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Aqui temos uma introdução geral sobre a Física Radiológica e suas aplicações.

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Prof. Leoberto Lopes – Física Radiológica

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FÍSICA RADIOLÓGICA CONTEÚDO PROGAMÁTICO I – O ESTUDO DA FÍSICA II – A FÍSICA NA RADIOLOGIA UNIDADES:

1- FÍSICA DAS RADIAÇÕES

1.1- RADIAÇÃO 1.2- CLASSIFICAÇÃO DAS RADIAÇÕES 1.2.1- FORMA 1.2.2- ORIGEM 1.2.3- PODER DE IONIZAÇÃO 1.3- APLICAÇÕES DAS RADIAÇÕES 1.3.1- INDÚSTRIA 1.3.2- PESQUISA 1.3.3- MEDICINA

2- OS RAIOS X

2.1- APRESENTAÇÃO 2.2- PRODUÇÃO DE RAIOS X 2.2.1- O TUBO DE RAIOS X 2.2.1.1- CATODO 2.2.1.2- ANODO 2.2.1.3- AMPOLA DE ENCAPSULAMENTO 2.2.1.4- OBSERVAÇÕES 2.2.2- FASES DE PRODUÇÃO DOS RAIOS X 2.2.3- TIPOS DE RAIOS X 2.2.3.1- RAIOS X CARACTERÍSTICOS 2.2.3.2- RAOS X DE FRENAGEM 2.3- A PRODUÇÃO DE CALOR 2.4- PRINCÍPIO DO FOCO LINEAR 2.5- PROPIEDADES FUNAMENTAIS DOS RAIOS X 2.6- ELEMENTOS DE UM CONJUNTO GERADOR DE RAIOS X 2.7- PARÂMETROS

3- FORMAÇÃO DA IMAGEM RADIOGRÁFICA

3.1- INTRODUÇÃO 3.2- ABSORÇÃO DE RAIOS X 3.3- FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO DE RAIOS X 3.3.1- ESPESSURA 3.3.2- DENSIDADE 3.3.3- NÚMERO ATÔMICO 3.3.4- MEIOS DE CONTRASTE 3.3.5- KILOVOLTAGEM 3.3.6- FILTRAGEM

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3.3.6.1- FILTRAGEM INERENTE 3.3.6.2- FILTRAGEM ADICIONAL OU ARTIFICIAL 3.3.6.3- OBSERVAÇÕES 3.3.7- COMPOSIÇÃO DO OBJETO 3.4- ABSORÇÃO DIFERENCIAL NO CORPO HUMANO 3.5- CONTRASTE DO SUJEITO 3.6- FATORES DE EXPOSIÇÃO QUE AFETAM A IMAGEM AÉREA 3.6.1- MILIAMPERAGEM 3.6.2- DISTÂNCIA 3.6.3- KILOVOLTAGEM 3.7- EFEITO DE TALÃO 3.8- GEOMETRIA NA FORMAÇÃO DA IMAGEM 3.8.1- BORROSIDADE GEOMÉTRICA DA IMAGEM 3.8.2- DISTORÇÃO 3.9- MOVIMENTO

4- RADIAÇÃO DISPERSA 4.1- INTRODUÇÃO 4.2- EFEITO NO CONTRASTE DO SUJEITO 4.3- FONTES DE RADIAÇÃO DISPERSA 4.4- REDUÇÃO DA RADIAÇÃO DISPERSA 4.4.1- LIMITAÇÃO DO FEIXE 4.4.1.1- DIAFRAGMAS DE ABERTURA 4.4.1.2- CONES 4.4.1.3- DISPOSITIVOS LIMITADORES DE ABERTURA VARIÁVEL 4.4.2- DIMENSÕES DO CAMPO PROJETADO 4.4.3- GRADES 4.4.4- ESPAÇO DE AR 4.4.5- COMPRESSÃO 4.4.6- DISPERSÃO INVERTIDA 4.4.7- REBAIXAMENTO 4.5-RADIAÇÃO EXTRA FOCAL

5- TECNOLOGIAS EM RADIOADIAGNÓSTICO E RADIOTERAPIA 5.1- INTRODUÇÃO 5.2- ANGIOGRAFIA 5.3- DENSITOMETRIA 5.4-HEMODINÃMICA 5.5-MAMOGRAFIA 5.6-MEDICINA NUCLEAR 5.7-RADIOTERAPIA 5.8-RADIOLOGIA DIGITAL 5.9-RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA 5.10-TOMOGRAFIA COMUTADORIZADA 5.11-RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA

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POR QUE ESTUDAR FÍSICA?

Contribuir para a formação de uma cultura científica efetiva, que permita ao indivíduo a interpretação dos fatos, fenômenos e processos naturais.

É de fundamental importância que o conhecimento físico seja explicado como um processo histórico, objeto de contínua transformação e associado às outras formas de expressão e produção humanas.

É importante também que essa cultura em Física inclua a compreensão do conjunto de equipamentos e procedimentos, técnicos ou tecnológicos, do cotidiano doméstico, social e profissional.

É preciso rediscutir a Física para possibilitar uma melhor compreensão do mundo e uma formação para a cidadania mais adequada.

Promover um conhecimento contextualizado e integrado à vida de cada educando.

É de fundamental importância considerar nosso mundo vivencial, sua realidade, os objetos e fenômenos com que efetivamente lidam, ou os problemas e indagações que movem nossas curiosidades.

O conhecimento da Física deve ser entendido como um meio para a compreensão do mundo.

A Física deve desenvolver a capacidade de se preocupar com o todo social e com a cidadania. Além de promover competências necessárias para a avaliação da veracidade de informações ou para a emissão de opiniões nas quais os aspectos físicos sejam relevantes. Como por exemplo: avaliar relações de risco/benefício de uma dada técnica de diagnóstico médico ou implicações de um acidente envolvendo radiações ionizantes.

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A FÍSICA NA RADIOLOGIA

“Vivemos em um mundo inundado de radiações. Desde o seu instante inicial, este Universo em que vivemos foi propulsionado por quantidades por quantidades inimagináveis de energia, que geraram galáxias, estrelas, planetas, luz (...). Estes últimos percorrem o Universo em todas as direções, gerando a radiação cósmica onipresente”.

As radiações sempre estiveram conosco. Estão aqui neste momento e estarão presentes até os últimos instantes deste Universo. Somo seres cujas existências foram e continuam sendo moduladas pelas radiações. A vida como, como nós a conhecemos, não teria sido possível sem elas. Se tivéssemos sido constituídos organicamente de outra forma, talvez pudéssemos percebe-las como um oceano multicolorido e sinfônico no qual estamos imersos. Talvez, então pudéssemos ter para com as radiações uma atitude mais correta – uma atitude de compreensão, de respeito e até mesmo de gratidão, ao invés de temor.

A utilização efetiva das técnicas de radiodiagnóstico, assim como a interpretação das imagens produzidas, requer a compreensão de fenômenos físicos envolvidos nos processos de formação da imagem, pois a habilidade de visualizar estruturas anatômicas específicas ou condições patológicas depende, não só de características inerentes a cada técnica de radiodiagnóstico em particular, como também do conjunto de ajustes selecionados no equipamento (US, RNM, TC). A relação entre visibilidade e ajustes de parâmetros nesses equipamentos é complexa e, freqüentemente, envolve comprometimento e interdependência dentre os diferentes aspectos da qualidade da imagem.

Apesar dos benefícios incontestes à Medicina, todas as técnicas de radiodiagnóstico podem representar um risco à saúde, pois os processos de aquisição das imagens sempre envolvem deposição de alguma forma de energia no corpo do paciente, o que, em alguns casos pode também trazer prejuízos à saúde de médicos e técnicos em radiologia ou em enfermagem. Os níveis de exposição do paciente aos raios X de uso médico variam muito e têm forte influência sobre a qualidade da imagem radiográfica. Uma abordagem da relação entre riscos e os danos à saúde envolve análise de conceitos físicos, grandezas e unidades de medidas.

Em geral, as estruturas internas e funções do corpo humano não são visíveis. Entretanto, por meio de diversas tecnologias, pode-se obter imagens através das quais um médico pode detectar condições anormais, ou ainda, guiar-se em procedimentos terapêuticos invasivos. A imagem radiográfica é uma janela para o corpo. Nenhum tipo de imagem mostra tudo. Os diversos métodos de radiodiagnóstico nos revelam diferentes características do corpo humano. Em cada método é necessário se trabalhar com níveis satisfatórios de qualidade de imagem e de visibilidade das estruturas do corpo. Estes níveis de qualidade e visibilidade dependem das características do equipamento, da perícia do observador e do compromisso com fatores tais como a minimização da dose no paciente devida aos raios X ou o tempo de obtenção da imagem.

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UNIDADE I

FÍSICA DAS RADIAÇÕES Vamos tentar responder as seguintes questões:

o O que é radiação? o De onde vêm? o Como interagem com o meio em que se encontram? o Como fazemos para detectá-las? o Como podemos utilizá-las? o Como se proteger de seus efeitos?

CONCEITOS FUNDAMENTAIS Radiação, Energia e Ondas. 1.1- RADIAÇÃO É possível que o termo RADIAÇÃO, a

princípio, pareça um pouco estranho. Com certeza, você já deve tê-lo visto associado a acidentes nucleares ou usinas atômicas. O que ocorre é uma confusão de termos, ou melhor, trata-se de um mesmo termo aplicado a coisas diferentes.

IRRADIAR significa emitir, espalhar, projetar etc. Pode ser aplicado a diversas situações ou fenômenos diferentes. O Sol irradia luz, calor e ultravioleta.

Já RADIAÇÃO é aquilo que é IRRADIADO por alguma coisa.

Pode ser aplicado às várias formas de luz visíveis e “invisíveis” ou a feixes de partículas ATÔMICAS.

Radiação é o processo pelo qual uma fonte emite energia que se propaga no espaço.

Segundo o dicionário Aurélio: “Qualquer dos processos físicos de emissão e propagação de energia, seja por intermédio de

fenômenos ondulatórios, seja por meio de partículas dotadas de energia cinética” ou “Energia que se propaga de um ponto a outro no espaço vazio ou através de um meio material”.

O termo se usa também para designar a própria energia emitida. Portanto: radiação é energia em movimento. Este conceito é geral e inclui as ondas mecânicas (como o ultra-som ou as oscilações de um

maremoto), ondas eletromagnéticas ou de radiações nucleares associadas a partículas com massa, como veremos mais adiante.

Mas o que é Energia? O conceito de Energia é muitas vezes considerado intuitivo e só pode ser medido (ou

quantificado) quando temos a transformação de um tipo de energia em outro tipo (trabalho). Em física, ENERGIA é tudo aquilo capaz de realizar trabalho. Como por exemplo, a eletricidade é

capaz de fazer um motor elétrico funcionar e, portanto realizar trabalho. A mistura ar-combustível do motor de um carro acumula uma certa quantia de energia química. Pela ação da centelha da vela de ignição, esta energia química é transformada em energia térmica que promove a expansão dos gases no

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interior do cilindro. Esta expansão empurra o pistão do motor, realizando um trabalho. Da mesma forma, a energia eletromagnética do Sol pode ser convertida em eletricidade por meio de uma célula solar ou em calor por meio de aquecedores solares. Uma forma importante de conversão da energia do Sol é a fotossíntese. Neste processo a luz solar é transformada em energia química, que por sua vez é responsável pelo crescimento das plantas e de quebra libera oxigênio para o ar.

Portanto: Energia é a capacidade que possui um corpo de realizar trabalho. 1.2- CLASSIFICAÇÃO DAS RADIAÇÕES 1.2.1- FORMA a) RADIAÇÕES CORPUSCULARES Possuem massa e formam os átomos e os núcleos atômicos; Esta radiação pode ser descrita como energia em movimento a velocidades inferiores à da luz Sua energia está associada à velocidade de maneira diretamente proporcional segundo a equação:

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2mvEc =

Onde: m de massa e v de velocidade; Ec é chamada de energia cinética (de movimento); Ex:

o Elétrons, prótons, nêutrons. o Íons leves e pesados (átomos sem elétrons) o Píons, káons, múons, etc. o Suas anti-partículas

b) RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS Você com certeza sabe ou já ouvir falar que o controle remoto de sua TV ou videocassete

funcionam por infravermelho. Também já não é mais novidade um microcomputador operado por mouse e teclado sem fios, ou seja, por infravermelho. - Mas afinal de contas o que vem a ser esse tal de infravermelho? Alguma espécie de raio invisível? - Exatamente! O Universo que nos rodeia é banhado por um imenso "oceano" de luzes, das quais nossos olhos conseguem captar apenas uma pequeníssima fração. Essa pequena fração de radiações que o olho humano vê, é chamada de luz visível ou apenas luz. Por esta razão, é mais conveniente chamarmos ao conjunto de todas as “luzes” que não vemos de RADIAÇÃO ELETROMAGNÉTICA. O termo luz fica reservado à pequena parcela de radiação eletromagnética que conseguimos enxergar.

A radiação eletromagnética é uma forma de energia. Sem ela simplesmente não haveria vida na Terra.

Um outro aspecto importante da radiação eletromagnética é seu caráter ondulatório, isto é, a radiação eletromagnética é constituída de ondas elétricas e magnéticas. Portanto o conceito de onda é de fundamental importância para a compreensão de uma série de fenômenos físicos. Em termos formais, onda é o resultado de algum tipo de perturbação que se propaga em um meio qualquer, sem que este meio sofra qualquer deslocamento líquido de matéria.

Por exemplo, no mar, as ondas se formam basicamente devido à perturbação da água pela atração da Lua e da ação dos ventos. Se você estiver boiando um pouco além da rebentação, deve ter percebido que seu corpo alternadamente sobe e desce, mas na média permanece praticamente no mesmo lugar. O fato de seu corpo subir e descer significa que existe uma energia associada à onda. Esta energia é

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transportada pela onda, sem, entretanto causar um deslocamento líquido final do meio, no caso, a água. Já no caso da rebentação, outros fatores interferem com a onda, acarretando um movimento efetivo da água ou de algum objeto flutuante. A brusca frenagem da onda pelo fundo de areia da praia, faz com que à parte de cima da onda se projete para frente, literalmente despejando a água.

Quanto à origem, existem basicamente dois tipos de onda: Ondas Mecânicas e Ondas Eletromagnéticas. As ondas mecânicas dependem de um meio material para se propagarem, como as ondas do mar e as ondas sonoras, por exemplo. As ondas eletromagnéticas não dependem de um meio material, pois correspondem à propagação de uma perturbação nos campos elétricos e magnéticos. Estes campos podem existir independentemente de um meio material.

Os elementos fundamentais de uma onda são: Uma onda é a propagação de uma perturbação em um meio qualquer, sem que haja movimento

líquido das partículas do meio, isto é, as partículas sobem e descem, como indicado pelas setas verticais, mas na média permanecem no mesmo lugar.

A distância entre dois picos ou dois vales, ou ainda, dois pontos quaisquer equivalentes da onda, define o que se chama comprimento de onda, designado normalmente pela letra grega LAMBDA (λ).

O número de ciclos de sobe e desce, por unidade de tempo define a freqüência da onda, medida normalmente em Hertz ou ciclos por segundo e representada normalmente pela letra f. O produto do comprimento de onda pela freqüência da onda fornece a velocidade de propagação da onda no meio em questão, isto é, a velocidade com que a perturbação se propaga. No caso das ondas eletromagnéticas no vácuo, este produto fornece a velocidade da luz, c = 299 793 km/s

Para as ondas eletromagnéticas, a energia transportada depende unicamente de sua freqüência ou comprimento de onda, já que ambos estão relacionados pela velocidade da luz que é uma constante universal.

Se o homem não houvesse compreendido os fundamentos da radiação eletromagnética, sua característica ondulatória e forma de propagação, ainda estaríamos usando sinais de fumaça ao invés de Internet ou telefone.

A luz se desloca no espaço por meio de ondas eletromagnéticas, que não necessitam de um meio físico para serem transportadas, e, portanto diferem dos outros exemplos de ondas encontrados na natureza, como ondas na água, ondas sonoras, sísmicas, etc.

Portanto as Radiações Eletromagnéticas: Não possuem massa São ondas com componentes elétricos e magnéticos;

crista

depressão ou vale

comprimento de onda

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Nas figuras abaixo temos uma representação simbólica de uma radiação eletromagnética: Sua velocidade é igual da LUZ (c = 3x108m/s); Sua Energia varia de acordo com o comprimento de onda e de maneira inversamente

proporcional, segundo a equação:

λ

hcE =

Onde: h é a constante universal chamada constante de Planck e cujo valor é h = 6,63 X 10-34 J.s (Joule x

segundo); c é a velocidade da LUZ e λλλλ é o comprimento da onda.

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O conjunto de todas as radiações eletromagnéticas é chamado de:

ESPECTRO ELETROMAGNÉTICO Ex:

o Rádio e TV o Microondas o Infra-vermelho (calor) o Luz visível (vermelho ao violeta) o Ultra-violeta o Raios X o Raios gama

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1.2.2- ORIGEM a) ORIGEM NUCLEAR Possuem origem no NÚCLEO do átomo. Ex: Radiações alfas, betas, nêutrons e gama. Obs: Estas radiações são chamadas de RADIOATIVAS devido serem uma conseqüência do

fenômeno chamado de RADIOATIVIDADE b) ORIGEM NA ELETROSFERA Possuem origem na ELETROSFERA atômica devido a transições eletrônicas e/ou colisões entre

partículas carregadas Ex: Raios X, Ultravioleta, Luz visível, calor,... c) ORIGEM DAS RADIAÇÕES CORPUSCULARES o Colisões atômicas: elétrons, prótons, íons leves e pesados. o Transições atômicas: elétrons o Transições nucleares (incluindo fissão): o prótons, nêutrons, elétrons (beta), pósitrons, alfa, íons leves e pesados

d) ORIGEM DAS RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS o Aceleração (+/-) de cargas o todo o espectro, principalmente rádio a luz visível. o Transições atômicas: o luz visível, radiação ultra-violeta, raios X. o Transições nucleares (incluindo fissão): raios gama o Aniquilação partícula/anti-partícula: raios gama

QUADRO GERAL DAS RADIAÇÕES ELETROMAGNÉTICAS E SUAS ORIGENS

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1.2.3- INTERAÇÃO COM A MATÉRIA a) Radiações ionizantes São aquelas radiações capazes de arrancar elétrons de átomos ou moléculas do meio com a

qual interagem, produzindo íons. Ex: Raios Gama, RAIOS X, Ultravioleta, Radiações alfas, betas e de nêutrons. b) Radiações não-ionizantes Ex: Todas as demais radiações do espectro eletromagnético. 1.3- APLICAÇÕES DAS RADIAÇÕES 1.3.1- INDÚSTRIA 1.3.2- PESQUISA 1.3.3- MEDICINA

Interação

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UNIDADE II

OS RAIOS X 2.1. APRESENTAÇÃO Em Novembro de 1895, Wilhelm Conrad Roentgen, fazendo

experiências com raios catódicos (feixe de elétrons), notou um brilho em um cartão colocado a pouca distância do tubo. Notou ainda que o brilho persistia mesmo quando a ampola (tubo) era recoberta com papel preto e que a intensidade do brilho aumentava à medida que se aproximava o tubo do cartão. Este cartão possuía em sua superfície uma substância fosforescente (platinocianeto de bário).

Roentgen concluiu que o aparecimento do brilho era devido a uma radiação que saia da ampola e que também atravessava o papel preto. A esta radiação desconhecida, mas de existência comprovada, Roentgen deu o nome de raios-X, posteriormente conhecido também por raios Roentgen.

Roentgen constatou também que estes estranhos raios podiam atravessar materiais densos, em um desses resultados ele pode visualizar os ossos da mão de sua mulher.

2.2- PRODUÇÃO DE RAIOS X As maquinas de Raios-X foram planejadas de modo que um grande número de elétrons é

produzido e acelerado para atingirem um anteparo sólido (alvo) com alta energia cinética. No tubo de raios X os elétrons obtêm alta velocidade pela alta tensão aplicada entre o anodo e o

catodo. Os elétrons que atingem o alvo (anodo) interagem com o mesmo transferindo suas energias

cinéticas para os átomos do alvo. Os elétrons interagem com qualquer elétron orbital ou núcleo dos átomos do anodo. As interações

resultam na conversão de energia cinética em energia eletromagnética (calor, cerca de 99% e Raios X, cerca de 1%)

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2.2.1- O TUBO DE RAIOS X É montado dentro de uma calota protetora de metal forrada com chumbo, projetada para evitar

exposição à radiação fora do feixe útil (e choque elétrico). Os raios-X produzidos dentro do tubo, são emitidos em todas as direções (feixe divergente). Os raios-X utilizados em exames são emitidos através de uma janela (feixe útil). Os raios-X que passam pela capa de proteção são chamados radiação de vazamento ou de fuga e

podem causar exposição desnecessária tanto do paciente quanto do operador.

2.2.1.1- CATODO É o pólo negativo do tubo de raios-X. Dividindo-se em duas partes: Filamento catódico e capa

focalizadora ou copo de foco (cilindro de welmelt). a) Filamento Tem forma de espiral, construído em tungstênio e medindo cerca de 2mm de diâmetro, e 1 ou 2

cm de comprimento. Através dele são emitidos os elétrons, quando uma corrente de aproximadamente 6 ampères atravessa o filamento. Este fenômeno se chama emissão termoiônica. A ionização nos átomos de tungstênio ocorre devida ao calor gerado e os elétrons são emitidos. O tungstênio é utilizado porque possui um alto ponto de fusão, suportando altas temperaturas (cerca de 3.400 °C). Normalmente os filamentos de tungstênio são acrescidos de 1 a 2% de tório, que aumenta eficientemente a emissão termoiônica e prolonga a vida útil do tubo.

b) Capa Focalizadora ou Copo de Foco Sabe-se que os elétrons são carregados negativamente havendo uma repulsão entre eles. Ao serem

acelerados na direção do anodo, ocorre uma perda, devido a dispersão dos mesmos. Para evitar esse efeito, o filamento do catodo é envolvido por uma capa carregada negativamente, mantendo os elétrons unidos em volta do filamento e concentrando os elétrons emitidos em uma área menor do anodo.

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c) Foco Duplo A maioria dos aparelhos de raios-X diagnóstico, possuem dois filamentos focais, um pequeno e

um grande. A escolha de um ou outro é feita no seletor de mA, no painel de controle. O foco menor abrange uma faixa de 0,3 a 1,0 mm e o foco maior, de 2,0 a 2,5 mm. Ambos os filamentos estão inseridos no copo de foco.

O foco menor e associado ao menor filamento e o maior, ao outro. O foco menor ou foco fino (2), permite maior resolução da imagem, mas também, tem limitado a sua capacidade de carga ficando limitado as menores cargas . O foco maior ou foco grosso (1), permite maior carga, mas em compensação, tem uma imagem de menor resolução.

2.2.1.2- ANODO É o lado ou pólo positivo do tubo de raios-X. Existe dois tipos de anodo: anodo fixo e anodo

rotatório (ou giratório). O anodo recebe os elétrons emitidos pelo catodo. Além de ser um bom condutor elétrico, o anodo é também um bom condutor térmico. Quando os elétrons se chocam contra o anodo, mais de 95% de suas energias cinéticas são transformadas em calor. Este calor deve ser conduzido para fora rapidamente, para não derreter o anodo. O material mais usado no anodo é tungstênio em base de cobre por ser adequado na dissipação do calor.

Foco grosso

Foco fino

Catodo

Filamento

Catódico

Copo de Foco

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a) Anodo fixo É encontrado normalmente em tubos onde não é utilizada corrente alta, como aparelhos de raios-

X dentários, unidades portáteis, unidades de radioterapia convencional e etc..

Esquema de uma

ampola com anodo fixo

Exemplo de uma

ampola com anodo fixo

Detalhe do anodo fixo Detalhe do Catodo, com seu copo de foco

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b) Anodo giratório ou rotatório A maioria dos tubos de raios-X utiliza este, devido a sua capacidade de resistir a uma maior

intensidade de corrente em tempo mais curto, e com isso, produzir feixes mais intensos.

Esquema de uma ampola com

anodo giratório

Exemplo de uma ampola com

anodo giratório

Detalhe do anodo giratório

Detalhe do Catodo, com seu copo de foco

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c) Alvo É a área do anodo que recebe o

impacto dos elétrons. No anodo fixo, o alvo é feito de uma liga de tungstênio incluída em um anodo de cobre. No anodo rotatório o alvo é um disco giratório. Este disco tem uma resistência grande à alta temperatura. A escolha do tungstênio deve-se à:

1. Alto número atômico, acarretando grande eficiência na produção de raios-X.

2. Condutividade térmica quase igual a do cobre, resultando em uma rápida dissipação do calor produzido.

3. Ponto de fusão (3.400 ° C), superior à temperatura de bombardeamento de elétrons (2.000 ° C). Aquecimento do anodo O anodo rotatório permite uma corrente mais alta pois os elétrons encontram uma maior área de

impacto. Com isso o calor resultante não fica concentrado apenas em um ponto como no anodo fixo. Fazendo a comparação de ambos, num tubo com foco de 1mm, temos: no anodo fixo a área de impacto (alvo) é de aproximadamente 1mm x 4mm = 4mm².

No anodo rotatório de diâmetro de 7 cm, o raio de impacto é de aproximadamente 3 cm (30 mm). Sua área alvo total é aproximadamente 2 x p x 30mm x 4mm = 754mm². Portanto, o anodo rotatório permite o uso de área uma centena de vezes maior que um anodo fixo, com mesmo tamanho de foco.

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A capacidade de carga é aumentada com o número de rotações do anodo. Normalmente a capacidade de rotação é de 3.400 rotações por minuto. Existe anodo de tubos de maior capacidade que giram a 10.000 rpm.

2.2.1.3- AMPOLA DE ENCAPSULAMENTO É um recipiente hermeticamente fechado que serve de blindagem, isolante elétrico e de suporte

estrutural para o anodo e catodo. Ajuda na refrigeração da ampola. O sistema de encapsulamento serve para manter o vácuo no interior do tubo. A presença de ar dentro do tubo é indesejável, pois, além de interferir na produção de raios X,

permitiria que eletricidade percorresse o tubo, na forma de pequenos raios e centelhas, danificando o sistema.

2.2.1.4- CUIDADOS COM O TUBO O mecanismo do rotor de um tubo rotatório pode falhar ocasionalmente. Quando isso acontece, há

um superaquecimento criando depressões no anodo (danos sérios) ou rachaduras causando danos irreversíveis ao tubo.

Ao acionar o disparador de exposições de uma unidade radiográfica, deve-se esperar 1 a 2 segundos, antes da exposição, para que o rotor acelere e desenvolva o número de rotações por minuto desejadas. Quando a exposição é completada pode-se ouvir o rotor diminuir a rotação e parar em mais ou menos 1 minuto. O rotor e precisamente balanceado, existindo uma pequena fricção sem a qual o rotor levaria 10 a 20 minutos para parar, após o uso.

2.2.1.5- VALORES MÁXIMOS DE OPERAÇÃO O operador do aparelho de raios-X deve estar atento à capacidade máxima de operação do tubo

para não danificá-lo. Existe vários tipos de tabelas que podem ser usadas para estabelecer os valores máximos de operação do tubo de raios-X, mas apenas três são mais discutidas:

1. Curvas de rendimento máximo; 2. Resfriamento do anodo; 3. Resfriamento da calota do tubo.

Sendo que estas três variáveis, são normalmente calculadas pelos fabricantes adotando o sistema de bloqueio de carga superior ao limite do tubo, mas, sendo de suma importância o conhecimento destas pelo operador, pois, em caso de falha do sistema, o próprio profissional poderá poupar o tubo das cargas excessivas.

Depressões no anodo causado por

superaquecimento

Depressões no anodo causado por

superaquecimento

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2.2.2- FASES DE PRODUÇÃO DOS RAIOS X 1. O filamento catódico é

aquecido devido a passagem de uma corrente elétrica (corrente de filamento – mA) de uma fonte de baixa voltagem, controlada por um seletor de mA.

2. Aumentando-se o mA, maior será a corrente, elevando a temperatura e produzindo elétrons por efeito termiônico, criando uma nuvem negativa em torno do catodo.

3. A aplicação de uma diferença de potencial elevada (kV) no conjunto catodo e anodo acelera os elétrons da nuvem catódica em direção ao anodo.

4. Os elétrons com grande velocidade “colidem” com o anodo, no ponto de foco, causando um desarranjo na estrutura atômica do objetivo, criando os Raios X e calor.

C A

Raios X

Raios X

(1)

(2)

(3) (4)

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Filtro

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2.2.3- TIPOS DE RAIOS X Existe duas formas de raios-X, dependendo do tipo de interação entre elétrons e o alvo. 2.2.3.1- RAIOS X CARACTERÍSTICOS Esse processo envolve uma “colisão” entre o elétron incidente e um elétron orbital ligado ao

átomo no material do alvo. O elétron incidente transfere energia suficiente ao elétron orbital para que seja ejetado de sua órbita ou “salte” para uma outra órbita, deixando um "buraco". Esta condição instável é imediatamente corrigida com a passagem de um elétron de uma órbita mais externa para este “buraco”.

Como os níveis de energia dos elétrons são únicos para cada elemento, os raios-X decorrentes deste processo também são únicos e, portanto, característicos de cada elemento (material). Daí o nome de raios-X característico.

2.2.3.2- RAIOS X DE FRENAGEM O processo envolve um elétron passando bem próximo a um núcleo do material alvo. A atração

entre o elétron carregado negativamente e o núcleo positivo faz com que o elétron seja desviado de sua trajetória perdendo parte de sua energia. Esta energia cinética perdida é emitida na forma de um raios-X, que é conhecido como "bremsstrahlung"("braking radiation") ou radiação de frenagem.

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2.3- A PRODUÇÃO DE CALOR O calor também é produzido pelo “impacto” de elétrons. 2.4- PRINCÍPIO DO FOCO LINEAR O PONTO DE FOCO REAL é a área do objetivo onde os elétrons “colidem”. O tamanho do ponto

de foco real (FONTE) tem um efeito na formação da imagem radiográfica, como já foi visto. Sua relação é: Quanto menor é o ponto de foco mais nítida é a imagem. O PRINCÍPIO DE FOCO LINEAR faz com que o tamanho do ponto de foco real pareça menor

quando visto da posição do filme devido a uma angulação do anodo com relação ao feixe catódico. Este ponto de foco projetado é chamado de PONTO DE FOCO APARENTE ou EFETIVO. Entretanto a um limite para esta angulação (15° à 20°). Se for muito pequeno causa um excessivo

declínio de intensidade do lado anódico do feixe, chamado de EFEITO DE TALÃO. 2.5- PROPIEDADES FUNDAMENTAIS DOS RAIOS X � Causam fluorescência em certos sais metálicos; � Enegrecem placas fotográficas; � São radiações eletromagnéticas, não sofrem desvio em campos elétricos ou magnéticos; � São diferentes dos raios catódicos (feixe de elétrons); � Tornam-se "duros" (mais penetrantes) após passarem por absorvedores; � Produzem radiações secundárias em todos os corpos que atravessam; � Propagam-se em linha reta (do ponto focal) para todas as direções (divergência); � Transformam gases em condutores elétricos (ionização); � Atravessam o corpo tanto melhor quanto maior for a tensão no tubo (kV).

Angulação

Anodo de Tungstênio (Vista lateral)

Catodo

Ponto de foco aparente ou efetivo

Ponto de foco real (Área de bombardeio)

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2.6- ELEMENTOS DE UM CONJUNTO GERADOR DE RAIOS X A fonte de alimentação vem da rede elétrica. Acoplados a ampola existem dois circuitos: BV – Baixa voltagem, com corrente regulável que aquece o filamento. AV – Alta voltagem que funciona junto a um retificador que fornece o campo elétrico e mantém a

polaridade no tubo. Numa instalação de Raios X, observa-se: a) Transformador que recebe 110/220V e fornece ao filamento aproximadamente 10V e ao

conjunto catodo-anodo uma tensão variável entre 40kV e 150kV. b) Painel de controle que possuem os controles

b.1) Liga/desliga; b.2) Seletor de kV; b.3) Seletor de mA; b.4) Seletor de mAs

c) Ampola. d) Mesa para o paciente. As máquinas de Raios-X podem operar a diversas tensões e a diversas correntes no tubo. De um

modo geral, temos as seguintes características: • Diagnóstico: de 40 à 150 KVP e correntes de 25 à 1200 mA. • Terapia: de 60 à 250 KVP e correntes de aproximadamente 8 Ma • Raio-X dentário: de 50 à 90 KVP e correntes de até 10 mA. • Raio-X industrial: de 50 à 300 KVP e correntes de até 10 mA

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2.7- OBSERVAÇÕES a) A KILOVOLTAGEM – kV: É a tensão aplicada no tubo; b) O KILOVOLTPICO (kVp): É a tensão máxima aplicada no tubo que determina a energia do fóton mais energético em keV

(Kiloeletronvolt) não representa a energia efetiva do feixe que está em torno de 30% a 40% do valor do kVp;

c) O RETIFICADOR: Transforma CORRENTE ALTERNADA (ca) em CORRENTE CONTÍNUA (cc); d) O MILIAMPERE – SEGUNDO (mAs): É o número total de elétrons que elétrons que atingem o anodo; Freqüentemente, as unidades mA e mAs são confundidas ou tomadas como termos sinônimos.

Não são. Cada uma dessas unidades refere-se a uma grandeza diferente. A unidade mA refere-se à grandeza física corrente elétrica (i).

A corrente elétrica é definida como a quantidade de carga elétrica Q, dada em Coulomb (C), que passa por um meio qualquer, dividido pelo intervalo de tempo em que ocorre esta passagem, em segundo (s).

e) CONTROLE AUTOMÁTICO DE EXPOSIÇÃO (CAE) Dispositivo que controla o nível de exposição, suspendendo a geração de Raios X quando o

receptor de imagens (conjunto tela-filme) recebe uma determinada quantidade de exposição pré-determinada considerada ideal para um determinado exame;

f) QUALIDADE DOS RAIOS X: Capacidade de penetração que depende da energia dos Raios X; g) O feixe de Raios X possui diversas energias (policromático); h) FILTRAGEM A filtragem do feixe aumenta a energia média do feixe, pois retira radiação com pouco poder de

penetração “raios X moles”. i) TEMPO DE EXPOSIÇÃO:

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Em radiografias, a exposição é iniciada pelo operador do equipamento e terminada depois que se esgota o tempo selecionado previamente.

Em fluoroscopia, a exposição é iniciada e terminada pelo operador, mas há um indicador do tempo de exposição acumulado que emite um sinal sonoro após 5 minutos de exposição.

Os temporizadores e botões de controle ajustados pelo operador ativam e desativam a geração de raios X acionando dispositivos de chaveamento que pertencem, ao circuito primário do gerador.

j) TEMPO – AJUSTE MANUAL: Nos temporizadores manuais, o ajuste do tempo de exposição deve ser feito pelo operador antes de

iniciar o procedimento. A seleção adequada dos ajustes do tempo de exposição no equipamento dependerá do conhecimento pessoal ou da consulta a uma Tabela de Exposição que correlaciona a espessura do paciente com o kV, o mA e o tempo.

CONCLUSÃO

Além da inegável importância na medicina, na tecnologia e na pesquisa científica atual, a

descoberta dos raios X tem uma história repleta de fatos curiosos e interessantes, e que demonstram a enorme perspicácia de Roentgen.

Por exemplo, o físico inglês Sir William Crookes (1832-1919) chegou a queixar-se da fábrica de insumos fotográficos Ilford, por lhe enviar papéis "velados". Esses papéis, protegidos contra a luz, eram geralmente colocados próximos aos seus tubos de raios catódicos, e os raios X ali produzidos (ainda não descobertos) os velavam.

Outros físicos observaram esse "fenômeno" dos papéis velados, mas jamais o relacionaram com o fato de estarem próximos aos tubos de raios catódicos! Mais curioso e intrigante é o fato de que o físico alemão Philipp Lenard (1862-1947) "tropeçou" nos raios X antes de Roentgen, mas não percebeu.

Assim, parece que não foi apenas o acaso que favoreceu Roentgen, a descoberta dos raios X estava "caindo de madura", mas precisava de alguém suficientemente sutil para identificar seu aspecto fenomenal.

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UNIDADE III

FORMAÇÃO DA IMAGEM RADIOGAFICA

3.1- INTRODUÇÃO Os Raios X, assim como a luz visível, irradiam em todas as direções (divergência) propagando-se

em linhas retas (a partir do ponto de foco) até que são detidos por um absorvente.Por este motivo, o tubo de Raios X está situado em um alojamento de metal que detém a maioria da radiação X.

Somente uma quantidade de radiação útil sai do tubo, e esta radiação constituem o feixe primário. O centro geométrico do feixe primário é chamado de Raio Central. Na maioria dos equipamentos de raios X usados em medicina, a quilovoltagem pode variar dentro

de um amplo limite, o que possibilita uma ampla aplicabilidade de exames ou terapias. Podemos classificar os raios X que saem da ampola segundo a quilovoltagem usada em: RAIOS X “SUAVES” OU “MOLES”, com maiores comprimentos de ondas e baixa energia

produzidos com baixa quilovoltagem, estes são facilmente absorvidos. RAIOS X “DUROS”, com menores comprimentos de ondas e alta energia produzidos com alta

quilovoltagem, esta radiação é mais penetrante e responsável pela imagem radiográfica. Os raios X utilizados em radiografia médica são heterogêneos por constituírem-se de radiações

com diferentes comprimentos de ondas, energias e poderes de penetração.

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3.2- ABSORÇÃO DE RAIOS X Uma das principais característica dos raios X é o seu poder de penetrar a matéria, mas nem todos

os raios X que entram na matéria a penetram completamente; alguns são absorvidos e aqueles que entram formam a imagem aérea.

3.3- FATORES QUE AFETAM A ABSORÇÃO DE RAIOS X Segue-se alguns fatores que influenciam a absorção da radiação X. 3.3.1- ESPESSURA É uma relação intuitivamente óbvia: um pedaço de material “grosso” absorve mais

radiação X do que um pedaço de material “fino” do mesmo material. 3.3.2- DENSIDADE Elementos mais densos (maior quantidade de matéria por unidade de volume)

absorvem mais que os menos densos, como por exemplo a água (que absorve mais) do vapor de água. O estado de agregação dos átomos do meio favorece esta absorção.

3.3.3- NÚMERO ATÔMICO (Z) O número atômico de um elemento químico representa a quantidade de prótons

presente em seu núcleo, esta relação é um tanto complicada e depende da energia da radiação incidente. No entanto, de uma maneira geral, elementos com baixos números atômicos

absorvem menos do que aqueles com maiores números atômicos, como por exemplo, o alumínio (que absorve menos) do chumbo (usado para proteção e isolamento).

3.3.4- MEIOS DE CONTRASTE Os meios de contraste são substâncias que diferem em

densidade e número atômico do meio em que estão cuja função é evidenciar estruturas que normalmente não são vistas numa radiografia.

Como exemplo temos: Suspensões aquosas de sulfato de bário são usados para

realçar o trato gastrintestinal.Compostos orgânicos líqidos contendo iodo, para radiografias dos sistemas vascular, urinário, linfático ou respiratório e o canal vertebral.

Obs: Substâncias que absorvem radiação X são chamadas de RADIOPACOS. Caso contrário são RADIOTRANSPARENTES.

Esofagografia Intestino Grosso Contrastado

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3.3.5- KILOVOLTAGEM A kilovoltagem aplicada no tubo age como intensificadora de Raios X, quanto mais

kV, mais energéticos são os Raios X produzidos (portanto com menores comprimentos de ondas) influindo assim em sua absorção.

60kV e 50mAs

70kV e 50mAs

80kV e 50mAs

EFEITO NA IMAGEM

RADIOGRÁFICA COM O AUMENTO

DO kV

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3.3.6- FILTRAGEM Filtrar é remover Raios X inúteis, com baixa energia. 3.3.6.1- FILTRAGEM INERENTE È a filtragem que ocorre na própria ampola através de seus elementos como a

superfície do vidro e o óleo isolante ao redor do tubo. 3.3.6.2- FILTRAGEM ADICIONAL OU ARTIFICIAL É a filtragem que ocorre propositalmente, através de folhas de metal inseridas no

tubo (como no caso do alumínio), cuja função é remover Raios X de baixa energia. 3.3.6.3- OBSERVAÇÕES 1. A maioria das radiações menos energéticas irão somente adicionar-se à dose absorvida

pelo paciente; 2. A filtragem necessária depende fundamentalmente da kilovoltagem aplicada; 3. A inserção de filtros “endurece” o feixe; 4. A filtragem pode ser especificada em termos de equivalente de alumínio, ou seja, em

termos da espessura de alumínio que produziria a mesma filtragem. 3.3.7- COMPOSIÇÃO DO OBJETIVO O material que compõe objetivo também influi na absorção. Na maioria das aplicações médicas são usados objetivos de Tungstênio enquanto que em

Mamógrafos são usados objetivos de Molibdênio (que produzem uma maior porcentagem de radiação de baixa energia, facilmente absorvidos).

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3.4 - ABSORÇÃO DIFERENCIAL NO CORPO HUMANO O corpo humano é uma estrutura complexa constituída de diferentes espessuras e elementos. Estes

elementos absorvem os Raios X de maneira diferenciada. Por exemplo, o osso é mais denso e contém elementos de número atômico maior do que o tecido macio. Por isso, os ossos absorvem mais Raios X que os demais tecidos.

Observa-se também que estruturas doentes absorvem os Raios X de forma diferenciada evidenciando uma patologia, por outro lado a idade do paciente também pode ter alguma influência na absorção como é o caso da osteoporose (poros nos ossos) que apresenta uma baixa absorção de Raios X.

A radiação que emerge do corpo (chamada de imagem aérea) é resultado desta absorção diferencial e é constituída de diferentes intensidades de Raios X.

3.5 - CONTRASTE DO SUJEITO É a relação entre a intensidade de uma parte do objeto e a intensidade de uma outra parte mais

absorvente. O contraste do sujeito depende dos fatores que afetam a absorção dos Raios X.

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3.6 - FATORES DE EXPOSIÇÃO QUE AFETAM A IMAGEM AÉREA 3.6.1- MILIAMPERAGEM Aumentando-se a miliamperagem aumenta-se a intensidade de Raio X sem no entanto afetar o

contraste do sujeito que mantém-se com a mesma proporção (ou seja as diversas intensidades de Raios X que emergem do corpo continuam a manter a mesma relação entre si).

70kV 25mAs

70kV 50mAs

70kV 80mAs

EFEITO NA IMAGEM RADIOGRÁFICA COM O AUMENTO DO MaS

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3.6.2- DISTÂNCIA A distância entre o tubo e o objeto tem um efeito na intensidade da imagem, conforme a distância

entre a fonte e o objeto diminui, a intensidade de Raios X aumenta, e conforme a distância aumenta, a intensidade de radiação no objeto diminui.

Isso acontece devido ao fato de que os Raios X propagam-se em linhas retas divergentes. O contraste do sujeito também não é afetado pela mudança na distância. 3.6.3- KILOVOLTAGEM Uma mudança na quilovoltagem resulta em uma mudança no poder de penetração dos Raios X,

modificando assim a intensidade total do feixe que incide no paciente e também o contraste do sujeito. Como já foi dito anteriormente.

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3.7 - EFEITO DE TALÃO (OU ANÓDICO) A intensidade de radiação que sai da fonte e incide sobre o paciente não é uniforme (ou seja, é um

campo não constante) devido à inclinação que o objetivo possui em relação ao feixe de elétrons. O efeito de talão corresponde a uma variação de intensidades de Raios X devido ao ângulo de

emissão de Raios X do ponto de foco. A intensidade diminui rapidamente do raio central em direção ao extremo anódico e aumenta

levemente em direção ao extremo catódico. O efeito de talão pode ser usado para obter densidades equilibradas em radiografias das partes do

corpo que diferem em absorção. Por exemplo , em radiografias das vértebras torácicas, a área cervical fina deve receber a menor intensidade de radiação da porção do anodo do feixe enquanto que a área grossa do peito deve ser exposta a uma radiação mais intensa da porção catódica.

Quando usa-se a porção central do feixe o efeito de talão é menos notado, no caso de exposição de filmes pequenos.

SUMÁRIO DAS APLICAÇÕES DO EFEITO ANÓDICO INCIDÊNCIA EXTREMIDADE

ANÓDICA EXTREMIDADE CATÓDICA

Coluna torácica (AP)

Cabeça Pés

Coluna lombar (Lateral)

Cabeça Pés

Fêmur (AP e lateral)

Pés Cabeça

Úmero (AP e lateral)

Cotovelo Ombro

Perna (Tíbia/Fíbula)

Calcanhar Joelho

Antebraço (AP e lateral)

Punho Cotovelo

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3.8 – FILTROS DE ESPESSURA VARIÁVEL É também um método de se obter densidades equilibradas em radiografias por usar filtros

de espessuras diferentes para diferentes absorções produzindo diferentes intensidades de radiação X incidente.

3.9 - GEOMETRIA NA FORMAÇÃO DA IMAGEM O objetivo de uma radiografia é o de obter imagens as mais exatas quanto possível e dois

fatores que afetam esta nitidez são o grau de borrosidade e o tamanho da imagem. Lâmpadas comuns podem simular o que acontecem com os Raios X. 3.9.1- BORROSIDADE GEOMÉTRICA E AMPLIAÇÃO DA IMAGEM A sombra produzida por uma lâmpada

pequena, a uma distância de 90cm da parede, é quase do mesmo tamanho do objeto iluminado, a uma distância de 5cm da parede, e de contornos bem definidos. Movendo o objeto em direção a luz a sombra se torna maior e os contornos mais turvos.

Substituindo a lâmpada menor por uma fonte maior note que os contornos ficam turvos mesmo com o objeto a pouca distância da parede, esta borrosidade aumenta quando move-se o objeto em direção a fonte.

O efeito da borrosidade também pode ser causado movendo-se a fonte para perto do objeto.

Uma vez que a imagem aérea dos Raios X é também uma sombra do objeto, os mesmos princípios de formação de sombra são aplicados em radiografia.

Quanto menor for a fonte de radiação (ponto de foco), quanto mais perto o objeto estiver do filme (plano receptor de imagem) e quanto mais longe estiver o objeto da fonte, menos borrosa e mais nítida é a imagem. Mas um ponto de foco maior e mais próximo do objeto e este distante do filme, maiores são a borrosidade e a ampliação.

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3.9.2- DISTORÇÃO É uma ampliação desigual de partes de uma estrutura. Se o ponto de foco não estiver verticalmente acima do objeto ele produzirá uma ampliação

da imagem neste caso tendo o objeto e a superfície de gravação paralela. Se o objeto e a superfície de gravação não forem paralelas a sombra será distorcida. A distorção e a ampliação podem muitas vezes serem úteis quando aplicadas para

examinar algumas estruturas que de outra maneira seriam obscuras. O estabelecimento da posição de uma estrutura a partir de sua “sombra” pode ser útil na

identificação de uma lesão. 3.10 - MOVIMENTO O movimento, tanto das estruturas sendo radiografadas quanto do equipamento de

exposição, contribui para a borrosidade da imagem. Duas regras devem ser seguidas: Imobilizar a parte radiografada e reduzir o tempo de exposição.

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UNIDADE IV

RADIAÇÃO DISPERSA 4.1- INTRODUÇÃO Quando os Raios X interagem com a matéria, para formar uma imagem, eles podem ser

ABSORVIDOS, TRANSMITIDOS ou ESPALHADOS. A Radiação transmitida após passar pelas estruturas e ter diversas absorções formam a “sombra”

que será projetada sobre o écran e formará a imagem radiográfica. Mas nem toda radiação que interage com o objeto será útil na formação da imagem, uma parte

será espalhada pelos átomos que compõe o objeto, esta radiação secundária é também conhecida por RADIAÇÃO DISPERSA.

Portanto toda radiação criada da interação do feixe primário com o objeto é considerada Radiação dispersa ou secundária.

4.2- EFEITO NO CONTRASTE DO SUJEITO A radiação dispersa é uma fonte capaz de expor o filme, o que é inconveniente porque não

contribui para a formação da imagem útil. Ao contrário, ele produz uma intensidade de raios X que se sobrepõe à imagem aérea. A conseqüência desta intensidade de revestimento é o de reduzir o contraste do sujeito, ou seja, de reduzir a proporção de intensidades de Raios X entre as estruturas vizinhas na imagem aérea.

Fonte

Radiação Primária

Objeto radiografado

Radiação dispersa, espalhada ou secundária

Filme

Radiação Transmitida

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4.3- FONTES DE RADIAÇÃO DISPERSA A principal fonte de Radiação dispersa é o volume irradiado, segundo a relação: “Quanto maior o volume irradiado, maior é a intensidade de radiação dispersa produzida”. No caso das partes do corpo consideradas pesadas, tais como o abdômen, a intensidade de

radiação dispersa pode ser 10 ou mais vezes maior que a radiação primária atenuada. 4.4- REDUÇÃO DA RADIAÇÃO DISPERSA 4.4.1- LIMITAÇÃO DO FEIXE O feixe primário deve ser limitado a um tamanho e forma que cubra precisamente a

área de interesse diagnóstico. As áreas não irradiadas não contribuem para a dispersão nem para a dosagem do paciente.

4.4.1.1- DIAFRAGMAS DE ABERTURA Consistem em lâminas de chumbo com aberturas retangulares, quadradas ou

circulares colocadas no feixe de Raios X perto da janela do tubo. 4.4.1.2- CILINDROS

São tubos metálicos que podem fornecer campos retangulares ou circulares. 4.4.1.3- DISPOSITIVOS LIMITADORES DE ABERTURA VARIÁVEL São dispositivos que contém placas de chumbo ou obturadores que podem

ser ajustados para modificar o campo da área irradiada. Alguns possuem botões rotativos indicadores enquanto que outros são controlados por sensores que ajustam o campo ao tamanho do receptor de imagem (chassis).

4.4.2- DIMENSÕES DO CAMPO PROJETADO Podemos calcular a largura do campo projetado seguindo a expressão:

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X=AxR/C

Onde: X é a largura do campo projetado no chassis; A é a distância da fonte ao plano do receptor de imagem; B é a largura da abertura do dispositivo limitador de feixe; C é a distância entre a fonte e a abertura menor ou de controle do dispositivo

limitador de feixe. Ex: A= 105 cm, B= 10 cm, C= 30 cm. Usando a fórmula, o diâmetro do campo

projetado seria: X=105x10/30

X=35 cm 4.4.3- GRADES A grade é um dispositivo formado por tiras alternadas de chumbo e material

espaçador radiotransparente (fibra ou alumínio) que é escolhido para ter baixa absorção de Raios X. As tiras de chumbo absorvem radiação dispersa aleatória enquanto que os espaçadores permitem a passagem do feixe primário.

As tiras podem ser paralelas entre si (grade paralela) ou anguladas de forma que convertam a um ponto (grade enfocada). A distância do ponto focal à grade é chamada de distância focal ou foco radial.

4.4.3.1. ÍNDICE DE GRADE É a relação entre a espessura das tiras de chumbo a e espessura dos

espaçadores. Por exemplo, se a espessura da tira de chumbo é 8 vezes maior do que a largura dos espaçadores, o índice de grade é 8:1.

Mantendo todos os fatores constantes, quanto maior for o índice de grade, mais radiação dispersa esta absorverá.

4.4.3.2. ENFOQUE E DESENFOQUE DA GRADE O ponto focal do tubo deve coincidir com o foco radial e o RC do feixe deve

atravessar o centro da grade de maneira perpendicular. Quando isso não acontece ocorre o desenfoque. O desenfoque é a diminuição progressiva da intensidade dos raios X

transmitidos devido ao aumento do desalinhamento do feixe primário em relação às tiras laterais. O desenfoque pode também ocorrer se o tubo estiver inclinado lateralmente

com relação à grade.

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4.4.3.3. EFEITO NA EXPOSIÇÃO Ao introduzir uma grade devemos aumentar a exposição para compensar a

perda de intensidade e este aumento vai depender de seu índice e da parte do corpo radiografado. Quanto maior for o índice de grade maior será a exposição, mantendo-se

todos os fatores constantes. 4.4.4- ESPAÇO DE AR Quando o paciente está perto do receptor de imagem, muita radiação dispersa será

transmitida ao receptor. Quando o paciente se afasta do receptor, a quantidade de radiação dispersa que o atinge é reduzida.

Lembremos que o uso de espaços de ar implica na ampliação da imagem daí a necessidade de se usar um filme maior. A borrosidade geométrica produzida por uma maior distância entre o objeto e o chassi pelo espaço de ar, pode ser compensada pela melhora do contraste do sujeito devido uma menor dispersão.

4.4.5- COMPRESSÃO Comprimir o objeto durante o exame pode oferecer algumas vantagens: a) Aumenta o Contraste do sujeito devido a redução do volume irradiado; b) Reduz a borrosidade causada pelo movimento; c) Reduz a borrosidade geométrica, pois reduz a distância entre o objeto e o chassis

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4.4.6- DISPERSÃO INVERTIDA Outros elementos que estão na direção do feixe também comtribuem para a

dispersão de Raios X, como por exemplo: a mesa, o compartimento de filme, etc... A radiação que emerge por detrás do plano de imagem pode dispersar e voltar à

imagem. Chamamos a isto como dispersão invertida. Para reduzir esta dispersão limitamos o campo de atuação do feixe somente a área do chassis e de interesse diagnóstico.

4.5-RADIAÇÃO EXTRA FOCAL A radiação extra focal é a radiação emitida de qualquer parte do tubo de raios X que não seja do

ponto focal. Elétrons dispersos e não focados no ponto de foco são responsáveis pela radiação extra focal. Esta radiação também causa borramentos, pois não contribuem com informação e apenas juntam-

se ao feixe primário reduzindo o contraste do sujeito. Podemos reduzir esta radiação de duas maneiras: a) Inserindo um diafragma de abertura o mais próximo possível do ponto de foco; b) O uso de um tubo com um alvo circular alojado em um anodo de grafite, a grande maioria da

radiação extra focal produzida no grafite é de baixa energia e é facilmente absorvida pela filtragem inerente.

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UNIDADE V

TECNOLOGIAS EM RADIODIAGNÓSTICO E RADIOTERAPIA

5.1- INTRODUÇÃO

A Radiologia corresponde à área da medicina que utiliza raios-x, isótopos radioativos e radiações

gama para a realização de diagnóstico, prevenção e tratamento de doenças. Os raios-x foram descobertos pelo físico alemão Wilhelm Konrad Roentgen (1845-1923) em 8 de

novembro de 1895, sendo que esta descoberta lhe valeu o Prêmio Nobel de Física em 1901. O impacto de seu trabalho foi tão grande à época que após 12 meses da publicação de seu trabalho na revista Nature (1896) surgiram mais de 1000 trabalhos discorrendo sobre os raios-X. O primeiro raio X do corpo humano foi obtido por Roentgen, uma radiografia da mão de sua esposa, Anna Bertha Ludwig. O cientista alemão estava dando início ao desenvolvimento de um fantástico método diagnóstico não invasivo que se mantém como fundamental até os dias de hoje.

O nascimento do imageamento nuclear deve-se à descoberta da radioatividade natural, realizada pelo francês Antoine Henri Becquerel e à descoberta do polônio pelo francês Pierre Curie e por sua esposa Marja Sklodowska Curie, polonesa naturalizada francesa, mais conhecida como Marie Curie, no ano de 1898. As descobertas de Becquerel e do casal Curie valeram o Prêmio Nobel de Física em 1903. No entanto, o uso de isótopos radioativos para obtenção de imagens médicas (medicina nuclear) data de 1947, quando G. E. Moore publicou na revista Science o uso de Iodo 131 na demonstração de tumores cerebrais.

O Casal Curie em seu laboratório realizando

experiências com elementos radioativos

Antoine Henri Becquerel

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ANGIOGRAFIA A angiografia é um método de estudo radiológico vascular que utiliza a injeção de contraste no vaso

de interesse. Este procedimento é realizado por uma equipe de profissionais de saúde (radiologista, técnico ou

enfermeiro qualificado e técnico em radiologia) e serve como auxiliar no diagnostico de diversas doenças. Neste trabalho, abordaremos o conceito, as espécies de angiografia e algumas considerações

procedimentais a serem observadas por profissionais de saúde que compõem a equipe de angiografia. Além de analisarmos mais detalhadamente, algumas das espécies de angiografia como, angiografia cerebral, angiografia torácica e angiocardiográfia.

1. CONCEITO

Angiografia consiste em um método de estudo radiológico do sistema vascular, por meio do qual se faz a injeção de solutos opacos aos raios x na corrente sanguínea.

Englobada como um procedimento de estudo radiológico dos vasos, a angiografia utiliza-se da injeção de contrastes no vaso de interesse para visualização das estruturas. Geralmente, utiliza-se o contraste positivo, no entanto, em alguns casos indica-se a utilização de contraste negativo para se realizar a angiografia.

2. UTILIZADO COMO UM MEIO DE DIAGNOSTICO A ANGIOGRAFIA

COMPORTA ALGUMAS ESPÉCIES ENTRE AS QUAIS SE DESTACA: a) Angiografia cerebral (auxiliar no diagnostico de tumores cerebrais, aneurismas, tromboses

vasculares, etc). b) Aortográfia (estudo dos vasos dos membros) c) Angiopneumografia (estudo dos vasos dos pulmões) d) Espleno portográfia (estudo dos vasos do baço e do fígado) e) Angiografia abdominal f) Angiocardiografia

Adiante, analisaremos mais profundamente alguns aspectos das espécies de angiografias mais utilizadas.

3. ALGUMAS COSIDERAÇÕES PROCEDIMENTAIS: A angiografia é realizada por uma equipe de profissionais de saúde que inclui radiologista

qualificado, técnico ou enfermeiro e técnico em radiologia para visualizar os vasos de interesse, deve-se introduzir na vasculatura do paciente um cateter por meio do qual se fará a injeção de contraste. Comumente, utiliza-se a técnica de SELDINGER para a cateterização. Esta é uma técnica percutânea (através da pele) e pode ser usada para acessos venosos ou arteriais. Três vasos são tipicamente avaliados para cateterização:

a) Femoral; b) Branquial c) Axilar

A realização da angiografia necessita de alguns equipamentos estéreis, como: a) Hemostatos; b) Solução anti-séptica e esponja preparada c) Lâmina de bisturi d) Seringa e agulha para anestesia local e) Bacias e cuba f) Campas e toalhas estéreis g) Band-aids h) Cobertura de intensificador de imagem estéril

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Na utilização da angiografia deverá sempre se observar se há algumas contra indicações aos pacientes submetidos a esta técnica, isto inclui paciente com alergia ao contraste, paciente com função renal prejudicada, paciente com distúrbios da coagulação sanguínea ou uso de medicamento anticoagulante e função cardiopulmonar ou neurológica instável.

Além disso, o profissional de saúde deve ficar atento e protegido contra radiações, isto por que existe um risco potencial quanto à dose aumentada da radiação para os profissionais de saúde que são membros da equipe de angiografia. Assim, deverá ser utilizado os protetores de chumbo, escudos tireoidianos e óculos de chumbo.

O profissional de saúde também necessitará fazer e obter a historia clínica do paciente, tudo isto antes do procedimento (a historia clinica deverá incluir perguntas e entrevistas quanto a possíveis medicamentos em uso).

Em pacientes pediátricos a angiografia é feita geralmente, sob anestesia geral ou efetiva sedação; já paciente idosos com algumas dificuldades sensoriais de locomoção terão um zelo maior pelo profissional de saúde durante o procedimento, tendo em vista que é comum o medo e o nervosismo nestes pacientes.

4. ANGIOGRÁFIA CEREBRAL A angiografia cerebral é um estudo radiológico dos vasos sanguíneos do cérebro, cujo objetivo

principal é fornecer uma espécie de “mapa” do sistema vascular do cérebro para auxiliar no diagnostico de patologias, anormalidades e localização de doenças na região do cérebro e do pescoço.

Neste caso, a angiografia é indicada principalmente para detectar: • Estenose e oclusões vasculares • Aneurismas • Trauma • Malformações arteriovenosas • Doenças neoplásicas

A realização da angiografia cerebral, normalmente, é feita com abordagem femoral para a inserção

do cateter. O contraste tira a quantidade reguladora conforme for o caso a ser examinado, mas usualmente varia entre 5 e 10 ml. Quanto à imagem, o equipamento biplano é preferido e a seqüência de imagem selecionada deve incluir todas as fases da circulação: arterial capilar e venosa, durante de 8 a 10 segundos.

5. ANGIOGRAFIA TORÁCICA A angiografia torácica via demonstrar o contorno e a integridade da vasculatura torácica, sendo

indicada para algumas patologias. A aortografia torácica é um estudo angiográfico da aorta ascendente, do arco, da porção descendente

da aorta torácica e dos ramos principais. A arteriografia pulmonar, por sua vez, estuda os vasos pulmonares. As indicações de angiografia torácica e pulmonar são sugeridas para pacientes com:

• Aneurisma • Anormalidades congênitas • Estenose dos vasos • Embolia • Trauma

A inserção do cateter, nos caos destas angiografias, é feita, preferencialmente, na artéria femoral,

utilizando-se contraste, cuja quantidade dependerá conforme for o procedimento adotado. Em angiografia torácica a quantidade média de contraste é de 30 a 50 ml, já para angiografia pulmonar seletiva é de 25 a 35 ml. Para obtenção da imagem na angiografia torácica deverá respiração por alguns segundos.

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6. ANGIOCARDIOGRAFIA A angiocardiografia consiste no estudo radiológico do coração e estruturas associadas, sendo

indicado para as seguintes patologias: • Doença arterial coronariana e angina • Infarto do miocárdio • Doença vascular • Dor torácica • Anormalidades cardíacas congênitas • Outras patologias do coração e da aorta

O cateter, neste caso, é introduzido na artéria femoral e a quantidade de contraste injetada é de

aproximadamente 40 a 50 ml (contraste iodado hidrossolúvel não iônico e de baixa osmolaridade são injetados para o ventriculograma). Nas artérias coronárias se injeta de 7 a 10 ml de contraste. Quanto à imagem, estas são obtidas rapidamente (de 15 a 30 quadros por segundo).

CONCLUSÃO A angiografia é um procedimento de estudo do sistema vascular de suma importância para a

medicina, tendo em vista que por meio do estudo dos vasos sanguíneos é possível se obter um diagnóstico de diversas patologias em diferentes órgãos do corpo humano.

Isto implica em melhoria de vida para pacientes, diagnósticos corretos e precisos para auxiliar o médico no momento das prescrições de tratamento e medicamentos para os pacientes.

Assim, todo e qualquer profissional de saúde que componha a equipe angiografia deverá ser qualificado neste método de estudo, possibilitando, desta feita, que a imagem obtida e o contraste utilizado sejam suficientes e eficientes para detectar as possíveis patologias dos pacientes submetidos à angiografia e auxiliar nas indicações da melhor maneira de se buscar a cura ou ao menos o controle da patologia.

Diante disto, observa-se que a angiologia é um procedimento da medicina moderna que visa o esclarecimento e ensinamento geral do sistema vascular necessários à defesa da saúde.

REFERÊNCIAS RUECAS, Jesus. Grande Compêndio de Enfermagem: verbete angiografia, São Paulo; Sivadi

Editorial, 1998. Livro do CD: Bontrager livro digital 5º edição

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DESITOMETRIA

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HEMODINÂMICA Hemodinâmica

Estudo dos movimentos e pressões da circulação do sanguínea. Hemodinâmica/Intervenções Percutâneas

Realiza procedimentos médicos diagnósticos e terapêuticos nas áreas de cardiologia, neurologia, angiologia, nefrologia, clínica médica e ginecologia(tratamento de mioma uterino).

Hemodinâmica, um termo mais antigo, pode ser substituído por Intervenções Percutâneas(cardiologia intervencionista e/ou radiologia intervencionista).

O setor possui instalações características de bloco cirúrgico, uma vez que os procedimentos exigem cuidados como os de quaisquer cirurgias, com aparelhagem de última geração e pessoal qualificado para a assistência imediata ao paciente.

Os exames são realizados através da introdução de pequenos cateteres que são inseridos pela punção de uma artéria do braço ou da perna e guiados até o coração para a injeção de contraste no interior da coronárias e coração (cineangiocoronariografia ou cateterismo cardíaco). Há também o monitoramento em tempo real ("filmagem") pelo aparelho de angiografia digital, a fim de detectar as obstruções ("entupimento") das coronárias, causadoras do infarto do coração.

Em muitas ocasiões opta-se pela angioplastia (tratamento endoluminal de tais lesões), que consiste na dilatação das obstruções com um pequeno balão que é temporariamente insuflado no interior das coronárias e as vezes com posterior colocação de um ``STENT´´(pequena prótese) dentro do vaso para mantê-lo aberto. Tais procedimentos são feitos geralmente com anestesia local e o paciente pode, na maioria dos casos, ter alta no mesmo dia ou após 1 ou 2 dias de internação. Exames Diagnósticos - Cateterismo de câmaras cardíacas esquerdas; - Cateterismo de câmaras cardíacas esquerdas e cinecoronariografia com estudo cineangiográfico da aorta e ou seus ramos; - Cateterismo de câmaras cardíacas direitas e esquerdas com estudo cinecoronariográfico; - Cateterismo de câmaras cardíacas direitas e esquerdas com estudo cinecoronariográfico e de revascularização cirúrgica do miocárdio; - Instalação de cateteres intracavitários para monitorização hemodinâmica temporária; - Estudo hemodinâmico em candidatos a transplante cardíacos ou cárdio - pulmonar; Exames Terapêuticos - Angioplastia transluminal coronária de vaso único; - Angioplastia transluminal de vasos múltiplos; - Angioplastia transluminal coronária com o uso simultâneo de balões ou guias; - Aterectomia coronária transluminal percutânia; - Implante de endo -prótese intracoronária; - Valvotomia percutânea por via transeptal; - Retirada percutânea de corpos estranhos no sistema circulatório;

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- Implante percutâneo de balão intra - aórtico; - Implante de eletrodo de marca passo temporário.

Sala de Hemodinâmica

Descrição: Cortina de material plumbífero (Pb) basculante, usado como proteção radiológica em equipamento de Hemodinâmica. Descrição: Mesa Telecomandada usada para exames de Hemodinâmica e Angiografia no início da década de 80. Hemodinâmica:

Como qualquer outro equipamento mecânico e/ou elétrico, os equipamentos de Cinefluoroscopia apresentam uma deterioração de suas imagens fluoroscópicas com o tempo e o uso. Por este declínio ocorrer gradativamente, normalmente ele se mantém despercebido (não detectado) até que a imagem se torne inaceitável para o diagnóstico médico. A implementação de um programa qualificado e específico provou ser uma alternativa para o processo de deterioração mencionado acima. As informações coletadas por este Protocolo de Controle de Qualidade (PCQ) permitem ao engenheiro do Serviço evitar atividades de diagnóstico desnecessária, fornecendo informações que levam em consideração a área (s) de decréscimo de qualidade e os componentes que precisam de calibração. Os benefícios para o laboratório de cateterização são: redução do tempo de exposição, o aumento da qualidade de imagens, diminuição dos custos, otimização do uso dos equipamentos e a consequentemente diminuição dos níveis de exposição de pacientes (Dose na Entrada da Pele) e equipe médica (Dosimetria ocupaciobnal).

Práticas realizadas neste sentido comprovam que melhorias significativas no funcionamento do equipamento como a resolução de alto contraste que passa de 1,4 mm para 0,8 mm. Com melhoras significativas na imagem o foi verificada uma diminuição do tempo de exposição em procedimentos de 15% em média.

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Considerando resultados de pesquisas e publicações, a legislação nacional e internacional exigem ensaios específicos com o objetivo de averiguar as condições de imagem, parâmetros técnicos e proteção radiológica, como por exemplo a Portaria 453 do MS, Portaria 3214/78 MTBE e recomendações de desempenho fornecida pela Associação Americana de Física Médica. Os ensaios recomendados são: Monitoração Pessoal Em Hemodinâmica

Monitoração Pessoal Em Hemodinâmica Trabalho publicado na 20º Semana Científica - 2000 Porto Alegre/RS – HCPA Resumo:

Durante a realização de procedimentos intervencionistas a equipe médica tem necessidade de permanecer durante todo o procedimento exposta à radiação X, para tornar possível o desenvolvimento de procedimentos desta natureza.

Num levantamento estatístico realizado no Hospital de Clinicas de Porto Alegre com os valores de monitoração individual em 32 funcionários durante 19 anos verificamos que as doses equivalentes médias anuais foram 0,9 mSv - médicos, 0,5 mSv - enfermeiras, 0,2 mSv - técnicos de Rx, BG - auxiliar de enfermagem. Constatamos como valor máximo de dose equivalente num mês e num anual de 11,9 e 70,2 mSv, 2,1 e 11,1 mSv , 3,6 e 16 mSv e 1,1 e 1,9 mSv respectivamente. Monitoração-Hemodinâmica-Dosimetria 1. Introdução

Com base em normas vigentes no Brasil, CNEN-NE - 3.01 da Comissão Nacional de Energia Nuclear e Portaria da Secretaria de Vigilância Sanitária Nº 453, de 1º de Junho de 1998 - Ministério da Saúde, todas as pessoas que ocupacionalmente estão expostos à radiação ionizante devem fazer uso, de pelo menos, um monitor individual.

A proteção radiológica, objetiva proteger adequadamente os trabalhadores, sem limitar desnecessariamente as práticas benéficas que utilizam a radiação ionizante. O sistema de radioproteção é fundamentado em princípios básicos que visam garantir que a dose equivalente recebida por algum indivíduo seja tão baixa quanto razoavelmente exeqüível (ALARA), que nenhum emprego de radiação seja injustificada em relação a seus benefícios, e que a dose equivalente não exceda aos limites anuais de dose para trabalhador.

Procedimentos intervencionistas realizado em laboratórios de cateterização (Hemodinâmica), considerado um método cirúrgico, tem necessidade na equipe, além do médico hemodinamicista, técnico de raio x, técnica de enfermagem e enfermagem. Todos tem sua função descrida e caracterizada pela permanência durante todo ou parte do procedimento em uma área controlada o que caracteriza sua exposição ocupacional os raios x.

Todo indivíduo que trabalha com raios - x diagnóstico deve usar, durante sua jornada de trabalho e enquanto permanecer em área controlada, dosímetro individual de leitura indireta, trocado mensalmente.

Levando em consideração o principio ALARA descrito faz-se necessário o conhecimento das doses equivalentes da equipe da unidade de Hemodinâmica. Desta forma, a minimização das doses, a otimização do sistema de blindagem e a definição do posicionamento da equipe na sala, durante os procedimentos intervencionistas, justificam este trabalho. 2. Materiais e Métodos

No serviço de Hemodinâmica são monitorados 32 funcionários divididos em médicos, técnicos de raio x, enfermeiras, técnica de enfermagem. O monitor individual de leitura indireta TLD (LiF-CaSo4) fornecerá uma estimação de dose equivalente de corpo inteiro, para isto o TLD é utilizado na altura do tórax sobre qualquer utensílio de proteção individual tornando possível uma super estimação deste valor.

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Com base nas leituras mensais dos dosímetros Termoluminescentes de leitura indireta de 1979 até 1998 fornecido por uma impressa qualificada e autorizada, foi realizado um levantamento estatístico destes dados fornecidos em dose equivalente.

Para garantir valores reais foi determinado para o serviço de Hemodinâmica uma regulamentação interna de utilização dos dosímetros que determina entre outras coisas que:

- O dosímetro deve ser utilizado sempre que o funcionário estiver em áreas controladas. - Nunca deve ser utilizado fora do serviço. - Quando o dosímetro não estiver sendo utilizado, deve ser colocado junto ao dosímetro padrão. O levantamento foi realizado separando os grupos distintos da equipe constituída. com o auxilio do

software Excel, foi organizado os dados, calculados a média de dose equivalente recebida pelos grupos. 3. Resultados

Verificamos que as doses médias anuais acumuladas dos funcionáriaos do serviço de hemodinâmica foram; 0,9 mSv - médicos, 05 mSv - enfermeiras, 0,2 mSv - técnicas de Rx, BG - auxiliar de enfermagem. Constatamos como valor máximo de dose equivalente mensal e anual os valores representados nos gráficos abaixos.

Os resultados evidenciam que os valores das leituras estam diretamente relacionadas com o cargo, consequentemente, com a função desempenhada em sala durante o procedimento, e que funcionários mesmo realizando ocupacionalmente submetidos aos mesmos valores de doses equivalentes.

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MAMOGRAFIA DEFINIÇÃO Mamograma é um exame radiológico que examina o tecido da mama. O QUE É A MAMOGRAFIA ? A mamografia é um tipo de radiografia especial, realizada em aparelhos específicos para avaliação

das mamas. Homens e mulheres podem desenvolver câncer de mama. A mamografia de rotina é a melhor oportunidade de detectar precocemente qualquer alteração nas mamas antes até que o paciente ou médico possam notá-las ou apalpá-las.

De acordo com o FDA, órgão americano de vigilância sanitária, a mamografia pode detectar um câncer de mama até dois anos antes de ele ser palpável. A mamografia é, ainda, o mais eficaz método de diagnóstico para a detecção de câncer de mama, quanto mais precoce a remoção do tumor na fase inicial, a estratégia é mais eficiente na redução da taxa de mortalidade das pacientes e melhor qualidade de vida.

UM EXAME PREVENTIVO A mamografia de rotina, conhecida em alguns países como

"screening", é o exame das mamas realizado com baixa dose de raios x em mulheres assintomáticas, ou seja, sem queixas nem sintomas de câncer mamário. A mama é comprimida rapidamente enquanto os raios x incidem sobre a mesma. A imagem é interpretada por um radiologista especialmente treinado para identificar áreas de densidades anormais ou outras características suspeitas.

OBJETIVO Detectar o câncer enquanto ainda muito pequeno, ou seja, quando ele

ainda não é palpável em um exame médico ou através do auto-exame realizado pela paciente. Descobertas precoces de cânceres mamários através da mamografia, aumentam muito as chances de um tratamento bem-sucedido. Um exame anual de mamografia é recomendado para todas as mulheres acima de 40 anos.

Resultados registrados pela American Cancer Society, em uma recente avaliação em oito clínicas

escolhidas aleatoriamente, demonstraram que houve 18% menos mortes em decorrência de câncer mamário entre mulheres com 40 anos ou mais que haviam feito mamografia periodicamente. Os benefícios da mamografia quanto a uma descoberta precoce e a possibilidade do tratamento do câncer mamário são muito significativos, compensando o risco mínimo da radiação e o desconforto que algumas mulheres sentem durante o exame.

O QUE ESPERAR DE UM EXAME DE MAMOGRAFIA O exame de mamografia é obtido através de um aparelho chamado mamógrafo. Mamografia é uma

imagem radiográfica da mama, produzida através de um aparelho de raio-X conhecido como mamógrafo.

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No exame, a mama é comprimida para que seu achatamento possibilite a redução das doses de

raios-x, a uniformização dos tecidos, além de manter a mama imóvel. A dose de radiação é bem baixa e a exposição aos raios x é rápida. Neste estágio, também é possível a tomada de imagens especiais, com a ampliação da imagem.

POSIÇÃO A correta posição da mama durante a mamografia é

extremamente importante para assegurar que a imagem mostre todo o tecido mamário e também a axila (região abaixo do braço). O técnico se certificará de que toda a mama esteja situada sobre a chapa de raios x e que nada bloqueie os raios x (como, por exemplo, uma jóia, o ombro ou a mama oposta).

Cooperação da paciente: o técnico deverá lhe informar todas as

etapas da mamografia para assegurar sua inteira participação e cooperação durante o exame. Durante a exposição aos raios x, você deverá permanecer absolutamente imóvel e prender a respiração para evitar a possibilidade de distorcer a imagem em função da movimentação.

Compressão: a compressão é necessária para imobilizar a mama

e uniformizar o tecido da mama, permitindo uma melhor imagem. A compressão da mama pode às vezes causar algum desconforto, mas leva pouco tempo. Assim, você sente a compressão, mas não uma dor significativa. Se sentir dor, informe ao técnico.

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É necessário tirar a roupa da cintura para cima, por isso a indicação de não ir de vestido ao exame

nem com blusas difíceis de tirar.

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Normalmente, o médico faz duas ou mais radiografias de cada mama, que é comprimida no

aparelho para que fique com uma espessura mais uniforme.

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Posicionar-se corretamente durante a mamografia pode aumentar a probabilidade de identificar

tumores de mama invasivos.

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A mama é posicionada vertical ou horizontalmente no aparelho.

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O raio-X pode detectar alterações na mama, como nódulos, cistos e microcalcificação.

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Como a mama é comprimida pelo mamógrafo, não é recomendado fazer o exame no período

menstrual, quando a mulher fica mais sensível à dor.

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Uma indicação é que a paciente não use desodorante, perfume ou talco no dia da mamografia, que

podem deixar resíduos que interferirão nos resultados.

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Detalhes do exame

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O SEGREDO DA BOA MAMOGRAFIA

A função do exame é o diagnóstico precoce do câncer de mama. Ele só faz diferença quando o

tumor é pequeno

Tumor com menos de 2 centímetros O que é a Mamografia Digital ? Um dos recentes avanços da mamografia é a MAMOGRAFIA DIGITAL (computadorizada). A

mamografia digital se assemelha a convencional por usar raios X na produção das imagens porém o sistema é equipado com receptor digital e um computador ao invés de um filme cassete. Na mamografia convencional as imagens são gravadas em filme. O filme é revisado pelo radiologista no negastoscópio. Com mamografia digital, a imagem mamográfica é capturada por um detector eletrônico especial de raios X o qual converte a imagem numa foto digital e pode ser revisado no monitor do computador. O radiologista pode alterar a magnificação, orientação, brilho, contraste através do computador para verificar melhor áreas da mama.

A mamografia convencional demora de 30 minutos a uma hora para a obtenção do diagnóstico. Quando a imagem não é satisfatória o exame tem que ser refeito e a mulher expor-se a nova carga de radiação. Na mamografia digital os procedimentos são os mesmos, a mulher fica de pé, a pressão sobre o seio continua e segundo os médicos necessária para a superposição de tecidos e descobrir nódulos minúsculos e, em seguida um dispositivo eletrônico grava as imagens geradas pelo raio X, apenas 15 segundos após a exposição.

Os procedimentos são mais rápidos e a paciente recebe menor dose de raios X com maior qualidade diagnóstica, com menor número de repetições de exposições durante um exame.

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Esta tecnologia permite que o resultado e as imagens sejam enviadas via Internet para qualquer parte do mundo.

CÂNCER DE MAMA Entre as mulheres jovens o câncer de mama é responsável por 10 % dos óbitos. Entre as mulheres

acima de 60 anos, câncer de mama é responsável por 50% dos óbitos. Mulheres que consomem bebidas alcoólicas tem 40% a 100% mais possibilidades de ter câncer de mamas que as abstemias devido ao aumento do estrógeno causado pelo álcool. (Instituto Nacional do Câncer EUA) Em populações que consumem mais fibras a alimentação, o número de mulheres com câncer de mama é mais baixo (Instituto Haylor EUA).

No Japão este tipo de câncer era muito raro até que as mulheres mais ricas passaram a comer carne diariamente. Segundo o Instituto de Pesquisas do Centro Nacional do Câncer do Japão, as mulheres que comem carne tem oito vezes mais possibilidades de desenvolver câncer de mamas. Na Inglaterra pesquisa semelhante chegou ao mesmo resultado.

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MEDICINA NUCLEAR O que é Medicina Nuclear? A Medicina nuclear é uma especialidade médica que

utiliza técnicas seguras e indolores para formar imagens do corpo e tratar doenças. A medicina nuclear é única por revelar dados sobre a anatomia e a função dos órgãos, ao contrário da radiologia, que tipicamente mostra apenas estrutura anatômica dos órgãos. É uma maneira de coletar informações de diagnóstico médico que, de outra forma, não estariam disponíveis, requereriam cirurgia ou necessitariam de exames de diagnóstico mais caros.

Os exames de medicina nuclear freqüentemente podem detectar precocemente anormalidades na função ou estrutura de um órgão no seu corpo. Esta detecção precoce possibilita que algumas enfermidades sejam tratadas nos estágios iniciais, quando existe uma melhor chance de prognóstico bem sucedido e recuperação do paciente.

Em que casos é indicado o exame de Medicina Nuclear? Os exames de medicina nuclear são benéficos para estudar danos fisiológicos a seu coração,

restrição do fluxo sangüíneo ao cérebro, além do funcionamento de outros órgãos como a tireóide, rins, fígado e pulmões. Também tem usos terapêuticos valiosos como o tratamento do hipertireoidismo e alívio da dor para certos tipos de câncer dos ossos.

Em geral, existe quase uma centena de diferentes exames de medicina nuclear hoje disponíveis, incluindo estudos cerebrais, diagnóstico e tratamento de tumores, avaliação das condições dos pulmões e coração, análise funcional dos rins e de todos os sistemas dos principais órgãos do corpo.

Como se Realiza um Exame de Medicina Nuclear? Os exames de medicina nuclear são seguros e indolores. Uma pequena quantidade de material

radioativo é absorvida pelo corpo via injeção, oral ou inalação. Estas substâncias radioativas são misturadas a um produto farmacêutico especializado que tem como alvo os órgãos, ossos ou tecidos específicos de seu corpo. A quantidade de material radioativo usado é medida especificamente para garantir os resultados mais precisos dos exames, limitando, ao mesmo tempo, a quantidade de exposição à radiação.

Após dado o material radioativo, uma câmera especial é utilizada para tirar fotografias de seu corpo.

A câmera (normalmente chamada de gama-câmara, ou um equipamento ainda mais sofisticado chamado de PET Scanner) possui detectores especiais que podem captam a imagem dos materiais radioativos localizados dentro de seu corpo. A imagem, gravada em filme ou em um computador, é, então, avaliada por seu médico.

Medicina Nuclear É uma especialidade médica relacionada à Imagiologia que se ocupa das técnicas de imagem,

diagnóstico e terapêutica utilizando nuclídeos radioativos. "A Medicina Nuclear está para a Fisiologia como a Radiologia para a Anatomia". A Medicina

Nuclear permite observar o estado fisiológico dos tecidos de forma não invasiva, através da marcação de moléculas participantes nesses processos fisiológicos com marcadores radioativos, que marcam sua localização com a emissão de partículas detectáveis ou raios gama .

A detecção localizada de muitos fótons gama com uma câmera gama permite formar imagens ou

filmes que informem acerca do estado funcional dos órgãos. A maioria das técnicas usa ligações

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covolante ou iônicas entre os elementos radioativos e as substâncias alvo, mas hoje já existem marcadores mais sofisticados, como o uso de anticorpos específicos para determinada proteína, marcados radioactivamente. A emissão de partículas beta ou alfa, que possuem alta energia, pode ser útil terapeuticamente em pequenas doses para destruir células ou estruturas indesejáveis.

Tipos de Radiação Utilizados

1. Partícula Alfa: é um núcleo de Hélio, ou seja, dois protões e dois neutrões. É uma partícula com elevada energia, pelo que poderá ser promissora no âmbito da terapêutica em Medicina Nuclear, mas ainda não generalizada.

2. Partícula Beta: consiste num elétron ou um pósitron de alta energia, podendo portanto ser utilizado em terapia. O pósitron é usado no exame PET.

3. A radiação Gama: é uma onda eletromagnética. Os fótons gama têm origem nos núcleos atómicos, e são utilizados em diagnóstico por imagem em medicina nuclear. Os fótons são detectados por um equipamento apropriado, a Câmara Gama.

Utilidade e Risco A importância deste tipo de exames têm aumentado recentemente. A principal limitação à maior

utilização da medicina nuclear é o custo. No entanto é impossível observar muitos processos fisiológicos de forma não invasiva sem a Medicina Nuclear. A quantidade de radiação que o paciente recebe num exame de medicina nuclear é menor que a radiação recebida numa Radiografia ou uma Tomografia Axial Computadorizada. A quantidade de substância estranha é normalmente tão baixa que não há perigo de interferir significativamente com os processos fisiológicos normais. Os casos mais graves são muitas vezes os casos de hipersensibilidade (alergia) com choque anafilático do doente em reação ao agente químico estranho.

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RADIOTERAPIA I- INTRODUÇÃO.

A descoberta do raio-X não é um avanço tão inédito na ciência, pois data o século XIX, quando

Wilhelm C. Roentgen, físico alemão, através de seus experimentos, por meio de aceleração de elétrons, em um tubo denominado de crookes (revestido de material fluorescente), consegue projetar uma imagem do esqueleto de uma mão.

A partir desta descoberta do raio-x representou uma grande maneira de desenvolver diagnósticos na medicina. No século passado, descobriu-se a importância da radioatividade quanto suas ações destruidoras de células malignas.

A Radioterapia é atualmente um dos métodos mais significativos quanto ao combate ao câncer, sendo uma especialidade da medicina que interliga a sensibilidade dos tumores aos efeitos emitidos pela radiação, possibilitando tratamento dos mesmos.

De fato, essa forma de tratamento se assemelha ao procedimento da quimioterapia, traduzindo-se em ação de raios ionizantes sobre as células, impedindo sua divisão.

A ação da radioterapia está ligada à área a ser tratada, consistindo em uma forma de cirurgia localizada sobre uma região específica, na qual os raios atingem apenas o órgão a que se deseja efetuar tratamento, não provocando lesão aos outros órgãos fora da área da irradiação.

Algumas conseqüências são visíveis, neste tipo de tratamento, como queimaduras leves na pele, inflamações de mucosas, diminuição da reprodução da célula sanguínea, dependendo da dose de radioatividade empregada.

II- DESENVOLVIMENTO.

Primeiramente, deve-se explicar que há vários tipos de radiação, porém as mais utilizadas são as eletromagnéticas (raios-x ou raios gama) e os elétrons (estes disponíveis apenas em aceleradores lineares de alta energia). A radiação gama é um tipo de radiação eletromagnética gerada e emitida continuamente no núcleo de elementos radiativos como o Cobalto, Césio e Irídio. Os elementos radiativos são armazenados dentro de um recipiente de material de número atômico alto i.e. chumbo, para impedir o vazamento da radiação para o ambiente.

A bomba de Cobalto é um recipiente contendo uma fonte de Cobalto, com um dispositivo que abre uma pequena janela e deixa o feixe de radiação sair de forma controlada, permitindo o tratamento do tumor e ao mesmo tempo preservando os tecidos normais a sua volta. Neste caso o tempo de tratamento e todos os outros parâmetros físicos envolvidos são cuidadosamente controlados e verificados através de um programa de controle de qualidade permanente. Já o acelerador linear funciona de maneira muito semelhante a um aparelho de raios-x, ou seja, a radiação somente é produzida quando o aparelho é ligado a uma fonte de energia elétrica. O mecanismo de formação da radiação é um pouco mais complicado, mas no final o seu efeito é o mesmo: um feixe de radiação controlado incide sobre o alvo a ser tratado.

Desta maneira, a Radioterapia pode ser utilizada para tratamento total do câncer ou para redução dos sintomas desta doença, podendo impedir a evolução da própria.

A Radioterapia pode ser empregada conjuntamente com a cirurgia, com a quimioterapia ou isoladamente. Assim, a radioterapia pode ser classificada como duas formas: a Braquiterapia e a Teleterapia.

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A Braquiterapia é uma modalidade de Radioterapia em que os raios são projetados localmente sobre a região do câncer ou tumor, atingindo diretamente as células malignas, não provocando efeitos colaterais sobre outros órgãos.

A Teleterapia é uma forma de irradiação realizada de modo mais afastado da área a receber o tratamento. Neste tipo de irradiação, a proteção contra os efeitos nocivos dos raios é efetuada com uso de escudos, aplicações parciais de radiatividade e pelo controle da projeção dos raios sob diversos ângulos.

No tratamento radioterápico, o primeiro passo do planejamento é o exame clínico, análise dos dados e acontecimentos da cirurgia, estudo profundo da região do corpo a receber as irradiações, definindo o local destas, assim como seu trajeto. A dosagem e o número de seções da radioterapia são definidos nesta primeira etapa. A simulação é o segundo passo, no qual todo aquele planejamento é testado. Depois de testado o planejamento, marcas na pele são feitas para orientar a equipe técnica quanto à incidência dos raios sobre o corpo do paciente. Pode ser também necessária a criação de máscaras ou imobilizações especiais para ocorrer a irradiação corretamente. As seções de radioterapia são feitas na semana (em dias úteis) e nos finais de semana, o paciente não recebe irradiação para os tecidos saldáveis se recuperarem.

O acompanhamento do médico para avaliação da tolerância dos raios pelo organismo do paciente é necessário. No entanto, os mecanismos informatizados ajudam o profissional da saúde a administrar os efeitos colaterais que poderão ser provocados pela radioatividade, podendo estes ser reduzidos ou até eliminados.

A Radiocirurgia.

Este tratamento, caracterizado pela alta tecnologia, é utilizado para o controle de tumores cerebrais de difícil acesso quanto à atuação do neurocirurgião. Nesta modalidade, o tumor, localizado nas região de difícil acesso do cérebro, recebe altas doses de radiação, enquanto que os efeitos nocivos são evitados pelos diversos furos deixados pelos raios. Desta forma, a passagem dos feixes de raios através de uma infinidade de áreas diferentes do cérebro, todos convergindo para o tumor, determina um efeito terapêutico máximo com mínima ação no restante do tecido nervoso.

A Radiossensibilidade e Radiocurabilidade.

A radiossensibilidade celular é o grau e a velocidade de resposta dos tecidos à irradiação. Segundo Tribodeau e Bergonier a radiossensibilidade está associada à atividade mitótica da célula: por um lado, quanto mais indiferenciado e proliferativo o tecido, mais sensível à irradiação e, por outro, quanto mais diferenciado e estável, mais resistente. A radiossensibilidade também depende da origem do tecido: quanto mais sensível o tecido original, mais sensível o tecido derivado.A resposta tumoral à irradiação depende também do aporte de oxigênio às células malignas. Devido á sua eletroafinidade o oxigênio liga-se avidamente aos elétrons gerados na ionização do DNA, causando danos a esta molécula. A presença de quantidades adequadas de oxigênio aumenta sua sensibilidade em 3 vezes (efeito oxigênio, ou OER - Oxygen Enchancement Ratio).É muito difícil estabelecer uma relação de causalidade entre radiossensibilidade e radiocurabilidade. Tumores de resposta tardia à irradiação, isto é, de regressão lenta após serem irradiados, podem desaparecer após certo tempo de tratamento (tumores de próstata) e tumores agudamente responsivos podem repopular rapidamente após uma "resposta completa" (carcinomas indiferenciados de pulmão).O controle local de um dado tumor, por ser de natureza estatística, é função da quantidade de células clonogênicas existentes quando no início do tratamento. Quanto maior o número de células maior será a dose de irradiação necessária para o controle. Assim a radiossensibilidade tecidual e a radiocurabilidade tumoral fundamentam a escolha do tratamento radioterápico. O índice terapêutico de um plano radioterápico é obtido a partir da probabilidade de lesar os tecidos normais adjacentes e a de curar o tumor.Os tecidos normais tendem a repopular as regiões irradiadas com mais facilidade que os tumorais, embora os tumores também o façam. Como existem muito mais tecidos sãos do que tumorais nas regiões irradiadas, esta característica favorece o tratamento.

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Devido a vários defeitos metabólicos inerentes à sua atividade mitótica das neoplasias a regeneração tende a ser menos eficaz para danos subletais. Tecidos normais tendem a se recuperar entre duas aplicações, desde que haja um intervalo de ao menos 4 horas, enquanto que os tumorais tendem a demorar mais ou não o fazem.

Indicações da radioterapia. Como a radioterapia é um método de tratamento local e/ou regional, pode ser indicada de forma

exclusiva ou associada aos outros métodos terapêuticos. Em combinação com a cirurgia, poderá ser pré-, per- ou pós-operatória. Também pode ser indicada antes, durante ou logo após a quimioterapia.

A radioterapia pode ser radical (ou curativa), quando se busca a cura total do tumor; remissiva, quando o objetivo é apenas a redução tumoral; profilática, quando se trata a doença em fase subclínica, isto é, não há volume tumoral presente, mas possíveis células neoplásicas dispersas; paliativa, quando se busca a remissão de sintomas tais como dor intensa, sangramento e compressão de órgãos; e ablativa, quando se administra a radiação para suprimir a função de um órgão, como, por exemplo, o ovário, para se obter a castração actínica.

Fontes de Energia e suas aplicações. São várias as fontes de energia utilizadas na radioterapia. Há aparelhos que geram radiação a partir

da energia elétrica, liberando raios X e elétrons, ou a partir de fontes de isótopo radioativo, como, por exemplo, pastilhas de cobalto, as quais geram raios gama. Esses aparelhos são usados como fontes externas, mantendo distâncias da pele que variam de 1 centímetro a 1 metro (teleterapia). Estas técnicas constituem a radioterapia clínica e se prestam para tratamento de lesões superficiais, semiprofundas ou profundas, dependendo da qualidade da radiação gerada pelo equipamento.

Os isótopos radioativos (cobalto, césio, irídio etc.) ou sais de rádio são utilizados sob a forma de tubos, agulhas, fios, sementes ou placas e geram radiações, habitualmente gama, de diferentes energias, dependendo do elemento radioativo empregado. São aplicados, na maior parte das vezes, de forma intersticial ou intracavitária, constituindo-se na radioterapia cirúrgica, também conhecida por braquiterapia.

Benefícios da Radioterapia. Metade dos pacientes com câncer são tratados com radiações. É cada vez maior o número de

pessoas que ficam curadas com este tratamento. Quando não é possível obter a cura, a Radioterapia pode contribuir para a melhoria da qualidade de vida. As aplicações diminuem o tamanho do tumor, o que alivia a pressão, reduz hemorragias, dores e outros sintomas, proporcionando alívio aos pacientes.

Efeitos Colaterais. A radioterapia exerce menos efeito sobre as células sadias do corpo que sobre as células do linfoma,

mas as células normais também são, com freqüência, afetadas pelo tratamento. Por essa razão, a radioterapia pode causar efeitos colaterais. Uma vez que a radioterapia é um tratamento local administrado a uma parte específica do corpo, a maioria dos efeitos colaterais depende da parte do corpo que sendo tratada. Por exemplo:

• A aplicação no abdome pode provocar náuseas ou diarréia. • A aplicação no pescoço ou porção superior do tórax pode afetar o revestimento da boca,

garganta e esôfago, o que pode causar dor e dificultar à deglutição. • A aplicação na cabeça, ou em qualquer parte pilosa do corpo, pode provocar queda de

cabelos naquela área. • Às vezes, a pele que fica sobre o linfoma que está sendo tratado se queima com a radiação,

tornando-se vermelha e ulcerada. • Além disso, a maioria das pessoas se sente cansada e letárgica durante a aplicação e a

contagem de glóbulos brancos do sangue pode se mostrar reduzida, tornando o paciente mais predisposto a infecções durante o curso do tratamento.

Esses efeitos colaterais podem ser leves e um pouco mais que um incômodo,mas podem variar em intensidade. Com freqüência, os efeitos colaterais aparecem como leves e se tornam um problema com o

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curso do tratamento. Todos eles são temporários, incluindo a perda de cabelo. Podem persistir por algumas semanas ou até meses após a conclusão do tratamento, mas desaparecerão com certeza.

Às vezes, os efeitos da radioterapia podem ser duradouros. A aplicação de radiação à pelve ou região da virilha pode afetar a fertilidade, tanto em homens como em mulheres. Até onde é possível, os testículos e os ovários são protegidos da radiação durante o tratamento.

A radioterapia também pode aumentar o risco de desenvolvimento de tumores oncológicos em tecidos que receberam doses de radiação, como a pele. É, portanto, importante que os pacientes mantenham as consultas de acompanhamento e compareçam às triagens regulares, assim como tomem medidas positivas para evitar o risco de câncer, como parar de fumar ou sempre usar filtro solar quando ficarem expostos ao sol.

A triagem a longo prazo para câncer de mama após radioterapia é uma consideração importante para mulheres submetidas a esse tratamento, especialmente aquelas com história de câncer de mama na família. Os homens também podem ser afetados e devem considerar a triagem se houver essa história clínica na família. O câncer de tireóide também é mais comum após aplicação de radioterapia no pescoço.

Outros efeitos a longo prazo como, por exemplo, aos pulmões, ocorrem por causa da escarificação resultante da cicatrização dos tecidos após a radioterapia.

III- CONCLUSÃO. O presente trabalho retratou os principais tópicos do tema, versando acerca das formas de

tratamento, radiocirurgia, radiossensibilidade e radioocurabilidade; indicações da radioterapia, procedimentos da radioterapia, benefícios e efeitos colaterais dessa forma de tratamento; fontes de energia e suas aplicações.

Desta maneira, independentes da forma de irradiações empregadas, internas e externas da radioterapia estão restritos ao paciente.

Não há qualquer possibilidade de transmissão da radiação entre pessoas, mesmo nos contatos mais íntimos. Isto é, o paciente não se torna radioativo, chocando-se com a idéia oposta a esta concepção.

A radioterapia é um método capaz de destruir células tumorais, empregando feixe de radiações ionizantes. Uma dose pré-calculada de radiação é aplicada, em um determinado tempo, a um volume de tecido que engloba o tumor, buscando erradicar todas as células tumorais, com o menor dano possível às células normais circunvizinhas, à custa das quais se fará a regeneração da área irradiada.As radiações ionizantes são eletromagnéticas ou corpusculares e carregam energia. Ao interagirem com os tecidos, dão origem a elétrons rápidos que ionizam o meio e criam efeitos químicos como a hidrólise da água e a ruptura das cadeias de ADN.

A resposta dos tecidos às radiações depende de diversos fatores, tais como a sensibilidade do tumor à radiação, sua localização e oxigenação, assim como a qualidade e a quantidade da radiação e o tempo total em que ela é administrada.

Para que o efeito biológico atinja maior número de células neoplásicas e a tolerância dos tecidos normais seja respeitada, a dose total de radiação a ser administrada é habitualmente fracionada em doses diárias iguais, quando se usa a terapia externa.

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RADIOLOGIA DIGITAL INTRODUÇÃO O expressivo progresso da radiologia nas últimas décadas, associado ao aparecimento e

aperfeiçoamento de novas metodologias, como o ultra-som e a ressonância magnética, por exemplo, fizeram do diagnóstico por imagem uma das mais excitantes áreas da medicina. Seu impacto é tão grande, que a abordagem diagnóstica médica vem sofrendo sua influência e sendo bastante modificada. Dentre as várias modificações, a implantação de sistemas de arquivamento e comunicação de imagens (Picture Archiving and Communication Systems - PACS) é provavelmente a de maior impacto.

O PACS é um sistema de arquivamento e comunicação voltado para o diagnósticos por imagem que permite o pronto acesso, em qualquer setor, de imagens médicas em formato digital. O sistema PACS em conjunto com os sistemas de informação radiológica (RIS) e de informação hospitalar (HIS) formam a base para um serviço de radiologia "filmless". Radiologia "filmless" refere-se a um hospital, com um ambiente de rede amplo e integrado, no qual o filme foi completamente ou em grande parte substituido por sistemas eletrônicos que adquirem, arquivam, disponibilizam e exibem imagens.

A implantação de um serviço de radiologia "filmless" deverá trazer melhorias no que se refere a acesssibilidade e integração de informações, pela vinculacão de imagens ao registro médico eletrônico do paciente, e no que se refere a aplicação de novas técnicas e desenvolvimentos na aquisição, exibição e processamento de imagens. Segundo a literatura especializada, a maioria dos serviços médicos farão a transição para a radiologia "filmless" nos próximos dez a vinte anos.

Radiologia digital – “Diagnostico da Carie Dentária” A imagem radiográfica interproximal permite condição informativa diferenciada e indispensável

para a avaliação do paciente, quando perscrutam-se lesões da doença cárie localizadas em superfícies dentárias contíguas, inacessíveis ao diagnóstico clínico visual.

Ao abordar este tema, a Radiologia Odontológica demonstra-se essencialmente bioética, com a busca incessante de conhecimentos que culminem em uma menor dose de radiação aplicada ao paciente aliada à qualidade dos dados obtidos. Exemplo deste propósito é o desenvolvimento de filmes de sensibilidade crescente, a despeito da inexorável e tão discutida perda da nitidez da imagem8,9,13,15,23.

Nas duas últimas décadas, ao incorporar recursos da computação digital, a Radiologia Odontológica demonstrou uma notável diferenciação tecnológica e potencializou sua condição de um importante recurso diagnóstico auxiliar25,27,28.

Atualmente, as imagens radiográficas podem ser obtidas por métodos digitais diretos, os quais dispensam a utilização de filmes11,13,16,17,19. Estudado em recentes pesquisas3,4,10,11,12,18,19,22,26,27,30, o sistema digital Digora apresenta uma imagem composta por vários pontos (pixels) com diferentes tonalidades de cinza, resultante da leitura a laser de uma placa óptica exposta à radiação X5.

A sensibilidade do sistema radiográfico digital sofreu variações de acordo com o recurso de imagem e com a quilovoltagem empregada. Em geral, a taxa de diagnósticos positivo-verdadeiros foi alta e a porcentagem de falso-negativos reduzida, o que favoreceu os índices de sensibilidade. A inversão do contraste (imagem em “Negativo”), em 70 kV, revelou a maior taxa de positivo-verdadeiros.

No tocante à confirmação de ausência de lesão, a especificidade esteve comprometida. Por vezes, houve diagnósticos falso-positivos, o que reduziu a taxa de diagnósticos negativos corretamente afirmados. Este resultado configurou-se na redução da especificidade, visto que há relação inversa entre a taxa de falso-positivos e negativo-verdadeiros. A imagem comprimida (0,5 X) revelou, em duas quilovoltagens (50 e 90 kV), os mais altos valores de especificidade.

A pequena variação numérica da acurácia média do sistema digital, em relação às quilovoltagens, foi confirmada pelos valores do kappa não-ponderado na validação do diagnóstico de lesões proximais. A variação da dose de radiação X aplicada às placas ópticas não determinou diferenças diagnósticas a ponto de justificar a eleição de uma ou outra dosagem. Independentemente da quilovoltagem, o comportamento do método, numérica e qualitativamente expresso, tende a ser comparável. FARMAN7, ao avaliar as propriedades técnicas de um sistema digital direto, submeteu as incidências à variação de quilovoltagem (50 a 90 kV) e considerou praticamente idênticas as respostas da qualidade da imagem à dose.

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Este dado é de suma importância, posto que algumas publicações não consideram os valores de quilovoltagem na reciprocidade dos dados discutidos17,20,24. Por nossos resultados, consideramos viável a comparação da acurácia diagnóstica entre experimentos que façam uso de diferentes quilovoltagens, quando é utilizado o sistema digital.

A imagem comprimida pelo sistema Digora (0,5 X), dentre as modalidades de imagem digital avaliadas, revelou a menor sensibilidade, em todas as quilovoltagens. Esta modalidade possui dimensões semelhantes às do filme, sendo esta a provável explicação para o resultado obtido. O diagnóstico das lesões dentinárias pareceu-nos não se beneficiar do recurso de imagem citado.

DIFERENÇA DO SISTEMA DIGITAL E O CONVENCIONAL Pode-se depreender que a principal diferença entre os métodos estudados nesta pesquisa (sistema

digital e filme convencional), quanto à validação do diagnóstico de lesões dentinárias de superfícies proximais de molares decíduos, repousa na taxa de positivo-verdadeiros (sensibilidade do teste). Como as diferenças desta proporção foram maiores que as observadas entre as especificidades, a acurácia do sistema Digora sobrepujou a dos filmes, em média. As condições otimizadas de contraste obtidas pelo sistema digital podem ter influenciado a detecção de lesões, visto que os filmes apresentaram menor sensibilidade. A definição dos mesmos, ainda que referida como superior, provavelmente foi subjugada pelos recursos de imagem disponíveis no software, sendo esta premissa compatível com o postulado por BENN2.

RADIOLOGIA CONVENCIONAL OU ANALÓGICA Utiliza uma película radiográfica (as chapas radiográficas tradicionais) que são sensíveis à radiação

ionizante libertada pelo aparelho de raios X. Apesar de ainda ser uma tecnologia actual utilizada em muitos centros de medicina humana e veterinária ela possui alguns aspectos negativos:

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A revelação destas películas possui alguns custos ambientais, uma vez que os líquidos de revelação são ricos em metais pesados;

• Tempo de revelação: a revelação de uma película radiográfica é bastante mais morosa; • Qualidade inferior: a imagem obtida na película não pode ser trabalhada em termos de

exposição (ampliada, escurecida, partilhada,...); Segurança: o facto de a imagem não poder ser trabalhada leva a que um estudo radiográfico

implique a realização de várias exposições até se conseguir a imagem óptima aumentando a radiação recebida pelo animal e trabalhadores do hospital;

A RADIOLOGIA DIGITAL VEM SOLUCIONAR MUITOS DESTES PROBLEMAS: • A radiologia digital usa uma placa electrónica sensível à radiação ionizante que é lida por

um computador central (CPU). Não são usados líquidos reveladores prejudiciais ao meio ambiente;

• A revelação é instantânea; O CPU permite arquivar electronicamente a imagem por paciente, trata-la em termos de exposição,

amplia-la e partilha-la electronicamente;

Rx tórax gato • A diminuição do número de exposições aumenta a segurança para o animal e operadores

do serviço; • A qualidade da imagem é superior permitindo melhores e mais rápidos diagnósticos. • A qualidade da imagem é superior permitindo melhores e mais rápidos diagnósticos.

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Corpo estranho gástrico (mola de roupa)

CONCLUSÕES 1. Em relação aos filmes radiográficos: o filme Ektaspeed Plus, exposto a 50 kV, demonstrou o

maior valor de acurácia e sensibilidade, sendo esta igual ao do filme Agfa M2 em 90 kV; a especificidade dos filmes revelou valores comparáveis.

2. Em relação ao sistema Digora: o maior valor de sensibilidade foi revelado pela modalidade de imagem “Negativo” (70 kV); majoritariamente, a imagem em 0,5 X foi a mais específica (50 e 90 kV). A acurácia média do sistema digital Digora foi, em valores, praticamente a mesma e a estatística kappa resultou em validade boa.

3. Comparando-se os filmes e o sistema Digora: o sistema digital Digora foi mais sensível que os filmes, em todos os kV, não ocorrendo o mesmo em relação à especificidade. A acurácia média do sistema digital suplantou a dos filmes e somente o filme Ekta, em 50 kV, alcançou os valores de kappa revelados pelo sistema digital.

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EQUIPAMENTOS DE RADIOLOGIA DIGITAL

RESSONÂNCIA NUCLEAR MAGNÉTICA

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ULTRASSONOGRAFIA

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RESSSONÂNCIA MAGNÉTICA Introdução O exame de Ressonância Magnética é um método de

diagnóstico por imagem que não utiliza radiação e permite retratar imagens de alta definição dos órgãos de seu corpo. O equipamento que realiza o exame trabalha com campo magnético, e, por isso, algumas precauções devem ser tomadas para realização do exame, como não utilizar jóias e maquilagem, entre outros. Veja como se preparar e o que acontece durante o exame.

O exame de Ressonância Magnética 1. Geralmente, a maioria dos hospitais entrega ao

paciente um questionário que deverá ser preenchido antes do exame. É muito importante que isto seja feito com a maior precisão possível. Na maioria das vezes, você o preencherá junto com o seu médico ou especialista.

2. A necessidade de precisão nas respostas é vital, porque existem vários aspectos do seu corpo que podem impossibilitá-lo de realizar o exame de RM, como, por exemplo, implantes de cirurgias prévias, placas de metal, marcapasso etc. Após o questionário, você pode discutir todo o procedimento do exame com o técnico e mais uma vez confirmar todas as informações do formulário.

3. Para se fazer um exame de RM é necessária pouca preparação. Evitar comer e beber aproximadamente 4 horas antes será útil se você for fazer o exame na região abdominal ou pélvica. Também é aconselhável ir ao banheiro antes, para que não haja a necessidade de interromper o exame.

4. Não é preciso interromper qualquer medicação que tenha sido prescrita anteriormente.

5. Sempre é útil fornecer qualquer exame diagnóstico prévio (por exemplo, tomografias computadorizadas (CT), exames de ressonâncias magnéticas anteriores, ultra-som, radiografias, etc).

6. Se desejar pode trazer um membro da família ou amigo para acompanhar o exame. Entretanto, ambos não poderão entrar na sala de exame carregando objetos de metal.

7. O ponto principal nos preparativos para um exame de RM é não se preocupar. Ele dura pouco tempo, é indolor e é um excelente método diagnóstico.

8. A ressonância magnética é uma técnica cada vez mais utilizada, tratando-se de um método de diagnóstico por imagem indolor e não - invasivo, que pode ser usado para estudar a anatomia normal e eventuais alterações patológicas de todos os órgãos do corpo humano.

9. Especialmente é indicado para o cérebro, os órgãos abdominais, a coluna vertebral, o sistema músculo-esquelético e, mais recentemente, para as estruturas vasculares, a ressonância magnética é atualmente o exame que permite um melhor resultado no diagnóstico.

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Ressonância Magnética do Pulmão O exame de ressonância magnética é inofensivo e

indolor. Somente crianças recém-nascidas e pacientes pouco cooperativos (claustrofóbicos) recebem algum tipo de sedação ou anestesia. Durante todo o exame, o paciente é monitorado e observado por câmeras de vídeo. Pode conversar com o técnico responsável que o manterá informado sobre a qualidade dos resultados que estão sendo obtidos e sobre o tempo que resta para finalizá-lo.

1. É preciso informar ao médico que vai realizar o exame:

2. Se se submeteu a alguma cirurgia nos últimos 6 meses e de que tipo

3. Se é portador de: � marca-passo cardíaco � clips de aneurisma cerebral � implantes metálicos � implantes eletrônicos � neuro-estimuladores

4. Se suspeita de gravidez 5. Se pode permanecer deitado com mínimo de movimento por, aproximadamente, 35

minutos

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TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA Em radiologia, uma tomografia computadorizada

(TC) ou tomografia computadorizada (TAC).e uma imagem que deriva do tratamento informáticos dos dados obtidos numa serie de projeções angulares de raios-X.simplificadamente,traduz uma transversa (uma fatia) do corpo da pessoa que foi feita a TC.

Basicamente, uma TC a quantidade de radiação absorvida por cada secção analisada,e traduz essas variações numa escala de cinzentos,produzindo uma imagem.Como a capacidade de absorção de raios-X esta intimamente relacionada com a sua densidade, zonas com diferentes densidades terão diferentes cores ,permitindo distingui-las .Assim cada pixel de imagem corresponde cada medida de absorção dos tecidos nessa zona , expressão em unidades de hounsfield (em homenagem a primeira maquina de TC).E um exame radiológico exibido como imagens tomográficas finas de tecidos e conteúdo corporal,representando construções matemáticas assistidas por computador.

Por exemplo, numa TC realizada no tórax ,será possível destinguir facilmente aos pulmões e coração,já que o primeiro e sobre tudo aéreo , enquanto o segundo e maciço.Da mesma forma, se nos pulmões existir uma massa de maior densidade (como um cancro, por exemplo),ou de menor densidade (como uma caverna causada por tuberculose), estas serão também destinguiveis,pois possuem níveis de atenção dos raios –x diferentes do tecido circundante.

� PRINCIPIOS FISICOS

A TC , tal como a radiologia convencional,basea-se no fato de raios-x serem apenas parcialmente absorvidos pelo corpo humano.Enquanto a gordura ou o ar,por exemplo,são facilmente atravessados, os ossos e o metal não o são.

Em uma TC , os fótons são coletados por um cristal cintilador ou um fotomultiplicadores, que converte a energia incidente em corrente elétrica , proporcionando a energia dos fótons de RX incidentes,Nela a uma fatia do paciente,por exemplo de 10mm de espessura, e imageada, eliminado a super-posicao de estruturas adjacentes que ocorrem em radiografia convencional.

A fatia e definida por um faixa de raios-X, produzida por um feixe estreito girando em torno do paciente.

A fatia e submetida em uma matriz de 512 X 0,5 X 10mm.A imagem e reconstruída por um

computador com a matriz, correspondente de 512 X 512 pixeis. O brilho, ou escala de cinza, de pixel da imagem representa o coeficiente de atenuação linear media do tecido do voxel correspondente. As doses oas tecidos na tomografia computadorizada, entre 10 e 100mSv, estão no limite conhecido para o aumento de probabilidade de câncer e, portanto, precisam ser minimizadas.

� OBTENÇÃO DE UMA TC

Para obter uma TC, o paciente e colocado numa mesa,que se desloca para o interior de orifício de cerca de 70cm de diâmetro.À volta deste encontra-se uma ampola de raios-x, num suporte circular designado GANTRY.A 180 (ou seja, do lado oposto) da ampola , encontra-se o detector de raios-x, responsável por captar a radiação ,e transmitir essa informação ao computador .

Nas maquinas convencionais, durante o exame a GANTRY descreve uma volta completa 360 em torno do paciente, com ampola a liberar raios-x que após atravessar o corpo do paciente são captados na outra extremidade pelo detector.E esses dados são então processados pelo computador, que analisa as variações de absorção ao longo da seção observada, e constrói esses dados de imagem.A mesa avança

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então mais um pouco,repetindo-se o processo para obter uma nova imagem, alguns centímetros mais abaixo.

Maquinas mais recentes, designadas helicoidais, descreve uma hélice em torno do corpo do paciente, em vez de um circulo completo. Assim supondo que e pretendido um corte com10cm de espessura , GANTRY avançara 10cm durante a volta completa .Isto permite a obtenção de cortes intermédios (por exemplo,a cada 2cm) .simplesmente por reconstrução digital , uma vez que toda essa área foi captada no movimento helicoidal.Isso faz com que o paciente tenha que ser submetido a doses menores de radiação e com maior rapidez.Assim os exames passaram de 1 hora por exame para 6 segundos, dependendo do equipamento e da parte examinada.

� VANTAGENS E DESVANTAGENS A principal vantagem da TC e que permite o estudo de seções transversais do corpo vivo, ou seja ,

permite ampliar o que existe em radiologia convencional (imagens em duas dimensões co estruturas sobrepostas para imagem em três dimensões , ou com percepção espacial nítida). Outra vantagem , a maior distinção entre dois tecidos .Em TC podem-se destinguir 0.5% de diferenças de densidades de tecidos , ao contrario da radiologia convencional que se situava nos5%.

Isto e uma melhoria sem paralelo as capacidades da radiografia convencional , pois permite a detecção ou o estudo de anomalias que não seria possível através de métodos evasivos . como exame complementar de diagnostico, a TC e de valor inestimável.

Ama das principais desvantagens da TC e o fato de utilizar radiação x. Esta tem um efeito maléfico sobre o corpo humano, sobre tudo sobre em células que se encontram a multiplicar rapidamente, pois pode causar mutações genéticas. Por esta razão não se deve fazer uma TC a uma grávida.Outra das desvantagens da TC e o seu elevado preço , especialmente quando comparada com outros métodos como a radiologia convencional ou mesmo a ecografia.

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� PRINCÍPIOS

E um método radiológico fundamentado no trabalho computadorizado aparelho de RX. Neste método , os fótons de RX apos atravessarem ,quantificados por um conjunto de detectores que encaminham estas informações ao uma CPU (central de processamentos de dados) onde os mesmos são processados e transformados em imagem.

A obtenção de uma radiografia convencional pode ser definida de uma maneira simplificada como sobre um filme radiográfico, dos fótons de RX atenuados pela estrutura radiográfica.Essa diferenciada dos feixes incidentes,produto de inomogeinedade dos tecidos sensibiliza os correntes de pratas disseminados sobre a emulsão fotográfica,produzindo pontos de maior ou menor transição resultados de maior ou menor taxa de transferência para o filme.

A obtenção da imagem do TC e semelhante , diferenciando-se apenas na leitura das informações de aquisição.No método convencional das informações são obtidas no filme por projeção, enquanto a estrutura é decomposta pelo feixe de RX, lida nos detectores e finalmente montada ponto a ponto (pixels) através de cálculos matemáticos feito pelo computador que registra essas informações pelo ponto aponto , derivado do movimento do tubo de RX e redor dp paciente possibilita a individualidade das estruturas contidas em um corte, sem superposição de imagens, permitindo o estudo individual de cada um desses pontos .

� TC ESPIRAL

A TC espiral permite medição em velocidade maior com sistemas de RX detector de rotação continua .Tanto o tubo de RX como o arco do detector gira continuamente e pode-se suprimir eficazmente a radiação dispersa.

Através da TC espiral e possível realizar medição continua em ate 24 segundos .Atualmente existem equipamentos no mercado que prometem velocidades maiores .A TC espiral produz um volume ininterrupto sem espaços, no qual podem ser definidas cortes adjacentes ,ou mais de 300 seções superposto tempo de exame entretanto, e um fator critica, particularmente para as aplicações nas quais e importante ter um fluxo constante de meio de contraste para todo o volume anatômico.ATC espiral tem apresentado aplicações importantes em geriatria , pediatria traumatologia e cardiologista devido à dificuldade destes pacientes em se manter em apneia ou pela velocidade do ciclo cardíaco podem, através do exame em equipamentos mais recentes ser praticamente características, associada a softwares modernos,permitem, por exemplo avaliação precisa das coronárias.Ate volumes maiores podem ser obtidos com rapidez e eficiência, o que constituem fator decisivo para reconstruções de 3D.

Cada exploração esta baseada em rotação de um segundo, independente do campo espessura do corte, permitindo a utilização da técnica conhecida como multiscan multirotacional múltipla.

� COMO FUNCIONA A TOMOGRAFIA COMPUTADORIZADA

Você simplesmente deita-se numa confortável mesa de exame que, muito lenta e suavemente, vai passando através de uma abertura na unidade de TC .Ao mesmo tempo, o anel de raios-x no interior do tomografo vai girando em volta da mesa de exame , tomando fotos altamente detalhadas que podem posteriormente ser exibidas em imagens de 3 dimensões, Deste modo, a TC pode cobrir extensas seções do corpo num só exame.Normalmente, uma ou duas áreas de um órgão são examinadas, como, por, exemplo, o pulmão e a região abdominal, a cabeça e pescoço etc..Os parâmetros adquiridos através das medições podem ser traduzidos em fotografias.Estas são imagens transversais de planos extremamente

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finos do interior do seu corpo.Portanto, em muitos casos, mesmos o mais minúsculo processo patológico pode ser identificado.

� O QUE OCORRE DURANTE O EXAME

Durante o exame ,você e atendido por uma equipe especializada em TC , com a qual permanecera em contacto visual e vocal constante.Apenas relaxe, ficando imóvel na mesa de exame ,e siga as instruções da equipe de TC.Os exames duram de 5 a 30 minutos, dependendo da área do corpo que estiver sendo examinada.

A exposição aos raios-x , na realidade, leva apenas alguns segundos.Considerando que, como pode ser visto nas ilustrações o tomografo possui abertura bem ampla, você não sentira incomodo de espécie alguma.

� POR QUE ÀS VEZES E USADO UM

MEIO DE CONTRASTE Em certos exames pode se fazer necessário o uso de um meio de contraste para mostrar,

determinados vasos de modo mais claros e preciso. Quando da injeção do contraste, você poderá sentir uma sensação de calor que logo

desaparecera.Em certos casos, extremamente raros, poderão ser sentidas, momentaneamente, náuseas, coceiras,ou irritação cutânea.Favor consultar seu medico antes a respeito de possíveis alergias, e comunicar a equipe de TC um possível enjôo durante o exame.

� COMO VOCE PODE AJUDAR

Para bons resultados, sua cooperação e necessária.Favor falar

com seu medico, que lhe Dara informações detalhadas de como se preparar para o exame.

� ALGUMAS SUGESTÕES ÚTEIS

• Favor manter-se imóvel o exame

• Para exames com meios de contraste, beba uma

quantidade suficiente de liquido uma ou duas horas antes do exame.

• Para exames para área do pescoço, favor evitar

engolir durante o exame

• Em exames da cabeça e do pescoço, favor remover todas as jóias, grampos óculos aparelhos auditivos e dentaduras.

• Para exames abdominais e exames torácicos, siga por favor as instruções(como, por exemplo,suspender a respiração por cerca de 15 a 20 segundos para que as imagens bem nítidas).

• Se possuir exames anteriores,favor traze-los

� MAIS INFORMACÕES SOBRE TC

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A radiação em exames de TC e mínima devido a moderna tecnologia e breve duração do exame.No

entanto favor informar seu medico caso esteja grávida.

� EXAMES COM SEDACÃO • Jejum de 6 horas adultos e crianças acima de 1 ano. • Crianças de ate um ano jejum de 4 horas para alimentos sólidos. • E necessária a presença de um acompanha. • Realizado pelo anestesistas, durante 30 minutos. • Após o exame não digerir não praticar atividade física, não sair na rua sozinho e

não exercer atividades que exigem muita atenção. Será puncionado um acesso venoso periférico a recuperação após a anestésica dar-se-á em 30 minutos .

• Duvidas esclarecer com o anestesista antes do exame.

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RADIOLOGIA ODONTOLÓGICA