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1 CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI APOSTILA PSICOMOTRICIDADE E APRENDIZAGEM ESPÍRITO SANTO

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CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU

NÚCLEO DE PÓS-GRADUAÇÃO E EXTENSÃO - FAVENI

APOSTILA

PSICOMOTRICIDADE E APRENDIZAGEM

ESPÍRITO SANTO

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PSICOMOTRICIDADE

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“Psicomotricidade é a ciência do homem em movimento, das relações consigo

e com o mundo, com o corpo, através do corpo e de sua corporeidade” – Freinet. O

estudo da psicomotricidade permite compreender a forma como a criança toma

consciência do seu corpo e das possibilidades de se expressar por meio desse corpo,

é um dos aspectos que o trabalho psicomotor assumirá durante o período escolar

será, precisamente, o de fazer com que a criança passe da etapa perspectiva à fase

da representação mental de um espaço orientado tanto no espaço como no tempo.

Ao estudarmos o comportamento de uma criança, percebemos como é o seu

desenvolvimento. O comportamento e a conduta são termos adequados para todas

as suas reações, sejam elas reflexam, voluntárias e espontâneas ou aprendidas.

Assim como o corpo cresce, o comportamento evolui. No processo de

desenvolvimento a criança evolui tanto física, quanto intelectual e emocionalmente.

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As primeiras evidências de um desenvolvimento normal mental são as manifestações

motoras.

À medida que ocorre a maturação do sistema nervoso, o comportamento se

diferencia e também se modifica. Inicialmente a criança apresenta uma coordenação

global ampla, que são realizadas por grandes feixes de músculos. À medida que os

feixes de músculos mais específicos são usados, a criança desenvolve sua

coordenação fina.

Para que ocorra um desenvolvimento motor adequado, é necessário um

amadurecimento neural, ósseo, muscular, além de crescimento físico, juntamente com

o aprendizado. O desenvolvimento motor percentual se completa ao redor de 07 anos,

ocorrendo, posteriormente, um refinamento da integração perceptiva-motora com o

desenvolvimento do processo intelectual propriamente dito.

O QUE É PSICOMOTRICIDADE?

http://lasalle.edu.br/

É o controle mental sobre a expressão motora. Objetiva obter uma organização

que pode atender, de forma consciente e constante, às necessidades do

desenvolvimento do corpo. Esse tipo de Educação é justificado quando qualquer

defeito localiza o indivíduo à margem das normas mentais, fisiológicas, neurológicas

ou afetivas. É a percepção de um estímulo, a interpretação da elaboração de uma

resposta adequada. É uma harmonia de movimentos, um bom controle motor, uma

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boa adaptação temporal, espacial, boa coordenação viso-motora, boa atenção e um

esquema corporal bem estruturado.

Psicomotricidade é a ciência da educação que educa o movimento ao mesmo

tempo em que põe em jogo as funções da inteligência. Movimento é o deslocamento

de qualquer objeto, mas a ação corporal em si, a mesma unidade bio-psicomotora em

ação.

A psicomotricidade está associada à afetividade e à personalidade, porque o

indivíduo utiliza o seu corpo para demonstrar o que sente, e uma pessoa com

problemas motores passa a ter problemas de expressão. A reeducação psicomotora

lida com a pessoa como um todo, porém, com um enfoque maior na motricidade. A

reeducação psicomotora deverá ser efetuada por um psicólogo com especialização

em psicomotricidade (psicomotrista), pois não será apenas uma mera aplicação de

exercícios, mas será desenvolvida uma adaptação de toda a personalidade da

criança.

Como se estrutura?

_ No desenvolvimento do seu “eu” corporal;

_. Na sua localização e orientação no espaço;

_. Na sua orientação temporal.

www.buzzero.com

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Como se fundamenta?

Em Atividades:

_ Motoras - São as atividades globais de todo o corpo.

_ Sensório-motoras - É a percepção de diversas lições através da manipulação dos

objetos.

_ Percepto-motoras – É uma análise profunda das funções intelectuais, motoras, tais

como a análise perceptiva, a precessão de representação mental, determinação de

pontos de referência.

Destaca-se: percepção visual.

OBJETIVOS DA PSICOMOTRICIDADE

http://www.fredcunhanews.com/

_. As atividades psicomotoras visam propiciar a ativação dos seguintes processos:

_. Vivenciar estímulos sensoriais para discriminar as partes do próprio corpo e exercer

um controle sobre elas;

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_ Vivenciar, através da percepção do próprio corpo em relação aos objetos, a

organização espacial e temporal;

_ vivenciar situações que levem a aquisição dos pré-requisitos necessários para

aprendizagem da leitura escrita.

Para entender tais objetivos, é necessário considerar que durante a primeira

infância, motricidade e psiquismo estão estreitamente ligados, da mesma forma como

sabemos que o desenvolvimento motor, o afetivo e o intelectual encontram-se

inseparáveis no homem.

A educação psicomotora, antes utilizada somente como recurso reeducativo,

atualmente é parte integrada de toda a atuação passiva do aluno, frente à atitude

expositiva e controladora do professor. A psicomotricidade tem como ponto de partida

o desenvolvimento psicobiológico da criança, na medida em que acompanha as leis

do amadurecimento do sistema nervoso através da mielinização.

http://centraldeinteligenciaacademica.blogspot.com.br/2016/02/psicomotricidade-sua-importancia-par

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A psicomotricidade não deve ser considerada como uma matéria entre outras.

Isto é, não deve dispor apenas de um momento ou um ambiente específico na

programação escolar. Qualquer que seja a atividade ou tema utilizado, a

psicomotricidade vai estar presente. O pensamento se constrói a partir da atividade

motora que permite à criança a exploração do ambiente externo, proporcionando-lhe

experiências concretas indispensáveis ao seu desenvolvimento intelectual. A

liberdade deve explorar e conhecer o espaço físico e o mundo é muito importante para

o seu desenvolvimento afetivo. Como fazer para oferecer condições que permitiam

esse desenvolvimento?

Antes de tudo a criança precisa ter um conhecimento adequado de seu corpo,

porque é o corpo o intermediário obrigatório entre a criança e o mundo. Esse

conhecimento abrange três aspectos que são: a imagem do corpo, o conceito do corpo

e a elaboração do esquema corporal.

ELEMENTOS BÁSICOS DA PSICOMOTRICIDADE

http://cmei-acalanto.blogspot.com.br/

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A imagem do corpo é a própria experiência que a pessoa tem de seu corpo e

se revela frequentemente através do desenho, da modelagem e que demonstra o nível

de elaboração do esquema corporal; O conceito do corpo desenvolve-se

posteriormente à imagem do corpo, sendo mais o conhecimento intelectual dele e de

cada função de seus órgãos.

O esquema corporal, segundo Pierre Vayer, é definido como organização das

sensações relativas aos dados do mundo exterior, notando-se aí dois sentidos na

atividade motora cinética, dirigida para o mundo exterior.

A construção do Esquema Corporal elabora-se progressivamente com o

desenvolvimento e o amadurecimento do Sistema Nervoso e é, ao mesmo tempo,

paralela à evolução sensória motora. A educação do Esquema Corporal é, então, o

posto-chave de toda prática educativa. Dos 02 aos 05 anos, toda educação é uma

E.P.M. baseada na estrutura do Esquema Corporal.

http://impactodapedagogiamoderna.blogspot.com.br/2011/06/habilidades-que-o-aluno-vai-usar-na.ht

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Dos 05 aos 07 anos a psicomotricidade passa a ser a base sobre a qual se

constroem as primeiras relações lógicas e a decorrente aprendizagem escolar. Toda

aprendizagem deve ser feita através de experiências concretas e vivenciadas com o

corpo inteiro. Voltando ao primeiro objetivo, temos que trabalhar os seguintes

aspectos:

_ Percepção e controle do corpo;

_ Equilíbrio;

_ Lateralidade;

_ Independência dos membros em relação ao tronco e entre si;

_ Controle muscular;

_ Controle de respiração.

http://www.fiaine.com.br/servicos/psicomotricidade/

a) Percepção e controle do corpo

A criança adquire primeiro a sensação, depois o uso, e finalmente, o controle

de seu corpo. Ponto de partida o conhecimento do corpo, partes do corpo, através de

estímulos sensoriais – superfície, temperatura, unidade, peso etc. – referenciará as

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partes do corpo e suas sensibilidades. Numa segunda etapa fará uso e controlará as

partes independentemente uma das outras.

Como? Brincando com água, tinta, areia, barro, blocos, sucata; usando

determinadas partes do corpo em jogos ou em movimentos propostos; dramatizando.

b) O equilíbrio

http://www.belezademae.com.br/

É condição indispensável para qualquer ação diferenciada. As ações serão

tanto coordenadas quanto mais a criança conseguir em posição ereta, sem precisar

esforçar-se ou ficar tensa. A sensibilidade da planta do pé é muito importante para

desenvolver qualquer equilíbrio, por isso é essencial que as crianças se movimentem

e brinquem, tanto na areia como na sala de aula, de pé no chão. O contato do corpo

com o chão deve estender-se a todo o corpo, rolando, deitando, sentando, rastejando,

ajoelhando. Em movimentos de repouso a criança deverá, sempre que possível,

relaxar seu corpo em direto contato com o chão que oferece sensação de segurança.

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Como? – Andar sobre linhas de várias maneiras, sobre beiradas de canteiros,

bancos de diferentes alturas, trilhos de madeira, tijolos. Imitar animais e posições

estáticas. Lançar e receber a bola.

http://cicachinhos.blogspot.com.br/2015/08/a-importancia-da-psicomotricidade-na.html

c) Lateralidade

O homem, por natureza, tem um lado do corpo dominante. Quer dizer que usa

melhores olhos, ouvidos, pé e mão de um determinado lado. Normalmente, a

lateralidade se define entre os 05 e os 07 anos. As crianças que, a partir dessa idade

apresentam uma lateralidade não definida ou cruzada, facilmente encontrarão

dificuldades na aprendizagem escolar.

Como? – Atividade que exijam o uso de todo corpo com objetos grandes

(pneus, bolas, caixas, blocos) e pequenos, desenvolvendo a coordenação funcional

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da mão e dos dedos (contas, sementes, pinos, clips, tampinhas, pregadores, cartas).

Atividades em que ordena a mão a ser usada (com bolas, saquinhos de areia/feijão).

d) Independência dos membros em relação ao tronco e entre si

Para a criança é mais fácil fazer movimentos simétricos e simultâneos, pois só

numa segunda etapa é que ela virá a movimentar os membros separadamente um do

outro.

Como? – Macaco mandou – de início pedindo movimentos simétricos, aumentando a

dificuldade, na medida em que as crianças puderem realizar naturalmente,

movimentos assimétricos e não simultâneos.

e) Controle muscular

http://bloggantonio.blogspot.com.br

É muito difícil para uma criança interromper um movimento, mas esse controle

da inibição é indispensável para que ela venha a adquirir, mais tarde, não só uma

caligrafia, mas também a concentração necessária para a aprendizagem escolar.

Como? – Inibição dos movimentos globais que envolvem todo o corpo como o andar,

o correr – “Batatinha Frita”. Recreação com o uso de música. Trabalhar os

“movimentos segmentários – jogos cantados “O meu chapéu tem 03 pontas”, “ A

galinha e o seu Kara Kara”, jogo de estátua.

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f) Controle da respiração

O controle respiratório contribui na formação de hábitos de se concentrar,

relaxar, se acalmar.

Como? – Bolhas de sabão, bolas de encher, pintura com canudo de soprar, corridas

de soprar. Dramatização de aspirar e soprar. Relaxamento sentido o próprio corpo ou

do companheiro.

APRENDIZAGEM E PSICOMOTRICIDADE

http://www.demoleque.com.br/

O ser humano comunica-se por meio da linguagem verbal e corporal. A criança

nos primeiros dias de vida até o início da linguagem verbal se faz entender por meio

de gestos, pois os movimentos constituem a expressão global de suas necessidades.

O movimento é importante no desenvolvimento da criança porque está ligado às

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emoções e por ser um veículo de transmissão do equilíbrio do estado interior do

recém-nascido.

Esse movimento possibilita o relacionamento da criança com o mundo e com

as demais características inerentes da condição humana. Conforme a criança cresce,

vai organizando sua capacidade motora de acordo com sua maturidade nervosa e

com os estímulos do meio que a rodeiam. De acordo com Fávero (2004), a

organização motora é fundamental para o desenvolvimento das funções cognitivas,

das percepções e dos esquemas sensório-motores da criança. Segundo Colello

(1995), a falta de atenção da escola ao movimento dos indivíduos se fundamenta na

concepção dualista do homem, segundo a qual a mente predomina sobre o corpo.

Apesar dos vários estudos mostrarem a importância desta área, as escolas continuam

deixando em segundo plano a prática psicomotora, pois pensam no ato de escrever

como sendo um ato motor que, repetido várias vezes, por meio de movimentos

mecânicos e sem sentido, pode ser fixado. Portanto, a grande preocupação dos

educadores durante o processo de aprendizagem limita-se ao treinamento das

habilidades responsáveis pelos aspectos figurativos da escrita, como coordenação

motora, discriminação visual e organização espacial. No entanto, o autor considera a

escrita um ato essencialmente motor, destacado de qualquer outra esfera do

desenvolvimento, seja afetiva, cognitiva ou social.

https://www.youtube.com/watch?v=1smQS4Xm6p8

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De acordo com Negrine (1980), as aprendizagens escolares básicas devem ser

os exercícios psicomotores, e sua evolução é determinante para a aprendizagem da

escrita e da leitura.

Fávero (2004) realizou um levantamento dos estudos que mostram a

importância do desenvolvimento psicomotor para as aprendizagens escolares como

os de Furtado (1998), Nina (1999), Cunha (1990), Oliveira (1992) e Petry (1988). Para

Furtado (1998), provocando-se o aumento do potencial psicomotor da criança, amplia-

se também as condições básicas para as diversas aprendizagens escolares. Em um

estudo sobre o grau de influência dos aspectos psicomotores sobre prontidão para ler

e escrever em escolas de classes de alfabetização do ensino infantil, Nina (1999)

destaca a necessidade de, desde o ensino pré-escolar, serem oferecidas atividades

motoras direcionadas para o fortalecimento e consolidação das funções psicomotoras,

fundamentais para o êxito nas atividades do bom aprendizado da leitura e escrita.

http://www.pontesaude.pt/?p=8949

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Estudos anteriores realizados por Cunha (1990) mostraram a importância do

desenvolvimento psicomotor e cognitivo. Além disso, a autora constatou que as

crianças com nível mais alto de desenvolvimento psicomotor e conceitual são as que

apresentam os melhores resultados escolares.

Em outra pesquisa, Oliveira (1992) identificou entre as dificuldades de

aprendizagem às que são relacionadas ao desenvolvimento psicomotor e, a partir

disso, desenvolveu uma investigação mostrando como o desenvolvimento adequado

da psicomotricidade pode auxiliar para que alguns dos pré-requisitos para a escrita

sejam alcançados.

Petry (1988) reafirma a importância do desenvolvimento dos conceitos

psicomotores, ressaltando que as dificuldades de aprendizagem em crianças de

inteligência média podem se manifestar quanto à caracterização de letras simétricas

ela inversão do “sentido direita-esquerda”, como, por exemplo, b, p, q ou por inversão

do “sentido em cima em baixo”, d, p, n, u, ou ainda por inversão das letras oar, ora,

aro. De acordo com a autora, a compreensão de conceitos como perto, longe, dentro,

fora, mais perto, bem longe, atrás, embaixo, alto, mais alta será facilitada com série

de ações no espaço, com o corpo em movimento.

http://grupofetma.com.br/blog/2016/04/14/psicomotricidade-em-acao-nossa-manha-de-muita-aprendizage

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Os estudos citados acima mostram a importância de se estimular o

desenvolvimento psicomotor das crianças, pelo fato deste ser fundamental para a

facilitação das aprendizagens escolares, pois é por meio da consciência dos

movimentos corporais e da expressão de suas emoções que a criança poderá

desenvolver os aspectos motor, intelectual e socioemocional.

Segundo Fávero (2004), para escrever é preciso que se tenha orientação

espacial suficiente para situar as letras no papel, para adequá-las em tamanho e forma

ao espaço de que se dispõe. E, além disso, precisa-se dirigir o traçado da esquerda

para a direita, de cima para baixo, controlando os movimentos de maneira a não

segurar o lápis nem com muita força nem com pouca força, é necessário que a escola

ofereça condições para a criança vivenciar situações que estimulem o

desenvolvimento dos conceitos psicomotores.

http://escolawp1.educacional.net/irmamaria/page/3/?taxonomy=pagegroup&term=conteudo-ed_infantil-fund1

Essas restrições podem levar a criança a dificuldades de aprendizagem,

repercutindo no desempenho escolar. Neste sentido, Negrine (1986, p. 61) afirma que

as dificuldades de aprendizagem vivenciadas pelas crianças “são decorrentes de todo

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um todo vivido com seu próprio corpo, e não apenas problemas específicos de

aprendizagem de leitura, escrita, etc.” Assim, os aspectos psicomotores exercem

grande influência na aprendizagem, pois as limitações apresentadas pelas crianças

na orientação espacial podem tornar-se um fator determinante nas dificuldades de

aprendizagem.

http://medodedentista.com.br/

Para Ajuriaguerra (1988), a escrita é uma atividade que obedece a exigências

precisas de estruturação espacial, pois a criança deve compor sinais orientados e

reunidos de acordo com as leis, depois deve respeitar essas leis de sucessão que

fazem destes sinais palavras e frases tornando a escrita uma atividade espaço-

temporal. Para Fonseca (1995), um objeto situado a determinada distância e direção

é percebido porque as experiências anteriores da criança levam-na a analisar as

percepções visuais que lhe permitem tocar o objeto. É por meio dessas que resultam

as noções de distância e orientação de um objeto com relação a outro, e assim a

criança começa a transpor essas noções gerais a um plano mais reduzido, que será

de extrema importância quando na fase do grafismo. Fonseca (1983) destaca que na

aprendizagem da leitura e escrita a criança deverá obedecer ao tempo de sucessão

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das letras, dos sons e das palavras, fato este que destaca a influência da estruturação

temporal para a adaptação escolar e para a aprendizagem.

http://begssie.blogspot.com.br/

Colello (1995) afirma que, além dessas dificuldades inerentes ao ato de escrita,

existe ainda a dificuldade que os professores têm em diagnosticar as dificuldades de

aprendizagem e relacioná-las ao desenvolvimento psicomotor. Em sala de aula, os

professores trabalham a motricidade infantil como uma atividade mecanizada do

movimento das mãos e as aulas de educação física parecem se restringir a atividades

de recreação nas quais o movimento parece ter um fim em si mesmo. Para o autor,

até mesmo o professor de Educação Física tem mostrado dificuldades em perceber a

importância do movimento para o desenvolvimento integral da criança.

Segundo Tomazinho (2002, p. 50), o desenvolvimento corporal é possível

graças a ações, experiências, linguagens, movimentos, percepções, expressões e

brincadeiras corporais dos indivíduos. As experiências e brincadeiras corporais

assumem um papel fundamental no desenvolvimento infantil, pois enfatizam a

valorização do corpo na constituição do sujeito e da aprendizagem, assim a “[...] pré-

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escola necessita priorizar, não só atividades intelectuais e pedagógicas, mas também

atividades que propiciem seu desenvolvimento pleno”.

De acordo com Oliveira (1996, p. 182), a psicomotricidade contribui para o

processo de alfabetização à medida que procura proporcionar ao aluno as condições

necessárias para um bom desempenho escolar, permitindo ao homem que se assume

como realidade corporal e possibilitando-lhe a livre expressão. A psicomotricidade

caracteriza-se como uma educação que se utiliza do movimento para promover

aquisições intelectuais. Para a autora, a inteligência pode ser considerada uma

adaptação ao meio ambiente e para que esta aconteça é necessário que o indivíduo

apresente uma manipulação adequada dos objetos existentes ao seu redor, “[...] está

educação deve começar antes mesmo que a criança pegue um lápis na mão [...]”.

http://fazdecontaquesei.blogspot.com.br/

O ponto de referência que os seres humanos têm para conhecer e interagir com

o mundo é o corpo. Este elemento serve como base para o desenvolvimento cognitivo

e conceitual, incluindo os presentes para a aprendizagem de conceitos na atividade

de alfabetização. Por essa razão, o desenvolvimento do movimento por meio da

psicomotricidade auxilia a criança a adquirir o conhecimento do mundo que as rodeia.

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Fávero (2004) ressalta que o desenvolvimento psicomotor não é o único fator

responsável pelas dificuldades de aprendizagem, mas um dos que podem

desencadear ou agravar o problema. As dificuldades de aprendizagem relacionadas

à escrita alteram o rendimento escolar. Crianças com dificuldades de escrita podem

apresentar disfunção nas habilidades necessárias para uma aprendizagem escolar

efetiva, e estes fatores podem ser acentuados pelos déficits psicomotores.

Sabe-se que atualmente condições socioculturais fazem com que as crianças

sejam privadas do movimento, como bem lembra Fávero (2004, p. 55) “[...] a escola,

como responsável pela educação global deveria proporcionar através das suas aulas

atividades que levassem à criança condições para um desenvolvimento harmonioso

em termos psicomotores”.

A escrita exige o desenvolvimento de habilidades específicas e um esforço

intelectual proporcionalmente superior às aprendizagens anteriores da criança. Na

escrita ocorre a comunicação por meio de códigos que variam de acordo com a

cultura, e sua aprendizagem se dá pela realização da cópia, do ditado e na escrita

espontânea.

http://revistaescola.abril.com.br/

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Segundo Fávero (2004), a escrita espontânea envolve um grau maior de

dificuldade, pois o modelo visual e auditivo está ausente e envolve a tomada de

decisões acerca do que vai ser escrito e como será escrito. Antes de se escrever algo

é preciso gerar uma informação, organizá-la de forma coerente para posteriormente

escrevê-la e revisar o que foi escrito. É preciso diferenciar as letras dos demais signos

e determinar quais são as letras que devem ser empregadas, além disso, a escrita

pressupõe um desenvolvimento motor adequado, pois certas habilidades são

essenciais para que a atividade ocorra de maneira satisfatória.

Ajuriguerra (1988), Ferreiro (1985) e Cagliari (2000), ao estudarem a aquisição

da escrita, constataram que esta aquisição não deve ser restrita a simples

decodificação de símbolos ou signos, pois o processo de aquisição da língua escrita

é complexo e anterior ao que se aprende na escola. A grande dificuldade que os

educadores enfrentam está em compreender os fatores que diferenciam as crianças

que conseguem dominar a linguagem escrita das que não conseguem. Segundo

Escoriza Nieto (1998), foi somente a partir da década de 1970 que as pesquisas

começaram a buscar explicar os processos cognitivos envolvidos na atividade escrita.

http://minhasescolas.blogspot.com.br/

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Para Gregg (1992 apud GARCIA, 1998) as dificuldades encontradas no

processo de alfabetização vão desde o desenvolvimento das habilidades de escrita

(disgrafia) e erros de soletração até erros na sintaxe, estruturação e pontuação das

frases, bem como a organização de parágrafos. No começo do processo de

alfabetização o que mais se observa são: confusão de letras, lentidão na percepção

visual, inversão de letras, transposição de letras, substituição de letras, erros na

conversão símbolo-som e ordem de sílabas alteradas, essa dificuldade pode se

manifestar ao se soletrar ou escrever uma palavra ditada ou copiada. É possível

encontrar crianças com boa capacidade de expressão oral, mas com dificuldades para

escrever, alunos que se expressam oralmente com dificuldade e escrevem as

palavras mal e sujeitas que escrevem bem as palavras, mas se expressam mal.

Essas dificuldades, se consolidadas ao longo da infância, tornam-se mais

evidentes no ambiente escolar, onde o processo de aprendizagem é

institucionalizado. Ajuriaguerra (1988) destaca que a escrita envolve, além de

habilidades cognitivas, as habilidades psicomotoras, pois o ato de escrever está

impregnado pela ação motora de traçar corretamente cada letra e constituir a palavra.

Quando se coloca em questão o desenvolvimento motor, é necessário, além da

maturação do sistema nervoso, a promoção do desenvolvimento psicomotor,

objetivando o controle, o sustento tônico e a coordenação dos movimentos envolvidos

no desempenho da escrita.

http://www.obrasileirinho.com.br/

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Segundo Ferreira (1993, p.18), não existe aprendizagem sem que seja

registrada no corpo. Para a autora, a participação do corpo no processo de

aprendizagem se dá pela ação do sujeito e pela representação do mundo. Todo

conhecimento apresenta um nível de ação (fazer os movimentos) e um nível figurativo

(dado pela imagem pela configuração) que se inscreve no corpo. Pensando no

desenvolvimento da criança de forma integrada e buscando entender aspectos físicos,

afetivos, cognitivos e sociais, é necessário o estudo do desenvolvimento psicomotor.

Estudos (SISTO et al, 1994; FINI et al, 1994) partem do pressuposto de que o

baixo rendimento escolar pode ser compreendido como uma manifestação das

dificuldades de aprendizagem. Mais especificamente, os estudos de Tomazinho

(2002), Oliveira (1992) e Fávero (2004) mostram a procedência de identificar entre as

dificuldades de aprendizagem às que são relacionadas ao desenvolvimento

psicomotor e, a partir desses dados, mostrar a necessidade de se abordar os

esquemas motores nas primeiras séries como prevenção à dificuldade de

aprendizagem de escrita.

http://www.batistapenha.com.br/educacao-infantil-galeria/psicomotricidade-jardim-

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ARTIGO PARA REFLEXÃO

PSICOMOTRICIDADE: IDENTIFICANDO NOVOS PARADIGMAS E SUA COLABORAÇÃO NO PROCESSO DE DESENVOLVIMENTO INFANTIL

DISPONÍVEM EM: http://monografias.brasilescola.uol.com.br/pedagogia/psicomotricidade-identificando-novos-

paradigmas-sua-colaboracao.htm

AUTORA: HELENA GROSS

ACESSO EM: 14/06/2016

1. RESUMO

Procura-se com esta pesquisa apresentar a incidência da psicomotricidade sobre a escolaridade

apontando os principais aspectos que influenciam o desenvolvimento infantil. Visa-se observar os

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principais conceitos da psicomotricidade como o movimento, o intelecto e o afeto buscando entender

como a criança se desenvolve e a importância desses fundamentos na aprendizagem. Fundamenta-se

essa pesquisa no construtivismo de Piaget conhecendo os estágios de desenvolvimento da criança e

entendendo os conceitos de assimilação, acomodação, esquemas de ação e equilibrarão. Também se

tem por critério de pesquisa, compreender o desenvolvimento psicomotor, os conceitos de tonicidade,

lateralidade, noção corporal, estruturação espaço temporal, práxis globais e práxis fina e fazer uma

relação com a educação psicomotora e o desenvolvimento infantil, contribuindo assim, para

fundamentações sólidas a respeito do tema. Portanto, tem-se como objetivo conhecer a importância da

psicomotricidade no desenvolvimento infantil, para tanto, usou-se de metodologia científica, com

métodos adequados para o tema explorado, sendo uma pesquisa bibliográfica de fontes importantes e

reconhecidas acerca do tema abordado e investigatória, buscando a realidade apresentada na

educação infantil. Justifica-se a pesquisa desse tema considerando que, a psicomotricidade

caracteriza-se por uma ferramenta que se utiliza dos movimentos para atingir outras aquisições e

compreendendo que a psicomotricidade estuda o homem através de seu corpo em movimento, sendo

estes as primeiras ações realizadas pelas crianças, entendendo que é uma forma de comunicação que

abre caminhos para possibilidades de aprendizagem e consequentemente cria um elo entre

psicomotricidade e desenvolvimento infantil, a partir disso, tentar-se-á encontrar as razões que apoiam

a psicomotricidade no desenvolvimento infantil.

Palavras-chave: Psicomotricidade, desenvolvimento infantil, educação.

2. INTRODUÇÃO

Hoje o mundo está crescendo muito rápido e as exigências sociais com o ser humano

estão muito grandes. A sociedade exige pessoas críticas, atuantes, que saibam se

expressar, posicionando-se e comunicando-se com clareza, portanto vemos aí a

grande necessidade do desenvolvimento motor no processo ensino aprendizagem

para que o ser humano possa enfrentar as situações do dia -a -dia, com maior

capacidade e desenvoltura.

Desde o início dos tempos o homem procurou desenvolver suas habilidades e

aptidões. Conheceu o fogo, criou a roda, estudou a relação movimento/espaço, foi à

lua, criou barreiras, destruiu barreiras e estudou os diversos elementos que compõe

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a sociedade. Conheceu o poder da ação e reação, fez de sua inteligência sua arma

mais poderosa; construtiva e destrutiva. Houve mudança, houve movimento.

A educação tem uma função essencial e importante neste processo. A escola deve

ser um local agradável onde a criança sinta prazer em apreender e, especialmente

trabalhe a coordenação motora das mesmas.

Para que ela aprenda a conhecer e valorizar o seu corpo cabe aqui salientar a

necessidade de citar durante o trabalho e em anexo atividades psicomotoras, que

busquem despertar um melhor desenvolvimento psicomotor da criança, tais como:

Domínio dos movimentos gestuais do corpo, Movimento com as mãos e os dedos,

reconhecimento das partes do corpo, entre outros, tal trabalho resultara em uma

melhor aprendizagem no processo de formação do educando.

O movimento é o objeto primo da psicomotricidade. Entende-se o significado da

psicomotricidade como sendo a ciência que tem como objeto de estudo o homem

através de seu corpo em movimento e em relação ao seu mundo externo e interno,

isto é, a capacidade de se movimentar com intenção. Nesta pesquisa aborda-se a

psicomotricidade no desenvolvimento infantil.

Falar de psicomotricidade é falar de possibilidades. Existem possibilidades em cada

etapa no desenvolvimento da criança, relacionando-a uma à outra. Cada criança é

única, cada ser é diferente, mas as relações de crescimento estão ligadas diretamente

a afetividade, cognição e organização.

Para tanto, o envolvimento desses processos é preenchido com os três

conhecimentos básicos que norteiam a psicomotricidade, que são o movimento, o

intelecto e o afeto, estes sim, são individuais e únicos em cada criança.

O conhecimento do próprio corpo e do seu funcionamento são aspectos fundamentais

para o desenvolvimento dos aspectos físico, motor e intelectual da criança, que se

criança for bem trabalhada, principalmente em seus movimentos de lateralidade,

espaço, tempo e percepção, ela estará melhor preparada para atuar na sociedade,

também percebeu-se que através das atividades motoras obtém-se resultados mais

rápidos e compensatórios por parte dos educandos e assim a importância do papel

da escola e do educador em todo o processo.

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Sendo assim, formamos um espaço, um todo. Entendendo as relações de movimento

com o meio tornará o indivíduo mais ou menos confiante e compreendem desse

espaço que vive.

2.1 Justificativa do tema

Entende-se que a referida pesquisa é de grande importância, considerando que a

psicomotricidade se caracteriza por um método que se utiliza dos movimentos para

atingir outras aquisições, tanto no âmbito da educação quanto da reeducação. Buscar-

se-á as razões que apoiam a psicomotricidade no desenvolvimento infantil, pontuando

as principais teorias e relacionando-as.

Compreende-se a importância da psicomotricidade para o desenvolvimento infantil,

vê-se a necessidade de conhecer as etapas do desenvolvimento humano, mais

especificadamente os desenvolvimentos infantis, delimitando fatores que faz a ligação

da criança com o meio. Neste aspecto, observa-se que as primeiras percepções

corporais da criança irão expressar suas sensações, sentimentos e, é a partir do

movimento que a criança passa a se conhecer melhor.

Desenvolver o esquema corporal e a psicomotricidade é parte fundamental para uma

boa aprendizagem e uma ótima preparação futura perante a sociedade. O autor Saber

(1997) afirma que: “É preciso entender que, o domínio de uma atividade não é

conquistado de imediata. Só o funcionamento de uma ação pode conduzir a um

aprimoramento dos movimentos”.

Conhecer o próprio corpo significa ter uma compreensão global do seu

desenvolvimento. Isso implica conhecer e entender o seu desenvolvimento motor, sua

lateralidade, saber orientar-se no espaço, ter uma memória sinestésica desenvolvida,

fazendo com que haja uma interação entre corpo e aprendizagem.

Avaliando que a criança, desde sua concepção, já possui movimentos, e se os

mesmos não forem bem trabalhados durante sua infância, trarão sérios problemas na

vida adulta, cabe ao educador, detectar as dificuldades de aprendizagem, que pode

ser constatado durante o período escolar, e investigar as causas de forma ampla.

Sabendo-se que tais dificuldades, podem muitas vezes ser de aspecto orgânicos,

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neurológicos, mentais, psicológicos, adicionados a problemática ambiental em que a

criança vive.

Sendo este um ser social, com cultura e linguagem adquiridas durante sua vida até o

momento, traz consigo todo o conhecimento que já adquiriu. Ele faz parte da

sociedade e é um ser único, individual e precisa ser trabalhado em sua totalidade, aí

entra a importância do desenvolvimento psicomotor do processo ensino

aprendizagem

2.2 Problema de pesquisa

Diante desses fatos, percebe-se a necessidade de pesquisar acerca da importância

da psicomotricidade para o desenvolvimento infantil, que vem a colaborar para a

estimulação perceptiva e o desenvolvimento do esquema corporal da criança.

Assim sendo, questiona-se: O que leva a psicomotricidade ser um fator importante no

desenvolvimento infantil?

Nesse sentido, as perguntas de investigação que direcionaram o presente estudo

foram:

1. O que é psicomotricidade?

2. Quais as etapas do desenvolvimento infantil?

3. Qual a relação da psicomotricidade e o desenvolvimento infantil?

2.3 Objetivos

A seguinte pesquisa buscou identificar os seguintes objetivos: objetivo geral e

objetivos específicos.

2.3.1 Objetivo geral

O objetivo geral atende diretamente ao problema da pesquisa, que direciona todo o

processo de busca, que é: Identificar a importância da psicomotricidade no

desenvolvimento infantil.

2.3.2 Objetivos específicos

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1. Definir psicomotricidade;

2. Identificar as etapas do desenvolvimento infantil;

3. Relacionar psicomotricidade e desenvolvimento infantil.

2.4 Metodologia geral da pesquisa

A metodologia é um caminho a ser percorrido durante a elaboração e a construção de

uma pesquisa. A abordagem do problema é de ordem qualitativa, visto que se trata

de pesquisa social e não aborda tratamento estatístico e no entendimento de

Richardson (1999, p. 80) “(...) os estudos que empregam uma metodologia qualitativa

podem descrever a complexidade de determinado problema, analisar a interação

entre curtas variáveis, compreender e classificar os processos dinâmicos vividos por

grupos sociais (...)”.

Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, visto não se fazer uso de materiais de campo,

ou pesquisa ação, apenas obras já conceituadas cientificamente, ou seja, material já

elaborado. Confirmando, Gil (1999, p. 65): “Embora em quase todos os estudos seja

exigido algum tipo de trabalho desta natureza, há pesquisas desenvolvidas

exclusivamente a partir de fontes bibliográficas. Parte dos estudos exploratórios

podem ser definidos como pesquisas bibliográficas [...]”.

A pesquisa se classifica, pela sua natureza, como pesquisa pura, pois não se tem a

intenção de aplicá-la e segundo Gil (1999, p.43), “busca o progresso da ciência,

procura desenvolver os conhecimentos científicos sem a preocupação direta com

suas aplicações e consequências práticas (...)”.

Também se classifica a pesquisa como descritiva pelo fato de descrever a importância

da psicomotricidade no desenvolvimento infantil. Para Gil (1999, p.44), na pesquisa

descritiva busca-se “juntamente com a exploratória, as que habitualmente realizam os

pesquisadores sociais preocupados com a atuação prática. São também as mais

solicitadas por organizações como instituições educacionais, empresas comerciais,

partidos políticos etc.”.

A pesquisa não deixa de ser exploratória, pois ao adentrar na opinião de tantos

teóricos, faz-se exploração do conhecimento científico para produção da pesquisa.

Segundo Gil (1999, p.43) a pesquisa exploratória “tem como principal finalidade

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desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação

de problemas mais precisos com hipóteses pesquisáveis”.

2.5 Estrutura do trabalho

Para a organização da monografia, o texto foi dividido em três seções. Na primeira, a

introdução, que faz uma apresentação do tema abordado com breve explanação do

mesmo, seguido do problema que conduziu esta pesquisa e dos objetivos propostos.

Também apresenta a metodologia utilizada para sua realização e a delimitação, além

desta estrutura.

Na segunda seção, o desenvolvimento, relata-se a fundamentação teórica, enfocando

o que é psicomotricidade, as etapas do desenvolvimento infantil segundos principais

autores e a importância da psicomotricidade no desenvolvimento infantil.

Na terceira e última seção, as considerações finais, estão tecidas as falas finais desta

autora em resposta a pesquisa elaborada no tema psicomotricidade, onde se

percebeu que com o desenvolvimento psicomotor é possível aumentar a capacidade

motora, cognitiva e psíquica da criança.

3. DESENVOLVIMENTO

O ser humano é produto de um processo histórico que vem se expandindo e

aperfeiçoando de geração a geração, ampliando suas descobertas e curiosidades,

sempre lendo e revelando sua linguagem corporal através de gestos, risos, expressão

facial e sempre buscando onde se encaixar na quebra – cabeça da vida.

Nesta pesquisa, apresenta-se o embasamento teórico, constituído da definição de

psicomotricidade, apresentando suas etapas do desenvolvimento infantil com ênfase no

construtivismo piagetiano e os estágios deste desenvolvimento. Finalizando com a

descrição da relação entre psicomotricidade e desenvolvimento infantil, através da

subdivisão da seção com: educação psicomotora, o desenvolvimento psicomotor e a

influência da psicomotricidade na aprendizagem.

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3.1 Definição de psicomotricidade

A psicomotricidade refere-se diretamente ao movimento humano. É o relacionamento

através da ação, é a integração do corpo com a natureza. Como ciência, a

psicomotricidade é definida tendo como objeto de estudo o homem através de seu

corpo em movimento relacionado com a sociedade e consigo mesmo.

As relações do movimento corporal com o meio tornam o indivíduo mais confiante e

compreendem-te do espaço que ocupa, e consequentemente melhor entendimento

de suas emoções.

“Psicomotricidade como a posição global do sujeito, que pode ser entendido como a

função de ser humano que sintetiza psiquismo e motricidade com o propósito de

permitir ao indivíduo adaptar de maneira flexível e harmoniosa ao meio que o cerca”

(DE LIÈVRE Y STAES 1992, p. 39).

De acordo com Coste (1978, p.23), é a ciência encruzilhada, onde se cruzam e se

encontram múltiplos pontos de vista biológicos, psicológicos, psicanalíticos,

sociológicos e linguísticos.

A psicomotricidade está relacionada ao desenvolvimento das aquisições afetivas,

cognitivas e orgânicas. Três conhecimentos básicos substanciam esse processo: o

movimento, o intelecto e o afeto. Compreender esses processos direciona o olhar para

a criança num todo, visando contribuir para o entendimento desses três

conhecimentos.

São conhecimentos básicos relacionados a psicomotricidade: o movimento, o intelecto e

o afeto.

O movimento, segundo dicionário Cegalla (2005), “movimento é o deslocamento de um

corpo, ou parte dele, no espaço; série de atividades organizadas com um fim comum;

atividade, ação”.

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Fonseca (1988) define que: “O movimento humano é construído em função de um

objetivo. A partir de uma intenção como expressividade íntima, o movimento

transforma-se em comportamento significante”.

Para abordar o primeiro conhecimento básico é necessário citar Wallon (1971), que

fundamenta os estágios da criança e foca no estágio inicial, o movimento. Wallon

define a criança em seu primeiro estágio de desenvolvimento como um ser que

expressa a emoção no seu corpo e a emoção antecede a cognitividade, defendida por

Piaget. O movimento segundo Wallon não é entendido apenas como desenvolvimento

a partir do fisiológico é também uma forma de relação com o meio. O movimento tem

ação direta sobre o meio, relacionando-se intrinsecamente com o afetivo.

“O movimento humano é a parte mais ampla e significativa do comportamento do ser

humano”. É obtido através de três fatores básicos: os músculos, a emoção e os

nervos, formados por um sistema de sinalizações que lhes permitem atuar de forma

coordenada” (BARROS & NEDIALCOVA, 1999: p.3).

O movimento no desenvolvimento infantil tem uma função fundamental,

principalmente nos primeiros estágios da criança onde está não adquiriu a linguagem

falada ainda. O movimento tem a função de comunicação. É através do movimento

que a criança expressa suas sensações e manifesta o contato com o mundo ao seu

redor.

Entende-se por comunicação o ato ou ação de comunicar-se, está dada através de

gesticulação, expressando assim seus desejos, vontades e sentimentos.

As necessidades físicas ou psíquicas são expressas através do movimento, essa,

portanto, é a primeira forma de comunicação antes do desenvolvimento da linguagem.

Essa comunicação através do movimento é definida por Wallon como comunicação

emocional. A necessidade da criança de se expressar faz com que a postura corporal

demonstre seu estado orgânico ou emocional.

O intelecto, segundo Aurélio (2004) define intelecto como inteligência, e inteligência como

faculdade ou capacidade de aprender, apreender, compreender ou adaptar-se facilmente;

intelecto, intelectualidade, destreza mental; agudeza, perspicácia.

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O processo de cognição leva ao desenvolvimento do intelecto, isto é, quanto mais

aquisição do conhecimento, maior a maturação do processo intelectual.

Neste segundo conhecimento básico tem-se como base de fundamentação Piaget.

De acordo com Piaget, a aprendizagem é decorrência do desenvolvimento cognitivo,

vinculado por sua vez, à maturação biológica e a qualidade dos desafios do meio.

O intelecto está relacionado ao cognitivo, que faz relação com o movimento para se

estabelecer a comunicação com o meio. Voltando ao primeiro conhecimento básico

com referência a comunicação, Wallon define que a maturação e aprendizagem –

processo de desenvolvimento do intelecto – estão condicionadas pela riqueza do

intercâmbio emocional e da comunicação com o outro.

O afeto é definido como afeição, carinho, atenção, simpatia. As aquisições afetivas

vêm completar os conhecimentos básicos. A ação é impulsionada pela emoção

“Emoção é a referência a um sentimento e seus pensamentos distintos,

estados psicológicos e biológicos, e a uma gama de tendências para agir. Há centenas

de emoções, juntamente com suas combinações, variações, mutações e matizes”

(GOLEMAN, 1996, p. 34).

Todos os movimentos, gestos, mímicas são expressos pela emoção, indicando uma

pré-linguagem. A criança associa novos significados e percepções as suas ações a

sua consciência e a sua cognição, possibilitando o desenvolvimento da afetividade e

consequentemente da inteligência.

A afetividade tem papel fundamental no desenvolvimento infantil, existem dois fatores

das quais a afetividade é dependente: o orgânico e o social.

“[…] a constituição biológica da criança ao nascer não será a lei única do seu futuro

destino. Os seus efeitos podem ser amplamente transformados pelas circunstâncias

sociais da sua existência, onde a escolha individual não está ausente” (WALLON,

1971, p. 34)

O aspecto afetivo por si só não pode modificar as estruturas cognitivas, mas pode

influenciar as estruturas a se modificar. No processo de ensino-aprendizagem, o

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aspecto afetivo é de grande importância para compreender que cada criança é única,

tanto no desenvolvimento afetivo, quanto no cognitivo.

Afetividade é um termo que usamos para identificar um domínio funcional, este por

sua vez, de acordo com Wallon (1971), são quatro: o ato motor; o conhecimento; a

afetividade e a pessoa. São eles que dão uma determinada direção ao

desenvolvimento e no decurso da vida humana, cada um desses domínios tem seu

próprio campo de ação e organização, mas mantém em relação com os demais uma

espécie de mecanismo interfuncional.

A criança, no decorrer de seu desenvolvimento, estabelece diferentes níveis de

relacionamento, a partir dessas relações, também modifica suas sensações em

relação à afetividade. Intrinsecamente, todos os três conhecimentos básicos estão

ligados. É através do movimento, que a criança expressa suas emoções, e através

das emoções em relação com o meio que ela desenvolve sua cognição.

Considera-se a emoção altamente orgânica, pois é a partir das reações fisiológicas

da criança, que as emoções são expressas. Estas fazem modificar as reações do

organismo, como mudanças no batimento cardíaco, sensações corporais, entre

outros. A emoção faz com que a criança se relacione com o meio e passa a se

conhecer melhor.

Portanto, é necessário considerar de forma integrada os três conhecimentos básicos,

entendendo que o desenvolvimento da afetividade vai influenciar diretamente no

desenvolvimento do cognitivo da criança.

3.2 as etapas do desenvolvimento infantil

Quando se refere as etapas do desenvolvimento infantil nos remetemos as correntes

da psicologia. Etimologicamente, a palavra psicologia tem sua origem na língua grega,

onde psiché quer dizer alma e logia, razão significando então, o tratado da alma.

A psicologia tem grande influência na educação. Existem práticas pedagógicas que,

ora oscila em favor de uma tendência subjetivista, e ora por uma tendência objetivista

de sujeitos. Foi a partir dos anos 70, no Brasil, que a perspectiva teórica que

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influenciou o modo como processo de ensino-aprendizagem seria definido.

Chamamos então, de Behaviorismo ou Comportamentalismo.

Em diferentes partes do mundo, teóricos da educação procuraram criticar o modo

reducionista de conceber a aprendizagem, propondo visões alternativas. Dentre esses

teóricos, os Gestaltistas se destacaram pela teoria de Gestalt, que estuda os

processos cognitivos envolvidos na percepção e na aprendizagem. Por ser inovadora

e convincente, a teoria de Gestalt inspirou o surgimento de um campo da psicologia

que estuda a aprendizagem, a psicologia cognitiva.

A psicologia da educação estava insatisfeita com a noção de um sujeito determinado

por sua natureza individual externa, sentiu-se necessidade de uma concepção que

contemplasse a interação entre indivíduo e realidade.

Nesse contexto, a teoria genética de Jean Piaget se fortalece passando a ser

estendida a educação sob a denominação de Construtivismo Piagetiano.

3.2.1 Construtivismo piagetiano

Jean Piaget (1975) buscou romper com as perspectivas aprioristas, ou seja, que

aceita, na ordem do conhecimento, fatores independentes da experiência; e as teorias

ambientalistas, introduzindo uma teoria do desenvolvimento da inteligência baseada

na interação do sujeito com os objetos do conhecimento.

Segundo Jean Piaget (1975) os atos biológicos são atos de organização e

adaptação ao meio ambiente. O termo organização refere-se à tendência invariável

das espécies de organizar seus processos internos em sistemas coerentes. O

termo adaptação se dá quando o organismo se transforma em função do meio e

quando essa variação tem como efeito um acréscimo das trocas entre ambos. A

inteligência, portanto, seria uma forma especial de adaptação biológica.

Existem outros quatro conceitos que Jean Piaget define como básicos no processo de

desenvolvimento infantil e intelectual, são eles:

Assimilação: é quando o indivíduo incorpora em seu ser, ou seja, assimila as

características externas do meio à sua estrutura interna;

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Acomodação: o indivíduo após assimilar as características externas, ele as

acomoda para suportar as pressões do ambiente;

Esquemas de ação: A partir da assimilação e acomodação, o indivíduo (bebê)

apresenta comportamentos baseados em reflexos, que são as respostas

automáticas dadas pelo organismo ao ambiente. Neste contexto, vê-se que o

movimento, um dos conhecimentos básicos da psicomotricidade, é a primeira

forma de comunicação do indivíduo, relacionando ao desenvolvimento da

psicomotricidade. Esses reflexos são transformados posteriormente, segundo

Piaget em esquemas de ação.

Enquanto um bebê de alguns meses de vida utiliza esquemas de comportamento,

uma criança quando estaria na escola trabalharia seu cérebro realizando assim

operações mentais, ou seja, os esquemas de ação permeiam até o desenvolvimento

total do intelecto do indivíduo.

Equilibração: Essa etapa é um importante segmento na teoria piagetiana. Seria

uma forma de adaptação que procura maximizar as interações organismo-meio

através da construção de novos instrumentos de compreensão e ação sobre a

realidade. Esses conhecimentos vão sendo gerados e surgindo através de outros

já existentes.

3.2.2. Os estágios de desenvolvimento segundo Piaget

Os períodos que marcam o desenvolvimento intelectual da criança, segundo Piaget

(1975) são, período sensório-motor; período operatório; período operatório formal.

Período sensório-motor (compreende de zero a dois anos): A inteligência sensório-

motora caracteriza-se pela ausência de pensamento, representação ou linguagem.

A atividade intelectual é puramente sensorial e motora em sua interação com o

ambiente. O estágio sensório-motor é dividido em seis sub-estágios:

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Estágio reflexo: os efeitos da experiência estão centrados nos mecanismos

providos de hereditariedade: sucção, preensão, choro, etc. ainda que as

aprendizagens sejam significativas, estão ainda submetidas à esfera dos reflexos.

Estágio das reações circulares primárias: caracteriza-se pela tendência de

exercitar os esquemas descobertos a partir dos reflexos através de

comportamento repetitivos. Os exercícios dos primeiros esquemas mentais são

denominados reações circulares primárias. As reações circulares, nesse estágio,

centram-se no corpo do bebê que, por exemplo, aprende a levar o dedo na boca.

Estágio das reações circulares secundárias: elementos externos ao corpo do bebê

são incorporados aos esquemas até então construídos. O bebê começa a

engatinhar e manipular as coisas mais intensamente. As imitações passam a ser

sistemáticas. O bebê torna-se capaz de produzir eventos interessantes

descobertos, por acaso, o que envolve uma atividade mais complexa e intencional.

Estágio da coordenação dos esquemas secundários: as ações do bebê passam a

visar uma meta pré-determinada. Surge o comportamento instrumental e a busca

ativa dos objetos desaparecidos. Se um objeto é colocado entre o bebê e o objeto

que ele deseja alcançar, ele desenvolve meios para remover o obstáculo. O bebê

tenta utilizar como meios esquemas desenvolvidos em outras situações,

generalizando padrões de comportamento previamente adquiridos (assimilação

generalizadora). No decorrer dessas generalizações, os esquemas vão sendo

modificados, mas o bebê só retém os que funcionam para remover o obstáculo.

Nesse estágio, a acomodação dos antigos esquemas à experiência adquirida com

as novas ações depende do sucesso dessas ações.

Estágio das reações circulares terciárias: nesse estágio, o bebê está aprendendo,

ou já aprendeu a andar, e sai em busca de novidades. Não foca seu interesse

apenas nela mesma, ou nos objetos que servem de meios para alcançar

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determinados fins, passando a ter curiosidade pelos objetos sob um outro ponto

de vista. Começa a atribuir permanência e reconhecer que eles têm uma existência

independente dela própria. Põe em prática, o ensaio-e-erro para descobrir as

propriedades dos objetos, enquanto vai acomodando seu próprio comportamento

a eles, e assimilando novos esquemas sem dificuldade.

Início da representação: esse estágio representa a transição para o próximo

período de desenvolvimento, no qual a criança torna-se capaz de utilizar símbolos

mentais e palavras para referir-se a objetos ausentes. A representação significa a

libertação do aqui e agora, introduz a criança no mundo das possibilidades. Agora,

para imitar a criança ensaia mentalmente em lugar de repetir diversas vezes um

comportamento. O conceito de permanência do objeto é completamente

elaborado. Devido à capacidade de representação mental a criança pode

reconstruir uma série de deslocamentos invisíveis do objeto. É uma fase que revela

o início da descentração.

Período operatório:

Estágio pré-operatório: caracteriza-se pelo exercício das habilidades

representacionais, pelo egocentrismo e pela socialização progressiva do

comportamento. O egocentrismo corresponde à indiferenciada entre o próprio

ponto de vista e o dos outros, ou entre a própria atividade e as transformações que

ocorrem na realidade. É inconsciente, pois tomar consciência dele, o destrói.

A partir dos dois anos o desenvolvimento do vocabulário e, consequentemente, da

linguagem, facilita o desenvolvimento conceitual, da socialização da ação, da

internalização da palavra como pensamento propriamente dito. O pensamento passa

a construir-se pela internalização da ação, constituindo uma linguagem interna e um

sistema de signos. A ação deixa de ser puramente perceptiva e motora, tornando-se

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uma representação intuitiva por meio de imagens e experimentos mentais. O

egocentrismo, ainda se expressa dos três aos sete anos.

Estágio operatório concreto: esse estágio compreende o período dos sete a

onze anos. A criança desenvolve o uso do pensamento lógico. Já pode solucionar

problemas de conservação e a maioria dos problemas concretos, demonstrando

capacidade de seriação e de classificação. Pode pensar logicamente, mas não

pode aplicar a lógica a problemas hipotéticos, abstratos. No campo afetivo, a

conservação de sentimentos, a formação da vontade, e o início do pensamento

autônomo levam a criança a considerar os motivos dos outros nos seus

julgamentos morais, o que demonstra uma superação do egocentrismo.

Período operatório-formal: Nesse estágio, as estruturas cognitivas (esquemas)

qualitativamente maduras, e o indivíduo torna-se estruturalmente apto a aplicar

operações lógicas a problemas hipotéticos. O adolescente torna-se capaz de

raciocinar sobre a lógica de um argumento independentemente de seu conteúdo.

3.3 A relação entre psicomotricidade e desenvolvimento infantil

O desenvolvimento é um processo ativo, dinâmico e interativo, que vai acontecendo

no desenrolar da vida. Como visto nos três conhecimentos básicos, a criança, no

processo de desenvolvimento, passa pelas três etapas que são, o movimento, o

intelecto e o afeto. A partir de cada um deles observa-se a importância da

psicomotricidade no desenvolvimento infantil (Idem).

3.3.1 Educação psicomotora

A educação física tem um papel fundamental no desenvolvimento psicomotor da

criança. É através dela que as crianças vão demonstrar suas habilidades e

dificuldades em relação ao movimento. A educação física é baseada nas

necessidades da criança. Tão importante quanto se alimentar, ela deve ser bem

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condicionada a fim de desenvolver meios para que a criança se sinta estimulada e

consequentemente tenha um bom desenvolvimento.

Entende-se que o desenvolvimento da criança acontece através dos três

conhecimentos básicos, sendo o movimento o primeiro meio de comunicação da

criança. É a partir desses conhecimentos que a criança toma consciência de si

mesma, passando a conhecer seu corpo num todo, entendendo assim a importância

de se expressar e compreender o meio em que vive.

A educação física escolar tem como objetivo principal incentivar os movimentos

corporais buscando compreender todas as etapas da vida. A educação psicomotora

bem desenvolvida pode detectar problemas futuros e até mesmo resolvê-los, em

relação à concentração, coordenação, dificuldades de aprendizagem. As habilidades

da criança, bem desenvolvidas possibilitam que estas aprendam melhor ou que,

possam ser detectadas com antecedência problemas como citados acima,

colaborando assim para corrigi-los.

O esquema corporal da criança deixa de ser limitado tornando-a mais perceptiva ao

meio. Entende-se por esquema corporal o ritmo, o tempo e o espaço da criança.

Tanto o afeto, quanto o intelecto é desenvolvido a partir do movimento – atividade

física – que possibilita esse desenvolvimento. É necessário que a criança tenha uma

boa coordenação motora para iniciar seu processo de escrita, assim como para a

leitura é necessário que consiga concentrar-se. Portanto a educação psicomotora no

ensino infantil exerce um papel fundamental em toda a vida do indivíduo.

“É a educação um fato social tão antigo quanto o próprio homem, devendo ter sido

praticada desde que apareceu na terra a primeira família humana. Coincide, assim, o

início da história da educação com o da história da humanidade” (BELLO, 1978 p. 9).

Não é possível falar de educação sem relatar um pouco da história da mesma. História

essa que começou com o início da humanidade no planeta terra, e continua até os

dias atuais, num processo contínuo e complexo que tem suas raízes na família e em

sua cultura, refletindo-se na sociedade em que está inserido. A educação não é

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apenas aquela formal que a escola oferece, mas toda e qualquer vivência que o ser

humano está em contato e que vivencia. A educação primitiva não seguia regras

formais, mas tudo dependia da maneira como os povos viviam e, como sua cultura

era inserida na sociedade.

Era assim a educação informal dos povos primitivos, que deram origem à nossa

educação dos dias de hoje, não era como a atual que segue regras, tudo acontecia

de forma natural e espontânea mesmo que algumas pessoas copiassem umas das

outras, sem perceber. Essa educação imitativa foi explicada por John Devey: “Como

esclarece John Dewey, nessas sociedades primitivas são todas as instituições que

exercem a influência educativa sem que nenhuma delas tenha propriamente, essa

função” (apud BELLO, 1978, p. 13).

No início dos tempos a escola não era institucionalizada, não havendo uma pessoa

qualificada especificamente para a educação do povo, esse processo acontecia de

forma que toda a comunidade exercia poderes e auxiliava de maneira direta ou indireta

na educação. Todas as instituições participavam igualmente.

A educação, portanto, não existia de forma sistematizada, ela consistia quase que

exclusivamente na imitação das atividades que os adultos realizavam e as crianças

os imitavam. Com o passar dos anos foram surgindo pessoas preocupadas em

descobrir e conhecer sempre mais sobre o processo educacional, conhecer mais

sobre o mundo e suas transformações, surgindo aí estudiosos que até hoje buscam

respostas para o desenvolvimento humano e social. A educação foi muitas vezes

identificada com o conceito mais restrito de instrução.

Hoje, temos a noção de que todas as influências, todos os estímulos que provocam

uma série de reações da parte do indivíduo, têm alguma influência no seu caráter e

fazem parte, portanto, da sua educação.

“Ninguém nasce feito. Vamos nos fazendo aos poucos na prática social em que

tomamos parte” (FREIRE, 2001, p.88.).

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Num sentido amplo, podemos dizer que a educação é um longo processo de

desenvolvimento, inicia desde o nascimento do indivíduo, assim sendo moldado na

família, na sociedade e principalmente na escola. A formação do ser vai depender

muito das pessoas que irão fazer parte de sua convivência no processo educacional.

Há várias formas de se conceber o fenômeno educativo. Por sua própria natureza, não é uma realidade acabada que se dá a conhecer de forma única e precisa em seus múltiplos aspectos. É um fenômeno humano, histórico e multidimensional. Nele estão presentes tanto a dimensão humana quanto a técnica, a cognitiva, a emocional, a sócio-política e cultural. Não se trata de mera justaposição das referidas dimensões, mas, sim, da aceitação de suas múltiplas implicações e relações (MIZUKAMI, 1986. p. 1).

Sendo assim, a educação não começou e nem vai terminar hoje, ela é um processo

que sempre busca inovações, correções e aplicações em diversos níveis de

conhecimento. O ser humano faz parte da natureza, da sociedade e do universo como

um todo, estando sempre em contato com o novo, aprendendo com tudo que está à

sua volta, tanto ensinando como revisando. Pois aprender é isso: um processo de

aceitação, assimilação, revisão multidimensional de tudo e de todo o conhecimento,

sendo ele empírico ou científico.

O indivíduo, nesse processo, é caracterizado pelas suas dimensões humanas,

emocionais, cognitivas, sua vivência sócio histórica e cultural a qual produz e renova

seus saberes. Sendo assim, o ser humano está sempre em contato com o novo,

adquirindo e formando sempre novos conhecimentos, que serão parte fundamental

de sua formação.

Conforme Mizukami (1986, p.2): “O conhecimento é uma ‘descoberta’ e é novo para

o indivíduo que a faz. O que foi descoberto já se encontrava presente na realidade

exterior. Não há construção de novas realidades”.

O ser humano é dotado de uma capacidade que muitas vezes nem ele se dá conta,

pois a todo o momento está adquirindo conhecimentos novos e transformando os já

existentes. Sendo assim, cada indivíduo interpreta o mundo à uma maneira e através

dos diferentes olhares, uma forma a sua concepção.

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Cada ser é único e tem uma maneira de ver o mundo, com o seu jeito de aprender o

novo. Um homem pode entrar em contato, por exemplo, com um livro muito antigo,

que muitas pessoas já o leram e sugaram segundo eles toda a sua essência. Porém

esse homem, ao lê-lo, conseguiu retirar algo dele que jamais alguém havia percebido,

isso não quer dizer que o conhecimento do livro mudou, mas, a forma como as

pessoas interpretam é que é diferente.

Nessa realidade de existência e transformação do conhecido para algo novo, o

processo de conhecimento passa por transformações onde muitas vezes o ser

humano não consegue aprender sozinho, ele necessita de seres que o ajudem. Sendo

assim, todo ser ao iniciar seu contato com a sociedade precisa de pessoas

conscientes que lhe mostrem o caminho a seguir, e lhe guie neste processo. Sendo

assim, o professor tem que estar preparado no momento em que a criança chega à

escola.

“Dizemos que a criança está pronta para aprender, quando ela apresenta um conjunto

de condições, capacidades, habilidades e aptidões consideradas como pré-requisitos

para o início de qualquer aprendizagem” (DROUET, 2001 p. 27).

Dessa forma, constatamos que a criança é um ser que vive em constante

transformação, e não podemos dizer que está pronta e acabada. Portanto, ela se

desenvolve pelas vivências e momentos, desenvolvimento esse que envolve seu lado

psicomotor, o que é muito importante para sua formação.

Quando a criança apresenta dificuldades de aprendizagem, na maioria das vezes,

uma simples atividade que envolva seu corpo pode solucionar tal problema. Cabe ao

educador ter o conhecimento e ajudar seu aluno, já que toda criança tem capacidades,

habilidades e aptidões. Basta só ser observada com carinho, pois o seu futuro

depende muito da sua formação inicial que acontece na família e principalmente na

escola.

O educador, através do seu conhecimento que adquiriu no decorrer do tempo, deve

buscar maneiras diferentes para conduzir todo o processo de educação, tendo em

mente que todo e qualquer indivíduo pode apresentar mudanças através do meio que

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vive. Educar significa que o próprio educador deve criar sua identidade, ser crítico e

consciente, capaz de mudar os caminhos da educação.

Sendo a escola o local onde a criança irá receber estímulos para continuar

desenvolvendo suas capacidades psicomotoras é de suma importância que o

educador busque inovar e aperfeiçoar a cada momento sua maneira de trabalhar tanto

o lado motor como o afetivo da criança que é parte fundamenta do processo.

Quando uma criança apresentar problemas de aprendizagem, é muito importante que

o educador busque constatar, e consequentemente tente saná-lo. Se o problema for

mais grave, deverá buscar ajuda de outros especialistas.

É muito importante que, mesmo que sejam pequenas essas dificuldades, o professor

não deixe passar por despercebido, pois uma simples troca do tipo ‘ P por B’, pode

parecer simples mais não o é. Essa simplicidade de erros pode causar com o passar

do tempo uma enorme dificuldade de aprendizagem.

Conforme afirma Seber (1997, p. 65): “É preciso entender que, o domínio de uma

atividade não é conquistado imediato. Só o funcionamento de uma ação pode conduzir

a um aprimoramento dos movimentos”.

Conhecer o próprio corpo significa ter uma compreensão global do seu

desenvolvimento. Isso implica conhecer e entender o seu desenvolvimento motor, sua

lateralidade, saber orientar-se no espaço, ter uma memória sinestésica desenvolvida,

fazendo com que haja uma interação entre corpo e aprendizagem. Mas, é preciso

entender que qualquer atividade que a criança fará de imediato ela não terá domínio

do seu corpo. Somente a continuidade de atividades fará com que haja o

aprimoramento dos seus movimentos.

“O ser humano, comparado com outras espécies animais, possui um desenvolvimento

motor bastante lento e isso acontece porque o cérebro da criança está sendo

programado para atividades mais complexas que envolve a linguagem, o raciocínio

lógico, poder de espacialização e amadurecimento das emoções” (ANTUNES, 2001,

p. 153).

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O desenvolvimento motor relacionado à criança está incluído num processo lento de

aquisições de conhecimentos. Isso porque, comparado com o de outros animais, o

cérebro humano é programado para atividades complexas como a linguagem,

raciocínio lógico, localização espacial, e amadurecimento das emoções, enquanto o

animal apenas preocupa-se com o seu desenvolvimento motor, (pois é um animal

irracional).

O homem tem que estar se desenvolvendo num todo. Por isso, faz-se necessário

trabalhar em cima de estímulos com a criança desde pequena, desenvolvendo um

conjunto de habilidades que engloba o domínio do esquema corporal, só assim ela

chegará à fase adulta sem problemas de aprendizagem, fazer com que ela viva o real

e o imaginário formando sistemas de interpretação do mundo, da cultura em que faz

parte e do meio em que vive, construindo e ampliando sua história.

É na escola, através da mediação do professor com o aluno, que o processo de

desenvolvimento ocorre por completo. O ser humano por si só, não consegue

desenvolver-se sozinho, ele necessita de estímulos e de um mediador para que esse

processo se realize.

O educador, enquanto professor atuante terá um papel fundamental fazendo a relação

entre o amadurecimento do seu organismo, com estímulos trabalhados para

desenvolver melhor a motricidade do aluno. Para que essa mediação aconteça faz-se

necessário que ele esteja preparado e conheça sobre o assunto, devendo estar

sempre em busca constante do conhecimento, para poder ajudar seu aluno.

Despertando através de atividades a motivação, unindo corpo e mente e através da

expressão tornar o educando um ser criativo, desenvolvido, apto a realizar atividades

mais complexas.

Portanto, cabe a nós educadores, buscar a interação do movimento na escola com

objetivos e metas bem traçadas. Sendo eles peçam fundamental no aprendizado do

aluno é de suma importância que se trabalhe na educação infantil e nas séries iniciais,

de forma interessante e prazerosa. Que as atividades aplicadas para desenvolver

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corpo – movimento sejam estimuladoras e contribuam para desenvolver o aluno no

todo, não esquecendo que o motor não pode ficar isolado.

É através do desenvolvimento motor e das habilidades básicas que a criança

consegue ter uma aprendizagem globalizada e estará preparada para viver na

sociedade a qual está inserida. De maneira alguma podemos separar movimento e

atenção pois é um processo interligado, somente trabalhando juntos é que o educando

terá um desenvolvimento completo de seu corpo e mente.

A aprendizagem da criança está interligada ao seu desenvolvimento psicomotor,

portanto, enfatizamos a importância da formação do educador, interligando-se numa

proposta pedagógica que proporcione à criança a visualização de todo processo,

aprendendo a conhecer, a conviver, a fazer e ser, transformando-se em um indivíduo

atuante e integrado em seu meio social.

O educador deve ser criativo em todos os aspectos, analisando: espaço, materiais e

atividades que condigam com a idade da criança, usando técnicas bem criativas que

venham somar no desenvolvimento e aprendizado do educando, fazendo com que o

mesmo aprenda a se comunicar com o mundo pela linguagem corporal e que sinta

prazer em aprender através das atividades motoras propostas.

“É de suma importância o papel dos educadores – pais e professores nos processos

fundamentais do desenvolvimento humano” (JOSÉ, 2000. p. 09).

A partir do momento em que todos os agentes envolvidos no processo do

desenvolvimento da aprendizagem da criança sejam os pais e professores

principalmente, faz-se necessário que eles estejam completamente engajados na

compreensão dos princípios do processo de aprendizagem, o educando poderá

desenvolver-se naturalmente sem maiores problemas de traumas e tabus.

Por isso é desejável que futuros profissionais da educação obtenham alto grau de

conhecimento e preparo para o desempenho de suas atribuições; buscando juntas,

escola e família fazer um trabalho em prol da criança e seu desenvolvimento, não

esquecendo que ela não é um adulto em miniatura e sim um ser em constante

transformação e necessita de todas as atenções, para vir a ser um adulto apto a viver

no meio social.

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Conforme afirmação de José (2000, p. 09): “Quando se fala em crescimento, todo

mundo se lembra facilmente de aumento de estatura, de peso, e outras mudanças

tanto estruturais como orgânicas que ocorrem na constituição física”.

Muito mais amplo e complexo que as mudanças estruturais, são as mudanças que

ocorrem no organismo e na personalidade do ser humano, de tal maneira que o

desenvolvimento da criança se dá de forma amplamente integrada. Nessa integração

estão contidas: a hereditariedade, ambiente, maturação e aprendizagem.

O entendimento do educador é imprescindível para que o desempenho do educando,

possa ser conduzido de maneira correta e objetiva, com total sucesso dos objetivos

pedagógicos.

Muitas vezes nos preocupamos com o desenvolvimento mental e intelectual, nos

esquecendo de toda mudança estrutural, inclusive de ordem orgânica que envolve o

desenvolvimento integrado da criança. Portanto, precisamos estar atentos, pois a

criança possui um esquema corporal, movimentos e todo o lado psicológico, e esses

aspectos são de suma importância para o desempenho de uma aprendizagem

completa.

3.3.2 Desenvolvimento psicomotor

De acordo com Barreto (2000, p. 54), “O desenvolvimento psicomotor é de suma

importância na prevenção de problemas da aprendizagem e na reeducação dos tônus,

da postura, da direcional idade, da lateralidade e do ritmo”.

A organização de todas as áreas de pende do desenvolvimento motor sendo este

responsável pelas habilidades e/ou dificuldades motoras que o indivíduo apresentará.

É também responsável pela progressão do intelecto.

Os estímulos dados à criança na fase da educação infantil possibilitam maior

integração da mesma ao meio, favorecendo a adaptação. É importante que a criança

tenha contato com atividades dinâmicas, como jogos, brincadeiras, que contribua para

seu desenvolvimento psicomotor.

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Para o corpo desenvolver suas funcionalidades é necessário um bom

desenvolvimento psicomotor. Segundo Fonseca (1995), sete fatores são os que

norteiam o desenvolvimento psicomotor:

Tonicidade: É a que indica os tônus muscular, exerce um papel de suma

importância no desenvolvimento motor da criança. Ela garante, além das atitudes,

todos os sentidos de postura, mímicas e emoções de onde vêm as atividades

motoras.

Equilíbrio: O equilíbrio é o conjunto estático das aptidões. Abrange o controle

postural e de locomoção. Esse equilíbrio estático caracteriza-se pelo tipo de

equilíbrio conseguido em certa posição. Já o equilíbrio dinâmico é aquele que se

consegue por um corpo em movimento.

Lateralidade: A lateralidade do corpo se refere a dominância lateral da mão, olho

e pé, capacitando o indivíduo a desenvolver as aptidões adquiridas.

A lateralidade manual surge geralmente no fim dos doze meses de vida e no início do

segundo ano, mas vai firmar seu estabelecimento físico por volta dos quatro ou cinco

anos de idade.

Noção corporal: Trata-se da noção da personalidade da criança, ou de sua

formação. É o momento em que o indivíduo toma consciência do seu corpo,

separando-o por partes e cuidando mais do aspecto estático. Nesse momento

também a criança percebe que por intermédio do corpo há algumas possibilidades

de se expressar.

Estruturação espaço-temporal: Em função da lateralidade e da noção corporal

forma-se a estruturação do espaço temporal. A partir da motricidade e das

múltiplas relações com o meio e com os fatores citados que se desenvolve a

consciência espacial. A criança passa a conhecer seu próprio corpo tomando

consciência de lugar e espaço.

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praxia global: É a capacidade de realizar movimentos voluntários pré-

estabelecidos com a intencionalidade de alcançar um objetivo.

praxia fina: É a relativa compreensão de todas as tarefas motoras finas. Tem

relação com os movimentos de olhos e mãos.

3.3.3 A influência da psicomotricidade na aprendizagem

O desempenho motor da criança está intrinsecamente ligado à aprendizagem. As

habilidades motoras de recorte, colagem, escrita e o desenvolvimento do intelecto

requerem conhecimento do próprio corpo. Se os estímulos forem realizados de forma

a abranger todas as áreas do corpo, certamente o desenvolvimento psicomotor se

dará plenamente, contribuindo assim para uma melhor aprendizagem.

O desenvolvimento psicomotor bem estimulado para contribuir para evitar problemas

de aprendizagem. Estes podem ter várias causas como: causas neurologias,

sensoriais, emocionais, sociais, intelectuais ou problemas físicos. É importante

conhecer a causa para auxiliar a criança.

A educação psicomotora pode favorecer o desenvolvimento das capacidades

existentes e a motivação é um fator fundamental para a aprendizagem.

“Se eu tivesse que reduzir toda a psicologia educacional a um único princípio, diria

isto: O fator isolado mais importante que influencia a aprendizagem é aquilo que o

aprendiz já conhece. Descubra o que ele sabe e baseie nisso seus ensinamentos”

(AUSUBEL, NOVAK, HANESIAN, 1980)

Ausubel nos remete a aprendizagem significativa, para que ela ocorra é necessário

que a criança tenha uma atitude positiva para aprender de modo significativo, ou seja,

tenha predisposição para aprender. É importante que a criança relacione material

novo aos materiais disponíveis em sua estrutura cognitiva.

Ao teorizar a aprendizagem significativa observa-se a importância da motivação para

aprender. A motivação é um fator subjetivo, mas pode ser potencializada através de

estímulos.

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A aprendizagem é o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo já

maduro. Por isso, é importante que a aprendizagem possa ser significativa, está por

sua vez, nos remete a psicomotricidade, que se bem desenvolvida na criança pode

gerar níveis de aprendizagem bem melhores, ou se não bem estimuladas, causar

consequências.

Para que a aprendizagem provoque uma efetiva mudança de comportamento e amplie

cada vez mais o potencial da criança, é necessário que ela estabeleça relação direta

com o meio e com aquilo que está aprendendo. Para isso, é importante a estimulação.

É de suma importância, que o professor conheça as crianças e o processo de

aprendizagem e possa se interessar por elas como seres humanos, que sentem

emoções, que estão se transformando e mais que isso, que são únicos no seu

desenvolvimento.

A identificação dos problemas de psicomotricidade apresentadas em cada criança é

única, e é por isso, a importância de conhecê-la num todo, identificar suas dificuldades

para poder ajudá-la. Para saber se uma criança tem problemas de psicomotricidade é

necessário fazer uma avaliação psicomotora, através de exercícios específicos, que

verifiquem aspectos como:

Qualidade tônica (rigidez ou relaxamento muscular);

Qualidade gestual (dissociação manual e dos membros superiores e inferiores;

Agilidade;

Equilíbrio;

Coordenação;

Lateralidade;

Organização temporo espacial;

Grafo motricidade.

Essa avaliação pode revelar na criança, respeitadas as características próprias do seu

desenvolvimento, se existem atrasos no desenvolvimento motor e perturbações de

equilíbrio, coordenação, lateralidade, sensibilidade, esquema corpora, estrutura e

orientação espacial, grafismo, afetividade, etc.

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Tais problemas podem fazer-se notar tanto na Pré-escola como nas séries iniciais,

com maior ou menor intensidade e decorrendo das mais variadas causas como:

Debilidade intelectual;

Problemática emocional;

Retardos de maturação;

Desarmonias tônico-motoras.

Os tipos de distúrbios psicomotores, quando se usa o termo distúrbio liga-se

diretamente a problemas que envolve o indivíduo em sua totalidade. Distúrbios

afetivos e psicomotores estão ligados, se influenciam e se reforçam mutuamente.

Sendo assim, a psicomotricidade leva sempre em conta o indivíduo como um todo,

pesquisando se o problema está no corpo, na área da inteligência ou na afetividade.

Traçar um diagnóstico não é tarefa fácil, devido à complexidade do ser humano. Com

relação ao tratamento, ele varia de criança para criança, dependendo da patologia

que elas apresentam.

Segundo Haim Grünspun, os distúrbios apresentam os seguintes quadros:

instabilidade psicomotora, debilidade psicomotora, inibição psicomotora, lateralidade

cruzada, imperícia.

Instabilidade psicomotora é o tipo mais complexo e que causa uma série de

transtornos pelas reações que o portador apresenta. Nesse quadro predomina

uma atividade muscular contínua e incessante;

Debilidade psicomotora caracteriza-se pela presença da paratonia ou da

sincinesia. Paratonia é a persistência de uma certa rigidez muscular, que pode

aparecer nas quatro extremidades do corpo ou somente em duas. A sincinesia é a

participação de músculos em movimentos aos quais eles não são necessários;

Inibição psicomotora é quando as características da debilidade psicomotora estão

presentes com uma distinção fundamental: na inibição psicomotora existe a

presença constante da ansiedade;

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Lateralidade cruzada é a falta das dominâncias do mesmo lado do corpo. A maioria

dos autores acredita que existe no cérebro um hemisfério dominante responsável

pela lateralidade do indivíduo. Desta maneira, de acordo com a ordem enviada do

hemisfério dominante, teríamos o destro e o canhoto. No entanto, além da

dominância da mão, existe também a do pé, do olho e do ouvido. Quando estas

dominâncias não se apresentam do mesmo lado, dizemos que o indivíduo

tem lateralidade cruzada;

Imperícia é em geral, a dificuldade de realizar certas tarefas que requerem uma

apurada habilidade manual.

As atividades motoras desempenham na vida da criança um papel importantíssimo, em muitas das suas primeiras iniciativas intelectuais. Enquanto explora o mundo que a rodeia com todos os órgãos do sentido, ela percebe também os meios com os quais fará grande parte dos seus contatos sociais” (JOSÉ e COELHO, 2000, p. 109).

Durante a infância, até aproximadamente 3 anos, a criança não tem bem definida suas

funções motoras, explora o mundo e os objetos com os seus órgãos dos sentidos,

cada vez com mais curiosidade, criando mediações entre ela e o meio em que vive.

Só mais tarde é que ela começa a entender a relação entre o concreto e o abstrato,

separando movimentos e pensamentos.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS E SUGESTÕES

A pesquisa elaborada tem como tema principal a importância da psicomotricidade no

desenvolvimento infantil e busca conhecer e compreender a importância da mesma.

4.1 Considerações finais

Em resposta ao problema de pesquisa elaborado neste tema, considera-se que a

psicomotricidade é uma ferramenta de grande importância para o desenvolvimento

infantil, entendendo que esta ciência compreende o movimento humano, o

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relacionamento através da ação. Também como tomada de consciência que se dá

através da união do ser corporal, mental, espiritual e social em relação ao meio em

que vive.

Entende-se que o desenvolvimento infantil, independente da teoria relacionada a ele,

tem como pontos principais o movimento, o afeto e o intelecto, o que remete

diretamente a psicomotricidade. As etapas do desenvolvimento infantil se dão pelo

contato com o meio relacionando o corpo com o ambiente. Para o corpo desenvolver

suas funcionalidades é necessário um bom desenvolvimento psicomotor.

É importante pontuar que, a psicomotricidade no desenvolvimento infantil contribui

para melhor coordenação motora, tarefas de praxia global e praxia fina, também como

para a aprendizagem ajudando nas atividades de leitura, escrita, concentração,

raciocínio lógico.

A relação que a criança tem como meio em que vive se bem estimulado passa a ser

mais intensa, possibilitando a criança de conhecer-se melhor e compreender o mundo

que a rodeia.

Considera-se com essas colocações, que o objetivo geral dessa pesquisa foi

alcançado, visto que foi possível conhecer a importância da psicomotricidade no

desenvolvimento infantil.

Através de atividades psicomotoras, o educando terá melhor desenvolvimento, que

virá somar em sua aprendizagem, conforme estão descritas no trabalho e em anexo,

várias atividades que podem ser trabalhadas; sendo o ser humano um ser único e

individual, parte principal do processo, deve ser trabalhada com várias atividades

psicomotoras que venham auxiliá-lo em seu desenvolvimento; a escola tem papel

fundamental no desenvolvimento da criança, todos os agentes são responsáveis para

a boa formação do indivíduo, nela deve ter um espaço adequado para a realização de

atividades, bem como materiais necessários para cada atividade.

Em partes, conclui-se que, quanto ao objetivo de caracterizar o que é

psicomotricidade, a pesquisa foi realiza com sucesso. As etapas do desenvolvimento

infantis teorizadas por Piaget contribuíram para o conhecimento do desenvolvimento

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e facilitando assim fazer a relação entre psicomotricidade e desenvolvimento infantil,

entendendo a importância da mesma para o homem.

Considera-se que o educador tem que criar condições para que as crianças

desenvolvam suas capacidades num todo, sendo a criança um ser único e individual,

vindo de diferentes culturas e meios sociais adversos, apresentando inúmeras

carências.

Levando em consideração que Educação e aprendizagem caminham juntas, e o aluno

não é só conceitos, pois ele possui um corpo e este movimento, que precisam ser

trabalhados, pois se passarem despercebidos durante sua infância, e na fase escolar,

poderá acarretar sérios problemas em sua vida adulta

Por fim, a pesquisa foi importante, pois contribuiu para um aprofundamento sobre o

tema.

4.2 Sugestões

Como sugestão para esta pesquisa, fica a proposta que a psicomotricidade seja mais

investigada e levada a sério no trato educacional, considerando sua importância e

necessidade neste processo.

É interessante sugerir grupos de estudo sobre o assunto, para todos os docentes

possam se valer do conhecimento sobre a psicomotricidade. Ou, ainda, que esta

profissional possa socializar estes resultados de pesquisa, através de momentos

dialógicos.

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