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APLICAÇÃO DOS GRÁFICOS DE CONTROLE E CAPABILIDADE DE PROCESSO PARA MONITORAMENTO EM UM DOS PROCESSOS DA FABRICAÇÃO DE MESAS DE BILHAR Jair Rodrigues de Siqueira Neto (UEPA ) [email protected] Leticia da Silva Pires (UEPA ) [email protected] Mariana Pereira Carneiro (UEPA ) [email protected] MARIO ANDRADE CORREA NETO (UEPA ) [email protected] Um dos grandes problemas em empresas de pequeno porte, que lidam com a produção de bens, consiste no monitoramento dos processos, verificando a diferença entre o que foi projetado e o que foi produzido. Portanto, objetivo desta pesquisa é aaplicar Gráficos de Controle e Capabilidade de Processo para monitoramento em um dos processos da fabricação de mesas de bilhar, no caso os Gráficos de Controle X ̅ e S, mostrando a relação entre a variabilidade natural do processo e a tolerância de especificação do projeto, tendo o objeto de estudo o corte da pedra ardósia, a qual é usada no processo de produção analisado. Para a realização do projeto foi feita a análise preliminar do processo, a coleta de dados e o processamento de dados, sendo possível assim, produzir todos os cálculos necessários para monitorar o processo de produção do produto. Desta forma, a partir da análise dos resultados, observou-se que o processo está dentro dos limites naturais de controle e é capaz, ou seja, atende às especificações de projeto. Palavras-chave: Capabilidade. Gráficos de Controle. Pedra ardósia. Variabilidade. XXXVI ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCÃO Contribuições da Engenharia de Produção para Melhores Práticas de Gestão e Modernização do Brasil João Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016.

APLICAÇÃO DOS GRÁFICOS DE CONTROLE E … · cronológico regular das variáveis ou atributos do processo que está sendo controlado. Os dados são plotados, seguindo a sua ordem

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APLICAÇÃO DOS GRÁFICOS DE

CONTROLE E CAPABILIDADE DE

PROCESSO PARA MONITORAMENTO

EM UM DOS PROCESSOS DA

FABRICAÇÃO DE MESAS DE BILHAR

Jair Rodrigues de Siqueira Neto (UEPA )

[email protected]

Leticia da Silva Pires (UEPA )

[email protected]

Mariana Pereira Carneiro (UEPA )

[email protected]

MARIO ANDRADE CORREA NETO (UEPA )

[email protected]

Um dos grandes problemas em empresas de pequeno porte, que lidam

com a produção de bens, consiste no monitoramento dos processos,

verificando a diferença entre o que foi projetado e o que foi produzido.

Portanto, objetivo desta pesquisa é aaplicar Gráficos de Controle e

Capabilidade de Processo para monitoramento em um dos processos

da fabricação de mesas de bilhar, no caso os Gráficos de Controle X ̅ e

S, mostrando a relação entre a variabilidade natural do processo e a

tolerância de especificação do projeto, tendo o objeto de estudo o corte

da pedra ardósia, a qual é usada no processo de produção analisado.

Para a realização do projeto foi feita a análise preliminar do processo,

a coleta de dados e o processamento de dados, sendo possível assim,

produzir todos os cálculos necessários para monitorar o processo de

produção do produto. Desta forma, a partir da análise dos resultados,

observou-se que o processo está dentro dos limites naturais de controle

e é capaz, ou seja, atende às especificações de projeto.

Palavras-chave: Capabilidade. Gráficos de Controle. Pedra ardósia.

Variabilidade.

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1. Introdução

No ambiente comercial brasileiro, sabe-se que das empresas que são concebidas no Brasil,

boa parte delas são micro e empresas de pequeno porte, como mostra na tabela 01, observa-se

que mesmo com seu ritmo de crescimento vem diminuindo, as micros empresas constituem

mais da metade das empresas situadas no mercado nacional, cerda de 57,86%. Sabe-se

também que muitas dessas empresas não há uma cultura sólida da gestão de qualidade entre

os colaboradores, tanto os que possuem altos cargos quanto os trabalhadores do chão de

fábrica (TOLEDO et al, 2013).

Tabela 01 - Evolução do universo de empresas – 2009 e 2012

Porte 2009 2010 (2010/2009) 2011 (2011/2010) 2012 (2012/2011) (2012/2009)

Micro Empresas

Individuais (MEI) 47.987 793.799 1554,2% 1.664.447 109,7% 2.640.400 58,6% 5402,3%

Micro Empresas (ME) 4.113.929 4.769.078 15,9% 4.940.321 3,6% 5.152.562 4,3% 25,2%

Empresas de Pequeno

Porte (EPP) 660.594 791.073 19,8% 891.659 12,7% 945.070 6,0% 43,1%

Medias e Grandes

Empresas (MGE) 127.781 148.977 16,6% 159.908 7,3% 167.592 4,8% 31,2%

Total de empresas no

Brasil 4.950.291 6.502.927 31,4% 7.656.335 17,7% 8.905.624 16,3% 79,9%

Fonte: Adaptado de Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE (2014)

Na sua maioria, os administradores são formados por familiares e não possuem conhecimento

técnico, gerindo a empresa, segundo Lemos (2003), na informalidade e com uma visão de

planejamento para o curto prazo, afetando assim os processos de planejamento da empresa.

Mas outras até vêm possuindo um bom nível administrativo, de acordo com o SEBRAE

(2014), graças ao “comando único e centralizado, permitindo reações rápidas em situações de

emergência”. No entanto, para resolver os problemas de planejamento faz-se necessária a

profissionalização administrativa, concedendo desse modo um tempo de vida mais longo às

politicas de negócio (LEMOS, 2003).

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Desta forma, uma empresa que se preocupa com a qualidade e investe em conhecimento

diminui as chances de erros e melhora processos, o que torna possível promover melhorias e

inovações nos processos, produtos e serviços, que se tornam grande diferencial para

satisfazer, fidelizar e atrair novos consumidores, aumentando a vantagem competitiva da

empresa, gerando mais valor ao negócio (SEBRAE, 2016).

Logo, o artigo se baseará nos conceitos acerca de controle estatístico do processo, cujos

estudos, a partir de padrões pré-estabelecidos, buscam comparar o que foi realizado com o

padrão estabelecido e assim, os desvios mais significativos em relação ao processo são

identificados, permitindo identificar posteriormente suas possíveis causas.

Já que um dos grandes problemas em empresas de pequeno porte, que lidam com a produção

de bens, consiste no monitoramento dos processos, então os gráficos de controle vêm para

mostrar se o produto está dentro das variações naturais do processo, e em conjunto com

estudos de capacidade (voltados para as especificações de projeto), visam satisfazer as

exigências dos clientes e estando em conformidade com a produção.

Em uma empresa de pequeno porte, tendo como processo de produção a fabricação e reforma

de mesas de bilhar, sinuca e futebol de mesa, possui cultura familiar e é localizada no

município de Castanhal, no estado do Pará, os autores desta pesquisa, após a realização de

entrevistas não estruturadas com o responsável pela empresa, vislumbraram a necessidade de

realizar tal controle estatístico no ponto mais crítico da produção de mesas de bilhar, o corte

de pedra ardósia (matéria-prima mais relevante financeiramente).

Este estudo tem foco a fabricação de mesas de bilhar, nas quais possuem maior demanda e

têm como macro processo de produção as seguintes etapas: a retirada da pedra do estoque, a

medição para corte, o corte e a montagem da mesa.

Tendo em vista a problemática supracitada, o objetivo desta pesquisa é aplicar Gráficos de

Controle e Capabilidade de Processo para monitoramento em um dos processos da fabricação

de mesas de bilhar, tendo em vista que o uso dessas ferramentas analisa a variabilidade

natural do processo e posteriormente a relação desta variabilidade com a tolerância de

especificação do projeto (TOLEDO et al, 2013). Com os resultados obtidos foi possível

determinar se o processo é capaz e se está dentro dos limites estabelecidos pela empresa.

Assim, foram feitas diversas visitas no período de 06 de abril de 2015 até 17 de abril de 2015,

nas quais foram realizadas medições no comprimento das pedras, para, a partir delas, analisar

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a produção e identificar os desvios na produção, para assim, por meio das ferramentas de

gestão da qualidade, reconhecer possíveis causas e avaliar a produção utilizando gráficos de

controle.

Este trabalho está dividido em 5 seções: a primeira é a introdução, que fala comenta a

justificativa para o trabalho e os objetivos de pesquisa; a segunda seção aborda o referencial

teórico, o qual fundamenta o tema abordado através de revisões em literaturas já existentes

sobre o assunto; a terceira refere-se aos procedimentos metodológicos, nos quais mostram os

métodos utilizados para a realização do trabalho; a quarta descreve o processo de produção

analisado, que observa as atividades desenvolvidas no âmbito do processo; a quinta é análise

dos resultados, na qual os dados coletados serão tabelados ; por fim a sexta seção que aborda

as considerações finais, onde serão feitas as interpretações dos resultados e suas implicações.

2. Referencial teórico

Conforme Toledo et al (2013), uma das ferramentas que servem para analisar o processo são

os gráficos de controle, usados somente para o estudo de causas comuns na variação e servem

para o monitoramento do processo, mostrando a ocorrência e/ou tendências de causas

especiais. Assim, os gráficos de controle ajudam a aumentar a dimensão de qualidade baseada

na produção e aumentar a produtividade.

Ainda com Toledo et al (2013), a construção de um desses gráficos requer o registro

cronológico regular das variáveis ou atributos do processo que está sendo controlado. Os

dados são plotados, seguindo a sua ordem cronológica de registro, no gráfico de controle

possuem as linhas dos limites de controle superior e inferior, que são a demonstração dos

limites da variação estática; Dependendo da natureza dos dados, os limites de controle

estatísticos possuem várias formas de serem calculadas.

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Figura 01 – Exemplo de Gráfico de Controle

Fonte: Adaptado de Toledo et al (2013)

Sendo,

LSC = Limite superior de controle

LC = Limite central

LIC = Limite inferior de controle

X = Variável estudada

Em concordância com Toledo et al (2013), quando um processo está sob controle estatístico,

os dados variam entre a linha central do gráfico, sem exceder os limites de controle, tanto

superior como inferior, caracterizando assim uma produção estável. caso haja uma variável,

ou atributo, ultrapassando esses limites, o mesmo deve está sob efeito de uma causas de

variação e se divergem em dois grupos: as causas comuns ou aleatórias e causas assinaláveis

ou especiais (TOLEDO et al, 2013).

O primeiro grupo caracteriza-se por ser pequenas causas inerentes ao processo, porém estão

presentes em grande quantidade no processo, causando assim a variação aleatória, resultante

de uma produção apressada ou manutenção deficiente, por exemplo. Demandando dessa

forma, grandes mudanças corretivas no processo (TOLEDO et al, 2013).

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Já o segundo identifica-se por apresentar uma ou poucas causas e ocasionam grandes

impactos na produção, sendo dessa forma fácil de detectar, como ferramentas gastas ou

desreguladas, por exemplo, e necessitando de baixo investimento nas ações corretivas

(TOLEDO et al, 2013).

2.1. Gráfico de controle ( e S)

Este artigo visa a aplicação dos gráficos de variáveis e usará as variáveis de (média) e S

(desvio padrão), de acordo com Montgomery (2004) nos quais são utilizados quando o

tamanho da amostra n é moderadamente grande com n > 10 ou o tamanho da amostra n é

variável. Portanto, a utilização destes gráficos é apropriada, já que o corte da ardósia é feito

por encomenda e por isso não possui um lote padrão, caracterizando a presença de lotes

variáveis, no processo.

Neste caso, segundo Pedrini e Caten (2008, p. 11) “deve-se estimar a média geral através de

uma média ponderada das médias amostrais, tendo os tamanhos das diferentes amostras como

pesos.”. A equação 01 mostra como deve se calculada a média ponderada.

Fonte: Pedrini e Caten (2008)

Onde:

n = é o tamanho da amostra i;

= é a média da amostra i;

k = é o número total de amostras.

Já para cálculo do desvio padrão é dado pela equação 02. :

, com

Fonte: Pedrini e Caten (2008)

Onde: é uma constante para o tamanho da amostra, foi obtida conforme o anexo A.

Com as variáveis em mãos serão calculados os limites para a construção dos gráficos de cada

variável, da seguinte maneira:

Gráfico

(01)

(02)

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Fonte: Montgomery (2004)

Gráfico S

Fonte: Montgomery (2004)

Obs: c4, A3, B3 e B4 são valores tabelados, obtidos conforme o anexo A.

2.2. Capacidade de Processo

Toledo et al (2013) falam que uma vez o processo seja considerado estável, sua capacidade

pode ser avaliada, isso ocorre quando os gráficos de controle não indicarem nenhuma

anormalidade ou causas especiais. A capacidade do processo tem uma associação com a

especificação do produto, ou seja, se o processo atende as especificações de projeto. Portanto,

a capacidade do processo mede a relação entre a variabilidade natural do processo para

produzir determinado produto e a tolerância de especificação dada pelos valores entre o

Limite Superior de Especificação (LSE) e o Limite Inferior de Especificação (LIE). Com tal

comparação pode-se avaliar numericamente a capacidade processo.

Logo, se os gráficos de controle mostram as variações do processo, em função da sua

aleatoriedade, a capacidade do processo lida com a capacidade de atender às especificações

do cliente.

De acordo com Toledo et al (2013) para determinação dos limites naturais de um processo é

levado em conta o desvio padrão natural, que é a unidade de referencia para a determinação.

O valor numérico, e o calculo dessa tolerância, pode ser calculada na retirada de um número

determinado de elementos, itens ou unidades de produto para compor uma amostra. Em

seguida calculam-se os valores estimados para a média ( ) e o desvio padrão estimado ( ) da

seguinte forma, como consta Montgomery (2004) primeiramente tira-se a média dos valores

individuais de Si e divide pela quantidade que se repete o ni de maior frequência, que

resultará:

(03)

(04)

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Fonte: Montgomery (2004)

O valor de é dada por:

Fonte: Montgomery (2004)

Segundo Toledo et al, 2013 o índice da capacidade do processo é calculado como a razão

entre a tolerância da especificação e a variação do processo:

Fonte: Toledo (2013)

Assim, um processo será considerado capaz quando Cp for maior que 1, ou seja, quando a

variabilidade natural do processo for menor que a tolerância admissível pela especificação. O

quadro 01 a seguir mostra uma orientação básica para a interpretação da capacidade do

processo em função dos valores de Cp (TOLEDO et al, 2013).

Quadro 01 – Analise da Capacidade

Cp ou Cpk Nível Conceito/ Interpretação

Maior que 1,33 A CAPAZ – Confiável, os operadores do processo exercem

completo controle sobre ele, pode-se utilizar o pré-controle.

Entre 1 e 1,33 B

RELATIVAMENTE CAPAZ – Relativamente confiável, os

operadores do processo exercem controle sobre as operações,

mas o controle da qualidade deve monitorar e fornecer

informações para evitar a deterioração do processo.

Entre 0,75 e 0,99 C

INCAPAZ – Pouco confiável, requer controle continuo das

operações, pela fabricação e pelo controle da qualidade,

visando evitar descontroles e perdas devido a refugos,

(05)

(06)

(07)

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retrabalhos, paralisações etc.

Menor que 0,75 D

TOTALMENTE INCAPAZ – O processo não tem condições

de atender às especificações ou padrões, por isso são

requeridos o controle, a revisão e a revisão e a seleção de

100% dos produtos ou resultados do processo.

Fonte: Adaptado de Toledo (2013)

Para analise da capacidade do processo é importante avaliar o distanciamento entre o ponto

central da tolerância natural do processo e o valor nominal da especificação de projeto, afim

de evitar uma analise incorreta devido a descentralização dos valores do Cp. Recomenda-se,

então, usar o índice de capacidade Cpk para calcular a diferença desse distanciamento,

comparando a tolerância de especificação e a variação natural, desconsiderando a

descentralização do processo citada anteriormente, assim mostrada (TOLEDO et al, 2013):

Cpk = Min [Cpk inf; Cpk sup]

Fonte: Montgomery (2004)

3. Procedimentos metodológicos

Esta pesquisa é caracterizada como uma pesquisa empírica e de caráter quantitativo. Para a

sua realização, foram seguidas etapas metodológicas pertinentes para ume melhor obtenção

dos resultados. As etapas são apresentadas a seguir:

1. Análise preliminar do processo: por meio de observações sistemáticas e entrevistas não

estruturadas com os proprietários, foi feita uma análise prévia do processo, com

objetivo de obter o conhecimento sobre os produtos fabricados, qual possui mais saída

e se há um controle de qualidade realizado no processo de produção.

2. Coleta de dados: Com a devida autorização e definição do objeto a ser estudado,

ocorreram diversas visitas para coleta de dados, com a medição da pedra ardósia pós

corte. Os dados foram coletados com o auxílio de uma trena metrada e uma prancheta.

3. Processamento de dados: Com auxilio do software Microsoft Excel 2010 foram

realizados diversos cálculos para a construção dos gráficos de controle e determinação

da capacidade do processo.

(08)

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Desta forma foi possível analisar resultados, diagnosticar problemas e propor planos de ação

para solucioná-los.

Para a coleta de dados foi usada uma fita métrica para medir o comprimento das pedras, o

qual deve seguir o padrão de 167 cm com um erro de 0,2 cm para menos ou para mais.

4. Descrição do processo de produção analisado

O processo de produção da mesa de bilhar é iniciado com retirada da pedra ardósia

(4,0x1,67m) do estoque e transportada para a área de corte. Após uma minuciosa medição é

feito o corte na pedra ardósia, sendo esta a mesa propriamente dita do bilhar, cujo recebe em

seguida a perfuração das caçapas. Logo depois, uma inspeção é realizada para constatar se a

pedra realmente está do tamanho padrão estabelecido (1,0x1,67m), se não estiver, são

realizados reparos e acabamentos, se sim, a pedra é armazenada como produto semiacabado.

Posteriormente, inicia-se o processo de montagem do bilhar na estrutura de madeira, logo em

seguida são encaixados os pés, gaveta e a pedra na estrutura. O próximo passo é o

acabamento, tendo o forro de pano verde pregado sobre a pedra e, por fim, a cabeceira da

mesa é selada, prendendo o forro e deixando-o perfeitamente esticado sobre a mesa. Com a

mesa finalizada, prontamente é realizado o carregamento para o transporte até o cliente.

Desta forma, esse processo é representado pelo fluxograma na figura 02.

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Figura 02 – Fluxograma do processo de produção da mesa de bilhar

Fonte: Autores 2016 Como já mencionado, o estudo se focará no corte da pedra de ardósia, o processo começa com

a locomoção da peça de 4m x 1m da pedra de ardósia até a base móvel, onde será realizado o

corte. O tamanho do corte varia de acordo com o pedido feito, já que a empresa realiza pedido

com alto nível de customização, mas para o estudo utilizaremos o tamanho padrão, 1m x

1,67m. Com uma rápida conversa com responsável pelo corte e depois de monitorara-lo, é

visível que tal possui treinamento e experiência suficiente para a realização com perfeição da

operação, vale ressaltar que apenas este funcionário é responsável pelo corte, tanto por falta

de disponibilidade de mão de obra capacitada quanto pela grande experiência do próprio

colaborador em questão.

Antes do corte, são feitas as medições do tamanho da pedra e das caçapas, já que a pedra

necessita ser do tamanho certo da mesa de bilhar para que não haja deslocamentos nem

vibrações, por outro lado as caçapas devem possuir o diâmetro correto para que as bolas

coloridas entrem e a bola branca não, como demanda o jogo.

Na realização do corte, o operário utiliza uma serra de mármore, também conhecida

popularmente como “Makita” e todos os EPIs (Equipamentos de Proteção Individual)

necessários – esses equipamentos são acessórios obrigatórios em operações manuais e

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mecanizadas para assegurar o mínimo de segurança para o usuário, sendo desde o simples

capacete, e dependendo da operação e máquina, até as luvas e macacões que protegem toda a

superfície corpórea -, cortando a pedra de acordo com a medida já feita. A seguir, o operário

leva a base móvel até a máquina de perfuração, propriamente desenvolvida para a perfuração

das caçapas. E por fim, o operário realiza o lixamento das beiradas e das caçapas da mesa, a

fim de eliminar qualquer falha na pedra.

5. Análise dos Resultados

Nesta seção, com os dados coletados do corte da pedra ardósia, as informações são tabuladas

de acordo com cálculos realizados no software Microsoft Excel 2010, nas quais mostram as

variações do corte dentro dos limites estabelecidos, para assim, ser realizada a análise dos

dados.

A partir das etapas de corte foram obtidos os seguintes resultados, conforme a tabela 02.

Tabela 02 – Dados coletados da etapa do corte da pedra ardósia

Comprimento em cm

Amostra N X1 X2 X3 X4 X5

1 3 166,85 167,05 166,7 .. ..

2 3 167 167 167,1 .. ..

3 4 167 166,9 166,95 166,9 ..

4 2 166,95 166,7 .. .. ..

5 3 166,85 166,85 166,9 .. ..

6 3 167,1 166,9 166,9 .. ..

7 4 166,9 166,85 166,95 166,9 ..

8 4 166,9 166,85 166,9 166,9 ..

9 3 166,95 166,95 166,9 .. ..

10 5 166,9 166,95 166,9 166,95 166,95

Fonte: Autores (2015)

Com os dados coletados calculou-se por meio do programa de software Microsoft Office

Excel 2010 o e S de cada amostra para obter os limites centrais, do gráfico ( ) e do gráfico

S ( ), os limites inferiores e superiores. Assim chegou-se aos seguintes resultados:

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Tabela 03 – Construção dos gráficos de controle

Gráfico S Gráfico

Amostra n LIC LC LSC LIC LC LSC

1 3 0

0,07808

0,20052 166,765

166,92

167,07

2 3 0 0,20052 166,765 167,07

3 4 0 0,17694 166,791 167,045

4 2 0 0,28321 166,71 167,125

5 3 0 0,20052 166,765 167,07

6 3 0 0,20052 166,765 167,07

7 4 0 0,17694 166,791 167,045

8 4 0 0,17694 166,791 167,045

9 3 0 0,20052 166,765 167,07

10 5 0 0,16312 166,806 167,029

Fonte: Autores (2015)

A tabela 03 mostra os cálculos variados em função do tamanho da amostra, evidenciando a

diferença entre os diferentes limites de controle. A visualização gráfica dos resultados pode

ser vista nas figuras 03 (Gráfico S) e 04 (Gráfico ).

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Figura 03 – Gráfico de S

Fonte: Autores (2015)

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Figura 04 – Gráfico de

Fonte: Autores (2015)

Nota-se em cada média amostral possui um limite diferente, isso ocorre justamente porque o

tamanho amostral varia, além disso, os pontos dos gráficos comportaram como o esperado,

nem um deles ultrapassaram as linhas de limite, caracterizando o processo analisado como

estável. Em seguida, o próximo passo foi calcular a capacidade do processo, a fim de

determinar a capacidade do processo de atender as especificações do cliente.

Lembrando que o padrão é 167 cm ± 0,2 cm, então o LSE (Limite Superior de Especificação)

e o LIE (Limite Inferior de Especificação) são, respectivamente, 167,2 cm e 166,8 cm.

Usando a fórmula 06, o desvio padrão (s) é determinado e assim, Cp (capacidade do processo)

foi estimado:

Tabela 04 – Capacidade do Processo

s LSE LIE Cp

0,016 167,2 166,8 4,0779

Fonte: Autores (2015)

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Com o resultado encontrado e comparando com a Quadro 01 é verificado que a produção é de

nível A e capaz, ou seja, o processo é confiável e os operados possuem total controle sobre

ele, já que o valor obtido excedeu 1,33.

Neste momento é de fundamental importância fazer a analise da capacidade do processo

determinando o Cpk, que é a comparação entre a tolerância de especificação e a variação

natural, tendo Cpkinf e Cpksup:

Cpk = Min [2,399; 5,757]

Cpk = 2,399

6. Conclusão

Com o estudo do controle de qualidade na fábrica em questão, foi possível produzir todos os

cálculos necessários para monitorar o processo de produção do produto. De posse do valor

encontrado da capacidade do processo, foi possível interpretá-lo de acordo com a análise dos

níveis de capacidade, sendo viável assim, mostrar o distanciamento entre o que foi projetado e

o que foi produzido.

A partir da análise dos resultados, foi notório que o processo é estável e está dentro dos

limites de produção, portanto, está sob controle estatístico, além de ser capaz e atender as

especificações impostas, fato devido ao alto nível de capabilidade do processo. Portanto

qualquer dano na pedra seria uma grande perda, consequentemente a pedra perderia total

utilidade para o processo - devido às perdas no processo ao longo dos anos, o responsável pela

fábrica reutiliza a pedra danificada em processos menores, como: acabamento em portas e

janelas, pias, mesas e etc, evitando um desperdício de matéria prima. Sendo assim, a operação

precisa possuir um controle estatístico e ser realizada com um alto nível de capabilidade, ato

que é atendido pelo fato de que os operadores possuem anos de experiência e grande

habilidade no manuseio da serra.

Então, em decorrência disso, o padrão é mantido pela fábrica e no período de observação do

processo e coleta de dados não foi registrado nem uma variabilidade do projeto, devido a

baixa ocorrência de defeitos ou falhas no corte de pedra.

Em decorrência da linha de marcação feita para determinar por onde deverá ser feito o corte, a

dificuldade em enxergar essa linha graças à poeira causada pelo corte, da água jogada pelo

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João_Pessoa/PB, Brasil, de 03 a 06 de outubro de 2016. .

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operador para justamente amenizar a poeira e pelo fato da serra ser de mão, além da mesa

onde a pedra é contada ser móvel, causando assim variações de natureza comum ou aleatória,

que são inerentes ao processo, porém estão em grande quantidade e ainda não influenciaram a

produção no decorrer da realização do estudo, entretanto, se essas causas permanecerem,

futuramente o processo poderá ser afetado.

Para solucionar esse problema, seria sugerido que a fábrica possuísse uma ferramenta de corte

fixa e uma esteira em trilho acoplada a ela, facilitando a locomoção entre a área de medição e

acabamento com a área da máquina de corte. Porém a empresa já possui uma máquina que

atenda a essa necessidade - entretanto só é utilizada em pedras maiores, as quais requerem

uma precisão maior -, restando apenas a reformulação do layout da empresa e implantação da

esteira.

Uma das grandes limitações e dificuldades na realização do trabalho foi o fato de que a

empresa trabalha por encomendas e por conta disso a amostra varia e não foi possível coletar

uma grande quantidade de dados. Outro ponto a ser destacado como limitação é em relação à

aferição do instrumento de medição utilizado, no caso, a fita métrica, tendo em vista que,

geralmente, possuem em sua ponta uma medida a mais, no caso, de um valor bastante

relevante, então todas as medidas feitas tiveram já descontado esse valor para um calculo mais

preciso.

A aplicação das ferramentas estatísticas é de fundamental importância para controle da

qualidade, portanto, o engenheiro de produção sempre deve ter a visão que o processo deve

ser auxiliado pelas ferramentas para ter o controle estatístico da produção. Assim sendo, para

futuros trabalhos, é viável o estudo na empresa da ferramenta de qualidade 5S associada à

reorganização do layout dos estoques, a fim de melhorar o desempenho do processo.

REFERÊNCIAS

LEMOS, Mônica de F. M. O Processo de Sucessão em Empresas Familiares. Revista FAE BUSINESS, n.5,

p.40-42,abril 2003.

MONTGOMERY, D. C. Introdução ao Controle Estatístico da Qualidade. 4ª Edição. Rio de Janeiro: LTC –

Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2004.

PEDRINI, Danilo C.; CATEN, Carla S. T. C. Gráficos de Controle X e S com tamanho de amostra variável e

análise de capacidade para dados não-normais: um estudo aplicativo. 2008. Disponível em:

<http://migre.me/pAifd>. Acessado em: 13 abri. 2015.

SEBRAE – Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas. A evolução das microempresas e empresas de

pequeno porte 2009 a 2012. 2014. Disponível em <http://migre.me/txpbz>. Acessado em: 20 de mar. de 2016.

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Disponível em <http://migre.me/txHcI>. Acessado em: 20 de mar. de 2016.

SEBRAE – Serviço de Apoio a Micro e Pequenas Empresas. Convênio conscientiza o empresário sobre o uso

e importância da norma técnica como ferramenta de competitividade e qualidade para o negócio. 2016.

Disponível em <http://migre.me/tt13J>. Acessado em: 20 de mar. de 2016.

TOLEDO, J. C.; BORRÁS, M. A. A.; Mergulhão, R. C.; Mendes, G. H. S. Qualidade: gestão e métodos. Rio de

Janeiro: LTC – Livros Técnicos e Científicos Editora S.A., 2013.

YANTIS, June E. The role of sensory analysis in quality control. Philadelphia, PA: ASTM, 1992.

ANEXO

Tabela 04 - Constantes para o cálculo dos limites de controle para os gráficos e S

A A2 A3 C4 1/C4 B3 B4 B5 B6 d2 1/d2 d2 D1 D2 D3 D4

2 2,1210 1,8800 2,6590 0,7979 1,2533 0 3,6270 0 2,6060 1,1280 0,8865 0,9530 0 X 0 3,2670

3 1,7320 1,0230 1,9540 0,8862 1,1284 0 2,5680 0 2,2760 1,6930 0,5907 0,8880 0 4,3580 0 2,5750

4 1,5000 0,7290 1,6280 0,9213 1,0854 0 2,2650 0 2,0880 2,0590 0,4857 0,8800 0 4,6980 0 2,2820

5 1,3420 0,5770 1,4270 0,9400 1,0638 0 2,0890 0 1,9640 2,3260 0,4299 0,8640 0 4,9180 0 2,1150

6 1,2250 0,4830 1,2870 0,9515 1,0510 0,0300 1,9700 0,0290 1,8740 2,5340 0,3946 0,8480 0 5,0780 0 2,0070

7 1,1340 0,4190 1,1820 0,9594 1,0423 0,1180 1,8820 0,1130 1,8060 2,7040 0,3698 0,8330 0,2040 5,2040 0,0760 1,9270

8 1,0610 0,3730 1,0990 0,9650 1,0363 0,1850 1,8150 0,1790 1,7510 2,8470 0,3512 0,8200 0,3880 5,3060 0,1360 1,8640

9 1,0000 0,3370 1,0320 0,9693 1,0317 0,2390 1,7610 0,2320 1,7070 2,9700 0,3367 0,8080 0,5470 5,3930 0,1840 1,8160

10 0,9490 0,3080 0,9750 0,9727 0,9727 0,2840 1,7160 0,2760 1,6690 3,0780 0,3249 0,7970 0,6870 5,4690 0,2230 1,7770

n

Gráfico para media Gráfico para o Desvio Padrao Gráfico para a Amplitude

Fatores para os limites de controle Fatores para a Linha Central Fatores para os Limites de Controle Fatores para a Linha Central Fatores para os Limites de Controle

Fonte: Adaptado de Yantis (1992)