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1 Anatomopatologia Veterinária

Apostila de Patologia Especial (Anatomia Patológica Veterinária) .PDF

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    Anatomopatologia Veterinria

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    Anatomopatologia Veterinria

    Coleta e Remessa de Material Deve-se coletar um fragmento da rea que se apresenta normal, de uma rea intermediria e da rea

    lisada. Caso no seja possvel coletar os trs fragmentos, coletar apenas da rea lisada. Os fragmentos retirados devem ter de um a dois centmetros. Se a leso for muito grande (ex: tumor),

    retira-se toda a leso e faz-se cortes na mesma para o fixador fix-la melhor. O frasco onde sero colocadas as amostras deve ter boca larga e tampa de rosca. Deve-se usar fixadores para preservar a amostra. O frasco deve estar sempre cheio do fixador (10 a

    20 vezes mais fixador do que fragmentos). O mais utilizado a soluo de formol a 10%, diludo em gua. No SNC utiliza-se formol a 20% (fixa o tecido em 12 a 24h). O lquido de Bouin bom para fixar glndulas e sistema genital (fixa mais rpido e mantm por 6 a 12h, mas depois preciso deixar mais 12h no lcool por isso no muito utilizado). Sua composio o cido pcrico e o formol.

    A identificao deve ser com uma etiqueta, contendo todos os dados do animal, do lado de fora do frasco. Deve-se usar lpis, pois caso ocorra vazamento no h perigo de borrar a tinta, como poderia acontecer se fosse escrito a caneta.

    Alteraes Cadavricas So alteraes bioqumicas, estruturais e morfolgicas que ocorrem no corpo do animal aps sua

    morte. Deve-se conhecer bem as alteraes cadavricas para poder diferenci-las das causas patolgicas

    anteriores morte. Tambm importante saber a quanto tempo o animal morreu (cronotanatognose).

    Fatores que influenciam o aparecimento precoce ou tardio das alteraes cadavricas

    Temperatura ambiente quanto mais quente, mais rpido ocorrem as alteraes. Por isso o animal deve ser congelado o mais rpido possvel, para que se inibam as enzimas lisossomais (que promovem a autlise destruio do tecido por suas prprias enzimas) e a proliferao bacteriana (heterlise destruio do tecido por bactrias de sua flora ou concomitantes).

    Tamanho do animal quanto maior mais difcil o congelamento rpido, portanto as alteraes se instalam mais depressa.

    Estado de nutrio se for bom, algumas alteraes demoram a se instalar. Causa mortis patologias que causam hipertermia e gasto energtico muito grande (logicamente

    anteriores morte) favorecem o aparecimento das alteraes. Intoxicao por estricnina, traumatismo no SNC, ttano.

    Classificao No transformativas no alteram o estado geral do cadver.

    Imediatas insensibilidade, imobilidade, parada respiratria e cardaca, arreflexia (ausncia de reflexo). a constatao da morte somtica ou clnica.

    Mediatas ou tardias decorrentes da autlise. Frialidade cadavrica (algor mortis), hipstase cadavrica (livor mortis), rigidez cadavrica (rigor mortis), coagulao do sangue, embebio pela hemoglobina, embebio pela bile.

    Transformativas alteram o estado geral do cadver. Decorrentes da putrefao ou heterlise. Meteorismo ou timpanismo cadavrico; Pseudo prolpso retal; Deslocamento, toro e ruptura das vsceras; Pseudo melanose;

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    Enfisema cadavrico; Macerao; Coliquao; Reduo esqueltica.

    O algor mortis corresponde perda de temperatura corporal (aproximadamente 1C a cada hora). o

    frio da morte, o resfriamento do corpo, que ocorre pela parada dos processos metablicos e pela perda das fontes de energia, o que faz com que o organismo pare de produzir calor.

    Livor mortis so as manchas cadavricas, que se iniciam rosadas e vo ficando roxas. Ocorrem pela perda do tnus das vnulas e capilares. Se acumulam no lado de decbito do animal (na pele e nos rgos), pois o acmulo de sangue segue a fora da gravidade. Para diferenciar livor de hemorragia: se o acmulo de sangue for por alterao post-mortem, ao comprimir o rgo ele demora a voltar ao normal. Se for por hemorragia, ele retorna logo ao normal.

    Rigor mortis a rigidez cadavrica. Ocorre pela contrao muscular, deixando os msculos rgidos, o que se d pela falta de ATP, formando pontes de ligao entre actina e miosina, mantendo o msculo contrado. Ao tentarmos mover a mandbula e os membros, encontramos dificuldade pelo enrijecimento da musculatura. Surge aps 2 a 3 horas da morte, durando at 12h (quando comeam a se desfazer as pontes, por degradao). Inicia-se pela cabea, seguindo pela regio cervical, tronco e membros, desaparecendo pela mesma ordem. Primeiro ocorre na musculatura lisa, depois na esqueltica.

    Na coagulao do sangue percebe-se cogulos no sistema crdio-circulatrio, principalmente no corao esquerdo. Os cogulos podem ser confundidos com trombos (que so formados antes da morte e podem ser a causa dela). O cogulo liso, brilhante e elstico. encontrado sempre solto, no aderido. O trombo frivel (quebra fcil), seco, opaco e est sempre aderido a parede dos vasos e no endocrdio.

    A embebio pela hemoglobina decorre da hemlise de eritrcitos nos vasos sangneos. A hemoglobina liberada entra em soluo com o plasma sangneo e, ao mesmo tempo, as paredes dos vasos tornam-se mais permeveis aos lquidos. Com isso os tecidos ao redor dos vasos e do endocrdio ficam embebidos por um lquido avermelhado.

    A embebio pela bile o vazamento de bile atravs da parede autolisada da vescula biliar (que sofre uma autlise muito rpida), corando de verde (ou verde-amarelado) os tecidos adjacentes (fgado, estmago, alas intestinais).

    O meteorismo corresponde ao aumento do volume abdominal decorrente do acmulo de gs. Esse aumento muito varivel, podendo ser maior ou menor em cada indivduo. Para diferenciar do timpanismo anti-mortem verifica-se as alteraes circulatrias. O timpanismo em vida causa alteraes circulatrias que se observam no bao e fgado (que ficam plidos) e nas alas intestinais (que ficam avermelhadas e congestas).

    O prolpso retal que ocorre aps a morte no causa alteraes circulatrias, mas o anterior a morte sim.

    A pseudomelanose a presena de manchas esverdeadas ou verde-acinzentadas prximas ao trato gastrintestinal e na parede intestinal. Isso ocorre pela degradao do contedo gastrintestinal, liberando cido sulfdrico, que associado ao ferro da hemoglobina origina sulfametahemoglobina, acarretando a colorao verde.

    O enfisema cadavrico corresponde presena de bolhas no tecido subcutneo e no parnquima dos rgos. Esse gs oriundo da degradao dos tecidos pelas bactrias.

    Macerao o desprendimento das mucosas dos rgos. A mucosa ruminal, mesmo sem a putrefao (a ao das bactrias) j se desprende.

    Coliquao a liquefao das vsceras, que ficam amorfas. A medular da adrenal normalmente fica liquefeita logo em seguida morte do animal.

    A reduo esqueltica ocorre pela degradao de ossos, dentes, chifres, unhas e cascos.

    Patologias do Sistema Urinrio

    Funes homeostticas vitais dos rins Manuteno da concentrao de sais e gua no corpo;

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    Regulao do equilbrio cido-bsico; Produo de hormnios e outras substncias: Eritropoietina (formao de hemcias), renina

    (manuteno da presso sangnea), prostaglandinas, metabolismo da vitamina D para sua forma ativa (1,25-dihidroxycholecalciferol).

    O mau funcionamento do rim altera o que est sendo excretado e o que est circulando no sangue, desequilibrando a concentrao de solutos e de gua, alterando o equilbrio osmtico, podendo provocar toxemia e outros problemas.

    Requerimentos essenciais para a funo renal normal Adequada perfuso sangnea (presso > que 60mmHg); Adequado tecido renal funcional; Eliminao normal da urina pelo trato urinrio.

    Falha nos mecanismos urinrios ocorre por:

    Inadequada perfuso (leso pr-renal) o sangue no est chegando adequadamente; Inadequado processamento (falha renal) no tecido renal; Descargas inadequadas (falha ps-renal) nos condutos que armazenam e eliminam a urina.

    Exame dos rins

    Os rins se localizam na cavidade abdominal. Possuem cpsula, crtex e medular, sendo a proporo em torno de uma parte de crtex para duas ou trs de medular. Acima dos rins se encontram as supra-renais (adrenais). Sua colorao normal vermelho amarronzado.

    Faz-se um corte sagital e remove-se a cpsula para examinar a superfcie do crtex. Particularidades:

    Bovinos e sunos so multilobados e multipiramidais. Ces, gatos e demais unipiramidais. Gatos adultos a crtex amarelada e a medula cinza-plida, com a vascularizao bem evidente. Eqinos a urina bastante consistente, pois possui muco, tendo um aspecto leitoso.

    Anomalias do desenvolvimento

    Agenesia / aplasia ausncia total dos rins (incompatvel com a vida). Hipoplasia reduo no tamanho com reduo do nmero de clulas, devido a uma formao

    incompleta de um ou dos dois rins. Ectopia deslocamento dos rins (durante a formao), migrando para a cavidade plvica ou regio

    ingnal. Distopia deslocamento dos rins, devido a alguma patologia (por exemplo, tumor), para outra regio,

    aps o nascimento. Por esse motivo, no se deve remover o sistema urinrio em uma necropsia, antes de se analisar se sua posio anatmica est correta.

    Displasia alterao na arquitetura morfofuncional do rim, ocasionando m-formao do rgo. congnita, ocorrendo durante o desenvolvimento.

    Cistos so membranas preenchidas de lquido. Podem ser primrios, secundrios ou adquiridos. Os primrios normalmente so congnitos, sendo comuns em sunos e bezerros. Os secundrios ocorrem na displasia renal congnita e alteram a arquitetura morfofuncional do rim. Os adquiridos so formaes causadas por fibrose intratubular (proliferao de tecido fibroso intratubular) causando obstruo. Alm disso, os cistos podem ser simples (nicos) ou mltiplos. Sendo genticos ou adquiridos, ocorrem por uma alterao nas clulas epiteliais, que passam a produzir uma matriz extracelular anormal, com crescimento celular e secreo de lquido (a associao destes trs fatores forma o cisto).

    Distrbios da circulao

    Congesto hiposttica acmulo de sangue venoso, levando a um maior volume sangneo chegando ao rim. Pode ocorrer por:

    1. Hiperemia septicemia e intoxicao bacteriana aguda.

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    2. Hemorragia cortical visualiza-se pontinhos vermelhos (hemorragia puntiforme, petquias), causada por Streptococcus, Staphylococcus, Salmonela, Erisipela, peste suna clssica; subcapsular ou intra-renal alteraes na coagulabilidade do sangue (nos fatores de coagulao), uma das causas por tripanossomase, que induz agregao plaquetria.

    Infarto rea localizada de necrose isqumica, devido a obstruo de vaso que irriga essa rea. Pode ser causado por:

    1. Trombos brandos no possuem contaminao de outros fatores, sendo formados apenas por constituintes do sangue (hemcias, leuccitos, plaquetas);

    2. Trombos spticos derivados de colnias bacterianas provenientes de infeces em outros locais do organismo. Geram bactrias que formam abscessos, que por sua vez originam mbolos spticos que obstruem os vasos, podendo levar a uma endocardite vascular.

    3. Larvas de Strongylus vulgaris chegam ao rim e obstruem vasos. Os infartos podem ser brancos (anmicos) ou vermelhos (hemorrgicos). O anmico (ou branco)

    resulta da ocluso de artrias e o hemorrgico (ou vermelho) se caracteriza por reas de necrose associadas hemorragia macia, ocorrendo pela ocluso venosa.

    Os infartos renais normalmente so do tipo anmico e podem ser encontrados em trs fases: 1. Fase aguda: ocorre avermelhamento (hiperemia) do rim e da rea afetada. 2. Fase subaguda: observa-se um halo vermelho envolvendo a rea afetada (ou um halo claro, se for infarto hemorrgico). 3. Fase crnica: a superfcie do rgo fica toda alterada, irregular, com proliferao de tecido conjuntivo, com alterao de cor, ficando plido devido isquemia.

    OBS: algumas drogas usadas para sacrificar animais podem causar alteraes no rgo que so confundidas com infarto.

    Necrose Necrose cortical e tubular aguda em bovinos causada por endotoxemia (presena de toxinas

    produzidas por bactrias no sangue), mastites ou metrites e doenas gastrintestinais (enterites, sobrecarga alimentar excesso de carboidratos leva a alterao da flora em ruminantes).

    Necrose cortical manifestao da hipoperfuso ou choque. Em eqinos conseqncia da azotria (enfermidade conhecida como doena da segunda-feira o animal passa o fim de semana sem se exercitar, s se alimentando, e super-trabalhado na segunda-feira _ comum em animais de corrida), ocorrendo mioglobinria paraltica (mioglobina a nvel renal). A macroscopia varivel, apresentando o crtex totalmente afetado, ou com manchas.

    Necrose medular apenas aps duas horas de isquemia a medula entra em necrose.

    Hidronefrose Dilatao da pelve renal e clices, associada atrofia progressiva e aumento cstico do rim (forma um

    cisto interno). Causa obstruo urinria (completa ou incompleta). Pode ser originada por: 1. M formao congnita do ureter, bexiga e/ou uretra; 2. Clculos urinrios; 3. Aumento da prstata do co (que uma alterao comum, causada por hipertrofia, hiperplasia, tumores); 4. Inflamaes crnicas; 5. Neoplasias do rim e bexiga.

    Macroscopia o cisto dilata tanto que o rim passa a apresentar quase que apenas cpsula e o cisto, com ausncia da medula.

    Doenas glomerulares Glomerulonefrites inflamaes no glomrulo, tbulos e interstcio.

    Pode ser: 1. Glomerulonefrite viral HIC (hepatite infecciosa canina), rinite atrfica por corpsculo de incluso

    (citomegalovrus) em sunos recm-nascidos, peste suna clssica. 2. Glomerulonefrite supurativa bactrias piognicas (nefrite emblica). Actinobacillus equuli,

    Erysipelothrix spp., Streptococcus spp., Actinomyces sp.

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    3. Glomerulonefrite por imunocomplexos complexo ag:ac:complemento circulantes se depositam no rim, causando reaes. Se classificam em: Glomerulonefrite proliferativa sua celularidade aumentada (nmero de clulas); Glomerulonefrite membranosa espessamento da parede; Glomerulonefrite membranoproliferativa associao de ambas; Glomerulonefrite exsudativa presena de exsudato.

    Amiloidose formada por depsito de fragmentos imunoglobulnicos.

    Pode ser: 1. Imunoctica primria; 2. Reativa sistmica estimulao crnica antignica (ex: tuberculose). Comum em animais usados para

    desenvolvimento de soros (so constantemente estimulados, desenvolvendo Igs). Aspectos macroscpicos rins plidos e aumentados de tamanho. Aspectos microscpicos material eosinoflico, hialino, homogneo (protico) depositado nas paredes

    dos vasos sangneos e glomrulos. A membrana basal de glomrulos e tbulos e/ou a parede de vasos sangneos ficam evidenciados.

    Doenas tbulo-intersticiais Nefrites (inflamaes no parnquima renal).

    1. Nefrite intersticial pode ser focal (localizada ou com vrios focos localizados - definidos) ou geral (generalizada). A forma aguda apresenta hiperemia e edema, e a forma crnica apresenta fibrose.

    2. Nefrite intersticial supurativa pode ser de origem hematgena ou urognica. A hematgena tambm chamada de emblica, pois ocorre por tromboembolismo sptico ou bacteremia (embolia bacteriana que chega pela corrente circulatria). A urognica ocorre por microrganismos provenientes de infeces do trato urinrio inferior.

    3. Nefrite granulomatosa forma granulomas, principalmente no crtex. So causados por vrios agentes, entre eles: Histoplasma capsulatum, Mycobacterium spp. e Toxocara canis.

    4. Pielite ou pielonefrite pielite inflamao da pelve e pielonefrite a pielite associada nefrite. So inflamaes ascendentes, originrias de refluxo anormal de urina contaminada, geralmente causada por cistite (inflamao da parede da bexiga), uretrite, clculos urinrios. Raramente so causadas por origem descendente (hematgena). Aspectos macroscpicos: a pelve e ureteres ficam mais avermelhados e intumescidos, com reas espessadas ou rugosas. OBS: Leptospirose um bom exemplo de nefrite intersticial aguda bacteriana. Aps ocorrer a bacteremia (leptospiremia), as leptospiras chegam ao rim pelos capilares intersticiais e migram pelo endotlio vascular e interstcio, chegando ao epitlio dos tbulos renais, causando degenerao e necrose (na forma crnica).

    Necrose dos tbulos (nefrose) Pode ocorrer sozinha (apenas nos tbulos) ou associada ao rgo em si (envolvendo cortical e

    medular): 1. Necrose tubular isquemia ou txica; 2. Nefrose mioglobinrica azotria; 3. Nefrose hemoglobinrica (hemorrgica) babesiose, leptospirose, intoxicao por cobre; 4. Nefrose tubular nefrotxica substncias txicas (fungicidas, antibiticos, plantas), metais pesados; 5. Nefrose papilar da crista medular amiloidose da medula.

    Uremia

    Sndrome clnica associada a leses multissistmicas (no ocorre sozinha). Aspectos macroscpicos: necrose e mineralizao renal, com glomeruloesclerose, alm de leses em outros rgos (os cristais formados pela mineralizao se depositam neles). Pode provocar edema pulmonar e morte por insuficincia cardio-respiratria.

    Parasitos

    1. Stephanurus dentatus rim e gordura peri-renal de sunos; 2. Dioctophyma renale rim de ces (ingere todo o rim, s sobrando a cpsula e o parasito);

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    3. Klossiela equi rim de eqdeos.

    Neoplasias Primrias adenoma, carcinoma, nefroblastoma, fibroma, fibrossarcoma, hemangiossarcoma. Metastticas linfossarcoma, adenossarcoma, pulmonar, mastocitoma.

    Trato urinrio inferior

    1. raco persistente: (ps-nascimento) onfalite (inflamao). 2. Urolitase: clculo. Mais comum em machos (pela uretra longa e pouco calibrosa). Fatores predisponentes:

    pH da urina formao de cristais (cido oxalatos; alcalino estruvita e carbonatos); Infeces bacterianas; Fatores nutricionais e dietticos: I. Plantas ricas em oxalato;

    II. Deficincia de vitamina A manuteno do epitlio das vias urinrias (reepiteliza); III. Ingesto limitada de gua; IV. Dietas ricas em fosfato; V. Sorgo, milho;

    VI. Rao comercial seca associada a baixa ingesto de gua.

    Bexiga 1. Cistites inflamao da bexiga. Normalmente ocorre por via ascendente. Os microrganismos causadores mais comuns so:

    I. Escherichia coli; II. Corynebacterium renale;

    III. Eubacterium suis; IV. Klebisiella spp.; V. Staphylococcus;

    VI. Streptococcus. Fatores predisponentes: vrus da FIV, stress, diabetes (enfisema da bexiga bactrias que fermentam

    a glicose), parto, cateterizao inadequada, reteno de placenta e metrites, obstruo urinria (clculos). Podem ser caracterizadas como:

    1. Cistite hemorrgica ciclofosfamida; 2. Cistite fibrinopurulenta; 3. Cistite necrosante; 4. Cistite crnica forma folicular, poliplide e mictica. 2. Hematria enzotica ingesto crnica de Pteridium aquilinum (samambaia do campo). Mais comum

    ocorrer em animais acima de quatro anos de idade, como vacas leiteiras e bois de trabalho. Ocorre hematria e anemia persistente e/ou intermitente, associada a hemorragias ou neoplasias de

    trato urinrio inferior de vrios tipos (epitelial ou mesenquimal).

    3. Neoplasias da bexiga Primrias papiloma de clulas transicionais, carcinoma de clulas transicionais, carcinoma de clulas

    escamosas, adenocarcinoma, carcinomas indiferenciados. Mesenquimais leiomioma, fibroma, fibrossarcoma, rabdomiossarcoma botriide (ocorre em formas

    arredondadas ces jovens), linfossarcoma, hemangioma e hemangiossarcoma.

    OBS: os clculos podem ser arredondados, lisos, rugosos, irregulares, multifacetados, claros, escuros, amarelados.

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    Aparelho circulatrio

    Pericrdio

    elstico, possui lquido com aspecto citrino (brilhoso ctrico: meio turvo, amarelo esverdeado), com funo de proteo e amaciamento.

    Alteraes do contedo 1. Hidropericrdio lquido acompanhado de fibrina e pus. Ocorre nas caquexias de origem parasitria

    (sugam muito sangue), estases (diminuio do fluxo) de origem cardaca, doenas renais. 2. Hemopericrdio sangue dentro do saco pericrdico dificultando a contrao do corao, alterando o

    dbito cardaco. Ocorre por ruptura de vasos da base do corao (aorta) ou do prprio corao. Resulta em tamponamento cardaco, levando o animal a bito subitamente.

    3. Pneumopericrdio presena de gases no interior do saco pericrdico. Causado por bactrias presentes na pericardite.

    Distrbios circulatrios Hemorragias em forma de petquias ou difusas. Ocorrem devido a: 1. Peste suna clssica; 2. Anaplasmose; 3. Intoxicao por dicumarol (veneno de rato), tetracloreto de carbono e fsforo; 4. Morte por asfixia em animais sacrificados aparentemente normais.

    Inflamao (pericardite)

    1. Serosas influenza eqina; 2. Fibrinosa causada por infeco hematgena: pleuropneumonia contagiosa eqina, septicemia

    estreptoccica, salmonelose bovina, peste suna. Macroscopicamente apresenta depsitos de fibrina amarelada, resultando em aderncia entre os folhetos (parietal e visceral). Microscopicamente apresenta uma camada eosinoflica de fibrina, com neutrfilos;

    3. Purulenta ou supurativa exsudato purulento ou sero-purulento, branco, com mau-cheiro no saco pericrdico. Ocorre em pericardites traumticas dos bovinos (a ingesto de objeto estranho que perfura o retculo, o diafragma e alcana a cavidade torcica). Macroscopicamente o pericrdio se mostra bastante espesso, com tecido conjuntivo fibroso, branco, rugoso e com aparncia felpuda;

    4. Hemorrgica comum em ces. Efuso sanguinolenta macia no saco pericrdico junto com ascite. 5. Constritiva ou fibrosa - uma leso inflamatria crnica do pericrdio que vem acompanhada de

    extensa proliferao fibrosa, levando a aderncias (fibrosas) em todo o saco pericrdio. Essas aderncias podem resultar em obstruo do saco pericrdico e constrio do miocrdio, dificultando o preenchimento cardaco. Ocorre hipertrofia compensatria do miocrdio, resultando em diminuio do volume das cmaras cardacas, acentuando ainda mais o desenvolvimento de insuficincia cardaca congestiva.

    Inflamaes especficas Tuberculose

    Bovinos: 1. Nodular corao em couraa (fica endurecido). O ndulo formado pela tuberculose, ao ser

    cortado, faz um barulho na faca como se houvesse areia. 2. Granulao difusa grnulos. 3. Caseificao difusa ou pericardite caseosa

    Ces: Ndulos como gros de areia aspecto viloso.

    Corpo estranho

    Inflamao do tipo fibrino-purulenta, pericrdio distendido. O animal ingere o corpo estranho, que pode ser perfurante. Esse corpo estranho perfura o retculo,

    passa para o peritnio, perfura-o, chega a cavidade torcica, onde pode perfurar o saco pericrdio, corao ou o pulmo.

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    Parasitos

    Cysticercus tenuiculis comum nos bovinos, ovinos, caprinos e sunos. Miocrdio

    Defeitos congnitos

    1. Persistncia do ducto arterioso comum no co. O ducto arterioso um vaso que une a artria pulmonar aorta. Ao nascer, ele regride e se torna o ligamento arterioso. Com a no regresso, ocorre mistura do sangue venoso com o arterial, provocando cianose (falta de oxignio).

    2. Persistncia do forame oval une o trio direito ao esquerdo, causando o mesmo problema que o ducto arterioso.

    3. Tetralogia de Fallot estenose (diminuio do dimetro) da veia pulmonar, hipertrofia do ventrculo direito, dextroposio de aorta (sai do corao direito ao invs do esquerdo) e comunicao interventricular. comum em ces. Se o animal no morrer, fica fraco e se apresenta magro, no conseguindo se desenvolver normalmente.

    Alteraes degenerativas Atrofia parda ocorre em animais senis, idosos ou muito debilitados (magros, doentes). O miocrdio se

    apresenta com aspecto amarronzado. Ocorre nas diferentes espcies animais, sendo mais comum em eqinos.

    Tumefao turva aparece nos processos txicos ou toxi-infecciosos. Se apresenta com aspecto de carne cozida.

    Degenerao de Zenker estrias esbranquiadas. Ocorre na doena de avitaminose dos ovinos e bovinos e na febre aftosa.

    Esteatose depsito de gordura no tecido cardaco. Ocorre por intoxicao, avitaminose E no bovino e uremia.

    Calcificao lminas sseas deposio de clcio no tecido cardaco. Ocorre por deficincia de vitamina E em ovinos e bovinos e na febre aftosa.

    Ossificao tecido sseo no corao, principalmente nos trios. Mais comum em bovinos, eqinos e ces.

    Distrbios circulatrios Infarto rea de necrose isqumica, causada por ausncia de circulao local. Causado por leses

    degenerativas ou trombos nas coronrias. A severidade do infarto depende de onde ocorreu o bloqueio sangneo, se em um pequeno vaso ou em um grande.

    Hemorragias petquias, puntiformes ou difusas. Causadas por agentes txicos ou traumatismos.

    Alteraes do volume cardaco Dilatao: relacionada a processos agudos. Normalmente causada por excesso de esforo. O

    ventrculo direito mais susceptvel (fica arredondado). Podem ocorrer afeces febris agudas ou crnicas. Se o agente causador da dilatao persistir, a dilatao evolui para fase crnica, podendo sofrer hipertrofia (a musculatura fica flcida).

    Hipertrofia: as causas podem ser: nefroesclerose, hipertenso arterial, bronquites e enfisemas crnicos. Uma vez lesionado, o corao no se recupera, j que de difcil regenerao.

    Inflamaes (miocardite) Febre aftosa corao tigride ou amarelado. Apresenta estrias amareladas. Carbnculo sintomtico bolhas crepitantes (tumefao) na musculatura. Formam-se as bolhas pelo

    organismo (Clostridium) ser anaerbico. Miocardites purulentas Corynebacterium pyogenes em bovinos (a inflamao foco primrio

    comea no fgado ou outro rgo e chega ao corao via hematgena). Pode ocorrer por extenso, de forma traumtica.

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    Miocardite da necrobacilose bovinos com Fusobacterium necrophorum. Forma um abscesso com uma cpsula, de aspecto slido e marrom (lembrando um doce de leite). Tem um odor extremamente ftido, caracterstico. O acesso ao miocrdio ocorre via hematognica.

    Tuberculose tubrculos miliares (aspecto de milho). Comum em sunos, bovinos e eqinos.

    Tumores De corpo artico ou da base do corao. Causa insuficincia cardaca.

    Parasitos

    Cysticercus cellulosae, Echinococcus granulosus, Fasciola Heptica (quando em ciclo errtico).

    Endocrdio Uma membrana conjuntiva elstica que recobre toda a superfcie interna das cmaras do corao. Em

    alguns locais ela forma dobras com invaginaes que formam as valvas tricspide, mitral e sigmides.

    Alteraes cadavricas Formao de cogulos, que devem ser diferenciados dos trombos. Os trombos possuem a superfcie

    enrugada e opaca, com contorno indefinido e ficam aderidos a superfcie. Os cogulos possuem superfcie lisa, brilhante, contorno definido e no so fixados a superfcie.

    Embebio hemoltica manchas vermelhas escuras.

    Distrbios circulatrios Hemorragias causadas por agentes txicos ou infecciosos, ou em animais sacrificados por sangrias. Trombos no tm contorno definido.

    O trombo presente no interior das cmaras atua de duas maneiras: embolismo; modificao na luz das vlvulas.

    Inflamaes (endocardites) Pode ser mural ou valvular, de acordo com sua localizao. causada por germes e sua presena causa alteraes na parede do endocrdio, provocando aumento do atrito sangneo no local, originando os trombos (coagulao no sistema vascular, sem que tenha havido hemorragia). O fluxo sangneo pode destacar uma parte do trombo pela corrente sangnea, originando um mbolo (tromboembolia), que ganha a circulao e pode se fixar em outro local ou nas vlvulas, obliterando a luz das mesmas, causando seu mau fechamento e originando um refluxo do sangue.

    Degeneraes Endocardiose. As cordas tendnias se tornam espessadas e com ndulos. Comum em ces idosos.

    Tumores

    Leucose bovina (linfossarcoma disseminado, ocorrendo tambm no endocrdio).

    Parasitos Dirofilaria immitis comum em ces, podendo ocorrer em gatos. Habita o corao direito (ventrculo e

    trio) e quando intensa ocupa tambm as veias cavas.

    Artrias Vasos extremamente musculosos.

    Solues de continuidade ruptura dos vasos. Podem ser espontneas ou devido a inflamaes: Rupturas espontneas aorta do eqino, prximo a sigmide; degenerao das fibras elsticas com

    sbito aumento de presso. Devido inflamao artria mesentrica de eqinos parasitados por Strongylus; aorta de co

    parasitada por Spirocerca lupi.

  • 11

    Trombose e embolia Strongylus vulgaris clicas tromboembolticas. Formam mbolos (enovelados menores de parasitos)

    que se desprendem de trombos formados por enovelados maiores de parasitos, que podem se alojar em vasos menores causando as clicas.

    O trombo causa uma obstruo que origina uma dilatao da parede do vaso logo anterior ao trombo, formando um aneurisma.

    Aneurisma Strongylus vulgaris nos eqinos a inflamao reduz a resistncia da parede do vaso que cede

    facilmente a presso sangnea. Spirocerca lupi no co aneurisma de aorta.

    Leses distrficas

    Calcificao na ntima dos vasos, como placas que se sobrepem. Ocorre em bovinos e eqinos com paratuberculose e em bovinos intoxicados com Solanum malacoxylon (planta txica).

    Aterosclerose placas ateromatosas (depsitos de gordura). Se localizam em ramos da aorta, coronrias e artrias cerebrais, principalmente em sunos e aves. O sangue, ao passar por estas placas, sofre alterao em seu fluxo, causando turbilhonamento, podendo originar trombos.

    Inflamao (arterite) Ocorre em vasos que atravessam processos inflamatrios; na presena de mbolos ou trombos

    infectados; por Strongylus vulgaris; Leptospirose canina (causa arterite nos pulmes, aorta e coronrias.

    Veias Seu fluxo orientado em direo ao corao. Possui musculatura menos vigorosa que as artrias.

    Varizes Atrofia da camada muscular lisa da veia. Enrijece a veia, dificultando o retorno venoso. Pode causar necrose local por falta de oxigenao. Comum no plexo pampiniforme do garanho (varicocele dilatao) e na veia caudal da vaca, aps gestao.

    Teleangectasia Dilatao dos sinusides hepticos. Pode ocorrer em todo o lobo ou em um grupo de sinusides. um

    dos motivos de descarte do fgado bovino em matadouros.

    Tromboses Stephanurus dentatus veia cava e porta de sunos e bovinos. Veias uterinas da vaca. Jugular de eqinos pouca assepsia (em injees) ou substncia irritativa.

    Inflamaes (flebites)

    Onfaloflebite inflamao no cordo umbilical: uma veia de entrada para germes piognicos se instalarem em articulaes e outros locais, originando (principalmente) artrites e nefrites purulentas.

    Flebites uterinas principalmente ps-parto. Peste suna e pleuropneumonia bovina veias pulmonares. Salmonelose dos bezerros ramos da veia porta.

  • 12

    Patologias do Sistema Hemolinftico

    Linfonodos

    Histofisiologia

    O linfonodo possui regio cortical externa e uma medular interna. um rgo que possui a forma de um rim, ou caroo de feijo. Nos sunos o linfonodo invertido (os ndulos so centrais crtex e cpsula) e a medular perifrica. Algumas aves (pombos e galinceos) no possuem linfonodos. As aves aquticas (como os pingins) possuem poucos.

    A cortical composta por: Cpsula: tecido conjuntivo denso; Trabculas: emitidas pela cpsula; Seios: tecido linfide frouxo. So espaos que drenam a linfa. Se subdivide em Subcapsular (abaixo

    da cpsula) e Peritrabecular (ao lado das trabculas); Vasos Linfides Aferentes; Ndulos Linfides: tecido linfide enroscado. No centro desses ndulos (centro germinativo) h

    proliferao dos linfcitos por mitose. Eles migram para a periferia do ndulo, aonde chegam amadurecidos. A parte cncava do linfonodo onde fica o hilo. A medular possui fibras (clulas) reticulares, que formam o arcabouo de sustentao do rgo, e

    macrfagos. A medular se divide em:

    Cordes Medulares: concentraes de tecido linfide denso; Seios Medulares: tecido linfide frouxo; Hilo; Vasos Linfticos Eferentes.

    A linfa um plasma, um lquido oriundo dos tecidos, e que tem que retornar a ele. filtrado pelos

    linfonodos. A linfa passa pelo linfonodo em baixa velocidade, pois ela rica em antgenos e eles precisam ficar retidos no linfonodo (pela filtrao). Isso ocorre para que o organismo detecte se h algum lugar do corpo que est com problemas (alguma leso) e desloque seus linfcitos (clulas de defesa) para esta regio. A circulao no linfonodo segue a seguinte ordem:

    Vaso linftico aferente seio subcapsular seio peritrabecular seios medulares vaso linftico eferente.

    Alteraes

    Alteraes cadavricas: o linfonodo fica muito macio e desmancha com facilidade. Em animais obesos, a gordura pode invadir o rgo e causar manchas brancas no parnquima. Em regies onde h partculas de carvo no ar, pode ocorrer antracose, que so pigmentos formados

    pelo p de carvo. Na macroscopia o rgo apresenta-se enegrecido e na microscopia visualiza-se macrfagos com o citoplasma enegrecido.

    Tambm podem apresentar hemossiderina, que so pigmentos formados pelo ferro liberado pela hemlise de hemcias. O rgo apresenta colorao acastanhada, enegrecida. Na microscopia o citoplasma dos macrfagos se mostra acastanhado.

    Atrofia: diminuio do rgo. Macroscopicamente se mostra pequeno, com volume reduzido. Dependendo do agente pode haver fibrose da cpsula (na disseco se mostra rgido). Microscopicamente observa-se clulas pequenas, menores que o normal.

    Hiperplasia: aumento do nmero de clulas (no do tamanho). Os centros germinativos ficam bem evidentes pelo aumento do nmero de clulas sendo produzidas. O rgo fica com seu volume aumentado. Ao corte visualiza-se pontinhos brancos (onde se localizam os centros germinativos).

  • 13

    Distrbios inflamatrios O linfonodo drena as molstias dos rgos adjacentes. Quando h distrbios inflamatrios, h

    presena de neutrfilos. O linfonodo fica hiperplsico (inchado). Na disseco o parnquima, que estava inchado, protrudo, vasa ao corte da cpsula. Pode haver material purulento, se ocorrer penetrao de bactrias, formando um abscesso. Em processos inflamatrios crnicos, o linfonodo fica ressecado (na superfcie) e a cpsula muito espessa e rgida ao corte.

    Um exemplo de distrbio inflamatrio a linfadenite caseosa, que acomete caprinos e ovinos. Causada pela bactria Corynebacterium pseudotuberculosis. conhecida como pseudotuberculose ovina, e identificada pelo aparecimento de abscessos nos linfonodos em diversas partes do corpo do animal, com predominncia na regio peitoral externa, causando srios prejuzos sua pele, que perde o valor comercial.

    Distrbios neoplsicos O linfossarcoma tambm chamado de linfoma (erroneamente, pois uma terminologia de benigno

    para um tumor maligno). A macroscopia do linfossarcoma se caracteriza por uma massa tumoral bem grande, branca acinzentada e macia ao corte. Na microscopia observa-se clulas maiores que os linfcitos comuns, com hipercromatismo nuclear (o ncleo se mostra ainda mais basoflico) o que uma caracterstica de neoplasia maligna. Os nuclolos ficam muito evidentes. Algumas clulas apresentam ncleo com fenda (clivado), irregular. Tambm ocorre monotonia celular (todas as clulas apresentam o mesmo tamanho). Pode ocorrer a forma leucmica, que surge quando metstases do linfossarcoma chegam medula ssea, comprometendo a hematopoiese. O linfossarcoma felino possui as formas multicntrica, tmica, alimentar ou variada. A maior parte provoca a forma leucmica. O FELV (vrus da leucemia felina) est constantemente associado ao linfossarcoma. Na forma multicntrica ocorre o comprometimento de todas as clulas. Na forma tmica ocorre aumento dos linfonodos do mediastino, o animal apresenta fadiga e comprometimento respiratrio (por compresso do pulmo). Na forma alimentar h comprometimento do intestino, apresentando vmitos e diarrias, que podem conter sangue (pela compresso de vasos que podem se romper). Na forma variada h comprometimento renal e do SNC (sistema nervoso central). O linfossarcoma bovino pode ter as formas enzotica e espordica, sendo que a espordica pode ser tmica, juvenil ou cutnea. A forma enzotica ocorre em bovinos adultos e causada pelo VLB (vrus da leucemia bovina). O espordico acomete bovinos jovens e tem causa desconhecida. A forma tmica acomete bovinos de at dois anos de idade. A forma juvenil acomete terneiros (bezerros de trs a seis meses de idade). A forma cutnea causa leses espalhadas pela superfcie do animal, que chegam a ulcerar, mas dificilmente provocam a forma leucmica, pois normalmente no originam metstases para a medula ssea. Nos casos cutneos pode-se fazer um imprint (carimbo) com uma lmina para anlise laboratorial. A perda de peso muito grande, o animal fica caqutico e h comprometimento respiratrio. No toque retal pode-se sentir os linfonodos alterados.

    O linfoma canino possui as formas multicntrica, mediastnica (o mesmo que tmica), alimentar e cutnea. Ocorrem principalmente em animais de meia idade.

    O linfoma eqino raro de acontecer. Quando ocorre muito debilitante, pois so animais muito sensveis. Apresenta as formas multicntrica, cutnea, alimentar e esplnica. A forma alimentar a mais debilitante, pois o animal sofre muito com vmitos e diarrias. Na forma esplnica o bao se apresenta aumentado de tamanho e com colorao branco-acinzentado. OBS: para diferenciar hiperplasia de neoplasia, na microscopia ptica, observa-se a arquitetura do rgo. Na hiperplasia a arquitetura normal se mantm. Na neoplasia no, o rgo fica desarrumado.

    Presena de parasitos em linfonodos No se conhece nenhum parasito de linfonodos, mas pode ocorrer um ciclo errtico e o parasito

    chegar ao linfonodo. A Leishimania pode comprometer o linfonodo, causando hiperplasia e sendo encontrados no interior

    de macrfagos. Histoplasma capsulatum um fungo que tambm pode comprometer os linfonodos mediastnicos, causando hiperplasia. Na microscopia observa-se o fungo no citoplasma de macrfagos. Outros exemplos so os cisticercos e trematides.

  • 14

    Patologias do Sistema Hemolinfopoitico

    Bao

    Histofisiologia Nas aves, o bao ovide e no alongado como nos mamferos. Apresenta polpa vermelha e polpa

    branca. Na polpa branca se encontram os folculos linfides. Os folculos apresentam uma arterola central e

    um centro germinativo, rico em linfoblastos. Possui feixes de musculatura lisa entre os folculos e nas trabculas.

    A polpa vermelha possui feixes de msculos lisos, vasos sangneos, clulas reticulares (fazem fagocitose, participando da defesa). Tambm possui seios esplnicos e cordes esplnicos.

    O bao tem funo de defesa e de armazenamento de sangue. A prioridade entre essas funes varia entre os animais. No cavalo a prioridade o armazenamento de sangue, j em ces a defesa.

    Distrbios degenerativos Atrofia: pode ser causada por toxinas, doenas virais. O rgo se apresenta enrugado, menor e firme

    ao corte. Hiperplasia: quando o bao requisitado para qualquer funo, ocorre hiperplasia do rgo, com

    aumento dos centros germinativos. A borda fica mais arredondada (normalmente fina). No parnquima, aps o corte, verificam-se pontinhos brancos que correspondem aos centros germinativos.

    Rupturas: normalmente causadas por leses, traumatismos. Pode ocorrer por estar congesto (muito hiperplsico) e qualquer movimento mais brusco do animal levar a sua ruptura.

    Amiloidose: bao sagu. Aspectos macroscpicos pontinhos brancos e duros no parnquima, lembrando verruguinhas (so altos) ou gros de tapioca. Se diferenciam dos centros germinativos, pois estes s aparecem na superfcie de corte e so lisos. Aspectos microscpicos se coram com vermelho congo.

    Distrbios circulatrios Congesto: vasos repletos de sangue (diferente de hemorragia onde h extravasamento). O rgo se

    apresenta vermelho escuro. Ao corte o sangue flui. Causa hiperplasia. Infarto: rea de necrose causada por interrupo de suprimento sangneo. Aspectos macroscpicos

    reas escuras no local de infartamento do rgo. Toro: comum em sunos e ces. O ligamento gastroesplnico dos sunos muito longo e pode

    provocar a toro. um achado de necropsia, pois o animal no morre por causa disso. A rea que foi torcida necrosa, mas o animal vive bem com o que sobra do rgo. Em ces normalmente a toro vem acompanhada de toro gstrica, o que piora o quadro. H uma congesto na rea que torcer, seguida de necrose e cicatrizao.

    Distrbios inflamatrios Esplenite: infeco no bao. Se apresenta hiperplsico, hipermico, supurado (se a infeco for por

    bactrias purulentas).

    Distrbios nodulares Hiperplasia nodular linfide benigna: pode ocorrer em um nico ndulo ou em vrios. Quando um

    ndulo nico apresenta um caroo enorme, macroscpico, na cpsula. Se forem vrios ndulos, so menores, brancos e durinhos.

    Distrbios neoplsicos Relacionados aos vasos. Pode haver um linfoma no bao.

  • 15

    Hemangioma: comprometimento do endotlio vascular, causando muito sangramento. Hemangiossarcoma: o mesmo que no hemangioma, sendo que maligno, apresentando mitoses

    atpicas, clulas pleomrficas, com irregularidades de citoplasma e ncleo e hipercromia. Macroscopicamente ambos apresentam manchas escuras e ao corte verifica-se cavidades repletas de sangue e sangram muito.

    Leiomiossarcoma: no msculo liso. Macroscopicamente apresenta reas esbranquiadas. Microscopicamente apresenta hipercromia, mitoses atpicas, poder invasivo, pleomorfismo.

    Parasitos Pode haver parasitos de ciclo errtico no bao. Os mais comuns so: Cysticercus cellulosae, Cysticercus bovis.

    Patologia do Sistema Digestrio

    Cavidade oral Lngua, dentes, mucosa oral, tonsilas (rgos linfides de proteo). Os dentes tm a funo de mastigao. A saliva umidece o alimento, facilitando a deglutio. Os

    msculos tambm tm a funo de auxiliar a deglutio.

    Patologias Obstruo e distrbios funcionais

    Mucoceles salivares: formaes csticas que ocorrem prximo aos ductos das glndulas salivares. Causadas por traumatismos (alimentos grosseiros). O tamanho dos cistos pode causar dificuldade na deglutio e dor, que provocam emagrecimento (pois o animal deixa de comer). O primeiro sinal cnico a salivao.

    Sialolitase: clculos salivares (pedrinhas esbranquiadas) no ducto. Pode ser causado por reao inflamatria nos ductos, causando espessamento (dilatao) do epitlio, com deposio de sais que compem a saliva, formando os clculos. Tambm pode ser causado por deposio de partculas de alimentos nos ductos, provocando a deposio de sais. Normalmente causam a obstruo do ducto. Provocam dificuldade em se alimentar, pois o alimento fica seco (falta de umidecimento) por estar com pouca saliva.

    Estomatites virais: formao de vesculas na cavidade oral. So causadas por vrios vrus e clinicamente so indistinguveis umas das outras:

    a. Febre aftosa Picornavrus (perodo de incubao de 2 a 4 dias). Acomete animais que possuem cascos fendidos, como bovinos e caprinos.

    b. Estomatite vesicular Rabdovrus. c. Doena vesicular dos sunos Picornavrus. d. Exantema vesicular dos sunos Calicivrus.

    Todos causam estomatites virais, facilitando a transmisso via mucosa oral, pois as vesculas so ricas nestes vrus. Os sinais clnicos so o aparecimento de aftas, vesculas, bolhas, desprendimento do epitlio, reas ulceradas em carne-viva na lngua e nos lbios, salivao, manqueira, febre e anorexia. Microscopicamente essas leses se iniciam por edema intracelular levando a degenerao do epitlio. Seu citoplasma eosinoflico e aquoso, com ncleo picntico (retrado).

    Estomatites bacterianas: causadas por bactrias, entre elas: 1. Necrobacilose Fusobacterium necrophorum (Gram-). Promove estomatite com reas de necrose.

    Aspecto macroscpico leso com centro elevado necrtico, de colorao marrom acinzentado. Aspecto microscpico necrose de coagulao circundada por uma zona de tecido de granulao.

    2. Actinobacilose Actinobacillus lignieresii. Promove estomatite e a lngua de pau (rgida). A lngua fica fora da boca, pendurada, por isso o animal definha muito rpido. Aspecto macroscpico granuloma branco acinzentado ou branco amarelado. Aspecto microscpico colnias bacterianas (bacilos Gram -) circundadas por granulcitos, macrfagos, clulas epiteliides e clulas gigantes multinucleadas de Langhans (composio de um granuloma).

  • 16

    3. Actinomicose Actinomyces bovis. Levou esse nome porque, ao ser descoberta, lembrava uma infeco por fungos, apresentando aspecto radiado, arredondado. Deixa a bochecha do animal inchada. Aspecto macroscpico ndulo cinza ou branco acinzentado, firme, fibrtico e irregular. Ostelise da mandbula (promove a destruio da mandbula).

    Granuloma eosinoflico oral: causa desconhecida. Comum em felinos. Aspecto macroscpico lcera irregular ou mucosa intacta com placa granulomatosa brancacenta ou branco-amarelada. Aspecto microscpico mltiplos focos inflamatrios, ricos em eosinfilos. No centro da leso encontra-se um colgeno necrtico rico em material eosinoflico amorfo.

    Neoplasias: 1. Papilomas papilomavrus (benigno). Mais comum em ces jovens. Por serem de origem

    infecciosa podem ser transmissveis. uma leso que provoca nodulaes pequenas (verruguinhas). Atrapalha a deglutio, provoca salivao e ulceraes. Aspecto macroscpico mltiplos ndulos, brancos ou cinzas, pedunculados e com superfcie queratinizada (endurecida). Aspecto microscpico epitlio escamoso estratificado acanttico (com queratina espessa) e hiperplsico. Podem ocorrer incluses intranucleares (o vrus entra no ncleo da clula).

    2. Carcinoma de clulas escamosas comuns em ces e gatos velhos. Se inicia na lngua, gengiva ou tonsila. Em bovinos pode ser causado por um agente toxgeno liberado pela samambaia Pteridium aquilinum. Aspecto macroscpico quando pequenos aparecem pequenas leses granulares. Quando mais desenvolvidos, tem aspecto de couve-flor, como um rosrio de massa. Microscopicamente observa-se invaso de cordes de clulas epiteliais escamosas. Apresenta rodelas de queratina no tumor (prolas de queratina). Quanto mais diferenciadas as clulas se apresentarem, mais maligno o tumor e mais apresenta prolas de queratina e figuras de mitose. Quando chega bexiga causa hematria enzotica.

    3. Melanoma maligno melancitos neoplsicos. Macroscopicamente apresenta mculas branco-acinzentadas ( o amelantico, improdutivo) ou marrom escuro ou preto (melancito produtivo). Microscopicamente observa-se melancitos epiteliides (pleomrficos com ncleos grandes e claros). Mas h dificuldade em se identificar o produtivo, pois como o citoplasma fica enegrecido pelos pigmentos, no h como se observar as mitoses atpicas do ncleo (no se consegue ver o ncleo). produtivo quando est produzindo pigmentos, ficando a clula enegrecida e no se visualizando as estruturas internas. O improdutivo no produz pigmentos, portanto consegue-se visualizar as estruturas e as figuras de mitose.

    Dentes Compostos por coroa (parte visvel do dente, coberta por esmalte), raiz (formada por dentina e

    cemento), ligamento periodontal (tecido fibroso que fixa a raiz a cavidade alveolar), alvolos (cavidade do osso maxilar ou da mandbula onde se insere a raiz) e polpa dental (tecido altamente vascularizado que se estende para dentro da raiz do dente e nutre a dentina).

    Existem os dentes simples e os complexos. Os simples so os de carnvoros e pequenos herbvoros. Os complexos so os dentes dos grandes herbvoros, que possuem dentes modificados para servir a um tipo de mastigao rotatria e de moagem. Possuem o infundbulo, que um clice de esmalte na coroa central do dente, preenchido por cemento que uma matriz colgena.

    Leses inflamatrias Crie - a crie um processo inflamatrio raro em animais, mas que pode ocorrer por mudana de

    pH. rara porque normalmente os animais no sofrem mudanas alimentares que causem alteraes de pH. A crie compromete o esmalte dos dentes, causa placas bacterianas (trtaro), mau hlito, comprometimento da gengiva, periodontite, gengivite.

    Impactao infundibular ocorre em animais de dentes complexos, sendo importante em cavalos e bovinos. Comparada a crie em animais de dentes simples. A impactao do infundbulo ocorre quando h m formao do cemento, ocorrendo acmulo de alimentos no infundbulo causando crie. Compromete a gengiva e causa periodontite.

    Neoplasias

  • 17

    Eplides: so tumores de gengiva, podendo ser malignos ou benignos. Na neoplasia benigna no h comprometimento do osso alveolar, pois no invasivo. Formam uma massa estranha, irregular, na cavidade oral. Podem ser:

    1. Fibromatoso benigno. Atinge o ligamento periodontal. 2. sseo benigno. H presena de tecido sseo, osteoblastos, no tumor. 3. Acantomatoso maligno. Extremamente invasivo, comprometendo toda a arcada dentria. Lembra

    um epitlio estratificado. Possui muitas figuras de mitose e muito agressivo.

    Esfago

    Distrbios funcionais Megaesfago: um distrbio causado por dilatao e flacidez do esfago. Essa dilatao pode ocorrer

    em todo o esfago ou em parte dele, comprometendo a motilidade do mesmo, causando refluxo e diminuio da ingesto de alimentos.

    Injrias e inflamaes (esofagites) Esofagite traumtica e impactao causada por traumatismos com alimentos ou objetos estranhos

    ingeridos acidentalmente. Pode ocorrer obstruo por corpo estranho (ou frutas), comum em bovinos, causando timpanismo os gases do rumem no conseguem sair. Os corpos estranhos podem causar laceraes, ulceraes e necrose se coagulao.

    Esofagite parasitria o mais comum o Spirocerca lupi, que causa a espirocercose, originando um ndulo granulomatoso que pode promover estenose (diminuio da luz do esfago). Pode promover a formao de fibrossarcomas e osteossarcomas de esfago.

    Esofagite mictica candidase (sapinho). A Candida albicans um habitante normal da flora bucal, mas oportunista. Com baixa na imunidade ela prolifera. Causa placas brancas, ovais e elevadas na superfcie epitelial, com pseudomembranas. O tipo de leso lembra difteria. Microscopicamente se encontram leveduras no centro da leso e pseudo-hifas.

    Neoplasias Carcinoma de clulas escamosas mesmas caractersticas j descritas em neoplasias de cavidade

    oral. Em bovinos o epitlio muito queratinizado, ficando muito comprometido.

    Estmago

    Histofisiologia Os ruminantes possuem os pr-estmagos, que so estmagos mecnicos, com bactrias e produo

    de gs. So o rumem, retculo e omaso. Nestes animais o abomaso equivale ao estmago de monogstricos, que qumico e possui epitlio glandular.

    Obstruo e distrbios funcionais Dilatao gstrica em eqinos pode ocorrer rompimento do estmago. mais comum em eqinos

    que abusam da ingesto de gros. A dilatao ocorre porque as cmaras (pr-estmagos) ficam cheias, o animal no consegue eruptar (arrotar), causando timpanismo. Aspectos macroscpicos a parede da mucosa se mostra com colorao azul opaco ou violeta. A superfcie da mucosa apresenta colorao marrom ou vermelho enegrecido.

    1. Timpanismo obstrutivo pode ser causado pelo megaesfago, quando frutas ou vegetais causam obstruo do mesmo.

    2. Timpanismo simples ou espumoso ocorre aps a ingesto de alimentos ricos em carboidratos, que so de fcil digesto, ficando muito liquefeitos e formando espuma. Com isso o gs fica preso ao material digestivo, a espuma.

    3. Vlvulo quando ocorre rotao do estmago sobre o prprio eixo.

  • 18

    Injrias e inflamao lceras gstricas leso da mucosa formando buracos. Aspectos macroscpicos cratera coberta

    por uma pseudomembrana fibrino-purulenta de colorao cinza ou marrom (se houver leso de vasos). Aspectos microscpicos exsudato fibrino-purulento com tecido de granulao.

    Gastrite inflamao da mucosa gstrica podendo levar a uma lcera. Macroscopicamente a mucosa se apresenta espessada e avermelhada. Microscopicamente a mucosa se mostra hiperplsica (clulas hiperplsicas) e at com metaplasia (clulas parietais so substitudas por clulas mucosas). Pode ser:

    1. Gastrite erosiva aguda ou hemorrgica pode ocorrer por mudana de pH, acidificando o meio e causando a inflamao.

    2. Gastrite traumtica causada por alimentos grosseiros ou corpos estranhos ingeridos acidentalmente, que levam a leses na mucosa originando a inflamao. Em ruminantes conhecida como reticulite e pode levar a peritonite (por perfurao do retculo pelo corpo estranho, levando a perfurao do peritnio).

    3. Gastrite hipertrfica aumento de volume das clulas. Espessamento da mucosa gstrica pela inflamao.

    4. Gastrite cstica profunda ocorre quando h formao de cistos na mucosa e estes penetram na submucosa.

    5. Gastrite eosinoflica quando a clula predominante o eosinfilo e podem ser causadas por presena de parasitos ou causas desconhecidas.

    6. Gastrites parasitrias: Haemonchus contortus e Ostertagia spp ovinos, caprinos e bovinos. Gasterophilus spp, Draschia megastoma e Habronema spp eqinos.

    Neoplasias

    Adenocarcinoma gstrico (de glndulas gstricas) e linfossarcoma gstrico.

    Intestinos

    Histofisiologia O intestino se divide em delgado e grosso. Ambos possuem vilosidades em sua mucosa, e o delgado

    possui ainda microvilosidades. H presena de folculos linfides em todo o intestino, sendo no leo as placas de Peyer. Possui uma rica flora bacteriana, sendo mais rica no intestino grosso. H mecanismos para regular essa flora, como as clulas caliciformes que formam uma barreira mucosa, o peristaltismo, mudanas na dieta.

    Alteraes da luz intestinal Obstrues:

    Causas 1. Mecnicas: podem ser congnitas ou adquiridas.

    Congnita por atresia ou estenose. As obstrues por atresia podem ser: Membranosa uma membrana impede o fluxo; Cordo estrangulamento da luz; Extremidade cega a luz fechada.

    Por estenose quando ocorre estreitamento da luz. No to grave quando o estrangulamento de cordo da atresia.

    Adquirida pode ocorrer por vrias causas: neoplasias, reduo cicatricial, corpos estranhos, toro, fecallitos, etc.

  • 19

    OBS: A ingesto de corpos estranhos muito freqente em bovinos e ces e gatos jovens. Os corpos estranhos tambm podem se formam dentro do prprio organismo. Tipos de corpos estranhos:

    Enterlito um corpo estranho agregado com sais minerais, ficando muito duro. Fecallito ou fecaloma (mas uma terminologia errnea). uma massa de bolo fecal

    que fica retida, sofrendo reabsoro de gua, ficando muito ressecada e quebradia. Pilobezorio ou tricobezorio massa de plos, muco e sais minerais.

    2. Nervosas: o intestino no recebe os estmulos nervosos, ficando sem tnus e no responde ao

    peristaltismo. erroneamente chamado de leo paraltico (o correto seria leo adinmico).

    Classificaes Simples h obstruo dificultando o fluxo, mas h passagem. Ex: neoplasias, inflamaes

    dos linfonodos. Estrangulada a obstruo total, sendo incompatvel com a vida. No passa nem mesmo a

    irrigao sangnea. Neste caso, as bactrias comeam a proliferar e produzir gases, dilatando a parede, comprimindo-a, causando edema, congesto e a ao de toxinas ulceram a mucosas, chegando a romper a parede e necrosando. Ex: volvo ou toro, intussuscepo ou invaginao, hrnia.

    Alteraes de posio (causam alterao da luz) Hrnia pode ser externa ou interna:

    1. Hrnia externa o deslocamento de uma vscera para fora da cavidade abdominal, atravs de um orifcio natural ou adquirido.

    2. Hrnia interna o deslocamento de uma vscera para dentro da cavidade abdominal, por um orifcio natural ou adquirido.

    Constituio: 1. Contedo hernirio o contedo a vscera que foi deslocada; 2. Anel hernirio orifcio por onde a vscera passou; 3. Saco hernirio o peritnio, que fica deslocado (empurrado pela vscera). 4. Envoltrios acessrios pele e subcutneo (tecidos mole que recobrem a hrnia).

    Classificao: 1. Externas Podem ser:

    Ventral na linha Alba; Umbilical no umbigo (comum em filhotes); Inguinal passando pelo canal ingnal; Escrotal uma ingnal que chega at a bolsa escrotal; Perineal entre a vulva e o nus, passando pelos msculos coccdeos); Femoral por onde passam as veias e artrias femorais; Diafragmtica fissura no diafragma.

    2. Internas podem ser:

    Epiplica fissura no omento (ou epiplon); Mesentrica fissura no mesentrio; Pseudoligamentosa quando ocorrem aderncias na cavidade abdominal e a vscera

    passa por fissuras nestas aderncias.

    Conseqncias se a vscera entrar e sair do orifcio (em exerccios, por exemplo), no traz maiores problemas. Se sair e ficar, fica estrangulada e a poro estrangulada pode necrosar.

    Volvo ou toro toro da ala intestinal em seu eixo maior. Normalmente causada por corpo estranho: fecallito, bolo parasitrio, neoplasias, etc. A presena deste corpo estranho provoca aumento do

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    peristaltismo, na inteno de remover esse corpo estranho, mas no consegue. Com isso surgem movimentos peristlticos contrrios, tambm para tentar remover o corpo estranho. Estes movimentos opostos acabam provocando a toro, que pode ser de 180 at 720. muito comum em eqinos.

    Intussuscepo ou invaginao uma poro da ala intestinal engloba a ala adjacente. Normalmente a poro anterior (invaginante) que engloba a posterior (invaginada), por causa da direo dos movimentos peristlticos. causada pelo aumento do movimento peristltico (como ocorre na enterite). O animal sente muita dor abdominal. Na palpao podemos sentir essa massa obstruda.

    Prolpso retal exteriorizao da ampola retal. Causado por enterites, diarrias intensas, constipao (o animal faz muita fora para defecar). O esfncter anal ir estrangular a poro exteriorizada, levando a necrose (se no descoberto a tempo). O animal sente muita dor e deita, o que piora o quadro, j que sofre contaminao.

    Enterites So classificadas de acordo com o exsudato:

    Catarral exsudato seroso (aumento da produo de muco). Pode ser catarro-purulento quando h presena de pus (parvovirose);

    Fibrinosa filetes de fibrina (esbranquiados). Normalmente ocorre em leses vasculares; Difteride organizao (evoluo) da fibrinosa. Presena de placas de fibrina. Comum em bovinos. Hemorrgica presena de sangue (parede hemorrgica). Comum em doenas parasitrias, virais; Granulomatosa granulomas na parede intestinal. Ocorre na tuberculose e paratuberculose.

    OBS: os parasitos mais comuns so: nematides, cestides e protozorios.

    Neoplasias Adenocarcinomas, leiomiomas, linfossarcomas, plipos neoplsicos, adenoma de glndulas adanais

    (adenoma hepatide lembra um adenoma heptico ao microscpio).

    Pncreas

    Histofisiologia Possui funo endcrina e excrina.

    Endcrino ilhotas pancreticas (clulas , e ). As clulas produzem glucagon, as produzem insulina e as produzem somatostatina.

    Excrino produz enzimas digestivas em forma de pr-enzimas, que so secretadas pelos cinos pancreticos (maior poro do pncreas): lpase, fosfolipase, tripsina, quimiotripsina, amilase, eletrlitos. Chegam ao intestino pelo ducto pancretico. No intestino, pela ao das enteroquinases elas so ativadas.

    No pncreas do gato encontramos os corpsculos de Paccini, que so ndulos normais. Os outros animais no possuem.

    Eqinos e ces possuem dois ductos pancreticos.

    Alteraes Atrofia pancretica juvenil acomete ces de seis a doze meses de idade, principalmente pastor

    alemo. O rgo em si desaparece, restando apenas algumas ilhotas e alguns cinos pancreticos. O animal no consegue digerir os alimentos, as fezes so ricas em gordura, o animal emagrece, mas tem apetite voraz e come muito.

    Inflamaes Pancreatite aguda ou aguda necrosante. Muito comum em ces, principalmente castrados. rara

    em eqinos, gatos, ratos e primatas. As enzimas digestivas so ativadas dentro do pncreas, digerindo o prprio rgo. Normalmente ocorre logo aps a ingesto de alimentao rica em gordura. Causa vmito, diarria, perda de apetite e dor abdominal. Verifica-se infiltrado inflamatrio agudo (rico em clulas

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    polimorfonucleares), hemorragia, edema, necrose do pncreas e da gordura peripancretica. O animal geralmente morre, mas se sobreviver ter episdios reincidentes, resultando em uma pancreatite crnica.

    Pancreatite crnica uma evoluo da aguda. Ocorre cicatrizao no local da necrose, ficando este fibrosado (enrijecido, menor). O animal desenvolve diabetes. mais comum em ces.

    Parasitos Eurytrema pancreaticum bovinos, bubalinos, ovinos e caprinos. Eurytrema procyonis carnvoros. Parasitam os ductos pancreticos, podendo causar pancreatite leve ou obstruo.

    Clculos pancreticos

    Acometem bovinos, mas so raros. So concrees minerais numerosas, mas no geram sintomatologia clnica.

    Hiperplasia nodular Alterao que acomete animais mais velhos. So mltiplos ndulos que no causam sintomatologia

    clnica. Devem ser diferenciados das neoplasias.

    Neoplasias Adenoma e adenocarcinoma, mas so raros em animais.

    OBS: Hiperplasia nodular mltiplos ndulos que no possuem cpsula. Adenoma ndulo nico e com cpsula.

    Peritnio

    Histofisiologia uma serosa que recobre toda a cavidade abdominal (peritnio parietal) e as vsceras abdominais

    (peritnio visceral). Se dobra formando o omento e o mesentrio. Possui um lquido na cavidade que protege as vsceras, diminuindo o atrito entre elas. Esse lquido pobre em clulas inflamatrias, apesar de possuir algumas, e possui clulas mesoteliais escamosas.

    Corpos estranhos Gasoso ocorre por comunicao entre a cavidade torcica e a abdominal. Slidos por perfurao do intestino e/ou estmago (ocorrendo passagem de partculas alimentares)

    ou penetrao de projteis. Lquidos por ruptura da bexiga, ocorrendo vazamento do lquido urinrio.

    Causam peritonite difusa ou localizada. Na localizada ocorre exsudao de fibrina, envolvendo o corpo estranho, e evolui para fibrose.

    Hidroperitnio (ou ascite) Edema da cavidade abdominal. O lquido de edema pobre em clulas inflamatrias, diferenciando do

    lquido inflamatrio, que rico em clulas. Normalmente causado por cirrose heptica (o fgado pra de produzir as protenas plasmticas, causando o edema por diferena de osmolaridade).

    Hemoperitnio Ocorre pela ruptura do prprio peritnio ou de algum rgo, rompendo vasos que liberam sangue para

    a cavidade abdominal. Se for intenso pode ocorrer fibrose local, causando aderncia do peritnio.

    Peritonites

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    Se distingue de ascite pelo exsudato, que neste caso inflamatrio. Importante em cavalos, pois tm pouca capacidade de resposta e acabam morrendo.

    Neoplasias Lipoma (comum em eqinos). Mesotelioma (clulas mesoteliais da pleura e do peritnio) raramente metasteia, apesar de ser

    maligna. Metstases o peritnio alvo de metstases, especialmente do linfossarcoma.

    Parasitos

    Cysticercus tenuiculis serosas de ruminantes e sunos. a forma larvar da Taenia hydatigena. Encontram-se cistos repletos de lquidos com a escolice invaginada.

    Fgado

    Histofisiologia O fgado composto por lbulos hepticos. O lbulo forma a figura de um hexgono, com uma veia

    centro lobular, e cada vrtice do hexgono centrado em um espao porta. A Trade Portal composta pelo Ducto Biliar; Vnula (ramo da veia porta) e Arterola (ramo da artria heptica), alm dos vasos linfticos, envoltos por tecido conjuntivo denso.

    Os lbulos hepticos so compostos por hepatcitos, capilares sinusides e Espao de Disse (entre a parede dos hepatcitos e a parede dos capilares). Dentro do espao de Disse acumula-se a Substncia Amilide, que protica e reage semelhante a um amido (acar). No espao de Disse encontramos clulas armazenadoras de lipdios, que tambm armazenam vitaminas lipossolveis. A principal vitamina armazenada a vitamina A. Quando h acmulo de substncia amilide no espao de Disse, h uma deficincia de vitamina A (hipovitaminose A), por falta de espao para armazen-la. H um inchao neste espao, comprimindo os capilares e os hepatcitos, causando atrofia dos hepatcitos e problemas na circulao local, que fica deficiente. Isso altera todo o metabolismo.

    O parnquima do fgado so os hepatcitos. O estroma so as fibras reticulares, que sustentam os hepatcitos.

    Entre dois hepatcitos existe um canalculo chamado de canalculo biliar. Essas canalculos no possuem parede, sua parede a dos hepatcitos.

    A circulao sangnea centrpeta (em direo do espao porta para a veia centro lobular), a circulao biliar centrfuga (em direo da veia centro lobular para o espao porta).

    Circulao Sangnea do Fgado

    Possui dois vasos aferentes (artria heptica e veia porta) que desembocam no espao porta, formando uma arterola e uma vnula. 70% do sangue que nutre os hepatcitos vem da veia porta (venoso). 30% originrio da artria heptica (arterial). Os dois tipos de sangue (arterial e venoso) se misturam ao nvel dos capilares sinusides, onde iro nutrir os hepatcitos e serem metabolizados por eles e pelas clulas de Kupffer (macrfagos que se localizam na parede dos capilares). Seguem para a veia centro lobular, que o ltimo componente a absorver o sangue. As veias centro lobulares deixam o fgado, vo se unindo e formando as veias hepticas (vasos eferentes) que desembocam na veia cava caudal.

    Circulao Biliar Comea nos canalculos biliares, para onde drenada a bile produzida pelos hepatcitos. A bile drenada para os dctulos biliares ou bilferos (ou canais de Hering), que desembocam nos ductos biliares do espao porta. Vrios ductos biliares se unem e formam os canais hepticos, que se unem e formam o Ducto Heptico Comum. A unio do ducto heptico comum com o ducto cstico forma o ducto coldoco.

    Bile Formada por sais biliares (sintetizados pelos hepatcitos), bilirrubina (originria da hemoglobina),

    gua, eletrlitos, colesterol e lecitina. Sua funo emulsificar as gorduras no intestino. armazenada na

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    vescula biliar e excretada no intestino. A gua, eletrlitos, colesterol e lecitina sofrem reabsoro na parede da vescula biliar. Ratos, cavalos, pombos, girafas e camelos no possuem vescula.

    Hepatcitos Sintetizam protenas plasmticas, fatores de coagulao, colesterol, vitamina A (transformam caroteno

    em vitamina A), metabolizam substncias txicas ao organismo (as clulas de Kupffer fagocitam as substncias e o produto dessa fagocitose metabolizado pelos hepatcitos).

    Regenerao O fgado possui alta capacidade de regenerao. Possui uma cpsula (cpsula de Glisson). Quando

    h regeneraes prolongadas, observa-se hiperplasias nodulares no parnquima, pois os hepatcitos esto proliferando, mas a cpsula no, formando os ndulos.

    Cistos H o cisto congnito (comum em bovinos, eqinos e sunos) e o cisto hidtico. O cisto congnito pode se originar dos ductos biliares (dilatao do ducto) ou da cpsula de Glisson.

    Geralmente no causam sinais clnicos. Podem ser simples ou mltiplos e contm lquido em seu interior. Sua importncia est em saber diferenci-lo do cisto hidtico.

    Ao cortar o congnito, s se encontra lquido em seu interior. O hidtico possui lquido e uma membrana anista, facilmente destacvel. O cisto hidtico a larva do cestide de co Echinococcus granulosus, que pode se desenvolver no fgado de vrias espcies animais. muito importante, pois muitas vezes se condena o fgado em matadouros por cisto congnito pensando ser hidtico.

    Rupturas e perfuraes As rupturas podem ocorrer por atropelamento e traumatismos. As perfuraes podem ocorrer por

    objetos cortantes e/ou pontiagudos. Causam hemoperitnio. Degenerao

    So acmulos de substncias dentro ou fora do hepatcito, por mau funcionamento da mesma. Degenerao gordurosa lipidose heptica, esteatose, fgado gorduroso. o acmulo de gordura no

    citoplasma do hepatcito. Pode ser causada por demanda excessiva de gordura, carncia de protena para ligar a gordura e excret-la, alteraes na conjugao, fome (mobiliza as gorduras corpreas), agentes txicos que interferem na sntese das apoprotenas (que so as protenas que se ligam gordura), insuficincia heptica. Aspectos macroscpicos o fgado se apresenta aumentado de volume, amarelado e com bordas arredondadas. Aspectos microscpicos observa-se vacolos de gordura no citoplasma do hepatcito (vrios vacolos, ou um grande, que deslocam o ncleo para a periferia).

    Degenerao amilide amiloidose. Acmulo de protena amilide no espao de Disse. A protena amilide vem de um precursor que varia muito, podendo ser uma protena sintetizada pelo fgado ou por imunoglobulinas. Comum em animais submetidos a estmulos prolongados (a exposio antignica - antgenos), como cavalos usados para fabricao de soro antiofdico. Aspectos macroscpicos alteraes no tamanho e na consistncia (fgado lardceo). Aspectos microscpicos depsitos de protena amilide (se cora com vermelho congo) formando uma massa amorfa. Comprime os hepatcitos e capilares sinusides.

    Pigmentaes patolgicas Hemossiderina pigmento rico em ferro que fica acumulado nas clulas de Kupffer em casos de

    hemlise intensa e hemorragias locais. Em grandes quantidades se cora em marrom. Em pequenas quantidades incolor. Pode causar hemossiderose, que a impregnao dos tecidos por hemossiderina.

    Bilirrubina ictercia. Pode ser: 1. Ictercia pr-heptica hemlise intensa. Chega muita bilirrubina ao fgado e os hepatcitos no

    conseguem conjugada e elimin-la pela bile, acumulando-a no plasma. O problema no no fgado. Ex: tristeza parasitria bovina.

    2. Ictercia heptica cirrose heptica. O hepatcito no consegue conjugar a bilirrubina (perda de funo).

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    3. Ictercia ps-heptica obstruo do ducto biliar por clculo, parasitos, neoplasia da vescula biliar ou adjacncias. O fgado recebe a bilirrubina em quantidades normais, consegue conjug-la, mas h acmulo no ducto por estar obstrudo. Causa acmulo nos canalculos e nos hepatcitos, diminuindo o fluxo da bile (colestase).

    Distrbios circulatrios Telangiectasia ou angiomatose alterao comum em bovinos, sem causa definida. Dilatao dos

    capilares sinusides, comprimindo os hepatcitos. Aspectos macroscpicos manchas arroxeadas na superfcie do fgado e tambm ao corte. Aspectos microscpicos dilatao dos capilares sinusides.

    Congesto heptica ocorre em qualquer espcie animal, sendo mais comum em idosos. Decorre de uma insuficincia do corao direito, causando congesto na veia cava caudal, chegando s veias centro lobulares e sinusides. Origina estase sangnea, prejudicando a circulao, levando a hipxia e necrose dos hepatcitos. Aspectos macroscpicos aspecto de noz moscada na superfcie do fgado e ao corte. O fgado fica todo malhado, pois com a evoluo da doena, os hepatcitos periportais sofrem degenerao gordurosa (ficando amarelados) e em seguida ocorre fibrose ao redor da veia centro lobular (apresentando-se avermelhada).

    Inflamaes (hepatites) Serosas exsudao de liquido seroso que provoca desarranjo da arquitetura dos hepatcitos. Ex:

    leptospirose. Purulentas apresenta-se na forma de abscesso. Ex: necrobacilose. No purulentas o exsudato se acumula no espao porta. Comum nas hepatites causadas por vrus

    e bactrias no purulentas. Ex: hepatite infecciosa canina.

    Leso heptica txica O fgado est muito sujeito a esse tipo de leso por dois motivos: recebe sangue venoso da veia porta

    (que drena o trato gastrintestinal) e metaboliza substncias, podendo acabar por ativar substncias txicas inativas. Ex: ingesto de plantas txicas (como Sencio, Toerana) ou de aflotoxinas (liberadas pelo Aspergillus flavus fungo) presentes na rao.

    Inicia-se com uma degenerao gordurosa, levando a necrose que evolui para fibrose ou cirrose, proliferao de ductos biliares e pode haver alterao no tamanho dos ncleos dos hepatcitos.

    As aflotoxinas so to txicas que podem evoluir para uma neoplasia heptica.

    Cirrose Deposio de tecido conjuntivo de forma difusa no fgado. Tambm pode ser chamada de fgado em

    estgio terminal. Originria de uma srie de doenas que agridem o rgo a ponto de ultrapassar a capacidade de regenerao do mesmo. diferente de fibrose que ocorre de forma local (no difusa como na cirrose). Est sempre acompanhada de regenerao nodular e de proliferao de ductos biliares (hiperplasia dos ductos).

    Pode ser classificada como: Portal nos espaos porta; Intralobular entre os hepatcitos, dentro do lbulo; Biliar proliferao dos ductos h um estmulo nestas clulas, formando mais ductos e/ou uma

    massa celular. Ocorre na fasciolose e na aflotoxicose; Glissoniana espessamento da cpsula de Glisson. Alguns autores classificam como fibrose e no

    como cirrose; Cardaca proliferao de tecido conjuntivo ao redor da veia centro lobular. Causada pela insuficincia

    cardaca direita. Aspecto macroscpico da cirrose o fgado se apresenta endurecido, diminudo ou aumentado de

    tamanho (sendo mais comum diminudo) e com ndulos na superfcie (enrugado). Aspecto microscpico deposio de tecido conjuntivo, proliferao de ductos biliares, infiltrado

    inflamatrio crnico, alguns hepatcitos normais (os regenerados) e outros degenerados (degenerao gordurosa).

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    Conseqncias da cirrose ascite, hemorragias (falta dos fatores de coagulao), carncia de vitamina A, ictercia, e outros.

    Neoplasia Adenoma ou carcinoma hepatocelular (raras). Adenoma ou carcinoma colangiocelular (nas clulas dos ductos biliares) a mais comum. Adenoma ou adenocarcinoma de vescula biliar (raras).

    Parasitos

    Fasciola hepatica mais comum em bovinos. Eimeria stidae comum em coelhos. Platinossoma concinum comum em felinos.

    So parasitos de ductos biliares. A Fasciola um trematide a presena de muitos obstrui o ducto. O Platinossoma um nematide apenas um j causa a obstruo.

    Patologias do Sistema Locomotor

    Ossos

    Formao e metabolismo Osteoblastos controlam a mineralizao do tecido sseo. So responsveis por:

    1. Revestimento da superfcie formadora de osso; 2. Produo de matriz ssea; 3. Inicializao da mineralizao da matriz.

    Ostecito capacidade limitada para formao ssea. Osteoclastos so originrios dos moncitos (unio de vrios moncitos). So clulas multinucleadas

    e sua funo fazer reabsoro de matriz. Com isso, origina depresses na matriz, chamadas de Lacunas de Howship. So estimuladas pelo PTH (paratormnio) e inibidas pela ao da calcitonina (se liga a receptores na membrana da clula).

    Matriz ssea - sua matriz se divide em orgnica e inorgnica. A orgnica (osteide) composta principalmente por fibras colgenas tipo I, sintetizadas pelos osteoblastos, conferindo elasticidade e resistncia ao tecido, e por substncia fundamental amorfa. A inorgnica composta por mineral sseo: clcio, fsforo, carbonato, magnsio, sdio, mangans, zinco, cobre e flor, mas principalmente por ons clcio e fosfato na forma de cristais de hidroxi-apatita, conferindo rigidez ao tecido. O mineral sseo compe aproximadamente 65% do tecido sseo completamente mineralizado.

    Osteodistrofias metablicas (desequilbrios) Os desequilbrios (falhas na mineralizao) so normalmente causados por desnutrio (carncia

    nutricional). Podem ser classificados como raquitismo ou osteomalcia. Raquitismo ocorre em animais jovens. uma doena do osso e da cartilagem caracterizada por

    ossificao endocondral anormal (ossificao mal feita). A maioria dos ossos se desenvolve a partir de um modelo cartilaginoso que o processo de ossificao endocondral. Neste caso, no existe organizao dos condrcitos, desregulando a linha de formao do osso, originando ossos mal formados.

    Osteomalcia ocorre em animais adultos. uma doena apenas do osso, normalmente causada por deficincia de vitamina D (pode levar a hipocalcemia) ou fsforo. Ocorre diminuio da velocidade de calcificao, gerando um tecido sseo pouco mineralizado. H m remodelao do osso, pois a matriz pouco mineralizada resistente a absoro pelos osteoclastos, sofrendo atraso na remodelao, gerando ossos deformados e mais maleveis.

    Aspectos macroscpicos aumento das extremidades dos ossos (engrossamento e aumento do

    volume) e das articulaes costocondrais (rosrio raqutico), arqueamento dos ossos longos, ossos amolecidos. Em aves observa-se sinuosidade do esterno.

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    Aspectos microscpicos Arranjo desordenado da cartilagem hipertrfica, a placa de crescimento (fise entre a epfise e a metfise) fica espessada, pois a remoo insuficiente. Ocorre penetrao desordenada de vasos sangneos na cartilagem, excesso de osteide no calcificado na metfise e a medula ssea fica fibrosada (diminuio de clulas mielides).

    As principais causas so hipovitaminose D, carncia de clcio, perda contnua de clcio pelo trato gastrintestinal (por exemplo, por comprometimento na absoro), formao de complexos insolveis de clcio (quelatos) e deficincia de fsforo em herbvoros.

    Os sinais clnicos so: claudicao, hipocalcemia intensa (leva a tetania e espasmos). Em casos prolongados ocorre hipertrofia das paratireides (aumentam para produzir mais PTH, mas no conseguem resolver o problema).

    Neoplasia Fibrossarcomas neoplasias malignas dos fibroblastos. Aspectos macroscpicos uma massa de

    colorao branco-acinzentada (brancacenta). Aspectos microscpicos clulas pleomorfas, variando de fusiformes, com ncleos redondos a ovides, a clulas alongadas, semelhantes aos fibroblastos, dispostos paralelamente. Os nuclolos ficam muito evidentes.

    Osteossarcomas neoplasias malignas dos osteoblastos. Comum em ces grandes. Se classificam em:

    1. Simples tecido sseo formado em uma matriz cartilaginosa (o tecido sseo invade a cartilagem). Mas no significa ser menos agressivo.

    2. Compostos presena de osso e cartilagem no tumor. 3. Pleomrficos anaplsico, indiferenciado da clula original. Presena de ilhotas de osteides. Aspectos macroscpicos massa de colorao branco-acinzentada contendo quantidades variveis

    de osso mineralizado e cartilagem. Aspectos microscpicos osteoblastos fusiformes, com ncleos ovides e distendidos, dispostos em

    vrias direes. Presena de clulas gigantes neoplsicas, osteoclastos e osteide. Metstases metstases originrias do pulmo originam a osteoartropatia pulmonar hipertrfica, que

    causa comprometimento das articulaes distais. No h patgeno, no havendo causa conhecida. As metstases so encaminhadas para os membros criando uma hipertrofia ssea e tumefao nestes membros, principalmente nas falanges.

    Articulaes

    Artrites Caracterizadas pela presena de clulas inflamatrias na membrana sinovial. So dolorosas, causam

    deformidade e incapacidade permanentes. Artrites bacterianas comum em animais de produo. Ocorrem por vias hematgena ou poliarticular

    (preferencialmente poliarticular). Os agentes principais so: Escherichia coli e estreptococos (causam septicemias em terneiros e leites), Haemophilus parasuis (poliartrite e polisserosite fibrinosa) e Mycoplasma bovis (poliartrite fibrinosa).

    Artrite reumatide no co poliartrite erosiva crnica. Aspectos macroscpicos: se observa hipertrofia das vilosidades da membrana sinovial (espessamento), anquilose fibrosa das articulaes (movimentos comprometidos ocorre soldadura da articulao). Aspectos microscpicos: hiperplasia das clulas sinoviais de revestimento e infiltrao linfoplasmocitria.

    Lupus eritematoso sistmico artrite crnica no erosiva. No promove a eroso da membrana sinovial. Aspectos macroscpicos: diminuio da hipertrofia das vilosidades (pouco evidenciada). Aspectos microscpicos: exsudato neutroflico. No exame laboratorial se evidencia a presena de rosetas (conjunto de neutrfilos com material eosinoflico no centro).

    Gota deposio de uratos ao redor das articulaes. Ocorre em homens, aves e rpteis, sendo muito comum em aves. Aspectos macroscpicos: focos brancos e caseosos, periarticulares.

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    Msculos

    Azotria ou rabdomilise doena (ou mau) de segunda-feira. Ocorre em eqdeos. Ocorre principalmente em animais solicitados ao trabalho aps um perodo de repouso, quando est com pouca quantidade de oxignio disponvel no organismo (aerobiose). Para compensar, o animal faz anaerobiose e acaba por produzir cido ltico em grande quantidade nas clulas, levando a contraes musculares, constrio de vasos, diminuio do pH, resultando em necrose das clulas, mioglobinria e nefrose.

    Doena do msculo branco ocorre em animais jovens (cordeiros, pintos, bezerros). Causada por deficincia de vitamina E (anti-oxidante) e/ou selnio. Aspectos macroscpicos: manchas e estrias de cor branca opaca na musculatura esqueltica e miocrdio. Microscopicamente: necrose de coagulao (hialina), perda da estriao do msculo.

    Carbnculo sintomtico ocorre em bovinos e ovinos, pelo agente Clostridium chauvoei. Ocorre quando os esporos do agente so ativados (saem da forma latente), atingindo preferencialmente msculos estriados produzindo toxinas e gases (por anaerobiose), originando tumoraes crepitantes (edema gasoso inflamatrio). Aspectos macroscpicos: Na fase inicial o msculo se observa com colorao vermelho escuro e com exsudato seroso ou sero-hemorrgico. Em fase mais crnica apresenta-se ressecado, com colorao vermelho escuro, poroso e exala um odor butrico (ranoso). Aspectos microscpicos: No estgio inicial, observam-se as miofibras separadas por exsudato e a presena de necrose de coagulao. Em estgio crnico, as fibras musculares mostram-se fragmentadas, com agregados de bacilos.

    Gangrena gasosa (edema maligno). Caracterizada por necrose e lise das fibras musculares, com exsudato sero-hemorrgico abundante. Causada por Clostridium septicum, C. perfringens e C. sordelli.

    Miosites parasitrias: 1. Triquinose ndulos contendo parasitos (nematides) mortos e calcificados. A larva migra e se aloja

    nos msculos, onde se desenvolve ou morre e sofre calcificao. Se alojam preferencialmente na lngua, masseter, diafragma, intercostais, larngeos e oculares.

    2. Larva migrans Ancilostoma canino. Causa inflamao e necrose nos msculos, por ciclo errtico. 3. Cisticercose a larva da Taenia, em ciclo errtico, pode chegar ao corao e a lngua, formando cistos

    acinzentados e calcificados. 4. Toxoplasmose leses necrosantes nos msculos. No comum encontrar cistos de toxoplasma nos

    msculos, mas quando encontrados causam as leses necrosantes. 5. Sarcosporidiose atinge masseter e diafragma, causando necrose com miosite no purulenta.

    Neoplasias

    Rabdomiossarcoma. So raros e localmente invasivos. Sofrem metstases linfticas e hematognicas. Aspectos macroscpicos massas rseas no encapsuladas. Aspectos microscpicos clulas indiferenciadas, com ou sem estriaes visveis. Clulas pleomrficas com ncleos gigantes.

    muito difcil o diagnstico do rabdomiossarcoma, pois a indiferenciao das clulas muito grande, apresentando algumas vezes at mesmo estriaes.

    Estudo Dirigido 1) Defina a relao entre tromboembolia e endocardite. R: A endocardite uma inflamao do endocrdio. causada por germes e sua presena causa alteraes na parede do endocrdio, provocando aumento do atrito sangneo no local, originando os trombos

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    (coagulao no sistema vascular, sem que tenha havido hemorragia). O fluxo sangneo pode destacar uma parte do trombo pela corrente sangnea, originando um mbolo (tromboembolia), que ganha a circulao e pode se fixar em outro local ou nas vlvulas, obliterando a luz das mesmas, causando seu mau fechamento e originando um refluxo do sangue. 2) Descreva de maneira sucinta os tipos de cistos renais. R: Os cistos so membranas preenchidas de lquido. Podem ser primrios, secundrios ou adquiridos. Os primrios normalmente so congnitos, sendo comuns em sunos e bezerros. Os secundrios ocorrem na displasia renal congnita e alteram a arquitetura morfofuncional do rim. Os adquiridos so formaes causadas por fibrose intratubular (proliferao de tecido fibroso intratubular) causando obstruo. Alm disso, os cistos podem ser simples (nicos) ou mltiplos. 3) Fale sobre hematria enzotica. R: A hematria enzotica causada pela ingesto crnica de samambaia do campo (Pteridium aquilinum) por bovinos. Comum em animais com mais de quatro anos de idade, como vacas leiteiras e bois de trabalho. Os sinais so hematria (por cistite hemorrgica causada por inflamao na mucosa da bexiga) e anemia persistente e intermitente, associada a hemorragias e/ou neoplasias (epitelial, mesenquimal ou mista) de trato urinrio inferior. 4) Comente sobre linfossarcoma bovino e felino. R: O linfossarcoma tambm chamado de linfoma (erroneamente, pois uma terminologia de benigno para um tumor maligno). A macroscopia do linfossarcoma se caracteriza por uma massa tumoral bem grande, branca acinzentada e macia ao corte. Pode ocorrer a forma leucmica, que surge quando metstases do linfossarcoma chegam medula ssea, comprometendo a hematopoiese. O linfossarcoma felino possui as formas multicntrica, tmica, alimentar ou variada. A maior parte provoca a forma leucmica. O FELV (vrus da leucemia felina) est constantemente associado ao linfossarcoma. Na forma multicntrica ocorre o comprometimento de todas as clulas. Na forma tmica ocorre aumento dos linfonodos do mediastino, o animal apresenta fadiga e comprometimento respiratrio (por compresso do pulmo). Na forma alimentar h comprometimento do intestino, apresentando vmitos e diarrias, que podem conter sangue (pela compresso de vasos que podem se romper). Na forma variada h comprometimento renal e do SNC (sistema nervoso central). O linfossarcoma bovino pode ter as formas enzotica e espordica, sendo que a espordica pode ser tmica, juvenil ou cutnea. A forma enzotica ocorre em bovinos adultos e causada pelo VLB (vrus da leucemia bovina). O espordico acomete bovinos jovens e tem causa desconhecida. A forma tmica acomete bovinos de at dois anos de idade. A forma juvenil acomete terneiros (bezerros de trs a seis meses de idade). A forma cutnea causa leses espalhadas pela superfcie do animal, que chegam a ulcerar, mas dificilmente provocam a forma leucmica, pois normalmente no originam metstases para a medula ssea. Nos casos cutneos pode-se fazer um imprint (carimbo) com uma lmina para anlise laboratorial. A perda de peso muito grande, o animal fica caqutico e h comprometimento respiratrio. No toque retal pode-se sentir os linfonodos alterados. 5) Cite e comente trs alteraes cadavricas decorrentes da autlise. R: Coagulao sangnea, embebio pela hemoglobina e embebio pela bile.

    Na coagulao do sangue percebe-se cogulos no sistema crdio-circulatrio, principalmente no corao esquerdo.

    A embebio pela hemoglobina decorre da hemlise de eritrcitos nos vasos sangneos. A hemoglobina liberada entra em soluo com o plasma sangneo e, ao mesmo tempo, as paredes dos vasos tornam-se mais permeveis aos lquidos. Com isso os tecidos ao redor dos vasos e do endocrdio ficam embebidos por um lquido avermelhado.

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    A embebio pela bile o vazamento de bile atravs da parede autolisada da vescula biliar (que sofre uma autlise muito rpida), corando de verde (ou verde-amarelado) os tecidos adjacentes (fgado, estmago, alas intestinais). 6) Comente sobre as estomatites vesiculares. R: So as estomatites virais, que formam vesculas na cavidade oral. So causadas por vrios vrus e clinicamente so indistinguveis umas das outras:

    a. Febre aftosa Picornavrus (perodo de incubao de 2 a 4 dias). Acomete animais que possuem cascos fendidos, como bovinos e caprinos.

    b. Estomatite vesicular Rabdovrus. c. Doena vesicular dos sunos Picornavrus. d. Exantema vesicular dos sunos Calicivrus. Todos causam estomatites virais, facilitando a transmisso via mucosa oral, pois as vesculas so

    ricas nestes vrus. Os sinais clnicos so o aparecimento de aftas, vesculas, bolhas, desprendimento do epitlio, reas ulceradas em carne-viva na lngua e nos lbios, salivao, manqueira, febre e anorexia. Microscopicamente essas leses se iniciam por edema intracelular levando a degenerao do epitlio. Seu citoplasma eosinoflico e aquoso, com ncleo picntico (retrado). 7) Descreva os aspectos macro e microscpicos das leses causadas pelo Actinomices bovis. R: O Actinomyces bovis causa a actinomicose. Levou esse nome porque, ao ser descoberta, lembrava uma infeco por fungos, apresentando aspecto radiado, arredondado. Deixa a bochecha do animal inchada. Aspecto macroscpico ndulo cinza ou branco acinzentado, firme, fibrtico e irregular. Promove ostelise da mandbula (destruio). Microscopicamente consiste em agregados de granulomas, onde no centro encontram-se os bastonetes Gram +. 8) Caracterize a leso macroscpica da candidase na esofagite mictica. R: A Candida albicans um habitante normal da flora bucal, mas oportunista. Com baixa na imunidade ela prolifera, causando placas brancas, ovais e elevadas na superfcie epitelial, com pseudomembran