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Linguagem jornalística, uma breve introdução Fernando A. Silva

Apostila jornal

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Breve introdução ao jornal

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Linguagem

jornalística,

uma breve

introdução

Fernando A. Silva

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O J O R N A L

Brasil tem hoje cerca de estuda o assunto antes de desastre ficam para o O35 mil jornalistas. Diante qualquer coisa. Como diz a segundo plano. É de tanta concorrência, um jornalista Dorrit Harazim, é o fundamental que o repórter profissional precisa de "algo a que lê sobre o tema até se saiba escrever. Escrever é mais" para se destacar na esgotarem as boas organizar idéias. Quem não carreira. Para saber o que referências mesmo que, lá escreve direito também não realmente representa uma pela metade da pesquisa, pensa direito. Importante: vantagem competitiva na ache que já sabe tudo. Bom uma coisa é a história que se profissão, perguntamos a repórter procura mais um quer contar, outra coisa é a alguns jornalistas da Editora pouco, fuça e vasculha. Bom idéia que tal história pretende Abril "o que faz a diferença repórter duvida, desconfia e passar. Bons repórteres em um bom repórter". Confira questiona. Também faz uma sabem disso".o que eles responderam: seleção de entrevistados para

Fonte: PSC Online - Intranet do desafeto nenhum botar Grupo Abril - 26 de Junho de 2007Leandro Sarmatz, redator- defeito. Bom repórter se põe

chefe Vida Simples no lugar do leitor e não deixa "Além da apuração escapar um ângulo, um

incansável e do espírito detalhe, uma informação que inquebrantável, um bom possa passar pela cabeça do repórter deve distinto público. ter um apetite Bom repórter onívoro por vai além, para conhecimento. surpreender a Ler muito, e ler todos e deixar sempre, fará a concorrência sempre a comendo diferença na poeira. Bom carreira". repórter insiste,

persiste e Claudia Giudice, diretora cultiva boas fontes. Bom

do Núcleo Celebridades repórter é muitíssimo bem-"Um bom repórter faz toda informado. Bom repórter dá

a diferença numa revista, pois um duro danado".ele traz a notícia e a história que ninguém tem. O tal do Edson Aran, diretor de furo, que ajuda uma revista a redação da Playboyficar famosa, querida e "Um bom repórter tem de conhecida -- além de vender ver, entender o que viu e muito. O que faz um bom contar. A receita é simples, o repórter? Talento, faro, difícil é fazer direito. Os trabalho, muito trabalho, repórteres andam viciados ótimas fontes, persistência, em fórmulas prontas e, cara-de-pau, energia, muitas vezes, não sabem nenhum tipo de preguiça, hierarquizar informações. Vão insistência, sorte, coragem e cobrir, digamos, um desastre uma boa pauta". de avião e voltam com um

Cynthia Greiner, diretora de infográfico explicando porque redação de Nova os aviões caem. As histórias

"Bom repórter é aquele que humanas dos envolvidos no

O que faz a diferença em um bom repórter?

"Um bom repórter tem de ver, entender o que viu e contar. A receita é simples, o difícil é fazer direito.

Título

Colunas

Olho

Fonte

Capita

l ou c

apitu

lar

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Notícia - de carácter que dá seqüência ou jornalistas)objectivo, composto pelo continuidade a uma Lead e o corpo da notícia, seja por Crônica - texto que notícia: desdobramento do fato, registra uma observação No Lead tenta-se por conter novos ou impressão sobre fatos responder a seis detalhes ou por cotidianos; pode narrar perguntas: quem , o quê , acompanhar um fatos reais em formato de onde , quando , porque personagem ficção (ver adiante, ,como , a ausência exemplos de crônicas)destas pode dever-se a dados não apurados; No Perfil - texto descritivo de Nota - texto curto sobre corpo da notícia um personagem, que algum fato que seja de desenvolve-se pode ser uma pessoa ou relevância noticiosa, mas gradualmente a uma entidade, um grupo; que apenas o lead basta informação em cada muitas vezes é para descrever; muito parágrafo, por isso a apresentado em formato comum em colunasinformação é cada vez testemunhalmais elaborada, Chamada - texto muito detalhada. (ver adiante curto na primeira página mais sobre notícia) Entrevista - é o texto ou capa que remete à

baseado íntegra da matéria nas fundamentalmente nas páginas interiores

Matéria - todo texto declarações de um jornalístico de descrição indivíduo a um repórter; ou narrativa factual. quando a edição do texto Texto-legenda - texto Dividem-se em matérias explicita as perguntas e curtíssimo que "quentes" (sobre um fato as respostas, acompanha uma foto, do dia, ou em seqüenciadas, chama-se descrevendo-a e andamento) e matérias de ping-pong adicionando a ela alguma "frias" (temas relevantes, informação, mas sem mas não matéria à qual faça necessariamente novos Opinião ou editorial - referência; tem valor de ou urgentes). Existem reflete a opinião apócrifa uma matéria ainda os seguintes do veículo de imprensa independentesubtipos de matérias: (não deve ser assinado matéria leve ou feature - por nenhum profissional Carta do leitor - Texto texto com informações individualmente) enviado pelos leitores, pitorescas ou inusitadas, geralmente referentes a que não prejudicam ou matérias veiculados no colocam ninguém em jornal. Às vezes, pode risco; muitas vezes este Artigo - texto haver Carta ao Leitor, tipo de matéria beira o eminentemente opinativo, do jornal endereçada aos entretenimento e geralmente escrito por leitores, esclarecendo

colaboradores ou algum ponto obscuro, personalidades desculpando-se por

Suíte - é uma matéria convidadas (não algum erro, etc.

Tipos de texto jornalístico

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A notícia de imprensa é um relato de uma situação ou de um acontecimento real e actual, que se destina à difusão pelos vários meios de comunicação social. Deve, por isso, caracterizar-se pela actualidade, objectividade, brevidade e interesse geral.

ESTRUTURA DA NOTÍCIA:

Título – Faz referência ao facto principal. Deve ser curto, preciso e expressivo para chamar a atenção do leitor.O título pode ser acompanhado por:

antetítulo (indica o assunto geral) subtítulo (refere aspectos particulares de interesse)

Lead, Parágrafo-guia ou cabeça Corresponde ao 1º parágrafo onde se resumem os aspectos essenciais do acontecimento. Deve ser dada resposta às perguntas fundamentais: Quem?, O quê?, Onde?, Quando?

CorpoCorresponde aos restantes parágrafos, onde se desenvolve mais ou menos pormenorizadamente o que aconteceu, por ordem decrescente de importância. Deve ser dada resposta às perguntas: Como?, Porquê? e, por vezes, Para quê?

A técnica de escrita de uma notícia designa-se por Técnica da Pirâmide Invertida e consiste em escrever as notícias de forma a que os aspectos mais importantes sejam referidos em primeiro lugar, no Lead, e conforme se vá avançando na notícia vá diminuindoa importância do assunto tratado. (A designação desta técnica deve-se ao facto de tanto na notícia como na pirâmide se colocar em primeiro lugar e com maior evidência aquilo que é considerado mais importante – na notícia o lead e na pirâmide a base.)

CARACTERÍSTICAS DA LINGUAGEM DA NOTÍCIA:

Vocabulário simples, claro e objectivo;Utilização de nomes e verbos, evitando os adjectivos valorativos.Frases curtas;Frases de tipo declarativo;Nível de língua corrente;Função informativa;

LEAD

CORPO

Quem?O quê?Onde?Quando?

Como?Por quê?

Peça de andaime causou desabamento de obra em shopping de SP; 4 ficam feridos

GUILHERME REEDcolaboração para a Folha Online

Uma peça do andaime utilizado na obra do shopping SP Market, na zona sul de São Paulo, --que desabou no início da tarde deste sábado--, teria provocado o acidente, segundo informações da MPD Engenharia, construtora responsável pelas obras de expansão do local. Segundo a assessoria do shopping, ao todo, quatro operários ficaram levemente feridos.

Em nota distribuída à imprensa no local, a construtora atribuiu o acidente a "uma peça do andaime da forma da laje externa que se desprendeu", provocando o desabamento.

Obra de shopping desaba na zona sul de São Paulo e deixa quatro funcionários feridos; lojas funcionam normalmente neste sábadoDe acordo com o shopping, os quatro funcionários foram socorridos e encaminhados a hospitais da região, mas não se feriram com gravidade. Apenas a área das obras sofreu estragos e, segundo o shopping, as lojas funcionavam normalmente na tarde de hoje.

"Todas as providências já foram tomadas e empreendimento funciona normalmente, sem oferecer risco ao público", afirmou, em nota.

No momento do acidente, ocorrido por volta das 13h20, 20 pessoas trabalhavam na obra no shopping, que fica na avenida das Nações Unidas, na altura do número 22.540.

A Defesa Civil Municipal já foi ao local e descartou a existência de pessoas sob os escombros. Mesmo assim, cães farejadores foram deslocados para as obras. O local deverá passar por perícia.

A N o t í c i a4

Exemplo de notícia. Em itálico o Lead

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errado? Não Avançando celeremente, e na estaria ele na contramão? mesmaNão. Ele não estava na mão em que ele estava.contramão, disse tinha absoluta certeza. (Folha de São PauloConhecia bem aquela rodovia, era um caminho habitual para ele.Teria havido, sem que ele

Um comerciante foi detido soubesse, uma inversão de pela Polícia Militar Rodoviária pistas? Talvez,após dirigir na contramão da mas isso não lhe tirava a Rodovia dos Imigrantes por razão. Uma alteração tão 1 km. Segundo a polícia, ele significativa deveria ter sido parecia embriagado. previamente divulgada; e

teria sido necessário colocarAo entrar na rodovia ficou avisos na rodovia.surpreso em ver um carro Não. Ele estava certo, e vindo em continuaria em seu rumo, sua direção – e aquela era mesmo queuma pista de mão única. todos os outros fizessem o Acenou nervosamente contrário. Não seria a para o motorista para que primeira vez nadesviasse, e aí nova supresa: História que tal aconteceria. o homem também lhe Afinal, Galileu Galilei tinha acenava, com o mesmo sido condenadopropósito. Passaram pela Inquisição por dizer que um ao lado do outro, de a Terra girava em torno doraspão. “Contramão!”, ele Sol, quando todos afirmavam gritou indignado. o contrário. Enfrentara O motorista do outro carro corajosamentetambém gritou: “Contramão!” o julgamento, sem mudar de Ele mal se refizera do susto opinião. E ele não mudaria de quando, de novo, avistou um pista.veículo Continuaria dirigindo e – um caminhão – igualmente fazendo sinais para os em sentido contrário ao seu. imprudentes até queE logo todos se dessem conta da uma moto, e logo uma van, e verdade.carros de passeio, e um Não demorou muito e foi ônibus – todos detido pela polícia. O que ele na contramão. Meu Deus, ele aceitouse perguntava, o que estará com resignação. A acontecendo? conspiração não era só dos Será que todo mundo motoristas, era dasenlouqueceu nesta rodovia, autoridades, dos seres neste estado, humanos em geral. Um dia, neste país? A dúvida então porém, a Verdadelhe ocorreu: não seria ele o apareceria naquela estrada.

Na contramão da História

Moacyr Scliar

C R Ô N I C A

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Texto de ficção a partir de uma pequena notícia.

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Os clientes, realmente, não O marido dela. O seu pai. Continuo o O Narizcompreenderam o nariz de borracha. mesmo homem. Um nariz de

L. F. VeríssimoDeram risadas (“Logo o senhor, borracha não faz nenhuma diferença. doutor...”) fizeram perguntas, mas - Se não faz nenhuma diferença, terminaram a consulta intrigados e então por que usar? saíram do consultório com dúvidas. - Se não faz diferença, porque não

Era um dentista, respeitadíssimo. - Ele enlouqueceu? usar? Com seus quarenta e poucos anos, - Não sei – respondia a recepcionista, - Mas, mas... uma filha quase na faculdade. Um que trabalhava com ele há 15 anos. – - Minha filha... homem sério, sóbrio, sem opiniões Nunca vi ele assim. Naquela noite ele - Chega! Não quero mais conversar. surpreendentes mas uma sólida tomou seu chuveiro, como fazia Você não é mais meu pai! reputação como profissional e sempre antes de dormir. Depois cidadão. Um dia, apareceu em casa vestiu o pijama e o nariz postiço e foi A mulher e a filha saíram de casa. Ele com um nariz postiço. Passado o se deitar. perdeu todos os clientes. A susto, a mulher e a filha sorriram com - Você vai usar esse nariz na cama? – recepcionista, que trabalhava com ele fingida tolerância. Era um daqueles perguntou a mulher. há 15 anos, pediu demissão. Não narizes de borracha com óculos de - Vou. Aliás, não vou mais tirar esse sabia o que esperar de um homem aros pretos, sombrancelhas e bigodes nariz. que usava nariz postiço. Evitava que fazem a pessoa ficar parecida - Mas, por quê? aproximar-se dele. Mandou o pedido com o Groucho Marx. Mas o nosso - Por quê não? de demissão pelo correio. Os amigos dentista não estava imitando o Dormiu logo. A mulher passou metade mais chegados, numa última tentativa Groucho Marx. Sentou-se à mesa do da noite olhando para o nariz de de salvar sua reputação, o almoço – sempre almoçava em casa borracha. De madrugada começou a convenceram a consultar um – com a retidão costumeira, quieto e chorar baixinho. Ele enlouquecera. psiquiatra. algo distraído. Mas com um nariz Era isto. Tudo estava acabado. Uma - Você vai concordar – disse o postiço. carreira brilhante, uma reputação, um psiquiatra, depois de concluir que não - O que é isso? – perguntou a mulher nome, uma família perfeita, tudo havia nada de errado com ele – que depois da salada, sorrindo menos. trocado por um nariz postiço. seu comportamento é um pouco - Isso o quê? estranho... - Esse nariz. - Papai... - Estranho é o comportamento dos - Ah. Vi numa vitrina, entrei e comprei. - Sim, minha filha. outros! – disse ele. – Eu continuo o - Logo você, papai... - Podemos conversar? mesmo. Noventa e dois por cento de Depois do almoço, ele foi recostar-se - Claro que podemos. meu corpo continua o que era antes. no sofá da sala, como fazia todos os - É sobre esse nariz... Não mudei a maneira de vestir, nem dias. A mulher impacientou-se. - O meu nariz outra vez? Mas vocês de pensar, nem de me comportar, - Tire esse negócio. só pensam nisso? Continuo sendo um ótimo dentista, - Por quê? - Papai, como é que nós não vamos um bom marido, bom pai, - Brincadeira tem hora. pensar? De uma hora para outra um contribuinte, sócio do Fluminense, - Mas isto não é brincadeira. homem como você resolve andar de tudo como era antes. Sesteou com o nariz de borracha para nariz postiço e não quer que ninguém - Mas as pessoas repudiam todo o o alto. Depois de meia hora, levantou- note? resto por causa deste nariz. Um se e dirigiu-se para a porta. A mulher - O nariz é meu e vou continuar a simples nariz de borracha. Quer dizer o interpelou. usar. que eu não sou eu, eu sou o meu - Aonde é que você vai? - Mas, por que, papai? Você não se nariz? - Como, aonde é que eu vou? Vou dá conta de que se transformou no - É... – disse o psiquiatra. – Talvez voltar para o consultório. palhaço do prédio? Eu não posso você tenha razão... - Mas com esse nariz? mais encarar os vizinhos, de O que é que você acha, leitor? Ele - Eu não compreendo você – disse vergonha. A mamãe não tem mais tem razão? Seja como for, não se ele, olhando-a com censura através vida social. entregou. Continua a usar nariz dos aros sem lentes. – Se fosse uma - Não tem porque não quer... postiço. Porque agora não é mais gravata nova você não diria nada. Só - Como é que ela vai sair na rua com uma questão de nariz. Agora é uma porque é um nariz... um homem de nariz postiço? questão de princípios. - Pense nos vizinhos. Pense nos - Mas não sou “um homem”. Sou eu. cliente.

Crônica6

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Democracia e Liberdade de Expressão a prisão da jornalista nigeriana Somente em uma sociedade de cultura Artigo publicado na Folha de São Paulo Christina Anyanwu (Prêmio democrática - o que envolve tempo e em 03/05/1999. UNESCO/Guillermo Cano 1998 de boa-vontade - é possível falar em

Liberdade de Imprensa) - condenada a liberdade de expressão em geral e * Jorge Werthein uma pena de 15 anos de detenção por liberdade de imprensa em particular.

redigir matéria sobre a tentativa de Leis democráticas por si só não Promover, no mundo inteiro, a livre golpe de Estado contra o governo da garantem o livre exercício da expressão circulação de idéias é uma das missões Nigéria em do pensamento. É imprescindível que fundamentais da Unesco. À primeira 1995. Mas há formas menos essas leis, cada vez mais claras e vista, pode-se ter a impressão de que eloqüentes de atentado à liberdade de transparentes, venham seguidas de essa missão é simples. E, de certa expressão, as quais ficam normalmente perto por uma praxis democrática, por forma, é - nas nações democráticas, longe das bancas de jornal. um exercício diário de reeducação como o Brasil, onde a liberdade de intelectual de governantes e sociedade expressão está prevista na Constituição O 3 de maio, em que se comemora o civil, de forma a que todos passem a e costuma ser respeitada pelo governo Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, compreender as manifestações de e pela sociedade. Mas há uma é paradoxalmente um convite para pensamento e as divulgações de fatos realidade mundial ainda desconhecida reflexões e debates sobre as várias como peças fundamentais do jogo da maioria dos brasileiros: prisões, formas de violação dessa liberdade. democrático. Enquanto essas peças perseguições e ameaças a escritores, Trata-se daquelas que, curiosamente, forem vistas como ameaças à jornalistas e meios de comunicação em sobrevivem aos Estados democráticos estabilidade da maioria e aos geral. Elas acontecem em países onde e de Direito, onde a liberdade interesses de uma minoria, nem a democracia, quando existe, é frágil. deexpressão é defendida abertamente, governo nem sociedade estarão de fato

onde opiniões contrárias às dos vivendo um Estado democrático.Em 1997, 26 jornalistas perderam a poderes vigentes são permitidas, mas vida e 185 foram presos no exercício da onde ainda impera o constrangimento * Jorge Werthein, 57 anos, sociólogo profissão. Mais de 1 mil é a soma de diante das figuras públicas de maior argentino, é Representante da Unesco tentativas, em todo o planeta, de prestígio e poder. no Brasil e Coordenador do Programa violação da liberdade de expressão e Unesco/Mercosul.de imprensa contra indivíduos (97 São as ações mais sutis de controle e somente na América do Sul). Contra de censura que merecem reflexão nos meios de comunicação (censura, Estados democráticos. Ameaças destruição de prédios, interdições etc.), veladas ou explícitas de demissão, a soma é igualmente assustadora: 362. censura a matérias e artigos que Os dados são da Rede Internacional contrariam interesses políticos ou para a Liberdade de Expressão (IFEX), empresariais, exposição a pressões e grupo de organizações não- constrangimentos diversos são governamentais e profissionais exemplos do que subsiste em países comprometido com o alerta e a considerados democráticos.coordenação de ações contra ameaças à liberdade de informação. O IFEX, que Não há, por certo, nesses países, leis tem o apoio da Unesco, possui mais de que protejam explicitamente essas 300 integrantes, em 92 países, a práticas menos truculentas de inibição maioria deles em desenvolvimento. da liberdade de expressão, tampouco

há manuais que as estimulem, mas Os casos mais absurdos de atentado à algumas ações, mesmo que liberdade de imprensa ganham as esporádicas, impedem o pleno manchetes dos jornais em países onde exercício dessa liberdade. Uma essa liberdade existe: do assassinato democracia plena e irrestrita prevê do cinegrafista Michael Senior - morto exatamente o fim da censura de no Camboja por filmar militares qualquer tipo - sutil ou agressiva, tácita saqueando um mercado - ao ou explícita, política ou econômica, assassinato do jornalista ... (?) no social ou individual.recente conflito na Iugoslávia, incluindo

Liberdade de Expressão

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ministro Celso de Mello ao mídia. STF derruba Lei de votar pela derrubada da lei. Imprensa

“A desigualdade entre a mídia Com a revogação da lei, na e o indivíduo é patente, a prática considerada desigualdade de armas. O Luana Lourenço

Repórter da Agência Brasil inconstitucional pelo STF, direito de resposta é juízes de todo o país não constituído como garantia

poderão tomar decisões fundamental, numa tentativa baseadas no texto de 1967. de estabelecer um mínimo de O julgamento de jornalistas igualdade de armas (entre

deverá ser feito com base cidadão e imprensa)”, disse.nos Códigos Penal e Civil. Fica extinta, por exemplo, a Mendes relembrou o caso da Brasília - O Supremo previsão legal de prisão Escola Base, em 1994, Tribunal Federal (SFT) especial para jornalistas. quando a imprensa divulgou revogou hoje (30) a Lei 5.250,

notícias que acusavam de 1967, conhecida como Lei Os ministros Carlos Ayres diretores de uma escola de Imprensa, editada durante Britto, Eros Grau, Carlos paulistana de abuso sexual a ditadura militar. Sete dos 11 Alberto Menezes Direito, contra crianças. ministros defenderam a Cármem Lúcia, Ricardo Posteriormente, a Justiça não derrubada completa da lei. Lewandovski, Cesar Peluzo comprovou qualquer Três votaram pela revogação também votaram pela envolvimento dos então parcial, com a manutenção revogação total da lei. acusados pelos jornais. de alguns artigos. Joaquim Barbosa e Ellen Gracie defenderam a Também deixam de valer, a Apenas o ministro Marco revogação parcial, com partir de agora, mecanismos Aurelio votou pela manutenção da validade de previstos pela Lei de manutenção do dispositivo. artigos que tratam de calúnia, Imprensa que só se No entendimento da maioria injúria e difamação, controle justificavam durante a dos ministros do Tribunal, a sobre propaganda de guerra, ditadura militar, como a Lei de Imprensa é perturbação da ordem social apreensão de jornais que incompatível com princípios e atentados à moral e aos veicularem informações que fundamentais definidos pela bons costumes. atentem contra a “ordem Constituição Federal de 1988.

social, a moral e os bons O presidente do STF, ministro costumes”, e outros como a “Há uma repulsa Gilmar Mendes, fez ressalvas censura a espetáculos e constitucional a qualquer tipo à extinção do direito de diversões públicas e de repressão das liberdades resposta, previsto e proibição de divulgação de de expressão. O regime detalhado pela lei de 1967 e fatos considerados “segredos [constitucional] privilegia o votou pela manutenção dos de Estado”. quadro em que se trechos da legislação que desenvolvem as liberdades tratam desse mecanismo. Ele Em relação ao direito de do pensamento. E a liberdade argumentou que a relação resposta, previsto e de expressão representa uma entre imprensa e cidadão é detalhado na Lei de projeção significativa do desequilibrada e que, sem o Imprensa, a decisão de agora direito de manifestar sem direito de resposta, os em diante dependerá da qualquer intervenção estatal indivíduos estariam mais avaliação dos juízes em cada os seus pensamentos, as desprotegidos em relação caso, com base na suas idéias”, argumentou o aos possíveis abusos da Constituição Federal.

Derrubada Lei de Imprensa

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Cabeçalho

Charge

Título

Foto

Anúncio

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A redação, um comentário, um texto.Abrir Foto – Ampliar o aspecto pitoresco da notícia. Chamada – Pequeno texto

tamanho da foto na página. usado na primeira página "Briefing" - Significa Este artifício é usado para para chamar a atenção do informe. Em jornalismo, pode valorizar uma foto de leitor para determinado ser usado em dois sentidos: qualidade ou cobrir espaço material.instruções sobre a execução quando o texto é pequeno. Chapa – Material metálico de uma tarefa ou resumo de

como matriz usado para Articulista - Pessoa que informações sobre qualquer imprimir o jornal. É coberto escreve artigos para jornais e evento que uma fonte dá aos por uma película jornalistas, quase sempre revistas.fotossensível queimada com oralmente.Artigo – Texto opinativo a ajuda de um fotolito, Buraco - Fato que ocorre assinado. De revelada e instalada nas quando os textos e fotos ou responsabilidade exclusiva do rotativas. Sobre ela se aplica ilustrações não são autor, pode expressar tinta para a impressão. Usa-suficientes para preencher opiniões diferentes das se uma chapa para cada uma um espaço previsto. O editor emitidas pela publicação.das cores básica – Cyan, tem como opção aumentar o Aspas – Declaração

corpo (tamanho da letra) do Magenta, Amarelo e Preto. inserida em uma matéria. texto, aumentar a foto ou a Atenção: a expressão: Chapéu – É uma palavra, ilustração. Preciso de umas aspas nome ou expressão, sempre

refere-se à necessidade de sublinhada, usada acima do C se inserir um personagem no título e em corpo pequeno, Cabeça – Marca no alto da texto. para caracterizar o assunto

página usada para definir a ou personagem da notícia.Editoria responsável pelo B Chefe de reportagem - trabalho. Em alguns jornais, Baixar – Mandar uma Profissional que coordena os como no Correio Braziliense, página para as oficinas do repórteres, determinando o é usada para definir o tema jornal. Aí termina o trabalho que estes devem fazer. Nos da página. editorial e começa a parte organogramas das redações

Cabeçalho – Informações industrial do processo. esse cargo vem sendo gerais e obrigatórias sobre a Bigode - Fio de um ponto substituído pelo editor-publicação. Inclui número da tipográfico que serve para assistente, que é responsável página, título e data da marcar uma separação visual pela produção das publicação. entre textos e/ou ilustrações. reportagens.

Caderno – Conjunto Sua característica é não Clichê – O mesmo que impresso formado por no ocupar toda a medida do edição. Termo herdado dos mínimo quatro páginas. Veja material que ele separa. É primórdios do jornalismo. também suplemento e centralizado nela de forma a Para cada página de jornal macarrão. deixar margens brancas de era usado um clichê, um

Calhau – Anúncio do igual extensão nos dois suporte metálico onde eram próprio jornal usado para lados. dispostos os tipos metálicos cobrir espaço não utilizado na Barriga – Matéria com manualmente, formando página. O calhau é muito informações falsas ou frases e colunas. Antes da usado para substituir erradas. difusão do rádio e da anúncios que 'caíram', quase Box – Recurso editorial que televisão, os jornais tiravam nunca para substituir se reveste de forma gráfica várias edições atualizando o matérias. própria. Um texto que material publicado. Hoje,

Cartola – O mesmo que aparece na página entre fios, costuma-se fazer um retranca ou chapéu. Uma ou sempre em associação íntima segundo ou terceiro clichê mais palavras usadas para com outro texto, mais longo. para atualizar matérias definir o assunto da matéria. Pode ser uma biografia, um importantes depois do horário É usada sobre o título do diálogo, uma nota da de fechamento do jornal.

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G l o s s á r i o

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Clipping - Serviço de reservados. Diagramação – Adequação levantamento, coleção e Crédito – Assinatura usada dos textos, desenhos, fornecimento de recortes de em foto ou para marcar gráficos e fotos numa página, jornais e revistas ou cópias material produzido por de acordo com os padrões de emissões de televisão ou agência ou outra publicação. visuais da publicação. rádio. O clipping pode ser Crônica - Não há restrito aos interesses compromisso E imediatos da empresa ou necessariamente com temas Editar - Preparar matéria mais amplo. Em geral, é feito da atualidade, como os para ser impressa ou emitida, por empresas especializadas. artigos de opinião; o estilo é nos padrões do veículo.

Cobertura - Atividade do geralmente livre (literário) e repórter ou equipe de isento de regras de estilo Editor – É o jornalista que reportagem no local de um jornalístico, o tema é de livre chefia um grupo de jornalistas acontecimento. escolha do autor, que assina que compõem uma Editoria .

Coluna - Seção de jornal sua produção. Editor-chefe - É o jornalista ou revista, assinada ou não, Cruzar informação - que chefia a Redação do tratando de temas ligados à Significa confrontar jornal. editoria ou seção. Podemos informação originária de encontrar colunas nas seções determinada fonte com uma Editoria – Seção ou editoriais de política, fonte independente. Assim, especializada em economia, artes, agricultura, cruzar com uma fonte determinado setor (esporte, esportes, etc. Muitas vezes, significa possuir duas origens polícia, arte, meio ambiente uma nota numa coluna de para uma informação. Cruzar etc.) prestígio repercute mais do com duas fontes, três. Editorial – Texto com a que uma reportagem no Qualquer informação de cuja opinião da publicação. Não mesmo veículo. veracidade não se tenha vem assinado e geralmente,

Colunista - O responsável certeza deve ser cruzada. localiza-se diariamente na 2ª pela coluna. ou 3ª página do jornal.

Copydesk ou copidesque – D Enquete – Pequenas Termo importado dos Estados Deadline – Último prazo entrevistas para levantar a Unidos por Pompeu de Souza para que uma edição seja opinião da comunidade.durante a reforma do Diário fechada ou que uma Enxugar - Resumir um Carioca. Na época poucos reportagem seja concluída. texto. Cada vez mais as repórteres escreviam a Declaração – Texto ou publicações exigem que os matéria. Eles chegavam e opinião oficial expressa textos sejam mais concisos, ditavam o texto para o editor. verbalmente por entrevistado. que não desencoraje a Pompeu obrigou-os a Dedo-duro – Referência leitura. Às vezes também é escrever. Para transformar o colocada em uma matéria preciso enxugar para caber texto incompreensível dos para remetê-la para outro na página diagramada.repórteres em algo legível assunto em página diversa. Espelho - É a previsão do existia uma Mesa de Textos Também conhecida como que vai ser publicado em uma (Copy Desk em inglês) com página com a inclusão dos Leia mais. os melhores redatores do anúncios. Não confundir com Derrubar a reportagem - Diário Carioca. O termo diagrama. O espelho é feito Termo usado para expressar incorporou-se à linguagem pelo departamento comercial que uma reportagem não vai jornalística como sinônimo de da editora conforme a ser publicada. Geralmente redator. E já não existe previsão do número de ocorre quando o repórter quase mais. O repórter hoje e páginas pela redação. percebe que não vai

Estouro - Ocorre quando quem revisa seus textos... conseguir apurar as um texto é maior que o Copyright - São os direitos informações, quando uma espaço reservado. O editor reservados ao autor de uma entrevista é cancelada ou normalmente suprime dos obra ou a quem comprou os ainda quando o editor desiste textos as últimas linhas ou direitos do autor. As fotos de abordar o assunto, ou últimos parágrafos quando também têm seus direitos quando entra um anúncio.

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ocorre um estouro. Fotografia - Recurso I Expediente – Quadro com essencial do jornalismo Iceberg - Texto que começa

os dados gerais da contemporâneo. Uma boa na primeira página e publicação. Consta foto pode ser mais expressiva prossegue em páginas obrigatoriamente a relação de e memorável que uma internas.diretores e editores-chefes e excelente reportagem. No Ilustração - Desenho ou endereços. jornalismo, o valor informativo composição gráfica feita à

é mais importante que a mão para ilustrar F qualidade técnica de uma determinadas notícias, Fato - Entre um fato e uma foto. São qualidades crônicas ou charges, na

declaração prefira o primeiro. essenciais do fotojornalismo ausência de fotografias. Descrever um fato com o ineditismo, o impacto, a Indicadores – Lista de correção e inteligência exige originalidade e a plasticidade. dados do mercado financeiro sensibilidade, informação Foto-jornalismo - A em forma de tabela. sobre o assunto e fotografia jornalística fixa um Intertítulo - Pequenos conhecimento do idioma. Veja acontecimento e as suas títulos colocados no meio do exatidão; importância da impressões. O fotógrafo é o texto. Esse artifício é usado notícia; notícia. relator, o documentador para tornar o texto menos visual entre a notícia e o denso. Há publicações que

Feature – Gênero público. A imagem nesse preferem destacar frases jornalístico que vai além do caso é o certificado de retiradas do texto para caráter factual e imediato da presença é a prova ao leitor colocar nos intertítulos. notícia. Opõe-se a "hard que o jornal estava presente Infográfico – Artifício gráfico news", que é o relato objetivo na notícia. que envolve imagem e de fatos relevantes para a pequenas informações de Foto-legenda – Pequena vida política, econômica e texto que se complementam. matéria, de no máximo 20 cotidiana. Um "feature" linhas, usada para explicar ou Informe publicitário - aprofunda o assunto e busca destacar foto. Anúncio pago com aspecto uma dimensão mais Fotolito – Filme gráfico jornalístico ou reprodução atemporal. Define-se pela negativo usado para queimar paga de artigo ou forma, não pelo assunto a chapa. reportagem.tratado. Pode ser um perfil, Furo – Matéria jornalística uma história de interesse exclusiva de grande J humano, uma entrevista. repercussão. Jabaculê ou jabá - Dinheiro

Fechamento – Etapa do ou presente ao jornalista.processo de edição em que G Janela - É quando se os trabalhos são encerrados. Ganhar na foto – Diminuir a coloca uma foto menor dentro Depois do fechamento não há foto na altura ou largura de de uma foto maior para mais revisão do texto e a maneira a ganhar mais texto. destacar detalhes. Um edição é enviada para a O corte não é proporcional. exemplo é quando se coloca gráfica. Gancho - Pretexto que gera uma grande foto de um Fio – Linha usada para a oportunidade de um incêndio e no detalhe (janela) dividir textos ou matérias. trabalho jornalístico. Quanto aparece uma foto do aparelho Também usada para realçar mais pretextos há para a que causou o incêndio. Esse fotos. produção de uma recurso está em desuso nas Foca – Jornalista iniciante. investigação jornalística mais publicações modernas.Follow- up - Lembrete ou oportuna ela é. Quanto mais Jornalismo reforço de pauta, por telefone “ganchos” estiverem por trás

analítico/opinativo - Os fatos de uma edição mais “quente” ou contato pessoal.

contemporâneos cada vez ela é. Um fato que se ligue, Fonte – Pessoa que dá mais exigem a análise do que dê margem a outro, que origem a uma informação ao noticiário. A análise dá ao sirva de ponte, de gancho, veículo, por iniciativa própria leitor a oportunidade de se enfim, para a notícia ...ou por solicitação do aprofundar nos eventos, jornalista. questões ou tendências. A

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análise do noticiário não deve diversas sobre um mesmo e Internet.ser confundida com a opinião tema. Mídia impressa - Jornal e ou o comentário, que devem Linha de tempo – Dados revista.estar circunscritos às colunas dispostos em ordem e aos artigos. cronológica com fotos e

N Jornalismo crítico - O jornal ilustrações. Podem ser Nariz-de-cera - Introdução não existe para adoçar a colocados na página vertical

vaga, sem necessidade, de realidade, mas para mostrá-la ou horizontalmente.uma matéria.de um ponto de vista crítico. Logotipo - É o nome do

Normas de redação – Mesmo sem opinar, sempre é jornal com as letras em Conjunto de regras usadas possível noticiar de forma corpo, forma e desenho para padronizar a produção crítica. Compare fatos, escolhido pela empresa de textos, títulos e legendas.estabeleça analogias, jornalística.

identifique atitudes Notícia - Registro dos fatos, contraditórias e veicule M de informações de interesse diferentes versões sobre o Macarrão – Palavra usada jornalístico, sem comentários. mesmo acontecimento. para designar uma folha solta Fatores objetivos determinam

Jornalismo de serviço - de papel-jornal, em tamanho a publicação de uma notícia: Explora temas que tenham padrão, inserida entre as o caráter inédito; o impacto utilidade concreta e imediata páginas de uma edição. O que exerce sobre as pessoas para a vida do leitor. O “macarrão” pode ser e sobre sua vida; a jornalismo de serviço torna o previamente programado pelo curiosidade que desperta; a jornal um artigo de primeira setor industrial do jornal como imprevisibilidade e necessidade e garante seu pode também ser utilizado improbalidade do fato.

para aumentar ou diminuir o lugar no mercado. Nota oficial – Documento número de páginas de uma Jornalismo especializado - impresso com a opinião de edição.A função do jornal impresso uma determinada fonte.

Mailing - Listagem de mudou com o crescimento Nota ou balaio – Texto nomes e endereços.dos meios eletrônicos de curto usado em colunas.

Manchete - É o título comunicação (rádio, TV). O Pequeno texto referente a um principal que indica a notícia leitor busca no jornal assunto que irá acontecer e mais importante do jornal. impresso, abordagens mais responde a três questões Existe a manchete principal profundas e informações básicas para compreensão: do jornal (na primeira página) mais sofisticadas, o que que, quem, quando.assim como a manchete de requer do jornalista domínio Numeralha – Box que cada caderno, seção ou cada vez maior dos assuntos destaca dados numéricos em página. Onde encontrar: a sobre os quais escreve. Só uma matéria determinada. manchete é sempre aquela assim o jornalista pode tornar que vier graficamente com a informação técnica O maior destaque, ou que tiver acessível ao leitor comum. Off – Declaração dada sob letras mais carregadas na L compromisso de não revelar tinta.Lead ou Lide – Abertura de a fonte.

Matéria – Texto preparado matéria tradicional. Precisa Olho – Frase destacada jornalisticamente. responder às seguintes sob o título ou no conjunto da

Matéria de gaveta - Aquela perguntas: Quem, quando, página.matéria que espera a ocasião On – Declaração sem onde, porque e de que oportuna para ser publicada. impedimento de revelar a maneira.

Matéria Fria – Matéria que fonte. Legenda – Linha de texto independe de sua atualidade colocada sob a foto. Artifício para ser publicada. Padicional para destacar o Memória - Texto preparado Pauta - É uma ordem de tema da matéria.

jornalisticamente lembrando serviço transmitida pelos Lidão – Texto de até 60 chefes de reportagem. A antecedentes do fato. linhas usado em reportagens pauta normalmente indica a Mídia eletrônica - Rádio, TV para coordenar matérias

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pessoa que deve ser preparada pela assessoria de identifica um texto. "Samba" entrevistada, local, horário e imprensa e encaminhada aos pode ser uma retranca que até mesmo o tamanho da veículos. identifica um texto sobre as reportagem que deve ser Propaganda - Todo jornal escolas de samba. O ideal é produzida. A pauta também sobrevive graças à que a retranca tenha uma só deve indicar os temas propaganda. Inerente aos palavra.principais que devem ser diferentes cadernos do jornal abordados no texto. ou em encartes, ilustrada ou

Nos jornais, a pauta é feita fotografada, ela também S através de reuniões de pauta, constitui um elemento de Seção – Sinônimo de onde editor, redator-chefe e leitura do nosso cotidiano editoria ou coluna de opinião repórter sugerem pautas para imprescindível para o leitor se ou nota. que matérias sejam localizar e informar a respeito Selo – Recurso gráfico que produzidas. das ofertas do mercado. marca uma reportagem uma

Pauta furada – Informação Projeto Gráfico – série de reportagens. É muito falsa. Padronização usada pela comum seu uso em série de

publicação para dispor reportagens. Normalmente é Pé da matéria - É o final do uniformemente matérias, composto por uma pequena texto. Todo repórter deve ter fotografias e adereços expressão e um desenho que em mente que se o texto for gráficos. se repete. Por exemplo: reduzido, as últimas linhas

"Crise no INSS" pode ser serão eliminadas.Q acompanhado de um Cortar pelo pé significa Quadro – Box para explicar desenho de uma maca. Todo retirar os últimos parágrafos

determinada informação da texto que se refira ao assunto sem se preocupar com a matéria é acompanhado desse selo.qualidade da informação

Serviço – Pequeno texto contida no texto. R usado no pé da matéria Perguntas e respostas – Rafe - Aportuguesamento contendo endereço, página Matéria disposta sob a forma

da palavra inglesa rough. É o web ou telefone de algo de um questionário. Serve "boneco" de um projeto citado na matéria. para explicar aspectos do gráfico. Side - Termo usado para tema.

Reco - Matéria Perna – Sinônimo de designar um outro lado da coluna. “Descer em duas recomendada pelos reportagem. São assuntos pernas”, matéria em duas superiores. paralelos que se publicam colunas. Redator – Jornalista nos sides. Um texto sobre um

Personagem – Texto para especializado em rever o jogo de futebol pode trazer mostrar quem é o ator texto do repórter e em um side com o jogador que principal da matéria. preparar títulos e legendas. teve o melhor desempenho

Pescoção – Trabalhar Na nova concepção de na partida.durante a noite e a jornalismo, o profissional não Standard - Tamanho madrugada para antecipar se especializa mais em uma padrão dos jornais. Mede 54 material de fim de semana. determinada área da x 33,5 cm. O único caso no

Pingue – pongue – Matéria produção de texto e edição. Brasil de jornal que em forma de perguntas e Release – Matéria conseguiu sucesso sem ser respostas. preparada por assessoria de standard é o Zero Hora, de

Plantar - Publicar Imprensa. Porto Alegre, publicado em informação com outro Repercutir – Prosseguir tamanho tablóide. O tamanho objetivo que não de informar. num assunto do próprio jornal tablóide é a metade do Geralmente atende a lobby ou de outro. Veja suíte. standard.

Reportagem – Matéria com ou a interesses pessoais. Stand by - Textos que grande centimetragem, Povo Fala – Enquete com podem ser publicados em cobrindo integralmente populares sobre determinado qualquer época. Também são determinado assunto. assunto (veja enquete) conhecidos como textos de

Retranca – Palavra que Press release - Informação "gaveta". Um texto que

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mostre os planos da empresa Título – Frase usada no IBM para o Brasil, por alto da matéria para chamar a exemplo, pode ser publicado atenção do leitor (veja em qualquer época (claro que manchete). sem exagero. Esse texto não Toques – Número limite de pode ser publicado um ano letras, espaços em branco e depois de ser escrito, mas sinais ortográficos capazes pode muito bem ser de caber numa linha de título, publicado duas semanas legenda, sutiã ou olho.

Tripa – Coluna imprensada depois de ter sido escrito).por anúncio ou anúncios de Sub – Matéria coordenada grande tamanho. com a principal da página;

Trocar figurinha – Trocar título informal usado pelo informações com colegas do sub-editor. próprio jornal ou de jornais Sub-lead – Parágrafo concorrentes.colado ao lead da matéria.

Suíte - Do francês suite, isto é, série, sequência. Em

V jornalismo, designa a Vazado – Texto claro reportagem que explora os

colocado sobre fundo escuro.desdobramentos de um fato Vazamento - Informação que foi notícia na edição

que escapa ao controle da anterior.Também se usa o fonte responsável pelo seu verbo suitar no sentido de sigilo e chega aos meios de repercutir. comunicação. Às vezes, é do Suplemento – Caderno interesse da fonte "vazar" a adicional ao material principal informação. do jornal.

Sutiã – Pequena linha de texto usada sobre ou logo abaixo do título para destacar informações da matéria. Ver

linha fina. T Tabela – Gráficos

numéricos dispostos ordenadamente.

Tablóide – Formato de jornal igual à metade da página do jornal standard.

Template – Modelo de página, dentro do projeto gráfico, que serve para iniciar o processo de diagramação.

Texto final - É o que vai ser publicado. Com a extinção do cargo do copidesque nos jornais, todo repórter deve ter um texto final. O que ele escreve é o que vai ser publicado.

Tijolinho – Informação contida em roteiros.

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A isenção impossível: um (2003:24). Paulo, em nota mais discreta mesmo acontecimento e de duas colunas na

Utilizaremos outro exemplo primeira página, trouxe o três notícias distintaspara discutir como certas seguinte título: “Lula acena

noções de realidade são com correção da tabela doconcebidas no jornalismo e Imposto de Renda”. E para iniciar as primeiras chamou a atenção para o fato

A semiótica não nega, de reflexões sobre a de o presidente “incluir amaneira alguma, a existência objetividade. Em correção da tabela do da realidade. Na 26 de abril de 2004, o Imposto de Renda no pacote perspectiva da teoria, porém, presidente Lula foi até a preparado pelo governo para só existe acesso ao “real” por cidade de São Bernardo e servia de textos, depois de discursou anunciado antes do Dia do sua apreensão pelo homem. para milhares de Trabalho”. Na página A5, Qualquer jornalista, por mais metalúrgicos. No dia também com grande cuidadoso que seja, seguinte, a Folha de São destaquesubmetido ou não aos valores Paulo estampou a espacial, o jornal imprimiu da empresa onde trabalha, visita na primeira página (com como título principal a não consegue deixar de um realce somente menor do questão do IR. Por meio eleger um acontecimento a que o do título da dessapartir de uma ideologia, de manchete principal): “No matéria, o leitor soube que inseri-lo numa escala de ABC, Lula ouve vaias e Lula foi para a porta da valores para transformá-lo em queixas de metalúrgicos”. Em Mercedes-Benz participar de fato e em unidade noticiosa. uma umE temos aí uma outra foto de quatro colunas, ato para entrega de questão importante que destacou-se um operário que ambulâncias. O jornal envolve a comunicação, a erguia um cartaz com os mostrou foto muito semiótica e o jornalismo. seguintes dizeres: “Basta de semelhante à imageminterna Jornalistas, em geral, e promessas – Queremos da Folha, na qual se vê o alguns analistas da realizações – Chega de mesmo cartaz que afirma que comunicação, acreditam na sermos o salário não é renda.existência de enganados”. Na parte interna Abaixo da foto, outra uma realidade plenamente do jornal, a notícia recebeu matéria,22 com o título: “Lula apreensível. Perseu Abramo, grande relevância espacial encara protesto e vaia em jornalista respeitado, (2/3 da área total da página seu berçoprofessor universitário, em interna). O título principal foi: político”. Com destaque “Padrões de manipulação na “Metalúrgicos hostilizam Lula maior, havia mais um texto grande imprensa”, obra em visita a seu berço sobre a entrega de póstuma, afirma que “o político”. Exibiu-se outra foto ambulâncias,público – a sociedade – é com uma legenda que era parte do projeto Samu 192.cotidiana e sistematicamente quasecolocado diante de uma redundante em relação ao Ainda no dia 27, o jornal do realidade artificialmente conteúdo da imagem: “Faixa Sindicato, o Tribuna criada pela imprensa e que de protesto, exibida ontem no Metalúrgica, edição 1.813,se contradiz, se contrapõe e ABC, pedindo a correção da colocou como título principal freqüentemente se superpõe tabela do Imposto de Renda.” “Lula promete solução sobre e domina a realidade real que tabela do IR até sexta-feira.”ele vive e conhece” O jornal O Estado de São Via-se uma foto do presidente

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Sobre a isenção jornalística

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com dirigentes do Sindicato ainda mais notável quando se concentra na questão em reunião numa sala. Em constata que o Sindicato econômica relacionada à duas matérias, o leitor da mais combativo do País na correção da tabela do IR,Tribuna ficava sabendo que o década de 80, cujas greves teoricamente de maior presidente prometera uma apressaram a interesse de seus leitores de resposta para a reivindicação democratização bom poder aquisitivo.da categoria de pagamento e o fim da ditadura militar,

Esses três exemplos não de menos Imposto de diante de Lula, seu ex-Renda. E também, em outro podem ser analisados a partir presidente, utilizou seu jornal texto, o que era o projeto de noções comopara

“realidade real” e “realidade Samu. Não foi escrita uma fazer um relato sóbrio e artificialmente criada” de linha destituído de qualquer

sobre as vaias, nem sobre as Perseu Abramo. Os jornaispolêmica. Ninguém vaiou sempre reportam realidades cobranças feitas pelo próprio nem mesmofiltradas. Não existe nenhuma presidente do Sindicato, se indispôs com Lula na

José Lopez Feijó. A matéria forma de falar de umaTribuna Metalúrgica. O ocorrência qualquer de da Folha garantiu que Feijó, presidente surge como um maneira “isenta”. A no palanque, “pediu mais político

empregos, mais construção de uma que não esqueceu sua antiga contratações, uma política de determinada realidade,base, que ainda se submete

deve-se reforçar, se dá a salário mínimo e a correção a uma assembléia, ouvepartir de uma visão de da tabela seus “companheiros” e

do IR”. A mesma Folha, mundo, uma ideologia. Não mostra que tem ação social. entretanto, ignorou o projeto interessaTemos a gratidão, a

para um semioticista estudar Samu. Seu leitor ficou apenas humildade esabendo que Lula esteve na se essa apreensão foi ou não a coerência como tema desse porta da fábrica, “onde consciente. O importante édiscurso.

verificar, na materialidade do oficializou o programa deatendimento móvel de A Folha, jornal da chamada texto, como se tenta urgência no país”. E nem grande imprensa, instaura um persuadir o público. A mais uma palavra de presidente acuado “pinçagem”,

por sua ex-base sindical, em ou esse ato de pinçar e explicação sobreo assunto. um texto que tematiza a remontar determinados

traição, a quebra de acontecimentos, é inerente a Podemos observar “ganchos” expectativas. Para que essa qualquernoticiosos distintos. Gancho é construção ficasse ainda construção discursiva e ao uma gíria mais eloqüente, a publicação próprio ato de apreensão do jornalística que indica praticamente sonega a seu real a partir de uma ideologia.diferentes abordagens que leitor a informação de que hierarquizam as informações Lula esteve na Mercedes-

Luiz Tatit explica que a mídia – Benzpara dar seqüência a um assunto de que trataremos – aqui no sentido de jornais - projeto social, a entrega de melhor em outra parte do tem a função deambulâncias. O Estadão

fazer-acontecer, fazer-trabalho. Cada reportagem lembraelegeu e organizou, a partir existir:23 “Assim podemos que não se tratou de uma de um mesmo acontecimento defini-la como um sujeito que ação qualquer, mas de “uma central (a visita do faz-ser.das principais bandeiras dopresidente a São Bernardo) Ao revelar um determinado Ministério da Saúde”. O diferentes fatos, o que gerou fato, a mídia faz esse fato Estado de São Paulo também notícias que apresentaram existir, injeta-lhe ‘presença’. faz um recorte específico, e realidades distintas. Isso é (...)se

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Um exemplo é o problema da são silenciados na triagem de determinar o que éimportante saber, e de dar corrupção no país. Embora ideológica para que presença a certos aspectos conhecida como a“densidade de outros” seja

possibilidade, é a mídia, com da realidade e não a outros, aressaltada. O resultado final função do jornalismo também a divulgação dos resultados apresentado pelos jornaisé a de apresentar conceitos de suas investigações nesse deve ser sentido pelo público-

sentido, que realmente dá sobre situações, atos ealvo como a própria seus personagens, no sentido existência aos fatos.” Há realidade, e não uma versão de tentar impor uma versão outra questão importante dela.sobre certossobre a Isso acontece geralmente acontecimentos.“densidade de presença” que quando jornalista e público,

os meios de comunicação por exemplo, partilham doscedem a certos fatos. O jogo mesmos valores. E também, com a presença/ausência obviamente, quando o texto varia de jornal para jornal, a foi bem sucedido na maneira

Um jornal pode ser entendido partir de possibilidades de de apresentar argumentos

como um texto que expressão diferentes. que sustentam determinada materializa e congela, numaPensemos em uma tomada tese. O leitor que a Folha decoordenada espaço-temporal

de câmera em uma São Paulo constrói, por específica, o recorte da

reportagem de exemplo, partilha da idéia de realidade que um grupo TV. Um enquadramento pode que a entrega de socialser fechado, na forma de um ambulâncias éfaz e julga mais conveniente

“close”, que delimita o um “jogo de cena”. Esse fato legitimar para uma camada assunto, ou aberto, que nem merece ser citado. social mais ampla.mostra uma ou mais pessoas, Portanto, a omissão não é

paisagens, situações, mentirosa. Um discurso que objetos. se contrapõe a qualquer ação Reforcemos que cada do governo não pode ver atomada pressupõe ainda um maioria das atuações de Lula (Nilton Hernandes, em esquecimento ou um como relevantes. Para a Semiótica dos jornais, são apagamento Folha, notícia é também – e, Paulo, 2005. Pp 36-40de tudo mais o que se muitas vezes, principalmente apresentou no mesmo - o que o presidente não faz e espaço/tempo da filmagem e as promessas que não

cumpre. Reafirma-se o tema que, nãoselecionado, se tornou da traição. Esses exemplos “ausência”. atestam a razão de aCom as observações de Tatit, semiótica ser uma teoria que podemos notar que os jornais se volta para refletir sobre o dão “densidade de “parecer do ser” que ospresença” a certos aspectos textos manifestam.da realidade e assim expõem

Não há acesso aos sua visão de mundo, suaacontecimentos “concretos”, ideologia. Um texto nem compreensão dasjornalístico tem como função experiências, portanto, fora fazer o parecer real ser dos quadros de uma sentido comolinguagem e de uma real. O leitor, o ouvinte, o categorizaçãotelespectador ou o internauta que acontece com base em não devem desconfiar de queum sistema de valores. Além certos aspectos da realidade

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O estudo das especificidades de diários e revistas tem como ponto de partida o

exame da administração de elementos no suporte de papel que mostra como funciona,

nos impressos, o gerenciamento do nível de atenção, o caminho do sensível ao

inteligível, as estratégias de arrebatamento, sustentação e fidelização da atenção dos

leitores.

Qualquer leitor que toma contato com diversos números de uma mesma

publicação nota certas recorrências na maneira de as unidades noticiosas serem

apresentadas. Isso acontece porque jornais e revistas têm um projeto gráfico, que

define com alguma rigidez a quantidade de colunas em cada página, tipos e

características de letras a serem utilizados na manifestação do verbal, como deve ser

o posicionamento de fotos e outros elementos, em que parte da publicação certos

assuntos deverão ser tratados. Ao mesmo tempo, cada número de um jornal ou de

uma revista é diferente de outro no aspecto visual. Isso acontece porque o

materialque chega às redações e o modo de organizá-lo sempre variam. É preciso, portanto,

adequar o projeto gráfico às necessidades do dia-a-dia do jornal. A execução do

projeto gráfico, ou seja, sua aplicação e adaptação ao cotidiano de produção de um

diário ou de uma revista, acontece por meio da diagramação. Diagramar é, em termos

gerais, organizar e manifestar gráfica e plasticamente as unidades noticiosas a partir

das necessidades da edição (aqui como ato ou efeito de editar). Como já comentamos

no item III, sobre a organização textual, a edição (como ação) é entendida como

estratégia global de enunciação. Editar é textualizar (relacionar um plano de expressão

com um plano de conteúdo). A edição, por sua vez, está atrelada ao projeto editorial

do jornal, o conjunto de normas e recomendações que norteiam o trabalho dos

jornalistas.1

A organização espacial executada pela diagramação expõe uma série de

regras que mostram como essas publicações valorizam e diferenciam as unidades

noticiosas e como dirigem a percepção dos leitores para que realizem essa mesma

operação de reconhecimento da importância das notícias. Na tabela a seguir,

apontamos as principais funções da organização textual administrada pela

diagramação e como se relacionam com as três estratégias de gerenciamento do nível

de atenção.2

1Dos jornais estudados, somente a Folha de São Paulo torna público seu projeto editorial pormeio de seu Manual de Redação.2 Devemos relembrar, contudo, que o formato de um noticiário não é conseqüência somentede coerções de consumo, mas de produção. A diagramação, como aplicação cotidiana dasdiretrizes do projeto gráfico, tem funções importantes para o processo industrial de confecçãode um jornal. Serve, por exemplo, para facilitar e agilizar os fechamentos das edições aopadronizar rotinas e modos de operacionalização dos editores. Outra importante contribuição écriar uma distinção clara entre a parte jornalística e a dos anúncios.

Organização textual: efeitos do projeto gráfico e da diagramação

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1 - Criar iscas para o olhar. Concebe espacialmente umaunidade noticiosa para que tenha pontos de atração decuriosidade, como um título com um corpo de letra maior emrelação a outro, uma foto cuja cor crie contraste com o fundobranco, entre outras possibilidades.1

Estratégia de arrebatamento – As iscasestão relacionadas à criação dedescontinuidades do plano de expressãocom a função de obter o primeiroengajamento perceptivo do leitor. São,portanto,estratégias de ordem sensível.

2 - Fazer-crer em uma fácil legibilidade, o que significapassar a sensação ao leitor de que ele pode ter acesso rápidoa tudo o que interessa saber (o que é “importante”) na ediçãointeira. Em outras palavras, o leitor pode transitar facilmentepela publicação e parar somente onde achar necessário.3- Instaurar uma comunicação de valores instantânea. Oenunciatário consegue identificar, por causa da ocupaçãoespacial, entre outros procedimentos, o tipo de valorização deuma unidade noticiosa. A prisão de Saddam Husseindeterminou na Veja e na Folha de São Paulo uma grandeocupação espacial, como veremos depois.4 - Buscar construir uma publicação atraente, bonita,completa, que alie a beleza ao caráter prático exigido peloleitor. A diagramação deve manejar assim um ritmo, dosando,por exemplo, notas com grandes matérias. Nos textos maislongos, divide o material para não cansar o leitor.

Estratégia de sustentação – Há aqui umamobilização mais passional do leitor. Ele épersuadido, inicialmente, pela forma deapresentação do jornal, de que pode seinformar de maneira rápida e eficiente.Jornais e revistas apresentam-se como umtipo de objeto prático, necessário, bonito,“indispensável” ou que “não dá pra não ler”.(Vale lembrar ainda que a “passionalização”do leitor é função principalmente dosconteúdos. Ou seja, é preciso leitura,passagem do sensível para o inteligível.Nesse sentido, a função da diagramação éa de permitir que a importância dessesconteúdos se torne visualmente evidente echamativa por meio da ocupação espacial.O espaço é manipulado para se obter maiorou menor nível de atenção e acorrespondente tensão do leitor.)

5 - Criar um sentido de identidade ao material, na repetiçãode determinados padrões, o que facilita cada vez mais aobtenção da informação buscada pelo enunciatário. Em outraspalavras, se o leitor precisa ver a cotação da bolsa, com otempo saberá rapidamente como conseguir essa informação,por conhecer o lugar onde é colocada. A identidade visual, como tempo, também gera sentido de familiaridade.

Estratégia de fidelização – Nasce docontato rotineiro com diferentes edições eda satisfação de saber obter o que se quercom facilidade. Pressupõe contatosanteriores bem-sucedidos. Essafamiliaridade em relação ao suporte gráficoplásticoé produto do uso contínuo dasmesmas famílias de letras, certos modos deocupação de espaços e divisões, maneirasrotineiras de valorizar ou desvalorizarconteúdos que criam um código comumentre enunciador e enunciatário.

1 As iscas da diagramação são de ordem gráfica e se relacionam com as estratégias dearrebatamento. Não devem ser confundidas com as estratégias de sustentação, que se ligamàs curiosidades despertadas pelos conteúdos das próprias notícias. A tarefa do diagramador, apartir das coerções do projeto gráfico, é tornar elementos das unidades noticiosas (caso de umtítulo, uma foto, uma legenda, uma matéria) visualmente atraentes por meio do manejo da cor,posição e forma (ou semioticamente falando, uma administração de categorias cromáticas,topológicas e eidéticas).

(Nilton Hernandes, em Semiótica dos jornais, são Paulo, 2005.

Funções da organização textualEstratégia de gerenciamentoda atenção mobilizada

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A era dos jornais modernos começa em meados do século XIX, com a Revolução Industrial e o aumento da capacidade

de impressão e distribuição. Ao longo do tempo, avanços nas tecnologias de impressão, design gráfico e padrões editoriaislevaram a mudanças e melhorias no formato e legibilidade dos jornais.

Os veículos do século XIX geralmente tinham umamassa densa de texto, normalmente disposta verticalmente, com múltiplos títulos para cada matéria. Algumas das mesmaslimitações tecnológicas persistiram até o advento da tipografia digital e da editoração eletrônica, no final do século XX.

Entre algumas destas mudanças, estavam:• Menos matérias por cada página.

• Menos e maiores manchetes.

• Larguras de colunas mais padronizadas.

• Fontes tipográficas mais padronizadas e adequadas à legibilidade de um jornal. (ver: Times New Roman)

• Mais “arte” —elementos não-textuais, geralmente fotos, mas incluindo ainda publicidade ou boxes para matérias

descontraídas (features).

• Mais espaço em branco, chamados de “brancos” (em inglês, air). Uma área com muito pouco espaço em branco échamada de “tight”, e com muito branco é chamada de “loose”.

• Cor.

Um pouco de História22

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Da ficção para a realidade só acolheu a denúncia como comprovada a inocência dos alardeou junto à imprensa acusados não veio a público antecipando uma condenação fazer autocrítica e confessar dos donos da Escola Base, seu erro.que só no final do inquérito,

Na década de 1980, nos O mesmo acontece na dez anos depois – nova EUA, membros de uma família po l í t i ca : comprovada a coincidência com o caso do proprietária de uma escola i nocênc ia , não se f az filme - foram declarados infantil, são acusados de autocr í t ica da in jus t iça inocentes.abuso contra uma criança. cometida contra inocentes, Além da justiça que joga Tanto na ficção como na uns talvez por vergonha, culpa pesado contra os McMartin, realidade, os donos destas e medo, outros porque teimam eles sofrem a fúria histérica de escolas sofreram linchamento em sustentar uma ‘moral sua comunidade. Apoiada nas moral: tiveram que fechar as cínica’. O delegado do caso supostas provas levantadas escolas, os funcionários da Escola Base, poderia ter por uma falsa psicóloga contra perderam os empregos, sido conscientizado ao ver o os que trabalhavam naquela sofreram grave estresse e filme “Acusação”; poderia ter escola, a promotora manda foram acometidos de doenças se in formado sobre os a l g u n s p a r a c a d e i a . como a depressão, fobias, fenômenos psíquicos das Inconformado, um advogado pato log ias do coração; “ f a l s a s l e m b r a n ç a s ” vê que se trata de um caso de também receberam inúmeras produzidas por crianças em histeria coletiva insuflado pela ameaças por telefonemas conflito, da “histeria coletiva”, imprensa, e, uma década anônimos, e isolaram-se da do “transe grupal”, ou poderia depois, consegue inocentar comunidade. tomar outra atitude mais todos os acusados, mas vidas racional – mais razoável – que já tinham sido arruinadas. A mídia que espetacularizou o p u d e s s e l e v á - l o a o

a falsa denúncia e, sem d i sce rn imen to sob re a Essa história contada no nenhuma prova, lançou denúncia mentirosa sobre os

filme “Acusação” (produção de manchetes reproduzidas responsáveis pela Escola, Oliver Stone e direção de Mick como se fosse uma onda mas preferiu tomar como única Jackon), virou realidade em espalhada pelo país, terminou “prova” o depoimento vago e 1994, na Escola Base, estigmatizando os acusados fantasioso das crianças e das localizada no bairro da de “monstros da escola”, mães. “Ciente da fragilidade Aclimação, em São Paulo. “escola de horrores”, que a das provas que tinha em

“Kombi era motel na escolinha mãos, [o delegado] agiu com Tudo começou quando d o s e x o ” , e t c . U m culpa, nas modalidades de

“duas mães de alunos dessa comentar ista do ext into imprudência e imperícia”, escola queixaram-se na programa televisivo Aqui disse o juiz Paulo Ribeiro na delegacia do bairro do Agora, do SBT, chegou a pedir sentença (JB, 11/12/2004).Cambuci de que seus filhos de a p e n a d e m o r t e a o s quatro e cinco anos estavam acusados. Fal ta de prudência e s e n d o m o l e s t a d o s imperícia é comum acontecer sexualmente na escola, e Autoposicionada do lado do em situações de delação ou de talvez, levados numa Kombi “bem” e justiça, a imprensa denúncia. A massa ou turba para orgias num motel, onde f e c h o u o l h o s p a r a o manobrada pela notíc ia s e r i a m f o t o g r a f a d o s e linchamento dos acusados, e, espetacularizada geralmente filmados”. O delegado “x”, não mesmo depois de f icar

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Erros jornalísticos

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responde com impulsos conhec imen to , v i sando irracionais e gritos de “pega produzir apenas indivíduos ladrão”, “joga pedra na Geni”, dotados de opiniões, não de “mata”, “esfola”, etc. Nos conhec imen to , nem de momento de “onda histérica e sabedoria. coletiva”, de “transe grupal”,

Vo l tando . Embora os há que ter alguns céticos de acusados da Escola Base, plantão para sustentar um recentemente, ganhassem os mínimo de dúvida, serenidade, processos junto à justiça razoabilidade e disposição (inclusive contra o Estado), as para demonstrar a verdade. indenizações obtidas por Todo investigador – policial, danos psicológicos, morais e político de CPI ou cientista – materiais não conseguirão e x e r c e m o s e u o f í c i o reverter o que eles perderam dignamente quando o fazem de saúde, de dignidade, de com razoabilidade, prudência imagem pessoal e profissional e serenidade.limpa perante a sociedade.

Conforme alerta Chauí “Na Não conseguirão reaproximar p r e s e n t e c i r c u n s t â n c i a casais, pais e filhos e amigos, brasileira, a impressão geral t o d o s a f a s t a d o s p e l a deixada pela mídia é da contaminação do veneno da mescla de espetáculo e terror, delação e da acusação vazia. tornando mais difícil do que já (Obs.: com exceção do jornal era manifestar idéias e Diário Popular, fizeram parte opiniões nela e por meio dela” da onda acusatória contra os e, por isso mesmo, induz as proprietários e funcionários da pessoas a cons t ru í rem Escola Base a Folha de S. opiniões levianas em vez de Paulo, O Estado de S. Paulo, não permitir uma atitude de SBT, TV Globo, Veja, TV reflexão e análise serena R e c o r d , R á d i o e T V diante do grave momento Bandeirantes e IstoÉ. Para (Carta Aberta aos Alunos, pesquisa: acesse na Internet o Folha de S. Paulo). Todos têm Google e digite – entre aspas – lá suas opiniões (doxa) certas “escola base”).ou erradas, disto ou daquilo, mas poucos se esforçam ou tem o compromisso de buscar o conhecimento (episteme). Raros são os que hoje em dia s e g u e m u m a é t i c a d a sabedoria.

G. Debord, N. Chomsky, I. Ramonet, o nosso A. Dines, são alguns críticos dessa RAYMUNDO DE LIMAmídia que se aproveita da Psicanalista, professor do liberdade democrática para DFE da Universidade servir a interesses ocultos, Estadual de Maringá (PR); geralmente manipulando as doutorando em educação i n f o r m a ç õ e s e o (FEUSP)

Quem foi que disse isso?

Prepare-se para separar fatos reais de boatos

material colaborativo exige checagem

Em 3 de outubro de 2008, o valordas ações da Apple na Bolsa deNova York caiu 5,4% em menos de20 minutos após a informação deque Steve Jobs teria sofrido um ataque cardíaco.

A informação, veiculadano iReport.com, canal colaborativoda rede CNN, foi desmentida eo autor, excluído do site que agregaconteúdo enviado por mais de 240mil usuários. “Eles questionaram ainformação, que foi removida pornossa equipe”, explica Jennifer Martin,relações-públicas da CNN.

Os procedimentos de checagem,nesses casos, incluem entrar emcontato com o autor do materiale consultar especialistas no tema.Essa é a opinião do editor de fotografiaJuca Varella, desde outubrode 2005 à frente do primeiro canalbrasileiro de jornalismo colaborativo,o FotoRepórter, do Grupo Estado.

“No começo, eu mesmo analisava o material que recebíamos paraver se não era montagem”, conta.Hoje a tarefa de analisar o materialenviado por 11 mil colaboradorescabe a uma equipe de oito editores.Ajuda no trabalho a exigênciade CPF, telefone e outros dadospessoais no cadastro.E, quando a informação estáerrada, de quem é a culpa: do colaboradorou do veículo? No casodo iReport, a legislação americanadiz que a responsabilidadeé exclusiva da pessoa que postoua informação. Assim, a CNN estáisenta de condenação, segundo oadvogado Ronaldo Lemos, especialistaem direitos autorais pelaFundação Getulio Vargas. Se houvesseno Brasil um episódio semelhante,a decisão dependeria dojuiz, pois falta uma lei que defina

de quem é a culpa.

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Texto - o chamado “corpo de texto” é o tipo em que será impresso o conteúdo principal do jornal (matérias, colunas,artigos, editoriais, cartas etc.). A massa de texto costuma preencher mais da metade de toda a mancha gráfica do jornal e deveser delimitada (rodeada) pelos outros elementos. Um formato comum para o corpo de texto em jornais é tipo serifado, comcorpo (tamanho) 12 pontos.

Título - desde a manchete, que fica na primeira página, até os títulos menores de artigos. São subdivididos em:

• subtítulo - (em algumas redações no Brasil, chamados de sutiã, linha-fina ou linha de apoio) colocado abaixo dotítulo principal, complementa a informação do título e instigam à leitura do texto

• antetítulo - (em algumas redações no Brasil, chamados de chapéu ou cartola) colocado acima do título principal,complementando a informação do título e instigam à leitura do texto

• intertítulo ou quebras - colocado no meio do texto, para dividi-lo em seções e facilitar a leitura

• olho - colocado no meio da massa de texto, entre colunas, para ressaltar trechos e substituir quebras; são muitoutilizados em entrevistas.

Foto - fotografias, que em jornal e revista vêm sempre acompanhadas de legenda descritiva e do crédito para ofotógrafo.

Arte - o que se chama de arte em diagramação são imagens produzidas para ilustrar ou complementar visualmente ainformação do texto. Podem ser:

• Infográfico - que inclue mapas, gráficos estatísticos, seqüenciais e esquemas visuais;

• Charge - desenho geralmente satírico com personagens do noticiário, sem ter que necessáriamente seguir opiniãoexpressas em matérias relacionadas no jornal;

• Ilustração - todo tipo de desenho ou pintura que pode acompanhar um texto jornalístico. A ilustração pode ser umaversão ilustrativa do texto ou uma visão complementar ao texto, usando uma linguagem pictórica.

Os elementos do design de jornal são classificados assim:

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Vinheta - mini-títulos que marcam um tema ou assunto recorrente ou em destaque; podem incluir mini-ilustrações egeralmente vêm acima do título da matéria ou no alto da página.

Box ou caixa - um box é um espaço graficamente delimitado que normalmente inclui um texto explicativo ou sobreassunto relacionado à matéria principal.

Fio - existe para separar elementos que, por algum motivo, podem ser confundidos.

Cabeçalho e Rodapé - marca o topo e a base da página, respectivamente, incluindo marcas básicas como nomedo veículo, editoria, data, número da edição e número da página; quando usado na primeira página, o cabeçalho inclui ainda alogomarca do jornal em destaque, preço e alguns nomes de chefia da equipe (presidente, diretor, editor-chefe).

Anúncio - espaço de publicidade, único elemento de conteúdo não-editorial da diagramação, produzido pela equipecomercial.Os aspectos que determinam a composição destes elementos na página impressa são, entre outros:

Colunagem - a distribuição do texto em colunas verticais de tamanho regular, espaçadas e válidas para encaixar oselementos. Atualmente, o padrão em jornais standard é a divisão em 6 colunas, mas o uso de 8 colunas já foi predominante.

Cor - uso de cores e matizes em jornalismo, que confere sentido e modifica a mensagem, muitas vezes sutilmente; atémeados do século XX, os jornais de grande circulação não utilizavam impressão a cores, dependendo da escala de cinzas paramatizar seus preenchimentos.

Espaçamento - entrelineamento, entre colunas e entre cada elemento gráfico.

Fontes tipográficas - A escolha e o uso das fontes nos textos influem na maneira como o leitor apreende os textos,através da legililidade, dimensão e caráter das fontes.

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