Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Apostila sobre Pressupostos Processuais

    A presente apostila sistematiza o controvertido tema que trata dos pressupostos processuais e

    nulidades processuais.

    Texto enviado ao JurisWay em 9/8/2009.

    indique est pgina a um amigo Indique aos amigos

    Sabemos que o CPC brasileiro segue o modelo italiano que consagrou o trinmio processual

    constitudo pelos pressupostos processuais, pelas condies da ao e pelo mrito da causa.

    Mais simples seria o binmio processual formado pelos requisitos de admissibilidade e pelo

    mrito da causa, ou formado pelos pressupostos processuais e pelo mrito da causa, desde

    que nos pressupostos processuais fossem includas as condies da ao ( conforme ocorre na

    processualstica alem e portuguesa).

    Para Celso Neves existiria na realidade um quadrinmio formado pelo pressuposto processual,

    os supostos processuais,pelas condies da ao e pelo mrito da causa.

    Restrito o pressuposto processual ao exerccio do direito de ao, sem o qual no pode ter

    existncia a relao jurdica processual dispositiva, os supostos processuais envolveriam os

    requisitos de validade do processo, permanecendo as condies da ao no plano das

    circunstncias que tornam possvel o exame do mrito.

    Por ser o processo dialtico natural que uma das partes alegue e que a outra se contraponha

    a essa alegao. A alegao chamada de ponto, ao passo que a alegao impugnada recebe

    ento denominao de ponto controvertido.

    A principal questo do processo a questo de mrito descrita no pedido. O pedido fixa o

    principal ponto duvidoso do processo, tambm conhecido como objeto litigioso do processo,

    themadecidendum, res in judicium deducta, pretenso(processual ou afirmao de direito

    material), lide de mrito, lide, questo de mrito, meritum rei, meritum causae, mrito da

    causa, ou simplesmente, mrito.

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    O juiz tem conhecimento de determinadas matrias independentemente de alegao e,

    portanto, de impugnao. Assim age de ofcio para conhecer as matrias de ordem pblica

    constituindo-se das condies da ao e dos pressupostos processuais.

    Com alguma freqncia o CPC ptrio utiliza os vocbulos mrito e lide como tendo o mesmo

    significado. A lide segundo esse diploma legal e na descrio de Liebman realidade

    endoprocessual consistente num conflito de interesses, depois de moldado pelas partes e

    vazado nos pedidos formulados ao juiz.

    Ressalta ainda Liebman que o elemento delimitador em concreto do mrito no a lide, ou o

    conflito entre as partes fora do processo, e, sim o pedido feito ao juiz em relao esse

    conflito.

    Contrape-se a viso de Liebman o conceito sociolgico de Carnelutti para quem a lide

    fenmeno extraprocessual, se traduzindo em ser o conflito de interesses qualificado pela

    pretenso de um dos interessados e pela resistncia do outro.

    H, no entanto, uma contradio na Exposio de Motivos do CPC brasileiro, pois nela a lide

    segue a viso carnelutiana.

    Porm, h a advertncia e ressalva de que o projeto do CPC s usava a palavra lide para

    designar mrito da causa. E tal frase faz crer na filiao do CPC brasileiro doutrina de

    Liebman.

    Na expresso legal contida no art. 330 do CPC o mais eloqente exemplo de que o legislador

    v a lide como mrito, ou seja, como pedido.

    Donde se conclui que o conceito de lide albergado no CPC o de Liebman e no de Carnelutti.

    Embora que Dinamarco aponte que o CPC no fora inteiramente fiel ao enunciado de sua

    Exposio de Motivos.

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    Vejamos as expresses como denunciao da lide, curador lide e julgamento antecipado da

    lide.

    Compete essencialmente ao juiz decidir a questo de mrito que est estampada no pedido do

    autor. Mas antes de analisar tal questo, ter de enfrentar as questes prvias, e at questoposterior.

    Podemos classificar tais questes prvias como questes preliminares ou questes

    prejudiciais.

    A soluo de determinada questo pode influenciar a da outra:

    a) tornando dispensvel ou impossvel a soluo da outra questo;

    b) predeterminando o sentido em que a outra questo dever ser decidida;

    E a surgem as questes subordinantes ou vinculantes que podem exercer sobre as questes

    posteriores (questes subordinadas ou vinculadas).

    So evidentemente questes preliminares ao mrito todas as questes sobre pressupostos

    processuais e condies da ao. S depois de preenchidas integralmente, o juiz examinar a

    questo de mrito, quando o pedido ser julgado procedente ou improcedente.

    Acreditam alguns doutrinadores que o fumus boni iuris e o periculum in mora sejam condies

    especficas da ao cautelar, ou que pelo menos integre o interesse de agir.

    O fumus boni iuris a plausibilidade do direito alegado, traduz-se na aparncia que, no

    processo principal, os pressupostos processuais e as condies da ao estaro presentes e o

    pedido ser atendido.

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    Ovdio Baptista da Silva bem salienta que a urgncia de fato o pano de fundo a legitimar a

    jurisdio cautelar impondo e credenciando ao julgador uma cognio sumria e superficial. E,

    impedindo o julgamento fundado em prova plena, capaz de conduzir a um juzo de certeza.

    Rodolfo Camargo Mancuso tratando sobre a questo do fumus boni iuris e periculum in moradentro da teoria geral do processo, reconhece ser esta uma questo aberta.

    Aldo Attardi escreveu e concluiu brilhantemente que tal interesse de agir se faz presente

    apenas nos processos cautelares e declaratrios, devendo ser excludo de todos os demais.

    Para Attardi, a existncia do estado de incerteza sobre o direito subjetivo seria condio para

    surgimento do interesse de agir nos processos declaratrios, enquanto que o periculum in

    mora seria o fato constitutivo do interesse de agir nos processos cautelares.

    As condies da ao situam-se no plano das questes preliminares, desde que presentes

    possibilitam o exame do mrito.

    A deciso judicial sobre as condies da ao e os pressupostos processuais jamais influenciar

    sobre o teor da deciso sobre a questo de mrito.

    Se presentes o fumus boni iuris e o periculum in mora, o juiz no apenas julgar o mrito, mas

    conceder medida pretendida. Portanto, esses requisitos situam-se no plano das questes

    prejudiciais.

    Assim, tanto as questes preliminares como as prejudiciais quando vencidas so normalmente

    examinadas incidenter tantum, isto , apenas como passagem obrigatria do iter lgico da

    verdadeira deciso.

    As questes prejudiciais quanto questo de mrito so apreciadas na fundamentao da

    sentena no transitando em julgado (art. 469,III CC) a no ser que promova uma ao

    declaratria incidental.

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    O julgamento de questo posterior pode ser influenciado por mais de uma questo prvia, seja

    esta preliminar, seja esta prvia ou prejudicial.

    Significa que o juiz pode entender que a parte legtima mas que no tenha interesse de agir.

    H doutrina brasileira que entende por considerar prova inequvoca a que convena o juiz da

    verossimilhana da alegao como requisito para a concesso da tutela antecipada, diferente

    do fumus boni juris, requisito para a concesso da tutela cautelar, por ser um algo a mais, um

    plus, um maior grau de segurana, uma probabilidade mais intensa e razovel.

    Mas, a expresso prova inequvoca conforme j frisou Arruda Alvim uma expresso

    infelizmente equvoca, pois no existe de fato prova inequvoca, pois na realidade a prova

    plena invivel, pode-se no mximo no caso-a-caso um maior grau de aparncia do direitoalegado.

    Barbosa Moreira referindo-se exclusivamente s prejudiciais aponta que grau de

    predeterminao pode variar. s vezes, a soluo dada prejudicial em certo sentido no

    basta para que se possa predizer com segurana o modo como ser resolvida a questo

    prejudicada. Portanto, ter-se- uma condio necessria, mas no suficiente.

    Quando for impossvel ao juiz em face de alguma situao impeditiva, proferir sentenajulgando procedente ou improcedente o pedido, cabe ento a extino anmala do processo.

    O art. 329 do CPC enuncia que ocorrendo qualquer das hipteses previstas nos arts. 267 e269,

    II aV do CPC, o juiz declarar extinto o processo.

    Sem julgamento do mrito, temos ainda a extino do processo conforme as hipteses

    elencadas no art. 267 do CPC.

    J no art. 269 do CPC ocorrer julgamento com resoluo do mrito apesar de no implicar no

    julgamento do pedido. Deixa de lado o art. 329 do CPC o primeiro do inciso do art. 269 do

    mesmo diploma legal onde o juiz acolhe ou rejeita o pedido.

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    Em alguns casos poder o julgador apreciar antecipadamente o pedido, onde ocorrer a

    extino do feito sem apreciao do mrito, independentemente da realizao da audincia

    preliminar.

    Note-se, alis, que a alterao procedida pela Lei 11.232/2005 ao eliminar a necessidade daao de execuo (at. 475-J) tornando a execuo em fase processual que se segue a sentena

    de mrito, ( vide art. 475 e seguintes ) embora obste a extino do processo no caso em que a

    sentena julgue procedente o pedido, no impede a extino do processo em todas as

    hipteses do art. 267 e 269, inclusive na de sentena de improcedncia tambm inserida no

    inciso I do art. 269 do CPC.

    O processo deve ser extinto sem resoluo de mrito, conforme o art. 267 em diversos casos,

    dentre eles a falta de pressupostos de constituio e de desenvolvimento vlido e regular, e a

    ausncia das condies da ao (art. 267, IV e VI do CPC). Da mesma forma, quando o juiz

    acolher a alegao de perempo, litispendncia e da coisa julgada material.

    As hipteses dos incisos IV (pressupostos processuais), V (perempo, litispendncia e coisa

    julgada material) e VI(condies da ao) podem ser reconhecidas de ofcio (sem alegao da

    parte) pelo juiz, em qualquer tempo e grau de jurisdio (art. 267, terceiro pargrafo), ficando

    claro que grau de jurisdio no abrange as chamadas instncias superiores do recurso

    especial (STJ) e do recurso extraordinrio (STF).

    No art. 269 em seus incisos II e IV do CPC abre oportunidade para extino do processo com

    julgamento do mrito quando: o ru reconhecer a procedncia do pedido; as partes

    transigirem; o juiz pronunciar a decadncia ou a prescrio; e o autor renunciar ao direito

    sobre o qual se funda a ao.

    O reconhecimento jurdico do pedido, de origem do direito alemo no se confunde com a

    confisso ou com a no-contestao pois se refere apenas a uma admisso mais plena, do

    prprio pedido, e no de um fato.

    Assim se o ru admite a procedncia do pedido, impede que o juiz julgue o pedido j que o

    processo deve ser encerrado com julgamento de mrito.

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    Na confisso e na no-contestao admite-se apenas um fato contrrio ao seu interesse, o que

    no implica automaticamente, em sentena de procedncia, uma vez que do fato confesso

    pode no decorrer efeitos jurdicos pretendidos pelo autor.

    Observe que no caso do inciso III do art. 267 CPC o reconhecimento depende de pedido doru. O que j fora matria de Smula 240 do STJ in verbis: A extino do processo, por

    abandono de causa pelo autor, depende de requerimento do ru.

    A confisso visa facilitar o julgamento da lide, j que admite a veracidade de fato que diminui a

    matria probatria a ser examinada, ao passo que o reconhecimento jurdico do pedido afasta

    a possibilidade do julgamento, uma vez que a parte admitindo a procedncia do pedido, torna

    desnecessrio o prprio julgamento do mrito.

    Se o ru em julgamento interior, reconhece explicitamente a procedncia do pedido do autor,

    se faz desnecessrio o julgamento judicial e ocupar o Poder Judicirio.

    Na renncia, o autor abre mo voluntariamente do prprio direito material que busca ver

    reconhecido em juzo, impedindo ao juiz, igualmente o julgamento do mrito.

    No caso da desistncia da ao, o autor desiste ver seu pedido apreciado pelo juiz, mas no

    desiste de seu direito material, que pode ser invocado perante a prpria jurisdio ou mesmoexercido fora dela.

    No caso de transao havendo concesses recprocas entre as partes sobre o direito material

    em litgio o que retira do juiz a possibilidade de julgar o mrito, devendo entretanto, o

    processo ser julgado extinto com julgamento do mrito com base do art. 269, III do CPC.

    tambm cabvel a extino do feito com julgamento do mrito (art. 269,IV CP) quando o juiz

    reconhecer a decadncia ou prescrio. Afirmadas estas pelo juiz sem seja lesado o direito dedefesa, no h razo para dar prosseguimento do processo.

    Note-se, contudo, que em alguns casos, embora raros, a prescrio e decadncia podem exigir

    instruo.

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    Verificado o conceito de processo e sua natureza jurdica, a relao jurdica processual pode

    ser definida como relao jurdica formada entre autor, ru e juiz na qual se discute, sob o

    domnio do contraditrio uma relao de direito material.

    Relembrando-se que a relao jurdica processual no se confunde com o processo, mas temneste seu nascedouro.

    As principais caractersticas da relao jurdica processual so:

    1- autonomia - pois essa relao distinta da relao jurdica de direito material, j que esta

    constitui a matria em debate, enquanto que aquela, a relao na qual esta se contm;

    2- natureza pblica na qual o juiz representa o Estado, sendo pblica a funo jurisdicional

    em relao s partes que tm de se sujeitar;

    3- complexidade dela decorre para os sujeitos do processo, medida que os atos quecompem o procedimento vo sendo praticados, uma srie de situaes jurdicas (direitos,

    poderes, faculdades, sujeies, nus) sendo natural que a parte que ora assume uma posio

    de vantagem( ex: faculdade) outra vez colocada pela lei diante de uma posio de

    desvantagem( ex: dever);

    4- progressividade ( ou dinamismo) sem dvida, uma relao dinmica, em constante

    movimento, resultante das diversas posies jurdicas formadas atravs de procedimento,

    diferenciando-se, neste ponto, da relao jurdica de direito material, que esttica;

    5- unidade apesar de sua complexidade, os atos praticados so coordenados formando

    uma unidade tendente a um objetivo comum, qual seja, a emisso do provimento jurisdicional;

    6- carter trplice pois formada por trs sujeitos a saber: Estado, autor e ru. Todavia

    conveniente relembrar que no h consenso na doutrina na configurao triangular da relao

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    jurdica processual, havendo quem defenda uma formao angular sem contato direto de

    autor e ru, que se comprometem exclusivamente perante o Estado-juiz ou mesmo a linear

    com excluso da figura do Estado, e de todo inaceitvel.

    Prevalece, no entanto, a concepo triangular cuja origem remonta formao originaldateoria da relao jurdica processual, na qual haveria posies jurdicas processuais que

    linkam autor e o Estado e o Estado e ru; e ru e autor em virtude da existncia de dever de

    lealdade recproca entre as partes, da obrigao de pagamento pela parte vencida das

    despesas processuais adiantadas pela parte vencedora da possibilidade das convenes para a

    suspenso do processo e transao, quando em jogo direitos disponveis materiais.

    H quem chame de relao escalonada pois no se resolve de uma vez s, progredindo em trs

    fases:

    1. Momento: linear que se inicia quando o autor oferece a petio inicial dirigida a um

    rgo jurisdicional;

    2 Momento: angular, ocorre a citao do ru para que este v a juzo se manifestar. Esta

    relao se aprimorou pela citao a partir da qual o ru ter o direito de oferecer resposta,

    normalmente representada pela contestao, e tambm a obter sentena que leve em

    considerao a resposta ofertada, esperando que tal provimento negue o pedido do autor.

    3 Momento: triangular a partir do momento em que a relao que se completa, temos uma

    situao de pendncia quanto pretenso deduzida em juzo, ou seja, temos um estado de

    litispendncia que perdurar at a sentena definitiva a ser proferida pelo juiz.

    Durante este estado, as partes podero valer de suas razes atravs de direitos, deveres, nus

    e poderes previstos para os sujeitos processuais.

    Observe que a relao primria a relao de direito material cujo objeto o bem de vida em

    conflito, isto , uma importncia pecuniria reivindicada, uma prestao de fazer, uma

    absteno e, etc... na relao processual ( nitidamente secundria), o objeto se constitui,

    conforme a doutrina alem, o mrito da causa, ou em outras palavras, a pretenso(inteno

    de subordinao do interesse alheio ao prprio manifestada pelo demandante atravs do

    pedido).

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    Traduzindo-se o objeto da relao processual por ser o ponto de convergncia duma atividade,

    ser o prprio pedido do autor, representando uma manifestao de vontadedirigida ao

    Estado sobre a qual este exercer a atividade jurisdicional.

    Os pressupostos processuais so requisitos mnimos necessrios para o estabelecimento de

    uma relao jurdica processual vlida ou regular (art. 267, IV CPC).

    Dizem respeito ao processo como um todo ou a determinados atos especficos divergindo,

    neste ponto, das condies da ao, que no dizem respeito ao meio e sim possibilidade de

    atingir o fim do processo o exerccio da jurisdio.

    Quando presentes estes requisitos a relao processual considerada vivel, do contrrio,

    teremos a extino do processo sem julgamento do mrito.

    No h consenso em doutrina quanto classificao dos pressupostos processuais, podendo-

    se destacar duas delas:

    1) Pela doutrina clssica h a diviso entre pressupostos de existncia e de validade;

    Os de existncia so requisitos para a existncia do processo, a saber:

    a) rgo estatal investido de jurisdio juzo de direito ou tribunal;

    b) partes: autor e ru (partes da demanda).

    c) demanda: ato da parte traduzido numa petio inicial pelo qual o processo formado.

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    Em sntese:

    - competncia do juzo

    - a existncia de partes: ativa e passiva (autor e ru);

    - demanda propositura e distribuio da petio inicial pelo qual o processo formado;

    Uma vez proposta a demanda perante um rgo jurisdicional considera-se relao processual

    existente, independentemente de sua regularidade ou de adequao da representao da

    parte at que uma sentena reconhea algum possvel vcio e a extinga.

    Tal requisito relaciona-se com o princpio do dispositivo, segundo o qual o juiz movimenta a

    mquina jurisdicional por fora do pedido inicial.

    Por outro lado, o endereamento da petio inicial a uma rgo desprovido de jurisdio no

    permite a formao de relao jurdica processual.

    Pressupostos de validade so requisitos que tornam o processo vivel e que ausentes, no

    permitem a efetivao de eventual sentena de mrito, muito embora o processo tenha

    existido.

    Cndido Rangel Dinamarco citando Arruda Alvim, a capacidade postulatria seria o quarto

    requisito necessrio existncia de uma relao jurdica.

    Outra corrente doutrinria afirma, contudo, que os pressupostos processuais esto ligados

    existncia do processo, no se podendo cogitar em pressupostos de validade, mas sim em

    condies de regular desenvolvimento da relao processual, que estariam ligadas s

    nulidades de atos processuais (Afrnio Silva Jardim).

    Para a validade alm da competncia do juzo, clama-se por sua imparcialidade. Vale ressaltar

    que o pressuposto de validade s no existir em caso de incompetncia absoluta, visto que a

    incompetncia relativa, caso no alegada pelo ru , acarretar a prorrogao de competncia.

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    Por outro lado, somente em caso de impedimento a imparcialidade do julgador estar afetada,

    j que diferentemente da suspeio, sanvel no curso processual, no se convalida, ensejando,

    inclusive a possibilidade de ao rescisria.

    A capacidade das partes que se subdivide em:

    a) capacidade de ser parte capacidade de ser titular de direitos, ou seja, a capacidade de

    gozo definida pelo Direito Civil.

    Todas as pessoas fsicas e jurdicas so sujeitos de direito e tm capacidade de ser parte em

    juzo.

    A lei reconhece, inclusive, capacidade para certos entes formais, como a massa falida, o

    esplio, o condomnio ex vi o art. 12 do CPC.

    b) capacidade de estar em juzo o mesmo que a capacidade de fato

    (ou de exerccio) do Direito Civil, sendo tambm conhecida como capacidade processual ou

    legitimatio ad processum.

    Distingue-se da legitimatio ad causam que definida em funo dos elementos fornecidos

    pelo direito material, representando uma condio da ao.

    a legitimatio ad causam permite-nos a configurar o sujeitos como autor e como ru em

    determinado processo realmente devem figurar em tais posies; Para exemplificar para se ter

    a legitimatio ad causam para propor ao reivindicatria h de ser o autor proprietrio ou

    titular do direito de propriedade.

    De maneira que, se a pessoa maior, pode ir a juzo sem assistncia (art. 7 CPC) mas se for

    menor relativamente incapaz, ter assistente; se for absolutamente incapaz, embora tenha

    legitimidade ad causam, dever ser representada em dever ser representada em juzo pelos

    pais, somente assim se observando, pela integrao de sua capacidade, o presente

    pressuposto processual (art. 8 CPC).

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    Um exemplo comum a criana, menor impbere na ao de alimentos em face do pai e que

    representada pela me.

    c) capacidade postulatria a aptido para a prtica de atos processuais. S advogado

    devidamente inscrito na OAB, e o Ministrio Pblico possuem o direito de postular nosjuizados especiais, a justia do trabalho e aos juzes de paz.

    Para que aparte se considere detentora de capacidade postulatria, esta precisa participar da

    relao processual por meio de quem possua iuspostulandi.

    Destarte, como no funo do MP a representao da parte qualquer que seja ela, esse

    pressuposto processual somente se faz presente (ressalvadas as hipteses j mencionadas nos

    juizados especiais) quando a parte se faa representar por um advogado, isto , por umbacharel em Direito regularmente em Direito regularmente inscrito na OAB.

    d) demanda regularmente ajuizada Se a petio inicial no possui todos elementos

    essenciais, partes, causa de pedir (causa petendi) e pedido (ou objeto) e os requisitos formais

    elencados pelo art. 282 do CPC, esta ser considerada inepta.

    A petio inicial inepta embora d origem a uma relao jurdica processual, esta ter sua

    validade comprometida, o que poder conduzir em caso do vicio no ser sanado, no prazoprevisto no art. 284 CPC, ao indeferimento da petio inicial, isto , prolao de uma sentena

    terminativa.

    Lembremos que as partes so aquelas pessoas que participam do contraditrio perante o juiz

    (demandante e demandado);

    Causa de pedir so os fatos jurdicos que embasam a pretenso do autor e se divide em causa

    de pedir prxima que relao jurdica controvertida. E, causa de pedir remota (fatoconstitutivo do direito subjetivo).

    E, ainda o pedido que a exteriorizao da pretenso do demandante que comporta diviso

    em imediato (provimento jurisdicional pleiteado) e pedido mediato ( bem de vida tutelado).

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    Em sntese:

    Causa de pedir prxima ou imediata = esbulho, turbao.

    Causa de pedir remota ou mediata = direito real de propriedade.

    Pedido imediato = reintegrao de posse, manuteno de posse

    = reivindicao de domnio

    Pedido mediato = casa, apartamento, terreno, carro, e, etc.

    A segunda forma de classificao divide os pressupostos em subjetivos e objetivos:

    a.1) rgo investido de jurisdio competente e imparcial( audincia de impedimento ou

    suspeio) arts. 134 e 135 CPC.

    a.2) partes com capacidade de ser parte, de estar em juzo( capacidade processual) e

    postulatria.

    Pressupostos processuais objetivos: Demanda que contm os seguintes requisitos: extrnsecos:

    que so externos relao processual e que dizem respeito inexistncia de fatos impeditivos

    sua constituio;

    Calmon de Passos entende que os pressupostos negativos so mais propriamenteimpedimentos processuais, uma vez que so extrnsecos Uma vez verificados tais

    fenmenos, a relao jurdica est comprometida.

    Ressalte-se que com relao ao compromisso arbitral este extingue o processo conforme o art.

    267, VII do CPC. No caso de nulidade absoluta, no podendo o juiz, conhec-la de ofcio.

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    So aferidos de forma negativa e, por isso chamados de pressupostos processuais negativos:

    coisa julgada (fenmeno pelo qual uma parte ajuza ao igual a uma primeira que j fora

    definitivamente ajuizada); litispendncia ( a repetio de uma ao idntica( mesmas partes,

    mesma causa petendi e mesmo pedido) outra ao que ainda se encontraem

    curso);conveno de arbitragem.

    A definio da pretenso do autor deve atender a teoria da substanciao da causa de pedir,

    adotada por nosso ordenamento jurdico a qual exige a descrio dos fatos que decorrem na

    relao de direito material para o ajuizamento da demanda, contrapondo-se teoria da

    individuao, de origem germnica para qual bastaria a afirmao da relao jurdica

    controvertida, no sendo necessrio descrever seu fato constitutivo.

    Segundo essa doutrina, causa petendi o fato ou o conjunto de fatos suscetveis de produzir,por si s, o efeito jurdico pretendido pelo autor.

    Moacyr Amaral Santos cita tambm como requisitos extrnsecos a falta de tentativa prvia de

    conciliao, a falta de pagamento de despesas feita pelo ru e as frias forenses, para aquelas

    aes que no podem ser propostas durante as mesmas.

    A conveno de arbitragem o pacto no qual as partes concordam com base na autonomia da

    vontade, em submeter eventual conflito de interesses arbitragem.

    Assim proposta a ao relativa a esse conflito por uma das partes, poder a outra parte, com

    base no art. 301,IX CPC requerer em preliminar de contestao a extino do processo sem

    resoluo do mrito, submetendo o mesmo apreciao do juzo arbitral j que nenhuma das

    partes, sem a concordncia da outra poder arrepender-se da opo anteriormente fixada.

    curioso notar que a conveno de arbitragem, ao contrrio dos outros dois pressupostos

    processuais negativos anteriormente citados, no pode ser conhecida de ofcio pelo juiz (art.

    267, 3, art. 301, 4 CPC).

    Outro pressuposto processual o fato impeditivo do exerccio da ao que decorre do

    exerccio reiterado do autor, tal como ocorre na perempo, em que o autor desiste ou

    negligencia por trs vezes a ao intentada, sem dar continuidade a essa, impedindo que ele

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    venha novamente prop-la, porm, nada impede que venha utilizar-se do direito em defesa

    em eventual ao proposta.

    Pressupostos intrnsecos ou endoprocessuais so aqueles relativos subordinao dos

    procedimentos s normas legais. So estes: citao vlida do ru: que visa comunicar ao ruou demandado o que l foi proposto e dar-lhe oportunidade para defender-se dos fatos

    narrados na petio inicial do autor ou demandante.

    No entanto, a falta da citao ou mesmo meras irregularidades podem ser supridas pelo

    comparecimento espontneo do demandado j que atingido o principal objetivo da citao

    que dar cincia ao ru da ao que lhe foi proposta.

    A intimao do MP: que atuar como fiscal da lei( em face de expressa previso legal especialmente o art. 82 do CPC ou como parte na demanda)

    Regularidade procedimental sendo a petio inicial apta, e o ato constitutivo da relao

    processual, o autor ao instaurar o processo, deve obedecer aos dispositivos legais que regulam

    o exerccio destes direito, bem como observar as regras procedimentais para o ajuizamento da

    ao.

    Assim deve-se forosamente recorrer aos arts. 282 , 283 e 39, I do CPC.

    Moacyr Amaral Santos insere entre os requisitos intrnsecos o instrumento de mandado

    conferido ao advogado do autor. A falta de um pressuposto processual em regra, impede que

    o juiz julgue a lide.

    No entanto, considerando-se o processo, como um instrumento para a efetivao do direito

    material e no um fim em si mesmo.

    Alcanado o objetivo da lei, a falta do pressuposto poder ser convalidada.

    A viso mais moderna e atual do processo impe visualiz-lo a partir de dois aspectos: - o

    tcnico e o humano( ou tico).

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    Portanto, o processo torna-se fonte de descoberta, aprimoramento e interpretao das

    normas na linha de escopos jurdicos, sociais e polticos que informam o Estado Democrtico

    de Direito impondo a utilizao da tcnica a servios dos fins do processo, e no o contrrio.

    Pressupostos *competncia do juzo

    Processuais *ausncia de impedimento e suspeio do juiz.

    Subjetivos *partes que possuam capacidade para ser parte,

    capacidade processual e capacidade postulatria.

    Art. 12 CPC legitimatio ad processum

    Pressupostos

    Processuais extrnsecos * pressupostos negativos- perempo

    Objetivos - coisa julgada

    - litispendncia.

    - conveno

    de arbitragem

    Intrnsecos* citao vlida do ru ou

    comparecimento espontneo dele.

    intimao do MP (fiscal da lei) art.82CPC;

    regularidade procedimental

    arts. 282, 283, 39, I do CPC

    petio apta.

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    Segundo Chiovenda os pressupostos processuais compreendem as condies para a obteno

    de um pronunciamento qualquer, seja favorvel ou desfavorvel, sobre a demanda.

    J Liebman afirma que se trata de pressupostos do processo, suscetvel de conduzir ao efetivo

    exerccio da funo jurisdicional.

    A ausncia de um pressuposto processual impe ao juiz que extinguia o processo sem

    julgamento de mrito, o que no importa dizer que inexistiu processo, mas que este

    desenvolveu de forma irregular.

    O objetivo da cognio do juiz continente do qual o mrito contedo. Arruda Alvim os

    classifica em pressupostos de existncia e de validade do processo, alm dos pressupostos

    negativos.

    Arruda Alvim os classifica em pressupostos de existncia e de validade do processo, alm dos

    pressupostos negativos.

    Os de existncia so aqueles cuja ausncia importa na inexistncia da relao jurdica

    processual (formada entre autor e o juiz e, entre o juiz e o ru e entre o autor e o ru).

    Teresa Arruda Alvim Wambier conceitua os pressupostos so elementos cuja presena

    imprescindvel para a existncia e para a validade da relao processual e, de outra parte, cuja

    inexistncia imperativa para a relao processual exista validamente, nos casos dos

    pressupostos processuais negativos.

    Pressupostos de Existncia

    Demanda petio inicial ( mesmo que ainda seja inepta) iniciativa da parte.

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    Jurisdio rgo judicante (ainda que incompetente)

    Citao ( mesmo que no vlida requisito para formao triangular da relao processual).

    Petio inicial - pedido inicial sem demanda no h o que se esperar do poder jurisdicional.

    Deduzir pedido por via de petio inicial pressupe invocar o poder jurisdicional, significando

    verdadeiro exerccio do princpio do dispositivo tal como define o art. 2 do CPC e, ainda, o art.

    262 do CPC.

    Como regra, deve a exordial ser escrita em vernculo (art. 156 CPC) sendo que as excees a

    essa regra devem estar expressamente delineadas por dispositivo legal.

    Mas, a petio inicial pode ser verbal nos juizados especiais cveis conforme o art. 14 da Lei

    9.099/95.

    Jurisdio o juzo dotado de poder-dever de dizer o direito no caso concreto.

    No basta a petio inicial mas que esta provoque rgo investido de jurisdio.

    Citao

    H, excepcionalmente inverso da ordem normal de andamento processual, por motivos

    justificveis, outorgada que pode ser a proteo, procedendo-se ulteriormente a citao

    (tutela antecipada).

    Antes da citao h ao, haja vista o disposto no art. 263 CPC.

    Com a propositura da ao (demanda) d incio ao processo e a jurisdio s pode ser exercida

    no mbito deste, no h como negar a existncia de processo, desde a propositura da ao,

    mesmo antes da ao.

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    Ainda no formada a relao trplice entre os trs sujeitos necessrios do processo ( autor, juiz

    e ru) tanto que a mera propositura no surtir qualquer efeito em relao ao ru;

    Moacyr Amaral Santos afirma que processo movimento em relao pretenso jurisdicional.

    Mesmo que no promovida a citao, o rgo judicante ter que proferir sentena ainda que

    terminativa e no definitiva, por no ter os requisitos necessrios ao exame de mrito.

    Logo, haver processo, sob o prisma da finalidade deste, ainda que no tenha sido atingida em

    sua plenitude.

    Assevera Cndido Rangel Dinamarco que aforada a petio inicial, considera-se proposta a

    demanda (art. 263 CPC) e que mais importante, nesse momento o processo passa a existir.

    Antes mesmo de despachada a petio exordial, o processo j existe pela simples entrega ao

    rgo jurisdicional ( distribuio, cartrio e ofcio, protocolo) tanto que conforme

    jurisprudncia reiterada com isso, j se considera interrompida a prescrio ( interpretao

    correta do art. 219 CPC).

    Havendo motivo ao despachar a petio inicial, o juiz por fim ao processo como manda o art.

    267 do CPC(...) e, naturalmente, s se concebe extino de algo que exista.

    O contraditrio da essncia do processo e o procedimento que se faa e consume sem ele

    no se chega a tal dignidade.

    O equvoco reside em misturar o conceito de processo e o requisito para a sua formao(iniciativa da parte) com os efeitos que ele possa projetar sobre o demandado.

    O processo defeituoso no inexistente. At a citao, existe uma relao jurdica processual

    linear entre autor e o Estado-juiz tornando-se trplice quando a citao feita.

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    A trplice estrutura indispensvel para que o processo produza eficaz e utilmente o seu

    resultado no para que exista.

    A citao integra a relao jurdica processual e, no propriamente o processo.

    Desse modo, inexistindo citao, haver processo iniciado , mas no integralizado, no mbito

    desse processo que o juiz verificar a ausncia do pressuposto processual de existncia em

    tela, extinguir de plano, sem resoluo de mrito na forma do art. 267,IV do CPC.

    Situao interessante ocorre quando o juiz indefere a petio inicial de plano, portanto, antes

    da citao por acolher de ofcio a prescrio ou a decadncia.

    Aplica-se nesse caso o art. 296 CPC, permitindo que o autor apela da deciso que extinguiu o

    feito.

    Mesmo o ru no tendo sequer sido citado, ser beneficiado pela deciso que fez coisa julgada

    para o autor.

    Pressupostos de validade

    Podem ser:positivos ( que devem estar presentes na relao jurdica processual);

    negativos ( que devem estar ausentes na relao jurdica processual).

    Que podem ser considerados impedimentos processuais, no se situando exatamente no

    plano de validade do processo.

    So estes:

    A duplicidade da litispendncia;

    A coisa julgada preexistente;

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    A conveno de arbitragem;

    E a perempo.

    A perempo figura de duvidosa constitucionalidade, seria impedimento processual

    formao da relao jurdica processual, portanto, fora do plano de validade.

    Entretanto, por razes didticas e tendo em vista a classificao mais aceita em doutrina,temos:

    a) capacidade postulatria;

    b) petio inicial regular e apta;

    c) capacidade processual (legitimatio ad processum);

    d) a competncia do juzo e a imparcialidade do juiz;

    e) citao vlida ou comparecimento espontneo do ru.

    J os pressupostos negativos so extrnsecos, a saber: litispendncia, coisa julgada, conveno

    arbitral e perempo.

    A situao gerada pela ausncia de pressuposto de validade no a idntica quela gerada

    pela ausncia de pressuposto de existncia.

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    Trata-se ambos de requisitos necessrios ao exame de mrito, entretanto, sob a tica

    extraprocessual, uma vez findo o processo, verificar-se- um vcio de nulidade, no outro o vcio

    ser de inexistncia.

    Logo, o meio de impugnvel cabvel ser na primeira hiptese a ao rescisria, enquanto quena segunda hiptese ser a ao declaratria de inexistncia.

    As nulidades relativas s podem ser argidas pelas partes prejudicadas, sob pena de precluso.

    As nulidades absolutas so decretveis de ofcio e podem ser argveis pelas partes, em

    princpio,a qualquer tempo. O mesmo se diga quanto inexistncia.

    As nulidades absolutas no precluem para o juiz. Para as partes, no entanto, ocorre precluso,

    no temporal, mas meramente consumativa.

    O regime jurdico da inexistncia, endoprocessualmente o mesmo das nulidades absolutas.

    Extraprocessualmente, pode-se dizer que transitado em julgado em sentena , contra as

    anulabilidades nada mais se poder fazer.

    Quanto s nulidades, resta a vida da rescisria dentro do binio decadencial. Esgotado o

    binio, o vcio se sanar.

    Ausncia de pressupostos processuais

    Dependendo de quando descoberta a ausncia do pressuposto processual e do tipo de

    pressuposto desatendido, lanaremos mo de um ou outro remdio jurdico paraargir a

    referida validade.

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Enquanto em curso o processo de primeiro ou segundo grau de jurisdio ordinria, o meio

    adequado para argir o vcio relacionado aos pressupostos processuais ( de existncia ou de

    validade) a objeo feita na primeira oportunidade que a parte tiver para se manifestar ou

    em momento posterior, e, neste caso, por petio simples.

    O acolhimento da objeo no deve acarretar a imediata extino do processo, salvo quando

    forem os pressupostos processuais negativos devendo o juiz sempre que possvel tentar a

    sanao em razo do princpio de economia processual.

    Todavia, se o processo j tiver terminado por sentena de mrito transitada em julgado

    existem dois caminhos: o primeiro deles a ao declaratria (art. 4 do CPC) de inexistncia de

    uma relao processual que tenha carecido de algum pressuposto de existncia( jurisdio,

    citao e demanda) ou que esteja presente algum impedimento processual.

    O segundo caminho a ao rescisria que vai desconstituir a coisa julgada viciada e, apor

    nova deciso lide.

    Em regra, a ao rescisria tem dupla funo: a resciso do julgado e do julgamento.

    Portanto, apenas enquanto o processo estiver em andamento que o regime jurdico de

    argio de vcios relacionados com os pressupostos processuais sero mesmo.

    Findo o processo, com a sentena de mrito transitada em julgado, h que distinguir quando

    cabvel a rescisria e quando cabvel a ao declaratria de inexistncia.

    Lembremos que a funo dos pressupostos processuais de existncia a plena constituio do

    processo, opera-se no plano da existncia, se relacionarmos a Escada Pontiana.

    J os pressupostos processuais de validade destinam-se ao desenvolvimento vlido e regular

    do processo, garantindo a apreciao do mrito da causa.

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    Vale ressaltar, no entanto, que tais termos utilizados pela doutrina so diferentes da

    terminologia utilizada pelo CPC que cogita em pressupostos de constituio e desenvolvimento

    vlido e regular do processo.

    Teorias sobre os pressupostos processuais

    Alexandre Freitas Cmara defende que para existir o processo tem que haver partes, um autor

    , um ru e uma demanda( que o exerccio do direito de ao). Alm de ser a demanda

    apresentada ao rgo jurisdicional.

    No existindo demanda, no h processo.

    Se no existirem partes, no h processo. Mas, existe processo mesmo sem ru aparente.

    Se no for a demanda dirigida ao rgo jurisdicional, no h processo.

    Para corrente tradicional (Nelson Nery Jr e Marcelo Abelha Rodrigues) necessrio apenas

    haver a petio inicial, mesmo que inepta, errnea ou malfeita.

    preciso haver jurisdio.

    preciso haver citao ( que para essa teoria pressuposto processual de existncia).

    preciso haver capacidade postulatria posto que a exordial temque ser apresentada e

    assinada pro advogado.

    Para Cndido Rangel Dinamarco preciso somente a propositura da demanda e a investidura

    na jurisdio do rgo ao qual a demanda dirigida.

    por isso que dependendo do doutrinador, a meno dos pressupostos causa tanta confuso.

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Pois dependendo da corrente que se adote esses podem variar.

    Exemplificando: a citao no poderia ser considerada pressuposto de existncia pois o juiz

    pode indeferir a inicial antes mesmo da citao. E tal situao enseja recurso que a apelao.

    Portanto, o processo existe.

    Outro exemplo:

    A ingressa com demanda em juzo em face de B e, o juiz no determina a citao de B, e

    o ru comparece espontaneamente. Mesmo nesse caso, o processo tambm existe.

    O processo precisa primeiramente existir para depois ser verificada sua validade.

    Pressupostos de validade

    rgo jurisdicional investido de jurisdio e que possa decidir a causa.

    Partes capazes conforme triplo critrio:

    1.) a parte deve ser capaz de ser parte, isto deve ser pessoa fsica ou jurdica ou at mesmo

    pessoa formal, mas deve ter capacidade de ser parte;

    2 ) a parte tem que ter capacidade de estar em juzo, ou seja, capacidade processual, devendo

    estar representada ou assistida naqueles casos em que no possui sozinha a capacidade de ser

    parte (arts. 3. 4 do CC);

    3.) capacidade postulatria a pretenso precisar ser apresentada por advogado

    devidamente habilitado pela OAB.

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Alm da demanda ser regularmente formada obedecendo osrequisitos do art. 282, 283, 39,

    incisos I do CPC ( petio apta).

    Teoria tradicional (Nery Jr e Marcelo Abelha)

    O processo vlido tem os seguintes requisitos:

    a) petio inicial apta;

    b) imparcialidade do juiz;

    c) legitimidade processual;

    d) capacidade processual;

    e) competncia do juzo.

    Para Dinamarco, para haver o processo vlido, a demanda deve estar regularmente formado,

    isto , haver a plena capacidade do autor e o ru deve ter presonalidade judiciria.

    Em sntese:

    Pressupostos de existncia Alexandre F. Cmara demanda

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    rgo jurisdicional

    Partes

    Tradicional (majoritria)petio inicial apta

    jurisdio

    (Nery e Marcelo Abelha) citao

    capacidade postulatria

    Dinamarco propositura da demanda

    rgo jurisdicional investido de jurisdio

    Pressupostos de

    Validade Alexandre F. Cmara demanda regularmente proposta

    rgo competente

    Partes capazes

    Tradicional competncia do juzo

    Imparcialidade do juzo

    Capacidade processual

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Legitimidade processual

    Dinamarco demanda regularmente proposta

    Plena capacidade do autor

    Personalidade judiciria do ru.

    Pressupostos objetivos pedido

    Causa de pedir

    Existncia de nexo lgico entre ambos no caso de

    cumulao de pedidos, sua compatibilidade.

    Requisitos subjetivos:

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Do juiz jurisdio

    competncia

    imparcialidade

    Das partes personalidade judiciria

    Legitimao processual

    Capacidade postulatria

    Requisitos formais - Relativos a forma dos atos processuais.

    Extrnsecos: inexistncia de impedimentos processuais como: litispendncia e a coisa julgada.

    Antes de todos estes, a demanda que o ato de pedir a tutela jurisdicional.

    Pressupostos intrnsecos

    Verificveis dentro do mesmo processo, o simples exame da inicial permite aferir a preseno

    ou no desses pressupostos processuais.

    Pressupostos Extrnsecos

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Verificveis fora do processo por isso chamados de pressupostos negativos: coisa julgada e

    litispendncia.

    Com relao perempo pende divergncia doutrinria acerca de sua classificao como

    pressuposto extrnseco.

    Para a primeira corrente defendida por Marcelo Abelha perempo pressuposto processual

    extrnseco.

    A segunda corrente defendida por Nery Junior. No pressuposto processual pois perda da

    faculdade de propor a ao qando o autor por trs vezes deu oportunidade extino do

    processo por sua inrcia. (art.268, pargrafo nico do CPC).

    No poder propor novamente aquela demanda mas poder utilizar seu direito em sua defesa.

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Pressupostos de Pressupostos de

    EXISTNCIA .

    . VALIDADE

    JURISDIO

    COMPETNCIA

    PETIO INICIAL

    INICIAL APTA

    CAPACIDADE DE SER PARTE E POSTULATRIA

    CAPACIDADE PROCESSUAL

    CITAO

    CITAOVLIDA

    JUIZ NATURAL

    JUIZ IMPARCIAL

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Trilogia Estrutural do processo

    atribuio do Estado prestar a jurisdio, no podendo faz-lo entretanto, de ofcio, devendo

    ser provocado atravs do exerccio do direito de ao.

    Desse modo, o Estado compelido a prestar a soberana atividade jurisdicional utilizando o

    processo como instrumento para alcanar a composio das lides e a pacificao social.

    A trilogia estrutural composta pela interligao de trs institutos, sendo certo que no existe

    um sem o outro. Portanto, interdependentes.

    A jurisdio que poder-dever e que deve ser exercida sobre processo que decorre

    diretamente do exerccio do direito de ao, pelo menos na seara cvel.

    H quem conteste a triologia estrutural do processo civil por partir da premissa que o autor

    est em superioridade, o que obviamente no realidade.

    O autor apesar de ter direito pleitear a atividade jurisdicional, encontra-se todavia em plena

    paridade com o ru no processo.

    Existe uma teoria defendida por Dinamarco e Luiz Guilherme Marinoni que defende o quarto

    pilar que seria a defesa (grifo nosso). Desbancando ento, a triologia que passaria a ser

    quadrinmio ou quadrilogia.

    O direito de ao do autor corresponde ao direito do ru de influenciar sobre o convencimento

    do juiz atravs do exerccio do direito de defesa.

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Tal direito de defesa seria o direito do ru em adotar condutas positivas no processo de modo

    a influir no convencimento do julgador acerca dos fatos relevantes para o julgamento da

    causa.

    Da mesma forma que o autor que exerce seu direito de ao, tambm o ru pode exercer seudireito de defesa para pedir a tutela jurisdicional a seu favor e, clamar pela improcedncia do

    pedido.

    A questo sobre nulidades no processo civil disputada por duas correntes doutrinrias. A

    primeira corrente segundo a terminologia do CPC, o ato nulo de pleno direito. Tal corrente

    oriunda do direito civil.

    Para seus adeptos o ato nasce nulo, sendo preciso to-s a declarao desta nulidade jexistente. a posio de Humberto Theodoro Junior.

    J para a segunda corrente a primeira corrente est equivocada, uma vez que no existiria ato

    nulo de pleno direito no processo civil.

    H ato nulo de pleno direito no direito civil mas no no processo civil. Ento a audincia

    realizada sem intimar o ru ou nem mesmo na pessoa de seu advogado no propriamente

    nula, mas seria sim, ato defeituoso. Trata-se de invalidade. No nulo de pleno direito.

    Ser tal, vcio considerado invalidade quando for objeto de deciso judicial.

    A nulidade eventual sano inoponvel ao ato viciado. a posio de Dinamarco, Aroldo

    Plnio Gonalves e Jos Maria Rosa Tesheiner.

    O CPC cogita em declarao de nulidade visto que para este necessria a declarao de sua

    nulidade.

    Na verdade, sem deciso judicial no possvel cogitar em nulidade, mas sim, em invalidade.

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    At que haja a deciso judicial decretandoo nulidade, h apenas invalidade.

    Se houver nulidade e esta no for decretada juidicialmente at o trnsito em julgado

    ocorrer a convalidao do ato e a invalidade estar sanada em virtude da formao da coisa

    julgada.

    O momento e a forma de alegao do vcio processual iro variar conforme sua natureza uer

    seja a nulidade absoluta ou relativa.

    Mas em alguns casos face a enorme gravidade do vcio, a invalidade pode ser argda mesmo

    aps formao de coisa julgada, referindo-se a rescindibilidade desde que dentro do binio

    decadencial.

    Ou poder ser objeto de ao declaratria de inexistncia da relao jurdica ou simplesmente

    querellanulitatis.

    Pode o vcio defeituoso persistir como invalidade em algumas situaes excepcionais mesmo

    aps o trnsito em julgado da sentena e mesmo depois do prazo de cabimento da ao

    rescisria.

    o chamado vcio transrescisrio, sendo passivel de ao de inexistncia de relao jurdica.

    , o caso, por exemplo, da sentena proferida em processo em que no houve citao, ou esta

    foi nula.

    necessrio pois examinar os trs planos pasra compreender o sistema de nulidades. So os

    planos de existncia, da validade e da eficcia.

    No plano de existncia :

    preciso verificar se o ato existente para apreciar-lhe a validade. O ato existe quando produz

    algum efeito jurdico.

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    No plano de validade:

    O ato vlido quando obedeve quela forma prescrita em lei para sua realizao.

    bastante comum a idia de que o ato invlido no produz os efeitos almejados, ou seja, que

    a invalidade revele automaticamente sua ineficcia.

    Mas o plano da eficcia o terceiro e ltimo plano e, independente em relao ao plano de

    validade.

    Portanto, o ato poder ser vlido e eficaz ou ineficaz. O fato de o ato ser invlido no impede

    que produza seus efeitos.

    No plano de eficcia:

    a aptido do ato para produzir efeitos desejados. No qualquer efeito, pois se assim o fosse

    a hiptese seria de existncia mas os efeitos realmente desejados e, a produo destes que

    permite aferir se o ato foi ou no eficaz.

    H as seguintes conjugaoes:

    1) ato existente, vlido e eficaz.

    Como por exemplo, o contrato realizado entre duas partes maiores de idade, em pleno gozo

    de suas faculdades mentais e sem qualquer impedimento para sua realizao.

  • 8/7/2019 Apostila Sobre Pressupostos Processuais

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    Outro exemplo o casamento realizado entre pessoas maiores e, sem impedimentos

    matrimoniais.

    2) ato existente, vlido e ineficaz

    o caso do testamento quando a parte ao realiz-lo observou todos os dispositivos legais

    pertinentes. Resumindo, o caso do testamento de pessoa viva.

    No entanto, seus efeitos s se produziro quando ocorrer falecimento do restador. Assim se o

    testador no falecer, o ato, apesar de existente e vlido, ser ineficaz.

    3) ato existente, invlido e eficaz.

    a hiptese de casamento entre irmos. Ele produz efeitos, na medida em que se constri

    uma famlia com filhos, bens e, etc. Entre os que a lei nomeia como impedimentos

    matrimoniais.

    o caso ainda de contrato celebrado (relao jurdica anulvel) sem obedecer forma previstaem lei.

    Este invlido mas pode produzir efeitos at o momento que uma das partesperceba a

    invalidade e requeira a sua anulao.

    4) ato existente, invlido e ineficaz.

    invlido pois desconforme a lei, e ainda ineficaz pois no produz os efeitos pretendidos. o

    caso da doao realizada , por menor absolutamente incapaz no representado.

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    Pricpios que regem as nulidades

    Tentar conciliar a liberdade de formas com as exigncias do princpio da legalidade.

    I- o da instrumentalidade das formas (art. 244 CPC);

    II - o da precluso ( art. 245 CPC);

    III - o do prejuzo ou da transcendncia (art. 249, primeiro pargrafo do CPC);

    Na verdade, o princpio do prejuzo atualmente usado em conjunto com o princpio da

    instrumentalidade das formas. Isto tanto no mbito doutrinrio quanto no jurisprudencial.

    Ressalte-se que esta no foi a orientaodada pelo CPC que adota o princpio do prejuzo em

    segundo plano.

    IV- Princpio do legtimo interesse ou do interesse processual.

    O art. 249, segundo pargrafo do CPC, a legitimidade para decretar ulidade ser de quem tiver

    interesse ( necessidade-utilidade). Deve ser combinado com art. 243 CPC, no pode pretender

    a invalidade quem no lhe deu causa.

    V- Princpio da causalidade; da conseqencialidade ou efeuto expansivo das nulidades

    O art. 248 CPC que prope que somente o ato invlido tenha sua nulidade decretada.

    Assim percebemos que apesar de supostamente invlido, o ato continua a produzir efeitos at

    o momento em que a nulidade decretada.

    Um exemplo o caso de requerimento de nulidade de uma audincia, na qual foi determinada

    a oitiva de outra testemunha, a realizao de laudo pericial nova data para oitiva de expert, a

    juntada de documentos etc.

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    Todos esses atos posteriores decorrerram das determinaes proferidas naquela audincia

    taxada de nula.

    Versam sobre o assunto, dois entendimentos:

    1. Corrente: De acordo com o art. 2 do CPC o exemplo dado acima nos remete a vrias

    nulidades;

    2. Corrente: O exemplo dado trata de invalidades que podero ser decretadas nulas por fora

    judicial.

    No caso de audincia realizada sem a presena do ru e, sem advogado, a decretao da

    nulidade dirigida contra a audincia propriamente dita, e no contra atos posteriores.

    No entanto como a dita audincia originou outros atos, de acordo com esse princpio sero

    considerados automativcamente nulos.