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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ ROBERTA PAYE BARA APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A LIMPEZA DE ÁGUAS CONTAMINADAS POR ÓLEOS CURITIBA 2011

APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

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Page 1: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

ROBERTA PAYE BARA

APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A LIMPEZA DE ÁGUAS CONTAMINADAS POR ÓLEOS

CURITIBA

2011

Page 2: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

ROBERTA PAYE BARA

APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A LIMPEZA DE ÁGUAS CONTAMINADAS POR ÓLEOS

Dissertação apresentada como requisito para obter o título de Mestre em Engenharia Mecânica do Curso de Mestrado em Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Paraná, na área de concentração Manufatura Orientadora: Profª Drª. Thais Helena Sydenstricker Flores-Sahagun

CURITIBA

2011

Page 3: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

Bara, Roberta Paye Aplicação de materiais sorventes alternativos para a limpeza de águas

contaminadas por óleos / Roberta Paye Bara. - Curitiba, 2011.93 f . : il., tabs.

Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal do Paraná, Setor de Tecnologia, Programa de Pós-Graduação em Engenharia Mecânica.

Orientador: Thais Helena Sydenstricker Flores-Sahagun

1. Sorventes. 2. Água - Poluição. 3. Ecossistemas aquáticos. 4. Petróleo. I. Flores-Sahagun, Thais Helena Sydenstricker. II. Título.

CDD 628.162

Page 4: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

TERMO DE APROVAÇÃO

ROBERTA PAYE BARA

APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A LIMPEZA DE ÁGUAS CONTAMINADAS POR ÓLEOS

Dissertação aprovada como requisito parcial à obtenção de grau de Mestre em Engenharia Mecânica, área de . concentração Manufatura, no Programa de Pós- Graduação em Engenharia Mecânica, Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná.

Banca Examinadora:

UFPRPresidente

Prof. Dr. Moacir kaminski UFPR

Curitiba, 30 de novembro de 2011.

Page 5: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

Dedico este trabalho à minha querida mãe

Franci, minha inspiração, meu exemplo,

minha incentivadora, minha fortaleza!

Page 6: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, pela saúde e pela força interior, necessárias para

superar os obstáculos e realizar os sonhos.

À CAPES pela bolsa de estudos.

A PETROBRÁS pela doação do Petróleo.

Ao CNPQ pelo subsídio na aquisição de equipamentos utilizados nesta

pesquisa.

Ao Programa de Pós Graduação em Engenharia Mecânica - PGMEC da

Universidade Federal do Paraná, pela oportunidade de realização deste trabalho.

À minha querida orientadora Professora Thaís Helena Sydenstricker Flores-

Sahagun por todo o carinho e amizade, acima de tudo pela oportunidade de

participar de seu grupo de pesquisa e por ter acreditado em meu trabalho. Agradeço

a seu marido Hector pelas imagens e vídeos. E muito obrigada pela doação de pêlo

de Poodle branco do seu cachorro Castor.

À minha amável mãe Franci Margarita Paye, meu eterno agradecimento por

todo amor, dedicação e valores, que me guiam.

À minha querida irmã Renata Margarita Antoni que é a minha grande amiga e

companheira, desde análises no final de semana até participação em congressos

internacionais.

Ao meu querido pai, Elysio Djanir Gonçalves Bara falecido há 15 anos, cujas

frases de otimismo carrego em meu coração.

Ao meu noivo Mauricio Siroma pelo carinho e atenção, presentes nas

revisões em língua inglesa, discussões sobre a pesquisa, por todos os auxílios

mecânicos e estruturais que muito ajudaram no desenvolvimento desta pesquisa.

À Teoli Rodrigues Annunciado, por toda dedicação que sempre teve em

dividir seu conhecimento, bem como pelo intermédio da visita técnica na Eletrosul-

Eletrobrás (São José - SC) e disponibilização das amostras de óleo mineral isolante,

provenientes da Eletrosul-Eletrobrás.

Ao colega Lucas Santos, sempre disposto a ajudar, por toda contribuição em

solucionar minhas dúvidas.

Page 7: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

Aos funcionários da Pet Shop ALFADOG, pela identificação das raças e

doação do pêlo de cachorro de raças diversas.

À Elise Meister Sommer pela amizade e paciência em explicar os mais

básicos conceitos, pelo companheirismo e pela amizade.

Ao professor Moacir Kaminski que sempre está disposto a ajudar e ensinar

aqueles que buscam conhecimento. Agradeço pelo auxílio intelectual e estrutural

nos testes de viscosidade e testes em coluna de vidro.

Agradeço aos professores Adriano Scheidt e Nelson Consolin Filho, pelas

contribuições na elaboração do texto final.

À Mariana Carvalho Nascimento pela amizade e pelas discussões.

Ao Márcio, secretário do PGMEC, por todo o auxílio nas resoluções dos

problemas administrativos.

À Professora Neide Kazue Kurumoto pelas conversas de incentivo e pela

disponibilização do laboratório de Nanotecnologia para as análises de microscopia

óptica.

Aos colegas de laboratório Felipe Jedyn e Alcenir Pablo, pela amizade e por

toda ajuda na limpeza dos muitos utensílios utilizados nos testes.

A todos os funcionários do Centro de Microscopia Eletrônica - UFPR, pela

ajuda na preparação das amostras e pelas imagens de microscopia eletrônica.

A Melissa Siroma, por sua generosidade em me ajudar mesmo nas horas

mais impróprias.

À Lilian Côcco pelas análises cromatográficas junto ao LACAUT.

Page 8: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

“O que eu faço, é uma gota no meio de um

oceano. Mas sem ela, o oceano seria

menor.”

(Madre Teresa de Calcutá)

Page 9: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

RESUMO

A contaminação de ecossistemas aquáticos por derramamento de óleos em grandes quantidades ou contaminação por óleos em pequenas concentrações ocorre em diversas situações e trazem grandes prejuízos ambientais e compromete a qualidade da água. Neste trabalho foram avaliados como materiais sorventes e filtros a paina (Chorisia speciosa), o pêlo branco de cachorro da raça poodle e uma mistura de pêlos de cachorro provenientes de amostras da tosa em pet-shop. A partir da fiação das fibras animais e vegetais foi possível confeccionar tapetes para facilitar a aplicação e manuseio das fibras durante os testes. Utilizando petróleo, óleo mineral isolante usado e água destilada foram realizados testes de sorção estática a seco ou testes de sorção dinâmica em meio aquoso ou em sistema hídrico simulado. O teor de óleo absorvido pelos sorventes em sistemas aquosos foi determinado utilizando a destilação de amostras, para contabilizar o teor de água retido juntamente com o óleo. Os ensaios em coluna de vidro foram analisados utilizando cromatografia para verificação da capacidade de limpeza dos filtros montados com os materiais sorventes. Imagens das fibras obtidas por microscopia eletrônica de varredura e microscopia óptica foram obtidas para a caracterização dos materiais. As amostras de paina obtiveram capacidade de limpeza superior em relação a todas as demais amostras. As amostras de tapete, provenientes de pêlo de cachorro da raça Poodle na cor branca e de paina, obtiveram resultados superiores aos de um sorvente comercial nos testes de sorção enquanto que as amostras confeccionadas com a mistura de pêlos de cachorro de raças diversas obtiveram resultados próximos aos deste sorvente comercial. Em testes em coluna de adsorção, foram utilizadas as fibras na forma livre com a mistura de 1:7 de petróleo para água destilada (aproximadamente 260ppm de óleo). A paina, o pêlo de poodle branco e pêlo de cachorro de raças diversas apresentaram resultados superiores aos do sorvente comercial, destacando-se os resultados da coluna com pêlo de cachorro de raças diversas que apresentou a menor concentração de saída de óleo igual a 9ppm.

Palavras-chave: Sorventes. Águas oleosas. Petróleo. Paina. Pêlo de cachorro.

Filtros.

Page 10: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

ABSTRACT

The contamination of aquatic ecosystems caused by oil spills in big or small

amounts occurs in different situations and brings great environmental damage, compromising water quality. In this work silk-floss (Chorisia speciosa), white dog fur of poodle breed and a mixture of hair samples from pet- shops waste were evaluated as sorbent materials and filters for oily water. The fibers were spun and carpets were made to facilitate the application and handling of the materials. Using oil and used mineral insulating oil, dry static sorption tests and dynamic sorption tests were performed in water or simulated stream systems. Oil intake by the fibers was investigated by distillation of samples to account the water content retained together with the oil. Tests on glass column were evaluated using chromatography to verify the cleaning ability of the filters made with the sorbent materials. Images of fibers obtained by electronic microscopy scanning and optical microscopy were obtained for the characterization of materials. The samples of silk-floss obtained superior cleaning ability if compared with all the other samples. The samples of carpets made with the white Poodle dog fur and silk-floss obtained superior results compared to a commercial sorbent, while the samples prepared by mixed dog hair breeds obtained closer results to the commercial sorbent. In the adsortion column test, it was used free form fibers in 1:7 proportion of oil in distilled water (nearby 260ppm of oil). The silk-floss,

the white Poodle dog hair and the mixed dog hair showed better results if compared with the commercial sorbent material, highlighting the results of the mixed dog hair fibers column that showed the lowest oil concentration outside mixture, with 9ppm.

Keywords: Sorbent. Oily water. Oil. Floss-Silk Tree. Dog fur. Filters.

Page 11: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - MORTE DE GOLFINHOS NO GOLFO DO MÉXICO VÍTIMA DO

DERRAMAMENTO DO PETRÓLEO.................................................................. 23

FIGURA 2 - NOMENCLATURA DA ADSORÇÃO ..................................................... 26

FIGURA 3 - CHORISIA SPECIOSA .......................................................................... 29

FIGURA 4 - ÁRVORE DA PAINEIRA (A) E GALHOS CUJO FRUTO MADURO

EXPÕE A SEDA DA PAINEIRA (B) ................................................................... 30

FIGURA 5 - GALHO COM OS FRUTOS (A), FRUTO VERDE (B) E FRUTO

MADURO COM A PAINA EXPOSTA (C) ........................................................... 30

FIGURA 6 - PÊLO DE CACHORRO ......................................................................... 31

FIGURA 7 - DERIVADOS DE PETRÓLEO APÓS O REFINO (2007) ....................... 32

FIGURA 8 - HIDROCICLONE ................................................................................... 38

FIGURA 9 - TURFA NACIONAL ............................................................................... 42

FIGURA 10 – AMOSTRAS DE PÊLO DE CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS ..... 43

FIGURA 11 – ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO (A) E PETRÓLEO (B) ............. 43

FIGURA 12 – SEPARAÇÃO DAS FIBRAS ............................................................... 45

FIGURA 13 - ORIENTAÇÃO DAS FIBRAS PARA FORMAÇÃO DO FIO ................. 45

FIGURA 14 - FOI UTILIZADO UM SACO PLÁSTICO PARA AUXILIAR NA

PRIMEIRA TORÇÃO DAS FIBRAS E ASSIM FACILITAR O PASSO SEGUINTE45

FIGURA 15 - ENROLADO MANUALMENTE PARA FACILITAR A TORÇÃO........... 46

FIGURA 16 - TORÇÃO E FORMAÇÃO DO NOVELO .............................................. 46

FIGURA 17 - BÉQUER COM PETRÓLEO AO LADO DA AMOSTRA (A), VÓRTEX

GERADO PELA AGITAÇÃO (B), AMOSTRA APÓS A SORÇÃO (C) E

SOLUÇÃO ÁGUA/ÓLEO APÓS A SORÇÃO (D). .............................................. 47

FIGURA 18 - ESQUEMA DE MONTAGEM PARA A DETERMINAÇÃO DO TEOR DE

ÁGUA POR DESTILAÇÃO ASTM D95-83 (A), PORÇÃO DE ÁGUA RETIDA

PELO COLETOR (B) E PORÇÃO DA AMOSTRA SENDO DESTILADA (C) ..... 49

FIGURA 19 - SISTEMA HÍDRICO SIMULADO ......................................................... 50

FIGURA 20 - MICROSCÓPIO ÓPTICO OLYMPUS MODELO BX51 ....................... 51

FIGURA 21 - MICROSCÓPIO ELETRÔNICO DE VARREDURA - JEOL ................. 51

FIGURA 22 - RHEO-VISCOSÍMETRO ...................................................................... 52

FIGURA 23 - COLUNAS DE PURIFICAÇÃO: PAINA (A), PÊLO DE POODLE

BRANCO (B), PÊLO DE CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS (C) E TURFA (D)53

Page 12: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

FIGURA 24 - AMOSTRAS DE PÊLO DE CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS (A),

PÊLO DE POODLE BRANCO (B), PAINA (C), POLIPROPILENO EM FORMA

DE MANTA (D) E REVESTIMENTO DE ALGODÃO (E) DA TURFA (F). .......... 55

FIGURA 25 - MINI-BARREIRAS DE CONTENÇÃO: PAINA (A), PÊLO DE POODLE

BRANCO (B), PÊLO MISTURADO (C) E TURFA COM REVESTIMENTO DE

ALGODÃO (D) ................................................................................................... 56

FIGURA 26 - GRÁFICO: CAPACIDADE MÉDIA DE SORÇÃO SECA DE PETRÓLEO

COM O TEMPO ................................................................................................. 58

FIGURA 27 - GRÁFICO: CAPACIDADE MÉDIA DE SORÇÃO DE ÓLEO MINERAL

ISOLANTE COM O TEMPO ............................................................................... 61

FIGURA 28 - AMOSTRAS APÓS A SORÇÃO DINÂMICA DO PETRÓLEO: PAINA

(A), PÊLO DE POODLE BRANCO (B) E PÊLO DE CACHORRO DE RAÇAS

DIVERSAS(C). ................................................................................................... 62

FIGURA 29 - SORÇÃO TOTAL DAS AMOSTRAS CONSIDERANDO O DESVIO

PADRÃO. ........................................................................................................... 63

FIGURA 30 - GRÁFICO: SORÇÃO DINÂMICA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE

USADO .............................................................................................................. 65

FIGURA 31 - AMOSTRAS Nº: 150 (A), 154 (B), 160 (C) E 156 (D) .......................... 65

FIGURA 32 - AMOSTRAS DURANTE O TESTE NO SISTEMA HÍDRICO

SIMULADO: PAINA (A), PÊLO DE CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS (B),

POLIPROPILENO EM FORMA DE MANTA (C) E PÊLO DE POODLE BRANCO

(D). ..................................................................................................................... 69

FIGURA 33 - AMPLIAÇÃO 500X: PAINA (A), PÊLO DE POODLE BRANCO (B),

PÊLO DE CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS (C) E POLIPROPILENO EM

FORMA DE MANTA (D) ..................................................................................... 70

FIGURA 34 – AMPLIAÇÃO 100X: AMOSTRA DE TAPETE DE PÊLO DE RAÇAS

DIVERSAS (A), POODLE BRANCO (B), PAINA (C) E ALGODÃO (D). ............. 71

FIGURA 35 – MINI-BARREIRA: POODLE BRANCO COM PETRÓLEO,

AMPLIAÇÃO 200X ............................................................................................. 71

FIGURA 36 - MINI-BARREIRA COM PETRÓLEO, AMPLIAÇÃO EM 200X: PÊLO DE

CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS (A) E PAINA (B) ..................................... 72

FIGURA 37 - MEV AMPLIAÇÃO 650X: PÊLO DE CACHORRO DE RAÇAS

DIVERSAS (A) E PÊLO DE POODLE BRANCO (B) ......................................... 73

FIGURA 38 - MEV AMPLIAÇÃO 650X: PAINA ......................................................... 73

Page 13: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

FIGURA 39 - MEV AMPLIAÇÃO 4000X: PAINA (A) E POODLE BRANCO (B) ........ 74

FIGURA 40 - AXIOVISION: DIÂMETRO DAS FIBRA DE CACHORRO DE RAÇAS

DIVERSAS ......................................................................................................... 75

FIGURA 41 - GRÁFICO: VISCOSIDADE DO PETRÓLEO ....................................... 76

FIGURA 42 - GRÁFICO: VISCOSIDADE DO ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO 76

FIGURA 43 - FOTOS EM MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)

DAS FIBRAS DE CHORISIA SPECIOSA (A) AMPLIAÇÃO 80 X, FIBRA IN

NATURA; (B) AMPLIAÇÃO 80 X, A FIBRA APÓS TER SORVIDO O ÓLEO; (C)

AMPLIAÇÃO 500 X, FIBRA IN NATURA E (D) AMPLIAÇÃO 500 X, FIBRA

APÓS TER SORVIDO O ÓLEO. ........................................................................ 77

FIGURA 44 - GRÁFICO: CURVA BREAKTHROUGH DOS RESULTADOS DA

ANÁLISE CROMATOGRÁFICA DO EFLUENTE COM PETRÓLEO ................. 78

Page 14: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

LISTA DE EQUAÇÕES

EQUAÇÃO 1 - CAPACIDADE DE SORÇÃO EM COLUNA ............................. 29

EQUAÇÃO 2 - SORÇÃO TOTAL EM SOLUÇÃO COM ÁGUA ........................ 48

EQUAÇÃO 3 - VISCOSIDADE ......................................................................... 52

Page 15: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 - PORCENTAGEM DE OCORRÊNCIA DAS RAÇAS EM RELAÇÃO

Á MASSA TOTAL COLETADA. ................................................................ 55

TABELA 2 - CAPACIDADE DE SORÇÃO EM PETRÓLEO DE TAPETES

FORMADOS COM FIOS DE PAINA ......................................................... 57

TABELA 3 - CAPACIDADE DE SORÇÃO EM PETRÓLEO DE TAPETES

FORMADOS COM FIOS DE PÊLOS DE POODLE BRANCO .................. 57

TABELA 4 CAPACIDADE DE SORÇÃO EM PETRÓLEO DE TAPETES

FORMADOS COM FIOS DE PÊLOS DE CACHORRO DE RAÇAS

DIVERSAS ................................................................................................ 57

TABELA 5 - CAPACIDADE DE SORÇÃO EM PETRÓLEO AMOSTRAS DE

SORVENTE COMERCIAL EM FORMA DE MANTA ................................ 58

TABELA 6 - CAPACIDADE DE SORÇÃO DE AMOSTRAS DE TAPETES DE

PAINA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE................................................... 59

TABELA 7 - CAPACIDADE DE SORÇÃO DE AMOSTRAS DE TAPETES DE

PÊLOS DE POODLE BRANCO EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE ........... 59

TABELA 8 - CAPACIDADE DE SORÇÃO DE AMOSTRAS DE TAPETES DE

PÊLOS DE CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS EM ÓLEO MINERAL

ISOLANTE ................................................................................................ 60

TABELA 9 - CAPACIDADE DE SORÇÃO DE AMOSTRAS DE SORVENTE

COMERCIAL EM FORMA DE MANTA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE 60

TABELA 10 - MÉDIA DOS VALORES DE SORÇÃO PARA ENSAIO DINÂMICO

COM PETRÓLEO. .................................................................................... 62

TABELA 11 - SORÇÃO DINÂMICA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO 64

TABELA 12 - TEOR DE ÁGUA RETIDO NAS AMOSTRAS DURANTE O

TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA UTILIZANDO PETRÓLEO ................... 66

TABELA 13 - COMPARATIVO DOS RESULTADOS DE SORÇÃO TOTAL E

TEOR DE ÁGUA RETIDO PELAS AMOSTRAS APÓS ENSAIOS COM

PETRÓLEO ............................................................................................... 67

TABELA 14 - TEOR DE ÁGUA PRESENTE NAS AMOSTRAS APÓS O TESTE

DE SORÇÃO DINÂMICA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO ........ 67

Page 16: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

TABELA 15 - COMPARATIVO DOS RESULTADOS DE SORÇÃO TOTAL E

TEOR DE ÁGUA RETIDO PELAS AMOSTRAS APÓS OS ENSAIOS COM

ÓLEO MINERAL ISOLANTE ..................................................................... 68

TABELA 16 - ANÁLISE DAS IMAGENS DE MEV UTILIZANDO O AXIOVISION

.................................................................................................................. 75

TABELA 17 - RESULTADOS DO TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM

PETRÓLEO ............................................................................................... 92

TABELA 18 - RESULTADOS DO TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM OMI

.................................................................................................................. 93

Page 17: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

°C graus Celcius

€ Euro (moeda européia)

Al Alumínio

BP British Petroleum

Btex Benzeno, Tolueno, Etilbenzeno e Xilenos

CG-MS Cromatografia gasosa com espectrometria de massa

Cm centímetro

CONAMA Conselho nacional de meio ambiente

Eº grau Engler (viscosidade)

EUA Estados Unidos da América

g gramas (unidade de medida (peso)

HPLC Cromatografia líquida de alta eficiência

ISA

L

Índice de Sensibilidade Ambiental

Litros

M metro (unidade de medida de comprimento)

MEV Microscopia Eletrônica de varredura

MMA Ministério do meio ambiente

NOAA National Oceanic and Atmospheric Administration

O Oxigênio

OMI Óleo Mineral Isolante

OMI Organização Marítima Internacional

PAC Fibra sintética Poliacrílicas

PHMB Hidrocloreto de poli-hexametileno biguanida

PPM partes por milhão

PU poliuretano

SIG Sistema de Informação Geográfica

UV-VIS

Espectroscopia ultravioleta visível

Page 18: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO .......................................................................................... 19

1.1 TEMA ......................................................................................................... 19

1.2 PROBLEMA ............................................................................................... 19

1.3 OBJETIVOS ............................................................................................... 20

1.4 METODOLOGIA ........................................................................................ 21

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO ............................................................. 21

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ..................................................................... 23

2.1 CONTAMINAÇÃO DOS MEIOS AQUÁTICOS COM ÓLEOS ..................... 23

2.2 SORVENTES, ABSORÇÃO E ADSORÇÃO .............................................. 26

2.3 ADSORÇÃO EM COLUNA DE VIDRO ....................................................... 28

2.4 FIBRAS NATURAIS ................................................................................... 29

2.4.1 Paina...................................................................................................... 29

2.4.2 Pêlo de Cachorro ................................................................................... 31

2.5 PETRÓLEO E DERIVADOS ...................................................................... 31

2.5.1 Petróleo ................................................................................................. 32

2.5.2 Óleo Mineral Isolante ............................................................................. 33

2.6 ENSAIO RASTREÁVEL DE HIDROCARBONETOS .................................. 33

2.6.1 Cromatografia ........................................................................................ 33

2.6.2 Ensaio com Ultravioleta Visível (Uv-Vis) ................................................ 34

2.7 LIGAÇÕES DE PONTE DE HIDROGÊNIO ................................................ 34

2.8 TRANSFERÊNCIA DE MASSA .................................................................. 35

2.9 ASPECTOS ECONÔMICOS ...................................................................... 35

2.10 ESTADO DA ARTE ................................................................................... 36

2.10.1 Plano de Contingência ........................................................................... 36

2.10.2 Confecção de Tecido à Base de Pêlo de Cachorro ............................... 37

2.10.3 Tratamento de Águas Oleosas .............................................................. 37

2.10.4 Uso de Sorventes na Purificação de Águas Oleosas ............................ 39

3 MATERIAIS .............................................................................................. 42

3.1 FIBRAS ...................................................................................................... 42

3.2 FIBRAS VEGETAIS: PAINA ....................................................................... 42

Page 19: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

3.3 FIBRAS ANIMAIS: PÊLO DE CACHORRO ................................................ 42

3.4 ÓLEOS....................................................................................................... 43

4 MÉTODOS ................................................................................................ 44

4.1 COLETA E ESTATÍSTICA DOS PÊLOS DE CACHORRO DE RAÇAS

DIVERSAS ....................................................................................................... 44

4.2 CONFECÇÃO DAS AMOSTRAS PARA OS TESTES DE SORÇÃO .......... 44

4.3 TESTE DE SORÇÃO SECA EM PETRÓLEO ............................................ 46

4.4 TESTE DE SORÇÃO SECA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE ................... 47

4.5 TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM PETRÓLEO .................................. 47

4.6 TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO

................................................................................................................... 48

4.7 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA RETIDO PELAS AMOSTRAS ..... 48

4.8 SISTEMA HÍDRICO SIMULADO ................................................................ 49

4.9 MICROSCOPIA ......................................................................................... 50

4.9.1 Óptica .................................................................................................... 50

4.9.2 Eletrônica de Varredura ......................................................................... 51

4.10 DETERMINAÇÃO DA CURVA DE VISCOSIDADE................................... 52

4.11 ENSAIO EM COLUNA DE VIDRO ............................................................ 53

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................. 55

5.1 COLETA E ESTATÍSTICA DOS PÊLOS DE CACHORRO DE RAÇAS

DIVERSAS ....................................................................................................... 55

5.2 CONFECÇÃO DAS AMOSTRAS PARA OS TESTES DE SORÇÃO .......... 55

5.3 TESTE DE SORÇÃO SECA EM PETRÓLEO ............................................ 56

5.4 TESTE DE SORÇÃO SECA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO ..... 59

5.5 TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM PETRÓLEO .................................. 61

5.6 TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO

................................................................................................................... 63

5.7 TEOR DE ÁGUA RETIDO NAS AMOSTRAS ............................................. 66

5.8 SISTEMA HÍDRICO SIMULADO ................................................................ 68

5.9 MICROSCOPIA ......................................................................................... 70

5.9.1 Óptica .................................................................................................... 70

5.9.2 Eletrônica de Varredura ......................................................................... 72

5.10 DETERMINAÇÃO DA CURVA DE VISCOSIDADE ................................. 76

Page 20: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

5.11 ENSAIO EM COLUNA DE VIDRO............................................................ 78

6 CONCLUSÃO E SUGESTÕES ................................................................ 80

6.1 CONCLUSÃO ............................................................................................ 80

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS .......................................... 81

REFERÊNCIAS ................................................................................................ 83

APÊNDICES .................................................................................................... 91

Page 21: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

19

1 INTRODUÇÃO

Nesta introdução são apresentados o tema e a definição do problema a ser

resolvido nesta dissertação e sua relevância. São descritos os objetivos e a

metodologia adotada, finalizando com a estrutura da dissertação.

1.1 TEMA

Aplicação de materiais sorventes alternativos para a limpeza de águas

contaminadas por óleos. Avaliação da capacidade de limpeza das fibras de paina

(fibra proveniente da semente da paineira) e pêlo de cachorro.

1.2 PROBLEMA

A poluição de meios aquáticos com óleos pode ocorrer no tratamento de

efluentes ou em acidentes por falhas operacionais ou mecânicas. Derramamentos

podem ocorrer durante a extração, refino, transporte ou no armazenamento de

óleos. No período de 1974 até 2000 foram registradas 232 ocorrências de liberação

de petróleo no mar só no litoral do estado de São Paulo. Recentemente, houve o

acidente com a British Petroleum em abril de 2010 na plataforma de extração da

Deepwater Horizon que afundou no Golfo do México em 22 de abril de 2010 e

lançou no mar cerca de 5 mil barris de petróleo por dia até o dia 4 de setembro de

2010, o que gerou a maior maré negra da história (BARA et al, 2010). Ou ainda, em

acidentes em menor escala como em fevereiro de 2011, onde um acidente

rodoviário com um caminhão que transportava óleo lubrificante, resultou na

interrupção de abastecimento de água por 5 dias na cidade de Cascavel no Paraná

(BOM DIA PARANÁ, 2011).

Devido à diferença de densidade, o óleo gera um filme insolúvel que diminui a

luminosidade e a aeração quando derramado em água. A dificuldade na

degradação, por exemplo do petróleo sem a presença de agentes surfactantes,

prejudica a remoção quando em contato com animais, plantas e sedimentos, e

conseqüentemente, prejudica a economia e o meio ambiente (PEDROZO et al,

2002). Por outro lado, a evaporação dos resíduos contribui para a contaminação da

atmosfera e portanto, é outro passivo ambiental (SONG et al, 2011).

Sorventes (do latim “sorbere”) são materiais que em contato com líquido têm a

capacidade de agregá-lo à sua superfície (SCHEER, 2002). Um material sorvente

Page 22: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

20

poderá apresentar mecanismos de absorção e adsorção (referente ao capítulo 2.2

SORVENTES, ABSORÇÃO E ADSORÇÃO), que podem atuar separadamente ou

em conjunto.

Em estudos sobre a capacidade de limpeza de águas oleosas utilizando

materiais sorventes alternativos, foram detectados resultados superiores aos obtidos

com sorventes comerciais, destacando-se a paina na forma natural em testes de

sorção e o pêlo de poodle branco na forma natural em testes de coluna de vidro

(ANNUNCIADO et al, 2005; SANTOS, 2008; PEROTTA, 2009; SYDENSTRICKER,

2005; SYDENSTRICKER, 2009).

Neste trabalho foram utilizadas fibras naturais de origem animal ou vegetal

para confecção das amostras e um material sorvente comercial, para efeito de

comparação do desempenho dos materiais para limpeza de águas oleosas. Testes

foram realizados para verificar a capacidade de sorção de óleo de cada amostra e

também, foram confeccionados fios com os materiais estudados, a fim de facilitar

sua aplicação.

1.3 OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa é avaliar a capacidade de sorção/retenção de

óleos, como o (petróleo e óleo mineral isolante) utilizando fibras naturais (paina, pêlo

de Poodle ou pêlo de cachorros de diversas raças) atualmente descartadas e avaliar

a capacidade de limpeza dessas fibras na forma de filtros para águas oleosas.

Os objetivos específicos são:

a. Testar a paina, o pêlo de Poodle ou de cachorros de diversas raças como

materiais sorventes em sistemas contendo ou não água;

b. Desenvolver uma forma de fiação dos materiais naturais selecionados,

confeccionar e otimizar a tecelagem de tapetes obtidos com os fios preparados;

c. Testar a capacidade de sorção e retenção dos materiais naturais em forma de

tapete;

d. Obter produto(s) sorvente alternativo de baixo custo, para limpeza de águas

oleosas com desempenho superior ou igual ao de materiais sorventes

comerciais;

Page 23: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

21

e. Testar os materiais selecionados na forma de filtros para testar sua capacidade

de limpeza de águas oleosas.

1.4 METODOLOGIA

A metodologia científica destina-se à apresentação dos caminhos,

instrumentos e procedimentos utilizados para realizar uma pesquisa científica

(TEIXEIRA, 2005).

Em função da dificuldade em se utilizar as fibras em sua forma natural,

primeiramente foi elaborada uma forma de confecção das amostras a partir da fiação

manual. Para verificar a capacidade de sorção de óleo pelos materiais selecionados,

foram realizados ensaios em bancada em soluções com e sem água. Nos testes

com água, foi realizada uma agitação do sistema óleo/água para simular o ambiente

real onde ocorrem contaminações. Desta forma, tentou-se eliminar o fator posição

da amostra em relação ao meio para determinação da capacidade de sorção de óleo

de cada amostra.

1.5 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO

Esta dissertação está estruturada da seguinte maneira:

A seção 1 descreve o Tema, o problema gerador, seguido dos objetivos do

trabalho e a metodologia da pesquisa.

A seção 2 fornece um breve relato de acidentes com óleos em meios

aquáticos. Foi feita uma descrição de definições e das características necessárias

para obtenção de resultados significativos na descontaminação, bem como os

fatores físicos e químicos associados aos materiais sorventes e aos contaminantes.

Em seguida foi descrito o estado da arte, com trabalhos atuais realizados em áreas

relacionadas com a desta dissertação, mostrando o que foi feito e concluído por

vários autores. Com isso são apresentados os atuais desafios existentes e dentre

esses, os que serão objetivo desta dissertação.

Na seção 3 são descritos os materiais utilizados nesta pesquisa.

A seção 4 descreve-se o aparato experimental e os testes realizados para a

avaliação da aplicabilidade dos materiais como agentes auxiliares na

descontaminação de água oleosa.

Page 24: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

22

Na seção 5 são apresentados os resultados e é feita uma discussão.

Por fim, a seção 6, são apresentas as conclusões obtidas com o

desenvolvimento deste trabalho e a sugestões para trabalhos futuros.

Page 25: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

23

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 CONTAMINAÇÃO DOS MEIOS AQUÁTICOS COM ÓLEOS

A água é um dos recursos naturais intensamente utilizados no mundo. É

fundamental para a existência e manutenção da vida e, para isso, deve estar

presente no ambiente em quantidade e qualidade adequadas. Inúmeras são as

previsões relativas à sua escassez (SANTOS et al., 2007). O homem usa a água

não só para suprir suas necessidades humanas, mas também para outros fins, como

irrigação, geração de energia, navegação, diluição de despejos e exploração e

produções industriais. Atualmente existe, em todo o mundo, uma grande

preocupação com a água, não só por causa de sua escassez em algumas regiões,

mas também por causa de processos constantes de poluição aos quais ela é

submetida (SANTOS et al., 2008).

A poluição das águas por óleos representa um percentual elevado nos

problemas por contaminantes orgânicos uma vez que os combustíveis fósseis, como

o petróleo e seus subprodutos, prejudicam a aeração e a iluminação natural de

cursos d’água, devido à formação de um filme insolúvel na superfície, produzindo

efeitos nocivos na fauna e flora (SHENKMANN; STOKSTAD, 2010), além de

aumentar os níveis de ozônio e afetar a qualidade do ar (SONG et al, 2011). Como é

possível verificar na FIGURA 1.

Vários acidentes com derramamento de petróleo em meio aquático ocorrem

freqüentemente seja por acidentes envolvendo navios petroleiros (colisões,

FIGURA 1 - Morte de golfinhos no Golfo do México vítima do derramamento do petróleo

Fonte: SHENKMANN; STOKSTAD, 2010

Page 26: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

24

naufrágio e encalhes), ou problemas na plataforma marítima de extração, ou ainda

de qualquer navio ou embarcação, já que todos utilizam óleo combustível como

fonte de propulsão (LIMA et al, 2008).

Registros contabilizam que 3,2 milhões de toneladas de petróleo contaminam

os meios aquáticos todos os anos. O navio petroleiro Exxon Valdez em 1989

contaminou o Alaska com 42 milhões de litros de Petróleo (PEDROZO et al, 2002;

SHARIFI et al, 2010). O mais recente acidente é o da plataforma de extração da

Deepwater Horizon que afundou no Golfo do México em 22 de abril de 2010 e

lançou no mar cerca de 5 mil barris de petróleo por dia, sendo que em 17 de julho a

empresa anunciou ter estancado temporariamente o derrame de petróleo do poço e

somente em 20 de setembro do mesmo ano, a BP selou o poço de petróleo no Golfo

do México (VIOTTO, 2010; EURONEWS, 2010).

No Brasil, contabilizando somente os acidentes envolvendo o transporte

marítimo de petróleo no Canal de São Sebastião localizado no litoral norte de São

Paulo, foram registrados 338 acidentes no período de 1978 a 2007 (LIMA et al,

2008). Em 2011, após problemas durante a perfuração de poço de produção no

Campo de Frade, no Rio de Janeiro, a empresa Chevron foi responsável pela

liberação de 381,6mil litros de petróleo em alto mar, na região denominada de Bacia

de Campos (LUNA, 2011).

O derrame de poucos gramas de óleo acarreta na inutilização de dezenas, ou

até centenas, de metros cúbicos de água para consumo humano. No ano de 2000, o

rompimento de um duto da Petrobrás na Refinaria Duque de Caxias, provocou um

vazamento de 1,3 milhões de óleo combustível na Baía de Guanabara, este óleo se

espalhou por 40 quilômetros quadrados (LIMA et al, 2010).

Os reservatórios de petróleo possuem água, petróleo e gás. São utilizados

hidrociclones e flotação para separação da água. A água proveniente do separador

água/óleo, é enviada á um vaso desgaseificador, antes do despejo ao mar no caso

de campos marítimos e reinjetadas em poços terrestres a fim de ser realizada a

recuperação secundária ou o descarte. A disponibilidade, o custo e outras

características apresentadas pela água fazem com que ela seja o principal fluido

utilizado na recuperação adicional de óleo (THOMAS, 2001).

Uma das causas dos acidentes no transporte e no armazenamento é a

corrosão por CO2 das ligas e dutos metálicos que formam os oleodutos e os tanques

de armazenamento (WEI et al, 2005; ZHANG, 2009). O CO2 é resultante da digestão

Page 27: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

25

de hidrocarbonetos, fonte de carbono, por microorganismos. Alguns

microorganismos atuam como despolarizadores catódicos, formadores de lama ou

crescem em certas regiões do metal, produzindo células de oxigênio e contribuindo

para vários tipos de corrosão. Destacam-se as bactérias: sulfo-redutoras, ferro-

bactérias e as formadoras de lama (CORRÊA, 2003; HU e NEVILLE, 2009).

Águas oleosas também são produzidas pelas indústrias de papel, têxteis,

farmacêuticas, químicas e petroquímicas. Além disso, atividades ditas cotidianas

como a lavagem de motores, carros e aviões, oficinas mecânicas e postos de

gasolina pois também são responsáveis pela contaminação de águas. Se cada uma

dessas pequenas quantidades de efluentes gerados por essas atividades não for

tratado, a poluição se torna significativa. Vale ressaltar que, além dos impactos

ambientais de tais efluentes oleosos, citam-se também os problemas técnicos a eles

relacionados, como o aumento do consumo de energia para bombeamentos, a

corrosão e a necessidade de manutenções mais freqüentes de empresas onde há

riscos de contaminação por óleos (SAIFUDDIN e CHUA, 2004).

Em 1948 foi criada a OMI – Organização Marítima Internacional, com intuito

de criar e controlar normas internacionais para segurança e proteção do ambiente

marinho (TINÔCO, 2003).

Na indústria metal-mecânica, emulsões de óleo em água, denominadas

“cutting fluids”, são resultantes do processo de corte ou usinagem com material

lubrificante. Devido à degradação térmica durante o seu uso, assim como à

contaminação por partículas em suspensão, tais líquidos devem ser periodicamente

trocados, o que gera um dos principais efluentes das indústrias metalúrgicas.

Estima-se que essas empresas gerem um efluente que apresenta em torno de 0,3-

0,7 g de óleo lubrificante para usinagem em emulsão a cada litro produzido, além de

30 g de óleo livre por litro de efluente (WEINTRAUB et al., 1983; ASTAKHOV, 2011).

Outra fonte de águas oleosas que pode ser citada são as usinas de açúcar e

álcool, cujas águas residuais do setor de moagem contêm óleos, graxas e

lubrificantes, além de resíduos de bagaço de cana, terra e areia (ENGENHO NOVO,

2011).

Um dos problemas comumente encontrados na maioria das estações de

tratamento industriais é a adequação dos efluentes a serem descartados nos corpos

receptores. De acordo com a resolução 357 do CONAMA que estabelece os limites

de contaminantes em efluentes, o limite de contaminação de óleo e graxas, é de 20

Page 28: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

26

ppm (mg/L) para óleos minerais e 50 ppm para óleos vegetais e gorduras animais, o

que gera uma necessidade cada vez maior de novos processos e técnicas de

tratamento para águas contaminadas (CONAMA, 2005).

2.2 SORVENTES, ABSORÇÃO E ADSORÇÃO

Um material para ser empregado como sorvente deve apresentar a

capacidade de atrair o óleo e repelir a água, ou seja, possuir caráter oleofílico e

hidrofóbico. O uso de materiais naturais para aplicações em operações de limpeza

ou purificação de águas oleosas pode representar uma alternativa atrativa nos

sentidos econômico e ambiental (ANNUNCIADO., 2005; ADEBAJO et al, 2003).

Os mecanismos envolvidos no fenômeno da sorção em materiais sorventes

são a adsorção e absorção. A sorção é um termo geral, utilizado para designar

esses dois processos. A absorção pode ser entendida como um fenômeno no qual

uma substância flui para o interior da outra, ocupando seus poros. A adsorção, por

sua vez, é um processo no qual as moléculas ou átomos de uma fase ficam retidas

na superfície sólida por ação das forças de campo. É um processo que está

baseado na afinidade química entre o sorvente e o sorvato, através de uma grande

área específica por isso resulta em um processo de interação mais forte.

Denomina-se adsorvente a substância em cuja superfície se produz o

fenômeno da adsorção; adsortivo o fluido em contato com o adsorvente e adsorbato

as espécies químicas retidas pelo adsorvente, como mostrado na FIGURA 2.

FIGURA 2 - Nomenclatura da adsorção

Fonte: NÒBREGA, 2001

Page 29: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

27

A velocidade com que uma substância (sorvato) em fase aquosa é removida

para uma fase sólida (sorvente) é controlada principalmente por três processos: a

difusão ou a transferência de massa do soluto para a camada do fluido que circunda

a partícula adsorvente; a difusão no filme ou difusão do soluto na interface entre as

fases líquida e sólida para o sólido e a sorção do soluto na superfície interna dos

poros do sorvente. O processo mais lento entre os três determinará a velocidade da

sorção. Geralmente, a sorção dos solutos nos sítios da superfície interna ocorre

quase instantaneamente e tem pouco efeito na velocidade total do processo. A

transferência de massa do soluto da solução para a camada de fluido ao redor da

partícula poderá ocorrer mais lentamente, mas normalmente é promovida pela

agitação manual ou mecânica do sistema de sorção. Assim, a difusão do soluto

através da superfície do sorvente ou difusão no filme normalmente é o fator limitante

da velocidade de sorção e, neste caso, o gradiente de concentração do soluto

através da superfície do sorvente terá grande influência na velocidade de sorção,

uma vez que os sítios mais superficiais do sorvente são rapidamente ocupados.

Deste modo, a velocidade de sorção tende a diminuir pela necessidade e maior

dificuldade do soluto migrar mais internamente para encontrar os sítios disponíveis

contribuindo para a capacidade e intensidade de adsorção (FERREIRA, 2003).

Materiais sorventes sintéticos, como barreiras de polipropileno (PP),

polietileno (PE) e fibras e espumas de poliuretano (PU) de células abertas, são

materiais altamente oleofílicos e hidrofóbicos, tradicionalmente utilizados na

remediação durante as operações de limpeza em derramamentos (ADEBAJO et al,

2003). O PP e o PU exibem taxas de sorção de 14g óleo/g sorvente e 60g óleo/g de

sorvente, respectivamente. Contudo, estes materiais possuem degradação lenta no

ambiente, o que os torna outro passivo ambiental, juntamente com o óleo sorvido. As

espumas de poliuretano são materiais altamente tóxicos, uma vez que liberam

cianetos e compostos aromáticos durante o seu processo de incineração. Turfas têm

sido usadas comercialmente na limpeza de águas contendo grandes quantidades de

óleo. Além de todos os materiais tradicionais estudados, materiais alternativos, como

os resíduos agrícolas, têm sido utilizados com sucesso em substituição,

principalmente, ao carvão ativado, uma vez que estes materiais são encontrados

com grande facilidade em determinadas regiões do Brasil (SANTOS et al., 2008).

Segundo ORNELAS et al (2004), a bioadsorção pode ser considerada como uma

tecnologia emergente, e que pode ser considerada como um substituto ou um

Page 30: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

28

cooperador com as tecnologias já utilizadas de tratamento. A utilização das

biomassas para a remoção de óleos e graxas tem despertado grande interesse

devido ao seu elevado desempenho e baixo custo de aquisição. Outra grande

vantagem da utilização das biomassas, é que estas não necessitam de regeneração

após o processo de adsorção, uma vez que este material pode ser encontrado na

forma de resíduos sólidos, dispostos no meio ambiente (SANTOS et al, 2007).

A utilização de materiais naturais como sorventes para limpeza de águas

oleosas, além de diminuir os resíduos descartados em aterros pode gerar resultados

superiores aos produtos comerciais, no combate aos derramamentos de óleos. O

principal requisito para um processo adsortivo econômico é um adsorvente com altos

valores de seletividade, capacidade e tempo de vida. Os adsorventes naturais vêm

ganhando mais força e campo na recuperação de diversos materiais (SCHEER,

2002).

2.3 ADSORÇÃO EM COLUNA DE VIDRO

O processo de adsorção de componentes de misturas fluidas através de

colunas de leito fixo de materiais adsorventes porosos é geralmente usada na

remoção de compostos orgânicos presentes em muitos efluentes industriais, cuja

remoção se torna difícil por processos de tratamentos biológicos convencionais

(NÓBREGA, 2001). Em nível operacional, uma coluna de leito fixo possui um tempo

de trabalho determinado pela sua capacidade de adsorver o contaminante, de tal

forma que a saída do efluente atenda os níveis permitidos de concentração.

(CONAMA, 2005; PERUZZO, 2003).

À medida que a solução atravessa o leito, a zona de adsorção vai descendo

como uma verdadeira onda que se propaga. No instante em que o leito se encontra

saturado, a concentração de saída já tem um valor apreciável. Esse instante é

caracterizado como “breakpoint” ou ponto de quebra. A partir deste ponto a

concentração de saída aumenta rapidamente até que, a concentração de saída seja

praticamente igual à de entrada. A parcela da curva de adsorção entre os instantes

do início da utilização do leito até após a ocorrência do “breakpoint”, constitui a curva

de “breakthrough” ou curva de ruptura (NÓBREGA, 2001).

O cálculo da capacidade de adsorção em colunas de leito fixo pode ser obtido

fazendo-se um balanço de massa na coluna, e monitorando a concentração na

Page 31: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

29

t

s

lout

s m

CVdt

C

C

m

QCq

0

0

0

0 1*

saída da coluna em função do tempo. Para efetuar este cálculo é necessário garantir

que a coluna esteja saturada, isto é, a concentração na saída da coluna deve ser

igual à concentração de alimentação (BORBA, 2006). Logo, a capacidade de

adsorção da coluna pode ser representada pela

Equação 1:

Equação 1 - Capacidade de Sorção em Coluna

Onde q* é a capacidade de adsorção do adsorvente (meq/g), Cout é a

concentração do adsorvato na fase fluida na saída da coluna (meq/L), C0 é a

concentração de alimentação na fase fluida (meq/L), ms é a massa seca de

adsorvente (g), Q é a vazão volumétrica da fase fluida (L/min) e VL é o volume do

leito (l).

2.4 FIBRAS NATURAIS

São fibras adquiridas na natureza sem origem artificial ou sintética. Neste

trabalho foi utilizada como fibra vegetal a Paina e como fibra animal o pêlo de

cachorro, além da turfa, sorvente comercial para uso como parâmetro (amostra de

controle).

2.4.1 Paina

Flores grandes nas cores rosa e branca cujo fruto é em forma cápsula ovóide

(LORENZI, 2002; ESALQ, 2005), conforme a FIGURA 3.

FIGURA 3 - Chorisia speciosa

Fonte: ENOKIDO, 2010

Page 32: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

30

A Paineira pertence à família das Bombacáceas. São árvores de grande

porte, chega à 30 metros de altura, tronco robusto com acúleos na casca, dotada de

copa globosa ampla (FIGURA 4). Nome científico é Chorisia speciosa e seus nomes

populares são: paineira-rosa, paineira, árvore-de-paina, paineira-branca, paina-de-

seda, barriguda, árvore-de-lã e paineira-fêmea. Ocorre originalmente nos estados do

Rio de Janeiro, Minas Gerais, Goiás, São Paulo, Mato Grosso do Sul e Paraná

(LORENZI, 2002).

No interior do fruto as sementes ficam envolvidas pela seda da Paineira, que

possui papel fundamental no deslocamento aéreo das sementes, quando o fruto

maduro se abre (FIGURA 5). O fruto da paineira mede em torno de 20 cm de

comprimento por 7 cm de diâmetro com numerosas sementes envolvidas em

filamentos sedosos conhecidos como paina (ESALQ, 2005).

a) b) c)

a) b)

FIGURA 4 - Árvore da Paineira (a) e galhos cujo fruto maduro expõe a seda da paineira (b)

Fonte: LORENZI, 2002 e MAZZA,1998

FIGURA 5 - Galho com os frutos (a), fruto verde (b) e fruto maduro com a paina exposta (c)

Fonte: MAZZA, 1998; ESALQ, 2005

Page 33: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

31

2.4.2 Pêlo de cachorro

Algumas raças de cachorro necessitam de tosa periódica dos pêlos, o que

gera o descarte destas fibras. Em torno de 17% da população canina é composta

por cães da raça Poodle. O pêlo de cachorro da raça Poodle apresenta morfologia

semelhante à da lã de carneiro, visto que o pêlo também é constituído de proteínas,

destacando-se a presença de queratina (AZEVEDO et al, 2008). Na FIGURA 6

temos a imagem do Cachorro Poodle Castor, único doador das amostras

denominadas de “pêlo de cachorro de Poodle Branco”. As amostras foram coletadas

a partir de tosa periódica.

2.5 PETRÓLEO E DERIVADOS

Petróleo significa óleo da pedra, por ser encontrado na maioria das vezes,

impregnado em determinadas rochas porosas, dispostas em camadas geológicas

sedimentares (CORRÊA, 2003).

O petróleo cru não tem aplicação direta. A sua utilização exige o processo de

refino, do qual se obtém os derivados. Nas refinarias o petróleo é colocado em

ebulição para fracionamento de seus componentes e conseqüente obtenção de

derivados. O tipo de derivado obtido depende da qualidade de petróleo: leve, médio

ou pesado, de acordo com o tipo de solo do qual foi extraído e a composição

química (ANEEL, 2008). Na Figura 7 é apresentada a proporção de produção de

derivados do petróleo.

FIGURA 6 - Pêlo de cachorro

Page 34: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

32

2.5.1 Petróleo

O petróleo é um óleo inflamável, formado pela decomposição, durante

milhões de anos, de matéria orgânica como plantas e animais, e encontrado apenas

em terreno sedimentar. A base de sua composição é o hidrocarboneto, substância

composta por carbono e hidrogênio, à qual podem se juntar átomos de oxigênio,

nitrogênio e enxofre, além de íons metálicos, principalmente de níquel e vanádio

(ANEEL, 2008). Na sua forma bruta é freqüentemente na cor escura, é um líquido de

densidade geralmente inferior à da água (REMY et al, 2002).

Além da matéria da decomposição da matéria orgânica a origem das rochas

sedimentares contribui na geração do petróleo (acúmulo de fragmentos de outros

minerais). O petróleo fica armazenado em rochas porosas (rocha reservatório),

onde armadilhas geológicas (rocha selante), não permitem a migração do petróleo

para áreas com menor pressão (CARDOSO, 2005).

O petróleo foi encontrado na China no século III quando se escavava o solo

em busca de sal gema. Após acidentes fatais os chineses perceberam a existência

do gás natural que foi canalizado pela primeira vez por dutos de bambu (ALTAVISA,

2011). Em 1850, na Escócia, o químico James Young descobriu que o petróleo

poderia ser extraído do carvão e do xisto betuminoso, sendo então desenvolvido o

primeiro processo de refino documentado. Muitos consideram que o marco inicial na

exploração do petróleo ocorreu em 1859, quando o Edwin Drake perfurou um poço

de petróleo de 20m de profundidade, em Tittusville, Pensilvânia EUA (CARDOSO,

2005).

FIGURA 7 - Derivados de petróleo após o refino (2007)

Fonte: ANEEL, 2008

35%

20%14%

11%

4%

16%

Óleo diesel Gasolina Óleo combustível

GLP Outros energéticos Não energéticos

Page 35: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

33

As atividades associadas á exploração, produção e prospecção fazem parte

do segmento denominado de “upstream” enquanto que as atividades de refino e

beneficiamento são do segmento “downstream”. As atividades estritamente

relacionadas ao setor de refino também são denominadas de “midstream”

(CARDOSO, 2005).

2.5.2 Óleo mineral isolante

O Óleo Mineral Isolante é proveniente do refino do petróleo á 300 – 400ºC,

apresentando a capacidade de isolamento elétrico e resfriamento (CLAIBORNE e

CHERRY, 2006). A maioria das moléculas é constituída por hidrocarbonetos, com

baixo teor de enxofre, oxigênio e nitrogênio (WILSON, 1980).

Durante o funcionamento do transformador de tensão ocorre o

envelhecimento do Óleo Mineral Isolante, alterando suas propriedades químicas,

físicas e elétricas. Como a aceleração do processo de degradação da celulose (o

papel está presente na parte interna do transformador), deterioração das

propriedades isolantes e formação de borra (dificultando a troca de calor) (FRANCH,

2010).

2.6 ENSAIO RASTREÁVEL DE HIDROCARBONETOS

Investigação ambiental forense para avaliação do dimensionamento de

derramamento de óleo, utiliza a identificação de biomarcadores para caracterizar o

local determinando o volume e o tipo de óleo derramado (WANG e STOUT, 2007).

2.6.1 Cromatografia

A cromatografia é um método físico-químico de separação de misturas e

identificação dos componentes, está fundamentada na migração diferencial dos

componentes de uma mistura, que ocorre devido a diferentes interações entre duas

fases imiscíveis, a fase móvel e a fase estacionária. A interação dos componentes

da mistura com estas duas fases são influenciadas por diferentes forças

intermoleculares, incluindo iônica, bipolar, apolar e efeitos de afinidade e

solubilidade. A grande variabilidade de combinações entre a fase móvel e a

estacionária faz com que a cromatografia tenha uma série de técnicas diferenciadas.

Page 36: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

34

É dividida em cromatografia líquida clássica, líquida de alta eficiência e

cromatografia gasosa (DEGANI et al, 1998).

A cromatografia líquida em coluna divide-se em dois grupos: a cromatografia

líquida clássica, feita em colunas de vidro onde o fluxo da fase móvel depende da

gravidade; e a cromatografia líquida que normalmente utiliza colunas metálicas e

pressões de fase móvel elevada (obtida pela utilização de bomba de alta pressão)

(COLLINS et al, 2006).

2.6.2 Ensaio com Ultravioleta Visível (UV-VIS)

A espectroscopia de fluorescência, utiliza luz ultravioleta (UV) é amplamente

usada para medir a concentração total de produtos oleosos em água, principalmente

devido à sua rapidez e simplicidade quando comparada a outros métodos, tais como

a cromatografia gasosa-espectrometria de massa (CG-MS) ou a cromatografia

líquida de alta eficiência (HPLC). Na espectroscopia de ultravioleta (UV) se utiliza

radiação de baixo comprimento de onda (λ 200-380 nm) e alta energia e a resposta

é analisada em espectrofotômetro. A amostra, para ser observável, deve apresentar

estrutura molecular adequada: presença de ligações insaturadas, ou seja, ligações π

(duplas ou triplas). Quando a radiação na freqüência do UV passa por um composto

insaturado, parte dela é absorvida. A absorção é causada pela redução da energia

do feixe da radiação quando elétrons em orbitais moleculares de baixa energia são

excitados a orbitais moleculares de maior energia. O espectrofotômetro UV-VIS

mede a intensidade da radiação absorvida a cada comprimento de onda (λ)

(SILVERSTEIN, 1998).

2.7 LIGAÇÕES DE PONTE DE HIDROGÊNIO

A ligação de hidrogênio é uma interação atrativa duas espécies de elementos

uma eletronegativa e a outra possui um par isolado de elétrons. A energia da ligação

de hidrogênio é da ordem de 20kJ/mol. Como a ligação depende da superposição

dos orbitais, é uma interação de contato a qual desaparece quando o contato é

rompido. Moléculas apolares dissolvem-se pouco em moléculas polares, porém

interações fortes entre o solvente e o soluto não podem ocorrer o que caracteriza a

interação hidrofóbica. Quando o soluto possui grupos hidrofóbicos, são formadas

Page 37: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

35

moléculas de água unidas por pontes de hidrogênio em estruturas capazes de

aprisionar as moléculas com grupos hidrofóbicos. Isto é a base para métodos de

separação e purificação de compostos orgânicos sob condições de operação não-

destrutiva (ATKINS, 2006). Uma superfície polar contribui para o aumento dos

efeitos de remoção das partículas oleosas do fluído (MAHLER et al, 2010).

2.8 TRANSFERÊNCIA DE MASSA

Muitas operações envolvendo transferência de massa são acompanhadas de

reações químicas sendo que a cinética da reação pode ter um considerável efeito

nas taxas de transferência. A transferência de massa em escoamento lento através

de leito com recheios, é conduzida em regime de análise dimensional, porém as

informações detalhadas só estão disponíveis para o recheio constituído de partículas

esféricas (BIRD et al, 2004).

2.9 ASPECTOS ECONÔMICOS

O acidente com o petroleiro Exxon Valdez no Alasca em 1989 gerou um

prejuízo estimado em 2,8 milhões de dólares para os EUA. No caso do petroleiro

“Prestige”, que em 2002 liberou 77 mil toneladas de petróleo na costa da Galiza -

Espanha (cuja capital é Santiago de Compostela), somente os custos de limpeza

ultrapassaram 1 milhão de euros na época do acidente (LIU, 2010). Anos após o

desastre do Prestige, cujos destroços do navio se encontram na profundidade de

3500m e 3800m, o óleo atingiu as águas superficiais sem apresentar sinais de

degradação, deixando um rastro na coluna de água acima dos destroços (ELORDUI-

ZAPATARIETXE et al, 2010).

Em novembro de 1998 o navio “Pallas” após um incêndio no compartimento

de cargas, encalhou e resultou na liberação de 60 toneladas de óleo combustível

próximo a costa da Dinamarca, onde foram gastos 14 milhões em Marco Alemão

(moeda oficial da Alemanha reunificada até 1999) (LIU, 2010).

No trabalho de LIU (2010), foi apresentado um método de avaliação

econômica para prognóstico dos gastos para recuperação conforme a quantidade de

Page 38: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

36

óleo liberada no ambiente, a localidade, tipo de óleo e o tempo. Variando de €1,28

milhão até €41,27 milhões em gastos para recuperação do ambiente.

2.10 ESTADO DA ARTE

Com a contextualização das pesquisas que estão sendo feitas atualmente nos

temas deste trabalho é possível identificar os desafios existentes e delimitar as

propostas que serão abordadas nesta dissertação.

2.10.1 Plano de contingência

Contingência é um fato que pode ou não ocorrer, sendo que sua ocorrência

pode acarretar em uma emergência de grande porte. Pode ser definida emergência

de grande porte toda ocorrência que gera danos a pessoas, meio ambiente ou

equipamentos. Para delimitar e direcionar as ações para prevenção e controle de

acidentes é necessário um plano de contingência (CARDOSO, 2005).

Para o combate à poluição por óleo em qualquer tipo de ecossistema, a

primeira etapa é um estudo de Plano de Contingência onde são estudados os

pontos de vulnerabilidade do processo de manuseio do óleo, ou seja, na extração,

no refino, no transporte ou no armazenamento. Assim, são definidos os

procedimentos que devem ser adotados antes, durante e após um derramamento

(SANTOS, 2006; DALTON e JIN, 2010).

Em 2002 foi iniciada a geração e o mapeamento do ISA – Índice de

Sensibilidade Ambiental, a nível nacional pela Petrobrás e internacional pela NOAA,

realizando a análise dos ambientes costeiros mapeados através de dados de

sensores remotos, juntamente com o sistema de informação geográfica (SIG), dados

sobre geomorfologia, litologia associando estas informações com o relevo da região

para o controle de sensibilidade de derramamento de óleo nas regiões costeiras. A

elaboração de mapas de ISA auxilia na elaboração de estratégias de prevenção e

controle de derramamento de petróleo (BOULHOSA e SOUZA, 2009; DALTON e

JIN, 2010).

Ainda no âmbito do estudo dos fatores geradores de acidentes ambientais

com petróleo, destaca-se o estudo das possíveis condições que favorecem a

erosão-corrosão dos dutos de transporte de petróleo, identificando os parâmetros

Page 39: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

37

críticos e possibilitando a utilização de mecanismos de controle e prevenção (HU e

NEVILLE, 2009; ZHANG, 2009).

Utilizando estes dados para compreensão dos parâmetros de vulnerabilidade

e associando à métodos matemáticos multi-critérios, como ponderação linear, é

possível criar uma ferramenta de suporte para tomadas de decisões para os

gestores (LIU, 2010).

2.10.2 Confecção de tecido à base de pêlo de cachorro

Utilizando pêlo de Poodle, foi obtido o tecido denominado CANICHE (em

francês é o sinônimo de Poodle). A presença de fibras curtas dificulta a utilização de

equipamentos convencionais para fiação do pêlo, por isso foi associado a fibra de

acrílico (PAC), na proporção 1:3 de pêlo de Poodle para PAC. O fio obtido foi tingido

seguido de uma aplicação de PHMB – Hidrocloreto de poli-hexametileno biguanida,

para minimizar a proliferação de bactérias. Após a aplicação do bactericida foram

confeccionados os tecidos para finalizar com a criação de vestimentas para os

próprios animais (AZEVEDO et al, 2008).

2.10.3 Tratamento de águas oleosas

Para o tratamento de ambientes contaminados por óleo, podem ser utilizados

processos físicos, térmicos, químicos ou biológicos. Os processos químicos,

denominados processos oxidativos avançados, baseiam-se na formação de grupos

hidroxila altamente oxidantes tendo como produto final dióxido de carbono, água e

íons inorgânicos. Processos biológicos dependem da utilização de microorganismos

para metabolização, porém não há bons resultados sob elevadas concentrações de

óleo contendo frações mais pesadas (MILLIOLI et al, 2004; WEI et al, 2005;

RIBEIRO et al, 2000).

Nos processos biológicos se destacam a utilização de surfactantes compostos

de origem microbiana que têm a capacidade de reduzir a tensão superficial (fases

líquido-gás) ou a tensão interfacial (fases imiscíveis líquido-líquidos), diminuindo a

tensão superficial do hidrocarboneto com a água e contribuindo para o aumento da

biodegradação do petróleo (PIRÔLLO, 2006; KRONEMBERGER et al, 2010; ASÇI et

al, 2010).

Berton et al (2011), desenvolveu uma metodologia para utilização de

surfactante na separação da água em emulsões com óleo, onde as emulsões foram

Page 40: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

38

centrifugadas, facilitando o processo de floculação, para em seguida o óleo ser

retirado por bombeamento finalizando com a aplicação do agente surfactante. Foi

utilizado os surfactantes Tween 20, Tween 80, MLG, Citrem e Span 20.

Em 1891 Bretney depositou a patente, sobre a aplicação do ciclone de ar para

os fluxos líquidos. Nos últimos anos, pesquisas desenvolveram métodos de

aplicação de hidrociclones na separação de substâncias com diferentes densidades

a partir da força centrífuga criada por um fluxo de redemoinho (BAI et al, 2011).

A força motriz de separação é a força centrífuga, resultando na transformação

da energia estática do fluido (pressão do fluido) em energia dinâmica (velocidade do

fluido), onde a estrutura do hidrociclone consiste em uma parte em forma cilíndrica e

outra na forma cônica, onde o líquido é injetado tangencialmente por uma entrada

superior induzindo um forte movimento de redemoinho, conforme Figura 8 (BAI et al,

2011; NAKASHIMA et al, 2005).

Srinivasan (2010) associou o processo de hidrociclones com a utilização de

fungos Mucor rouxii como biosurfactante, para separação água óleo.

No início da década de 1970, além dos processos de clássicos de separação,

como destilação, filtração, absorção, troca iônica, centrifugação, extração por

solvente e cristalização, surge a utilização de membranas sintéticas como barreira

Fluxo Superior

Fluxo Inferior

Alimentação

Espiral interna

Espiral externa

Figura 8 - Hidrociclone

Fonte: BAI et al, 2011

Page 41: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

39

seletiva. A eficiência dos sistemas de separação que utilizam membranas está

diretamente associada ao tamanho das espécies presente e o tamanho dos poros

da membrana, sendo denominados os processos em: microfiltração (MF),

ultrafiltração (UF), nanofiltração (NF) e diálise (D) (HARBERT et al, 2006).

Nos reservatórios de petróleo, além do petróleo há gás e água, esta água é

denominada água conata (CORRÊA, 2003). Além da água conata, há a água de

injeção utilizada na recuperação do poço de petróleo, auxiliando na elevação do

fluído até a superfície (THOMAS, 2001; CARDOSO, 2005). Segundo CAMPOS et al

(2002), para cada barril de petróleo são gerados dez barris de água oleosa.

Pendashteh et al (2011) utilizou o processo de biorreator com membrana para

recuperar estas águas residuais provenientes do processo de extração do petróleo.

Associando este processo após um tratamento primário onde foi empregado

hidrociclones, coagulação e floculação, para assim obter melhores resultados.

Abadi et al (2011) realizou microfiltração de águas residuais a partir da

utilização de membrana cerâmica tubular , para retirada do óleo. Membranas

cerâmicas suportam fluxos elevados em função da sua maior porosidade e maior

superfície hidrofílica, comparado com as membranas orgânicas.

Javaid et al (2010) também utilizou membranas cerâmicas tubulares para

microfiltração do óleo vegetal. Neste caso, o objetivo principal foi a utilização do óleo

e o aumento de sua vida útil. A microfiltração retirou a água e outras substâncias que

contribuem para o envelhecimento do óleo e prejudicam sua eficiência.

2.10.4 Uso de sorventes na purificação de águas oleosas

“Água oleosa” é um termo genérico usado para descrever todas as águas que

apresentam quantidades variáveis de óleos, graxas e lubrificantes, além de uma

variedade de outros materiais em suspensão, que podem incluir areia, terra, argila e

outros, e uma gama de substâncias coloidais e dissolvidas, tais como detergentes,

sais ou metais pesados (SANTOS, 2008; ANNUNCIADO, 2005).

Os óleos e graxas podem estar presentes na água oleosa em duas formas

distintas: livres ou emulsionados. O óleo livre é aquele que corresponde a uma fase

visivelmente distinta da fase aquosa, que devido à diferença de densidade aparece

como uma camada flutuando na superfície da água ou como gotículas em

suspensão, sendo facilmente identificável. Quando a água oleosa contém óleo

emulsionado, este se encontra tão intimamente misturado e estabilizado na água

32OAl

Page 42: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

40

que a sua presença não pode ser distinguida a olho nu, tendo-se um sistema

aparentemente monofásico água-óleo, que é conhecido como emulsão (FOUST,

1982).

Annunciado (2005) utilizando sisal, bucha vegetal, serragem, rejeitos

folhosos, fibra de côco em testes de sorção estática e dinâmica com petróleo

verificou que o sisal, a bucha vegetal, a fibra de côco e a serragem não são

indicados para aplicação de contenção em meio aquático, pois após a sorção

perdem a capacidade de flutuar em água contribuindo para um novo problema

ecológico por dificultar a retirada deste do meio aquático. A paina em sua forma livre

apresentou uma rápida e alta capacidade de sorção de óleo de aproximadamente

85g de óleo por gramas de sorvente.

Bonetti em 2005 testou diferentes tipos de revestimento para confecção de

barreiras, onde utilizando algodão cru, tule, tecido reciclado, viscose, algodão-

poliviscose em ensaios de sorção com óleo diesel e gasolina, verificou o destaque

para o tecido de algodão cru e algodão não alvejado, por apresentarem menor

impedimento na capacidade de sorção. O ensaios foram realizados com recheio de

paina, turfa e manta de polipropileno. Em 2006 Bonetti testou a capacidade de

sorção da Cortaderia selloana (Capim dos pampas) como sorvente para derivados

do petróleo. Os resultados de sorção para gasolina, diesel e diesel marítimo foram

de respectivamente de 11,25, 17,28 e 18,17 g de óleo por g de sorvente.

Tanobe (2007) testou espumas de poliuretanos flexíveis com densidades

diferentes como sorventes de petróleo e diesel marítimo com água do mar artificial.

Os ensaios foram realizados em sistema estático e dinâmico onde foram verificados

bons resultados de sorção em torno de 58,2 g de óleo por g de sorvente.

Santos et al (2008) verificou a capacidade de sorção de fibras de agave azul,

proveniente da fabricação de tequila, em sistemas seco, estático e dinâmico com

petróleo. Com o objetivo de comparação, foi realizado os ensaios também com

paina. Porém as fibras de agave azul obtiveram resultados muito inferiores aos

outros materiais inclusive aos materiais comercialmente utilizados.

Rajakovic-Ognjanovic et al (2008) utilizou lã de carneiro como sorvente

orgânico e como sorvente inorgânico: sepiolite, bentonita e zeolita. Em testes de

sorção em soluções de óleo de motor e água obteve os melhores resultados de

sorção para as amostras de lã de carneiro.

Page 43: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

41

Folleto et al (2009) utilizando salvínia sp. (planta aquática), casca de

amendoim, casca de arroz, cinzas de casca de arroz, sabugo de milho triturado,

borra de café em pó, serragem e carvão ativado em soluções contendo óleo mineral

Nujol e óleo mineral lubrificante 15W/40, verificou que a salvínia sp. foi o material

que apresentou a maior capacidade de absorção de óleo, superando inclusive o

absorvente comercial. Witek-Krowiak et al (2011) também utilizaram casca de

amendoim como sorvente para metais pesados como cromo e cobre em meio

aquoso, obtendo resultados significativos na remoção destes, em ensaios dinâmicos.

Dahlan et al (2011) também realizaram ensaios de sorção com casca de arroz, em

ensaios de cinética de desativação para dióxido de enxofre e óxido de azoto, que

contribuem para a formação de chuvas ácidas e obtiveram bons resultados.

Perotta (2009) avaliou diferentes tipos de recheio em colunas de adsorção

para purificação de águas oleosas. Utilizando espumas de poliuretano rígida

(utilizadas como isolantes de refrigeradores), paina e pêlo de cachorro poodle

branco como material sorvente e soluções de água com tolueno, benzeno, óleo de

girassol e óleo de motor usado, avaliou a capacidade de purificação destes

materiais. O PU por suas caracteristicas físicas apresentou dificuldade na aplicação

como recheio de coluna, enquanto que a paina apresentou melhores resultados nas

soluções com o óleo de motor. Perotta reportou que para óleos mais leves como o

de girassol, o pêlo de Poodle foi mais eficaz.

Page 44: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

42

3 MATERIAIS

3.1 FIBRAS

Foram confeccionadas amostras tecidas de paina, pêlo de Poodle Branco,

pêlo de cachorro de raças diversas (material descartado por pet-shop proveniente de

tosa periódica).

Como amostras de controle foram utilizadas: um sorvente comercial à base de

polipropileno em forma de manta (da marca Ecosafe) e turfa nacional (Salvínia) com

revestimento de algodão (marca Supersorb). Turfa é um substrato resultante da

decomposição gradual da biomassa gerada em condições frias e utilizada na

agricultura como solo vegetal (Figura 9). As amostras do tecido de algodão foram

retiradas das barreiras de contenção comercializadas com recheio de turfa.

3.2 FIBRAS VEGETAIS: PAINA

As fibras de paina foram coletadas na cidade de Curitiba, Paraná e utilizadas

sem nenhum tratamento com apenas a retirada manual das sementes.

3.3 FIBRAS ANIMAIS: PÊLO DE CACHORRO

Foram coletadas fibras animais de cães de raças diversas a fim de verificar a

capacidade de sorção, no intuito de viabilizar a utilização e eliminar a dependência

de um tipo específico de pêlo com relação à cor e a raça (Figura 10).

Figura 9 - Turfa nacional

Page 45: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

43

Os pêlos de cachorro de raças diversas foram doados semanalmente pela Pet

Shop Alfadog no período de 24/10/2009 até 20/12/2009. Após a coleta,

considerando as raças ocorrentes, foi analisada estatisticamente a proporção em

massa de cada raça para formar amostras com características proporcionais ao

material coletado. Os pêlos de Poodle branco foram coletados de um único cachorro.

3.4 ÓLEOS

O Petróleo foi doado pela PETROBRÁS, Unidade de negócio Refinaria

Getúlio Vargas (REPAR – Araucária – Brasil).

O Óleo Mineral Isolante Usado é proveniente da manutenção do

transformador de tensão, onde este óleo apresentou características de

envelhecimento após sua utilização no equipamento. O óleo mineral isolante usado

foi doado pela Eletrosul - Eletrobrás. Na Figura 11 a imagem dos óleos.

FIGURA 10 – Amostras de pêlo de cachorro de raças diversas

FIGURA 11 – Óleo Mineral Isolante usado (a) e Petróleo (b)

(a) (b)

Page 46: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

44

4 MÉTODOS

4.1 COLETA E ESTATÍSTICA DOS PÊLOS DE CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS

A partir de 48 amostras obtidas de raças diversas totalizando 1119,6g foi

verificada a proporção estatística de cada raça em massa com relação à massa total

obtida e à ocorrência de pelo sujo ou limpo. As raças analisadas foram: Lhasa Apso,

Maltês, Poodle, São Bernardo, Schamauzer, Shitsu e York Shire. Os pêlos foram

transformados em fios, sem qualquer tratamento para respeitar as condições de

coleta. A cor e a forma do pêlo não foram contabilizadas na estatística em função da

dificuldade em determinar a proporção correta, em virtude da ocorrência de várias

características simultaneamente.

4.2 CONFECÇÃO DAS AMOSTRAS PARA OS TESTES DE SORÇÃO

A fiação foi feita manualmente devido aos variados comprimentos das fibras,

sendo estas mais curtas que as fibras comumente usadas nos equipamentos de

fiação convencionais. Fibras curtas podem ser utilizadas na confecção de tecidos

não-tecidos (“non woven”) por processos de fricção, adesão ou coesão, ou ainda a

combinação destes, gerando uma estrutura plana, como uma manta de fibras ou

filamentos (SINDITÊXTIL SP, 2009).

O primeiro passo foi separar e orientar as fibras em pequenas tiras de

aproximadamente 20 cm (Figura 12 e Figura 13), em seguida as tiras foram

amassadas com o auxílio de um plástico para facilitar o processo de torção (Figura

14). As tiras de 20 cm, foram unidas durante o processo de torção e em seguida

enroladas em forma de novelo (Figura 15 e Figura 16). Os fios obtidos neste

processo apresentaram aproximadamente 0,5 g/m de gramatura. Os fios foram

utilizados para formação de pequenos tapetes trançados após os novelos terem sido

armazenados sob tensão por 3 dias pois antes disso não era possível produzir os

tapetes já que os fios não tinham resistência mecânica adequada. Foram formados

tapetes circulares de aproximadamente 1,5 cm de diâmetro.

Foi utilizado o crochê, como técnica para trançar os fios e formar as amostras

em forma de almofadas.

Page 47: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

45

Figura 12 – Separação das fibras

FIGURA 13 - Orientação das fibras para formação do fio

FIGURA 14 - Foi utilizado um saco plástico para auxiliar na primeira torção das fibras e assim facilitar o passo seguinte

Page 48: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

46

Discos circulares foram recortados do sorvente comercial em forma de manta,

composto de polipropileno e do tecido de algodão que reveste a turfa, e foram feitas

almofadas de algodão com recheio de turfa.

4.3 TESTE DE SORÇÃO SECA EM PETRÓLEO

Teste de sorção seca foi realizado utilizando amostras circulares, com 1,5 cm

de diâmetro, previamente pesadas na balança analítica da marca Bioprecisa. As

amostras em forma de tapete de paina, pêlo de poodle branco, pêlo de cachorro de

raças diversas e manta de polipropileno foram colocadas em béquer previamente

tarado, com 10 mL de Petróleo, com permanência nos tempos de 5, 15, 30 e 60

minutos. Após o tempo imerso em petróleo as amostras foram colocadas em uma

peneira para escoar o óleo não retido. O tempo de permanência das amostras na

peneira foi de 20 minutos.

FIGURA 15 - Enrolado manualmente para facilitar a torção

Figura 16 - Torção e formação do novelo

Page 49: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

47

Foram utilizadas para cada um dos tempos amostras em triplicata, para paina

em forma de tapete, tapete de pêlo de Poodle Branco trançado, tapete de pêlo de

cachorro de raças diversas (Pêlo Misturado), Polipropileno em forma de manta,

tecido de algodão e almofada de turfa com revestimento de algodão. O sorvente

comercial inicialmente em forma de manta foi cortado no formato circular com

diâmetro igual a 1,5 cm.

Em seguida as amostras foram pesadas na balança analítica utilizando placas

de vidro devidamente taradas.

4.4 TESTE DE SORÇÃO SECA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE

Os procedimentos foram os mesmos do teste de sorção seca em petróleo,

porém utilizando 10 mL de óleo mineral isolante usado como óleo de sorção.

4.5 TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM PETRÓLEO

Tapetes circulares de Paina, pêlo de Poodle Branco, pêlo de cachorro de

raças diversas, manta de polipropileno, tecido de algodão e turfa com revestimento

de algodão, circulares com aproximadamente 4,5 cm de diâmetro foram previamente

pesados em balança analítica Bioprecisa.

As amostras foram lançadas em béquer de 200 mL com 150 mL de água

destilada e 5ml de óleo sob agitação constante durante 5 minutos, em temperatura

ambiente. Foram utilizadas barra magnética oval 10x30 mm e o agitador magnético

Fisaton com velocidade de 700 rpm. A Figura 17 representa o teste com uma

amostra de tapete de pêlo de poodle branco em petróleo.

FIGURA 17 - Béquer com Petróleo ao lado da amostra (a), vórtex gerado pela agitação (b), amostra após a sorção (c) e solução água/óleo após a sorção (d).

Page 50: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

48

Após o término do tempo de sorção, as amostras foram retiradas do béquer e

colocadas em uma peneira para escoar o excesso pelo período de 20 minutos. Em

seguida as amostras foram pesadas em balança analítica utilizando placas de vidro

devidamente taradas. Os testes foram realizados em quintuplicata.

A capacidade de sorção total STotal da amostra é determinada conforme a

Equação 1, onde Pinicial é o peso inicial da amostra e o Pfinal é o peso após a sorção.

4.6 TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO

Igualmente ao ensaio de sorção dinâmica utilizando petróleo, foram testados

tapetes circulares de Paina, pêlo de Poodle Branco, pêlo de cachorro de raças

diversas, manta de polipropileno, tecido de algodão e turfa com revestimento de

algodão, com aproximadamente 4,5 cm de diâmetro, que foram previamente

pesados em balança analítica. Os testes foram realizados em triplicata com o

mesmo procedimento do teste de sorção dinâmica com Petróleo seguindo a

Equação 2.

4.7 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE ÁGUA RETIDO PELAS AMOSTRAS

A quantidade de material retido na amostra após a sorção é determinada pela

diferença de peso antes e após o contato com o contaminante a ser testado, porém

é necessário saber se a amostra reteve água para os ensaios de sorção dinâmica e

em sistema hídrico simulado. É possível obter esta informação pelo ensaio de

destilação que determina o teor de água retido na amostra.

A determinação do teor de água, utilizando o processo de destilação por

arraste a vapor, é definida pela norma ASTM D95-83. Consiste na utilização da

manta aquecedora como fonte de calor e da solução tolueno/xileno na proporção de

1:4, como mistura de arraste. A amostra (após ser usada em testes de sorção), é

colocada no balão com a solução tolueno/xileno, sendo conectada ao coletor e ao

PPPP

Sinicial

águainicialfinal

Total

EQUAÇÃO 2 - Sorção total em solução com água

Page 51: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

49

condensador (Figura 18). A quantidade de água presente na amostra é arrastada

pelo vapor gerado a partir da mistura de solventes aquecidos e é retida pelo coletor.

A quantidade necessária de amostra a ser destilada deve ser o suficiente para

acumular pelo menos 0,1 mL no coletor e a quantidade de solvente de arraste deve

ser de no mínimo 100 mL. O tempo requerido pela norma é o tempo em que não

ocorre a variação no volume de água coletada dentro do intervalo de 5 minutos.

Para o cálculo de sorção de óleo, foi retirado o peso correspondente ao teor

de água retido na amostra d’água, conforme a Equação 2. A sorção total é descrita

como função da diferença entre o peso final com o peso inicial e o peso retido de

água em relação ao peso inicial, definindo a proporção de gramas de óleo por

gramas de sorvente.

4.8 SISTEMA HÍDRICO SIMULADO

Utilizando uma chapa de aço galvanizado, foi construída uma estrutura para

simular fluxo de corrente cíclica e assim tentar reproduzir a situação de

Balão

FIGURA 18 - Esquema de montagem para a determinação do teor de Água por Destilação ASTM D95-83 (a), Porção de água retida pelo coletor (b) e porção da amostra sendo destilada (c)

Fonte: ANNUNCIADO, 2005

Condensador

Coletor

a)

b)

c)

Balão

Page 52: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

50

derramamento de óleo em ambiente aquático com correnteza (Figura 19). Para gerar

a correnteza foram utilizados 2 litros de água destilada e uma bomba peristáltica

Milan com a vazão de 4,95 mL/s.

A água foi contaminada com 20 mL de petróleo e em seguida foi inserida no

sistema hídrico simulado a amostra previamente pesada. Cada amostra permaneceu

durante 30 minutos em temperatura ambiente. Após este período, foram retiradas do

sistema e permaneceram sobre uma peneira para o escoamento do excesso de

fluído para subseqüente pesagem. Os testes foram realizados em triplicata.

4.9 MICROSCOPIA

As imagens obtidas por microscopia, foram analisadas através do software de

processamento de imagem AxioVision, utilizando a escala fornecida

automaticamente pelo equipamento de microscopia em cada imagem, para

calibração das ferramentas digitais. O programa AxioVision é disponibilizado pela

Carl Zeiss Microscopy (ZEISS, 2011).

4.9.1 Óptica

Foi utilizado o microscópio óptico Olympus modelo BX51 (Figura 20), para

analisar as amostras utilizadas nos testes de sorção dinâmica.

Figura 19 - Sistema Hídrico Simulado

Page 53: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

51

Utilizando o Microscópio Óptico Zeiss, foram realizadas imagens com das

amostras utilizadas no teste em Sistema Hídrico Simulado, com o intuito de analisar

o arranjo das partículas de óleo e água nas fibras e a afinidade entre as fibras e o

óleo.

4.9.2 Eletrônica de varredura

Foi utilizado o microscópio eletrônico de varredura da marca JEOL, modelo

JSM-6360LV (Figura 21). As amostras foram metalizadas com ouro para serem

utilizadas no microscópio.

FIGURA 20 - Microscópio óptico Olympus modelo BX51

FIGURA 21 - Microscópio Eletrônico de varredura - JEOL

Page 54: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

52

4.10 DETERMINAÇÃO DA CURVA DE VISCOSIDADE

Viscosidade é a resistência que o fluído opõe aos deslizamentos internos das

moléculas. É uma propriedade essencialmente mecânica, também chamada de

tenacidade e atrito interno. Utiliza-se o sistema Engler cujos resultados são

indicados em graus Engler (Eº) ou Centipoise (cP) (REMY et al, 2002).

Utilizando o Rheo-viscosímetro Prufgerate-Werk Medingen (Figura 22), do

Laboratório de Emulsões, Departamento de Engenharia Química/UFPR, foi realizado

testes de viscosidade para o petróleo, com carga de 10g / cm² no suporte 0,1 nas

temperaturas 22, 36, 40, 45 e 52,2 °C em triplicata.

Para o óleo mineral isolante foi utilizado o mesmo suporte 0,1 com carga de

10 g/ cm² e 3,025 g/cm² nas temperaturas de 22, 39, 43 e 51,5°C em triplicata.

A viscosidade é definida pela Equação 3:

Equação 3 - Viscosidade

Considerando,

: como a viscosidade em Centipoise (cP)

P : sendo a carga aplicada

t : a temperatura

k : a constante do equipamento, conforme suporte utilizado

ktP ..

Figura 22 - Rheo-viscosímetro

Page 55: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

53

Os resultados da viscosidade foram descritos em função da temperatura,

sendo obtidas as curvas da viscosidade de cada óleo.

4.11 ENSAIO EM COLUNA DE VIDRO

As fibras na forma livre, de paina, pêlo de poodle branco, pêlo de cachorro de

raças diversas e turfa (como amostra de controle), foram utilizadas como recheio de

coluna de vidro para avaliação da capacidade de limpeza de águas oleosas em leito

fixo (Figura 23).

A limpeza de águas oleosas utilizando a coluna de leito fixo, visa verificar a

capacidade do material como sorvente, analisando sua capacidade como agente de

separação física, ou seja, separar o óleo da água. Neste ensaio, as moléculas da

fase fluida são retidas na superfície do adsorvente (paina, pêlo de poodle, pêlo de

cachorro de raças diversas e turfa), por forças de Van der Waals, formando uma

camada de moléculas.

As amostras coletadas na corrente de saída da coluna, foram analisadas por

cromatografia (2.6.1) para a mistura água destilada/petróleo, determinando a

concentração, em ppm, de BTEX em água (HELENO et al, 2010).

Para facilitar o empacotamento do recheio da coluna foi utilizado pérolas de

vidro (esferas de vidro com 0,3 cm de diâmetro).

a) b) c) d)

FIGURA 23 - Colunas de purificação: paina (a), pêlo de poodle branco (b), pêlo de cachorro de raças diversas (c) e turfa (d)

Page 56: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

54

A mistura petróleo com água destilada, na proporção 1:7, foi agitada por 5

minutos para em seguida colocado em uma bureta graduada sobre a coluna, para

ser iniciada a passagem da solução pelo recheio da coluna. Amostras de corrente de

saída foram coletadas em triplicata em 8 tempos.

Page 57: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

55

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 COLETA E ESTATÍSTICA DOS PÊLOS DE CACHORRO DE RAÇAS DIVERSAS

Dos 1119,6g de pêlo somente 77,8g foram lavados antes da tosa. O que

determina a lavagem antes da tosa é o tamanho do cachorro, para cães grandes a

tosa é realizada com o pêlo sujo. Foi analisada a relação da massa de cada raça em

relação à massa total coletada (Tabela 1). Não foi analisada a estatística de cores

pela dificuldade em determinar a proporção correta, visto que a maioria dos cães

não possuía uma cor definida. O pêlo de Poodle branco coletado não foi lavado e a

gordura natural do pêlo cria uma capa hidrofóbica que possui afinidade pelo óleo.

5.2 CONFECÇÃO DAS AMOSTRAS PARA OS TESTES DE SORÇÃO

Na Figura 24, temos os exemplos de amostras utilizadas nos testes de sorção

seca e sorção dinâmica para petróleo e para óleo mineral isolante. Foram utilizados

também só o revestimento de algodão em forma de disco circular (Figura 24e) e o

revestimento de algodão com a turfa em forma de almofada.

Raça Massa (g) %

Lhasa Apso 467,7 42

Maltês 78,4 7

Poodle 205,4 18

São Bernardo 21,2 2

Schamauzer 152,6 14

Shitzu 36,6 3

York Shire 157,7 14

TABELA 1 - Porcentagem de ocorrência das raças em relação á massa total coletada.

FIGURA 24 - Amostras de pêlo de cachorro de raças diversas (a), pêlo de poodle branco (b), paina (c), polipropileno em forma de manta (d) e revestimento de algodão (e) da turfa (f).

Page 58: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

56

Para os ensaios em sistema hídrico simulado foram confeccionadas mini-

barreiras de contenção (Figura 25), nas dimensões 5 cm X 2 cm X 2 cm. Para paina,

pêlo de poodle branco e pêlo misturado foi confeccionando uma estrutura com

revestimento externo a base da própria fibra em forma de fio e em seu interior com a

fibra na forma livre. Para a amostra de controle, foi confeccionado com as mesmas

dimensões, sendo o revestimento externo de tecido de algodão e recheio de turfa

(Figura 25).

5.3 TESTE DE SORÇÃO SECA EM PETRÓLEO

Para os testes de sorção seca, sem a presença de água, utilizando petróleo e

amostras tecidas com fios de paina (Tabela 2), pêlo de poodle branco (

Tabela 3), pêlo de cachorro de raças diversas (Tabela 4) e manta de

polipropileno (Tabela 5) foram obtidos os seguintes resultados:

a) b)

d) c)

FIGURA 25 - Mini-barreiras de contenção: Paina (a), pêlo de Poodle branco (b), pêlo misturado (c) e turfa com revestimento de algodão (d)

Page 59: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

57

TABELA 2 - Capacidade de sorção em petróleo de tapetes formados com fios de Paina

Tempo Nº S0 St S = (St-S0)/S0 Média

g óleo/g sorvente

5 min

7 0,03 0,38 9,96

10,49 8 0,05 0,64 12,66

9 0,16 1,61 8,85

15 min

17 0,31 2,52 7,15

8,22 18 0,1 0,9 8,36

19 0,18 1,82 9,15

30 min

27 0,04 0,48 11,17

9,3 8 0,18 1,65 7,98

29 0,18 1,76 8,75

60 min

37 0,04 0,52 12,05

8,99 38 0,34 2,58 6,51

39 0,21 1,96 8,4

TABELA 3 - Capacidade de sorção em petróleo de tapetes formados com fios de pêlos de Poodle branco

Tempo Nº S0 St S = (St-S0)/S0 Média

g óleo/g sorvente

5 min

4 0,12 0,98 7,45

7,78 5 0,11 1,02 7,99

6 0,09 0,84 7,9

15 min

14 0,22 1,46 5,59

6,68 15 0,12 1,03 7,7

16 0,11 0,87 6,76

30 min

24 0,08 0,79 8,87

9,39 25 0,08 0,98 11,29

26 0,12 1,08 8,02

60 min

34 0,11 0,89 6,93

6,72 35 0,12 1,01 7,55

36 0,14 0,94 5,68

TABELA 4 Capacidade de sorção em petróleo de tapetes formados com fios de pêlos de cachorro de raças diversas

Tempo Nº S0 St S = (St-S0)/S0 Média

g óleo/g sorvente

5 min

1 0,11 0,74 5,5

5,66 2 0,16 1,09 5,96

3 0,11 0,73 5,53

15 min

11 0,16 1,02 5,27

5,26 12 0,17 1 4,99

13 0,13 0,82 5,52

30 min

21 0,13 0,73 4,57

4,63 22 0,14 0,97 5,95

23 0,25 1,09 3,38

60 min

31 0,14 0,75 4,47

4,76 32 0,13 0,98 6,32

33 0,36 1,59 3,48

Page 60: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

58

TABELA 5 - Capacidade de sorção em petróleo amostras de sorvente comercial em forma de manta

Tempo S0 St S = (St-S0)/S0 Média

g óleo/g sorvente

5 min

0,17 1,48 7,72

7,74 0,13 1,14 7,76

0,11 0,99 7,74

15 min

0,14 1,13 7,1

7,12 0,12 0,98 7,12

0,11 0,90 7,14

30 min

0,15 1,23 7,05

7,02 0,13 1,05 7,11

0,16 1,26 6,9

60 min

0,12 1,00 7,33

7,45 0,15 1,29 7,57

0,11 0,97 7,45

Foram relacionados os resultados a capacidade média de sorção das

amostras com o tempo, conforme descrito na Figura 26:

A sorção média, entre todos os tempos foi de 5,07 g de petróleo por grama de

fibras de cachorro de raças diversas (pêlo Misturado), 7,6 g de petróleo por grama

de pêlo de poodle branco, 9,2 g de petróleo por grama de paina e 7,3 g de petróleo

por grama de manta de polipropileno (BARA et al, 2010). Os resultados da

capacidade de sorção da manta de polipropileno conferem com os valores do

Sorção Seca em Petróleo

0

2

4

6

8

10

12

5 15 30 60

minutos

g ó

leo

/g s

orv

en

te

ee

Pêlo Misturado

Poodle Branco

Paina

Manta de Polipropileno

FIGURA 26 - Gráfico: Capacidade média de sorção seca de Petróleo com o tempo

Page 61: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

59

fornecedor, cujo intervalo de capacidade de adsorção de óleo está descrito entre 7 a

12 vezes o seu peso (ECOSAFE, 2010).

5.4 TESTE DE SORÇÃO SECA EM ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO

Nas tabelas a seguir estão os resultados da sorção seca em óleo mineral

isolante, sem a presença de água, para as amostras em forma de tapete de Paina

(Tabela 6) de pêlo de Poodle Branco (Tabela 7), pêlo de cachorro de raças diversas

(pêlo misturado - Tabela 8) e manta de polipropileno (Tabela 9).

TABELA 6 - Capacidade de sorção de amostras de tapetes de Paina em óleo mineral isolante

Tempo Nº S0 St S = (St-S0)/S0 Média

g óleo/g sorvente

5 min

47 0,02 0,36 16,84

12,67 48 0,03 0,34 12,15

49 0,17 1,72 9,02

15 min

57 0,03 0,33 9,28

7,89 58 0,15 1,42 8,28

59 0,31 2,21 6,11

30 min

67 0,03 0,36 10,67

9,5 68 0,27 2,53 8,3

69 0,22 2,27 9,54

60 min

77 0,03 0,45 12,46

11,02 78 0,19 2,26 11,06

79 0,16 1,7 9,54

TABELA 7 - Capacidade de sorção de amostras de tapetes de pêlos de Poodle branco em óleo mineral isolante

Tempo Nº S0 St S = (St-S0)/S0 Média

g óleo/g sorvente

5 min

44 0,36 1,97 4,47

4,12 45 0,33 1,81 4,43

46 0,38 1,7 3,46

15 min

54 0,27 1,55 4,68

4,29 55 0,23 1,25 4,52

56 0,39 1,84 3,68

30 min

64 0,28 1,44 4,23

4,27 65 0,32 1,44 3,44

66 0,22 1,36 5,14

60 min

74 0,07 0,6 8,09

5,29 75 0,48 2,31 3,8

76 0,38 1,92 3,99

Page 62: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

60

TABELA 8 - Capacidade de sorção de amostras de tapetes de pêlos de cachorro de raças diversas em óleo mineral isolante

Tempo Nº S0 St S = (St-S0)/S0 Média

g óleo/g sorvente

5 min

41 0,09 0,6 5,76

5,09 42 0,1 0,59 4,68

43 0,1 0,61 4,83

15 min

51 0,07 0,46 5,9

5,07 52 0,08 0,45 4,37

53 0,08 0,45 4,92

30 min

61 0,1 0,62 5,43

5,07 62 0,15 0,93 5,02

63 0,11 0,61 4,76

60 min

71 0,09 0,58 5,28

4,95 72 0,13 0,82 5,35

73 0,19 0,99 4,22

TABELA 9 - Capacidade de sorção de amostras de sorvente comercial em forma de manta em óleo mineral isolante

Tempo S0 St S = (St-S0)/S0 Média

g óleo/g sorvente

5 min

0,13 0,96 6,4

6,46 0,11 0,83 6,52

0,08 0,61 6,46

15 min

0,09 0,57 5,31

5,22 0,12 0,69 5,22

0,11 0,67 5,13

30 min

0,1 0,70 5,91

5,91 0,09 0,63 5,98

0,13 0,89 5,84

60 min

0,11 0,84 6,63

6,59 0,14 1,06 6,55

0,09 0,66 6,59

Relacionando a capacidade de sorção média em gramas de óleo por gramas

de sorvente em função do tempo, foi possível construir o gráfico representado na

Figura 27 .

Page 63: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

61

FIGURA 27 - Gráfico: Capacidade média de sorção de óleo mineral isolante com o tempo

A sorção média, entre todos os tempos foi de 5,04 g de OMI por grama de

fibras de cachorro de raças diversas (pêlo Misturado), 4,49 g de OMI por grama de

pêlo de poodle branco, 10,2 g de OMI por grama de paina e 6,04 g de OMI por

grama de manta de polipropileno (BARA et al, 2010). Os resultados da capacidade

de sorção da manta de polipropileno com óleo mineral isolante usado, ficaram

abaixo do intervalo descrito pelo fornecedor, cujo intervalo de capacidade de

adsorção de óleo está entre 7 a 12 vezes o seu peso (ECOSAFE, 2010).

5.5 TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM PETRÓLEO

Para que a posição da amostra em relação ao meio óleo/água não interfira

nos resultados, visto que o óleo permanece na parte superior da mistura, em função

da sua densidade, foi utilizada a velocidade média de rotação (na posição 5), para

criação do vórtex. Em ensaios com velocidade inferior, as amostras permaneceram

flutuando sobre a mistura, diminuindo o contato com o óleo resultando em erro na

capacidade de sorção, com valores muito pequenos. Visualmente, as amostras

confeccionadas com paina e as provenientes de pêlo de poodle branco,

imediatamente retiradas do béquer não necessitavam de escoamento do excesso de

óleo nem água (Figura 28), indicando uma maior capacidade de limpeza, em função

da disposição final das amostras e seus respectivos conteúdos líquidos. Um

Sorção Seca em Óleo Mineral Isolante

0

2

4

6

8

10

12

14

5 15 30 60

minutos

g ó

leo

/g s

orv

en

te e

e

Pêlo Misturado

Poodle Branco

Paina

Manta de Polipropileno

Page 64: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

62

comportamento contrário foi verificado na amostra de pêlo misturado (conforme

Figura 28c).

O comportamento dos diferentes materiais sorventes percebido visualmente

foi comprovado durante a coleta dos resultados com o cálculo de sorção total

(Equação 2). A Tabela 10 mostra a média dos valores obtidos para os diferentes

materiais e o desvio padrão.

TABELA 10 - Média dos valores de sorção para ensaio dinâmico com petróleo.

Amostra Média [g óleo/ g sorvente] Desvio Padrão

Pêlo misturado 3,0446 0,2568

Poodle branco 3,2192 0,2652

Paina 6,1673 0,4776

Manta de Polipropileno 6,0808 1,6950

Tecido de Algodão 1,8964 0,3476

Turfa + Algodão 2,8968 0,5784

A paina superou todas as outras amostras na capacidade de sorção de

petróleo, com média de 6,1673 gramas de petróleo por gramas de paina. Foi o único

material alternativo que superou os resultados da manta de polipropileno.

As amostras de pêlo de poodle branco e pêlo de cachorro misturado

superaram as amostras de turfa com revestimento de algodão.

A capacidade de cada amostra em sorção/retenção de petróleo é descrita em

gramas de óleo por gramas de sorvente, segundo a Equação 2.

Utilizando a média dos valores de sorção/retenção do petróleo e o

correspondente desvio padrão foi elaborado um gráfico de dispersão (Figura 29).

(a) (b) (c)

FIGURA 28 - Amostras após a sorção dinâmica do petróleo: paina (a), pêlo de poodle branco (b) e pêlo de cachorro de raças diversas(c).

Page 65: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

63

As amostras provenientes da manta de polipropileno foram desagregadas

(desintegrou) durante o processo de destilação (4.7 DETERMINAÇÃO DO TEOR DE

ÁGUA RETIDO PELAS AMOSTRAS), o que dificultou o procedimento, sendo um

dos fatores que influenciaram o desvio padrão elevado nos resultados de sorção

(Figura 29). Em função disso, foram adicionadas novas amostras de controle: tecido

de algodão e turfa com revestimento de algodão.

Os resultados de todas as amostras utilizadas neste ensaio estão descritos

nos apêndices ( APÊNDICE 1 – TABELA 17).

5.6 TESTE DE SORÇÃO DINÂMICA COM ÓLEO MINERAL ISOLANTE USADO

No teste com Petróleo foi criado o vórtex propositadamente, com o aumento

da velocidade de agitação que proporcionou um maior contato da amostra com a

água oleosa, permitindo uma maior sorção de óleo pela amostra.

Conforme a Equação 2 associando aos resultados do item 5.7 (TEOR DE

ÁGUA RETIDO NAS AMOSTRAS), foi possível verificar a capacidade média de

sorção/retenção de óleo e calcular o desvio padrão (Tabela 11) para sorção de Óleo

Mineral Isolante.

Sorção Dinâmica com Petróleo

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

Amostras

g ó

leo

/ g

so

rven

te

ee

Pêlo de cachorro de raças diversas

Poodle branco

Paina

Manta de Polipropileno

Algodão

Turfa com revestimento de Algodão

FIGURA 29 - Sorção total das amostras considerando o desvio padrão.

Page 66: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

64

TABELA 11 - Sorção dinâmica em Óleo Mineral Isolante usado

Amostra Média [g óleo/g sorvente] Desvio Padrão

Pêlo de cachorro de raças diversas 4,2430 1,4399

Poodle Branco 5,0901 0,4200

Paina 8,1945 2,2634

Manta de Polipropileno 6,0557 1,9513

Tecido de Algodão 1,8848 0,1491

Turfa com revestimento de algodão 4,0171 0,2535

O algodão apresentou capacidade de sorção em óleo mineral isolante inferior

à capacidade de sorção em petróleo, ao contrário das outras amostras.

A paina superou todas as amostras na capacidade de sorção/retenção de

óleo, apresentando capacidade de sorção média de 8,1945 gramas de óleo mineral

isolante por grama de paina. Este resultado superou inclusive, o resultado obtido

para ensaios com petróleo (TABELA 10).

A capacidade de sorção média das amostras de pêlo de poodle branco em

óleo mineral isolante foi superior ao da turfa com revestimento de algodão e as

amostras de pêlo de cachorro de raças diversas, obtendo valores muito próximos

dos obtidos pela manta de polipropileno, com diferença de 0,9656g (inferior ao

desvio padrão da manta de polipropileno).

As amostras de pêlo de cachorro de raças diversas apresentaram resultados

superiores ao da turfa com revestimento de algodão, com capacidade média de

sorção de 4,2430 gramas de óleo mineral isolante por gramas de pêlo de cachorro

de raças diversas. Um dos fatores que pode ter influenciado o elevado desvio

padrão das amostras de pêlo de cachorro de raças diversas (pêlo misturado), é a

heterogeneidade das fibras.

Estes resultados estão representados no gráfico de dispersão a seguir (Figura

30) :

Page 67: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

65

Neste caso, além das amostras provenientes da manta de polipropileno, as

amostras de paina e pêlo de cachorro de raças diversas apresentaram elevado

desvio padrão (comparado aos resultados das outras amostras). Verificando a

imagem das amostras antes do ensaio é possível verificar uma elevada espessura

do fio (Figura 31),

As amostras nº 150 e nº 154 são de pêlo de cachorro de raças diversas, onde

a amostra nº 154 foi obtida de fio com maior gramatura. As amostras nº 160 e nº 156

são de paina, sendo a amostra nº 156, a de maior gramatura.

Estes resultados sugerem que a capacidade de sorção/retenção de óleo pelas

fibras em forma de tapete, é diretamente proporcional a gramatura do fio. Neste

caso, as amostras provenientes de fios com maior gramatura (gramas por metro)

obtiveram resultados inferiores e o desvio padrão foi maior.

Sorção dinâmica em Óleo Mineral Isolante usado

0

2

4

6

8

10

12

Amostras

g ó

leo

/g s

orv

en

te

ee Pêlo de cachorro de raças diversas

Poodle Branco

Paina

Manta de Polipropileno

Agodão

Turfa com revestimento de algodão

FIGURA 30 - Gráfico: Sorção dinâmica em Óleo Mineral Isolante usado

a) nº 150 b) nº 154 c) nº 160 d) nº 156

FIGURA 31 - Amostras nº: 150 (a), 154 (b), 160 (c) e 156 (d)

Page 68: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

66

Os resultados de todas as amostras estão descritos nos Apêndices (Tabela

18).

5.7 TEOR DE ÁGUA RETIDO NAS AMOSTRAS

O teor de água retido em cada amostra define a quantidade de óleo sorvido

pelas fibras. Estes dados estão diretamente associados à hidrofobicidade de cada

material.

Devido à estrutura física da turfa, é necessária a utilização de um material

para revestimento, assim os resultados descritos para a turfa foram obtidos pela

diferença dos resultados do algodão e da turfa com revestimento de algodão.

Após o processo de destilação, os resultados correspondentes aos testes de

sorção dinâmica em Petróleo, referente ao teor de água retido no coletor durante o

processo de destilação, estão descritos na TABELA 12:

TABELA 12 - Teor de água retido nas amostras durante o teste de sorção dinâmica utilizando Petróleo

Amostra Média [g] Desvio Padrão

% água no total de sorção

Pêlo Misturado 0,4625 0,2926 13,19

Poodle Branco 0,3375 0,1887 9,49

Paina 0,1700 0,1249 2,68

Manta de Polipropileno 0,0667 0,0577 1,09

Tecido de Algodão 0,0250 0,0500 1,30

Turfa + Algodão 0,0666 0,0577 2,25

As amostras constituídas por fibras de pêlos de cachorro de raças diversas

(pêlo misturado), apresentaram maior porcentagem de água em relação ao total de

material sorvido, 13,19%. O algodão apresentou os menores valores de retenção de

água porém, na relação com o total de material sorvido, a manta de polipropileno

apresentou o menor teor, 1,09% de água do total de material retido na amostra,

após o ensaio de sorção. Este resultado é o esperado uma vez que o polipropileno é

um material apolar enquanto as fibras naturais, dependendo do teor de ceras e de

celulose, podem apresentar um comportamento hidrofílico ou hidrofóbico.

Na Tabela 13, constam os resultados do teor de água, proporção em relação

ao total de material retido na amostra relacionando com a sorção de óleo e a sorção

total (água com óleo), conforme Tabela 10.

Page 69: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

67

TABELA 13 - Comparativo dos resultados de sorção total e teor de água retido pelas amostras após ensaios com petróleo

Amostra Sorção total [g/g

sorvente] Sorção óleo [g

óleo/g sorvente] Sorção água [g]

% água no total de sorção

Pêlo Misturado 3,5071 3,0446 0,4625 13,19

Poodle Branco 3,5567 3,2192 0,3375 9,49

Paina 6,3373 6,1673 0,1700 2,68

Manta de Polipropileno 6,1224 6,0557 0,0667 1,09

Algodão 1,9214 1,8964 0,0250 1,30

Turfa + algodão 2,9634 2,8968 0,0666 2,25

Turfa 1,0420 1,0004 0,0416 3,99

A manta de polipropileno teve o menor índice de água retida, 1,09%, porém a

paina apresentou os melhores resultados de retenção de óleo, 6,16 gramas de

petróleo por gramas de paina.

Os tapetes formados por pêlo de cachorro de raças diversas, apresentaram

13,19% de água do total de material sorvido, compreendendo o maior índice de

água nos ensaios dinâmicos com petróleo, mesmo assim apresentou capacidade de

sorção/retenção de óleo superior ao algodão, a turfa e a turfa com revestimento de

algodão. Considerando que a turfa com revestimento de algodão é um material

atualmente difundido para utilização comercial como sorvente de óleo, os tapetes

formado por pêlo de cachorro de raças diversas, obteve um desempenho superior a

este material comercialmente utilizado.

As amostras de pêlo de cachorro poodle, na cor branca, apresentaram

resultados inferiores somente em relação à paina e à manta de polipropileno,

superando os outros materiais.

Os resultados dos ensaios de sorção dinâmica em óleo mineral isolante

usado estão apresentados na Tabela 14.

TABELA 14 - Teor de água presente nas amostras após o teste de sorção dinâmica em óleo mineral isolante usado

Amostra Média [g] Desvio Padrão % água no total de sorção

Pêlo Misturado 0,2333 0,2082 5,21

Poodle Branco 0,0667 0,1155 1,29

Paina 0,0000 0,0000 0,00

Manta de Polipropileno 0,0333 0,0577 0,55

Algodão 0,0000 0,0000 0,00

Turfa + Algodão 0,0333 0,0577 0,82

Page 70: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

68

As amostram que mais se destacaram foram as de paina e algodão, que não

apresentaram teor de água retido após ensaio, contudo a paina apresenta a maior

capacidade de sorção de óleo, 8,1945 gramas de OMI por grama de paina (Tabela

11 e Tabela 15) contra 1,8848 gramas de OMI por grama de algodão.

Todas as amostras apresentaram resultados de teor de água, inferiores aos

encontrados nos testes de sorção dinâmica com petróleo.

Na Tabela 15 estão apresentados os resultados dos testes de sorção

dinâmica com óleo mineral isolante e os respectivos teores de água.

Tabela 15 - Comparativo dos resultados de sorção total e teor de água retido pelas amostras após os ensaios com óleo mineral isolante

Amostra Sorção total [g/g

sorvente] Sorção óleo [g

óleo/g sorvente] Sorção água [g]

% água no total de sorção

Pêlo Misturado 4,4763 4,2430 0,2333 5,21

Poodle Branco 5,1567 5,0901 0,0667 1,29

Paina 8,1945 8,1945 0,0000 0,00

Manta de Polipropileno 6,0890 6,0557 0,0333 0,55

Algodão 1,8848 1,8848 0,0000 0,00

Turfa + algodão 4,0504 4,0171 0,0333 0,82

Turfa 2,1323 2,1323 0,0000 0,00

As amostras de pêlo de cachorro misturado, assim como no ensaio dinâmico

em petróleo, apresentaram o maior índice de teor de água, 5,21% em relação ao

total de material sorvido nos ensaios dinâmicos com óleo mineral isolante bem como

superou a capacidade de sorção/retenção de óleo das amostras de algodão, turfa

com revestimento de algodão e a somente turfa.

5.8 SISTEMA HÍDRICO SIMULADO

Conforme a Figura 32 todas as amostras, em forma de tapete, flutuaram na

solução água destilada com petróleo e seguiram a correnteza.

Porém, como as amostras permaneceram flutuando na água durante todo o

teste, e o filme de óleo ficou na parte inferior da amostra e em sua volta, houve

restrição do contato dos tapetes com a água, resultando assim em uma diferença

mínima no peso da amostra antes e depois do ensaio.

Foram testados tempos superiores a 30min (1h e 2h), mas ainda assim não

houve diferença no peso maior que 0,0099g.

Page 71: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

69

Em função disso, nenhuma das amostras apresentou teor de água igual ou

superior a 0,1 mL nos testes para verificação do teor de água, valor mínimo possível

de ser verificado no coletor durante a destilação. Além disso, somente a parte

inferior das amostras entrou em contato com o petróleo, o que gerou valores

pequenos de sorção de óleo resultantes da diferença do peso inicial com o peso

após a sorção e desvio padrão elevado. Assim, os testes preliminares mostraram

que as mantas tecidas devem ser forçadas a entrar em contato com a água para que

de fato sorvam o óleo em sua plena capacidade de sorção. Em função disso, foram

confeccionadas as amostras em forma de mini-barreira de contenção (Figura 25).

As mini-barreiras de contenção foram fixadas em suas extremidades no

suporte do sistema hídrico, porém o filme de óleo ficou estagnado mesmo com a

circulação de água por baixo, o que também não gerou sorção de óleo pelas

amostras em volume considerável.

(a) (b)

(c) (d)

FIGURA 32 - Amostras durante o teste no Sistema Hídrico Simulado: paina (a), pêlo de cachorro de raças diversas (b), polipropileno em forma de manta (c) e pêlo de poodle branco (d).

Page 72: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

70

5.9 MICROSCOPIA

5.9.1 Óptica

As imagens das amostras em forma de tapete, utilizadas nos testes de sorção

dinâmica de petróleo estão representadas na Figura 33:

Observa-se na Figura 33, a forma com que o óleo reveste as fibras de cada

amostra. A forma do óleo no recobrimento das fibras mostra a afinidade do óleo com

as amostras. Quanto mais espalhado (linear) o óleo sobre a fibra, menor a tensão

superficial e maior a compatibilidade do óleo e da fibra, o que ocorre com as fibras

de paina e as fibras da manta de polipropileno, amostras que apresentaram os

melhores resultados de sorção/retenção de óleo.

O recobrimento em forma esférica reflete uma maior tensão superficial e a

menor compatibilidade, o que está evidenciado na imagem da fibra de tapete de pêlo

de cachorro de raças diversas, que dentre as fibras analisadas pela microscopia

óptica, obteve os menores resultados na capacidade de sorção de óleo.

Em função das características morfológicas da turfa, não foi possível obter

imagens do recobrimento do óleo. Para este equipamento em específico, a limitação

da cor influenciou em resultados imprecisos para as amostras de óleo mineral

isolante. Porém, relacionando com os resultados de sorção, acredita-se que a forma

como o óleo mineral isolante envolveu as fibras seja semelhante à forma como o

petróleo revestiu, pois esta afinidade com a fibra está associada às relações de

ponte de hidrogênio, ou seja, a afinidade entre um composto polar com um apolar

(ATKINS, 2006). As imagens obtidas no microscópio óptico Zeiss, com ampliação de

100x para as amostras em forma de mini-barreiras de contenção, utilizadas nos

testes em sistema hídrico simulado, estão descritas na Figura 34:

(a) (b) (c) (d)

FIGURA 33 - Ampliação 500x: paina (a), pêlo de poodle branco (b), pêlo de cachorro de raças diversas (c) e polipropileno em forma de manta (d)

Page 73: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

71

A amostra de pêlo misturado, possui fibras de cores diversas e foi possível

verificar pela análise das imagens de microscopia eletrônica que o diâmetro das

fibras também é variado (Figura 34a) diferente das fibras de pêlo de poodle branco

(Figura 34 b). Pelo processo de fiação das amostras de tapete de pêlo de cachorro

de raças diversas, poodle branco e paina, as fibras aparecem orientadas. Mesmo

utilizando somente o revestimento da barreira de contenção há a presença de turfa

entre as fibras (Figura 34d). A baixa sorção das amostras no teste em sistema

hídrico simulado dificultou a geração das imagens com a presença do óleo.

O petróleo recobriu a fibra de poodle branco, formando aproximadamente

uma elipse (Figura 35), como observado nas imagens de microscopia óptica

realizadas com o equipamento Olympus para as amostras em forma de tapete

utilizadas no testes de sorção dinâmica. O óleo revestiu a fibra de pêlo de cachorro

de raças diversas, na forma de uma elipse mais evidenciada (Figura 36 a), enquanto

que na paina está revestindo a fibra de forma linear, o que exemplifica os melhores

resultados de capacidade de sorção de petróleo (Figura 36 b).

FIGURA 34 – Ampliação 100X: amostra de tapete de pêlo de raças diversas (a), poodle branco (b), paina (c) e algodão (d).

FIGURA 35 – Mini-barreira: poodle branco com petróleo, ampliação 200X

Page 74: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

72

Não foi possível utilizar nenhuma imagem com a presença de óleo mineral

isolante pela dificuldade na visualização. A coloração escura do petróleo facilitou a

identificação das imagens no microscópio óptico, ao contrário das amostras com

óleo mineral isolante, que é muito claro.

5.9.2 ELETRÔNICA DE VARREDURA

Foram analisadas amostras de fio de paina, poodle branco e de pêlo de

cachorro de raças diversas, sem a presença de óleo ou água. Em função das

características do equipamento que utiliza vácuo e feixe de elétrons não foi possível

realizar as imagens de amostras com a presença de óleo ou água.

Os pelos são formados por queratina, uma proteína fibrosa que possui

características de elasticidade e impermeabilidade à água (AMABIS e MARTHO,

1994), o que contribui para sua hidrofobicidade. Porém os pêlos de raças diversas

são provenientes do descarte de tosa periódica de Pet shop, onde o fator lavagem

do pêlo antes da tosa depende do tamanho do cachorro, pois cachorros de porte

maior são tosados antes do banho. Há dificuldade em determinar a proporção de

pêlo com resíduo de surfactante proveniente de lavagem, fator determinante na

capacidade de sorção pois os pêlos lavados não possuem a gordura natural do

animal que tem mais afinidade pelo óleo do que pela água.

a) b)

FIGURA 36 - Mini-barreira com petróleo, ampliação em 200X: pêlo de cachorro de raças diversas (a) e paina (b)

Page 75: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

73

Os pêlos de raças diversas apresentam diâmetros da fibra diferentes,

quantidade e forma de escamas diferentes, isso se deve à heterogeneidade das

fibras.

Seria de se esperar que o algodão, material com alto teor de celulose,

absorvesse mais água do que a paina, porém considerando os estudos de

Annunciado (2005), a paina é constituída de 54,1% de -Celulose, 27,5% de

hemicelulose, 15,1% de lignina, 3,2% de extrativos, 0,62% de cinzas e 9,2% de

umidade.

A paina apresenta 1,5% em teor de ceras que corresponde a 2,5 vezes mais

cera se comparado ao teor de cera do algodão.

A -Celulose e a lignina se caracterizam pela resistência a agentes oxidantes

e susceptibilidade à hidrólise alcalina.

a) b)

FIGURA 37 - MEV ampliação 650X: pêlo de cachorro de raças diversas (a) e pêlo de poodle branco (b)

Figura 38 - MEV ampliação 650X: paina

Page 76: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

74

Em relação á característica de presença de estruturas tipo “escamas”, na

ampliação de 650X, a paina não apresenta escamas (Figura 38), o pêlo de poodle

branco fica num valor intermediário enquanto que o pêlo de cachorro de raças

diversas apresenta a maior quantidade de escamas (Figura 37). Esta é a mesma

ordem na escala de capacidade de sorção/retenção de óleo, o que sugere que há

uma associação entre a presença e número de escamas com a diminuição na

capacidade de sorção de óleo. Uma hipótese razoável para explicar este

comportamento é que a superfície lisa da paina favorece a sorção de óleo, enquanto

superfícies com presença de estruturas do tipo escamas dificultam a sorção devido

a um empedimento mecânico. Além disto, os pêlos têm uma composição à base de

queratina enquanto a fibra vegetal é um material ligno-celulósico. Finalmente, pode

também ser sugerido que pelo fato da paina consistir de filamentos muito finos, um

filme de óleo pode ser formado entre as fibras, aumentando a capacidade de sorção

deste material (ANNUNCIADO, 2005). A Figura 39 mostra a ampliação em 4000X

das fibras de paina e de poodle branco, respectivamente:

Com o auxílio do programa AxioVision, foram analisadas as imagens com

ampliação de 650X, por amostragem foi possível determinar o diâmetro médio das

fibras e a distância entre as escamas, conforme apresentado na Tabela 16:

a) b)

FIGURA 39 - MEV ampliação 4000X: paina (a) e poodle branco (b)

Page 77: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

75

TABELA 16 - Análise das imagens de MEV utilizando o AxioVision

Diâmetro médio [μm] Distância média entre as escamas [μm]

Paina 21,525 -----------

Poodle 28,22 9,904

Pêlo Misturado 30,178 7,968

O diâmetro da paina é menor do que das outras fibras, logo em um mesmo

volume, haverá mais fibras de paina do que das outras fibras, o que aumenta a área

de contato.

Maior distância entre as escamas implica em menor número de escamas em

uma mesma área, logo as fibras de pêlo de poodle branco possuem no geral menos

escamas do que as fibras de pêlos de cachorro de outras raças. Não é possível

afirmar que essa diferença especificamente ocorre também com pêlos de poodle de

outras cores, nem em relação a determinadas raças, pois não foi o foco deste

estudo, que prioriza a avaliação do desempenho de fibras descartadas de Pet Shop

como material sorvente. Mesmo assim, é possível determinar que quanto maior a

ocorrência de escamas, menor a capacidade de sorção, não necessariamente este é

o fator determinante, visto que há outras relações envolvidas que caracterizam a

afinidade do material com o óleo, como a viscosidade do óleo.

Na Figura 40, a imagem de fibras de pêlo de cachorro de raças diversas na

ampliação de 650X, com as medidas de diâmetro obtidas pelo programa.

FIGURA 40 - AxioVision: Diâmetro das fibra de cachorro de raças diversas

Page 78: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

76

5.10 DETERMINAÇÃO DA CURVA DE VISCOSIDADE

Utilizando a Equação 3, foram obtidos os valores que estão descritos nos

gráficos abaixo (Figura 42 e Figura 42):

O petróleo é mais viscoso que o óleo mineral isolante usado, mesmo em

temperaturas elevadas, visto que a 50º C o petróleo apresenta uma viscosidade

média próxima de 20 [cP] enquanto que o óleo mineral isolante apresenta

viscosidade média de 6,2 [cP]. É importante a determinação da viscosidade do óleo

pois, diferentes materiais sorventes atuam de forma distinta em óleos viscosos ou

menos viscosos. Por exemplo, a paina, tem capacidade de sorção alta em óleos

Viscosidade do Petróleo

0

20

40

60

80

100

120

0 10 20 30 40 50 60

Temperatura [ºC]

Vis

co

sid

ad

e [

cP

] e

e

Viscosidade do Óleo Mineral Isolante

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

0 10 20 30 40 50 60

Temperatura [ºC]

Vis

co

sid

ad

e [

cP

]

ee

FIGURA 41 - Gráfico: Viscosidade do Petróleo

FIGURA 42 - Gráfico: Viscosidade do Óleo Mineral Isolante usado

Page 79: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

77

viscosos enquanto que a salvínia, tem capacidade de sorção maior em óleos pouco

viscosos em função da área de adsorção e facilidade de penetração. O mecanismo

de sorção pode variar de acordo com o material sorvente. A paina tende a formar um

fino filme de óleo (conforme Figura 43) e à medida que o óleo fica menos viscoso,

esse filme se torna mais difícil de ser formado e assim a capacidade de sorção cai.

O óleo pouco viscoso tem comportamento mais fluido que o mais viscoso e portanto,

seu comportamento mecânico seria o de formar filmes com maior dificuldade do que

o óleo de maior viscosidade.

No caso da salvínia, como o material é poroso, à medida que o óleo se torna

mais viscoso a capacidade de sorção cai. No caso dos pêlos de cachorro, os

materiais não são porosos e é possível que a tendência seja a da formação do fino

filme de óleo, com melhores resultados para óleos mais viscosos.

FIGURA 43 - Fotos em microscopia eletrônica de varredura (MEV) das fibras de Chorisia Speciosa

(a) Ampliação 80 X, fibra in natura; (b) Ampliação 80 X, a fibra após ter sorvido o óleo; (c) Ampliação 500 X, fibra in natura e (d) Ampliação 500 X, fibra após ter sorvido o óleo.

Fonte: ANNUNCIADO, 2005

Page 80: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

78

5.11 ENSAIO EM COLUNA DE VIDRO

A utilização das pérolas na montagem do recheio, facilitou a passagem da

mistura água/óleo, visto que nos casos onde não foram utilizadas, o óleo formou um

filme não possibilitando a passagem da água e não promovendo a passagem da

solução pela coluna, não sendo possível a filtração.

Para a coluna com recheio de turfa, não foi necessário a utilização de pérolas

de vidro, em função da estrutura física da turfa.

Os resultados obtidos na análise cromatográfica, estão descritos na Figura

44, onde estão também representadas as curvas de tendência dos resultados.

Considerando que todas as colunas foram submetidas à limpeza de uma

mistura de 1:7 (petróleo/água destilada), ou seja, água contendo aproximadamente

260ppm de óleo, observa-se que:

A coluna com recheio de turfa separou o óleo da água até apresentar

concentração mínima de saída de 31,7 ppm, enquanto que a coluna com recheio de

paina apresentou uma concentração mínima de saída de 21,5 ppm.

FIGURA 44 - Gráfico: Curva breakthrough dos resultados da análise cromatográfica do efluente com petróleo

Cromatografia de efluente com petróleo

0

50

100

150

200

250

300

350

400

450

500

550

600

650

0 5 10 15 20 25 30 35

Tempo [min]

Co

nce

ntr

açã

o [p

pm

] d

d

Turfa

Paina

Misturado

Poodle

Page 81: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

79

A coluna com recheio de pêlo de poodle branco separou o óleo da água até

apresentar concentração mínima de saída de 11,7 ppm e a coluna com recheio de

pêlo de cachorro de raças diversas separou o óleo da água até apresentar

concentração mínima de saída de 9,0 ppm (valores dentro do estipulado pela

resolução do CONAMA).

Ao contrário dos ensaios de sorção seca e sorção dinâmica, os resultados do

pêlo de cachorro de raças diversas, superaram os de paina e de pêlo de poodle

branco. Neste caso, a mistura heterogênea das fibras (pêlo liso, pêlo ondulado...)

parece ter facilitado a retenção de óleo na coluna e propiciou resultados de 9ppm na

concentração de saída.

A coluna de paina obteve resultado de concentração de saída superior ao do

pêlo de poodle branco e do pêlo de cachorro de raças diversas, mas durante o

mesmo intervalo de tempo não saturou (por isso não apresentou o ponto de quebra)

o que garante um tempo de utilização maior que a coluna de poodle branco e de

pêlo de cachorro de raças diversas.

As colunas de paina não saturaram, por isso não foi possível determinar o

ponto de quebra ou “breakpoint”.

Page 82: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

80

6 CONCLUSÃO E SUGESTÕES

6.1 CONCLUSÃO

Utilizando as fibras naturais como materiais para sorção de óleo presente na

água, é valorizado o processo físico de separação, sendo uma alternativa aos

processos oxidativos avançados pois além de não liberar dióxido de carbono, não

degrada o óleo possibilitando sua futura reutilização.

Foi possível fazer a fiação da paina, pêlo de Poodle e mistura de pêlos de

cachorros de diversas raças e também, foi possível confeccionar mantas com os fios

obtidos para os testes de sorção e utilização em filtros.

Nos testes de sorção dinâmica as amostras de paina apresentaram os

melhores resultados de sorção em óleo mineral isolante usado e em petróleo. Porém

no teste de sorção dinâmica em petróleo, foi obtido um valor próximo do sorvente

comercial composto de manta de polipropileno. As amostras de pêlo de poodle

branco obtiveram resultados superiores aos das amostras de turfa com revestimento

de algodão para a sorção em óleo mineral isolante usado e em petróleo. As

amostras de pêlo cachorro de raças diversas obtiveram resultados superiores aos da

turfa com revestimento de algodão em teste de sorção dinâmica utilizando petróleo.

As amostras de paina tiveram o menor valor de teor de água para os dois

tipos de óleos testados, resultados estes que superaram os valores dos sorventes

comerciais.

O teor de água retido após o teste de sorção dinâmica em óleo mineral

isolante foi inferior aos valores após o teste com petróleo, essa alteração

provavelmente está diretamente associada à viscosidade dos óleos, sendo o

Petróleo mais viscoso que o Óleo Mineral Isolante utilizado nos testes.

É interessante notar que no pêlo de cachorro, o óleo encobriu o material de

forma elíptica enquanto que na paina, de forma elíptica mas menos pronunciada, de

certa forma linear, ou seja, quanto mais espalhado o óleo no filamento menor a

tensão superficial, ou seja, os materiais são compatíveis com o óleo pois não há a

formação de gotas esféricas. Há um maior grau de molhabilidade do óleo para a

paina em relação aos demais materiais testados.

A descontaminação de águas oleosas, além de contribuir para a preservação

de ecossistemas também pode contribuir no aspecto econômico, reduzindo os

Page 83: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

81

gastos. Embora as fibras de pêlo de cachorro de raças diversas não tenham

apresentado os melhores resultados de sorção, este resíduo de PetShop superou os

resultados obtidos com a turfa com revestimento de algodão, atualmente utilizada

comercialmente como produto de contenção de vazamentos, em ensaios de sorção

e superou todas as outras fibras na capacidade de limpeza em coluna de adsorção.

Por este motivo, produtos à base de pêlo de cachorro de raças diversas podem ser

utilizados como material sorvente para óleo mineral e petróleo, visto que associado a

seu pequeno êxito sobre a turfa com revestimento de algodão, associado à sua

vantagem econômica, já que é um material descartado, pode resultar em um produto

de baixo custo.

As fibras alternativas utilizadas nesta pesquisa, apresentaram resultados

superiores à amostra de controle também nos ensaios em coluna de vidro, onde a

paina, o pêlo de poodle branco e o pêlo de cachorro de raças diversas

demonstraram alta capacidade de limpeza de efluentes com petróleo em forma de

filtros.

Como as fibras de paina, pêlo de poodle branco obtiveram bons resultados de

sorção dinâmica, acredita-se que o problema no sistema hídrico simulado, seja de

design das amostras e não do material.

A capacidade de limpeza dos filtros de paina, pêlo de Poodle e pêlo de

cachorro de raças diversas foi muito boa pois água contendo 259 ppm de óleo foi

purificada até 9ppm para o pêlo de cachorro de raças diversas, 11,7 ppm para o pêlo

de Poodle e 21,7 ppm para a paina.

6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS

É necessário um aprofundamento na técnica de confecção dos fios e das

amostras ou na disposição das mantas no corpo hídrico simulado de forma a garantir

maior contato dos tapetes com o sistema água-óleo. Através da alteração da

gramatura, do estiramento e da forma de trançar os fios será possível otimizar a

produção de fios e verificar a dependência destes fatores na capacidade de sorção.

Testes de confecção das amostras por meio de técnicas de “non woven” (não

tecidos) devem ser realizados para comparar com os tecidos utilizados neste

trabalho.

Page 84: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

82

Realizar um estudo com intervalos de tempo inferiores a 5 minutos, para

determinar o crescimento da capacidade de sorção, identificando o ponto de

saturação e a possibilidade de dessorção. O estudo da dessorção poderá gerar uma

nova possibilidade de recuperação do material sorvente e a possibilidade de

reutilização do material.

Realizar ensaios com as amostras em solução com combustível marítimo,

com água marinha artificial produzida conforme norma ASTM D 1141/92 e sistema

hídrico, para simular as condições de derramamento em mar aberto.

Verificação da tensão superficial das fibras estudadas por meio da técnica de

microscopia de força atômica. Fazer a análise da área superficial das fibras e avaliar

o efeito das cutículas (micro escamas presentes nas fibras animais) no processo de

sorção.

Análise dos fatores termodinâmicos para ensaios em coluna de adsorção e

modelagem matemática dos filtros.

Uso de filtros com amostras tecidas para testes de capacidade de limpeza de

águas oleosas em colunas.

Associar as fibras de paina, pêlo de poodle branco e pêlo de cachorro de

raças diversas em ensaios de sorção e como recheios de filtros para verificação de

capacidade de limpeza de águas oleosas em testes em coluna de adsorção.

Page 85: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

83

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Page 93: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

91

APÊNDICES

Page 94: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

92

APÊNDICE 1

TABELA 17 - Resultados do teste de sorção dinâmica com Petróleo

Petróleo Teste: 150ml água + 5ml Petróleo com agitação magnética

Nº Massa Inicial

[g]

Massa Final

Mf - Mo sorção

água [g] sorção

óleo g óleo/g sorvente

Média Sorção

Destilado [ml]

lo M

istu

rado

109 1,5192 6,4768 4,9576 0,3000 4,6576 3,0658

3,0446

0,3

110 1,1870 5,1009 3,9139 0,3000 3,6139 3,0446 0,3

111 1,2135 5,3122 4,0987 0,9000 3,1987 2,6359 0,9

112 1,2117 5,3603 4,1486 0,3500 3,7986 3,1349 0,35

113 0,9624 4,4784 3,5160 0,3000 3,2160 3,3416 0,3

Po

od

le B

ranco 114 1,7590 7,3149 5,5559 0,5000 5,0559 2,8743

3,2192

0,5

115 1,3155 6,0463 4,7308 0,1500 4,5808 3,4822 0,15

116 1,2800 5,4515 4,1715 0,0000 4,1715 3,2192 0

117 1,5149 6,3326 4,8177 0,2000 4,6177 3,0482 0,2

118 1,2422 6,0554 4,8132 0,5000 4,3132 3,4722 0,5

Pa

ina

119 0,5820 4,4592 3,8772 0,3000 3,5772 6,1464

6,1673

0,3

120 0,5423 2,8022 3,3445 0,0000 3,3445 6,1673 0

121 0,5480 3,9373 3,3893 0,0000 3,3893 6,1849 0

122 0,5700 3,8815 3,3115 0,1800 3,1315 5,4939 0,18

123 0,5124 4,2194 3,7070 0,2000 3,5070 6,8443 0,2

Ma

nta

de

Po

lipro

pile

no 144 0,6402 4,6768 4,0366 0,1000 3,9366 6,1490

6,0808

0,1

145 0,8758 4,891 4,0152 0,0000 4,0152 4,5846 0

146 0,7517 5,4325 4,6808 0,0000 4,6808 6,2270 0

182 0,3896 3,8071 3,4175 0,0000 3,4175 8,7718 0

183 0,5678 3,2203 2,6525 0,0000 2,6525 4,6715 0

Alg

od

ão

124 0,4241 1,3047 0,8806 0,1000 0,7806 1,8406

1,8964

0,1

125 0,3219 0,9323 0,6104 0,0000 0,6104 1,8964 0

126 0,3287 0,7935 0,4648 0,0000 0,4648 1,4141 0

127 0,3046 1,0332 0,7286 0,0000 0,7286 2,3920 0

128 0,2991 0,8790 0,5799 0,0000 0,5799 1,9388 0

Tu

rfa

+ a

lgo

dão

147 0,9132 3,6737 2,7605 0,1000 2,6605 2,9134

2,8968

0,1

148 0,9179 4,5087 3,5908 0,0000 3,5908 3,9120 0

149 0,6348 2,5632 1,9284 0,1000 1,8284 2,8803 0,1

180 1,2005 4,6781 3,4776 0,0000 3,4776 2,8968 0

181 0,9234 3,0569 2,1335 0,0000 2,1335 2,3105 0

Page 95: APLICAÇÃO DE MATERIAIS SORVENTES ALTERNATIVOS PARA A

93

APÊNDICE 2

TABELA 18 - Resultados do teste de sorção dinâmica com OMI

Óleo Mineral Isolante Teste: 150ml água + 5ml Petróleo com agitador magnético

Nº Massa Inicial

[g]

Massa Final

Mf - Mo sorção

água [g] sorção

óleo g óleo/g sorvente

Média Sorção

Destilado [ml]

lo M

istu

rado 150 1,1603 5,0700 3,9097 0,3000 3,6097 3,1110

4,2430

0,3

154 0,6873 5,1174 4,4301 0,4000 4,0301 5,8637 0,4

158 1,0300 4,8969 3,8669 0,0000 3,8669 3,7543 0

168 1,2456 8,4242 7,1786 0,1000 7,0786 5,6829 0,1

174 0,9263 3,7228 2,7965 0,2000 2,5965 2,8031 0,2

Po

od

le B

ranco 151 0,8822 5,6353 4,7531 0,2000 4,5531 5,1611

5,0901

0,2

155 0,7391 4,1679 3,4288 0,0000 3,4288 4,6392 0

159 0,4736 3,0642 2,5906 0,0000 2,5906 5,4700 0

169 0,8237 5,4624 4,6387 0,1000 4,5387 5,5101 0,1

175 0,6283 3,5625 2,9342 0,0000 2,9342 4,6701 0

Pa

ina

152 0,2686 3,1708 2,9022 0,0000 2,9022 10,8049

8,1945

0

156 0,3997 3,1088 2,7091 0,0000 2,7091 6,7778 0

160 0,3493 2,7947 2,4454 0,0000 2,4454 7,0009 0

170 0,4546 5,2088 4,7542 0,0000 4,7542 10,4579 0

176 0,1987 1,3772 1,1785 0,0000 1,1785 5,9311 0

Ma

nta

de

Po

lipro

pile

no 153 0,4353 1,1853 0,7500 0,0000 0,7500 1,7229

6,0557

0

157 0,4222 1,2736 0,8514 0,0000 0,8514 2,0166 0

161 0,3279 0,9558 0,6279 0,0000 0,6279 1,9149 0

171 0,3983 6,8523 6,4540 0,0000 6,4540 4,1044 0

177 0,6943 9,3956 8,7013 0,0000 8,7013 8,0070 0

Alg

od

ão

165 0,4353 1,1853 0,7500 0,0000 0,7500 1,7229

1,8848

0

166 0,4222 1,2736 0,8514 0,0000 0,8514 2,0166 0

167 0,3279 0,9558 0,6279 0,0000 0,6279 1,9149 0

172 0,2357 0,5822 0,3465 0,0000 0,3465 1,4702 0

178 0,3472 1,1456 0,7984 0,0000 0,7984 2,2994 0

Tu

rfa

+ a

lgo

dão

162 0,9787 5,393 4,4143 0,0000 4,4143 4,5104

4,2179

0

163 0,8491 4,2953 3,4462 0,0000 3,4462 4,0587 0

164 1,0015 5,1924 4,1909 0,1000 4,0909 4,0848 0,1

173 1,0377 5,6778 4,6401 0,0000 4,6401 4,4715 0

179 0,7203 3,5758 2,8555 0,0000 2,8555 3,9643 0