APOSTILA Sistema Financeiro Nacional - Mercado Financeiro e de Capitais ( Acry E Freire Jr)

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FAE / CDE

Mercado financeiro e de capitais

Acyr E. Freire Jr.

FAE / CDE

CENTRO DE DESENVOLVIMENTO EMPRESARIAL

PROGRAMA DA DISCIPLINA MERCADO FINANCEIRO E DE CAPITAIS OBJETIVO Transmitir conhecimentos sobre o mercado financeiro, suas prticas operacionais, e a utilizao de instrumentos para tomada de decises estratgicas. PROGRAMA SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL Retrospectiva histrica; Banco atual; Funo social dos bancos ( prestao de servios ); SFN - Estrutura atual .

POLTICA MONETRIA Instrumentos clssicos ( depsito compulsrio, redesconto ou emprstimo de liquidez, Open Market ); Conceituao dos meios de pagamentos ( M1,M2,M3,M4 ); Meios de pagamentos e Base Monetria;

MERCADO DE TTULOS PBLICOS FEDERAIS SELIC SISBACEN Certificado de Depsito Interbancrio - CDI CETIP ndices e Indexadores

TTULOS E VALORES MOBILIRIOS Taxa Over; Ttulos pr-fixados; Ttulos ps-fixados; CDB/RDB; BBC; Ttulos com Cupons peridicos; Mercado futuro; Swap pr-fixado; Swap cambial; MERCADO DE OPERAES ATIVAS ( EMPRSTIMOS ) Hot-Money; Desconto de Ttulos; Contas garantidas; Contratos de Mtuos; MERCADO DE AES Ordens de compra e venda; Dividendos; Bonificao; Mercado de opes. BIBLIOGRAFIA Fortuna, Eduardo - Mercado Financeiro - produtos e servios - Edit. Qualitymark; Bessada Lion, O mercado Futuro e de Opes - Edit. Record; Portocarrero - Introduo ao Mercado de Capitais - Ibemec; Abelardo Puccini - Matemtica Financeira Aplicada - Livros Tcnicos; Lauro de Arajo - Derivativos - Atlas;

RETROSPECTIVA HISTRICA O BANCO TRADICIONAL O modelo bancrio trazido ao Brasil pelo Imprio foi o europeu. Entendiam-se como atividades bsicas de um banco as operaes de depsitos e emprstimos (descontos). Outros servios praticamente inexistiam. Os bancos sempre guardaram, atravs do tempo, uma caracterstica excessivamente nobre ou, por que no dizer, austera. Um exemplo desse rigor eram as prprias gerncias operacionais, as quais obrigatoriamente deveriam manter contato com o pblico e ficavam situadas no fundo das agncias, com portas muito bem tranadas, por onde poucos ousariam entrar. Essa situao estendeu-se at a metade de nosso sculo, quando, ento, comearam as grandes transformaes provocadas pelo progresso e pela euforia do ps-guerra. A FASE INTERMEDIRIA A partir dos anos 50, solidificaram-se as posies brasileiras, explodindo aos poucos seu potencial econmico. Propagaram-se os bancos e, com eles, os primeiros sintomas de uma debilitada capacidade empresarial para administr-los. Mais de 500 matrizes funcionavam na ocasio. Em 1945, atravs do decreto-lei no 7.293, foi criada a conhecida Sumoc (Superintendncia da Moeda e do Crdito), em substituio a critrios inadequados de fiscalizao, que tiveram incio em 1920 com a Inspetoria Geral de Bancos. Seu objetivo imediato era exercer o controle do mercado monetrio. O mesmo decreto criava, como instrumento de controle do volume de crdito e dos meios de pagamento, o depsito compulsrio. Inmeros bancos encerraram suas atividades. Outros tantos desapareceram, atravs de fuses e incorporaes. Saneou-se e, ao mesmo tempo, solidificou-se o Sistema Financeiro Nacional. O BANCO ATUAL A reforma bancria de 1964 (Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964) e a Reforma do Mercado de Capitais (Lei no 4.728, de 14 de julho de 1965) definiram uma poltica que procurava acabar com a controvrsia relativa s instituies financeiras, ou seja, evoluo no sentido europeu, pela qual os bancos so as principais peas do sistema financeiro, operando em todas as modalidades de intermediao financeira, ou adoo de modelo americano, no qual predomina a especializao. Por tais normas, o banco ficaria com o segmento de capital de giro e outras operaes de curto prazo. Existindo as empresas de crdito, financiamento e investimento desde 1959, criaram-se os bancos de investimento, em 1965, e as associaes de poupana e emprstimo, em 1969. Na rea oficial, j existia o Banco Nacional de Crdito Cooperativo, desde 1951, e o BNDES, desde 1952. Em 1964, foi criado o BNH.

Nos anos recentes foram extintos o BNCC e o BNH, este absorvido pela Caixa Econmica Federal. O Banco do Brasil ficou como banco comercial misto, operando tambm em longo prazo, enquanto os Bancos da Amaznia (reorganizado em 1966) e do Nordeste (criado em 1962) exerceram funes tpicas de bancos comerciais e de agentes da SUDAM e da SUDENE, respectivamente. Apesar desta opo, em virtude de condicionamentos econmicos e, em especial, da necessidade de buscar economia de escala e melhor racionalizao do sistema, os bancos passaram a assumir o papel de lderes de grandes conglomerados, onde atuam coordenadamente todas as modalidades de instituies financeiras que, embora com grande quantidade de pequenos bancos regionais detm o maior volume de negcios de intermediao financeira e prestao de servios. A estrutura atual do sistema financeiro resulta, portanto, dessa reforma institucional do binio 64/65, que criou o Conselho Monetrio Nacional e o Banco Central do Brasil, alm da regulamentao das diferentes instituies de intermediao, entre as quais as integrantes do Sistema Financeiro da Habitao (SFH). Posteriormente, foi incorporado ao quadro institucional do sistema a Comisso de Valores Mobilirios (CVM), criada pela Lei n. 6.385, de 7 de fevereiro de 1976. Mais recentemente, a Resoluo n. 1.524/38, de 22 de setembro de 1988, facultou s instituies financeiras sua organizao como uma nica instituio com personalidade jurdica prpria, vulgarmente denominada banco mltiplo. O Processo de globalizao, a abertura econmica e o Plano Real provocaram, em seu conjunto, com o apoio do PROER, do FGC, do PROES e da adeso do Brasil ao Acordo da Basilia, um processo de saneamento, privatizao e fuso de instituies bancrias que, atualmente, no limiar de 1998, podemos dizer que inicia uma revoluo nos mtodos e prticas de nossa atividade bancria, sem dvida, para melhor.

FUNO SOCIAL DOS BANCOS PRESTAO DE SERVIOS Dificilmente se poder identificar uma data a partir da qual os bancos passaram a exercer as funes de grandes prestadores de servios. Procurando atrair sempre um maior nmero de clientes, os bancos passaram a oferecer servios mais rpidos e sofisticados, que, com o tempo, acabaram se tomando rotina. Essa agilizao beneficiou sobremaneira os correntistas, principalmente os institucionais.

Os primeiros carns de pagamento levaram muito tempo para serem aceitos pelos bancos. Hoje, existem milhares de convnios assinados com empresas. O banco atual instala caixas avanados em grandes clientes, retira numerrio, paga seus empregados e fornecedores, credita a cobrana no mesmo dia de pagamento, oferece caixas automticos (ATM), cartes de crdito, cheques especiais, cheques de viagem, custdia e ordens de pagamento; oferece ainda outros produtos como depsitos a prazo fixo, fundos, seguros e poupana. H bancos mais ativos que, como reciprocidade, oferecem servios de controle de faturamento, contabilidade, fluxo de caixa, mercados externos e at micros on line, com uma srie de informaes. Desnecessrio mencionar, claro, todas as operaes ativas tradicionalmente postas disposio dos clientes. A facilidade de atendimento ao grande pblico levou os rgos da administrao pblica a utilizar intensamente a rede bancria nacional na arrecadao de sua receita. junto com esses recebimentos, surgiram outras atribuies, tais como o pagamento a funcionrios pblicos e beneficirios da Previdncia, assim como a prestao de servios burocrticoadministrativos, que obrigaram os estabelecimentos bancrios a criar controles para posterior informao ao Governo e aos clientes. ARRECADAO DE TRIBUTOS E PAGAMENTO DE BENEFCIOS At a dcada de 60, quase todo o relacionamento entre povo e rgo pblico era feito diretamente entre as partes. Cada entidade mantinha a prpria estrutura para arrecadao de impostos e taxas de servios, ou para pagamento de benefcios. Assim, na maioria dos municpios, eram mantidas as Coletorias Federais e Estaduais. As empresas de servios pblicos (luz, gua gs e telefone), por sua vez, mantinham rgos especficos para arrecadao das taxas que lhes eram devidas. E fcil perceber, portanto, o custo do recebimento dos tributos e das taxas de servios, pois cada uma dessas atividades arcava com o nus de todo um aparato arrecadador. Por outro lado, os bancos constituam-se em pequenas redes de agncias, voltadas basicamente para os servios de depsitos e descontos. As funes de caixa e emprstimo a clientes eram os objetivos nicos da empresa bancria. Com o desenvolvimento econmico da sociedade brasileira e, consequentemente, a crescente complexidade das relaes econmicas, o aumento na execuo de servios pblicos e a concesso de benefcios, o sistema de arrecadao passou a consumir recursos crescentes, o que obrigava os rgos pblicos a manter sistemas e estruturas que, em alguns casos, no cobriam os custos da arrecadao. Para o contribuinte, isso passou a significar uma crescente perda de tempo na execuo de pagamentos e no recebimento de benefcios. Extensas filas, em diversos locais, obrigavamno a uma maratona impiedosa e desgastante. Para os bancos, o desenvolvimento econmico possibilitou a disseminao de sua rede de agncias por todo o territrio nacional, para atender crescente necessidade de transferncia de ativos financeiros entre as entidades econmicas.

Estruturados para processar com rapidez as transferncias de numerrio, os bancos passaram a substituir as coletorias e postos de recebimento de taxas de servio pblico e pagamento de benefcios, servindo de intermedirios entre o rgo pblico e o contribuinte. Com isso, o custo social do sistema foi tremendamente reduzido, j que o contribuinte passou a fazer os pagamentos e recebimentos num s local, e os rgos pblicos puderam desativar ou reduzir de forma drstica suas estruturas de atendimento. O custo de processamento de arrecadao foi transferido para os bancos e, em geral ressarcido pela aplicao do dinheiro arrecadado, durante o prazo de permanncia. E notrio o ganho de escala propiciado sociedade pelos bancos, atravs da absoro do processamento da arrecadao. A atividade bancria brasileira possui caractersticas prprias. O nosso banco tem mltiplas funes. Muitas tarefas s vezes consideradas at como estranhas rea financeira acabam sendo transferidas aos bancos, que souberam, de alguma forma, assimilar essas peculiaridades. Como prestadores de servios, tanto a clientes oficiais quanto a particulares, como agentes reguladores do mercado financeiro, como intermediadores na movimentao dos valores ou mesmo como absorvedores de mo-de-obra, com centenas de milhares de funcionrios, os bancos esto enganados e firmemente arraigados no cenrio econmico-financeiro-social do Pas. Com o advento do Plano Real e a conseqente queda das receitas geradas pela inflao, as atividades da prestao de servios comearam a ser fortemente tarifadas, ao mesmo tempo que se iniciou um processo de descentralizao dessas atividades para outros agentes econmicos com rede de distribuio ampla. A ltima alternativa viabilizada pelo desenvolvimento da tecnologia teleinformtica e pela maior credibilidade da populao nos instrumentos tecnolgicos disposio. SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL ESTRUTURA ATUAL Uma conceituao bastante abrangente de sistema financeiro poderia ser a de um conjunto de instituies que se dedicam, de alguma forma, ao trabalho de propiciar condies satisfatrias para a manuteno de um fluxo de recursos entre poupadores e investidores. O mercado financeiro - onde se processam essas transaes permite que um agente econmico qualquer (um indivduo ou empresa), sem perspectivas de aplicao, em algum empreendimento prprio, da poupana que capaz de gerar, seja colocado em contato com outro, cujas perspectivas de investimento superam as respectivas disponibilidades de poupana. Entretanto, o mercado financeiro pode ser considerado como elemento dinmico no processo de crescimento econmico, uma vez que permite a elevao das taxas de poupana e investimento.

Dentro desta linha de abordagem, no que toca s instituies financeiras, a Lei de Reforma Bancria (no 4.595/1964), em seu Art. 17, caracteriza-as com mais exatido: Consideramse Instituies Financeiras, para os efeitos da legislao em vigor, as pessoas jurdicas pblicas e privadas, que tenham como atividade principal ou acessria a coleta, a intermediao ou a aplicao de recursos financeiros prprios ou de terceiros, em moeda nacional ou estrangeira, e a custdia de valor de propriedade de terceiros.E complementa em seu pargrafo nico: Para os efeitos desta Lei e da legislao em vigor equiparam-se s instituies financeiras as pessoas fsicas que exeram qualquer das atividades referidas neste artigo, de forma permanente ou eventual. Aps essas breves consideraes, parece interessante caracterizar essas instituies em dois grandes grupos: os intermedirios financeiros e as chamadas instituies auxiliares. As primeiras distinguem-se das ltimas, basicamente, no seguinte: emitem seus prprios passivos, ou seja, captam poupana diretamente do pblico por sua prpria iniciativa e responsabilidade e, posteriormente, aplicam esses recursos junto s empresas, atravs de emprstimos e financiamentos. Incluem-se neste segmento os bancos comerciais, de investimento, de desenvolvimento, as caixas econmicas, as sociedades de crdito Imobilirio (SCI) e as associaes de poupana e emprstimos (APE), entre outras. Ao contrrio destas, as instituies ditas auxiliares propem-se a colocar em contato poupadores com investidores, facilitando o acesso destes queles. Nestes casos, figuram, por exemplo, as bolsas de valores, cuja finalidade, em ltima instncia, consiste em propiciar liquidez aos ttulos emitidos pelas empresas (aes), atravs de institucionalizao do mercado secundrio para esses haveres. Este processo garante as condies fundamentais para aceitao dos lanamentos primrios (subscrio) das empresas. Na mesma situao encontram-se as sociedades corretores e distribuidoras, constituindo-se no elemento de ligao entre poupadores e investidores, atuando na colocao de papis das empresas junto ao pblico. Outra caracterizao de instituio financeira poder ser dada sob a tica da capacidade que ela tem de criar ou no moeda escritural. Na forma afirmativa, esto inseridas aquelas instituies que, em conjunto, compem o chamado sistema monetrio - uma derivao do sistema financeiro que tem como principal fonte de recursos os depsitos vista (movimentveis por cheques), que representado pelo Banco do Brasil e pelos bancos comerciais (oficiais e privados). A capacidade de criar moeda origina-se do fato de, trabalharem em um sistema de reservas fracionrias, mantendo em caixa apenas uma parte dos depsitos que recebem do pblico. AUTORIDADES MONETRIAS Conselho Monetrio Nacional (CMN) Como rgo normativo, por excelncia, no lhe cabe funes executivas, sendo o responsvel pela fixao das diretrizes da poltica monetria creditcia e cambial do Pas. Pelo envolvimento destas polticas no cenrio econmico nacional, o CMN acaba transformando-se num conselho de poltica econmica.

No Plano Collor I, houve um enxugamento no nmero de membros do CMN, que passou de 22 para 16. O CMN a entidade superior do sistema financeiro, sendo de sua competncia: adaptar o volume dos meios de pagamento s reais necessidades da economia nacional e seu processo de desenvolvimento; regular o valor interno da moeda, prevenindo ou corrigindo os surtos inflacionrios ou deflacionrios de origem interna ou externa; regular o valor externo da moeda e o equilbrio do balano de pagamentos do Pas; orientar a aplicao dos recursos das instituies financeiras pblicas ou privadas, de forma a garantir condies favorveis ao desenvolvimento equilibrado da economia nacional; propiciar o aperfeioamento das instituies e dos instrumentos financeiros, de forma a tornar mais eficiente o sistema de pagamento e mobilizao de recursos; zelar pela liquidez e pela solvncia das instituies financeiras; e coordenar as polticas monetria, creditcia, oramentria fiscal e da dvida pblica interna e externa.

A partir dessas funes bsicas, o CMN fica responsvel por todo um conjunto de atribuies especficas, cabendo destacar: autorizar as emisses de papel moeda; aprovar os oramentos monetrios preparados pelo BC; fixar diretrizes e normas da poltica cambial; disciplinar o crdito em suas modalidades e as formas das operaes creditcias; estabelecer limites para a remunerao das operaes e servios bancrios ou financeiros; determinar as taxas do recolhimento compulsrio das instituies financeiras; regulamentar as operaes de redesconto de liquidez; outorgar ao BC o monoplio de operaes de cmbio quando o balano de pagamento o exigir; estabelecer normas a serem seguidas pelo BC nas transaes com ttulos pblicos; regular a constituio, o funcionamento e a fiscalizao de todas as instituies financeiras que operam no pas.

Banco Central do Brasil (BC ou Bacen) O BC a entidade criada para atuar como rgo executivo central do sistema financeiro, cabendo-lhe a responsabilidade de cumprir e fazer cumprir as disposies que regulam o funcionamento do sistema e as normas expedidas pelo CMN . So de sua privativa competncia as seguintes atribuies: emitir papel moeda e moeda metlica nas condies e limites autorizados pelo CMN; executar os servios do meio circulante; receber os recolhimentos compulsrios dos bancos comerciais e os depsitos voluntrios das instituies financeiras e bancrias que operam no Pas; realizar operaes de redesconto e emprstimo s instituies financeiras dentro de um enfoque de poltica econmica do Governo ou como socorro a problemas de liquidez; regular a execuo dos servios de compensao de cheques e outros papis; efetuar, como instrumento de poltica monetria, operaes de compra e venda de ttulos pblicos federais; emitir ttulos de responsabilidade prpria, de acordo com as condies estabelecidas pelo CMN; exercer o controle de crdito sob todas as suas formas; exercer a fiscalizao das instituies financeiras, punindo-as quando necessrio; autorizar o funcionamento, estabelecendo a dinmica operacional, de todas as instituies financeiras; estabelecer as condies para o exerccio de quaisquer cargos de direo nas instituies financeiras privadas; Vigiar a interferncia de outras empresas nos mercados financeiros e de capitais; controlar o fluxo de capitais estrangeiros garantindo o correto funcionamento do mercado cambial, operando, inclusive, via ouro, moeda ou operaes de crdito no exterior.

Dessa forma, o BC pode ser considera do como: Banco dos Bancos Depsitos compulsrios Redescontos de liquidez Gestor do Sistema Financeiro Nacional Normas / autorizaes Fiscalizao/interveno Executor da Poltica Monetria Controle dos meios de pagamento (liquidez no mercado) oramento monetrio/Instrumentos de poltica monetria Banco Emissor Emisso do meio circulante Saneamento do meio circulante Banqueiro do Governo Financiamento ao Tesouro Nacional ( via emisso de ttulos pblicos ) Administrao da dvida pblica interna e externa Gestor e fiel depositrio das reservas internacionais do pas Representante junto s instituies financeiras internacionais Em resumo, por meio do BC que o Estado intervm diretamente no sistema financeiro e, indiretamente, na economia. Em pases como Alemanha, Japo e Estados Unidos, o Banco Central independente, ou seja, seus diretores so designados pelo Congresso, eleitos com um mandato fixo de oito a 14 anos. No h subordinao ao Tesouro. Ele atua corno um verdadeiro guardio da moeda nacional, garantindo a pujana e o equilbrio do mercado financeiro e da economia, protegendo seu valor, impedindo que os gastos do Governo sejam bancados pela emisso de dinheiro, fator de desvalorizao da moeda. um quarto poder, alm do Executivo, Legislativo e judicirio. Os tesouros desses governos emitem ttulos federais para se endividarem, enquanto os bancos centrais lanam papis para garantir a liquidez do sistema. Se a inflao sobe o banco central local vende mais papis aumentando a taxa de juros para recolher , dinheiro do mercado e controlar a demanda da populao, reduzindo o ritmo de alta dos preos.

Alm do mais, no existem, nesses pases, bancos estatais sob qualquer forma, o que impede a emisso disfarada de moeda via endividamento de estados. Comisso de Valores Mobilirios (CVM) o mais recente rgo normativo do sistema financeiro, especificamente voltado para o desenvolvimento, a disciplina e a fiscalizao do mercado de valores mobilirios no emitidos pelo sistema financeiro e pelo Tesouro Nacional, basicamente o mercado de aes e debntures. uma entidade auxiliar, autrquica autnoma e descentralizada mas vinculada ao Governo. Seus objetivos fundamentais so: estimular a aplicao de poupana no mercado acionrio; assegurar o funcionamento eficiente e regular das bolsas de valores e instituies auxiliares que operem neste mercado; proteger os titulares de valores mobilirios contra emisses irregulares e outros tipos de atos ilegais que manipulem preos de valores mobilirios nos mercados primrios e secundrios de aes; fiscalizar a emisso, o registro, a distribuio e a negociao de ttulos emitidos pelas sociedades annimas de capital aberto. O fortalecimento do Mercado de Aes o objetivo final da CVM. Banco do Brasil (BB) Esta instituio teve uma funo tpica de autoridade monetria at janeiro de 1986, quando, por deciso do CMN, foi suprimida a conta movimento, que colocava o BB na posio privilegiada de banco co-responsvel pela emisso de moeda, via ajustamento das contas das autoridades monetrias e do Tesouro Nacional. Hoje, o BB um banco comercial que opera na prtica como agente financeiro do Governo federal. Alm disso, o principal executor da poltica oficial de crdito rural e industrial. Conserva, portanto, algumas funes que no so prprias de um banco comercial comum, como o Departamento de Comrcio Exterior (Decex) que desempenha funes nitidamente governamentais; a Cmara de Compensao de cheques e outros papis; a execuo de servios ligados ao oramento geral da Unio; a execuo do servio da dvida pblica consolidada; a aquisio de estoques de produo exportvel e a execuo da poltica de preos mnimos de produtos agropecurios. O Governo Collor vem reduzindo estas atribuies com o objetivo final de transformar o BB num banco comercial comum. Banco Nacional de Desenvolvimento Econmico e Social (BNDES) a instituio responsvel pela poltica de investimentos de longo prazo do Governo federal, sendo a principal instituio financeira de fomento do Pas; tendo como objetivos bsicos:

impulsionar o desenvolvimento econmico e social do Pas; fortalecer o setor empresarial nacional; atenuar os desequilbrios regionais, criando novos plos de produo; promover o desenvolvimento integrado das atividades agrcolas, industriais e de servios; promover o crescimento e a diversificao das exportaes. Para a consecuo desses objetivos, conta com um conjunto de fundos e programas especiais de fomento, como, por exemplo; Finame, Finep, Funtec, POC, Procap, Finac. Aps o Plano Collor, o BNDES ficou encarregado de gerir todo o processo de privatizao das empresas estatais.

INSTITUIES FINANCEIRAS - O MNI O MNI (Manual de Normas e Instrues), preparado e editado pelo Banco Central, estabelece, entre outras, as normas operacionais de todas as instituies financeiras. No agrupamento das instituies financeiras, os bancos comerciais por suas mltiplas funes, constituem a base do sistema monetrio e, devido aos servios prestados so, sem dvida, a mais conhecida das instituies financeiras. Podemos agrupar as instituies financeiras, segundo a peculiaridade de suas funes de crdito em segmentos, a saber: Instituies de Crdito a Curto Prazo : Bancos comerciais Caixas econmicas Cooperativas de crdito Instituies de Crdito de Mdio e Longo Prazos: Bancos de desenvolvimento Bancos de investimento Instituies de Crdito para Financiamento de Bens de Consumo Durveis: Sociedades de Crdito, Financiamento eInvestimento Caixa Econmica Federal

Sistema Financeiro da Habitao: Caixas Econmicas Associaes de Poupana e Emprstimo Sociedades de crdito imobilirio Instituies de Intermediao no Mercado de Capitais: Sociedades corretores (CTVM) Sociedades distribuidoras (DTVM) Investidores institucionais Instituies de Seguros e capitalizao Seguradoras Corretoras de Seguros Entidades abertas de Previdncia Privada Sociedades de Capitalizao Instituies de Arrendamento Mercantil As atividades e funes de cada uma das instituies financeiras sero descritas a seguir, de forma resumida. Bancos Comerciais (BC) De acordo com o MNI, seu objetivo precpuo proporcionar o suprimento oportuno e adequado dos recursos necessrios para financiar, a curto e mdio prazos, o comrcio, a indstria, as empresas prestadoras de servios e as pessoas fsicas. Para atender a esses objetivos, os bancos comerciais podem: descontar ttulos; realizar operaes de abertura de crdito simples ou em conta corrente (contas garantidas); realizar operaes especiais, inclusive de crdito rural, de cmbio e comrcio internacional; captar depsitos vista e a prazo fixo; obter recursos junto s instituies oficiais para repasse aos clientes; obter recursos externos para repasse; efetuar a prestao de servios inclusive, mediante convnio com outras instituies. importante frisar que a captao de depsitos vista, que nada mais so do que as contas correntes, livremente movimentveis, a atividade bsica dos bancos comerciais, configurando-os como instituies financeiras monetrias.

Tal captao de recursos, junto com a captao via CDB e RDB, via cobrana de ttulos e arrecadao de tributos e tarifas pblicas, permite aos bancos repass-las s empresas, sob a forma de emprstimos que vo girar a atividade produtiva (estoques, salrios etc.). Em resumo, so intermedirios financeiros que recebem recursos de quem tem e os distribuem atravs do crdito seletivo a quem necessita de recursos, naturalmente, criando moeda atravs do efeito multiplicador do crdito. Caixas Econmicas (CE) Atualmente, como sua principal atividade, integram o Sistema Brasileiro de Poupana e Emprstimo e o Sistema Financeiro da Habitao, sendo, justamente com os bancos comerciais, as mais antigas instituies do Sistema Financeiro Nacional. Equiparam-se, em certo sentido, aos bancos comerciais, pois podem captar depsitos vista, realizar operaes ativas e efetuar prestao de servios, embora basicamente dirigidas s pessoas fsicas. Podem operar no crdito direto ao consumidor , financiando bens de consumo durveis, emprestar sob garantia de penhor industrial e cauo de ttulos, bem como tm o monoplio das operaes de emprstimo sob penhor de bens pessoais e sob consignao. Tm ainda a competncia para a venda de bilhetes das loterias, cujo produto da administrao constituise em mais uma fonte de recursos para sua gesto. Entretanto, sua grande fonte de recursos so os depsitos em caderneta de poupana, que so os instrumentos de captao privativos das entidades financiadoras ligadas ao SFH e que garantem o estmulo. captao das economias das classes de baixa renda, por proteglas contra a eroso inflacionria e lhes dar liquidez imediata. Sua mais nova atuao est dirigida centralizao do recolhimento e posterior aplicao de . todos os recursos oriundos do FGTS. So, portanto, instituies de cunho eminentemente social, concedendo emprstimos e financiamentos a programas e projetos nas reas de assistncia social, sade, educao, trabalho, transportes urbanos e esporte, sendo seu mais ilustre e praticamente nico representante a Caixa Econmica Federal (CEF), resultado da unificao, pelo DL-759 de 12 de agosto de 1969, das 23 Caixas Econmicas Federais at ento existentes. As Caixas Econmicas Estaduais, hoje muito poucas, equiparam-se operacionalmente CEF, com algumas, pequenas restries sendo a mais importante delas a do Estado de So Paulo (Nossa Caixa). Bancos de Desenvolvimento (BD) Como j visto anteriormente, o BNDES o principal agente do Governo para financiamentos de mdio e longo prazos aos setores primrio, secundrio e tercirio. As instituies de fomento regional so o Banco do Nordeste do Brasil (BNB) e o Banco da Amaznia (BASA). Os bancos estaduais de desenvolvimento incluem-se em um conjunto de instituies financeiras controladas pelos governos estaduais e destinados ao fornecimento de crdito de mdio e longo prazos s empresas localizadas nos respectivos estados. Normalmente, operam com repasses de rgos financeiros do Governo Federal.

Cooperativas de Crdito (CC) So instituies que atuam basicamente no setor primrio da economia, com o objetivo de permitir uma melhor comercializao de produtos rurais e criar facilidades para o escoamento das safras agrcolas para os centros consumidores, sendo de destacar que os usurios finais do crdito que concedem so sempre os cooperados. Bancos de Investimento (BI) Foram criados para canalizar recursos de mdio e longo prazos para suprimento de capital fixo ou de giro das empresas. Seu objetivo maior o de dilatar o prazo das operaes de emprstimos e financiamento, sobretudo para fortalecer o processo de capitalizao das empresas, atravs da compra de mquinas e equipamentos e da subscrio de debntures e aes. No podem manter contas correntes e captam recursos pela emisso de CDB e RDB, atravs de captao e repasses de recursos de origem interna ou externa ou pela venda de cotas de fundos de investimento por eles administrados. Devem orientar, prioritariamente, a aplicao dos seus recursos repassados no fortalecimento do capital social das empresas, via subscrio ou aquisio de ttulos; na ampliao da capacidade produtiva da economia, via expanso ou relocalizao de empreendimentos; no incentivo melhoria da produtividade, atravs da reorganizao, da racionalizao e da modernizao das empresas; na promoo de uma melhor ordenao da economia e maior eficincia das empresas, atravs de fuses, cises ou incorporaes (corporate finance); na promoo ao desenvolvimento tecnolgico, via treinamento ou assistncia tcnica. Eles apoiam, basicamente, a estrutura capitalista privada, tendo, inclusive, limites para apoiar os rgos e empresas do estado. Os financiamentos ao capital fixo so precedidos de cuidadosas avaliaes de projeto. No podem destinar recursos a empreendimentos imobilirios. Em sntese, as operaes ativas que podem ser praticadas pelos BI so, emprstimo a prazo mnimo de um ano para financiamento de capital fixo; emprstimo a prazo mnimo de um ano para financiamento de capital de giro; aquisio de aes, obrigaes ou quaisquer outros ttulos e valores mobilirios para investimento ou revenda no mercado de capitais (operaes de underwriting);

repasses de emprstimos obtidos no exterior; repasses de recursos obtidos no Pas; prestao de garantia de emprstimos no Pas ou provenientes do exterior.

Sociedades de Crdito, Financiamento e Investimento - Financeiras Sua funo financiar bens de consumo durveis por meio do popularmente conhecido "credirio" ou crdito direto ao consumidor. No podem manter contas-correntes e os seus instrumentos de captao restringem-se colocao de letras de cmbio (LC, ttulos de crdito sacados pelos financiados e aceitos pelas financeiras) junto ao pblico. Pr ser uma atividade de grande risco, suas operaes passivas no podem ultrapassar o limite de 12 vezes o montante de seu capital realizado mais as reservas. Est tambm limitada sua responsabilidade direta por cliente. Na esfera das financeiras, giram as chamadas promotoras de vendas, constitudas, em geral, sob a forma de sociedades civis servindo de elo de ligao entre o consumidor final, o lojista e a financeira, por meio de contratos especficos, em que figuram com poderes especiais, inclusive para sacar letras de cmbio na qualidade de procuradores dos financiados e, tambm, prestando garantia del credere dos contratos intermediados. Tais promotoras tm suas atividades disciplinadas pela Resoluo no 562 de 30 de setembro de 1979 do CMN. Sociedades Corretoras (CTVM) So instituies tpicas do mercado acionrio, operando com compra, venda e distribuio de ttulos e valores mobilirios (inclusive ouro) por conta de terceiros. Elas fazem a intermediao com as bolsas de valores e de mercadorias. Sua constituio depende de autorizao do BC e o exerccio de sua atividade depende de autorizao da CVM e, como tal, operam nos recintos das bolsas de valores e de mercadorias; efetuam lanamentos pblicos de aes; administram carteiras e custodiam valores mobilirios; instituem, organizam e administram fundos de investimento; operam no mercado aberto e intercediam operaes cmbio. Sociedades Distribuidoras (DTVM) Suas atividades tm uma faixa operacional mais restrita que a das corretores, j que elas no tm acesso s bolsas de valores e de mercadorias. Suas atividades bsicas so constitudas de: subscrio isolada ou um consrcio de emisso de ttulos e valores mobilirios para revenda; intermediao da colocao de emisses de capital no mercado; Operaes no mercado aberto, desde que satisfaam as condies exigidas pelo BC.

Na esfera deste mercado, gravitam ainda os agentes autnomos de investimento, que so pessoas fsicas credenciadas pelos BI, financeiras, CCVM e DTVM, que, sem vnculo empregatcio e em carter individual, exercem, por conta das instituies credenciadas, a colocao de ttulos e valores mobilirios, quotas de fundos de investimento e outras atividades de intermediao autorizadas pelo BC .

Sociedades de Arrendamento Mercantil (Leasing) Tais sociedades nasceram do reconhecimento de que o lucro de uma atividade produtiva pode advir da simples utilizao do equipamento e no de sua propriedade. Em linhas gerais, a operao de leasing se assemelha a uma locao tendo o cliente, ao final do contrato, as opes de renov-la, de adquirir o equipamento pelo valor residual fixado em contrato ou de devolv-lo empresa . As operaes de leasing foram regulamentadas pelo CMN atravs da Lei no 6.099 de setembro de 1974,e a integrao das sociedades arrendadoras ao Sistema Financeiro Nacional se deu atravs da Resoluo n. 351, de 1975. As empresas de leasing normalmente captam recursos e atravs da emisso de debntures, ttulos que tm como cobertura o patrimnio da empresa que os emitiu, j que, sendo operaes de longo prazo, para sua segurana exigem um funding tambm de longo prazo. As debntures no tm prazo fixo de resgate e suas caractersticas podem ser bem diferenciadas, tais como conversveis em aes, corrigidas por diferentes ndices, inclusive com clusula cambial. Associaes de Poupana e Emprstimo (APE) Suas cartas patentes foram emitidas pelo extinto BNH) com base no dispositivo da Lei no 4.3801/64, que previu a criao, no mbito do SFH, de fundaes, cooperativas e outras formas associativas para a construo ou aquisio da casa prpria sem finalidade de lucro. Constituem-se obrigatoriamente sob a forma de sociedades civis, restritas a determinadas regies, sendo de propriedade comum de seus associados. Suas operaes ativas e passivas so fundamentalmente semelhantes s sociedades de crdito imobilirio. As operaes ativas so constitudas basicamente por financiamentos imobilirios. As operaes passivas so constitudas basicamente por cadernetas de poupana que, neste caso, remuneram os juros como se dividendos fossem, j que os depositantes adquirem vnculo societrio como direito participao nos resultados operacionais lquidos das APE. Sociedades de Crdito Imobilirio (SCI) Estas sociedades foram criadas pela Lei 4.380/64 e fazem parte do Sistema Financeiro de Poupana e Emprstimo (SBPE), criado pelo Governo para financiar o mercado mobilirio, utilizando a caderneta de poupana como instrumento de captao. Junto com a APE, como entidades financeiras privadas de apoio, ao SFB foram criadas para, serem voltadas para as camadas da populao de maior renda, em contraponto com a CEF e as CEE, que visam o pblico de baixa renda. As SCI podem captar depsitos a prazo com correo monetria, atravs das letras imobilirias (LI), e elas podem estabelecer convnios com bancos comerciais para funcionarem como agentes do SFH. Suas operaes passivas se baseiam na colocao de LI, na captao de depsitos de poupana e nos repasses da CEF. Suas operaes ativas concentram-se em financiamentos imobilirios diretos ao muturio final ou atravs da abertura de crdito a favor de empresrios para empreendimentos imobilirios.

SISTEMA FINANCEIRO DA HABITAO (SFH) A articulao deste sistema resultou da necessidade de gerar condies para a intermediao de recursos financeiros no especfico setor da construo de habitaes e urbanizao / saneamento, tendo em vista o violento crescimento populacional urbano. Cristalizou-se na reforma de 64 / 65, atravs da instituio da correo monetria nos contratos de interesse social, da criao do Banco Nacional de Habitao (BNH), da criao do fundo de garantia por tempo de servio (FGTS) e organizao do Sistema Brasileiro de Poupana e Emprstimo (SBPE). Ao ser decretada a extino do BNH (DL 2.291 de 21 de novembro de 1986) por incorporao CEF, esta assumiu o compromisso de manter seu conjunto de atribuies, quais sejam: orientar, disciplinar e controlar o SFH; disciplinar o acesso das instituies de crdito imobilirio ao mercado nacional de capitais; manter os servios de redesconto e de seguro para garantia das aplicaes do SFH e dos recursos a ele entregues, assegurando a liquidez do sistema; estabelecer as condies gerais a que devero satisfazer as aplicaes do SFH quanto a limites de risco, prazo, condies de pagamento, juros e garantias; fixar os limites mnimos de diversificao de aplicaes a serem observados pelas instituies integrantes do sistema, assim como os limites de emisso e as condies de colocao e vencimentos das letras imobilirias; prestar garantias em financiamentos obtidos, no Pas ou no exterior, pelas instituies integrantes do SFH, aps prvia aprovao do BC; estimular e controlar a formao, a mobilizao e a aplicao de poupanas e outros recursos destinados ao planejamento, produo e comercializao de habitaes; planejamento e realizaes de obras e servios de infra-estrutura urbana e comunitria, especialmente os relativos ao saneamento bsico (abastecimento de gua, construo de redes de esgoto, drenagem, irrigao e controle de inundaes); elaborao e implementao de projetos relacionados indstria de material de construo civil; implantao de novos plos econmicos de penetrao no espao territorial do Pas e de colonizao. O SFH, com a extino do BNH, limitou-se s instituies integrantes do SBPE, cuja constituio remonta ao binio 66/67, sendo formado por sociedades de crdito imobilirio, associaes de poupana e emprstimo, e carteiras imobilirias das caixas econmicas estaduais e da Caixa Econmica Federal.

So os recursos captados por estas instituies, notadamente atravs das cadernetas de poupana, que, somados aos oriundos do FGTS, viabilizam o programa de investimentos gerido pelo SFH. Investidores institucionais Em sntese, podem ser agrupados em: fundos mtuos de investimento, entidades fechadas de previdncia privara, fundaes e seguradoras. Fundos Mtuos de Investimento So constitudos sob a forma de condomnio aberto e representam a reunio de recursos de poupana, destinados aplicao em carteira diversificada de ttulos e valores mobilirios, com o objetivo de propiciar aos seus condminos valorizao de cotas, a um custo global mais baixo, ao mesmo tempo que tais recursos se constituem em fonte de recursos para investimento em capital permanente das empresas. Entidades Fechadas de Previdncia Privada So instituies restritas a determinado grupo de trabalhadores, mantidas atravs da contribuio peridica dos seus associados e de sua mantenedora que, com o objetivo de valorizao de seu patrimnio, so orientados, por fora da Lei n. 6.435, de 15 de julho de 1977, regulamentada pela Resoluo de 11 de janeiro de 1983, a aplicar parte de suas reservas tcnicas no mercado acionrio. Seguradoras A chamada Lei da Reforma Bancria (Lei n. 4.595, de 31 de dezembro de 1964), que reformulou o Sistema Financeiro Nacional, enquadrou as seguradoras como instituies financeiras, subordinando-as a novas disposies legais, sem, contudo, introduzir modificaes de profundidade na legislao especfica aplicvel atividade. As seguradoras so orientadas pelo BC quanto aos limites de aplicao de suas reservas tcnicas nos mercados de renda fixa e renda varivel. Companhias Hipotecrias (CH) A Resoluo no 2.122 do BC estabeleceu as regras para a constituio e o funcionamento das Companhias Hipotecrias. A constituio e o funcionamento de companhias hipotecrias dependem de autorizao do Banco Central do Brasil. As companhias hipotecrias tm por objeto social: conceder financiamentos destinados a produo, reforma ou comercializao de imveis residenciais ou comerciais e lotes urbanos; comprar, vender e refinanciar crditos hipotecrios prprios ou de terceiros; administrar crditos hipotecrios prprios ou de terceiros; administrar fundos de investimento imobilirio, desde que autorizada pela Comisso de Valores Mobilirios - CVM;

repassar recursos destinados ao financiamento da produo ou 'da aquisio de imveis residenciais; realizar outras operaes que venham a ser expressamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil.

facultado s companhias hipotecrias: emitir letras hipotecrias e cdulas hipotecrias, conforme autorizao do Banco Central do Brasil; emitir debntures; Obter emprstimos e financiamentos no Pas e no exterior; realizar outras formas de captao de recursos que venham a ser expressamente autorizadas pelo Banco Central do Brasil.

s companhias hipotecrias no se aplicam as normas do Sistema Financeiro da Habitao (SFH) e vedada sua transformao em banco mltiplo. Agncias de Fomento (AF) Em sua reunio de 19/12/96, o CMN regulamentou as Agncias de Fomento que foram uma das alternativas criadas pela MP 1.514, de saneamento dos bancos estaduais. Tendo sua origem nos bancos estaduais, ficou caracterizada a responsabilidade do governo do estado no caso de futuros problemas de liquidez. Vo obter recursos do oramento da Unio, estados e municpios e captar linhas de crdito de longo prazo de instituies de desenvolvimento oficiais nacionais (BNDES) e estrangeiras (BID, Banco Mundial) para repasse s empresas para financiamento de capital fixo e de giro. No podero captar recursos junto ao pblico nem tero acesso conta de reservas do BC, bem como ao mercado interbancrio e s linhas de redesconto, mas sero fiscalizadas e supervisionadas pelo BC. O capital o deve ser de R$ 4 milhes e o PL deve ser compatvel s regras estabelecidas no Acordo de Basilia. Bancos Mltiplos (BM) Os bancos mltiplos surgiram atravs da Resoluo n 1.524/88, emitida pelo BC por deciso do CMN, a fim de racionalizar a administrao das instituies financeiras. Como o prprio nome diz, permite que algumas dessas instituies, que muitas vezes eram empresas de um mesmo grupo, possam constituir-se em uma nica instituio financeira personalidade jurdica prpria e, portanto, com um nico balano, um nico caixa e, consequentemente, significativa reduo de custos. Em termos prticos, mantm as mesmas funes de cada instituio em separado, com as vantagens de contabilizar as operaes como uma s instituio.

As carteiras de um banco mltiplo envolvem carteira comercial (regulamentao dos BC) carteira de investimento (regulamentao dos BI), carteira de crdito imobilirio (regulamentao das SCI), carteira de aceite (regulamentao das SCFI) e carteira de desenvolvimento (regulamentao dos BD). Em 1994, quando da adeso ao Acordo de Basilia ,foi includa a carteira de leasing. Para configurar a existncia do banco mltiplo, ele deve possuir pelo menos duas das carteiras mencionadas. Bancos Cooperativos (BCo) O Banco Central, atravs da Resoluo n. 2.193, de 31/08/95, autorizou a constituio de bancos comerciais com participao exclusiva de cooperativas de crdito, com atuao restrita Unidade de Federao de sua sede, cujo PLA dever estar enquadrado nas regras do Acordo de Basilia, representando 15% dos ativos ponderados pelo risco. Ela deu autorizao para que as cooperativas de crdito abrissem seus prprios bancos comerciais, podendo fazer tudo o que qualquer outro banco comercial j faz: ter talo de cheques , emitir carto de crdito, fazer diretamente a compensao de documentos e, principalmente, passar a administrar a carteira de crdito antes sob responsabilidade das cooperativas. A constituio do banco cooperativo vai permitir tambm levantar recursos no exterior, atividade vetada s atuais cooperativas de crdito. No Banco Cooperativo a vantagem para o sistema que o produto rural o gerador e o controlador do fluxo do dinheiro, ao mesmo tempo que mantm estes recursos. Em sntese, isto significa que o dinheiro fica na regio onde gerado para reaplicao no desenvolvimento ( de novas culturas. A demora de sua criao se deve, provavelmente, ao fato de at 96, o Governo garantir para o campo recursos suficientes e com juros subsidiados. Na Europa os bancos cooperativos existem h mais de 100 anos e entre os 20 maiores bancos do mundo trs foram formados a partir de cooperativas: o holands Rabobank, o alemo DG Bank e o francs Crdit Agricole. SECRETARIA DE PREVIDNCIA COMPLEMENTAR - SPC A Secretaria de Previdncia Complementar um rgo Executivo do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social, responsvel pelo controle e fiscalizao dos planos e benefcios e das atividades das entidades de previdncia privada fechada. Logo, suas atribuies so: processar os pedidos de autorizao para constituio, funcionamento, fuso, incorporao, grupamento, transferncia de controle e reforma dos estatutos das entidades fechadas, opinar sobre os mesmos e encaminh-los ao Ministrio da Previdncia e Assistncia Social; baixar instrues e expedir circulares para implementao das normas estabelecidas; fiscalizar a execuo das normas gerais de contabilidade, aturia e estatstica fixadas pelo Conselho de Previdncia Complementar (CPC), bem como da poltica de investimentos traada pelo Conselho Monetrio Nacional;

fiscalizar as atividades das entidades fechadas, inclusive quanto ao exato cumprimento da legislao e normas em vigor, e aplicar as penalidades cabveis; proceder liquidao das entidades fechadas que tiverem cassada a autorizao de funcionamento ou das que deixarem de ter condies para funcionar e; prover os servios da Secretaria do CPC, sobre o controle deste.

As entidades de previdncia privada fechada consideram-se complementares do sistema oficial da previdncia e assistncia social, enquadrando-se suas atividades na rea de competncia do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social. E no podem ter fins lucrativos. Relao do BACEN com a SPC Para a garantia de todas as suas obrigaes, as entidades fechadas constituem, com o valor investido no plano, reservas tcnicas, fundos especiais e provises , conforme os critrios fixados pelo rgo normativo do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social . As aplicaes no mercado financeiro decorrentes desses recursos so feitas de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Conselho Monetrio Nacional. Satisfeitas todas as exigncias legais e regulamentares no que se refere aos benefcios, o supervit apurado pelas entidades fechadas de previdncia privada destinado constituio de uma reserva de contingncia, at o limite de 25% (vinte e cinco por cento) do valor das reservas matemticas. E, se ainda houver uma parcela excedente, esta utilizada para a reduo das taxas de contribuies das patrocinadoras e dos participantes, na proporo em que contriburem para o custeio. SUPERINTENDNCIA DE SEGUROS PRIVADOS - SUSEP A Superintendncia de Seguros Privados (SUSEP) o rgo responsvel pelo controle e fiscalizao do mercado de seguros, previdncia privada aberta e capitalizao. Autarquia vinculada ao Ministrio da Fazenda, foi criada pelo decreto-lei n. 73/66, que tambm instituiu o Sistema Nacional de Seguros Privados, do qual fazem parte o Conselho Nacional de Seguros Privados - CNSP, a SUSEP, o Instituto de Resseguros do Brasil - IRB, as sociedades autorizadas a operar em seguros privados e capitalizao, as entidades de previdncia privada aberta e os corretores habilitados. As atribuies da SUSEP esto a seguir relacionadas: fiscalizar a constituio, organizao, funcionamento e operao das Sociedades Seguradoras, de Previdncia Privada Aberta e de Capitalizao, na qualidade de executora da poltica traada pelo CNP; atuar no sentido de proteger a captao de poupana popular que se efetua atravs das operaes de seguros, previdncia privada aberta e de capitalizao; zelar pela defesa dos interesses dos consumidores desse mercados;

promover o aperfeioamento das instituies e dos instrumentos operacionais a eles vinculados, com vista maior eficincia do Sistema Nacional de Seguros Privados do Sistema Nacional de Capitalizao; promover a estabilidade dos mercados sob sua jurisdio, assegurando sua expanso e o funcionamento das entidades que neles operam; zelar pela liquidez e solvncia das sociedades que integram o mercado;

disciplinar e acompanhar os investimentos daquelas entidades, em especial os efetuados em bens garantidores de provises tcnicas; cumprir e fazer cumprir as deliberaes do CNSP e exercer as atividades que por este forem delegadas e; prover os servios de Secretaria Executiva do CNSP.

Relao do BACEN com a SUSEP As seguradoras obrigam-se a constituir reservas tcnicas, isto , fundos especiais formados para atender a certas e determinadas operaes. Porm, essas reservas interessam, fundamentalmente, administrao das seguradoras. Sua aplicao, bem administrada, resulta em fonte subsidiria de lucros. Cumprindo deciso do Conselho Monetrio Nacional, o Banco Central do Brasil publicou outras normas sobre aplicao de reservas tcnicas (Circular no- 398/78), em substituio s que estavam em vigor. As reservas tcnicas das sociedades seguradoras so constitudas conforme critrios estabelecidos pelo Conselho Nacional de Seguros Privados, respeitadas as disposies emanadas do Conselho Monetrio Nacional, e so aplicadas de modo a lhes preservar segurana, rentabilidade e liquidez.

POLTICA MONETRIA Ela pode ser definida como o controle da oferta da moeda e das taxas de juros que garantem a liquidez ideal de cada momento econmico. O executor dessas polticas o Banco Central e os instrumentos clssicos utilizados so: depsito compulsrio; redesconto ou emprstimo de liquidez; mercado aberto (open market); controle e seleo de crdito. O DEPSITO COMPULSRIO regula o multiplicador bancrio, imobilizando, de acordo com a taxa de recolhimento de reserva obrigatria fixada pelo CMN, uma parte maior ou menor dos depsitos bancrios e os recursos de terceiros que nelas circulem (ttulos em cobrana, tributos recolhidos, garantias de operaes de crdito), restringindo ou alimentando o processo de expanso dos meios de pagamento. M l = kB; M l = variao dos meios de pagamento tipo 1;

B = variao da base monetria; K = multiplicador bancrio; varia de forma inversa ao valor fixado para a taxa de recolhimento, ou seja, quanto maior a taxa de recolhimento determinada pelo CMN menor o multiplicador bancrio. REDESCONTO OU EMPRSTIMO DE LIQUIDEZ o socorro que o BC fornece aos bancos para atender s suas necessidades momentneas de caixa. , em tese, a ltima linha de atendimento aos furos de caixa das instituies bancrias. Atravs desse instrumento, o Ml pode ser reduzido ou expandido, de acordo com os critrios estabelecidos pelo BC. Reduo do M l Aumento da taxa de juros do redesconto Reduo dos prazos de resgate Reduo dos limites operacionais Maior restrio quanto ao tipo de ttulos redescontveis Aumento do M l Reduo das taxas de juros do redesconto Aumento dos prazos de resgate Aumento dos limites operacionais Menores restries quanto ao tipo de ttulos redescontveis AS OPERAES DE MERCADO ABERTO ( OPEN MARKET ) so o mais gil instrumento da poltica monetria de que dispe o BC, pois, atravs delas, so, permanentemente, regulados a oferta monetria e o custo primrio do dinheiro na economia reverenciado na troca de reservas bancrias por um dia, atravs das operaes de overnight. De forma reduzida, essas operaes permitem: controle permanente do volume de moeda ofertada ao mercado; a manipulao das taxas de juros de curto prazo; que as instituies financeiras bancrias realizem aplicaes a curto e curtssimo prazos de suas disponibilidades monetrias ociosas; a garantia de liquidez para os ttulos pblicos.

Os dois primeiros objetivos so alcanados pelo mercado primrio, no qual o BC negocia diretamente com as instituies financeiras, alterando a posio de reservas dos bancos comerciais, bem como o volume e o preo do crdito. Os dois ltimos so alcanados pelo mercado secundrio, entre 'instituies financeiras, no qual o BC intervm, atravs de seus dealers, que so as instituies financeiras especializadas na negociao de ttulos pblicos e autorizadas pelo BC para agir em seu nome, de forma a agilizar as condies de liquidez da economia. Em resumo, os principais movimentos desse mercado so: compra lquida de ttulos pblicos pelo BC, com aumento do volume de reservas bancrias e conseqente aumento de liquidez do mercado e queda da taxa de juros primria (Resgate de Ttulos); venda lquida de ttulos pblicos pelo BC, com diminuio do volume de reservas bancrias e conseqente reduo de liquidez do mercado e aumento da taxa de juros primria (Colocao de Ttulos). O CONTROLE E A SELEO DE CRDITO constituem um instrumento que impe restries ao livre funcionamento das foras de mercado, pois estabelece controles diretos sobre o volume e o preo do crdito. Tal contingenciamento do crdito pode ser feito por: controle do volume e destino do crdito; controle das taxas de juros; fixao de limites e condies dos crditos. Ele pode estender-se no s aos bancos comerciais, mas, tambm, s outras Instituies Financeiras no-monetrias, atingindo outros passivos financeiros que no moeda. MEIOS DE PAGAMENTO E BASE MONETRIA Vimos, no item anterior, que o modelo mais simples de oferta monetria o que relaciona os meios de pagamento, Ml, ao valor da base monetria, B, sendo esta ltima composta pela emisso de moeda manual ou pela emisso de moeda escritural feita pelas autoridades monetrias. A base monetria compe-se, portanto, do papel-moeda emitido e das reservas bancrias, em depsito no Banco Central. Em sntese, o modelo de oferta monetria se representa da seguinte maneira: Ml = KB. Vimos que Ml pode ser indiretamente determinado pelo Governo, j que K um parmetro, em parte influenciado pelo BC, via recolhimento compulsrio, e B depende das operaes das Autoridades Monetrias (AM). atravs do Oramento Monetrio que as AM definem as metas quantitativas do crdito pblico e privado compatveis com o volume desejado do Ml. Analisando o oramento monetrio sob o enfoque da consolidao dos balancetes contbeis do BB e do BC, a base monetria , portanto, o passivo monetrio das AM. Como vimos at aqui, s as AM via BC podem autorizar a emisso de papel-moeda. Os bancos comerciais multiplicam esta moeda ou criam dinheiro por meio de emprstimos.

Assim, no seu sentido mais restrito, a moeda ou os ativos monetrios so denominados como Ml e definidos como papel-moeda em poder do pblico, mais os depsitos vista nos bancos comerciais, pblicos e privados, a includos o Banco do Brasil e a carteira comercial das Caixas Econmicas. O Ml compreende, portanto, o dinheiro que tem liquidez total, aceito livremente e no gera rendimentos por si s. Existem, entretanto, outros conceitos de moeda mais abrangentes que envolvem os ativos financeiros no-monetrios, constitudos por diferentes tipos de ttulos que do sustentao s operaes que se realizam nos mercados de crdito e de capitais. O M2 o conceito de moeda que, alm do M1, inclui os ttulos pblicos municipais, estaduais e federais que esto fora da carteira do Sistema Bancrio (BC e Bancos Comerciais) e, portanto, em poder do pblico, os saldos dos Fundos de Curto Prazo. O M3 o conceito de moeda que, alm do M2, inclui os depsitos em Cadernetas de Poupana. O M4 o conceito que, alm do M3, inclui os depsitos a prazo fixo (CDB/RDB) nas instituies financeiras e os demais ttulos privados, como as Letras de Cmbio e Letras Hipotecrias, excludos os ttulos pblicos e privados j includos nos Fundos de Curto Prazo. Todos os conceitos de moeda so considerados sob a tica do aplicador, de forma a evitar qualquer dupla contagem. O Banco Central, atravs do controle do M4, que envolve os ativos monetrios (Ml) e no-monetrios , procura controlar a oferta total de moeda na economia, j que a oferta de dinheiro est diretamente relacionada aos preos, e, dessa forma, impedir a violao do princpio de que a limitao do volume de dinheiro em circulao no Pas uma condio necessria para que ele mantenha o seu valor. No Brasil, entretanto, enquanto os Governos estaduais puderem "criar" moeda atravs da emisso dos Ttulos Estaduais, o poder do BC estar limitado, pois existir uma fonte geradora de moeda inflacionria fora do controle do BC. Os jornais publicam, periodicamente, quadros demonstrando saldos e variaes mensais da base monetria e dos meios de pagamento, tendo como fonte de informaes o BC. MERCADO DE TTULOS PBLICOS FEDERAIS - OPEN MARKET O OPEN MARKET um mercado secundrio, ou seja, um mercado onde se negociam ttulos j emitidos anteriormente. Atualmente, o open market privativo das instituies financeiras, e nele que ocorre a troca de reservas bancrias, lastreadas unicamente em ttulos pblicos federais. atravs dele que o Banco Central calibra o custo do dinheiro, estabelecendo o custo da troca de reservas bancrias.

Independente de uma ou outra expectativa fortuita, as reservas bancrias das instituies financeiras flutuam ao sabor de variveis sazonais da economia, tais como: recolhimento de tributos federais; pagamento dos salrios dos trabalhadores; ajustes dos saldos do compulsrio; resultados na compensao; colocao ou resgate de ttulos pblicos. Desta forma, poder haver deficincia de reservas bancrias para cobrir as obrigaes de uma ou outra instituio que com lastro em ttulos pblicos federais poder obter, via BC, recursos utilizando reservas de outras instituies. Uma das formas de o BC afetar o custo do crdito reduzir os repasses de recursos ao mercado aberto, para garantir a rolagem das carteiras de ttulos pblicos federais, quando estes esto em posio oversold. Se o BC corta o volume de financiamento - que no multiplica moeda porque concedida com lastro em ttulos pblicos -, os bancos aumentaro a captao de CDI ou CDB e, como conseqncia, puxaro para cima toda a estrutura dos juros. Assim, os bancos se utilizam do open market via operaes overnight para compor diariamente o seu caixa, de acordo com a falta ou sobra de reservas bancrias, atravs da compra e venda de ttulos federais entre si. Os bancos perdem se tm que pagar taxas de juros no overnight maiores do que as que esto recebendo do Tesouro, quando da emisso do ttulo. Alternativamente, ganham se a taxa menor. Os ttulos assim adquiridos no s compem as carteiras prprias financiadas das instituies financeiras, mas tambm so alocados nos Fundos de Investimento, alm de balizarem as taxas de rentabilidade dos ttulos federais, especificamente os BBC a serem emitidos nos leiles primrios do BC. Para o BC, o open market um instrumento de sintonia fina da poltica monetria, vendendo ttulos quando h excesso de recursos na economia ou resgatando-os quando h ausncia e necessrio aumentar a liquidez. por meio dessas operaes que o BC influencia a taxa de juros. O overnight uma operao desenvolvida dentro do open market. O mecanismo do overnight diferente, porque o aplicador compra ttulos pblicos no mercado secundrio, com a condio de revend-lo no dia seguinte (operaes compromissadas), por uma taxa predeterminada entre as partes. A aplicao feita, portanto, por uma nica noite. Aps o Plano Collor II, estas operaes ocorrem apenas entre instituies financeiras. As pessoas fsicas e jurdicas no financeiras s podem realizar operaes compromissadas por um perodo mnimo de 30 dias. SELIC Foi criado em 1980 o Sistema Especial de Liquidao e Custdia (Selic), sob a responsabilidade do Banco Central e da Associao Nacional das Instituies dos Mercados Abertos (Andima). O Selic, na verdade, um grande sistema computadorizado on line, real line, ao qual tm acesso apenas as instituies credenciadas no Mercado Financeiro. Atravs do Selic, os negcios tm liquidao imediata. Os operadores das instituies envolvidas, aps acertarem os negcios envolvendo Ttulos Pblicos, transferem estas operaes, via terminal, ao Selic.

O computador imediatamente transfere o registro do ttulo para o banco comprador do mesmo e faz o crdito na conta do banco vendedor. Ambas as partes envolvidas tm a certeza da validade da operao efetuada. Apenas ttulos pblicos federais, quer sejam emitidos pelo Tesouro ou pelo BC, e os ttulos pblicos estaduais e/ou municipais, emitidos at janeiro de 1992, so registrados no Selic. Os ttulos estaduais e municipais posteriores a esta data so registrados no Cetip. No Selic, devemos caracterizar as instituies custodiantes, que so aquelas possuidoras de conta de reservas bancrias para liquidao das operaes, e as instituies subcustodiantes, que no possuem conta de reservas bancrias e vinculam-se a uma instituio custodiante para processamento e liquidao de suas operaes. Atravs da Circular n. 2671, de 01/03/96, o BC comunicou ao mercado as mudanas no regulamento do Selic, de forma a incorporar ao MNI - Manual de Normas e Instrues do BC as regras que balizaro o acesso das instituies financeiras aos sistemas OFPUB Oferta Pblica Formal Eletrnica - e LEINF - Leilo Informal Eletrnico de Moeda e de Ttulos. O OFPUB um sistema destinado a registrar e processar as propostas das instituies financeiras para os leiles formais de ttulos federais. Seu uso segue os mesmos procedimentos operacionais e de segurana j adotados pelo Selic. O resultado de cada leilo automaticamente encaminhado ao Selic para o registro e a liquidao financeira dos ttulos negociados. Cabe destacar que os leiles informais so realizados eletronicamente. Assim, no que diz respeito ao LEINF, o referido normativo apenas incorpora ao MNI as normas para sua operacionalizao. SISBACEN O Sisbacen (Sistema de Operaes, Registro e Controle do Banco Central) o veculo de comunicao computadorizado do BC de/para as instituies financeiras. As instituies tm micros ligados, via modem, ao BC, recebendo informaes do BC e enviando dados sobre suas operaes financeiras ou cambiais. DINMICA DO MERCADO INTERBANCARIO O sistema financeiro tem, hoje, como nico instrumento capaz de traduzir suas expectativas o mercado interbancrio de reais. Neste segmento, o Banco Central no tem acesso. Nele, os preos esto livres da interveno e, portanto, de balizamentos oficiais. Este mercado privativo dos bancos e dos brokers, que fazem a ponte entre compradores e vendedores de dinheiro com lastro em ttulos privados. No est imune, contudo, s influncias sazonais do fluxo de recursos mantidos entre o sistema bancrio e o Governo. Normalmente, o custo do dinheiro de um dia negociado no mercado interbancrio (CDI) muito prximo do custo de troca das reservas bancrias disponveis lastreadas em ttulos federais que ocorrem no mercado aberto (Selic) podendo, inclusive, ser uma referncia para o custo do Selic no dia seguinte. Eventualmente, pode haver distores entre esses dois custos por causa de impactos mais fortes dos recolhimentos bancrios sobre a disponibilidade de moeda na economia que levem os bancos a uma procura maior por moeda.

A sazonalidade tpica da primeira quinzena do ms, quando aumenta consideravelmente o recolhimento de tributos e contribuies federais, normalmente amplia a retirada de moeda do sistema bancrio. Pequenos ajustes no fluxo dos recursos recolhidos pelo BC ou Tesouro contribuem para evitar as Autuaes exageradas e bruscas dos juros que, naturalmente, tendem a diminuir na segunda quinzena do ms, quando o Tesouro Nacional passa de arrecadador para pagador, injetando moeda no mercado financeiro. CERTIFICADO DE DEPSITO INTERBANCRIO (CDI) Antes da criao do CDI, as instituies financeiras monetrias e no monetrias disputavam no mercado os recursos disponveis para captao. Devido volatilidade das taxas dos diferentes papis em mercado, os recursos financeiros disponveis procuravam as melhores aplicaes, quer fossem em CDB, LC ou LI. Naturalmente, existiria, em diferentes momentos, perdas para uns e ganhos para outros. De forma a garantir uma distribuio de recursos que atendesse ao fluxo de recursos demandados pelas instituies, foi criado, em meados da dcada de 80, o CDI. Os Certificados de Depsito Interbancrio so os ttulos de emisso das instituies financeiras monetrias e no monetrias, que lastreiam as operaes do mercado interbancrio. Suas caractersticas so idnticas s de um CDB, mas sua negociao restrita ao mercado interbancrio. Sua funo , portanto, transferir recursos de uma instituio financeira para outra. Em outras palavras, para que o sistema seja mais fluido, quem tem dinheiro sobrando empresta para quem no tem. As operaes se realizam fora do mbito do BC, tanto que, neste mercado, no h incidncia de qualquer tipo de imposto. Tambm no existem contratos de CDI, as transaes so fechadas por meio eletrnico e registradas nos computadores das instituies envolvidas e nos terminais da Central de Custdia e Liquidao de Ttulos Privados (Cetip). A maioria das operaes negociada por um s dia. Suas vantagens so: no haver taxao, ser rpido e seguro. Normalmente, o custo do dinheiro de um dia negociado no mercado interbancrio muito prximo do custo de troca das reservas bancrias disponveis lastreadas em ttulos federais que ocorrem no mercado aberto. Os CDI podem ser negociados por um dia ou por prazos mais longos, opcionalmente 30 dias, sempre via Cetip. Os CDI de um dia tambm conhecidos como Depsitos Interfinanceiros - DI -, estabelecem um padro de taxa mdia diria, a CDI over. o CDI over que reflete a expectativa de custo das reservas bancrias para a manh seguinte do fechamento das transaes. Os CDI longos podem ser negociados com taxas pr ou psfixadas. Com taxas prefixadas podem ser emitidos a partir de 1 dia. Os CDI ps-fixados so remunerados com base na TR data a data e emitidos com prazo mnimo de 4 meses. Os CDI no podem ser negociados em suas datas de vencimento nem podem ser liquidados antecipadamente, aps cumpridos os prazos mnimos As taxas do CDI over, que representam o custo da troca de reservas interbancrias por um dia, que estabelecem o parmetro de taxas para as operaes de emprstimo de curtssimo prazo, o chamado hot-money que, normalmente, embute o custo do CDI over mais um spread mnimo e mais o custo do PIS.

CETIP A Cetip (Central de Custdia e Liquidao de Ttulos) o local onde se custodiam, registram e liquidam financeiramente as operaes feitas com todos os papis privados e os ttulos estaduais e municipais que ficaram de fora das regras de rolagem. Dessa forma, ficam garantidas as operaes, pois quem compra tem certeza da validade do ttulo e quem vende tem certeza do recebimento do valor. Quando um negcio realizado atravs de qualquer um dos sistemas da Cetip, a transferncia do ttulo s se completa aps a checagem dos itens bsicos de segurana cdigo de acesso, senha, validade de datas etc. As informaes do comprador e do vendedor so casadas. Se houver qualquer divergncia nesta comparao, a operao ser rejeitada pelo sistema. O negcio s aceito pelo sistema com a confirmao da liquidao financeira - configurando, na prtica, o velho e confivel conceito de entrega contra recebimento". No dia do fechamento das operaes, os sistemas da Cetip comunicam o resultado financeiro dos negcios aos participantes e aos bancos liquidantes. Ao longo do dia seguinte, os bancos liquidantes confirmam, junto Cetip, os resultados lquidos dos negcios. A Cetip repassa ento essa confirmao ao Banco Central e sensibiliza as contas de reserva bancria dos bancos liquidantes. Toda esta operao garante a compensao financeira do negcio em apenas um dia ou, como se diz no mercado, em D + 1. Os jornais publicam os volumes dos ttulos diariamente negociados no Cetip, bem como a estimativa dos seus resgates. NDICES E INDEXADORES O Mercado Financeiro, da mesma forma que a economia brasileira, vive num emaranhado de ndices e indexadores que estabelecem bases para aes e decises e determinam valores e resultados em seus diferentes segmentos. Vejamos alguns dos principais. DIEESE - O Departamento Intersindical de Estatsticas e Estudos Scio-Econmicos empresta seu nome ao ndice de Custo de Vida (ICV), que calcula em duas verses (um a cinco e um a 30 salrios os de renda) para a Regio Metropolitana de So Paulo. Existente desde 1955, o ndice do Dieese arma os sindicatos para as negociaes salariais em todo o pas. IPC-FIPE - ndice de Preos ao Consumidor da Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas da Universidade de So Paulo (USP). As taxas da FIPE costumavam, at o Plano Real, ser utilizadas pelo Governo para arbitrar reajustes de salrios e impostos quando os ndices do IBGE no estavam disponveis e os resultados quadrissemanais tinham grande influncia sobre as taxas de juros. Mede a inflao das famlias paulistanas que ganham de um a vinte salrios mnimos. Pesquisa os preos de 260 produtos, comparando a mdia com a mdia dos 30 dias anteriores.

IGP-DI - ndice da FGV que at o Plano Real reajustava ttulos do setor privado, nos poucos casos de ps-fixao (inflao mais juros) e contratos de fornecimento de bens e servios entre empresas. Mais raramente, era utilizada a variao de um de seus componentes especficos, sejam o IPA e o INCC (na construo de prdios) ou as chamadas colunas, para itens como os produtos de informtica. formado por trs ndices: o ndice de Preos por Atacado (IPA), que representa 60% do ndice e acompanha os preos de 431 produtos; o ndice de Preos ao Consumidor (IPC), que representa 30% do ndice e apura a inflao de famlias que ganham de um a 33 salrios os, atravs da pesquisa de preos de 388 produtos no eixo Rio-So Paulo; o ndice Nacional da Construo Civil, com peso de 10%. E calculado entre os dias 1 e 30 de cada ms. IGP-M - O ndice Geral de Preos do Mercado (IGP-M), da FGV, at o Plano Real, atualizava um ttulo do Governo, as Notas do Tesouro Nacional (NTN) sries B e C, ttulos privados como as debntures e aluguis comerciais e residenciais. Neste ltimo caso, somente quando sua variao no perodo considerado (quadrimestre, semestre ou ano) era inferior do ndice de Salrios Nominais (ISN), teto para os reajustes. Ambos os ndices da FGV so composies de outros, que medem a evoluo de preos ao consumidor no Rio e em So Paulo (IPC), dos preos por atacado (IPA) e dos custos da construo civil (INCC). S difere do IGP no perodo de coleta dos preos, que considera entre o 21 dia do ms anterior e o 202 do ms em referncia. o parmetro de inflao do mercado financeiro. INPC - O ndice Nacional de Preos ao Consumidor (INPC), do IBGE, pesquisado entre os dias 1 e 30 de cada ms, corrigia os balanos e demonstraes financeiras trimestrais e semestrais das companhias abertas. Como indexador dos salrios, sua vida durou at setembro de 1992, quando os reajustes quadrimestrais passaram a ser regidos pela dobradinha IRSM/FAS. O ndice de Reajuste do Salrio mnimo (IRSM) media a inflao das famlias que ganhavam entre um e dois salrios mnimos. Inclua a variao nos preos de 282 produtos colhidos em todo o Pas entre os dias 15 de cada ms. O Fator de Atualizao Salarial (FAS) no pode ser acusado de Simplicidade: o resultado da diviso do IRSM acumulado pela elevao quarta potncia da taxa do IRSM no ltimo ms. Tanto o INPC quanto o IRSM foram extintos em 01 /07/94. IPCA-E - O ndice de Preos ao Consumidor Ampliado-Especial (IPCA-E), tambm do IBGE, pesquisado entre os dias 15 de cada ms, mede o custo de vida para famlias que ganham de um a 40 salrios mnimos em 11 regies metropolitanas do Pas, corrige o saldo devedor dos impostos atravs da Unidade Fiscal de Referncia (UFIR). A correo atinge, por exemplo, quem optou por pagar em cotas o seu Imposto de Renda (IR). O IPCA, que deu origem ao IPCA-E e se baseia na evoluo da cesta de consumo de famlias com renda entre um e 40 salrios mnimos, pesquisado entre os dias 1 e 30 de cada ms, foi o indexador oficial nico da economia, de dezembro de 1985 at o advento do Plano Cruzado.

TR - Taxa Referencial de juros calculada pelo BC., a taxa que define o rendimento das Cadernetas de Poupana e dos emprstimos do SFH. E usada, tambm, como referncia de vrios contratos, entre eles os de pagamento a prazo e de seguros em geral. Ufir - At o incio do Plano Real, a Unidade Fiscal de Referncia (Ufir) atualizava o saldo devedor dos 56 impostos existentes no pas. Sua variao corrigida pelo IPCA-E, do IBGE, balizava tambm o patamar a partir do qual eram taxadas as operaes financeiras. Quando o Governo corrigia o valor da Ufir, sinalizava uma mudana na sua expectativa de inflao. A Ufir inspirou ainda variantes estaduais, como a Uferj (do Rio, corrigida pela TR) e a Ufesp (de So Paulo, corrigida pela Fipe), e municipais, como a Unif (da capital fluminense, corrigida pelo IGP-M) e a Ufinit (de Niteri). IGP-M-10 - Mesma metodologia do IGP-M, sendo calculado entre os dias 11 de um ms e 10 do ms seguinte. Sua finalidade , com a criao do mercado futuro de IGP-M na BM&F, dar aos participantes uma melhor sinalizao para a avaliao do IGP-M futuro. URV (Unidade Real de Valor) - Foi criada pela Medida. Provisria n. 434, de 28/02/94, com o objetivo de ser o indexador nico da economia, juntamente com o cruzeiro real, e integrar o Sistema Monetrio Nacional, que continuou como meio de pagamento dotado de poder liberatrio, at a implantao do real em 01/07/94. A taxa de variao mdia mensal da URV era determinada pela mdia aritmtica de variaes dos seguintes ndices de preos: ndice de Preos ao Consumidor (IPC) da Fundao Instituto de Pesquisas Econmicas (FIPE) da Universidade de So Paulo, apurado para a terceira quadrissemana. ndice Nacional de Preos ao Consumidor Amplo (IPCA-E), da Fundao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica (IBGE). ndice Geral de Preos de Mercado (IGP-M) da Fundao Getlio Vargas. O valor da URV no ltimo dia til do ms em referncia era o valor da URV no ltimo dia til do ms anterior, corrigido pela taxa de variao mensal da URV calculada acima. O valor da URV era corrigido para cada dia til do ms em referncia pelo fator dirio equivalente taxa da variao mensal da URV. O valor da URV em determinado dia era aquele obtido multiplicando-se o valor da URV do dia til imediatamente anterior pelo fator dirio. O fator dirio era o definido com a raiz de ordem "n" de soma de uma unidade taxa da URV dividida por 100, onde "n" o nmero de dias teis do ms. Os valores da URV aos sbados, domingos e feriados se referiam cotao do primeiro dia til imediatamente posterior. O seu valor tinha que estar no intervalo entre trs ndices (IGP-M da FGV, IPCA-E do IBGE e IPC da FIPE). Seu valor no poderia ser maior do que o maior deles nem menor do que o menor deles. O dlar comercial de venda tinha como teto o valor da URV. Em 01/07/94, o Real foi implantado a partir do valor da URV de 30/06/94 de CR$ 2.750,00 e, assim, 1 URV = R$ 1,00.

IPC-R (ndice de Preos ao Consumidor - Real, do IBGE) - Criado em junho de 1994, media o aumento de preos entre famlias com renda variando de um a oito salrios mnimos em 11 regies do Pas. Sua primeira divulgao ocorreu em 29/07/94; seu perodo de coleta vai do 16 dia de um ms ao 15 do seguinte. Corrigia os contratos no financeiros, o clculo da correo dos salrios (nas datas-bases), e dos benefcios de Previdncia Social. No se aplicava aos contratos firmados no mercado financeiro por instituies autorizadas a funcionar pelo Banco Central.

FAE / CDE

Mercado financeiro e de capitais

MERCADOS FUTUROS

Acyr E. Freire Jr.

INTRODUO Os mercados futuros (ou contratos futuros), como so conhecidos, constituem o instrumento de mercado mais eficaz para eliminar o risco da variao de preos dos bens econmicos. Toda a atividade econmica est sujeita a risco. Esse risco pode ser divido em dois componentes: o risco intrnseco ao negcio em si e o risco relacionado a fatores externos. Um agricultor, por exemplo, no desenvolvimento de sua atividade, corre o risco de no ter uma colheita bem sucedida, em funo de uma srie de fatores - variaes climticas, pragas, m preparao da terra, mo-de-obra no qualificada, ms condies de estocagem etc. Esses aspectos, entretanto, constituem o risco inerente a sua atividade econmica. Por correr esse risco, o agricultor demanda uma rentabilidade para seu negcio. Contudo, ele sabe que, devido a outros fatores sobre os quais no tem controle e/ou conhecimento, sua rentabilidade pode ficar comprometida, Esses fatores adicionais implicam incerteza quanto ao preo pelo qual conseguir vender seus produtos quando estiverem disponveis. Evidentemente, esse risco pode ser benfico ao agricultor, ou seja, ele pode conseguir vender sua colheita por um preo melhor que o esperado. Porm, ele poderia estar interessado em abrir mo dessa possibilidade, em troca de no correr o risco de ter de realizar a venda por preos inferiores ao que lhe traria uma rentabilidade compensadora. Inversamente, outros agentes econmicos, alm dos riscos inerentes a sua atividade, correm um risco adicional exatamente oposto: comerciantes e distribuidores ou processadores dos produtos vendidos pelo agricultor gostariam de se ver livres do risco de uma alta abrupta nos preos dos bens que lhes sero necessrios. Para tanto, abrem mo da possibilidade de adquiri-los, no futuro, por preos mais baixos. em permitir a permuta desses riscos (ou sua transferncia para os especuladores) que se insere a funo bsica dos mercados futuros. Embora o surgimento dos mercados futuros esteja ligado aos produtos agrcolas, atualmente as operaes a futuro nas bolsas de commodities de todo o mundo so realizadas com uma variada gama de bens, incluindo-se metais (ouro, prata), produtos agropecurios (caf, milho, soja), ativos financeiros, moedas e ndices. A HISTRIA DAS BOLSAS DE FUTUROS NO MUNDO A idia bsica da negociao de produtos a futuro surgiu h muitos sculos, vinda de uma necessidade natural da comercializao das safras e da sazonalidade dos produtos. Os compradores que visitavam as provncias para a negociao de gneros alimentcios mantinham contato com os produtores para a entrega dos produtos nas safras seguintes, com preos garantidos ou no, o que provou ser vantajoso para ambas as partes. Esse instrumento assegurava um comrcio futuro. At esse ponto, os acordos eram particulares e no possuam padro preestabelecido. A fixao de locais para a comercializao de produtos para entrega pronta (no ato da negociao) e para o fechamento de contratos para entrega futura remonta a perodos anteriores a Roma e Grcia antigas. A despeito da queda dessas civilizaes, a prtica de contratar a compra e a venda de mercadorias para entrega futura se manteve.

Na Idade Mdia, o conceito bsico de negociaes futuras foi inicialmente reprimido, devido ao total controle da produo e da comercializao pelos senhores feudais. Com o surgimento da burguesia, viu-se um novo impulso s tcnicas de negociao de pocas anteriores. A necessidade de comercializao e consumo de determinados produtos era um campo frtil para os burgueses, que comearam a organizar feiras, anunciadas com antecedncia e controladas pelos senhores feudais. A Inglaterra logo se transformou num grande centro de comercializao, contribuindo para o estabelecimento de locais prprios para o comrcio ou feiras, Isso lhe conferiu o posto de maior mercado da poca, servindo de ligao entre vrios pases e difundindo os contratos para entrega futura. Os grandes descobrimentos trouxeram mais desenvolvimento para o mercado, tornando imprescindvel a elaborao de regras que o regulamentassem. Mais uma vez, a Inglaterra saiu na frente, atravs de sua Lei Mercantil (LawMerchant). Essa lei determinava normas mnimas para a negociao das mercadorias nas provncias, tais como recibos e contratos, controle de qualidade, padres de conduta e modalidades de entrega e armazenamento de produtos. Esse conjunto de normas forma o alicerce para o mercado de bolsa, como hoje conhecido. O desenvolvimento do mundo ocidental, a melhoria nas comunicaes e o prprio crescimento da populao e da produo mundiais criaram a necessidade da especializao, fazendo com que as feiras livres se tornassem mais eficientes e especializadas em determinados produtos. Esses produtos eram normalmente negociados em praas, onde os comerciantes se reuniam. As feiras eram regulamentadas por um grupo que representava os interesses das partes envolvidas em toda a negociao, proporcionando maior segurana a todo o sistema. O Oriente tambm passava por um processo semelhante na negociao de seus produtos agrcolas. A evoluo natural desse processo de negociao levou as pessoas interessadas pelo mercado a fixar locais e normas mais adequados a seus negcios. Foi, ento, criada no Japo a primeira bolsa organizada, no inicio do sculo XVIII. Diante da acentuada negociao com arroz - alimento bsico do Japo feudal - e da constante necessidade de recursos, oriunda das intempries sobre a agricultura, os proprietrios rurais e os agricultores instituram, no mercado de arroz de Dojima, o arroz escritural. Reconhecidos legalmente por volta de 1730, os recibos de arroz envolviam uma padronizao das caractersticas das operaes, especificando pagamento, prazo, quantidade e qualidade para entrega futura. Esses recibos eram negociados amplamente e aceitos como moeda corrente. Outros mercados foram desenvolvidos com leos comestveis, algodo e metais preciosos, mas todos de volume reduzido, quando comparados ao tradicional contrato de arroz. Na Europa, o primeiro centro de negociao de commodities surgiu na Anturpia, no sculo XVI, mas os mercados futuros tiveram incio em Liverpool em 1878 e, depois, em Havre em 1882. Os contratos negociados em Liverpool eram conhecidos como to arrive, ou a ser entregues. Esse contrato permaneceu por muitos anos e foi um dos principais passos do Ocidente em direo do modelo atual de negociao futura.

Nos Estados Unidos, em 1752, existiam em Nova York e em outras cidades mercados desenvolvidos para a negociao de produtos locais, mas ainda voltados para as operaes a vista. Como se pode notar com esta breve histria da comercializao de produtos, a constituio das bolsas de futuros se deu devido necessidade de comercializao e especializao. Os comerciantes - ou corretores, como so hoje denominados - possuam a informao necessria para a compra e a venda de produtos, sendo de seu interesse a organizao do mercado e das bolsas. Um mercado organizado lhes proporcionava muito mais controle e credibilidade para os negcios. Nos Estados Unidos, no poderia ser de outra forma. At ento, o grande volume de negociao nas bolsas americanas era de mercado fsico. Foi no incio do sculo XIX que os contratos futuros ganharam notoriedade. A poca foi marcada por um problema de oferta e procura de gros. Na safra, havia super oferta de produtos e, consequentemente, preos muito baixos, que no cobriam nem o custo de transporte. Na entre-safra, os preos eram muito altos; porm, no havia oferta de bens. Mais uma vez, a especializao levou os comerciantes e fazendeiros a negociar partes cada vez maiores das safras a futuro. A partir de 1837, ano da transformao de Chicago em cidade, percebeu-se a necessidade de criar uma instituio que auxiliasse a comercializao da safra da regio, uma das maiores do pas. Assim, em 1848, um grupo de 82 mercadores fundaram a Chicago Board of Trade-CBOT, que hoje a maior bolsa de futuros do mundo. Naquele tempo, a CBOT negociava contratos tanto para entrega fsica quanto para entrega futura, mas o volume de contratos futuros era insignificante. A despeito do Grande Incndio de Chicago em 1871, quando todos os registros foram destrudos, assume-se que os contratos futuros negociados naquela bolsa datam de meados da dcada de 1860, provavelmente 1865. Com o rpido sucesso da Chicago Board of Trade, vrias bolsas foram surgindo em toda a Amrica do Norte, transformando os Estados Unidos na mais desenvolvida indstria de futuros do mundo. Incluem-se entre as principais: Chicago Mercantile Exchange (1 898); Chicago Board Options Exchange (1 973); Chicago Rice & Cotton Exchange (1 983); Coffee. Sugar& Cocoa Exchange (1 882); Commodity Exchange (1 933); Kansas City Board of Trade (1 856); MidAmerica Commodity Exchange (1 868); Minneapolis Grain Exchange (1 88 1); New York Cotton Exchange (1 870);

New York Futures Exchange (1 979); New York Mercantile Exchange (1 872); Philadelphia Board of Trade (1985).

Alm das bolsas de commodities americanas, h cerca 50 outras ao redor do mundo - a maioria fundada na dcada de 1980 -, entre as quais: Deutsche Terminboerse (1 988); European Options Exchange (1 978); London Metal Exchange (1877); London lnternational Financial Futures & Options Exchange (1 982); March Terme International de France (1 985); New Zealand Futures Exchange (1985); Osaka Securities Exchange (1 949); Singapore lnternational Monetary Exchange (1 984); Swiss Options and Financia[ Futures Exchange (1 986); Sydney Futures Exchange (1 960); Tokyo lnternational Financial Futures Exchange (1989); Toronto Futures Exchange (1 984); Winnipeg Commodty Exchange (1 887).

A HISTRIA BRASILEIRA No Brasil, a experincia com mercados futuros remonta ao inicio do sculo XX, especificamente em 1917, quando foi fundada a primeira bolsa de commodities agrcolas, a Bolsa de Mercadorias de So Paulo BMSP. Na ocasio, a bolsa estava voltada fundamentalmente ao incentivo produo, comercializao de bens, classificao de produtos. No ano seguinte, a BMSP iniciou operaes com futuros de algodo, conhecido como ouro branco, que rapidamente se tornou em sua principal atividade. Durante as dcadas de 1970 e 1980, a BMSP lanou negociao diversos contratos de commodities agropecurias. Somente no inicio dos anos 80s instituiu pela primeira vez um contrato futuro de ativo financeiro, referenciado em ouro. Em 1979, as bolsas de valores do Rio de Janeiro e de So Paulo introduziram um novo conceito de negociao a futuro, com

a criao do mercado futuro de aes individuais, hoje inexistente. Posteriormente, deram inicio ao mercado de opes de aes, segmento que mantm acentuada liquidez. Como resultado de investimentos por parte da Bolsa de Valores do Rio de Janeiro, foi constituda, em 1983, a Bolsa Brasileira de Futuros-BBF. Mas o grande salto da indstria de futuros no Brasil ocorreu em 1984, com o incio do projeto BM&F. Ao longo de dois anos, foram efetuados estudos de viabilizao, incluindo viagens ao Exterior, para a implantao de uma bolsa de futuros nos moldes internacionais, mas com contratos voltados realidade brasileira. Em 31 de janeiro de 1986, foi realizado o primeiro prego da Bolsa Mercantil & de Futuros-BM&F. Nessa fase, a indstria de futuros era pouco ativa, o que exigiu da nova bolsa um amplo programa educacional e de difuso de informaes. Em curto espao de tempo, a BM&F se transformou no maior centro de negociao de contratos futuros e de opes da Amrica Latina e inseriu seu nome entre as principais commodity exchanges do mundo. Em maio de 1991, a Bolsa Mercantil & de Futuros uniu-se Bolsa de Mercadorias de So Paulo, dando origem Bolsa de Mercadorias & Futuros, que tem tambm BM&F como sigla. Hoje, diversos contratos so negociados na BM&F, abrangendo tanto ativos financeiros quanto produtos agropecurios. Antes de entrar nas caractersticas atuais dos contratos futuros, conveniente analisar os problemas mais comuns enfrentados pelos participantes na poca dos contratos to arrve, ou a termo. De fato, apesar dos contratos to arrive terem representado um avano significativo, eles no conseguiram satisfazer adequadamente s necessidades dos produtores (interessados pela venda) e dos consumidores (interessados pela compra). Uma srie de dificuldades impedia que a defesa contra variaes de preos (hedging) pudesse ser realizada.

RISCO DE CRDITO E PERFORMANCE At o inicio deste sculo, as negociaes para entrega futura apresentavam maiores riscos de crdito, qualidade e performance do que a negociao da mercadoria fsica, o que demandava maior transparncia e credibilidade para os contratos futuros negociados. Com esse objetivo, os corretores intervenientes definiram regras mnimas para facilitar as negociaes e resolver qualquer problema que surgisse. Todos os contratos, que ainda eram particulares entre comprador e vendedor, tinham de especificar o prazo e o local da entrega da mercadoria, sua qualidade mnima e a quantidade que estava sendo negociada. O nome do corretor interveniente deveria sempre constar do contrato. O risco de crdito ou cumprimento do contrato foi resolvido pela garantia adicional do corretor s duas partes ou pela assuno das responsabilidades do contrato, perante as duas partes, pelo corretor interveniente. O corretor podia exigir de seu cliente, principalmente daquele que no conhecia bem ou que no tinha tradio de negociao, garantias

adicionais para o cumprimento do contrato. Dessa forma, o corretor interveniente resguardava para si as negociaes e mantinha controle sobre todos os negcios realizados, dando crdito apenas s pessoas conhecidas. Penalidades foram criadas e impostas para o caso do descumprimento do contrato por qualquer das partes, conferindo fora de lei s negociaes em bolsa. At determinado perodo, esse sistema mostrou-se eficiente, mas, com o crescimento do mercado, os corretores viram-se obrigados a assumir grandes riscos, devido ao grande volume de negcios. SISTEMAS DE ARMAZENAMENTO INADEQUADOS Os sistemas de armazenamento eram inadequados e insuficientes. Para que um sistema de negociao em bolsa prosperasse era necessria a existncia de locais apropriados para o armazenamento dos bens, a fim de facilitar sua entrega quando do vencimento dos contratos. Antes do surgimento dos futuros, as safras superavam largamente a capacidade de armazenamento, sem contar com outros problemas, como fraude, m qualidade das mercadorias entregues, produtos deteriorados etc. FALTA DE PADRONIZAO DA QUALIDADE Commodities fsicas normalmente diferem bastante, em t