Apostila Projeto de Iluminação Industrial1

Embed Size (px)

Citation preview

  • 1 PROJETO DE ILUMINAO INDUSTRIAL

    Neste captulo sero mostrados os passos para a execuo de um projeto de iluminao de uma indstria, de maneira simplificada e resumida, de forma que para estudos mais complexos, outras referncias devem ser consultadas.

    1.1 Conceitos e grandezas fundamentais

    1.1.1 Fluxo Luminoso

    chamado fluxo luminoso a radiao total emitida em todas as direes por uma fonte luminosa ou fonte de luz que pode produzir estmulo visual. Estes comprimentos de onda esto compreendidos entre 380 a 780 nm. Sua unidade o lumen (lm). As lmpadas conforme seu tipo e potncia apresentam fluxos luminosos diversos:

    lmpada incandescente de 100 W: 1000 lm; lmpada fluorescente de 40 W: 1700 a 3250 lm; lmpada vapor de mercrio 250W: 12.700 lm; lmpada multi-vapor metlico de 250W: 17.000 lm

    1.1.2 Iluminncia ou Iluminamento

    Iluminncia ou Iluminamento a relao entre o fluxo luminoso incidente em uma superfcie e a superfcie sobre a qual este incide, ou seja a densidade de fluxo luminoso na superfcie sobre a qual este incide. A unidade o LUX, definido como o iluminamento de uma superfcie de 1m recebendo de uma fonte puntiforme a 1m de distncia, na direo normal, um fluxo luminoso de 1 lmen, uniformemente distribudo. Exemplos de iluminncia:

    Dia ensolarado de vero em local aberto 100.000 lux Dia encoberto de vero 20.000 lux Dia escuro de inverno 3.000 lux Boa iluminao de rua 20 a 40 lux Noite de lua cheia 0,25 lux Luz de estrelas 0,01 lux.

  • 2

    1.2 Tipos de lmpadas tpicas de instalaes industriais

    1.2.1 Fluorescentes tubulares De alta eficincia e longa durabilidade. So encontradas nas verses Standard (com eficincia energtica de at 70lm/W,

    temperatura de cor entre 4.100 e 6.100K e ndice de reproduo de cor de 85%) e Trifsforo (eficincia energtica de at 100lm/W, temperatura de cor entre 4.000 e 6.000K e ndice de reproduo de cor de 85%).

    A performance dessas lmpadas otimizada atravs da instalao com reatores eletrnicos e luminrias especiais.

    So usadas em reas comerciais e industriais.

    1.2.2 Vapor metlico So lmpadas com altssima eficincia energtica, excelente reproduo de cor, longa

    durabilidade e baixa carga trmica. Sua luz muito branca e brilhante. Tem verses de alta potncia (maiores que 2kW) e de baixa potncia (de 70 a 400W),

    formato tubular com diversas bases (soquete).

    Figura 1.1 - Lmpadas de Vapor Metlico (internet)

  • 3

    1.2.3 Vapor de sdio Com eficincia energtica de at 130lm/W; Longa durabilidade. Com formatos tubulares e elipsoidais, emitem luz branca dourada e so utilizadas em

    locais onde a reproduo de cor no um fato importante, como em estradas, portos, ferrovias e estacionamentos;

    Figura 1.2 - Lmpadas de Vapor de Sdio (internet)

    1.2.4 Vapor de mercrio e Lmpadas Mistas Vapor de mercrio tem aparncia branca azulada, eficincia de at 55lm/W e potncias

    de 80 a 1.000W, so normalmente utilizadas em vias pblicas e reas industriais; Lmpadas mistas - compostas por um filamento e um tubo de descarga, funcionam em

    tenso de rede de 220V, sem uso de reator. Via de regra, representam alternativa de maior eficincia para substituio de lmpadas incandescentes.

    1.3 Calculo Luminotcnico para Indstria

    Para estudos de luminotcnica, a referncia brasileira a NBR5413 - Iluminncia de interiores, a qual indica os itens necessrios para uma boa iluminao de uma gama muito grade de ambientes como hospitais, cervejarias, fundies etc. Porm este material se ate no foco de uma indstria tpica de forma que a Tabela 5.1 j fornece as iluminncias necessrias para o estudo a que este material se dispem.

  • 4

    Tabela 1.1 - Iluminncias por classe de tarefas visuais (NBR5413, adaptado)

    De posse dos valores de luminncia necessria para o local em especfico, basta utilizar algum software para executar o estudo luminotcnico. Os programas citados abaixo so gratuitos e j fazem todos os clculos utilizando luminrias comerciais a escolha do projetista.

    1.3.1 DIALux

    O DIALux um software destinado ao clculo de iluminao interna e externa, desde os clculos mais simples at os mais avanados. completamente gratuito e amplamente utilizado atualmente por profissionais em todo o mundo. Est disponvel em mais de 26 idiomas diferentes em todo o mundo, inclusive o portugus. O software apresenta visualizao 3D fotogrfica realstica do ambiente, com a possibilidade de criao de filmes para apresentao do trabalho. Importa e exporta arquivos DXF e DWG de todos os softwares CAD disponveis no mercado.

  • 5

    Figura 1.3 Imagens do DIALux (internet)

    1.3.2 SOFTLUX 2.2

    Software de clculo luminotcnico fornecido gratuitamente pela ITAIM ILUMINAO via cadastro no site da empresa. Programa rpido, simples e prtico, ideal para ambientes com plantas baixas quadradas ou retangulares. Se comparado ao DIALux tem muito menos funes, como no suporta simulaes com luminrias nas paredes, somente no teto, e plantas no retangulares, porm uma excelente opo aos clculos tradicionais.

  • 6

    2 DUTOS E FERRAGENS

    2.1 Eletrodutos Rgidos Em instalaes eltricas industriais so utilizados eletrodutos de PVC ou de ferro

    galvanizado, em ambos os casos so geralmente utilizadas instalaes aparentes. Os eletrodutos de ferro galvanizado no devem possuir costura longitudinal e suas

    paredes internas devem ser perfeitamente lisas, livres de quaisquer pontos resultantes de uma galvanizao imperfeita. Tambm cuidados devem ser tomados quanto s luvas e curvas. Quaisquer salincias podem danificar a isolao dos condutores.

    A utilizao de eletrodutos deve seguir os seguintes critrios: a) Dentro de eletrodutos s devem ser instalados condutores isolados, cabos unipolares ou

    cabos multipolares, admitindo-se a utilizao de condutor nu em eletroduto isolante exclusivo, quando tal condutor destinar-se a aterramento.

    b) Em instalaes internas onde no haja trnsito de veculos pesados, os eletrodutos de PVC devem ser enterrados a uma profundidade no inferior a 0,25 m.

    c) Em instalaes externas sujeitas a trfego de veculos leves, os eletrodutos de PVC devem ser enterrados a uma profundidade no inferior a 0,45 m. Para profundidades inferiores, necessrio envelopar o eletroduto em concreto.

    d) Em instalaes externas sujeitas a trnsito de veculos pesados, os eletrodutos de PVC devem ser enterrados a uma profundidade no inferior a 0,45 m, protegidos por placa de concreto ou envelopados. Costuma-se, nestes casos, utilizar eletrodutos de ferro galvanizado.

    e) Os eletrodutos aparentes devem ser firmemente fixados a uma distncia mxima de acordo com a Tabela 8.1.

    Distncia mxima entre elementos de fixao de eletrodutos rgidos.

    Eletrodutos Metlicos Eletrodutos Isolantes

    Tamanho do

    eletroduto (pol.)

    Distncia da

    fixao (m)

    Dimetro

    nominal

    (mm)

    Tamanho do

    eletroduto (pol.)

    Distncia

    da fixao

    (m)

    1/2 - 3/4 3 16 - 32 1/2 - 1 1/4 0,9

    1 3,7 40 - 60 1 1/2 - 2 1/2 1,5

    1 1/4 - 1 1/2 4,3 75 - 85 3 - 4 1,8

    2 - 2 1/2 4,8

    >= 3 6

    Tabela 2.1 Espaamento entre suporte de eletrodutos (Instalaes Eltricas Industriais, Mamed)

  • 7

    f) vedado o uso, como eletroduto, de produtos que no sejam expressamente apresentados comercialmente como tal.

    g) Somente devem ser utilizados eletrodutos no-propagantes de chama. h) A taxa mxima de ocupao em relao rea da seo transversal dos eletrodutos no

    deve ser superior a: 53% no caso de um nico condutor ou cabo; 31 % no caso de dois condutores ou cabos; 40% no caso de trs ou mais condutores ou cabos;

    i) No deve haver trechos contnuos (sem interposio de caixas de derivao ou aparelhos) retilneos de tubulao maiores do que 15 m para linhas internas e de 30m para reas externas s edificaes.

    2.2 Eletrodutos Flexveis

    Uma boa opo a montagem convencional de eletrodutos, com suas caixas de derivao, curvas etc. a utilizao de eletrodutos flexveis, estes de dividem basicamente em dois tipos, metlicos e de PVC.

    2.2.1 Eletrodutos Flexveis Metlicos

    Popularmente conhecido por Seal-tube, este tipo de eletroduto possui vantagens relevantes como facilidade de instalao e possibilidade de movimentao da instalao. A Figura 8.1 mostra este eletrotudo com um respectivo conector.

    Figura 2.1 Eletroduto flexvel metlico e conector (catlogo Sociedade paulista de tubos flexveis ltda)

  • 8

    2.2.2 Eletrodudos Flexveis de PVC

    Os eletrodutos flexveis corrugados so fabricados em PVC auto-extinguvel. Devido a sua praticidade e elevada resistncia diametral, so principalmente utilizadas em alvenaria ou ramais subterrneos. Os eletrodutos de cor amarela so de classificao leve, 320N/5cm e devem ser usados em paredes e similares, j os de cor cinza ou azul, so de esforo mecnico mdio, 750N/5cm e podem ser usados em lajes ou pisos. Uma varivel importante destes eletrodutos o Polietilieno de Alta Densidade, ou PEAD. Este tipo de eletroduto deve ser utilizado para ramais subterrneos. A Figura 8.2 mostra os tipos de eletrodutos corrugados.

    Figura 8.2 Eletroduto corrugados (http://mapasa.ind.br/eletrodutos.htm)

    2.3 Eletrocalhas

    Bandejas, leitos, prateleiras e eletrocalhas so dutos amplamente utilizados em instalaes eltricas devido ao baixo custo de aquisio, ventilao natural e principalmente pela facilidade e versatilidade em sua instalao. Normalmente so modulares, constitudas de vrias peas que podem ser encaixadas constituindo uma grande rede de dutos sem a necessidade de cortar peas ou outro tipo de adaptao.

  • 9

    A aplicao de eletrocalhas devem seguir os seguintes princpios: a) Cabos unipolares ou multipolares podem ser instalados em qualquer tipo de eletrocalha; b) Os cabos devem ser dispostos, preferencialmente, em uma nica camada. Porm

    admite-se a disposio em vrias camadas desde que o material combustvel representado pelo cabo (isolao, capa etc.) no ultrapasse o limite estabelecido pela NBR 6812 - Fios e cabos eltricos Queima vertical (fogueira) Mtodo de ensaio.

    c) Admite-se instalao de condutores isolados em eletrocalhas com paredes perfuradas e/ou tampas desmontveis sem o auxlio de ferramentas em locais s acessveis a pessoas advertidas ou qualificadas.

    d) conveniente ocupar a eletrocalha com no mximo 35% de sua rea til.

    Figura 2.3 Eletocalha e derivaes (http://mapasa.ind.br/eletrocalha.htm)

  • 10

    3 DISPOSITIVOS DE PROTEO EM BT

    3.1 FUSVEL

    O fusvel um dispositivo de proteo contra as correntes de curto-circuito. Sua atuao baseada no elemento fusvel, que um condutor geralmente de cobre, prata ou estanho, de pequena seo que se funde ao ser atravessado por uma corrente de valor maior que a estipulada pela sua curva de atuao.

    Os fusveis podem ser classificados: a) Quanto capacidade de interrupo: em fusveis retardados, para proteo de

    motores e mquinas em geral ou ultra-rpidos, para proteo de equipamentos eletrnicos sensveis;

    b) Quanto ao nvel de tenso: de baixa ou alta tenso; c) Quanto forma construtiva: Diazed (diametral) ou NH.

    Os fusveis de efeito retardado so fabricados para suportar uma corrente maior que sua corrente nominal durante um certo tempo. Assim, durante a partida de um motor, em que a corrente alcana valors maiores do que as de trabalho, os fusveis no queimam. Em outro tpico, vamos aprender como usamos a curva dos fusveis para dimension-los. A Figura 3.1 mostra um fusvel Diazed, que so fabricados no valores nominais de corrente 2,4, 6, 10, 16, 20, 25, 35, 50 e 63 A.

    Figura 3.1 Fusvel diazed (catlogo WEG)

  • 11

    Os fusveis NH so fabricados de 4 at 630 A. Por questes econmicas, sempre que possvel, prefervel que se use fusveis Diazed.

    Figura 3.1 Fusvel NH (catlogo WEG)

  • 12

    3.2 REL TRMICO

    Tambm chamado de rel de sobrecarga ou bimetfico, seu funcionamento baseia-se no princpio da dilatao trmica dos metais e o rel funciona como um equipamento de proteo contra sobre corrente.

    Figura 3.2 Rel trmico (catlogo Schneider)

    3.3 DISJUNTOR DE BAIXA TENSO

    Um disjuntor um equipamento que une as funes do rel trmico e do fusvel e tem mais a funo se seccionadora, desta forma ele protege contra correntes de curto circuito, sobre carga e tambm interrompe o circuito.

    Figura 3.4 Mini Disjuntor (catlogo Terasaki)

  • 13

    3.3.3 Capacidade de interrupo e corrente de curto circuito

    A capacidade de curto circuito dos disjuntores de proteo nem sempre consta dos projetos eltricos, ou por desconhecimento dos seus autores, ou mesmo por negligncia com relao ao assunto, resultando em instalaes falhas e muito perigosas, mantendo, para piorar, uma total "aparncia" de que so corretas. A capacidade de interrupo de um disjuntor representa o valor mximo da corrente de curto circuito (Icc) que o fabricante do disjuntor assegura que o mesmo pode suportar sem sofrer avarias. Se tais valores forem superados na ocorrncia de um curto circuito, o respectivo disjuntor de proteo, ao invs de manter a integridade da instalao poder colar seus terminais mantendo a corrente de curto circuito ou, at mesmo, "explodir". Na Tabela 9.1 esto expostos valores de disjuntores da General Eletric padro NEMA, todos de 70A trifsicos.

    Mod. TQC 5kA/220V R$ 47,49 Mod. THQC 10kA/220V R$ 58,64 Mod. THHQC 22kA/220V R$ 77,78 Mod. TED 25kA/240V R$ 127,58 Mod. THED 65kA/240V R$ 200,77

    Tabela 3.1 Valores de disjuntores com diferentes Icc (GE Sist. Industriais - Lista dez/02)

    Nota-se que quanto maior a corrente de curto-circuito, mais caro o disjuntor, o que indica que o mesmo mais resistente e robusto. Para tenses diferentes de trabalho como 380V ou 440V, a Icc do mesmo modelo de disjuntor pode ser diferente. Um ponto importante que o valor da Icc calculado para um quadro deve ser considerado tanto para o disjuntor geral quanto para os parciais. Se a Icc de um quadro for 8kA, e for instalado um disjuntor geral de 10kA e disjuntores parciais (de sada) de 5kA, significa que, em caso de curto circuito, o disjuntor de sada que sofreu o curto pode ser danificado, desligando ento o disjuntor geral do quadro, que derrubar todas as cargas alimentadas neste quadro e no apenas onde houve o curto circuito. Apresentamos a seguir exemplos hipotticos de correntes de curto circuito em funo da potncia dos transformadores que alimentam as instalaes.

  • 14

    Figura 3.5 Exemplo de estudo de Icc (http://www.fasorial.com.br/artigos.htm)

  • 15

    A tabela refere-se a transformadores de fora trifsicos mais neutro aterrado, com tenso de sada de 220/127V.

    kVA In (A) Icc(kA)

    30 79 2,3 45 118 3,4 75 197 5,6 112,5 295 8,4 150 394 11,3 225 590 13,1 300 787 17,5 500 1312 29,2 750 1968 39,4 1000 2624 52,5 1500 3936 65

    Tabela 3.2 Valores de Icc para transformadores WEG (dado fornecido pela empresa)

    Porm esta corrente de curto-circuito exatamente nos terminais de BT do transformador, e faltas posteriores a este local devem ser calculadas novamente, porm j pode-se prever que sero faltas correntes menores.

    3.3.4 Demais caractersticas

    Com o avano da tecnologia vrias funes foram agregadas a certos tipos de disjuntores, como o acionamento remoto, monitoramento dos contatos, manoplas, travas de segurana etc. dando ao disjuntor a funo de automao, alm da funo de proteo.

  • 16

    3.3.5 Especificao Sumria

    A aquisio de um disjuntor, para utilizao em um determinado ponto do sistema, requer que sejam discriminados os seguintes elementos, no mnimo:

    corrente nominal de operao;

    capacidade de interrupo (Icc); tenso nominal;

    freqncia nominal;

    faixa de ajuste dos disparadores;

    tipo (tennomagntico, limitador de corrente, somente magntico ou somente trmico); acionamento (manual ou motorizado). Para proteo de circuito com cargas resistivas, utiliza-se disjuntores Curva B, para cargas resistivas e Indutivas, Curva C e para cargas puramente indutivas e grande corrente de partida, Curva D. A diferena entre as curvas o efeito de retardo de disparo, semelhante aos fusveis diazed usados para partirem motores, como j foi estudado anteriormente.

    Figura 3.6 Tipos de curvas de disjuntores (Instalaes Eltricas, Cotrim)

  • 17

    E os valores comerciais dos disjuntores monofsicos em AMPRES so: 0,5, 1, 2, 4, 6, 10, 16, 20, 25, 32, 40, 50, 63 e raramente acima disso. Para disjuntores trifsicos: 10, 16, 20, 25, 32, 40, 50, 63, 70, 80, 90, 100, 125, 150, 175, 200, 225, 250, 300, 350, 400, 500... at correntes elevadas em torno de 6000A, dependendo do fabricante .

    3.4 DISJUNTOR MOTOR

    Os disjuntores-motor possuem as mesmas caractersticas bsicas de um disjuntor termomagntico convencional, juntamente com a caracterstica de retardo dos fusveis retardados e o ajuste da corrente de desarme por sobrecarga. Normalmente, os disjuntores-motor possuem acionamento por alavanca rotativa e indicao de disparo (TRIP). A Figura 9.9 mostra um disjuntor motor da Siemens.

    Figura 3.7 Disjuntor Motor Siemens (fotografada pelo autor)

    3.5 PROTEO E COORDENAO

    A elaborao de um esquema completo de proteo de uma instalao eltrica industrial envolve vrias etapas, desde a escolha dos dispositivos at a calibrao destes. Porm em todos os estudos de proteo, para este ser completo, deve atender os seguintes itens:

    a) Seletividade b) Exatido e Segurana c) Sensibilidade

    Estes itens devem estar envolvidos e coordenados em toda a instalao, independente

  • 18

    da tenso envolvida e dos dispositivos escolhidos pelo projetista. As protees necessrias de uma instalao ou de equipamentos so:

    a) Proteo contra curto circuito; b) Proteo contra sobrecorrente.

    Desta forma tanto a instalao (cabos, fios etc.) quanto os equipamentos devem ter no mnimo estas duas protees individualmente, ou seja, a proteo da instalao e a proteo do equipamento. Para a proteo de equipamentos, necessrio o conhecimento das caractersticas deste, como por exemplo se um equipamento eletrnico ou analgico. Um exemplo tpico desta classificao a diferena da proteo de um soft-starter e uma chave de partida. A chave de partida j a proteo do motor, e a proteo de um motor eltrico de atuao lenta, como disjuntores motores ou fusveis retardados. J a proteo para o soft-starter necessita ser rpida, como fusveis ultra-rpidos ou disjuntores magnticos. Geralmente, os equipamentos industriais j possuem um quadro com a proteo respectiva adequada ou indicado no manual do equipamento as protees necessrias conforme mostra a Figura 9.10.

    Figura 3.8 Ligaes de fora do SSW04 (Manual do Soft-starter, WEG)

  • 19

    J para a proteo de instalaes industriais em BT, ou seja os cabos, o processo pode ser resumido na escolha do disjuntor termomagntico e sua calibrao. A equao abaixo indica como dimensionar a corrente:

    I CABO* I DISJUNTOR I DO CIRCUITO

    * - I do cabo j considerando as correes dos fatores de temperatura, agrupamento etc.

    4 EXECUO DO PROJETO ELTRICO

    4.1 Dados para elaborao de um projeto

    4.1.1 Condies de Fornecimento de Energia Eltrica Cabe concessionria local prestar ao interessado as informaes que lhe so pertinentes, quais sejam:

    garantia de suprimento da carga, dentro de condies satisfatrias; variao da tenso de suprimento; tenso de fornecimento; tipo de sistema de suprimento: radial, radial com recurso etc.; capacidade de curto-circuito atual e futuro do sistema; impedncia reduzida no ponto de suprimento.

    4.1.2 Caractersticas das Cargas Estas informaes podem ser obtidas diretamente do responsvel pelo projeto tcnico industrial, ou por meio do manual de especificaes dos equipamentos. Os dados principais so:

    a) Motores potncia; tenso; corrente;

    freqncia; nmero de plos; nmero de fases;

  • 20

    ligaes possveis; regime de funcionamento.

    b) Fornos a arco potncia do forno; potncia de curto-circuito do forno; potncia do transformador do forno; tenso; freqncia; fator de severidade.

    c) Outras cargas Aqui ficam caracterizadas cargas singulares que compem a instalao, tais como mquinas acionadas por sistemas computadorizados, cuja variao de tenso permitida seja mnima e, por isso, requerem circuitos alimentadores exclusivos ou at transformadores prprios - aparelhos de raios X industrial e muitas outras cargas tidas como especiais que devem merecer um estudo particularizado por parte do projetista.

    4.3 Levantamento de Carga

    4.3.1 Consumo e Demanda de uma instalao

    - Consumo Consumo refere-se ao registro do quanto de energia eltrica foi consumida durante determinado perodo. No clculo das faturas considerado o perodo mensal e este expresso em kWh (quilo watts hora).

    - Demanda Demanda corresponde ao consumo de energia dividido pelo tempo adotado na verificao. Conforme legislao brasileira determinado para fins de faturamento que este perodo seja de 15 minutos. A demanda tambm serve para dimensionar o transformador da instalao eltrica em anlise.

  • 21

    4.3.2 Fator de Demanda

    RReellaaoo eennttrree ddeemmaannddaa mmxxiimmaa eemm uumm iinntteerrvvaalloo ddee tteemmppoo ee ccaarrggaa iinnssttaallaaddaa ((nnoommiinnaall))

    sseennddoo aa ppoottnncciiaa nnoommiinnaall ddaa ccaarrggaa ii eemm WW oouu VVAA ee aa ddeemmaannddaa mmxxiimmaa ddaa ccaarrggaa ((oobbsseerrvvaarr qquuee ooss ddooiiss iitteennss ddeevveemm eessttaarr eessttaarr nnaa mmeessmmaa uunniiddaaddee))

    PPooddee sseerr ddeeffiinniiddoo ppaarraa uumm ssiisstteemmaa

    ppaarrttee ddee uumm ssiisstteemmaa uummaa ccaarrggaa

    GGeerraallmmeennttee 11 ((ffddeemm>>11 ssiiggnniiffiiccaa ooppeerraarr ccoomm ssoobbrreeccaarrggaa))

    O fator de demanda um item muito importante em uma instalao eltrica, pois atravs deste que se obtm a demanda real da instalao e consequentemente o dimensionamento do transformador da instalao, disjuntores geral e condutores. Porm a obteno deste fator no algo preciso, varia muito de acordo com a instalao eltrica, o que geralmente feito utilizar um fator de demanda baseado na experincia do profissional ou utilizar tabelas com valores aproximados por concessionrias.

    4.4 Simbologia

    Todo o projeto necessita de uma simbologia para representar os componentes deste, porm este item no encontra um senso comum em projetos eltricos ao redor do mundo, pois a simbologia diverge em alguns itens. No Brasil, por exemplo, existe uma simbologia usual e tambm a da NBR5444, conforme Figura 10.1. Ambas as simbologias podem ser utilizadas em projetos ou at serem acrescentadas, caso algum no contemplem algum item do projeto. Na prtica, o que define a simbologia do projeto a legenda do mesmo, cabe ao projetista descrever e desenhar os itens contidos no projeto, porm usa-se o bom senso de no inventar novos smbolos.

    =

    =

    ni iD

    Df,1

    nom

    maxdiv

    dem

    nomiD max

    divD

  • 22

    Figura 10.1 Simbologia usual e simbologia conforme NBR5444 (Instalaes Eltricas Industriais, Joo Mamede Filho)

    4.5 Diagrama unifilar e quadro de cargas Diagrama Unifilar a representao de um ou mais circuitos de forma resumida e compacta, porm, com todos os dados necessrios para a anlise completa do circuito. Todo Diagrama Unifilar deve conter no mnimo os seguintes itens:

    Tenses aplicadas no circuito; Condutores dos circuitos;

  • 23

    Bitola dos condutores do circuito; Corrente nominal dos disjuntores; Tipo de disjuntores (mono, bi ou trifsicos); Detalhes dos componentes de medio; Detalhes dos componentes de conexo (muflas, pra-raios, aterramentos); Indicao dos componentes de proteo.

    Quadro de cargas um resumo das cargas instaladas separadas por circuitos, onde neste resumo so nominados os circuitos que acompanham suas respectivas cargas. Geralmente o quadro de cargas faz parte do diagrama unifilar.

    As Figuras 4.2 e 4.3 mostram o diagrama unifilar de uma empresa, contemplando a mdia e baixa tenso, com quadro de carga.

  • 24

    Figura 4.2 Diagrama unifilar da SE (desenhado pelo autor)

  • 25

    Figura 4.3 Diagrama unifilar BT (desenhado pelo autor)

  • 26

    4.6 Desenho e detalhamento do projeto

    Aps o levantamento do layout da instalao, planta baixa e munido da simbologia da instalao eltrica industrial elaborado o desenho do projeto eltrico.

    O desenho do projeto eltrico um item muito importante do projeto, pois ele auxilia na execuo de obras e tambm precisa ser de fcil entendimento, caso este necessite ser aprovado pelo cliente ou por concessionrias.

    Os desenhos do projeto pode ser dividido em diferentes tipos:

    1. Projeto estrutural; 2. Projeto de fora; 3. Projeto de Iluminao; 4. Projeto de comunicao; 5. Aterramento e SPDA; 6. Detalhes da Instalao.

    Nem sempre as pranchas dos projetos ficam limitadas a estes 6 itens, podem ter mais ou menos itens ou at uma mescla destes, dependendo da complexidade da instalao.

    Ateno especial deve ser dada a prancha de detalhes da instalao, pois deve se partir do pr-suposto que o profissional que ir executar o projeto no tenha familiaridade com este tipo de trabalho. Este paradoxo necessrio para a elaborao de um bom projeto, pois quanto mais detalhado for o projeto, menores so as chances de erros na interpretao e na execuo deste. A Figura 10.4 mostra como pode ser feito um bom detalhamento de uma parte do projeto.

  • 27

    Figura 4.4 Detalhamento dos dutos para ligao de motor (Instalaes Eltricas Industriais, Joo Mamede Filho)

    4.7 Memorial descritivo

    importante a elaborao de um memorial descritivo para o projeto, pois neste podem ser descritos detalhes e informaes que no so contemplados nas pranchas, desta forma, o conjunto de pranchas e memorial descritivo completam o projeto eltrico. Os itens necessrios para um memorial descritivo so:

    Finalidade do projeto; Descrio sumria da obra (rea construda, situao, atividade desenvolvida, etc.); Resumo da potncia instalada e demanda provvel; Especificao dos condutores; Especificao dos dispositivos de proteo; Especificao da malha de aterramento; Memorial de clculo; Especificaes de montagem e de segurana (NR10 e demais); Lista de materiais.; Demais detalhes em funo do tipo de instalao e tipo de norma (particularidades das

    instalaes conforme normas).

  • 28

    4.8 Programas para elaborao de projetos eltricos

    Hoje em dia existem muitos programas com a plataforma CAD (desenho assistido por computador, computer-aided design) para desenho de projetos eltricos e tendo em vista que para a elaborao do desenho em si o programa no necessita de muitos recursos, alguns cuidados devem ser tomados na escolha do software de desenho eltrico, como por exemplo:

    Custo da aquisio do programa; Finalidade do projeto; Complexidade do projeto; Suporte tcnico do fabricante;

    Com a concorrncia cada vez mais acirrada os programas de CAD, antes somente utilizados para desenhos, agora agregam cada vez mais funes como dimensionamento de componentes e elaborao de listas de materiais. Tarefas que geralmente tomam muito tempo do projetista, agora podem ser executadas com maior rapidez. Desta forma muito recomendvel que o projetista faa uma boa pesquisa antes de decidir o programa a ser utilizado para os projetos.