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SUMÁRIO

1. A Conquista e Colonização da América ................................................................... 02 1.1 Sessão Leitura – As Caravelas Portuguesas ................................................... 06 

1.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 07 

2. O Brasil Colonial  ......................................................................................................... 10 2.1 Sessão Leitura – O Julgamento e a Sentença de Tiradentes ......................... 172.2 Exercícios de Fixação .................................................................................... 18 

3. A Independência do Brasil ......................................................................................... 22 3.1 Sessão Leitura – A Vida Privada de D.João VI ................................................ 28 3.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 28 

4. O Primeiro Reinado  .................................................................................................... 31 

4.1 Sessão Leitura – Do Poder Moderador  ........................................................... 344.2 Exercícios de Fixação ..................................................................................... 35 

5. O Período Regencial  ................................................................................................... 36 5.1 Sessão Leitura – A Estadia de Giuseppe Garibaldi no Brasil .......................... 41 5.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 43 

6. O Segundo Reinado  ................................................................................................... 45 6.1 Sessão Leitura – A Lei Áurea .......................................................................... 53 6.2 Exercícios de Fixação .................................................................................... 54 

7. As Emancipações das Colônias da América Espanhola  ........................................ 567.1 Sessão Leitura – Bartolomé de Las Casas ...................................................... 61 7.2 Exercícios de Fixação ...................................................................................... 63 

8. A Independência dos Estados Unidos da América  ................................................. 67 8.1 Sessão Leitura – Pocahontas ......................................................................... 708.2 Exercícios de Fixação...................................................................................... 74

Pintou no ENEM  .............................................................................................................. 75 

Referências ...................................................................................................................... 82 

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CAPÍTULO 01

A CONQUISTA E COLONIZAÇÃO DA

AMÉRICA

Mercantilismo: Conjunto de medidas ou“práticas econômicas” do período de transição dofeudalismo para o capitalismo, caracterizadoprincipalmente pela intervenção do Estado naEconomia, mas também: Metalismo; Balançacomercial favorável; Incentivo a manufaturas;Incentivo a construção naval; Protecionismoalfandegário; Colonialismo; Pacto colonial.

A EXPANSÃO MARÍTIMA PORTUGUESA

 A crise do século XIV também alcançou aPenínsula Ibérica, diminuindo a população,provocando o êxodo para as cidades e revoltascamponesas. Além disso, os metais preciososcom que se cunhavam moedas tornavam-se cadavez mais escassos. No caso de Portugal a crisefoi contornada com o processo de ExpansãoMarítima, onde as atividades comerciais járepresentavam um fator importante na economiada região. Essa expansão comercial marítimatinha duplo interesse: A Burguesia Mercantil queteria mais lucros e prestígio social e ao Rei que

teria mais terras poderes e riquezas.Portugal foi o primeiro país europeu a

lançar-se no processo de expansão marítima,sendo que isso não ocorreu por acaso, Portugalpossuía algumas vantagens que o favoreceramno período como uma posição geográficafavorável, uma burguesia mercantil acostumadacom o comercio marítimo e a ausência de guerrasem seu território. Fatores que contribuíram para odesenvolvimento das escolas de navegação maisavançadas da época como a Escola de Sagresem 1446.

O marco inicial da expansão ultramarina

portuguesa foi a conquista de Ceuta (1415),situada na costa marroquina, importantecomercial e estrategicamente para a expansãoárabe, simbolizava o poderio muçulmano. Comodesta região saíam expedições piratas árabes, aconquista foi justificada por Portugal como sendouma reação Cristã aos ataques Muçulmanos.

Entretanto, a burguesia lusitana saiufrustrada em seus objetivos. A intenção erainterceptar as caravanas de ouro, marfim,pimenta e escravos que faziam paradas emCeuta. Mas foram tantos os assassinatos, roubos,depredações, que os árabes caravaneiros

partiram para outras rotas que os livrassem doscristãos portugueses. Essa foi a razão pela qualPortugal passou a buscar caminhos para chegar

diretamente às fontes de mercadorias orientais.Em 1454, com a conquista de Constantinoplapelos turcos tornou-se ainda mais importantealcançar as Índias por mar.

 A aventura marinha portuguesa foichamada de Périplo Africano, já que pretendiaalcançar as Índias contornando a costa da África,o que foi realizado no decorrer do século XV. Amedida que atingiam novas regiões, criavam-sefeitorias (pontos no litoral onde construíam fortes,e ali permaneciam alguns homens que realizavamtrocas com os nativos) sem projeto decolonização ou organização de produçãoagrícola, buscando-se apenas o lucro advindo denegociação de produtos da região conquistada.

Na segunda década do séc. XV, as Ilhas

 Atlânticas dos arquipélagos de Açores, Madeira eCabo Verde foram ocupadas por Portugal. Em1434, os portugueses chegaram ao CaboBojador. O líder ad expedição, Gil Eanes,constatou então a existência de um oceano defácil navegação ao sul. Em 1460, já se realizavaum lucrativo comércio de escravos, desdeSenegal até Serra Leoa. Dois anos mais tardePedro Sintra descobria o cobiçado ouro de Guiné.

Em 1488 foi transposto o Cabo da Boaesperança. Comandados por Bartolomeu Dias, osportugueses ultrapassaram o turbulento mar daregião, e cruzaram o extremo sul africano e

chegaram ao Oceano Índico. A partir de então, foiaprendida uma nova rota extremamente ousada eperigosa que apesar de tudo, poderia serextremamente lucrativa para Portugal.

Em 1498, Vasco da Gama completou aepopeia marítima portuguesa aportando emCalicute, nas Índias. Para se ter uma ideia daimportância e lucratividade do acontecimento,basta mencionar que os navios de Vasco daGama trouxeram, em apenas uma viagem, o queos venezianos conseguiam transportar por terradurante um ano.

No final do século XV, Portugal detinha a

exclusividade da rota atlântica das especiarias edos artigos de luxo  – o mais importante setor docomércio internacional.

A ESPANHA E O DESCOBRIMENTO DAAMÉRICA:

Convém lembrar, mais uma vez, aconexão que existiu entre a centralização políticae a expansão comercial. Assim, a medida queoutros reinos se unificavam, laçavam-se tambémpara a expansão marítima

Concomitantemente a expansão portuguesa queia desvendando os segredos dos mares eampliando o seu comércio junto às regiões da

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costa africana, a Espanha ainda via-se envolvidaem conflitos bélicos pela expulsão dos mourosque ainda ocupavam parte de seu território. Valelembra também, que a Espanha, por exemplo,conseguiu a sua unificação política com ocasamento de dois reis católicos: Fernando de Aragão e Isabel de Castela (1469). A partir daí,

eles intensificaram o movimento da Reconquista,expulsando definitivamente os mouros em 1942 econseguindo assim unificar seu território.

Com a expulsão dos mouros e anecessidade de uma rota comercial marítima atéas índias, os Reis Fernando e Isabel decidirampatrocinar uma expedição de um navegador queanunciado um audacioso plano de atingir asÍndias que havia sido rejeitado por Portugal que jáestava envolvido em seus próprios planos:Cristóvão Colombo.

No mesmo ano os reis católicos iniciarama expansão ultramarina espanhola, financiando

uma expedição que comandada por CristóvãoColombo , pretendia chegar as Índias navegandopelo Ocidente. Aconteceu que Colombo acabou“encontrando” um novo continente e mudando deuma vez por todas o cenário europeu a partir dali:a América.

A BULA INTERCOETERA E O TRATADO DETORDESILHAS:

Diante da “descoberta” do novo mundo,

os Reis de Portugal e Espanha, apressaram-seem assegurar domínios e direitos sobre as novasterras  –  a Espanha pelo direito da descoberta ePortugal se valendo pelo tratado assinado entreas duas nações em 1480 (Tratado deAlcaçovas-Toledo)  em que asseguravam adivisão sobre qualquer terra que viesse a serdescoberta no ultramar. Na eminência de umaguerra entre Portugal e Espanha, buscou-se aintervenção papal (Papa Alexandre VI, espanhol),que estabeleceu uma linha imaginária a 100léguas Cabo Verde onde a porção territorial aoeste da linha pertenceria à Espanha, e a porção

leste pertenceria a Portugal. (Bula Inter Coetera1493). Caso esta bula fosse efetivamenteacatada, a Espanha teria assegurado o plenodomínio sobre as terras americanas, restando aPortugal somente a posse das terras da África.  Insatisfeito e inconformado com a divisão,Portugal ameaçou valer-se da força para decidir aquestão, e antes que se despontasse umconfronto armado, um novo acordo firmado entreos dois países, estabeleceu uma nova linha a 370léguas de Cabo Verde (Tratado de Tordesilhas1494).

Esse acordo, ao mesmo tempo em que

se reafirmou a supremacia desses países noséculo XV, reconhecendo o pioneirismo Ibérico naexpansão, o tratado foi contestado pelas demais

nações como França e Inglaterra que não oreconheceram. Contudo esse nãoreconhecimento só gerou consequências noséculo seguinte, quando se estabeleceu umaintensa concorrência entre os países europeuspelo domínio dos mercados ultramarinos.

A DESCOBERTA DO BRASIL E O SEUSIGNIFICADO PARA PORTUGAL:

Vasco da Gama, pela primeira vez,conseguira por via marítima, atingir os centrosabastecedores dos ricos produtos Asiáticos: asÍndias. Quando de seu regresso (1499), aportouem Lisboa com sua esquadra abarrotada deporcelanas, sedas, condimentos e tapetes, quecomercializados garantiriam enormes lucros paraEstado e a Burguesia Mercantil.

Logo em seguida, foi organizada umanova armada para estabelecer o domínioportuguês sobre as Índias, e seu comando foientregue a Pedro Álvares Cabral.

Contudo, a descoberta da América pelosespanhóis, o Tratado de Tordesilhas, quereconhecia os direitos portugueses sobre umaparte das terras ocidentais, além do fato de Vascoda Gama, - segundo registra seu Diário deViagem - “ter percebido sinais seguros deexistência de terras a oeste de sua rota”, nos levaa crer que Cabral tenha recebido instruções paraverificar a exatidão das informações, e em caso

positivo tomar posse das terras. Assim, em meio a vigem às índias, oBrasil foi “descoberto” em 22 de abril de 1500. Após uma semana explorando a nova terra aesquadra seguiu viagem para saber afinal, quaisseriam as riquezas que ela encontraria nasprofundezas de suas matas.

 A única parte desta história que Vasconão menciona em seu diário é que em 1498, oentão Rei de Portugal D. Manoel I enviou onavegador Duarte Pacheco em uma expediçãosigilosa à costa da América para mapear a parteque caberia a Portugal pelo Tratado de

Tordesilhas. Duarte Pacheco chegouaproximadamente pela costa do Maranhão enavegou em direção ao interior do territóriochegando até a foz do Rio Amazonas retornandopara Portugal em seguida. Interessante, não?

 A “descoberta” aparentemente  nãoapresentou nenhum atrativo, nenhum produto defácil obtenção que pudesse interessar de imediatoaos portugueses, cuja preocupação era o lucrocomercial. Somente encontraram um povoestranho, incapaz de entender os recémchegados, que fiéis aos interesses mercantilistasque dominavam a época, ansiavam por notícias

sobre a existência ou não de ouro. Assim, a Terra de Santa Cruz, vista pelaótica dos interesses mercantilistas portugueses,

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ao findar o século XV, apareceu mais como umobstáculo do que propriamente como umaconquista vantajosa para o Reino e para ossetores mercantis a ele vinculados.

Todas as forças ativas do Reino estavamconcentradas em torno do comércio oriental,cujos centros abastecedores haviam sido

monopolizados pelo Estado Português.

Os Mecanismos do SistemaColonial Mercantilista

A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E O PACTOCOLONIAL

Como diversos países europeusprocuravam acumular metais, bem como protegerseus produtos em busca de uma balança decomércio favorável, ocorreu que a políticamercantilista de um país entrava diretamente emchoque com a de outro, igualmente mercantilista.Em outras palavras, os objetivos mercantilistas deum eram anulados pelos esforços do outro e ocenário se tornava conflituante.

Percebendo o problema, os condutoresdo mercantilismo concluíram que a solução seriacada país mercantilista dominar áreasdeterminadas, dentro das quais pudesse tervantagens econômicas declaradas nestas áreas,os monopólios. Surgiram, então, com grandeforça, as idéias colonialistas. Seu objetivo básicoera a criação de um mercado e de uma área deprodução colonial inteiramente controladas pelametrópole.

 A partir dessas idéias, foi montado osistema de exploração colonial, que marcou aconquista e a colonização de toda a AméricaLatina, incluindo o Brasil. Os conceitos basicosdesse sistema eram os seguintes:

  Metrópole: Era a nomeação dadaà nação que dominava a colônia e caberia à ela

todas as decisões mais importante de suascolônias. 

  Colônia: Unidade territorialdominada pela metrópole cuja função seria ageração de riquezas para a primeira. Estasriquezas poderiam ser advindas diretamente daextração de metais preciosos (o metalismo) ou daexportação de matérias primas para a metrópolea qual a dominava.

Por muito tempo se imperou nahistoriografia os conceitos de colônia de

exploração  e colônia de povoamento  sereferindo a dois modelos coloniais distintos ondepara o primeiro a única finalidade da colônia seria

produzir riquezas pela metrópole até ser esgotadasem que nenhuma parcela destas riquezasfossem investidas no desenvolvimento e nasegundo modelo, o de povoamento, o quadrofosse diferente, referindo-se a um tipo de colôniaonde seus moradores tinham como objetivoprincipal o desenvolvimento da colônia e não a

exploração da mesma. Estes conceitos,porém,atualmente são considerados ultrapassadostendo em vista que o mais adequado seriamposturas ambíguas em quase todas experiênciascoloniais de que se tem registro uma vez quedificilmente se consegue explorar as riquezas deum território sem estabelecer uma infraestruturaadequada para tal atividade, e, por outro lado, éigualmente inviável o investimento em umainfraestrutura que seja estritamente parapromover o bem estar dos colonos e dasociedade se esta não for repor os gastos parafazê-lo.

Então, podemos concluir que em verdadeas colônias apresentavam tanto um viés deexploração quanto de povoamento, até mesmonos casos mais clássicos como o brasileiro,sempre relacionado ao tipo de colônia deexploração, porém, conforme veremos a seguir, apartir de 1530, os portugueses desenvolveram umprojeto de administração e desenvolvimento desuas colônias aqui no Brasil que seria invejável aqualquer “colônia de povoamento”. 

 A funcionalidade das colônias estavamorientadas sob um conjunto de normas, tratados,

determinações e ordenações régias estabelecidospela metrópoles que visavam regular como seriafeito o comércio entre os colonos interessados naempresa da colonização e a metrópole a qual acolônia pertencia. A este conjunto foi dado onome de Pacto Colonial e suas leis tinham comoorientação a formação de um quadro onde de umlado a Colônia importaria os bens manufaturadosou escravos (no caso do Brasil) de sua Metrópolee que seriam consumidos por uma elite colonial; edo outro lado, a Colônia exportaria para aMetrópole os produtos agrícolas ou os metaispreciosos que fossem nela explorados para queno fim, estas riquezas terminassem nos cofres dorei deixando, é claro, parte nas mãos daburguesia mercantilista que adquiria seus lucrosno processo.

Para que este sistema funcionasseperfeitamente, a metrópole detinha o monopóliosobre suas colônias impossibilitando a elitecolonial de comercializar com qualquer outranação. A maior parte dos lucros neste sistematerminavam nos cofres dos soberanos dasnações que neste momento, pela característicapatrimonial da sociedade, misturavam as contasde seus reinos com suas finanças pessoas nãohavendo diferença entre as contas da nação e ascontas do monarca. Em suma, todo patrimônio e

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riqueza da nação era na verdade patrimônio eriqueza pessoal do rei.

A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA INGLESA

 Á semelhança da França, a Inglaterra doséculo XVI foi abalada por lutas constantes entrediferentes facções religiosas surgidas com aReforma Protestante, as quais tentavam se firmarno panorama político. No plano econômico, odesenvolvimento da agricultura e do pastoreio,não mais para subsistência, mas com vistas aomercado externo, provocou o fenômeno deconcentração da renda e das propriedades. Ospequenos proprietários ingleses, perdendo suasterras para os latifundiários, passaram aengrossar a massa sem qualquer posse e semalternativas de atividade lucrativa.

Tais fatos geraram um clima deinstabilidade social que ameaçava a consolidaçãoda monarquia nacional, recém-estruturada. Dessaforma, a emigração em massa para as terrasamericanas, durante a época dos Stuart (séculoXVII), apresentou-se como uma solução, não sópara o governo, mas também para cada umdesses grupos frente à possibilidade de liberdadee enriquecimento. Na região sul dos EstadosUnidos, devido às condições geográficasfavoráveis, estabeleceram-se centros produtoresde gêneros tropicais para exportação (tabaco,arroz, anil), baseados no regime de grandespropriedades monocultoras escravistas, aplicandoas determinações do pacto colonial.

Nos núcleos setentrionais, devido àsemelhança de clima com a Europa, a metrópoleinglesa não encontrou bens que pudessemalcançar valor comercial no mercado externo. Istoproporcionou a essas regiões a oportunidade deum desenvolvimento econômico autônomo,baseado na produção de alimentos em pequenaspropriedades, nas indústrias extrativas emanufatureira, sempre com a predominância dotrabalho livre e assalariado. Assim, foi-se criandoum excedente que propiciou o desenvolvimentodo mercado interno, articulando as áreasinterioranas, produtoras de alimentos, com oscentros urbanos e zonas pesqueiras do litoral.

Essa movimentação comercial permitiu oacúmulo de capitais dentro da colônia e osurgimento de uma burguesia local, interessadaem expandir suas atividades. Com efeito, osnorte-americanos com o passar do tempoconseguiram atuar no comércio externo, atravésdo chamado comércio triangular, estabelecendocontatos entre as áreas antilhanas (produtoras deaçúcar e melaço), a África (fornecedora de

escravos) e a América (produtora de cereais,madeira, peles, peixe seco e produtosmanufaturados, principalmente o rum). Isto só foipossivel, porém, graças a postura de negligência

de relação da Inglaterra com suas colônias queem muitos casos, não fazia-se cumprir o PactoColonial.

Sessão Leitura  –  As Caravelas

Portuguesas A caravela é um tipo de embarcação

criada pelos portugueses,  usada por eles etambém pelos espanhóis durante a Era dos

Descobrimentos, nos séculos XV e XVI. A caravela foi aperfeiçoada durante os

séculos XV e XVI.  Tinha inicialmente pouco maisde 20 tripulantes. Era uma embarcação rápida, defácil manobra, capaz de bolinar e que, em casode necessidade, podia ser movida a remos. Comcerca de 25 m de comprimento, 7 m de boca

(largura) e 3 m de calado deslocava cerca de50 toneladas, tinha 2 ou 3 mastros, convés únicoe popa sobrelevada. As velaslatinas (triangulares) permitiam-lhe bolinar(navegar em zigue-zague contra o vento). GilEanes utilizou um barco de vela redonda, masseria numa caravela (tipo carraca) que Bartolomeu Dias dobraria o Cabo da BoaEsperança em 1488.  É de salientar que acaravela é um desenvolvimento dos portugueses.

Se bem que a caravela latina se tenharevelado muito eficiente quando utilizada emmares de ventos inconstantes, como o

Mediterrâneo,  devido às suas velas triangulares,com as viagens às Índias,  com ventos maiscalmos, tal não era uma vantagem, já que semostrava mais lenta que na variação de velasredondas. A necessidade de maiortripulação, armamentos, espaço para mercadoriasfez com que fosse substituída por navios maiores.

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(Caravela Vera Cruz, réplica das Caravelas utilizadas pelos

portugueses, construída em 2000)

Exercícios sobre a ExpansãoMarítima

1 - (Fuvest-SP) Sobre o Tratado deTordesilhas, assinado em 7 de junho de 1494,pode-se afirmar que objetivava: 

a) demarcar os direitos de exploração dospaíses ibéricos, tendo como elemento propulsor odesenvolvimento da expansão comercialmarítima.

b) estimular a consolidação do reinoportuguês, por meio da exploração dasespeciarias africanas e da formação do exército

nacional.c) impor a reserva de mercadometropolitano, por meio da criação de um sistemade monopólios que atingia todas as riquezascoloniais.

d) reconhecer a transferência do eixo docomércio mundial do Mediterrâneo para o Atlântico, depois das expedições de Vasco daGama às Índias.

e) reconhecer a hegemonia anglo-francesa sobre a exploração colonial após adestruição da invencível Armada de Filipe II, daEspanha.

2 - (MACKENZE) A expansão marítimaeuropéia dos séculos XV e XVI permitiu: 

a) A formação de domínios coloniaisque dinamizaram o comércio europeu.

b) O crescimento do comércio deespeciarias pelas rotas do Mediterrâneo.

c) A implantação de impérios coloniaisna Ásia, para extração de metais preciosos.

d) O fortalecimento do feudalismo e daservidão na Europa Ocidental.

e) A colonização do tipo mercantilista,sem a interferência do Estado e da Igreja.

3 - (PUC-MG) O Tratado de Tordesilhasrepresenta:

a) A tomada de posse do Brasil pelosportugueses.

b) O declínio do expansionismoespanhol.

c) O fim da rivalidade hispano-portuguesa na América.

d) O marco inicial no processo da

partilha colonial.e) O início da colonização do Brasil.

4 - (PUC-MG) o fator que contribui para agrande expansão marítima:

a) A estabilidade econômica da IdadeMédia.

b) A organização das corporações de

ofício.c) O advento das monarquias

nacionais.d) O desenvolvimento do comércio

continental europeu.e) O enriquecimento da nobreza feudal.

5 - (LJFPE) Portugal e Espanha foram noséculo XV as nações modernas da Europa,portanto pioneiras nos grandes descobrimentosmarítimos. Identifique as realizações portuguesase as espanholas, no que diz respeito a esses

descobrimentos.1 - Os espanhóis, navegando para o

Ocidente, descobriram, em 1492, as terras doCanadá.

2 - Os portugueses chegara ao Cabo dasTormentas, na África, em 1488.

3 - Os portugueses completaram ocaminho para as índias, navegando para oOriente, em 1498.

4-A coroa espanhola foi responsável pelaprimeira circunavegação da Terra iniciada em1519, por Fernão de Magalhães. Sebastião ElCano chegou de volta à Espanha em 1522.

5 – Os portugueses chegaram às Antilhasem 1492, confundindo o Continente Americanocom as Índias.

Estão corretas apenas os itens:

a) 2, 3 e 4;b) 1, 2 e 3c) 3, 4 e 5d) 1, 3 e 4e) 2, 4 e 5

6 - (UNIMONTES) A respeito daexpansão marítimo-comercial dos séculos XV eXVI é incorreto afirmar que:

a)o eixo comercial deslocou-se doMediterrâneo para o Atlântico.

b)O afluxo de metais preciosos para aEuropa provocou uma sensível baixa de preços.

c) concorreu para a acumulação primitivade capital, preparando o caminho para aRevolução Industrial.

d)a empresa comercial foi dirigida peloEstado monárquico absolutista.

e) favoreceu a criação de grandescompanhias para garantir um comércio maisseguro e lucrativo.

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7 - (GABARITO) Todas as alternativasrelacionam corretamente os acontecimentos efenômenos importantes para a formação doMundo Moderno, EXCETO:

a) Renascimento Comercial e Urbanona Baixa Idade Média / Formação da Burguesia.

b) Expansão Marítima Européia/Constituição dos Impérios Coloniais Americanos.

c) Monarquia Absolutista / Participaçãoda Burguesia do poder Político.

d) Mercantilismo / Acumulação de Capitalpelas Classes Burguesas.

e) Renascimento Cultural / Elaboração deuma Concepção Individualista.

8 - (Diamantina) O famoso “Testamento

de Adão”, ao qual o soberano francês se referiapara reivindicar para o seu país a participação noprocesso expansionista ultramarino europeu, temorigem:

a) na superioridade da marinha francesa,no século dezesseis, sobre a frota naval dospaíses atlânticos da Europa.

b) na concessão feita, pelo Papa Alexandre VI, de terras na África e na Ásia para aexploração da Espanha.

c) na assinatura do Tratado deTordesilhas, entre Portugal e Espanha, que“dividia” o mundo entre os países da Península

Ibérica.d) na participação da França, junto aos

demais países católicos europeus, na expulsãodos muçulmanos da bacia do Mediterrâneo, naépoca das Cruzadas.

e) na existência de um pretensodocumento que dava às nações da Europa odireito de dominar e explorar as áreassubdesenvolvidas da África e da América.

9 - (PUC - MG) A descoberta da América,em 1492, por Colombo, em nome dos reisespanhóis, constitui um importante fator desuperação da crise que atinge a Europa Ocidentalnos séculos XIV - XV, pois:

a) absorve o excedente populacionaldos países europeus, através da criação decolônias de povoamento.

b) neutraliza os conflitos entre aspotencias européias, concentradas no processode colonização do novo continente.

c) amplia as reservas de metaispreciosos, possibilitando maior circulação demoedas e acumulação de capitais.

d) promove o processo de partilha da África. como fornecedora de mio-de-obra escrava,entre as potencias européias.

e) estimula a produção agrícola naEuropa pura atender à demanda da população donovo continente.

10 - (CESGRANRIO) Foram inúmeras asconseqüências da expansão ultramarina dos

europeus, gerando uma radical transformação nopanorama da história da humanidade. Sobressaicomo UMA importante conseqüência:

a) A constituição de impérios coloniaisembasados pelo espírito mercantilista.

b) a manutenção do eixo econômico doMar Mediterrâneo com acesso fácil ao Oceano Atlântico.

c) a dependência do comércio com oOriente, fornecedor de produtos de luxo comosândalo, porcelanas e pedras preciosas.

d) o pioneirismo de Portugal, explicado

pela posição geográfica favorávele) a manutenção dos níveis de afluxo

de metais preciosos para a Europa.

11 - O mar foi, durante muito tempo, olugar do medo. Diz um ditado holandês do inícioda Idade Moderna:

“Mais vale estar na charneca com umavelha carroça do que no mar num navio novo.”  

Todas as alternativas contem elementosresponsáveis pelo medo que o homem do inícioda Idade Moderna tinha do mar,EXCETO:

a) Convicção de monstros marinhos ede cidades submersas, responsáveis pelosconstantes naufrágios.

b) A firme crença de que o mar fora ocaminho pelo qual a Peste Negra chegou àEuropa.

c) A proibição, pela Igreja, deincursões no Mar Oceano com base nas palavrasde Gênesis.

d) As advertências contidas nasepopéias e nos relatos de viagens dos perigos doMar Oceano.

e)As invasões dos muçulmanos eberberes na Península Ibérica, possibilitadaspelas viagens marítimas.

12 - O Tratado de Tordesilhas, assinadoem 1494:

a) Foi elaborado segundo os maismodernos conhecimentos cartográficos baseadosna teoria do geógrafo e astrônomo gregoPtolomeu.

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b) Foi respeitado pelos portugueses atéo século XVIII, quando novas negociaçõesresultaram no Tratado de Madri.

c) Nasceu de uma atitude inovadorana época: a de resolver problemas políticos entrenações concorrentes pela via diplomática.

d) Resultou da ação dos monarcas

espanhóis que resistiam à adoção da BulaIntercoetera, contrária aos seus interesses.

e) Surgiu da necessidade de definir apossessão do território brasileiro dIsputado porPortugal e Espanha.

13 (UFMG – 2000) Leia o texto."E aproximava-se o tempo da chegada

das notícias de Portugal sobre a vinda das suascaravelas, e esperava-se essa notícia com muitomedo e apreensão; e por causa disso não haviatransações, nem de um ducado [...] Na feira

alemã de Veneza não há muitos negócios. E istoporque os Alemães não querem comprar pelosaltos preços correntes, e os mercadoresvenezianos não querem baixar os preços[...] E naverdade são as trocas tão poucas como se nãopoderia prever."

Diário dum mercador veneziano, 1508. 

O quadro descrito nesse texto pode serrelacionado à:

a) comercialização das drogas do sertãoe produtos tropicais da colônia do Brasil.

b) distribuição, na Europa, da produçãoaçucareira do Nordeste brasileiro.

c) importação pelos portugueses dasespeciarias das Índias Orientais.

d) participação dos portugueses no tráficode escravos da Guiné e de Moçambique.

14 - (PUC-MG- 1998) Há 500 anos(1498), Vasco da Gama chegava às Índias. Essaconquista é significativa porque:

a) eleva Portugal à alta categoria depotência política.

b) liquida o comércio marítimo noMediterrâneo.

c) abre uma nova rota para o comérciomarítimo.

d) inaugura a “era portuguesa” no Oceano Atlântico.

e) populariza o uso das especiarias naEuropa.

GABARITO DAS QUESTÕES DE EXPANSÃOMARÍTIMA: 1 – A / 2 – A / 3 – D / 4 – C / 5 – A / 6 – B / 7 – C / 8 – C / 9 – C / 10 – A / 11 – C / 12 – C / 13 – C / 14 – C

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CAPÍTULO 02

O BRASIL COLONIAL

O PERÍODO PRÉ-COLONIAL: (1500 a1530)

ANTECEDENTES:

 As três décadas iniciais da História doBrasil, bem como da trajetória do processocolonizador português para as novas terras“descobertas” apresentam característicasdistintas no que se refere ao tratamento dado auma nova possessão territorial.

Não podemos esquecer que o processode Expansão Marítima foi motivado e orientadopelo modelo econômico Mercantilista, apoiadosobre pilares arguidos graças a alianças político-econômicas entre a figura do Rei fortalecido ecentralizador, e dos ambiciosos Burguesescomerciantes.

O modelo expansionista vai buscarretorno rápido do investimento inicial, e segundoos preceitos mercantilistas isso significavaencontrar logo no primeiro momento: metaispreciosos (movimento conhecido comometalismo); ou o estabelecimento de praçascomerciais de onde fosse possível a obtenção degrandes lucros através do monopólio sobredeterminados produtos produzidos naquela região(como no caso posterior do açúcar aqui mesmono Brasil) ou comprados para a revenda nomercado europeu através de uma balançacomercial favorável (como a pimenta do reinocomprada na Índia e vendida na Europa).

Inicialmente o Brasil não vai apresentarnenhuma dessas características, e associado àsprosperidades com que os comerciantesportugueses aumentavam sua lucratividade como comércio oriental, a terra recém-conquistadaficará relegada a um segundo plano entre operíodo de 1500 a 1530.

O RELATIVO ABANDONO:

O Brasil diferente do oriente, nãoapresentava nenhum atrativo do ponto de vistacomercial: sem metais preciosos, sem mercadoconsumidor, sem produção agrícola passível deexploração – ao menos neste primeiro momento.

 A Coroa portuguesa enviou váriasexpedições que buscavam realizar umreconhecimento da costa brasileira. Em 1501Gaspar Lemos foi responsável pelo batismo devárias regiões (Cabo de São Tomé; São Vicente;

Cabo Frio) e nessa expedição viajou também oflorentino Américo Vespúcio que chegou adeclarar ao governante de Florença que nãoencontrou nada de aproveitável nesta terra. Na

verdade a existência de pau-brasil foi à únicaatividade pensada como possível de realizaçãode uma atividade econômica.

Vai ser na atividade extrativista demadeira realizada sob o regime de utilização dotrabalho indígena (escambo), sendo o comércio

uma exclusividade da Coroa Lusitana (MonopólioRégio).O termo “relativo abandono”  deve-se ao

fato de que não houve a implementação de umprojeto efetivo de ocupação de terras por parte dePortugal. Contudo a atividade extrativista foiconsentida a arrendatários (iniciativa particular deocupação da terra, sem financiamento da Coroa)que tinham a missão de não só explorar amadeira, como também realizar defesa doterritório contra ataques indígenas e invasõesestrangeiras, estabelecimento de acampamentoslitorâneos (feitorias) para armazenagem e

comercialização da madeira extraída, além dopagamento do imposto real (Quinto).

A DECADÊNCIA DO PERÍODO PRÉ-COLONIAL

 A mudança do cenário da ocupação nasterras brasileiras vai mudar assim que aprosperidade do comércio oriental entrou emdeclínio e as invasões estrangeiras em territóriocolonial brasileiro tornaram-se mais frequentes.Estas são basicamente as razões que justificam acolonização efetiva após 1530. Com o

crescimento da presença estrangeira junto ascosta brasileira, torna-se cada vez maisfundamental um sistema de proteção territorialmais eficaz. Para isso várias expedições sãoenviadas para combater os corsários e piratas,entretanto, sem atingir grandes resultados e olitoral continua a ser ameaçado necessitando deesforços maiores por parte da Coroa portuguesa.

 Apesar de conquistado em 1500, Portugalnão se preocupou com o Brasil por mais de 30anos porque os investimentos metropolitanosestavam concentrados no comércio com ooriente. Ocorre que após 1530 os lucros com este

comércio começaram a diminuir e o governoresolveu colonizara o Brasil plantando aqui canade açúcar para ser vendida na Europa, contandocom investimentos e financiamentos holandesespara tal empreitada.

Para cá se deslocavam aventureiros,militares, administradores e até condenados queaceitassem o exílio ou degredo como penaalternativa.

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O PERÍODO COLONIALBRASILEIRO: (1530 a 1822)

Plantada inicialmente em São Vicente(fundada em 1532), a cana logo se espalhou pelacolônia, cultivada utilizando-se de mão de obracompulsória primeiramente indígena para logo emseguida ser substituída pela mão de obraafricana.

Dentre as razões que se motivaram paraesta substituição, podemos destacar alucratividade obtida pela Coroa com o comérciodos cativos africanos, ao passo que se fosseincentivada a escravização indígena, os colonosbrasileiros não teriam razões para a compra dosescravos africanos uma vez que poderiamrealizar incursões contra as tribos maisdesprotegidas e assim conseguirem a mão deobra que necessitavam em suas lavouras.

Como podemos imaginar, o ideal para oscolonos seria a manutenção da mão de obracativa indígena, como foi feito pela Espanha emsuas colônias, porém, para a Coroa amanutenção de tal mão de obra seriaextremamente prejudicial uma vez que com aperda das colônias orientais e o declínio da vendade especiarias, a grande fortuna de Portugalpassará a vir deste mercado de cativos africano enão essencialmente, embora tenha uma ajuda, doaçúcar. Desta forma, e também com o auxílio dasproibições da Igreja Católica, ficou-se vetado a

manutenção da mão de obra cativa indígenaoficializando o negro escravo como a mão deobra a ser utilizada na produção açucareira (muitoembora alguns pequenos casos de escravizaçãoindígena ainda fossem comuns na época).

Fundação de São Vicente  –  Oscar Pereira daSilva (1900).

O sistema estabelecido então foi ochamado “plantation”, que consistia namanutenção de grandes áreas latifundiárias porparte dos colonos, voltadas para a produção deum único produto de exportação (o açucar)utilizando uma mão de obra ampla e escravasomados também a manutenção de insumos

para a subsistência como a pecuária, porexemplo.

A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL E O SISTEMADE CAPTANIAS HEREDITÁRIAS (1534 - 1759)

 A administração da colônia caiaprimeiramente sobre a metrópole e era ela quecontrolava todas as decisões importantes da vidacolonial: nomeava funcionários, recebia imposto,

controlava o comércio e a exploração, tinhaprodutos de exclusiva exploração em favor do Rei –  Monopólio Régio  –  cuidava da defesa e darepressão contra aqueles que se opunham aodomínio português, isso, até 1533 durante operíodo do relativo abandono e este cenáriosofrerá uma considerável mudança.

Em 1534 iniciou-se o sistema deadministração das Capitanias Hereditárias quedividiu o território em 15 circunscriçõesadministrativas onde há uma primeira tentativa dedescentralizações das decisões metropolitanassobre a colônia uma vez que neste sistema de

capitânias, foi concedido aos capitães donatários,os responsáveis pela a administração destascapitanias, direitos de autoridade máxima como afundação de vilas, a cobrança de impostos e atémesmo a aplicação de penas. Evidentemente, sefaz necessário lembrar que ainda dentro destesistema, as decisões mais importantes aindaeram de controle da metrópole sendo elas comopor exemplo a nomeação dos capitães, asdelimitações territoriais e o monopólio comercialque proibia os colonos de comercializaremdiretamente com outras nações ou se recusarema utilizar a mão de obra escrava negreira provida

pela Coroa, por exemplo. O sistema de capitaniasirá prevalecer durante quase toda história colonialsendo extinto apenas em 1759 por Marquês dePombal em uma de suas reformas administrativasde Portugal.

Em 1549, observando que apenas ascapitanias de São Vicente e Pernambuco tinhamprosperado consideravelmente, ocorre à criaçãodo Governo Geral  em adição ao sistema quebuscava assim centralizar o poder político dentro

da colônia reduzindo ainda mais a necessidadedas decisões mais importantes de seremrepassadas à metrópole e assim auxiliar as

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capitanias a prosperar através da redução destaburocracia.

O MOVIMENTO DAS ENTRADAS EBANDEIRAS

 As entradas e bandeiras erambasicamente movimentos de exploração doterritório colonial ainda desconhecido e queaconteceram ao longo da história colonial tendoinício em 1531. Os Bandeirantes, principaispersonagens deste movimento eram, na suamaioria, colonos da capitania de São Vicente(Vicentinos ou Paulistas). Empobrecidos pelaestagnação econômica da capitania, durante osséculos XVII e XVIII organizaram sucessivasexpedições pelo interior do país. Buscavamapresar índios (vendidos como escravos),encontrar metais preciosos e destruir quilombos.

 A diferença entre uma “entrada”  e uma“bandeira” se dá basicamente pela finalidade daexpedição. As entradas tem o intuito primário deexplorar o território e é financiada pela própriaCoroa ao passo que as bandeiras eram naverdade movimentos particulares realizados pelosbandeirantes que visavam o apresamento deindígenas (vale ressaltar que nos primeiros anoscoloniais o uso da mão de obra cativa indígenaainda era incentivado, conforme vimosanteriormente) ou a descoberta de minas demetais preciosos tanto quanto a exploração doterritório.

Seja por um meio ou outro, estesmovimentos de entradas e bandeiras foramdecisivos para o mapeamento do territóriocolonial e para a exploração do mesmo.

PRIMEIRO MOMENTO: A PRODUÇÃOAÇUCAREIRA (1540  –  1654) E O INICIO DOTRAFICO NEGREIRO

O comércio de especiarias orientais já seencontrava decadente para Portugal em meadosdo século XVI e a exportação do pau-brasil nãose mostrava igualmente lucrativa. Somados aestes fatores de uma necessidade econômica, oImpério Português precisava também estabelecerum projeto colonial rentável que pudesse efetivara colonização sob o território brasileiro para assimafastar o fantasma das invasões estrangeiras. Apartir desta necessidade, a resposta mais cabívelfoi o estabelecimento das Capitanias Hereditáriasorganizadas sob um sistema de plantation  – nascia então o projeto do plantio da cana deaçúcar.

O açúcar foi o produto escolhido não poracaso: os portugueses sabiam do seu alto valorcomercial e muito embora a sua exploraçãoexigisse um alto investimento para a época, alémda rentabilidade do produto valer o risco, o

estabelecimento de um sistema de plantationseria politicamente e administrativamente maisviável porque assim asseguraria a fundação degrandes fazendas, vilas e portos para sustentar earticular o comércio do produto podendo, assim,efetivamente colonizar o território.

 As capitanias de São Vicente e

Pernambuco foram as únicas duas capitânias quetiveram sucesso em exportar significativasquantidades de açúcar e assim conseguiram ummaior desenvolvimento em comparação asdemais capitânias.

O sucesso do sistema colonial nesteprimeiro momento só foi possível, porém, por umsegundo fator diretamente ligado à produçãoaçucareira: o tráfico negreiro. Portugal carecia demanufaturas e, portanto, a velha ideia do pactocolonial de que a colônia produziria matéria primae consumiria as manufaturas de sua metrópoleem troca proporcionando assim um grande

superávit por parte da segunda não poderia seraplicada uma vez que Portugal não possuía umaprodução manufaturada considerável. Porém,ainda que não fosse através das primeirasindústrias ou do comércio de especiarias,Portugal encontrou uma forma de conseguiracumular riquezas através da venda dos negroscativos capturados na áfrica e que eram vendidosaos colonos que quisessem investir na produçãoaçucareira.

Desta forma, o “produto” manufaturadoque Portugal revendia à colônia na verdade eramos escravos que seriam utilizados na mão de obra

para a produção do açúcar que ele mesmo teria odireito de monopólio. Ou seja, o papel dascolônias brasileiras era produzir açúcar paravendê-lo a um custo viável para Portugalenquanto deveria comprar de sua metrópole osnegros cativos que lhes serviriam para a própriaprodução do açúcar. Era uma balança comercialextremamente benéfica para Portugal e um tantoquanto lucrativa também para os colonos quefossem bem sucedidos na produção açucareira.

A DECADÊNCIA DA PRODUÇÃOAÇUCAREIRA (1580 - 1654).

Em 1580 Portugal caiu sob domínio daEspanha, que se transformou na virtual "Dona" doBrasil. Em guerra com a Holanda, os espanhóisproibiram os holandeses, principais compradorese investidores do açúcar no nordeste do Brasil, decontinuarem comercializando o açúcar brasileiro.Sem outra alternativa, os holandeses invadiram aBahia em 1624 e Pernambuco em 1630. Quandoforam expulsos em 1654 (InsurreiçãoPernambucana), os holandeses deram início àprodução de açúcar nas Antilhas. A qualidade e aquantidade de açúcar antilhano/holandês jogarampara baixo o preço do açúcar no mercadointernacional contribuindo para a decadência do

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comércio açucareiro.Portugal se encontrava novamente em

uma crise econômica que ameaçava se alastrarpor décadas. Tal crise só pode ser solucionadaquando enfim se dará inicio a exploraçãometalista colonial que será responsável porresgatar a economia portuguesa.

A DESCOBERTA DO OURO E O CICLO DAMINEIRAÇÃO COLONIAL (1693 – 1770 apr.)

Em 1693, após tentar percorrer ocaminho desbravado por Fernão Dias à procurade esmeraldas, o bandeirante Antônio Rodrigues Arzão enfim encontrará ouro no território colonialpróximo de onde hoje se encontra a cidade deMariana - MG. A notícia foi extremamenteimpactante para Portugal que sofria com adecadência que então decidiu não poupar

esforços na tentativa de extração dos minériospreciosos. De imediato esta região, até entãoinexplorada, recebeu um extraordinário afluxo depessoas, vindas da metrópole e de outras regiõesda colônia sendo alvo de disputa de interessestanto de colonos quanto colonizadoresevidenciando (o que acarretara na Revolta dosEmboabas) um sintoma de que a extração doouro no Brasil iria precisar de um sistema colonialainda mais desenvolvido para sua devidaexploração por parte da Coroa.

Para administrar a região mineradora ametrópole então criou em 1702, a Intendência das

minas, órgão presente em cada uma dascapitanias de onde se extraia ouro, visandocontrolar de perto a exploração aurífera. AIntendência era constituída por um guarda-mor eauxiliares submetidos diretamente à Coroa. Eraresponsável pela distribuição dos lotes a seremexplorados, chamados de data, e pela cobrançade 20% do ouro encontrado pelos mineradores,imposto conhecido como quinto. As datas eramdistribuídas segundo a capacidade de explorar dominerador; avaliada em numero de escravos.

Visando controlar a questão docontrabando, a Coroa determina que o únicoporto pelo qual seria permitido o transporte doouro seria o porto do Rio de Janeiro quedemandou também a abertura do caminho novo(1700-1707) que passou a ser a principal rota poronde o ouro extraído no interior de minas geraisdeveria percorrer até chegar ao referido porto.

 Apesar do controle imposto pelasautoridades metropolitanas, o contrabando eraintenso e, para coibi-lo, a coroa proibiu acirculação de ouro em pó e em pepitas, criandoem 1720, as casas de fundição. Todo o ouroencontrado nas lavras - grandes minas - ougarimpos, onde era feita a faiscação nas areiasdos rios, tinha a ser entregue nesses locais, ondeera derretido, quitado (ou seja, era lhe extraídoquinto pertencente à Coroa) transformado em

barras. As casas de fundição não representavamapenas uma forma de evitar a sonegação doquinto por parte de Portugal, mas também, aindaque de maneira não intencional, um obstáculopara o comércio em geral na capitania de MinasGerais, visto que o ouro em pó neste território eraa moeda corrente. A Revolta de Vila Rica terá

como fator principal justamente o combate dapopulação contra a instalação das casas defundição no interior de Minas Gerais.

 Aprofundamento ainda mais o controlefiscal, sobretudo quando a exploração auríferacomeçou a dar sinais de esgotamento, o governoportuguês fixou em 100 arrobas de ouro (1.468,9kg) anuais o mínimo a ser arrecadado em cadamunicípio como pagamento do quinto. Paragarantir a arrecadação do montante, foi instituídaa derrama: a cobrança dos impostos à populaçãoseria efetuada pelos soldados portugueses,chamados de dragões, que estavam autorizados

a invadir casas e tomar tudo que tivesse valor, afim de completar as 100 arrobas devidas àmetrópole. Essa prática portuguesa deixou rastrode insatisfação da colônia. Todo o arrochofiscalizador conseguiu temporariamente diminuir otráfico ilegal, mas nunca suprimiu por completo.De qualquer modo, aliviou por algum tempo asdificuldades financeiras de Portugal.

 A descoberta de diamantes em 1729, noarraial do Tijuco, hoje Diamantina, em MinasGerais, levou Portugal a adotar uma fiscalizaçãoapropriada à extração diamantífera. Inicialmente,dada à dificuldade em se quintar o diamante, a

metrópole determinou a expulsão dos mineiros daregião e arrendou a exploração a empresários,chamados contratadores, indivíduos queantecipavam parte dos lucros à coroa e recebiamassumir a exploração do diamante,estabelecendo a real extração.

 A partir da segunda metade do séculoXVIII, devido ao esgotamento das jazidas e aouso de técnicas rudimentares, incapazes de umaprospecção mais profunda no subsolo, iniciou-sea decadência da produção de ouro no Brasil. Operíodo situado entre 1740 e 1770 correspondeuao apogeu da exploração das minas, e o ano de1754 registrou a maior produção de ouro. A partirda década de 1770, verificou-se o declínio daatividade, que se tornou cada vez menosatraente.

O DESENVOLVIMENTO DO ESPAÇOECONÔMICO MINEIRO

O desenvolvimento econômico promovidopela mineração não se restringiu somente aosexploradores da atividade metalista  –  ele seestendeu também por fora das zonas demineração. Diferentemente do plantation, aatividade mineradora demanda todo o tempo doseu atuante no ato da extração e por isso, quem

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atua na mineração normalmente não se dedica aoutra atividade como por exemplo o plantio deinsumos para a subsistência. Para responder aesta carência do mercado, pequenos fazendeirosvoltados sobretudo para a pecuária começaram ase instalar próximo as zonas de mineração,sobretudo nas margens dos rios, procurando

atender a esta demanda interna de alimentos queexistia em Minas Gerais e acabavam porprosperar economicamente uma vez que aatividade da mineração, principal consumidora doproduto destas fazendas, se mostravaextremamente rentável e capaz de sustentar estetipo de articulação econômica. Firmou-se assimentão um padrão mineiro de economia ondepróximo a uma zona de mineração, e, portantouma zona de produção de riqueza, fixava-se umazona de produção de alimentos capaz deabastecer a zona de mineração e prosperareconomicamente através deste comércio.

AS REFORMAS POMBALINAS E O INÍCIO DAINSATISFAÇÃO COLONIAL

Em Portugal destacou-se a atuação doministro do rei D. José I, Sebastião José Carvalhoe Melo, o marquês de pombal (1750-1777), umdéspota esclarecido.

Pombal, percebendo a extremadependência econômica de seu país em relaçãoà Inglaterra, até porque foi embaixador naquelepaís, procurou-se em reequilibrar a deficitária

balança comercial lusa, adotando medidas que,se de um lado foram uma maior eficiênciaadministrativa desenvolvimento econômico noreino, de outro, reforçaram as práticasmercantilistas no que se refere ao Brasilpressionando a colônia.

 Assumido os ideais iluministas no reino,Pombal expulsou os jesuítas de Portugal ecolônias (1759). A expulsão dos jesuítas visavaao fim da autonomia dessa ordem religiosa frentea Coroa, um estado dentro do Estado , como sedizia, subordinando a Igreja ao governo.

Como todo o ensino colonial dependia dacompanhia de Jesus, sua expulsão criou umvazio educacional, levando Pombal a criar osubsídio literário, imposto para custear aeducação assumida pelo Estado metropolitano-as aulas régias.

 Acreditando na importância de se integraros índios ao domínio luso, para consolidar asfronteiras brasileiras, Pombal determinou ainda aextinção da escravidão indígena em 1757,transformando algumas aldeias em vilas,especialmente na Amazônia, visando incorporaresses territórios à administração portuguesa.Nessa região, porém, a expulsão dos jesuítastrouxe mais dificuldades do que integração aodomínio metropolitano. Com esse mesmoobjetivo, ministro de D. José I procurou estimular

os casamentos entre colonos e índios.O marquês determinou a supressão da

distinção entre "cristãos-velhos” e “cristão-novos"(descendentes de judeus), objetivando favorecera integração destes últimos no reino, dada a suasempre importante atuação econômica e socialtanto em Portugal quanto no Brasil. Pombal

tentou também fomentar a produçãomanufatureira, especialmente em Portugal , semgrande sucesso, é bom lembrar, e combateuduramente o contrabando colonial.

Entre as inúmeras dificuldades que tevede enfrentar durante seu governo, deve-seregistrar o grande terremoto de 1755, quedestruiu parte da cidade de Lisboa, e o declínioda produção de ouro no Brasil. A Coroa viu-seobrigada a ampliar os gastos para reconstruir acapital do reino, ao mesmo tempo em quediminuía o ingresso de recursos.

Para a reconstrução de Lisboa, Pombal

recorreu ao aumento de tributos e naturalmente,como naquele período a renda quase interina dePortugal advinha de Minas Gerais, os custeiosdestas reformas seriam repassados aos colonos.

Na colônia, Pombal extinguiudefinitivamente as capitanias hereditárias,comprando e confiscando os territórios dospoucos donatários das capitanias da Coroa.Também criou a Companhia Geral do comérciodo Estado do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778)e a Companhia Geral do Comércio dePernambuco e Paraíba (1759-1779). Procuravaassim controlar o comércio colonial a aumentar as

rendas da Coroa.Em termos administrativos, criou cargos e

órgãos, visando à racionalização burocrática, etransferiu a capital colonial de salvador para Riode Janeiro, a fim de fiscalizar com rigor aexportação do ouro. Foi ainda Pombal quemaumentou e zelou pela cobrança dos impostosdevidos à metrópole, efetivando a primeiraderrama (1762-1763); pouco depois, estabeleceuo controle real sobre a exploração de diamantes. Após a morte do rei D. José I, Pombal deixou oministério e seus opositores assumiram ogoverno, anulando muitas de suas realizações.Logo foram extintas as companhias de comércioe publicado o Alvará de 1785, que proibia ainstalação e funcionamento de manufatura nacolônia. As poucas existentes foram fechadas e apopulação viu-se novamente obrigada a recorreràs caras manufaturadas importadas.

 As medidas de Pombal podem serinterpretadas como excelentes medidas para odesenvolvimento de Portugal, porém, seanalisarmos com cautela, para a colônia taismedidas se mostraram muitas vezes prejudiciaise somadas ao trágico episódio da derramaocorrida entre 1762 e 1763, os resultados diretosdestas medidas na colônia foram na verdade umacrescente insatisfação por parte dos colonos e osurgimento de novas ideias que terminariam nos

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primeiros movimentos separatistas como aInconfidência Mineira (ou, conforme tem sidoatualizada pela historiografia, ConjuraçãoMineira).

REVOLTAS COLONIAIS ou REVOLTAS

NATIVISTAS

 As primeiras rebeliões contra o domínioportuguês são denominadas de RevoltasNativistas ou Revoltas Coloniais. Taismovimentos ainda que contrários a opressãometropolitana, não chegaram em momento alguma cogitar a emancipação da colônia.

Os principais exemplos de revoltas são aRevolta de Beckman (Maranhão,1684) a Guerrados Emboabas (Minas Gerais,1709), a Guerrados Mascates (Pernambuco,1710) e a Revolta deVila Rica (Minas Gerais, 1720).

Revolta de Beckman: fazendeiros doMaranhão, liderados pelos irmãos Beckman(Manuel e Thomas), revoltaram-se contra os jesuítas (impediram a escravização dos índios) econtra a Companhia Geral do Comércio doMaranhão (monopolizava o comércio da regiãoalém de não suprirem a demanda de mão de obranegreira). Em 1684 os revoltosos chegaram aocupar a cidade de São Luís por quase um ano.Portugal reprimiu com violência, o movimento foivencido e seus líderes foram enforcados. Agrande revindicação da Revolta dos Beckman

eram por melhorias no provimento de mão deobra para aumentar a produção açucareira – umavez que o açúcar estava em decadência depreço, para que os fazendeiros conseguissemmanter o padrão de vida que possuíram foinecessário que expandissem suas lavouras,porém, com a ausência de mão de obra isso nãofoi possível e os próprios acabavam arcando coma crise do sistema açucareiro.

Guerra dos Emboabas: É o conflitoestabelecido entre os bandeirantes vicentinos quevieram ocupar as regiões auríferas de MinasGerais logo após a descoberta do ouro por Antônio Rodrigues Arzão e os colonosmetropolitanos encarregados de colonizar aregião com a concessão da Coroa que visavacontrolar a extração metalista. Em 1709,mediante intervenção militar portuguesa, osbandeirantes, derrotados, partiram para Goiás eMato Grosso. Para melhor administrar a região, ogoverno português dividiu-se em: Capitanias deSão Paulo e Minas Gerais e capitania do Rio deJaneiro.

Guerra dos Mascates: Conflitoenvolvendo fazendeiros de Olinda e comerciantes(mascates) de Recife. Olinda era o centro políticode Pernambuco, contando dom uma câmara de

Vereadores. Economicamente estava emdecadência. Em 1709, os comerciantes de Recife,em Ascensão econômica, conseguiram da Coroasua emancipação política, com condições deorganizar sua câmara de vereadores. Osolindenses, sentindo-se prejudicados uma vezque a emancipação de Recife deu a eles o direito

de possuírem os próprios impostos arrecadadosno comércio ao invés de o repassarem a Olinda,invadiram Recife. Em 1710 o conflito terminoucom o intermédio de Portugal sem a necessidadede uma grande manobra militar e a rica Recifepassou a ser o centro administrativo dePernambuco.

Revolta de Vila Rica: também conhecidacomo Revolta de Felipe dos Santos, foi umconflito envolvendo a Coroa portuguesa emineradores que não aceitavam a instalação das

"Casas de Fundição" na região aurífera de MinasGerais em 1720. O movimento foi duramentereprimido e seu líder, Filipe dos Santos,enforcado e esquartejado. As "Casas deFundição" foram instaladas e a Capitania deMinas Gerais foi separada da capitania de SãoPaulo. A luta de Felipe dos Santos e dosmineradores contra as casas de fundição eramintensas pela razão de que uma vez que fosseminstaladas casas de fundição no interior daprovíncia, a cobrança do quinto seria efetivadacom maior rigor até mesmo sobre os pequenosprodutores e mercadores que não pretendiam

comercializar o ouro fora de Minas Gerais, e,consequentemente, não precisavam pagar oquinto que deveria ser cobrado, até antes desteperíodo, apenas quando o ouro fosse ser fundidoem barra para ser exportado.

AS REBELIÕES SEPARATISTAS,INCONFIDÊNCIAS ou CONJURAÇÕES

Na segunda metade do século XVIIIencontraram-se novos movimentos de rebeldia,denominados "Conjurações” ou"Inconfidências",destacando-se aquelas que ocorreram em Minas(1789) e na Bahia (1798). Essa última é tambémconhecida como "Conjuração dos Alfaiates".

Os projetos dos conjurados mineiros ebaianos apresentavam semelhantes:independência da capitania, república ediferenças, resultantes, sobretudo daconfiguração social do movimento (elitistas, emMinas; essencialmente popular na Bahia).Enquanto os mineiros pretendiam criar umauniversidade, os baianos pretendiam a aboliçãoda escravidão, a liberdade comercial, anacionalização do comércio. A questão daescravidão não fora decidida a princípio pelosmineiros, sendo deixada para discussão pósdeflagração.

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Idêntico destino aguardou os movimentosinconfidentes: denúncias, prisões, e a violênciaexpressa na morte de Tiradentes, em Minas, deLucas Dantas, Luiz Gonzaga das Virgens, ManuelFaustino e João de Deus Nascimento, na Bahia. A repressão do estado Português se mostravaextremamente severa contra qualquer movimento

de insubordinação de caráter separatista.Devemos ressaltar aqui que o termo

inconfidência remete à uma ideia depreciativa de"traição" e por isso não nos parece corretosegundo as novas tendências da historiografia. Érecomendado, portanto, a utilização do termoconjuração "revolta”, "levante" uma vez que taxaros revoltosos de "traidores" é reproduzir aideologia colonialista, adequada, naquelecontexto, aos interesses da metrópole lusitana.A QUESTÃO DA ESCRAVIDÃO NA COLÔNIA

Conforme vimos anteriormente, a adoção

de trabalho livre na colônia implicaria em saláriostão elevados que inviabilizariam a empresacolonizadora. A saída encontrada foi áescravidão, que na idade moderna teve caráteressencialmente racial.

Durante os primórdios do período colonialos índios nativos foram utilizados como escravos,mas a escravidão que predominou foi a dosnegros africanos uma vez que Portugal detinha oseu monopólio comercial e não possuía nenhumaoutro “produto” que trouxesse tanta lucratividade.Não podemos descartar, porém, o papel da IgrejaCatólica que no período protegeu a população

indígena contra a escravidão tendo atuaçõesmarcantes dos jesuítas em sua defesa e queacabou por não se envolver na questão do tráficonegreiro, ao menos não abertamente, visto queera desta atividade que advinham grandes lucrospara os cofres Portugueses que eramdeclaradamente uma nação de católicos.

No Brasil, os negros reagiram aincessantemente à escravidão com suicídios,assassinatos e fugas para o mais conhecido dosquilombos dos Palmares em Alagoas, lideradospor Zumbi, principal referência do movimentonegro brasileiro contemporâneo.

Durante o período colonial brasileiro foirelativamente comum estabelecimento de umarelação informal entre senhores e escravos,intitulada Brecha Camponesa. Esta relaçãoconsistia na doação de um pequeno pedaço deterra pouco produtiva do senhor para seu escravoe também um dia de folga para que ele pudesselavrá-la, possibilitando, assim, um vínculo maiordo cativo com o latifúndio ao qual pertencia e,portanto, contribuía para a diminuição das fugas.

As mais recentes pesquisas sobre oescravismo brasileiro tem demonstrado que éa relação entre senhores e escravos envolviaa violência mais também um rico espaço denegociação, informal e cotidiano, nesse

sentido é importante destacarmos tambémque a reação dos escravos não se davaapenas por atos de ruptura radical com osistema; havia diversas formas de resistênciaatravés das quais escravos conseguirammelhores condições de vida e mesmo derespeito.

A QUESTÃO RELIGIOSA NO BRASILCOLONIAL

 A Igreja Católica chegou ao Brasil em1500, com Pedro Álvares Cabral, e daqui nãomais saiu. Sua historia é feita de autoridade,dominação, piedade, coragem e hipocrisia. Aempresa colonizadora no Brasil foi conduzidapela parceria Estado Português e Igreja católica.

Os primeiros missionários que pisaramem solo brasileiro foram os franciscanos (comCabral), mas a catequese da colônia foi

responsabilidade principalmente dos jesuítas quechegaram ao país em 1549.

 Até serem expulsos, em 1759, pelomarquês de Pombal, os jesuítas foram os maioresresponsáveis pela educação e pelaevangelização na colônia. Foramindiscutivelmente os maiores obstáculos àescravidão dos indígenas, mas se omitiram comrelação dos negros africanos.

Com relação à presença protestante noBrasil colônia, podemos destacar doismovimentos: de 1555 a 1560, quando o almirantefrancês Nicolau de Villegaignon fundou uma

colônia huguenote (calvinista) no Rio de Janeiro"França Antártica" e de 1630 a 1654, quandoPernambuco esteve sob domínio dos holandeseshuguenotes. Nesse último caso destacadatambém a plena liberdade religiosa garantidapelos holandeses.

 A despeito dessas manifestaçõesprotestantes, a maior preocupação na Igrejacatólica no período colonial sempre foi coibir o judaísmo. Muitos judeus ibéricos haviam seconvertido à força, ao catolicismo. Eramchamados "cristãos-novos". Perseguidos naEuropa migraram para o Brasil. Para garantir queesses "cristãos-novos" não voltassem a praticar o judaísmo, Portugal enviou para a colônia o"Visitador do Santo Ofício".

Este tipo de inquisidor esteve no Brasilem diversas oportunidades para combater asheresias (especialmente o judaísmo) e zelar pelafé e moral dos católicos da colônia. Essesmomentos eram de terror e insegurança.Detalhes sutis revelavam a "falta" ao "visitador":recusar-se comer carne de porco, não ir a missaaos domingos, vestir roupas limpas aos sábado ecomer em mesa baixa como exemplos. Caso oinquisidor se convencesse da "culpa", o indivíduoera condenado a penas que iam de simplespenitências (assistir missa de pé, rezar terços de joelhos) à execução na fogueira.

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Em qualquer hipótese, a condenação deum acusado não se dava em solo brasileiro,qualquer pessoa que tenha sido indiciado peloSanto Ofício era enviado para Portugal, onderesidiam os tribunais e deveriam responder ao julgamento lá, tendo muitas vezes algumas penascomo o confisco de bens que impossibilitava o

retorno para o conhecido “trópico dos pecados”(maneira como o Brasil chegou a ser conhecidopela Igreja Católica)

 As religiões africanas foram tambémproibidas e desqualificadas, reduzidas à merafeitiçaria que era igualmente passível de punição.

Em linhas gerais, a Igreja Católica agiu nadefesa de seus interesses e crenças. Foiintolerante com as diferenças, mas heroica naluta contra a escravidão indígena muito emboratenha se omitido quanto a escravidão negreira.Quanto ao controle moral da sociedade, écostume de se considerar que ela tenha agido

dentro das linhas da “pedagogia do medo”. 

Sessão Leitura – O Julgamento e aSentença de Tiradentes

Negando a princípio sua participação,

Tiradentes foi o único a, posteriormente, assumir

toda a responsabilidade pela "inconfidência",

inocentando seus companheiros. Presos, todos

os inconfidentes aguardaram durante três anos

pela finalização do processo. Alguns foramcondenados à morte e outros ao degredo; 

algumas horas depois, por carta de clemência

de D. Maria I, todas as sentenças foram alteradaspara degredo, à exceção apenas para Tiradentes,

que continuou condenado à pena capital, porémnão por morte cruel como previam as Ordenações

do Reino: Tiradentes foi enforcado.Os réus foram sentenciados

pelo crime de "lesa-majestade", definida,

pelas ordenações afonsinas e as OrdenaçõesFilipinas,  como traição contra o rei .  Crime este

comparado à hanseníase pelas OrdenaçõesFilipinas: -“Lesa-majestade quer dizer traição

cometida contra a pessoa do Rei, ou seu Real

Estado, que é tão grave e abominável crime, e

que os antigos Sabedores tanto estranharam, que

o comparavam à lepra; porque assim como esta

enfermidade enche todo o corpo, sem nunca mais

se poder curar, e empece ainda aos

descendentes de quem a tem, e aos que ele

conversam, pelo que é apartado da comunicaçãoda gente: assim o erro de traição condena o que

a comete, e empece e infama os que de sua linha

descendem, posto que não tenham culpa.”

Por igual crime de lesa-majestade, em1759, no reinado de D. José I de Portugal,afamília Távora,  no  processo dos Távora,  haviapadecido de morte cruel: tiveram os membros

quebrados e foram queimados vivos, mesmosendo os nobres mais importantes de Portugal. ARainha  Dona Maria I sofria pesadelos devido àcruel execução dos Távoras ordenado por seu paiD. José I e terminou por enlouquecer.

Em parte por ter sido o único a assumir aresponsabilidade, em parte, provavelmente, porser o inconfidente de posição social mais baixa,haja vista que todos os outros ou eram mais ricos,ou detinham patente militar superior. Por essemesmo motivo é que se cogita que Tiradentesseria um dos poucos inconfidentes que não era

tido como maçom. E assim, numa manhã de sábado, 21 de

abril de 1792, Tiradentes percorreu em procissãoas ruas do centro da cidade do Rio de Janeiro, notrajeto entre a cadeia pública e onde fora armadoo patíbulo. O governo geral tratou de transformaraquela numa demonstração de força da coroaportuguesa, fazendo verdadeira encenação. Aleitura da sentença estendeu-se por dezoitohoras, após a qual houve discursos de aclamaçãoà rainha, e o cortejo munido de verdadeirafanfarra e composta por toda a tropa local. BórisFausto aponta essa como uma das possíveis

causas para a preservação da memória deTiradentes, argumentando que todo esseespetáculo acabou por despertar a ira dapopulação que presenciou o evento, quando aintenção era, ao contrário, intimidar a populaçãopara que não houvesse novas revoltas.

Executado e esquartejado, com seusangue se lavrou a certidão de que estavacumprida a sentença, tendo sido declaradosinfames a sua memória e os seus descendentes.Sua cabeça foi erguida em um poste em VilaRica,  tendo sido rapidamente cooptada e nunca

mais localizada; os demais restos mortais foramdistribuídos ao longo do Caminho Novo: Santanade Cebolas (atual Inconfidência, distritode Paraíba do Sul), Varginha doLourenço, Barbacena e Queluz (antiga Carijós,atual Conselheiro Lafaiete), lugares onde fizeraseus discursos revolucionários. Arrasaram a casaem que morava, jogando-se sal ao terreno paraque nada lá germinasse.

“ JUSTIÇA que a Rainha NossaSenhora manda fazer a este infame Réu JoaquimJosé da Silva Xavier pelo horroroso crime derebelião e alta traição de que se constituiu chefe,e cabeça na Capitania de Minas Gerais, com amais escandalosa temeridade contra a Real

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Soberana e Suprema Autoridade da mesmaSenhora, que Deus guarde.

MANDA que com baraço e pregão seja levadopelas ruas públicas desta Cidade ao lugar daforca e nela morra morte natural para sempre eque separada a cabeça do corpo seja levada a

Vila Rica, donde será conservada em poste alto junto ao lugar da sua habitação, até que o tempoa consuma; que seu corpo seja dividido emquartos e pregados em iguais postes pela estradade Minas nos lugares mais públicos,principalmente no da Varginha e Sebollas; que acasa da sua habitação seja arrasada, e salgada eno meio de suas ruínas levantado um padrão emque se conserve para a posteridade a memóriade tão abominável Réu, e delito e que ficandoinfame para seus filhos, e netos lhe sejamconfiscados seus bens para a Coroa e CâmaraReal. Rio de Janeiro, 21 de abril de 1792, Eu, o

desembargador Francisco Luiz Álvares da Rocha,Escrivão da Comissão que o escrevi. Sebão. Xer.de Vaslos. Cout.º” 

(Sentença proferida contra o Alferes JoaquimJosé da Silva Xavier  –  Extraído de:http://pt.wikipedia.org/wiki/Tiradentes, 12/05/2014).

Questões sobre o Sistema Colonial

1 - (FGV  –  1998) As relações entre

metrópoles e colônias ibéricas foram definidaspelo Pacto Colonial, que consistia em:

a) Um acordo entre as partes que, emcondições de igualdade, estabeleciam metas parao desenvolvimento desses países;

b) Uma imposição das metrópoles àscolônias de exclusividade na área comercial;

c) Uma imposição das colônias àsmetrópoles de caráter monopolista;

d) Um acordo entre as colônias paraservir às metrópoles;

e) . Nenhuma das anteriores;

2 - (PUC  –  MG  –  1999) A expansãomarítima europeia, nos séculos XV e XVI, levouao processo da conquista dos povos da América.Relaciona-se a esse processo, EXCETO:

a) aceitação pacífica da conquista pelosnativos, causada pelo medo dos conquistadores.

b) superioridade bélica dos europeussobre os povos “descobertos”.

c) mortandade dos povos conquistados,originada pelas epidemias e violência.

d) desorganização das culturas nativas eimposição de padrões culturais europeus.

e) construção ideológica da superioridaderacial europeia sobre outros povos.

3 - (PUC  –  MG  –  2000) A compreensãodo significado que o processo colonizador daIdade Moderna adquiriu no contexto geral datransição feudal/capitalista encontra-se vinculada:

a) à doutrina do destino manifesto.

b) aos princípios liberais.c) à acumulação primitiva de capitais.d) à necessidade de exportação de

capitais.e) ao avanço do industrialismo.

5 - (UERJ) O mundo conhecido peloseuropeus no século XV abrangia apenas osterritórios ao redor do Mediterrâneo. Foram asnavegações dos séculos XV e XVI que revelaramao Velho Mundo a existência de outroscontinentes e povos.

Um dos objetivos dos europeus, aoentrarem em comunicação com esses povosera:

a) busca de metais preciosos, para satisfazeruma Europa em crise.b) procura de escravos, para atender à lavouraaçucareira nos países ibéricosc) ampliação de mercados consumidores, paradesafogar o mercado saturadod) expansão da fé cristã, para combater os infiéisconvertidos ao protestantismo

6 - (UFF  –  1996) “É em parte àdescoberta do Novo Mundo que se deverá atolerância religiosa que se irá implantar no Antigo... As depredações promovidas pelosespanhóis em toda a América esclareceram omundo sobre os excessos do fanatismo”.  Estaideia do Abade Raynal, contida na “Históriafilosófica e política dos estabelecimentos e docomércio dos europeus nas duas Índias” (1780-1782), exemplifica um importante aspecto dopensamento ilustrado acerca do colonialismo. Assinale a opção que interpreta corretamente aideia citada:

a) Trata-se de uma verdadeira teoria dacolonização moderna, construída sobre a utopiade uma América igualitária e sem conflitos raciaisou religiosos.

b) O que mais interessava a Raynal eramuniciar o Estado francês para exercer com maiseficiência e humanidade a sua tarefacolonizadora, mormente após a derrota na Guerrados Sete Anos e a perda do Canadá.

c) Trata-se de uma crítica aos métodosviolentos adotados pelo colonialismo, conjugada,porém, ao reconhecimento de que a conquista ecolonização da América trouxe contribuiçãodecisiva para o avanço da civilização na Europa.

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d) Raynal indicava, implicitamente, odireito dos povos colonizados à independência,exigindo que as metrópoles europeias agissemcom tolerância em face dos inevitáveismovimentos emancipatórios.

e) Ideias como as do Abade Raynalfizeram da Ilustração a verdadeira base da

ideologia anticolonialista emergente no séculoXVIII, razão pela qual sua obra foi proibida pelasInquisições de Espanha e Portugal.

7 - (UFF  –  1998) A colonização da América, consequência da expansão marítima ecomercial européia, foi um dos aspectos dogrande processo de formação do mercadomundial.

Considerando esta afirmativa comoreferência, o tipo de mão de obra, a regiãocolonial e a metrópole que podem ser

corretamente associados são,respectivamente:

a) euro-africanos / Cuba / Espanhab) euro-africanos / Brasil / Espanhac) euro-indígenas / Peru / Françad) euro-indígenas / México / Inglaterrae) euro-africano / Haiti / Inglaterra

8 - (UFF  –  1998) Sobre o fim daescravidão nas Américas e considerando-se anova dinâmica do capitalismo é correto afirmar

que:

a) no Caribe, a emergência eexpansão de um campesinato negro foi amudança social mais marcante do pós-emancipação;

b) o caso norte-americano foi o únicoem que o fim da escravidão decorreu de acordosentre os membros da classe proprietária;

c) o caso do Haiti foi um dos muitosexemplos de como o fim da escravidão resultouem revoluções sociais;

d) no Brasil, o sistema de colonatorepresentou uma tentativa fracassada desolução do problema da mão de obra;

e) a abolição da escravidão no Brasil foiacompanhada de indenização pecuniária aosproprietários.

9 - (UFPB  –  1997) Sobre a colonizaçãoeuropeia no Novo Mundo, é certo afirmar:

a) A colonização portuguesa foi a maisdemocrática, pois conseguiu um entendi-mento menos violento entre colonizador ecolonizado.b) A existência do trabalho escravodemonstra a violência do sistema

colonizador, exceto nas áreas de domínioespanhol.c) As nações europeias conseguiramfinanciar suas economias e acumular rique-zas, com destaque para a Inglaterra.d) A exploração econômica é umcomponente que marcou apenas as políticas

colonizadoras da Espanha e Portugal.e) A montagem da exploração das riquezasminerais das colônias é semelhante nasexperiências inglesa e espanhola

10 - (UFRN  –  1999) A colonização da América repercutiu na economia européia, naIdade Moderna. Acerca disso, é correto afirmarque o (a)

a) enriquecimento decorrente dos metais

preciosos americanos fez surgir a ArteRenascentista, que se espalhou pela Europa.b) produção de ouro e prata americanos criou umlastro para as moedas européias, pondo fim àinflação.c) manutenção da balança comercial favorável àsmetrópoles propiciou a acumulação de capitais naEuropa.d) conhecimento de técnicas agrícolas legadopelos Impérios Inca e Asteca possibilitou odesenvolvimento econômico europeu.

GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE OSISTEMA COLONIAL: 1  – B / 2 – A / 3  – C / 4 – C / 5 – A / 6 – C / 7 – A / 8 – A / 9 – C / 10 – C

Exercícios sobre o Brasil Colônia

1 - (UFSC) A eclosão da chamadaguerra dos Emboabas (1708-1709) decorreu devários fatores, podendo ser relacionada, emparte, com a:

a) Nomeação de Manuel Nunes Viana,paulista de grande prestígio, para a capitania dasMinas de Ouro.

b) Proibição aos Emboabas deexercerem atividades comerciais na região dasminas.

c) Decisão da Câmara de São Paulo,que desejava que as datas fossem exploradasapenas por elementos dessa vila e seusarredores.

d) Separação político-administrativa dacapitania de São Paulo e Minas do Ouro.

e) Convulsão social promovida pela

intensificação da atividade apresadora de índiospelos bandeirantes.

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2 - (SANTA CASA-SP) A chamadaGuerra dos Mascates decorreu, entre outrosfatores, do fato de 

a) Recife não possuir prestígio político,apesar de sua expressão econômico-financeira.

b) Pombal promover a derrama, para

cobrança de todos os quinhões atrasados.c) Olinda não se conformar com o

papel que a aristocracia rural exercia nacapitania.

d) Portugal intervir na economia dascapitanias, isentando os portugueses dopagamento de impostos.

e) Pernambuco não apoiar a políticade tributação fiscal do governador Fêlix JoséMachado Mendonça.

3 - (UFPE) A Revolta de Filipe dos

Santos (1720), em Minas Gerais, resultou entreoutros motivos da. 

a) Intromissão dos jesuítas no ativocomércio dos paulistas na região das Minas.

b) Disseminação das idéias, oriundasdos filósofos do iluminismo francês.

c) Criação das Casas de Fundição edas Moedas, a fim de controlar a produçãoaurífera.

d) Tentativa de afirmação política dosportugueses sobre a nascente burguesia paulista.

e) Tensão criada nas minas, em

virtude do monopólio da Companhia de Comérciodo Brasil.

4 - (UFBA) Um aspecto que diferencia aConjuração Mineira de 1789 da ConjuraçãoBaiana de 1798 é que a última. 

a) Representou, pela primeira vez naHistória do Brasil, um movimento de caráterrepublicano.

b) Preocupou-se mais com osaspectos sociais, a liberdade do povo e dotrabalho.

c) Apresentou, pela primeira vez,planos políticos e ideológicos.

d) Representou o primeiro movimentoapoiado por grupos de intelectuais.

e) Tinha caráter de protesto contracertas medidas do governo, sem pretender aseparação de Portugal.

5 - (UFPE) Assinale qual a frase errada,das abaixo enumeradas, sobre a Revolução de1817. 

a) O clero de Pernambuco, em 1817,foi muito influenciado pelas idéias revolucionárias.

b) O governador de Pernambuco eraCaetano Pinto de Miranda Montenegro.

c) Hipólito José da Costa, o famosoredator do Correio Brasiliense, fora escolhidopelos revolucionários como plenipotenciário da“República de Pernambuco” perante o governoinglês.

d) O governador da Bahia, o condedos Arcos, mandou fuzilar José Inácio de Abreu eLima.

e) As operações militares contra osrevolucionários foram comandadas pessoalmentepelo conde dos Arcos, que bloqueou o porto doRecife e bateu as tropas de Cogominho deLacerda.

6 - (FESP) A crise do sistema colonialfoi marcada no Brasil por contestaçõesdiversas que comprovam as aspirações deliberdade do nosso povo. Entre as revoltas

podemos destacar as Conjurações Mineira eBaiana que tiveram em comum: 

1. O fundamento ideológico apoiadonos princípios do Iluminismo e de RevoluçãoFrancesa.

2. A proposta de extinção dosprivilégios de classe ou cor, abolindo aescravidão.

3. A inquietação e revolta pelaeminente cobrança de impostos em atraso.

4. A discriminação socialevidenciada na aplicação da justiça.

5. A numerosa participação popularcaracterizada pela presença de negros e mulatos.

 Assinale a opção correta:

a) 1 e 3b) 2 e 4c) 3 e 5d) 1 e 4e) 2 e 5

7. (PUC-MG) A InconfidênciaBaiana de 1798 tem como causa a: 

a) decadência da produção do ouro.b) instalação das casas de fundição.c) insatisfação das populações mais

humildes.d) invasão holandesa na Bahia.e) revolta dos comerciantes

portugueses.

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8. (FUVEST) A chamada Guerrados Mascates, ocorridas em Pernambuco em1710, deveu-se: 

a) ao surgimento de um sentimentonativista brasileiro, em oposição aoscolonizadores portugueses

b) ao orgulho ferido dos habitantes davila de Olinda, menosprezados pelosportugueses.

c) ao choque entre comerciantesportugueses do Recife e a aristocracia rural deOlinda pelo controle da mão-de-obra escrava.

d) ao choque entre comerciantesportugueses do Recife e a aristocracia rural deOlinda cujas relações comerciais eram,respectivamente, de credores e devedores.

e) a uma disputa interna entre gruposde comerciantes, que eram chamadosdepreciativamente de mascates.

9 - (FESP) Apesar do poder de coerçãoda metrópole portuguesa, algumas rebeliõesmostravam o descontentamento dos colonos.Em Pernambuco, no século XVIII, a Guerra dosMascates revelava o desejo dos senhores deengenho olindenses de: 

a) fazer um pacto com oscomerciantes recifenses para lutar contra osimpostos cobrados por Portugal.

b) impedir a presença das forçasestrangeiras nos seus territórios.

c) enfrentar suas rivalidades comRecife, causadas sobretudo pelas dívidas queacumularam junto aos comerciantes portugueses,que moravam em Recife.

d) organizar uma repúblicademocrática baseada em princípios liberais,significado um expressivo avanço político para aépoca.

e) acabar com o monopólio que Recifeexercia no comércio do algodão e do açúcar,controlado por comerciantes judeus eportugueses.

10 - (UFES) As transformaçõeseconômicas e socioculturais observadas noséculo XVIII repercutiam na população doBrasil Colonial, onde eclodiam revoltassociais regionais e manifestações deaspiração emancipacionista. Forammanifestações sociais e políticas observadasnesse período: 

a) a Insurreição Pernambucana, aaclamação de Amador Bueno e a Revolta deBeckmann.

b) As Guerras dos Emboabas e dosMascates e as Conjurações Mineira, Fluminensee Baiana

c) As Guerras dos Emboabas e dosMascates, a Revolta de Vila Rica, a InconfidênciaMineira, a Revolta dos Alfaiates e a Conjuraçãodos Suaçunas.

d) a Conjuração dos Suaçunas, aRevolta Pernambucana e a Confederação doEquador.

e) a Revolta do Maneta, a Guerra dosPalmares, a Inconfidência Mineira e a RevoluçãoFarroupilha.

GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE BRASILCOLÔNIA: 1 – B / 2 – A / 3 – C / 4 – B / 5 – C / 6 – D / 7 – C / 8 – D / 9 – C / 10 – B

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CAPÍTULO 03

A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL

O PERÍODO JOANINO (1808 – 1821)

Os conflitos existentes no continenteeuropeu, iniciados com a Revolução Francesatrarão consequências de valores inestimáveispara o Brasil. Além da importância da Revoluçãopara as rebeliões no Brasil Colônia, como jánotamos anteriormente, o movimento acabou pordar as bases da ascensão de NapoleãoBonaparte ao trono francês.

Este momento reflete o fim dasinconstâncias sociais do movimentorevolucionário e o início da expansão imperialistafrancesa pela Europa. A busca por novosmercados acabou por fortalecer o estado

economicamente e militarmente e o colocounuma situação de concorrência com sua maiorrival: a Inglaterra.

Na tentativa de conquista do impériobritânico, Napoleão acabou por fracassar naalternativa naval, e o imperador francês entãooptou pela via comercial. Neste quadro, em 1806Napoleão assina com a maioria dos paíseseuropeus o “Bloqueio Continental”. Este tratadofirmava a proibição dos países a comercializaremcom os ingleses, sob pena de invasão de seusterritórios pelos exércitos napoleônicos.

Diante deste quadro, os lusitanos ganham

importância primordial, uma vez que manteve porlongos anos acordos comercias com os ingleses,necessitava das manufaturas britânicas e poderiasofrer retaliações dos mesmos. No entanto, casonão obedecesse a instrução francesa, teria o seuterritório tomado pelos franceses.

 Após as várias oscilações por parte de D.João VI – dúvidas essas derivadas das diferentespressões que sofria dentro do aparelho estatal,uma vez que dentro deste havia uma linha quedefendia o aceite ao bloqueio e outra que nãoqueria o rompimento com os antigos parceiros – oexercito francês acabou por invadir as terraslusitanas. Desde o momento da decretação doBloqueio os ingleses vinham pressionando o reinoportuguês a transferir sua corte para terrasbrasileiras, uma vez que estas neste momentocompunham a parte mais preciosa do reinoportuguês, e com a invasão, não restou outrocaminho ao rei, senão a transferência do aparelhoestatal para a América do Sul.

Com isso, em 29 de Novembro de 1807desembarcava no Brasil 36 navios, escoltadospor navios britânicos. Parte da elite portuguesaacreditava que esta vinda para o Brasil nãopassava de uma passageira retirada estratégica,um plano de emergência para assegurar aunidade territorial do Império e garantir a proteçãoda colônia que naquele período era o grande

alicerce econômico do Império Portugues: oBrasil.

2  –  Reflexos dos Portugueses Reais emTerra Tupiniquim

 A família real no Brasil, com toda suacorte acabou trouxe alterações nos diferentescampos coloniais. Muitos historiados, maisvoltados a vertente economicista garantem que aindependência ocorre em 1808 e não em 1822,face que neste momento o rei passa a fazerdecretos que visam não mais Portugal e sim o

Brasil e suas necessidades. Dentre estas varasmudanças ocorridas no período, temos comodestaque as seguintes:

  Decreto de Abertura dos Portosas Nações Amigas (ainda em 1808), quepregava que as nações que mantivessemrelações amistosas com Portugal poderiamvender seus produtos no Brasil, neste momentosomente a Inglaterra. Por menos impactante quepareça, este ato de abertura dos portos trouxe fimao monopólio português sobre o comércio comsua colônia, e, portanto, trouxe fim à ideia do

Pacto Colonial entre o Brasil e Portugal. A partirdaí, os tempos que viriam seriam de mudanças.

  Alvará de 1° de Abril de 1808 assinado por D.João VI que permitia agora ainstalação de manufaturas em território brasileiro,revogando assim o Alvará de 1785 assinado porsua mãe D.Maria I ( que possuía o “carinhoso”apelido de “D. Maria a Louca ), este, que por suavez, proibia a instalação destas manufaturas aquino Brasil. O Alvará de 1785 havia sido assinadoem uma tentativa de proteger as primeirasindústrias que começavam a se formar em

Portugal e também como uma forma de perpetuara ideia do Pacto Colonial onde o papel da colôniaseria estritamente de fornecer a matéria prima e

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não a manufatura para que não houvesseconcorrência com a metrópole. Uma ressalvaimportante porém se faz necessária: O fato do Alvará de 1° de Abril ter sido emitido não significaque a partir daqui o Brasil começou a seindustrializar, pelo contrário, nenhum efeitoimediato será sentido na colônia, apenas há uma

diferença jurídica quanto a permissão ou não demanufaturas poderem ser instaladas aqui.

  Invasão da Guiana Francesa(1808  –  1817): Uma vez que estava em guerradeclarada contra a França, D.João VI precisariamostrar força perante as demais naçõeseuropeias, perante seus colonos e perante atémesmo os seus bravos soldados que ficaram emPortugal para defender o território de Napoleão epara que a retirada estratégica da família realpara o Brasil não fosse minimizada etransformada em uma tentativa de fuga, o

monarca decide então tomar da França a GuianaFrancesa que se encontrava desprotegidanaquele momento e assim levantar uma aparenteimpressão de resistência às forças napoleônicas.O território só foi devolvido à França depois doCongresso de Viena em 1815 quando ficoudefinido que os territórios modificados durante operíodo napoleônico seriam todos devolvidos àssuas respectivas nações soberanas.

  Tratados de Comércio eNavegação (1810): Este foi um tratado assinadopor D.João VI como uma forma de reforçar aaliança estabelecida com o Reino Unido uma vezque a partir dele, a alíquota de impostos dosprodutos ingleses que seriam taxados aoentrarem no Brasil foi acertada em meros 15% dovalor do produto ao passo que os própriosprodutos Portugueses encontravam-se taxadosem 16%. Os produtos das demais nações amigasentrariam com uma margem de 24%. Destaforma, após a assinatura deste tratado tornou-semais vantajoso para os comerciantes brasileiroscomprarem seus produtos vindos da Inglaterra doque do próprio Portugal que em teoria ainda seriaa metrópole brasileira.

  Ocupação da ProvínciaCisplatina ou Banda Oriental do Rio da Prata(1811 – 1828): Um segundo movimento militar foicomandado pelo monarca D.João VI poucos anosdepois de sua chegada ao Brasil tendo ele sidorelacionado à necessidade que a nação seencontrava de conseguir controlar uma dassaídas da extensa e lucrativa rota comercial doRio da Prata para o mar, o que era fruto dodesejo de Portugal já de alguns anos antes daprópria vinda da família real. A província foi

conquistada a principio em 1811, porém, semprefoi um território de grande disputa entre eliteslocais e o poder central de D. João VI. O territóriochegou a ser efetivamente anexado em 1823 se

incorporando ao Império do Brasil, porém, gruposde caudilhos descontentes com os interesses dosbrasileiros e buscando atender aos próprios semantiveram em constante guerrilha até aindependência conquistada em 1828desanexando de uma vez por todas o território doBrasil.

 

(Urbanização do Rio de Janeiro)

Naturalmente, porém, todas estastransformações necessárias ao Rio de Janeiropara transformá-la em capital de um Império tãoacostumado com os luxos trazidos por um séculode exploração aurífera precisariam de umagrande quantidade de moedas para serem

custeadas e como era de se imaginar, foi atravésdo aumento de impostos sobre os colonos queeste dinheiro foi arrecadado.

Com a transferência da corte, o Brasilpassa a ser sede do reino. Assim, nada maisnatural do que mudanças administrativas paramelhoria e desenvolvimento dos diferentessetores econômicos. Foram criados trêsministérios: Guerra e Estrangeiros, Marinha eFazenda e interior. Promoveu a Junta deComércio e a Casa de Suplicação, alterou aadministração das capitanias que agora passam aser províncias e criou novas. Com o objetivo de

participar da administração estatal, váriosbrasileiros compraram títulos de nobreza. Assim,acabamos por ter o desenvolvimento de uma elitesocial dentro do país, composta em sua maioriapor proprietários de terra, que agora passam a searticular em busca dos interesses particulares desua classe. Este momento é de importânciasignificativa, uma vez que no momento do retornodo rei a Portugal é este o grupo que vaiengendrar o movimento de independência.

 A sociedade brasileira assim sofreuprofundas transformações, e a cidade que melhordenota tais mudanças é a cidade portuária do Rio

de Janeiro, pois a transferência do eixoadministrativo acabou por mudar a fisionomia,que agora passou a contar com uma certa vida

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cultural. Temos um maior acesso aos livros, umamaior circulação ideias, a criação do primeiro jornal em 1808, temos ainda teatros, bibliotecas,academias literárias e científicas, visando atenderuma população urbana em rápida expansão, umavez que a população praticamente dobrou. Essasmudanças não podem ser confundidas com o

liberalismo no plano das ideias, pois apesar dasmudanças, a marca do absolutismo permaneceu,com a comissão de censura, que proibia apublicação de papéis contra o governo a religiãoe os bons costumes. As mudanças pelas quaispassam a nova capital eram claramentecontroladas pelo governo e seus interesses.

 A situação tomaria um novo contorno apartir de 1815 quando Napoleão é enfimderrotado e a Europa se reúne no famosoCongresso de Viena para decidir sobre o futurodo velho continente após esta página da história.

Elevação do Brasil ao posto de ReinoUnido de Portugal e Algarves (1815): Quando oCongresso de Viena foi planejado para redefinir asituação europeia pós napoleônica, ficou-seacertado que apenas as nações cujo as capitaisfossem instaladas em território metropolitanopoderiam participar do congresso. Tal formalidadepoderia excluir Portugal de participar desteimportante congresso e para que pudessepreencher este pré-requisito, D.João VI elevaráoficialmente o Brasil à condição de Reino Unidode Portugal e Algarves e com isso, o estado decolônia foi efetivamente extinto, muito embora

economicamente ele já tenha sido enfraquecidocom a abertura dos portos em 1808.

 A partir desta decisão, parte da eliteportuguesa, sobretudo aquela que haviapermanecido em Portugal e resistido a invasãonapoleônica passou a ficar descontente com asatitudes de D.João VI uma vez que a medidasupostamente provisória de retirada estratégicapara o Brasil se tornava cada vez maispermanente. O clamor desta elite era pelo retornode D.João VI para Portugal para que osinvestimentos fossem novamente centralizadosem território português e não brasileiro,atendendo assim às necessidades desta elite e,naturalmente, retornando a situação ao estado deordem que estivera antes das invasões deNapoleão.

Aclamação de D.João VI (1818): D.JoãoVI apesar de estar no controle do ImpérioPortugues carregava o título de Príncipe Regentee não efetivamente de Rei, uma vez que o tronoainda pertencia a sua mãe, D.Maria I que haviarepassado ao seu filho os direitos de regênciadevido ao seu estado mental enfraquecido. Coma morte de sua mãe em 1816, iniciou-se umadisputa pela aclamação de D.João VI que deveriaacontecer em Portugal segundo a tradição. D.

João, porém, opta por ser aclamado aqui noBrasil como forma de assegurar sua popularidadena nova capital do Império e em uma tentativa decontrolar os ânimos inflamados da RevoluçãoPernambucana contida no ano anterior.

A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA DE 1817

Neste período o nordeste passa por umaenorme seca, e consequentemente grande quedana taxa de exportação, com os senhoresperdendo grande parte de seu lucro, e quasedesaparecimento da cultura de subsistência, comaumento da miséria. Para deteriorar ainda mais asituação dos nordestinos, os impostos criadospara sustentação da corte no Brasil, acabarampor gerar um grande quadro de

descontentamento na população em geral. Oponto flagrante de descontentamento se davaquando ocorria a comparação do luxo da capitalda corte com a miséria e dificuldades regionais.

Este descontentamento nordestino eramais aguçado em Pernambuco, região quedurante vários anos se consagrou como a regiãomais rica e promissora do Brasil, onde a vidaluxuosa dos seus senhores não encontravaprecedentes em todo território Nacional.

No entanto, este quadro de profundaausteridade não se repetia, e a insatisfação

popular acabou por fomentar um campo propíciopara a difusão de ideiais liberais, atravésprincipalmente do Seminário de Olinda e por lojasMaçônicas. As reuniões nas casas de militarespassaram a se tornar cada vez mais constantes,e contavam cada vez mais com a adesão degrandes senhores de engenho, comerciantes,padres e estudantes recém chegados da Europa,com todo o ideário revolucionário do continente.Por último, não podemos deixar de citar apresença cada vez mais notória de setorespopulares da população nordestina. Ampliando ograu de descontentamento, temos ainda a figura

do Governador de Pernambuco, um gaúcho, dedesregrada, que aumentava a ira dos nativos.

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O movimento eclode no momento em queo governador avisado do movimento mandaprender o líder José Barros Lima. No entanto, omesmo foge da prisão e este fato somado com adeserção da grande maioria de soldadosbrasileiros, animam os revolucionários.

Os revoltosos ganham em ímpeto, e emMarço do mesmo ano, tomam a sede do governoe proclamam um governo republicano em Recife.No mesmo mês, a Paraíba instala sua república.O governo provisório tinha como principaisobjetivos: proclamação da república, abolição damaioria dos impostos e elaboração de umaconstituição, documento este estabeleceria aliberdade religiosa e de imprensa, além daigualdade de todos perante a lei. Somente noquesito a respeito da escravidão os revoltososabandonavam o ideal liberal, como meio de evitaro choque com os interesses dos senhores de

engenho. Queriam a abolição, mas desde queessa não atrapalhasse a economia local e nemprejudicasse os donos de cativos.

O governo não durou mais de um mês, jáque logo em seguida as tropas portuguesasreprimiram o movimento de forma violenta,esmagando a república recém fundada. Osprincipais líderes do movimento foramexecutados. Era o governo lusitano tentandoatravés do derramamento de sangue manter oseu poder em mais um episódio de durarepressão contra os movimentos separatistas, damesma forma que aconteceu em Minas Gerais

em 1789, e na Bahia em 1798.

 A Conjuração Pernambucana, porém, naverdade foi um dos sintomas de uma realidadeque se mostrava por todo mundo pósindependência norte americana e RevoluçãoFrancesa: a ascensão dos ideais liberais frente àum mundo ainda atado ao Antigo Regime e queestava cada vez mais ganhando força pelas ruas.

A REVOLUÇÃO LIBERAL DO PORTO DE 1820

Desde a transferência da Corte para oBrasil, Portugal passava por uma situação nomínimo desconfortável: após a expulsão dosfranceses de seu território, os lusos ficaram sobtutela dos ingleses. A posição de D. João,contribuía para a situação, uma vez que mesmosem a presença francesa, o mesmo permaneciano Brasil. Além disso, as medidas liberais dogoverno no Brasil acabaram por prejudicar oscomerciantes lusitanos, levando sua economia auma situação delicada. Em 1818 foi fundada nacidade do Porto uma associação liberal inspirada

na Revolução Francesa. Esta associação reuniucomerciantes, que saíram prejudicados com as

medidas de abertura de comércio do rei no Brasil,padres e também militares.

 A revolução eclodiu quando em agosto de1820, quando o general inglês que governavaPortugal viajou ao Brasil, os rebeldes formaramuma Junta Provisória, e o movimento finalmente

chegou a Lisboa tornando-se um movimentonacional. Os britânicos foram obrigados a seretirar, e convocou-se uma assembleia paraelaboração de uma constituição.

 As notícias acerca do movimentochegaram ao Rio de Janeiro. A exigência doretorno do rei, para que este jurasse aconstituição gerava duas alternativas: o retornodo próprio rei, ou a ida do príncipe Pedro, paraque este acalmasse os ânimos revoltosos. Nestemomento de dúvidas a revolução foi propagadaao Brasil, com a adesão do Pará, depois a Bahia,todos com o objetivo de obedecer a constituição

portuguesa. Vale destacar que tal fato reflete osdescontentamentos populares para com ogoverno do Rio de Janeiro e todos os seusimpostos, além de que a viajem a Lisboa eramenos desgastante do que ao Rio.

D. João tentou enviar o Príncipe emembros do governo brasileiro para ajudar naelaboração da constituição, mais a guarniçãomilitar do Rio, fiel as Cortes opôs-se a ideia. Comeste quadro, de pressão popular, militar, além dorisco de perder o controle no Nordeste, nãorestava outra saída ao Rei, a não ser retornar a

Lisboa e jurar a constituição, nomeando D. Pedro,como príncipe regente do Brasil. Além do retornodo rei, foram eleitos deputados a serem enviadosas cortes. Estes foram com a ideia ilusória detentar manter a liberdade de comércio adquiridacom os decretos reais assinados após a vinda dafamília real e que beneficiavam os colonosbrasileiros.

No entanto, as cortes aos poucosdefiniram sua linha de tentativa de recolonização(restauração do Pacto Colonial) do Brasilcogitando-se o seu rebaixamento novamente àcondição de colônia. Dois fatos descontentavamos liberais: a autonomia do Brasil e a penetraçãoinglesa. Tentou-se anular os privilégiosconcedidos aos ingleses, e buscou  –  se asubordinação dos governos provinciais a Lisboa.

Temos assim o início de umabipolarização política no Brasil: de um ladosetores comerciais influentes de Portugal, quevisavam o restabelecimento colonial, e de outrosos proprietários de terra do Brasil, comerciantesbrasileiros, empresas inglesas, beneficiados coma abertura comercial, e não admitiam arecolonização. No Brasil inteiro, a mobilização a

respeito do tema se mostrava latente, e diante dodesconforto da situação, existiram polarizações

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políticas que se dividiam em quatro frentesprincipais:

O Partido Português: Os portuguesesque moravam no Brasil, formavam umcontingente considerável. Entre eles temoscomerciantes, militares e funcionários da Coroa,

que apoiavam o movimento do Porto.Principalmente os comerciantes, prejudicados emseus ganhos com a liberalização da política joanina. 

O Partido Brasileiro (ou LiberaisModerados): Composto pela aristocracia rural,comerciantes e burocratas, em outras palavras,formado pela elite colonial. O grupo seriaprejudicado de maneira veemente em caso derecolonização, mais também, pelo seu caráterconservador, não via com bons olhos aIndependência naquele primeiro momento. O

medo era de o movimento ganhar um caráterrevolucionário, de participação popular, ondeseus privilégios poderiam ser questionados eameaçados. O objetivo era negociar com asCortes, para que ambas as partes não fossesprejudicadas e se evitaria a Independência. Olíder: José Bonifácio de Andrada. O partido iránascer dividido entre a elite do nordeste e dosudeste onde os primeiros tinham uma afinidademaior ao próprio Partido Português mas queacabarão se unificando em uma única bandeirareceosos justamente pelo terror do liberalismopopular assim que perceberem que o Partido

Português não tinha influência suficiente paradefinir o futuro do Império. 

Os Liberais Radicais: Era um grupoheterogêneo, composto por pequenosproprietários, membros do clero, intelectuaisliberais, pequenos comerciantes, e tinham emcomum o fato de defender os princípios liberais.Eram contra as propostas portuguesas eachavam que o melhor caminho seria romperdefinitivamente os laços portugueses, movendouma Independência para modificar o quadrosocioeconômico do Brasil e tinham até mesmoaspirações revolucionárias populares.Compunham o terror no imaginário do PartidoBrasileiro. 

E, por fim mas não menos importante, osBragança: D. Pedro tinha uma formaçãomarcadamente absolutista, não estandohabituado com contestações ao seu poder, e aRevolução do Porto acabou por questionar opoder dos Bragança. As cortes passaram a exigiro retorno também do príncipe, para que esse jurasse a Constituição, e esta situação o colocouem oposição as Cortes, dado a sua falta deintenção de cumprir com o determinado. Opríncipe tinha o temor de perder o poder emPortugal e também no Brasil, naquele momento,

economicamente mais importante que Portugal.Mal sabia ele que o absolutismo neste momentoestaria definitivamente acabado para a famíliaBragança.

Embora a Independência do Brasil tenhasido um arranjo político, como defende Caio

Prado Júnior, ela implica também em umacomplexa luta social. As classes buscavam nadamais do que defender os interesses particularesde cada uma. No fim,a grande vitoriosa comoveremos, foi à classe dos latifundiáriosescravistas, ou, o Partido Brasileiro.

Para o Partido Brasileiro, o ideal era acriação de uma monarquia dual, que preservassea autonomia e o liberalismo comercial emantivesse a ordem. No entanto, a intransigênciadas Cortes fez o partido inclinar-se paraemancipação, sem alterar a ordem social e sésprivilégios. Os Liberais Radicais, mais ligados as

classes populares, assim potencialmenterevolucionários, defendiam mudanças maisprofundas e democráticas espelhadas nos moldesrevolucionários franceses.

No entanto, os Liberais Moderados é queencontravam meios econômicos e políticos paraalcançar o seu objetivo, contando principalmentecom o apoio da liberalista burguesia britânica.

D. Pedro, não pretendia retornar aEuropa, e se aproximou dos brasileiros,reforçando sua posição para as “Cortes”. D.Pedro era cortejado pelos Brasileiros e pelosRadicais, que envergavam nele o líder capaz de

alterar a ordem. Por outro lado, José Bonifácio,tentava afasta-lo dos radicais afirmando queestes tentariam implantar uma República, onde osBragança perderiam seu lugar. O caminho paraeste seria a aliança com os Brasileiros e umanegociação com as “Cortes” para evitar arecolonização. No entanto, com a posição das“Cortes” não restou outro caminho ao partido anão ser o da defesa a emancipação, para quenão se prejudicasse os seus negócios. Nessemomento ocorre a junção de circunstâncias, oPartido Brasileiro enxergando um líder pararomper os laços com Portugal e este líderencontrando no partido o apoio contra oslusitanos. A Independência, no entanto, iria teralgumas condições: manter a população longe domovimento, manter a unidade territorial e nãoalterar a estrutura do país, e, acima de todas asoutras, após a proclamação da independência, D.Pedro deveria reunir uma AssembleiaConstitucional Brasileira para redigirem uma cartaconstitucional a qual ele deveria jurar e utilizarcomo base para seu governo. Não importavapara onde corresse, D.Pedro se via naobrigação de jurar uma constituição. A partirdaí, estaria oficialmente extinto o AbsolutismoPortuguês e passaríamos para um regime deMonarquia Constitucional. 

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(D. Pedro I)Em Dezembro de 1821 o decreto vindo

de Portugal propunha: abolição da regência e oimediato retorno do príncipe, a obediência aLisboa e não ao Rio de Janeiro. Em resposta, D.Pedro une os aliados e transforma a sua decisãoem um ato político. Reúne a multidão no campode Santana e declara ao povo sua intenção: foi o“Dia do Fico”, registrado em 9 de Janeiro de

1822. Esta decisão foi resultado de um amplomovimento organizado por José Bonifácio. JoséBonifácio, político ligava o príncipe a políticospaulistas e acabou por seus contatos sendonomeado ministro de governo, pela primeira vez,um cargo de tal importância foi dado a umbrasileiro.

Continuando pelo caminho da rupturadefinitiva com com as Cortes, D. Pedro determinaque toda ordem de Lisboa só seria seguida noBrasil se fosse avaliada e assinada por ele. Comeste ato a Câmara do Rio de Janeiro lhe confereo título de Defensor Perpétuo do Brasil. A

situação se agravará em Agosto do mesmo anoquando D.Pedro decide redigir um manifesto atodas as nações com as quais o Brasilestabelecia relações comerciais explicando sobrea situação em que o reino se encontrava e que aúnica solução cabível seria o rompimentodefinitivo com Portugal.

Já em Setembro e em virtude detamanhas medidas, em meio a uma viajem a SãoPaulo, chega ao Rio de Janeiro mais uma cartadas Cortes, ameaçando de destituir D.Pedro deseus títulos caso ele mantivesse este tom dediscurso e se recusasse a voltar para Portugal.

Em São Paulo, quando recebe a carta, resolvemesmo em território paulista, “...do Ipiranga àsmargens plácidas...”, proclamar o grito deIndependência do Brasil. Era 7 de Setembro de1822.

Como observa-se a independência teveum caráter conservador: isto é: manteve o que jáhavia antes. Enquanto nos outros países da

 América do Sul onde os movimentos deindependência buscaram estruturar novas formasde governo, no Brasil a preocupação foi manter oespaço conquistado pelas ações joaninas e queestavam ameaçadas.

 Assim temos a vitória do PartidoBrasileiro, pois temos: a manutenção da liberdadede comércio, a autonomia administrativa e evitou-se uma que o movimento se transformasse emuma convulsão social, com a alteração da ordem.Resumindo: a Independência foi um arranjo daselites políticas que visavam manter afastado domovimento as camadas populares, para assim

preservar a monarquia, os seus privilégios, aescravidão e a exploração da maioria dapopulação.

 As preocupações iniciais foram: irradiar omovimento inicialmente de caráter regional, paranacional, isso é, que a Independência fosseaceita além do sudeste. Era necessário garantir aintegridade territorial sufocando as resistências dealgumas regiões, como o Pará e o Maranhão, porexemplo, e era necessário ainda que as principaispotências mundiais reconhecessem o país comouma nação, pois só assim seria mantida atranquilidade do modelo agroexportador.

Nossa Independência tem um caráterdiferenciado das demais nações europeias, mastem traços semelhantes também, pois também foiinfluenciada pela Independência dos EstadosUnidos e pela Revolução Francesa, como vimosnas rebeliões do Brasil colonial.

 A emancipação política do Brasil nãotrouxe mudanças mais significativas na estruturasocial, pois homens pobres livres, escravos epessoas afastadas do grande centropermaneceram a margem do movimento.

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Sessão Leitura – A Vida Privada deD.João VI. 

(Retrato de D.João VI e Carlota Joaquina)

Em sua juventude foi uma figura retraída,

fortemente influenciado pelo clero, vivendocercado de padres e frequentando diariamente asmissas da Igreja. Entretanto, OliveiraLima afirmou que antes do que uma expressão decarolice pessoal, isso era um mero reflexo dacultura portuguesa de então, e que o rei...

"compreendia que a Igreja, com seucorpo de tradições e sua disciplina moral, só lhepodia ser útil para o bom governo a seu modo,paternal e exclusivo, de populações cujo domínioherdara com o cetro. Por isso foi repetidamentehóspede de frades e mecenas de compositoressacros, sem que nessas manifestações

epicuristas ou artísticas se comprometesse seulivre pensar ou se desnaturasse sua tolerânciacética.... Aprazia-lhe o refeitório mais do que ocapítulo do mosteiro, porque neste se tratava deobservância e naquele se cogitava degastronomia, e para observância lhe bastava a dapragmática. Na Capela Real mais gozava com ossentidos do que rezava com o espírito:os andantes substituíam as meditações".

 Apreciava muito a música sacra e era umgrande leitor de obras sobre arte, mas detestavaatividades físicas. Acredita-se que sofria deperiódicas crises de depressão.  Seu casamento

não foi feliz, mas circularam rumores de que umavez, aos 25 anos, se apaixonara por EugêniaJosé de Menezes, dama de companhia de suaesposa. Quando ela engravidou as suspeitasrecaíram sobre D. João. O caso foi abafado e amoça foi enviada à Espanha para dar à luz.Nasceu uma menina, cujo nome se desconhece. A mãe viveu encerrada em mosteiros e foisustentada por toda a vida por D. João.

Os historiadores Tobias Monteiro ePatrick Wilcken apontam indícios de que D. Joãoteria tido também um relacionamentohomossexual,  não por convicção, antes por

necessidade, pois seu casamento logo se revelouum fracasso, vivendo apartado da esposa ereunindo-se a ela somente em ocasiões

protocolares. Seu parceiro teria sido seucamareiro favorito, Francisco de Sousa Lobato, cuja tarefa teria sido masturbar o rei com algumaregularidade. Embora isso possa ser fruto desimples maledicência, um padre, chamadoMiguel, teria uma vez surpreendido a cena e porisso deportado para Angola,  não sem antes

deixar um testemunho por escrito. De qualquermaneira o camareiro acabou recebendo diversashonrarias, acumulando entre outros os cargos deconselheiro do rei, secretário da Casa doInfantado,  secretário da Mesa de Consciência eOrdens e governador da fortaleza de Santa Cruz,recebendo também o título de barão edepoisvisconde de Vila Nova da Rainha. 

No Rio os hábitos pessoais do rei,instalado num ambiente precário e despojado,eram simples. Ao contrário do relativoisolacionismo que observara em Portugal, passoua se mostrar mais dinâmico e interessado pela

natureza. Deslocava-se com frequência entre oPaço de São Cristóvão e o Paço da cidade,passava temporadas na  Ilha de Paquetá,  na Ilhado Governador, na Praia Grande, a antiga Niterói, e na Real Fazenda de Santa Cruz. Tinha aversãoa mudanças em sua rotina, o que se estendia aovestuário, e usava a mesma casaca até que elase rasgasse, obrigando seus camareiros acosturá-la no próprio corpo do monarca enquantoele dormia. Sofria de ataques de pânico quandoouvia trovoadas, encerrando-se em seusaposentos com as janelas trancadas, nãorecebendo ninguém.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_VI_de_Portugal, extraído em 12/05/2014)

Questões sobre o Período Joanino

1 - (ALFENAS  –  2000) O BloqueioContinental, em 1807, a vinda da família realpara o Brasil e a abertura dos portos em 1808,constituíram fatos importantes:

a) na formação do caráter nacional

brasileiro.b) na evolução do desenvolvimentoindustrial.

c) no processo de independência política.d) na constituição do ideário federalista.e) no surgimento das disparidades

regionais.

2 - (ESPM  –  2000) Acontecimentospolíticos europeus sempre tiveram grandeinfluência no processo da constituição doestado brasileiro. Assim, pode-se relacionar aelevação do Brasil à situação de Reino Unido

a Portugal e Algarves, ocorrida em 1815:

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a) às tentativas de aprisionamento de D.João VI, pelas forças militares de NapoleãoBonaparte.

b) à Doutrina Monroe, que secaracterizava pelo lema: "a América para osamericanos".

c) ao Bloqueio Continental decretado

nesse momento por Napoleão Bonaparte e quepressionava o Brasil a interromper seu comérciocom os ingleses.

d) ao Congresso de Viena, que seencontrava reunido naquele momento e seconstituía em uma rearticulação de forçaspolíticas conservadoras.

e) a política de expansionismo econômicoe à tentativa de dominar o mercado brasileiro,desenvolvida pelos ingleses após a RevoluçãoIndustrial.

3 - (UNIBH  –  1999) “Em 1808, 90navios, sob bandeiras diversas, entraram noporto do Rio de Janeiro, enquanto, dois anosdepois, 422 navios estrangeiros e portuguesesfundearam naquele porto. Por volta de 1811,existiam na capital 207 estabelecimentoscomerciais portugueses e ingleses, além dosque eram possuídos por nacionais dos paísesamigos de Portugal”.

As modificações descritas no textoestão relacionadas com:

a) o período joanino e o Ato Adicional

à Constituição imperial.b) a abertura dos portos e a guerra de

independência da Cisplatina.c) o domínio napoleônico em Portugal

e a implantação do Estado Novo.d) a abertura dos portos e os tratados

de comércio e amizade com a Inglaterra.

4 - (FGA – CGA - 1998) A Revolução doPorto de 1820 se caracterizou como ummovimento de:

a) consolidação da independência do Brasil;b) retorno a ordem absolutista em Portugal;c) repulsa a invasão francesa em Portugal;d) descolonização do império português na África;e) revolução liberal e constitucional.

5 - (FGA  –  CGA - 1998) "As notíciasrepercutiam como uma declaração de guerra,provocando tumultos e manifestações dedesagrado. Ficava claro que as Cortesintentavam reduzir o país à situação colonial eera evidente que os deputados brasileiros,constituindo-se em minoria (75 em 205, dosquais compareciam efetivamente 50), poucoou nada podiam fazer em Lisboa, onde as

reivindicações brasileiras eram recebidas pelopúblico com uma zoada de vaias. À medidaque as decisões das Cortes portuguesasrelativas ao Brasil já não deixavam lugar paradúvidas sobre suas intenções, crescia opartido da Independência."

(Emília Viotti da Costa. Introdução ao

Estudo da Emancipação Política)O texto acima se refere diretamente:

a) Aos movimentos emancipacionistas: àsConjurações e à Insurreição Pernambucana;

b) À necessidade das Cortes portuguesasde reconhecer à Independência do Brasil;

c) À tensão política provocada pelaspropostas de recolonização das Cortesportuguesas;

d) À repercussão da Independência doBrasil nas Cortes portuguesas;

e) Às consequências imediatas à

proclamação da Independência;

6 - (FUVEST  – 1999) Durante o períodoem que a Corte esteve instalada no Rio deJaneiro, a Coroa Portuguesa concentrou suapolítica externa na região do Prata, daíresultando:

a) a constituição da Tríplice Aliança quelevaria à Guerra do Paraguai.

b) a incorporação da Banda Oriental aoBrasil, com o nome de Província Cisplatina.

c) a formação das Províncias Unidas do

Rio da Prata, com destaque para a Argentina.d) o fortalecimento das tendências

republicanas no Rio Grande do Sul, dando origemà Guerra dos Farrapos.

e) a coalizão contra Juan Manuel deRosas que foi obrigado a abdicar de pretensõessobre o Uruguai.

7 - (PUC – MG – 1998) Refere-se à RevoluçãoPernambucana de 1817:

I. O objetivo dos rebeldes eraproclamar uma república inspirada nos ideaisfranceses de igualdade, liberdade efraternidade.

II. Os líderes do movimento foramcondenados à morte por enforcamento.

III. Os revoltosos, após matarem oschefes militares governamentais,conquistaram o poder por 75 dias.

a) se apenas a afirmação I estiver correta.b) se apenas as afirmações I e II

estiverem corretas.c) se apenas as afirmações I e III

estiverem corretas.d) se apenas as afirmações II e III

estiverem corretas.

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e) se todas as afirmações estiveremcorretas.

8 - (PUC  –  MG  –  1999) A presença daCorte Portuguesa no Brasil (1808  –  1820)gerou grandes transformações na vidaeconômica, política e sócio-cultural brasileira,

tais como, EXCETO:

a) abertura do Banco do Brasil e da Casada Moeda.

b) mudança da capital de Salvador para oRio de Janeiro.

c) revogação do Alvará de 1785, queproibia manufaturas no país.

d) elevação do Brasil a Reino Unido.e) inauguração de institutos científicos

como o Jardim Botânico.

9 - (PUC  –  RS  –  1998) Apesar daliberdade para a instalação de indústriasmanufatureiras no Brasil, decretada por D.João VI, em 1808, estas pouco sedesenvolveram. Isso se deveu, entre outrasrazões, à :

a) impossibilidade de competir comprodutos manufaturados provenientes daInglaterra, que dominavam o mercadoconsumidor interno.

b) canalização de todos os recursos paraa lucrativa lavoura cafeeira, não havendo, por

parte dos agro-exportadores, interesse eminvestir na industrialização.

c) concorrência dos produtos franceses,que gozavam de privilégios especiais no mercadointerno.

d) impossibilidade de escoamento daprodução da Colônia, devido à falta de mão-de-obra disponível nos portos.

e) dificuldade de obtenção de matéria-prima (algodão) na Europa, aliada àimpossibilidade de produzi-la no Brasil.

10 - (PUC – RS – 2000) Leia o texto:“21 de janeiro de 1822 – Fui à terra fazer

compras com Glennie. Há muitas casas inglesas,tais como seleiros e armazéns, de secos emolhados; mas, em geral, os ingleses aquivendem as suas mercadorias em grosso aretalhistas nativos ou franceses. Quanto aalfaiates, penso que há mais ingleses do quefranceses, mas poucos de uns e outros. Hápadarias de ambas as nações (...). As ruas estão,em geral, repletas de mercadorias inglesas. Acada porta as palavras Superfino de Londressaltam aos olhos: algodão estampado, panoslargos, (...), mas, acima de tudo, ferragens deBirmingham, podem-se obter um pouco mais carodo que em nossa terra nas lojas do Brasil, alémde sedas, crepes e outros artigos da China. Mas

qualquer cousa comprada a retalho numa lojainglesa ou francesa é, geralmente falando, muitocara.”

( GRAHAM, Maria. Diário de uma viagemao Brasil. São Paulo: Edusp, 1990).

O texto acima, de Maria Graham, uma

inglesa que esteve no Brasil em 1821, remete-nos a um contexto que engloba:

a) os efeitos da abertura dos portos e dostratados de 1810.

b) o processo de globalização daeconomia no Brasil.

c) as reformas econômicas do Marquêsde Pombal.

d) a suspensão do Tratado de Methuen,com a ampliação da influência inglesa no Brasil.

e) os efeitos da mineração, quecontribuíram para interligar as várias regiões do

Brasil ao Exterior.

GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE OPERÍODO JOANINO: 1 – C / 2 – D / 3 – D / 4 – E/ 5 – C / 6 – B / 7 – E / 8 – B / 9 – A / 10 – A

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CAPÍTULO 04

O PRIMEIRO REINADO (1822 – 1831)

A DISSOLUÇÃO DA ASSEMBLEIACONSTITUINTE

 Ainda em Junho de 1822, D.Pedrocumpre a promessa firmada com o PartidoBrasileiro e anuncia a criação de uma AssembleiaConstituinte que passou a se reunir no anoseguinte, a partir de Maio de 1823. Nestemomento, o Imperador afastado do PartidoModerado dos Andrada, passou a se vincular aoPortuguês, defensor do ideal absolutista uma vezque o tom da discussão da assembleia estavacaminhando para um liberalismo demasiadolimitante aos olhos do Imperador do Brasil. D.Pedro afastou os moderados definitivamente do

poder e nomeou para o Ministério nomes de suaconfiança. A queda dos antigos ministrosassinalou uma profunda mudança na vida políticado país, pois possibilitou a ascensão do PartidoPortuguês até a Abdicação.

 A discussão a respeito da constituintetomou esse tom inflamado a partir daapresentação de um “anteprojeto”  apresentadopela elite agrária brasileira. Tal projetocontemplava os princípio de soberania nacional eliberalismo econômico, o anticolonialismo e axenofobia (repúdio aos estrangeiros), além depossuir também um caráter antiabsolutista,

limitando o poder de D. Pedro valorizando arepresentatividade nacional na Câmara, que seriaindissolúvel, e que teria o controle das Forças Armadas. Por último, para excluir os populares,garantiu a possibilidades de participação políticopor meio de uma renda mínima, renda estabaseada numa mercadoria corrente: a Farinha deMandioca. Daí o nome de Constituição daMandioca, que excluíam tanto os lusos quanto ospopulares, os primeiros porque eramcomerciantes sem acesso a terras econsequentemente a plantações e os segundospor não terem renda necessária. Assim, a

 Aristocracia resguardava para si arepresentatividade nacional.

Com essas características, o antiprojetofoi alvo de criticas. A insistência em cercar opoder de D. Pedro fez com que o mesmo sevoltasse contra a proposta. No entanto, o que vaidefinir a situação é um acontecimento inusitado.

(D. Pedro I)

O Jornal A Sentinela publicou uma cartaofensiva contra os militares portugueses,assinada por um “brasileiro resoluto” segundo sua

própria denominação. Os militares espancaramum acusado da autoria, acusado este que diasdepois seria considerado inocente. O incidentecausou comoção da Assembleia, que exigia umaexplicação do imperador. A ruptura entre o órgãoe o imperador era inevitável quando a Assembleiaem um ato de rebeldia se declarou em sessãopermanente. D. Pedro respondeu mandando oexército invadir o órgão ordenando a prisão dosdeputados pertencentes em sua maioria aoPartido Brasileiro. Estava dissolvida a Assembleiae o poder que a Aristocracia detinha até então seenfraquecia em detrimento de uma proposta

apoiada pela frente do Partido Português,composto aqui pelos portugueses que residiamno Brasil e que eram favoráveis a uma frentemais voltada às faces autoritárias.

A CARTA OUTORGADA DE 1824

 A dissolução provocou grandesdescontentamentos. Para minimizar foiconvocado um Conselho de Estado, compostopor dez membros para que estes redigissem umtexto constitucional. Depois de 40 dias, no dia 25

de Março de 1824 estava outorgada a Carta. Amesma estava apoiada em grandes partes noantiprojeto, com uma alteração que seriaimprescindível: a instituição do poder Moderador,além dos três outros poderes já consagrados. Aconstituição assim como o antiprojeto afastava ascamadas populares da política, ao condicionarpolítica a renda, no entanto, desta vez a dinheiroe não a produto.

O Poder Legislativo seria composto porum Senado vitalício e por uma Câmara dosDeputados com mandatos de três anos. Osenadores eram escolhidos pelo Imperador, a

partir de uma lista tríplice apresentada pelasprovíncias. Sua função seria, propor, redigir eaprovar leis. O Poder Judiciário seria exercido por

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um Supremo tribunal, com os magistradostambém escolhidos pelo Imperador. O executivo,seria exercido por um Ministério, tambémescolhido por D. Pedro, onde ele seria opresidente.

( A Carta Outorgada)

Já o Poder Moderador pertenciaexclusivamente a D. Pedro, e deveria ser aprincípio um Poder neutro, cuja função seriagarantir a harmonia dos três outros poderes. Noentanto, uma vez instituído no Brasil, este passoua ser o centro de poder, tornando-se instrumentoda vontade do Imperador. A este poder, cabiaaprovar ou não as decisões do legislativo, nomearsenadores e dissolver a Câmara. Ao Executivo,restava o poder de escolher os membros doConselho de Estado, além de nomear e demitir

presidentes e funcionários das províncias, queestavam submetidas ao Moderador, impedindoassim tendências autonomistas.

 A Carta ainda estabeleceu a religiãoCatólica como oficial do Estado. A relação entreEstado e Igreja era regulada pelo regime doPadroado, segundo o qual os clérigos erampagos pelos Estado. Por isso, ao Imperadorcompetia nomear sacerdotes aos vários cargoseclesiásticos e dar consentimento as bulaspapais.

Uma ressalva importante que deve serfeita a respeito da carta de 1824: Apesar do

caráter autoritário e da existência de um PoderModerador que permitia a D. Pedro agir quasecomo um monarca absoluto, não podemos falar jamais que se manteve o absolutismo no Brasilapós a proclamação da independência porquepara que um governo se configure como absoluto,ele não pode, de maneira alguma, possuir umaconstituição que delimite os poderes do soberanoe dê um contorno ao seu governo, ainda que estecontorno e estas limitações sejam mínimas.

A CONFEDERAÇÃO DO EQUADOR DE 1824

 A concentração de poderes nas mãos doImperador gerou grandes descontentamentos,principalmente no nordeste, onde a nomeaçãodos presidentes provinciais entrou em choquecom os interesses autonomistas dos proprietários

rurais. A Unidade econômica nacional eraprecária, pois mesmo com a independência oBrasil manteve o seu modelo dependente aomercado externo, não havendo grandespossibilidades de intercambio entre as províncias.No plano político, a única alteração que sofreramfoi com relação a localização das ordens que alichegavam: ao invés de emergir de Portugal, elasagora emergiam do Rio de Janeiro.

No nordeste o descontentamento com o Absolutismo foi notório em diversas partes: emPernambuco o descontentamento foi contra anomeação do presidente, na Paraíba, assustados

com a dissolução da Constituinte desconfiavamde tudo que vinha do Rio de Janeiro, além defocos de descontentamento em outros estados.

Em Pernambuco as reações aoabsolutismo do Imperador foram mais notóriasdada a característica Revolucionária do Estadodesde 1817. As expectativas liberais daexperiência de 1817 difundiram-se através daimprensa escrita pernambucana, principalmentenos jornais de Cipriano Barata e Frei Caneca, quepodemos dizer são responsáveis por prepararespiritualmente a Confederação do Equador. Oprimeiro estudou em Coimbra, de onde trouxe os

estudos liberais, se associou as diversasrevoluções no nordeste, estando ligado aospopulares. Após ser preso várias vezes,estabeleceu  –  se em Recife e com seu jornalinfluiu na corrente liberal de Pernambuco, tendoem Frei Caneca seu principal discípulo.

Em Pernambuco a dissolução da Assembléia encheu de descontentamento osliberais, gerando a queda do governo, até entãosintonizado com o Imperador, sendo substituídopor uma Junta Governativa, que tinha como chefeManuel Garcia Pais de Andrade, líder domovimento de 1817.

Este governo liberal, hostil as tendênciaabsolutistas do Imperador, não foi apoiada peloImperador, pois para outorgar a constituição amesma teria que ser aprovada pelas CâmarasMunicipais, assim era necessário haver governoslocais favoráveis ao seu governo. Aspossibilidades de nomeação de um novopresidente fez com que se apressasse aconfirmação do chefe pelos locais comopresidente da província.

Com toda precaução, D. Pedro nomeouem 1823 um presidente para província do grupoque havia sido retirado do poder pouco antespelos provinciais. Mesmo diante de pedidos paraque o Imperador respeitasse a decisão popular,D. Pedro enviou tropas do Rio de Janeiro para

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garantir a posse do novo presidente. Mesmoassim a resistência era enorme. Diante destequadro de desavenças entre locais e Imperador,em julho de 1824, temos a proclamação daConfederação do Equador, por Manuel deCarvalho.

Na Confederação, os revoltosos tentaram

não cometer os mesmos erros cometidos naRevolução de 1817, como o isolamento. Nomanifesto lia-se:

“Segui ó brasileiros o exemplo dosbravos habitantes da zona tórrida (...) imitais osvalentes de seis províncias que vão estabelecerseu governo sobre o melhor dos sistemas  –  orepresentativo” 

(Bandeira da Confederação)

 A Confederação ainda pretendia aadesão das demais províncias e o apelo foiencampado para Ceará, Rio Grande do Norte eParaíba, que com Pernambuco formaram aConfederação do Equador. Adotou-se a

Constituição colombiana, e assim tentou seformar um Estado desvinculado do restante doImpério, baseado na representatividade,republicanismo, federalismo, para que os Estadosassociados tivessem autonomia.

 A repressão ao movimento foi todaorganizada no Rio de Janeiro e diante disso astropas e armas dos diferentes estados foramtodas enviadas a Pernambuco. Enquanto tentava-se criar uma resistência uniforme da Bahia aoCeará, o imperador reprimiu separadamente cadaprovíncia para assim impedir sua união. Acarência de recursos e matérias, fez o imperador

contrair empréstimos e contratar mercenários,especialmente da Inglaterra, para finalizar arepressão. Em 2 de Agosto, partiram as tropas,por terra e por mar, para em 17 de Setembroconcluírem a conquista de Olinda e Recife,principais centros de resistência.

 As condenações foram muito severas, edestaca-se a de Frei Caneca, que teve que serfuzilado, uma vez que sua condenação a forcanão pode ser cumprida, pois os carrascos serecusaram a enforcar o líder. Finalizou-se aConfederação, mais não eliminou a insatisfaçãocom as experiências autoritárias no Brasil.

Começava desde já o desgaste da imagem deD.Pedro I primeiro tão brevemente ele haviaassumido seu trono.

O RECONHECIMENTO DA INDEPENDÊNCIADO BRASIL

 A data de 7 de Setembro de 1822representou a Independência do Brasil apenas

para os brasileiros. O caminho para oreconhecimento foi um tanto quanto mais longo e,acima de tudo, o reconhecimento de Portugal semostrava imprescindível para o sucessodeterminante do movimento.

O primeiro país a reconhecer aemancipação foi os EUA em junho de 1824. Duasrazões explicam essa atitude: a Doutrina Monroe(1823) que defendia anticolonialismo europeusobre a América expresso em seu jargão:“América para os americanos”, e principalmenteos fortes interesses econômicos emergentes nosEUA, que visava reservar para si a América. Os

países hispano-americanos demoraram areconhecer a Independência, pois com umgoverno republicando, estes países desconfiavamdo viés monárquico adotado no Brasil.

 A Inglaterra com seus inúmeros negóciosdentro do território nacional tinha enormeinteresse em reconhecer a Independência, maissó poderia fazer isto depois de Portugal. Por essemotivo a ação inglesa se deu no sentido de ajudardiplomaticamente no reconhecimento daIndependência por parte dos lusos. Assim em Agosto de 1825, mediante pagamento de 2milhões de libras esterlinas, que o Brasil

conseguiu através de um empréstimo com osmesmos ingleses, foi reconhecido por Portugal aIndependência do Brasil. Do ponto de vistainternacional a emancipação do Brasil nada maissignificou do que a substituição da dependênciaeconômica antes vinculada para Portugal, queagora seria executada pelos outros paíseseuropeus, principalmente a Inglaterra.

Com o modelo econômico mantido, o paísdependia da exportação para manter suasreceitas. No entanto a primeira metade do séculoXIX foi crítica para nossa economia, com o nossoaçúcar sofrendo concorrência de Cuba, Jamaicae do açúcar de beterraba dos produtos europeus.O algodão e o arroz estavam tendo concorrênciados EUA. Assim, o café se consistia naesperança, pois seu mercado estava emcrescimento e o Brasil não encontravaconcorrente.

Havia em paralelo a crise econômica, acrise financeira, onde a debilidade do Estado eramais notória. Dispunha de poucos recursos pelabaixa tarifa alfandegária, que mesmo assim era aprincipal fonte de receitas. Assim, o Brasil eraforçado a buscar empréstimos, sob altos juros. Odéficit do Estado se tornou crônico, sobretudoquando gastos descontrolados foram assumidospara reprimir os conflitos da Confederação do

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Equador e outros menores pelo reconhecimentoda Independência ainda interno.

Os problemas foram ainda piorados coma eclosão do problema da Cisplatina, quando umlíder militar Uruguaio desembarcou na região comsua tropa e com o apoio da população declarou aanexação da Cisplatina as Repúblicas das

Províncias Unidas do Rio da Prata. Em resposta oBrasil declarou guerra aos argentinos, conflito quedurou dois anos, tendo como fim o acordo entreas duas nações, que estabeleceu aindependência da Cisplatina, chamada agora derepública Oriental do Uruguai.

O derramamento inútil de sangue e ossacrifícios para essa guerra ativaram a oposição.Para sanar a crise financeira, D. Pedro emitiu demaneira desenfreada papel moeda, sacrificandoas camadas populares, pois a consequência foi oaumento geral dos preços. A crise atingiu o augecom a falência do Banco do Brasil em 1829.

A ABDICAÇÃO DE D. PEDRO I EM 1831

Em Portugal, D. João VI havia morrido em1826, e assim o temor da recolonização retornou,mesmo com D. Pedro tendo renunciado o tronoem favor de sua filha. No mesmo momento do fimda Guerra Cisplatina, D. Miguel, irmão de D.Pedro, assumiu o trono com um golpe e o apoiode parte da elite portuguesa. A possibilidade deD. Pedro enviar tropas brasileiras para retirar oirmão do trono, trouxe novas inquietações a cerca

da possibilidade de união dos dois reinos o quedeixou a elite brasileira ainda mais descontentediante do quadro generalizado de crise que anação se encontrava. A impopularidade doimperador ia crescendo gradativamente,aumentando a oposição.

Os jornais foram importantes no aumentodas paixões políticas. O assassinato de LiberoBadaró, que dirigia um jornal de oposição,precipitou os acontecimentos, uma vez que foicometido por partidários do Imperador. O maiorfoco de oposição estava em Minas. Sem asforças militares, pois os soldados estavampassando para oposição, D. Pedro resolveuvisitar a província a fim de pacificá-la. No entanto,foi recebido por mineiros que preferiramhomenagear a memória de Badaró.

No Rio, D. Pedro encontrou um conflitoentre partidários seus e liberais, na famosa Noitedas Garrafadas. Para conter os radicais oImperador tentou reformar o Ministério Brasileiro,criado para os brasileiros, mais que até então,não tinha sido ocupado pelos mesmos. Foiorganizado um ministério, agora claramente compropósitos absolutistas, com membros queapoiavam o império de forma clara.

Ocorre então mais uma manifestação noRio, exigindo a reintegração do Ministério. Noentanto, D. Pedro se manteve irredutível. Essa

atitude culminou com a passagem do chefe militarpara os quadros de oposição. Assim, o imperadorestava completamente sem apoio, isolado, semcontar nem sequer com as tropas, para reprimiras manifestações. A única alternativa que agorarestava era a Abdicação, e foi o que fez, em favorde seu filho: Pedro de Alcântara, então com cinco

anos de idade.Em 7 de Abril. D. Pedro deixou o trono,

abandonou o país, se reconciliando com os Andradas, importante família do Partido Brasileiroao deixar José Bonifácio como tutor de D. PedroII, o futuro Imperador do Brasil assim queatingisse sua maioridade.

Sessão Leitura  –  Do PoderModerador. 

TITIULO 5º

Do Imperador.

CAPITULO I.Do Poder Moderador.

 Art. 98. O Poder Moderador é a chave detoda a organisação Politica, e é delegadoprivativamente ao Imperador, como ChefeSupremo da Nação, e seu PrimeiroRepresentante, para que incessantemente velesobre a manutenção da Independencia, equilibrio,e harmonia dos mais Poderes Politicos.

 Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolavel,e Sagrada: Elle não está sujeito aresponsabilidade alguma.

 Art. 100. Os seus Titulos são "Imperador

Constitucional, e Defensor Perpetuo do Brazil" etem o Tratamento de Magestade Imperial.

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 Art. 101. O Imperador exerce o PoderModerador

I. Nomeando os Senadores, na fórma do Art.43.

II. Convocando a Assembléa Geralextraordinariamente nos intervallos das Sessões,quando assim o pede o bem do Imperio.

III. Sanccionando os Decretos, e Resoluçõesda Assembléa Geral, para que tenham força deLei: Art. 62.

IV. Approvando, e suspendendointerinamente as Resoluções dos ConselhosProvinciaes: Arts. 86, e 87. (Vide Lei de 12.10.1834)

V. Prorogando, ou adiando a AssembléaGeral, e dissolvendo a Camara dos Deputados,nos casos, em que o exigir a salvação do Estado;convocando immediatamente outra, que asubstitua.

VI. Nomeando, e demittindo livremente osMinistros de Estado.

VII. Suspendendo os Magistrados nos casosdo Art. 154.

VIII. Perdoando, e moderando as penasimpostas e os Réos condemnados por Sentença.

IX. Concedendo Amnistia em caso urgente,e que assim aconselhem a humanidade, e bem doEstado.

(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao24.htm, extraído em 12/05/2014)

Exercícios de Fixação 

1. (Cesgranrio) A Constituição imperialbrasileira, promulgada em 1824, estabeleceulinhas básicas da estrutura e dofuncionamento do sistema político imperialtais como o(a):

a) equilíbrio dos poderes com o controleconstitucional do Imperador e as ordens sociaisprivilegiadas.

b) ampla participação política de todos oscidadãos, com exceção dos escravos.

c) laicização do Estado por influência dasidéias liberais.

d) predominância do poder do imperadorsobre todo o sistema através do PoderModerador.

e) autonomia das Províncias e,principalmente, dos Municípios, reconhecendo-sea formação regionalizada do país.

2. (Cesgranrio) Assinale a opção queapresenta um fato que caracterizou oprocesso de reconhecimento da

Independência do Brasil pelas principaispotências mundiais:

a) Reconhecimento pioneiro dos EstadosUnidos, impedindo a intervenção da força daSanta Aliança no Brasil.

b) Reconhecimento imediato daInglaterra, interessada exclusivamente nopromissor mercado brasileiro.

c) Desconfiança dos brasileiros, reforçadaapós o falecimento de D. João VI, de que oreconhecimento reunificaria os dois reinos.

d) Reação das potências europeias às

ligações privilegiadas com a Áustria, terra natalda Imperatriz.

e) Expectativa das potências europeias,que aguardavam o reconhecimento de Portugal,fiéis à política internacional traçada a partir doCongresso de Viena.

3. (Fgv) No Brasil, durante o PrimeiroImpério, a situação financeira era precária,pelo fato de que:

a) o comércio de importação entrou emcolapso com a vinda da Família Real (1808);

b) os Estados Unidos faziam concorrênciaaos nossos produtos, especialmente o açúcar;

c) os principais produtos de exportação -açúcar e algodão - não eram suficientes para oequilíbrio da balança comercial do país;

d) o capitalismo inglês se recusava afornecer empréstimos para a agricultura;

e) o sistema bancário era praticamenteinexistente, só tendo sido fundado o Banco doBrasil em 1850.

4. (Fuvest) O reconhecimento daindependência brasileira por Portugal foidevido principalmente:

a) à mediação da França e dos EstadosUnidos e à atribuição do título de ImperadorPerpétuo do Brasil a D.João VI.

b) à mediação da Espanha e à renovaçãodos acordos comerciais de 1810 com aInglaterra.

c) à mediação de Lord Strangford e aofechamento das Cortes Portuguesas.

d) à mediação da Inglaterra e àtransferência para o Brasil de dívida em librascontraída por Portugal no Reino Unido.

e) à mediação da Santa Aliança e aopagamento à Inglaterra de indenização pelasinvasões napoleônicas.

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5. (Fuvest) A organização do Estadobrasileiro que se seguiu à Independênciaresultou no projeto do grupo:

a) liberal-conservador, que defendia amonarquia constitucional, a integridade territoriale o regime centralizado.

b) maçônico, que pregava a autonomiaprovincial, o fortalecimento do executivo e aextinção da escravidão.

c) liberal-radical, que defendia aconvocação de uma Assembléia Constituinte, aigualdade de direitos políticos e a manutenção daestrutura social.

d) cortesão, que defendia os interessesrecolonizadores, as tradições monárquicas e oliberalismo econômico.

e) liberal-democrático, que defendia asoberania popular, o federalismo e a legitimidademonárquica.

7. (Mackenzie) São fatores que levaramos E.U.A. a reconhecerem a independência doBrasil em 1824:

a) Doutrina Monroe (América para osamericanos) e os fortes interesses econômicosemergentes nos E.U.A. .

b) A aliança dos capitais ingleses eamericanos interessados em explorar o mercadobrasileiro e a crescente expansão do mercado daborracha.

c) A indenização de 2 milhões de libras

pagos pelo Brasil ao governo americano e aDoutrina Truman.

d) A subordinação econômica à Inglaterrae o interesse de aliar-se ao governo constitucionalde D. João VI.

e) A identificação com a forma degoverno adotada no Brasil e interesses coloniaiscomuns.

8. (Mackenzie) A Confederação doEquador, movimento que eclodiu emPernambuco em julho de 1824, caracterizou-sepor:

a) ser um movimento contrário àsmedidas da Corte Portuguesa, que visavafavorecer o monopólio do comércio.

b) uma oposição a medidascentralizadoras e absolutistas do PrimeiroReinado, sendo um movimento republicano.

c) garantir a integridade do territóriobrasileiro e a centralização administrativa.

d) ser um movimento contrário àmaçonaria, clero e demais associaçõesabsolutistas.

e) levar seu principal líder, Frei Joaquimdo Amor Divino Caneca, à liderança daConstituinte de 1824.

9. (Mackenzie) O episódio conhecidocomo "A Noite das Garrafadas", briga entreportugueses e brasileiros, relaciona-se com:

a) a promulgação da Constituição daMandioca pela Assembléia Constituinte.

b) a instituição da Tarifa Alves Branco,que aumentava as taxas de alfândega, acirrandoas disputas entre portugueses e brasileiros.

c) o descontentamento da população doRio de Janeiro contra as medidas saneadoras deOswaldo Cruz.

d) a manifestação dos brasileiros contraos portugueses ligados à sociedade "Colunas doTrono" que apoiavam Dom Pedro I.

e) a vinda da Corte Portuguesa e o

confisco de propriedades residenciais para alojá-la no Brasil.

10. (Uel)

Na visão do cartunista, aIndependência do Brasil, ocorrida em 1822,

a) foi resultado das manifestaçõespopulares ocorridas nas ruas das principaiscidades do país.

b) resultou dos interesses dos intelectuais

que participaram das conjurações e revoltas.c) decorreu da visão humanitária dosingleses em relação à exploração da colônia.

d) representou um negócio comercialfavorável aos interesses dos ingleses.

e) não passou de uma encenação, já queos portugueses continuaram explorando o país. 

GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE OPRIMEIRO REINADO: 1  – D / 2 – E / 3  – C / 4  – D / 5 – A / 7 – A / 8 – B / 9 – D / 10 – D

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CAPÍTULO 05

O PERÍODO REGÊNCIAL (1831 – 1840)

DO AVANÇO LIBERAL AO REGRESSOCONSERVADOR

O período regencial iniciado logo após aabdicação de D.Pedro I está marcado em quatromomentos distintos:

  Regência Trina Provisória(Abril a Julho de 1831): Definida as pressasconforme seguindo as especificações queestavam assinadas na constituição de 1824.Tinha como lideranças um militar, um liberal e umconservador e foi estabelecida para administrar atransição do Primeiro Reinado para o PeríodoRegencial. 

  Regência Trina Permanente(1831-1834): Composta por Francisco de Lima eSilva, José da Costa Carvalho e João BráulioMuniz, no entanto o nome de maior destaque foipadre Feijó, ministro da Justiça, que após 1834,foi eleito, conforme a alteração da Constituição,para Regente Uno.

  Regência Uma de Padre Feijó(1835-1837): Renunciou antes de cumprir omandato sob a pressão da eclosão de duas dasrevoltas mais importantes do período: aCabanagem no Pará e a Farroupilha no RioGrande do Sul.

  Regência Araújo Lima (1837-1840):  Assume sob uma pauta de promessa dedura repreensão contra as rebeliões. Acaba tendoque lidar com outras duas de grande importância,a Sabinada na Bahia e a Balaiada no Maranhão.Sua luta para manter a ordem e a unidadeterritorial foi finalizada com o golpe daMaioridade.

Uma vez finalizado o Primeiro Reinado,sinalizando com a derrota da autocracia, foramtomadas várias medidas liberais, caracterizandoesse momento, como “Avanço Liberal”. Pela

primeira vez, foi se pensado em um Ato Adicionalpara a Constituição de 1824 dando apossibilidade a elite brasileira pela primeira vezexperimentar um regime governamental maisdemocrático e mais próximo do republicanismouma vez que na ausência de D.Pedro I, não haviamais quem ocupasse o Poder Moderador. Nestecenário, as assembleias tornaram-se os espaçospara os debates e para a experimentação de umaexperiência democrática por parte das elitespolíticas que se organizavam em três frentesdistintas para a discussão do Ato Adicional sendoelas:

  Liberais Exaltados: Grupo maisliberal existente naquele período, insistiam em

uma releitura mais federalista e que ampliassema autonomia das províncias da nação uma vezque a centralização em torno do Rio de Janeiro

transformava o sistema em um aparelho pesado eburocrático para as províncias mais distantescomo o Rio Grande do Sul, por exemplo. Lutavampor grandes reformas constitucionais como porexemplo a extinção do poder moderador.

  Liberais Moderados: Consistiamno grupo liberal mais reformista, porém, quepreferia manter uma unidade e uma autoridadecentral. Compunham sobretudo a visão política daelite brasileira do sudeste e apesar das reformasconstitucionais propostas, a extinção do podermoderador não estava, por exemplo, em pauta ou

se estivesse, não seria a prioridade. A ordem e aunidade viriam em primeiro lugar.

  Restauradores ou Caramurus:Compunham o grupo mais conservador daqueleperíodo. A pauta principal dos restauradores eramanter as coisas como estão para minimizar asalterações neste período de transição e haviaainda aqueles que queriam o retorno de D. PedroI. Para os Caramurus, a reforma constitucionalera algo impensável, a extinção do PoderModerador algo ainda mais inconcebível.

O AVANÇO LIBERAL (1832  –  1837) E O ATOADICIONAL DE 1834

 A queda de D. Pedro não trouxe deimediato a pacificação da sociedade. Em abril,eclodiram mais conflitos entre brasileiros eportugueses. Essas instabilidades, geraram umacerta paralisação comercial, pois os comercianteslusos se retiraram do Rio de Janeiro e osbrasileiros suspenderam seus negócios, gerandodesemprego e aumentando ainda mais ainstabilidade social.

Os moderados, beneficiários com aqueda do imperador, haviam perdido o controle eestabeleceram alianças com os exaltados econservadores para formação de um quadrodirigente: “Sociedade Defensora da Liberdade eda Independência”, quadro este que seriacomandado pelo grupo mais forte, o moderado.Como atrativo, ofereceu aos exaltados a reformaconstitucional, com a sociedade escolhendopresidentes provinciais e reformando o exércitoexcluindo os radicais dos bons cargos.

Em 1831 houve a sublevação de 26ºBatalhão do Rio de Janeiro, exigindo diversas

medidas, dentre elas a renuncia do Ministro daJustiça: Padre Feijó. No entanto, bastou a recusano atendimento para as tropas se recolherem ao

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batalhão novamente. Mesmo sem ter geradomaiores problemas, este movimento deixou claroque o governo regencial não poderia confiar nastropas regulares. A partir desta constatação foicriada a Guarda Nacional.

 A Guarda era subordinada ao Ministro daJustiça e acabava com as milícias. A Guarda era

uma força paramilitar, onde os oficiais erameleitos por votação secreta. Assim os moderadosse equipavam com uma força eficiente e fiel. Coma Guarda, os moderados controlaram a situação,se dando o luxo de afastarem os radicais dopoder.

Os agrupamentos políticos mais uma vezcomeçaram a se cristalizar no momento dediscussão da reforma constitucional. Esta reformadefiniu uma monarquia federativa, senado eleito etemporário e criação de Assembleias LegislativasProvinciais. O projeto foi enviado ao Senado, emreação organizou-se a defesa a Constituição

Outorgada por D. Pedro I. Eram os restauradores,agora em franca oposição aos exaltados e aosmoderados.

Mesmo com um restaurador na tutela,José Bonifácio, os moderados empreenderamreformas dentro do governo, reformas essas quesão a base do período chamado de AvançoLiberal. As reformas se caracterizam por:

1  –  Aprovada a Lei que garantia osdeputados eleitos em 1833 poderes constituintespara reformar a Carta outorgada por D. Pedro.

2  –  Aprovado o Código de ProcessoCriminal dando autonomia judiciária aos

municípios, com juízes de Paz eleitos localmente,com o poder de polícia. Nota-se que esses esteseram controlados pelos proprietários locaisdetentores do poderes de fato.

3  – Os deputados eleitos providenciaramas seguintes Reformas Constitucionais: Assembleias Legislativas Provinciais podendolegislar sobre matérias civis e militares einstruções políticas e econômicas dos municípios. A Regência Trina foi transformada em Una, comeleições diretas.

Estas medidas receberam o nome de AtoAdicional aprovados após Assembleia em 1834.O mesmo preservou a vitaliciedade do Senado,como concessão aos restauradores, além daautonomia provincial como ganho aos exaltadose, para a surpresa de todos, a manutenção doPoder Moderador. Por mais que parecesse umcompleto avanço liberal, o ato adicional, porém,foi a resposta a um projeto um tanto quanto maisousado por parte dos exaltados, o ProjetoMiranda Ribeiro que fracassou em ser aprovadopor ser considerado demasiado liberal pelamaioria da elite política daquele cenário, nesteprojeto, estava proposto, por exemplo, o fim davitaliciedade do senado e o fim do PoderModerador.

 Assim o que polarizou a política foi adefesa ou não do Ato Adicional: os que os

defendiam foram chamados de progressistas  eos contrários regressistas. Os últimos seaproximavam dos antigos restauradores,defendendo o centralismo, enquanto os primeirosdefendiam a descentralização. Algunsmoderados, com medo da agitação popularcomeçaram a defender a centralização, pois com

o fim dos restauradores e a morte do antigoimperador D.Pedro I em 1834 o risco doabsolutismo estava suspenso. No entanto, operigo de uma rebelião popular inquietava a elite.

Nas eleições para Regência concorreramPadre Feijó e Antonio Francisco de PaulaHolanda, um rico senhor de engenhopernambucano. Os progressistas apoiaram Feijóe os regressistas o seu adversário. Osprogressistas saíram vitoriosos na regência, maisum ano após perderam para os regressistas naseleições legislativas.

Feijó assumiu em 1835 e governou até

37, num momento de eclosão de diversasrebeliões espalhadas Brasil afora sendo duasdelas de grande importância como a Cabanageme a Farroupilha. Em 1836 dizia o regente:

“Nossas instituições vacilam, o cidadãovive receoso; o governo consome o tempo emvãs recomendações. Seja ele responsabilizadopor abusos e omissões, dai-lhe porém, leisadaptadas as necessidades públicas, dai-lheforças para que possa fazer efetiva a vontadenacional. O vulcão da anarquia ameaça devorar oImpério. Aplicai a tempo o remédio.” 

 A Câmara dos Deputados, colocou-se emoposição a Feijó, dando origem a umagrupamento regressista, que foi ignorada peloregente. Este ato foi um erro, pois o mesmo nãopercebeu que esse agrupamento representava osverdadeiros interesses da elite dirigente. Oregente foi se isolando politicamente e diante daoposição e da falta de pulso para coibir asrebeliões, Feijó se demitiu em 1837, sendo aRegência assumida interinamente por AraújoLima.

O REGRESSO CONSERVADOR E AREGÊNCIA DE ARAÚJO LIMA

O novo gabinete de Araújo Lima eracomposto pela maioria, ou seja, de regressistasque se opuseram ao Ato Adicional de 1834considerando-o demasiado liberal, daí o nome deregresso conservador para este período dahistória. Para esta elite o liberalismo resumia-se aluta contra o despotismo de D. Pedro I. Uma vezvencido este obstáculo era necessário parar o“carro revolucionário” evitando a todo custo ademocracia, que então era identificada comoanarquia. Nas eleições de 1836, as gravesagitações nos variados pontos do Brasil,

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contribuíram para eleição de uma maioriaregressista para Câmara dos Deputados. Essatendência, antidemocrática começava a se firmarno país.

 A harmonia entre o Legislativo eExecutivo, ambos regressistas, favoreceu acoesão da aristocracia, que pôde então, enfrentar

com firmeza as várias rebeliões que incendiavamo país, e assim preparar terreno para a chegadaao poder de D. Pedro II. Situação que foi muitobem aproveitada pelos progressistas que se viamgradativamente cada vez mais derrotados dentrodo cenário político brasileiro uma vez que osregressistas,seus opositores, estavam tendo êxitoonde eles haviam fracassado: manter a unidadeterritorial e a ordem.

AS PRINCIPAIS REBELIÕES REGENCIAIS

  A Cabanagem (1835  –  1840): OPará sempre fora dominado por uma camada dericos comerciantes portugueses, aliados de altosfuncionários civis e militares. Este grupo resistiu oquanto pode a declaração de Independência, sósendo sanado o problema um ano após o Grito doIpiranga, com o envio de tropas cariocas. Noentanto, a proclamação alterou muito pouco avida da população mais pobre. Sentindo-se traídoo povo se rebelou e passou a exigir a participaçãode seus líderes no governo provisório. 

 Após alguns poucos anos de paz, asagitações retornaram a cena no momento da

abdicação, pois as autoridades locais nomeadaspela regência, foram contestadas pela população,este fato somado a falta de pulso por parte daregência provocou um clima de continuainstabilidade. Para contornar as agitações aregência enviou um novo governante, e o mesmose inclinou em estabelecer uma políticarepressora, que com o tempo se mostrou ineficaz,e estimulou o aparecimento de novas rebeliões,como a Cabanagem.

Contra o novo presidente da província,estava sendo organizado um levante armado. Omovimento que se irradiou de Belém para a zonarural eclodiu em 1835, onde os cabanosdominaram facilmente a capital e executaram opresidente da Província. Foi eleito como novopresidente um dos líderes do movimento,Malcher, que quando assumiu o poder, sedeclarou fiel ao Imperador e tratou de reprimir omovimento que o colocara no poder  –  umaespécie de contramovimento.

Enquanto o novo presidente seincompatibilizava com os Cabanos, crescia apopularidade de um novo líder: Pedro Vinagre.Quando Malcher tentou proceder um golpe contraPedro, foi preso, executado e o novo líder passoua responder pelo poder. Surpreendentemente omesmo seguiu a linha do seu antecessordeclarando fidelidade ao Imperador, e

prometendo entregar o poder a nova indicação dogoverno.

Temendo pelas constantes agitações daregião o governo enviou um forte aparato militar.O novo governo se resumiu a conquistar a capital,enquanto os cabanos se retiraram para o interior,onde se reagruparam, e conseguiram mais uma

vez conquistar a capital e proclamar a República.Meses após a retomada a Coroa enviou

mais uma vez uma forte esquadra, chefiada pelobrigadeiro José Francisco de Souza, que serianomeado presidente da mesma. No momento dachegada a capital, os cabanos já sem mais forçasse retiraram para o interior sofrendo violentarepressão. Como legado a cabanagem deixou omarco de ser o primeiro movimento popular a terchegado efetivamente ao poder tendodificuldades apenas em mantê-lo por parte desuas lideranças.

  Revolução Farroupilha (1835  – 1845) : O nome desta rebelião se deve a roupapeculiar dos revoltosos, que buscaram aseparação do restante do território nacional,liderados pelos criadores de gado da divisa com oUruguai. 

No século XVIII a base econômica daregião se solidificou com a indústria do charque(carne seca). Assim, se antes a principal atividadese restringia a pele do gado, a partir de agora acarne também passou a ser economicamentevital, sendo exportada para portos brasileiros,destinada principalmente para alimentação de

escravos. Assim, quer estancieiros, quecharqueadores, a economia do Rio Grande do Sulficou voltada ao mercado externo.

Contudo as charqueadas argentinas euruguaias se desenvolviam contando com o apoiogovernamental o que não acontecia aqui noBrasil, fazendo pesada concorrência aos produtosgaúchos no mercado externo.

 Após a Independência do Brasil, osgaúchos se tornaram importantes na criação dealimentos para os escravos, além de serem vitaismilitarmente na fronteira, pois garantiam a posseda região. No entanto, os mesmos estavamdecepcionados com o poder central, nanomeação de presidentes provinciais e tambémdevido a pesada carga de impostos cobrados. Assim, ao passo que os argentinos cobravambaixas tarifas para importação do sal (matériabásica para os charqueadores) o governobrasileiro fazia com seus impostos subir o preçodo produto, fazendo com que o charque platinofosse mais competitivo do que o gaúcho.

 A peculiaridade econômica do RioGrande a deixou propensa a defesa dofederalismo e da república, base das lutas da América Espanhola, com a qual os estancieirosconviviam estritamente. Em 1834, nas eleições da Assembleia Legislativa Provincial, a maioria dosdeputados eleitos eram os produtores da região,

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os Farrapos. Com o poder político nas mãos,estavam dispostos a derrubar os altos tributos,mesmo que para isso necessitasse desagradar acoroa. A oposição entre Assembleia e Executivo,conduziu ao confronto militar em 1835.

Os rebeldes liderados por BentoGonçalves dominaram Porto Alegre e no ano

seguinte proclamaram a República Rio-Grandense ou de Piratini. No ano de 1837 uniu-seaos rebeldes o revolucionário italiano GiuseppeGaribaldi, um dos principais líderes da unificaçãoitaliana. O mesmo ajudou na anexação de SantaCatarina ao movimento, com a criação darepública Catarinense. Neste momento aFarroupilha atingia seu ápice, para após perderimpulso por dois motivos: sua estreita base social,pois a maioria da população não aderiu a ela, epela característica agroexportadora da região quenão permitia economicamente um desligamentodo resto do Brasil.

(Cavalaria dos Farrapos)

Em 1840 com a maioridade de D. PedroII, foi oferecida anistia aos revoltos, mais osfarrapos continuaram na luta. Somente em 1842com a designação de Caxias (futuro duque) osfarrapos foram dominados. Caxias cortou as viasde comunicação com o Uruguai, e negociou comos revolucionários para abrandar o animorevolucionário. Em março de 1845 através de umacordo entre governo e liderança farroupilha

chegava ao fim o movimento, com váriasconcessões: anistia geral aos revoltosos,incorporação dos soldados ao exército imperialem igual posto, e devolução de terras que haviamsido confiscadas pelo governo.

  A Sabinada (1837  –  1838):  Aoportunidade perdida de democratizar a práticapolítica, de um lado, e a insistência em manterinalterado o instituto da escravidão, de outro,praticamente fizeram aflorar todo o anacronismodo Estado brasileiro, provocando várias reações.Os sabinos da Bahia, mesmo manifestando

fidelidade monárquica, proclamaram umarepública provisória. Marcavam seu desejo deseparação do govemo central respeitando o rei-

menino, como demonstra seu programa,publicado em 1837: "A Bahia fica desde jáseparada, e independente da Corte do Rio deJaneiro, e do Govemo Central, a quem desde jádesconhece, e protesta não obedecer nem aoutra qualquer Autoridade ou ordens daliemanadas, enquanto durar a menoridade do sr.

dom Pedro II." 

 Apesar da aparente participação popularna Sabinada, prevalecia entre os revoltosos aclasse média.

Há pontos em comum entre os sabinose os farrapos. Identificavam-se principalmentecom o anticentralismo imperial: os sabinos, maisretoricamente ideológicos, e os farrapos, maispragmáticos. É sintomático que um dos motivosimediatos da eclosão do movimento baiano seja afuga de Bento Gonçalves da cadeia, facilitada porseus companheiros de idéias em Salvador. É que

o líder baiano, o médico Francisco Sabino, quedeu o nome à insurreição, cumprira pena no RioGrande do Sul por assassinar um políticoconservador em 1834. No Rio Grande, Sabinoconviveu com as idéias farroupilhas e ficou amigode Bento Gonçalves. 

Só em 1836 é que Sabino voltara àBahia. Se as idéias se assemelham, a prática éoutra. Os baianos são letrados e propagam seuideário pelos jornais. Tentam convencer o povoda justiça de sua causa.

 A Sabináda obtém a vitória em 7 denovembro de 1837, com a adesão de parte das

tropas do govemo. As autoridades imperiaisfogem de Salvador e é proclamada a república.Os sabinos não conseguem, porém, convencer ointerior da Bahia, especialmente o Recôncavo, aaderir ao movimento, cujo os grandes senhoresajudam o govemo imperial a sufocar ainsurreição. O Império contra-ataca e vence, em15 de março de 1838. O comandante no entandoexcede-se na repressão, incendiando Salvador e jogando nas casas em fogo os defensores darepública baiana.

Se gente do povo é queimada, só três doslíderes são condenados à morte. Mas ninguém éexecutado: o próprio Sabino tem a penacomutada para degredo intemo e morrepacificamente em Mato Grosso.

Talvez a "vingança" se explique pela perdade controle dos líderes sobre os setores mais"franceses" da insurreição. No decorrer da lutasurgiram correntes agredindo a aristocracia,divulgando na imprensa suas perigosas idéias.

Porém essa confusão ideológica nãosignifica ascensão do povo. É uma reação contrao apoio que a aristocracia baiana dá ao lmpério,fornecendo gente para sufocar a rebelião. Nempor isso deixou de assustar as classesdominantes.

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  A Baladiada (1838  –  1841):  ABalaiada foi uma rebelião da massa maranhensedesprotegida, composta por escravos,camponeses e vaqueiros, que não tinham amenor possibilidade de melhorar sua condição devida miserável. Esses grupos sociais, queformavam a grande maioria da população pobre

da província, encontravam, naquele momento,sérias dificuldades de sobrevivência devido àgrave crise econômica e aos latifúndiosimprodutivos. A crise econômica havia sidocausada pela queda da produção do algodão -base da economia da província - que sofria aconcorrência norte-americana.

 A massa de negros e sertanejos, cansadade ser usada pela classe dominante, terminou seenvolvendo numa luta contra a escravidão, afome, a marginalização e os abusos dasautoridades e militares. Os líderes do movimentoforam o vaqueiro Raimundo Gomes, o fabricante

de Balaios (daí o nome) Manuel Francisco dos Anjos e o negro Cosme, chefe de um quilombo eque organizou quase três mil negros.

Os rebeldes chegaram a conquistar Caxias,a segunda cidade mais importante do Maranhão.Porém, a desorganização, a falta de união edivergências dos líderes e o desordenamento dosgrupos, onde cada chefe agia isoladamente,facilitaram a vitória das forças militares, enviadaspelo governo. Por ter vencido os rebeldes emCaxias, Luís Alves de Lima e Silva recebeu o seuprimeiro título de nobreza: Barão de Caxias. Maistarde, ele recebeu outros títulos, inclusive o de

Duque de Caxias.

Sessão Leitura  –  A Estadia deGiuseppe Garibaldi no Brasil

Giuseppe residiu algum tempo no Rio deJaneiro,  onde foi membro da Congrega dellaGiovine Itália, fundada por  Giuseppe StefanoGrondona.  Foi também no Rio de Janeiroconheceu Luigi Rossetti,  com quem se juntouà Revolução Farroupilha. 

Também conheceu BentoGonçalves ainda em sua prisão, no Rio deJaneiro,  e obteve dele uma  carta de corso paraaprisionar embarcações imperiais. Em 1° desetembro de 1838, Garibaldi foi nomeado capitão-tenente, comandante da marinha farroupilha17. Rossetti e Garibaldi transformaram seu pequenobarco comercial Mazzini  em corsário a serviçoda República Rio-Grandense. No caminho para osul, atacaram um navio austríaco, com uma cargade café,  e trocaram de navio com seusocupantes, rebatizando a nova embarcaçãode Farroupilha.

Enquanto Rossetti desembarcou no portode Maldonado, Garibaldi foi capturado pela políciamarítima uruguaia, acabando preso na Argentina. Depois de algum tempo preso, tendo inclusive

sido torturado, conseguiu fugir e chegar ao RioGrande do Sul.

Junto aos republicanos foi encarregadode criar um estaleiro, o que foi feito junto a umafábrica de armas e munições em Camaquã,  naestância de Ana Gonçalves, irmã de BentoGonçalves. Lá Garibaldi coordenou a construção

e o armamento de dois lanchões de guerra. Paraparticipar da empreitada marinheiros vieramde Montevidéu e outros foram recrutados pelasredondezas. Terminada a construção dos barcos,foram lançados à água os lanchões Seival  eFarroupilha. Porém, acossados pela armadade John Grenfell,  não tiveram muito sucesso:capturaram alguns barcos de comérciodesprevenidos, em lagoas ou rios longeda armada imperial.

Surgiu, então, o plano de levar os barcospela lagoa dos Patos até o rio Capivari e, dali, porterra, sobre rodados especialmente construídos

para isso, até a barra do Tramandaí,  onde osbarcos tomariam o mar. Os farrapos, despistarama armada imperial e conseguiram enveredar peloestreito do rio Capivari e passaram os barcos aterra em 5 de julho de 1839. Puxando sobrerodados, os dois lanchões artilhados, com cem juntas de bois, atravessaram ásperos caminhos,pelos campos úmidos - em alguns trechoscompletamente submersos, pois era inverno, comtempo feio, chuvas e ventos, que tornavam ochão um grande lodaçal. Cada barco tinha doiseixos e quatro grandes rodas, revestidas de courocru . Piquetes corriam os campos entulhando

atoleiros, enquanto outros cuidavam da boiada.Levaram seis dias até a lagoa Tomás

José, vencendo 90 km e chegando a 11 de julho.No dia 13, seguiram da lagoa Tomás José à barrado rio Tramandaí,  no oceano Atlântico, e, no dia15, lançaram-se ao mar com uma tripulação mistade 70 homens. O Seival , de 12 toneladas, eracomandado pelo norte-americano John Griggs, conhecido como "João Grandão", e o Farroupilha,de 18 toneladas, comandado por Garibaldi -ambos armados com quatro canhões de dozepolegadas, de molde "escuna”  . Por fim, a 14 de julho de 1839,  os lanchões rumarama Laguna para atacar a província vizinha. Nacosta de Santa Catarina,  próximo ao rio Araranguá,  uma tempestade pôs a piqueo Farroupilha, salvando-se milagrosamente unspoucos farrapos, entre eles o próprio Garibaldi.

Com a chegada da marinha farroupilha aSanta Catarina, unindo-se às tropas do exército,sob o comando geral de David Canabarro,  foipossível preparar o ataque a Laguna por terra epela água. A marinha farroupilha entrou atravésda  lagoa de Garopaba do Sul,  passando pelo rioTubarão,  e atacou Laguna por trás,surpreendendo os imperiais que esperavam umataque de Garibaldi pela barra de Laguna e nãopela lagoa. Garibaldi tomou um brigue e doislanchões, enquanto somente o brigue-

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escuna Cometa conseguiu escapar para o mar. Oimpério então impôs um bloqueio naval quebuscava estrangular a repúblicaeconomicamente. Garibaldi ainda conseguiu furaro bloqueio com três barcos, capturou dois naviosde comércio, trocou tiros com o brigue-escuna Andorinha e tomou o porto

de Imbituba. Alguns dias mais tarde retornou aLaguna, em 5 de novembro. 

Pouco tempo depois, o império reagiucom força total, comandado pelogeneral Francisco José de Sousa Soares de Andrea,  comandante de armas de SantaCatarina, com mais de três mil homens atacandopor terra. Enquanto isto, por mar, o almiranteimperial Frederico Mariath,  com uma frota de 13navios, melhor equipados e experientes, iniciou abatalha naval de Laguna. Garibaldi fundeouconvenientemente seus cinco navios, que sebateram contra os imperiais valentemente, mas

sem chances de vitória. Nos navios farroupilhasnenhum comandante ou oficial escapou com vida.O próprio Garibaldi, vendo a derrota iminente,queimou seu navio, a escuna Libertadora, e se juntou à tropa de Canabarro, que preparou aretirada de Laguna. Era o fim da marinhafarroupilha.

Em Laguna, Garibaldi ainda conheceu Ana Maria de Jesus Ribeiro, conhecida depoiscomo Anita Garibaldi, com quem se casaria e quese tornaria sua companheira de lutas naAméricado Sul e depois na Itália.

“ Eu vi corpos de tropas mais numerosas,

batalhas mais disputadas, mas nunca vi,

em nenhuma parte, homens mais valentes,

nem cavaleiros mais brilhantes que os da

bela cavalaria rio-grandense, em cujas

fileiras aprendi a desprezar o perigo e

combater dignamente pela causa sagrada

das nações. 

Quantas vezes fui tentado a patentear aomundo os feitos assombrosos que vi

realizar por essa viril e destemida gente,

que sustentou, por mais de nove anos

contra um poderoso império, a mais

encarniçada e gloriosa luta! ” - Garibaldi  

Depois das queda de Laguna, as tropasfarroupilha tomaram o caminho de Lages pararetornar ao Rio Grande do Sul. Enquanto isso, ogoverno imperial havia decidido enviar um

contingente de tropas ao sul pelo interior, com amissão de retomar Lages e depois auxiliar contrao cerco de Porto Alegre pelos farrapos. Travando

pequenos combates com piquetes farroupilhasem novembro, através dos Campos dosCuritibanos e Campos Novos, as tropas imperiaischegaram a Lages, onde retomaram a vila. Osfarroupilhas ainda retomaram Lages brevemente,mas as tropas legalistas foram reforçadas poruma divisão vinda de Cruz Alta,  sob o comando

do coronel Antônio de Melo Albuquerque, o "MeloManso". Garibaldi e Teixeira Nunes, pressentindoum ataque, dividiram suas tropas, uma partindopara o norte, onde, perto do rioMarombas encontrou uma tropa legalista superiorem 12 de janeiro de 1840. Os republicanos foramdizimados e, dos 500 iniciais, menos de 50conseguiram retornar a Lages e depois voltar aoRio Grande do Sul.

Garibaldi ainda participou com BentoGonçalves,  Domingos Crescêncio de Carvalho e1.200 homens da campanha pela conquistade São José do Norte, onde, depois de uma longa

marcha a cavalo, se travou uma duríssimabatalha de quase nove horas, tendo os farrapostomado a cidade por pouco tempo - a reaçãovinda de  Rio Grande logo expulsou os farraposembriagados.

 A pedido, o presidente Bento Gonçalvesdispensou Garibaldi de suas funções e ele entãomudou-se para Montevidéu, no Uruguai,  com Anita e seu filho Menotti, nascido em Mostardas, no litoral sul do estado do  Rio Grande do Sul. Recebeu um rebanho de 900 cabeças de gado,das quais, depois de 600 quilômetros de marcha,300 chegaram a Montevidéu, em junho de 1841.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Giuseppe_Garibaldi, extraído 12/05/2014)

(Giuseppe Garibaldi em 1866)

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Exercícios sobre o PeríodoRegencial

01). (MACKENZIE) Do ponto de vistapolítico, podemos considerar o PeríodoRegencial como:

a) uma época conturbadapoliticamente, embora sem lutas separatistas quecomprometessem a unidade do país;

b) um período em que asreivindicações populares, como direito de voto,abolição da escravidão e descentralizaçãopolítica, foram amplamente atendidas;

c) uma transição para o regimerepublicano que se instalou no país a partir de1840;

d) uma fase extremamente agitadacom crises e revoltas em várias províncias,geradas pelas contradições daselites, classemédia e camadas populares;

e) uma etapa marcada pelaestabilidade política, já que a oposição aoImperador Pedro I aproximou os váriossegmentos sociais, facilitando as alianças naRegência.

02). Durante o Período Regencial:

a) A monarquia imperial foi extinta,instaurando-se em seu lugar uma repúblicaFederalista.

b) Os regentes governaram de formaabsoluta, fazendo uso indiscriminado do PoderModerador.

c) As facções federalistas criaram aGuarda Nacional, um eficiente instrumento militarde oposição ao Exército regular da Regência.

d) Nenhum regente fez uso do PoderModerador, o que, de certa maneira, permitiu aprática do Parlamentarismo.

e) As camadas populares defenderama proclamação de República e a extinção daescravidão.

03. (UFGO) O Período Regencialapresentou as seguintes características,menos:

a) Durante as Regências surgiramnossos primeiros partidos políticos: o Liberal e oConservador.

b) O Partido Liberal representava asnovas aspirações populares, revolucionárias erepublicanas.

c) Foi um período de crise econômicae social que resultou em revoluções como aCabanagem e a Balaiada.

d) Houve a promulgação do Ato Adicional à Constituição, pelo qual o regentepassaria a ser eleito diretamente pelos cidadãoscom direito de voto.

e) Formaram-se as liderançaspolíticas que teriam atuação marcante no IIReinado.

04. (UNITAU) Sobre o PeríodoRegencial (1831 - 1840), é incorreto afirmarque:

a) foi um período de intensa agitaçãosocial, com a Cabanagem no Rio Grande do Sul ea guerra dos Farrapos no Rio de Janeiro;

b) passou por três etapas: regênciatrina provisória, regência trina e regência una;

c) foi criada a Guarda Nacional,formada por tropas controladas pelos grandesfazendeiros;

d) através do Ato Adicional asprovíncias ganharam mais autonomia;

e) cai a participação do açúcar entreos produtos exportados pelo Brasil e cresce aparticipação do café.

05. (UFS) " ... desligado o povo rio-grandense da comunhão brasileira, reassumetodos os direitos da primitiva liberdade; usadestes direitos imprescritíveis constituindo-seRepública Independente; toma na extensa escalados Estados Soberanos o lugar que lhe compete

..."Na evolução histórica brasileira, pode-

se associar as idéias do texto à:

a) Sabinadab) Balaiadac) Farroupilhad) Guerra dos Emboabase) Confederação do Equador

06. "Em 1835, o temor da "haitianização"que já era comum entre muitos políticos doPrimeiro Reinado, cresceu ainda mais depois daveiculação da estarrecedora notícia: milhares deescravos se amotinaram a ameaçavam tomar acapital da província."

O texto acima trata da:a) Balaiada ocorrida no Maranhão;b) Revolta dos Quebra-Quilos, verificada

em Alagoas;c) Abrilada, detonada no Rio de Janeiro;d) Revolta dos Malês, ocorrida na Bahia;e) Revolta do "Maneta", destravada em

Pernambuco.

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07). (MACKENZIE) Marque a alternativaque completa corretamente o texto seguinte:

"As causas da ___________ eramanunciadas por Bento Gonçalves no manifesto de29 de agosto de 1838, denunciando as altastarifas sobre os produtos regionais: ouro, sebo,charque e graxa, política esta responsável pela

separação da província de São Pedro do RioGrande do Sul da Comunidade Brasileira."

a) Cabanagemb) Balaiadac) Farroupilhad) Sabinadae) Confederação do Equador

08. (UCSAL) Durante as primeirasdécadas do Império, a Bahia passou grandeagitação política e social. Ocorreram várias

revoltas contra a permanência de portuguesesque haviam lutado contra os baianos naGuerra da Independência. Entre as revoltas aque o texto se refere pode-se destacar, a:

a) Farroupilhab) Praieirac) Balaiadad) Cabanageme) Sabinada

09. (FUVEST) A Sabinada que agitou a

Bahia entre novembro de 1837 e março de1838:

a) tinha objetivos separatistas, no quediferia frontalmente das outras rebeliões doperíodo;

b) foi uma rebelião contra o poderinstituído no Rio de Janeiro que contou com aparticipação popular;

c) assemelhou-se à Guerra dos Farrapos,tanto pela posição anti-escravista quanto pelaviolência e duração da luta;

d) aproximou-se, em suas proposiçõespolíticas, das demais rebeliões do período peladefesa do regime monárquico;

e) pode ser vista como uma continuidadeda Rebelião dos Alfaiates, pois os doismovimentos tinham os mesmos objetivos.

10. (UMC) O Golpe da Maioridade,datado de julho de 1840 e que elevou D. PedroII a imperador do Brasil, foi justificado comosendo:

a) uma estratégia para manter a unidade

nacional, abalada pelas sucessivas rebeliõesprovinciais;

b) o único caminho para que o paísalcançasse novo patamar de desenvolvimentoeconômico e social;

c) a melhor saída para impedir que oPartido Liberal dominasse a política nacional;

d) a forma mais viável para o governoaceitar a proclamação da República e a aboliçãoda escravidão;

e) uma estratégia para impedir ainstalação de um governo ditatorial e simpatizantedo socialismo utópico.

GABARITO DAS QUESTÕES SOBRE OPERÍODO REGÊNCIAL: 1 – D 2 – D 3 – B4 – A 5 – C 6 – D 7 – C 8 – E9 – B 10 – A

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CAPÍTULO 06

O SEGUNDO REINADO (1840 – 1889)

O GOLPE DA MAIORIDADE (1840)

 As disputas entre progressistas eregressistas resultaram no surgimento de doispartidos: O regressista e o conservador, que sealteraram no poder ao longo do segundo reinado.Enquanto o partido liberal se organizou pelo Ato Adicional o Conservador buscou a limitação doliberalismo do Ato Adicional, com uma leiinterpretativa. A Regencia começou Liberal, maisterminou Conservadora, graças a ascenção daeconomia cafeeira, já que o produto se tornou noprincipal produto na pauta de exportações, ecomo os líderes conservadores eram cafeeiros aliderança se explica.

Com a abdicação de D. Pedro, o Brasil seviu em instabilidade, graças ao caráter transitórioem que se apresentavam as regências, umsubstituto do poder legítimo. Para conter o perigode fragmentação territorial a antecipação damaioridade de D. Pedro começou a ser cogitada.Levada a Câmara, a proposta foi aprovada, e em1840, com 15 anos incompletos, D. Pedro jurou aConstituição e foi aclamado D. Pedro II. Aproposta foi maquinada por liberais, que alijadosdo poder, viam apenas esta alternativa para seuretorno na cena política, uma vez que comporamo primeiro ministério do Segundo Reinado.

(D. Pedro II)

 As disputas políticas no entanto, ficaramcada vez mais acirradas, e para controlar o país,o partido no poder tratava de eleger nasprovíncias, presidentes de seu agrado. Naseleiçõs, chefes políticos tratavam de colocar nasruas bandos armados, o governo coagia eleitores,fraudava os resultados. Essa forma de fazerpolítica, ficou conhecida como “eleições do

cacete” e deu como de se esperar a vitória  aosLiberais.

AS MEDIDAS ANTI-LIBERAIS E O“PARLAMENTARISMO ÀS AVESSAS” 

 Apesar das disputas, os partidosConservador e Liberal eram bem próximos:ambos eram compostos pelos grandes

proprietários escravistas, e defendiam os mesmosinteresses: eram unidos contra a participaçãopopular nas decisões políticas, sendo a favor deuma política Anti-Liberal no sentido maisespecifico da palavra se remetendo a uma ideiaamplamente democrática, e também Anti-Popular.Essa maior unidade foi favorecida pelofortalecimento economico da aristocracia rural,provocado pelo café, no Vale do Paraíba,gerando o fortalecimento de três estados: SãoPaulo, Rio e Minas, que fortalecidas impunhamao restante da nação, seus inetresses básicos:centrealismo e marginalizaçao dos setores mais

radicais e democráticos da população.Para assegurar a ordem pública foi

reformado o código Civil e Criminal, conferindoaos poderes locais uma maior soma de poderes,não obedecendo mais ao antigo caráter liberal,pois toda a autorodade policial e judicial ficavasobordinada ao Ministério da Justiça.

Se no primeiro reinado foi constante osatritos entre o poder moderador e o Congresso,foi criado em 1847 a Presidencia do Conselhodos Ministros, onde o imperador nomeava opresidente do Conselho e este nomeava osdemais ministros. Nascia assim o

Parlamentarismo Brasileiro, bem diferente aopraticado na Europa, uma vez que no VelhoContinente, o Parlamento era quem escolhia seuprimeiro ministro. No Brasil o Parlamento nadapodia contra os ministros, que diviam suaprestação de contas ao Imperador. Este é o quechamamos de “parlamentarismo as avesas”. 

A REVOLUÇÃO PERNAMBUCANA OUREVOLUÇÃO PRAIEIRA (1848 – 1850)

 Assim como as revoluções de 1848 naEuropa representaram o encerramento de umciclo revolucionário iniciado com a RevoluçãoFrancesa, a Praieira correspondeu à última dasagitações políticas e sociais iniciadas com aemancipação e mais uma vez, Pernambucoestava no centro dos cenários revolucionários.

Pernambuco era, no século XIX, a maisimportante província do nordeste, graças ainda aoaçúcar, e seus políticos gozavam de influência noRio de Janeiro. Entretanto, a concentraçãofundiária em Pernambuco era tal, que um terçodos engenhos era propriedade de uma únicafamília: a dos Cavalcanti. Desse modo, atotalidade dos pernambucanos dependia direta ouindiretamente de um punhado de famílias queconduzia a sociedade tendo em vista

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exclusivamente os seus interesses. Pernambucoconcentrava ainda um numeroso grupo decomerciantes, de maioria portuguesa, quemonopolizavam as trocas mercantis. Aconcentração da propriedade fundiária e amonopolização do comércio pelos portuguesesforam os fatores de permanente insatisfação das

camadas populares em Pernambuco.Em Pernambuco existiam dois partidos: o

Liberal e Conservador, assim como no centro doImpério. Os Cavalcanti dominavam o Liberal e osRego Barros, o Conservador. Apesar dospartidos, essas duas famílias costumavam fazeracordos políticos com facilidade uma vez queneste período, vale lembrar, ainda que dividida,as elites brasileiras sempre possuíram umaorientação elitista em comum, afinal, se tratavamtodos de grandes latifundiários com plantéisenormes de escravos e deveriam zelar pelamanutenção deste status quo.

Porém, em 1842, membros do PartidoLiberal se rebelaram e fundaram o PartidoNacional de Pernambuco - que seria conhecidocomo Partido da Praia. Esses inconformadospertenciam a famílias que haviam feito fortuna emépoca recente, na primeira metade do século XIX,e tinham como eleitores senhores de engenho,lavradores e comerciantes. Eles deixaram claro omotivo de sua atitude: acusavam o presidente daprovíncia Rego Barros de distribuir os melhorescargos administrativos somente entre osmembros do Partido Conservador e a cúpula doPartido Liberal.

Em 1844 os praieiros conseguiramimportantes vitórias com a eleição de deputadospara a Assembleia Legislativa local, quecolaborou com a expulsão das poderosas famíliasdo poder no momento da eleição de um ministérioliberal. Uma vez instalados no governo, ospraieiros adotaram os mesmos métodos dosantigos governantes. Demitiram em massa osfuncionários da administração e da polícia quehaviam sido nomeados pelos conservadores,substituindo-os pelos seus correligionários. Oresultado imediato foi um grande caosadministrativo devido ao surgimento desteterceiro polo político que não estava afiliado nemà alta cúpula do Partido Liberal, nem ao PartidoConservador.

Para fazer face aos gastos comfuncionários públicos, policiamento e obraspúblicas aumentaram os impostos, encarecendoassim os alimentos, e consequentementegerando uma grande tensão social. O governousando do sentimento antilusitano da população,acabou por culpar os comerciantes portuguesespela alta, provocando a perseguição dosmesmos. Nada disso amenizou o fracasso daadministração. Por fim, a descoberta de inúmerasirregularidades em 1848 desmoralizou aadministração.

O novo presidente, de inclinaçãomoderada, assim que eleito, começou a afastaros praieiros da administração  –  da mesmamaneira que os praieiros fizeram ao subirem aopoder  –  criando, da mesma forma queanteriormente uma situação explosiva agravadapelo fator de instabilidade nos governos.

A DEFLAGRAÇÃO DA REBELIÃO PRAIEIRA

Sem aliados de peso na Corte, ospraieiros se enfraqueceram ainda mais com o fimdo domínio liberal no poder central do Rio deJaneiro e a ascensão dos conservadores sob aliderança de Pedro de Araújo Lima.

Tendo entre os seus principais líderes osmembros da aristocracia rural pernambucana, oPartido da Praia não era propriamente radical.Mas, diante de seus poderosos inimigos políticos,

os praieiros aliaram-se aos líderes mais radicais,que ajudaram a formular as principais exigências:1 ° - Voto livre e universal do povo brasileiro; 2° -Plena liberdade de comunicar os pensamentospela imprensa; 3° - Trabalho como garantia devida para o cidadão; 4° - Comércio para oscidadãos brasileiros; 5° - Inteira e efetivaindependência dos poderes constituídos; 6° -Extinção do poder moderador e do direito deagraciar; 7° - Elemento federal na novaorganização; 8° - Completa reforma do poder judicial de modo a assegurar as garantiasindividuais dos cidadãos. Destaca-se nas

propostas a ideologia da Revolução Francesatomando uma postura extremamente democráticae popular  – diferente do que a elite mantinha atéentão.

No entanto, sua rebelião tinha um carátermenos radical do o exposto no manifesto, umavez que a principal luta era por uma participaçãona política de maneira irrestrita, sem amonopolização da aristocracia rural.

O levante armado se iniciou com asdemissões dos praieiros. Estes se recusaram adeixar os cargos e resistiram armados, mas semcomando unificado. Suas bases eram osengenhos, com recrutamento de combatentesentre dependentes dos senhores.

 Até o final do ano de 1848, a rebeliãopraieira não passava de conflitos isolados,sobretudo no interior, com ataques a vilas paraintimidar os opositores ou então aos engenhosinimigos para recolher alimentos, munições eanimais de carga.

Mesmo assim, a rebelião praieira haviaatingido dimensões suficientemente graves emdezembro de 1848 para que o próprio Estadoimperial de interviesse. Com essa intervençãoimperial, os praieiros foram obrigados aconcentrar as suas forças para resistir. Porém, assuas dificuldades foram aumentando com o cortedos suprimentos de armas e munições, graças à

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ação de vigilância da polícia, que impediu que taissuprimentos chegassem às mãos dos rebeldes.Contando com aproximadamente 1500combatentes divididos em duas colunas, ospraieiros decidiram atacar o Recife. No confrontocom as tropas governistas, os praieiros perderam.Enquanto isso, alguns praieiros fugiram para o

exterior e, dos lideres aprisionados, dez foramcondenados à prisão perpétua, mas anistiadosem 1851.

O Apogeu Econômico do Império doBrasil – A Ascensão do Café

ECONOMIA E MODERNIZAÇÃO  –  OPROTECIONISMO DA TARIFA ALVESBRANCO (1844)

O tratado de 1810, a redução dosimpostos arrecadados, e as concessões feitas aoamericanos por ocosião do reconhecimento daIndependência, diminuiram em muito acapacidadede arrecadação do governo brasileiro. A falta de uma produção nacional que suprisse asnecessidades, fez do país uma economiadependente de fornecimento externo de produtosbásicos, como alimentos e algodão e que teriamque ser adquiridos com as divisas de exportação.Economicamente, continuavamos coloniais.

Essa distorção começou a ser corrigidaem 1844, com a substituição do livre cambismo

por medidas protencionistas, através da TarifaAlves Branco, como ficou conhecida o decretodo ministro Manuel Alves Branco. Através destedecreto, as entradas de produtos no Brasilpassaram a sofrer um aumento de impostos, paraque assim a produção nacional pudesse fazerconcorrência aos produtos do exterior. Aspressões internacionais foram fortes,especialmente dos britânicos, que detinhamenormes privilégios nos comércios com o Brasil.Embora a tarifa não estimulasse decisivamente odesenvolvimento de um mercado interno, foi umpasso importante para isso uma vez que

permitiria que as futuras indústrias brasileiraspudessem competir com as indústriasinternacionais através do preço ainda que nãopossuíssem o mesmo padrão de qualidade.

A EXPANSÃO DO CAFÉ (1830 – 1880 apr.)

Todo o período de “tranquilidade”, asuperação das crises regenciais e a estabilidadepolítica devem ser em grande parte atribuídos aeconomia cafeeira. A estrutura produtiva no Brasilcomo vem, em pouco foi alterado com a

emancipação. Continuamos exportadores debase escravista e monocultores. Só que a grandeprosperidade que o país alcançou se deveu aprodução de um produto com larga aceitação na

Europa: o Café (de origem árabe, consumidoinicialmente em Veneza e difundido rapidamentepara o resto da Europa). Desenvolvida em SãoPaulo, Rio e Minas, o café forneceu uma sólidabase econômica para o domínio dos grandesproprietários e favoreceu a definitiva consolidaçãodo Estado Nacional.

Inicialmente o café teve sua produção emtorno da capital do País, o Rio de Janeiro, poisencontrou ali uma estrutura já montada (animaispara o transporte, proximidade ao porto escoador), e aproveitou a disponibilidade da mão deobra escrava, que havia sido deixada naociosidade após o declínio da mineração.

 Além disso, o café não necessitava degrandes investimentos iniciais, como a montagemde engenho, conforme o Açúcar. O café dependiade dois fatores básicos: a terra e adisponibilização de mão de obra. Outra diferençaem relação ao açúcar é em relação à separação

entre a produção e a comercialização, pois noproduto adocicado, as decisões dependiam dosetor comercial, os senhores de engenho setornaram sócios minoritários, enquanto que nocafé, como foi produzido num país recentementeemancipado, deu um maior espaço de atuaçãodos produtores, no escoamento, no transporte,pois os mesmos tinham boa capacidadecomercial.

(Fazenda Produtora de Café no Vale Paraíba)

Como de 1830 a 1880 o café eracomercializado quase que exclusivamente peloBrasil, o Vale do Paraíba conheceu um períodode enorme prosperidade econômica, e estabilizouindiretamente da economia imperial. O café serviuainda para manter a estrutura colonial daplantation escravista ao qual o Brasil já estavamais que adaptado a utilizar. A cafeicultura secaracterizou por sua plantação predatória eextensiva, assim dada à falta de terras emabundância, o solo se esgotou no Vale, pelopróprio desgaste natural do mesmo com aagricultura, pois os plantadores cariocas, não se

utilizavam de técnicas para manter o sol, comopor exemplo a rotatividade, se preocupando

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apenas em usar a terra até esgotá-la, e feito isso,partir para uma nova terra virgem.

 Assim, com o esgotamento do solo noVale, a produção cafeeira para fugir dadecadência se direcionou ao Oeste Paulista,inicialmente em Campinas. Por encontrar um solonão tão acidentado como o do Vale, o plantio

ocupava longas extensões de terras no oeste:terras essas conhecidas como roxa, de origemvulcânica, mais fértil. A regularidade do relevofavorecia ainda uma melhor qualidade do café. Otransporte do Oeste, também era melhor, pois seaproveitava das redes viárias já disponíveis até oporto de Santos. Quando as plantações sedistanciaram dos portos, e o transporte feito poranimais não mais sanava as dificuldades, ospróprios proprietários, em associações comempresas privadas, começaram a estimular aconstrução de ferrovias.

Os superávits eram constantes com o

café, e recolocou economia nacional no exterior. A tarifa Alves Branco, responsável por corrigir asalíquotas dos impostos dos produtos importadosaumentou as receitas estatais e no fim todo essecenário de maior entrada de dinheiro, do apogeueconômico do café e da alfândega, possibilitaramas primeiras modificações e tentativas demodernização da sociedade e economia.

Neste momento, de empreendedorismo,destaca-se a figura do Barão de Mauá, que veioa investir-nos mais variados setores, comotransporte, produção de navios, no ramo bancárioe de comunicação. No entanto seus

empreendimentos não foram adiante com a gravecrise bancária de 1864, e em 1873 o Barão faliadefinitivamente vítima de seu próprioexpansionismo que investiu na indústria einfraestrutura do Brasil acreditando que teriaapoio do governo brasileiro em seusinvestimentos. Ele não imaginou, porém, queainda com os primeiros sinais de abolição, que ogoverno fosse favorecer a elite latifundiária emdetrimento desta tentativa de modernização eacabou pagando, e literalmente caro, por isto.

A Política Externa e a Guerra daParaguai (1865-1870)

 A posição geográfica do Paraguai odeixava completamene dependente da Argentinaou do Uruguai, pois situado no interior do prata,seus comerciantes ficavam a mercê do porto edos comerciantes de Buenos Aires. Estava claro,que para o Paraguai o direito de navegar comsegurança e a garantia de manter aberta acomunicação com o exterior eram interessesvitais.

Diante deste quadro de completadependência, os governos paraguaiosdesenvolveram uma política voltada para dentropara que assim dependesse o mínimo possível do

exterior. O primeiro ditador Paraguaio, Francia,percebeu que desenvolver uma política voltadapara exportação daria muitos poderes aosgrandes proprietários rurais e a burguesiamercantil, além de trazer consequantemente adependencia para com Buenos Aires, e asconcessões para os Argentinos custariam a

soberania do país.Para estimular o mercado interno houve o

incentivo as pequenas e médias propriedadesdirigidas ao consumo local, além do confisco dasgrandes propriedades e monopolização docomércio com o exterior. Assim, os traços quefizeram as peculiaridades do Paraguai foram:pequenas propriedades, estatização e ditadura.

O segundo ditador, Carlos Antonio López,se preocupou em desenvolver a indústria. Asreceitas obtidas com as exportações de couro eerva mate foram gastas com o equipamentotécnico do país, e a contratação de técnicos no

exterior, e o envio de estudantes para o velhocontinente, promovendo ao Paraguai umacondição de extinção do analfabetismo,eliminação da miséria e total auto-suficiência.

O Confronto

Brasil e Argentina eram os países maisfortes do continente, com interesses evidentes noestatuário do prata. O Uruguai, era um ponto deconstante atrito entre as duas nações. Osuruguaios estavam dentro de uma guerra civil,com a bipolarização política entre blancos e

colorados e naturalmente, cada partido eraapoiado por uma de suas nações vizinhas. Para oParaguai a manutenção da soberania e daindependencia do Uruguai seria a única forma demanter o acesso aos mares visto que a eliteblanca, apoiada por Solano López, presidente doParaguai na época, detinha o favoritismo naseleições.

O motivo imediato da guerra foi aintervenção brasileira a fovor dos coloradosdepois que eles perderam uma das eleiçõespresidenciais para os blancos, desfazendo oequilibrio das forças no Prata e alarmando oParaguai. Em represália, Solono Lopéz,apreendeu um navio brasileiro no Rio Paraguai,navio este que trazia o presidente da provincia doMato Grosso. As relações com o Brasil foramrompidas e no mesmo mês (Novembro) o MatoGrosso foi invadido, para depois o Paraguaiavançar sobre o Uruguai para tentar atingir o RioGrande do Sul. Com esta tática já definidaanteriormente, com um preparo militar adequado,o Paraguai mostrava que não estava mais amargem de Argentina e Brasil, agora o mesmoera uma força a ser olhada com cuidado, pois suaforça militar era considerável.

Diante do perigo de uma terceira potenciano continente, brasileiros e argentinos resolveramdeixar em segundo plano seus problemas e com

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o apoio inglês, estabeleceram uma aliança. Esseapoio inglês se devia sobretudo ao comérciobélico lucrativo para os britânicos.

Por muito tempo uma versão de que oapoio da Inglaterra ao Brasil e a Argentina se justificavam por uma questão de ameaçarepresentada pelo Paraguai e sua crescente

indústria que ameaçava competir com ainglesa na nova ordem econômica mundial.Esta tese já foi refrutada com base nos dadosde arrecadação de impostos e de exportaçãodo Paraguai, que se comparados ao Brasil e aArgentina demonstrariam uma grandeinferioridade por parte dos paraguaios, o queo impossibilitaria a competir com a Inglaterrapela demanda mundial de manufaturas, além,é claro, de nos deixar o questionamento deque se o Paraguai representasse algumaameaça para a Inglaterra, porque o Brasil e aArgentina, com indústrias mais desenvolvidas

não representariam igualmente?  Assim, com as “graças” da  Inglaterra em

Maio de 1865 formou-se a Tríplice Aliança,composta por Brasil, Argentina e Uruguai.

Nos primeiros momentos da guerra, oexército brasileiro encontrava-se maladministrado e mal formado, sem senso depatriotismo, disciplina e com um contigente militarpequeno diante do inimigo eínfimeo diante docenso populacional do Brasil. Diante destequadro, houve a necessidade de umamodernização no exército, a implementação deuma série de campanhas de recrutamentos de

voluntarios, soldados da Guarda Nacional e atémesmo de escravos que reverteram o quadro etransformaram o exército brasileiro em umapotência considerável para a época.

Na guerra naval do Riachuelo o Brasilimpôs uma pesada derrota ao Paraguai e mostrouo seu melhor preparo naval. No ano de 1866 osaliados partiram na conquista por terra, noentanto, neste momento Argentina e Uruguaideixam a guerra ao passo que o Brasil iria seencarregando do confronto. Com Duque deCaxias no comando do exército, em 1868 o Brasilderrotou a resistencia paraguaia em Humaitá. Em1869, o genro do Imperador D. Pedro II, casadocom a Princesa Isabel, Conde D’eu, assume ocomando das tropas brasileiras na missão dederrotar completamente o Paraguai que aindaapresentava resistencias devido à recusa deSolano Lopez em aceitar a derrota, e trazer seupresidente capturado. Em 1870, depois dedesesperados epsódios de resistência militar, edebaixo de recrutamentos forçados sobrecrianças, idosos, e semi-inválidos para seproteger, Solano López acaba ferido e morto embatalha trazendo fim preliminar à guerra.

CONSEQUÊNCIAS DA GUERRA DOPARAGUAI

Logicamente, o principal afetado pelaguerra foi o Paraguai, que teve seu territóriodevastado, a população dizimada, especiamentea masculina e alterou profundamente sua históriadesde então.

(Chacina no Paraguai)

Para o Brasil, as consequências foramdesastrosas. A escravidão, base de nossaeconomia, começou a ser contestada a partir daparticipação dos negros no exército. Com aguerra, o exército ultrapassou em importancia aGuarda Nacional e ciente disso não aceitou maiscivis em seu comando e começaram a optar porseguir carreiras politicas distintas daspredominantes no brasil e mais modernas,tornando-se progressistas, abolicionistas erepúblicanos. O tripé completamente oposto aorecorrente cenário político brasileiro, o tripéespelhado nos ideais democráticos da RevoluçãoFrancesa.

A Crise do Segundo Reinado (1770 -1889)

Como vimos, na chefia do Gabinete dos

Ministros o poder ficou dividido entre Moderadose Conservadores, que conseguiam a conciliaçãona questão mais importante: os escravos. Atravésde um acordo as facções políticas iniciaram a erada conciliação. A era se caracterizou poralternâncias políticas entre os grupos queadotavam a mesma política, quer no governo,quer na oposição.

No entantanto acontecimentos como aguerra do Paraguai, a abolição do tráfico negreirocom a Lei Eusébio de Queirós em 1850 e o café,comprometeram o entendimento gerando asdivergências, que iriam desembocar futuramente

no Partido Republicano.Com a radicalização das posições oImperador interferiu a favor dos conservadores. OGabinete do Governo, liberal naquele momento a

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partir de 1873, entrou em atrito com Caxias(representante do Partido Conservador) durante aguerra devido alguns problemas na campanha epara resolver a situação, o Imperador nomeoupara o mesmo Gabinete somente conservadoresafim de reduzir os conflitos, porém, a decisão nãofoi muito bem aceita pelo Partido Liberal que a

partir daí, começou a dar mais ênfase ao idealrepúblicano custando a D.Pedro II umconsideravel desgaste a sua imagem pela opiniãopública.

A ABOLIÇÃO “MAL PLANEJADA” E OREPUBLICANISMO DE ÚLTIMA HORA

 A questão central dos problemas doimpério se centravam na questão escravista. Aspressões inglesas pelo fim da escravidãocresciam nas mesmas proporções que a opinião

pública contra o regime de trabalho. Paraamenizar os problemas, os senhores de terra,dependentes do modelo e cientes de que suaposição se tornava cada vez mais insustentável,se calaram no parlamento, e eram seguidos pelogoverno, temeroso com os rumos que o fim dotrabalho escravo poderia gerar.

Desde antes do Primeiro Reinado, aInglaterra passou a exigir do governo brasileiro aextinção do tráfico. Em 1815 um tratado assinadoem Viena estabeleceu a proibição do tráficoacima da linha do equador. Em 1817, osgovernos luso-brasileiro e britânico passaram a

atuar unidos na repressão ao tráfico ilícito. Em1822 a Inglaterra exigiu o fim do tráfico como umadas exigências para o reconhecimento daemancipação do Brasil. Assim um acordo e 1826delimitou o prazo de três anos para a extinção.Em 1831, com um atraso de dois anos foi fixadauma lei nesse sentido.

Mesmo com essas pressões, o tráficocontinuou impune no Brasil, pois toda a economiaera assentada sob o trabalho escravo, e aabolição poderia comprometer nossas basesprodutivas. Além disso, desde a abdicação de D.Pedro I, as classes senhoriais se apoderaram dopoder político, e nenhum dos acordos assinadosfoi cumprido, alongando a vida do tráfico quesustentava a expansão do café e da economiabrasileira.

No entanto, a passividade do governobrasileiro, fez a Inglaterra assumir uma atitude

extrema. Em 1845 o Parlamento britânicoaprovou a Bill Aberdeen, conferindo a marinha odireito de aprisionar qualquer navio negreiro, emqualquer pate do globo.

 Ao mesmo tempo, o ideal abolicionistacomeça a ser espalhado em alguns setores maisletrados da sociedades, e os mesmos começam a

defender a extinção do trabalho escravo. Em1850, o governo brasileiro se curva as pressõesinternos e externas, e o ministro Eusébio deQueirós, promulga o fim do tráfico negreiro noBrasil com a lei de 1850, ou Lei Eusébio deQueirós.

Uma das principais consequencias daextinção do tráfico, foi a liberação de capital, quenão sendo mais utilizado na compra de cativos,começou a ser investido em outros setoreseconomicos. As atividades financeiras ecomercias (apoiadas pelo trabalho livre) tenderama aumentar. A maior destas consequencias, sem

dúvida, foi a percepção para o latifundiário queeventualmente a escravidão iria acabar, afinal, agrande porta de entrada de cativos, o tráficoexterno, havia sido fechada e agora a única formalegal de obtenção de escravos era através dareprodução natural dos cativos, que era ínfimeaem detrimento da demanda pela mão de obra.Uma mudança de mão de obra precisava serpensada desde já.

Em 1870 a questão do trabalhador negrose tornou pública, os debates no parlamentoganharam em intensidade com o fim da Guerrado Paraguai. O regime de trabalho estava

concentrado no sul e sudeste do país. A Guerrade Secessão nos Estados Unidos da América,levando à abolição da escravidão por lá, mostrouque o regime não tinha futuro promissor. Com aRevolução Industrial, apenas o Brasil e Cubaeram escravistas em meados do século XIX.

Neste âmbito em 1871 foi aprovada a Leido Ventre Livre, que adaptada aos interessesescravistas propunha que os filhos de escravosnascidos a partir desta data eram consideradoslivres. No entanto, essa solução que para oParlamento era considerada definitiva, apenasadiava o problema para o futuro, e isso nãopassou despercebido pela opinião pública.

Na luta contra a escravidão, publicaçõessobre começaram a circular, até a fundação daConfederação Abolicionista em 1883 que veio aunificar o movimento. Além do papel dosabolicionistas serem considerados importantes, opapel dos escravos não pode ser menosprezadono movimento abolicionista, face a quantidade derebeliões, fugas, movimentos estes que nosmostram que os escravos não foram passivosneste contexto, dado que a possibilidade de umarebelião escrava atemorizou os escravistas,enfraquecendo sua resistência ao movimento.Membros governamentais e o exército, quandonão apoiavam fugas, se omitiam em relação asua repressão.

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Em 1885  foi aprovada a Lei Saraiva  – Cotegipe, ou Lei dos Sexagenários,promulgada graças ao fator da camada escravistaestar naquele momento muito pressionada e sevendo obrigada a fazer novas concessões. Essalei estabelecia a liberdade aos escravos com maisde 60 anos. Com essas características, a lei teve

alcance reduzido, pois raramente um escravochegava a essa idade, e quando chegava não eramais produtivo e assim acabava por ser “jogado”para fora da unidade produtiva sem condições detrabalhar, para viver na miséria, com o bônus de oantigo senhor não ter mais que arcar com oscustos de um escravo inválido, improdutivo.

(O escravo retratado como objeto)

Como ápice deste momento deconcessões forçadas, em 1888 na ausência de D.Pedro II, Princesa Isabel, pressionada pelaopinião pública e pela insistência inglesa,assumiu a regência e promulgou a Lei Áurea,

extinguindo o trabalho escravo de uma maneirasúbita, pois a questão ainda estava emdiscussão. Não se tratava de o caso que a elitelatifundiária nao imaginasse na possibilidade daabolição imediata, na verdade, o que esta elitefazia no momento era negociar com o governouma forma de financiamento por parte dos cofrespúblicos para a transição da mão de obra para otrabalho livre como forma de indenização pelosescravos libertos, afinal, o escravo era um bemque em algum momento, teve de ser comprado epossuía valor de mercado. E este valor era altoem virtude das dificuldades de se obter um

naquele período.Contrariados por esta decisão, muitos dosproprietários de escravos, antigos Liberais ouConservadores, irão aderir ao MovimentoRepúblicano já fortalecido pelos militares e porparte da elite civil, compondo enfim uma forçaconsiderável que no ano seguinte, em 1889,consegurá articular a transição para a República.Estes foram chamados de “republicanos de últimahora”. 

A TRANSIÇÃO PARA O TRABALHO LIVRE

 A estabilidade do setor que davaestabilidade ao Império estava comprometidocom o fim do trabalho escravo: a zona cafeeira,

que veio a intensificar o tráfio de escravos, nummomento de que como vimos era desfavorável aessa prática. Assim o fim do escravismo passou aser considerado por alguns cafeicultores mesmoantes de seu fim. Neste momento o OestePaulista estava expandindo a sua produção, egraças a esse momento histórico, os fazendeiros

puderam lançar mão da imigração européia,transformando a cafeicultura numa economiacapitalista, e que se adequou a substituição deregime de trabalho de uma melhor maneira doque a já sólida cafeicultura escravista do Vale doParaíba.

O primeiro modelo proposto aosimigrantes foram as colônias de parceria, onde osimigrantes se comprometiam a cultivar uma certaquantidade de cafeeiros, colher e beneficiar oproduto e repartir o dinheiro da venda com ofazendeiro. No entanto, essa proposta fracassou,pois as frustrações do colonos eram enormes,

uma vez que já chegavam ao Brasil endividadoscom as despesas de viajem, e tinham que arcartambém com as despesas com a alimentação,que nunca eram passíveis de serem saldadas.Este fato levou a alguns países europeus proibira imigração para o Brasil.

 A outra solução tentada foi o comérciointra-provincial de escravos que estavam naseconomias decadentes do norte ou das minas.Isso troxe duas consequências básicas:agravamento da situação econômica do norte enão resolução das necessidades do sul.

Sob a pressão abolicionista e ameaça da

desorganização de seus centros de produção, osfazendeiros paulistas lançaram mão da imigração,e graças a prosperidade do Oeste Paulistaconseguiram arcar com os custos de suaimplementação.

Para resolver a ineficiência do sistema deparcerias, o imigração ganhou novo impulso,quando o governo da província de São Pauloassumiu os encargos, de viajem principalmente,desonerando os fazendeiros. Em 1850 foiaprovada a Lei de Terras, que veio aregulamentar a forma do acesso as terras, isso é,as terras só poderiam se conseguidas medianteas compras. Assim os senhores dificultavam oacesso a terra às pessoas com pouco recursos,garantindo assim as suas necessidades de mãode obra assalariada barata.

Os imigrantes que chegavam no Brasilforam trabalhar sob o regime de colonato, ondecada família era remunerada proporcionalmenteaos pés de café entregues a ela. Além disso,recebiam uma gratificação por café colhido. Noentanto, a grande vantagem aos colonos foi apossibilidade de plantar entre os cafezaisprodutos para sua subsistência, e poderiaminclusive vender o excedente dessa produção.Resumindo, o colonato caracterizava-se por umpagamento fixo no trato do cafezal, um

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pagamento que variava de acordo com a colheitae a produção direta de alimentos.

Os fatores da existencia dedisponibilidade de grandes quantidades de terras,a custos baixos para os fazendeiros, o poucoinvestimento na aquisição de mão de obra, já queos trabalhadores plantavam o que consumiam,

fazia com que os cafezais se espalhassem nooeste. A medida que as fazendas íamaumentando, a valorização das terras próximassubiam, e se tornavam cada vez menos acessívelas pessoas de baixa renda. A entrada deimigrantes acabou por ajudar na constituição domercado de trabalho, elemento essencial para ocapitalismo.

O MOVIMENTO REPUBLICANO

 A partir de 1850 o Brasil passou por

transformações em suas características sócio-econômicas, com incremnto nas indústrias, nostransportes, nas técnicas de plantação e naurbanização. Dois fatores são importantes para aproclamação da república: em primeiro lugar, ogoverno imperial não acompanhou amodernização pelas quais o país passava, não seadaptando por tanto as suas mudanças. Alémdisso, o fim da escravidão dividiu a elitedominante dos grandes proprietários. Por último,vale destacar que a República teve a pArticipaçãodireta dos fazendeiros do café..

O ponto de partida para a o Movimento

Republicano situou-se no lançamento doManifesto Republicano em 1870. Oconservadorismo do manifesto pode ser notado:

“Como homens livres e essencialmentesubordinados aos interesses de nossa pátria, nãoé nossa intenção convulsionar a sociedade emque vivemos” 

Os republicanos se aproximavam dosliberais na questão da necessidade de reformaspara se evitar revolução. O Manifesto foi aceitoem Minas e São Paulo, verdadeiros núcleosrepublicanos, não tendo a mesma aceitação emoutras províncias. O ideal republicano foiprejudicado pela sua falta de identidade própriaface os estreitos laços com os liberais, queapesar dos pontos em comum, erammonarquistas. Somente em 1878, passaram aagir de forma idependentes e ganharamidentidade.

Outro ideal importante foi o federalismo.Os presidentes provincias sempre estavamdirecionados as determinações do poder central,pouco se importando com os problemas internosdas províncias. O grande problema era que aadministração central estava emperrada nãoacompanhando a modernização pela qualpassava o país e acabava por atravancar

economicamente províncias promissoras com ade São Paulo.

Isso se devia ao fato de que osocupantes dos altos cargos do governo eramdecidos por tradição, afastando das tomadas dedecisões os setores mais dinâmicos, como oscafeicultores paulistas. Assim, o império por estes

passou a ser visto como inadequado. Com isso ofederalismo emergiu e se associou aorepublicanismo.

Os republicanos eram contrários arevolução violenta, sendo seguigores dopositivismo, e chegaram a fundar com base nessaideologia a ordem “Igreja Positivista do Brasil” em1881, que teve uma influência desciva na políticaapós a proclamação.

O positvismo brasileiro era anti-revolucionário, elitista e ditatorial, acreditando quea evolução histórica do país o faria chegar narepública, daí o seu caráter passivo.

A PROCLAMAÇÃO DA REPÚBLICA

No Brasil a religião oficial era a católica,garantida com a instituição do padroado, onde oimperador nomeava seus clérigos para os cargosmais importantes da Igreja, e as bulas papais sóseriam aceitas com o aceite do imperador. OPapa em mais uma de suas bulas condenou asmaçonarias e inetriditou padres e fiéis depertecerem aos seus quadros. Dado o grandenúmero de religiosos ligados a maçonaria no

Brasil, essa bula não foi aceita. Em 1872 osbispos de Olida e Belém decidiram aplicar asdeterminações do papa e suspendeu irmandadesque não cumpriram as determinações papais. Oimperador resolveu anular as suspensões, maiscomo os bispos se mantiveram irredutíveis, foram julgados e condenados pela ordem imperial. Aprisão, mesmo com o posterior perdão foiconsiderada uma afronta a Igreja, e esta afastou-se do Império. Este fato é o que na históriadesignamos de Questão Religiosa.

O Exército ganhou forma, conciência eimportância com a Guerra do Paraguai ecomeçou a mostrar descontentamento com otratamento dado pelo poder imperial. Sua queixasacabaram se tornando públicas, com a difusão doideal republicano e positivista em seus quadros.No entanto, os militares estavam proibidos de semanifestarem pela imprensa sobre questõesinternas. A Questão Militar teve início em 1884,quando o Ceará se tornou o primeiro estado aabolir a escravidão, e o jangadeiro cearenceFrancisco Nascimento (Dragão do Mar),considerado herói por liderar os jangadeiroslocais a não transportar negros africanos, foiconvidado a ir a Corte para receber homenagensde abolicionistas, sendo recebido na Escola deTiros em Campos, pelo coronel Sena Madureira.Quando a imprensa noticiou tal recepção, o

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Ministro da Guerra tratou de interpelar Madureira,mais este alegando ser subordinado ao CondeD’Eu não lhe deveria explicações. Este foi oprimeiro de muitos descontentamentos e tensõesdentro de Exército com comporam a QuestãoMilitar, protagonizada pelo coronel Ernesto Augusto de Cunha Matos. Este em visita as

tropas do Piauí denunciou irregularidadespraticadas pelo capitão Pedro Lima, do partidoConservador. Um deputado do mesmo partidosaiu em defesa do correligionário e fez ataques aCunha Matos. Isto provocou profundasdiscussões na Câmara, onde o Ministro daGuerra compareceu ao Senado para discutir oassunto. Sena Madureira, publicou um artigodefedendo Cunha Matos e foi punido peloMinistro da Guerra. Estes fatores serviram paradifundir o ideal republicano e acabou por afastaros militares do Imperador, dando origem ao goldede 15/11/1889.

Como resposta a situação crítica, oImpério promoveu reformas para amenizar asdistenções. Na apresentação na Câmara, estadominada pelos conservadores, o projeto foirejeitado. Como resposta o governo dissolveu aCâmara e convocou uma nova para 20/11/1989. A dissolução gerou inquietações e os PartidosRepublicanos de Minas e Rio solicitaram aintervenção militar. O Exército se mostrousensível ao apelo. Em 11 de Novembro, líderesrepublicanos se reuniram com Deodoro daFonseca, para que este liderasse o movimento dedepor a Monarquia. Deodoro aceitou e em 15 de

Novembro de 1889 era deposta a Monarquia eproclamada a República.

Sessão Leitura – A Lei Áurea 

 A Lei Áurea (Lei Imperial n.º 3.353),sancionada em 13 de maio de 1888,  foi a lei queextinguiu a  escravidão no Brasil.  Foi precedidapela lei n.º 2.040 (Lei do Ventre Livre), de 28 desetembro de 1871, que libertou todas as criançasnascidas de pais escravos, e pela lei n.º 3.270

(Lei Saraiva-Cotegipe), de 28 de setembrode 1885,  que regulava "a extinção gradual doelemento servil".

Num domingo, a 13 de maio de 1888, diacomemorativo do nascimento de D. João VI, foiassinada por sua bisneta a Dona Isabel,princesaimperial do Brasil,  e pelo ministro da Agricultura da época, conselheiro Rodrigo Augusto da Silva a lei que aboliu a escravatura noBrasil. O Conselheiro Rodrigo Augusto da Silvafazia parte do Gabinete de Ministros presididopor   João Alfredo Correia de Oliveira,  do PartidoConservador e chamado de "Gabinete de 10 de

março". Dona Isabel sancionou a Lei Áurea, nasua terceira e última regência, estando oImperador  D. Pedro II do Brasil em viagem aoexterior.

O projeto de lei que extinguia aescravidão no Brasil foi apresentado à CâmaraGeral, atual Câmara do Deputados, pelo ministroRodrigo Augusto da Silva, no dia 8 de maio de1888. Foi votado e aprovado nos dias 9 e 10 demaio de 1888, na Câmara Geral.

 A Lei Áurea foi apresentada formalmente

ao Senado Imperial pelo ministro Rodrigo Augusto da Silva no dia 11 de maio. Foi debatidanas sessões dos dias 11, 12 e 13 de maio. Foivotada e aprovada, em primeira votação no dia 12de maio. Foi votada e aprovada em definitivo, umpouco antes das treze horas, no dia 13 de maiode 1888, e, no mesmo dia, levado à sanção daPrincesa Regente.

Foi assinada no Paço Imperial por DonaIsabel e pelo ministro Rodrigo Augusto da Silvaàs três horas da tarde do dia 13 de maio de 1888.O processo de abolição da escravatura no Brasilfoi gradual e começou com a Lei Eusébio de

Queirós de 1850, seguida pela Lei do VentreLivre de 1871, a Lei dos Sexagenários de 1885 efinalizada pela Lei Áurea em 1888.

O Brasil foi o último país independentedo continente americano a abolir completamentea escravatura. O último país do mundo a abolir aescravidão foi a Mauritânia,  somente em 9 denovembro de 1981, pelo decreto n.º 81.234.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Lei_%C3%A1urea, extraído 12/05/2014)

(Lei Imperial n° 3.353 – Lei Áurea)

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“LEI Nº 3.353, DE 13 DE MAIO DE 1888. 

Declara extinta aescravidão no Brasil. 

 A Princesa Imperial Regente, em nome de

Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II,faz saber a todos os súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a leiseguinte: 

 Art. 1°: É declarada extincta desde a datadesta lei a escravidão no Brazil.

 Art. 2°: Revogam-se as disposições emcontrário.

Manda, portanto, a todas as autoridades, a

quem o conhecimento e execução da referida Leipertencer, que a cumpram, e façam cumprir eguardar tão inteiramente como nella se contém.

O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Publicas e interinodos Negócios Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua Majestadeo Imperador, o faça imprimir, publicar e correr.

Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13de maio de 1888, 67º da Independência e doImpério.

Princeza Imperial Regente.

RODRIGO AUGUSTO DA SILVA

Este texto não substitui o publicado na CLBR, de1888” 

Carta de lei, pela qual Vossa AltezaImperial manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que houve por bemsanccionar, declarando extincta a escravidão no

Brazil, como nella se declara.

Para Vossa Alteza Imperial ver.

Chancellaria-mór do Império.- AntonioFerreira Vianna.

Transitou em 13 de Maio de 1888.- JoséJúlio de Albuquerque.

(http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LIM/LIM3353.htm, extraído em 12/05/2014)

Questões sobre o SegundoReinado

11. (FATEC) No século XIX, a Inglaterrapressionou diversos países para acabar com oprotecionismo comercial e com a existência do

trabalho compulsório. Esta situação culminou, em1845, com o "Bill Aberdeen". Neste contexto oBrasil sancionou, em 1850, a "Lei Eusébio deQueirós" tratando:

a) da extinção do sistema de parceria nalavoura cafeeira;

b) da manutenção dos arrendamentos deterras;

c) da extinção do tráfico indígena entre onorte e o sul do país;

d) da manutenção do sistema de colonatona lavoura canavieira;

e) da extinção do tráfico negreiro.

12. A vida político-partidária do SegundoReinado estava marcada pela disputaentre o Partido Conservador e o Partido Liberal.Os dois partidos se caracterizavam por, exceto:

a) defender a monarquia e a preservaçãodo "status quo";

b) representar os interesses da mesmaelite agrária;

c) possuir profundas diferenças

ideológicas e de natureza social;d) ter origem social semelhante;e) alternarem-se no poder, com

predomínio dos conservadores.

13. (UCSAL) A Tarifa "Alves Branco", de1844, como ficou conhecido o decreto do Ministroda Fazenda, foi uma medida de caráter:

a) reformistab) monopolistac) protecionista

d) mercantilistae) cooperativista

14. (UCSAL) A introdução da mão-deobrado imigrante na economia brasileira contribuiupara a:

a) desestruturação do sistema de parceriana empresa manufatureira;

b) implantação do trabalho assalariado naagricultura alimentícia;

c) expansão do regime de co-gestão nas

indústrias alimentícias;d) criação de uma legislação trabalhista

voltada para a proteção do trabalho;

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e) reordenação da estrutura dapropriedade rural nas áreas de produçãoaçucareira.

15. (UBC) A Lei de Terras de 1850garantia que no Brasil:

a) os escravos, após sua libertação,conseguissem um lote de terras para o cultivo desubsistência;

b) os brancos pobres ficassem ligadoscomo meeiros aos grandes proprietários deterras;

c) todas as terras fossem consideradasdevolutas e, portanto, colocadas à disposição doEstado;

d) a posse de terra fosse conseguidamediante compra, excluindo as camadaspopulares e os imigrantes europeus da

possibilidade de adquiri-la.e) n.d.a.

16. (UNIFENAS) A Questão Christierefere-se a:

a) Aliança entre Brasil, Argentina eUruguai.

b) Atritos entre a Inglaterra e diversospaíses da América Latina.

c) Aliança da Inglaterra com a Argentina

contra o Brasil.d) Atritos entre a Inglaterra, Argentina e

Uruguai.e) Atritos diplomáticos entre Inglaterra e

Brasil.

17. (UBC) Na Guerra do Paraguai (1865 -1870), o Brasil teve como aliados:

a) Bolívia e Perub) Uruguai e Argentinac) Chile e Uruguaid) Bolívia e Argentinae) Inglaterra, Bolívia e Argentina

18. (FGV) "Será o suplício daConstituição, uma falta de consciência e deescrúpulos, um verdadeiro roubo, a naturalizaçãodo comunismo, a bancarrota do Estado, o suicídioda Nação."

No texto acima, o deputado brasileiroGaspar de Silveira Martins está criticando:

a) a proposta de Getúlio Vargas dereduzir a remessa de lucros;

b) o projeto da Lei dos Sexagenários, dogabinete imperial da Dantas;

c) o projeto de legalizar o casamento doshomossexuais, de Marta Suplicy;

d) a proposta de dobrar o salário mínimo,de Roberto de Campos;

e) o projeto de Luís Carlos Prestes deuma "República Sindicalista".

19. (FAZU) As estradas de ferrobrasileiras, no Segundo Reinado, concentravam-se, sobretudo, nas regiões de produção:

a) do fumob) do milhoc) do cacaud) do cafée) do feijão

20. (FESP) Assinale a alternativa que não

contém uma característica referente ao períododo Segundo Reinado (1845 - 1889):

a) fim do tráfico negreiro;b) elaboração da primeira Constituição

brasileira;c) domínio do café no quadro das

exportações brasileiras;d) início da propaganda republicana;e) participação do Brasil na Guerra do

Paraguai.

GABARITO DAS QUESTÕES SOBRESEGUNDO REINADO: 11 – E 12- C 13 – C14 – B 15 – D 16 – E 17 –B 18 – B19 – D 20 – B

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CAPÍTULO 07

AS EMANCIPAÇÕES DAS COLÔNIASDA AMÉRICA ESPANHOLA

 A Revolução Francesa trouxe mais do

que apenas as ideais para a América Espanhola,na verdade, quando em sua última consequênciaNapoleão assume o controle da França e iniciasuas campanhas de invasão, ela traz também achance de uma grande mudança no cenário dascolônias espanholas advindo do vácuo de podercentral criado quando Bonaparte invade aEspanha e exila o rei Carlos IV.

Vale lembrar, porém, que antes dasemancipações das colônias espanholas, se deu,primeiramente e de maneira lógica, o processo decolonização destes territórios que, naturalmente, já estavam ocupados por populações indígenas.

Veremos primeiramente as sociedades pré-colombianas e estudaremos o processo em queseus grandes impérios passaram a serincorporados ao território colonial espanhol parapor fim entendermos como se desenvolveramsuas respectivas emancipações.

A COLONIZAÇÃO DA AMÉRICA ESPANHOLA

Quando Colombo chegou à América, em1492, não poderia supor que o continente fossehabitado de longa data. Na verdade vários povose civilizações, em estágios diversos de

desenvolvimento material, ocupavam essa vastaextensão de terras.Os maias do sul do México, Honduras e

Guatemala, os astecas do planalto mexicano e os

incas do Peru são exemplos de sociedadesagrárias com culturas elaboradas e extremamentericas. Na época dos descobrimentos, algunsdesses povos atravessavam uma crise política,principalmente devido a revoltas de tribossubjugadas, o que diminuiu seu poder deorganização e defesa diante dos invasores

espanhóis.

A CIVILIZAÇÃO MAIA

O povo maia habitou a região dasflorestas tropicais das atuais Guatemala,Honduras e Península de Yucatán (região sul doatual México). Viveram nestas regiões entre osséculos IV a.C e IX a.C. Entre os séculos IX e X ,os toltecas invadiram essas regiões e dominarama civilização maia.

Nunca chegaram a formar um império

unificado, fato que favoreceu a invasão e domíniode outros povos. As cidades formavam o núcleopolítico e religioso da civilização e eramgovernadas por um estado teocrático.O impériomaia era considerado um representante dosdeuses na Terra. A zona urbana era habitadaapenas pelos nobres (família real), sacerdotes(responsáveis pelos cultos e conhecimentos),chefes militares e administradores do império(cobradores de impostos). Os camponeses, queformavam a base da sociedade, artesão etrabalhadores urbanos faziam parte das camadasmenos privilegiadas e tinham que pagar altos

impostos.

(Detalhes da arte maia)

 A base da economia maia era aagricultura, principalmente de milho, feijão etubérculos. Suas técnicas de irrigação eram muitoavançadas. Praticavam o comércio demercadorias com povos vizinhos e no interior doimpério. Ergueram pirâmides, templos e palácios,demonstrando um grande avanço na arquitetura.

O artesanato também se destacou: fiação detecidos, uso de tintas em tecidos e roupas. Areligião deste povo era politeísta, poisacreditavam em vários deuses ligados à natureza.

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Elaboraram um eficiente e complexo calendárioque estabelecia com exatidão os 365 dias do anoe que ficou extremamente conhecido pela“profecia” apocalíptica de 2012.

 Assim como os egípcios,  usaram umaescrita baseada em símbolos e desenhos(hieróglifos). Registravam acontecimentos, datas,

contagem de impostos e colheitas, guerras eoutros dados importantes. Desenvolveram muitoa matemática, com destaque para a invenção dascasas decimais e o valor zero.

A CIVILIZAÇÃO ASTECA

Povo guerreiro, os astecas habitaram aregião do atual México entre os séculos XIV eXVI. Fundaram no século XIV a importante cidadede Tenochtitlán (atual Cidade do México), numaregião de pântanos, próxima do lago Texcoco.

 A sociedade era hierarquizada e

comandada por um imperador, chefe do exército. A nobreza era também formada por sacerdotes echefes militares. Os camponeses, artesãos etrabalhadores urbanos compunham grande parteda população. Esta camada mais baixa dasociedade era obrigada a exercer um trabalhocompulsório para o imperador, quando este osconvocava para trabalhos em obras públicas(canais de irrigação, estradas, templos,pirâmides).

Durante o governo do imperadorMontezuma II (início do século XVI), o impérioasteca chegou a ser formado por

aproximadamente 500 cidades, que pagavamaltos impostos para o imperador. O impériocomeçou a ser destruído em 1519 com asinvasões espanholas. Os espanhóis dominaramos astecas e tomaram grande parte dos objetosde ouro desta civilização. Não satisfeitos, aindaescravizaram os astecas, forçando-os atrabalharem nas minas de ouro e prata da região.

(Retrato desenhado por espanhóis atribuído aMontezuma II)

Os astecas desenvolveram muito astécnicas agrícolas, construindo obras dedrenagem e as chinampas (ilhas de cultivo), ondeplantavam e colhiam milho, pimenta, tomate ecacau. As sementes de cacau, por exemplo, eramusadas como moedas por este povo.O artesanato a era riquíssimo, destacando-se aconfecção de tecidos, objetos de ouro e prata eartigos com pinturas. A religião era politeísta, poiscultuavam diversos deuses da natureza (deusSol, Lua, Trovão, Chuva) e uma deusarepresentada por uma Serpente Emplumada. Aescrita era representada por desenhos e

símbolos. O calendário maia foi utilizado commodificações pelos astecas. Desenvolveramdiversos conceitos matemáticos e de astronomia.Na arquitetura, construíram enormes pirâmidesutilizadas para cultos religiosos e sacrifícioshumanos. Estes, eram realizados em datasespecíficas em homenagem aos deuses. Acreditavam, que com os sacrifícios, poderiamdeixar os deuses mais calmos e felizes.

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A CIVILIZAÇÃO INCA

Os incas viveram na região da Cordilheirados Andes (América do Sul) nos atuais Peru,Bolívia, Chile e Equador. Fundaram no século XIIIa capital do império: a cidade sagrada de Cuzco.Foram dominados pelos espanhóis em 1532.

(Machu Picchu  –  cidade inca construída nos Andes)

O imperador, conhecido por Sapa Incaera considerado um deus na Terra. A sociedade

era hierarquizada e formada por: nobres (governantes, chefes militares, juízes esacerdotes), camada média ( funcionáriospúblicos e trabalhadores especializados) e classemais baixa ( artesãos e os camponeses). Estaúltima camada pagava altos tributos ao rei emmercadorias ou com trabalhos em obras públicas.Na arquitetura, desenvolveram várias construçõescom enormes blocos de pedras encaixadas,como templos, casas e palácios.

 A cidade de Macchu Picchu, descobertasomente em 1911 e revelou toda a eficienteestrutura urbana desta sociedade. A agricultura

era extremamente desenvolvida, pois plantavamnos chamados terraços (degraus formados nascostas das montanhas). Plantavam e colhiamfeijão, milho (alimento sagrado) e batata.Construíram canais de irrigação, desviando ocurso dos rios para as aldeias. A arte destacou-sepela qualidade dos objetos de ouro, prata, tecidose jóias. Domesticaram a lhama (animal da famíliado camelo) e utilizaram como meio de transporte,além de retirar a lã , carne e leite deste animal. Além da lhama, alpacas e vicunhas também eramcriadas. A religião tinha como principal deus oSol (deus Inti). Porém, cultuavam também

animais considerados sagrados como o condor eo jaguar. Acreditavam num criador antepassadochamado Viracocha (criador de tudo). Criaram uminteressante e eficiente sistema de contagem : o

quipo. Este era um instrumento feito de cordõescoloridos, onde cada cor representava acontagem de algo. Com o quipo, registravam esomavam as colheitas, habitantes e impostos.Mesmo com todo desenvolvimento cultural, estepovo não desenvolveu nenhum sistema deescrita.

O IMPACTO DA COLONIZAÇÃO ESPANHOLA

Os exploradores espanhóis, denominados juridicamente adelantados, recebiam direitosvitalícios de construir fortalezas, fundar cidades,evangelizar os índios e deter os poderes jurídicoe militar. Isso, sob a condição de garantir para aCoroa o quinto de todo o ouro e prata produzidose a propriedade do subsolo. Dessa forma, aEspanha procurava assegurar, sem gastos

materiais, a ocupação de seus territórios na América, o fortalecimento de sua monarquia e oaumento das riquezas do Estado.

 A partir de meados do século XVI, com adescoberta de minas de ouro no México e deprata no Peru, organizaram-se os núcleosmineradores, que requeriam uma grandequantidade de mão-de-obra. Aproveitando-se daelevada densidade populacional da Confederação Asteca e do Império Inca, os exploradorespassaram a recrutar trabalhadores indígenas, jáacostumados a pagar tributos a seus chefes, soba forma de prestação de serviços. Para adequar o

trabalho ameríndio, foram criadas duasinstituições: a encomienda e a mita.

  Encomienda  : Sistema detrabalho compulsório, não remunerado, em queos índios eram confiados a um espanhol, oencomendero, que se comprometia a cristianizá-los e receber deles impostos. Na teoria, este eraum sistema em que o espanhol seresponsabilizaria por catequisar os índios de sua jurisdição e assim salvar suas almas pagãs doinferno ardente, porém, na prática, esse sistema

permitia aos espanhóis escravizarem os nativos,principalmente para a exploração das minas vistoque muitos deles não conseguiam pagar osimpostos monetariamente.

  Mita: Sistema que impunha otrabalho obrigatório, durante um determinadotempo, a índios escolhidos por sorteio, em suascomunidades. Estes recebiam um salário muitobaixo e acabavam comprometidos por dívidas. Além disso, poderiam ser deslocados para longede seu lugar de origem, segundo os interessesdos conquistadores. Em teoria, cada índio poderia

retornar para sua aldeia após ter cumprido seutempo de mita, porém, na prática a mita sedemonstrou como uma verdadeira “máquina demoer índios” como já foi apontada por alguns

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historiadores visto que grande parte dos mitadosnão conseguiam cumprir o seu tempo de serviçomínimo.

 A escravização indígena, pelaencomienda e pela mita, garantiu aos espanhóiso necessário suprimento de mão-de-obra para a

mineração, porém trouxe para as populaçõesnativas desastrosas conseqüências. De um lado,a desagregação de suas comunidades, peloabandono das culturas de subsistência, causoufome generalizada. Do outro, o não-cumprimentodas determinações legais que regulamentavam otrabalho das minas provocou uma mortalidade emmassa, quer pelo excesso de horas de trabalho,quer pelas condições insalubres a que essesindígenas estavam expostos.

O aniquilamento da população, ao ladodo extermínio das culturas agrícolas, queprovocou uma escassez de gêneros alimentícios,

fez com que os proprietários das minas e oscomerciantes investissem seus lucros em áreascomplementares de produção, para oatendimento do mercado interno. Foramorganizadas as haciendas (fazendas), áreasprodutoras de cereais, e as estâncias, áreascriadoras de gado.

Esse setor complementar resolveu oproblema de abastecimento para as elitescoloniais. A massa trabalhadora, por seus ganhosirrisórios, ainda não conseguia satisfazer as suasnecessidades básicas, sendo obrigada a recorrera adiantamentos de salários. Todavia,

impossibilitados de saldar seus compromissos, ostrabalhadores acabavam escravizados pordívidas.

A DESTRUIÇÃO DAS COMUNIDADESINDÍGENAS DURANTE O IMPÉRIO ESPANHOL

(...) Os índios das Américas somavamentre 70 e 90 milhões de pessoas, quando osconquistadores estrangeiros apareceram nohorizonte; um século e meio depois tinham-sereduzido, no total, a apenas 3,5 milhões.

(...) Os índios eram arrancados dascomunidades agrícolas e empurrados, junto comsuas mulheres e seus filhos, rumo às minas. Decada dez que iam aos altos páramos gelados,sete nunca regressavam.

 As temperaturas glaciais do campo abertoalternavam-se com os calores Infernais do fundoda montanha. Os índios entravam nasprofundidades, e “ordinariamente eram retiradosmortos ou com cabeças e pernas quebradas, enos engenhos todo o dia se machucavam”. Osmitayos retiravam o minério com a ponta de uma

barra e o carregavam nas costas, por escadas, àluz de uma vela. Fora do socavão, moviamenormes eixos de madeira nos engenhos ou

fundiam a prata no fogo, depois de moê-la e lavá-la.

 A mita era uma máquina de triturar índios.O emprego do mercúrio para a extração da pratapor amálgama envenenava tanto ou mais do queos gases tóxicos do ventre da terra. Fazia cair ocabelo, os dentes e provocava tremores

incontroláveis. (...) Por causa da fumaça dosfornos não havia pastos nem plantações num raiode seis léguas ao redor de Potosi, e asemanações não eram menos implacáveis com oscorpos dos homens.

(Adaptado de: Eduardo Galeano, AsVeias Abertos da Américo Latino, p~ 50-52.)

A ADMINISTRAÇÃO COLONIAL ESPANHOLA

 A fim de garantir o monopólio docomércio, a Espanha criou dois órgãos

administrativos:• Casa de Contratação, sediada em

Sevilha, para organizar o comércio, funcionarcomo Corte de Justiça e fiscalizar o recolhimentodo quinto;

• Conselho das Índias, que funcionavacomo Supremo Tribunal de Justiça, nomeava osfuncionários das colônias e regulamentava aadministração da América, através dos vice-reinados e capitanias gerais.

Os vice-reis, escolhidos entre membrosda alta nobreza metropolitana, eramrepresentantes diretos do monarca absoluto.

Cabia-lhes controlar as minas, exercer o governo,presidir o tribunal judiciário das audiências e zelarpela cristianização dos índios. Os capitães-gerais,subordinados aos vice-reis, encarregavam-se decontrolar os territórios estratégicos, mas aindanão submetidos pela metrópole.

Para controlar a entrada de metaispreciosos e afastar os ataques dos piratas, foraminstituídos o regime de porto único e os comboiosanuais de carregamentos. Porém, estas medidasprovocaram efeito contrário, estimulando ocontrabando, devido à escassez e à demora nachegada de mercadorias.

“O único porto por onde era permitido sairem direção à América e dela retornar era o deSevilha, substituído em 1680 por Cádiz. Na América, existiam três terminais: Vera Cruz(México), Porto Belo (Panamá) e Cartagena(Colômbia). Os comboios de flotas e galeones,que partiam de Sevilha e chegavam a esse porto,serviam para proteger a prata que eratransportada. Tanto zelo e tantas restrições aocomércio colonial explicam-se pela preocupaçãodo Estado espanhol de garantir a cobrança deimpostos alfandegários.”

(Adaptado de: Luis Koshiba e DeniseManzi Frayse Pereira, História da América, p.12-13.)

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O PROCESSO DE EMANCIPAÇÃO DASCOLONIAS ESPANHOLAS

 A elite colonial hispano-americana(denominada “crioullos”) era composta poramericanos (brancos) que controlavam asprincipais atividades econômicas como a

pecuária, mineração e agricultura, os elementosprimordiais da manutenção da colônia. Noentanto, tal importância econômica não eraseguida por participação nas decisões políticasnem mesmo em relação a administração colonial,que ficava a cargo dos “chapettones” (funcionários diretamente ligados a Espanha),que tinham como dever observar e fazer valer oPacto Colonial.

Com o capital adquirido pelos crioullos,através de seu trabalho e também através docontrabando, além da abertura dos portosespanhóis essa classe conseguiu acumular ainda

mais riquezas e adquirir uma importância jamaisantes conquistada por esta classe em suascolônias.

No momento em que chega a América asnotícias de invasão napoleônica em territórioespanhol, os crioullos em um primeiro momentose firmaram ao lado dos espanhóis enquantoparte desta reivindicava também pela melhorrepresentação de sua importância econômicaexpressa através da concessão dos cargos queanteriormente seriam vinculados apenas aoschapettones e também a elevação das colônias àcondição de Reino Unido, o que traria a eles o

direito de liberdade comercial, visto que aindaestavam presos ao Pacto Colonial.

No entanto, com o fracionamento daEspanha em juntas representativas cominteresses diversos a elite crioulla ficou divididaem duas facções: os que lucravam com omonopólio comercial desejando manter a ordemdo Pacto Colonial, e os que lucravam com ocontrabando e desejavam a liberalização dosportos às nações neutras e amigas, pois assimteriam facilitações no comércio e acabariam comos riscos de punição.

 A divisão da elite levou a classe a criaremexércitos próprios inaugurando na América umperíodo de guerras civis que se somavam aosmovimentos populares, uma vez que o povo viana emancipação uma forma de superar suacondição de massa explorada. Temendo osrumos destes movimentos, as elites canalizaramas diferentes classes e seus interesses, contraum inimigo comum: os opressores espanhóis.

 A principio esta nova elite de apelopopular que lutava contra a Espanha neste novoprojeto de emancipação, os chamadoscaudilhos, sofreram uma série de derrotas,porém, a Espanha jazia enfraquecida naqueleperíodo ainda se recuperando dos danoscausados pela ocupação francesa e não seriacapaz de combater um movimento mais amplo e

continuo por muito tempo. Foi neste cenário queas lideranças de dois caudilhos, Simón Bolivar eJosé San Mártin fizeram grande diferença na lutapelas emancipações ao longo de todo ocontinente. 

  A Emancipação da Venezuela: A emancipação da Venezuela inicia-se em 1811,em um cenário onde a Espanha ainda estavaocupada pelas forças napoleônica, porém,emancipação é brevemente contida pela pequenaresistência espanhola que existia no continente.Em 1813 Simón Bolívar chefia os guerrilheiros etoma Caracas para ser derrotado no ano seguintetendo de se refugiar na Jamaica para reagruparsuas forças. Em 1817 Bolívar retornará com umamilícia formada e de maneira definitiva ira retomaro controle da Venezuela proclamando aemancipação do território da Espanha.

(Simon Bolívar)

  A Emancipação da Argentina: Aemancipação argentina se inicia em 1810 comuma rebelião contra o Vice-Rei do Reino da Prataque acaba por destituí-lo. Depois de uma série deguerrilhas lideradas por José San Martín, umargentino que chegou a lutar com os espanhóiscontra os franceses, já em 1816, é proclamada aindependência da Argentina no Congresso deTucumán.

Com o apoio das grandes massaspopulares e o favorecimento da Grã-Bretanhainteressada na independência por motivoseconômicos, Os líderes San Martin e SimonBolívar puderam então reorganizar os exércitos,conseguindo sucessivas vitórias pela libertaçãodas demais colônias da América Latina.

Em 1818 conseguem a Independência doChile após derrotar os espanhóis. Em 1819Bolívar consegue a Independência da Grã-Colômbia (Colômbia e Venezuela) e éconclamado presidente.

Em 1821 o México se torna

independente, juntamente com Peru, onde SanMartin lidera os naturais contra os espanhóis. Em1822 é a vez do Equador e em 1825 ésacramentado o domínio espanhol com a

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independência da região onde hoje temos aBolívia.

Em 1826, Bolívar convocou osrepresentantes dos países recém independentespara participarem da Conferência do Panamá,cujo objetivo era a criação de uma confederaçãopan-americana. O sonho boliviano de unidade

política chocou-se, entretanto, com os interessesdas oligarquias locais e com a oposição daInglaterra e dos Estados Unidos, a quem nãointeressavam países unidos e fortes. Após ofracasso da Conferência do Panamá, a AméricaLatina fragmentou-se politicamente em quaseduas dezenas de pequenos Estados soberanos,governados pelas aristocracias crioullas.

Outros fatores que interferiram nessagrande divisão política foram o isolamentogeográfico das diversas regiões, acompartimentação populacional, a divisãoadministrativa colonial e a ausência de integração

econômica do continente. O pan-americanismo foivencido pela política do "divida e domine".

 Assim, entre as principais consequênciasdo processo de emancipação da Américaespanhola merecem destaque: a conquista daindependência política, a consequente divisãopolítica e a persistência da dependênciaeconômica dos novos Estados. O processo deindependência propiciou sobretudo aemancipação política, ou seja, uma separação dametrópole através da quebra do pacto colonial. Aindependência política não foi acompanhada deuma revolução social ou econômica: as velhas

estruturas herdadas do passado colonialsobreviveram à guerra de independência e foramconservadas intactas pelos novos Estadossoberanos.

Desta forma, a divisão política e amanutenção das estruturas coloniais contribuírampara perpetuar a secular dependência econômicalatino-americana, agora não mais em relação àEspanha, mas em relação ao capitalismoindustrial inglês ou no caso Mexicano, ao norte-americano que ainda cuidar de tomar-lhe metadede seu território.

Sessão Leitura – Bartolomé de LasCasas 

Bartolomé de Las Casas provavelmentehoje não é um nome tão conhecido entre opúblico leigo quanto Hernán Cortez ou FrancisoPizarro, porém, entre os historiadores é sempreum nome a ser lembrado como o portador de umasensibilidade diante de toda aquela empresaespanhola propriamente dita como “cristã”. 

Padre Bartolomé de lasCasas (Sevilha, 1474 — Madrid, 17 de julho de 1566)  foi um frade dominicano, cronista, teólogo,  bispo de Chiapas (México)  e

grande defensor dos índios,  considerado oprimeiro sacerdote ordenado na América. 

Conhecido em português como FreiBartolomeu de las Casas, era filho de umcomerciante modesto de Tarifa,  participou dasegunda viagem de Cristóvão Colombo.  Haviafeito estudos de latim e de humanidades em

Samandala viajando depois a Roma,  ondeterminou os estudos e se ordenou sacerdoteem 1507.  Isabel de Castela,  a rainha a quem opapa dera licença para se intitular "A Católica",considerava a evangelização dos índiosimportante justificativa para a expansão colonial ecomo tal, insistia para que sacerdotes e fradesestivessem entre os primeiros a se fixarem na América.

Em 1510,  Bartolomeu de Las Casasretornou à ilha Espanhola,  agoracomo missionário.Em 21 deDezembro de 1511 escutou o célebre Sermão do

 Advento por Frei António de Montesinos, no qualeste defendia a dignidade dos indígenas. Oprofundo impacto daquela pregação levaram-no aconverter-se a tal causa. Conseguiuum repartimiento ou encomieda de índios,dedicando-se assim ao trabalho pastoral.Os dominicanos contrários à encomienda, dadosos abusos cometidos contra os índios, nãomudaram sua opinião. Frei Bartolomé defendia ainstituição em um primeiro momento assim comotodos o faziam.

Transferiu-se para Cuba com Pánfilo deNarváez,  e ali foi capelão militar e recebeu pela

segunda vez um repartimiento  onde se ocupavaem mandar seus índios às minas, tirar ouro, efazer sementeiras, aproveitando deles comopodia. Paulatinamente, porém, foi tomandoconsciência do problema e tomou partidocontrário, dizendo-se chamado para pregar contrao sistema de encomienda como injusto.

 A partir daí, considerava então que osúnicos donos do Novo Mundo eram os índios eque os espanhóis só deviam lá ir para o trabalhode conversão. Renunciou a todas assuas encomiendas e iniciou uma campanha dedefesa dos índios, mostrando tudo de injusto dosistema. A campanha foi dirigida ao próprio reide Aragão, Fernando II,  e depoisao Cardeal Cisneros,  que viria a nomeá-lo"protetor dos índios" em 1516. 

Com a morte do cardeal, recomeçou seutrabalho e tentou convencer o reide Espanha Carlos I (imperador  Carlos V), netodos Reis Católicos. Como denunciavapublicamente os abusos dos funcionários, obtevea inimizade de muitos, especialmente membrosdo Conselho das Índias, presidido pelobispo Juan Rodríguez de Fonseca. Advogava poruma colonização pacífica das terras americanas,por meio de lavradores e missionários.

Com tal objetivo partiu de novo para a América, onde em 1520 Carlos I lhe deu o

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território hoje venezuelano de Cumaná para porem prática suas teorias. Infelizmente, Las Casasobteve pouco êxito e, durante uma de suasausências, os índios aproveitaram para matargrande número de colonos. O desastre fez comque entrasse para a ordem dominicana. Manteveporém suas inflamadas teorias contra a

escravidão dos índios  –  embora, curiosamente,estivesse a favor da escravidão dos africanos!  – ealegava que todas as guerras contra os índioseram injustas. Por isso se enfrentou a diversosteólogos, especialmente frei Francisco de Vitória. Pediu a seus superiores para ir advogar suasteorias diante do Conselho das Indias, mas ofracasso em Cumaná o desacreditava.

Em 1535 partiu para o Peru, mas o navioem que viajava naufragou no litoral da Nicarágua. Lá, ele enfrentou o governador  Rodrigo deContreras denunciando o envio de escravosíndios ao Peru.

Em 1536 se transferiu à Guatemala, paracontinuar a pregação e pôr em marcha um projetode conquista pacífica que batizou de "Vera Paz".Entre 1537-1538 conseguiu cristianizar a zona demodo pacífico, substituindo a encomienda por umtributo pago pelos índios. Regressou em 1540 àEspanha, convencido de que era na corte quedeveria vencer a batalha em favor dos índios Em1542 o Conselho das Índias o ouviu, e suasopiniões causaram profunda impressãoem Carlos V. 

 Atribui-se a sua influência o fato de queem 20 de novembro de 1542 tenham sido

publicadas as "Leis Novas" em que se restringiamas encomendas e a escravidão dos índios,embora não tenham sido do agrado pleno de LasCasas. Escreveu então sua obra mais importante:«Brevísima relación de la destrucción de lasIndias». Como acusa os descobridores da América de crimes, abusos, violências, a obra foichamada de escandalosa e exagerada, e nãoconseguiu evitar a continuação das conquistas,como desejava. Seria publicada ilegalmente em1552, e conseguiu grande sucesso no séculoXVII, convertendo-se numa das fontes denascimento da «lenda negra» do Impérioespanhol.

Em 1543 recusou o bispadode Cuzco mas aceitou o de Chiapas,  no México, encarregado de pôr em prática suas teorias. Foiconsagrado em Sevilha em 1544. Não foi bemrecebido em Chiapas, porque os colonos oconsideravam responsável pela publicação das«Leis Novas».

Escreveu ainda um «Confesionario» emque mandava que antes de iniciar a confissão, openitente devia libertar seus escravos. Taismedidas provocaram distúrbios, e em 1546 teveque partir para a cidade do México,  sem mudarsua política. Sua doutrina seria repelida por uma junta de prelados. Embarcou em Veracruz para aEspanha e se recolheu ao convento de S.

Gregório, em Valladolid.  Nessa cidade tiveramlugar importantes discussões de 1550 a 1551entre ele e Juan Ginés de Sepúlveda (oamputado) sobre a legitimidade da conquista,saindo vitorioso o segundo.

Foi nomeado Bispo de Chiapas aos 70anos de idade, em 1544. Mas, ficou apenas três

anos em Chiapas, sempre perseguido pelosespanhóis. Em 1547, partiu da América para nãomais voltar. Regressou à Espanha, continuandoali a defesa dos índios, onde corrigiu e publicouseus escritos, todos se contrapondo à políticacolonial. Porém, suas ideias foram contestadas,na América e também na Espanha. Tanto que,em 1552,  suas obras foram censuradas eproibidas para a leitura. Havia renunciado a seubispado, antes de morrer aos 92 anos de idadeno Convento Dominicano de Atocha, no dia 17 de julho de 1566, em Madrid, Espanha.

Em defesa dos índios do novo continente,

viajara numerosas vezes à Espanha, apelandoaos oficiais do governo e aos que quisessemouvir. Desde que ingressou na vida religiosadominicana, se dedicara à causa indígena,defendendo-lhes a vida, a liberdade e adignidade. E para que tivessem direitos políticos,de povos livres e capazes de realizar uma novasociedade, mais próxima do Evangelho.  Suaprioridade foi sempre a evangelização. Com talpropósito viajara pela América Central emtrabalho pioneiro, registrando o que se passavaem seus diários.

Foi perseguido pelos colonizadores

de São Domingos, Peru, Nicarágua, Guatemala edo México. Muito querido do povo mexicano, seunome hoje é lembrado como um dos maioreshumanistas e missionários da História doCristianismo.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Bartolom%C3%A9_de _las_Casas, extraído em 12/05/2014)

(Bartolomé de Las Casas)

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Questões Sobre a AméricaEspanhola

1 - (CES  –  2000) A cultura dos Astecas,uma das mais importantes do mundo pré-colombiano, floresceu na região que hoje

corresponde à:

a) Região dos Andes;b) Região do México;c) Colômbia, Peru e Bolívia;d) América Central;e) América do Sul.

2 - (CES  – 2000) - O Peru, que veio a seconstituir um grande vice-reino e um dos centroscivilizatórios mais importantes da AméricaEspanhola, foi conquistado por:

a) Fernão Cortez;b) Diogo Almagro;c) Francisco Pizarro;d) Fernão Dias Pais;e) Balboa.

3 - (CES  –  2000) - A Mineração foi aatividade econômica mais importante na Américaespanhola, durante o período colonial. Muitosfatores levaram à decadência destes complexosmineradores na região andina e no planalto

mexicano. Assinale a modalidade de mão de obra

que predominou nas minas de prata, nos séculosXVI e XVII:

a) Indígena, submetida ao trabalhocompulsório;

b) Negra, submetida ao trabalho servil;c) Homens livres no regime de

trabalho assalariado;d) Indígena, adaptado ao trabalho

livre;e) Brancos e Negros em regime

cooperativo.

4 - (FGV  – CGA  – 1998) Na colonizaçãoespanhola na América Andina, houve umainstituição incaica que foi aproveitada pelosespanhóis, tornando-se um elemento decisivopara o domínio destes. Essa instituição era:

 A) o PlantationB) o QuipuC) MitaD) Chicha

E) Hacienda

5 - (FGV  –  CGA  –  1998) "Como sairãodas Universidades os que hão de governar, senão há Universidade na América onde se ensineos fundamentos da arte do governo, que é aanálise dos elementos peculiares dos povos da América Os jovens saem ao mundo olhando-oatravés de lentes ianques ou francesas,

aspirando dirigir um povo que não conhecem (...)Resolver o problema depois de conhecer seuselementos é mais fácil do que resolver oproblema sem os conhecer. (...) Conhecer o paísé governá-lo conforme o conhecimento, é o únicomodo de livrá-lo de tiranias (...) Nossa Grécia épreferível à Grécia que não é nossa (...) não hápátria na qual possa ter o homem mais orgulho doque em nossas dolorosas repúblicas americanas."(José Martí. Nossa América) 

 A partir do extrato acima é corretoafirmar:

a) A proposta de Martí consiste emvalorizar os elementos norte-americanos,franceses e gregos em detrimento dos demaispara compreender a sociedade na qual vivemos epoder transformá-la;

b) Uma visão das Universidades na América como instituições não formadoras deconhecimento sobre a própria realidade em queestão inseridas, resultando na preparação de jovens sem competência para governar seuspaíses;

c) Uma crítica às Universidadesianques e francesas que não formam os jovens

para a compreensão das sociedades latino-americanas;

d) José Martí participou ativamente dasegunda guerra de independência de Cuba eesse extrato tem relação direta com essa guerra;

e) Uma crítica ao desconhecimentode todos acerca dos problemas latino-americanose portanto, simultaneamente, uma justificativa dastiranias nesse continente.

6 - (FGV  – CGA  – 1998) 33 A conquistade Cuzco, centro do Império Inca, deu-se por:

a) Hernán Cortez, em 1519;b) Francisco Pizarro, em 1533;c) Juan Ponce De Leon, em 1508;d) Vasco Nunes de Balboa, em 1509;e) Diego de Velásques, em 1511.

07 - (FUVEST  –  1996) - Sobre asuniversidades na América colonial, é possívelafirmar que:

a) as Coroas portuguesa e espanhola,preocupadas desde o início do período colonialcom a questão da educação, criaramuniversidades já no século XVI.

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b) no Brasil não foram criadasuniversidades no período colonial e na AméricaEspanhola elas tiveram apenas existênciaefêmera, não havendo real interesse em suamanutenção.

c) as Coroas portuguesa e espanhola,envolvidas com a implantação de um sistema de

exploração, não cuidaram da criação deuniversidades em suas colônias.

d) assim como Salamanca serviu demodelo para a organização das universidades da América Espanhola, Coimbra foi modelo no Brasile em Goa, na Índia.

e) enquanto no Brasil não foramcriadas universidades no período colonial, na América Espanhola, já no século XVI, foramfundadas a universidade de São Marcos de Limae a do México.

8 - (FUVEST  –  1998) - As relaçõescomerciais entre a Espanha e suas colônias, atéa primeira metade do século XVIII, secaracterizaram por:

a) um sistema de portos únicos,responsáveis por todas as transações comerciaislegais.

b) um pacto colonial igual àquele quese desenvolvia entre o Brasil e sua metrópole.

c) um sistema de liberdade decomércio, sem qualquer controle metropolitano.

d) um sistema de comércio livre-

triangular, envolvendo a Espanha, a América e a África.

e) um sistema que concediaprivilégios aos comerciantes da região do Prata.

10 - (PUC-RJ) “Qualquer coisa pode serfeita com esse povo, eles são muito dóceis e,procedendo com zelo, podem facilmente serensinados a doutrina cristã. Eles possuem osinstintos inatos de humildade e obediência e osimpulsos cristãos de pobreza, nudez e desprezopelas coisas deste mundo, caminhando descalçose sem chapéu com cabelos longos comoapóstolos...”

(Bispo Vasco de Quiroga. México, princípio do Século XVI.)

Tendo como referência o texto acima,considere as afirmativas que descrevem a visãodo colonizador sobre os povos indígenas da América.

I. A passividade dos povos indígenas esua predisposição à cristianização.

II. A inferioridade racial e cultural dospovos indígenas.

III. A existência do hábito do trabalhocomo parte integrante do cotidiano dos povosindígenas.

IV. A existência da noção de propriedadeprivada e produção de excedente visando omercado.

 Assinale a alternativa que contém asafirmativas corretas:

a) somente I e IV;b) somente II e III;

c) somente I e II;d) somente III e IV;e) todas as afirmativas estão corretas.

11 - (PUC  – MG  – 1998) Na colonizaçãoda América espanhola, foram adotados comosistemas de organização e exploração da mão deobra indígena a “encomienda” e a “mita”, sobre asquais é correto afirmar, EXCETO:

a)  A “mita” era uma forma deescravidão dissimulada muito empregada na

mineração.b) Os encomenderos podiam cobrar

tributos em dinheiro ou em trabalho dos índios.c) Na “encomienda” e na “mita”, o

trabalho indígena era muito mal remunerado.d) Na “mita”, as tribos indígenas eram

obrigadas a fornecer certo número detrabalhadores para as minas.

e) Na “encomienda”, osencomendeiros recebiam da Coroa direitos sobrevárias áreas.

GABARITO DAS QUESTÕES SOBREAMÉRICA ESPANHOLA: 1 – B / 2 – C / 3 – A / 4 – C / 5 – B / 6 – B / 7 – E / 8 – A / 9 – A / 10 – C /11 – C

Questões Sobre a Emancipaçãodas Colonias Espanholas na

 América

1.(UFG) A Inglaterra apoiou os

movimentos da independência das colônias luso-espanholas devido ao:

a) Receio da expansão comercial dascolônias.

b) Influência das idéias geradas pelaRevolução Francesa.

c) influência das novas idéias políticasdo século XVIII sobre a Espanha e Portugal.

d) Necessidade de aumentar aprodução industrial das colônias.

e) Necessidade de assegurar novosmercados para seus produtos.

2.(UFU) No início do século XIX, aindependência da América Espanhola ocorreu

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num contexto político internacional marcado porfatos. Dentre os fatos que favoreceram aindependência da América Espanhola, podemosmencionar.

a) A Revolução Industrial Espanhola.b) A derrota dos americanos na guerra

de independência dos Estados Unidos.c) O Despotismo Esclarecido.d) O triunfo do absolutismo de direito

divino na Espanha.e) As guerras napoleônicas.

3.(FUVEST) No processo deemancipação política da América espanholadestaca-se a participação:

a) Da população nativa que através doExército que lutou contra os cabildos criollos.

b) Dos indígenas que através doscabildos organizaram o Estado Nacional.

c) Dos chapetones que para garantirseus interesses controlaram o Exército.

d) Dos caudilhos que defendiamprincípios liberais e descentralizadores.

e) Dos Criollos que através doscabildos defendiam os interesses locais.

4.(PUC-SP) O movimento deemancipação política da maioria dos países decolonização espanhola da América não significou

a quebra das estruturas sociais e econômicas.Daí se verificou que:

a) A dominação dos proprietáriosrurais foi garantida por novas incorporaçõesterritoriais.

b) As diferenças entre as váriasclasses da população foram superadas pelodesejo de união nacional.

c) O fortalecimento do poder políticopessoal deu origem ao caudilhismo.

d) Os intelectuais apoiaram-se nasidéias libertárias para defender propostas deigualdade social.

e) A atuação da Igreja foi importantepara garantir as reivindicações populares.

5.(OBJETIVO-SP) Sobre a independênciada América Latina, assinale a alternativaincorreta:

a) O rompimento do equilíbrio políticoeuropeu acelerou o processo de descolonizaçãoda América Luso-espanhola.

b) Ao nível interno, a Crise do SistemaColonial explica-se pelo próprio crescimentoeconômico das colônias, pois esse

desenvolvimento levava ao choque entre osinteresses dos colonos e de suas metrópoles.

c) A independência do Brasil foiestabelecida pelos próprios reis portugueses, queaqui estiveram desde a época de Pombal até aogoverno de Dom Pedro I.

d) Enquanto a independência da

 América Espanhola caracterizou-se pelafragmentação territorial e guerras sangrentas, aindependência do Brasil marcou-se por seucaráter pacífico e pela manutenção da unidadeterritorial brasileira.

e) O Uruguai não se emancipoudiretamente de sua metrópole europeia,, tendo-selibertado do Brasil em 1828.

6.(OSEC-SP) Os movimentos deindependência do Brasil e das colôniasespanholas na América podem ser explicados em

função:

a) Do desenvolvimento do capitalismoindustrial e das restrições impostas pelo PactoColonial.

b) Do desenvolvimento industrialmetropolitano, que exigia mercados abertos ediversificação da produção.

c) Da difusão das ideias liberais.d) As alternativas a e c estão corretas.e) As alternativas b e c estão corretas

7.(OBJETIVO-SP) Não podemosconsiderar como fator de crise do Antigo SistemaColonial.

a) A Revolução Industrial.b) O Iluminismo.c) A independência dos Estados

Unidos da América.d) A Revolução Francesa.e) A Primeira Guerra Mundial.

8 - (CES  –  2000) O apoio da Inglaterraaos movimentos de emancipação, ocorridos nascolônias luso-espanholas, deveu-seprincipalmente:

a) À simpatia inglesa pelos ideaisdefendidos pelos líderes dos movimentos de au-tonomia;

b) À necessidade de aumentar aprodução industrial das colônias;

c) Aos grandes investimentos inglesesnas colônias hispano-americanas;

d) À necessidade urgente deassegurar novos mercados para seus produtos ecompensar a perda dos mercados europeus;@

e) O receio da expansão dos ideais daRevolução Francesa nas antigas colônias.

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9 - (EFOA  –  1999) Em maio de 1997 asforças armadas do Peru invadiram a residênciado embaixador do Japão em Lima, pondo fim amais de 100 dias de ocupação da embaixada porterroristas do Movimento Revolucionário Tupac

 Amaru. Este nome é uma homenagem a Tupac Amaru, um dos precursores da luta pelaindependência da América Espanhola.

Qual das opções abaixo NÃO apresentaum fator importante no desencadeamento doprocesso de independência hispano-americano?

a) Apoio dado aos revoltosos pelaInglaterra e pelos Estados Unidos.

b) Ampla divulgação dos ideais delibertação socialista, exemplificados pelaRevolução Russa.

c) Proclamação da Doutrina Monroecontra as pretensões colonialistas da Santa Aliança.

d) Revolta dos escravos em 1793 contraa elite branca, promovendo a libertação do Haiti.

e) Ascensão de José Bonaparte ao tronoda Espanha.

10 - (UNIBH  –  1999) Sobre aindependência política das ex-colôniasespanholas no Novo Mundo é correto afirmar,EXCETO:

a) O movimento de libertação lideradopor Tupac Amaru, em 1781, à frente de umgrande contingente de índios, deu início aoscombates contra as tropas enviadas pela CoroaEspanhola, mas acabou fracassando.

b) Os Cabildos, assim que foraminstalados, desempenharam um papel muitoimportante para a emancipação política, com acriação de Juntas Governativas controladas pelos“criollos”, que expulsaram as autoridadesmetropolitanas.

c) A Inglaterra, grande interessada naindependência das colônias espanholas, não tevecondições de ajudar os colonos desde o início,porque estava envolvida nas GuerrasNapoleônicas e no conflito contra os EstadosUnidos.

d) No processo de independência,sob a liderança de Simon Bolívar, surgiu o pan-americanismo, que pregava a solidariedadecontinental e a unidade política das ex-colôniasapesar das rivalidades entre os “criollos”.

GABARITO  DAS QUESTÕES SOBRE AEMANCIPAÇÃO DAS COLONIASESPANHOLAS NA AMÉRICA: 1-E, 2-E, 3-E, 4 –C, 5-C, 6-D, 7-E, 8 – D, 9-B, 10-B

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CAPÍTULO 08

A INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOSUNIDOS DA AMÉRICA (1776)

 As colônias Inglesas da América do

Norte, foram ocupadas no início do século XVIIIpor perseguidos religiosos ingleses. A Inglaterra,mais preocupada com seus problemas internos,passou a não exercer forte fiscalização sob acolônia recém povoada, favorecendo assim odesenvolvimento de um mercado interno e umaforma “autônoma” de administração. Com oposterior desenvolvimento local, as colônias donorte passaram a promover o intercâmbio, tantocom países produtores de matéria prima, comoprodutores de alimentos. Além disso passou a serelacionar de forma direta com Espanha ePortugal (comércio triangular) rompendo assim o

comércio direto com a Inglaterra. Este tipo deadministração ficaria conhecido como“negligência salutar”. 

Um grupo de comerciantes e umaaristocracia mercantil, passou a dominar aeconomia por sua intervenção e distribuição derecursos. O comércio colonial passou assim aconcorrer com o mercado metropolitano. Visandoassegurar os dispositivos dos  Atos deNavegação, os ingleses tentaram inserir os norteamericanos sob esse regime. No entanto, oscolonos continuaram a obter seus lucros,principalmente através da prática do contrabando.

Este grupo, acumulador de riquezas, foi o mesmoque anos depois passa a liderar o movimento deIndependência.

Devido à grande valorização das terraslitorâneas e também ao fato da ocupação de terraser gratuita, na história das XIII colônias semprehouve um grande impulso pelo alargamento dasfronteiras à oeste do território. As terras passam asignificar com o passar do tempo, riqueza e statussocial. No sul, com a Implantação das colôniasvoltadas para o plantation, houve umaconsiderável redução do número de pequenosproprietários gerando uma concentração de terras

e riquezas nas mãos de uma elite colonial. Nocentro e no norte, a burguesia colonial,enriquecida com o comércio triangular, tentou suaexpansão com o domínio da propriedadefundiária. Este deslocamento para o Oesteacabou por encontrar a retaliação de colonosfranceses, contribuindo para o embate e a maiordeterioração das relações entre os dois países. Oacirramento das tensões entre os mesmosculminariam com a chamada Guerra dos SeteAnos. 

( A expansão para o Oeste)

A GUERRA DOS SETE ANOS (1756-1763)

O início do embate ocorreu na América,dada a disputa pela posse do Vale de Ohio, se

estendendo depois, a luta pela posse docontinente americano. A vitória inglesa trouxe aposse de territórios estratégicos franceses, comoáreas de portos. A paz selada em 1763, teve asseguintes disposições: A França cedia o Canadáe parte das Antilhas, e também desistia deambições maiores na Índia; a França cediatambém o oeste do Mississipi à Espanha pelacolaboração da mesma na guerra; a Espanhaentregava a Flórida aos Ingleses em troca doterritório recebido.

Mesmo com a vitória, os Inglesesentraram em crise com o esgotamento de seus

tesouros comprometidos com os gastos militares.Em uma tentativa de reequilibrar suas receitas, osingleses lançaram mão de pesados impostossobre os americanos, que haviam aumentado suareceitas através de seu comércio com a França.Os ingleses então passam a tomar medidas maisrígidas para aumentar os laços com a s colônias eobter delas maiores benefícios. Laços estes queantes da guerra não faziam questão aos olhosdos ingleses parte pelo desinteresse e parte pelodesconhecimento da real lucratividade da colônia.

AS LEIS INTOLERÁVEIS

 As mudanças advindas com o término daGuerra dos Sete Anos se basearam em trêspontos: Ocupação dos territórios adquiridos coma Guerra dos Sete Anos; Aumento da taxaçãosobre as colônias e por fim uma melhorfiscalização político-econômica através darepressão do contrabando.

Para aumentar suas receitas, os inglesesproibiram a entrada dos colonos nos territórios aOeste, para assim adquirir o monopólio dasvendas das áreas recém  – incorporadas. A coroapassou a cobrar sucessivos impostos, objetivandoproibir a instalação e a continuidade de indústriascoloniais, além de impedir a concorrênciacomercial do contrabando.

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Para assegurar o cumprimento de suasmetas, houve a instalação de milícias e órgãosburocráticos fiscalizadores, desagradando assimos colonos do Norte e do Centro, acostumadoscom a fraca fiscalização do período denegligência. A resposta colonial veio através deboicotes, como na Festa do Chá de Boston

(Ataque de Comerciantes do Norte contra ocarregamento de Chá dos navios ingleses.Disfarçados de índios, os colonos laçaram ao martoneladas dos produtos). Isso não impediu noentanto que as a população do norte e do centrofosse atingida. A elite com o aumento deimpostos e das restrições, e a camada média depequenos proprietários, impossibilitada deadquirir novas terras. O cenário estava deixandoos colonos demasiadamente incomodados.

A GUERRA PELA INDEPENDÊNCIA DOS

ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

(Declaração de Independência)

Diante da rigidez metropolitana, ascolônias se organizaram no Primeiro Congressoda Continental da Filadélfia em 74. Neste foiredigido a Declaração dos Direitos, que visavarestabelecer as liberdades de antes, sob pena derompimento definitivo com a Metrópole. Com o Ato de Quebec, que proibiu o acesso as terras doOeste, pela primeira vez se uniram os colonosdos três núcleos uma vez que até mesmo os

habitantes do sul, que com sua lavoura extensivanecessitavam de incorporar novas áreasacabaram por ser prejudicados. A Inglaterra serecusa a aceitar as propostas do Congressomantendo sua linha rígida de repressão.

 A partir daí, inicia-se a série de embatesque culmina com a Declaração de Independênciados Estados Unidos. Logo em seguida, foiorganizado o Segundo Congresso da Continentalda Filadélfia, onde George Washington foinomeado chefe do exército, e encarregou acomissão chefiada por Thomas Jefferson a redigira Declaração de Independência. Em quatro de

 julho de 1776 foi promulga a Declaração deIndependência.

“Nós temos por Testemunho as seguintesversões: Todos os homens são iguais, foramaquinhoados pelo criador com alguns direitosinalienáveis e entre esses direitos se encontram oda vida, da liberdade e da busca pela felicidade.Os governos são estabelecidos pelos homens

 para garantir esses direitos, e seu justo poderemana do consentimento dos governados. Todasas vezes que uma forma de governo torna-sedestrutiva desses objetivos, o povo tem o direitode mudá-lo ou de abolir, e estabelecer um novogoverno, fundando-o sobre os princípios e sobrea forma que lhe pareça a mais própria paragarantir-lhe a segurança e a felicidade”. 

(Extraído da própria declaração deDireitos)

“A prudência ensina que os governosestabelecidos depois de um longo tempo não

devem ser mudados por motivos superficiais...Mas quando uma longa série de abusos eusurpações, tendendo invariavelmente ao mesmofim, marcam o objetivo de submetê-lo aodespotismo absoluto, é direito e dever do povo,rejeitar tal governo e por meio de um novogoverno salvaguardar sua segurança futura. Tal éa situação da colônia hoje em dia, e a daí anecessidade de se usar a força para mudar seusistema de governo”.

(Citado em Francisco M.P. Teixeira,História da América, p.31)

Os ingleses, naturalmente, não aceitarama separação e os conflitos se intensificaram. Em1777 os americanos conseguiram uma importantevitória na Batalha de Saratoga. A partir se então,passaram a contar com a ajuda externa daFrança e Espanha, que visavam enfraquecer osingleses. Em 1781 os americanos, apoiados pelosfranceses venceram a Batalha de Yorktown ondeos ingleses não tiveram outra alternativa senãoreconhecerem a supremacia americana. Em1783, a Inglaterra reconheceria no tratado deVersalhes a Independência dos Estados Unidosda América.

 A Constituição dos Estados Unidos da América de 1787, inspirada nos princípiosiluministas de Montesquieu, representou oexemplo de concretização das ideias liberais dedireita a vida, a liberdade e a felicidade. A novaconstituição restringia em muito os direitos dostrabalhadores, não levando em consideraçãoescravos e índios, face interesses da burguesiado norte com os latifundiários do sul. No entanto,representa um avanço, servindo de modelo paraos movimentos de emancipação na AméricaLatina.

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A Marcha para o Oeste e aGuerra de Secessão

 Após a conquista de sua Independênciaos Estados Unidos caminhavam para um novodesafio: como integrar áreas ocupadas com

modelos de povoação diferentes, com atividadeseconômicas diferentes e consequentementeideais diferentes. Assim as áreas ao Nortedefendiam um governo central forte e a adoçãode tarifas protencionistas que incentivassem aindustrialização. A região Sul, agro-exportadora eescravista, defendia uma política de livrecambismo, para garantir o escoamento de seusprodutos em troca de produtos indistrializados daEuropa. Diante desta dificuldade de definir osrumos, a Constituição foi elaborada de formagenérica, facultando a cada Estado a definição desuas próprias leis.

A MARCHA PARA O OESTE (1823 - 1848)

 A expansão para o interior dos EstadosUnidos foi executada por colonos desbravadores.Um série de fatores motivados pela escassez deterras na faixa atlântica, pela possibilidade deascensão social e acima de tudo pelacombinação do sistema industrial do nortecarente de matérias primas para suasmanufaturarias, e do sistema agro-exportador dosul que igualmente carecia de terras para

expandir sua produção. A combinação destesfatores contribuiu para que o norte e o sul dosEstados Unidos se mantivessem efetivamenteunidos e trabalhando em conjunto em um projetoque era lucrativo para ambos os eixos do recémemancipado país, ou melhor dizendo, assim foinos primeiros momentos de expansão.

Um dos grandes idealizadores desteprojeto foi o presidente James Monroe que em1823 lança a chamada “Doutrina Monroe”  quetinha como máxima o borão “América para osamericanos” como uma forma  de justificar oexpansionismo em direção à oeste e desqualificarqualquer tipo de intervencionismo por parte doseuropeus sobre os assuntos da américa. Foi justamente motivado por esta doutrina que osEstados Unidos tão brevemente reconheceram aIndependência do Brasil em 1824 sendo aprimeira nação à fazê-lo.

Outra grande doutrina que foi recorrentedo pensamento norte americano no impulso pelaMarcha para o Oeste foi a chamada doutrina do“Destino Manifesto” que tinha como ideal aconcepção que os Estados Unidos era a naçãoabençoada por Deus e que era por esta razãoque todos seus projetos eram bem sucedidos epor isso que ela se desenvolvia tão rapidamente eem virtude de todo esse sucesso, seria tambémum papel, uma responsabilidade dos Esados

Unidos conduzir este desenvolvimento as demaisnações e povos como se os Estados Unidosfossem embuídos de uma missão civilizadora.

No início do século XIX os americanosconseguiram territórios importantes, mediantecompras e acordos, e sua ocupação estevedisciplinada pelo governo federal. Com a Marchapara o Oeste, as divergências entre Norte e Sulaumentaram acerca de questões como o regimede propriedade e o tipo de mão de obra a serempregada nos novos territórios.

O Norte defendia a proposta de pequenas

propriedades com mão de obra assalariada, já osul defendia o regime de grandes propriedadescom mão de obra escrava. Além do interesseeconômico, havia também o político, pois temia-se a inclusão de novos representantes noLegislativo, rompendo assim o equilíbrio entreabolicionistas e escravistas.

Para manter a estabilidade foi firmado oCompromisso de Missouri que regulamentava osterritórios que utilizariam a mão de obra livre e osque usariam a mão de obra escrava. No entanto,a Califórnia solicitou a sua inclusão no regime detrabalho livre, e tal atitude desencadeou uma

crise, uma vez que desobedecia o compromissode Missouri. Utah e Novo México pleiteavam suainclusão como Estados Neutros, e a campanhaabolicionista crescia em notoriedade. Em 1854 oCompromisso perdeu o sentido, pois o Congressofacultou a cada Estado o direito de se decidirsobre a escravidão. A tensão cresceu e culminoucom a Guerra de Secessão.

A GUERRA DE SECESSÃO (1861-1865)

Nas eleições de 1860 o candidato

apoiado pelo Norte, Abrahan Lincoln foi vitoriosoe tudo indicava que suas decisões fossemfavorecer aos nortistas, como por exemplo arespeito da abolição da escravidão, apesar de

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Lincoln em um primeiro momento ter semanifestado a favor de sua manutençãotemporária (muito embora ele tenha tomado outrapostura posteriormente) e os agora 11 Estados doSul resolveram se separar da União formandouma Confederação dos Estados do Sul.

Mesmo diante da inferioridade de homens

e armas a Confederação atacou o Norte em 1861. Além de contar com o apoio do Oeste, o Nortecontou com o apoio da Marinha Inglesa parabloquear qualquer tipo de apoio aos EstadosSulistas. O Sul conseguiu algumas vitórias, noentanto após a Batalha de Gettysburg em 1863, oNorte tomou a ofensiva e destruiu os exércitos daConfederação. A tomada da capital Sulista em1865 selou a vitória com a rendição completa doSul.

 A Abolição da Escravidão, pano de fundode todo este conflito, foi aprovada e passou aentrar em vigor em Dezembro de 1865, porém

não foi acompanhada por nenhum programa quepossibilitasse a integração do negro liberto nasociedade americana (o que não diferiu muito doque aconteceria aqui no Brasil duas décadasmais tarde).

Em seus aproximados quatro a cincoanos de guerra, a Guerra de Secessão é aindahoje considerada uma das guerras maissangrentas realizada pelos norte-americanoslevando à morte aproximadamente 600.000pessoas muito embora alguns dados aindaestipulam números maiores. O impacto aosestados do Sul foi enorme e suas economias

tiveram de passar por programas de reconstruçãocaros e financiados pelos próprios estados donorte. Até hoje, os norte americanos tem umacomoção enorme com todos os assuntosrelacionados à Guerra de Secessão que ésempre lembrado como uma das maioresmanchas negras na história dos Estados Unidosda América.

Sessão Leitura – Pocahontas 

Pocahontas (1595 – 23 de março de

1617) foi uma índia powhatan que se casou como inglês John Rolfe, tornando-se uma celebridade

no fim de sua vida. Era filha

de Wahunsunacock (conhecido também como

Powhatan), que governava uma área que

abrangia quase todas as tribos do litoral do

estado da Virgínia (região chamada pelos índiosde Tenakomakah). Seus verdadeiros nomes eram

Matoaka e Amonute; "Pocahontas" era um

apelido de infância. A vida de Pocahontas deumargem a muitas lendas. Tudo que se sabe sobre

ela foi transmitido oralmente de uma geração

para outra, de modo que sua real história

permanece controversa. Sua história se

transformou num mito romântico nos séculos

seguintes à sua morte, mito este que foitransformado num desenho animado da The Walt

Disney Company (Pocahontas)  e em um

filme, The new world  (O novo mundo).

(Ilustraçãode Pocahontas)

Em 1995, Roy Disney decidiu lançar umnovo filme de animação sobre a história de uma

mulher da tribo Powhatan . Os descendentes datribo, através do chefe Roy Cavalo Louco,demonstraram indignação diante das declaraçõesde Roy Disney, que afirmou que o filmeera responsável, bem apurado e respeitável .

“Nós, da Nação Powhatan, discordamosdas afirmações de Disney. O filme apresenta umavisão distorcida que vai muito além da históriaoriginal. Nossas ofertas para ajudar a Disney emaspectos culturais e históricos foram rejeitadas.Tentamos fazer com que a Disney corrigisse oserros ideológicos e históricos do filme, mas fomosignorados.” 

‘Pocahontas é um apelido que significa "ametida"’ ou "criança mimada". O seu nome realera Matoaka. A história conta que ela salvou oinglês John Smith, que seria executado pelo seupai em 1607. Nessa época, Pocahontas teriaapenas entre dez e onze anos de idade.

Smith era um homem de meia idade, decabelos castanhos, de barba e cabelos longos.Ele era um dos líderes colonos e, em 1607, foraraptado por caçadores Powhatans. Elepossivelmente seria morto, mas Pocahontasinterveio, conseguindo convencer o pai que a

morte de John Smith atrairia o ódio dos colonos.Graças a esse evento (e a mais duasoportunidades em que Pocahontas salvou a vidados colonos), os Powhatans fizeram as pazes

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com os colonos. Ao contrário do que dizem osromances sobre sua vida, Pocahontas e Smithnunca se apaixonaram. Smith serviu como umtutor da língua e dos costumes ingleses paraPocahontas. En 1609, um acidente com pólvoraobrigou John Smith a se tratar na Inglaterra, masos colonos disseram a Pocahontas que Smith

teria morrido. A verdadeira história de Pocahontas tem

um triste final. Em 1612, com apenas dezesseteanos, ela foi aprisionada pelos ingleses enquantoestava em uma visita social e foi mantida naprisão de Jamestown por mais de um ano.Durante o período de captura, o inglês John Rolfedemonstrou um especial interesse na jovemprisioneira. Como condição para Pocahontas serlibertada, ela teve de se casar com Rolfe, que eraum dos mais importantes comerciantes inglesesno setor de tabaco.

Pocahontas passou um ano prisioneira,

mas tratada como um membro da corte. Alexander Whitaker, ministro inglês, ensinou ocristianismo e aprimorou o inglês de Pocahontase, quando este providenciou seu batismo cristão,Pocahontas escolheu o nome de Rebecca.Logo após isso, ela teve seu primeiro filho, a qualdeu o nome de Thomas Rolfe. Os decendentesde Pocahontas e John Rolfe ficaram conhecidoscomo Red Rolfes.

Em 1616, Rolfe, Pocahontas e Thomasviajaram para Inglaterra. Junto a eles, onzemembros da tribo Powhatan, incluindo osacerdote Tomocomo. Na Inglaterra, Pocahontas

descobriu que Smith estava vivo, mas não pôdeencontrá-lo, pois estava viajando. Mas Smithmandou uma carta à rainha Ana, informando quefosse tratada com nobreza. Pocahontas e osmembros da tribo se tornaram imensamentepopulares entre os nobres e, em um evento,Pocahontas e Tomocomo se encontraram com orei James, que simpatizou com ambos.

Em 1617, Pocahontas e John Smith sereencontraram. Smith escreveu em seus livrosque, durante o reencontro, Pocahontas não disseuma palavra a ele, mas, quando tiveram aoportunidade de conversarem sozinhos por horas,ela declarou estar decepcionada com ele, por nãoter ajudado a manter a paz entre sua tribo e oscolonos. Meses depois, Rolfe e Pocahontasdecidiram retornar à Virgínia, mas uma doença dePocahontas (provavelmente a varíola, pneumoniaou tuberculose) obrigou o navio em que estavama voltar para Gravesend,  em Kent, na Inglaterra,onde Pocahontas veio a falecer.

 Após sua morte, diversos romances sobresua história foram escritos, sendo que todosretratavam um romance entre Smith ePocahontas. A maioria, ainda, tratava John Rolfecomo um vilão, que teria separado os dois ecasado com Pocahontas à força. Apesar de suafama, as figuras encontradas sobre Pocahontassempre foram de caráter fantasioso, sendo a mais

real figura de Pocahontas a pintura de Simon Vande Passe, que foi feita em 1616.

Hoje em dia, muitas pessoas tentamassociar sua árvore genealógica a Pocahontas,incluindo o ex-presidente George W. Bush,  mas,na verdade, ele seria descendente apenas deJohn Rolfe, a partir de um filho de um casamento

posterior à morte de Pocahontas. Entre aspessoas confirmadas como descendente dePocahontas, destaca-se Nancy Reagan, viúva doex-presidente estadunidense Ronald Reagan. 

O chefe Powhatan morreu na primaveraseguinte. Os descendentes da tribo dePocahontas foram dizimados e suas terras foramtomadas por colonizadores.

“É triste que essa história, da qualeuroamericanos deveriam se envergonhar, setornou meio de entretenimento, perpetuando ummito irresponsável e falso sobre a nação

Powhatan.” - Chefe Roy Cavalo Louco.

Ele queria que fosse um épico de grandeescala que seria adaptável ao tipo de musicalestilo Broadway que a Disney havia recentementeabraçado. “Era um fim de semana de Ação deGraças e eu estava tentando descobrir o que fariaa seguir ,” conta Gabriel. “Eu sabia que queria quefosse uma história de amor e estava pensandoque um western podia ser um pouco diferente. Eu pensei sobre Pecos Bill e alguns outros títulos,mas parecia que todos já haviam sido feitosantes. E então o nome Pocahontas me veio à

mente e eu fiquei bastante ansioso em relação aele. Todos conheciam o conto de ela salvando avida de John Smith e parecia um modo natural decontar a história sobre dois mundos conflitantesseparados tentando entender dois ao outro.” 

Peter Schneider (o então presidente daWalt Disney Feature Animation) e seu time dedesenvolvimento consideravam uma versãoanimada da história de “Romeu e Julieta” porcerca de oito anos e o rascunho de Mike Gabrielda história de Pocahontas tinha muito dosmesmos elementos. Schneider diz que “nósestávamos particularmente interessados emexplorar o tema de que se não aprendermos aviver uns com os outros, nos destruiremos".

Com seu projeto tendo recebido aaprovação dos executivos (o projeto aprovadomais rapidamente na história do estúdio), Gabrielcomeçou a escrever um rascunho da história etrabalhou com Joe Grant em experimentaçõesvisuais preliminares e notas de história.

Em 1992, após acabar seu trabalhosupervisionando a animação do Gênio de Aladdin, Eric Goldberg se uniu a Mike Gabrielcomo codiretor de Pocahontas. Mike e euseparamos nossas funções conta Goldberg. Eufiquei principalmente a cargo da animação edoclean-up enquanto ele lidava com leiaute,cenários e modelos de cor .

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O grande sucesso de A bela e afera (1991) teve grande influência na produção dePocahontas. O filme ganhou as graças nãoapenas do público infantil, mas também de umagrande parte do público adulto, culminando emuma indicação ao Oscar de melhor filme, aprimeira do tipo para um filme de animação.

Com o intuito de produzir um filmeanimado mais adulto que, finalmente, ganhasse adisputada estatueta, Jeffrey Katzenberg, entãoresponsável pelo departamento de animação,resolveu fazer com que Pocahontas seencaixasse às suas ambições. O filme foiestruturado como uma história séria e madura egrande parte dos momentos cômicos foramexcluídos.

Nos estágios iniciais de produção, osanimais falavam assim como na maioria dosfilmes Disney. Quando foi decidido quePocahontas seria um filme mais sério, os animais

perderam suas vozes e foram feitos mudos.Como consequência dessa mudança naprodução, um personagem cômico acabou sendoexcluído do filme: com a voz do falecidocomediante John Candy, Pena Vermelha(Readfeather ) era um peru que seria ocompanheiro de Pocahontas.

 Algumas cenas testes de animaçãochegaram a ser feitas e até mesmo seu design foifinalizado. O personagem acabou sendo deixadode lado e substituído por Meeko, o guaxinim,animal que permitiria um humor menosexagerado e cujas expressões seriam mais bem

captadas em pantomima.Um dos maiores desafios enfrentados

pelos produtores do filme foi a falta de informaçãosobre a veracidade de diversos eventos quecercam a história de Pocahontas. Até o maioracontecimento do filme, o de Pocahontassalvando a vida de John Smith, causa algumacontrovérsia entre os historiadores que debatemse o fato realmente aconteceu ou não.

Segundo o produtor JamesPentecost, “Se os próprios historiadores nãoconseguem concordar, nós sentimos quetínhamos certa licença do que é conhecido do

folclore para criar a história.” Já o filme estadunidense de 2005, The

new world , foi realizado por Terrence Malick econtava com os atores Collin Farrel, ChristopherPlummer, Christian Bale e Q’orianka Kilcher. 

No filme, em 1607, três embarcaçõesinglesas, financiadas pela London VirgíniaCompany, partiam ao longo do oceano Atlânticorumo a novos territórios, na esperança deencontrarem lendários tesouros e ouro. Aodesembarcarem no rio James, na Virgínia,estabeleciam a colônia de Jamestown. A maioriados 103 colonos do grupo original eramaristocratas mal preparados para as condições doNovo Mundo, pelo que as condições de vida na

colônia se degradavam ao ritmo que em sedesvanecia a esperança de encontrar ouro.

O capitão John Smith era encarregado deliderar uma expedição ao longo do rioChickahominy com o objetivo de encontrarcomida. Durante a expedição, os nativos da triboPowhatan, a tribo dominante da região,

abordavam o grupo do capitão Smith. Todos, àexceção de Smith, eram mortos. Este era, então,levado para a aldeia dos nativos americanos,onde conhecia a filha do chefe da tribo Powhatan,Pocahontas, com quem aprendia a cultura ecostumes da tribo.

Passados alguns meses, reunia comidasuficiente para ajudar os colonos a sobreviveremao inverno e regressava às colônias deJamestown. Na primavera seguinte, Powhatandescobria que os colonos tencionavam ficar edecidia preparar-se para a guerra. Sem oconhecimento do pai, Pocahontas avisava Smith

da eminência de um ataque e, quando os nativoseram surpreendidos, Powhatan descobria que afilha os havia traído, decidindo, então, bani-la datribo e da família para sempre.

Pocahontas era forçada a viver com umatribo vizinha, acabando por ser vendida aosingleses, como apólice de seguro contra ataquesda tribo do pai. Ao viver com os colonos,adaptava-se lentamente ao seu modo de vida.Durante este período, Smith era chamado devolta à Inglaterra para liderar outras expedições.Voltaria a ver Pocahontas, apenas mais uma vez,anos mais tarde, quando esta chegava à

Inglaterra.Malick tentou basear a maior parte de sua

visão nos relatos históricos, pesquisando osescritos de exploradores e colonos da Virgíniapara criar os monólogos de Smith e de outrospersonagens. Mas este é, acima de tudo, umfilme da imaginação. Como acontecem com todosos trabalhos de Malick, as imagens, os sonsfantasmagóricos e o humor bucólico ultrapassama narrativa. Malick nos leva aum “Éden”  primordial. Os nativos estranhamentepintados e os intrusos brancos e armados seenxergam de maneira suspeita. Seus mundos,objetivos e crenças não poderiam ser maisdiferentes.

Os nativos têm pouco senso depossessão ou ambição, mas têm uma ordemsocial forte. Já os colonos, a maioriadespreparada para lidar com o selvagem, buscamriqueza, olham uns aos outros com inveja epodem se revoltar a qualquer momento. Umconfronto violento é inevitável.

Na primeira vez que vimos John Smith(Colin Farrell), ele está algemado em um dos trêsnavios ingleses que chegam ao Rio James em1607. Ele está sendo punido por insubordinação,mas é um soldado valioso demais para serenforcado. Então o capitão Newport (ChristopherPlummer) o liberta assim que desembarcam no

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Novo Mundo. Ele chega até mesmo a dar umamissão vital para Smith antes de voltar para aInglaterra.

Smith lidera uma expedição rio acimapara entrar em contato com um chefe indígena naesperança de estabelecer comércio. Ao invésdisso, seus homens são mortos e ele é feito

prisioneiro. Sua vida é poupada pelo chefe(August Schellenberg) quando a filha favoritadeste, Pocahontas (O'Orianka Kilcher), implorapor perdão. O chefe deixa o aventureiro por contade sua filha adolescente, para que ambosaprendam a língua um do outro e ele possa ficarpor dentro das intenções dos recém-chegados.É claro que o casal se apaixona. Aqui o filmeentra em um estado onírico, quase sem diálogos.Enquanto um forte laço é formado entre os doisestranhos, eles absorvem a riqueza da paisageme o som do vento e dos pássaros da floresta.O que poderia se tornar incrivelmente piegas nas

mãos de um cineasta menos experiente funcionaaqui, graças à absoluta fidelidade de Malick àsemoções encobertas.

Embora o nome Pocahontas não sejamencionado -- os colonos preferem chamá-la deRebecca --, o filme baseia-se no mito idealizadodessa mulher, que encarna aqui tanto aingenuidade da floresta quanto da mãe-terra.

Farrell não parece muito confortável nopapel, raramente mudando de expressão. Malicke o cinegrafista Emmanuel Lubezki tiram deKilcher mais poses do que um fotógrafo de moda.Kilcher, então com quinze anos, é uma jovem

arrebatadora e a câmera se apaixona por ela.Fonte: http://beyondthelaughingsky.blogspot.com/2011/02/verdadeira-historia-de-pocahontas.html

Pocahontas teria tido um romance com ocapitão da marinha inglesa John Smith.  Noentanto, não existem relatos que confirmem averacidade deste fato.

Durante sua estada em Henricus,Pocahontas encontrou-se com John Rolfe,  quecaiu de amores por ela. Rolfe, cuja esposa e filhatinham falecido, tinha cultivado com sucesso umanova espécie de tabaco em Virgínia e tinha gastomuito de seu tempo lá para a colheita. Ele era umhomem muito religioso que se angustiava com aspotenciais repercussões de casar com uma"selvagem". Em uma longa carta dirigida aogovernador, pediu permissão para casar-se comela, relatando seu amor por ela e sua crença deque ela poderia ter sua alma salva. Ele alegouque não estava somente movido "pelo desejocarnal, mas pelo bem desta plantação, pela honrade nosso país, pela Glória de Deus, pela minhaprópria salvação... ela se chama Pocahontas, aquem dirijo meus melhores pensamentos, e eutenho estado por tanto tempo tão confuso, eencantado por esse intricado labirinto...". Ossentimentos de Pocahontas sobre Rolfe e a uniãosão desconhecidos. Casaram-se em 5 de abril de1614. Viveram juntos nos anos seguintes na

plantação de Rolfe, Varina Farms,  que estavalocalizada ao lado do James River,  na novacomunidade de Henricus. Tiveram umfilho, Thomas Rolfe, nascido em 30 de janeiro de1615. Sua união não obteve sucesso no sentidode trazer o cativos de volta, mas estabeleceu umclima de paz entre os colonos de Jamestown e a

tribo de Powhatan por muitos anos; em 1615,James Habor escreveu que desde o casamento"nós tivemos um amigável comércio não só comos Powhatans como também com todas aquelesque estavam em nossa volta".

Os responsáveis pela colônia de Virgíniaencontravam dificuldade em atrair novos colonospara Jamestown. Com o objetivo de encontrarinvestidores para assumir os riscos, usaramPocahontas como uma estratégia de marketing ,tentando convencer os europeus de que osnativos poderiam ser "domesticados"; buscavam,desse modo, salvar a colônia. Em 1616, os Rolfes

viajaram para a Inglaterra, chegando no portode Plymouth e dirigindo-se para Londres emJunho de 1616. 

Foram acompanhados por um grupo deonze nativos. Pocahontas entreteve váriasreuniões da sociedade. Ao chegar, O rei nãoqueria recebê-la formalmente. Por isso, Smith,que estava em Londres, ao saber disso, escreveuuma carta ao rei contando como Pocahontas oshavia salvo em Jamestown da fome, do frio e damorte. O rei, por causa disso, aceitou recebê-la.Pocahontas e Rolfe viveram no subúrbiode Brentford por algum tempo. Em março

de 1617,  tomaram um navio e retornaramà Virgínia.  No entanto, o navio havia somentechegado à Gravesend,  no rio Tâmisa,  quandoPocahontas ficou doente. A natureza da doença édesconhecida,mas pneumonia, varíola ou tubercu-lose são os diagnósticos mais prováveis. Aodesembarcar, ela morreu. Seu funeral ocorreuem  23 de Março de 1617,  na paróquia de SãoJorge, em Gravesend. Em sua memória, foierguida, em Gravesend, uma estátua de bronzeem tamanho real.

(http://pt.wikipedia.org/wiki/Pocahontas,  extraídoem 12/05/2014)

(Retrato de Pocahontas do Século XVIII)

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Exercícios de Fixação 

1.(PUCCAMP-93)  Primeira colôniaamericana a se tornar independente, em 4 de julho de 1776, os Estados Unidos assumiramno século XIX.

a) Uma posição estimulante aosmovimentos revolucionários, contestando asestruturas tradicionais do poder vigente emgrande parte na Europa.

b) Uma intransigente defesa daintervenção do Estado nas atividadeseconômicas, visando controlar os abusos daburguesia.

c) A identificação do Estado com areligião puritana, que seria obrigatória a todos oscidadãos.

d) Dentro do continente americano,

uma política imperialista, impondo seusinteresses econômicos às demais nações.e) Uma política de expansão

colonial em direção à África e Oceania.

2.(UNB-97) A RevoluçãoAmericana(1775-1783), a primeira RevoluçãoFrancesa(1789-1799) e a Revolução Industrialna Inglaterra(1760-1830) definiram numespaço de menos de 30 anos, os contornos deum novo processo social, econômico, políticoe cultural. Essas 3 revoluções, mais osmovimentos de independência nas colônias

europeias na América Latina, abrem uma novaépoca no Ocidente: a Historia Contemporânea.A História Contemporânea se inicia

marcada por um novo conceito de civilização.Formaram-se então, em oposição aos valorese às características do período anterior(HISTORIA MODERNA), novos conceitos quemerecem destaque e que passaram a fazerparte do universo mental do homemcontemporâneo, como: civilização industrial,democracia representativa e cidadania;soberania nacional e independência;liberalismo e socialismo.

Com o auxilio do texto, julgue os itens aseguir.

(1) A Revolução Industrial unificacapital e trabalho, produtor e meios de produçãoalem de consolidar a dinâmica sociedade estamental.

(2) O liberalismo combate, no campoeconômico, as estruturas do mercantilismo e docolonialismo e, no político, as formas absolutistasdo Estado.

(4) O socialismo que ganha corpo no

decorrer do século XIX, corresponde a uma visãodo mundo que se opõe a burguesia.(8) O fracasso dos movimentos de

independência na América Latina, ao longo da

primeira metade do século XIX, pode serexplicado pela autuação da Inglaterra em defesado pacto colonial.

Soma: ( )

3.(FACULDADE RUI BARBOSA-BA)Numa perspectiva bem ampla, o processo de

independência dos EUA relacionou-se, por umlado, o avanço do capitalismo na Inglaterra, àexpansao dos princípios liberais asrivalidades anglo-francesa, acentuada no finaldo século XVIII, e, por outro lado, à própriaespecificidade do desenvolvimento das trezecolônias. Neste sentido, podemos afirmar quea aceleração que o processo de ruptura dasantigas colônias e metrópole inglesa deveu-se: 

I- Às tentativas de expansão na América do Norte, ocupando território das treze

colônias.II- Ao próprio desenvolvimento de

liberalismo econômico na Inglaterra, divulgandoprincípios e praticas contrários ao monopóliocomercial.

III- Às tentativa Inglesas deaprofundar os laços de dominação através doreforço do pacto colonial.

IV- À reação dos colonos americanosàs medidas fiscais e administrativas que feriam asua relativa autonomia.

V- Ao desdobramento natural de umprocesso calcado na relativa autonomia das

chamadas colônias de povoamento.,

 Assinale as alternativas corretas.a) I e IVb) II e IIIc) I e Vd) III e IVe) II e V

4. (PUC-MG) A independência das trezecolônias Inglesas da América do Norte tem emcomum com a independência dos paiseslatino-americanos de colonização ibérica,exceto:

a) A luta dos colonos contra osexércitos metropolitanos envolvendo outrospaises.

b) A contestação às medidasrestritivas, impostas ao comercio pelasrespectivas metrópoles.

c) A predominância da forma degoverno republicana e do sistema de governopresidencialista.

d) As implicações decorrentes da

expansão napoleônica na Europa, refletindo nocontinente americano.

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e) O liberalismo político e econômicoque forneceu a base ideológica para a superaçãodos entraves mercantilistas.

5. (CESGRANRIO-RJ - Alterada) Noséculo XVIII, nas tensões entre Inglaterra e

França, ocupou um lugar privilegiado aquestão dos domínios colônias, o que se podeverificar pela guerra dos Sete Anos (1756-1763), durante a qual:

a) Se consolida o poder Britânicosobre a América do Norte com a vitoria emQuebec, sobre os franceses e pela ampliação dafronteira oeste com a conquista do México.

b) Os dois Estados lutam pelodomínio da América do Norte, onde os francesessão derrotados, e perdem apenas parte do

Canada, especialmente Quebec, que entretantomantém a cultura e a língua francesa.c) Os dois disputa suas possessões

na América e na Índia, luta que acaba com oTratado de Paris(1763), que concedia a Inglaterraa posse da Índia, Canada, Senegal, parte daLouisiana e das Antilhas.

d) A Inglaterra incorpora a Escócia evira a Grã-bretanha, consolidando também seudomínio sobre a Irlanda, enquanto a França entranum processo agudo de crise econômica queacentua a decadência da sociedade do AntigoRegime.

e) A França adquire a região das Antilhas dos espanhóis e amplia seu domíniosobre a Ásia, assumindo o controle da região dosudeste asiático.

GABARITO DAS QUESTÕES SOBREINDEPENDÊNCIA DAS TREZE COLÔNIAS: 1  –  A / 2 – “7” / 3 – D / 4 – D / 5 – C

Pintou no ENEM  –  Exercícios de

História que estiveram presentesem edições do Exame. 

1) Negro, filho de escrava e fidalgoportuguês, o baiano Luiz Gama fez da lei e dasletras suas armas na luta pela liberdade. Foivendido ilegalmente como escravo pelo seu paipara cobrir dívidas de jogo. Sabendo ler eescrever, aos 18 anos de idade conseguiu provasde que havia. Nascido livre. Autodidata, advogadosem diploma, fez do direito o seu ofício etransformou-se, em pouco tempo, emproeminente advogado da causa abolicionista.

 AZEVEDO, E. O Orfeu de carapinha. In:Revista de Hist. ia. Ano 1, n.o 3. Rio de Janeiro:

Biblioteca Nacional, jan. 2004 (adaptado).

 A conquista da liberdade pelos afro-brasileiros na segunda metade do séc. XIX foiresultado de importantes lutas sociaiscondicionadas historicamente. A biografia de LuizGama exemplifica:

a) impossibilidade de ascensão social donegro forro em uma sociedade escravocrata,mesmo sendo alfabetizado.

b) extrema dificuldade de projeção dosintelectuais negros nesse contexto e a utilizaçãodo Direito como canal de luta pela liberdade.

c) rigidez de uma sociedade, assentadana escravidão, que inviabilizava os mecanismosde ascensão social.

d) possibilidade de ascensão social,viabilizada pelo apoio das elites dominantes, a ummestiço filho de pai português.

e) troca de favores entre um

representante negro e a elite agrária escravistaque outorgara o direito advocatício ao mesmo.

2) Substitui-se então uma história crítica,profunda, por uma crônica de detalhes onde opatriotismo e a bravura dos nossos soldadosencobrem a vilania dos motivos que levaram aInglaterra a armar brasileiros e argentinos para adestruição da mais gloriosa república que já seviu na América Latina, a do Paraguai.

CHIAVENATTO, J. J. Genocídioamericano: A Guerra do Paraguai. São Paulo:

Brasiliense, 1979 (adaptado).

O imperialismo inglês, "destruindo oParaguai, mantém o status quo  na AméricaMeridional, impedindo a ascensão do seu únicoEstado economicamente livre". Essa teoriaconspiratória vai contra a realidade dos fatos Enão tem provas documentais. Contudo essateoria tem alguma repercussão.

(DORATIOTO). F. Maldita guerra: nova

hist. ia da Guerra do Paraguai. São Paulo: Cia.

das Letras, 2002 (adaptado).

Uma leitura dessas narrativas divergentesdemonstra que ambas estão refletindo sobre:

a) a carência de fontes para a pesquisasobre os reais motivos dessa Guerra.

b) o caráter positivista das diferentesversões sobre essa Guerra.

c) o resultado das intervenções britânicasnos cenários de batalha.

d) a dificuldade de elaborar explicaçõesconvincentes sobre os motivos dessa Guerra.

e) o nível de crueldade das ações doexército brasileiro e argentino durante o conflito.

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3) Em 2008 foram comemorados os 200anos da mudança da família real portuguesa parao Brasil, onde foi instalada a sede do reino. Umasequência de eventos importantes ocorreu noperíodo 1808-1821, durante os 13 anos em queD. João VI e a família real portuguesapermaneceram no Brasil. Entre esses eventos,

destacam-se os seguintes:

• Bahia –  1808: Parada do navio quetrazia a família real portuguesa para o Brasil, soba proteção da marinha britânica, fugindo de umpossível ataque de Napoleão.

• Rio de Janeiro – 1808: desembarque dafamília real portuguesa na cidade onde residiriamdurante sua permanência no Brasil.

• Salvador –  1810: D. João VI assina acarta régia de abertura dos portos ao comércio de

todas as nações amigas ato antecipadamentenegociado com a Inglaterra em troca da escoltadada à esquadra portuguesa.

• Rio de Janeiro – 1816: D. João VI torna-se rei do Brasil e de Portugal, devido à morte desua mãe, D. Maria I.

• Pernambuco –  1817: As tropas de D.João VI sufocam a revolução republicana.

GOMES. L. 1808: como uma rainhalouca, um príncipe medroso e uma corte corrupta

enganaram Napoleão e mudaram a história dePortugal e do Brasil. São Paulo: Editora Planeta,2007 (adaptado)

Uma das consequências desses eventosfoi:

a) a decadência do império britânico, emrazão do contrabando de produtos inglesesatravés dos portos brasileiros,

b) o fim do comércio de escravos noBrasil, porque a Inglaterra decretara, em 1806, aproibição do tráfico de escravos em seusdomínios.

c) a conquista da região do rio da Prataem represália à aliança entre a Espanha e aFrança de Napoleão.

d) a abertura de estradas, que permitiu orompimento do isolamento que vigorava entre asprovíncias do país, o que dificultava acomunicação antes de 1808.

e) o grande desenvolvimento econômicode Portugal após a vinda de D. João VI para oBrasil, uma vez que cessaram as despesas demanutenção do rei e de sua

família.

4) Eu, o Príncipe Regente, faço saber aosque o presente Alvará virem: que desejandopromover e adiantar a riqueza nacional, e sendoum dos mananciais dela as manufaturas e aindústria, sou servido abolir e revogar toda equalquer proibição que haja a este respeito noEstado do Brasil.

 Alvará de liberdade para as indústrias(1.o de Abril de 1808). In Bonavides, P.; Amaral,R. Textos políticos da História do Brasil. Vol. 1.Brasília: Senado Federal, 2002 (adaptado).

O projeto industrializante de D. João,conforme expresso no alvará, não se concretizou.Que características desse período explicam essefato?

a) A ocupação de Portugal pelas tropasfrancesas e o fechamento das manufaturasportuguesas.

b) A dependência portuguesa da

Inglaterra e o predomínio industrial inglês sobresuas redes de comércio.

c) A desconfiança da burguesia industrialcolonial diante da chegada da família realportuguesa.

d) O confronto entre a França e aInglaterra e a posição dúbia assumida porPortugal no comércio interna - nacional.

e) O atraso industrial da colôniaprovocado pela perda de mercados para asindústrias portuguesas.

5) Após a abdicação de D. Pedro I, o

Brasil atravessou um período marcado porinúmeras crises: as diversas forças políticaslutavam pelo poder e as reivindicações populareseram por melhores condições de vida e pelodireito de participação na vida política do país. Osconflitos representavam também o protesto contraa centralização do governo. Nesse período,ocorreu também a expansão da cultura cafeeira eo surgimento do poderoso grupo dos "barões docafé", para o qual era fundamental a manutençãoda escravidão e do tráfico negreiro. O contexto doPeríodo Regencial foi marcado:

a) por revoltas populares que reclamavama volta da monarquia.

b) por várias crises e pela submissão dasforças políticas ao poder central.

c) pela luta entre os principais grupospolíticos que reivindicavam melhores condiçõesde vida.

d) pelo governo dos chamados regentes,que promoveram a ascensão social dos "barõesdo café".

e) pela convulsão política e por novasrealidades econômicas que exigiam o reforço develhas realidades sociais.

6) Na democracia estadunidense, oscidadãos são incluídos na sociedade pelo

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exercício pleno dos direitos políticos e tambémpela ideia geral de direito de propriedade.Compete ao governo garantir que esse direito nãoseja violado. Como consequência, mesmoaqueles que possuem uma pequena propriedadesentem-se cidadãos de pleno direito. Na tradiçãopolítica dos EUA, uma forma de incluir

socialmente os cidadãos é:

a) submeter o indivíduo à proteção dogoverno.

b) hierarquizar os indivíduos segundosuas posses.

c) estimular a formação de propriedadescomunais.

d) vincular democracia e possibilidadeseconômicas individuais.

e) defender a obrigação de que todos osindivíduos tenham propriedades.

7) Na década de 30 do século XIX,Tocqueville escreveu as seguintes linhas arespeito da moralidade nos EUA: “A opiniãopública norte-americana é particularmente duracom a falta de moral, pois esta desvia a atençãofrente à busca do bem-estar e prejudica aharmonia doméstica, que é tão essencial aosucesso dos negócios. Nesse sentido, pode-sedizer que ser casto é uma questão de honra”. 

TOCQUEVILLE, A. Democracy in America. Chicago: Encyclopædia Britannica, Inc.,Great Books 44, 1990 (adaptado).

Do trecho, infere-se que, paraTocqueville, os norte americanos do seu tempo:

a) buscavam o êxito, descurando asvirtudes cívicas.

b) tinham na vida moral uma garantia deenriquecimento rápido.

c) valorizavam um conceito de honradissociado do comportamento ético.

d) relacionavam a conduta moral dosindivíduos com o progresso econômico.

e) acreditavam que o comportamentocasto perturbava a harmonia doméstica.

8) No tempo da independência do Brasil,circulavam nas classes populares do Recifetrovas que faziam alusão à revolta escrava doHaiti: Marinheiros e caiados Todos devem seacabar, Porque só pardos e pretos o país hão dehabitar.

 AMARAL, F. P. do. Apud CARVALHO, A.Estudos pernambucanos. Recife: Cultura Acadêmica, 1907.

O período da independência do Brasilregistra conflitos raciais, como se depreende:

a) dos rumores acerca da revolta escravado Haiti, que circulavam entre a populaçãoescrava e entre os mestiços pobres, alimentandoseu desejo por mudanças.

b) da rejeição aos portugueses, brancos,que significava a rejeição à opressão daMetrópole, como ocorreu na Noite das

Garrafadas.c) do apoio que escravos e negros forros

deram à monarquia, com a perspectiva dereceber sua proteção contra as injustiças dosistema escravista.

d) do repúdio que os escravostrabalhadores dos portos demonstravam contraos marinheiros, porque estes representavam aelite branca opressora.

e) da expulsão de vários líderes negrosindependentistas, que defendiam a implantaçãode uma república negra, a exemplo do Haiti.

9) A identidade negra não surge datomada de consciência de uma diferença depigmentação ou de uma diferença biológica entrepopulações negras e brancas e(ou) negras eamarelas. Ela resulta de um longo processohistórico que começa com o descobrimento, noséculo XV, do continente africano e de seushabitantes pelos navegadores portugueses,descobrimento esse que abriu o caminho àsrelações mercantilistas com a África, ao tráficonegreiro, à escravidão e, enfim, à colonização docontinente africano e de seus povos.

K. Munanga. Algumas consideraçõessobre a diversidade e a identidade negra noBrasil. In: Diversidade na educação: reflexões eexperiências. Brasília: SEMTEC/MEC, 2003, p.37.

Com relação ao assunto tratado no textoacima, é correto afirmar que:

a) colonização da África pelos europeusfoi simultânea ao descobrimento dessecontinente.

b) a existência de lucrativo comércio na África levou os portugueses a desenvolveremesse continente.

c) o surgimento do tráfico negreiro foiposterior ao início da escravidão no Brasil.

d) a exploração da África decorreu domovimento de expansão europeia do início daIdade Moderna.

e) a colonização da África antecedeu asrelações comerciais entre esse continente e aEuropa.

10) Após a Independência, integramo-noscomo exportadores de produtos primários àdivisão internacional do trabalho, estruturada aoredor da Grã-Bretanha. O Brasil especializou-sena produção, com braço escravo importado da

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 África, de plantas tropicais para a Europa e a América do Norte. Isso atrasou odesenvolvimento de nossa economia por pelomenos uns oitenta anos. Éramos um paísessencialmente agrícola e tecnicamente atrasadopor depender de produtores cativos. Não sepoderia confiar a trabalhadores forçados outros

instrumentos de produção que os mais toscos ebaratos. O atraso econômico forçou o Brasil a sevoltar parafora. Era do exterior que vinham osbens de consumo que fundamentavam umpadrão de vida “civilizado”, marca que  distinguiaas classes cultas e “naturalmente” dominantes do  povaréu primitivo e miserável. (...) E de foravinham também os capitais que permitiam iniciara construção de uma infraestrutura de serviçosurbanos, de energia, transportes e comunicações.

Paul Singer. Evolução da economia evinculação internacional. In: I. Sachs; J. Willheim;P. S. Pinheiro (Orgs.). Brasil: um século de

transformações. São Paulo: Cia. das Letras,2001, p. 80.

Levando-se em consideração asafirmações acima, relativas à estrutura econômicado Brasil por ocasião da independência política(1822), é correto afirmar que o país:

a) se industrializou rapidamente devidoao desenvolvimento alcançado no períodocolonial.

b) extinguiu a produção colonial baseadana escravidão e fundamentou a produção notrabalho livre.

c) se tornou dependente da economiaeuropeia por realizar tardiamente suaindustrialização em relação a outros países.

d) se tornou dependente do capitalestrangeiro, que foi introduzido no país sem trazerganhos para a infraestrutura de serviços urbanos.

e) teve sua industrialização estimuladapela Grã-Bretanha, que investiu capitais emvários setores produtivos.

11  –  Adaptada) Considere a seguintelinha do tempo a respeito das leis aprovadas emtorno da questão escravista:

* Lei Eusébio de Queirós (1850) (fim dotráfico negreiro)

* Lei do Ventre Livre (1771) (liberdadepara os filhos de escravos nascidos a partir dessadata)

* Lei dos Sexagenários (1885) (liberdadepara os escravos maiores de 60 anos)

* Lei Áurea (1888) (abolição daescravatura)

Considerando a linha do tempo acima e oprocesso de abolição da escravatura no Brasil,assinale a opção correta:

a) O processo abolicionista foi rápidoporque recebeu a adesão de todas as correntespolíticas do país.

b) O primeiro passo para a abolição daescravatura foi à proibição do uso dos serviçosdas crianças nascidas em cativeiro.

c) Antes que a compra de escravos noexterior fosse proibida, decidiu-se pela libertaçãodos cativos mais velhos.

d) Assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea concluiu o processo abolicionista, tornandoilegal a escravidão no Brasil.

e) Ao abolir o tráfico negreiro, a LeiEusébio de Queirós bloqueou a formulação denovas leis antiescravidão no Brasil.

12 - Adaptada) Um dia, os imigrantesaglomerados na amurada da proa chegavam àfedentina quente de um porto, num silêncio de

mato e de febre amarela. Santos. —  É aqui!Buenos Aires é aqui! — Tinham trocado o rótulodas bagagens, desciam em fila. Faziam suasnecessidades nos trens dos animais onde iam.Jogavam-nos num pavilhão comum em SãoPaulo. —  Buenos Aires é aqui! —  Amontoadoscom trouxas, sanfonas e baús, num carro de bois,que pretos guiavam através do mato por estradasesburacadas, chegavam uma tarde nas senzalasdonde acabava de sair o braço escravo.Formavam militarmente nas madrugadas doterreiro homens e mulheres, ante feitores deespingarda ao ombro.

Oswald de Andrade. Marco Zero II – Chão. Rio de Janeiro: Globo, 1991.

Levando-se em consideração o texto deOswald de Andrade relativos à imigraçãoeuropeia para o Brasil, é correto afirmar que:

a) visão da imigração presente no textoretrata como os imigrantes tinham plenoconhecimento das terras as quais ocupariam noBrasil.

b) o texto exemplifica o fenômeno daimigração de argentinos para o Brasil.

c) Oswald de Andrade faz um retratosobre as dificuldades encontradas pelosimigrantes ao chegarem no Brasil.

d) Oswald de Andrade retrata de maneiraotimista o pioneirismo dos imigrantes na vindapara o Brasil.

e) Oswald de Andrade mostra que acondição de vida do imigrante era melhor que ados ex escravos.

13) Em 4 de julho de 1776, as trezecolônias que vieram inicialmente a constituir osEstados Unidos da América (EUA) declaravamsua independência e justificavam a ruptura doPacto Colonial. Em palavras profundamente

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subversivas para a época, afirmavam a igualdadedos homens e apregoavam como seus direitosinalienáveis: o direito à vida, à liberdade e àbusca da felicidade. Afirmavam que o poder dosgovernantes, aos quais cabia a defesa daquelesdireitos, derivava dos governados. Essesconceitos revolucionários que ecoavam o

Iluminismo foram retomados com maior vigor eamplitude treze anos mais tarde, em 1789, naFrança.

Emília Viotti da Costa. Apresentação dacoleção. In: Wladimir Pomar. Revolução Chinesa.São Paulo: UNESP, 2003 (com adaptações). 

Considerando o texto acima, acerca daindependência dos EUA e da RevoluçãoFrancesa, assinale a opção correta.

a) A independência dos EUA e aRevolução Francesa integravam o mesmo

contexto histórico, mas se baseavam emprincípios e ideais opostos.

b) O processo revolucionário francêsidentificou-se com o movimento de independêncianorte-americana no apoio ao absolutismoesclarecido.

c) Tanto nos EUA quanto na França, asteses iluministas sustentavam a luta peloreconhecimento dos direitos consideradosessenciais à dignidade humana.

d) Por ter sido pioneira, a RevoluçãoFrancesa exerceu forte influência nodesencadeamento da independência norte-

americana.e) Ao romper o Pacto Colonial, a

Revolução Francesa abriu o caminho para asindependências das colônias ibéricas situadas na América.

14) O abolicionista Joaquim Nabuco fezum resumo dos fatores que levaram à abolição daescravatura com as seguintes palavras: “Cincoações ou concursos diferentes cooperaram para oresultado final: 1.º) o espírito daqueles quecriavam a opinião pela ideia, pela palavra, pelosentimento, e que a faziam valer por meio doParlamento, dos meetings [reuniões públicas], daimprensa, do ensino superior, do púlpito, dostribunais; 2.º) a ação coercitiva dos que sepropunham a destruir materialmente o formidávelaparelho da escravidão, arrebatando os escravosao poder dos senhores; 3.º) a ação complementardos próprios proprietários, que, à medida que omovimento se precipitava, iam libertando emmassa as suas ‘fábricas’; 4.º) a ação política dosestadistas, representando as concessões dogoverno; 5.º) a ação da família imperial.” 

Joaquim Nabuco. Minha formação. SãoPaulo: Martin Claret, 2005, p. 144 (comadaptações).

Nesse texto, Joaquim Nabuco afirma quea abolição da escravatura foi o resultado de umaluta:

a) de ideias, associada a ações contra aorganização escravista, com o auxílio deproprietários que libertavam seus escravos, de

estadistas e da ação da família imperial.b) de classes, associada a ações contra a

organização escravista, que foi seguida pelaajuda de proprietários que substituíam osescravos por assalariados, o que provocou aadesão de estadistas e, posteriormente, açõesrepublicanas.

c) partidária, associada a ações contra aorganização escravista, com o auxílio deproprietários que mudavam seu foco deinvestimento e da ação da família imperial.

d) política, associada a ações contra aorganização escravista, sabotada por

proprietários que buscavam manter o escravismo,por estadistas e pela ação republicana contra arealeza.

e) religiosa, associada a ações contra aorganização escravista, que fora apoiada porproprietários que haviam substituído os seusescravos por imigrantes, o que resultou naadesão de estadistas republicanos na luta contraa realeza.

15) Ninguém desconhece a necessidade

que todos os fazendeiros têm de aumentar onúmero de seus trabalhadores. E como até hápouco supriam-se os fazendeiros dos braços

necessários? As fazendas eram alimentadas pelaaquisição de escravos, sem o menor auxilio

pecuniário do governo. Ora, se os fazendeiros se

supriam de braços à sua custa, e se é possível

obtê-los ainda, posto que de outra qualidade, por

que motivo não hão de procurar alcançá-los pela

mesma maneira, isto é, à sua custa?Resposta de Manuel Felizardo de Souza

e Mello, diretor geral das terras Públicas, aoSenador Vergueiro. In: ALENCASTRO, l.f. (Org.)

História da vida privada no Brasil São Paulo: Cia

das letras, 1998 (adaptado)

O fragmento do discurso dirigido aoparlamentar do Império refere-se às mudanças

então em curso no campo brasileiro, queconfrontam o Estado e a elite agrária em torno do

objetivo de :

 A) fomentar ações públicas para ocupação dasterras do interior.

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B) adotar o regime assalariado para proteção da

mão de obra estrangeira.C) definir uma política de subsídio governamental

para fomento da imigração.D) regulamentar o tráfico interprovincial de cativos

para sobrevivência das fazendas.

E) financiar a fixação de famílias camponesas

para estímulo da agricultura de subsistência.

16) Observe as duas imagens:

 As imagens, que retratam D. Pedro I e D.

Pedro II, procuram transmitir determinadasrepresentações políticas a cerca dos dois

monarcas e de seus contextos de atuação. Aideia que cada imagem invoca é,

respectivamente:

 A) Habilidade militar – riqueza pessoal

B) Liderança popular – estabilidade política

C) Instabilidade econômica – herança europeia

D) Isolamento político – centralização do poder

E) Nacionalismo exacerbado  –  inovação

administrativa

17) A escravidão não há de ser suprimidano Brasil por uma guerra servil, muito menos porinsurreições ou atentados locais. Não deve sê-lo,

tampouco, por uma guerra civil, como o foi nos

estados Unidos. Ela poderia desaparecer , talvez,depois de uma revolução o, como aconteceu na

França, sendo essa revolução obra exclusiva dapopulação livre. É no Parlamento e não em

fazendas ou quilombos do interior, nem nas ruas

e praças das cidades, que se há de ganhar, ou

perder, a causa da liberdade.NABUCO, J.O abolicionismo (1883) Rio

de Janeiro: Nova Fronteira: São Paulo: Publifolha,

2000 (adaptado)

No texto , Joaquim Nabuco defende um

projeto político sobre como deveria ocorrer o fim

da escravidão no Brasil, no qual:

 A) copiava o modelo haitiano de emancipaçãonegra.

B) Incentivava a conquista de alforrias por meiode ações judiciais.

C) optava pela via legalista de libertação.D) Priorizava a negociação em torno das

indenizações aos senhores.E) Antecipava a libertação paternalista dos

cativos.

18) De ponta a ponta, é tudo praia-palma,

muito chã e muito formosa. Pelo sertão nospareceu, vista do mar, muito grande, porque, a

estender olhos, não podíamos ver senão terra

com arvoredos, que nos parecia muito longa.

Nela, até agora, não pudemos saber que haja

ouro, nem prata, nem coisa alguma de metal ou

ferro; nem lho vimos. Porem a terra em si é de

muito bons ares [...]. Porém o melhor fruto que

dela se pode tirar me parece que será salva estagente.

Carta de Pero Vaz de Caminha. In: MARQUES, A.; BERUTTI, F.; FARIA, R. História moderna

através de textos. São Paulo: Contexto, 2001.

 A carta de Pero Vaz de Caminha permite

entender o projeto colonizador para a nova terra.Nesse trecho, o relato enfatiza o seguinte

objetivo:

 A) Valorizar a catequese a ser realizada sobre os

povos nativos.

B) Descrever a cultura local para enaltecer aprosperidade portuguesa.

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C) Transmitir o conhecimento dos indígenas

sobre o potencial econômico existente.D) Realçar a pobreza dos habitantes nativos para

demarcar a superioridade europeia.E) Criticar o modo de vida dos povos autóctones

para evidenciar a ausência de trabalho.

19) O canto triste dos conquistados:

Os últimos dias de Tenochtitlán

Nos caminhos jazem dardos quebrados;

Os cabelos estão espalhados.

Destelhadas estão as casas,

Vermelhas estão as águas, os rios, como sealguém as tivesse tingido,

Nos escudos esteve nosso resguardo,

Mas os escudos não detêm a desolação...PINSKY, J. et al. História da América através de

textos. São Paulo: contexto, 2007 (fragmento).

O texto é um registro asteca, cujo sentido

está relacionado ao(à)

 A) Tragédia causada pela destruição da cultura

desse povo.B) Tentativa frustrada de resistência a um poder

considerado superior.C) Extermínio das populações indígenas peloExército espanhol.

D) Dissolução da memória sobre os feitos deseus antepassados.

E) Profetização das consequências dacolonização da América.

GABARITO DAS QUESTÕES DO ENEM(1 – B), (2 – D), (3 – D), (4 – B), (5 – E), (6  – D),

(7 – D), (8 – A), (9 – D), (10 – C), (11 – D), (12 – 

C), (13 – C), (14 – A), (15 – C), (16 – C), (17 – C),(18 – A), (19 – A).

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