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    EEB CEL. PEDRO C. FEDDERSEN Prof. Albio Fabian Melchioretto Histria de Sta. Catarina 3 ANO Ens. Mdio

    Santa Catarina: expedies exploratrias

    A revelao do Litoral catarinense foi feita pelas primeiras expedies exploradoras doBrasil. Em 1515 Juan Dias de Solis passou em direo ao Prata. Onze nufragos dessa expedioforam bem recebidos pelos ndios carijs e iniciaram com eles uma intensa miscigenao. A esses

    aborgines considerou-se o melhor gentio desta costa, e manso e propenso s coisas de Deus",segundo Anchieta.

    Vrias expedies se assinalam em Santa Catarina: D. Rodrigo de Acua (1525), que deixa17 tripulantes na Ilha, onde se fixaram voluntariamente; Sebastio Caboto (1526), que ali seabastece, segue para o Prata e retorna. Dele recebeu a Ilha, que antes era denominada dos Patos, onome de Santa Catarina. Aps Caboto, nela aportaram Diego Garcia e, muito mais tarde, em 1541, oadelantado Alvar Nuez Cabeza de Vaca, sucessor de D. Pedro de Mendonza, fundador de BuenosAires, que dali havia mandado, antes, a Santa Catarina, seu sobrinho Gonzalo de Mendonza, embusca de mantimentos e gente, auxlio este que permitiu aos espanhis subirem o Rio Paran efundarem Assuno, em 1537. Para socorrer D. Pedro de Mendonza havia partido da Espanha, nomesmo ano, uma expedio comandada por Alonso Cabrera, da qual um dos navios arribou Ilhade Santa Catarina, deixando nela missionrios franciscanos (freis Bernardo de Armenta e AlonsoLebrn).

    Mantendo sempre o propsito de tomar posse do Brasil Meridional, o governo espanholnomeou Juan Sanabria governador do Paraguai, com a misso de colonizar o Rio da Prata e povoartambm o porto de So Francisco, em Santa Catarina. Morrendo Juan Sanabria, foi substitudo porseu filho Diogo. Alguns dos navios da expedio lograram chegar Ilha de Santa Catarina, onde osespanhis permaneceram dois anos. Divididos em dois grupos, um deles rumou para Assuno; ooutro, chefiado pelo piloto-mor Hermando Trejo de Sanabria, estabeleceu-se em So Francisco, de

    onde, aps as maiores privaes e sempre sob a ameaa de ataques pelos silvcolas, seguiu paraAssuno. Merecem revelo na passagem da expedio Sanabria a participao de Hans Staden, quelegou interessante narrativa da viagem, e o nascimento, em So Francisco, de Herdinando Trejo deSanabria, filho de Hernando, futuro bispo e fundador da Universidade de Crdoba, na Repblicada Argentina. Ainda em 1572, Ortiz de Zarate, a caminho de Assuno, esteve sete meses em SantaCatarina, onde praticou incrveis e inteis violncias. Foi Capitania de Santana de Pero Lopes deSouza esta a ltima expedio espanhola regio.

    Os portugueses, inicialmente, no demonstraram grande interesse pelo territriocatarinense, que pertencia capitania de Santana cujo donatrio era Pero Lopes de Souza, havendonumerosas bandeiras vicentistas (sc. XVII), mas apenas com o intuito de aprisionamento dos

    ndios que viviam na regio para escraviz-los. O contingente indgena (tupis - guaranis, chamadosde carijs do litoral e o grupo J, os Xokleng e os Kaigang no interior) foi bastante reduzido graasa expedies como as de Manoel Preto, Antonio Raposo Tavares e Jernimo Pedroso de Barros.

    O choque entre Portugal e Espanha era fatal. O primeiro conflito foi o ataque capitania deSo Vicente, o qual deu pretexto aos portugueses para combater os carijs, aliados dos espanhis,conduzindo-os escravizados quela capitania. S os jesutas se ergueram em defesa dos ndios, eNbrega conseguiu do Governador-Geral ordem de reconduzi-los livres a Santa Catarina. Novaguerra e novo esforo jesutico, de que resultou a lei de liberdade dos ndios, de 1595.

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    Povoamento vicentinoPortugal, que j manifestara interesse em fundar uma colnia na margem esquerda do Rio

    da Prata, comea a encarar com muito interesse e cuidado a preservao da Ilha de Santa Catarinae avanam pacificamente. O gado, vindo de So Vicente, atravs dos campos, atinge o Paraguai. Anotcia de minas atrai diversas levas vicentista. Em 1642 ergue-se uma capela em So Franciscoque em 1660 j passa a vila. Em 1637 o grande patriarca Francisco Dias Velho que se fixa comfilhos criados e escravos na Ilha de Santa Catarina, fundando a ermida de Nossa Senhora doDesterro (atual Florianpolis), nome da futura povoao. O mesmo faz em Laguna em 1676,Domingos de Brito Peixoto. A fundao da colnia de Sacramento em 1680 reala a importnciados ncleos catarinense. Apesar dos ataques de piratas, j existe, em 1695, comrcio regular entreParanagu, So Francisco e Itaja, expandindo-se os lagunenses at a colnia do Sacramento.

    Capitania Real de Santa CatarinaDesmembrada de So Paulo, a nova capitania cuja capital o povoado de Nossa Senhora do

    Desterro - fundado pelo bandeirante paulista Francisco Dias Velho em 1673 -, nasce com o objetivode ser uma base de apoio aos enfrentamentos militares com os espanhis. Esses viam Sacramentocomo uma ameaa ao monoplio sobre a boca do rio do Prata, que funcionava como uma porta deextrema importncia para mais da metade de suas colnias da Amrica do Sul. A criao dacapitania que tem administrao prpria e um comandante militar que tambm atua comogovernador diretamente subordinado aos vice-reis do Brasil coloca em cena o Brigadeiro Jos daSilva Paes, escolhido para ser seu primeiro governante. Santa Catarina passa a ser, oficialmente, apartir de 1739, o posto mais avanado da soberania portuguesa na Amrica do Sul.

    Fortificao da Ilha de Santa CatarinaAlertado sobre a importncia estratgica da Ilha de Santa Catarina, situada entre o Rio de

    Janeiro e a fronteira portenha, pelo general Gomes Freire de Andrade, D. Joo V, rei de Portugal,em 1738 incumbiu Silva Paes de fortificar os pontos estratgicos da Ilha. Sob a orientao de SilvaPaes, e seguindo seus prprios planos, teve incio a construo das primeiras fortalezas da Ilha.Planejou um sistema de fortificaes permanentes que, apesar dos bons objetivos e daonumentalidade, no teve o utilitarismo necessrio boa defesa das entradas das barras do Norte e

    do Sul da Ilha. Entretanto, historicamente o sistema acabou se constituindo no maior conjuntoarquitetnico militar do sul do Brasil. Para a entrada de Barra Norte, por exemplo, implantou umsistema de triangulao formado por trs fortalezas, duas situadas nas ilhotas de Anhatomirim eRatones e a terceira na Ponta Grossa (atual Praia do Forte), na Ilha de Santa Catarina. Foramdenominadas respectivamente, de Santa Cruz, Santo Antnio e Ponta Grossa. Outras fortificaesforam construdas posteriormente, sem, contudo fechar-se o permetro da Ilha.

    Apesar da excelente situao estratgica dessas obras o material blico existente em cadauma delas estava aqum das necessidades. Haveria tambm a necessidade de tropas paraguarnecer estas fortalezas e criou-se um batalho, mais tarde transformado em regimento - oRegimento de Infantaria da Ilha de Santa Catarina - e, ainda, dada fraca densidade populacional

    da regio, haveria necessidade de braos para prover o sustento, produzindo alimentos, bem comopara preencher os claros na tropa: da a proposta do povoamento aoriano.

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    Antes do domnio espanhol, em 1572,houve tentativas de se dividir aadministrao da Colnia em doisGovernos, um com sede em Salvador e ooutro com sede no Rio de Janeiro. Essaexperincia fracassou, mas foinovamente tentada em 1608, noalcanando sucesso mais uma vez.

    Em 1621, resolveu-se dividir a Colniaem dois Estados independentes entre si.Um foi chamado de Estado do Brasil e ooutro de Estado do Maranho. Boa

    parte do territrio colonial passou apertencer ao Estado do Brasil e a outraparte ao Estado do Maranho. A razodesta diviso baseava-se no destacadopapel assumido pelo Maranho comoponto de apoio e de partida para acolonizao do Norte e Nordeste doterritrio. O Estado do Maranho tinhacomo capital a cidade de So Lus eo Estado do Brasil a cidade deSalvador.

    Colonizao AorianaA sede de colonos na nova capitania coincide com a crise de superpopulao nos Aores e

    Madeira. H um movimento espontneo de vinda para o Brasil. Resolve ento o ConselhoUltramarino realizar a maior migrao sistemtica de nossa histria. Em vrias viagens foramtransportados cerca de 4.500 colonos. Deu-lhes boa acolhida o Governador Manuel Escudeiro,sucessor do Brigadeiro Paes. Mas nem todas as promessas da administrao colonial podiam sercumpridas, por falta de recursos. Alm disso, nem todos os imigrantes, entre os quais muitosnobres, estavam dispostos a dedicar-se agricultura ou aos ofcios mecnicos, em obedincia sordens rgias, que tinham o propsito de evitar a entrada de escravos.

    Outro problema era o da localizao. Recomendava a Metrpole que os colonos no seconcentrassem na Ilha, mas formassem, tambm, ncleos no litoral, sob normas urbansticas,insistindo ainda que casais se encaminhassem para o Rio Grande do Sul. Essas determinaes que,apesar das dificuldades, foram sendo cumpridas, levaram a migrao aoriana at o extremo sul do

    pas, implantando as caractersticas do seu tronco racial: fortaleza de nimo, simplicidade evivacidade. E aos seus descendentes transmitiram modismos, hbitos, linguagem, que ainda nelesse notam, principalmente na Ilha de Santa Catarina e no litoral que vai at o Rio Grande do Sul.Radicados os casais na Ilha e no litoral, foram tentadas vrias culturas agrcolas: o trigo, sem xitodevido "ferrugem" que o atacava; o linho e o cnhamo, com relativo aproveitamento, e o algodo,cujo cultivo a Metrpole foravam, sob penalidades severas. Mas na realidade, a cultura queprevaleceu foi a da mandioca, que os colonos aprenderam no novo continente e dela conseguiramsafras promissoras, permitindo at a sua exportao. Houve no sc. XVII a criao da cochonilha,mas que desapareceu n o sc. XIX, por falta de incentivo.

    Invaso EspanholaEm 1777, o governador de Buenos Aires, D. Pedro

    de Cebalos, desembarcou suas foras invasoras na enseadade Canasvieiras sem que as fortalezas disparassem um stiro de canho. A tomada da ilha foi tranqila, at hoje difcil compreender com no houve resistncia de umafora de quase 2.000 homens, dos quais faziam parte

    tropas do Reino, do Rio de Janeiro e contingentes locais.S em julho de 1778, em virtude do Tratado de SantoIldefonso, obtido pelos estadistas do governo de D. Maria I,foi a Ilha restituda. Mas ficara completamente arrasada. Oprprio hospital estava destrudo, desde os alicerces. Entreo novo governador, Veiga Cabral da Cmara, e o vice-rei,Marqus de Lavradio, foi decidida, aps troca deimportante correspondncia, a distribuio de casais pelolitoral, estabelecidos em lotes que lhes permitissem amanuteno, evitando-se, assim, a sua concentrao na Ilha,

    onde empobreciam. O ltimo governador da capitania foiToms Joaquim Pereira Valente, depois general e Conde do Rio Pardo.

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    TRATADO DE SANTOILDEFONSO

    As negociaes de um tratadotiveram incio aps a morte deD. Jos I e a asceno de D,Maria I.

    Pelas clusulas do contrato,assinado ainda em 1777,Portugal recebeu de volta a Ilhade Santa Catarina e ficou comquase todo o atual Estado do RioGrande do Sul. Com respeito Ilha o Governo portugus secomprometia a no utiliz-lacomo base naval nem porembarcaes de guerra ou de

    comrcio estrangeiros.

    Santa Catarina aps a independnciaProclamada a Independncia, aderiu Santa Catarina, j com o ttulo de Provncia, ao

    movimento constitucional, elegendo seu representante s Cortes de Lisboa o Padre LourenoRodrigues de Andrade, que assinou a Constituio do Reino Unido em 1822. Em seguida cooperoua Provncia com as demais no movimento da Independncia, elegendo deputado Constituintebrasileira, em 1823, Diogo Duarte Silva. Em decorrncia da Carta Imperial de 1824 passou a sergovernada por presidentes nomeados pelo poder central. Logo aps a aceitao dessa Carta,instalou-se o Conselho Provincial e, at 1889, foram 39 os que ocuparam o Executivo. Em 1834 oAto Adicional transformou o Conselho em Assemblia Provincial, com poderes muito mais amplos.

    Cidades nascem no caminho dos tropeiros

    O povoamento do Planalto de Santa Catarina adota uma estratgia bem diferente daquela

    que resultou da ocupao do Litoral, do Vale do Itaja e das planuras do Sul. Na Serra-Abaixo, aolongo de 150 anos, adota-se a fixao do imigrante europeu em pequenas glebas de terra - o stio, olote, a colnia - como ponto de partida para a abertura do processo civilizador.

    No planalto central da Serra-Acima a qualidade do solo no se adapta fixao definitiva deum colono dedicado agricultura. As imensas pastagens naturais obrigam a substituir o manejo daterra pela convivncia com o gado. Esse mesmo gado resultar na produo do imenso estoque decarnes no Rio Grande do Sul.

    O perigo de utilizar o transporte martimo para entregar o boi gordo no mercado devoradorde So Paulo e do Rio de Janeiro torna-se evidente pelos riscos que a medida acarreta como

    naufrgio, pirataria e a necessidade de alimentar os animais no decorrer do trajeto que, alm detudo, fica dependendo da colaborao de ventos favorveis para empurrar o navio cargueiro.

    A soluo encontrada simples e copia o exemplo deAlvaro Nuez Cabeza de Vacca e sua comitiva deslocando-se

    a p entre o porto de So Francisco do Sul e a capital doParaguai. Dessa maneira, os prprios animais se deslocamao local de consumo atravs do caminho das tropas,

    tambm chamado Estrada Real ou Caminho do Sul, que ligaVacaria, os campos de Lages e da Estiva com as cidades deSo Paulo e do Rio de Janeiro.

    Dezenas de povoados e de cidades do PlanaltoCatarinense resultam de um descanso das tropas e dos

    tropeiros. Mas ocorre um fato novo na histria desse

    povoamento. Enquanto Santa Catarina alega que tem a seufavor uma srie de leis que lhe garantem a propriedade dasterras, os paulistas, na quase totalidade proprietrios dasvacarias do Rio Grande, vo se fixando pelo Planalto epelos campos de Palmas, muito ao sul dos rios Negro eIguau.

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    Revoluo Farroupilha e Repblica Juliana

    O perodo regencial foi caracterizado por uma srie de agitaes. Muitas revoltas emdiversos pontos do pas, vrias das quais colocando em perigo a unidade nacional, ocorriammotivadas pelo descontentamento poltico. O mais longo movimento - que duraria 10 anos -, a

    Revoluo Farroupilha, eclodiu em 1835, no Rio Grande do Sul e se estendeu a Santa Catarina.

    Este movimento Revolucionrio objetivava libertar aquela provncia de um controleeconmico do governo imperial, considerado intolervel pela populao gacha, e era alimentadopor ideais republicanos e federalistas, sob o comando do coronel Bento Gonalves. Em SantaCatarina, especialmente nas regies mais prximas do Rio Grande, como Laguna e Lages, onmero de simpatizantes pela causa rio-grandense aumentava, incentivados por famlias fugitivasgachas que haviam escapado s perseguies e Guerra dos Farrapos. Lages foi invadida pelosfarrapos em 1838 e declarada parte da Repblica Rio-grandense, que j havia sido declarada. Noano seguinte, liderados pelo italiano Guiseppe Garibaldi, os farrapos invadiram Laguna pelo mar. E

    chegaram por terra comandados por Davi Canabarro. Apoiados pela populao, estabeleceram umarepblica com o nome provisrio de Cidade Juliana de Laguna, presidida por Canabarro. Com aconvocao de eleies, foi eleito para presidente da Repblica o coronel Joaquim Xavier Neves, deSo Jos. Neves, porm, no foi diplomado presidente pelos revolucionrios gachos, assumindo ocargo o Padre Vicente Ferreira dos Santos Cordeiro, de Enseada do Brito, que havia sido derrotadona eleio.

    Laguna foi designada Capital Provisria da Repblica Juliana. Foram institudas as coresoficiais - verde, amarela e branca e Lages considerada parte integrante do territrio. Todos osimpostos sobre o comrcio do gado e indstria pastoril foram abolidos.

    A reao do governo Imperial foi a nomeao do marechal Francisco Jos de Sousa Soaresde Andra para presidente de Santa Catarina, pois ele era conhecido por sua energia e rispidez.Nobre e de brilhante carreira militar, Andra acompanhara D. Joo VI e a famlia real para o Brasile fora comandante das foras brasileiras em Montevidu. Enviando s terras barrigas-verdessomente para resolver os problemas do sul, Andra governou apenas de 1839 a 1840.

    Com 400 homens que trouxera do Rio de Janeiro e 3.000 de Santa Catarina, 20 navios ecom amplos poderes, Andra preferiu os caminhos diplomticos para acabar com os republicanos:habilmente fez afastar o Padre Cordeiro e cooptar Neves para a causa imperial, prestigiando eelogiando o coronel publicamente e o tornando o comandante da Guarda Nacional de So Jos. Osdemais revolucionrios de Laguna foram derrotados por tropas navais do governo brasileiro,

    fazendo Garibaldi e sua companheira Anita refugiarem-se no Rio Grande, de onde saram paralutar na Itlia. A instalao da Repblica Juliana de Laguna, ainda que por pouco tempo, foi umadas pginas mais gloriosas da histria catarinense, projetando internacionalmente o nome de AnitaGaribaldi, denominada a Herona dos Dois Mundos.

    Proclamao e adeso RepblicaNo dia 15 de novembro de 1889, o Marechal Deodoro da Fonseca, frente de um grupo

    militar apoiado por outros grupos republicanos, proclamou a Repblica no Rio de Janeiro. No

    mesmo dia, foi organizado o governo provisrio, chefiado pelo prprio Marechal. Logo aps orecebimento da notcia da proclamao, os associados do Clube Republicano do Desterro e osoficiais da Guarnio Militar aclamam um triunvirato destinado a assumir o governo catarinense.

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    Essa Junta Governativa foi composta por Raulino Horn, pelo Coronel Joo Batista do Rego Barros(comandante da guarnio militar) e pelo Dr. Alexandre Marcelino Bayma, mdico da referidaguarnio.

    A substituio do Presidente da Provncia, Dr. Lus Alves Leite de Oliveira Bello, pelo novogoverno, foi feita de forma pacfica, com a adeso dos deputados monarquistas presentes. Ao

    proclamar-se a Repblica, j existia, em territrio catarinense, uma Cmara Municipal totalmenterepublicana: a de So Bento do Sul. Um a um, os demais municpios catarinenses vo aderir aonovo regime, que fortalece as lideranas regionais e Santa Catarina passar a ser governada porseus filhos, com a conduo dos negcios pblicos de acordo com os anseios da comunidadecatarinense.

    O primeiro governo republicanoPara o governo de Santa Catarina, foi escolhido o Tenente Lauro Severiano Mller, que

    chegou ao Desterro em 1889. Suas primeiras atitudes foram no sentido de fazer o congraamentoda populao catarinense atravs de visitas aos vrios municpios. Aps a dissoluo das CmarasMunicipais, criou as Intendncias Municipais.

    O novo governo federal convocou, de imediato, uma Assemblia Constituinte e, em 1890,foram realizadas as eleies. Desta maneira, com a sada de Lauro Mller, o governo do Estadoficou sob a responsabilidade de Gustavo Richard, que era o 2o vice-governador.

    Em 24 de fevereiro de 1891, foi promulgada aConstituio Federal que estabeleceu, no Brasil, aRepblica Federativa, correspondente unio dos

    estados autnomos. Alterou bastante a organizao doEstado, como por exemplo, o Presidente da Repblicaseria eleito pelo povo: senadores e deputados tambmseriam eleitos pelo povo, cujo direito de voto caberiaaos cidados homens, maiores de 21 anos ealfabetizados; as provncias passariam a ser Estados,com maior autonomia poltica e administrativa etc.

    Em seguida, estabeleceram-se as eleies para aAssemblia Constituinte Estadual. A Constituinte deSanta Catarina foi instalada a 28 de abril de 1891 e, no

    ms seguinte, elegia para governador o mesmo LauroMller e, para primeiro e segundo vices, Raulino Horne Gustavo Richard, respectivamente. Em junho, osconstituintes davam, ao Estado, a sua primeiraConstituio.

    A partir da, foi efetiva a participao poltica deLauro Mller, galgando os mais altos postos, como:governador do Estado, senador, ministro da viao eobras pblicas e ministro das relaes exteriores.

    A PRIMEIRA

    CONSTITUIO DESANTA CATARINA

    No dia 23 de janeiro de 1890 promulgada a Constituio doEstadual, texto de Gustavo Richard elogo no primeiro artigo afirma: OEstado de Santa Catarina parte

    integrante da Repblica Federal dos

    Estados Unidos do Brasil.

    Este texto sofre uma corajosa redao

    com os deputados:A antigaProvncia de Santa Catarinaconstitui-se em Estado autnomo e

    independente, fazendo parte

    integrante da Repblica dos Estados

    Unidos do Brasil e reconhecendo,

    para o livre exerccio da sua

    soberania, somente as restries

    expressamente definidas pela

    Constituio Federal.

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    Revoluo FederalistaJlio de Castilhos era o Presidente do Rio Grande do Sul no governo de Floriano. A situao

    reinante no Estado era a mesma do restante do Pas, agravada pelo progressivo antagonismo entreos polticos. O gacho Gaspar Silveira Martins levantou a bandeira do federalismo contra aopresso autocrtica do governo estadual, em decorrncia da Constituio elaborada por Jlio deCastilhos, moldada na filosofia poltica de Augusto Comte, aprovada em 14 de julho de 1891. Ospartidrios de Silveira Martins admitiam a autoridade do governo central, embora esposassem osistema parlamentarista e julgassem que o nico modo de salvar o pas era a adoo dofederalismo. Alegavam que o sistema presidencialista no atendia causa da Democracia, por setratar de um regime do qual o povo no participava diretamente e em vez disto uma elite governavaem favor dos prprios interesses. Da surgiram entrechoques, gerando violncias. No era possvelcontrapor-se s exigncias da opinio pblica. Avolumava-se a agitao, sendo mobilizadas tropasdo norte do pas. Comearam as perseguies polticas e as fugas para a Argentina e o Uruguai.

    Surgiram bandos armados e outras foras para se oporem ao governo. Com 400 homensreunidos no Uruguai, o caudilho Gumercindo Saraiva entrou em solo gacho em 2 de fevereiro de1893. Suas foras juntaram-se s do General Joo Nunes da Silva Tavares, atingindo perto de 3 milhomens.

    O refluxo do movimento revolucionrio deu-se atravs de trs grupamentos, com umajuno prevista no sul de Santa Catarina, na confluncia dos rios Pelotas e do Peixe. No ponto dejuno previsto pelos federalistas constatou-se que as baixas eram muito numerosas e que uma dascolunas, a de Juca Tigre (Jos Serafim de Castilhos) no chegara, tendo-se dispersado na regio deChopim, Paran. No houve possibilidade de reagrupamento, tal a presso das tropas governistas;os revoltosos resolveram ento internar-se em territrio argentino, na altura da foz do rio Iguau.

    Apesar disso, Gumercindo Saraiva no se abateu, atravessou o rio Pelotas e levou de roldoas foras de Salvador Pinheiro Machado e do Coronel Bernardino Bormann. Tomou posio emPasso Fundo e decidiu empreender um movimento ofensivo, como ocorrera em Inhandu. Osrevoltosos procuraram de novo dividir os legalistas, por meio de evolues, o que surtiu efeito.Logo aps reagruparam-se e atacaram de surpresa o restante das tropas acampadas, que eramcinco brigadas. Estas s no foram totalmente destrudas graas pronta reao da vanguarda doCoronel Salvador Pinheiro Machado.

    A Revoluo Federalista caminhava para o ocaso. A ltima oportunidade de apoio aosfederalistas pela Armada esvaiu-se quando o Almirante Custdio de Melo no conseguiu tomar o

    porto de Rio Grande em 6 de abril e o encouraado Aquidaban foi torpedeado no litoralcatarinense, em 16 de abril de 1894, pela torpedeira Gustavo Martins, comandada pelo TenenteAltino Correa. O eplogo dessa trgica revoluo foi bastante triste, pois houve crueldade evingana de alguns governistas contra os vencidos. O fuzilamento sumrio ao p da cova, noquilmetro 65 da ferrovia Curitiba-Paranagu, consternou o pas. Em Santa Catarina, a repressomostrou-se violenta sob a conduo do bravo e competente Coronel Antnio Moreira Csar; suaperversidade provocou a liquidao sumria do Baro de Batovi, Marechal Lobo d'Ea, o Capito-de-Mar-e-Guerra Frederico de Lorena e todos os aderentes ao governo provisrio que se formarano Desterro.

    As duas corvetas portuguesas singraram para guas do rio da Prata conduzindo os asilados.Fundeadas em frente a Buenos Aires, convidaram a muitos deles fuga. Na noite de 26 de abril,Saldanha da Gama escapou com 243 homens, sendo recebido em Montevidu. Aps uma curta

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    estada na Europa, retornou ao Sul do Brasil resolvido a prosseguir na luta. Reuniu as forasfederalistas dispersas enfrentando as foras legais. Registrou tudo em um dirio, pacientementeescrito. E no abandonou a luta, apesar da atitude conciliatria de Prudente de Morais, eleitoPresidente da Repblica. Em 24 de junho de 1895, no Campo dos Osrios, Saldanha da Gama foienvolvido pelas colunas do General Hiplito Ribeiro e do Coronel Paula Castro. Tentou fugir, masencontrou a morte, lanceado pelo Capito Salvador de Sena e seu irmo, o Alferes Alexandre de

    Sena. Em 23 de agosto de 1895, o representante do Presidente, General Inocncio Galvo deQueiroz ajustou uma paz honrosa com o General Joo Nunes da Silva Tavares. O decreto legislativon 310, de 21 de outubro de 1895, concedeu anistia aos revoltosos.

    A colonizao alemA primeira colnia europia em Santa Catarina foi instalada, por iniciativa do governo, em

    So Pedro de Alcntara, em 1829. Eram 523 colonos catlicos vindos de Bremem (Alemanha). Em1829, a Sociedade Colonizadora de Hamburgo adquiriu 8 lguas quadradas de terra,

    correspondentes ao dote da princesa Dona Francisca, que casa com o prncipe, fundando a colniaDona Francisca. Apesar das dificuldades do clima, do solo e do relevo, a colnia prosperou,expandindo-se pelos vales e planaltos e dando origem, em 1870, colnia de So Bento do Sul. Oncleo dessa colnia deu origem cidade de Joinville. A colnia de Blumenau (atual Blumenau),no vale do rio Itaja-A, fundada, em 1850, por um particular, Dr. Hermann Blumenau, foivendida, dez anos aps, ao Governo Imperial.

    Em 1893, a Sociedade Colonizadora Hansetica fundava o vale do Itaja do Norte, a colniade Hamnia (hoje Ibirama). No vale do Itaja-Mirim, a partir de 1860, comearam a chegar asprimeiras levas de imigrantes, principalmente alemes e italianos, que dinamizaram a colnia deItaja, posteriormente denominada Brusque.

    Na parte sul da bacia do rio Tijucas, apesar dos insucessos da colnia pioneira de So Pedrode Alcntara, novos intentos colonizadores foram alcanados por alemes, com a criao dascolnias de Santa Tereza e Angelina.

    A colonizao italianaO elemento de cultura italiana insere-se no contexto populacional catarinense em seis

    momentos:

    1. Fundao da colnia Nova Itlia (atual So Joo Batista) em 1836, no vale do rio Tijucas,com imigrantes da Ilha da Sardenha.

    2. Em decorrncia do contrato firmado, em 1874, entre o governo imperial brasileiro eJoaquim Caetano Pinto Jnior, foram fundadas, a partir de 1875, Rio dos Cedros, Rodeio, Ascurrae Apoina, em torno da colnia Blumenau; Porto Franco (atual Botuver) e Nova Trento, em tornoda colnia Brusque. Em 1877, funda-se a colnia Lus Alves no vale do rio Itaja-A e implantou-se, no vale do rio Tubaro, os ncleos de Azambuja, Pedras Grandes e Treze de Maio: no vale doUrussanga, os ncleos de Urussanga, Acioli de Vasconcelos (atual Cocal) e Cricima.

    3. Fundao da colnia Gro Par (atuais municpios de Orleans, Gro Par, So Ludgero eBrao do Norte), por Conde D'Eu e Joaquim Caetano Pinto Jnior.

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    Carta de um imigrante

    Urussanga, 26 de maio de 1892

    Meu caro prefeito de Fusine di Zoido, Itlia.Assim que cheguei a Urussanga fui logoabraando minha irm que no via h doisanos. Todos os conhecidos da nossa regioesto muito bem estabelecidos com vacas ebois, cavalos, porcos, galinhas, milho, feijo,

    arroz, batata e pssegos, e figos, e laranjas,limes e caf, mas deste muito pouco, agora,fazem tambm vinho, mas no a cada ano.Cana de acar da qual se tira a cachaa,trigo, tambm esse no d todos os anos,assim eu os ver todos cheios desses gneros eeu me alegrei, no fundo, no fundo osprimeiros colonos passam a vida muito beme esto contentssimos.

    As guas so boas e os ares mais do que

    bons, nevar no neva nunca, no mximouma geada sobre os campos, de noite preciso uma coberta, e a populao vem deBelluno e de Treviso, todos bonstrabalhadores e boa gente e todos muito bemarranjados.

    Mas, no pensem que na Amrica tudo fcil, precise trazer todas as ferramentaspara o trabalho e quem no tem vontade detrabalhar vive em uma misria pior-que

    aquela da Itlia.

    Os terrenos so todos virgens com florestasfechadas, assim um colono que deseja virpara estes lados encontra terrenos de grandeabundncia, mas quanto mais tarde chegarsempre mais longe da sede vai se estabeleceraqui preciso aqueles que tm vontade detrabalhar e no fazer "os vagabundos" paraviverem na misria.

    4. Efetivao do contrato da Companhia Fiorita com o governo brasileiro em 1891;fundao, em 1893, da colnia Nova Veneza (atuais Nova Veneza e Siderpolis), estendendo-se dovale do rio Me Luzia at o vale do rio Ararangu.

    5. Expanso das antigas colnias do mdio vale do Itaja-Mirim em direo ao interior, noencontro de novas terras no alto vale do Itaja (Itaja do Sul e Itaja do Oeste, assim como as do

    permetro do Rio Tubaro).

    A colonizaoeslava

    A partir de 1871, chegou a Brusque o

    primeiro grupo de poloneses, que mais tardese transferiu para o Paran. Em funo docontrato com o governo imperial, j ocorria oingresso de poloneses na ento provncia deSanta Catarina, em 1882. A partir de 1889,novas levas de imigrantes poloneses e russoschegavam ao Sul de Santa Catarina - nosvales dos rios Urussanga, Tubaro, MeLuzia e Ararangu - e outras levas selocalizaram nos vales dos rios Itaja e Itapocue em So Bento do Sul e adjacncias. Nessa

    mesma poca, os imigrantes que chegavamao porto de Paranagu0 foram encaminhadospelo Governo do Paran para a vila de RioNegro e da para a colnia Lucena (atualItaipolis). Em 1900, vo ingressar naslocalidades de Linha Antunes Braga, em SoCamilo e Brao do Norte, nas terras da antigacolnia Gro Par, e nas localidades deEstrada das Areias, Ribeiro das Pedras,Pedras Warnow Alto e Vargem Grande, nas

    terras do ento municpio de Blumenau.

    Aps a Primeira Guerra Mundial,tem-se novos ingressos na regio do vale dorio do Peixe, Mdio-Oeste Catarinense, emrio das Antas e Ipomia (1926); no vale do rioUruguai, nos tributrios do Uruguai, emDescanso (1934); no vale do Itaja do Oeste(1937); em Faxinal dos Guedes (1938) e altovale do Itaja do Norte (1939) entre algunsoutros poucos lugares. Com a Segunda Guerra

    Mundial, imigrantes poloneses dirigiram-se, em1940, atravs do vale do rio Uruguai para Monda e, em 1948, do alto vale do Itaja para PousoRedondo.

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    O ContestadoO povoamento do planalto serrano foi diferente da do litoral catarinense na sua composio

    de recursos humanos. As escarpas serranas, densamente cobertas pela Mata Atlntica, junto comos povos indgenas, representavam srios obstculos para o povoamento da regio. A ocupao sedeu de atravs do comrcio de gado entre o Rio Grande do Sul e So Paulo j no sculo XVIII,fazendo surgir os primeiros locais de pouso. A Revoluo Farroupilha e Federalista tambmcontriburam para o aumento de contingente humano, que buscavam fugir dessas situaesbeligerantes.

    Em 1855, o governo da provncia do Paran desenvolvia tese de que a sua jurisdio seestendia por todo o planalto meridional. Da em diante, uma luta incessante vai ter lugar noParlamento do Imprio, onde os representantes de ambas as provncias propunham solues, sem

    chegar a frmulas conciliatrias.

    Depois de vrios acontecimentos queprotelaram as decises - como a abertura da "Estradada Serra" e tambm a disputa entre Brasil e Argentinapelos "Campos de Palmas" ou "Misiones" - o Estado deSanta Catarina, em 1904, teve ganho de causa, emborao Paran se recusasse a cumprir a sentena. Houvenovo recurso e, em 1909, nova deciso favorvel aSanta Catarina, quando, mais uma vez, o Parancontesta. Em 1910, o Supremo Tribunal d ganho decausa a Santa Catarina.

    A guerra e asoperaes militares

    A regio contestada era povoada por "posseiros"que, sem oportunidade de ascenso social oueconmica, como pees ou agregados das grandesfazendas, tomavam, como alternativa, a procura deparagens para tentar nova vida.

    Ao lado desses elementos sem maior cultura -mas fundamentalmente religiosos, subordinados a umcristianismo ortodoxo - vo se congregar outroselementos como os operrios da construo da Estradade Ferro So Paulo-Rio Grande, ao longo do vale do riodo Peixe.

    Junto a esta populao marginalizada, destaca-se a atuao dos chamados "monges", dentre os quais oprimeiro identificado chamava-se Joo Maria de

    Agostoni, de nacionalidade italiana, que transitou pelasregies do Rio Negro e Lages, desaparecendo aps a

    A FIGURA DOS MONGES teve

    valor fundamental para a questo doContestado, sendo mais destacado oJos Maria. O primeiro monge foi JooMaria, de origem italiana, queperegrinou entre 1844 a 1870 quandomorre em Sorocaba. Joo Maria levavauma vida extremamente humilde, eserviu para arrebanhar milhares decrentes, porm no exerceu influnciados acontecimentos que viriam aacontecer, mas serviu para reforar o

    messianismo coletivo.O segundomonge, que tambm se chamava JooMaria surge com a RevoluoFederalista de 1893 ao lado dosmaragatos. De comeo vai mostrar suaposio messinica, fazendo previsesa respeito dos fatos polticos. Seuverdadeiro nome era Atans Marcaf,provavelmente de origem Sria.

    Joo Maria vai exercer forte influnciasobre os crentes, que vo esperar pela

    sua volta aps seu desaparecimentoem 1908.

    Essa espera vai ser preenchida em1912 pela figura do terceiro monge:Jos Maria. Surgiu como curandeirode ervas, apresentando-se com o nomede Jos Maria de Santo Agostinho.Ningum sabia ao certo qual a suaorigem, seu verdadeiro nome eraMiguel Lucena Boaventura e, de

    acordo com um laudo da polcia daVila de Palmas/PR, tinha antecedentescriminais e era desertor do exrcito.

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    PROFECIA DE JOS MARIA

    Se eu morrer, ressuscitarei. E vou trazer

    uma fora de cavalaria do Cu para matar

    todos os que no estiverem do nosso lado. Os

    irms que morrem tambm ressuscitaro

    pr brigar com dez soldados cada um. E hode vencer, pois faro parte do Exrcito

    Encantado de So Sebastio.

    Aps sua morte, as aparies tornaram-secada vez mais frequentes. A histeria religiosatoma conta da regio do Contestado. Teodora,11 anos, neta de Euzbio Ferreira dos Santos, a escolhida para receber as vises do

    monge e d ordens, cura doentes e dialogacom o santo popular ordenando o

    posicionamento das tropas rebeldes frente aoexrcito.

    Proclamao da Repblica.

    Aps 1893, consta o aparecimento de um segundo Joo Maria, entre os rios Iguau eUruguai. Em 1987, surge outro monge, no municpio de Lages. Em 1912, em Campos Novos, surgeo monge Jos Maria, ex-soldado do Exrcito, Miguel Lucena de Boaventura, que no aceitava osproblemas sociais que atingiam a populao sertaneja do planalto.

    O agrupamento que comeou a se formar em torno do monge, composto principalmente decaboclos sados de Curitibanos, se instala nos Campos do Irani. Esta rea, sob o controle doParan, teme os "invasores catarinenses" e mobiliza o seu Regimento de Segurana, pois estainvaso ocorre, justamente, naquele momento de litgio entre os dois Estados.

    Em novembro de 1912, o acampamento de Irani atacado pela fora policial paranaense etrava-se sangrento combate, com a perda de muitos homens e de grande quantidade de materialblico do Paran, o que fez desencadear novos confrontos, alm do agravamento das relaes entreParan e Santa Catarina.

    Os caboclos vo formar pela segunda vez, em dezembro de 1913, uma concentrao emTaquaruu, que se tornou a "Cidade Santa", com grande religiosidade e, na qual, os caboclostratavam-se como "irmos". Neste mesmo ano, tropas do Exrcito e da Fora Policial de SantaCatarina atacam Taquaruu, mas so expulsas, deixando, ali, grande parte do armamento. Aps amorte de outro lder, Praxedes Gomes Damasceno, antigo seguidor do monge Jos Maria, oscaboclos se encontram enfraquecidos. No segundo ataque, Taquaruu era um reduto com grandepredomnio de mulheres e crianas, sendo a povoao arrasada.

    Em janeiro de 1914 um novo ataque feito em conjunto com os dois Estados e o governofederal que arrasa completamente o acampamento de Taquaru. Mas a maior parte doshabitantes j estava em Caraguat, de difcil acesso. No dia 9 de maro de 1914 os soldados travam

    uma nova batalha, sendo derrotados. Essa derrota repercute em todo o interior, trazendo para oreduto mais e mais pessoas. Neste momento, formam-se piquetes para o arrebanhamento deanimais da regio para suprir as necessidades do reduto. Mesmo com a vitria criado outroreduto, o de Bom Sossego, e perto dele o de So Sebastio. Este ltimo chegou a teraproximadamente 2000 moradores. Os fanticos noficam s a esperar os ataques do governo, atacam asfazendas dos coronis retirando tudo o queprecisavam para as necessidades do reduto.Partiram tambm para atacar vrias cidades, comofoi o caso de Curitibanos. O principal alvo nessescasos eram cartrios onde se encontravam registrosdas terras, sendo incendiados. Outro ataque foi emCalmon, destruindo a segunda serraria da Lumber,destruindo-a completamente. No auge domovimento, o territrio ocupado equivalia aoEstado de Alagoas, totalizando 20.000. At o fimdo movimento haviam morrido cerca de 6000.

    Outros povoados, ainda, como PerdizesGrandes, seriam formados e diversos outroscombates, principalmente sob a forma de

    guerrilhas, se travariam at que o conflito na regiorealmente terminasse.

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    A escravido negra numa provncia perifrica

    Na imprensa catarinense, embora fora do eixo, tem-se no dia-a-dia, notcias dacomercializao de escravos, cujos anncios, com as caractersticas somticas dos seres a seremvendidos, focalizando os seus predicados, dizendo serem bonitas peas, sem defeito algum, com

    prendas ou sem elas. Desta forma, tem-se uma viso na negociao daspeas, para o trabalho.

    A problemtica do escravo e da escravido negra em Santa Catarina pode ser avaliadadentro de vrias perspectivas. Em termos gerais h toda uma gama de especificidades nas relaesentre os senhores e os seus escravos. H paralelamente problemtica legal todo o contextoeconmico-social de um relacionamento que apresenta varivel, de pessoa para pessoa, de regiopara regio. Tem-se, em primeiro lugar, que observar as diferenas fundamentais da escravidonuma rea de agricultura de exportao, como sejam as "plantation" de cana-de-acar, de algodoe de caf, com aquelas de agricultura de subsistncia, ou ainda, com a escravido nas reasurbanas, sejam servios domsticos, de utilidade pblica ou de marinharia, ou, ento, com aquelasreas de criatrio extensivo, como predominou do planalto meridional do Brasil.

    Cada regio tem peculiaridades prprias e, portanto, um quadro referencial parte. Entreos problemas da escravido esto s relaes dos escravos frente legislao penal brasileira,sucessora que foi das "Ordenaes". Nos vrios "Livros" das Ordenaes tem-se as formas deincriminao dos escravos. Assim o furto praticado por escravo, a fuga de escravo, o escravoportando arma de fogo, o escravo ameaando o senhor com arma, o levaria a ser atenazado, ter asmos decepadas e enforcado, se matar o senhor ou seu filho, e se o ferir teria morte na forca.

    O Cdigo Criminal do Imprio Brasileiro, promulgado em 16 de dezembro de 1830,estabeleceu as condies de ao dos Chefes de Polcia em cada uma das Provncias e tem-se, a

    partir de ento, uma farta documentao, onde aparecem os crimes cometidos e os castigosinfligidos dos escravos. Diante da Justia, na Ilha de Santa Catarina, as causas das penalizaes soas mais diversas: desde o "vagar fora de horas" at os crimes de homicdio.

    Dentro da sua luta pela liberdade o escravo usou, principalmente, a fuga do cativeiro.Houve de certa forma, uma inter-relao da fuga com o tratamento dado plos proprietrios aosseus escravos. Assim sendo eles so considerados como aes reivindicatrias da liberdade. Poder-se-, ainda, correlacion-las com as crises econmicas, com o processo poltico.

    Na medida em que h exigncias de maior trabalho por parte do senhor, o escravo vaiprocurar fugir ao controle do feitor ou do prprio senhor. Algumas vezes a fuga foi efetuada,

    individualmente, mas, em outras ocasies, a fuga foi coletiva. Tem-se, desde o perodo colonial aanotao desse fenmeno coletivo.

    Em 2 de setembro de 1769 o Conde de Azambuja, Vice-Rei do Brasil, escrevia do Rio deJaneiro ao Juiz Ordinrio e mais membros da Cmara "da Ilha de Santa Catarina", "a respeito dosnegros fugidos aprovo a providncia que vossas mercs dero aos 'Capites-de-mato' os quais etodas as mais pessoas mandadas legitimamente a essas diligncias, resistindo-lhes os negros, ospodem matar sem nisso incorrerem em crime, porque assim determina em geral a Ordenao arespeito de todos os criminosos, e pelo que toca aos negros fugidos...

    Os "quilombos" continuaram a existir em territrio catarinense. H aparecimento de

    "quilombos" em vrias partes. Em 1822, h um na Lagoa, que gerou correspondncia azeda entrevrias autoridades, e nem se extinguira esse "quilombo" e j se anota outro em Enseada de Brito.Em 1831 volta a existir outro "quilombo" na Lagoa, pelo que a Cmara Municipal do Desterro

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    nomeou, a 10 de janeiro de 1831, "capites-de-mato" para Enseada de Brito a Francisco JoaquimFumaa e para a cidade do Desterro, Jernimo Lopes de Carvalho. Este a 2 de maro daqueleano.Mas, no termina a a problemtica da organizao de "quilombos", em territrio catarinense.

    Na Ilha de Santa Catarina as autoridades defrontam-se, novamente, em 1842, com oproblema. Ora so os proprietrios que pedem auxlio "para priso de seus escravos e outros

    aquilombados nas freguesias de Santo Antnio, Lagoa, Canasvieiras e Rio Vermelho" ou ento sefornece ao Juiz de Paz da Lagoa cartuchame para destruir o quilombo existente da parte do RioTavares. Este "quilombo" perto do Rio Tavares, ficava no local conhecido como Faxinai, e os seushabitantes "saqueiam as roas e o gado dos moradores".

    O crescendo da fuga de escravos fez com que fosse encarregado como "capito-do-mato",para toda a Provncia, Manoel Fernandes de Aquino. Mas, esta nomeao no ps fim ao problema.Em Forquilhinha, "distrito da vila de So Jos", fez com que se "prontificasse" dois "capitaes-do-mato". Um outro sistema de fuga muito bem estruturado no litoral catarinense a utilizao devrios baleeiros norte-americanos,aps 1866. O caso mais espetacular foi o do baleeiro norte-americano "Highiand Mary of. Say Harbour", em 15 de maio de 1868, que "recolheu a seu bordo

    sete escravos aliciados para fugir por outro escravo chamado Frutuoso, que se achava a bordo, eque havia dois anos fugira da mesma maneira" e a perseguio ordenada pela Presidncia daProvncia no deu resultado. E a utilizao deste mtodo continuado, porquanto o porto doDesterro , poca, um local de arribada constante dos baleeiros norte-americanos, em demandaaos mares do sul, e nele fazem seus aprovisionamentos. Tanto assim que, em 31 de julho de 1868,novamente as autoridades catarinenses tm novo alarme, no mesmo sentido. Todos os cidadosnorte-americanos, moradores na orla litornea catarinense, so, ento, olhados com desconfiana,como intermedirios nesse processo de fuga. At um personagem que foi Cnsul interino dosEstados Unidos na cidade do Desterro, Robert S. Cathcart foi incriminado, sem, entretanto, haverprovas mais concludentes a este respeito.

    Esta temtica encontra uma base lgica face concesso de liberdade aos escravos norte-americanos, ao trmino da Guerra de Secesso. Assim, uma constante so os anncios em jornais,sobre a fuga de escravos, com as descries dos seus aspectos fsicos e dos traos que melhor oscaracterizam, notadamente os seus defeitos, e onde no faltam as menes s gratificaes a quemos indicar aos seus proprietrios.

    H, em contraposio formas para amenizar a escravido, como a concesso de um dia paratrabalhar e com o ganho a formao de um peclio. Ou, ainda, a permisso para a formao deentidade associativa-filantrpica, como o foram as Irmandades de Nossa Senhora do Rosrio, emtomo das quais se desenvolve o sincretismo religioso e ldico, visualizado nas "congadas" ou

    "danas de congo". Por outro lado, o estudo minucioso das "cartas de liberdade" podero conduzira um diagnstico mais correio do relacionamento entre senhores e escravos e personalizar melhoras tendncias da psicologia senhorial.

    Na rea da colnia de Blumenau teve-se uma nica venda de escravo,registrada em tabelionato, fato que se deu durante a ausncia do Diretor da Colnia,Dr. Hermann Otto Bruno Blumenau.

    Outros aspectos que esto a merecer melhores estudos, notadamente em Santa Catarina,so aqueles concernentes reavaliao da sua populao escrava, pela busca de dados maiscorreios, e, ainda, a anlise de contedo da imprensa, para uma verificao do grau de defesa ou

    no do abolicionismo e as tendncias manifestadas, bem como a determinao da correlao comas diferentes correntes poltico-partidrias que, ento, se defrontavam.

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    O escravo na legislao provincianaO problema do escravo na sociedade e economia catarinense ganha nova dimenses a partir

    da anlise cuidadosa da legislao catarinense vigor de 1835a 1888. Longe de ser conclusivo, seuestudo abre uma imensidade de perspectivas de pesquisas, enriquecendo um tema da maiorimportncia para a histria de Santa Catarina e, num contexto mais amplo do qual inseparvel,

    do Imprio. A maior contribuio da legislao catarinense, anosso ver, se coloca para a histria social. Atravs dosCdigos de Posturas dos Municpios podemos traar umparalelo entre as atividades exercidas plos escravos e ploshomens livres na sociedade, o que representa umacontribuio importante para a caracterizao do sistema.Assim, pudemos constatar:

    - Que a quase totalidade das atividades urbanas eram

    exercidas por escravos e livres. Encontramos escravosmascates, cavaleiros, pescadores, leiteiros, pombeiros(atravessadores de gneros), marinheiros, etc., alm,logicamente, dos escravos de ofcio. A diferenciao social se

    manifesta basicamente de duas formas: a) pela prpria caracterizao das pessoas ("qualquerpessoa") entre livres e escravos;b)pela diferenciao da punio (sendo livre..., se for cativo..."),sempre mais rigorosa para o escravo, com rarssimas excees de igualdade, implicando muitasvezes a pena em palmatoadas, aoites, castigos corporais no especificados, priso, etc.

    Neste aspecto cumpre ressaltar que dentre todos os Cdigos Municipais de Posturas o daVila de So Francisco nos pareceu o mais severo, pela imposio mais constante de penas de

    aoites aos escravos; nos demais municpios a pena de aoites rara (Desterro, Lages, porexemplo), ou inexistente. Entretanto, pudemos observar tambm que a expresso "para ser punidopolicialmente" surge nesses cdigos sem que se possa atribuir-lhe o significado que adquiria naprtica.

    Em Laguna detectamos a existncia de proprietrios escravos. A lei refere-se existncia deanimais cavalar, muar, cabrum e vacum, pertencentes a escravos; caso esses animais estivessemsoltos dentro dos limites da cidade o senhor de escravos seria multado. Eis dois aspectossumamente interessantes: a) escravos proprietrios e b) as multas seriam pagas plos senhoresdos escravos. Pareceu-nos tratar-se de uma peculiaridade do Municpio de Laguna, vinculada scondies scio-econmicas do prprio municpio, que deveriam ser levantadas inserindo essaparticipao do elemento escravo.

    Era proibido exclusivamente aos escravos apenas:

    a) ser caixeiros em vendas e tabernas. Este um aspecto que merece um estudo maisaprofundado, uma vez que nenhuma outra atividade vetada to taxativamente em todos osMunicpios da Provncia, como esta.

    b) o divertimento do entrudo; sob pena de priso;

    c) os "reinados africanos", os senhores que dessem licena para tal fim seriam multados;

    d) alugar casas para morarem independentes de seus senhores. Cabe aqui uma grandeinterrogao: quais escravos teriam condies de pagar aluguel, e por que o fariam? Havia uma

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    Se a humanidade do passado

    por umas falas compreenso

    dos direitos lgicos e naturais,

    considerou que podia

    apoderar-se de um indivduo

    qualquer e escraviz-lo,

    compete-nos a ns, a ns que

    somos um povo em via de

    formao, sem orientao e

    sem carter particular de

    ordem social, compete-nos a

    ns, dizamos, fazer

    desaparecer esse erro, esse

    absurdo , esse crime

    Cruz e Souza (1887)

    aceitao por parte dos senhores? Se no havia, por que os escravos pretendiam tal coisa? E sehavia, por que a legislao proibia? Nos demais casos, o que proibido ao escravo o tambm paraos homens livres. Por exemplo:

    a) a lei que se refere a barulho, etc., severa para toda a populao, e probe tambm osfandangos, jogos, etc., sem a devida licena;

    b) as leis que regulam o uso de armas no fazem referncia explcita a escravos; referem-sea "qualquer pessoa". E certo que havia uma lei do Imprio (24/01/1756) que punia os escravos queandassem com faca, mas as leis municipais referem-se a vrios tipos de armas, e no separamlivres e escravos, como nas demais.

    Este aspecto merece uma interpretao mais aprofundada, pois parte-se do pressuposto deque aos escravos era proibido andarem armados, pelas implicaes de sua prpria condio. Comointerpretar a redao dessas leis, ento? Em vrias situaes o escravo e "filho famlias" aparecemtutelados, lado a lado. Por exemplo, na proibio de participar de jogos, rinhas, etc. Em outras,livres e escravos aparecem com as mesmas funes que numa sociedade aristocratizada caberia

    apenas ao escravo. E o caso da conservao de estradas, pontes, caminhos pblicos, etc., que cabia famlia a responsabilidade de executar o trabalho, "por si, e sua famlia, seja filho ou escravo".

    Quando morre o escravo volta condio de ser humano. A diferenciao para orecebimento dos sinais se faz entre homens, mulheres e menores de sete anos; a mortalha garantida por lei. Entretanto, devemos ressaltar que apesar de nesta como em outras situaespercebe-se uma maior sensibilidade em torno do escravo, no acreditamos ser suficiente paralanar concluses sobre a maior humanidade do sistema escravista no sul; o aspecto subjetivo dorelacionamento senhor-escravo no pode ser levantado na legislao, e ele, em ltima anlise,que dar as nuances diferenciadoras do sistema.

    severa a punio ao boticrio que vender drogas venenosas a escravos, em todos osmunicpios. Seria para coibir os suicdios ou para evitar que os senhores fossem assassinados? Ouambas as coisas? Esta questo apenas aflora na legislao; para sua elucidao deve-se recorrer aoutras fontes de pesquisa. Ressaltamos que havia preocupao constante nos Cdigos de Posturas,e que, obviamente, havia motivos para isto.

    Para encerrar, registramos que dos Cdigos de Posturasanalisados apenas o de Joinville no faz nenhuma referncia aescravos; o vocbulo e seus sinnimos so inexistentes. Para osaspectos econmicos do sistema escravista na Provncia deSanta Catarina a questo se coloca com muito maior ndice de

    dificuldade. Acreditamos que seria necessrio, em primeirolugar, um estudo visando descobrir o que representava o totaldos impostos arrecadados sobre escravos no total da Receita daProvncia. Pode-se perceber uma

    Acreditemos que para atingir a maior parte dasrespostas a estas perguntas aqui lanadas e as quenumerosamente surgiro, seria necessrio um levantamentoarquivstico, englobando jornais e tudo o que for disponvel.Somente a partir da se poder conhecer verdadeiramente osistema escravista em Santa Catarina, mas em muitos lugaresestes registros deixaram de existir, por qu?

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    O jornalismo na cidade de BlumenauUma das mais ricas e populosas regies de Santa Catarina e segundo plo txtil do mundo,

    o Vale do Itaja tem um papel singular na histria dos meios de comunicao do estado. E no Vale,mais precisamente em Blumenau, que nasceu a mdia eletrnica: rdio e televiso catarinense,colocando a cidade em posio de vanguarda em relao a municpios maiores como Florianpolise Joinville. Mais de setenta anos depois, a regio mantm posio de destaque na radiodifuso.

    Das 184 emissoras de rdio existentes no estado, de acordo com a Associao Catarinensede Emissoras de Rdio e Televiso, pelo menos 36 (17 FMs e 19 AMs) esto no Vale, isto sem levarem conta as educativas e comunitrias, alm de emissoras comerciais no filiadas entidade. Hainda seis emissoras de televiso com sinal aberto', alm dos canais por assinatura. Destacam-se asemissoras comerciais RBS TV Blumenau, Record News (Blumenau) e TV RIC Record (Itaja);Educativas: TV Brasil Esperana (Itaja), TV Bela Aliana (Rio do Sul), FURB TV (Blumenau) e TVPanorama (Balnerio Cambori).

    No jornalismo impresso, o destaque o "Jornal de Santa Catarina", o terceiro maisimportante do estado. Em pesquisa realizada em 19992, constatamos que a imprensa catarinense constituda por 177 pequenos jornais, alm dos quatro maiores: "Dirio Catarinense", "A Notcia","Jornal de Santa Catarina" e "O Estado". Entre os pequenos, 45 (25%) estavam no Vale, dois estoentre os seis mais antigos do estado ainda em circulao: "Nova Era" (Rio do Sul - desde26/12/1937) e "O Municpio Dia-a-Dia" (Brusque - desde 25/06/1954).

    Por suas atuaes nas respectivas comunidades, vale registrar ainda o "Pgina 3" e "TribunaCatarinense" (Balnerio Cambori), "O Atlntico" (Itapema), "Jornal do Mdio Vale" (Timb),"Cruzeiro do Vale" (Gaspar), "Dirio da Cidade" e o polmica "Dirio do Litoral" (Itaja), "A Voz da

    Razo", Folha de Blumenau e "Tribuna Regional" (Blumenau), "A Cidade" (Rio do Sul) e o"Jornal do Comrcio" (Piarras).

    Esta pequena panormica evidencia a necessidade de uma ampla pesquisa para se traar operfil da imprensa no Vale do Itaja. Em razo da brevidade desse captulo, concentraremos nossaabordagem na imprensa escrita de Blumenau e Itaja como representativas da regio. Taldelimitao parte do fato, tambm, que estes so os municpios mais expressivos e os pioneiros daindstria cultural do Vale e de Santa Catarina.

    Apenas como ilustrao, importante ressaltar que o pioneirismo do rdio coube a JooMedeiros Jnior, o primeiro radio-amador licenciado do estado, e que em 1929 instalou um servio

    de alto-falantes no centro de Blumenau. No final de 1931, ele iniciou as primeiras experinciasradiofnicas e em 1935 a Rdio Clube (PCR-4) estava no ar. A licena saiu em 19 de maro de 1936.Santa Catarina entrava na era do rdio, 23 anos depois de fundada a Rdio Sociedade Rio dejaneiro, a primeira do Brasil. Em Itaja, em 26 de outubro de 1942, Dagoberto Alves Nogueira eAdolfo de Oliveira Jnior instalou oficialmente a Rdio Difusora, a terceira em solo catarinense.

    Em 1954, era constituda a Rede Coligadas de Rdio que, mais tarde .pleiteou a concessode um canal de televiso para Blumenau. Surgia assim, em l de setembro de 1969, a TV Coligadas,a primeira emissora oficialmente instalada em Santa Catarina, dezenove anos depois da TV Tupi, aprimeira do pas, em So Paulo.

    O "Blumenauer Zeitung" ("Gazeta Blumenauense"), primeiro jornal de Blumenau e doVale, foi resultado de uma ao cooperativada da qual 71 colonos eram cotistas. A iniciativa partiude Hermann Bauggarten, ento com 25 anos. Nascido em Blumenau, mas ilustrado em Porto

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    Alegre e Rio de Janeiro, o descendente de alemes voltou sua terra natal com o objetivo demontar um jornal. A falta de recursos financeiros o levou constituio da Sociedade TipogrficaBlumenauer Zeitung, em 1879. Conforme o estabelecido em contrato, o valor das aes foidevolvido gradativamente aos cotistas, e Baugartem tornou-se o nico dono.

    Com uma impressora importada de Leipzig (Alemanha), o semanrio surgia no formado de

    quatro pginas, redigido em alemo e com circulao nas principais cidades catarinenses, ondemantinha agentes (Itaja, Brusque, Joinville e Desterro), alm do Rio de Janeiro e Alemanha.Antnio Hrte era o redator e Hermann Baumgarten o editor. Circulou at 2 de dezembro de 1938.

    Mesmo contrrio criao do jornal, Hermann Blumenau, o administrador da colnia,comprou duas aes e sob sua assinatura colocou a observao bedingt(condicionalmente). Umasemana depois da primeira edio, Blumenau recebia a devoluo de sua parcela noempreendimento. As atividades polticas desse jornal, embora sem sombra de dvidas, voltadasexclusivamente para a defesa do nome da Colnia e dos interesses dos seus moradores, provocou afundao de outro jornal, o Immigrant e dos debates entre as duas folhas, nasceram discrdias,lutas srias, ataques moral e dignidade dos contendores e dos seus adeptos. O "Immigrant",

    segundo jornal da colnia blumenauense, foi criado por Bernardo Scheimantel e circulou de abrilde 1883 a abril de 1891. Nascia como resultado declarado de um embate poltico. Aps a grandeenchente de 1880 - que atrasou em dois anos a instalao do municpio -, o governo imperialdesignou uma comisso de engenheiros, chefiada pelo Dr. Antunes, para fazer o levantamento dosprejuzos e atuar na reconstruo da colnia.

    A comisso praticou desmandos, favorecimentos e atos de corrupo que geraram prontareao do "Blumenauer-Zeitung", e em muitos casos bastante contundentes. Foi ento quesimpatizantes e beneficiados por Antunes criaram o "Immigrant". O confronto entre os dois jornaischegou esfera do poder pblico, sendo debatido na Cmara de Vereadores, criada em 1882. Osdesafetos s amenizaram quando acomisso Antunes deixou Blumenau.

    Aps a Proclamao daRepblica, os dois jornais travaramnovo embate. O "Immigrant", de matizliberal, comemorou o novo regime emvrios editoriais e perdeu muitosaliados, os opositores polticaflorianista. O "Blumenauer", ligado

    ao Partido Conservador, revidou. Sem

    apoio, o "Immigrant" fechou as portasem 1891. Em 18 de Julho de 1892,surge "O Municpio", editado emportugus e alemo. O objetivo era veicular os comunicados oficiais da intendncia, j que o"Blumenauer" fazia oposio ao intendente. O Jornal teve apenas 32 edies e saiu de circulaoem maro de 1893. No mesmo ms, foi substitudo pela segunda verso de o "Immigrant", agorasob a direo de Paulo Steizer, que defendia a causa federalista. A maioria da populao erarepublicana e tinha como porta-voz o "Blumenauer". Os confrontos entre os dois jornais notardaram. Em 16 de julho, aps 16 edies, "Immigrant" desaparecia pela segunda vez. Foicomprado pelo pastor Faulhaber, em nome da Conferncia Pastoral Evanglica, que passou a editar

    o semanrio religioso "Der Urwaidsbote" ("O Mensageiro da Floresta"), que circulou at 29 deagosto de 1941.

    A evoluo do "homi", Z Dassilva. O humor d a dimenso

    precisa da crtica, da interpretao do fato e de sua relaocom os demais conhecimentos.

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    Uma rede de televiso, porexemplo, alm de ser um altonegcio, em termos de aplicaode capital, pode ser importantepara divulgar informaes e

    ideais que interessem s classesdominantes. Informaes e idiascongruentes com os interesseseconmicos, polticos eeducacionais, religiosos, militarese outros do bloco do poder.Dizem respeito ordem, pazsocial, estabilidade poltica,segurana, integrao, identidadenacional ou progresso,crescimento, produtividade,desenvolvimento, modernizao.

    Octvio Ianni

    Em sua longa trajetria, o "Der Urwaidsbote" trocou de proprietrio algumas vezes,assumindo tambm coloraes polticas. O pastor Faulhaber ficou no comando da redao at 1898e, aps as eleies daquele ano, foi substitudo por Eugnio Fouquet. Este foi o responsvel pelaorientao do jornal durante quase trinta anos. A Primeira Guerra interrompeu a circulao dojornal por dois anos, que retornou em 23 de agosto de 1919. Variados e ricos suplementos, inclusiveimpressos na Alemanha, foram encartados em "Der Urwaidsbote" durante muitos anos. Em 1928,

    o jornal chegava tiragem de cinco mil exemplares.

    A partir da dcada de 30, nada menos que 32 municpios foram desmembrados deBlumenau, com novos veculos de comunicao emergindo como porta-vozes destas novascomunidades. Os novos ttulos criados a partir do incio do sculo XX expandiram a imprensa deBlumenau. "A Nao" (1943/1980), fundado por Honorato Tomelin, foi o principal jornalblumenauense at o nascimento do "Jornal de Santa Catarina" em 1971. Seguindo a vocaoindustrial do municpio, os jornais tornaram-se cada vez menos voltados s questes da imigraoe agricultura, e mais ao cotidiano urbano e industrial. At incio dos anos 70, de acordo com Silva,foram 137 publicaes entre jornais-empresa, rgos sindicais, classistas, colegiais, agremiativos,revistas, anurios e outros.

    A 22 de setembro de 1971, Santa Catarina entra na era do jornalismo moderno. Foram doisanos de planejamento, incluindo edies pilotos para avaliar o projeto grfico, o contedo editoriale a produo industrial. Assim nascia o Jornal de Santa Catarina, para, a partir de Blumenau para

    atingir todos os municpios e concorrer com A Notcia (Joinville) e O Estado (Florianpolis). Ojornal nascia para complementar a primeira grande rede de comunicaes do estado. Com a TVColigadas operando desde setembro de 1969 e uma cadeia de emissoras de rdios associadas.

    Com a venda da TV Coligadas em 1980, o Santa mergulha em grave crise financeira,acentuada pela recesso no incio do Governo Collor. Em maio de 1990, seus jornalistas realizarama mais longa greve da categoria, que durou quase dois meses. Nas primeiras semanas a adeso foide quase 100% dos jornalistas, fechando praticamente todas as sucursais. Mais de 40 profissionaisforam demitidos, embora o movimento tenha sido julgado legal. Durante o tempo em que aredao parou, o Jornal circulou precariamente e no incio uma edio de quatro pginas explicava

    aos leitores o que estava acontecendo.

    Em l de setembro de 1992, a RBS assumia o Jornalimprimindo-lhe novo ritmo editorial, comercial eadministrativo. A aquisioera estratgica. Como o "DirioCatarinense", jornal do grupo lanado em Florianpolis em1986, no conseguia penetrar maciamente no Vale do

    Itaja, o Santa representava um grande portal de entrada daRBS naquele importante mercado de anunciantes e leitores.O Santa foi regionalizado e atualmente atinge 64municpios do Vale do Itaja com sucursais emFlorianpolis, Itaja, Brusque, Rio do Sul e Jaragu do Sul.J em setembro de 1994, passava a ser impresso em cores eem 1996 chegava Internet. Atualmente, o terceiro emtiragem no estado, chegando a 20 mil exemplares desegunda a sbado e cerca de 25 mil aos domingos. Contacom cerca de 50 profissionais na redao que produzem amdia de 44 pginas dirias.

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    Baumgarten, Cinema e BlumenauO cinema nasceu no final do sculo XIX, como legtimo representante de um perodo pleno

    de invenes e descobertas. Aps a Revoluo Industrial verificou-se um significativodesenvolvimento das cincias em seus diversos campos, surgindo, naquele processo detransformao econmica, social e cultural, uma serei de invenes que viriam influirdecisivamente nos rumos da histria moderna, entre elas a fotografia, 1839 e o cinema em 1895. Adata mais aceita para o surgimento da primeira exibio pblica cinematogrfica 28 de

    dezembro de 1895, no Cinematrfico dos Irmos Lumire, em Paris, Frana. Mas h quemconteste. A teoria mais aceita sobre a inveno do cinema aquela que admite que os princpios datcnica cinemagrfica moderna forma inventados por Thomas Edison e aperfeioados e colocadosem prtica pelos Lumire. O primeiro filme apresentado pelos irmos franceses chama-se Achegada de um trem na estao Ciotatque representa o cotidiano proletrio da capital francesa.

    A criao cinematogrfica em Blumenau possui no visionrio Alfredo Baumgarten (1883 -

    1967) um nome de respeito na histria local. Filho de jornalistas assumira o controle do jornalBlumenauer Zeitung e dedica-se ao jornalismo. Existem poucas fontes que do conta da obra deBaumgarten, mas datado de 1932 o inicio de suas atividades relacionadas ao fantstico mundo docinema.

    Foi com um olhar sensvel e seu esprito perfeccionista que Alfredo Baumgarten registrou,atravs de uma cmera, fosse ela de cinema ou de fotografia, a cidade de Blumenau e seusarredores, sua populao e seus personagens, deixando efetivamente, nesta rea sua grande obra.Uma obra que no se encontra pelo menos a parte fotogrfica, reunida em nenhum acervo especial,mas espalhada na imensa maioria dos lares da grande Blumenau, incluindo os diversos municpiosque foram sendo desmembrados a partir de 1934. As fotografias de Baumgarten requeriam um

    verdadeiro talento artstico do seu autor, que as retocava ou as coloria habilmente, uma a uma.Eram feitas com negativos em chapa de vidro, j no seu tamanho final. O material era importado eo laboratrio ou o atelier da Rua Quinze, como ficou conhecido, era na sua residncia. Preocupadocom a memria, Alfredo tinha o cuidado de classificar e arquivar cada chapa utilizada, mtodo quepermitiria futuras reprodues. Seu neto, Armando Medeiros, lembra o esmero do av ao afirmarrepetidamente que este arquivo constitua o verdadeiro patrimnio do fotgrafo.Lamentavelmente, este seu imenso patrimnio, acumulado durante mais de 40 anos, foi destrudopeias guas devastadoras da enchente ocorrida em 1957, na cidade de Blumenau.

    A fragilidade da memria, em especial quando se trata da conservao de documentosfotogrficos ou cinematogrficos das primeiras dcadas deste sculo, tambm est evidenciada naperda bastante significativa dos registros deixados por este pioneiro do cinema catarinense. Osmotivos do desaparecimento de grande parte da filmografia de Alfredo Baumgarten vo desde a mconservao dos filmes, armazenados em lugares vulnerveis s frequentes enchentes da cidade,at a destruio quase total, pelo comando da Polcia Militar do Estado de Santa Catarina, nos anos1959, dos inmeros filmes que registravam a Ao Integralista Brasileira.

    Na verdade, existem pouqussimos registros sobre a obra cinematogrfica de Baumgarten.A maioria das fontes d conta do incio de sua atividade no ano de 1932. Porm pelo menos quatrosfilmes de curta durao, entre as quase uma hora de imagens fixadas no celulide pela cmera deAlfredo Baumgarten que lograram sobreviver ao tempo, revelam registros anteriores, que

    comprovam o incio da sua atividade cinematogrfica anterior quela data. So eles: inauguraod'uma ponte em cemento armado em Indayal (1926); Enchente em Blumenau, novembro de 1927;

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    O Rei da Saxnia em Blumenau, junho 1928); Imponentes Comemoraes do Centenrio da

    Colonizao Alem em So Pedro de Alcntara no dia 15 de novembro de 1929.

    Baumgarten utilizava uma filmadora de 35 mm, adquirida provavelmente em uma de suasviagens ao Rio de janeiro, para captar as imagens que ele prprio revelava em seu atelier. Emborano tendo provavelmente realizado filmes sonoros, o cinegrafista tinha pelo menos esta pretenso,

    conforme publicou o jornal Cidade de Blumenau, em 9 de novembro de 1935, informando que a"recm criada A. Baumgarten-Filme est filiada Distribuidora de Filmes Brasileiros e seus filmessero completamente sincronizados, isto , musicados e falados. Provavelmente a sua intenao

    era a de dar continuidade ao seu trabalho de realizaes cinematogrfica, utilizando-se do recursosonoro nas novas captaes e exibies.

    O cinegrafista soube utilizar sua formao de fotgrafo na captao das imagens emmovimento. As cenas dos pescadores na praia de Itapema, do antigo nibus passando pela PonteHerclio Luz63, do Vapor Blumenau chegando na cidade de Blumenau, das cachoeiras do Rio doOeste, entre outras, so imagens de rarssima beleza, que comprovama acuidade tcnica dorealizador. Filmes como O Palcio Municipal em Ithaja, A Fabrica de Hering Cia e Imponentes

    Comemoraes do Centenrio da Colonizao Alem em So Pedro de Alcntara no dia 15 denovembro de 1929, so exemplos de imagens de inestimvel valor histrico. Nelas, pesquisadorespodem encontrar subsdios para trabalhos desenvolvidos em diversas reas do conhecimento64. Ascenas do campo e dos arredores da regio de Blumenau, como as encontradas nos trechos daViagem estrada frrea para Honsa, Transporte sobre um rio, A moradia do caboclo no serto ,No pinheral, Engenho de Serrar madeira em Warnov, Derrubada, A mata derrubada e Fogo no

    roado, alm do natural interesse histrico que suscitam, podem subsidiar estudos na reageogrfica e ecolgica, entre outras. "Dependendo do "olhar" do interessado, algo novo pode surgirdas imagens legadas por Alfredo. O fato que, muito embora grande parte da filmografia deBaumgarten tenha sido perdida, os filmes que sobreviveram ao tempo representam ainda um

    expressivo manancial para estudiosos e comprova a importncia dos registros cinematogrficoscomo suporte ao trabalho de qualquer historiador.

    Na verdade, Alfredo Baumgarten, mesmo empunhando uma cmera de filmar, nuncadeixou de ser fotgrafo. Quando de posse de uma cmera filmadora, ele fotografava cenas emmovimento, com pessoas posando para a cmera como se fora para uma fotografia. No apenas poresta evidncia - que de certa forma, para a novidade que representava a filmagem para as pessoasdaquela poca e regio, pode ser considerada como corriqueira, mas principalmente por suapretenso em relao aos objetos filmados, que parecia ser acima de tudo, a de documentar, comofazia com sua mquina fotogrfica. Sua cmera registrou belas paisagens e cenas comuns da poca.O olhar de Baumgarten demonstrava sua preocupao em documentar imagens buclicas e

    simples, como um fotgrafo amador quando ganha sua primeira cmera. S que Baumgarten tinhauma slida formao de fotgrafo e logo descobriu a possibilidade de tirar proveito do movimentocom sua nova cmera.

    No filme Viagem estrada frrea para Hansa, por exemplo, sua cmera est dentro de umtrem com vista para um vale e um rio. Imagens tomadas de dentro de trens eram comuns nesteperodo. A pesquisadora afirma que o mundo visto a partir do trem, apresentado como umapaisagem que desfila rapidamente diante do retngulo da janela, aludia a uma experinciasensorial da velocidade, que era inteiramente indita. Esta surgindo uma nova percepo demundo, uma nova forma de ver as coisas, mediatizada pelas formas mecanizadas dedeslocamentos, mas transformada em percepo visual com o auxlio direto do prprio cinema,uma mdia capaz de produzir a sensao da velocidade.

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    Filosofia em Santa CatarinaA histria da filosofia em Santa Catarina confunde-se com a histria da formao e

    organizao da Igreja Catlica. Os seminrios (centro de formao sacerdotal) tm por princpio oestudo da filosofia. Estes centros procuram ao longo do sculo XX estruturar cursos que pudessesuprir esta necessidade. Grande nmero dos filsofos e pensadores de nosso estado tem na suaformao o cerne catlico, embora a filosofia buscasse resolver seus problemas de forma autnomada teologia. O positivismo de August Comte contribura de forma significativa para odistanciamento da filosofia em relao teologia e a busca autnoma do instrumento de filosofar.O captulo que segue buscar apresentar e trabalhar problemas que foram importantes nadiscusso filosfica catarinense.

    No jornal da capital Dirio da Tarde de 10 de fevereiro de 1946 publicado o seguinte

    soneto e chamado assim pelo jornal de Soneto Filosfico:

    "A MONTANHA"Ao Joo Alfredo Medeiros Vieira

    Enorme a altiva, altiva e inerme, eis a montanhaQue junto ao mar grandioso e infinito se apruma,

    Ora cheia de sol, ora imersa na bruma,Na mais profunda paz, como uma deusa estranha.

    Vergaste-a da tormenta a insana e avrnea sanha,Corte-a o raio mendaz, insulte a tudo, em suma:

    Repousa, dorme, sonha, escura e fria, numa

    Calma que s da pedra a existncia acompanha.

    Os sculos, sem fim, vo lhe passando frente.E ela, nesse torpor, nada persiste ou sente

    Em seu dorso brutal de esfinge adormecida.

    Viver sempre assim, num letargo profundo,Na infinda paz de quem jamais contempla o mundo,

    Na infinda paz de quem jamais conhece a vida!

    Jos Pires ZYTKUEWISZ

    G L O S S R I O

    Altiva: que se tornou de grande altura.Apruma: por a prumo ou em linha vertical, endiretir-se. Vestir-se com elegncia, sentir-se

    orgulhoso.Avrnea: local de tormento ou inferno.Dorso: face superior ou posterior de qualquer parte do corpo.Inerme: desprovido de armas ou de meios de defesa; desarmado, indefeso, inofensivo.Letargo: estado de profunda e prolongada inconscincia, semelhante ao sono profundo, do qual a

    pessoa pode ser despertada, mas ao qual retorna logo a seguir.Mendaz: atitude daquele que mente ou revela hipocrisia.Sanha: rancor, fria, ira, desejo de vingana.Torpor: sentimento de malestar caracterizando pela diminuio da sensibilidade e do movimento.

    Ausncia de reao a estmulos de intensidade normal.Vergar: tornar curvo, arquear, dobrar ou tornar-se submisso a algum ou a algo.

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    A f em Deus e a razo andam juntas?O semanrio O Municpio, da cidade Brusque publicou, em sua edio de 10 de novembro

    de 1995 uma reportagem da pgina inteira sobre a prtica filosfica em Santa Catarina que sereproduz abaixo:

    Na tera-feira, 7 de novembro, 15 alunos do segundo semestre de Filosofia da FEBE (hojeUnifebe), romperam a barreira do tempo e "voltaram" Europa medieval do sculo XII, numapoca ento dominada por uma constante inquietao, de certo modo curiosa e especulativa, nocampo da Filosofia. Sob a coordenao do professor de Filosofia Eloy Dorvalino Koch, os alunossimularam uma aula magna, realizada naquela poca, discutindo a relao entre f e razo, atravsdas cinco teses defendidas por So Toms de Aquino (1224 a 1274), que pretenderam provar aexistncia de Deus. Durante quatro horas, a mesa inquiridora formada por aproximadamente oito"doutores examinadores" e presidida por "Toms de Aquino", questionou o "jovem estudante"(interpretado por Adilson Koslowski, hoje professor universitrio de filosofia), que defendeu sua

    tese de doutorado na Universidade de Paris, baseando suas ideias nas de Toms de Aquino. Quementrasse no salo da biblioteca do FEBE, local do debate, poderia ter uma perfeita ideia de comoera a defesa de tese em uma Universidade da Idade Mdia. Velas acesas, livros antigos, cruzes e apresena do Bispo e do Cardeal de Paris (representados por alunos), provavam a influncia quetinha a Igreja nas instituies de ensino. Para tornar ainda mais real simulao, os alunosvestiram-se com trajes imitando os da poca, emprestados pelo Museu Azambuja e por vriosmosteiros do pas. O fervor do debate por vezes era to forte, que alguns socos na mesa faziam-seouvir em meio retrica veemente. Uma verdadeira representao, mas que levou os alunos aaprofundarem-se na pesquisa e nos estudos da Filosofia e da Teologia, estimulando-os assim, nodebate sobre o tema.

    A F ACIMA DA RAZO

    Para o professor de Filosofia Eloy Toms de Aquino foi o grande sistematizador da Filosofiae da Teologia na Idade Mdia. Seus princpios influenciaram at mesmo o pensamento teolgicoatual. De acordo com o padre, Toms de Aquino conseguiu como nenhum outro pensador provarque a f no estava contra a razo humana, apenas acima dela.

    As ideias do filsofo rabe Averris (1126-1198) e de Agostinho (354-430), foram as maislembradas durante o debate, para confrontar as ideias de Toms de Aquino. O primeiro pregavaque existem duas verdades que podem levar a uma prova de Deus: a religio e a Filosofia. ParaAverris, algumas respostas podem ser obtidas por meio da Filosofia, enquanto outras s poderiamser obtidas por meio da religio e da f. J Agostinho pregava que somente a f era necessria parauma prova da existncia de Deus.

    Tendo como base o pensamento de Aquino de que f e razo no so antagnicas, o"candidato ao Doutorado" afirmou que a Filosofia enfatiza o exerccio da razo, que saudvel f,pois Deus, afinal, o Intelecto Supremo. Resumindo a ideia de Aquino, a f pode aceitar algumasdoutrinas aceitas pela razo, mas pode ultrapass-las, atravs da intuio e das experinciasmsticas (revelao e outras formas). Assim, a f vai alm da razo, sem contradiz-la. "Esta foi a

    grande concluso do debate. Na representao, o "jovem inquirido" provou a validade dasafirmaes de Aquino, refutando todas as objees contra a tese do Santo", disse o coordenador dostrabalhos, Carlos Munholi. Se o mtodo de avaliao dos alunos das atuais Universidades

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    teolgicas ou filosficas funcionasse como na Idade Mdia, certamente o estudante AdilsonKoslowski teria seu doutorado garantido.

    UMA LIO DE VIDA

    Toms de Aquino foi um dos grandes nomes da Histria da Igreja. Seus princpiosteolgicos influenciaram at mesmo a Teologia e a Filosofia atuais. Nascido na Itlia, filho doConde de Aquino (da seu nome) e da Condessa de Teatre, recebeu desde pequena orientaoreligiosa. Aos vinte anos uniu-se Ordem Dominicana e por muitos anos estudou em Paris e emColnia, no perodo de Alberto, o Grande.

    Com 32 anos passou a lecionar em Paris, vindo a ser posteriormente professor na CriaPapal em Roma e em Npoles. Escreveu obras volumosas, entre elas. Suma Theologiae, sua obraprima, contendo sistemticas, abrangentes e bem pensada exposies sobre as principais verdadesda f crist. Suas obras foram muito contestadas, principalmente pela nfase demasiada sobre a

    razo e suas realizaes. Dono de uma piedade pessoal profunda e de um raciocnio brilhante,abriu caminho para muitas outras observaes nas reas da Teologia e Filosofia.

    Conta-se que alguns meses antes da sua morte, ao entrar na capela, recebeu uma forteiluminao em uma viso celestial. Desde essa data deixou de escrever, afirmando que seus escritoseram apenas palha, diante daquela iluminao. So Toms de Aquino morreu em contemplao, noano de 1274, deixando uma vasta obra, que inspirou muitos pensadores que o sucederam.

    OS CAMINHOS QUE PROVAM A EXISTNCIA DE DEUS

    As cinco teses que, segundo Toms de Aquino prova a existncia de Deus, foramapresentadas no debate pelo prprio autor e defendida pelo "candidato ao Doutorado. O primeiroargumento, a de que Deus motor imvel. Atravs dela, Toms de Aquino quis provar que todo oUniverso movido apenas por uma fora superior, que Deus, e que por sua vez imvel. Aquinoconsiderava que seria preciso explicar a existncia tanto do movimento do Universo como de suacausa primria, eliminando a possibilidade de entrarmos num regresso infinito e afirmar que ummovimento foi causado por um antecedente, e este por um outro, anterior a ele, e assimdefinidamente.

    Atualmente sabe-se que o movimento assume formas versas, sendo o mais elementar deleso movimento das partculas formadoras do tomo. Outro exemplo o movimento formao dascoisas, que chamamos de crescimento. Para Toms de Aquino, esses movimentos so dirigidos aalvos fixos e levados a efeito com propsitos definidos. A existncia de Deus estaria assim provadapor ser Ele a nica fora capaz de cimentar este Universo de forma perfeita.

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    BLUMENAU: evoluo humanaBlumenau chegou virada do sculo com uma populao aproximadamente 300.000

    habitantes, sede da Regio Metropolitana Vale do Itaja. Fundada como colnia particular, em1850, por imigrantes alemes, transformou-se, ao longo dos anos, em centro industrial;importncia nacional, especialmente na rea txtil.

    Terceira maior cidade do Estado, aps Joinville e Florianpolis com populaopredominantemente urbana, Blumenau vem apresentando um ritmo de crescimento mais lentodesde a dcada oitenta, o que reflete a saturao das reas propcias urbanizao Municpio, oimpacto das grandes enchentes de 83/84, o processo recessivo de sua economia mono-industrial eo crescimento mais acelerado dos municpios situados no seu entorno, que vm absorve parte docrescimento populacional do municpio plo.

    A regio sul do Municpio, ao longo do Ribeiro Garcia, uma das primeiras a ser ocupada eabriga hoje cerca de sessenta mil habitantes. Seu vale estreito e ngreme, sujeito a enchentes,enxurradas, deslizamentos, j tem uma ocupao consolidada, densa, sem vazios urbanos, mas noverticalizada. Seu crescimento tem sido lento nas ltimas dcadas, podendo ser considerada umaregio saturada, j que seu sistema virio, constitudo basicamente por duas vias paralelas aoRibeiro Garcia (R. Amazonas na margem direita e R. Hermann Huscher / Progresso na margemesquerda), no comportaria o adensamento decorrente da verticalizao.

    Tambm na margem direita do Rio Itaja-Au, encontramos a rea central, verdadeirogargalo com apenas trs ruas, aprisionada entre o rio e a montanha. Por ela passam todas asligaes inter-bairros apresentando-se extremamente sobrecarregada, tambm devido a fortepolarizao com a concentrao do comrcio e dos servios. A rea central passou por uma srie de

    transformaes: doStadtplatzoriginal para a primeira Prefeitura, na foz do Ribeiro Garcia, e paraa atual Prefeitura, na foz do Ribeiro da Velha, construda na dcada de oitenta. A antigaWurststrasse ou Rua da Linguia, hoje R. XV de Novembro era de incio, a nica rua da reacentral, e ali se desenvolveu o melhor comrcio da cidade. Recebeu uma rua paralela Junto aoMorro dos Padres na dcada de cinquenta, a Rua Sete de Setembro, larga avenida onde se situaramcolgios, comrcio atacadista e, na dcada de noventa, o primeiro Shopping Center da cidade. Nadcada de setenta, uma terceira rua foi aberta na rea central. Desta vez, junto ao Rio Itaja-Au: aAv. Pres. Castelo Branco, conhecida corno Beira-Rio.

    A regio oeste da cidade, na margem direita, constituda principalmente pelo Bairro daVelha, foi ocupada a partir do final do sculo passado, quando j haviam sido distribudos os lotes

    coloniais ao longo de todo o Rio Itaja-Au, e tambm ao longo dos Ribeires Garcia e Itoupava edo Rio do Testo. De topografia menos acidentada que a regio sul, e menos sujeita a enchentes, temcrescido de maneira constante, contando ainda com espaos a serem adensados atravs deocupao nu verticalizao. Na margem esquerda, temos as regies leste e norte da cidade.

    A regio leste, constituda plos bairros Ponta Aguda, Fortaleza e Itoupava Norte, s foiefetivamente urbanizada com a construo das pontes Adolfo Konder, no Centro, e IrineuBornhausen, na Itoupava Norte; ambas da dcada de setenta. Sua topografia no das mais planas,com exceo da plancie fluvial da Ponta Aguda, que sofreu intensa verticalizao a partir dasenchentes de 1983 e 1984. Nos demais bairros da regio predominam uma ocupao no

    verticalizada, de mdia densidade padro popular. A transferncia da estao rodoviria do Centropara a Itoupava Norte, margem esquerda do Rio Itaja, na dcada de oitenta, acumulou o

  • 7/29/2019 Apostila Histria de Santa Catarina.pdf

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    EEB CEL. PEDRO C. FEDDERSEN Prof. Albio Fabian Melchioretto Histria de Sta. Catarina 3 ANO Ens. Mdio

    Lugares que nunca pegaram enchenteestavam com correnteza forte, a gua tomouconta de tudo. Fendas enormes se abriram nasestradas, morros desabando, muros das casas,creche e escola levados pela fora da gua,rvores caindo em construes, destruiototal. Uma grande desgraa. Neste meio

    tempo acontecia a exploso do gasoduto. Namadrugada de sexta para sbado houve umaexploso do gasoduto em um trecho da Br 470em Gaspar, que vi no noticirio. Mas pareceque isso no foi o bastante para averiguarem asituao do gasoduto da regio. Pois outraexploso muito maior comeou s 21:10 horasde domingo dia 23 quando a noite virou dia, a10 km de distncia se via um claro gigantescoque se abriu no cu, seguido de um barulho deexploso que apenas as 12:30 comeou adiminuir e s terminou as 4 horas da

    madrugada do dia 24. As casas que estavam a10 km de distncia sentiam a terra tremerconforme a exploso acontecia. Era muitoassustador. A exploso aconteceu de 2 a 3 kmde distncia do parque aqutico recanto verdeonde as pessoas que residiam ali perto notinham onde se refugiar, estavam isoladossem estrada, ento saiam de casa e ficavam nachuva para se refrescar, pois o calor era muitogrande. Segundo relatos o gs sufocava-os. Aexploso mexeu com os morros das

    redondezas j frgeis pela quantidade de guaj sugada. E o nmero de mortos muitosuperior ao que esto divulgando.

    desenvolvimento desta regio, que apresenta algumas indstrias e vrios estabelecimentos decomrcio atacadista e transportadoras.

    A regio norte da cidade, tambm na margem esquerda, constituda plos bairros Salto doNorte, Badenfurt, Itoupavazinha, Fidlis, Testo Salto e Itoupava Central. Esta regio a grandereserva deexpanso urbana para Blumenau, com reas menos acidentadas e livres de enchentes,

    ainda com baixssima densidade. Ao longo dos anos, aps enfrentar inmeras enchentes eenxurradas na rea de ocupao mais antiga, a cidade comeou a se transformar, a mudar paracima: para o alto dos morros, fugindo das enchentes e em busca de terrenos menos valorizados;para o alto dos prdios, com a verticalizao acentuada que ocorreu aps as grandes enchentes de1983/84; e para a regio norte, de maior altitude, em busca de reas planas livres de enchente. Esteredirecionamento do crescimento para a direo norte deu-se lentamente, com a gradual expansoda malha urbana, e com a relocao de servios, como a Prefeitura, a Rodoviria, transportadoras eindstrias. As prximas instituies a seguirem nesta direo sero a Universidade e o HospitalRegional.

    Podemos dizer, assim, que a histria est se encarregando de corrigir a localizao de

    Blumenau que, se foi apropriada para uma colnia agrcola acessada por via fluvial, mostrou-selamentavelmente inadequada e responsvel por incontveis prejuzos para um assentamentourbano.

    A imagem foradaBlumenau sempre procurou tr