11
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ª VARA FEDERAL – TERCEIRA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA EM ****. ***, brasileira, solteira, nascida aos ** em ***, filha *** e de ***, portadora da cédula de identidade/RG nº ***, inscrita no cadastro de pessoas físicas, CPF/MF, sob nº ***, residente e domiciliada na *** e ***, brasileira, solteira, nascida aos *** em ***, filha de *** e de ***, portadora da cédula de identidade/RG nº ***, residente e domiciliada na ***, por seus procuradores e advogados (mandato incluso), vêm perante Vossa Excelência, propor a presente AÇÃO ORDINÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE com pedido de TUTELA ANTECIPADA contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, Autarquia Federal, com Procuradoria Regional na cidade de São José dos Campos/SP, na Avenida João Guilhermino, n° 84, 3° Andar – Centro, CEP. 12210-130, pelos fatos e fundamentos que seguem:

Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

Embed Size (px)

DESCRIPTION

Petição - Pensão por Morte

Citation preview

Page 1: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ FEDERAL DA _ª VARA FEDERAL – TERCEIRA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA EM ****.

***, brasileira, solteira, nascida aos ** em ***, filha *** e de ***, portadora da cédula de identidade/RG nº ***, inscrita no cadastro de pessoas físicas, CPF/MF, sob nº ***, residente e domiciliada na *** e ***, brasileira, solteira, nascida aos *** em ***, filha de *** e de ***, portadora da cédula de identidade/RG nº ***, residente e domiciliada na ***, por seus procuradores e advogados (mandato incluso), vêm perante Vossa Excelência, propor a presente

AÇÃO ORDINÁRIA DE CONCESSÃO DE BENEFÍCIO DE PENSÃO POR MORTE

com pedido de TUTELA ANTECIPADA

contra o INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL – INSS, Autarquia Federal, com Procuradoria Regional na cidade de São José dos Campos/SP, na Avenida João Guilhermino, n° 84, 3° Andar – Centro, CEP. 12210-130, pelos fatos e fundamentos que seguem:

Page 2: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

PRELIMINARMENTE As Requerentes não têm condições de arcar com custas e despesas processuais, sem prejuízo do sustento próprio e de sua família, fundamentando no artigo 5º, incisos XXXIV, letra "a" e LXXIV, da Constituição Federal, Artigos 128 e 129, da Lei n° 8.213/91 e Legislações pertinentes, pelo que requer a concessão de GRATUIDADE DE JUSTIÇA.

DOS FATOS

A Autora *** e ****, iniciaram uma união

estável, pública e notória que culminou com o nascimento de *** (docs. inclusos). No dia 05 de Abril de 2006, o Sr. *** veio a falecer, conforme comprova a inclusa cópia da Certidão de Óbito. Em 12 DE JANEIRO DE 2007 (DIB), as Autoras requereram o benefício de PENSÃO POR MORTE (ESPÉCIE 21) junto ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), que recebeu o NB/n° ***. No entanto, o referido Instituto INDEFERIU o benefício no dia 06 de MARÇO de 2007, alegando que o óbito ocorreu após a perda da qualidade do Segurado, baseando-se no artigo 13 e 14 do Decreto n° 3.048, de 06 de Maio de 1999.

DO MÉRITO

As Requerentes são dependentes de 1ª classe do segurado ***

(Art.16, inc. I e parágrafo 3° da Lei 8213/91), falecido em 05 de abril de 2006, após ter vertido

para a seguridade social mais de 279 (duzentos e setenta e nove) contribuições previdenciárias,

conforme faz prova cópias das CTPS, ora anexas.

Em que pese à negativa da Autarquia-Ré em implementar benefício

previdenciário às Autoras, as mesmas fazem jus ao benefício outrora negado, pois o segurado

enquanto em vida verteu mais de 279 (duzentos e setenta e nove) contribuições sociais, assim,

em atenção ao Princípio da solidariedade e, a fim de evitar enriquecimento sem causa do

Instituto-requerido, vêm às mesmas, pela presente, requererem a concessão judicial do

benefício.

– DO DIREITO DO FALECIDO À APOSENTADORIA POR IDADE (CARÊNCIA)

Page 3: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

O falecido Sr. *** nasceu em 24 de Novembro de 1952, sendo que se não tivesse falecido (05/04/2006), completaria 65 anos, no Ano 2017, ocorre que até o ano de 2006, o de cujus contava com tempo de serviço de 23 ANOS 03 MESES 03 DIAS.

Por força do artigo 102 da Lei n° 8.213, de 24 de Julho de 1991, o falecido teria preenchido os requisitos necessários à Aposentadoria por Idade (Espécie 41), quais sejam: 1) IDADE MÍNIMA; 2) CARÊNCIA ou PERÍODO DE CARÊNCIA e, 3) QUALIDADE DE SEGURADO.

Os requisitos necessários, seguem analisados:

“1) IDADE MÍNIMA – Sessenta e cinco (65) anos de idade, se homem, ou

Sessenta (60) anos de idade, se mulher, reduzidos esses limites para Sessenta (60) e

Cinqüenta e cinco (55) anos de idade para os trabalhadores rurais, respectivamente

homens e mulheres (art. 32, do Decreto n° 89.312/84, art. 48, da Lei n° 8.213/91 e art. 51,

do Decreto n° 3.048/99);

2) CARÊNCIA ou PERÍODO DE CARÊNCIA – É o tempo correspondente ao número

mínimo de contribuições mensais indispensáveis para que o beneficiário faça jus ao

benefício (art. 24, da Lei n° 8.213/91 e art. 26, do Decreto n° 3.048/99); A concessão das

prestações pecuniárias do Regime Geral de Previdência Social, depende dos seguintes

períodos de carência: I– auxílio-doença a aposentadoria por invalidez: 12 (doze)

contribuições mensais; II– aposentadoria por idade, por tempo de serviço

(contribuição), especial: 180 (cento e oitenta) contribuições mensais (art. 32, do Decreto

n° 89.312/84, art. 25, da Lei n° 8.213/91 e art. 29, do Decreto n° 3.048/99); A carência das

aposentadoria por idade, tempo de serviço (contribuição) e especial para os segurados

inscritos na previdência social urbana até 24 de julho de 1991, bem como para os

trabalhadores e empregadores rurais amparados pela previdência social rural,

obedecerá a seguintes tabela, levando-se em conta o ano em que o segurado

implementou todas as condições necessárias à obtenção do benefício (art. 142, da Lei n°

8.213/91 e art. 182, do Decreto n° 3.048/99);A aposentadoria por velhice é devida ao

segurado que, após 60 (sessenta) contribuições mensais, completa 65 (sessenta e

cinco) de idade se do sexo masculino, ou 60 (sessenta) anos se do sexo feminino (art.32

do Decreto 89.312/84).

Page 4: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

3) QUALIDADE DE SEGURADO – A perda da qualidade de segurado importa na

caducidade dos direitos inerentes a essa qualidade, ressalvado o disposto no parágrafo

único do artigo 98 (art.8º do Decreto 89.312/84); O direito à aposentadoria ou pensão

para cuja concessão foram preenchidos todos os requisitos não prescreve, mesmo após

a perda da qualidade de segurado (art. 98, parágrafo único do Decreto 89312/84); Em

oposição ao período de carência, durante o qual o segurado contribui sem ter direito a

certos benefícios, existe um lapso de tempo no curso do qual, sem aportar

contribuições, permite a ele usufruir das prestações que preencheu os requisitos.

Tradicionalmente, conhecido como “de graça”, esse é o período de manutenção da

qualidade de segurado. Pode ser conceituado como tempo durante o qual, mesmo sem

o exercício de atividade sujeita à filiação e sem contribuição, o titular (e os seus

familiares) mantém a filiação e, consequentemente, os direitos até então assegurados.

O PBPS não define nem conceitua qualidade de segurado (muito menos, declara quando

ela é adquirida), mas fixa os eventos após os quais a pessoa tendo-a assegurada,

perde-a de deixa de ser filiada. Determina também que após a cessação dessa

qualidade, sobrevêm à impossibilidade de obtenção de alguns benefícios, conclusão que

infere do disposto no parágrafo único do art. 24 e no art. 102. Qualidade de segurado,

requisito indispensável à fruição das prestações... Condição permanentemente exigida

para o exercício dos direitos – ressalvada a hipótese prevista no art. 102... Durante os

períodos do artigo o “segurado conserva todos os seus direitos perante a Previdência

Social”. Combinando-se este comando com o disposto no art. 102, tais direitos são os

incorporados ao patrimônio do segurado, por exemplo, a carência completada ou o

tempo de serviço até então computado.(Wladimir Novaes Martinez, in Comentários à Lei

Básica da Previdência Social, 2ª Edição, Tomo II – Plano de Benefícios – Lei n°. 8.213/91 e

Decreto n° 611/92, Editora LTr, páginas 79, 82 e 83)”.

Com os esclarecimentos apresentados, passamos ao caso concreto, que nos mostra:

Idade mínima – o falecido Sr. *** nasceu no dia 24 de Novembro de 1952, portanto, se não tivesse falecido (05/04/2006), completaria a idade mínima exigida (65

Page 5: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

anos – homem) para o benefício de Aposentadoria por Idade – Espécie 41), em 24 de Novembro de 2017;

Carência – conforme Cópias das CTPS, Carnês e planilhas ora anexados, a falecido havia recolhido por 23 ANOS 03 MESES E 03 DIAS, ou seja, 279 (Duzentos e Setenta e Nove) contribuições mensais, quando o mínimo necessário para o ano de 2017 será de 180 (Cento e oitenta) contribuições, conforme art. 142 e previsão do art. 25, ambos da Lei n° 8.213/91;

Qualidade de segurado – Consoante o que dispõe o art. 15 da Lei n° 8.213/91, o falecido perdeu a condição de segurado por ter deixado de contribuir por 06 (doze) anos antes de falecer, eis que sua última contribuição ocorreu em Março de 2000. Ocorre, porém, que a perda da qualidade de segurado após o preenchimento de todos os requisitos exigíveis para a concessão de aposentadoria ou pensão não importa em extinção a esses direitos, nos termos do art. 102, da Lei n° 8.213/91 e art. 3° e parágrafos, da Lei n° 10.666/2003. Neste sentido temos:

“PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR VELHICE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADA. IRRELEVÂNCIA EM FACE DO PREENCHIMENTO DOS REQUISITOS À CONCESSÃO DO BENEFÍCIO. 1 – O segurado, uma vez preenchidos os requisitos necessários à percepção da aposentadoria por velhice, mediante contribuição para a Previdência Social com 60 (sessenta) prestações mensais e 60 (sessenta) anos de idade, ainda que perdida àquela condição legal, faz jus ao benefício, a teor da norma do art.102 da Lei n°8.213/91. Precedentes. 2 – Recurso conhecido.” (Resp n° 186.227/SP, Min. FERNANDO GONÇALVES, DJ DE 24.05.99) “PREVIDENCIÁRIO. MOTORISTA. APOSENTADORIA POR IDADE. INTERRUPÇÃO DE CONTRIBUIÇÕES. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. INEXISTÊNCIA. 1 - O segurado, que deixa de contribuir por período superior a 12 meses para a Previdência Social, perde a sua condição de segurado. No entanto, para efeito de concessão de aposentadoria por idade, desde que preenchidos os requisitos legais, faz jus ao benefício, por força do artigo 102 da Lei 8.213/91. 2 – Procedentes 3 – Recurso conhecido.” (REsp n° 218.995/SP, Rel. Min. HAMILTON CARVALHIDO DJ de 29.05.2000)

“EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA. PREVIDENCIÁRIO. APOSENTADORIA POR IDADE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. IRRELEVÂNCIA.

1- Para concessão de aposentadoria por idade, não é necessário que os requisitos exigidos pela lei sejam preenchidos simultaneamente, sendo irrelevante o fato de que o obreiro, ao atingir a idade mínima, já tenha perdido a condição de segurado.

2- Embargos Rejeitados.”

(EMBARGOS DE DIVERGÊNCIA EM RECURSO ESPECIAL N° 175.265 – SÃO PAULO (1999/0068676-4) – 3ª Seção da STJ, Rel. Min. Fernando Gonçalves)

Page 6: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

Cabe destacar, ainda, que casos como o

presente, tornaram-se tão freqüentes, que ensejaram a Edição da brilhante Lei nº

10.666/2003, em especial em seu artigo 3º e parágrafos, a fim de pacificar o

entendimento acerca da matéria ora discutida. O entendimento jurisprudencial transcrito do Superior Tribunal de Justiça, órgão de cúpula da Justiça Federal, reconhece o direito ao Benefício de Aposentadoria por Idade (ESPÉCIE 41), uma vez preenchidos os requisitos necessários, que foram devidamente cumpridos pelo falecido, gerando direito ao benefício de Pensão por Morte (Espécie 21), à ora Autora.

DO DIREITO

A previdência social é norteada pelo princípio da

solidariedade, fundado no art. 3º, inciso I da Constituição Federal, que estabelece como

objetivos fundamentais da República Federativa do Brasil a construção de uma sociedade livre,

justa e solidária.

Para Wladimir Novaes Martinez, na obra Curso de Direito

Previdenciário, p. 129, “A solidariedade significa a cooperação da maioria em favor da minoria,

em certos casos, da totalidade em direção à individualidade. Significa a cotização de certas

pessoas, com capacidade contributiva, em favor dos despossuídos. Socialmente considerada, é

ajuda marcadamente anônima, traduzindo mútuo auxílio, mesmo obrigatório, dos indivíduos.”

De acordo com Patrício Novoa Fuenzalida, na obra Derecho de la

Seguridad Social, p. 110, “a solidariedade se manifesta nos seguintes postulados: 1) é um

esforço global da comunidade, realizado em seu próprio benefício; 2) para esse esforço devem

contribuir todos e cada um, segundo suas capacidades e possibilidades; 3) o esforço

individual de cada pessoa deve se considerado como uma exigência prévia, para que

depois o organismo gestor outorgue o benefício correspondente”. (grifo nosso)

Nesse sentido a solidariedade deve ser aplicada no custeio e

pagamento de benefícios, pois não seria justo/razoável para um sistema social deixar a míngua

familiares de segurado que, após cumprir a carência exigida em lei, para recebimento de

aposentadoria por idade e, não o teve implementado por motivos de força maior (morte), pois se

assim agirmos haverá enriquecimento sem causa do ente estatal e será burlado a solidariedade

do sistema.

Page 7: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

O caso em testilha versa sobre pensão por morte negada às

dependentes do segurado, que à época do óbito, já tinha implementado a carência legal para

recebimento de aposentadoria, mais de 279 (duzentos e setenta e nove) contribuições, todavia,

a Autarquia-Ré, presa a leitura fria da lei, desconsiderando os princípios constitucionais

pertinentes à matéria, negou o pagamento, o que deve ser revisto.

A reforma do indeferimento administrativo

se impõe, pois se mantido gerará injustiça social, haja vista que o sistema estará

desconsiderando as contribuições sociais vertidas para a Seguridade Social, ao passo

que, se outro segurado, no primeiro dia de trabalho morrer durante a jornada de

trabalho, seus dependentes farão jus ao recebimento de pensão por morte, mesmo que

quando do óbito o segurado não tivesse vertido nenhuma contribuição.

Dessa forma, negar o pagamento de pensão por

morte às dependentes do segurado que tenha cumprido a carência legal, única e

exclusivamente, porque não era segurado no momento do óbito, no sentido estrito da palavra,

não se mostra razoável/justo, após a edição da Lei 10.666/03, que garante

recebimento de benefício previdenciário a pessoas que não tenham a qualidade de

segurado, strito sensu, portanto ser segurado no momento da concessão do benefício

não é mais exigência legal.

Nesse sentido: “Ementa: PREVIDENCIÁRIO E PROCESSUAL. PRELIMINAR DE CARÊNCIA DE AÇÃO. REJEIÇÃO. PENSÃO POR MORTE. L. 8.213/91, ART. 74. DEPENDÊNCIA ECONÔMICA. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO. TERMO INICIAL. HONORÁRIOS DE ADVOGADO. CUSTAS. I – É desnecessário o requerimento prévio na via administrativa, como condições de ajuizamento da ação. II – Se há prova testemunhal de ter subsistido a dependência econômica da esposa após a separação judicial, é de se conceder o benefício. III – A perda da qualidade de segurado do falecido não é relevante para a concessão do benefício, desde que o segurado tenha cumprido a carência exigida pela lei previdenciária para a aposentadoria por idade (art. 3º, § 1º da Lei 10.666/03 e art. 102 da L. 8.213/91). Precedente do STJ. IV – O termo inicial do benefício deve ser fixado a partir da data da publicação da L. 10.666/03, ou seja, em 09.05.03. V – O percentual da verba honorária merece ser mantido, porquanto fixado de acordo com os § § 3º e 4º do art. 20 do C. Pr. Civil, mas a base de cálculo deverá estar conforme com a Súmula STJ 111, segundo a qual se considera apenas o valor das prestações até a data da sentença. VI – A autarquia previdenciária está isenta das custas e emolumentos, nos termos do art. 4º, I, da L. 9.289/96, do art. 24-A da MP 2.180-35/01, e do art. 8º, § 1º da L. 8.620/92; não quanto às despesas processuais. VII – Preliminar rejeitada. Remessa oficial, tida por interposta, e apelação parcialmente providas.” “A Turma, por unanimidade de votos, rejeitou a preliminar, deu parcial provimento à remessa oficial, tida por interposta, e à apelação do INSS, nos termos do voto do Relator.” (AC/SP – 942418 – TRF 3º Região – 10ª turma – Relator Juiz CASTRO GUERRA p j. 14/12/2004 – DJU 31/01/2005 – p. 574) – (grifo nosso)

Page 8: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

“Ementa: PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO POR MORTE. CONDIÇÃO DE DEPENDENTE. PERDA DA QUALIDADE DE SEGURADO DO “DE CUJUS”. CUMRPIMENTO DA CARÊNCIA PARA APOSENTADORIA POR IDADE. APLICAÇÃO DO ARTIGO 102 DA LEI Nº 8.213/91. TERMO INICIAL. SURGIMENTO DE ERRO MATERIAL. IMPLANTAÇÃO DO BENEFÍCIO. I – Comprovado nos autos que a autora era esposa do “de cujus”, a dependência econômica é presumida, nos termos do § 4º, do artigo 16, da Lei nº 8.213/91. II – A perda da qualidade de segurado não causa óbice à concessão do benefício de pensão por morte se já haviam sido preenchidos os requisitos necessários. Inteligência do artigo 102, §§ 1º e 2º, da Lei nº 8.213/91. III – Com a edição da EC nº 20/98, a ressalva efetuada na parte final do parágrafo 2º, do art. 102, da Lei nº 8.213/91, passou a abranger também aquele que à época do óbito contava com a carência mínima necessária para a obtenção do benefício de aposentadoria por idade, mas perdeu a qualidade de segurado e veio a falecer antes de completar a idade para obtenção deste benefício. IV – Embora o óbito tenha ocorrido anteriormente à vigência da Emenda Constitucional n. 20, de 15.12.1998, o início da fruição do benefício deve ser fixado a partir da publicação desta, momento em que foi reconhecida a prevalência das contribuições vertidas à Previdência Social. Assim, em que pese o recurso de apelação do réu não versa sobre este item, deve o mesmo ser alterado de ofício para a data acima consignada, vez que, do contrário, ocorreria um conflito insuperável com os pressupostos de fato e de direito que alicerçaram o acolhimento do pedido, de modo a evitar o surgimento do erro material. V – O benefício deve ser implantado de imediato, tendo em vista a nova redação dada ao “caput” do artigo 461 do CPC, pela Lei nº 10.444/02. VI – Apelação do réu desprovida. Surgimento de erro material conhecido de ofício.” “A Turma, por unanimidade de votos, negou provimento à apelação do réu e conheceu, de ofício, o surgimento de erro material, nos termos do voto do Relator.” (AC/SP – 904836 – TRF 3ª Região – 10ª Turma – Relator Juiz SERGIO NASCIMENTO – J. 14/12/2004 – DJU 31/01/2005 – p. 533) – (grifo nosso)

Portanto, através de uma interpretação sistemática do Direito

Previdenciário e infraconstitucional, é imperioso concluir que as dependentes daquele que

houvera contribuído à Previdência Social, tendo cumprido o período de carência para obtenção

da aposentadoria por idade, tenham direito à pensão por morte, na forma prevista no inciso V,

do artigo 201, da Constituição Federal, não obstante expressamente não se tenha assegurado

por previsão infraconstitucional expressa e taxativa o direito à pensão por morte e tais

dependentes.

DA CONCESSÃO DE TUTELA ANTECIPADA

DA NECESSIDADE DO LITIGANTE

BEM DE NATUREZA ALIMENTAR Reza o Art. 273 do Código Processual Civil:

“Art. 273 – O juiz poderá, a requerimento da parte, antecipar, total ou parcialmente, os efeitos da tutela pretendida no pedido inicial, desde que, existindo prova inequívoca, se convença da verossimilhança da alegação e: I – Haja fundado receio de dano irreparável ou de difícil reparação...”

Page 9: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

Percebe-se claramente que os requisitos essenciais

caracterizadores do referido instituto processual estão presentes, senão vejamos:

Para concessão do benefício sub judice a legislação em vigor requer cumprimento de carência, 180 (cento e oitenta) contribuições, o que foi atendido, bem como ocorrência de contingência agasalhada pela seguridade, qual seja, óbito do segurado, também presente, logo, sendo as Autoras dependentes de primeira classe, a dependência econômica é presumida, razão pela qual devido o benefício sub judice. Ato contínuo, é perceptível que os fatos são verossímeis, ou seja, tendo as Autoras preenchido todos os requisitos para a concessão do benefício, como de fato ocorreu, a Autarquia-ré tem a obrigação de concedê-lo e mantê-lo. Com relação ao “periculum in mora”, está devidamente demonstrado na situação em que se encontram as Autoras, tolhidas de um beneficio ao qual fazem jus, sem dispor de meios para prover o sustendo próprio e de sua família, o que somente ocorrerá após uma longa e conhecida batalha jurídica com final decisão de implementação do benefício. O Instituto-réu, como é evidente, tem muito mais condições de suportar o ônus da demora natural em face da tramitação do feito, do que as Autoras, pessoas sem condições de garantirem o próprio sustento, sem o recebimento do benefício reclamado, defluindo a verossimilhança de todos os documentos acostados aos autos.

Por derradeiro, mister consignar que o benefício demandado têm caráter alimentar, portanto imprescindível para garantir a vida, com dignidade, das Autoras.

Nesse sentido:

“PROCESSO CIVIL. ANTECIPAÇÃO DE TUTELA. BENEFíCIO ASSISTENCIAL. CONCESSÃO. PRESENTES OS REQUISITOS. AGRAVO DE INSTRUMENTO IMPROVIDO. -A jurisprudência pacificou-se no sentido da possibilidade, em matéria previdenciária e assistencial, da concessão de tutela antecipada contra a Fazenda Pública. -Alegação de irreversibilidade da medida afastada, pois a qualquer tempo pode ser sustado o pagamento do benefício. -Presentes os requisitos do artigo 273, do CPC, através da demonstração da existência de deficiência e da miserabilidade da parte requerente, sendo que o risco de dano irreparável decorre da finalidade de garantia da sobrevivência do hipossuficiente. -Agravo de instrumento improvido.” (TRF 3ªR., AI 206896- SP - 10ª T. – Rel. Juíza Noemi Martins, DJU 14.09.2005, pág. 483)- (grifo nosso)

DA OBRIGAÇÃO DE FAZER

No caso da Autarquia abster-se de implementar o benefício das Autoras, mesmo após a determinação deste R. Juízo, caberá a conversão da obrigação de fazer em perdas e danos (Inteligência do Art. 461, § 1°, do CPC).

Não obstante a conversão em perdas e danos da presente, caso ocorra a hipótese acima mencionada, cabível ainda, a condenação da Autarquia-ré no pagamento de Multa Diária (Art. 461, § 4°, do CPC).

Page 10: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

No mais, é bom lembrar o óbvio: o juiz pode causar dano não só quando concede a tutela, mas principalmente quando a nega.

Provado o preenchimento de todos os requisitos dispostos no artigo

273, bem como, do artigo 461 e seus parágrafos do CPC e, certamente não escaparão ao conhecimento do R. Juízo, no sentido de conceder a pleiteada Antecipação da Tutela.

DOS PEDIDOS ASSIM EXPOSTO, requer a Vossa Excelência:

a) A CONCESSÃO dos benefícios da GRATUIDADE DE JUSTIÇA;

b) Seja concedida a TUTELA ANTECIPADA “inaudita altera pars”, determinando ao Instituto-réu que IMPLEMENTE o benefício de pensão por morte até decisão transitada em julgado do presente feito;

c) A CITAÇÃO do INSTITUTO NACIONAL DO SEGURO SOCIAL, através de seu Representante legal, no endereço retro mencionado, para que no prazo legal, conteste o pedido, sob pena de revelia;

d) A CONVERSÃO da presente ação de Obrigação de Fazer em Perdas e danos (art. 461, § 1° do CPC), caso a Autarquia-ré venha causar as Autoras prejuízos de natureza material e moral;

e) A CONDENAÇÃO do Instituto-requerido ao pagamento de Multa Diária, prevista no art. 461, § 4° do CPC, a ser aplicada à partir da data da concessão da Tutela se, a determinação do R. Juízo de Conceder o benefício, não for cumprida;

f) E, a final PROCEDÊNCIA, para CONCEDER o benefício de Pensão por Morte (Espécie 21), desde da data do falecimento, ou seja, 05 DE ABRIL DE 2006, condenando-se ainda, a Autarquia-requerida ao pagamento das prestações devidas desde a data do óbito, corrigidas monetariamente, acrescidas de juros de mora de 1% ao mês, custas e despesas processuais e demais cominações legais, além da sucumbência, notadamente, honorários advocatícios na base de 20% (Vinte por cento) sobre o valor da condenação, que incidirá sobre a soma das prestações vencidas mais doze vincendas, nos termos do Artigo 20, parágrafo 5º do Código Processual Civil, como medida de Direito e da mais lídima JUSTIÇA.

Page 11: Aposentadoria Por Idade_Pos Morte_Custeio

Requer mais e finalmente, seja oficiado ao Instituto-requerido em *****, para que remeta cópia integral do Procedimento Administrativo, Benefício nº ******, visando a completa instrução do pedido.

Protestando por todos os meios de provas em

Direito admitidas, sem exceção de nenhuma, especialmente, notadamente, documental,

testemunhal, pericial e outras que se tornem necessárias no decorrer da lide.

Termos em que, dando-se a presente o valor de R$ 22.800,00 (Vinte e um mil reais), para efeitos de alçada.

P. deferimento.