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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE DO RIO GRANDE DO SUL DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA DISCIPLINA BOTÂNICA AGRÍCOLA Material de Apoio para as Aulas Teóricas da Disciplina de B B o o t t â â n n i i c c a a A A g g r r í í c c o o l l a a Prof. Dra. Adriana Graciela Desiré Zecca Frederico Westphalen, RS, Brasil. Agosto de 2008

APOSTILA COMPLETA DE BOTÂNICA AGRÃCOLA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA CENTRO DE EDUCAÇÃO SUPERIOR NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

DEPARTAMENTO DE AGRONOMIA DISCIPLINA BOTÂNICA AGRÍCOLA

Material de Apoio para as Aulas Teóricas da Disciplina de

BBoottâânniiccaa AAggrrííccoollaa

Prof. Dra. Adriana Graciela Desiré Zecca

Frederico Westphalen, RS, Brasil. Agosto de 2008

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BOTÂNICA AGRÍCOLA

INTRODUÇÃO À BOTÂNICA SISTEMÁTICA

Pelo menos 10 milhões de tipos de organismos vivos compartilham nossa biosfera.

Nós, seres humanos diferimos destes outros organismos tanto no grau de nossa curiosidade como em nosso poder de falar. Como conseqüência destas duas características, temos há muito tempo buscado inquirir sobre outras criaturas, bem como trocar informações. Para se fazer isto, foi necessário dar nomes aos organismos. Aos organismos mais conhecidos foram dados nomes vulgares, mas mesmo para os mais simples dos propósitos, tais nomes podem ser inadequados. Algumas vezes os nomes são vagos, particularmente quando trocamos informações com pessoas de outras partes do mundo. Quando diferentes línguas estão envolvidas, os problemas se tornam complexos.

Por estas razões, os biólogos designam os organismos com nomes em Latim, que são oficialmente reconhecidos por organizações internacionais de botânicos, bacteriologistas e zoólogos.

Estes nomes formais em Latim originaram-se de sistemas informais de nomear plantas. A diferentes tipos de organismos têm sido dado há muito tempo nomes correspondentes a categorias tais como ‘carvalhos’, ‘rosas’ ou ‘dentes-de-leão’. Na época medieval, quando o interesse na comunicação de informações sobre organismos estava crescendo, o Latim era a língua da ciência. Por esta razão os nomes para estes ‘tipos’ de organismos foram padronizados e amplamente disseminados em livros impressos com o recém inventado tipo móvel. Os nomes eram freqüentemente aqueles que os romanos usavam; em outros casos, eram inventados novos nomes ou os nomes eram colocados na forma latinizada. Estes ‘tipos’ acabaram por serem chamados de gêneros, e membros individuais destes gêneros, tais como carvalhos-vermelhos ou carvalho-salgueiro, eram chamados de espécies.

No inicio, as espécies eram identificadas por frases descritivas em Latim consistindo em uma ou mais palavras; estas frases eram chamadas ‘polinômios’. A primeira palavra do polinômio era o nome do gênero ao qual a planta pertencia. Assim, todos os carvalhos eram identificados por polinômios que começavam com palavra Quercus, e todas as rosas com polinômios que se iniciavam com a palavra Rosa. Os antigos nomes latinos para estas plantas continuaram a ser utilizados para designar os gêneros.

A Sistemática Vegetal desempenha um papel de importância capital em favor de ciências que lidam com as plantas; determinando os nomes com que são conhecidas internacionalmente milhares de espécies vegetais, estudando sua distribuição, indicando suas propriedades, acertando as relações existentes entre os grupos taxonômicos e outros pontos de interesse, sua influencia manifesta-se em todos os domínios da Botânica. Pode-se afirmar, que sem uma acurada e segura identificação das espécies, a Fitogeografia não poderia conduzir trabalhos relativos à origem e interdependência das floras, do mesmo modo sucedendo com a Ecologia, nos estudos de relacionamento das plantas com o meio. Do mesmo modo, os farmacologistas, nos seus estudos sobre a presença nas plantas de substâncias com propriedades medicinais, não podem negligenciar quanto à identificação

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fidedigna das espécies. Enfim, todos aqueles que direta ou indiretamente, têm suas atividades relacionadas com o estudo das plantas, recorrem ao taxonomista para obter determinações corretas. No conceito antigo, Sistemática era uma ciência que se restringia ao estudo de fragmentos de plantas, devidamente etiquetados e conservados em um herbário, baseando-se no estudo morfológico desses espécimes. A sistemática moderna, tanto estuda o comportamento da planta na natureza, como se fundamenta na morfologia e na estrutura dos vegetais, seus caracteres genéticos, sua ecologia, distribuição geográfica, estudo dos seus antepassados, etc..., para compreender e estabelecer as verdadeiras afinidades e graus de parentesco existentes entre os diversos grupos de plantas. Baseia-se na hipótese de que existem relações genéticas entre as plantas e que os vegetais atuais descendem de outros existentes ou já extintos, através de sucessivas gerações, encontrando-se elas, hoje em dia, mais aperfeiçoadas.

TAXONOMIA OU SISTEMÁTICA VEGETAL é a parte da Botânica que tem por finalidade agrupar as plantas dentro de um sistema, levando em consideração suas características morfológicas e externas, suas relações genéticas e suas afinidades. IDENTIFICAÇÃO é a determinação de qualquer material botânico, como idêntico ou semelhante a outro já conhecido. Pode ser feita com o auxilio da literatura ou pela comparação com outro de identidade conhecida e em qualquer hierarquia (família, gênero, espécie, subespécie, etc.). Tratando-se de material novo para a Sistemática, por conseguinte ainda não designado cientificamente, deve receber denominação própria e ser objeto de descrição, publicação em órgão especializado, observando-se o que preceitua o Código Internacional de Nomenclatura Botânica. Classificação é a ordenação das plantas em categorias hierárquicas, segundo as afinidades naturais ou graus de parentesco e de acordo com um sistema de classificação. Cada espécie é classificada como membro de um gênero, cada gênero pertence a uma família, as famílias estão subordinadas a uma ordem, cada ordem a uma classe, cada classe a uma divisão. Nomenclatura está relacionada com o emprego correto dos nomes das plantas e compreende um conjunto de princípios, regras e recomendações aprovados em congressos internacionais de Botânica e publicados num texto oficial. A Botânica necessita de um sistema preciso e simples de nomenclatura para ser usado pelos botânicos em todos os países, que lide por um lado com os termos que denotam nível dos grupos ou unidades taxonômicas e por outro com os nomes científicos que são aplicados as grupos taxonômicos individuais de plantas. HISTÓRICO A Botânica é tão antiga como a própria humanidade, se bem que não como uma ciência sistematizada, mas antes em forma de observações acumuladas sobre aparência de certas plantas, e efeitos que exercem sobre o organismo, seja do Homem ou do animal.

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Conforme se iam acumulando conhecimentos empíricos surgia a necessidade de pô-los em alguma ordem e legá-los às gerações futuras, assim surgiram as primeiras anotações, sobre vegetais, que encontramos nos escritos da antiguidade.

Minuciosas descrições de plantas e suas virtudes são encontradas nos ‘livros’ dos templos egípcios. No Talmude hebraico existe uma extensa divisão dedicada ao estudo das plantas, suas propriedades, uso e cultura.

Nas primeiras épocas da historia européia foram os gregos, a deixarem anotadas as observações que podem ser consideradas como inicio da ciência. Foram também os gregos que fizeram a primeira tentativa de sistematizar o material empírico acumulado, baseando-se nos caracteres que mais saltam à vista. Assim, o primeiro sistema que conhecemos, criado por Aristóteles e Teofrasto (384-284 a.C.) dividia o reino vegetal em árvores, arbustos e ervas, distinguindo formas caducifólias e sempreverdes. Esta classificação ficou em uso durante a maior parte da Idade Média. Em contato com a ciência oriental durante a invasão árabe, do século IX a XII, os europeus adquiriram conhecimentos sobre plantas, na época desconhecidas. Foram também enriquecidas as coleções já existentes na Europa. Mais uma onda de material completamente novo invadiu a Europa em conseqüência das grandes descobertas. Do século XV em diante, a necessidade de pôr alguma ordem no material acumulado, tornou-se inadiável.

As primeiras tentativas realizaram-se no sentido de criação dos chamados ‘Livros de ervas’, ‘Hervanários’, listas e descrições das plantas, na maioria feitas pelos monges ou médicos, organizados principalmente, para preservação de conhecimentos sobre plantas medicinais (Período descritivo). A mesma finalidade perseguem também os hortos de ervas, onde se plantava e preservava vivo, na maioria plantas medicinais, aromáticas ou tóxicas. Aumentando cada vez mais o fluxo de espécies vindas do estrangeiro, esses hortos transformaram-se em coleções de plantas vivas de todas as espécies; mais tarde foram denominados Jardins Botânicos. Os mais antigos foram organizados na Itália, em 1309 em Salerno.

A descoberta da imprensa e da xilografia facilitou a divulgação de ‘Livros de ervas’ e permitiu a comparação de plantas localizadas em diversos lugares freqüentemente distantes. Assim, tornou-se indispensável a criação de sistemas de identificação que podiam ser compreendidos em varias nações e línguas diferentes.

Na base dos sistemas de Aristóteles, Teofrasto, Plínio e Dioscórides, inicia-se a criação de numerosos sistemas novos, alguns bastante lógicos e adaptados às exigências da época, uns, porém, mais confusos que os antigos.

Esses sistemas destinavam-se ao reconhecimento da planta e foram baseados na morfologia externa, anotação sucinta de caracteres, permitindo a comparação de material localizado em diversas e distantes coleções (Período de sistematização). Tinham fundamentação morfológica, recebendo, porém, ainda a influência das premissas filosóficas relativas ao principio de imutabilidade das espécies.

O primeiro desses sistemas exposto em definições claras, exatas e lógicas, criado por Andréa Caesalpino (Piza, 1519-1603), foi baseado na estrutura de frutos e sementes. Esteve em uso por um século, até o aparecimento do sistema também artificial, porém mais completo e prático, do professor Karl Von Lineé, da Suécia (1707-1775).

O sistema lineano é baseado na morfologia da flor, principalmente na estrutura e número de estames e pistilos. Lineu dividiu o reino vegetal em Criptógamas – plantas com processos sexuados encobertos e Fanerógamas – plantas com processos sexuados visíveis. Esta divisão, com certas modificações é usada até hoje. O maior mérito de Lineu foi o de

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pôr em ordem enorme quantidade de material coletado por ele mesmo e outros botânicos e zoólogos e de idealizar e empregar com sucesso uma nomenclatura e uma terminologia breve, clara e lógica, que até hoje está em vigor. Foi o primeiro que deu a noção de ‘espécie’ e ‘gênero’ como base para a nomenclatura binária.

Lineu estabeleceu classes e ordens de plantas. As classes em número de 24 se fundamentavam em caracteres apresentados pelo aparelho reprodutor. Nas plantas com flores, que abrangiam 23 classes, levou em consideração o sexo, o número de estames, a relação entre suas partes, etc. A classe XXIV trata das Criptogámas. As ordens, conforme as classes a que pertenciam, eram denominadas segundo critérios relacionados com o número de ovários (existindo só um ovário, passou a considerar o número de estiletes ou de estigmas), com o número de estames e com a natureza do fruto.

Com o incremento dos conhecimentos sobre a flora mundial veio a verificação da existência de maiores afinidades naturais entre plantas do que as indicadas pelo ‘sistema sexual’ de Lineu. Os novos sistemas organizam plantas em grupos afins, pela existência de caracteres morfológicos e anatômicos comuns. Em rigor, não poderiam ser ‘naturais’ por não se compatibilizarem com a idéia da evolução, o que só ocorreu com os atuais sistemas filogenéticos, também chamados naturais modernos.

Dos muitos sistemas que se seguiram, mais um que merece ser mencionado é o de Antoine Jussieu (1748-1836, Paris). Também artificial, porém baseado num maior conjunto de caracteres morfológicos. Este sistema tenta agrupar os organismos numa seqüência partindo dos mais primitivos e simples aos mais complexos morfologicamente. Esta disposição aproxima-se aos princípios de sistemas naturais ou filogenéticos.

Uma inovação feliz de Jussieu foi empregar na definição das classes de fanerógamas o número de cotilédones: Monocotiledôneas: plantas com uma folha germinal e Dicotiledôneas: plantas com duas folhas germinais.

Por mais que Jussieu e contemporâneos, instintivamente se aproximavam à idéia de um sistema natural ou evolutivo, não podiam formulá-lo antes de formulada a própria teoria da evolução.

A vitória final das idéias evolucionistas coube Charles Darwin (1809-1882) com a publicação do seu famoso trabalho sobre a origem das espécies.

A teoria de descendência e de desenvolvimento evolutivo de formas mais complexas e perfeitas a partir de formas mais antigas e primitivas fornecem um sólido alicerce em que poderia ser construído um verdadeiro sistema filogenético, isto é, seqüência de organismos pela afinidade de origem, sua sucessão e como nos parece, a marcha do processo evolutivo a partir de organismo unicelular até o mais perfeito.

A maioria dos sistemas desta época (Sistemas filogenéticos) fundamentam-se nas teorias de Darwin. Merecem ser destacados o Sistema de Engler e mais recentemente o Sistema de Arthur Cronquist.

Adolf Engler (1844-1930) – elaborou, num guia de plantas do Jardim Botânico de Breslan, um esquema de classificação que foi usado durante muito tempo como um dos melhores sistemas de classificação, publicado pela primeira vez na obra Engler & Plantl (1887-1899). Ainda que não seja filogenético em exato sentido, representa um esforço em divisar um esquema que tenha a utilidade e a praticabilidade de um sistema natural, firmado sobre relações de forma e compatível com os princípios da evolução.

Foram considerados caracteres essenciais e secundários, sem deixar de ser reconhecido que, muitas vezes, tais caracteres não apresentavam valor absoluto. Foi

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admitido que no desenvolvimento diverso das flores, dos frutos e das sementes, existe, até certo grau, uma progressão que corresponde ao desenvolvimento filogenético.

Em 1964, foram propostas modificações na seqüência e na posição de diversos grupos, à luz de novos conhecimentos derivados da anatomia, da química, da embriologia e de outros campos da ciência.

SISTEMA DE A. ENGLER (Edição de 1936)

I. Schyzophyta II. Myxomycetes III. Flagelatae IV. Dinoflagellatae ? Silicoflagellatae V. Heterocontae VI. Bacillariophyta VII. Conjugatae VIII. Chlorophyceae IX. Charophyta X. Phaeophyceae XI. Rhodophyceae XII. Eumycetes XIII. Archegonitae Subdivisão 1a Bryophyta Subdivisão 2a Pteridophyta

Divisões

XIV. Embryophyta Syphonogama Subdivisão 1a Gymnospermae Subdivisão 2a Angiospermae Classe 1a Monocotyledoneae Classe 2a Dicotyledoneae

Arthur Cronquist (Estados Unidos), ocupou-se da sistemática das Angiospermas. Apresentou uma versão do seu sistema em 1968, depois em 1981, com alterações em 1988. Foi o maior responsável pela nova classificação das Angiospermas. O Sistema de Cronquist é dividido em duas classes amplas, mono e dicotiledôneas. As ordens relacionadas estão colocadas em subclasses. O sistema, como descrito em 1981, tem 321 famílias e 64 ordens.

SISTEMA DE CRONQUIST (1981) DIVISÃO MAGNOLIOPHYTA (Antophyta, Angiospermae) A. CLASSE MAGNOLIOPSIDA (Magniolatae, Dicotyledoneae) Subclasse I. Magnoliidae Ordem 1. Magnoliales 8. Annonaceae Família. 1. Winteraceae 9. Myristicaceae 2. Degeneriaceae 10. Canellaceae 3. Himantandraceae Ordem 2. Laurales 4. Magnoliaceae Família. 1. Amborellaceae 5. Lactoridaceae 2. Trimeniaceae

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6. Austrobaileyaceae 3. Monimiaceae 7. Eupomatiaceae 4. Gomortegaceae 5. Calycanthaceae 4. Cabombaceae 6. Idiospermaceae 5. Ceratophyllaceae 7. Lauraceae Ordem 7. Ranunculales 8. Hernandiaceae Família. 1. Ranunculaceae Ordem 3. Piperales 2. Circaeasteraceae Família. 1. Chlorantaceae 3. Berberidaceae 2. Saururaceae 4. Sargentodoxaceae 3.Piperaceae 5. Lardizabalaceae Ordem 4. Aristolochiales 6. Menispermaceae Família. 1. Aristolochiaceae 7. Coriariaceae Ordem 5. Illiaceales 8. Sabiaceae Família. 1. Illiciaceae Ordem 8. Papaverales 2. Schisandraceae Família. 1. Papaveraceae Ordem 6. Nymphaeales 2. Fumariaceaeaceae Família. 1. Nelumbonaceae 2. Nymphaeaceae 3. Barclayaceae Subclasse II. Hamamelidae Ordem 1. Trochodendrales 3. Cannabaceae Família. 1. Tetracentraceae 4. Moraceae 2. Trochodendraceae 5. Cecropiaceae Ordem 2. Hamamelidales 6. Urticaceae Família. 1. Cercidiphyllaceae Ordem 7. Leitneriales 2. Eupteliaceae Família. 1. Leitneriaceae 3. Platanaceae Ordem 8. Juglandales 4. Hamamelidaceae Família. 1. Rhoipteleaceae 5. Myrothamnaceae 2. Juglandaceae Ordem 3. Daphniphyllales Ordem 9. Myricales Família. 1. Daphniphyllaceae Família. 1. Myricaceae Ordem 4. Didymelales Ordem 10. Fagales Família. 1. Didymelaceae Família. 1. Balanopaceae Ordem 5. Eucommiales 2. Fagaceae Família. 1. Eucommiaceae 3. Betulaceae Ordem 6. Urticales Ordem 11. Casuarinales Família. 1. Barbeyaceae Família. 1. Casuarinaceae 2. Ulmaceae Subclasse III. Caryophyllidae Ordem 1. Caryophyllales 9. Portulacaceae Família. 1. Phytolaccaceae 10. Basellaceae 2. Achatocarpaceae 11. Molluginaceae 3. Nyctaginaceae 12. Caryophyllaceae 4. Aizoaceae Ordem 2. Polygonales

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5. Didiereaceae Família. 1. Polygonaceae 6. Cactaceae Ordem 3. Plumbaginales 7. Chenopodiaceae Família. 1. Plumbaginaceae 8. Amaranthaceae Subclasse IV. Dilleniidae Ordem 1. Dilleniales 12. Dioncophyllaceae Família. 1. Dilleniaceae 13. Ancistrocladaceae 2. Paeoniaceae 14. Turneraceae Ordem 2. Theales 15. Melesherbiaceae Família. 1. Ochnaceae 16. Passifloraceae 2. Sphaerosepalaceae 17. Achariaceae 3. Sarcolaenaceae 18. Caricaceae 4. Dipterocarpaceae 19. Fouquieriaceae 5. Caryocaraceae 20. Hoplestigmataceae 6. Theaceae 21. Cucurbitaceae 7. Actinidaceae 22. Datiscaceae 8. Scytopetalaceae 23. Begoniaceae 9. Pentaphylacaceae 24. Loasaceae 10. Tetrameristaceae Ordem 7. Salicales 11. Pellicieraceae Família. 1. Salicaceae 12. Oncothecaceae Ordem 8. Capparales 13. Marcgraviaceae Família. 1. Tovariaceae 14. Quiinaceae 2. Capparaceae 15. Elatinaceae 3. Brassicaceae 16. Paracryphiaceae 4. Moringaceae 17. Medusagynaceae 5. Resedaceae 18. Clusiaceae Ordem 9. Batales Ordem 3. Malvales Família. 1. Gyrostemonaceae Família. 1. Elaeocarpaceae 2. Bataceae 2. Tiliaceae Ordem 10. Ericales 3. Sterculiaceae Família. 1. Cyrillaceae 4. Bombacaceae 2. Clethraceae 5. Malvaceae 3. Grubbiaceae Ordem 4. Lecythidales 4. Empetraceae Família. 1. Lecythidaceae 5. Epacridaceae Ordem 5. Nepenthales 6. Eriaceae Família. 1. Sarraceniaceae 7. Pyrolaceae 2. Nepenthaceae 8. Monotropaceae 3. Droseraceae Ordem 11. Diapensiales Ordem 6. Violales Família. 1. Diapensiaceae Família. 1. Flacourticeae Ordem 12. Ebenales 2. Peridiscaceae Família. 1. Sapotaceae 3. Bixaceae 2. Ebenaceae 4. Cistaceae 3. Styracaceae 5. Huaceae 4. Lissocarpaceae

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6. Lacistemataceae 5. Symplocaceae 7. Scyphostegiaceae Ordem 13. Primulales 8. Stachyuraceae Família. 1. Theophrastaceae 9. Violaceae 2. Myrsinaceae 10. Tamaricaceae 3. Primulaceae 11. Frankeniaceae Subclasse V. Rosidae Ordem 1. Rosales 9. Eremolepidaceae Família. 1. Brunelliaceae 10. Balanophoraceae 2. Connaraceae Ordem 10. Rafflesiales 3. Eucryphiaceae Família. 1. Hydnoraceae 4. Cunoniaceae 2. Mitrastemonaceae 5. Daviddoniaceae 3. Rafflesiaceae 6. Dialypetalanthaceae Ordem 11. Celastrales 7. Pittosporaceae Família. 1. Geissolomataceae 8. Byblidaceae 2. Celastraceae 9. Hydrangeaceae 3. Hippocrateaceae 10. Columelliaceae 4. Stackhousiaceae 11. Grossulariaceae 5. Salvadoraceae 12. Greyiaceae 6. Aquifoliaceae 13. Bruniaceae 7. Icacinaceae 14. Anisophylleaceae 8. Aextoxicaceae 15. Alseuosmiaceae 9. Cardiopteridaceae 16. Crassulaceae 10. Corynocarpaceae 17. Cephalotaceae 11. Dichapetalaceae 18. Saxifragaceae Ordem 12. Euphorbiales 19. Rosaceae Família. 1. Buxaceae 20. Neuradaceae 2. Simmondsiaceae 21. Crossosomataceae 3. Pandaceae 22. Chrysobalanaceae 4. Euphorbiaceae 23. Surianaceae Ordem 13. Rhamnales 24. Rhabdodendraceae Família. 1. Rhamnaceae Ordem 2. Fabales 2. Leeaceae Família. 1. Mimosaceae 3. Vitaceae 2. Caesalpinaceae Ordem 14. Linales 3. Fabaceae Família. 1. Erythroxylaceae Ordem 3. Proteales 2. Humiriaceae Família. 1. Eleagnaceae 3. Ixonanthaceae 2. Proteaceae 4. Hugoniaceae Ordem 4. Podostemales 5. Lineaceae Família. 1. Podostemaceae Ordem 15. Polygonales Ordem 5. Haloragales Família. 1. Malpighiaceae Família. 1. Haloragaceae 2. Vochysiaceae 2. Gunneraceae 3. Trigoniaceae Ordem 6. Myrtales 4. Tremandraceae

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Família. 1. Sonneratiaceae 5. Polygonaceae 2. Lythraceae 6. Xanthophyllaceae 3. Penaeaceae 7. Krameriaceae 4. Crypteroniaceae Ordem 16. Sapindales 5. Thymelaeaceae Família. 1. Staphyleaceae 6. Trapaceae 2. Melianthaceae 7. Myrtaceae 3. Bretschneideraceae 8. Punicaceae 4. Akaniaceae 9. Onagraceae 5. Sapindaceae 10. Oliniaceae 6. Hippocastanaceae 11. Melastomataceae 7. Aceraceae 12. Crombetaceae 8. Burseraceae Ordem 7. Rhizophales 9. Anacardiaceae Família. 1. Rhizopharaceae 10. Julianiaceae Ordem 8. Cornales 11. Simaroubaceae Família. 1. Alangiaceae 12. Oneoraceae 2. Nyssaceae 13. Meliaceae 3. Cornaceae 14. Rutaceae 4. Garryaceae 15. Zygophyllaceae Ordem 9. Santalales Ordem 17. Geraniales Família. 1. Medusandraceae Família. 1. Oxalidaceae 2. Dipentodontaceae 2. Geraniaceae 3. Olacaceae 3. Limnathaceae 4. Opiliaceae 4. Tropaeolaceae 5. Santalaceae 5. Balsaminaceae 6. Misodendraceae Ordem 18. Apiales (Araliales) 7. Loranthaceae Família. 1. Araliaceae 8. Viscaceae 2. Apiaceae Subclasse VI. Asteridae Ordem 1. Gentiales 4. Globulariaceae Família. 1. Loganiaceae 5. Myoporaceae 2. Gentianaceae 6. Orobanchaceae 3. Saccifoliaceae 7. Gesneriaceae 4. Apocynaceae 8. Acanthaceae 5. Asclepiadaceae 9. Pedaliaceae Ordem 2. Solanales (Polemoniales) 10. Bignoniaceae Família. 1. Duckeodendraceae 11. Mendonciaceae 2. Nolanaceae 12. Lentibulariaceae 3. Solanaceae Ordem 7. Campanulales 4. Convolvulaceae Família. 1. Pentaphragmataceae 5. Cuscutaceae 2. Sphenocleaceae 6. Menyanthaceae 3. Campanulaceae 7. Retziaceae 4. Stylidiaceae 8. Polemoniaceae 5. Donatiaceae 9. Hydrophyllaceae 6. Brunoniaceae

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Ordem 3. Lamiales 7. Goodeniaceae Família. 1. Lenndaceae Ordem 8. Rubiales 2. Boraginaceae Família. 1. Rubiaceae 3. Verbenaceae 2. Theligonaceae 4. Lamiaceae Ordem 9. Dipsacales Ordem 4. Callitrichales Família. 1. Caprifoliaceae Família. 1. Hippuridaceae 2. Adoxaceae 2. Callitrichaceae 3. Valerianaceae 3. Hydrostachyaceae 4. Dipsacaceae Ordem 5. Plantaginales Ordem 10. Calycerales Família. 1. Plantaginaceae Família. 1. Calyceraceae Ordem 6. Scrophulariales Ordem 11. Asterales Família. 1. Buddlejaceae Família. 1. Asteraceae 2. Oleaceae 3. Scrophulariaceae B. CLASSE LILIOPSIDA (Liliatae, Monocotyledoneae) Subclasse I. Alismatidae Ordem 1. Alismatales 4. Potamogetonaceae Família. 1. Butomaceae 5. Ruppiaceae 2. Limnocharitaceae 6. Najadaceae 3. Alismataceae 7. Zannichelliaceae Ordem 2. Hydrocharitales 8 . Posidoniaceae Família. 1. Hydrochritaceae 9. Cymodoceaceae Ordem 3. Najadales 10. Zosteraceae Família. 1. Aponogetonaceae Ordem 4. Triuridales 2. Scheuchzeriaceae Família. 1. Petrosaviaceae 3. Juncaginaceae 2. Triuridaceae Subclasse II. Arecidae Ordem 1. Aracales Família. 1. Pandanaceae Família. 1. Aracaceae Ordem 4. Arales Ordem 2. Cyclantales Família. 1. Araceae Família. 1. Cyclanthaceae 2. Lemnaceae Ordem 3. Pandanales Subclasse III. Commelinidae Ordem 1. Commelinales Ordem 4. Juncales Família. 1. Rpateaceae Família. 1. Juncaceae 2. Xyridaceae 2. Thurniaceae 3. Mayacaceae Ordem 5. Cyperales 4. Commelinaceae Família. 1. Cyperaceae Ordem 2. Eriocaulales 2. Poaceae Família. 1. Eriocaulaceae Ordem 6. Hydatellales Ordem 3. Restionales Família. 1. Hydatellaceae

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Família. 1. Flagellariaceae Ordem7. Typhales 2. Joinvilleaceae Família. 1. Sparganiaceae 3. Restionaceae 2. Typhaceae 4. Centrolepidaceae Subclasse IV. Zingiberidae Ordem 1. Bromeliales 4. Lowiaceae Família. 1. Bromeliaceae 5. Zingiberaceae Ordem 2. Zingiberales 6. Costaceae Família. 1. Strelitziaceae 7. Cannaceae 2. Heliconiaceae 8. Marantaceae 3. Musaceae Subclasse V. Liliidae Ordem 1. Liliales 11. Hanguanaceae Família. 1. Philydraceae 12. Taccaceae 2. Pontederiaceae 13. Stemonaceae 3. Haemodoraceae 14. Smilacaceae 4. Cyanastraceae 15. Dioscoreaceae 5. Liliaceae Ordem 2. Orchidales 6. Iridaceae Família. 1. Geosiridaceae 7. Velloziaceae 2. Burmanniaceae 8. Aloeaceae 3. Corsiaceae 9. Agavaceae 4. Orchidaceae 10. Xanthorrhoeaceae Em relação às Angiospermas, modernamente, análises cladísticas baseadas na morfologia, rRNA, rbcL e seqüências nucleotídicas de atpB não confirmam a tradicional divisão das angiospermas em monocotiledôneas e dicotiledôneas; as monocotiledôneas constituem um grupo monofilético, ou seja, possuem um ancestral comum, enquanto que as dicotiledôneas formam um complexo parafilético. Entretanto, um grande número de espécies consideradas ‘dicotiledoneas’ constituem um bem suportado clado-tricolpadas (que apresentam grão de pólen tricolpados) ou eudicotiledôneas. Assim, temos hoje, nas angiospermas o grupo das monocotiledôneas, o grupo das tricolpadas (eudicotiledôneas) e resta um grupo ainda carente de relacionamento filogenético, denominado basal que inclue Nymphaeales, Ceratophyllales, Piperales e Aristolochiales (paleoervas ou não monocotiledôneas) e Magnoliales, Laurales e Illiciales (complexo Magnoliides). Sistema de Engler Sistema de Cronquist Angiospermae Magnoliophyta Dicotyledoneae Magnoliopsida Monocotyledoneae Liliopsida

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UNIDADES SISTEMATICAS OU CATEGORIAS TAXONOMICAS De acordo com o conceito de que existem relações entre as plantas, elas devem ser enquadradas em categorias que indiquem suas presumíveis afinidades sistemáticas. Cada categoria taxonômica representa um grupo de plantas, e há categorias maiores e menores de classificação. As categorias taxonômicas representam níveis hierárquicos, segundo critérios adotados nos diversos sistemas de classificação, os táxons são os termos aplicados aos agrupamentos considerados incluídos nessas categorias:

CATEGORIA TÁXON Divisão Magnoliophyta, Briophyta Ordem Malvales, Rosales Família Araceae, Rutaceae

As regras Internacionais de Nomenclatura estabelecem que uma categoria de plantas pode se subdividir em categorias intermediarias e de hierarquia mais baixa, acrescentando-se ao seu nome o prefixo sub. Consideradas as categorias principais pode-se ter a seguinte gradação: Reino – Divisão – Subdivisão – Classe- Subclasse – Ordem – Subordem – Família – Subfamília – Tribo – Subtribo – Gênero – Subgênero – Seção – Subseção – Série – Subsérie - Espécie – Subespécie – Variedade – Subvariedade – Forma – Subforma. Os nomes aplicados a todas as categorias taxonômicas são latinos e recebem, em geral, nomes com terminações próprias, relacionadas à categoria a que pertencem. Resultam, nestes casos, nomes que têm o mesmo radical da palavra com que é designado um gênero. Exemplo: Magnólia (gênero), Magnoliaceae (família), Magnoliales (ordem), Magnoliopsida (classe) e, Magnoliophyta (divisão). As terminações próprias dos nomes de grupos taxonômicos, correspondentes às categorias acima de gênero são:

Divisão phyta Subdivisão phytina Classe opsida Subclasse idae Ordem ales Subordem inae Família aceae Subfamília oideae Tribo eae Subtribo inieae

Tendo em vista sistemas de classificação diferentes, observa-se que os nomes aplicados a grupos taxonômicos correspondentes a determinadas categorias podem manter-se iguais ou não, inclusive, casos em que ao mesmo nome são atribuídos níveis hierárquicos variados, conforme a conceituação dos autores:

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Sistemas Divisão Subdivisão Classe Subclasse Bentham & Hooker

Phanerogamae Angiospermae Dicotyledoneae Polypetala

Engler Embryophyta Siphonogama

Angiospermae Dicotyledoneae Archyclamideae

Cronquist Magnoliophyta (Angiospermae)

- Magnoliopsida (Magnoliatae)

Magnoliidae

1. Divisão: é a categoria que fica logo abaixo do Reino, formada por um conjunto de

classes. Em regra, são tomados para sua constituição caracteres gerais relacionados com estruturas reprodutivas, morfológicas ou anatômicas.

2. Classe: categoria hierarquicamente inferior à Divisão, constituída por um conjunto de Ordens.

3. Ordem: formada por um conjunto de famílias, é estabelecida com base em particularidades mais definidas (caracteres filogenéticos).

4. Família: constituída por mais de um gênero. Sua descrição é feita de modo a contemplar características dos gêneros quase sempre numerosos. Quando se está interessado em identificar um material botânico desconhecido, comumente procura-se, em primeiro lugar, conhecer a família a que pertence. A partir daí, com ou sem uso de chaves, chega-se aos grupos subordinados. O nome da Família é formado pelo radical do nome de um de seus gêneros, acrescido da terminação aeae.

5. Gênero: categoria formada pela reunião de espécies semelhantes, cujo relacionamento não se baseia somente em caracteres morfológicos, mas também em particularidades de outra natureza, como a origem, as migrações, o comportamento genético, fisiológico e ecológico.

6. Espécie: até meados do século XVII, a designação de uma planta era freqüentemente polinomial, isto é, formada por varias palavras que eram uma descrição da espécie. À medida que crescia o número de espécies conhecidas, evidenciava-se a impraticabilidade desse procedimento. O sistema binomial passou a ser adotado a partir de Lineu (1753), daí por diante se tornou normativa a nomenclatura binária. Usa-se sp. ou spp. para espécie ou espécies respectivamente.

6.1. Nomenclatura binária: segundo o sistema de nomenclatura binária, universalmente adotado, as plantas são cientificamente designadas por um conjunto de duas palavras latinas ou latinizadas, correspondentes ao nome genérico e ao epíteto especifico (exemplo: Croton sonderianus). A primeira palavra (nome genérico) indica o gênero a que pertence a espécie e a segunda (epíteto especifico) permite designar espécies diferentes dentro de um mesmo gênero. Para distinguir as espécies com exatidão, torna-se necessário que em todo o Reino Vegetal só haja um nome de gênero válido e que em determinado gênero não se repita o mesmo epíteto especifico.

6.2. Categorias infraespecíficas: no Código de Nomenclatura Botânica, são previstas as seguintes categorias taxonômicas: subespécie, variedade, subvariedade, forma e subforma. Subespécie, variedade e subvariedade são abreviadas para subsp., var. e subvar.

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Citação dos nomes dos autores Os nomes das plantas devem ser escritos seguidos dos nomes dos autores: Mimosa platycarpa Ducke Cassia catártica var. tenuicaulis Irwin Quando os autores são botânicos bastante conhecidos, podem ser escritos abreviadamente: Tricogonia Endl. (Endlicher). Às vezes, são usadas abreviações extremas como L. para Lineu, M. para Martius, etc. as quais são inteligíveis por representarem nomes consagrados. Casos especiais – Plantas cultivadas As plantas cultivadas se desenvolvem como populações artificiais, mantidas e propagadas pelo homem. Por esta razão, a hierarquia botânica de categorias infraespecificas baseia-se na categoria Cultivar, sendo às vezes chamadas erroneamente de variedades. Uma cultivar é um conjunto de plantas cultivadas que se distingue claramente por uma serie de caracteres, os quais se mantêm nos descendentes, quando estes se reproduzem tanto sexuada como assexuadamente. Algumas cultivares têm-se originado naturalmente, mas a maioria é criada por cultivo. O nome da cultivar se escreve com inicial maiúsculo e precedido pela abreviação cv., ou colocando-o entre aspas. Por exemplo: Phaseolus vulgaris L.cv. Carioca. O nome da cultivar deve ser imaginário, em línguas modernas (não se usa o latim). As Fanerógamas (plantas com órgãos de reprodução visíveis) ou Espermatófitas

(plantas cuja reprodução se realiza através da semente) ou Embriófita Sifonógamas (plantas que como resultado da fecundação formam um embrião e apresentam tubo polínico), compreendem dois grupos de plantas, que são as Pinophyta (Gimnospermae) e as Magnoliophyta (Angiospermae).

Uma das mais importantes inovações que apareceram durante a evolução das plantas vasculares foi a semente. As sementes parecem ser um dos fatores responsáveis pela dominação das espermatófitas na flora atual. A razão é simples, a semente tem capacidade de sobrevivência.

Todas as plantas com sementes possuem macrofilos e incluem cinco Divisões com representantes atuais: Cycadophyta, Ginkgophyta, Coniferophyta, Gnetophyta (Gimnospermas) e, Anthophyta (Angiospermas).

GIMNOSPERMAS A palavra Gimnosperma, oriunda do grego, significa semente (sperma) nua

(gymnos). A etimologia indica que os componentes desta Subdivisão carecem de frutos verdadeiros, apresentando sementes provenientes de óvulos nus, dispostos na superfície do

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macrosporófilo. A palavra foi cunhada por Teofrasto, discípulo de Aristóteles no ano 300 a.C.

As gimnospermas, pouco numerosas no contexto da flora atual, reúnem apenas 675 espécies, arranjadas em 63 gêneros. Correspondem a um grupo de plantas que surgiu provavelmente no período Devodiano da era Paleozóica, há cerca de 400 milhões de anos. Com o aparecimento das angiospermas no período Jurássico (cerca de 160 milhões de anos), o conjunto das gimnospermas entrou em rápido declínio mantendo, contudo, uma grande importância na composição florestal das regiões temperadas e frias do mundo.

Como grupo de plantas produtoras de madeira, as gimnospermas cumprem um papel insubstituível.

As espécies de gimnospermas são em geral gregárias, compondo florestas relativamente homogêneas. A vasta região das florestas boreais euro-siberianas, inclui algumas espécies de Pinus, Larix e Picea. Só as florestas de lariço (Larix sp.) cobrem cerca de 2,5 milhões de Km2 na Sibéria. Mesmo em países tropicais como o Brasil, pode ser observada esta tendência gregária. O gregarismo das gimnospermas vincula-se à polinização anemófila, característica do grupo, que pressupõe e requer um adensamento de indivíduos, para haver uma adequada fertilização.

As gimnospermas também se notabilizam pelo crescimento monopodial. A dominância permanente do meristema apical do tronco sobre os demais, acaba por produzir uma forma arbórea vantajosa, composta de um longo fuste retilíneo, e ramos relativamente delgados.

Sob o ponto de vista tecnológico, as gimnospermas constituem o grupo das chamadas ‘madeiras macias’ ou ‘madeiras de fibras longas’, ‘Softwood’ em inglês. O termo ‘madeira de fibra longa’ explica-se pela predominância no lenho das gimnospermas de um único tipo celular: o traqueóide longitudinal (condução e sustentação mecânica). Os gêneros Ephedra, Gnetum e Welwitschia constituem uma exceção dentro das gimnospermas por apresentar vasos verdadeiros e fibras na estrutura básica do xilema, assemelhando-se às angiospermas.

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GIMNOSPERMAS CLASSE ORDEM Família Gênero - espécie

Dioon spp. Encephalartos spp.

Zamiaceae

Zamia ulei, Zamia boliviana, Z. brogniarti *

Cycadophyta Cycadales

Cycadaceae Cycas revoluta *, C. circinalis, C. media Ginkgophyta Ginkgoales Ginkgoaceae Ginkgo biloba *

Abies alba *, A. balsamea Larix decidua, L.laricina* Picea abies * Cedros atlântica *, C. deodora *, C. libanii *

Pinaceae

Pinus canariensis, P.echinata, P.elliottii *, P.taeda *, P.patula

Cupressaceae Chamaesyparis lawsoniana, Chamaesyparis pisifera *, Cupressus arizonica, C. funebris *, C. lusitanica *, C. macrocarpa*, C. sempervirens *, Thuja occidentalis, Thuja orientalis *, Junniperus communis

Taxodiaceae Cryptomeria japonica , Cunninghamia lanceolata *, Metasequoia glyptostroboides *, Sequóia sempervirens*, Sequoiadendron giganteum, Taxodium disticum*,

Podocarpaceae Podocarpus lambertii *, P. selowii Cephalotaxaceae Cephalartus harringtonia

Coniferophyta Coniferales

Araucariaceae Agathis robusta, A. angustifólia *, A. araucana, A. bidwilii*, A. columnaris*, A.heterophylla

Taxophyta Taxales Taxaceae Taxus baccata Chlamydospermae Gnetales Ephedraceae Ephedra tweedieana

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Verifica-se uma nítida preponderância das coníferas (Classe Coniferophyta – Ordem Coniferales) sobre os demais táxons gimnospérmicos, a qual se manifesta tanto no número de espécies como na amplitude da distribuição geográfica e na importância econômica.

Não se pode esquecer, que gimnospermas e coníferas não são termos equivalentes e que o ultimo, é apenas parte do primeiro. Os Ginkgo, Taxus e Ephedra, por exemplo, não são coníferas, apesar de verdadeiras gimnospermas.

As gimnospermas são pouco numerosas na flora brasileira, incluindo apenas os gêneros Araucaria, Podocarpus, Zamia, Gnetum e Ephedra. Destes, somente os dois primeiros incluem espécies arbóreas. Os demais carecem de interesse econômico atual e não produzem madeira utilizável, tendo os indivíduos adultos uma estrutura caulinar pouco lenhosa (Zamia) ou do tipo cipó (Gnetum e Ephedra).

O gênero Zamia possui de seis a oito espécies amazônicas. O gênero Gnetum também inclui diversas espécies hileianas, conhecidas localmente como ‘toás’ e utilizadas em trabalhos de cestaria. Ephedra tweediana, a única espécie sul-rio-grandense do gênero, é também arbusto trepador, pouco conhecido e se interesse na atualidade. Os gêneros Araucária e Podocarpus possuem espécies nativas valiosas pela produção de madeira.

Apesar de reduzido o número de espécies de gimnospermas na flora brasileira, o grupo assume grande importância, devido às numerosas espécies introduzidas para fins ornamentais ou madeireiros. O catálogo das gimnospermas cultivadas depende da região focada. As espécies mais comuns no sul do Brasil são originarias dos Estados Unidos (Pinus elliottii, Pinus taeda) e Europa (P. silvestris, P.pinaster e P.pinea), ao passo que no centro e norte do país são cultivadas espécies de caráter mais tropical, provenientes de América Central (Pinus caribeana, P.oocarpa) ou Sudeste Asiático (P.merkusii, P.kesiya). I. CLASSE CYCADOPHYTA – CYCADATAE Os representantes incluídos nesta classe têm folhas inteiras ou mais ou menos penadas, grandes, em geral pecioladas. Óvulos produzidos em megasporófilos, em geral modificados. Ordem Cycadales:

São plantas caulescentes ou acaules, com folhas grandes, penadas, dispostas em espiral. As folhas nascem enroladas e em geral são produzidas em grupos numerosos, periodicamente; são longamente persistentes e ao caírem deixam os restos do pecíolo revestindo o caule. Este pode ter a forma de estipe ou então se apresentar algumas vezes bifurcado, sempre com o ponto vegetativo coroado por um tufo de folhas. Nos gêneros acaules, as folhas nascem diretamente de uma porção subterrânea, globoide. As plantas são de sexo separado.

1. Família Zamiaceae As flores masculinas e femininas estão reunidas em densos estróbilos e ocupam uma

posição lateral na coroa de folhas. São cultivadas como ornamentais. Destacam-se Dioon (originário do México), Encephalartos (originário da África) e Zamia (com espécies no Brasil, Bolívia, Porto Rico e Estados Unidos).

Zamia ulei, Zamia boliviana, Z. Brongniarti: as três espécies são espontâneas no Brasil, na Bacia Amazônica até os Andes Bolivianos.

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2. Família Cycadaceae Flores masculinas em enormes estróbilos laterais. Flores femininas terminais, não

estrobiliformes, são livres, dispostas no centro da coroa das folhas assimiladoras. Cycas revoluta: o tronco alcança 5-8m de altura, sustenta uma coroa de folhas; o

comprimento das folhas varia entre 1,5 e 2m. Folíolos rígidos, retos, lanceolados, com margem revoluta. O parênquima da medula do tronco fornece matéria prima para preparação de sagu. Por isto e por ser altamente ornamental é cultivada em larga escala nos países de clima tropical e subtropical. Espécie dióica, originária da Ilha de Java. No Sul o Brasil é conhecida como ‘sagu-de-jardim’ ou ‘palma-de-ramos’.

As folhas são verde-escuras na face superior e verde-claras na inferior, apresentam uma única nervura longitudinal.

Os estróbilos masculinos são oblongos (30 a 40 cm) e compostos por escamas planas de cor castanha. Os indivíduos cultivados, em geral femininos, apresentam cone terminal não estrobiliforme reunindo folhas carpelares aveludado-ocráceas. Os óvulos, em número de 2 a 8, dispõem-se na parte inferior e lateral das folhas carpelares.

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I. CLASSE GINKGOPHYTA Ordem Ginkgoales:

1. Família Ginkgoaceae Restringe-se atualmente a um único gênero e espécie – Ginkgo biloba -, tida como um

verdadeiro fóssil vivo por seus caracteres morfológicos e anatômicos. O nome genérico vem do japonês ‘gin-kyo’, que significa ‘fruto-de-prata’.

A família teve uma distribuição muito ampla no passado. No Rio Grande do Sul, por exemplo, registra-se a presença de Ginkgoites antartica no afloramento Passo das Tropas, da Formação Santa Maria.

Ginkgo biloba L. Sinonímia: Salisburia adiantifolia Smith. Originário do Leste da Ásia é cultivado como

curiosidade cientifica e para fins ornamentais em muitos países. A espécie nunca foi encontrada em forma silvestre e sobreviveu até hoje por serem as árvores reverenciadas por monges budistas na China e Japão. No século XVIII foi introduzida na Europa, sendo desde então muito admirada no mundo ocidental e amplamente difundida. É arvore de grande porte, dióica, caducifólia e de ramificação simpodial. Alcança 30m de altura, constituindo-se de um ou vários troncos e copa geralmente estreita, de forma piramidal. A casca varia de

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castanho-acinzentada a castanho-escura, mostrando fissuras profundas e entrelaçadas em indivíduos adultos.

As folhas, simples, pecioladas e reunidas em fascículos, estão dispostas em curtos raminhos laterais. O limbo varia de 3 a 8 cm de comprimento e tem forma de leque, inteiro, lobulado ou dentado na parte superior, e com nervação dicotômica muito característica. A forma e disposição das nervuras lembram certas pteridófitas, sugerindo a especulação sobre a origem das gimnospermas a partir deste grupo de plantas.

As flores masculinas, reunidas em estróbilos cilíndricos, de cor amarela, dispostos sobre curtos brotos, compõem-se de muitos estames, com anteras bitecas divergentes. A polinização é anemófila.

A estrutura feminina reduz-se a dois ou três óvulos, sustentados por um longo pedúnculo comum. Quando desenvolvida, tem o aspecto de uma falsa drupa de cor amarela e odor desagradável, medindo de 1,5 a 2,5 cm de comprimento. A semente, comestível quando tostada, tem forma oval.

A maioria dos indivíduos cultivados no Rio Grande do Sul é do sexo feminino. São arvores muito ornamentais, destacando-se pela coloração amarela das folhas no outono.

Pode ser considerada como a mais primitiva das espécies arbóreas existentes. A estrutura anatômica do tronco de Ginkgo biloba é semelhante à das Coniferophyta,

que são de evolução superior. A medula é fracamente desenvolvida. Da medula para a periferia acha-se o xilema secundário, composto de traqueídes e contendo estreitos raios medulares. A camada cambial acrescenta cada ano novos cilindros de xilema secundário.

As árvores de Ginkgo biloba podem alcançar até 4m de circunferência. Esta espécie é considerada um fóssil vivo, pois é o único sobrevivente de um numeroso

grupo. Mesmo este sobrevivente está desaparecendo sem que se saibam as causas.

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FECUNDAÇÃO: nas Cycadaceas e Ginkgoáceas, a fecundação é intermediária entre as samambaias e outras plantas sem frutos, os anterozóides ‘nadam’. Os gametófitos masculinos são haustoriais, absorvendo nutrientes do óvulo enquanto crescem. O tubo polínico não penetra no arquegônio, se rompe na vizinhança e libera anterozóides multiflagelados. Os anterozóides nadam para o arquegônio e um deles fecunda a oosfera.

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III. CLASSE CONIFEROPHYTA Plantas com folhas geralmente pequenas, sésseis, inteiras, de orma aciculada, lanceolada ou escamiforme.

Órgãos de reprodução reunidos em cones (estróbilos), freqüentemente acompanhados de escamas estéreis. Tem o maior número de representantes vivos, com cerca de 600 espécies, distribuídas principalmente no Hemisfério Norte, tanto nas planícies como nas montanhas, formando em algumas regiões, matas extensas, compostas de uma só ou poucas espécies. No Hemisfério Sul ocorrem com freqüência nas zonas temperadas, formando matas nas planícies. Nas zonas tropicais adaptam-se ao ambiente de altitudes maiores, ocorrendo nas planícies, com maior freqüência os grupos termófilos.

A maioria são plantas arborescentes com ramificação monopodial.

Ordem Coniferales: Famílias: Pinaceae, Cupressaceae, Taxodiaceae, Podocarpaceae, Araucariaceae.

1. Família Pinaceae Plantas arbóreas de grande porte. Tem grande importância econômica, pois são

fornecedoras de madeira, matéria prima para produção de papel, resinas e vários outros produtos.

As folhas são persistentes, com exceção de Larix, que são caducas. Os estróbilos são unissexuados e a maioria dos gêneros é monóico-diclinos. Os estróbilos masculinos são menores, quando novos de cor amarelada ou avermelhada; os femininos são de tamanho maior, verdes quando jovens e de cor marrom após a maturação. É a maior família de Gimnospermas vivas, com centro de dispersão no Hemisfério Norte. Pertencem a ela os gêneros: Abies, Cedrus, Larix, Picea e Pinus.

Gênero Abies Mill., com cerca de 40 espécies, conhecidas popularmente como

abetos, caracteriza-se pela presença de cones eretos e folhas solitárias, providas de duas faixas estomáticas esbranquiçadas na face inferior. Das várias espécies européias de interesse florestal, destaca-se Abies alba Mill., produtora de madeira valiosa para confecção de tampos de instrumentos musicais e, Abies balsamea (L.) Mill., originária da América do Norte, é a fonte do ‘bálsamo-do-Canadá’, utilizado em microscopia.

Gênero Larix Mill., reúne cerca de 10 espécies caducifólias, raramente encontradas

no Brasil, mas de grande importância florestal em seus países de origem. Com cinco ou mais folhas lineares curtas por fascículo, e cones eretos de maturação anual, os ‘lariços’ apresentam algumas espécies que merecem destaque. Larix decidua Mill., originaria da Europa Central, é a arvore produtora da ‘terebentina-veneziana’. Larix laricina (DuRoi) K. Kock, uma das mais importantes árvores do Canadá.

Gênero Picea A. Dietrich, compreende cerca de 40 espécies de interesse madeireiro

e ornamental. As árvores apresentam folhas solitárias de secção quadrada e cones pendentes. Picea abies (L.) Karsten é uma das mais importantes essências florestais da

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Europa Central, sendo ainda tradicionalmente utilizada como árvore de natal em sua região de origem.

Gênero Cedrus Link – compreende apenas quatro espécies, originárias da região do

Mediterrâneo e Himalaia. Árvores ornamentais e de aspecto majestoso pela copa ampla e longos ramos horizontais, apresentam folhas persistentes em secção geralmente triangular, que se reúnem em fascículos com mais de cinco acículas, concentradas na extremidade de curtos raminhos laterais. Os cones, eretos, levam de 2 a 3 anos para amadurecerem. Ao contrario das demais coníferas, os cedros florescem em outono. São de relativa freqüência em praças e jardins no Sul do Brasil.

Cedrus atlantica (Endl.) Carr. Sinonímia: Cedrus africana Gordon ex Knight; Pinus atlantica Endl.; Abies

atlantica Lindley & Gordon. Árvore de grande porte (40m), originaria da África. São muito características a copa

cônico-irregular organizada em camadas, a ramificação horizontal, a folhagem verde-azulada e a posição ereta dos brotos terminais. A casca, lisa e castanho-acinzentada, torna-se escura e sulcada ao envelhecer, desprendendo-se em lâminas. O crescimento é lento, ultrapassam os 500 anos de idade.

As folhas, de 1 a 3cm de comprimento, apresentam secção quadrada e se agrupam em fascículos de 40 a 70 acículas, dispostas na extremidade de curtos raminhos laterais, à semelhança de um pincel.

Os estróbilos masculinos, de cor amarela e com 2 a 5cm de comprimento, são cilíndricos, estreitos e ligeiramente curvos em direção ao ápice. Os cones femininos, cilíndrico-oblongos e de cor marrom clara, medem cerca de 6 cm de comprimento e 4 cm de diâmetro. As escamas muito largas têm o ápice achatado ou ligeiramente fendido, e as sementes, resinosas, são providas de asa bem desenvolvida (2cm).

As árvores, muito ornamentais pela forma e tonalidade da copa, requerem espaços abertos, sendo indicadas para parques e praças públicas. A propagação é fácil via sementes. Preferem solos permeáveis, arenosos ou pedregosos. Resiste bem a geadas e poluição ambiental.

A madeira é durável e de boa qualidade para carpintaria, moveis de jardim e revestimentos.

Cedrus deodora (Roxb.) Loud. Sinonímia: Cedrus indica Chambray; Cedrus libani var. deodora Hook; Abies

deodora Lindley; Larix deodora K.Koch; Pinus deodora Roxb. Árvore de grande porte, copa piramidal e longos ramos horizontais. O ápice do

tronco e as extremidades dos ramos são pendentes. A casca, acinzentada e lisa em plantas jovens, quando velha forma escamas de cor

escura, com 5 a 25cm de comprimento. As folhas são aciculares, verde-escuras e um pouco mais longas do que na espécie

atlantica. Os estróbilos masculinos, de cor amarela, medem entre 2,5 e 5 cm de comprimento, os femininos, eretos, marrom-avermelhados e sésseis, variam de 7 a 12 cm de comprimento e têm forma ovóide.

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Espécie de crescimento rápido, requer solos profundos, férteis e arejados, as árvores são parcialmente caducas em invernos muito frios.

É originário do Himalaia e largamente cultivado em todo o mundo para fins ornamentais. Produz madeira aromática moderadamente dura e muito resistente à intempérie, prestando-se para a construção civil, telhas, dormentes, móveis e trabalhos de carpintaria.

Cedrus libani (Loud.) A. Rich. Sinonímia: Cedrus libanensis Juss. ex Mirbel; Cedrus libanitica Trew ex Pilger; Cedrus cedrus Hunt; Cedrus patula K.Koch; Pinus cedrus L.; Larix cedrus Mill.;

Larix patula Salib.; Abies cedrus Poiret. Árvores de grande porte (até 40m), apresentam tronco geralmente bifurcado,

folhagem verde-escura e casca acinzentada. Os indivíduos velhos caracterizam-se pela forma aplanada do ápice da copa e a disposição em camadas das robustas ramificações.

Distingue-se da espécie do Himalaia pelos ramos com extremidades eretas, não pendentes.

A casca, castanho escura, é densamente fissurada e as acículas, muito curtas (2 a 3cm), aparecem reunidas em fascículos, na extremidade de curtos braquiblastos.

Os estróbilos masculinos são oblongos, de 2,5 a 4 cm de comprimento. Os cones femininos, eretos e dispostos em ramos de cor castanha, mostram uma forma ovóide-oblonga, com 9 a 14 cm de comprimento. As sementes são aladas, irregularmente triangulares e membranáceas.

Originaria das montanhas do Líbano. A espécie se propaga com facilidade através de sementes, que conservam o poder germinativo por até 2 anos. Prefere terrenos permeáveis, pedregosos ou arenosos, desde que a umidade seja suficiente. Resiste bem a geadas. Possui crescimento lento, alcança cerca de 1.000 anos. Apresenta madeira leve, amarelada, muito cheirosa e de grande durabilidade natural.

Gênero Pinus L. – os pinheiros incluem as gimnospermas mais comuns, eles

dominam em amplas extensões da América do Norte e Eurásia e são amplamente cultivados mesmo no Hemisfério Sul.

Há cerca de 90 espécies de pinheiros, todas caracterizadas pela filotaxia das folhas, que é única entre todas as coníferas atuais. As folhas dos pinheiros são aciculares. Nas plântulas, elas têm arranjos espiralados e nascem solitárias sobre os caules. Após um ou dois anos de crescimento, o pinheiro começa a produzir suas folhas em grupos ou fascículos, cada um dos grupos de pinheiros contendo um número especifico de folhas aciculadas e longas, de uma a cinco dependendo da espécie.

A identificação das espécies de Pinus baseia-se principalmente em caracteres das folhas, cones e sementes.

O gênero Pinus L., de fácil cultivo em povoamentos homogêneos, são plantas largamente utilizadas em reflorestamento, inclusive no Brasil. Sua importância florestal é extraordinária, devido à qualidade da madeira, valorizada para fins construtivos e mobiliários, também para produção de celulose e resina.

As espécies de Pinus que se destacaram, inicialmente, na silvicultura brasileira, foram Pinus elliottii e Pinus taeda, introduzidos dos Estados Unidos, visto que as atividades com florestas plantadas eram restritas às regiões Sul e Sudeste. A partir dos anos

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60, iniciaram-se experimentações com espécies tropicais como P.caribeana, P.oocarpa, P.patula, entre outros, possibilitando a expansão da cultura de Pinus em todo o Brasil, usando-se a espécie adequada para cada região ecológica.

Pinus canariensis Smith Originário das Ilhas Canárias. As árvores com até 30m de altura, formam uma copa

estreita e curtos ramos laterais. A casca, espessa e gretada, compõe grandes placas irregulares castanho-avermelhadas.

As acículas, longas (20-25cm), pendentes e dispostas em verticilos de 3, possuem cor verde-clara, bordos finamente serrilhados, secção triangular e apresentam dois canais resiníferos em cada lado do feixe libero-lenhoso.

Os cones femininos são pendentes, com pedúnculos curtos e providos de apófise escura e obtusa. Medem de 12 a 20 cm de comprimento por 5 a 7 cm de diâmetro. As sementes têm cerca de 12 mm de comprimento e exibem asa lateral bem desenvolvida (cerca de 2 cm), membranácea e estriada.

A espécie é bastante sensível ao frio e exigente em luz (heliófila), produz madeira de boa qualidade, pesada, durável e com alto teor de resina, sendo indicada para dormentes, carpintaria e construção em geral. O cerne é cor castanho-avermelhado e o alburno é amarelo.

Pinus echinata Mill. As árvores caracterizam-se pelo porte grande (24-31m), fuste reto, pode alcançar

120 a 180 cm de diâmetro, casca espessa e avermelhada, dividida em placas de forma irregular.

As folhas, encontradas geralmente em pares, às vezes em fascículos de 3, são curtas (7 a 12 cm), possuem cinco canais resiníferos no mesófilo e dois feixes vasculares internamente à endoderme. Cor verde-azulada e secção semicircular.

Os cones femininos, oblongos, escuros e reunidos geralmente aos pares ou em grupos, são pequenos (4 a 6 cm), sésseis ou em curtos pedúnculos. As escamas delgadas terminam em um curto espinho. As sementes, com formato triangular, possuem asa avermelhada de 3,5 cm de comprimento.

Originário do Leste dos Estados Unidos. Fornece madeira pesada, resistente e moderadamente resinosa.

Pinus pinea L. Nativa do sul da Europa e cultivada no Rio Grande do Sul, principalmente como

ornamental, esta espécie de pinheiro apresenta árvores que alcançam de 25 a 30 m de altura, produzindo uma copa ampla, muito ramificada e semi-esférica (forma de sombrinha). Este aspecto, de expressivo efeito plástico, reduz o valor da espécie para fins madeireiros, devido à produção de troncos grossos, relativamente curtos e retorcidos. É, contudo indicada para o cultivo em faixas litorâneas por aliar rusticidade e beleza, qualidades importantes para o reflorestamento de dunas marítimas e arborização de balneários. Na América do Sul é bastante cultivada no litoral uruguaio.

Apresenta casca acinzentada-escura, com fissuras profundas e raminhos marrom-claros.

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As acículas, em número de 2 por fascículo, são rígidas e de cor verde-clara, tendo margem serrilhada e comprimento variável entre 10 e 20 cm. Possuem secção semi-circular.

Os cones femininos maduros, com formato arredondado, medem de 8 a 15 cm de comprimento por 7 a 10 cm de diâmetro. A cor oscila do castanho-claro ao castanho-avermelhado.

As sementes são grandes (até 2 cm) e comestíveis, ápteras ou providas de asas rudimentares. São muito ricas em óleos, constituindo alimento bastante apreciado na região de origem e utilizadas em numerosos pratos da cozinha italiana.

A madeira contém pouca resina, dureza baixa a média, resistência mecânica mediana e baixa retratibilidade, sendo indicada para postes, estacas, esteios de minas, estruturas, soalhos, parquetes, janelas, mobiliário maciço e embalagens.

Pinus elliottii Engelm – ‘Pinheiro-americano’ Originário do Sudeste dos Estados Unidos, este pinheiro cresce em terras de baixa

altitude (até 150 m). Em razão do excelente crescimento em zonas de clima subtropical úmido, é largamente cultivado no sul do Brasil.

As árvores alcançam de 25 a 30 m de altura com 60 a 90 cm de D.A.P. A casca, acinzentada e sulcada em indivíduos jovens, modificam-se apresentando placas espessas (2 a 4 cm), marrons-avermelhadas em exemplares adultos.

As folhas, reunidas em fascículos de 2 a 3 acículas, são longas (12 a 30 cm), flexíveis, cor verde-brilhante e com margem finamente serrilhada. Possuem 2 a 10 canais resiníferos, situados internamente no mesófilo, e bainha persistente.

Produzidos no inicio da primavera, os estróbilos masculinos concentram-se nas extremidades dos brotos jovens; os cones femininos, pedunculados, têm forma ovóide, ligeiramente, curva e assimétrica. As sementes possuem asas oblíquas de 2 a 3 cm de comprimento.

Espécie heliófila, de rápido crescimento. Assemelha-se a Pinus taeda, diferindo em alguns aspectos importantes. As acículas de P. elliottii, mais longas e de cor verde mais clara, têm secção semicircular, ocasionalmente triangular; os cones são nitidamente pedunculados e castanho-avermelhados. Em P.taeda, as acículas, normalmente mais curtas, mostram um tom mais escuro e secção sempre triangular; os cones são sub-sésseis e de cor acinzentada.

A madeira é usada para construções leves e pesadas, confecção de embarcações e caixas, para poste requer tratamento preservativo. As fibras são longas e adequadas para fabricar papel. Produz bastante resina.

A planta tem baixa exigência nutricional o que permite seu plantio em ambientes com condições adversas, como regiões áridas, frias, topos de montanhas e solos com baixa fertilidade. Em 8 anos já está pronto para o corte.

P. elliottii é um simbionte obrigatório de um basidiomiceto que forma micorrizas. Essa micorriza tem maior chance de se estabelecer em solos ácidos. A associação entre o fungo e as raízes facilita o estabelecimento deste Pinus em solos pobres.

Foi introduzido em São Paulo em 1948 por interesse florestal. É a principalmente espécie plantada para fins comerciais no sul do Brasil. Suas principais finalidades são madeira (móveis, celulose, laminação, compensados, etc.), celulose de fibra longa e resina.

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Impactos ecológicos: na região da Estepe, representa a total substituição da vegetação original, pois essas espécies são heliófilas. Já em ambientes florestais, tendem a permanecer algumas espécies do sub-bosque. Os povoamentos de Pinus spp.tendem a ser monoespecíficos impedindo a instalação de outras formas de vegetação. Aumentam a acidez do solo. Transformação de ecossistemas abertos (campos, restingas, etc.) em ecossistemas fechados (florestal) com perda de biodiversidade por sombreamento, o que leva à exposição do solo e erosão, e assoreamento de cursos de água, com impactos sobre a fauna aquática. A deposição de serrapilheira de lenta decomposição dificulta a germinação de espécies nativas.

Prevenção: espécies anemocóricas são muito difíceis de controlar após o estabelecimento, pois o vento pode propagar suas sementes por centenas de metros, o melhor é não plantar a espécie, mas caso isto ocorra, deve-se plantar uma linha de árvores quebra-vento ao redor do talhão.

O fomento ao uso da espécie no país carece de medidas adequadas de controle da dispersão das plântulas. O uso da espécie deve ser destinado exclusivamente para produção comercial, cessando o uso ornamental, de paisagismo rodoviário ou de sombreamento.

Pinus taeda L. – ‘Pinheiro-americano’ Oriundo das planícies do Golfo de México e Costa Atlântica do sudeste dos Estados

Unidos. Embora coincidente com a área original do P. elliottii, apresenta distribuição mais ampla.

É a espécie madeireira mais importante dos Estados Unidos. No Brasil, é cultivado principalmente nas terras mais altas da Serra Gaúcha, Planalto Catarinense e Paraná, com aproximadamente 1 milhão de hectares.

As árvores alcançam 20m de altura e 100cm de D.A.P., com copa densa, ramos acinzentados e casca gretada.

Folhas aciculares, verde-escuras, reunidas em grupos de 3 por fascículo e medem 15 a 20 cm de comprimento.

Cones masculinos cilíndricos e amarelados. Os cones femininos ovado-oblongos, com 6 a 12 cm de comprimento, são sésseis ou sub-sésseis, muito persistentes e com escamas espinhosas. As sementes são pequenas (5mm) com asas de até 25 mm.

A espécie asemelha-se a P. elliottii, diferindo em vários aspectos de fácil reconhecimento: P. taeda P. elliottii Acículas *mais curtas e mais escuras,

secção transversal triangular *sempre 3

*mais longas, verde mais clara, secção semi-circular, às vezes triangular *3 ou às vezes 2

Cones *praticamente sésseis, cor acinzentada

*pedunculados, tendem ao castanho-avermelhado

A madeira é usada para construção, móveis e caixotaria. Fibras longas adequadas

para fabricação de papel. Produz bastante resina. Prefere locais com precipitação entre 900 e 2.200 mm, com períodos de seca de até

2 meses, com temperatura mínima de 4ºC e máxima de 25ºC. solos de textura leve a pesada, geralmente ácidos, suporta curtos períodos de alagamento.

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Espécie heliófila, de rápido crescimento e alta competitividade. Invasora nos mesmos ecossistemas que P. elliottii.

Pinus patula Cham.et Schlecht. Originário da região montanhosa do México Central, em regiões com altitude entre

1.500 a 3.100m, apresenta o melhor desenvolvimento em solos úmidos e bem drenados, em locais com precipitação média anual entre 1.000 e 1.500 mm.

É uma espécie facilmente identificada pelas acículas verde-pálidas, finas e pendentes, acículas longas (20 a 30 cm), bordes finamente serrilhados, reunidos em fascículos de 3, bainha persistente.

Casca grossa, acinzentada e fissurada na base, e casca fina marrom-avermelhada e desprendendo-se em escamas na parte superior.

Os cones femininos são sésseis, extremamente persistentes, medem de 7 a 10 cm de comprimento e dispõem-se em grupos de 3 a 6.

A espécie foi introduzida com muito sucesso em numerosos países tropicais e subtropicais. Sua madeira tem grande utilidade para processamento mecânico e na fabricação de papel.

Na Serra da Mantiqueira, no Sudeste de Minas Gerais e no Nordeste de São Paulo, bem como no Oeste de Santa Catarina e Serra do Rio Grande do Sul, esta espécie apresenta produtividade de madeira mais alta do que P. taeda.

2. Família Taxodiaceae Cerca de 15 espécies pertencentes a 10 gêneros. Tiveram no passado geológico

grande importância na composição das florestas do Hemisfério Norte, apresentando na atualidade uma distribuição nitidamente retidual.

São árvores monóicas, de grande porte, e folhas escamiformes ou aciculares. Os estróbilos femininos, em geral terminais e solitários, compõem-se de numerosas

escamas persistentes e brácteas. As sementes, de pequeno tamanho, têm asa circundante reduzida.

As principais taxodiáceas cultivadas no Brasil são: Cryptomeria japonica (L.f.) D.Don. ‘cedro-japonês’ Árvore de grande porte, de forma colunar ou piramidal. Folhas aciculares, de

filotaxia espiralada, medem de 10 a 15 mm de comprimento, com ponta aguda e arqueada em direção ao ramo.

Os estróbilos masculinos são ovóides, reunidos nas extremidades dos raminhos, cerca de 10 mm de comprimento. Os cones femininos são globosos, de maturação anual, medem de 10 a 25 mm, as escamas têm 4 a 5 dentes na margem superior e um múcron curvo.

A espécie chega a ocupar 30% da área florestal do Japão. Foi introduzida no Brasil para fins ornamentais e produção de celulose. Em São Paulo o crescimento é satisfatório, de 0,5 a 1,5 m/ano.

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Cunninghamia lanceolata (Lamb.) Hook. ‘pinheiro-chinês’ Inadequadamente conhecido como ‘pinheiro-alemão’. A área natural de ocorrência

compreende a China Central e Meridional, Taiwan, Vietnam e Laos, onde cresce em altitudes de 500 a 1.800m. Fora desta área original, é plantada em vários países de clima subtropical, tropical e temperado, incluindo o Brasil.

A árvore apresenta tronco retilíneo, copa piramidal e ramificação irregular, tende a formar verticilos com a idade. Alcança 25 a 30 m de altura e 200 cm de D.A.P. A casca é espessa, cor castanha, com fissuras longitudinais.

Folhas lanceoladas, de 2 a 5 cm de comprimento, dispostas em raminhos segundo dois planos divergentes. Coloração verde-escura na face superior e duas faixas estomáticas esbranquiçadas na face inferior.

Cones masculinos dispostos em fascículos na extremidade dos ramos do ano. Cones femininos terminais, ovóides e sésseis; medem cerca de 2 cm de comprimento, compostos de numerosas escamas coriáceas, imbricadas e providas de dentes.

A espécie é pouco competitiva, resiste mal à pressão exercida por espécies sombreadoras. A regeneração natural ocorre apenas em povoamentos adultos e ralos.

Apresenta intensa rebrota a partir de gemas dormentes, esta propriedade assegura uma brotação de cepo, o que a torna uma das poucas coníferas possíveis de serem manejadas por talhadia.

A madeira é muito leve e uniforme, bastante durável, resistindo à intempérie e insetos; empregada para construção em geral, miolo de compensados, caixotaria, revestimentos internos, palitos de fósforo, industria de celulose.

Metasequoia glyptostroboides Hu et Cheng Árvore de até 45m de altura, com ramificação ascendente e copa longa, caducifólia. Folhas opostas, lineares, achatadas, retas, medem 1 a 3 cm de comprimento por

2mm de largura. No outono, antes de cair adquirem coloração de amarelo-claro a marrom-avermelhado.

Cones femininos com longo pedúnculo, globosos ou fusiformes, medem até 2,5cm de comprimento.

A espécie é considerada um ‘fóssil-vivo’ por ser a única remanescente de um gênero que teve larga distribuição na era Terciária. Por sua raridade, é cultivada como ornamental ou curiosidade cientifica. A utilização da madeira é desconhecida. Podemos encontrá-la em Canela, RS.

Sequoia sempervirens (D.Don.) Endl. Árvore de grande porte, copa piramidal, com folhagem persistente e casca espessa,

marrom-avermelhada. É o ‘redwood’ dos Estados Unidos, a espécie arbórea de maior porte em todo o mundo, com alguns exemplares gigantes com mais de 100m de altura.

Folhas lineares ou lanceoladas, de até 2,5cm de comprimento; cor verde-escura e duas faixas estomáticas mais claras na face inferior, organizadas em planos divergentes, nos dois lados dos raminhos.

Estróbilos masculinos solitários, em disposição lateral ou terminal, medem 7mm. Os cones femininos têm consistência lenhosa, são ovóides, medem de 1,5 a 2,5cm de comprimento, com maturação anual; sementes achatadas, com asa lateral estreita.

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Espécie originária de uma faixa costeira estreita dos Estados Unidos que vai do Sul do Oregon até o Centro da Califórnia, região de clima muito úmido.

Merece maior difusão no Rio Grande do Sul, na Serra demonstrou excelente crescimento.

A madeira é muito resistente à decomposição e ao ataque de insetos; muito forte indicada para obras ao ar livre ou para interiores.

Sequoiadendron giganteum (Lindl.) Bucholz. Árvore de grande porte, copa piramidal e folhagem persistente. Originária da Serra

Nevada, na Califórnia, conhecida como ‘big tree’ ou ‘sequoia gigante’, famosa por sua extraordinária longevidade (alguns possuem ao redor de 4.500 anos).

A casca é muito grossa (até 60 cm), macia, avermelhada, com profundas fissuras. Folhas escamiformes ou sub-aciculares, com 11 mm de comprimento; cor verde-

azulada, dispostas espiraladamente em raminhos. Estróbilos masculinos terminais, solitários e sésseis. Cones femininos de forma

ovóide e maturação bianual. A espécie distingue-se pelo tronco mais robusto que a Sequóia sempervirens,

produzindo maior volume de madeira. O famoso ‘General Sherman’, no Parque Nacional das Sequóias (Califórnia), ultrapassa os 9 m de D.A.P. e o peso do seu tronco foi estimado em 1.400 tn.

A altura dos maiores indivíduos é inferior à Sequóia sempervirens, alcançando no máximo 80 a 90 m.

Taxodium distichum (L.) Rich. ‘cipreste-calvo’ ou ‘cipreste-dos-pântanos’ Árvore de grande porte, copa cônica e folhagem caducifólia. Casca espessa (até 6

cm), cor marrom-avermelada. Folhas lineares, dispostas em dois planos divergentes nos raminhos, cor verde-

claras, de até 2cm de comprimento. Originaria das planícies costeiras do sudeste dos Estados Unidos, encontra-se

principalmente no Delta do Mississipi e na Florida, onde cresce em altitudes de até 30m. Nos solos pantanosos desenvolve raízes respiratórias ou pneumatóforos.

Fácil propagação por sementes ou estacas, em substrato muito úmido. Espécie de crescimento lento; madeira com alta durabilidade natural. É uma espécie de alto potencial para a silvicultura brasileira, tendo em vista sua

preferência por áreas alagadiças, ecologicamente incompatíveis com a maioria das espécies florestais nativas e comumente deixadas sem utilização.

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3. Família Cupressaceae

Arbustos ou árvores, muito ramificados. Folhas geralmente escamiformes, pequenas, imbricadas.

Estróbilos masculinos pequenos, terminais, dispostos nas curtas ramificações. Estróbilos femininos com poucos pares de macrosporófilos.

A família está dividida em três subfamílias, segundo características dos estróbilos femininos:

3.1. Subfamília Cupressoideae Estróbilos lignificados. Os macrosporófilos ao amadurecer afastam-se longe uns dos

outros. Plantas monóicas. Cones femininos de maturação bianual (Cupressus). Cones femininos de maturação anual (Chamaesyparis).

Chamaesyparis lawsoniana (A. Murr.) Parl. Árvore de grande porte (até 60m), copa piramidal; raminhos planos dispostos

horizontalmente. Folhas escamiformes. Estróbilos masculinos terminais, avermelhados quando maduros. Cones femininos

globosos, castanho-claros, com 10 mm de diâmetro; possuem 8 escamas, com múcron agudo.

A madeira é de excelente qualidade para todos os usos e duradoura em contato com o solo.

Chamaesyparis pisifera (Sieb. et Zucc.) Endl. Freqüente em parques e jardins no Sul do Brasil. Copa Piramidal, raminhos

comprimidos, dispostos em forma horizontal. Folhas escamiformes, acuminadas, de ápice recurvado, com bordas inteiras e faixas

esbranquiçadas na parte inferior. Cones globosos, de maturação anual, 7mm de diâmetro, com 10 a 12 escamas

rugosas, providas de pequeno múcron dorsal. Sementes aladas. Cupressus arizonica Greene Árvore de madeira e ornamental, de crescimento rápido. Tronco reto e copa

piramidal. Folhas escamiformes, agudas, imbricadas, verde-azuladas e com finos dentes nas

margens. Cones femininos esféricos (2 a 3 cm), de cor verde-azulada, 6 a 8 escamas. Espécie rústica, aceita qualquer condição de solo, mesmo terrenos superficiais,

calcários ou secos. Resistente a baixas temperaturas, indicado para quebra-ventos. Cupressus funebris Endl. Árvore ornamental, de porte médio a grande (25 m). Distingue-se facilmente dos

outros ciprestes por ter raminhos pendentes e ramificados num mesmo plano. Folhas escamiformes, verde-claras, agudas e livres no ápice. Cones femininos castanho-escuros, pequenos, globosos, 7 mm de diâmetro. O porte pequeno limita o interesse para a silvicultura, seu cultivo é valorizado em

cemitérios. No Sul do Brasil é conhecido como ‘cipreste-chorão’.

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Cupressus lusitanica Mill. A árvore alcança até 30 m de altura, ampla copa piramidal, ramos horizontais que se

curvam para baixo nas extremidades. Folhagem verde-clara e casca marrom. Folhas escamiformes, ovadas, de 1 mm. Cones femininos globosos, medem de 10 a 15 mm de diâmetro e reúnem 6 a 8

escamas peltadas, providas de robusta apófise dorsal. Têm coloração cinza-azulada quando jovens, que desaparece na maturação.

Espécie muito difundida no Brasil como ornamental, isoladamente, em cercas-vivas e quebra-ventos. Também desperta grande interesse para produção de madeira e celulose.

Cupressus macrocarpa Hartw. Árvore de grande porte, com tronco curto e grande copa piramidal. No Rio Grande

do Sul é conhecido como ‘cipreste-de-Monterrey’ ou ‘cipreste-lamberciana’. As folhas verde-escuras, escamiformes e obtusas, dispostas em mais de um plano

nos raminhos terminais, medem 1mm de comprimento e exalam odor resinoso característico quando esmagadas.

Cones femininos castanho-claros, sub-globosos, com 8 a 14 escamas, 2 a 2,5 cm de diâmetro.

A planta prefere solos férteis, profundos, não compactados. Ressente-se com o frio e exige umidade atmosférica elevada. Também suporta secas prolongadas e podas freqüentes. Indicada para quebra-ventos.

Cupressus sempervirens L. Árvore de grande porte, até 30 m de altura. Distingue-se com facilidade por ter copa

colunar e ápice agudo, folhagem verde-escura, os cones com tamanho nitidamente maiores que os outros.

Folhas escamiformes, obtusas, 1mm, dispostas em diversos planos nos raminhos terminais.

Os cones masculinos são solitários, amarelados, terminais, de até 8mm de comprimento. Os cones femininos são acinzentados, medem 3 a 4 cm de diâmetro e têm 8 a 14 escamas.

Conhecido popularmente como ‘cipreste-italiano’. É rústico e de rápido crescimento inicial.

3.2. Subfamília Thujoideae Estróbilos lignificados. Os macrosporófilos ao amadurecer se curvam para os lados. Thuja occidentalis L. Árvore de porte média (até 20 m de altura e 90 cm de diâmetro). No Brasil o seu

cultivo é ornamental. Existem várias variedades. Copa cônica, estreita. Folhas escamiformes, muito aproximadas em arranjo oposto-

cruzado nos raminhos horizontais. Cones masculinos globosos, pequenos, terminais, amarelos, constituídos por 3 pares

de folhas polínicas. Cones femininos oblongos, cor marrom-clara, até 10 mm de diâmetro; 8 a 10 escamas delgadas e lisas, com um pequeno múcron espinhoso.

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Thuja orientalis L. Conhecida como ‘tuia’ ou ‘árvore da vida’. Possui grande valor ornamental, sendo

cultivada em jardins, cemitérios e parques no Rio Grande do Sul. Adapta-se à formação de cercas-vivas.

Alcança uma altura máxima de 20 a 30 m, copa piramidal. Folhas escamiformes, imbricadas, com disposição oposta-cruzada, estando os

raminhos organizados em planos mais ou menos verticais. Cones masculinos terminais, amarelos, com diversas folhas polínicas peltadas, e

arranjo oposto. Cones femininos ovóides, de até 15 mm, pendentes, de cor verde-azulada quando jovens e castanho-avermelhada quando maduros, têm escamas lenhosas com múcron recurvo.

3.3. Subfamília Juniperoideae Estróbilos femininos carnosos. Cerca de 70 espécies desde o Ártico até os

subtrópicos. Junniperus communis L. Arbusto ou pequena árvore (até 12m). Conhecido como ‘zimbro’ em Portugal, é

conhecido por ser matéria prima para fabricação de gim. Planta de forma piramidal. Folhas aciculares de 12 a 15 mm de comprimento, verde-

escuras, com uma faixa esbranquiçada na face superior, dispostas em verticilos trímeros. Os cones femininos (gálbulas) são carnosos, ovóides (6mm) de cor preto-azulada. A

maturação é lenta, ocorre no outono do segundo ou terceiro ano.

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4. Família Podocarpaceae

Abrange sete gêneros e 150 espécies distribuídas nas regiões tropicais, subtropicais e temperadas do mundo. É família mais numerosa de coníferas do Hemisfério Sul; com espécies monóicas e dióicas.

Os amentilhos masculinos compõem-se de muitas folhas polínicas bitecas, enquanto que as flores femininas aparecem em geral solitárias e reduzidas a um único óvulo. As sementes estão presas a um receptáculo carnoso, chamado epimácio.

Na flora brasileira destacam-se Podocarpus lambertii e Podocarpus sellowii, por ocorrerem no Sul do país (nativas).

Podocarpus lambertii Klotz. ‘Pinheiro-bravo’ Árvore de porte média (15m de altura), que ocorre desde Minas Gerais até o Rio

Grande do Sul. Os indivíduos jovens apresentam tronco reto, crescimento monopodial e copa

cônica, na fase adulta verifica-se uma tendência à tortuosidade, inclinação e ramificação do tronco, bem como formação de copa arredondada.

Folhas simples, lineares, verde-escuras brilhantes na face superior e opacas na inferior, medem 7cm de comprimento; são glabras, uninervadas e de margem inteira.

Estróbilos masculinos com 8 a 12 mm de comprimento, reunidos em grupos de 3 a 6, no ápice de um delgado pedúnculo axilar, com 5 a 10 mm de comprimento.

A estrutura reprodutiva feminina é axilar, solitária e sustentada por um curto pedúnculo (15mm). A semente, subglobosa, mede cerca de 5mm de diâmetro.

Conhecida como ‘pinheiro-bravo’ ou ‘pinheirinho’, tem ampla distribuição geográfica no Rio Grande do Sul. Participa da composição da Floresta Ombrófila Mista e de outras formações no Estado, sendo particularmente abundante no município de Encruzilhada do Sul (Parque Estadual do Podocarpus).

Em todas as áreas de ocorrência prefere encostas de morros, ravinas e outros sítios úmidos.

A madeira é leve, macia, branco-amarelada, fácil de ser trabalhada, presta-se para construção civil, móveis, caixotaria, embalagens para alimentos, lápis e palitos de fósforo.

Como o receptáculo carnoso que aparece associado à semente é utilizado por pássaros, a dispersão é favorecida.

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Podocarpus sellowii Klotz. Distingue-se da espécie anterior por suas folhas lanceoladas maiores, de até 10cm

de comprimento por 15mm de largura, e pela ausência de um pedúnculo comum aos grupos de estróbilos masculinos.

Ocupa uma área mais tropical que a anterior, incluindo a Floresta Amazônica, o Brasil Central e a Serra do Mar.

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5. Família Cephalotaxaceae Compreende atualmente um único gênero e seis espécies originarias do Leste da

Ásia. O gênero agrupa espécies dióico-díclinas, com flores masculinas reunidas em

amentilhos globosos e com numerosos estames rodeados por brácteas em sua base. Os estróbilos femininos compreendem várias escamas bi-ovuladas, das quais

normalmente se desenvolve apenas um óvulo, produzindo uma semente carnosa e drupácea. A espécie mais conhecida no Rio Grande do Sul é: Cephalotaxus harringtonia (Forbes) K.Koch. Árvore pequena ou em forma de arbusto. No Rio Grande do Sul é cultivada como

ornamental. Copa pequena, estendida horizontalmente. Folhas lineares, verde-escuras na face

superior e com numerosas faixas estomáticas esbranquiçadas na face inferior, medem 5cm de comprimento.

Estróbilos masculinos globosos, pequenos (10mm), reúnem brácteas escamiformes em sua base e 2 a 5 flores, compostas por estames.

A semente, carnosa, verde-escura, situa-se na extremidade de um curto pedúnculo e mede cerca de 15 mm.

6. Família Araucariaceae Compreende dois gêneros e cerca de 32 espécies, originarias da Oceania e América

do Sul. Algumas têm grande interesse madeireiro e outras são ornamentais. As folhas podem ser escamiformes (Araucaria heterophylla), lanceoladas (A.

angustifolia), ou ovado-elípticas (Agathis robusta), com disposição espiralada. Algumas são monóicas e outras dióicas. Os amentilhos reúnem numerosas escamas

imbricadas, dispostas em espiral, com seis ou mais sacos polínicos. Os cones femininos, grandes quando maduros (pinhas), produzem uma semente por escama.

Agathis robusta (C.Moore) F.M.Bailey ‘Kauri’ Originária da Austrália e da Nova Guiné. Os adultos alcançam 45m de altura e

300cm de D.A.P., com ramos delgados inseridos perpendicularmente. Casca cor canela característica, desprende-se em lâminas. Folhas juvenis ovado-elípticas, sub-sésseis, geralmente opostas. Folhas adultas

elípticas com 5 a 11cm de comprimento e 1,5 a 3cm de largura. Não são pontiagudas nem dispostas imbricadamente.

Estróbilos masculinos cilíndricos, castanho-ferrugíneos, com 5 a 10cm de comprimento. Cones femininos globosos, de 8 a 13cm de comprimento por 6 a 12cm de largura. Sementes livres, não soldadas às escamas.

Conhecida no Rio Grande do Sul como ‘kauri’ ou ‘kauri australiano’. É muito valorizada na sua região de origem, produzindo após 50 ou 60 anos madeira de alta qualidade, indicada para usos interiores, móveis, embarcações, instrumentos de desenho ou música e industria de compensados.

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Araucaria angustifolia (Bert.) O.Ktze. Único representante na flora brasileira, conhecida como ‘pinheiro-brasileiro’ ou

‘pinheiro-do-Paraná’. É uma árvore dióica, de copa caliciforme em indivíduos adultos, ramos organizados

em verticilos. Toda a árvore tem a forma de uma gigantesca umbela. Folhas lanceoladas, sésseis e pungentes, de tamanho variável entre 2 a 6 cm de

comprimento por 4 a 10 mm de largura.

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Casca espessa, acinzentada, áspera e profundamente fendilhada, descama-se em placas retangulares.

Estróbilos masculinos com formato cilíndrico, de 10 a 17cm de comprimento por 3 a 4cm de diâmetro, dispostos solitariamente ou aos pares nos brotos terminais. Cones femininos globosos de 10 a 12 cm (pinhas), têm período de maturação entre 20 a 22 meses.

As sementes são intimamente soldadas às escamas, de cor castanho-avermelhado, medem de 3 a 8cm de comprimento por 1 a 2cm de diâmetro. Sua produção concentra-se nos meses de abril a julho, perdendo rapidamente o poder germinativo (15 a 20 dias).

A madeira é indicada para tabuados, compensados, caixotaria, palitos, instrumentos musicais, carpintaria e marcenaria.

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Araucaria araucana (Mol.)K.Koch. Árvore de grande porte (até 50m), originaria do Sul do Chile e da Província de

Neuquén, onde forma povoamentos densos e puros. Conhecido como ‘pehuén’. Tronco reto, de até 150cm de diâmetro, com casca muito espessa e rugosa de cor

castanho-acinzentada-escura. Copa piramidal quando jovem, passa a caliciforme quando adulta.

Folhas ovado-lanceoladas. Largas (15 a 25mm) e muito imbricadas, no que se distingue facilmente da espécie brasileira.

Cones masculinos terminais e cilíndricos, permanecem na planta por muitos meses. Cones femininos com até 20 cm de diâmetro e suas escamas têm um longo apêndice. Sementes grandes (2x4cm) de cor castanha, comestíveis.

Para um bom desenvolvimento, exige uma micorriza específica, o que dificulta seu estabelecimento fora do habitat natural.

A distribuição dos ramos em verticilos regulares e a disposição imbricada das folhas conferem à espécie um efeito ornamental muito valorizado em parques e jardins nos países de clima temperado. Tem crescimento lento, desestimulando as plantações comerciais. A madeira é de excelente qualidade para os mais diversos fins.

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Araucaria bidwillii Hook. Árvore de grande porte, originária da Austrália. Muito cultivada como ornamental

em muitas partes do mundo, por ter rusticidade e porte piramidal simétrico. No Sul do Brasil apresenta rápido crescimento produzindo plantas de excelente

forma florestal. Os troncos são mais robustos e longos que na espécie brasileira. A casca é áspera e escamosa.

Folhas verde-escuras, pontiagudas, medem de 2 a 3,5cm de comprimento, dispostas em dois planos divergentes.

Cones masculinos longos, cilíndricos, esverdeados. Cones femininos ovóides, de 25 a 30 cm de diâmetro, escamas com um pequeno apêndice recurvo. Sementes grandes, de 5 a 6 cm de comprimento por 2,5cm de largura, piriformes e comestíveis.

Conhecida como ‘bunia-bunia’, requer clima subtropical, com abundantes precipitações e altas temperaturas. Pouco exigente quanto ao solo e resistente a geadas.

Deveria ter uma maior difusão no Rio Grande do Sul em programas de reflorestamento.

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Araucaria columnaris (Forst.) Hooker Originária da Nova Caledônia, tem no nome específico uma referência à forma e à

cor escura de sua copa, que lembra colunas de basalto quando as árvores são observadas desde a costa, no seu local de origem.

A árvore tem porte elegante, de até 50m, tronco geralmente inclinado. As folhas jovens são lanceoladas, agudas e pungentes (1,2cm de comprimento). As

adultas são marcadamente ovadas (5 a 6 mm de comprimento por 3 mm de largura). Cones femininos elípticos (15x11cm), escamas aladas e com apêndices de 0,8cm,

voltadas para o ápice do cone. A espécie frutifica abundantemente na zona litorânea de Santa Catarina.

Uma das espécies mais utilizadas nos jardins no Sul do Brasil assemelha-se a Araucaria heterophylla, da qual difere por ter folhas adultas e ramos mais curtos.

Araucaria heterophylla (Salib.) Franco Originaria de Oceania, foi introduzida na África do Sul e outros países tropicais

para produção de madeira. Seu maior interesse deve-se ao efeito plástico que resulta da ramificação em verticilos regulares, de grande valor ornamental para parques e jardins.

Seu porte é gigantesco (até 65m e 2m de diâmetro). Como indica seu nome, é heterofilia, as folhas jovens são lanceoladas, fortemente

assoveladas e incurvas, e quando adultas são densamente sobrepostas, curvas e pontiagudas, medindo de 8 a 12 mm de comprimento. São nitidamente maiores que as de A. columnaris.

Cones masculinos oblongos, 4cm de comprimento. Cones femininos globosos, 10 a 15cm de diâmetro. Com escamas providas de apêndice triangular, achatado e pontiagudo em direção ao ápice da pinha.

7. Família Taxaceae Compreende apenas cinco gêneros com 20 espécies vivas, exóticas à flora brasileira. Distingue-se das coníferas pela presença de óvulos terminais solitários, que

produzem uma única semente, rodeada por arilo carnoso, semelhante a uma drupa. Taxus baccata L. Árvore pequena (até 20m) ou arbusto, perenifólio, muito ramoso, copa piramidal.

Conhecida como ‘teixo’. Folhas lineares, agudas, coriáceas e curtamente pecioladas, com arranjo dístico. Cor

verde-escura na face superior e mais clara na inferior, até 4cm de comprimento x 3mm de largura.

Estróbilos masculinos globosos, se agrupam no lado inferior dos raminhos do ano anterior, de cor amarelada. Inflorescências femininas isoladas, e as sementes rodeadas por um arilo carnoso, avermelhado.

De crescimento lento. A madeira é muito procurada para esculturas e peças torneadas.

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8. Família Ephedraceae Quarenta espécies de arbustos e lianas, pertencentes a um único gênero: Ephedra. É um grupo de plantas que mostra maior afinidade com as angiospermas do que

qualquer outra gimnosperma. Esta posição intermediaria é comprovada por diversos aspectos morfológicos, incluindo a anatomia da madeira. À semelhança das angiospermas, o xilema secundário apresenta elementos vasculares verdadeiros, em vez de traqueóides.

A única efedrácea da flora sul-brasileira é uma trepadeira lenhosa. Ephedra tweediana C.A. Meyer Arbusto trepador, dióico, com até 6m de altura, folhas caducas de 5mm de

comprimento. Estróbilos masculinos globosos (6mm). Estróbilos femininos pedunculados, cor

avermelhada, carnosos, de 8 a 10mm. Produzem 2 sementes. Espécie originária do Sul do Brasil, Uruguai e Argentina.

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DIVISÃO MAGNOLIOPHYTA (ANGIOSPERMAE) CARACTERÍSTICAS GERAIS: As angiospermas diferem das gimnospermas por possuírem frutos, isto é, suas

sementes são protegidas e inclusas nos carpelos. Assim, as angiospermas são plantas que possuem as sementes protegidas por uma folha carpelar fechada, que após sofrer modificações, origina o carpelo. Após ocorrer ou não a fecundação, o ovário formará o fruto. Os grãos-de-pólen atingem o óvulo através do estígma.

Há uma regressão muito considerável dos gametófitos, o tubo polínico (microprótalo) não forma anterozóides; o saco embrionário (macroprótalo) fica reduzido a poucas células, sendo uma delas a oosfera e outra o mesocisto (núcleos polares), que originarão, respectivamente, o embrião (2n) e o endosperma (3n).

As angiospermas têm as mais variadas formas de hábito - desde enormes árvores (Eucalyptus) até minúsculas ervas aquáticas (Lemna e Wolffia); flores simples, até inflorescências bastante complicadas.

A estrutura das flores pode apresentar-se, a partir do receptáculo, sobre o qual se inserem os diferentes órgãos florais tais como: sépalas, tépalas, pétalas, estames (androceu) e carpelos (gineceu), de maneira helicoidal (flores acíclicas), verticilada (flores cíclicas) ou ambas (flores hemicíclicas). Nas angiospermas predomina a disposição cíclica. O número de cada verticilo é variável e conforme a relação de simetria deles distinguimos flores radiais ou actinomorfas, flores bilaterais ou zigomorfas e flores assimétricas. Cada verticilo tem estrutura e função bem determinados: flor sem verticilo de proteção - flor aclamídea (Salix); flor com apenas um verticilo de proteção - flor monoclamídea (Polygonum) , e neste caso recebe o nome de perigônio (tépalas); flor com dois verticilos de proteção - flor diclamídea - o externo é o cálice e o interno é a corola, que por sua vez podem ser livres ou conatas.

As flores, na sua origem, formam inflorescências, que podem manifestar-se sobre o caule de forma isolada ou conjugada. Podem ter posição axilar ou terminal.

O androceu apresenta as mais variadas formas e pode ser o único componente sexual de determinadas flores - flores unissexuais masculinas (Ricinus). Os estames podem sofrer transformações como nectários, estaminódios e petalóides.

O gineceu é o órgão reprodutor feminino e é formado por um ou mais carpelos. O carpelo está constituído de estigma, estilete e ovário. Cada carpelo contém um ou vários primórdios seminais (óvulos); o gineceu também apresenta uma grande diversidade de formas e estrutura.

GAMETOGÊNESE, FECUNDAÇÃO E EMBRIOGÊNESE O saco embrionário, uninucleado de início, sofre intenso desenvolvimento, ao

mesmo tempo em que o núcleo haplóide do saco embrionário sofre três divisões consecutivas, formando oito núcleos. Estes ficam imersos no saco embrionário e, conforme sua posição e futura função, recebem nomes especiais, tais como sinérgidas, oosfera, antípodas e núcleos polares. Assim, tem-se uma estrutura com 7 células e 8 núcleos.

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Na camada subepidermal da parte do óvulo, que dará a nucela, uma célula se destaca pelo tamanho maior, o tamanho do núcleo e a densidade do protoplasma; é a célula-mãe do macrósporo. Esta se divide duas vezes e forma quatro células, uma grande e três pequenas. A primeira divisão é redutora. A célula grande e bem desenvolvida é o macrósporo; as três pequenas são macrósporos abortivos que logo perecem. Neste estado começa a formação dos integumentos que nascem da base da nucela. O núcleo do macrósporo sofre várias divisões. Primeiramente dá dois núcleos, depois quatro e, finalmente, oito. Ao mesmo tempo, o macrósporo aumenta em tamanho, até alcançar a extensão definitiva do saco embrionário. Nesta expansão destrói e absorve parte da nucela e os três macrósporos abortivos. Seus oito núcleos se distribuem nas sete células definitivas do saco embrionário, formando paredes separadoras entre si. Na extremidade próxima à micrópila, formam-se três células; cada uma com um núcleo haplóide. Uma é a oosfera, as outras duas chamam-se sinérgidas. No centro há uma célula grande com vacúolos grandes e dois núcleos haplóides: o polar superior e o inferior. Perto da chalaza ficam mais três células pequenas, cada uma com um núcleo haplóide, chamadas antípodas.

O tubo polínico (gametófito masculino) surge ao germinar o grão-de-pólen sobre o estigma. Antes da abertura da antera, o núcleo de cada grão-de-pólen divide-se, formando uma grande célula vegetativa (célula do tubo polínico) e uma célula menor generativa (anteridial). Esta célula generativa divide-se, no tubo polínico em crescimento, ou mesmo antes, em duas células espermáticas (fecundantes), de maneira que os grãos-de-pólen ao tempo da polinização têm 2 ou 3 células.

Nas angiospermas ocorrem duas fecundações: a oosfera é fecundada por um núcleo das células espermáticas formando o embrião (2n) e o mesocisto (núcleos polares – 2n) é fecundado pela segunda célula espermática formando o endosperma secundário (3n). O embrião amadurece e conta com radícula, caulículo, gêmula e cotilédone (s). Mesmo antes do pró-embrião (zigoto) dividir-se pela primeira vez, o núcleo do endosperma (3n) começa a desenvolver-se intensamente, formando o tecido de endosperma que poderá servir de alimento ao embrião e extinguir-se em seguida, ou constituir-se num tecido de reserva da semente que somente mais tarde, quando aquela germinar, será consumido pelo embrião. Quando a semente está madura cessam todos os processos fisiológicos da embriogênese.

Pode haver embriogênese sem ocorrer fecundação. Este caso chama-se de “apomixia”, isto é, o fenômeno pelo qual se produz um embrião sem haver a fecundação prévia. Há dois tipos de apomixia: partenogênese e apogamia.

- Partenogênese: é o fenômeno de formação de um embrião a partir de uma oosfera não fecundada.

- Apogamia: é a produção de um embrião a partir de uma célula qualquer do gametófito distinta da oosfera como, por exemplo, as sinérgidas, as antípodas ou mesmo as células da nucela.

- Embrionia adventícia: é qualquer embrião não proveniente da oosfera. - Poliembrionia: é o fenômeno em virtude do qual se formam vários embriões numa

mesma semente. Ex. Citrus. O fruto é um órgão que atinge a grande diversificação nas angiospermas. É o

produto do desenvolvimento do ovário fecundado ou não.

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Figura: Macrosporogênese.

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CLASSIFICAÇÃO DAS MAGNOLIOPHYTA

As angiospermas que vivem hoje representam mais de 200 mil espécies, as quais estão agrupadas em mais de 10 mil gêneros e aproximadamente 300 famílias.

A classificação das angiospermas, segundo o sistema Melchior (uma adaptação do sistema de Engler), divide este grupo em duas classes: Dicotyledoneae e Monocotyledoneae. A primeira classe compreende duas subclasses, Archichlamideae (flores aclamídeas; monoclamídeas e diclamídeas, dialipétalas) e Metachlamideae (flores diclamídeas, gamopétalas).

No Sistema de Cronquist (1988), a divisão Magnoliophyta abrange duas classes: Magnoliopsida (dicotiledôneas) e Liliopsida (monocotiledôneas). A primeira classe é subdividida em seis subclasses, enquanto a segunda inclui cinco subclasses (Quadro I).

ENGLER

(1964)

CRONQUIST

(1988)

DIVISÃO Angiospermas Magnoliophyta

CLASSE Dicotyledoneae Magnoliopsida

SUBCLASSES Archichlamydeae

Metachlamydeae

Magnoliidae

Hamamelidae

Caryophylidae

Dilleniidae

Rosidae

Asteridae

CLASSE Monocotyledoneae Liliopsida

SUBCLASSES Alismatidae

Arecidae

Commelinidae

Zingiberidae

Liliidae

Quadro I – Comparação entre os Sistemas de Classificação de Engler e de Cronquist.

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A tabela abaixo relaciona as diferenças entre as classes Magnoliopsida e Liliopsida. Características Magnoliopsida Liliopsida

Cotilédones Nervação da folhas Câmbio Feixes do caule Raiz Flor Pólen

2 reticulada presente organizados pivotante 2-4 ou 5-meras 3 aberturas

1 paralela ausente espalhados fasciculada trímeras 1 abertura

Tabela – Comparação entre as Classes Magnoliopsida e Liliopsida.

A seguir serão apresentadas as principais famílias de interesse agronômico, posicionando-as na subclasse e ordem correspondentes, de acordo com o Sistema de Cronquist. SUBCLASSE I MAGNOLIIDAE

Esta subclasse é caracterizada pelo grande número de características arcaicas e diversidade de formas das quais poder-se-iam desenvolver as angiospermas mais evoluídas.

1. Ordem Magnoliales A Ordem Magnoliales compreende 19 familias com cerca de 5.600 espécies. No

Brasil, é representada pelas famílias Winteraceae, Magnoliaceae, Annonaceae, Canellaceae, Myristicaceae, Monimiaceae, Hernandiaceae e Lauraceae.

São plantas lenhosas, com exceção das do gênero Cassytha da família Lauraceae. As folhas são simples, de modo geral alternas, opostas em Monimiaceae e em algumas espécies de Lauraceae e Hernandiaceae, com ou sem estípulas.

Há presença de células oleíferas nos órgãos vegetativos. Sementes, em geral, com endosperma e embrião basal, de tamanho reduzido.

Somente as sementes das Lauraceae e algumas Hernandiaceae não têm endosperma, e o embrião é bem desenvolvido, com cotilédones foliáceos.

As características primitivas mais freqüentemente encontradas são: xilema formado por traqueídes com pontuação escalariforme, ovário apocárpico, numerosos estames, eixo floral alongado e polinização cantarófila.

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1. Família Winteraceae Lindl. Com oito gêneros e cerca de 70 espécies, mais concentradas na Nova Guiné, a

família é representada no Brasil pela espécie Drymis brasiliensis Miers., com quatro variedades, conhecidas popularmente como ‘cataia’, ‘casca-de-anta’, ‘paratudo’, ‘canela-amargosa’, capororoca’, etc., encontradas no Centro Oeste, Sudeste e Sul do Brasil.

São pequenas árvores de folhas alternas, sem estípulas, com lenho formado por traqueídes com pontuação escalariforme; flores de bi a unissexuadas, heteroclamídeas, com 26 sépalas valvares e pétalas imbricadas, dispostas em duas séries. Eixo floral um tanto alongado, com 4-6 carpelos livres apicais e cerca de 15-20 estames livres, em disposição espiralada; carpelos com 7-9 óvulos dispostos em placentação circular subapical; estames com lóculos da antera apicais; pólen em tétrade. Infloresecência cimoso-umbeliforme, terminal. Frutos apocárpicos, constituídos de 4-6 bagas dispostas radialmente.

A espécie ocorre principalmente em áreas alagadas e em florestas de altitude do Sudeste e Sul, principalmente na mata dos pinhais.

O fato das Winteraceae não possuírem elementos de vaso, associado à disposição espiralada das partes florais (à semelhança das gimnospermas), estames pouco diferenciados em filetes e anteras e gineceu apocárpico, fez com que diversos autores considerassem esta família entre as angiospermas mais ‘primitivas’ (próximas em parentesco às gimnospermas).

A madeira presta-se para construção civil, carpintaria, caixotaria e para lenha e carvão, as plantas são utilizadas para arborização urbana.

Emprega-se o chá de cataia como poderoso estimulante físico e mental, também contra retenção de urina e nas dissenterias. O uso mais comum é no tratamento das hemorróideas. Na medicina animal, é indicada contra garrotilho em eqüinos.

2. Família Magnoliaceae Juss. Possui cerca de 12 gêneros e 210 espécies ocorrentes na Ásia, América do Norte,

Antilhas, América Central e América do Sul. São árvores de folhas alternas, estipuladas. Flores vistosas, periantadas, com receptáculo alongado, sobre o qual se inserem

numerosos estames de estrutura laminar, com lóculos da antera lineares, alongados, paralelos entre si e carpelos livres entre si, densamente dispostos sobre o eixo floral.

Fruto apocárpico, estrobiliforme, constituído por numerosos carpídios ordenados sobre o eixo alongado. Na maturação, as paredes do aglomerado estrobiliforme rompem-se irregularmente e cada carpídio libera sua semente por um orifício circular, basal, as quais ficam pendentes, pressas a funículos longos.

As Magnoliaceae foram consideradas por Cronquist (1988) como sendo a família não fóssil que reuniria as características mais semelhantes às das primeiras angiospermas.

No Brasil ocorrem quatro espécies de Magnolia, com ocorrência principalmente em florestas alagáveis; Magnolia ovata, conhecida popularmente como baguaçu ou pinheiro-do-brejo, é a mais comum. Diversas espécies da família são cultivadas como ornamentais e na arborização urbana, a magnólia (Magnolia grandiflora), a magnólia-roxa (Magnolia liliflora), a magnólia-amarela (Magnolia champaca) e a tulipeira (Liriodendron tulipifera).

*Gênero nativo: Magnólia (=Michelia, Talauma) *Gênero introduzido: Liriodendron

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3. Família Annonaceae Juss.

Dos 130 gêneros e cerca de 2.300 espécies desta família, distribuídos nos trópicos e subtropicos de todo o mundo, foram registrados no Brasil, 29 gêneros com aproximadamente 260 espécies.

Plantas arbustivas ou arbóreas. Folhas simples, grandes, alternas dísticas, mais ou menos coriáceas e em geral aromáticas.

Flores usualmente grandes e vistosas, em geral bissexuadas, isoladas e axilares. Perianto amarelo, esverdeado ou purpúreo, diferenciado em cálice e corola, geralmente trímero (exceção entre as dicotiledôneas), com pétalas muito espessas. Estames numerosos, dispostos em espiral num receptáculo alongado. Ovário súpero, com carpelos numerosos, livres entre si, uniu a pluriovulados.

A estrutura floral parece revelar certa proteção à voracidade dos coleópteros visitadores. Quando as flores se tornam receptivas, as pétalas mantem-se entreabertas, impedindo a entrada de bezouros grandes e nocivos, enquanto que os mais delicados podem entrar, realizando a polinização. As pétalas carnosas funcionam como atrativo, podendo alimentar o inseto. Exalam adores característicos semelhantes ao de frutos passados ou esterco, que atraem os coleópteros.

Fruto isolado tipo baga, muitas vezes comestível. Em geral esses fruticulos se reúnem em um mesmo receptáculo desenvolvido, formando um agregado, denominado ‘esquisocarpo’.

Semente com embrião basal muito reduzido e com período de germinação muito curto.

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As Annonaceae ocorrem em praticamente todas as formações do Brasil, com destaque para Xylopia aromatica (pimenta-de-macaco) e Annona crassiflora (marolo), nos cerrados, esta última com grandes frutos com aroma muito forte, que servem como fonte de renda para populações locais.

Xylopia brasiliensis e Xylopia emarginata são conhecidas como ‘pindaíba’ e são freqüentes em florestas inundáveis.

Guateria nigrescens (pindaíba-preta) e Rollinia sylvatica (araticum-do-mato) são espécies comuns em diversas formações florestais.

A ‘ata’ ou ‘fruta-do-conde’ (Annona squamosa) e a graviola (Annona muricata) são espécies originarias da América Central, cultivadas no Brasil com frutos que são consumidos in natura ou em sucos.

4. Família Canellaceae Com 5 gêneros e cerca de 9 espécies; distribuem-se nas regiões tropicais da África

Oriental, Madagascar e América. No Brasil ocorre apenas o gênero Cinnamodendron, com três espécies, C. axillare, C. sampaioanum e C. dinisii. As duas primeras na Amazônia e a última (pimenteira) é encontrada desde Minas Geris até o Rio Grande do Sul.

Cinnamodendron dinisii é uma árvore geralmente robusta, de porte médio (10 a 20m), com troco claro e lenticelado, e casca e folhas com sabor picante, característica que inspirou o nome do gênero (Cinnamodendron= Capsicodendron= árvore de canela).

Folhas simples, inteiras, opostas, desprovidas de estípulas e de venaçao pinada. As flores são pequenas, vermelho-escuras, diclamídeas, com 3 sépalas e 4 a 12

pétalas, sustentadas por um pedúnculo de 0,4 a 0,8cm, agrupam-se em inflorescências terminais ou axilares. Os frutos são bagas avermelhadas elípticas com 2 a 4 sementes.

A madeira exibe uma estrutura bastante primitiva, incluindo elementos vasculares muito longos e placas de perfuração escalarifome com 10 a mais barras.

Habita preferencialmente os capões e o interior dos pinhais. Seu maior interesse é como árvore ornamental. A utilização da madeira é limitada

pela pequena dimensão dos troncos 5. Família Myristicaceae

Árvores ou raramente arbustos, freqüentemente com látex avermelhado. Folhas alternas, geralmente dísticas, simples, sem estípulas, de margem inteira, freqüentemente aromáticas.

Inflorescência cimosa, racemosa ou paniculada. Flores pouco vistosas, unissexuadas (plantas dióicas).

Fruto folículo ou baga carnosa ou sublenhosa, com semente envolvida em arilo carnoso.

No Brasil ocorrem 6 gêneros e 60 espécies, a grande maioria na região amazônica. O gênero com maior número de espécies é Virola.

Pertence a esta família a noz-moscada (Myristica fragans) cuja parte utilizada é o pericarpo aromático, apreciado na culinária de todo o mundo.

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6. Família Lauraceae Ao redor de 2.500 espécies distribuídas em 50 gêneros; 350 espécies sul-americanas

e de classificação, a campo, muito difícil. No Brasil é representada por 25 gêneros e cerca de 400 espécies. São originárias de regiões tropicais e subtropicais de todo o mundo, especialmente nas florestas da América Central, América do Sul, África e parte da Ásia.

São árvores (maioria) e arbustos. Folhas simples, alternas, membranáceas ou coriáceas, dotadas de cheiro característico proveniente de células cheias de óleos e essências aromáticas voláteis. O Sassafras apresenta folhas lobadas.

Flores pequenas, cíclicas, homoclamídeas, actinomorfas, trímeras, geralmente hermafroditas e às vezes unissexuais por aborto, plantas monóicas ou dióicas, apresentam perigônio, androceu polistêmone com 3 a 5 verticilos de 3 estames cada um, possuem estaminódio, anteras de deiscência valvar, ovário súpero de 1 a 3 carpelos concrescidos, unilocular e uniovular, fruto baga ou drupa, possuem a base mais ou menos envolta por uma cúpula carnosa, ou então reduzida a um disco plano.

Para a identificação das Lauraceae não basta o exame do caracteres tradicionais como folhas e casca dos troncos. Mais importantes são o número e a posição dos lóculos das anteras, bem como a presença, tamanho e forma da cúpula na base dos frutos.

Esta é uma das mais complexas famílias da flora brasileira, do ponto de vista taxonômico, pelo grande número de espécies e por serem utilizados caracteres crípticos na distinção de gêneros e espécies.

As Lauráceas representam uma das famílias de maior destaque na composição floristica de grande parte dos ecossistemas florestais do país, em especial da Mata Atlântica

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e em florestas da região Sul. Nestes ecossistemas é uma das famílias mais representadas, tanto em número de espécies quanto de indivíduos.

Entre as Lauráceas estão algumas das principais espécies consideradas como produtoras de madeira de lei.

EXEMPLOS: - Sassafras officinales: sassafrás. Árvore de 15 a 25m de altura, caducifólio fornece

a “essência de sassafrás” colhida no outono e que é empregada para aromatizante de sabões, fumos, dentifrício, goma de mascar, perfumes, etc. Originária da América do Norte, multiplica-se por sementes.

- Laurus nobilis: louro, loureiro. Árvore ou arbusto perenifólio de 10 a 20 m de altura, floresce em fins de inverno à primavera. É uma planta ornamental, aromática e medicinal, usada como símbolo da vitória. Reproduz-se por estacas com folhas, perfilhos, sementes e alporquia. No Brasil não frutifica. As folhas são usadas como condimento no mundo todo; os frutos maduros e prensados são usados no preparo de licores; o óleo essencial dos frutos e folhas é empregado em perfumaria e produtos farmacêuticos. Os princípios ativos do louro são a laurina, o ácido laurínico, o geranol e estearina. O chá das folhas é usado como excitante, digestivo e para gases do estômago e intestino, é emenagogo e carminativo.

- Cinnamomum camphora: canforeira. Árvore de grande porte, pode atingir até 25 metros de altura, originária da China e Japão e encontra-se espalhada no mundo em regiões tropicais e temperadas como planta ornamental, medicinal e industrial. Fornece óleo de cânfora e madeira; usada na fabricação da nitrocelulose e celulóide; multiplica-se por sementes, floresce na primavera, apresenta um crescimento lento.

- Cinnamomum zeylanicum: canela-de-cheiro, canela-do-ceilão. Naturalmente é uma planta de pequeno porte (10m de altura), arbusto em cultivo comercial. Natural do Ceilão; empregada na culinária, medicina e perfumaria devido as suas propriedades tônicas, aromáticas e estimulantes; tem 65% de aldeído cinâmico. Derivados da canela: cânfora, cera de canela, eugenol, essência de canela e canela em rama. Exploração comercial a partir do 3ro ano até quinze anos. Multiplica-se por sementes (é necessário retirar a polpa que envolve a semente), alporquia e estaquia (estacas de cerca de 30 cm retiradas de ramos novos de plantas adultas).

O gênero Persea tem mais ou menos 50 espécies, sendo o maior número delas originárias do Mexico e América Central.

- Persea americana var. americana: abacateiro. É considerado como “legume” na maioria dos países, sendo consumido sob forma de conserva, saladas e sopas. O fruto, popularmente, é tido como afrodisíaco, tem grande valor alimentício em função dos ácidos graxos, proteínas, vitaminas A, B, C, D e E. O óleo do fruto tem grande aplicação na cosmetologia; as cascas são vermífugas; a semente é usada contra o reumatismo em medicamentos caseiros; folhas e brotos são diuréticos, estomáquicos, carminativo e emenagogo (usados depois de seco) e são considerados também antidiarréicos. Brasil consome variedades com baixo teor de óleo. O nome deriva do termo asteca “ahuacati”.

Distinguem-se 3 raças de abacateiro cultivadas: Mexicana, Guatemalense e Antilhana. Todas as variações morfológicas entre as raças tendem a desaparecer pela hibridação. As características da casca do fruto e forma do pedúnculo são usadas para diferenciar as três:

Raça Mexicana: casca fina e pedúnculo cilíndrico;

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Raça Guatemalense: casca espessa e rugosa e pedúnculo com expansão junto ao fruto.

Raça Antilhana: casca intermediária e pedúnculo em forma de cone truncado. É uma árvore de grande porte em ambiente natural e arbustos ou pequena árvore

quando em cultivo. Apresenta um grande número de flores por panícula e é na flor que reside todo o mistério de produção ou não de frutos. Cada flor hermafrodita abre duas vezes, isto é, tem dois estágios de maturação: 1ra. abertura ocorre quando o gineceu (estigma) está apto (maduro) para receber o pólen e a 2da. abertura quando o androceu está maduro, liberando o pólen; estas aberturas ocorrem em períodos diferentes dentro de plantas de uma mesma raça como em plantas de raças diferentes.

Entre as lauráceas nativas devemos mencionar algumas espécies pertencentes aos

gêneros Ocotea, Nectandra, Cryptocaria e Aiouea, os quais encerram a maioria das canelas ou imbuias, antes bastante comuns em nossas formações florestais. Todas multiplicam-se por sementes e são perenifólias.

- Ocotea puberula: canela guaicá, guacá. - Ocotea porosa: imbuia, embuia. - Ocotea odorifera: canela sassafrás, sassafrás. - Ocotea pulchella: canela lageana, canela miúda. - Ocotea diospyrifolia: canela louro, canela lora. - Nectandra saligna: canela preta, canela bosta, louro negro, canela louro. - Nectandra megapotamica: canela ferrugem, canela preta, canela louro. - Nectandra rigida: canela amarela. - Nectandra lanceolata: canela amarela, canela-do-brejo. - Cryptocaria mandiocana: canela lageana. - Aiouea saligna: canela anuíba, canela amarela, canela-do-Rio Grande. - Phoebe stenophylla: canela crespa. - Persea venosa: massaranduba. - Aniba roseodora: pau-rosa.

O cipó-chumbo (Cassytha filiformes) é uma holoparasita relativamente comum, principalmente nas áreas abertas, destacando-se na paisagem pela presença de ramos áfilos amarelo-esverdeados. 7. Família Monimiaceae

Compreende 32 gêneros e cerca de 350 espécies distribuídas pelas regiões tropicais e subtropicais do Mundo. São particularmente numerosas na América do Sul e Nova Zelândia.

Da flora brasileira, participam apenas 4 gêneros dos quais apenas dois estão no Rio Grande do Sul, Hennecartia e Mollinedia.

São árvores ou arbustos de folhas opostas, inteiras, desprovidas de estipulas, com margem dentada ou serrada e freqüentemente aromáticas.

As flores são pequenas, actinomorfas, geralmente monoclamídeas e hermafroditas ou unissexuais.

A Monimiaceae mais conhecida é o boldo (Peumus boldus Mol.), originário do centro do Chile.

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Hennecartia é um gênero monotípico e sua única espécie Hennecartia omophalandra, é nativa do Rio Grande do Sul.

O gênero Mollinedia, tem pelo menos 5 espécies arbustivas que participam na composição do sub-bosque de pinhais e Floresta Atlântica Sulriograndense. 2. Ordem Piperales

Como as Magnoliales, as Piperales têm células oleíferas, e todas as características divergentes das Magnoliales representam avanços evoluivos.

Na grande maioria são plantas herbáceas, tropicais. No Brasil, estão representadas por espécies das famílias Piperaceae e Chlorantaceae. 1. Família Piperaceae

As flores são pequenas, geralmente hermafroditas, protegidas apenas por uma ou duas brácteas. Estames de 1 a 10; ovário com 2 a 5 carpelos concrescidos formando um lóculo só, no qual se desenvolve um só óvulo. Inflorescências tipo amentilhos. São geralmente ervas, subarbustos, trepadeiras e arbustos.

- Piper nigrum: ‘pimenta-do-reino’, é uma trepadeira de origem asiática. Caule

lignificado na parte inferior. Folhas alternas, inteiras, opstas às inflorescências. É cultivada no Norte do Brasil, porém pode ser introduzida em regiões livres de

geadas. É uma cultura intensiva de alto rendimento. O produto comercial pimenta preta, são os frutos imaturos não descascados, e a pimenta branca, são frutos maduros, descascados.

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- Peperômia obtusifolia: plantas ornamentais, cultivadas em virtude da folhagem bela e variada. Algumas espécies deste gênero ocorrem no Brasil espontaneamente nas matas úmidas.

3. Ordem Aristolochiales A ordem é representada apenas pela família Aristolochiaceae A.L.Juss. A família

compreende 7 gêneros distribuídos nos trópicos e subtropicos. No Brasil ocorrem 62 espécies do gênero Aristolochia L.

São ervas baixas, anuais, ramificadas desde a base, com raízes tuberosas; trepadeiras. Folhas simples, inteiras e alternas.

Flores isoladas em forma de sifão, zigomorfas, hermafroditas, monoclamídeas. Ovário ínfero, multilocular, multiovulado. Estames pressos à parte superior do gineceu.

Fruto cápsula, sementes aladas. Espécies importantes: conhecidas popularmente como jarrinha, papo-de-peru,

orelha-de-elefante, cipó-mil-homens, mil-homens-do-rio-grande, jarrinha-concha, cacau, etc.: Aristolochia longa, A. rotunda, A. clematis, A. sepentina, A. sipho, A. triangularis.

As raízes e caules de varias espécies são medicinais, usados nos ataques de histeria; o suco obtido por maceração é usado como antiofídico. Todas as espécies têm papel importante na farmacopea.

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4. Ordem Nympheales Compreende as famílias Nymphaeaceae, Nebumbonacea, Cabombaceae e

Ceratophyllaceae. São plantas de regiões tropicais, principalmente da América do Sul. São ervas perenes, aquáticas, com rizoma carnoso e raiz principal caduca ou ausente; raízes adventícias longas, formadas sob as folhas ou no rizoma. No Brasil, ocorem 6 espécies do gênero Nymphaea, 2 do gênero Victoria e 3 espécies do gênero Cabomba.

5. Ordem Ranunculales A ordem Ranunculales consta de 8 famílias, com cerca de 3.200 espécies. Na flora

do Brasil ocorrem representantes de apenas três dessas famílias: Ranunculaceae, Berberidaceae e Menispermaceae.

As Ranunulales são os equivalentes herbáceos das Magnoliales e dividem com elas um grande número de caracteres primitivos. As principais características divergentes das Magnoliales consistem no aparecimento de pétalas nectíferas, na predominância de lianas, na presença de folhas compostas em muitos membros e na ausência de células oleíferas.

1. Família Ranunculaceae Os representantes desta família estão distribuídos nas zonas temperadas do Hemisfério Norte, achando-se muitos deles em cultura como ornamentais no Brasil. A maioria é herbácea (exceção: Clematis – trepadeira lenhosa).

Folhas freqüentemente compostas ou seccionadas em disposição helicoidal, raramente simples, com estípulas.

Flores hermafroditas, diclamídeas, geralmente vistosas e de coloridos ricos. Elementos florais livres entre si. Estames numerosos. Carpelos também numerosos, apocárpicos ou concrescidos parcialmente; com um ou muitos óvulos. Fruticulos com deiscência septicida.

Algumas espécies possuem rizoma ou bulbos. Há espécies tóxicas e de uso medicinal.

- Aquileria vulgaris: ‘luvas-de-Nossa-Senhora’, erva anual com cerca de 80-100cm

de altura. Ornamental. - Nigella damascena: ‘dama-entre-verde’, erva anual. - Nigella sativa e Nigella arvensis: ocorrem nas culturas como plantas daninhas. As

sementes são usadas como condimento. - Aconitum napellus: ‘acônito’, herbácea de cerca de 1m de altura, parte aérea anual

e raízes perenes, muito ornamental, porém pouco aconselhável para cultura nos jardins por ser altamente tóxica. O alcalóide aconitina já na antiguidade era usado tanto para farmacopéia como para fins criminosos.

- Delphinium ajacis ‘esporinha’, planta anual, ornamental. - Delphinium staphisagria: planta daninha originária do Mediterrâneo, introduzida

no Brasil involuntariamente. As duas espécies têm propriedades inseticidas. - Anemone coronaria ‘anêmona’: cultivada no Brasil como ornamental.

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-Clematis hilarii ‘barba-branca’: trepadeira de caule lenhoso ocorre espontaneamente no Sul do Brasil.

6. Ordem Papaverales Representada pelas famílias Papaveraceae e Fumariaceae. No Brasil, as famílias da

Ordem Papaverales não têm representantes indígenas. São plantas herbáceas, com flores andróginas ou unissexuadas, dímeras ou trimeras,

com muitos ou poucos estames, com ovário unilocular, placentação parietal com muitos óvulos; sementes com endosperma rico em reservas oleaginosas e embrião reduzido. Apresentam tipos avançados de alcalóides benzilsiloquinona.

As Papaveraceae têm flores actinomorfas, com muitos estames e sistema laticífero bem desenvolvido, enquanto as Fumariaceae apresentam-nas calcaradas, com 4-6 estames, e sistema laticifero ausente.

1. Família Papaveraceae Folhas fortemente incisas, alternas, às vezes opostas ou dispostas em rosetas. - Argemone mexicana L., com flores amarelas, vistosas e folhas muito recortadas, é

encontrada como planta rudental em todas as regiões do Brasil, especialmente no Nordeste, sendo também cultivada como espécie de uso medicinal. Alcança aproximadamente 1m de altura. Folhas e caule espinhecentes. No México e Sul dos Estados Unidos é uma planta daninha.

- Papaver sonniferum, é largamente cultivada principalmente na Ásia para obtenção do látex da cápsula imatura. Este látex é matéria prima para fabricação de ópio, morfina, codeína, papaverina e outras drogas. Freqüentemente cultivada no Brasil.

- Papaver rhoeas, planta daninha.

2. Família Fumariaceae - Fumaria spp., de flores violáceas, pequenas, zigomorfas, só aparece como subespontânea na Região Sul do Brasil.

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SUBCLASSE II HAMAMELIDAE

É uma das menores subclasses das Magnoliopsida. Compreende cerca de 9 Ordens, 23 familias e mais ou menos 3.400 espécies. A essas famílias estão subordinados alguns dos gêneros mais importantes de árvores caducifólias das regiões temperadas do Hemisfério Norte como Carya, Quercus, Fagus, Castanea, Juglans, Platanus e Ulmus.

Fazem parte da Subclasse Hamamelidae, de Cronquist, as seguintes Ordens: Trochodentales, Hamamelidales, Eucommiales, Urticales, Leitneriales, Juglandales, Myricales, Fagales e Casuarinales.

Em geral, são árvores ou arbustos e, só raramente ervas, com folhas alternas ou opostas.

Flores polígamas, monóicas ou dióicas, monoclamídeas, com cálice regular ou zigomorfo, com 2-5 segmentos, ou flores nuas, com ou sem bractéolas. Fruto sâmara, aquênio ou drupa, sementes com cotilédones carnosos.

Os autores, de modo geral, descrevem as Hamamelidae como plantas anemófilas e procuram explicar a anemofilia como conseqüência da redução floral.

Nas espécies de Moraceae da flora brasileira, numa grande maioria dióicas, com flores dispostas em inflorescências curtas e sésseis, é mais provável que ocorram formas particulares de polinização entomófila. É bem conhecida a polinização do gênero Fícus por vespas do gênero Blastofaga que depositam seus ovos no ovário das flores femininas. Nos sicônios, encontram-se flores femininas longistilas e braquistilas. Nestas, em geral, já não se formam papilas estigmáticas, uma vez que estão adaptadas a sua função de ‘chocadeira’. É portanto, no ovário dessas flores braquistilas que as vespas depositam seus ovos (flores-gálias); as de estilete longo, são as flores de semente. Os três tipos de flores, feminina longistila, feminina braquistila e masculina, reúnem-se no mesmo sicônio.

Das Hamamelidales, apenas a Ordem Urticales tem representantes indígenas; da Ordem Casuarinales, o gênero Casuarina tem espécies que são cultivadas no Brasil.

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2. Ordem Hamamelidales 1. Família Hamamelidaceae

Compreende 25 gêneros e cerca de 110 espécies distribuídas no Hemisfério Norte. Sob o ponto de vista dendrológico, destaca-se o gênero Liquidambar L., na América do Norte e Ásia.

A família reúne árvores e arbustos de folhas simples, alternas, peninervias ou palminervias.

As flores, dispostas em fascículos, capítulos ou espigas, apresentam grande variação quanto à presença e número de peças florais. Flores hermafroditas. Frutos capsulares, compõem-se de infrutescências globosas em certas espécies. As sementes geralmente são aladas.

O gênero Liquidambar L., com 4 espécies originarias da América do Norte e Ásia, deve seu nome à concentração de dois nomes latinos: liquidus e âmbar, em alusão à resina perfumada que estas plantas exsudam.

Dentre as espécies cultivadas no Brasil, salienta-se a árvore norte-americana:

-Liquidambar styraciflua L.: é uma árvore de grande porte (até 25m), com porte reto e densa folhagem caduca. A copa, inialmente estreita e cônica, torna-se volumosa com a idade. A casca é de cor cinzenta.

As folhas são alternas, lobadas, longamente pecioladas (6 a 12cm) e com limbo de 10 a 18cm de diâmetro, são palminervias, tendo 5 a 7 lóbulos lanceolados, com pubescência na axila das nervuras.

As flores são unissexuadas e agrupam-se em iflorescências distintas. As masculinas formam racemos de pequenos capítulos e as femininas compõem capítulos solitários, dispostos na extremidade de um longo pedúnculo pendente.

Os frutos capsulares e marrons, reúnem-se em conjuntos globosos. De valor ornamental, principalmente pelo tom avermelhado de suas folhas no

outono. A árvore é heliófila e muito resistente ao frio. Forne uma das madeiras mais valiosas para compensados. Produz uma resina

aromática utilizada antigamente para gomas de mascar. 2. Família Platanaceae

Compreende apenas o gênero Platanus L. com 8 espécies. São originárias da América do Norte, sudoeste da Europa, Ásia Menor, Irã, Afeganistão e noroeste da Índia.

São árvores caducifólias de grande porte, com brotos e folhas revestidas por pêlos multicelulares muito característicos, em forma de candelabro.

Folhas alternas, palmadas e profundamente lobadas, com venaçao palminervia, bordes dentados ou serrulados e um longo pecíolo dilatado na base, envolvendo a gema foliar do ano seguinte.

Flores diclamídeas, de simetria radial, reunidas em densos capítulos unissexuais, globosos, dispostos em um longo pedúnculo pendente. Fruto seco, apocárpico e do tipo aquênio.

As espécies de plátanos são muito semelhantes entre si, distinguindo-se principalmente pelo número de infrutescências globosas por pedúnculo, pela forma dos

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lóbulos foliares, pela deiscência da casca, pela abundancia de pêlos na face inferior da folha e pela forma do aquênio.

- Platanus X acerifolia (Ait.) Willd.: árvore de grande porte, copa elíptico-globosa e

densa folhagem caducifólia verde-amarelada. A casca do tronco, de cor clara, apresenta manchas em grandes placas,

correspondentes a diferentes épocas de deiscência. Folhas grandes (10 a 25cm) de base truncada, são profundamente recortadas por 3 a

7 lobulos acuminados, de borde grosseiramente dentado que alcançam até quase a metade do limbo. Quando jovens, são pilosas na face inferior, tornando-se glabras com o passar do tempo. O pecíolo de 3 a 10cm, possui base dilatada.

Fig.: folha e base do pecíolo Infrutescências globosas e em número de dois por pedúnculo.

Fig.: flor masculina e fruto Muito utilizada para arborização de ruas. Destaca-se pelo crescimento rápido,

resistência à seca e notável rusticidade, suportando muito bem a poluição urbana. A facilidade de sua propagação vegetativa por estacas facilitou sua rápida difusão,

em praticamente todos os países do mundo. 4. Ordem Urticales

Consta de cinco familias: Ulmaceae, Borbeyaceae, Moraceae, Urticaceae e

Cannabaceae. São plantas lenhosas ou herbáceas, com folhas inteiras, lobadas ou digitissectas,

com ou sem estipulas; indumento de pêlos simples ou ramificados. Células com conteúdo tanifero ou mucilaginoso. Inflorescência cimosa ou racemosa, de tipos variados; flores com gineceu de ovário

súpero, formado por dois carpelos com um só lóculo do ovário fértil e um só óvulo basal, apical ou lateral. Fruto drupa, aquênio ou cápsula.

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1. Família Ulmaceae A família tem cerca de 16 gêneros e mais ou menos 50 espécies distribuídas na

Região Norte temperada. No Brasil ocorrem 4 gêneros com cerca de 15 espécies. São árvores ou arbustos com folhas alternas e estípulas caducas. Flores dispostas em cimeiras axilares ou as femininas isoladas ou aos pares, e as

masculinas com rudimentos de ovário; perigonio membranáceo. Fruto sâmara ou drupa, semente sem endosperma, com cotilédones membranosos bem desenvolvidos.

O gênero Ulmus L. é o de maior interesse dendrológico, com 26 espécies distribuídas na região Holoártica, é exótico à flora brasileira e raramente cultivado no país. Na Argentina e Uruguai, ao contrario, são bastante freqüentes em arborização de ruas e praças.

O gênero Celtis L. é o mais numerosos da família (70 espécies). Apesar de sua menor importância madeireira, apresenta uma distribuição geográfica mais ampla, incluindo diversas árvores e arbustos nativos do Rio Grande do Sul.

O gênero Trema Lour., conta com uma única espécie nativa do Sul do Brasil.

2. Família Moraceae O nome deriva de “morus” = amoreira. Importante pelo número de espécies (1550)

e pela participação econômica das espécies. Clima tropical (Artocarpus), temperado ou frio. Encontram-se nas Américas Central

e Sul, Bacia do Mediterrâneo, África e Ásia. A maioria são árvores de grande porte (figueira-do-mato); arbustos (figueira

comum), ervas (figueirilha), às vezes, epífitos. Em geral latescentes, podendo apresentar cistólitos.

Folhas alternas, raramente opostas, simples, geralmente pecioladas, com estípulas intrapeciolares, caducas. Flores unissexuais, pequeníssimas, monóicas ou dióicas, nuas ou monoclamídeas

dispostas em inflorescências características, visíveis. Flores masculinas isostêmones e

femininas com ovário súpero, bicarpelar, unilocular, uniovular. Fruto do tipo aquênio ou

drupas. Às vezes este tipo está concrescido num receptáculo carnoso em forma de urna -

sicônio - (Ficus)- ou aberto (Dorstenia).

Multiplicação das espécies: sementes, ramos, estaquia ou enxertia.

As espécies estam distribuídas em duas subfamílias: Moroideae e Artocarpoideae.

Subfamília Moroideae:

Gênero Morus:

A chave abaixo identifica as espécies e variedades do gênero Morus mais

cultivadas:

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A - Face inferior da folha glabra ou sub - glabra; lâmina inteira ou profundamente lobada;

perigônio e estígmas glabros:

B - ramos não pêndulos.

C - folhas pequenas ou medianas, planas, tronco sem nodosidades.

D - folhas medianas até 10 cm de comprimento.

E - fruto branco, claro ou vermelho .....................................

EE – fruto preto.....................................................................

DD – folhas pequenas, menos de 8 cm..............................

CC – folhas muito grandes

D - folhas planas, de 15 - 25 cm de comprimento............

DD – folhas abauladas..........................................................

BB – ramos pêndulos............................................................

AA- Face inferior da folha mais ou menos densamente

pubescente; lâmina raramente lobada; perigônio e estígmas

densamente pilosos..............................................

Morus alba var. alba

Morus alba f. nigro bacca

Morus alba f. tatarica

Morus alba f. macrophylla

Morus alba f. multicaulis

Morus alba f. pendula

Morus nigra.

Figura: flores masculina, femenina longistila e femenina brevistila de Ficus carica

- Morus nigra: amoreira preta. Ásia Menor e Irã. Tem frutos enegrecidos, folhas

pubescentes na face inferior e limbo raramente lobado; drupas organizadas num fruto

composto (coletivo)- infrutescência.

- Morus alba: amoreira branca. É a espécie que serve de alimento para o bicho da

seda (sirgárias) e em menor escala forragem para ovinos e caprinos; serve também para

quebra-ventos, sombras, etc. China; frutos amarelo âmbar; folhas glabras e, normalmente,

lobadas; planta caducifólia; multiplica-se por sementes (pássaros), estacas de ramos,

enxerto, divisão da touceira (perfilhos). Fruto drupa, forma infrutescência.

As duas espécies acima citadas têm lenho duro, podendo ser usado como madeira

em obras de marcenaria e carpintaria; as folhas são adstringentes e são antifebris, usa-se

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externamente em gargarejos: aftas, inflamações da garganta, das amídalas, faringite; o

xarope de amoras teria estes mesmos empregos; a geléia tem ação refrescante sobre os

intestinos; chá da casca é purgativo. Plantas sagradas; afastam os maus espíritos; Cristo

expulsou os vendilhões do templo com um ramo de amoreira preta.

- Maclura tinctoria L.: tajuva. Árvore de grande porte, até 30 m, tronco curto, com até 100

cm de diâmetro. Copa globosa ou umbeliforme, caducifólia. Destaca-se a exsudação de

látex amarelo ao ser ferida a casca interna, bem como a presença de galhos finos inseridos

no tronco, áfilos e com espinhos. Folhas simples, com dentes espinhosos, oval-oblongas, de

6 a 15 cm de comprimento por 3 a 5 cm de largura; verde escuras na face superior e mais

claras na inferior. Flores unissexuais, em inflorescências axilares distintas. As masculinas

em amentilhos e as feminas e as femininas em capítulos. Frutos verde-amarelados,

comestíveis, adocicados, reunidos em amentos globosos, que lembrarm uma amora. Possui

ampla distribuição no Brasil, Argentina e Paraguai, presente na Depressão Central e Alto

Uruguai, em solos aluviais e inicio de encostas. Madeira indicada para construção civl,

naval, dormentes, parquetes e objetos torneados.

Subfamília Artocarpoideae:

Gênero Ficus

O nome vem do latim que significa “figueira”. É um gênero com cerca de 1000

espécies originárias de regiões tropicais e sub-tropicais; são árvores ou arbustos latescentes,

eretos ou trepadeiras; às vezes hemi-epífitas de folhas persistentes ou caducas. Além de

Ficus carica – figueira comum - a outra única espécie cultivada pelos seus frutos é Ficus

sycomorus - o sicômoro das escrituras sagradas que cresce no Egito e Israel. A polinização

das espécies de Ficus é feita por vespas do gênero Blastofaga, formadoras de galhas que

fazem a postura no ovário das flores femininas. No sicônio encontram-se flores de 3 tipos:

flores femininas longistilas e brevistilas (braquistilas) e masculinas. Nas brevistilas

normalmente não se formam papilas estigmáticas e estão adaptadas a sua função de

participar na reprodução do inseto. São nessas que o inseto deposita os ovos e por isso são

chamadas “galícolas”. As flores longistilas são as produtoras de aquênios. Em algumas

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espécies de Ficus, os três tipos de flores se reúnem num mesmo sicônio; em outras espécies

as flores brevistilas e as masculinas ficam num receptáculo e as longistilas em outro.

- Ficus carica: O sul da Arábia é o centro de origem e a ela pertencem todas as

variedades de figos comestíveis. Todas as espécies de Ficus têm os frutos alojados em

sicônios, que é considerado, botanicamente, um pseudofruto.

A polinização é entomófila e a fecundação poderá resultar em fruto ou não. É uma

frutífera de grande longevidade - 30 a 100 anos; arbusto que quando não podado pode

atingir 6m de altura; na base do pecíolo poderá ter 2 gemas e é esta característica que

permite três produções de figos: a primeira em meados da primavera, a segunda e a terceira

no outono. Estas duas últimas em ramos do ano. Fruto aquênio no interior do sicônio, que

,popularmente, também é considerado fruto. No interior do sicônio existem três tipos de

flores:masculinas que se agrupam ao redor do ostíolo, preferencialmente; femininas de

estilete longo (longistilas) em número aproximado de 1600, podendo produzir aquênios;

femininas de estilete curto (brevistilas), denominadas “galícolas”.

Tipos de figos:

1) Caprifigos: não são comestíveis e são os mais primitivos dentro da espécie.

2) Smirra ou smyrra: sicônios amadurecem se houver polinização; sem estímulo da

polinização os sicônios caem com 2 cm de tamanho.

3) Comum: é o tipo mais freqüente entre as variedades e cultivares usadas em

fruticultura. É o tipo em que o figo pode formar-se partenocarpicamente, porém, se

polinizados, produzem sementes e amadurecem normalmente.

A figueira comum multiplica-se por estacas, enxertia e sementes. Exige poda para

produzir comercialmente; frutifica a partir do primeiro ano e após o quinto ano sua

produção é rentável. Preparam-se licores, vinhos e xaropes de figo; seu valor nutricional é

comparável às tâmaras, que está entre as mais valiosas frutas para a saúde humana;

emolientes, peitorais e laxativos; afecções respiratórias (gripe, bronquite, tosse, etc,); látex

cáustico usado no tratamento de verrugas e calos.

- Ficus pumila: falsa hera, hera miúda. Trepadeira volúvel, muito ramificada,

firmando-se em muros ou paredes pela emissão de raízes adventícias; alporquia, ramos e

estacas; China, mas difundida em todo o mundo como planta ornamental.

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- Ficus benjamina: figueira benjamim, ficus benjamina. Árvore compacta, escura e

ramos com inúmeras raízes adventícias pendentes. Frutos (sicônios) de 1cm de diâmetro,

cor purpura, geminados e sésseis; galhos e estacas; Índia. Sombra, ótimo abrigo para

pássaros e quebra vento. Muito usada como ornamental.

- Ficus organensis: figueira da praia, gameleira, mata pau, figueira do mato. Nativa

no litoral do RS, e sedimentos quaternários (região da Lagoa dos Patos e Mirim); sementes

(pássaros); ramos e estacas (mais difícil).

- Ficus enormis: figueira miúda; figueira-do-mato, figueira, mata pau. É uma planta

que, normalmente, começa a crescer sobre outras árvores ou outros substratos. Nativa do

RS e SC.

- Ficus luschnathiana: figueira, figueira-do-mato. Nativa do RS. Servem para

arborização de grandes espaços; estacas ou alporquia e sementes (pássaros); sombra e

madeira.

- Ficus elastica: figueira -da -índia, seringueira, falsa seringueira. Norte da Índia e

Malásia; galhos ou ramos, porém de difícil pega ou alporquia aérea (mais eficiente);

crescimento rápido, grande desenvolvimento vegetativo, o que a recomenda como

ornamental para grandes áreas; fornece a borracha de Assam de qualidade inferior a de

Hevea.

- Ficus religiosa: figueira-dos-pagodes. Folhas pecioladas e longamente

acuminadas; grande porte, ornamental; Índia onde é considerada árvore sagrada;

multiplicação através de alporquia, estacas; crescimento médio.

Gênero Dorstenia

O gênero Dorstenia inclui as espécies conhecidas pelo nome de “figueirilha” ou

“carapiá”. São ervas rasteiras com roseta basilar, apresentando um receptáculo semelhante

a um figo aberto. O xilopódio encerra propriedades medicinais; a folha substitui a folha de

Ficus carica em xaropes caseiros. Espécie mais encontradas no RS é D. montevidensis em

áreas de campo.

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Gênero Artocarpus

- Artocarpus integrifolia: jaqueira. Originária do arquipélago Indo-Malaio,

cultivado no Brasil. Folhas inteiras. Inflorescências caulinares. Infrutescências comestíveis.

Folhas forrageiras.

- Artocarpus integrifolia: fruta-pão. Folhas frofundamente lobadas. Infrutescência

comestível de alto valor nutritivo.

Família Cannabaceae:

Consta de dois gêneros e duas espécies cultivadas no Brasil. São ervas eretas ou

escandentes, com folhas opostas, inteiras ou palmissectas, com estípulas. Flores dióicas, as

masculinas dispostas em panículas axilares e as femininas sésseis, aglomeradas na axila de

brácteas.

- Humulus lupulus: lúpulo. Empregado na fabricação de cerveja. Trepadeira

monóica, herácea, de grande porte. As partes usadas são as escamas fruíferas nas quais se

acham duas glândulas, das quais se extrai uma substância amarga.

- Cannabis sativa: cânhamo europeu. Fornecedor de fibras usadas na fabricação de

cordas e tecidos um tanto mais grosseiros que o linho.

- Cannabis sativa var. indica: cânhamo-da-India. Dos pêlos glandulares das

inflorescências femininas, é fabricada a macoha.

Familia Urticaceae

Quase sempre ervas, raramente arbustos, neste caso o lenho é mole e quebradiço.

Fibras liberianas compridas e resistentes. Alguns representantes têm pelos urticantes. Às

vezes a epiderme possui cistólitos. As folhas são inteiras, alternas ou opostas, com

estípulas.

Flores unissexuadas muito pequenas reunidas em inflorescências paniculadas ou

racemosas. Perigônio, quando há, formado por 4 ou 5 tépalas. A flor feminina consta de um

carpelo uniovular protegida pelas tépalas bracteóides. Fruto cápsula, aquênio ou drupa.

Para a flora sul-brasileira destacam-se os gêneros Boehmeria Jacq. e Urera

Gandich. O primeiro com cerca de 45 espécies sublenhosas, de distribuição pantropical, ao

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passo que o segundo, compreende umas 50 espécies de arvores, arbustos ou subarbustos de

regiões tropicais, em ambos os hemisférios.

As Urticaceae apresentam interesse econômico diversificado. Algumas espécies de

Cecropia são cultivadas como ornamentais principalmente na arborização urbana. Outros

gêneros são cultivados por apresentar folhagem ornamental, incluído Elatostema (pelônia-

cetim) e Pilea, este último com espécies conhecidas popularmente como ‘pílea-aluminio’

(P. cardieri), ‘pílea’ (P. involucrata), ‘brilhantina’ (P.microphylla), ‘dinheiro-em-penca’

(P. nummularifolia), e ‘asa-de-anjo’ (P. sprucenea). O rami (Boehmeria nivea) é uma

espécie cultivada em diversaas partes do mundo, inclusive no Brasil, pela qualidade das

fibras.

O gênero de maior destaque na flora brasileira é, sem dúvida, Cecropia, cujas

espécies são conhecidas popularmente como ‘embaúbas’ e geralmente são típicas de

formações secundárias ou clareiras no interior de florestas em todo o Brasil.

Algumas espécies de urtiga são comuns em bordas de florestas, incluindo aquelas

pertencentes aos gêneros Boehmeria. e Urera, que possuem tricomas urticantes que, em

alguns casos, como Urera baccifera (urtigão), podem causar intensa dor quando tocados. A

‘parietária’ (Parietária officinalis) é uma espécie invasora de culturas, ocasionalmente

utilizada como medicinal.

6. Ordem Juglandales Famílias: 1. Rhoipteleaceae 2. Picrodendraceae 3. Juglandaceae Família Juglandaceae

A família inclui apenas seis gêneros e cerca de 100 espécies arbóreas, de porte médio a grande, originarias das regiões temperadas do Hemisfério Norte. Os escassos representantes do Hemisfério Sul e zona tropical encontram-se sempre em regiões montanhosas. É o caso do ‘nogal-criollo’ da Argentina (Juglans australis Gris.), que habita a floresta tucumano-boliviana. As Juglandáceas apresentam folhas alternas, raramente opostas, caducas, compostas imparipinadas e aromáticas. São plantas monóicas, com flores masculinas em amentilhos axilares e femininas em espigas terminais eretas. Os frutos, drupáceos, possuem envoltório que se abre quando maduro. Os gêneros Carya Nutt. e Juglans L. são os mais conhecidos no sul do Brasil, pela produção de nozes comestíveis e madeira valiosa. O primeiro reúne cerca de 17 espécies,

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originarias da América do Norte. São conhecidas como nogueiras. O gênero Juglans L., com cerca de 15 espécies, distribui-se nos dois hemisférios. A mais importante é a nogueira-europeia (Juglans regia L.), produtora das nozes verdadeiras e de madeira preciosa, utilizada em móveis finos, aberturas de luxo e outros acabamentos suntuosos. Por seu interesse para o sul do Brasil, destaca-se a nogueira-pecan, árvore frutífera bastante cultivada nesta região. 6.3.1. Carya illinoensis C. Koch.: nogueira-pecã. Árvore grande (50m), com tronco retilíneo (até 150m de diâmetro), copa elíptica, folhagem caducifólia e ritidoma espesso, marrom-acinzentado, com deiscência em placas. As folhas, alternas e imparipinadas, possuem de 9 a 17 folíolos sésseis ou quase sésseis, oblongo-lanceolados, de 5 a 20cm de comprimento por 2,5 a 7,5cm de largura, tendo ápice agudo ou acuminado, margem serrada. Verde-escuros e quase glabros na face superior, são mais claros e ralamente pubescentes na inferior. As flores masculinas são produzidas em longos amentilhos, pendentes e fasciculados. As flores femininas reúnem-se em pequeno número, sobre ramos novos. Os frutos, de 3 a 5cm de comprimento e forma elíptica, abrem-se por 4 valvas longitudinais, quando maduros. Originaria do vale do Mississipi, produz sementes (nozes) saborosas, muito utilizadas em confeitaria, além de madeira valiosa para pisos e mobiliário. 8. Ordem Fagales Famílias: 1. Balanopaceae 2. Fagaceae 3. Betulaceae (Corylaceae) 8.2. Família Fagaceae Esta família compreende seis gêneros e cerca de 600 espécies, distribuídas amplamente nas regiões temperadas e subtropicais do mundo. A flora brasileira não conta com nenhum representante desta importante família, que inclui algumas das principais árvores madeireiras do mundo. As Fagáceas são árvores de folhas alternas, simples, geralmente caducas. As flores masculinas são produzidas em amentilhos, protegidos por tépalas. As femininas, de ovário ínfero, com 3-6 lóculos e igual número de carpelos, reúnem-se em 2 ou 3 flores, protegidas por numerosas bractéolas. Os frutos, contendo uma única semente, podem ser solitários ou reunidos em grupos. As principais Fagáceas cultivadas no Rio Grande do Sul são: 8.2.1. Castanea sativa Mill.: castanha-europeia. Árvore de grande porte (até 30m), com tronco robusto, normalmente tortuoso e ampla copa globosa, caducifólia. As folhas, alternas, simples, subcoriáceas e pecioladas, medem de 10 a 30 cm de comprimento, tendo forma oblongo-lanceolada, ápice agudo, margem com grandes dentes. Apresentam cor verde-escura na face superior e mais clara no verso.

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As flores masculinas, branco-esverdeadas, exalam odor desagradável e muito característico. Encontram-se em racemos de 15cm de comprimento, tendo na base as flores femininas, grupos de 2 a 5. Os frutos, revestidos por um invólucro pericarpóide espinhoso, abrem-se por 4 valvas, liberando as castanhas. Conhecida como ‘castanheira-européia’, é originaria da bacia do Mediterrâneo e Ásia Menor. Cultivada pelas sementes comestíveis (castanhas) e como árvore de sombra. 8.2.2. Quercus robur L.: carvalho Árvore caducifólia de grande porte, de copa globosa e casca espessa, muito fissurada. As folhas, alternas, simples, e brevemente pecioladas, variam de 5 a 13cm de comprimento, tendo forma obovado-oblonga e limbo profundamente recortado, com 5 a 7 pares de lóbulos arredondados. Verde-claras e providas de pêlos simples quando jovens, tornam-se glabras quando adultas. Os frutos, ovóide-oblongos (1,5 a 2,5cm) e ditos bolotas, são envolvidos em até 1/3 de seu comprimento por uma cúpula esférica. Conhecido pelos nomes de ‘carvalho’ ou ‘carvalho europeu’, é originário da bacia do Mediterrâneo e frequentemente cultivado em praças ou parques no Rio Grande do Sul. Fornece madeira muito valiosa e adequada para confecção de parques, tonéis de bebidas alcoólicas e mobiliário fino. A casca, rica em tanino, é utilizada em curtimento de peles e couro. 8.2.3. Quercus suber L.: carvalho-corticeiro Árvore de porte pequeno a médio, de copa globosa ou irregular e com folhagem persistente. Apresenta tronco curto e casca muito espessa, castanho-acinzentada, profundamente fissurada. As folhas, alternas, simples, coriáceas, de cor verde-escura na face adaxial e acinzentado-tomentosas, na abaxial, variam de 3 a 7 cm de comprimento, tendo forma ovado-oblonga, ápice agudo, margem com 4 ou 5 pares de dentes mucronados. Os frutos, ovóide-oblongos (1,5 a 3 cm) e do tipo bolota, são envolvidos de 1/3 à metade de seu comprimento por uma cúpula. Conhecido como ‘sobreiro’ ou ‘carvalho-corticeiro’, é originário da bacia do Mediterrâneo. Produz madeira dura e, sobretudo cortiça, extraída a partir dos 10 anos de idade. No Brasil é pouco cultivada, apenas como ornamental. 9. Ordem Casuarinales 9.1. Família Casuarinaceae Esta família, a única da ordem Casuarinales, compreende um único gênero e 50 espécies, nativas da Australásia. Embora muito conhecida no Brasil, principalmente nas regiões litorâneas, nenhuma espécie é nativa do país. As Casuarinas são geralmente monóicas e lembram pinheiros (gênero Pinus) à primeira vista, por sua forma piramidal e galhos com entrenós verdes distintamente articulados, que se parecem com acículas. As folhas escamiformes, pressas aos raminhos e soldadas entre si, formam um verticilo em cada nó.

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As flores masculinas, nuas, compostas por um estame e 4 bractéolas, reúnem-se em amentilhos alongados, na extremidade de ramos vegetativos do ano. As femininas, nuas, compostas por um ovário bicarpelar, unilocular, protegido por uma bráctea, reúnem-se em estróbilos, na extremidade de um curto ramo especial. As infrutescências, que se assemelham aos cones de certas gimnospermas, reúnem sâmaras. Quando maduras, as bractéolas se afastam, liberando o fruto com uma só semente. Os caracteres morfológicos conferem à Casuarina sp. um aparente isolamento dentro das Angiospermas, devido à extrema e peculiar especialização de suas folhas e órgãos reprodutivos que, à primeira vista, assemelham-se mais a Ephedra, do que às demais Angiospermas. As casuarinas produzem madeira de difícil secagem e processamento, mas de alto valor calorífico, motivo pelo qual são reconhecidas como plantas energéticas no Brasil e em outros países. Seu principal interesse reside contudo, no aspecto ornamental das árvores, em sua adaptação aos solos arenosos da zona litorânea e à formação de quebra-ventos. As duas espécies cultivadas no Rio Grande do Sul são muito similares. 9.1.1. Casuarina cunninghamiana Miq. A espécie é fixadora de nitrogênio. Cones com curtos pedúnculos (1 a 4 mm) e com até 8 mm de diâmetro. 9.1.2. Casuarina equisetifolia L. Cones em pedúnculos bem desenvolvidos (cerca de 1cm). Cones maiores, com cerca de 1,3cm de diâmetro. Indica-se para contenção de dunas, formação de quebra-ventos, combate à erosão e plantio em áreas mineradas. Produz madeira valiosa para diversas finalidades (parques, aglomerados, construção civil).

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SUBCLASSE III CARYOPHYLLIDAE

Compreende quatro Ordens, 14 famílias e cerca de 11.000 especies, distribuídas nas regiões temperadas, tropicais e subtropicais. ORDEM Família 1.Caryophyllales Phytola

Nyctagin Aizoaceae Caryophyllaceae Portulacaceae Chenopodia Amaranthac Cactaceae

2. Batales Bataceae 3. Polygonales Poligonaceae 4. Plumbaginales Plumbaginaceae

As Carryophyllidae caracterizam-se, prinpalmente, pelo polen trinucleado. Os óvulos têm dois integumentos e são crassinucelados. O ovário geralmente tem placentação basal ou central livre. Mais de dois terços de seus representantes têm um pigmento nitrogenado denominado betalina, em vez de antocianina.

Os frutos variam em seqüência natural de aquênio – sâmara- baga, ou são cápsulas operculadas ou valvares. De modo geral, em todos os tipos de frutos o cálice é sempre persistente. 1. ORDEM CARYOPHYLALES

A maioria dos integrantes da ordem apresentam o pigmento betalina, em vez de

antocianina.

1.1.Família Phytolacaceae

Consta de 17 gêneros e 120 espécies pantropicais, na maioria americanas-do-sul; no

Brasil, contam-se 8 gêneros e 27 espécies distribuídas nas regiões Sul e Sudeste.

Ao lado de ervas anuais, arbustos e subarbustos, a família compreende também

árvores de grande porte, como Phytolacca doica (umbu), e treadeiras.

Apresentam folhas alternas, inteiras, pecioladas ou sésseis, e com estípulas ausentes

ou transformadas em acúleos.

As flores, geralmente hermafroditas, agrupam-se em racemos simples ou

inflorescências cimosas, de posição terminal ou axilar.

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A família reúne diversas ervas rudentais como o guiné (Petiveria alliaceae L.) e o

caruru (Phytolacca thyrsiflora Fegl. Ex Schmidt), cujas sementes são tóxicas. Outra planta

muito comum no Rio Grande do Sul é a vermelinha (Rivina humilis L.), um suarbusto

encontrado no interior da Floresta Estacional Decídua.

1.1.1. Phytolacca doica (umbu), árvore de grande porte (20 a 30 m) com tronco de até 3m

de diâmetro. Copa ampla, globosa e caducifólia. A espécie é originaria da América do Sul,

incluindo parte da Argentina, Uruguai, Paraguai e Sul do Brasil.

A pesar da grande dimensão alcançada pelos troncos, o umbu não produz madeira

utilizável, por sua pouca consistência. Mais valorizada como árvore ornamental ou de

sombra, está intimamente associada à cultura dos gaúchos, sendo frequentemente cultivada

junto às sedes das estâncias desde os primórdios da colonização rioplatense.

1.2.Família Nyctaginaceae

Consta de 30 generos e 300 espécies tropicais, principalmente da América. No

Brasil, ocorrem 10 generos e cerca de 70 espécies, amplamente distribuídas.

São árvores, arbustos, lianas ou ervas com folhas opostas, sem estípulas.

Flores monoclamídeas, muitas vezes acompanhadas de brácteas coloridas,

andróginas ou unissexuadas. Androceu polistêmone. Ovário súpero, unilocular, uniovulado,

com estigma em forma de pincel ou de disco. Fruto aquênio com o cálice ampliado,

adaptado à dispersão pelo vento.

O gênero Bougainvillaea Com ex Juss. é o mais importante para a flora sul-

brasileira. Distingue-se pelas flores muito vistosas, providas de três brácteas violáceas ou

amareladas, com perigônio hipocraterimorfo, de tubo cilíndrico e curto limbo penta-

lobulado.

As espécies mais conhecidas e largamente cultivadas como ornamentais são:

1.2.1. Bougainvillaea glabra Choisy, conhecida pelo nome de ‘tres-marias’. Muito

ornamental, é uma das essências mais recomendadas para parques e jardins, tendo a

vantagem aicional de rusticidade e rapidez de crescimento.

Árvore de porte médio (até 20 m), com tronco de até 80 cm de diâmetro, tortuoso e

densa copa perenifólia. Os ramos, finos e avermelhados, exibem espinhos axilares curvos.

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Folhas simples, alternas, com pecíolo de 0,5 cm e forma ovalada medem cerca de 6

cm de comprimento x 3 cm de largura.

As flores, pequenas, vistosas, protegidas por brácteas vermelhas ou rosadas,

reúnem-se em panículas ramificadas.

1.2.2. Bougainvillaea spectavilis Willd., arbusto escandente ou árvore de até 12 m. As

folhas têm densa pubescencia na face inferior. Também conhecida por ‘tres-marias’.

1.2.3. Mirabilis jalapa L. ‘maravilha’, invasora.

1.2.4. Boerhavio hirsuta L. ‘erva-tostão’, invasora.

1.2.5. Pisonia aculeata L. ‘espora-de-galo’.

1.2.6. Pisonia inermis Jacq. ‘maria-mole

1.3.Família Aizoaceae

Ervas suculentas; folhas simples. Inflorescência cimosa, frequentemente reduzida a

uma só flor. Fruto cápsula loculicida.

É uma família pouco representada no Brasil, onde ocorre apenas Sesuvium

portulacastrum (nativa), nas dunas litorâneas e Tetragonia tetragonoides, como espécies

invasora ou em cultivo como planta alimentícia, conhecida como ‘espinafre-de-Nova-

Zelândia’.

1.4.Família Caryophyllaceae

Ervas anuais ou perenes; folhas opostas, simples. Inflorescência cimosa, as vezes

reduzida a uma única flor; flores vistosas ou não, bissexuadas. Fruto geralmente cápsula.

No Brasil, ocorrem 10 generos e cerca de 20 especies. O rincipal aspecto econômico

da família reside no seu aspecto ornamental, podendo ser destacado o cravo (Dianthus sp.),

o mosquitinho (Gypsophila paniculata), a planta-sabão (Saponaria officinalis) e o alfinete

(Silene pendula).

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Algumas espécies são invasoras de culturas, incluindo a orelha-de-rato (Cerastium

glomeratum), o mastruço-do-brejo (Drymaria cordata), o alfinete-da-terra (Silene gallica),

a gorga (Spergula arvensis) e a esparguta (Stellaria media).

- Drymaria cordata, jaboicaá, mastruço-do-brejo, cordão-de-sapo. É uma planta daninha

muito comum durante o inverno, geralmente em solos úmidos e sombreados. Infesta beira

de canais. Córregos, jardins, pastagens, hortas e terrenos badios. Sua principal nocividade

está no fato de hospedar nematóides do gênero Meloidogyne.

- Silene gallica, planta daninha de grande imporrtancia em lavouras anuais de inverno no

Sul do Brasil, principalmente em trigo, aveia e cevada. Tem enorme capacidade

reprodutiva. É hospedeira de patógenos do trigo.

- Stellaria media, ‘esparguta’, ‘erva-de-passarinho’. Planta anual, herbácea, tenra, prostada

ou ascendente, levemente pubescente, 20 a 40 cm de altura. Propaga-se por sementes. É

uma planta infestante de solos semi-sombreados com boa fertilidade. Ocorre geralmente em

pomares bem nutridos. É mais freqüente no Sul do Brasil, onde é capaz de suportar -10ºC.

Altamente prolífica, chegando a produzir 11-13 milhões de sementes/ha, que podem

permanecer dormentes no solo por 10 anos.

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1.5.Família Portulacaceae

No Brasil, ocorrem dois gêneros, com cerca de 33 espécies de ampla dispersão.

São ervas anuais, raramente perenes, muito ramificadas; folhas carnosas, opostas ou

verticiladas; flores andróginas, com pergônio corolínico, formado de 4-5 sépalas, cercado

na base por um invólucro caliciforme formado de duas brácteas; ovário formado por 3-5

carpelos, com cavidade central única, muitos óvulos; fruto cápsula valvar ou opercular.

No Brasil ocorrem apenas os gêneros Portulaca (onze-horas) e Talinum.

1.5.1. Portulaca grandiflora, com folhas cilíndricas.

1.5.2. Portulacaoleracea, folhas achatadas, comestível, e possue formas que se comportam

como rudentais, sendo chamadas de ‘beldroega’.

1.5.3. Talinum patens, ‘maria-gorda’, ‘lingua-de-vaca’, invasora de culturas.

1.6.Família Chenopodiaceae

É formada por cerca de 120 generos e 1.300 espécies largamente difundidas nas

regiões litorâneas de todo o mundo, sendo halófitas por excelência. No Brasil, são muito

difundidas como espécies subespontâneas.

São ervas anuais ou perenes, com folhas alternas, geralmente carnosas, glabras ou

pilosas, com caule e ramos cilíndricos ou angulosos, eretos ou decumbentes.

As flores são pequenas, andróginas ou unissexuadas, com perigônio de 5, 3 ou 2

sépalas, de modo geral concrescidas na base.

Ovário súpero, unilocular, com um óvulo basal. Fruto aquênio ou cápsula

circuncisa, deiscente na maturação por meio de um opérculo; sementes lentiformes.

- Chenopodium album L. – ‘ançarinha-branca’, ‘erva-formigueira-branca’, ‘erva-de-são-

joao’, ‘fedegosa’. Planta anual, ereta, glabra, herbácea, caule anguloso com estrias branco-

esverdeadas, de 60-80 cm de altura. Propaga-se por sementes. É uma planta daninha

amplamente disseminada no Centro-Sul, infestando principalmente culturas de inverno.

Uma única planta pode produzir 500 mil sementes, que enterradas no solo podem

permanecer viáveis durante 30-40 anos; está entre as 5 plantas daninhas mais disseminadas

do planeta.

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1.7.Família Amaranthaceae

Incluem-se nesta família 160 generos e 2.300 especies cosmopolitas, especialmente

em habitats perturbados, ácidos ou salinos.

São ervas ou arbustos, às vezes suculentos, com betina. Folhas alternas ou opostas,

simples, peninérveas, às vezes suculentas. Flores andróginas ou às vezes unissexuais

dispostas em inflorescências densas. Fruto aquênio ou cápsula, usualmente associado com

brácteas ou perianto persistente.

Principais exemplos:

-Alternanthera spp., ornamentais e invasoras

-Alternanthera tenella, ‘periquito’ ornamental e invasora.

-Alternanthera sp., ‘apaga-fogo’ ornamental e invasora.

-Amaranthus caudatus, ‘rabo-de-gato’, ‘caruru’, ornamental e invasora.

- Amaranthus deflexus, ‘caruru-rasteiro’, ‘bredo’

- Amaranthus hybrydus var. paniculatus, ‘caruru-roxo’, ‘crista-de-galo’, ‘chorao’

- Amaranthus hybrydus var. patulus, ‘caruru-branco’, ‘caruru-bravo’

- Celosia argêntea e C. cristata, ‘crista-de-galo’, ornamental.

- Chenopodium ambrosioides, ‘erva-de-santa-maria’.

- Gomphrena spp., ‘paratudo-dos-cerrados’, ‘perpetua’ ornamentais e invasoras

- Gomphrena brasiliana, ‘carrapichinho’, ‘quebra-panela’

- Gomphrena celosiodes, ‘perpetua’

3. ORDEM POLYGONALES

3.1.Família Poligonaceae

São ervas, árvores ou lianas; folhas geralmente alternas, simples, com estípulas

conadas formando um tubo que envolve o caule.

Inflorescência cimosa ou racemosa; flores pouco vistosas; plantas geralmente

dióicas. Fruto aquênio ou núcula, frequentemente trigonal ou com cálice persistente.

As Poligonáceas possuem distribuição cosmopolita, no Brasil ocorrem 7 generos e

aproximadamente 100 espécies. São frequentemente cultivadas como plantas ornamentais.

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Espécies invasoras incluem o ‘trigo-mourisco’ (Fagopyrum esculentum), a ‘erva-de-

nó’ (Polygonum aviculare) e a ‘lingua-de-vaca’ (Rumex spp.).

- Polygonum convolvulus, ‘cipó-de-veado-de-inverno’, ‘cipó’, ‘enredaeira’, no sul infesta

lavouras de cereais de inverno como trigo, aveia e cevada.

- Rumex crispus L., ‘paciencia’, língua-de-vaca’. Propaga-se por sementes e atraves de

gemas da parte superior da raiz pivotante. Bastante freqüente no sul do país, é uma

infestante bastante competitiva, com sua raiz principal se aprofundando até 1,5 m. Uma

única planta pode produzir 60.000 sementes.

SUBCLASSE IV DILLENIDAE

Engloba 12 ordens, 69 famílias e cerca de 24.000 espécies das quais ocorrem no

Brasil 11 ordens, 43 familias, 255 generos e cerca de 1.985 espécies.

Espécies de duas famílias, Cruciferaceae e Moringaceae, aparecem como

subespontâneas ou em cultura.

Na subclasse, há predominância de plantas lenhosas, arbóreas ou arbustivas, com

folhas simples, alternas ou opostas, com ou sem estípulas. Em algumas espécies são

encontradas folhas compostas.

Em geral, as flores são vistosas e arranjadas em panículas ou racemos. Cálice, em

geral persistente. Estames numerosos. Ovário sincarpico, súpero, com 2-10 lóculos ou mais.

3. ORDEM MALVALES

3.6.Família Malvaceae

Constituída por cerca de 200 generos e 2.300 espécies de distribuição cosmopolita.

São ervas, subarbustos ou arbustos, lianas e árvores om canais mucilaginosos e

indumento constituído, frequentemente, de pêlos ramficados ou escamosos.

Folhas alternas, simples (frequentemente lobadas e palminérveas), ou compostas

palmadas, inteiras ou serradas, estipuladas.

Inflorescências determinadas, ou flores isoladas, axilares. Fruto cápsula, baga,

drupa, sâmara ou folículo.

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Principais exemplos:

- Ceiba speciosa (St.Hil.) Gibbs & Semir, ‘paineira’

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- Gossypium spp., ‘algodoeiro’

- Luehea grandiflora Mart. et Zucc., ‘açoita-cavalo’

- Malva silvestris L., ‘malva’

- Triunfetta bartramia L., ‘carrapicho-de-cavalo’

- Hibiscus rosa-sinensis L., ‘graxa-de-estudante’

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- Theobroma cacao L., ‘cacau’

6. ORDEM VIOLALES

6.1 Família Violaceae

Geralmente ervas, rara vez plantas lenhosas. As formas herbáceas frequentemente

têm folhas em forma de rosetas, as caulíeas são alternas, estipuladas, geralmente inteiras.

Flores hermafroditas, pentâmeras, muitas vezes zigomorfas podendo formar um apêndice

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petalóide esporiforme. Ovário súpero, formado por três carpelos, unilocular com muitas

sementes.

- Anchieta salutaris, ‘cipó-sumá’, ‘piragaia’: trepadeira lenhosa de porte grande. Flores

esbranquiçadas, pequenas; cápsulas relativamente grandes, abrindo-se em três gomos e

expondo ao vento as sementes numerosas, aladas, avermelhadas quando maduras. É uma

planta daninha de difícil extermínio devido ao sistema radicular vigoroso, rizomático, de

brotamento intenso. Raízes tóxicas.

- Viola tricolor, ‘amor-perfeeito’

- Viola odorata, ‘violeta’:

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6.2 Família Passifloraceae

A grande maioria das espécies são arbustos e ervas escandentes por meio de

gavinhas. Folhas com estípulas e às vezes glândulas.

Flores hermafroditas, actinomorfas, pentâmeras, solitárias. Entre a corola e o

androceu se acha uma corona de apêndices filiformes, petalóides. Os estames e o pistilo são

sustentados num androginóforo. Fruto geralmente baga.

- Passiflora edulis -‘maracujá’, flores amareladas, fruto esférico ou ovóide de cerca de 8 cm

de comprimento, cor purpúrea, comestível.

- Passiflora macrocarpa -‘maracujá-melão’, espécie brasileira, frutos de até 20 cm de

comprimento, comestível.

- Passiflora alata -‘maracujá’, flores de cor lilás, fruto esférico ou ovóide de cerca de 8 cm

de comprimento, cor purpúrea, comestível.

- Passiflora quadrangularis -‘maracujá’, flores roxas de até 12 cm de diâmetro, fruto

redondo ou elipsóide usado para fabricação de sucos.

6.3 Família Caricaceae

Existem quatro gêneros distribuídos pelas regiões tropicais da América e África.

Plantas de porte arbóreo o arbustivo. Madeira mole, encharcada, ao secar murcha e

de fácil apodrecimento, não tendo aplicação nenhuma. Látex branco e abundante. Folhas

alternas, grandes, profundamente digitado-partidas, geralmente acumuladas na parte

superior do tronco, formando uma espécie de umbela. Flores esbranquiçadas podendo ser

hermafrodititas, ou unissexuadas. Fruto baga com muitas sementes de placentação parietal.

-Carica papaia -‘mamoieiro’, há muitas variedades. Flores de três tipos: as masculinas só

encontradas nos pés masculinos são menores, pedunculadas e reunidas em inflorescências

paniculadas axilares. As femininas, encontradas nos pés femininos, são de tamanho maior,

quase sséseis, com ovário súpero composto por cinco carpelos, uni-locular; as

hermafroditas, são encontradas tanto nos pés femininos como nos pés masculinos. Os frutos

desenvolvidos deste tipo de flores nos pés masculinos, são de tamanho consideravelmente

menor e acham-se pendentes em longos pedúnculos.

-Carica quercifolia -‘mamoierinho’, espécie silvestre, frutos pequenos.

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-Jacaratia dodecaphylla -‘jacaratia’, estipe espinhoso, frutos idênticos aos do mamão,

menores; na crençs popular são venenosos.

6.4. Família Cucurbitaceae

Deriva do latim “cucurbita”= a aboboreira.

Família com cerca de 1280 espécies e 130 gêneros originários de regiões tropicais;

no Brasil encontramos 30 gêneros com aproximadamente 200 espécies.

São plantas herbáceas, trepadeiras ou rastejantes, com ou sem gavinhas. Os caules

apresentam vasos bicolaterais (característica anatômica marcante na família) e quando

rastejantes, emitem raízes adventícias em cada nó. Apresentam indumento de cerdas rígidas

que as tornam, normalmente, ásperas.

Folhas alternas, simples, inteiras ou profundamente lobadas e até fendidas, às vezes,

de pecíolo oco.

Flores unissexuais, geralmente brancas ou amarelas; plantas monóicas ou dióicas;

geralmente grandes e vistosas ou pequenas e reunidas em inflorescências axilares. A flor

masculina possui 5 estames iguais, livres, as anteras são grandes e sigmóides. A flor

feminina tem ovário ínfero, grande, tricarpelar, unilocular, às vezes com grande

desenvolvimento da placenta carnosa e com muitos óvulos. A polinização é realizada por

abelhas ou vespas.

Fruto típico carnoso, indeiscente denominado pepônio (Cucurbita). Podem ainda ser

do tipo cápsula fibrosa, operculada (Luffa), baga (Sechium) ou carnoso deiscente

(Momordica). As sementes são numerosas por frutos com exceção do chuchuzeiro.

Propagação por sementes, fruto ou divisão de raízes.

Importância econômica principal são os frutos comestíveis.

O gênero Cucurbita inclui plantas herbáceas, anuais ou perenes, trepadeiras ou

decumbentes, providas de gavinhas, caules rugosos e ásperos, folhas grandes e

suborbiculares, flores amarelas comumente solitárias, fruto pepônio com alto conteúdo de

carboidratos e vitaminas. Suas sementes são ricas em óleo, proteína e com propriedades

vermífugas. Ao redor de 26 espécies originárias da América tropical. O centro de Vavilov

do gênero é a fronteira do México e Guatemala. As espécies mais cultivadas são Cucurbita

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pepo, C. maxima e C. moschata podendo haver híbridos entre elas. As diferenças entre as

espécies estão no quadro I.

O uso das aboboreiras como plantas medicinais não considera a individualidade das

espécies. De um modo geral, todas têm o mesmo emprego. Folhas e flores friccionadas

sobre a pele combatem a erisipela; as folhas amassadas são usadas em queimaduras leves; a

polpa crua ou cozida em cataplasmas é antiinflamatória; as sementes frescas ingeridas em

jejum combatem vermes intestinais, inclusive a tênia; a raiz é febrífuga e para lavar feridas;

o suco da polpa para prisão de ventre; sementes trituradas contra inflamações das vias

urinárias.

C. moschata C. pepo C. máxima

Nomes

populares

Abóbora-menina, abóbora-

de-pescoço

abobrinha-italiana Moranga

Hábito Herbáceo rastejante Herbáceo ereto Herbáceo rastejante

Folhas Cordiformes ou reniformes;

com manchas prateadas

Cordiformes; com

manchas prateadas

Cordiformes; sem

manchas prateadas

Pedicelo 5 ângulos bem marcados.

Disco basal com 5 lóbulos

dilatados na inserção com o

fruto

5 ângulos profundos.

Disco basal com lóbulos

pouco dilatados na

inserção com o fruto

Cilíndrico, suberoso e

estriado; sem ângulos e

sem disco basal

Frutos Formato alongado

(pescoço) com uma das

extremidades globular, onde

se alojam as sementes, de

cor alaranjada

Cilíndrico, estreitando-se

em ambas as

extremidades. De cor

verde-clara com estrias

verde-escuras

Depende da cultivar:

a)achatados com gomos

pronunciados, vermelho-

coral; b)achatados, com

gomos pouco

pronunciados, cinza-

claro

Colheita dos

frutos

120-150 dias 45-80 dias 90-150 dias

Quadro I – Comparação entre as espécies de Cucurbita.

- Cucumis melo: melão. Originária da Ásia e Africa; já conhecido dos egípcios e

romanos, chegando à Europa no século XVII e, hoje, é cultivado no mundo inteiro; pepônio

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87

polimorfo, pubescente ou glabro, liso, canaliculado ou reticulado, perfumado ou quase

inodoro. As folhas são usadas contra doenças da bexiga; o fruto é rico em sódio, potássio,

cálcio, magnésio, ferro, vit. A e C. É cultura de verão apresentando as seguintes variedades:

- Cucumis melo var. inodorus: melão-valenciano, melão-espanhol. A cultivar

Valenciano-amarelo é produzida no Brasil principalmente em São Paulo, vale do São

Francisco e sul do Pará. Os frutos têm casca amarelo-canário, fina, porém resistente; a

polpa é esverdeada a branca, sem odor. Colheita em 80-90 dias após a semeadura. A

cultivar Valenciano-verde é pouco produzida no Brasil. Frutos com casca verde, mesmo

quando maduros, espessa e enrugada.

- Cucumis melo var. reticulatus: melão-cantalupo. (Americano). De cultivo

limitado, são menos resistentes ao transporte e armazenamento. Frutos cor de palha, com

casca coberta por uma rede branca, polpa salmão, perfumada.

- Cucumis melo var. odoratus; melão-gaúcho. Fruto com polpa perfumada, rosada e

casca lisa, em gomos.

- Cucumis sativus: pepino. Origem indiana; planta trepadeira ou não, anual;

cultivada a mais de 4 mil anos entre os hebreus, egípcios e gregos; frutos variados de

acordo com a cultivar, com casca clara, utilizados para saladas e para picles, quando

colhidos novos, com casca verde-escura para saladas, e para picles semelhantes aos com

casca clara, porém bem menores. Os frutos têm alto teor d’água (+ ou - 96%), baixo

conteúdo vitamínico e protéico; propagação por sementes. É diurético (ácido úrico), usado

como cosméticos ajuda no tratamento da pressão alta ou baixa, rodelas de pepino contra

sarna, coceira e inflamações dos olhos.

- Cucumis anguria: maxixe. De origem africana, não é cultivado no sul do Brasil, no

nordeste e Mato Grosso os frutos são utilizados cozidos ou para picles, após a raspagem dos

espinhos macios, é menos indigesto comparado com o pepino. É anti- helmítico, emoliente

e catártico.

- Citrullus lanatus: melancia. Originária da África tropical. Planta herbácea,

rastejante, anual, muito ramificada, com folhas profundamente recortadas. Frutos com

polpa vermelha, rica em água e açúcares. As cultivares americanas produzem frutos

alongados, com casca verde-clara com finas riscas verde-escura, enquanto que as japonesas

tem a mesma coloração, porém os frutos globulares, menores. Os pepônios, que podem

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88

atingir até 25 kg, têm cálcio, fósforo, ferro, proteínas, vit. A, B1, B2, B5 e C. São

diuréticas, usadas para afecções renais em geral, levemente laxante (bem madura); combate

reumatismo, artritismo, dispepsia e acidez estomacal; as sementes são diuréticas e

vermífugas. Citrullus lanatus var. citroides: melancia-de-porco. Tem casca verde-escura

com manchas mais claras, polpa branca e insípida usada para doces.

. - Sechium edule: chuchu. Originária da América tropical. Trepadeira perene, com

gavinhas, muito sensível ao frio; era um dos principais frutos dos Astecas e Maias e outros

povos da América Central e Sul do México. Sistema subterrâneo tuberoso. Propagação

através do fruto, que contém uma única semente. Usada para diversos fins: frutos,

forragem, verdura (folhas), brotos substituem o aspargo, palha para cestos, chapéus e papel.

Os frutos são fonte de vitamina A, B e C, sais minerais e aminoácidos, especial para

pessoas que precisam de dietas, devido a distúrbios estomacais, circulatórios e hipertensão.

As folhas são diuréticas e abaixam a pressão.

- Luffa cylindrica: esfregão, bucha. Originária da África tropical e subtropical.

Herbácea anual, escandente; os frutos maduros são cápsulas operculadas que contém um

tecido esclerenquimático muito resistente, com muitas sementes, podendo alcançar 60 cm

de comprimento. Propagação por sementes. Os frutos novos são comestíveis e os maduros

fornecem a “espoja vegetal”, as sementes em infusão são laxantes e vermífugas.

- Lagenaria siceraria: porongo, cabaça, cuia. Origem duvidosa, regiões tropicais da

América ou da África, não são conhecidas populações silvestres. Herbácea escandente,

anual. O fruto é um clamidocarpo lenhoso, impermeável, utilizado como recipiente.

Propagação por sementes. É planta ornamental na Europa e Extremo Oriente. A polpa do

fruto maduro é fortemente purgativa, podendo ser tóxica.

- Momordica charantia: melão-de-são-caetano, melão japonês. Originária da África

e naturalizada no Brasil. Herbácea, anual, muito ramificada. As bagas são deiscentes, de cor

abóbora, verrugosas, com polpa amarela, de 5- 15 cm de comprimento, e as sementes

apresentam arilo vermelho. Propagação por sementes. Ornamental, medicinal e tóxica. Os

frutos são usados como condimento. O caule e folhas trituradas, enquanto verdes, servem

para clarear e tirar manchas das roupas, o caule seco tem fibras macias com vários usos no

meio rural (Brasil Central e Norte). É purgativo, febrífugo e anti-helmintico. A polpa do

fruto maduro é usada contra furúnculo. Na homeopatia, para diarréias, reumatismo articular

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89

e dismenorréias. Os brotos novos cozidos substituem o espinafre. Os frutos são usados

como picles e as sementes são componentes do “Curry”.

ORDEM CAPPARALES

Família Brassicaceae (Cruciferae)

Possui cerca de 350 gêneros e 4000 espécies, originárias do hemisfério norte

temperado e distribuídas nas zonas temperadas de todo o mundo. Poucos representantes no

Brasil, em geral plantas ruderais, encontradas em terrenos baldios.

São plantas herbáceas de grande importância agrícola, ornamental, ruderais e/ou

invasoras.

Folhas alternas, as basais rosuladas, inteiras a fortemente recortadas.

Flores tetrâmeras, perfeitas, brancas, amarelas ou róseo-violáceas. As pétalas estão

dispostas em cruz alternadamente com as sépalas, daí o nome alternativo da família.

Androceu tetradínamo (às vezes reduzido a 2 ou 4 estames). Apresentam nectários;

polinização entomófila; pode ocorrer auto-fecundação.

FÓRMULA FLORAL: K4 C4 A2+4 G (2) ↑ *

Fruto síliqua, às vezes lomento (Raphanus). Sementes sem endosperma e com alto

teor de óleo, outras têm glicosídeos que se hidrolizam por ações enzimáticas, dando um

forte cheiro e sabor de compostos sulfurados (mostarda). Tais sementes são tóxicas para o

gado.

ESPÉCIES ALIMENTÍCIAS:

O gênero mais importante sob o ponto de vista agrícola é Brassica. Apresenta

plantas anuais, bianuais ou perenes; silíqua cilíndrica, flores amarelas, raíz polimorfa, todas

as espécies do gênero Brassica são alógamas e todas as variedades ou formas que

pertencem a uma dada espécie se intercruzam perfeitamente; além deste cruzamento rápido

podem surgir cruzamentos entre espécies diferentes com uma freqüência, que é necessário

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90

praticar o isolamento quando se cultivam estas espécies para a produção de sementes. Umas

40 espécies da Europa e Ásia das quais as mais cultivadas são:

- Brassica napus var. oleifera (= var. arvensis f. annua): colza, canola. É matéria

prima para margarina e maionese; a torta e o farelo são ótimos para rações. Há variedades

que contém ácido erúcico (provoca lesões no coração) e glucosinato (ataca a tireóide). É

uma planta de inverno, as sementes perdidas conferem caráter invasor a esta planta.

Originária da Europa, anual, melífera, sementes contém 22% de proteína e 45 % de óleo

que pode ser usado na alimentação, lubrificações e sabões, multiplica-se por sementes.

- Brassica rapa (=B. napus var. napobrassica): nabo branco, nabo. É bienal; as

partes comestíveis são o hipocótilo e a raiz, engrossados e carnosos; ricos em vitaminas A,

C e cálcio, o chá e o caldo das raízes é sudirífico, antifebril e combate problemas renais e

geniturinários.

- Brassica alba: mostarda branca ou amarela. Sementes brancas ou amarelas claras,

3mm de diâmetro em síliquas de 2cm, flores auto-estéreis. Nativa da Bacia do

Mediterrâneo e é a mais cultivada no Brasil. Forrageira e adubação verde.

- Brassica nigra: mostarda preta ou alemã. Sementes marrom-escuras (pretas), 1,5

mm de diâmetro em síliquas de 2cm de comprimento; flores auto-estéreis. Nativa da

Eurásia. Contém 28% de óleo e 1% de óleo volátil.

- Brassica juncea: mostarda da China ou mostarda parda. Sementes marrom escuras,

2mm de diâmetro em síliquas de até 8 cm de comprimento, flores auto-férteis.

Possivelmente nativa da África e naturalizada na Ásia. É a mais picante (maior grau de

pungência) das três espécies, contém 35% de óleo comestível, é pouco cultivada no Brasil.

As três espécies de mostarda são anuais de 1 m de altura, pubescentes e contém óleo

que é extraído das sementes. As sementes moídas fornecem o condimento mostarda em

forma de pó. São melíferas e as folhas são ricas em vitaminas A e C e para comê-las basta

passar água quente a fim de diminuir o gosto amargo pronunciado que apresenta.

Cataplasma de mostarda branca e preta são usadas como anti-inflamatórios (crises de

bronquite, dores reumáticas, entorses); As sementes das mostardas têm longo período de

vida latente, e por isso, às vezes, tornam-se plantas invasoras.

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- Brassica campestris: nabo selvagem, colza poloneza, possui flores amarelas,

invasoras de inverno, melífera. A raíz é fortificante e indicada para infecções da bexiga,

originária da Europa.

- Brassica campestris var. chinensis (=B. chinensis): couve-da-china. Erva anual,

pode atingir até 1,20 m de altura, bastante precoce (aos 70 dias produz sementes), possui

propriedades nutritivas superiores ao repolho. É a couve mais cultivada na China e é pouco

cultivada no Brasil; as folhas formam uma cabeça alongada.

- Brassica oleracea e suas variedades: é ignorado o lugar e a época em que as

variedades começaram a ser cultivadas, há mais de 2000 anos, algumas formas já eram

cultivadas nas costas do Mediterrâneo, e quase todas são bianuais. As variedades são

determinadas conforme a parte da planta que se desenvolve e levando-se em conta o

crescimento vegetativo e o grau de suculência das partes comestíveis; as diferentes

variedades representam a modificação de alguma parte da planta; todas as variedades são

muito semelhantes na flor, fruto, estádio plantular e no aspecto das sementes, sendo

impossível, muitas vezes, diferenciá-las nesses estádios.

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92

As mais importantes são:

- B. oleracea var. capitata: repolho. Bianual, caule curto e grosso, folhas verdes ou

arroxeadas, côncavas, imbricadas, densamente apertadas entre si, formando uma cabeça

compacta esférica, oval ou alongada, que pode atingir 50 cm de diâmetro. As subvariedades

são divididas conforme a forma e a coloração das cabeças, originário da Europa e Ásia

Ocidental, são ótimas fontes de vitaminas C, B1 e B2, ferro e cálcio.

- B. oleracea var. acephala: couve. Não forma “cabeça”. Pode crescer durante 4

anos consecutivos. Caule grosso e cilíndrico até 3m de altura com um capitel de folhas

(parte comercial) brancas, verdes ou roxas. Pertencem a esta variedade as couves comuns

(tipo manteiga) e as couves forrageiras. Propaga-se facilmente por galhos, método mais

comum, e por sementes. Contém as vitaminas U e K, protetoras das mucosas e anti-

hemorrágicas, nos casos de úlceras, sendo comidas cruas.

- B. oleracea var. gongylodes: couve-rábano. O caule (hipocótilo) forma um bulbo

arredondado ou fusiforme, contendo medula desenvolvida, utilizada em pequena escala

como hortaliça e forrageira, anual ou bianual.

- B. oleracea var. italica (=B. oleracea var. botrytis subvar. cymosa): brócolis. As

partes comestíveis são os botões florais e os pedúnculos das inflorescências, excelentes

fontes de vitamina A e cálcio.

- B. oleracea var. botrytis (= B. oleracea var. botrytis subvar. cauliflor): couve-flor.

Anual, existem numerosas cultivares que podem ser cultivadas em diferentes épocas do

ano. A parte comercializada é a inflorescência ramificadas com pedúnculos crassos e

abreviados, com flores atrofiadas. Apresenta um razoável teor de proteínas, rico em

vitamina A, B1 e C, mineralizante e que combate a acidez estomacal.

- B. oleracea var. gemmifera: couve-de-bruxelas. Erva anual de até 80 cm de altura,

que produz pequenos repolhos ao longo do caule a partir de gemas nas axilas das folhas.

Apresenta vitaminas A, B1, B2 e C. É derivada de uma couve selvagem da Europa que

depois de séculos de seleção assumiu uma forma bastante interessante. Multiplica-se por

sementes.

- Raphanus sativus var. radicula: rabanete. É a hortaliça mais precoce, em apenas

30 dias proporciona colheita; originária da Ásia Central e Oriental; anual ou bianual; a parte

comestível são as raízes tuberosas vermelha e branca; multiplica-se por sementes; as raízes

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93

e as folhas tem alto teor de vitaminas A, C, cálcio e fósforo. Combate o escorbuto, doenças

do aparelho urinário, expectorante, as folhas estimulam o apetite e as funções digestivas em

geral; é usado no tratamento de artrite, tranqüilizante e tônico muscular; as sementes são

usadas contra vermes.

- Eruca sativa: rúcula, pinchão. Anual ou bianual, originário do Mediterrâneo, as

folhas são acres e picantes. São ricas em vitamina A e C, e iodo; as sementes são colhidas

aos 35 a 40 dias. Melífera, diurética, as folhas e sementes são usadas como condimentos,

proporciona vários cortes (colheitas).

- Nasturtium officinale: agrião, agrião-d´água. Planta aquática ou palustre

(higrófila), perene, originária da Europa, mas naturalizada em todo o mundo, é reputada

como ótima fonte de vitaminas e excelentes propriedades medicinais, multiplica-se por

sementes e ramos. É anti-anêmica, anti-escorbútica, diurética, mineralizante, pois contém

vitamina A, C, iodo e ferro, é tônica, estimulante, expectorante, baixa o teor de açúcar no

sangue. Seu uso excessivo pode provocar cistite e irritações no estômago, é laxativo,

vermífugo, julga-se abortivo.

- Lepidium sativum: mastruço, mentruz, agrião-da-terra. Anual, rosulada, originária

do Irã, Egito e Oriente; possui sabor picante e agradável, multiplica-se por sementes, é

cultivado na Europa há muito tempo para salada.

- Lepidium ruderale: agrião-do-seco, mestruz, agrião bravo. Erva anual de até 50 cm

de altura, ruderal e invasora, originária da América do Sul, usada em infusão contra febre,

uso externo no tratamento de hemorróidas, cataplasma em luxações, suco das folhas é

usada contra doenças do estômago e vermes, usado também no tratamento de doenças do

aparelho respiratório. Multiplica-se por sementes.

- Armoracia rusticana (=A. lapathifolia): crem, raiz-forte, crem alemão. Erva

perene com raíz geminífera profunda, grossa e cilíndrica pouco ramificada de sabor

picante; como geralmente não produz semente, multiplica-se por estacas de raíz. Originário

do Sudeste da Europa. A raíz fresca ralada é um excelente condimento para vários pratos,

indústria de linguíça e salsichas, usa-se também o pó das raízes (USA), o aroma e a

pungência são devidos a sanigrina, é rico em vitamina C e por isso usada contra o

escorbuto.

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ESPÉCIES INVASORAS DE CULTIVOS:

- Raphanus raphanistrum: nabiça, nabo selvagem. Anual, invasora e forrageira,

multiplica-se por sementes.

- Capsella bursa-pastoris : bolsa-de-pastor.

ESPÉCIES ORNAMENTAIS:

- Iberis umbellata e I. sempervirens: flor de neve, assembléia, flor de mel. Erva

anual e perene, respectivamante, ornamental para tapetes, bordadura ou flor de corte,

originária da Europa, multiplica-se por sementes no lugar definitivo.

- Mathiola incana e M. bicornis: goivos. Ervas anuais e bianuais com flores rosa,

branca, laranja, púrpura, azul, violeta, alfazema e amarela, originária de orla e ilhas do

Mediterrrâneo, multiplica-se por sementes, são ornamentais para terraços, pátios em

corbelhas, etc.

SUBCLASSE V ROSIDAE

ORDEM ROSALES

Família Rosaceae

O nome provém de "rosa" (latim) = a rosa ou do grego "Rous" = vermelho.

Esta família é importante porque encerra várias espécies frutíferas, ornamentais e

florestais.

Compreende 124 gêneros e 3.500 spp. distribuídas, principalmente nas regiões

temperadas do hemisfério norte. No Brasil temos três gêneros - Prunus, Rubus e Quillaja.

Plantas de hábito muito variado - ervas, subarbustos, trepadeiras e árvores; caule

com ou sem acúleos. Folhas com estípulas, alternas, simples ou compostas.

Flores completas, pentâmeras, hermafroditas, em geral vistosas. Androceu iso, poli

e diplostêmone, apresentam desdobramento (Rosa e Spiraea); receptáculo bem

desenvolvido, elevado (Rubus) ou afundado em relação aos demais verticílios (Rosa,

Pyrus); cálice persistente; ovário com 1 a muitos carpelos (Prunus e Fragaria). Têm

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disposição variável em relação ao receptáculo: pode estar no fundo (Rosa), na face interna

(Malus) ou sobre ele (Fragaria). As sementes carecem de endosperma.

Inflorescências variadas e espécies que não formam inflorescências.

Fruto: drupa, aquênios, folículos, pseudofrutos (pomo), frutos múltiplos (cinorrodo)

e baga.

Propagação por sementes, estacas, enxertia.

Observação - segundo a forma do receptáculo floral, posição do ovário, número e

soldadura dos carpelos a família divide-se em quatro subfamílias:

Subfamília Spiraeoideae

K5 C5 An G5 * ou G5 *

Ovário súpero ou semi-ínfero, constituído de cinco carpelos livres em receptáculo

plano ou levemente côncavo, frutos do tipo folículo. Folhas simples.

O gênero Spiraea encerra cerca de 60 spp. do hemisfério norte (China e Japão);

normalmente usadas como ornamentais de flores brancas, rosadas, simples ou dobradas;

multiplicam-se por galhos ou divisão da touceira (perfilhos).

- Spiraea spp. - Grinalda-de-noiva, flor-de-noiva.

- Quillaja brasiliensis: Saboeiro, Sabão-de-soldado. Árvore perenifolia, nativa do

RS, Argentina e Uruguai. Usada para madeira, lenha, medicinal: cicatrizante (tintura) e

diurética (casca). Apresenta grandes quantidades de saponina usada para lavar tecidos

finos. Multiplicação por sementes.

- Quillaja saponaria: árvore chilena usada na fabricação de bebidas e dentifrícios.

Subfamília Rosoideae

K5 C5 An Gn * ou Gn *

Arbustos, subarbustos e ervas, aculeados ou não, folhas compostas.

A) Receptáculo côncavo: em forma de urna, encerrando vários carpelos livres

(gineceu apocárpico). O fruto múltiplo (agregado) é denominado cinorrodo (urna côncava e

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seca, cujas paredes se tornam coloridas com o amadurecimento dos frutos). Os frutos

verdadeiros são pequenos aquênios.

Gênero Rosa: encerra arbustos erguidos, sarmentosos ou volúveis, dotados de

acúleos e flores grandes e vistosas (normalmente dobradas). Inclui todas as espécies de

roseiras cultivadas. Fruto múltiplo (agregado) denominado “cinorrodo”.

As espécies do gênero Rosa são consideradas as mais antigas plantas em cultivo. Existem

cerca de 250 espécies originárias do hemisfério norte e provavelmente milhares de

variedades e híbridos cultivados como ornamentais. Algumas espécies são importantes na

indústria de cosméticos, por serem fonte de água-de-rosas e do óleo-de-rosa-mosqueta, por

exemplo. As roseiras são usadas também na alimentação (pétalas e infrutescências) como

doces, conservas, saladas; as pétalas são usadas em licores e vinhos. São ricas em vitamina

C, B, E, K, taninos, sendo empregadas no tratamento dos rins em geral, diarréias e

infecções intestinais; água de rosas utilizadas como colírio e contra inflamações dos olhos;

são antissépticas e digestivas; combatem a prisão de ventre e inflamações da boca; úlceras.

A multiplicação ocorre por estaquia, alporquia, enxertia e sementes. A maioria das

espécies realiza “o desdobramento” dos estames em pétalas, originando as inúmeras

espécies e variedades de flores dobradas.

As principais espécies são: R. canina, R. damascena, R. gallica, R. centifolia, R.

sempervirens, R. chinensis, R. odorata, R. gigantea, R. villosa e R. spinosissima.

- Rosa canina: roseira primitiva; corola simples; infrutescências para conservas;

porta enxerto.

- R. chinensis: roseira-da-china.

- R. gallica: roseira francesa, roseira vermelha; é muito resistente é das espécies de

rosa, a mais apropriada para fins terapêuticos.

- R. multiflora: roseira miúda, usada em conservas.

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B) Receptáculo convexo: com consistência carnosa, suportando vários carpelos livres

(gineceu apocárpico) que depois de maduros transformam-se em pequenas drupas

concrescidas entre si apenas na base (Rubus) ou em aquênios (Fragaria). Os pseudofrutos

são compostos (múltiplos).

Gênero Rubus: encerra as framboesas, as amoreiras selvagens ou salsamorras,

amoras do campo. Os caules morrem após o ciclo anual, rebrotando de rizomas ou

xilopódios na primavera seguinte. Folhas compostas. Fruto negro ou avermelhado,

composto procedente de muitos ovários inseridos num receptáculo elevado. Exemplos:

- Rubus idaeus: framboesa, framboesa européia. Arbusto decumbente apresenta

rizomas; fruto vermelho intenso; espécie extremamente resistente ao frio (cultivada na

Sibéria, no Alaska e no Canadá); galhos ou pedaços de rizoma; Europa e Ásia; frutos

comestíveis, combatem a febre, o escorbuto, icterícia, prisão de ventre.

- Rubus occidentalis: framboesa. Arbusto sarmentoso, infrutescências pretas, região

oriental da América do Norte; multiplicação como a espécie anterior.

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- Rubus hassleri: amoreira preta. Ocorre desde MG até o RS formando maciços

densos em lugares de culturas abandonadas, capoeira, etc. Os frutos são pretos ou escuros;

maduros a partir de outubro até fevereiro; caducifólio e resiste; multiplica-se por sementes,

galhos, estacas, perfilhos e estacas de raíz.

- Rubus brasiliensis: amoreira-do-mato, amoreira branca. Semelhante a anterior,

porém de frutos branco/creme; ocorre desde MG até o RS.

- Rubus rosaefolius: amora vermelha, framboesa; amora-do-mato; Originária do

Japão, China e Índia. Naturalizada no sul do Brasil. É a espécie mais cosmopolita;

multiplica-se por galhos, estacas de caule e de raíz, perfilhos e sementes.

Estas três espécies de Rubus são usadas como antidiarréicos poderosos, empregando-se

folhas e /ou brotos; entram na elaboração de licores, geléias, tortas e xaropes.

Gênero Fragaria: encerra plantas herbáceas, perenes, rastejantes (rizomatosas ou

estoloníferas); com folhas longopecioladas, trifolioladas, com flores brancas. Fruto

composto (múltiplos) com receptáculo carnoso muito desenvolvido e numerosos aquênios

periféricos, superficiais ou em pequenas escavações. Multiplicam-se por perfilhos ou

divisão da muda matriz, estolões ou estolhos.

- Fragaria vesca: moranguinho, morango (morangos mais saborosos). Silvestre na

Eurásia. Os aquênios não se encontram em pequenas escavações do receptáculo.

- Fragaria chiloensis: moranguinho, morango. Originário do Chile.

- Fragaria virginiana: morango. Originária da América do Norte. Estas duas

últimas espécies diferem da F. vesca por estarem os aquênios dispostos em pequenas

escavações do receptáculo.

- Fragaria x ananassa: moranguinho. Híbrido mais cultivado no mundo; os

aquênios inseridos em pequenas cavidades do receptáculo; frutos grandes, suculentos,

embora menos aromáticos.

Uso das espécies de morango: essência na cosmetologia, aromatização de medicamentos e

alimentos; os frutos são úteis na digestão, estimulantes das funções hepáticas e do apetite;

os rizomas e as folhas possuem taninos com propriedades adstringentes, diuréticos,

hemostáticos e vulnerários; combatem, também, o ácido úrico.

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Subfamília Maloideae (Pomoideae)

K5 C5 An G(2-5) *

Ovário ínfero, com 2-5 carpelos concrescidos entre si e unidos ao receptáculo

côncavo. Ao amadurecer, o receptáculo torna-se carnoso, envolvendo os carpelos e

formando um pseudofruto chamado pomo. Árvores ou arbustos de folhas simples, estípulas

caducas.

- Malus domestica: macieira. Árvore de copa arredondada, folhas verde-escuras,

caducas e denteadas, aparecem na primavera com as flores. Flores branco-rosadas, reunidas

em umbelas simples. Originária do hemisfério Norte – Europa e Ásia. A macieira cultivada

é de origem híbrida, provavelmente derivada de Malus sylvestris (=Pyrus malus) com

outras espécies de Malus. O número de cultivares em todo o mundo é muito grande. Além

do fruto, fornece óleo, essências aromáticas e medicinal. Outros usos: bebidas (cidra e

conhaques), vinagres, concentrados, xaropes, doces, pó de maçã, passas, etc. Flores

melíferas. Multiplica-se por enxertia (começa a produzir após 3 anos de plantio) e

sementes.

- Pyrus communis: pereira. Florestas mistas da Europa Central e Oeste da Ásia.

Árvore de copa vertical, caducifólia. Folhas de cor verde vivo, coriáceas, caediças, glabras,

de bordo fracamente serrilhado, aparecendo na primavera junto com as flores. Flores

brancas, solitárias ou em fascículos.Os carpelos no pseudofruto maduro são rodeados por

uma camada de células pétreas. Fruto mais suculento e mais doce que a maçã, porém

menos resistente ao armazenamento. Floresce na primavera e frutifica no verão e/ou no

outono conforme a var. e a cv. O número de cultivares em todo o mundo é muito grande.

No RS cultiva-se P. pyrifolia, que apresenta polpa dura e arenosa. Multiplica-se por

enxerto, estacas e sementes.

- Cydonia oblonga: marmeleiro comum. Arbusto caducifólio, nativo do Oeste da

Ásia. O fruto "in natura" não é consumido normalmente. Multiplica-se por sementes,

estacas, enxertia e mergulhia. O marmeleiro precisa de polinização cruzada para frutificar.

Usos: Ornamental, xarope adstringente e peitoral; fruto para diarréia e prisão de ventre;

melífera e porta enxerto para a pereira. Há três formas cultivadas:f. pyriformes, f.

maliformis e f. lusitanica.

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- Eriobotrya japonica: nespereira, ameixeira-do-Japão. Arbusto perenifólio ou

arvoreta; floresce de maio a julho e frutifica em meados do inverno e ínicio da primavera;

Usos: fruto de mesa e frutos contra prisão de ventre. Multiplica-se por sementes e enxertos.

- Chaenomeles sinensis: marmeleiro-do-Japão, marmeleiro-da-China. Árvore ou

arbusto muito ramificado, caducifólio; ornamental e frutífera; frutos pesam ao redor de 1

Kg; sementes, enxertia, galhos e alporquia; planta rústica.

- Chaenomeles lagenaria e C. japonicum: marmeleiro-de-jardim. Arbusto

caducifólio; ornamental pelo grande número de flores rosas ou vermelhas, que surgem

antes das folhas em meados do inverno e início da primavera, pelo período de floração

muito grande e a grande quantidade de ramos floríferos; estacas, sementes e perfilhos;

rústica.

Subfamília Prunoideae

K5 C5 An G1 * ou G1 *

Árvore e arbusto de folhas simples e estípulas caducas.

Óvário súpero ou semi-ínfero, constituído de um só carpelo, um só lóculo e um

rudimento seminal; receptáculo côncavo. Fruto drupa, monosperma, com mesocarpo

carnoso e endocarpo endurecido (lenhoso).

Gênero Prunus: apresenta árvores e arbustos perenifólios e caducifólios. Folhas simples e

flores solitárias ou em fascículos ou cachos. Polistêmone com os estames inseridos num

receptáculo em forma de cúpula; fruto drupa. Multiplicam-se por sementes, enxerto,

estaquia ou alporquia.

- Prunus persica: pessegueiro comum. Arbusto muito ramificado com os ramos

arroxeados ou cinzentos; folhas lanceoladas, serrilhadas, sem pêlos, com os pecíolos

glandulares; flores rosadas dispostas, solitariamente ou duplas ao longo do ramo de ano

(aparecem antes que as folhas, porque as gemas floríferas exigem menor número de horas

de baixas temperaturas que as gemas vegetativas); fruto pilosos; endocarpo lenhoso e

sulcado aderente ou não ao pericarpo; floresce em fins do inverno - início da primavera e a

colheita pode ir de outubro a abril; originário da China e introduzido no Brasil em 1523 em

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101

São Vicente (SP) por Martim A. de Souza. Esta espécie apresenta três variedades mais

cultivadas, além de outras ornamentais: Prunus persica var. typica que encerra as cv. de

maior valor econômico e consumo “in natura” e os frutos têm a polpa aderida ao caroço;

Prunus persica var. nectarina (ou var. nucipersica) - nectarina, pêssego pelado, pêssego

ameixa (fruto sem pêlos com casca fina e lisa, vermelha, com polpa amarela) e Prunus

persica var. aganopersica, pessegueiro molar. Há dois tipos genéricos de pêssego: o “de

mesa”, que tem polpa fundente (caroço aderente) e o “de conserva” que tem a polpa não

fundente (caroço solto). A Emprapa CPACT produziu variedades que poderão ser

comercializadas para consumo “in natura” como utilizadas para conservas; o mesmo centro

produz pessegueiros ornamentais (20 a 25 pétalas por flor) e o pessegueiro anão que

quando adulto tem cerca de 40 cm de altura e produz poucos frutos por ano (mais ou menos

20 frutos). Planta melífera e ornamental.

- Prunus domestica: ameixeira comum, ameixeira européia. Oeste da Ásia e Europa

(Eurásia); arbusto caducifólio; flores solitárias ou geminadas; fruto globoso, purpúreo,

violáceo, vermelho ou amarelo (mais comum) e doce (suculento); caroço liso, comprimido

e emarginado; o fruto tem propriedades laxativas e para acalmar a tosse; madeira compacta,

dura e grã-fina; enxertia.

- Prunus insititia: ameixeira. Originária da Eurásia. Arbusto ou árvore de até 6

metros, com os ramos novos, densamente pubescentes; flores brancas; fruto pêndulo,

enegrecido e polpa doce. - P. insititia var. syriaca: ameixeira mirabela. Frutos amarelos; P.

insititia var. italica: ameixeira Rainha Claudia; fruto globoso, parcialmente tingido de

púrpura ou completamente purpúreo.

- Prunus cerasifera: mirabolão. Arbusto ou arvoreta originária da Ásia; flores

brancas, solitárias; fruto de 2 a 3 cm de diâmetro, polpa amarela e o endocarpo aderido à

polpa; cor do fruto varia de rosa a amarelo e sem sutura lateral; rústica; porta enxerto de

outras espécies de ameixeiras; indicada como planta ornamental.

- Prunus amygdalus var. sativa: amendoeira doce, amêndoa. Desta espécie se

aproveita a semente- amêndoa que é doce; floresce em pleno inverno; é a primeira espécie

do gênero a florescer; usos: óleo das amendoas em farmácia e cosmética como emoliente e

rejuvenecedor.

- P. amygdalus var. amara : amendoeira amarga. Cianogênica (amigdalina).

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102

- Prunus avium: cerejeira, cereja. Árvore de grande porte, caducifolia, Originária da

Eurásia, cultivada em regiões de clima frio e temperado; flores brancas em densos

fascículos umbeliformes; fruto de 1,5 - 2,5 cm de diâmetro de cor vermelha ou purpúrea,

polpa aderente ao endocarpo. Cultivada para a indústria de licores e para a confeitaria.

Madeira dura, compacta, fibra fina e reta (ótima madeira). Há 4 formas cultivadas como

ornamentais: f. plena, f. juliana, f. duracina e f. pendula.

- Prunus sellowii: pessegueiro-do-mato. Árvore nativa das matas sul brasileiras;

ótima madeira com diversos empregos dada sua consistência, padrão de fibra e

durabilidade; tóxica para o gado; as folhas têm forte cheiro de amêndoas, apresentando a

maioria das vezes duas glândulas basais; sementes são de fácil difusão pelos pássaros;

crescimento rápido é indicada para florestamento de margens de rios e barragens, pois

adapta-se a diversos tipos de solo.

Obs. Existem dois gêneros pertencentes a duas famílias distintas, com espécies

nativas ou cultivadas no Brasil, que são popularmente conhecidas como amora ou amoreira

do mato. No quadro abaixo estão descritas as principais diferenças. Rubus spp.

Morus spp.

Família

Rosaceae

Moraceae

Hábito Arbustiva apoiante (trepadeira)

herbácea

Arbórea

Folhas Geralmente compostas Simples

Flores Brancas ou rosadas

K5 C5 An Gn *

Perfeitas

Verdes estaminadas ou

pistiladas

Masculinas: K4 A4 *

Femininas: K4 G(2) *

Inflorescências Panículas Masc.: Amentilhos

Fem.: Glomérulos

Frutos Múltiplos Infrutescências

Presença de acúleos Presentes, inclusive na face dorsal

das folhas

Ausentes

Quadro II - Diferenças entre espécies de Rubus e Morus.

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103

SUBCLASSE ROSIDAE

ORDEM FABALES

Família Fabaceae (Leguminosae)

Para BENTHAM (1865) o grupo pertence à ordem Rosales e é tratado como

família Leguminosae, com três subfamílias: Mimosoideae, Caesalpinioideae e

Papilionoideae.

HUTCHINSON (1964) e TAKHTAJAN (1973) consideram três famílias

independentes, Mimosaceae, Caesalpiniaceae e Fabaceae ou Papilionaceae.

Segundo POLHILL & RAVEN (1981) há um consenso entre os

leguminólogos, que consideram a família Leguminosae (ou Fabaceae) dentro da ordem

Leguminales, subdividida em três subfamílias: Mimosoideae, Caesalpinioideae e

Papilionoideae ou Faboideae. Segundo CRONQUIST (1988) este grupo de plantas pertence

à ordem Fabales e está dividido em três famílias independentes: Mimosaceae,

Caesalpiniaceae e Fabaceae.

Apesar da Classificação de CRONQUIST (1988), trataremos este grupo conforme

POLHILL & RAVEN (1981).

A família Leguminosae (Fabaceae) possui cerca de 700 gêneros e 18.000 espécies,

com ampla distribuição mundial (cosmopolitas).

O hábito é bastante variável, desde minúsculas ervas, arbustos, trepadeiras até

gigantescas árvores. Vegetam em diferentes ambientes: campos, matas, desertos, neves,

brejos, etc.

O sistema radicular embrionário adquire, geralmente, grande desenvolvimento;

predomina uma raíz pivotante que pode penetrar vários metros de profundidade no solo

(alfafa). Raízes adventícias predominam nas espécies herbáceas; há raízes geminíferas

(espinilho, pata-de-vaca).

As raízes de quase todas as leguminosas possuem nodosidades, apresentando

simbiose com bactérias dos gêneros Bradirhizobium e Rhizobium, que têm a capacidade de,

por quimiossíntese, fixar o nitrogênio atmosférico. Este nitrogênio será utilizado na

formação de moléculas proteicas, as quais serão aproveitadas também pela leguminosa. Em

contrapartida, as bactérias utilizam açúcares produzidos durante a fotossíntese pela

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leguminosa, para a sua nutrição. Vivendo em simbiose ambos os organismos se

multiplicam abundantemente, mesmo em solos com baixa fertilidade ou em solos muito

pobres em nitrogênio e em matéria orgânica, a tal ponto que outros vegetais mal podem

competir com eles. Separadamente, cada um levaria uma vida precária e/ou sucumbiria. As

nodosidades são mais freqüentes nas leguminosas da subfamília Papilionoideae

(Faboideae).

O caule é, também, extremamente variado. As folhas são alternas espiraladas,

compostas, às vezes, unifoliolada apresentam pulvino, pulvínulo, estípulas, estipelas,

pecíolo, pecíolulo, raquiz, raquílula; podem apresentar nectários ou glândulas e gavinhas;

algumas espécies apresentam filódios (acácia mimosa). O tipo de folha auxilia a

caracterização das subfamílias.

As flores são hermafroditas, completas, 4-5, vistosas, reunidas em inflorescências; a

corola é diali ou gamopétala, actino ou zigomorfa; o androceu é diali ou gamostêmone,

podendo ser oligo(raro), diplo ou polistêmone, podem ocorrer estaminódios; o gineceu

unicarpelar, súpero é característico de toda família.

O fruto característico é uma vagem ou legume, podendo ocorrer outros tipos:

folículo (Trifolium repens), lomento (Desmodium incanum), sâmara (Tipuana tipu) e

aquênio (Stylozanthes).

Predomina a multiplicação por sementes; a vegetativa não é uma forma muito

comum entre as leguminosas.

Dentro deste grupo existem espécies extremamente úteis: alimentícias (feijão,

lentilha, ervilha); forrageiras (trevos, ervilhacas, alfafa); utilizadas para adubo verde

(tremoços, guandú); melíferas (trevo-de-cheiro, maricá); tânicas (acácia-negra); oleaginosas

(soja, amendoim); medicinais (pata-de-vaca, giesta); ornamentais (flamboyant, chuva-de-

ouro, corticeira); produtoras de celulose (bracatinga), etc.

As três subfamílias são: Mimosoideae, Caesalpinioideae e Papilionoideae. As três

têm em comum: ovário súpero, unicarpelar, legume e a capacidade de apresentar

nodosidades nas raízes.

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Subfamília Mimosoideae

É a menor dentre as leguminosas: 50-60 gêneros e 2800 espécies. Apresenta folhas

bipinadas; flores actinomorfas com corola diminuta, diplostêmones ou polistêmones, filetes

compridos e coloridos constituindo o atrativo das flores; inflorescência capituliforme

(predominante) ou espiciforme.

- Inga spp.: ingazeiros. Árvores ou arbustos de folhas penadas, raquiz alada e com

glândulas entre folíolos; várias espécies nativas no RS; ótimas plantas para florestamento

de áreas úmidas; crescimento rápido; melíferas; pouco estudadas sob o aspecto medicinal; a

casca é usada para curar feridas crônicas e diarréia. A polpa abundante e adocicada que

envolve as sementes é comestível; podem ter madeira dura para obras rurais ou carvão.

Algumas espécies do RS.

- Inga marginata: ingá-feijão. É o mais comum no RS.

- Inga uruguensis: ingá-banana, ingá-do-brejo

- Inga sessilis: ingá-macaco, ingá-ferradura.

- Calliandra tweediei: topete-de-cardeal, caliandra. Arbusto ornamental nativo do

RS, capítulos vermelhos, semelhantes a um pincel, folhas de 3 a 5 jugas, legumes pilosos;

sementes.

- Calliandra brevipes: caliandra, quebra-foice, cabelo-de-anjo. Semelhante ao

anterior do qual se diferencia pelos estames cor de rosa no ápice e brancos na base, folhas

unijugas, legumes glabros; ornamental e cercas vivas; Sul do Brasil; sementes.

- Acacia spp. Encerra em torno de 1200 espécies, distribuídas pela Austrália, África

e América tropical e subtropical. São cultivadas por sua madeira, lenha, tanino, gomas,

perfumes, flores, ornamentais, fixação de dunas, cercas-vivas, melíferas, etc. No

vocabulário hortícula ou popular, se designam como acácias várias outras leguminosas que

não pertencem a este gênero; algumas espécies cultivadas e/ou nativas. Na Austrália tem-se

manifestado um extraordinário endemismo e uma variação evolutiva intensa de espécies

com filódios.

- Acacia mearnsii: acácia-negra. Árvore Australiana; ornamental pela forma da copa

e flores brancas perfumadas em vistosas inflorescências. Casca produz tanino usado na

curtição de couros; tronco para lenha ou celulose; crescimento rápido, porém de pouca

longevidade; quebra ventos temporários; sementes.

Page 106: APOSTILA COMPLETA DE  BOTÂNICA AGRÃCOLA

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- Acacia podalyriaefolia: acácia-mimosa. Arvoreta ornamental graças aos seus

filódios cinza e suas inflorescências em densos cachos de capítulos de flores amarelas;

sementes; Austrália; flores de inverno; os filódios e os brotos pubescentes.

- Acacia longifolia: acácia trinervis, acácia da Tasmânia; filódios alongados com

três nervuras proeminentes; ornamental, lenha, sombra e na Austrália tanino; excelente

espécie para fixação de dunas, resistindo ao vento do mar; Austrália; sementes.

- Acacia bonariensis e Acacia tucumanensis: unha de gato, nhapindá; ambas as

espécies tem flores brancas ou creme; são arbustos ou arbustos lianosos; cercas vivas;

lenha; sementes; nativos do Cone Sul.

- Acacia caven: espinilho, aromita. Nativo do Cone Sul; flores amarelo-douradas em

capítulos globosos, muito aromáticas; ótima lenha, melífera e madeira dura; na fronteira

oeste do RS está a maior concentração. A raíz é purgativa, emética e diurética; a casca da

raíz é usada para cicatrizar feridas, úlceras e escoriações; folhas são cicatrizantes; sementes

são digestivas; arbusto invasor; semente e raízes superficiais.

- Mimosa spp. Encerra ervas, arbustos e árvores. Legume lomentóide, denominado

craspédio, desarticulando-se entre as sementes, porém, deixando uma moldura. Espécies

mais comuns no RS:

- Mimosa bimucronata: maricá, americá. Arbusto abundante nas várzeas, ao longo

dos rios, banhados, lagoas, etc., formando agrupamentos que conferem um caráter típico na

fitofisionomia da vegetação secundária; também em encostas rochosas. Panículas de flores

brancas e perfumadas durante o verão (janeiro e fevereiro); frutos maduros em abril; lenha,

cercas vivas, melífera, madeira de cerne avermelhado e dura. A infusão de brotos combate

a asma, a bronquite asmática e as febres intermitentes; as folhas são mucilaginosas e

emolientes; introduzido como planta cultivada em Singapura e norte da China; sementes.

- Mimosa scabrella: bracatinga. Árvore característica da “zona da Araucária”

formando, por vezes, densos agrupamentos; espécie florestal de rápido crescimento produz

madeira branca para laminados e celulose, lenha e carvão; floresce no inverno e às vezes no

verão; flores de estames amarelo ouro; sementes.

- Mimosa pudica: sensitiva, dorme-dorme, malícia-de-mulher. Cosmopolita nos

trópicos úmidos da América do Sul, África e Ásia; é provável que seja originária da

América do Sul devido à existência de espécies afins. Erva perene, prostrada de folhas

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muito sensíveis ao toque; a casca é vermífuga; as raízes são irritantes, purgativas e eméticas

(tóxicas em doses altas); seiva reputada como veneno violento; as folhas, embora

suspeitadas venenosas, são usadas em banhos contra tumores e a leucorréia; diz-se que

causam a hematuria em animais que as pastam, sua infusão em pequenas doses é tônica,

purgativa e anti-gonorréica; a sensibilidade de suas folhas é que a tornaram mundialmente

conhecidas, sendo cultivadas em muitos países; sementes; invasora, uma planta que produz

até 700 sementes e que podem ter dormência de até 15 anos.

- Leucena leucocephala: leucena, acácia bela rosa. Arbusto nativo da América

Central e Antilhas; rápido crescimento; usos: adubação verde, proteção de solos erodidos,

folhas e vagens como forragens, sementes comestíveis, lenha, etc.; há mais de 100

variedades cultivadas com estas finalidades. Pode produzir aré 20 T/Ha de matéria seca;

folhas com 25,9% de proteínas; tem principio tóxico “a mimosina”, que causa perda de

pêlos, salivação e perda de peso; fixa até 500 Kg/Ha/ano de nitrogênio.

- Parapiptadenia rigida: angico vermelho, angico verdadeiro, paricá. Árvore com

até 35 m de altura com fuste de 5 a 15 m de comprimento; casca com fissuras em placas

que ficam aderidas pela parte superior; madeira de grande valor, de multiplas aplicações e

de grande durabilidade às intempéries; a casca é tônica e depurativa; a tintura é usada

contra contusões, golpes e dores musculares (uso externo); a resina (goma) é emoliente e

peitoral para quase todos os problemas do aparelho respiratório: tosse, bronquite, asma,

expectorante,etc.; entra na composição de xaropes com estas finalidades; também a flor é

medicinal e melífera; sementes achatadas com bordo alado papiráceo e sem endosperma;

propagação por sementes; é nativa do Brasil austral, Paraguai, Argentina e Uruguai.

- Enterolobium contortisiliquum: timbaúva, orelha-de-macaco, orelha-de-negro.

Floresce de novembro a fevereiro; frutos maduros no inverno; madeira leve e suave; casca e

frutos têm saponinas podendo ser tóxicas; árvore de grande copa para sombra (caducifolia);

propagação por sementes; é encontrado desde o Ceará até o RS, Bolívia, Paraguai, Uruguai

e Argentina.

Subfamília Caesalpinioideae

Predominam árvores e arbustos, cipós, raramente ervas; transição entre

Mimosoideae e Papilionoideae; folhas pinadas ou bipinadas. Flores em geral grandes,

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zigomorfas, diplostêmones; dialistêmones; abrangem em torno de 2800 espécies quase

todas tropicais ou subtropicais distribuídas em cerca de 150 gêneros.

Gêneros com folhas pinadas:

Gênero Senna: flores amarelas, vistosas, com anteras em geral mais longas que os filetes,

presença de estaminódios.

- Senna corymbosa: fedegoso. Arbusto de 1,50 a 3 m de altura; nativo do Sul do

Brasil, nordeste da Argentina e Uruguai; ornamental pelo longo período de floração (fim do

verão até o inicio de outono); sementes; flores amarelas em densas inflorescências; casca da

raíz e folhas são purgativas; as folhas em cataplasmas como emolientes; glândulas raqueais,

legume cilíndrico.

- Senna occidentalis: fedegoso, café bravo. Erva anual ou perene até 1,50 m de

altura; rústica e produzindo muitas sementes, tornou-se adventícia e ruderal em vários

locais; invasora de verão; América do Sul, África e Ásia; glândula peciolar basal; vagem

linear pouco comprimida e reta ou pouco curva; usos: folhas são purgativas e emenagogas,

raízes são usadas contra vermes, são diuréticas, abortivas; as sementes são tóxicas

(emodina).

- Senna macranthera: manduirana, chuva-de-ouro. Arbusto ou árvore do nordeste

brasileiro; ornamental; floração no outono; sementes; inflorescência panícula amarela;

vagem cilíndrica de 1,5 cm de diâmetro.

- Senna multijuga: aleluia, chuva-de-ouro, multijuga. Nordeste brasileiro;

ornamental de rápido crescimento e fácil multiplicação por sementes; pouco resistentes ao

frio; floresce no outono.

- Senna alata: acácia imperial. Arbusto de até 2,50 m de altura com grandes

inflorescências amarelas nas extremidades dos ramos; o fruto é uma vagem linear com duas

asas ao longo do mesmo; Ásia tropical; ornamental, anual ou perene de curta duração;

floresce no outono.

- Parkinsonia aculeata: cina-cina. Árvore ou arbusto espinhoso que ocorre desde o

México até o Sul da América do Sul; tem folhas muito pequenas, caducas em ramos

flexuosos; cercas vivas, ornamental, lenha, fibra têxtil e celulose, melífera; usada na

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medicina popular, folhas e flores contra a febre e sudorífico, os brotos são emenagogos;

folhas abortivas; sementes e brotos de raíz.

Gênero Bauhinia: folhas com dois folíolos soldados, assemelhando-se a uma pata-de-vaca.

- Bauhinia forficata: pata-de-vaca. É uma arvoreta ou arbusto espinhoso com folhas

unijugadas em forma de casco de bovino; flores brancas que surgem no verão; lenha e

carvão, entretanto seu maior valor é medicinal, é hipoglicemiante, hipocolesteremiante e

diurética, denominada “insulina vegetal”, sementes e raízes geminíferas; pode ser

ornamental; nativa da América do Sul.

- Bauhinia variegata: pata-de-vaca. Semelhante a anterior, de flores rosa ou

brancas, folhas acinzentadas, coriáceas. É a espécie mais cultivada como ornamental;

originária da Ásia.

Gêneros com folhas bipinadas:

Gênero Caesalpinia: Arbustos, árvores e lianas inermes ou aculeados, filetes mais longos

que as anteras. Tem cerca de 100 espécies pantropicais.

- Caesalpinia leiostachya: (= C. ferrea) pau-ferro. Árvore ornamental, copa pouco

densa e tronco com grandes manchas claras; ocorre do PI a SP; apresenta madeira dura,

vermelha ou castanha de grande resistência; as cascas e as sementes têm propriedades

adstringentes, anti-hemorrágicas e antidiabéticas; as cascas das raízes são febrifúgas e

antidiarréicas; sementes; é encontrada no Brasil.

- Caesalpinia echinata: pau-brasil. Árvore histórica do Brasil, naturalmente ocorre

desde o RN até o RJ na floresta litorânea; seu principal produto era a tinta extraida da

madeira para tingir tecidos e fabricar tinta de escrever; atualmente é apenas planta

ornamental de lento crescimento; madeira dura, compacta, pesada e resistente têm várias

aplicações; o lenho é adstringente, as cascas são usadas para combater diarréias e

desinterias; multiplicação por sementes.

- Caesalpinia spinosa: falso pau-brasil. Arbusto ornamental com florescimento

precoce; originário da Bolívia à Venezuela na Cordilheira dos Andes até 3000 a 4000 m de

altitude; vagens maduras de cor vermelha; multiplicação por sementes.

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- Peltophorum dubium: canafístula, ibirapuitã. Árvore caducifólia de 20 a 35 cm de

altura, muito frequênte na bacia do rio Paraná; ocorre desde a Bahia até a Argentina e

Paraguai; no RS na Bacia do Médio e Alto Uruguai; ornamental, devido a intensa floração,

esbelta, produz boa sombra, longo tempo de florada; madeira de multiplas aplicações;

multiplicação por sementes.

- Delonix regia: flamboiã, flamboiant, flamboião. Originário da Ilha de Madagascar.

Árvore de copa plana e estendida; requer lugares quentes e úmidos para manifestar toda a

beleza de sua florada; flores vermelhas; multiplicação por sementes.

- Holocalyx balansae: alecrim. Árvore perenifolia de folhagem verde escuro, de 15

a 20 m de altura, nativa dos matos do Médio e Alto Vale do Rio Uruguai, Depressão

Central e Paraguai; espécie cianogênica de madeira dura e pesada, ornamental;

multiplicação por sementes que não resistem ao armazenamento muito prolongado, levando

até dois meses para germinarem.

- Schizolobium parahyba: guapuruvú. Árvore gigante, de crescimento rápido e

aspecto característico da mata Atlântica brasileira; madeira branca, leve, para celulose e

outras utilidades; ornamental e florestal; ramifica a grandes alturas; macia para palitos,

brinquedos, aeromodelos, caixas, forros, etc; casca serve para curtume; multiplicação por

sementes.

Subfamília Papilionoideae (Faboideae)

São árvores, arbustos, ervas anuais ou perenes, trepadeiras; folhas

predominantemente trifolioladas, pinadas, digitadas ou raramente unifolioladas. Flores

fortemente zigomorfas, 5-mera com estandarte ou vexilo, asas ou alas e quilha ou carena;

estames 10 do tipo monadelfos ou diadelfos. Estão representadas por 482 gêneros e 12000

ssp. que habitam todas as regiões da terra.

- Tipuana tipu: tipuana, tipa. Nordeste da Argentina e Paraguai. Árvore de grande

porte; fruto sâmara; multiplicação por sementes; usos: ornamental e florestal, a resina é

cicatrizante e infecções do útero.

O gênero Erythrina encerra mais ou menos 100 espécies nas regiões tropicais da

América do Norte e Sul, Austrália, África e Ásia.

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- Erythrina falcata: ceibo, corticeira-do-seco, corticeira da serra. Árvore de grande

porte com flores vermelho-coral em grande número, nativa do cone sul, comum nas matas

de Santa Maria, floresce no início da primavera; ornamental para grandes áreas;

crescimento rápido; madeira leve; multiplicação por sementes e estacas.

- Erythrina crista-galli: corticeira-do-banhado, sananduva. Preferem as margens dos

rios e lagoas, lugares pantanosos; nativa do cone sul, é a flor símbolo do Uruguai e da

Argentina. Tem uso ornamental, madeira, sombra e fixação de locais sujeitos a erosão,

celulose, a casca e as sementes têm alcalóides tóxicos de efeitos semelhantes aos do curare,

sendo usados como anti-helmíntica e hipnótica; no uso externo a casca é cicatrizante; das

flores se prepara um chá emoliente indicado para resfriados, tosses, etc.; multiplicação por

sementes e estacas.

O gênero Trifolium encerra ervas tenras, delicadas ou robustas, anuais ou perenes,

apresenta ao redor de 300 espécies distribuídas pela Ásia, África, Europa e Américas, em

regiões temperadas e frias; são os trevos verdadeiros. São todas plantas forrageiras e

melíferas.

- Trifolium pratense: trevo vermelho. Espécie européia, bianual; multiplicação por

sementes.

- Trifolium repens: trevo branco. Nativo da Europa, é o mais importante e cultivado,

perene; multiplicação por sementes.

- Trifolium subterraneum: trevo subterrâneo. Oriundo do Sul da Europa, muito

cultivado para pastoreio de ovinos, anual, muito rústico, tem esse nome porque enterra as

sementes, o que proporciona ótima ressemeadura natural.

- Trifolium hybridum: trevo híbrido. Perene, mas no RS é anual, resistindo muito

bem no inverno e morrendo no verão.

O gênero Glycine constitui-se de ervas eretas ou trpadeiras, pilosas e vagens

hirsutas, encontradas em regiões tropicais e subtropicais da África e da Ásia; tem

aproximadamente 15 espécies.

- Glycine max: soja. Ásia oriental onde é cultivada a mais de 5000 anos. É

considerado o mais importante legume cultivado na China e um dos 5 produtos sagrados

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essenciais à existência da civilização chinesa; há muitas cultivares adaptadas para as mais

diferentes condições de cultivo no mundo inteiro. A planta fornece mais de 200 produtos

entre eles a “carne vegetal”; multiplicação por sementes.

- Glycine wightii: soja perene. Ásia oriental; espécie anual, volúvel, empregada

principalmente como forrageira e adubação verde; controla inços; multiplicação por

sementes. O gênero Phaseolus é formado por ervas volúveis, prostradas, suberetas,

lianas, anuais ou perenes (xilopódio); encontrado na América troical desde USA até a

Argentina e Uruguai; ao redor de 180 espécies, outro centro de dispersão situa-se na Ásia

tropical.

- Phaseolus vulgaris: feijoeiro, feijão. Sulamericano, andino-tropical e subtropical

(desde o Peru ao noroeste da Argentina) onde ainda se encontra a forma silvestre - P.

vulgaris ssp. aborigeneus - sementes reniformes ou variantes desta forma, cores muito

variáveis: vermelho, preto, esverdeado, branco, manchado, marron e cinza; etc.; cultivada a

muitos anos pelos índios americanos ( desde USA até a Argentina) e a partir do século XVI

pelos europeus, causando o surgimento de muitas variedades em escala crescente na Europa

e outras regiões subtropicais do mundo inteiro. É um dos vegetais mais ricos em ácido

pantotênico; útil na desintoxicação do organismo e benéfico no metabolismo das proteínas

e gorduras; o caldo das sementes ou a infusão de vagens maduras combatem a hidropsia de

diversas origens, as doenças reumáticas e a diabete.

- Arachis hypogaea: amendoim. Provavelmente originário da Bolívia oriental; erva

anual de baixo porte; apresenta geocarpia, que é obtida pelo desenvolvimento exagerado do

ginóforo; usos: culinária, industrial de conservas, produtos farmacêuticos, tintas e corantes,

velas, sabões, óleo, manteiga, penicilina, indústria de borracha, forrageira, as sementes são

tônicas e estimulantes; multiplicação por sementes.

- Arachis prostata: amendoim-do-campo. Nativo em formações campestres do RS.

O gênero Lupinus é composto por ervas e subarbustos perenes ou anuais, folhas

digitadas de 5 folíolos, pubescentes. São em geral plantas calcífugas, várias espécies se

cultivam em jardim pela sua floração, outras são agrícolas (forrageiras e adubo verde) e

outras com sementes comestíveis após prévia preparação; existem lupinos doces,

selecionados, livres de alcalóides. Aos tremoços são atribuídas propriedades vermífugas,

Page 113: APOSTILA COMPLETA DE  BOTÂNICA AGRÃCOLA

113

antiparasitárias e hipoglicemiantes; externamente são usados contra sarnas, manchas na

pele, acne e caspa. Também são tóxicos, e usados como cataplasmas contra abcessos. As

espécies mais comuns:

- Lupinus luteus: tremoço amarelo. Anual, forrageira ou adubação verde.

- Lupinus albus: tremoço branco. De uso alimentício desde a antiguidade no Egito,

Grécia e Roma; anual.

- Lupinus angustifolius: tremoço azul. Anual, originou-se no Mediterrâneo, é usado

como adubação verde e as var. selecionadas (livres de alcalóides) como forragem.

- Lupinus varius e L. pilosus: tremoços ornamentais. Existem espécies nativas do

RS.

- Medicago sativa: alfafa. Perene, cespitosa, de grande vitalidade; não se presta para

o pastoreio direto no primeiro ano de desenvolvimento, a partir do segundo ano pode ser

feito, mas muito controladamente, por isso a alfafa é uma forrageira, fundamentalmente,

para corte, silagem ou fenação; originou-se nas regiões próximas ao Mar Cáspio, os árabes

introduziram-na na Espanha e de lá para a América do Sul. É antiescorbútica, usada contra

o raquitismo. Pode causar fotossensibilização no gado; incorpora até 200 kg/Ha/ano de

nitrogênio no solo; a raíz pode atingir até 6m de profundidade.

O gênero Vicia apresenta ervas anuais ou perenes, trepadeiras através de gavinhas

foliares, raro eretas, têm aproximadamente 150 espécies nas regiões temperadas e frias da

Europa, Ásia e Américas.

- Vicia faba: fava. Erva anual, ereta, caule vigoroso e quadrado, ligeiramente alado,

originou-se na Ásia ocidental e norte da África, há dois tipos principais: para alimentação

humana (olerícola), forragem (não utilizado entre nós) e adubação verde, tem alto valor

nutritivo, sementes apresentam viabilidade por mais de 5 anos. As folhas e flores são

diuréticas e usadas no tratamento de cálculos renais, as folhas são emolientes, a farinha é

excelente contra queimaduras.

- Vicia sativa: vícia, vica. Anual, trepadeira, sementes pequenas manchadas,

cultivada como forrageira de inverno (gado leiteiro); alto valor proteíco; rústica; pode fixar

90 kg/Ha/ano de nitrogênio;multiplicação por sementes.

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- Lathyrus sativus: chichá, chirca. Erva anual, cultura de inverno como forrageira de

alto valor proteíco e cobertura do solo e adubação verde; origem no Mediterrâneo e Ásia;

multiplicação por sementes maduras.

- Lathyrus odoratus: ervilha-de-cheiro. Ornamental, flores até 3 cm, perfumadas,

multicores, nativa do sul da Europa.

- Pisum sativum: ervilha. Trepadeira anual; originária da Ásia. Autógama, vagens

lisas com poucas sementes que variam de cor conforme a variedade, existe a var. arvense

que é forrageira no Canadá e USA, tem alto valor nutritivo.

- Vigna sinensis: feijão miúdo, “cowpea” ou caupí. Usos: forrageira, adubação

verde, alimentação humana; de fácil cultivo, existindo muitas variedades que se distinguem

pela coloração da semente, porte da planta, precocidade, etc. Pode ser considerada invasora,

- Lens culinaris: lentilha. Tem origem no Mediterrâneo oriental; erva delicada,

anual, vagens com uma ou duas sementes, utilizada na culinária e como forragem, há duas

subespécies:macrosperma (sementes de 6 a 9 mm de diâmetro) e microsperma (sementes de

3 a 5 mm de diâmetro); excelente alimento em ferro, cálcio e fósforo; é cultivado desde a

antiguidade.

O gênero Desmodium é tropical e sub-tropical com cerca de 200 espécies, é

encontrado desde o Canadá até o centro da Argentina e Uruguai. Há também algumas

espécies asiáticas; quase todas são boas forrageiras naturais por serem muito apreciadas

pelo gado. No Brasil há cerca de 20 espécies, muitas são chamadas de “alfafas tropicais”.

- Desmodium spp.: pega-pega. Ervas anuais ou perenes, na maioria comuns nas

formações campestres da América do Sul. A espécie mais comum é D. incanum.

- Lotus corniculatus: cornichão. Herbácea, perene, originária da Europa,

profundamente enraizada, flores em umbelas amarelas; sementes pequenas; substitui a

alfafa na formação de pastagens em solos fracos, feno; cultura de inverno; pode produzir 20

a 30 T/Ha/ano de massa verde; propagação por sementes.

O gênero Aeschynomene encerra mais ou menos 150 espécies tropicais e sub-

tropicais na América do Sul e África, são ervas e arbustos de poucas aplicações; a maioria

vive em terrenos úmidos e banhados; os entre nós levam o nome de “angiquinho”.

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- Aeschynomene rudis: angiquinho. São invasoras nas culturas de arroz; anual,

herbáceo ou lenhoso; multiplica-se por sementes.

- Wisteria sinensis: glicínia, wistéria. Liana ornamental, devido as suas enormes

panículas de flores azul-violáceas, pendentes, surgem antes das folhas e permanencem um

longo tempo floridas, fins do inverno e início da primavera; suporta podas violentas,

originária da China; existe a var. alba com flores brancas, menos difundida, var. flore-pleno

de flores dobradas; var. variegata de folhas prateadas e var. macrobotrys de cachos

maiores; melífera; se reproduz por estacas lenhosas e sementes

- Spartium junceum: giesta. Arbusto de 3 a 4 m de altura, subáfilos, flores amarelo-

ouro de 2,5 cm de comprimento reunidas em cachos axilares e terminais durante a

primavera; origem: sul da Europa; pode fornecer fibra têxtil; na França cultiva-se para

substituir a juta; ornamental (cercas vivas, mosaicos ou isolada) e medicinal (esparteína)

cardiotônico, pode ser tóxica para o gado, por ter citisina e escoparoside; a ingestão de

qualquer parte da planta pode provocar intoxicação; planta medicinal (usá-la com cuidado);

propagação por sementes.

- Cicer arietinum: grão-de-bico. Erva anual, glandulosa-pilosa; originária da Ásia

Menor, é cultivada a milênios no Oriente médio. Sua cultura é viável apenas no sul do

Brasil, pois é uma cultura de inverno; seu valor alimentício é comparado à soja e ao feijão

comum; é a leguminosa mais plantada no mundo; apresenta 17% de proteína, aproveita-se o

grão, folha e palha.

- Cajanus cajan: guandú, ervilha-de-árvore. Arbusto semi-perene até 3m de altura e

grande intensidade de crescimento; 3 a 4 cortes no ano e rebrota com vigor; originária da

África e a muito tempo cultivada na India; fornece cerca de 36 a 48 T/Ha/ano de massa

verde com 14 a 20% de proteína bruta na matéria seca; pode fixar 280 kg de N/Ha/ano e as

folhas mortas no solo corresponde a 2,5 T/Ha/ano; as folhas cozidas são usadas para o

tratamento de feridas e úlceras; as flores são usadas contra doenças respiratórias; a planta é

antihemorrágica e anti-blenorrágica; os grãos verdes substituem a ervilha na alimentação.

- Ulex europaeus: tojo. Arbusto espinhoso. Natural da Europa Ocidental, é

ornamental pela profusão de flores amarelas por longo período em cercas vivas; é invasora;

é melífera e forrageira na Europa; reproduz-se por sementes e pedaços de raízes que ficam

no solo.

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SUBCLASSE ROSIDAE

ORDEM MYRTALES

Família Myrtaceae

A etimologia da família tem duas versões: do latim “myrtus” = a murta e do grego

“myrtós” = perfume em referência ao aroma característico de muitas de suas espécies.

Cerca de 100 gêneros e ao redor de 3.500 espécies tropicais e subtropicais, com dois

centros de distribuição: América e Austrália. Os climas temperados têm poucas mirtáceas

nativas. Além desses dois centros de origem, há Mirtáceas nativas da Europa, Índia, Ceilão

e África.

São plantas lenhosas desde subarbustos até os gigantescos eucalíptos; muitas

perdem o retidoma anualmente e não formam casca grossa.

Possuem glândulas esquizógenas produtoras de óleo essencial e aromático em todos

os órgãos, o que caracteriza muito a família.

Folhas simples; peninérveas, com nervura periférica ou marginal; opostas ou

alternas.

As flores em geral brancas; efêmeras; andróginas; androceu polistêmones com os

filetes relativamente compridos, brancos, que exercem atração sobre insetos polinizadores e

lhes dão um aspecto parecido com as Mimosoideae; gineceu de ovário ínfero ou semi-

ínfero; cálice em geral persistente; pétalas e sépalas podem ser livres ou concrescidas.

FÓRMULA FLORAL: K (4-5) C(4-5) An G(2-5) ↓ *

Inflorescências variadas: flores isoladas axilares (Psidium), caulifloria (Myrciaria) e

cachos, umbelas, panículas, etc. Os frutos podem ser do tipo baga, cápsula, drupa.

Duas subfamílias: Myrtoideae e Leptospermoideae.

Subfamília Myrtoideae Subfamília Leptospermoideae

Filotaxia Folhas opostas Folhas geralmente alternas

Tipo de fruto Baga ou drupa (carnoso) Cápsula ou pixídio (seco)

Tamanho das sementes Geralmente grandes Pequenas

Distribuição geográfica América Austrália

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Subfamília Myrtoideae

Representantes nativos:

- Psidium cattleyanum: araçá-vermelho, araçá-do-campo, araçá-amarelo. Nativo da

mata pluvial da encosta atlântica; também encontra-se em matas ciliares, campos sujos e

arbustivos do Planalto Meridional. Tronco liso, brilhante, casca marrom clara com manchas

verde-amareladas; folhas de coloração verde-escuro-brilhante; frutos do tipo baga, com

casca amarela ou vermelha, polpa doce, branca ou vermelha; propagação por sementes;

floresce de setembro a janeiro e frutos maduros a partir de janeiro.

- Eugenia uniflora: pitangueira. Nativa do Cone Sul (desde MG até a Mesopotâmia

Argentina); folhas sob forma de chá é antidiarréica, diurética, adstringente, antifebril,

antireumática e estimulante; menor uso como hipocolesteremiante e hipoglicemiante;

madeira dura, homogênea e de vários usos; ótima lenha; propagação por sementes, as quais

perdem rapidamente o poder germinativo; floresce desde agosto-dezembro (às vezes maio).

- Eugenia rostrifolia: batinga, batinga-vermelha. Nativa da Encosta da Serra Geral,

por vezes forma agrupamentos puros. Árvore de 15 a 20m de altura, de tronco reto, casca

grossa e rugosa; madeira vermelha, dura, pesada, para construção; ótima lenha; frutos

comestíveis.

- Eugenia involucrata: cerejeira, cerejeira-do-rio-grande; cerejeira-do-mato. Árvore

mediana de 10-15m de altura, semidecidual; tronco liso esverdeado-amarelado com

manchas características; fruto vermelho quando maduro de até 25mm de comprimento;

difícil regeneração natural, as sementes germinam em 40 dias e a planta começa a produzir

frutos a partir do sexto/sétimo ano; frutos excelentes; madeira branca resistente e elástica;

pela sua estética é árvore ornamental.

- Eugenia pyriformis: uvaia, uvaieira. Árvore mediana até 15m de altura, tronco

reto, característica da “zona dos Pinhais” e mata branca do Rio Uruguai; floresce de

novembro a janeiro e frutos maduros a partir de janeiro com 2cm de diâmetro, casca e

polpa amarelas; ótima lenha.

- Acca sellowiana: goiabeira-da-serra, goiabeira-do-campo. Arvoreta de mais ou

menos 4m de altura; folhas ovadas, discolores, verde-escuras, quase glabras na face ventral

e branca na face dorsal; Pétalas carnosas e comestíveis, brancas por fora e, internamente,

rosadas com base púrpura. Estames vermelhos; floresce de setembro a dezembro e frutifica

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de março a maio (junho); sementes; ornamental; frutos de 3cm de diâmetro comestíveis;

planta frutífera nos EEUU e França.

- Plinia trunciflora (Myrciaria trunciflora): jaboticabeira, jaboticaba. Árvore

perenifólia de até 15m de altura nas matas de planícies ou encostas úmidas na região

costeira, Planalto e Alto Uruguai; cultivada por causa dos frutos; bagas globosas de até 3cm

de diâmetro, casca dura, preta ou roxo-escura; polpa viscosa branca; frutifica várias vezes

no ano dependendo do regime das chuvas - quanto mais chuva, mais vezes frutifica; semear

logo após a maturação do fruto (colheita) e a emergência ocorre aos 40 - 45 dias; Muito

cultivada, de crescimento lento, produzindo as primeiras flores aos 10 anos; casca e

entrecasca contra diarréias e desinterias.

- Myrciaria jaboticaba: jaboticabeira. Nativa de São Paulo e hoje espalhada por

todo o Brasil.

As jaboticabeiras multiplicam-se; também, por via vegetativa, enxertia, galhos de

um ano (1cm de diâmetro) ou estacas.

- Myrciaria tenella: cambuim; nativa do sul do Brasil; sementes; lenha e madeira.

- Myrcianthes pungens: guabijú. Árvore perenifolia; folhas com um acúleo na

ponta; frutos são bagas globosas negro-violáceos, frutificação em fevereiro-março;

sementes; crescimento médio; nativo dos matos sulbrasileiros; madeira e excelente lenha.

- Campomanesia xanthocarpa: guabirobeira-do-mato. Árvore semi-caducifólia

nativa do Cone Sul; pela harmonia da copa, a coloração das folhas no início da primavera e

a densidade da folhagem, recomenda-se como árvore ornamental; frutos amarelos e

comestíveis; sementes; Casca e folhas contra diarréias; folhas diuréticas, no controle do

colesterol e triglicerídios; chá aromático; calmante; melífera; madeira branca muito

resistente; lenha que ao queimar exala aroma agradável; fruto amarelo de 1-2 cm de

diâmetro; muito procurado por pássaros e roedores; sementes germinam em 35 a 40 dias ;

floresce de setembro a novembro e frutos a partir de dezembro.

- Britoa guazumaefolia: sete capotes, sete capas, capoteira. Árvore mediana; desde

Minas Gerais até a Mesopotâmia Argentina; fruto amarelado e comestível, com alto teor de

vitaminas; floresce na primavera e frutifica no verão; sementes até 3 meses após a colheita;;

folhas para gripe; madeira, lenha e carvão; ótima para reflorestar margens de reservatórios

(açudes, barragens) por suportar solos úmidos.

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- Hexachlamis edulis: pessegueiro-do-mato. Nativo nos capões e matas ciliares da

zona de campos (RS); fruto globoso amarelo ou amarelo-alaranjado de 3-6 cm de diâmetro

e pruinoso; floresce na primavera e frutifica no verão; frutos comestíveis, porém ácidos;

sementes.

Representantes não nativos, cultivados em países de clima quente, inclusive no

Brasil:

- Psidium guajava: goiabeira, goiaba. América tropical, México, América Central,

Colômbia e Perú, hoje cultivada em vários países do mundo dada as excelentes qualidades

de seus frutos; os frutos podem ser esféricos ou piriformes, sendo este caráter considerado

para fim de separar as variedades; propagação por sementes ou enxertia; Frutífera com boa

fonte de vitaminas A, B e C. Todas as partes da planta têm aplicações contra diarréias por

conterem elevado teor de taninos (brotos, principalmente); inflamações da garganta e

úlceras estomacais; plantas velhas (baixa produção) fornecem excelente madeira dura, grã-

fina, homogênea que serve em várias situações no meio rural.

- Syzygium aromaticum: cravo-da-índia. Ilhas Molucas; árvore de grande porte que

fornece os cravos aromáticos encontrados no comércio, para confeitaria e óleo para

perfumaria; tem propriedades caloríficas e estimulantes; óleo usado para estimular a

digestão e com propriedades antissépticas e antiespasmódicas; os ramos novos também são

usados; é tônico, estomáquico, carminativo e emenagogo; o óleo contém eugenol (78 a

98%) responsável pelo aroma característico; a cada ano aumenta o uso do cravo como

matéria de produtos farmacêuticos e de perfumaria; propagação por sementes; começa a

produzir ao quinto/sexto ano e aos 15 anos estabiliza para produzir 5 a 10 kg de botões por

ano e pode produzir durante dezenas de anos. Cravo seco de 2 a 4 kg/árvore/ano; 10 a 15

mil cravos secos pesam 1kg. É conhecido na China a mais de 2000 anos; no Irã e na China

é usado como afrodisíaco;

- Syzygium cumini e S. jambos: jambolão, jamelão, joão-bolão . Árvores indianas

cultivadas para sombra devido a copa grande e densa folhagem; propagação por sementes;

frutos comestíveis; são plantas ornamentais; usada contra desinterias, perturbações

estomacais, gases intestinais; seu maior emprego é contra diabetes (folhas, frutos e

sementes); folhas também são forrageiras; madeira para obras internas; meliferas; quebra

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ventos. A diferença vegetativa entre ambas: S. cumini - nervura marginal muito próxima ao

bordo da folha e S. jambos - nervura marginal a uns 4 mm do bordo.

Subfamília Leptospermoideae

Gênero Eucalyptus: do grego “eu” = bem e “calyptein” = cobrir, aludindo a maneira

como o opérculo cobre os estames e os carpelos.

Compreende em torno de 600 espécies e 150 variedades, originárias da Austrália;

dentre as árvores cultivadas no mundo inteiro as espécies deste gênero ocupam lugar de

destaque pelo menos nos países tropicais e subtropicais; a sistemática do gênero baseia-se

no tipo de inflorescência, tamanho e forma do fruto e dos botões florais, disposição e forma

das folhas jovens e adultas, tipo de casca e natureza dos óleos essenciais. Porte arbóreo

(maioria) ou arbustivas; flores hermafroditas; pétalas e sépalas soldadas entre si formando

um opérculo cônico (capuz) que cobre completamente a parte superior da flor e que se

desprende por uma fenda transversal; fruto cápsula deiscente por valvas apicais;

propagação por sementes e estaquia (fitohormônios), as sementes abortam em grande

percentagem, distinguindo-se, facilmente, as férteis das estéreis: as férteis são maiores,

rugosas e escuras contendo endosperma e as estéreis são pequenas, alongadas de cor

castanho avermelhado (marrom claro). Quase todos os eucaliptos cultivados no RS têm

aplicação como planta medicinal entre a população. Entretanto dois deles se destacam:

- E. citriodora: eucalípto cidró, eucalipto limão. Contém 0,8 a 1 % de óleo nas

folhas cujo componente principal é o citronelol (90%); tem aplicações tópicas e inteiras

como balsâmico, expectorante, sudorífero, antiasmático, etc. É sensível à geada.

- E. globulus: é a mais indicada para uso terapêutico, farmacêutico e desinfectantes

aromáticos; das folhas extrai-se óleo que contém de 60 a 70% de eucaliptol empregado na

fabricação de balas, xaropes, tinturas, etc. que se usam para combater gripes, tosses,

rouquidão e estados catarrais em geral; topicamente para combater reumatismo, contusões,

dores musculares; aromatizante do lar; é tônico, febrífugo e adstringente; produz de 1,5 a

1,8kg de óleo/100 kg de folhas verdes com 65-70% de cineol. Na Austrália para estas

mesmas finalidades se emprega o E. fruticetorum e E. radiata que têm rendimento maior.

- E. robusta: melífera para evitar a mortandade de outono;

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-E. saligna; E. viminalis; E. tereticornis; E. cinerea; E. siderofloia, chamada de

eucalipto ferrrinho e E. ficifolia de flores vermelhas, excelente como planta ornamental,

porém é muito sensível ao frio.

-Callistemon lanceolatus: bucha, escova-de-garrafa, calistemon. Arbusto

australiano, ornamental; apresenta caulifloria no ápice dos ramos novos (do ano), com

estames vermelho-forte; cápsulas persistentes no tronco; sementes; madeira muito dura.

SUBCLASSE ROSIDAE

ORDEM EUPHORBIALES

Família Euphorbiaceae

A família inclui, aproximadamente, 290 gêneros e 7500 espécies cosmopolitas, a

maioria tropicais. Os maiores centros de dispersão são as Américas e África. No Brasil, 72

gêneros e em torno de 1100 spp.

Apresentam hábito diversificado - árvores, arbustos, ervas e trepadeiras. Há espécies

carnosas de hábito cactáceo próprio de regiões desérticas (folhas transformadas em

espinhos). Uma característica marcante da família é a presença de látex distribuído em todo

vegetal (caule, folhas e flores), na maioria das espécies; o gênero Phyllanthus não apresenta

látex.

As folhas são geralmente, alternas, raro opostas ou verticiladas, inteiras ou partidas.

As flores são sempre unissexuais, aclamídeas ou monoclamídeas, pouco vistosas;

plantas monóicas ou dióicas. Na flor feminina encontram-se os principais caracteres para

reconhecimento da família: ovário súpero, formado por 3 carpelos sincárpicos, salientes em

forma de " cocos" .

As inflorescências são variadas: racemos, espigas e panículas. A mais complexa é a

denominada ciátio, característica do gênero Euphorbia. Os ciátios dão a impressão de uma

flor individual, pois normalmente, estão rodeados por brácteas coloridas, petalóides. Este

tipo de inflorescência está composto de uma única flor central feminina, nua, rodeada de

flores masculinas também nuas, com um único estame cada, reunidas de 2-12, em cicínios.

As brácteas podem ser livres ou soldadas entre si e apresentam nectários (glândulas) verdes,

vermelhos ou amarelos (glândulas).

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O fruto tipo cápsula separa-se em três cocos (tricoca), os quais se abrem

posteriormente. Sementes ricas em endosperma, muitas vezes oleaginosas, com carúncula e

podem ser lançadas longe da planta matriz.

A importância econômica da família deve-se à produção de óleos, substâncias

medicinais, borracha, alimentos, espécies ornamentais e invasoras.

O gênero Manihot inclui árvores e arbustos com madeira mole, de folhas

palmatipartida, longipecioladas, distribuídas em 160 espécies originais da América tropical.

As duas espécies mais cultivadas sâo Manihot dulcis: aipim, mandioca mansa, mandioca

doce, apresenta cápsula áptera e M. esculenta: mandioca brava, mandioca amarga que

apresenta cápsula alada.

Ambas as espécies apresentam um sistema radicular fasciculado superficial

constituído de poucas raízes e das quais algumas se entumescem, transformando-se em

tuberosas. Estas são amargas ou doces, conforme o teor de ácido cianídrico, derivado do

glicosídeo cianogênico linamarina, que varia conforme a variedade e/ou cultivar (as mansas

até 10%, e as bravas até 30%) e também com as condições ambientais. Em solos férteis são

mais amargas. A secagem, fenação, cocção ou lavagem eliminam os princípios tóxicos.

A multiplicação é vegetativa através de pedaços de caule, as ramas ou manivas

(caule após a queda das folhas) contendo 2-3 gemas; sementes só para melhoramento.

É de grande importãncia econômica na alimentação como energético, com aplicação

na elaboração de farinhas, féculas, polvilho doce ou azedo, tapioca e sagu; na indústria,

dextrinas, colas, indústria de papel, tecidos, álcool, celulose, glicose e acetona; alimento

para animais: bovinos, suinos, caprinos e aves. Para o consumo humano de 8-15 meses e

indústrial de 18-24 meses. Na medicina popular a farinha é empregada contra desinterias e

diarréias. Uma colher de farinha diluída num copo de água e em jejum controla o

colesterol. Em forma de cataplasma aplica-se como emoliente e em inflamações.

- M. multifida e M. flabelifolia: mandioca brava, mandioca-do-mato. Arbustos

freqüentes na mata da Serra Geral do RS; não formam raízes tuberosas.

- Aleurites fordii: tungue. Árvore originária da China, caducifolia, com flores

branco-rosadas; os frutos produzem 3 sementes grandes carnosas, com alto teor de óleo; a

multiplicação é por sementes e estacas; usado na indústria de tintas, vernizes, encerados e

linóleos em substituição ao óleo de linhaça, porque seca mais rapidamente e é mais

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resistente à água; lubrificantes, isolamento de fios telefônicos, motores e dínamos; as

sementes são tóxicas, podendo causar desinteria e vômitos; ornamental e as tortas são

fertilizantes.

- A. moluccana: nogueira brasileira, nogueira-da-Índia; nogueira-de-iguapé. Árvore

de grande porte, perenifólia, originária do arquipélago Indomalaio; as folhas apresentam

nervuras e pecíolos cobertos de pêlos estrelados e vermelhos; multiplica-se por sementes e

estacas; o óleo das sementes, industrial e purgativo, possui as mesmas aplicações da espécie

anterior; das amêndoas extraem-se 60% de óleo graxo, considerado excelente lubrificante e

combustível, usado também na calafetação de embarcações; a madeira é branca de boa

qualidade podendo ser usada em marcenaria e carpintaria; a casca (tronco) tem emprego em

curtume, os vapores do óleo pode provocar lesões cutâneas de certa gravidade. É tóxica.

- Ricinus communis: mamona, carrapateira. Arbusto de até 2m, originária da África,

e frequentemente, encontrada no Brasil como ruderal. Não apresentam látex, há variedades

semiperenes e anuais; folhas alternas, digitado-lobadas, palminérveas; inflorescências com

flores monoclamídeas, pistiladas na metade superior e flores estaminadas na metade

inferior; fruto tricoca espinescente, com sementes contendo 35-55% de óleo; multiplicação

por sementes. Os caules fornecem celulose; o éleo de rícino tem múltiplas aplicações:

purgante; impermeabilizante de fitas isolantes, armas, revestimento de tecidos e couro;

lubrificantes para motores de avião; fabricação de vernizes, corantes, anilina e tintas;

fabricação de espumas e plásticos, cosméticos, nylon, aderentes, cola, desinfetantes,

germicidas e sabão; na medicina, como laxante. A torta é utilizada como adubo orgânico ou

ração.

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- Hevea brasiliensis: seringueira, árvore-da-borracha. Nativa da Amazônia, onde

também é cultivada. Árvore de até 45 m altura; folhas trifolioladas, caducas; pode durar

200 anos; ocorre nas margens de rios e nas áreas inundáveis de terra firme. Multiplicação

por sementes, enxerto e estaquia. Espécie que fornece a borracha de melhor qualidade, mas

com menor produção. O látex é extraído do tronco de árvores adultas, após incisões no

córtex, é recolhido dos recipientes, sofrendo um processo de coagulação, por defumação.

As bolotas assim obtidas são comercializadas. As sementes possuem 45-49% de óleo

secante e o tronco fornece madeira branca para obras leves.

- Simmondsia chinensis: jojoba. Arbusto nativo do México, perene que fornece óleo

(50 a 60% do peso da semente) usado para cosméticos, lubrificantes, produtos

farmacêuticos, plásticos, velas, etc. O óleo substitui o óleo de baleia.

O gênero Euphorbia apresenta inflorescência típica, o ciátio, protegida ou não por

brácteas; apresenta ao redor de 2300 espécies, distribuídas nas regiões tropicais e

temperadas do mundo inteiro, dentre as quais destacam-se:

- Euphorbia tirucalli: eufórbia, avelós, dedo-de-cão. Arborescente, dióico, áfila,

apresenta ramificação oposta ou verticilada; multiplica-se por ramos com extrema

facilidade; tem uso ornamental ou para cercas vivas; a madeira é usada para moirões,

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esteios e manufatura de brinquedos; tem látex muito cáustico e supõe-se que possa

provocar cegueira, também tem propriedades purgativas, antisifilíticas e serve para

eliminação de verrugas e para combater tumores cancerosos.

- Euphorbia pulcherrima: flor-de-papagaio, poinsétia, flor-de-páscoa, flor-de-nata.

Arbusto originário da América Central, caducifólio; flor protegida por grandes brácteas

vermelhas, brancas ou amarelas (mais raro); multiplicação por estacas; muito ornamental, o

látex é irritante para os olhos.

- Euphorbia heterophylla: leiteira, amendoin bravo, adeus Brasil, vinte e um, café-

do-diabo. Originária da América tropical, erva anual, invasora de verão, em potreiros e em

cultivos, de difícil controle; multiplica-se por sementes.

- Euphorbia cotinifolia: eufórbia, sangue de boi. Originária da América tropical;

arbusto ou arvoreta de folhas vermelho-escuro, bordô; multiplicação por ramos e sementes;

ornamental, tóxica.

- Euphorbia serpens e E. prostrata: quebra-pedra. Ervas anuais ou bianuais,

desenvolve-se entre as pedras do calçamento, hortas e jardins (ruderal); de coloração verde,

cinza ou arroxeadas; a segunda apresenta-se pubescente e as folhas tem bordo disperso-

serrilhado; multiplicam-se por sementes, são usadas erroneamente como plantas

medicinais.

- Euphorbia milii: coroa-de-cristo. Arbusto de até 1,20 m altura, originária de

Madagascar; caule de coloração acinzentada, com espinhos agudos; folhas pequenas

verdes; ciátio com brácteas vermelho-vivo; multiplicação por estacas de 10 cm; ornamental,

látex cáustico e irritante. Apresenta duas variedades: E. milii var. milii, mais ramificada e

com ramos finos e E. milii var. breoni, mais robusta, com caules mais grossos.

- Codiaeum variegatum: croton, códio. Arbusto ornamental com folhas variegadas

de amarelo, vermelho, rosa, verde, branco, etc, de fácíl multiplicação por galhos e

sementes; mais de 200 variedades.

- Sebastiania commersoniana: branquilho, branquinho. Árvore de grande porte;

tronco reto com manchas brancas estriadas; espinescentes, nativas do Cone Sul; multiplica-

se por sementes; comumente se apresenta sob forma de arbusto, devido à intensa

exploração para lenha e madeira.

- S. schottiana: sarandi. Arbusto comum à beira de rios, sangas e lagoas no RS.

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- Acalypha wilkesiana (acalifa), A. multicaulis (rabo-de-gato) e A. hispida (acalifa,

crista-de-peru): são ornamentais, pelas folhas variegadas, coloridas, e/ou flores.

- Breynia nivosa: felicidade, mil cores. Arbusto de folhas ovadas, manchadas de

branco, creme, vermelho e rosa; fácil multiplicação por sementes, galhos e raízes, o que a

torna comum em jardins; originária da Ásia requer pleno sol, sensível a geadas.

- Alchornea triplinervea: tanheiro, iricurana, folha-de-bolo, amora-do-mato. Árvore

nativa do RS e SC, de até 25 m de altura; perenifolia, copa ampla, folhas com três nervuras

proeminentes que saem da base da folha e, às vezes, com pontos semelhantes a pingo de

lacre na face ventral, madeira de qualidade inferior pouco resistente à umidade; nativa do

RS e SC; multiplica-se por sementes.

- Gymnanthes concolor: laranjeira do mato, pau rainha. Normalmente arvoreta,

podendo tornar-se árvore de grande porte; comum nas matas da América do Sul;

multiplica-se por sementes; ótima madeira para interiores e cabo de ferramenta.

- Phyllanthus niruri e P. tenellus: Quebra-pedras, erva-pombinha. Subarbustos

sulamericanos, perenes de folhas miúdas; multiplicação por sementes e estacas; invasoras,

na medicina popular utilizadas como diurético, cólicas renais e ácido úrico.

SUBCLASSE ROSIDAE

ORDEM SAPINDALES

Família Meliaceae

Compreende 51 gêneros e cerca de 1400 espécies, distrubuídas em ambos os

hemisférios, em áreas de clima tropical e subtropical

Árvores de grande porte, raramente arbustos.

Folhas compostas pinadas, bipinadas ou unifolioladas.

As flores são geralmente pequenas, porém reunidas numa panícula vistosa.

Fruto baga, drupa ou cápsula.

Caracterizam a família: tubo estaminal, estígmas discóides e sementes aladas.

EXEMPLOS:

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- Cedrela fissilis: cedro, cedro vermelho, cedro branco. É a espécie encontrada no

RS; madeira, ornamental e sombra; árvore decidual de 25 a 35 m de altura; folíolos com

domácias; floresce durante os meses de setembro até dezembro; os frutos amadurecem

depois da queda das folhas (julho a agosto); é uma das árvores de mais ampla dispersão no

sul do Brasil; espécie heliofita e, sobretudo, pioneira, grande adaptação e agressividade;

crescimento rápido em solos úmidos e profundos; multiplica-se por estacas de raíz e

sementes; tem excelente capacidade de pega se comparadas à outras espécies nativas; a

destilação da madeira produz óleo de cheiro desagradável com dois princípios: um

aromático e o outro medicinal; madeira uniforme, lisa, lustrosa, aromática de fácil manejo,

contendo substância que atua como inseticida natural; a casca do tronco é adstringente e

externamente é usada no combate a úlceras e feridas.

- Cabralea canjerana: canjerana, canharana. Árvore de grande porte e frutos

vermelhos com cerca de 4 cm de diâmetro; madeira de excelentes qualidades; crescimento

médio; sementes; apresenta duas épocas de floração: a principal (setembro e novembro) e

uma menos intensa (fevereiro a março); frutos maduros a partir de julho; germinação

excelente entre 13 a 15 dias após semeadura; esta deve ser feita logo após a colheita; mudas

muito pequenas são sensíveis ao frio; trata-se de uma das madeiras mais duráveis quando

expostas às intempéries e a constante umidade; madeira pesada e dura, fácil de trabalhar e

de aspecto agradável; por tudo isso é considerada uma das madeiras mais valiosas do sul do

Brasil; o emprego do cozimento das cascas combate a prisão de ventre, febres, dispepsias,

diarréias, feridas e doenças da pele, “cuidado no uso do chá”.

Estudos efetuados por Pennington & Styles ressaltam que há duas subespécies para

esta espécie: C. canjerana ssp. canjerana com distribuição mais expressiva na América

Latina (no RS só ocorre esta) e C. canjerana ssp. polytrichia restrita aos cerrados e campos

acima de 800 e 1300 m do Brasil Central.

- Swietenia macrophylla: mogno. Amazônia e América Central; árvore de valiosa

madeira; em vias de extinção no Brasil.

- Melia azedarach: cinamomo, paraiso, jasmim-de-soldado. Árvore de grande porte

e copa globosa, caducifólia, com as drupas persistindo por um tempo na árvore; floresce na

primavera, juntamente com o aparecimento das folhas; sementes e estaquia; Himalaia;

ornamental, sombra e madeira; flores ornamentais e melíferas; madeira flexivel, resistente

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de grã fina, fácil de trabalhar e lustrar própria para diversos usos em marcenaria e

carpintaria; os frutos são vermífugos e purgativos (maduros), eméticos e na India são

comidos em época de escassez de alimentos; whisky nos USA e vinho na China; caroço é

amuleto e contas de rosário; a casca da raíz é considerada catártica, vomitiva, tônica,

antihelmíntica, estimulante e febrífuga; a casca do tronco cozida combate doenças de pele e

para lavar feridas; os frutos são abortivos, também; as folhas são estomáquicas, febrífugas,

eméticas, antidiarréicas, antissifilíticas, emenagogas, insetífugas (por causa da

azedaractina) para pulgas, traças, moscas, caruncho do milho.

- Melia azedarach var. gigantea: cinamomo gigante. Árvore de maior porte do que a

var. típica e frutos maiores.

- Trichilia triphyllaria: catiguá. Nativo nas matas sul brasileiras.

- Trichilia elegans: pau-de-ervilha.

SUBCLASSE V ROSIDAE

ORDEM SAPINDALES

Família Rutaceae

O nome deriva de “ruta” = arruda. Ruta: gênero tipo. Cerca de 150 gêneros e 1600

espécies distribuídas nas regiões tropicais e subtropicais de ambos os hemisférios. No

Brasil, 29 gêneros e 182 espécies.

Plantas arbóreas, arbustivas, subarbustivs e herbáceas; espinhosas ou inermes. A

família é caraterizada principalmente pela presença de glândulas toleíferas com essências

aromáticas nas folhas, nas flores (sépalas e pétalas) e nos frutos (epicarpo).

Folhas simples (Citrus). Compostas trifolioladas (Poncirus) ou compostas pinadas

(Ruta); filotaxia em geral alternas, sem estípulas.

Flores hermafroditas, actinomorfas, solitárias ou em inflorescências diversas, de

coloração branca (Citrus, Poncirus, Fortunella), raramente rosadas (Citrus medica),

amarelas (Ruta graveolens), purpúreas (Pilocarpos pennatifolius) ou esverdeadas

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(Zanthoxylum rhoifolium). As sépalas e pétalas podem ser livres ou soldadas. Os estames

são livres ou irregularmente poliadelfos. Ovário súpero com um disco nectarífero

proeminente na base.

FÓRMULA FLORAL : k 4-5 C 4-5 A (8-n) G (4-10) ↑ * 4 – 15 locular, com n óvulos.

Frutos secos capsular (Ruta) ou baga (heperídeo) nos gêneros (Citrus, Poncirus e

Fortunella).

Propagação ocorre através de sementes, enxertia ou borbulhia.

O gênero Citrus é, economicamente, o mais importante. A baga (hesperídeo) pode

ser globosa, sub-globosa, deprimido-globosa, achatada, piriforme, etc. Com ou sem

umbigo; pericarpo amarelo, alaranjado, rugoso ou liso, contendo numerosas glândulas com

óleo essencial; mesocarpo branco e esponjoso; endocarpo formado por uma polpa

suculenta, doce ou ácida, constituída por numerosas células papiliformes que invadem o

lóculo envolvendo a semente. Árvores ou arbustos espinhosos ou não. Folhas alternas,

simples, pecíolo alado ou áptero e articulado com o limbo. Flores solitárias ou em racemos

corimbiformes curtos. Todas as espécies florescem na primavera; algumas variedades

cultivadas no verão. As laranjas constituem 75% da produção das espécies deste gênero. As

espécies são originadas provavelmente nos trópicos e subtrópicos da Ásia. Cultivadas nos

pomares da Babilônia e da Palestina (Oriente Médio) e daí para a Europa muito antes do

descobrimento do Brasil; foram os portugueses que trouxeram para cá em 1540 (Cananéia-

SP) e 1549 (litoral da Bahia), onde nos arredores de Salvador, provavelmente por mutação

da laranja-seleta, surgiu, antes de 1800 a laranja de umbigo (laranja baiana) e daí foi levada

para a Califórnia onde recebeu o nome de “Whashington Navel”, espalhando-se pelo

mundo inteiro. Os citros podem ser multiplicados através de sementes, mergulhia

(alporquia), enxertia e estaquia; o método mais utilizado é a enxertia. Do gênero Citrus

muitas espécies são classificadas entre as melhores e mais apreciadas frutas do mundo.

Conforme a espécie, utiliza-se a fruta fresca ou cristalizada, bem como em sucos, doce e

geléias; das folhas, brotos, flores e casca do fruto retira-se uma série de óleos aromáticos,

de alto valor na farmacopéia, em perfumaria e na indústria de cosméticos; algumas espécies

são usadas como porta-enxertos (Poncirus trifoliata).

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Todas as espécies de Citrus são perenifólias; a taxonomia de Citrus é confusa

devido às hibridizações, mutações e produções de formas com diferentes níveis de ploidia

que habitualmente ocorrem neste gênero. Swingle (1967) estabeleceu 16 espécies enquanto

Tanaca (1954) propôs 145 espécies e mais tarde 157; Hdgson (1961) 36 espécies.

- Citrus sinensis: laranjeira-doce, laranjeira comum. Árvore de pequeno porte ou

arbusto; As folhas apresentam pecíolos com alas medianamente estreitas. As laranjas mais

comuns pertencem a esta espécie, incluídas entre as cultivares Pera, Valência, Baianinha,

Imperial, Thompson Navel, Rubi, Natal, Laranja lima (= Laranja-do-céu), Baía (laranja-de-

umbigo), etc.; as folhas, flores, brotos e casca dos frutos fornecem óleos essênciais e

aromáticos para medicamentos e perfumaria; popularmente flor e folha sob a forma de chá

são sedativos e anti espasmódico; o fruto maduro, quando a planta está também com flor é

empregado contra a prisão-de-ventre; o mel da flor da laranjeira é reputado como de

excelentes virtudes; a sementes fornecem óleos; casca do fruto seca queimada lentamente

retira o mau cheiro da casa e repele mosquitos; o suco de laranjeira combate a papeira,

gengivite e o artritismo.

- Citrus aurantium: laranjeira azeda, laranjeira amarga. Árvore de porte mediano e

com espinhos; folhas com pecíolo pronunciadamente alado. O fruto é amargo e ácido, com

casca grossa, lisa ou rugosa, de cor laranja-avermelhada e polpa amarelada. Das flores

extrai-se o óleo de nerolí, muito usado em perfumaria; das sementes e dos frutos imaturos

prepara-se o “petit-grain”, também usado em perfumaria; a flor desta espécie é a que

apresenta melhores resultados terapêuticos. Usada também como porta enxerto.

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- Citrus limon: limoeiro, limão-siciliano. Arbustos com brotos novos avermelhados;

botões florais de cor purpúrea; folhas com pecíolo apenas marginado pelo limbo, sem alas.

O fruto apresenta um mamilo típico na região apical, é ácido com a polpa amarelo-pálida e

a casca grossa, levemente áspera e amarela quando o fruto está maduro. Terapeuticamente é

insubstituível e uma das frutas mais importantes, na prática caseira; o ácido cítrico, a

pectina, a limonina, o pineno, a filandrina, etc. são os princípios ativos que fazem deste

fruto um ótimo remédio contra: escorbuto, hemorragias, distúrbios estomacais e intestinais,

ácido úrico, arteriosclerose, nevralgias, hipertensão, obesidade, metabolismo basal alterado,

etc. O suco é anti-séptico e cicatrizante, afecções da boca e da garganta e é excelente para

lavar, limpar ferida provocada por mordida de cachorro; a forma de usá-lo depende da

finalidade da cura.

- Citrus latifolia: limão Taiti. O fruto é ácido com a polpa amarelo-esverdeada e

casca fina, de cor amarela, quando está maduro. Em geral, sem sementes.

- Citrus limonia: limão cravo, limão bergamota. O fruto é ácido e com muito suco;

polpa laranja-forte e casca fina de cor alaranjada quando maduro. Folhas e frutos produzem

os princípios ativos: citral, citronelal, felandreno, d-limoneno, vitaminas B1, C e óleos

essenciais.

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- Citrus aurantifolia: limão-galego. Folhas apresentam pecíolo com alas estreitas.

Os botões florais e as flores já abertas são brancos, como os de C. latifolia e C. limonia. O

fruto é pequeno, com muito suco e ácido, com polpa esverdeada e casca fina, amarelo-

esverdeada quando maduro.

- Citrus deliciosa: bergamota, mexerica. Fruto de forma globosa-achatada, com a

casca livre, de espessura fina, com rede de fibras. É a segunda espécie de Citrus mais

cultivada no mundo; Japão 90%; as variedades são classificadas pela cor e aderência da

casca, textura da casca, teor de açúcar, etc.; da casca do fruto se extrai óleo essencial

empregado em perfumes, balas, bebidas, licores e para eliminar manchas de pele.

- Citrus reticulata: tangerina-poncã. Folhas com pecíolos só marginados pelo limbo

ou muito estreitamente alados. O fruto é globoso, achatado, com a casca livre, facilmente

destacável, de espessura média, apresentando uma rede irregular de fibras brancas.

- Citrus limettioides: lima. Arbusto de copa sub-globosa, aberta, ramos com

pequenos espinhos; folhas finamente crenadas; fruto com cor de um limão, polpa doce e

casca lisa; folhas, flores e casca dos frutos da limeira produzem óleos essenciais de

aplicação na farmácia e perfumaria.

- Citrus paradise: pomelo, grape-fruits. Árvore de porte mediano; tem pouca

aceitação no Brasil; frutos de 10-15 cm de diâmetro, casaca cor amarelo-limão.

- Citrus maxima: toronja, pomelo (EEUU). Sem muito valor comercial; pericarpo

extremamente rugoso.

- Citrus medica: cidra. Árvore ou arbusto espinhoso com frutos de 10-15 cm de

diâmetro, geralmente rugosos, mamelonados, piriformes e casca amarelo-limão; há var. de

polpa doce (Corsa) e polpa ácida (Diamante); utiliza-se a casca para doces, água de cidra,

medicamentos, etc.; foi a primeira fruta cítrica a ser conhecida pela civilização ocidental.

Há variedades que surgiram do cruzamento de bergamoteira X laranjeira comum e

encontradas no comércio com os nomes de murgote (murcote), temple, tangerona, kara e

king.

- Fortunella margarita e F. japonica: kunkuate, chin-chin, laranjeira-de-jardim,

laranjeira japonesa. Pequenos arbustos de copa globosa, inermes, folhas simples e verde-

escuro; fruto ovóide, globoso ou elipsóide de 2, 5-3, 5 cm de comprimento, alaranjado e de

polpa ácida; sudeste da China; enxerto; ornamental ou frutífera.

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- Poncirus trifoliata: laranjeira trevo, citranja, poncirus. Arbusto espinescente,

muito ramificado, caducifólio; folhas com 3 foliolos; flores solitárias ou geminadas; fruto

até 5cm de diâmetro e densamente pubérulo de cor amarela; nordeste da China; muito

utilizada para porta-enxerto; sementes; muito resistente ao frio; utiliza-se para cercas vivas;

floresce na primavera.

- Murraya paniculata: murta. Árvore ou arbusto perenifólio, copa muito densa e

escura, o que lhe confere propriedades para cercas vivas de porte alto ou nidificação de

várias espécies de pássaros; Oceania e Ásia; sementes e de fácil multiplicação.

- Ruta chalepensis: arruda. Arbusto de 1-1,5m de altura, muito ramificado; folhas

verde claro (cinza); flores amarelo-esverdeadas com pétalas laciniadas na margem; Bacia

do Mediterrâneo; possui um forte cheiro e peculiar que a torna inconfundível; sementes e

galhos; ornamental, medicinal, aromática e mística. Chamada de “arruda macho”.

Estimulante, emenagoga, combate verminoses, reumatismo, paralisias, gases intestinais;

chá das folhas combate piolho; para uso interno o emprego da arruda deve ser muito

cauteloso por se tratar de planta muito energética em seus efeitos; ramos frescos em locais

de ratos, afugenta-os.

- Ruta graveolens: arruda, arruda fêmea. Arbusto menor, distinguindo da anterior

porque apresenta o bordo das pétalas inteiro ou denteado. Mesmas finalidades da espécie

anterior.

- Balfourodendron riedelianum: guatambú, pau-marfim. Árvore de grande porte,

tronco reto, ótima madeira de lei; cápsula com 4 asas bem características; sementes;

floresce em fins da primavera e frutifica em maio-junho; crescimento lento; nativo no

RS;vindo desde MG; sementes germinam ao redor de 40 dias da semeadura.

- Helietta apiculata: canela-de-veado. Árvore de crescimento lento, até 20 m em

capoeirões ou matas secundárias; folhas opostas e trifoliadas; madeira branca com várias

utilidades no meio rural; sementes; fruto é uma sâmara tetra-alada; ornamental; sul do

Brasil, Paraguai e Missiones (Argentina); floresce na primavera e frutos no verão e outono.

O gênero Zanthoxylum possui em torno de 200 espécies nas regiões tropicais e

subtropicais, normalmente denominadas de “mamica-de-cadela” devido à presença de

acúleos no caule. No RS, ao redor de oito espécies, sendo as mais comuns:

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- Zanthoxylum hiemale: coentrilho, tembetarú. Árvore comum nos matos do RS,

com forte cheiro de percevejo, madeira amarela e dura; sementes; quando isolada em lugar

aberto forma um arbusto de copa globosa.

- Z. rhoifolia: mamica-de-cadela, mamica-de-porca. Árvore de grande porte, acúleos

retos e robustos no caule; nervuras centrais com espinhos retos e amarelos; sementes;

crescimento médio; nativa das matas sul-brasileiras; madeira e lenha; casca das raízes e

caule uso interno como adstringente, estimulante, anti-febril, tônica, carminativa,

antiespasmódica e em dor de dente.

- Pilocarpus pennatifolius: jaborandi, cutia. Árvore perenifólia; encontrada nas

matas do Alto Uruguai e Depressão Central; multiplicação por sementes; a casca do tronco

possui “pilocarpina” de larga aplicação médica; popularmente é diurética, diaforética,

sialogoga e tem ação sudorífera; ornamental para jardins e praças por causa das folhas e

vistosas inflorescências; floresce ao longo do ano (não tem época definida).

SUBCLASSE ROSIDAE

ORDEM APIALES

Família Apiaceae (Umbelliferae)

O nome alternativo da família deriva de umbela que é a inflorescência predominante

nas espécies.

Encerra em torno de 400 gêneros e 3000 espécies de regiões temperadas e frias do

hemisfério norte. O Brasil tem poucos representantes.

Muitas espécies contêm substâncias aromáticas e condutos excretores esquizógenos

cheios de essências que lhes conferem um cheiro característico.

São plantas predominantemente herbáceas anuais ou perenes, que não atingem

grande porte.

Caules são ôcos ou maciços, com óleo e essências voláteis conforme a espécie.

As raízes são pivotantes, maciças ou fistulosas; às vezes tornam-se grossas e

suculentas pelo acúmulo de reservas.

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As folhas são simples ou compostas e dotadas de ócrea, alternas e com grande

quantidade de substâncias aromáticas.

As flores são pequenas, mas em inflorescências conspícuas - Umbela simples ou

composta ou em glomérulos densos (Eryngium).

Fruto seco do tipo diaquênio, esquizocárpico, ficando os mericarpos sustentados, ou

não, pelo carpóforo. A estrutura dos frutos é importante para o reconhecimento das espécies

a fim de se saber quais são as verdadeiras e diferenciá-las daquelas utilizadas para falsificá-

las.

- Daucus carota: cenoura. São ervas bianuais, mas podem amadurecer num ciclo

continuo, as folhas pinadas formam roseta na primeira estação de crescimento e o caule

aparece na 2 estação (fase) de onde parte o escapo floral, que tem ao redor de 90 cm de

altura, e é portador de várias umbelas compostas que são planas ou convexas na floração e

profundamante côncavas na frutificação. Originárias da Euroásia, as espécies são cultivadas

a mais de 2000 anos; a colheita é feita em 70 a 120 dias após a semeadura e 35 a 40 T/Ha

de produtividade; multiplica-se por sementes; a raíz suculenta é rica em vitamina A, além

de magnésio, ferro, cálcio, potássio e fósforo; da raiz é extraido óleo pela alta dosagem de

carotenos para bronzeadores, cremes, cicatrizantes e emolientes; é uma planta melífera, e

um excelente alimento para animais aumentando-lhes a lactação e a resistência.

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- Petroselinum crispum: salsa. Originária de regiões rochosas da bacia do

Mediterrâneo; multiplica-se por sementes; hortaliça folhosa condimentar muito apreciada,

as variedades mais cultivadas são a Lisa Preferida e a Graúda Portuguesa, ambas de folhas

lisas, de cor verde brilhante; produz de 500 a 1000 kg/Ha; 6kg de salsa fresca produz 500g

de salsa desidratada; ótima fonte de vitamina C; a raíz é diurética; as folhas têm

propriedades anti-hemorrágicas, antianêmicas, antigalactagogas, anti-escorbéticas, anti-

reumáticas, carminativas, para tratamentos pulmonares e de pele (acne, edemas, absessos,

picada de insetos), e inflamações dos olhos; as sementes tem 3-6 % de óleo conhecido

como “apiol verde” ou “cânfora de salsa”, por conter apiol e pineno , sendo muito tóxica e

portanto de uso muito criterioso. Apresentam as seguintes variedades - P. crispum var.

vulgare: salsa lisa comum; P. crispum var. latifolium: salsa de Napoles; P.crispum var.

filicinum: salsa norteamericana; P. crispum var. tuberosum: salsa de raíz e P. crispum var.

crispum: salsa crespa, salsa francesa.

- Foeniculum vulgare: funcho. Originário do Mediterrâneo, já era conhecido como

especiaria pelos egípicios, chineses e indus; planta perene com caule meduloso ou fistuloso;

folhas finamente pinadas; flores amarelas em densas umbelas compostas; sementes

oblongas; multiplica-se por sementes e rizomas. Existem três variedades - F. vulgare var.

capillacum: funcho (caules medulosos); e F. vulgare var. dulce: funcho, funcho da axônia

(caules fistulosos), estas fornecem frutos ricos em óleos voláteis de multiplas aplicações em

perfumaria, farmácia, confeitaria, licores, etc; F. vulgare var. azoricum: funcho de horta

(caules fistulosos) desta se consome a base carnosa das folhas sob a forma de saladas.

Todas são de florescimento estival, secando-se até o nível do solo no inverno; no final do

inverno e início da primavera rebrotam de rizomas. O funcho, independente da variedade.

Tem as seguintes aplicações: sementes-condimento, panificaçãp, digestivas, estomáquicas,

estimulantes, carminativas, vômito e diarréia, as raízes são diuréticas e contra afecções das

vias urinárias, contém 50 a 60 % de anetol.

- Apium leptophyllum: aipo bravo, aipo-do-campo, aipo do Rio Grande. Erva anual

de 20 a 80 cm de altura; folhas filiformes, semelhantes ao funcho; espontânea desde o Rio

de Janeiro até o RS; multiplica-se por sementes; as sementes são usadas como

aromatizantes; o chá da planta inteira e seca estimula a digestão, é diurética; quando cozida

é empregada para lavar feridas, não deve ser usada no estado verde por suspeitar-se tóxica.

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- Apium graveolens var. dulce : aipo. Originário da Europa, Norte da África e Ásia

Menor; em estado silvestre é uma planta exuberante que produz um suco acre e venenoso;

pode comportar-se como anual ou bianual; a raíz é carnosa e folhas compostas, os pecíolos

são grossos e suculentos (é a parte comercial); multiplica-se por sementes; contém alto teor

de vitamina ; as sementes fornecem aromatizantes; é diurético, carminativo, depurativo,

recomendado como alimento àqueles que sofrem de artrite, reumatismo ou ácido úrico e

problemas do fígado; as raízes são tônicas. É pouco consumida pelos brasileiros

- Pimpinella anisum: erva doce, anis. É uma das primeiras plantas aromáticas

mencionadas em documentos escritos, muito conhecida dos hebreus, gregos e romanos,

sendo muito estimadas na idade média em virtude de suas propriedades medicinais.

Originária do nordeste da África e Ásia Menor; erva anual, apresenta ao redor de 60 cm de

altura, com acentuada heterofilia: folhas basais inteiras, as medianas trilobuladas e as

superiores trífidas; flores brancas; sementes ovóide-oblongas; muito cultivada na Europa,

India e México, multiplica-se por sementes; é medicinal e produz o anisete, confundida

com o funcho; é aromático e marcadamente doce; produz de 600 a 1000 kg de sementes

secas/Ha; o óleo de anis (essência) é usado em confeitaria, licoreria e aromatizante de

medicamentos; as sementes são estimulantes da digestão e da lactação, tem propriedades

antiespasmódicas, carminativas, diuréticas e expectorantes.

- Cuminum cyminum: cominho. Erva anual de 10 a 40 cm de altura, para alguns,

originária do alto Egito e Etiópia e, para outros, do Turquestão, no sul da Rússia; frutos

dotados de 4 costelas longitudinais com numerosos espinhos divergentes; multiplica-se por

sementes; planta aromática, medicinal e industrial; as sementes com 2 a 4% de óleo

essencial são utilizadas com finalidades aromáticas, na fabricação de licores, queijos, pães,

preparo de carnes e salsichas, tem propriedades emenagogas, carminativas e contra males

estomacais.

- Coriandrum sativum: coentro. Erva anual, originária da Europa Meridional e da

Ásia; as sementes contém de 0,5 a 1% de óleo essencial amarelado, pode produzir 1 a 2

T/Ha de sementes; multiplica-se por sementes. É cultivada em todas as regiões de clima

temperado para as seguintes finalidades: folhas tenras para temperar sopas e saladas, as

sementes moidas em pães, tortas, assados, etc.; condimento importante da culinária

brasileira, na industria de perfumes, licores, cervejas e em medicamentos; é usado na

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138

medicina popular como carminativo, estomáquico e estimulante das funções gástricas e

intestinais.

O gênero Eryngium encerra muitas espécies de ervas campestres conhecidas

vulgarmente pelo nome de “caraguatá” ou “gravatá”, lembram, no seu aspecto vagetativo,

as Bromeliáceas; possuem em torno de 200 spp, são cosmopolitas nas regiões mais quentes

do mundo, exceto na Ásia e África tropical, mais de 100 spp são indígenas no Hemisfério

ocidental, com uma maior concentração no Brasil Central e Sul, Paraguai, Argentina

Central e do Norte; são perenes; multiplicam-se por sementes ou xilopódios; são invasoras

e algumas espécies tem potencial ornamental. As espécies mais comuns são - Eryngium

horridum, frequente nos campos secos, E. ciliatum, E. pandanifolium, em banhados, E.

bonariensis (margaridão do banhado), E. paniculatum e E. nudicaule.

- Hydrocotyle bonarienseis: erva-capitão. Nativa do Cone Sul, Bolívia, Peru até o

Sul dos EUA; planta herbácea, rasteira, folhas peltadas, arredondadas, de ampla amplitude

ecológica; multiplica-se por sementes e rizomas; é invasora, a raíz é diurética e

desobstruente do fígado, porém é emética em doses fortes, a infusão das folhas combate

sardas e outras manchas da pele.

- H. leucocephala: erva-capitão. Nativa, muito semelhante à espécie anterior, difere

pelo habitat, lugares sombrios, interior de mata, e pelas folhas não peltadas.

- Centella asiatica: centela, cairuçu-asiático. Originária de Madagáscar; erva

rasteira, perene; folhas fasciculadas nos nós; cosmopolita e ruderal, tem asiaticosídeo que

age como cicatrizante; principalmente das folhas obtem-se cremes e pomadas para a pele,

combatem a celulite e estimulam o metabolismo das gorduras.

SUBCLASSE ASTERIDAE

ORDEM SOLANALES

Família Solanacaeae

O nome deriva do tipo Solanum, que vem de “solare” = aliviar, pela presença de

inúmeros alcalóides empregados pela medicina.

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139

Apresenta aproximadamente 90 gêneros e ao redor de 3000 espécies distribuídas

em todo o mundo, sendo abundantes na Américas, os maiores centros de dispersão estão na

Austrália, América Central e Sul, são amplamente distribuídas nas regiões tropicais e

subtropicais e, menos frequentes nas regiões temperadas.

Plantas de hábito, predominantemente, herbáceo e arbustivo, poucas árvores e cipós;

apresentam-se espinhosas ou inermes, com ramificações extra-axilares.

As folhas são alternas, simples, inteiras ou partidas muito variáveis quanto à forma;

com ou sem estípulas.

Flores completas, relativamente grandes, vistosas ou pequenas, geralmente,

pentâmeras para perianto e androceu. Os estames podem ser inclusos na corola ou exsertos,

anteras livres ou coniventes, poricidas (Solanum) ou rimosas. Disco nectarífero presente na

base do ovário, que se apresenta geralmente bicarpelar, bilocular e multiovulado.

FÓRMULA FLORAL : K (4-6) C (4-6) A 4-6 G (2) *

Fruto tipo baga ou cápsula sempre com muitas sementes.

Sua importância econômica varia entre alimentícia (tubérculos: batata-inglesa,

frutos: tomate, beringela, jiló); medicinal e/ou tóxica, pela presença de inúmeros alcalóides

(solanina, solasodina em Solanum spp., capsina em Capsicum spp., nicotina em Nicotiana

tabacum, atropina,hiosciamina e escopolamina em Atropa belladona); invasoras (joá, mata-

cavalo, maria-pretinha e ornamentais (petúnias, manacá).

O gênero Solanum apresenta anteras grandes, coniventes, amarelas e poricidas, com

filetes curtos; com ou sem espinhos; frutos imaturos tóxicos, cuja toxidez diminui com a

maturação dos mesmos. De hábito variado, ramificaçãoi extra-axilar, principalmente

americanas. Não se sabe quando o processo de domesticação das espécies menos tóxicas

começou. Destacam-se as espécies:

- Solanum tuberosum: batata, batatinha. Erva perene, anual somente sob cultivo,

originária da região andina (Peru, Bolívia, Chile e Colômbia). Foi introduzida na Europa

em torno de 1580, e constitui-se na base alimentar de vários países europeus. Apresenta

folhas simples, pinatissectas, flores brancas, amarelas ou violáceas. Os rizomas são

engrossados, originando os tubérculos, que podem apresentar coloração branca, amarela ou

rosada. Na sua composição encontra-se 78% de água, 18% de açúcares e amido e 2% de

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140

proteínas; multiplicação por sementes somente para cruzamentos e no cultivo por ¨batata

semente¨, planta autógama. O solo para cultivo não deve ter texturas extremas, arenosas ou

argilosas. A batata para consumo deve ser colhida quando a parte aérea estiver totalmente

seca.

Os tubérculos, quando expostos ao sol, realizam fotossíntese tornando-se

esverdeados e aumentando o teor do alcalóide solanina, tóxico ao homem. É alimento de

fácil digestão, na medicina popular os tubérculos são empregados para curar leucorréia,

queimaduras, eritemas solares, tosse, inflamação das vias urinárias, úlcera estomacal,

gastrite, é detergente, colírio.

- Solanum melongena: beringela. Erva anual ou perene de curta duração, sub-

lenhosa, de 40 a 90 cm de altura; rica em antocianinas, as quais conferem ao fruto a

coloração púrpura-escuro, podendo também ser branco, amarelo ou estriado.

Floresce e frutifica no verão e outono, a multiplicação faz-se por sementes. É

sensível ao frio e às geadas.

Os cultivares podem ser diferenciados pela forma dos frutos, esféricos ou

alongados, pela precocidade e pelo vigor da planta.

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141

Na Índia, local de origem, é um importante produto da dieta e consumida numa

enorme variabilidade de modos e também usada como planta medicinal, tido como

diurética, o fruto é pouco nutritivo, o consumo exagerado desta hortaliça poderá provocar

afecções na laringe

- Solanum gilo: jiló. Seus frutos são menores que os da beringela, são

comercializados verdes tem sabor amargo, internamente semelhantes ao desta espécie,

quando maduros são vermelhos, manchados de escuro.

- Solanum sysimbrifolium: joá, mata-cavalo. Arbusto espinescente nos ramos e

folhas, estas muito recortadas; flores brancas; frutos maduros vermelhos; é nativa, invasora

de cultivos; a raiz, folhas e brotes são empregadas nas infecções hepáticas e urinárias, as

folhas são emolientes e sedativas, folhas cozidas combatem metrites, vaginites e doenças de

pele; multiplica-se por sementes.

- Solanum americanum: erva moura, maria preta, maria pretinha. Erva anual até 1m

de altura com inflorescências em umbela e extra-axilares; frutos verdes são tóxicos, frutos

maduros comestíveis (pimenta-de-passariho); invasora podendo uma só planta produzir 178

mil sementes, que germinam logo após a maturação ou pode permanecer durante 8 anos no

solo; é planta medicinal sob forma de macerado, cataplasma ou decoto contra furúnculos,

eczemas, queimaduras, sedativa, afrodisíaca, expectorante, depurativa e para o fígado;

nativa das Américas, multiplica-se por sementes.

- Solanum paniculatum: jurubeba, jurubeba verdadeira. Arbusto até 3m de altura,

dotado de espinhos robustos (base larga) e curvos para baixo, caule e folhas revestidos por

pêlos curtos e densos; fortemente bicolores, grandes, inteiras ou lobadas (5 a 7 lóbulos), às

vezes, com espinhos retos sobre a nervura, encontra-se desde o Ceará até o RS; muito

conhecida como planta medicinal para doenças do fígado em geral (afecções hepáticas,

ictiricía, cólicas hepáticas, inflamações do baço, etc), colagoga e colerética, as raízes são

amargas (aumenta o apetite), tônicas e contra a hepatite; usam-se folhas, raízes e frutos, tida

como antifebril e antianêmica, as folhas são cicatrizantes de feridas. Esta espécie se

confunde com S. fastigiatum que ocorre mais freqüentemente em nosso estado; diferença

prática: em S. fastigiatum os espinhos são finos e retos.

- Solanum viarum; mata-cavalo. Nativa, frutos maduros amarelos. Na Rússia e Índia

é cultivada para obtenção de glicoalcalóides esteroidais, fonte de hormônios.

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142

- Solanum auriculatum: fumo-bravo. Arbusto alto de folhas grandes, acinzentadas,

com aurículas desenvolvidas; nativa.

- Nicotiana tabacum: fumo, tabaco. Erva anual sob cultivo, de até 1,5 m de altura,

cultivada em várias regiões tropicais e subtropicais do mundo; provavelmente, originária

das regiões baixas dos Andes; as folhas são inteiras e amplexicaules, glandulosas; as flores

são branco-rosadas; o fruto capsular contém inúmeras sementes diminutas (1 grama tem em

média 10 mil sementes); fornece o fumo comercial e o charuto, a planta fornece nicotina,

celulose, ácido cítrico e as sementes óleo secante.

As espécies de Nicotiana foram encontradas nas Américas, Austrália e algumas

ilhas do Pacífico Sul. Por causa de seus efeitos intoxicantes (nicotina), cerca de 10 espécies

eram empregadas pelos aborígenes com propósitos ritualísticos, medicinais e, talvez,

hedonísticos.

- N. rustica. É semelhante à espécie anterior, da qual difere pelas folhas pecioladas;

utilizada para fabricação de fumo (de menor qualidade), produção de nicotina e ácido

cítrico; origem provável: Andes.

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143

- Lycopersicon esculentum: tomateiro. Todas as espécies de Lycopersicon, desde o

México até o norte do Chile, já eram cultivadas e bastante homogêneas quando a

descoberta na América; o tomateiro é uma das 8 a 10 espécies do gênero intimamente

relacionadas, todas estas espécies são nativas do oeste da América do Sul, da Bolívia e do

Peru, teriam passado até o México, sede provável de sua adaptação, evolução e

domesticação; o nome tomate deriva de “tomatl” palavra náuatle falada pelos astecas do sul

do México.

É uma erva ereta ou prostrada, comportando-se como anual em cultivo; ramos com

pêlos glandulares; as folhas são simples, pinatissectas; flores amarelas, voltadas para baixo,

em cimeiras; os cinco estames se dispõem de tal forma (anteras soldadas no ápice), que

favorece a autogamia e dificulta a polinização cruzada; fruto baga tem 2-10 lóculos e

podem ter sementes ou não (frutos/variedades “apirenas”), é rico em vitaminas e sais

minerais, contendo 95% de água. A multiplicação é feita através de sementes.

A seleção de cultivares visa, além de plantas adaptadas e produtivas, frutos com

formas que facilitem o transporte, resistentes ao manuseio e armazenamento, e finalidade,

se para mesa, ou industrialização. As cultivares estão reunidas em grupos: Santa Cruz, que

inclui tomates do tipo paulista ( com 2 lóculos), e grupo salada, que inclui tomates do tipo

gaúcho (com numerosos lóculos). As variedades mais cultivadas sâo: - L. esculentum var.

cerasiforme: tomate cereja. É o tipo cultivado mais antigo. Frutos 2-3 cm de diâmetro,

reunidos em inflorescências plurifloras, que no final da maturaçãoformam “pencas”

vermelho-vivo; - L. esculentum var. validum (typica): frutos grandes, deprimidos e sulcos

proeminentes; - L. esculentum var. commune: frutos subglobosos de 7 a 9 cm de diâmetro e

desprovidos de sulcos ou marcas laterais; plantas fortes e lignificadas; L. esculentum var.

grandifolium: folhas grandes e planas; são as maiores folhas comparadas com as folhas das

demais variedades e com até 5 folíolos inteiros; - L. esculentum var. pyriforme pertencem

as cvs. denominadas “tomate paulista” ou “tomate pera”, com frutos piriformes de cor

vermelha-escarlate e de 3 a 4 cm de diâmetro.

O gênero Capsicum encerra aproximadamente 25 espécies nativas das Américas

(Central e Sul). Os espanhóis e portugueses imaginavam em encontrar aqui, Piper nigrum,

a pimenta preta, e encontraram nossas pimentas que são mais ardidas do que aquela. Em

1542 já se cultivavam espécies de pimentas do gênero Capsicum na Índia, levadas da

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América do Sul. São aceitos como caracteres típicos do gênero: filete glabro e tenro, fruto

brilhante e com ardume, corola rotada e sub-rotada. O ardume, tão importante no comércio

como na taxonomia, é resultante da ação dos alcalóides capsaicina e capsina, contido na

placenta dos frutos e liberada quando se cortam estes. As espécies do gênero são plantas

herbáceas, anuais em climas temperados e perenes em climas mais quentes. Apresentam

frutos ricos em vitamina C, nas espécies doces e A nas espécies pungentes; além de serem

usadas na alimentação são ainda empregadas na medicina e algumas tem valor ornamental.

Multiplicam-se por sementes. Cinco espécies são aceitas como cultivadas:

- Capsicum annuum: pimentões. É a espécie mais cultivada do gênero, tendo como

centro de diversidade o México e América Central; usos: pó de pimentão verde é

flavorizante, pó de pimentão maduro contém capsantina, capsorubina e criptocapsina que

são os principais pigmentos para a industrialização da “páprica”; o fruto combate a prisão

de ventre, dispepsias, descongestionante nas hemorróides; na homeopatia é usado contra o

reumatismo, nevralgias, otites médias e faringite. As principais variedades são: C. annuum

var. grossum tem frutos largos e C. annuum var. longum tem frutos alongados; os frutos

tem baixo teor de capsina e são de coloração verde, amarela ou vermelha; multiplicação por

sementes. C. annuum var conoides é a pimenta–de-jardim, com frutos eretos, pequenos e

vermelhos, ornamental.

- Capsicum frutescens: pimenta malagueta, incluindo as malaguetinhas e os

malaguetões Os frutos de coloração vermelha possuem altos teores de capsina; originária da

América do Sul (Peru); é a espécie que apresenta a menor variabilidade daquelas cultivadas

no Brasil; planta vigorosa, bastante ramificada, frutos de coloração vermelha de 1,5 a 3,5

cm de comprimento e 0,3 a 0,5 cm de diâmetro; são muito picantes, são usadas na

alimentação, processamento de conservas e embutidos; não toleram frio.

- Capsicum baccatum: pimenta dedo-de-moça, chifre-de-veado; originária da

Bolívia e Peru; são pimentas mais suaves e o processo de murchamento dos frutos pós-

colheita é menos intenso que a malagueta (C. frutecens).

O maior valor e a importância de pimentas e pimentões baseia-se nas propriedades

melhoradoras de sabor, aroma e cor de vários alimentos, tais como propriedades

flavorizantes (aromáticas e pungência), corantes, preservativas e antimicrobianas. Quase

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todas as pimentas têm propriedades carminativas, estimulantes e digestivas, atuam contra

hidropsia, diarréia, gota e dores de dente.

- Brugmansia candida (=Datura arborea): cartucheira, floripôndio, trombeteira,

dama-da-noite. Arbusto de ampla copa, folhas inteiras, vilosas e fétidas, solitárias, de 20 a

30 cm de comprimento, cálice fendido lateralmente, corola branca com dentes de 30 mm de

comprimento e anteras livres de 22 a 23 mm, nativa do Peru, multiplica-se por galhos,

estacas e sementes.

- Brugmansia suaveolens (=Datura suaveolens): cartucheira, floripôndio,

trombeteira, dama-da-noite. Arbusto com as mesmas características vegetativas da anterior

e da qual se diferencia por cálice inteiro pentalobulado, corola branca ou rosada, dentes da

corola de 10 a 15 mm de comprimento, anteras coniventes de 25 a35 mm de comprimento e

frutifica mais raramente do que a espécie anterior. Nativa da América do Sul, no Brasil

aparece desde MG até o RS, em várzeas, beira de córregos, terrenos baldios, orla de matas,

valas, proximidades de habitações, multiplica-se por galhos, estacas e sementes, ambas as

espécies são cultivadas como plantas ornamentais e empregadas na medicina popular como

calmante, são plantas muito venenosas, não se aconselha usá-las como medicinal.

As espécies do gênero Datura contêm atropina, hiociamina, escopolamina e outros

alcalóides correlacionados. Estes são encontrados em várias partes da planta, as folhas são

fumadas para reduzir a dor, a aflição e a angústia, as sementes em alguns locais são

empregadas em métodos convencionais e tradicionais de crimes por ervas venenosas, a

dose obtida apenas de uma semente ou uma simples baforada de fumaça pode produzir

reações violentas, a dose letal é muito pequena, o viciado em Datura deve ter o mesmo

tratamento que aqueles viciados em outras drogas.

- Datura stramonium: estramônio, figueira-do-inferno, erva-do-diabo. Erva anual,

cápsula espinescente, originária da Ásia e multiplica-se por sementes.

- Brunfelsia uniflora: primavera, manacá, jasmim-do-paraguai, cravo-de-negro.

Arbusto ou arvoreta muito ramificada e copa densa arredondada; flores solitárias, mas em

grande número na extremidade dos ramos, perfumada de coloração violeta e depois

brancas; nativa desde o Pará até o RS, Argentina e Paraguai; multiplica-se por sementes e

ramos (com certa dificuldade); as raízes são medicinais contra o reumatismo, diuréticas,

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purgativas e emenagogas, aconselha-se o uso externo desta planta por ser venenosa em

doses altas.

- Cyphomandra betacea: tomateiro francês, tomateiro arbóreo, bago-de-veado,

orelha-de-tigre. Arbusto de folhas grandes pilosas e base cordada; fruto elipóide do

tamanho de um ovo de galinha, pendente, roxo-avermelhado, perfumado e comestível, sua

possível origem na Colômbia, mas também na Amazônia; multiplica-se por sementes; as

folhas aquecidas são usadas como cataplasma em dores musculares.

O gênero Cestrum é composto por 150 a 250 espécies arbustivas e arbóreas na

América tropical, folhas nauseabundas ao macerá-las, algumas espécies são ornamentais,

outras são tóxicas ou sem uso determinado.

- Cestrum nocturnum: dama-da-noite. Arbusto ornamental e tóxico (ataca o sistema

nervoso), suas flores são muito perfumadas e abrem a noite.

O gênero Petunia encerra cerca de 30 espécies originárias da América do Sul e são

muito usadas como plantas ornamentais, destacando-se Petunia hybrida que compreende

uma série de variedades de flores de diversas cores e corolas até 10 cm de diâmetro, de

flores simples ou dobradas ou corolas de mais de uma cor. P. violacea é a espécie nativa

mais comum no estado, apresenta flores de lilás a roxo, muito ornamental.

- Atropa belladonna: beladona. A planta toda, mas, principalmente os frutos contêm

os alcalóides atropina, hiosciamina e escopolamina usados na medicina para dilatar a

pupila, conjuntivites e sedativo, porém são muito tóxicas e a dose terapêutica e letal são

muito próximas.

Algumas espécies do gênero Nierenbergia são tóxicas e levam o nome vulgar de

linho-do-mato, Nierenbergia wigthii é, comprovadamente, tóxica em nossa região.

SUBCLASSE ASTERIDAE

ORDEM RUBIALES

Família Rubiaceae

O nome provém de “rubia” = a ruiva, planta que fornecia tinta para tingir.

Apresenta um número aproximado de 450 gêneros e ao redor de 7000 espécies, a

maioria de distribuição tropical e subtropical, outras de zonas temperadas.

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Plantas de hábito muito variado, árvores, arbustos e ervas, glabras, pubescentes ou

tomentosas.

Folhas opostas, decussadas, verticiladas, sempre com estípulas interpeciolares, às

vezes as estípulas são concrescidas com o caule ou são soldadas entre si.

Flores hermafroditas, actinomorfas, 4,5,6 meras, ovário ínfero, 1 a 2 carpelos,

bilocular com 1, 2 ou muitos óvulos por lóculo, fruto cápsula ou drupa.

FÓRMULA FLORAL: K (4,5,6) C (4,5,6) A G (2) ↓ *

As espécies distribuem-se em duas subfamílias: Cinchonoideae e Rubioideae.

Subfamília Cinchonoideae: apresenta muitos óvulos por lóculo.

- Cinchona calisaya: quina amarela, quina. Árvore perenifólia da América do Sul

que fornece quinino para controle de febre amarela; a droga é retirada da raiz e do tronco

(casca); multiplica-se por sementes.

- Randia armata: limoeiro-do-mato, jasmim-do-mato. Arvoreta encontrada nas

matas tropicais e subtropicais da América; nativa no sul do Brasil. Flores brancas muito

perfumadas e espinhos curtos opostos na axila das folhas; fruto amarelo, ovalado de 4 a 5

cm de comprimento que, apesar de ser do tipo baga, tem um epicarpo duro; frutos

provocam distúrbios nervosos; folhas e raízes são usados contra a blenorragia; multiplicam-

se por sementes que germinam em 45 a 50 dias.

- Cephalanthus glabratus: sarandi, sarandi-vermelho. Arbusto nativo à beira de rios

e riachos sul brasileiros, Paraguai, Argentina e Uruguai; possui capítulos brancos e

esféricos; folhas verticiladas em número de 3 a 4 por nó, tem saponinas, taninos e oxidases;

as folhas são indicadas para combater o diabetes, é um ótimo diurético; multiplica-se por

sementes, estacas ou por divisão da touceira.

- Gardenia angusta: jasmim, jasmim-do-cabo. Arbusto ornamental de flores brancas

enormes e perfume forte no fim de inverno e primavera; folhas verdes brilhantes; planta

rústica; multiplica-se por sementes, ramos ou mergulhia.

- Genipa americana: genipapo. Árvore do Brasil tropical, estendendo-se da

Venezuela até o Nordeste da Argentina; a raiz é purgativa; as folhas são antidiarréicas e

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adstringentes; o fruto imaturo é antisifilítico; o fruto maduro é comestível, refrescante,

usado para licores e doces; multiplica-se por sementes.

Subfamília Rubioideae: apresenta apenas um óvulo por carpelo.

- Cephaelis ipecacuanha: ipecacuanha. Erva rastejante de raízes grossas que é a

parte medicinal desta espécie; espontânea em diversos estados do Brasil, especialmente em

Mato Grosso, Rondônia e Bahia; as raízes encerram emetina e cefelina; é emética e

expectorante em doses fracas; multiplica-se por sementes, pedaços de raízes e folhas (solo

úmido).

As espécies dos gêneros Borreria, Diodia e Richardia encerram várias plantas

conhecidas como poáia, sabugueiro, sabugueirinho.

- Borreria verticilata: poáia, poáia preta, poáia miuda. Erva perene ou ereta de

pequeno porte, originárias da América do Sul e Central; a raiz é emética; as folhas são

antidiarréicas; multiplica-se por sementes e pedaços com raiz; eventual invasora.

- Borreria centranthoides: sabugueirinho-do-campo. Erva perene originária dos

campos do sul do Brasil e, possivelmente do Uruguai e Argentina; com xilopódio; a parte

aérea morre no inverno; popularmente usada para doenças nos rins.

- Borreria fastigiata e B. equisetoides: baicurú, guaicuru, sabugueirinho-do-campo.

Erva campestre e perene, encontrada nos campos secos do sul do Brasil; com grande

xilopódio avermelhado; a parte aérea morre anualmente; empregado para doenças do

aparelho genital feminino principalmente ovários.

- Richardia brasiliensis: poáia branca,mata pasto, poáia graúda. Natural da América

do Sul; planta prostrada, perene, com grande vigor vegetativo; em lavouras comporta-se

como planta anual; a raiz é emética, multiplica-se por sementes.

- Ixora coccinea: hortência japonesa, ixora. Arbusto ornamental, natural do sudeste

da Ásia; flores alaranjadas ou vermelhas em corimbos vistosos; floresce quase todo o ano;

multiplica-se por ramos.

- Guettarda uruguensis: veludinho, veludeiro, jasmim-do-uruguai. Nativa do sul do

Brasil, Uruguai e Argentina; arbusto ou arvoreta com pubescência nas folhas e frutos;

frutos de coloração preta comestíveis e muito procurados pelos pássaros.

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- Coffea arabica: cafeeiro, cafezeiro. Arbusto perenifólio de até 5m de altura; folhas

opostas, brilhantes, bordo ondulado, verde escuras; flores em cimeiras compactas axilares

brancas ou róseas; fruto de 1,5 cm de diâmetro, originária das regiões tropicais da Ásia e da

África. A Etiópia é ainda o “centro primário” de diversidade da cultura. As folhas eram

mastigadas para aliviar a dor, dissipar o cansaço e a fome; o hábito de beber café foi

desenvolvido na Arábia no século XV. Em 1706, chega uma planta ao Jardim Botânico de

Amsterdam; algumas sementes desta planta foram levadas de Paris para a Martinica e daí

para a América do Sul (Brasil, 1723). Outra introdução foi material francês levado para o

Caribe e, daí para a América do Sul; quando o fruto está completamente maduro recebe o

nome de “cereja” e a semente de “coco”; é a bebida estimulante - cafeína - para os nervos,

músculos, cérebro, rins e coração; os frutos maduros e crus combatem o diabetes e a gota;

tem fraca ação diurética; as folhas sob a forma de banho combatem os resfriados e o

reumatismo, a bebida favorece a digestão e acelera a circulação; as sementes submetidas à

torrefação desenvolvem ácido empireumático de cor parda que lhes confere o aroma

peculiar e o paladar, os quais provêm da decomposição do clorogenato de potássio e de

parte da cafeína; é o óleo essencial “cafeona” o princípio excitante do sistema nervoso e de

suas propriedades antissépticas; o café combate febres intermitentes, a tifóide, hemorragia

cerebral, a embriaguês, asma, diarréia crônica, etc. É excelente antídoto da morfina e o ópio

assim como todos os demais alcalóides; o pó é usado como cicatrizante e adubo;

ornamental e melífera, fornecendo grande quantidade de néctar; multiplica-se por sementes

e por enxertia.

SUBCLASSE ASTERIDAE

ORDEM ASTERALES

Família Asteraceae (=Compositae)

É uma das maiores famílias entre as Magnoliophyta, com cerca de 1.400 gêneros e

ao redor de 25.000 espécies distribuídas em todo o mundo; no Brasil, mais ou menos 180

gêneros; é mais conhecida como Compositae. O nome Compositae é devido às

inflorescências compostas de muitas flores sobre um receptáculo comum, denominado

capítulo.

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Apresenta todos os hábitos vegetativos, mas predomina o hábito herbáceo e, raramente, o

arbóreo; suas espécies invadiram, com sucesso, todos os tipos de habitats, sendo muito

abundantes nas regiões áridas.

Sistema radicular variado: fasciculado, rizomatoso, xilopódio, bulbos, pivotante.

Folhas na grande maioria são alternas ou rosuladas (radiais), raros casos verticiladas

ou opostas, às vezes expandidas na base em bainha ou aurícula (Trixis, Senecio, etc.).

A inflorescência é sempre do tipo capítulo de uma ou muitas flores assentadas sobre

um receptáculo comum que pode ser plano, convexo ou côncavo e rodeado de brácteas

involucrais (filárias), dispostas em uma ou mais séries. Biologicamente, o capítulo funciona

como uma flor simples o que sempre confunde o leigo; as flores podem ser andróginas ou

unissexuais.

O cálice é pouco desenvolvido, sendo aderente ao tubo corolínico; é pouco aparente

durante a ântese e, muitas vezes, desenvolve-se depois da fecundação e persiste na maioria

das vezes no ápice do fruto sob a forma de pêlos, cerdas, espinhos ou escamas, variáveis

por seu número, forma e tamanho conforme a espécie; este tipo de cálice denomina-se de

“papus”; às vezes pode não existir. A corola é gamopétala, pentâmera com os seguintes

tipos: tubulosa, filiforme, bilabiada e ligulada (característica das flores unissexuais

femininas ou neutras e das flores hermafroditas). Os estames são epipétalos e sinânteros,

em número de cinco; as anteras são introrsas. O gineceu é formado por dois carpelos

unidos, unilocular, uniovular e ovário ínfero, o estígma é bífido e a superfície fértil está na

parte interna ou lateral da bifurcação.

As compostas são em sua grande maioria protândricas; a polinização predominante

é a entomófila; poucas são anemófilas (Xanthium) e ornitófila; poliploidia e hibridização

são freqüentes em muitos gêneros; a maioria é autoestéril; apomixia em 16 gêneros e

gêneros de dispersão muito ampla (Taraxacum, Erigeron, Artemisia) têm espécies

apomíticas.

O fruto é do tipo aquênio.

Incluem espécies importantes economicamente:

Hortaliças: alface, chicória, radite, alcachofra, etc.

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151

Medicinais: marcela, guaco, camomila, carquejas, estévia, infalivina, língua-de-vaca,

losna, alcachofra, etc.

Ornamentais: gérbera, margarida, crisântemo, dálias, cravo-de-defunto, etc.

Oleífera: girassol

Inseticidas: piretro, losna

Tóxicas e invasoras: alecrim-do-campo, mata-pasto, mio-mio, maria-mole, picão preto,

roseta, carrapicho, etc.

Apícolas: erva-lanceta, maria-mole, girassol, carquejas, cambará-do-mato

As espécies estão agrupadas em duas subfamílias: Cichorioideae (Lactucoideae)

e Asteroideae.

Subfamília Cichorioideae: Espécies geralmente com látex e o capítulo constituído apenas

de flores liguladas (capítulos isomorfos).

- Lactuca sativa: alface. Este é um gênero com mais ou menos 100 spp.

Euroasiática. Tem dois estádios de desenvolvimento: 1- formação de folhas (cabeça); 2-

formação da inflorescência. É latescente, de flores azuis. É a hortaliça mais popular; boa

fonte de vitamina A e regular de B1 e C; indicada para pessoas excessivamente nervosas,

usada contra insônia, reumatismo, vertigens; também é ótima forrageira; multiplica-se por

sementes; colheita 70-90 dias após a semeadura. Quando inicia o florescimento o teor de

látex aumenta, causando um sabor amargo.

- Cichorium intybus: almeirão, radiche, chicória amarga. Erva anual, bianual ou

perene consumida como salada; folhas rosuladas basilares de onde parte o caule que

originará a inflorescência de capítulos azuis; em horticultura há duas formas cultivadas:

uma para produção de raízes que se consomem depois de cozidas ou para torrar e fazer o

“café de chicória” (USA, Espanha e França), e a outra que se consomem as folhas; as folhas

e raízes têm propriedades laxantes, digestivas, tônicas e depurativas; multiplica-se por

sementes; a produção inicia-se 50-80 dias após a semeadura.

- Cichorium endivia: chicória, chicória doce, endivia, escarola. Erva européia, anual

ou bianual; são numerosas as var. hortículas, mas apenas duas se sobressaem: C. endivia

var. crispa, com folhas crespas e recortadas, e a C. endivia var. latifolia com folhas lisas,

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denteadas e onduladas, sendo esta a de maior aceitação comercial; multiplicam-se por

sementes e a colheita ocorre após 70-90 dias após a semeadura.

- Taraxacum officinale: dente-de-leão. Erva perene, raíz pivotante, folhas rosuladas,

capítulos com flores amarelo-ouro que surgem no inverno; invasora, ruderal, medicinal e

apículaz; folhas, raiz e flores são medicinais, antiescorbútica, depurativa, estimulante da

digestão, laxante, tônica e contra doenças de pele; multiplica-se por sementes.

- Sonchus oleraceus: serralha, serralha lisa. Erva anual, pode atingir até 1,50 m de

altura, glabra, verde-acizentada, latescente; capítulos de flores amarelas que surgem a partir

do inverno; invasora (sementes tem poder germinativo de 9 a10 anos); ruderal e medicinal;

as folhas são comestíveis sob forma de salada; na forma de chá são estimulantes das

funções hepáticas, diuréticas, depurativa, digestiva; o látex é usado contra a “tinha”

(micose); originário da Bacia do Mediterrâneo, hoje naturalizada em vários países.

- Sonchus asper: serralha crespa. Erva semelhante à espécie anterior, da qual se

difere por apresentar as folhas com os bordos fortemente denteados espinescentes e

ramifica-se excepcionalmente.

- Hieracium commersonii: radiche-do-mato, radiche bravo. Erva perene com folhas

rosuladas e talo de até 80 cm de altura; capítulos em número pequeno e flores amarelas que

surgem no inverno; folhas usadas em saladas; multiplica-se por sementes e raízes; natural

da América do Sul.

Subfamília Asteroideae: Espécies raramente com látex. Apresentam capítulos com

flores iguais ou diferentes (capítulos heteromorfos): flores do disco com corola tubulosa

(nunca liguladas) e as do raio com corola ligulada ou flores do disco bilabiadas e flores do

raio filiformes e liguladas. Os capítulos também podem ser isomorfos (flores iguais entre

si) apresentando apenas flores tubulosas ou bilabiadas.

- Cynara scolymus: alcachofra. Erva perene de coloração cinza, de até 1,50 m de

altura, folhas rosuladas grandes e folhas caulinares menores; hortaliça da qual se ocupam os

capítulos imaturos ou os pecíolos; há quem a considere “rainha das flores comestíveis”

porque a parte comestível são as brácteas e os botões florais carnosos e consistentes,

sobrepostos parcialmente, aderidas ao receptáculo, também carnoso. Os capítulos são

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colhidos semanas antes da maturação das flores. As folhas são empregadas como diuréticas,

doenças do fígado e para aumentar a ação antitóxica do organismo. Originária da Bacia do

Mediterrâneo e das Ilhas Canárias e introduzida nas Américas pelos colonizadores

franceses e espanhóis; multiplica-se por sementes (não é aconselhável), e por perfilhos com

algumas raízes que nascem na base e em torno da planta matriz.

- Hellianthus annuus: girasol. Erva anual, caule pouco ramificado, terminando em

enorme inflorescência amarela, a semente é usada, diretamente, na alimentação do homem

e animais domésticos; seu principal uso é na extração de óleos e o resíduo para torta; as

sementes dão 40% de farelo e 20% de casca que pode servir de combustível, cama de aves

e indústrias de compensado; cultura de verão com ciclo de 100 a 120 dias, as sementes

torradas substituem o café; os ramos mais tenros, as folhas e as sementes são usadas contra

distúrbios nervosos, doenças do estômago e chagas ulcerosas; originária da América do

Norte; multiplica-se por sementes.

- Chrysanthemum cinerariaefolium: piretro, piretro-da-dalmácia. Erva perene,

utilizada para a produção de inseticidas biodegradáveis e inócuos para homens e animais

superiores; é a espécie mais tóxica do gênero; cultura de verão, preferindo climas secos,

quentes e grande luminosidade; o teor de piretrina aumenta à medida que as inflorescências

crescem até a plena polinização e, este alcalóide, tem ação tóxica por 6 dias; originária da

Península dos Balcãs – Costa do Mar Adriático e Yugoslávia; multiplica-se por sementes e

mudas obtidas pela divisão da touceira.

- Chrysanthemum leucanthemum: margarida, mal-me-quer.

- Achyrocline satureioides: macela, marcela. Erva perene com capítulos amarelo-

dourado; o extrato das flores apresenta atividade antibacteriana, antiespasmódica,

antinflamatória, analgésica e sedativa. Popularmente é usada como digestiva, carminativa,

colagoga, emenagoga, baixa o colesterol, no uso externo é antinflamatória e antisséptica;

usa-se travesseiros de macela para controle de cefaléias, não usar chá muito forte. Nativo da

região sudeste subtropical e temperada da América do Sul. Multiplica-se por sementes.

- Matricaria chamomila: camomila, maçanilha. Erva anual de até 50 cm de altura,

folhas pinadas, capítulos amarelos; é considerada a planta medicinal mais comum com

grande consumo no mundo; nativa da Europa e adventícia no Brasil; colhe-se quando as

inflorescências estão totalmente abertas e são usadas como sedativo, antinflamatória,

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antialérgica, analgésica, cólicas estomacais e intestinais, contra assaduras, emenagoga,

externamente é usada na forma de compressas, banhos e pomadas contra doenças de pele,

cicatrizante e queimaduras; na cosmetologia para shampoos, loções, sabonetes, etc.;

multiplica-se por sementes.

- Arthemisia absinthium: losna, absinto, erva-dos-vermes. Subarbusto prateado com

folhas pinatissectas; colerética, colagoga, emenagoga, diurética, vermífuga, febrífuga e

carminativa; usada no preparo de bebidas amargas e na indústria de alimentos como

flavorizante (neste caso o óleo não pode ter tujona), usado na preparação do “licor de

absinto”, condenado em vários países; seus efeitos seriam similares aos da maconha;

crianças, gestantes e lactantes não devem usá-las; seu uso prolongado ou em altas doses

deve ser evitado por causa da tujona. Nativo da Eurásia, multiplica-se por sementes, galhos,

estacas e divisão da touceira.

- Artemisia vulgaris: artemisia, erva-de-são joão, absinto selvagem. Erva perene,

aromática, caules purpúreos, de até 1,50 m de altura, folhas verde escuro na face superior e

prateada na inferior; folhas e flores são usadas como tônicas, calmante, digestiva,

antiespasmódica, vermífuga; floresce no verão. Nativo do Mediterrâneo; multiplica-se por

divisão da touceira, deve-se ter cuidado com o uso desta planta.

- Artemisia verlotorum: infalivina, olina, erva-de-são-vicente. Erva perene

rizomatosa de até 1 m de altura, capítulos rosados e corola sem glândulas e folhas basais

pinatissectas e as superiores inteiras; medicinal e invasora; multiplica-se por sementes,

rizomas e perfilhos; nativo da Ásia.

- Achillea millefolium: mil-folhas, mil-ramas. Erva perene, rizomatosa, estolonífera

de até 60 cm de altura, folhas profundamente pinatissectas; as extremidades floríferas são

usadas como estimulante, carminativas, febrífuga, antiespasmódica, antinflamatória,

diurética, hemostática; externamente usada em queimaduras, úlceras, feridas, hemorróides,

gastrites crônicas, reumatismo e celulite. Em altas doses podem provocar dores de cabeça e

vertigens. Nativa da Europa; multiplica-se por sementes e rizomas.

- Pluchea sagittalis: lucera, erva-da-lucera, falso quitoco. Erva perene de caule

alado, folhas lanceoladas glandulosas pubescentes com forte cheiro devido aos princípios

amargos e aromáticos; é usada em problemas estomacais e hepáticos. Nativo da América do

Sul; multiplicam-se por sementes e divisão da touceira.

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- Mikania laevigata: guaco. Trepadeira volúvel, perene, folhas brilhantes e de base

obtusa, pode atingir até 15cm de comprimento e 7 cm de largura, carnoso-coriáceas, as

folhas são usadas como expectorante, antiasmático, antigripal febrífugo, sudorífico,

antireumático e contra picadas de inseto; esta é a espécie mais conhecida e mais abundante

no RS ; melífera; multiplica-se por galhos e estacas.

- Vernonia brevifolia e V. nudiflora: alecrim-do-campo. Ervas perenes, cespitosas,

com xilopódio, capítulos cor de vinho tinto, folhas estreitas semelhantes às de Rosmarinus

officinale; invasora; encontra-se nas formações campestres do sul do Brasil, Uruguai e

Paraguai; multiplica-se por sementes e xilopódio.

- Vernonia polyanthes: assa-peixe, cambará branco, mata-campo. Arbusto de até 3

m de altura, caule pubescente, acizentado, é uma planta daninha em pastagens com grande

capacidade de infestação, cresce também à beira de estradas, caminhos, terrenos baldios,

etc. As folhas têm ação balsâmica, expectorante e hemostática, também são diuréticas; é

encontrado desde a Bahia até o RS; pasto melífero; multiplica-se por sementes e rizomas.

- Vernonia discolor: vassourão preto, pau-toucinho. Árvore de até 15 m de altura e

50 cm de diâmetro que floresce na primavera; o tronco apresenta casca cinza-escuro que

quando cortada oxida e torna-se preta; é encontrada en zona de Araucária; a madeira é

usada na fabricação de caixas, aglomerados, tamancos, etc. Propicia ambiente para

crescimento de essências mais nobres; multiplica-se por sementes.

- Baccharis articulata: carquejinha, carqueja doce, carqueja branca. Erva com caule

verde claro e bialado.

- Baccharis trimera: carqueja, carqueja amarga, carqueja-de-coruja. Erva com caule

verde forte e trialado.

Ambas as espécies são subarbustos nativos do sul do Brasil, Paraguai, Uruguai e

Argentina; são plantas que apresentam os caules alados muito característico, sem folhas na

fase adulta. A parte aérea é usada como digestivo, diurético, tônico, antifebril, estimulante

do sistema hepático, no Paraguai é usada contra hipertensão, multiplica-se por divisão da

touceira e por sementes.

- Baccharis coridifolia: mio-mio. Erva perene com raízes muito fibrosas e

abundantes o que confere resistência à planta ao calor e à seca; é mais tóxica quando

finaliza a frutificação (março/maio); mantêm-se sempre verde; a planta em floração é 4

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vezes mais tóxica, possui alcalóides: roridina A e E, aparentemente produzidas por um

fungo do gênero Myrothecium, mais uma resina, bacarina e óleo essencial; toxidade: cavalo

300g, ovino 40g; é encontrada no sul do Brasil, Uruguai, Paraguai e Argentina; multiplica-

se por sementes e divisão da touceira.

- Baccharis dracunculifolia: vassoura, vassourão. Subarbustos que formam extensos

vassourais após a quebra da estrutura primária da vegetação em diversas regiões do RS;

multiplica-se por sementes.

- Senecio brasiliensis: maria mole, flor das almas. Erva perene; floresce no inverno

ou primavera; comum em vários ambientes (exceção os palustres); planta tóxica e melífera;

encontrada no sul e leste do Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai.

- Elephantopus mollis: suçuaiá, erva-grossa, língua-de-vaca, fumo-do-mato. Erva

perene de folhas rosuladas, grandes, ásperas e inflorescência de até 90 cm de altura;

daninha ou ruderal, encontrada em clareiras ou caminhos de mata. As folhas e raízes são

usadas como tônicas, antifebris e sudoríferas, o suco das folhas é usado contra cálculos

renais, elimina catarro pulmonar e elefantíase. Nativa de Cuba, Baixa Califórnia, América

tropical até o sul do Brasil e Norte da Argentina. Multiplica-se por sementes.

- Orthopappus angustifolius: língua-de-vaca, suçuaiá-açú. Encontrado desde Cuba,

México, América Central, Antilhas até o Norte da Argentina e Sul do Brasil; ruderal;

multiplica-se por sementes.

- Chaptalia nutans: língua-de-vaca, arnica-do-mato, costa-branca. Erva perene,

acaule, folhas rosuladas; comum na vegetação secundária, em áreas alteradas, beira de

caminhos, gramados, roças, etc; encontrada desde o México até o Rio Prata; as folhas

aquecidas são usadas sobre tumores, nas têmporas contra dores de cabeça e enxaquecas e

para provocar o sono; decoto para lavar feridas, úlceras e tumores; internamente é tônica; a

raiz é usada contra febre, tosse, bronquite, doenças de pele.

- Stevia rebaudiana: erva-doce, estévia. Erva perene; produz um açúcar

(esteviosídeo) 300 vezes mais potente que o açúcar de cana; é um produto que não possui

calorias, não provoca cáries, obesidade, doenças do coração; ela satisfaz a necessidade

psicológica do açúcar; aproveitam-se as folhas; é uma planta cultivada no Paraná, nativa do

Paraguai. Multiplica-se por sementes e divisão da touceira.

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- Bidens pilosa: picão, picão-preto. Erva anual; é uma das mais problemáticas

invasoras de cultivos; é também planta medicinal: as folhas são usadas como estimulante e

nos males do fígado, as raízes são cicatrizantes e bactericidas. As sementes permanecem

viáveis no solo por 5 a 6 anos. Nativa da América Tropical, hoje é encontrada em cerca de

45 países; multiplica-se por sementes.

- Galinsoga parviflora: picão-branco, fazendeiro. Ervas anuais, encontradas em

culturas e beira de caminhos; as folhas são usadas para lavar feridas e é antiescorbútica.

Nativa da América do Sul, porém hoje é encontrada em vários países subtropicais.

- Xanthium cavanillesii: carrapicho grande, abrojo. Erva anual invasora, as plantulas

contém glicosídeo tóxico para equinos, suínos, ovinos e bovinos. As folhas são

adstringentes, resolutivas, amargas, usadas para lavar feridas e tumores; nativa da América

do Sul; multiplica-se por sementes.

- Xanthium spinosum: carrapicho-de-carneiro, carrapicho-de-santa helena. Erva

anual, ereta, toda espinhenta de até 1m de altura; invasora de pastagens cultivadas, próximo

a casas, currais, potreiros, raro em lavouras anuais. As folhas são diuréticas, emolientes,

sudoríficas. As raízes são usadas para lavar feridas; é uma planta tóxica, devido as

saponinas e um alcalóide, que atuam sobre o sistema nervoso; é cosmopolita; multiplica-se

por sementes.

- Pterocaulon polystachium: quitoco, doce-amargo. Erva perene com até 1 m de

altura, fortemente aromática; as folhas são usadas contra intoxicação hepática, estomáquica

(eupéptica), bactericida e para lavar feridas. Nativa da América do Sul. Multiplica-se por

sementes e xilopódios.

- Stenachaenium campestres: arnica, arnica-do-campo. Erva perene rizomatosa com

folhas rosuladas, aromáticas; as folhas são usadas para lavar feridas, em compressas para

batidas ou luxações, dores musculares, ação analgésica. Encontrada nos campos do sul do

Brasil, Uruguai e Argentina.

- Soliva pterosperma: roseta. Erva anual, capítulos sésseis, frutos espinescentes,

tornando-se indesejáveis em gramados e campos esportivos. Surgem no inverno e finalizam

o ciclo em fins da primavera; nativo da América do Sul; multiplica-se por sementes.

- Solidago chilensis: erva lanceta, arnica silvestre, rabo-de-foguete. Erva perene,

rizomatosa, capítulos em cimeiras paniculóide de flores amarelo forte; invasora, ruderal,

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pasto melífero e medicinal para uso externo como cicatrizante e distúrbios gastrointestinais,

tem sido usada como ornamental , deve-se ter cuidado com o uso desta planta. Pode ser

encontrada no Centro Sul do Brasil, Uruguai, Argentina, Paraguai e Chile; multiplica-se por

sementes e rizomas.

- Tanacetum vulgare: catinga-de-mulata, erva lombrigueira. Erva perene

rizomatosa, aromática; é uma planta tônica e amarga; chá das folhas e inflorescências

contra vermes; externamente a infusão no álcool é empregada para dores nas articulações e

músculos; nativa da Europa; multiplica-se por sementes, divisão da touceira e rizomas.

- Aster squamatus: erva pelada, zé-da-silva. Erva perene com até 1,50 m de altura,

glabra, densamente folhosa, porém áfila no final do ciclo vegetativo e caule de coloração

arroxeada; antidiarréica; nativa da América do Sul.

- Tagetes minuta: cravo-de-defunto, cinchila. Erva anual com até 2 m de altura,

folhas palmatipartidas com glândulas oleíferas em todo o corpo vegetativo, conferindo-lhe

um cheiro forte e característico; invasora e ruderal; as folhas são usadas como anti-

elmíntica, aperiente, laxativa, em tosses, reumatismo articular, etc.; afugenta insetos; as

raízes liberam polietilenos que matam os nematóides. Nativa do México; multiplica-se por

sementes.

- Tagetes erecta: cravo-de-defunto. Erva semelhante a anterior, inclusiva nos usos.

Nativa do México; multiplica-se por sementes.

CLASSE LILIOPSIDA (MONOCOTYLEDONEAE)

CARACTERÍSTICAS GERAIS:

São incluídas aqui as Angiospermas que desenvolvem apenas uma folha cotiledonar

no embrião da semente e que é de origem terminal. Esta folha não emerge do solo no

momento da germinação, mas permanece dentro da semente, transferindo a energia do

endosperma para a nova planta. A raíz embrionária é efêmera e logo após a germinação é

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substituída por um feixe de raízes fasciculadas permanentes. O gênero Zea é uma exceção

no qual permanece a raíz primária (embrionária). O caule possui vários vasos líbero-

lenhosos independentes (irregulares) e mais ou menos numerosos não só no princípio do

seu crescimento, mas, também, durante toda sua vida. O caule não aumenta de diâmetro

pois, a ausência de câmbio impossibilita o crescimento secundário em diâmetro como nas

dicotiledôneas. Predominam caules herbáceos; as palmáceas, as agaváceas, as bambusáceas

têm caules lenhosos. O caule pode ser cilíndrico ou trígono, às vezes articulado em nós

sólidos e entrenós ocos. As folhas são simples, inteiras, raras compostas e a nervação é

paralelinérvea; geralmente não têm articulações e nem estípulas; várias gramíneas e

palmáceas oferecem exceções. As flores são tipicamente trímeras embora às vezes o

número de estames se reduza para menos de 3; comumente há perigônio de 2 verticilos; as

peças do perigônio podem faltar por aborto ou por redução.

SUBCLASSE COMMELINIDAE

ORDEM CYPERALES

Família Poaceae (=Gramineae)

Deriva de "gramen" - plantas semelhantes à grama. Família de distribuição

cosmopolita, encerrando ao redor de 600 gêneros e cerca de 10.000 espécies. No RS

ocorrem 110 gêneros com mais ou menos 500 espécies. Os indivíduos apresentam-se, quase

sempre, em massas compactas o que, em muitos lugares, confere uma característica própria

à fisionomia da paisagem, a qual recebe o nome conforme o país. Assim tem-se "campos"

no Brasil, "praderas" nos países latinos de fala espanhola, "prairie" nos EUA; "velvet" na

África, etc.

Tanto a estrutura floral quanto a vegetativa são altamente especializadas, tornando

fácil seu reconhecimento.

Com exceção das Bambuseae, todos os demais representantes têm caule herbáceo,

articulados em nós e entre-nós bem característicos. O caule é do tipo colmo com estrutura

variável conforme a espécie; eretos, decumbentes, rasteiros ou subterrâneos, que conferem

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às espécies, hábitos cespitoso, prostrado, estolonífero ou rizomatoso; comumente

apresentam o fenômeno de "perfilhamento" muito importante na multiplicação das espécies

e de grande interesse agrícola. O perfilhamento pode ser intravaginal quando o ramo

desenvolve-se no interior da bainha, emergindo pelo colo da mesma ou extravaginal

quando o ramo perfura a bainha emergindo pela fenda formada na base da bainha.

Folhas com limbo, lígula e bainha e pode haver formação de aurículas na parte

superior da bainha.

A flor apresenta um perigônio formado por 3 verticilos de 2 peças que se reúnem

em 1º grau para formar a inflorescência denominada “espigueta". Esta pode estar formada

por 1 a 50 flores, algumas das quais podem não ser funcionais. Constituição da espigueta:

ráquila, 2 glumas e flor em número variado conforme a espécie, que pode ser unissexual,

hermafrodita ou neutra. A flor está formada de "lodículas", "androceu" e "gineceu".

Apresentam brácteas: a “lema” e a “pálea”, que protegem o androceu e o gineceu, podem

ser férteis ou estéreis. A lema é a mais externa, monoquilhada, pode apresentar "arista"

(espigueta aristada), e quando não a tem denomina-se espigueta "mútica", passando este

termo a integrar ou classificar a cultivar ou variedade; a pálea é biquilhada e cobre total ou

parcialmente a pálea; o conjunto formado por lema e pálea denomina-se de "antécio" que

pode estar ou não protegido pelas 2 brácteas da espigueta, denominadas “glumas I e II”; o

androceu é formado por 3 estames na maioria das espécies, com filetes longos e tênues, o

que facilita a anemofilia; excepcionalmente podem ocorrer 1,2,6 ou mais estames.

O fruto é do tipo cariopse, podendo as brácteas, lema e pálea, ficarem aderidas ou não a ele,

conforme a espécie.

As gramíneas constituem um dos principais grupos de plantas utilizadas como

forrageiras e inúmeras espécies de aplicação industrial e, ainda, algumas poucas medicinais.

A sistemática desta família prende-se a quatro peculiaridades básicas:

1 - Tipo e constituição da inflorescência;

2 - Constituição da espigueta: no de flores, tamanho das peças do perigônio e nervura

destas peças, presença ou não de aristas, etc.;

3 - Modalidade de perfilhamento: extravaginal ou intravaginal;

4 - Ponto de articulação (ponto de quebra) do antécio: acima ou abaixo das glumas I e II.

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Gênero Oryza

Este gênero apresenta panícula contraída ou laxa formada por espiguetas unifloras; flor

hermafrodita com 6 estames, plantas herbáceas anuais ou perenes, palustres ou não, de

climas tropicais e subtropicais.

- Oryza sativa ssp. japonica var. sativa: a esta espécie pertencem todas as

variedades e cultivares utilizadas no mundo inteiro. O arroz é o cereal de maior área de

cultivo no mundo, e o número de suas variedades excede ao de todos os outros cereais

reunidos. A sua importância se deve ao papel que desempenha como alimento básico de

uma grande parte da população mundo, especialmente na Ásia. A origem é, até agora, uma

questão muito discutida. Sabe-se que é uma cultura antiquíssima e os documentos revelam

a sua existência há mais de 5000 anos na China. Em quase todos os países da Ásia

encontra-se referência ao arroz desde épocas remotíssimas, quer na lenda, quer na religião.

É uma planta herbácea, com raízes cotiledonares efêmeras; após a germinação e o

aparecimento das primeiras folhas começa a formar-se o sistema radicular definitivo que é

o do tipo fascicular, podendo apresentar raízes adventícias nos nós da base do colmo. As

raízes não alcançam grandes profundidades, limitando-se a crescer nas camadas do solo de

melhor estrutura. O caule do arroz é reto, ôco, cilíndrico, com nós maciços. O comprimento

depende da variedade estando entre 0,60 a 1,80 m (fator determinado pelo solo, clima, N,

etc.). Há uma tendência das variedades precoces perfilharem menos que as tardias. O

número de perfilhos poderá ser de até 80, como no grupo IR-8.

As folhas de arroz são invaginantes, lineares, de filotaxia alterna e o número

corresponde ao número de nós do colmo. Possuem limbo, bainha e lígula. As cultivares de

grãos curtos (agulhinha) têm folhas mais estreitas e as de grãos longos mais largas.

A flor é composta de pálea, duas lodículas, seis estames com dois verticilos de 3

estames cada um e por um ovário súpero com dois estigmas plumosos e estilete único. A

lema não está presente na flor do arroz. Ocorrem normalmente 99,5% de autofecundação,

que se realiza dentro da cavidade formada pelas páleas. Após a maturação do fruto, as

páleas aderem-se ao fruto, formando a casca que, no arroz polido, é eliminada com o

beneficiamento. A espigueta do arroz possui uma única flor, podendo ter o pedicelo ou

ráquila mais ou menos solidificado, o que vai tornar mais ou menos resistente ao degrane

natural. Nas variedades selvagens, os frutos caem devido à existência de uma articulação na

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ráquila, por onde se desprendem facilmente. Nas variedades cultivadas, a articulação está

solidificada e daí a diferença que se nota no grau de degrane das mesmas. A polinização se

verifica num período que vai de 2 a 8 dias, iniciando pela extremidade da panícula.

Realizada a polinização, as flores abrem-se deixando saírem as anteras. A abertura é

determinada por vários fatores, mas aqueles que mais influenciam nesse fenômeno são

temperatura e grau de umidade do ar. Portanto na época da floração do arroz, as flores

podem iniciar sua abertura a partir das 8 horas e ir até as 17 horas, começando no 4 ou 5

dias após o aparecimento da panícula; a ocasião em que apresentam maior índice de

abertura é das 10 às 14 horas. As flores permanecem abertas durante duas horas e fecham

após por contração deixando as anteras externamente. Após a polinização ocorre a

fecundação que demora de 5 a 7 dias para toda a panícula e principia o desenvolvimento do

ovário até encher completamente toda a cavidade floral. O tempo decorrido desde a

floração até o amadurecimento muda com o clima e com a cultivar; para o nosso estado

oscila entre 30 e 40 dias. O número de grãos por panícula vai de poucos até 300, mas

também é característica variável e varietal. A inflorescência do arroz é uma panícula de

espiguetas unifloras. O comprimento varia de 20 a 40 cm. Fruto tipo cariopse.

- Oryza sativa ssp. japonica var. fatua: arroz vermelho. Muito semelhante a

anterior, porém, é uma planta mais alta e vigorosa; panículas grandes e laxas e a cariopse

desarticula-se com extrema facilidade; anual; multiplica-se por sementes; é a pior invasora

da lavoura de arroz.

- Oryza sativa ssp. japonica var. subulata: arroz preto. As cariopses são de cor preta

ou marrom-escura.

- Oryza caudata: arroz selvagem. Nativa do Pantanal Matogrossense. Fácil degrane

e panícula laxa.

- Oryza glaberrima: arroz selvagem, arroz-de-guiné. Nativo da África. É cultivado

naquele continente como arroz da montanha.

Gênero Zea

Apresenta três espécies com destaque para a Agronomia: Zea mays, Z. mexicana e Z.

diploperenis.

Page 163: APOSTILA COMPLETA DE  BOTÂNICA AGRÃCOLA

163

- Zea mays: milho. Cultivada para obtenção do grão de milho; existem numerosas

variedades e cultivares. A origem do milho é ainda uma questão envolta em dúvidas, nas

suas caracteristicas de domesticação afastou-se bastante das gramíneas selvagens, de

maneira que se torna impossível precisar uma dessas gramíneas como seu ancestral

selvagem. O gênero Tripsacum e Zea mexicana são os mais próximos do milho comum,

porém divergem bastante desses na proteção aos grãos, septação do mesmo na ráquis, na

extrema separação das flores masculinas e femininas em inflorescências diferentes. Não há

ainda concordância sobre o local e época de origem do milho. Grãos de pólen com 60000

anos foram encontrados no México; espigas de 6600 anos foram tiradas de escavações no

sudoeste do México. Na América do Sul, os fósseis mais antigos até hoje encontrados

datam de 2700 anos (Peru). Portanto com bases nesses dados, o lugar mais provável de

origem é a América do Norte (México). Pelas características fisiológicas e morfológicas, o

milho pode não ter sido uma planta de floresta, porque ele exige grande quantidade de luz

para o seu desenvolvimento, também não pode ser das regiões pantanosas e nem de grandes

altitudes. A intolerância às baixas temperaturas exclui não só as altitudes, mas também as

latitudes extra-tropicais. A amplitude de adaptação climática, por outro lado, exclui a

possibilidade de tratar-se de uma planta realmente tropical. Sua boa viabilidade genética

permitiu, entretanto, a criação de um grande número de variedades adaptadas às mais

diferentes condições de clima e em virtude do que o milho é cultivado hoje em regiões

compreendidas entre 58 graus de latitude norte e 40 graus de latitude sul. Regiões de clima

subtropical e intermediário e, nos trópicos, altitude até 3600m são utilizadas atualmente

para cultura de milho.

O milho é uma planta herbácea, anual, monóica, cuja altura varia ao redor de 2 a 3

m. Na formação de seu sistema radicular distinguem-se 3 tipos de raízes:

a) primária, que em via de regra desaparece antes da planta atingir seu pleno de

desenvolvimento;

b) as nascidas em nós de embrião em número limitado de 2 a 4 e se ramificam

posteriormente;

c) adventícias, aéreas, grossas e cilíndricas que partem dos primeiros nós. Todos esses tipos

de raízes formam em conjunto um sistema radicular fasciculado de profundidade variável e

muito abundante.

Page 164: APOSTILA COMPLETA DE  BOTÂNICA AGRÃCOLA

164

Os colmos são eretos, geralmente não ramificados; internamente são de natureza

esponjosa e mais ou menos adocicada. O sistema de ramificação do milho é interessante;

das axilas das folhas podem nascer ramificações secundárias - perfilhos. Na região mediana

do caule observa-se outro tipo de ramificação que termina numa inflorescência (espiga).

Num nó imediatamente superior surge nova ramificação que termina em outra espiga. As

folhas são alternas de disposição dísticas e inseridas nos nós. Constam de uma bainha

invaginante, pilosa, verde-clara e de uma lâmina verde-escura, estreita lanceolada. Entre a

bainha e a lâmina existe uma língula estreita e membranácea.

As flores são dispostas em inflorescências unissexuais: as masculinas terminais do

tipo panículas, conhecida comumente como “flexa” ou “pendão”. Excepcionalmente flores

masculinas podem aparecer nas espigas assim como flores femininas nas panículas. A

panícula apresenta um eixo principal ou raque, cilíndrico e longo, de cerca de 50 cm,

nascendo no último nó. Uma espigueta bifloral consta de duas glumas grosseiras,

envolvendo duas flores, cada uma destas consta de duas glumelas delicadas, envolvendo

três estames, um estigma rudimentar e duas lodículas carnosas. A inflorescência feminina é

formada por um eixo (sabugo) ao longo do qual estão dispostas reentrâncias ou alvéolos, e

nesses desenvolvem-se as espiguetas sempre aos pares. Estão geralmente situadas na

porção mediana do colmo para baixo; apenas se desenvolvem uma, duas, três e raramente

mais. Consta a espiga de uma raque portadora de flores femininas, que está presa no colmo

por um rudimento de ramo, de cujos nós partem as brácteas, conhecidas comumente como

“palha”, que envolve completamente as espigas. As flores femininas também estão

dispostas aos pares ao longo da raque, determinando, assim, na espiga desenvolvida, um

número par de carreiras de grãos que varia de 8 até 28; uma espigueta consta de duas

glumas curtas e delicadas, envolvendo duas flores: uma abortada e a outra fértil. Esta última

tem as glumelas protegendo um ovário arredondado unilocular, com um estilete e um

estigma piloso, de comprimento variável e que se expõe no ápice da espiga. O conjunto

estilo-estigma constitui a barba, a boneca ou ainda o cabelo do milho. A flor fértil apresenta

ainda três estames atrofiados, enquanto que a abortada apenas órgãos rudimentares.

O fruto do milho é do tipo cariopse e está disposto, geralmente, em número par de

carreira ao longo da espiga. Os frutos correspondem a 70% do peso das espigas; os

restantes 30% representam o sabugo e as palhas. O milho é de polinização anemófila.

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165

Diferindo do que acontece em muitas outras espécies anemófilas, os grãos de pólen do

milho são relativamente grandes e pesados, de modo que ao serem impulsionados pelo

vento, eles tendem a cair, e assim podem atingir as barbas que estão num plano mais abaixo

do que as “flechas”, de onde eles partem. Devido as correntes aéreas, têm uma trajetória

obliqua em relação à planta, de maneira que ao caírem das flechas, eles se afastam da

planta.

O milho é uma planta alógama por excelência, devido à dificuldade de

autofecundação. Para o funcionamento da polinização é necessário que a soltura do pólen

pelas flechas e a receptividade das barbas, coincidam em tempo. Isto em geral ocorre nas

populações naturais. Concorre para esta coincidência o fato de sempre existir uma certa

variação de florescimento de planta para planta, de maneira a compensar as diferenças

dentro da mesma planta. Além disto, as barbas ficam receptivas durante vários dias até que

todos os estames de uma flecha soltem todo o seu pólen. A duração do grão de pólen do

milho não ultrapassa de 12 a 18 horas. O número de grãos de pólen produzidos por antera é

em torno de 400, de maneira que o pólen de uma única antera é suficiente para polinizar

toda uma espiga. As barbas da espiga, isto é, os estiletes com os estigmas crescem em

comprimento e em conseqüência, quando a espiga está formada, aparecem entre as palhas,

na extremidade livre da espiga, formando um pincel amplo. Esse crescimento ocorre

principalmente perto de sua base mais ao meio, porém nunca na ponta. Desta forma as

pontas do estilete-estigma são sempre empurrados para fora das palhas. Durante a

fecundação, o tubo polínico tem que percorrer uma distância relativamente muito grande; o

crescimento do tubo, apesar disto é muito rápido, e atingem os óvulos dentro do ovário em

cerca de 36 horas após a polinização. Em ultimo lugar, algumas referências devem ser

feitas à coloração dos grãos, que difere nas três camadas: no pericarpo, na aleurona e nas

camadas internas do endosperma, estes dois últimos podem ser brancos ou amarelos,

dependendo ou não da presença de carotenóides. A camada externa do endosperma ou

aleurona pode ser incolor, ou pode conter antocianinas ou flavonóides.

Da emergência à polinização, passam 70 dias, mas ciclos de 40 a 80 dias são

comuns. A inflorescência masculina fica visível alguns dias antes das femininas e com o

aparecimento destas, cessa o crescimento do milho. O aparecimento da inflorescência

masculina sempre antecede de 4 a 2 dias à exposição do estilete-estigma, mas normalmente,

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166

cerca de 10 a 12 dias depois da flecha estar visível, 75% das espigas já estão com os

cabelos expostos. Uma vez realizada a polinização, o crescimento se localiza

principalmente na espiga e nos grãos de milho. Este aumento se dá em grande parte devido

à redistribuição, principalmente, de carboidratos do colmo para a espiga. Por esta razão o

crescimento da espiga se faz independente da fotossíntese neste período.

Segundo PARODI existem nove variedades de Zea mays cultivadas, das quais

citam-se as mais encontradas no cultivo:

- Zea mays var. amylacea: milho amiláceo; planta de até 4m de altura.

- Zea mays var. indurata: milho cateto ou catete, catetão.

- Zea mays var. minima: milho pipoca.

- Zea mays var. oryzacea: milho pipoca.

- Zea mays var. identata: milho dente-de-cavalo.

- Zea mays var. rugosa: milho doce.

Gênero Triticum

Ao longo da domesticação do trigo ele perdeu a capacidade de disseminar suas

sementes e multiplicar-se naturalmente sem a interferência do homem. Estima-se em

17.000 variedades existentes entre as espécies cultivadas do gênero Triticum. Além de seu

alto valor nutritivo, o baixo conteúdo em água, a facilidade de transporte e processamento e

as boas qualidades para armazenamento tem feito desta cultura o mais importante artigo

alimentar de cerca de 35% da população mundial.

- Triticum aestivum: é a espécie mais cultivada no mundo e provavelmente seja

originado da Síria, Irã e Iraque. Foi introduzido nas Américas em 1529 quando os

espanhóis chegaram ao México; no Brasil foi introduzido por Martim Afonso de Souza na

Capitania de São Vicente em 1534 e em 1880 já era considerado o principal produto

agrícola do RS. Com a criação das estações experimentais no RS, a partir de 1914

dedicadas a pesquisa do trigo, fortaleceu-se e fomentou-se a cultura deste cereal. Encerra

todas as variedades de trigo cultivadas no RS e em todo o mundo.

Durante o perfilhamento não é visível o caule, vê-se apenas folhas e bainhas formando

pequena touceira. Após o perfilhamento, a planta cresce rapidamente com a elongação dos

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entrenós e das bainhas das folhas que os cobrem. Duas a três semanas após a emergência

aparecem as raízes adventícias e os perfilhos a partir do primeiro nó acima do solo; o

aparecimento do primeiro nó na base da planta indica o inicio do crescimento do colmo; o

colmo, normalmente oco, tem em geral seis entrenós e uma folha cada por nó. A última

folha recebe o nome de “folha bandeira”; as folhas possuem aurículas que abraçam o caule

e lígula membranosa, incolor, de bordo irregular e piloso.

Quando a espiga começa a se desenvolver, desloca-se pelo interior do colmo,

atingindo a bainha da folha bandeira. Aí a espiga se desenvolve mais, distendendo-a,

caracterizando o estádio de “emborrachamento”. A emergência da espiga caracteriza o

“espigamento”. Poucos dias após o espigamento começa a abertura (ântese) das flores. As

espiguetas, 18 a 22 por espiga, estão formadas por 2 a 9 flores; cada flor consta de duas

glumas (G1 e G2), lema que pode ser aristada ou mútica e pálea, a qual envolve os estames

em número de três, o estígma e as lodículas; a polinização na grande maioria das flores

ocorre antes da abertura destas, promovendo como regra a autofecundação (95%);

Realizada a fecundação, 3 semanas após, o grão está em estádio de “grão leitoso” e mais ou

menos 32 dias após a polinização o grão já está no ponto de colheita, quando pressionado

pela unha apenas fica marcado. O número de grãos por espigueta varia de 1 a 3 e

excepcionalmente 4 ou mais. Multiplicação por sementes. Considerado um dos cereais mais

úteis à humanidade, o trigo tem amplo emprego industrial, tanto na obtenção da farinha de

trigo como para o aproveitamento do farelo, quireras e outros subprodutos resultantes de

seu beneficiamento. O gérmen de trigo (embrião) constitui fonte natural de vitaminas B, E e

K e pró-vitaminas A e E, aminoácidos e sais minerais, sendo ótimo para o desenvolvimento

infantil e de efeito benéfico no tratamento de diabetes, prisão de ventre crônica,

debilidades, depressão psíquica e várias outras enfermidades óssea, esterilidade.

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Gênero Avena

Gênero com cerca de 10 espécies; constituem cultura de inverno para forragem ou grãos;

plantas anuais de 0,50 a 1,50m de altura, espiguetas de 2 a 6 flores, panículas laxas ou

contraídas; o primeiro registro da aveia aparece a 1000 a.C na Europa Central.

São cultivadas no mundo inteiro para alimentação humana e animal; a farinha é

alimento diário em diversos países; a farinha tem ação emoliente e é usada para manter a

pele umedecida (cremes); internamente protege as mucosas intestinais; os grãos entram na

fabricação de uísque e cerveja. A palha é utilizada como forragem. Todas são plantas

cespitosas que se multiplicam por sementes.

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Espécies mais cultivadas:

- Avena sativa: aveia comum. Norte da Europa; grãos e forragem.

- Avena fatua: aveia guacha, aveia moura. É planta agressiva e pode se tornar

invasora e por isso pouco cultivada em algumas regiões; Mediterrâneo e Ásia Ocidental,

porém naturalizada no mundo inteiro.

- Avena byzantina: aveia amarela. Muito preferida em virtude de sua rusticidade,

resistência à seca, ao pisoteio e as doenças; pastoreio no inverno e, depois, deixa-se

sementar; é a espécie mais cultivada como forragem de inverno; Mediterrâneo.

- Avena strigosa: aveia brasileira. Pouco usada para grãos ou forragem;

A aveia pode ser uma forragem tóxica para o gado quando administrada verde no

cocho ou pastoreio à razão de mais de 8/kg/animal/dia. Cada espécie citada tem muitas

cultivares e variedades utilizadas conforme a finalidade desejada, tipo de solo, época do

pastoreio, região, etc..

Gênero Saccharum

O gênero encerra 10 a 12 espécies originárias das Índias Orientais e sudeste da Ásia;

plantas perenes ou semiperenes quando em cultivo; robustas; caule cheio com 10 a 40 nós,

de 2 a 6 metros de altura e 2 a 6 cm de diâmetro, medula suculenta e açucarada; têm três

tipos de raízes: raízes temporárias que duram menos de 30 dias; raízes permanentes que

nascem abaixo do colo e raízes adventícias.

Espécies mais cultivadas:

- Saccharum officinarum: cana-de-açúcar. É uma espécie muito polimorfa e, talvez

de origem híbrida entre S. spontaneum e S. robustum, que lhe são as espécies mais afins; S.

officinarum teria migrado para o sudeste da Ásia onde hibridizou com S. spontaneum e

produziu S. sinensis. Nos livros hindus escritos em 5000 a.C. já havia referências da cana-

de-açúcar. Foi trazida da Ilha da Madeira em 1502 e cultivada quase simultaneamente em

Pernambuco e São Paulo. É utilizado na produção de álcool, é um reconstituinte energético,

tonificando o músculo cardíaco e serve para combater tosses, bronquites e cólicas renais.

Gênero Sorghum

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Este gênero apresenta cerca de 50 espécies anuais e perenes, cespitosas ou rizomatosas, de

porte mediano até alguns metros de altura, contendo em seus órgãos herbáceos, pelo menos

durante seu primeiro período vegetativo, uma certa dosagem de um glucosídeo, gerador de

ácido cianídrico, cuja quantidade varia conforme a idade da planta, as espécies e as

condições ecológicas.

- Sorghum vulgare: sorgo. Planta anual até 3m de altura, pouco perfilhamento, é o

quinto cereal mais cultivado no mundo por causa da farinha que é muito utilizada na

alimentação dos povos africanos e asiáticos; o valor alimentício é comparável ao do milho;

é uma cultura de verão, natural da Etiópia e Sudão; multiplica-se por sementes.

- Sorghum technicum: sorgo-de-vassoura, vassoura, milho-de-guiné. Planta anual

até 3m de altura com panículas muito ramificadas e laxas; produz grãos para aves e a palha

para a industria de vassouras, multiplica-se por sementes.

- Sorghum halepense: sorgo-de-alepo, pasto russo, capim massambará. Planta

perene, estolonífera, atinge até 1,50 m de altura, às vezes é cultivado para forragem ou

fixação de solos; é considerada invasora em lugares úmidos ou em lavouras de arroz em

mais de 50 países; quando jovem é bastante tóxica.

- Sorghum sudanense: pasto-do-sudão, pasto sudan. Anual, cespitosa, de 1 a 3 m de

altura, ótima forrageira para clima subtropical; natural da África; multiplica-se por

sementes.

Gênero Hordeum

Encerra de 25 a 30 espécies de plantas anuais ou perenes que atingem até 1,50 m de altura,

tendo como centro de origem as regiões temperadas de todo o mundo; no Brasil são

adventícias. Apresenta propriedades medicinais, refrescantes, digestivas, diuréticas,

depurativas e reconstituintes; externamente como cataplasma, atua contra qualquer tipo de

inflamação; multiplicam-se por sementes.

- Hordeum distichum: cevada cervejeira, cevada-de-duas-carreiras. Das três flores

por espigueta, apenas a central é fértil; é a espécie mais cultivada para malte no Brasil,

serve também como forragem e se os grãos tiverem acima de 17% de proteínas, são

utilizados em rações; cultura de inverno; originário da Ásia.

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- Hordeum vulgare: cevada forrageira, cevada-de-seis-carreiras. As três flores das

espiguetas são férteis e podem produzir grãos; originária da África e Ásia.

Gênero Secale

-Secale cereale: centeio. Erva anual ou bianual, geralmente pubescente abaixo da

espiga, rústica, recomendada para regiões áridas; o grão é utilizado para alimentação

humana e produção de álcool (vodka) e forragem; a farinha possui alto valor medicinal,

sendo recomendada para regimes dietéticos e de diabéticos. Sua palha serve para fabricação

de chapéus, capas para garrafas, amarração em usos agrícolas, as sementes fervidas em

água produzem um líquido que tem propriedade anti-hemorrágica e laxativa; é originário da

Ásia e se reproduz através de sementes.

- Tritico secale : triticale. Híbrido entre S. cereale e T. aestivum; espécie herbácea,

cespitosa, espigas amarelo palha, aristadas, mediamente laxa e grãos arredondados;

diferencia-se do trigo por apresentar abundante pubescência na extremidade do caule, logo

abaixo da espiga, como no centeio, pode ser usada para grão ou forragem, sementes.

Gênero Lolium

- Lolium temulentum: joio. Planta anual, espiga robusta com 10 a 30 cm de

comprimento, gluma maior que a espigueta, planta invasora, considerada tóxica para o

gado, devido a presença de alcalóide narcótico que atua sobre o sistema nervoso; natural da

Europa; multiplica-se por sementes.

- Lolium multiflorum: azevém, azevém anual. Espécie cespitosa, espiga comprida, a

gluma é menor que a espigueta, e a prefoliação é convoluta; forrageira de inverno;

originária do Mediterrâneo; multiplica-se por sementes.

- Lolium perene: azevém perene. Espiguetas normalmente múticas e prefoliação

conduplicada; cultivado na Inglaterra como forrageira e para gramados; natural da Europa;

multiplica-se por sementes.

Gênero Brachiaria

Possui excelentes espécies forrageiras nas regiões tropicais da África, Austrália e América

do Sul, devido às seguintes características: alta produção de matéria seca; as principais

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espécies são estoloníferas, adaptam-se a diversos tipos de solo, não apresentam problemas

de doenças, seu crescimento é bem distribuído durante o ano. O gênero encerra 80 espécies,

principalmente, africanas; 16 se encontram relacionadas com o Brasil.

- Brachiaria brizantha: braquiária -do-morro, capim marandu.

- Brachiaria decumbens: braquiária. Forrageira e séria planta daninha.

- Brachiaria humidicola: capim agulha, kikuio-da-amazônia.

- Brachiaria plantaginea: papauã, capim marmelada. Anual, até 0,80m de altura, é

uma das ervas daninhas mais freqüentes em lavouras de verão da região Centro Sul do

Brasil, planta agressiva; excelente forrageira, com 13% de proteína bruta, podendo ser

fenada ou fornecida verde; multiplica-se por sementes.

Outros Gêneros:

- Eragrostis plana: capim anoni 2, capim chorão. Perene, nativa da África e

possivelmente introduzida no RS como sementes de “capim-de-rhodes”, na década de

1950. É uma planta invasora, baixa a qualidade da pastagem; grande capacidade de

disseminação; rusticidade e de difícil eliminação; multiplica-se por sementes, uma planta

apresenta até 500.000 sementes.

- Eragrostis curvula: capim-chorão. Perene, cespitoso e decumbente; ornamental,

natural do sul da África; multiplica-se por sementes e perfilhos.

- Pennisetum typhoideum: milheto, pasto italiano, capim charuto. Espécie africana,

anual, 3m de altura, cultura de verão, resiste à seca, tolera solos arenosos e pobres,

forrageira com 2% de proteína bruta e 8% de matéria seca, multiplica-se por sementes.

- Pennisetum purpureum: capim elefante. Espécie africana, perene, 3m de altura,

podendo atingir até 5m, rizomatosa, cespitosa; excelente forrageira com alta produção de

massa verde com 1,5% de proteína na matéria verde e 9% de proteína na matéria seca. O

colmo lignifica até 4cm de diâmetro; pode ser tóxica pela acumulação de nitratos; invasora;

multiplica-se por estacas e por sementes.

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- Cortaderia selloana (C. dioica): capim penacho, capim dos pampas. Touceiras

perenes com abundantes inflorescências; floresce no fim do verão até outono; reproduz-se

por sementes e perfilhos; é uma planta tóxica devido à presença de glucosídeo, que libera

ácido cianídrico.

- Cymbopogon citratus: erva cidreira, capim santo, capim limão. Erva perene de até

1,50 m de altura, não floresce no Brasil; tem uso medicinal e industrial, as folhas contêm

0,3% de óleo essencial (citral+tanino) usado na indústria farmacêutica, perfumaria e de

alimentos; é digestivo, anti-reumático, calmante, sudorífero e febrífugo, combate dores

musculares e gases intestinais. Natural da Índia; multiplica-se por perfilhos.

- Paspalum notatum: grama forquilha. Espécie americana, perene, estolonífera,

rústica, resistente ao frio, pisoteio e fogo; excelente forrageira e também utilizada para

gramados e proteção contra a erosão; multiplica-se por rizomas, estolões e sementes.

- Paspalum guenoarum: capim ramirez. Perene, adaptado ao clima tropical e

subtropical, resistente à seca e ao frio, natural do Cone Sul; reproduz-se por sementes.

- Paspalum dilatatum: grama comprida. Perene, atinge até 1 m de altura, resistente

ao pisoteio, seca e frio; vive em campos, caminhos, povoações, etc. Originário do Uruguai

e Argentina; reproduz-se por sementes e perfilhos.

- Paspalum urvillei: capim-das-roças, capim-dos-pomares. Perene, cespitosa, até

1,30 m de altura, com espigurtas pilosas dispostas junto ao eixo principal, encontra-se em

lugares pouco procurados pelo gado, beira de caminhos, chácaras, etc. Cultivado em

regiões quentes das Américas, África, Ásia, para feno ou pastoreio direto; Originário da

América do Sul; multiplica-se por sementes e perfilhos.

- Paspalum prionites: capim santa fé. Perene, cespitosa, até 2m de altura, rizomas

fortes e profundos, floresce de novembro a março; ocorre em baixadas e banhados e é mais

freqüente na metade sul do Estado; não é forrageira e sua grande utilidade é para cobertura,

formando um teto duradouro, fresco no verão e impenetrável às chuvas; é nativa do RS,

Uruguai, Argentina e Paraguai; multiplica-se por perfilhos.

- Panicum maximum: colonião, capim guiné. Espécie perene que apresenta diversas

cultivares originárias da África e da Índia e todas de excepcionais qualidades forrageiras

nas regiões tropicais e subtropicais; multiplicam-se por sementes e perfilhos.

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- Cynodon dactylon: grama paulista, grama seda, capim bermuda. É uma espécie

polimorfa. Perene, estolonífera e rizomatosa; é uma espécie que se desenvolve em qualquer

condição, excetuando-se a sombra e lugares úmidos; forrageira dando diversos cortes ao

ano, gramados, coberturas de solo, é uma das piores invasoras em cerca de 100 países; o

pólen é alergogênico, gramínea cianogenética, gerando HCN sob certas condições; natural

da Índia e Eurásia; multiplica-se por rizomas, estolões e sementes.

- Cynodon plectostachyus: estrela africana. Perene, razoável forrageira, proteção do

solo; invasora de dificil controle e erradicação, natural da África Oriental, multiplicação

predominantemente vegetativa.

- Echinochloa crus-galli: capim arroz, crista-de-galo. Anual, folha sem lígula e

espiguetas aristadas, dentro desta espécie existem 4 var. conforme o tamanho da arista e o

tipo de panícula, multiplicam-se por sementes.

- Echinochloa colonum: capim arroz, crista-de-galo. Anual, folha sem lígula e

espiguetas múticas, multiplicam-se por sementes. Segundo Elizabeth M. Pfitscher, as

plantas classificadas como E. cruspavonis passam a ser consideradas como var.

cruspavonis dentro da espécie E. crus-galli.

Este gênero é importante por apresentar invasoras em lavouras de arroz no RS e em

outros países que trabalham com esta cultura. São espécies de fácil cruzamento natural, o

que tem dificultado muito a caracterização. A ausência de lígula nestas duas espécies

facilita a diferenciação com as plantas de arroz num estágio inicial de desenvolvimento.

Estas duas espécies e suas variedades são forrageiras quando em vegetação expontânea; as

plantas acumulam nitratos, hospedeiras da bruzone e do mosaico de arroz e outros vírus

causadores de doenças em outras culturas, são originárias da Índia.

- Echinochloa polystachya: canarana verdadeira. Perene, nativa da Amazônia, pode

atingir até 2 m de altura e é usada como forrageira.

- Cenchrus echinatus: capim amoroso, cadilho, capim carrapicho. Anual, ereta, pode

atingir até 70 cm de altura; é invasora de grande importância porque aceita todos os tipos de

solos, desenvolvendo grande capacidade de competição, antes da frutificação é boa

forrageira, natural da America tropical, sul dos USA até a Argentina, multiplica-se por

sementes.

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175

- Cenchrus ciliaris: capim buffel. Forrageira com grande capacidade para resistir à

seca; perene, podendo atingir até 1,20 m de altura, muito cultivada no Nordeste do Brasil,

se reproduz por sementes.

- Coix lacryma-jobi: capim-das-contas, trigo-de-verão, lágrima-de-nossa senhora.

Planta ereta até 1,80 m de altura, cespitosa, porém muito ramificada; é ornamental, fornece

farinha panificável de excelentes qualidades alimentícias, o grão contém 50% mais proteína

que os grãos de trigo, e valor nutritivo superior ao do milho, arroz e aveia; o farelo e as

folhas são usados como forragem; os frutos maduros são usados para fabricar rosários e

para diversos fins místicos; multiplica-se por sementes e divisão da touceira; é natural da

Índia.

- Eleusine indica: capim-pé-de-galinha. Anual, ereta, pode atingir até 60 cm de

altura com abundante sistema radicular, desenvolve-se bem em solos fracos e degradados,

controlando a erosão. Na Ásia os grãos são moídos para obtenção de farinha, é feita

fenação e silagem na África e Ásia, planta invasora em alguns países, hospedeira de agentes

patogênicos, tais como fungos, vírus e nematóides. É usada como adstringente, tônica e

antiabortiva. É adventícia nas Américas; multiplica-se por sementes.

- Eleusine tristachya: capim-pé-de-galinha. Perene, ereta, pode atingir até 40cm de

altura, é menos freqüente que a anterior como invasora, a diferença entre ambas se faz pela

inflorescência: E. indica - espigas umbeliformes em número de 2 a 8 por pedúnculo e cada

uma pode atingir 12 cm de comprimento; E. tristachya - espigas em número de 2 a 3 na

extremidade do pedúnculo e cada uma pode atingir 6 cm de comprimento.

- Axonopus compressus e A. affinis: grama tapete, grama missioneira, grama sempre

verde, grama argentina. Ambas são plantas perenes rizomatosas e estoloníferas que formam

densa cobertura do solo, daí seu grande uso em gramados. São forrageiras e invasoras de

culturas perenes em vários países. A. compressus - folhas de 3 a 11mm de largura, bainhas

e folhas com pêlos marginais. A. affinis - folhas até 4mm de largura, bainha de folhas

glabras.

- Stenotaphrum secundatum: grama T, grama-de-jardim, grama inglesa. Perene,

estolonífera, forrageira de campos úmidos; em gramados, porém pouco densa, natural do

sul dos USA até Argentina.

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- Stenotaphrum secundatum var. variegatum: grama rajada, semelhante a anterior,

porém de folhas listradas de verde e branco.

- Phalaris canariensis: alpiste. Anual, cespitosa, pode atingir até 1 m de altura,

apresenta panícula contraida, ovalada de 5 cm de comprimento e 2 cm de diâmetro;

granífera, natural do Mediterrâneo; multiplica-se por sementes.

- Phalaris angusta: alpiste crioulo. Nativo de campos sul brasileiros, anual e

multiplica-se por sementes.

- Phalaris arundinacea e P. tuberosa: falaris. Excelentes forrageiras de inverno,

perenes; multiplica-se por sementes e perfilhos.

As espécies conhecidas por taquaras, bambus, taquaris, criciúmas, etc. são

gramíneas lenhosas ou sublenhosas, perenes, rizomas definidos que originam touceiras ou

indefinidos alastrando-se no terreno; espiguetas de uma a muitas flores e androceu de 3 a 6

estames; plantas tropicais, subtropicais e de climas temperados; a maioria tem um longo

período vegetativo e a floração acontece em períodos de muitos anos, ao redor de 20 anos;

seu cultivo é recomendado em função de seus múltiplos usos no meio rural como cercas,

tutores, ripas, coberturas, fixação de terrenos, quebra-ventos; forragem, lenha, móveis,

álcool, papel, etc. Multiplicam-se por perfilhamento e segmentos de caule contendo pelo

menos uma gema.

- Bambusa tuldoides: taquara. Caules até 5 cm de diâmetro, originário da China.

- Bambusa vulgaris: bambu amarelo. Caules de 8 a 10 cm de diâmetro e até 10

metros de altura, bainhas caducas muito grandes, glabras e lustrosas por dentro.

- Bambusa vulgaris var. vittata: bambu imperial. Semelhante ao anterior, mas os

caules apresentam estrias verdes o que lhe confere o valor ornamental. Esta espécie é a B.

vulgaris dos viveiristas.

- Guadua trinii: taquaruçu, taquara lixa, taquara brava. Epiderme do caule áspera e

nós com espinhos; floresce na primavera com intervalos de vários anos e seca totalmente

após a frutificação, habita beira de rios, lugares úmidos e atinge de 10 a 15m de altura.

- Chusquea ramosissima: criciúma, taquarí, taquarembó. Semitrepadeira com

entrenós sólidos.

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- Dendrocalamus giganteus: bambu gigante, bambu-balde. Planta de 20 a 30 m de

altura, colmos de 18 a 25 cm de diâmetro perto da base e paredes de 25 a 28 mm de

espessura, planta ornamental, é a maior das Bambusea orientais, natural do sudeste da Ásia.

SUBCLASSE LILIIDAE

ORDEM LILIALES

Família Liliaceae

O nome deriva de “Lilium” = o lírio.

Possui 3500 espécies e 220 gêneros, sendo pouco representativa na nossa flora,

possuindo ao redor de 12 gêneros e 46 espécies. Habitam desde as zonas quentes até as

zonas temperadas de todo o mundo. A maioria são plantas herbáceas, anuais ou em maior

número perenes. O caule pode ser do tipo rizoma, bulbo ou caules aéreos - trepadeiras até

troncos. O gênero Dracaena apresenta caules arborescentes ramificados ou não. As folhas

são simples, lineares, lanceoladas, ovais e poucas vezes com pecíolo, alternas ou então

ausentes (cladódios) ou reduzidas a escamas (Asparagus). As flores são hermafroditas,

actinomorfas, completas ou monoclamídeas; perigônio corolínico formado de 2 verticilos

de 3 tépalas cada um; as tépalas muitas vezes são grandes e coloridas conferindo às

espécies, o caráter de planta ornamental. Polinização entomófila em sua maioria e outras

espécies com polinização ornitófila (Aloe, Kniphofia, Phormium, etc.). O fruto é do tipo

cápsula na maioria das espécies; baga em Asparagus, Reineckia e Smilax.

O gênero Allium é formado por plantas herbáceas, bulbosas de folhas lineares,

planas ou cilindricas, basais ou caulinares e flores pequenas dispostas em umbelas

protegidas por 2 a 3 brácteas livres ou conatas; escapo floral cilíndrico ou anguloso, as

vezes entumecido parcialmente; ao redorde 600 espécies distribuidas, preferencialmente,

nas zonas temperadas do hemisfério norte; as espécies domésticas deste gênero são

originadas do Oriente Próximo ou do centro e leste da Ásia; multiplicam-se por sementes e

bulbos; é o gênero mais importante sob o ponto de vista agrícola como por exemplo:

- Allium cepa: cebola.Erva dotada de bulbo tunicado que se comporta como bianual;

o caule é um disco comprimido na parte inferior do bulbo, de onde partem as folhas e

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raízes; a coloração do bulbo e das películas secas externas varia conforme a variedade;

polinização entomófila e fecundação alógama; o número de inflorescências por pé depende

do tamanho do bulbo, da cultivar e das condições ambientais, podendo ir de 1 a 20

inflorescências; é cultivada a mais de 4000 anos; deriva de espécies afins da Ásia Central;

Vavilov cita a India e todo Afeganistão como o lugar de origem da cebola cultivada e um

centro secundário seria o Oriente Próximo; multiplica-se por sementes na primeira fase (1

ciclo) e por bulbos na segunda fc2 ciclo); possui inúmeras var. e cv., a cebola, o alho e

alho porro são usados na alimentação, na medicina e rituais religiosos; os indianos já

usavam a cebola e o alho na medicina há 600 a.C.; possui baixo teor proteico e baixo teor

de aminoácidos, utilizada sobretudo como espécie condimentar, os compostos orgânicos

sulforados conferem propriedades terapêuticas, tais como ação inibidora de alguns

microorganismos, protegendo o aparelho digestivo de algumas infecções; ação

hipoglicêmica através de óleo de cebola; contra a arteriosclerose, diurética, expectorante,

antielmíntica, estimula a circulação do sangue, diminui a pressão, estimula o apetite e a

memória e reforça os nervos, o coração e as glândulas; foi introduzida no RS pelos

açorianos e ibéricos no sul do estado.

- Allium sativum: alho, alho comum. Herbácea, anual, bulbo comosto formado de

bulbilhos (dentes) envoltos por membrana branca ou rósea, flores brancas ou rosadas

entremeadas com minúsculas gemas e reunidas em umbelas na extremidade de um escapo

de mais ou menos 60 cm de altura, fruto cápsula; usado como condimento, na medicina

popular os dentes são empregados como estomáquicos, vermífugos, anti-sépticos das vias

respiratórias e digestivas, diminui o colesterol e a glicose; julga-se hipotensor, para todo o

tipo de gripe, corizas, resfriados, tosses, afecções catarrais, rouquidão, bronquite crônica.

Vegetativa: bulbilhos.

- Allium ampeloprasum: alho macho. Erva de bulbilhos graudos e amarelos, floresce

profusamente, mas produz pouca ou nenhuma semente; multiplica-se por seus grandes

bulbos ou por bulbilhos de origem subterrânea.

- Allium porrum: alho porro. Bulbo simples branco, redondo ou oblongo; hortaliça.

- Allium fistulosum: cebolinha-de-todo-ano, cebola verde, cebolinha-de-verão.

Bulbos fasciculados ou solitários mais dilatados e revestidos de túnicas de cor rosada;

flores amarelo-claras e as inflorescências em escapos de até 70 cm de comprimento;

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hortaliça condimentar; China central e oeste; sementes ou divisão da touceira; var.

cultivadas: var. sterilis: anual, folhas verdes, bulbos piriformes verdes na base e violeta no

ápice e não produz escapos;

var. fertilis: anual, de folhas esbranquiçadas, bulbos globosos e cor violeta;

var. condensum: vivaz, folhas verdes e base da planta envolvidas por túnicas

acobreadas.

- Allium schaenoprasum: cebolinha capim. Erva vivaz, pouco crescimento, bulbos

pouco desenvolvidos, fasciculados, folhas cilíndricas e lineares formando um tufo denso até

25cm de altura e de sabor mais ameno do que a cebola, folhas verde-escuro de até 5mm de

diâmetro; flores de cor rósea-arroxeada; reproduzem-se por sementes e divisão da touceira;

Europa e Ásia.

- Asparagus officinalis: aspargo. Erva perene ereta, rizomatosa, de parte aérea anual,

cladódios filiformes, solitários ou em fascículos, planta dióica; hortaliça cultivada para

aproveitamento dos “turiões”; cultivada há vários séculos; pode reaparecer onde foi

cultivada; usa-se as raízes como diurético, tônico cardíaco, aperiente e sedativo, pessoas

diabéticas, tensas, reumáticas e com problemas renais não devem usar o aspargo como

planta medicinal; originou-se na Europa, Ásia e talvez África; sementes ou rizomas.

O gênero Smilax encerra espécies de plantas trepadeiras ou decumbentes, com

folhas basais escamiformes, as superiores de limbo cordiforme, sagitadas e pecíolos com

duas gavinhas; possui ao redor de 300 espécies originárias de ambos os hemisférios;

encerram as populares “japecangas” e “salsaparrilhas”.

- Smilax campestris: japecanga. Trepadeira sublenhosa com acúleos na base do

caule; flores avermelhadas em umbelas axilares; floresce de setembro a janeiro; tida como

purificadora do sangue e anti-sifilítica, todas as espécies de Smilax, popularmente, são

reputadas como medicinais, reproduz-se por sementes e rizomas.

- Smilax officinalis: salsaparrilha. Originária do México e Jamaica.

- Colchicum autumnale: cólchico, cólquico. Erva bulbífera, perene, das sementes e

dos bulbos é retirado a “colchicina” ou “colquicina” usada para induzir a poliploidia;

originária da Europa e norte da África.

- Tulipa gesneriana: tulipa. Principal espécie da floricultura holandesa.

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O gênero Aloe encerra plantas crassas, acaules ou caulescentes de folhas rosuladas,

normalmente espinosas-denteadas e flores vistosas; possui aproximadamente 180 espécies

originárias das regiões tropicais da África.

- Aloe arborescens: babosa, aloe. Planta perene, de até 1,50 m de altura, folhas

carnosas, lanceoladas até 50 cm de comprimento com dentes grossos em todo o perímetro,

heliófita, ornamental e medicinal, o suco das folhas é usado como laxante, emenagogo,

antifebril, abortivo, externamente é usado como emoliente, revulsivo, cicatrizante, em

queimaduras, cuidado com o uso interno desta planta por causa de seus compostos

antraquinônicos; florsce no inverno; reproduz-se por perfilhos e ramos.

- Aloe vera: babosa. Folhas carnosas grossas de bordo espinescente e base mais

larga que a A. arborescens, usa-se o suco das folhas contra a prisão de ventre, tônico

estomacal e capilar, estimula a menstruação, emoliente, adstringente e promove a

regeneração da pele, também se deve ter cuidado com o uso interno.

- Lilium candidum: açucena-branca, lírio-branco, copo-de-leite. Herbácea, parte

aérea anual e bulbos escamosos perenes, até 1m de altura, flores brancas, campanuladas,

perfumadas, até 10 cm de comprimento que surgem na primavera/verão, comercialmente é

flor de corte, os bulbos têm profundidades emolientes e refrescantes, a tintura das flores é

usada contra calosidades, desinfetante e cicatrizante, originária da Ásia, multiplica-se por

bulbos e escamas dos bulbos.

- Lilium longiflorum: semelhante a anterior porém de flores de 15 a 20 cm de

comprimento, é originária do Japão.

- Ophiopogon japonicus: grama preta, grama inglesa, grama-pelo-de-urso. Erva

perene graminiforme de folhas verde escuras e densas em pequenas touceiras e com raízes

estoloníferas, ornamental, indicada para lugares sombreados, originária do Japão, reproduz-

se por divisão da touceira.

- Hemerocallis flava: açucena-amarela, flor-de-um-dia, lírio-do-dia. Herbácea, até

60 cm de altura, perene, rizomatosa, folhas lineares e flores amarelas que duram apenas um

dia; a floração ocorre na primavera/outono, em climas mais quentes a floração ocorre o ano

inteiro; é originário da Ásia, reproduz-se por divisão da touceira no fim do inverno.

- Kniphofia uvaria: tritoma, kinifófia, papo-de-peru. Herbácea, perene, cespitosa,

folhas lineares,denticuladas, flores cilindricas em espigas de 20 cm de comprimento, sendo

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as flores apicais de cor coral e as basais amarelas; ornamental para forração, maciços;

originária da África do Sul, reproduz-se por divisão da touceira ou por brotação (rebentos).

- Agapanthus africanus: agapanto. Herbácea, perene, cespitosa, folhas lineares, até

40 cm de comprimento, flores azuis ou brancas em umbelas densas sustentadas por um

escapo de até 1m de altura; ornamental para canteiros ou para corte.