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Apontamentos de Teoria Musical 1 Henrique Angélico Conceitos Básicos Os Ruídos e os Sons O planeta Terra formou-se há milhões de anos. Nessa altura não existia vida ao cimo do planeta, o qual era formado por bastantes vulcões, quase sempre em actividade. Como podes imaginar, a Terra produzia o mais variado tipo de ruídos: a erupção de um vulcão, o cair da chuva, o ruído do vento... Com o passar do tempo foram surgindo os primeiros seres vivos, cada vez mais perfeitos e com a capacidade de realizarem várias funções. Entre essas funções destaca-se a capacidade que alguns deles tinham de produzir sons, que eram usados fundamentalmente para comunicarem entre si. A Evolução da Música Alguns milhares de anos depois do aparecimento dos primeiros seres vivos surgiu o Homem, também ele capaz de produzir sons e ainda de os Imitar. Assim, o Homem começa, a pouco e pouco, a juntar diferentes sons, articulados entre si, desenvolvendo-se a comunicação verbal. A partir do momento em que o Homem associa à sua voz o som dos objetos, desenvolve-se uma outra forma de comunicação e expressão, a qual, muitos anos mais tarde, se viria a chamar música. Entretanto, a música passou por um longo processo de evolução, o qual está intimamente ligado à evolução do próprio Homem. Nesta evolução destacam-se as seguintes fases: Imitação dos sons e sua reprodução através da voz e dos objetos. Construção dos primeiros instrumentos musicais semelhantes aos que conhecemos hoje: harpa, lira, alaúde, órgão.. Desenvolvimento destes instrumentos por várias civilizações, nomeadamente a egípcia, grega e romana. Aparecimento e desenvolvimento da escrita musical, ligada à música religiosa. Desenvolvimento da música não religiosa, também chamada profana, com os trovadores, jograis e menestréis. Desenvolvimento da música vocal e instrumental. Criação de outras formas de arte, ligadas à música, como a ópera e o ballet.

Apontamentos de Teoria Musical

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Apontamentos de Teoria Musical 1

Henrique Angélico

Conceitos Básicos

 

Os Ruídos e os Sons

O planeta Terra formou-se há milhões de anos. Nessa altura não existia vida ao cimo do planeta, o

qual era formado por bastantes vulcões, quase sempre em actividade. Como podes imaginar, a

Terra produzia o mais variado tipo de ruídos: a erupção de um vulcão, o cair da chuva, o ruído do

vento...

Com o passar do tempo foram surgindo os primeiros seres vivos, cada vez mais perfeitos e com a

capacidade de realizarem várias funções. Entre essas funções destaca-se a capacidade que alguns

deles tinham de produzir sons, que eram usados fundamentalmente para comunicarem entre si.

 

A Evolução da Música

Alguns milhares de anos depois do aparecimento dos primeiros seres vivos surgiu o Homem,

também ele capaz de produzir sons e ainda de os Imitar. Assim, o Homem começa, a pouco e

pouco, a juntar diferentes sons, articulados entre si, desenvolvendo-se a comunicação verbal. A

partir do momento em que o Homem associa à sua voz o som dos objetos, desenvolve-se uma outra

forma de comunicação e expressão, a qual, muitos anos mais tarde, se viria a chamar música.

Entretanto, a música passou por um longo processo de evolução, o qual está intimamente ligado à

evolução do próprio Homem. Nesta evolução destacam-se as seguintes fases:

Imitação dos sons e sua reprodução através da voz e dos objetos.

Construção dos primeiros instrumentos musicais semelhantes aos que conhecemos hoje:

harpa, lira, alaúde, órgão..

Desenvolvimento destes instrumentos por várias civilizações, nomeadamente a egípcia, grega

e romana.

Aparecimento e desenvolvimento da escrita musical, ligada à música religiosa.

Desenvolvimento da música não religiosa, também chamada profana, com os trovadores,

jograis e menestréis.

Desenvolvimento da música vocal e instrumental.

Criação de outras formas de arte, ligadas à música, como a ópera e o ballet.

Construção de peças musicais mais complexas, usando um número cada vez maior de

instrumentos.

Grande variedade de estilos musicais quer vocal, quer instrumental, quer ainda misto. Estes

estilos vão desde a música clássica até à música tradicional, passando por muitos outros

estilos, como o pop e o rock, que provavelmente bem conheces.

 

A Natureza e os seus sons

Na Natureza encontramos seres vivos e seres não vivos. Da sua relação surgem sons dos mais

variados tipos, uns mais agradáveis que outros. Certamente já tiveste oportunidade de estar num

ambiente natural. Certamente, também tiveste oportunidade de escutar os sons que te rodeavam.

Provavelmente ouviste os pássaros, o bater das folhas das árvores, algum ser vivo rastejante ou até

o ruído da água a bater nas rochas ou na areia. Poderás também ter ouvido um "diálogo" de sons

produzidos por diversos animais que comunicavam entre si.

O Homem e a Música

Desde muito cedo, o Homem sentiu necessidade de comunicar. Por isso, começou a produzir sons

utilizando os materiais que a Natureza lhe oferecia. Mais tarde, começou a produzir sons com o seu

aparelho vocal que, aos poucos, se foi desenvolvendo.

No entanto, a necessidade de comunicar cada vez mais leva o Homem a criar os seus próprios

objetos produtores de som, isto é, instrumentos musicais. Hoje em dia, para construir esses

instrumentos, o Homem utiliza não só os materiais naturais mas também materiais sintéticos,

dando à música um caráter mais diversificado.

Formas de Expressão Musical

Como se sabe, a música foi evoluindo através dos tempos.

Esta evolução foi influenciada por vários fatores, tais como: a cultura dos povos, que engloba as

suas tradições e costumes, a religião e mesmo a política.

Em Portugal, por exemplo, existem diversas formas de expressão musical, as quais, certamente, já

tiveste ocasião de ouvir.

Assim, temos a música tradicional que, além de ser muito diversificada, é de uma verdadeira

riqueza cultural, retratando as características e personalidade das gentes de cada uma das regiões

de Portugal. Os grupos etnográficos são uma dessas formas de expressão, que interpretam o

chamado folclore típico de cada região, dando também a conhecer usos e costumes das suas

gentes.

A música tradicional surge muitas vezes associada a festividades, algumas delas de caráter

religioso, e é interpretada por vários tipos de agrupamentos, como por exemplo os coros de homens

e/ou de mulheres, as orquestras típicas, as bandas e as tunas.

Ainda dentro da música popular temos a chamada música ligeira, em que muitas vezes a voz

aparece ligada a um grupo de instrumentos ou a uma orquestra e que é muitas vezes influenciada

por estilos e modas estrangeiras.

Outra forma musical, ou seja, outro estilo de música é aquele cuja interpretação é geralmente feita

por orquestras, tendo um caráter menos popular.

Para além de todos estes estilos, a música portuguesa é também influenciada por toda a música

que se faz nos outros países.

Fontes sonoras

A música é uma forma de comunicação e de expressão artística, cuja linguagem é o som. Ao

percorreres o caminho para a escola estás rodeado por vários sons, tais como: o canto dos

passarinhos, o ladrar dos cães, a trovoada, a chuva...

Para além deste tipo de sons, há também aqueles que tu produzes, como acontece quando, por

exemplo, falas ou quando andas.

Assim, podemos dividir os sons em dois tipos: sons naturais e sons humanizados.

A maior parte dos sons que te rodeiam podem ser identificados pelos teus ouvidos. No entanto há

determinados sons que não é possível serem identificados pelo ser humano, em virtude de serem

muito fracos.

Sons naturais

A todos os sons que são produzidos pela Natureza damos o nome de sons naturais, como é o caso

da chuva, da trovoada, do ruído do mar a bater nas rochas ou na areia, do ruído da água dos

ribeiros a correr por entre as pedras, dos sons produzidos pelos animais ou do ruído do vento.

Talvez não saibas, mas os animais também usam a música. Vejamos alguns exemplos:

Os mosquitos machos são atraídos pelo som do bater das asas das fêmeas.

As baleias cantam, não se sabe porquê, mas cada uma tem uma canção diferente. Uma

canção dura cerca de dez minutos e pode ser repetida várias vezes durante 24 horas. O som

viaja bem pela água, de modo que as canções das baleias, principalmente as notas baixas,

podem percorrer centenas de quilômetros pelos oceanos.

Sons humanizados

A todos os sons que direta ou indiretamente são produzidos pelo ser humano damos o nome de

sons humanizados, tais como o som produzido pelo trabalhar dos automóveis, o tocar de uma

campainha, o estalar dos dedos e os sons produzidos pela tua voz.

Com a boca - Assobios, estalidos com a língua, sons com os lábios...

Com o nariz - Os sons resultantes da inspiração e da expiração...

Com as mãos - Bater palmas. estalar os dedos...

Com os pés - Andar, bater com os pés no chão...

Com várias partes do corpo - Bater com as mãos nas pernas, nos braços...

Muitas vezes, estes e outros sons produzidos com o corpo são usados para criar música,

individualmente ou em grupo. No entanto, para que toda a gente pudesse interpretar essas

músicas, foi necessário criar um código de símbolos para esses sons.

Código dos sons do corpo humano

Os sons do corpo mais usados na música são quatro. Cada um deles tem um sinal ou expressão que

o identifica. Assim temos:

D - É usado quando é necessário estalar os dedos, isto é, produzir estalidos.

M - Significa 'mãos e é usado normalmente quando se pretendem palmas.

P - Significa "pernas" e normalmente é usado quando se pretende que se dêem palmadas nas

coxas.

Pé - Indica batimento dos pés.

Timbre

Na unidade anterior percebeste que com o teu corpo podes produzir diferentes sons.

Certamente já reparaste também que a tua voz é diferente da voz dos teus colegas, que cada

objetou tem um som próprio e que na Natureza há uma grande variedade de sons. Assim, mesmo

de olhos fechados, reconheces a voz dos teus amigos, o som de uma caneta a cair no chão, o som

do bater de uma porta, o ladrar de um cão, o som da chuva a cair...

A esta qualidade do som, que torna possível a sua diferenciação e a identificação da fonte sonora,

damos o nome de timbre.

Os timbres são muito variados pois existe também uma grande variedade de fontes sonoras. No

entanto, o timbre é a única qualidade do som que pode ser alterada. Repara que consegues

reproduzir com a voz vários timbres, imitando, por exemplo, diferentes cantores, um animal

doméstico, etc.

O fato de o timbre poder ser tão variado implica que tenha também várias características. Se

tomarmos como exemplo a voz humana, podemos ver melhor no que consiste cada uma destas

características do timbre:

Doce - Voz que demonstra uma certa ternura.

Suave - Voz que demonstra uma grande calma.

Metálica - Voz que parece ser produzida por um objeto metálico.

Nasalada - Voz que parece sair do nariz.

Baça - Voz sempre igual, em que às vezes até é difícil a compreender.

Brilhante - Voz clara, em que se entende facilmente o que se diz, sendo dada muita entoação às

palavras.

Intensidade

Como já sabes, os diversos sons têm características diferentes. Uma dessas características tem a

ver com a força com que os sons são produzidos.

Na linguagem musical, à força com que o som é produzido dá-se o nome de intensidade do som.

Assim, há sons muito intensos, outros menos intensos e outros ainda tão pouco intensos que quase

nem das conta deles. Para ser mais fácil utilizar esta qualidade do som, tornou-se necessário criar

um código:

pp - Significa pianíssimo e refere-se aos sons muito pouco intensos, isto é, aos sons muito fracos.

p - Significa piano e refere-se aos sons pouco intensos, isto é, aos sons fracos.

ff - Significa fortíssimo e refere-se aos sons muito intensos, ou seja, aos sons muito fortes.

f - Significa forte e refere-se aos sons intensos, ou seja, aos sons fortes.

mf - Significa meio-forte e refere-se aos sons que não são muito fracos nem são muito fortes, quer

dizer, aos sons intermédios.

A este aspecto da música, que estuda a variação da intensidade dos sons, dá-se o nome de

dinâmica.

Como já sabes, o timbre é uma qualidade do som. Por isso, podemos dizer que o som que cada

instrumento produz corresponde a um timbre muito próprio, ou seja, ao timbre característico do

instrumento.

O timbre dos instrumentos está relacionado com dois aspectos:

O material de que cada um deles é feito e a dimensão do instrumento.

Os Instrumentos Orff

Certamente já viste na tua escola, na sala de música, vários instrumentos musicais, como por

exemplo um xilofone ou um tambor. Estes instrumentos e muitos outros, de que te falaremos a

seguir, formam uma pequena orquestra na qual tu poderás tocar.

Esta orquestra é conhecida pelo nome de Instrumental Orff ou Orquestra Orff. Este nome deve-se a

Cari Orff, compositor musical alemão, nascido a 10 de Julho de 1895 em Munique. Ele criou esta

orquestra a pensar nas crianças e nos jovens de modo a facilitar a aprendizagem da Educação

Musical.

Os instrumentos que compõem esta orquestra são os seguintes:

1. Flautas de bisel;

2. Jogos de sinos: soprano e contralto;

3. Xilofones: soprano, contralto e baixo;

4. Metalofones: soprano, contralto e baixo;

5. Percussão: metais, madeiras e peles;

6. Grande percussão;

Esta ordem é também aquela em que tu encontras o instrumental Orff numa pauta.

Os Instrumentos Por Famílias

Dissemos anteriormente que os instrumentos são feitos de materiais diferentes. Vais agora

classificá-los segundo duas características: o material de que são feitos e o tipo de altura do seu

som, ou seja, se são instrumentos de altura determinada ou indeterminada.

Os instrumentos de altura determinada produzem sons com altura Definida, isto é, que

correspondem a notas musicais.

Os instrumentos de altura indeterminada produzem sons com altura indefinida e, por isso, não os

podemos escrever na pauta musical.

Altura determinada:

Metais - Jogos de sinos (soprano e contralto), metalofones (soprano, contralto e baixo);

Madeiras - xilofones (soprano, contralto e baixo).

Neste grupo inclui-se também a flauta, único instrumento que não pertence ao grupo dos

instrumentos de percussão, pois, como sabes, é um instrumento de sopro.

Atura indeterminada

Metais - Triângulo, guizos, pratos e crótalos, gongo e windchime;

Madeiras - Clavas, caixa chinesa, bloco de dois sons, temple-block, maracas, reco-reco e

castanholas;

Peles - Tamborim, bongós, caixa de rufo, congas, bombo, pandeireta e timbales.

Cuidados a ter com os instrumentos da orquestra Orff

1. Mantém os instrumentos sempre limpos.

2. Utiliza apenas os utensílios próprios para tocar os instrumentos.

3. Nos instrumentos de lâminas toca sempre com as duas baquetas.

4. Os instrumentos devem ser tocados com suavidade.

5. Os instrumentos devem estar arrumados pela sua ordem.

6. Toca os instrumentos apenas quando o teu professor o indicar.

A Flauta de Bisel ao longo dos tempos

A flauta de bisel, também chamada de flauta doce, é um instrumento muito simples e muito antigo.

Na realidade, foi um dos primeiros instrumentos a ser inventado pelo Homem, há muitos milhares

de anos, nos tempos da Pré-História. Nessa altura a flauta era feita a partir de uma cana ou de

ossos de animais.

Ao longo dos tempos, esta flauta foi sofrendo várias modificações, tanto na sua forma como nos

materiais utilizados no seu fabrico. Hoje em dia a flauta de bisel é feita de plástico ou de madeira.

Flauta de Pã.

A flauta existe desde a Idade da Pedra, sendo dos instrumentos mais antigos usados pelo Homem.

Além disso, encontra-se em praticamente todos os povos, salvo raras excepções, como é o caso dos

aborígenes australianos. Assim, torna-se impossível traçar a história, ainda que resumida, da flauta

nas suas múltipias formas.

O som profundo e íntimo das flautas transmite uma enorme qualidade. De tal forma que, durante

muito tempo, as flautas foram relacionadas com a magia, como na ópera de Mozart “A Flauta

Mágica” e na lenda do flautista mágico de Hamelm, cuja música encantava as crianças da cidade.

Uma das muitas flautas que existem, a flauta de Pã, está associada ao mito do deus grego Pã.

Quando a ninfa que Pã amava foi transformada numa cana, o deus cortou essa cana numa série de

flautas de diferentes comprimentos, as quais juntou, e que tocava para se consolar. Hoje em dia, as

flautas de Pã são frequentemente relacionadas com a música da América do Sul.

Contraste e Semelhança Tímbrica

Como sabes, o timbre das vozes dos seres humanos por vezes é muito parecido mas outras vezes

ele é muito diferente. Na linguagem musical, dá-se a essa característica o nome de contraste ou

semelhança tímbrica.

Também o timbre dos instrumentos pode ser contrastante ou, pelo contrário, semelhante.

Assim, se ouvires o som de um piano e de uma guitarra, certamente vais sentir que entre estes dois

instrumentos há um contraste tímbrico.

Da mesma maneira, se ouvires um bandolim e uma guitarra portuguesa, Certamente terás alguma

dificuldade em distinguir o timbre de uma e de outra, o mesmo acontecendo com uma flauta de

biseI e uma flauta transversal. Nestes casos há então uma semelhança tímbrica entre os

instrumentos.

O Som

O som é a sensação que o nosso ouvido recebe quando é atingido pelas vibrações ou ondas sonoras

produzidas pelas fontes sonoras, isto é, por tudo aquilo que produz som.

As ondas sonoras transmitem-se através do ar.

Quando a vibração do ar é regular, o som tem características musicais, ou seja, é agradável ao

ouvido. Pelo contrário, quando essa vibração é irregular, o som é um ruído, tornando-se, portanto,

desagradável ao ouvido.

A Pulsação

Quando falamos de pulsação, associamos imediatamente este termo ao bater regular do nosso

coração, ou seja, ao seu ritmo. Como sabes, a nossa pulsação não é sempre a mesma. De facto,

quando estás em repouso o teu coração bate de uma determinada maneira, a que chamamos ritmo

normal. Pelo contrário, se fizeres um esforço físico, por exemplo, se correres, a tua pulsação

aumenta, pois o coração bate mais depressa.

Tal como sucede com o nosso corpo em que há uma relação entre o esforço que fazemos e o bater

do coração, também na música existe uma relação directa entre aquilo a que chamamos velocidade

da música e a sua pulsação que, embora regular, poderá ser mais rápida ou mais lenta.

As Ondas Sonoras

Os objectos sonoros, ao serem percutidos produzem variados sons que se propagam através do ar,

sob a forma de ondas.

Enquanto os sons musicais produzem uma sequência de ondas sonoras regulares, o ruído é uma

sequência de ondas sonoras irregulares.

As vibrações

Todas as coisas que produzem som conseguem movimentar o ar rapidamente. Este, ao

movimentar-se, provoca vibrações que, ao chegarem aos nossos ouvidos, permitem que

consigamos ouvir os diversos sons.

Para verificares a existência das ondas sonoras poderás realizar a seguinte experiência:

Pega num diapasão, bate com ele na palma da tua mão e mergulha-o imediatamente num copo

com água. Certamente, verás que as vibrações do diapasão agitam a água.

A Duração

Certamente já reparaste que há sons que duram mais tempo do que outros, como, por exemplo, a

sirene dos bombeiros, o alarme de um automóvel, o toque de uma campainha, etc. Por este motivo,

podemos dizer que há dois tipos de sons: longos e curtos.

Sons longos - Demoram muito tempo a desaparecer.

Sons curtos - Demoram pouco tempo a desaparecer.

As Figuras Musicais

Na escrita musical houve necessidade de criar símbolos que significassem os sons curtos e os sons

longos. Por essa razão, as figuras musicais foram divididas em dois grupos: figuras brancas e figuras

pretas.

Figuras brancas - Representam os sons mais longos.

Figuras pretas - Representam os sons mais curtos.

Silêncio

A música não é só composta por sons. Ela é também formada pela ausência dos sons, isto é, por

silêncios, os quais podem ter também uma duração mais longa ou mais curta. Os silêncios têm

também figuras que os representam, chamadas pausas.

A Altura

Como já sabes, os sons têm timbres, intensidades e durações diferentes. Para além destas

características, o som tem também uma outra a que se chama altura. Vejamos em que consiste

esta qualidade do som tomando como exemplo a voz humana.

Como sabes, ninguém tem a voz igual, embora por vezes haja vozes muito parecidas. Todos os

sons, nomeadamente a voz, podem ser agrupados em três categorias: finos, grossos e médios.

A estas características do som chamamos, em linguagem musical, altura do som, a qual se divide

em três categorias, ou registos: agudos, graves e médios.

Sons agudos - Sons mais finos.

Sons graves - Sons mais grossos.

Sons médios - Sons nem muito agudos nem muito graves.

A Escrita Musical

A música é uma linguagem constituída por diversos elementos. Alguns deles fazem parte daquilo a

que chamamos escrita musical, são eles: a pauta musical, as claves e as notas musicais.

Pauta musical - Conjunto formado por cinco linhas e quatro espaços.

Claves - Sinais que se colocam no início da pauta e que têm como função determinar o nome das

notas. Assim, a nota que está na mesma linha da clave tem o seu nome.

Notas musicais - Sinais ou símbolos escritos que nos dão informações musicais sobre a altura do

som. Esses sinais têm nomes diferentes, conforme o local onde se encontram na pauta musical.

Assim temos o dó, ré, mi, fá, sol, lá e si.

A música e a sua escrita são uma linguagem universal, pelo que pode ser lida por qualquer pessoa,

de qualquer parte do mundo, desde que conheça os elementos que a constituem.

Linhas sonoras ascendentes e descendentes

Quando ouves uma peça musical, facilmente verificas que o som nem sempre está na mesma

altura, dando muitas vezes a ideia de subir e de descer, ou seja, de passar de sons mais graves

para sons mais agudos e vice-versa. Assim, a música pode dar a ideia de uma linha de som, ou seja,

de uma linha sonora.

As linhas sonoras podem ser de três tipos: ascendentes, descendentes ou contínuas.

Linha sonora ascendente - Quando a melodia vai de sons mais graves para sons mais agudos.

Linha sonora descendente - Quando a melodia vai de sons mais agudos para sons mais graves.

Linha sonora continua - Quando a melodia tem sons seguidos todos no mesmo registo.

Linhas suplementares superiores e inferiores.

Tanto as linhas como os espaços da pauta musical são utilizados como “posições” para as notas.

Contudo, nem sempre estas linhas e estes espaços são suficientes para todas as noras necessárias.

Para ultrapassar este problema decidiu-se aumentar a extensão da pauta musical, utilizando-se

pequenas linhas, denominadas linhas suplementares. Estas linhas escrevem-se por cima ou por

baixo da pauta musical, tomando respectivamente o nome de linhas suplementares superiores e

inferiores.

As linhas suplementares originam também espaços suplementares.

As linhas e os espaços suplementares superiores contam-se de baixo para cima. Pelo contrário, as

linhas e os espaços suplementares inferiores contam-se de cima para baixo.

Suspensão

O sinal de suspensão é um sinal que prolonga o valor da figura ou da pausa a que aparece

associado. Contudo não está determinado o valor que o sinal de suspensão aumenta à figura ou

pausa a que se aplica.

O executante da peça musical pode atribuir-lhe um valor variável, segundo o seu gosto e o carácter

da música.

A suspensão pode escrever-se por baixo ou por cima das pautas.

 

A Voz Humana

Utilidade da voz

Já deves ter reparado que usas a tua voz quase sempre que queres comunicar. Portanto, não há

dúvida que a voz é um instrumento que tens sempre ao teu alcance e com a qual fazes muitas

coisas: falar, gritar, cantar, suspirar, sussurrar...

A voz varia de pessoa para pessoa, de acordo com o sexo, a idade, o estado de espírito e as

características do aparelho vocal.

Aparelho vocal

O aparelho vocal é constituído por um conjunto de vários órgãos e estruturas. São as características do

aparelho vocal que determinam o timbre, a altura e a intensidade da voz de cada pessoa.

A voz é produzida pela acção da passagem do ar pelas cordas vocais quando ele vem dos pulmões

para a boca.

Para além das cordas vocais, a boca, através do movimento da língua e dos lábios, desempenha

também um papel no acto de comunicar. Na realidade, o ar faz vibrar as cordas vocais, estas

emitem um som, o qual vai ser trabalhado com a língua e controlado pelos lábios.

 

Tipos de vozes

Quanto ao registo sonoro e segundo o sexo, as vozes podem ser agrupadas em três categorias:

Vozes masculinas: Vozes femininas:

Tenor - Voz aguda.   Soprano - Voz aguda.

Baritono - Voz média. Mezzo soprano - Voz média.

Baixo - Voz grave.     Contralto - Voz grave.

Estas categorias referem-se às características naturais da voz. No entanto, por vezes e em

determinadas circunstâncias, podemos alterar a voz tornando-a mais aguda ou mais grave.

Cuidados a ter com a voz

A voz é, por tudo o que acabámos de dizer, um bem muito precioso. Por isso, é necessário termos

bastante cuidado na sua utilização, de modo a não ficarmos roucos ou afónicos, isto é, sem voz.

Entre esses cuidados há três que são fundamentais:

Não começar a emitir sons gritando.

Evitar alterar durante muito tempo o timbre natural da voz, ou seja, falar com uma voz diferente da

nossa.

Não obrigar o aparelho respiratório a suportar grandes variações de temperatura, bebendo, por

exemplo, líquidos muito frios ou muito quentes.

A mais antiga e natural origem do som, a partir da qual se pode, conscientemente, fazer. música, é

a voz humana.

Todos os sons são produzidos devido à vibração de um corpo. A voz humana funciona segundo os

mesmos princípios: o som é produzido por meio da vibração de duas cordas vocais delgadas que se

estendem através da lannge da nossa garganta. Essas cordas são postas em vibração pelo ar que

vem dos pulmões. A altura do som produzido depende da tensão das cordas vocais. Por isso, quanto

mais esticadas estiverem as cordas, mais elevada será a altura do som, e vice-versa. O som é

reforçado nas cavidades da boca, nariz e cabeça, que funcionam como uma espécie de caixa de

ressonância. A qualidade da voz depende da qualidade e flexibilidade das cordas vocais.

Dinâmica

Numa das unidades anteriores ficaste a saber que os sons podem ser fortes, meio-fortes e pianos,

isto é, que os sons têm diferentes intensidades.

É exactamente à variação da intensidade dos sons que chamamos de dinâmica.

Em música, há mudanças graduais na dinâmica, ou seja, há momentos em que os sons crescem em

intensidade e outros momentos em que essa intensidade diminui.

Como já sabes, a intensidade dos sons está associada a símbolos (p - piano; pp - pianíssimo; mf

meio-forte; f - forte; ff - fortíssimo). A intensidade do som ainda pode variar dentro destas

categorias.

Crescendo e Diminuendo

Partindo de um som meio-forte podemos chegar a um som forte ou mesmo fortíssimo. Da mesma

maneira, partindo desse mesmo som inicial, também podemos chegar a um som piano, ou mesmo

pianíssimo.

No entanto, em música muitas vezes pretende-se que o som comece muito forte mas que vá

diminuindo de intensidade ou, pelo contrário, que comece muito piano e que vá aumentando de

intensidade. Para representar simbolicamente o aumento ou a diminuição da intensidade do som

criaram-se dois sinais:

crescendo diminuindo

A intensidade aumenta A intensidade diminui

gradualmente gradualmente

A intensidade dos sons depende da amplitude da vibração. De facto, quanto mais forte for o

estimulo dum corpo vibratório, mais alto será o seu som e vice-versa. Assim, se batermos, por

exemplo, o teclado de um piano, produziremos sons mais fortes ou mais fracos, de acordo com o

maior ou menor vigor com que tocarmos. Isso acontece porque a nossa energia é transmitida pelo

teclado às cordas produtoras de som existentes no interior do piano.

A amplitude entre os sons muito fortes e muito suaves divide-se em vários graus de volume. Estes

representam-se por meio de sinais de expressão que se escrevem geralmente sob a pauta musical,

indicando qual a intensidade com que as notas devem ser tocadas. Numa composição musical, a

transição de um grau dinâmico para outro pode ser repentina ou gradual. A transição gradual de

uma dinâmica para outra indica-se geralmente por meio de um sinal, podendo ser também indicada

por palavras:

Andamento

Quando falamos em andamento vem-nos à memória a ideia de movimento. De facto, esta palavra

pode significar no dia-a-dia a forma como te deslocas: andando a passo lento ou rápido, correndo,

marchando...

Na linguagem musical a palavra andamento tem também um significado próprio, estando associada

ao movimento que é característico de cada música. Na realidade, podemos tocar ou cantar uma

melodia ou canção com velocidades diferentes: de uma forma lenta, rápida, moderada, etc.

Os compositores, ou seja, as pessoas que escrevem as músicas, pensam logo em que andamento

querem que a música seja interpretada. Por isso, quando a compõem, assinalam sobre a pauta o

andamento que pretendem, utilizando um código que é conhecido por todos os músicos.

O Andamento e o seu Código

Actualmente, é usado o seguinte código para identificar os vários andamentos:

- Lentos Largo - Vagaroso

 Adagio - Muito lento

- Médios Andante - Andamento de passeio

 Moderato - Andamento moderado

- Rápidos Alegreto - Um pouco depressa

Alegro - Depressa

Vivace - Bastante depressa

Presto - Rápido

Prestíssimo - Muito rápido

O andamento costuma estar associado ao ritmo marcado por um aparelho chamado metrónomo,

que pode ser mecânico ou electrónico. Este aparelho marca o número de tempos a serem tocados

por minuto. Assim, se por exemplo vires numa peça musical o símbolo (semínima = 60), isso

significa que devem ser tocadas 60 semínimas por minuto.

O metrónomo

O metrónomo foi inventado em 1816 por um austríaco. Este aparelho é constituído por um pêndulo

que pode oscilar a uma velocidade variável, que vai das 40 às 208 oscilações por minuto. O

metrónomo é muito útil quando queremos tocar uma peça musical num determinado andamento.

Actualmente já existe um outro tipo de metrónomo, o metrónomo electrónico. Neste aparelho o

pêndulo aparece substituído por um sinal sonoro. Por sua vez, o andamento aparece num visor

digital.

Elementos Repetitivos

No dia-a-dia observamos várias situações que nos chamam a atenção. Certamente já te aconteceu

ires numa estrada e veres passar por ti dois ou três carros da mesma marca ou da mesma cor. Da

mesma maneira já te deve ter acontecido entrares numa loja e veres numa prateleira diversos

objectos todos iguais entre si.

Também quando comunicamos através da linguagem verbal, é normal repetirmos algumas

expressões que consideramos mais importantes para reforçar a mensagem que queremos

transmitir.

Na linguagem musical também aparecem elementos que se repetem. Na realidade. numa peça de

música é frequente encontrarmos elementos que surgem várias vezes. ou seja, pequenas partes da

música ou da letra que são repetidas. Para além destes dois aspectos também é normal encontrares

em peças musicais indicações para outros instrumentos voltarem a tocar uma parte dessa música.

A todos estes elementos que se repetem na linguagem musical damos o nome de elementos

repetitivos.

Contratempo

Contratempo é, como a própria palavra indica, qualquer coisa que vai contra o tempo, ou seja, algo

que se sobrepõe ao tempo definido, isto é, contra a pulsação.

Vejamos uma situação do dia-a-dia que te ajuda a perceber melhor este conceito.

Imagina que estás no recreio da rua escola e que com uma bola de basquetebol estás a treinar o

drible. O som da bola a bater no chão é constante, quer dizer, tem uma pulsação regular. Imagina

também que junto a ti está outro colega a lazer o mesmo exercício, mas cujo ritmo de batimento,

apesar de também ser regular, é diferente do teu. Certamente o que vais ouvir são batimentos

desencontrados das duas bolas no chão, o que significa que os dois batimentos não têm o mesmo

tempo.

Existem dois tipos de contratempos: o regular e o irregular.

Contratempo regular - Quando a nota e a pausa têm a mesma duração.

Contratempo irregular - Quando a nota e a pausa têm durações diferentes.

O Ostinato

Dá-se o nome de ostinato á repetição insistente de um elemento musical que poderá ser rítmico,

melódico ou ambos ao mesmo tempo.

Técnicas de Imitação

Certamente já imitaste a voz de alguém teu conhecido ou mesmo de algum dos teus cantores

preferidos.

Sabes certamente que no mundo do espectáculo há profissionais de imitação e que existem

espectáculos de televisão em que os participantes imitam cantores portugueses e estrangeiros.

Em linguagem musical, a imitação também é usada, através de duas técnicas: o cânone e a

imitação.

Estas duas técnicas são muito utilizadas nas peças de música, tanto nas antigas, como nas actuais.

Cânone

O cânone pode confundir-se muitas vezes com a imitação.

O cânone acontece quando duas ou mais pessoas cantam ou tocam a mesma canção ou ritmo mas

de uma forma desencontrada, ou seja, começando em momentos diferentes.

O cânone pode ser interpretado de duas maneiras diferentes: em uníssono ou em oitavas.

Cânone em uníssono - Quando todas as vozes têm a mesma altura de som.

Cânone em oitava - Quando algumas das vozes cantam numa altura de som mais aguda, ou seja,

numa oitava acima.

Imitação

A imitação é, tal como o seu nome indica, a repetição de uma frase melódica e/ou rítmica, quer

através da voz, quer através dos instrumentos musicais, ou de ambas simultaneamente.

Os Compassos

Como sabes, todos os textos escritos são divididos em várias partes: palavras, frases e parágrafos.

Esta organização é fundamental para que a mensagem do texto possa ser facilmente percebida.

Também a linguagem musical, ao ser escrita, tem uma organização própria, a qual podes ver

facilmente na pauta. Esta organização tem também como objectivo facilitar a leitura e a

interpretação da música. Na realidade todas as peças musicais que cantas ou tocas estão divididas

em partes iguais: os compassos.

Os compassos não são todos iguais. De facto eles podem representar tempos diferentes, os quais

têm directamente a ver com o seu nome:

Compasso binário - Tem dois tempos.

Compasso ternário - Tem três tempos.

Compasso quaternário - Tem quatro tempos.

A estes três tipos de compasso chamamos compassos simples, pois o seu tempo é divisível por dois,

uma vez que o tempo é representado pela semínima e esta divide-se, como já sabes, em duas

colcheias.

Os compassos são representados por dois algarismos. O número que aparece em cima indica a

quantidade de figuras que aparecem no compasso. O número que aparece em baixo indica quais

as figuras que vão constituir a unidade de tempo ou seja a qualidade de figuras. O número 4 que

aparece na parte inferior de todos os compassos que vais estudar e representa a semínima.

O Compasso Binário

Este compasso é o mais simples de marcar pois só tem dois movimentos, como se se tratasse de

uma pergunta e de uma resposta. 1

A sua representação gráfica é feita através de dois números que se sobrepõem: o 2 e o 4.

A representação gráfica do compasso binário indica-nos que cada compasso tem dois tempos.

Estes dois tempos não têm a mesma acentuação, sendo o primeiro um tempo forte, isto é, mais

marcado, o segundo um tempo fraco, ou seja, menos marcado.

O Compasso Ternário

Este compasso tem três tempos e por isso é marcado em três movimentos. Ele é formado por um

tempo forte, o primeiro, e por outros dois tempos mais fracos.

A sua representação gráfica é feita através de dois números que se sobrepõem: o 3 e o 4.

O compasso ternário é muito usado num género de dança de que provavelmente já ouviste falar: a

valsa.

O Compasso Quaternário

Este compasso tem quatro tempos e por isso é marcado em quatro movimentos. O primeiro tempo

é forte, o segundo é fraco, o terceiro é meio-forte e o quarto é fraco.

A sua representação gráfica é feita através de dois números que se sobrepõem: o 4 e o 4.

O compasso quaternário é a base de muitas marchas.

Barras e sua utilização

As pautas musicais são formadas por vários elementos, os quais estão divididos em pequenos

grupos para que possam ser identificados mais facilmente.

Para separar esses grupos aparecem uns elementos, aos quais damos o nome de barras.

As barras podem ser de vários tipos:

Barra de divisão de compasso - Traços verticais que dividem os diferentes compassos de uma

peça musical. Barra dupla - Dois traços verticais que aparecem no final de todas as peças

musicais, sendo o primeiro mais fino e o segundo mais grosso.

Barras de repetição - Dois traços verticais, acompanhados por dois pontos que indicam a

repetição de uma determinada parte da peça musical.

Ligaduras

As ligaduras são uma espécie de arco que aparece na pauta, umas vezes por cima e outras vezes

por baixo das notas e que servem para as ligar. Há dois tipos de ligaduras:

Ligadura de Prolongação - Liga duas notas com a mesma altura.

Ligadura de Expressão - Liga duas ou mais notas de diferentes alturas.

Ponto de Aumentação

O ponto de aumentação coloca-se à direita de uma figura ou de uma pausa, indicando que o valor

da figura aumenta em metade do seu valor.

Anacrusa

Quando uma música não tem o seu primeiro compasso completo, isto é, quando lhe faltam tempos,

diz-se que a música entra em anacrusa. No entanto, o tempo que falta vai aparecer no último

compasso da peça musical, dando a ideia de que a música descreve um círculo.

Melodia

Podemos definir a melodia como um conjunto de sons que se sucedem com maior ou menor

distância entre si.

Quando se pensa em música, normalmente pensa-se logo em melodia.

De certo modo, melodia e música são quase a mesma coisa.

De facto, o que é a música senão um conjunto de sons que mudam e que se movem no tempo? Isto

é também, praticamente, uma definição de melodia:

uma série de notas que se movem no tempo, umas a seguir às outras.

Assim, a melodia é o lado 'cantante" da música, da mesma maneira que o ritmo é o lado "dançante"

dessa mesma música.

Contudo, não podemos resumir uma melodia a uma simples cantiga porque ela é muito mais do que

isso, ela é tudo aquilo que o seu compositor quiser que ela seja.

Harmonia

De uma forma geral, a harmonia é o aspecto “vertical” da música, tendo a ver sobretudo com a

combinação simultânea de dois ou mais sons. Assim, numa partitura com várias pautas podemos

ver as notas que ficam por debaixo umas das outras. Quando as ouvimos soar ao mesmo tempo,

ficamos com a ideia de harmonia.

 

Escalas

 

Uma escala é um conjunto de notas, ordenadas de forma ascendente ou descendente, partindo de

qualquer uma das notas até à sua oitava. O termo escala vem do latim scala que significa escada.

Escala diatónica de Dó maior (Dó M)

A escala que serve de base a toda a música europeia é a escala diatónica, sendo a mais conhecida

a escala diatónica de Dó maior (Dó M).

Esta escala é formada por sete notas: dó, ré, mi, fá, sol, lá e si.

O teclado do piano tem dois tipos de teclas, pretas e brancas.

Uma oitava, tocada nas teclas brancas, por exemplo de dó a dó, é uma sucessão de oito notas: dó,

ré, mi, fá, sol, lá, si e dó, às quais se dá o nome de graus. Quando tocamos essas notas, não usamos

as teclas pretas. Se tocarmos novamente a mesma oitava, mas desta vez com as teclas pretas,

notamos que algumas teclas brancas estão separadas pelas pretas, o que significa que entre teclas

brancas vizinhas há distâncias maiores e menores. As distâncias maiores são os tons e as menores

os semitons ou meios-tons.

Escala Pentatónica

Tal como acontece na escala de Dó maior, a escala pentatónica também é formada por notas

organizadas, nos sentidos ascendente e descendente.

No entanto, a escala pentatónica é formada apenas por cinco notas que São:

dó, ré mi, sol e lá.

Certamente reparaste que na escala pentatónica os meios tons deixaram de existir, dando lugar a

distâncias maiores do que o tom. Assim, aparecem tons e tons e meio.

Ataque, corpo e queda do som

Como sabes, o som propaga-se por ondas através da matéria, quer seja sólida, líquida ou gasosa.

Nesta propagação, o som não é sempre constante. Na realidade ele passa por três fases distintas:

ataque, corpo e queda do som.

Ataque - A maneira como se produz o som.

Corpo - A duração do som.

Queda - A forma como desaparece.

Vejamos um exemplo prático que te permita perceber mais facilmente estas fases. Quando estás a

tocar um instrumento, por exemplo um xilofone, começas por bater com a baqueta numa das

lâminas. Esse é o momento a que chamamos ataque.

Seguidamente ouves o som que produziste, que pode ter uma duração variável. A esse período de

tempo chamamos corpo do som.

Finalmente o som que produziste começa a diminuir, até desaparecer totalmente. E a este

momento que chamamos de queda do som.

Natureza do som

Nem todos os sons têm a mesma natureza, o que significa que têm diferentes maneiras de serem

produzidos. De facto, sabes que há instrumentos musicais que são eléctricos e outros que o não

são. Esta diferença entre os instrumentos tem a ver com o tipo de processo que conduz à produção

do som. Assim, o som pode ser produzido por um processo eléctrico ou mecânico.

Som produzido electricamente - Quando é produzido por oscilações de um circuito eléctrico.

Exemplo: o tocar de um órgão electrónico.

Som produzido mecanicamente - Quando é produzido directamente pelo movimento do teu

corpo. Exemplo: o tocar de uma guitarra, através da acção dos teus dedos sobre as cordas.

A Guitarra Eléctrica

Surgida nos Estados Unidos da América entre 1920 e 1930, a guitarra eléctrica é hoje um dos

instrumentos mais tocados em todo o mundo.

Há dois tipos de guitarra eléctrica:

A guitarra eléctrica cujo corpo é um bloco sólido que serve apenas de suporte para o cavalete e

para prender as cordas. O corpo desta guitarra tem, muitas vezes, formas fantasiosas, e a guitarra

semiacústica de ilhargas estreitas.

Há ainda variantes, como guitarras de 12 cordas ou ainda de dois braços.

Quase todos os modelos apresentam botões no corpo que permitem controlar o volume sonoro e o

timbre: há sempre, pelo menos, dois fonocaptores, que captam timbres muito diferentes. O primeiro

tem os componentes agudos muito intensos, sendo o segundo destinado aos componentes muito

graves. Misturando os sinais que eles produzem, em proporções variadas, é possível obter timbres

muito diversos.

A Propagação do Som

O som propaga-se no ar, através de uma série de movimentos ondulatórios como as ondas de um

lago. Estes movimentos chamam-se "ondas sonoras", e são causados pela vibração do ar. Na

verdade, o som propaga-se através de qualquer substância, o que significa, por exemplo, que és

capaz de ouvir sons debaixo de água. Mas também podes captar um som propagado através da

madeira, se encostares o ouvido ao tampo de uma mesa e bateres nele com uma colher.

No espaço ou na Lua não existe ar ou qualquer outra substância para transportar as vibrações. Isto

quer dizer que aí o silêncio é absoluto, dado que o som não se pode propagar. Por este motivo, os

astronautas utilizam transmissores para comunicar entre si. No entanto, numa emergência,

poderiam fazê-lo, encostando um capacete espacial ao outro, o que permitiria que o som se

propagasse em vibrações, através deles e do ar que contêm.

Os sons podem começar e acabar de maneiras diferentes. Dizemos que um som como o da batida

de um tambor, que começa rapidamente, tem um "ataque" muito curto. Um som como o de um

gongo, que se prolonga antes de desaparecer, tem um longo "declínio".

O Compositor

O compositor pode ser considerado como uma espécie de artesão cujo material de trabalho são os

sons e os silêncios. É ele que os molda e organiza de tal forma que consegue criar uma harmoniosa

teia de ligações sonoras, a que damos o nome de partituras. Estas partituras podem ser compostas

para orquestras ou, pelo contrário, apenas para um intérprete.

O trabalho do compositor é feito sempre com uma grande sensibilidade. Esse trabalho está

normalmente sujeito a uma série de regras que fazem parte da linguagem musical.

O Intérprete

O intérprete é a pessoa que toca ou canta a obra musical composta.

Este acto exige um grande trabalho de preparação, tanto ao nível técnico, ou seja, ao nível da

execução do que está escrito na pauta, como ainda ao nível da sensibilidade do intérprete, para que

o espírito que o compositor pretendeu transmitir seja totalmente respeitado.

Costuma dizer-se que os grandes intérpretes são aqueles que sentem a obra musical que executam

como se tivessem sido eles a compô-la.

Por vezes, os intérpretes são também os compositores das suas obras. Por isso, são chamados de

compositores-intérpretes.

O Maestro

Antigamente a palavra maestro era um título dado aos compositores e aos professores célebres.

Hoje em dia, o maestro é o responsável pela orquestra, ou seja, é a pessoa que dirige todos os

intérpretes. Por essa razão a sua actividade é de enorme importância exigindo, por isso, um grande

trabalho de preparação e um profundo conhecimento de toda a partitura.

O maestro trabalha em cima de um estrado de modo a que possa ser visto por todos os músicos. O

único material que usa é a batuta, com a qual vai dando sinais que indicam aos intérpretes o

momento exacto em que devem tocar.

Um dos maiores compositores de todos os tempos

Beethoven nasceu em Bona, na Alemanha, a 15 de Dezembro de 1770.

Desde muito cedo começou a demonstrar os seus dons musicais e o pai ensinouo a tocar piano,

violino e órgão. Aos 9 anos, Beethoven foi entregue aos cuidados de Christian Neefe, que lhe

proporcionou a oportunidade de estudar o trabalho desenvolvido por grandes mestres da música,

tendo conhecido e sido aluno de alguns deles, nomeadamente de Haydn.

Em 1 795, Beethoven faz a sua primeira apresentação em Viena, onde tocou o seu Concerto para

Piano, n.c 2, em Si b Maior.

Por volta de 1798-99 começou a sentir os primeiros sintomas de surdez, tendo precisado de uma

grande força de vontade para continuar a compor as suas obras. Em 1802 retirou-se para uma

aldeia, embora tenha continuado a compor. Até esta altura, já tinha escrito as Sinfonias n.º 2 e n.º

8, os Concertos para Piano n.º 4 e n.º

5, o Concerto para Violino e a ópera Fidélio, entre outras

obras.

Beethoven morre a 26 de Março de 1827, tendo a sua música sido considerada revolucionária, não

só do ponto de vista técnico mas também da forma musical que desenvolveu e que transmite um

grande sentimento de amizade.

Uma pianista de renome internacional

Maria João Pires nasceu em Lisboa a 23 de Julho de 1944 e começou a tocar piano com 3 anos. Aos

5 anos deu o seu primeiro concerto público. Estudou música, tendo terminado o Curso de Plano no

Conservatório de Lisboa aos 16 anos.

Como bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian, continuou os seus estudos em Munique e em

Hannover.

Maria João Pires toca regularmente música de cámara, tendo formado em 1989 um duo com o

violinista Augustin Dumay e, mais recentemente, um trio com A. Dumay e o violoncelista Jian Wang.

Um conceituado Maestro

Miguel Graça Moura é natural do Porto, tendo-se diplomado com os cursos superiores de Piano e de

Composição no Conservatório de Música desta cidade. Em França, estudou Direcção de Orquestra e

Análise Musical tendo a sua carreira de maestro começado aí, como Director Musical da Orquestra

Universitária de Estrasburgo e, em seguida, da Orquestra Sinfónica Universitária de Grenoble.

Regressado a Portugal em 1986, fundou e dirigiu diversas orquestras.

Tem também dirigido solistas de renome internacional como Maria João Pires, Augustin Dumay,

Pedro Burmester, Jorge Moyano, Ana Bela Chaves e muitos outros.

Apontamentos de Teoria Musical 2

Educação Musical / Henrique Angélico

 

ORIGENS DA MÚSICA

 

A Música como todas as artes, simboliza a necessidade que o homem tem de se exprimir. Existe

desde o início da história e por certo continuará até ao fim dos tempos.

A música nasceu com o próprio mundo, desenvolveu-se a partir dos ritmos e vibrações do nosso

planeta - dos sons do vento, da água, do fogo, das trovoadas, dos pássaros, etc.

O homem escutou, imitou e aprendeu a criar os seus próprios sons. Assim o mundo dos Sons lhe

foi sendo familiar.

Reparou que os animais se movimentavam, andavam, corriam, saltavam...

Descobriu e organizou os seus movimentos e gestos e foi assim que o mundo do Ritmo lhe foi

sendo familiar.

O som é qualquer coisa que não se vê, que não tem cheiro, em que não se pode mexer. Apenas se

ouve e, no entanto, provoca em nós sensações únicas: alegria, emoção, movimento, tristeza.

Estimula a imaginação.

Se atirarmos uma pedra para um lago, podemos ver pequenas ondas circulares que a sua queda

provoca. O som propaga-se no ar através de ondas semelhantes às provocadas pela pedra ao cair

na água. Essas ondas atingem o nosso ouvido e fazem vibrar a membrana do tímpano que por sua

vez transmite as vibrações ao cérebro, o que nos permite identificar os sons e reagir a eles.

Se pegarmos numa corda e a rodarmos no ar com força, ouvimos um zumbido, a corda “bate” no ar

provocando a sua deslocação, da qual resulta o som. O homem foi desenvolvendo o seu sentido

musical e, gradualmente aperfeiçoou a escrita da música, a duração exacta das figuras rítmicas, a

métrica dos compassos, as escalas, o uso de claves, etc.

Podemos considerar como elementos básicos e constitutivos da música:

 

Melodia

Ritmo Harmonia Forma Tessitura

 

Melodia - ou linha melódica é uma sucessão de sons cuja disposição revela a criação musical.

As notas são escritas uma a uma e consideradas no sentido horizontal.

Ritmo - define a duração dos sons e a sua acentuação.

Harmonia - um conjunto de notas que se agregam à melodia, embelezam-na e estão dispostas no

sentido vertical, isto é soam simultaneamente.

Forma - esta palavra usa-se para descrever o projecto ou configuração básica da qual o compositor

se serve para moldar ou desenvolver a obra musical.

Tessitura - é definida pela extensão máxima entre o som mais grave e o som mais agudo de uma

obra ou instrumento.

 

PROPRIEDADES DO SOM

 

1. ALTURA

É a propriedade que permite distinguir um som grave de um som agudo.

A altura varia como o logaritmo da freqüência. Assim, quanto mais elevada for a freqüência, mais

agudo é o som. O ouvido humano distingue freqüências entre 20 e 16.000 Hz aproximadamente.

2. INTENSIDADE

É a força ou potência com que um som é emitido. A intensidade depende de vários fatores: meio

transmissor, da caixa de ressonância , das condições acústicas do local onde o som é emitido, etc.

3. TIMBRE

Esta é a propriedade do som que nos permite distinguir a natureza da fonte sonora. É a cor do som.

O ouvido humano distingue o som emitido por um piano do som emitido por uma flauta pelo timbre.

A diferença de timbres entre os vários instrumentos e vozes deve-se à diferença de harmônicos

( sons derivados do som principal ) que cada fonte sonora emite.

4. DURAÇÃO

É o tempo durante o qual se produz e desenvolve o som. A duração do som depende de vários

fatores acústicos e ambientais.

PRINCÍPIOS BÁSICOS SOBRE FORMAÇÃO MUSICAL

OBJECTIVOS DA FORMAÇÃO MUSICAL

- Desenvolver o sentido:

Rítmico

Auditivo

Sensorial

Afectivo

Mental

A capacidade criadora

Enriquecer o sentido estético e crítico

Favorecer o desenvolvimento artístico

CLAVES

As claves, são sinais que servem para determinar o nome das notas e o som que corresponde a

cada uma das linhas e dos espaços da pauta.

Há três tipos de claves: Clave de Sol, Clave de FÁ e Clave de DÓ.

Escrevem-se exclusivamente nas linhas da pauta podendo cada clave colocar-se em mais que uma

linha. A linha em que a clave é colocada, toma o nome da clave.

A clave de SOL pode colocar-se na 1ª ou 2ª linha da pauta.

A Clave de FÁ pode colocar-se na 3ª ou 4ª linha da pauta.

A Clave de DÓ pode colocar-se na 1ª, 2ª, 3ª ou 4ª linha da pauta.

ALTERAÇÕES OU ACIDENTES

 

Há sinais que se empregam na escrita da música para alterar o som das notas naturais. Esses

sinais chamam-se Alterações ou Acidentes e podem ser Ocorrentes ou Fixos. Essas alterações

podem ser simples ou duplas, inicialmente, iremos definir apenas as alterações simples que são 3:

SUSTENIDO ( # ) É uma alteração que quando colocada antes de qualquer nota, representa um

som mais agudo ½ tom em relação à mesma nota natural.

BEMOL ( b ) É uma alteração que quando colocada antes de qualquer nota, representa um som

mais grave ½ tom em relação à mesma nota natural.

BEQUADRO ( n ) Desfaz o efeito provocado por uma alteração anteriormente colocada.

DIAPASÃO

Para haver uma uniformidade na afinação dos instrumentos que permitem afinação, o caso da

guitarra, violino, piano, etc, utiliza-se o Diapasão sendo este uma medida universal de afinação.

É uma frequência padrão. Um som de referência. Foi inventado em 1711 por John Shore.

A Conferência Internacional de Londres, fixou o LÁ do Diapasão a 440 Hz (ciclos / segundo).

Por relatividade afinam-se as restantes notas musicais.

INTERVALOS

Intervalo é a diferença de altura que dois sons diferentes.

Os Intervalos podem ser Melódicos ou Harmónicos.

Os Intervalos Melódicos aparecem entre duas notas que se seguem uma à outra. Os Intervalos

Harmónicos são distâncias entre sons que soam simultaneamente, criando Harmonia.

Os intervalos não são todos iguais e para os classificarmos, medimos a distância entre as duas

notas que o constituem, contando com as notas de partida e de chegada.

Essa distância é “medida” em Tons e Meios-Tons.

O Meio-Tom no sistema musical temperado é a distância mínima entre dois sons.

Na escala de DÓ maior encontramos os seguintes intervalos:

De 1 TOM:   DÓ a RÉ,   RÉ a MI,   FÁ a SOL,   SOL a LÁ,   LÁ a SI.

De ½ TOM:   MI a FÁ   e   SI a DÓ

É fácil de compreender se olharmos para as teclas brancas de um piano:

1 Tom entre duas notas que têm uma tecla preta entre elas e ½ Tom quando isso não acontece.

O Intervalo de meio-tom, pode ser:

1) - Cromático, se as 2 notas que o formam forem do mesmo nome:

DÓ - DÓ#.

2) - Diatónico se as 2 notas que o formam tiverem nomes diferentes:

DÓ - RÉb;   MI - FÁ

Para determinar o nome de qualquer Intervalo, utiliza-se um processo numérico muito simples, por

exemplo o Intervalo de DO a SOL:

   DO  (ré  mi  fa)  SOL

     1     2    3   4      5

É um Intervalo de 5ª (quinta). O número correspondente à última nota vai dar o nome ao Intervalo.

No entanto, para classificar um intervalo é necessário indicar também o TIPO de intervalo: PERFEITO

(P), MAIOR (M), MENOR (m), AUMENTADO (AUM.) ou DIMINUTO (DIM.), dependendo do número de

tons e meios-tons que entram na sua formação.

O sistema musical temperado, quanto à altura dos sons apenas prevê o tom e o meio-tom. Hoje em

dia, com o progresso e desenvolvimento tecnológico, e o uso de meios digitais, podemos dividir 1

tom em mais que 2 meios-tons.

Digitalmente, é possível dividir um tom em 63 partes, embora cada tom possa estar sujeito a uma

maior divisão.

ESCALAS

Já todos ouvimos falar de Escalas e Acordes e isto porque se trata de dois elementos fundamentais

na criação musical (não esquecendo outros elementos importantes como o Ritmo).

Já na pré-história, o homem primitivo usou uma escala rudimentar Escala Pentatónica ( 5 notas),

que começando na nota DÓ fica com a apresentação seguinte:    DÓ    RÉ   MI      SOL  LÁ

Podemos definir escala como sendo uma organização de sons musicais com relações hierárquicas

entre si. Constituem a matéria prima de qualquer organização musical.

No Rock, no Jazz e na Música clássica, as escalas mais utilizadas são as escalas de 7 notas que na

sua maioria são constituídas com intervalos de Tom e Meio-Tom. O nosso estudo vai incidir nas

escalas - Maior e Menor.

Convém ter presente que entre as notas MI e FÁ e as notas SI e DÓ

encontramos Intervalos de Meio-Tom. Entre todas as restantes notas encontram-se intervalos de

Tom, podendo este dividir-se em dois intervalos de Meio-Tom.

Vamos tomar como exemplo a ESCALA DE DÓ MAIOR:

SONS – DÓ – RÉ - MI – FÁ - SOL - LÁ – SI - DÓ

GRAUS – 1 – 2 – 3 – 4 – 5 – 6 – 7 – 8

Nesta Escala encontramos 2 meios-tons, respectivamente do 3º para o 4º graus (notas Mi e Fá) e

do 7º para o 8º graus (notas Si e Dó). Entre todas as outras notas encontramos intervalos de 1 tom.

Teremos então a fórmula seguinte:

1 tom  1 tom  ½ tom  1 tom  1 tom  1 tom  ½ tom

Estas são as características de qualquer Escala Maior.

Todas as Escalas Maiores terão então de ter a mesma colocação de Tons e Meios-Tons da Escala de

DÓ Maior, por isso é esta escala considerada a escala  MODELO  do Modo Maior.

Vamos agora construir uma escala maior, começando na nota SOL:

NOTAS – SOL – LÁ – SI – DÓ – RÉ – MI – FÁ - SOL

GRAUS -      1º 2º - 3º -  4º5º 6º - 7º8º

Relembremos que as escalas maiores têm como modelo a escala de DÓ Maior e nesta encontram-

se dois meios-tons, um entre o 3º e o 4º grau e outro entre o 7º e o 8º grau.

Nesta escala iniciando na nota Sol temos 2 meios-tons, só que um deles encontra-se entre o 6º e o

7º grau (MI - FÁ), não estando em uniformidade com a escala modelo, por isso é necessário alterar a

nota FÁ ½ tom ascendente colocando-lhe um sustenido ( # ), ficando com a seguinte configuração:

NOTAS – SOL - LÁ - SI - DÓ - RE - MI - FÁ# - SOL

GRAUS - 1º - 2º - 3º - 4º - 5º - 6º - 7º - 8º

Como todas as notas de nome FÁ nesta escala de SOL Maior passam a ser FÁ#, torna-se mais

prático colocar no início da pauta um sustenido no lugar correspondente à nota FÁ.

No caso de outras escalas, mais sustenidos ou bemóis terão de se colocados. A este conjunto de

alterações no início da pauta chamaremos de Armação de Clave. A ordem de colocação na pauta

das alterações com sustenidos é:

FÁ DO SOL RÉ LÁ MI SI.

A ordem de colocação na pauta das alterações com bemóis é:

SI MI LÁ RÉ SOL DÓ FÁ

Como se pode observar a ordem dos bemóis é o inverso da ordem dos sustenidos!

Outra Escala muito utilizada é a ESCALA MENOR NATURAL que se obtém, por exemplo, partindo

da nota LA utilizando apenas as teclas brancas de um piano:

NOTAS - LÁ - SI - DÓ - RÉ - MI - FÁ - SOL - LÁ

GRAUS - 1º - 2º - 3º - 4º - 5º - 6º - 7º - 8º

Esta Escala apresenta características diferentes da Escala Maior pois os Meios-Tons aparecem do 2º

para o 3º grau e do 5º para o 6º grau. Pode concluir-se que é a colocação dos Tons e Meios-Tons

que determina o tipo de Escala.

Neste caso, a fórmula será:

1 tom  ½ tom  1 tom  1 tom  ½ tom  1 tom  1 tom.

Estas são as características de qualquer escala Menor Natural, por isso é esta escala considerada

escala modelo de qualquer escala menor natural.

As Escalas Menores podem apresentar mais que uma configuração: Menor Natural, já analisada

anteriormente, Menor Melódica e Menor Harmônica.

A ESCALA MENOR HARMÓNICA é a escala que se usa para a formação dos acordes. Tem o 7ª

grau alterado ½ tom ascendentemente, ficando com esta configuração:

NOTAS -    LÁ - SI - DÓ - RÉ - MI - FÁ - SOL# - LÁ

GRAUS -     1º - 2º3º - 4º5º6º7º  8º

Todas as Escalas Menores pela fórmula Harmónica, terão de apresentar esta uniformidade de tons

e meios-tons.

GRAUS DE ESCALA

A cada nota de uma escala, corresponde um número de grau, correspondendo a cada grau uma

designação em relação ao lugar que ocupa na Escala:

1º GRAU -TÓNICA  5º GRAU - DOMINANTE

2º GRAU - SOBRE TÓNICA  6º GRAU - SOBRE DOMINANTE

3º GRAU - MEDIANTE  7º GRAU - SENSÍVEL

4º GRAU - SUBDOMINANTE  8º GRAU - TÓNICA

ACORDES

Como o próprio nome indica, acorde significa acordo, um acordo entre notas. Os acordes, obtêm-se

a partir das escalas e por sobreposição de Intervalos de Terceira, com 3 ou mais notas que soam

simultaneamente.

Há instrumentos que não podem tocar acordes: a voz humana, flauta, clarinete, oboé, etc. São

instrumentos melódicos ou solistas porque só podem tocar melodias - sucessões de notas

singulares. Os instrumentos que permitem tocar acordes são instrumentos harmônicos, pois neles

se fazem harmonias através dos acordes.

Se partirmos da nota DÓ, omitimos a nota RÉ tocamos a nota MI, omitimos a nota FÁ e tocamos a

nota SOL, o resultado será:  DÓ - MI - SOL  ou seja o Acorde de DÓ MAIOR. Estas 3 notas serão

tocadas simultaneamente.

Assim, dizemos que DÓ é a Fundamental do Acorde, é a nota mais grave do acorde (nota que dá o

nome ao Acorde) MI é a Terceira do Acorde ( forma um Intervalo de 3ª com a fundamental). SOL é a

Quinta do Acorde (forma um Intervalo de 5ª com a fundamental).

Se partirmos de RÉ e com base nas notas da Escala de DO Maior, ficamos com o Acorde de RÉ - FÁ

- LÁ: Acorde de RÉ Menor. O mesmo se passa começando em qualquer das notas da Escala. Estes

Acordes de 3 sons: 

Acordes Perfeitos, podem dividir-se em 4 categorias:

·ACORDE PERFEITO MAIOR:

Formado por uma 3ª Maior e uma 5ª Perfeita.

ACORDE PERFEITO MENOR:

Formado por uma 3ª Menor e uma 5ª perfeita.

ACORDE DE 5ª AUMENTADA:

Formado por uma 3ª Maior e uma 5ª Aumentada.

ACORDE DE 5ª DIMINUTA:

   Formado por uma 3ª Menor e uma 5ª Diminuta.

Estes dois últimos Acordes que contêm Intervalos Dissonantes:

(5ª Aumentada e 5ª Diminuta), denominam-se Acordes Perfeitos Dissonantes.

Além destes Acordes de 3 sons, denominados Perfeitos ou de 5ª (Quinta), temos:

Acordes de 4 sons, denominados  Acordes de 7ª (Sétima).

Acordes de 5 sons, denominados  Acordes de 9ª (Nona).

Os acordes podem encontrar-se no estado fundamental ou invertidos se a nota mais grave do

acorde não corresponder à nota fundamental.

Os acordes de três sons podem apresentar duas inversões:

DÓ - MI - SOL - Estado Fundamental

MI - SOL - DÓ - 1ª Inversão

SOL - DÓ - MI - 2ª Inversão

As notas são as mesmas, embora se encontrem em posições diferentes.

Como já foi dito, a partir de cada nota das escalas Maiores e Menores, formam-se por intervalos de

terceira, acordes, que, respeitando as notas da escala, vão tomando as configurações: Maior,

Menor, Aumentado ou Diminuto.

Os acordes mais importantes em termos harmônicos e do ponto de vista tonal, são os acordes

formados a partir do  1º, 4º e 5º graus da escala, porque como iremos ver a seguir, (tendo por

exemplo a escala de DÓ Maior), as notas que os formam englobam todas as notas da escala.

1º GRAU DÓ MAIOR DÓ    MI     SOL 

4º GRAU FÁ MAIOR FÁ     LÁ    DÓ  

5º GRAU SOL MAIOR SOL   SI     RÉ

A este grupo de 3 acordes chamaremos de Tríade Harmônica.

Se analisarmos as notas que formam os 3 acordes, chegamos à conclusão que englobam na

totalidade as notas da escala de DÓ Maior razão pela qual se torna importante o seu conhecimento

e uso, pois uma vês que os acordes se destinam a um apoio harmônico à melodia, uma melodia na

escala de DÓ Maior irá empregar as notas da escala de DÓ Maior e em conseqüência, os acordes

que tenham notas que reforcem o sentido dessa mesma melodia.

Uma vez interiorizado o processo de construção dos acordes de 3 notas, torna-se mais fácil

perceber os acordes de Sétima ou acordes de 4 notas.

O que se vai fazer agora, para construir acordes de 4 sons é acrescentar mais uma nota a esses

acordes a uma distância de uma terceira, como acontecia já nos acordes de 3 notas: a Sétima.

Se pensarmos no acorde de DÓ Maior, DÓ - MI - SOL, respectivamente Tonica, terceira e quinta, a

sétima será a nota SI, à distância de um intervalo de uma sétima maior em relação à tónica.

No Jazz, a utilização destes acordes é constante, sendo mesmo uma das características desse

género de música.

Um acorde de 4 notas é obviamente mais complexo, do que um simples acorde de 3 notas, visto

que ao acrescentarmos mais uma nota, aumenta o número de relações harmónicas.

Muitas vezes, para enriquecer a “cor” de um acorde, os músicos servem-se das chamadas

extensões, que são notas que se podem acrescentar a um acordes para além da sétima.

As extensões podem ser uma nona, uma décima primeira e uma décima terceira. Por exemplo, o

acorde de DÓ Maior de Sétima (7ª) com nona, seria construído pelas notas: DÓ - MI - SOL - SI, mais

a nota RÉ à distância de uma nona maior em relação à tónica.

Convém notar que estas notas são opcionais e que não se consideram como notas do acorde que

são como já referi, a tónica, a terceira , a quinta e a sétima.

COMPASSOS

Antes de entrar neste tema, convém fazer uma alusão às figuras rítmicas para melhor

compreender o sentido final.

Na forma mais elementar, a figura rítmica regularmente usada para definir a unidade de tempo é a

semínima, a qual se divide em colcheias, semicolcheias, fusas e semifusas, valendo cada uma

respectivamente metade do valor rítmico da figura anterior.

Acima da semínima (e atribuindo à semínima o valor de 1 tempo), temos a mínima (que vale 2

tempos) e a semibreve (que vale 4 tempos).

Os compassos exprimem-se graficamente com o aspecto de uma fracção numérica.

No denominador da fracção, poderemos encontrar os números:

1, 2, 4, 8, 16 e 32.

O significado destes números é muito simples:

Como acabámos de ver, a semibreve é a figura de maior valor (4 tempos) por isso lhe atribuiremos

o número 1; Como a relação dos valores obedece sempre a uma duplicação, os símbolos numéricos

da mínima, semínima, colcheia, semicolcheia, fusa e semifusa serão respectivamente:

2, 4, 8, 16, 32 e 64.

Quanto ao numerador, os números utilizados correspondem à quantidade de figuras necessárias

para preencher um compasso. Assim, e como regra prática podemos dizer que:

O Denominador indica a qualidade das figuras rítmicas: (semibreve, mínimas, semínimas, etc.).

O Numerador indica-nos a quantidade de figuras desse tipo, que poderão ocupar cada compasso.

Por exemplo, um compasso representado pela fracção  2/4:

O denominador (4) corresponde à figura semínima.

O numerador (2) indica que poderemos preencher cada compasso com duas figuras desse tipo

(duas semínimas em cada compasso).

Unidade de Compasso - Dá-se este nome à figura que preenche um compasso completo. Por

exemplo num compasso binário (2/4), a Mínima é a unidade de compasso.

Unidade de Tempo - Dá-se este nome à figura que preenche cada um dos tempos do compasso.

Tomando como exemplo o compasso binário (2/4), a Semínima é a unidade de tempo.

Os compassos podem ser de:

Tempos de divisão binária - Compassos simples por ex: 2/4, 3/4, etc, em que a unidade de tempo

é divisível por dois, o caso da semínima que se divide em duas colcheias.

Tempos de divisão ternária - Compassos compostos por ex: 6/8, 9/8, 12/8, etc, em que a unidade

de tempo se divide por três, o caso da semínima com ponto que se divide em três colcheias.

Tanto os compassos simples como os compostos podem somar-se, resultando da soma

Compassos Mistos. Para somar 2 ou mais compassos é necessário que o denominador das suas

frações seja o mesmo:

2/4 + 3/4 = 5/4    3/2 + 4/2 = 7/2, etc.

 

HARMONIA

 

A harmonia é a ciência que se dedica ao estudo da formação e do encadeamento dos acordes

Entre as coisas que soam bem e as outras, há por vezes pequenas diferenças que chegam a

parecer invisíveis. No entanto há coisas que se ouvem muito bem. Vamos deixar que a matemática

nos ajude.

O intervalo de 5ª perfeita é o intervalo mais consonante, logo a seguir ao intervalo de oitava

perfeita.

Se dividirmos a oitava em 12 meios-tons, obtemos a escala cromática,

tendo assim todas as notas de que dispomos para fazer música segundo o sistema da música

clássica ocidental.

Se organizarmos agora os doze tons numa sucessão de intervalos de quinta perfeita, obtemos o

chamado Ciclo das Quintas, constituindo um movimento lógico, circular, para uma seqüência de

acordes.

O Ciclo das Quintas é, pois, uma forma de

representação das notas por intervalos de 5ª

perfeita:

 

Uma progressão harmônica, implica movimento:

deslocação de um ponto para outro. Todo o discurso musical vive do jogo entre tensão e resolução.

Quero com isto dizer que, em harmonia, cada acorde tem uma determinada função, desempenha

um determinado papel.

Assim, para compreender a função de um acorde, tem de se olhar para os acordes anteriores e

para os seguintes, partindo do todo harmônico para o particular.

Um acorde isoladamente não exprime a totalidade harmônica, podendo esse acorde receber

funções diferentes em relação ao contexto em que está inserido.

A Harmonia Diatônica é formada exclusivamente por acordes que pertencem à tonalidade do

momento, em oposição à chamada Harmonia Cromática que inclui acordes que não pertencem a

essa tonalidade.

Dentro de uma tonalidade, formam-se os acordes a partir de cada uma das notas dessa tonalidade

como já foi verificado no capítulo dedicado a acordes. Cada um desses acordes cabe num dos

quatro tipos de função harmônica:

- Função Tonica, Função Subdominante, Função Dominante e Função Sensível.

No quadro seguinte podemos analisar as correspondências de funções dos acorde na escala de DÓ

Maior:

 

TÓNICA SobreTonica

Mediante Subdominante Dominante SobreDominante

Sensível

Maior

(1º grau)

 

Menor

(2º grau)

 

MI Menor

(3º grau)

 

FÁ Maior

(4º grau)

 

SOL Maior

(5º grau)

 

LÁ Menor

(6º grau)

 

SI de 5ª

diminuta

(7º grau)

 

DÓ Maior, Fá Maior e Sol Maior, são a tríade harmônica já referida anteriormente. Lá Menor, Ré

Menor e MI Menor, são respectivamente os acordes relativos menores que como se pode observar

encontram-se a uma distância de uma terceira menor inferior em relação aos acordes maiores. Si

de 5ª Diminuta, é um acorde pouco estável e que resolve geralmente no acorde de Tonica.

A função dos acordes menores, tem que ver geralmente com aquilo que os músicos chamam de

“acordes de passagem” e “acordes de repouso”.

Os acordes de passagem, podem com algumas reservas ser associados aos acordes de Função de

Dominante e de Função Subdominante. Os acordes de repouso, aos acordes de Função de Tonica.

A sensação de movimento resultante da tal relação Tensão - resolução (já referida

anteriormente), explica-se na própria constituição de uma escala maior. Esta escala maior é

caracterizada pela colocação dos dois meios-tons, respectivamente do 3º para o 4º grau e do 7º

para o 8º (de Mi para Fá e de Si para Dó).

Em princípio, as duas notas que formam cada um desses intervalos deveriam ter o mesmo “peso”

mas, quando ouvidas num contexto tonal, a terceira nota (MI), tem mais “peso” do que a quarta

(FÁ). e a oitava (DÓ) mais do que a sétima (SI). O resultado é uma sensação de movimentos do 4º

para o 3º e do 7º para o 8º graus.

 

A VOZ

 

Um pouco de História:

Tudo começou na pré-história com toda aquela gritaria à volta da caça, a imitação do vento e dos

pássaros. Depois veio o Canto da Antiguidade com forma monódica, isto é, a existência de uma só

melodia com os instrumentos a acompanhar em uníssono ou à oitava.

Do séc. III ao séc. XI, ficou-nos o Canto Gregoriano.

Depois veio a Idade Média e com ela a polifonia em que várias vozes soavam simultaneamente.

Depois desta breve exposição, entremos no assunto.

Primeiro que tudo, interessa falar de respiração, pois é um aspecto fundamental na prática de

qualquer cantor.

A respiração que se faz quando falamos ou em repouso, é muito diferente daquela que terá de se

fazer para cantar.

A respiração normal da mulher é diferente da do homem. A mulher respira com a parte superior do

tórax, enquanto que o homen faz uma respiração abdominal, ou seja uma respiração mais «baixa».

É precisamente a respiração abdominal que, bem trabalhada e desenvolvida, permite um maior

aproveitamento de toda a caixa toráxica.

O único músculo que deve sofrer tensão ao longo de todo o acto de cantar é o diafragma, só que se

trata de um músculo tão interior, que a maior parte das pessoas nunca teve consciência da sua

existência e da sua finalidade.

Através de exercícios, este músculo pode ser trabalhado conseguindo-se uma consciência muscular

e dinâmica que permitirá descontraidamente apoiar as frases cantadas, dando assim melhor

qualidade ao som, conduzindo-as do princípio ao fim sem que falte o ar, ou que por falta de apoio,

apareça um vibrato artificial no final da frase.

Outros músculos envolvidos na função inspiração - expiração, são os abdominais e os intercostais

(lombares) como mostra o quadro seguinte:

 Função Respiratória

Músculos

Envolvidos Efeito Cinético  

Inspiração

Diafragma

Músculos Intercostais

 

Abaixamento do

diafragma:

proeminência do

abdómen alargamento

das costelas intercostais

Expiração Músculos Abdominais

Subida do diafragma,

contracção dos músculos

abdominais

 

Um esquema deste tipo pode contribuir para clarificar a ideia do mecanismo respiratório, sabendo

no entanto que cada grupo de músculos não se move isoladamente, mas sim num jogo de equilíbrio

entre si. Este jogo é essencial, por exemplo, no antagonismo entre o diafragma e os músculos

abdominais, fundamentalmente para a respiração do canto.

 

Exercício de respiração:

1.  - Inspire

2.  - Expire começando a ouvir-se a pouco e pouco o som u

3.  - Quando pensar que já não tem mais ar para deitar fora, comprima para dentro os músculos

abdominais como que a empurrar o ar:

 

  U - U - U - U - U

      P   mf   f     mf   P

 

Para além de apoiar o som até ao final da frase, esta compressão dos músculos abdominais, se for

feita a meio duma frase, é a causa de um som passar de Piano a Forte.

Este é apenas um exemplo entre muitos que ficarão destinados à prática das aulas de canto nas

quais o professor, gradualmente, irá propondo a cada aluno em função do nível de progressão.

 

TECLADOS

 

Com o incessante desenvolvimento da tecnologia instrumental, e neste caso particular dos teclados

(sintetizadores, samplers, etc.), um enorme número de pessoas, sente-se atraído para tocar

sintetizador ou outro teclado numa “banda”.

De uma maneira geral, aprendem uns acordes, enchem-se de feeling e, depois de se juntarem com

alguns amigos, formam a desejada banda.

Acontece, no entanto, que passados os tempos de maior euforia, é comum alguns destes teclistas

se aperceberem que muitos dos acordes que fazem não soam tão bem como eles gostariam ou,

pelo menos, que são diferentes daqueles que ouvem nos discos. Vou tentar neste tema, fazer uma

abordagem simples da harmonia nos teclados, dando indicações para uma correcta utilização dos

acordes.

Uma das primeiras “regras” (muito importante) quando se quer harmonizar qualquer melodia

(provavelmente na maioria dos casos feita de forma intuitiva), é que quanto mais grave for o

acorde, mais aberto deve estar, isto é maiores devem ser os intervalos entre as notas que o

constituem.

Se experimentarmos por exemplo tocar um acorde de DÓ Maior na parte mais aguda de um

teclado, depois uma oitava abaixo, depois ainda outra oitava abaixo e sempre assim até chegar ao

extremo grave do teclado, notamos que o acorde já não soa tão bem como inicialmente. É obvio

que não existe uma fronteira a partir da qual podemos tocar este ou aquele acorde. Aí é o gosto

pessoal de cada um que irá ser determinante.

O importante é que, quando se usa um determinado voicing (maneira de distribuir as notas de um

acorde) o façam porque gostam e não por não haver alternativas.

Além de não devermos tocar os acordes em posição demasiado cerrada nos graves, há outra

sugestão importante que é o facto de não duplicar mais do que uma vez uma nota num acorde, a

não ser que se trate da tónica.

Com a prática verificar-se-á que se pode duplicar sem qualquer problema a tónica mas o mesmo

não acontece com a terceira e a quinta que requerem mais precauções.

Um aspecto importante é o facto de não fazer o mesmo com as duas mãos. É escusado que as duas

mão “digam” a mesma coisa. Quando a mão esquerda não fizer o acorde completo, a mão direita

enquanto faz a melodia, pode dar uma grande ajuda para melhorar ou completar os acordes.

Mais aspectos poderia focar, e dedicar a este assunto umas boas páginas com demonstrações

práticas, mas, penso que é no dia a dia ouvindo músicas e tentando fazer a sua reprodução que se

que se conseguem interiorizar de forma mais objectiva as diferentes situações.

É muito importante tocar livremente, improvisar, colocar de nós alguma coisa que depois

poderemos ir melhorando com um retoque aqui outro além.

 

"EMENTA DIÁRIA"

 

Gostaria de neste espaço, deixar algumas sugestões sobre como estudar música ou de como saber

usá-la para “crescer” musicalmente.

Quanto a mim, é tudo uma questão de equilíbrio: não chega ter um “alto feeling”, assim como não

chega saber de cor todos os tratados de teoria e harmonia.

O nosso país, em relação a outros, não tem uma tradição no ensino da música. Há pouca atividade

musical (no sentido da aprendizagem), pouco contacto entre músicos, os discos e os instrumentos

são caríssimos. A maior parte das vezes temos de contar somente conosco próprios. À partida o

quadro é bastante negro mas no fundo é um desafio aliciante!

Voltando à questão do equilíbrio, vou apresentar uma “Ementa Diária” que poderá ser adaptada à

disponibilidade de tempo de cada um.

1 - Ouvir música todos os dias variando entre os vários gêneros para melhor avaliação de um todo

musical.

2 - Estudar e compreender Teoria Musical, Harmonia e Instrumentação.

3 - Treino auditivo: desenvolvimento do ouvido através de exercícios de reconhecimento de

intervalos, escalas, acordes. É mais divertido quando feito por duas pessoas, uma no piano e outra

tentando fazer a identificação do que ouve. Tirar temas dos Beatles, será um bom começo,

começando por ouvir e memorizar a melodia, depois a linha do baixo e as partes rítmicas, e por fim

os acordes.

4 - Estudar a técnica do instrumento. Começar por estudar um exercício num andamento lento e só

depois de bem sabido executá-lo mais rápido.

5 - Compor linhas melódicas, a partir de temas simples dentro de uma tonalidade. Tocar

livremente, improvisar sem ter medo de errar, seguindo a linha do pensamento de uma forma

espontânea. Não é necessário que uma música esteja escrita numa pauta para ter valor. Já tem

valor se sair de dentro de nós.

6 - Tocar um tema até ao fim sem parar mesmo que se cometam erros.

 

GLOSSÁRIO

 

ANDAMENTO - É o elemento de expressão musical relacionado com os graus de velocidade da

pulsação da música.

DINÂMICA - É o elemento de expressão musical relacionado com os graus de intensidade ou

volume sonoro.

ESTILO - É a maneira característica de apresentar na música os elementos musicais (ritmo,

melodia, harmonia, dinâmica, forma, instrumentos, etc.)

FORMA - É a estrutura da música baseada na repetição, contraste e variação).

FRASE MUSICAL - É a expressão de um pensamento musical.

INTRODUÇÃO - Numa canção, é a música tocada antes do canto. A maior parte das canções

começa com uma introdução instrumental.

RITMO - É a maneira como o som e o silêncio se organizam numa música, usando a pulsação, o

compasso, acentuação, andamento, etc.

MELODIA - Sucessão de sons que se movem para cima , para baixo ou se repetem.

HARMONIA - Dois ou mais sons que se ouvem ao mesmo tempo.

TEXTURA - É a maneira como se combinam a melodia e a harmonia.