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AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE UM BIOSSENSOR MICROBIANO PARA DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO BIODISPONIVEL EM AMOSTRAS DA BAÍA DE GUANABARA GISELE DOS SANTOS COSTA Rio de Janeiro 2015 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO ESCOLA DE QUÍMICA Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos

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AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE UM BIOSSENSOR

MICROBIANO PARA DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO

BIODISPONIVEL EM AMOSTRAS DA BAÍA DE GUANABARA

GISELE DOS SANTOS COSTA

Rio de Janeiro

2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

ESCOLA DE QUÍMICA

Pós-Graduação em Tecnologia de Processos

Químicos e Bioquímicos

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AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE UM BIOSSENSOR

MICROBIANO PARA DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO

BIODISPONIVEL EM AMOSTRAS DA BAÍA DE GUANABARA

GISELE DOS SANTOS COSTA

Tese submetida ao corpo docente do curso de

Pós-Graduação em Tecnologia de Processos

Químicos e Bioquímicos, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do grau de

Doutor em Ciências.

.

Orientadores:

Andréa Medeiros Salgado, D.Sc.

Paulo Rubens Guimarães Barrocas, D.Sc.

Magali Christe Cammarota, D.Sc.

EQ/UFRJ

Rio de Janeiro

2015

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FICHA CATALOGRÁFICA

Costa, Gisele dos Santos

Avaliação da aplicabilidade de um Biossensor microbiano para a determinação de mercúrio biodisponível em amostras da Baía de Guanabara

Rio de Janeiro, DEB, EQ/UFRJ, 2015. XVIII, 155, f.: il.

Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade Federal do Rio de Janeiro, Escola de Química, 2015. Orientadores: Andréa Medeiros Salgado, Paulo Rubens Guimarães Barrocas e Magali Christe Cammarota. 1. Biossensor; 2. Bioluminescência; 3. Mercúrio biodisponível; 4. Baía de Guanabara

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Gisele dos Santos Costa

AVALIAÇÃO DA APLICABILIDADE DE UM BIOSSENSOR MICROBIANO

PARA DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO BIODISPONIVEL EM AMOSTRAS

DA BAÍA DE GUANABARA

Tese de doutorado apresentada ao corpo docente do curso de Pós-graduação em

Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos da Escola de Química da

Universidade Federal do Rio de Janeiro, como dos requisitos necessário à obtenção

do grau de Doutor em Ciências.

Aprovada em:

Orientador(es):

____________________________________________ Andréa Medeiros Salgado, D.Sc.

____________________________________________

Paulo Rubens Guimarães Barrocas, D.Sc.

____________________________________________

Magali Christe Cammarota, D.Sc.

_____________________________________________ Juacyara Carbonelli Campos D.Sc.

____________________________________________ Karen Signori Pereira, D.Sc.

____________________________________________

Claudia Duarte da Cunha, D.Sc.

____________________________________________ Fernanda Ribeiro do Carmo Damasceno, D.Sc.

____________________________________________

Luana Queiroz Pinho, D.Sc.

Rio de Janeiro

2015

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço aos meus pais Sonia Maria e Antonio pelo apoio, amor, dedicação e ajuda em todas as horas. Nos últimos anos foram muitas horas ali me acompanhando, passei por problemas de saúde e duas cirurgias, foram seis meses nos quais eu não podia fazer nada sozinha, momentos muito difíceis de recuperação das cirurgias. Eu certamente não teria enfrentado sem o auxilio, amor, paciência e muita perseverança destas pessoas abençoadas.

Aos meus irmãos Maurício e Ricardo, por me lembrarem de sorrir neste processo todo, mesmo com toda tensão envolvida, não poderia deixar de agradecer aos meus sobrinhos Allan e Pedro que sempre me davam motivos para sorrir.

A todos da minha grande família por sempre movimentarem os ares da casa, mesmo quando eu só queria silêncio, mas é muito amor envolvido.

Ao meu namorado Leonardo, pelo amor, paciência e compreensão não só na fase complicada, com problemas de saúde, mas em todos os momentos de pesquisa, nos incansáveis experimentos, por todas as idas ao Fundão em feriados e fins de semana, obrigada por tudo!

Aos meus amigos pelos momentos de ternura e conforto nos estudos e pelas muitas conversas no telefone e na internet: Kelly Cristina, Kaitusha Giarola, Tilza, Juliana Louzada, Vânia Paula, Roberta Giovanini, Adriana Loeser, Verônica Parente, Carina Caputo, Priscila Abreu, Marcelle Pacheco, Erica Gaspar, Doris Campos, Luana Pinho, Juliana Leal, Karen Einsfeldt, Felipe Rodrigues, Elisângela Schneider, Guillermo Marini, Aldo Júnior, Livia Jatoba, Veronica Marinho, Karla Kitamura, Silvia Azevedo, Alline Coutinho, Verônica Marinho, Márcia Barbochler, pois conseguem entender a dificuldade da caminhada e por isso, me incentivam e apoiam.

Aos meus colegas de trabalho da Escola Municipal Professor Souza Carneiro: Fernanda Leal, Humberto Freitas, Hélio Novaes, Luana Machado, Alexandre Rodrigues, Ana Carolina, Alessandra, Ursula Zampier, e Teresa Stavele por dividirem os momentos complicados e todas as dificuldades envolvidas na educação pública, pelo apoio e incentivo para continuar nessa caminhada. E por muitas vezes me lembrarem de que é insano viver nessa correria.

Aos alunos de iniciação científica Josi Cláire, Juliana Mercadante, Renata Nalin e Luiz Ramos por serem muito dedicados e companheiros. Aos demais alunos e ex-alunos do laboratório pela amizade, carinho e pelo ânimo em cada experimento, mesmo quando dava errado, e ainda aos momentos alegres: Rafael, Rafaela, Mariana, Ana Carina, Gabrielle, Juliana, Francisca e ao Carlos.

Aos professores Andréa Medeiros Salgado, Magali Christe Cammarota, e Paulo Rubens Guimarães Barrocas, pela orientação, dedicação e apoio e pelos momentos de conversa e amizade.

Ao Laboratório de Biogeoquímica, no Departamento de Ecologia, IB/ CCS/UFRJ.

Ao Laboratório do Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSDP-Fiocruz.

Ao Laboratório de Geoquímica Ambiental da Universidade Federal Fluminense. À Escola de Química e à UFRJ e todos os seus docentes por contribuírem em

mais uma etapa da minha formação. Ao CNPq, pelo apoio financeiro.

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“A problemática ambiental nos defronta com os desafios relativos aos estoques

de recursos materiais e energéticos e a questão fundamental da sua utilização no

longo prazo, o que impõe uma revalorização da dimensão territorial, regional e

espacial.”

Enrique Leff

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LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1: Uso do mercúrio em pinturas e na alquimia 10

Figura 2: Algumas fontes emissoras de mercúrio e seu destino no ambiente. 17

Figura 3: Ciclo do Mercúrio em Ambientes Naturais. 20

Figura 4: Esquema da resistência bacteriana ao mercúrio baseado no operon mer A. 23

Figura 5: Esquema de Funcionamento de um Biossensor. 38

Figura 6: Esquema da inserção do promotor o transposon Tn 21. 44

Figura 7: Equipamento Luminoskan Ascent utilizado para Medição da Luminescência.

53

Figura 8: Esquema de Preparo das Células. 60

Figura 9: Esquema da lixiviação realizada nas amostras de sedimento. 63

Figura 10: Esquema de preparo de soluções das amostras após a lixiviação. 64

Figura 11: Mapa que apresenta os pontos de coleta na Baía de Guanabara. 67

Figura 12: Curva de Crescimento de Escherichia coli MC1061. 69

Figura 13: Correlação entre Absorbância e Peso Seco da E. coli MC1061. 70

Figura 14: Curva de Calibração de amostras de soluções de mercúrio em diferentes

concentrações (0,001 a 0,01 µg/L) preparadas em água deionizada. 73

Figura 15: Curva de Calibração de amostras de soluções de mercúrio em diferentes

concentrações (0,1 a 20 µg/L) preparadas em água deionizada. 73

Figura 16: Curva de Calibração de amostras de soluções de mercúrio em diferentes

concentrações (0, 001 a 1 µg/L) preparadas em água deionizada. 74

Figura 17: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos

meses de Abril (A,B), Maio (C.D) e Julho (E,F) de 2012. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

79

Figura 18: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Agosto (A,B), Setembro (C.D) e Outubro (E,F) de 2012. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

83

Figura 19: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos

meses de Novembro (A,B), Dezembro (C.D) de 2012. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

86

Figura 20: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Janeiro (A,B), Fevereiro (C,D) e Março (E,F) de 2013. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho),

89

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Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

Figura 21: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Abril (A,B), Maio (C,D) e Junho (E,F) de 2013. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

93

Figura 22: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos

meses de Julho (A,B), Agosto (C,D) e Setembro (E,F) de 2013. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

97

Figura 23: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas

nos meses de Outubro (A,B), Novembro (C,D) e Dezembro (E,F) de 2013. Pontos A

Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo

Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

101

Figura 24: Concentrações de mercúrio biodisponível nas amostras do ponto A. 103

Figura 25: Concentrações de mercúrio biodisponível nas amostras do ponto D. 104

Figura 26: Gráficos das curvas de calibração, Porto do Rio de Janeiro (losango azul) e Porto de Niterói (quadrado vermelho), Rio Iguaçu (triângulo verde) e Rio Meriti (círculo roxo) e as equações da reta, respectivamente.

112

Figura 27: Gráficos das curvas de calibração, Porto do Rio de Janeiro (triângulo

azul) e Porto de Niterói (quadrado vermelho) do Rio Iguaçu (triângulo verde) e Rio Meriti (círculo roxo) lixiviados com HCl 1M.

114

Figura 28: Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de sedimento). 115

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1: Inventário da Emissão Antrópica de Mercúrio Total Global/Simulação por

Modelo de Transporte de Hg0. 14

Tabela 2: Contribuição de Diferentes Setores na Emissão de Mercúrio no Brasil

(1998 a 2002). 18

Tabela 3: Espécies de mercúrio e suas categorias. 21

Tabela 4: Transformações Mercuriais durante o Ciclo Biogeoquímico do Mercúrio. 24

Tabela 5: Métodos usados na Quantificação do Mercúrio 31

Tabela 6: Biossensores detectores de mercúrio mais recentes. 40

Tabela 7: Biossensores microbianos recombinantes usando genes luc ou lux como repórter luminescente.

43

Tabela 8: Equipamentos e reagentes. 52

Tabela 9: Etapas dos banhos de descontaminação. 53

Tabela 10: Meio Utilizado para o Experimento Luminométrico. 55

Tabela 11: Composição dos Meios LB Broth e LB Ágar. 56

Tabela 12: Soluções de mercúrio utilizadas no presente estudo. 57

Tabela 13: Localização dos pontos de coleta. 66

Tabela14: Resultados dos Ensaios Luminométricos em URL para a água

deionizada. 72

Tabela 15: Resultados dos ensaios de simulação com salinidade. 72

Tabela 16: Resultados dos Ensaios Luminométricos da curva de calibração com

soluções de mercúrio(0,001 a 20 µg/L). 72

Tabela 17: Resultados dos Ensaios Luminométricos da curva de calibração com

soluções de mercúrio (0,001 a 1 µg/L). 74

Tabela 18: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas no mês de

Abril, Maio e Julho de 2012. 78

Tabela 19: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Abril, Maio e Julho de 2012.

80

Tabela 20: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas no mês de Agosto, Setembro e Outubro de 2012.

82

Tabela 21: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Agosto, Setembro e Outubro de 2012.

84

Tabela 22: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Novembro e Dezembro de 2012.

85

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10

Tabela 23: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Novembro e

Dezembro de 2012. 86

Tabela 24: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de

Janeiro, Fevereiro e Março de 2013. 88

Tabela 25: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março de 2013.

90

Tabela 26: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Abril, Maio e Junho de 2013.

92

Tabela 27: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Abril, Maio e Junho de 2013.

94

Tabela 28: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Julho, Agosto e Setembro de 2013.

96

Tabela 29: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Julho, Agosto e

Setembro de 2013. 98

Tabela 30: curva de calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de

outubro, novembro e dezembro de 2013. 100

Tabela 31: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de outubro,

novembro e dezembro de 2013. 102

Tabela 32: Resultados da Correlação de Spearman para A fundo, A meio e A

superfície, respectivamente. 108

Tabela 33: Resultados da Correlação de Spearman para D fundo e D superfície,

respectivamente. 108

Tabela 34: Resultados da Comparação dos métodos. 110

Tabela 35: Curva de calibração com amostras ambientais de sedimento do Porto do Rio de Janeiro e Porto de Niterói lixiviados com água da Baía de Guanabara.

111

Tabela 36: Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de sedimento) no lixiviados com água da Baía de Guanabara.

112

Tabela 37: Curva de calibração com amostras ambientais de sedimento do Porto do Rio de Janeiro e Porto de Niterói lixiviados com HCl 1M.

113

Tabela 38: Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de solo) no lixiviados com HCl 1M.

114

Tabela 39: Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de sedimento). 115

Tabela 40: Custo de procedimento experimental de Análise usando Biossensor. 120

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COSTA, Gisele dos Santos. Avaliação da Aplicabilidade de um Biossensor Microbiano para

Determinação de Mercúrio Biodisponível em Amostras da Baía de Guanabara. Rio de

Janeiro, 2010. Tese (Doutorado em Ciências) – Programa de Pós-Graduação em

Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de Química, Universidade

Federal do Rio de Janeiro, 2015.

O mercúrio pode ser considerado um dos elementos de maior potencial tóxico

graças à sua capacidade de bioacumulação e biomagnificação ao longo das

cadeias tróficas. O uso crescente do mercúrio pelo homem tem provocado

sensíveis alterações em seu ciclo biogeoquímico, comprometendo a saúde de

populações humanas expostas. A contaminação com algumas de suas espécies

químicas, como o metilmercúrio, tem causado um número significativo de mortes

humanas em várias partes do mundo. De tal modo que o reconhecimento do perigo

deste contaminante resultou em legislações mais rígidas e modificações de

processos tecnológicos em todo o mundo. A contaminação por mercúrio também

pode ser observada ao redor da Baía de Guanabara, na região sudeste do Brasil ,

pois esta possui atividades industriais e portuárias intensas, agregadas a um

complexo pólo petroquímico. Em virtude de diversas espécies de mercúrio

apresentarem comportamentos diferenciados, observou-se a necessidade de se

buscar métodos que fossem além da determinação quantitativa total. Neste contexto

procurou-se utilizar a técnica de sensores específicos, os biossensores, na qual se

procura identificar a espécie de mercúrio biodisponível. A cepa Escherichia coli

MC1061 foi aplicada na detecção da fração biodisponível do mercúrio presente em

amostras aquosas e sedimento. As amostras aquosas foram coletadas de abril/2012

a dezembro/2013, em dois locais da Baía de Guanabara, já o sedimento foi coletado

em quatro localidades (Porto do Rio de Janeiro, Porto de Niterói, Rio Iguaçu e Rio

Meriti). A bioluminescência produzida por Escherichia coli MC1061 se apresentou

como uma técnica analítica sensível com potencial de aplicação para detecção de

mercúrio biodisponível, pois os valores de desvio padrão em todos os ensaios foram

baixos com os valores de CV < 10% indicando baixa dispersão e valores

homogêneos, tanto nas amostras aquosas como nos sedimentos. Nos pontos A e D,

o mês de setembro de 2012 apresentou os maiores valores de mercúrio

biodisponível (0,352 a 0,765 µg/L). Sendo as amostras de superfície as que

apresentaram valores acima da Resolução CONAMA n° 357/ 2005 (0,2 µg/L). Nas

análises de correlação de Spearman duas variáveis apresentaram resultados

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12

significativos no ano de 2012, pH no ponto A meio e salinidade no ponto D

superfície. Com relação à validação do método, foi possível obter 99% do mercúrio

biodisponível no biossensor microbiano e na metodologia tradicional. Os resultados

mostraram que os dois métodos de lixiviação testados foram capazes de lixiviar

mercúrio biodisponível das amostras de sedimento e, portanto, foi comprovado seu

potencial de aplicação. O sedimento do Rio Meriti apresentou uma fração de

mercúrio biodisponível maior que as outras amostras (0,847 μg/Kg de sedimento).

Os resultados obtidos comprovam a eficiência da tecnologia proposta e ainda, a

importância da avaliação da biodisponibilidade do metal no ambiente, para definir

normas ambientais aceitáveis, conduzir avaliações de risco ambiental, e ainda,

estabelecer políticas ambientais.

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13

COSTA, Gisele dos Santos. Evaluation of applicability of a Microbial Biosensor for Determination of Mercury Bioavailable in samples of Guanabara Bay. Rio de Janeiro, 2015.

Thesis (Doctorate in Science) – Programa de Pós-Graduação em Tecnologia de Processos Químicos e Bioquímicos, Escola de Química, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2015.

The mercury can be considered one of the greatest potential toxic elements thanks to

its bioaccumulation potential and Biomagnification along the trophic chains. The

increasing use of mercury by man has caused significant changes in its

biogeochemical cycle, compromising the health of exposed human populations.

Contamination with some of its chemical species such as methylmercury, has caused

a significant number of human deaths around the world. Such that the recognition of

the danger of contaminating resulted in more stringent laws and modifications of

technological processes in the world. The mercury contamination can also be seen

around the Guanabara Bay, in southeastern Brazil, as this has intense industrial and

port activities, aggregate to a complex petrochemical complex. In view of various

species of mercury present different behaviors, there is a need to seek methods

which were beyond the total quantitative determination. In this context it is tried to

use a specific technique sensors, biosensors, in which one seeks to identify the

species of bioavailable mercury. The Escherichia coli strain MC1061 has been

applied in the detection of the bioavailable fraction of the mercury present in aqueous

and sediment samples. Aqueous samples were collected from April / 2012 to

December / 2013 in two locations of Guanabara Bay (points A and D), as the

sediment was collected in four locations (Port of Rio de Janeiro, Porto de Niterói, Rio

and Iguaçu Rio Meriti). The bioluminescence produced by Escherichia coli MC1061

introduced as a sensitive analytical technique with potential application for mercury

detection bioavailable because the standard deviation values in all the tests were

with low CV values <10% indicating low dispersion and homogeneous values in both

aqueous samples such as sediments. In A and D, the month of September 2012

showed the highest bioavailable mercury values (from 0.352 to 0.765 µg/L). Since

the surface of the samples that showed values above the CONAMA No. 357/2005

(0.2 µg/L). In Spearman correlation analysis two variables showed significant results

in 2012, pH at point A through point D and salinity in the surface. Regarding the

method validation, it was possible to obtain 99% of bioavailable mercury in microbial

biosensor and traditional methodology. The results showed that both leaching

methods tested were able to leach the mercury bioavailable pellet samples and thus

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it was demonstrated its potential application. The Meriti River sediment had a

mercury bioavailable fraction larger than the other samples (0.847 μg/Kg pellet). The

results demonstrate the importance of evaluating the zinc bioavailability in the

environment, to define acceptable environmental standards, conduct environmental

risk assessments, and even establish environmental policies.

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15

LISTA DE SIGLAS

AMP Adenosina Monofosfato

ATP Adenosina Trifosfato

ATSDR Agency for Toxic Substance and Disease Registry

BID Banco Internacional de Desenvolvimento

CCME Canadian Council of Ministers of the Environment

COD Carbono Orgânico Dissolvido

DQO Demanda Química de Oxigênio

CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente

CV Coeficiente de Variação

CWA Clean Water Act

DNA Ácido Desoxirribonucleico

DO Densidade Ótica

DO600 Densidade Ótica no Comprimento de Onda de 600 nm

DPC Diretoria de Portos e Costas

EMGEPRON Empresa Gerencial de Projetos Navais

EQ Escola de Química

FIOCRUZ Fundação Oswaldo Cruz

GEF Global Environmental Facility

GFP Green Fluorescente Protein (Proteína Verde Fluorescente)

INEA Instituto Estadual do Ambiente

IUPAC International Union of Pure and Applied Chemistry

JICA Japan International Cooperation Agency

LB Luria Bertani

MeHg Metilmercúrio

NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration

OMS Organização Mundial da Saúde

PDBG Programa de Despoluição da Baía de Guanabara

pH Potencial Hidrogeniônico

ppb Partes por bilhão (SI)

PPi Ânion Pirofosfato

URL Unidades Relativas de Luz

UV Ultravioleta

WHO World Health Organization

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16

ÍNDICE GERAL

1: INTRODUÇÃO 1

2: OBJETIVOS 9

3: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 10

3.1 USOS DO MERCÚRIO AO LONGO DO TEMPO 10

3.2 PROPRIEDADES DO MERCÚRIO 11

3.3 FONTES DO MERCÚRIO 12

3.3.1 FONTES NO BRASIL 16

3.4 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS 19

3.5 TOXICIDADE 23

3.6 ESPECIAÇÃO 30

3.6.1 MÉTODOS ANALÍTICOS PARA DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO 30

3.7 BIOSSENSOR COMO ELEMENTO DE DETECÇÃO 36

3.7.1. BIOSSENSORES MICROBIANOS 40

3.8 BAÍA DE GUANABARA 45

3.9 CONSIDERAÇÕES DO PRESENTE ESTUDO 50

4: MATERIAL E MÉTODOS 52

4.1 EQUIPAMENTOS E REAGENTES 52

4.1.1 DESCONTAMINAÇÃO QUÍMICA DOS MATERIAIS 52

4.1.2 LUMINOSKAN COMO ELEMENTO DE TRANSDUÇÃO 53

4.1.3 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES ÓTIMAS DE BIOLUMINESCÊNCIA 54

4.2 COMPONENTE BIOLÓGICO: ESCHERICHIA COLI MC1061 54

4.2.1 PREPARO DE MEIOS E SOLUÇÕES 54

4.2.1.1 MEIO MÍNIMO DE SAIS 55

4.2.1.2 MANUTENÇÃO E ARMAZENAMENTO DE CÉLULAS 55

4.2.1.3 SOLUÇÃO DE LUCIFERINA 56

4.2.1.4 SOLUÇÕES DE MERCÚRIO 57

4.2.2 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E CONSTRUÇÃO DA CURVA DE PESO SECO 58

4.2.2.1 CURVA DE CRESCIMENTO 58

4.2.2.2 DETERMINAÇÃO DO PESO SECO 58

4.2.2.3 PREPARO DAS CÉLULAS 59

4.3 CURVA DE CALIBRAÇÃO 60

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4.3.1 BRANCOS REACIONAIS 60

4.3.2. CURVA DE CALIBRAÇÃO DE MERCÚRIO 61

4.3.2.1 SOLUÇÕES AQUOSAS 61

4.3.2.2 CURVA DE CALIBRAÇÃO DE MERCÚRIO EM AMOSTRAS REAIS 62

4.3.3 CURVA DE CALIBRAÇÃO EM SEDIMENTOS E MÉTODO DE LIXIVIAÇÃO 62

4.4 EXPERIMENTOS DE BIOLUMINESCÊNCIA 64

4.5 DETERMINAÇÃO POR VAPOR FRIO 65

4.6 ÁREA DE ESTUDO 65

4.6.1 LOCALIDADES 65

5: RESULTADOS E DISCUSSÃO 68

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA BACTÉRIA 68

5.1.1 DETERMINAÇÃO DA CURVA DE CRESCIMENTO 68

5.1.2 CORRELAÇÃO ENTRE ABSORBÂNCIA E PESO SECO 69

5.2 AMOSTRAS REAIS 70

5.2.1 AMOSTRAS AQUOSAS 70

5.2.1.1CURVA DE CALIBRAÇÃO 71 5.2.1.2CURVA DE CALIBRAÇÃO DO MERCÚRIO NAS AMOSTRAS

AMBIENTAIS 75 5.2.1.3COMPARAÇÃO RESULTADOS OBTIDOS COM BIOSSENSOR COM

AMOSTRAS AQUOSAS E COM METODOLOGIA PADRÃO 109

5.2.2 AMOSTRAS DE SEDIMENTOS 110

5.2.2.1LIXIVIAÇÃO E CURVA DE CALIBRAÇÃO 111

5.2.2.1.1 LIXIVIAÇÃO COM ÁGUA DA BAÍA DE GUANABARA 111

5.2.2.1.2 LIXIVIAÇÃO DO HCL 1M 113

6: ANÁLISE DE CUSTOS DA TECNOLOGIA PROPOSTA 117

7: CONCLUSÕES 121

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 123

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1. INTRODUÇÃO

Desde os primórdios de sua existência, o homem, como qualquer outra espécie

habitante do planeta, interage com o ambiente à sua volta, modificando-o e

transformando-o de acordo com suas necessidades. Os resultados dessa

modificação são facilmente percebidos ao longo da história. Ainda, nas últimas

décadas do século XX a preocupação com o ambiente tem se disseminado na

sociedade, a princípio individualmente, fluindo para as organizações sociais,

inclusive as escolas, desde o ensino fundamental.

A humanidade em sua narrativa apresenta descobertas de novas fontes,

domínio de técnicas, transformações e novas aplicações de energia. No trajeto do

seu desenvolvimento, desde as primeiras civilizações, tais descobertas

proporcionaram melhoria na qualidade de vida (como na Revolução Industrial, por

exemplo, que tornou possível a produção em larga escala, acarretando

transformações sociais e econômicas), e simultaneamente, o aumento dos impactos

antropogênicos no ambiente (LEFF, 2009).

O desenvolvimento da sociedade organizada sempre esteve vinculado ao

controle da água. Os rios, por exemplo, proporcionavam a água para beber,

facilitavam o deslocamento de pessoas e produtos, eram utilizados como fonte de

irrigação e de energia. Nos últimos cem anos, o desenvolvimento industrial

potencializou uma crescente capacidade de transportar e controlar a água, o que

resultou em um aumento da capacidade de consumir mais, desperdiçar mais e poluir

mais (PNUD, 2006).

Com o avanço da tecnologia, o grau de interferência no ambiente aumentou

bastante. Segundo CUNHA & GUERRA, (2012) estas interferências são efetuadas

de forma inadequada em todo mundo. São diversos os benefícios econômicos e

sociais que explicam a interferência humana nos ciclos naturais. No ciclo hidrológico,

as alterações afetam o funcionamento do sistema de bacia de drenagem (nos

depósitos e transferências das águas), a capacidade de absorção e distribuição das

águas nos seus trajetos originais (sejam fluviais ou litorâneos). Ocasionando

mudanças no relevo (erosão e deposição ficam com seu balanço alterado, este terá

sua duração alterada, encurtado ou acelerado). Estas alterações raramente são

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sentidas somente no ponto em que ocorreu a interferência (CUNHA & GUERRA,

2012).

Nos ambientes marinhos, o conjunto de fatores que estabilizam os oceanos e o

controlam seu equilíbrio não está completamente compreendido, mas sabe-se que

impactos nestes ambientes poderão afetar ou transformar gravemente todo o

ambiente terrestre (CUNHA & GUERRA, 2012). Muitas das alterações sofridas nos

ambientes litorâneos devem-se principalmente aos fatores demográficos (as áreas

costeiras mundiais são densamente povoadas), e ainda, a própria fragilidade dos

ambientes litorâneos, muitas linhas costeiras são batidas por ondas de alta energia

(PEREIRA & SOARES-GOMES, 2002).

Desta forma, as interferências ocasionaram um aumento na introdução de

contaminantes no ambiente, liberados para atmosfera, solos, sedimentos e sistemas

aquáticos, na forma: de matéria orgânica, poluentes orgânicos e um grande número

de compostos metálicos (BOENING, 2000).

A consciência ecológica gerada no século XX promoveu políticas públicas em

matéria de meio ambiente e desenvolvimento sustentável, e iniciou o

estabelecimento de leis com níveis supostamente seguros para exposição humana a

diversos contaminantes (CARSON, 1962; CARVALHEIRA, 2012).

Entretanto, a crise ambiental segue avançando, se acentuando e se

complexificando (LEFF, 2009). Crise esta decorrente da crescente busca por

recursos naturais, do seu uso intensificado, e por vezes inadequado, das

tecnologias, aliado ao avanço das atividades industriais, por exemplo a extração e

mineração. Esses últimos são os frequentemente apontados como os responsáveis

pela contaminação dos diferentes sistemas: atmosféricos, aquáticos e terrestres

(LEFF, 2009; CUNHA & GUERRA, 2012).

As alterações provocadas nesses sistemas podem ser mais ou menos

abrangentes, localizadas ou extensivas, criando gradientes de interferência nos

macrocompartimentos da biosfera (CUNHA & GUERRA, 2012). Quando liberados

em grande quantidade no ambiente, os impactos podem ser imediatos, e a

recuperação pode ser lenta e gradual, cumulativa, sendo um tema preocupante

durante anos ou décadas. No que se refere aos riscos dos processos produtivos,

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sobretudo aqueles causados pelos agentes químicos, geralmente ultrapassam os

limites da área física dos locais de trabalho (ACCIOLY & SIQUEIRA, 2000).

Considerar a manutenção da qualidade ambiental é questão decisiva para a

sociedade atual e para as gerações futuras. Atualmente a principal questão,

abordada pelas agências ambientais, não é se um ambiente está contaminado, mas

o quão grave é a contaminação (LACERDA & MALM, 2008). Os problemas e os

desafios são inúmeros na busca por soluções que, na sua grande maioria, seguem,

ainda, a ótica da remediação e da minimização dos danos ambientais. O

desenvolvimento de alternativas seguras exige mudanças de paradigmas, ações que

nos levam não à substituição de problemas, mas a uma real solução. Entende-se

que esta é a ótica correta para a busca de soluções para um real controle da

poluição ambiental (BARBIERE, 2007; CUNHA & GUERRA, 2012).

Em ecossistemas aquáticos, por exemplo, a poluição ambiental pode estar

associada à ineficácia nos tratamentos dos efluentes domésticos e industriais, e

ainda de adjuntos, como por exemplo, muitas regiões não possuem saneamento

básico.

Neste contexto está a Baía de Guanabara, um complexo estuarino, de

aproximadamente 400 km2, para vários rios e canais que cercam as cidades do Rio

de Janeiro, Duque de Caxias, São Gonçalo, Niterói e outras cidades menores. É

uma área importante com relação à produção pesqueira, que recebe efluentes

domésticos e industriais não tratados, sendo a região impactada por matéria

orgânica, óleo e um grande número de outros compostos, incluindo os metais

pesados (SEIXAS et al., 2007). Isso se deve à intensa atividade portuária, à

presença de um complexo pólo petroquímico, além do despejo de esgoto doméstico

e efluentes industriais não tratados, provenientes de uma área densamente

populosa com mais de 10.000 indústrias (JABLONSKI et al., 2006). O volume total

da bacia hidrográfica da Baía de Guanabara é estimado em 2,2 × 109 m³

(JICA,1994).

A biota desta região está constantemente exposta a uma infinidade de

substâncias tóxicas lançadas no ambiente, oriunda de diversas fontes de emissão.

Estes contaminantes são capazes de interagir com o organismo vivo causando

múltiplas alterações, que podem gerar consequências em populações, comunidades

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ou ecossistemas, dependendo do grau de contaminação e do tempo de exposição

(CANELA, 1995).

A Baía de Guanabara é um dos ecossistemas mais poluídos do país (PDRH-

BG, 2005) e o desmatamento histórico da Mata Atlântica, a constante emissão de

esgoto e de lixo nas águas da Baía, a poluição industrial, a poluição causada pelos

derramamentos de óleo e a poluição do ar são fatores que contribuem ativamente

para a permanência deste quadro de profunda degradação ambiental (COELHO,

2007).

Programas de despoluição tem sido matéria de uma série de discussões

envolvendo o Estado, as indústrias, as diversas empresas, as organizações não

governamentais (ONGs) e a população como um todo. Existe o consenso que a

Baía de Guanabara necessita de um plano emergencial de gestão ambiental. Dentre

estes, o Programa de Despoluição da Baía de Guanabara (PDBG) prevê a

diminuição de carga de nutrientes e de metais para a baía, para tanto investiu cerca

de R$ 1,6 bilhão de 1994 até 2009 (dado da avaliação realizada pelo Banco

Internacional de Desenvolvimento – BID, em 2009).

Porém, uma avaliação de sua sustentabilidade não foi ainda realizada. Tais

projetos possibilitaram a promoção de ações do Plano Guanabara Limpa, como Baía

sem Lixo, o início das obras de saneamento da Marina da Glória, a reconstrução das

Estações de Tratamento de Esgoto, coleta e tratamento de esgoto de Alcântara e o

programa Sena Limpa e revitalização dos emissários submarinos da Barra e de

Ipanema (GUANABARA LIMPA, 2014).

Segundo CRUZ e colaboradores (1996), pode-se relacionar a qualidade

ambiental de uma baía com sua localização geográfica, dimensões, rede de

drenagem e as características do litoral no qual se encontra, uma vez que estes

fatores são determinantes na circulação e renovação de suas águas. A área que

apresenta melhor qualidade das águas é delimitada pelo canal central de circulação

e recebe um grande volume de troca de água, promovido pelas correntes de maré

(CONVÊNIO PETROBRAS-DPC-EMGEPRON, 2004).

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A bacia da Baía de Guanabara sofre modificações desde o início do século

XIX. Como consequências, a renovação e a qualidade das águas têm sido

prejudicadas, acarretando uma elevada taxa de sedimentação.

De acordo com a USEPA (2000) os estuários podem funcionar como

reservatórios de poluentes derivados da bacia de drenagem. Quando corpos

hídricos dulcícolas se encontram com águas salinas da região costeira, os

processos físico-químicos típicos levam a precipitação e sedimentação de boa parte

dos poluentes carreados pelas águas dos rios na forma dissolvida, e com isso, altas

concentrações de metais tóxicos e hidrocarbonetos são evidenciadas nos

sedimentos e alterações nos seres aquáticos.

Outra implicação da poluição da baía é o processo de eutrofização, causado

por elevadas concentrações de nutrientes. Tal processo altera a qualidade da água,

através da redução de oxigênio dissolvido (OD), devido ao intenso consumo na

produção biológica. A baixa oferta de oxigênio acarreta em mortes de peixes e na

perda da biodiversidade aquática (GODOY et al., 1998; BRANCO, 2007).

Segundo PARAQUETTI e colaboradores (2004), nos efluentes das atividades

antrópicas, os compostos metálicos possuem baixas concentrações devido a sua

baixa solubilidade em água. No entanto, em áreas estuarinas, os contaminantes

metálicos estão geralmente complexados ao material particulado em suspensão,

podendo assim, se difundir para áreas mais distantes de suas fontes. Por isso, em

regiões próximas a complexos industriais, há um risco considerável de que a

contaminação por metais pesados desencadeie um desequilíbrio nos seus

ecossistemas (DIAS-JUNIOR et al., 1998).

Concentrações de mercúrio elevadas foram detectadas próximo à

desembocadura do rio São João de Meriti (BARROCAS, 1994; WASSERMAN et al.,

2000). No entanto, a biota da Baía de Guanabara apresenta níveis de mercúrio

baixos, abaixo de 200ppb, inclusive em peixes (KEHRIG et al., 1998; RODRIGUES,

2006; RODRIGUES, 2010), para efeito de mercúrio em peixes observamos o limite

de 500ppb em filés de peixes, para inviabilizar seu comércio – o valor limite para

consumo humano definido pela Organização Mundial de Saúde (CARVALHEIRA,

2012). Em sedimentos superficiais os níveis podem alcançar 10ppm em pontos

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específicos do setor noroeste, variando de 1 a 2 ppm nos demais setores

(BARROCAS, 1994; WASSERMAN et al., 2000).

Do ponto de vista dos compartimentos ambientais, são nos solos e sedimentos

onde ocorre a maior acumulação dos metais. A contaminação destes por metais

pesados pode acarretar sérias consequências sobre componentes funcionais dos

ecossistemas. Nas plantas, por exemplo, quando são absorvidos, os metais passam

a participar da cadeia trófica, contaminando o homem e animais (ACCIOLY &

SIQUEIRA, 2000). Geralmente são encontrados como contaminantes metálicos:

chumbo, cromo, zinco, mercúrio, cádmio e cobre (MAFFIA & DAVIS, 2001).

Em virtude do reconhecimento do perigo destes contaminantes as nações do

mundo buscam por legislações mais rígidas e substituições por processos

tecnológicos mais limpos. Atualmente, a legislação ambiental ainda é insuficiente

para lidar adequadamente com estas questões, e assim, diversas áreas do planeta

continuam a receber cargas pesadas de poluentes.

Quando se aborda a poluição por metais pesados, sabe-se que são elementos

que ocorrem naturalmente no ambiente e constituem menos de 1% das rochas. Tais

elementos podem causar danos ao ambiente, se as suas concentrações forem

elevadas (COSTA et al., 2004). Dentre os metais pesados encontrados na natureza,

o mercúrio é considerado o mais tóxico. Este metal ocorre naturalmente no

ambiente, mas seu uso indiscriminado vem trazendo o aumento das suas

concentrações no meio ambiente e prejudicando a biota (COSTA, 2010). Grande

parte do mercúrio encontrado no meio ambiente tem origem nas fontes

antropogênicas, que se dão por meio da queima de combustíveis fósseis, na

amalgamação de ouro com mercúrio, em rejeitos de indústrias, em incineradores de

lixo e também no uso de agrotóxicos com mercúrio (MITRA, 1986).

Existem ainda questões relevantes sobre o interesse na determinação dos

seus compostos tóxicos e sobre o ponto de vista da contaminação, do potencial de

bioacumulação e biomagnificação pelos organismos.

O estudo da espécie química é de grande importância para compreensão da

sua toxicologia, e por tratar de uma questão de saúde pública, quando consideramos

os acidentes que já envolveram este metal pesado. A questão da biodisponibilidade

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deve ser interpretada como o ponto crucial na determinação da toxicidade do metal

(COSTA, 2010). A biodisponibilidade de poluentes pode ser avaliada em diferentes

matrizes ambientais. Em sedimentos, por exemplo, uma substância está disponível

quando se encontra em formas fracamente ligadas (MACHADO et al., 2008).

Enquanto que em águas a substância está disponível quando dissolvida, ou ainda,

quando presente na circulação interna de um organismo vivo (CARVALHEIRA,

2012).

Na investigação das metodologias de detecção, pode ser observado que os

métodos tradicionais não permitem distinguir poluentes que estão disponíveis para

os sistemas biológicos dos que estão inertes ou indisponíveis, uma questão especial

em relação aos metais tóxicos (COSTA, 2010).

Desta forma, os biossensores surgem como alternativa na detecção de

poluentes e se apresentam como nova ferramenta analítica a ser aplicada no

diagnóstico das condições do meio ambiente (TECON & MEER, 2008), sendo

promissores graças à seletividade e ao baixo custo deste tipo de tecnologia

(SALGADO, 2001; MELO, 2008).

Os sensores biológicos podem ser mais lentos e menos duráveis, precisos ou

seletivos que técnicas analíticas instrumentais, mas possuem a vantagem de

proporcionar informação sobre biodisponibilidade ou biotoxicidade da matriz. Dentre

estes sensores, os biossensores microbianos apresentam vantagens sobre aqueles

que utilizam componentes biológicos isolados, como enzimas e anticorpos, por

possuírem vida útil mais longa, serem mais tolerantes a variações de pH e

temperatura e ainda mais baratos, uma vez que o componente biológico não precisa

ser isolado (YAGY, 2007).

No presente estudo, a ferramenta analítica utilizada se baseia em um

biossensor composto pela bactéria geneticamente modificada Escherichia coli

MC1061 (VIRTA et al.,1995), capaz de detectar mercúrio biodisponível, através da

reação da enzima luciferase do vaga-lume (Firefly luciferase), respondendo

quantitativamente quando exposta ao mercúrio, através de bioluminescência.

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Este trabalho está assim estruturado:

Capítulo 1: Trata da introdução do trabalho onde é apresentado um

panorama geral do assunto.

Capítulo 2: Apresenta os objetivos do presente projeto.

Capítulo 3: Descreve os embasamentos teóricos pertinentes à análise dos

resultados, através de uma revisão bibliográfica referentes ao tema desta tese.

Capítulo 4: Descreve as metodologias e materiais utilizados no

desenvolvimento do presente trabalho.

Capítulo 5: Apresenta os resultados obtidos bem como as discussões

comparando como os resultados encontrados na literatura.

Capítulo 6: Avaliação econômica envolvida no presente trabalho.

Capítulo 7: Relata as conclusões obtidas ao longo do estudo, as

considerações sobre o tema da tese e as sugestões para a continuidade da linha de

pesquisa.

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2. OBJETIVOS

O presente trabalho teve como objetivo investigar a aplicabilidade e validação

de um biossensor, que utiliza como elemento biológico o micro-organismo

geneticamente modificado Escherichia coli MC1061 (VIRTA et al., 1995) e como

transdutor um luminômetro, para a detecção do mercúrio biodisponível em amostras

ambientais da Baía de Guanabara.

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3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Este capítulo apresenta uma revisão bibliográfica sobre o mercúrio englobando

fontes e usos, contaminações, ciclo biogeoquímico, toxicidade, especiação, e

diversos métodos de quantificação do metal pesado incluindo os biossensores.

3.1 USOS DO MERCÚRIO AO LONGO DO TEMPO

O homem já se relaciona com o mercúrio desde épocas remotas, na pré-

história usava um minério do mercúrio de cor avermelhada, o cinábrio ou sulfeto de

mercúrio, para escrever e desenhar nas paredes de cavernas e em objetos de argila

(Figura 1). Algumas evidências mostram o uso do metal como parte de rituais de

sepultamento na Grécia e no Egito, no ano de 1500 a.C. (GRAEME & POLLOCK,

1998; STILLMAN, 2003), e ainda o uso terapêutico, pois os seus efeitos tóxicos

eram desconhecidos. Acredita-se que o primeiro registro sobre o uso do mercúrio

tenha sido escrito por volta do ano 400 a.C, por Aristóteles em sua obra

“Meteorologia e De Anima”, denominando-o Hydrargyrum, que quer dizer água

prateada. Por isso, a escolha de seu símbolo atômico Hg (BARROCAS, 1994;

AZEVEDO, 2003; MIRANDA et al., 2007). Sabe-se que na Idade Média o metal era

usado na alquimia. Ao longo dos anos, o conhecimento do homem sobre as

propriedades químicas do mercúrio foi expandido e, provavelmente, o primeiro uso

comercial do mercúrio tenha sido a amalgamação (MIRANDA et al., 2007).

Figura 1: Uso do mercúrio em pinturas e na alquimia (Fonte:

http://www.informe10.com/img/fotos; http://palacios49.files.wordpress.com/2008/10/alquimia4.jpg)

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Historicamente, a amalgamação do mercúrio foi usada para extrair metais

preciosos (isto é, ouro, prata) do minério do metal. Por exemplo, o ouro é

amalgamado com mercúrio, a amálgama é então aquecida para assim volatilizar o

mercúrio e por consequência recuperar o ouro (VASCONCELLOS, 2010).

Os romanos tornaram o uso do mercúrio na extração de ouro e de outros

metais muito popular (GRAEME & POLLOCK, 1998), e no século XVII, época em

que a prioridade era o acúmulo de metais, grandes quantidades de mercúrio foram

usadas para extrair prata em minas por todo o continente americano. No mesmo

período, esse metal teve participação fundamental no desenvolvimento de

instrumentos de medição, em processos industriais, e ainda usado como princípio

ativo em pomadas, no século XVIII, mesmo se conhecendo as propriedades biocidas

deste metal. Essas pomadas foram usadas durante anos para tratamento de

doenças de pele e sífilis (VASCONCELLOS, 2010).

Na segunda metade do século XVIII, os riscos à saúde envolvendo o uso do

mercúrio começaram a ser percebidos. O metal era consumido na mineração, e a

maior parte do mercúrio vinha das Minas de Almadén, na Espanha, extraído por

escravos (AZEVEDO, 2003). Espanha, Itália, Estados Unidos, México, China e

Japão, apresentam as formações geológicas mais abundantes em minérios do

mercúrio. Nas minas de Almadén, há registros que o início da exploração de

mercúrio ocorreu há pelo menos dois mil anos. Na China há registros de que o uso

de cinabre como pigmento ocorreu há três mil anos (VASCONCELLOS, 2010). O

mercúrio metálico é obtido por aquecimento do cinabre seguido de condensação

(BOENING, 2000). No Brasil, não existem registros de minas de mercúrio, por este

motivo todo o mercúrio usado no país é importado (BARROCAS, 1994).

No Brasil, em muitos consultórios odontológicos, ocorre, de forma discreta, uma

migração para técnicas que não utilizam amálgama, e o resíduo gerado nestes pode

ser guardado de maneira segura no próprio local (VASCONCELLOS, 2010).

3.2 PROPRIEDADES DO MERCÚRIO

O mercúrio elementar (Hg0) é o único metal que pode ser encontrado no estado

líquido em temperatura ambiente, passando facilmente para o estado gasoso nessa

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mesma condição. Este metal pode ocorrer naturalmente no meio ambiente, na água,

na biota, na atmosfera e na crosta terrestre (em sua forma elementar e nas formas

minerais do sulfeto de mercúrio como cinábrio, metacinábrio e hipercinábrio). Pode

se apresentar sob as formas inorgânicas e/ou orgânicas, ou ainda, associado a

outros elementos. Suas propriedades físico-químicas estão intimamente

relacionadas ao ânion ao qual o metal se liga, sendo que o nitrato e o sulfato

possuem elevada hidrossolubilidade, enquanto o cloreto é bastante solúvel em

solventes orgânicos (REIS, 2008).

Outra característica do metal é a absorção da luz ultravioleta a 253,7 nm, de

forma bastante intensa, o que é aproveitado em alguns métodos analíticos, com alta

sensibilidade de detecção (AZEVEDO, 2003).

O metal pode ser encontrado nas diversas formas químicas: solúvel, trocável,

ocluso ou fixado aos minerais, precipitado com outros compostos, na biomassa e

complexado na matéria orgânica. As formas químicas que definem a toxicidade, que

se caracteriza por influenciar: no bloqueio de grupos funcionais essenciais à atuação

de uma biomolécula, na competição e deslocamento de outros metais presentes no

sistema, e na modificação da conformação de sítios ativos e da estrutura quaternária

de proteínas (MANO et. al., 2005). E conforme o estado molecular do elemento

mercúrio, a sua toxicidade varia significativamente. Devem ser distinguidas três

formas químicas principais: os vapores de mercúrio elementar, os sais de mercúrio e

os compostos organomercúricos. A forma mais volátil é Hg0, sendo que o

dimetilmercúrio também pode volatilizar. Sua volatilidade explica a sua baixa

concentração em águas não poluídas (HORVAT, 1996).

3.3 FONTES DE MERCÚRIO

Segundo WANG e colaboradores (2004), as fontes de mercúrio podem ser

naturais, antrópicas e de reemissão. A principal fonte de mercúrio se dá através de

emissões gasosas, que podem ter origem natural ou antrópica.

As fontes naturais de mercúrio são oriundas do desgaste natural da crosta

terrestre, podendo estar associado a outros elementos, sendo o enxofre o mais

comum. A sua forma metálica é obtida pelo aquecimento do sulfeto de mercúrio

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(HgS) a seco, seguido de condensação (MIRACONI et al., 2000). No interior da

crosta terrestre, as concentrações de mercúrio podem variar entre 21 e 56 ppb,

dependendo da profundidade onde é encontrado (BARKAY et al. 2003).

A associação do metal com enxofre leva à formação do minério cinábrio (HgS),

composto de cor vermelha, cujas maiores reservas encontram-se na Espanha e na

Itália (CANELA, 1995), dentre outras reservas importantes como China, Estados

Unidos, Canadá, Rússia, Irlanda, Turquia, Filipinas e México (BIESTER et al., 1999).

Outra fonte importante é proveniente das emissões vulcânicas que contribuem

com a liberação na atmosfera de aproximadamente 2.500 t ano-1 de mercúrio total

(MARINS et al., 2004), além da evaporação de sistemas aquáticos e erosão de

depósitos minerais.

Dentre as fontes de origem antrópica, destacam-se: a emissão de efluentes

industriais e urbanos; a queima de combustíveis fósseis, que é responsável por

cerca de dois terços dos lançamentos (MARINS et al., 2004), uma vez que o

mercúrio se apresenta como impureza nessas fontes de energia; aterros sanitários,

os quais contém uma infinidade de resíduos contendo mercúrio; e atividades

industriais, agrícolas e mineradoras.

A produção anual de mercúrio vem sendo estimada em torno de 10.000

toneladas, sendo os seus maiores produtores o Canadá, a Rússia e a Espanha

(GRIGOLETTTO et al., 2008). O mercúrio pode ser despejado durante o processo

de produção ou durante a eliminação e incineração de resíduos. Como exemplo, a

indústria de cloro soda foi a principal fonte de poluição de mercúrio no Brasil até a

década de 80, na qual o metal era utilizado como catalisador do processo de

produção (LACERDA, 1997). Pode ser destacada ainda a produção de acetaldeído,

polpa de papel, tintas, pesticidas, fungicidas, lâmpadas de vapor de mercúrio,

baterias, produtos odontológicos, além de incineradores de lixo, amalgamação de

mercúrio em extração de ouro, entre outros, como atividades emissoras de mercúrio

(MIRACONI et al., 2000).

Já a remissão de mercúrio ocorre através de uma remobilização deste metal de

atividades antropogênicas anteriores, que estava acumulado ou depositado em

compartimentos ambientais (NRIAGU & BECKER, 2003; LOPPI, 2001).

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Estudos indicam que 200.000 toneladas de mercúrio foram emitidas para a

atmosfera desde 1890, sendo aproximadamente 95% em solos, 3% nas águas

oceânicas superficiais e 2% na atmosfera (MIRACONI et al., 2000). A Tabela 1

apresenta um resumo das emissões resultantes de atividades humanas (ano de

referência 2000). Nos Estados Unidos, estima-se que 8000 kg/ano de mercúrio são

processados sendo 6000 kg/ano emitidos direto para a atmosfera (WILHELM, 2001).

A Ásia o continente com a maior contribuição dos lançamentos, seguido pela África.

Na China os números são bastante representativos, com 536 toneladas de mercúrio

em 1999 e 586 toneladas em 2000 (LOHMAN et al., 2008).

Tabela 1: Inventário da Emissão Antrópica de Mercúrio Total Global/Simulação por Modelo de Transporte de Hg

0 (LOHMAN et al.,2008).

País/Continente Emissão anual de Hg 106 Kg/ano Hg0 Hg2+ HgP

Estados Unidos 104 (1999) 60% 31% 9%

Canadá 8 54% 35% 11%

México 26 71% 20% 9%

Ásia 1204 57% 34% 9%

Europa 239 61% 32% 7%

América do Sul e Central 92 71% 23% 6%

África 407 65% 28% 7%

Oceania 125 55% 36% 9%

Total 2206

Segundo LACERDA (2007) as estimativas de emissões de mercúrio para a

atmosfera global sugerem um total de cerca de 6.000 t ano-1, sendo cerca de 2.000 t

ano-1 correspondentes à volatilização natural do Hg presente nos oceanos. Enquanto

que cerca de 1.000 t ano-1 correspondem à reemissão de superfícies terrestres e

3.000 t ano-1 às emissões antrópicas. Destacando as principais fontes antrópicas

nas indústrias químicas e na eletroeletrônica, e ainda, a queima de combustíveis

fósseis.

As emissões provenientes do processamento de petróleo geram resíduos

tóxicos e descargas atmosféricas que contém mercúrio. Em nível global, a queima

de combustíveis fósseis emite para a atmosfera cerca de 1.500 t ano-1. Deste total,

cerca de 300 t ano-1 são emitidas pela geração de energia elétrica e 1.200 t ano-1 por

outros usos industriais (FENG et al., 2009).

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Nas últimas décadas, uma quantidade considerável de pesquisas tem sido feita

para melhorar inventários de emissões de mercúrio em nível global, incluindo

aqueles países com economias de transição (FENG et al., 2009).

A agência de proteção ambiental dos Estados Unidos (USEPA, 2013) em seu

último relatório sobre emissões globais de mercúrio, confirma o papel das

mineradoras em pequena escala como emissoras de mercúrio e ainda ressalta que

queima de carvão é um maiores componentes das emissões antropogênicas

seguido pela produção de metais ferrosos e a produção de cimento. Uma grande

quantidade de carvão é queimado em torno do mundo para gerar eletricidade, para

executar plantas industriais, e para o aquecimento de casas. A emissão de mercúrio

pela combustão do carvão emitida alguns países chegou a 475 toneladas de

mercúrio em 2010, a maioria para geração de energia e utilização industrial. Tais

emissões antropogênicas de fontes industriais podem estar subindo. Entretanto

acreditava-se ter atingido o pico na década de 1970, pois houve uma diminuição

durante duas décadas seguintes, e têm sido relativamente estável entre 1990 e

2005, mesmo com algumas indicações de ligeiros aumentos na emissões entre 2000

e 2005. Indicações gerais são que as emissões dos setores industriais têm

aumentado novamente desde 2005.

De acordo com PIRRONE e colaboradores (2010) mudanças no clima global

também podem complicar a resposta dos ecossistemas globais ao mercúrio, as

reduções de emissões, através de efeitos em muitos aspectos de movimento e

transformações químicas do mercúrio no ambiente. Por exemplo, o aumento das

temperaturas influenciam as taxas de da produtividade biológica e as taxas de

atividade bacteriana em ecossistemas de água doce e marinhos, o que

possivelmente, levaria a conversão mais rápida de mercúrio inorgânico ao

metilmercúrio.

Outra preocupação é que em muitas regiões as fontes pontuais não são

adequadamente descritas (África, América do Sul e Ásia). Estas incertezas afetam o

modelo de desenvolvimento, política ambiental e do bem-estar humano. Modelos de

mercúrio para a atmosfera desenvolvidos nos últimos anos para avaliar a relação

entre as regiões-fonte de emissão e regiões-receptoras mostram uma precisão

limitada. A capacidade para determinar a precisão dos modelos é severamente

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limitada pela falta de um inventário global de emissão que inclua uma melhor

caracterização da emissão das fontes relacionada com as usinas de combustíveis

fósseis nos países em desenvolvimento rápido. Pois nestes países a demanda de

energia segue uma tendência de crescimento na próxima década (NOAA, 2012).

Recentemente, estudos em colaboração do laboratório de modelagem do

National Oceanic and Atmospheric Administration (NOAA) e a EPA vêm investigando

os valores atuais das emissões globais de mercúrio (1° fase dessa investigação foi

realizada em lagos nos Estados Unidos) para o desenvolvimento de um modelo

matemático com objetivo de determinar e compreender as tendências temporais e

espaciais (NOAA, 2012).

3.3.1 FONTES NO BRASIL

O Brasil não possui reserva de cinábrio, e assim, precisa importar todo

mercúrio que necessita para a indústria eletroeletrônica, lâmpadas, aparelhos

científicos, produção de tintas e pilhas, dentre outros setores químicos. Dados do

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC, 2013) apontam que

entre janeiro e abril de 2013 foram importados 24.939 kg de mercúrio metálico, dos

quais 18.113 kg foram procedentes dos Estados Unidos, 5.003 kg do Reino Unido,

960 kg da Alemanha e 863 kg do Japão.

Os resíduos dos materiais não tem controle e nem segregação especial, tendo

como exceção as lâmpadas fluorescentes, que contam com empresas recicladoras,

e já reciclaram 6,5 milhões de lâmpadas até 2000 e aterros licenciados para

mercúrio (REIS, 2008). Embora uma pequena quantidade de mercúrio esteja contida

em cada lâmpada, o efeito acumulativo e persistente do mercúrio proveniente de

muitas lâmpadas é considerável. Por esse motivo as lâmpadas que contêm mercúrio

devem ser separadas. Uma prática esta adotada em diversos países e no Brasil, em

que muitas indústrias, universidades, órgãos públicos e empresas concessionárias

de energia elétrica proíbem a disposição de suas lâmpadas no lixo. Por outro lado,

diversos municípios nos estados de São Paulo, Santa Catarina e Minas Gerais já

gozam do benefício da coleta separada e da destinação adequada de suas

lâmpadas de iluminação pública evitando assim que as mesmas tenham como

destinação os aterros municipais. No processo, as lâmpadas são quebradas, com

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exaustão e captura do mercúrio metálico emitido, e separação dos componentes

metálicos (APLIQUIM, 2004).

O mercúrio subproduto da descontaminação de lâmpadas é usado na

fabricação de novas lâmpadas ou de termômetro, manômetros, etc. (WINDMOLLER

et al., 2008). Dentre os equipamentos contendo mercúrio, utilizados nos Serviços de

Saúde do Brasil, 55% são termômetros, 35% esfignomanômetros e 10% produtos

químicos de laboratórios (MMA, 2010).

No Brasil, as emissões de mercúrio por fontes antrópicas (alguns tipos podem

ser observados na figura 2) são inventariadas desde 1995 (LACERDA, 1997;

LACERDA & MARINS, 1997; MOREIRA & PIVETTA, 1997; VAISMAN et al., 2003;

LACERDA et al., 2007). Segundo LACERDA (1997), embora os dados sejam

apenas locais ou por setores específicos são suficientes para hierarquizar a

participação relativa de cada fonte na emissão total de Hg.

Figura 2: Algumas fontes emissoras de mercúrio e seu destino no ambiente (Adaptado de NOAA, 2012).

Estudos apontam que o Brasil importou, entre as décadas de 1970 e 1980,

cerca de 160 t ano-1, atingindo 340 t ano-1 em 1984 (LACERDA, 1997). As fontes

industriais foram as responsáveis pela totalidade das emissões até 1970, quando se

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percebeu uma mudança no controle das emissões industriais conhecidas

(LACERDA, 1997). A partir deste momento a carga de mercúrio oriunda dos

garimpos de ouro na Amazônia, passou a ser a principal fonte emissora do metal. A

emissão de fontes difusas, associado a um crescimento acelerado dos grandes

centros urbanos, tem substituído em importância as fontes industriais clássicas, com

a disposição de resíduos sólidos. As emissões com geração de energia elétrica hoje

representam cerca de 300 t ano-1 e a queima de combustíveis fósseis

aproximadamente 1.500 t ano-1 em nível global (LACERDA et al., 2007). Pode ser

observada na Tabela 2, a contribuição dos diversos setores na emissão de mercúrio

no Brasil.

Tabela 2: Contribuição de Diferentes Setores na Emissão de Mercúrio no Brasil (1998 a 2002).

*inclui lâmpadas e produtos eletroeletrônicos. Fonte: LACERDA et al., 2007.

Fonte/Setor Emissão (%)

Garimpo de ouro 29,7

Indústria de cloro/soda 25,2

Produção de aço e ferro 17,8

Queimadas na Amazônia 12,9

Pirometalurgia 6,7

Geração de energia 6,2

*Outras fontes 1,5

LACERDA e colaboradores (2007) afirmam que emissão de mercúrio para a

atmosfera por queima de gás natural é pequena em relação às demais fontes,

incluindo a combustão de outros combustíveis, não resultando em impacto ambiental

ou de saúde pública, significativo. Ressaltando ainda que a geração de energia pela

queima de carvão, óleo combustível e biomassa geram 1.200, 250 e 2 vezes mais

mercúrio para o meio ambiente, respectivamente, que a queima de gás natural, por

unidade de energia gerada. Desta forma, o gás natural seria uma opção “limpa” em

relação esse metal pesado entre os diferentes combustíveis potencialmente

utilizáveis.

É importante ressaltar que grande parte do mercúrio presente no gás natural

fica retido nas etapas de refino e transporte. Assim, fontes pontuais de mercúrio

poderão ser criadas em refinarias, dutos de transporte e usinas termoelétricas

(LACERDA et al., 2007).

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36

3.4 CICLOS BIOGEOQUÍMICOS

O homem, há séculos, voluntariamente ou em decorrência de suas atividades,

vem interferindo nos ciclos de nutrientes minerais. O nitrogênio, o fósforo, o cálcio, o

potássio e os ciclos hidrológicos, além dos inúmeros microelementos químicos, são

partes fundamentais para o funcionamento do sistema ambiental. Todos esses

componentes devem influenciar no ciclo do mercúrio.

Nos diferentes ecossistemas a quantidade armazenada de metal é variável

(dependendo da composição desse ecossistema), e existe ainda, variação nas taxas

de distribuição, transferência e armazenagem dentro de cada sistema (CUNHA &

GUERRA, 2012). As diferentes espécies de mercúrio tem sua distribuição regulada

por processos físicos, químicos e biológicos, e a conversão das mesmas leva a um

ciclo de distribuição que pode ser local ou global, podendo este metal pesado se

alojar nos compartimentos ambientais mais diversos (CANELA, 1995).

Nos ambientes aquáticos envolve uma complexa relação entre os processos

biológicos, principalmente mediados por micro-organismos, e os processos

geoquímicos, que ocorrem em escalas microscópicas e macroscópicas (WARREN &

HAACK, 2001). Nesse ambiente, a especiação de mercúrio depende das interações

com outros elementos (possibilidade de complexação), solubilidade, pH,

temperatura, potencial redox, sorção e dessorção, parâmetros estes, que

influenciam na rota de transformação que o mercúrio pode seguir (STEIN et

al.,1996).

Sabe-se que valores altos de pH (alcalino) de sistemas hídricos pode estar

associado a proliferação de vegetais em geral, pois com o aumento da fotossíntese

há consumo de gás carbônico, e portanto, diminuição do ácido carbônico na água e

consequente aumento do pH. Já a acidez é causada principalmente pela presença

de CO2, ácidos minerais e sais hidrolisados. Quando um ácido reage com a água, o

íon hidrogênio é liberado, acidificando o meio. As variações de pH no meio aquático

estão relacionadas ainda com a dissolução de rochas, absorção de gases da

atmosfera, oxidação da matéria orgânica e fotossíntese (VON SPERLING, 1995).

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E a acidez de alguns corpos aquáticos facilita a formação de complexos

solúveis (HgCl2 e CH3Hg) enquanto ambiente alcalinos favorecem a formação de

complexos voláteis (Hg0 e (CH3)2Hg) (STEIN et al., 1996).

O mercúrio e seus compostos podem ser biotransformados da forma inorgânica

para forma orgânica, esta última é capaz de ser biomagnificada ao longo da cadeia

alimentar. Os aspectos relacionados à toxicidade e também ao ciclo biogeoquímico,

envolvendo distribuição, bioacumulação, transformação e transporte no ambiente

tem chamado atenção da comunidade científica desde os acidentes com a

contaminação por mercúrio no Japão, nas décadas de 1950 e 1960, e no Iraque, em

1956 e 1971-72 (BAKIR et al., 1973).

As diversas espécies químicas possuem toxicidade elevada e podem causar

danos aos seres humanos dependendo da forma química e dos fatores de

exposição. Um resumo das espécies é apresentado na Tabela 3.

As diferentes formas apresentadas pelo mercúrio no ambiente, orgânicas e

inorgânicas, possuem velocidades distintas de deposição e reações na atmosfera,

do mesmo modo, as emissões também podem variar em função da forma química

(LOHMAN et al., 2008).

O mercúrio apresenta três estados de oxidação: Hg2+ (íon mercúrico, principal

forma dissolvida (como sais ou complexos solúveis) nos sistemas aquáticos), Hg1+

(íon mercuroso) e Hg0 (mercúrio metálico ou elementar) que se transformam entre si

no meio ambiente através de reações bióticas e abióticas (NIES, 1999; MOREL et

al., 1998). O Hg2+ forma ligações covalentes bastante estáveis com o carbono dando

origem a compostos organometálicos lipossolúveis, ao contrário do Hg1+, pouco

estável em sistemas naturais, praticamente não se liga ao carbono e ao nitrogênio

(BARROCAS, 2003). Já os compostos de mercúrio em suspensão, cujos os

exemplos mais comuns são sulfeto (HgS) e seleneto (HgSe) de mercúrio, são

insolúveis em água e óleo, mas podem estar presentes como partículas muito

pequenas, sólidas em suspensão (WILHELM, 1999).

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Tabela 3: Espécies de mercúrio e suas categorias.

Categorias Espécies Químicas

Espécies Voláteis Mercúrio elementar (Hg0)

Dimetilmercúrio [(CH3)2Hg]

Espécies Muito Reativas Íon Mercúrico (Hg2+

)

Cloreto Mercúrico (HgCl2)

Espécies Pouco Reativas Metilmercúrio (CH3Hg+)

Sulfeto de Mercúrio (HgS)

A forma orgânica metilmercúrio, corresponde de 80% a 95% do teor total de

mercúrio encontrado em peixes, sendo o grande responsável pela intoxicação dos

seres humanos consumidores de pescado (BISINOTI & JARDIM, 2004).

O mercúrio pode ser incorporado ao longo da cadeia trófica (Figura 3) e, assim,

ser bioacumulado e biomagnificado em função de sua longa meia vida nos

organismos vivos (640 a 1200 dias), mesmo em regiões onde as águas apresentem

níveis considerados normais. As espécies piscívoras são as que apresentam os

maiores teores do elemento (YALLOUZ et al., 2001). Estudos têm mostrado que o

metilmercúrio é a espécie dominante de mercúrio na biota (BLOOM, 1992; KASPER

et al., 2007). O metilmercúrio é, em sua maior parte, produzido biologicamente por

bactérias, como um mecanismo natural de detoxificação (LACERDA, 2007).

Figura 3: Ciclo do Mercúrio em Ambientes Naturais (Adaptado: FISHER, 2007; NOAA,

2012).

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O ciclo do mercúrio é caracterizado pelas várias rotas que este composto pode

seguir no ambiente, desde sua liberação do solo como resíduos de rocha, até o seu

retorno da água para atmosfera, seja na forma de mercúrio elementar (Hg0) gasoso

ou, em menor extensão, como compostos voláteis (BISINOTI & JARDIM, 2004). A

deposição atmosférica (seca ou úmida) é uma importante via de acúmulo de

mercúrio, em muitos ecossistemas, essa pode ser a maior fonte de mercúrio. A rota

atmosférica envolve a retenção do mercúrio elementar (Hg0) na atmosfera por

períodos longos, sendo possível a circulação através de grandes distâncias

(SCHROEDER & MUNTHER, 1998; DASTOOR & LAROCQUE, 2004).

Esta liberação, e o seu retorno, contribuem para o ciclo global do mercúrio

(POISSANT et al., 2004). Quando o mercúrio metálico entra em contato com a

atmosfera pode ser oxidado pelo ozônio ou outros oxidantes para Hg2+. A forma

oxidada é capaz de se complexar com outros íons presentes, como o cloreto, e

formar cloreto de mercúrio (HgCl2), que poderá se depositar na água e no solo, e

nestes pode ainda formar outros compostos ou volatilizar retornando a atmosfera, na

forma de mercúrio metálico, metilmercúrio ou dimetilmercúrio.

Além da atmosfera, o mercúrio é capaz de ser emitido do solo, através de

lixiviação e erosão, para corpos d’água (FOSTIER et al., 2000). Desta maneira, o

solo pode ser visto como uma interface entre atmosfera, hidrosfera, biosfera e

litosfera, sendo estas interações observadas nas Figuras 2 e 3. A transferência de

mercúrio da atmosfera para compartimentos terrestres, como a vegetação, o solo e a

água, pode ocorrer por deposição seca ou úmida (precipitação) e depende das

condições climáticas (PORCELLA, 1994; POISSANT et al., 2008).

Quando em contato com o solo ou sedimento, é possível ocorrer sorção do

mercúrio na forma insolúvel seguida de metilação/desmetilação. O mercúrio

elementar (Hg0) e o íon mercúrico (Hg2+) são geralmente encontrados em solos. O

Hg2+ apresenta uma alta propensão a formar complexos e é difícil de ser encontrado

puro, visto que há uma gama de agentes complexantes em sua matriz. Assim, o

mercúrio pode se ligar aos minerais do solo ou adsorver a sólidos inorgânicos ou à

matéria orgânica, como por exemplo, ácidos húmicos e fúlvicos (STEINNES, 1995).

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Os solos possuem uma elevada capacidade de reter e armazenar mercúrio,

principalmente os solos argilosos, devido a forte associação deste com o carbono

presente, podendo este acúmulo persistir por muitos anos. A quantidade de mercúrio

acumulada dependerá da história de deposição, da idade e das características do

solo. São estas que determinam a especiação e as rotas de transformação química

que o mercúrio elementar, incluindo a quantidade de matéria de orgânica, a textura e

mineralogia do solo e a composição da solução do solo (RENNEBERG & DUDAS,

2001). Além disso, a parcela de matéria orgânica presente nas fases aquosa e

sólida, vão influenciar na distribuição e no transporte de mercúrio através de perfis

de solo (SEMU et al., 1987).

A composição e o pH do solo será determinante na formação dos complexos

com Cl-, OH-, NH3, F-, SO4

-2 NO3- sendo dominantes os complexos formados com Cl-

e OH- (SCHUSTER, 1991). Além disso, a textura e a mineralogia do solo influenciam

nas reações do mercúrio com os minerais presentes no solo (KOHUT et al., 1995).

Nos sedimentos a distribuição está relacionada com o conteúdo de carbono

orgânico, argila, ferro, fósforo, potencial redox e enxofre, dentre outros. Os agentes

orgânicos complexantes solúveis em água, tais como humatos e fulvatos, podem

quelar as espécies solúveis e insolúveis na água. O pH ácido favorece a absorção

do mercúrio pelo húmus. No pH básico o mercúrio tem maior afinidade pela fração

mineral, desfavorecendo a formação do metilmercúrio (BISINOTI, 2005; CANELA,

1995). A formação de complexos orgânicos de mercúrio é em grande parte devida à

alta afinidade do mercúrio aos sítios ativos de grupos funcionais contendo enxofre

presentes em matéria orgânica. O número de sítios ativos nesses compostos

determina a quantidade de mercúrio que pode se ligar (RENNEBERG & DUDAS,

2001). Devido à essa complexação à matéria orgânica e aos minerais do solo, as

taxas de lixiviação de mercúrio são baixas (MIERLE & INGRAM, 1991). O estudo de

ANDERSON (1979) demonstrou a existência de uma interdependência entre

mercúrio e matéria orgânica em solos ácidos. Já em solos ligeiramente ácidos ou

neutros, observou-se uma correlação mais forte entre mercúrio e Fe, que entre

mercúrio e matéria orgânica.

O processo de metilação é mediado por bactérias redutoras de sulfato,

ocorrendo preferencialmente em ambientes com alta concentração de material

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orgânico e elevadas taxas de decomposição, sendo favorecida por águas ácidas e

ricas em carbono orgânico dissolvido (BISINOTI & JARDIM, 2004; BISINOTI, 2005).

A Tabela 4 apresenta as transformações mercuriais no ciclo do mercúrio.

Tabela 4: Transformações Mercuriais durante o Ciclo Biogeoquímico do Mercúrio

(Adaptação de BARKAY et al., 2003).

Processo Tipo Mecanismo

Metilação do Hg (II)

Biótico Transferência do grupo metil pelas bactérias sulfato-

redutoras

Abiótico Metilação através de compostos orgânicos

Desmetilação

Biótico Desmetilação redutora através dos genes merA e merB

Desmetilação oxidativa

Abiótico Fotodegradação

Redução do Hg (II)

Biótico Bactérias redutoras (gene merA) e mecanismos pouco

conhecidos de algas

Abiótico Reações fotoquímicas

Oxidação do Hg0

Biótico Oxidação por hidroxiperoxidades de micro-organismos,

plantas e animais

Abiótico Fotoxidação

O ciclo vai se completando pelas rotas de precipitação, bioconversão em

formas voláteis ou solúveis, reinteração deste na atmosfera ou bioacumulação na

cadeia alimentar dos compartimentos aquáticos ou terrestres (Figura 2).

No fundo dos oceanos o mercúrio é depositado na forma insolúvel (HgS),

podendo permanecer ativo nos sedimentos como substrato para a metilação por

cerca de 100 anos, mesmo quando a fonte é eliminada. No entanto, mesmo após a

sua deposição como HgS, sendo um produto de baixa solubilidade, uma pequena

porção de íons mercúrio proveniente do HgS pode sofrer redissolução.

A ampla distribuição do mercúrio na biosfera, mesmo sob condições naturais,

faz com que este elemento seja classificado como um poluente global (MASON et

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al., 1994; MASON et al., 1996; ZAGAR et al., 2007). O metilmercúrio se encontra

listado pelo Programa Internacional de Segurança Química como um dos seis

produtos químicos mais tóxicos ao meio ambiente (GILBERT & GRANT-WEBSTER,

1995). Sendo mais um motivo para o estudo do seu comportamento no ambiente por

ser este bastante complexo, e fundamental o entendimento do ciclo biogeoquímico,

bem como da análise dos seus efeitos tóxicos na saúde humana e na biota

(BISINOTI & JARDIM, 2004).

É importante ressaltar que a metilação pode ocorrer tanto em ambientes

naturais quanto impactados (COSSA et al., 1994). E o que determinará se o

ambiente atua como fonte ou sumidouro é o balanço das reações de metilação e

desmetilação. Determinadas condições ambientais ajudam a maximizar

os mecanismos de metilação e complexação orgânica de mercúrio, resultando em

processos diferenciados de contaminação. As condições favoráveis para metilação,

em um ambiente redutor são: anoxia e acidez. (WHO, 1990).

Acredita-se que existam no mínimo duas vias diferentes de desmetilação: a

oxidativa e a redutora mediada pelos genes: merA (observe o esquema na figura 4)

e merB (OREMLAND et al. 1991; BARKAY et al., 2003), como pode ser visto na

Tabela 4. Consideram-se ainda fatores físicos e químicos como pH, temperatura,

condutividade, potencial de oxirredução, oxigênio dissolvido, presença de íons

sulfeto e carbono orgânico, quando se busca avaliar a metilação do mercúrio e sua

acumulação na biota aquática. A metilação pode ser inibida na presença de

elevadas concentrações de Demanda Química de Oxigênio (DQO) devido ao

aumento na complexação de Hg com outros ligantes orgânicos, reduzindo a

disponibilidade do Hg para as bactérias, particularmente na faixa de pH 5,0-7,5

(BISINOTI & JARDIM, 2004).

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Figura 4: Esquema da resi stência bacter iana ao mercúrio baseado no operon mer A (adaptado de Brock Biology of M icroorganisms, 2002).

3.5 TOXICIDADE

Os efeitos da contaminação com mercúrio procedem de estudos com a

população contaminada, normalmente por acidentes de contaminação ambiental que

afetaram os alimentos e a água de consumo. Acidentes com contaminação por

mercúrio ocorreram em Minamata, Iraque, Niigata, Gana e Canadá (AZEVEDO,

2003). Na década de 1950 e 1960, a atenção global se voltou ao problema da

contaminação por esse metal no Japão (poluição de sistemas aquáticos). Um deles

na Baía de Minamata, na Costa do Mar Shiranui e o outro na Bacia do Rio Agano.

Embora este acidente tenha ocorrido há mais de 50 anos, ainda é mostrado

como exemplo da fragilidade do homem mediante os produtos químicos. A

população de uma vila próxima à baía foi contaminada por mercúrio através do

consumo de animais marinhos contaminados. Cerca de 3.000 pessoas

apresentaram sintomas que foram atribuídos a uma doença que mais tarde foi

chamada de “Doença de Minamata” ou “Mal de Minamata”. Na verdade, estima-se

que o número de pessoas que foram contaminadas por metilmercúrio seja muito

maior (ROSS, 1996; HONDA et al., 2006). Ao longo do tempo, foi observado o

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aumento considerável do número de bebês recém-nascidos com problemas

neurológicos. Essas desordens foram atribuídas à exposição materna ao

metilmercúrio durante a gravidez (ETO, 1997; HONDA et al., 2006; EKINO et al.,

2007; LI et al., 2009).

A doença de Minamata revelou que a assimilação de metais pesados pelos

sistemas biológicos ocorre por diversas vias (MANO et al., 2005). Nas plantas

através das raízes e folhas, e nos animais, mediante a ingestão de alimentos e pela

via respiratória. Os organismos aquáticos extraem da água o oxigênio dissolvido e

os alimentos, estando sempre expostos aos íons existentes no meio. Na época, a

concentração de mercúrio nos sedimentos da baía chegou a 2.010 mg /Kg peso

seco (HARADA, 1995).

Embora o acidente envolvendo mercúrio de maior repercussão mundial tenha

ocorrido no Japão, há relatos de problemas na Suécia, Guatemala, Paquistão, Novo

México, Canadá e Iraque. Sendo considerado mais grave o acidente no Iraque, na

década de 1970, em que foram registrados cerca de 7 mil casos de envenenamento.

A contaminação ocorreu através de sementes tratadas com fungicidas. A causa

dessa tragédia que culminou com a morte de mais de 450 pessoas foi o consumo de

sementes de trigo contaminadas com metilmercúrio. O uso do metilmercúrio, neste

caso, foi para evitar o crescimento de fungos em sementes destinadas ao plantio

(BAKIR et al., 1973; BARROCAS, 1994; REIS, 2008).

O problema da contaminação por mercúrio, no Brasil, tornou-se bastante

conhecido pela comunidade internacional devido à corrida para produção de ouro na

região amazônica durante a década de 1980 (VASCONCELLOS, 2010). E durante

muitos anos, as elevadas concentrações de mercúrio nesse ecossistema foram

relacionadas à atividade garimpeira (MALM et al., 1990; LACERDA & PFEIFFER,

1992; HACON et al., 2008). Porém, de acordo com ROULET & LUCOTTE (1995)

existe a hipótese de que estão presentes fontes naturais de mercúrio no solo

amazônico e, por isso, são detectados níveis elevados de mercúrio na população e

na biota da região.

Existem relatos da presença de mercúrio em corpos hídricos (em rios e mares)

e de contaminações de alimentos e ambientes. Em ambientes marinhos, têm sido

registrados casos de poluição por mercúrio, em decorrência de atividades industriais

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nos estados da Bahia, Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro (FERREIRA et al.,

1979; MARINS et a.l, 1998 e KEHRIG et al., 1998; REIS, 2008).

Em águas doces encontram-se:

Estudos em Poconé, no Mato Grosso, que constataram contaminação

decorrente da prática do garimpo (CAMARA et al., 1996);

Estudo que relata a contaminação por mercúrio no rio Botafogo, um dos

principais tributários do canal de Santa Cruz, em Recife, Pernambuco, onde uma

fábrica de cloro-álcalis lançou grandes quantidades de mercúrio até o ano de 1991

(MEYER et al., 1998);

Estudo que evidenciou a presença de mercúrio em sedimentos do rio

Cubatão (resultados variaram de 1,8 a 21,4 ppm de mercúrio e após a dragagem

variaram de 0,015 a 0,93 ppm, no ano de 1998 (AZEVEDO, 2003).

Outro problema de contaminação ocorreu em Canoas (RS), onde a REFAP

S.A. processou 3 milhões de metros cúbicos de petróleo contaminado com mercúrio

entre 1993 e 1997, originando efetiva degradação ambiental (REIS, 2008). Segundo

o Ministério Público, teriam sido lançadas 3,3 toneladas de mercúrio em média nas

águas, no ar e no solo. Por decisão judicial, a empresa não pode processar petróleo

que contenha teores de Hg > 20 ppb, devolvendo o produto contaminado adquirido

ao país de origem com as devidas cautelas para o transporte (ESTADÃO, 2004).

Conforme o estado molecular do mercúrio, a sua toxicidade varia

significativamente. O mercúrio metálico, por exemplo, usado na fabricação de

amálgamas para o uso odontológico, quando inalado apresenta um elevado poder

de toxicidade, pois pode ser convertido à forma metilada nos pulmões. Na forma de

vapor, como é liberado na maior parte em garimpos de ouro, é absorvido através do

pulmão. Em contato com o sangue, o mercúrio é oxidado pelos eritrócitos, a Hg2+ e

rapidamente distribuído pelo corpo, podendo se ligar também à albumina e à

hemoglobina e acumular no sistema nervoso central (OMS, 1978; JAHANBAKHT,

2002; AZEVEDO, 2003). Os sais mercúricos constituem a forma mais irritante e

agudamente tóxica do metal, sendo ainda muito utilizados na indústria como

catalisadores. Sua descarga industrial nos rios tem provocado contaminação do

ambiente em muitas partes do mundo (MANO et al., 2005).

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O metilmercúrio é a espécie mais tóxica do mercúrio e o interesse em seu

estudo deve-se ao seu potencial de bioacumulação e biomagnificação, e à sua baixa

velocidade de eliminação, por ter uma meia-vida longa. Nos humanos, sua meia vida

é de cerca de 70 dias (NEATHERY & MILLER, 1975), enquanto nos peixes 1000

dias (AZEVEDO, 2003). Este composto age como inibidor e modificador das

atividades protéicas mesmo em baixas concentrações, por se ligar aos grupos

sulfidrila das proteínas (GALVÃO & COREY, 1987), e rapidamente se converter em

um complexo protéico de grande mobilidade através dos tecidos.

A distribuição pode levar até seis dias, já que são lipossolúveis e se difundem

facilmente através das membranas celulares, tendo longo tempo de retenção

biológica. O composto pode ser absorvido pela pele, e aproximadamente 100% pelo

trato gastrointestinal, sendo a dieta uma das principais vias de exposição ao

metilmercúrio (HUGUNIN & BRADLEY, 1975).

Alguns estudos relatam acidentes por intoxicação com metilmercúrio, onde se

observa maior suscetibilidade na vida intrauterina (onde pode interferir nos

processos de divisão celular, causando danos no sistema nervoso central), por ser

uma neurotoxina potente, levando inclusive a má formação cefálica (CANELA,

1995). O estudo descreve ainda que pesquisas realizadas em ratos comprovam que

o metilmercúrio exerce ação cancerígena. Nos seres humanos, o metilmercúrio tem

um tempo de meia-vida biológico relativamente longo, de 44 a 80 dias (NEATHERY

& MILLER, 1975), e sua excreção ocorre via fezes, leite materno e urina. Os

principais sintomas associados à toxicidade incluem tremor, vertigem,

entorpecimento, dor de cabeça, cãibra, fraqueza, depressão, distúrbios visuais,

dispneia, tosse, inflamações gastrointestinais, queda de cabelo, náuseas e vômitos.

A toxicidade do mercúrio vem sendo bastante avaliada atualmente, pois o

metal está incluído no rol das substâncias tóxicas persistentes e está sob o

monitoramento do Global Environmental Facility (GEF), uma organização financeira

independente que promove, desde 1991, projetos e programas internacionais

voltados para a proteção do ambiente global. O GEF apoia diversos projetos

ambientais entre os quais aqueles que envolvem o mercúrio (GRIGOLETTO et al.,

2008). No Reino Unido, o Departamento de Meio Ambiente, incluiu o mercúrio em

sua lista de poluentes para controle prioritário (COSTLEY et al., 1999, 2000).

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3.6 ESPECIAÇÃO

Em virtude das diversas espécies de um mesmo elemento apresentar

comportamentos diferenciados, como solubilidade, volatilidade e toxicidade distintas,

podem causar danos distintos aos seres humanos, dependendo da forma química e

dos fatores de exposição para cada espécie.

Desta forma, verifica-se a necessidade de buscar métodos que estejam além

da determinação quantitativa dos elementos presentes, ou seja, métodos que sejam

capazes de quantificar e identificar as espécies. Muitos estudos tratam da

necessidade de técnicas mais sensíveis e precisas para a determinação das

espécies em diferentes matrizes amostrais (CANELA, 1995).

As principais áreas de interesse envolvem o monitoramento de locais poluídos

por espécies organometálicas e inorgânicas tóxicas. Muitos estudos relacionados à

biometilação de metais (especialmente mercúrio) e semimetais (arsênio e selênio)

têm sido feitos, uma vez que estes elementos podem apresentar um alto nível de

toxidez, dependendo do estado de oxidação em que se encontram (GERVASIO et

al., 2003).

3.6.1 MÉTODOS ANALÍTICOS PARA DETERMINAÇÃO DE MERCÚRIO

O interesse na determinação quantitativa do mercúrio gerou um progresso

expressivo no desenvolvimento de técnicas analíticas para este metal. Isso devido a

sua alta toxicidade, baixo teor de mercúrio nas amostras, bem como a sua natureza

volátil e associação com outros compostos (REIS, 2008).

Os métodos analíticos para a determinação de mercúrio são selecionados de

acordo com a natureza da amostra e a concentração de mercúrio esperada. Em

geral, estes métodos obedecem à seguinte metodologia: coleta de amostra, pré-

tratamento/ preservação/ estocagem da amostra, liberação do mercúrio da matriz,

extração/ purificação/ pré-concentração, separação das espécies de interesse e

determinação (MITRA, 1986; CANELA, 1995). As técnicas tradicionais de métodos

específicos em química analítica mostram-se altamente sensíveis.

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No entanto, estes possuem limites de detecção bastante dependentes do

procedimento analítico global, incluindo coleta e preparação da amostra antes da

quantificação. A necessidade de se monitorar o mercúrio no meio ambiente levou ao

desenvolvimento de técnicas de análise deste elemento, que pode estar presente

em concentrações muito baixas nas amostras. A capacidade de se associar a muitos

tipos de compostos exige técnicas cada vez mais sensíveis e precisas para

determinação das diversas formas mercuriais em diferentes matrizes. A maioria dos

métodos descritos na literatura para a determinação de mercúrio é caracterizado por

baixos limites de detecção, mas apresentam custos elevados de operação,

impossibilitando seu uso em grande escala, o que não é ideal para programas de

monitoramento contínuo (BONTIDEAN et al., 2004). Baseado na toxicidade de um

componente químico, como o mercúrio, sabe-se da importância de um

monitoramento contínuo, principalmente após acidentes envolvendo este metal.

Os métodos mais frequentemente utilizados para a quantificação de mercúrio e

seus respectivos limites de detecção são encontrados na Tabela 5 (MIRACONI et

al., 2000).

Tabela 5: Métodos usados na Quantificação do Mercúrio (Adaptado de MIRACONI et al., 2000).

Método Limite de Detecção

Espectrometria de Absorção atômica Forno de Grafite 1ng/g

Vapor Frio 0,01 - 1 ng/g

Espectrometria de fluorescência atômica Vapor Frio 0,001 - 0,01 ng/g

Detector de Captura eletrônica 0,01 - 0,05 ng/g

Cromatografia gasosa Detector de Emissão Atômica 0,05 ng/g

Espectrometria de massa 0,01 - 0,05 ng/g

Detector de UV 1 ng/mL

As amostras ambientais destinadas às análises de teor de mercúrio

apresentam níveis baixíssimos do metal, em geral na faixa de nanogramas do metal

por grama de amostra (ng/g). Para isto, são requeridos métodos específicos, que

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englobem aspectos como disponibilidade do equipamento, complexidade do

processamento das amostras, reprodutibilidade dos resultados, sensibilidade do

aparelho e limite de detecção do método empregado (WHO, 1989).

Além disso, verifica-se que a determinação simultânea de mercúrio orgânico e

inorgânico é dificultada. Em meios aquosos, por exemplo, a baixa concentração de

mercúrio leva a grandes volumes requeridos para as análises. Com isso, etapas de

pré-concentração são essenciais para que o detector possa ser sensível às baixas

concentrações (HANDBOOK, 2007).

A análise por ativação com nêutrons é um método não destrutivo, específico e

com alta sensibilidade. O método consiste na irradiação da amostra com um fluxo de

nêutrons, sendo produzidos cinco nuclídeos, mas somente o Hg-197, com meia vida

de 65 horas, e o 203Hg, com meia vida de 47 dias, são determinados. Esta técnica é

muito lenta e cara (Ministério do Meio Ambiente do Japão, 2004).

O método de absorção atômica convencional utilizando chama, é bastante

simples, baseando-se na absorção da radiação pelos átomos de mercúrio em

253,65 nm. No entanto, não apresenta sensibilidade suficiente à determinação de

amostras ambientais, onde as concentrações são da ordem de partes por bilhão e

os resultados podem ser comprometidos por interferentes espectrais (Ministério do

Meio Ambiente do Japão, 2004). Devido à volatilidade do Hg elementar, este pode

ser determinado sem a necessidade de chama. Por não utilizar chama, este método

é denominado de absorção atômica com vapor frio (CVAAS), tal método é de grande

eficácia em diversos tipos de análises (COSTLEY et al., 2000; MIRACONI et al.,

2000). Este método apresenta como principal desvantagem a possibilidade de

ocorrência de interferências espectrais em função da presença de NO2, SO2 ou O3

(MORITA et al., 1998). O emprego deste método exige a redução do íon mercúrico à

forma elementar, empregando cloreto estanoso (SnCl2) como agente redutor

(ZENEBON et al., 1994), que é carreado por uma corrente de ar ou algum outro gás

inerte (TAKASE et al., 2002). O vapor de mercúrio é liberado da solução pela

passagem de ar, nitrogênio (N2) ou argônio (Ar), empregando um separador gás-

líquido. O mercúrio é, então, arrastado pelo caminho ótico do espectrômetro de

absorção atômica, sendo medido por um detector de diodo de silício, onde os seus

átomos absorvem radiação UV em 253,65 nm (COSTLEY et al., 2000).

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A espectrometria de fluorescência atômica de vapor frio (CVAFS) consiste na

detecção do sinal de fluorescência emitido pelo mercúrio e é considerado um

método mais sensível do que a CVAAS. Assim como a CVAAS, a CVAFS só detecta

mercúrio na forma elementar (Hg0). Substâncias gasosas como CO/CO2, O2 e N2

afetam a sensibilidade do método (Ministério do Meio Ambiente do Japão, 2004).

Para a determinação de mercúrio total, tanto por CVAAS quanto por CVAFS,

os compostos de mercúrio são convertidos a íons Hg2+ com os mais diversos tipos

de agentes oxidantes. Posteriormente, o Hg2+ é reduzido a Hg0, podendo então ser

pré-concentrado (ou não) em coluna de ouro (MIRACONI & BUENO, 2000).

A maior parte dos métodos analíticos usados para a determinação de traços de

mercúrio requer sua conversão à forma iônica ou elementar. Diferentes métodos têm

sido propostos para este pré-tratamento, no qual a ligação organomercúrica deve

ser destruída.

Outro método é o de HPLC-ICP-MS, que se baseia na utilização de um

espectrofotômetro de massas de plasma indutivamente acoplado a uma coluna de

cromatografia líquida de alto desempenho. Tal método permite realizar a detecção e

subsequente quantificação de determinadas espécies, através do fracionamento das

mesmas (HANDBOOK, 2007). O fracionamento ocorre em uma coluna

cromatográfica líquida de alta performance (HPLC), que efetua a separação, em

paralelo, entre matriz e espécies e entre as espécies entre si, para que, então, o

espectrofotômetro de massas de plasma indutivamente acoplado (ICP-MS) possa

detectar as espécies de interesse, promovendo-se, por fim, a quantificação

(HANDBOOK, 2007). O cromatógrafo, responsável pelo fracionamento, também

permite que sejam obtidos os tempos de residência de cada uma delas. Entretanto,

há a necessidade de comparar estes tempos com padrões, ou até mesmo realizar

uma análise adicional com espectro de massas, o que permitirá ter certeza sobre

cada componente da amostra. Por tal motivo, faz-se necessário o acoplamento

(HANDBOOK, 2007), mas não necessita de etapas de pré-concentração. Este

método permite limites de detecção para metilHg, EtilHg e Hg2+ da ordem de ng/L

(VEIGA, 2000).

Existe ainda uma metodologia de isótopos de mercúrio em fase gasosa. Sabe-

se que isótopos de mercúrio são compostos extremamente estáveis que estão

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presentes em diferentes formas no ambiente. Este número elevado de espécies é

decorrente de etapas de fracionamento que ocorrem durante o transporte, o

equilíbrio e a transformação do mercúrio (BERGQUIST & BLUM, 2009).

Muitos estudos foram realizados com avaliação dos efeitos dos isótopos de

mercúrio em fase gasosa através da avaliação do equilíbrio líquido/gás (ESTRADE

et al., 2009; GHOSH et al., 2009), da volatilização do mercúrio para a fase gás

(GHOSH et al., 2009), ou associando a redução de mercúrio a Hg0 e inferindo

impactos na fase gasosa (ZHENG et al., 2007). Avaliar os efeitos causados pelos

isótopos durante a evaporação da água é de extrema importância. Para isso, o

método mais utilizado foi determinado empiricamente em MERLIVAT (1978).

GROSS e colaboradores (2014) propuseram um modelo aprimorado para a

quantificação do mercúrio elementar (Hg0) na forma isotópica, permitindo a avaliação

dos efeitos causados pelos mesmos, baseando este modelo na teoria da cinética

dos gases. Neste, a difusão do mercúrio elementar em fase gasosa apresenta

limitações de transferência de massa, concentração do isótopo e transporte do metal

em solos áridos (WALVOORD et al., 2008) e até mesmo baixa remoção do mercúrio

por absorventes de gases de combustão (PAVLISH, 2003). Por isso, associá-la ao

fracionamento isotópico colaboraria com o aperfeiçoamento do método, porém esta

incorporação não exclui todas as limitações.

Por este motivo, a pesquisa de GROSS e colaboradores (2014) mostrou que as

difusividades atômicas dos isótopos de mercúrio no ar são elevadas e podem ser

modeladas com a teoria cinética dos gases. Possibilitando o uso dos resultados

obtidos na interpretação de sinais de isótopos, em contextos ambientais como

industriais, com modelos preditivos para o ciclo biogeoquímico do mercúrio e para a

identificação de fontes de mercúrio.

Outro método baseia-se no efeito de cinzas modificadas com HBr na adsorção

de mercúrio elementar. De acordo com a Sociedade Federativa Brasileira (2014), as

usinas termelétricas são instalações industriais responsáveis pela geração de

energia elétrica a partir de energia liberada em forma de calor, que ocorre, em geral,

por meio da combustão de óleos ou carvões, que promovem a emissão de vapor.

Tal vapor passa por um processo de resfriamento em um condensador, sendo

convertido novamente em água, retornando aos tubos da caldeira e dando início a

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um novo ciclo. Quando gás natural é utilizado para efetuar a queima, acaba-se

formando uma corrente rica em agentes oxidantes, redutores e com mercúrio nas

formas particulada, oxidada e elementar; além disso, por ser um combustível fóssil,

não se recupera (SONG et al., 2014; SFB, 2014).

SONG e colaboradores (2014) propuseram a utilização de cinzas volantes

modificadas com HBr (impregnados nas cinzas) como absorventes para capturar o

mercúrio elementar. As cinzas são injetadas na corrente de saída do pré-

aquecimento do combustível, para oxidar e absorver o mercúrio. Para que a

capacidade de adsorção das cinzas modificadas pudesse ser certificada, utilizou-se,

em um reator de leito fixo, uma análise termogravimétrica nas cinzas antes do

contato com a corrente de mercúrio e uma análise termogravimétrica acoplada à

espectrometria de massas (TG-MS) após o contato com a corrente de mercúrio,

elucidando-se o mecanismo de captura de Hg0 (SONG et al., 2014).

Outro método consiste na extração do ponto nuvem com utilização do

Surfactante Não-iônico Octilfenoxipolietoxietanol (Triton X-114). Sabe- se que

amostras biológicas apresentam um elevado nível de complexidade frente à

determinação de quaisquer elementos. Extrações do tipo líquido-líquido e os

métodos convencionais de concentração requerem um tempo elevado e grandes

volumes de solventes com alta pureza. Além disso, tem-se o problema referente ao

tratamento dos solventes utilizados, espécies orgânicas com elevada capacidade

poluente (MANZOORI, 2004). A técnica de ponto nuvem vem sendo utilizada para

fins de extração, purificação e pré-concentração, fundamentais no tratamento de

amostras ambientais contaminadas, sejam estas líquidas (águas) ou sólidas (solos)

(EVDOKIMOV & WANDRUSKA, 1998). Está baseada no comportamento dos

surfactantes não-iônicos em soluções aquosas, havendo, como consequência, a

separação de fases com o aumento da temperatura ou com a adição de um agente,

normalmente um sal (SILVA, et al., 2001; QUINA & HINZE, 1999). O Triton X-114, em

solução aquosa promove a turbidez do meio quando é promovida elevação da

temperatura, em uma estreita faixa, característica demonstrada por qualquer

surfactante sob as mesmas circunstâncias, sendo esta temperatura referida como

ponto nuvem (VEIGA, 2000).

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Os métodos tradicionais de detecção não permitem distinguir poluentes que

estão disponíveis para os sistemas biológicos dos inertes ou indisponíveis, uma

questão especial em relação aos metais tóxicos. Conforme visto anteriormente a

biodisponibilidade é essencial na determinação da toxicidade e do potencial de

bioacumulação do metal, bem como na busca por métodos eficientes na

remediação. Novas tecnologias a partir do uso de ferramentas analíticas vêm sendo

desenvolvidas para serem aplicadas no diagnóstico do meio ambiente.

Neste contexto, surgem sensores específicos, os biossensores, como

alternativa aos métodos tradicionais, pois permitem determinar diretamente a

biodisponibilidade das substâncias químicas e seus efeitos biológicos, e ainda,

complementar os métodos tradicionais, gerando novas informações que são

fundamentais na avaliação do risco de poluentes (SELIFONOVA et al., 1993).

3.7 BIOSSENSORES COMO ELEMENTOS DE DETECÇÃO

Todos os anos centenas de novas substâncias químicas são sintetizadas e

liberadas no ambiente, sem que se conheçam adequadamente seus efeitos tóxicos,

principalmente os de longo prazo. Há uma continua demanda por novas técnicas

analíticas que sejam capazes de avaliar esses potenciais riscos para o ambiente e

para a saúde humana (CAROLI, 1996).

A importância de um método que permita a obtenção de resultados confiáveis

frente a necessidades relacionadas à eficiência, custo, tomada rápida de resultados

e, se possível, dosagem de mercúrio biodisponível são fatores que levaram à

pesquisa de um método baseado em biossensores (SINGH & MITTAL, 2012). Os

biossensores pertencem a uma área multidisciplinar para a qual não existe uma

definição que contemple todas as suas possíveis configurações, por isso pode-se

encontrar várias formas de definição para estes na literatura.

Em geral trata-se de uma ferramenta analítica, um sensor químico que usa

propriedades de reconhecimento de componentes biológicos com atividade catalítica

ou reações de afinidade em contato íntimo, camada sensível, com um transdutor de

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sinal. O potencial para aplicação de um biossensor está na habilidade deste em

medir a interação de contaminantes com sistemas biológicos através da capacidade

de reconhecimento biomolecular (ARYA et al., 2008). De acordo com a IUPAC

(International Union of Pure and Applied Chemistry, 2001 apud SALGADO, 2001),

biossensor é “um instrumento integrado que é capaz de fornecer uma informação

analítica específica, quantitativa ou semiquantitativa através do uso de um elemento

de reconhecimento biológico (receptor bioquímico) que está em contato direto com o

elemento de transdução”.

Os componentes usados no desenvolvimento de um biossensor incluem:

Componente biológico;

Sistema de transdução;

Sistema de processamento de dados e registro.

A seleção do material biológico e do transdutor envolve uma série de fatores,

visando especificidade, estocagem e estabilidade operacional e ambiental

(ROSATTO, 2000; ARYA et al., 2008; SALGADO, 2001). A seleção também

depende do analito a ser detectado (MOHANTY & KOUGIANOS, 2006), sendo as

variáveis:

Tipo de amostra,

Tipo de medida pretendida,

Faixa de sensibilidade,

Estabilidade operacional nas condições de medição,

Reprodutibilidade dos resultados,

Minimização de interferências e

Tempo de resposta.

Os biossensores podem ser classificados de acordo com o receptor biológico

que proporciona a resposta seletiva, com destaque para os biossensores

microbianos, enzimáticos, imunossensores e quimiorreceptores (COSTA, 2010).

Entre os compostos adequados para a composição dos biossensores tem-se:

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enzimas, cofatores, receptores, anticorpos, células de micro-organismos, tecidos de

plantas e animais, e organelas, apresentados na Figura 5.

O receptor bioquímico, ao interagir com o analito por meio de uma reação

química gera um sinal produzido pela difusão de espécies eletroativas, variação de

temperatura, de massa ou viscosidade, da turbidez, emissão ou absorção de luz,

emissão de calor, emissão ou consumo de gases (SILVA, 2009; MELLO & KUBOTA,

2002). Essas alterações são detectadas pelo transdutor escolhido de acordo com a

modificação bioquímica produzida pelo biocomponente. O transdutor é usado para

converter o sinal químico em um sinal elétrico, que poderá ser processado e

reproduzido. Este sinal é proporcional à concentração do analito, permitindo

medições quantitativas em tempo real (o sinal pode ser transformado em um formato

analógico ou digital). A Figura 5 resume de forma clara o que foi supracitado.

Figura 5: Esquema de Funcionamento de um Biossensor (adaptado de BERNAL et al., 2012).

Tais instrumentos apresentam ainda alguns problemas relacionados à

estabilidade e a falta de credibilidade em algumas áreas de aplicação. Estes

desafios contribuem para a escassez de instrumentos no mercado. O fundamental é

almejar a melhoria na confiança e robustez destes sensores de modo a se obter um

biossensor com o desempenho desejado em termos de sensibilidade, alcance

dinâmico e reprodutibilidade (SILVA et al., 2009).

Capazes de combinar a especificidade de um biocomponente ativo a um dado

analito com a sensibilidade de um transdutor, que converte o sinal biológico em um

elétrico, proporcional à concentração do analito e passível de detecção. Isto permite

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obtenção de respostas mais rápidas e a geração de menos impactos ambientais

(RODRIGUEZ-MOZAZ et al., 2004).

Apresentam características únicas: tamanho, seletividade, especificidade,

reprodutibilidade, curto tempo de análise, capacidade de inclusão em sistemas

integrados, possibilidade de análises em tempo real, relativo baixo custo de

construção e estocagem, potencial para miniaturização, facilidade de automação e

construção de equipamentos simples e portáteis (ROSATTO, 2000, SALGADO,

2001; SADANA, 2003; ARYA et al., 2008; MUTLU, 2010).

A utilização de um biossensor na maioria dos casos, não necessita de técnicos

ou especialistas podendo em alguns casos dispensar o uso de reagentes, podendo

atuar tanto como aparelhos de uso contínuo ou como descartáveis (SILVA, 2009).

Biossensores estão sendo desenvolvidos para diferentes aplicações, incluindo

monitoramento de qualidade de alimentos, através da detecção de contaminantes, e,

particularmente, aplicações médicas, com foco nos ramos clínico e farmacêutico

(COLLINGS & CARUSO, 1997).

Diversos biossensores têm sido desenvolvidos na área ambiental, que utilizam

genes específicos de resistência bacteriana para análise de metais, mecanismo de

resistência desenvolvido ao longo da evolução, que permite a sobrevivência dos

micro-organismos na presença destes metais (CAVALCANTI, 2010). Estes novos

sistemas de detecção, baseados em sensores microbianos, na sua grande maioria,

utilizam a resposta luminescente a um composto tóxico presente no meio poluído

(KARUBE & NAKANISHI, 1994). A tecnologia de DNA recombinante (com uso de

genes repórteres) é usada para projetar e aperfeiçoar tais sensores microbianos,

estes genes produzem respostas fluorescentes ou luminescentes, são bastante

atrativos, uma vez que a bioluminescência é um dos métodos de detecção mais

sensíveis da atividade metabólica (RODA et al., 2004). Apresentam vantagens por

serem não-invasivos e não-destrutivos. A aplicação de fusões gênicas com genes

lux provenientes de várias espécies bacterianas bioluminescentes oferecem a

possibilidade de combinação, em um único micro-organismo, tanto da identificação e

quantificação de um componente específico, quanto do seu potencial de impacto em

um organismo vivo, a biodisponibilidade (RODA et al., 2004).

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No entanto, a aplicação de biossensores no monitoramento de contaminantes

ambientais enfrenta a dificuldade por trabalhar com matrizes complexas (PATON et

al., 2009). Devido a isso, não se encontram muitos trabalhos com aplicações

genuinamente ambientais na literatura (CAVALCANTI, 2010), como referenciado por

TRANG e colaboradores (2005), que utiliza um sensor microbiano em um estudo de

As em águas potáveis de Bangladesh, e DARDENNE e colaboradores (2007) que

aplicam biossensores na avaliação ecológica de águas na Bélgica. Ambos os

artigos, entretanto, são relacionados a amostras aquosas e focam em analitos

inorgânicos. Assim como em COSTA e colaboradores (2013) que utiliza um sensor

microbiano no estudo de Hg biodisponível em amostras aquosas de chorume. Há

ainda, alguns trabalhos referenciados em amostra de solo contaminado por óleo cru,

no qual utilizaram um biossensor para naftaleno (VALDMAM, 2004; CAVALCANTI,

2010).

A Tabela 6 apresenta três biossensores encontrados na literatura para detecção

de mercúrio em publicações recentes.

Tabela 6: Biossensores detectores de mercúrio mais recentes.

Biossensores Referências

Biossensor a base de Chlorella sp. SINGH & MITTAL, 2012

Biossensor condutimétrico baseado no sistema tri-enzimático para determinação seletiva de íons de metais pesados SOLDATKIN et al., 2012

Biosensor de Grafeno-DNA para detecção seletiva de íons Mercúrio ZHANG et al., 2013

3.7.1 BIOSSENSORES MICROBIANOS

Dentre os biossensores utilizados, os microbianos possuem muitas vantagens

sobre aqueles que utilizam componentes biológicos isolados, como enzimas e

anticorpos: são menos sensíveis a inibição por solutos e mais tolerantes a valores

sub-ótimos de pH e temperatura; possuem uma vida útil mais longa; são mais

baratos, pois geralmente, as células são produzidas facilmente, em grandes

quantidades e não é necessário o isolamento dos componentes celulares receptores

(YAGI, 2007). No entanto, apresentam a desvantagem por terem um longo tempo de

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resposta quando comparado aos enzimáticos e por serem menos seletivos, já que

um micro-organismo contém inúmeras enzimas.

A utilização de micro-organismos preserva as proteínas em seu ambiente

natural, protegendo-as da inativação por agentes tóxicos externos, tais como, metais

pesados, e ainda evita etapas de purificação. Este tipo de biossensor permite obter

informações do funcionamento do analito dentro da célula, relacionando-os aos seus

efeitos (ex: tóxico, estimulante ou inibidor). Dependendo do objetivo do estudo, estas

informações podem ser muito valiosas.

A chave da utilização de bactérias como biossensores reside no fato de que os

genes que determinam as proteínas envolvidas se transcrevem, quando um

composto contaminante está presente no meio. Desta forma, na presença ou

ausência do contaminante no meio, uma propriedade poderá ser medida. A

tecnologia molecular disponível atualmente permite também aumentar a

sensibilidade do sistema sinalizador frente a um determinado contaminante,

mediante o desenho de cascatas reguladoras que multiplicam ou desfazem a

expressão do gene empregado como indicador. Além disso, a atividade reguladora

pode ser manipulada na direção de ampliar sua resposta frente a variedades

estruturais do contaminante (diferentes espécies).

Biossensores baseados neste tipo de elemento biológico são amplamente

utilizados no monitoramento de contaminantes químicos no meio ambiente, como é

o caso de metais pesados (SELIFONOVA et al., 1993; RAMANATHAN et al., 1997).

O uso da engenharia genética tem facilitado, por exemplo, com a utilização de

micro-organismos geneticamente modificados, e genes sinalizadores de presença

ou ausência de certas enzimas. A utilização destes genes favorece a sensibilidade,

ampliando a faixa dinâmica, a seletividade e especificidade destes biossensores.

Além disso, são de fácil manipulação e alguns estudos já comprovaram ser

ambientalmente seguros (RAMANATHAN et al., 1997). O gene sinalizador é

colocado sob o controle de um promotor, muitas vezes proveniente de um gene de

resistência à substância que se deseja estudar, o qual é induzido apenas pela

presença intracelular desta substância. A sensibilidade é definida pela efetividade da

expressão do gene sinalizador (BARROCAS, 2008).

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Na construção de biossensores poucos genes sinalizadores são disponíveis. A

maioria deles codifica proteínas repórteres facilmente detectáveis. As proteínas

repórteres mais comuns incluem as luciferases procariota (lux) e eucariota (luc) e a

ainda a proteína verde fluorescente (GFP). Os repórteres que geram respostas

fluorescentes ou luminescentes são bastante atrativos, já que a bioluminescência é

um dos métodos mais sensíveis da atividade metabólica. A proteína verde

fluorescente (GFP) foi isolada de uma água viva e, necessita de uma luz de excitação

prévia para que emita a luz que é quantificada (LEWIS et al, 1998). Outra

desvantagem da proteína verde fluorescente é a necessidade do rompimento celular

para realizar o teste enzimático e ainda o tempo necessário para que a conformação

protéica correta seja alcançada (LAROSSA & VAN DYK, 2000), já que um grande

número de moléculas pode ser necessário para se detectar um mínimo de sinal

(SAGI et al., 2003).

O promotor reage na presença do contaminante e ativa a expressão deste

componente, possibilitando sua quantificação. Tais genes sinalizadores e/ou

reguladores podem ser nativos de uma célula ou adquiridos por transformação

genética. É comum o sistema de regulação transcricional consistir de um gene

regulador, que expressa a sua proteína reguladora e a sequência de DNA promotora,

que controla a sua expressão, a jusante do gene (NIVENS et al., 2004).

Os genes repórteres que geram respostas fluorescentes ou luminescentes são

atrativos devido à quantificação da emissão de luz por um micro-organismo ser

medida por um simples luminômetro. Estes sistemas de regulação são elementos

que trabalham em conjunto para responder a alterações ambientais e controlar a

expressão de um gene ou um operon reforçando a fisiologia celular (NIVENS et al.,

2004).

Para análise ambiental foram desenvolvidos muitos biossensores que utilizam

genes específicos de resistência bacteriana. Ao longo da evolução, os micro-

organismos desenvolveram mecanismos que permitem sua sobrevivência na

presença de componentes tóxicos. Essa variedade de biossensores

bioluminescentes pode ser observada na Tabela 7. Estes são capazes de detectar

as condições gerais de estresse, compostos genotóxicos, oxidantes, metais e

orgânicos xenobióticos (DAUNERT et al., 2000).

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Tabela 7: Biossensores microbianos recombinantes usando genes luc ou lux como repórter luminescente (CAVALCANTI, 2010).

Célula Recombinante Gene Repórter

Unidade Regulatória

Analito

Escherichia coli luc mer Mercúrio

luxAB Organomercúrios

luxCDABE

Escherichia coli luc ars Arsenito, arsenato,

Staphylococcus aureus luxAB

Staphylococcus aureus luc cad Cádmio

luxAB

Escherichia coli luc znt Zinco

Ralstonia eutrophus luc chr Cromo

Pseudomonas fluorescens luxCDABE nah Naftaleno, salicilato

Escherichia coli luc xyl Benzeno, tolueno, etilbenzeno, xileno (BTEX)

Pseudomonas putida

Pseudomonas putida luxAB dmp Fenóis

Pseudomonas putida luxCDABE tod BTEX

Pseudomonas putida luxCDABE sep Compostos aromáticos

Ralstonia eutrophus luxCDABE bph Bifenilas policloradas

Escherichia coli luxAB alkB Alcanos

Escherichia coli luxCDABE tet Tetraciclinas

Na detecção bioluminescente se faz necessário uma fonte externa de radiação,

uma vez que a luz é produzida pelas reações químicas. A bioluminescência requer

energia na forma de biomoléculas altamente energéticas. As luciferases não

necessitam de luz de excitação e a diferença entre a luciferase procariota e a

eucariota está na sua estrutura e na reação de emissão de luz (LEWIS et al., 1998).

O substrato luciferina da luciferase de vaga-lume (luc) só atravessa a membrana

eucariota em baixos valores de pH e requer a adição de luciferina exógena para a

geração de luz.

A reação da luciferase de vaga-lume (firefly luciferase - Photinus pyralis)

apresenta algumas características únicas, quando comparada a outros ensaios. As

reações enzimáticas, em sua maioria são medidas pelo consumo de um substrato,

ou pela geração de um produto, geralmente um composto estável que pode ser

determinado após um tempo específico. Já na reação da luciferase, os produtos

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típicos que se acumulam, AMP (adenosina monofosfato), PPi (ânion pirofostato) e

CO2, não são medidos, e sim a luz produzida, que é integrada pela reação durante

um determinado período de tempo (FORD & LEACH, 1998). Dessa forma, a emissão

de luz é função da quantidade de ATP presente no meio.

Em relação ao mecanismo de funcionamento da Escherichia coli MC1061,

usada no presente trabalho, esta tem o gene repórter sob o controle de um promotor

que é induzido pela presença intracelular de um metal específico, o mercúrio. Utiliza

o gene LucFF da luciferase do vaga-lume (firefly) como gene repórter inserido no

transposon 21. O plasmídeo (pT0011) responsável pela detecção do Hg2+ contém o

gene repórter sob o controle do promotor mer (merR + gene promotor), que é

induzido por Hg2+ dentro da célula (BARROCAS, 2003; COSTA, 2010), como pode

ser observado na Figura 6. O sinal de emissão da luz medida por biossensores

deste tipo é dependente não só da concentração do substrato indutor, como da

estabilidade da enzima luciferase e também da presença de outras substâncias

estimulantes ou inibitórias na amostra a ser medida (STICHER et al.,1997).

Figura 6: Esquema da inserção do promotor o transposon Tn 21 (Adaptado de BARROCAS, 2003).

Ainda com relação à estirpe MC1061, esta possui ainda dois outros genes que

conferem resistência aos antibióticos, que são kan = canamicina e cat =

cloranfenicol. A resistência a canamicina é peculiaridade para esta estirpe em

particular, uma vez que o gene que confere a resistência está ativo o tempo todo

(BARROCAS, 2003). Enquanto que o gene de resistência a cloranfenicol se

encontra localizado a jusante do gene da luciferase do vaga-lume e também está

sob o controle do promotor mer (VIRTA et al., 1995).

No caso da Escherichia coli MC1061, a luciferina é o substrato para a reação,

que vai atravessar as membranas celulares bacterianas apenas em pH ácido.

Assim, apenas a forma protonada de luciferina é facilmente permeável pela

membrana celular. Por conseguinte, para um ensaio bem sucedido da reação da

luciferase do vaga-lume in vivo, o pH extracelular do meio deve ser ligeiramente

ácido. Assim, caso esta condição não seja atingida, a membrana celular funciona

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como uma barreira ao transporte da luciferina, e a medida de luminescência será

mais dependente da taxa de difusão da luciferina do que do montante de luciferase

intracelular (FORD & LEACH, 1998; TAURIAINEN et al., 1999).

3.8 A BAÍA DE GUANABARA

A Baía de Guanabara, segunda maior baía do litoral brasileiro segundo o

Instituto Estadual do Ambiente (INEA), possui uma área de cerca de 380km2,

englobando praticamente toda a Região Metropolitana do Estado do Rio de Janeiro,

de forma total ou parcial o território político-administrativo de 16 municípios, sendo

Cachoeiras de Macacu, Niterói, Nova Iguaçu, Petrópolis, Rio Bonito e Rio de

Janeiro, Nilópolis, Belford Roxo, Mesquita, São João de Meriti, Duque de Caxias,

Guapimirim, Magé, Itaboraí, Tanguá e São Gonçalo (COELHO, 2007).

O território da Bacia da Guanabara está compreendido na área intertropical, e

devido a isso, possui um clima quente e chuvoso tipicamente tropical, a bacia é

drenada por cinquenta e cinco rios, sendo os principais o Macacu, Guapiaçu,

Guapimirim, (Caceribu, Guaxindiba, Guaraí, Imboassica, Magé, Estrela, Saracuruna,

Meriti, Iguaçu e Pavuna (AMADOR, 2012).

A Região Hidrográfica da Baía de Guanabara (RHBG) abriga o maior parque

industrial do Estado, apresenta um alto grau de complexidade tanto em sua

dinâmica ecológica quanto no que se refere à sociedade que dá vida a este espaço

geográfico (PDRH-BG, 2005).

Nela encontram-se 82 km² de importantes áreas de manguezal, 80% das quais

dentro da Área de Proteção Ambiental, de Guapimirim, sob a tutela do IBAMA

(ECOLOGUS-AGRAR, 2005). A baía é resultante de uma depressão tectônica

formada no período Cenozóico, sua topografia acidentada e diversa caracteriza-se

por uma grande planície sedimentar (ECOLOGUS-AGRAR, 2005). Sendo principal

ecossistema da Bacia Hidrográfica a Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais

ameaçados do mundo (COELHO, 2007).

A região se encontra inserida na área intertropical, e seu clima é caracterizado

por fatores de ordem geográfica (posição, maritimidade, continentalidade e

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topografia) e de ordem dinâmica (circulação geral da atmosfera), e grande

diversificação tanto de regime de temperatura, quanto de distribuição de precipitação

(AMADOR, 1997). O clima da região é tropical úmido, com uma estação chuvosa no

verão, de dezembro a abril e outra seca, entre junho e agosto (KJERFVE et at.,

1997). Entretanto a estação seca é pouco pronunciada, com a variação da

precipitação ocorrendo em função do relevo.

A baía possui salinidade alta, e esta decresce da entrada para o interior, devido

à influência das descargas fluviais. Enquanto que com a temperatura se observa o

contrário, devido à água fria do Oceano Atlântico (CARVALHEIRA, 2012). Os fatores

como profundidade, velocidade de corrente e fluxo de água doce proporcionam ao

sistema distintos compartimentos. As correntes provenientes do Oceano Atlântico

atuam na renovação de oxigênio, na troca e na limpeza das águas da baía. O tempo

de renovação de suas águas é de cerca de 10 a 20 dias (WASSERMAN et al.,

2000). O canal central é o principal controlador dos processos hidrodinâmicos da

baía.

Essa região abriga cerca de 10.000 indústrias ao seu redor, as quais são

responsáveis pelo lançamento de 4.800 Kg de metais pesados por dia

(WASSERMAN et al., 2000). Além disso, encontram-se instalados 2 portos, 2 bases

navais, 32 estaleiros, 2 refinarias e terminais marítimos de petróleo (CARVALHEIRA,

2012).

Os rios da bacia, que atravessam as áreas mais densamente povoadas são

vazadouros de esgoto, recebendo ainda grandes contribuições de despejos

industriais e lixo. Nesta situação estão incluídos os afluentes da Costa Oeste da

Baía, que vão do Canal do Mangue ao Canal de Sarapuí, além dos rios Alcântara,

Mutondo, Bomba e Canal do Canto do Rio, na Costa Leste. Esses rios são utilizados

basicamente para diluição de despejos, embora o uso que lhes é recomendado seja

o de harmonia paisagística e estética (ECOLOGUS-AGRAR, 2005). Os demais rios

da bacia são menos degradados. O rio Guapi-Macacu tem a água de melhor

qualidade da Bacia, sendo fonte de abastecimento público para os municípios de

Niterói e São Gonçalo, com captação no canal de Imuana para a Estação de

Laranjal (ECOLOGUS-AGRAR, 2005). A tendência mais preocupante do processo

de degradação da Baía tem sido o rápido crescimento de algas. O elevado grau de

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eutrofização vem se espalhando das regiões Oeste e Noroeste, altamente

urbanizadas, para as demais regiões (ECOLOGUS-AGRAR, 2005).

A Baía de Guanabara é escolhida como objeto de muitos estudos por ser

“emblemática e genuína representante dos frágeis e produtivos ecossistemas

costeiros tropicais” que, resultantes de uma longa evolução, foram submetidos a

uma rápida degradação ambiental e social (AMADOR, 2012). A Baía de Guanabara

tão impactada, já foi um ambiente ideal para fauna e flora com alta biodiversidade.

Ainda existem regiões que não são tão afetadas, mantendo suas características

naturais quase preservadas.

A opinião pública passa então a questionar como ficam os responsáveis pelos

danos causados ao meio ambiente. Esse fato vem se intensificando nas últimas

décadas devido ao crescimento das atividades industriais. Diante dessa situação,

melhores padrões de produção e atividades que respeitem os limites de saturação

do meio ambiente foram buscados através de ferramentas ambientais (ECOLOGUS-

AGRAR, 2005). Este paradigma promoveu uma geração de respostas: o setor

produtivo passou a transformar seus processos a fim de demonstrar sua

preocupação com o meio ambiente, incorporando ações efetivas para preservá-lo

como o reaproveitamento de energia, a seleção de matérias-primas, o

desenvolvimento de novos processos e produtos e a reciclagem de resíduos

(SANTOS & GUIMARÃES, 2003).

Desta forma, a Baía de Guanabara passa a ser beneficiada por projetos de

despoluição como o PDBG que prevê a diminuição da carga de matéria orgânica

(DBO) nas águas (estipulando DBO < 5mg/L). Entretanto, sabe-se que o decréscimo

da carga orgânica nas águas alteraria o estado de oxirredução do meio, sobretudo

das camadas superficiais do sedimento (CARVALHEIRA, 2012). Esse programa

abrange programa de saneamento nos municípios do entorno da Baía de

Guanabara, com intuito de reverter à degradação ambiental desta Baía, através da

implantação de sistemas de esgotamento sanitário; do fortalecimento institucional

(melhoria dos serviços por parte das entidades envolvidas) e da promoção das

políticas públicas municipais de saneamento. Algumas ações como implantações de

oito Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs) já foram estabelecidas são elas: ETE

Sarapuí, ETE Pavuna, ETIG, ETE São Gonçalo, ETE Penha, ETE Alegria, ETE

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Icaraí e ETE Barra. Embora estejam operando abaixo de sua capacidade nominal

(GUANABARA LIMPA, 2014).

Atualmente, o Instituto Estadual do Ambiente (INEA) é o órgão responsável por

um monitoramento, para acompanhar e medir as alterações no ecossistema da Baía

de Guanabara, em função das obras de saneamento e de controle industrial,

promovidas pelo PDBG. O monitoramento é um instrumento importante e

imprescindível tanto como suporte ao controle das atividades poluidoras, quanto

como fonte de informações para o planejamento, devendo ser realizado,

preferencialmente, com constância, regularidade e coerência em suas premissas

básicas, de modo a favorecer a obtenção de dados históricos que permitam detectar

mudanças e tendências na qualidade da água (SANTOS & GUIMARÃES, 2003;

ECOLOGUS–AGRAR, 2005).

Os estudos sobre a contaminação com mercúrio na Baía de Guanabara se

iniciaram no final da década de 1970. Alguns trabalhos na literatura abordam a

questão do mercúrio e do saneamento da região. Os atuais níveis de poluição da

Baía de Guanabara são decorrentes de um processo de degradação que se

intensificou, principalmente, nas décadas de 1950-1960, com o elevado crescimento

urbano verificado, especialmente, na Região Sudeste do Brasil (NETO & FONSECA,

2011). As intervenções nas bacias hidrográficas vêm promovendo mudanças nos

ambientes estuarinos, tais como: na qualidade das águas, nos efeitos que alteram

as taxas e os padrões de sedimentação e na qualidade desses sedimentos.

Há uma renovação cíclica de suas águas com as águas do mar; no entanto, é

receptora de uma significativa bacia hidrográfica, a qual, por sua vez, recebe uma

gama variada de lançamentos líquidos e sólidos. Dentre as potenciais fontes

poluidoras, encontram-se diferentes segmentos industriais, terminais marítimos de

produtos oleosos, dois portos comerciais, diversos estaleiros, duas refinarias de

petróleo, entre outras atividades econômicas.

O desenvolvimento industrial e o crescimento populacional trouxeram, além da

poluição, questões ambientais de ordem física, tais como a destruição dos

ecossistemas periféricos à Baía de Guanabara, os aterros de seu espelho d'água, o

uso descontrolado do solo e seus efeitos adversos em termos de assoreamento,

sedimentação de fundo, inundações e deslizamentos de terra (AMADOR, 1997).

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Como os sedimentos possuem alta capacidade de complexar os poluentes em

sua matriz, podem ser utilizados como indicadores da qualidade da água. Isso

permite monitorar os impactos da atividade antropogênica sobre o ambiente

(RANGEL et al., 2010). A sedimentação estuarina é formada principalmente por

areia e lama síltica e é rica em matéria orgânica. Os sedimentos lamosos, que se

concentram no interior da Baía, principalmente atrás da Ilha do Governador,

possuem altos teores de metais pesados (GODOY et al., 2012; MARINO et al.,

2011).

A deposição de sedimentos na Baía pode ter origem antropogênica, como

efluentes domésticos e industriais, ou em processos naturais, como a ação de

correntes e ventos e as águas das chuvas. A contribuição dos organismos aquáticos

é através da aglomeração de finas partículas em suspensão, realizada por filtragem

(AMADOR, 1997). GODOY e colaboradores (1998) mostraram através de estudos

que não há grande variação entre as taxas de sedimentação em diferentes regiões

da Baía de Guanabara, sendo os valores de velocidade encontrados variando entre

1 a 2 cm por ano. A alta taxa de sedimentação promove um deslocamento rápido de

uma parcela dos contaminantes, dissolvidos ou em suspensão nas águas, o que

explica o elevado potencial tóxico dos sedimentos nesta região.

A taxa de sedimentação da região aumentou consideravelmente ao longo dos

anos, devido ao aumento do fluxo dos rios, o que acarreta em um maior transporte e

distribuição de sedimentos. Isso é atribuído à expansão das atividades humanas ao

redor da Baía, como crescimento de indústrias, da população, das atividades

portuárias e da construção de aterros (GODOY et al., 1998).

A porção noroeste da Baía representa a principal fonte de emissão de metais

pesados, devido à presença de rios bastante poluídos (como Meriti, Iguaçu, Sarapuí,

Estrela e Irajá) e às atividades de uma refinaria de petróleo na região (DE LUCA

REBELLO et al., 1986; PFEIFFER et al., 1980; PFEIFFER et al., 1982; CARVALHO

et al., 1982; BAPTISTA et al., 2006).

A região nordeste, que possui o mesmo tipo de sedimento que a noroeste,

apresenta menores concentrações de metais pesados devido a presença de uma

área de proteção ambiental (BAPTISTA et al., 2006).

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BAPTISTA NETO e colaboradores (2003) mostraram que rios das áreas de

São Gonçalo e Niterói também são importantes cargas de metais pesados para a

baía, o que pode ser atribuído ao intenso despejo de esgoto doméstico sem

tratamento. Também foram observadas altas concentrações de metais pesados na

região do porto do Rio de Janeiro. Já na região sul, próxima à entrada da Baía, tem-

se as menores taxas de poluição por metais pesados (BAPTISTA NETO et al.,

2006).

Existem estudos na literatura que relatam dados de concentração total de

mercúrio em sedimentos da Baía de Guanabara (BARROCAS, 1994). DE LUCA

REBELLO e seus colaboradores (1986) relataram concentrações de mercúrio entre

0,07 e 9,8 µg/g de sedimento seco em suas amostras. Godoy e colaboradores

(1998) relataram uma variação de 0,4 a 11,1 µg/g de sedimento seco na

desembocadura Rio Estrela. Já BARBOSA e colaboradores (2004) encontraram

valores de concentração variando entre 1,0 e 2,0 µg/g de sedimento seco no Canal

do Fundão.

3.8 CONSIDERAÇÕES DO PRESENTE ESTUDO

O presente trabalho se encontra inserido na categoria dos sensores

microbianos bioluminescentes, no qual o biocomponente é o micro-organismo

geneticamente modificado Escherichia coli MC1061 para detecção de mercúrio

biodisponível em amostras da Baía de Guanabara. A tecnologia de DNA

recombinante vêm sendo utilizada como ferramenta para pesquisar a

biodisponibilidade do mercúrio em amostras ambientais.

A bactéria E. coli MC1061 é capaz de detectar mercúrio biodisponível, através

da reação da enzima luciferase do vaga-lume (Firefly luciferase), respondendo

quantitativamente quando exposta ao mercúrio, através de bioluminescência.

A área de estudo foi escolhida em virtude dos atuais níveis de poluição da Baía

de Guanabara, resultantes de longa degradação ambiental e social.

E a análise de sedimentos, por sua vez, foi selecionada em função destes

apresentarem a maior acumulação dos metais. Assim, buscou-se amostras de

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sedimento da Baía para realização dos primeiros testes do biossensor para

detecção de mercúrio em sedimento.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 EQUIPAMENTOS E REAGENTES

Neste primeiro item estão descritos os equipamentos e reagentes utilizados,

apresentados na Tabela 8 e as composições dos meios (Tabela 10) utilizados para o

crescimento celular (meio de cultivo/manutenção), e para os experimentos de

bioluminescência.

Tabela 8: Equipamentos e reagentes.

Equipamentos

Estufa de secagem (QUIMIS)

Placa de aquecimento e agitação (QUIMIS)

Agitador de tubos vortex (QUIMIS)

Espectrofotômetro UV-visível (Q798DRM – QUIMIS)

Espectrofotômetro Hach DR 2000

Balança AG 200- IV2000 – Analisador de Umidade por Infra-vermelho (GEHAKA)

Centrífuga (QUIMIS)

Luminômetro (Luminoskan Ascent 2.4)

Oxímetro (DM – 4P Digimed – Digicrom Analytical 41814)

Medidor de pH (Q400MT – QUIMIS)

Reagentes

* Reagentes utilizados foram adquiridos da VETEC e SIGMA de grau P.A.:

MgSO4, Ca(NO3)2, Glicose, Casamino ácidos, Luciferina, Citrato de Sódio, LB Broth, LB Ágar, Na2HPO4, KH2PO4, NH4NO3, NaNO3, Monossulfato de canamicina, HNO3, HCl

4.1.1 DESCONTAMINAÇÂO QUÍMICA DOS MATERIAIS

Todos os materiais aplicados nos testes foram descontaminados utilizando

procedimentos de lavagem, ajustados para a sua resistência química específica. Os

banhos de descontaminação empregados são descritos na Tabela 9. Após

lavagem, os materiais eram armazenados em sacos plásticos duplos até o momento

do uso. A descontaminação se faz obrigatória para minimizar a contaminação (pelo

metal mercúrio) nos materiais a serem utilizados nos testes bioluminescentes.

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Tabela 9: Etapas dos banhos de descontaminação.

Vidrarias/Plásticos Tempo

Solução detergente (EXTRAN) 12 horas

Solução de ácido nítrico 10% (v/v) 6 a 8 horas

Enxague 15 minutos

Lavagem com água deionizada 5 minutos

4.1.2 LUMINÔMETRO COMO ELEMENTO DE TRANSDUÇÃO

Nos ensaios de bioluminescência, foi utilizado como transdutor o luminômetro

Luminoskan Ascent da Labsystems, que é um equipamento capaz de detectar

emissões de luz, formulado de modo a evitar a interferência entre captação de luz de

poços vizinhos (COSTA, 2010). As medidas são fornecidas em unidades relativas de

luz (URL) e são proporcionais à concentração do analito. O limite de detecção

permite detectar até mesmo pequenas concentrações de analito.

O equipamento (Figura 7) possui uma bandeja para abrigar uma placa de 96

poços, nos quais são acondicionadas as amostras, cada poço emite uma

determinada quantidade de luz, que é refletida de forma a atravessar um filtro de

emissão, para atingir o tubo fotomultiplicador.

Figura 7: Equipamento Luminoskan Ascent utilizado para Medição da Luminescência.

(Adaptado de COSTA, 2010).

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4.1.3 AVALIAÇÃO DAS CONDIÇÕES ÓTIMAS DE

BIOLUMINESCÊNCIA

O sinal de emissão da luz medida por biossensores de células inteiras é

dependente não só da concentração do substrato indutor, mas também da

estabilidade da enzima luciferase em uma cepa particular, do seu estado fisiológico,

assim como da presença de outras substâncias estimulantes ou inibitórias na

amostra a ser medida (STICHER et al., 1997).

Desta maneira, as condições para o micro-organismo selecionado avaliadas

em COSTA e colaboradores (2011) foram mantidas: como meio de detecção (M9

NO3) e tempo de incubação na câmara luminométrica (45 minutos), concentração

celular de 0,06g/L, um fator de diluição 1:33,3 (diluição das células).

4.2 COMPONENTE BIOLÓGICO: E. COLI MC1061

4.2.1 PREPARO DE MEIOS E SOLUÇÕES

O meios de cultura aplicados neste estudo foram os mesmos já empregados

em trabalhos anteriores COSTA et al., 2013 e BARROCAS (2003):

Ensaios luminométricos – Meio mínimo de sais (Atlas, 1997)

Manutenção - LB (LURIA-BERTANI)

Todas as soluções utilizadas diretamente nos experimentos com o biossensor

de mercúrio foram biologicamente descontaminadas, esterilizadas em autoclave e

guardadas em local limpo. E a manipulação foi cuidadosa, utilizando-se técnicas

assépticas rigorosas.

Protocolo de esterilização:

Autoclave a 121°C

25 minutos

Pressão de 1 atm.

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4.2.1.1 MEIO MÍNIMO DE SAIS

O meio mínimo de sais (M9NO3) é o principal meio utilizado nos experimentos

com o micro-organismo em questão. Este foi utilizado em estudo anterior por

COSTA (2010) e BARROCAS (2003) para o crescimento prévio e ensaios

luminométricos com o biossensor, pode ser observado na Tabela 10.

A composição do meio M9NO3 é basicamente uma mistura de sais inorgânicos

(Na2HPO4, KH2PO4, NH4NO3, NaNO3) acrescidos com fatores de crescimento

(glicose e casamino ácidos) preparados em tampão pH 7, elaborado com sais de

fosfato (ATLAS, 1997). Ainda é adicionado o antibiótico canamicina em uma

concentração final de 30mg/L para seleção positiva do transposon luc presente no

plasmídio, garantindo o crescimento de somente células capazes de emitirem luz em

contato com mercúrio. A Tabela 10 apresenta as quantidades utilizadas nas

diferentes etapas. O volume total foi de 50 mL em cada meio de cultivo no

crescimento prévio e de 10 mL nos experimentos luminométricos.

Tabela 10: Meio Utilizado para o Experimento Luminométrico.

Meio de cultura Crescimento prévio

(Volume total: 50 mL)

Preparo da célula no dia do experimento (Volume total: 10

mL)

M9NO3 (Na2HPO4, KH2PO4,

NH4NO3, NaNO3) 48 mL 9,6 mL

MgSO4 0,1 M 500 µL 100 µL

Ca(NO3)2 0,01 M 500 µL 100 µL

Glicose - 200g/L 500 µL 100 µL

Casamino ácidos - 100 g/L 500 µL 100 µL

Canamicina - 30mg/L 150 µL 30 µL

4.2.1.2 MANUTENÇÃO E ARMAZENAMENTO DAS CÉLULAS

O meio LB é utilizado para a reconstituição das unidades populacionais ou

bactérias liofilizadas (devido sua complexa composição) e o meio LB Agar é utilizado

para crescimento em placas, a partir de colônias do micro-organismo, conservadas

sob refrigeração. As células foram mantidas em placas de Petri contendo meio

sólido LB Agar, armazenadas a 5ºC em refrigerador. A composição dos meios

utilizados na manutenção celular podem ser observados na Tabela 11.

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Repiques semestrais eram feitos para manutenção da viabilidade celular. Neste

procedimento micro-organismos foram inoculados em um tudo de ensaio contendo 5

mL de meio LB com canamicina, partindo de uma colônia isolada recém crescida. A

cultura foi incubada, e crescida (24 horas) a 30º C até atingir a fase estacionária de

crescimento.

Tabela 11: Composição dos Meios de Estocagem das Células (COSTA, 2010).

Constituinte Quantidade

LB Broth 10 g

Água deionizada 400 mL

Canamicina - 30mg/L 1,2 mL

LB Ágar 16 g

Água deionizada 400 mL

Canamicina - 30mg/L 1,2 mL

Como método de estocagem por períodos maiores, as células foram mantidas

em solução de glicerol. O estoque a -5º C foi feito adicionando 1,5 mL do cultivo

bacteriano a um tubo de polipropileno com tampa rosqueada (criotubo) contendo 0,5

mL de glicerol 80% estéril, sendo feita uma mistura vigorosa, com uso do vortex,

para assegurar que o glicerol foi uniformemente disperso, evitando a formação de

cristais de gelo, o que poderia diminuir a viabilidade celular. Os tubos foram então

guardados no congelador a -5oC.

4.2.1.3 SOLUÇÃO DE D-LUCIFERINA 1 mM (pH = 5,0)

A luciferina, é o substrato para a reação, que vai atravessar as membranas

celulares bacterianas em pH ácido. Em um frasco contendo 25mg de luciferina

adicionou-se 1 ml de solução tampão de citrato 100mM, e colocado sob agitação

(vortex). Em seguida, esta foi transferida para um balão volumétrico contendo 79 mL

de solução tampão citrato 100 mM, previamente adicionados. Alíquotas da solução

estoque de luciferina foram transferidas para tubo de polipropileno com tampa

rosqueada, previamente marcado, usando volumes adequados para os ensaios.

Os tubos foram conservados em congelador (-5º C) envoltos por papel

alumínio, pois a luciferina é sensível ao oxigênio e luz, por isso é importante

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minimizar sua exposição a estes agentes durante a preparação e o armazenamento

da solução.

4.2.1.4 SOLUÇÕES DE MERCÚRIO

As amostras de mercúrio foram preparadas a partir de uma solução padrão de

mercúrio (1g/L). Todas as soluções foram preparadas, no dia de cada experimento,

utilizando solução de HNO3 4,5mM. Na Tabela 12 estão descritas as concentrações

de mercúrio utilizadas durante todo o trabalho, selecionadas em razão de estudos

anteriores, e de valores estabelecidos na Resolução CONAMA n° 357 de 2005, para

água salina de 0,2 µg/L ou ppb.

As soluções de mercúrio utilizadas nos testes foram obtidas a partir de

diluições de soluções estoque (1g/L da SIGMA). Ressaltando-se o cuidado de evitar

contaminação cruzada, utilizando-se sempre os mesmos frascos para os mesmos

níveis de concentração (MARINS, 1990).

Tabela 12: Soluções de mercúrio utilizadas no presente estudo.

Soluções de mercúrio Concentração das amostras de

mercúrio (µg/L)

Curva de calibração e adição

padrão

0,0001

0,0001

0,003

0,006

0,009

0,01

0,1

1

2,99

10,05

17,1

20

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4.2.2 AVALIAÇÃO DO CRESCIMENTO E CONSTRUÇÃO DA CURVA

DE PESO SECO DE E. COLI MC1061

4.2.2.1 CURVA DE CRESCIMENTO

O crescimento populacional é definido como o aumento do número, ou da

massa microbiana. E a taxa de crescimento é a variação no número ou massa por

unidade de tempo. O método utilizado foi o de monitoramento do crescimento

microbiano por meio da turbidez, realizando medidas de absorvância em

espectrofotômetro. O crescimento foi avaliado através do acompanhamento do

micro-organismo bioluminescente repórter, E. coli MC1061 (VIRTA et al., 1995).

O acompanhamento do perfil de crescimento da cepa E. coli MC1061 se deu

da seguinte forma: adicionou-se a quantidade calculada anteriormente a um

erlenmeyer de 125 mL contendo 50 mL do meio M9NO3 sendo retirada a primeira

alíquota para leitura da Densidade Ótica (DO600) no tempo inicial (0 h). O cultivo foi

mantido a 30ºC com agitação de 150 rpm, sendo o crescimento celular monitorado

em intervalos de 1 hora, pela retirada de alíquotas (2mL) e medida de absorvância

destas a 600 nm, até que fosse alcançado um valor máximo estável. Vale ressaltar

que de acordo com estudo do micro-organismo em questão, realizado por COSTA

(2010), são necessárias onze horas para que se atinja a fase estacionária.

Após o crescimento celular (meio M9NO3, com agitação de 150 rpm a 30°C),

foi realizada a leitura da densidade ótica no comprimento de onda de 600 nm

(DO600) em espectrofotômetro UV-visível. Foi realizado então o cálculo da

quantidade (mL) necessária do pré-inóculo para se obter uma DO600 inicial de

aproximadamente 0,2 em 50 mL de meio M9NO3.

4.2.2.2 DETERMINAÇÃO DO PESO SECO

Após crescimento celular em meio mínimo de sais, por cerca de 16 horas a

30ºC, com agitação de 150 rpm, as células de E. coli MC1061 obtidas em estado

estacionário, foram centrifugadas por 25 minutos a 3500 rpm. O precipitado obtido

foi ressuspendido em um mínimo de água deionizada (cerca de 5 mL) e as células

novamente centrifugadas nas mesmas condições anteriores e lavadas com água

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destilada. A biomassa foi ressuspendida em 10 mL do meio M9NO3 para se obter

uma suspensão concentrada de células.

Desta mesma suspensão utilizada para o cálculo da concentração celular,

utilizando os três mililitros restantes, várias diluições foram utilizadas para obter

cerca de oito leituras de absorbância a 600nm entre 0,02 e 0,2, correspondendo

cada leitura à sua respectiva concentração celular.

Dessa suspensão celular, retira-se 7 mL para filtração em membrana Millipore.

Cabe ressaltar que a membrana é pesada antes e depois da filtração em uma

balança que elimina toda a umidade da amostra (Balança AG 200, IV2000). Dessa

forma, tem-se o valor de massa das células por diferença. A concentração da

suspensão celular, em g/L, é obtida dividindo-se o valor da massa celular, em g, pelo

volume da alíquota (7mL). Com os 3 mL restantes, foram realizadas 7 diluições para

se obter 7 leituras de absorvância a 600nm entre 0,02 e 0,2, e, então, encontrar as

suas respectivas concentrações celulares. Este procedimento foi feito em duplicata.

4.2.2.3 PREPARO DAS CÉLULAS

O preparo da suspensão celular usada nos ensaios bioluminescentes foi

realizado a partir de uma cultura nova (Figura 8), obtida de inóculo crescido em 50

mL de meio M9NO3, com agitação de 150 rpm e 30ºC. A cultura foi centrifugada por

6 minutos a 3500 rpm, sendo o sobrenadante adicionado de 10 mL de água

deionizada (para o processo de lavagem), centrifugado por mais 6 minutos, retirando

o sobrenadante e adicionando a cultura 10 mL de meio fresco (M9NO3). Este último

passo foi repetido, estando as células prontas para os ensaios, e sendo mantidas no

gelo até o início dos testes.

As diluições que foram utilizadas para os ensaios luminométricos partiram das

obtidas a partir da curva de peso seco. Após obter a suspensão celular concentrada

descrita anteriormente (item 4.2.2.3), a mesma foi mantida em gelo a fim de parar a

atividade microbiana (Figura 8).

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Figura 8: Esquema de Preparo das Células.

4.3.CURVA DE CALIBRAÇÃO

Para o estudo da sensibilidade do método realizou-se ensaios de detecção da

bioluminescência, para diferentes faixas de concentração de mercúrio em soluções

aquosas (descrita no item 4.2.1.4, Tabela 12), bem como, com amostras

ambientais da Baía de Guanabara diretamente com Hg2+, com limites máximos e

mínimos de concentração e linearidade das curvas de calibração.

A obtenção da curva de calibração para o sistema proposto é essencial, pois

permitirá correlacionar o sinal bioluminescente lido com a concentração de mercúrio

presente nas amostras, considerando os efeitos inibitórios ou interferentes que a

amostra real possa apresentar (brancos reacionais, por exemplo).

4.3.1 BRANCOS REACIONAIS

A sensibilidade é um parâmetro muito importante na validação do método.

Alguns requisitos são necessários, como por exemplo, obtenção de baixos níveis de

resposta do biossensor para o que é considerado como branco reacional (amostra

onde o mercúrio não foi adicionado às soluções sintéticas). Esta resposta residual

pode ser proveniente de níveis traço de Hg2+ nos reagentes ou nos meios utilizados

nos ensaios. Desta forma, foram realizados ensaios de leituras de branco reacional

com a água deionizada e amostras sintéticas com salinidade (para avaliar a

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influência da salinidade nas amostras ambientais da Baía de Guanabara, levando

em conta que o UPS da Baía de Guanabara está próximo do UPS do mar = 35 (UPS

= unidade prática de salinidade - determinada com base na relação direta entre

condutividade elétrica da água do mar e sua salinidade - 35 UPS => 35 partes por

mil).

Cabe ressaltar que os valores das leituras dos brancos iniciais (tanto da água

como da influência da salinidade) foram descontados dos valores finais em todos os

ensaios realizados neste estudo.

4.3.2 CURVA DE CALIBRAÇÃO DE MERCÚRIO

4.3.2.1 SOLUÇÕES AQUOSAS

Os ensaios luminescentes estão descritos no item 4.4, nos quais placas

brancas foram utilizadas, sendo possível a realização de desenhos experimentais,

de acordo com a ordem de leitura do aparelho. A adição de 10μL das amostras de

mercúrio em soluções aquosas utilizando água deionizada (concentrações definidas

como mostra a Tabela 12, para construção da curva de calibração), foi feita

diretamente nos poços das microplacas, de acordo com o desenho experimental

previamente estabelecido (baseado na ordem de leitura). Esta adição se deu, antes

da introdução das alíquotas das amostras celulares (50 μL), armazenadas, no gelo,

em tubo de Eppendorf.

Após serem adicionadas as soluções, as placas foram incubadas no interior da

câmara do luminômetro à temperatura ambiente por 45 minutos, tempo definido em

função do estudo de otimização em COSTA e colaboradores (2013).

Em seguida, o processo de medição se iniciou com o aparelho dispensando

100μL de substrato da luciferase em cada poço da placa, monitorando cada poço

por 12 segundos. O volume total utilizado em cada poço foi de 160μL. Todas as

condições foram feitas em duplicata, e os resultados da curva de calibração são

apresentados em somatório de luz emitida (URL) em cada condição testada.

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4.3.2.2 CURVA DE CALIBRAÇÃO DE MERCÚRIO UTILIZANDO

AMOSTRAS REAIS

Neste estudo, por se trabalhar com amostras complexas, uma curva de

adição padrão foi necessária. Nesta etapa, diferentes alíquotas do padrão de

mercúrio foram adicionadas nas próprias amostras reais analisadas, segundo

diferentes faixas de concentração de mercúrio (Tabela 12). Todas as condições

(conforme descrito no item 4.3.2.1) foram feitas em duplicata, e os resultados da

curva de calibração são apresentados em somatório de luz emitida (URL) em cada

condição testada.

4.3.3 CURVA DE CALIBRAÇÃO EM SEDIMENTO E MÉTODO DE

LIXIVIAÇÃO DE MERCÚRIO EM SEDIMENTOS

A curva de calibração das amostras após a lixiviação foi realizada conforme

descrito no item 4.3.2.2. A metodologia para a lixiviação do mercúrio das amostras

de sedimento foi adaptada da técnica utilizada por IVASK e colaboradores (2002).

Para os experimentos de determinação de bioluminescência, seguiu-se a etapa

descrita no item 4.2.2.3 (COSTA, 2010). Dois tipos de métodos de lixiviação foram

testados: com amostra ambiental da Baía de Guanabara e outro com HCl 1M.

Os sedimentos foram lixiviados com água da própria Baía de Guanabara e com

HCl 1M a fim de comparar o potencial de lixiviação dos dois métodos. A água da

Baía de Guanabara foi coletada juntamente com o sedimento e foi utilizada por se

tratar da mesma localidade do sedimento.

As quatro amostras de sedimento (descritas no item 4.6.1) foram armazenadas

em tubos de centrífuga do tipo Falcon (50mL) na geladeira. No dia anterior ao

experimento bioluminescente, os tubos foram levados à capela, onde foi coletado 1g

de cada amostra em uma balança, sendo cada um deles armazenado em novo tubo

(para cada tipo de lixiviação). Em seguida, adicionou-se 12,5 mL de água coletada

da Baía de Guanabara em cada tubo. Esse procedimento foi realizado em duplicata,

totalizando 8 tubos, já que foram usadas 4 amostras (Figura 9).

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Figura 9: Esquema da lixiviação realizada nas amostras de sedimento.

Repetiu-se o procedimento anterior, também em duplicata, sendo a única

diferença na lixiviação com 12,5 mL de HCl 1M, ao invés de água da Baía de

Guanabara (Figura 9).

Ao final desta etapa, os 16 tubos de centrífuga tipo falcon (50mL), sendo oito

com água da Baía de Guanabara e oito com ácido (HCl 1M), foram levados à

incubadora, onde permaneceram sob agitação a 500 rpm e 30ºC por 24 horas. Após

as 24 horas, retirou-se 50µL da suspensão de cada tubo, sendo armazenados em

tubo tipo Eppendorf.

O volume restante de cada tubo foi centrifugado a 3500 rpm por 25 min, e do

sobrenadante obtido retirou-se 50µL para misturar ao que já havia sido coletado

anteriormente, tendo-se no final 16 tubos tipo Eppendorf com 100µL cada. A seguir

encontra-se o esquema deste procedimento ilustrado para um tubo (Figura 10).

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Figura 10: Esquema de preparo de soluções das amostras após a lixiviação.

4.4 EXPERIMENTOS DE BIOLUMINESCÊNCIA

Para os procedimentos de determinação da bioluminescência foram utilizadas

placas brancas opacas de 96 poços (Figura 8), sendo possível a realização de

desenhos experimentais, de acordo com a ordem de leitura do aparelho.

Neste protocolo é feita a adição diretamente nos poços das microplacas, sendo

as soluções de mercúrio (amostras sintéticas ou ambientais - 10 μL) adicionadas aos

poços da placa luminométrica, de acordo com o desenho experimental previamente

estabelecido (baseado na ordem de leitura de cada amostra). Em seguida eram

adicionadas alíquotas das amostras celulares (50 μL), com densidade celular

conhecida (COSTA, 2010). As alíquotas das amostras celulares foram adicionadas

em seguida sendo antes diluídas 5 vezes visando atingir a concentração celular de

trabalho desejada.

Após serem adicionadas as soluções, mercúrio e células, as placas foram

incubadas no interior da câmara do luminômetro à temperatura ambiente por 45

minutos (COSTA, et al., 2013) para a produção da luciferase, que, por sua vez, deve

ser proporcional ao mercúrio incorporado pelos micro-organismos. Após a etapa de

incubação, o processo de medição se iniciou com o aparelho programado para

dispensar 100μL de substrato da luciferase em cada poço da placa, a luciferina

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1mM, e em seguida inicia-se o monitoramento de cada poço por 12 segundos. O

volume total utilizado em cada poço foi de 160μL.

4.5 DETERMINAÇÃO POR ESPECTROMETRIA DE ABSORÇÃO

ATÔMICA COM VAPOR FRIO

As amostras sintéticas da curva de calibração foram enviadas a um laboratório

independente, no Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSDP-

Fiocruz, para análise quantitativa do elemento mercúrio pelo método de

espectrometria de absorção atômica com vapor frio, para que fosse ser verificada a

validação do método testado no presente estudo.

4.6 ÁREA DE ESTUDO

4.6.1 LOCALIDADE

A Baía de Guanabara apresenta profundidade média de 7 metros e 80% de

sua área tem menos de 10 metros de profundidade (NETO & FONSECA, 2011).

As amostras de água foram coletadas de abril/2012 a dezembro/2013, em dois

locais da Baía de Guanabara (Figura 10), sendo o primeiro denominado PONTO A

(latitude: -22° 53'04.200" S e longitude 43°9'20.880" O) coletado em três pontos na

coluna d´água, (superfície, meio e fundo), e o segundo denominado PONTO D

(latitude: -22° 49' 42.960" S e longitude: 43° 12' 51.840" O) coletado em dois pontos

na coluna d´água, (superfície e fundo), totalizando 5 amostras por mês de coleta

(Tabela 13).

As amostras de água foram coletadas em garrafas de van dorn, transferidas

para tubos de centrífuga tipo falcon (50mL) e mantidas sob refrigeração adequada

(5°C) até o experimento luminométrico. O material usado para coleta das amostras

de água foi previamente esterilizado para evitar a contaminação biológica das

amostras. As amostras, assim como os dados físico-químicos: temperatura, pH,

condutividade, oxigênio dissolvido e salinidade, foram gentilmente fornecidas pelo

Laboratório de Biogeoquímica, Departamento de Ecologia, IB/ CCS/UFRJ.

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As amostras de sedimentos utilizados foram gentilmente cedidos pelo

Laboratório de Geoquímica Ambiental da Universidade Federal Fluminense. As

amostras de sedimento eram provenientes das seguintes localidades: Porto Rio,

Porto Niterói, Rio Iguaçu e Rio Meriti. Não há informações sobre a composição das

amostras fornecidas (Tabela 13 e Figura 11).

As amostras ambientais foram estudadas conforme os experimentos descritos

no item 4.4, por ensaios de bioluminescência para detecção do mercúrio

biodisponível, e por meio das curvas de calibração (água deionizada e adição

padrão nas amostras). No caso das amostras de sedimento uma etapa de lixiviação

foi realizada para só então se realizar os ensaios de bioluminescência.

Todos os parâmetros foram analisados utilizando-se o software Excel, por meio

da média, coeficiente de variação e desvio padrão. Algumas análises estatísticas

foram utilizadas para tentar verificar uma correlação entre os parâmetros físico-

químicos e a concentração de mercúrio biodisponível (com o uso do programa

statistica 6.0).

Tabela 13: Localização dos pontos de coleta.

Pontos de Coleta Coordenadas

Coluna d´água Latidute Longitude

Ponto A (próximo a Ponte Rio -Niterói) 22° 53'04.200" S 43°9'20.880"O

Ponto D (próximo a Ilha do Governador) 22° 49' 42.960" S 43° 12' 51.840" O

Sedimento Latidute Longitude

Rio Iguaçu 22°44'53" S 43°14'28" O

Rio Meriti 22°48'11 S 43°16'17" O

Porto Rio 22°53'46" S 43°12"38" O

Porto Niterói 22°52'42" S 43°7'7" O

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Figura 11: Mapa que apresenta os pontos de coleta na Baía de Guanabara.

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para desenvolvimento de um biossensor deve se ter em mente a escolha do

componente biológico, para que este responda de forma adequada às necessidades

para a sua aplicação. Neste capítulo serão apresentados resultados referentes ao

biocomponente micro-organismo Escherichia coli MC1061, e ainda, a avaliação e

aplicabilidade do biossensor microbiano em amostras ambientais (avaliando valores

de biluminescência URL, desvios padrão e coeficiente de variação de cada ensaio).

Além disso, os valores de análise obtidos com o biossensor serão comparados à

metodologia padrão visando atestar sua confiabilidade.

5.1 CARACTERIZAÇÃO DA BACTÉRIA

Com objetivo de padronizar o componente biológico usado no biossensor

microbiano do presente estudo foram realizados experimentos de caracterização da

bactéria E. coli MC1061.

5.1.1 DETERMINAÇÃO DA CURVA DE CRESCIMENTO

O perfil de crescimento do micro-organismo Escherichia coli MC1061 é

apresentado na Figura 12. A partir da curva de crescimento obtida, pode ser

observado que as células entram na fase exponencial após aproximadamente sete

horas, enquanto que para atingir a fase estacionária foram necessárias em torno de

onze horas. O teste da curva de crescimento foi realizado com medição de pontos

em intervalos de 1 hora, até alcançar o estado estacionário.

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. Figura 3: Curva de Crescimento de Escherichia coli MC1061 (resultados de três réplicas) .

A curva foi avaliada nos anos de 2010, 2012 e 2014, como forma de observar o

comportamento do micro-organismo ao longo do tempo, não houve mudança no

perfil de crescimento da Escherichia coli MC1061. Tal curva foi considerada para a

obtenção da densidade celular e determinação do perfil de crescimento das células

utilizadas nos experimentos posteriores de bioluminescência.

5.1.2 CORRELAÇÃO ENTRE ABSORBÂNCIA E PESO SECO

Uma curva de peso seco versus absorbância foi obtida, conforme apresentado

na Figura 13. Sendo possível, através da equação da reta (Equação 1),

correlacionar a leitura da absorbância a 600nm com a concentração (g/L) da

suspensão celular:

Concentração celular [g/L] = (Abs600nm – 0,0336)/ 1,636)

(Equação 1)

A equação descrita acima foi utilizada em todos os experimentos posteriores

para determinação da concentração celular, nos ensaios luminométricos, nas curvas

de calibração com amostras padrão e amostras ambientais.

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Figura 43: Correlação entre Absorbância (600 nm) e Peso Seco de Escherichia coli

MC1061.

5.2 AMOSTRAS AMBIENTAIS

Os resultados dos ensaios luminométricos com as amostras ambientais

(provenientes da Baía de Guanabara) foram obtidos conduzindo-se os experimentos

com o biossensor com uma concentração celular de 0,06 g/L, um fator de diluição

1:33,3 (diluição das células) e tempo de incubação para produção da luciferase na

câmara luminométrica de 45 minutos (parâmetros otimizados por COSTA et al.,

2011).

5.2.1 AMOSTRAS AQUOSAS

Os ensaios de detecção da bioluminescência usando o biossensor de Hg,

conforme descrito no item 4.4, foram realizados com amostras aquosas da Baía de

Guanabara (pontos A e D), coletadas de abril de 2012 a dezembro de 2013, para

diferentes faixas de concentração de mercúrio adicionado em soluções aquosas.

Cabe ressaltar que a metodologia proposta inclui uma bactéria geneticamente

modificada Escherichia coli MC1061 capaz de detectar o mercúrio biodisponível

(Hg2+), espécie essencial na determinação da toxicidade e do potencial de

bioacumulação do metal. Essa espécie, ao ser metilada, torna-se mais tóxica

(metilHg), incorporando-se ao longo da cadeia trófica.A disponibilidade de mercúrio

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para os micro-organismos metiladores é determinada pela concentração de íons

Hg2+ livres (ULRICH et al., 2001).

5.2.1.1 CURVA DE CALIBRAÇÃO

Ensaios de detecção da bioluminescência (conforme descrito no item 4.4),

para diferentes faixas de concentração de mercúrio (conforme descrito no item

4.3.2), foram realizados para estudo da sensibilidade da medição, avaliação da

repetibilidade, alcance dos limites máximo e mínimo de concentração e linearidade

das curvas de calibração.

A precisão no experimento foi avaliada pela variabilidade de amostras idênticas

analisadas repetidamente, sendo calculadas as variâncias de duplicatas dos URL

obtidos em cada experimento. Considerou-se a precisão de medição do

equipamento, luminômetro, e da preparação da amostra, incluindo a manipulação

(por exemplo, pipetagem de soluções e inóculo usados nas análises do biossensor,

centrifugação e decantação de amostras, etc.).

A estatística descritiva foi empregada na determinação dos valores médios

para as duplicatas de cada amostra, assim como para a determinação do desvio

padrão e o coeficiente de variação para cada ensaio realizado. Neste estudo, só

foram considerados resultados cujo coeficiente de variação foi inferior a 10% entre

as replicatas.

Cabe ressaltar que os valores das leituras dos brancos iniciais, água

deionizada usada nas diluições (conforme descrito no item 4.3.1), foram

descontados dos valores finais em todos os ensaios realizados, e o valor médio

encontrado em URL como branco para a água deionizada foi 0,000876, sendo esse

o valor residual de mercúrio encontrado na água utilizada nas analises, observado

na Tabela 14.

Tabela 14: Resultados dos Ensaios Luminométricos em URL para a água deionizada.

Amostra URL

URL / Branco 0,000899

URL / Branco 0,000855

URL / Branco 0,000875

Média 0,000876

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A influência da salinidade, já que as amostras provêm de água salina, foi

verificada nos ensaios de bioluminescência, e o valor médio encontrado como

branco de salinidade foi 0,002835, esse valor também foi descontado dos valores

finais de todos os ensaios realizados, estando os valores encontrados para

salinidade demonstrados na Tabela 15.

Tabela 15: Resultados dos ensaios de simulação com salinidade.

S (‰) URL

Amostra sintética com 35 UPS 0,00278

Amostra sintética com 35 UPS 0,00289

Média URL 0,002835

Nos ensaios para elaboração da curva de calibração com água deionizada dois

experimentos independentes foram realizados em duplicata usando concentrações

finais de mercúrio de 0,001 a 20 µg/L. Os valores médios de URL obtidos, seus

desvios padrões e coeficientes de variação calculados são apresentados na Tabela

16 para duas faixas de concentração de mercúrio. As Figuras 14 e 15 apresentam

os gráficos das curvas de calibração e suas respectivas equações da reta e seus R2

> 0,9.

Tabela 36: Resultados dos Ensaios Luminométricos da curva de calibração com soluções de

mercúrio de diferentes concentrações; CV= Coeficiente de Variação.

Curva de Calibração

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,003 0,006 0,009 0,010

Média URL 38,70625 41,2983 43,6889 48,0411 52,8732

Desvio padrão 0,334 0,588 0,550 0,857 2,658

CV(%) 0,289 0,837 0,692 1,529 8,358

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,10 2,99 10,10 17,10 20,00

Média URL 55,14815 58,8794 60,0226 67,78305 72,6143

Desvio padrão 0,995 1,054 1,408 0,791 1,281

CV(%) 1,796 1,886 3,301 0,924 2,260

Os valores de luminescência (URL) encontrados foram altos e os desvios

padrões indicaram que o teste foi realizado com boa repetibilidade. Uma vez que a

água deionizada não apresenta substâncias que possam complexar com o metal

estudado, o URL mais alto encontrado foi 72,6143. Isso demonstra que, neste caso,

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todo Hg medido é biodisponível, diferente de uma amostra ambiental, na qual a

matriz é complexa e o Hg2+ poderá formar complexos com diversos agentes

complexantes, como matéria orgânica ou sais inorgânicos presentes na coluna

d´água (STEIN et al.,1996; ULRICH et al., 2001).

Os valores de coeficiente de variação foram menores que 10% em torno da

média, indicando uma baixa dispersão e valores homogêneos.

Figura 14: Curva de Calibração de soluções de mercúrio em diferentes concentrações

(0,001 a 0,01 µg/L), preparadas em água deionizada.

Figura 15: Curva de Calibração de soluções de mercúrio em diferentes concentrações (0,1

a 20 µg/L), preparadas em água deionizada.

Embora as curvas de calibração com a água deionizada tenham apresentado

boa repetibilidade e dispersão, a curva estabelecida para o trabalho foi a de 0,001 a

1 µg/L, por ser esta região linear adequada para as amostras ambientais da área de

estudo em questão, o que foi observado em ensaios preliminares. Desta forma, uma

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nova curva de calibração foi obtida para a região linear, sendo os resultados

apresentados na Tabela 17. A equação da reta obtida para a curva de calibração em

água foi: y = 12,555x + 44,689, com R² = 0,9631, conforme apresentado na Figura

16.

Tabela 47: Resultados dos Ensaios Luminométricos da curva de calibração com soluções de

mercúrio (0,001 a 1 µg/L); CV= Coeficiente de Variação.

Água deionizada Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 43,0797 45,4749 47,0177 57,1314

Desvio padrão 0,201 0,625 0,475 3,084

CV(%) 0,094 0,858 0,481 16,650

Figura 16: Curva de Calibração de soluções de mercúrio em diferentes concentrações (0,

001 a 1 µg/L), preparadas em água deionizada.

Para considerar a interferência de agentes complexantes, a curva de adição

padrão planejada (conforme descrito no item 4.3.2.2) foi utilizada em cada amostra.

Os resultados podem ser visualizados nos itens a seguir.

O mercúrio pode interagir com muitos outros elementos (possibilidade de

complexação), o que pode variar com a solubilidade, pH, temperatura, potencial

redox, sorção e dessorção, pois todos influenciam na rota de transformação que o

mercúrio pode seguir. Sendo importante ressaltar como a acidez pode facilitar a

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formação de complexos solúveis (HgCl2 e CH3Hg), e ambientes alcalinos a formação

de complexos voláteis (Hg0 e (CH3)2Hg) (STEIN et al., 1996).

5.2.1.2 CURVA DE CALIBRAÇÃO DO MERCÚRIO NAS AMOSTRAS

AMBIENTAIS

As curvas de adição padrão foram elaboradas (conforme descrito no item

4.3.2.2) devido à necessidade de obter curvas de calibração para cada ponto

coletado. Este procedimento possibilitou que as características individuais de cada

ponto de coleta em cada mês fossem respeitadas.

É importante ressaltar que durante a obtenção da curva de calibração há

grande interesse na determinação de uma curva que possa ser utilizada para todas

as amostras ambientais, como em COSTA e colaboradores (2013). Entretanto, as

medições quantitativas em amostras ambientais são mais complexas que a análise

de soluções sintéticas preparadas em laboratório, onde as condições são

controladas.

Isso se deve ao fato de que o mercúrio em amostras naturais pode estar

presente na forma de diferentes espécies químicas, geralmente em concentrações

muito baixas. E dependendo das características físico-químicas do local em estudo,

as espécies podem ser instáveis. Deve ser ressaltado que o micro-organismo em

questão só detecta a fração de mercúrio biodisponível, possivelmente uma pequena

parte de todas as espécies de mercúrio presentes.

Desta forma, nas análises do conteúdo de mercúrio biodisponível nas amostras

da Baía de Guanabara, são levados em consideração os possíveis efeitos de matriz

que estas amostras ambientais podem apresentar, principalmente em função dos

ligantes naturais presentes na amostra, da temperatura, salinidade, condutividade,

potencial redox, e pH de cada ponto de coleta. Por conseguinte, foi desenvolvida

uma curva de adição padrão para cada ponto amostrado (pontos A e D), para cada

mês amostrado, devido ao comportamento diferenciado nos valores em URL.

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Assim, para cada dia de coleta realizaram-se cinco curvas de calibração

(curvas adição padrão, conforme descrito em 4.3.2.2), com o intuito de obter uma

curva de calibração que pudesse ser melhor comparável ao sistema. As análises

foram feitas mês a mês, e são apresentadas a seguir. Em todos os ensaios

observados pode ser observado que as curvas de adição padrão apresentaram

R2>0,9.

Os resultados dos ensaios de detecção bioluminescente do Hg de amostras de

água da Baia da Guanabara para cada mês amostrado são apresentados,

ressaltando a importância do estudo da sensibilidade da medição, da repetibilidade,

e da linearidade das curvas de calibração, para avaliação da metodologia em

questão no desenvolvimento da tecnologia.

Os resultados das análises das coletas dos meses de abril, maio e julho de

2012 podem ser observados na Tabela 18. É importante observar que os desvios

padrão obtidos foram pequenos, na faixa de 0,001 a 0,958 URL, indicando boa

repetibilidade. O maior valor do coeficiente de variação foi 9,488%, no entanto tal

valor ainda é considerado baixo, indicando baixa dispersão e valores homogêneos

(< 10%).

As curvas dos pontos A superfície (abril/2012), A meio (maio/2012) e D

superfície (julho/2012) apresentaram melhores valor de R2 (0,9973, 0,9651 e 0,9813,

respectivamente, confiabilidade de 95%), significando que os valores experimentais

foram mais precisos nestes testes. As equações da reta para os ensaios

luminométricos dos meses de abril, maio e julho/2012 podem ser observadas na

Figura 17, sendo utilizadas nos cálculos das concentrações de mercúrio

biodisponível presente nas amostras (µg/L). Os resultados para estes meses podem

ser vistos na Tabela 19.

Observa-se na Tabela 19 que o ponto A superfície de abril/2012

(0,281 µg/l) apresentou maior concentração de mercúrio biodisponível,

embora o maior valor de URL (8,54385) neste mês tenha sido no ponto D

superfície (que teve a concentração de mercúrio 0,142 µg/l) . No mês de

Maio/2012, o ponto A superfície (0,184 µg/L) apresentou a maior

concentração de mercúrio biodisponível e a maior URL (14,449). Já no

mês de Julho/2012, com valores menores que os meses de abril e maio ,

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os pontos A superfície (0,065 µg/L) e D superfície (0,094 µg/L) foram os

que apresentaram a maior concentração de mercúrio biodisponível (o

ponto D superfície apresentou o maior URL= 15,85515). Tais diferenças

reiteram a necessidade da curva de calibração para cada localidade.

A repetibil idade de todos os ensaios foi considerada boa, uma vez

que os coeficientes de variação encontrados foram < 10%, indicando baixa

dispersão e dados homogêneos.

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Tabela 18: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Abril, Maio e Julho de 2012.

Abril/2012 Maio/2012 Julho/2012

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00

Amostra A fundo

Média URL 4,179 4,322 5,504 12,02595 5,038 8,066 11,084 21,220 10,2451 12,1712 16,1936 26,9784

Desvio padrão 0,630 0,068 0,590 0,498 0,036 0,001 0,017 0,595 0,094 0,169 0,267 0,013

CV (%) 9,488 0,107 6,331 2,063 0,026 0,000 0,003 1,667 0,087 0,234 0,440 0,001

Amostra A meio

Média URL 4,428 5,559 7,807 16,8605 11,256 13,501 15,761 26,927 11,62465 14,3704 17,38545 28,959

Desvio padrão 0,114 0,581 0,219 0,087 0,084 0,016 0,273 0,958 0,079 0,047 0,115 0,033

CV (%) 0,295 6,077 0,615 0,045 0,063 0,002 0,472 4,159 0,053 0,016 0,077 0,004

Amostra A superfície

Média URL 6,390 7,073 8,032 17,5473 10,045 11,908 15,495 25,551 11,7712 14,45645 15,4141 25,89715

Desvio padrão 0,173 0,099 0,063 0,874 0,053 0,381 0,681 0,363 0,137 0,441 0,522 0,040

CV (%) 0,468 0,138 0,049 4,362 0,028 1,217 2,994 0,515 0,160 1,346 1,768 0,006

Amostra D fundo

Média URL 4,7966 7,3394 8,10265 15,42175 3,5321 7,2017 12,05215 26,68965 10,97605 12,41495 18,02515 29,27605

Desvio padrão 0,210 0,375 0,068 0,719 0,391 0,167 0,067 0,360 0,015 0,422 0,029 0,526

CV (%) 1,162 1,919 0,038 4,535 4,320 0,388 0,037 0,484 0,002 1,436 0,005 0,945

Amostra D superfície

Média URL 5,48015 7,69795 9,5463 16,70915 4,5088 6,5732 8,5183 18,308 13,00325 15,26495 16,75965 29,73445

Desvio padrão 0,535 0,133 0,229 0,292 0,603 0,437 0,634 0,274 0,920 0,174 0,440 0,326

CV (%) 5,233 0,231 0,549 1,275 8,076 2,900 4,723 0,410 7,446 0,197 1,153 0,357

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Figura 17: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Abril (A,B), Maio (C.D) e Julho (E,F) de 2012. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho) , Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

A B

C D

E F

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Tabela 19: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Abril, Maio e Julho/2012.

Amostras Média URL Desvio padrão CV (%)

Concentração de Mercúrio (µg/L)

Abril/2012

A fundo 4,515 0,067 0,098 0,019

A meio 5,571 0,675 8,330 0,009

A superfície 9,799 0,049 0,024 0,281

D fundo 6,3882 0,310 1,460 0,001

D superfície 8,54385 0,290 1,010 0,142

Maio/2012

A fundo 7,812 0,242 0,822 0,024

A meio 12,974 0,819 5,268 0,003

A superfície 14,449 0,264 0,481 0,184

D fundo 6,8532 0,709 7,920 0,006

D superfície 6,4951 0,458 8,399 0,037

Julho/2012

A fundo 12,49775 0,613 3,002 0,018

A meio 13,97375 0,199 0,298 0,010

A superfície 14,2068 0,473 5,276 0,065

D fundo 13,2881 0,231 0,432 0,012

D superfície 15,85515 0,158 0,157 0,094

Os resultados das análises das coletas dos meses de agosto, setembro e

outubro de 2012 podem ser observados na Tabela 20. É importante observar que os

desvios padrão obtidos foram pequenos, na faixa de 0,001 a 1,085 URL, indicando

boa repetibilidade. O maior valor do coeficiente de variação foi 9,849% no entanto tal

valor ainda é considerado baixo, indicando baixa dispersão e valores homogêneos

(< 10%).

As curvas dos pontos D superfície (agosto/2012), D fundo (setembro/2012) e D

fundo (outubro/2012) apresentaram melhores valores de R2 (0,9639, 0,9813 e

0,9731 respectivamente), significando que os valores experimentais foram mais

precisos nestes testes. As equações da reta para os ensaios luminométricos para

os meses de agosto, setembro e outubro de 2012 podem ser observadas na Figura

18, sendo utilizadas também no cálculo da concentração de mercúrio das amostras.

E o cálculo de concentração de mercúrio biodisponível (µg/L) para estes meses

podem ser vistos na Tabela 21.

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98

Na Tabela 21 pode ser observado que no mês de agosto o ponto D superfície

(0,119µg/L) foi o que apresentou a maior concentração de mercúrio biodisponível e o

maior valor de URL (15,8495). Já no mês de setembro todos os pontos estão com

mercúrio biodisponível bem maior quando comparados a todos os outros meses

amostrados (0,352 a 0,765 µg/L, sendo todos estes valores >0,2 ppb), sendo o

ponto D superfície (0,765 µg/L) o que apresentou maior concentração de mercúrio

biodisponível. Em outubro observou-se que os pontos A superfície (0,264 µg/L) e D

superfície (0,239 µg/L) foram os que apresentaram maior concentração de mercúrio

biodisponível, embora o ponto com URL mais alto tenha sido o D fundo (10,37005).

Nestes testes a repetibilidade foi considerada boa, pois todos os valores de CV

foram < 10% sendo considerados como baixa dispersão e, por isso, valores

homogêneos.

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99

Tabela 20: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Agosto, Setembro e Outubro de 2012.

Agosto/2012 Setembro/2012 Outubro/2012

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00

Amostra A fundo

Média URL 10,42665 13,5403 16,4749 28,45465 5,005 7,455 9,4124 20,51195 6,47295 8,0012 9,59525 17,3589

Desvio padrão 0,072 0,088 0,470 0,478 0,001 0,638 0,597 0,609 0,713 0,775 0,221 0,053

CV (%) 0,050 0,057 1,339 0,804 0,000 5,457 3,786 1,810 7,863 7,498 0,510 0,016

Amostra A meio

Média URL 11,2393 14,02155 17,9296 31,37705 6,61605 9,6709 11,07265 22,16605 7,6153 8,1153 10,3079 17,6182

Desvio padrão 0,222 0,007 0,215 0,016 0,497 0,445 0,028 0,139 0,484 0,060 0,197 0,465

CV (%) 0,438 0,000 0,257 0,001 3,734 2,046 0,007 0,088 3,081 0,045 0,375 1,229

Amostra A superfície

Média URL 9,787455 13,81635 16,88045 32,42685 7,9305 10,0255 13,289 26,15655 5,6363 7,65765 9,1546 17,0444

Desvio padrão 0,286 0,131 0,158 0,522 0,062 0,029 0,304 0,164 0,392 0,460 1,085 0,505

CV (%) 0,838 0,125 0,148 0,840 0,048 0,008 0,696 0,102 2,725 2,766 9,849 1,495

Amostra D fundo

Média URL 10,64625 13,8544 16,71745 29,50835 5,43575 6,89425 9,59425 21,23575 8,87265 10,3732 12,42515 21,6522

Desvio padrão 0,297 0,180 0,273 0,203 0,346 0,017 0,441 0,063 0,073 0,819 0,683 1,822

CV (%) 0,830 0,234 0,444 0,139 2,200 0,004 2,026 0,019 0,060 6,466 3,756 8,778

Amostra D superfície

Média URL 11,59545 15,3781 16,44855 30,90705 6,8213 7,0836 9,4336 17,8213 5,783 7,22155 7,6363 13,9805

Desvio padrão 0,060 0,150 0,540 0,090 0,961 0,004 0,491 0,153 0,199 0,241 0,700 0,640

CV (%) 0,031 0,146 1,771 0,026 9,313 0,000 2,551 0,132 0,687 0,803 6,425 2,927

82

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100

Figura 18: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Agosto (A,B), Setembro (C.D) e Outubro (E,F) de 2012. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

A B

C D

E F

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101

Tabela 21: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Agosto, Setembro e Outubro de 2012.

Amostras Média URL Desvio padrão CV (%)

Concentração de Mercúrio (µg/L)

Agosto/2012

A fundo 12,987 0,040 0,013 0,010

A meio 13,697 0,267 0,566 0,003

A superfície 12,97375 0,023 0,005 0,015

D fundo 13,78685 0,694 3,764 0,044

D superfície 15,8495 0,185 0,267 0,119

Setembro/2012

A fundo 12,7568 0,061 0,029 0,433

A meio 14,58085 0,239 0,393 0,438

A superfície 17,77405 0,062 0,022 0,484

D fundo 11,8764 0,154 0,200 0,352

D superfície 15,4401 1,183 9,066 0,765

Outubro/2012

A fundo 7,75865 0,275 1,054 0,014

A meio 8,5666 0,455 2,739 0,029

A superfície 9,73325 0,888 8,108 0,264

D fundo 10,37005 0,197 0,416 0,024

D superfície 8,3697 0,349 1,452 0,239

Os resultados das análises das coletas dos meses de novembro e dezembro

de 2012 podem ser observados na Tabela 22. É importante observar que os desvios

padrão obtidos (Tabela 22) foram pequenos, na faixa de 0,001 a 1,085 URL,

indicando boa repetibilidade. O maior valor do coeficiente de variação foi 9,171% no

entanto tal valor ainda é considerado baixo, indicando baixa dispersão e valores

homogêneos (< 10%).

As curvas dos pontos A superfície (novembro/2012) e D fundo (dezembro/2012)

apresentaram melhores valores de R2 (0,9955 e 0,9806 respectivamente),

significando que os valores experimentais foram mais precisos nestes testes. As

equações da reta para os ensaios luminométricos para os meses de agosto,

setembro e outubro de 2012 podem ser observadas na Figura 19, sendo utilizadas

também no cálculo da concentração de mercúrio das amostras. E o cálculo de

concentração de mercúrio biodisponível (µg/L) para estes meses podem ser vistos

na Tabela 23.

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102

Na Tabela 23 pode ser observado que no mês de novembro o ponto D

superfície apresentou a maior concentração de mercúrio biodisponível (0,288 µg/L,

sendo maior que o valor estipulado pela CONAMA n° 357/2005). O ponto A meio

apresentou um valor alto em comparação com a concentração de mercúrio deste em

outros meses (0,153 µg/L), e o mesmo ainda apresentou maior URL dos ensaios de

bioluminescência deste mês (16,98875). Já no mês de dezembro observa-se que o

ponto D apresentou maiores valores em concentração de mercúrio biodisponível (D

fundo 0,181 µg/L e D superfície 0,460 µg/L, duas vezes o valor estipulado pela

CONAMA n° 357/2005) os mesmo pontos de coleta também apresentaram maiores

valores para URL (> 40). Nestes testes a repetibilidade foi considerada boa, pois

todos os valores de CV foram < 10% sendo considerados como baixa dispersão e,

por isso, valores homogêneos.

Tabela 22: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Novembro e

Dezembro de 2012.

Novembro/2012 Dezembro/2012

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00

Amostra A fundo

Média URL 12,96925 16,08545 17,36735 27,99495 21,46825 21,2689 24,28815 30,51565

Desvio padrão 0,031 0,001 0,442 0,002 0,665 0,620 0,014 0,343

CV (%) 0,007 0,000 1,124 0,000 2,060 1,805 0,001 0,386

Amostra A meio

Média URL 12,8988 15,1144 18,24125 28,7783 35,60275 38,4547 41,0883 53,8886

Desvio padrão 0,109 0,068 1,012 0,176 0,265 0,504 0,141 0,506

CV (%) 0,093 0,031 5,617 0,108 0,197 0,661 0,048 0,476

Amostra A superfície

Média URL 9,627 11,214 12,105 28,127 22,4188 25,64235 28,2776 39,77665

Desvio padrão 0,898 0,087 0,460 1,223 0,131 0,057 0,227 0,113

CV (%) 8,374 0,067 1,748 5,321 0,077 0,013 0,183 0,032

Amostra D fundo

Média URL 4,0756 5,89705 8,40015 27,29995 43,54 45,9639 47,938 66,79315

Desvio padrão 0,008 0,043 0,112 0,140 0,578 0,023 0,042 0,020

CV (%) 0,002 0,031 0,148 0,072 0,768 0,001 0,004 0,001

Amostra D superfície

Média URL 5,0038 7,2537 7,77925 15,2492 39,323 40,32005 46,82615 57,4074

Desvio padrão 0,109 0,340 1,012 0,242 0,516 0,798 0,432 0,743

CV (%) 0,238 1,595 9,171 0,384 0,678 1,578 0,399 0,961

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103

Figura 19: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Novembro(A,B), Dezembro (C.D) de 2012. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

Tabela 23: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Novembro e Dezembro

de 2012.

Amostras Média URL Desvio padrão CV (%)

Concentração de Mercúrio (µg/L)

Novembro/2012

A fundo 14,9805 1,560 6,547 0,003

A meio 16,98875 0,668 2,624 0,153

A superfície 11,935 0,522 2,287 0,091

D fundo 6,08555 0,068 0,077 0,037

D superfície 8,9176 0,918 9,441 0,288

Dezembro/2012

A fundo 22,30565 0,675 2,041 0,038

A meio 38,15875 0,949 2,360 0,027

A superfície 24,9245 0,961 3,815 0,007

D fundo 48,9507 1,128 2,600 0,181

D superfície 41,8286 0,118 0,035 0,460

A B

C D

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104

Os resultados das análises das coletas dos meses de janeiro, fevereiro e

março de 2013 podem ser observados na Tabela 24. É importante observar que os

desvios padrão obtidos foram pequenos, na faixa de 0,001 a 1,085 URL, indicando

boa repetibilidade. O maior valor do coeficiente de variação foi 9,254% no entanto tal

valor ainda é considerado baixo, indicando baixa dispersão e valores homogêneos

(< 10%).

As curvas dos pontos A superfície (janeiro/2013), A superfície (fevereiro/2013)

e A superfície (março/2013) apresentaram melhores valores de R2 (0,9714, 0,9743

e 0,9846 respectivamente), significando que os valores experimentais foram mais

precisos nestes testes. As equações da reta para os ensaios luminométricos para

os meses de janeiro, fevereiro e março de 2012 podem ser observadas na Figura

20, sendo utilizadas também no cálculo da concentração de mercúrio das amostras.

E o cálculo de concentração de mercúrio biodisponível (µg/L) para estes meses

podem ser vistos na Tabela 25.

Na Tabela 25 observa-se o mês de janeiro, o ponto A meio (0,111 µg/L) e o A

superfície (0,127 µg/L) foram os que apresentaram a maior concentração de

mercúrio biodisponível. Já em fevereiro observou-se que o ponto A superfície (0,125

µg/L) apresentou a maior concentração de mercúrio biodisponível, enquanto o que

apresentou maior valor de bioluminescência foi o ponto D superfície (URL =

10,1478). Em março todos os pontos de coleta apresentaram baixos valores de

concentração de mercúrio biodisponível (sendo maior valor no ponto A meio = 0,073

µg/L) e o ponto com maior bioluminescência foi o D superfície (URL = 10,6478).

Nestes testes a repetibilidade foi considerada boa, pois todos os valores de CV

foram < 10% sendo considerados como baixa dispersão e, por isso, valores

homogêneos.

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105

Tabela 24: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Janeiro, Fevereiro e Março de 2013.

Janeiro/2013 Fevereiro/2013 Março/2013

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00

Amostra A fundo

Média URL 2,82665 3,55705 5,20855 8,8455 7,52955 9,51055 12,3238 22,0369 2,94165 3,55705 5,34055 9,8455

Desvio padrão 0,046 0,167 0,237 0,018 0,160 0,502 0,004 0,621 0,074 0,167 0,050 0,018

CV (%) 0,076 0,782 1,079 0,004 0,340 2,652 0,000 1,750 0,185 0,782 0,048 0,003

Amostra A meio

Média URL 3,5414 4,54395 5,37075 9,7228 4,90195 7,07715 10,55945 20,9723 3,6561 4,14545 5,76575 10,7228

Desvio padrão 0,572 0,102 0,602 0,012 0,048 0,020 0,494 0,009 0,410 0,100 0,170 0,012

CV (%) 9,254 0,230 6,741 0,002 0,048 0,006 2,310 0,000 4,604 0,242 0,503 0,001

Amostra A superfície

Média URL 4,50815 5,2264 6,2246 10,7432 5,89855 8,8925 10,70395 20,294 4,80815 5,7264 6,2246 11,7432

Desvio padrão 0,516 0,835 0,168 0,177 0,025 0,040 0,356 0,731 0,091 0,128 0,168 0,177

CV (%) 5,899 9,330 0,453 0,292 0,010 0,018 1,185 2,632 0,174 0,284 0,453 0,267

Amostra D fundo

Média URL 4,65405 5,4144 8,6009 16,17565 7,87365 9,35645 10,08585 17,1172 7,47365 9,60645 10,48585 17,6172

Desvio padrão 0,303 0,083 0,266 0,006 0,07 0,06 0,12 0,30 0,630 0,420 0,450 0,400

CV (%) 1,974 0,129 0,821 0,000 0,06 0,04 0,14 0,54 5,390 1,820 1,900 0,933

Amostra D superfície

Média URL 4,209 6,49315 9,1148 17,3794 8,36865 10,34455 12,53135 20,74595 8,71865 10,49455 12,8144 21,24595

Desvio padrão 0,275 0,211 0,059 0,080 0,148 0,033 0,227 0,376 0,347 0,462 0,174 0,331

CV (%) 1,803 0,684 0,038 0,036 0,263 0,010 0,410 0,682 1,377 2,037 0,235 0,515

88

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106

Figura 20: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Janeiro (A,B), Fevereiro (C,D) e Março (E,F) de 2013. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

A B

C D

E F

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107

Tabela 25: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Janeiro, Fevereiro e

Março de 2013.

Amostras Média URL Desvio padrão CV (%)

Concentração de Mercúrio (µg/L)

Janeiro/2013

A fundo 3,756 0,548 8,436 0,023

A meio 4,87285 0,117 0,352 0,111

A superfície 5,8135 0,259 1,301 0,127

D fundo 6,2095 1,27 5,86 0,041

D superfície 6,91665 0,767 9,950 0,070

Fevereiro/2013

A fundo 9,34765 0,690 5,096 0,008

A meio 7,80885 0,106 0,127 0,063

A superfície 9,54575 1,435 4,113 0,125

D fundo 8,92545 0,844 8,168 0,018

D superfície 10,1478 0,240 0,568 0,017

Março/2013

A fundo 3,81 0,088 0,205 0,021

A meio 4,7285 0,025 0,015 0,073

A superfície 5,635 0,449 3,571 0,046

D fundo 9,22545 0,137 0,204 0,044

D superfície 10,6478 0,467 2,048 0,039

Os resultados das análises das coletas dos meses de abril, maio e junho de

2013 podem ser observados na Tabela 26. É importante observar que os desvios

padrão obtidos (Tabela 26) foram pequenos, na faixa de 0,001 a 1,618 URL,

indicando boa repetibilidade. O maior valor do coeficiente de variação foi 9,133% no

entanto tal valor ainda é considerado baixo, indicando baixa dispersão e valores

homogêneos (< 10%).

As curvas dos pontos D fundo (abril/2013), A fundo (maio/2013) e D fundo

(junho/2013) apresentaram melhores valores de R2 (0,9956, 0,996 e 0,963

respectivamente), significando que os valores experimentais foram mais precisos

nestes testes. As equações da reta para os ensaios luminométricos para os meses

de abril, maio e junho de 2013 podem ser observadas na Figuras 21, sendo

utilizadas também no cálculo da concentração de mercúrio das amostras. E o

cálculo de concentração de mercúrio biodisponível (µg/L) para estes meses podem

ser vistos na Tabela 27.

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108

Na Tabela 27 pode ser observado que no mês de abril 3 pontos com alta

concentração de mercúrio biodisponível: ponto A superfície (0,213 µg/L), D fundo

(0,185 µg/L) e D superfície (0,156 µg/L). Em maio foi o ponto D superfície (0,174

µg/L) que apresentou a maior concentração de mercúrio biodisponível. No entanto, o

maior valor de URL encontrado foi no ponto A meio (URL = 7,5992). Já em junho, os

pontos A superfície e D fundo (0,165 µg/L e 0,105 µg/L, respectivamente)

apresentaram as maiores concentrações de mercúrio biodisponível. Sendo o maior

valor de bioluminescência o ponto A superfície (URL = 5,11845). Nestes testes a

repetibilidade foi considerada boa, pois todos os valores de CV foram < 10% sendo

considerados como baixa dispersão e, por isso, valores homogêneos.

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109

Tabela 26: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Abril, Maio e Junho de 2013.

Abril/2013 Maio/2013 Junho/2013

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00

Amostra A fundo

Média URL 3,67875 4,27235 5,4038 12,02595 3,8814 4,004 4,16725 11,32765 1,9582 3,713 4,85735 10,56875

Desvio padrão 0,488 0,003 0,682 0,498 0,222 0,226 0,020 0,493 0,029 0,101 0,146 0,091

CV (%) 6,480 0,000 8,620 2,064 1,265 1,274 0,009 2,148 0,044 0,272 0,438 0,079

Amostra A meio

Média URL 4,62775 5,7144 7,5072 16,8605 6,0298 7,2819 9,10645 17,48735 2,48835 3,54135 5,0375 10,5266

Desvio padrão 0,027 0,376 0,643 0,088 0,007 0,619 0,066 0,719 0,166 0,069 0,033 0,155

CV (%) 0,016 2,476 5,513 0,046 0,001 5,259 0,048 2,957 1,111 0,133 0,022 0,227

Amostra A superfície

Média URL 7,09045 7,0231 7,13235 17,5473 4,5791 5,1824 9,2989 17,5758 2,6743 3,0335 6,0727 13,07975

Desvio padrão 0,251 0,028 1,618 0,875 0,362 0,760 0,338 0,542 0,237 0,002 0,051 0,220

CV (%) 0,891 0,012 6,715 4,363 2,858 9,133 1,231 1,671 2,096 0,000 0,044 0,370

Amostra D fundo

Média URL 2,6213 3,86425 5,3625 11,42175 4,2328 4,67375 6,5204 11,2656 1,5831 3,29965 5,047385 11,50285

Desvio padrão 0,353 0,089 0,226 0,720 1,02 0,30 0,05 0,42 0,306 0,320 0,050 0,006

CV (%) 4,750 0,207 0,955 4,536 9,066 1,98 0,03 1,60 5,760 3,113 0,035 0,003

Amostra D superfície

Média URL 2,9001 2,8928 3,5075 6,70915 3,2129 5,3791 5,8481 12,97305 2,48495 3,36245 5,6061 12,83535

Desvio padrão 0,134 0,074 0,185 0,293 0,296 0,629 0,189 0,829 0,251 0,082 0,428 0,751

CV (%) 0,618 0,191 0,971 1,275 2,722 7,353 0,610 5,300 2,537 0,200 3,267 4,398

92

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110

Figura 21: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Abril (A,B), Maio (C,D) e Junho (E,F) de 2013. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

A B

C D

E F

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111

Tabela 27: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Abril, Maio e Junho de

2013.

Amostras Média URL Desvio padrão CV (%)

Concentração de Mercúrio (µg/L)

Abril/2013

A fundo 4,2649 0,4202 4,139 0,015

A meio 5,97085 0,032 0,021 0,041

A superfície 8,9993 0,331 1,220 0,213

D fundo 5,0882 0,119 0,233 0,185

D superfície 3,54385 0,294 2,431 0,156

Maio/2013

A fundo 3,9281 0,335 3,006 0,024

A meio 7,5992 0,153 0,355 0,052

A superfície 6,7492 0,365 2,321 0,076

D fundo 4,9194 0,15 0,46 0,008

D superfície 5,9678 0,591 8,001 0,174

Junho/2013

A fundo 3,7948 0,041 0,060 0,079

A meio 3,92675 0,021 0,014 0,074

A superfície 5,11845 0,146 0,688 0,165

D fundo 3,85925 0,065 0,150 0,105

D superfície 3,5229 0,062 0,158 0,010

Os resultados das análises das coletas dos meses de julho, agosto e setembro

de 2013 podem ser observados na Tabela 28. É importante observar que os desvios

padrão obtidos (Tabela 28) foram pequenos, na faixa de 0,005 a 0,860 URL,

indicando boa repetibilidade. O maior valor do coeficiente de variação foi 6,975% no

entanto tal valor ainda é considerado baixo, indicando baixa dispersão e valores

homogêneos (< 10%). É possível ser observado que no ponto A fundo a

concentração aumentava gradativamente, mês a mês, aumentando o interesse no

estudo do sedimento para confrontar esses rasultados.

As curvas dos pontos A superfície (julho/2013), D superfície (agosto/2013) e D

fundo (setembro/2013) apresentaram melhores valores de R2 (0,9869, 0,986 e

0,9923 respectivamente), significando que os valores experimentais foram mais

precisos nestes testes. As equações da reta para os ensaios luminométricos para

os meses de julho, agosto e setembro de 2013 podem ser observadas na Figuras

22, sendo utilizadas também no cálculo da concentração de mercúrio das amostras.

E o cálculo de concentração de mercúrio biodisponível (µg/L) para estes meses

podem ser vistos na Tabela 29.

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112

Na Tabela 29 observou-se no mês de julho dois pontos com valores altos de

concentração de mercúrio biodisponível: o ponto A superfície (0,320 µg/L) e o D

superfície (0,212 µg/L). Sendo o ponto A superfície o maior em URL (6,91505). Em

agosto observou-se que todas as amostras testadas apresentaram baixos valores de

concentração de mercúrio biodisponível, sendo o menor valor 0,004 µg/L para o

ponto D fundo. E o ponto D superfície o que apresentou maior valor em

bioluminescência (URL = 15,58645). Já no mês de setembro pode ser observado

que o maior valor de concentração de mercúrio biodisponível foi para amostra D

superfície (0,181 µg/L). Sendo este ponto o mesmo a apresentar maior valor em

bioluminescência (URL = 13,52465). Nestes testes a repetibilidade foi considerada

boa, pois todos os valores de CV foram < 10% sendo considerados como baixa

dispersão e, por isso, valores homogêneos.

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113

Tabela 28: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Julho, Agosto e Setembro de 2013.

Julho/2013 Agosto/2013 Setembro/2013

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00

Amostra A fundo

Média URL 1,1111 2,99825 4,39905 10,6134 10,5135 12,4247 16,49785 28,49625 5,785 7,6947 9,47825 20,0655

Desvio padrão 0,145 0,014 0,559 0,860 0,635 0,542 0,653 0,679 0,027 0,098 0,611 0,086

CV (%) 1,880 0,007 7,103 6,975 3,837 2,361 2,587 1,620 0,013 0,124 3,943 0,037

Amostra A meio

Média URL 2,3582 3,2092 4,8674 10,28925 10,2166 14,1257 17,1516 31,58415 5,785 7,6947 9,47825 20,0655

Desvio padrão 0,376 0,076 0,180 0,398 0,055 0,076 0,183 0,678 0,027 0,098 0,611 0,086

CV (%) 5,983 0,182 0,669 1,536 0,030 0,041 0,195 1,457 0,013 0,124 3,943 0,037

Amostra A superfície

Média URL 3,44045 4,04675 5,5788 13,0473 9,23315 12,24865 16,335 32,2827 5,6612 7,08945 9,33255 22,49175

Desvio padrão 0,244 0,005 0,427 0,168 0,033 0,087 0,241 0,135 0,213 0,126 0,265 0,784

CV (%) 1,725 0,001 3,274 0,216 0,012 0,062 0,355 0,057 0,803 0,223 0,753 2,730

Amostra D fundo

Média URL 2,58985 3,62445 4,20935 10,71145 10,53875 13,4534 16,62245 29,7256 5,27385 6,7193 9,16645 25,535

Desvio padrão 0,100 0,430 0,090 0,191 0,070 0,410 0,192 0,143 0,050 0,004 0,057 0,420

CV (%) 0,380 5,221 0,212 0,342 0,050 1,230 0,210 0,060 0,053 0,030 0,028 0,710

Amostra D superfície

Média URL 2,28045 3,06445 5,1269 11,40935 13,6231 15,8517 16,55905 29,91275 8,07175 10,59415 13,9573 28,73375

Desvio padrão 0,038 0,087 0,048 0,611 0,124 0,094 0,147 0,179 0,236 0,386 0,028 0,061

CV (%) 0,064 0,249 0,044 3,268 0,112 0,056 0,130 0,107 0,690 1,409 0,006 0,013

96

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114

Figura 22: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Julho (A,B), Agosto (C,D) e Setembro (E,F) de 2013. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

A B

C D

E F

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115

Tabela 29: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Julho, Agosto e Setembro de 2013.

Amostras Média URL Desvio padrão CV (%)

Concentração de Mercúrio (µg/L)

Julho/2013

A fundo 2,60205 0,424 6,911 0,013

A meio 3,85265 0,017 0,011 0,093

A superfície 6,91505 0,257 0,952 0,320

D fundo 3,7479 0,130 0,615 0,074

D superfície 4,9195 0,028 0,025 0,212

Agosto/2013

A fundo 12,70985 0,187 0,270 0,015

A meio 13,4606 0,571 2,615 0,021

A superfície 13,06835 0,798 4,873 0,063

D fundo 12,9068 0,040 0,013 0,004

D superfície 15,58645 0,210 0,325 0,054

Setembro/2013

A fundo 7,1741 0,020 0,005 0,003

A meio 8,4976 0,576 4,427 0,011

A superfície 8,10115 0,007 0,001 0,086

D fundo 6,75125 0,179 0,477 0,023

D superfície 13,52465 0,652 4,045 0,181

Os resultados das análises das coletas dos meses de outubro, novembro e

dezembro de 2013 podem ser observados na Tabela 30. É importante observar que

os desvios padrão obtidos (Tabela 30) foram pequenos, na faixa de 0,016 a 0,768

URL, indicando boa repetibilidade. O maior valor do coeficiente de variação foi 7,075

% no entanto tal valor ainda é considerado baixo, indicando baixa dispersão e

valores homogêneos (< 10%).

As curvas dos pontos A fundo (outubro/2013), A fundo (novembro/2013) A

superfície (dezembro/2013) apresentaram melhores valores de R2 (0,9927, 0,9957 e

0,9934 respectivamente), significando que os valores experimentais foram mais

precisos nestes testes. As equações da reta para os ensaios luminométricos para

os meses de outubro, novembro e dezembro de 2013 podem ser observadas na

Figuras 23, sendo utilizadas também no cálculo da concentração de mercúrio das

amostras. E o cálculo de concentração de mercúrio biodisponível (µg/L) para estes

meses podem ser vistos na Tabela 31.

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116

Na Tabela 31 pode ser observado que no mês de outubro o maior valor de

concentração de mercúrio biodisponível foi para amostra A superfície (0,232 µg/L).

Sendo que ponto D fundo foi o que apresentou maior valor em bioluminescência

(URL = 9,98755). Já em novembro, o ponto A superfície (0,113 µg/L) apresentou a

maior concentração de mercúrio biodisponível. Sendo o ponto A meio o que

apresentou maior bioluminescência (URL = 8,4812). E em dezembro observou-se

que o ponto A superfície (0,212 µg/L) apresentou a maior concentração de mercúrio

biodisponível. Sendo o ponto D fundo o que apresentou maior bioluminescência

(URL = 18,9086). Nestes testes a repetibilidade foi considerada boa, pois todos os

valores de CV foram < 10% sendo considerados como baixa dispersão e, por isso,

valores homogêneos.

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117

Tabela 30: Curva de Calibração com amostras ambientais coletadas nos meses de Outubro, Novembro e Dezembro de 2013.

Outubro/2013 Novembro/2013 Dezembro/2013

Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00 0,0010 0,0100 0,10 1,00

Amostra A fundo

Média URL 5,70065 6,90275 7,22115 17,18095 6,2106 7,35305 9,62955 26,41195 3,5155 5,8491 7,24245 16,4321

Desvio padrão 0,103 0,016 0,029 0,174 0,374 0,487 0,361 0,516 0,484 0,003 0,247 0,129

CV (%) 0,187 0,004 0,012 0,176 2,258 3,229 1,356 1,009 6,654 0,000 0,842 0,101

Amostra A meio

Média URL 4,4047 6,0611 9,5035 19,45775 6,64615 8,58265 11,48805 20,31595 2,05325 3,2979 6,96445 18,1993

Desvio padrão 0,541 0,022 0,291 0,583 0,218 0,064 0,229 0,028 0,023 0,161 0,702 0,274

CV (%) 6,643 0,008 0,894 1,749 0,713 0,048 0,457 0,004 0,025 0,781 7,075 0,411

Amostra A superfície

Média URL 4,4839 6,7301 8,54345 20,1579 4,34375 5,20005 9,1862 17,6664 2,12925 4,066 7,14695 29,29925

Desvio padrão 0,456 0,212 0,329 0,119 0,404 0,273 0,117 0,140 0,158 0,011 0,121 0,326

CV (%) 4,639 0,670 1,264 0,070 3,762 1,436 0,150 0,111 1,169 0,003 0,204 0,362

Amostra D fundo

Média URL 8,897 9,5595 12,7169 20,10485 4,1200 5,8332 8,5979 18,5428 16,7966 19,3394 21,10265 30,58005

Desvio padrão 0,070 0,123 0,164 0,050 0,080 0,220 0,382 0,150 0,210 0,380 0,768 0,650

CV (%) 0,060 0,165 0,210 0,016 0,140 0,850 1,710 0,120 0,260 0,730 9,412 1,383

Amostra D superfície

Média URL 4,60075 6,857 7,55805 15,52865 5,89305 7,7576 9,3287 18,26145 5,48015 7,69795 9,5463 19,20545

Desvio padrão 0,060 0,151 0,228 0,658 0,070 0,328 0,120 0,125 0,535 0,133 0,229 0,240

CV (%) 0,077 0,333 0,687 2,791 0,084 1,383 0,154 0,086 5,233 0,231 0,549 0,300

100

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118

Figura 23: Gráficos das Curvas de Calibração e respectivas equações das retas nos meses de Outubro (A,B), Novembro (C,D) e Dezembro (E,F) de 2013. Pontos A Fundo (Losango Azul), A Meio (Quadrado Verde) e A Superfície (Triângulo Vermelho), Pontos D Fundo (Círculo Roxo) e D Superfície (Quadrado Laranja).

A B

C D

E F

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119

Tabela 31: Concentrações de mercúrio biodisponível nos meses de Outubro, Novembro e

Dezembro de 2013.

Amostras Média URL Desvio padrão CV (%)

Concentração de Mercúrio (µg/L)

Outubro/2013

A fundo 6,510635 0,127 0,294 0,028

A meio 6,25385 0,193 0,662 0,012

A superfície 9,3268 0,267 0,859 0,232

D fundo 9,98755 0,050 0,027 0,003

D superfície 6,38485 0,301 1,415 0,044

Novembro/2013

A fundo 7,95315 0,013 0,002 0,050

A meio 8,4812 0,410 2,004 0,007

A superfície 7,09475 0,094 0,126 0,113

D fundo 5,8095 0,038 0,025 0,013

D superfície 8,2578 0,245 0,725 0,094

Dezembro/2013

A fundo 5,667 0,239 1,224 0,052

A meio 3,694 0,386 4,372 0,014

A superfície 8,9606 0,049 0,026 0,212

D fundo 18,9086 0,082 0,037 0,027

D superfície 8,0565 0,128 0,202 0,080

Para uma análise mais detalhada e conjunta dos resultados obtidos na análise

das amostras da Baía da Guanabara entre os meses de abril de 2012 a dezembro

de 2013 são apresentados os gráficos, Figuras 24 e 25, dos pontos A e D

separadamente, com intuito de avaliar a concentração de mercúrio disponível ao

longo dos meses. Observou-se a importância da existência de curva de calibração

para cada ponto amostrado, já que se percebeu que nem sempre um valor de

bioluminescência alto (URL alto) apresentava alto valor de concentração de mercúrio

biodisponível.

Nas Figuras 24 e 25 pode ser observado que em muitos meses a

concentração de mercúrio biodisponível encontrada foi abaixo da recomendada pela

legislação brasileira para fiscalização e gerenciamento de recursos hídricos, a

resolução CONAMA n° 357 /2005, na qual o valor é de 0,2 ppb para água salina -

classe 1.

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120

Figura 245: Concentrações de mercúrio biodisponível nas amostras do ponto A.

Em uma análise geral dos resultados do ponto A, observa-se que:

O ponto A fundo do mês de setembro de 2012 apresenta a maior concentração

de mercúrio biodisponível (0,433 µg/L) nesta profundidade.

O ponto A meio do mês de setembro de 2012 foi o que apresentou o maior valor

de concentração de mercúrio biodisponível (0,438 µg/L) nesta profundidade.

O ponto A superfície apresentou 7 meses (abril, setembro e outubro de 2012, e

ainda, abril, julho, outubro e dezembro de 2013) com valores acima de 0,2 µg/L (ou

ppb), sendo o mês de setembro de 2012 o que apresentou a maior concentração

(0,484 µg/L) de mercúrio biodisponível de todos os meses amostrados.

Pode-se então dizer que na superfície da localidade A (próximo à ponte Rio -

Niterói) há uma incidência de maior concentração de mercúrio biodisponível, e

acima do permitido pela legislação, durante o período amostrado.

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121

Figura 25: Concentrações de mercúrio biodisponível nas amostras do ponto D.

Em uma análise geral dos resultados do ponto D, observa-se que:

O ponto D fundo apresentou, em setembro de 2012, o maior valor de

concentração de mercúrio biodisponível (0,352 µg/L) nesta profundidade.

O ponto D superfície apresentou 5 meses (setembro, outubro, novembro e

dezembro de 2012 e ainda julho de 2013) com valores acima de 0,2 µg/L (ou ppb),

sendo o mês de setembro de 2012 o de maior concentração de mercúrio

biodisponível de todos os meses amostrados nesta profundidade (0,765 µg/L).

Também a superfície do ponto D (localidade próxima à Ilha do Governador) foi a

que apresentou a incidência de uma concentração maior de mercúrio biodisponível,

acima do permitido pela legislação, durante o período amostrado.

Quando comparados os pontos A e D, aquele que apresenta o maior valor em

concentração de mercúrio biodisponível é o ponto D no mês de setembro de 2012,

no qual a concentração foi de 0,765 µg/L.

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122

Entretanto, no mês de setembro de 2012, todos os pontos apresentaram

valores altos de mercúrio biodisponível: A fundo (0,433 µg/L), A meio (0,438 µg/L), A

superfície (0,484 µg/L), D fundo (0,352 µg/L) e D superfície (0,765 µg/L).

Informações a respeito de fatores físico–químicos estudados na região, como

também análises que mostram valores acima de 0,2 µg/L, são de fundamental

importância para corroborar os resultados obtidos.

Neste contexto é importante ressaltar que é a disponibilidade do mercúrio que

permite a entrada na cadeia trófica, e para os micro-organismos metiladores isto é

determinado pela concentração de íons Hg2+ livres (ULRICH et al., 2001). São os

micro-organismos os responsáveis pela ciclagem de mercúrio, sendo capazes de

catalisar muitas das transformações entre as diferentes formas de mercúrio.

Algumas das principais transformações são a conversão do Hg2+ para metilHg e

dimetilHg e a redução do Hg2+ para Hg0 (MIRANDA et al., 2007).

Muitos deles são capazes de desenvolver mecanismos de resistência ao metal

(BARKAY, 2003). Na literatura foram encontradas relações entre a concentração de

mercúrio e a presença de micro-organismos resistentes a este (MULLER et al.,

2001). Dados sobre tais micro-organismos nos pontos de coleta seriam de

fundamental importância para ampliar a discussão. Pois não se pode discutir se os

valores nos outros pontos foram mais baixos devido a uma alta produtividade de

micro-organismos metiladores.

Aparentemente, as maiores taxas de metilação de mercúrio estão relacionadas

com pH ácido, baixa salinidade e a presença de matéria orgânica em decomposição

em condições redutoras (ULRICH et al., 2001). A microbiota associada a ambientes

redutores e com baixa concentração de sulfetos parece ser mais apta a converter o

mercúrio inorgânico em metilHg (MIRANDA et al., 2007).

Outros pontos seriam relevantes para ampliar a discussão, como por exemplo,

buscar monitoramentos na área de estudo por um período maior de tempo e ainda

obter maiores informações com relação à influência da circulação da água e a

influência das marés.

Já se sabe que o ponto D, por se encontrar próximo à Ilha do Governador,

possivelmente tem menor circulação de água, diferentemente do ponto A, que se

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123

localiza nas proximidades da ponte Rio- Niterói, área que recebe um grande volume

de troca de água, promovido pelas correntes de maré (CONVÊNIO PETROBRAS-

DPC-EMGEPRON, 2004).

A literatura retrata estudos que mostram a biota da Baía de Guanabara

constantemente exposta a uma série de substâncias tóxicas lançadas no ambiente,

oriundas de diversas fontes de emissão (CANELA, 1995). Mesmo nos estudos que

apontam áreas com concentrações de mercúrio elevadas, próximas a

desembocadura do Rio São João de Meriti (BARROCAS, 1994; WASSERMAN et al.,

2000), nem sempre a biota reflete tais concentrações elevadas. Existem estudos que

revelam que os níveis de mercúrio estão abaixo de 200 ppb, inclusive em peixes

(KEHRIG et al., 1998; RODRIGUES, 2006; KHERIG et al., 2009; RODRIGUES,

2010), sendo estes liberados para consumo, já que o limite é de 500 ppb.

É importante ressaltar que a metodologia do presente estudo mede o mercúrio

biodisponível, que é considerado aquele prontamente disponível para os

organismos, diferentemente dos métodos analíticos que equipam os órgãos

fiscalizadores, os quais determinam limites máximos em concentração total, o que

seria um pouco deficiente do ponto de vista ecológico.

Deve ser levado em consideração ainda que em áreas estuarinas os

contaminantes metálicos se associam ao material particulado em suspensão,

podendo assim, não se encontrarem disponíveis para os organismos na cadeia

trófica, e não estando assim disponíveis para serem detectados pelo biossensor

(PARAQUETTI et al., 2004). Dados com material particulado em suspensão seriam

úteis para mais análises.

KEHRIG e colaboradores (2011) encontraram valores de MetilHg de 0,00028

µg/L dissolvido na coluna d’água da Baía de Guanabara, que a princípio refletem um

baixo valor. As baixas concentrações de MetilHg encontradas podem estar

relacionadas com a qualidade ambiental da Baía de Guanabara, que indicava que o

seu estado era hipereutrófico, com grande quantidade de material particulado em

suspensão e elevada produtividade biológica da área estudada. Nesta situação,

geralmente o metilmercúrio tende a se complexar fortemente ou adsorver-se ao

material particulado em suspensão, diluindo os seus lançamentos no meio e

diminuindo o tempo de residência na coluna d’água (PARAQUETTI et al., 2004).

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124

Com relação a todos os dados disponíveis (concentração de mercúrio

biodisponível e dados físico-químicos) foi realizado o teste de Shapiro-Wilk (teste W)

para analisar a distribuição dos dados. Estes apresentaram uma distribuição não

normal e testes não paramétricos foram, então, aplicados, como a Correlação de

Spearman.

Neste teste a concentração de mercúrio biodisponível de cada ponto foi

correlacionada com os seguintes dados: temperatura, salinidade, oxigênio dissolvido

(OD) e pH, todos obtidos nos dias de cada coleta.

Em relação ao oxigênio dissolvido (OD) pode haver correlação caso o oxigênio

seja totalmente consumido, apresentando condições anaeróbias e geração de

condições redutoras, provocando assim um aumento da toxicidade de muitos

elementos químicos, que tornam-se mais solúveis, como os metais (Balls et al.,

1996).

A temperatura por sua vez pode influenciar na metilação uma vez que afeta

diretamente a atividade microbiana. Em alguns casos, maiores taxas de metilação

são observadas no verão em detrimento de menores taxas durante as estações com

baixa temperatura (WINFREY & RUDD, 1990; MIRANDA et al., 2007).

Entretanto, outras variáveis ambientais relacionadas à estação do ano, como

por exemplo, uma maior entrada de matéria orgânica nos sistemas aquáticos

durante essa época, pode acarretar um aumento da produtividade primária

(MIRANDA et al., 2007). Aspecto importante a ser discutido, uma vez que o mercúrio

é capaz de reduzir a fotossíntese do fitoplâncton.

Com relação à matéria orgânica, sabe-se que quanto maior a concentração de

matéria orgânica na coluna d´água, menores são as taxas de metilação. Isso se

deve a associação do mercúrio a complexos orgânicos presentes no material

particulado. Após a associação o mercúrio complexado se precipita depositando no

sedimento (WINFREY & RUDD, 1990; MIRANDA et al., 2007).

O oposto pode ocorrer nos sedimentos onde as taxas de metilação aumentam

com a entrada de matéria orgânica, principalmente na interface sedimento-água.

Essa interface apresenta um carbono mais lábil, de modo a ser mais facilmente

assimilado pela microbiota metiladora (MIRANDA et al., 2007).

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125

Após observação de todas essas influências na química do mercúrio é possível

analisar os resultados das correlações apresentados nas Tabelas 32 a 33 para os

pontos A e D.

Tabela 325: Resultados da Correlação de Spearman para o ponto A.

A meio 2012 Valid N Spearman R p-level

Concentração de Hg Biodisponível (µg/L) x pH 8 0,805118 0,015905

A Tabela 32 apresenta os resultados da correlação de Spearman para o ponto

A. Observa-se que apenas a variável pH apresentou uma correlação significativa (p-

level < 0,05) no ponto A meio para o ano de 2012 ( r = 0,805118, correlação

fortemente positiva), enquanto que os outros testes para o mesmo ponto não foram

significativos. Talvez os fatores mencionados anteriormente, como influência da

maré ou atividade microbiana pudessem explicar melhor os resultados destas

correlações nos pontos amostrados. As variações de pH no meio aquático estão

relacionadas ainda com a dissolução de rochas, absorção de gases da atmosfera,

oxidação da matéria orgânica e fotossíntese (VON SPERLING, 1995). Essa

correlação significativa com a variável pH é interessante, mesmo não havendo

consenso sobre sua influência na metilação. Alguns estudos na década de 90

mostraram que as alterações do pH não afetavam o processo de metilação do

mercúrio em sedimento, mas afetavam na distribuição do metilHg entre o sedimento

e a coluna d´água (WINFREY & RUDD, 1990; MIRANDA et al., 2007). O que

poderia explicar essa correlação ocorrida apenas no ponto A meio.

Tabela 336: Resultados da Correlação de Spearman no ponto D.

D superfície 2012 Valid N Spearman R p-level

Concentração de Hg Biodisponível (µg/L) x Salinidade 8 0,738095 0,036553

A Tabela 33 apresenta os resultados da correlação de Spearman para o ponto

D. Pode ser observado que apenas a variável salinidade apresentou uma correlação

significativa (p-level < 0,05) no ponto D superfície para o ano de 2012 ( r= 0,

0,738095, correlação moderada positiva), enquanto que os outros testes para o

mesmo ponto não foram significativos.

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126

Essa correlação significativa com a variável salinidade remete à questão de

como os componentes aniônicos dos sais marinhos possuem um efeito na

especiação do mercúrio nos sistemas aquáticos, por influenciar na transferência dos

grupamentos metil provenientes da metilcobalamina, além de afetar a composição

da comunidade microbiana responsável pela metilação, sendo que metilHg formado

é menos estável sob condições de alta salinidade que em condições de baixa

salinidade (MIRANDA et al., 2007).

Após os questionamentos acerca dos resultados da correlação da

concentração de mercúrio com os parâmetros físico–químicos cabe a discussão da

importância da determinação das espécies de um elemento e de sua especiação no

ambiente a ser estudado, pois são diversos os fatores que influenciam na

determinação deste metal.

E ainda, ressaltar a importância de se avaliar a biodisponibilidade, e tratar da

toxicidade do metal nos ambientes e seus possíveis efeitos tóxicos nos organismos.

O que é essencial para definir normas ambientais aceitáveis, conduzir avaliações de

risco ambiental e, mais amplamente, estabelecer políticas ambientais (URE &

DAVIDSON, 1995; CAROLI, 1996).

5.2.1.3 COMPARAÇÃO DOS RESULTADOS OBTIDOS COM

AMOSTRAS AQUOSAS COM BIOSSENSOR E METODOLOGIA

PADRÃO

Com base nos resultados apresentados nos ensaios luminométricos nas

amostras aquosas da Baía de Guanabara verificou-se que os desvios padrão

obtidos foram baixos, mostrando a boa reprodutibilidade do método empregado. O

coeficiente de variação (CV) encontrado, ao longo de todo o estudo, foi sempre

inferior a 10%, significando que o procedimento analítico aplicado foi plenamente

satisfatório. Esses resultados permitem afirmar que o método com o biossensor

microbiano apresentou eficiência e aplicabilidade para ser uma ferramenta biológica

sensível de detecção do mercúrio biodisponível.

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127

Para validação da metodologia, amostras da curva de calibração (com a água

deionizada) foram enviadas para análise quantitativa do mercúrio pelo método de

espectrometria de absorção atômica com vapor frio, em laboratório independente do

Departamento de Saneamento e Saúde Ambiental da ENSDP-Fiocruz.

Entretanto, a metodologia espectrometria de absorção atômica com vapor frio

não apresenta sensibilidade para a faixa de concentração de mercúrio estudada pelo

biossensor microbiano. Assim, só foi possível a realização de apenas um dos pontos

da curva, na concentração de 1 µg/L, e esta foi correlacionada com a metodologia

proposta. Desta forma, a equação da reta da curva de calibração (com água

deionizada), y = 12,555x + 44,689, foi utilizada para verificação da quantidade de

mercúrio biodisponível (no biossensor) na concentração de 1 µg/L.

O resultado obtido foi de 99% do mercúrio biodisponível na metodologia do

biossensor microbiano. E na espectrometria de absorção atômica com vapor frio

obteve-se 99% de mercúrio total na amostra sintética utilizada na outra metodologia

(os experimentos foram realizados em triplicata nas duas metodologias). E assim, a

metodologia proposta apresentou mesmo padrão verificado na metodologia

tradicional (Tabela 34).

Tabela 347: Resultados da Comparação dos métodos.

Amostra Leitura no equipamento

de Hg total Concentração de Hg Total

(µg/L) % de Hg analisado nas amostras

1 0,0004 0,9982 99%

2 0,00039 0,9946 99%

3 0,0004 0,9982 99%

Amostra Leitura no equipamento

de Hg biodisponível Concentração de Hg biodisponível (µg/L) % de Hg analisado nas amostras

1 56,9505 0,98 98%

2 57,3122 1,01 100%

3 57,13135 0,99 99%

5.2.2 AMOSTRAS DE SEDIMENTOS

Os resultados dos ensaios luminométricos com as amostras reais de

sedimentos (provenientes da Baía de Guanabara) são apresentados, tendo sido

conduzidos os experimentos usando o biossensor com uma concentração celular de

0,06g/L, um fator de diluição 1:33,3 (diluição celular), e tempo de incubação para

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128

produção da luciferase na câmara luminométrica de 45 minutos (parâmetros

otimizados por COSTA et al., 2011).

5.2.2.1 LIXIVIAÇÃO E CURVA DE CALIBRAÇÃO

A seguir são apresentados os resultados obtidos para as duas metodologias de

lixiviação testadas nos sedimentos da Baía de Guanabara.

5.2.2.1.1 LIXIVIAÇÃO COM ÁGUA DA BAÍA DE GUANABARA

A Tabela 35 apresenta a medida da luminescência para a curva de calibração

com amostras de sedimento das quatro localidades (Porto do Rio de Janeiro, Porto

de Niterói, Rio Iguaçu e Rio Meriti) após lixiviação com água da Baía de Guanabara,

de acordo com o procedimento descrito no item 4.3.3. Os desvios padrão obtidos

foram pequenos, na faixa de 0,001 a 0,075, indicando boa repetibilidade destes.

Observa-se ainda, que o maior valor do coeficiente de variação foi 1,798%, para a

amostra do Rio Meriti, mas todos os valores de CV < 10% indicam baixa dispersão e

valores homogêneos.

Tabela 35: Curva de calibração com amostras ambientais de sedimento do Porto do Rio de Janeiro e Porto de

Niterói lixiviados com água da Baía de Guanabara.

Porto do Rio de Janeiro Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 0,394 0,420 0,751 1,954

Desvio padrão 0,001 0,054 0,017 0,047

CV (%) 0,000 0,703 0,037 0,114

Porto de Niterói Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 0,310 0,414 0,612 1,214

Desvio padrão 0,013 0,014 0,010 0,003

CV (%) 0,053 0,047 0,016 0,001

Rio Iguaçu Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 0,435 0,401 0,627 0,981

Desvio padrão 0,049 0,029 0,027 0,021

CV (%) 0,563 0,208 0,118 0,043

Rio Meriti Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 0,373 0,309 0,384 2,294

Desvio padrão 0,038 0,075 0,024 0,021

CV (%) 0,386 1,798 0,152 0,019

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129

As curvas do Porto do Rio de Janeiro e do Rio Meriti apresentaram melhores

valores de R2 (0,9831 e 0,9938, respectivamente), significando que os valores

experimentais foram mais precisos neste teste. As equações da reta podem ser

observadas na Figura 26, e foram usadas para cálculo de mercúrio nestas amostras,

apresentados na Tabela 36.

O cálculo de concentração de mercúrio biodisponível para as regiões testadas

pode ser visto na Tabela 36. Observa-se que o Rio Meriti (0,736 μg / Kg de

sedimento) apresentou a maior concentração de mercúrio biodisponível e todos os

outros apresentaram concentração de mercúrio biodisponível pouco acima de 0,5

μg/ Kg de sedimento.

Figura 26: Gráficos das curvas de calibração, Porto do Rio de Janeiro (losango azul) e Porto de Niterói (quadrado vermelho), Rio Iguaçu (triângulo verde) e Rio Meriti (círculo roxo) e as equações da reta, respectivamente.

Tabela 36: Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de sedimento) no lixiviados com água da Baía de

Guanabara.

Localidade

Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de

sedimento)

Porto do Rio de Janeiro 0,528

Porto de Niterói 0,525

Rio Iguaçu 0,515

Rio Meriti 0,736

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130

5.2.2.1.2 LIXIVIAÇÃO COM HCl 1M

A Tabela 37 apresenta a medida da luminescência para a curva de calibração

com amostras de sedimento de quatro localidades (Porto do Rio de Janeiro, Porto

de Niterói, Rio Iguaçu e Rio Meriti) após lixiviação com HCl 1M para cada amostra

de sedimento, de acordo com o procedimento descrito no item 4.3.3. Os desvios

padrão obtidos foram pequenos, na faixa de 0,001 a 0,112, indicando boa

repetibilidade destes. Observa-se ainda, que o maior valor do coeficiente de

variação foi 4,815%. No entanto, todos os valores de CV < 10% indicam baixa

dispersão e valores homogêneos.

Tabela 37: Curva de calibração com amostras ambientais de sedimento do Porto do Rio de Janeiro e Porto de

Niterói lixiviados com HCl 1M.

Porto do Rio de Janeiro Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 0,49775 0,53115 0,5698 0,9706

Desvio padrão 0,051 0,005 0,083 0,032

CV (%) 0,528 0,004 1,222 0,106

Porto de Niterói Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 0,3773 0,5033 0,4383 0,97625

Desvio padrão 0,001 0,089 0,073 0,004

CV (%) 0,000 1,557 1,201 0,002

Rio Iguaçu Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 0,25825 0,5021 0,61295 1,50185

Desvio padrão 0,112 0,005 0,047 0,022

CV (%) 4,815 0,005 0,361 0,033

Rio Meriti Concentração de Mercúrio (µg/L)

0,001 0,01 0,1 1

Média URL 0,4014 0,59785 0,7178 2,02865

Desvio padrão 0,000 0,078 0,037 0,089

CV (%) 0,000 1,010 0,187 0,389

As curvas do Porto do Rio de Janeiro e do Rio Meriti apresentaram melhores

valores de R2 (0,9964 e 0,9875, respectivamente), significando que os valores

experimentais foram mais precisos neste teste. As equações da reta podem ser

observadas na Figura 27, e foram usadas para cálculo de mercúrio nestas amostras,

apresentados na Tabela 38.

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131

O cálculo de concentração de mercúrio biodisponível para as regiões testadas

pode ser visto na Tabela 38. Observa-se que o Rio Meriti (0,957 μg / Kg de

sedimento) apresentou a maior concentração de mercúrio biodisponível e todos os

outros apresentaram concentração de mercúrio biodisponível acima de 0,6 μg / Kg

de sedimento.

Figura 27: Gráficos das curvas de calibração, Porto do Rio de Janeiro (triângulo azul) e Porto de Niterói (quadrado vermelho) do Rio Iguaçu (triângulo verde) e Rio Meriti (círculo roxo) lixiviados com HCl 1M.

Tabela 38: Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de solo) no lixiviados com HCl 1M.

Localidade

Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de

sedimento)

Porto do Rio de Janeiro 0,694

Porto de Niterói 0,659

Rio Iguaçu 0,675

Rio Meriti 0,957

A Figura 28 apresenta os valores de concentração de mercúrio biodisponível

(μg/Kg de sedimento) para as duas metodologias de lixiviação testadas. E ainda a

Tabela 39 apresenta uma comparação entre as duas metodologias. É importante

ressaltar que a lixiviação com HCl 1M não apresenta agentes complexantes como a

amostra ambiental.

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132

Figura 28: Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de sedimento).

Tabela 39: Concentração de mercúrio biodisponível (μg / Kg de sedimento).

Localidades

Porto do Rio de Janeiro

Porto de Niterói Rio Iguaçu Rio Meriti

Mercúrio (μg / Kg de sedimento) - Lixiviação com amostra da Baía de Guanabara 0,528 0,525 0,515 0,736 Mercúrio (μg / Kg de sedimento) - Lixiviação feita no ácido (HCl) 0,694 0,659 0,675 0,957

Média URL 0,611 0,592 0,595 0,847

Desvio padrão 0,117 0,095 0,113 0,156

CV (%) 2,260 1,520 2,163 2,862

Na Tabela 39 pode ser observado que ao comparar as duas metodologias os

desvios padrão estão na faixa de 0,592 a 0,847, indicando boa repetibilidade destes.

Observa-se ainda, que o maior valor do coeficiente de variação foi 2,862%, para o

Rio Meriti.

Entretanto, todos os valores de CV < 10% indicam baixa dispersão e valores

homogêneos. O que significa que estatisticamente as duas metodologias

apresentaram resultados similares em relação a concentração de mercúrio

biodisponível. Tendo em vista a complexidade das amostras ambientais o mais

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133

adequado seria o uso da lixiviação com a amostra da própria localidade (neste caso

da Baía de Guanabara).

O rio Meriti foi o que apresentou a maior concentração de mercúrio (valor

médio 0,847 µg/kg de sedimento), sugerindo a amostra Rio Meriti como a mais

contaminada por mercúrio. Esse resultado pode ser consequência de anos de

atividade de uma indústria de produção de cloro e soda na porção noroeste da Baía

de Guanabara, próximo ao Rio Meriti. Essa indústria contribuiu para a poluição na

Baía através do despejo de grandes quantidades de mercúrio, que era utilizado

como catalisador (BARROCAS, 1994).

A concentração de mercúrio dos outros pontos coletados se apresentaram

menores que o Rio Meriti (cerca de 30% menores). Sabe-se que regiões de portos

possuem muita movimentação de embarcações, o que leva à poluição de metal

pesado proveniente de combustíveis. No entanto, também há uma maior circulação

de água devido ao fluxo de maré, que pode contribuir para maior aporte de mercúrio.

Maiores discussões com relação aos locais seriam possíveis caso fossem

obtidas mais amostras de sedimentos abrangendo regiões anteriormente estudadas.

Além disso, ter maiores informações com relação a influência da circulação da água,

influência das marés, composição dos sedimentos, textura, mineralogia, partículas

em suspensão, concentração de espécies, como Cl-, OH-, NH3, F-, SO4

-2 NO3, seriam

necessárias para um estudo mais detalhado da biodisponibilidade do mercúrio em

sedimentos, já que a distribuição do mercúrio no solo depende do potencial redox,

pH, do tipo de solo e outros fatores. As formas metálicas e iônicas apresentam baixa

mobilidade e, em grande parte, são adsorvidas por diferentes humatos e minerais.

O que deve ser considerado é que a metodologia proposta também pode ser

utilizada para amostras de sedimentos, o que não havia sido testado para esta

ferramenta analítica. Para uma avaliação ambiental mais completa é necessário

analisar os diferentes compartimentos ambientais, o que geraria mais discussão

acerca dos fatores de contaminação e ainda de possíveis medidas para remediação.

Como também discussões para definição de normas ambientais aceitáveis,

avaliações de risco ambiental e, mais amplamente, o estabelecimento de políticas

ambientais.

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135

6. ANÁLISE DE CUSTOS DA TECNOLOGIA PROPOSTA

Atualmente há uma contínua demanda por novas técnicas analíticas, que

sejam capazes de avaliar os potenciais riscos para o ambiente e para a saúde

humana (CAROLI, 1996).

O desenvolvimento de um método que permita a obtenção de resultados

confiáveis frente a necessidades relacionadas à eficiência, custo, tomada rápida de

resultados e, se possível, dosagem de mercúrio biodisponível, são fatores que

levaram à pesquisa de uma metodologia baseada em biossensores (SINGH &

MITTAL, 2012).

Quando comparados aos métodos convencionais de análise, os biossensores

se tornam promissores como ferramentas alternativas e complementares aos

métodos existentes, sendo o custo operacional um dos fatores determinantes neste

aspecto.

Um estudo de custo da tecnologia a ser desenvolvida é necessário em

qualquer processo produtivo. Esse estudo leva em conta as condições materiais,

como existência e disponibilidade dos recursos materiais utilizados, e ainda, auxilia

na previsão de necessidade de mão de obra técnica ou qualificada (SILVA, 2009).

Nesses estudos de estimam-se os custos envolvidos, na qual a análise pode

ser feita com diferentes propósitos em diferentes níveis do desenvolvimento de um

processo tecnológico para saber a possibilidade da inserção do produto no mercado

comercial.

Visando a possível utilização do biossensor do presente estudo como

ferramenta complementar a um método analítico, foi necessário avaliar os gastos

envolvidos para determinação de mercúrio biodisponível pelo biossensor microbiano

bioluminescente, utilizando como biocomponente a E. coli MC 1061. E ainda realizar

uma análise esboçando uma comparação a uma metodologia já consagrada, como

por exemplo, a análise de mercúrio pelo método EPA 245.7, espectrometria de

fluorescência atômica com vapor frio.

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136

A análise foi realizada com base nos equipamentos, serviços e insumos

básicos para que um laboratório, já existente, possa fazer análises usando esse

biossensor.

O procedimento para uso deste biossensor consiste em cultivar o micro-

organismo em meios e soluções específicas e previamente preparadas e deixá-lo

crescer até um ponto ideal para uso, o que leva cerca de 24h.

Nessa avaliação foram incluídos os insumos, serviços, como fornecimento de

água e de energia elétrica, aparelhagem de laboratório e matéria prima.

Dentre os reagentes estão os sais necessários para preparo de soluções

estoque, meios para cultivo do micro-organismo, e a enzima utilizada para a

produção da luminescência (luciferina).

Com relação aos reagentes foram contabilizados os valores usados na compra

das embalagens, tendo como fonte o site da Didática SP Artigos e Equipamentos

para laboratórios (dentre as diversas buscas realizadas na internet, este site

apresentava valores muito similares aos reagentes do presente estudo quando

adquiridos).

Dentre os reagentes, aqueles que apresentaram os maiores custos foram a

luciferina e o antibiótico (monossulfato de canamicina), representando cerca de 80%

do valor de R$ 4.259,01 aplicado para essa área. Sendo o valor mais expressivo o

da luciferina, custando R$ 1715,00 a embalagem. Outros materiais como tubos,

placas e alças somaram R$ 1.445,46.

Entretanto, deve ser lembrado que não se usa todo o conteúdo da embalagem

do reagente em apenas uma análise, mas sim quantidades menores e específicas.

Desta forma foi calculado o quanto seria gasto para cada experimento (nesse

momento o experimento foi tratado como uma placa com 96 poços em análise). E o

valor encontrado para os 96 poços em análise foi de aproximadamente R$ 203,10.

Nesta avaliação incluiu-se ainda o valor estimado para mão de obra. Através

de pesquisas foi avaliado que o salário correspondente a um técnico em química é

de dois salários mínimos. Baseado em um salário mínimo de R$ 788,00, (D.O.U. de

30/12/2014), o salário final de um técnico em química seria de R$ 1576,00.

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137

A categoria com os maiores gastos pertence aos equipamentos. Sendo estes

considerados como gastos iniciais/investimento.

Dentre os equipamentos envolvidos no procedimento de análise do biossensor,

incluem-se os relacionados ao cultivo do micro-organismo, esterilização de materiais

e das soluções, levando em consideração apenas os equipamentos mais básicos

para o procedimento.

Sendo assim, a maior parte dos aparelhos cotados são aparelhos comuns e

necessários a qualquer laboratório que trabalhe com micro-organismos. Isso inclui

aparelhos como capela, fluxo laminar e autoclave. O único aparelho específico para

essa análise, que não é facilmente encontrado em laboratórios comuns, é o

Luminômetro, que realiza a medição da bioluminescência.

Os gastos com equipamento representaram um investimento de R$ 45.797,72.

O luminômetro representou 46% desse orçamento seguido do fluxo laminar, usando

22%. Os outros equipamentos os 32% restantes. O gasto com reagentes não

chegou a 10% do valor dos equipamentos.

Cabe ressaltar a importância da avaliação de alguns serviços como água e

energia elétrica, que são fundamentais para o funcionamento de todos os

procedimentos. Com base em dados fornecidos pela Light/RJ e pela CEDAE/RJ

chegou-se a um valor estimado para um número fixo de experimentos realizados por

mês, visto que a ambas têm sua taxa baseada no consumo de um período de

tempo.

Desta forma, estipulou-se a realização de 30 experimentos, ou seja, trinta

análises, o que inclui todo o procedimento necessário para a leitura final na placa. O

valor aproximado foi de R$ 219,00 com energia elétrica e R$ 20,83 com

fornecimento de água. Sendo o custo aproximado por experimento de R$ 7,30 com

eletricidade e R$ 0,70 com fornecimento de água (sendo um total de R$ 8,00 para

cada experimento).

Com intuito de avaliar as despesas envolvidas em um único experimento, com

serviços, mão de obra e reagentes utilizados, sem considerar nenhuma espécie de

lucro, o custo de cada análise foi de R$ 263,63, como mostra a Tabela 40. Nesta

análise foi incluída o custo de manutenção do micro-organismo.

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138

Tabela 40: Custo de procedimento experimental de Análise usando Biossensor.

Categorias Valor (R$)

Reagentes 203,10

Mão de Obra 52,53

Insumos e Serviços 8,00

Total 263,63

No entanto, a placa luminométrica, na qual o experimento é realizado, contém

96 poços, portanto, pode ser considerado cada poço como uma análise. Desta

forma, o valor do custo do experimento foi dividido pelos 96 poços sendo o custo de

R$ 2,74 por amostra. O que foi considerado um valor pequeno para análise de

mercúrio quando comparado a outras metodologias.

Para comparar a metodologia do biossensor do presente estudo foi realizada

análise do preço de mercado em diferentes laboratórios que analisam e quantificam

mercúrio. Neste levantamento o valor de mercado encontrado foi utilizado para

comparação das metodologias, a qual se tratava da espectrometria de fluorescência

atômica com vapor frio (método EPA 245.7 e limite de quantificação de 0,05 µg/L ou

ppb). O valor para análise de mercúrio total foi de R$ 39,81 por cada amostra.

Ao comparar os valores que cada metodologia representa por amostras pode

ser verificado que o método envolvendo o biossensor apresenta um custo bem

menor que o método tradicional (espectrometria de fluorescência atômica com vapor

frio). Sendo o biossensor cerca de 90% mais barato em relação ao outro método.

Desta forma, pode se verificar que a metodologia que envolve biossensores

tem um custo bem menor quando comparado as metodologias tradicionais, e ainda,

que o investimento nessa tecnologia seria viável para um metal de interesse na

saúde pública, como o mercúrio.

Com isso este poderá ser aplicado para fomentar estudos de monitoramentos

em amostras ambientais de longo prazo e não apenas em coletas pontuais, como

ocorre em casos de acidentes ambientais.

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139

7. CONCLUSÕES

A partir dos dados obtidos neste trabalho pode se concluir que:

A bioluminescência produzida por Escherichia coli MC1061 tem sido descrita

como uma técnica analítica sensível com potencial de aplicação para detecção de

mercúrio biodisponível em amostras de água e sedimento, o que foi comprovado

pelos resultados obtidos nesse trabalho, pois os valores de desvio padrão na maioria

dos ensaios foram baixos e todos os valores de CV < 10% indicaram baixa

dispersão e valores homogêneos.

Dentre as localidades amostradas na área de estudo, no ponto A (próximo a

Ponte Rio-Niterói) observou-se que o mês de setembro de 2012 apresentou os

maiores valores de mercúrio biodisponível (A fundo = 0,433 µg/L; A meio = 0,438

µg/L e A superfície = 0,484 µg/L). Sendo que a superfície apresentou sete meses

com valores acima de 0,2 µg/L (abril, setembro e outubro de 2012, e ainda, abril,

julho, outubro e dezembro de 2013). No ponto D (próximo a Ilha do Governador)

observou-se que o mês de setembro de 2012 também apresentou os maiores

valores de mercúrio biodisponível (D fundo = 0,352 µg/L e D superfície =0,765 µg/L).

O ponto A superfície apresentando quatro meses com valores acima de 0,2 µg/L

(setembro, outubro e novembro de 2012 e ainda julho de 2013).

As análises de correlação de Spearman apresentaram apenas dois resultados

significativos: a variável pH apresentou uma correlação significativa no ponto A meio

para o ano de 2012 (correlação fortemente positiva). Não há muito consenso na

literatura sobre a influência do pH na metilação do Hg; a variável salinidade

apresentou uma correlação significativa no ponto D superfície para o ano de 2012

(correlação moderada positiva). Remetendo à questão de como os componentes

aniônicos dos sais marinhos possuem um efeito na especiação do mercúrio nos

sistemas aquáticos, além de afetar a composição da comunidade microbiana

responsável pela metilação. Concluindo, é importante a avaliação da

biodisponibilidade do metal no ambiente.

Na validação foi possível obter 99% do mercúrio biodisponível na metodologia

do biossensor microbiano, e 99% do mercúrio na metodologia de espectrometria de

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140

absorção atômica com vapor frio nas amostras da curva de calibração elaboradas

usando soluções padrões de Hg. Apresentando assim o mesmo padrão nas duas

metodologias para estas amostras. Assegurando a viabilidade técnica.

A metodologia empregada neste trabalho para a extração de mercúrio,

baseada na técnica utilizada por IVASK e colaboradores (2002), pode ser utilizada

para o biossensor em questão, pois verifica-se o sinal de luminescência nos testes

realizados. Os resultados de concentração de mercúrio biodisponível mostram que

os dois métodos de lixiviação, com água ou HCl, foram capazes de lixiviar mercúrio

biodisponível das amostras de sedimento e, portanto, foi comprovado seu potencial

de aplicação. Além disso, não foi observada diferença significativa entre essas

técnicas.

A amostra de sedimento do Rio Meriti apresentou uma fração de mercúrio

biodisponível maior que as outras amostras (valor médio = 0,847 μg/Kg de

sedimento). Para uma avaliação ambiental mais completa é necessário analisar os

diferentes compartimentos ambientais, o que geraria mais discussão a cerca dos

fatores de contaminação e ainda de possíveis medidas para remediação.

Através de uma análise preliminar de custos pode se verificar que a

metodologia que envolve biossensores tem um custo bem menor quando comparado

às metodologias tradicionais, e que o investimento nessa tecnologia é viável para um

metal de interesse na saúde pública. Podendo ser aplicado no fomento de estudos

de monitoramentos em amostras ambientais de longo prazo e não apenas em

coletas pontuais, como ocorre em casos de acidentes ambientais. Além de

impulsionar discussões para definição de normas ambientais aceitáveis, avaliações

de risco ambiental e, mais amplamente, o estabelecimento de políticas ambientais.

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