0

O perfil da temperatura no processo inicial de aquecimento da célula reativa é

alterado conforme mudanças na geometria dos elementos constituintes do

dispositivo de alta pressão.

3.4.7 – APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS DA SIMULAÇÃO

Os resultados das simulações realizadas nesse trabalho são apresentadas

através da interface gráfica do programa, onde é possível o acompanhamento da

distribuição de temperatura no interior da célula reativa e em parte da bigorna.

Através dos dados armazenados durante a simulação, foi possível : avaliar o

tempo de aquecimento com mudança no diâmetro do disco protetor de grafite e o

gradiente de temperatura próximo ao contato da bigorna com o disco protetor de

grafite.

81

CAPÍTULO 4

4 - RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 – AVALIAÇÃO DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS DA SÍNTESE DOS DIAMANTES

4.1.1 – RESULTADOS E AVALIAÇÃO DA CALIBRAÇÃO

A Curva de calibração de temperatura em função da tensão elétrica para

pressão hidráulica de 100 Mpa, ilustrada na figura 40, foi construída a partir da

equação (18), citada no item 3.2.2, onde é feita uma projeção para o nível de

pressão de 100 MPa.

Curva de calibração de temperatura em função da tensão elétrica para pressão hidráulica de 100 MPa.

0100200300400500600700800900

100011001200130014001500

0 1 2 3 4 5

Tensão (V)

Tem

pera

tura

(oC

)

Figura 40 - Curvas de calibração de temperatura em função da tensão elétrica para pressão hidráulica de 100 Mpa (Vianna,2001)

A seguir, na figura 41, é apresentado a curva de calibração de temperatura

em função da corrente elétrica para pressão de 100 MPa no cilindro principal da

prensa, valor médio o qual a síntese foi realizada.

82

0100200300400500600700800900

10001100120013001400

0 100 200 300 400 500 600 700 800 900 1000

Corrente (A)

Tem

pera

tura

(oC

)

Curva de calibração de temperatura em função da corrente elétrica para pressão hidráulida de 100 MPa.

Figura 41 - Curva de calibração de temperatura em função da corrente elétrica para pressão hidráulica de 100 MPa.

4.1.2 –AVALIAÇÃO MICROSCÓPICA DA ÁREA DE CORTE

Observando-se o aglomerado cilíndrico colocado no centro do eixo da mesa

do microscópio ótico, foi verificado que, a partir do centro, as circunferências

apresentam o aparecimento, na maioria dos casos, de cristais com morfologias

correspondentes aos parâmetros em cada ponto de crescimento. Em conformidades

com os dados da bibliografia (Bezrukov et al., 1991 ), na região central aparecem os

cristais octaédricos, o que justifica que, nesse ponto, os parâmetros da síntese ficam

na faixa de 1280 – 1300 ºC e pressões na faixa de 4,8 – 5,0 GPa próximo a linha de

equilíbrio. Na região intermediária crescem os cristais com a morfologia

cubooctaedrica que sem os parâmetros na faixa de 1190 – 1250 ºC e pressões de

4,5 – 4,86 GPa ficam afastados da linha de equilíbrio “grafite-diamante”. Nas regiões

periféricas do aglomerado são formados cristais cúbicos, este fato justifica que os

parâmetros são próximos de pressão 4,3 – 4,5 GPa e temperatura 1150 – 1190 ºC e

consequentemente mais afastados ainda da linha de equilíbrio.

83

Nas figuras 42 e 43 são apresentados as imagens do aglomerado, onde

através do corte axial é possível visualizar como o diamante cresceu na solução

“grafite – liga“. Elas apresentam uma região onde podem ser observadas as

camadas do metal fundido juntamente com os cristais que cresceram nas fronteiras

do grafite e metal.

Figura 42 – Corte axial de parte do aglomerado

Figura 43 – Corte diametral de parte do aglomerado

84

4.1.3 – AVALIAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DA TEMPERATURA ATRAVÉS DO MEV

As amostras apresentadas nas figuras 44 e 45 mostram a ligação da

morfologia com a distribuição da temperatura. Como pode ser visto, a distribuição

dos cristais de morfologia e granulometria variável justifica que existe distribuição

não uniforme da temperatura e pressão.

Na parte central formam-se, na maioria dos casos, cristais

cubooctaédricos (p = 4,9 – 5,0 GPa ; T = 1290 – 1300 ºC) e na periferia os

parâmetros diminuem.

Figura 44 - Micrografia da amostra da região central do aglomerado .

Figura 45 - Micrografia da amostra da região periférica do aglomerado.

85

4.1.4 – AVALIAÇÃO DA VARIAÇÃO DOS PARÂMETROS DE SÍNTESE ATRAVÉS DA GRANULOMETRIA

Nas sínteses dos diamantes são obtidos aglomerados com rendimento de 9,1

à 12,6 quilates. A tabela 4 mostra a composição da granulometria em relação aos

parâmetros da síntese.

Tabela 4 – Composição da granulometria em relação aos parâmetros da síntese

Pc=4,7 GPa ; Tc=1280ºC ; t = 10 min Pc=5,0 GPa ; Tc=1300ºC ; t = 10 min Granulometria

( mµ ) 1 2 3 4 5 Média 6 7 8 9 10 Média

1 510/425 0.50 0.80 1.10 0.74 0.75 0.77 13.30 14.1 11.8 12.5 10.1 12.36

2 425/355 1.06 1.22 1.01 1.14 1.09 1.10 10.20 11.6 9.7 10.9 9.3 10.34

3 355/300 3.50 3.70 3.60 3.40 3.10 3.46 11.80 10.9 11.9 12.3 9.8 11.34

4 300/212 8.60 9.10 8.90 10.10 10.2 9.38 12.60 13.1 13.0 12.5 11.8 12.60

5 212/180 11.8 9.80 10.1 12.00 13.1 11.36 13.40 16.1 14.5 13.8 15.1 14.58

6 180/150 25.6 19.7 13.6 21.80 26.1 21.36 14.31 15.2 14.3 13.9 14.3 14.41

7 150/125 18.1 17.2 19.1 17.40 17.9 17.94 18.03 10.9 11.1 9.8 16.8 13.32

8 125/100 12.2 13.6 12.0 13.80 12.4 12.64 3.60 6.0 10.3 7.3 7.8 7.00

9 100/90 8,90 11.8 10.9 11.62 8.34 10.31 1.70 2.0 2.0 5.7 4.4 3.16

10 90/53 6,36 8.08 6.69 5.00 5.02 6.23 0.81 0.1 0.6 0.9 0.4 0.56

11 < 53 3,38 5.00 3.00 4.00 2.00 3.47 0.20 - 0.8 0.4 0.9 0.46

Figura 46 – Gráfico da granulometria em função da média dos parâmetros

86

Como pode ser visto na tabela 4 e na figura 46, a uma dada temperatura

relativamente baixa ocorre o crescimento dos cristais preferencialmente com

dimensões pequenas e com um aumento significativo da pressão e pequeno

aumento da temperatura a distribuição da granulometria se torna mais uniforme.

Isso significa que no volume de cada célula reativa no segundo caso a

distribuição de temperatura é mais favorável ou, por outras palavras, supõe-se um

diminuição dos gradientes no sentido axial e radial.

Nota-se claramente a relação entre a distribuição de temperatura e a forma e

concentração de diamantes produzidos, comprovando, mais uma vez, a necessidade

do estudo da distribuição de temperatura neste processo de síntese.

4.1.5 – ESTUDO DA ESTABILIDADE TÉRMICA DO DAP

No início da execução dos experimentos da síntese do diamante, foi marcado

que depois da primeira síntese que apresentou rendimento baixo, a temperatura das

bigornas não ultrapassou 60ºC. Levando em consideração o rendimento baixo pode-

se concluir que o aquecimento da célula reativa não foi adequada aos parâmetros

prescritos, ou seja, a temperatura no centro da célula não abrange o valor

necessário em condições não estáveis térmicas.

Na síntese posteriores a temperatura da bigorna subiu até 110 – 120 ºC com

pouco crescimento durante os experimentos. A velocidade de crescimento da

temperatura da bigorna em função das operações é mostrada na figura 47.

Figura 47 - Gráfico do número de operações de síntese x temperatura da bigorna

87

Analisando o gráfico pode-se concluir que depois de 3 operações há

tendência da estabilidade térmica no topo da bigorna que é no contato com o bloco

de apoio refrigerado. Isto pode servir como condição de fronteira para a simulação.

Também foi observado que no contato entre disco de molibdênio e cone,

figura 48, onde o pó de níquel colocado entre eles foi fundido. Pois a temperatura

de fusão do níquel é 1455ºC , justificando a temperatura elevada nesse ponto.

Região onde ocorreu a fusão do

níquel a 1455ºC

Figura 48 – Disco de molibdênio

4.1.6 – EFEITO DA ELETRO EROSÃO NA BIGORNA

Durante os experimentos foram registrados 3 casos de eletro erosão no cone

de aço de alta resistência ao calor. O registro foi feito pela interface desenvolvida por

Vianna (2001), mostrando a queda brusca da corrente.

A imagem do local da eletro erosão é apresentado na figura 49. Como a

temperatura de fusão do aço rápido é de 1780ºC, pode-se concluir que o ponto de

contato entre o condutor de grafite e a bigorna pode chegar a uma temperatura

próximo da temperatura de fusão. Isto justifica que a construção da célula provoca o

aumento da temperatura no contato em relação ao centro da célula.

A eletro erosão danifica a bigorna de forma que se o sistema de aquecimento,

ou seja, o sistema elétrico, não for desligado a tempo, pode ocorrer fusão da bigorna

a qual deverá ser substituída com conseqüente parada da produção.

88

Local da eletro erosão no cone

Figura 49 – Cone de alta resistência ao calor

4.2 – DESENVOLVIMENTO DO PROGRAMA DE SIMULAÇÃO

4.2.1 – A SIMULAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DE TEMPERATURA NO DECORRER DO TEMPO EM PARTE DO DAP – CÁPSULA DEFORMADA – CÉLULA REATIVA COM DIMENSÕES REAIS UTILIZADAS NA SÍNTESE

Nas figuras 50, 51, 52, 53 são apresentados de forma panorâmica os perfis

de temperatura obtidos a partir das simulações computacionais, onde pode ser

observado que o foco do aquecimento fica localizado na parte superior e inferior da

célula reativa. Este foco se aproxima da região de contato do disco de grafite com o

dispositivo de alta pressão.

89

1200ºC

1500ºC

1400ºC

1300ºC

1280ºC

900ºC 700ºC

500ºC 300ºC

100ºC

Figura 50 - Panorâmica da distribuição da temperatura com disco protetor de grafite de diâmetro =10 mm ; altura = 3,4 mm com temperatura no centro da CR =

1277,90 ºC , tempo = 11,93 min

90

100ºC

1200ºC

1500ºC

1400ºC

1300ºC

1280ºC

900ºC

700ºC

500ºC

300ºC

Figura 51 - Panorâmica da distribuição da temperatura com disco protetor de grafite de diâmetro = 8 mm ; altura = 4 mm com temperatura no centro da CR = 1277,90

ºC , tempo = 24,57 min

91

500ºC

1500ºC

1400ºC 1300ºC

1280ºC

900ºC

700ºC

300ºC

100ºC

1200ºC

Figura 52 - Panorâmica da distribuição da temperatura com disco protetor de grafite de diâmetro = 8 mm ; altura = 3 mm com temperatura no centro da CR = 1283,87

ºC, tempo = 20,56 min

92

1500ºC

1400ºC

1300ºC

1280ºC

900ºC 700ºC

500ºC

300ºC

100ºC

1200ºC

Figura 53 - Panorâmica da distribuição da temperatura com disco protetor de grafite de diâmetro = 10 mm ; altura = 4 mm com temperatura no centro da CR = 1277,90

ºC, tempo = 13 min

93

Pode-se observar que da região central para região periférica da célula

reativa, na direção radial, ocorre uma variação de 100º C a cada 15 mm de

distância. E na direção axial a variação é superior a 100 ºC a cada 12 mm.

Tabela 5 – Tabela com valores do tempo de aquecimento até temperatura de 1200ºC no interior da célula reativa, variando a altura e o diâmetro do disco protetor de grafite.

4,0 mm 3,4 mm 3,0 mm

10,0 mm

11,68 min

10,75 min

10,29 min

9,2 mm

14,50 min

13,21 min

12,57 min

8,0 mm

21,61 min

19,26 min

18,10 min

Altura Diâmetro

Observa-se a tabela 5, verifica-se que as mudanças nas dimensões do disco

de grafite, tanto na altura quanto no diâmetro, fazem com que o tempo de

aquecimento a uma determinada temperatura mude consideravelmente.

Afim de obter o aquecimento, no centro da célula reativa, a uma temperatura

de aproximadamente 1200ºC, onde o processo se conclua em um tempo menor, as

dimensões do disco de grafite favoráveis a essa condição serão de altura 3,0 mm,

que representa a menor espessura, com o maior diâmetro que é de 10 mm.

Mais adiante será possível observar o gráfico que descreve a variação do

diâmetro em função do tempo de aquecimento a uma temperatura de 1200ºC.

A construção da célula reativa é feita de maneira que a corrente elétrica de

aquecimento passa pelo condutor cilíndrico de grafite e atravessa a mistura reativa.

Observando-se as figuras 54, 55, 56 e 57 da simulação computacional, pode-

se concluir que entre o contato do cilindro de grafite e a bigorna existe uma

resistência de contato que, em função da passagem da corrente elétrica, provoca um

aumento da temperatura nesta região maior do que no centro da célula reativa.

94

500º700º

900º

1500º

1300º

1400º

1280º

Figura 54 – Célula reativa com dimensões do disco protetor de grafite: diâmetro = 8mm; altura = 4 mm. Com temperatura no contato da bigorna com o disco protetor

de grafite de 1500ºC; T = 24,57 min.

500º700º

900º

1500º

1300º

1400º

1280º

Figura 55 - Célula reativa com dimensões do disco protetor de grafite: diâmetro = 10,0 mm; altura = 4,0 mm. Com temperatura no contato da bigorna com o disco

protetor de grafite de 1500ºC; T = 13,0 min

95

500º700º

900º

1520º

1300º1400º

1280º

Figura 56 - Célula reativa com dimensões do disco protetor de grafite: diâmetro = 8,0 mm; altura = 3,0 mm. Com temperatura no contato da bigorna com o disco protetor

de grafite de 1520ºC; T = 20,50 min.

500º700º

900º

1500º

1300º

1400º1280º

Figura 57 - Célula reativa com dimensões do disco protetor de grafite: diâmetro = 10,0 mm; altura = 3,4 mm. Com temperatura no contato da bigorna com o disco

protetor de grafite de 1500ºC; T = 11,93 min.

96

Para atingir uma temperatura de 1500ºC no contato entre a bigorna e o

cilindro de grafite é necessário um tempo determinado, como foi discutido

anteriormente, com variação da espessura e da altura do cilindro, esse tempo pode

variar significativamente.

4.2.2 – ANALISE DA MUDANÇA DO DIÂMETRO DO CONDUTOR DE GRAFITE EM FUNÇÃO DO TEMPO DE AQUECIMENTO

Figura 58 - Gráfico do diâmetro do condutor de grafite em função do tempo de aquecimento com temperatura de 1200ºC e altura do disco de condutor de grafite de

4mm.

Analisando o gráfico da figura 58, pode-se observar que com o aumento do

diâmetro do disco condutor de grafite o tempo de aquecimento da mistura reativa

diminui, e a medida em que o diâmetro diminui o tempo de aquecimento da célula

reativa aumenta consideravelmente.

Visando a otimização da energia gasta no processo, pode-se concluir que o

diâmetro menor que 8 mm é inviável, pois o tempo de aquecimento maior que 22

min levaria a um elevado gasto energia.

97

O aumento do tempo de síntese diminui a produtividade, consequentemente,

a diminuição desse tempo aumentaria a produtividade.

4.3 – COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS EXPERIMENTAIS COM DAS SIMULAÇÕES

Através dos resultados dos experimentos realizados, os resultados da

simulação computacional do presente trabalho foram justificados.

A simulação mostrou que há possibilidade de encontrar na câmara de

compressão a distribuição de temperatura na forma de isotermas. A interface gráfica,

mostradas no item 4.2.1, da distribuição de temperatura onde são apresentadas as

isotermas, existem diferentes gradientes de temperatura no sentido radial e axial,

sendo que no volume da célula reativa o sentido axial apresenta um gradiente de

temperatura maior do que no sentido radial.

A variação da morfologia e granulometria dos diamantes obtidos , assim como

a distribuição no volume da célula reativa, mostrou que há diferentes gradientes de

temperatura adequadas ao perfil da síntese.

A presença de soldagem do disco de molibdênio com o cone da bigorna em

alguns experimentos, mostrou que a temperatura nesse ponto de contato chegou a

1455ºC, temperatura de fusão do molibdênio. A simulação computacional apresenta

isotermas de aproximadamente 1500ºC nessa região de contato, comprovando mais

uma vez sua conformidade.

Além dos experimentos citado acima, destacamos o fato da ocorrência de

eletro erosão no contato do cone com o cilindro de grafite, justificando mais uma vez

que a temperatura nesse ponto é mais alta do que no centro. Podendo-se verificar

nas simulações realizadas.

Em conformidade com os gradientes da temperatura no topo da bigorna

apresentados na simulação, os experimentos citados no item 4.1.5 mostram que a

temperatura da bigorna sofre uma variação mínima de 110ºC para 120 ºC.

Sendo assim, o presente trabalho simulou de maneira adequada a

distribuição de temperatura no processo de síntese do diamante.

98

CAPÍTULO 5

5 - CONCLUSÕES

Foi desenvolvido um programa computacional de simulação da distribuição de

temperatura na câmara de compressão durante a síntese de diamante no dispositivo

de alta pressão do tipo bigorna com concavidade central 55 mm.

O modelo matemático descreveu adequadamente o processo de distribuição

de temperatura no dispositivo de alta pressão do tipo bigorna com concavidade onde

a construção da célula reativa consiste em camadas alternadas de grafite e metal

solvente.

No programa desenvolvido foi mostrado que há distribuição não uniforme da

temperatura na célula reativa composta de camadas alternadas de grafite e metal

solvente.

Pode ser ressaltado que o cálculo do perfil das voltagens é importante no

resultado deste trabalho. O que chama a atenção é o fato de a célula reativa ser

composta por diferentes materiais, causando uma grande descontinuidade na

distribuição dos potenciais elétricos, responsáveis pelo aquecimento do processo.

A presença dos discos de calcita nas extremidades da célula reativa,

possibilitou a concentração da temperatura no seu interior por mais tempo.

Através do programa, observou-se que as temperaturas máximas aparecem

no centro e no contato do cilindro condutor de grafite com a bigorna, sendo que no

contato o valor da temperatura é significantemente mais alto.

O programa permite a análise da distribuição da temperatura mudando as

dimensões e os materiais do disco de proteção e do disco cilindro condutor de

grafite.

Através das simulações foi possível determinar o diâmetro ótimo do cilindro de

grafite em função das dimensões da célula reativa. A otimização do diâmetro do

cilindro de grafite ocorre em função da obtenção da maior temperatura no contorno

da célula reativa no menor tempo possível.

Através das simulações foi possível analisar os gradientes de temperatura na

região da bigorna. Com essa análise foi possível estudar o comportamento da

temperatura na bigorna e minimizar o seu desgaste, aumentando a vida útil da

mesma.

99

Observou-se que as tendências das diminuições dos gradientes da

temperatura na célula reativa e da temperatura de contato do cilindro com a bigorna

estão ligadas ao aumento da espessura do diâmetro do cilindro.

As simulações apresentam a região onde ocorre o foco do aquecimento. Ou

seja, a região onde encontram-se as maiores temperaturas durante o aquecimento

da célula reativa, este ponto ainda não havia sido descrito na bilbliografia que trata

deste assunto.

Os resultados da simulação foram justificados por experimentos reais da

síntese.

A temperatura no centro da célula reativa chega a aproximadamente 1300ºC,

possibilitando a realização da síntese.

A morfologia e granulometria variável dos diamantes obtidos e distribuição no

volume, mostrou que há gradientes de temperatura adequadas ao perfil da

simulação.

A soldagem do disco de molibdênio com cone da bigorna, mostra que nesse

ponto a temperatura é mais elevada do que no centro da célula reativa.

A eletro erosão que ocorre, algumas vezes, na região de contato do cone com

o cilindro de grafite também justifica que a temperatura neste ponto é mais alta do

que no centro da célula reativa.

A temperatura de aquecimento do topo da bigorna durante a execução da

síntese não ultrapassa 120 ºC.

Desta forma o modelo está adequado para ser usado na simulação do

processo de aquecimento durante a síntese dos diamantes monocristalinos usando

na célula reativa camadas alternadas de grafite e metal solvente, em um dispositivo

de alta pressão do tipo bigorna com concavidade.

O conhecimento da região do foco do aquecimento cria a possibilidade de se

evitar a ocorrência da eletro-erosão na bigorna,

Através do conhecimento do perfil de temperatura na célula reativa pode-se

identificar um ponto para acompanhar a evolução da temperatura na bigorna,

diminuindo-se assim o desgaste da mesma, através do estudo do comportamento

das temperaturas.

100

As principais contribuições deste modelo para simulação do processo de

síntese de diamantes são as seguintes:

- conhecer a distribuição de temperatura na célula reativa, bem como na cápsula e

em uma parte da bigorna;

- analisar a influência dos materiais componentes e dimensões do dispositivo de alta

pressão na distribuição de temperatura durante o processo;

- facilitar a análise da temperatura, caso haja mudança na construção da célula

reativa.

101

CAPÍTULO 6

6 – SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

O modelo computacional aqui elaborado poderá ser usado em novas análises

que se façam necessárias futuramente.

Sugere-se a realização dos seguintes estudos dentro desta linha de pesquisa,

como os listados a seguir:

1 - adequar o programa para outros dispositivos com concavidade variável e

outras misturas reativas, para isso é necessário:

- analisar experimentalmente e determinar as características de contato sob

alta pressão com materiais variáveis;

- determinar os valores exatos da condutividade e resistência elétrica sob alta

pressão para todos os materiais que serão empregados na construção do DAP,

cápsula e célula reativa;

2 - realizar novos estudos, em conexão com este, sobre os gradientes de

tensão e tensões térmicas no dispositivo de alta pressão;

3 - ampliar a região de análise do dispositivo de alta pressão até o limite

máximo, podendo ser feito dispondo-se de melhores recursos computacionais;

É importante ressaltar, que apesar de existirem alguns trabalhos publicados

nessa área, como referido no texto, é importante para um laboratório de pesquisa

que atua nessa área ter um programa do tipo que foi elaborado neste trabalho. Pois,

com ele, é possível realizar modificações e análises que poderão auxiliar o

desenvolvimento de novos dispositivos de alta pressão e células reativas, bem como

análises das mais variadas formas no processo de síntese de materiais superduros.

Quando se fala em teoria geral de sistemas computacionais, é importante

lembrar que quanto mais um sistema é adaptado ao seu processo, maior é a

dificuldade deste em analisar outros de natureza diferente, sendo a recíproca

também verdadeira. Assim, quando se optou por elaborar um sistema computacional

próprio para esta análise, isto foi feito com objetivo de se realizar uma análise

102

profunda no processo, mesmo que implicasse ter-se um sistema computacional

dedicado.

103

CAPÍTULO 7

7– REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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