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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação XXV Encontro Anual da Compós, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 7 a 10 de junho de 2016 1 Epistemologia e método da pesquisa-ação. Uma aproximação aos movimentos sociais e à comunicação 1 Epistemology and action-research method. An approach to social movements and to communication Cicilia M.Krohling Peruzzo 2 Resumo Estudo sobre os princípios epistemológicos, os métodos e técnicas da pesquisa-ação. O objetivo é sistematizar seus principais aspectos metodológicos e situar este tipo de pesquisa no âmbito da epistemologia da ciência. A abordagem deste texto é teórica, baseada em pesquisa bibliográfica, e faz uma tentativa de aproximação à comunicação e aos movimentos sociais. A pesquisa-ação admite um nível elevado de envolvimento e intervenção do pesquisador na situação ou grupo investigado e pressupõe a participação ativa de representantes do grupo no processo de pesquisa. A intenção é fazer com que a própria pesquisa possa contribuir para o equacionamento de problemáticas relacionadas à ampliação da cidadania e à transformação social. Palavras chave: Pesquisa-ação, epistemologia da ciência; pesquisa em comunicação. Abstract The study of the epistemological principles, methods and techniques of action-research. The objective is to systematize its main methodological aspects and to situate this type of research is within the scope epistemology of science. This text’s approach is theoretical, based on bibliographical research, and is an attempt to move toward communication and social movements. Action- research allows for a high level of involvement and intervention by the researcher in a situation or group, and infers an active participation of representatives of the group in the process. The intention is to allow for the contribution of the research itself in addressing the issues related to broadening citizenship and social transformation. Key words: action-research, epistemology of science; communication research . Introdução A pesquisa participante tem sofrido grande desenvolvimento metodológico com a criação de distintas facetas e modalidades de inserção do pesquisador no ambiente 1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cidadania do XXV Encontro Anual da Compós, na Universidade Federal de Goiás, Goiânia, de 7 a 10 de junho de 2016. 2 Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo. Doutora em Comunicação pela ECA-USP, com pós-doutorado na Universidade Nacional Autônoma do México. E-mail: [email protected]

Epistemologia e método da pesquisa-ação. Uma aproximação ...©tododapesquisa-ação... · ação participativa, ou simplesmente de pesquisa participante, pesquisa ativa, estudo-

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Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em ComunicaçãoXXV Encontro Anual da Compós, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 7 a 10 de junho de 2016

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Epistemologia e método da pesquisa-ação. Uma aproximação aosmovimentos sociais e à comunicação1

Epistemology and action-research method. An approach to social movements and tocommunication

Cicilia M.Krohling Peruzzo2

ResumoEstudo sobre os princípios epistemológicos, os métodos e técnicas da pesquisa-ação. Oobjetivo é sistematizar seus principais aspectos metodológicos e situar este tipo de pesquisano âmbito da epistemologia da ciência. A abordagem deste texto é teórica, baseada empesquisa bibliográfica, e faz uma tentativa de aproximação à comunicação e aos movimentossociais. A pesquisa-ação admite um nível elevado de envolvimento e intervenção dopesquisador na situação ou grupo investigado e pressupõe a participação ativa derepresentantes do grupo no processo de pesquisa. A intenção é fazer com que a própriapesquisa possa contribuir para o equacionamento de problemáticas relacionadas à ampliaçãoda cidadania e à transformação social.

Palavras chave: Pesquisa-ação, epistemologia da ciência; pesquisa em comunicação.

AbstractThe study of the epistemological principles, methods and techniques of action-research. Theobjective is to systematize its main methodological aspects and to situate this type of researchis within the scope epistemology of science. This text’s approach is theoretical, based onbibliographical research, and is an attempt to move toward communication and socialmovements. Action- research allows for a high level of involvement and intervention by theresearcher in a situation or group, and infers an active participation of representatives of thegroup in the process. The intention is to allow for the contribution of the research itself inaddressing the issues related to broadening citizenship and social transformation.

Key words: action-research, epistemology of science; communication research .

Introdução

A pesquisa participante tem sofrido grande desenvolvimento metodológico com a

criação de distintas facetas e modalidades de inserção do pesquisador no ambiente

1 Trabalho apresentado ao Grupo de Trabalho Comunicação e Cidadania do XXV Encontro Anual da Compós,na Universidade Federal de Goiás, Goiânia, de 7 a 10 de junho de 2016.2 Professora do Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Metodista de São Paulo.Doutora em Comunicação pela ECA-USP, com pós-doutorado na Universidade Nacional Autônoma do México.E-mail: [email protected]

Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em ComunicaçãoXXV Encontro Anual da Compós, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 7 a 10 de junho de 2016

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investigado. As suas vertentes observação participante e etnográfica até acompanham às

mudanças provocadas pelas inovações tecnológicas e admitem a participação observacionista

de grupos ou comunidades em ambientes do ciberespaço, ao que se denomina de netnografia

(KOZINETES, 2014), a fim de compreender fenômenos culturais e comunicacionais que ali

se desenvolvem. A pesquisa-ação também segue se aprimorando ao se desvencilhar de certos

dogmas e tecer métodos para qualificar a inserção do investigador/a para além da militância

política.

A pesquisa-ação é aplicada em vários campos do conhecimento com finalidades e

métodos distintos. Neste texto, se enfatiza a pesquisa-ação com o objetivo de sistematizar

seus principais aspectos metodológicos e situar este tipo de pesquisa no âmbito da

epistemologia da ciência. A pesquisa-ação, por vezes é também denominada de pesquisa-

ação participativa, ou simplesmente de pesquisa participante, pesquisa ativa, estudo-

pesquisa, investigação-ação ou pesquisa militante, segundo a visão de cada autor e das

tradições teóricas que as fundamentam. Denominar esse tipo de pesquisa de pesquisa-ação

participativa, se por um lado, soa redundante visto que ela é por natureza participativa, por

outro, é um modo de diferenciar a ação possível na pesquisa participante. Ou seja, nem toda

ação desencadeada em pesquisa participante é aquela requerida pela pesquisa-ação. Esta é

regida por princípios participativos peculiares. A mera ação do investigador e/ou aquela que

ele eventualmente provoca na “situação investigada” não necessariamente se enquadram nos

parâmetros participativos da pesquisa-ação, o que será amplamente discutido neste texto.

Michel Thiollent (2003, p. 15), já esclareceu esse aspecto ao dizer: “toda pesquisa-ação é do tipo

participativo: a participação das pessoas implicadas nos problemas investigados é absolutamente

necessária. No entanto, tudo o que é chamado de pesquisa participante não é pesquisa-ação”.

A abordagem deste texto é teórica, baseada em pesquisa bibliográfica, e sem a

pretensão de revisar toda a literatura sobre o tema pesquisa-ação, que não é novo na história

da pesquisa participativa, mas que na América Latina ganha ampla repercussão a partir dos

anos 1960, uma vez ligada a movimentos societários pela transformação social, dada a

conjuntura de forte efervescência social, comunitária e universitária em prol da

democratização das sociedades num contexto de questionamento e declínio de ditaduras

militares na região.

Nesse sentido, apesar da aplicabilidade da pesquisa-ação em diferentes campos do

conhecimento - da Educação à Psicologia, da Informática à Agronomia ou à Administração -,

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a ênfase aqui é dada à Comunicação, mais precisamente no contexto social e relacionada a

movimentos sociais populares, comunidades, organizações não governamentais (ONGs) e a

instituições públicas. Porém, são princípios gerais que se aplicam a outras áreas do fazer

científico.

A pesquisa-ação sinaliza uma metamorfose no campo da epistemologia da ciência que

transita entre práticas inovadoras de pesquisa empírica, porém distantes do empirismo, e os

questionamentos epistemológicos do próprio fazer científico.

No campo da Comunicação, a pesquisa-ação tem sido mais desenvolvida para

conhecer a realidade comunicacional e as dinâmicas de “comunidades”, grupos populares e

ONGs, além de estudos de recepção midiática. No entanto, é mais comum o emprego das

metodologias da observação participante e da participação observante, bem como da

netnografia na pesquisa participativa em Comunicação. Nesse sentido, a observação direta do

pesquisador vem sendo bastante empregada não apenas observando as situações reais

investigadas, mas atuando (não necessariamente segundo os rigores na pesquisa-ação)

simultaneamente nelas. São estudos para entender os mecanismos de recepção de conteúdos

dos meios de comunicação (telenovelas, notícias etc.) no intuito de perceber como as pessoas

recebem, reagem e interpretam as mensagens; para identificar ações culturais de grupos; para

entender comportamentos do consumidor; e mais recentemente o estudo de comportamentos

sociais nas mídias e redes sociais digitais – inclusive reações à telenovelas e repercussões nos

espaços online -, o que pode ser chamado de netnografia (KOZINETS, 2014); uma

aproximação à etnografia tradicional, porém atenta a aspectos culturais e comunicativos de

internautas ou comunidades virtuais na internet.

Contudo, a Comunicação tem também um campo fértil para ser pensada a partir das

situações (in)comunicativas implicadas no processo de pesquisa participante (THIOLLENT, 1981).

Há muito a se entender sobre as relações comunicativas que o pesquisador estabelece por meio da

observação e da atuação, além dos paradoxos que se manifestam nas linguagens e que podem gerar

distorções no processos de pesquisa e nas interpretações.

Nos caminhos da Epistemologia científica

O questionamento sobre as regras, métodos e técnicas universais como requisito para

a atribuição de um valor absoluto à ciência faz parte do histórico da Teoria do Conhecimento.

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Paul Feyerabend3 foi um dos seus expoentes, no século passado, ao criticar o racionalismo e

rejeitar regras de pesquisa científica como universais. Orlando Fals Borda (2013, p.302),

adverte: o valor da ciência varia “segundo os interesses objetivos das classes sociais envoltas

nas formação e acumulação do conhecimento, isto é, em sua produção”. E esclarece que a

a ciência é um produto cultural do intelecto humano, produto que respondea necessidades coletivas concretas [...] e também a objetivos determinadospor classes sociais que aparecem como dominantes em certos períodoshistóricos. Se constrói a ciência mediante a aplicação de regra, métodos etécnicas que obedecem a um tipo de racionalidade convencionalmenteaceita por uma comunidade minoritária constituída por pessoas chamadasde científicos, que por serem humanas, ficam precisamente sujeitas amotivações, interesses, crenças e superstições, emoções e interpretações deseu desenvolvimento social específico. Por isso mesmo, não pode havernenhum valor absoluto atribuído ao conhecimento científico (FALSBORDA, 2013, p. 302).

Portanto, não existe neutralidade da produção da ciência. Existem cânones

predominantes para se chegar a conhecimentos científicos reconhecidos como rigorosos, mas

que jamais foram totalmente aceitos como únicos e universais, apesar da preeminência desse

tipo de visão. A ciência é histórica, se move, avança e se transforma em conformidade com o

próprio processo histórico das civilizações. Portanto, se a ciência não é unívoca, também não

o é a epistemologia da ciência.

Carlos R. Brandão (1999, p. 225), fala da “possibilidade de transformação de uma

prática científica, que durante tanto tempo ocultou o seu ser política, em uma prática que

justamente por afirmar-se política na origem e no destino, reclama ser científica”. No caso da

pesquisa-ação, se ela se situar nas linhas progressistas, ele (1999, p.12), evidencia essa

tomada de posição: “é necessário que o cientista e sua ciência sejam, primeiro, um momento

de compromisso e participação com o trabalho histórico e os projetos de luta do outro, a

quem, mais do que conhecer para explicar, a pesquisa pretende compreender para servir”.

A pesquisa participativa está implicada na discussão sobre os pressupostos

epistemológicos da ciência pois ela respeita e dialoga com os modelos e regras tradicionais,

mas não se submete a eles. Daí a ideia de uma epistemologia do sul - que não decorre e nem

se restringe à pesquisa participante ou à investigação-ação -, mas que tem nela uma das

3 Ver a obra de sua autoria “ Contra o método” editado pela Francisco Alves Editora e publicado em 1977.

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portas de entrada para a construção de conhecimentos - e o reconhecimento de outros saberes

- dentro das lógicas e das necessidades dos povos do continente latino-americano.

Mas, antes que epistemologia seja vista simplesmente como sinônimo de “teoria” - e

não como metateoria ou metaciência; o estudo crítico do modo como a teoria é gerada e/ou

sobre a interpretação dos princípios, hipóteses e métodos que direcionaram a geração do

conhecimento científico -, se apontam alguns conceitos que a colocam no devido lugar.

A epistemologia é uma “reflexão de segundo grau sobre a ciência, uma metaciência

que, embora sujeita à contaminação filosófica, se integra cada vez mais aos critérios da

objetividade científica” (BLANCHÉ apud SANTOS, 1989, p.19). Epistemologia diz respeito

à filosofia do conhecimento e à teoria do conhecimento, cujas fronteiras não são facilmente

reconhecíveis. Em Piaget (2011, p.20)4, a epistemologia é concebida como uma disciplina

que “se propõe a interpretar a ciência como resultado da atividade mental do homem ou, o

que significa o mesmo, a explicar como o pensamento real do homem pode produzir a ciência

enquanto sistema coerente de conhecimentos objetivos”.

A noção de epistemologia ajuda entender a existência de controvérsias sobre o caráter

científico ou a validade dos resultados obtidos por intermédio de metodologias, tanto as

tradicionais quanto as que fogem aos padrões rígidos e formais ditos de cientificidade, mas

que desenvolvem outros critérios capazes de captar elementos, processos e características nas

dinâmicas sociais preservando o rigor investigativo.

A pesquisa participante, nas vertentes mais avançadas de envolvimento do

pesquisador e do pesquisado na geração de conhecimento, é uma manifestação clara de busca

de novas premissas na produção do conhecimento científico que relativiza o pressuposto de

que o único conhecimento válido é o científico e que este só é possível ser obtido se for

construído segundo os cânones do empirismo, da objetividade e da pretensa neutralidade,

princípios estes construídos e reproduzidos a partir da cultura científica ocidental de cunho

positivista.

Para a perspectiva empirista, segundo Jorge A. González (2015, p.334), “a realidade é

real e se captura através de experiências sensoriais”, a cargo do pesquisador e por meio das

competências metódicas. Se privilegia o objeto (fenômeno investigado) sobre o sujeito

(pesquisador). A este competiria aplicar o “Método Científico, que é o hipotético dedutivo e

4 Ele credita a coautoria desta frase a E. W. Beth.

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que opera através da experimentação e da generalização empírica [...]” (GONZÁLEZ, 2015,

p.334), para obter resultados científicos.

Porém, o questionamento a esse tipo de parâmetro não quer dizer

descredibilizar as ciências nem [adotar] um fundamentalismo essencialista‘anticiência’. [...]. [O que se pretende] é o uso contra-hegemônico daciência hegemônica. Ou seja, a possibilidade de que a ciência entre nãocomo monocultura mas como parte de uma ecologia mais ampla de saberes,em que o saber científico possa dialogar com o saber laico [... ] (SANTOS,2007, p.32-33).

Nas palavras de Orlando Fals Borda (1981, p. 59), o propósito não é formar

um novo paradigma científico para substituir qualquer um já existente, através dapesquisa participante. No entanto, podemos nos aproximar de um tipo de brechametodológica se os pesquisadores engajados seguirem os efeitos dinâmicos dorompimento da díade sujeito-objeto que esta metodologia exige como uma de suascaracterísticas básicas. São muito evidentes as potencialidades de se obter umnovo conhecimento sólido a partir do estabelecimento, na pesquisa, de umarelação mais proveitosa sujeito-objeto, isto é, uma completa integração eparticipação dos que sofrem a experiência da pesquisa.

A pesquisa participante e a investigação-ação também contribuem para a mudança da

relação sujeito-objeto para sujeito-sujeito, o que não implica a aceitação da interferência

deliberada do subjetivismo e de conceitos pré-concebidos. Ou seja, se reconhecem os atores

investigados como sujeitos (coletivos ou individuais) e a potencialidade de construção de

conhecimento científico na relação com os mesmos na condição de participantes ativos, como co-

protagonistas - e não meros informantes ou colaboradores – na elaboração de planos,

interpretações e no empoderamento dos resultados.

A pesquisa participante e, especialmente, a pesquisa-ação, em algumas de suas

vertentes teórico-metodológicas5, se inserem no debate e nas propostas de descolonização da

ciência, da emergência de uma epistemologia do sul (SANTOS, 2007, 2010). Para Santos

(2007, p.20), “não é simplesmente de um conhecimento novo que necessitamos; o que

necessitamos é de um novo modo de produção de conhecimento. Não necessitamos

alternativas, necessitamos é um pensamento alternativo às alternativas”.

Contudo, apesar de a expressão “epistemologia do sul” ser recente, não se trata de

uma visão recém surgida. Um novo modo de ver e de conceber a ciência, e de gerar

5 Existem também aquelas vertentes conservadoras e estruturo-funcionalistas de pesquisa participante.

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conhecimento científico estão em construção na América Latina – e não só nela - desde pelo

menos as últimas quatro décadas do século passado, como indicam algumas passagens desde

texto.

As metodologias participativas estão nesse patamar e ganharam grande repercussão

nesse tempo e continuam a se apresentar como producentes e necessárias para se

compreender as realidades, reconhecer as resistências e as alternativas em curso no caminho

da transformação social6 constituídas, principalmente, por segmentos populacionais

empobrecidos e diante de situações reais de violação dos direitos humanos e de cidadania.

Das origens ao método da pesquisa-ação

Apontamentos iniciais

Do mesmo modo que a expressão pesquisa participante, a pesquisa-ação tem servido

para caracterizar diversas práticas de pesquisa, dependendo do momento histórico e da

tradição teórica então predominante ou mais em voga naquele momento.

A pesquisa-ação - ou pesquisa-ação participativa - não é uma essência; não possui

um valor absoluto nem um único modo de aplicação. Pode servir a interesses diversos e se

efetivar por intermédio de metodologias um tanto distintas, como já foi dito, dependendo do

lugar social, das finalidades e da posição epistemológica que a movem. É diferente, por

exemplo, o uso da pesquisa-ação numa localidade visando a mobilização social tendo em

vista estudos na área sócio ambiental e aquele que ocorre em organizações empresariais

visando resolver problemas de gestão.

Neste texto, se privilegia a pesquisa-ação no campo social, cuja intencionalidade

política se inscreve na perspectiva das problemáticas locais e/ou de problemáticas públicas

equacionadas por instituições públicas e organizações da sociedade civil sem fins de lucro,

sejam os movimentos sociais populares, unidades educacionais, “comunidades”, grupos ou

segmentos populacionais (jovens, por exemplo) que demandam solução de problemas sociais

e mudanças no curso de suas práticas ou na formulação e implementação de políticas

públicas.

6 Enrique Dussel (2006) é um dos precursores de teses sobre política, ética e transformação social na AméricaLatina.

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Do ponto de vista conceitual, os termos usados variam segundo alguma tradição

teórica. Investigação-ação (ou pesquisa-ação) é uma expressão com origens anglo-saxônica

(action-research7) e francesa (recherche-action), desde a época de Kurt Lewin, Carl Rogers,

Albert Meister, Charles Delorme, entre outros (LOPEZ DE CABELLOS,1998, p.15-16). Já

na América Latina, segundo a mesma autora (1998, p.15), se usa mais a expressão pesquisa

participante (investigación participativa); na Colômbia (com Orlando Fals Borda), no Chile

(com Francisco Vio Rossi), no México (Anton de Schutter e muitos outros) e na Venezuela

(com Marcos Brito etc.), pelo menos na fase inicial de sua incorporação. Acrescenta-se no

Brasil (com Paulo Freire, Carlos Rodrigues Brandão, João Bosco Pinto etc.) onde a expressão

pesquisa participante predomina. Porém, isso ocorre de forma mais evidente num primeiro

momento, pois aos poucos se incorporou a denominação pesquisa-ação (com Michel

Thiollent e o próprio Fals Borda, entre outros). Hoje em dia as expressões pesquisa-ação,

pesquisa participante, investigación-acción ou investigación-acción participativa são de uso

corrente na América Latina.

A tendência predominante, na produção teórica brasileira da década de 1980 sobre o

assunto é denominar de pesquisa participante aquela investigação baseada na interação ativa

entre pesquisador e situação pesquisada e na facilitação da participação do grupo pesquisado,

como um dos protagonistas, na realização da pesquisa. Mas, mesmo nesta linha de pesquisa

há várias vertentes. Fals Borda (2013) relata que só no 8º. Simpósio Mundial sobre

Investigação-Ação realizado em Cartagena, em 1977, se contaram 32 vertentes de pesquisa-

ação nos trabalhos apresentados.

Atribui-se a Paulo Freire a criação do estilo participativo de pesquisa enquanto ação

educativa (ZUÑIGA apud CAJARDO, 1999), uma vez relacionada às suas propostas

pedagógicas e no envolvimento direto dos sujeitos na prática de pesquisa. Tal atribuição tem

como justificativa um “conjunto de experiências8 que, sustentadas pela concepção

conscientizadora de educação, desenvolveram-se em fins da década de sessenta, no âmbito

das transformações agrárias operadas em alguns países da região” (CAJARDO, 1999, p.17).

Nos anos 1960 e 70 (até aproximadamente 1977), a pesquisa participativa na América Latina

desenvolveu “uma tendência ativista e um tanto antiprofissional daí a importância dada a

7 Ou Participatory-Action Research8 Ele, inclusive, participou na fundação e foi o primeiro presidente do Instituto Internacional para o Desarrollo(INDODEP) (LOPES, 1998), instituto que atuou em todos os continentes.

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técnicas inovadoras de investigação de campo, tais como a ‘intervenção social’ e a

‘investigação militante’ [...]” (FALS BORDA, 2013, p.254). Mas, posições ativistas e um

tanto dogmáticas foram sendo revistas e reelaboradas de modo a contemplar proposições de

pesquisa mais equilibradas entre militância e desenvolvimento do conhecimento. Eventos

como o 8º. Simpósio de investigação-ação realizado em Cartagena em 1977 e similares, se

constituíram em importantes instâncias de troca de experiências, debates e reformulações.

Coordenadas metodológicas, conceitos e características

Diante das diversas acepções e práticas de pesquisa-ação, destaca-se uma definição de

Thiollent que ajuda a direcionar este tipo de pesquisa para o cerne da questão participativa

como elemento essencial de sua metodologia:

A pesquisa-ação é um tipo de pesquisa empírica que é concebida e realizada comestreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo eno qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou doproblema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo (THIOLLENT,2003, p.14)

No entanto, além da participação há que se agregar mais dois elementos para se ter

uma visão mais global desse tipo de pesquisa (ação/intervenção e transformação): “se trata de

uma investigação-ação que é participativa e uma investigação participativa que se funde com

a ação [entenda-se: intervenção] (para transformar a realidade)” (RALUNAN9 apud FALS

BORDA, 2013, p.253) 10.

Nas palavras de Fals Borda (2013, p.242), as técnicas usadas eram aquelas próximas

ao que na

Antropologia e na Sociologia se conhecem como ‘observação porparticipação’ e ‘observação por experimentação’ (participação-intervenção) queimplicam certamente no envolvimento pessoal do investigador nas situações reaise na interferência deste nos processos sociais locais. Mas logo se viu que estastécnicas ficaram curtas diante das exigências de vincular o pensamento a açãofundamental necessária.

Desenvolveu-se então o conceito de “inserção” que fez avançar o nível de

envolvimento do pesquisador dentro de um compromisso pela transformação social na linha

9 RALUNAN, M. A. Breaking the monopoly of knowledge: recent views of participatory-action research. 1985.10 Portanto é diferente das posições de Kurt Lewin (participação dos indivíduos na linha psicologista norteamericana) e de Alain Touraine (Observação participante)

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da crítica social embasada no materialismo histórico, com marco metodológico mais claro. A

inserção, então se concebe

como uma técnica de observação e análise de processos e fatores que inclui, dentrode seu desenho, a ação dirigida a alcançar determinadas metas sociais, políticas eeconômicas. [...] A inserção incorpora os grupos de base como ‘sujeitos’ ativos –que não ‘objetos’ exploráveis – da investigação, que aportam informação einterpretação em pé de igualdade com os investigadores” (FALS BORDA, 2013,p.243).

Nesse processo, a metodologia da pesquisa-ação incorpora um quarto elemento: a

geração do conhecimento como algo construído com a participação ativa da comunidade,

grupo ou movimento social investigado. O autor citado acima (2013, p. 296), fala na “busca do

conhecimento em forma coletiva, na recuperação crítica da história dos povos” e na “soma de

saberes entre o conhecimento acadêmico formal e a sabedoria informal e/ou experiência

popular”.

O propósito da pesquisa-ação de contribuir para esclarecer e dar subsídios para a

solução de problemas se alinha a geração de conhecimento (a troca de saberes dos especialistas

e do próprio grupo ou população investigado no reconhecimento do contexto e das estruturas

sócio econômicas, políticas e culturais) capaz de ajudar na mobilização, no equacionamento

das problemáticas e no empoderamento do processo de mudança.

Desse modo, tanto do ponto de vista da participação (do pesquisador e do grupo

pesquisado) quanto das finalidades da pesquisa, em suas origens na América Latina, a

pesquisa-ação é exigente e não se confunde com outras formas de participação e de inserção do

investigador em pesquisa de campo. Para que não haja ambiguidade reafirma-se: “uma

pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-ação quando houver realmente uma ação por parte

das pessoas ou grupos implicados no problema de observação. Além disso, é preciso que a

ação seja uma ação não trivial, o que quer dizer uma ação problematiza merecendo

investigação para ser elaborada e conduzida” (THIOLLENT, 2003, p.15).

Quanto à participação ativa do “grupo” investigado na realização da investigação é uma

das características centrais da pesquisa-ação e um diferencial de outras modalidades de

pesquisa participativa. Esse princípio tende a incomodar os pesquisadores, principalmente

iniciantes, diante da necessária mudança de postura. Afinal na pesquisa tradicional, a que em

geral são iniciados, como já disse Guy Le Boterf (1999, p.51-52), a população é considerada

passiva, como simples reservatório de informações, incapaz de analisar a sua própria situação e

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de procurar soluções para seus problemas. Nessas condições o pesquisador é tido como o

“especialista” (sociólogo, economista, comunicadores etc.), e capaz de formular os problemas

e de encontrar formas de encaminhar soluções. Concomitantemente os resultados da pesquisa

ficam reservados aos pesquisadores e a população nem é levada a conhecer os resultados e

menos ainda discutí-los. Enquanto isso, a pesquisa participante (na linha da pesquisa-ação) vai,

ao contrário, procurar auxiliar a população envolvida a identificar por si mesma os seus

problemas, a realizar a análise crítica destes e a buscar as soluções adequadas. Desse modo, a

seleção dos problemas a serem estudados emerge da população envolvida, que os discute com

os especialistas apropriados, não emergindo apenas da simples decisão dos pesquisadores.

Embora essa seja uma forma de envolvimento desejável, a definição do problema pela

“comunidade” não é uma regra geral, pois as situações variam. Como esclarece Maria Ozanira

da S.e Silva (1986, p.153), “pode o pesquisador, juntamente com os grupos, elaborar e

desenvolver, conjuntamente, uma proposta de investigação ou, ainda, a proposta pode se

originar do investigador e contar com a participação dos grupos interessados”.

No transcurso das práticas acadêmicas, dos institutos e demais promotores da

pesquisa-ação sua apropriação não é uníssona, embora tenham a participação e a ação

(intervenção) como princípios unificadores. Como já foi dito, alguns fatores proporcionam

tanto aperfeiçoamentos metodológicos quanto limitações ou simplificações, a exemplo das

condições locais e de cada situação investigada que influenciam no desenvolvimento da

pesquisa, além de eventuais inabilidades do pesquisador. Porém, somente as pesquisas que

desenvolvem níveis mais avançados de participação fazem jus a denominação pesquisa-ação.

Pelo ângulo da participação, por exemplo, algumas linhas de investigação foram

observadas por Michel Thiollent (1981, p.77): a) pesquisas que recomendam uma simples

participação ou colaboração dos indivíduos interessados; b) outras que enfatizam as exigências

da ação, inclusive com dimensão social e política; c) aquelas de natureza mais sociológica do

que psicológica e que recomendam a inserção ou intervenção no seio do movimento social

investigado; d) pesquisa-ação desenvolvida no contexto educacional na perspectiva

conscientizadora implicada na participação ativa e que trabalha a partir de temas geradores; e)

pesquisa-ação no contexto de militância política de esquerda; f) há propostas mais radicais nas

quais de trata mais da ação do que da participação são aplicáveis no contexto dos efeitos dos

meios de comunicação nas pessoas, de ação cultura e de militância política. Acrescenta-se; g)

pesquisa-ação nas linhas da comunicação popular e comunitária no contexto da mobilização e

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organização comunitária tendo em vista a ampliação do exercício da cidadania e a

transformação da realidade de segmentos sociais e “comunidades”.

Voltando às características, destacam-se ainda a participação/inserção do pesquisador,

o tipo de ação, a participação do investigado e o retorno dos resultados, que são mais

aprofundadas a seguir.

Participação/inserção. A pesquisa-ação requer a inserção do pesquisador na situação

investigada para participar das atividades, segundo a realidade ali existente. É uma forma de

acompanhar a dinâmica cotidiana e conviver de modo a conhecer e poder agir no seu interior.

Essa interação implica em concordância previa do grupo ou comunidade. Mas, além da

inserção se intervém de modo deliberado na situação investigada. A intervenção ocorre por

meio da ação ao se assumir algum papel e/ou quando se coordenar as ações da pesquisa. A

inserção implica numa fase de aproximação que é aconselhável ocorrer por meio de um estudo

exploratório na região, grupo ou movimento social como forma de reconhecimento da

situação.

A inserção se concebe

como uma técnica de observação e análise de processos e fatores que inclui, dentrode seu desenho, a militância dirigida a alcançar determinadas metas sociais, políticase econômicas [ou comunicacionais]. Se aplica por observadores atuantes com aintenção de levar acabo, com maior eficácia e entendimento, mudanças necessárias(FALS BORDA, 2013, p.243).

A ação. A que se refere quando se fala em ação? No processo de pesquisa-ação tanto a

ação do pesquisador quanto a do grupo pesquisado se distinguem da ação convencional em

pesquisa etnográfica e/ou observação participante nas linhas antropológicas e psicológicas. Na

pesquisa-ação participativa o pesquisador participa para observar, mas além de observar atua.

No dizer que Cooke11 (apud TRIPP, 2005, p. 452) “não se trata de pesquisa-a-ser-seguida-por-

ação, ou pesquisa-em-ação, mas pesquisa-como-ação”.

Participação do investigador. Nessa lógica, os grupos, movimentos sociais etc. por

meio de seus membros e/ou representantes da situação investigada podem participar

ativamente da pesquisa porque a inserção do pesquisador, ao mesmo tempo em que favorece o

11 COOKE, W. A foundation correspondence on action research: Ronald Lippit and John Collier. TheUniversity of Manchester, Manchester. Disponível em:<http://www.sed.manchester.ac.uk/idpm/publications/wp/mid/mid_wp06.htm>. Acesso em: 16 dez.2015.

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próprio protagonismo, incorpora e necessita do envolvimento dos investigados. Estes são

incorporados, segundo Fals Borda (2013, p.243), “como ‘sujeitos’ ativos – e não ‘objetos’

exploráveis – da investigação, que trazem informação e interpretação em pé de igualdade com

os investigadores de fora”.

Desse modo, nas pesquisas que desenvolvem níveis avançados de envolvimento, a

possível participação dos investigados não se caracteriza com mera ação colaborativa –

provocar sua ajuda na realização de atividades (fazê-los aplicar questionários, juntar

documentos etc.) -, mas na criação de condições para que atuem na elaboração dos planos e

estratégias, na realização da pesquisa e na interpretação de dados e observáveis. Trata-se de

uma participação provocada não apenas para satisfazer interesses de conhecimento do

pesquisador, mas para contribuir com a situação investigada, tanto em relação aos subsídios

que a pesquisa pode gerar quanto ao aprendizado que o próprio processo de pesquisa

proporciona na elaboração do conhecimento coletivo. Este tipo de pesquisa incorpora um

sentido educativo e por isso mexe com os padrões da pesquisa científica tradicional, a

transformação da prática de pesquisa que, neste caso deixa de reconhecer a ciência somente a

partir de posições empiristas12 (se privilegia o objeto, o real como possuidor do conhecimento)

ou apriorísticas (se privilegia o sujeito, o pesquisador como potencializador do conhecimento)

no processo de pesquisa e reconhece o conhecimento gerado na relação sujeito-objeto, “objeto”

que é observado como sujeito.

Paulo Freire (1981, p.35), situa a pesquisa participante na perspectiva libertadora,

“como ato de conhecimento, [que] tem sujeitos cognocentes, de um lado, os pesquisadores

profissionais; de outro, os grupos populares e, como objeto a ser desvelado, a realidade

concreta”.

Retorno dos resultados. O que foi dito acima aponta para uma das características

mencionadas, a devolução dos resultados aos pesquisados. Esta, ao contrário de outros tipos de

pesquisa que em geral só se apropriam de dados, informações e saberes, mas não retornam os

resultados encontrados aos pesquisados, na pesquisa-ação, assim como na participação

observante, o retorno do conhecimento ocorre tanto durante o processo de pesquisa como no

fim da mesma. Durante a pesquisa também são democratizados os resultados porque os

próprios passos delineados vão possibilitando a participação na discussão de “achados” pois se

realizam fóruns e seminários para apresentação e discussão de resultados parciais e

12 Ver González (2015) e Piaget (2011).

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organização interna da pesquisa. A devolução dos resultados no fim da pesquisa, porque é

natural que o relatório final seja entregue também ao grupo pesquisado e não somente aos

promotores da investigação ou às finalidades acadêmicas de titulação de seus autores e

posterior disponibilização em estantes e portais universitários, como comumente se pratica em

outros tipos de metodologias empregadas.

Métodos e técnicas na prática pesquisa-como-ação

Noções de método

Método, do grego meta-odós quer dizer: meta = ir além, odós= caminho, via. Da

palavra método deriva metodologia. Desse modo, metodologia significa caminho para ir

além. Na pesquisa científica, a metodologia indica os caminhos – dos pressupostos teóricos e

paradigmas científicos às estratégias tecno procedimentais. Então, a palavra metodologia não

se reduz a procedimentos e técnicas de pesquisa, mas inclui o quadro de matrizes teórico-

epistemológicas que antecedem as práticas de pesquisas e as diretrizes metódicas executadas

a partir das quais as práticas se desenvolvem, ou seja quando se aplicam os instrumentos de

coleta de informações e as observações se assentam.

Como diz Lopes (1997, p.87), é um reducionismo identificar metodologia como

técnicas e/ou usá-las como “título honorífico” (abordagem superficial) e/ou como um ritual

formal de procedimentos na intenção de assegurar o status de científico.

Para efeito didático, pode-se dizer que o método científico tem duas dimensões, a

epistemológica e a metódica.

a) A dimensão epistemológica indica a posição do autor na filosofia da ciência e

orienta a linhagem teórico-metodológica – a matriz epistemológica - da pesquisa

(positivismo, estruturalismo, fenomenologia, compreensivismo, materialismo histórico

dialético, construtivismo...) eleita pelo pesquisador/pesquisadora e se situa no contexto da

teoria do conhecimento.

É essa dimensão da metodologia que inspira a posição epistêmica que existe por traz

de toda pesquisa. Em outras palavras, por traz de cada marco teórico ou conceitual há

pressupostos explícitos ou subjacentes. Essa posição corresponde a visões que compartilham

uma busca pelo equilíbrio social, a compreensão de certos fenômenos em seus simbolismos e

estruturas, ou o entendimento dos processos sociais em sua historicidade e múltiplas

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determinações, por exemplo. Tal posição epistêmica se expressa no delineamento da

investigação, nem sempre assumida pelos pesquisadores, o que não quer dizer que seja

inexistente ou inerte.

b) A dimensão metódica ou dos princípios e conceitos que embasam posturas e

práticas de pesquisa, diz respeito às posturas norteadoras das práticas de pesquisa, ou seja,

aos fundamentos conceituais que orientam um tipo de pesquisa como, por exemplo, da

pesquisa-ação13 e da história oral. Ou seja, essa dimensão da metodologia norteia os

caminhos e posturas de todo o percurso metodológico, portanto antecede a escolha e a

aplicação de técnicas de coleta de informações e identificação dos observáveis. No conjunto,

estas duas dimensões do método, inclusive, sinalizam quais são as técnicas mais pertinentes -

enquanto instrumentos operacionais para coleta de dados e informações - ao desenvolvimento

da investigação. As técnicas são instrumentos usados para a coleta de informações, para o

registro das observações etc., portanto, repetindo, não são sinônimo de método. Método e

técnicas andam juntos e até se entrecruzam, mas em esferas distintas no processo de geração

de conhecimento científico.

Fases ou ciclo da pesquisa-ação

Os autores Boterf (1999), Barbier (2002), Nistal (2007), Bonilla et al (1999), Tripp

(2005) e Lopes de Ceballos (1998) divergem entre si na caracterização das fases ou ciclo da

pesquisa-ação. É natual que seja assim, pois os autores reportam a visões e a experiências de

pesquisa diversificadas. Sempre haverá diferenças nas fases de uma pesquisa-ação realizada

junto a uma "comunidade", uma instituição, um movimento social, um segmento

populacional ou um espaço territorial concreto, como um bairro ou uma região por exemplo.

Em linhas gerais, sugere-se que após a delimitação do problema de pesquisa,

definição dos objetivos e a elaboração do projeto de pesquisa como um todo, incluindo a

montagem do seu desenho dos procedimentos metodológicos, observem-se as fases a seguir

esboçadas.

1ª fase: Estudo exploratório para reconhecimento da situação a ser investigada. É uma

forma de conhecer as configurações locais ou do grupo (características culturais e étnicas;

estrutura de classes; nível de organização; dos meios de comunicação locais; das forças

13 Veja os itens “ Coordenadas metodológicas, conceitos e características” e “Métodos e técnicas na prática dapesquisa-como-ação” neste texto.

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políticas, religiosas e associativas atuantes na região etc.), por intermédio de visitas in loco;

recolhimento e estudo prévio de documentos; estabelecimento de contato e de conversas com

lideranças; consultas à organizações que atuam na região; levantamento de dados estatísticos

etc., sempre em função das especificidades de cada projeto. Trata-se de uma fase importante

pois é uma forma de se adentrar no ambiente investigado com informações pertinentes e

maior conhecimento do contexto em que a pesquisa se realiza14.

2ª fase: Inicia-se a pesquisa propriamente dita e se instaura o processo de

investigação15 definindo e entrando em acordo com o “grupo” pesquisado sobre a definição

da sistemática de inserção do investigador (ou equipe de pesquisa) e das atividades a serem

desenvolvidas; a formação de comissões de trabalho; o delineamento prévio de sistemas de

cooperação (fóruns de debates, seminários etc. para discussão pública de assuntos em questão

e de resultados parciais da própria pesquisa); a projeção de indicativos visando a criação de

sistemas de organização (se for caso); a elaboração de cronograma etc. Todos esses aspectos

são sempre reavaliados e aperfeiçoados ao longo da pesquisa segundo as necessidades e em

decorrência de possíveis imprevistos. Cabe salientar que essa fase, ao mesmo tempo em que

garante as funcionalidades do processo, contribui para despertar nos investigados o interesse

pela pesquisa e assim favorecer o seu envolvimento na mesma.

3ª fase: Redefinição e aperfeiçoamento do desenho metodológico. Momento em que

os procedimentos metodológicos são revistos e adequados às condições encontradas na

situação real. Lembrando que os procedimentos e as técnicas, ao mesmo tempo em que

pressupõem rigor na sua aplicação devem ser flexibilizados, aperfeiçoados ou modificados

como parte das descobertas feitas no curso da pesquisa. Contudo, há que se ter cuidado para

não se descaracterizar a opção participativa elegida e a própria pesquisa enquanto pesquisa-

ação. Do contrário, há que se alterar também a indicação metodológica inicialmente proposta.

Algumas vezes se pretende realizar pesquisa-ação, mas de fato -devido a determinadas

circunstancias - acaba ocorrendo uma observação participante ou participação observante,

portanto esse tipo de diferença deve ser percebido e esclarecido.

4ª fase: A quarta fase consiste na realização plena do trabalho de campo16 com a

continuidade das atividades e aplicação de técnicas, como por exemplo realização de

14 Ver Bonilla et al (1999) e Boterf (1999).15 Ver Nistal (2007).16 As fases anteriores também fazem parte da pesquisa de campo, mas são mais preparatórias e necessárias parase distribuir o protagonismo das pessoas e se delinear as estratégias da pesquisa.

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reuniões; a mobilização de equipes locais ou de representantes da “comunidade”; realização

de fóruns de discussão, oficinas (se for caso) e de entrevistas17 (se for o caso); a identificação

de documentos etc. Na medida em que as informações vão sendo coletadas, há que se

sistematizá-las, formar sistemas empíricos de informação e proceder a análises. Também se

realiza a avaliação constante de todo o processo de pesquisa. Podem ser aplicadas formas de

avaliação simples ou mais estruturadas com base, por exemplo, no diagnóstico DAFO

(Debilidades, Ameaças, Fortalezas e Oportunidades)18. A avaliação é sempre necessária para

a retroalimentação de modo a possibilitar a correção de rumos, corrigir erros e aperfeiçoar a

aplicação de técnicas e outros procedimentos.

5ª fase: Apresentação de resultados parciais19 aos representantes locais envolvidos na

pesquisa ou ao conjunto do “grupo” ou “comunidade” de modo a possibilitar sua participação

na interpretação, analise crítica dos resultados e na geração de conhecimento coletivo.

6ª fase: Esta fase é mais conclusiva. De posse do conhecimento sobre todo o processo

de pesquisa e dos resultados obtidos, realiza-se o relatório final20: o registro sistemático do

processo de pesquisa, a apresentação e a interpretação e análise dos “achados” da pesquisa. É

o momento em que ainda se pode construir e/ou aplicar um plano de ação (as vezes esse

plano é feito e aplicado durante a quarta fase)21 com as propostas de encaminhamento

visando a solução do problema prático que motivou a realização da pesquisa. O relatório final

será entregue aos atores (sujeitos) envolvidos na pesquisa, além de ser discutido com eles, e

a aqueles que demandaram sua realização, se for caso.

Técnicas

As técnicas características no desenvolvimento da pesquisa-ação são a observação

direta e os instrumentos de registros como o diário de campo ou caderno de notas.

Eventualmente se usa o registro de depoimentos e acontecimentos em sons e imagens (fotos,

áudios e vídeos), mas este deve ser discreto e parcial22, e apenas como forma registro fiel

17 Ver Nistal (2007)18 Ver Nistal (2007)19 Ressalva-se que em situações em que existe um alto nível de envolvimento dos investigados, os resultadosparciais vão sendo construídos conjuntamente e simultaneamente compartilhados.20 Do relatório podem derivar uma tese, livro e/ou artigos científicos.21 Ver detalhes em Boterf (1999) e em Nistal (2007).22 O uso de filmagens constantes e de todos os eventos integralmente podem gerar distorções quanto a visãocriada entorno da própria pesquisa (redução de sua finalidade e criação de expectativas quanto a aparição

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para sistematização e análises posteriores, além de ser uma forma de documentação para

eventual produção de vídeo documentário como complemento de uma tese acadêmica, além

do seu uso pela própria “comunidade” que foi sujeito da pesquisa.

Como a pesquisa-ação pressupõe também a intervenção do pesquisador, que orienta e

coordena sua realização, é pertinente (BOTERF 1999) que este conheça bem o método da

pesquisa participante, a dinâmica de trabalho em grupos populares, a realidade de vida e

realidade funcional predominante na situação investigada.

O diário de campo é um instrumento básico para registro de tudo que ocorre na

situação investigada, registro feito com precisão quanto a datas, atores, locais e conteúdos

dos acontecimentos. Nele se registram os fatos, as ocorrências e também as percepções

pessoais do pesquisador proporcionadas pela observação direta.

Barbier (2002) recomenda que o diário de campo se converta em “diário rascunho”,

“diário elaborado” e “diário comentado”. No calor dos acontecimentos se faz o diário campo

de itinerância cotidiana (diário rascunho), no qual se anota tudo o que parece importante

sobre os fatos reais, percepções, comentários e breves reflexões, sem preocupação com estilo.

Num segundo momento, já com mais calma – mas sem grande distância de tempo – se

retoma o diário de campo, mas agora para organizar as percepções e incluir reflexões

filosóficas e analíticas (diário elaborado). Acrescenta-se que é salutar nessa fase organizar as

informações registradas a partir de categorias que podem ser construídas segundo os focos e

interesses analíticos da pesquisa. Já o “diário comentado” é o resultado da submissão do

“diário elaborado” a leitores que reagem com comentários e percepções críticas, o que é

atentamente escutado e anotado pelo investigador para considerações posteriores.

Paralelamente outras técnicas podem ser agregadas, conforme as necessidades e

complexidades de cada pesquisa. São elas: o estudo de documentos (atas, relatórios, projetos,

contratos, leis, registros fotográficos e audiovisuais); a entrevista (semiestruturada ou em

profundidade, como por exemplo d história oral, o relato de práticas ou a entrevista

temática23; o grupo de discussão (GD) ou grupo focal; a aplicação de questionários; estudo de

pública), além de poder provocar inibições e medos de expressão de determinadas facetas envolvidas nos temase problemática investigada.23 A entrevista temática refere-se a uma técnica que permite o aprofundamento de um tema a partir doconhecimento de alguém dada a sua vivência ou saber acumulado sobre o mesmo. Neste caso, não se trata de serecuperar a história de vida de pessoa, mas de sua contribuição para se reconstituir ou se entender melhor algumfato, situação ou problema. Sempre existem pessoas que testemunharam algum acontecimento, vivenciaramprocessos históricos e/ou compreendem bem determinados problemas e que podem ser valorizadas.

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conteúdo de materiais difundidos pela grande imprensa e pelos meios comunitários de

comunicação; realização de cartografias (mapas) dos lugares, vias de acesso, de modos de

comunicação autóctones etc.

O pesquisador, ou a pesquisadora, tem um papel central nesse tipo de pesquisa, pois

os resultados dependem de sua capacidade de atuação, condução da pesquisa, registro,

percepção e de análise. Suas atitudes de observador (LOPES DE CEBALLOS, 1998, p.117-

124) e de observador por participação serão mais bem sucedidas se ele desenvolver boa

perceptividade (para perceber as coisas e estar interessado nelas, prestar atenção,

documentar-se); respeito (simpatia respeitosa, compreensão, tolerância, paciência, discrição,

lealdade; e imparcialidade (tentar ser o menos parcial possível, estar atento a erros e

distorções, não dar importância demasiada a um feito ou opinião sem verificar o impacto real.

O respeito aos princípios éticos e o profissionalismo legitimam o processo de pesquisa

participante e os resultados que dela decorrem. Sempre pode haver limites e distorções em

qualquer pesquisa, e como tal também na pesquisa-ação. A imposição da participação ou de

pontos e vista do pesquisador pode gerar distorções comprometedoras, por exemplo. O

importante é ter um plano metodológico claro e, ao mesmo tempo rigoroso e flexível.

Rigoroso o suficiente para se ter um norte e saber com clareza qual é a pergunta central de

pesquisa, quais são os objetivos e os procedimentos metodológicos necessários para a

realização da mesma. Flexível para permitir aperfeiçoamentos e ajustes, incluir outras

premissas e técnicas, ajustar procedimentos e corrigir vieses que por ventura ocorram.

Para concluir, a pesquisa-ação se insere num nível de complexidade elevado enquanto

processo de investigação destinado a geração de conhecimento científico. Situa-se no

universo de abordagem de terceira ordem, segundo Jesus Galindo (1998, p.14), que “não é

superficial, não é fenomenológico [...]”. Está voltada a identificar a relação entre as

estruturas, os elementos e as caraterísticas que lhes dão forma e movimento (GONZÁLEZ,

2015). Exige um nível de compreensão profundo para dar conta da complexidade que

configura o social em sua totalidade

A pesquisa-ação realizada em sua máxima acepção participativa desenvolve um tipo

de abordagem que permite identificar as estruturas centrais da situação investigada, entende-

la e explicá-la em seu contexto, além de servir diretamente à situação investigada no

encaminhamento de soluções de problemas práticos relacionados ao modo de vida de

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segmentos populacionais no seu processo de ampliação do exercício da cidadania, e na

feitura de uma ciência de espírito cívico.

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