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APOSTILA DE DIREITO PENAL GERAL APONTAMENTOS DE AULAS Professora: Deusdedy DIREITO PENAL 1 Princípios constitucionais e gerais do Direito Penal. 2 A lei penal no tempo. 3 A lei penal no espaço. 4 Interpretação da lei penal. 5 Infração penal: elementos, espécies. 6 Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal. 7 Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade. 8 Excludentes de ilicitude e de culpabilidade. 9 Erro de tipo; erro de proibição. 10 Imputabilidade penal. 11 Concurso de pessoas. DIREITO PENAL Direito penalé ramo do direito público que estabelece as normas gerais penais, as infrações e suas respectivas sanções. Normas gerais: elas definem o que é infração penal, quais as regras de ilicitude, erros, culpabilidade, aplicação das penas, dentre outras abordagem da parte geral do DP. Infrações penais: quais sãos os crimes e as contravenções penais. Sanções: a pena cominada a cada infração (pode ser privação de liberdade, restrição de direitos e multa) PRINCÍPIOS: toda ciência humana é baseada em princípios, bem como todos os ramos jurídicos, podemos destacar como princípios constitucionais do direito penal. I) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL (CONSTITUCIONAIS E GERAIS) 1) IGUALDADE OU ISONOMIA: a lei penal busca a igualdade, ou seja, tratar de forma igualos iguais e com desigualdade os desiguais, na medida de cada uma das suas desigualdades isto é a

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APOSTILA DE DIREITO PENAL GERAL

APONTAMENTOS DE AULAS

Professora: Deusdedy

DIREITO PENAL

1 Princípios constitucionais e gerais do Direito Penal.2 A lei penal no tempo.3 A lei penal no espaço.4 Interpretação da lei penal.5 Infração penal: elementos, espécies.6 Sujeito ativo e sujeito passivo da infração penal.7 Tipicidade, ilicitude, culpabilidade, punibilidade.8 Excludentes de ilicitude e de culpabilidade.9 Erro de tipo; erro de proibição.10 Imputabilidade penal.11 Concurso de pessoas. DIREITO PENAL Direito penal é ramo do direito público que estabelece as normas gerais penais, as infrações e suas respectivas sanções. Normas gerais: elas definem o que é infração penal, quais as regras de ilicitude, erros, culpabilidade, aplicação das penas, dentre outras abordagem da parte geral do DP.Infrações penais: quais sãos os crimes e as contravenções penais.Sanções: a pena cominada a cada infração (pode ser privação de liberdade, restrição de direitos e multa) PRINCÍPIOS: toda ciência humana é baseada em princípios, bem como todos os ramos jurídicos, podemos destacar como princípios constitucionais do direito penal. I) PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PENAL (CONSTITUCIONAIS E GERAIS) 1) IGUALDADE OU ISONOMIA: a lei penal busca a igualdade, ou seja, tratar de forma igual os iguais e com desigualdade os desiguais, na medida de cada uma das suas desigualdades isto é a

verdadeira igualdade. Exemplos: A injúria contra alguém prevista no artigo 140 do CP, será simples se o injuriado tiver 30 anos de idade, caso não haja nenhuma outra qualificadora, porém se o injuriado for maior de 60 anos e a injúria consistir em elementos relativos à sua condição de pessoa idosa a pena é mais grave. Praticar homicídio ou lesão corporal contra maior de 60 anos há um aumento obrigatório de 1/3 na pena aplicada. Vender uma arma de fogo de calibre permitido em desacordo com a lei, para qualquer pessoa é crime previsto na Lei 10.826/03 (artigo 14), porém se a pessoa a quem a arma foi vendida for menor de 18 anos a pena é bem mais grave e o autor infringe o artigo 16 da referida Lei. Assim podemos verificar que, a lei penal nesses dois exemplos acima protegeu mais o idoso e o adolescente, face à sua maior fragilidade em face dos autores das infrações. 2) RESERVA LEGAL: O artigo 1º do Código Penal estabelece que “não há crime sem lei anterior que o defina nem pena sem previa cominação legal”, assim diante de dois princípios previstos neste artigo, ou seja, o da LEGALIDADE em sentido “stricto sensu” e da ANTERIORIDADE, temos a exigência do respeito à restrita reserva legal.Por mais que o fato seja imoral, ou ilícito em outros ramos do direito (civil, administrativo, comercial), se não houver um tipo penal vigente no momento em que a conduta for praticada é impossível a aplicação de sanção penal, pois a lei não retroage quando criminalizadora da conduta, nem quando não favorecer o réu. Exemplo: O crime de assédio sexual só passou a ser crime em maio de 2001, conforme dispõe o artigo 216-A do CP, se o diretor de uma empresa houvesse assediado sexualmente sua secretária em abril de 2001, ela não poderia apresentar uma queixa-crime (que tem prazo decadencial de 6 meses) contra ele em julho do mesmo ano, embora a conduta fosse considerada crime no dia em que ela apresentou a queixa, não seria punível porque, dois meses antes, no dia em que o agente praticou a conduta o fato era criminalmente impunível.Previsto no artigo 5º , XXXIX da CF e no artigo 1º do Código Penal – “não há pena sem lei anterior que o defina. Não há pena sem prévia cominação legal.” (nullum crimen nulla poena sine lege). Dentro da reserva legal podemos destacar a lex praevia (lei anterior, sempre anterior à conduta analisada); lex cripta (a lei deve ser escrita, veda-se utilização de usos e constumes, para tipificar crimes); lex stricta ( dentro da restrita legalidade, vedando-se a analogia para tipificar condutas, pois tal analogia seria in mala partem, vedado pelo direito penal) e lex certa (a lei penal deve ser a meia precisa possível, para evitar interpretações distintas para norma incriminadoras) 3) INTRANSCEDÊNCIA: A lei penal estabelece a responsabilidade penal personalíssima, ninguém responde pelo crime que outra pessoa praticou, quando houver o concurso de agentes na prática de um ato criminoso, cada um responde, na medida de sua participação, de sua culpabilidade, motivos e com suas características pessoais. Se terceira pessoa é responsável civilmente pelo autor do ilícito (pai em face do filho menor) pode existir a responsabilidade civil transmissível, porém a responsabilidade será civil e não penal. O Estado é responsável pelos atos praticados por seus agentes públicos no exercício de suas funções, responsabilidade de caráter indenizatório.

4) PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA A inocência se presume, devendo o Estado provar a culpa de quem quer que seja acusado da prática de infração penal, a pessoa é considerada inocente quando se prova a inocência ou quando não se prova a culpa, pois neste segundo caso tratando-se de ausência de provas o Estado aplica o princípio do favor rei, ou seja, “in dublio pro reo”. 5) LIMITAÇÃO E INDIVIDUALIZAÇÃO DAS PENAS A pena por um único crime é limitada em 30 anos, podendo ultrapassar essa quantidade se a pessoa for condenada por mais de um crime, porém quando da unificação cumprirá apenas trinta, salvo se praticar uma nova infração penal após a unificação, momento em que será feita uma nova reunificação. A Constituição da República veda as penas de morte, salvo em caso de guerra; de caráter perpétuo; cruéis; de trabalhos forçados e de banimento. 6) PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA Este princípio impõe limites ao arbítrio do legislador, sendo o poder incriminador do Estado “ultima ratio” última regra coercitiva, quando os outros ramos jurídicos: administrativo e civil não conseguem resolver os conflitos entre as relações sociais, assim a criminalização de uma conduta não pode ser “sola ratio ou prima rátio”, ou seja, única e primeira forma de punição e sim a última fronteira, porque impões as mais duras sanções. 7) PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE Este princípio está ao lado do princípio da intervenção mínima e da reserva legal, porque o direito penal não constitui um sistema totalmente amplo de proteção de proteção a todos os bens jurídicos, o direito penal tem caráter fragmentário, não sancionando todas as condutas que violam bens jurídicos, mas apenas as condutas mais graves, perigosas, contra bens jurídicos mais relevantes. 8) PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL Segundo Hans Welzel, o Direito penal deve tipificar as condutas que tenham relevância social, caso uma conduta seja socialmente adequada, não há o que se falar em infração penal, e por isso não se reveste de tipicidade, uma conduta socialmente adequada é atípica. Para que haja tipicidade em um comportamento humano, segundo Welzel, deve haver desvalor da ação e desvalor do resultado, assim se uma conduta mesmo adequando-se formalmente a um tipo, pode ser atípica por ser socialmente permitido ou tolerado. Segundo Roberto Bitencour (Tratado de Direito Penal, Vol. 1, Ed. Saraiva, 8ª Edição, pág. 18), o princípio da adequação social não só da norma mas também da própria conduta contextualizada, é possível chegar-se a resultados fascinantes, como, por exemplo, no caso do famigerado “jogo do bicho”, pode-se afastar sua aplicação em relação ao “apontador”, por política criminal, mantendo-se a norma plenamente válida para punir o “banqueiro”, cuja ação e resultados desvaliosos merecem a censura jurídica. 9) PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA Tem como defensor Claus Roxin, quando afirma que a tipicidade de uma conduta exige

ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos que a lei protege, algumas condutas que atingem bens jurídicos são tão pequenas que chegam a irrelevância e por isso não constituem ofensa ao bem jurídico (Ex.: subtrair um bombom das Lojas Americanas), segundo este princípio, também conhecido como princípio da bagatela, é necessário que haja proporcionalidade entre gravidade da conduta e o “jus puniendi” do estado, não sendo possível para o estado punir uma conduta que não apresenta nenhuma relevância material. Vários outros princípios, como o da irretroatividade penal, retroatividade benéfica penal, verdade real, territorialidade, dentre outros serão vistos no decorrer da exposição da matéria. II) APLICAÇÃO DA LEI PENAL Fonte imediata: a aplicação da lei penal brasileira tem sua aplicação conforme descrito nos artigos 1º ao 12 do Código Penal. 1) APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO TEMPO O princípio básico é do “tempus regit actum”, ou seja, a lei do tempo rege os fatos que aconteceram ao seu tempo. Se um crime de tráfico de drogas acontece no dia (02 de setembro de 2007) será aplicada a lei em vigor nesse dia, qual seja a Lei 11.343/06 (Lei Antidrogas), não vigora a lei anterior Lei 6368/76 (antiga Lei Antitóxicos) e nem uma lei posterior que venha a revogar a que está em vigor no dia do fato. A lei aplicada é a do momento em que o crime é praticado. E quanto ao momento do crime temos três teorias. 1.1)MOMENTO DO CRIME a) Teoria da ação ou da atividade – considera-se praticado o crime no momento da ação ou da omissão, embora outro possa vir a ser o momento do resultado da prática delitiva. Por exemplo: Paulo atirou em Antônio dia 22/07/2007, porém Antônio vem a falecer no dia 30/07/2007, Paulo responderá por crime de homicídio consumado, porém de acordo com a lei que estava em vigor no dia em que ele atirou em Antônio e não de acordo com a lei do dia em que Antônio morreu, mesmo que neste dia (30/07/2007) esteja em vigor outra lei que tenha revogado a anterior, que vigorava no dia 22. Essa foi a teoria adotada pela legislação brasileira. b) Teoria do efeito ou do resultado – essa teoria considera praticado o crime no momento do resultado. É a teoria inversa da anterior. c) Teoria mista ou da ubiqüidade – para essa teoria considera-se praticado o delito tanto no momento da ação como no momento do resultado. O Código penal adotou a teoria da atividade ou ação – “ Tempo do crimeCP, Art. 4º - Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro

seja o momento do resultado.” As outras teorias descritas na doutrina - do efeito e a da ubiqüidade, não vigoram no nosso ordenamento jurídico para o tempo do crime. 1.2) LEIS NOVAS E SUA MOVIMENTAÇÃO NO TEMPO 1.2.1) IRRETROATIVIDADE DA LEI PENAL - Aplica-se a lei que estava em vigor no momento do crime (teoria da ação), motivo pelo qual se outra lei vier a entrar em vigor no momento em que o julgamento se realiza ou no momento em que o autor cumpre sua pena, ela não retroagirá ao dia da conduta do agente, salvo se benéfica, assim a “lex gravior” (lei mais grave) para o réu não retroage, sendo elas:a) “Novatio legis” criminalizadora (nova lei que criminaliza uma conduta que antes não era considerada criminosa, por exemplo, até maio do ano de 2001, o assédio sexual não era crime, motivo pelo qual se alguém em abril daquele ano, houvesse praticado assédio sexual, essa conduta seria penalmente impunível. Essa regra obedece ao princípio da reserva legal.b) “Novatio legis in pejus” (nova lei que traz prejuízo para o réu) , essa lei não criminaliza a conduta, pois a conduta já é considerada crime, porém agrava as conseqüências da pratica de um fato já considerado crime. Por exemplo, o homicídio qualificado (artigo 121, parágrafo 2º do CP) não era considerado crime hediondo até o ano de 1994, quando então nova lei alterou a redação da Lei 8.072/90 (lei dos crimes hediondos), passando o homicídio qualificado a fazer parte do rol dos crimes hediondos, tendo como conseqüência, além das sanções já previstas a impossibilidade de anistia, graça ou indulto. Assim, alguém que tenha matado outra pessoa até 1994 (antes da nova lei mais gravosa) pode ser beneficiado com a anistia, após não mais. 1.2.2). RETROATIVIDADE DA LEI PENAL BENÉFICA – A Lei penal não retroage, salvo para beneficiar o réu, bem como ninguém poderá ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela, inclusive, a execução da sentença penal condenatória.“Art. 2º - Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, cessando em virtude dela a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado.”Leis que retroagem são as “lex mitior” (leis que minimizam as conseqüências da prática delitiva).a) “Abolitio Criminis” – é lei nova que descriminaliza a conduta delitiva, sendo que conforme artigo 2º do CP, acima descrito, se uma lei posterior deixar de considerar o fato como crime, houve descriminalização, motivo pelo qual não há mais o que se falar em processo ou execução.Exemplo: a lei 11.106/05, alterou o Código Penal, revogando parcialmente o diploma legal, tendo alguns crimes, tais como: sedução, adultério e rapto consensual deixado de ser crime. Assim, se alguém estivesse sendo processado por sedução, o processo seria extinto por determinação do artigo 107 do CP.b) “Novatio legis in mellius” – é lei penal que não chega a descriminalizar a conduta, porém melhora as conseqüências da infração penal para o autor da infração. Conforme o parágrafo único do artigo 2º, lei posterior que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores.Exemplo: A nova Lei Antidrogas, minimizou as conseqüências penais para aquele que seja encontrado

portando drogas proibidas para consumo próprio, não sendo mais possível nenhuma pena privativa de liberdade, antes admitida, nem imposição de prisão em flagrante; autorizando, a nova lei, apenas penas alternativas (advertência, prestação de serviços etc), assim, se alguém estiver sendo processado por porte de drogas praticado antes de outubro de 2006, passou a ser regido pela nova Lei 11.343/06 (L. Antidrogas) que entrou em vigor no dia 7 de outubro de 2006, pois ela retroagirá para beneficiar o réu. 1.3) ULTRATIVIDADE DA LEI PENAL As leis mais benéficas para o réu retroagem, assim como as leis existentes ao tempo do crime ultra-agem se forem melhores que as novas leis que podem vir após e serem mais graves. No caso da lei temporária (lei que tem sua vigência vinculada a um prazo estabelecido na própria legislação) e da excepcional (lei que tem sua vigência vinculada a uma circunstância existente), como são AUTO-REVOGÁVEIS, a lei deu ultra-atividade a elas que não reconhecem a “abolitio criminis”, conforme expresso no código penal – “Lei excepcional ou temporária - art. 3º - A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado durante sua vigência.” 1.4) SITUAÇÕES DE CRIMES DE EXECUÇÃO PERENE. Aplicação da lei penal em face dos crimes permanente ou continuados.. Os crimes permanentes, cuja execução se prolonga ao logo do tempo aplica a lei em vigor no dia em que cessar a permanência delitiva.. Os crimes continuados, cuja execução se repete ao logo do tempo, da mesma forma será aplicada a lei em vigor no dia que cessar a continuidade delitiva. 2) APLICAÇÃO DA LEI PENAL NO ESPAÇO Em relação ao LUGAR DO CRIME a lei brasileira adotou a teoria mista ou da ubiqüidade, ou seja, se ocorrer no Brasil, qualquer parte da execução (ação ou omissão) do crime ou de sua consumação, o autor da infração será julgado pela lei brasileira, em razão do crime ter ocorrido no território nacional, independente da nacionalidade do autor, como regra geral. “Lugar do crime – CP, artigo 6º - Considera-se praticado o crime no lugar em que ocorreu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem como onde se produziu ou deveria produzir-se o resultado.” 2.1) TERRITORIALIDADE Pelo princípio da territorialidade, a lei brasileira será aplicada para qualquer crime que ocorra em território nacional, salvo os acordos internacionais, como é o caso das imunidades diplomáticas (todos os membros do corpo diplomático e seus dependentes, pela Convenção de Viena de 1961, são imunes à lei brasileira, o comportamento deles dentro do território nacional será julgado de acordo com a lei de seus respectivos países, sendo a recíproca verdadeira com os nossos diplomatas).

Agora, se o sujeito ativo do crime é pessoa nacional ou estrangeira, praticando o fato no Brasil, responde pela lei brasileira, salvo o detentor de imunidade material por tratado de direito internacional.Território Nacional - considera-se como território brasileiro, o solo, sub-solo e espaço aéreo correspondente que se encontre no limite de nossas fronteiras com os outros países e até 12 milhas marítimas (mar territorial).Existe também o que a lei considera como território brasileiro por extensão ou território ficto que são nossas embarcações ou aeronaves, quando fora do Brasil, nos limites do que descreve o § 1º do artigo 5º do Código Penal – “ Para os efeitos penais, consideram-se como extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo correspondente ou em alto-mar.§ 2º - É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de propriedade privada, achando-se aquelas em pouso no território nacional ou em vôo no espaço aéreo correspondente, e estas em porto ou mar territorial do Brasil.”Assim se um navio ou um avião brasileiro for:. Do governo – seja no Brasil, em alto-mar ou no exterior, tudo que ocorrer a bordo dele será considerado território brasileiro.. Particular – seja no Brasil ou em alto-mar, tudo que ocorrer a bordo dele será considerado território brasileiro, salvo se o navio ou a aeronave particular brasileira já estiver em território de outro país, sendo deste a competência para julgamento.Nesse dois casos acima segue-se o princípio do pavilhão ou da bandeira.Se o navio ou o avião é estrangeiro e estiver no Brasil, tudo que ocorre a bordo dele é considerado território brasileiro, salvo se ele for do governo estrangeiro, pois nesse caso é território estrangeiro por extensão, para eles. 2.2) EXTRATERRITORIALIDADE Fatos que ocorram em outro país, é assunto do país onde o fato ocorreu, porém se o fato for previsto como de aplicação penal de lei brasileira extraterritorialmente, pode existir o processo no Brasil. A aplicação extraterritorial da lei brasileira pode ser incondicionada (4 situações) ou condicionada (4 situações e 5 condições). a) EXTRATERRITORIALIDADE - INCONDICIONADA As situações estão descrita no inciso I do artigo 7º do Código penal que prevê:“CP, artigo 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro:I - os crimes:a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da República;b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Distrito Federal, de Estado, de Território, de Município, de empresa pública, sociedade de economia mista, autarquia ou fundação instituída pelo Poder Público;c) contra a administração pública, por quem está a seu serviço;

d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domiciliado no Brasil” Independente de qualquer condição, se ocorrer qualquer das situações acima descritas haverá a aplicação incondicional da lei brasileira, mesmo que exista um processo contemporâneo, pelo mesmo fato no país onde ocorreu, pois neste caso não reconhecemos litispendência internacional. PRINCÍPIOS . Princípio da Defesa – quando atingem a figura do chefe do estado brasileiro (Presidente), caso o bem jurídico atingido seja de interesse nacional, como é a situação dos crimes praticados contra o patrimônio ou a fé pública dos entes do Brasil e por fim quando atingem a moralidade da administração pública do Brasil. (alíneas a, b e c do inciso I, artigo 7º, CP) . Princípio da Justiça Universal - Ocorre em razão de poder ser aplicada a lei de qualquer país a fatos que ocorreram em outros países, como é o caso do genocídio que será aplicada a lei brasileira, incondicionalmente, onde quer que tenha ocorrido, desde que o agente seja brasileiro ou residente no Brasil. Alguns doutrinadores do direito penal entendem que, inclusive, quando o crime for de genocídio o princípio adotado em primeiro lugar é o da defesa e posteriormente da justiça universal. b) EXTRATERRITORIALIDADE CONDICIONADA SITUAÇÕES “CP, artigo 7º, inciso II - os crimes: a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir;b) praticados por brasileiro;c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade privada, quando em território estrangeiro e aí não sejam julgados. Alínea “a” – princípio da justiça universal. Alínea “b” – princípio da nacionalidade ativa. Alínea “c” – princípio da representação. CONDIÇÕES (requisitos que devem ser observados para que haja possibilidade de se aplicar a lei brasileira ao fato ocorrido no exterior) “ CP, artigo 7º, § 2º - Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira depende do concurso das seguintes condições:a) entrar o agente no território nacional;b) ser o fato punível também no país em que foi praticado;c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a lei brasileira autoriza a extradição;d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não ter aí cumprido a pena;e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo a lei mais favorável.”

MAIS UMA SITUAÇÃO e DUAS OUTRAS CONDIÇÕES “CP, artigo 7º, § 3º - A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reunidas as condições previstas no parágrafo anterior:a) não foi pedida ou foi negada a extradição;b) houve requisição do Ministro da Justiça.” Este parágrafo obedece ao princípio da nacionalidade passiva. 3) PENA CUMPRIDA NO ESTRANGEIRO Pode ser que ocorram dois ou mais processos pela prática de um único crime, em se tratando de territorialidade por ubiqüidade e extraterritorialidade incondicionada, pois o país estrangeiro onde ocorreu parcialmente ou totalmente o fato também tenha legislação tendente à aplicação da lei estrangeira e assim haverá uma punição no exterior e uma no Brasil, assim, obedecendo a um princípio de direitos humanos a legislação brasileira faz uma espécie de detração penal, se a pena, pelo mesmo fato foi cumprida no exterior, conforme descrição do artigo 8º.“ CP - Art. 8º - A pena cumprida no estrangeiro atenua a pena imposta no Brasil pelo mesmo crime, quando diversas, ou nela é computada, quando idênticas.” 4) EFICÁCIA DE SENTENÇA ESTRANGEIRA A lei brasileira não permite a homologação de sentença estrangeira para fins de aplicação de pena privativa de liberdade, porém quando se tratar de reparação civil ou medida de segurança há possibilidade, conforme descreve o artigo 9º do CP “sentença estrangeira, quando a aplicação da lei brasileira produz na espécie as mesmas conseqüências, pode ser homologada no Brasil para:I - obrigar o condenado à reparação do dano, a restituições e a outros efeitos civis;II - sujeitá-lo a medida de segurança.Parágrafo único - A homologação depende:a) para os efeitos previstos no inciso I, de pedido da parte interessada;b) para os outros efeitos, da existência de tratado de extradição com o país de cuja autoridade judiciária emanou a sentença, ou, na falta de tratado, de requisição do Ministro da Justiça. A homologação de sentença estrangeira no Brasil é decisão do STJ (na figura de seu Presidente) que permite a nacionalização de uma sentença estrangeira, com o objetivo de ser executada no território nacional. 5) APLICAÇÃO DA LEI E AS IMUNIDADES DIPLOMÁTICAS E PARLAMENTARES a) Os representantes diplomáticos têm imunidade absoluta, em relação aos crimes praticados no país em que se acha acreditado, responde pela lei do país que representa, só sendo possível a renúncia à imunidade da jurisdição pelo país acreditante. Assim o embaixador, os secretários, técnicos e pessoal administrativo das representações diplomáticas no Brasil, bem como seus filhos, pela Convenção de Viena, de 1961, que foi aprovada pelo Brasil (Dec. Legislativo 103/63, ratificada em

65), têm imunidade diplomática, podemos destacar também a imunidade de Chefe de Estado Estrangeiro, assim recebido no Brasil e os membros de sua comitiva. Quanto aos empregados particulares das embaixadas, não são detentores de imunidade, quando ao pessoal . Imunidade não é sinônimo, neste caso, de impunidade, o agente diplomático responde pela lei de seu mais. Os cônsules e funcionários consulares, só têm imunidade em relação às ações praticadas no exercício de suas funções, no limite do distrito consular. Se a atividade consular for de caráter honorário, não terá imunidade, nem por atos praticados no exercício da função. Os familiares, dependentes do cônsules ou funcionários consulares não têm imunidade. Os territórios das embaixadas, embora protegidos da atuação judicial brasileira, não são considerados territórios internacionais, caso ocorra um crime no território de uma embaixada no Brasil e o autor da infração não for detentor de imunidade será aplicada a lei brasileira, pelo princípio da territorialidade. b) Os parlamentares têm imunidade interna de caráter absoluto, por palavras, votos e opinião quanto do exercício de mandato, não podendo responder civil ou criminalmente por isso. Os processos criminais contra parlamentares, quando instaurados, no foro competente, pode ser sustado pela Casa Legislativa que o parlamentar serve. A prisão do parlamentar só ocorrerá se em flagrante delito de crime inafiançável e a comunicação da prisão deverá ser feita a Casa Legislativa, para que esta decida por maioria, no prazo de 24h, sobre a prisão. 6) CONTAGEM, FRAÇÕES NÃO COMPUTÁVEIS E LEIS ESPECIAIS “Contagem de prazoArt. 10 - O dia do começo inclui-se no cômputo do prazo. Contam-se os dias, os meses e os anos pelo calendário comum. Frações não computáveis da penaArt. 11 - Desprezam-se, nas penas privativas de liberdade e nas restritivas de direitos, as frações de dia, e, na pena de multa, as frações de cruzeiro. Na contagem do prazo penal inclui-se o primeiro dia, de acordo com o calendário comum, sendo o dia útil ou não útil, desprezando-se o último dia, diferentemente do prazo processual penal que inclui o dia do começo e computa-se o dia do final (o último) levando-se em consideração e que inclusive tem prorrogação para dias úteis (começo e final). Legislação especialArt. 12 - As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial, se esta não dispuser de modo diverso.” 6) CONFLITO APARENTE DE NORMAS Ocorre quando uma mesma conduta é descrita como fato típico em mais de uma norma

penal, tendo assim um aparente conflito, porém como já mencionado o conflito é apenas aparente, pois uma norma prevalece sobre a outra na aplicação quando a tipificação do caso concreto A solução dos aparentes conflitos se dá através dos princípios ou critérios. a) Princípio da especialidade - a lei especial tem aplicação prevalente sobre a lei geral, ou seja, as leis especiais (Ex.: Lei de Drogas – 11.343/06, Lei de Armas 10.826/03, dentre outras) terá aplicação sobre o Código Penal, a especialidade de verifica por uma particular circunstância, do objeto, da pessoa para adequar para uma maior e menor severidade em relação à sanção. (Lex specialis derogat generali). Porém como descreve o artigo 12 do Código Penal, que as regras do CP aplicam-se aos fatos incriminados na lei especial, quando omissos, ou seja, quando não há expressa disposição em contrário.b) Princípio da Subsidiariedade – também conhecido como tipo de reserva, considera-se uma conduta típica subsidiária de outra típica principal, quando a primeira integra o tipo penal principal, afastando assim a aplicação de pena para o tipo subsidiário, podendo a subsidiariedade ser explícita ou implícita. Por exemplo: matar alguém (art. 121 “caput” do CP), como matar é a interrupção violenta da vida de alguém a lesão corporal, integra o tipo penal principal, como subsidiário do principal, que é matar através, sempre, da lesão corporal. Aqui verifica-se tipos que contêm outros tipos.c) Princípio da Consunção – observa o critério da absorção, ou seja, crime maior abarca o crime-meio para o crime fim, não se confunde com a subsidariedade, porque nesta o tipo subsidiário é obrigatório para existência do crime. Na consunção o fato principal absorve o fato meio, que não necessariamente deva existir para caracterizar o crime, porém se foi a forma de execução o fim abarca o meio. Por exemplo, ocorre consunção: quando o homicídio abarca o porte ilegal de arma, o estelionato abarca a falsificação de documento (súmula 17 do STJ) ou quando o furto abarca a violação de domicílio.d) Princípio da alternatividade – no momento em que o legislador aplica a o crime mais grave (subsdiariedade) ou o crime principal (consunção) afasta a aplicação dos outros tipos subsidiários ou meios, não havendo necessidade assim da alternatividade, pois o juiz é obrigado a aplicar os princípios citados, entretanto quando nos temos um crime de conteúdo variado ou ação múltipla, por exemplo, Art. 33 da Lei 11.343/06 – considera-se tráfico, importar, exportar, remeter, fabricar, produzir, preparou, transportar, dentro outros núcleos de conduta típica, assim, se o autor fabricou, preparou e está transportando para o exterior a substância ilícita entorpecente, dentro de um mesmo contexto fático, o juiz irá utilizar o critério da alternatividade, sendo que se ele tipificar a conduta do tráfico pela comprovação da fabricação estarão afastados os outros núcleos de conduta típica.III) INFRAÇÃO PENAL 1) ESPÉCIES DE INFRAÇÃO As infrações penais no Brasil se dividem em crimes e contravenções, não existe uma divisão real do ponto de vista conceitual entre as duas espécies de infração, a visão diferenciada que se faz é relativa à aplicação da pena descrita no artigo 1º da Lei de Introdução ao Código Penal “Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena de multa; contravenção, a infração penal a que a lei comina,

isoladamente, penas de prisão simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente”. Entretanto a doutrina tenta achar pontos de divergência para uma diferenciação mais acentuada.. Diferenças entre crime e contravenção Como dito acima, os doutrinadores não identificam uma diferença essencial entre crime, que também pode ser chamado de delito ou a contravenção. A contravenção, apelidada por alguns doutrinadores como “crime-anão” assim como o delito é a violação de um bem jurídico de terceiro (patrimônio, tranqüilidade, paz social, liberdade, etc).A contravenção constituiu um fato típico: comportamento do agente ativo do crime, ativo ou omissivo, descrito como contravenção. E que seja antijurídico, não acobertado por uma excludente de ilicitude ou antijuridicidade. A lei brasileira só pune a contravenção praticada no território nacional, enquanto o crime admite extraterritorialidade em alguns casos de forma condicionada ou incondicionada (art. 7º do CP).Não é punível a tentativa de contravenção, só há punição quando o fato já se consumou, sendo que a consumação se dá quando se reúnem na conduta do agente todos os elementos do tipo contravencional. ( Art. 2° e 4° da LCP, Dec.-Lei 3688/41), ao contrário do crime que após iniciada a execução, mesmo que o fato não venha a ser consumado, haverá a punição relativa ao crime, com diminuição de 1/3 a 2/3 (Art. 14, inc. II do CP). Para a existência do crime a conduta voluntária do agente deve ser analisa além da finalidade dolosa ou culposa da conduta. A contravenção, segundo o art. 3º da LCP para sua existência, basta provar a ação ou omissão voluntária, sendo que o dolo ou a culpa não precisão ser provados, salvo se a lei faz depender, de um ou de outro para efeitos jurídicos. O crime, via de regra, é apurado mediante ação penal pública incondicionada, mas pode ter ação pública condicionada e até mesmo ação de iniciativa exclusivamente privada, enquanto para as contravenções a ação penal é sempre pública, devendo a autoridade proceder de ofício. 2) SUJEITOS DA INFRAÇÃO PENAL 2.1) SUJEITO ATIVO É o autor da infração o sujeita que tem a ação ou omissão prevista no tipo penal, o sujeito deve ter personalidade, motivo pelo qual animais não podem ser sujeitos de crime. Quando a lei exige uma condição específica do autor, como ser funcionário público, ser homem, ser a mãe, etc, temos o que os doutrinado chamam de crimes próprios quanto ao sujeito ativo, sendo exemplos de crimes próprios o peculato (art. 312 do CP) que exige que o sujeito ativo seja funcionário público ou o infanticídio (art. 123 do CP) o qual exige que o sujeito ativo seja a mãe. A pessoa jurídica como sujeito ativo de crime: Segundo Guilherme de Souza Nucci há duas correntes quando se trata da analise da pessoa jurídica como sujeito ativo do crime, a primeira que não admite afirma que a pessoa jurídica não tem vontade suscetível de configurar o dolo ou a culpa, indispensáveis para o direito penal moderno, que é a culpabilidade (nullum crimen sine culpa) afirma, ainda, essa corrente que a Constituição Federal não autoriza a responsabilidade penal da pessoa jurídica, pois os dispositivos citados (art. 173, §5º e art. 225, §3º) são meramente declaratórios, com sanções civis e administrativas e unicamente à pessoa física a possibilidade de sanções penais. A segunda corrente entende que a pessoa jurídica pode responder pela prática de um delito, pois têm

vontade, não somente porque têm existência real, mas porque “elas fazem com que se reconheça, modernamente, sua vontade, no sentido próprio que se atribuiu ao ser humano, resultante da própria existência natural, mas em um plano pragmático-sociológico, reconhecível socialmente. Essa perspectiva permite a criação de um conceito novo denominado “ação delituosa institucional”, ao lado das ações humanas individuais”(Sérgio Salomão Shecaria) , e para estes defensores os artigos constitucionais mencionados (173 e 225) são expressos ao admitir a responsabilidade penal da pessoa jurídica, sustentando a viabilidade de a pessoa jurídica responder por crime temos a reserva legal prevista na Lei que trata dos crimes ambientais (Lei 9605/98). Os elaboradores de provas de concurso se posicionam no sentido de haver a possibilidade da pessoa jurídica delinqüir, porém vai depender de como é a assertiva será apresentada na questão. 2.2) SUJEITO PASSIVO É a vítima, pessoa titular do bem jurídico que foi violado, a vida, liberdade, patrimônio, honra, etc. O sujeito passivo material (eventual) é o titular do bem jurídico diretamente lesado pela conduta do sujeito ativo. O sujeito passivo formal ou constante é sempre o Estado, que entra como uma espécie de vítima secundária o titular direto do bem jurídico. Exemplos: homicídio, furto, roubo (artigos 121, 155 e 157 do CP). O crime vago quanto ao sujeito passivo é aquele em que não há uma vítima direta, pessoa titular do bem jurídico, sendo que neste caso o Estado é o único titular do bem jurídico protegido. Exemplos: tráfico de drogas (art. 33 da Lei 11.343/06) crimes ambientais (Lei 9.605/98). EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01 (CESPE/AG.POL.) Julgue os itens abaixo:I. A lei posterior que de qualquer modo favorece o agente, aplica-se aos fatos anteriores, inclusive aos já decididos por sentença condenatória transitada em julgado.II. Aplica-se a lei brasileira, indiscriminadamente, a todos os crimes cometidos no território nacional.III. O princípio da ultra-atividade da lei é estranho ao Direito Penal.IV. Sujeita-se à lei brasileira, incondicionalmente, o crime contra a Administração Pública praticado no exterior por quem está a seu serviço.V. Sujeita-se à lei brasileira, condicionalmente, o crime de genocídio praticado por brasileiro, no estrangeiro.Assinale a opção correta.A Apenas o item I está certo.B Apenas os itens I e IV estão certos.C Apenas os itens II e V estão certos.D Apenas os itens II, III e IV estão certos.E Apenas os itens II, III e V estão certos.

02. Analise a seguinte situação hipotética:Tristão e Isolda, brasileiros, respectivamente marido e mulher, embarcam em um navio brasileiro de turismo para uma 2ª lua de mel. Durante a viagem Isolda descobre que Tristão mantinha um relacionamento amoroso com sua secretária no Brasil, inconformada, Isolda sai da suíte do casal e solicita uma suíte individualizada, o que foi atendido pelo comandante do navio . O navio se encontra em mar territorial estrangeiro em uma das praias de Cancum no México. Tristão invade a cabine onde a esposa se encontrava e com ela mantém relação sexual não consentida, mediante violência, alegando que ela era sua esposa e que não retornaria ao Brasil sem realizar o que fora acordado antes da viagem, ou seja, manterem relações sexuais. Com base na situação hipotética apresentada analise os itens abaixo.a. Se o fato de manter relações sexuais com a própria esposa, não for considerado estupro no México, mesmo que haja violência para a cópula, não haverá possibilidade de o fato ser punido no Brasil.b. O crime não será punido no Brasil, nem será punido no México, pois o coito carnal é uma obrigação civil do casamento, não sendo admitida a ação penal por estupro na constância do casamento.c. O país inicialmente competente para julgar e processar Tristão será o Brasil, tendo em vista o autor de o crime ser brasileiro e a vítima ser brasileira, invocando-se o princípio da nacionalidade, bem como o navio ser brasileiro, havendo possibilidade de se invocar o princípio do pavilhão ou da bandeira.d. O país competente para processar e julgar Tristão será o México, porém se o fato não for julgado naquele país, mesmo que lá sendo considerado crime, poderá o processo, ser realizado pela Justiça brasileira, desde que o agente entre em território nacional, dentre outras condições. 03 (CESPE/MPU) Em janeiro de 2005, estando em Fortaleza, Pedro remeteu, por via postal, para Gabriel, que mora em Brasília, pacote contendo artefato explosivo. O artefato somente chegou a seu destinatário no mês seguinte. Entre a data da remessa e o recebimento, entrou em vigência lei que agravou a punição aplicável à conduta de Pedro. Em face dessa situação hipotética, assinale a opção correta.A Será aplicável a Pedro a pena mais grave prevista na nova lei, haja vista o resultado ter-se produzido quando esta já havia entrando em vigor.B Será aplicável a Pedro a pena mais grave. Ainda que se considere que o momento da prática do crime tenha sido o da remessa do pacote, aplica-se retroativamente a nova legislação.C Considera-se que o crime foi praticado apenas em Brasília, em face do seu resultado.D Será aplicável a Pedro a pena prevista na lei vigente na data da remessa do artefato. Não se aplica a nova lei porque a punição nela prevista é mais grave.E O momento do crime será o da sua consumação, que, no caso, ocorreu no mês de fevereiro. Seria aplicável a pena prevista na antiga legislação, posto tratar-se de aplicação ulterior de lei mais branda. 04 (CESPE/AG. PENIT/PCDF) Acerca dos princípios que regem a aplicação da lei penal do tempo, assinale a opção correta.

A Ninguém pode ser punido por fato que lei posterior deixa de considerar crime, mas em virtude dela não cessará a execução da sentença penal condenatória, se já iniciada.B A lei posterior que de qualquer modo favorecer o agente aplica-se aos fatos anteriores, desde que ainda não decididos por sentença penal transitada em julgado.C A lei posterior mais gravosa para o agente retroagirá para alcançar os fatos anteriores à sua vigência, desde que ainda não decididos por sentença penal condenatória transitada em julgado.D As leis excepcionais e as leis temporárias são ultra-ativas, pois são aplicadas aos fatos praticados durante suas vigências, mesmo depois de revogadas.E O enunciado segundo o qual “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” corresponde ao princípio da legalidade, que não foi acolhido pela lei penal brasileira. 05 (CESPE/ESC. POL. FED) Julgue os itens seguintes.1 A individualização e a intranscedência ou personalidade da pena são princípios constitucionais de Direito Penal.2 Apesar de expirado o prazo de duração de uma lei temporária, ela será aplicada aos fatos constituídos à época da sua vigência.3 No que concerne à aplicação espacial da lei, o Código Penal (CP) adotou o princípio geral da territorialidade temperada, segundo o qual a lei penal brasileira é aplicável às infrações cometidas no território brasileiro, independentemente da nacionalidade do autor ou da vítima do delito, ressalvados as convenções, os tratados e as regras do Direito Internacional.4 Segundo a teoria da ubiqüidade, legalmente acolhida para a determinação do lugar do crime, considera-se como tal aquele em que ocorreu a ação ou o resultado.5 Conforme o CP considera-se como tempo do crime aquele em que ocorreu o resultado.

06 (Del.pol. SP/2000)01) A chamada abolitio criminis faz cessar, em virtude dela, a. a execução da sentença condenatória, mas não os seus demais efeitos penais. b. a execução da pena em relação ao autor do crime, mas este benefício não se estende aos eventuais co-autores ou partícipes. c. os efeitos penais da sentença condenatória, mas não a sua execução. d. a execução e os efeitos penais da sentença condenatória. 07. (Cespe. Papiloscopista/PCDF /2000) Acerca da aplicação da lei penal no penal e no espaço, assinale a opção correta.A. Considere a seguinte situação hipotética. Antônio manteve conjunção carnal com Maria, que contava com treze anos de idade. Na época, estava em vigor a Lei n 2.345/62, segundo a qual haveria a presunção de violência se a ofendida fosse menor de quatorze anos. Após Antônio ser condenado definitivamente pelo crime de estupro, entrou em vigor a lei n 9.990/00, segundo a qual, para se caracterizar a violência presumida, a vítima teria de possuir até dez anos de idade. Nessa situação, a lei nova deverá retroagir, fazendo desaparecer o crime e acarretando a extinção da punibilidade.

B. Considere a seguinte situação hipotética. Pedro, por motivo torpe, praticou um crime de lesões corporais na vigência da Lei nº 2.345/61. Durante o processo-crime, entrou em vigor a Lei nº 9.990/00, que acrescentou o motivo torpe como circunstância agravante, não prevista anteriormente. Nesse caso, na hipótese de Pedro ser condenado, incidirá a circunstância agravante na dosimetria da pena. C. Considere a seguinte situação hipotética. José praticou um crime de furto na vigência da Lei nº 2.345/62. Antes do término do inquérito policial José restituiu voluntariamente todos os objetos subtraídos. Nesse ínterim, entrou em vigor a Lei 9.990/00, que prevê como causa geral de diminuição de pena a restituição da coisa até o recebimento da denúncia, por ato voluntário do agente, tida na lei anterior como atenuante. Nessa circunstância, na hipótese de José ser condenado, não incidirá a causa geral de diminuição da pena. D. Se, no interior de uma aeronave das Forças Armadas do Brasil, no aeroporto internacional de Buenos Aires, Argentina, um cidadão Brasileiro praticar um homicídio, a esse caso aplicar-se-á a lei penal Argentina, em face do princípio da territorialidade. E. Se, em águas territoriais brasileiras, no interior de um navio mercante que ostente a bandeira Argentina, um cidadão argentino praticar um crime de estupro contra uma tripulante, a essa situação aplicar-se-á a lei penal Argentina, em face da bandeira ostentada pela embarcação. 08. (Cesp/Procurador Autárquico) Bruno viajou ao Paraguai e lá adquiriu várias mercadorias proibidas. Na época estava em vigor a Lei 02/99, que tipificava como crime de contrabando importar ou exportar mercadoria proibida, cominando-lhe pena de um a quatro anos de reclusão. A Polícia Federal apreendeu as mercadorias alienígenas, por estarem desacompanhadas de documento legal. Bruno foi preso em flagrante e processado pela prática de contrabando. Ao ser proferida a sentença, estava em vigor a lei 10/01, que tipificava o mesmo fato como crime, cominando-lhe uma pena de um a dois anos de detenção. Em face da situação apresentada, julgue os itens a seguir: A. Caso seja julgada procedente a pretensão punitiva do Estado, a lei a ser aplicada será a de nº 02/99, diante do princípio tempus regit actum.B. Supondo que Bruno fosse japonês e estivesse a turismo no Brasil há apenas dois dias, a falta de conhecimento da regra de proibição poderia levar a exclusão da culpabilidade, se inevitável, ou reduzir o juízo de censurabilidade, se evitável.C. Se Bruno for condenado e, durante a execução da reprimenda, surgir a Lei 20/99, que deixe de considerar crime a sua conduta, deverá ser decretada a extinção da punibilidade, cessando os efeitos penais e civis da sentença condenatória.D. Na hipótese de ser funcionário diplomático da Hungria, a serviço no Brasil em razão da imunidade

diplomática Bruno não ficará sujeito à jurisdição criminal do país em que se acha acreditado. 09 – (Delegado de Policia Civil – PA – 2006 – Cespe). Julgue os itens seguintes, com relação aos princípios constitucionais de direito penal:I- A decisão acerca da regressão de regime deve ser calcada em procedimento no qual sejam obedecidos os princípios do contraditórios da ampla defesa, sendo sempre que possível indispensável a inquirição, em juízo, do sentenciado.II- A vigente Constituição da República, obediente a tradição constitucional, reservou exclusivamente a lei anterior a definição dos crimes, das penas correspondentes e a conseqüente disciplina de sua individualização.III- O principio da presunção de inocência proíbe a aplicação de penas cruéis que agridam a dignidade da pessoa humana.IV- Em virtude do principio da irretroatividade in pejus, somente o condenado é que terá de se submeter à sanção que lhe foi aplicada pelo Estado. A quantidade de itens certos é igual a:a) 1b) 2c) 3d) 4 10 – (Policia Civil – MG – 2007 – ACADEPOL). Sobre a lei penal, é correto afirmar que:A) São espécies de extra-atividade da lei penal a retroatividade in malam partem e a ultra-atividade.B) A lei temporária é exceção ao princípio da irretroatividade da lei penal, sendo ela ultra-ativaC) A abolitio criminis equivale à extinção da punibilidade dos fatos praticados anteriormente à edição da nova lei e faz cessar todos os efeitos penais e civis da sentença condenatória transitada em julgado.D) Em matéria de prescrição, assim como para determinação do tempo do crime, a teoria adotada pelo Código Penal é a da Atividade. 11– (Delegado de Policia – SC – 2008 – ACAFE). Diz o art. 5º do Código Penal: “Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e regras de direito internacional, ao crime cometido no território nacional” Sobre a lei penal no espaço, considere as seguintes afirmativas:1) Como regra, são submetidos à lei brasileira os crimes cometidos dentro da área terrestre, do espaço aéreo e das águas fluviais e marítimas.2) Consideram-se extensão do território nacional as embarcações e aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se encontrem.3) É aplicável a lei brasileira aos crimes praticados à bordo de embarcações estrangeiras de propriedade privada que se encontrem em alto mar.4) Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometidos no estrangeiro, os crimes que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a reprimir.Assinale a alternativa correta:a) Somente as afirmativa 1 e 2 são verdadeiras

b) Somente as afirmativa 1, 2 e 4 são verdadeirasc) Somente as afirmativa 1 , 2 e 3 são verdadeirasa) Somente as afirmativa 3 e 4 são verdadeirasa) Somente as afirmativa 2 e 3 são verdadeiras 12 – (Delegado de policia – ACRE – 2008 – CESPE). Ocorre conflito aparentemente de normas penais quando ao mesmo fato parecem se aplicáveis duas ou mais normas (ou tipos). A solução do conflito aparente de normas dá-se pelo emprego de alguns princípios (ou critérios), os quais ao tempo em que afastam a incidência de certas normas, indicam aquela que deverá regulamentar o caso concreto. Os princípios que solucionam conflitos aparente de normas, segundo a doutrina penal são: o da especialidade, o da subsidiariedade, o da consumação e o da alternatividade.Acerca do princípio da especialidade, todas as alternativa estão corretas, exceto a:A) O princípio da especialidade determina que tipo penal especial prevalece sobre o tipo penal de caráter geral afastando, desta forma, o bis in idem pois a conduta do agente só é enquadrada na norma incriminadora especial, embora também estivesse descrita na geral.B) Para saber qual norma é geral e qual é especial é preciso analisar o fato concreto praticado, não bastando que se comparem abstratamente as descrições contidas nos tipos penais.C) A comparação entre as leis não se faz da mais grave para a menos grave, nem da mais completa para menos completa. A norma especial pode descrever tanto um crime mais leve quanto um mais grave.D) O princípio da especialidade é o único previsto expressamente no Código Penal. 13 – (Delegado de policia – ACRE – 2008 – CESPE). Analise as alternativas a seguir. Todas estão corretas exceto a:A) O ordenamento penal brasileiro é aplicável, em regra, ao crime cometido no território nacional. O Brasil adotou o princípio da territorialidade temperada: aplica-se a lei brasileira ao crime cometido no Brasil, mas não de modo absoluto, pois ficaram ressalvadas as exceções constantes de convenções, tratados e regras de direito internacional.B) Quanto ao tempo do crime, o Código Penal brasileiro adotou a teoria da atividade, isto é, considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que seja outro o momento do resultado.C) A prescrição, antes de transitar em julgado a sentença final, começa a correr do dia em que o crime se consumou.D) A lei excepcional ou temporária, embora decorrido o período de sua duração ou cessadas as circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao fato praticado após a sua vigência. 14 - (Delegado de Policia - TO - 2008 – CESPE). Analise a assertiva a seguirPerante o Código Penal vigente, são três as espécies de penas: privativas da liberdade, restritivas de direitos e multa. 15 - (Delegado de Policia - TO - 2008 – CESPE) Acerca dos princípios constitucionais que norteiam o direito penal, da aplicação da lei penal e do concurso de pessoas, julgue os itens:

a) Prevê a Constituição Federal que nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação de perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido. Referido dispositivo constitucional traduz o princípio da intranscendência.b) Considere que um indivíduo seja preso pela prática de uma nova lei torne mais branda a pena para aquele delito. Nessa situação, o indivíduo cumprirá a pena imposta na legislação anterior, em face do princípio da irretroatividade da lei penal.c) Na hipótese de o agente iniciar a prática de um crime permanente sob a vigência de uma lei, vindo o delito a se prolongar no tempo até a entrada em vigor de nova legislação, aplica-se a última lei, mesmo que seja a mais severa.d) Quem, de forma consciente e deliberada, se serve de pessoa inimputável para a prática de uma conduta ilícita é responsável pelo resultado na condição de autor mediato. 16 - (Escrivão de Policia – ES. – 2006 – CESPE). Julgue os itens a seguir, relativos às normas gerais e especiais de direito penal e processual penal.a) Há crimes em que a pessoa será, ao mesmo tempo, o sujeito ativo e o sujeito passivo do delito em face da sua própria conduta. Assim, se o indivíduo lesa o próprio corpo para receber o valor de seguro, ele é sujeito ativo de estelionato e passivo em face do dano resultante à sua integridade física.b) Em face da adoção do critério tricotômico, no Brasil, o gênero infração penal comporta três espécies: crime, delito e contravenção. 17 - (Escrivão de Polícia – Acre – 2008 – CESPE)Em cada um dos itens abaixo, é apresentada uma situação hipotética seguida de uma assertiva a ser julgada, a respeito da lei penal no tempo e no espaço.a) No dia 21 de outubro de 2003, Amanda praticou crime de adultério, vindo a ser condenada definitivamente, no dia 3 de dezembro de 2003, à pena de 30 dias de detenção. Posteriormente, no ano de 2005, sobreveio uma lei que deixou de considerar o adultério como crime. Nessa situação, como Amanda já havia sido condenada por sentença condenatória transitada em julgado, sua situação jurídico-penal não será alterada, de forma que, se vier a praticar novo crime, será considerada reincidente.b) Em 10 de outubro de 2007, Caio desferiu cinco disparos de arma de fogo em direção a Túlio, com intenção de matar. Túlio entrou em coma e veio a falecer no dia 10 de janeiro de 2008. Nessa situação, considera-se tempo do crime o dia 10 de outubro de 2007.c) Petrônio ofendeu a integridade física de Régis, causando-lhe lesões corporais, em crime praticado a bordo de aeronave norte-americana de propriedade privada que estava em vôo no espaço aéreo brasileiro. Nessa situação, não se aplica a lei penal brasileira, mas, sim, a norte-americana. 18 (Investigador de Polícia – RJ – Cesgranrio – 2005). É compatível com o Estado de direito e o princípio da legalidade:A) proibir edição de normas penais em branco.B) criar crimes, fundamentar ou agravar penas através da aplicação de analogia.C) criar crimes e penas com base nos costumes.

D) fazer retroagir a lei penal para agravar as penas de crimes hediondos.E) proibir incriminações sem vítima direta. 19 - (Agente de Policia Civil – TO – CESPE – 2008). Analise a assertiva abaixoO enunciado segundo o qual “não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal” traz insculpidos os princípios da reserva legal ou legalidade e da anterioridade. 20 - (Agente de Policia Civil – TO – CESPE – 2008). Considere a seguinte situação hipotética.Célio, penalmente imputável, praticou um crime para o qual a lei comina pena de detenção de 6 meses a 2 anos e multa e, após a sentença penal condenatória recorrível, nova lei foi editada, impondo para a mesma conduta a pena de reclusão de 1 a 4 anos e multa. Nessa situação, a nova legislação não poderá ser aplicada em decorrência do princípio da irretroatividade da lei mais severa. 21. (Juiz Substituto/TJPI/UnB/ CESPE – 2007) Acerca dos tipos de crime e contravenções e das respectivas penas, assinale a opção correta.A) Quanto à punibilidade da tentativa, o Código Penal adotou a teoria objetiva temperada, segundo a qual a pena para a tentativa deve ser, salvo expressas exceções, menor que a pena prevista para o crime consumado.B) Nas contravenções penais, a tentativa é punida com a pena da contravenção consumada diminuída de um a dois terços.C) A consumação dos crimes formais ocorre com a prática da conduta descrita no núcleo do tipo, independentemente do resultado naturalístico, que, caso ocorra, será causa de aumento de pena.D) Nenhum ato preparatório de crime é punível no direito penal brasileiro.E) Nos casos de crimes omissivos próprios, que são aqueles que produzem resultado naturalístico, admite-se a tentativa. 22 - (Juiz Substituto/TJPI/UnB/ CESPE – 2007) A respeito das imunidades diplomática, parlamentar e judiciária, julgue os seguintes itens.I - Segundo a intraterritorialidade, se um funcionário da ONU, em serviço, praticar um crime no Brasil, que não seja previsto como crime em seu país de origem, poderá ser processado e julgado no Brasil.II - O embaixador de um país estrangeiro que praticar um crime contra a vida do presidente da República Federativa do Brasil, neste país, deverá ser processado e julgado segundo as leis brasileiras.III - Ao crime praticado em sede de embaixada estrangeira no Brasil, por causa da imunidade diplomática, não se aplica a lei penal brasileira.IV - Segundo entendimento do STF, no caso de ofensa à honra de terceiro de autoria de parlamentar, só haverá imunidade parlamentar se essa conduta tiver nexo funcional com o cargo que o parlamentar desempenha, ainda quando se trate de ofensa inrrogada dentro do parlamento.A quantidade de itens certos é igual aa) 0.b) 1.c) 2.d) 3.

e) 4. 23 - (Juiz Substituto/TJMG/ Fundep/2007) A abolitio criminis, também chamada novativo legis, faz cessar:A) os efeitos secundários da sentença condenatória, mas não a sua execução.B) a execução da pena e também os efeitos secundários da sentença condenatória.C) somente a execução da pena.D) a execução da pena em relação ao autor do crime. Entretanto, tratando-se de benefício pessoal, não se estende aos co-autores do delito. 24) - (ESAF-AGU) - "A", imputável, comete contravenção penal depois de haver praticado um crime. Depois de definitivamente condenado por contravenção penal, pratica outro crime.A hipótese caracteriza:a) reincidência de contravenção e crimeb) reincidência de crime e crimec) reincidência de crime e contravençãod) reincidência de contravenção e contravençãoe) inexistência de reincidência 25) (Cespe/Unb-Delegado de Pol. Federal/2004) No item a seguir, é apresentada uma situaçãohipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.1. Um delegado de polícia federal determinou abertura de inquérito para investigar crime ambiental, apontando como um dos indiciados a madeireira Mogno S.A. Nessa situação, houve irregularidade na abertura do inquérito porque pessoas jurídicas não podem ser consideradas sujeitos ativos de infrações penais. Gabarito

1. B2. CEEC3. D4. D5. CCCCE6. D7. A8. ECEC9. B10. B11. A12. B13. D14. C15. CECC

16. EE17. ECE18. C19. C20. C21. A22. A23. B24. E25. E

3ª a 6ª aulas Professores autores: Deusdedy e DemétriusDO CRIMEConceito de crimeMaterial – Crime é a ação ou omissão humana que viola um direito protegido por lei penal, o que motiva a aplicação de uma sanção ao infrator.Formal - Crime é o que estiver previsto no ordenamento jurídico como tal, nele adequado.Analítico - O crime é o fato típico e antijurídico para os doutrinadores que defendem o conceito bipartido do crime, para os que defendem o conceito tripartido crime é o fato típico, antijurídico e culpável.No conceito bipartido se existir um fato típico e antijurídico teremos aí um crime, porém a aplicação da pena estará vinculada, a mais um elemento que é a culpabilidade, pois se houve uma excludente de culpabilidade, a pena não poderá ser aplicada.No conceito tripartido para existência do crime o fato deve ser típico, antijurídico e culpável, não sendo a culpabilidade apenas pressuposto para aplicação da pena e sim integrante do conceito do próprio crime. O FATO TÍPICOO fato típico é a conduta do agente que se enquadra no tipo descrito na norma penal, “Art. 121 – Matar alguém, pena: reclusão 6 a 20 anos”, pois não existe crime se antes não houver uma previsão legal (princípio da legalidade ou da reserva legal).Para termos um fato típico é necessário:

a) uma conduta (ativa ou omissiva);b) uma relação de causalidade (a conduta levou àquele resultado);c) um resultado (o fim danoso, tentado ou consumado);d) Tipicidade (adequação do fato da vida real ao tipo descrito na norma jurídica). 1) CONDUTA

A análise da conduta sofre uma profunda diferenciação dependendo da teoria adotada para sua análise.

Para a teoria finalista da ação – conduta é toda ação ou omissão voluntária e consciente, que movimente a corpo humano, com uma finalidade. Para a teoria causalista – Conduta é a ação ou omissão voluntária e consciente que movimenta o corpo humano. Para a maioria dos doutrinadores a parte geral do direito penal adotou a teoria finalista da ação, motivo pelo qual estudaremos a conduta em seu aspecto objetivo (ação e omissão) e em seu aspecto subjetivo (conduta dolosa – vontade e conduta culposa – normativa). ASPECTO OBJEITO DA CONDUTA - AÇÃO A conduta ativa gera o crime comissivo, ou seja, o tipo penal descreve uma ação como a forma de se praticar a crime . Ex.: matar, lesionar, constranger, subtrair. - OMISSÃO OMISSÃO PURA OU PRÓPRIA– é a conduta omissiva propriamente dita que gera o crime omissivo próprio, ou seja, o tipo penal descreve uma omissão como a forma de se praticar a crime . Ex.: omitir, deixar de, não fazer, não realizar. O crime omissivo puro é um crime de mera conduta e não admite tentativa. OMISSÃO IMPRÓPRIA – é a conduta omissa do agente que tem a posição de garantidor, e quando não age, sua omissão é relevante, podendo ele responder por um crime naturalmente ativo, através de uma omissão.Ex.: mãe que não amamenta o filho recém-nascido, matando-o. O pai que esquece o bebê dentro do veículo, levando-o a morte. A babá que vai deixa o bebê sozinho e este se machuca. A omissão imprópria, quando o agente age com dolo, cabe tentativa, dependo do tipo penal. ASPECTO SUJETIVO DA CONDUTA (dolo e culpa)

CRIME DOLOSO E CULPOSO Dolo é a vontade de concretizar as características objetivas do tipo, sem dolo o fato é atípico. Para a doutrina tradicional o dolo é normativo, ou seja, a consciência da antijuridicidade já está contida nele, porém para a teoria finalista da ação, adotada pela doutrina dominante, o dolo é natural, corresponde à simples vontade de concretizar os elementos objetos do tipo, não portando a consciência e reprovação da ilicitude, que se encontra da culpabilidade. Elementos do dolo:

Cognitivo: conhecimento dos elementos objetivos do tipo.Volitivo: vontade de realizar o comportamento. Tipos de dolo: Direto: O sujeito visa a certo e determinado resultado. Ex: O agente desfere tiros contra a vítima com a intenção de matá-la (quer o resultado). Teoria da vontade. Indireto: quando a vontade do sujeito não se dirige a certo e determinado resultado, possui duas formas: o alternativo (quando a vontade do sujeito se dirige a um ou outro resultado – o agente desfere golpes de faca na vítima com a intenção alternativa de matar ou ferir) o eventual, também chamado de condicionado (quando o sujeito assume o risco de produzir o resultado – ex.: roleta russa). No dolo eventual temos a teoria do assentimento ou consentimento. Dolo de dano e de perigo Dano – o agente quer o dano, a lesão ou assume o risco de produzi-los. Perigo – o agente não quer o dano, nem assume o risco de produzido, deseja ou assume o risco de produzir um resultado de perigo, o próprio perigo constitui o resultado desejado. Dolo genérico e específico Genérico – é a vontade de realizar o fato descrito na norma penal incriminadora – Ex.: matar alguém; Específico – Fim especial. Ex.: expor ou abandonar recém-nascido com a finalidade de ocultar a desonra própria. Erro sucessivo (dolo geral) Neste o agente tem a intenção de praticar determinado crime, realiza certa conduta que é capaz de produzir o resultado e, logo depois, na crença de que o evento já se produziu, empreende nova ação, sendo esta última a causa do resultado. CRIME CULPOSO

Os elementos do fato típico culposo tem: conduta voluntária, de fazer ou não fazer com inobservância do dever de cuidado objetivo que se manifesta pela IMPRUDÊNCIA- falta do dever de cuidado por fazer o que não deve ser feito, NEGLIGÊNCIA – falta do dever de cuidado por deixar de fazer o que deve ser feito, ou IMPERÍCIA - falta da habilidade técnica do profissional. CULPA INCONSCIÊNCIA: O fato é previsível, ou seja, há previsibilidade objetiva, porém o agente tem ausência de previsão. CULPA CONSCIENTE: O agente tem previsão do resultado, mas acredita que ele não ocorrerá.

Concorrência de culpas: é possívelCompensação de culpas: via de regra é incabível em matéria penal. CRIME PRETERDOLOSO ou PRETERINTENCIONAL É aquele em que a conduta produz um resultado mais grave que o pretendido pelo sujeito. O agente quer um minus e seu comportamento causa um majus, de maneira que se conjugam o dolo na conduta antecedente e culpa o resultado conseqüente. É um misto de dolo e culpa. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 01) - (MPU/MPDFT/Promotor de Justiça Adjunto/2002) Com relação aos crimes omissivos, assinale a opção incorreta.

a) Nos crimes omissivos próprios, a omissão é elementar e do tipo penal.b) Nos crimes omissivos impróprios, a omissão é uma forma de alcançar o resultado.c) Para que o autor responda penalmente pela prática de um crime comissivo por omissão, ele deve ter de impedir o resultado.d) Os crimes omissivos puros dependem da ocorrência de um resultado posterior, pois a simples omissão normativa é insuficiente para que eles fiquem caracterizados.

02) - (MPRJ/Sec. da Procuradoria/2002-UFRJ) a única hipótese que NÃO constitui elemento do crime culposo é:

a) imperícia;b) imprevisibilidade;c) resultado involuntário;d) nexo de causalidade;e) negligência.

03) - (Procur. Faz. Nacional) Na culpa consciente, o agente tem:a) vontade de cometer o crimeb) previsão do resultadoc) previsibilidade do resultadod) indiferença quanto ao resultadoe) animus de vingança 04) - (ESAF-AGU) - "A", imputável, comete contravenção penal depois de haver praticado um crime. Depois de definitivamente condenado por contravenção penal, pratica outro crime.A hipótese caracteriza:a) reincidência de contravenção e crimeb) reincidência de crime e crimec) reincidência de crime e contravenção

d) reincidência de contravenção e contravençãoe) inexistência de reincidência 05) (FUNIVERSA/Perito Médico/ PCDF/2008) Considerando o dolo e a culpa, assinale a alternativa incorreta:

a) Na seara penal, em analisando a teoria de compensação de culpas, se duas pessoas agem com imprudência, uma dando causa a lesões a outra, ambas respondem pelo crime; uma conduta culposa não anula a outra.b) Enquanto no dolo direto o agente visa certo de determinado resultado, no dolo eventual, o agente assume o risco de produzir o resultado.c) Da inobservância de um cuidado necessário, manifestada na conduta produtora de um resultado objetivamente possível, por imprudência, negligência ou imperícia, é que reside a conceituação da culpa penal.d) No dolo específico, o agente realiza a conduta visando a um fim especial, enquanto o dolo geral ocorre, quando o agente, supondo já ter alcançado o resultado por ele visado, pratica nova ação que efetivamente o provoca.e) Na culpa consciente, diferentemente do dolo eventual, o agente age firme e deliberadamente visando à obtenção do resultado ou assume o risco de produzi-lo.

06) (Cespe/Unb-Delegado de Pol. Federal/2004) No item a seguir, é apresentada uma situaçãohipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.1. Um delegado de polícia federal determinou abertura de inquérito para investigar crime ambiental, apontando como um dos indiciados a madeireira Mogno S.A. Nessa situação, houve irregularidade na abertura do inquérito porque pessoas jurídicas não podem ser consideradas sujeitos ativos de infrações penais. 07) (MPDFT-Promotor/2002) – Julgue os itens a seguir:1. Com relação ao dolo, o CP adotou a teoria do consentimento para o dolo direto, e a teoria da vontade para o dolo eventual.2. No crime culposo, a falta de previsibilidade do resultado exclui a tipicidade. 08) Analise as assertivas abaixo:

1.O direito penal objetivo é conjunto de normas penais em vigor no país, enquanto o direito penal subjetivo é o direito de punir, o “jus puniendi” do Estado que aplicará uma sanção ao infrator da Lei, aquele que pratica uma infração penal.2.As contravenções penais serão de ação privada ou pública, enquanto os crimes, por serem de natureza mais grave, serão sempre de ação pública.3.Em certos casos, os crimes cometidos no exterior podem ser punidos no nosso País, o que não ocorre nas contravenções cometidas no exterior que nunca serão punidas no Brasil.4.Pelo princípio da exclusividade da lei penal, só ela pode definir crimes e cominar penas.5.No direito penal, se após a utilização de todas as formas interpretativas da lei, persistir a dúvida, a questão deverá ser resolvida da maneira mais favorável ao réu, com base do princípio “in

dubio pro reo”. 09) (FCC – Delegado de Polícia/MA/2006)Quem, embora prevendo o resultado, não o aceita como possível, esperando sinceramente que nãoocorrerá, age coma) dolo eventualb) culpa conscientec) dolo indiretod) culpa inconscientee) dolo específico 10) (FCC – Analista Judiciário- TRE/MS 2007)Considere as afirmativas abaixo, relacionadas ao fato típico e seus elementos.I. Há fato típico na ocorrência de resultado lesivo em decorrência de caso fortuito ou força maiorII. São elementos do fato típico, dentre outras, a culpabilidade, caracterizada pelo juízo dereprovabilidade da conduta do agente e o dolo ou a culpa.III. O tipo penal é predominantemente descritivo porque composto de elementos objetivos, nãoobstante, às vezes, contenha elementos subjetivos ou normativos.IV. A conduta omissiva não é considerada elemento do tipo penal, pois representativa da ausência devontade do agente para o crime.V. Para haver fato típico é indispensável a existência de relação de causalidade entre a conduta e oresultado.É correto o que se afirma APENAS em:a) I e IIb) I, II e Vc) I, III e IVd) II, IV e Ve) III e V

11) (FCC -Analista Judiciário TJ/PE-2007)Em relação ao dolo e a culpa é incorreto afirmar que:a) É justamente na previsibilidade dos acontecimentos e na ausência de previsão pelo agente que reside a conceituação da culpa penal.b) Enquanto no dolo direto o indivíduo age por causa do resultado, no eventual age a pesar do resultado.c) No campo penal em razão da teoria da “compensação de culpas” se dois agentes concorrem culposamente para um resultado ilícito, ambos serão, em tese, responsabilizados.d) Na culpa consciente, diferentemente do dolo eventual, o agente firme e deliberadamente age visando a obtenção do resultado.e) Dolo é comportamento psíquico contrário à ordem jurídica e como tal deve ser aferido no momento do delito.

2) RESULTADO É a modificação causada pela conduta do agente no mundo fático, exterior. Evento é qualquer tipo de acontecimento, enquanto resultado é a modificação em conseqüência da conduta voluntária de um ser humano. Para a teoria naturalística a modificação que a conduta criminosa causa no mudo externo é o resultado. Exemplo: a lesão corporal quando da agressão física (art. 129 do CP) ou a diminuição patrimonial no estelionato(art. 171 do CP). Segundo doutrina dominante o Código Penal adotou a teoria naturalística, sendo possível que haja crime sem resultado, como nos crimes formais e de mera conduta. Para a teoria normativa ou jurídica o efeito do crime ou o seu resultado encontra-se na órbita jurídica, sendo o resultado a lesão ou a possibilidade de lesão ao interesse protegido por lei, assim sendo, para esta teoria não haveria crime sem resultado, pois não havendo perigo ou lesão, não há crime. CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES QUANTO AO RESULTADO CRIME MATERIAL: O tipo penal prevê um resultado natural ou material vinculado à conduta pelo nexo causal. Ex. homicídio inCRIME FORMAL: O tipo descreve a conduta como momento da consumação do crime, independente do agente alcançar o resultado pretendido.CRIME DE MERA CONDUTA: O tipo descreve apenas a conduta, sem prevê nenhum resultado. CRIME CONSUMADO E CRIME TENTADO “Art. 14 do CP – Diz-se o crime:I – Consumado, quando nele se reúne todos os elementos de sua definição legal;II – tentado, quando, iniciada a execução, não se consuma, por circunstâncias alheias à vontade do agente.Parágrafo Único. Salvo disposição em contrário, pune-se a tentativa com a pena correspondente ao crime consumado, diminuída de um a dois terços.” CONSUMAÇÃO Crime consumado ocorre quando o agente pratica todos os elementos do tipo, se o tipo exige uma conduta independente do resultado, com a prática da conduta já estará consumado, se o tipo exige um resultado que está descrito na norma como matar, subtrair, obter, concretizando o resultado, consuma-se o crime. Nos crimes formais, embora o agente possa desejar outro resultado, como por exemplo quando a lei descreve exigir (no caso da concussão – art. 316 do CP) como ação delituosa completa para consumação, independe que o agente consiga o que foi exigido, o recebimento seria o mero exaurimento que, neste caso, não coincide com a consumação.

“ITER CRIMINIS” São as fases do crime, que iniciam-se pela cogitação passa pelos atos preparatórios que segue para a execução objetivando a consumação. Cogitação→ preparação→execução→consumação 1ª 2ª 3ª 4ª A tentativa ocorre quando iniciada a execução do crime, este não se consuma por algo alheio a vontade do agente, externo, que o impede de prosseguir na execução ou que impeça a consumação após todos os atos de execução.Se o agente houver iniciado a execução e, no decorrer da mesma, for interrompido quando ainda dispunha de meios para continuar na conduta delitiva teremos a tentativa imperfeita.Entretanto, se o agente esgotar todos os meios de que dispunha para consumar o crime e não alcançar a consumação, teremos o que a doutrina denomina de tentativa perfeita ou crime falho. Quanto à lesão ou dano causado pela tentativa do crime podemos destacar a tentativa branca ou incruenta, onde o crime foi iniciado, mas não ocorre nenhum tipo de resultado naturalístico, por exemplo: Pedro deflagra seis tiros contra João, mas não acerta nenhum deles. A tentativa cruenta ou vermelha é aquela que o agente executa o crime, não chega à consumação, porém há algum tipo de lesão ou dano, por exemplo: Pedro deflagra dois contra João, não o mata, mas o fere. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E ARREPENDIMENTO EFICAZ Art. 15 do CP – O Agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir na execução ou impede que o resultado se produza, só responde pelos atos já praticados. A desistência voluntária se diferencia da tentativa porque na primeira o agente pessoalmente desiste da ação criminosa e por isso é valorizada pela lei, ficando o agente ativo responsável apenas pelos resultados que efetivamente produziu. No caso da tentativa o agente responde como se tivesse praticado o crime, apenas com diminuição da pena, porque o crime não se consumou por um ato alheio a vontade do agente e não por sua voluntária decisão, como é o caso do artigo acima. No arrependimento eficaz o agente ativo do crime que após executar a conduta criminosa se arrepende e realiza ações tendentes a evitar a consumação do delito pode ficar livre da pena ou responder pelo resultado que efetivamente provocou. Por exemplo: uma mulher oferece um bolo envenenado para sua vizinha, que o ingere, porém antes que a morte aconteça esta se arrepende e lhe dá o antídoto evitando-lhe a morte. Neste exemplo o arrependimento foi eficaz não respondendo a agente ativa, nem mesmo por tentativa de homicídio, entretanto se a vizinha vier a morrer em razão do antídoto não evitar a morte, a autora responderá por homicídio, pois o arrependimento foi ineficaz, podendo haver uma atenuante genérica. Fato importante lembrar que tanto na desistência voluntária, quanto no arrependimento eficaz o agente deve agir com voluntariedade, porque quer, entretanto não precisa ser espontâneo, surgir de

sua própria inspiração, ele pode ceder ao pedido de alguém, ou seja: sua ação voluntária de desistir ou praticar novos atos para impedir a consumação pode ser provocada pela influência de alguém, um terceiro ou a própria vítima. ARREPENDIMENTO POSTERIOR Art. 16 do CP – Nos crime cometido sem violência ou grave ameaça à pessoa, reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será reduzida de um a dois terços. Aqui temos a reparação do dano antes de iniciada a ação penal, porém só existe o chamado arrependimento posterior o qual pode reduzir a pena aplicada, se o crime for sem violência ou grave ameaça, não cabe o arrependimento posterior para o crime de roubo ou para o estupro, mas cabe para os crimes de furto, estelionato e apropriação indébita. CRIME IMPO SSÍVEL

Art. 17 do CP – Não se pune a tentativa quando, por ineficácia absoluta do meio ou por absoluta impropriedade do objeto, é impossível consumar-se o crime. O agente pratica as fases do “iter criminis” salvo o resultado que jamais ocorrerá tendo em vista o agente estar utilizando um meio absolutamente ineficaz, como o caso de alguém que tenta matar outro com uma arma municiada com balas de festim. Há também o crime impossível quando temos absoluta impropriedade do objeto, o exemplo é uma mulher que pratica todos os atos de aborto acreditando estar grávida, mas não está, outro é atirar em um cadáver que o agente que disparou o tiro acreditava estar apenas dormindo. Em razão da impossibilidade de resultado a lei não prevê nenhum tipo de sanção jurídica penal. .x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x.x. 3) RELAÇÃO DE CAUSALIDADE Art. 13 do CP – O resultado, de que depende a existência do crime, somente é imputável a quem lhe deu causa. Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido.A relação de causalidade entre conduta e resultado, motivo pelo qual os doutrinadores em sua maioria dizem não ser necessário a prova no nexo causal nos crimes formais ou nos de mera conduta. O nexo causal é essêncial nos crimes materiais, sendo que o resultado danoso só pode ser atribuído a quem lhe deu causa, é o comportamento que faz com que, neste caso, a infração penal exista. Para que esse comportamento seja aquele capaz de promover o dano deve existir o nexo de causalidade, ou seja a relação causal entre a conduta e o resultado(o tiro que matou, a pedrada que lesionou), sendo que o resultado de um crime só pode ser atribuído a quem lhe deu causa.

Os doutrinadores indicam que a teoria da equivalência dos antecedentes causais (conditio sine qua non) foi a adotada pelo art. 13, caput, do CP, sendo que para essa teoria toda e qualquer circunstância antecedente, sem a qual o resultaria não teria ocorrido para o resultado deve ser apreciada como causa, porem somente são punidos pelo crime aquele que tenha agido com dolo ou culpa para a provocação do resultado, pois o fabricante da arma não pode responder por um homicídio provocado pela arma produzida, pois o nexo de rompeu e ele dela se desvinculou quando de sua entrada no comércio. Os antecedentes causais – uma causa antecedente ou condição antecedente sem a qual o resultado não teria ocorrido também é levado em consideração quando da avaliação da relação de causalidade surge da ação do sujeito ativo combinada com uma causa preexistente, sem a qual o resultado não teria ocorrido, ou o resultado teria sido outro. Este antecedente, esta causa preexiste, pode ser levada em conta quando da aplicação da lei e pode ser também verificado qual o real resultado se a mesma não existisse. Para termos a verdadeira relação de causalidade. Essas causas podem ser absolutamente independentes ou relativamente independentes. Por exemplo, uma causa preexistente independente seria o fato narrado por Fernando Capez quando afirma que “ as causas preexistentes atuam antes da conduta. Ex.: “A” atira em “B” e este não morre em conseqüência do tiro, mas de um envenenamento provocado por “C” no dia anterior. O envenenamento não possui relação com a conduta de “A”, sendo diversa a sua origem. Além disso, produziu por si só o resultado, já que a causa da morte foi a intoxicação aguada provocada pelo veneno, e não a hemorragia interna traumática produzida pelos disparos. Por ser anterior à conduta, denomina-se preexistente.” (Fernando Capez, Direito Penal, Parte Geral, 6ª ed., pág 91). Mas em outra situação de causa preexistente relativamente independente seria a seguinte: “X” sabendo ser “Y” portador de hemofilia, corta-lhe , fazendo uso de uma faca, o músculo superior da perna , causando a morte de “Y”, face não ter sido socorrido a tempo ao hospital e ter perdido muito sangue em razão da doença preexistente que impede a coagulação do sangue. Neste caso embora “X” tenha atingido apenas o músculo da pena que não é uma parte vital, responderá por homicídio face ter o conhecimento da causa preexistente que reunida a ação causou a morte. Se a hemofilia não fosse conhecida de “X” o mesmo não responderia por homicídio doloso e sim por lesão corporal seguida de morte. Nesta mesma linha de pensamento também existem as concausas concomitantes ou seja, simultâneas. Se ocorrer de aparecer junto à conduta que está sendo analisada aparece uma causa concomitante e a conduta do agente for irrelevante para o resultado acontecer da forma como aconteceu, o agente só responde pela tentativa do crime e não pelo resultado.As causas supervenientes, também podem ser absolutamente independentes, e relativamente independentes da conduta analisada: quando a causa for relativamente independente e por si só produz o resultado, isso exclui a imputação do resultado ao agente, porém se a conduta reunida à conduta que gera o resultado teremos a imputação do mesmo ao agente.Art 13... § 1º - A superveniência de causa relativamente independente exclui a imputação quando, por si só, produziu o resultado; os fatos anteriores, entretanto, imputam-se a quem os praticou. RELEVÂNCIA DA OMISSÃO

§ 2º - A omissão é penalmente relevante quando o omitente devia e podia agir para evitar o resultado. O dever de agir incumbe a quem: Tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; de outra forma, assumiu a responsabilidade de impedir o resultado; com seu comportamento anterior, criou o risco da ocorrência do resultado. A omissão só é penalmente relevante, quando o agente devia ou podia evitar o resultado. O agente deve ter o dever combinado com o poder, e quem tem a obrigação de agir são: aquele que possui o dever legal (obrigação de proteção e cuidado); a situação de garante (por contrato ou situação de fato); e, aquele que criou o risco. Aquele que não devia, mas podia evitar o resultado está fora da regra do artigo 13, porém incorre em um crime autônomo que é a omissão de socorro previsto no artigo 135 do CP.

4) TIPICIDADE A tipicidade é a adequação do fato típico e antijurídico, ou seja, adequar a infração penal que ocorreu a um caso concreto, a um tipo descrito na norma. A tipicidade se baseia no princípio penal da reserva legal, pois não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal. Tipificar uma conduta humana é classificá-la dentro de um dos tipos penais descritos no Código Penal ou nas leis esparsas penais, aos quais são cominados penas restritivas de liberdade e/ou multa. Por exemplo: João usando um pedaço de madeira acerta a cabeça de José e o mata. Nesta situação estaríamos diante de um crime de homicídio, de um crime de lesão corporal seguida de morte ou de um latrocínio (roubo seguido de morte)? Ou outro?. O processo existe para que o Estado-Juiz saiba qual foi o dolo e/ou culpa de João quando agrediu José para que possa puni-lo adequadamente dentro de sua intenção, assentimento e motivos, levando-se em consideração, também o resultado, pois apenas esta informação descrita, João matou José, é insuficiente para a tipificação da conduta, haja vista o processo poder provar: um homicídio simples, privilegiado ou qualificado; uma lesão corporal seguida de morte, uma legítima defesa, o que retiraria a ilegalidade da conduta, dentre outras possibilidades de tipicidade da ação praticada por João. A tipicidade pode ser imediata ou direta, quando se encontra dentro do tipo a descrição da conduta delitiva, fazendo-se a adequação perfeita ao tipo. A tipicidade indireta ou mediata é aquela que, para a perfeita adequação do fato típico ao tipo descrito, deve-se fazer a combinação do tipo com outra parte da norma penal, exemplo e a tentativa de homicídio. A classificação é feita com o tipo penal do homicídio combinado com o artigo 14, inciso II, que prevê a forma tentada dos crimes. EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO QUESTÃO 01) (Cespe/Unb-Agente de Pol. Federal/2004) Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada.1. Vítor desferiu duas facadas na mão de Joaquim, que, em conseqüência, passou a ter debilidade permanente do membro. Nessa situação, Vítor praticou crime de lesão corporal de natureza grave, classificado como crime instantâneo.

4. Marcelo, com intenção de matar, efetuou três tiros em direção a Rogério. No entanto, acertou apenas um deles. Logo em seguida, um policial que passava pelo local levou Rogério ao hospital, salvando-o da morte. Nessa situação, o crime praticado por Marcelo foi tentado, sendo correto afirmar que houve adequação típica mediata. QUESTÃO 02) (Cespe/Unb-Agente de Pol. Federal/2004) Em cada um dos itens seguintes, é apresentada uma situação1. Plínio, utilizando toda a munição de seu revólver, atirou seis vezes contra Túlio, com intenção de matá-lo, mas errou todos os tiros. Nessa situação, houve tentativa branca ou incruenta, devendo Plínio responder por tentativa de homicídio.2. Cecília colocou a mão no bolso esquerdo e, posteriormente, no bolso direito da roupa de uma transeunte, com a intenção de subtrair-lhe dinheiro. Não encontrou, contudo, qualquer objeto de valor. Nessa situação, houve crime impossível e, assim, Cecília não responderá por crime algum. 03. (Delegado Substituto – ES – 2006 – CESP). É apresentada uma situação hipotética acerca das normas pertinentes à parte geral do Código Penal. Julgue o item:a) Sebastião, com 55 anos de idade, pretendendo matar sua esposa Maria, comprou um revólver e postou-se frente a frente com a esposa, apontando-lhe a arma municiada. Todavia, após fazer pontaria para atirar na cabeça de Maria, desistiu do intento de mata-la. Guardou a arma e retirou-se do local. Nessa situação, Sebastião responderá por tentativa de homicídio, uma vez que deu início à execução do delito.b) Considere-se que Mariana, supondo estar grávida, realizou, em si própria, manobras abortivas, sem que na realidade trouxesse dentro de si uma nova vida em formação; Jorge ao ver Cláudio, seu desafeto, caído em via pública, aproveitou a situação para atropela-lo dolosamente. Verificou-se , posteriormente, que Cláudio já estava morto por parada cardiorespiratória ocorrida minutos antes de ter sido atropelado. Em ambas as hipóteses apresentadas acima, o crime é impossível em razão da absoluta impropriedade dos objetos sobre os quais incidiram as condutas de Mariana e de Jorge. 04 – (Delegado de policia – ACRE – 2008 – CESPE). “Alpha”, com intenção de matar, põe veneno na comida de “Beta”, seu desafeto. Este, quando já está tomando a refeição envenenada, vem a falecer exclusivamente em conseqüência de um desabamento do teto. No exemplo dado, é correto afirmar que “alpha” responderá tão somente por tentativa de homicídio porquanto:A) O desabamento é causa comitante relativamente independente da conduta de “Alpha”, que exclui o nexo causal entre esta e o resultado “morte”B) O desabamento é causa superveniente relativamente independente da conduta de “Alpha”, que exclui o nexo causal entre esta e o resultado “morte”.C) O desabamento do teto é causa superveniente absolutamente independente da conduta de “Alpha”, que exclui o nexo causal entre esta e o resultado “morte”.D) O desabamento é causa concomitante absolutamente independente da conduta de “Alpha”, que exclui o nexo causal entre esta e o resultado “morte”.

05 - (Escrivão de Polícia – SC – 2008 – ACAFE) “Marius” tinha um revólver eficiente, municiado com seis projéteis. Com a intenção de matar, efetuou com esta arma dois disparos contra “Tercius”, sem acertá-lo. Podia prosseguir atirando, mas, por vontade própria, não prosseguiu no seu intento. No exemplo ocorreu:a) desistência voluntária.b) arrependimento eficaz.c) crime-falho.d) arrependimento posterior. 06 - (Investigador de Polícia – RJ – Cesgranrio – 2005). Jorge, maior de idade, subtrai as jóias de alto valor que sua mãe (42 anos) guardava debaixo do colchão. O fato descrito pode ser classificado como:(A) ilícito, porém atípico.(B) típico, ilícito e não culpável.(C) típico, ilícito e culpável, mas isento de pena.(D) roubo qualificado por abuso de confiança.(E) apropriação indébita. 07 - (Agente de Policia Civil - DF – 2005 – UFRJ-NCE). - Entre as teorias que diferenciam os atos preparatórios dos atos de execução, aquela que afirma que os atos de execução são os que importam em realização da conduta descrita no núcleo do tipo é a teoria:a) objetiva-formal;b) subjetiva;c) objetiva-material;d) social;e) finalista. 08 - ( Técnico Legislativo – Câmara – Policia Legislativa – 2007 – FCC). O crime é culposo quando:a) O agente quis o resultado.b) iniciada a execução, não consuma por intervenção de outrem.c) O agente desiste, voluntariamente, de prosseguir na execução.d) Cometido por imprudência.e) Praticado por omissão. 09 - ( Técnico Legislativo – Câmara – Policia Legislativa – 2007 – FCC). A tentativa de crime.(a) Ocorre quando não se consuma o crime por motivos alheios à vontade do agente,(b) Não é passível de pena.(c) Recebe a mesma pena do crime, diminuída em um sexto.(d) Prescreve em dois anos.(e) Só se define se houver impedimento do crime antes da ação ou omissão do agente.

10 - (Juiz Substituto/TJMG/ Fundep/2007) O filho intervém, energicamente, a favor da mãe, diante das ameaças que o pai, embriagado, fazia à esposa. O pai, bêbado, não se conforma. Vai até ao guarda-roupa, retira de lá uma pistola e, pelas costas, aciona várias vezes o gatilho, sem que nada acontecesse, pois a mãe, pressentindo aquele desfecho, havia retirado todas as balas da arma.Que delito o pai cometeu?A) Tentativa imperfeita.B) Crime hipotético.C) Crime impossível.D) Crime falho. 11 – (Juiz Substituto TJDFT/2006) Tem-se a tentativa branca quando:A) O sujeito ativo pratica todos os atos de execução do crime, mas este não se consuma por circunstâncias alheias à sua vontade;B) O sujeito ativo, para a execução do crime, utiliza “arma branca”;C) A vítima não sofre lesões;D) Menos se aproxima o sujeito ativo da consumação do crime, maior devendo ser a atenuação da pena (dois terços). 12 - (Juiz Substituto TJDFT/2006) O princípio da adequação social, admitido num caso concreto, pode constituir causa supralegal de exclusão da:

(A) culpabilidade;(B) tipicidade;(C) punibilidade;(D) antijuridicidade.

13 - (Juiz Substituto/TJMG/Fundep/2007) Fulgêncio, com animus necandi, coloca na xícara de chá servida a Arnaldo certa dose de veneno. Batista, igualmente interessado na morte de Arnaldo, desconhecendo a ação de Fulgêncio, também coloca uma dose de veneno na mesma xícara. Arnaldo vem a falecer pelo efeito combinado das duas doses de venenoingeridas, pois cada uma delas, isoladamente, seria insuficiente para produzir a morte, segundo a conclusão da perícia. Fulgêncio e Batista agiram individualmente, cada um desconhecendo o plano, a intenção e a conduta do outro. Pergunta-se:A) Fulgêncio e Batista respondem por tentativa de homicídio doloso qualificado.B) Fulgêncio e Batista respondem, cada um, por homicídio culposo.C) Fulgêncio e Batista respondem por lesão corporal, seguida de morte.D) Fulgêncio e Batista respondem, como co-autores, por homicídio doloso, qualificado, consumado. 14 - (Juiz Substituto TJDFT/2006) Caracteriza-se a culpa consciente quando:

(A) O agente não prevê o resultado, malgrado seja previsível;(B) O agente admite e aceita o risco de produzir o resultado;(C) O agente prevê o resultado, mas espera, sinceramente, que ele não aconteça;

(D) O agente prevê o resultado, não se importando que venha ele a acontecer. Questão 15 (Del. Pol. Fed.)A tentativa é admissível nos crimes:1) em que há culpa própria. 2) unissubsistentes. 3) omissivos puros 4) instantâneos. Questão 16 (ESAF-AGU)"A", imputável, inicia atos de execução de um crime; antes de ocorrer o resultado, deixa de praticar os demais atos para atingir a consumação. A consumação não acontece.A hipótese configura:a) tentativab) arrependimento posteriorc) desistência voluntáriad) arrependimento eficaze) crime impossível Questão 17 (Procur. Faz. Nac)A reparação do crime, pelo agente, após o recebimento da denúncia, caracteriza:a) atenuanteb) indultoc) qualificadorad) extinção da punibilidadee) arrependimento posterior GABARTO

01. C,C02. C,C03. E,C04. C05. A06. C07. C08. D09. A010. C011. C012. B

013. A014. C015. 4016. C017. A

ILICITUDE OU ANTIJURIDICIDADE

1. CONCEITO:

Antes de iniciarmos o estudo da ilicitude, cabe aqui tecer uma critica ao termo “antijuridicidade”.Muito embora a doutrina utilize largamente esta expressão como sem sinônimo de “ilicitude”, não nos parece adequado seu uso. É que o crime constitui inegável fato jurídico, uma vez que produz efeitos no mundo jurídico. Pois bem, não parece fazer sentido que um fato possa ser ao mesmo tempo “jurídico” e “antijurídico”. Assim sendo preferiremos a utilização do termo ilicitude no trato do instituto em comento.Note que não se trata de considerar equivocado o termo “antijuridicidade” em uma prova de concurso. Seu uso é permitido e largamente adotado pela doutrina, mas apenas nossa opção pessoal pelo termo mais tecnicamente apropriado.Muito se discute acerca do que seria ilicitude:Da maneira mais objetiva possível, conceituamos ilicitude como sendo:A contrariedade da conduta, tendo por foco o ordenamento jurídico como um todo.Note-se que, ao contrario do que afirmam alguns, a ilicitude é vista sob o prisma de todo o ordenamento jurídico, e não apenas em relação às normas de natureza penal. Neste último caso temos o que a maioria da doutrina denomina “ilicitude penal”.A ilicitude não é um conceito do direito penal, mas da teoria-geral do direito, e pode ter caráter administrativo, tributário, civil etc.Contudo, em se tratando do direito penal como ultima ratio na intervenção estatal, podemos afirmar que, do campo de atuação do direito penal, é de se excluir a conduta que seja lícita em qualquer outro ramo do direito, somente tendo relevância quando apresentar contrariedade ao ordenamento como um todo.

2. ANTINORMATIVIDADE E ILICITUDEAntes de aprofundarmos no estudo da ilicitude, cumpre sublinhar aquilo que a doutrina tem nominado antinormatividade.Em se tratando de definir as condutas delituosas, o legislador optou pela adoção da técnica do “tipo penal” que prevê de maneira abstrata a conduta que – caso ocorresse no plano concreto – seria típica.Vejamos o artigo 121 do CP: Art. 121: matar alguémPena: reclusão de seis a vinte anos Note que a lei não traz diretamente a proibição contida no comando penal. Na realidade, existe uma

norma por traz do tipo penal, que no caso acima seria “é proibido matar alguém”, tanto é que, se o agente desrespeitar a norma, a própria lei prevê uma sanção.Assim, as normas penais podem ser:

a) PROIBITIVAS – normas contidas implicitamente nos tipos penais comissivos;b) IMPERATIVAS – normas contidas implicitamente nos tipos penais omissivos (próprios);c) PERMISSIVAS – normas contidas implicitamente nas causas legais de justificação.

Quando o agente pratica uma conduta que desrespeita uma norma de caráter proibitivo ou imperativo tem-se uma conduta chamada antinormativa (ou típica em sentido estrito).A ilicitude decorre do fato de o agente ter praticado uma conduta contrária ao ordenamento, já a antinormatividade refere-se ao descumprimento de norma de caráter penal, prevista implicitamente nos tipos incriminadores (comissivos ou omissivos).

3. ILICITUDE FORMAL E MATERIAL Há em doutrina quem defenda que o conceito de ilicitude possui dupla concepção (Teoria Dualista da Ilicitude) uma de natureza formal e outra de natureza material. Para os defensores desta corrente a conduta somente seria ilícita se:a) contrariasse formalmente a letra da lei – ilicitude formal;b) a conduta se mostrasse socialmente danosa – ilicitude material.Entretanto essa posição é minoritária (o que não lhe retira a necessidade de citação em uma prova subjetiva, por exemplo), tendo prevalecido entre nós a chamada Teoria Unitária da Ilicitude, que não realiza distinção entre o que seja formal e materialmente ilícito.Na realidade, tem angariado maiores adeptos a argumentação de que toda conduta típica é socialmente danosa, sendo desnecessário realizar esta aferição no momento da ilicitude.Assim, a irrelevância de determinado agir mereceria trato em sede de tipicidade e não de ilicitude, cuida-se daquilo que a doutrina chama adoção do princípio da insignificância, tema de debates no campo da tipicidade.Desta forma concluímos que a ilicitude deve adotar uma concepção unitária, consistente na simples contrariedade ao ordenamento jurídico.

4. ILICITUDE E INJUSTO PENALNão se devem confundir os conceitos de ilicitude e de injusto penal. A diferenciação entre os termos é simples:Chamamos injusto penal a conduta típica e ilícita, não importando considerações acerca da existência de culpabilidade.Ilicitude, por sua vez, é uma das características do injusto penal.Assim, para os Bipartites (corrente penal que exclui do conceito de crime a culpabilidade) os elementos “injusto penal” e “crime” se equivalem, para os Tripartites, o crime seria o “injusto culpável”.Há ainda quem defenda não haver distinção entre tipicidade e ilicitude, na realidade, estes defendem que a ilicitude é a essência da tipicidade e que não haveria fato típico sem que também fosse ilícito (Teoria da Ratio Essendi).Para esta corrente, há em verdade um tipo total de injusto, contendo tipicidade e ilicitude como conceitos inseparáveis, ou seja: ou o fato é típico (e ilícito) ou simplesmente não é de se reconhecer a

sua tipicidade.O direito penal brasileiro tem adotado de forma majoritária a Teoria da Ratio Cognoscendi, que compreende o injusto como um conceito composto de dois requisitos independentes, isto é Tipicidade e Ilicitude.Desta forma, a tipicidade constitui apenas elemento indiciário da existência do injusto penal. É que o fato típico é em tese ilícito, mas pode ocorrer de ter o agente agido sob o amparo de uma causa de justificação, o que tornaria a conduta típica, porém lícita.Podemos assim resumir:

5. OS TIPOS PERMISSIVOS LEGAISTambém chamados excludentes de ilicitude ou causas de justificação, os tipos permissivos constituem – dentro do estudo da ilicitude - o campo de maior incidência questões em concursos públicos.Como vimos acima, a tipicidade é indiciária da presença de um injusto penal. Todavia, pode ocorrer de o agente praticar uma fato típico sem que incida em ilicitude.Na realidade, a lei prevê normas penais permissivas, isto é, situações nas quais é dado ao agente praticar condutas que seriam, em tese, proibidas pelo direito penal sem que pratique com isso ato ilícito.Estas causas estão previstas de maneira geral e especial.No primeiro caso encontramos a previsão no artigo 23 do Código Penal, onde a Lei elenca situações que têm o condão de retirar a ilicitude de fatos que encontrem subsunção qualquer tipo penal, em tese.São elas:a) o estado de necessidade;b) a legítima defesa;c) o estrito cumprimento de dever legal;d) o exercício regular de direito.

5.1. ELEMENTOS DAS CAUSAS DE JUSTIFICAÇÃO

Segundo doutrina majoritária, as causas de justificação possuem elementos de natureza objetiva e subjetiva.Os elementos objetivos são os requisitos fáticos previstos nos tipos penais justificadores (v. g., moderação na legítima defesa) e serão estudados passo a passo no trato individual de cada excludente de ilicitude.Como elemento subjetivo, tem exigido a doutrina o conhecimento da existência da situação fática autorizadora da causa de justificação, isto é, em se tratando, por exemplo, de legítima defesa o agente precisa conhecer da agressão, saber que está sendo agredido. Caso contrário não se poderá

reconhecer em seu favor ter agido amparado por excludente de ilicitude.Exemplificando: suponhamos que Caio, por motivo fútil, resolve ceifar a vida de Mévio. Para tanto, posta-se de emboscada aguardando a passagem de seu desafeto. Eis que surge Mévio acompanhado de Manuela, abraçados como se namorados fossem.Seguindo seu intento Caio desfere com precisão um tiro na nuca de Mévio, o que faz a vítima cair instantaneamente morta ao solo. Neste momento Manuela sai gritando em direção a Caio dizendo: “GRAÇAS AO BOM DEUS VOCÊ SURGIU, MEU HERÓI!”.Nesta hora Caio percebe que Mévio jazia portando arma de fogo, com o uso da qual submetera a vontade de Manuela – mediante grave ameaça – e a conduzia em direção a local ermo, onde pretendia constrangê-la à conjunção carnal. Em outras palavras, Caio, mesmo sem saber, salvara Manuela de um estupro iminente.Para a doutrina majoritária, a excludente de legítima defesa não pode amparar a conduta de Caio, vez que – muito embora estivessem presentes os requisitos de natureza objetiva da justificante – faltou ao agente o conhecimento da existência da injusta agressão à liberdade sexual de Manuela, isto é, carece o autor do elemento subjetivo da excludente de legítima defesa.

5.2 LEGÍTIMA DEFESA – ELEMENTOS OBJETIVOSReza o artigo 25 do CP: “Art. 25 - Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem.”Inicialmente, temos a definir o que seja INJUSTA AGRESSÃO. Agressão é a conduta que, partido do homem, tem capacidade de destruir bem jurídico de seu sujeito passivo.Mas a lei não se contenta com a simples agressão, mas exige que se trate de “injusta agressão”. Mais uma vez reforçamos o entendimento de que a agressão somente pode emanar do homem, uma vez que somente a conduta humana é posta sob o crivo ético do que seja justo ou injusto.Assim, o fogo, a ação da gravidade e um animal feroz não constituem agressão para o Direito Penal, mas autêntica manifestação de “perigo” que interessa ao estudo do estado de necessidade.Vejamos a seguinte questão sobre o tema, cobrada no concurso para ingresso nas carreiras da Polícia Federal em 2000/CESPE. (adaptada) “Um fazendeiro, durante uma cavalgada pelas matas de suas terras, ouviu um ruído atrás de um arbusto e, cem receio de que se tratasse de uma onça, atirou na direção do vulto, vindo a descobrir que se tratava, na realidade, de um empregado da fazenda. O fazendeiro agiu em legítima defesa, pois imaginava que seria atacado por uma onça.”

O gabarito trouxe a questão como falsa. Com razão a banca.Ainda que o erro derivasse de culpa ou fosse mesmo uma onça, é de se notar que o agente agiu para evitar o dano vindo de um perigo e não de uma agressão.Ponto interessante de debate é a situação em que aquele que alega em seu favor a legítima defesa, provocara anteriormente o agressor.Em regra, a simples provocação não exclui a legítima defesa, salvo se a própria provocação já constitui uma agressão ou se a provocação é um pretexto para a legítima defesa.

Ou seja, imaginemos que Caio provoque Mévio e este venha a agredi-lo. Neste caso, Caio poderá agir em legítima defesa. Esta é a regra.Todavia, Caio não atuará sob o amparo da excludente caso ocorra algum dos dois casos citados anteriormente. Por exemplo, se Caio dá um tapa em Mévio, para provocá-lo, e este revida, Caio não poderá bater em Mévio, sob a alegação que se encontra em legítima defesa, uma vez que a provocação constituiu-se em verdadeira agressão.O segundo ponto a ressaltar é na própria definição do instituto, veja-se, tratamos de defesa legítima, ora para que se considere determinada conduta como defesa, necessário se faz que o agente atue dentro de certos limites. Onde estariam estes limites impostos pelo legislador?O CP usa curiosa redação para definir os extremos da justificante, utilizando os seguintes termos que devem ser interpretados em conjunto: a) moderadamente; b) meios necessários; e c) repelir.Note ao lançar mão do termo “MEIOS NECESSÁRIOS” o legislador evitou que o agente pudesse escolher qualquer forma de defesa do bem jurídico, limitando a ação do sujeito à utilização do meio que se mostrasse necessário, e não apenas conveniente.Desta maneira podemos concluir que pode agir em legítima defesa aquele que se utilize de meio mais gravoso do que aquele que ameaça seu bem jurídico, desde que se trate do meio necessário. A doutrina em geral tem feito a seguinte simplificação: necessário é o meio idôneo a repelir a agressão e que se encontra ao alcance do agente.A MODERAÇÃO exigida pelo artigo 25 do CP tem estreita ligação com o termo repelir – também do mesmo artigo. É que é considerada moderada a ação que cinge-se a repelir a agressão, não ultrapassando o necessário a este intento.Assim, caso Mévio – perito atirador – objetivando defender-se da agressão iminente de Tício – lutador profissional – desferira-lhe tiro certeiro na parte nobre do crânio vindo a causar-lhe morte instantânea, não poderá argüir em seu favor a presença de legítima defesa, pois teria atuado com excesso. Note que o meio utilizado foi apto a gerar a excludente (meio necessário), mas utilizado sem moderação, uma vez que – sendo expert em armas de fogo – Mévio poderia ter repelido a agressão sem que atingisse seu oponente de forma fatal.Por fim, cumpre destacar que embora o agente não dependa da utilização de meio equivalente ao escolhido pelo agressor, não se reconhecerá a Legítima defesa se ficar demonstrado ter o sujeito incorrido naquilo que a doutrina denomina EXCESSO NA CAUSA.Em verdade, aquele que voluntariamente se coloca na posição de agressor deve esperar retaliação que não precisa ser exatamente equivalente à agressão – não nos esqueçamos de que cuidamos de injusta agressão.Ademais, o legislador utilizou-se de redação genérica, que permite a interpretação (majoritária em doutrina) de que, em tese, qualquer bem jurídico pode ser protegido pela legítima defesa.Contudo, não estão os tipos penais permissivos a justificar qualquer atitude monstruosa por parte do agente, de modo que o meio utilizado para a defesa do bem jurídico não pode ter conseqüências absolutamente desproporcionais ao dano causado – ou pretendido – pelo agressor.Assim, atua com excesso na causa – e não em legítima defesa – aquele que, para salvar sua “caneta bic” desfere tiro letal no agressor, ainda que esse disparo seja o único meio de evitar o dano.O terceiro ponto de comento refere-se ao elemento temporal da agressão. Exige a lei seja a agressão atual ou iminente.ATUAL – é a agressão presente, iniciada, que está ocorrendo.

IMINENTE – é a agressão que, embora não iniciada, encontra-se em vias de concretização. Não se trata de mero temor futuro de agressão, mas de situação na qual o agente tem como certa a agressão próxima.Agressão cessada não dá azo à legítima defesa.Ao tratar desta forma a exigência temporal do instituto, quis o CP que o agente pudesse optar pela legítima defesa.Em verdade, a agressão atual é inevitável, enquanto a iminente pode ser evitada (entendemos que, se uma agressão tornou-se tão próxima que não mais possa ser simplesmente evitada, fez-se atual).Com este raciocínio concluímos que ao agente é dado escolher o caminho da legítima defesa. Exemplificando, suponhamos que Tício anuncia que vai “dar uma surra” em Caio, partindo em sua direção. Neste caso, Caio poderá fugir ou optar pela legítima defesa. Imaginemos que eleja o caminho de se defender.Note que mesmo tendo outra maneira de evitar a agressão (correndo por exemplo) o sujeito escolheu a via de defender-se, o que o levou a praticar um fato típico contra seu agressor. Na situação, Caio agiu amparado pela excludente, respondendo, portanto, somente no caso de excesso.Nota: em se tratando de agressão proveniente de inimputável a doutrina tem exigido que o agente não pudesse evitar a agressão.

5.2.2. LEGÍTIMA DEFESA SUESSIVA e RECÍPROCA

Salientamos acima que cessa a legítima defesa ao cessar a agressão que lhe deu causa. Desta forma, caso o agente continue a ferir seu oponente, terá ingressado no campo da agressão injusta, o que com que aquele que inicialmente se fizera agressor, passasse à condição de agredido, podendo – inclusive – agir em legítima defesa.A esta situação a doutrina tem chamado LEGÍTIMA DEFESA SUCESSIVA, isto é, legítima defesa contra excesso de legítima defesa.Situação totalmente diversa é a LEGÍTIMA DEFESA RECÍPROCA. Neste caso teríamos legitima defesa contra legítima defesa.A situação narrada é impossível no direito penal pátrio, uma vez que é elementar do tipo permissivo em comento que o sujeito aja de modo a repelir injusta agressão.Ora, a legítima defesa não é injusta agressão – caso contrário estaríamos diante de uma contradição insanável pois teríamos uma conduta legítima e injusta ao mesmo tempo, o que não é razoável. Desta maneira não pode haver legitima defesa contra legítima defesa, descartada pois a possibilidade da excludente recíproca. 5.3 ESTADO DE NECESSIDADE – ELEMENTOS OBJETIVOS

Diferente do que acontece com a legítima defesa, no estado de necessidade não há ação para repelir agressão injusta, mas sim um confronto de bens jurídicos postos sob determinado perigo inevitávelVejamos a definição do legislador no artigo 24 do CP: Art. 24 - Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou

alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se.Notemos, ab initio, que se cuida da prática de Fato típico para resguardar bem jurídico de PERIGO, não de agressão. O perigo constitui o risco ao bem jurídico gerado por qualquer causa que não a conduta humana. Caso contrário estaríamos diante de legítima defesa.Interessante discussão gira em torno do elemento temporal que envolve o perigo e que justifique a ação em estado de necessidade. É que ao tratar da legítima defesa a lei usa o a expressão “atual ou iminente”, contudo, ao tratar de estado de necessidade o legislador reportou-se somente ao “PERIGO ATUAL”.Formulou-se em doutrina a seguinte questão: para o reconhecimento do estado de necessidade, o perigo tem necessariamente de ser atual ou poderia também ser iminente.Aqui podemos identificar em doutrina aqueles que entendam que a diferença tenha decorrido de mero equívoco de redação. Para estes, a mens legis substantiva penal quer, em verdade dizer “perigo atual ou iminente”.Em que pesem os argumentos defendidos no raciocínio acima, ousamos discordar. Na realidade, devemos evitar, a todo custo, a interpretação que ignore o texto legal.Ademais, nos argumentos daqueles que defendem a possibilidade de justificação em estado de necessidade praticado perante perigo iminente, parece haver confusão entre os conceitos de perigo e de dano.A própria idéia de perigo já pressupõe, ao menos um dano iminente, este sim justifica o sacrifício de bem pertencente a terceiro inocente. Todavia, caso estendamos o conceito para abarcar até mesmo um perigo iminente (situação em que sequer há o perigo), estaríamos a admitir o estado de necessidade para a defesa de dano futuro – e não dano iminente – uma vez que o perigo atual é que traz a iminência do dano.Como se não bastasse, o texto legal sinaliza claramente neste sentido, tendo em vista que exige que o perigo não possa ser evitado. Ora, o perigo iminente (que ainda não iniciou) pode ser evitado e, caso não o possa, é de se reconhecer que se tornou atual. Não parece razoável que o estado de necessidade, devendo ser caminho indeclinável pelo agente, possa receber elastério que permita a aço frente a um dano futuro – e como todo futuro: eventual.Com a maestria que só a ele é peculiar, salienta José Frederico Marques[1] que “não se inclui aqui o perigo iminente porque a atualidade se refere ao perigo e não ao dano”No mesmo sentido, vejamos o ensinamento do professor Fernando Capez[2]:

“... falar em perigo iminente equivaleria a invocar algo ainda muito distante e improvável, assim como uma iminência de um dano que está por vir. Nessa hipótese, a lei autorizaria o agente a destruir um bem jurídico apenas por que há uma ameaça de perigo, ou melhor, uma ameaça de ameaça. Em decorrência disso, entendemos que somente a situação de perigo atual autoriza o sacrifício do interesse em conflito”Nossa, conclusão portanto é pela exigência de perigo atual (dano iminente) para o reconhecimento do estado de necessidade – excluindo-se a idéia de perigo iminente.Outra distinção entre a presente excludente e a legítima defesa reside no fato de que, em regra, nesta e dada ao agente a escolha pessoal acerca do uso ou não da causa de justificação, em outras palavras: o sujeito pode optar pela legítima defesa, enquanto que, em relação ao estado de necessidade, a lei diz claramente “NEM PODIA DE OUTRO MODO EVITAR”.Não é de causar espécie a posição do legislador, uma vez que o estado de necessidade pressupõe

ação para salvar bem jurídico, ferindo direito de terceiro inocente. Não poderia ser diferente, o estado de necessidade não é um caminho à escolha do agente, mas sim uma solução legitimada pelo direito porque inevitável.Destaque-se que a legislação somente permite a atitude do agente que salva determinado bem de perigo “QUE NÃO PROVOCOU POR SUA VONTADE”.Em relação a este ponto a doutrina formula a seguinte questão: pode alegar estado de necessidade aquele que tenha causado o perigo com culpa?Tem prevalecido em doutrina o entendimento que a vedação legal estende-se somente ao causador do perigo que tenha atuado dolosamente, permitindo-se agir em estado de necessidade aquele que tenha causado o dano por imprudência, negligência ou imperícia.Por fim, cumpre lembrar que o legislador exige a “RAZOABILIDADE DO SACRIFÍCIO CAUSADO”, é que no estado de necessidade dois bens jurídicos são postos sob uma “balança”, devendo o agente optar pelo que tenha mais valor se distintos os bens, podendo escolher qualquer deles casos idênticos.Desta forma, o agente em estado de necessidade deve sempre proceder ao sacrifício de bem de menor ou igual valor jurídico àquele que pretende salvaguardar, sob pena de incorrer em excesso punível.Contudo o legislador, no §2º do artigo 24, abrandou o rigor matemático do sacrifício razoável, prevendo redutor de pena quando o bem destruído apresenta valor jurídico superior ao protegido. Vejamos a letra da lei: § 2º - Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.

5.3.1 NATUREZA JURÍDICA DO ESTADO DE NECESSIDADE

Ponto de relevo a ser destacado no estudo do estado de necessidade, é o relativo à sua natureza jurídica.Com efeito, tratando do tema a doutrina apresenta duas teorias:a) Teoria Unitária do estado de necessidade – para os defensores desta corrente o estado de necessidade teria sempre a característica de excludente de ilicitude. Segundo este pensamento, teríamos sempre estado de necessidade justificante, tanto quando o agente destrói bem de inferior valor jurídico, quanto quando é posto sob sacrifício bem de igual valor. ESTA FOI A OPÇÃO TOMADA PELO LEGISLADOR DE 1984, portanto a teoria brasileira.b) Teoria Diferenciadora do estado de necessidade – Para esta teoria o estado de necessidade pode ter dupla natureza. Desta forma, quando o agente lograsse a proteção de bem de valor jurídico superior ao destruído estaríamos diante de verdadeira causa de justificação (excludente de ilicitude).Entretanto, ao proteger bem de igual valor não incidiria o agente em um tipo permissivo que lhe tornasse justa a conduta, mas sim estaria diante de fato típico, ilícito, mas não-culpável. Assim, o estado de necessidade excluiria a culpabilidade (por inexigibilidade de conduta diversa, e na a ilicitude).Resumindo: quando o bem sacrificado fosse de menor valor – estado de necessidade justificante; quando o bem sacrificado fosse de igual valor: estado de necessidade exculpante. Daí o nome de

teoria diferenciadora. Em que pese o rigor teórico que embasa a teoria diferenciadora – que inclusive reputamos mais técnica (obviamente falamos de lege ferenda) – o artigo 23 do CP fez clara opção pela teoria unitária de modo que em um concurso público – sobretudo em se tratando de questão objetiva – devemos reconhecer apenas caráter justificante ao estado de necessidade.Por fim, cumpre salientar que o Código Penal Militar, ao contrário do Direito Penal Comum, adota em seu artigo 43 a teoria diferenciadora. Vejamos a redação da lei castrense: “Art. 43. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para preservar direito seu ou alheio, de perigo certo e atual, que não provocou, nem podia de outro modo evitar, desde que o mal causado, por sua natureza e importância, é consideravelmente inferior ao mal evitado, e o agente não era legalmente obrigado a arrostar o perigo.” 5.3.2 ESTADO DE NECESSIDADE DEFENSIVO E ESTADO DE NECESSIDADEAGRESSIVO A doutrina costuma diferenciar os conceitos de estado de necessidade defensivo e agressivo:DEFENSIVO: a conduta do agente volta-se contra a coisa da qual promana o perigo.Por exemplo, imagine que contra Tício se dirija cão feroz. Teríamos estado de necessidade defensivo se aquele, sem ter outra alternativa, desferisse tiro certeiro em local letal no animal. Note-se que a atitude de Tício foi contra a coisa da qual vinha o perigo, isto é, o cão.AGRESSIVO: a conduta do agente volta-se contra a coisa (ou pessoa) distinta da qual promana o perigo.Tomemos como exemplo a mesma situação anterior em que contra Tício se dirijia cão feroz. Caso nosso protagonista não investisse contra o animal, mas (para defender-se) colocasse na frente do cachorro uma criancinha que vinha passando pela rua, vindo a causar-lhe sérios ferimentos em virtude das mordidas do bicho, estaríamos diante do estado de necessidade agressivo, pois teria Tício agido contra coisa (ou pessoa) diversa da qual vinha o perigo.

5.3.3 ESTADO DE NECESSIDADE DE 3º E BEM DISPONÍVEL Ao verificar o tipo legal do estado de necessidade, notamos que o legislador permite a conduta típica na salvaguarda de bem próprio ou de terceiro.Contudo, destaque-se que a doutrina tem salientado que, em se tratando de bem de terceiro que seja disponível, a atividade em estado de necessidade depende da autorização do titular do bem, isto é, o sujeito só pode proteger o patrimônio alheio (exemplo de bem disponível) caso o seu dono autorize.Isto porque estando o bem na esfera de disposição do agente, pode o sujeito preferir o seu sacrifício à destruição de outro bem jurídico em estado de necessidade, (ainda que o outro bem juridicamente possua igual valor).

5.4 O ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL

5.4.1 NATUREZA JURÍDICAEntre nós, inevitável a conclusão de que o cumprimento de dever legal exclui a antijuridicidade, isto é, trata-se de causa de justificação. Esta conclusão não resulta de análise filosófico-científica, mas parte da simples leitura do dispositivo legal inserto no artigo 23 do Código Penal. Ante a clara disposição legal não nos resta outra saída. Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:I - em estado de necessidade;II - em legítima defesa;III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. Contudo, resta salientar o que em doutrina nomeou-se TEORIA DA TIPICIDADE CONGLOBANTE, vejamos:Para esta teoria (defendida por Zaffaroni[3], dentre outros), enxergar-se o estrito cumprimento de dever legal como excludente de ilicitude resultaria no contra-senso de se concluir que a lei proíbe e ordena ao mesmo tempo determinada conduta.Com muito sentido, o Mestre Argentino percebe que se a conduta é ordenada pela lei, não poderia ser ao mesmo tempo antinormativa (proibida).Ora, partindo deste raciocínio, dever-se-ia excluir da hipótese típica toda conduta que fosse decorrente de dever imposto por lei, isto faria com que o estrito cumprimento do dever legal excluísse a tipicidade e não a ilicitude.Segue o raciocínio, afirmando que a tipicidade penal seria então composta de dois elementos: TIPICIDADE FORMAL + TIPICIDADE GONGLOBANTE = TICIDADE PENAL A TIPICIDADE CONGLOBANTE seria, por sua vez, também composta de dois elementos:a) TIPICIDADE MATERIAL – relevância jurídico-material do bem ameaçado ou atingido pela conduta (princípio da insignificância); eb) AUSÊNCIA DE DETERMINAÇÂO LEGAL DA CONDUTA – estaria relacionada ao fato de aquela conduta ser ou não ordenada pela lei, daí o termo “conglobante”, no sentido de que o ordenamento como um todo deve ser observado antes de se concluir pela tipicidade penal do fato.A construção descrita é de fato sedutora sob a ótica técnica, entretanto destoa do disposto no artigo 23 do CP, de modo que convém (ao menos para efeito de prova) discordar de suas conclusões, conferindo ao estrito cumprimento do dever legal a natureza de causa de justificação e não de excludente de tipicidade (conglobante).

5.4.2 SUJEITOS

Inicialmente, impende frisar que somente o “dever legal” pode gerar a excludente em comento, a obrigação decorrente de contrato ou relação jurídica infralegal não gera para o agente a causa de justificação em comento.Por esta razão, em doutrina, há quem defenda que a exclusão de ilicitude derivada do estrito cumprimento do dever legal somente possa aproveitar a quem seja funcionário público[4] (em sentido amplo).

Contudo, não parece a conclusão ser a mais acertada. É que se olvidam aqueles que defendem o posicionamento acima de que o particular – ainda que não investido em função pública – pode ter o dever legal de agir. É o caso dos pais em relação à proteção dos filhos, ou o caso do médico em relação a quem necessite de socorro.Assim, razão assiste àqueles – doutrina majoritária entre nós – que advogam a tese de que o estrito cumprimento do dever legal não é excludente privativa de funcionário público.

5.4.3 ALEGAÇÃO EM CRIMES CULPOSOSInteressante questão é saber se a excludente em comento pode ser alegada em favor daquele que haja praticado fato típico culposo.Ab initio, destaque-se que é perfeitamente cabível a alegação de estrito cumprimento do dever legal em se tratando de fatos dolosos. Vejamos o seguinte exemplo:Imaginemos que Caio é o policial incumbido de realizar a prisão de perigoso bandido – Mévio. Suponhamos que ao encontrar o malfeitor Caio anuncie-lhe a prisão e que, incontinenti, Mévio empreenda fuga pelas ruas da cidade, obrigando o policial a persegui-lo. Durante a busca, Caio – após analisar a situação – chega à conclusão de que é necessário pular por sobre o fugitivo para pará-lo. Ao realizar a ação, termina por derrubar o criminoso, causando-lhe lesões leves nos joelhos – em decorrência da queda.Note que no exemplo acima foi realizada conduta dolosa (ao menos dolo eventual) de que resultou fato típico correspondente ao crime de “lesões corporais” (artigo 129, caput, do CP), entretanto o agente não responderá tendo em vista ter atuado em estrito cumprimento do dever legal.Pergunta-se: o mesmo ocorreria – no exemplo acima – caso da conduta de Caio gerasse resultado típico culposamente?Acreditamos que não. Explico:Na realidade o estrito cumprimento do dever legal, exige atividade plenamente abraçada por lei, sem que o agente extrapole os limites de seu dever.Ora, definindo-se o crime culposo como sendo “quando o agente deu causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia[5]”, não seria razoável a conclusão de que, mesmo sendo imprudente, o agente agiu em ESTRITO cumprimento do dever legal.Imaginemos que, no exemplo supra, Caio após analisar a situação resolve atirar em direção às pernas do criminoso, o que de fato ocorre. Entretanto, a bala atravessa o criminoso e, ricocheteando no solo, vem a atingir também uma criancinha que brincava nas adjacências, causando-lhe a morte.Em relação ao fato típico doloso – lesão causada em Mévio – seria possível o reconhecimento da causa de justificação do estrito cumprimento de dever legal, todavia não seria plausível sua alegação em relação ao fato culposo, isto é, ao homicídio culposo da criança.

5.5 O EXERCÍCIO REGULAR DE DIREITOO fundamento deste derradeiro tipo permissivo legal é o fato de o direito penal possuir caráter meramente fragmentário.É que não se presta o direito penal a inaugurar proibições, uma vez que cuidando de medida restritiva de direitos, deve a intervenção estatal na liberdade do cidadão constituir medida excepcional que somente tem cabimento diante de extrema e comprovada necessidade.Assim, antes de qualquer conduta receber a extrema reprovação do direito penal ela precisa constituir

ilícito também em relação a outros ramos do direito, de maneira que jactais uma conduta permitida por outro direito será objeto de proibição pelo direito penal, esta é a essência da justificante do exercício regular de direito.Ora, diante do princípio da plenitude lógica do direito, não faz nenhum sentido que a lei possa permitir e proibir ao mesmo tempo a mesma conduta. Exemplificando, vejamos o crime previsto no artigo 32 da Lei 9.605/98: Art. 32. Praticar ato de abuso, maus-tratos, ferir ou mutilar animais silvestres, domésticos ou domesticados, nativos ou exóticos: Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa. Imaginemos aquele que possui uma criação de porcos para o abate (supondo que seja um criadouro autorizado). Não há como negar que aquele que vai abater animais vai feri-los primeiro.Porque então os grandes criadores não são punidos?Na realidade, estes estabelecimentos agem sob o amparo de um alvará de funcionamento expedido pela autoridade competente, o que lhes dá o direito de explorar este segmento de mercado. Obviamente, se o direito administrativo (comercial etc.) permite a conduta, não é o direito penal que vai proibi-la.Em doutrina os exemplos mais comuns da excludente do exercício regular de direito são:

a) a violência desportivab) a intervenção cirúrgicac) a correção dos pais sobre os filhos menores

Obviamente a excludente só ampara situações REGULARES do exercício de direito, o excesso será naturalmente punido, conforme dicção do parágrafo único do artigo 23 do Código Penal – a ser estudado logo à frente

5.6 RESPONSABILIDADE PELO EXCESSOReza o parágrafo único do artigo 23 do Código penal: “O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo”.Nota-se, portanto que ainda que haja a situação fática autorizadora da causa de justificação, deve o agente respeitar os limites objetivos do tipo penal permissivo, sob pena de ver-se responsabilizado pelo excesso que venha a gerar.Quanto ao elemento subjetivo, a doutrina costuma classificar o excesso em:a) Excesso doloso: decorre de conduta deliberadamente excessiva do agente que – por menosprezo ou indiferença quanto ao bem alheio – escolhe a via do excesso tendo ciência de que atua além do necessário, causando no outro um dano não autorizado por lei. É o caso daquele que, após repelir a agressão de seu oponente prossegue agindo de maneira a causar-lhe novos danos.b) Excesso Culposo: decorre de negligência, imprudência ou imperícia na utilização dos meios adequados à realização da atitude amparada pela excludente de ilicitude. Como exemplo, imaginemos que Caio, em legítima defesa, efetue um disparo de arma de fogo em Tício, buscando atingi-lo na perna para fazer cessar a agressão. Suponhamos que Caio tenha

esquecido do fato de que aquela arma que utilizava dava um enorme “coice” ao disparar e, assim termina por atingir a cabeça de Tício com um tiro letal, que era desnecessário para repelir a agressão.Note-se que o excesso culposo pressupõe o concurso de três requisitos: a) que o agente inicie a sua conduta dentro de uma excludente (como no exemplo acima caio iniciou em legitime defesa); b) que o resultado advenha de negligência, imprudência ou imperícia e c) que o resultado seja típico na modalidade culposa – uma vez que o § único do artigo 18 do CP exige previsão expressa para a modalidade culposa de crime.Poderíamos assim resumir, portanto o excesso:

- Inicial legítima defesa

- Culpa no excesso

- Resultado culposo típico

. Doloso ou consciente . Culposo

5.7 O ERRO NA EXECUÇÃO DAS EXCLUDENTES DE ILICITUDE Outro ponto de relevo no estudo da ilicitude penal é o da conseqüência jurídico-penal que teria a atividade do agente que – agindo em legítima defesa ou em estado de necessidade – viesse a causar um dano não desejado por erro na execução da defesa do bem ameaçado.Inicialmente saliente-se que trabalharemos sempre com a idéia de que o resultado diverso do pretendido pelo autor adveio de erro, nunca de dolo.Pois bem, imagine que Mévio – na intenção de repelir injusta agressão oriunda de Tício – venha a efetuar contra seu oponente um disparo de arma de fogo. Suponhamos que a bala atinja de raspão o agressor no braço e que – atravessando o corpo de Tício – venha a ferir mortalmente Caio, uma criancinha que brincava nas imediações do local.Pergunta-se: Mévio poderá ser absolvido do homicídio de Caio, alegando em seu favor ter agido em legítima defesa?A resposta é afirmativa.Na realidade, não fica excluída a justificante pelo fato de – em decorrência de erro – ter o agente causado dano a pessoa diversa do agressor. Em outras palavras: mantém-se a legítima defesa. Da mesma forma o estado de necessidade.Entretanto, em relação aos efeitos civis, vale lembrar que caberá indenização ao terceiro inocente atingido, ainda que se trate inicialmente de legítima defesa.Em verdade, a atitude em estado de necessidade agressivo naturalmente gera o dever de indenizar em relação ao terceiro, ainda que não se trate de situação decorrente de erro. Por exemplo: Caso Mévio, para livrar-se de carro desgovernado que vinha em sua direção, acabe investindo contra Tício, que passava de bicicleta, causando-lhe lesões; restará (em que pese a sua absolvição criminal pelo estado de necessidade) o dever de indenizar o terceiro (Tício) – cabendo logicamente ação de regresso contra

o responsáel pela causação do perigo.Contudo, o mesmo não ocorre em se tratando de legítima defesa. Justifica-se o posicionamento pelo fato de que a legítima defesa volta-se necessariamente contra o agressor.Ora, aquele que se presta a praticar injusta agressão contra outrem, deve preparar-se para suportar a retaliação da vítima, sem que disso lhe surja pretensão indenizatória próspera, isto é, aquele que resolve agredir outra pessoa não pode pretender receber indenização daquele que apenas se defendia. Por isso afirmamos que (ao menos em tese) a legítima defesa não gera o dever de indenizar, como o faz o estado de necessidade.Todavia, em se tratando de uma situação aberrante (resultado não pretendido pelo autor, que deriva de erro na execução) é atingido um terceiro inocente que nada tem com a agressão que gerou a legítima defesa.Assim, não se pode negar o direito à indenização que esta ao atingido neste caso. Obviamente, caberá ação regressiva contra o causador da agressão injusta.

6. JUSTIFICAÇÃO SUPRA LEGALInicialmente, a justificação supra legal de condutas típicas teve assento na Alemanha ante a omissão no código daquilo que hoje conhecemos como estado de necessidade. Desenvolveu-se a teoria para que se pudesse evitar a punição daquele que pratica o fato para salvar bem jurídico de perigo atual inevitável.Contudo, a construção perde o relevo em relação ao direito penal brasileiro, tendo em vista que o CP (artigos 23 e 24) trata especificamente do tipo permissivo denominado estado de necessidade.Cumpre destacar, todavia, que a teoria da existência de justificações fora do texto da lei tem extrema importância no trato penal relativo ao consentimento do ofendido.Na realidade, a concordância da vítima, para que se caracterize como excludente supra legal de ilicitude, exige a presença simultânea de 03 requisitos: a) LICITUDEb) VALIDADEc) AUSÊNCIA DO DISSENSO DA VÍTIMA NA DEFINIÇÃO LEGAL DO CRIME Em relação à LICITUDE, observamos que o consentimento tem de ser dado em relação a bem disponível, visto que a concordância da vítima, em relação à destruição de bem indisponível é, em tese, irrelevante para o direito.Assim, o eventual consenso da vítima no crime de homicídio (por exemplo) não produz qualquer efeito, devendo o agente responder pelo resultado causado por sua condutaEm se tratando se VALIDADE, o consentimento deve ser realizado por pessoa capaz de consentir, de modo que não tem qualquer relevância a concordância realizada por criança ou por um louco (por exemplo).Por fim, exige a doutrina que o dissenso da vítima não constitua elementar do tipo penal.É que existem tipos que trazem como requisito essencial à definição do crime a discordância da vítima. Nestes delitos, o fato praticado em acordo com a vontade do titular do bem ameaçado é atípico por não completar todos as elementos de definição legal do crime.

Exemplificando: o crime de estupro (CP, art. 213) tem a seguinte redação: Art. 213 – Constranger mulher à conjunção carnal mediante violência ou grave ameaça.Pena - reclusão, de seis a dez anos. Note-se que o núcleo do tipo (o verbo “constranger”) traz de maneira intrínseca o dissenso do sujeito passivo, uma vez que constranger é – a grosso modo – obrigar uma pessoa a fazer o que ela não quer.Assim, caso Tício pratique uma conjunção carnal consentida com Manuela, estaríamos diante de um fato atípico, e não diante de um fato típico amparado por excludente de ilicitude supra legal.É de se perceber que, neste caso, o consentimento da vítima excluiu a tipicidade e não a ilicitude.A situação é entretanto distinta quando – em se tratando de crime que cuida da proteção de bem disponível – a vítima capaz vem a consentir na prática da conduta típica.Tomemos de exemplo o crime de dano (artigo 163 do CP): Art. 163 – Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Notemos que no tipo penal acima não está contido – como circunstância elementar – o dissenso da vítima. O crime de dano pode inclusive ser praticado na clandestinidade que continuará a constituir ilícito penal.Pois bem, imaginemos que Mévio – apressado para importante reunião –tenha esquecido indispensável relatório em sua residência.Ao perceber o descuido, Mévio dirige-se a seu lar. Chegando, nota que tenha deixara a chave de casa no escritório. Assim, já sem mais poder esperar, autoriza que Caio, seu amigo, arrombe a porta para que possa pegar o documento.Neste caso temos uma conduta que se amolda perfeitamente à norma penal incriminadora (fato típico), mas que carece de ilicitude, ante à presença da excludente supra legal do consentimento do ofendido.Desta forma, podemos resumir os efeitos do consentimento válido dado sob bem disponível:a) Em se tratando de tipo penal em que o dissenso da vítima constitui elementar do crime – excludente de tipicidade;b) Em se tratando de tipo penal em que o dissenso da vítima não constitui elementar do crime – excludente de ilicitude supra legal. EXERCÍCIOS 01 – (Policia Civil – MG – 2007 – ACADEPOL). Quanto às causas de justificação é CORRETO afirmar que: a) Na administração da justiça por parte dos agentes estatais é meio legitimo o uso de armas com o intuito de matar individuo que tenta evadir-se de cadeia pública.b) O policial ao efetuar prisão em flagrante tem sua conduta justificada pela excludente do exercício regular de direito.

c) Pode ser causa de exclusão da ilicitude o consentimento do ofendido nos delitos em que ele é o único titular do bem juridicamente protegido e pode dele dispor livremente.d) A obrigação hierárquica é causa de justificação que exclui a ilicitude da conduta de agente público. 02 - (Policia Civil – MG – 2007 – ACADEPOL). Com relação às causas excludentes de ilicitude, é CORRETO afirmar que: a) Não existem causas supra legais de exclusão da ilicitude, uma vez que o art. 23 do Código Penal pode ser entendido como numerus clausus.b) Não se reconhece como hipótese de legítima defesa a circunstância de dois inimigos que supondo que um vai agredir o outro, sacam suas armas e atiram pensando que estão se defendendo.c) São requisitos para configuração do estado de necessidade a existência de situação de perigo atual que ameace direito próprio ou alheio, causando ou não voluntariamente pelo agente que não tem dever legal de afasta-lo.d) Trata-se de estrito cumprimento de dever legal a realização, pelo agente, de fato típico por força do desempenho de obrigação imposta por lei. 03 - (Delegado Substituto – ES – 2006 – CESPE). É apresentada uma situação hipotética acerca das normas pertinentes à parte geral do Código Penal. Julgue o item: A lei não permite o emprego da violência física \como meio para repelir injúrias ou palavras caluniosas , visto que não existe legitima defesa da honra. Somente a vida ou a integridade física são abrangidas pelo instituto da legítima defesa. 04 – (Delegado de Policia – SC – 2008 – ACAFE). As causas de exclusão de ilicitude, previstas no artigo 23 do Código Penal, devem ser entendidas como cláusulas de garantia social e individual. Sobre as excludentes, considere as seguintes afirmativas: 1) Atua em legítima defesa quem repele ataque de pessoa inimputável ou de animal descontrolado2) Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo.3) Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato mediante existência de perigo atual, involuntário e inevitável.4) O estrito cumprimento do dever legal pressupõe que o agente atue em conformidade com as disposições jurídico-normativas e não simplesmente morais, religiosas ou sociais. Assinale a alternativa correta:a) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.b) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras.c) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras.d) Somente as afirmativas 1 e 3 e 4 são verdadeiras.e) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. 05 - ( Delegado de Policia – ACRE – 2008 – CESPE). Analise as alternativas a seguir e

assinale a correta:A) São requisitos da legitima defesa : a) existência de um perigo atual, b) perigo que ameace direito próprio ou alheio, c) conhecimento da situação justificante e d) não provocação voluntária da situação de perigo pelo agente.B) O Código Penal adotou a teoria diferenciadora para definir a excludente de ilicitude do “estado de necessidade”. Assim sendo, atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheiro de valor superior que o sacrificado exclui-se a ilicitude. Entretanto, se os bens em conflito forem equivalentes, ou se o bem preservado for de valor inferior ao sacrificado, não incidirá a excludente. C) São elementos da culpabilidade, segundo a Teoria Finalista da Ação: a) imputabilidade, b) potencial consciência da ilicitude e c) exigibilidade de conduta diversa.D) O oficial de justiça que executa uma ordem judicial de despejo age no exercício regular de um direito. RESUMO DE AULAS Professores: Deusdedy/Demétrius. DA CULPABILIDADE CONCEITO: A idéia da culpabilidade surge a partir da percepção pelos penalistas de que, sendo a penal a mais grave das punições, não faria sentido a atribuição de sanção penal ao agente sobre o qual não recaísse um juízo de reprovabilidade.Assim, constituiu-se a culpabilidade como sendo o juízo de reprovabilidade que recai sobre o autor do injusto.Ocorre que, ao passar dos tempos, a culpabilidade foi sendo acrescida de critérios normativos e tomando um contorno muito mais técnico que traz o conceito que hoje é adotado pela maioria doa autores e que corresponde à doutrina finalista de Hans Welzel (1931).Segundo o escólio de Zaffaroni e Pierangeli, a culpabilidade é a reprovabilidade do injusto ao autor.Um injusto (fato típico e ilícito) é culpável quando reprovável ao autor a realização desta conduta. Isso decorre do fato de o agente não se ter arrimado na norma, quando isto lhe era exigível.Ao não ter agido conforme o direito (quando podia e lhe era exigível), o autor mostra uma índole que contraria o ordenamento. Este é o conceito normativo de culpabilidade.Desta forma, no atual panorama do direito penal a culpabilidade pode ser conceituada como sendo: O juízo de reprovação que recai sobre o agente do fato que – no momento da conduta – tinha a capacidade de entender e de querer, e de quem se poderia exigir agisse conforme o direito, e não agiu.Adiante trabalharemos pormenorizadamente cada um dos elementos deste conceito.

TEORIAS DA CULPABILIDADETEORIA PSICOLÓGICA PURA DA CULPABILIDADE Atrelada ao causalismo de Von Liszt e Beling, surgiu no séc. XIX a chamada teoria psicológica pura da culpabilidade. Podemos a grosso modo resumir sua construção afirmando que a culpabilidade era medida pela posição psicológica do agente em face do bem jurídico atingido da vítima.Assim, verificando ter o agente atuado com desprezo ou indiferença para com o bem tutelado, teríamos uma “culpabilidade dolosa”, caso sua posição fosse de apenas descuido, estaríamos diante de uma “culpabilidade culposa” (que por sua vez poderia ser leve, grave ou gravíssima).Desta forma, a culpabilidade tinha somente aspectos pscicológicos (o dolo ou a culpa), possuindo como pressuposto a imputabilidade, apresentando o seguinte aspecto: CULPABILIDADE: (Teoria Psicológica pura) - IMPUTABILIDADE / DOLO E CULPAAs principais críticas que se faz a esta teoria consistem em que não se resolveria o problema da culpa inconsciente (em que não há relação psicológica entre o autor e o fato), nem o da imputabilidade (note-se que o doente mental, v.g., mantém uma relação psicológica com o delito). TEORIA PSICOLÓGICO-NORMATIVA DA CULPABILIDADE Passado o tempo, notou-se que a culpabilidade não poderia ocupar-se apenas de aspectos psicológicos, uma vez que seria necessário excluí-la quando – diante de situações anormais – ao agente não fosse exigível ação conforme o direito. Surgia a inexigibilidade de conduta diversa como elemento da culpabilidade.É no início do séc. XX que – atrelada ao pensamento neokantiano (Goldschmidt, Freudenthal e Mezger) – ganha força a teoria em comento.Sob esta ótica a culpabilidade passou a possuir o seguinte aspecto: CULPABILIDADE: (Teoria Psicológico-Normativa) IMPUTABILIDADE / DOLO E CULPA / EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSANesta concepção o dolo contém a consciência da ilicitude (elemento normativo – chamado de dolus malus), isto é na conduta dolosa deveria haver a intenção de praticar os elementos do tipo penal (dolo natural) e a consciência de que estaria sendo violado o ordenamento jurídico.No Brasil, esta concepção de culpabilidade somente foi abandonada definitivamente em 1984. TEORIA NORMATIVA PURA DA CULPABILIDADEResultante da teoria finalista da ação (Hans Welzel – 1931), surge a Teoria Normativa Pura da culpabilidade, abandonou-se totalmente o caráter psicológico restando apenas elementos normativos.Segundo o próprio Welzel, a culpabilidade “é uma qualidade valorativa negativa da vontade de ação e não a vontade em si mesma”, estava registrada a crítica às demais teorias. Vislumbrou-se que não havia caráter subjetivo ou psicológico na culpabilidade, mas que “um estado anímico pode ser portador de uma culpabilidade maior ou menor, mas não pode ser uma culpabilidade (maior ou

menor)”. Isto é, não se pode confundir o juízo que se faz acerca de um fato, com o próprio fato.Desta forma, todos adotou-se uma culpabilidade despida do caráter psicológico, seguindo agora com três elementos quais sejam:a) Imputabilidade;b) Exigibilidade de conduta diversa;c) Potencial consciência da ilicitude do fato;Em relação a este último, cumpre salientar que resultou da desvinculação da consciência da ilicitude do desejo puro e simples de praticar os elementos do tipo penal (dolo natural).Na realidade, (como havíamos salientado) o dolo continha um aspecto psicológico (intenção de praticar os elementos do tipo penal) e um normativo (consciência de estar violando o ordenamento). Com o advento do Finalismo, o aspecto subjetivo migrou para a conduta (que passou a ser uma c̈onduta final¨), restando na culpabilidade apenas o seu aspecto normativo que deu origem ao que hoje conhecemos como ¨potencial consciência da ilicitude do fato¨. IMPUTABILIDADE CONCEITOPara Aníbal Bruno a imputabilidade seria: “conjunto das condições de maturidade e sanidade mental que permitem ao agente conhecer o caráter ilícito do seu ato e determinar-se de acordo com esse entendimento”. Assim, em outras palavras, teríamos a culpabilidade como sendo a capacidade pessoal do agente de responder penalmente pelo injusto que haja cometidoEssa capacidade compreenderia dois aspectos: a) intelectivo – capacidade de compreender o caráter ilícito do fato; b) volitivo – capacidade de portar-se de acordo com este entendimento – autodeterminação. CAUSAS DE EXCLUSÃO: Note-se que Código Penal não conceitua a inimputabilidade.Contudo, partindo dos artigos 26 e seguintes, que definem as situações de inimputabilidade, seguindo uma interpretação a contrario sensu, poderíamos conceituar (conceito “legal”) da seguinte forma: “considera-se inimputável o agente que, por menoridade, embriaguez fortuita ou patológica, doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da conduta, totalmente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.” Na realidade, presume-se a imputabilidade do agente, somente concluindo ordenamento pela sua não responsabilização quando diante de alguma das causas de exclusão.

MENORIDADESão penalmente inimputáveis os menores de 18 anos. A Constituição Federal prevê a causa em comento em seu artigo 228, enquanto no CP encontramos o trato legal da menoridade no artigo 27, com a seguinte redação: “Art. 27 - Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.” Como se nota, os menores de 18 anos sujeitam-se, às medidas sócio-educativas previstas no Estatuto da Criança e do Adolescente (Lei 8069/90), no caso da prática de ato infracional (conduta definida como crime na Lei Penal).A Lei Penal consagra o chamado CRITÉRIO PURAMENTE BIOLÓGICO, também denominado ETÁRIO. Nestes casos, parte-se da presunção absoluta de que aquele que ainda não possui 18 anos não tem capacidade de compreender o caráter ilícito do fato, sendo, portanto, inimputável.Segundo doutrina majoritária, o sujeito torna-se imputável a partir da 00:00h do dia de seu aniversário de 18 anos, não tendo relevância penal o momento do nascimento do agente.De acordo com o artigo 155 do CPP, a prova da menoridade deve ser feita nos mesmos moldes da lei civil, isto é, mediante certidão do registro competente. Entretanto o STJ (súmula 74) tem abrandado o rigor do dispositivo permitindo que a prova da menoridade se dê por (qualquer) documento hábil – como, v. g., uma certidão de batismo. ENFERMIDADE MENTALA deficiência de ordem mental no direito penal pode manifestar-se principalmente de 2 maneiras: a) Doença mental – alteração mórbida da saúde mental, independentemente de sua origem. Ex.: paralisia cerebral progressiva, esquizofrenia, psicose maníaco-depressiva, epilepsia grave, demência senil, paranóia) – art. 26, CPB. b) Desenvolvimento mental incompleto ou retardado – Ex.: oligofrenias – idiotia, imbecilidade, debilidade mental, psicopatia etc. [6] Adota a lei um CRITÉRIO BIOPSICOLÓGICO, isto é, alem da verificação da enfermidade mental é necessário que o agente tenha diminuída sua capacidade de “entender ou de querer”.Desta forma faz-se tripla exigência:Temporal: a enfermidade deve abater o agente no momento da conduta. Caso ao sujeito da conduta sobrevenha doença mental, não teremos o caso de inimputabilidade.Conseqüencial: é necessário que da enfermidade advenha incapacidade de compreender o caráter ilícito do fato ou incapacidade de determinar-se de acordo com este entendimento.Quantitativo: como a lei penal adota o critério bio-psicológico, admite-se gradação em relação ao problema mental que atinge o agente. Vejamos: Assim, concluímos que o agente do fato pode ser:a) INIMPUTÁVEL - quando a enfermidade lhe atinge de tal maneira que ele se mostra inteiramente

incapaz de compreender o caráter ilícito do fato ou de portar-se de acordo com este entendimento.Nesta hipótese o agente será absolvido[7] - por ausência de culpabilidade - mas (se perigoso) estará sujeito a medida de segurança (vide Súmula 422 do STF).NOTA: Adotamos no Brasil o chamado sistema vicariante. Este não admite, no mesmo processo, a aplicação simultânea de pena e medida de segurança, assim:I) Caso o agente seja imputável no momento da conduta, mas lhe sobrevenha doença mental no curso da execução, haverá a substituição da pena pela medida de segurança (LEI 7.210/84, artigo 183);II) Caso o agente seja imputável no momento da conduta, mas lhe sobrevenha doença mental no curso do processo, haverá suspensão do feito até o restabelecimento do acusado (CPP, artigo 152);III) Caso o agente seja inimputável no momento da conduta, mas se restabeleça posteriormente, será absolvido em relação ao fato, não havendo medida de segurança.O sistema Brasileiro (Vicariante) se contrapõe ao sistema “duplo binário” que vigorava no Brasil até 1984[8]. Nesta época era possível que, para o mesmo fato fosse aplicada pena e medida de segurança. O agente somente iniciava esta quando aquela cessasse.b) SEMI-IMPUTÁVEL - quando o agente, em decorrência da enfermidade, não possuía a inteira capacidade de compreender o caráter ilícito do fato ou de portar-se de acordo com este entendimento.Nesta hipótese o agente será condenado pelo fato, mas terá em sua PENA uma redução de 1/3 a 2/3[9]. A medida de segurança para o semi-imputável, caso haja, será em caráter substitutivo da pena.NOTA: segundo o artigo 96 do CP, as medidas de segurança são de Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico ou, à falta, em outro estabelecimento adequado e de sujeição a tratamento ambulatorial.Caso o agente inimputável tenha cometido um crime punível com reclusão (hipótese em que a lei presume a periculosidade), o juiz determinará sua internação. Se, todavia, o fato previsto como crime for punível com detenção, poderá o juiz submetê-lo a tratamento ambulatorial[10]. EMBRIAGUEZCuida-se da “intoxicação por álcool ou substância de efeitos análogos”.A embriaguez pode ser:a) PREORDENADA – hipótese em que o agente se embriaga para o cometimento do delito.Neste caso, além de a embriaguez não refletir na imputabilidade do agente, ela é agravante[11] da pena.b) VOLUNTÁRIA – que por sua vez pode ser:b.1) Dolosa – nesta hipótese o agente não se embriaga com o intuito de cometer o delito, mas apenas com a intenção de permanecer embriagado. É o famoso “hoje eu vou beber todas!” que nós ouvimos dizer diariamente.b.2) Culposa – neste caso o agente bebeu voluntariamente, mas sem a intenção de cometer o crime ou de se embriagar. Ocorre que o sujeito é negligente em relação à quantidade de álcool (ou substância de efeitos análogos) que vai ingerir, o que termina por gerar a intoxicação culposa do agente.No caso de embriaguez voluntária – seja ela dolosa ou culposa – o agente responde pelo crime como se sóbrio estivesse.

Isso se explica pela adoção no CP da teoria da “ACTIO LIBERA IN CAUSA”. Isto é, aquele que, com ação livre na causa, voluntariamente se coloca na posição de inimputável, não Pode alegar em seu favor a sua própria incapacidade de compreensão ou autodeterminação.No direito brasileiro, em regra, entende-se que aquele que não possui a capacidade de compreender o caráter ilícito do fato ou de portar-se de acordo com este entendimento não deve responder pelo crime que haja cometido.A teoria da actio libera in causa constitui a única exceção no ordenamento, em que – mesmo que não entenda o que faz – o sujeito deverá sem penalmente responsabilizado.a) FORTUITA – deriva de caso fortuito ou de força maior.b) PATOLÓGICA – (artigo 19 da Lei 6.38/76) que resulta de dependência:Nestas duas últimas hipóteses, a embriaguez pode ser completa ou incompleta:embriaguez incompleta – fase da excitação (a partir de 0,8 g por mil de sangue);embriaguez completa – fase da depressão (cerca de 3 g por mil de sangue);embriaguez comatosa – fase de letargia, equiparada legalmente á completa (cerca de 4 a 5 g por mil de sangue).Assim, se o agente praticou o fato embriagado, em razão da dependência, ou de caso fortuito ou força maior e era, ao tempo da ação ou da omissão, qualquer que tenha sido a infração penal praticada, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento deverá ser isento de pena (absolvido).Note que neste caso não haverá medida de segurança, senão em relação àquele que cometera crime embriagado em decorrência de dependência[12].Por outro lado, se – em razão do mesmo fato o agente apenas não possuía a inteira capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento deverá ser condenado e a sua pena ser reduzida de 1/3 a 2/3.EMOÇÃO E PAIXÃOA emoção e a paixão, embora afetem o ânimo do agente, não lhe retiram a capacidade de entender e querer - não constituem excludentes da imputabilidade (art. 28, I, CP).Não significa, todavia, que são irrelevantes para o direito penal, podendo constituir atenuante genérica a violenta emoção, provocada por ato injusto da vítima (art. 65, III, “c”), ou causa especial de diminuição da pena.[13], A POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE DO FATO ERRO DE DIREITO – também tratado como “desconhecimento da lei”, o erro de direito – bem como a equivocada interpretação da norma – não aproveitam ao agente, pois, “a ninguém é dado desconhecer a lei”. A própria lei penal deixa claro que “o desconhecimento da lei é inescusável[14]”.ERRO DE PROIBIÇÃO – dispõe a lei penal (CP, art. 21, segunda parte):“O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço.”Note-se que aqui não tratou o legislador do simples desconhecimento da lei, mas do desconhecimento do caráter ilícito do fato – ao agente não sabe que está fazendo “coisa errada”, pensa agir conforme o direito.

É o exemplo daquele que – após receber ordens médicas para que somente consumisse açúcar de beterraba, Mévio resolve plantar a leguminosa em seu quintal e produzir, por si mesmo seu açúcar.Mesmo sem saber que fazia “coisa errada” ele cometeu fato descrito como crime no Decreto-Lei n.º 16/66.Note-se que muito embora o simples desconhecimento da lei não exima o agente, é de se reconhecer que – muitas vezes – a ignorância da lei leva ao desconhecimento do caráter ilícito do fato.O erro de proibição pode ser de três principais maneiras: a) DIRETO – erro que recai sobre o conteúdo de norma penal proibitiva (norma que define os chamados crimes comissivos), como é o caso do agente acima;b) MANDAMENTAL – recai sobre o conteúdo de uma norma imperativa (norma que define os tipos penais omissivos próprios), como é o exemplo do médico que acredita desnecessária a comunicação de doença de notificação obrigatória à autoridade sanitária, tendo em vista que seu vizinho (que possui consultório a poucos quilômetros do seu), já efetivara a comunicação dos fatos ao órgão competente. Mesmo sem saber, o médico praticou a conduta descrita no artigo 269 do CP.c) INDIRETO – recai sobre norma penal permissiva (normas que estabelecem as chamadas excludentes de ilicitude) podendo ser:Erro sobre a existência da causa de justificação: o agente supõe estar amparado por causa excludente de ilicitude que não existe. Ex., Manuela pratica um aborto em si mesma acreditando que é permitido o aborto por questões econômicas.Erro sobre os limites da causa de justificação: o agente diante de uma excludente de ilicitude excede, sem saber, os seus limites. Ex., Tício procura Caio – colega de trabalho de sua esposa Manuela, que no dia anterior a destratara – em “suposta legítima defesa” lhe desfere socos e pontapés.Como todo erro, o erro de proibição pode ser:ESCUSÁVEL (desculpável porque invencível): hipótese em que o sujeito será isento de pena – por exclusão da culpabilidade; ouINESCUSÁVEL (indesculpável porque vencível): hipótese em que haverá apenas um redutor de pena de 1/6 a 1/3.Esta é a dicção do artigo 21 do CP (transcrito acima). OS ERROS NO DIREITO PENAL – DIFERENÇAS ENTRE OS ERROS DE TIPO E ERRO DE PROIBIÇÃO ERRO DE TIPO– dispõe a lei penal (CP, art. 20):“Art. 20 - O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei.” Note o leitor que este erro por sua vez não atinge a culpabilidade.É que, depois do finalismo (Welzel, 1931), o dolo passou a ser o elemento subjetivo da conduta, migrando da culpabilidade para a estrutura do tipo penal[15].Uma vez que o dolo é “a intenção de praticar os elementos do tipo penal[16]”, é forçoso concluir que, se o agente desconhece elemento do tipo penal que pratica, não pode agir dolosamente.

Como exemplo, imaginemos que Caio receba de Mévio um livro para que entregue a Tício. Suponhamos ainda que este é um livro falso, que – fechado – parece um livro, mas que – na realidade – constitui um repositório da substância entorpecente denominada “cloridrato de cocaína” (o que é desconhecido por Caio). Pergunta-se, se Caio transportar o suposto “livro”, teria ele cometido o crime de tráfico ilícito de substância entorpecente (Lei 6.368/76, artigo 12, caput)?Responde-se: não.É que, não conhecendo da natureza do material que transportava, não possuía Caio a intenção de praticar os elementos do tipo penal do artigo 12 da Lei 6.368/76 (não tinha dolo), sem dolo não havia conduta e, sem conduta, não há fato típico. Erro de tipo é a falsa percepção da realidade sobre os elementos que constituem o tipo. Matar um homem com um tiro acreditando ser um animal. (Matar alguém). Lesionar uma pessoa menor de 14 anos, não sabendo desta condição. Não responde pela circunstância agravante, responde apenas pela lesão – Sobre a circunstância. Erro sobre as justificativas (excludentes). Matar o filho acreditando ser um ladrão que invadiu sua casa (legítima defesa putativa). DESCRIMINATES PUTATIVAS § 1º do Art. 20. É isento de pena que, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. As descriminantes putativas ocorrem um justificável erro sobre a ilicitude, ou sejam, quando o agente imagina que está em legítima defesa, estado de necessidade, exercício regular de um direito ou no estrito cumprimento do dever legal, mas na realidade a causa de Justificação não existe. Por exemplo, o Policial Lopes quando em cumprimento de um mandado de prisão expedido contra Agamenon, acaba prendendo Megasson, irmão gêmeo de Agamenon, neste caso embora tenha havido o abuso de autoridade por parte de Lopes que prendeu uma pessoa fora da legalidade, restringindo a sua liberdade de ir e vir, o mesmo não responderá, pois embora tenha praticado o ato fora do estrito cumprimento do dever legal, imaginou desta forma estar agindo. Ou o caso do pai de mata a própria filha de madrugada, dentro de casa, imaginando que era um bandido que estava invadindo sua casa. ERRO DETERMINADO POR TERCEIRO § 2º. Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. NOTE A DIFERENÇA:No erro de proibição o agente sabe exatamente o que faz. Conhece os fatos, mas age acreditando estar de acordo com o direito. Erra sobre a ilicitude (do fato que conhece).No erro de tipo o agente desconhece os fatos, age sem conhecer que pratica um fato típico,

justamente porque não sabe o que faz.Como todo erro, o erro de tipo também pode ser:ESCUSÁVEL (desculpável porque invencível): hipótese em que se excluirá o crime, pois não havia maneira de vencer o erro, não cabendo, portanto, falar-se em culpa; ouINESCUSÁVEL (indesculpável porque vencível): hipótese em que o agente incorreu em erro por negligência, imprudência ou imperícia, já que – sendo o erro vencível – deveria ter tomado mais cuidados. Neste caso estará excluído o dolo, mas poderá haver a punição por crime culposo, se previsto em lei. ERROS DE TIPO ACIDENTAL Ou simplesmente erro acidental, que não recaem sobre os elementos e sim sobre a pessoa, o objeto, a execução ou o resultado. O erro acidental pode ser sobre a pessoa, o objeto, a execução ou o resultado diverso do pretendido.– Não retira o dolo ou a culpa, o agente responde como se houvesse atingido a pessoa ou objeto intencionado. a) ERRO SOBRE A PESSOAArt. 20...§ 3º. O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. É o chamado “Aberratio in persona” O erro sobre a pessoa não exclui o crime, pois a norma penal tutela os bens jurídicos de todas as pessoas e não de uma determinada pessoa, assim o agente que atinge a pessoa A, imaginando que se trata da pessoa B, responde como se tivesse praticado o crime contra A, pessoa pretendida, ainda que a vítima efetiva seja outra, assim, não devem ser considerados as características e dados da efetiva vítima, mas sim da vítima pretendida. Ex: Carlos pretendendo matar sua esposa Julieta, coloca-se armado próximo de sua casa, aguardando Julieta sair de carro, assim que Julieta sai, ele a atinge, porém quando Carlos se aproxima do carro percebe que na realidade matou Janice, irmã de Julieta, a quem esta tinha emprestado o carro. Assim houve um erro sobre a pessoa, pois Carlos não errou em sua execução e sim confundiu o alvo que intencionava respondendo Carlos como se houvesse matado a esposa, inclusive com a agravante de ser cônjuge da vítima. b) ERRO SOBRE O OBJETO É o chamado “Aberratio in objecto”. Da mesma forma que ocorre com o erro sobre a pessoa, se uma pessoa pretende praticar um crime patrimonial e furta determinado objeto que é uma réplica do original, imaginando ser o original,

responde como se houvesse furtado o último. Se Antônio furta farinha pesando que era açúcar, responde como se houvesse furtado a farinha. c) ERRO DE EXECUÇÃO O § 3º do artigo 20, também é um dos fundamentos para este erro, bem como o artigo 73 do CP, que é chamado de “Aberratio ictus” . Da mesma forma que ocorre com o erro sobre a pessoa e objeto, se uma pessoa pretende praticar um crime objetivando determinada pessoa e há erro no uso dos meios de execução da infração penal, como por exemplo, Antônio ativa em Bernardo que está acompanhado da Cássio e, por erro na execução por não ser bom de pontaria, acerta Cássio e não Bernardo que era o pretendido. Responde como se houvesse atingido a Bernardo.Erro na execuçãoArt. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. d) ABERRATIO DELICTI É também chamado “Aberratio Criminis” .No exemplo anterior se Antônio acertar Bernardo, pessoa pretendida e o projétil expelido pela arma de fogo transfixar e atingir Cássio, Antônio responde pelo que pretendia, ou seja, a morte de Antônio e culposamente pelo ferimento ou morte de Cássio que não pretendia, entretanto se ele verificou que iria atingir pessoa diversa e foi indiferente reponde pelos dois resultados a título de dolo. Só se dará o aberratio criminis, quando houver um resultado diverso do que foi pretendido, se também ocorrer o pretendido responde por este a título de dolo e o resultado não intencionado a título de culpa.Resultado diverso do pretendidoArt. 74 do CP - Fora dos casos do artigo anterior, quando, por acidente ou erro na execução do crime, sobrevém resultado diverso do pretendido, o agente responde por culpa, se o fato é previsto como crime culposo; se ocorre também o resultado pretendido, aplica-se a regra do art. 70 deste Código. CONCURSO DE PESSOAS DO CONCURSO DE PESSOAS

Art. 29 - Quem, de qualquer modo, concorre para o crime incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 1º - Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída de um sexto a um terço.

(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

§ 2º - Se algum dos concorrentes quis participar de crime menos grave, ser-lhe-á aplicada a pena deste; essa pena será aumentada até metade, na hipótese de ter sido previsível o resultado mais grave.)

Circunstâncias incomunicáveis Art. 30 - Não se comunicam as circunstâncias e as condições de caráter pessoal, salvo quando elementares do crime.

Casos de impunibilidade Art. 31 - O ajuste, a determinação ou instigação e o auxílio, salvo disposição expressa em contrário, não são puníveis, se o crime não chega, pelo menos, a ser tentado. CLASSIFICAÇÃO DO CONCURSO DE AGENTESConcurso necessário – ocorre quando o crime só existe se houver a participação de mais de um agente. Ex.: rixa (art. 137 do CP) e formação de quadrilha ou bando (art. 288 do CP).Concurso eventual – ocorre em praticamente todos os crimes, ou seja, um único agente pode ser o autor, porém se eventualmente de forma facultativa alguém o auxiliar na prática delitiva responderá pelo mesmo crime. Ex. homicídio (art. 121 do CP), furto (art. 155 do CP) e estelionato (artigo 171 do CP). SÃO ELEMENTOS (REQUISITOS) DO CONCURSO DE AGENTES: - Pluralidade de condutas (cada agente tem uma ação ou omissão relevante para o crime); - identidade de infração (não podem existir infrações diversas sendo realizadas pelos concorrentes, cada infração, uma ou mais devem ser realizadas com a participação de todos, se um agente resolver praticar outro crime, sem que aja a aderência dos outros, responde sozinho por ele); - liame subjetivo ( a infração deve entrar na esfera de conhecimento do agente, bem como suas circunstâncias, para que este responda por elas); - nexo causal (é a relação de causalidade em ação e resultado, ou seja, a participação de cada um colaborou para que o resultado ocorresse da forma como ocorreu). FORMAS DE CONCORRÊNCIA Como regra, a prática delitiva consiste na intervenção de uma só pessoa como autora da infração, com sua conduta ativa ou omissiva, entretanto, o crime pode ser praticado por mais de uma pessoas que dirigem suas condutas para a consecução do resultado.

O Código Penal, no art. 29, utiliza o termo concurso de pessoas, que é o mesmo que concurso de agentes, adotando a teoria unitária ou monista, segundo a qual todos os concorrentes do crime respondem pelo crime praticado e só existe um crime, analisado individualmente, quando dentro do mesmo contexto fático, todos respondem pelo mesmo crime, por exemplo, João instigou José a matar sua esposa Mariana, Carlos emprestou a arma para que José matasse Mariana sendo que José contou ainda com a participação de Nina que levou Mariana até o local onde seria executada, se todos os concorrentes aderiram a pratica delitiva, todos respondem pelo homicídio, seja na condição de autor, co-autor ou partícipe. As formas de concorrer à prática delitiva se dão com a co-autoria ou a participação. Tendo o CP adotado a teoria restritiva, distinguindo o autor do partícipe. AUTOR Aquele que executa o núcleo da conduta típica, podendo a autoria ser Autoria imediata – é o autor executor. Autoria mediata - ocorre quando o agente consegue a execução do crime valendo-se de pessoa que atua sem culpabilidade). Autoria colateral - ocorre quando mais de uma agente realiza a conduta, sem que existe acordo de vontade ou liame subjetivo entre eles, como por exemplo, Maria e Marta, sem ajuste prévio, colocam veneno na comida de Antero. Nesse caso, cada qual responderá pelo homicídio ou tentativa de homicídio, dependendo do nexo de causalidade, sem a circunstância do concurso de agente. Autoria intelectual – aquele que detém o controle da prática delitiva, o que comanda a infração penal, executando-a de forma intelectual. Co-autoria – se dá quando vários agentes realizam a conduta principal do tipo penal. Quando há diversos executores. PARTÍCIPE Participação subsidiária, de menor importância – partícipe é quem concorre de qualquer modo para a realização do crime, praticando atos diversos dos do autor. Formas de participação Partícipe moral – se dá quando a pessoa induz (cria a idéia criminosa na cabeça do autor) ou instiga

(apóia ou reforça a idéia criminosa já existente).Partícipe material – é o apoio, auxílio material, físico para a prática do ilícito (cumplicidade). O partícipe tem a pena a pena diminuída de 1/3 a 2/3. COOPERAÇAO DOLOSAMENTE DISTINTA Se algum dos concorrentes quis participara de um crime menor, menos grave, será aplicada a ele a pena prevista para o crime menor, a qual poderá ser aumentada em 1/2 , na hipótese do resultado mais grave ser previsível.Nesse caso, responde o agente pelo crime intencionado. Por exemplo – Bento e João resolvem furtar uma casa, cujos moradores tinham viajado, Bento entra na casa enquanto João faz a vigilância externa, entretanto quando Bento entra na casa se depara com a empregada que estava inicialmente dormindo e depois acordou, momento em que Bento amarra a empregada, assim sendo, o crime que havia sido iniciado como um furto, passa a ser roubo. O fato de ter alguém na casa não entrou na esfera de conhecimento de João, motivo pelo qual se a polícia chegar e os prender em flagrante delito, João responderá por furto e Bento por roubo, se o roubo fosse algo previsível para João, dependendo das circunstâncias, a pena do furto pode ser aumentada de metade. COMUNICAÇÃO ENTRE AS CIRCUNSTÂNCIAS OBJETIVAS E SUBJETIVAS Circunstâncias objetivas Como regra as circunstâncias em que o crime ocorreu, o meios utilizados, se entra na esfera de conhecimento de todos os agentes, todos respondem, por exemplo: Mariza, Margarida e Patrícia resolvem assaltar uma padaria, apenas Margarida está armada, fato que está na esfera de conhecimento de Mariza e Patrícia. Se Margaria matar o caixa da padaria no momento do roubo, todas responderão por latrocínio (art. 157, par. 3º, parte final do CP). Circunstâncias de caráter pessoal Ao contrário das circunstâncias objetivas, as circunstâncias e as condições de caráter pessoal são incomunicáveis. Num homicídio envolvendo um autor reincidente e outro primário, a pena em face da reincidência só aumenta para o que for reincidente, a circunstância que não se estende ao co-autor.Entretanto, se a circunstância for elementar do crime se comunicação, as circunstância elementares são aquelas que integral a figura típica fundamental. Por exemplo: o crime de corrupção passiva (art. 317 do CP), ser funcionário público é uma elementar, se um particular instigar um funcionário público a praticar a corrupção, responde também pela corrupção, mesmo sendo particular, pois essa circunstância se estenderá a ele por ser elementar, desde que entre na esfera de conhecimento do agente.

EXERCÍCIOS DE FIXAÇÃO 1 – (Policia Civil – MG – 2007 – ACADEPOL). Considerando as teorias acerca da culpabilidade, todas as alternativas estão corretas, EXCETO:A ( ) Para a teoria normativa, a culpabilidade é constituída pela imputabilidade, exigibilidade de conduta diversa, dolo e culpa.B ( ) A teoria social da ação, ao pretender que a ação seja atendida como conduta socialmente relevante, deslocou o dolo e a culpado tipo para a culpabilidade.C ( ) São elementos da culpabilidade para a concepção finalista a imputabilidade, a potencial consciência sobre a ilicitude do fato e a exigibilidade de conduta diversa.D ( ) São elementos da culpabilidade para a teoria normativa pura a imputabilidade, a consciência potencial da ilicitude e a exigibilidade de conduta diversa. 2 – (Delegado de Policia – SC – 2008 – ACAFE). Sobre a imputabilidade penal, considere as seguintes afirmativas:1) Não excluem a imputabilidade penal a emoção ou a paixão, a embriaguez voluntária ou culposa, pelo álcool ou substâncias de efeitos análagos.2) São relativamente inimputáveis os menores com idade compreendida entre 18 e 21 anos, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial.3) É isento de pena o agente que, por embriaguez completa proveniente de caso fortuito ou força maior, age amparado na “actio libera in causa”.4) É isento de pena o agente que, por desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato. Assinale a alternativa correta:a) ( ) Somente as afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras. b) ( ) Somente as afirmativas 2, 3 e 4 são verdadeiras. c) ( ) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras. d) ( ) Somente as afirmativas 2 e 4 são verdadeiras. e) ( ) Somente as afirmativas 1 e 4 são verdadeiras. 4 - (Escrivão de Polícia – SC – 2008 – ACAFE). Segundo o Direito Penal brasileiro, configura hipótese de inexigibilidade de conduta diversa:a) a legítima defesa.b) a coação moral irresistível.c) a imunidade penal absoluta.d) o desconhecimento da lei. 5 -(Escrivão de Policia – ES. – 2006 – CESPE). Julgue os itens a seguir, relativos à parte geral e à parte especial do Código Penal.Entre as causas de exclusão da imputabilidade penal previstas em lei incluem-se a doença mental, o desenvolvimento mental incompleto e o desenvolvimento mental retardado.

6 - (Escrivão de Policia – ES. – 2006 – CESPE). Julgue os seguintes itens, relativos ao direito penal.a) Mesmo diante da prática de um fato atípico, a culpabilidade deverá ser aferida como juízo de censurabilidade e reprovabilidade, visto que a culpabilidade não está vinculada juridicamente à tipicidade. b) Para fins de imputabilidade penal, na hipótese de ser desconhecida a hora exata do nascimento de determinado indivíduo, a maioridade penal dessa pessoa começará ao meio-dia do seu décimo oitavo aniversário. 7 - (Escrivão de Polícia – Acre – 2008 – Cespe) Sobre imputabilidade penal, julgue os itens que se seguem.a) É isento de pena o agente que, por doença mental, era, ao tempo da sentença, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.b) Com o advento do novo Código Civil, são penalmente imputáveis os maiores de 16 anos. 8 - (Investigador de Polícia – RJ – Cesgranrio – 2005).Analise os seguintes elementos:I – imputabilidade;II – potencial consciência sobre a ilicitude do fato;III – exigibilidade de conduta diversa;IV – culpa ou dolo;V – conduta comisssiva.Segundo a concepção finalista, constituem os elementos da culpabilidade:(A) II e III, apenas.(B) III e V, apenas.(C) I, II e III, apenas.(D) I, II e IV, apenas.(E) III, IV e V, apenas. 9 - (Agente de Policia Civil – TO – CESPE – 2008).Acerca dos temas de direito penal, julgue os próximos itens.A responsabilidade penal de um adolescente de 17 anos de idade que comete um crime grave deve ser aferida em exame psicológico e psicotécnico, pois, restando demonstrado em laudo pericial que este tinha plena capacidade de entendimento à época do delito, deverá responder criminalmente, ficando à mercê dos dispositivos do Código Penal brasileiro. 10 - ( Técnico Legislativo – Câmara – Policia Legislativa – 2007 – FCC). Se o o crime écometido em estrita obediência a ordem legal de suporte hierárquico.(a) O executor da ordem é punível por omissão.(b) Só é punível o autor da ordem(c) É isento de pena ao superior e ao agente.(d) Tem sua pena abrandada em dois terços.

(e) é considerado culposo. 11 – (Delegado de Policia – SC – 2008 – ACAFE). Sobre o Concurso de pessoas, considere as seguintes afirmativas: 1) Quem de qualquer modo, concorre para crime, incide nas penas a este cominadas, na medida de sua culpabilidade. Se a participação for de menor importância, a pena pode ser diminuída .2) O Concurso de pessoas pode dar-se por ajuste, instigação,cumplicidade, auxilio material ou moral em qualquer etapa do iter criminis.3) Ocorre hipótese de autoria bilateral ou transversa quando o sujeito ativo obtém a realização do crime por meio de outra pessoa, que pratica o fato sem culpabilidade.4) Nada impede o concurso de pessoas nos crimes e contravenções de mão própria ou de mera conduta por instigação ou auxílio. Assinale a alternativa correta: a) ( ) Somente as afirmativa 1, 2 e 3 são verdadeirasb) ( ) Somente as afirmativa 3 e 4 são verdadeirasc) ( ) Somente as afirmativa 1, 2 e 4 são verdadeirasd) ( ) Somente as afirmativa 2 e 3 são verdadeirase) ( ) Somente as afirmativa 2 e 4 são verdadeiras 12 - (Delegado de Policia - TO - 2008 – CESPE). Considere que um indivíduo penalmente responsável pratique três homicídios dolosos em concurso material. Nesse caso, a materialização de mais de um resultado típico implicará punição por todos os delitos, somando-se as penas previamente individualizadas. C 13 - ( Delegado de Policia - TO - 2008 – CESPE) Considere a seguinte situação hipotética.Luiz, imputável, aderiu deliberadamente à conduta de Pedro, auxiliando-o no arrombamento de uma porta para a prática de um furto, vindo a adentrar na residência, onde se limitou, apenas, a observar Pedro, durante a subtração dos objetos, mais tarde repartidos entre ambos. pois atuou em atos diversos dos executórios praticados por Pedro, autor direto. 14.- (Delegado de Polícia – ACRE – 2008 – CESPE) Em cada um dos próximos itens, é apresentada uma situação hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada, acerca do tratamento do erro no direito penal. a) Plínio, com a intenção de cometer crime de dano, atirou uma pedra em direção à janela de vidro da casa de Roberta. No entanto, por erro de pontaria, acertou Gilda, que sofreu lesões corporais leves. Nessa situação, Plínio responderá por lesão corporal leve, na modalidade culposa, cuja ação penal, por ser pública condicionada, dependerá de representação da ofendida Gilda.

b) Leandro, com a intenção de matar Getúlio, ministrou veneno a este. Presumindo que a vítima já falecera, Leandro a enterrou no quintal de sua casa, vindo posteriormente a ser apurado que a quantidade de veneno ministrada à vítima não fora suficiente para a sua morte, de forma que ela morreu em face da asfixia, após ser enterrada. Nessa situação, ocorreu erro sobre o nexo causal, de modo que Leandro responderá apenas por tentativa de homicídio. 15 - (Escrivão de Polícia – SC – 2008 – ACAFE) O advogado “Caio”, por engano, pegou o guarda-chuva de seu colega “Tício”, que estava pendurado no balcão do cartório. Com base no exemplo, é correto afirmar que “Caio” não responderá por crime de furto, pois:a) ele incidiu em erro acidental sobre dados secundários da figura tópica do furto.b) incorreu em erro de proibição invencível.c) faltou-lhe potencial consciência da ilicitude.d) ele incidiu em erro sobre elemento constitutivo do tipo legal do crime de furto (erro de tipo essencial). GABARITO

1. B2. E3. B4. B5. C6. E,E7. E,E8. C9. E10. B11. C12. C13. E14. E,C15. D

PONTOS ATUAIS DE DEBATES Imputação Objetiva

A imputação objetiva, pretende substituir o dogma causal material por uma relação jurídica (normativa) entre conduta e resultado.

Segundo ALFONSO SERRANO GOMES, se trata de atribuir juridicamente a alguém a realização

de uma conduta criadora de um risco proibido ou de haver provocado um resultado jurídico (DAMÁSIO E. de Jesus. Imputação Objetiva, São Paulo: Saraiva, 2000, pág. 24).

A imputação objetiva é ainda uma teoria em discussão no Brasil; deve-se a GIMBERNAT ORDEIG a introdução da teoria, logo após a segunda guerra mundial, na Alemanha, diz DAMÁSIO. A vontade e a necessidade de limitar a causalidade sem que fosse preciso recorrer à análise de dolo e culpa não é de hoje. O dogma da causalidade precisava ser revisto, continua o ilustre jurista. Depender só da ausência de dolo ou culpa não se afigurava mais suficiente. Nasceu então a idéia de limitar o nexo causal, conferindo-lhe um conteúdo jurídico e não meramente naturalístico, diz CAPEZ (CAPEZ, Fernando. O Declínio do Dogma Causal, Disponível na internet www.damasio.com.br, 2000).

Ao contrário da equivalência dos antecedentes, não será sequer necessário indagar acerca do dolo ou culpa. Se o risco era tolerado socialmente, não haverá causalidade.

"O médico confia que o auxiliar vá lhe passar um bisturi esterilizado, se isto não ocorrer e o paciente morrer de infecção, o cirurgião não terá criado um risco proibido e, assim, não responderá pelo resultado. A sociedade não exige que ele confira a higienização durante a operação, entendendo ser natural que o médico confie em seu enfermeiro"

O fato é atípico por ausência de imputação objetiva, diz o Professor DAMÁSIO. Não haverá fato típico quando, a despeito de realizar a conduta descrita no tipo penal, o agente tiver se comportado dentro de seu papel social, fizer exatamente o que a sociedade dele espera, diz o ilustre Professor.

Quando a sua conduta nada mais representar do que um comportamento absolutamente normal, não haverá fato típico. Nessas hipóteses, o risco criado para a violação do bem jurídico torna-se um risco tolerado. Se o risco era tolerado socialmente, não haverá causalidade; o fato, é atípico por ausência de imputação objetiva, doutrina CAPEZ (CAPEZ, Fernando. O Declínio do Dogma Causal, Disponível na internet www.damasio.com.br, 2000).

Haverá conduta típica, somente quando o autor se comportar de modo anormal do que dele espera a sociedade, criando um risco relevante para a violação do bem jurídico.

Teoria da Tipicidade ConglobanteTeoria de Eugenio Raúl Zaffaroni, jurista argentinoA Tipicidade Conglobante é uma teoria que visa explicar o fato típico para o direito penal, desenvolvida por Zaffaroni essa teoria basicamente acrescenta alguns elementos ao fato típico.O Fato Típico deixa de ser constituído apenas pela tipicidade formal, ou seja, incidência na conduta prevista pela norma penal incriminadora, ele prescinde da Tipicidade Conglobante.A Tipicidade Conglobante é entendida como junção da Tipicidade Formal somada com a Antinormatividade.Para a teoria da tipicidade conglobante:

Fato Típico= Tipicidade Formal + Tipicidade Conglobante

Tipicidade Conglobante= Tipicidade Material + AntinormatividadeTipicidade Material = Materialização da tipicidade formalAntinormatividade = conduta não exigida ou fomentada pelo EstadoTipicidade MaterialEntende-se por Tipicidade Material a materialização do tipo formal, entendida como a concretização da conduta prevista na norma penal incriminadora que provoca uma lesão ou ameaça de lesão ao bem juridicamente tutelado. Para configurar a Tipicidade Material é necessário que a conduta seja juridicamente relevante, a fim de poder lesionar o bem jurídico, identifica-se dentro desse elemento do tipo a aplicação direta do princípio da lesividade.Dessa forma, condutas consideradas irrelevantes ou insignificantes não são capazes da materializar o fato típico afastando a lesividade, e, por conseguinte, tornam o fato atípico.O segundo elemento da Tipicidade Conglobante é a Antinormatividade, conceito absolutamente distinto de antijuridicidade.

AntinormatividadePara iniciar o estudo da Antinormatividade é preciso distingui-lo da antijuridicidade.A Antijuridicidade ou Ilicitude deve ser entendida como a relação de contrariedade estabelecida entre a conduta do agente e o ordenamento jurídico. A ilicitude constitui elemento integrante do conceito de crime: tipicidade, ilicitude (antijuridicidade) e culpabilidade (juízo de reprovação).Em princípio todo fato típico também será ilícito, pois a tipicidade induz à ilicitude, salvo se houver uma causa que exclua essa relação de contrariedade. O Código Penal, no artigo 23, elenca as causas de exclusão da ilicitude, quais sejam, estado de necessidade, legítima defesa, estrito cumprimento do dever legal e exercício regular de direito.Existem outras causa que excluem a ilicitude, que não são encontradas na lei, são as chamadas causas supralegais de exclusão de ilicitude como o consentimento do ofendido e para alguns a inexigibilidade de conduta diversa (grande parte da doutrina a inexigibilidade de conduta diversa como uma causa de exclusão da culpabilidade).Assim, a tipicidade do fato induz a sua ilicitude, exceto se o sujeito ativo estiver amparado por uma causa que afaste a ilicitude.Por sua vez, dentro da teoria de Zaffaroni, a Antinormatividade constitui elemento integrante da Tipicidade Conglobante, que por sua vez integra o próprio Fato Típico.A antinormatividade traduz uma conduta não fomentada ou não exigida pelo Estado.Existem situações que o Estado exige ou fomenta determinadas condutas, e, quando o agente pratica essas condutas não há que se falar em antinormatividade do fato, ocasionando sua atipicidade.Na hipótese do Estado exigir a prática de determinada conduta e o agente obedecer esse comando, cometerá um fato atípico, em razão da ausência da Antinormatividade, ainda que sua conduta se enquadre perfeitamente dentro do tipo penal. Seria incoerente o Estado exigir a prática de determinado fato e em outro momento determinar a tipicidade desse fato.A título de exemplo: um policial militar que no estrito cumprimento do dever legal efetua disparos que matam um assaltante armado, em tese comete crime de homicídio doloso, mas para a tipicidade conglobante o fato será considerado atípico, pois falta o elemento antinormatividade exigido para caracterizar a tipicidade. O mesmo fato, para a tipicidade formal, será considerado típico, uma vez que preencheu todos os requisitos do tipo penal, mas não será ilícito, pois para a tipicidade formal o estrito

cumprimento do dever legal é uma causa de exclusão da antijuridicidade.Assim, pode-se perceber que para a teoria da tipicidade conglobante o estrito cumprimento do dever legal passa a integrar a tipicidade, constituindo uma causa de exclusão de antinormatividade. Enquanto na tipicidade formal o estrito cumprimento do dever legal constitui uma causa de exclusão da ilicitude (antijuridicidade).Dessa forma, observa-se que a antinormatividade serve como instrumento de integração do ordenamento jurídico, a fim de corrigir distorções provocadas pelos diferentes comandos emitidos pelas normas jurídicas, busca resolver conflitos aparentes da manifestação da vontade do Estado.O mesmo acontece com algumas condutas que não são exigidas, mas são fomentadas pelo Estado. Determinadas hipóteses de exercício regular de direito também passarão a integrar o Fato Típico, saindo da Antijuridicidade (ilicitude).É o exemplo do pai que do exercício do poder familiar (previsto no Estatuto da Criança e do Adolescente e no Código Civil) coloca o filho de castigo trancado no quarto, em tese seria o crime de cárcere privado, mas em razão do Estado fomentar que os pais eduquem seus filhos por meio do exercício do poder familiar é afastada a tipicidade da conduta em razão da ausência de antinormatividade. (fonte: Wikipédia)

[1] in, Tratado de Direito Penal, Ed. saraiva

[2] in,Curso de Direito penal – Parte Geral, Ed. Saraiva, 6ª Edição, pág. 255

[3] ZAFFRONI, Raul Eugênio e PIERANGELI, José Henrique, in Manual de Direito Penal Brasileiro, Parte Geral, Ed. Revista dos

T ribunais.

[4] O vetusto termo “funcionário público” encontra assento no direito penal, especificamente no artigo 327 do CP. Hodiernamente, o

termo técnico que lhe equivaleria em significado seria “agente público”.

[5] Código Penal, artigo 18, inciso II.

[6] A Oligofrenia ou retardamento mental é uma deficiência mental que abarca graves defeitos de inteligência, consistente, em termos

gerais, da falta de desenvolvimento das faculdades mentais. A Idiotia é um defeito congênito do desenvolvimento dessas faculdades e a

Imbecilidade, em sentido estrito, é uma parada desse desenvolvimento.

[7] CP, Art. 26, caput.

[8] Vide original redação do CP/1940, artigo 82 – antes da reforma de 1984.

[9] CP, Art. 26, parágrafo único.

[10] CP, Art. 97.

[11] CP, Art. 65, inc. II, alínea l.

[12] Lei 6.368/76, artigo 19 c/c 29.

[13] V. g., arts. 121, § 1.º e 129, § 4.º, ambos do CPB.

[14] CP, art. 21, primeira parte.

[15] Ver item 3.3, anteriormente tratado.

[16] Dolo natural.