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Programa de Pós-Graduação em Jornalismo – POSJOR/UFSC | PROJETO DE PESQUISA
Pesquisador: GISLENE DA SILVA Título: Aportes teóricos e técnicos para uma crítica cultural da notícia Período de execução: 2016-2018 Linha de Pesquisa: Jornalismo, Cultura e Sociedade
Grupo de Pesquisa: Crítica de Mídia e Práticas Culturais (Linha Crítica de mídia noticiosa)
Financiamento: CNPq / Bolsista PQ2
Aportes teóricos e técnicos para uma crítica cultural da notícia
RESUMO: Nos estudos sobre crítica de mídia há o mesmo movimento pendular historicamente observado em outras instâncias de apreciação de produção cultural, qual seja, aquele entre teorias abrangentes sobre a mídia e análises particulares de produtos midiáticos. No ambiente desta tensão, pesquisadores brasileiros do campo da Comunicação percebem certa precariedade no que se refere a teorias e procedimentos da crítica de mídia, especialmente de crítica do jornalismo. A partir desse entendimento, esta pesquisa propõe o estudo de aportes teóricos e técnicos para uma crítica cultural da notícia. A investigação se configura como parte de um projeto maior vinculado ao Grupo de Pesquisa Crítica de Mídia e Práticas Culturais (interinstitucional UFSC/USP), que tem interesse em critérios e modalidades de crítica de mídia, sob a inspiração de como se constituíram as críticas de cinema e de literatura, mais consolidadas. O propósito primeiro é o de tratar a crítica de mídia como campo próprio de pesquisa e ensino. Na perspectiva metodológica desta pesquisa, as análises particulares se localizam em práticas de críticas veiculadas nos meios de comunicação e as teorias abrangentes são procuradas na pesquisa acadêmica sobre a problemática. Na perspectiva epistemológica, a observação está justamente em como se dá a relação entre críticas de objetos midiáticos particulares e teorias abrangentes. Interessa, assim, tanto as críticas de notícias que circulam pela própria mídia como as críticas acadêmicas à cobertura jornalística; ambas as interpretações amparadas em estudos da crítica de mídia e da cultura midiática. Palavras-Chave: Crítica de mídia. Crítica de notícia. Cobertura Jornalística. Cultura.
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SUMÁRIO
1. Introdução: problemática e justificativas 07
2. Fundamentação teórica e objeto de estudo 11
2.1. Crítica de mídia e perspectivas do pensamento crítico 11 2.2. Crítica de notícias 16
3. Objetivos da pesquisa 24
4. Procedimentos metodológicos 25
5. Plano de Atividades e Metas 26
6. Cronograma 27
7. Bibliografia Preliminar (incluídas as Referências) 28
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1. Introdução: problemática e justificativas
Nos estudos sobre crítica de mídia há o mesmo movimento pendular
historicamente observado em outras instâncias de apreciação de produção cultural,
qual seja, aquele entre teorias abrangentes sobre a mídia e análises particulares de
produtos midiáticos. Percebe-se na pesquisa brasileira do campo da Comunicação certa
precariedade no que se refere a teorias e procedimentos da crítica de mídia,
especialmente de crítica do jornalismo. Em se tratando do universo da mídia brasileira,
a televisão tem sido a que mais provoca crítica (acadêmica, jornalística e popular-social).
Estas podem ser sobre seus produtos e processos de produção, sobre recepção e
interação social, em especial em relação aos seus programas de ficção, com destaque
para as telenovelas – e são raras as críticas e os estudos sobre como elaborar a crítica
de telejornais, de programas de humor, de esporte, de auditório, de talk shows ou de
reality shows. No caso dos telejornais, assim como das demais mídias noticiosas (rádio,
impressa, internet), embora muito presentes na academia como objeto de investigação
em geral, poucas vezes têm merecido reflexão sobre quais teorias e métodos orientam
a pesquisa crítica de imprensa, assim como em quais bases se dão as críticas presentes
nas próprias práticas midiáticas.
Se a atividade crítica, enquanto método que busca examinar as práticas
midiáticas pressupõe valores e critérios, é necessário que tanto os conceitos usados em
suas análises, bem como a práxis para a qual se voltam, reconheçam os objetos
empíricos analisados como sintomas de uma determinada época histórica, colocando-
os em crise. É nesse intuito que se pode afirmar que a atividade crítica é um lugar de
fala que depende do lugar de quem vê, determinando o que pode ou não ser visto e,
ainda, para quem se dirige essa fala.
Haveria de saída três aspectos fundamentais para o estudo sistemático da crítica
de mídia. O primeiro deles diz respeito à demarcação daquilo que pode ser alocado sob
essa rubrica; o segundo indaga os modos de sua realização e difusão; e o terceiro visa
delimitar os objetos específicos sobre os quais a crítica de mídia pode se debruçar a
partir de escolhas teórico-metodológicas. Dentre os lugares estabelecidos para essa
prática crítica, o jornalismo se destaca, assim como a pesquisa acadêmica, no exercício
de constante observação e controle sobre os conteúdos e gêneros apresentados.
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No caso da crítica de mídia, os juízos de valor elencados emanam das mesmas
esferas que conformam os objetos analisados. A qualificação e a circulação a partir desse
lugar são, portanto, um desafio para a crítica, associando juízos de valor positivos ou
negativos aos objetos a fim de interferir em seus modos de recepção. Se a efetivação da
atividade crítica depende de um repertório compartilhado e da referência a cânones
previamente estabelecidos, o desafio para delinear um solo comum em que possamos
analisar criticamente as mídias exige que olhemos caminhos já consolidados em outras
tradições teóricas, como a filosofia e a arte. A observação das implicações políticas,
sociais, culturais e econômicas para além da materialidade dos objetos estudados
também se apresenta como premissa necessária à crítica de mídia, estabelecendo redes
intertextuais entre tais objetos.
Criticar, em termos gerais, significa desenhar os limites que colocam o objeto em
crise, expandindo-o para além de suas relações textuais mais intrínsecas. Entendemos
que, ao mesmo tempo, são estas mesmas vinculações que delineiam sua inserção
discursiva e sua circulação nas mídias, o que assinala um ponto de virada em relação à
crítica de arte tradicional. Sem incorrer em hierarquizações que recoloquem no debate
a divisão entre alta e baixa cultura, ou entre a cultura popular, massiva ou erudita, é no
campo da cultura midiática que se insere este debate.
Ressalta-se, portanto, uma demarcação entre a crítica que surge na
modernidade para pensar padrões de julgamento frente a objetos nascentes – ou seja,
para explicar aos “leigos” uma nova arte não facilmente assimilável – e a crítica
contemporânea, especialmente aquela voltada para as mídias, da qual cada um de nós
toma parte em diferentes posições, indagando sobre a falência ou a atualidade da
crítica. Didi-Huberman reverba essas inquietações:
Precisamos doravante reconhecer esse movimento dialético em toda sua dimensão “crítica”, isto é, ao mesmo tempo em sua dimensão de crise e de sintoma – como o turbilhão que agita o curso do rio –, e em sua dimensão de análise crítica, de reflexividade negativa, de intimação – como o turbilhão que revela e acusa a estrutura, o leito mesmo do rio (DIDI-HUBERMAN, 1998, p. 171).
Seja como crise, seja como sintoma, é inquestionável a relevância de se pensar
o lugar da crítica hoje, atravessada por injunções tecnológicas e por uma cultura
midiática irradiada no tecido social. Encontrar aberturas críticas em torno de produtos
ordinários, porque da vida comum, como é caso do jornalismo, não significa evocar o
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papel da crítica tradicional para a cultura midiática. Se compartilhamos, em diferentes
medidas, a cultura midiática, dela participando e nela interferindo, pode-se afirmar que
a crítica de mídia, ao contrário de outras, deve ser feita a partir dela mesma, e não com
critérios e valores externos.
É a partir desses pressupostos e contextos, que a pesquisa proposta neste
projeto elege como intenção primeira aprofundar o estudo sobre crítica de mídia
noticiosa, ao qual venho me dedicando nos últimos três anos. São vinculadas a este
estudo (1) a oferta experimental no ano de 2012 da disciplina optativa Crítica de mídia
ministrada por mim no Curso de Graduação em Jornalismo na Universidade Federal de
Santa Catarina (UFSC); (2) a publicação do artigo Para pensar a crítica de mídias em 2013
(Silva, G.; Soares, R. L.); (3) a criação do Grupo de Pesquisa Crítica de mídia e práticas
culturais (interinstitucional UFSC/USP) em dezembro de 2013 no diretório do CNPq; (4)
a orientação da dissertação Critérios de crítica de mídia noticiosa: uma investigação a
partir da polêmica do livro didático, de Wania Célia Bittencourt, concluída em setembro
de 2014 (POSJOR/UFSC) e (5) a apresentação do trabalho Lugares da crítica na cultura
midiática em evento científico (Compós 2015).
A investigação se configura como parte de um projeto maior vinculado ao já
citado Grupo de Pesquisa Crítica de mídia e práticas culturais (grupo interinstitucional
UFSC/USP), que tem interesse em critérios e modalidades de crítica de mídia, sob a
inspiração de como se constituíram as críticas de cinema e de literatura, mais
consolidadas. De grande abrangência empírica, estes estudos observam, na Linha de
Pesquisa Crítica de mídia noticiosa, a compreensão do jornalismo como produto e
produtor de cultura e da prática noticiosa como experiência cultural. Além de tratar de
grande variedade e volume de objetos observáveis, empíricos, esta tarefa de pesquisa é
também de longo prazo, com grande vocação para desdobramentos, especialmente
quando são considerados, no caso das pesquisas de pós-graduação sobre jornalismo, o
interesse difuso em analisar coberturas jornalísticas e o número de mestrandos e
doutorandos aí envolvidos. Dentro deste quadro complexo, há uma lacuna de pesquisa
sobre que tipo de crítica de mídia está posta nas inúmeras teses e dissertações
concluídas que analisam coberturas jornalísticas, e quais teorias as orientam nesta
crítica, implícita ou explicitamente. Este projeto se dedica também ao estudo de
critérios e modalidades de crítica de notícia e à cobertura jornalística, feitas por
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especialistas ou não, que circulam de modo geral pelas várias mídias, incluindo espaços
das redes sociais.
Na conjugação dessas possibilidades e demandas, pode-se estudar a crítica de
mídia em diferentes instâncias ou modalidades:
(a) na percepção de parâmetros, do “como fazer para criticar”, observando a
operacionalização do ofício do crítico e, no caso do jornalismo, com atenção para
implicações éticas e estéticas da cobertura dos acontecimentos noticiados;
(b) no estudo das críticas de mídia que circulam pela própria mídia, seja crítica dos
especialistas ou crítica de modo geral, incluindo o espaço das redes sociais;
(c) na crítica de mídia como um gênero textual;
(d) em interações sociais de crítica, nas quais receptores criticam de maneira dispersa e
informal materiais veiculados e também revelam em suas críticas imagens sociais que
têm da imprensa e dos jornalistas, reafirmando ou questionando fundamentos da
divulgação de notícias;
(e) no estudo das “teorias da crítica noticiosa”, teorizando sobre os modos de “como
fazer para criticar” e de “como criticam os que criticam”, seja com foco nas práticas de
críticos na mídia, seja nas pesquisas acadêmicas;
(f) nos modos e perfis de leitores/receptores de crítica de mídia noticiosa;
(g) e, no que diz respeito à especificidade do jornalismo, a crítica de mídia noticiosa
como recurso didático-pedagógico para o ensino e formação de profissionais.
Dentro dessa problemática, a investigação ora apresentada delimita sua ação e
interesse justamente em duas dessas modalidades, a segunda (b) e a quinta (e): críticas
de mídia que circulam pela própria mídia e “teorias da crítica noticiosa” com base em
pesquisas acadêmicas na pós-graduação. O propósito maior que orienta este estudo é o
de tratar a crítica de mídia noticiosa como campo próprio de pesquisa e ensino.
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2. Fundamentação teórica e o objeto de estudo
2.1 Crítica de mídia e perspectivas do pensamento crítico
Herdeiro do media criticism em sua vertente norte-americana, desde seu início
o pensamento crítico sobre os meios de comunicação constituiu-se a partir de diferentes
perspectivas. Na vertente europeia – na qual se incluem as correntes desenvolvidas no
Brasil –, ele organizou-se em torno da teoria crítica advinda da Escola de Frankfurt; na
vertente americana, voltou-se para a avaliação ou monitoramento do desempenho dos
meios tendo como referência valores socialmente estabelecidos. Nas palavras de
Freitas, duas tendências se apresentam ao tomarmos esse campo de pesquisa:
Na perspectiva da “teoria crítica”, partindo do marxismo, a discussão se dá em torno das questões do poder e da dominação, da propriedade dos meios e da luta de classes; ao passo que, na perspectiva do media criticism, os estudos objetivam a análise dos media tendo como padrão referencial a concordância com as ideias e anseios que determinada sociedade se propõe, com estatutos éticos os quais os regimes de governo deverão observar, com ideais profissionais que orientam as práticas (FREITAS, 1991, p. 88).
Sob o viés da teoria crítica frankfurtiana, podemos reconhecer, alargando sua
abrangência, veículos da imprensa alternativa ou da mídia independente, estudos sobre
a qualidade da produção midiática, iniciativas para o letramento, ou media literacy, e
aquelas visando estabelecer uma leitura crítica das mídias. De modo análogo, ao
observarmos o alcance do media criticism encontramos forte presença na crítica ao
jornalismo, especialmente o impresso, como também o televisivo e, mais recentemente,
o digital, por meio de colunas publicadas nos próprios jornais, presença de ombudsmen
e criação de observatórios de mídia, responsáveis pelo acompanhamento sistemático
da produção e desempenho dos meios. É nesse cenário multifacetado e poroso que
vemos também a produção acadêmica sobre crítica de mídia disposta em duas direções:
na realização efetiva de análises críticas sobre formas e conteúdos midiáticos; ou em
pesquisas dedicadas ao estudo das críticas produzidas na/pelas mídias.
Nesse panorama, uma ausência se manifesta: o estabelecimento de um lugar
para a crítica de mídia que estabeleça a ligação entre as práticas midiáticas e as análises
sobre seu impacto social. Tal liame fazia-se essencial para a consecução, pelo menos até
os anos 1980, de duas importantes funções do media criticism: o acompanhamento dos
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meios e a comunicação com o receptor, colaborando “para a melhoria dos padrões
éticos, culturais e profissionais desse desempenho e estendendo-se aos destinatários
dos meios contribuindo para a formação de públicos seletivos, articulados e dotados da
capacidade de discernimento e de julgamento” (FREITAS, 1991, p. 89).
Essa concepção, ainda segundo Freitas, estabelece que a crítica pressupõe uma
dada representação da sociedade, realizando a análise dos meios a partir desta
representação, ou seja: de certo modo, o que vemos em circulação nas mídias faz parte
de uma cultura estabelecida que é devolvida à sociedade como uma auto-imagem que
nela se perpetua, reafirmando seus valores fundantes: “Os padrões estabelecidos são
relacionais, isto é, baseiam-se em valores. É justamente o acordo sobre esses valores
que tornam os padrões válidos e universais. A integração da crítica ao sistema verifica-
se exatamente através da função de supervisionar ou controlar a efetivação desses
padrões” (FREITAS, 1991, p. 91).
Atualizando o problema a respeito do potencial conservador ou transformador
da crítica, Rancière indaga sobre a possibilidade de ruptura pressuposta na atividade
artística. Ao tratar das relações entre política e estética, o autor nos apresenta dois
modelos, retomados aqui de modo sintético: o pedagógico, direcionado para a
formação do público a partir de bases pré-estabelecidas (entre elas, o funcionalismo ou
a teoria crítica, muitas vezes focadas no conteúdo dos objetos analisados); e o
transformador, interessado na partilha do sensível por meio da busca pela emancipação
e pelo reconhecimento do espectador (baseado na ausência de uma origem ou uma
finalidade, e desencadeando processos de identificação). Para o autor, o papel da arte
seria o de criar ficções alternativas em relação àquelas tidas como consensuais: “As
práticas da arte não são instrumentos que forneçam formas de consciência ou energias
mobilizadoras em proveito de uma política que lhes seja exterior, mas tampouco saem
de si mesmas para se tornarem formas de ação política coletiva. Contribuem para
desenhar uma paisagem nova do visível, do dizível e do factível” (RANCIÈRE, 2012, p.
75).
A intervenção da arte nas relações sociais não seria automaticamente
alcançada, mas oferece, nesse caso, a possibilidade de interferir na partilha do sensível,
forjando “contra o consenso outras formas de ‘senso comum’, formas de um senso
comum polêmico” (RANCIÈRE, 2012, p. 75). A partir dessas reflexões, afirmamos que a
potência crítica não estaria apenas no próprio objeto (não é interna), mas também fora
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dele (no contexto e na recepção). Ou seja, não haveria um modo único de apresentação
da realidade ou algo que precisa ser desvelado, mas a reconfiguração do sensível sob
outros modos de percepção e significação: “A inteligência coletiva da emancipação não
é a compreensão de um processo global de sujeição. É a coletivização das capacidades
investidas nessas cenas de dissenso” (RANCIÈRE, 2012, p. 49). Diferentemente da
proposição engendrada pelo media criticism, que pressupõe menor conhecimento do
público em relação aos especialistas, se estendermos as considerações acima
apresentadas para as práticas midiáticas, podemos notar uma dinâmica de
retroalimentação entre produtores/autores e receptores/espectadores que interfere e
modifica os produtos e processos nelas presentes.
Como podemos ver, diversas correntes de pensamento fornecem aportes, de
modo mais ou menos direto, para nos guiar nessa investigação, já que cada visada
analítica pressupõe uma perspectiva filosófica e uma experiência histórica. É assim que
vemos desdobrarem-se possibilidades críticas a partir de estudos de autoria; estudos
culturais; estudos de gênero; estudos de recepção; dialogismo; análise de discurso;
gêneros discursivos; retórica; hermenêutica; mitologia; história; sociologia;
estruturalismo; etnografia; tecnologias. Nos anos 1990, ao tratarem da crítica televisiva,
Vande Berg e Wenner realizam um empreendimento original para os estudos de mídia:
reconhecendo o amadurecimento das análises sobre televisão, os autores apresentam
os caminhos teóricos nos quais esse meio é estudado, por meio de diversas abordagens
e aplicações. Antes, ainda na década de 1970, Newcomb (1976) publicara uma
importante obra sobre crítica de televisão e, nos anos 2000, Davin e Jackson (2008),
entre outros, atualizaram a temática com novas análises críticas.
Mais do que apresentar estudos de caso sobre programas televisivos de
gêneros variados, de maior ou menor reconhecimento (seja em termos de qualidade,
audiência ou inovação) – e que poderiam ser substituídos por outros, mais atuais –,
Vande Berg e Wenner sublinham duas questões: primeiramente, demonstram a
variedade de vieses crítico-teóricos e interpretações possíveis para os estudos de
televisão; em segundo lugar, salientam a singularidade de tais estudos em relação ao
lugar de fala assumido por cada um dos pesquisadores, que trazem para as análises
assunções e percepções enquanto telespectadores que experienciam maneiras distintas
de ver televisão. Ao empreender essa dupla articulação, o livro nos mostra ao menos
três aspectos fundamentais para a crítica de mídia hoje, seja ela televisiva,
10
cinematográfica, musical, jornalística, radiofônica, digital: não há possibilidade de se ter
um consenso sobre os modos de se fazer a crítica de mídia; não é possível realizá-la sem
levar em conta suas condições de produção e recepção; não se pode também fazer a
crítica sem olhar objetos concretos/empíricos (produtos, processos e discursos)
efetivamente em circulação nas mídias.
A atividade crítica seria, portanto, eminentemente plural, construída a partir de
diferentes lugares visando relacionar produtores, obras e públicos “em modos próprios
de discernimento, pondo em ação variada gama de métodos analíticos e de
procedimentos explicativos ou compreensivos” (NUNES, 2007, p. 61-62). Estamos
falando nos grandes paradigmas que orientam os modos de se fazer crítica cultural, que
podem também orientar a crítica de mídia, quando tomamos aquelas questões cruciais:
quem está autorizado a fazer a crítica, qual sua finalidade, os juízos e valores nela
implicados, a formação de público, entre outras. No momento, para além dessas,
queremos enfatizar uma indagação sobre as diferentes maneiras de se praticar a crítica
de mídia, que apontam para duas tendências no modo de abordar o objeto criticado: a
de teorias abrangentes sobre a mídia e a de análises particulares de produtos midiáticos.
Em artigo anteriormente publicado, Silva e Soares (2013) discutem que a crítica
de mídia deveria, conforme percepção de Braga, “abandonar juízos totalizantes sobre
os meios de comunicação, endereçando-os aos produtos midiáticos” (BRAGA, 2006, p.
17). O que Braga sugere é irmos da análise generalizada para aquela mais específica,
recortando das mídias produtos singulares, a fim de reconhecer o repertório ali
articulado. De modo semelhante, Machado segue na direção de análises particulares,
assinalando, no caso da televisão, para a constituição de um “acervo heterogêneo de
trabalhos audiovisuais” que deve ser abordado a partir de uma “perspectiva valorativa”
inscrita na materialidade de seus programas (MACHADO, 2008, p. 24). A afirmação de
Braga, aqui retomada, fornece um caminho para tal empreendimento: “Quanto mais
desenvolvidos sejam os dispositivos críticos, mais provavelmente eles se voltam para
uma análise de produtos específicos (e menos para análises do meio em sua
generalidade)” (BRAGA, 2006, p. 61).
O argumento em defesa é que, ao olhar para o particular, os critérios
orientadores do “como fazer a crítica” tornam-se mais visíveis e palpáveis. De acordo
com Braga, “fazer perguntas mais específicas sobre produtos singulares é o que viabiliza
perceber estruturações diferenciadas, fazer julgamentos mais finos sobre qualidade e
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mais relacionados a critérios expressos (uma vez que ‘qualidade’ não é um valor
absoluto ou definível na ausência de referências sociais)” (BRAGA, 2006, p. 53). Para o
desenvolvimento do processo de crítica de mídia, ele observa que, mesmo diante das
dificuldades em se alcançar “gêneros e dispositivos críticos estáveis”, há que se investir
na necessidade de se estudar ângulos mais promissores de análise e trabalhá-los em
termos de sistematização aberta, percepção explícita de seus enfoques, objetivos e
resultados concretos tanto para o conhecimento do objeto midiático como para a
capacidade interpretativa dos receptores (BRAGA, 2006, p. 274).
O que temos, então, é uma espécie de disputa entre perspectivas de se fazer
crítica de mídia: uma que opta por análises de particulares e outra que busca análises
mais gerais, de totalidades. Esta tensão foi tratada por França em evento científico
recente. No texto a pesquisadora discute o caráter cíclico das abordagens críticas da
comunicação nos últimos quarenta anos no Brasil, reafirmando a importância do resgate
de olhares mais abrangentes, capazes de interpretar as práticas comunicativas na sua
relação com a manutenção e a mudança social. Lembra que nos anos 1970 e 1980, as
teorias denunciavam a mercantilização da cultura, o esvaziamento do simbólico, as
disputas por hegemonia na interpretação da realidade. “Os 20 anos seguintes foram
marcados por certo abandono do viés crítico, em favor de abordagens mais pontuais,
do tratamento de aspectos mais recortados do processo e do produto comunicativo.”
(FRANÇA, 2013).
Amparada nas reflexões recentes de Boltanski (2009), França sugere acolher a
síntese realizada pelo sociólogo francês quando, depois de longa trajetória em direção
a práticas específicas, ele se volta para a mútua dependência e a complementaridade
entre a “crítica” e a “metacrítica”, pondo em destaque os limites da sociologia
pragmática da crítica, uma vez que se perde nela a noção de totalidade – e sem essa
perspectiva abrangente não se conseguiria passar da crítica fragmentada e particular
dos atores a uma visada crítica global da sociedade. França vem reclamar por uma
permanente visada crítica nos estudos comunicacionais, “uma perspectiva que, atenta
ao específico e ao singular, não se feche em objetos e raciocínios autossuficientes, e
possa sempre reenviar esses objetos ao contexto maior no qual eles existem, atuam,
condicionam e sofrem condicionamentos” (FRANÇA, 2013). Sua preocupação não é
solitária entre os pesquisadores brasileiros. Também Braga conclui, ao final, pela
necessidade de “uma construção conceitual do trabalho crítico-interpretativo, baseada
12
em referências aos principais processos e perspectivas vigentes do ‘fazer crítica’ sobre
mídia” (BRAGA, 2006, p. 67), que seria uma construção conceitual elaborada para
ampliação e diversificação do escopo da crítica, em função de seus objetivos sociais.
2.2 Crítica de notícias
Ao problematizar a produção de notícias, Stuart Hall a situa como parte de um
“processo complexo que se inicia numa escolha e selecção sistemática de
acontecimentos e tópicos de acordo com um conjunto de categorias socialmente
construídas” (HALL, 1999, p.224). E explicita:
Este processo – a identificação e a contextualização – é um dos mais importantes, através dos quais os acontecimentos são “tornados significativos” pelos media. Um acontecimento só faz sentido se se puder colocar num âmbito de conhecidas identificações sociais e culturais. Se os jornalistas não dispusessem – mesmo de forma rotineira – de tais “mapas” culturais do mundo social, não poderiam “dar sentido” aos acontecimentos invulgares, inesperados e imprevisíveis que constituem o conteúdo básico do que é “noticiável” (HALL at al, 1999, p.226).
Em consonância com esse entendimento, esta pesquisa se dedica ao estudo de
aportes teóricos e técnicos para uma crítica cultural de notícias, partindo justamente do
pressuposto de que o discurso midiático é uma prática cultural. Em sendo assim, a crítica
das mídias se configuraria, portanto, como uma crítica cultural. Tratando de jornalismo,
James Carey (1974) declara categórico, depois de apontar limitações de outros modos
de críticas (conselhos de responsabilidade social, de leitores, ombudsman etc.), que a
crítica de imprensa é essencialmente a crítica da linguagem da imprensa, análoga à
crítica literária ou à crítica de qualquer objeto cultural, definida como
uma avaliação da adequação dos métodos que os homens usam para observar o mundo, a linguagem que eles usam para descrever o mundo, e o tipo de mundo que esses métodos e linguagem implicam. Esta crítica exige, portanto, cuidadosa atenção do público em relação aos métodos, procedimentos e técnicas de investigação jornalística e de linguagem da reportagem jornalística (CAREY, 1974, p. 244)1.
1 “An assessment of the adequacy of the methods men use to observe the world, the language they use to describe the world, and the kind of world that such methods and language imply is in existence. It requires therefore close public attention to the methods, procedures and techniques of journalistic investigation and the language of journalistic reporting.”
13
Carey considera que todas as instituições da sociedade moderna devem ser
objetos de crítica, e destaca, com ironia, a veemente resistência do jornalismo em ser
criticado. Ele sustenta o argumento de que a imprensa talvez seja a última de nossas
instituições importantes ainda por ser criticada (CAREY, 1974, p. 238)2. E pergunta: “Por
que as pessoas não exercem a crítica do jornalismo como fazem com educação,
literatura, cinema, arquitetura, religião?”. Considera que “o que existe de crítica do
jornalismo é, ao contrário da literatura, episódico, de qualidade geralmente inferior e
sem fundamento em uma tradição”3 (idem, 1974, p. 236). Ainda em seu juízo, “a
imprensa é atacada e frequentemente vilipendiada, mas não é objeto de análise crítica
fundamentada – nem em público, e raramente dentro das universidades e da própria
imprensa” (idem, 1974, p. 227)4.
Nas sessões de orientação da dissertação Critérios de crítica de mídia noticiosa:
uma investigação a partir da polêmica do livro didático de Wania Bittencourt
(BITTENCOURT, W. 2014), no POSJOR/UFSC, e em artigo produzido em coautoria com a
orientanda e enviado para publicação5, repassamos iniciativas de crítica de mídia
noticiosa no Brasil, práticas geralmente influenciadas por experiências desenvolvidas
nos Estados Unidos, tais como a criação de cargos como o ombudsman e a instituição
de observatórios de imprensa. Mas para Alberto Dines, o pioneiro da atividade crítica
sobre o jornalismo no Brasil seria Lima Barreto, que “ousou ridicularizar não apenas as
panelinhas literárias que se abrigavam nas redações dos grandes jornais, como também
o jogo do poder” (DINES, 1982, p.150). Tal crítica seria capaz de mostrar que o
jornalismo, como instituição, “jamais foi uma ferramenta a serviço da sociedade”,
estando sempre “adaptada aos escopos de uma competição política que visava apenas
à alternância de grupos e não de ideias no comando do processo decisório” (DINES,
1982, p.150). Posteriormente, jornalistas como Godin da Fonseca, Otávio Malta e Paulo
Francis, entre as décadas de 1940 e 1960, teriam se dedicado a observar e comentar o
trabalho da imprensa. O primeiro exerceu a função de crítico em diferentes jornais,
2 Todas as citações referentes ao texto de Carey são apresentadas em tradução própria. 3 “Why are people not draw to the criticism of journalism as they are to education, literature, film, architecture, religion? What criticism of journalism exists is, unlike literature, episodic, of generally inferior quality, and without foundation in a tradition.” 4 “The press is attacked and often vilified, but it is not subject to sustained critical analysis -- not in public and rarely within universities or the press itself.” 5 BITTENCOURT, W.; SILVA, G. Apontamentos históricos sobre crítica de mídia noticiosa no Brasil. (enviado para publicação em periódico).
14
entre eles O Mundo, enquanto Malta e Francis atuaram no Última Hora, de Samuel
Wainer. Nenhum deles, no entanto, teria criticado a imprensa como instituição. Estes,
segundo Dines, teriam desmascarado “jornais, jornalistas ou desempenhos jornalísticos
que em sua ótica estavam errados. Mas não feriam a estrutura nem o processo como
um todo porque, cada um deles em sua respectiva trincheira era fruto da mesma árvore”
(DINES, 1982, p.150).
Na avaliação de José Marques de Melo (1986), seria o próprio jornalista Alberto
Dines o pioneiro no media criticism brasileiro, por meio da coluna Jornal dos Jornais,
publicada aos domingos na Folha de S. Paulo, entre os anos de 1975 e 1977. Dines
acabara de retornar dos Estados Unidos após um período como professor-visitante na
Columbia University, em Nova York, no ano acadêmico de 1974-1975, quando foi
chamado pelo diretor do jornal, Otávio Frias, para se tornar colaborador da empresa,
atuando como “chefe da sucursal do Rio de Janeiro e também para escrever um artigo
político diário. Aceitou o desafio (…) e disse que queria fazer uma coluna de crítica de
imprensa (…) No domingo seguinte à conversa, foi publicada pela primeira vez a coluna”
(LOURES, 2008, p.162-163). O conteúdo era composto de “observações e percepções do
nosso cotidiano jornalístico cuja riqueza circunstancial as torna fragmentos
indispensáveis à compreensão dos fenômenos que ocorreram naqueles tempos de
autoritarismo” (MELO, M. 1986, p.13). Dines comentava não apenas a atuação do
próprio jornal em que trabalhava, mas de toda a mídia, levando em conta o contexto
político e social da época. Em função das pressões da ditadura militar, a coluna foi
encerrada por decisão dos proprietários dos jornais em 1977.
Ainda segundo Marques de Melo, embora o Jornal dos Jornais seja um marco dos
primórdios do media criticism brasileiro, o próprio Dines, anteriormente, já havia se
dedicado a criticar a imprensa brasileira. “Em visita ao World Press Institute (vinculado
à Universidade de Columbia - EUA), Dines encantou-se com o boletim do The New York
Times: “Vencedores e Pecadores”, que fazia a crítica interna ao jornal”. A partir da
experiência, em 1965, ele e o jornalista Fernando Gabeira, que trabalhavam no Jornal
do Brasil, “resolveram lançar uma publicação que fosse um fórum de críticas à mídia,
em 1965” (LOURES, 2008, p.161), uma espécie de revista que circulava internamente ao
15
jornal, conhecida como Cadernos de Jornalismo e Editoração6. De acordo com
Jawsnicker (2008, p.153), ao todo foram publicadas 49 edições, com periodicidade
irregular.
Paralelamente, outras atividades começaram a surgir no país: em 1972 nasceram
os Cadernos de Comunicação Proal, da Editora e Comunicação Proal, de Manoel Carlos
da Conceição Chaparro, Francisco Gaudêncio Torquato do Rêgo e Carlos Eduardo Lins
da Silva, uma publicação sobre a mídia que circulava no meio acadêmico; em 1977, o
Jornal da Cesta, coluna publicada no jornal alternativo Pasquim, e o livro O papel do
jornal, também de Dines (LOURES, 2008).
O conjunto destas experiências, ainda que isoladas e pouco duradouras,
ajudaram a construir o que é conhecido como media criticism no Brasil. Dines, em artigo
publicado nos anais da Intercom, em 1982, enfatiza o caráter rebelde da atividade.
Segundo o jornalista, o crítico de mídia precisa se reconhecer como “um maldito, um
renunciante, abrindo mão de um lugar ao sol no establishment” (idem, 1982, p.151). E
defende que “o media criticism, como de resto toda a função crítica levada às últimas
consequências, é necessariamente subversivo” (idem, 1982, p.152). Para que o media
criticism exista “é indispensável que seja vocalizado sem constrangimentos, à margem
do status quo e, não, esmagado dentro dele.” (DINES, 1982, p.151). E sugere que a crítica
abasteça a imprensa alternativa, nas quais as pressões internas não interfeririam na
avaliação do jornalismo.
Na opinião de Dines, aqueles que consideram séria a atividade de crítico
deveriam “acrescentar uma contribuição pessoal no exame de obras ou atuações” ou
“procurar fazer dissecações sobre os usos, costumes e das ideias em voga” (DINES, 1982,
p.148). Ele lança algumas noções sobre um modo de operação do crítico de mídia.
Contudo, sua preocupação, naquele momento histórico, tomava a crítica de mídia como
uma resistência aos grandes veículos de comunicação, que monopolizavam o cenário da
mídia no Brasil, país em busca de um processo de redemocratização. Por isso, mais do
que apresentar um modo para se fazer a crítica, o autor defendia sua importância,
explicando a sua função no meio midiático e os possíveis resultados da sua resistência,
qual seja, sua marginilização.
6 De acordo com Jawnicker (2008), “a publicação circulou com três nomes: nas seis primeiras edições saiu como Cadernos de Jornalismo. Em seguida, como Cadernos de Jornalismo e Editoração e, finalmente, como Cadernos de Jornalismo e Comunicação.” Na citação em questão, mantivemos a escolha da autora.
16
Quase 15 anos após da publicação do artigo, o jornalista encabeça uma das
iniciativas mais conhecidas e persistentes de crítica no Brasil, o site Observatório da
Imprensa (OI). Lançado em 1996, com o lema “Você nunca mais vai ler jornal do mesmo
jeito”, o projeto surgiu dentro do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo
(Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) e atualmente é mantido pelo
Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo (Projor), organização social sem fins
lucrativos voltada para atividades de formação, treinamento, reciclagem e consultoria.
A inspiração veio do Observatório de Imprensa de Lisboa, de Portugal. Autodefine-se
como um “fórum permanente onde os usuários da mídia (…) organizados em
associações desvinculadas do estabelecimento jornalístico, poderão manifestar-se e
participar ativamente num processo no qual, até há pouco, desempenhavam o papel de
agentes passivos.”7. Em 1998, ganhou uma versão televisiva; no rádio, estreou em 2005.
Pesquisas na área de Comunicação recorrentemente levantam a importância do
OI no cenário de crítica de mídia brasileira. Loures (2008, p.165-166) descreve o site
como “a experiência de crítica de mídia que alcançou até o momento maior visibilidade
na sociedade brasileira”, podendo ser conhecido como o “pioneiro na prática
sistemática do media criticism”. Ao analisar mais detidamente o caso do Observatório
da Imprensa, Braga (2006, p.115) constata que a crítica publicada no site se “afasta
decididamente da possibilidade de “distanciamento crítico” ou de análise estritamente
“profissional”, digamos técnica, baseadas nas “boas regras” do bem apurar e do bem
redigir”. Ou seja, eles não observam detalhadamente ou descrevem como o jornalismo
atua, mas impõem um padrão de exigências sobre como deveria atuar. Braga (2006,
p.131) conclui que o OI tenta “esclarecer (as posições defendidas) e obter a adesão para
esse [o seu] ponto de vista”. Em decorrência desta característica de militância, este
observatório funcionaria, na análise de Afonso Albuquerque et al (2001), mais como um
agente, catalisando opiniões que se assemelhem à posição que pretende defender do
que uma arena aberta ao debate sobre a mídia.
[o lugar da edição] permite ao Observatório da Imprensa não apenas destacar o seu próprio discurso, como também hierarquizar os demais, atribuindo-lhes maior ou menor pertinência. Em decorrência disso, o Observatório, não obstante ser um espaço polifônico, se apresenta como um espaço muito menos plural do que nos parecia ser em princípio (ALBUQUERQUE et al, 2001, p.10)
26 Informações disponíveis no site Observatório da Imprensa, em www.observatorio.com.br.
17
Esses poucos apontamentos históricos sinalizam para o complexo debate sobre
quem deve ou pode fazer a crítica de mídia noticiosa. Embora diga que a crítica à
imprensa não deva ser exclusiva de jornais e jornalistas profissionais (CAREY, 1974, p.
239), Carey dá peso para “o incentivo de uma tradição ativa e crítica e um corpo
importante de críticos profissionais” (idem, 1974, p. 240)8. No esforço de pensar além
da defesa da necessidade da crítica aos meios de comunicação, Ciro Marcondes Filho
percebe um vazio de sugestões de como a crítica deve proceder e pergunta “quem pode
fazer a crítica?”, “que critérios (valores) deve utilizar?”, “com que intencionalidade a
crítica resgata seu sentido na sociedade atual?” (MARCONDES FILHO, 2002, p. 22).
Temos aqui apontadas pelo autor questões centrais nessa discussão: (1) da autoridade,
direito e liberdade para criticar; (2) dos parâmetros de como se operar a valoração da
qualidade do objeto que está sob apreciação; e (3) da finalidade última de qualquer
crítica, que deseja, extrapolando o esforço de compreensão, promover alguma ação de
transformação do mundo ao redor.
Porém, mais do que alargar e detalhar esta problemática – em torno de quem
deve/pode fazer a crítica, qual sua finalidade, juízos e valores implicados, formação de
público etc. – importa aqui situar a problema em território mais delimitado, observando
quais as perspectivas da crítica praticada. O que se percebe é que nos estudos sobre
crítica de mídia há o mesmo movimento pendular historicamente observado em outras
instâncias de produção cultural, aquele entre teorias abrangentes sobre a mídia e
análises particulares de produtos midiáticos. Em artigo publicado ano passado (SILVA,
G.; SOARES, R. L., 2013), essa questão começou a ser trabalhada pelas autoras líderes
do Grupo de Pesquisa Crítica de Mídia e Práticas Culturais. Nesse estudo discutiu-se que
crítica de mídia deveria, conforme percepção de José Luiz Braga, “ser mais modesta,
reaproximar-se da crítica artística e literária, e abandonar juízos totalizantes sobre os
meios de comunicação, endereçando-os aos produtos midiáticos” (BRAGA, 2006, p. 17).
O autor avalia que
uma parte significativa da crítica acadêmica é feita antes para confortar perspectivas abrangentes sobre a mídia ou sobre determinados meios do que para ampliar o conhecimento sobre produtos e processos específicos. Quando os específicos são referidos,
8 “The proper response is not a retreat behind slogans and defensive postures but encouragement of an active and critical tradition and an important body of professional’s critics.”
18
tendem a aparecer como ilustração de posições abstratas, mais do que como objeto para descobertas concretas (BRAGA, 2006, p. 48).
O que Braga sugere é irmos da análise generalizada para a específica. Pensa que,
com os conhecimentos já desenvolvidos sobre os meios de comunicação, hoje já é
possível e desejável “fazer perguntas mais específicas sobre produtos singulares (e sobre
sua diversidade organizacional e de objetivos)” (idem, 2006, p. 53). Também Arlindo
Machado segue na direção de análises particulares, partindo de sua constatação de que
a televisão brasileira já tem acumulado “um repertório suficientemente denso e amplo
para que se possa incluí-la sem esforço entre os fenômenos culturais mais importantes
de nosso tempo” (MACHADO, 2008, p. 21). Os estudos sobre televisão, segundo
Machado, ainda estão limitados ao acompanhamento de sua programação como um
fluxo exibido por meio de um sistema de difusão abrangente, em vez de se voltarem
para “o conjunto dos trabalhos audiovisuais que a televisão efetivamente produz e a
que os espectadores efetivamente assistem” (idem, 2008, p. 24), conjunto este
constitutivo do repertório televisual, genericamente organizado em programas. Desse
modo, a televisão não é mera tecnologia de transmissão, empreendimento
mercadológico, sistema de controle político-social, sustentáculo do regime econômico
ou máquina de moldar o imaginário (idem, 2008, p. 24), mas, ao contrário, constitui-se
como um acervo heterogêneo de trabalhos audiovisuais que deve ser abordado a partir
de uma “perspectiva valorativa” inscrita na materialidade de seus programas. Braga dá
um passo mais demarcado: “quanto mais desenvolvidos sejam os dispositivos críticos,
mais provavelmente eles se voltam para uma análise de produtos específicos (e menos
para análises do meio em sua generalidade)” (BRAGA, 2006, p. 61).
O argumento em defesa aqui é que, ao olhar para o particular, os critérios
orientadores do ‘como fazer a crítica’ tornam-se mais visíveis e palpáveis. De acordo
com Braga, “fazer perguntas mais específicas sobre produtos singulares é o que viabiliza
perceber estruturações diferenciadas, fazer julgamentos mais finos sobre qualidade e
mais relacionados a critérios expressos (uma vez que ‘qualidade’ não é um valor
absoluto ou definível na ausência de referências sociais)” (BRAGA, 2006, p. 53). Para o
desenvolvimento do processo de crítica de mídias, ele observa que, mesmo diante das
dificuldades em se alcançar “gêneros e dispositivos críticos estáveis”, há que se investir
na necessidade de se estudar ângulos mais promissores de análise e trabalhá-los em
termos de sistematização aberta, percepção explícita de seus enfoques, objetivos e
19
resultados concretos tanto para o conhecimento do objeto midiático como para a
capacidade interpretativa dos receptores (idem, 2006, p. 274).
O que temos, então, é uma espécie de disputa entre perspectivas de se fazer
crítica de mídia: uma que opta por análises de particulares e outra que busca análises
mais gerais, de totalidades. É bem este o problema tratado por Vera R. V. França em
evento científico recente. No texto a pesquisadora discute o caráter cíclico das
abordagens críticas da comunicação nos últimos 40 anos no Brasil, reafirmando a
importância do resgate de olhares mais abrangentes, capazes de interpretar as práticas
comunicativas na sua relação com a manutenção e a mudança social. Lembra que nos
anos 70, 80, as teorias denunciavam a mercantilização da cultura, o esvaziamento do
simbólico, as disputas por hegemonia na interpretação da realidade. “Os 20 anos
seguintes foram marcados por certo abandono do viés crítico, em favor de abordagens
mais pontuais, do tratamento de aspectos mais recortados do processo e do produto
comunicativo.” (FRANÇA, V.R.F., 2013). Amparada nas reflexões recentes de Luc
Boltanski9, França sugere acolher a síntese realizada pelo sociólogo francês quando,
depois de longa trajetória em direção a práticas específicas, ele se volta para a mútua
dependência e a complementaridade entre a “crítica” e a “metacrítica”, apontando os
limites da sociologia pragmática da crítica, uma vez que se perde nela a noção de
totalidade – e sem essa perspectiva abrangente não se conseguiria passar da crítica
fragmentada e particular dos atores a uma visada crítica global da sociedade. França
vem reclamar uma permanente visada crítica nos estudos comunicacionais, “uma
perspectiva que, atenta ao específico e ao singular, não se feche em objetos e raciocínios
auto-suficientes, e possa sempre reenviar esses objetos ao contexto maior no qual eles
existem, atuam, condicionam e sofrem condicionamentos” (idem, 2013). Sua
preocupação não é solitária entre os pesquisadores brasileiros. Também Braga conclui,
ao final, pela necessidade de “uma construção conceitual do trabalho crítico-
interpretativo, baseada em referências aos principais processos e perspectivas vigentes
do ‘fazer crítica’ sobre mídia” (BRAGA, 2006, p. 67), que seria uma construção conceitual
voltada para ampliação e diversificação do escopo da crítica, em função de seus
objetivos sociais.
9 BOLTANSKI, L. De la critique. Précis de sociologie de l’émancipation. Paris: Gallimard, 2009.
20
Diante deste debate interno ao campo da Comunicação, torna-se interessante
observar como o problema de alcance teórico ou, se preferirmos, de interpretação, se
dá em outros campos. No contexto da crítica literária, Benedito Nunes pergunta: “Como
se faz a crítica?”, por meio de quais “conceitos” e “critérios”? (NUNES, 2007, p. 61-62).
Tal tarefa encontra, segundo Nunes, apoio direto e indireto nas várias correntes
filosóficas em vigência, pois, como afirma, não há crítica sem perspectiva filosófica. Nem
tampouco está ela isolada da experiência histórica. A maneira de se fazer a crítica seria
plural, por diferentes vias de acesso à obra – no caso, ao produto midiático –, “em
modos próprios de discernimento, pondo em ação variada gama de métodos analíticos
e de procedimentos explicativos ou compreensivos”. Estamos falando nos grandes
paradigmas que orientam os modos de se fazer crítica cultural, que bem servem à crítica
de mídia. A ideia de fundo que orienta esse debate é, sem dúvida, a questão sobre a
finalidade da crítica (se transformadora, instrumental, inútil). Na conclusão de seu livro
Teoria da literatura: uma introdução, Terry Eagleton declara não ter ainda respondido à
pergunta mais importante: “Qual a finalidade da teoria literária?”. Sua opinião é a de
que a teoria literária tem uma relevância muito particular para o sistema político: “Ela
contribui, conscientemente ou não, para manter ou reforçar seus pressupostos”
(EAGLETON, 2006, p. 296) – ao que devemos acrescentar: também para derrubar e
trazer outros novos.
Muitos e diversos desafios se colocam para esta tarefa de pesquisa sobre crítica
de mídia no Brasil. Não menos numerosos os desafios quando se investiga a crítica de
mídia noticiosa. De uma perspectiva ampla, o que este projeto de pesquisa pretende
contribuir para diminuição do “vazio de sugestões de como a crítica deve proceder” e
“de como ela já vem se procedendo”, com enfoque na especificidade de aportes teóricos
e técnicos para uma crítica cultural da notícia. De uma perspectiva localizada, a do
objeto de estudo, este projeto propõe a pesquisa de aportes teóricos e técnicos para
uma crítica cultural da notícia.
21
3. Objetivos da pesquisa
Observar nos principais veículos da imprensa brasileira práticas de crítica de
mídia, buscando por aportes teóricos e técnicos, com ênfase na crítica de
materiais jornalísticos específicos e observância de implicações éticas e
estéticas dos acontecimentos noticiados.
Rastrear alguns modos de como a pesquisa acadêmica faz a crítica de mídia,
para notações sobre técnicas, métodos e teorias, com foco na crítica de
cobertura jornalística específica ou do jornalismo como instituição.
Colocar em tensão, a partir do estudo dos materiais elencados nos objetivos
anteriores, análises particulares de produtos jornalísticos e teorias
abrangentes sobre a crítica de mídia noticiosa.
Trabalhar uma síntese sobre a crítica da notícia como crítica cultural.
22
4. Procedimentos metodológicos
Os procedimentos metodológicos se amparam em estudos da crítica de mídia e
da cultura midiática, com interesse em critérios e modalidades de crítica de mídia, e
também em sinais de afinidades e diferenças na comparação com aspectos da crítica de
cinema e de literatura. Na perspectiva metodológica da pesquisa ora apresentada, as
análises particulares se localizam em práticas de críticas veiculadas nos meios de
comunicação e as teorias abrangentes são procuradas na pesquisa acadêmica sobre a
problemática. Na perspectiva epistemológica, a observação está justamente em como
se dá a relação entre críticas de objetos midiáticos particulares e teorias abrangentes.
Interessa, assim, tanto as críticas de notícias que circulam pela própria mídia como as
críticas acadêmicas à cobertura jornalística; ambas as interpretações amparadas em
estudos da crítica de mídia e da cultura midiática.
Para dar conta de responder aos objetivos propostos, a operação teórico-
metodológica e epistemológica sobre a crítica de notícias se organizará em três
movimentos:
(1) análise de práticas de crítica de mídia buscando por aportes teóricos e técnicos,
com recorte nas críticas de notícias que circulam pela própria mídia.
(2) análise de modos pelos quais a pesquisa acadêmica faz a crítica de mídia, para
notações sobre métodos e teorias, com foco na crítica de cobertura jornalística
específica ou do jornalismo como instituição.
(3) Contraposição/diálogo, a partir dos materiais observados, entre análises
particulares de produtos jornalísticos e teorias abrangentes sobre a crítica de
mídia noticiosa.
O trabalho será feito com exemplares de práticas de crítica publicadas na mídia
e exemplares de críticas acadêmicas, visando a identificação de procedimentos/
recursos/ técnicas/ métodos/ teorias, fazendo observação de marcadores, num
tratamento qualitativo – não se pretende composição de corpus. Esses dois movimentos
se conjugam para (a) fornecer bases da interpretação da tensão provável entre análises
particulares de produtos jornalísticos e teorias abrangentes sobre a mídia noticiosa e,
com isso, (b) fundamentar melhor a crítica da notícia compreendida como uma das
críticas culturais na contemporaneidade, dado que o jornalismo deve ser tomado,
concomitantemente, como produto cultural e produtor de cultura.
23
5. Resultados esperados
1. Participação em eventos científicos, com divulgação de resultados parciais da
pesquisa.
2. Produção de artigos científicos para publicação em periódicos ou livros, durante a
pesquisa e após sua finalização.
3. Fortalecimento da Linha de Pesquisa “Jornalismo, Cultura e Sociedade” do
POSJOR/UFSC e do Grupo de Pesquisa “Crítica de Mídia e Práticas Culturais” (no
Diretório de Grupos de Pesquisa do CNPq).
4. Incorporação da experiência de pesquisa e das conclusões do estudo no trabalho de
formação de doutorandos e mestrandos por mim orientados no POSJOR/UFSC, na
disciplina de “Metodologia da Pesquisa em Jornalismo”, ministrada por mim na Pós-
Graduação, e no trabalho com graduandos em projetos de Iniciação Científica /PIBIC.
5. Aperfeiçoamento da disciplina optativa “Crítica de Mídia Noticiosa”, por mim
oferecida no Curso de Graduação em Jornalismo da UFSC.
24
6. Cronograma 2016
► Aprimoramento da problemática da pesquisa ► Pesquisa bibliográfica: referenciais teóricos sobre crítica de mídia ► Pesquisa bibliográfica: referenciais teóricos sobre crítica de mídia noticiosa ► Pesquisa bibliográfica: problematização da crítica de notícia como crítica cultural ► Construção metodológica: identificação de procedimentos/ recursos/ técnicas/ métodos/ teorias, fazendo observação de marcadores, com tratamento qualitativo (aplicação de exercício piloto). ► Coleta de dados: seleção de críticas de notícias, de coberturas de imprensa e de instituições jornalísticas que circulam pela própria mídia (preferencialmente em e sobre veículos de jornalismo impresso) ► Descrição e análise desse material, fazendo observações de aportes teóricos e técnicos prerencialmente em crítica de notícias e de coberturas específicas (objetos midiáticos particulares)
2017
► Pesquisa bibliográfica: referenciais teóricos sobre crítica de mídia ► Pesquisa bibliográfica: referenciais teóricos sobre crítica de mídia noticiosa ► Notações sobre métodos e teorias nos modos de a pesquisa acadêmica fazer a crítica de mídia, com foco na crítica de notícias específicas, coberturas jornalísticas particulares e do jornalismo como instituição (preferencialmente de notícias e coberturas particulares) ► Análise desse material buscando por aportes teóricos e técnicos da crítica noticiosa ► Divulgação de resultados parciais em eventos científicos
► Produção e publicação de textos acadêmicos para periódicos da área ou na forma de livros ou capítulos de livros
2018
► Ampliação dos materiais observáveis, se for necessário ► Articulação de análises particulares de produtos jornalísticos e teorias abrangentes sobre a mídia noticiosa ► Sínteses da compreensão da crítica da notícia como crítica cultural ► Elaboração do Relatório Técnico-científico ► Divulgação de resultados consolidados em eventos científicos ► Produção e publicação de textos acadêmicos em periódicos da área ou na forma de livros ou capítulos de livros
25
7. Bibliografia Preliminar (incluídas as Referências)
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