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UNIVERSIDADE DE LISBOA Faculdade de Ciências Departamento de Informática Aplicação para Monitorização do ANP TE em Laboratórios Clínicos José Manuel Moura Coelho Mestrado em Tecnologias de Informação aplicadas às Ciências Biológicas e Médicas 2011

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UNIVERSIDADE DE LISBOA Faculdade de Ciências Departamento de Informática

Aplicação para Monitorização do ANPTE

em Laboratórios Clínicos

José Manuel Moura Coelho

Mestrado em Tecnologias de Informação aplicadas às

Ciências Biológicas e Médicas

2011

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UNIVERSIDADE DE LISBOA Faculdade de Ciências Departamento de Informática

Aplicação para Monitorização do ANPTE

em Laboratórios Clínicos

José Manuel Moura Coelho

Trabalho orientado pela Prof. Doutora Ana Luísa do Carmo Correia Respício

e co-orientado pelo Mestre Paulo António Rodrigues Pereira

Mestrado em Tecnologias de Informação aplicadas às

Ciências Biológicas e Médicas

2011

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Resumo

Este trabalho explora a utilização de um indicador complementar no processo

analítico: número médio de amostras de doentes que contenham um erro analítico não

admissível devido à ocorrência de uma situação de fora-de-controlo não detectada

(ANPTE). A implementação deste indicador complementar na rotina diária de um

laboratório clínico levou à concepção de uma aplicação informática que adequa a

integração deste indicador num sistema de apoio à gestão do controlo de qualidade em

laboratórios clínicos.

O controlo da qualidade nos laboratórios clínicos tem fundamental importância,

nomeadamente para efectuar diagnósticos, monitorizar a evolução clínica e a resposta

ao tratamento de diversas patologias e para despistar a presença de doença em

indivíduos aparentemente saudáveis. A qualidade é verificada a partir de amostras de

controlo que simulam amostras in vivo testando os processos e a validade dos testes

realizados. Um controlo de qualidade correcto permite o tratamento estatístico dos

resultados destas amostras controlo. O objectivo é assegurar a qualidade dos resultados

laboratoriais através da monitorização a fim de detectar, numa fase tão precoce quanto

possível do processo, os erros, isto é, a existência de alguma falha com o seu

desempenho, reduzindo o risco de variações clinicamente significativas e, sobretudo,

repercussões negativas nas decisões médicas.

A evolução dos laboratórios clínicos levou a uma maior automatização dos

processos, modificando radicalmente a forma de execução das análises com repercussão

na forma como é gerida a qualidade neste sector. Uma medida de desempenho centrada

nos resultados dos doentes e dependente da frequência dos eventos de controlo de

qualidade é mais adequada aos laboratórios actuais que cada vez mais funcionam em

fluxo contínuo. A aplicação deste indicador complementar de avaliação de desempenho,

suportada numa ferramenta informática que permita a sua implementação na rotina

diária, pode traduzir-se numa mais-valia na gestão de qualidade dos laboratórios

clínicos.

Palavras-Chave: Gestão da Qualidade, Controlo de Qualidade, Cartas de

Controlo, Indicadores de Qualidade, Erro Analítico, Acção Preventiva, Acção

Correctiva, Ciclo de Deming.

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Abstract

This work explores the application of a complementary indicator of the

analytical process, the average number of patient samples containing unacceptable

analytical error due to undetected out-of-control error condition (ANPTE). The

implementation of this additional indicator in clinical laboratory daily routine led to the

implementation of a stand-alone software application which enables the integration of

this indicator on the clinical lab management support system for quality control

purposes.

The quality of analytical processes of clinical laboratories is of fundamental

importance namely: to perform diagnostics, monitor patient’s clinical evolution and

their responsiveness to treatment of several diseases, as well as for screening the

presence of diseases in apparently healthy individuals. The quality verification check is

done based on control samples that test the operational procedures and the validity of

the tests. A correct quality control must be implemented to allow statistical treatment of

results of control samples. The main goal is to ensure the quality of laboratory results by

monitoring analytical system’s operations for error detection, at the earliest possible

stage in the process. That is the earliest possible detection of a flaw which has negative

implications in the system’s performance hence decreasing the risks meaningful clinical

variation which are known to have a negative impact on medical decisions.

The evolution of clinical laboratories has led to greater automation of

processes radically changing the way of implementation of the analysis, impacting on

how quality is managed in this sector. A performance measurement focused on patient

analysis results and frequency-dependent events of quality control is more suitable for

nowadays laboratories which operate in continuous flow mode. The application of this

additional indicator of performance evaluation, supported by a software tool integrated

in daily routine, will potentially result in value added on quality management of clinical

laboratories.

Keywords: Quality Management, Quality Control, Control Charts, Quality Indicators,

Analytical Error, Preventive Action, Corrective Action, Deming Cycle.

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Agradecimentos

À minha orientadora, pela sua grande disponibilidade, paciência, pelas suas valiosas

sugestões e incentivo durante a realização deste trabalho.

Ao meu co-orientador por todo o apoio, disponibilidade, sugestões e crítica construtiva.

Ao Dr. Rui Pimentel pela infinita disponibilidade e estímulo que me concedeu.

À minha mulher e aos meus filhos a quem não dei mais tempo como gostaria.

A todos aqueles que directa ou indirectamente me ajudaram e incentivaram na

realização deste trabalho.

Lisboa, 27 de Julho de 2011

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i

Conteúdo

Capítulo 1 Introdução ........................................................................................... 1

1.1 Motivação ............................................................................................... 2

1.2 Objectivos ............................................................................................... 3

1.3 Âmbito .................................................................................................... 3

1.4 Metodologia ............................................................................................ 3

1.5 Organização do documento .................................................................... 5

Capítulo 2 Relevância de Indicadores da Qualidade na Abordagem ISO 15189 . 7

2.1 O SGQ Assente na Melhoria Contínua ................................................... 7

2.2 A abordagem ISO 15189 ........................................................................ 8

2.2.1 Responsabilidade da Organização e Gestão ........................................ 9

2.2.2 Sistema da Gestão da Qualidade ......................................................... 9

2.2.3 Gestão dos Recursos.......................................................................... 10

2.2.4 Processos de Realização do Produto ................................................. 10

2.2.5 Avaliação e Melhoria Contínua......................................................... 11

2.3 Relevância de Indicadores no Processo Analítico ................................ 11

2.4 Indicadores de Qualidade Analítica ...................................................... 13

2.4.1 Imprecisão Analítica ......................................................................... 13

2.4.2 Inexactidão Analítica......................................................................... 13

2.4.3 Erro Total .......................................................................................... 14

2.4.4 Métrica Sigma ................................................................................... 16

Capítulo 3 ANPTE: um Indicador Complementar no Processo Analítico ........... 19

3.1 O Erro no Processo Analítico ............................................................... 19

3.1.1 Erros Aleatórios e Sistemáticos......................................................... 20

3.1.2 Abordagens ao Controlo de Qualidade Analítico ............................. 22

3.2 Monitorização do ANPTE Associada ao CIQ ........................................ 28

3.2.1 Relevância ......................................................................................... 28

3.2.2 Abordagem Teórica ........................................................................... 30

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ii

Capítulo 4 toONE QC: Aplicação para Monitorização do ANPTE ................................ 39

4.1 Arquitectura da Aplicação .................................................................... 39

4.2 Funcionalidades e Exemplos de Interacção .......................................... 40

4.2.1 Formulário Inicial .............................................................................. 42

4.2.2 Formulário Diário .............................................................................. 42

4.2.3 Formulário dos Dados Acumulados .................................................. 46

4.2.4 Formulário Erros ............................................................................... 50

4.2.5 Formulário Gestão de Dados ............................................................. 51

4.2.6 Formulário Relatórios ....................................................................... 52

Capítulo 5 Avaliação do toONE QC .................................................................. 55

5.1 Avaliação pelos Utilizadores ................................................................ 55

5.1.1 Perfil dos Utilizadores ....................................................................... 55

5.1.1 Descrição ........................................................................................... 56

5.1.2 Recolha de Apreciação Oral .............................................................. 56

5.1.3 Recolha de Avaliação em Questionário ............................................ 56

5.2 Recolha de Dados ................................................................................. 56

5.2.1 Entrevista ........................................................................................... 56

5.2.2 Questionário ...................................................................................... 59

5.3 Análise dos Dados ................................................................................ 60

5.4 Experiência de Monitorização do Indicador ANPTE num Cenário Real62

5.5 Discussão .............................................................................................. 63

Capítulo 6 Conclusões e Trabalho Futuro .......................................................... 65

BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 67

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iii

Lista de Abreviaturas e Siglas

AEQ Avaliação Externa da Qualidade

ARL Average Run Length – Extensão da Corrida Analítica.

CIQ Controlo Interno de Qualidade

CLIA Clinical Laboratory Improvement Amendments

CLSI Clinical and Laboratory Standards Institute

CQ Controlo de Qualidade

CUSUM Cumulative Sum Control Charts

DGV DataGridView

EWMA Exponentially Weighted Moving Average

ISO International Organisation for Standardisation

LC Laboratório(s) Clínico(s)

RE Random Error (Erro Aleatório)

REcrit Critical Random Error (Erro Aleatório Crítico)

SDI Standard Deviation Index (Indíce do Desvio Padrão)

SDpm Desvio Padrão Próprio do Método

SE Systematic Error (Erro Sistemático)

SEcrit Critical Systematic Error (Erro Sistemático Crítico)

SGQ Sistema de Gestão da Qualidade

SQL Sructured Query Language

TE% Total Error (expressed as a percentage) (Erro Total expresso em

percentagem)

TEa% Allowable Total Error (expressed as a percentage) (Erro Total

permitido expresso em percentagem)

VIM Vocabulário Internacional de Metrologia

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v

Lista de Figuras

Figura 1 – Fluxograma da organização das tarefas. ................................................ 4

Figura 2 - Abordagem Deming aplicada ao LC. ..................................................... 8

Figura 3 - Modelo de um Ciclo de Qualidade Total assente na ISO 15189............ 9

Figura 4 - Curva da distribuição normal estandardizada.. .................................... 15

Figura 5 - Componentes do erro total. .................................................................. 15

Figura 6 - Cálculo da métrica sigma. .................................................................... 17

Figura 7 - Conceito de erro total ........................................................................... 21

Figura 8 – Métrica Seis Sigma. ............................................................................. 26

Figura 9 - Métrica sigma e uma interpretação qualitativa ..................................... 27

Figura 10 - Representação de um processo em fluxo contínuo. ........................... 33

Figura 11 - Probabilidade de detecção do erro...................................................... 34

Figura 12 - Explicação do indicador ANPTE. ........................................................ 37

Figura 13 - Diagrama da base de dados ................................................................ 39

Figura 14 - Arquitectura do Sistema onde está integrada a aplicação. ................. 41

Figura 15 - Formulário Diário ............................................................................... 42

Figura 16 - Formulário Diário \ Cartas de Controlo.. ........................................... 45

Figura 17 - Formulário Diário \ Carta de Controlo \ Sigma. ................................. 46

Figura 18 - Formulário Acumulado ...................................................................... 47

Figura 19 - Formulário Acumulado \ Histórico \ Gráfico. ................................... 48

Figura 20 - Formulário Acumulado \ Simulação.. ................................................ 50

Figura 21 - Formulário Erros. ............................................................................... 51

Figura 22- Formulário Gestão de dados. ............................................................... 52

Figura 23 - Formulário Relatórios......................................................................... 52

Figura 24 - Relatório “Acumulado” ...................................................................... 53

Figura 25 – Gráficos das respostas ao questionário de avaliação ......................... 61

Figura 26 – Pontos positivos e negativo ............................................................... 62

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vii

Lista de Tabelas

Tabela 1 - Guideline para a estratégia de CIQ ..................................................... 38

Tabela 2 - Perfil dos utilizadores do questionário de avaliação ............................ 56

Tabela 3 - Respostas dos utilizadores ao questionário de avaliação. .................... 60

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ix

Glossário

∆PE Probabilidade que um resultado tenha um erro que exceda o TEa

(inaceitável) para uma dada concentração do analito quando está presente

um SE de n múltiplos do SDpm. É a probabilidade que um resultado tenha

um erro que exceda o TEa quando há uma condição de erro menos a

probabilidade que o erro seja maior que o TEa quando o processo está

dentro dos limites de controlo. É calculado em função da amplitude do

erro e do TEa (C. Parvin, 2008).

AEQ Programa no qual se enviam amostras para ensaio e/ou identificação a um

grupo constituído por diferentes laboratórios no qual o resultado de cada

laboratório é comparado com os resultados dos outros laboratórios do

grupo ou com um valor assumido (CLSI).

ANPed Número médio de amostras de doentes processadas desde o início da

condição de erro até este ser detectado [O seu valor mínimo é = M/2,

sendo M o número médio de doentes entre eventos de CQ] (CA Parvin &

Gronowski, 1997).

ANPE Número médio de amostras de doentes que contêm um erro analítico

inaceitável devido à ocorrência de uma condição de erro (fora de controlo)

antes do evento de CQ seguinte. (CA Parvin & Gronowski, 1997)

ANPfr Número médio de amostras de doentes entre rejeições de CQ quando o

processo está dentro de controlo ou não tem condição de erro (falsas

rejeições) (CA Parvin & Gronowski, 1997).

ANPQE Número médio de amostras de doentes que contêm um erro analítico

inaceitável atribuível a uma condição de erro (fora de controlo) que

começou depois do evento de CQ após a ocorrência da condição de erro

(CA Parvin & Gronowski, 1997).

ANPTE Número médio de amostras de doentes que contêm um erro analítico

inaceitável devido a uma condição de erro (fora de controlo). É a soma de

ANPE e ANPQE (CA Parvin & Gronowski, 1997).

ARL Número médio de pontos representados numa carta de controlo antes de

um ponto indicar uma situação de fora de controlo. O ARL tem sido a

medida mais utilizada para avaliar o desempenho de uma carta de controlo

sendo desejável que o seu valor seja o maior possível quando o processo

está sob controlo estatístico (minimizando o numero de falsos alarmes) e o

menor possível quando se encontra fora de controlo (maior rapidez em

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x

detectar uma alteração de parâmetro do processo). No caso das cartas de

Shewhart o ARL segue uma distribuição geométrica de parâmetro p (p =

probabilidade de que qualquer ponto exceda os limites de controlo) (L. Z.

Pereira & Requeijo, 2008).

ARLed Número médio de séries/eventos de CQ necessários para se detectar uma

condição de erro (erro> TEa) ou antes que ocorra rejeição por regra de CQ.

Número esperado de amostras necessárias para se detectar um

deslocamento, desvio ou erro quando o processo está fora de controlo (CA

Parvin & Gronowski, 1997).

ARLfr Número médio de séries / eventos de CQ entre rejeições de CQ quando o

processo está dentro de controlo ou não tem condição de erro. Número

esperado de amostras necessárias para se detectar um deslocamento,

desvio ou erro quando o processo está dentro de controlo (falsas rejeições).

(CA Parvin & Gronowski, 1997)

Controlo de Qualidade Estatístico

Procedimento no qual se medem amostras estáveis em condições estáveis,

sendo os resultados comparados com limites que descrevem a variação

esperada quando o método de medição mede de forma apropriada (C24-

A3, 2006)

Corrida Analítica

Conjunto de amostras ensaiadas num período de tempo, não inferior a 24

horas, no qual se considera que o ensaio tenha justeza (exactidão) e

precisão (imprecisão) estáveis (CLSI).

Erro aleatório

Componente do erro de medição que em medições repetidas varia de

forma imprevisível (VIM:2007).

Erro de medição

Diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor de referência

(VIM:2007).

Erro sistemático

Componente do erro de medição que em medições repetidas permanece

constante ou varia de uma forma previsível (VIM:2007).

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xi

Estratégia de controlo de qualidade

Os materiais de controlo, número de determinações para estes materiais, a

sua localização na corrida analítica e regras de controlo de qualidade

aplicadas (C24-A3, 2006).

Evento de CQ

Pode ser definido como o ponto em que a(s) amostra(s) de CQ são testadas

mais a decisão tomada sobre os resultados desses controlos (C. Parvin,

2008).

Inexactidão

Aproximação entre um valor medido e um valor verdadeiro de uma

mensuranda (VIM:2007).

Linguagem R

É uma linguagem e um ambiente de desenvolvimento integrado, para

cálculos estatísticos e gráficos. O R é altamente expansível com o uso de

pacotes, que são bibliotecas para funções específicas ou áreas de estudo

específicas. É uma poderosa ferramenta de caracter gratuito e disponível

para vários sistemas operativos (Torgo, 2009).

Método quantitativo

Método no qual o resultado é expresso por um «valor numérico de uma

grandeza ou valor numérico: número na expressão do valor de uma

grandeza, que não o número usado como referência» (VIM:2007)

Modo de Operação em Lote

Representa a maioria dos testes manuais e alguns automatizados em que

um grupo de doentes é analisado em conjunto, os controlos são analisados

e os resultados validados. Aqui o ARL é tipicamente definido pelo

tamanho do lote e as amostras de controlo são colocadas no inicio ou fim

de cada lote e possivelmente no meio do lote quando mais de 2 controlos

são usados. Os resultados dos doentes ficam “retidos” até à avaliação dos

controlos de qualidade. O tamanho do lote deve ser estabelecido tendo em

consideração a estabilidade do método e o custo das repetições (C. Parvin,

2008).

Modo de Operação Contínuo

Representa a maioria dos LC automatizados em que os doentes são

analisados continuamente ao longo do dia e os resultados são validados

logo que estejam terminados ou a intervalos de tempo. É aqui, que o ARL

e a frequência dos controlos se tornam mais complexos e requer o uso de

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xii

modelos matemáticos para ponderar os diferentes factores e a sua

importância relativa (C. Parvin, 2008).

PE (0) Probabilidade de um resultado ter um erro que exceda o TEa quando o

processo está dentro de controlo (CA Parvin & Gronowski, 1997).

PE (ES) Probabilidade de um resultado ter um erro que exceda o TEa durante a

existência de uma condição de erro que causa um ES de n múltiplos do

SDpm (CA Parvin & Gronowski, 1997).

Ped Probabilidade de rejeição de uma corrida analítica quando existe um erro

real, além do erro máximo admissível (CA Parvin & Gronowski, 1997).

Pfr Probabilidade de rejeição de uma corrida analítica quando não há erros

analíticos presentes, além do erro máximo admissível à medição ao

método ou ensaio analítico (CA Parvin & Gronowski, 1997).

Regra de Controlo da Qualidade

Critério de decisão empregue para determinar se uma dada observação de

controlo de qualidade deve ser aceite ou rejeitada (C24-A3, 2006).

SQL Server

Sistema de gestão de bases de dados (SGBD) que permite definir, aceder e

gerir os dados existentes numa base de dados (Manzano, 2008).

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1

Capítulo 1

Introdução

Desde o final da II Guerra Mundial, assiste-se a uma importante evolução no

conceito de qualidade fruto das exigências dos clientes. Em consequência disso, o

“melhorar continuamente os processos” passou a ser objectivo e conduta de qualquer

instituição ou organização. Nos laboratórios clínicos (LC), em face dessas exigências, a

melhoria da qualidade do produto oferecido (resultado de testes analíticos) e o seu

controlo foram as consequências naturais desse processo.

A qualidade necessita de ser objectivada e quantificada de forma a ser

mensurável, de outro modo não existirá possibilidade de controlo. O controlo de

qualidade estatístico assume aqui uma importância crítica. Os métodos estatísticos

desempenham um papel fundamental na melhoria da qualidade, providenciando os

meios para a recolha, compilação, análise, interpretação e apresentação de dados,

podendo essa informação ser utilizada no controlo e melhoria do processo produtivo.

Refira-se que apesar das técnicas estatísticas desempenharem um papel fundamental,

elas são implementadas e fazem parte de um sistema de gestão da qualidade mais

abrangente.

Os LC têm um papel essencial no sistema de saúde. A maioria das decisões

médicas é tomada utilizando as informações fornecidas pelos processos laboratoriais. A

gestão adequada destes processos é vital para a segurança do doente. Um sistema de

indicadores de qualidade definido adequadamente, padronizado, actualizado e

constantemente monitorizado é o maior aliado neste desafio diário de gerir processos de

qualidade num LC. Nos LC, a garantia de qualidade é alcançada controlando-se todas as

etapas do processo que compreende uma fase pré-analítica, analítica e pós-analítica. O

indicador de qualidade utilizado neste trabalho refere-se apenas à fase analítica do

processo. Nesta fase e numa perspectiva de Controlo Interno de Qualidade (CIQ) várias

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2

amostras controlo são analisadas diariamente e os seus resultados são comparados

contra erros máximos admissíveis. A análise estatística da grande quantidade de dados

gerada e a necessidade de agir em tempo real, e se possível de forma automática, dá

uma importância acrescida aos sistemas de informação implementados. A escolha de

um indicador da qualidade adequado à estratégia da organização e implementado

adequadamente num sistema de informação simples e prático é uma mais-valia no apoio

à gestão do CIQ nos LC.

1.1 Motivação

O CQ é um processo fundamental nos LC. As medidas mais usuais de Controlo de

Qualidade (CQ) estão assentes num conceito de lote1 onde existe uma relação directa

entre os resultados das amostras de CQ e a qualidade dos resultados dos doentes e onde

o CQ apenas reflecte o estado do processo no momento em que foi feito. Com a

automatização e o funcionamento em contínuo cada vez mais implementados, esta

relação deixou de existir. As estratégias de CQ aplicadas actualmente referem o número

de amostras de controlo a usar e quais as regras de CQ a aplicar para decidir se o

método está “dentro de controlo” ou “fora de controlo”, mas não dizem qual a

frequência de CQ que deve ser aplicada.

Segundo Parvin (C. Parvin, 2008) é necessário ir mais além. Uma medida de

desempenho deve estar centrada na qualidade dos resultados dos doentes e ser afectada

por alterações na frequência do CQ. Face a estes argumentos, Parvin (C. Parvin, 2008)

propôs o indicador ANPTE - aumento esperado do número de doentes com um falso

resultado2 durante uma situação de fora-de-controlo não detectada. Segundo Parvin este

indicador é mais adequado aos requisitos de funcionamento em fluxo contínuo dos LC e

tem a dupla vantagem de avaliar o impacto de alterações na frequência do CQ e colocar

mais o foco na qualidade dos resultados dos doentes do que na qualidade dos “lote” de

cada LC. Cada laboratório tem, assim, a capacidade de delinear estratégias de CQ que

limitem o valor do ANPTE. Numa outra perspectiva, a adopção do indicador ANPTE

1 O conceito “lote” em LC refere-se à maioria dos testes manuais e alguns automatizados em que

um grupo de amostras de doentes é analisado em conjunto e em simultâneo com amostras de controlos. 2 Por falsos resultados ou resultados inaceitáveis entende-se apenas os resultados de doentes com

um erro associado superior ao ETa (C. Parvin, 2008).

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3

permite decidir qual o número médio de eventos de CQ3 (ARL) e qual a melhor

localização desses eventos na série analítica, para que o valor limite do ANPTE proposto

seja atingido.

Este novo indicador de avaliação do desempenho ainda não está disponível nos

LC. Este trabalho pretende preencher essa lacuna através de uma aplicação que permita

usar num LC, com dados reais, este indicador.

1.2 Objectivos

O objectivo deste trabalho é o desenvolvimento de uma aplicação informática que

possibilite a monitorização do ANPTE.

1.3 Âmbito

Métodos quantitativos na área de química em laboratórios clínicos.

1.4 Metodologia

A implementação concreta deste projecto decorreu num LC de grandes dimensões

da região da grande Lisboa. Para a avaliação deste novo indicador seleccionaram-se 3

métodos analíticos quantitativos distintos (Colesterol, Glicemia e TSH) executados em

equipamentos distintos. Executaram-se amostras controlo diariamente de acordo com a

estratégia de CIQ adoptada e os resultados foram registados, armazenados e analisados

na aplicação criada para esse fim. O estudo realizou-se durante o período de 06 de

Junho a 05 de Julho de 2001. No final os resultados foram alvo de uma apreciação

crítica por parte de alguns utilizadores.

A aplicação desenvolvida requer os seguintes softwares:

Microsoft SQL Express para criação de uma base de dados relacional.

Microsoft Visual Basic.Net para criação dos formulários que permitam a

manipulação dos dados.

Microsoft Charts para a elaboração de gráficos.

SAP Crystal Reports.

3 Um evento de CQ pode ser definido como o ponto em que as amostras de controlo são testadas

mais a decisão tomada sobre os resultados desses controlos.

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4

Software R para a elaboração de gráficos mais específicos.

As tarefas básicas consistem em criar uma BD relacional (Ramakrishnan &

Gehrke, 2008) e a manipulação dos dados através de formulários criados em VB.Net (V.

E. Pereira, 2008; Stephens, 2010) incluindo actualização de dados na BD. A

manipulação refere-se à apresentação dos dados numa forma simples e prática em

tabelas e/ou gráficos com acesso a filtros de selecção (equipamento, parâmetro, lote de

controlo etc.) e ao tratamento estatístico dos vários valores. Considera-se ainda a

capacidade de actualizar automaticamente a BD e permitir acrescentar manualmente

novos dados como sejam novos equipamentos, parâmetros, lotes de controlo, regras de

controlo, etc.

O esquema da organização das tarefas neste projecto está representado na Figura

1. No Anexo II, apresenta-se o mapa de Gant referente às principais tarefas realizadas.

Figura 1 – Fluxograma da organização das tarefas.

Oportunidades de

melhoria?

Importância do ANPTE

Revisão Teórica

Concepção e Desenvolvimento da

Ferramenta Informática

Ferramenta para Monitorização

do ANPTE

Identificação de

oportunidades de melhoria

Sim

Não

Não foi possível adicionar todas as

oportunidades de melhoria à ferramenta

informática.

Avaliação

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5

1.5 Organização do documento

Este documento está organizado da seguinte forma:

Capítulo 1 – Enquadra e apresenta o problema em estudo assim como a

motivação e pertinência de desenvolver uma nova solução.

Capítulo 2 – Faz uma introdução à gestão da qualidade com ênfase na ISO

NP EN 15189 e apresenta uma revisão dos indicadores de desempenho da

qualidade na fase analítica nos LC.

Capítulo 3 – Introduz o conceito de erro no contexto do LC e faz uma

revisão doutras abordagens de CQ analítico. Descreve o indicador ANPTE e a

sua relevância na monitorização associada ao CIQ.

Capítulo 4 – Descreve a ferramenta desenvolvida.

Capítulo 5 – Descreve os resultados da monitorização do ANPTE num

cenário real e a apreciação crítica por parte dos usuários.

Capítulo 6 – Expõe as principais conclusões deste trabalho, possibilidades de

melhoria e eventuais direcções futuras.

Bibliografia

Anexo - I: Questionário de avaliação da usabilidade

Anexo - II: Mapa dos trabalhos realizados

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Capítulo 2

Relevância de Indicadores da Qualidade na

Abordagem ISO 15189

A ISO é uma organização não governamental estabelecida em 1947. A sua missão

consiste na promoção do desenvolvimento da normalização e actividades relacionadas,

em todo o mundo, como elemento facilitador das trocas comerciais de bens e serviços,

dentro dos princípios da Organização Mundial do Comércio.

As normas da família ISO 9000 são referenciais para a implementação de um Sistema

de Gestão da Qualidade (SGQ) e representam um consenso internacional sobre boas

práticas de gestão com o objectivo de garantir o fornecimento de produtos que

satisfaçam tanto os requisitos dos clientes como dos regulamentos aplicáveis. Para

alguns sectores, pelas características próprias do seu processo de fabrico e dos seus

produtos, foram criadas normas adaptadas às suas especificidades. Exemplos disso são a

norma ISO/IEC 17025 para laboratórios em geral (NP-ISO/IEC-17025:2005) e mais

especificamente para os LC a norma ISO 15189 (ISO-15189:2007) .

2.1 O SGQ Assente na Melhoria Contínua

A gestão da qualidade é o conjunto de actividades coordenadas para dirigir e

controlar uma organização no que respeita à qualidade. A gestão da qualidade pode ter 3

componentes: controlo, garantia e melhoria de qualidade, focando-se não só na

qualidade do produto mas também nos meios para a alcançar. Uma das estratégias mais

usadas para a consecução da melhoria contínua é o Ciclo de Melhoria da Qualidade

(CMQ), uma abordagem sistemática e disciplinada para identificar oportunidades de

melhoria da qualidade e implementar soluções duradouras (L. Z. Pereira & Requeijo,

2008). A implementação baseia-se num processo em quatro passos: Plan-Do-Check-Act

(PDCA) ou Planear, Fazer, Verificar e Agir, muitas vezes conhecido como ciclo de

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Deming ou de Shewhart. Os referenciais de qualidade, como as normas ISO 9001 e ISO

15189 baseiam-se nesta abordagem do ciclo PDCA em que a qualidade é repensada e

melhorada continuamente no âmbito de um processo pragmático de aprendizagem

(António & Teixeira, 2009).

A Figura 2 mostra uma adaptação da abordagem de Deming aplicada ao LC

descrita por Westgard (J. Westgard, 2010). Nos círculos a claro estão representados os

pontos onde o indicador ANPTE e a ferramenta informática proposta neste trabalho se

inserem com maior relevância.

Figura 2 - Abordagem Deming aplicada ao LC (Adaptado de Westgard 2010).

2.2 A abordagem ISO 15189

A norma ISO 15189 estabelece os requisitos de qualidade e competência

particulares para laboratórios clínicos tendo sido desenvolvida com base nas normas

ISO/IEC 17025 e ISO 9001 (NP-EN-ISO-9001:2008).

Os princípios da gestão da qualidade mais relevantes referidos nas normas

ISO 9001e ISO 15189 são a focalização no cliente, uma liderança forte e empenhada,

envolvimento de todos, abordagem por processos, abordagem da gestão como um

Simulação: opção inserida na nova ferramenta

informática

Indicador ANPTE

Para definir qual a estratégia de CIQ a adoptar

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sistema, melhoria contínua, tomada de decisão baseada em factos e relações

mutuamente benéficas com os fornecedores (APCER, 2003). A Figura 3 resume a

estrutura da norma ISO 15189 com as interligações dos vários processos e evidencia o

papel significativo que os clientes têm, quer na definição dos requisitos, quer na

monitorização da sua satisfação.

Figura 3 - Modelo de um Ciclo de Qualidade Total assente na ISO 15189.

Os principais níveis do SGQ mostrado na Figura 3 são explicados a seguir.

2.2.1 Responsabilidade da Organização e Gestão

Como as actividades de melhoria da qualidade são muito amplas, para que

possam ser eficazes, exigem o compromisso e empenho da gestão de topo. A norma

ISO 9001 enfatiza o comprometimento da gestão de topo no desenvolvimento e

implementação do SGQ. A gestão de topo deve evidenciar o seu comprometimento no

desenvolvimento, implementação e melhoria contínua da eficácia do SGQ (APCER,

2003; ISO-15189:2007; NP-EN-ISO-9001:2008).

2.2.2 Sistema da Gestão da Qualidade

A concepção, implementação, manutenção e melhoria do sistema da qualidade são

da responsabilidade da gestão de topo. O sistema de gestão da qualidade deve estar

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concebido de modo a promover a sistematização das actividades numa perspectiva de

melhoria contínua. Toda a documentação deve ser criada de modo a ser sintética e

facilmente entendida pelos seus utilizadores. O sistema da gestão da qualidade deve

incluir o controlo interno da qualidade e a participação em comparações

interlaboratoriais organizadas.

2.2.3 Gestão dos Recursos

Os recursos devem incluir todos os meios necessários para a implementação da

estratégia e para que os objectivos das organizações sejam atingidos (os recursos podem

incluir recursos humanos, competências adequadas, tecnologia e recursos financeiros,

associados não apenas à gestão dos processos, mas também à auditoria interna, acções

correctivas, revisões do sistema, projectos de melhoria, entre outros). A determinação

dos recursos necessários é uma parte integrante das actividades de planeamento e da

revisão pela gestão, sendo a sua disponibilização e responsabilidade da gestão de topo

(ISO-15189:2007; NP-EN-ISO-9001:2008)

2.2.4 Processos de Realização do Produto

Esta cláusula considera os requisitos para o planeamento e desenvolvimento dos

processos necessários para a realização dos produtos. A referência à ISO 9001 leva à

modulação das actividades mais relevantes em processos. A medição e monitorização

de processos serão efectuadas conforme planeado e serão mantidos registos das

medições de controlo do processo e dos resultados. Nos LC os processos de realização

do produto referem-se à obtenção de resultados analíticos e podem ser divididos em três

fases por esta ordem (ISO-15189:2007; J. Westgard, 2008):

Fase pré-analítica:

o Requisição do médico

o Preparação do doente

o Colheita dos produtos

o Transporte dos produtos

o Triagem das amostras

Fase analítica:

o Refere-se à execução concreta da medição dos parâmetros

analíticos.

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Fase pós-analítica:

o Revisão e interpretação dos resultados

o Elaboração do relatório

o Comunicação dos resultados aos doentes.

2.2.5 Avaliação e Melhoria Contínua

Cada laboratório deve implementar uma estratégia de melhoria contínua com

a finalidade de atingir e superar, de modo eficaz, os objectivos da qualidade. Os

aspectos mais relevantes dessa estratégia devem ser (ISO-15189:2007; NP-EN-ISO-

9001:2008):

A melhoria contínua não pode ser baseada apenas na resolução de problemas

identificados, mas também deve contemplar as possibilidades de melhorar os

resultados do sistema e a antecipação das expectativas do mercado.

A definição de um conjunto de indicadores da qualidade relativos a aspectos

considerados relevantes da actividade (em geral associados a processos). A

principal função de um indicador é identificar oportunidades de melhoria de

desempenho.

A definição de objectivos da qualidade, em grande parte quantificáveis pelos

indicadores adoptados.

A ocorrência de reuniões periódicas para revisão de aspectos do sistema,

detecção de oportunidades de melhoria e monitorização dos objectivos

adoptados.

2.3 Relevância de Indicadores no Processo Analítico

Uma das frases mais conhecidas em administração é “quem não mede não gere “

profetizada por Kaoru Ishikawa (1915-1988), um dos mais célebres gurus da qualidade.

Qualquer decisão a ser tomada sem medir o desempenho dos principais processos fica

baseada apenas em intuições, aspectos subjectivos e não em dados quantitativos,

comprometendo o sucesso da decisão. Quando os indicadores de desempenho são

medidos de forma adequada e sistemática e são bem interpretados apresentam

informações importantes que ajudam a administração a tomar decisões com mais

rapidez e maior segurança.

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De forma genérica e simplificada, os indicadores de desempenho de uma empresa

podem ser estratificados em três diferentes níveis: estratégicos, tácticos/gestão e

operacionais (Oliveira & Mendes, 2010). Os indicadores estratégicos focam-se nos

objectivos “de alto nível” da organização, frequentemente relacionados com aspectos de

mercado, avaliando as condições da empresa em competir nesse mercado. Os

indicadores tácticos avaliam aspectos internos da organização, mais ligados às

operações e utilização dos recursos da empresa (produtividade, rotatividade de pessoal,

etc.). Os indicadores operacionais estão focados no desempenho dos processos de

negócio, monitorizando a capacidade destes em atender aos requisitos exigidos pelos

clientes.

O desempenho de um LC é monitorizado através de indicadores. Os indicadores

são dados que, quando obtidos de forma padronizada e confiável, permitem avaliar o

desempenho de um processo frente a um desempenho esperado (meta ou objectivo). Um

bom indicador deve possuir algumas características essenciais (Oliveira & Mendes,

2010):

Ser específico, representativo e de fácil entendimento.

Ser mensurável e monitorizado face a uma meta.

Ser capaz de identificar oportunidades de melhoria.

Os indicadores normalmente usados nos LC para atender aos requisitos dos seus

clientes em termos de qualidade são, entre outros (Vieira, Shitara, Mendes, & Sumita,

2011):

Percentagem de acerto em CIQ

Percentagem de falhas em resposta a programas de AEQ

Percentagem de incumprimento do tempo de execução

Número de corridas analíticas rejeitadas

Número de não conformidades em auditorias

Percentagem de acções correctivas fechadas

Número de reclamações

Estes indicadores devem estar sempre focalizados nas expectativas dos clientes

(doentes, médicos, instituições ou outros.), que no caso de um LC podem-se resumir

como “obter um resultado laboratorial correcto no menor prazo de tempo possível e ao

menor preço”. As três dimensões incorporadas nos requisitos dos doentes, qualidade,

prazo e custo devem possuir indicadores de desempenho (Oliveira & Mendes, 2010).

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13

No presente trabalho apenas os indicadores de qualidade analítica serão abordados com

mais detalhe.

2.4 Indicadores de Qualidade Analítica

Na prática laboratorial, os factores que, usualmente, evidenciam o desempenho de

um método são a imprecisão, a inexactidão, o erro total e o nível sigma (J. Westgard,

2007b).

2.4.1 Imprecisão Analítica

A imprecisão analítica é, na prática, avaliada através do CIQ. Estes procedimentos

incluem o processamento de amostras controlo, na maioria das vezes com valores

conhecidos do parâmetro em questão, em paralelo às amostras dos doentes. Analisando

os resultados dessas amostras num determinado período de tempo, podemos avaliar a

imprecisão do método, isto é, a sua reprodutibilidade. Os resultados laboratoriais

quantitativos das amostras controlo apresentam normalmente uma distribuição normal

e, por isso, pode-se adoptar como medida de tendência central a média aritmética e

como medida de dispersão o desvio padrão e o coeficiente de variação (CV%). O

coeficiente de variação exibe em percentagem a imprecisão do método e deve ser

incluído na avaliação periódica dos ensaios laboratoriais como um indicador da

imprecisão analítica (Cienfuegos, 2005; Oliveira & Mendes, 2010)

2.4.2 Inexactidão Analítica

Os procedimentos de avaliação da inexactidão analítica avaliam o desempenho

analítico do laboratório por comparação com outros laboratórios, padrões de referência

(devendo esta ser a abordagem de escolha) e/ou laboratórios de referência. No entanto, a

inexactidão analítica, é habitualmente avaliada pelos procedimentos da AEQ ou

alternativas similares. Na prática, consiste em processar amostras de valor desconhecido

fornecidas pelas entidades organizadoras nas mesmas condições aplicadas às amostras

dos doentes. Cada LC é avaliado comparando o seu resultado frente à média do seu

grupo de comparação. O desvio apresentado pelo laboratório em relação ao alvo

pretendido é avaliado pelo Bias% (ou viés), ou preferencialmente, pelo índice do desvio

padrão (SDI) (Cienfuegos, 2005; Oliveira & Mendes, 2010) . Este índice representa o

número de desvios padrões que separam o resultado do laboratório avaliado da média

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obtida pelos laboratórios comparados. As métricas SDI e Bias% são obtidas pelas

fórmulas (2.1) e (2.2), respectivamente.

(2.1)

(2.2)

O Bias% e o SDI são as métricas normalmente usadas como indicadores da

inexactidão analítica.

2.4.3 Erro Total

O erro total é a combinação linear dos erros aleatórios (imprecisão) e dos erros

sistemáticos (inexactidão), a qual origina um intervalo de valores associado a um

determinado nível de confiança. Para delimitar o intervalo de confiança do erro

aleatório multiplica-se o valor do CV% por um factor de alargamento unicaudal, ou z-

score4 (ou simplesmente Z). A Figura 4 mostra a curva da distribuição normal

estandardizada onde 0.95 representa a área sob a curva normal estandardizada à

esquerda de z=1.65. O mesmo raciocínio aplica-se para um z-score=2.33. Em (2.3)

apresenta-se o cálculo do erro aleatório para um nível de confiança de 90%, onde

Z0.95=1.65. Em (2.4) considera-se um nível de confiança de 99%, onde Z0.99=2.33.

4 O valor do Z-Score representa o número de desvios padrão que um valor fica abaixo ou acima da

média. Calcula-se como: (X obtida – Média real, esperada ou alvo) / SD real, esperado ou alvo. A distribuição normal

padrão tem média igual a zero e um desvio padrão igual à unidade.

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15

Figura 4 - Curva da distribuição normal estandardizada. O valor do z-score unicaudal para um

nível de confiança de 95% e 99% é, respectivamente 1.65 e 2.33.

(2.3)

(2.4)

O erro total é estimado como a soma dos efeitos dos bias analítico (Inexactidão) e do

erro aleatório (Imprecisão). A equação (2.5) descreve o cálculo do erro total e a Figura 5

mostra os componentes do erro total e a sua interpretação gráfica.

(2.5)

Figura 5 - Componentes do erro total.

O valor do indicador “erro total” deve ser menor ou, no máximo, igual ao valor do

TEa%, que é o valor máximo do erro permitido para o resultado de um analito e pode

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ser consultado facilmente na Web5 para a grande maioria dos analitos (J. Westgard,

2007a, 2007b).

2.4.4 Métrica Sigma

A métrica sigma pode ser utilizada para determinar o desempenho dos testes

laboratoriais. Para calcular esta métrica utiliza-se uma especificação de desempenho

geralmente expressa em termos de TEa além dos dados relativos à inexactidão e

imprecisão do método. A equação 2.6 mostra o cálculo da métrica sigma que reúne num

único valor a imprecisão e a inexactidão do processo (J. Westgard, 2008).

(2.6)

Na métrica sigma o desempenho de um processo tem como base o número de

erros ou defeitos por cada milhão de produtos ou serviços prestados ao cliente. Embora

pareça apenas uma questão de escala, a transformação do nível de desempenho para a

base 106 fornece uma nova visão para quem avalia o desempenho do processo. Por

exemplo, uma taxa de erro de 5% corresponde a um sigma de 3.15 e uma taxa de erro de

1% corresponde a um sigma de 3.85 (Figura 8). A métrica sigma mostra assim que as

taxas de erro nos LC devem situar-se entre 0.1% (sigma de 4.6) e 0.01% (sigma de 5.2)

ou preferencialmente de 0.001% (sigma de 5.8) (Tietz, Burtis, Ashwood, & Bruns,

2006). A Figura 6 explica o cálculo da métrica sigma considerando-se um parâmetro

com um TEa%=10%, um Bias%=1% e um CV=2%. O valor do sigma neste exemplo é

de 4.5.

Uma grande vantagem deste indicador é a sua propriedade de normalizar o nível

de desempenho, permitindo a comparabilidade entre processos distintos. Esta

normalização permite a utilização de benchmarks de outros serviços da área da saúde ou

até mesmo de indústrias diferentes (Oliveira & Mendes, 2010; Tietz et al., 2006)

5 www.westgard.com

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Figura 6 - Cálculo da métrica sigma. Considera-se um bias igual a 1% e um CV de

2% para um erro total máximo permitido de 10%. O valor de sigma é 4.5.

Bias1.0%

Qualidade

+10%

Qualidade

- 10%

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19

Capítulo 3

ANPTE: um Indicador Complementar no

Processo Analítico

3.1 O Erro no Processo Analítico

O erro de medição é a diferença entre o valor medido de uma grandeza e um valor

de referência (VIM, 2008)6. Qualquer resultado produzido por um LC está sujeito a

erro, ou seja, haverá sempre uma diferença entre o valor verdadeiro e o valor medido.

Na rotina diária, o importante é produzir resultados analíticos com erros aceitáveis, que

são aqueles que não alteram a interpretação clínica.

A regra básica no tratamento dos erros de medição é aceitar o facto de que os

erros analíticos existem mas o seu controlo e estudo não podem ser desprezados. A

dimensão aceitável para os erros pode ser determinada com base na variabilidade

biológica, variabilidade analítica ou utilidade médica (Fraser, Kallner, Kenny, &

Petersen, 1999). Os erros analíticos têm uma componente aleatória e uma componente

sistemática. Cada resultado individual contém uma combinação do erro sistemático

(inexactidão) e do erro aleatório (imprecisão) resultando desta soma uma estimativa do

erro total do processo (Cap. 2).

Os conceitos de imprecisão e inexactidão estão relacionados com os conceitos de

erros aleatórios e sistemáticos. O Bias% (inexactidão) e o CV% (imprecisão) podem ser

inicialmente estimados a partir de estudos de avaliação do método. Mais tarde, após a

implementação de um novo método analítico, o CV% pode ser estimado a partir da

variância do CIQ. O Bias% pode ser obtido a partir de ensaios de proficiência ou

similares (AEQ).

6 VIM – Vocabulário Internacional de Metrologia

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20

3.1.1 Erros Aleatórios e Sistemáticos

O erro aleatório é o componente do erro de medição que em medições repetidas

varia de forma imprevisível (VIM, 2008). Os erros aleatórios podem quantificar-se pela

medição da imprecisão (por ex., através do desvio padrão ou do coeficiente de variação

dos resultados do CIQ). A imprecisão de um método é devida ao erro aleatório que é um

erro positivo ou negativo cuja direcção ou magnitude não pode ser prevista com

segurança. O erro aleatório pode ser minimizado através da optimização das actividades

operacionais ou instrumentais, mas não pode ser totalmente eliminado. O objectivo do

laboratório é reduzir o erro aleatório para conseguir uma relação custo/benefício

adequada, que permita a obtenção de resultados que não comprometam a decisão clínica

(Basques, 2009; Tibúrcio, 2009).

O erro sistemático é a componente do erro de medição que em medições repetidas

permanece constante ou varia de forma previsível (VIM:2007). Os erros sistemáticos

são normalmente decorrentes de má condução do processo, má calibração dos

instrumentos ou planeamento inadequado do método. As causas do erro sistemático

podem ser instrumentais, do método ou do operador e produzem distorções que afectam

a exactidão dos resultados. Aos responsáveis pela qualidade compete procurar reduzir

estes erros sistemáticos, através da sua correcção e através da elaboração de

procedimentos escritos onde se descrevam exaustivamente os princípios de base, os

métodos, os princípios e os processos de medição a utilizar em cada caso. Os erros

sistemáticos podem ser subdivididos em dois tipos (Henry, 1999):

Constante; Tem o mesmo valor independentemente da concentração do

analito.

Proporcional; Varia proporcionalmente à concentração do analito.

O conceito de erro total e da sua relação com a componente aleatória e sistemática

estão ilustrados na Figura 7. A distribuição dos valores em torno de um valor central

representa o erro aleatório. O deslocamento do valor central da distribuição em relação

ao valor verdadeiro representa o erro sistemático. O erro total é estimado pela soma dos

efeitos do erro aleatório (multiplicado por um factor) e do erro sistemático (equação

2.5).

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21

O conceito de erro total deve ser utilizado, em detrimento dos conceitos de

imprecisão ou inexactidão de forma separada, uma vez que ele representa o limite de

erro analítico máximo aceitável presente num resultado laboratorial. O erro total

permitido é a especificação de erro máximo aceitável para o resultado de um analito,

enquanto o erro total (ou erro total calculado) é o erro encontrado pelo laboratório, o

qual deve ser inferior ou, no máximo igual ao erro total permitido. Ao usar o valor do

erro total pode-se trabalhar com maior flexibilidade de julgamento dos resultados

obtidos, uma vez que um aumento do erro aleatório ou do bias pode ser aceitável, desde

que o erro total permitido não seja ultrapassado. É preferível usar um valor que

represente o efeito conjunto de ambos os erros presentes numa amostra do que avaliar

separadamente os erros sistemáticos e aleatórios e comparar os valores destes com os

valores máximos permitidos (J. Westgard, 2007b)

Figura 7 - Conceito de erro total e a sua relação com o erro

aleatório e com o erro sistemático. (J. Westgard, 2007a).

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3.1.2 Abordagens ao Controlo de Qualidade Analítico

Abordagem baseada nos gráficos de controlo de Shewhart e nas

“regras de Westgard”

Esta abordagem baseia-se no princípio dos gráficos de controlo desenvolvidos

para a indústria por Walter Shewhart (Shewhart, 1931) e mais tarde adaptados aos LC

por Levey e Jennings (Levey & Jennings, 1950). De acordo com os princípios

preconizados por Shewhart, sempre que um ponto se situar fora dos limites de controlo,

assume-se que tal é devido a causas especiais de variação, ou seja, considera-se que o

valor correspondente a esse ponto não pertence à distribuição estatística que se está a

controlar. Por exemplo, existe um risco α de 0.27% considerando os limites de Χ±3σ,

isto é, de 370 em 370 pontos poderá existir até um falso alarme em média. Devemos ter

sempre presente que as técnicas estatísticas aplicadas às cartas de Shewhart só podem

ser aplicadas depois de se verificar a aleatoriedade, a normalidade e a independência dos

dados (L. Z. Pereira & Requeijo, 2008) .

Uma grande desvantagem de qualquer gráfico de controlo de Shewhart é que ele

usa apenas a informação sobre o processo contida no último ponto da carta, e ignora

qualquer informação dada pelos restantes pontos. Esta característica torna estes gráficos

relativamente insensíveis a pequenas mudanças no processo. Podem-se usar regras

adicionais que tentam incorporar informação de todo o conjunto de pontos no

procedimento de decisão. O uso dessas regras sensibilizantes suplementares tem como

inconveniente reduzir a simplicidade e a facilidade de interpretação do gráfico de

controlo de Shewhart (Montgomery, 2004).

Os limites de controlo, a frequência e o número de amostras de controlo afectam

as capacidades de desempenho das cartas de controlo (Petersen et al., 1996; James O

Westgard & Groth, 1979). O ideal é haver uma baixa taxa de falsas rejeições, quando o

método estiver a funcionar correctamente e, uma alta taxa de rejeição quando estiverem

a acontecer erros. O desempenho esperado de uma carta de controlo pode desta forma

ser descrito em termos de probabilidade de falsa rejeição (Pfr) e de probabilidade de

detecção do erro (Ped) (J. Westgard, Groth, Aronsson, Falk, & de Verdier, 1977; James

O Westgard & Groth, 1979). Podemos afirmar que uma carta de controlo é um teste de

hipóteses contínuo. Westgard e colaboradores em 1981 criaram um sistema de regras

múltiplas que permite manter a Pfr baixa e ao mesmo tempo uma elevada Ped (J.

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Westgard, Barry, Hunt, & Groth, 1981). A Pfr é mantida baixa seleccionando somente

aquelas regras para as quais as probabilidades individuais de falsas rejeições sejam

muito baixas e dentro destas escolher as regras que sejam particularmente sensíveis a

erros sistemáticos e aleatórios. No entanto, não devemos aplicar regras múltiplas

quando regras simples são adequadas para monitorizar o desempenho de determinado

processo.

A grande vantagem desta abordagem advém da sua simplicidade e ser reconhecida

pelos operadores nos LC. Os seus inconvenientes são, ser somente aplicável com

distribuição normal e a independência dos dados e não ter em linha de conta os dados de

todo o processo (Berlitz, 2010; Neubauer, 1997).

Abordagem baseada em gráficos de controlo da soma acumulada

(CUSUM) e da média móvel ponderada exponencialmente (EWMA)

A abordagem CUSUM e a abordagem EWMA (Pires, 2007) são duas alternativas

muito eficazes à abordagem referida no ponto anterior, principalmente quando interessa

detectar pequenas mudanças no processo. O gráfico de Shewhart para médias é muito

eficaz se a magnitude da mudança é superior a 1.5 desvios padrão, mas para mudanças

menores, não é eficaz.

A principal característica das cartas CUSUM é a de que um ponto contém

informações de todas as observações anteriores. A equação 3.1 mostra a variável a

utilizar na construção de uma carta CUSUM.

(3-1)

As cartas CUSUM são particularmente eficientes para valores individuais (n=1).

O valor médio da carta é zero, significando que o valor ideal será aquele em que a

média acumulada coincide com o valor pretendido μ0.

As cartas EWMA (Exponentially Weighted Moving Average) têm o mesmo

objectivo das cartas CUSUM, sendo mais fáceis de construir e utilizar. A equação 3.2

mostra os cálculos da média ponderada (variável Z), onde λ é uma constante entre 0 e 1

que depende do valor da mudança que se pretende detectar. As cartas EWMA são

específicas para detectar pequenas diferenças, mas em contrapartida são ineficazes na

detecção de grandes diferenças. A maneira de contornar esta limitação é utilizar

simultaneamente as cartas EWMA e as cartas de Shewhart (Pires, 2007).

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(3-2)

Cada ponto representa uma média ponderada de todos os valores anteriores. Este

tipo de carta não é afectado pela não normalidade dos dados e por isso pode ser usada

sem problemas em cartas de controlo de valores individuais (n=1).

Como vimos anteriormente as cartas do tipo Shewhart são de fácil utilização, mas

podem não ser os modelos mais adequados em virtude de assumir independência,

variância constante e normalidade dos dados. Estas cartas também têm a desvantagem

de utilizarem informação do processo apenas referente ao último ponto registado na

carta, ao contrário das cartas tempo-ajustadas CUSUM e EWMA. Westgard et al. em

1977 referia o uso das cartas CUSUM e de Shewhart em simultâneo para melhorar o

desempenho destas últimas (J. Westgard, Groth, Aronsson, & de Verdier, 1977).

Neubauer em 1997 ao fazer um estudo comparativo das cartas EWMA com outros

procedimentos confirma esta vantagem e acrescenta a não necessidade de adicionar

regras extras de controlo a este tipo de carta (Neubauer, 1997). Neste estudo a avaliação

da imprecisão pelo modelo de regras múltiplas de Westgard teve um desempenho

superior. Neubauer, neste estudo, demonstra também que no geral o sistema multi-

regras de Westgard permite um bom desempenho e advoga que as cartas EWMA podem

ser um suplemento às cartas de Shewhart com um sistema multi-regras.

Os equipamentos actuais ainda não dispõem deste tipo de cartas e ainda não há

uma familiarização da sua interpretação por parte dos operadores nos LC, o que

constitui um inconveniente à sua utilização. O uso de cartas tempo-ajustadas no LC

levanta também a questão da importância em detectar pequenas alterações nos

processos que provavelmente não têm significado clínico para o doente.

Abordagem baseada no uso das médias dos resultados dos doentes

(AON-analysis of normals ou AOP-analysis of patientes)

Este método foi defendido pela primeira vez por Hoffmann e Waid em 1965

(Hoffmann & Waid, 1965) . As suposições básicas destes autores eram as seguintes:

A distribuição geral dos resultados dos doentes mostra uma acentuada

estabilidade sob condições estáveis do LC.

A maioria das amostras analisadas no LC tem resultados normais, para a

grande maioria dos parâmetros analisados.

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Esta abordagem, embora seja atractiva por eliminar o efeito de matriz e pela

redução acentuada nos custos, não tem sido adoptada amplamente porque vários estudos

têm demonstrado a sua insensibilidade na detecção de alterações do processo (Henry,

1999).

Em 1984 Cembrowski et al (Cembrowski, Chandler, & Westgard, 1984) , usando

simulações em computador demonstraram que o poder de detecção do erro baseado em

AON dependia de vários factores:

Relação entre o desvio padrão na população originária dos doentes (SDp)

e o desvio padrão próprio do método (SDpm), expresso na relação SDR =

SDp / SDpm.

O número de resultados de doentes seleccionado para o cálculo da média

(Np). O número é habitualmente de 50 doentes, devendo este valor ser

ajustado a cada parâmetro.

Os limites de controlo (normalmente média ± 3SD) e a probabilidades de

falsas rejeições (Pfr).

Os limites de truncagem para a exclusão de resultados a incluir no

cálculo da média. Estes limites dependem da população subjacente ao

estudo e da presença de outliers.

A população incluída dentro dos limites de truncagem.

Estes autores referem as dificuldades e cuidados a ter na elaboração de

procedimentos baseados em AON devendo ser considerado, apenas como método

secundário ou auxiliar. Esta abordagem apenas pode ter alguma utilidade em

procedimentos onde haja falta de controlos estáveis ou em parâmetros cuja

determinação seja muito onerosa e a relação SDR não seja excessivamente elevada.

Em 1996 Westgard et al descreveram algoritmos para maximizar o tamanho das

séries analíticas utilizando a abordagem AON. Estes algoritmos permitiriam monitorizar

o desempenho do processo fornecendo evidências estatísticas em caso de instabilidade

dando indicação nestas situações para a execução de amostras CQ (J. Westgard, Smith,

Mountain, & Boss, 1996).

A praticabilidade da implementação desta abordagem, as limitações da sua

capacidade de detecção de erro, o número elevado de resultados de doentes

aconselhável (só possível em LC de grandes dimensões) e a existência actual de

controlos estáveis para a quase totalidade dos parâmetros remetem esta abordagem,

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mais para um papel auxiliar ou secundário, do que propriamente uma alternativa às

demais abordagens.

Abordagem Seis-Sigma

A visão seis-sigma da qualidade constitui uma nova ferramenta para os LC,

permitindo conjugar a qualidade de desempenho dos processos à gestão dos custos. A

utilização da métrica sigma como indicador de desempenho dos métodos no LC

proporciona a padronização de um sistema de controlo da qualidade, alinhando

qualidade e custos, com foco na satisfação dos doentes e na saúde financeira da

organização (Fernando & Mariana, 2005).

O conceito seis sigma foi desenvolvido inicialmente pela Motorola na década de

80. Esta abordagem pretendia dar respostas a produtos de alta tecnologia com muitos

componentes complexos que, tipicamente têm muitas oportunidades para falhas e

Figura 8 – Métrica Seis Sigma. Num processo seis-sigma admite-se

que a média possa afastar-se do alvo até 1.5 desvios padrão sem causar

problemas sérios (Montgomery, 2004).

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defeitos. O foco desta metodologia está na redução da variabilidade nas principais

características de qualidade de um produto (Montgomery, 2004). O conceito seis-sigma

da Motorola consiste em reduzir a variabilidade no processo de modo que os limites de

especificação estejam a seis desvios padrão da média, o que significa que sob a

qualidade seis-sigma haveria apenas até 0.002 partes por milhão de oportunidades.

Quando este conceito foi inicialmente desenvolvido, fez-se uma suposição de que

quando o processo alcançasse o nível seis-sigma, a média do processo estaria ainda

sujeita a perturbações que poderiam fazer com que ela mudasse em até 1.5 desvios

padrão. Neste cenário produziam-se cerca de 3.4 ppm de produtos defeituosos (Figura

8) Em medicina laboratorial os defeitos podem ser descritos como resultados fora das

especificações.

O objectivo dos serviços de saúde em tentar alcançar o mito do “erro zero” e a

emergente necessidade de redução de custos, fizeram com que a metodologia seis-sigma

tenha despertado um interesse e importância crescentes no LC desde ±2005. O nível

sigma indica a relação do erro do método (erro aleatório e erro sistemático)

relativamente ao erro admissível (ex. TEa). Quanto maior o nível sigma mais reduzidos

são os erros aleatórios e/ou sistemáticos (J. O. Westgard & Westgard, 2006). A equação

2.6 mostra o cálculo da métrica sigma. A Figura 9 mostra a interpretação qualitativa dos

diferentes níveis de desempenho segundo a métrica sigma.

Uma das dificuldades ao determinar a métrica sigma é a definição adequada do

valor do TEa (Berlitz, 2009). Em 2005 num estudo sobre aplicação da métrica seis-

sigma no LC, Berlitz e Haussen avaliaram o desempenho do parâmetro glicose frente a

diferentes critérios de erro máximo admissível (Fernando & Mariana, 2005). As

Óp

timo

Figura 9 - Métrica sigma e uma interpretação qualitativa dos diferentes níveis de

desempenho.

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especificações variavam de 3.9% (limite CAP7) a 30% (limite Skendzel) e o valor de

sigma de 0.2 até 12.5. Este estudo é bem revelador da dificuldade da escolha adequada

dos limites de especificação analítica. Outros pontos críticos no cálculo do valor sigma

são o nível de concentração do analito e o cálculo da inexactidão. A inexactidão pode

ser obtida a partir de testes de proficiência ou de uma validação analítica (estudos de

comparação com um método de referência). O bias obtido a partir de um estudo de

validação analítica depende do tipo de análise de regressão utilizado (Passing-Bablok,

Demming, etc.) e do método de referência para a análise em validação.

As vantagens desta abordagem estão na perfeita adequação entre qualidade e

custos e no facto de reunir num valor único a imprecisão e inexactidão do processo, o

que permite comparar o desempenho entre procedimentos e instituições. As

desvantagens são por um lado as inerentes ao requisito da avaliação da capacidade do

processo e por outro lado a correcta selecção dos limites de especificação e do cálculo

dos indicadores do desempenho. A falta de formação dos recursos humanos nesta área

também tem contribuído para o uso limitado desta abordagem.

3.2 Monitorização do ANPTE Associada ao CIQ

3.2.1 Relevância

A norma ISO 8402:1995 define controlo de qualidade como o conjunto de

técnicas e actividades operativas usadas para cumprir os requisitos de qualidade. Nos

LC este conjunto de técnicas e actividades englobam o controlo interno e a avaliação

externa de qualidade. Estes dois tipos de controlo de qualidade permitem verificar o erro

interno do laboratório contra erros máximos admissíveis internos e externos (ver 2.4.1

Imprecisão Analítica e 2.4.2 Inexactidão Analítica). Seguidamente refere-se apenas o

CIQ por estar directamente relacionado com este trabalho.

O CIQ aplicado actualmente na maioria dos LC consiste na análise repetida, por

longos períodos de tempo, de amostras de controlo estáveis. Os resultados das amostras

de controlo são posteriormente exibidos e analisados em cartas de controlo. Estas cartas

de controlo consistem num gráfico com uma linha central na média do processo e linhas

adjacentes correspondentes a múltiplos do desvio padrão. Os limites de controlo são

normalmente 3 SD, sendo esta uma decisão crítica na construção da carta de controlo. O

7 CAP - College of American Pathologists

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critério básico para determinar uma situação de fora de controlo é a detecção de um

ponto fora dos limites de controlo. No entanto se o gráfico apresentar um padrão de

comportamento não aleatório significa também que o processo não está sob controlo. O

Western Electric Handbook em 1956 apresentava um conjunto de regras de decisão para

a detecção de padrões não aleatórios (Montgomery, 2004). Estas regras foram

posteriormente adaptadas e transportadas para os LC por Westgard (J. Westgard et al.,

1981). De acordo com esta abordagem clássica (J. Westgard, 2003) a avaliação de

desempenho é baseada na probabilidade de aceitar ou rejeitar corridas analíticas, onde

“corrida analítica”8 é definida como um conjunto de resultados de amostras ensaiadas

num período de tempo sobre os quais uma decisão do estado da qualidade vai ser feita

(C. A. Parvin, 2008).

A probabilidade de aceitar ou rejeitar corridas analíticas não é influenciada pela

frequência com que o CQ. Este conceito está associado a um modo de funcionamento

convencional baseado em lotes que já não representa a maioria dos LC actuais, nos

quais os doentes são analisados em fluxo contínuo. Este modo de operação está

amplamente implementado nos LC actuais principalmente na química clínica. Westgard

refere no seu livro Assuring the Right Quality Right que um ponto crítico de qualquer

estratégia de CQ é decidir qual a frequência e a localização dos controlos a aplicar em

cada corrida analítica (J. Westgard, 2007a). A importância deste tema foi recentemente

reconhecida por um grupo de peritos mundiais nesta área reunidos em 2010 em Itália

onde um dos temas discutidos foi “ What frequency of QC is enough?”. Estes peritos

concluíram que a frequência de eventos de CQ é um componente necessário na

estratégia de CQ, mas que é negligenciado nos procedimentos convencionais de CQ

(Cooper et al., 2011).

As preocupações dos peritos acima descritas mostram a relevância de um

indicador de qualidade analítica que seja afectado pela frequência do CQ e que esteja

adaptado ao modo de operação em fluxo contínuo dos LC actuais. O indicador de

qualidade ANPTE pretende ser uma das respostas possíveis a essas preocupações.

8 Numa corrida analítica são, normalmente, ensaiadas amostras humanas e amostras para controlo.

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3.2.2 Abordagem Teórica

Conceitos estatísticos usados no cálculo do ANPTE

Em qualquer processo de produção, independentemente de ser bem planeado ou

cuidadosamente mantido, existirá sempre uma variabilidade inerente ou natural ao

processo. Quando apenas esta variabilidade natural está presente diz-se que o processo

está sob controlo estatístico. Outras fontes de variabilidade (SE e /ou RE) podem,

ocasionalmente, estar presentes no processo. Quando isto acontece diz-se que o

processo está fora de controlo estatístico. O objectivo principal do controlo estatístico

do processo é detectar rapidamente a ocorrência de situações fora de controlo, para que

acções correctivas e preventivas sejam tomadas e se evite a aceitação de resultados não

conformes. As cartas de controlo são uma das técnicas de monitorização do processo

largamente usadas para esse propósito (Montgomery, 2004).

As cartas de controlo estão intimamente relacionadas com os testes de hipóteses.

Pode-se dizer que é um teste da hipótese de que o processo esteja num estado de

controlo estatístico. As hipóteses são: H0: O processo está em controlo.

H1: O processo está fora de controlo.

A decisão sobre um teste de hipótese está sempre sujeita a uma determinada

probabilidade de erro. A probabilidade de erro do tipo I (risco α) consiste em decidir

pelo estado “fora de controlo” quando o estado é “em controlo” e a probabilidade de

erro do tipo II (risco β) está associada á decisão pelo estado “em controlo” quando o

estado é “fora de controlo”. Num gráfico de Shewhart com limites de controlo iguais a

2 desvios padrão o risco α será igual a 0.05.

A potência estatística de uma carta de controlo é também determinada pela

sua rapidez na detecção de situações de fora de controlo e pela frequência de falsos

alarmes. O Average Run Length (ARL) é uma medida estatística utilizada para avaliar o

desempenho de uma carta de controlo. O ARL é definido como o número médio de

amostras que é necessário analisar até haver indicação do processo estar fora de

controlo (podendo ser um falso alarme no caso de o processo estar sob controlo). Para

qualquer gráfico de controlo de Shewhart, o ARL pode ser expresso como:

(3.3)

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Ou mais concretamente como:

(3.4)

Considerando o exemplo já dado de uma carta de Shewhart com limites de controlo de 3

sigma (ou 3 desvios padrão) em que a o valor de α é igual a 0.0027, obtêm-se neste caso

um ARL de 370 (1/0.0027), isto é, mesmo estando o processo sob controlo, um sinal de

fora de controlo será emitido até cada 370 amostras.

No caso de uma situação de fora de controlo (com desvio padrão conhecido e

constante), se a média se desloca do valor de controlo μ0 para um outro valor μ1=

μ0+kσ, a probabilidade de não se detectar esse deslocamento na primeira amostra

subsequente é denominada por risco β. A equação 3.5 mostra como calcular o risco β,

onde Φ representa a distribuição normal padrão acumulada, LC os limites de controlo, n

o número de amostras de controlo e k o deslocamento em termos de desvios padrão.

(3.5)

Continuando com o exemplo anterior da carta de Shewhart, se o processo sofrer

um desvio na média igual a um desvio padrão (k=1σ) e para um n=1, verifica-se que o

risco β é igual a 97.7% e o ARL é de aproximadamente 44 amostras. Este exemplo

revela a pouca sensibilidade deste tipo de cartas para detectar pequenos deslocamentos

(ver 3.1.2 Abordagem baseada nos gráficos de controlo de Shewhart e nas “regras de

Westgard”).

Outro aspecto pertinente em relação às cartas de controlo é a diferença entre

limites de controlo e limites de especificação do processo ou TEa. Os limites de controlo

são guiados pela variabilidade natural do processo. Os limites de especificação, por

outro lado, são determinados externamente pelos responsáveis da gestão da qualidade.

O erro inerente do processo deve ser conhecido quando se estabelece os limites de

especificação (Montgomery, 2004).

Cálculo do Indicador de Qualidade Analítica ANPTE

O indicador de qualidade analítica ANPTE foi desenvolvido por Parvin e

colaboradores (CA Parvin, 1997; CA Parvin & Gronowski, 1997; Yundt-Pacheco &

Parvin, 2008). Estes investigadores estudaram a aplicação deste conceito a dois modos

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de operação em LC já abordados (lote e contínuo) na presença de erros intermitentes e

de erros persistentes9. Para este trabalho apenas se considera pertinente o modo de fluxo

contínuo na presença de erros sistemáticos persistentes, embora o raciocínio possa ser

aplicado noutras situações. Segundo Parvin o conceito chave subjacente ao modo de

operação em fluxo contínuo é que o processo está a funcionar em termos de unidades de

doentes10

e uma situação de erro pode acontecer em qualquer ponto deste fluxo. No

modo de funcionamento em fluxo contínuo os resultados dos doentes podem ser

reportados de duas formas distintas:

Libertação imediata

Neste modo de funcionamento do processo analítico os resultados dos

doentes são libertados logo que estejam prontos (immediate release).

Libertação entre eventos de CQ

Neste modo os resultados dos doentes ficam pendentes até a avaliação do

evento de CQ seguinte, e só serão reportados caso não se detecte algum

erro (bracketed QC).

Figura 10 apresenta estas duas formas de operação num processo a funcionar em fluxo

contínuo na presença de um erro sistemático persistente. Os traços verticais representam

amostras de doentes. Os losangos representam eventos de CQ. A cor azul significa

eventos de CQ na ausência de erro ou, na presença de erro, mas não detectada. A cor

vermelha significa a detecção do erro que, neste caso, surgiu entre o segundo e o

terceiro evento de CQ. Os doentes com um erro superior ao TEa estão representados por

um asterisco. O deslocamento no processo ocorre entre o segundo e o terceiro evento de

CQ e permanece constante até ser detectado ao terceiro evento após o seu surgimento. O

número de doentes analisados durante a situação de erro depende do modo de libertação

de resultados escolhido.

9 Um erro persistente caracteriza-se por após o seu surgimento permanecer constante até ser

detectado e eliminado. 10

Segundo Parvin o modo lote assenta no conceito de “unidades lote” e o modo em fluxo contínuo

em “unidades doentes”. Unidades doentes são cada uma das corridas analíticas compostas por um

determinado número de amostras humanas.

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Figura 10 - Representação de um processo em fluxo contínuo na presença de um erro sistemático

persistente. O modo libertação imediata está descrito em 9a. O modo de libertação entre eventos de CQ

está descrito em 9b. Este modo apresenta menor risco para os doentes, mas não é tão prático na rotina

diária dos LC (Curtis A. Parvin, 2008).

No entanto, os resultados dos doentes assinalados como libertados na

Figura 10 foram validados e o risco associado aos seus resultados é proporcional à

dimensão do erro e ao limite de especificação. O risco de validar resultados inaceitáveis

de doentes depende da frequência dos eventos de CQ. Na

Figura 10 é evidente a relação entre os eventos de CQ, o número de doentes analisados

entre cada evento e o número de resultados de doentes com um erro superior ao TEa.

Dois aspectos devem ser realçados na interpretação do conceito ANPTE:

Nem todos os resultados produzidos durante uma situação de fora-de-

controlo contêm um erro superior ao TEa. A probabilidade de produzir um

falso resultado durante a ocorrência de um erro aumenta com a dimensão

do erro.

Os eventos de CQ nem sempre detectam uma condição de erro na primeira

“tentativa” após o seu aparecimento. A probabilidade de um evento de CQ

detectar uma situação de fora-de-controlo depende da regra de controlo

utilizada, do número de controlos aplicados e da dimensão do erro.

A estratégia de CQ de aceitar ou rejeitar o resultado das amostras de controlo

apenas pode ser feita no momento em que se executam os eventos de CQ. Segundo

a) Libertação imediata

b) Libertação entre eventos de CQ

Libertados

Libertados Pendentes

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Parvin, mais importante do que calcular a probabilidade de rejeição de um evento de

CQ, interessa o ARL, isto é, o número de eventos de CQ necessários até à detecção do

erro. Na presença de um erro o ARL deve ser pequeno e quando o processo está sobre

controlo o ARL deve ser elevado. O valor mínimo do ARL é 1. Este valor acontece

quando a probabilidade de rejeitar o evento de CQ após o seu aparecimento for também

igual a 1 (ver equação 3.3). O valor do ARL depende da regra de controlo associada ao

evento de CQ, do número de controlos por evento e da dimensão do erro que o processo

sofreu. Considere-se o exemplo da regra de controlo 13SD com 2 amostras de controlos

por evento e um erro sistemático de 2 desvios padrão mostrado na Figura 11.

Figura 11 - Probabilidade de detecção do erro. A probabilidade de

uma única observação do CQ exceder o limite de controlo para no

caso da regra 13SD e um desvio igual a 2sd é de 15.9%.

A probabilidade de uma única observação do controlo exceder o limite de

controlo (LC) quando uma condição de erro igual ao erro sistemático (SE) está presente

é representada por P1 (C. A. Parvin, 2008). Os cálculos para o exemplo acima citado

estão descritos na equação 3.6.

(3.6)

O valor do P1 de aproximadamente 0.159 refere-se à probabilidade que a regra

13SD tem de detectar um erro de dimensão igual a 2 desvios padrão para um valor de

n=1. No exemplo proposto considera-se a utilização de duas amostras controlo por cada

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evento de CQ (n=2). A equação 3.7 mostra como calcular a probabilidade de detecção

do erro (Ped) quando o numero de controlos por evento é maior que 1(CA Parvin &

Gronowski, 1997). Neste caso o valor da probabilidade de detecção do erro pela regra

13SD será de 0.29. O valor do ARL será de 3.44 (ARL=1/Ped). Este valor significa que

para a regra 13SD serão necessários em média 3.44 eventos de CQ para detectar um

desvio sistemático persistente igual a 2 desvios padrão se forem usadas 2 amostras de

controlos por cada evento.

(3.7)

O aumento na probabilidade de um resultado conter um erro inaceitável na

presença de um erro sistemático (PE (SE)) menos a probabilidade desse resultado conter

um erro superior ao TEa na ausência de erro sistemático (PE(0)) é representado por ∆PE.

O valor do ∆PE depende da dimensão do erro e do valor do TEa (CA Parvin &

Gronowski, 1997). As equações 3.8, 3.9 e 3.10 mostram o cálculo do PE(0), PE(SE) e do

∆PE, respectivamente.

(3.8)

(3.9)

(3.10)

O número médio esperado de amostras de doentes processadas durante uma

situação de fora-de-controlo (ANP) depende do modo de operação escolhido, libertação

imediata ou libertação entre eventos de CQ. O ANP é calculado no primeiro caso de

acordo com a equação 3.11 e no segundo caso de acordo com a equação 3.12, onde

E(N0) representa o número médio de amostras de doentes processadas desde o inicio da

condição de erro até ao primeiro evento de CQ. O número médio de doentes

processados entre eventos de CQ é representado por E(NQ). Partindo do principio que o

erro pode acontecer em qualquer ponto dentro do intervalo entre eventos, pode-se

considerar E(N0) como metade do valor de E(NQ) (C. A. Parvin, 2008).

(3.11)

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36

(3.12)

Como já foi referido nem todos os resultados produzidos durante uma

situação de fora-de-controlo são falsos resultados. Os falsos resultados são o produto do

valor do número de amostras de doentes processadas durante a condição de erro (ANP)

pelo aumento da probabilidade de produzir falsos resultados devido a dimensão do erro

(ΔPE). O valor assim obtido é o ANPTE e a forma como é calculado está representada na

equação 3.13.

(3.13)

A equação 3.13 demonstra que o risco de produzir falsos resultados de doentes

depende do:

Número médio de resultados dos doentes produzidos durante uma situação

de erro (ANP), o qual depende de:

Regra de controlo aplicada

Número de amostras controlo por evento

Intervalo entre eventos de CQ (ou número de doentes entre

eventos).

Modo libertação dos resultados dos doentes

Probabilidade de produzir falsos resultados durante a fase de fora de

controlo (ΔPE), a qual depende:

Limites de especificação (TEa)

Dimensão do erro (SE)

Imprecisão do processo

A imprecisão do processo e a frequência de eventos de CQ desempenham um

papel predominante no risco de reportar falsos resultados. O indicador ANPTE pode ser

explicado da seguinte forma: Na presença de erros de pequenas dimensões o número de

eventos de CQ até detectar o erro vai ser elevado (ARL elevado) mas, a probabilidade de

produzir falsos resultados nos doentes será muito baixa (ΔPE baixo). No caso inverso, se

o erro presente é de grandes dimensões, a quase totalidade dos resultados dos doentes

desde a ocorrência do erro até ao próximo evento de CQ vão ser inaceitáveis, mas

também a probabilidade deste erro ser detectado no próximo evento de CQ é

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37

aproximadamente 1 (ARL 1) (C. A. Parvin, Yundt-Pacheco, & Williams, 2011a,

2011b, 2011c, 2011d). A

Figura 12 mostra as curvas do ANP e ANPTE, em função da dimensão do erro

sistemático, aplicando-se a regra de controlo 13SD com 2 amostras de controlo por

eventos de CQ e 50 doentes por corrida analítica. No modo de libertação imediata o

valor máximo tende para metade do número de doentes entre eventos de CQ

(N0=NQ/2=25). No modo libertação entre eventos de CQ esse valor tende a crescer até

atingir um máximo e depois a cair até próximo de zero. O valor máximo da curva pode

ser calculado e corresponde ao pior cenário possível onde o risco para os doentes é

maior. Este valor máximo ocorre quando a dimensão do erro é suficientemente grande

para provocar danos nos resultados dos doentes, mas não suficientemente grande para

que seja imediatamente detectado pelo próximo evento de CQ (Curtis A. Parvin, 2008;

Yundt-Pacheco & Parvin, 2008).

Figura 12 - Explicação do indicador ANPTE. O número de doentes reportados (ANP) quando o erro é

pequeno é elevado. Este valor vai diminuindo em função do SE presente. O comportamento da curva do

ANPTE depende do modo de libertação de resultados escolhido. No modo de libertação entre eventos de

0 1 2 3 4 5 6 7

110

100

1000

10000

Erro Sistemático

AN

P

0 1 2 3 4 5 6 7

05

10

15

20

25

Erro Sistemático

AN

PT

E

Immediate Release

0 1 2 3 4 5 6 7

05000

10000

15000

20000

Erro Sistemático

AN

P

0 1 2 3 4 5 6 7

0.0

0.2

0.4

0.6

0.8

1.0

1.2

Erro Sistemático

AN

PT

E

Bracketed

Libertação imediata

Libertação entre eventos de CQ

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38

CQ o valor do ANPTE cresce até um limite máximo e depois cai até próximo de zero. No modo de

libertação imediata este valor tende para metade do número de doentes entre eventos, neste caso 25.

Esta característica do indicador ANPTE permite que uma estratégia de CIQ possa

ser desenhada tendo como objectivo um valor máximo do ANPTE. Parvin e

colaboradores defendem que este máximo, no modo de libertação entre eventos de CQ,

deve ser inferior a 1. Várias estratégias de CQ podem ser desenhadas para atingir este

objectivo. A métrica sigma (ver ponto 2.4.4 Métrica Sigma) pode ser aplicada como

linha de orientação numa estratégia de CIQ baseada no risco de produzir falsos

resultados para os doentes. A filosofia a empregar baseia-se em que testes com valor

elevado de sigma requerem pouco controlo, enquanto testes com baixo valores de sigma

requerem um controlo mais apertado. Neste trabalho utilizou-se esta estratégia de CIQ

de acordo com a tabela proposta por Parvin e apresentada na Tabela 1.(Curtis Parvin,

2010)

Sempre que for necessário melhorar o desempenho do processo analítico, a

estratégia a adoptar deve passar pela diminuição do intervalo entre eventos de CQ em

vez de aumentar o número de controlos por evento ou alterar as regras de controlo

aplicadas.

Limitações deste Indicador

Este indicador foi aplicado a um LC a funcionar em fluxo contínuo no modo de

libertação entre eventos de CQ. Apenas os erros sistemáticos constantes e persistentes

foram tidos em consideração nos cálculos. Considerou-se que o erro sistemático é

sempre diferente de zero.

Sigma N QC Rule # Patients Between QCs

≥ 6 2 or 3 13S or greater 180 – 200

5 2 or 3 13S or equivalent 140 – 160

4.5 2 or 3 13S or equivalent 60 – 120

4 2 or 3 13S or equivalent 20 – 40

≤ 3.5 2 or 3 12.5S or multirule 10 – 20

Tabela 1 - Guideline para a estratégia de CIQ baseado na métrica sigma de avaliação de

desempenho (Curtis Parvin, 2010).

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39

Capítulo 4

toONE QC: Aplicação para Monitorização do ANPTE

4.1 Arquitectura da Aplicação

A base de dados foi implementada utilizando o SGBD Microsoft SQL Server

usando a ferramenta Management Studio Express (SSMSE). Para a gestão do seu

conteúdo, utilizou-se uma interface em Visual Basic.NET (VB.NET). Esta interface

permite inserir e editar dados, executar queries SQL e alterar tabelas na base de dados

(BD). O diagrama da BD obtido pela interface do Microsoft SQL Server é mostrado na

Figura 13.

Figura 13 - Diagrama da base de dados obtido pela interface do Microsoft SQL Server.

EquipamentoID

Nome

FonteID

Nome

Origem

Comentario

RegraID

Tipo_Erro

Pfr

Arl

Limite

Nome

Num_Ctrls

Tipo_Regra

Regras_TesteID

Cod_Teste

Cod_Regra

Tipo_Alarme

ResultadosID

Cod_Equipamento

Cod_Teste

Valor

Data_Hora

Lote

Lote_Nivel

Nome_Fich

Accao

Comentario

Aceitacao

Verificada

Regra_Violada

Nome_Tecnico

TesteID

Nome

Nome_Aux

Inexactidao_valor

Errototal_Valor

Estabilidade

Total_Dia

Eventos_Dia

numero_Nvs

Id_Unidade

Cv_Intra

Cv_Inter

Inex_Fonte

Errototal_Fonte

Media_doentes

UnidadesID

Unidade

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40

Os dados a serem carregados na BD estão disponíveis em formato de texto num

computador intermédio da rede. Para importar estes dados e inseri-los na BD foi criado

na aplicação um script em VB.NET que se liga a esse computador. Este script abre os

respectivos ficheiros, percorre todas as linhas, separa cada linha pelo carácter

delimitador (traço vertical) e, através de queries SQL insere esses dados na tabela

correspondente. A Figura 14 apresenta a arquitectura do sistema. Actualmente a

aplicação não está preparada para fazer a gestão da concorrência e, como tal, só pode

ser utilizada por um cliente individualmente. A aplicação permite gerir os dados através

de formulários criados em VB.NET. Os componentes de software para a utilização da

aplicação são os seguintes:

toONE QC (nome atribuído à aplicação)

Microsoft .NET Framework 3.5 (Microsoft Corporation)11

SAP Crystal Reports12

Microsoft Chart Controls for Microsoft .NET Framework 3.5(MS-Chart:

Microsoft Corporation)

R 13

4.2 Funcionalidades e Exemplos de Interacção

O objectivo da aplicação é permitir avaliar o indicador de desempenho ANPTE.

Como este indicador está inserido numa estratégia de CIQ é desejável que a aplicação

tenha a capacidade de gerir outras funções inerentes a um CIQ, tais como: aplicar regras

de controlo, elaborar cartas de controlo, registo de erros e eventuais acções correctivas,

elaboração e impressão de relatórios. As várias funcionalidades da aplicação estão

distribuídas pelos seguintes formulários:

- Inicial

- Diário

- Actualizar resultados

- Seleccionar dados

- Actualizar dados na BD

- Gráfico

- Gráfico sigma

- Histórico de erros

- Acumulado

11 www.microsoft.com

12 www.sap.com

13 www.cran.r-project.org

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41

- Seleccionar dados

- Imprimir

- Gráfico ANPTE/Sigma

- Histórico

- Gráfico de barras

- Simulação

- Simular

- Reiniciar

- Limpar grid

- Simulação

- Erros

- Histórico Erros

- Imprimir

- Gestão de dados

- Guardar

- Novo

- Apagar

- Relatórios

- Regras

- Erros

- Acumulado

Figura 14 - Arquitectura do Sistema onde está integrada a aplicação.

User 3User 2

toONE QC

User 1

toONE QC toONE QC

SQL Server 2008 R2

Equi

pam

ento

1

Equi

pam

ento

5

Software Intermédio

Sistema de Informação do Laboratório

Equi

pam

ento

2

Equi

pam

ento

4

Equi

pam

ento

3

Computador Intermédio

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42

4.2.1 Formulário Inicial

O formulário “Inicial” contribui para uma melhor usabilidade da aplicação,

englobando o acesso aos restantes formulários.

4.2.2 Formulário Diário

O formulário “Diário” permite visualizar os resultados das amostras de controlo

de acordo com os campos de selecção: equipamento, teste, lote de controlo, nível do

lote de controlo e data. Os resultados são disponibilizados em duas DataGridView

(DGV). A actualização de resultados de controlos na BD, a criação de cartas de controlo

e a actualização de dados na BD são funcionalidades que também estão incluídas neste

formulário que se apresenta na Figura 15.

Figura 15 - Formulário Diário. Na parte superior encontram-se os campos de selecção e as

funcionalidades de actualização da BD e elaboração de cartas de controlo. Este formulário possui duas

DGV onde a DGV 1 apresenta estatísticas dos resultados das amostras de controlo além de outras opções

de gestão do processo analítico. A DGV 2 apresenta estatísticas básicas sobre o histórico agregado dos

resultados das amostras de controlo.

O formulário “Diário” apresenta os botões:

- Seleccionar Dados, que inicia o processo de visualização numa tabela dos

dados filtrados pelos campos de selecção.

- Actualizar dados na BD, que permite gravar na BD as acções e

comentários introduzidos directamente pelos utilizadores nas linhas da

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43

DGV1 e eventuais alterações na opção de aceitar ou não aceitar o resultado

do controlo.

- Gráfico, que cria as cartas de controlo do teste referente à linha

seleccionada na DGV1.

- Actualizar Resultados, que permite acrescentar resultados das amostras de

controlos na BD a partir do LIS do laboratório.

A primeira DataGridView (DGV 1 na Figura 15), além das colunas referentes aos

campos de selecção apresenta também as seguintes colunas:

Valor: refere-se ao resultado das amostras de controlo. Cada linha na DGV

representa um resultado das amostras de CQ.

Média Acumulada, SD Acumulado, Sigma e Zscore: estas colunas são

calculadas e adicionadas á posteriori com base nos valores de cada teste.

Por cada nova linha adicionada à DGV todos estes valores são recalculados

correspondendo a última linha à média acumulada de todas as linhas. Os

cálculos estão detalhados na secção 2.3-Indicadores de Qualidade

Analítica.

Gráfico dos Zscores14

: trata-se de uma forma simples de visualizar os

valores dos Zscores. O recurso a cores: verde, amarelo e vermelho permite

de forma imediata avaliar o desempenho dos resultados das amostras de

CQ conforme a sua prévia classificação em “bom”, “aceitável” e

“inaceitável”, respectivamente. Podem ainda existir valores superiores a

4SD ou inferiores a -4SD, "extremamente inaceitável” que são realçados

com os caracteres “» ” e “«” na coluna “3”em alternativa a “●”.

Aceitação: Esta coluna permite aceitar/rejeitar valores das amostras de

controlo. A aplicação, de forma automática rejeita os valores dos Zscores

que violem a regra de controlo definida. De forma a tornar mais evidentes

os valores anormais, as linhas rejeitadas são escritas a vermelho. Estes

valores continuam a aparecer na selecção dos dados mas não são tidos em

conta para cálculo dos valores acumulados. O utilizador também pode

manualmente aceitar/rejeitar valores, devendo nestes casos introduzir nas

colunas “Acção” e “Comentário” as medidas tomadas e as razões que o

justificaram, respectivamente.

14 Gráfico dos Zscores. Na verdade não se trata de um gráfico, mas apenas de uma forma simples

de visualizar os dados.

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44

Acção, Comentários: Regista as acções correctivas e respectivos

comentários que o utilizador/operador tomou para resolver as situações de

pontos fora de controlo. A aplicação permite que estas acções e

comentários sejam feitos directamente na DGV, fazendo posteriormente

um update à BD (botão “Actualizar dados na BD”) para que estas

anotações fiquem registadas e possam ser geridas posteriormente.

Regra Violada: Regista automaticamente quando há violação das regras

de controlo definidas. O nome da regra violada aparece escrito nesta

coluna. Só se apresenta para os pontos fora de controlo e nesses casos

indica qual a regra que foi violada no conjunto das regras de controlo

definidas. Esta classificação é feita automaticamente pela aplicação. A

zona em ampliação na Figura 15 ilustra uma destas situações.

Técnico: identifica o utilizador.

A segunda DGV (DGV 2 na Figura 15) permite visualizar de forma dinâmica o

histórico dos valores do teste seleccionado na DGV 1. Ao clicar noutra linha da DGV 1

os valores são actualizados automaticamente. Esta opção permite ter uma visão mais

abrangente do desempenho de determinado teste. A DGV 2 apresenta os valores da

média, desvio padrão, coeficiente de variação e número total de pontos descriminados

por mês, semestre e acumulado (todos os valores) e separados por níveis de lotes de

controlo. No exemplo apresentado na figura, o teste é sempre igual a “”GGT” pois foi

esse que foi seleccionado, mas caso não houvesse selecção (o campo “Teste” estaria

vazio), seriam apresentados os resultados para todos os testes (nas restantes condições).

As cartas de controlo são um elemento essencial em qualquer aplicação de CIQ.

Nesta aplicação utilizou-se o software MS Chart para a criação deste tipo de gráficos,

devido à sua facilidade de interacção com o VB.Net. Os gráficos são sempre elaborados

com base nos valores seleccionados para a DGV 1. Seleccionando a opção “Gráfico” é

aberta uma nova janela denominada “Carta de Controlo” apresentando uma carta de

controlo que inclui todos os níveis de controlo existentes para aquele teste. A Figura 16

apresenta um exemplo de uma destas janelas, respectivamente na sequência do exposto

anteriormente para a Figura 15. Os campos de selecção de dados para a elaboração dos

gráficos são, por omissão, os “herdados” da linha seleccionada na DGV 1. A partir desta

nova janela é possível alterar essa selecção. Para se visualizarem as cartas de controlo

individualmente por níveis de controlo selecciona-se a opção “Todos os Níveis”. Estes

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45

gráficos individualizados apresentam o valor do Zscore no eixo vertical esquerdo e o

valor da média móvel ajustável no eixo vertical direito. É também possível aceder ao

gráfico que permite visualizar o desempenho de cada nível dos diversos testes de acordo

com a métrica Sigma (Figura 17). A partir da janela “Carta de Controlo” é ainda

possível ter acesso aos erros referentes aos dados incluídos nesta carta de controlo.

Figura 16 - Formulário Diário \ Cartas de Controlo. As cartas de controlo individuais apresentam

duas escalas no eixo das ordenadas. O Zscore referencia-se à esquerda e o valor da média móvel

ajustável, à direita. Por opção, as cartas individuais podem ser reunidas apenas numa carta de controlo

(neste caso, apresenta-se apenas a escala referente ao Zscore). A partir deste formulário é ainda possível

aceder aos erros referentes aos dados incluídos nesta carta de controlo especificamente.

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46

Figura 17 - Formulário Diário \ Carta de Controlo \ Sigma. Este gráfico mostra o desempenho de

cada nível de controlo de acordo com a métrica sigma. Os valores inferiores a um nível sigma de 3

requerem acções de melhoria do método. As cores utilizadas reflectem essa interpretação.

4.2.3 Formulário dos Dados Acumulados

O formulário “Acumulado” apresenta diferentes estatísticas sobre os dados

agregados no acumulado do histórico. As funcionalidades associadas a este formulário

são:

Cálculos estatísticos dos valores acumulados de cada teste. Estes cálculos

incluem o número total de pontos (coluna “N”), a média (coluna

“Média”), o desvio padrão (coluna “SD”), o coeficiente de variação

(coluna “CV% médio”) e o desempenho sigma (coluna “Sigma Actual”).

Cálculo do indicador ANPTE e dos parâmetros necessários à sua

determinação (ΔPE, ARLed, entre outros).

Cálculo do número de eventos de controlo por dia. Para o cálculo deste

parâmetro considera-se que os valores das amostras de controlo

pertencem a eventos diferentes se forem executados com um intervalo de

tempo superior a 60 minutos. A aplicação calcula e apresenta uma média

diária do número destes eventos e é este valor que aparece na DGV do

formulário (coluna”Eventos_Dia”).

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47

Visualização dos elementos Bias% e TEa%, a origem destes valores e o

valor do número médio de doentes entre eventos de CQ (coluna”M”).

Estes valores são introduzidos manualmente através do formulário

“Gestão de dados” descrito na secção 4.2.5 .

Impressão e/ou exportação de relatórios com base na tabela

“Acumulado” (ver Figura 24).

Visualização em tabela e gráfico da evolução mensal dos parâmetros

média e coeficiente de variação e número de resultados.

Gráfico sigma idêntico ao apresentado na secção 4.2.2

Visualização comparativa do nível sigma e do ANPTE. Este gráfico é

feito com recurso ao software R.

Simular manualmente os parâmetros que fazem parte do cálculo do

indicador ANPTE para facilitar a escolha da melhor estratégia de CQ a

adoptar que atinja os objectivos analíticos definidos.

O formulário “Acumulado” utiliza os mesmos campos de restrição de selecção de

dados indicados no formulário “Diário”. A Figura 18 ilustra um exemplo destes

formulários para a selecção Lote=4419, Nível do Lote=1,2 ou 3 e Data de: 29/12/2008 a

25/07/2011.

Figura 18 - Formulário Acumulado

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48

O valor do indicador ANPTE aparece na última coluna. Outros parâmetros

necessários ao cálculo e interpretação deste indicador são mostrados nas restantes

colunas. A visualização apenas dos testes com um valor de ANPTE <1 é outra

funcionalidade inserida neste formulário. Os valores considerados fora de controlo estão

escritos a vermelho. O acesso a outros formulários é feito pela selecção do botão

respectivo.

O formulário “Histórico” é acedido por selecção do botão respectivo em

“Acumulado” e apresenta os resultados numa DGV (Figura 19-1). Os dados são

descriminados por nível de lote de controlo. Para ver estes mesmos dados num gráfico

de barras deve-se clicar em cima da coluna respectiva (Figura 19-2).

Figura 19 - Formulário Acumulado \ Histórico \ Gráfico. O teste (ou linha) seleccionado na DGV

do formulário “Acumulado” é a origem dos dados para a elaboração dos formulários “Histórico” e

“Gráfico”.

1

2

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49

Os objectivos de qualidade definidos previamente nem sempre são atingidos

(por exemplo, o número de corridas analíticas rejeitadas é superior ao valor

predefinido). Por vezes podem ser atingidos com recurso a outras estratégias de CQ

menos onerosas. Sempre que os objectivos não são alcançados devem-se tomar acções

correctivas e/ou preventivas. O formulário “Simulação” tem a função de ajudar na

escolha da melhor estratégia de CQ.15

A Figura 20 ilustra o funcionamento deste

simulador para uma situação em que no formulário “Acumulado” se seleccionou uma

linha específica para proceder a “Simular” (ver botão na Figura 18). No exemplo, o

valor do ANPTE=1.319 é superior ao objectivo de qualidade definido (ANPTE <1),

conforme se consulta na tabela “Valor Actual”. Inicialmente, aumentou-se o número de

controlos por evento de 2 para 3 (1ª linha da tabela “Simulação”). A segunda

experiência consistiu em aumentar o número de eventos de CQ por dia de 1 para 2 (2ª

linha da tabela “Simulação”). Finalmente, na terceira experiência diminuiu-se o CV%

até que o objectivo de qualidade fosse alcançado. O valor determinado foi 7.5% (3ª

linha da tabela “Simulação”). Na tabela ”Simulação” vão sendo apresentadas

sequencialmente os resultados das várias experiências feitas pelo responsável do CQ. A

Figura 20 mostra que em todas as opções simuladas o valor do ANPTE foi inferior a 1. O

responsável da gestão da qualidade do processo tem assim à sua disposição uma

ferramenta que lhe permite testar e avaliar novos cenários de modo a poder decidir de

uma forma bem suportada qual a estratégia de qualidade mais favorável a aplicar.

15 No âmbito deste trabalho esta funcionalidade só é possível aceder a partir do formulário

“Acumulado”. Em posteriores actualizações pretende-se que o acesso seja feito a partir do formulário

“Inicial”. No entanto, o formulário”Inicial” já contempla esta melhoria.

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50

Figura 20 - Formulário Acumulado \ Simulação. Este formulário permite alterar manualmente

alguns parâmetros dos testes e recalcular o valor do indicador ANPTE. Tem como finalidade ajudar na

escolha da melhor estratégia de CQ a adoptar. O botão “Reiniciar” coloca os valores originais nas caixas

de texto. O botão “Limpar Grid” apaga os dados já simulados na DGV. O botão “Gráfico R” pretende

criar o gráfico indicado na

Figura 12 e será desenvolvido em posteriores actualizações.

4.2.4 Formulário Erros

O formulário “Erros” regista os erros e as eventuais acções tomadas referentes a

situações em que o processo está fora de controlo estatístico. Permite gerir esta

informação de forma a possibilitar a consulta e gestão de acções correctivas. Os dados

são visualizados globalmente e individualmente por equipamento, teste, lote, nível e

técnico. Os campos de selecção de dados são os mesmos dos formulários anteriores

mais os campos “Regra Violada” e “Técnico”. Por omissão, os pontos com regras de

controlo violadas aparecem ordenados por data na tabela “Histórico Erros”. Na parte

inferior deste formulário, mais 6 tabelas podem ser acedidas (“Total”, “Equipamento”,

“Teste”, “Lote”, “Nível”, “Técnico”). Estas tabelas permitem discriminar a visualização

dos erros de acordo com a tabela específica. A tabela “Total” permite ver o somatório

de todos os erros (N) por regra violada. Estas tabelas apresentam para além do valor

total de pontos com regras violadas (coluna “N”), o valor percentual de erros

relativamente ao número total de pontos executados (coluna “Percentagem”). A Figura

21 apresenta, como exemplo, os dados referentes ao lote de controlo 4419. Pode-se

consultar na tabela ”Histórico Erros” todos os erros referentes a este lote. Ao aceder à

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51

tabela “Teste” os resultados são discriminados por teste, onde se pode ver que o teste

CEA foi o que mais erros sofreu com um valor de N=5 e um valor percentual de 1.78.

Isto significa que de entre os 281 pontos de controlo executados para o teste CEA 5

infringiram regras de controlo, o que equivale a 1.78% de pontos com algum tipo de

alarme associado.

Figura 21 - Formulário Erros. Permite a visualização global dos erros, ou descriminados por

equipamento, teste, lote, nível ou técnico.

4.2.5 Formulário Gestão de Dados

O formulário “Gestão de dados” permite adicionar, alterar e remover dados nas

tabelas da BD directamente através da aplicação. As tabelas onde é possível actuar são

listadas no formulário. A DGV apresenta os campos da tabela seleccionada e, ao

clicarmos numa linha, os conteúdos dos campos são copiados para caixas de texto

editáveis onde podem ser alterados ou removidos. O botão “Novo” permite acrescentar

um novo parâmetro. A Figura 22 apresenta a tabela “Regra”. Após clicar na linha

correspondente ao “ID”=2 os dados foram copiados para as respectivas caixas de texto

na parte inferior do formulário. O botão “Novo” permitiria neste caso criar uma nova

regra. Se os novos dados forem actualizados com sucesso aparece na parte inferior do

formulário a mensagem “Dados guardados com sucesso”. No caso de não respeitar o

tipo numérico dos campos: “Pfr”, “Arl”, “limite” e “Num_Ctrls”, aparecerá a mensagem

de erro “Invalid column name campo ” ao actualizar os dados.

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52

Figura 22- Formulário Gestão de dados. Permite adicionar, alterar ou remover dados nas tabelas da

BD.

4.2.6 Formulário Relatórios

O Formulário “Relatórios” permite gerar automaticamente relatórios para eventual

impressão e/ou exportação de dados. Os relatórios são produzidos através do software

SAP Crystal Reports que permite uma fácil integração no VB.NET. Os relatórios criados

permitem pesquisar por palavras, percorrer as várias páginas do relatório, fazer zoom,

impressão e a exportação para vários formatos: xls, csv, pdf, doc, rtf e xml. No âmbito

deste trabalho apenas os relatórios “Regras”, “Erros” e “Acumulado” estão disponíveis.

A Figura 23 apresenta um exemplo de um relatório, neste caso uma listagem da tabela

“Regra” da BD.

Figura 23 - Formulário Relatórios. A sua função é gerar automaticamente relatórios para eventual

impressão e/ou exportação de dados.

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53

A Figura 24 apresenta outro exemplo, o relatório “Acumulado” criado a partir dos

dados apresentados na Figura 18. Para gerar este relatório deve-se seleccionar o botão

“Imprimir” do formulário “Acumulado”.

Figura 24 - Relatório “Acumulado” criado com base nos dados mostrados na Figura 18

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54

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55

Capítulo 5

Avaliação do toONE QC

5.1 Avaliação pelos Utilizadores

A avaliação passou por envolver participantes que representam o perfil típico dos

utilizadores para os quais o projecto é direccionado, técnicos de análises clínicas e

patologistas clínicos. Foram solicitadas as opiniões ao grupo escolhido através de

entrevistas não estruturadas e de um questionário. O envolvimento dos utilizadores

constou de três fases: explicação, recolha de apreciação oral e recolha de avaliação em

questionário.

5.1.1 Perfil dos Utilizadores

Na avaliação da aplicação, participaram quatro pessoas, duas do sexo feminino e

duas do sexo masculino, com idades diversificadas, todas com formação académica ao

nível de licenciatura, três TACSP e um Patologista Clínico, e todas com grande

experiência profissional na utilização de software para CIQ. O perfil dos utilizadores

está descrito na Tabela 2.

16 TACSP – Técnico de Análises Clínicas e Saúde Pública

Perfil dos

utilizadores Utilizador 1 Utilizador 2 Utilizador 3 Utilizador 4

Sexo Feminino Feminino Masculino Masculino

Idade <29 30-39 40-49 >50

Grau Académico Licenciatura Licenciatura Licenciatura Licenciatura

Função TACSP16 TACSP TACSP Patologista Clínico

Experiência com

Softwares de CIQ Bastante Bastante Bastante Bastante

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56

Tabela 2 - Perfil dos utilizadores do questionário de avaliação da interface.

5.1.1 Descrição

Todos os utilizadores foram colocados num local calmo, isolado e foi descrito

individualmente em que consistia a experiência. Foi apresentado o novo indicador de

qualidade ANPTE, a necessidade de uma aplicação para a implementação deste novo

indicador na prática diária dos LC, a adequabilidade deste indicador aos novos

sistemas de funcionamento em fluxo contínuo dos LC, a importância da realização

destas avaliações para expor problemas de usabilidade e uma breve descrição do

funcionamento da aplicação. Foi referido que estava em avaliação o uso da aplicação e

não o utilizador e que os dados fornecidos apenas se destinavam a este fim. Os

utilizadores não dispunham de limite de tempo e deveriam percorrer todos os

formulários disponíveis pela aplicação e anotar de forma informal (escrita em texto

livre preferencialmente) os pontos positivos e negativos que encontrassem. Todos os

utilizadores foram deixados sozinhos podendo interagir com o avaliador sempre que

surgisse qualquer dúvida. No final o avaliador recolheu a avaliação de cada utilizador.

5.1.2 Recolha de Apreciação Oral

No final da experiência foi dado a cada utilizador tempo para de uma forma informal

poder dialogar com o avaliador sobre a experiência e acrescentar novos dados, podendo

desta forma o avaliador ter uma visão mais correcta da opinião de cada utilizador.

Foram tomadas notas escritas sobre a opinião dos utilizadores, durante a entrevista.

5.1.3 Recolha de Avaliação em Questionário

Foi ainda pedido a cada utilizador que respondesse no final a um questionário simples

(cujo modelo se apresenta no anexo-I). Com o recurso a este questionário pretendeu-se

dar uma visão geral e subjectiva da avaliação da usabilidade e também da satisfação do

utilizador em relação à aplicação.

5.2 Recolha de Dados

5.2.1 Entrevista

Foram apresentados como pontos positivos e oportunidades de melhorias:

A facilidade de utilização.

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57

A adequação da aplicação, isto é tem o que é necessário para atingir o fim a

que se destina.

A possibilidade de exportação dos dados para Excel ou PDF.

A utilidade do formulário “Simulação”, embora a selecção dos botões seja

passível de confundir o utilizador. Foi sugerido alterar o texto do botão

“Limpar Grid” por “Limpar Simulação”.

A existência das cartas de controlo e o gráfico sigma. É de salientar que um

utilizador referiu que seria importante a disponibilização nas cartas de

controlo dos valores limites do fabricante ou, preferencialmente por grupo

(peer group)17

.

A possibilidade de visualizar a evolução mensal da média e do desvio padrão

dos vários testes.

A disponibilização do formulário “Gestão de dados”. Neste ponto apenas a

gestão da tabela “Regras_Teste” foi de difícil apreensão. Foi proposto que as

colunas Cod_Test e Cod_regra fossem substituídas pelos nomes do teste e da

regra em causa.

Os gráficos foram considerados adequados. Um utilizador referiu que um

gráfico que apresentasse simultaneamente o desempenho sigma e ANPTE

poderia ser útil.

O cálculo automático do número de eventos por dia.

A utilidade e simplicidade do formulário “Erros” foram apreciadas.

A adequação e apresentação da informação contida nas diversas DGV. Um

utilizador referiu ser preferível que todas as colunas ficassem visíveis por

omissão sem ser necessário recorrer à barra de deslocamento.

A possibilidade da utilização desta aplicação noutros LC.

A disponibilização de outros indicadores comuns do CIQ para além do

indicador ANPTE.

Foram apontados os seguintes pontos negativos:

17 Nos laboratórios clínicos “peer group” refere-se ao conjunto de outros laboratórios que usam os

mesmos método, equipamento, reagentes e controlos.

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58

A actualização dos resultados na BD é pouco prática e pode confundir no

formulário “Diário”, a existência de dois botões com nomes parecidos:

“Actualizar Resultados” e “Actualizar dados na BD”.

No formulário “Diário” várias situações foram apontadas:

o A impossibilidade de ver apenas os resultados com erro associado à

semelhança do que acontece no formulário “Acumulado”.

o A impossibilidade de consultar a estratégia de CQ definida para cada teste.

Sugeriu-se que deveria ser adicionado um texto com esta informação

sempre que é seleccionada uma linha na DGV. Outra solução é adicionar

uma coluna na DGV com estes dados.

o A falta de um botão que tornasse possível visualizar apenas os dados do

dia actual. Esta tarefa é possível através da selecção de datas existente,

mas seria mais prático a existência de, por exemplo, um botão “Hoje”.

o Um utilizador aconselhou para posteriores actualizações a colocação dos

resultados dos níveis de lotes de controlo lado a lado e não todos os níveis

na mesma DGV. Esta opção obrigaria que, ao eliminar uma linha, se

eliminassem todos os níveis de controlo desse parâmetro (isto é dessa

linha).

o Ao rejeitar manualmente um valor, a linha não fica escrita a vermelho,

como acontece no modo automático.

o A impossibilidade de apagar resultados. Esta opção permitiria eliminar

definitivamente os resultados aberrantes.

o A impossibilidade de seleccionar mais do que um lote de controlo de um

determinado equipamento.

o A desadequação dos nomes no gráfico “Carta de Controlo”. A caixa de

combinação com o texto “Total” e “Todos os níveis” não é de utilização

intuitiva. Foi aconselhado alterar para ”Gráfico único” e “Descriminar

níveis”.

A existência de botões disponíveis em situações nas quais não há dados na

tabela. Ex: “Histórico” e “Simulação” do formulário “Acumulado”.

No formulário “Gestão de dados” se acedermos à tabela “Fonte” surge a

hiperligação para o local onde a informação foi retirada, mas não é possível

aceder directamente a essa hiperligação.

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59

A inexistência de um mecanismo de autenticação por palavra-chave para

aceder à aplicação. As acções executadas por cada utilizador (ex:

comentários, acções) deveriam estar associadas ao utilizador e não ser

permitida a alteração de dados directamente na DGV.

A falta de uma ajuda com a descrição, ainda que sumária, de cada

Formulário. A noção de “ajuda” foi também sugerida para os títulos das

colunas das DGV. Esta ajuda poderia ser apresentada ao passar/clicar o rato

por cima de cada elemento através de uma caixa de texto com a definição da

coluna e os cálculos estatísticos necessários.

A impossibilidade de seleccionar mais que um parâmetro (pode ser

ultrapassada alterando as ComboBox18

para ListBox19

.)

5.2.2 Questionário

Os questionários são uma forma simples de avaliação da satisfação dos

utilizadores, sendo mais adequados para as fases finais de criação de interfaces (Preece,

Rogers, & Helen, 2005).

Optou-se por um questionário fechado com 6 questões categóricas de escala entre

1 e 5. As questões foram centradas em 3 princípios da usabilidade (Nielsen):

- Facilidade de aprendizagem

- Facilidade em memorizar a forma como a tarefa é executada

- Satisfação subjectiva do utilizador

18 Combobox ou Caixa de Verificação permite que o utilizador seleccione uma das opções

disponibilizadas. 19

ListBox ou Caixa de Listagem pode ser configurado para permitir a selecção de apenas uma ou

várias opções.

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60

A Tabela 3 mostra as respostas ao questionário de avaliação.

Questões

Utilizador

1

Utilizador

2

Utilizador

3

Utilizador

4 Média

1 Facilidade de utilização 5 5 5 4 4,75

2 Organização das

informações 4 4 5 4 4,25

3 Assimilação das informações 4 4 4 3 3,75

4 Layout dos menus 3 3 4 3 3,25

5

Nomenclatura utilizada nos

menus (nome dos comandos,

títulos, etc). 3 4 3 4 3,50

6 Satisfação em utilizar esta

interface 4 4 4 4 4,00

Avaliação global 3,83 4,00 4,17 3,67 3.92

Tabela 3 - Respostas dos utilizadores ao questionário de avaliação da interface.

5.3 Análise dos Dados

Foi calculado a média para cada utilizador do questionário. A avaliação global foi

de 3.92. Os resultados mostram que os utilizadores consideraram a aplicação fácil de

utilizar (média =4.75) e todos ficaram satisfeitos com a aplicação (todos responderam 4)

(Tabela 3). A falta de ajuda nos formulários e a nomenclatura escolhida penalizaram a

avaliação das questões 4 e 5 (médias de 3.25 e 3.50, respectivamente). A Figura 25

apresenta os resultados em gráfico.

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61

Figura 25 – Gráficos das respostas ao questionário de avaliação. Os números por cima das barras

correspondem ao número da questão. Exemplo: a questão 1 obteve a pontuação 4 numa resposta e a

pontuação 5 nas restantes 3 respostas.

A Figura 26 apresenta os pontos positivos e negativos que foram referidos por mais que

um utilizador durante a fase de entrevista não estruturada. A falta de ajuda e

documentação a par com a incompreensão do ANPTE são os pontos mais negativos. No

lado positivo, a facilidade de utilização, exportação dos dados para outros formatos e o

formulário Simulação foram os pontos que reuniram maior consenso.

0

1

2

3

4

1 2 3 4 5

me

ro d

e r

esp

ost

as

Pontuação das respostas

1

12

2

3

3 4

4

55

6

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62

Figura 26 – Pontos positivos e negativos referidos por mais que 1 utilizador na entrevista não estruturada.

5.4 Experiência de Monitorização do Indicador ANPTE num

Cenário Real

A experiência decorreu num LC de grandes dimensões na área de Lisboa no

período de 06 de Junho a 05 de Julho de 2001. Os parâmetros analíticos seleccionados

para avaliar este indicador foram: TSH, Colesterol e Glicose.

Inicialmente foi calculado o valor do indicador de desempenho ANPTE para cada

um dos três parâmetros, tendo-se constatado que nenhum satisfazia os requisitos de

qualidade definidos (ANPTE <1). Para decidir qual a melhor estratégia de controlo de

qualidade a adoptar, procedeu-se a um estudo de simulação no toONE QC. Foram

tomadas as medidas que se consideraram mais adequadas para atingir os objectos de

desempenho pré-estabelecidos. Estas medidas foram:

A Glicose no equipamento BIOQ2 apresentava um ANPTE=1.146. Para que o

objectivo fosse atingido bastava melhorar a imprecisão de 1.58% para 1.56%.

Como o desempenho se encontrava próximo do exigido, a única medida tomada

consistiu em sensibilizar os técnicos para o reforço da aplicação de boas práticas

laboratoriais, não sendo alterada a estratégia de CQ.

-4

-3

-2

-1

0

1

2

3

4

Faci

lid

ade

de

uti

liza

ção

Exp

ort

açã

o (

exc

el o

u p

df)

Form

ulá

rio

Sim

ula

ção

Form

ulá

rio

Err

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Vis

ualiz

ação

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l da

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Res

ulta

dos

dos

níve

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lado

Act

ual

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D

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E

Falt

a de

aju

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doc

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taçã

o

Pontos mais positivosPontos mais negativos

Núm

ero

de u

tiliz

ador

es

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63

O Colesterol no equipamento BIOQ1 apresentava um ANPTE=2.306. Foi

decidido aumentar o número de eventos de CQ 1 para 3. Este valor foi obtido

por simulação no toONE QC.

O TSH no equipamento Centaur1 apresentava um ANPTE=1.60. Os resultados da

simulação no toONE QC orientaram a decisão de aumentar o número de eventos

de CQ 1 para 2.

O nível de desempenho fornecido pelo ANPTE foi sendo acompanhado ao longo

da experiência. Esta monitorização permitiu observar melhorias no valor do indicador,

ou seja, o seu valor foi decrescendo gradualmente ao longo do tempo. Como tal,

decidiu-se não alterar a estratégia de controlo adoptada.

Após 30 dias de estudo, analisou-se novamente o desempenho dos três testes e

verificou-se que apenas o parâmetro Colesterol ainda mantinha um ANPTE> 1, apesar de

ter diminuído para um valor inferior a 2. Este facto foi reportado ao responsável pela

gestão do CQ.

5.5 Discussão

A avaliação da aplicação revelou uma aceitação e satisfação dos utilizadores

participantes na mesma. Todos os participantes possuíam grande experiência

profissional em CIQ, o que de certa forma permitiu tirar conclusões acerca da

usabilidade e utilidade do toONE QC. Como esta avaliação foi efectuada já na fase final

do desenvolvimento do projecto, introduziram-se apenas algumas das melhorias

sugeridas, mas não todas.

Os avaliadores reportaram dificuldade em perceber o novo indicador ANPTE e o

modo como é calculado. Esta limitação prejudicou, principalmente numa fase inicial, o

uso do formulário ”Simulação”. A interacção com a aplicação demonstrou, no início,

alguma dificuldade que foi progressivamente desaparecendo. No final, todos os

utilizadores comentaram que em utilizações posteriores já se sentiriam à vontade para

utilizar esta aplicação. Foi sugerido reduzir o número de colunas em cada DGV às

estritamente necessárias. Outra melhoria sugerida foi a introdução de uma ajuda (help)

com a explicação pormenorizada deste novo indicador do CIQ.

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64

A dificuldade dos utilizadores em separar o conceito de uma aplicação dedicada

especificamente à monitorização deste indicador daquele que tinham de outras

aplicações mais abrangentes de CIQ existentes no mercado fez ainda aparecer outras

sugestões pertinentes, mas que não se enquadravam nos objectivos deste trabalho, tais

como:

Introdução de lotes de reagentes e de controlos.

Registo de calibrações dos equipamentos.

Elaborar gráficos da potência da função (J. O. Westgard, 2005)

Elabora cartas das especificações do processo operativo (OPSpecs) (J. O.

Westgard, 1997).

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65

Capítulo 6

Conclusões e Trabalho Futuro

A evolução tecnológica e as exigências económicas levaram a que cada vez mais

os LC evoluam para soluções de automatização total, conhecidas como laboratórios

Core ou CoreLab. A crescente fusão de laboratórios e serviços tanto a nível privado

como público potenciam soluções deste tipo. O modo de funcionamento dos LC mudou

radicalmente, funcionando cada vez mais em fluxo contínuo e obrigou a repensar as

estratégias de Controlo de Qualidade Analítico.

Parvin e colaboradores desenvolveram um novo indicador de desempenho

ajustado a esta nova realidade (ANPTE). A importância de divulgar o ANPTE e de avaliar

a sua implementação num LC através de uma ferramenta informática foram os

impulsionadores para o desenvolvimento deste projecto.

No desenho da ferramenta teve-se o cuidado de usar uma linguagem simples,

manter a consistência entre os vários formulários e a interligação entre as várias tabelas.

O resultado obtido na criação de cartas de controlo apresentou-se bastante satisfatório e

foi um dos aspectos positivos realçado pelos utilizadores.

A opção de simular o desempenho do indicador ANPTE para diferentes cenários

permite avaliar o impacto decorrente de alterações à estratégia de, traduzindo-se numa

das mais-valias da adopção desta aplicação. Este aspecto foi salientado pelos

participantes na avaliação. A centralização de todos os resultados das amostras de

controlo dos vários equipamentos num directório específico facilitou a interligação entre

o toONE QC e o sistema de informação do LC em causa.

A experiência de monitorização do indicador em três parâmetros analíticos num

ambiente real, durante o período de um mês, permitiu aferir que a estratégia decidida

recorrendo a simulação produziu resultados efectivos na melhoria dos valores do

indicador. A simulação como abordagem para predição das consequências de estratégias

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66

de CIQ é uma característica inovadora que o toONE QC disponibiliza, no contexto de

software de CIQ em LC.

Pode-se concluir que é a aplicação desenvolvida é de fácil utilização e é praticável

a implementação deste indicador na rotina dos LC. Como o indicador se refere a

doentes com um resultado falso e não a amostras de controlo, potencialmente pode

despertar nos operadores uma maior sensibilização para a melhoria contínua. Convém

realçar que se trata de um indicador de avaliação de desempenho que não vem substituir

outros já utilizados, mas sim complementar as abordagens ao CIQ especialmente para

os LC que funcionem em fluxo contínuo.

Dado que a avaliação da aplicação foi efectuada numa fase final do projecto

(devido às limitações temporais impostas pelo prazo para a sua conclusão), não foi

possível proceder uma nova iteração do ciclo de desenvolvimento de software, como

seria recomendável num projecto desta natureza. Como tal, não foram concretizadas

algumas das melhorias propostas.

Como desenvolvimentos futuros perspectiva-se a extensão de algumas

funcionalidades, tais como, permitir usar o toONE QC em duas línguas, Português e

Inglês; criar a opção de Activo e Inactivo para os lotes das amostras de controlo; criar

mais uma tabela na BD que permita registar dados de vários laboratórios (mais-valia

para as empresas que possuem vários LC), e calcular o valor do ANPTE considerando a

presença de erros sistemáticos e erros aleatórios. Outro trabalho futuro incidirá em

melhorar a usabilidade, disponibilizar mais gráficos e relatórios, e no desenvolvimento

de uma versão Web que permita centralizar a gestão do CQ para vários LC do mesmo

grupo.

Considerando o panorama actual e futuro da medicina laboratorial, é previsível

que o ANPTE venha a fazer parte de novos softwares de CIQ para LC ou que venha a ser

adicionado aos softwares já existentes. O toONE QC apresenta possibilidades

promissoras nesse sentido. Convém destacar que esta aplicação não está limitada a um

produtor comercial de software e apresenta capacidade de expansão e adaptação. Assim,

após validação, o toONE QC pode vir a ser disponibilizado, a baixo custo, a uma

comunidade alargada de profissionais em medicina laboratorial.

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73

Anexo-I

ANEXO - I

Questionário para avaliação da usabilidade da ferramenta toONE QC

O objectivo deste questionário é obter informações sobre a opinião dos utilizadores em relação à ferramenta

informática toONE QC. A avaliação é um passo importante no melhoramento da aplicação. Todos os dados

fornecidos são confidenciais. Deverá marcar apenas uma resposta por cada questão.

Utilizador #: _____________________

Assinale a sua escolha com um X.

Idade:

<29

30-39

40-49

>50

Sexo:

Masculino

Feminino

Habilitações Literárias:

Bacharelato

Licenciatura

Mestrado

Doutoramento

Experiência com softwares de CIQ:

Pouca

Alguma

Bastante

Por favor leia com atenção as questões a seguir e caso tenha alguma dúvida, solicite o

esclarecimento com o avaliador.

Por favor assinale com um X o número correspondente ao grau que você mais concorda.

Obrigado pela sua participação neste teste de avaliação.

Difícil Fácil

1 2 3 4 5

Má Boa

1 2 3 4 5

Difícil Fácil

1 2 3 4 5

Confuso Claro

1 2 3 4 5

Confusa Clara

1 2 3 4 5

Pouca Muita

1 2 3 4 5

Facilidade de utilização

1

2

Organização das informações

Assimilação das informações

3

Layout dos menus

4

Nomenclatura utilizada nos menus (nome dos

comandos, títulos, etc).

5

Satisfação em utilizar esta interface

6

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75

Anexo-II

ANEXO-II

10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 1 2 3 4 5 6 7 8 9

* Não foi possivel adicionar todas as oportunidades de melhoria à ferramenta informática.

FCUL

Mapa dos trabalhos realizados - FCUL

Outubro 2009 - Setembro 2011

Q3 10 Q4 10 Q1 11 Q2 11Q4 09

##### Jun-10Revisão da literatura ##

Q3 11Q1 10 Q2 10

Faculdade de Ciências da Univers idade de Lisboa

##

Tarefa Início fim dias

Indicador ANPTE em

LC

Escrita da dissertação Jul-10 Set-11

Concepção da

ferramenta

informática

##### Mai-11

Testes de avaliação

##### Jun-10 88

Oportunidades de

melhoria *Jul-11 Ago-11 22

Jun-11 Jul-11

##

43