Apostila SENAI Santa Catarina

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CONSTRU O CIVIL Alcantaro Corra Presidente da FIESC Srgio Roberto Arruda Diretor Regional do SENAI/SC Antnio Jos Carradore Diretor de Educao e Tecnologia do SENAI/SC Marco Antnio Dociatti Diretor de Desenvolvimento Organizacional do SENAI/SC FIESC SENAI Federao das Indstrias do Estado de Santa Catarina Servio Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de Santa Catarina CONSTFUO CIVIL Florianpolis 2004 No pode ser reproduzido, por qualquer meio, sem autorizao por escrito do SENAI DR/SC. Equipe Tcnica: Organizadores: Valdir Damio Maffezzolli Coordenao: Adriano Fernandes Cardoso Osvair Almeida Matos Roberto Rodrigues de Menezes Junior Produo Grfica: Csar Augusto Lopes Jnior Capa: Csar Augusto Lopes Jnior Solicitao de Apostilas: [email protected] S474e SENAI. SC. Construo Civil. Florianpolis: SENAI/SC, 2004. 110 p. 1. Construo Civil. 2. Obra. 3. Concreto. I. Ttulo. CDU: 624 Servio Nacional de Aprendizagem Industrial Departamento Regional de Santa Catarina www.sc.senai.br Rodovia Admar Gonzaga, 2765 Itacorubi. CEP 88034-001 - Florianpolis - SC Fone: (048) 231-4290 Fax: (048) 234-5222 SUMRIO TUApresentaoUT ................................................................................................................. 7 TU1 Noes de TopografiaUT.............................................................................................. 10 TU1.1 A necessidade e a utilidade da topografiaUT ......................................................... 10 TU1.2 Levantamento topogrficoUT ................................................................................. 10 TU1.3 Medidas de distncia e de nguloUT..................................................................... 10 TU1.4 Medies a trenaUT............................................................................................... 11 TU1.5 Levantamento por medidas lineares (planimetria)UT............................................. 13 TU1.6 Curvas de nvel - Noes geraisUT........................................................................ 14 TU1.7 Declividade, perfil, relevoUT ................................................................................... 15 TU1.8 Noes de unidades de medidaUT ........................................................................ 16 TU2 Programao, Acompanhamento e Controle da ObraUT.............................................. 18 TU2.1 Algumas consideraes sobre a Legislao TrabalhistaUT................................... 20 TU2.2 Direo e Vigilncia da ObraUT............................................................................. 20 TU3 Preparao do Canteiro de ObrasUT ............................................................................ 22 TU3.1 GeneralidadesUT .................................................................................................... 22 TU3.2 Situao do canteiroUT .......................................................................................... 22 TU3.3 Os prazos de execuoUT ..................................................................................... 23 TU3.4 Influncia dos materiais e das tcnicas a empregarUT.......................................... 23 TU3.5 Instalaes de canteiroUT...................................................................................... 24 TU4 Os ConcretosUT............................................................................................................ 27 TU4.1 Propriedades do concreto frescoUT....................................................................... 28 TU4.2 Propriedades do concreto endurecidoUT............................................................... 28 TU4.3 Dosagem dos concretosUT .................................................................................... 29 TU4.4 Variao das propriedades fundamentais do concreto endurecido, com o fator gua/cimento.UT ........................................................................................................... 30 TU4.5 Mtodos empregados na dosagem racionalUT...................................................... 30 TU4.6 Produo dos concretosUT .................................................................................... 30 TU4.7 DesformaUT ........................................................................................................... 34 TU4.8 Os CimentosUT...................................................................................................... 35 TU4.9 Os agregadosUT.................................................................................................... 37 TU4.10 A gua de amassamentoUT................................................................................. 38 TU4.11 Aditivos para concretoUT..................................................................................... 38 TU5 As ArgamassasUT ......................................................................................................... 40 TU5.1 Trabalhabilidade das argamassasUT..................................................................... 41 TU5.2 Trao da argamassaUT.......................................................................................... 42 TU6 Os Aos para Construo em Concreto ArmadoUT...................................................... 43 TU6.1 Siglas e padronizaesUT...................................................................................... 43 TU6.2 Aos com salincias ou "mossas"UT..................................................................... 44 TU6.3 Aos recozidosUT ................................................................................................... 44 TU7 As EstruturasUT ............................................................................................................ 45 TU8 As Infra-EstruturasUT .................................................................................................... 46 TU8.1 Tipos de fundaesUT ............................................................................................ 46 TU8.2 Efeito da SubpressoUT ......................................................................................... 47 TU9 As Supra-EstruturasUT ................................................................................................. 49 TU9.1 Funcionamento das estruturas - GeneralidadesUT................................................ 49 TU9.2 Denominao dos elementos estruturais, conforme suas solicitaes.UT ............ 50 TU9.3 Os materiais usados em estruturasUT................................................................... 50 TU9.4 As estruturas de concreto armadoUT..................................................................... 50 TU9.5 As frmas e seu escoramentoUT........................................................................... 52 TU9.6 As armadurasUT ..................................................................................................... 53 TU9.7 As estruturas metlicasUT ...................................................................................... 55 SENAI/SC 5 Construo Civil TU9.8 As estruturas de concreto protendidoUT ................................................................ 57 TU9.9 As estruturas de madeiraUT ................................................................................... 58 TU10 As Alvenarias e Outras DivisriasUT .......................................................................... 61 TU11 Esquadrias, Acessrios e Vidros.UT ........................................................................... 64 TU11.1 As portas - suas guarniesUT............................................................................ 64 TU11.2 As janelasUT ........................................................................................................ 65 TU11.3 VidrosUT............................................................................................................... 66 TU12 Soleiras E PeitorisUT.................................................................................................. 68 TU13 Revestimentos de ParedesUT ..................................................................................... 69 TU13.1 Emboo (massa grossa)UT.................................................................................. 70 TU13.2 Reboco (massa fina)UT........................................................................................ 70 TU13.3 Revestimentos com mrmores e granitos polidosUT ........................................... 70 TU13.4 Revestimentos monolticos (marmorite e granilite) sem polirUT .......................... 71 TU13.5 Massas com resinas e areias quartzticas ou mrmores modosUT .................... 71 TU13.6 Revestimentos com litocermicasUT ................................................................... 72 TU13.7 Revestimentos com azulejosUT........................................................................... 72 TU13.8 Revestimento com papel de paredeUT.............................................................. 73 TU13.9 Lambris de madeira ou PVCUT............................................................................ 73 TU13.10 Revestimentos com laminados plsticos melamnicosUT .................................. 73 TU13.11 Revestimento com pastilhasUT .......................................................................... 74 TU14 Revestimentos de TetosUT......................................................................................... 75 TU15 Pisos e PavimentaesUT.......................................................................................... 76 TU15.1 Lastro de concreto magro ou concreto de baseUT.............................................. 76 TU15.2 Camadas niveladoras ou contrapisosUT.............................................................. 76 TU15.3 Pisos cimentadosUT............................................................................................. 76 TU15.4 Pisos de borrachaUT............................................................................................ 77 TU15.5 Pisos laminadosUT ............................................................................................... 77 TU15.6 Pisos vinlicosUT.................................................................................................. 78 TU15.7 Carpetes e forraesUT....................................................................................... 78 TU15.8 Pavimentos de madeiraUT ................................................................................... 78 TU15.10 Pavimentao com placas pr-moldadas de concretoUT.................................. 80 TU15.11 Mrmores e granitos polidosUT .......................................................................... 80 TU15.12 Pedras naturais sem polimentoUT..................................................................... 80 TU15.13 Pisos cermicos e lajotasUT .............................................................................. 80 TU16 Coberturas e TelhadosUT ........................................................................................... 83 TU16.1 Inclinao de um telhado - PontoUT.................................................................. 84 TU16.2 Escoamento das guas pluviais dos telhadosUT ................................................. 85 TU17 ImpermeabilizaesUT ................................................................................................ 87 TU17.1 O que devemos impermeabilizarUT ..................................................................... 87 TU17.2 O que usarUT....................................................................................................... 88 TU18 Isolamentos Trmicos e AcsticosUT ......................................................................... 90 TU19 Instalaes Eltricas e Telefnicas PrediaisUT........................................................... 91 TU20 Instalaes Hidrulicas PrediaisUT............................................................................. 93 TU21 Instalaes EspeciaisUT ............................................................................................. 98 TU21.1 Sistemas Preventivos e de Combate a IncndioUT ............................................. 98 TU21.2 Pra-raiosUT ........................................................................................................ 99 TU21.3 Instalaes de Gs Liquefeito de Petrleo (GLP)UT ............................................ 99 TU21.4 ElevadoresUT..................................................................................................... 100 TU22 PinturasUT ................................................................................................................. 103 TU22.1 Funes especficas das pinturasUT .................................................................. 103 TU22.2 Preparao das superfcies Consideraes geraisUT.................................... 103 TU22.3 Qualidade das tintasUT ...................................................................................... 105 TU22.4 Principais problemas em pinturas na construo civilUT................................... 105 TU23 Arremates Finais da ObraUT ..................................................................................... 108 TUReferncias BibliogrficasUT ......................................................................................... 109 SENAI/SC 6 Construo Civil APRESENTAO Construo,construocivilouindstriadaconstruo,aatividadeeconmicaque temporobjetivoaexecuodeobrasde arquiteturae/ouengenharia,utilizando,prin- cipalmente, produtos intermedirios e produtos finais originados de outros segmentos (setores) da economia. Diferentemente das atividades fabris, prprias da indstria manufatureira ou de trans- formao, na qual as matrias-primas, por meio de processos qumicos ou mecnicos, so convertidas em produtos novos, as atividades construtivas ocupam-se, predomi- nantemente, de operaes de montagem e adaptao de produtos acabados ou semi- acabados. O desenvolvimento da indstria da construo tem grande repercusso sobre todos ou quase todos os setores da economia de um pas. Numerosas indstrias a suprem e, ao mesmo tempo, dela dependem para sua expanso. extremamente importante o papel que lhe est reservado nas economias regionais ou nacionais; de uma parte como fonte de emprego e vastos efetivos de mo-de-obra, notadamente de trabalha- dores no especializados; de outra parte, como grande consumidora de enorme varie- dade de mercadorias produzidas sob os mais diferentes nveis tecnolgicos (argila, areia, pedras, cal, tijolos, telhas, madeiras, esquadrias, cimento, ferro e aos lamina- dos, estruturas metlicas, esquadrias de alumnio, azulejos, ladrilhos cermicos, loua sanitria, asfalto, etc...). Os investimentos na indstria da construo, considerando-se os trs setores em que se subdivide construes residenciais, construes no-residenciais e obras pbli- cas de infraestrutura representam parte substancial na formao bruta de capital fixo, tanto nos pases desenvolvidos como nos pases em desenvolvimento (entre 40% e 70%). Sua participao no Produto Interno Bruto (PIB) tambm considervel. Como fonte de emprego, caracterstica que em grande parte decorre da utilizao de processos extensivos de trabalho, a indstria da construo se destaca pela capaci- dade de absorver mo-de-obra numerosa. Os maiores contingentes de pessoas ocu- padas nessa atividade acham-se nos seguintes pases: Japo, EUA, Alemanha, Fran- a, Itlia, Reino Unido, Espanha. A extinta URSS, at alguns anos atrs, era a maior absorvedora dessa mo-de-obra, porm com as alteraes econmicas havidas l recentemente, o quadro se modificou consideravelmente. Histrico A construo como arte o como atividade econmica representou, sempre, parte im- portante do esforo do homem, em todas as pocas. As antigas civilizaes egpcias e babilnicas j conheciam as tcnicas de carpintaria, de alvenaria, do emboo e outras do ramo. Os templos de mrmore gregos, as vias (avenidas ou ruas antigas), as cal- adas, os aquedutos, os templos e teatros romanos, as pirmides egpcias, a grande muralha chinesa, os templos maias, so expresses de antigas atividades de constru- o civil. No Ocidente, os edifcios e as tcnicas sofreram sensvel retrocesso, a partir da queda do Imprio Romano at o sculo X. Na Idade Mdia, o homem concentrou seus esforos na construo de igrejas, cate- drais, conventos e castelos. Destaca-se ento a construo de catedrais, por exigir uma completa organizao, desde a mo-de-obra especializada at a criao de no- vas tcnicas, transporte de materiais e abundncia de operrios. Alguns desses mo- numentos s foram concludos, dada a sua grandeza, aps vrias geraes. SENAI/SC 7 Construo Civil Nos tempos atuais, os fatores estimulantes do desenvolvimento da construo civil foram o aumento da populao urbana, que determinou o surgimento das cidades mo- dernas, e tambm o crescimento da indstria. Os canais e estradas que o transporte reclamava, a partir da Revoluo Industrial (1760), foram abertos, multiplicando e transformando a atividade de construo. Datam de ento, na Europa, as empresas imobilirias hoje espalhadas pelo mundo e dedicadas construo de edifcios e, ao mesmo tempo, o empreiteiro de obras, como figura central do ramo de construo de rodovias e ferrovias. A indstria da construo civil congrega uma grande variedade de empresas, que se diferenciam tanto pelo porte como pela atividade que desempenham. Uma anlise genrica permite considerar nessa indstria dois grandes setores: o imobilirio e o de infraestrutura e engenharia pesada. Para fins de anlise econmica, costuma-se de- compor a indstria da construo civil em cinco grandes segmentos: vias de transpor- te, obras hidrulicas, edificaes, obras e servios especiais e outras obras. O comportamento da indstria de construo civil um dos indicadores do desempe- nho macro-econmico, virtude do grande nmero de empresas que atuam nessa rea e do grande contingente de mo-de-obra que ela emprega. Alm disso, esto indire- tamente ligadas a essa indstria as empresas fornecedoras de material (cimento, fer- ro, ao, pedra, madeira, alumnio, materiais eltricos e hidrulicos, etc.). No que tange mo-de-obra, costuma-se considerar como engajadas nessa indstria as seguintes categorias profissionais: engenheiro, encarregado geral, tcnico em edificaes, apon- tador, topgrafo, almoxarife, vigia, pedreiro, carpinteiro, armador, pintor, encanador, eletricista, pastilheiro, telhadista, servente, etc. dentre outros. Antes de se iniciar qualquer construo necessrio tomar uma srie de decises, como escolha do local apropriado, planta da edificao, estudo de viabilidade econ- mica, e cronograma fsico-financeiro. Todos esses elementos so importantes e ne- nhum pode ser considerado isoladamente. Um dos pontos cruciais antes de se decidir construo saber a que uso se destina. No caso do setor imobilirio, quando se tratam de unidades residenciais, a deciso mais fcil. Mas no caso de edifcios co- merciais e lojas de departamentos, supermercados, etc., em geral h necessidade de prvios estudos de mercado. Em seguida procura-se determinar qual ser a utilizao geral do prdio e a utilizao particular de cada uma de suas reas. No caso de gran- des centros comerciais, por exemplo, h reas destinadas s lojas, reas de circula- o, estacionamento, segurana, etc. Da mesma forma, um projeto de escola deve considerar o mercado potencial de alunos e as diversas reas segundo sua ocupao: salas de aula, ginsio, biblioteca, cantina, etc. A localizao do imvel tambm da maior relevncia. Nesse particular devem ser considerados; o preo do terreno, as taxas que incidiro sobre o imvel imposto pre- dial, taxa de lixo, de incndio, etc. disponibilidade de recursos prximos, abasteci- mento de gua, luz eltrica, esgotos, facilidade de transporte, zoneamento, e proximi- dade do mercado, em casos de edifcios comerciais. medida que se levantam esses dados, vo surgindo tambm as vantagens e desvantagens da localizao, que, avali- adas, indicaro qual a localizao mais indicada, dentre as que esto em estudo. A finalidade do projeto de arquitetura de dar a melhor soluo possvel dento dos limites do oramento da construo. Nesse aspecto consideram-se a relao entre a rea do terreno e a da construo, e a relao entre ocupantes e rea construda. Consideram-se tambm as restries de zoneamento. Geralmente o regulamento de zoneamento prescreve qual a ocupao do imvel em cada zona: residencial, comer- cial ou industrial. Dessa forma controla-se a ocupao do solo e a densidade da popu- lao. Todos esses regulamentos devem ser levados em conta pelo arquiteto. SENAI/SC 8 Construo Civil Em seguida definida a planta geral e as plantas setoriais, nas quais se descreve e ilustra o lugar, os materiais a serem usados, a estrutura, o equipamento mecnico e at mesmo a moblia. Aqui consideram-se os materiais estruturais madeira, ao ou concreto a localizao e a capacidade do sistema de ar condicionado, os elevadores e as escadas rolantes, a iluminao, os encanamentos, o sistema de abastecimento de gs, o sistema acstico e as cores mais indicadas para as pinturas. Traadas essas linhas mais gerais preciso chegar a especificaes mais precisas quanto qualidade e quantidade de material, as dimenses de cada rea, o acaba- mento das paredes e do teto, as portas e janelas, os pontos de luz e os equipamentos de cozinha, banheiro, etc. Essas especificaes so incorporadas ao contrato de cons- truo, entre outras razes porque facilita a contratao de servios a terceiros, como o caso da instalao de equipamentos especiais. Uma vez assinado o contrato, ini- cia-se a construo, dentro de um cronograma de obra e de custos. Uma das primeiras fases da construo a preparao da documentao necessria e dos contratos entre as vrias partes, a fim de garantir a concluso da obra. A utilizao dos materiais apropriados ao tipo de construo considerando-se as especificaes tcnicas do projeto e o oramento disponvel de capital importncia. Deve-se, sempre, assegurar a longevidade da construo. SENAI/SC 9 Construo Civil 1 NOES DE TOPOGRAFIA Topografia a descrio minuciosa de um local: a arte de representar no papel a configurao de uma poro (parte) do terreno com todos os acidentes e objetos que se achem sua superfcie. 1.1 A necessidade e a utilidade da topografia Para estudos de implantao de edifcios, estradas, pontes, viadutos, t- neis, portos, aeroportos, etc; Para projetos de obras; Para oramentos de obras; Para implantao e execuo das obras. 1.2 Levantamento topogrfico o conjunto de operaes de medida de distncias, ngulos e alturas, necessrias preparao de uma planta topogrfica. Esses levantamentos podem ser: Expeditos - Sem grande preciso, para estudos e anteprojetos; Precisos - Para execuo de projetos (com o mnimo de erro). Planimetria o levantamento topogrfico destinado a fornecer as medidas do terreno plano, isto , a projeo horizontal dos pontos significativos da rea levantada. Altimetria (ou hipsometria): Operao de medir as altitudes de pontos de um terreno. A implantao consiste em traar no terreno, segundo a indicao do plano de conjun- to, a situao exata da futura obra, ao passo que por levantamento se entende o lan- amento numa planta daquilo que existe no terreno. 1.3 Medidas de distncia e de ngulo Distncia - Com trena - Com taquemetro OBS: Taquemetro um teodolito dotado de dispositivo ptico para a medio indireta de distncia e que, por isso, proporciona maior rapidez nos levantamentos topogrfi- cos. ngulos - Com transferidor - Com clinmetro - Com teodolito Estes instrumentos so denominados "gonimetros". Transferidor - um instrumento circular ou semicircular, com o limbo dividido em graus, usado para medir ngulos. Clinmetro - um gonimetro vertical, com que se mede a inclinao do terreno. SENAI/SC 10 Construo Civil Teodolito - um instrumento ptico para medir com preciso ngulos horizontais e verticais. Recebe nomes diferentes, conforme os servios que permite executar, a se- guir indicados: Trnsito: para ngulos horizontais, apenas; Taquemetro: para medies com uso de mira. 1.4 Medies a trena Embora seu uso seja freqente, a trena ocasiona erros de medio. Os mais comuns so devidos a: Catenria: curvatura em relao horizontal que a trena determina, principal- mente quando se medem grandes distncias mantendo a trena "afrouxada". Diferena de nvel entre os pontos extremos da trena. Desvios dos alinhamentos, mesmo que esses desvios sejam pequenos. Balizas fora de prumo durante as medies Dilatao trmica das trenas de ao Trena de comprimento real diferente do comprimento nominal OBS: Comprimento Nominal aquele que o fabricante da trena indica nela, e compri- mento Real aquele que efetivamente a trena tem. A seguir, apresentamos alguns exemplos que esclarecem um pouco mais o assunto. Exemplo 1: Usando-se uma trena, medimos a distncia AB resultando 101,01m. De- pois constatamos que a trena estava com 20,04m em lugar dos 20m exatos. Corrigir a distncia medida. Soluo: Aplica-se uma "Regra de Trs" inversa. 20,04 -------------- 101,01 20,00 -------------- X X =U101,01 x 20,04 20,00 U= 101,21 Resposta: A distncia real AB 101,21m Exemplo 2: Uma distncia medida com uma trena de 19,94m resultou 83,15m. O com- primento nominal da trena 20m. Corrigir a distncia medida. Soluo: Sempre uma "Regra de Trs" inversa. 19,94 -------------- 83,15 20,00 -------------- X X = U83,15 x 19,94 20,00 U = 82,90 Resposta: a distncia corrigida 82,90 m. SENAI/SC 11 Construo Civil Exemplo 3: A trena que vamos usar mede 19,99m e devemos marcar uma distncia de 100m. Se considerarmos que a trena tem 20m, quanto deveremos marcar para termos os 100m? Agora nosso problema no medir uma distncia entre dois pontos e sim marcar um comprimento (como acontece nas locaes das obras). Soluo: Ainda uma "Regra de Trs" inversa. 20,00-------------- 100,00 19,99--------------X X = U100,00 x 20,00 19,99 U= 100,05 Resposta: Marcando 100,05 m com a trena errada estaremos marcando os 100m cor- retos. Exemplo 4: Uma trena de ao mede 30m a 20C. Essa trena foi usada para medir dis- tncianaobraquandoatemperaturaera35C.Ocoeficientededilataotrmicado ao da trena 0,000012/C. Qual o erro acumulado em 6 "trenadas"? Soluo to = 20P o PC (temperatura inicial) o t = 35P PC (temperatura final) o t = t - to = 15P PC (variao de temperatura) o Bao B= 0,000012/P PC Lo = 30m = 3000cm (comprimento inicial) L = ? (variao do comprimento da trena) L = Lo xx t L = 3000 x 0,000012 x 15 L = 0,54cm Em 6 "trenadas" teremos: 6 x 0,54 = 3,24cm Resposta: O erro acumulado em 6 "trenadas" de 3,24cm. SENAI/SC 12 Construo Civil 1.5 Levantamento por medidas lineares (planimetria) So trs as fases de um levantamento planimtrico: Reconhecimento do terreno; Levantamento de uma figura geomtrica (poligonal); Levantamento de detalhes. Figura 1 - Levantamento por medidas lineares (planimetria) No desenho indicado, o levantamento de todos os detalhes feito com o uso da trena, apenas: Determina-se o alinhamento AB, dividido em partes iguais (10 em 10m, ou 5 em 5m); Para "amarrar" os pontos principais, usam-se tringulos; Para "amarrar" os detalhes que acompanham a linha medida (AB) usam-se perpendi- culares tiradas sem aparelhos. OBS: No esquecer que a perpendicularidade (esquadro) dada sempre facilmente por um tringulo que mantm a relao 3:4:5 entre seus lados. Vejamos as seguintes figuras. Todas elas so tringulos retngulos e, portanto, nosso "esquadro" facilmente obti- do. Figura 2 - Levantamento por medidas lineares (planimetria) SENAI/SC 13 Construo Civil 1.6 Curvas de nvel - Noes gerais Para obter o relevo do terreno, avaliam-se as alturas de diversos pontos, marcados arbitrariamente, em relao ao mesmo plano horizontal que ser a superfcie de com- parao. Quando essa superfcie o nvel mdio dos mares, denomina-se altitude a altura de um ponto a ela relacionado; quando a superfcie estabelecida de modo arbitrrio, somente com uma referncia, a altura chama-se cota. Aos pontos marcados no terreno, com altitude ou cota conhecida, d-se o nome de referncia de nvel ou, abreviadamente, R.N. Conhecidas as cotas de diversos pontos localizados na superfcie pode-se interpretar o relevo dessa parte do terreno por meio de linhas convencionais de desenho, as chamadas curvas de nvel. Elas representam a projeo em plano horizontal - o do desenho da planta - dos traos deinterseodeplanoshorizontaiseqidistantesquecortamoterrenoaserrepresen- tado. Essas curvas ligam, assim, pontos da mesma altura, cota ou altitude, e do a altimetria do terreno que est sendo levantado. Imaginemos, inicialmente, um cone de 40cm de altura apoiado sobre a mesa, como indicado a seguir. A projeo desse cone sobre a mesa um crculo que corresponde sua base. Se ns fossemos "serrar, esse cone segundo um plano paralelo mesa a uma altura de 10cm, teramos agora dois crculos concntricos como projees sobre a mesa. Contorno da base do cone Contorno da base Contorno do corte feito a 10cm de altura Figura 3 - Altimetria SENAI/SC 14 Construo Civil Repetindo a operao a uma altura de 20cm (10cm + 10cm), teremos as seguintes projees: Para uma interseo a 30cm (10cm + 10cm + 10cm) de altura obtm-se uma nova configurao: De modo semelhante procede-se nos levantamentos altimtricos dos terrenos. Em vez do plano da mesa e do cone, tem-se um plano qualquer como referncia de nvel (R.N.) e as salincias e reentrncias do terreno. As intersees horizontais so feitas, em geral, de metro em metro, e determinam as curvas de nvel do terreno. A figura a seguir fornece as curvas de nvel de uma rea de um terreno. Os nmeros indicados ao lado das linhas representam as cotas, em metro, dos pontos levantados no campo. Figura 4 - Curvas de nvel 1.7 Declividade, perfil, relevo Declividade onomequesed inclinao doterreno.Seestafor"para cima"em relao a um dado nvel de referncia, recebe a denominao de aclive, se for "para baixo" em relao a esse mesmo referencial, denomina-se declive. Perfildeumterreno a linha que representaasdeclividadesdoterrenoao longode umdeterminadoalinhamento.Geralmente,nostrabalhosdetopografia,sodetermi- nadosperfislongitudinaisetransversaisdosterrenosparamelhorcompreensodos relevos. Relevo o conjunto de salincias e reentrncias da superfcie dos terrenos. SENAI/SC 15 Construo Civil 1.8 Noes de unidades de medida Paraocomprimento,aunidadedemedidaadotadonoSistemaInternacionaldeUni- dades (S.I.) o m (metro),e consideram-se, ainda, seus mltiplos e submltiplos, co- mo segue: dam (decmetro) = 10m; hm(hectmetro) = 100m; km(quilmetro) = 1000m; dm(decmetro) = 0,1m; cm(centmetro) = 0,01m; mm(milmetro) = 0,001m; Em alguns pases ainda so usadas outras unidades de medida, e que tambm tm seu uso difundido entre ns. So elas: Polegada = 2,54cm; P = 30,48cm = 12 polegadas; Jarda = 3 ps = 91,22cm; Braa = 2,20m; Milha terrestre = 1.609m; Milha martima = 1.852m. Para a rea o S.I. determina a unidade mPbm, seus mltiplos e submltiplos: 2 P (metro quadrado), e consideramos, tam- 22 damP ;P 22 hmP ;P 22 KmPP; 22 dmP P; 22 cmP;P 22 mmPP. No entanto, ainda comum entre ns o uso de outras unidades como indicamos a seguir: 2 are = 100mP P; 2 hectare = 10.000mP alqueire = 24.200mP 2 acre = 4.047m PP. P; 2 P (paulista); Para os ngulos temos trs unidades de medidas: O radiano; O grado; O grau. O radiano usado na matemtica e na fsica. O grado era adotado nos pases de lngua espanhola. No Brasil, usamos o grau, em geral. Vamos, pois entender o que ele representa. SENAI/SC 16 Construo Civil Umacircunfernciadivididaem360arcos(partes)iguais.Acadadessesarcoscor- respondeumngulo que mede1(umgrau).Portanto, umacircunferncia mede360. Cadagraudivididoem60partesiguaisquedenominamosminutos,ecadaminuto dividido em 60 partes iguais que chamamos segundos. Exemplo 1: Como deve ser lido o ngulo indicado = 2335'46"? L-se: 23 graus 35 minutos e 46 segundos. Exemplo 2: Qual o valor em graus, minutos e segundos, correspondente ao ngulo B = o 57,32P o P (inteiros) mais 32 centsimos de grau (frao). Resolve-se, ento, com o uso de "regra de trs": 1 -------------- 60' 0,32 --------------x' x'= U0,32 x 60U= 19,2' 1 Como pode ver, temos agora 19' (inteiros) mais 2 dcimos de minutos. De novo apli- camos a "regra de trs": 1'---------------- 60" 0,2'--------------x" x = U0,2 x 60 1 U = 12" Assim, o ngulo B = 57,32P o P corresponde a 5719'12". SENAI/SC 17 Construo Civil 2 PROGRAMAO, ACOMPANHAMENTO E CONTROLE DA OBRA A primeira fase do planejamento de uma obra consiste na elaborao dos projetos para construo - arquitetura, estrutura, instalaes - e no estabelecimento dos siste- mas construtivos. A fase subseqente cuida da determinao dos prazos, dos meios financeiros, dos meios materiais e dos recursos humanos necessrios. Assim, devemos levantar (e ter disponveis) as seguintes informaes: A quantidade de todos os servios a serem executados; A especificao rigorosa dos materiais que entram em cada servio; A quantidade de cada material em uma unidade de um determinado servi- o; O custo atual de cada material especificado; O nmero de horas de cada profissional para executar uma unidade de um determinado servio; O valor atual da hora de cada especialidade profissional; Os equipamentos exigidos tendo em vista o processo construtivo a ser a- dotado; O tempo de utilizao de cada equipamento e o custo unitrio respectivo. O prazo de durao da obra e de cada uma de suas etapas; O inter-relacionamento dos diversos servios, isto , conhecer perfeitamente que certos servios s podem ser iniciados quando outros terminarem ou quando tenham atingido um certo estgio. De posse desses elementos, os planejadores da obra procuram ajustar a durao das diversas etapas de tal modo que a concluso da obra se d no prazo previsto. Ao se arrumarem esses dados em forma grfica e ao se inclurem, ainda, os custos das diversas etapas, teremos o cronograma fsico-financeiro da obra, que se constitui em valioso instrumento de avaliao dos prazos e das despesas j efetuadas. Oconhecimentodofuncionamentodocronogramafsico-financeiroeseuacompa- nhamento,principalmentenoaspectodosprazosdeinteresseparaomestre-de- obras. A seguir damos um exemplo de um cronograma fsico-financeiro. comumoacompanhamentodosprazosconsumidosnosdiversosserviosatravs dodesenho,emoutracor,dosbastes(linhas)quecorrespondemsatividadesem estudo. Para que cada etapa seja concluda no prazo previsto devem ser calculados os meios necessrios. Assim,opessoaldo planejamentodaobraforneceonmero dehoras necessriasde cadaespecialidadeprofissionalenvolvidaemcadaetapa,asquantidadesnecessrias de materiais, e o nmero de horas necessrias dos diversos equipamentos. Depossedessesdados,faz-seaprogramaoparaaexecuodecadaetapada formamais racionaleprodutivapossvel,comodimensionamentodas equipes,de- terminao dos equipamentos, e o aprovisionamento de materiais. SENAI/SC 18 Construo Civil O sistema de controle da obra, muitas vezes chamado de apropriao, serve-se de formulrios de diversos tipos a serem preenchidos pelo engenheiro, pelos mestres, pelo apontador, pelo almoxarife, etc., e que visam permitir verificar-se o andamento da obra com relao aos prazos e custos, para que possam ser tomadas as providncias em tempo hbil evitando-se prejuzos de maior porte. Todo o pessoal da administrao da obra deve zelar para que as informaes dadas atravs desses formulrios sejam precisas, claras e corretas. Tabela 1 - Exemplo de cronograma fsico OBRA:LOCAL:DATA/ INCIO: % do valor do oramento ETAPASMS 1 1- Servios preliminares 2- Movimento de terra 3- Sondagens e fundaes 4- Estrutura 5- Alvenaria 6- Instalaes Eltricas 7- Instalaes Hidro-sanitrias 8- Impermeabilizaes 9- Cobertura 10- Esquadrias de Madeira 11- Esquadrias Metlicas 12- Revestimentos 13- Pisos, Rodaps, Soleiras 14- Vidros 15- Aparelhos 16- Pinturas 17- Servios complementares 18- Equipamentos diversos 19- Limpeza MS 2 MS 3 MS 4 MS 5 MS 6 100%VALOR/ DESPESAS ($) MENSAL ACUMULADO Odiriodaobraoutroinstrumentodecontrolemuitovalioso.Neledevemserregis- tradastodasasocorrnciasdirias,taiscomo:entradadevisitantes,acidentesdotra- balho,nmerode operriosnaobra,incidenteshavidosduranteosservios,etc.Esse dirio deve relatar, de forma simples, a vida no canteiro de obras. SENAI/SC 19 Construo Civil 2.1 Algumas consideraes sobre a Legislao Trabalhista O relacionamento empregado-empregador regido pelas leis trabalhistas que deter- minam, para ambos, direitos e obrigaes. Cabe, pois, ao mestre-de-obras, desempe- nhar um duplo papel: defender os direitos dos operrios e faz-los cumprir suas obri- gaes. No uma tarefa simples. Requer conhecimento, autoridade, respeitabilidade. E muito bom senso. Comumente, surgem episdios em que o mestre-de-obras se depara com empregados faltosos e obrigado a agir com rigor (para que os fatos no se repitam) e com cautela (para que os direitos do empregador sejam respeitados sem haver "atritos pessoais"). Dependendo da gravidade do ocorrido, o faltoso poder: Ser advertido oralmente; Ser advertido por escrito; Ser suspenso das atividades por prazo determinado; Ser demitido por "justa causa". 2.2 Direo e Vigilncia da Obra Numa obra, em relao ao pessoal que nela trabalha, com relao s decises e ao cumprimento de ordens, a escala hierrquica a seguinte: Em 1P o P lugar est o engenheiro ou o arquiteto responsvel, sendo a autoridade mxima por fora de conhecimento adquirido numa escola superior de engenharia ou arquitetu- ra. Em 2P o P lugar encontra-se o tcnico de edificaes, que o representante (preposto) do engenheiro ou arquiteto. um profissional de nvel mdio com conhecimentos tcni- cos adquiridos numa escola tcnica do 2 grau, por meio de matrias (disciplinas) pro- fissionalizantes. Toda e qualquer deciso tomada por ele na ausncia do engenheiro ou arquiteto, deve ser levada ao conhecimento destes em tempo hbil, para anlise. Em 3P o P lugar vem o mestre-de-obras, profissional formado nas prprias obras, geral- mente. Seus conhecimentos so quase sempre prticos, adquiridos atravs de longa carreira nos mais variados canteiros de obras. pessoa de grande responsabilidade, e que muitas vezes recebe a incumbncia de dirigir, sozinho, a obra. Devem dar cin- cia aos seus superiores, em tempo hbil, das decises tomadas, principalmente as tcnicas. Deve se atualizar com as tcnicas modernas de construo e com os novos materiais lanados no mercado. Em seguida, vm os contra-mestres, os encarregados de equipes, os sub- encarregados, segundo a escala decrescente da hierarquia. O chefe do escritrio est no mesmo nvel do mestre-de-obras, porm sage adminis- trativamente.Tmascendnciadiretasobreoapontadoreoalmoxarife,estesltimos em mesmo p de igualdade. Quanto ao vigia, sua atuao se limita ao porto de entrada e sada. Toda pessoa desconhecida da obra deve indentificar-se e aguardar autorizao do mestre-de-obras ou do chefe do escritrio, para entrar. Cabe tambm ao vigia verificar todo e qualquer embrulho, bolsa ou pasta portada por qualquer pessoa que sai, bem como a sada de qualquer viatura, com a anotao da placa do veculo e a vistoria do seu contedo (para evitar "desvios" de materiais). SENAI/SC 20 Construo Civil Depois de encerrado o expediente ningum pode entrar na obra, a no ser por ordem expressa, por escrito, do engenheiroou de pessoa credenciada por ele. O nico lugar de entrada e sada da obra o porto vigiado! Para lembrar sempre! Umaobradeconstruocivilfuncionacomoumaempresaqualquer,emboraapresen- te,svezes,umaltograudecomplexidade.Terminaremosestecaptuloapresentando alguns conceitos essenciais, como segue. PLANEJAMENTO: o processo administrativo que determina antecipadamente o que um grupo de pessoas deve fazer e quais as metas que devem ser atingidas. ORGANIZAO: o processo que visa estrutura da empresa, reunindo pessoas e os equipamentos, de acordo com o planejamento efetuado. DIREO: o processo administrativo que conduz e coordena o pessoal na execuo das tarefas antecipadamente planejadas. CONTROLE: o processo administrativo que consiste em verificar se tudo est sendo feito de acordo com o que foi planejado e com as ordens dadas, bem como assinalar as faltas e os erros, a fim de repar-los e evitar sua repetio. Figura 5 - Conceito da obra SENAI/SC 21 Construo Civil 3 PREPARAO DO CANTEIRO DE OBRAS 3.1 Generalidades Uma boa organizao do canteiro de obras gera economia: De tempo; De desgaste; De mo-de-obra; De dinheiro. Um canteiro organizado e dirigido racionalmente tende a reduzir os custos da obra. Fatores que influenciam, na maioria das vezes, na organizao de um canteiro: A situao do canteiro; A importncia dele; A natureza dos materiais a empregar e as tcnicas aconselhadas; Os prazos de execuo. 3.2 Situao do canteiro Consideraes a fazer com relao topografia, ao clima natureza do terreno, vizinhana, e ao lugar de recrutamento de mo-de-obra. Topografia Considerar algumas questes: O terreno plano? Existe grande espao disponvel em volta do prdio a construir? Existe rua prxima, para acesso de veculos pesados? Clima H condies de abrigar os materiais contra as intempries? (As enxurradas podem levar areias, cascalhos, etc.). Ocorrem grandes ventos, com freqncia? (Cuidado com as torres, os guindastes, os andaimes!) Como se d a insolao do canteiro? (O calor provoca perda rpida de umidade das argamassas e dos concretos!) Natureza do terreno (Geologia) O solo pedregoso? Permevel? O escoamento das guas pluviais fcil? Haver escavaes? Aterros? Existe gua subterrnea que pode atrapalhar? OBS: Deve-se tomar cuidado especial para que a estocagem dos materiais no interfi- ra nos trabalhos: perfuraes, escavaes de terra, rebaixamento do lenol fretico, circulaes. SENAI/SC 22 Construo Civil Cuidar para no haver sobrecarga (de materiais) nas bordas das escavaes, com risco de desmoronamento, ou de levar a escoramento excessivo, e que ocupe muito espao. Vizinhana Existe linha de energia eltrica disponvel nas proximidades? Como ser o fornecimento de gua? J existe rede de abastecimento nas vizinhanas? Precisa de cisterna? Ser usado compressor de ar? Onde ser instalado? Mo-de-obra - Recrutamento Haver alojamento? Banheiros? WC's? Para quantos homens? Existir cozinha para o pessoal? Estas dependncias ficaro isoladas do canteiro? A Importncia O canteiro ser feito para pouco tempo? Ou ser para longo perodo de construo? Ele dever funcionar como se fosse a matriz da construtora? Haver repetio de etapas? 3.3 Os prazos de execuo Levar em conta: Feriados e dias de descanso pagos. Doenas e acidentes de trabalho. Intempries. Imprevistos do canteiro: dificuldades de fornecimento, greves, atrasos nas o- bras de realizaes secundrias. Importante Procurar sempre efetivar a "entrega" da obra antes do prazo previsto. 3.4 Influncia dos materiais e das tcnicas a empregar A construo ser feita com materiais tradicionais? (concreto, tijolos, madeiras, etc.) Haver elementos estruturais de ao? Ou pr-moldados? Existir guindaste? Fixo ou mvel? O concreto ser bombeado? Lembre-se RAPIDEZ ORGANIZAO DO CANTEIRO ECONOMIAQUALIDADE SENAI/SC 23 Construo Civil 3.5 Instalaes de canteiro Seja qual for a importncia do canteiro, preciso prever as instalaes e a organiza- o. Instalao racional permite: Respeitar os prazos; Evitar desperdcio de mo-de-obra; Evitar desperdcio de materiais; Controlar os fluxos. As instalaes de canteiro abrangem todas as construes auxiliares e as mquinas necessrias execuo da obra. A se encontram, por exemplo: As vias de acesso e os caminhos; As cercas e sinalizaes; Barracas e oficinas; Instalaes e parques de estocagem; Instalaes necessrias para confeco do concreto; Instalaes teis ao transporte e movimentao no canteiro; Instalaes para produo de ar comprimido, ventilao, bombeamento; As ligaes com os servios pblicos (gua, eletricidade, telefone, esgoto); Os andaimes; Elementos de frmas metlicas, etc. Pode-se, ainda, considerar os ptios dos aparelhos mveis utilizados, tais como: Caminhes; Basculantes, escavadeiras; Mquinas compressoras; Ps mecnicas, etc. No esquea Todos os trabalhos devero ser executados numa mesma direo. As vias de acesso no devem entrecruzar-se (sempre que possvel!). De modo geral, para os canteiros normais de prdios e obras semelhantes, pode-se traar o esquema da instalao da seguinte maneira: Canteiros pequenos (de at 15 trabalhadores) Um barraco de canteiro com duas peas separadas e armrios para ferra- mentas; Local para refeio; Instalaes sanitrias (WC e chuveiro); Uma betoneira (at 250 l); Um elevador de carga; Poucas instalaes eltricas. SENAI/SC 24 Construo Civil Canteiros mdios (de 16 a 60 trabalhadores) Um escritrio (com telefone, se possvel!); Um almoxarifado; Vestirio; Local para refeies; Instalaes sanitrias (WC's e chuveiros); Uma betoneira (que no ultrapasse 500 l); Um elevador de carga (guincho) ou guindaste de ponte; Serras (de fita, circular, de corte de ao); Banca de carpinteiro; Banca de armao de ferragens. Canteiros Grandes (de 61 a 200 trabalhadores) Escritrio para pessoal tcnico, com telefone; Um escritrio para o mestre e o contramestre (com telefone se possvel); Um almoxarifado; Vestirios; Local para refeies; Ptio de estacionamento de automveis e outros veculos; Instalaes sanitrias (WC's e chuveiros); Oficina mecnica; Carpintaria; Instalaes de concretagem; Elevador de carga (guincho); Guindaste; Instalaes de ar comprimido (quando necessrio); Instalaes eltricas. OBS: Canteiros para mais de 200 trabalhadores so, em geral, divididos em setores (canteiros) menores! Vias de acesso e circulao As vias de acesso ao canteiro, bem como os caminhos internos, devero estar em bom estado em qualquer tempo. Esses caminhos devem permitir o atendimento de todos os pontos de fornecimento do canteiro de modo a reduzir o transporte manual dos materiais. Devem ser, tambm suficientemente largos para permitir o fcil deslo- camento de dois veculos em sentidos contrrios que por acaso se encontrarem na via. Barraces De modo geral, na implantao, preciso evitar que os barraces fiquem contguos obra. Deve-se evitar as aberturas na direo dos ventos dominantes. O escritrio ocu- par, de preferncia, uma posio tal que permita ver a entrada do canteiro e o local de trabalho. E deve ser independente dos vestirios. Os vestirios, por sua vez, de- vem situar-se o mais perto possvel do local de trabalho e ser equipados de modo que os trabalhadores possam lavar-se a. Os almoxarifados, sendo depsitos de material mido, dependem muito da obra executada. Os WC's devem ser instalados o mais perto possvel das tubulaes de esgoto, mas no prximo dos escritrios e refeitrios. SENAI/SC 25 Construo Civil Locais de estocagem A estocagem deve ser organizada de modo que haja permanentemente uma reserva de dois a trs dias de trabalho no canteiro. Esta margem de segurana dever ser aumentada em caso de previso de atraso de fornecimento. Aestocagemdosagregados,docimentoedoaodeconstruodeveserdefcila- cesso e de distribuio bem feita. As areias devem ser armazenadas de tal forma que a gua incorporada possa escoar facilmente. O cimento pode ser estocado em sacos ou em silos, sendo que o mais comum o armazenamento em sacos de 50kg. A altura das pilhas no deve untrapassar 1,60m, por razes de ordem prtica. O local de depsito deve ser mantido seco, abrigado da umidade. E o que vale para o cimento pode ser tambm considerado para a estoca- gem da cal. As betoneiras De acordo com as regies, a capacidade das betoneiras dada em funo da caam- ba ou em funo do volume de concreto produzido em cada mistura. Para se obter um bom rendimento, sem perigo para as mquinas e sem esforo excessivo dos operado- res, pode-se manter um ritmo ininterrupto mdio de 20 misturas por hora. A produo de uma mistura a cada trs minutos um ritmo normal para as betoneiras mais co- muns. SENAI/SC 26 Construo Civil 4 OS CONCRETOS O concreto hidrulico um material de construo constitudo por mistura de um a- glomerante com um ou mais materiais inertes e gua. Os materiais que o compem: cimento, agregado mido, agregado grado, e gua. Para obter-se um concreto durvel, resistente, econmico e de bom aspecto, devemos estudar: As propriedades de cada um dos materiais componentes; As propriedades do concreto e os fatores suscetveis de alter-las; O proporcionamento correto e a execuo cuidadosa da mistura em cada caso, a fim de obter as caractersticas impostas; Omododeexecutarocontroledoconcretoduranteafabricaoeapso endurecimento,afimdecapacitar-sedoatendimentodaquelascaracters- ticas, tomando os cuidados devidos em caso contrrio. Ao conjunto cimentomaisguad-se onomede "pasta";adicionando-seumagrega- domidopasta,obtm-sea"argamassa",considerando-seo"concreto"comouma argamassa qual foi adicionado um agregado grado. A pasta ter como funo Envolver os agregados, enchendo os vazios formados e dando ao concre- to, possibilidade de manuseio, quando recm-misturados; Aglutinar os agregados no concreto endurecido, dando um conjunto com certa impermeabilidade, resistncia aos esforos mecnicos e durabilidade frente aos agentes agressivos. A funo do agregado ser: Contribuir com gros capazes de resistir aos esforos solicitantes, aos desgastes e ao das intempries; Reduzir as variaes de volume provenientes de causas vrias; Reduzir o custo. Paraobterasqualidadesessenciaisaoconcreto;facilidadedeempregoquandofres- co,resistnciamecnica,durabilidade,impermeabilidadeeconstnciadevolumede- pois de endurecido, sempre tendo em vista o fator econmico, so necessrios: Seleo cuidadosa dos materiais (cimento, agregado, gua e aditivos) quanto : Tipo e qualidade; Uniformidade. Proporcionamento correto: Do aglomerante em relao ao inerte; Do agregado mido em relao ao grado; Da quantidade de gua em relao ao material seco (fator gua/cimento); Do aditivo em relao ao aglomerante ou gua utilizada. SENAI/SC 27 Construo Civil Manipulao adequada quanto : Mistura; Transporte; Lanamento; Adensamento. Cura cuidadosa 4.1 Propriedades do concreto fresco Sopropriedadesdoconcretofresco:aconsistncia,atextura,atrabalhabilidade,a integridadedamassa (oposto desegregao), opoderde retenode gua (oposto da exsudao) e a massa especfica. A consistncia ou fluidez funo da quantidade de gua. A textura nos d idia de como os gros dos agregados se "organizam" no interior da massa do concreto. A integridade da massa: o conjunto "argamassa mais agregado grado" no pode so- frer segregao, isto , separao, aps a mistura. A trabalhabilidade a facilidade com que o material concreto flui, enquanto, ao mesmo tempo, fica coeso e resistente segregao. a propriedade do concreto fresco que identifica sua maior ou menor aptido de ser empregado com determinada finalidade, sem perda de sua homogeneidade. Entende-se por exsudao a tendncia da gua de amassamento de vir superfcie do concreto recm-lanado. 4.2 Propriedades do concreto endurecido So elas: Massa especfica; Resistncia aos esforos mecnicos; Permeabilidade e absoro; Deformaes. A massa especfica do concreto normalmente utilizada, incluindo os vazios, varia entre 2.300 e 2.500kg/m. usual tomar para o concreto simples 2.300kg/m3, e 2.500kg/m3 para o concreto armado. Oconcreto ummaterialqueresiste bemaos esforosdecompresso emalaosde trao (distenso).Sua resistncia trao da ordem da dcima parte da compres- so. O concreto resiste mal ao cisalhamento. Os principais fatores que afetam a resistncia mecnica so: Fator gua/cimento; Idade do concreto; Forma e tipo (graduao) dos agregados; Tipo de cimento; Forma e dimenso dos corpos de prova. SENAI/SC 28 Construo Civil A permeabilidade a propriedade que identifica a possibilidade de passagem da gua atravs do material. Esta passagem pode ser: Por filtrao sob presso; Por difuso atravs dos condutos (vasos) capilares; Por capilaridade. A absoro o processo fsico pelo qual o concreto retm gua nos poros e condutos capilares. As deformaes causadoras das mudanas de volume podem ser agrupadas em: Causadas pelas variaes das condies ambientes, tais como: Retrao; Variaes de umidade; Variaes de temperatura. Causadas pela ao de cargas externas, que originam: Deformao imediata; Deformao lenta. 4.3 Dosagem dos concretos Chama-setraoamaneira deexprimira composio doconcreto.Otrao tantopode serindicadopelasproporesempesocomoemvolume,ealgumasvezesadota-se umaindicaomista:ocimentoempesoeosagregadosemvolume.Sejaqualfora formaadotada, toma-sesempreocimento comounidade,e relacionam-se as demais quantidades quantidade de cimento. A indicao em peso a mais exata; no , porm a mais prtica, pois raramente se dispe de balana no canteiro de obras. Denomina-se dosagem emprica o proporcionamento do concreto feito em bases arbi- trrias, fixadas quer pela experincia anterior do construtor, quer pela tradio. , evi- dentemente, maneira inadequada de dosar o concreto. Na dosagem emprica, o con- sumo mnimo de cimento ser de 300kg para cada metro cbico de concreto. E a quantidade de gua ser a mnima compatvel com a consistncia necessria. Emoposiodosagem empricaencontra-seadosagem racional,quesediferencia daprimeiraporqueosmateriaisconstituinteseoprodutoresultantesopreviamente ensaiadosemlaboratrios.Dever-se-ia,emrealidade,denomin-ladosagemexperi- mental. SENAI/SC 29 Construo Civil 4.4 Variao das propriedades fundamentais do concreto endureci- do, com o fator gua/cimento. As propriedades principais a considerar so: a resistncia aos esforos e a resistncia aos agentes agressivos (durabilidade). Os pesquisadores e tecnologistas do concreto afirmam que todas as propriedades do concreto endurecido melhoram com a reduo do fator gua/cimento; empregado na confeco, desde que a quantidade de gua utilizada confira massa uma trabalhabilidade de acordo com o modo de produo do concreto. Assim, por exemplo, DUFF ABRAMS, ensaiando cerca de 50.000 corpos de prova no Lewis Institute de Chicago, em 1908, enunciou a seguinte lei, que leva o seu nome: "Dentro do campo dos concretos plsticos, a resistncia aos esforos mecni- cos, bem como as demais propriedades do concreto endurecido, variam na razo in- versa do fator gua/cimento. 4.5 Mtodos empregados na dosagem racional Existemmuitosmtodosutilizadosnadosagemracionaldoconcreto;elestodoslevam emconta,basicamente,essesfatores:trao,fatorgua/cimento,granulometria,forma do gro, etc. No nos cabe, neste trabalho, fazer a descrio de cada um deles; considerando-se o objetivo ilustrativo, apenas, citaremos alguns: Mtodo do ITERS (Instituto Tecnolgico do Estado do Rio Grande do Sul); Mtodo INT (Instituto Nacional de Tecnologia); Mtodo da ABCP (Associao Brasileira de Cimento Portland); Mtodo do IPT (Instituto de Pesquisa Tecnolgicas). 4.6 Produo dos concretos A produo dos concretos compreende a mistura, o transporte, o lanamento, o aden- samento e a cura deste material. Mistura Amisturaouamassamentodoconcretoconsiste emfazer comqueosmateriaiscom- ponentes entrem em contato ntimo, de modo a obter-se um recobrimento de pastade cimento sobre aspartculasdosagregados,bemcomoumamisturageraldetodosos materiais. A principal exigncia com relao mistura que seja homognea. A mistura pode ser manual ou mecanizada. O amassamento manual s poder ser empregado em obras de pequena importncia, onde o volume e a responsabilidade do concreto no justificarem o emprego de equipamento mecnico. A mistura mecnica feita em mquinas especiais denominadas betoneiras. OBS: O nome vem de bton, que em francs quer dizer concreto; em Portugal, o con- creto chamado de beto! A grande diviso em intermitentes e contnuas tem sua razo de ser no fato de preci- sar ou no interromper o funcionamento da mquina, para carreg-la. Na maioria das obras correntes emprega-se a betoneira basculante (de eixo inclinado) que tem uma nica abertura, tanto para carga como para descarga. SENAI/SC 30 Construo Civil As Normas Brasileiras fixam o tempo mnimo de amassamento em um minuto, sem levar em conta o tipo e o volume do concreto e da betoneira empregada. A ordem mais aconselhvel de colocao de materiais nas betoneiras dever ser: Parte do agregado grado mais parte da gua de amassamento; Cimento mais o restante da gua e a areia; Restante do agregado grado. Transporte O concreto deve ser transportado do local de amassamento para o de lanamento to rapidamente quanto possvel e de maneira tal que mantenha sua homogeneidade, evitando-se a segregao dos materiais. Este transporte poder ser na direo hori- zontal, vertical ou oblqua. Na direo horizontal, utilizam-se vagonetes, carrinhos, etc., mais favorveis quando providos de rodas de pneumticos; na direo vertical, caambas, guinchos, etc., e na oblqua usam-se as calhas, as correias transportadoras, etc. Finalmente, o transporte pode ser feito por meio de bombas especiais, que recalcam o concreto atravs de ca- nalizaes. No caso de caminhes usados para transporte a longa distncia, o concreto deve ser "agitado" para evitar a segregao. Lanamento O lanamento do concreto deve ser realizado logo aps a mistura, no se admitindo que o concreto cuja pasta j deu inicio de pega seja remisturado! A operao mais importante durante o processo de execuo de uma pea a aplicao do concreto. Para que no ocorram falhas na pea, deve-se observar os seguintes pontos durante o lanamento: No aplicar todo o concreto em um s ponto, pensando que ele ir escor- rendo e preenchendo toda a forma; No vibrar em excesso, para no provocar segregao do agregado gra- do; No lanar o concreto de grandes alturas, pois a queda livre produz a se- parao dos materiais (agregados); No lanar o concreto com uma p a grande distncia nem avanar ("cor- rer") com o vibrador mais de 1m dentro da forma; Providenciar para que as camadas no tenham espessura maior que 50cm, em qualquer pea, durante o lanamento. (Em geral, e da altura do vibrador); Fazer uma compactao adequada, para que no se formem vazios (bol- sas de ar) na massa, principalmente entre a forma e a superfcie da pea (bicheiras). Antes de colocar o concreto, as frmas devem ser molhadas, a fim de impedir a ab- soro da gua de amassamento. As frmas por sua vez, devem ser estanques, para no deixar "escapar" a nata de cimento, e limpas. Assim como as frmas, os blocos cermicos ou de concreto celular tambm devem ser bem molhados para que no absorvam a gua de amassamento do concreto. SENAI/SC 31 Construo Civil Para o lanamento do concreto em frmas muito delgadas, tais como muros, deve-se usar canalete de borracha ou tubo flexvel, conhecido como "tromba de elefante". Um tipo importante e de difcil lanamento o concreto submerso, isto , a concreta- gem sob gua. O consumo mnimo de cimento de 350kg/m3; a colocao cont- nua, atravs de uma tubulao sempre cheia de concreto. A ponta da tubulao co- locada dentro do concreto j lanado, a fim de impedir que ele caia atravs da gua. A altura de lanamento, em concretagens comuns, deve, no mximo, ser igual a 2m. Para peas como pilares, em que altura superior, o concreto deve ser lanado por janelas abertas na parte lateral, que so fechadas a medida que o concreto avana. Mas na prtica, nas obras admitem-se quedas de at 3m. Nestes casos, para evitar o ricochete dos agregados na queda sobre o fundo da pea, que pode resultar em desa- gregao do concreto, recomenda-se aplicar por uma janela na base da frma uma camada de argamassa de cimento e areia trao 1:1, com aproximadamente 2cm de espessura, que servir como amortecedor da queda e como envolvimento dos agre- gados grados que chegam antes ao fundo. Sempre bom usar funil, tromba, ou janela lateral na concretagem de peas altas. Durante o lanamento inicial do concreto nos pilares e paredes, um operrio deve ob- servar a base da frma, para impedir o vazamento da nata pela fresta entre a frma e o concreto antigo. Em caso de vazamento, pode-se usar papel molhado (sacos de cimento) para vedar a fresta. Plano de concretagem Juntas - Nas grandes estruturas, o lanamento do concreto feito de acordo com um plano, que ser organizado tendo em vista o projeto do escoramento e as deforma- es que nele sero provocadas pelo peso prprio do concreto fresco e pelas eventu- ais cargas de servio. Para limitar ou prevenir as tenses desenvolvidas pelas varia- es sofridas, as estruturas de concreto so providas de juntas. Podemos, pois, grupar as juntas em dois tipos: Juntas, propriamente ditas, cuja finalidade permitir os deslocamentos da estrutura (originada por acomodao e dilatao trmica); Juntas de concretagem, feitas de acordo com as interrupes da execu- o. Quando a junta de concretagem no pode ser evitada, devemos tomar os seguintes cuidados: A superfcie do concreto antigo deve tornar-se rugosa de tal modo que o agregado grado fique mostra (= retirar a nata); A superfcie ser perfeitamente limpa, a fim de remover o material solto, p, etc; Lana-se, em seguida, o concreto fresco. SENAI/SC 32 Construo Civil OBS: As normas DIN-1045 recomendam que, antes do lanamento do concreto fres- co, na junta seja espalhada uma camada de argamassa de composio idntica que faz parte integrante do concreto (trao da ordem de 1:3 e fator gua/cimento igual ao do concreto usado). Quando a interrupo entre duas concretagens bastante prolongada, recomenda-se o uso da argamassa para a junta no trao 1:1. E no pintar a rea de contato com nata de cimento, um costume errado e prejudicial para uma boa ligao das duas partes, porque forma uma pelcula lisa e isolante! Os melhores locais para as juntas de concretagem so aqueles de menores esforos na estrutura. Nas vigas e lajes, procurar escolher os locais com armadura inclinada; se no houver armadura inclinada, aproximadamente a 1/5 do vo a partir dos apoios. Sempre que possvel, consulte o engenheiro responsvel para a localizao da junta de concretagem! Ateno especial ser dada junta de interrupo quando se tratar de laje do tipo "pr-moldada". Ela deve ser segundo uma linha inclinada em relao s vigotas, para no enfraquecer a zona de compresso (capeamento) dessa laje. Adensamento Os processos de adensamento podem ser manuais (socamento ou apiloamento) e mecnicos (vibrao ou centrifugao). O adensamento manual s se aplica a peas de pequena responsabilidade, pequena espessura e pouca armadura. A vibrao permite retirar parte do ar incorporado massa e dar maior fluidez ao con- creto sem aumento da quantidade de gua. OBS: a vibrao aplicada diretamente armadura tem srios inconvenientes, um dos quais a eliminao da aderncia do concreto s barras de ao. Os vibradores podem ser: De imerso (interno); De superfcie; De frmas (externo). No caso de peas pr-fabricadas em usina, utiliza-se o vibrador externo sob a forma de mesa vibratria. Fabricam-se, dessa forma, estacas, postes, blocos, etc. A centrifugao particularmente interessante no caso de fabricao dos elementos de revoluo pr-fabricados: postes, tubos, etc. As frmas so metlicas e giram com velocidade reduzida durante o carregamento, aumentando-se esta assim que se en- che a frma. No caso de uso de vibradores de imerso, eles devem ser introduzidos na massa de concreto em posio vertical ou pouco inclinada, para no prejudicar o funcionamento deles. O tempo de vibrao depende da plasticidade do concreto, mas deve-se evitar uma durao longa demais. S com longa prtica se adquire a capacidade de sentir a reao do concreto. Por este motivo deve-se escolher com muito critrio o operador do vibrador de imerso, e somente ele deve ficar com a tarefa de vibrar o concreto, que de grande responsabilidade, e deve ser sempre instruda e controlada pelo mestre. errado mudar sempre de operador de vibrador, ou designar qualquer um para a tarefa. SENAI/SC 33 Construo Civil A espessura da camada a ser vibrada dever ser aproximadamente igual a do com- primentodaagulhadovibrador,quedeveatingiracamadaanterior,masnopenetrar na mesma. A batida com o martelo nas frmas no suficiente. Nas lajes e pisos at 8 cm de espessura, a vibrao com o vibrador de imerso tem pouca eficincia e deve ser, neste caso, usada uma rgua vibratria ou, na falta desta, deve-se bater com uma rgua comum. Cura D-se o nome de cura ao conjunto de medidas com a finalidade de evitar a evapora- o prematura da gua necessria hidratao do cimento, que rege a pega e seu endurecimento. Enquanto no atingir resistncia satisfatria, o concreto deve ser protegido contra mu- danas bruscas de temperatura, secagem rpida, exposio direta ao sol, a chuvas fortes, a agentes qumicos, bem como contra choques e vibraes que possam produ- zir fissuras ou prejudicar a aderncia do concreto s armaduras. No caso emqueumaconcretagem deva serinterrompidapormaisde 3horas, asua retomada s poder ser feita 72 horas aps ainterrupo. Estecuidado necessrio paraevitarqueavibraodoconcretonovo,transmitido pelaarmadura,prejudique o concreto em incio de endurecimento. Existem vrios mtodos para cura de grandes superfcies de concreto expostos dire- tamente ao sol, e os mais usados so: areia ou serragem umedecidas, sacaria manti- da molhada, manta plstica e lmina de gua. Se forem grandes volumes de concreto, a proteo deve ser mais intensiva e o tempo de proteo mais prolongado. Pode-se, tambm, usar retardadores de pega. Hoje j existem produtos qumicos que aplicados sobre a superfcie do concreto e em contato com o ar formam uma pelcula imperme- vel, evitando a evaporao da gua. Recomenda-se que as medidas tomadas para a cura do concreto sejam mantidos at sete dias aps a concretagem, no mnimo! 4.7 Desforma Senotiversidousadocimentodealtaresistnciainicialouaditivosqueaceleremo endurecimento,aretiradadasfrmas edoescoramentonodeverdar-seantesdos seguintes prazos: Faces laterais 3 dias; Retirada de algumas escoras 7 dias; Faces inferiores, c/alguns pontaletes encunhados 14 dias; Desforma total, exceto item 5 21 dias; Vigas e arcos com vo maior que 10m 28 dias. Usando-se aditivos plastificantes ou incorporadores de ar, os prazos se reduzem como segue: Item 3 se reduz para ..............................7 dias; Item 4 se reduz para .............................. 11 dias; Item 5 se reduz para .............................. 21 dias. SENAI/SC 34 Construo Civil Usando-se aceleradores de pega, os prazos se reduzem conforme indicaes dos fabricantes dos produtos. Adesformadeestruturasmaisesbeltasdeveser feita commuitocuidado,evitando-se choquesforteseretiradasbruscasdoescoramento.Nasestruturascomgrandesvos ou com balaos grandes, os cuidados na desforma devem ser redobrados. 4.8 Os Cimentos Cimento o produto utilizado para unir firmemente diversos tipos de materiais de construo, permitindo fazer edificaes resistentes e durveis. Seu nome tcnico "cimento portland", pois assim foi batizado pelo seu inventor h mais de 150 anos, inspirado na cor das pedras da Ilha de Portland (Inglaterra), que eram usadas com muita freqncia nas construes da poca. Portanto, como voc pode ver, "portland" no uma marca de cimento, nem indica que ele um produto importado. O cimento portland, ou simplesmente cimento, fabricado com calcrio, argila, gesso e outros materiais denominados "adies". Embora suas principais matrias-primas - o calcrio e a argila - estejam disponveis na natureza, a fabricao do cimento exige grandes e complexas instalaes industriais, operadas por tcnicos muito bem treina- dos. O processo de fabricao do cimento consiste basicamente na extrao do calcrio da jazida (mina), com o auxlio de mquinas e explosivos, seguindo-se a sua britagem e mistura com argila. Essa mistura passa por um moinho, onde reduzida a p, e a se- guir por um possante forno rotativo, onde "cozida" a 1450C, transformando-se em pelotas duras, do tamanho de bolas de gude (clnquer). Finalmente, este clnquer modo e misturado com gesso e outras adies, transformando- se no cimento, que agora est pronto para ser entregue ao consumo, em sacos ou a granel. Tipos e Classes de Cimento No Brasil, so fabricados vrios tipos de cimento. Para uso geral, temos atualmente os seguintes: Cimento Portland Comum: CP; Cimento Portland de Alto-Forno: AF; Cimento Portland Pozolnico: POZ; Cimento Portland de Moderada Resistncia aos Sulfatos: MRS. Esses tipos so na maioria fabricados na classe 32, nmero que mede a resistncia mnima, em MPa (Mega-Pascal) aos 28 dias, de uma pasta feita com eles. Os cimen- tos CP e AF podem ainda ser encontrados na classe 40. Para usos especiais, fabricam-se o Cimento Branco, o cimento de Alta Resistncia Inicial (ARI), e outros para aplicaes mais especializadas. Eis algumas instrues para quem usa cimento: No compre ou aceite cimento empedrado. Verifique se o saco de cimento no est mido ou molhado. No pela cor mais clara ou mais escura, ou se o saco est quente ou frio que se verifica a qualidade do cimento. SENAI/SC 35 Construo Civil Nota:Todososcimentosbrasileirostmasuaqualidadeconstantementecontrolada pelaABCP (AssociaoBrasileirade CimentoPortland)deacordocomas exigncias da ABNT. Mesmo comprando cimento de boa qualidade eem bom estado, ele pode estragar se noforbemtransportadoeestocadodeformacorreta.Ocimentodeveserprotegido durante o transporte para evitar que seja molhado por uma chuva inesperada. Para guardar, ponha o cimento em lugar fechado e coberto, livre da gua e da umida- de, e empilhe os sacos sobre um estrado de madeira afastado da parede. Ponha no mximo 10 sacos em cada pilha, se o cimento ficar estocado por mais de 2 semanas. Hidratao do Cimento Os compostos presentes no cimento portland so anidros, isto , sem gua, mas, quando postos em contato com a gua, reagem com ela, formando produtos hidrata- dos, os quais vo endurecendo com o passar do tempo. Pega e Endurecimento Um cimento misturado com certa quantidade de gua, de modo a obter uma pasta plstica, comea a perder esta plasticidade depois de um certo tempo. O tempo que decorre desde a adio de gua at o incio das reaes com os compostos do cimen- to chamado de incio de pega. Este fenmeno de incio de pega notado pelo au- mento brusco de viscosidade da pasta e pela elevao de temperatura. Convencionou-sedenominarfimdepegaasituaoemqueapastacessadeserde- formvel para pequenas cargas e se torna um bloco rgido. A seguir a massa continua a aumentar em coeso e resistncia, denominando-se esta fase endurecimento. A determinao dos tempos de incio e fim de pega importante, pois atravs deles se tem idia do tempo disponvel para trabalhar, transportar e lanar argamassas e con- cretos, bem como transitar sobre eles ou reg-los para execuo da cura. Com relao ao tempo de incio de pega, os cimentos so classificados em cimentos de pega normal e cimentos de pega rpida. Nos cimentos de pega rpida, o fenmeno de pega se inicia e termina em poucos mi- nutos. Poderamos adotar, nas condies brasileiras, a seguinte ordenao: Pega rpida menos de 30 minutos; Pega semi-rpida 30 a 60 minutos; Pega normal mais de 60 minutos. O fim de pega se d de 5 a 10 horas nos casos de cimentos normais; na pega rpida o fim se verifica poucos minutos aps o incio. Calor de Hidratao As reaes de pega e endurecimento do cimento so exotrmicas, isto , liberam ca- lor.Estedesenvolvimentodecalorelevaatemperaturadapasta,argamassaoucon- creto. SENAI/SC 36 Construo Civil 4.9 Os agregados Entende-se por agregado o material granular, sem forma e volume definidos, geral- mente inerte, de dimenses e propriedades adequadas para uso em obras de enge- nharia. So agregados as rochas britadas (britas), ou fragmentos rolados no leito dos cursos dgua (areias e seixos rolados), e os materiais encontrados em jazidas, pro- venientes de alteraes de rocha (pedregulhos). Com definies no campo dos agregados correntes, temos: o Filler: o material que passa na peneira n PUUP 200 (p); o Areia: o material encontrado em estado natural, passando na peneira nPUUP4 (malha quadrada de 4,8mm de abertura); Pedrisco: o material obtido por fragmentao de rocha (britagem), pas- osando na peneira n PU UP 4. ( uma areia artificial); Seixo rolado: o material encontrado fragmentado na natureza, quer no fun- odo do leito dos rios, quer em jazidas, e fica retido na peneira n PU UP 4; Pedra britada: o material obtido por triturao de rocha e retido na penei- ora n PU UP 4; Agregadoleve:omaterialconstitudodepedra-pomes,argilaexpandida, cinzavolantesintetizada,etc.,compesounitriosensivelmentemenordo que do agregado obtido natural ou artificialmente da rocha. Os areais. Os agregados midos. O peso unitrio de uma areia mdia em estado seco, solta, anda em torno de 3 1.500kgf/mP 3 P. (Cuidado ao esto- car areia sobre a laje!) Como os agregados midos so entregues em obra mais ou menos midos, isto obri- ga a determinaes peridicas de seu teor de umidade, para corrigir a quantidade de gua que dever ser empregada na confeco de argamassas e concretos, levando em conta a gua carregada pelo agregado, bem como o reajuste das quantidades do material, quer medido em peso, quer medido em volume, sendo, neste caso, a medida influenciada pelo fenmeno do inchamento. OBS: Em geral, nossas areias chegam ao canteiro de obras em estado saturado. Com o tempo vai ocorrendo a secagem e o volume diminui! Quer dizer, recebemos a ca- amba do caminho cheia de areia mais gua, e tempos depois, quando a gua j saiu, o volume menor. Normalmente, o inchamento mximo ocorre para teores de umidade de 4 a 6%. Quanto presena de impurezas, devemos observar que no haja material pulverulento (p de argila) em excesso, nem material orgnico (principalmente hmus) prejudicial. Uma areia de qualidade range e no suja a palma da mo quando esfregada. Alm de argila, silte e matria orgnica, podem as areias conter outras substncias, como torres de argila, gravetos, mica, materiais carbonosos (carvo e linhita) e sais (principalmente sulfatos e cloretos) que podem prejudicar a resistncia e a durabilidade da argamassa e concretos. Com relao a granulometria, as areias so classificadas em finas, mdias e grossas. SENAI/SC 37 Construo Civil Os agregados grados O agregado grado pode ser natural (seixo ou pedregulho) ou de origem artificial (pe- dra britada e cascalho). As britas, no Brasil, so obtidas principalmente pela triturao mecnica de rochas de granito, basalto e gnaisse. Quanto forma dos gros, os agregados podem ser arredondados, como os seixos, ou de forma angular e arestas vivas com faces mais ou menos planas, como a pedra britada. A melhor forma a que se aproxima da esfera, para os seixos, e do cubo, para as britas. Os agregados grados no devem conter impurezas, substncias nocivas que prejudi- quem as reaes e o endurecimento do concreto. Entre as impurezas, so de destacar os torres de argila e o material pulverulento (argilas e siltes) tem dois inconvenientes principais: recobrindo os gros de agregado, prejudica a aderncia; por outro lado, tendo grande superfcie especfica, exige gua em demasia na aplicao, aumentan- do, assim, o fator gua/cimento, acarretando perda de resistncia dos concretos. 4.10 A gua de amassamento usual dizer-se que toda gua que serve para beber pode ser utilizada na confeco de concretos e argamassas. A recproca, porm, no verdadeira, pois muitas guas utilizveis sem dano no concreto no podem ser ingeridas pelo homem. Sempre que houver suspeitas devem ser feitos testes para verificar a influncia das impurezas so- bre o tempo de pega, resistncia mecnica e estabilidade de volume. Alm disso, as impurezas podem causar eflorescncias (manchas) na superfcie do concreto e corro- so nas armaduras. 4.11 Aditivos para concreto Antes de mais nada, o que chamamos de aditivos? So todos aqueles produtos que se adicionam aos materiais componentes do concreto no momento da mistura, com o objetivo de modificar algumas das propriedades do concreto. Temos que identificar o tipo de aditivo a ser empregado, antes de utiliz-lo, pois h aditivos que modificam propriedades do concreto fresco, outros que atuam na fase de pega e endurecimento e outros que modificam algumas propriedades do con- creto endurecido. Aditivos que modificam as qualidades do concreto fresco: Plastificantes:produzemnamisturafrescaaumentodeviscosidade,conservandosua homogeneidade,possibilitandodiminuiodaguadeamassamentoeaumentandoa trabalhabilidade e resistncia do concreto. Incorporadores de ar: tm por objetivo provocar o aparecimento de um elevado nme- ro ebolhasdearnamassadoconcreto,cujafinalidadecortararedecapilarobtendo concretos impermeveis e resistentes s variaes de temperatura. SENAI/SC 38 Construo Civil Aditivos que modificam as propriedades do concreto durante o perodo de pega e en- durecimento: Retardadoresdepega:aumentamotemponecessrioparaoconcretopassardoes- tado plsticoaoslido,sem influenciar demaneirasensvelodesenvolvimento da re- sistncia. Aceleradores de pega: diminuem o tempo que transcorre do estado plstico ao slido. Aditivos que modificam as propriedades do concreto endurecido: Impermeabilizantes: agem ou por obturao dos poros (pela incorporao de bolhas de ar) ou por ao repulsiva com relao a gua. Produtores de gs ou espuma: so aditivos capazes de produzir, na massa do concre- to, bolhas de gs ou de espuma, dando origem aos concretos porosos. Outros aditivos Anticorrosivos corrantes: existem ainda uma grande variedade de aditivos com aplica- es especficas, mas deveremos sempre ter em conta que, que se for utilizar estes aditivos importante seguir as instrues dos fabricantes dos produtos. SENAI/SC 39 Construo Civil 5 AS ARGAMASSAS As argamassas so materiais de construo constitudos por uma mistura ntima de um ou mais aglomerantes, agregado mido e gua. Alm destes componentes essen- ciais, presentes nas argamassas, podem ainda ser adicionados produtos especiais com a finalidade de fornecer (ou melhorar) determinadas propriedades ao conjunto. Quando se usa apenas o aglomerante e gua, tem-se a pasta, que de uso restrito em construes, no s pelo seu elevado custo, como pela sua retrao, durante o processo de endurecimento. As pastas preparadas com excesso de gua fornecem as chamadas natas. Principais aglomerantes: Cimento; Cal ("virgem" ou "hidratada"); Gesso; Magnsia sorel (ou cimento sorel). Durante o processo de fabricao, esses alomerantes podem receber adies de ou- tros produtos e passam a apresentar, ento, propriedades diferentes. Ateno! O gesso corri o ao. Deve-se ter cuidado, tambm, com o uso da cal com ferragens, emborasejamenosagressivaqueogesso.Acaldevesertotalmente"extinta"antes do uso. Aomisturarmosaumapastaumagregadomido,obtemosoquese chamade arga- massa.Asargamassassomuitoempregadasemconstruo:noassentamentode pedras,tijolose blocosnasalvenarias;nosemboose rebocos; nosacabamentosde tetosepisos;nosreparosdeobrasdeconcreto;nasinjees,etc.Ascondiesque uma boa argamassa devem satisfazer so: Resistncia Mecnica; Compacidade; Impermeabilidade; Aderncia; Constncia de Volume; Durabilidade. Segundo o emprego, as argamassas podem ser classificadas em: Comuns, quando se destinam a obras correntes, assim distribudas: Argamassas para rejuntamento de alvenarias; Argamassas para revestimentos; Argamassas para pisos; Argamassas para injees. Refratrias, quando devem resistir a elevadas temperaturas; neste caso sero feitas com agregados especiais como argila refratria, vermiculita, etc. SENAI/SC 40 Construo Civil De acordo com a dosagem podem ser classificadas em: Pobres ou magras, quando o volume de aglomerante insuficiente para preencher os vazios entre os gros do agregado. Cheias, quando os vazios acima referidos so exatamente preenchidos pela pasta. Ricas ou gordas, quando h um excesso de pasta. OBS: Rica ou pobre - quando se refere ao cimento Gorda ou magra - quando se refere cal. Segundo a consistncia podem ser: Secas Plsticas Fluidas 5.1 Trabalhabilidade das argamassas A determinao do trao e, conseqentemente, da quantidade de cal que deve entrar na composio de uma argamassa, deve ser orientada tendo em vista principalmente o aspecto da mistura; a argamassa dever apresentar-se como uma massa coesa, com trabalhabilidade adequada para o fim a que se destina. As argamassas de cal tm muito mais coeso do que as de cimento de mesmo trao, epor isto elas necessitam de menos aglomerantes do que as de cimento para obter-se umamassacommaiortrabalhabilidade.Asargamassaspobresdecimentotornam-se, pela adio da cal, mais trabalhveis. As argamassas de cal retm durante, mais tempo a gua de amassamento, diminuin- do o risco de "queimar" a massa por causa da perda da gua. Nota - Atualmente, j esto sendo empregados largamente alguns aditivos que substi- tuem a cal com algumas vantagens: Uso de menos gua de amassamento; Aumento de resistncia mecnica; Maior impermeabilidade; Menor retrao; Dispensa os grandes depsitos para estocagem da cal; Menor custo da argamassa aplicada. SENAI/SC 41 Construo Civil 5.2 Trao da argamassa Como j foi dito anteriormente (quando estudamos os concretos) o trao a maneira de exprimir o proporcionamento dos elementos constituintes. No caso de uma argamassa simples, o primeiro nmero indica a quantidade do aglo- merante (cimento, ou cal, ou gesso), e o segundo nmero d a proporo do agregado mido (areia, ou pedrisco, ou vermiculita). Em se tratando de uma argamassa mista de cimento, cal, e areia, por exemplo, tem-se exatamente esta seqncia de indicao: 1: 2: 6 1 parte de cimento 2 partes de cal 6 partes de areia Importante Em caso de dvida, consulte o engenheiro responsvel pela obra, pois existem outras maneiras de fornecer os traos! SENAI/SC 42 Construo Civil 6 OS AOS PARA CONSTRUO EM CONCRETO ARMADO Ao todo produto siderrgico de ferro obtido por via lquida com teor de carbono infe- rior a 2%. usual a classificao do ao pelo seu teor de carbono, como segue: Tabela 2 - Classificao do ao pelo teor de carbono AosTeor de Carbono Extra-doces< 0,15% Doces0,15 a 0,30 % Meio-doces0,30 a 0,40 % Meio-duros0,40 a 0,60 % duros0,60 a 0,70 % Extra-duros> 0,70 e < 2% Os aos de construo tm, em geral, 0,3% ou menos de carbono. Os aos doces e extradoces eram antigamente chamados de ferros (p/ servios de serralheria). Os aos estruturais de fabricao nacional em usos no Brasil podem ser classificados em trs grupos principais: Aos de dureza natural laminados a quente; Aos encruados a frio; Aos "patenting" ou para concreto protendido. 6.1 Siglas e padronizaes No Brasil a indicao corrente feita pelas letras CA (concreto armado) seguidas de um nmero que caracteriza a tenso de escoamento (real ou convencional) em 2 Kgf/mmPP. Segue-se ainda uma letra maiscula A ou B que indica se o ao de dureza natural ou encruado a frio. Os de dureza natural existentes no mercado brasileiro so CA-24A, CA-32A, CA-40A e CA- 50A. A categoria CA-60B s existe para fios. Em nossa regio (SC) encontramos quase que exclusivamente os aos CA-50A, CA-50B, CA-60B. Os dois primeiros ainda so apresentados em bitolas expressas em polega- das embora devam ser indicadas em milmetros. Damos, a seguir, duas tabelas de bitolas usadas mais freqentemente: Tabela 3 - Bitolas utilizadas (CA 50) (CA 60) polmmmm 3 P P /B16B 4,8 3,46,3 4,25 P P /B16B 8,0 4,63 P P /B8B10,0 5,012,5 6,05 P P /B8B16,0 7,020,08,0 7 P P /B8B22,2 125,0 SENAI/SC 43 Construo Civil OBS: Em alguns casos, a correspondncia de valores de polegadas para milmetros no exata, como no caso de ", que indicamos 12,5mm, quando o correto seria 12,7mm. O comprimento usual das barras de ao de 11m, com tolerncia de 9%, para mais ou menos, o que nos d uma variao entre 10m e 12m, aproximadamente. Importante No caso de necessitar emendar barras por meio de solda, verifique o tipo de ao, se for CA-50B, no deve ser soldado, pois perder resistncia com a soldagem. O ao CA-50A pode ser soldado por caldeamento, um tipo de soldagem especial. Observe sempre se o ao que est na obra est de acordo com a especificao do projeto estrutural, pois as categorias A e B tem propriedades diferentes, e somente em alguns casos o tipo A pode ser substitudo pelo B! 6.2 Aos com salincias ou "mossas" Para melhorar a aderncia entre o concreto e os aos, alguns deles so produzidos em barras dotadas de salincias (mossas) de formatos diversos. Os aos categoria A apresentam em geral duas salincias longitudinais e outras trans- versais, enquanto que os aos categoria B tm geralmente mossas como se fossem "cordes enrodilhados" ao longo das barras (mossas heliocoidais). 6.3 Aos recozidos Alguns aos sofrem um processo de recozimento para conferir-lhes certas proprieda- des especiais, e deles so feitos os chamados arames recozidos, to utilizados na execuo das armaduras e formas. SENAI/SC 44 Construo Civil 7 AS ESTRUTURAS Segundo o conceito correto, a estrutura a parte de um corpo ou o todo que responde pela respectiva solidez e resistncia s solicitaes. Portanto, em se tratando de edificaes, esse conceito largamente abrangente, in- cluindo desde cabos de sustentao (de ao, nylon, etc), at sapatas, vigas, lajes, muros, pilares, paredes portantes e outros. As estruturas so classificadas em infra-estruturas e supra-estruturas, e sero estuda- das a seguir. SENAI/SC 45 Construo Civil 8 AS INFRA-ESTRUTURAS As infra-estruturas de uma edificao so as partes estruturais responsveis pela transferncia direta das cargas do prdio ao solo. Chama-sefundaopartedeumaestruturaquetransmiteaoterrenosubjacentea cargadaobra.Oestudo detodafundaocompreendepreliminarmenteduaspartes essencialmente distintas: Clculo das cargas atuantes sobre a fundao; Estudo do terreno (estudo geotcnico). Com esses dados, passa-se escolha do tipo de fundao, tendo-se presente que: As cargas da estrutura devem ser transmitidas s camadas de terreno ca- pazes de suport-las sem ruptura; As deformaes das camadas de solo subjacentes s fundaes devem ser compatveis com as deformaes da estrutura; A execuo das fundaes no deve causar danos s estruturas vizinhas; Ao lado do aspecto tcnico, a escolha do tipo de fundao deve atentar tambm para o aspecto econmico. Finalmente, segue-se o detalhamento e dimensionamento, estudando-se a fundao como elemento estrutural. 8.1 Tipos de fundaes Superficiais (ou rasas); Profundas. Fundaes Superficiais Fundao Isolada: a que suporta apenas a carga de um pilar. Pode ser um bloco ou uma sapata. Os blocos so usualmente de concreto armado ou ciclpico e com grande altura, o que lhes d rigidez aprecivel. Assapatassofundaesdeconcretoarmadoedepequenaalturaemrelaos dimensesdabase.So"semiflexveis",aocontrriodosblocos,quetrabalham compressosimples.Quantoforma emgeralelastmbase quadrada, retangular, circular ou octogonal. Fundao excntrica: aquela em que a resultante das cargas aplicadas no passa pelo centro de gravidade da base. o caso das fundaes em divisas de terreno. U- sualmente, uma fundao com carga excntrica associada com um pilar prximo, por meio de uma viga de equilbrio ou viga-alavanca. Fundao corrida: a que transmite a carga de um muro, de uma parede ou de uma fila de pilares. So exemplos as sapatas corridas e as vigas de fundao. (OBS.: No confundir estas ltimas com as cintas de fundaes ou baldrames, ou seja, as vigas de amarrao dos diversos pilares entre si e sobre as quais assentam as paredes.) SENAI/SC 46 Construo Civil Placas de fundao ou "radiers": so fundaes que renem num s elemento de transmisso de carga um conjunto de pilares ou paredes. Podem ser constitudos por uma nica laje de concreto armado, ou apresentar vigas formado nervuras (placas de "laje e viga"). Fundaes Profundas Os tipos principais so: estacas, tubules e caixes. Estacas: so peas alongadas, cilndricas ou de outras sees transversais, que se cravam ou se confeccionam no solo com o fim de transmitir as cargas de uma estrutu- ra a uma camada profunda e resistente. Tipos mais comuns de estacas: Pr-moldada de concreto armado; Pr-moldada de concreto protendido; Tipo Strauss (moldada "in loco"); "Broca" (feita a trado); De madeira (ex: eucalipto); Barretes (usando lama bentontica); Tipo Franki ("bucha seca"); Metlicas (ex: trilhos de ao); Tipo Mega (cravadas com macaco hidrulico). Tubules: so fundaes de forma cilndrica, com base alargada ou no, destinados a transmitir as cargas da estrutura a uma camada do solo ou substrato rochoso de alta resistncia e a grande profundidade. So muito freqentes nas construes de pontes. Podem ser executados "a cu aberto" e pneumticos. Caixes: so de seo retangular e, em geral, de volumes muito maiores que os tubu- les. A execuo deles anloga dos tubules. 8.2 Efeito da Subpresso Nas fundaes situadas abaixo do nvel d'gua h sempre que se considerar o efeito decorrente do empuxo dessa gua subterrnea. Para a construo de subsolos, pisci- nas e tanques enterrados, esse empuxo (de baixo para cima) tem que ser levado em conta, pois, alm dos problemas de execuo (infiltraes, inundaes, etc.) existem aqueles decorrentes do sentido do carregamento das estruturas que podem implicar em armaes de ao em posies no corriqueiras. Vejamos o exemplo tpico de uma laje de fundo de piscina, a qual deve ser dimensionada para resistir tanto quando a piscina estiver cheia de gua, como quando ela estiver vazia (e, portanto recebendo o empuxo de bai