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Aportes teóricos sobre currículo
Um diagnóstico, em dois tempos:
“A teoria educacional e a pedagogia encontram-se sitiadas”(Silva, Tomaz Tadeu da. O adeus às metanarrativas educacionais, 1994, p.247).
“É um tempo de expectativas, de perplexidade e da crise de concepções e paradigmas”
(Gadotti, Moacir. Perspectivas atuais na educação, 2000, p.3).
Théodore Géricault – A jangada de medusa (1818-1819), Museu do Louvre, Paris.
Educação
Saber
Poder
Identidade
Teorias tradicionais
Teorias críticas Teorias pós-críticas
O que?
Por que?
Quem?
Teorias tradicionais
O currículo clássico humanista
Reações ao currículo clássico
Modelo progressista (John Dewey)
Democracia
Verum curriculum:
Paideia clássica (ginástica, letras,
lógica, música),
Trivium (gramática, dialética,
retórica)
Quadrivium (aritmética, música,
geometria e astronomia)
Modelo tecnocrático (Bobbit-Tayler):
Economia
Teorias tradicionais
Características postuladas: neutralidade, cientificidade, desinteresse
Concepção de cultura: estática, essencializada, consensual
Ponto de vista teórico: educação entendida como atividade exclusivamente técnica e organizacional
Relação passiva entre quem conhece e aquilo que é conhecido
Epistemologia realista: o conhecimento é reflexo de uma realidade presente
Coincidência entre natureza do conhecimento científico e escolar
Pergunta-chave: como ensinar?
Conceitos-chave: ensino; aprendizagem
Teorias tradicionais
Principais fontes:
Bobbit – The curriculum (1918)
- Processo de racionalização de resultados educacionais
- Modelo institucional da fábrica
- Princípios tayloristas de administração científica
- Escola = Empresa comercial ou industrial
- Princípios norteadores: economia e eficiência
John Dewey – The child and the curriculum (1902)
- Educação como lugar de vivência e prática direta de princípios democráticos
- Democracia > Economia
- Consideração sobre os interesses dos jovens e das crianças
Figuras da paideia clássica
o tom diretivo
o curso a ser seguido
Platão e Aristóteles
A inteligência de Odisseu
Fundamentos de uma ontologia e de uma antropologia
Waterhouse, John William. Ulysses and the Sirens (National Gallery of Victoria, Melbourne, 1891. Óleo sobre tela, 100.6 x 202 cm). Domínio público.
Etty, William. As sereias e Ulisses (Manchester Art Gallery, 1837). Pintura a óleo. 442,5 x 297.
Uma perspectiva contra-antropológica
Fonte: Davi Kopenawa – A queda do céu (2010) [2015]
Uma educação pela “borda da floresta-margem”
(Goddard, Jean-Christophe, 2017, p.37)
O abraço da serpente
Igarapé Manacapuru, Amazonas. Imagem/jpg. 4.012 x 3.100 pixeis. Wikimedia Commons.
“Tu nos faz crer que há um saber, mas o saber é uma
realidade política, é a revolta estudantil, não é uma técnica”
(Jacques Rancière, outono de 1968)
Teorias críticas
Postulação principal: questionamento/transformação dos arranjos sociais/educacionais existentes
Ponto de vista teórico: não há teoria que não esteja implicada em relações de poder
Cultura como campo e terreno de luta
Preocupação com as conexões entre saber, identidade e poder
Acentuação do caráter político das práticas curriculares
Pergunta-chave: por que?
Conceitos-chave: ideologia; cultura; poder
Teorias críticas
Principais fontes:
- Movimento de “reconceptualização” estadunidense
- Nova Sociologia da Educação inglesa (NSE) – Michael Young
- Paulo Freire no Brasil
- Pierre Bourdieu, Passeron, Althusser na França
Teorias pós-críticas
Busca da compreensão das relações entre currículo, cultura e poder
Interessadas nos modos pelos quais a linguagem da teoria produz a própria realidade que nomeia
Não há uma “realidade” pura para ser desvelada pela crítica
Descentramento da noção de sujeito
Relação ativa entre quem conhece e aquilo que é conhecido
Conceitos-chave: linguagem; discurso; texto
Cultura entendida como processo ou prática de significação
Teorias pós-críticas
Principais fontes:
Multiculturalismo
Pós-modernismo
Pós-estruturalismo
Estudos Culturais
Teorias feministas
Teoria queer
Aportes teóricos de Michel Foucault e Jacques Derrida
Referências
GADOTTI, Moacir. Perspectivas atuais da educação. São Paulo Perspec., São Paulo, v. 14, n. 2, p. 03-11, June2000.
GODDARD, Jean-Cristophe. Idiotia branca e cosmocídio: uma leitura de A queda do céu, de Davi Kopenawa e Bruce Albert. Revista de Antropologia da UFSCar. V. 9 (2) (suplemento), jul./dez. 2017: 29-38.
KOPENAWA, Davi; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Trad. Beatriz Perrone -Moisés; Pref. Eduardo Viveiros de Castro. São Paulo: Companhia das Letras, 2015.
SILVA, Tomaz Tadeu da. Documentos de identidade: uma introdução às teorias do currículo. 3. ed. Belo Horizonte: Autêntica Editora, 2020
SILVA. Tomaz Tadeu da. O currículo como fetiche: a poética e a política do texto curricular. Belo Horizonte: Autêntica, 2010.
SILVA, Tomaz Tadeu da. “O adeus às metanarrativas educacionais”. In: ______. O sujeito da educação: estudos foucaultianos. Petrópolis, RJ: Vozes, 2002, p. 247-258.
SOULIÉ, Charles. A pedagogia carismática de Gilles Deleuze na Universidade de Vincennes. Revista Linhas. Florianópolis, v. 16, n. 32, p.286 – 314, set./dez. 2015.