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Aplicação de metodologias Lean na melhoria de processos de montagem O caso da BENTELER Automotive Palmela Luís Miguel Monteiro da Silva Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em Engenharia e Gestão Industrial Orientador: Prof. Amílcar José Martins Arantes Júri Presidente: Prof. Paulo Vasconcelos Dias Correia Orientador: Prof. Amílcar José Martins Arantes Arguente: Prof. Fernando Henrique de Carvalho Cruz Novembro 2017

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Aplicação de metodologias Lean na melhoria de

processos de montagem

O caso da BENTELER Automotive Palmela

Luís Miguel Monteiro da Silva

Dissertação para obtenção do Grau de Mestre em

Engenharia e Gestão Industrial

Orientador: Prof. Amílcar José Martins Arantes

Júri

Presidente: Prof. Paulo Vasconcelos Dias Correia

Orientador: Prof. Amílcar José Martins Arantes

Arguente: Prof. Fernando Henrique de Carvalho Cruz

Novembro 2017

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Aos meus Pais, por todo o suporte…

À minha Ana, por todo o apoio e adminículo,

Aos meus amigos e família,

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Agradecimentos

O meu primeiro agradecimento parte para os meus pais Sérgio e Isabel e namorada Raquel que

têm suportado todo o meu percurso escolar providenciando todos os meios necessários para a

realização do mesmo sem impedimentos ou limitações. O mesmo é entregue também à minha

família e amigos por compreenderem a ausência por vezes em momentos mais importantes

durante o meu ciclo de estudos.

O meu segundo agradecimento para o Engenheiro José Freitas, diretor BENTELER Automotive

-Palmela, e orientador interno Engenheiro Pedro Alves pela abertura à possibilidade de

realização da minha dissertação.

Ao supervisor de linha Álvaro Palas e José Satiro um muito obrigado pelo acolhimento na equipa,

disponibilidade e espirito de entre ajuda demonstrada ao longo do projeto assim como todos com

quem trabalhei um muito obrigado. Aos colegas Alberto e Irene Chust da BENTELER Automotive

Valência pelo apoio e formação dada ao longo do período de estágio assim como um grande

agradecimento a Gorka Iturricha da BENTELER Automotive Vitoria pela ajuda e disponibilidade

na implementação das alterações no chão de fábrica.

Um terceiro agradecimento a ser entregue ao Engenheiro Sérgio Caldeirinha, Presidente da Lean

Academy Portugal pelo apoio e ponte com a BENTELER Automotive - Palmela. Não menos

importante agradecer também pela ajuda na clarificação de alguns conceitos e estruturação das

ideias quando nem tudo era claro. Aproveito também para agradecer ao Engenheiro José

Valadas, responsável do departamento Melhoria Continua da Hanon Systems e professor curso

Seis Sigma pela transmissão de conhecimentos e exemplos práticos que permitiram abordar as

dificuldades encontradas de outra forma.

Um agradecimento final para o meu orientador Amílcar Arantes por me receber enquanto

orientando e estar presente para me elucidar e clarificar nesta jornada final de curso.

“Se existe um único segredo do sucesso, ele está na capacidade de ver as coisas

sob o ponto de vista das outras pessoas”:

Henry Ford (Fundador Ford Motor Company)

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Resumo

A par das novas tendências industriais, o sector automóvel em Portugal, seja de componentes

ou veículos, encontra-se num processo de industrialização de acordo com os princípios

divulgados pela “Indústria 4.0”.

Neste âmbito e em paralelo com as necessidades da BENTELER Automotive-Palmela, empresa

do sector automóvel fornecedora da Volkswagen Autoeuropa, é desenvolvida a presente

dissertação com o objetivo de identificação de ineficiências da linha de montagem do eixo

dianteiro com a premissa de otimização do fluxo de materiais através da separação das tarefas

de valor acrescentado das restantes tarefas. O desenvolvimento do projeto serve também de

ponte para a chegada do novo modelo Volkswagen 276 (T-Roc) cuja cadência produtiva e novas

referências de componentes prevê-se exigente e por isso necessária reorganização de layouts.

Enquadrado com a problemática é sugerida no projeto a implementação e utilização de

ferramentas lean para a deteção de ineficiências assim como metodologia Total Flow

Management (TFM) para a separação de operações produtivo de operações logísticas

alcançando um fluxo contínuo de materiais e o aumento da eficiência de tarefas de valor

acrescentado. O paradigma da mudança, a gestão pessoal dos funcionários, foram fundamentais

para o sucesso das implementações no chão de fábrica. De facto, a metodologia de investigação

adotada verificou ser eficaz, facilitando a implementação das melhorias e desenvolvimento das

competências da equipa.

Os resultados obtidos demonstram a eficácia das soluções desenvolvidas e abrem portas para

futuras melhorias no chão de fábrica.

Palavras-chave: Indústria Automóvel, Kaizen, Lean, Melhoria continua, Total Flow Management,

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Abstract

Alongside the new industrial trends, the automotive sector in Portugal, whether of components or

vehicles, is in a process of industrialization in accordance with the principles published by

"Industry 4.0".

In this context and in parallel with the needs of Benteler Automotive-Palmela, a company in the

automotive sector that supplies Volkswagen Autoeuropa, the present project is developed with

the objective of identifying inefficiencies of the front axle assembly line with the premise of

optimizing the flow of Materials by separating the added value tasks from the remaining tasks.

The development of the project also serves as a bridge to the arrival of the new model Volkswagen

276 (T-Roc) whose production rate is expected to be demanding and therefore necessary

reorganization of the factory floor.

In line with the problem, it is suggested the implementation and use of lean tools for the detection

of inefficiencies, as well as Total Flow Management (TFM) methodology for separating productive

operations from logistics operations allowing to achieve a continuous flow of materials and

increasing the efficiency of tasks.

The paradigm of change, the personal management of employees, were central to the success

of implementations in gemba. Also the approach research adopted verified to be very valuable

allowing a faster implementation and development of both researcher and team competencies.

The results gathered, shows the effectiveness of the solutions developed and opens new doors

for future improvements on shop floor.

Keywords: Automotive Industry, Continuous Improvement, Kaizen, Lean, Total Flow

Management,

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ÍNDICE

AGRADECIMENTOS ............................................................................................................................... V

RESUMO ............................................................................................................................................. VII

ABSTRACT .............................................................................................................................................IX

LISTA DE FIGURAS ............................................................................................................................. XVII

LISTA DE QUADROS............................................................................................................................ XXI

LISTA DE TABELAS ............................................................................................................................ XXIII

LISTA DE ABREVIATURAS .................................................................................................................. XXV

GLOSSÁRIO ...................................................................................................................................... XXVI

CAPÍTULO 1 – INTRODUÇÃO .................................................................................................................. 1

1.1. ENQUADRAMENTO DA DISSERTAÇÃO ............................................................................................. 1

1.2. OBJETIVOS ...................................................................................................................................... 2

1.3. METODOLOGIA DE DISSERTAÇÃO E ABORDAGEM DE INVESTIGAÇÃO............................................. 2

1.4. ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO ................................................................................................... 4

CAPÍTULO 2 - CASO DE ESTUDO ............................................................................................................. 5

2.1. INDÚSTRIA AUTOMÓVEL EM PORTUGAL ........................................................................................ 5

2.2. GRUPO BENTELER ....................................................................................................................... 7

2.3. BENTELER AUTOMOTIVE - PALMELA .......................................................................................... 8

LOCALIZAÇÃO ...................................................................................................................................... 8

ORGANIZAÇÃO INTERNA ........................................................................................................................ 8

Departamento Melhoria Continua & Sistema Operacional BENTELER................................................. 9

PROCESSOS DE FABRICO ........................................................................................................................ 9

PRODUTOS BENTELER AUTOMOTIVE- PALMELA .................................................................................... 10

PLANEAMENTO E CONTROLO DE OPERAÇÕES .......................................................................................... 11

ESPECIFICAÇÕES DE FORNECIMENTO ...................................................................................................... 11

ESPECIFICAÇÕES DO LAYOUT ................................................................................................................ 12

ESPECIFICAÇÕES DAS OPERAÇÕES.......................................................................................................... 13

NECESSIDADES FUTURAS ..................................................................................................................... 13

2.4. PROBLEMÁTICA E CONCLUSÕES ............................................................................................... 14

CAPÍTULO 3 - ESTADO DA ARTE ........................................................................................................... 15

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3.1. EVOLUÇÃO DA INDÚSTRIA AUTOMÓVEL E ORIGEM DO CONCEITO LEAN ................................. 15

3.2. FILOSOFIA LEAN........................................................................................................................ 17

3.2.1. PRINCÍPIOS LEAN ......................................................................................................................... 17

3.2.2. IDENTIFICAÇÃO DE DESPERDÍCIOS ................................................................................................... 19

Os três MU – Muda-Mura-Muri.......................................................................................................... 19

Os sete desperdícios (7W, seven wastes) ........................................................................................... 19

3.3. TOYOTA PRODUCTION SYSTEM ................................................................................................ 20

3.4. KAIZEN LEAN ............................................................................................................................ 22

3.4.1. METODOLOGIA ‘KAIZEN MANAGEMENT SYSTEM’ .................................................................................... 22

Base I - Estabilidade Básica ................................................................................................................ 22

Pilar II - Fluxo de Produção ................................................................................................................. 23

Pilar III - Fluxo da Logística Interna .................................................................................................... 23

Pilar IV - Fluxo da Logística Externa .................................................................................................... 23

3.5. FERRAMENTAS E CONCEITOS OPERACIONAIS ........................................................................... 24

3.5.1. FERRAMENTAS DE DIAGNÓSTICO .................................................................................................... 24

Ferramenta - Value Stream Mapping ................................................................................................. 24

Ferramenta - Standard Work Operator Balance Chart ....................................................................... 25

Ferramenta - Spaghetti Diagram ........................................................................................................ 25

3.5.2. FERRAMENTAS DE ORGANIZAÇÃO E GESTÃO VISUAL ........................................................................... 26

Ferramenta 5S (Seiri – Seiton – Seiso – Seiketsu – Shitsuke) .............................................................. 26

Ferramenta Kanban ............................................................................................................................ 27

Ferramenta Poka-Yoke ....................................................................................................................... 28

3.5.3. FERRAMENTAS GESTÃO DE FLUXO (TOTAL FLOW MANAGEMENT) ......................................................... 29

Trabalho Padronizado ........................................................................................................................ 29

Bordo de Linha .................................................................................................................................... 29

Conceito de supermercado ................................................................................................................. 30

Mizusumashi ....................................................................................................................................... 30

Sincronização (KB/JJ) .......................................................................................................................... 30

3.5.4. ANÁLISE E RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ............................................................................................ 31

Ferramenta 5W - Why-Why Analysis (Análise 5 Porquês) .................................................................. 31

3.6. CONCLUSÕES DO ESTADO DA ARTE .......................................................................................... 32

CAPÍTULO 4 – LEVANTAMENTO DE DADOS E DIAGNÓSTICO DO PROCESSO ATUAL ............................. 33

4.1. ANÁLISE INICIAL DO PROCESSO ................................................................................................ 33

4.1.1. GEMBA WALK............................................................................................................................. 33

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Metodologia para obtenção de dados ............................................................................................... 33

Análise do gemba ............................................................................................................................... 34

4.1.2. MAPEAMENTO FLUXO DE VALOR / VALUE STREAM MAPPING (ESTADO INICIAL) ...................................... 36

Metodologia para obtenção de dados ............................................................................................... 36

Análise VSM (Estado Inicial) ............................................................................................................... 37

4.1.3. TIME STUDIES (ESTADO INICIAL) ..................................................................................................... 38

Método de obtenção de dados ........................................................................................................... 38

Estudo de Tempos (Estado Inicial) ...................................................................................................... 39

4.1.4. SPAGHETTI DIAGRAM (ESTADO INICIAL) ........................................................................................... 42

Método de obtenção de dados ........................................................................................................... 42

Análise do Spaghetti Diagram (Estado Inicial) ................................................................................... 43

4.2. CONCLUSÕES DO ESTADO ATUAL ........................................................................................................ 44

CAPÍTULO 5 - DIMENSIONAMENTO DO BORDO DE LINHA, SUPERMERCADO E COMBOIO LOGÍSTICO . 45

5.1. DESENVOLVIMENTO DO COMBOIO LOGÍSTICO ........................................................................ 45

Etapa 0 - Definição dos locais a serem reabastecidos ........................................................................ 45

Etapa 1- Estimar o tempo de ciclo do Mizusumashi ........................................................................... 46

Etapa 2 - Estudo de trajetos feitos pelo Mizusumashi ........................................................................ 47

Etapa 3 e 4 - Definição dos Materiais a serem Reabastecidos e Definição dos Consumos do

Material/hora ..................................................................................................................................... 48

Etapa 5 e 6 - Definir gama de embalagem e quantidade por caixa ................................................... 48

Etapa 7 - Dimensionar estruturas para cada material ....................................................................... 49

Etapa 8 - Ajustar o número de pontos de paragem ............................................................................ 51

Etapa 9 – Definição de estantes e de carros a utilizar ........................................................................ 52

5.2. DEFINIÇÃO DO LAYOUT DO BORDO DE LINHA .......................................................................... 52

5.2.1. CRIAÇÃO DO PROCESSO DE ABASTECIMENTO .................................................................................... 53

5.2.2. DEFINIÇÃO DO LAYOUT DA OPERAÇÃO DE PRENSAGEM ............................................................................. 55

5.3. DIMENSIONAMENTO DO SUPERMERCADO LOGÍSTICO ............................................................ 58

5.3.1. LEVANTAMENTO DE DADOS ........................................................................................................... 58

5.3.2. DEFINIÇÃO DE LAYOUT DO SUPERMERCADO ...................................................................................... 59

Layout Período [0-26] e [26-40] .......................................................................................................... 61

CAPÍTULO 6 – IMPLEMENTAÇÃO NO CHÃO DE FÁBRICA ...................................................................... 63

6.1. IMPLEMENTAÇÃO DO SUPERMERCADO LOGÍSTICO ...................................................................... 63

6.2. RELOCALIZAÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DA ‘OPERAÇÃO PRENSA’ .................................................... 65

6.3. IMPLEMENTAÇÃO DO BORDO DE LINHA ....................................................................................... 66

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6.4. CADEIA DE VALOR PARA AS PESSOAS ........................................................................................... 67

6.4.1. FORMAÇÃO DAS EQUIPAS OPERACIONAIS BENTELER .............................................................................. 68

6.4.2. FORMAÇÃO DAS EQUIPAS LOGÍSTICAS EXTERNAS ..................................................................................... 68

6.4.3. WORKSHOPS, FORMAÇÃO PESSOAL E PARTILHA DE CONHECIMENTO ENTRE COLABORADORES BENTELER ......... 68

6.5 ORGANIZAÇÃO E GESTÃO VISUAL ............................................................................................ 69

6.5.1. CONSTRUÇÃO E IMPLEMENTAÇÃO DE QUADROS DE EQUIPA ................................................................. 69

6.6. PADRONIZAÇÃO ....................................................................................................................... 70

6.6.1. INSTRUÇÕES DE TRABALHO OPERADORES SUPERMERCADO .................................................................. 70

6.6.2. PADRONIZAÇÃO DAS IDENTIFICAÇÕES LOCAIS .................................................................................... 71

6.7. SITUAÇÃO OBSERVADA PRÉ E PÓS-IMPLEMENTAÇÃO .............................................................. 73

6.7.1. ANÁLISE GLOBAL DA IMPLEMENTAÇÃO ............................................................................................. 73

6.8. IMPACTO DA IMPLEMENTAÇÃO BORDO DE LINHA NA DESLOCAÇÃO DO OPERADOR .............. 74

6.8.1. ANÁLISE SPAGHETTI BORDO DE LINHA (ESTADO FINAL) ....................................................................... 74

6.8.2. ANÁLISE YAMAZUMI CHART ........................................................................................................... 76

6.9. ANÁLISE GLOBAL DO INVESTIMENTO ....................................................................................... 78

CAPÍTULO 7- CONCLUSÕES................................................................................................................... 79

BIBLIOGRAFIA ...................................................................................................................................... 80

ANEXOS ............................................................................................................................................... 85

ANEXO A - LOCALIZAÇÃO BENTELER PALMELA .................................................................................... 87

ANEXO B – PRODUÇÃO AUTOMÓVEL PARA EXPORTAÇÃO .................................................................. 89

ANEXO C – FERRAMENTAS DE DIAGNÓSTICO ...................................................................................... 91

ANEXO C.1 – MAPEAMENTO DO FLUXO DE VALOR .............................................................................. 91

ANEXO C.1.1 – VALUE STREAM MAPPING (ESTADO INICIAL) ............................................................................... 91

ANEXO C.1.2. - LEGENDA VALUE STREAM MAPPING ......................................................................................... 92

ANEXO C.2. – ESTUDO DE TEMPO ........................................................................................................ 93

ANEXO C.2.1. – GRÁFICO YAMAZUMI (ESTADO INICIAL) .................................................................................... 93

ANEXO C.2.2. – GRÁFICO YAMAZUMI (ESTADO FINAL) ...................................................................................... 95

ANEXO C.3. – FERRAMENTA SPAGHETTI DIAGRAM .............................................................................. 97

ANEXO C.3.1. BORDO DE LINHA (ESTADO INICIAL) ............................................................................................ 97

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Anexo C.3.1.1. – Tratamento de Dados Spaghetti Diagram (Estado Inicial Deslocações - Bordo de

Linha) .................................................................................................................................................. 99

ANEXO C.3.2. – BORDO DE LINHA (ESTADO FINAL) ......................................................................................... 101

Anexo C.3.2.1. – Tratamento de Dados Spaghetti Diagram (Estado Final Deslocações – Bordo de

Linha) ................................................................................................................................................ 103

ANEXO D – PROPOSTAS DE MELHORIA .............................................................................................. 105

ANEXO D.1. - PROPOSTA DE MELHORIA DAS OPERAÇÕES SUPERMERCADO ...................................... 105

ANEXO D.2. - PROPOSTA DE MELHORIA AO NÍVEL DO COMBOIO LOGÍSTICO .................................... 106

ANEXO D.3. - PROPOSTA DE MELHORIA AO NÍVEL DO BORDO DE LINHA ........................................... 107

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Lista de figuras

Figura 1- a) Metodologia de dissertação b) Abordagem de investigação .................................... 3

Figura 2 - Logótipo BENTELER Group ......................................................................................... 7

Figura 3 - Organograma interno e identificação de departamentos ............................................. 8

Figura 4-Gráfico Evolução da Produção Prevista diária ............................................................. 11

Figura 5- Layout e Vista Superior da linha .................................................................................. 12

Figura 6-Layout e Vista lateral da Área de armazém.................................................................. 12

Figura 7-Layout Operações Eixo Dianteiro e Resultado das Operações ................................... 13

Figura 8-Cronograma de acontecimentos (edição própria) ........................................................ 16

Figura 9 - Casa ‘Toyota Production System’ ............................................................................... 21

Figura 10 – Exemplos de Sistema Kanban ................................................................................. 27

Figura 11-Exemplo Poke-Yoke ................................................................................................... 28

Figura 12 - Fluxograma procedimento 5W adaptado(Pinto, 2014) ............................................. 32

Figura 13- Ferramentas para Análise do Processo Atual ........................................................... 33

Figura 14- a) Localização componentes para o reabastecimento da linha do eixo dianteiro b) 34

Figura 15- Vista topo bordo de Linha .......................................................................................... 36

Figura 16-Piso desgastado e sem marcações ‘Operação 190’ .................................................. 36

Figura 17- Excel agregação de tempos / tarefa das Operações ................................................ 39

Figura 18-Gráfico de dados referentes à ‘Operação 50’ ............................................................. 40

Figura 19-Gráfico de dados referentes à ‘Operação 100’ ........................................................... 40

Figura 20-Gráfico de dados referentes à ‘Operação 190’ ........................................................... 41

Figura 21-Gráfico de dados referentes à ‘Operação 200’ ........................................................... 41

Figura 22-Gráfico de dados referentes à ‘Operação Prensa’ ..................................................... 42

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Figura 23-Spaghetti Diagram Linha do Eixo dianteiro (Estado Inicial) (adaptado Benteler

Automotive) ................................................................................................................................. 43

Figura 24-Gráfico Quantitativo das Movimentações Eixo dianteiro ............................................ 43

Figura 25- Metodologia Dimensionamento do Comboio Logístico ............................................. 45

Figura 26- Pontos de Reabastecimento Bordo Linha do Eixo Dianteiro..................................... 45

Figura 27-Layout Chão de Fábrica Estudo de Rotas Mizusumashi (adaptado Benteler

Automotive) ................................................................................................................................. 47

Figura 28- Tabela representativa de levantamento de dados .................................................... 48

Figura 29-Estruturas para Abastecimento da ‘Operação 50’ ...................................................... 51

Figura 30-Estruturas para Abastecimento da ‘Operação 100 e 190’ .......................................... 51

Figura 31-Lógica de abastecimento bordo de linha (adaptado Benteler Automotive) ................ 53

Figura 32- Posição no Comboio Logístico e Processo de Abastecimento Estrutura Tipo I ....... 53

Figura 33- Posição no Comboio Logístico e Processo de Abastecimento Estrutura Tipo II e III 54

Figura 34- Posição no Comboio Logístico e Processo de Abastecimento Estrutura Tipo IV ..... 54

Figura 35-Estudo de Layout Disposição da Prensa (adaptado Benteler Automotive) ................ 56

Figura 36-Estrutura de Kitting Parafusos Pick to Light ............................................................... 56

Figura 37- Distância Percorrida pelo Operador nos Diferente Cenários .................................... 57

Figura 38-Tempo estimado despendido em deslocações .......................................................... 57

Figura 39- Tabela representativa de levantamento de dados .................................................... 59

Figura 40-Layout supermercado exemplificativo (adaptado Benteler Automotive) .................... 60

Figura 41- Layout desenvolvidos para o Supermercado Eixo Dianteiro Período [0 a 26] .......... 61

Figura 42-Layout desenvolvido para o Supermercado Eixo Dianteiro Período [26-40].............. 61

Figura 43-Evolução da Implementação do Supermercado Eixo dianteiro .................................. 64

Figura 44-Resultado da Implementação do Supermercado do Eixo dianteiro ........................... 64

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Figura 45-Relocalização da Operação de Prensagem (adaptado Benteler Automotive) ........... 65

Figura 46-Pré-Implementação e Resultado ‘OP 50 e OP 100’ ................................................... 66

Figura 47-Pré-Implementação OP 190 ....................................................................................... 67

Figura 48-Resultado Implementação ‘Operação 190’................................................................. 67

Figura 49- Esclarecimento de dúvidas Equipas Internas e Externas BENTELER e Workshops 69

Figura 50-Criação dos Quadros de Equipa ................................................................................. 69

Figura 51- Documentos BENTELER ........................................................................................... 70

Figura 52- Exemplo de Instrução de Trabalho e Modos de Operar Supermercado ................... 71

Figura 53-Identificações estantes com código de cores ............................................................. 71

Figura 54-Identificações de topo implementadas no supermercado Eixo dianteiro (adaptado

Benteler Automotive) ................................................................................................................... 72

Figura 55- Gráfico Deslocação do Operadores Pré e Pós Implementação [Bordo de Linha] .... 75

Figura 56- Resultados Finais Yamazumi Chart Comparativo ‘OP50 ‘ ........................................ 76

Figura 57- Resultados Finais Yamazumi Chart Comparativo ‘OP 100’ ...................................... 76

Figura 58- Resultados Finais Yamazumi Chart Comparativo ‘OP 190’ ...................................... 77

Figura 59- Resultados Finais Yamazumi Comparativo Chart ‘OP 200’ ...................................... 77

Figura 60-Vista aérea Parque Industrial Autoeuropa .................................................................. 87

Figura 61-Rampa de Implementação e Ação ........................................................................... 105

Figura 62-Registo no bordo de linha da troca de componentes ............................................... 105

Figura 63-Leitura load list operador “Zona A” Supermercado .................................................. 106

Figura 64-Sincronização das operações ................................................................................... 106

Figura 65-Exemplo de um Andon.............................................................................................. 106

Figura 66-Layout demonstrativo do ponto de consumo dos braços da suspensão (adaptado

Benteler Automotive) ................................................................................................................. 107

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Figura 67-Melhoria proposta de incorporação das estruturas quando vazias .......................... 107

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Lista de quadros

Quadro I - Caso de Estudo: Autokeen Sdn.Bhd - “Improvement of Overall Efficiency of Production

Line by using Line Balancing”…………………………………………………………………………..26

Quadro II - Caso de Estudo: Airbus UK - “Managing a Complex Knowledge Based Process”......28

Quadro III - Caso de Estudo: Autoparts - “Implementation of Lean Production Components

Supermarket in an Autoparts Industry”………………………………………………………………..31

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Lista de tabelas

Tabela 1-Dados Estatísticos Indústria Automóvel (AFIA, 2016) ................................................... 6

Tabela 2- Impacto das marcas na produção automóvel em Portugal (ACAP, 2017) ................... 6

Tabela 3-Grupo BENTELER, unidades de negócio ...................................................................... 7

Tabela 4 - Processos de fabrico BENTELER Automotive-Palmela .............................................. 9

Tabela 5 - Produtos componentes VW Ref.364 .......................................................................... 10

Tabela 6 - Produtos componentes VW Ref.428 .......................................................................... 10

Tabela 7 - Produtos componentes VW Ref.276 .......................................................................... 10

Tabela 8-Especificações das operações .................................................................................... 13

Tabela 9-Aumento complexidade com Entrada novo Projecto ................................................... 14

Tabela 10-Princípios Lean .......................................................................................................... 18

Tabela 11- Identificação de desperdícios Muda-Mura-Muri ........................................................ 19

Tabela 12- Identificação sete desperdícios (7W, seven wastes) ................................................ 20

Tabela 13-Os 4 Pilares TFM (Coimbra, 2013) ............................................................................ 22

Tabela 14-Elementos TFM relativamente ao Fluxo de Produção ............................................... 23

Tabela 15- Elementos TFM relativamente ao Fluxo de Logística Interna .................................. 23

Tabela 16-Elementos TFM relativamente ao Fluxo de Logística Externa .................................. 23

Tabela 17 - Etapas elaboração Spaghetti Diagram .................................................................... 25

Tabela 18 - A abordagem 5S para Organização do local de trabalho ........................................ 27

Tabela 19-Critérios de Implementação e Vantagens Identificadas no Bordo de Linha .............. 29

Tabela 20-Ferramentas para Sincronização do Fluxo ................................................................ 30

Tabela 21-Levantamento de dados Bordo de Linha Eixo Dianteiro (Estado Atual) ................... 35

Tabela 22-Melhorias detetas no chão de fábrica ........................................................................ 44

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xxiv

Tabela 23- Estimativa de Tempo de Ciclo do Mizusumashi ....................................................... 46

Tabela 24-Análise de dados referentes às Rotas Mizusumashi ................................................. 47

Tabela 25- Definição de Materiais a serem reabastecidos e Tipo de reabastecimento ............. 49

Tabela 26-Definição Capacidade de Transporte ........................................................................ 50

Tabela 27- Referências e descrição das identificações de topo ................................................. 72

Tabela 28-Levantamento de dados Pós-Implementação ........................................................... 73

Tabela 29 - Quantificação da Melhoria a Nível de Deslocações do Operador ........................... 75

Tabela 30 - Veículos Automóveis Produzidos Em Portugal para Exportação [Janeiro a Dezembro

de 2016] ....................................................................................................................................... 89

Tabela 31-Legenda Value Stream Mapping ............................................................................... 92

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xxv

Lista de abreviaturas

5S Seiri, Seiton, Seiso, Seiketsu, Shitsuke

AE Autoeuropa

CEE Comunidade Económica Europeia

CIP Continuous Improvement Program

CT Cycle Time

FIFO First in First out

IST Instituto Superior Técnico

JIT Just in Time

JIS Just in Sequence

KPI Key Performance Indicator

L/T Lead Time

MPV Multipurpose Vehicle – Monovolume

OEE Overall Equipment Effectiviness

PIB Produto Interno Bruto

WIP Work In Progress

Tc Tempo de Ciclo

TPS Toyota Production System

TT Takt Time

VAT Value Added Time

VSM Value Stream Mapping

VW Volkswagen

WIP Work in Progress

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xxvi

Glossário

5S Modelo de origem japonês adequado à criação de um ambiente de gestão visual

e produção lean.

Bottleneck Ponto de estrangulamento do sistema de produção, ocorre quando por exemplo

uma carga de trabalho é maior que a capacidade de resposta provocando redução

do fluxo.

Chaku-chaku "Carga - carga", é um método de produção em que todas as máquinas necessárias

para fazer uma parte estão dispostas na sequência correta, muito próximas. O

operador simplesmente carrega uma peça e passa para a próxima operação. Cada

máquina realiza um estágio diferente de produção, como torneamento, perfuração,

limpeza, teste.

First in First Out Método de inventário baseado na premissa que materiais,p.e.,são utilizados na

mesma ordem cronológica de entrada no sistema, isto é, primeiro a entrar, primeiro

a ser consumido.

Gemba “Local real” ou chão de fábrica, o lugar onde o valor é acrescentado.

Heijunka “Nivelar ou suavizar” a produção por forma a garantir um fluxo contínuo de

materiais e informação.

Jidoka “Automação com um toque humano” é um dos pilares do Sistema Toyota de

Produção. A implementação permitir obter a capacidade de detetar quando uma

condição anormal ocorreu de forma a interromper imediatamente o trabalho

Just in time Produção no momento exato da necessidade.

Kaizen “Kai - mudança, Zen - para melhor” conceito baseado na procura constante pela

melhoria dos processos e sistemas de trabalho.

Kanban “Cartão”, sistema simples de controlo de operações. Permite coordenar o fluxo de

materiais e informação ao logo do processo seguindo a estratégia Pull.

Layout Conceito que pode traduzir-se como “disposição”, “projeto”. A noção de layout

poder servir par designar o esquema de distribuição de elementos dentro de um

desenho.

Lean Checks Nestas reuniões são examinadas a performance atual do processo assim como

definidas metas e as ferramentas a aplicar para o efeito.

Long-list Lista com a sequência de produtos a serem utilizados de um ponto da operação

satisfazendo paralelamente a sequência do cliente.

Mizusumashi Operador de abastecimento (interno) que fornece as diferentes estações de

trabalho.

Yamazumi Termo de origem japonesa para designar ‘gráfico de barras empilhadas’ e cujo

objetivo é identificar visualmente o desperdício de um processo.

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1

Capítulo 1 – Introdução

1.1. Enquadramento da Dissertação

Os diversos sectores industriais têm sido confrontados com mudanças nas mais variadas áreas

produtivas. O desenvolvimento dos métodos de fabrico, a utilização de materiais avançados, a

crescente automatização do ambiente fabril aliado à recolha e análise de dados originaram uma

nova era da produção (Sniderman, Monika, & Cotteleer, 2016).

Na verdade, verifica-se uma transição de um sistema baseado na produção em massa, para um

sistema de produção que enfatiza não só a qualidade como a velocidade de resposta às

condições de mercado (Klier, 1993). É neste contexto que a indústria automóvel, a indústria 4.0

e as metodologias lean se enquadram, metodologias estas que segundo Aziz & Hafez (2013)

visam a produção de menor quantidades por forma a alcançar os requisitos de qualidade do

cliente sem necessidade de criação de stock.

A crescente saturação do mercado e pressão competitiva dentro do sector intensificou a

necessidade de inovar tecnologicamente, diferenciar os produtos e melhoria dos processos

(Keller, Rosenberg, Brettel, & Friederichsen, 2014).

A indústria 4.0 insere-se assim como um conjunto de tendências relacionadas com a automação

de processos, flexibilização das cadeias de abastecimento e integração de sistemas de

informação garantindo comunicação ao longo de toda a cadeia de valor e assim permitindo a

redução de desperdícios inventários (Rußmann et al., 2015).

Por seu lado, a indústria portuguesa, em particular a indústria automóvel, contribui fortemente

para o PIB (Produto Interno Bruto) nacional, empregando cerca de cerca de 45.000 trabalhadores

e exportando 84% da produção (AICEP, 2016). O sucesso do sector passa pela adaptação às

exigências dos mercados e a tendências como a indústria 4.0 que se verificam relevantes para

a competitividade do sector.

Como descreve, Battini et al.(2012) a indústria automóvel é uma indústria cada vez mais

complexa, com uma logística que envolve o armazenamento de milhares de variantes de

componentes em áreas cujo espaço é diminuto. De facto, uma análise elaborada por (Rußmann

et al. (2015), sugere que o futuro da indústria automóvel passa pela produção de pequenos lotes

com auxílio da robótica e automatização dos processos. Acrescenta, que as empresas tornar-

se-ão mais flexíveis, com capacidade produtiva de múltiplos modelos automóveis com diferentes

designs. Para o efeito, os fornecedores desta indústria através da integração da informação e

consequente integração dos sistemas produtivos conseguirão ajustar os seus processos à

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2

procura por parte do cliente final, maximizando a logística just-in-time obtendo assim redução de

custos logísticos e operacionais.

A par das atuais tendências industriais a presente dissertação, feita em a colaboração da

BENTELER Automotive – Palmela, visa a implementação de melhoria de processos de

montagem de módulos. Do ponto de vista da empresa, o volume de produção espectável do

novo projeto T-Roc desenvolvido pela Volkswagen revela a necessidade de implementação de

soluções que permitam o aumento da eficiência e produtividade para garantir capacidade de

resposta à procura. Deste modo é proposto, através de um processo de melhoria continua,

soluções no âmbito da melhoria, redução de desperdícios e consequentemente diminuição de

custos tornando assim esta organização globalmente mais competitiva.

1.2. Objetivos

O principal objetivo da dissertação de Mestrado é o estudo e implementação de melhorias na

linha de montagem do eixo dianteiro do fabricante de componentes automóveis BENTELER

Automotive -Palmela por forma a garantir capacidade de resposta ao futuro projeto T-Roc. Neste

contexto, numa fase inicial, será elaborada uma introdução da empresa e proposta uma seleção

de ferramentas lean de modo a analisar o estado do processo, partindo de um ponto de vista

macro e afunilando na deteção de ineficiências.

Uma vez detetadas ineficiências serão propostas e desenvolvidas soluções de melhoria. Finda

implementação é objetivo analisar o estado final do processo e apontar possíveis melhorias.

1.3. Metodologia de dissertação e Abordagem de Investigação

A primeira etapa da dissertação compreende quatro etapas, ver Figura 1 a). Inicialmente numa

primeira etapa é feito o enquadramento da dissertação com tema global onde se encontra

inserido, isto é, a indústria 4.0, metodologias lean e o projeto Volkswagen. Neste é também

salientada a importância da automação industrial e melhoria dos processos produtivos num

ambiente concorrencial como o de hoje sendo feita referência à metodologia lean como chave

para o alcance de produtos com os requisitos dos clientes através de inventários mínimos e

máxima eficiência. Já numa segunda etapa, o segundo capítulo, realça a importância e impacto

da indústria automóvel para a economia portuguesa assim como apresenta detalhadamente a

empresa BENTELER que é alvo de estudo. São fornecidos detalhes quanto ao funcionamento

da organização assim como é feito uma análise preliminar dos layouts e operações a serem alvo

de estudo. É intento neste capítulo através de uma análise crítica detetar lacunas e

oportunidades de melhoria para futuros desenvolvimentos e estudos. Para tal foram feitos

levantamentos de dados presencialmente na organização, visitas regulares e interação com

colaboradores por forma a obter melhor entendimento das necessidades.

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3

Finda introdução da problemática da empresa, e face ao objetivo de melhoria do processo de

montagem e logístico do eixo dianteiro, num terceiro capítulo, de revisão da literatura, são

apresentados conceitos e ferramentas lean, com aplicação na indústria, sustentadas por casos

de estudo, que permitem avaliar e auxiliar na resolução dos problemas e evoluir processo de

melhoria continua.

Figura 1- a) Metodologia de dissertação b) Abordagem de investigação

Na segunda parte da dissertação e já num contexto de análise é elaborado um levantamento de

dados iniciais através de visitas regulares ao chão de fábrica e reuniões com os diferentes

departamentos. Do ponto de vista do diagnóstico é proposta a elaboração do mapeamento do

fluxo de valor e utilização de diferentes ferramentas lean como “spaghetti diagram” e estudo de

a)

b)

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4

tempos por forma à deteção de ineficiências. Uma vez feito o levantamento e justificada a

necessidade de melhorias, serão propostas implementações que visão a melhoria dos processo.

Por fim, no último capítulo é elaborado um levantamento final do impacto das melhorias

implementadas assim como propostos futuros trabalhos no âmbito da melhoria continua.

A abordagem de investigação adotada, Figura 1 b), permitiu em simultâneo contribuir para a

prática de implementação assim como para o desenvolvimento de competências e adquisição

de conhecimento científico. A pesquisa e desenvolvimento das soluções foram realizadas

através de uma estreita colaboração entre departamentos de modo a garantir a consistência na

forma como o projeto é conduzido, facilitando a tomada de decisão e implementação no menor

tempo possível. Durante cinco meses, com presença diária na fábrica foram elaborados

levantamentos de dados de modo a estudar o processo e detetar ineficiências. Integrando

equipas de trabalho, soluções foram implementadas e validadas pelos responsáveis de

departamento.

1.4. Organização da Dissertação

O presente projeto de dissertação seguirá a seguinte estrutura:

1º Capítulo – Enquadramento, objetivos e metodologia. Enquadramento do tema de dissertação

com a indústria, realçando a sua importância para o desenvolvimento sustentável.

Paralelamente, definição da problemática e metodologia a ser desenvolvida.

2º Capítulo – Caso de Estudo. Breve contextualização da indústria automóvel em Portugal e o

seu impacto económico. O presente capítulo faz também uma breve apresentação do Grupo

BENTELER particularizando posteriormente para o sector BENTELER Automotive-Palmela onde

são descritos os processos, logística e é feito um apanhado do processo a ser estudado.

3º Capítulo – Revisão bibliográfica. Através da revisão de literatura definir os principais conceitos

associados à melhoria continua bem como referência a metodologias e ferramentas lean úteis

para a elaboração do tema.

4º Capítulo – Levantamento de dados, análise do processo seguindo a metodologia e

ferramentas lean assim como sugestão de melhorias.

5º Capítulo – Aplicação teórica das metodologias, dimensionamento e justificações da tomada

de decisão.

6º Capítulo – Descrição situação observada Pré e Pós implementação, estudo do impacto das

implementações e análise global do investimento.

7º Capítulo – Conclusões finais e futuros trabalhos.

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5

Capítulo 2 - Caso de Estudo

O presente capítulo é dedicado a uma breve apresentação da indústria automóvel em Portugal

assim como do grupo BENTELER na qual é feita uma descrição dos processos, operações e

logística interna envolvidos na sua atividade em Portugal.

2.1. Indústria Automóvel em Portugal

O desenvolvimento da indústria automóvel nacional remonta aos finais da década de 50 e tem

origem na consciencialização por parte do governo do forte desequilíbrio da balança comercial.

O impacto das importações automóvel no agravamento do défice externo criou a necessidade

de industrializar este sector trazendo consigo o investimento no desenvolvimento de processos

e produtos assim como avanços tecnológicos (Rosa, Jorge, 2016).

O Projeto Renault é considerado um marco na história da indústria automóvel portuguesa

surgindo na década de 80 resultado da abertura do Governo Português à realização de projetos

industriais enquadrados com a CEE (Chorincas & Félix Ribeiro, 2002). Este projeto para além da

montagem de veículos, integra produção de órgãos e componentes como caixas de velocidades.

As duas grandes premissas sobre as quais se estabeleceu o acordo foram a criação da unidade

de montagem de veículos de passageiros com 50% integração nacional, destinando 25% de

produção para exportação em Setúbal e a criação de uma segunda unidade em Cacia que visava

a produção de caixas de velocidades e motores com uma integração nacional média de 60% e

80% respetivamente. (Chorincas & Félix Ribeiro, 2002).

Em meados da década de 90, com o desenvolvimento das relações económicas com países

exportadores de automóveis na Europa do Leste com acesso a mão-de-obra mais barata e

condições de captação de investimento, o grupo Renault instala a sua primeira fábrica na

Eslovénia para produção do modelo “Clio” até ao momento produzido na Península Ibérica. Face

à consequente sobre capacidade gerada pela nova unidade e abrandamento da procura pelo

modelo, verifica-se uma redução da cadência produtiva até que em 1995 é anunciado o

encerramento da fábrica de Setúbal (Selada & Felizardo, 2004).

Por forma a ultrapassar o encerramento da fábrica Renault, negociações entre a Volkswagen,

Ford e Governo tiveram inicio dando origem ao Projeto Autoeuropa. Resultado da negociação

surge a joint-venture entre a Volkswagen e Ford cujo objetivo seria a produção automóvel do tipo

monovolume. Com um investimento superior a 400 M.€, a fábrica de Palmela é inaugurada a

26/4/1995 e o complexo torna-se responsável pela criação de 4671 postos de trabalho diretos e

entre 12 000 a 15 000 indiretos com uma capacidade produtiva de 180 000 veículos/ano (Correia,

2000). Mais tarde em 1999 a totalidade do capital social passa para o grupo Volkswagen e novos

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investimentos na unidade surgem acolhendo o fabrico do Seat Alhambra (Teresa, Waltl, & Waltl,

2012).

Hoje, a Indústria Automóvel globalmente representa cerca de 15% das exportações nacionais de

bens e serviços agregando mais de 200 empresas e 45.000 trabalhadores. De um ponto de vista

macroeconómico o volume de negócios equivale a 5% PIB (AFIA, 2016).

A Tabela 1 sintetiza a evolução da indústria automóvel nos últimos três anos e o seu impacto

nas exportações nacionais.

Tabela 1-Dados Estatísticos Indústria Automóvel (AFIA, 2016)

Janeiro a Maio Exportações [M.€]

% Das exportações de componentes

automóveis no total das exportações

portuguesas de bens

2014 2.595 13,2%

2015 2.792 13,5%

2016 3.076 15,1%

Como se pode verificar pela Tabela 1, existe uma crescente penetração deste sector empresarial

no mercado com o aumento das exportações registadas. Na verdade comparando com períodos

homólogos, o peso das exportações do sector tem vindo a crescer tanto em valores absolutos

como relativos do total das exportações portuguesas (AFIA, 2016). Dados recentes, ver Anexo

B, mostra a produção e destino das exportações das principais empresas do sector em Portugal

sendo o mercado europeu bastante representativo alcançando os 85,8 pontos percentuais com

mais de 117.003 veículos automóveis produzidos em Portugal para exportação de Janeiro a

Dezembro dados de 2016 (ACAP, 2017). A Tabela 2 sintetiza as principais marcas a laborar e a

representatividade percentual das mesmas no volume automóvel produzido em Portugal.

Tabela 2- Impacto das marcas na produção automóvel em Portugal (ACAP, 2017)

% Q

uan

tid

ade

Veí

culo

s

Volkswagen AutoEuropa Peugeot Citroen Mitsubishi Fuso

Truck Euro

Toyota Caetano

±61,7% ±32,6% ±4,3% ±1,3 %

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2.2. Grupo BENTELER

Fundada em 1876 por Carl Benteler, a BENTELER, Figura 2, iniciou a sua atividade como uma

loja de ferragens. Mais tarde em 1908, Eduard Benteler filho, assume o negócio de família

adquirindo a primeira fábrica. Atualmente, emprega mais de 30 mil pessoas estando presente

em 40 países com 83 fábricas e 78 subsidiárias e empresas comerciais (Group, 2016).

Na verdade, o grupo divide-se em quatro grandes negócios, independentes, sendo estes a

“BENTELER Automotive”, a “BENTELER Steel/Tubes”, a “BENTELER Distribution” e

“BENTELER Glass-Processing” como se seguem descritos na Tabela 3 (P.l.c., 2015).

Tabela 3-Grupo BENTELER, unidades de negócio

Logótipo Descrição

BENTELER Distribuição – Sector dedicado ao armazenamento e distribuição de tubos em aço e aço

inoxidável. Adicionalmente, prestam serviços de consultadoria técnica e desenvolvimento de

conceitos logísticos de apoio a novos projetos ou renovações de instalações indústrias.

BENTELER Steel/Tubes - Sector dedicado ao desenvolvimento e produção de tubos de aço em alta

qualidade, prestando serviço técnico desde a definição do material até à integração no processo.

BENTELER Automotive - Sector dedicado ao desenvolvimento e produção de módulos para chassis,

sistemas de exaustão e motores, soluções estruturais automóveis, desenvolvimento de máquinas

e ferramentas dedicadas à indústria automotiva, desenvolvimento e produção de soluções de

proteção/defesa, e soluções materiais compósitos.

BENTELER Glass Processing Equipment - Sector dedicado ao fornecimento de máquina de

processamento de vidro. Desenvolvimento e criação de sistemas para a indústria de vidro para a

arquitetura, automóvel, solar e ecrãs.

Refira-se que a presente dissertação encontra-se associada à unidade industrial BENTELER

Automotive – Palmela, responsável por montagem de módulos de chassis e soldadura de

componentes.

Figura 2 - Logótipo BENTELER Group

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2.3. BENTELER Automotive - Palmela

Inaugurada em 1994 a BENTELER Automotive - Palmela com infraestruturas no Parque

Industrial AE, ver. (Anexo A), procede à montagem de módulos de chassis e soldadura de

componentes prontos para instalação para chassis e carroçarias, respetivamente. Atualmente

conta com cerca de 109 colaboradores, 69 diretos e 40 indiretos. Recentemente, devido ao

crescimento do volume de negócios e novos contractos com a Volkswagen que visam a

construção do novo SUV “T-Roc”, encontra-se a investir em novas infraestruturas e a

remodelação do chão de fábrica de acordo com as tendências associadas à “Indústria 4.0”.

Localização

O parque industrial AE localizado em Palmela, distrito de Setúbal é constituído atualmente por

14 empresas fornecedoras para o sector automóvel. Esta localização oferece acesso rápido a

meios de comunicação internacionais como aeroporto, linhas de ferro, autoestradas e zonas

portuárias. Paralelamente, a presença de centros de formação e investigação aliados a um

mercado laboral atrativo foram preponderantes para o crescimento da indústria nesta localidade.

É de realçar o funcionamento destas infraestruturas segundo um sistema constante de fluxo

diário, JIT, ao passo da Volkswagen AE e daí a importância da localização. (Vale, 2004)

Organização Interna

A organização interna BENTELER Automotive - Palmela encontra-se ilustrada na Figura 3.

Analisando o diagrama verifica-se a horizontalidade da organização, horizontalidade esta que

para além de permitir menor tempo de resposta às necessidades dos colaboradores de linha

auxilia a comunicação e agregação de informação para os responsáveis de departamento.

Realça-se também a promoção dos colaboradores de equipa para chefes de equipa assim como

para supervisores criando oportunidade de crescimento na organização e motivação pessoal.

Não menos importante o departamento de “Melhoria Contínua”, sequentemente apresentado, é

enfatizado estando presente transversalmente na organização.

Figura 3 - Organograma interno e identificação de departamentos

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Departamento Melhoria Continua & Sistema Operacional BENTELER

O departamento de Melhoria Contínua BENTELER, CIP, que depende diretamente da direção,

tem como função a implementação e disseminação do Programa de Melhoria Contínua ou mais

comumente conhecido transversalmente pelos colaboradores do grupo BENTELER por BOS LE

(BENTELER Operational System).

No âmbito da melhoria contínua, a eliminação ou redução de desperdícios nas operações e o

acréscimo de valor para o cliente são preponderantes para a manutenção da competitividade da

empresa. Deste modo, adotou-se uma filosofia de formação de todos os colaboradores cujo

envolvimento é essencial para o desenvolvimento e sucesso do BOS LE. Na verdade, cada

funcionário é incentivado a identificar e ajudar a eliminar os desperdícios assim como na deteção

de defeitos para que estes sejam limitados antes que o produto avance na cadeia de valor.

Atividades de grupo como Workshops, Lean Checks permitem a implementação dos princípios

baseados no fluxo puxado.

Em suma, a implementação BOSLE exige também uma grande compreensão do cliente, cliente

este que não é apenas o cliente final, mas sim quem se segue na cadeia de valor para a

manutenção das melhorias.

Processos de Fabrico

Na Tabela 4 encontram-se identificados e sintetizados os processos de fabrico existentes no

chão de fábrica da BENTELER Automotive-Palmela.

Fica a referência que a linha alvo de estudo encontra-se dedicada a um processo de montagem

de módulos nomeadamente o eixo dianteiro para as referências Volkswagen (Sharan, Scirocco

e T-Roc) apresentadas no subcapítulo 2.3.4.

Tabela 4 - Processos de fabrico BENTELER Automotive-Palmela

Processo Descrição

Colagem O processo de colagem consiste na utilização de um componente para a fixação de

duas partes.

Soldadura

O processo de soldadura consiste na união de materiais na zona de solda mediante o

fornecimento de calor e/ou força com ou sem material de adição. A BENTELER

Automotive - Palmela faz uso de processos automatizados recorrendo a braços

robotizados que permitem a padronização da qualidade da solda de acordo com as

especificações.

Processo de montagem de

módulos

O processo de assembly consiste na montagem de um conjunto de partes ou

componentes semiacabados originando um produto final único a ser expedido.

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Produtos BENTELER Automotive- Palmela

No presente subcapítulo é feito o levantamento de produtos semiacabados e processos de

fabrico a estes associados que são executados pela empresa antes do envio para a Volkswagen

AutoEuropa.

Tabela 5 - Produtos componentes VW Ref.364 (adaptado BENTELER)

3

64

(SC

IRO

CC

O)

Eixo dianteiro Suspensão

Dianteira Suspensão Traseira

Para-choques

dianteiro

Processos fabrico: Montagem Montagem Montagem Montagem

Tabela 6 - Produtos componentes VW Ref.428 (adaptado BENTELER)

4

28

(SH

AR

AN

)

Centro e Suspensão

dianteira

Suporte Painel

Instrumentos

Reforço para-choque

dianteiro e traseiro Eixo Traseiro

Processos fabrico: Montagem Soldadura Montagem Montagem

Tabela 7 - Produtos componentes VW Ref.276 (adaptado BENTELER)

2

76

(T-R

OC

)

Módulo dianteiro Suporte Painel

Instrumentos

Para-choque dianteiro e

traseiro Pilar central

Processos fabrico: Montagem Soldadura Montagem Soldadura

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Planeamento e Controlo de Operações

Neste ponto é essencial realçar que os pedidos de fornecimento gerados pela VW AE entram

através dos sistemas informáticos proprietários e não têm um fluxo contínuo, isto é,

contratualmente o volume de produção/hora é de cerca de 42 automóveis, contudo, os pedidos

podem entrar no sistema num curto espaço de tempo sendo que a BENTELER Automotive-

Palmela tem de ser capaz de reagir às variações produtivas da VW Autoeuropa. Salienta-se

ainda que não existe uma previsão diária, dentro dos modelos produzidos, que modelo ou

quantidades de cada modelo que será produzido sabendo-se apenas o número de veículos/hora.

Uma vez recebido o pedido em tempo real os sistemas internos BENTELER comunicam às

diferentes linhas de produção que referência produzir traduzindo-se num sistema one-piece-flow

sequenciado segundo as necessidades da AE.

O sistema partilhado SAP recebe uma previsão das quantidades do que será produzido, contudo

esta informação apenas se verifica interessante para controlo logístico do que armazenar não

sendo válida para o âmbito da produção uma vez que não permite saber em que momento ocorre

o consumo.

A Figura 4 ilustra a evolução prevista da produção. Ainda que não seja possível quantificar, por

motivos de confidencialidade, é expectável que a produção diária em alturas de pico de produção

mais que duplique relativamente à produção atual. Deste modo, é necessário que as linhas sejam

capazes de responder à variação da procura de uma forma consistente.

Especificações de Fornecimento

A BENTELER Automotive-Palmela como salientado anteriormente, segue um sistema de

produção just-in-time, ou seja, produção de apenas o necessário quando necessário ao passo

da VW AE. Deste modo, as especificações de fornecimento pelas quais a BENTELER

Automotive -Palmela se rege baseiam-se na entrega de 30 conjuntos de componentes via camião

segundo uma estratégia JIS (just in sequence), isto é, os componentes e partes são

sequenciados e entregues alinhados com a necessidade produtiva da VW permitindo a redução

Prod.Atual Prod. Média Futura Prod. Máxima Futura

Evolução da Produção Diária

VW Sharan

VW Scirocco

VW T-ROC

Figura 4-Gráfico Evolução da Produção Prevista diária (Por motivos de confidencialidade não são quantificadas a produção futura)

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de stock ao longo da linha da AE. O tempo de reação da empresa encontra-se estimado em 2,5

horas, sendo que a cada 50 minutos é feito carregamento e envio de um camião subcontratado

para o transporte. A responsabilidade até ao momento do consumo do componente é da

BENTELER Automotive – Palmela. Segundo (Battini et al., 2012), a implementação de sistemas

JIT e JIS permitem reduzir os ciclos de entregas e melhorar o planeamento das operações

logísticas.

Especificações do Layout

O processo de montagem do eixo dianteiro é constituído por 5 operações manuais e 3

automatizadas encontrando-se estas identificadas na Figura 5 referência 1.O layout da linha

pode ser verificado pela Figura 5 as operações consistem no assembly do eixo dianteiro para os

diversos veículos VW (Sharan, Scirocco e futuramente T-ROC).

A Figura 6 apresenta as diferentes áreas de armazenamento já existentes e poderão ser alvo de

alterações futuramente. É expectável a criação de uma zona de supermercado ao nível do solo

como demonstrada pela referência 5.

Referência Legenda

1 Linhas de produção operação 50 , 100, 190, 200 e Prensa

2 Stocks / Buffers

3 Área de movimentação de cargas

Referência Legenda

4 Sistema de armazenamento atual (Racks)

5 Área logística para implementação do supermercado

3 2 1

Figura 5- Layout e Vista Superior da linha (adaptado BENTELER)

4

3

5

Figura 6-Layout e Vista lateral da Área de armazém (adaptado BENTELER)

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13

Especificações das Operações

O processo de montagem do eixo dianteiro Figura 7 é, como referido anteriormente, constituído

por cinco operações manuais (OP 50, 100,190, 200 e Prensa) e três automatizadas

(OP250,300,400).

Por motivos de confidencialidade não serão detalhadas as etapas das operações, contudo é feita

uma breve descrição apresentada na Tabela 8.

Tabela 8-Especificações das operações

Necessidades Futuras

Como referido anteriormente, com o início do projeto T-Roc encontra-se associado um aumento

de complexidade associada ao número de referências de componentes e aos elevados níveis de

produção. Para além do aumento do número de variantes de componentes associadas ao eixo

dianteiro (ver Tabela 9), também a produção crescerá o que originará maiores necessidades

logísticas, capacidade de resposta das linhas e flexibilidade da produção.

Seq. Referência Descrição

Estação Manual

1 Prensa Pré-Montagem sinoblocos em subframes

2 OP 50 Montagem de braços e outros componentes nos subframes (Sharan, Scirocco e futuramente T-Roc)

3 OP 100 Montagem de barras estabilizadores no subframe e outros componentes

4 OP 190 Montagem de cabos elétricos na direção e outros componentes

5 OP 200 Montagem de proteções de calor e outros componentes

Estação Automática

6 OP 250 Apertos

7 OP 300 Apertos

8 OP 400 Carregamento das estruturas para posterior expedição

Figura 7-Layout Operações Eixo Dianteiro e Resultado das Operações (adaptado BENTELER)

2

1

3

5 6 7

8

4

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14

Tabela 9-Aumento complexidade com Entrada novo Projecto

Referência

Variantes

Atual Com Entrada do Novo

Projecto

Apoios de Caixa 6 12 Braços da Suspensão 6 12

Cabos Elétricos 13 25 Chapas Proteção de Calor 3 6

Barras Estabilizadoras 6 10 Consolas 3 3 Direções 4 8

Charisma / GDL 2 4 Sinoblocos 2 8

Chassis / Subframes 2 3 Chassis / Subframes

Prensados 2 5

2.4. Problemática e Conclusões

A BENTELER Automotive-Palmela à data encontra-se num processo de reformulação dos

processos e alterações profundas no chão de fábrica por forma a melhorar e aumentar a sua

capacidade de resposta às mais exigentes necessidades da Volkswagen Autoeuropa.

Neste âmbito e devido à variabilidade produtiva da AE é necessário rentabilizar o número de

operadores contratados por forma a ter capacidade para responder não só aos elevados picos

de produção como sustentar os colaboradores em picos de menor produção. Deste modo o

desenvolvimento da presente dissertação tem como objetivo a deteção de potenciais

ineficiências, melhoria da área de produção do eixo dianteiro assim como reformular a logística

interna por forma a separar as atividades logísticas das atividades produtivas.

Em conclusão, verifica-se também a necessidade compatibilizar a área disponível no chão de

fábrica e o método de abastecimento à linha para o aumento do número de variantes que advêm

do novo projeto.

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15

Capítulo 3 - Estado da arte

Como apresentado no capítulo anterior o que se pretende com a dissertação de Mestrado é a

melhoria do processo produtivo da linha de montagem do eixo dianteiro através da deteção e

eliminação de ineficiências, assim como, através da separação dos processos produtivos dos

processos logísticos. De acordo com, (Mrugalska & Wyrwicka, 2017) a implementação da

filosofia e ferramentas lean permitem alcançar produções de qualidade acrescentando a

preocupação constante em eliminar ineficiências do sistema. Paralelamente, no âmbito da

separação de fluxos processuais são sugeridas metodologias de gestão de fluxo desenvolvidas

por (Coimbra, 2013) que permitem a separação de tarefas de valor acrescentado das tarefas de

valor não acrescentado. Deste modo, é apresentada no presente capítulo uma revisão da

literatura que permita a introdução dos principais conceitos e ferramentas lean, finalizando com

a aplicação da metodologia em diferentes casos de estudo.

3.1. Evolução da Indústria Automóvel e Origem do Conceito

Lean

Baseado em ‘A Máquina Que Mudou o Mundo’ (P.Womack, T.Jones, & Roos, 1990.)

A construção automóvel tem início na década de 90 do século XIX pela então conhecida empresa

de ferramentas de corte de metal, ‘P&L’ (Panhard et Levassor). De facto, a construção inicia-se

após a negociação da licença do motor a gasolina desenvolvido por ‘Daimler’, fundador da atual

Mercedes-Benz em 1887. Inicialmente constituída por artesãos especializados em trabalho

metálico, a P&L construía carros à mão em pequeno número segundo características especificas

dos clientes. A falta de padronização do processo de fabrico, dos equipamentos e das máquinas

impossibilitava então obter carros idênticos, mas sim semelhantes. Paralelamente, a

dependência de subcontratações para a construção das diferentes partes automóveis

desenvolveu a necessidade de criar uma linha de montagem sequencial, isto é, montagem peça

a peça e ao mesmo tempo fazer ajustes para que estas se integrem obtendo no final um veículo

constituído por centenas de partes. Assim, o início da construção automóvel fica marcada pela

cadência produtiva reduzida, com um volume de produção a rondar os mil veículos ano, nos

quais apenas cinquenta teriam design semelhante e dos quais apenas dois seriam idênticos. Não

menos importante, esta indústria fica também marcada pela descentralização das organizações,

dependentes de mão-de-obra especializada e de processos não padronizados.

A incapacidade de uns torna-se uma oportunidade para outros. Henry Ford surge assim em

meados do início do século XX com o sistema de produção em massa que visa solucionar os

problemas inerentes à produção artesanal do automóvel reduzindo custos produtivos e

garantindo a qualidade do produto. Apercebendo-se dos problemas produtivos de fabricantes

como a ‘P&L’, Ford procura padronizar os componentes e equipamentos por forma a obter a

consistente permutabilidade e simplicidade de fixação. Inicialmente em 1903 a montagem do

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Figura 8-Cronograma de acontecimentos (edição própria)

automóvel seria feita por apenas um trabalhador. Com o passar do tempo, cada trabalhador

tornou-se responsável por uma parte da montagem antes de iniciar a seguinte, sendo este um

trabalho com procedimento repetitivo e estacionário. Por forma a tornar também um trabalho

eficiente, foi implementado o transporte das peças até ao trabalhador reduzindo o tempo de

viagens e permitindo o trabalhador permanecer na linha de montagem permanentemente. Com

a apresentação do Modelo T em 1908, e com a completa permutabilidade alcançada, Ford

introduziu o modelo de tarefa única por colaborador no chão de fábrica, significando que este

mover-se-ia de veículo em veículo para executar uma única tarefa. Esta padronização permitiu

reduzir o tempo de cadência automóvel até então de 514 minutos para 2.3 minutos. Em 1913

apercebendo-se do tempo gasto em deslocações por parte dos trabalhadores implementa uma

linha de montagem de fluxo continuo em que o automóvel se desloca pela fábrica até ao

trabalhador sem que este necessite de deslocar para executar a tarefa reduzindo mais uma vez

o tempo de cadência para 1.19 minutos. Deste modo, Henry Ford é reconhecido desde então

como pai da montagem em série e produção em massa alcançando em 1920 a produção de dois

milhões de veículos ano.

Mais de sessenta anos após Henry Ford introduzir o “Modelo A”, o sector automóvel demonstrava

continuar a estar assente na soldadura e montagem de centenas de partes. Em 1950, Taiichi

Ohno, engenheiro de produção da Toyota e reconhecido criador do Sistema de Produção Toyota,

face ás dificuldades do sector automóvel no Japão, incapaz de acompanhar a evolução da

produção em massa do sector além-fronteiras, derivado não só à cultura agrícola, mas também

à diversidade da procura por diferentes tipos de veículos e problemas económicos pós-guerra

do país viu-se obrigado a estudar alternativas. Uma vez que a produção em massa não se

enquadrava com o modelo socioecónomico do país e o método artesanal não era competitivo,

Ohno optou por reestruturar as linhas de produção formando equipas de operários lideradas por

um membro de equipa. Paralelamente, tarefas básicas como limpeza do local de trabalho,

reparações menores e controlo de qualidade seriam atribuídas a esses mesmos operários

permitindo uma redução de trabalhadores que não criassem valor. Não obstante a mentalidade

ou filosofia produtiva Americana, Ohno atribuiu aos colaboradores de fábrica a possibilidade de

contribuir para a melhoria contínua dos processos, ou “Kaizen”, dando a oportunidade a estes

de colaborarem com engenheiros industriais por forma a melhorarem os processos e mesmo

condições de trabalho. De um ponto de vista fabril as alterações sugeridas por Ohno contrastam

com as implementadas na indústria automóvel estrangeira. É de destacar o agora controlo das

quantidades produzidas por estampagem, na verdade apenas seria produzido o necessário por

forma a reduzir criação de inventário e deteção de defeitos mais eficazmente.

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3.2. Filosofia Lean

O conceito lean foi introduzido por (P.Womack et al., 1990) por forma a descrever a filosofia de

trabalho e prática dos fabricantes japoneses. O termo de origem inglesa lean significa “magro”,

“sem gorduras” algo que apenas contém o necessário. Por um lado, partindo de uma perspetiva

operacional, lean envolve a implementação de um conjunto de ferramentas e técnicas no chão

de fábrica com o intuito de reduzir desperdícios como resíduos, processamento inapropriado e

desnivelação produtiva, permitindo obter um fluxo mais suave e eficiente. Por outro, numa

perspetiva de filosofia, considera o efeito do inter-relacionamento e sinergias destas práticas por

forma a melhorar no geral os níveis de produtividade, qualidade do produto, promovendo a

integração dos departamentos (Liker, 2006).

O sistema Lean é desenhado para produção puxada, de pequenos lotes, sendo que idealmente

este sistema esforça-se por obter produções de qualidade, ao menor custo possível e no menor

lead-time (Art of Lean, 2013).

Para que a prática do lean seja bem-sucedida a organização deve atender aos principais

requisitos estratégicos desta filosofia como o compromisso de gestão, autonomia dos

funcionários, transparência da informação e ajuste cultural (Scherrer-Rathje, Boyle, & Deflorin,

2009). Acrescenta também, que complexidade envolvida no processo requer que as

organizações exerção esforços simultâneos transversalmente por forma a obter resultados,

verificando-se assim, ser uma tarefa complexa. Deste modo, para melhor entendimento torna-se

imprescindível introduzir os princípios e metodologias por detrás desta filosofia.

3.2.1. Princípios Lean

O Lean assenta em cinco princípios sendo estes a criação de valor, definição de cadeia de valor,

otimização do fluxo, o sistema pull ou produção puxada e a perfeição (J. P. Womack & Jones,

1996) . No entanto foram detetadas lacunas na medida em que os cinco princípios apenas

consideram a cadeia de valor do cliente e uma organização, como descreve (Harrison & Wicks,

2013), é constituída por múltiplas cadeias de valor, uma por cada parte interessada.

Paralelamente, uma outra limitação sugerida por (Pinto, 2014) é que organizações baseando-se

apenas nos cinco princípios tendem a entrar em ciclos constantes de redução de desperdícios,

ignorando a atividade de criar valor através da inovação de produtos, serviços e processos. Desta

forma, para evitar que as organizações cometam erros de despedimentos, esquecendo a missão

e propósito de criar valor para os stakeholders (entidades com interesses diretos e indiretos na

empresa), a Comunidade Lean Thinking (CLT, 2008) propõe a revisão dos princípios lean,

sugerindo a adoção de mais dois princípios “Conhecer os stakeholders” e “Inovar Sempre” como

sugerido pela Tabela 10.

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Tabela 10-Princípios Lean

Princípios Descrição

Conhecer os

stakeholders

Deve ser feito um levantamento pormenorizado de todas as partes interessadas por forma a atuar

na pluralidade dos interesses e necessidades dos stakeholders, não descorando a satisfação do

cliente.

Definir os

valores

1

Identificar o que na perspetiva do cliente acrescenta valor ao produto ou serviço. Não menos

importante, identificar valores para as partes interessadas, i.e., acionistas, colaboradores etc.

Definir as

cadeias de

valor

2

Conjunto de ações necessárias para criar um determinado produto seja este um bem, um serviço ou

a combinação de ambos. Uma análise do fluxo de valor geralmente trará três tipos de conclusões

refere (J. Womack & Jones, 2003).

Muitas etapas serão identificadas como responsáveis por criar valor;

Outras etapas serão identificadas como não criando valor, contudo a sua execução é inevitável com

a tecnologia existente;

Por fim serão identificadas etapas que não criam valor, evitáveis, e por isso deverão ser eliminadas.

Otimização

de fluxos

3

Indo contra o paradigma de produção agregada, a otimização de fluxos consiste em organizar os

processos por forma a criar um fluxo contínuo de materiais e informação necessárias, reduzindo

paragens /deslocações e consecutivamente reduzindo o tempo total sem adição de valor. Segundo

(J. Womack & Jones, 2003), convertendo departamentos e produção por lotes em equipas e fluxo de

produtos o tempo desde conceção do produto até entrega ao consumidor reduz-se

substancialmente.

Implementar

Sistema Pull

ou Produção

Puxada

4

A produção puxada é o conceito que define que o processo produtivo não é iniciado através de ordens

ou calendarização (Wilson, 2010). Na verdade, o que aciona a produção é o consumidor. Ainda que

seja virtualmente impossível existir um sistema completamente puxado as características deste

consistem em:

A produção não inicia até o consumo ocorrer;

Necessidade ter armazenamento para manter o fluxo contínuo. Nem sempre o rácio produtivo é

garantido ou ocorrem mudanças de máquina e por isso é necessário criar inventário para manter o

fluxo;

O processo só é acionado quando o consumidor da etapa seguinte necessitar.

Perfeição

5

Atingir a perfeição do sistema produtivo através da eliminação de desperdícios e da melhoria

contínua. Desenhar processos robustos, com capacidade de deteção imediata de problemas.

Estabelecer procedimentos sistemáticos de aprendizagem e melhoria continua sempre que uma

variação do padrão for identificada (Aziz & Hafez, 2013).

Inovar

sempre

Procurar evoluir produtos, serviços, processos com o intuito de criar valor. Identificar necessidades,

tendências, viabilidade, exequibilidade e assim inovar.

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3.2.2. Identificação de Desperdícios

A essência do pensamento lean é a contínua eliminação de desperdícios, como tal, foram

desenvolvidos os conceitos que se seguem para facilitar a sua identificação antes de proceder à

eliminação.

Os três MU – Muda-Mura-Muri

Resultado do desequilíbrio entre a carga e capacidade produtiva e por forma a identificar o

desperdício gerado surgiram os vocábulos japoneses sintetizados na Tabela 11:

Tabela 11- Identificação de desperdícios Muda-Mura-Muri

Muda

(desperdício)

O termo japonês “Muda” traduz-se em qualquer atividade que gere

desperdício, que não adicione valor ou não seja uma atividade produtiva. De

modo geral, a agregação de valor ocorre através da produção de produtos ou

prestação de serviços valorizados pelo cliente. Contrariamente, qualquer

consumo excessivo de recursos ou componente do produto/serviço não

valorizado pelo cliente, é considerado desperdício e por isso deve ser reduzido

ou eliminado.

Mura

(inconsistência, flutuação,

variação)

O termo japonês “Mura” refere-se à inconsistência, anomalias ou

instabilidades na produção do produto ou serviço. Este pode ser causado por

desnivelamento, desbalanceamento do trabalho ou máquina. Por forma a

eliminar este tipo de desperdício pode-se aplicar sistemas JIT – just-in-time,

fornecendo apenas o que é pedido pelo cliente. Paralelamente, também

podem ser aplicadas ferramentas para a nivelação da produção (Heijunka)

permitindo a redução ou eliminação do “Mura”.

Muri

(sobrecarga, excesso)

O termo japonês “Muri” expressa a irracionalidade, o excesso ou insuficiência.

Este pode ser eliminado através do trabalho uniformizado tornando visível as

rotinas e padrões de trabalho. Deste modo, os processos tornam-se mais

previsíveis, estáveis e controláveis permitindo observar melhorias na

qualidade, produtividade e redução de custos (Pinto, 2014).

Os sete desperdícios (7W, seven wastes)

Taiichi Ohno desenvolveu uma lista de sete tipos de desperdícios com o intuito de servir de guia

para a deteção de “Mudas”, referidos anteriormente, e desenvolver ações por forma a eliminá-

los demonstrados em seguida. Neste contexto, mais tarde Shigeo Shingo desenvolveu os

conceitos abaixo descritos aquando do desenvolvimento do sistema de produção Toyota.

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Tabela 12- Identificação sete desperdícios (7W, seven wastes)

Sobreprodução Ocorre quando as operações são executadas sem necessidade, originando excesso de

produto e consequentemente aumento de inventário.

Subprocessamento Execução de processos extra como retrabalho, manuseamento e armazenamento derivado

de sobreprodução ou excesso de inventário.

Inventário Existência de stock que não é diretamente necessário para realizar as operações. Inclui

matéria-prima, WIP, e produtos finais. Este inventário traduz-se em custos de

armazenamento, manuseamento podendo mesmo necessário extra processamento.

Esperas Tempo gasto entre atividades sendo que o inicio da última depende da finalização do

precedente.

Transporte Transporte de materiais ou produtos semiacabados correndo o risco de dano ou perda.

Normalmente não há valor adicionado representando apenas um custo.

Defeitos Anomalias, imperfeições, irregularidades detetadas no produto final que não se encontra

conforme as especificações do cliente e que por isso podem exigir retrabalho.

Movimento Refere-se aos movimentos desnecessários para a realização de uma tarefa. Movimentação

dos operários, equipamentos que não trazem valor adicional ao produto.

Subutilização do

conhecimento Subutilização em particular das ideias e criatividade das pessoas que poderiam promover o

desenvolvimento dos processos e melhorias práticas.

3.3. Toyota Production System

O TPS (Toyota Production System), inicialmente desenvolvido por Taiichi Ohno em 1940 e mais

tarde por Shigeo Shingo, é reconhecido como uma das correntes de gestão que está na origem

do “pensamento magro” (Pinto, 2014). Esta filosofia adota uma cultura de melhoria continua

baseada na criação de standards e eliminação de desperdícios através da cooperação de todos

os colaboradores.

Como se pode verificar pela Figura 9, a estabilidade é a fundação a partir da qual o sistema é

estruturado. Por outras palavras, como refere (Liker, 2006), um processo não estável não é

passível de ser melhorado pelo que antes de iniciar qualquer processo de melhoria deve-se

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verificar a estabilidade do mesmo por forma a garantir que não há retrocessos por motivos

desconhecidos. Uma vez verificada a estabilidade o processo de melhoria Kaizen pode iniciar.

Após o término do processo de melhoria é imprescindível que se proceda à padronização,

embora esta seja uma das ferramentas mais poderosas do lean como referido (L. E. Institute,

2007), esta é uma das menos utilizadas. A documentação do processo produtivo após melhoria

permite que este se torne a base para novos aperfeiçoamentos evitando instabilidade e

facilitando a identificação de problemas.

Não menos importante, também a nivelação da produção auxilia a estabilidade do processo de

fabrico. Deste modo, (L. I. Institute, 2008) define “Heijunka” como o nivelamento do tipo e

quantidade de produção durante um período de tempo fixo. Acrescenta também que, este

permite que a produção atenda de forma eficiente à procura dos clientes evitando o

processamento de lotes e criação de inventário desnecessários que traduzir-se-iam em custos

de capital, mão-de-obra e tempo de produção em todo o fluxo de valor.

Neste mesmo âmbito, um dos pilares fulcrais para o TPS é o sistema de produção JIT. Embora

não haja um consenso quanto à sua definição, traduz-se na obtenção da quantidade necessária,

no tempo e local certo através do mínimo de recursos promovendo assim uma produção

económica e eficaz (Ayman & Yoshiki, 2007). Consequentemente, verifica-se a redução de

inventário e um esforço por evitar a produção antecipada e excedente.

O segundo pilar, “Jidoka”, advém do conceito de automação, isto é, separar o Homem da

máquina (Wilson, 2010). Na realidade, pretende-se atingir um nível de autonomia do processo

na medida em que este adquire a capacidade de parar mal seja detetada uma anomalia ou outro

tipo de problema evitando que defeitos proliferem pela linha de produção, causando danos nas

máquinas ou até ferimentos nos trabalhadores. Acima de tudo, permite detetar o problema no

momento em que ocorre para que possa ser solucionado sem causar desperdícios materiais

maiores (Art of Lean, 2013).

Em contraste com sistemas convencionais de produção que se baseiam em produções em

escala, lotes de grandes dimensões, por forma a obter redução de custos, a filosofia Toyota

baseia-se em lotes o mais pequeno possível, com tempos reduzidos. Em suma, majora-se a

qualidade do produto final e moral da equipa ao passo que se reduz custos e tempo produtivos.

Figura 9 - Casa ‘Toyota Production System’

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3.4. Kaizen Lean

O termo Kaizen, de origem japonesa, surge na década de 50 do século XX no contexto industrial

japonês e traduz-se em “Mudança para Melhor” (Kai =Mudar; Zen=Melhor).

O Kaizen é mais tarde difundido na obra de (Imai, 1986) como uma metodologia e uma filosofia

de melhoria de gestão a longo prazo que aposta na qualificação das pessoas e facilita a

implementação de qualquer mudança coordenando os recursos de uma organização de forma a

garantir o crescimento sustentado. Deste modo e inserido na filosofia Kaizen Lean, é introduzido

em seguida a metodologia KMS (Kaizen Management System) desenvolvida pelo Instituto

Kaizen e cuja implementação se verifica interessante para a resolução da problemática da

empresa.

3.4.1. Metodologia ‘Kaizen Management System’

O modelo integra um conjunto de ferramentas com aplicabilidades diferentes considerando a

melhoria a ser desenvolvida. Estas ferramentas compreendem modelos desenvolvidos para a

‘Criação de fluxo’ (TFM), ‘Gestão de Equipamentos’ (TPM), ‘Qualidade’ (TQM), ‘Serviços’ (TSM)

e ‘Gestão à Mudança’ (TCM). No âmbito da problemática da dissertação são sequentemente

introduzidos (ver Tabela 13), os pilares de gestão de fluxo (TFM) uma vez que é o modelo que

melhor se adequa aos objetivos da dissertação no âmbito da separação das atividades

produtivas da atividade logística.

Tabela 13-Os 4 Pilares TFM (Coimbra, 2013)

II. Fluxo de Produção III. Fluxo de Logística Interna IV. Fluxo de Logística Externa

Automação de Baixo Custo Planeamento Pull Planeamento Pull Total

Single Minute Exchange of Die (SMED) Nivelamento Outbound e Entrega

Trabalho Padronizado Sincronização (Kanban/Junjo) Inbound e Sourcing

Bordo Linha Mizusumashi Milk Run

Layout e Desenho de Linhas Supermercados Desenho do armazém

I. Estabilidade Básica

A verde na Tabela 13 encontram-se destacadas o conjunto de ferramentas adotadas para a

realização deste trabalho e que serão explanadas em maior detalhe no subcapítulo 3.5.3. As

restantes ferramentas, embora relevantes, não se enquadram com a problemática ou não serão

desenvolvidas na presente dissertação.

Base I - Estabilidade Básica

Da mesma forma que o sistema Toyota defende a estabilidade do processo, também a

metodologia de ‘Criação de Fluxo’ (TFM) necessita de estabilidade por forma a garantir a eficácia

e inexistência de retrocessos nas melhorias implementadas. Assim antes da implementação da

metodologia é necessário verificar a estabilidade do processo para que não ocorram retrocessos.

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Pilar II - Fluxo de Produção

Após garantir estabilidade do sistema, como refere (Coimbra, 2013), o segundo passo para a

melhoria do fluxo de produção, passa por implementar o fluxo unitário e alcançar flexibilidade do

nosso sistema. Deste modo a Tabela 14 apresenta os elementos pertencentes ao pilar do fluxo

produtivo e que incorre na criação do fluxo unitário e flexibilização do sistema:

Tabela 14-Elementos TFM relativamente ao Fluxo de Produção

Ferramentas Descrição

SMED (Single Minute

Exchange of Dies):

Sistema para redução de tempo de troca de ferramenta para produção de um novo

produto traduzindo-se numa maior flexibilidade da operação.

Layout e Desenho de

Linhas:

Através da análise dos movimentos de materiais, operações e requisitos funcionais

alterar o layout das linhas de modo a implementar fluxo unitário.

Automação de Baixo

Custo:

Implementação de mecanismos automáticos de baixo custo que permitem facilitar a

execução das operações.

Pilar III - Fluxo da Logística Interna

O terceiro pilar encontra-se relacionado com a logística interna, nomeadamente a movimentação

de produtos no chão de fábrica assim como o fluxo de informação referente ao consumidor no

que toca a planeamentos da produção. A Tabela 15 sintetiza duas das seis ferramentas

integrantes neste pilar.

Tabela 15- Elementos TFM relativamente ao Fluxo de Logística Interna

Ferramenta Descrição

Planeamento Pull Cálculo da produção tendo em conta a procura do consumidor

Nivelamento Nivelamento da produção interna ao nível da procura do cliente.

Pilar IV - Fluxo da Logística Externa

O quarto pilar refere-se ao fluxo de logística externa, isto é, o fluxo de materiais e informação

relacionada com fornecedores e consumidor. A Tabela 16 agrupa as categorias pertencentes a

este pilar:

Tabela 16-Elementos TFM relativamente ao Fluxo de Logística Externa

Ferramenta Descrição

Outbound e Fluxo de Entrega Criação de um fluxo de pequenos contentores nas operações externas.

Planeamento Pull Calcular o picking considerando as regras de fluxo puxado do consumidor.

Milk Run Traduz-se na criação de fluxo externo das operações de transporte.

Desenho de Armazém Dimensionamento de uma infraestrutura de armazenamento eficiente.

Inbound e Sourcing Consiste em criar um fluxo de pequenos contentores nas operações internas.

Finda a introdução do modelo TFM é sequentemente feito o levantamento de ferramentas lean

que permitirão estudar e identificar as ineficiências do sistema produtivo.

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3.5. Ferramentas e Conceitos Operacionais

Finda a introdução às filosofias lean e metodologias Kaizen e uma vez que o caso de estudo,

integrante da presente dissertação, segue uma componente inicial de diagnóstico para a deteção

de ineficiências, são sequentemente apresentadas ferramentas lean desenvolvidas para o efeito.

3.5.1. Ferramentas de Diagnóstico

As ferramentas de diagnóstico são essenciais para o levantamento e análise do estado inicial

das operações possibilitando a deteção de possíveis ineficiências abrindo oportunidades de

melhoria. Em seguida são apresentadas algumas destas ferramentas nomeadamente a

ferramenta VSM (Value Stream Mapping), OBC (Operator Balance Chart) e Spaghetti Diagram.

Ferramenta - Value Stream Mapping

Como descrito anteriormente o conceito de “valor” encontra-se intrínseco à filosofia lean sendo

a sua definição e identificação pilar nos “Princípios Lean”. Deste modo, a identificação de

operações que adicionam valor ou originam desperdícios torna-se preponderante para uma boa

gestão inserida num ambiente concorrencial como o atual. O mapeamento do fluxo de valor ou

Value Stream Mapping consiste em mapear processos e fluxos de informação desde os

fornecedores até ao cliente final. Segundo (Rother, M. & Shook, 1999) tem como objetivo

identificar todos os tipos de desperdícios no fluxo de valor sendo que uma vez identificados,

possibilita a implementação de medidas na tentativa de os eliminar.

O mapeamento considera não só o fluxo de materiais, como também o fluxo de informação

permitindo obter uma gestão visual do processo atual e auxiliando a reconstrução do mapa

futuro. Paralelamente, informações relativas ao processo como tempos de ciclo, inventário,

tempos de troca de ferramenta, operários e modos de transporte são considerados e enunciados

no mapeamento ajudando a análise e tomada de decisão. Como refere, (Pinto, 2014) mapear

processos envolve grande parte da estrutura organizacional de uma empresa, na medida em que

é essencial comunicar com os colaboradores por forma a chegar a um melhor entendimento das

melhorias a serem implementadas, e por isso é algo que requer tempo, recolha de elementos e

visita a cada um dos locais da cadeia.

O procedimento para a elaboração desta ferramenta de diagnóstico começa por identificar o

cliente na parte superior direita, (ver Anexo C.1.1.), e o fornecedor na parte superior esquerda

do esquema. Consecutivamente na parte inferior do esquema, são mapeadas as operações de

fabrico / serviço, envolvendo os intervenientes de cada etapa. Paralelamente, são registados na

base do esquema, todos os tempos de valor acrescentado e não acrescentado numa linha

temporal. O mapa gerado deve conter toda a informação necessária para interpretar a forma

como cada etapa é realizada, expondo problemas e limitações que aliado aos objetivos de

melhoria permitem dar origem a um mapa futuro

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Ferramenta - Standard Work Operator Balance Chart

Denominado “OBC” ou estudo de balanceamento, esta é uma ferramenta que consiste em nivelar

a carga de trabalho em todos os processos de uma célula ou fluxo de valor identificando para

posterior remoção de estrangulamentos ou excessos de capacidade (Kumar & Mahto, 2013).

Da utilização desta ferramenta obtém se um gráfico de barras, no qual se encontram identificados

o tempo de ciclo de cada uma das estações de trabalho associadas ao processo de fabrico de

um produto. Em adição, a tracejado, encontra-se identificado o takt time ou tempo exigido por

forma a responder à procura do cliente.

Esta ferramenta permite quantificar não só o tempo em que o operador está subaproveitado, ou

seja, existe uma folga entre o tempo de ciclo e o takt time, ou por outro lado se encontra sobre

aproveitado e o tempo de ciclo é maior que o takt time e por isso é necessária balancear.

Paralelamente, comparando os tempos de ciclo de cada operador é possível verificar a origem

de bottlenecks ou desbalanceamento do trabalho (Wilson, 2010). Esta é assim uma ferramenta

bastante útil para a identificação de desperdícios baseados na sub ou sobre carga dos

colaboradores permitindo atuar sobre os problemas identificados. Neste mesmo âmbito surge o

gráfico Yamazumi, um gráfico de barras empilhadas, (ver Anexo C.2.) dos tempos das etapas

dentro de um processo. Esta ferramenta visual permite distinguir todas as etapas que adicionam

ou não valor sendo que a eliminação desta última permite tornar o processo mais eficiente.

Ferramenta - Spaghetti Diagram

O Spaghetti Diagram, é uma ferramenta que permite a visualização do movimento e transporte

do fluxo seja este de materiais, pessoas ou papel (ver Anexo C.3). A utilização da ferramenta

auxilia na deteção de oportunidades para a redução de desperdícios originados pelo transporte.

Neste tipo de diagrama encontra-se representado o layout com a respetiva disposição dos locais

de trambalho e movimento do produto ao logo das etapas do processo produtivo (Wilson, 2010).

Assim, é possível verificar se a disposição atual é a melhor, ou se a reorganização do layout

flexibilizaria e reduziria desperdícios como é exemplo a ‘deslocação do operador’.

A Tabela 17 sintetiza as etapas para elaboração deste diagrama.

Tabela 17 - Etapas elaboração Spaghetti Diagram

Etapas Descrição

Etapa 1 Registo e clarificação dos processos.

Etapa 2 Através de setas direcionais registar as rotas, movimentos do material, pessoa ou documento.

Etapa 4 Obter e registar o tempo gasto em cada atividade.

Etapa 5 Assinalar áreas onde os materiais param ou são mantidos, inspecionados etc.

Etapa 6 Registo de informações relevantes (envolvidos, horas etc.).

Etapa 7 Calcular distâncias, tempos, turnos, inicio, fim, paragens.

Etapa 8 Criar diagrama do estado ideal do movimento de fluxo.

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Quadro I - Caso de Estudo: Autokeen Sdn. Bhd

O artigo desenvolve o tema da melhoria de eficiência da linha de produção utilizando técnicas

lean de balanceamento aplicadas à empresa Autokeen Sdn. Bhd (AKSB), empresa pertencente

ao ramo da indústria automóvel de montagem de componentes hidráulicos. Como refere o

autor, a linha de montagem é constituída por sete estações de trabalho e sete operadores com

ordens de trabalho diferentes. Por forma a avaliar o estado inicial do processo são feitos

levantamentos dos tempos de ciclo atuais de cada uma das operações, assim como tempos

takt requeridos para satisfazer as necessidades do cliente gerando-se posteriormente gráficos

(OBC) para uma análise de balanceamento do trabalho. Concluiu-se com o caso de estudo que

as operações não se encontravam balanceadas, isto é, para o takt time exigido o tempo de

ciclo em algumas das operações era bastante menor pelo que existiria paragens de valor não

acrescentado. Deste modo, a AKSB procedeu ao inicio de atividades Kaizen baseadas em:

Otimização das ordens de trabalho e organização dos materiais;

Balanceamento dos operadores.

Em conclusão da aplicação das metodologias de balanceamento no âmbito de diagnóstico e

sincronização permitiu detetar ineficiências assim como agir sobre estas melhorando

indicadores de qualidade e redução de sucata. Revela ainda que após a implementação a

empresa registou um aumento da eficiência de produção na ordem dos 77 pontos percentuais

assim como a redução do número de operadores para inicialmente 4 para 3.

3.5.2. Ferramentas de Organização e Gestão visual

A organização e gestão visual são fundamentais para qualquer organização lean. De facto, a

complexidade e desorganização, de um local de trabalho podem traduzir-se em dificuldades de

operar e consecutivamente no desperdício sob diferentes formas seja material ou tempo. Na

verdade, um local de trabalho organizado, é um local onde os colaboradores conseguem

facilmente executar as suas tarefas de uma forma eficiente, confortável e acima de tudo segura

(Martichenko & Goldsby, 2005).

J. Womack & Jones (2003) defendem também a transparência do processo produtivo, a

exposição de todas as ferramentas, indicadores e atividades por forma a facilitar o controlo visual.

As ferramentas em seguida apresentadas são exemplos de ferramentas de organização e gestão

visual mais comumente utilizadas e com provas dadas em ambientes industriais.

Ferramenta 5S (Seiri – Seiton – Seiso – Seiketsu – Shitsuke)

De origem japonesa, o chamado “5S” é uma ferramenta muito utilizada no processo de

implementação Lean Thinking. Como descrita na Tabela 18, a ferramenta pretende implementar

um conjunto de medidas que permitam não só organizar o local de trabalho como eliminar tudo

Autokeen Sdn. Bhd - “Improvement of Overall Efficiency of Production Line by using Line Balancing”

(Adnan, Arbaai, & Ismail, 2016)

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o que não é necessário para a realização do mesmo e que potencialmente é prejudicial à

concretização.

Com a implementação desta ferramenta é expectável a redução de tempos de espera e redução

da duração da atividade.

Tabela 18 - A abordagem 5S para Organização do local de trabalho

Expressão

Japonesa

Termo

Português Descrição

Seiri Utilização Identificar o desnecessário na área de trabalho e remoção.

Seiton Organização Organização do espaço de trabalho considerando a segurança e eficiência.

Seiso Limpeza Manter local de trabalho limpo e organizado

Seiketsu Higiene Documentar e criar normas por forma a obter uma performance consistente.

Shitsuke Disciplina Criar e manter uma disciplina de hábitos de trabalho e resolução de

problemas.

Na prática, Toyota e Honda estimam que 25% a 30% dos defeitos de qualidade estão

diretamente relacionados com segurança, limpeza e ordem no posto de trabalho (Almeida, 2012).

Ferramenta Kanban

No âmbito da gestão visual, a ferramenta Kanban, traduz-se do japonês “cartão” ou “sinal”. Esta

ferramenta foi introduzida por Taiichi Ohno por forma a regular o fluxo de materiais entre

processos, otimizando os fluxos produtivos e reduzindo significativamente os stocks de materiais.

Pinto (2014) define como uma ferramenta de controlo de fluxo de materiais, pessoas e

informação no chão de fábrica ou gemba e que garante o funcionamento do sistema puxado.

Acrescenta ainda, que se trata de um sistema simples, visual que se baseia no princípio de que

só há produção quando há consumo, ou seja, só se pode produzir quando o cliente autorizar. A

Figura 10 é um exemplo do funcionamento do sistema Kanban.

Como se pode observar pela Figura 10 a), o stock de cada peça é dividido em três faixas, lote,

resposta e segurança. À medida que o consumo ocorre, cartões vão chegando e são inseridos

sobre a faixa. Ao passo que se vai preenchendo a faixa, vai-se tornando mais critico o início da

produção do lote. Para o bom funcionamento do sistema Kanban a produção do lote deve iniciar

antes de atingir o código de cor amarelo uma vez que ao fabrico do lote se encontra inerente o

lead time produtivo que pode pôr em causa o fluxo contínuo da produção.

Figura 10 – Exemplos de Sistema Kanban

a) b)

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Figura 11-Exemplo Poke-Yoke

Ferramenta Poka-Yoke

O mecanismo Poka-Yoke ou traduzindo “à prova de erro” foi introduzido em 1961 por Shigeo

Shingo com o intuito de mitigar e eliminar erros processuais. Por um lado, este pode ter a

finalidade de deteção interrompendo o processo (controlo) ou emitindo um sinal de erro

(advertência). Por outro, pode funcionar como medida preventiva permitindo a deteção

antecipada do problema para posterior eliminação evitando que estes se propaguem e se

convertam em custos maiores. A Figura 11 representa um exemplo de um mecanismo Poka-

Yoke de uma linha de produção.

O caso de estudo que se segue demonstra e é exemplo da importância e os benefícios

alcançados com a implementação de ferramentas de gestão visual na indústria.

Quadro II – Caso de Estudo: Airbus UK

A “Airbus”, maior fabricante de aeronaves civis atualmente a atuar no mercado aeronáutico,

reconhece a necessidade e importância de implementação de ferramentas de organização e

gestão visual. Reconhecida pelos seus complexos processos produtivos surge a necessidade

de criar um fluxo de informação mais facilitado, eficiente e de fácil compreensão para

colaborador. O caso de estudo revela a implementação de quadros produtivos, inseridos no

âmbito da gestão visual, quadros estes elaborados pelos colaboradores de linha onde se

encontram contempladas todas as informações produtivas assim como indicadores de

performance acessíveis visualmente.

A adoção dos quadros produtivos traduz-se em inúmeros benefícios de seguida descritos:

Focos na produção de produtos de qualidade, maior controlo de custos e de sucata;

Assegurar a utilização eficiente dos recursos;

Identificação de bottlenecks e WIP;

Visualização de KPI relevantes, que são influenciados pela atividade da equipa assim

como foco na melhoria contínua;

Comunicação facilitada entre equipas / turnos.

(Parry & Turner, 2006) acrescenta que a implementação deste tipo de equipamentos acaba por

ser economicamente competitivo comparativamente à implementação de sistemas informáticos

para o mesmo propósito. De um ponto de vista social, realça o sentido de envolvimento na

criação da ferramenta criando uma proximidade entre o colaborador e a ferramenta de gestão

verificando-se um aumento do sentido de responsabilidade.

Airbus UK – “Managing a complex knowledge based process” (Parry & Turner, 2006)

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3.5.3. Ferramentas Gestão de Fluxo (Total Flow Management)

No seguimento do capítulo 3.4.1 serão apresentadas as ferramentas de ‘Gestão de Fluxo’

pertencentes ao modelo TFM e inseridas no âmbito e objetivos da empresa. Realça-se que uma

das premissas da implementação deste modelo consiste na separação da “Logística Interna” da

“Produção” havendo assim um foco de competências e permitindo alcançar um fluxo continuo.

Trabalho Padronizado

Standardized work ou trabalho padronizado é uma ferramenta lean que surge com o intuito de

reduzir a variação de um processo através da criação de um procedimento produtivo padrão.

De acordo com L. E. Institute (2007), esta serve de base para a prática do Kaizen ou melhoria

continua, padronizar para posteriormente melhorar.

Esta ferramenta adaptada pela Toyota, nasceu através do programa TWI (Training Within

Industry Service) estabelecido em 1940 durante a 2ª Guerra Mundial, pelos EUA, com o intuito

de aumentar a produção em auxílio das forças aliadas como cita Mariz, Picchi, Granja, & Melo

(2012).

Hoje é utilizada no treino de colaboradores, estabelecendo procedimentos baseados em três

elementos sendo estes o takt time, sequência de tarefas e trabalhos em curso como descreve o

autor. A criação de um padrão produtivo possibilita a fluidez do processo verificando ser de

extrema importância na redução de movimentos e identificação de tarefas sem valor

acrescentado, tornando-se mais simples a correção da ineficiência.

Bordo de Linha

Muito mais que um espaço reservado para as peças consumidas na linha de produção, a

implementação do “Bordo de linha” consiste no dimensionamento, desenho das estruturas e

layout para a minimização do “muda”.

Segundo Coimbra (2013) a correta implementação de um bordo de linha deve obedecer a quatro

critérios e traz as vantagens apresentadas na Tabela 19.

Tabela 19-Critérios de Implementação e Vantagens Identificadas no Bordo de Linha

Critérios de Implementação Vantagens

1. A decisão de reabastecimento ou reposição deve ser

intuitiva e instantânea

Necessidades produtivas expostas. Facilidade

no reabastecimento.

2. O tempo necessário para mudança de componentes

de um produto para outro deve ser aproximadamente

nulo.

Eliminação de muda relacionado com o

movimento, inventário.

3. A localização dos componentes e contentores deve

minimizar o movimento dos repositores.

Organização e melhoria das acessibilidades

4. A localização de todos os componentes deve minimizar

o movimento do operador de linha.

Gestão de inventário mais eficaz

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Conceito de supermercado

A implementação de supermercados descentralizados surge da necessidade de uma rápida e

eficiente resposta ao reabastecimento do bordo de linha. De acordo com Coimbra (2013), estes

locais encontram-se dimensionados para facilitar o processo de picking do operador logístico

assim como garantir o princípio FIFO (First-in-First-out). Comparativamente aos tradicionais

métodos de armazenamento, os supermercados são dimensionados ao nível do chão permitindo

um rápido acesso ao stock assim como uma eficaz gestão visual. Battini et.al (2012) acrescenta

também o ganho de flexibilidade de resposta às variações produtivas.

Mizusumashi

Mizusumashi ou condutor do comboio logístico é um dos mais importantes elementos para

criação do fluxo logístico interno enunciado no capítulo 3.4.1 uma vez que opera segundo um

ciclo de entrega e recolha dos componentes.

De facto, este termo surge associado ao transporte de componentes para o bordo de linha na

quantidade e momento certo por forma a criar um fluxo contínuo. Ao contrário da utilização de

empilhadores que ocupam e transportam grandes volumes de materiais, a implementação do

comboio logístico permite uma maior flexibilidade e redução acentuada da área necessária para

armazenamento junto ao bordo de linha traduzindo-se em maior ergonomia, segurança e menor

tempo de resposta.

Sincronização (KB/JJ)

No âmbito da criação de fluxo contínuo é importante realçar as ferramentas (ver. Tabela 20).

Tabela 20-Ferramentas para Sincronização do Fluxo

Ferramenta Descrição

Kanban Introduzida no subcapítulo 0 como ferramenta de gestão visual é também reconhecida para o âmbito

da gestão do fluxo produtivo e abastecimento contínuo na medida em que é responsável pelo

controlo do processo produtivo e fluxo de materiais.

Junjo “Junjo”, termo japonês para “abastecimento sequenciado”, é uma técnica frequentemente utilizada

para o abastecimento nas linhas componentes de grandes dimensões sendo que estes vêm já

previamente sequenciados na ordem de consumo pela linha reduzindo a necessidade de

manuseamento (Coimbra, 2013).

Nesta linha de raciocino é apresentado sequentemente um caso referente à implementação de

conceitos lean na ‘Gestão de Fluxo’ de uma empresa fornecedora de componentes automóveis.

Supermercado

Linha de Produção

Mizusumashi

Bordo de Linha

Figura 14-Ilustração do conceito TFM

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Quadro III – Caso de Estudo: Autoparts Ltd

O autor apresenta em caso de estudo o projeto de melhoria do processo produtivo e

implementação de um supermercado de componentes na empresa Autoparts.Ltd, empresa

multinacional produtora de componentes automóvel sediada nos E.U, com o objetivo de

otimizar o fluxo de materiais e gestão de inventários. Numa primeira fase procedeu-se à

identificação do estado inicial do processo e deteção de ineficiências, sendo

consequentemente, detetados stock excessivo de componentes no bordo de linha, sistemas

FIFO ineficazes, layout inapropriado traduzindo-se em gastos superiores de tempo para a

realização das tarefas, atrasos, entre outras ineficiências. Por forma a combater os

desperdícios e com a ajuda dos colaboradores de fábrica, através da articulação dos conceitos,

princípios e ferramentas lean, foi feito o levantamento dos pontos de consumos dos diversos

componentes assim como construído um planeamento relativo à nivelação de inventário, fluxo,

layout, entre outros, para implementação do supermercado de componentes e fornecimento via

comboio logístico às linhas.

Domingos (2014) conclui revelando reduções, pós implementação, na ordem dos 18% dos

atrasos por dificuldades de localização dos materiais. Acrescenta também uma redução da

necessidade de balanceamento da linha em cerca de 50%, entre outros resultados positivos.

3.5.4. Análise e Resolução de Problemas

A análise e resolução de problemas é uma necessidade inerente à aplicação das metodologias

de melhoria continua. De facto, a criação de um sistema lean, sustentado e robusto, depende da

resolução de problemas a todos os níveis da organização. Como tal, torna-se evidente a

necessidade de apresentar pelo menos uma das ferramentas que permita identificar causas raiz

dos problemas e posterior retificação permanente. De entre uma lista de ferramentas onde se

inserem também o diagrama de Ishikawa, entre outras, será introduzido no presente projeto a

análise dos “5 Porquês” pela simplicidade e eficácia identificada por (Koripadu & Subbaiah,

2014).

Ferramenta 5W - Why-Why Analysis (Análise 5 Porquês)

Koripadu & Subbaiah (2014) identifica a “Why-why Analysis” ou ferramenta dos “Cinco Porquês”

como um método de questionamento que conduz à identificação da causa raiz do problema.

Adicionalmente, realça a importância do método na identificação de soluções que permitam a

prevenção da recorrência do problema em vez de ações momentaneamente corretivas. O

fluxograma representado na Figura 12 esquematiza o funcionamento desta ferramenta. Através

da identificação do problema e questionamento sucessivo das causas que lhe dão origem é

possível identificar a causa raiz e consecutivamente desenvolver soluções para o problema.

Autoparts Ltd. –“Implementation of a Lean Production Components Supermarket In An Autoparts

Industry “ (Domingos, 2014)

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Pinto (2014) acrescenta na sua publicação que o TPS acredita que o questionamento de cinco

vezes “porquê” alcança uma conclusão. Todavia, este refuta referindo que “o número de vezes

que interrogamos depende da dimensão do problema”. Em conclusão, uma vez que esta análise

5W é baseada no questionamento pessoal ou opiniões pessoais onde existe subjetividade, este

método executado para o mesmo problema, por diferentes colaboradores, pode dar origem a

diferentes causas-raiz. Deste modo é importante que a implementação desta ferramenta seja

feita em equipa envolvendo pessoas com experiencia atenuando o efeito da subjetividade.

3.6. Conclusões do Estado da Arte

Presente há mais de meio século a filosofia lean e suas técnicas encontram-se hoje amplamente

implementadas na indústria, sendo que estas têm demonstrado excelentes resultados na

melhoria da eficiência das empresas como apresenta (Parry & Turner, 2006).

Como mencionado ao longo do presente capítulo e corroborado por Melton (2005) associados à

implementação da filosofia lean encontram-se os mais diversos benefícios. O autor salienta que

numa indústria como a automóvel a implementação destas técnicas permitem alcançar redução

do tempo de resposta ao cliente, redução de inventários, melhoria da gestão e obtenção de

processos mais robustos.

Na perspetiva da problemática a ser desenvolvida na futura dissertação as ferramentas e

conceitos introduzidos, sustentadas por casos, permitem diagnosticar o estado atual do sistema

assim como a correta deteção das ineficiências. No âmbito Kaizen são abordadas também

ferramentas para a criação de fluxo baseadas no modelo de fluxo puxado, TFM (Total Flow

Management), que segundo Coimbra (2013) permitem alcançar uma melhor gestão empresarial

através da separação das atividades produtivas das atividades logística.

Deste modo a problemática desenvolvida no ‘Capítulo 2’ que envolve a melhoria do processo de

montagem do eixo dianteiro para as diferentes referências da VW Autoeuropa e indo em paralelo

com a visão da direção, a implementação de metodologias lean para a identificação e eliminação

de ineficiências verifica-se apropriada sendo que a participação dos colaboradores de linha são

fulcrais para a correta implementação e sustentação das melhorias como refere Pinto (2014).

Figura 12 - Fluxograma procedimento 5W (adaptado de Pinto (2014))

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Capítulo 4 – Levantamento de dados e Diagnóstico do

Processo Atual

No presente capítulo é elaborado o levantamento de dados e feito diagnóstico do estado inicial

do Gemba. Para este fim serão utilizadas ferramentas como “Spaghetti Diagram”, “Estudo de

Tempos” e a ferramenta VSM com o intuito de quantificar e visualmente analisar o estado atual

das operações. Paralelamente, serão identificados e enumerados diversas oportunidades de

melhoria passiveis de serem futuramente implementadas.

4.1. Análise Inicial do Processo

A análise do processo atual será desenvolvida partindo de uma perspetiva macro, com a

realização de visitas regulares ao chão de fábrica (Gemba Walk), através da observação dos

processos e contacto com os operadores para posterior particularização através da utilização de

ferramentas como VSM, afunilando o estudo através de ferramentas para o estudo de tempos

das operações e por fim estudo das deslocações através da ferramenta Spaghetti Diagram como

ilustra a Figura 13.

Figura 13- Ferramentas para Análise do Processo Atual

4.1.1. Gemba Walk

A realização de gemba walk ou visitas ao chão de fábrica é uma das melhores práticas para a

identificação de potenciais problemas de segurança, dinâmica de trabalho, fontes de desperdício,

estado de equipamentos e estabelecimento de diálogo com os colaboradores. Neste âmbito, ao

longo do período de estágio foram realizadas diariamente visitas e desenvolvidos diálogos com

os colaboradores das diferentes operações do eixo dianteiro por forma a compreender mais

facilmente as suas dificuldades e registo de propostas de melhoria.

Metodologia para obtenção de dados

O método de obtenção de dados baseia-se na observação in loco das operações do chão de

fábrica e contacto com os colaboradores de linha. Deste modo, é intento que durante um período

de tempo seja observado cada operação, a forma de operar, fazer registo de movimentações

excessivas dos operadores ou qualquer ineficiência inerente ao processo. Paralelamente, refletir

Gemba Walk

Time Studies (OBC, Yamazumi Chart)

Spaghetti Diagram

Value Stream Mapping (VSM)

Ma

ior

de

talh

e

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sobre o espaço e fluxo de materiais observando o picking e processos de abastecimento,

compreendendo os equipamentos de movimentação e pontos críticos para abastecer.

Do ponto de vista interpessoal é importante contactar com colaborador de linha,

cumprimentando, explicando o motivo da visita e observação das operações, mostrando

interesse em melhorar o seu posto de trabalho e ouvindo as críticas de quem trabalha na

operação diariamente. É importante ser discreto ao tirar anotações ou ser completamente aberto

para com o colaborador, pedindo permissão, pois é importante mostrar que a presença no seu

local de trabalho é numa perspetiva de melhoria e não intimidativa.

Análise do gemba

De um ponto de vista global da fábrica, foi possível desde logo apontar a falta de um fluxo de

material organizado e continuo, elevado número de componentes no bordo de linha, layout

desgastado sem marcações das posições de armazenamento, contentores não identificados,

falta de um padrão de identificações que permita a fácil interpretação. Paralelamente, foi feito

registo de elevada movimentação de empilhadores com contentores para alimentação das

diferentes linhas, que embora nunca tenha acontecido, poderiam pôr em causa a segurança dos

colaboradores.

1. Falta de Fluxo Materiais Organizado e Contínuo

Uma das ineficiências detetadas durante o gemba walk foi, como referido, a inexistência de um

fluxo contínuo de materiais. Na realidade, observando o reabastecimento da linha do eixo

dianteiro foi feito registo que não existia uma área fixa onde os operadores de empilhadores se

reabasteciam. Na realidade, o stock encontrava-se disperso em diferentes zonas da fábrica, ver

Figura 14 a), por vezes em extremos, como circundados a vermelho, exigindo longos percursos

aos operadores de empilhador para obter um contentor de componentes para abastecer o bordo

de linha. Paralelamente, a organização do bordo de linha não permitia ter acesso a todos os

contentores sem necessidade de manipulação para o reabastecimento, isto é, existiam

contentores como se pode observar pela Figura 15 b), identificados a vermelho, que

necessitavam de manipulação do operador de linha para ocorrer o reabastecimento.

Operação

50

Operação

100

Figura 14- a) Localização componentes para o reabastecimento da linha do eixo dianteiro b) (adaptado Benteler Automotive)

Ponto de consumo Bordo de Linha

a) b)

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Deste modo, a desorganização a nível do armazenamento do stock baseado na aleatoriedade

“Random Storage System”, sem recurso a Warehouse Management System, os longos

percursos percorridos pelos operadores dos empilhadores e dificuldades verificadas

abastecimento do bordo de linha, permitiram identificar um fluxo de material descontínuo e

entrópico.

2. Bordo de linha Sobrecarregado

A nível do bordo de linha, como referido anteriormente e pode-se observar na Figura 14 b), foi

feito registo de um elevado número de referências e de componentes a aguardar consumo. Uma

análise mais aprofundada, ver Tabela 21, permitiu determinar com maior detalhe a área ocupada

por contentores e ter uma ideia da quantidade de componentes. Paralelamente, embora a

disposição dos contentores junto ao bordo de linha estivessem otimizados na perspetiva de

componentes de maior consumo mais perto do operador e menores consumo mais afastado,

verificou-se que este teria de percorrer distâncias consideráveis, que serão quantificadas

posteriormente, para obter os componentes ao longo do período de trabalho. Ainda na perspetiva

de obtenção dos componentes verificou-se a necessidade do colaborador da ‘Operação 50’

cruzar com o operador da ‘Operação 100’, identificado pela seta roxa na Figura 14 b), para obter

o chassis prensados causando congestionamento na operação.

Analisando o levantamento de dados elaborado para o bordo de linha, Tabela 21, em paralelo

com a quantidade de componentes a aguardar consumo e dimensão dos contentores verificou-

se também a falta de padronização no fornecimento dos componentes, como é o caso dos apoios

de caixa, que podem encontrar-se em contentores ou numa flow rack sob forma de caixa de

cartão ou caixa KLT.

Tabela 21-Levantamento de dados Bordo de Linha Eixo Dianteiro (Estado Atual)

Operações

Componente Variantes Nº Caixas /Contentores Bordo

de Linha Pré-Implementação

Nº Unidades a

Aguardar Consumo

no Bordo de Linha

Área

Ocupada

[m2]

Operação 50

Braços da Suspensão

4 4 Contentores 384 4,8

Chassis Prensados 2 Flow Rack 47 7,2

Consolas 3 2 Contentor 80 2,4

Charismas / GDL 2 2 Caixa KLT 110 1

Operação 100

Apoios de Caixa 6

Flow Rack 12 Caixas KLT

6 Caixas de Cartão 3 Contentores

2934 1,1

Barras Estabilizadoras

6 6 Contentores 468 7,2

Operação 190

Direções 4 Flow Rack 52 9

Cabos Elétricos 15 15 Caixas de Cartão 736 4,2

Operação 200

Chapas Térmicas 3 4 Caixas Cartão 450 0,56

Prensa Sinoblocos 2 4 Contentores 2500 4,8

Chassis 3 4 Contentores 102 4,8

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O mesmo se verificou para as restantes operações, bordos de linha sobrecarregados de

contentores e componentes, entropia nas movimentações dos operadores e dificuldades do

ponto de vista do reabastecimento.

3. Piso desgastado e Não identificado

Outro ponto importante destacar é o piso desgastado, ver Figura 16, com ou sem marcações dos

locais dos contentores e falta de identificações dos respetivos componentes, ver Figura 15.

Podia-se concluir que o bordo de linha se encontrava dimensionado para operadores experientes

que conheciam os componentes sendo uma simples etiqueta no componente suficiente para

operar. A inexistência de identificações visíveis torna todo o processo mais propenso ao erro e

de difícil adaptação a novos operadores condição necessária com a entrada do novo projeto.

4.1.2. Mapeamento Fluxo de Valor / Value Stream Mapping (Estado Inicial)

O mapeamento do fluxo de valor, Anexo C.1., possibilita obter uma ideia global do fluxo de

materiais e informação da fábrica desde o processo de receção de materiais e armazenagem ao

envio dos componentes para o cliente.

Metodologia para obtenção de dados

Para a realização do mapeamento do fluxo percorreu-se o gemba, obtendo-se elementos

quantitativos como “Tempo Médios de Stock”, “Tempos de Ciclo”, “Número de operadores

/Operação”, entre outras informações relevantes ao estudo desde o ponto de receção de

materiais, ao armazenamento em armazém, ao transporte dos componentes para o bordo de

linha do eixo dianteiro e respetivas operações até ao envio em camião para o cliente. O objetivo

é obter um ponto de partida, um estado atual do processo na sua globalidade, antes da

implementação do projeto Kaizen para deteção de ineficiências ou atividades de valor não

acrescentado passiveis de serem reduzidas ou eliminadas, como analisar futuramente o impacto

das alterações implementadas.

Figura 16-Piso desgastado e sem marcações ‘Operação 190’

Figura 15- Vista topo bordo de Linha ‘Operação 100’, contentores sem identificação

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Análise VSM (Estado Inicial)

A primeira análise do diagrama VSM, ver (Anexo C.1.1), mostra-nos um caso de uma

organização com um fluxo que segue o modelo “Pull” (Puxado), isto é, uma organização que

apenas produz segundo as necessidades do cliente nunca recorrendo à armazenagem de

componentes acabados. Neste ponto é importante realçar que apenas uma das operações

associadas à linha do eixo dianteiro a ‘Operação Prensa’, devido a requisitos produtivos, cria um

pequeno stock (WIP), correspondendo a um lead time aproximadamente de 180 min, de chassis

prensados que aguardam consumo pela ‘Operação 50’. Futuramente este poderá ser um ponto

alvo de otimização através da redução ou eliminação de WIP junto ao bordo de linha.

Como foi referido anteriormente a BENTELER Automotive- Palmela trabalha segundo o modelo

JIT (just in time) e JIS (just in sequence) para o cliente Volkswagen Autoeuropa. Este modelo de

fornecimento em paralelo com a quantidade de referências e combinações possíveis de

componentes para obtenção de um produto acabado impossibilita a criação de stock final. Por

um lado, a área ocupada por stock para o número de combinações de produtos finais não seria

sustentável para a empresa. Por outro, a necessidade de envio de componentes sequenciados

segundo o consumo do cliente traduzir-se-ia em mais mão-de-obra logística de valor não

acrescentado para a empresa. Neste ponto é de salientar que o modelo de produção “pull” e o

facto de não existir armazenamento de produtos acabados após produção é um ponto positivo a

nível de melhoria do processo uma vez que é recorrente as empresas produzirem para stock

empatando capital e correndo risco de perdas.

Numa perspetiva de fluxo de informação, o sistema que comunica a produção a cada uma das

operações, à data, encontra-se num processo de migração do sistema “Sicop” para o sistema

“Nemetris”. É objetivo da organização que todas as linhas produtivas BENTELER funcionem

segundo este mesmo sistema. De um ponto de vista macro o “Nemetris” recebe da T100,

operação de pintura na Autoeuropa, as sequências seguintes necessárias fornecer.

Consecutivamente são enviadas para as linhas de montagem BENTELER os pedidos e iniciada

a produção. Uma das fragilidades detetadas no sistema de informação é exatamente a falta de

um planeamento detalhado do que produzir e quando produzir. Como referido anteriormente a

informação é limitada à quantidade contratual de “carros” necessários fornecer, cerca de 42 por

hora, sem que informações como modelo ou referências que serão consumidas sejam fornecidas

impedindo a existência de um planeamento prévio pela BENTELER.

A nível de fluxo de material este chega via camião, é descarregado e armazenado em média 2,5

dias em armazém até ser transportado em contentores para o bordo de linha através de

empilhadores. Dependendo do componente a frequência de abastecimento à linha varia uma vez

que os consumos e quantidades por contentor variam. Do ponto de vista de produção as

operações são é baseadas em one-piece-flow, ou seja é uma produção unitária por forma a

garantir o mínimo de ‘muda’. Paralelamente, o tempo de ciclo de cada operação deve ser inferior

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ao takt time de x segundos definidos pela BENTELER que correspondem a aproximadamente

menos 10% relativamente ao exigido pela Autoeuropa. De um modo global desde a receção de

material até ao envio o lead time ronda os 2,6 dias sendo que este é maioritariamente originado

pelo tempo de armazenamento. A nível de valor acrescentado foi possível contabilizar cerca de

1020 segundos.

Em suma, o VSM permite-nos dar uma ideia do estado atual da organização, analisando as

operações e o fluxo de material envolvido. A BENTELER revelou ser uma empresa já com

princípios de otimização no que toca à produção one-piece-flow e modelo pull. A nível de

melhoria esta primeira ferramenta permitiu detetar uma possível melhoria na redução do WIP

relativamente à ‘Operação Prensa’.

Sequentemente, numa perspetiva de afunilar a deteção de melhorias será desenvolvido o estudo

de tempos pormenorizado nas diversas operações. É intento com esta ferramenta caracterizar o

tempo de valor não acrescentado existente em cada uma das operações para posterior ação de

melhoria.

4.1.3. Time Studies (Estado Inicial)

Com a finalidade de quantificar o tempo gasto em tarefas de valor acrescentado e tarefas de

valor não acrescentado é elaborado o levantamento de tempos de cada uma das operações

pertencentes ao processo produtivo do eixo dianteiro. Para o efeito a informação obtida é

agregada num gráfico de barras empilhadas, Yamazumi Chart, ver (Anexo C.2), permitindo a

fácil interpretação da distribuição dos tempos durante o tempo de ciclo da operação.

Método de obtenção de dados

Numa primeira etapa é necessário analisar individualmente as operações segregar as tarefas

considerando se esta é de valor acrescentado, isto é, o cliente valoriza a nossa atividade sendo

esta remunerada para ser realizada, ou de valor não acrescentado constituindo um desperdício

ainda que necessário para a realização das operações mas que deve ser minimizado.

Numa segunda etapa através do acompanhamento das atividades produtivas fazer o

levantamento dos tempos consumidos nas diferentes tarefas. Para tal existem várias hipóteses

sendo que as duas que seguem descritas são as utilizadas pela BENTELER Automotive-Palmela

para o efeito:

Através de um softwares especializados, que permitem a criação de instruções de

trabalho, gravação, segregação das tarefas e elaboração de gráficos.

Método manual com utilização do cronómetro, gravação de vídeo e agregação da

informação em folha de cálculo.

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Por motivos de licença de software o levantamento de dados foi elaborado manualmente

recorrendo a cronómetro, instruções de trabalho com às tarefas de VA e NVA identificadas e

agregação dos valores em folha de cálculo como serve de exemplo a Figura 17.

Uma vez obtidos os tempos das tarefas de valor acrescentado e de valor não acrescentado para

cada uma das operações procedeu-se à construção dos gráficos circulares utilizando uma folha

de cálculo. A utilização desta ferramenta permite uma análise visual das operações, expondo de

imediato as ineficiências abrindo portas à otimização das operações.

Estudo de Tempos (Estado Inicial)

Por motivos de confidencialidade os valores serão apresentados segundo uma percentagem

relativa do tempo de ciclo. O objetivo passa por verificar o impacto das tarefas de valor

acrescentado e não acrescentado no tempo de ciclo total da operação. Se a percentagem de

tarefas de valor não acrescentado representar uma considerável percentagem do tempo de ciclo

é um alerta de possível melhoria com elevado impacto para a operação.

Desde já e fazendo um paralelismo com os dados agregados em Excel como exemplificado na

Figura 17, identificam-se tarefas de valor acrescentado todo o tempo quantificado por operações

manuais como são exemplo “Apontar parafusos”, “Recolher e validar componente” e de Máquina

em automático que executam os apertos. Por outro lado, as tarefas de valor não acrescentado

podem ser identificadas como qualquer tarefa relativa à deslocação do operador, tempos de

espera relacionados com o mecanismo automatizado e trabalho frequencial normalmente

associado a logística de abastecimento como é são exemplo tarefas como “Fechar contentor

vazio”, “Remover Papelão do Contentor” etc.

Em seguida são elaborados para cada uma das operações o estudo de tempos sob forma

percentual em gráficos circulares. Os gráficos Yamazumi são apresentados em anexo ver.

(Anexo C.2.1.) recorrendo a um fator multiplicativo por motivos de confidencialidade.

Figura 17- Excel agregação de tempos / tarefa das Operações (valores assinalados omitidos por razões de confidencialidade)

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Analisando a Figura 18 verifica-se que 42% do tempo de ciclo da ‘Operação 50’ constitui valor

não acrescentado sendo 26% deste valor derivado da deslocação do operador para obter

material e 10% gasto em tarefas frequenciais. Deste modo, uma vez identificado o muda é sobre

estas tarefas de valor não acrescentado que iremos trabalhar por forma a reduzir o máximo

possível. Sequentemente é feita a mesma análise para a ‘Operação 100’ cuja informação

encontra-se sintetizada na Figura 19.

A ‘Operação 100’ apresenta 36% do tempo despendido em tarefas de valor não acrescentado

dos quais 20% são derivados de deslocações e 11% tempo em tarefas frequenciais. Também

nesta operação, fazendo um paralelismo com o “Spaghetti Diagram” analisado no capítulo 4.1.4.

é possível identificar melhorias no âmbito da reorganização do layout com vista a redução da

deslocação do operador.

Contrariamente às operações previamente analisadas os dados da ‘Operação 190’, embora no

“Spaghetti Diagram” possua menor complexidade a deslocação total do operador apresenta 19%

dos 37% do tempo gasto em tarefas de valor não acrescentado em deslocações. Este resultado

deve-se ao peso e dimensão dos componentes associados à operação que neste caso são

direções e cabos elétricos que torna todo o processo de deslocação demorado.

Operação 50

Figura 18-Gráfico de dados referentes à ‘Operação 50’

Figura 19-Gráfico de dados referentes à ‘Operação 100’

Operação 100

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A ‘Operação 200’, Figura 21, revela uma percentagem de tarefas de valor não acrescentado na

ordem dos 15% sendo apenas 5% relativo a deslocamento do operador, 4% trabalho frequencial

e 8% relativamente ao tempo de espera. O tempo de espera é um tempo comum a todas as

operações, este tempo encontra-se associado à deslocação do componente da operação

precedente até à operação em questão através da passadeira automatizada. Este é um tempo

de valor não acrescentado para a organização e deste modo foi questionado a possível melhoria,

contudo por motivos de automatismo não seria possível acelerar o mecanismo de transporte

sendo que a única forma de reduzir em alguns casos seria a alteração do layout de linha, não

sendo viável nesta fase.

Analisando os dados recolhidos relativamente à ‘Operação Prensa’, Figura 22, verifica-se que

86% do tempo de ciclo traduz-se em tarefas de valor acrescentado e 14% de valor não

acrescentado. Analisado a operação em maior detalhe verifica-se que 61% do tempo de VA

encontra-se associado a uma tarefa de máquina em automático surgindo assim uma

oportunidade de otimização da utilização do operador associando esta durante este intervalo de

tempo a tarefas necessárias de apoio a outras operações.

Operação 190

Figura 20-Gráfico de dados referentes à ‘Operação 190’

Operação 200

Figura 21-Gráfico de dados referentes à ‘Operação 200’

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Conclusões Estudo de Tempos

Findo o estudo de tempo das operações do eixo dianteiro concluiu-se que existem oportunidades

de melhoria no que toca às tarefas de valor não acrescentado. Em alguns casos cerca de 30%

do tempo de ciclo das operações é despendido em tarefas de valor não acrescentado dos quais

cerca 20% correspondem a deslocações do operador. Uma vez que “Tempos de Máquina”,

“Tempos de Espera” e “Tempo Manual” não são passiveis, nesta fase, de serem melhorados,

por motivos mecânicos, o estudo recairá na redução dos “Tempos de Deslocação” e “ Trabalho

Frequencial”. Por forma a desenvolver um estudo mais aprofundado relativo ao tempo de

deslocação será realizado no capítulo posterior o estudo de movimentações dos operadores

usando a ferramenta Spaghetti Diagram. No que toca aos tempos de trabalho frequencial, que

representam tarefas de valor não acrescentado como remoção de papelão dos contentores,

auxilio abastecimento das estruturas, é proposta a transferência desse tipo de tarefas para a

zona do supermercado permitindo que o operador de linha receba já todos os componentes

sequenciados sem necessidade de realizar qualquer operação de manipulação logística.

4.1.4. Spaghetti Diagram (Estado Inicial)

A elaboração do Spaghetti Diagram tem a finalidade de identificar as deslocações que cada um

dos operadores tem de percorrer para a realização das operações ao longo do período de

trabalho evidenciando as dificuldades e potenciais ineficiências relativamente ao método de

abastecimento ou disposição do layout.

Método de obtenção de dados

O método convencional para realizar o estudo de deslocações através da ferramenta Spaghetti

Diagram é baseado na observação e desenho em papel do percurso que um determinado

recurso, seja material ou informação, percorre até completar o processo completo. No caso em

questão é intento estudar as deslocações do operador ao longo da operação e consecutivamente

quantificar essas mesmas deslocações. Como tal foi optado utilizar ferramentas CAD que através

de um layout pré-fornecido da fábrica tornou possível desenhar as diferentes rotas dos

Prensa

Operação

Prensa

Figura 22-Gráfico de dados referentes à ‘Operação Prensa’

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operadores de linha e quantificar as distâncias percorridas. Os valores de deslocamento foram

obtidos através de valores médios de consumos diários de cada uma das referências de

componentes e distâncias calculadas previamente na ferramenta CAD.

Análise do Spaghetti Diagram (Estado Inicial)

Analisando o Spaghetti Diagram (Estado Inicial) elaborado para a linha do eixo dianteiro

disponível em ver (Anexo C.3) e na Figura 23 verifica-se um elevado número de deslocações

realizadas pelo operador para a obtenção dos componentes, sendo estas mesmas deslocações

longas e variáveis dependendo da referência.

De modo a quantificar as movimentações dos operadores, através dos valores de produção

atuais e distâncias percorridas até cada uma das localizações de armazenamento existentes no

bordo de linha foram agregadas e quantificadas no gráfico representado na Figura 24 a distância

total percorrida pelo operador.

Figura 24-Gráfico Quantitativo das Movimentações Eixo dianteiro

Figura 23-Spaghetti Diagram Linha do Eixo dianteiro (Estado Inicial) (adaptado Benteler Automotive)

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Verifica-se que dependendo da operação o deslocamento pode variar entre os [2 e 57] km/mês

ou extrapolando [26 e 684] km/ano. Na realidade a ‘Operação 50 e 100’ verificam-se mais críticas

com os operadores a realizarem cerca de 57 e 42 km mensalmente, respetivamente. Por sua

vez foi estimado que o operador da ‘Operação Prensa’ desloca cerca de 17 km segundo as

necessidades da operação e 43 km são deslocações relativas a tarefas logísticas de

reabastecimento da ‘Operação 190’ que este executa enquanto a prensa encontra-se em modo

automático. As tarefas realizadas pelo operador da prensa enquanto esta se encontra em modo

automático foram uma forma encontrada de rentabilizar o tempo do mesmo permitindo que este

auxilie as operações adjacentes logisticamente.

4.2. Conclusões do Estado Atual

Uma vez elaborado o estudo do estado atual processo concluiu-se que existem diversas áreas

no chão de fábrica passiveis de serem alvo de melhorias. Por um lado, através do gemba walk

registou-se a possibilidade de melhoria do layout do bordo de linha por forma a reduzir as

distâncias percorridas pelos operadores. Por outro, foi detetada a necessidade de criar e

padronizar as identificações dos componentes para que colaboradores inexperientes consigam

facilmente identificar o constituinte dos contentores sem necessidade de manipular os

componentes. Em paralelo, foi feito registo uma elevada quantidade de componentes em

contentores junto do bordo de linha, que para além de ocuparem uma grande área, implicavam

a manipulação frequentemente pelos empilhadores traduzindo-se em riscos para a segurança e

tempos de espera pelo reabastecimento.

Entre estas, outras oportunidades de melhoria foram detetadas no chão de fábrica e encontram-

se sintetizadas na Tabela 22.

Tabela 22-Melhorias detetas no chão de fábrica

EFICIÊNCIA DO FLUXO EFICIÊNCIA DOS RECURSOS

1. Otimização do layout 1. Padronização do trabalho

2. Alterações ergonómicas 2. Distância ao stock

3. Filas de espera 4. Redução de sucata

5. Contentores de grandes dimensões

6. Operadores a executar tarefas sem valor acrescentado

7. Grandes quantidades de stock

8. Melhoria da logística interna

9. Refresh pintura estação trabalho

Deste modo, com o intuito de reduzir os stocks no bordo de linha, eliminar a necessidade de

manipulação dos contentores pelo empilhador e reduzir as deslocações pelos operadores serão

nos capítulos posteriores, através da metodologia TFM, dimensionados e implementadas

ferramentas como comboio logístico, supermercado e novo layout do bordo de linha que

permitam sequenciar os componentes e alcançar os objetivos inicialmente propostos.

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Capítulo 5 - Dimensionamento do Bordo de Linha,

Supermercado e Comboio Logístico

O presente capítulo pretende fazer um seguimento das metodologias mencionadas

anteriormente e utilizadas para o dimensionamento do supermercado, comboio logístico e bordo

de linha responsáveis, respetivamente, pelas operações de sequenciação de componentes,

transporte e fornecimento do processo de montagem.

5.1. Desenvolvimento do Comboio Logístico

O desenvolvimento do comboio logístico é baseado na metodologia Kaizen TFM, metodologia

esta cujas etapas de desenvolvimento se encontra representada na Figura 25.

Etapa 0 - Definição dos locais a serem reabastecidos

Os locais a serem reabastecidos pelo Mizusumashi são os diferentes pontos do bordo de linha

do eixo dianteiro identificados no layout apresentado pela Figura 26. Numa primeira fase o

operador Mizusumashi será dedicado apenas ao reabastecimento da linha do eixo dianteiro e

será dimensionado apenas para o efeito.

Analisando a Figura 26, Bordo de Linha (final) do eixo dianteiro, é possível verificar a existência

de seis pontos de reabastecimento, numerados a verde, associados às quatro operações

manuais do eixo dianteiro.

Figura 25- Metodologia Dimensionamento do Comboio Logístico ©Copyright Kaizen Institute. All rights reserved.

Figura 26- Pontos de Reabastecimento Bordo Linha do Eixo Dianteiro

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O primeiro local a ser reabastecido é o bordo de linha da ‘Operação 50’ numerado a verde por

“1” e “2”. O segundo local, imediatamente a seguir ao bordo de linha da ‘Operação 50’, necessário

reabastecer é o bordo de linha da ‘Operação 100’ numerado a verde pelas posições 3 e 4. Os

bordos de linha das ‘Operações 190 e 200’ necessários reabastecer são, respetivamente,

identificados pelas posições a verde “5” e “6”. Paralelamente a vermelho encontram-se

identificados todos os pontos de onde devem ser removidos as estruturas vazias, já consumidas,

que devem ser transportadas de volta ao supermercado para posterior reabastecimento. A

definição do layout do bordo de linha será abordado posteriormente no Capítulo 5.2. com maior

detalhe.

Etapa 1- Estimar o tempo de ciclo do Mizusumashi

Com o intuito de estimar o tempo de ciclo do Mizusumashi foi necessário considerar um conjunto

de assunções relativamente ao tempo de manuseamento das estruturas e caixas para o

reabastecimento, assim como estimar o tempo de ciclo em vazio do comboio logístico. Através

da definição de rotas do comboio logístico e a ensaios no local foi possível estimar o tempo de

ciclo do Mizusumashi. Os valores estimados encontram-se sintetizados na Tabela 23 e o tempo

de ciclo estimado do Mizusumashi pode ser calculado através da Equação 1.

Equação 1

𝑻𝒆𝒎𝒑𝒐 𝑪𝒊𝒄𝒍𝒐 𝑴𝒊𝒛𝒖

= 𝐶𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑒𝑚 𝑉𝑎𝑧𝑖𝑜

+ (𝐸𝑛𝑡𝑟𝑎𝑑𝑎 𝑒 𝑆𝑎í𝑑𝑎 𝑑𝑒 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝑏𝑜𝑟𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝑙𝑖𝑛ℎ𝑎 × 𝑁º𝑑𝑒 𝐵𝑜𝑟𝑑𝑜 𝑑𝑒 𝐿𝑖𝑛ℎ𝑎)

+ (𝐸𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎𝑠 𝑜𝑢 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎𝑠 𝑎 𝑎𝑏𝑎𝑠𝑡𝑒𝑐𝑒𝑟 × 𝑇𝑒𝑚𝑝𝑜 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑎𝑑𝑎 𝐸𝑠𝑡𝑟𝑢𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑜𝑢 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎)

Tabela 23- Estimativa de Tempo de Ciclo do Mizusumashi

Quantidade

Estimada

Tempo Estimado

[s] / Quantidade

Total

[min]

Número de posições 6 - -

Tempo de ciclo em Vazio - 120 2

Entrada e saída das estações - 15 1,5

Tempo Estimado Manuseamento / Caixa 4 15 1

Tempo Estimado Manuseamento / Estrutura 8 20 2,6

Estimativa do Tempo de Ciclo Mizusumashi - - 7,1

Estimou-se que o tempo de ciclo do comboio logístico deverá rondar os 7,1 minutos. O tempo

estimado apenas serve de guia para o início de implementação sendo que na realidade este

tempo varia consoante o operador, a velocidade da mota, obstruções encontradas ao longo do

percurso, quantidade de operações que o operador Mizusumashi necessita de reabastecer no

bordo de linha e trajetória definida. Numa primeira fase seguindo, a metodologia TFM, foi

considerado para o cálculo do tempo de ciclo a trajetória mais lógica, neste caso a “Rota 1”

estudada em maior pormenor na Etapa 2. Uma vez calculado o tempo de ciclo estimado é feito

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sequentemente o estudo de trajetos do Mizusumashi com maior detalhe analisando as vantagens

e desvantagens de cada um.

Etapa 2 - Estudo de trajetos feitos pelo Mizusumashi

Uma vez estimado o tempo de ciclo do Mizusumashi para as necessidades de fornecimento da

linha do eixo dianteiro e determinado o local de início de ciclo junto ao supermercado, é

necessário definir a rota do Mizusumashi. Deste modo é necessário analisar vários cenários,

vantagens e desvantagens assim como ter em conta necessidades operacionais por forma a

garantir não só o cumprimento do tempo de ciclo teoricamente estabelecido como a facilidade

do operador em manobrar o equipamento e cumprir todas as tarefas em segurança. O layout

apresentado pela Figura 27 esquematiza três possíveis rotas para o comboio logístico sendo o

ponto de partida e finalização em todos os cenários comum e encontram-se identificados na

figura por [1] e [4] respetivamente.

A Tabela 24 resume as distâncias percorridas e principais vantagens, desvantagens detetadas

que nos auxiliam na tomada de decisão da rota que melhor serve as necessidades da empresa.

Tabela 24-Análise de dados referentes às Rotas Mizusumashi

Distância Percorrida

[m]

Tempo Estimado em Vazio [min]

Vantagens Desvantagens Outros*

Rota 1

[Vermelho] 152 2

Facilidade de

manobrar e

paragem de

fim de ciclo

Possível

congestionamento

com futuras

implementações.

-

Rota 2

[Azul] 150 3

Menor

distância

percorrida

Maior complexidade

de manobras,

menor velocidades.

Possível Interceção com

empilhadores do

armazém

Rota 3

[Verde] 192 3,1

Facilidade de

manobração e

paragem de

fim de ciclo

Maior distância

percorrida

Possível Interceção com

empilhadores de

armazém

1- Inicio da Rota 2- Primeira Paragem 3- Segunda Paragem 4- Fim da Rota

Figura 27-Layout Chão de Fábrica Estudo de Rotas Mizusumashi (adaptado Benteler Automotive)

Supermercado

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Foi concluído que a rota que melhor se adaptava às necessidades seria ‘Rota 1’. Por um lado,

embora não seja a rota mais curta, é a mais flexível e com menores exigências de manobras

sendo este um ponto muito importante uma vez que há requisitos de espaço para curvar. Por

outro, futuramente caso seja implementado o mesmo sistema de abastecimento para as

restantes linhas de montagem pode existir uma janela de oportunidade para sinergias.

Etapa 3 e 4 - Definição dos Materiais a serem Reabastecidos e Definição dos

Consumos do Material/hora

Finda a análise dos locais necessários reabastecer é necessário definir os componentes a serem

reabastecidos a partir do supermercado. Com este objetivo foi elaborado o levantamento de

todos os componentes associados às operações do eixo dianteiro como representado na Figura

28. Informações como “Nome dos componentes”, “Referência”, “Média Consumos Semanais,

Diários e Hora”, “ Tipo de Embalagem” foram agregados, com o apoio do departamento de

logística, por forma a definir as necessidades de abastecimento.

Estes dados e consumos permitirão futuramente desenvolver não só o supermercado do eixo

dianteiro como dimensionar as estruturas para o transporte de cada tipo de componentes.

Etapa 5 e 6 - Definir gama de embalagem e quantidade por caixa

Uma vez quantificadas as necessidades horárias de cada uma das referências de componentes

foi possível definir a gama e quantidade de componentes por embalagem/estrutura. De um modo

generalizado, a Tabela 25 identifica os componentes necessários sequenciar ou transportar

segundo Kanban para a linha do eixo dianteiro. Componentes de grandes dimensões e peso

serão transportados em estruturas pré-dimensionadas para o efeito, ver Etapa 7. Componentes

de pequenas dimensões, sem necessidade de sequenciação como é o caso da “Chapas

Proteção de Calor”, “Apoios de Caixa” e Charisma /GDL serão transportados em caixas KLT e o

seu reabastecimento funcionará segundo Kanban, isto é, o sinal de necessidade de

reabastecimento será a própria caixa, devidamente identificada, vazia.

Figura 28- Tabela representativa de levantamento de dados (Valores omitidos por questões de confidencialidade)

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Tabela 25- Definição de Materiais a serem reabastecidos e Tipo de reabastecimento

Embalagem Original Embalagem Reabastecimento Quantidade/Estrutura

Apoios de Caixa Caixas Papelão /

Contentor Caixas KLT (Kanban) 12 e 14

Braços da Suspensão

Contentor Estrutura Sequenciada 12 (6 pares)

Cabos Elétricos Caixas Papelão Estrutura Sequenciada 6

Chapas Proteção de Calor

Caixas Papelão / Contentor

Caixas KLT (Kanban) N /definido 1

Barras Estabilizadoras

Contentor Estrutura Sequenciada 6

Consolas Contentor Estrutura Sequenciada 12 (6 pares)

Direções Contentor Estrutura Sequenciada 6

Charismas / GDL Caixas Papelão Caixas KLT (Kanban) N/definido 1

Chassis Prensados*

Rampa de Prensados “Operação Prensa”

Estrutura Sequenciada 6

*Os chassis depois de prensados necessitam de serem enviados sequenciados para o bordo de

linha da ‘Operação 50’, na realidade a embalagem original são contentores mas partem para o

bordo de linha após a operação de prensagem a partir de uma flow rack.

Etapa 7 - Dimensionar estruturas para cada material

O dimensionamento das estruturas para o transporte dos componentes deve considerar

diferentes aspetos. Por um lado, é necessário considerar a quantidade de materiais a transportar

pelo Mizusumashi por ciclo de abastecimento. Por outro, características como a geometria,

massa e forma de consumo por forma a tornar todo o processo ergonómico e fluído. Uma vez

determinado o tempo estimado de ciclo do Mizusumashi (7,1 minutos) e considerando o tempo

de ciclo da operação e consumo de componentes é possível determinar o número de

componentes que cada estrutura deve transportar. Considerando um tempo de ciclo aproximado,

de 70 segundos para a primeira operação a ser abastecida, OP50, que é denominada como

crítica devido a limitações dimensionais dos componentes, é possível calcular através da

Equação 2 o número de montagens possíveis elaborar em um tempo de ciclo estimado do

Mizusumashi.

1 O componente “Chapa Proteção de Calor” e “Charismas /GDL” não têm uma quantidade

definida uma vez que dependendo do tipo de embalagem original esta pode ser transportada na

sua totalidade dentro de uma caixa KLT ou elaborado um downsizing do contentor para a KLT

limitado pelo volume da caixa.

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50

Equação 2

𝐐𝐭𝐝 𝐩𝐫𝐨𝐝𝐮𝐳𝐢𝐝𝐚 / 𝐜𝐢𝐜𝐥𝐨 𝐦𝐢𝐳𝐮 =𝑇𝑐 𝑀𝑖𝑧𝑢𝑠𝑢𝑚𝑎𝑠ℎ𝑖 𝐸𝑠𝑡𝑖𝑚𝑎𝑑𝑜

𝑇𝑐 𝑂𝑃 𝑐𝑟í𝑡𝑖𝑐𝑎<=>

7,1

1,1 ≈ 6,45 = 7 𝑚𝑜𝑛𝑡𝑎𝑔𝑒𝑛𝑠

Deste modo, em condições ideais por ciclo do Mizusumashi a ‘Operação 50’ tem a capacidade

de executar sete montagens, contudo o comboio logístico poderá por diversos motivos não

cumprir o tempo de ciclo estimado, pelo que será necessário considerar a existência de mais que

uma estrutura no bordo de linha de modo a reagir às flutuações.

Como se verificará posteriormente serão precisas de quatro estruturas sequenciadas, uma em

consumo, duas em fila de espera no bordo de linha e uma quarta a ser reabastecida no

supermercado de modo a garantir que não existem paragens diretamente ligadas ao processo

de abastecimento.

Considerando o número de montagens por tempo de ciclo do Mizusumashi e o consumo de

componentes por operação é possível calcular a capacidade de transporte de cada estrutura.

Por questões dimensionais dos componentes, segurança no transporte e execução das

operações foram desenvolvidas diferentes estruturas para os componentes com o limite máximo

de seis componentes no caso de componentes sequenciados.

Tabela 26-Definição Capacidade de Transporte

Componentes Quantidade / Operação

Montagens/Ciclo Mizusumashi

Capacidade de transporte

Operação 50

Chassis / Subframes 1 7 6

Consolas 2 7 12

Braços da Suspensão 2 7 12

Charismas /GDL (n/seq) KANBAN

Operação 100 Barras Estabilizadoras 1 7 6

Apoios de Caixa (n/seq) KANBAN

Operação 190 Direção 1 7 6

Cabos Elétricos 1 7 6

Operação 200 Chapas Proteção de Calor

(n/seq) KANBAN

O desenvolvimento do protótipo foi elaborado por colaboradores de linha e serralheiros

associados ao projeto. Uma vez desenvolvidos e todas as alterações elaborados foram

documentados em Solidworks por forma a facilitar o desenvolvimento de futuros projetos ou

replicação das estruturas.

De modo a facilitar a compreensão, deste ponto em diante, as estruturas serão designadas por

“Tipos” sendo que a estrutura do Tipo I e II correspondem ao transporte dos componentes

“Chassis + Consola” e “Braços da Suspensão”, respetivamente, associados à ‘Operação 50’

como é possível verificar na Figura 29.

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51

As estruturas desenvolvidas para o transporte dos componentes da ‘Operação 100’ e ‘Operação

190’ encontram-se representadas na Figura 30. A estrutura do tipo III associada à ‘Operação

100’ é responsável pelo transporte de seis barras estabilizadoras sequenciadas e uma caixa KLT

de apoios de caixa, segundo Kanban. Por sua vez a estrutura do tipo IV é responsável pelo

transporte de seis direções sequenciadas e cabos elétricos para a ‘Operação 190’ e quando

necessário caixas KLT para a ‘Operação 200’

Ainda que não seja possível visualizar, os componentes encontram-se devidamente identificados

segundo a sequência de consumo. Uma vez construídas as estruturas, é necessário reformular

as instruções de trabalho para que os operadores de linha entendam e cumpram o novo método

de abastecimento/consumo.

Etapa 8 - Ajustar o número de pontos de paragem

Nesta fase do projeto os pontos de paragem são os definidos pela “Rota 1”, mais em concreto o

bordo de linha desenvolvido na etapa 0 e 1. Futuramente, com o alargamento do método de

abastecimento às restantes linhas de montagem, nomeadamente ao eixo traseiro, se se verificar

interessante, será possível ajustar os pontos de paragem ou compatibilizar as tarefas dos

Mizusumashi com as necessidades de reabastecimento.

Consolas

Figura 29-Estruturas para Abastecimento da ‘Operação 50’

Estrutura Tipo I Estrutura Tipo II

Chassis/SubframeBraços da Suspensão

Figura 30-Estruturas para Abastecimento da ‘Operação 100 e 190’

Estrutura Tipo III OP 100

Barras Estabilizadoras

Apoios de Caixa

Estrutura Tipo IV OP 190

Direções Cabos Elétricos

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52

Etapa 9 – Definição de estantes e de carros a utilizar

Uma vez dimensionadas a estruturas para transporte dos materiais é necessário definir no bordo

de linha as estantes para o abastecimento dos componentes. Como proposto anteriormente os

componentes de pequenas dimensões como são exemplo os “Apoios de caixa”, “GDL/Charisma”

e “Chapas Proteção de Calor”, uma vez que serão transportados através de caixas KLT, devem

ser abastecidas no bordo de linha através de uma flow rack ou estante. A definição desta estante

baseia-se na premissa de que por cada referência de componente deve existir três caixas KLT,

isto é, uma caixa em consumo, e duas em fila a aguardar consumo.

A título de exemplo, considerando o tempo de ciclo de 7,1 minutos do comboio logístico, a

quantidade de 12 “Apoios de Caixa” por caixa KLT e um Tc “fictício” de 70 segundos e

considerando que existe um consumo de (2 Apoios de caixa / montagem) é possível calcular o

tempo de consumo de um KLT e verificar a necessidade de três caixas para garantir sempre

material na linha.

A caixa KLT transporta por questões de peso e geometria entre 12 a 14 apoios de caixa que

totalizam aproximadamente 7 montagens no tempo de ciclo do Mizusumashi estimado

considerando que todas as montagens consomem a mesma referência. Por forma a quantificar

o número de caixas completas consumidas por ciclo é possível fazer o seguinte cálculo,

Equação 3:

Equação 3

𝐍º𝐂𝐚𝐢𝐱𝐚𝐬 𝐂𝐨𝐧𝐬𝐮𝐦𝐢𝐝𝐚𝐬/𝐜𝐢𝐜𝐥𝐨 =(Qtd Montagens por ciclo mizu ∗ consumo)

𝑄𝑡𝑑 𝑝𝑜𝑟 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 𝐾𝐿𝑇

<=> 7 ∗ 2

12≈ 1,2 𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎/𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜

De modo a definir a profundidade do bordo de linha é utilizada a Equação 4.

Equação 4

𝐍º 𝐂𝐚𝐢𝐱𝐚𝐬 𝐧𝐨 𝐁𝐨𝐫𝐝𝐨 𝐝𝐞 𝐋𝐢𝐧𝐡𝐚 = Consumo 2 ciclos + 1

Dimensionando para a situação mais critica em que há consumo de duas caixas por ciclo é

recomendado ter três caixas no bordo de linha sendo que uma encontra-se em consumo e duas

em espera. O mesmo cálculo é aplicado aos restantes componentes.

5.2. Definição do Layout do Bordo de Linha

Uma vez definidas as estruturas de transporte dos diferentes componentes para o bordo de linha,

foi possível elaborar o estudo da disposição das estruturas junto das operações por forma a

reduzir a deslocação do operador assim como tornar todo o processo de reabastecimento

flexível. Os subcapítulos que se seguem explicam a lógica de funcionamento do bordo de linha,

assim como, o funcionamento a operação de reabastecimento realizada pelo operador

Mizusumashi.

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53

5.2.1. Criação do Processo de Abastecimento

Considerando a necessidade de existência de três estruturas de componentes sequenciados no

bordo de linha de cada uma das operações foi necessário, de acordo com a área disponível no

bordo de linha e respetiva dimensão das estruturas, estabelecer um processo de abastecimento

do bordo uma vez que estas são sequenciadas e por isso têm uma ordem de entrada bem

definida. Observando a Figura 31 é possível analisar a lógica de abastecimento e consumo das

diferentes estruturas de componentes sequenciados.

A primeira estrutura a ser abastecida no bordo de linha é a “Estrutura do Tipo I” representativa

do transporte dos componentes da ‘Operação 50’, “Chassis” e “Consolas”. Do ponto de vista do

comboio logístico, Figura 32, esta é a última estrutura copulada pelo que é a primeira a ser

removida (LIFO) pelo Mizusumashi e abastecida no ponto de abastecimento assinalado.

A lógica de funcionamento do bordo de linha da ‘Operação 50’ passa por ter uma estrutura em

consumo e duas estruturas cheias em fila de espera. Quando a estrutura fica vazia é movida

lateralmente para a “Posição Vazia“ e a estrutura sequente na fila de espera ocupa a posição

“Em consumo”. O presente layout permite obter a rotação das estruturas pelas posições

garantindo a sequência correta, ainda que o operador necessite de mover a estrutura para a

posição de consumo, este acaba por ser um trabalho logístico muito reduzido, rápido e prático

comparando ao processo pré-implementação.

Figura 31-Lógica de abastecimento bordo de linha (adaptado Benteler Automotive)

Figura 32- Posição no Comboio Logístico e Processo de Abastecimento Estrutura Tipo I

Comboio Logístico

Tipo I II III IV

LIFO

Abastecimento

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Uma vez removidas do bordo de linha as estruturas vazias e abastecidas as estruturas do Tipo

I, o condutor Mizusumashi, sequentemente, abastece as estruturas do tipo II e III no ponto de

abastecimento como se pode verificar na Figura 31. Estas estruturas, cujas posições no comboio

logístico encontram-se identificadas na Figura 33, transportam os componentes “Braços da

Suspensão” e “Barras Estabilizadoras” consumidos nas ‘Operações 50 e 100’, respetivamente.

Do ponto de vista da lógica de abastecimento, o “2º e 3º Abastecimentos” à semelhança de todo

o bordo de linha, necessita de respeitar o FIFO pelo que estas estruturas são repostas na posição

3 assinaladas a vermelho. Após consumo, as estruturas vazias são movidas pelo operador de

linha para a posição de Vazios e removida pelo Mizusumashi para reabastecimento no

supermercado.

Analogamente, a 4ª operação de abastecimento de estruturas pelo Mizusumashi, Figura 31, é

responsável pelo transporte dos componentes “Direções e Cabos Elétricos” para o bordo de linha

da ‘Operação 190’. Esta é a primeira estrutura no comboio logístico e última a ser abastecida ver

Figura 34. A lógica do bordo de linha é a mesma que a utilizada para as estruturas do tipo II e III

apenas sendo necessário que o operador de linha mova para o local de vazios quando esta

necessitar de ser reabastecida.

Uma vez abastecido o bordo de linha das diferentes operações e copuladas as estruturas vazias

ao comboio logístico, o condutor Mizusumashi regressa ao supermercado de modo a que as

estruturas sejam reabastecidas. Quando este concluir o percurso, parando no supermercado, é

expectável que um conjunto de estruturas para abastecimento do bordo de linha já se encontre

pronto para ser enviado. Deste modo o operador desacopla o comboio das estruturas vazias da

rota anterior e copula ao conjunto de estruturas já cheias para um novo abastecimento à linha.

Assim o processo é contínuo, sendo que os operadores do supermercado devem encontrar-se

sincronizados com o tempo de ciclo do comboio logístico para que este nunca pare, fazendo uma

analogia, funcionando como um “metro”.

Figura 33- Posição no Comboio Logístico e Processo de Abastecimento Estrutura Tipo II e III

Comboio Logístico

Tipo I II III IV

LIFO Abastecimento

Abastecimento

Consumo

Figura 34- Posição no Comboio Logístico e Processo de Abastecimento Estrutura Tipo IV

Comboio Logístico

Tipo I II III IV

LIFO Consumo

Abastecimento

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5.2.2. Definição do Layout da Operação de Prensagem

Uma das premissas do projeto de line feeding é a movimentação da prensa localizada no bordo

de linha do eixo dianteiro, para um local perto do supermercado de modo a garantir que os

chassis pudessem ser abastecidos na linha já sequenciados removendo a necessidade de

existência de (WIP) work in progress no bordo de linha. Em paralelo, um outro objetivo da

movimentação da operação de prensagem consiste na eliminação da entropia criada pelo

método de abastecimento até a data utilizado dos chassis prensados que obriga o operador de

linha a deslocar e cruzar outra operação para a obtenção do componente.

Após reunião com os responsáveis foi alocado o local no chão de fábrica perto do supermercado

do eixo dianteiro para implementação da prensa sendo nesta fase essencial o estudo da

disposição dos componentes e estruturas para uma melhor eficiência do trabalho do operador.

Resumindo brevemente o processo da ‘Operação Prensa’, a operação possui um Tempo de ciclo

(Tc) aproximadamente de x segundos dos quais 40 segundos são em modo automático. Durante

este intervalo de tempo o operador, à data, realiza tarefas de apoio logístico às demais

operações. Com a movimentação da operação de prensagem é proposto que com a

movimentação da prensa seja implementado no local um sistema de kitting de parafusos, pick to

light, para que o operador nesse tempo de prensa em automático possa executar uma tarefa de

preenchimento de bandejas de parafusos para o envio para a linha do eixo dianteiro. Através de

ensaios, in loco, elaborados ao longo do período de estágio com colaboradores de linha verificou-

se que demoravam numa primeira fase, sem ajudas visuais, cerca de 20 segundos/bandeja

concluindo-se que atribuindo esta tarefa ao operador da prensa é expectável que faça duas

bandejas no tempo em automático da prensa.

Requisitos Funcionais da Operação de Prensagem

O layout da prensa deverá comportar pelo menos um contentor de cada referência de chassis

totalizando um total de 3 referências. Paralelamente, é necessário dimensionar e acomodar no

layout uma flow rack de apoio ao operador da prensa para oito referências de sinoblocos

abastecidas em caixas KLT com dimensão [30 x 20 x 14,7]. Como proposto anteriormente, a

área da operação deverá contemplar também uma estrutura de “Kitting de Parafusos”, já

dimensionada, e uma flow rack onde serão abastecidos chassis prensados de quatros

referências originários da “Operação Prensa” para posterior sequenciação. O objetivo do layout

é minimizar o deslocamento do operador considerando também a complexidade dos

reabastecimentos dos contentores de chassis e manobrabilidade do operador. A Figura 35

sintetiza os diferentes cenários desenvolvidos de layout para a disposição da prensa e respetivos

componentes. Considerando a necessidade otimização das deslocações do operador, facilidade

de reposição de stock pelos empilhadores e segurança foram desenvolvidas as seguintes

hipóteses de layout:

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Cenário 1 Cenário 2 Cenário 3 Cenário 4

Figura 35-Estudo de Layout Disposição da Prensa (adaptado Benteler Automotive)

A prensa encontra-se delimitada a tracejado preto. Por sua vez, a verde encontram-se

identificados os contentores de chassis das diferentes referências automóvel. Tratando-se estes

de componentes de grande volume, massa e consumo foram consideradas soluções que

facilitassem o seu reabastecimento pelo que a face dos contentores encontra-se no bordo do

corredor de passagem do empilhador. A vermelho encontram-se identificadas as rampas de

chassis já prensados, produto resultante da ‘Operação Prensa’ e que serão posteriormente

sequenciados para a linha do eixo dianteiro. A azul é identificada a estrutura de ‘Kitting de

Parafusos’, Figura 36, local onde é intento que o operador sequencie os parafusos para

tabuleiros para posteriormente serem fornecidos à linha. Por fim a laranja é representada a flow

rack onde serão abastecidos caixas KLT de sinoblocos que são prensados no chassis na

‘Operação Prensa’.

Considerando a produção pico futuras dos respetivos modelos automóveis foi calculada a

distância percorrida por um operador para a execução das tarefas por ciclo2. Paralelamente, por

forma a poder quantificar para a direção os custos das deslocações do operador para a empresa

2 Considera-se um ciclo o movimento do operador com inicio na prensa, até um contentor de chassis das diferentes

referências regresso até à prensa, deslocação desde a prensa até à estante pick to light por forma a obter os sinoblocos

a serem prensados e regresso e movimento do operador até à estante de kitting por forma a executar os tabuleiros de

parafusos e regresso.

Corredor Empilhador

SIN

ÓB

LO

CO

S

Corredor Empilhador

SIN

ÓB

LO

CO

S

Corredor Empilhador

SINÓBLOCOS

Corredor Empilhador

SINÓBLOCOS

Figura 36-Estrutura de Kitting Parafusos Pick to Light

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foi elaborado um estudo MTM (Methods-Time-Measurement) que permite quantificar o tempo

despendido em deslocação e assim estimar o custo.

Neste caso foi apenas considerado para o calculo do tempo a deslocação do operador não sendo

considerado o manuseamento dos componentes que é comum a todos os cenários obtendo-se

os seguintes resultados resumidos no gráfico representado na Figura 37 e Figura 38.

Analisando as diferentes propostas de layout para a ‘Operação Prensa’ representadas na Figura

35 e quantificadas nas Figura 37 e Figura 38 é possível apontar vantagens e desvantagens da

implementação dos diferentes cenários.

Todos os cenários propostos contemplam os requisitos funcionais para o funcionamento da

operação de prensagem. A disposição das estruturas no layout representativo do ‘Cenário 1’

permite que a estrutura de kitting, pick to light, tenha uma maior dimensão em cumprimento sem

necessidade de alterar estrutura da dimensão original. Esta diferença de cumprimento permite

perlongar o stock na estrutura sem necessidade de reabastecer com a frequência dos demais

cenários. Todavia, devido a limitações de espaço, em conjunto com a direção, foi permitida a

Figura 37- Distância Percorrida pelo Operador nos Diferente Cenários

Figura 38-Tempo estimado despendido em deslocações

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redução da estrutura de kitting para metade ainda que se traduzisse no aumento da frequência

do reabastecimento da estrutura. O ‘Cenário 1’ para além de não ser o melhor a nível de

deslocações, no chão de fábrica, quando elaborado um mock up ou simulação com cartão da

posição das estruturas, anteviu-se entropia com outras operações adjacentes e por isso foi

inviabilizado. O layout do ‘Cenário 2’ foi o que melhores resultados apresentou a nível da

deslocação com uma estimativa de 255 km ano percorridos pelo operador. Embora esta fosse

uma premissa de extrema relevância na ótica da direção, a disposição dos contentores em “U”

impossibilitava no chão de fábrica o fácil acesso pelos empilhadores para o reabastecimento.

Por outro lado, o layout apenas contemplava três referências de componentes em contentores

face aos restantes que contêm quatro. Ainda que numa primeira análise não pareça relevante a

possibilidade de ter um contentor em uso e um em fila para consumo garante que a operação de

prensagem não pare enquanto o reabastecimento pelo operador do empilhador é executado.

A análise apresentada em reunião permitiu determinar que o layout que melhor se adequava às

necessidades da operação era o desenvolvido no ‘Cenário 4’. Deste modo, estima-se para uma

produção futura que no total os operadores percorram 289 km/ano (3 turnos / 3 operadores).

Através do MTM é possível converter a deslocação do operador em tempo obtendo-se para o

‘Cenário 4’ um resultado de 890 h despendido em deslocações. Estimando que a BENTELER

Automotive-Palmela encontrar-se-á a laborar durante o ano 4000h e consecutivamente a

operação de prensagem, correspondendo assim o tempo de deslocação a 22% do período

laboral.

5.3. Dimensionamento do Supermercado Logístico

Recordando o referido anteriormente o projeto irá abranger diferentes fases produtivas, isto é,

produção de diferentes modelos automóveis e consequentemente diferentes referências. Como

tal a implementação do supermercado para alimentação do eixo dianteiro numa primeira fase

será otimizado essencialmente para componentes dos modelos Sharan e Scirocco com uma

duração de 26 semanas desde o início do projeto. Findo estas 26 semanas o layout torna-se

obsoleto com a introdução no novo modelo automóvel T-Roc e por isso é necessário reorganizar

e associar uma nova posição dos novos componentes no supermercado. Por fim, na semana 40

após início do projeto o modelo Scirocco é descontinuado tornando-se imperativo a

reestruturação e otimização do supermercado para apenas os modelos Sharan e T-Roc. Este

último não será contemplado no presente projeto.

5.3.1. Levantamento de Dados

Findo o dimensionamento do comboio logístico, dirigido pelo operador Mizusumashi, responsável

pelo reabastecimento dos componentes sequenciados e Kanban para o bordo de linha das

operações do eixo dianteiro, é necessário dimensionar o local onde é feito o reabastecimento

das estruturas vazias para o abastecimento à linha, o supermercado. O supermercado é o local

onde se encontram armazenados todas as referências consumidas pelas operações do eixo

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dianteiro ao nível do solo ou estante com acesso fácil para o operador logístico permitindo o fácil

manuseamento dos componentes para o reabastecimento dos carros logísticos. O processo de

desenvolvimento do supermercado contou com a colaboração do “Departamento de Logística”

com o intuito de agregar os consumos das diferentes referências de componentes, tipo de

embalagem e quantidades por embalagem como anteriormente apresentado e demonstrado na

Figura 39.

No que diz respeitos aos consumos, de modo a futuramente definir a disposição do contentor

face ao local da operação de abastecimento, foi elaborada uma média. Como se verificará

posteriormente no subcapítulo 5.3.2, componentes de maior consumo serão dispostos perto do

local da operação de abastecimento assim como componentes de menor consumos mais

distantes de modo a que o operador percorra a menor distância possível durante a operação.

Uma análise elaborada ao tipo de “Embalagem Original” dos componentes permitiu verificar que

componentes de grande dimensão como as “Direções” eram transportados em contentores

próprios de dimensões especiais que exigem espaço e manipulação obrigatória do empilhador.

A dimensão do contentor e necessidade de manipulação torna imperativo que este componente

se encontre à face do local de passagem do empilhador para que este facilmente consiga

remover e reabastecer a referência. Componentes de média dimensão, cujo transporte é

elaborado em contentores padrões podem ser abastecidos por empilhadores através de corredor

dimensionados para o efeito.

5.3.2. Definição de Layout do Supermercado

A Figura 40 pretende visualmente auxiliar a compreensão da metodologia utilizada para a

implementação do supermercado. Analisando a figura é possível identificar o ponto de

reabastecimento, local onde o comboio logístico para vazio e aguarda reabastecimento. Uma

vez que, como apresentado anteriormente cada componente tem a sua própria estrutura de

transporte, é necessário separar e criar zonas dedicadas ao reabastecimento das diferentes

estruturas. A nível de disposição dos componentes os componentes com maior frequência de

consumo encontram-se mais perto do ponto de abastecimento, assinalado a vermelho, à medida

Figura 39- Tabela representativa de levantamento de dados (dados omitidos por questões de confidencialidade)

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que se vai afastando desse mesmo ponto os componentes significa que o consumo é menor.

Deste modo pretende-se que o operador se desloque o mínimo possível.

Deste modo, a “Zona A” delimitada a verde, corresponde à área de sequenciação das direções,

cabos elétricos e reabastecimento kanban de ‘Chapas Proteção de Calor’. Paralelamente a

“Zona B” delimitada a vermelho corresponde à área de sequenciação dos componentes como

“Braços da suspensão”, “Barras estabilizadoras” e kanban de “Apoios de caixa” e

“Charisma/GDL” que são necessários reabastecer nas operações do eixo dianteiro em caixas

KLT. A cada zona, encontra-se associado um operador responsável pelo reabastecimento das

estruturas vazias do comboio logístico. Devido á dimensão, peso e quantidade de variáveis

existentes de direções e cabos elétricos o operador da “Zona A” é apenas responsável pelo

reabastecimento da “Estrutura 1”, dimensionada e referenciada na etapa 7, capítulo 5.1.

Analogamente devido à maior facilidade de sequenciação dos componentes “Braços da

Suspensão”, “Barras Estabilizadoras” e “Chassis” o operador da “Zona B” é responsável pelo

abastecimento das “Estruturas 2, 3 e 4”. Faz se a ressalva que na Figura 40 a representação do

comboio logístico as estruturas não se encontram segundo a ordem explanada no capítulo 5.2.1

contudo em nada altera o modo de operar. Do ponto de vista do condutor do tow train,

Mizusumashi, este apenas deverá ser responsável pelo reabastecimento e recolha das

estruturas vazias no bordo de linha, contudo, caso se verifique necessário este pode auxiliar no

reabastecimento kanban, isto é, trocar a caixa vazia por uma caixa cheia já preparada no

supermercado nunca intervindo em qualquer outra atividade de sequenciação. Deste modo

torna-se evidente a necessidade de padronizar as atividades e criar um documento com

instruções de trabalho para cada um dos operadores delimitando as suas responsabilidades de

modo a criar um padrão de trabalho entre operadores dos diferentes turnos no âmbito da

atividade de sequenciação.

Figura 40-Layout supermercado exemplificativo (adaptado Benteler Automotive)

Chega Vazio

Sai Cheio

Mizusumashi

Contentores de Direções

Cabos Elétricos Flow Rack Caixas

Low Runners

Pallets Caixas High Runners

High Runners Low Runners

Low Runners High Runners

Barras Estabilizadoras

Braços da Suspensão

Contentores / Caixas Apoio Caixa, Chapas Proteção de Calor, etc .

Ponto de Abastecimento

Contentores Chapas Proteção Calor

Corredor Empilhador

Corredor Empilhador

Corredor Empilhador Z

on

a A

Z

on

a B

1

2

3

4

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Layout Período [0-26] e [26-40]

A Figura 41 e Figura 42 representam o layout do supermercado do eixo dianteiro desenvolvidos,

implementados e documentados para os diferentes períodos do projeto. Como referido

anteriormente, com o início de produção do novo modelo automóvel T-Roc a partir da semana

26 verificou-se um aumento da complexidade do supermercado com a introdução das novas

referências para sequenciação. No layout representado pela Figura 41 o supermercado

encontra-se a operar com apenas as referências dos modelos Sharan e Scirocco.

O layout desenvolvido para o período da semana 26 a 40 já contempla referências T-Roc e todo

um conjunto de marcações a nível do solo definitivas como p.e. o local de paragem do comboio

logístico. Futuramente, será necessário desenvolver, analogamente, o layout após o EOP (End

of Production) do Scirocco traduzindo-se na simplificação das referências e área necessária.

Figura 41- Layout desenvolvidos para o Supermercado Eixo Dianteiro Período [0 a 26] (adaptado Benteler Automotive)

Figura 42-Layout desenvolvido para o Supermercado Eixo Dianteiro Período [26-40] (adaptado Benteler Automotive)

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Capítulo 6 – Implementação no chão de fábrica

O presente capítulo serve de guia à implementação das alterações efetuadas a nível do chão de

fábrica. Pretende-se ainda mostrar a evolução dos trabalhos e fazer uma análise das dificuldades

encontradas ao longo do período de mudança. O projeto encontra-se dividido em 3 etapas

produtivas sendo que desde o inicio ‘oficial’ do projeto, 27 de Março e durante as primeiras 26

semanas a BENTELER Automotive -Palmela encontrar-se-á a produzir dos modelos Sharan e

Scirocco, durante as semanas 26 e 28 ocorre a paragem total do parque industrial AE para

implementação das alterações no chão de fábrica para o inicio de produção do T-Roc, que até à

semana 30 é produzido em pequeno número, e a partir da semana 30 ocorre o SOP (Start Of

Production) em que a produção do veículo T-Roc começa a escalar e a do veículo Scirocco

gradualmente a diminuir até terminar EOP (End of Production) na semana 40 do projeto. A partir

da semana 40 serão apenas produzidos os veículos Sharan e T-Roc pelo que é expectável que

uma redução de complexidade de componentes. Nesta linha de pensamento foi proposta a

implementação do line feeding entre as semanas (12 a 28) e construção do supermercado do

eixo dianteiro e todas as alterações inerentes ao projeto por forma a ter um processo estável e

preparado para responder às necessidades do cliente. Deste modo, complexidade do projeto

recorre na gestão e necessidade de mudanças em curto espaço de tempo. É expectável que a

implementação do supermercado do eixo dianteiro sirva de ponto de partida ou pelo menos de

referência para a implementação dos restantes supermercados sendo que os problemas e

soluções encontradas ao longo da implementação sirvam de experiencia e facilite a replicação

para futuras linhas.

6.1. Implementação do Supermercado Logístico

O processo de conversão da BENTELER Automotive- Palmela sustentou-se em metodologias

Kaizen Lean no qual se insere a ‘Gestão Total de fluxo (TFM) ‘. Um dos pilares da metodologia,

anteriormente analisada no capítulo 3.5.3, é a implementação de um supermercado logístico

como forma de apoio ao Mizusumashi responsável pelo reabastecimento do bordo de linha do

eixo dianteiro. Deste modo, é esperado que o supermercado contenha todas as referências de

componentes com acesso fácil, para o operador logístico reabastecer as estruturas de transporte

As Figura 43 e Figura 44 sintetizam a evolução da implementação do supermercado do eixo

dianteiro. Por um lado, analisando a Figura 43, foto referente ao estado inicial do chão de fábrica

(semana 1), é possível verificar a necessidade de libertar o local de implementação de estantes

e realocar os contentores para outro local da fábrica. Por outro, tornou visível a remoção das

estruturas à data no local tornou visível a necessidade de fazer um refresh ou manutenção do

chão de fábrica pelo que é sugerido uma pintura futuramente.

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Uma vez liberto o espaço foi possível com o auxilio dos colaboradores alocados ao projeto

implementar o layout segundo o definido no capítulo 5.3.2, e o resultado é visível na Figura 44.

Analisando a Figura 44 é possível verificar a implementação do supermercado a nível do solo

traduzindo-se no fácil acesso para o operador logístico de todos os componentes necessários

sequenciar e reabastecer para o bordo de linha do eixo dianteiro. Por um lado, é ainda visível a

implementação de identificações de topo identificadas por [1], que serão posteriormente

abordadas no capítulo 6.6.2, como forma de gestão visual para os operadores. Por outro, é

também possível visualizar o local de paragem do comboio logístico, [2], de acordo com o estudo

de ‘Definição de rotas’ elaboradas na pág. 47.

Nesta fase de implementação uma das maiores dificuldades sentidas foi a falta de disponibilidade

de mão-de-obra no que toca a serralharia uma vez que se encontrava saturada com outros

trabalhos prioritários e por isso foi necessário encomendar estruturas, nomeadamente a flow rack

dos cabos elétricos a empresas externas. Paralelamente, a implementação do supermercado

ocorreu durante o período laboral significando que as operações das linhas do eixo dianteiro e

traseiro encontravam-se a operar. Deste modo foi necessário não comprometer o normal

funcionamento da produção durante a implantação.

Pré-Implementação

Evolução Figura 43-Evolução da Implementação do Supermercado Eixo dianteiro

Resultado

Figura 44-Resultado da Implementação do Supermercado do Eixo dianteiro

[1]

[2]

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65

6.2. Relocalização e Implementação da ‘Operação Prensa’

De acordo com a premissa do projeto de line feeding relativa à criação de fluxo contínuo de

materiais através da separação das atividades de valor não acrescentado, das atividades de

valor acrescentado e sequenciação dos componentes, foi proposta e definida, como apresentado

no capítulo 5.3.2, uma nova localização e layout associado à “Operação Prensa”. A Figura 45

demonstra o momento de instalação da prensa na nova localização [1], assim como a pré

montagem da estrutura para o processo de kitting de parafusos, pick to light, identificado por [2].

Ao contrário da implementação do supermercado logístico que foi gradual ao longo de semanas,

a relocalização da “Operação Prensa” por motivos produtivos foi necessário implementar no

período de duas semanas, pré-estabelecidas, de paragem do parque industrial. O que se

verificou desafiante neste ponto de implementação foi a gestão dos colaboradores uma vez que

no local surgiu desacordo com a posição relativa dos equipamentos e contentores de

componentes que havia sido estabelecido anteriormente em projeto. Nesta fase, e uma vez que

o bem-estar e apoio dos colaboradores é essencial para o bom funcionamento dos processos foi

dada a liberdade para que estes estudassem in loco o melhor layout segundo a sua experiência.

Uma vez apresentada a nova disposição dos equipamentos e componentes pela equipa de

colaboradores de linha, foi feita uma reflexão conjunta com os prós e contras da sugestão que

se verificou impraticável devido às necessidades de espaço para sequenciar os chassis pelo

operador do supermercado e entropia com um projeto paralelo que estava a ser desenvolvido

para a linha do eixo traseiro. Finda a reflexão e em consenso com toda a equipa, foi

implementado o layout inicialmente definido que permitia reduzir a deslocação do operador e

garantir condições de trabalho tanto para o operador da prensa como do supermercado

responsável pela sequenciação dos chassis prensados.

Em suma, liderar pessoas em ambiente lean como refere (Pinto, 2014) reveste-se de desafios.

Não se trata apenas de conduzir as pessoas no sentido da criação de valor mas também

desenvolver os colaboradores. Deste modo, a liberdade concedida aos colaboradores para o

desenvolvimento do layout seguida de reflexão dos prós e contras permitiu que estes não só

tivessem perceção da impraticabilidade da proposta por estes sugerida, como desenvolver

trabalho em equipa. Paralelamente, puderam verificar o apoio do departamento de melhoria

continua em ouvir e observar as sugestões propostas.

Figura 45-Relocalização da Operação de Prensagem (adaptado Benteler Automotive)

[1]

[2]

Nova Localização

“OP Prensa” Supermercado Antiga Localização

“OP Prensa”

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66

6.3. Implementação do Bordo de Linha

Uma vez implementados o supermercado e relocalizada a “Operação Prensa” iniciou-se a

implementação final do bordo de linha do eixo dianteiro. A Figura 46 apresenta o resultado da

implementação do novo bordo de linha. Por um lado, o fornecimento de chassis prensados não

sequenciados deixou de ser feito através de uma flow rack [1] no bordo de linha, para ser

abastecida através de estruturas transportadas pelo comboio logístico, já sequenciados. Deste

modo, obteve se uma redução considerável no deslocamento do operador da “Operação 50”

assim como a redução do tempo de reação na seleção dos componentes uma vez que já se

encontram sequenciados segundo a ordem de pedidos da AE.

Por outro, identificado por [2] encontram-se os componentes “Braços da suspensão”. O resultado

traduz-se numa estrutura de sequenciados junto da ‘Operação 50’ e permite da mesma forma

reduzir o deslocamento do operador e tempo de seleção de matérias. Analogamente, a

disposição de estruturas da ‘Operação 100’ [3] e [4] teve a mesma linha de pensamento.

Identificado por [5] encontra-se o local de estruturas vazias, ou seja, após consumo as estruturas

vazias são colocadas na área delimitada para que o Mizusumashi transporte de volta para o

supermercado para reabastecimento. De um modo geral é possível observar um bordo de linha

mais organizado, com marcações das posições dos materiais, menor número de componentes

a aguardar consumo e proximidade dos componentes ao operador.

Relativamente à ‘Operação 190’ do eixo dianteiro através das Figura 47 e Figura 48 é possível

verificar as alterações implementadas no bordo de linha. Como referido anteriormente e é

possível verificar pelas referências [1] “Cabos elétricos” e [2] “Direções” da Figura 47, o layout

inicial encontrava-se sobrecarregado de componentes e desorganizado.

Pré-Implementação Resultado

Figura 46-Pré-Implementação e Resultado ‘OP 50 e OP 100’

[1]

[2]

[2]

Operação 50 Operação 100

Operação 50 Operação 100

[1] [4]

[2]

[3]

[3]

[5]

[4]

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67

Com a implementação do line feeding e reorganização do layout, Figura 48, o operador agora

tem acesso facilitado e organizados dos mesmos componentes já sequenciados [1] e [2].

Paralelamente, com a remoção da prensa do local das operações de montagem houve um ganho

de espaço que permitiu a implementação das áreas [A] e [B] para as estruturas de sequenciação

cheias e vazias respetivamente.

6.4. Cadeia de valor para as Pessoas

A par do que refere (Pinto, 2014) as pessoas não podem ser entendidas como um recurso

equivalente a 8 horas por dia. Acrescenta também que não podem ser comparadas a recursos

pois estes últimos não têm capacidade de decidir nem criar. Deste modo e considerando a

resistência à mudança que surge nas organizações é necessário dotar os colaboradores das

filosofias e metodologias lean por forma a mostrar os benefícios inerentes à sua implementação

assim como a importância destes para o sucesso da organização.

“O sucesso das empresas lean está intimamente ligado à forma como lidamos e

lideramos as pessoas que nela trabalham (Pinto, 2014).”

Sequentemente é apresentado neste contexto um resumo das formações dadas no âmbito da

implementação do supermercado e line feeding do eixo dianteiro.

Pré-Implementação

Figura 47-Pré-Implementação OP 190

[2] [2] [1]

Figura 48-Resultado Implementação ‘Operação 190’

[A]

Resultado

[2] [1]

[2]

[B]

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6.4.1. Formação das Equipas Operacionais BENTELER

Como citado anteriormente o sucesso das empresas lean encontra-se associado á forma como

se lida e lideramos as pessoas. Deste modo, torna-se imprescindível dotar os operadores de

linha dos benefícios gerados pelas ações de melhoria levadas a cabo ao longo do projeto por

forma a que estes aceitem e participem na implementação. Com este objetivo ao longo do projeto

foram esclarecidas diariamente dúvidas relativamente às implementações lean assim como

qualquer questão relativamente às alterações elaboradas no chão de fábrica. Paralelamente,

foram registadas e discutidas possíveis ações de melhorias com os operadores com o intuito de

facilitar ou otimizar o processo.

6.4.2. Formação das Equipas Logísticas Externas

A equipa externa de logística é responsável por alimentar os carros logísticos desenvolvidos para

sequenciar os componentes para a linha de montagem do deixo dianteiro assim como fazer

reposição kanban dos componentes necessários. Ao longo do período de estágio foram

formadas cerca de uma dezena de colaboradores responsáveis pela logística do supermercado

no âmbito das metodologias lean, padronização/instruções do trabalho e conceitos Kanban. No

âmbito da melhoria continua diariamente questionou-se os colaboradores das dificuldades

sentidas, ineficiências detetadas e propostas de melhoria por forma sempre a facilitar a execução

das suas tarefas, aumentando a sua eficácia e eficiência nunca descorando a segurança no

trabalho.

Em conclusão é importante realçar o sentido de responsabilidade atribuído aos colaboradores

permitindo manter o seu interesse em melhorar o seu local de trabalho dia para dia assim como

salientar que existe uma preocupação do departamento de melhoria contínua em ajudar quem

colabora com a empresa transversalmente e não só com os colaboradores internos.

6.4.3. Workshops, Formação Pessoal e Partilha de Conhecimento entre

colaboradores BENTELER

Numa perspetiva de planeamento do projeto, delineação dos objetivos e definição de datas de

implementação, foram organizadas reuniões, workshops com equipas BENTELER, Figura 49 de

modo a manter atualizado o estado atual do projeto em curso como fomentar a partilha de ideias

e soluções para os problemas encontrados. Paralelamente, equipas BENTELER de Valência,

Vitória e Burgos marcaram presença ao longo do período de implementação com o intuito de

partilhar e adquirir novos conhecimentos relativamente às metodologias Kaizen Lean. A criação

de instruções de trabalho BENTELER, os métodos para o cálculo de tempos teóricos das

deslocações e manuseamento dos operadores (MTM Methods-Time Measurement) são exemplo

de ferramentas apreendidas com auxílio dos colaboradores das diferentes BENTELER ao longo

da sua semana de permanência em Palmela.

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6.5 Organização e Gestão Visual

Como referido no capítulo 3.5.2 o controlo visual permite alcançar o aumento da eficiência e

eficácia das operações. Como refere (Pinto, 2014), é através da visão que recebemos e retemos

a maior quantidade de informação. Deste modo as ferramentas de organização e gestão visual

sequentemente propostas promovem não só a comunicação entre equipas operacionais,

expondo as necessidades entre equipas, como tornam eficaz a deteção de problemas.

6.5.1. Construção e Implementação de Quadros de Equipa

Numa perspetiva de gestão visual procedeu-se a implementação de quadros de equipa como

demonstra a Figura 50. O quadro desenvolvido contempla parâmetros de ‘Produtividade’,

‘Sucata’, ‘Presenças’, ‘Qualidade’ entre outros que auxiliam um eficaz e eficiente entendimento

do estado atual do processo. Na verdade, cada turno é liderado por um chefe de equipa, chefe

este responsável a cada início de turno de analisar com a sua equipa os dados registados pelo

turno anterior por forma a chegar a um entendimento da produtividade alcançada, qualidade dos

produtos obtidos e tomar conhecimento de qualquer problema ocorrido anteriormente. O mesmo

chefe no final do turno regista todos os dados referentes ao respetivo turno.

Deste modo a equipa inicia o trabalho ocorrente do estado atual da produção e consegue melhor

se adaptar às necessidades da fábrica mitigando problemas por falta de comunicação entre

turnos.

Figura 50-Criação dos Quadros de Equipa

Figura 49- Esclarecimento de dúvidas Equipas Internas e Externas BENTELER e Workshops

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6.6. Padronização

A padronização é uma prática de melhoria contínua que permite criar um ponto de estabilidade

no processo tornando este passível de ser melhorado garantindo que não haja retrocessos. Para

tal é necessário definir um padrão inicial, isto é, algo que independentemente do interveniente o

modo de interpretar, agir e executar seja universal.

Alguns dos benefícios inerentes à implementação desta ferramenta podem ser identificados

como a redução da variabilidade do processo, isto é, operadores diferentes executarão da

mesma forma as tarefas sendo expectável uma mesma resposta, facilidade na transmissão do

modus operandi assim como redução de riscos a nível de segurança. Deste modo, com a

implementação do supermercado e necessidade de transmitir o modo de operar de cada uma

das zonas dos supermercados aos novos operadores logísticos foi fulcral a criação e

documentação de instruções de trabalho.

6.6.1. Instruções de Trabalho Operadores Supermercado

Na perspetiva de facilitar a formação dos operadores e padronizar as operações de

reabastecimento dos carros logísticos foi fulcral a criação de instruções de trabalho para as

diferentes zonas de operação, ver Figura 52. É intento que com a implementação de instruções

de trabalho, 1º Documento, os diferentes operadores dos diferentes turnos executem as tarefas

da mesma forma, otimizando assim o processo e minimizando a ocorrência de erros.

Paralelamente, a criação deste documento define também as responsabilidades de cada um dos

intervenientes no reabastecimento logístico havendo desta forma um maior controlo da origem

dos defeitos/erros podendo a ação corretiva ser mais facilmente dirigida.

As instruções de trabalho elaboradas compreendem as operações dos operadores que

trabalham na “Zona A e B” do Supermercado do eixo dianteiro, assim como do operador

Mizusumashi responsável pelo transporte dos componentes até ao bordo de linha.

Figura 51- Documentos BENTELER

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71

O 2º documento identificado na Figura 52 ilustra o modo de operar através de imagens. Deste

modo qualquer questão relativamente ao processo pode ser visualmente aprendizado

verificando-se mais eficaz que um documento escrito.

6.6.2. Padronização das Identificações Locais

Analogamente procedeu-se à padronização das identificações dos diferentes componentes a

nível do chão de fábrica. Foi definido, em conjunto com os responsáveis, associar diferentes

cores aos diferentes modelos automóveis, como demonstrado pela Figura 53. A cor verde

encontra-se associada ao modelo automóvel “Sharan”, azul “Scirocco”, rosa “T-Roc” e branco

para referências partilhadas entre os modelos “Sharan” e “Scirocco”.

Deste modo fazendo um Gemba Walk a toda a fábrica existe um padrão de cores para

identificação dos diferentes componentes facilitando aos operadores da produção ou logística a

fácil compreensão a que modelo automóvel está associado cada um dos componentes servindo

também de prevenção à ocorrência de erros.

Figura 52- Exemplo de Instrução de Trabalho e Modos de Operar Supermercado

1º Documento: Instrução de Trabalho

2º Documento: Modo de Operar Detalhado

Figura 53-Identificações estantes com código de cores

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A nível de identificações de topo, a Figura 54 exemplifica o definido e é possível encontrar no

supermercado a identificar as posições dos contentores.

O layout das identificações proposto surge da necessidade do operador identificar rapidamente

a referência do componente para abastecer os carros logísticos. As cores associadas, mais uma

vez, identificam o modelo automóvel correspondente. Desta forma, de modo quase imediato e a

uma distância considerável, o operador deteta uma possível posição do componente pretendido

sem que seja necessário ler a referência numa primeira instância. Posteriormente confirma se é

a referência pretendida.

Tabela 27- Referências e descrição das identificações de topo

Ref. Identificação Descrição

1 Prefixo do Part-

Number

Primeira referência de leitura do operador de reabastecimento. A cor associada

permite identificar o modelo automóvel correspondente ao componente

identificado.

2 Mid Part-Number Complemento do Part Number em sistema sendo que os últimos 3 dígitos, a

negrito, auxiliam o operador no processo de picking.

3 Sufixo do Part-Number

Segunda referência de leitura do operador de reabastecimento. A cor associada

permite identificar o modelo automóvel correspondente ao componente

identificado.

4 Referência SAP

Referência pela qual os operadores de armazém de reabastecimento BENTELER

se guiam para reabastecer o componente no supermercado. Ao contrário dos

operadores do supermercado e produção que se guiam pelo Part-Number a

logística guia-se pelo número SAP.

5 Posição no Layout do

Supermercado

Posição no layout do supermercado onde o componente deve estar armazenado.

Esta posição fixa foi otimizada previamente com o intuito de reduzir a deslocação

do operador.

6 Informação

complementar Qualquer informação relevante relativamente ao componente.

7 Foto do componente Identificação visual do componente associado.

8 Comentários Comentário ou chamadas de atenção ao modo de operar.

1 2 3

4

5 6

7 8

Figura 54-Identificações de topo implementadas no supermercado Eixo dianteiro (adaptado Benteler Automotive)

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6.7. Situação observada Pré e Pós-Implementação

O presente subcapítulo pretende analisar o impacto a nível operacional e financeiro das

implementações desenvolvidas. Deste modo serão comparados os dados inicialmente

registados com os dados obtidos após implementação.

6.7.1. Análise global da implementação

Do ponto de vista do bordo de linha, a redefinição do modo de abastecimento dos componentes

através de estruturas sequenciadas e alteração do layout permitiu observar ganhos a diversos

níveis. A Tabela 28 permite verificar a variação da complexidade e área do bordo de linha após

implementação assim como a variação do número de unidades a aguardar consumo.

Tabela 28-Levantamento de dados Pós-Implementação

Operações

Componente

Variantes Pós-Implementação

Estruturas Bordo de Linha Pós-

Implementação

Nº Unidades Aguardar Consumo no Bordo de Linha

Área Ocupada Final [m2]

OP 50

Braços da Suspensão

12 (+100%) 3 Estruturas 36 (-91%) ±1,45(-70%)

Chassis Prensados

5 (+150%) 3 Estruturas

18 (-62%) ±5,1 (-47%)

Consolas 3 (0%) 36 (-55%)

Charisma / GDL 4 (+100%) 4 Caixas KLT 110 (0%) ±1 (0%)

OP 100

Apoios de Caixa 12 (+100%) 18 Caixas KLT 252 (-91%) ±1,11 (0%)

Barras Estabilizadoras

6(+67%) 3 Estruturas 18 (-96%) ±1,5 (-79,2%)

OP 190 Direções 8 (+100%)

3 Estruturas 18 (-65%)

±8,84 (-33%) Cabos Elétricos 25(+92%) 18 (-98%)

OP 200 Chapas

Térmicas 6 (+100%) 6 Caixas KLT 900 (+100%) ±0,56 (0%)

Prensa Operação Transferida do Bordo de Linha

Analisando a Tabela 28 é possível constatar uma redução de unidades movimentadas permitindo

uma redução de stocks parados no bordo de linha, isto é, deixou de existir a necessidades de

movimentar contentores de grandes dimensões com elevado número de componentes, para

passar a transportar estruturas com apenas os componentes necessários no determinado

período de tempo. Neste ponto é importante referir que apenas a ‘Operação 200’ sofreu um

aumento do número de unidades a aguardar consumo no bordo de linha, justificado pelo aumento

do número de variantes.

Paralelamente, verificou-se um ganho a nível de ergonomia e segurança uma vez que durante o

dimensionamento das estruturas de transporte dos componentes foram considerados aspetos

que permitissem o operador executar as operações sem grande necessidade de esforços físicos

outrora existentes com a utilização de contentores.

Através da eliminação de empilhadores nas atividades de abastecimento do bordo de linha

observou-se a redução do trânsito de empilhadores no chão de fábrica. Na realidade, a nível do

bordo de linha do eixo dianteiro deixou de existir qualquer operação de empilhador diretamente

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ligada ao reabastecimento. Estas operações de reabastecimento por empilhador foram puxadas

para a área de armazém onde se encontra o supermercado contribuindo assim para a segurança

dos colaboradores nos locais de operações. Um outro ponto importante constatado através da

implementação do comboio logístico foi a flexibilidade gerada no reabastecimento do bordo de

linha. Por um lado, é possível customizar as estruturas e obter diferentes mix de componentes a

serem transportados, que se verifica impossível com empilhador. Por outro, o operador

Mizusumashi tem associadas tarefas logísticas de reabastecimento, outrora executadas pelo

operador de linha, separando deste modo o operador de qualquer operação de logística de VNA.

Em suma, a implementação do line feeding da linha do eixo dianteiro permitiu que a BENTELER

Automotive-Palmela conseguisse compatibilizar o espaço disponível no bordo de linha com o

aumento do número de referências de componentes relativos ao novo projeto sem necessidade

de reestruturar ou deslocar o layout das operações, que se verificaria difícil derivado às

necessidades das operações automatizadas, custos acrescidos e tempo necessário para o

efeito.

6.8. Impacto da Implementação Bordo de Linha na Deslocação

do Operador

Finda implementação do novo layout do bordo de linha do eixo dianteiro é possível quantificar o

impacto deste nas deslocações do operador. Deste modo, é feito sequentemente uma análise

utilizando a ferramenta Spaghetti Diagram para quantificar a evolução da deslocação do

operador antes e depois da implementação.

6.8.1. Análise Spaghetti Bordo de Linha (Estado Final)

Com o intuito de estudar as melhorias a nível das deslocações do operador foi elaborado uma

análise com o auxílio da ferramenta “Spaghetti Diagram”, (ver Anexo C.3.2), onde é possível

verificar a complexidade das movimentações do operador na obtenção dos componentes, assim

como utilizando ferramentas CAD, quantificar através de valores de produção média, a distância

percorrida. De modo a comparar o “Estado Inicial” com o “Estado Final”, através de ferramentas

CAD e considerando a produção média também utilizada para o estudo inicial, foi possível

quantificar as distâncias percorridas pelos operadores, ver Figura 55.

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Analisando a Figura 55 é possível verificar uma redução na ordem dos 72 % da deslocação do

operador da ‘Operação 50’. Paralelamente, na ‘Operação 100’, verificou-se uma redução das

deslocações do operador na ordem os 62% reduzindo-se de uma estimativa de 42 km/mês para

16 km/mês. Como referido anteriormente a ‘Operação Prensa’ foi removida do bordo de linha do

eixo dianteiro e por isso não foi quantificada nesta secção mas sim no capítulo 5.2.2.

Contrariando a tendência de redução das deslocações do operador, a ‘Operação 190’ tem um

acréscimo, à data, na ordem dos 17%. Este crescimento deve-se à necessidade do operador em

realizar uma tarefa que envolve deslocar o carro de direções sequenciadas para a área de

“vazios” o que incorre no aumento da distância percorrida. Por último, a ‘Operação 200’ a nível

de deslocações permaneceu inalterada apenas existindo uma organização diferente da

disposição dos componentes sem impacto visível.

Do ponto de vista económico a melhoria das deslocações dos operadores pode ser quantificada

utilizando a ferramenta MTM (Methods Time Measurement), ver Tabela 29.

Tabela 29 - Quantificação da Melhoria a Nível de Deslocações do Operador

Somatório Deslocação Operador Período 26-40 [km/mês] [1 turno]

Estimativa empírica do

tempo MTM (h/mês)

Custo Operador / Hora

[Valor estimado] Custo Deslocação Operador /mês [€]

Cenário Inicial (s/ OP Prensa)

112 29 6 172

Cenário Final (s/OP Prensa)

48 12 6 74

Diferença -63 -17 - -98

Analisando a Tabela 29 verifica-se que numa perspetiva da deslocação do operador,

mensalmente, verificou-se uma redução, a nível de custo, na ordem dos 43%. Não significa que

a Benteler Automotive economize o valor, mas permite quantificar monetariamente a redução.

Na realidade ao longo de um mês no total os operadores passaram de despender 29 h em

deslocações para apenas 12h.

Figura 55- Gráfico Deslocação do Operadores Pré e Pós Implementação [Bordo de Linha]

Eliminada do Bordo de Linha

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6.8.2. Análise Yamazumi Chart

Uma vez que, por motivos de confidencialidade, não é possível quantificar o tempo de ciclo, a

análise dos elaborada através da ferramenta “Yamazumi Chart” para quantificar o impacto da

implementação das alterações é apresentada sob forma de percentagem os resultados Pré e

Pós implementação. No anexo C.2.2. é possível visualizar o gráfico Yamazumi para as referidas

operações com um fator multiplicativo associado.

Como é possível analisar na Figura 56 após implementação das alterações a nível do bordo de

linha da ‘Operação 50’ verificou-se uma redução do tempo de ciclo na ordem dos 23% face ao

Tc inicial. Esta melhoria deve-se essencialmente à redução do tempo de deslocação e eliminação

de tarefas de trabalho frequencial. Em paralelo, após implementação constatou-se que 76% do

tempo ciclo é despendido em tarefas (VA) e 24% em tarefas (NVA), uma menor percentagem

face ao diagnóstico inicial elaborado à operação.

Analogamente, relativamente à ‘Operação 100’, ver Figura 57, verificou-se uma redução na

ordem dos 13% do tempo de ciclo. Numa perspetiva da percentagem relativa ao tempo ciclo as

Figura 56- Resultados Finais Yamazumi Chart Comparativo ‘OP50 ‘

Figura 57- Resultados Finais Yamazumi Chart Comparativo ‘OP 100’

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tarefas de valor não acrescentado, após implementação, correspondem a 26% do Tc face aos

36% inicialmente diagnosticados.

Os resultados obtidos após implementação das alterações do bordo de linha da ‘Operação 190’,

Figura 58 permitem verificar uma redução de 7% no tempo de ciclo. Esta redução mais uma vez

é obtida devido à melhoria do tempo despendido em deslocamento. Numa perspetiva do impacto

percentual das tarefas de valor não acrescentado no tempo de ciclo verificou-se uma redução de

5% para os 32%. É de realçar que existe oportunidades de melhoria na presente operação na

perspetiva de eliminação de operações frequenciais e até mesmo no deslocamento do operador.

Por fim, a ‘Operação 200’ ver. Figura 59 verificou uma redução do tempo de ciclo na ordem dos

5%. Por um lado, as estantes foram colocadas mais próximas do operador, por outro, existiu a

eliminação de tarefas de trabalho frequencial que permitiu esta redução.

Figura 58- Resultados Finais Yamazumi Chart Comparativo ‘OP 190’

Figura 59- Resultados Finais Yamazumi Comparativo Chart ‘OP 200’

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6.9. Análise Global do Investimento

A análise global do investimento do projeto de line feeding verifica-se complexa de ser

caracterizada e quantificada uma vez que se trata de uma necessidade com a introdução do

novo projeto de produção do novo modelo automóvel T-ROC que, como referido anteriormente,

trás complexidade e maiores necessidades de espaço no bordo de linha que é inexistente e de

impossível ampliação uma vez que não é possível alterar o layout físico das operações sem

obrigar à paragem do complexo AE. No total para o desenvolvimento e implementação do projeto

foram alocados 50.000€ dos quais cerca de 10.000€ corresponderam à compra do tow train e o

remanescente para a compra de materiais, contratação de trabalho especializado para a

construção das estruturas consoante as necessidades do projeto.

Essencialmente o projeto encontra-se dividido em três custos alvo. Como se pode verificar ao

longo da dissertação foi desenvolvido e implementado o bordo de linha, o comboio logístico e o

supermercado intrinsecamente dependentes.

A implementação do comboio logístico como meio de transporte dos componentes para o bordo

de linha traduz-se na possibilidade, de no futuro, rescindir o aluguer de um empilhador no valor

de 700€ /mês e alocar o operador a outra atividade interna. Paralelamente, do ponto de vista da

segurança das operações não é possível quantificar o ganho verificando-se agora um processo

de abastecimento com menor risco do ponto de vista da segurança. Por sua vez, a

implementação do supermercado logístico acarretou todavia a necessidade de subcontratação

de dois operadores logísticos, por turno, para a atividade de sequenciação. Esta necessidade

acaba contudo por trazer benefícios do ponto de vista do processo produtivo podendo agora a

BENTELER Automotive alcançar menores tempos de ciclo a jusante do processo e responder

às mais exigentes necessidades do cliente.

O retorno do investimento acaba por ser algo que dependerá do sucesso do novo modelo

automóvel T-Roc. A não realização do mesmo acabaria por inviabilizar a produção ou tornaria

todo o processo de abastecimento ineficiente para as futuras quantidades de produção exigidas

pelo cliente Volkswagen que correspondem quase a um crescimento de 300% no período de

pico produtivo.

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Capítulo 7- Conclusões

Inserida num mercado concorrencial como o sector automóvel, a BENTELER Automotive-

Palmela, inicia o novo projeto de produção do modelo T-ROC com um conjunto de necessidades

a nível do chão de fábrica que permitam a flexibilização de toda a logística interna como a

compatibilização da área disponível a nível de armazém e bordo de linha com a entrada de novas

referências de componentes. Deste modo, o modelo adotado no presente projeto, Total Flow

Management, encontra-se orientado para a eliminação do desperdício e melhoria dos fluxos

internos e externos sendo que para o efeito incidiu-se no fluxo interno através da implementação

de soluções como o comboio logístico, construção de um supermercado e reformulação do bordo

de linha. Uma vez implementadas as alterações no chão de fábrica verificou-se a criação de um

fluxo contínuo de material visível desde a área de armazenagem, passando pelo supermercado

e deste último, já sequenciado, para o bordo de linha do eixo dianteiro.

O sistema de abastecimento normalizado permitiu também a redução da área de stocks no bordo

de linha em média de 58% e de 80% do número de componentes através do transporte de

apenas as quantidades necessárias quando necessário. Deste modo, não só foi majorada a

capacidade de resposta dos operadores de linha, uma vez que os materiais já se encontravam

previamente sequenciadas e as tarefas de valor não acrescentado foram transferidas para o

operador externo do supermercado, como a segurança do operador uma vez que deixou de

existir movimentação dos empilhadores junto do bordo de linha.

Numa perspetiva produtiva as melhorias permitiram também a redução do tempo de ciclo num

intervalo entre os 5% e 23% assim como eliminação de WIP nos locais de produção.

O paradigma da mudança, a gestão pessoal dos colaboradores, foram pontos fulcrais para o

sucesso das implementações no gemba. Mais importante que implementar, é tornar visível o

porquê das alterações e mostrar aos colaboradores os benefícios inerentes do ponto de vista do

seu trabalho para que estes aceitem e abracem a mudança. As soluções desenvolvidas para o

eixo dianteiro são um ponto de experiência para futuras implementações no mesmo âmbito para

as restantes linhas produtivas. A experiência adquirida pela equipa, as dificuldades sentidas e

soluções encontradas permitirão desenvolver mais eficientemente outros projetos de acordo com

as necessidades da empresa.

Uma vez finalizada esta etapa e tratando-se se um projeto de melhoria continua, com seguimento

dos trabalhos e contacto com os operadores de linha surgirão oportunidades de melhoria como

sugeridas em Anexo D. É através da presença no chão de fábrica, no contacto diário e pessoal

com os colaboradores de linha que o departamento CIP deverá desenvolver futuros projetos

permitindo o envolvimento de equipas de operadores como forma de reconhecimento da

experiência e valor para a empresa.

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Anexos

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Anexo A - Localização BENTELER Palmela

Parque Industrial Autoeuropa

BENTELER 1 Nova Unidade BENTELER

2 Figura 60-Vista aérea Parque Industrial Autoeuropa

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Anexo B – Produção Automóvel Para Exportação

Tabela 30 - Veículos Automóveis Produzidos Em Portugal para Exportação [Janeiro a Dezembro de 2016]

Autoeuropa Peugeot Citroen Mitsubishi Fuso Truck Euro Toyota Caetano Total

Unidades % Total Unidades % Total Unidades % Total Unidades % Total Unidades % Total

Alemanha 28 377 33,7 1 565 3,5 1 566 26,6 - - 31 508 23,1

Espanha 5 179 6,2 15 435 34,7 416 7,1 - - 21 030 15,4

Reino Unido 12 957 15,4 1 751 3,9 1 026 17,4 - - 15 728 11,5

França 3 814 4,5 9 245 20,8 538 9,2 - - 13 597 10,0

Áustria 8 326 9,9 564 1,3 32 0,5 - - 8 922 6,5

Itália 1 464 1,7 3 144 7,1 504 8,6 - - 5 112 3,7

Polónia 935 1,1 2 797 6,3 122 2,1 - - 3 854 2,8

Bélgica 1 497 1,8 1 726 3,9 174 3,0 - - 3 397 2,5

Suécia 2 129 2,5 9 0,0 - - - - 2 138 1,6

Holanda 241 0,3 1 291 2,9 192 3,3 - - 1 724 1,3

Outros EU-28 3 743 4,4 5 783 13,0 467 7,9 - - 9 993 7,3

Total EU-28 68 662 81,5 43 310 97,4 5 031 85,6 - - 117 003 85,8

Suiça 4 677 5,6 166 0,4 170 2,9 - - 5 013 3,7

Outros Europa 681 0,8 529 1,2 45 0,8 - - 1 255 0,9

Total Europa 74 020 87,9 44 005 99,0 5 246 89,3 - - 123 271 90,4

América 325 0,4 16 0,0 - - - - 341 0,3

África 57 0,1 448 1,0 372 6,3 - - 2 700 2,0

China 7 458 8,9 - - - - - - 7 458 5,5

Hong Kong 245 0,3 - - - - - - 245 0,2

Taiwan 702 0,8 - - - - - - 702 0,5

Total China 8 405 10,0 - - - - - - 8 405 6,2

Japão 783 0,9 - - - - - - 783 0,6

Outros Ásia 308 0,4 2 0,0 259 4,4 - - 569 0,4

Total Ásia 9 496 11,3 2 0,0 259 4,4 - - 9 757 7,2

Oceania 300 0,4 - - - - - - 300 0,2

Total-Geral 84 198 100,0 44 471 100,0 5 877 100,0 1 823 100 136 369 100,0

Fonte (ACAP) – Associação Automóvel de Portugal

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Anexo C – Ferramentas de Diagnóstico Anexo C.1 – Mapeamento do Fluxo de Valor

Anexo C.1.1 – Value Stream Mapping (Estado Inicial)

Nemetris

Sistema de Informação

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Anexo C.1.2. - Legenda Value Stream Mapping

Tabela 31-Legenda Value Stream Mapping

Fornecedor / Cliente

Kanban de produção

Stock / Supermercado

Processo / Controlo da

Produção

Kanban de retirada

Stock Segurança

Fluxo de produção

empurrada (Push)

Sinal de Kanban

Tabela de dados

Fluxo de produção

puxada (Pull)

Painel de Kanban

Transporte

Fluxo de informação

manual

Atividade Kaizen

Fluxo de informação

eletrónica

Inventário

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Anexo C.2. – Estudo de Tempo

Anexo C.2.1. – Gráfico Yamazumi (Estado Inicial)

* Os valores apresentados no Yamazumi apresentam, por motivos de confidencialidade, um fator multiplicativo.

Estado Inicial – Yamazumi Eixo Dianteiro

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Anexo C.2.2. – Gráfico Yamazumi (Estado Final)

* Os valores apresentados no Yamazumi apresentam, por motivos de confidencialidade, um fator multiplicativo.

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Anexo C.3. – Ferramenta Spaghetti Diagram

Anexo C.3.1. Bordo de Linha (Estado Inicial)

Elaborado: 25/03/2017

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Anexo C.3.1.1. – Tratamento de Dados Spaghetti Diagram (Estado Inicial Deslocações - Bordo de Linha)

peração 50 14 km /semana 57 km/mês 692 km /ano Operação 100 6 km /semana 23 km/mês 278 km /ano Prensa 17 km /semana 67 km/mês 821 km /ano Operação 190 3 km /semana 12 km/mês 141 km /ano Operação 200 1 km /semana 2 km/mês 26 km /ano

Total 41 km /semana 165 km/mês 2020 km /ano

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Anexo C.3.2. – Bordo de Linha (Estado Final)

Elaborado: 1/08/2017

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Anexo C.3.2.1. – Tratamento de Dados Spaghetti Diagram (Estado Final Deslocações – Bordo de Linha)

Operação 50 4 km /semana 16 km/mês 197 km /ano Operação 100 4 km /semana 16 km/mês 192 km /ano Prensa 0 km /semana 0 km/mês 0 km /ano Operação 190 4 km /semana 14 km/mês 172 km /ano Operação 200 1 km /semana 2 km/mês 26 km /ano

Total 12 km /semana 48 km/mês 587 km /ano

16 16

0

14

2

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

Operação 50 Operação 100 Prensa Operação 190 Operação 200

De

slo

cam

en

to T

ota

l km

/mê

s

Gráfico Quantitativo Movimentações - Estado Final

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Anexo D – Propostas de Melhoria

Considerando o facto das metodologias lean se inserirem no âmbito da melhoria continua Figura

61, e uma vez estabilizado o processo, o presente subcapítulo pretende propor futuras alterações

a nível do bordo de linha, supermercado e funcionamento do comboio logístico com o intuito de

melhorar o processo e reduzir entropias, não planeadas, e verificadas após o início de

funcionamento das operações.

Anexo D.1. - Proposta de Melhoria das Operações Supermercado

Do ponto de vista do supermercado existem diversas melhorias que podem ser futuramente

desenvolvidas. Por um lado, com o início da atividade de sequenciação verificou-se um elevado

número referências que chegavam trocadas ao bordo de linha, ver Figura 62, uma vez que só

no local da operação é que se procedia à confirmação e validação do componente. O erro na

troca de material tem como consequência a paragem da respetiva operação até o componente

correto ser reposto pelo Mizusumashi. Mesmo existindo no bordo da operação de supermercado

todo um conjunto de ajudas visuais que permitem fácil leitura e interpretação da referência a ser

sequenciada ocorriam ocasionalmente erros, trocas de componentes derivados ao cansaço e

ritmo de trabalho exigido pela tarefa de sequenciação. Considerando estas premissas, foi

proposto incluir um sistema de validação scanner à saída do supermercado por forma a reduzir

ou eliminar por completo este tipo de erros.

Tempo

Qualidade

Figura 61-Rampa de Implementação e Ação

Figura 62-Registo no bordo de linha da troca de componentes

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Por outro, do ponto de vista da operação, à data de início de sequenciação, é feita através do método

de picking by paper, isto é, o operador imprime o pedido na estação informática local e através da

leitura da folha vai procedendo ao picking dos componentes, Figura 63. Este método para além de

constituir um custo de impressão, limita o operador do ponto de vista do manuseamento uma vez que

necessita de transportar a load list ao longo das suas tarefas.

Deste modo, é recomendado que futuramente se implemente um monitor de grandes dimensões

que permita os diferentes operadores dentro do raio de funcionamento do supermercado

visualizar o pedido de sequência.

Anexo D.2. - Proposta de Melhoria ao Nível do Comboio Logístico

A implementação do comboio logístico em substituição do empilhador no reabastecimento do

bordo de linha permite obter diversas vantagens nas quais se inserem o aumento da

produtividade através da agilização do carregamento e descarregamento dos materiais,

flexibilidade uma vez que é possível customizar o transporte e quantidades de materiais,

segurança dos operadores face aos empilhadores, entre outras vantagens enumeradas

anteriormente no capítulo 3. Como tal e para que todas as vantagens inerentes à implementação

do comboio logístico sejam rentabilizadas é necessário que o sistema Supermercado – Comboio

logístico - Bordo de Linha se encontre sincronizado e funcione como um “metro”, Figura 64, isto

é, que o reabastecimento do bordo de linha seja elaborado num tempo de ciclo previsto e

contínuo ao longo do período laboral sem recurso a paragens.

Figura 63-Leitura load list operador “Zona A” Supermercado

Figura 65-Exemplo de um Andon Figura 64-Sincronização das operações

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Uma vez implementado o comboio logístico constatou-se que devido a problemas das operações

de linha e instabilidade nos pedidos do cliente, o sistema Supermercado - Comboio Logístico -

Bordo de Linha dessincronizava-se traduzindo-se em paragens, obrigando ao operador

Mizusumashi a aguardar junto ao bordo de linha pelo consumo das estruturas para poder

abastecer. Deste modo e por forma a colmatar este problema é proposta a implementação de

um Andon, uma ferramenta que utiliza sinais luminosos e /ou sonoros para alertar de algum

problema Figura 65, e cuja localização seria junto ao ponto de partida do Mizusumashi permitindo

ao operador no bordo de linha acionar o mesmo, fazendo Pull” da operação de reabastecimento.

Deste modo garante-se que o operador Mizusumashi deixa de ter necessidade de esperar junto

ao bordo de linha por estruturas vazias, e só transporta os componentes quando as operações

de facto estão prontas para o efeito, aguardando junto do supermercado. Paralelamente, caso

se verifique oportuno o operador Mizusumashi poderá nesses períodos de espera proceder a

alguma atividade logística auxiliar enquanto aguarda pela permissão de abastecimento.

Anexo D.3. - Proposta de Melhoria ao Nível do Bordo de Linha

Uma vez concluída a implementação do novo layout e realizados ensaios verificou-se a

possibilidade de melhoria da posição final das estruturas de “Braços da Suspensão” vazias. De

facto, o layout atual contempla uma posição para as estruturas vazias assinalada na Figura 66 a

vermelho que obriga a deslocação do operador. No local, verificou-se a possibilidade de integrar

a posição da estrutura de “Braços de Suspensão” vazios com a posição da estrutura de “Chassis”

vazio como identificado na Figura 67. Deste modo, o deslocamento do operador e área alocada

a estruturas vazias seriam reduzidas.

Figura 67-Melhoria proposta de incorporação das estruturas

quando vazias

Carro Vazio

Chassis

Carro Braços da

Suspensão Vazios

Ponto de Consumo

[Braços da

Suspensão]

Local de Estruturas

Vazias [Braços da

suspensão e Barras

Estabilizadoras]

Figura 66-Layout demonstrativo do ponto de consumo dos braços da suspensão (adaptado Benteler Automotive)

Local Estrutura Vazias

[Chassis]