Upload
lamtuyen
View
217
Download
0
Embed Size (px)
Citation preview
Universidade Federal de São João del-Rei Coordenadoria do Curso de Química
Aplicação de Biossensores na Análise da
Qualidade de Bebidas: Revisão
Flávia Faria de Oliveira Porfírio
São João del-Rei – ano 2014
Aplicação de Biossensores na Análise da Qualidade d e Bebidas: Revisão
Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado no 2° semestre do ano de 2014 ao Curso de Química, Grau Acadêmico Bacharelado, da Universidade Federal de São João del-Rei, como requisito parcial para obtenção do título Bacharel em Química.
Autor: Flávia Faria de Oliveira Porfírio Docente Orientador: Arnaldo César Pereira Modalidade do Trabalho: Revisão Bibliográfica
São João del-Rei – ano 2014
RESUMO
Na indústria alimentícia, o grande desafio é eliminar as contaminações que podem
estar presentes nos alimentos. Essa contaminação pode ser de natureza química, física ou
biológica sendo que as contaminações de natureza química e biológica são de difícil
identificação visual, exceto nos casos em que a contaminação é demasiada e ocorrem
modificações perceptíveis nas características sensoriais do produto. A adoção de novas
legislações pelos órgãos responsáveis gera um aumento do controle da qualidade dos
produtos industrializados, onde a qualidade de um produto é avaliada por meio de análises
químicas e microbiológicas periódicas. Os métodos convencionais de análise usam técnicas
tais como: cromatografia, espectrofotometria, eletroforese capilar, titulação e outros, que não
permitem uma facilidade de monitorizarão contínua, porque elas são caras, lentas, precisam
de operadores bem treinados e, em alguns casos, requerem procedimentos de extração ou
pré-tratamento da amostra, aumentando o tempo de análise. Neste contexto, o emprego de
biossensores torna-se uma alternativa interessante, pois as indústrias de bebidas precisam
de métodos rápidos e acessíveis para a determinação de compostos que não possuem um
método adequado de monitoramento ou mesmo para substituir os métodos já existentes.
Biossensores são um sub-grupo de sensores químicos, são definidos como um dispositivo
que combina a especificidade de um elemento biológico ativo com a sensibilidade de um
transdutor que converte as energias geradas nos eventos químicos da interface eletrodo-
solução em um sinal mensurável. Características únicas, tais como: seletividade, relativo
baixo custo de construção e estocagem, potencial para miniaturização, facilidade de
automação e construção de equipamentos simples e portáteis para uma análise rápida de
monitoramento “on line” fazem com que este tipo de sensor possa ser utilizado em alimentos
para a determinação da composição, do grau de contaminação em materiais e alimentos
processados, e para o controle em linha do processo de fermentação. Apesar da enorme
diversidade de pesquisas envolvendo biossensores para a indústria, a sua aplicação na área
de alimentos, para qualquer analito, é ainda restrita. Mesmo com o grande número de
publicações sobre biossensores aplicados aos alimentos, não foram encontrados na
literatura artigos de revisão que foquem apenas na análise de bebidas; por isso, esse
trabalho de conclusão de curso teve como objetivo fazer uma revisão dos principais
trabalhos publicados nos últimos anos nessa área.
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .............................................................................................................................. 1
1.1. TRANSDUTORES .................................................................................................................... 3
1.1.1. TRANSDUTOR ELETROQUÍMICO ................................................................................... 3
1.1.2. TRANSDUTOR ÓPTICO ..................................................................................................... 4
1.1.3. TRANSDUTOR TÉRMICO .................................................................................................. 4
1.1.4. TRANSDUTOR PIEZOELÉTRICO .................................................................................... 4
1.2. CLASSIFICAÇÃO DO RECONHECEDOR BIOLÓGICO ................................................... 4
1.2.1. DISPOSITIVO BIOCATALÍTICO ........................................................................................ 5
1.2.2. DISPOSITIVO POR BIOAFINIDADE ................................................................................ 6
2. OBJETIVOS .................................................................................................................................. 8
3. APLICAÇÕES ............................................................................................................................... 8
3.1. LEITE E BEBIDAS LÁCTEAS ................................................................................................ 8
3.2. CERVEJA, VINHO E OUTRAS BEBIDAS ALCOÓLICAS ............................................... 15
3.3. SUCO DE FRUTA E BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS ........................................................ 17
4. BIOSSENSORES COMERCIAIS ............................................................................................. 19
5. CONCLUSÃO .............................................................................................................................. 21
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................................ 22
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
1
1. INTRODUÇÃO
Atualmente, o sistema alimentar mundial é altamente complexo. Ele emprega
milhões de pessoas em todo o mundo (desde os pequenos produtores e mercados até as
grandes corporações) que produzem, processam, transportam e fornecem alimentos
diariamente para o consumidor.1
Um dos grandes desafios deste sistema é evitar a contaminação química e
biológica. Esses contaminantes podem entrar em contato com os alimentos em qualquer
ponto do sistema de produção e processamento e são responsáveis por inúmeros
problemas de saúde.1; 2
O grande número de crises mundiais relacionadas aos alimentos e o aumento da
frequência em que elas ocorrem levaram alguns governos a estabelecerem novas leis e
melhorarem a infra-estrutura de todo o sistema de produção. Em 1963, a Organização
Mundial da Saúde (WHO – World Health Organization) e a Organização das nações Unidas
para Alimentação e Agricultura (FAO - Food and Agriculture Organization) estabeleceram
um órgão intergovernamental (Comissão do “Codex Alimentarius”) para desenvolver códigos
de conduta e recomendações com o objetivo de controlar os surtos de doenças causadas
pelos alimentos.1
Hoje em dia o Codex Alimentarius é referência mundial no setor de segurança
alimentar e conta com uma extensa coleção de recomendações de segurança. O sistema
mais utilizado para o controle do processo de produção pelas indústrias é a análise de
perigos e pontos críticos de controle (APPCC), que é um método que se baseia em
princípios técnicos e científicos de prevenção, adotado pela comissão do Codex
Alimentarius a partir 2003.1; 3; 4
Apesar disso, pesquisas feitas recentemente mostraram que as doenças
transmitidas por alimentos ainda são um problema de segurança pública. Em países
desenvolvidos, de 25 a 33% da população são afetados anualmente e esses números são
ainda maiores em países em desenvolvimento. Dados da Organização Mundial de Saúde
mostram que, em países de baixa renda, essas doenças (gastrenterite, febre tifóide, febre
entérica, botulismo, colite hemorrágica dentre outras) são a segunda maior causa de
mortalidade, ficando a frente da síndrome da imunodeficiência adquirida (AIDS), malária e
tuberculose.1
Com isso, desde a década de 90, há um aumento da necessidade de novas
metodologias analíticas para a determinação de compostos específicos na indústria
alimentícia5; 6. Desta forma, manutenção da qualidade dos produtos industrializados
destinados à alimentação têm grande importância econômica.6
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
2
O controle de produção é feito por meio de análises periódicas, a partir de métodos
capazes de fornecer informações precisas sobre as características físicas e químicas do
alimento e, principalmente, sobre possíveis contaminações. Essas análises são realizadas
normalmente por técnicas clássicas, como a titulação, ou instrumentais, como
espectrofotometria, eletroforese capilar, cromatografia (principalmente cromatografia líquida
de alta eficiência - HPLC e cromatografia gasosa - CG).6
Como desvantagens, essas técnicas não proporcionam um monitoramento fácil e
contínuo, são baseados em equipamentos caros (nas técnicas instrumentais), necessitam
de profissionais bem treinados, utilizam grande quantidade de reagentes (no caso da
cromatografia) e, muitas vezes, exigem um preparo prévio da amostra.5; 6 Além disso,
protocolos de análise rigorosos, no que diz respeito à segurança e à qualidade dos
alimentos, impostos pelos órgãos responsáveis, abrem espaço no mercado para novas
metodologias sensíveis, rápidas e baratas. Assim, a aplicação de sensores químicos se
torna uma alternativa interessante.7
O sensor químico é um dispositivo capaz de fornecer informações em tempo real
sobre o sistema estudado. Eles são muito sensíveis, portáteis, de baixo custo, fornecem a
possibilidade de miniaturização e a facilidade de automação.8; 9 A Figura 1 ilustra os
componentes de um sensor: o analito alvo é reconhecido de maneira seletiva ou específica
pelo reconhecedor e a energia gerada por essa interação é transformada em um sinal
mensurável pelo transdutor. Esse sinal é transportado pelo comunicador até um instrumento
apropriado de medida.8
Figura 1- Esquema geral dos principais componentes de um sensor8
O desempenho do sensor depende diretamente da capacidade do reconhecedor de
interagir com o composto de interesse de forma seletiva. O dispositivo é denominado
biossensor quando o reconhecedor é de origem biológica. Esse tipo de sensor combina a
seletividade ou especificidade do reconhecedor biológico (enzima, anticorpo, DNA) com a
sensibilidade do transdutor (óptico, térmico, eletroquímico) gerando assim uma análise
complexa, porém de fácil execução.10 Esses dispositivos são importantes ferramentas para
a análise de amostras reais (matrizes complexas) e o procedimento para a construção
desses dispositivos está descrito em vários trabalhos na literatura.11-15 As suas aplicações
estão distribuídas em diferentes áreas: clínica, ambiental, agrícola e biotecnológica.6
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
3
Em especial na indústria alimentícia, os biossensores têm como função a
determinação do grau de contaminação dos alimentos e controle “on line” dos processos de
fermentação e produção. Apesar dos inúmeros dispositivos desenvolvidos nos últimos anos,
suas aplicações em processos de produção real ainda são muito restritas.6
A estabilidade e a durabilidade são as principais desvantagens desses sensores,
que necessitam de condições moderadas de temperatura e pH para manter a atividade do
reconhecedor biológico, além da necessidade de um preparo prévio da amostra quando a
matriz for ácida ou hidrofóbica. Nestes casos a neutralização, diluição ou extração, hidrólise
ácida ou alcalina, digestão por microondas, extração por fluído supercrítico, evaporação e
filtração se fazem necessários.6
Basicamente, os biossensores podem ser classificados de duas formas diferentes:
baseada no transdutor ou no elemento biológico de reconhecimento. A escolha conjunta do
material biológico e do transdutor depende do analito alvo e a combinação dos dois
determinará o quão sensível e seletivo ou específico é o biossensor.7
1.1. TRANSDUTORES
Os transdutores possuem a função de transformar a energia gerada pela interação
entre o reconhecedor biológico e o analito alvo em um sinal mensurável. Sua classificação
depende do tipo de energia gerada por essa interação.16 Eles podem ser eletroquímicos,
piezoelétricos, ópticos e calorimétricos (térmicos).
1.1.1. TRANSDUTOR ELETROQUÍMICO
De acordo com a IUPAC, biossensor eletroquímico é um dispositivo capaz de
fornecer uma informação quantitativa ou semi-quantitativa a respeito do composto de
interesse utilizando um reconhecedor biológico em contato direto com o transdutor. A
interação entre o analito alvo e o reconhecedor gera ou consome elétrons, que produz o
sinal eletroquímico. Existem três tipos de transdutores eletroquímicos: amperométrico,
potenciométrico ou condutimétrico.6; 17; 18
a) Amperométrico: Mede o fluxo de corrente gerada pela reação de oxidação ou redução
das espécies eletroativas presentes na cela eletroquímica quando o potencial é
mantido constante. O fluxo medido é proporcional à concentração do composto de
interesse.18; 19
b) Potenciométrico: Mede o potencial no eletrodo de trabalho em relação ao eletrodo de
referência. Esse transdutor fornece informações sobre a atividade iônica em uma
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
4
reação eletroquímica e a relação entre o potencial medido e a concentração do analito
é dada pela equação de Nernst.19
c) Condutimétrico: Baseia-se na habilidade do analito (solução eletrolítica) de conduzir
corrente. A medida é realizada entre os eletrodos metálicos e o consumo de espécies
iônicas durante uma reação química, altera a condutância do meio de maneira
proporcional a concentração do analito.18; 19
1.1.2. TRANSDUTOR ÓPTICO
Podem ser de fibra óptica, guia de onda planar ou ressonância de plasma de
superfície (SPR). A quantificação das espécies é realizada pela medida do índice de
refração, pelas propriedades fluorescentes das moléculas analisadas, pela quantidade de
luz absorvida ou por meio de um transdutor químico-óptico. 20
1.1.3. TRANSDUTOR TÉRMICO
Envolve a medida do calor produzido ou consumido durante uma reação específica.
Esse calor é proporcional a entalpia molar e ao número de moléculas formadas como
produto de reação.21
1.1.4. TRANSDUTOR PIEZOELÉTRICO
Baseados na imobilização do reconhecedor biológico em um cristal piezoelétrico e
na imersão deste na solução contendo o analito. A interação específica entre o
reconhecedor biológico e o analito pode ser monitorada por meio de oscilações do cristal no
líquido onde ele se encontra submerso. A diferença entre a frequência de oscilação do
cristal sem o analito ligado aos sítios e a frequência após as ligações serem formadas é
diretamente proporcional ao aumento de massa do cristal.
1.2. CLASSIFICAÇÃO DO RECONHECEDOR BIOLÓGICO
Existem duas classificações para os biossensores que dependem da natureza do
evento que ocorre entre o reconhecedor biológico e o composto de interesse: Biossensor
biocatalítico e por bioafinidade.17
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
5
1.2.1. DISPOSITIVO BIOCATALÍTICO
O princípio destes dispositivos são as reações catalisadas por macromoléculas.
Nestes sensores, o consumo contínuo do substrato é realizado ao imobilizar o reconhecedor
biológico na superfície do sensor. Os tipos mais comuns são: enzimáticos (uma ou várias
enzimas) e celulares (células eucariontes, bactérias, fungos, mitocôndrias e organelas).17
Enzimas são proteínas, consistem em uma seqüência de vinte ou mais
aminoácidos ligados por ligação peptídica e possuem atividade catalítica. A enzima acelera
a conversão do substrato em seu(s) respectivo(s) produto(s) ao diminuir a energia de
ativação. Com isso, a reação ocorre em baixas temperaturas (abaixo de 50°C) e no intervalo
de pH que varia de 5,0 a 8,0. Essas reações são muito eficientes e podem ser seletivas ou
específicas. Biossensores que utilizam esses compostos são os mais comuns e possuem o
maior potencial para serem comercializados.22; 23
A enzima a ser imobilizada na camada modificadora do biossensor é escolhida de
acordo com o analito alvo e o sucesso no desenvolvimento do dispositivo depende do
processo de imobilização, que tem por objetivo manter um contato direto entre a enzima e a
superfície do sensor de forma estável.22
Biossensores celulares empregam células inteiras como reconhecedores. Eles são
usados na determinação de um composto ou de um grupo de compostos. Dentre os
elementos biológicos utilizados como reconhecedor neste dispositivo encontra-se as
bactérias, as algas e as leveduras. As desvantagens na aplicação destas células estão
sintetizadas abaixo.24
I. As condições naturais em que a célula é encontrada na natureza, e que
mantém a célula viva, devem ser mantidas. Estas condições exigem um
controle rigoroso do meio.
II. O metabolismo das células deve ser mantido continuamente.
III. A célula deve ser imobilizada na superfície do transdutor sem que isso afete a
sua função biológica.
IV. A durabilidade do biossensor depende do tempo de vida da célula.
Em contrapartida, esses biossensores apresentam diversas vantagens,
principalmente quando comparados aos biossensores enzimáticos:24; 25
I. A célula inteira é imobilizada na superfície do sensor, dispensando assim o
isolamento e purificação do componente biológico.
II. Esses reconhecedores biológicos são capazes de metabolizar uma larga
escala de compostos químicos.
III. Os reconhecedores celulares são menos sensíveis à mudança de pH e de
temperatura quando comparados a biossensores enzimáticos.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
6
1.2.2. DISPOSITIVO POR BIOAFINIDADE
Nesta classificação, encontram-se os anticorpos, antígenos e ácidos nucléicos
(fragmentos de DNA). Tem como princípio a interação do analito com uma macromolécula,
que foi isolada do seu meio natural ou sintetizada artificialmente. Esses reconhecedores
interagem de forma seletiva ou específica com o analito formando um complexo
termodinamicamente estável. Os dispositivos mais comuns desta classificação são os
imunossensores, genossensores e aptassensores.17;6
Os imunossensores fazem uso dos anticorpos (compostos que exercem papel
fundamental no sistema imunológico) que são produzidos por organismos vivos de forma a
reconhecer um composto específico (antígeno), geralmente uma proteína. Eles também
podem reconhecer vírus e bactérias por meio das proteínas encontradas na superfície
destes microorganismos. Com isso, os imunossensores podem ser empregados na
determinação de uma grade variedade de proteínas, vírus e bactérias. Está disponível no
mercado uma grande variedade de anticorpos, porém muitos deles possuem um custo
elevado.26;13
Existem inúmeros métodos para a detecção da ligação antígeno/anticorpo, sendo
os mais comuns os transdutores eletroquímicos, ópticos e piezoelétricos. Algumas
desvantagens limitam o uso desses imunossensores, como a instabilidade inerente ao
anticorpo e a limitada reversibilidade da ligação.13; 26; 27
A combinação dos ácidos nucléicos com um transdutor apropriado forma um tipo
importante de biossensor com desempenho intimamente ligado às propriedades físicas do
DNA e do RNA como pureza e comprimento da cadeia. Eles são denominados
genossensores e aptassensores.22 As informações genéticas são armazenadas em um
sistema que consiste em quatro diferentes bases nitrogenadas: guanina (G), adenina (A),
timina (T) e citosina (C) para o DNA e guanina (G), adenina (A), uracila (U) e citosina (C)
para o RNA. Tais bases só podem ser pareadas com a base correspondente, ou seja,
adenina com timina (ou uracila para o RNA) e guanina com citosina.26
Assim, sequências de bases nitrogenadas são usadas para determinar a presença
da sua sequência complementar, gerando um sinal que pode ser monitorado, fazendo
destes dispositivos uma excelente ferramenta para detectar espécies de vírus e bactérias
mesmo em matrizes mais complexas.22;26 Outros compostos que podem ser determinados
com esse biossensor são os agentes carcinogênicos, drogas e poluentes mutagênicos.
Estes sensores também podem detectar seqüências específicas de mutações genéticas
associadas a diversos tipos de doenças.28
Os Aptâmeros, chamados de “anticorpos sintéticos”, são sequências curtas de
ácidos nucléicos que interagem com as moléculas-alvo de forma específica, pois são
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
7
oligonucleotídeos sintéticos. São produzidos por um processo conhecido como evolução
sistemática de ligantes por enriquecimento exponencial (Selex - systematic evolution of
ligands by exponential enrichment) que utiliza o analito-alvo como molde para formar a
sequência de bases nitrogenadas.25
As metodologias que empregam os dispositivos citados acima propõem uma
análise mais rápida, de baixo custo, (quando comparadas com as metodologias atualmente
empregadas), que podem ser adaptados para análises “on line” e são alternativas
interessantes no controle de contaminações e da qualidade do alimento produzido. A partir
destas informações, o foco deste trabalho de conclusão de curso foi apresentar uma revisão
bibliográfica dos biossensores desenvolvidos nos últimos anos para a aplicação em
alimentos, especificamente em bebidas.
As bebidas são produtos alimentícios, uma vez que são derivados de matérias-
primas alimentares e podem ser divididas em alcoólicas e não alcoólicas.29 As opções de
bebidas cresceram rapidamente nos últimos anos (bebidas esportivas, energéticos, bebidas
com baixo teor calórico são alguns exemplos) e fizeram com que as indústrias de bebidas
crescessem consideravelmente,30 a maior procura atualmente é pelas bebidas funcionais,
que possuem ingredientes específicos com diversas finalidades, como o aumento de
energia, retardamento do envelhecimento e o tratamento de algumas doenças. O
consumidor procura alimentos com alto valor nutricional e com baixo teor de gorduras e
caloria. 31
O consumo mundial é controlado pela Organização das nações Unidas para
Alimentação e Agricultura. De acordo com estudos realizados a disponibilidade de bebidas
ao redor do mundo cresceu 40% nos últimos anos. A bebida mais consumida mundialmente
é o chá, cerca de 45 litros por pessoa são consumidos anualmente, seguido pelo leite (42
litros) e pela cerveja (30 litros).30; 32
O aumento do consumo de bebidas tradicionais, o desenvolvimento de novos
produtos e a necessidade de manutenção do controle da qualidade destas bebidas
estimularam o desenvolvimento de tecnologias capazes de facilitar o processo de produção.
Neste contexto, as pesquisas dedicadas ao desenvolvimento de novos biossensores
cresceram de forma considerável nos últimos anos.33 Os tópicos seguintes desta revisão
fazem um breve resumo das possíveis contaminações encontradas em alimentos em geral e
dos biossensores desenvolvidos recentemente para o controle de qualidade das bebidas.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
8
2. OBJETIVOS
Este trabalho tem como objetivo fornecer uma revisão bibliográfica dos principais
biossensores desenvolvidos no período de 2010 a 2014, com aplicações no controle de
qualidade de bebidas, assim como uma análise de alguns dos principais trabalhos da área.
3. APLICAÇÕES
Em geral, as características e a composição dos alimentos são analisados por
diversos propósitos, incluindo a construção da tabela nutricional, controle de qualidade e
contaminação. As análises são realizadas de forma continua na linha de produção ou as
amostras são coletadas em diferentes pontos do processamento e analisadas em
laboratório.34 Para qualquer produto comestível, os riscos de contaminação se agrupam em
um número pequeno de categorias:35
• Componentes naturais da matéria-prima que são inerentemente tóxicos.
• Contaminantes ambientais associados à matéria prima.
• Infestações microbiológicas.
• Contaminação do produto no transporte, armazenamento ou empacotamento.
• Contaminações no processamento do produto.
• Contaminação deliberada do alimento.
• Compostos alergênicos que, embora inofensivos à maioria da população, fornecem
riscos significativos a uma minoria.
Os contaminantes que podem ser encontrados em bebidas assim como os
principais trabalhos publicados nos últimos anos, que foram aplicados com sucesso em
amostras reais. Os trabalhos citados aqui são os que foram considerados relevantes na área
e que possuem características que exemplificam as vantagens da utilização dos
biossensores. Eles estão especificados nos próximos tópicos, que foram divididos em leite e
bebidas lácteas, bebidas alcoólicas e bebidas não alcoólicas.
3.1. LEITE E BEBIDAS LÁCTEAS
Por definição, o leite é um fluído biológico complexo secretado pelas glândulas
mamárias de mamíferos, onde se encontram diversas moléculas diferentes em vários
estados de dispersão, muitas das quais ainda não foram identificadas. No entanto os
componentes majoritários do leite podem ser facilmente isolados e estudados. Tipicamente
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
9
o leite bovino é composto por aproximadamente 87% de água, 3,7-3,9% de lipídeos, 3,2-
3,5% de proteínas, 4,8-4,9% de carboidratos e 0,7% de minerais.36
O leite e seus derivados são suscetíveis ao crescimento microbiano rápido que
pode ser benéfico (como os probióticos) ou não. Os laticínios estão vulneráveis à
contaminação por fontes biológicas, químicas e físicas e a identificação e eliminação destas
fontes de contaminação são de grande interesse para a indústria alimentícia.1; 36
3.1.1. CONTAMINAÇÃO MICROBIANA
O leite comercializado, quando contaminado, transfere os microorganismos do
animal para o ser humano. Os vírus e bactérias chegam ao leite por meio da alimentação ou
do ambiente em que o animal foi mantido. Ao ser retirado e manuseado, o produto ainda
entra em contato com os microorganismos presentes nos equipamentos de ordenha, de
armazenamento do produto e outras fontes de contaminação presentes na fazenda. Como o
leite é uma matriz orgânica que facilita a sobrevivência e reprodução de microorganismos, a
contaminação inicial pode resultar em um aumento significativo na população bacteriana,
dependendo da temperatura de armazenamento.37
As espécies mais comuns de bactérias encontradas no leite são: Salmonela,
Campylobacter, Escherichia coli, Staphylococcus aureus, Listeria monocytogenes,
Mycobacterium bovis, Brucella abortus e Brucella melitensis.37
3.1.2. CONTAMINAÇÃO QUÍMICA
Podem ser de origem natural (toxinas produzidas por fungos) ou antropogênica
(resíduos da agricultura e das indústrias que estão presentes na água ou na alimentação do
animal). Na maioria dos casos, os resíduos químicos e contaminantes são resistentes à
degradação e não são afetados por tratamentos térmicos como a pasteurização ou a
diminuição do pH decorrente do processo de fermentação. 37
• Contaminantes Ambientais
Alguns exemplos de contaminantes são os furanos, as dioxinas, as bifenilas
policloradas (BPC’s), os metais pesados e alguns radionuclídeos. A presença de metais
tóxicos (As3+, As5+, Cd2+, Pb2+, Hg3+ principalmente) no solo contamina a produção agrícola,
e as fontes de água potável.38 O risco para a população é a ingestão de grandes
quantidades dos compostos citados acima, pois eles tendem a ser tóxicos, bioacumulativos
e cancerígenos.37
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
10
• Contaminantes Industriais
O processamento do produto natural também pode contaminar o alimento ao
produzir substâncias como: acrilamida, benzeno, aminas biogênicas, cloropropanóis, furano,
N-nitrosaminas, hidrocarbonetos aromáticos policíclicos, bisfenol A e outros contaminantes
provenientes do processo de empacotamento do produto.1
• Contaminantes Biológicos
Micotoxinas são metabólitos fúngicos que, quando ingeridos, inalados ou
absorvidos pela pele, podem causar doenças ou até a morte. Essa classe de compostos
apresenta os quatro tipos básicos de toxicidade: aguda, crônica, mutagênica e teratogênica,
as espécies de micotoxinas mais importantes são: aflatoxina, ocratoxina A, fumonisinas e
zearalenona.1
• Pesticidas
Durante a segunda metade do século XX, foram desenvolvidos uma série de
novos pesticidas com o objetivo de melhorar a produtividade das atividades agrícolas.
Encontram-se nesta categoria os herbicidas, fungicidas e inseticidas. São em geral
compostos tóxicos, bioacumulativos e provocam diversos problemas de saúde na população
como danos ao sistema nervoso, aos pulmões, aos órgãos reprodutivos, aos sistemas
imunológicos e endócrinos, malformação congênita e câncer.37
• Aditivos
São adicionados ao produto por diversos motivos: regular a acidez, reduzir a
formação de espuma, melhorar a textura e aumentar o prazo de validade do produto ao
suprimir o crescimento de microorganismos. Os aditivos podem ser naturais (ácido
ascórbico) ou sintéticos, estão presentes em pequenas quantidades nos alimentos e
geralmente não oferecem risco à saúde humana devido à baixa toxicidade.1
• Resíduos de remédios
Fármacos administrados em animais lactantes podem estar presentes nos produtos
de origem animal em pequenas concentrações. Estes remédios são administrados para
prevenir infecções e aumentar a saúde do animal. A retirada do leite após a administração
do remédio só deve ser realizada depois de um período determinado para que a
concentração do composto atinja níveis aceitáveis.1; 37
3.1.3. CONTAMINAÇÃO FÍSICA
Trata-se da inclusão acidental de algum material no alimento nas etapas de
processamento do produto. Essa contaminação pode ser por fragmentos de plástico ou
metais, insetos, causados pelo contato humano como unha e cabelo ou até mesmo
contaminação deliberada.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
11
A Tabela 1 apresenta um resumo dos possíveis contaminantes encontrados em
laticínios
Tabela 1 – Contaminantes encontrados em laticínios.1
Contaminação Biológica Contaminação Química Contaminação Física
Bacillus cereus
Brucella spp.
Campylobacter jejuni
Coxiella burnetii
Cronobacter sakazakii
Cryptosporidium parvum
Escherichia coli
Enterohaemorrhagic E. coli
Listeria monocytogenes
Leptospira
Mycobacterium bovis
Mycobacetrium paratbuberculosis
Salmonella (non-typhi)
Shigella spp.
Staphylococcus aureus
Yersinia enterocolitica
hepatitis A, Salmonella typhi e
paratyphi.
Resíduos de Antibióticos
Antibióticos
Pesticidas
Hormônios
Dioxinas
Aflatoxina M1
Metais Pesados
Radionuclídeos
Bisfenol A (Processo de
empacotamento)
Melanina
Fragmentos de metal (parafusos e
rebites)
Limalhas de máquinas
Pedaços de vidro
Jóias
Pedras
Isolamento/pintura
Pedaços de Plástico
Jóia, botões, fragmentos de unha
Cabelo, pó, e insetos
Fonte: Encyclopedia of Food Safety
3.1.4. LEGISLAÇÃO
No século XIX, os laticínios eram uma fonte de transmissão de várias doenças
incluindo o antraz, difteria, febre tifóide, escarlatina e tuberculose. Essa situação começou a
mudar após a aplicação do processo de pasteurização. O desenvolvimento de novos
processos de tratamento do leite e novas legislações mudaram o panorama da indústria de
laticínios.37
No Brasil, a regulamentação do leite é feita pelo Centro Integrado de
Monitoramento da Qualidade dos Alimentos (Cquali – Leite), que é uma iniciativa conjunta
da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), do Departamento de Proteção e
Defesa do Consumidor (DPDC), do Ministério da Justiça e do Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento (MAPA), no sentido de integrar as ações dos órgãos envolvidos
no controle de alimentos e fortalecer as medidas de prevenção e combate a desvios de
qualidade, incluindo irregularidades e fraudes. Os regulamentos técnicos em vigor no Brasil
são baseados nas normas, diretrizes ou recomendação da comissão do Codex Alimentarius
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
12
da União Européia, do FDA (Food and Drug Administration - EUA) e de outros órgãos
reconhecidos internacionalmente.39
Apesar da melhora no processamento do leite, a sua qualidade ainda é um fator
preocupante, uma vez que surtos de doenças transmitidas por leite ainda ocorrem, apesar
da pasteurização ou ainda causada por pasteurização inadequada.40
3.1.5. BIOSSENSORES PARA ANÁLISE DE LEITE
Um dos trabalhos mais citados publicados na década de 90 sobre a aplicação de
biossensores em laticínios foi desenvolvido por Jager e colaboradores, em 1994.41 Este
trabalho descreve a utilização de eletrodos impressos (screen printed) também chamados
de eletrodos descartáveis, com as enzimas β-galactosidase e glicose oxidase
coimobilizadas por ligação cruzada para a determinação de lactose em amostras de leite. O
biossensor amperométrico foi utilizado em um sistema de análise por injeção em batelada
(BIA). Não foi detectado nenhum tipo de interferente e não foi necessário o preparo prévio
das amostras, com faixa linear de 2,0x10-6 a 2,5x10-3 mol L-1 e sensibilidade de
250nAmmolL��. O biossensor possui o mecanismo catalítico mostrado abaixo, onde o
H2O2 é a espécie monitorada.
������ +������������� !��"#$$$$$$$$$$$% & − (�)������ + & − ()*����(1)
& − ()*���� +�� �� ���"�. !��"#$$$$$$$$$$% & − ()/��0� − 1 − )����0� +����(2)
����
23→�� +���(3)
O biossensor apresentou estabilidade por três meses e foi aplicado em leite, Iorgute
e outros derivados do leite com resultados similares ao teste de referência.
Em 2010, Yang e colaboradores42 desenvolveram um biossensor enzimático e
óptico para análise em fluxo com mecanismo similar ao descrito anteriormente para a
determinação de lactose em amostras de leite. Com a β-galactosidase e glicose oxidase
coimobilizadas em fibra de alginato de cálcio e em AMNM (“amine modified nanosized
mesoporous sílica”). As duas primeiras etapas do mecanismo catalítico são iguais às
Equações 1 e 2 e a última etapa ocorre de acordo com a Equação 4.
)/6*0�) +���� + ��� 728#$% �6*0�9��)��� + ℎ;(42506)(4)
Durante a reação enzimática, a lactose produz o equivalente em mols de H2O2, que
reage com o luminol em soluções básicas. A concentração da amostra é determinada pela
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
13
intensidade da luminescência produzida. Alguns interferentes foram descritos, assim como
a necessidade de centrifugação da amostra de leite. A faixa linear encontrada foi de
8,0x10−8 g mL−1 a 4,0×10−6 g mL−1 e o dispositivo apresentou estabilidade por cerca de 2
meses.
Em 2004 Knecht e colaboradores43 desenvolveram o primeiro imunossensor
automatizado (denominado PASA - conjunto de sensores de afinidade em paralelo) capaz
de detectar simultaneamente dez antibióticos. Os anticorpos específicos para penicilina G,
cloxacillin, cefapirina, sulfadiazina, sulfametazina, estreptomicina, gentamicina, neomicina,
eritromicina e tilosina permitiram a análise simultânea dos respectivos analitos. Todo o
processo foi totalmente automatizado e o tempo médio de cada análise foi de cinco minutos
com limites de detecção de 0,12 µg L-1 (cefapirina) a 32 µg L-1 (neomicina). O dispositivo foi
aplicado em amostras de leite com resultados satisfatórios.
Em 2012 Mishra e colaboradores44 publicaram um artigo que descreve a utilização de
enzimas modificadas geneticamente (acetilcolinesterase (AChE) enzimas B394, B4 e B131)
para determinação de pesticidas organofosfatos em um sistema de análise em fluxo. O
tempo total de análise foi de 15 minutos com uma faixa linear de trabalho de 5×10−12 mol L-1
a 5×10−6 mol L-1, sem a necessidade de preparo da amostra e não foi detectado nenhum
tipo de interferente.
Os trabalhos citados acima descrevem dispositivos que possuem viabilidade para
aplicação em processos reais devido aos curtos tempos de análises, à possibilidade de
análises simultâneas, à miniaturização e à automação do sistema além da alta
especificidade e sensibilidade. A Tabela 2 apresenta outros biossensores desenvolvidos nos
últimos cinco anos com o objetivo de quantificar contaminantes em laticínios.
Tabela 2- Biossensores empregados na análise de leite e bebidas lácteas
Analito Aplicação Reconhecedor Biológico Transdutor Faixa linear de resposta Durabilidade Ref.
Uréia Leite Urease Óptico - 7 a 8 dias 45
Ocratoxina A Leite Peroxidase Amperométrico 2,38×10−8 a 2,03×10−7 mol L-1 - 46
Organofosfatos Leite Acetilcolinasterase Amperométrico 5×10−6 a 5×10−12 mol L-1 - 44
Nisin Leite Bactéria Óptico 1,3×10-2 CFU mL-1 - 47
Lisina Leite Lisina oxidase Amperométrico 1,0×10−6 a 6,0×10−4 μmol L-1 4 meses 48
Glicose Leite Glicose oxidase Amperométrico 1,0×10−4 a 8,0×10−4 mol L-1 - 49
Patogênicos e toxinas Leite B linfócitos Ped-
2E9 cellline Óptico - - 50
Catecol Leite Lactobacillus acidophilus Amperométrico 5,0×10−4 e 5,0×10−3 mol L-1 18 dias 51
Lactose Leite β-galactosidase e Glicose oxidase Amperométrico 1,0×10−4 a 1,4×10−2 mol L-1 3 semanas 52
Lactose Leite Celobiose desidrogenase Amperométrico 1×10−6 a 1,5×10−4 mol L-1 12 dias 53
Herpesvirus-1 Leite ELISA Amperométrico - - 54
Salmonella typhimurium (SA) Leite Anticorpo SA Condutimetrico 1,0x10-3 a 1,0x10-7 CFU mL-1 1 mês 55
Cloranfenicol Leite Anticorpo cloranfenicol Piezoelétrico 5,0×10−10 a 1,0×10−7 g mL−1 - 56
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
14
Colina Leite Colina oxidase Óptico 1,0×10−7 a 5×10−4 mol L-1 20 dias 57
Uréia Leite Urease Térmico 1×10−3 a 2,0×10−3 mol L-1 180 dias 58
Organofosfatos Leite Acetilcolina
esterase e colina oxidase
Óptico 4,84×10-11 a 4,84×10−6 mol L-1 - 59
Glicose Leite Glicose oxidase Amperométrico 2,5×10−4 a 5,00×10−3 mol L-1 15 dias 60
Colina Leite Colina oxidase e peroxidase Óptico 5,0×10−7 a 2,0×10−3 mol L-1 30 dias 61
Aflatoxina M1 (AFM1) Leite Anticorpo AFM1 Condutimetrico 6,25×10-12 a 1,00×10-10 g mL−1 - 62
Enterotoxina estafilocócica A
(SEA) Leite Anticorpo SEA Piezoelétrico 5,0×10-5 a 1,0×10-3 g L−1 - 63
Ácido fólico Leite Anticorpo Óptico 1,0×10-9 a 1,0×10-8 g mL-1 - 64
Sulfadiazina Leite Anticorpo Piezoelétrico 5,0×10-5 a 2,0×10-4 g kg-1 - 65
Peróxido de hidrogênio Leite Catalase Amperométrico - - 66
Catalase Leite Aptâmero Óptico (SPR) 5×10-9 a 1,0×10-6 mol L-1 - 67
Íon chumbo Leite Urease Potenciométrico e colorimétrico 1,93×10-6 a 4,83×10-6 mol L-1 - 68
Listeria monocytogenes
(LM) Leite Anticorpo LM Amperométrico 1,0×102 a 1,0×106 CFU mL-1 - 69
Sulfamethoxazole (SMX) Leite Anticorpo SMX Amperométrico 5×10−10 a 5×10−7 g mL−1 2 semanas 70
Enrofloxacina , Cloranfenicol e
Sulfapiridina Leite Anticorpo Óptico (SPR) - - 71
Staphylococcus Aureus (S. aureus),
Leite Anticorpo S. aureus Colorimétrico 1,5x102 a 1,5x106 CFU mL−1 - 72
Listeria monocytogenes
(LM) Leite Anticorpo LM Piezoelétrico - - 73
Bisfenol A (BPA) Leite Aptâmero Anti-BPA Amperométrico 1,0×10−8 a 1,0×10−5 mol L-1 14 dias 74
Aflatoxina M1 Leite 21-mer ss-HSDNA
(fragmento de DNA)
Condutimétrico 1,0×10−9 a 1,4×10−8 g mL-1 - 75
Enterobacteriaceae Leite DNA e
Exonuclease III Amperométrico 1,0x10-14 a 1,0x10-9 mol L-1 - 76
Tetraciclina Leite Aptâmero Eletroquímico 5,0×10−7 a 5,0x10-6 g mL-1 15 dias 15
Biotin (vitamina B8)
Leite Anticorpo biotin Óptico 2,5×10−9 a 7,5×10−8 g mL-1 - 77
Mycobacterium bovis Leite Fragmento de
DNA IS6110 Amperométrico - - 78
Melamina Leite Anticorpo Óptico 5,0×10−7 a 1,0×10−6 g mL-1 - 79
Enterotoxina estafilocócica B
(SEB) Leite Anticorpo SEB Piezoelérico 1,0×10−8 a 1,0×10−5 g mL-1 e
1,0×10−15 a 1,0×10−4 g mL-1 - 80
Glicose Leite sem lactose Glicose oxidase Amperométrico - - 81
Bifidobacterium bifidum e
Lactobacillus acidophilus
Leite Anticorpo BSA Piezoelético 1×104 a 1×107 CFU mL-1 - 82
Diclofenaco Leite Anticorpo diclofenaco Óptico 3,99×10−7 a 2,227×10−6 g L−1 - 83
Peróxido de Hidrogênio Leite Peroxidase Amperométrico 5,0×10−7 a 1,0×10−5 mol L-1 e
1,0×10−4 a 1,8×10−3 mol L-1 36 dias 84
Clostridium botulinum
neurotoxinas A e B (PCR)
Leite ELISA e immuno-PCR Piezoelétrico - - 85
ELISA - Enzyme-Linked Immunosorbent Assay/ BlaR-CTD - carboxy-terminal of penicillin-recognizing protein BlaR/ CFU - Unidades formadoras de colônias/ SPR- ressonância de plasma de superfície
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
15
3.2. CERVEJA, VINHO E OUTRAS BEBIDAS ALCOÓLICAS
As bebidas alcoólicas são parte importante da vida cotidiana, pois o consumo
destes produtos é comum em todas as classes sociais. O princípio das bebidas alcoólicas é
a fermentação, onde o açúcar é convertido em etanol e outros produtos secundários. Essa
conversão pode ser realizada por diversos fungos e bactérias, que imprimem as suas
características ao processo de fermentação, produzindo bebidas de sabores característicos.
Os contaminantes normalmente encontrados em bebidas alcoólicas são os pesticidas,
contaminantes orgânicos industriais, metabólitos fúngicos, materiais inorgânicos, e outras
substâncias formadas ou adicionadas às bebidas no processo de fermentação (já discutidos
na seção 3.1.2).38
As concentrações destes contaminantes devem ser controladas regularmente
respeitando as quantidades máximas especificadas por lei.38 No Brasil, a qualidade das
bebidas alcoólicas e não alcoólicas é fiscalizada pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e
Abastecimento. A regulamentação para padronização, classificação, registro, inspeção,
produção e fiscalização encontra-se nas leis n°8.918, de julho de 1994 e n° 7.678, de
novembro de 1998, nos decretos regulamentadores n° 6.871/09 e n° 99.066/1990 e em
Instruções normativas e Portarias.39 As principais aplicações de metodologias analíticas,
com a finalidade de controlar a qualidade do produto no processo de produção, encontram-
se resumidas abaixo:38
• Monitorar o processo de produção e garantir a qualidade do produto.
• Determinar a autenticidade da bebida.
• Detectar aditivos fraudulentos.
• Assegurar que o produto cumpra as exigências regulamentares.
• Caracterizar novos componentes.
• Investigar a existência de poluentes, toxinas naturais e seus metabólicos.
Na monitoração do processo de produção para garantir a qualidade e o sabor das
bebidas, se destacam os biossensores denominados de “nariz” e “língua” eletrônica, que
são sistemas compostos por um conjunto de sensores e um sistema de análise de dados. O
objetivo destes dispositivos é o de reconhecer características do produto como gosto, e
valores nutricionais, fazendo uma estimativa dos componentes-chave e então comparando
os valores encontrados com uma base de dados.86
Em 2011, Ghasemi-Varnamkhasti87 e colaboradores desenvolveram uma “língua
bioeletrônica”, com a enzima tirosinase e o uso de fitalocianinas como mediador de elétrons
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
16
para avaliar as mudanças que ocorrem durante o processo de envelhecimento da cerveja. A
capacidade do biossensor de monitorar o processo de envelhecimento da cerveja está
relacionada com a mudança na concentração de compostos fenólicos, mais precisamente
dos flavonóides. As amostras de diferentes marcas de cerveja estudadas foram previamente
analisadas pelo conjunto de biossensores usando a voltametria cíclica. Os dados extraídos
da voltametria foram utilizados na análise do componente principal (PCA - Principal
Component Analysis) e a análise discriminante linear (LDA - Linear Discriminant Analysis)
que são procedimentos matemáticos que tem por finalidade a análise de dados visando
sumarizar os resultados que possuem muitas variáveis.88 Após os tratamentos matemáticos,
os resultados mostraram que o conjunto de biossensores foi capaz de fornecer informações
claras a respeito da bebidas analisadas. Os resultados foram confirmados pelos tratamentos
matemáticos de rede neural probabilística (PNN -Probabilistic Neural Networks), funções de
base radial (RBF - Radial Basis Functions) e Redes Feedforward e Backpropagation (BP -
FeedForward Networks with Backpropagation). O biossensor proposto foi capaz de
discriminar e classificar diferentes amostras de cerveja.
Vários trabalhos descrevem dispositivos capazes de monitorar a qualidade do
produto final. Em 2011, Monošik89 e colaboradores descreveram o uso em conjunto de
biossensores enzimáticos (com as enzimas glicose oxidase, glicose desidrogenase,
glicoamilase, frutose desidrogenase, álcool desidrogenase, peroxidase, glicerol quinase,
sarcosina oxidase e creatinase) no controle dos níveis de açúcar (maltose, maltotriose,
glicose e frutose) e álcool (etanol e glicerol) no processo de fermentação na produção de
cerveja. Os resultados encontrados para os biossensores foram comparados com a
cromatografia líquida de alta eficiência e a espectrofotometria. Os pesquisadores concluíram
que, para o monitoramento de maltose e maltotriose, apenas a HPLC apresentou resultados
satisfatórios. Porém os biossensores e a espectrofotometria mostraram os melhores
resultados, demonstrando a diminuição dos níveis de açúcar durante todo o processo, e
foram capazes de detectar baixas concentrações de glicose e frutose mesmo em estágios
mais avançados de fermentação. Para o etanol e o glicerol, todos os métodos mostraram se
adequados. Neste caso, os biossensores representam a melhor opção no que diz respeito
ao custo e tempo de análise. A Tabela 3 apresenta os biossensores desenvolvidos nos
últimos anos para aplicações em bebidas alcoólicas.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
17
Tabela 3 - Biossensores empregados na análise da qualidade de bebidas alcoólicas
3.3. SUCO DE FRUTA E BEBIDAS NÃO ALCOÓLICAS
Nesta categoria encontram-se as bebidas que podem ou não ser de fontes naturais
e que não contém álcool em sua composição, tais como refrigerantes, energéticos, água de
coco, suco de fruta, dentre outros. O suco de fruta natural é um produto não fermentado
obtido da fruta fresca, alimento extremamente saudável e rico em vitaminas e minerais. As
frutas, no entanto, podem ser contaminadas por microorganismos como vírus e bactérias e
os diversos contaminantes químicos. Além disso, o componente principal destas bebidas é a
água; portanto a qualidade delas depende de um fornecimento adequado de água de
qualidade.1
As contaminações comuns em água são: concentração de minerais (acima ou
abaixo da ideal podem causar problemas de saúde), presença de metais pesados (devido a
ações naturais ou antropogênicas), outros contaminantes químicos (como pesticidas,
Analito Matriz Reconhecedor
Biológico Transdutor Faixa linear de resposta Durabilidade Re f.
Ocratoxina A Cerveja Peroxidase Amperométrico 2,4×10−10 a 2,06×10−9 mol L-1 - 90
Catecol e ácido caféico
Cerveja Tirosinase Amperométrico 2,5×10−7 a 9,2×10−5 e
2,5×10−7 a 4,7×10−4 mol L-1 24 dias 91
Polifenol e dióxido de
enxofre Cerveja Lacase Amperométrico - - 92
Ocratoxina A Cerveja Aptâmero Amperométrico - - 93
Tiramina Cerveja Tiramina oxidase Amperométrico 3,7×10−4 a 7,8×10−4 mol L-1 2 meses 94
Putrescina Cerveja Putrescina
oxidase Amperométrico 1,0×10−5 a 2,5×10−4 mol L-1 7 a 10 dias 95
Etanol Vinho e cerveja
Peroxidase e Álcool
desidrogenase Amperométrico - 3 dias 96
Amina Biogênica Vinho e Cerveja
Diamina oxidase Amperométrico 2,5×10−8 a 2,0×10−5 g ml-1 - 97
Glicose, frutose e
etanol Vinho
Glicose oxidase (GOD)
Álcool oxidase (AO) e
D-frutose desidrogenase
(FDH)
Amperométrico 2,0×10−5 a 7,0×10−4 mol L-1
5,0×10−5 a 5,0×10−4 mol L-1 e 5,0×10−5 a 5,0×10−4 mol L-1
6 meses GOD), 1mês (AO) e
15 dias (FDH) 98
Etanol Vinho Methylobacterium
organophilium Amperométrico 5,0×10−5 a 7,5×10−3 mol L-1 27 dias 99
Nitrogênio Vinho Gene GAP1m-F e
DAL4m-F Óptico - - 100
Ocratoxina A (OTA)
Vinho Anticorpo OTA Óptico - - 101
Ácido lático Vinho L-lactato oxidase Amperométrico 5×10−3 a 3,40×10−3 mol L-1 15 meses 102
Glicose Bebidas
alcoólicas Glicose oxidase Amperométrico 1,0×10−5 a 3,0×10−4 mol L-1 2 meses 103
Compostos fenólicos
Vinho Lacase Amperométrico - - 104
Quitosana Vodka Glucono-bacter
oxydans Amperométrico 5,0×10−4 a 2,0×10−3 mol L-1 - 105
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
18
dioxinas, BPC’s e compostos policíclicos aromáticos, dentre outros) e contaminações
microbiológicas.1
As cascas das frutas também podem abrigar uma grande variedade de fungos e
bactérias. Os microorganismos normalmente encontrados são as bactérias (Enterobacter,
Shigella, Salmonela, Escherichia coli 0157:H7, Bacillus cereus), certos vírus (Hepatite A,
Rotavirus e vírus Norwalk), fungos (Rhizopus, Aspergillus, Penicillum, Eurotium, Wallemia) e
leveduras (Saccharomyces, Zygosaccharomyces, Hanseniaspora, Candida, Debaryomyces
e Pichia sp).106 As contaminações citadas acima foram discutidas na seção 3.1.2.
Um biossensor enzimático para determinação de glicose em amostras de vinho e
suco de fruta, utilizando um sensor de fibra óptica acoplado a FIA (sistema por injeção em
fluxo) foi desenvolvido em 1989 por Dremel e colaboradores.107 O sistema apresentou faixa
linear de resposta de 0,1 a 500 mmol L-1, capacidade de análise de 60 amostras por hora e
estabilidade de 400 horas em análise contínua.
Em 2007, Wcisło108 e colaboradores publicaram um artigo em que descreviam um
biossensor amperométrico, descartável e enantiosseletivo para determinação de D-
aminoácidos. O biossensor foi construído imobilizando a enzima D-aminoácido oxidase na
superfície do eletrodo descartável que continha grafeno modificado com azul da Prússia e
Nafion. O dispositivo apresentou alta seletividade e faixa de resposta linear de
5a200μmolL��, com resultados semelhantes ao método padrão.
Um biossensor potenciométrico para determinação de Escherichia coli em amostras
de suco de frutas e leite foi desenvolvido por Zelada-Guillen e colaboradores em 2010109. O
reconhecedor biológico (aptâmero) foi imobilizado em nanotubos de carbono de parede
simples. O sistema apresentou alta sensibilidade e seletividade, com limite de detecção de
104CFUmL��(Unidades formadoras de colônias mL-1). O biossensor é de fácil construção,
porém só possui estabilidade para cinco análises. A Tabela 4 apresenta outros biossensores
desenvolvidos para análise de bebidas não alcoólicas.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
19
Tabela 4 – Biossensores aplicados a análise de suco de frutas e outras bebidas não alcoólicas.
4. BIOSSENSORES COMERCIAIS
Nos últimos anos, diversos trabalhos que descrevem a construção de biossensores
com potencial para aplicação em processos reais foram publicados na literatura. Eles
empregam diversos tipos de reconhecedores biológicos e são capazes de detectar centenas
de compostos de forma rápida e sensível. Apesar disso, a quantidade de biossensores
comerciais ainda é muito limitada. A Tabela 5 apresenta alguns dos biossensores
comerciais disponíveis no mercado.
Analito Matriz Reconhecedor Biológico Transdutor Faixa linear de resposta Durabilidade Re f.
Vitamina B5 Suco de fruta Anticorpo vitamina B5 Óptico (SPR) 1,0×10−8 a 5,0×10−6 g mL-1 - 110
Peróxido de hidrogênio
Leite, suco de fruta, leite de
coco
Tionina e catalase Amperométrico 1,0×10−4 a 2,3×10−3 mol L-1 4 semanas 111
Ocratoxina A Leite e suco de Frutas
Anticorpo ocratoxina e
Anticorpo aflatoxina
Óptico (SPR) - - 112
Ácido ascórbico Suco de Fruta Fragmento de
DNA Amperométrico - - 113
Carbamato pesticida-
metolcarbe Suco de Fruta Anticorpo
metolcarbe Piezoelétrico 1,0×10−4 a 5,0×10−2 g L−1 - 114
Frutose
Suco de Frutas e
Bebidas energéticas
Frutose desidrogenase Amperométrico 1,0×10−4 a 5×10−3 mol L-1 4 meses 115
Adenina Chá Adenina deaminase Amperométrico 5,0×10−6 a 1,0×10−4 mol L-1 - 116
L-aminoácido Suco de Fruta L-aminoácido oxidase Amperométrico 1,0×10−6 a 7,0×10−2 mol L-1 120 dias 117
Ácido Ascórbico
Suco de Laranja
Ascorbato oxidase Amperométrico - - 118
Glicose
Energil C, Energeticos,Ta
mpico, Gatorade, Suco de Laranja
Glicose oxidase e peroxidase Amperométrico
5,0×10−5 e 6,0×10−3 g mL–1 5 dias 119
Tioureia Suco de Fruta
Tecido de cogumelo (Agaricus
bisporus) e polifenol oxidase
Térmico 1,0×10−6 a 2,0×10−5 mol L-1 - 14
Xantina
Suco de Fruta, Bebidas
energéticas e vinho
Xantina oxidase Amperométrico 2,0×10−8 a 6×10−8 mol L-1 e 1,0×10−6 a 7,5×10−6 µmol L-1 1 semana 120
Glicose Suco de Fruta e Chá Glicose oxidase Amperométrico 2,5×10−4 a 2,0×10−3 mol L-1 - 121
SPR- ressonância de plasma de superfície
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
20
Tabela 5 – Biossensores comerciais para analise de bebidas
O primeiro biosensor comercial foi lançado em 1974 pela Yellow Springs Instrument
e detectava glicose por meio da enzima glicose oxidase imobilizada sobre um eletrodo de
platina. As pesquisas sobre o desenvolvimento de novos biossensores para glicose
cresceram e hoje cerca de 85% do mercado de biossensores são destinados à
determinação de glicose no sangue.128
A viabilidade da comercialização de um biossensor depende da versatilidade e do
baixo custo do sensor. Um dos principais problemas encontrados deve-se ao fato de que o
dispositivo deve funcionar continuamente por longos períodos de tempo (a maioria dos
sensores não cumpre esse requisito devido à fragilidade do reconhecedor biológico) e o
mercado é limitado para análise de apenas um composto. Em contrapartida, o biossensor
permite a troca do reconhecedor biológico imobilizado na superfície, tem a possibilidade de
miniaturização, automação e facilidade de operação que faz com que eles possam ser
empregados em processos reais a um preço competitivo que justifique os investimentos
iniciais necessários.129
A necessidade de novas metodologias cresce anualmente junto com novas
legislações e regulamentos.130 As análises em alimentos devem ser feitas de forma a
satisfazer os requerimentos básicos da indústria e dos órgãos governamentais. Neste
sentido elas são usadas para confirmar se o produto atende às normas previstas na
legislação. Além disso, a diversidade de alimentos disponíveis, a adição de nutrientes aos
alimentos, a adulteração acidental ou deliberada e a demanda por produtos mais saudáveis
Analito Aplicação Nome do Biossensor Empresa Ref.
Etanol, Latato, Glicose, Glicerol, Metanol, Sucrose e Lactose
Bebidas Alcoólicas
Am2, Am3, Am5, Gl10, Gl16 Analox 122
Bacillus Diarrhoeal enterotoxina, Campylobacter sp, Escherichia coli, Listeria
spp, Pseudomonas spp, Saumonella aureus, Salmonella spp, Staphylococcal Enterotoxins
A-E
Bebidas alcoólicas, não
alcoólicas e leite
BDEVIA48, BP0298500, BP0120500, BP0253500,
TPEBMED500, TSGMED500,
SALVIA96, SETVIA48
3M 123
Bacillus spp., Campylobacter jejuni / lari / coli Clostridium perfringens, Cronobacter sakazakii
Listeria spp., Salmonella spp., Escherichia coli, Shigella spp.
Staphylococcus aureus, Vibrio cholera Vibrio parahaemolyticus, stx1A gene
Leite VereFoodborne™ Veredus
Laboratory Pte. Ltd.
124
Glicose Bebidas Answer 8000 Gwent sensors 125
Lactato Leite Microzyme Biosentec 126
Glicose, Lactato, Malato Vinho, Suco de fruta Senzytech one Tectronik 127
NH4+, Ca2+, Cl-, I-, NO3
-, K+, S2-, Na+
Indústria Alimentícia
YSI TruLine Ion Selective
Yellow springs
instruments 126
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
21
por parte do consumidor contribuem para o desenvolvimento do campo de pesquisa em
biossensores.131
Novas tecnologias específicas, como biossensores acoplados a celulares132, a
utilização de novas matrizes para o suporte dos componentes biológicos associados a
novas técnicas de imobilização105; 133; 134, o desenvolvimento de genossensores, e
aptassensores135, dispositivos que promovem análises simultâneas43; 136; 137, microeletrodos
e eletrodos descartáveis,54; 90; 138 dentre outras desenvolvidas para esse mercado nos
últimos anos, e serão capazes de fornecer informações específicas sobre possíveis
contaminações (como pesticidas, metais pesados, poluentes e compostos tóxicos) e sobre a
qualidade do produto final.139
Com isso, o uso de biossensores na análise de alimentos são uma alternativa para
suplementar os métodos existentes. A possibilidade de uma análise rápida, de baixo custo,
sensível, que pode ser feita tanto em laboratório quanto no local de produção e dispositivos
que podem ser construídos de forma que um operador não especializado possa utilizá-los
fazem com que os biossensores possam ser usados em qualquer ponto do processo de
produção alimentar.140
As pesquisas que procuram novas tecnologias que assegurem a durabilidade do
componente biológico e o avanço na miniaturização dos sensores levam a construção de
dispositivos cada vez mais robustos e baratos. Estima-se que o mercado de biossensor irá
sofrer um crescimento significativo nos próximos anos, com a sua receita ultrapassando a
marca de 14 bilhões de dólares em 2016. Infelizmente, apenas uma pequena parcela deste
crescimento é destinada a indústria alimentícia.128; 141
5. CONCLUSÃO
O uso dos biossensores na análise de alimentos tem por objetivo facilitar o controle
de qualidade dos produtos, permitindo uma análise rápida, eficiente e confiável. Um dos
principais problemas na aplicação de biossensores em processos reais é a durabilidade do
dispositivo. Apesar de alguns biossensores descritos na literatura apresentarem dispositivos
com estabilidade de até seis meses, eles ainda são exceção. Em geral, os biossensores
ainda não possuem a estabilidade exigida para uma aplicação prática. No entanto,
características únicas como alta seletividade e sensibilidade, tempo rápido de análise e
baixo custo de construção justificam o emprego destes dispositivos.
Ao analisar as tabelas apresentadas, percebe-se que os biossensores enzimáticos
são os mais empregados para análise em bebidas. Esses sensores são os que possuem
maior durabilidade e potencial para aplicação em processos reais. O leite e seus derivados
também são as bebidas para as quais se encontra maior número de estudos, que se deve
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
22
ao fato do leite estar sujeito a maiores fontes de contaminação microbiana e ser um dos
produtos mais consumidos no mundo. Além disso, as aplicações dos dispositivos
encontrados na literatura se concentraram em cinco tipos de bebidas: leite, vinho, cerveja,
suco de fruta natural e chá. Outras bebidas como o café, bebidas lácteas (Iogurte),
energéticos e bebidas esportivas foram citadas em poucos trabalhos.
A diversidade dos trabalhos encontrados na literatura demonstra a versatilidade dos
biossensores. A possibilidade de combinar os reconhecedores biológicos com diferentes
tipos de transdutores de acordo com o evento bioquímico na interface eletrodo-solução, os
novos materiais desenvolvidos nos últimos anos, a possibilidade de usar um conjunto de
biossensores para análise simultânea e a possibilidade de acoplar os biossensores com o
sistema de FIA e BIA fornece aos dispositivos uma ampla faixa de aplicação. Para a
indústria alimentícia, em especial, esses dispositivos podem analisar os contaminantes
presentes de forma rápida e sem a necessidade de longos processos de preparo de
amostra.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1 MOTARJEMI, Y. Encyclopedia of Food Safety . Elsevier Science, 2013. 2 NIELSEN, S. S. Food Analysis . Springer, 2010. 3 HEREDIA, N. L. et al. Microbiologically Safe Foods . Wiley, 2009. 4 MORTARI, A. et al. Recent sensing technologies for pathogen detection in milk: A
review. Biosensors & Bioelectronics, v. 60, p. 8-21, Oct 15 2014. 5 LUONG, J. H. T. et al. Developments and applications of biosensors in food analysis.
Trends in Biotechnology, v. 15, n. 9, p. 369-377, 1997. 6 MELLO, L. D. et al. Review of the use of biosensors as analytical tools in the food
and drink industries. Food Chemistry, v. 77, n. 2, p. 237-256, 2002. 7 THAKUR, M. S. et al. Biosensors in food processing. Journal of Food Science and
Technology-Mysore, v. 50, n. 4, p. 625-641, Aug 2013. 8 LOWINSOHN, D. et al. Electrochemical sensors: Fundamentals and applications in
microenvironments. Quimica Nova, v. 29, n. 6, p. 1318-1325, Nov-Dec 2006. 9 GUTH, U. et al. Recent developments in electrochemical sensor application and
technology-a review. Measurement Science & Technology, v. 20, n. 4, Apr 2009. 10 TURNER, A. P. F. Biosensors: sense and sensibility. Chemical Society Reviews, v.
42, n. 8, p. 3184-3196, 2013 2013. 11 DAVIS, J. et al. Elements of biosensor construction. Enzyme and Microbial
Technology, v. 17, n. 12, p. 1030-1035, Dec 1995. 12 INDYK, H. E. Development and application of an optical biosensor immunoassay for
alpha-lactalbumin in bovine milk. International Dairy Journal, v. 19, n. 1, p. 36-42, Jan 2009.
13 PANCRAZIO, J. J. et al. Development and application of cell-based biosensors. Annals of Biomedical Engineering, v. 27, n. 6, p. 697-711, Nov-Dec 1999.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
23
14 SEZGINTURK, M. K. et al. Development of a Biosensor for Controlling of Thiourea in Fruit Juices. Food and Bioprocess Technology, v. 3, n. 1, p. 128-134, Feb 2010.
15 CHEN, D. et al. Development of an aptasensor for electrochemical detection of tetracycline. Food Control, v. 42, p. 109-115, Aug 2014.
16 MEHRVAR, M. et al. Recent developments, characteristics, and potential applications of electrochemical biosensors. Analytical Sciences, v. 20, n. 8, p. 1113-1126, Aug 2004.
17 THEVENOT, D. R. et al. Electrochemical biosensors: recommended definitions and classification. Biosensors & Bioelectronics, v. 16, n. 1-2, p. 121-131, Jan 2001.
18 SETHI, R. S. Transducer aspects of biosensors. Biosensors & Bioelectronics, v. 9, n. 3, p. 243-264, 1994 1994.
19 GRIESHABER, D. et al. Electrochemical biosensors - Sensor principles and architectures. Sensors, v. 8, n. 3, p. 1400-1458, Mar 2008.
20 HOMOLA, J. et al. Surface plasmon resonance sensors: review. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 54, n. 1-2, p. 3-15, Jan 25 1999.
21 RAMANATHAN, K. et al. Principles and applications of thermal biosensors. Biosensors & Bioelectronics, v. 16, n. 6, p. 417-423, Aug 2001.
22 MUSSINI, P. R. Analytical Electrochemistry, 3rd ed., J. Wang. Wiley–VCH, New York (2006). Electrochimica Acta, v. 53, n. 8, p. 3446-3448, 2008.
23 EVTUGYN, G. Biosensors: Essentials . Springer Berlin, 2013. 24 LIU, Q. et al. Cell-based Biosensors: Principles and Applications . Artech
House, Incorporated, 2009. 25 LALAUZE, R. Chemical Sensors and Biosensors . Wiley, 2012. 26 YOON, J. Y. Introduction to Biosensors: From Electric Circuits to
Immunosensors . Springer, 2012. 27 ROBINSON, G. A. Optical immunosensing systems - meeting the market needs.
Biosensors & Bioelectronics, v. 6, n. 3, p. 183-191, 1991 1991. 28 EDWARDS, G. A. et al. 8 - Chemically Modified Electrodes. In: ZOSKI, C. G. (Ed.).
Handbook of Electrochemistry . Amsterdam: Elsevier, 2007. p.295-327. 29 POTTER, N. et al. Beverages. In: (Ed.). Food Science : Springer US, 1995. cap. 19,
p.437-463. (Food Science Text Series). 30 WOLF, A. et al. A short history of beverages and how our body treats them. Obesity
Reviews, v. 9, n. 2, p. 151-164, Mar 2008. 31 PAQUIN, P. Functional and Speciality Beverage Technology . Elsevier Science,
2009. 32 Disponível em: < https://www.fao.org.br/ >. Acesso em: 01/11/2014. 33 TAYLOR, S. Advances in Food and Nutrition Research . Elsevier Science, 2011. 34 HUI, Y. H. Handbook of Food Science, Technology, and Engineeri ng . Taylor &
Francis, 2006. 35 BAXTER, E. D. et al. Beer: Quality, Safety and Nutritional Aspects . Royal
Society of Chemistry, 2001. 36 FERNANDES, R. Microbiology Handbook: Dairy Products . Royal Society of
Chemistry, 2009. 37 TAMIME, A. Y. Milk Processing and Quality Management . Wiley, 2009. 38 BUGLASS, A. J. Handbook of Alcoholic Beverages: Technical, Analyti cal and
Nutritional Aspects . Wiley, 2011. 39 Disponível em: < http://www.agricultura.gov.br/vegetal/qualidade-seguranca-
alimentos-bebidas/bebidas/legislacao >. Acesso em: 18/10/2014.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
24
40 GRAN, H. M. et al. Occurrence of pathogenic bacteria in raw milk, cultured pasteurised milk and naturally soured milk produced at small-scale dairies in Zimbabwe. Food Control, v. 14, n. 8, p. 539-544, 2003.
41 JAGER, A. et al. Screen-printed enzyme electrode for the determination of lactose. Analyst, v. 119, n. 6, p. 1251-1255, Jun 1994.
42 YANG, C. et al. Application of a novel co-enzyme reactor in chemiluminescence flow-through biosensor for determination of lactose. Talanta, v. 82, n. 1, p. 319-324, Jun 30 2010.
43 KNECHT, B. G. et al. Automated microarray system for the simultaneous detection of antibiotics in milk. Analytical Chemistry, v. 76, n. 3, p. 646-654, Feb 1 2004.
44 MISHRA, R. K. et al. A novel automated flow-based biosensor for the determination of organophosphate pesticides in milk. Biosensors & Bioelectronics, v. 32, n. 1, p. 56-61, Feb 15 2012.
45 NIKOLELI, G.-P. et al. Construction of a simple optical sensor based on air stable lipid film with incorporated urease for the rapid detection of urea in milk. Analytica Chimica Acta, v. 675, n. 1, p. 58-63, Aug 18 2010.
46 ASUNCION ALONSO-LOMILLO, M. et al. Horseradish peroxidase-screen printed biosensors for determination of Ochratoxin A. Analytica Chimica Acta, v. 688, n. 1, p. 49-53, Feb 28 2011.
47 VIROLAINEN, N. et al. Bioluminescence-based identification of nisin producers - A rapid and simple screening method for nisinogenic bacteria in food samples. International Journal of Food Microbiology, v. 158, n. 2, p. 126-132, Aug 17 2012.
48 CHAUHAN, N. et al. Immobilization of lysine oxidase on a gold-platinum nanoparticles modified Au electrode for detection of lysine. Enzyme and Microbial Technology, v. 52, n. 4-5, p. 265-271, Apr 10 2013.
49 GRASSINO, A. N. et al. Amperometric assessment of glucose electrode behaviour in mixed solvents and determination of glucose in dairy products. Food Chemistry, v. 125, n. 4, p. 1335-1339, Apr 14 2011.
50 BANERJEE, P. et al. Cell-based biosensor for rapid screening of pathogens and toxins. Biosensors & Bioelectronics, v. 26, n. 1, p. 99-106, Sep 15 2010.
51 SAGIROGLU, A. et al. A novel biosensor based on Lactobacillus acidophilus for determination of phenolic compounds in milk products and wastewater. Preparative Biochemistry & Biotechnology, v. 41, n. 4, p. 321-336, 2011 2011.
52 AMMAM, M. et al. Two-enzyme lactose biosensor based on beta-galactosidase and glucose oxidase deposited by AC-electrophoresis: Characteristics and performance for lactose determination in milk. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 148, n. 2, p. 583-589, Jul 15 2010.
53 TASCA, F. et al. Determination of lactose by a novel third generation biosensor based on a cellobiose dehydrogenase and aryl diazonium modified single wall carbon nanotubes electrode. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 177, p. 64-69, Feb 2013.
54 CORK, J. et al. Low cost, disposable biosensors allow detection of antibodies with results equivalent to ELISA in 15 min. Journal of Immunological Methods, v. 387, n. 1-2, p. 140-146, Jan 2013.
55 DONG, J. et al. A label-free electrochemical impedance immunosensor based on AuNPs/PAMAM-MWCNT-Chi nanocomposite modified glassy carbon electrode for detection of Salmonella typhimurium in milk. Food Chemistry, v. 141, n. 3, p. 1980-1986, Dec 1 2013.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
25
56 KARASEVA, N. A. et al. A piezoelectric immunosensor for chloramphenicol detection in food. Talanta, v. 93, p. 44-48, May 15 2012.
57 DAI, H. et al. Biocompatible electrochemiluminescent biosensor for choline based on enzyme/titanate nanotubes/chitosan composite modified electrode. Biosensors & Bioelectronics, v. 25, n. 6, p. 1414-1419, Feb 15 2010.
58 MISHRA, G. K. et al. Flow injection analysis biosensor for urea analysis in adulterated milk using enzyme thermistor. Biosensors & Bioelectronics, v. 26, n. 4, p. 1560-1564, Dec 15 2010.
59 GAO, X. et al. Optical detection of organophosphorus compounds based on Mn-doped ZnSe d-dot enzymatic catalytic sensor. Biosensors & Bioelectronics, v. 36, n. 1, p. 75-80, Jun-Jul 2012.
60 DALMASSO, P. R. et al. Supramolecular architecture based on the self-assembling of multiwall carbon nanotubes dispersed in polyhistidine and glucose oxidase: Characterization and analytical applications for glucose biosensing. Biosensors & Bioelectronics, v. 39, n. 1, p. 76-81, Jan 15 2013.
61 PAL, S. et al. A miniaturized nanobiosensor for choline analysis. Biosensors & Bioelectronics, v. 54, p. 558-564, Apr 15 2014.
62 BACHER, G. et al. A label-free silver wire based impedimetric immunosensor for detection of aflatoxin M1 in milk. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 168, p. 223-230, Jun 20 2012.
63 SALMAIN, M. et al. Elaboration of a reusable immunosensor for the detection of staphylococcal enterotoxin A (SEA) in milk with a quartz crystal microbalance. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 173, p. 148-156, Oct 2012.
64 INDYK, H. E. The determination of folic acid in milk and paediatric formulae by optical biosensor assay utilising folate binding protein. International Dairy Journal, v. 20, n. 2, p. 106-112, Feb 2010.
65 MISHRA, G. K. et al. FIA-EQCN biosensor for analysis of sulphadiazine residues in milk. In: (Ed.). 2012 Sixth International Conference on Sensing Tech nology , 2012. p.672-676. (International Conference on Sensing Technology).
66 FUTO, P. et al. Development of a Catalase-Based Amperometric Biosensor for the Determination of Increased Catalase Content in Milk Samples. Electroanalysis, v. 24, n. 1, p. 107-113, Jan 2012.
67 ASHLEY, J. et al. An aptamer based surface plasmon resonance biosensor for the detection of bovine catalase in milk. Biosensors & Bioelectronics, v. 48, p. 126-131, Oct 15 2013.
68 KAUR, H. et al. Enzyme-based Colorimetric and Potentiometric Biosensor for Detecting Pb (II) Ions in Milk. Brazilian Archives of Biology and Technology, v. 57, n. 4, p. 613-619, Jul-Aug 2014.
69 CHENG, C. et al. Rapid detection of Listeria monocytogenes in milk by self-assembled electrochemical immunosensor. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 190, p. 900-906, Jan 2014.
70 CAI, M. et al. Determination of sulfamethoxazole in foods based on CeO2/chitosan nanocomposite-modified electrodes. Materials Science & Engineering C-Materials for Biological Applications, v. 32, n. 8, p. 2623-2627, Dec 1 2012.
71 FERNANDEZ, F. et al. A label-free and portable multichannel surface plasmon resonance immunosensor for on site analysis of antibiotics in milk samples. Biosensors & Bioelectronics, v. 26, n. 4, p. 1231-1238, Dec 15 2010.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
26
72 SUNG, Y. J. et al. Novel antibody/gold nanoparticle/magnetic nanoparticle nanocomposites for immunomagnetic separation and rapid colorimetric detection of Staphylococcus aureus in milk. Biosensors & Bioelectronics, v. 43, p. 432-439, May 15 2013.
73 SHARMA, H. et al. Rapid and sensitive immunodetection of Listeria monocytogenes in milk using a novel piezoelectric cantilever sensor. Biosensors & Bioelectronics, v. 45, p. 158-162, Jul 15 2013.
74 ZHOU, L. et al. An electrochemical aptasensor based on gold nanoparticles dotted graphene modified glassy carbon electrode for label-free detection of bisphenol A in milk samples. Food Chemistry, v. 162, p. 34-40, Nov 1 2014.
75 DINCKAYA, E. et al. Development of an impedimetric aflatoxin M1 biosensor based on a DNA probe and gold nanoparticles. Biosensors & Bioelectronics, v. 26, n. 9, p. 3806-3811, May 15 2011.
76 LUO, C. et al. A sensitive electrochemical DNA biosensor for specific detection of Enterobacteriaceae bacteria by Exonuclease III-assisted signal amplification. Biosensors & Bioelectronics, v. 48, p. 132-137, Oct 15 2013.
77 INDYK, H. E. et al. Biotin content of paediatric formulae, early lactation milk and seasonal bovine milk powders by biosensor immunoassay. International Dairy Journal, v. 35, n. 1, p. 25-31, Mar 2014.
78 LERMO, A. et al. A novel strategy for screening-out raw milk contaminated with Mycobacterium bovis on dairy farms by double-tagging PCR and electrochemical genosensing. International Microbiology, v. 13, n. 2, p. 91-97, Jun 2010.
79 FODEY, T. L. et al. Development of an Optical Biosensor Based Immunoassay to Screen Infant Formula Milk Samples for Adulteration with Melamine. Analytical Chemistry, v. 83, n. 12, p. 5012-5016, Jun 15 2011.
80 HAN, J.-H. et al. Photonic Crystal Lab-On-a-Chip for Detecting Staphylococcal Enterotoxin B at Low Attomolar Concentration. Analytical Chemistry, v. 85, n. 6, p. 3104-3109, Mar 19 2013.
81 GRAÇA, J. S. et al. Amperometric glucose biosensor based on layer-by-layer films of microperoxidase-11 and liposome-encapsulated glucose oxidase. Bioelectrochemistry, v. 96, n. 0, p. 37-42, 2014.
82 SZALONTAI, H. et al. Development of piezoelectric immunosensor for the detection of probiotic bacteria. Analytical Letters, v. 45, n. 10, p. 1214-1229, 2012 2012.
83 RAU, S. et al. Label-free optical biosensor for detection and quantification of the non-steroidal anti-inflammatory drug diclofenac in milk without any sample pretreatment. Analytical and Bioanalytical Chemistry, v. 406, n. 14, p. 3377-3386, May 2014.
84 CUI, Y. et al. Sensitive detection of hydrogen peroxide in foodstuff using an organic-inorganic hybrid multilayer-functionalized graphene biosensing platform. Microchimica Acta, v. 174, n. 1-2, p. 137-144, Jul 2011.
85 RAJKOVIC, A. et al. Detection of Clostridium botulinum neurotoxins A and B in milk by ELISA and immuno-PCR at higher sensitivity than mouse bio-assay. Food Analytical Methods, v. 5, n. 3, p. 319-326, Jun 2012.
86 CIOSEK, P. et al. Potentiometric Electronic Tongues for Foodstuff and Biosample Recognition-An Overview. Sensors, v. 11, n. 5, p. 4688-4701, May 2011.
87 GHASEMI-VARNAMKHASTI, M. et al. Monitoring the aging of beers using a bioelectronic tongue. Food Control, v. 25, n. 1, p. 216-224, May 2012.
88 WOLD, S. et al. Principal component analysis. Chemometrics and Intelligent Laboratory Systems, v. 2, n. 1–3, p. 37-52, 1987.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
27
89 MONOSIK, R. et al. Application of Enzyme Biosensors in Analysis of Food and Beverages. Food Analytical Methods, v. 5, n. 1, p. 40-53, Feb 2012.
90 ASUNCION ALONSO-LOMILLO, M. et al. Sensitive enzyme-biosensor based on screen-printed electrodes for Ochratoxin A. Biosensors & Bioelectronics, v. 25, n. 6, p. 1333-1337, Feb 15 2010.
91 WANG, B. et al. A sandwich-type phenolic biosensor based on tyrosinase embedding into single-wall carbon nanotubes and polyaniline nanocomposites. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 186, p. 417-422, Sep 2013.
92 MARTINEZ-PERINAN, E. et al. Estimation of beer stability by sulphur dioxide and polyphenol determination. Evaluation of a Laccase-Sonogel-Carbon biosensor. Food Chemistry, v. 127, n. 1, p. 234-239, Jul 1 2011.
93 RHOUATI, A. et al. Development of an automated flow-based electrochemical aptasensor for on-line detection of Ochratoxin A. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 176, p. 1160-1166, Jan 2013.
94 BATRA, B. et al. Fabrication of an amperometric tyramine biosensor based on immobilization of tyramine oxidase on AgNPs/l-Cys-modified Au electrode. Journal of Solid State Electrochemistry, v. 16, n. 12, p. 3869-3876, Dec 2012.
95 BOKA, B. et al. Putrescine biosensor based on putrescine oxidase from Kocuria rosea. Enzyme and Microbial Technology, v. 51, n. 5, p. 258-262, Oct 10 2012.
96 PISOSCHI, A. M. Improvement of Alcohol Dehydrogenase and Horseradish Peroxidase Loadings in Ethanol Determination by a Bienzyme Sensor. Letters in Organic Chemistry, v. 10, n. 8, p. 611-616, Oct 2013.
97 DI FUSCO, M. et al. Characterization and application of a diamine oxidase from Lathyrus sativus as component of an electrochemical biosensor for the determination of biogenic amines in wine and beer. Analytical and Bioanalytical Chemistry, v. 401, n. 2, p. 707-716, Aug 2011.
98 PIERMARINI, S. et al. Real time monitoring of alcoholic fermentation with low-cost amperometric biosensors. Food Chemistry, v. 127, n. 2, p. 749-754, Jul 15 2011.
99 WEN, G. et al. Detection of ethanol in food: A new biosensor based on bacteria. Journal of Food Engineering, v. 118, n. 1, p. 56-61, Sep 2013.
100 GUTIERREZ, A. et al. Biomarkers for detecting nitrogen deficiency during alcoholic fermentation in different commercial wine yeast strains. Food Microbiology, v. 34, n. 1, p. 227-237, May 2013.
101 PRIETO-SIMON, B. et al. Sensitive detection of ochratoxin A in wine and cereals using fluorescence-based immunosensing. Food Chemistry, v. 135, n. 3, p. 1323-1329, Dec 1 2012.
102 MONOSIK, R. et al. A rapid method for determination of L-lactic acid in real samples by amperometric biosensor utilizing nanocomposite. Food Control, v. 23, n. 1, p. 238-244, Jan 2012.
103 GRASSINO, A. N. et al. Simple and reliable biosensor for determination of glucose in alcoholic beverages. Food Research International, v. 47, n. 2, p. 368-373, Jul 2012.
104 GIL, D. M. A. et al. Evaluating the antioxidant capacity of wines: a laccase-based biosensor approach. European Food Research and Technology, v. 231, n. 2, p. 303-308, Jun 2010.
105 HABIB, O. et al. Sol-Gel/Chitosan/Gold Nanoparticle-Modified Electrode in Mediated Bacterial Biosensor. Food Analytical Methods, v. 5, n. 2, p. 188-194, Apr 2012.
106 HUI, Y. H. et al. Handbook of Fruits and Fruit Processing . Wiley, 2008.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
28
107 DREMEL, B. A. A. et al. Determination of glucose in wine and fruit juice based on a fibre-optic glucose biosensor anf flow-injection analysis. Analytica Chimica Acta, v. 225, n. 2, p. 293-301, Oct 16 1989.
108 WCISLO, M. et al. Enantio selective screen-printed amperometric biosensor for the determination of D-amino acids. Bioelectrochemistry, v. 71, n. 1, p. 91-98, Sep 2007.
109 ZELADA-GUILLEN, G. A. et al. Real-Time Potentiometric Detection of Bacteria in Complex Samples. Analytical Chemistry, v. 82, n. 22, p. 9254-9260, Nov 15 2010.
110 HAUGHEY, S. A. et al. Production of a monoclonal antibody and its application in an optical biosensor based assay for the quantitative measurement of pantothenic acid (vitamin B-5) in foodstuffs. Food Chemistry, v. 134, n. 1, p. 540-545, Sep 1 2012.
111 ZHANG, B. et al. A New Electrochemical Biosensor for Determination of Hydrogen Peroxide in Food Based on Well-Dispersive Gold Nanoparticles on Graphene Oxide. Electroanalysis, v. 23, n. 8, p. 1821-1829, Aug 2011.
112 TODESCATO, F. et al. Sensitive detection of Ochratoxin A in food and drinks using metal-enhanced fluorescence. Biosensors & Bioelectronics, v. 57, p. 125-132, Jul 15 2014.
113 WANG, X. et al. Electrochemical biosensor for assessment of the total antioxidant capacity of orange juice beverage based on the immobilizing DNA on a poly L-glutamic acid doped silver hybridized membrane. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 192, p. 628-633, Mar 2014.
114 PAN, M. et al. Production of multi-walled carbon nanotube/poly(aminoamide) dendrimer hybrid and its application to piezoelectric immunosensing for metolcarb. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 188, p. 949-956, Nov 2013.
115 ANTIOCHIA, R. et al. Rapid and direct determination of fructose in food: A new osmium-polymer mediated biosensor. Food Chemistry, v. 140, n. 4, p. 742-747, Oct 15 2013.
116 BOKA, B. et al. Enzyme Based Amperometric Biosensor for Adenine Determination. Electroanalysis, v. 25, n. 1, p. 237-242, Jan 2013.
117 LATA, S. et al. Construction of amperometric L-amino acid biosensor based on L-amino acid oxidase immobilized onto ZnONPs/c-MWCNT/PANI/AuE. Sensors and Actuators B-Chemical, v. 188, p. 1080-1088, Nov 2013.
118 BARBERIS, A. et al. Development and Characterization of an Ascorbate Oxidase-based Sensor-Biosensor System for Telemetric Detection of AA and Antioxidant Capacity in Fresh Orange Juice. Analytical Chemistry, v. 86, n. 17, p. 8727-8734, Sep 2 2014.
119 LOPES, F. M. et al. Biosensor for determination of glucose in real samples of beverages. Ciencia E Tecnologia De Alimentos, v. 32, n. 1, p. 65-69, Jan-Mar 2012.
120 ANIK, U. et al. Application of Bismuth(III)-Entrapped XO Biosensing System for Xanthine Determination in Beverages. Food Analytical Methods, v. 5, n. 4, p. 716-722, Aug 2012.
121 OZDEMIR, C. et al. Biosensing Applications of Modified Core-Shell Magnetic Nanoparticles. Food Analytical Methods, v. 5, n. 4, p. 731-736, Aug 2012.
122 Disponível em: < http://www.analox.com/analysers/am3 >. Acesso em: 19/10/2014. 123 Disponível em: < http://solutions.3m.co.uk/wps/portal/3M/en_GB/EU2/Country/ >.
Acesso em: 19/10/2014. 124 Disponível em: < http://vereduslabs.com/ >. Acesso em: 28/09/2014.
Monografia de TCC – Química – Bacharelado – UFSJ – 2014
29
125 Disponível em: < http://www.gwent.org/home.html >. Acesso em: 28/10/2014. 126 Disponível em: < http://www.ysi.com/index.php >. Acesso em: 28/09/2014. 127 Disponível em: < http://www.tectronik.it/en/senzytec.php >. Acesso em: 28/10/2014. 128 ADLEY, C. C. Past, Present and Future of Sensors in Food Production. Foods, v. 3,
n. 491-510, 2014. 129 LUONG, J. H. T. et al. Biosensor technology: Technology push versus market pull.
Biotechnology Advances, v. 26, n. 5, p. 492-500, Sep-Oct 2008. 130 ALOCILJA, E. C. et al. Market analysis of biosensors for food safety. Biosensors &
Bioelectronics, v. 18, n. 5-6, p. 841-846, May 2003. 131 SCOTT, A. O. Biosensors for Food Analysis . Elsevier Science, 1998. 132 ZHU, H. et al. Quantum dot enabled detection of Escherichia coli using a cell-phone.
Analyst, v. 137, n. 11, p. 2541-2544, 2012 2012. 133 RAMANATHAN, K. et al. Sol-gel based thermal biosensor for glucose. Analytica
Chimica Acta, v. 427, n. 1, p. 1-10, Jan 19 2001. 134 MOYO, M. et al. Recent Advances in Polymeric Materials Used as Electron
Mediators and Immobilizing Matrices in Developing Enzyme Electrodes. Sensors, v. 12, n. 1, p. 923-953, Jan 2012.
135 PALEČEK, E. et al. Electrochemistry of Nucleic Acids. In: EMIL PALEČEK, F. S., et al (Ed.). Perspectives in Bioanalysis : Elsevier, v.Volume 1, 2005. p.73-173.
136 BAUER, L. C. et al. Method Validation for Simultaneous Determination of Cholesterol and Cholesterol Oxides in Milk by RP-HPLC-DAD. Journal of the Brazilian Chemical Society, v. 25, n. 1, p. 161-168, Jan 2014.
137 MENTANA, A. et al. Simultaneous and Accurate Real-Time Monitoring of Glucose and Ethanol in Alcoholic Drinks, Must, and Biomass by a Dual-Amperometric Biosensor. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 61, n. 1, p. 61-68, Jan 9 2013.
138 NAGATANI, N. et al. Rapid and sensitive visual detection of residual pesticides in food using acetylcholine sterase-based disposable membrane chips. Food Control, v. 18, n. 8, p. 914-920, Aug 2007.
139 LAVECCHIA, T. et al. Biosensors for Functional Food Safety and Analysis. In: GIARDI, M. T., et al (Ed.). Bio-Farms for Nutraceuticals: Functional Food and Safety Control by Biosensors , v.698, 2010. p.267-281. (Advances in Experimental Medicine and Biology).
140 TERRY, L. A. et al. The application of biosensors to fresh produce and the wider food industry. Journal of Agricultural and Food Chemistry, v. 53, n. 5, p. 1309-1316, Mar 9 2005.
141 THUSU, R. Strong Growth Predicted for Biosensors Market. 2010. Disponível em: < http://www.sensorsmag.com/specialty-markets/medical/strong-growth-predicted-biosensors-market-7640 >. Acesso em: 19/10/2014.