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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA UNEB Departamento de Educação campus VII Curso de Licenciatura em Matemática PESQUISA PARTICIPANTE Senhor do Bonfim/BA maio de 2014

Apostila pesquisa participante

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Page 1: Apostila pesquisa participante

UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA – UNEB

Departamento de Educação – campus VII

Curso de Licenciatura em Matemática

PESQUISA PARTICIPANTE

Senhor do Bonfim/BA

maio de 2014

Page 2: Apostila pesquisa participante

Eduardo Maciel

Gleyton Gomes

Juliana Santos

Lidiane Elias

PESQUISA PARTICIPANTE

Trabalho apresentado como requisito parcial, para a

avaliação do Componente Curricular Trabalho de

Conclusão de Curso II, do curso Licenciatura em

Matemática da Universidade do Estado da Bahia –

UNEB, sob orientação do Professor: Helder Luiz

Amorim Barbosa.

Senhor do Bonfim/BA

maio de 2014

Page 3: Apostila pesquisa participante

SUMÁRIO

O que é pesquisa?............................................................................................................ I

Pesquisa Participante.....................................................................................................II

Proposta Modelo...........................................................................................................III

Problemas da Pesquisa Participante.............................................................................V

Conclusão.....................................................................................................................V

Referências

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I - O QUE É PESQUISA?

Pesquisa é uma forma de investigação. Não é possível fazer pesquisa sem que

haja um problema para resolver ou uma pergunta para responder. Toda pesquisa é feita

para ampliar o conhecimento, qualquer que seja a área de trabalho do pesquisador. Mas

existem riscos e incertezas. O pesquisador precisa buscar evidências que apóiem sua

argumentação para a solução do seu problema ou para a resposta a sua pergunta.

Para chegar à evidência, um pesquisador precisa de dados. Método de pesquisa é

a técnica usada para a coleta de dados, ou seja, é a estratégia usada pelo pesquisador

para coletar as informações que precisa para resolver seu problema ou para responder a

sua pergunta.

Quais são os métodos de pesquisa?

Em linhas gerais, uma pesquisa pode ser feita segundo dois métodos, sendo

então identificadas como:

a) pesquisa qualitativa;

b) pesquisa quantitativa.

A pesquisa qualitativa tem o objetivo de entender o comportamento das

pessoas, suas opiniões, seus conhecimentos, suas atitudes, suas crenças, seus medos.

Está, portanto, relacionada ao significado que as pessoas atribuem às suas experiências

do mundo e ao modo como entendem o mundo em que vivemos. O pesquisador da área

qualitativa levanta dados por meio de entrevistas, grupos de discussão, observação

direta, análise de documentos e de discursos – ou seja, por meio de texto.

A pesquisa quantitativa tem o objetivo de contar, ordenar e medir para

estabelecer a frequência e a distribuição dos fenômenos, para buscar padrões de relação

entre variáveis, testar hipóteses existentes, estabelecer intervalos de confiança para

parâmetros e margens de erro para as estimativas. O pesquisador da área quantitativa

levanta, portanto, dados numéricos.

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E para que serve?

Uma vez definida a pesquisa, precisamos indagar sobre quais as razões de sua

realização. Segundo Richardson, os cientistas sociais pesquisam para:

a) resolver problemas sociais;

b) formular novas teorias e criar novos conhecimentos;

c) testar teorias existentes em um campo científico

(RICHARDSON, 1989, p. 16-17).

II - PESQUISA PARTICIPANTE

Introdução

A pesquisa participante busca o envolvimento da comunidade na análise de sua

própria realidade. Ela se desenvolve a partir da interação entre pesquisadores e

membros das situações investigadas, enquanto a pesquisa-ação ocorre em estreita

associação com uma ação ou com a resolução de um problema

Segundo Gil (1991), "a pesquisa participante, assim como a pesquisa ação,

caracteriza-se pela interação entre pesquisadores e membros das situações

investigadas".

A importância da pesquisa participante está no fato de os objetos estudados

serem sujeitos e não "sujeitos de pesquisa", no sentido passivo de fornecedores de

dados, mas sujeitos de conhecimento.

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Segundo Ubiratan D'Ambrosio (1997): “Entre teoria e prática persiste uma

relação dialética que leva o indivíduo a partir para a prática equipado com uma teoria e

praticar de acordo com essa teoria até atingir os resultados desejados.

Toda teorização se dá em condições ideais e somente na prática serão notados e

colocados em evidência certos pressupostos que não podem ser identificados apenas

teoricamente. Isto é, partir para a prática é como um mergulho no desconhecido.

Pesquisa é o que permite a interface interativa entre teoria e prática. ... pesquisa

é o elo entre a teoria e a prática. ... "

Definição

Segundo Grossi (1981): "Pesquisa participante é um processo de pesquisa no

qual a comunidade participa na análise de sua própria realidade, com vistas a promover

uma transformação social em benefício dos participantes que são oprimidos. Portanto, é

uma atividade de pesquisa, educacional orientada para a ação. Em certa medida,

tentativa da Pesquisa Participante foi vista como uma abordagem que poderia resolver a

tensão contínua entre o processo de geração de conhecimento e o uso deste

conhecimento, entre o mundo "acadêmico" e o "irreal", entre intelectuais e

trabalhadores, entre ciência e vida."

Para Brandão (1984) : Trata-se de um enfoque de investigação social por meio

do qual se busca plena participação da comunidade na análise de sua própria realidade,

com objetivo de promover a participação social para o benefício dos participantes da

investigação. Estes participantes são os oprimidos, os marginalizados os explorados.

Trata-se, portanto, de uma atividade educativa de investigação e ação social.

Lakatos e Marconi (1991) definem a pesquisa participante como um tipo de

pesquisa que não possui um planejamento ou um projeto anterior à prática, sendo que o

mesmo só será construído junto aos participantes (objetos de pesquisa). Os quais

auxiliarão na escolha das bases teóricas da pesquisa de seus objetivos e hipóteses e na

elaboração do cronograma de atividades.

Page 7: Apostila pesquisa participante

Características da Pesquisa Participante

SEGUNDO TANDON:

a) É um processo de conhecer e agir. A população engajada na pesquisa participante

simultaneamente aumenta seu entendimento e conhecimento de uma situação particular,

bem como parte para uma ação de mudança em seu benefício.

b) É iniciada na realidade concreta que os marginalizados pretende mudar. Gira em

torno de um problema existente. Caso haja consciência suficiente, a própria população

inicia o processo e pode até mesmo dispensar o perito externo. Mas ainda começando

pelo perito, o envolvimento da população é essencial.

c) Variam a extensão e natureza da participação. No caso ideal, a população participa do

processo inteiro: proposta de pesquisa, coleta de dados, análise, planejamento e

intervenção na realidade.

d) A população deve ter controle do processo.

e) Tenta-se eliminar ou reduzir as limitações da pesquisa tradicional. Pode empregar

métodos tradicionais na coleta de dados, mas enfatiza posturas qualitativas e

hermenêuticas, e a comunicação interpessoal.

f) É um processo coletivo.

g) É uma experiência educativa.

III - PROPOSTA MODELO

Primeira fase: Montagem Institucional e Metodológica da Pesquisa Participante

Discussão do projeto de pesquisa participante com a população e seus

representantes;

Definição do quadro teórico de pesquisa participante, isto é, objetivos,

conceitos, hipóteses, métodos, etc.;

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Delimitação da região a ser estudada;

Organização do processo de pesquisa participante (instituições e grupos a serem

Associados, distribuição das tarefas, procedimentos e partilha das decisões, etc);

Seleção e formação dos pesquisadores ou de grupos de pesquisa.

Elaboração do cronograma de operações a serem realizadas.

Segunda fase: Estudo Preliminar da Região e da População Envolvida

Identificação da estrutura social da população envolvida.

Diferenciar as necessidades e os problemas da população estudada segundo as

categorias ou as classes sociais a que compõem.

Selecionar a população para a qual se deseja intervir.

Preparar uma efetiva descentralização da pesquisa ao nível dos grupos sociais

mais oprimidos e mais afastados do poder, de modo geral.

Descoberta do universo vivido pelos pesquisados.

Pesquisa de dados sócio-econômicos e tecnológicos.

Difusão dos resultados junto à população (feedback).

Terceira fase: Análise crítica dos problemas considerados prioritários e que os

participantes desejam estudar

Constituição de grupos de estudo

Análise crítica dos problemas

Quarta fase: Programação e Aplicação de um Plano de Ação (incluindo atividades

educacionais) que Contribua para a Solução dos Problemas Encontrados

Atividades educativas que permitam analisar melhor os problemas e as situações

vividas;

Medidas que possam melhorar a situação a nível local;

Ações educativas que permitam cumprir essas medidas;

Ações para promover as soluções identificadas a médio e longo prazo, em nível

local ou mais amplo.

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IV - PROBLEMAS DA PESQUISA PARTICIPANTE

A pesquisa participante, quanto à prática em processo de consolidação, apresenta

diversos problemas. Estes problemas permitem uma variedade de reflexões que abarcam

desde as técnicas e a concepção do método, ate os aspectos epistemológicos que

orientarão a construção de um novo conhecimento. Entre aquelas reflexões podemos

destacar as seguintes: - os problemas teóricos da pesquisa alternativa e a definição da

pesquisa participante como estratégia metodológica.

Seguindo as idéias de Justa Espeleta (1986) chama a atenção nos projetos de

pesquisa participante, a linguagem. Uma linguagem que pretende denominar a realidade

de "outro" modo e que procura constituir-se ao mesmo tempo em linguagem crítica.

Este "outro" modo um modo diferente daquele utilizado pela ciência Social

dominante. Trata-se, em geral, de uma linguagem com claras conotações marxistas.

Mas, muitas vezes, o material produzido apresenta serias ambigüidades nos conceitos

utilizados. Por exemplo, "transformação da realidade" pode ser usado tanto para falar da

mudança de hábitos alimentares de um grupo, como para designar um fenômeno

cognitivo referente a sujeitos individuais; "transformação' aparece também

freqüentemente como sinônimo de "mudança social"; relações sociais" e usado para

falar de interação; "classe social" tem uma infinidade de acepções; a relação "sujeito-

objeto" - categoria da epistemologia - refere-se habitualmente a uma interação entre

pessoas. Por outro lado, “construção do conhecimento” pode referir-se tanto a gênese da

teoria como a síntese que o pesquisador chegava fazer de alguns saberes populares;

'pesquisa", enfim, pode ser permutada por método ou por técnicas.

Um outro aspecto a considerar a freqüente transposição de categorias estruturais

(sistema social, classe, reprodução) para a analise de situações particulares, específicas.

Situações que a linguagem funcionalista designa como micro sociais um grupo de mães,

um grupo de camponeses, um bairro.

Problemas teóricos

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A pesquisa participante com estratégia metodológica

Diversos autores consideram a pesquisa participante uma estratégia

metodológica. Isto gera diversos problemas que prejudicam o avanço da pesquisa

alternativa. Devemos lembrar que as críticas à pesquisa convencional se dão

particularmente no campo epistemológico do empirismo e positivismo das Ciências

Sociais. Logicamente, os supostos epistemológicos influem nos supostos

metodológicos.

Um outro pressuposto epistemológico do empirismo e positivismo que se reflete

na pesquisa convencional é o "aparencialismo” (seguindo o conceito de Jacobo

Waiselfiz) pelo qual se limita a capacidade de conhecer à aparência imediata dos

fenômenos. em uma perspectiva deliberadamente externa e coisificada. Ao limitar a

análise ao nível imediato da realidade e às formas de apresentação dos fenômenos, o

âmbito da problemática a ser pesquisada fica limitado ao dado empírico, enfatizando-se

o império das técnicas de medição, levantamento e analise de dados. Mas, essa

aparência, por ser um modo imediato de manifestações de um processo histórico, é um

ocultamento do real.

V - CONCLUSÃO

O processo de pesquisa participante não termina com a quarta fase como explica

seu método de modelo. A análise crítica da realidade, a execução das ações

programadas conduz ao descobrimento de outros problemas, de outras necessidades, de

outras dimensões da realidade. A ação pode ser uma fonte de conhecimentos e de novas

hipóteses.

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REFERÊNCIAS

Brandão, C.R. (ed.). 1981. Pesquisa Participante. São Paulo: Editora

Brasiliense.

Brown, D. e Tandon, R. 1983. .Ideology and Political Economy in Inquiry:

Action Research and Participatory Research. Journal of Applied Behavioral

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D’AMBROSIO, Ubiratan. A era da consciência. São Paulo: Editora Fundação

EZPELETA, Justa, ROCKWELL, Elsie, (1986). Pesquisa participante. São

Paulo: Cortez.

Freire, P. 1995. Pedagogy of Hope: Reliving Pedagogy of the Oppressed. New

York: Continuum.

GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 3. ed. São Paulo: Atlas, 1991.

GROSSI, Y. de S. Mina de Morro Velho: a extração do homem, uma história

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Hall, A. Gillette e R. Tandon, eds. Creating Knowledge: A Monopoly?

Participatory Research in Development. New Delhi: Society for Participatory

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LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A Técnicas de Pesquisa. São Paulo, Atlas,

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Tandon, R. 1988. .Social Transformation and Participatory

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