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Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
APOSTlLADE
FARMACOLOGIA BÁSICA
PROF. DR. ITAMAR S. DE OLIVEIRA-JÚNIOR
CURSO DE ENFERMAGEM - NOTURNO
2009
ProL Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
IMPORTANTE
Esta apostila visa auxiliar o aluno para os aspectos da farmacologia básica, de
forma alguma substitui os livros indicados como bibliografia (abaixo), uma vez que se
encontra resumida, além disto nenhuma conduta aqui descrita deve ser empregada sem
o prévio conhecimento de um médico.
Também solicito que qualquer sugestão ou crítica ou prováveis faltas sejam
encaminhadas ao Autor, no casso de faltas enviar a página e linha em que se encontram
e sugerir referência para o aprimoramento desta Apostila.
Clayton BD, Stock YN. Farmacologia na prática de enfermagem. 13.ed, Elsevier, 2006,Rio de Janeiro
Rang HP, Dale MM. Farmacologia. 6.ed, Elsevier, 2007, Rio de Janeiro
Atenciosamente,
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Email: [email protected]
Profe Dr. Itamar s. de Oliveira-Júnior
Sumário
Tópico
1. Farmacologia
2. Vias de Administração
3. Farmacodinâmica
4. Benzodiazepínicos e Barbitúricos
5. Analgésicos Opióides de Anestésicos
6. Antiintlamatórios não esteróides
7. Drogas utilizadas na Esquizofrenia
8. Drogas Adrenérgicas e Antiadrenérgicas
9. Drogas Colinérgicas
10. Bloqueadores da Junção Neuromuscular
11. Antiarritmicos
12. Antihipertensivos
13. Fármacos que agem na hemostasia
14. Fármacos que agem no Sistema Respiratório
15. Referências Bibliográficas
/./ ..
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
1. Farmacologia: Conceitos Gerais
Estudo dos fármacos: fonte, solubilidade, absorção, destino no organismo, mecanismo de
ação, efeito, reação adversa (RAM).
Fármaco (pharmacon = remédio): estrutura química conhecida; propriedade de modificar
uma função fisiológica já existente. Não cria função.
Medicamento (medicamentum = remédio) fármaco com propriedades benéficas,
comprovadas cientificamente.
Todo medicamento é um fármaco, mas nem todo fármaco é um medicamento.
Droga (drug = remédio, medicamento, droga): substância que modifica a função
fisiológica com ou sem intenção benéfica.
Remédio (re = novamente; medior = curar): substância animal, yegetal, mineral ou sintética;
procedimento (ginástica, massagem, acupuntura, banhos); fé ou crença; influência: usados
com intenção benéfica.
Divisões da farmacolo2ia
Farmacodinâmica: mecanismo de ação.
Farmacocinética: destino do rnrmaco.
Farmacologia pré-clínica: eficácia e RAM do fármaco nos animais (mamíferos).
Farmacologia clínica: eficácia e RAM do fármaco no homem (voluntário sadio; voluntário
doente).
Farmacognosia (gnósis = conhecimento): estudo das substâncias ativas animais, vegetais e
minerais no estado natural e sua fontes.
Farmacoterapia (assistência farmacêutica): orientação do uso racional de
medicamentos.
Fitoterapia: uso de fármacos vegetais (plantas medicinais).
Farmacotécnica: arte do preparo e conservação do medicamento em formas farmacêuticas.
Farmacoepidemiologia: estudo das RAM, do risco/beneficio e custo dos medicamentos
numa população.
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Farmacovigilância: detecção de RAM, validade, concentração, apresentação, eficácia
tàrmacológica, industrialização, comercialização, custo, controle de qualidade de
medicamentos já aprovados e licenciados pelo Ministério da Saúde.
Farrnacocinética - é o estudo da velocidade com que os fármacos atingem o sítio de ação e
são eliminados do organismo, bem como dos diferentes fatores que influenciam na quantidade
de fármaco a atingir o seu sítio. Basicamente, estuda os processos metabólicos de absorção,
distribuição, biotransformação e eliminação das drogas.
Absorcão - é a passagem do fármaco do local em que foi administrado para a circulação
sistêmica. Constitui-se do transporte da substância através das membranas biológicas.
Tratando-se da via de administração intavenosa, não se deve considerar a absorção, uma vez
que, neste caso, o fármaco é administrado diretamente na corrente sangüínea.
Alguns fatores influenciam a absorção, tais como: características fisico-quimicas da
droga, veículo utilizado na formulação, perfusão sangüínea no local de absorção, área de
absorção à qual o fármaco é exposto, via de administração, forma farmacêutica, entre outros.
As principais vias de administração de fármacos são: via oral (a mais usada), via intravenosa,
via intramuscular, via subcutânea, via retal. Cada uma dessas vias possui características
próprias, que influenciam na absorção.
Após a absorção do fármaco, uma fração deste geralmente se liga a proteínas
plasmáticas (principalmente a albumina) ou proteínas de tecidos, formando um complexo
reversível. A outra fração circula livremente pelo fluido biológico. É importante frisar que
apenas a porção livre, dissolvida no plasma, é farmacologicamente ativa. O complexo
proteína-fármaco atua como um reservatório do fármaco no sangue. Esta relação droga ligada!
droga livre é definida por um equilíbrio. A ligação protéica geralmente é inespecífica,
variando de acordo com a afinidade do fármaco pela proteína. Desse fato é que se explica o
deslocamento de um fármaco por outro de maior afinidade pela proteína.
Biodisuonibilidade - indica a quantidade de drogas que atinge seu local de ação ou um fluido
biológico de onde tem acesso ao local de ação. É uma fração da droga que chega à circulação
sistêmica.
Bioe{Juivalência - é a equivalência farmacêutica entre dois produtos, ou seja, dois produtos
são bioequivalentes quando possuem os mesmos princípios ativos, dose e via de
administração, e apresentam estatisticamente-an1~~ma potência.
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Distribuicão - é a passagem de um fármaco da corrente sangüínea para os tecidos. A
distribuição é afetada por fatores fisiológicos e pelas propriedades fisico-químicas da
substância. Os fármacos pouco lipossolúveis, por exemplo, possuem baixa capacidade de
permear membranas biológicas, sofrendo assim restrições em sua distribuição. Já as
substâncias muito lipossolúveis podem se acumular em regiões de tecido adiposo,
prolongando a permanência do fármaco no organismo. Além disso, a ligação às proteínas
plasmáticas pode alterar a distribuição do fármaco, podendo limitar o acesso a locais de ação
intracelular.
Biotransformação ou metabolismo - é a transformação do fármaco em outra(s)
substância(s), por meio de alterações químicas, geralmente sob ação de enzimas inespecíficas.
A biotransformação ocorre principalmente no fígado, nos rins, nos pulmões e no tecido
nervoso.
Entre os fatores que podem influenciar o metabolismo dos fármacos estão as características da
espécie animal, a idade, a raça e fatores genéticos, além da indução e da inibição enzimáticas.
Indução enzimática - é uma elevação dos níveis de enzimas (como o complexo Citocromo
P450) ou da velocidade dos processos enzimáticos, resultantes em um metabolismo acelerado
do fármaco.
Alguns fármacos têm a capacidade de aumentar a produção de enzimas ou de aumentar a
velocidade de reação das enzimas. Como exemplo, podemos cítar o Fenobarbital, um potente
indutor que acelera o metabolismo de outros fármacos quanto estes são administrados
concomitantemente.
Inibicão enzimática - caracteriza-se por uma queda na velocidade de biotransformação,
resultando em efeitos farmacológicos prolongados e maior incidência de efeitos tóxicos do
fármaco. Esta inibição em geral é competitiva. Pode ocorrer, por exemplo, entre duas ou mais
, drogas competindo pelo sítio ativo de uma mesma enzima.
Metabólito - é o produto da reação de biotransformação de um fármaco. Os metabólitos
possuem propriedades diferentes das drogas originais. Geralmente, apresentam atividade
farmacológica reduzida e são compostos mais hidrofílicos, portanto, mais facilmente
eliminados. Em alguns casos, podem apresentar alta atividade biológica ou propriedades
tóxicas.
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Excreção ou eliminação - é a retirada do fármaco do organismo, seja na forma inalterada ou
na de metabólitos ativos e/ou inativos. A eliminação ocorre por diferentes vias e varia
conforme as características físico-químicas da substância a ser excretada.
Meia-vida - a meia-vida (Tl/2) é o tempo necessário para que a concentração plasmática de
determinado fármaco seja reduzida pela metade. Supondo então que a concentração
plasmática atingida por certo fármaco seja de 100 Jlg/rnLe que sejam necessários 45 minutos
para que esta concentração chegue a 50 Jlg/mL, a sua meia-vida é de 45 minutos.
Efeito de primeira passa2em (EPP ou FPE) - é o efeito que ocorre quando há
biotransformação do fármaco antes que este atinja o local de ação. Pode ocorrer no intestino e,
principalmente, no figado.
Estado de eauilíbrio estável (steadv state)- é o ponto em que a taxa de eliminação do
fármaco é igual à taxa de biodisponibilidade, ou seja, é quando o fármaco encontra-se em
concentração constante no sangue. "
Clearance ou depuração - é a medida da capacidade do organismo em eliminar um fármaco.
Esta medida é dada pela soma da capacidade de biotransformação de todos os órgãos
metabolizados. Assim, se um fármaco é biotransformado nos rins, figado e pulmões, o
c1earancetotal é a soma da capacidade metabolizadora de cada um desses órgãos, isto é, é a
soma do c1earancehepático com o c1earancerenal com o c1earancepulmonar.
Terapia de dose única - nesta, a administração da dose seguinte se dá quando toda a dose
anterior é eliminada. Ou seja, o intervalo entre as doses deve ser um tempo suficiente para que
o organismo elimine totalmente a dose anterior (em geral, um tempo maior que 10 meias
vidas). Dessa forma, não há acúmulo de fármaco na circulação.
Terapia de dose múltipla - neste caso, ao contrário daquilo que ocorre em doses únicas, o
intervalo entre doses é menor do que aquele necessário para a eliminação da dose anterior.
Por isso, ocorre acúmulo da droga no sangue, até que se atinja o equilíbrio estável.
Dose de ataaue ou inicial - é a dose de determinado fármaco que deve ser administrada no
início do tratamento, com o objetivo de atingir rapidamente a concentração efetiva
(concentração-alvo).
Dose de manutenção - é a dose necessária para que se mantenha uma concentração
plasmática efetiva. Utilizada na terapia de dose múltipla, para que se mantenha a concentração
no estado de equilíbrio estável.
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Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Pico de concentracão plasmática - é a concentração plasmática máxima atingida pelo
fármaco após a administração oral.
Curva de concentração plasmática - é o gráfico em que se relaciona a concentração
plasmática do fármaco versus o tempo decorrido após a administração. A área sob a curva ou
extensão da absorção é um parâmetro farmacocinético utilizado para determinar a quantidade
de droga após a administração de uma única dose.
Compartimento central - é a soma do volume plasmático com o líquido extracelular dos
tecidos altamente perfundidos (como pulmões, coração, figado), onde a concentração da
droga é difundida instantaneamente.
Compartimento periférico - formado por tecidos de menor perfusão, este compartimento
precisa de mais tempo para que seja atingido um equilíbrio de concentração. São tecidos
como os músculos, a pele, tecido gorduroso, entre outros.
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Praf. Or. Itamar S.de Oliveira-Júnior
2. VIAS DE ADMINISTRAÇÃO DE FÁRMACOS
A administração de medicamentos deve ser realizada com eficiência, segurança e
responsabilidade, buscando os objetivos da terapêutica implementada e, dessa Íorma, uma
melhora no quadro clínico do paciente. Para tanto, deve-se ter conhecimento de alguns dados
quanto ao processo de administração: informações farmacológicas do medicamento
(farmacocinética, farmacodinâmica, dose máxima e efetiva, além do intervalo entre as doses
etc.), bem como métodos, vias e técnicas de administração.
O método de administração dos medicamentos depende da rapidez com que se deseja a
ação da droga, da natureza e quantidade da droga a ser administrada e das condições do
paciente. As condições do paciente determinam, muitas vezes, a via de administração de
certas drogas.
Conceito:
Chama-se via de administração o local onde o fármaco entra em contato com o
orgarusmo.
Classificação:
As vias de administração podem ser classificadas em:
VIAENTERAL
- oral
- sublingual
- retal
VIA PARENTERAL
Direta
intravascular
+ intravenosa
+ intra-arterial
- intramuscular
- subcutânea
- intradérmica
- intracardíaca
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TÓPICA
lndireta
-dérmica
-conjuntival
OUTRAS
- inalatória
- intratecal
+ peridural
+ subaracnóidea
- intraperitoneal
- intra-articular
Todavia, inúmeros problemas limitam a administração de drogas, por isso as vias
utilizadas para administração de fármacos apresentam contra-indicações em alguns casos
específicos. A seguir, citarei algumas vias de administração com seus prós e contras.
1- Administração Enteral (oral): a ingestão é o método mais comum de prescrição de um
fármaco. Além disso, é o mais seguro, mais conveniente e o mais econômico. Muitas vezes, a
via oral é contra-indicada por:
- o medicamento irritar a mucosa gástrica;
- o medicamento interferir na digestão;
- o paciente não poder deglutir.
Além disso, o paciente pode apresentar algum quadro cujas características o impedem
de ingerir drogas, como, por exemplo, patologias do sistema digestivo. Algumas desvantagens
da via oral incluem, portanto, a impossibilidade de absorção de alguns agentes por causa de
suas características fisicas, os vômitos em resposta à irritação da mucosa gastrintestinal,----_.----
destruição de alguns agentes farmacológicos por enzimas digestivas' ou pelo-pH gástrico
básico, irregularidades de absorção ou propulsão na presença de alimentos e outros fármacos
e necessidade de cooperação por parte do paciente.
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Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
2- Via Sublingual: alguns medicamentos são colocados debaixo da língua para serem
absorvidos diretamente pelos pequenos vasos sangüíneos ali situados. A via sublingual é
especialmente boa para a nitroglicerina, que é utilizada no alívio da angina (dor no peito),
porque a absorção é rápida e o medicamento ingressa diretamente na circulação geral, sem
passar através da parede intestinal e pelo fígado. Mas a maioria dos medicamentos não pode
ser administrada por essa via, porque a absorção é, em geral, incompleta e errática.
3- Administração Retal - com freqüência, a via retal é utilizada quando a ingestão não é
possível por causa de vômitos ou porque o paciente se encontra inconsciente.
A administração de drogas via retal, por supositórios, tem corno objetivo deixar o
fármaco livre do metabolismo de primeira passagem, no fígado, pois a droga entra em vasos
que a levam direto à veia cava inferior. Entretanto, muitas vezes, o supositório penetra um
pouco mais, situando-se em urna região drenada por veias que drenam ao fígado e, dessa
forma, não evitam o efeito de primeira passagem. Deve-se ressaltar o desconforto que a via
retal pode proporcionar ao paciente. Além disso, a absorção retal costuma ser irregular e
incompleta e muitos fármacos provocam irritação da mucosa reta!.
4- Administração ParenteraI: a administração parenteral de fármacos apresenta algumas
vantagens nítidas em relação à via oral. A disponibilidade é mais rápida e mais previsível.
Além disso, a dose efícaz pode ser escolhida de forma mais precisa. No tratamento de
emergências, esse tipo de administração é extensamente valioso.
Todavia, a injeção do fármaco também tem suas desvantagens. Pode ocorrer urna
injeção intravascular acidental, a injeção pode vir acompanhada de forte dor e, às vezes, é
difícil para um paciente injetar o fármaco em si mesmo se for necessária a automedicação. Os
custos desse tipo de intervenção são outra consideração importante.
Muitas vezes, a droga é impedida de ser administrada pela via parenteral, por suas
próprias características, ou pelas condições apresentadas pelo paciente.
5- Intravenosa: a concentração desejada de um fármaco no sangue é obtida com urna
precisão e rapidez que não são possíveis com outros procedml!(~toS. Algumas características
são essenciais para que uma substância possa ser injetada pela via intravenosa:
- não ser hemolítica;
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Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
- não ser cáustica;
- não coagular as albuminas;
- não produzir embolia ou trombose;
- não conter pirogênio;
Em relação às condições do paciente, podemos citar:
- a dificuldade de se encontrar veias adequadas à picada;
- a presença de tecidos com muitos hematomas ou mesmo feridos;
- a intensa dor sentida pelo paciente à aplicação, devida a sua doença ou outro motivo.
Também é provável a ocorrência de reações desfavoráveis, na aplicação via venosa.
Uma vez injetado um fármaco, não há maneira de retirá-Io. Injeções intravenosas repetidas
dependem da capacidade em manter uma veia permeável. Em geral, a injeção intravenosa
deve ser administrada lentamente e com monitorização constante das reações do paciente.
É importante ressaltar que a aplicação de drogas depende, além das condições já
propostas, do equipamento e do "aplicador", seja médico, enfermeiro ou outro profissional da
área de saúde. O equipamento deve ser adequado a cada método, devendo ser, entre outras
qualidades, descartável. O "aplicador" do método deve ser capacitado de praticá-Io, já que
tem em suas mãos uma grande responsabilidade.
6- Subcutânea: só pode ser usada para administrar substâncias que não são irritantes para os
tecidos. A absorção costuma ser constante e suficientemente lenta para produzir um efeito
persistente. A absorção de substâncias implantadas sob a pele (sob forma sólida de pellet)
ocorre lentamente ao longo de semanas ou meses. Alguns hormônios são administrados de
forma eficaz dessa maneira; ~
7- Injeção Intramuscular: injeções intramusculares depositam a medicação profundamente
no tecido muscular, o qual por ser bastante vascularizado pode absorvê-Ia rapidamente. Esta
via de administração fornece uma ação sistêmica rápida e absorção de doses relativamente
grandes (até 5 mL em locais adequados).
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Pelo fato de possuir uma ação rápida, esta via é utilizada em quadros de Reação
Anafilática, através da administração intramuscular de Betametazoha ou Dexametasona, como
conduta emergencial.
As injeções intramusculares são recomendadas para os pacientes não cooperativos ou
aqueles que não podem tomar a medicação via oral e para as medicações que são alteradas
pelo suco digestivo. Os tecidos musculares possuem poucos nervos sensoriais, permitindo na
injeção uma administração menos dolorosa de medicações irritantes. O local de uma injeção
intramuscular deve ser escolhido cuidadosamente, levando em consideração o estado físico
geral do paciente e a proposta da injeção. As injeções intramusculares são contra-indicadas
em pacientes com mecanismo de coagulação prejudicados, em pacientes com doença vascular
periférica oc1usiva, edema e choque, porque estas moléstias prejudicam a absorção periférica.
Além de não serem administrado em locais inflamados, edemaciado ou irritado ou ainda em
locais com manchas de nascença, tecido cicatrizado ou outras lesões.
8- Via Intra-arterial: é raramente empregada, quer seja pelas dificuldades técnicas em
aplicá-Ia, quer seja pelos riscos que oferece. A justificativa de uso tem sido obter altas
concentrações locais de fármacos, antes de ocorrer sua diluição por toda circulação. Uma
variante dessa é a via intracardíaca, hoje em desuso, desde que foi substituída pela punção de
grandes vasos venosos para administrar fármacos em reanimação cardio-respiratória.
9- Intratecal: empregada quando se deseja efeitos locais e rápidos nas meninges ou no eixo
cérebro-espinhal, como na anestesia espinhal ou nas infecções agudas do SNC. Os fármacos
algumas vezes são injetàdos diretamente no espaço subaracnóideo espinhal.
10- Intraperitoneal: por essa via, os fármacos penetram rapidamente na circulação através da
veia porta. A injeção intraperitoneal é um procedimento laboratorial comum, embora
raramente seja empregado na prática clínica.-~
11- Absorção Pulmonar: os fármacos gasosos e volá~is~Ndem ser inalados e absorvidos
através do epitélio pulmonar e das mucosas do trato respiratório. As vantagens são a quase
instantânea absorção para o sangue" ausência de perda hepática de primeira passagem e, no
caso das doenças pulmonares, a aplicação local do fármaco no ponto de ação desejado.
Entretanto, a administração via pulmonar apresenta algumas desvantagens:
- controle insatisfatório da dose;12
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
- método de administração pouco prático;
- muitos farmacos voláteis e gasosos provocam irritação do epitélio pulmonar.
12- Aplicação Tópica:
Mucosas - a absorção através das mucosas ocorre rapidamente. Na verdade, os anestésicos
locais aplicados para efeito local algumas vezes são absorvidos tão rapidamente que
provocam efeitos tóxicos sistêmicos.
Pele - poucas substâncias penetram facilmente através da pele íntegra. A absorção daquelas
que o fazem é proporcional à superficie sobre a qual são aplicadas e à sua lipossolubilidade. A
absorção ocorre com maior facilidade através de pele com abrasão, queimaduras ou soluções
de continuidade. As reações inflamatórias e outros tipos de problemas que aumentam o fluxo
sanguíneo cutâneo também aumentam a absorção. Para a administração por essa via, não se
deve receitar grandes quantidades de drogas. Essas devem ser de fácil absorção e não
irritantes do tecido.
Conjuntival - os fármacos oftálmicos de aplicação tópica são prescritos basicamente por
causa de seus efeitos locais. Em geral, não é desejável a absorção sistêmica que resulta da
drenagem através do canal naso-Iacrimal. Há riscos de irritação, contaminação, ulceração de
cómea por vasoconstrição ou pela perda de reflexos.
Nasogástrica (NGI) - é amplamente vista como um dos procedimentos mais dolorosos
realizados em medicina de emergência. O nariz é altamente enervado e uma parte do corpo
muito desconfortável de ser manipulada. A estimulação da faringe posterior normalmente
causa engasgamento e vômito. Diferente de outros procedimentos de emergência médica, NGI
é normalmente realizado sem sedação devido à preocupação relativa a ocorrência potencial de
vômitos/e aspiração, se o paciente estiver sedado. Além da dor e desconforto, algumas/
complicações também podem ocorrer, em especial sangramentos nasais. Apesar de NGI ter
sido usada na medicina por quase 100 anos, pouquíssima evidência realmente existe apoiando
o seu uso. Pelo contrário, e como demonstrado através desta excelente análise pelo Df.
.l'viíchael Witting no The Joumal 01 Emergency Medicine, evidência recente sugere que este
procedimento é apenas de beneficio limitado especialmente à luz de suas complicações
potenciais e a dor associada a ele.
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Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
3. FARMACODINÂMICA: SELETIVIDADE DA AÇÃO DOS MEDICAMENTOS
A farmacodinâmica descreve uma infinidade de modos pelos quais as substâncias
afetam o corpo. Depois de terem sido engolidos, injetados ou absorvidos através da pele,
quase todos os medicamentos entram na corrente sangüínea, circulam pelo corpo e interagem
com diversos locais-alvo. Mas dependendo de suas propriedades ou da via de administração,
um medicamento pode atuar apenas em uma área específica do corpo (por exemplo, a ação
dos antiácidos fica em grande parte confinada ao estômago). A interação com o local-alvo
comumente produz o efeito terapêutico desejado, enquanto a interação com outras células,
tecidos ou órgãos pode resultar em efeitos colaterais (reações medicamentosas adversas).
Seletividade da Ação dos Medicamentos
Alguns medicamentos são relativamente não seletivos, atuando em muitos tecidos ou
órgãos diferentes. Exemplificando, a atropina, uma substância administrada com o objetivo de
relaxar os músculos no trato gastrointestinal, também pode relaxar os músculos do olho e do
trato respiratório, além de diminuir a secreção das glândulas sudoriparas e mucosas. Outros
medicamentos são altamente seletivos e afetam principalmente um órgão ou sistema isolado.
Encaixe
Um receptor de superficie celular tem uma configuração que permite a uma substância
química específica, por exemplo um medicamento, hormônio ou neurotransmissor, se ligar ao
receptor, porque a substância tem uma configuração que se encaixa perfeitamente ao receptor.
Exemplificando, os digitálicos, uma droga administrada a pessoas com insuficiência cardíaca,
atua principalmente no coração para aumentar sua eficiência de bombeamento. Drogas
soníferas se direcionam a certas células nervosas do cérebro. Drogas antiinflamatórias não
esteróides como a aspirina e o ibuprofen são relativamente seletivas, porque atuam em
qualquer local onde esteja ocorrendo inflamação. Como as drogas sabem onde exercer seus
efeitos? A resposta está em como elas interagem com as células ou com substâncias corno as
enzlmas.
Receptores
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Prot Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Muitas drogas aderem (se ligam) às células por meio de receptores existentes na
supertlcie celular. A maioria das células possui muitos receptores de superficie, o que permite
que a atividade celular seja influenciada por substâncias químicas como os medicamentos ou
hormônios localizados fora da célula.
o receptor tem uma configuração específica, permitindo que somente uma droga que
se encaixe perfeitamente possa ligar-se a ele - como uma chave que se encaixa em uma
fechadura. Freqüentemente a seletividade da droga pode ser explicada por quão seletivamente
ela se fixa aos receptores. Algumas drogas se fixam a apenas um tipo de receptor; outras são
como chaves-mestras e podem ligar-se a diversos tipos de receptores por todo o corpo.
Provavelmente a natureza não criou os receptores para que, algum dia, os medicamentos
pudessem ser capazes de ligar-se a eles.
Os receptores têm finalidades naturais (fisiológicas) mas os medicamentos tiram
vantagem dos receptores. Exemplificando, morfina e drogas analgésicas afins ligam-se aos
mesmos receptores no cérebro utilizados pelas endorfinas (substâncias químicas naturalmente
produzidas que alteram a percepção e as reações sensitivas). Uma classe de drogas chamadas
agonistas ativa ou estimula seus receptores, disparando uma resposta que aumenta ou diminui
a função celular.
Exemplificando, o agonista carbacol liga-se a receptores no trato respiratório,
chamados receptores colinérgicos, fazendo com que as células dos músculos lisos se
contraiam e causando broncoconstrição (estreitamento das vias respiratórias). Outro agonista,
albuterol, liga-se a outros receptores no trato respiratório, chamados receptores adrenérgicos,
fazendo com que as células dos músculos lisos relaxem e causando broncodiiatação (dilatação
das vias respiratórias).
Outra classe de drogas, chamadas antagonistas, bloqueia o acesso ou a ligação dos
agonistas aos seus receptores. Os antagonistas são utilizados principalmente no bloqueio ou
diminuição das respostas celulares aos agonistas (comumente neurotransmissores)"
normalment~entes no corpo. Exemplificando, o antagonista de receptores colinérgicosipratrópio bloqueia o efeito broncoconstritor da acetilcolina, o transmissor natural dos
impulsos nervosos colinérgicos. Os agonistas e os antagonistas são utilizados como
abordagens diferentes, mas complementares, no tratamento da asma.
O agonista dos receptores adrenérgicos albuterol, que relaxa os músculos lisos dos
bronquíolos, pode ser utilizado em conjunto com o antagonista dos receptores colinérgicos
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
ipratrópio, que bloqueia o efeito broncoconstritor da acetilcolina. Um grupo muito utilizado
de antagonistas é o dos beta-bloqueadores, como o propranolol. Esses antagonistas bloqueiam
ou diminuem a resposta excitatória cardiovascular aos hormônios do estresse - adrenalina e
noradrenalina; esses antagonistas são utilizados no tratamento da pressão sangüínea alta,
angina e certos ritmos cardíacos anormais.
Os antagonistas são mais efetivos quando a concentração local de um agonista está
alta. Esses agentes operam de forma muito parecida à de uma barreira policial em uma auto
estrada. Um número maior de veículos é parado pela barreira na hora do "rush" que às 3 horas
da madrugada. Do mesmo modo, beta-bloqueadores em doses que têm pouco efeito na função
cardíaca normal podem proteger o coração contra elevações súbitas dos hormônios do
estresse.
Enzimas
Além dos receptores celulares, outros alvos importantes para a ação dos medicamentos
são as enzimas, que ajudam no transporte de substâncias químicas vitais, regl...!lam a
velocidade das reações químicas ou se prestam a outras funções de transporte, reguladoras ou
estruturais. Enquanto as drogas que se direcionam para os receptores são classificadas como
agonistas ou antagonistas, as drogas direcionadas para as enzimas são classificadas como
inibidoras ou ativadoras (indutoras). Exemplificando, a droga lovastatina, utilizada no
tratamento de algumas pessoas que têm níveis sangüíneos elevados de colesterol, inibe a
enzima HIvIG-CoA redutase, fundamental na produção de colesterol pelo corpo.
Quase todas as interações entre drogas e receptores ou entre drogas e enzimas são
reversíveis - depois de certo tempo a droga "se solta" e o receptor ou enzima reassume sua
função normal. Às vezes uma interação é em grande parte irreversível (como ocorre com
omeprazol, uma droga que inibe uma enzima envolvida na secreção do ácido gástrico), e o
efeito da droga persiste até que o corpo manufature mais enzimas.\Afinidade e Atividade Intrínseca
Duas propriedades importantes para a ação de uma droga são a afinidade e a atividade
intrínseca. A afinidade é a atração mútua ou a força da ligação entre uma droga e seu alvo,
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Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
seja um receptor ou enzima. A atividade intrínseca é uma medida da capacidade da droga em
produzir um efeito farmacológico quando ligada ao seu receptor.
Medicamentos que ativam receptores (agonistas) possuem as duas propriedades;
devem ligarse efetivamente (ter afinidade) aos seus receptores, e o complexo droga-receptor
deve ser capaz de produzir uma resposta no sistema-alvo (ter atividade intrínseca). Por outro
lado, drogas que bloqueiam receptores (antagonistas) ligam-se efetivamente (têm afinidade
com os receptores), mas têm pouca ou nenhuma atividade intrínseca - sua função consiste em
impedir a interação das moléculas agonistas com seus receptores.
Potência e Eficácia
Á potência refere-se à quantidade de medicamento (comumente expressa em
miligramas) necessária paia produzir um efeito, como o alívio da dor ou a redução da pressão
sangüínea. Exemplificando, se 5 miligramas da droga B alivia a dor com a mesma eficiência
que 10 miligramas da droga Á, então a droga B é duas vezes mais potente que a droga A.
Maior potência não significa necessariamente que uma droga é melhor que a outra. Os
médicos levam em consideração muitos fatores ao julgar os méritos relativos dos
medicamentos, como seu perfil de efeitos colaterais, toxicidade potencial, duração da eficácia
(e, conseqüentemente, número de doses necessárias a cada dia) e custo.
A eficácia refere-se à resposta terapêutica máxima potencial que um medicamento
pode produzir. Exemplificando, o diurético furosemida elimina muito mais sal e água por
meio da urina, que o diurético clorotiazida. Assim, furosemida tem maior eficiência, ou
eficácia terapêutica, que a c1orotiazida. Da mesma forma que no caso da potência, a eficácia é
apenas um dos fatores considerados pelos médicos ao selecionar o medicamento mais
apropriado para determinado paciente.
Tolerância
A administração repetida ou prolongada de alguns medicamentos resulta em tolerância
- uma resposta farmacológica diminuída. Tolerância ocorre quando o corpo adapta-se à
contínua presença da droga. Comumente, são dois os mecanismos responsáveis pela
tolerância: (1) o metabolismo da droga é acelerado (mais freqüentemente porque aumenta a
17
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
atividade das enzimas que metabolizam os medicamentos no fígado) e (2) diminui o número
de receptores ou sua afinidade pelo medicamento.
O termo resistência é utilizado para descrever a situação em que uma pessoa não mais
responde satisfatoriamente a um medicamento antibiótico, antiviral ou quimioterápico para o
câncer. Dependendo do grau de tolerância ou resistência ocorrente, o médico pode aumentar a
dose ou selecionar um medicamento alternativo.
Planejamento e Desenvolvimento dos Medicamentos
Muitos dos medicamentos em uso corrente foram descobertos por pesqUIsas
experimentais e pela observação em animais e seres humanos. As abordagens mais recentes
no desenvolvimento de um medicamento se baseiam na determinação das alterações
bioquímicas e celulares anormais causadas pela doença e no planejamento de compostos que
possam impedir ou corrigir especificamente essas anormalidades. Quando um novo composto
mostra-se promissor, comumente ele é modificado muitas vezes para otimizar sua
seletividade, potência, afinidade pelos receptores e eficácia terapêutica.
Também são considerados outros fatores ao longo do desenvolvimento dos
medicamentos, corno se o composto é absorvido pela parede intestinal e se é estável nos
tecidos e líquidos do corpo. Idealmente, o medicamento deve ser efetivo ao ser tomado por
via oral (para a conveniência da auto-administração), bem absorvido pelo trato
gastrointestinal e razoavelmente estável nos tecidos e líquidos do corpo, de modo que urna
dose por dia seja adequada.
O medicamento deve ser altamente seletivo para seu local-alvo, de modo que tenha
pouco ou nenhum efeito nos outros sistemas do organismo (efeitos colaterais mínimos ou
ausentes). Além disso, o mediçamento deve ter potência e eficácia terapêutica em alto grau\
para que seja efetivo em baixa\ doses, mesmo nos transtornos de dificil tratamento. Nãoexiste o remédio que sejaperfeitamente efetivo e completamente seguro.
Portanto, os médicos avaliam os benefícios e riscos potenciais dos medicamentos em
cada situação terapêutica que exija tratamento com medicamento de receita obrigatória. Mas
às vezes alguns transtornos são tratados sem a supervisão de um médico; por exemplo,
pessoas fazem auto-tratamento com medicamentos de venda livre para pequenas dores,
insônia, tosses e resfriados. Nesses casos, essas pessoas devem ler a bula fornecida com o
medicamento, seguindo explicitamente as orientações para seu uso.
18
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
4. BENZODIAZEPÍNICOS E BARBITÚRICOS
Estima-se que 1,6% da população adulta é usuária crônica de benzodiazepínicos,
principalmente os pacientes do sexo feminino, acima de 50 anos e apresentando problemas
clínicos crônicos, tais como transtornos de ansiedade.
Os Benzodiazepínicos (BDZ) são um grupo de drogas estruturalmente relacionadas,
usadas primordialmente como sedativos/hipnóticos, relaxantes musculares e antiepilépticos, e
outrora denominados de "tranqüilizantes menores". Acredita-se que estes agentes produzam
efeitos terapêuticos ao potencializar a ação do ácido gama-aminobutírico (GABA), um
importante neurotransmissor inibidor. Os benzodiazepínicos, segundo a duração de sua ação,
são classificados em benzodiazepínicos de ação longa ou de ação curta. Os benzodiazepínicos
foram introduzidos como alternativas mais seguras que os barbitúricos. Eles não suprimem o
sono REM na mesma extensão que os barbitúricos, mas tem um potencial significativo para
induzir dependência e uso indevido. Mesmo quando os benzodiazepínicos são consumidos em
doses terapêuticas, sua interrupção abrupta induz uma síndrome de abstinência em até 50%
das pessoas tratadas por seis meses ou mais. Os sintomas de abstinência parecem ser mais
intensos com as preparações de ação curta; com os benzodiazepínicos de ação longa os
sintomas de abstinência aparecem uma ou duas semanas depois da interrupção e duram mais,I
mas são menos intensos. Como com outros sedativos, é necessário um programa de
desintoxicação lenta para evitar complicações graves como as convulsões da abstinência.
Propriedades farmacológicas: efeito semelhante ao etanol; efeito hipnótico: sonoI
repousante; efeito sedativo; efeito ansiolótico;\efeitos depressores SNC; incoordenação
motora; relaxamento muscular parcial; efeito ant~epiléptico;,efeito amnésico anterógrado;
síndrome de abstinência e sintomas rebote.
Farmacocinética:
-absorção: duodeno; obs: lorazepam (IM);
-distribuição: 1-3h; atravessa a BHE;
SNC---)-mú sculos---)-ví sceras---)-pe1e-+ossos-+adi pócitas
19
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
-eliminação: renal
Farmacodinâmica: os BDZ se ligam a receptores próprios, alterando a conformação dos
receptores GABAérgico aumentando a atração pelo neuíOtransmissor, potencializando sua
ação. O GABA tem ação inibitória no circuito neuronal da ansiedade; aumentando a liberação
de serotonina, o que aumenta a ação ansiolítica, mas também a depressão.
Tabela: Efeitos dos benzodiazepínicos (BDZ) conforme o local de inibição.
Efeitos do BDZ
IAtaxiaSedaçãoMemóriaRelaxamento Muscular
LIPOSSOLUBILIDADE
Sitio de InibiçãoCerebelo
Formação ReticularHipocampoMedula eSDinal
Os benzodiazepínicos são altamente lipossolúveis, o que lhes permite uma absorção
completa e penetração rápida no SNC, após a ingestão oral. A lipossolubilidade é variável
entre os benzodiazepínicos; o midazolam e o lorazepam também possuem boa
hidrossolubilidade e são agentes seguros para a administração intramuscular. Já o diazepam e
o c1ordiazepóxido são altamente lipossolúveis e, por isso, têm distribuição errática quando
administrados por essa via. Desse modo, a utilização da via intramuscular deve ser evitada
para esses.
METABOLIZAÇÃO E MEIA-VIDA\
\
As vias de metabolização e a meia-vida são aspectos importantes, tanto para escolha
terapêutica de um benzodiazepínico quanto para o manejo de intercorrências como
intoxicações e síndrome de abstinência. Os benzodiazepínicos têm metabolização hepática. O
clordiazepóxido é ostensivamente metabolizado. Já o lorazepam e o oxazepam são
conjugados diretamente, demandando pouco trabalho hepático, portanto estão indicados para
os idosos e hepatopatas.
Os benzodiazepínicos são classificados, de acordo com sua meia-vida plasmática,
como sendo de ação muito curta, curta, intermediária e longa. Apesar dessa divisão, sabe-se
20
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júniar
hoje que o grau de afinidade da substância pelo receptor benzodiazepínico também interfere
na duração da ação.
Os benzodiazepínicos possuem cinco propriedades farmacológicas. São sedativos,
hipnóticos, ansiolíticos, relaxantes musculares e anticonvulsivantes. Apesar de presentes em
qualquer tipo de BDZ, algumas propriedades são mais notórias em um do que em outro. O
midazolam é um BDZ com propriedades eminentemente sedativa-hipnóticas. O alprazolam é
mais ansiolítico e menos sedativo.
Indicações Terapêuticas
A melhor indicação para os Benzodiazepínicos são nos casos onde a ansiedade NÃO
faz parte da personalidade do paciente ou ainda, para os casos onde a ansiedade NÃO seja
secundária a outro distúrbio psíquico. Resumindo, serão bem indicados quando a ansiedade
estiver muito bem delimitada no tempo e com uma causa bem definida. Naturalmente
podemos nos valer dos Benzodiazepínicos como coadjuvantes do tratamento psiquiátrico,
quando a causa básica da ansiedade ainda não estiver sendo prontamente resolvida. No caso,
por exemplo, de um paciente deprimido e, conseqüentemente ansioso, os Benzodiazepínicos
podem ser úteis enquanto o tratamento antidepressivo não estiver exercendo o efeito
desejável. Trata-se, neste caso, de uma associação medicamentosa provisória e benéfica ao
paciente. Entretanto, com a progressiva melhora do quadro depressivo não haverá mais
embasamento para a continuidade dos Benzodiazepínicos.
Os ansiolíticos/hipnóticos do grupo dos benzodiazepínicos são prescritos com grande
freqüência em adultos por serem eficazes em quadros de ansiedade e bons indutores do sono.
Na inffincia, os distúrbios de sono e as. manifestações de ansiedade são freqüentes e,
geralmente, a resolução desses quadros depend~ muito mais de intervenções no ambiente do\
que do emprego de drogas psicoativas. A indicação de benzodiazepínicos nessas situações
fica reservada ao uso a curto prazo, enquanto outras modalidades de assistência e medidas de
suporte ambiental estão sendo tomadas. Deve ser levada em conta a relação risco-beneficio no
uso dessas drogas, pois alterações cognitivas e sedação podem ocorrer ocasionando prejuízos
no aprendizado escolar.
Conforme o efeito que se deseja obter, os benzodiazepínicos são escolhidos segundo
sua alta ou baixa potência e tempo de ação breve ou mais longa. Quanto menor a criança,
maior o cuidado na prescrição dos benzodiazepínicos. Deve se dar preferência àqueles cujos
mecanismos farmacocínétícos e efeitos adversos são mais conhecidos (ex. diazepan,
21
imeia-vidailigação proteica (%) HH!dosêter~pê~ticaHHHHdosêequivaiêricja::: -. i(diazepam 10mg)
Prof. Dr. Itamar S.de Oliveira-Júnior
lorazepan, c1onazepan). Também deve ser lembrado que os de alta potência (clonazepan) e/ou
de meia vida curta (lorazepan, alprazolan) são os que mais provocam problemas de
dependência e síndrome de retirada. O c10nazepanvem sendo usado em crianças como droga
antíconvulsivante há décadas, mas só mais recentemente seu emprego tem se estendido a
quadros psiquiátricos.
Recentemente, determinados benzodiazepínicos (alprazolan, clonazepan) também vem
sendo indicados para transtorno de ansiedade de separação, transtorno de pânico e fobia
escolar em crianças e adolescentes. Devido à falta de estudos controlados, o uso de
ansiolíticos deve ser limitado a situações especiais e por curto período de tempo.
Em crianças são descritos quadros de "reação paradoxal" (irritabilidade, crises de raiva,
hiperatividade ou agressividade) com o uso de benzodiazepínicos e que remitem com a
retirada da droga.
Exemplos: ALPRAZOLAM - Frontal, Tranquinal BROMAZEPAM - Brozepax, Deptran,
Lexotam, Nervium, Novazepam, Somalium, Sulpam BUSPIRONA - Ansienon, Ansitec,
Bromopirim , Brozepax, Buspanil, Buspar CLOBAZAM - Frizium, Urbanil CLONAZEPAM
- Rivotril CLORDIAZEPÓXIDO - Psicosedim CLOXAZOLAtVi - Elum, Olcadil
DIAZEPAM - Ansilive, Calmociteno, Diazepam, Diazepan, Kiatriun, Noam, Somaplus,
Valium LORAZEPN\;l - Loríum, Lorax, J\1esmerin... -.-- ----------_ .. ------_ - --------------.--- '''- - .. --.-.--- .. - - -- -- .
~.-.,.~.~ ••••••.••.••.••.• :.: ••••• :.;_._.:.;,._.;_.:.:.:.:.:.:.: ••• -_.:.: •••• .; ••:.:" •• :.: •••• ,.:•.:,••• ·.ó ••., •.••• ~,.:.:~ .••_~_.:.'_ ••_~,~_.: __~_••_••_.;.• :.:~_.,._.:.:.,.'_.:.;.'_.;._.:.;.; ••••••• ,.;.:.; ••• :.,.: •••_•• ; •., •._.;.,.,.; •.• : •..• :.' •• :.:.'_.:.: ••• : ••,.:.,.: ••••: •.•••••• : ••_.:.:._ ••_._.;.; ••• ;.;.:.:.:.:._.; •.•• ; ••• '•••• '_.,.;.:.;.;.;.'_.;.:.~.-,.;.,.~~, •.•• :.: •••. _.: ••,.:.~ ••_•.••.,.:.:.:.:.:-: ••,.:.: •••••.••,~_.: •._.: ••_.:.:.-_ •.••:.:.' ••.•••,.', •••••••'•• :.' •• : •• ~ •••_.: •._••••: ••••..• :.- .•••••_.:.: ••,••••.•••••:
tabela 1: parâmetros terapêuticas dos benzodiazepínicos
BZD
(meia-vida)Muito curta
Midazolam
Curta
(h)
1,5 - 2,5
(mg)
Alprazolam__ .u u_ ••••••••••••••••
6-20 0,75-4 1mg
.- •.~.-.-•..-.- , .- ..-.'.;~.;.- - - -.- -.;.; •.•.~..- ..-.'..'..-,.-..- ..-.' ..- ..-~ •..~~ ~..~~~•...•. ~.-..•...-.'.- ...;~;•...~..' ~.- ~.- ~~.-....•'.'.-~•.....-.-.-.- .. .- •.•.~.-.-.'~..;~ ....•.... .-~.. .-.-._ ..•. .-..-.- .•. .-_ .•..'~.:..~.-.- .- ...-~....•.... .-.:- ......• .-.- .-.-.-.,; •..........••..•.-.- ....•.' -~.''-~'''-~~''.'''';.':
.~~?~,~~ep'~~ •... '." ,.L ..,..,..:3 ,.., !.. ,.". HHYOHHH'" ! ".'H ..,.,,~}.~.~ ~~,...•...... L "~~~L..,,,:Lorazepam ~. 9 - 22 ~ 85 H H..~-:-:6H ..H.. 2mgIntermediária
Clordiazepóxido 10-29 93 15 - 100 25mg
19-42 1 3
14-61 98 4 40
16-48 5 10
FONTE: HoIlister & Csemansky (1990)
22
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Apesar de geralmente bem tolerados, os BDZs podem apresentar efeitos colaterais
(Quadro 1), principalmente nos primeiros dias. Desse modo, os pacientes devem ser
orientados a não realizarem tarefas capazes de expô-Ios a acidentes, tais como conduzir
automóveis ou operar máquinas.
Quadro 1: Efeitos colaterais dos BDZs.
•
Sonolência excessiva diurna ("ressaca")
•
Piora da coordenação motora fina;
•
Piora da memória (amnésia anterógrada);
•
Tontura, zumbidos;
•
Quedas e fraturas;
•
Reação Paradoxal: Consiste de excitação, agressividade e desinibição ocorrem mais
freqüentemente em crianças, idosos e em deficientes mentais;
•
"Anestesia emocional" - indiferença afetiva a eventos da vida;
•
Idosos: maior risco de interação medicamentosa, piora dos desempenhos (psicomotor e
cognitivo [reversível]), quedas e risco de acidentes no trânsito;
•
Risco de Dependência 50% dos que usaram por mais de um ano chegaram a usar por 5 a10 anos.
I
PRECAUÇÕES, CUSTOS E RISCOS COM (!) USO DE BENZODIAZEPÍNICOS\
Ao escolher um tratamento com benzodi~zepínicos.deve-se pensar também nas\ ..
complicações potenciais, tais como efeitos colaterais, risco de dependência e custos sociais
(Quadro 2).
Custos sócio-econômicos do uso prolongado de BDZs (12 meses ou mais).
• Risco aumentado de acidentes: no tráfego, em casa, no trabalho• Risco aumentado de overdose em combinação com outras drogas• Risco aumentado de tentativas de suicídio, especialmente em depressão• Risco de atitudes anti-sociais
• Contribuição para problemas na interação interpessoal• Redução da capaCidade de trabalho, desemprego• Custo com internações, consultas, exames diagnósticos
23
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Síndrome de Abstinência dos Benzodiazepínicos (SAB)
Os BDZs têm potencial de abuso: 50% dos pacientes que usam benzodiazepínicos por mais de
12 meses evoluem com síndrome de abstinência (provavelmente ainda mais em clínicas
especializadas). Os sintomas começam progressivamente dentro de 2 a 3 dias após a parada de
benzodiazepl>llcos de meia-vida cu,rta e de 5 a 10 dias após a parada de benzodiazepínicos de meia-
vida longa, podendo também ocorrer após a diminuição da dose (Quadro 3).
"'. -,u 3: Sinais e sintomas da síndrome de abstinência por BDZ
~.. Menores Sinais Maiores
Físicos
Psíquicos
•
Tremores •Insônia •Convulsões•
Sudorese •Irritabilidade •Alucinações•
Palpitações •Dificuldade de concentração •Deliriume
Letargia eInquietação•
Náuseas •Agitação•
Vômitos •Pesadelos•
Anorexia •Disforia•
Sintomas •Prejuízo da memória
gnpals
•Despersonalizaçãol desrealização•
Cefaléia•
Doresmusculares
Abstinência refere-se à emergência de novos sintomas seguintes à descontinuação ou
redução dos benzodiazepínicos. Ela deve ser diferenclada dos sintomas de rebate, que se
caracterizam pelo retomo dos sintomas originais para o.s quais os benzodiazepÍIiicos foram
prescritos, numa intensidade significativamente maior. Ocorrem dentro de poucos dias após a
retirada dos benzodiazepínicos e permanecem por vários dias.
Numa pequena minoria, pode ocorrer o que se chama de síndrome de abstinência
protraída ou pós-abstinência. Os sintomas são similares aos da retirada dos
benzodiazepínicos, porém em menor número e intensidade, podendo durar alguns meses. A
retirada gradual e um acompanhamento psicológico mais freqüente e prolongado colaboram
no alívio destes sintomas).
24
Prol. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Intemções Medicamentosas
-A eficácia dos BDZ é semelhante; sua diferença reside na farmacocinética. O maIS
rapidamente absorvido VO é o diazepam (30-60 mim);
-o BDZ não sofre tolerância ao efeito sedativo;
-Na ansiedade, começa com BDZ; entretanto, altera a memória e causa dependência; Inserir
antidepressivo conjuntamente; Com o decorrer do tempo, aumentar ADP devagar. Quando
estiver em sua dose plena, começar a diminuir o BDZ devagar (6 meses);
-o uso EV é errado e perigoso. Só pode ser usado se houver condição de RCR, em caso de
delirium tremens;
-Com o álcool o sono não é repousante. É uma droga que age em muitos neurotransmissores
excitatórios, como o glutamato, além do GABA.
-Os BDZ se acumulam em tecido adiposo, exceto o lorazepam. O diazepam (valium ®) vai
para o cérebro; a seguir vai para o tecido adiposo; se começar a dar diazepam todos os dias,
vai saturar a gordura; a ação vai se tomar muito longa, levando dias para deixar o organismo.
-o diazepam é oxidado, enquanto o lorazepam é conjugado; as pessoas com hepatopatiaspodem acumular diazepam.
-Para tratamento da dependência, para evitar o rebote, usa-se diazepam
-A buspirona é um ansiolítico não benzodiazepínico, agonista parcial da serotonina, que ao
contrário dos benzodiazepínicos não tem efeitos sedativos, hipnóticos miorrelaxantes nem/'
interação com o álcool. Não tem ~~/de dependência e não está associada com fenômenos deabstinência. Seus efeitos porém não são imediatos como os benzodiazepínicos, podendo
demorar 2 a 4 semanas para que se evidenciem.
25
Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
4.1. BARBITÚRICOS
o ácido barbitúrico deve o seu nome a Santa Bárbara, uma vez que foi sintetizado no
dia da mesma por Adolf Von Baeyer (1863). Desde essa altura que foram e têm sido
investigados mais de 2500 derivados do ácido.
Os barbitúricos, juntamente com os opiáceos, foram durante bastante tempo as
substâncias usadas para tranquilizar a agitação e ansiedade de doentes com problemas
psiquiátricos. Este fato contribuiu para o alargamento da sua utilização clínica e,
consequentemente, para o seu consumo abusivo, que se veio a tornar num problema social e
sanitário em vários países.
A Organização Mundial de Saúde, desde 1956, fez vários alertas para as
consequências do abuso de barbitúricos, mas apenas em 1971, com a Convenção de Viena, é
que se iniciou o controlo dos mesmos. Estes fármacos passaram a ser comercializados apenas
com receita medica para, progressivamente, serem retirados da composição de vários
medicamentos. Devido ao esforço intenso de restrição dos anos 80, nos anos 90 o consumo
decaiu fortemente em vários países, tendo inclusivamente desaparecido do mercado negro,
com excepção dos que eram desviados ou roubados dos laboratórios farmacêuticos. Em 1903,
foi lançado no mercado farmacêutico o Veronal, que se mostrava um promissor hipnótico que
vinha substituir os medicamentos menos eficientes até então existentes. O próprio nome
comercial era uma alusão à cidade de Verona, sede da tragédia "Romeu e Julieta", onde a
jovem toma uma droga que induz um sono profundo confundido com a morte para, em
seguida, despertar suavemente. Em 1912 surge o fenobarbital com o nome comercial de
Luminal, que apresenta uma ação mais prolongada. Este fármaco teve ampla aceitação clínica,
sendo utilizado atualmente c~-l::l1fÍanti-convulsivo eficaz.Os barbitúricos foram amplamente empregados como hipnóticos até o aparecimento
das benzodiazepinas, na década de 60. A partir daí, suas indicações se restringiram. Hoje
alguns deles são úteis como antiepilépticos.
Nos primeiros anos, não se suspeitava que causassem dependência. Depois que
milhares de pessoas já haviam se tornado dependentes, é que surgiram normas reguladoras
que dificultaram a sua aquisição.
Até algum tempo atrás, sedativos leves que continham barbitúricos em pequenas
quantidades, não estavam sujeitos aos controles de venda, podendo ser livremente adquiridos
26
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
em farmácias. Era o caso dos analgésicos. Vários remédios para dor de cabeça, além da
aspirina e os antigos Cibalena, Veramon, Optalidon, Fiorinal etc., continham o butabarbital ou
secobarbital (dois tipos de barbitúricos) em suas fórmulas.
Tolerância e dependência de barbitúricos
o uso regular de barbitúricos provoca desenvolvimento de tolerância aos seus efeitos.
Ou seja, os efeitos perdem eficácia. Isso pode ocasionar a necessidade de aumentar as doses
para obter os efeitos farmacológicos originalmente desejados. Barbitúricos podem ocasionar
dependência fisica e psicológica, e têm um grande risco de abuso na utilização. A
dependência psicológica de barbitúricos pode se desenvolver rapidamente. O
desenvolvimento da tolerância é um problema, e os sintomas da interrupção do uso de
barbitúricos podem ser desagradáveis e perigosos se for desenvolvida dependência. Idosos e
mulheres grávidas devem considerar os riscos associados ao uso de barbitúricos.
Abusos na utilização de barbitúricos e sintomas de intoxicação
Os barbitúricos são intoxicantes e produzem efeitos similares ao álcool durante a
intoxicação. Os sintomas da intoxicação por barbitúricos incluem depressão respiratória,
queda na pressão sanguínea, fadiga, febre, excitamento incomum, irritabilidade, tontura,
concentração ruim, sedação, confusão, coordenação prejudicada, vício, e parada respiratória
que pode ocasionar morte.
Os barbitúricos agem sobre o sistema nervoso central deprimindo ou inibindo os sinais
nervosos no cérebro, alterando o equilíbrio químico e reduzindo as funções de alguns sistemas
orgânicos. A ação neurológica é diminuída, assim como o batimento cardíaco, a pressão
sanguínea e a respiração. 'Simultaneamente, ocorre um relaxamento geral dos músculos que
estão juntos do esqueleto. Os efeitos da droga aumentam de acordo com a dosagem, ao
mesmo tempo em que as funções do corpo são desaceleradas, produzindo, como
consequência, desde o alívio da ansiedade até a sedação, hipnose, anestesia, coma e morte.
O uso abusivo de barbitúricos com finalidade recreativa -- para produzir sensação de
relaxamento, contentamento e euforia -- resulta em sérios riscos de parada respiratória que
pode ocasionar morte. A dependência fisica e psicológica também pode ser desenvolvida com
o uso repetitivo. Outros efeitos da intoxicação por barbitúricos incluem sonolência, nistagmo
27
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júniar
(oscilações repetidas e involuntárias dos olhos), fala enrolada, ataxia (falta de coordenação
dos movimentos podendo afetar a força muscular e o equilíbrio de urna pessoa), e perda das
inibições.
Os barbitúricos são produzidos através da condensação de derivados do ácido
malônico e da uréia. Atualmente existem diversos barbitúricos disponíveis:
Nome Genérico: Nome Comercial Duração da Ação
Arnobarbital Amytal Ação curta a intermediária...................................... " .
Barbital Veronal: Ação prolongada""""",,,,,,,,".:",,,,.,,,,,,,,,,,,,.,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,, .
Butabarbital Butisol i···· · ~?~?·.·~~~.~·.~·.i.~.t~~~~~i.;i·~····.·.·;Fenobarbital Gardenal, Luminal i Ação prolongada :..... - - - - - - - - - - . - - - - - - - . - - . - - - - - - . - - . , - . - . - - , - . - - - - - - .
··· ··..·H·e···..x·..o..·b..·ar·bi·t··a··l··· ··..···..·..··..· ···l·.·.···.·.·.··.··~.?~·?·.~~.~~·~·.·i~t~~~.~d~·ã~i.~··.··.·..···.·:Mefobarbital Mebaral: Ação prolongada :................................ , ,---.- .. ------ ,-.,--,.-.-" .-- ------ .
· Pent··o..·barb···it··..a·..}.. Nembu·..t···a} [·· ·,·..·,·,~~~?·..i~~,~,·,~,I~t,~i~~diã;i~···Secobarbital Seconal ~ Ação curta a intermediária
""",.""".""""""""""",,,,,;,,,,,,,,,,,,;; ",,,,,;,,,,,,,,,;,,,,,,,,.,,,;,,,;,;,,,;;,,,,,;;,,,;,;;,,,;,,,,,,,,,,;,,;,,;;;.;,,,,;,,,;;;,;,,,,,,,;,;,;,.;,,,; ...
Tiamilal Surital: Açãoultra-curta••••• _ ••••• _ ••••• h •• •••••••• _. __ ••••• __ •• • •••••••••••••
Delvinal Ação curtaaintennediária- .------ ...--- ... ------ ....
Absorção, Metabolismo e Excreção dos barbitúricos
o uso de barbitúricos pode ser oral, intramuscular, endovenoso, ou retal.
Independentemente da via de administração eles se distribuem uniformemente pelos tecidos.
Após"{Labsorção, eles se ligam a proteínas do sangue e vão agir principalmente no cérebro,
devido \ao seu alto fluxo sangüíneo. Os efeitos depressores aparecem entre 30 segundos e de
15 minutos, dependendo do tipo de barbitúrico utilizado.
Os barbitúricos são metabolizados no fígado e excretados na urina.
Existem três categorias de barbitúricos:
1. Drogas de longa ação (de oito a 16 horas): são usadas no tratamento de epilepsia, no
controle de úlceras pépticas e pressão sangüínea alta. Estão nesse grupo o Veronal
(barbital), Lurninal (phenobarbital), Mebaral (nefobarbital), e Gemonil (metabarbital).
28
Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
2, Drogas de ação média (quatro a seis horas): são usadas como pílulas para dormir, e
os barbitúricos mais comumente abusados: Alunite (aprobarbital), Amytal
(amobarbital), Butisol Sodium (butabarbital), Nembutal (pentobarbital), Seconal
(seccobarbital) e Tuinal (amobarbital e secobarbital).
3. Barbitúricos de curta ação (imediata mas breve): são usados como anestésico ou
sedativo junto com inalantes, e incluem Penthotal Sodium (thiopental), Brevital
(sodium methohexital) e Surital (sodium thiamylal).
Envenenamento Barbitúrico
o envenenamento barbitúrico é um problema clínico significativo, podendo levar à
morte em alguns casos. A dose letal do barbitúrico varia de acordo com muitos fatores, mas é
provável que o envenenamento grave ocorra com a ingesta de uma só vez de doses dez vezes
maiores que a dose hipnótica total. Se o álcool ou outros agentes depressores forem utilizados
junto com o barbitúrico, as concentrações que causam morte são mais baixas.
Em casos de envenenamento grave o paciente apresenta-se comatoso, com a
respiração lenta ou rápida e curta, a pressão sanguínea baixa, pulso fraco e rápido, pupilas
mióticas reativas à luz e volume urinário diminuído. As complicações que podem ocorrer são:
insuficiência renal e complicações pulmonares (atelectasia, edema e broncopneumonia).
O tratamento nestes casos é de suporte.
Tolerância aos barbitúricos
o uso crônico de barbitúricos pode levar ao desenvolvimento da tolerância. Isso ocorre\
tanto pe~o aumento do metabolismo da droga, como pela adaptação do sistema neíVOSO
central à qroga. O grau de tolerância é limitado, já que há pouca ou nenhuma tolerância aos"
efeitos letais destes compostos.
A síndrome de privação, no caso de usuários crônicos, pode durar até duas semanas,
uma eternidade para a vítima, que sofre sintomas cada vez mais violentos à medida que passa
o tempo sem a droga. Entre os sintomas estão a perda de apetite, ansiedade, insónia,
transpiração, agitação, náusea, hiperatividade, tremores, cãibras, aceleração cardíaca,
alucinações, delírios, paranóia, febre, convulsões e relações semelhantes à epilepsia. Em casos
29
I
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
extremos ocorrem delirium tremens, tal como nas crises alcoólicas, resultando em estados
psicóticos, exaustão, colapso cardiovascular, falha dos rins e, finalmente, morte.
Quando misturados a outras substâncias, os perigos dos barbituratos são multiplicados.
A combinação álcool-barbitúrico é considerada especificamente mortífera, já que as bebidas
potencializam os efeitos dos barbitúricos, reduzidos a quantidade necessária para se chegar à
dose letal. A mistura de barbitúricos com anfetamina, por exemplo, é considerada uma das
formas mais perigosas de abusos de drogas. Combinadas, essas duas substâncias geram um
grau de euforia muito maior do que quando tomadas separadamente. Os viciados em
anfetaminas costumam utilizar barbitúricos para conseguir relaxar depois de dias e noites
movidos por anfetamina. Mulheres grávidas devem decididamente evitar o uso de
barbitúricos.
4.2. ANTICONVULSIV ANTE
Uma convulsão é a resposta a uma descarga elétrica anormal no cérebro. O termo crise
convulsiva descreve várias experiências e comportamentos e não é o mesmo que uma
convulsão, embora os termos sejam às vezes utilizados como sinônimos. Qualquer coisa que
irrite o cérebro pode produzir uma crise convulsiva. Dois terços dos indivíduos que
apresentam uma crise convulsiva jamais a apresentam novamente. Um terço dos indivíduos
continuarão apresentando crises convulsivas recorrentes (condição denominada epilepsia). O
que ocorre exatamente durante uma convulsão depende da parte do cérebro que é afetada pela
descarga elétrica anormal. A descarga elétrica pode envolver uma área mínima do cérebro,
fazendo apenas que o indivíduo perceba um odor ou sabor estranho, ou pode envolver grandes
áreas, acan;etando uma convulsão (abalos e espasmos muscularys generalizados). Além disso,\
o indivíduo pode apresentar episódios breves de alteração da consciência; pode perder a
consciência,' o controle muscular ou o controle vesical; e pode apresentar confusão mental. As
convulsões freqüentemente são precedidas por auras - sensações incomuns de odores, sabores
ou visões, ou uma sensação intensa de que uma crise convulsiva está prestes a ser
desencadeada.
Causas de Convulsões30
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Ii ~ebre alta
Outras doenças, • Insolação • Ec1âmpsia
~ Infecção Infecções do cérebro• Encefalopatia hipertensiva
~ AIDS• Lúpus eritematoso
• Malária • MeningiteExposição a drogas ou substâncias
I- Raivaóxicas
I- Sífilis• Álcool (grandes quantidades)
• Tétano
• Anfetaminas
• Toxoplasmose
• Cânfora• Encefalite viral
• Cloroquina• Overdose de cocaínaDistúrbios metabólicos
• Chumbo
• Hipoparatireoidismo
• Pentilenotetrazol
• Níveis altos de açúcar ou de sódio no
• Estricnina
sangue • Níveis baixos de açúcar, cálcio,lAf?stinência após utilização excessiva
magnésio ou sódio no sangue
• Alcool
• Insuficiência renal ou hepática• Medicamentos para dormir
Fenilcetonúria• Tranqüilizantes
Oxigenação insuficiente do cérebro
Reações adversas a medicamentos de• Intoxicação por monóxido de carbono
receita obrigatória• Fluxo sangüíneo inadequado para o
• Ceftazidima
cérebro• Clorpromazina
• Mogamento parcial• Imipenemo
• Sufocação parcial
• Indometacina• Acidente vascular cerebral
• Meperidina• Fenitoína(Destruição do tecido cerebral
• Teofilina!e Tumor cerebral
//
!e Traumatismo crânio-e~fáliCOI- Hemorragia intracrani a!e Acidente vascular cerebral
31
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Os Sintomas das Crises Convulsivas Variam de Acordo Com a Localização
_•• _" .• _._ •.• __ •.•.• _._•.• _._.,._._._., •.• _"•• _._"_._._._ ••••••• _•• " ••••••.•.••• ,._ •.• ,._._ ••• ,._._._' •• ,._ •• ••• _•••••••••••••••••••••••••••••••• , •• • ""_',_._._'" ••• o •• o-o ••••••••••••••••••• _••••
i !Local da Descarga Elétrica ;;S· t ;: : o:: In ornasL.i~~.~~~.~.~~~,,~""~~ ~~~..~"' "'''",.,.,'~,,.,..~,~.L.,,~ j~~.,..~"~,,,,..~~~.,.,,"',.-.-.-.-,,.,.,..-.-,..-.-,"".-.-,.".., , ,.,.-.-, ,..,.,.,, .-.-..,.(.-.-..::
!"lt~~:~:~;ª~il~f:···:..: :::.:::.:::::::'~::.::.:.:.:._..:::.:.:._.:,::::,:::I~~ª~~~ª~~W~]~~E~ioª~:l~~=~.::._:.::.::·.~·····.-.-,..-..-.! :Lobo parietal ' Donnência ou formigamento numa parte'.>.: ;:específica do...corpo, ,
r·ü::~~b.-~'t~~p'~i~r""·'·"~,,·,,·,,~·,··,·········,,~·.-.-'·.-.-.-.-.-.-'r···~"··Af~~i~·;çÕ~;·d~"i~~g~~~·,~·~~~p~rt~~~~t(;''''''''''1''''''tepetitivo complicado (p.ex.,caminhar em .
,::::l~?~~.~f~~p~i~!::~~!~~~?~::.::::::·:::::::::::'::::::.:'2;~{~~~!?i..-~.~..~.~.~.!i~~.9.~?2..~:~!.~l.~~..ª?~!.~~.~.~.~t.:::::;
: Lobo temporal anterior profundo lAlucinação intensa de um odor, agradável ou .. ,.. ~~J.J~~~~~rét~~y~1~... HHHH""'H" H"'HH'
Algumas vezes, essas sensações são agradáveis, enquanto em outras, elas são
extremamente desagradáveis. Aproximadamente 20% dos indivíduos epilépticos apresentam
auras. Uma crise convulsiva comumente dura 2 a 5 minutos. Quando ela cessa, o indivíduo
pode apresentar uma cefaléia, dores musculares, sensações incomuns, confusão mental e
fadiga profunda (estado pós-comicial). Habitualmente, o indivíduo não consegue recordar o
que ocorreu durante o episódio.
Espasmos Infantis e Convulsões Febris
Dois tipos de convulsões ocorrem quase exclusivamente em crianças. Nos espasmos
infantis, a criança, deitada de co~tas, flexiona bruscamente os membros superiores, flexÍona o
pescoço e o tronco para frent~ e estende os membros inferiores. Os episódios duram apenas
alguns segundos, mas poden<' repetir-se muitas vezes ao dia. Eles normalmente ocorrem em
crianças com menos de três anos de idade e, posteriormente, muitos evoluem tipicamente para
outras fOffilas de crises convulsivas. A maioria das crianças com espasmos infantis apresenta
comprometimento intelectual ou atraso do desenvolvimento neurológico. O retardo mental
normalmente persiste na vida adulta. As crises convulsivas dificilmente são controladas com
medicamentos antiepiléptÍcos. As convulsões febris são conseqüência da febre em crianças
com três meses a cinco anos de idade. Elas afetam cerca de 4% de todas as crianças e tendem
a ocorrer em famílias. A maioria das crianças apresenta apenas uma convulsão febril e a
maioria das crises convulsivas dura menos de 15 minutos. As crianças que sofreram uma
32
Praf. Dr. Itamar s. de Oliveira-Júnior
convulsão febril apresentam uma probabilidade discretamente mais elevada de desenvolver
epilepsia mais adiante em suas vidas.
Epilepsia
Epilepsia é um distúrbio caracterizado pela tendência de sofrer convulsões recorrentes.
De modo geral, 2% da população adulta sofreram uma convulsão em um determinado
momento. Um terço desse grupo apresenta crises convulsivas recorrentes (epilepsia). Em
cerca de 25% dos adultos com epilepsia, a causa é descoberta quando exames como, por
exemplo, o eletroencefalograma (EEG) revelam uma atividade elétrica anormal ou quando a
ressonância magnética (R1VI) revela a presença de cicatrizes em pequenas áreas do cérebro.
Em alguns casos, esses defeitos podem ser cicatrizes microscópicas decorrentes de alguma
lesão cerebral ocorrida durante o parto ou posteriormente. Alguns tipos específicos de
distúrbios convulsivos (como a epilepsiamioclônica juvenil) são herdados. No resto dos
indivíduos com epilepsia, a doença é considerada idiopática, isto é, não é evidenciada
qualquer lesão cerebral nem se conhece a sua causa. Os indivíduos com epilepsia idiopática
habitualmente apresentam a primeira crise convulsiva entre o segundo e décimo quarto ano de
vida. As crises convulsivas que ocorrem antes dos dois anos de idade geralmente são causadas
por defeitos cerebrais, desequilíbrios químicos ou febres altas. As crises convulsivas que
começam após os 25 anos de idade são mais provavelmente decorrentes de um traumatismo
cerebral, de um acidente vascular cerebral, de um, tumor ou de uma outra doença. As crises
convulsivas epiléticas algumas vezes são deseI1cadeadas por sons repetitivos, flashes
luminosos, videogames ou inclusive pelo toque em\determinadas regiões do corpo. Mesmo
um estímulo leve é capaz de desencadear uma convulsão em uin indivíduo com epilepsia. Os
estímulos muito fortes (p.ex., determinados medicamentos, a oxigenação insuficiente do
sangue ou a hipoglicemia) podem desencadear uma convulsão, mesmo em indivíduos que não
sofrem de epilepsia.
Sintomas
Algumas vezes, as convulsões epilépticas são classificadas por suas características. As
convulsões parciais simples se iniciam com descargas elétricas em uma pequena área do
cérebro e as descargas permanecem confinadas a essa área. De acordo com a parte afetada do
33
Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
cérebro, o indivíduo apresenta sensações anormais, movimentos ou aberrações psíquicas. Por
exemplo, se a descarga elétrica ocorrer na parte do cérebro que controla os movimentos
musculares do membro superior direito, este membro pode apresentar espasmos musculares
intensos e contrações. Se ela ocorrer profundamente no lobo temporal anterior (a parte do
cérebro que detecta os odores), o indivíduo pode sentir um odor muito agradável ou
desagradável. O indivíduo com uma aberração psíquica pode apresentar, por exemplo, uma
sensação de dejà vu, situação na qual ambientes estranhos parecem inexplicavelmente
familiares. Nas convulsões jacksonianas, os sintomas começam em uma parte isolada do
corpo, como a mão ou o pé e, em seguida, avançam pelo membro à medida que a atividade
elétrica se dissemina pelo cérebro.
As convulsões parciais complexas (psicomotoras) se iniciam com um período de I a 2
minutos, durante o qual o indivíduo perde o contato com o ambiente. O indivíduo pode
cambalear, mover os membros superiores e inferiores de modo estranho e involuntário, emitir
sons sem significado, não compreender o que os outros estão falando e resistir à ajuda. O
estado confusional prolonga-se por mais alguns minutos e, em seguida, o indivíduo recupera
se completamente. As crises convulsivas (grande mal ou convulsões tônico-clônicas)
normalmente iniciam com uma descarga elétrica anormal em uma pequena área do cérebro. A
descarga elétrica rapidamente dissemina- se às partes adjacentes do cérebro, causando uma
disfunção de toda a área. Na epilepsia primária generalizada, descargas elétricas anormais em
uma grande área do cérebro provocam uma disfunção generalizada desde o início. Em
qualquer caso, as convulsões são uma resposta do organismo às descargas anormais.~-
Durante essas crises convulsivas, o inCii~o apresenta uma perda temporária da
consciência, espasmos musculares intensos e contrações de todo o corpo, rotação acentuada
da cabeça para um lado, dentes firmemente cerrados e incontinência urinária. A seguir, ele
pode apresentar cefaléia, confusão mental temporária e fadiga intensa. Normalmente, o
indivíduo não se lembra do que ocorreu durante a crise. O pequeno mal (crise de ausência)
pode ter início na infância, comumente antes dos cinco anos de idade. Essas crises não
produzem convulsões nem outros sintomas dramáticos das crises convulsivas do tipo grande
mal. Por outro lado, o indivíduo apresenta episódios de olhar vago, pequenas contrações
palpebrais ou contrações dos músculos faciai s, os quais duram de 10 a 30 segundos. O
indivíduo não é responsivo, mas também não cai, não entra em colapso e nem apresenta
movimentos espáticos. No estado de mal epiléptico (status epilepticus), o mais grave dos
34
Praf. Dr. Itamar S.de Oliveira-Júnior
distúrbios convulsivos, as convulsões não cessam. O status epilepticus é uma emergência
médica porque o indivíduo apresenta convulsões acompanhadas por intensas contrações
musculares, é incapaz de respirar adequadamente e apresenta descargas elétricas disseminadas
(difusas) no cérebro. Se não for instituído um tratamento imediato, pode ocorrer sobrecarga e
lesão permanente do coração e do cérebro e o indivíduo pode morrer.
Diagnóstico
Um indivíduo que perde a consciência, apresenta espasmos musculares que sacodem o
corpo, perde o controle vesical e toma-se confuso e desatento pode estar sofrendo uma crise
convulsiva. Contudo, as convulsões verdadeiras são muito menos comuns do que pensa a
maioria das pessoas. A maioria dos episódios de perda de consciência breves ou de
comportamento anormal não são causados por descargas elétricas anormais no cérebro. O
relato de uma testemunha do episódio pode auxiliar muito no diagnóstico, pois ela é capaz de
descrever exatamente o que ocorreu, enquanto que o indivíduo que apresentou o episódio não
consegue fazê-lo. É preciso conhecer as circunstâncias envolvendo o episódio: com que
rapidez ele se iniciou; se foram observados tovimentos musculares anormais, como
espasmos dos músculos da cabeça, do pescoço o,rida face e se o indivíduo mordeu a língua ou
apresentou incontinência urinária; qual a duração do episódio; e quão rapidamente o indivíduo
se recuperou. O médico também precisa saber o que o paciente sentiu: se ele teve uma
premonição ou aviso de que alguma coisa incomum estava para aContecer; se ocorreu algo
que aparentemente tenha precipitado o episódio, como certos sons ou flashes luminosos.
Além de anotar a descrição do episódio, o médico baseará seu diagnóstico de um distúrbio
convulsivo ou de epilepsia nos resultados de um eletroencefalograma (EEG), que mensura a
atividade elétrica do cérebro. O exame é indolor e não apresenta qualquer risco.
São instalados eletrodos no couro cabeludo para medir os impulsos elétricos no
interior do cérebro. Como é mais provável que as descargas anormais ocorram após um
período de sono muito curto, os EEGs são algumas vezes programados para após um período
deliberado de vigília de 18 a 24 horas. O médico analisa o registro do EEG em busca de
evidências de descargas elétricas anormais. Ainda que não ocorra um episódio durante o
registro do EEG, algumas anormalidades podem estar presentes. No entanto, como o EEG é
registrado apenas por um tempo limitado, essa técnica pode deixar de registrar uma atividade
convulsiva e apresentar um registro normal, inclusive quando o indivíduo é epiléptico. Uma
35
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
vez diagnosticada a epilepsia, normalmente são necessários outros exames complementares
para se identificar uma causa com possibilidade de tratamento. Os exames de sangue de rotina
são a dosagem da concentração de açúcar, cálcio e sódio no sangue; as provas de função
hepática e renal e a contagem leucocitária (de glóbulos brancos), pois um aumento da
quantidade dessas células pode indicar a presença de urna infecção. Freqüentemente, o
médico solicita um eletrocardiograma para verificar se a causa da perda da consciência foi
uma arritmia cardíaca que produziu um fluxo sangüíneo insuficiente ao cérebro. Geralmente,
o médico solicita urna tomografia computadorizada (Te) ou urna ressonância magnética (RM)
para verificar a presença de um câncer e de outros tumores, de um acidente vascular cerebral
anterior, de pequenas cicatrizes e de lesões produzidas por traumatismos. Algumas vezes, é
necessária a realização realização de urna punção lombar para determinar se o indivíduo
apresenta uma infecção cerebral.
Agentes Anticonvulsivantes
Se for identificada urna causa tratável (p.ex., um tumor, uma infecção ou
concentrações anormais de açúcar ou sódio no sangue), esta será tratada em primeiro lugar.
Após a correção da condição do problema, as convulsões em si podem não necessitar de
tratamento. Quando o médico não encontra uma causa ou quando a causa não pode ser
completamente curada ou controlada, pode ser necessário que o paciente utilize
medicamentos anticonvulsivantes para evitar novas convulsões. Somente o tempo pode
determinar se o indivíduo apresentará convulsões recorrentes. Aproximadamente um terço dos
indivíduos apresentará convulsões recorrentes, mas os outros dois terços apresentarão
somente uma convulsão durante toda a existência. A medicação geralmente é considerada
desnecessária para os casos de um único episódio, mas é necessária para as convulsões
recorrentes.
As convulsões devem ser prevenidas por várias razões: as contrações musculares
rápidas e violentas podem causar lesões corporais e mesmo produzir fratura óssea. A perda
súbita da consciência pode causar lesões graves decorrentes de quedas e acidentes. A
atividade elétrica turbulenta de uma crise convulsiva do tipo grande mal pode causar urna
lesão cerebral menor. Entretanto, a maioria dos indivíduos com epilepsia apresenta dezenas
ou mesmo quantidades maiores de crises convulsivas durante a vida sem sofrer uma lesão
cerebral grave. Embora as convulsões individuais não comprometam a inteligência, as crises
36
Aumento de peso, perda de cabelo
Praf. Dr. Itamar S, de Oliveira-Júnior
convulsivas recorrentes podem fazê-Io. Os medicamentos anticonvulsivantes podem evitar
completamente as crises convulsivas do tipo grande mal em mais de metade dos epilépticos e
reduzem muito a freqüência das crises em outro terço. Os medicamentos são apenas
discretamente menos eficazes para as crises convuIsivas do tipo pequeno mal. Metade dos
indivíduos que respondem ao tratamento medicamentoso acabam interrompendo o tratamento
sem apresentar recidivas. Nenhum medicamento controla todos os tipos de crises convulsivas.
Alguns indivíduos podem controlar as crises convulsivas com um único medicamento,
enquanto outros devem utilizar vários. Como o estado de mal epiléptico (status epilepticus) é
uma emergência, o médico deve administrar doses elevadas de um anticonvulsivante através
da via intravenosa e o mais rapidamente possível. Durante uma crise prolongada, devem ser
tomadas precauções para se evitar a ocorrência de lesões. Embora as drogas
anticonvulsivantes sejam muito eficazes, elas podem produzir efeitos colaterais. Muitos
desses medicamentos provocam sonolência. No entanto, paradoxalmente, eles podem causar
hiperatividade em crianças. Periodicamente, o médico solicita exames de sangue para
controlar se o medicamento está afetando os rins, o figado ou as células sangüíneas. O usuário
de medicamentos anticonvulsivantes deve ter ciência dos possíveis efeitos colaterais e deve
consultar seu médico ao primeiro sinal dos mesmos. A dose ;te um medicamentoanticonvulsivante é de importância crucial. Ela deve ser suficientejriente alta para evitaras
crises convulsivas, mas não a ponto dos efeitos colaterais tornarem~se um problema.
Agentes utilizados no tratamento das crises convulsivas...................................................... - - .
. :17' j lTipo de Crise : 'Efi't C I t . P , .t.L..~o~.~.~.~o~oo__o t..iç~~y~~s.~Y.~.o.oo.o..o__. .ooooooooooo.J.oo.'ooooo.~~__~osoo__~..~..~~~I~__~~~~~~I.~oo..o..o__oo;..__ .!.o)
; :C' b .~ 'Ge· l' d . I . [Baixas contagens de leucócitos e;, ar amazepma" nera lza a, parCia "t ' 'to, . o· __00 __ 000000 0•..••.•.•. oo00 oL:~:~oE<:~~?~0 •••• 00 .•• 0.••.•... 0.• 0 ••• 0 ••..•••••• 0.0 .• 00
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'J!~PoélJ?,~~!~.~~'oo__.t :]>arci~!." ...., ... --,., ..'oJ~~~.~2~g:~él:~?!o~~.~~~ J.lg~~~~él:!,~~él:~él:~.oP~?~~!...o"0 Lj~~P2~?". 000 __ 0000000 __ 00.000 ••• 000 ••
L.r~~??!=l:~?~!~!..o toj~~~o~él:.1.~~.~.~oél:'oJ?~~oi~1.o.oooo.oool.oj~~~~2~?00 •••...••.......•• 0 ••••••••••••••••••••••.•..........•. 0
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• 1.h· ..d ' )......•.•... G. enera hz..a..da, .pa.r..cl.aI :.Geng.l.v.asl..n..f1..a.ma.d..a s[oo\ol'oooél:~~?~~él:". 0 •• 0'0:.0; .... 0. o0 •• 0 •••••• 0'0 •• 0.0 __ •••••••• __ ••• '.'0 __ 0 ••• 0 •• ;.0.: •• 0 •••••••• __ •• " ••• 0 ••••• ' •••• ' •• 0•••••• '.0 ••••••••• , •• , •• ," •••• , •• " •• , •••••• ' •••• 0." •• ' •• , ••••••••• ,; ••••
:lr:iI!l~~?l1~ ooo.. Lj~~~~~li~~~él:,Pél~~i~! :Se~ayão .'.
: ·V 1 .: 'Espasmos infantis," a proato, "" muu'mu_ouuuuuumomLu:P~9~~~?uI?oél!.uuu
37
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
5. ANALGÉSICOS OPIÓIDES E ANESTÉSICOS. GERAIS E LOCAIS
Quimicamente, os analgésicos opióides estão relacionados à morfina, uma substância
natural extraída da papoula, embora alguns opióides sejam extraídos de outras plantas e outros
sejam sintetizados laboratorialmente. Os analgésicos opióides são muito eficazes no controle
da dor, mas apresentam muitos efeitos colaterais. Com o tempo, o indivíduo que utiliza
analgésicos opióides pode necessitar de doses mais elevadas. Além disso, no caso de uso
prolongado, a sua dose deve ser reduzida gradualmente, para que sejam minimizados os
sintomas causados pela abstinência da droga. Apesar desses problemas, os indivíduos que
apresentam dores intensas não devem evitar o uso de analgésicos opióides. A utilização
adequada desses medicamentos ajuda a evitar efeitos colaterais.
Os vários analgésicos opióides apresentam vantagens e desvantagens diferentes. A
morfina, o protótipo desses medicamentos, pode ser utilizada sob a forma injetável, oral ou
oral de liberação prolongada. A forma oral de liberação prolongada provê um alívio da dor
por um período de 8 a 12 horas e é amplamente utilizada no tratamento da dor crônica. Os
analgésicos opióides freqüentemente causam constipação, especialmente nos indivíduos
idosos. Os laxantes, normalmente os estimulantes (p.ex.,\sene ou fenolftaleína) são úteis na
prevenção ou no tratamento da constipação. Freqüentement\, os indivíduos que necessitam de
doses elevadas de opióides tomam-se sonolentos.
Para alguns, essa sonolência é bem-vinda, mas, para outros, e um efeito indesejável.
Os medicamentos estimulantes (p.ex., metilfenidato) podem ajudar o indivíduo a permanecer
acordado e alerta. Em alguns casos, os indivíduos com dor apresentam náusea e os
analgésicos opióides podem piorá-Ia. Os medicamentos antieméticos (orais, injetáveis ou sob
a forma de supositórios) ajudam a evitar ou a aliviar a náusea. Alguns antieméticos
comumente utilizados são a metoclopramida, a hidroxizina e a proclorperazina. Uma dose
excessiva de opióide pode causar reações graves, inclusive uma depressão respiratória grave
ou mesmo o coma. Esses efeitos podem ser revertidos com a administração do naloxone, um
antídoto administrado pela via intravenosa.
Analgésicos Não-Opióides
38
Praf. Dr. Itamar s. de Oliveira-júnior
Todos os analgésicos não-opióides, excetuando-se o acetaminofeno, são
antiinflamatórios não-esteróides (AINEs). Esses medicamentos agem de duas maneiras.
Primeiramente, eles interferem no sistema das prostaglandinas, um sistema de substâncias
interativas que são parcialmente responsáveis pela sensação de dor. Em segundo lugar, a
maioria desses medicamentos reduz a inflamação, o edema e a irritação que freqüentemente
circundam uma ferida e pioram a dor. A aspirina, o protótipo dos AINEs, vem sendo utilizada
há aproximadamente cem anos. Inicialmente, ela era extraída da casca do salgueiro. Apenas
recentemente os cientistas compreenderam o seu mecanismo de ação. A aspirina é
administrada pela via oral e provê um alívio moderado da dor que dura de 4 a 6 horas. No
entanto, ela causa efeitos colaterais.
A aspirina pode irritar o estômago e acarretar úlceras pépticas. Por afetar a coagulação
sangüínea, a aspirina aumenta a propensão de sangramento em todo o organismo. Em doses
muito elevadas, pode causar efeitos colaterais muito graves (p.ex., respiração anormal). Um
dos primeiros sinais da dose excessiva é o zumbido nos ouvidos (tinido). Os muitos AINEs
disponíveis variam quanto à velocidade de ação e à duração\de sua ação analgésica. Embora ograu de eficácia dos AThl'Esseja semelhante, os indivíduqs respondem a eles de modo
diferente. Por essa razão, um indivíduo pode achar determinado medicamento mais eficaz que
outro ou que ele produz menos efeitos colaterais que outro.
Todos os AINEs podem irritar o estômago e causar úlceras pépticas, mas, em
comparação com a aspirina, a maioria deles apresenta menor probabilidade de causar esses
efeitos colaterais. A administração de um AINE com a alimentação e o uso de antiácidos são
medidas que podem evitar irritação gástrica. O misoprostol pode ajudar a evitar a irritação
gástrica e as úlceras pépticas, mas ele também pode causar outros problemas, inclusive
diarréia. O acetaminofeno é um pouco diferente da aspirina e dos AINEs. Ele também atua no
sistema das prostaglandinas, mas em um ponto diferente. Além disso, ele não afeta a
coagulação sangüínea nem causa úlceras pépticas ou sangramento. O acetaminofeno é
administrado pela via oral ou sob a forma de supositório e seus efeitos geralmente duram 4 a 6
horas. As doses muito elevadas podem causar efeitos colaterais graves (p.ex., lesão hepática).
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Prof. Dr. Itamar s. de Oliveira-Júnior
Analgésicos Opióides
Droga Duração do EfeitoOutras Informações
< •
~ntravenosa ou íntramuscular - 2~omeça a agir rapidamente. A forma oralMorfina
~ 3 horas Via oral- 3 a 4 horas[pode ser muito eficaz no tratamento da dor!Liberação prolongada - 8 a 12 ~ausada pelo câncerIhoras
iMenos potente que a morfina. Algumas
Codeína
Via oral - 3 a 4 horas~ezes, utilizada concomitantemente com a~spirina ou o acetaminofeno
~ntravenosa ou íntramuscular-
Pode causar crises convuIsivas, tremores eMeperidina!cerca de 3 horas Via oral - não
~spasmos musculares!muito efetiva
Metadona
Ivia oral - 4 a 6 horas, às vezes!Irambém utilizada no tratamento da/Imais tempo
I~índrome da abstinência da heroína/
/lGeralmente administrado juntamente com aPropoxifeno
Via oral - 3 a 4 horas~spirina ou o acetaminofeno no tratamento[da dor leve
Levorfanol
~ntravenosa ou intramuscular - 4iA forma oral é forte. Pode ser utilizado no
Ihoras Via oral - cerca de 4 horasugar da morfina
ntravenosa ou íntramuscular - 2
~omeça a agir rapidamente. Pode serHidromorfona
14 horas Via oral- 2 a 4 horaslutilizada ll()' lugar da morfina. Útil na dor do
Supositório retal- 4 horas
!câncer
ntravenosa ou íntramuscular - 3
Oximorfona:i 4 horas Supositório retal - 4[Começa a agir rapidamente
horas
Oxicodona
Via oral - 3 a 4 horasIUsualmente, ela é utilizada em combinação
!com a aspirina ou o acetamÍnofeno
!pode bloquear a ação analgésica de outros
Pentazocina
Via oral - até 4 horas[opióides. Quase tão potente quanto a
tcodeína. Pode causar confusão mental elansiedade, sobretudo nos idosos
40
Prol. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
5.1, Anestésicos Locais e Gerais
Os anestésicos locais podem ser aplicados diretamente ou nas proximidades de uma
área dolorida, para ajudar a reduzir a dor. O médico pode, por exemplo, injetar um anestésico
local na pele antes de realizar uma pequena cirurgia. A mesma técnica pode ser utilizada no
controle da dor causada por uma lesão. Quando a dor crônica é causada pela lesão de um
único nervo, o médico pode injetar uma substância química diretamente no nervo, eliminando
a dor de modo permanente. Os anestésicos tópicos como, por exemplo, uma loção ou pomada
contendo lidocaína, são utilizados no controle da dor causada por alguns distúrbios. Por
exemplo, determinados anestésicos misturados em um colutório podem aliviar uma dor de
garganta. Algumas vezes, um creme contendo capsaicina (substância encontrada na pimenta
malagueta) pode ser útil na redução da dor causada pelo herpes zoster, pela ostemuLrite e por
outras condições.
Efeitos Adversos
Apesar das precauções, alguma pequena qu~ntidade de fármaco chega sempre a outros
órgãos, nomeadamente ao cérebro e ao coração.
• Ansiedade com tremores. Euforia, agitação.
• Confusão
• Convulsões (incomum)
• Depressão nervosa, em altas doses algum risco de depressão respiratória.
• Vasodilatação e redução da frequência cardíaca.
• Hipotensão arterial
• Reacções alérgicas.
41
Praf. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Classificação
De acordo com a natureza da cadeia intermediária, os anestésicos locais classificam-se emagentes: tipo éster ou amida.
• h •••••• u •••• u.u •••••••••••••••• .u ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
Classificação dos anestésicos locais de acordo com a estrutura química!..
. --.
:Cocaína
:De ácido benzóico
. ,;Esteres
:De ácido para-aminobenzóico (PARA)
!Agentes derivados da xilidina
'Amidas
:Agentes derivados da toluidina
Tratamentos Não-Medicamentosos da Dor
.- ..... " .. -- ..... -- -- .. - .. ".---- - .. - ................ ---- - - ..
iBenzocaína· .•• • ••••••• u ••••••••••••••••• • ••••••• ~••••••••
:Tetracaína .
:Procaína
:Cloroprocaína· .· .· ..· -,._ 'C
•;p~~p~~i'~'~i~~''''·'''''·l
::Lidocaína., -" ................. , - .
iMepivacaína
jRopivacaína............ -- - -_._-- .
·:Etidocaína
·i~ii:l~;~i~~·~·:·:···:·:..·:~·.:·..::!:Articaína .
Além dos medicamentos, muitos outros tratamentos podem ajudar no alívio da dor.
Freqüentemente, o tratamento da doença subjacente elimina ou reduz a dor. Por exemplo, a
imobilização gessada de uma fratura óssea ou a administração de antibióticos para combater
uma inefecção articular ajudam no alívio da dor. Freqüentemente, os tratfullentos aplicados
diretamente na área da dor, como compressas frias e quentes, são úteis. Algumas técnicas
recentes podem aliviar a dOi crônica. O ultra-som produz um aquecimento profundo e pode42
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
aliviar a dor causada por rupturas ou lesões musculares e por inflamações ligamentares. No
caso da estimulação nervosa elétrica transcutânea ("transcutaneous electrical nerve
stimulation", TENS), uma corrente elétrica de baixa intensidade é aplicada sobre a superficie
cutânea. Alguns indivíduos acham que isso alivia a dor.
Na acupuntura, pequenas agulhas são aplicadas em áreas específicas do corpo. O
mecanismo de ação dessa técnica ainda é pouco conhecido e alguns especialistas duvidam de
sua eficácia. No entanto, muitos indivíduos sentem um alívio importante com a acupuntura,
pelo menos durante algum tempo. O biofeedback e outras técnicas cognitivas (p.ex., hipnose
ou distração) podem aliviar a dor através da alteração do modo como o individuo concentra
sua atenção. Essas técnicas treinam os indivíduos a controlar a dor ou a reduzir o seu impacto.
A importância do suporte psicológico para os indivíduos com dor não deve ser subestimada.
Como os indivíduos com dor sofrem, eles devem ser observados cuidadosamente,
verificando- se a presença de sinais de depressão e de ansiedade que podem exigir o auxílio
de um profissional da área da saúde mental.
Analgésicos Adj uvantes
Os analgésicos adjuvantes são medicamentos geralmente administrados por outras
razões que não a dor. Entretanto, em determinadas circunstâncias, eles podem aliviar a dor.
Por exemplo, alguns antidepressivos também são analgésicos inespecíficos e são utilizados no
tratamento de muitos tipos de dor crônica, incluindo a lombalgia, as cefaléias e a dor
neuropática. Os medicamentos anticonvulsivantes (p.ex., carbamazepina) e os anestésicos
locais orais (p.ex., mexiletina) são utilizados no tratamento da dor neuropática. Muitos outros
medicamentos são analgésicos adjuvantes e o médico pode sugerir tentativas com
medicamentos diferentes para os indivíduos que apresentam uma dor crônica de dificil
controle.
43
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
6. ANTllNFLAMATÓRIOS NÃO ESTERÓIDES (AINES)
DOR E INFLAMAÇÃO
LESÃO TISSULAR PERIFÉRICA:
• Liberação de neuromediadores (citocinas, bradicininas, serotonina, prostaglandinas,
leucotrienos e radicais livres);
• Estes promovem e facilitam a transmissão dolorosa;
• Hiperalgesia;
• Alterações inflamatórias: edema, calor e vermelhidão (rubor);
e Liberação de neurotransmissores excitatórios (aspartato, glutamato e substância P).
NÍVEL CENTRAL:
(IP-3)];
•
•
•
•
••
•
••
•
•
Os neurotransmissores acima citados são liberados no como dorsal da medula
espinhal;
Ativam receptores NMDA (N-Metil-D-Aspartato); \Provocam a atuação de 2° mensageiros [Fosfolipase t, Ai\riP cíclico, fosfatidilinositol\
Promovem a abertura dos canais de cálcio aumentando o influxo destes íons para o
interior das membranas celulares;
O aumento do cálcio estimula a produção de outros mediadores químicos (óxido
nítrico e metabólitos do ácido aracdônico);
Além da formação de ONCOGENES (cfos, fos B, C jun, jun B e D);
Estes alteram a transmissão do potencial de ação, sensibilização medular e fenômeno
wind up (aumento da duração da resposta de certos neurônÍos);
Quanto maior a intensidade do estímulo agressivo, maior a quantidade de receptores
acionados.
A transmissão dolorosa ascende através da medula espinhal e faz conexões com:
Formação reticular, hipotálamo, tálamo, núcleos da base, sistema Iímbico, córtex
motor e somestésico;
Trarlsporte de substância P para as fibras nociceptivas periféricas, promovendo:
Ativação de fibras adrenérgicas, espasmos musculares reflexos, alterações imunes e
neuroendócrinas, que provocam aumento da pemleabilidade vaseülar, a atração de
44
Prot Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
células fagocitárias e aumento da sensibilidade das fibras nociceptivas à ação dos
neuromediadores.
CICLOOXIGENASES (COX)
São enzimas essenciais para a síntese de prostaglandinas a partir do ácido aracdônico
(AA) liberado pelas fosfolipases A2 da membrana celular.
Classificação das CICLOOXIGENASES
... _.u u_ .. _ .~. __ , ., .... __..d .•.•_' •.•., •.•.•• _.
~COX-lnu Ou nu
iCOX-2
· .
cl~~~ifi~çã~~··~··rE;~~~~i~i·~~~··p;~~~·;;~~·······~·~··~~·,,~,,·~·~~·~rfud~~i&·p~;·p;~~~;;~~·i~ill~;~tóri~·~·~·~~·".~...~~.~..,. [fisiológicos ~mediadores(ILI, IL2 e TNF-a)· .·V~~~.~····~R~l~~;;~~t~~;~~~i;;(PGEl:" " ' m.w •••••••• ,'"""', •••.••.•.•,, •••.•• , •.'.••• ,.
Sanguíneos iPGI), e contração, aumento da
. lpermeabilidade capilar (PGF, 1 ~TXA) : /~
, -- -- -- --.---- : ,., " ..-- -- , -- -- ..,--, ,-- -- -- ..-- : -- ---- ----.------ './: -- , '-- " ..-- ..---- .Brônquios [Contração(PGF2, LTC, LTD, i
,.,.,..,",.i!~)?l1~~l~~~~~!?~~g~),.,""',.".,,.,.."".t,."".,.""",."."", ",.,.,." ,., ,.,',', ,',',., ',.,.,.,',',',',',',',.,',.,.,',.,.,.,'.'.., ,',',..',',',',',',',.,',',..'.,.,',','.,'".,.,',.',.,'.',',.,','
Rins (PGEl, :Mantém o fluxo sanguíneo renal Aumentam na privação do sal. Aumentam aPGI) 1empacientes com ICC, iformaçãode PGU e PGE2, que estimulam a
~insuficiênciarenal ou cirrose. jsecreçãode renina.lRegula metabolismo de sódio e
.,., }!??~~.~~.?:," ', ".., ,., ~ "' ,Plaquetas :Indução da agregação plaquetária :Não é detectável. ' .
'. ,__..,".,.'" . ..:~!:xA?!__?ll,i.~.i?i.?~~__~~~I.!:.__,.,. .__.....l .....__..__. .__..__.,.'" ..... ..__,.__'.,.'.m • __ •••••••••••••••• --. __ •••••••• i
GestaçãolParto ~Induza contração uterina (PGE, ~Possuiexpressão no epitélio uterino em i~PGF2a). !diferentesperíodos da gestação inicial e é'
1 :importantena implantação do embrião e na;angiogênese necessária para o
' __ .• __ mmm. __ • m' •• " ' __ •• __ mm ' , __ • __ • __ • __ ,. • __ .l.~s.~<l?~I~~.il1!.~~!?__~.<l__p.l~~~~~:__. .m •• __ • • •
SNC ~Modulaçãodo sistema ~Presenteapenas no córtex, hipocampo,;neurovegetativo e do processo ;hipotálamo e medula espLllhal.
..~.~.. ~.o~ .•....• ,..•...t~~~~,?~~..ç~§:~~'..~g!??'.~g~!.:~..J ~ ~~mm••••••~•.•,~••, ••••~••••~~.~•••,~~~~~,
Febre lHá produção de PGE2 que ativa o lAumenta COX-2 no endotélio dos vasos~centrotermorregulatório ~cranianose micróglia.
..~i~?~~.~~~?:..,." ,,' ' ,,, · " w'w ••••..• , .• , •••••. ,." ••, •....•••.••.•••••••.•••.••.••••••••.•••
Hiperalgesia ;Potencializa a ação dos mediadores 1Aumentaa imunorreatividade para RNAm;da dor e sensibiliza os ~daCOX-2.· .
..........__ __ ~.n.()~i~.~p'~().~e~: n •••• t n ••••••••••••• "" •••••••• n •••••••• n. __ ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••
.~~o~~~~o.. o w •••w •••oj..w ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• o.., .:~.~~.~P.?!?~:::~.~:, , , ,.", ,
Fonte: Silva, P. Farmacologia. (2004)
45
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
ALGUMAS INFORMAÇÕES ÚTEIS
L Farmacocinética:
• Todos os AINES (exceto Paracetamol) são ácidos fracos facilmente absorvidos no
estômago e intestino. A velocidade de absorção está aumentada com o uso de
comprimidos de rápida dissolução ou efervescentes;
• Ligam-se ex-tensivamente às proteínas plasmáticas (95 - 99%);
• São metabolizados pelo fígado e excretados pelos rins.
2. Mecanismo de ação:
• Inibição da síntese de prostaglandinas (PG):
• Inibe a COX-l ou COX-2 ou ambas, impedindo a formação de PG.
• Também antagonizam os receptores das PG.
• Inibem a liberação de histamina dos mastócitos ..~
• Inibem a migração de leucócitos P11N (polimorfonuelêâfes) e monócitos, reduzindo a
quimiotaxia.
• Redução da permeabilidade capilar, diminuindo o edema e vermelhidão.
• Inibem a liberação da PGEl na área pré-óptica do hipotálamo fulterior, inibindo o
mecanismo da FEBRE.
3. Usos terapêuticos:
• Inflamação: são as drogas de 1a linha para inibir o processo inflamatório em doenças
reumáticas e não-reumáticas, incluindo artrite reumatóide, osteoartrite, artrite psoríaca,
espondilite anquilosante. Esses fármacos não revertem a progressão da doença
reumática, mas retardam a destruição das cartilagens e ossos e aumentam a mobilidade
das articulações.
• Analgesia: é a melhor opção para o tratamento da dor leve a moderada.
• Ação antipirética: os AINES diminuem a temperatura corporal elevada pela ação nos
centros hipotalâmicos.
• Outros: a Aspirina® (AAS) pode ser utilizada profílaticamente para reduzir a
formação de trombos, profilaxia do infarto e de doenças coronarianas.46
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
ClASSIFICAÇÃO DOS AINES:
1. Derivados do ácido salicílico:
•
•
••
•
•
Ácido salicílico e salicilato de metila (Gelol®): uso externo em casos de dores
articulares e musculares;
Ácido acetil salicílico (AAS) [Aspirina®], salicilato de sódio (Salicetol®) e Diflunisal
(DOR-BID®): v.o.
FARMACOCINÉTICA:
A forma não-ionizada é absorvida passivamente por difusão pelo TGI;
Mais de 50% ligam-se às albuminas plasmáticas;
Sofrem ampla distribuição;
São metabolizados pelas enzimas hepáticas;
Excretados pelos rins através da filtração glomerular, secreção tubular e reabsorção
tubular;
• São sensíveis ao pH da urina.
Reações Adversas:
• Efeitos gastrointestinais:
• Desconforto gástrico, náuseas, vômitos, por serem altamente irritantes para a mucosa
gástrica;
• Aumento da secreção ácida gástrica;
• Hemorragias gástricas;
• Úlceras, gastrite medicamentosa;
• Fator: inibição das PGE2 e PGI2 - inibem a secreção ácida gástrica e promovem a
secreção de muco citoprotetor.
• Alterações no tempo de coagulação:
• Aumenta o tempo de coagulação por inibir a agregação plaquetária.
• Hipersensibilidade:
• Urticárias;
47
Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
• Choque anafilático .
•• Alterações do equilíbrio ácido-base:
• Hiperventilação pulmonar: maior consumo de 02 e maior produção de C02: alcalose
respiratória e aumento do pH sanguíneo;
• Intoxicações graves: depressão do centro respiratório com diminuição ventilatória
pulmonar, aumento de íons H+ no sangue, redução do pH sanguíneo e acidose
respiratória;
• Intoxicação aguda:
• Náuseas, vômitos;
• Hiperventilação pulmonar - alterações do equilíbrio ácido-base;
• Depressão do centro respiratório, falência respiratória e choque circulatório;
• Medidas: lavagem gástrica, administmção EV de bicarbonato, administração de
vitamina K e transfusão de sangue (em casos de choque).
• Intoxicação crônica:
• Distúrbios gastrointestinais;
• Úlceras pépticas;
• Alteração do tempo de coagulação;
• Reações de hipersensibilidade.
2. Derivados da Pirazolona:
• Fenilbutazona (butazolidina)[BUTAZONA®], dipirona (NOV ALGINA®),
oxifenilbutazona (TANDERIL®) e feprazona (Zepelan®).
• São rapidamente absorvidas pelo TGI, metabolizadas pelo figado e lentamente
excretadas pelos rins;
• Mecanismo de ação: inibem a síntese e liberação de PGs;
Reações Adversas:
• Retenção de sódio, cloro e água a nível renal;
• Aumento do volume plasmático;
• Redução do volume urinário;
• Alteração da dinâmica cardíaca;
• Intoxicação aguda:
• Náuseas, vômitos, estimulação do SNC e edema;
48
Pref. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
., Intoxicação crônica:
•• Sintomas da intoxicação aguda;
•• Trombocitopenia, agranulocitose (bloqueio medular);
.• Icterícia, febre e lesões orais.
3. Derivados do Para-Aminofenol:
• Paracetamol (TYLENOL®) e fenacetina (acetofenetidina);
• Analgésicos e antipiréticos;
€> São bem absorvidos pelo TGI, metabolizados pelo fígado e excretados pelos rins;
• Metabolização: conjugação com ácido glicurônico (60%), sulfato (35%) e cisteína
(3%).
Mecanismo de Ação: são fracos inibi dores das PGs periféricas, porém potentes inibidores
das PGs do SNC;
Vantagens:
•• Não afetam o equilíbrio ácido-base;
• Não afetam o tempo de coagulação;
.• Não provocam irritações nem hemorragias gástricas;
Reações Tóxicas:
•• Necrose hepática;
• Náuseas, vômitos, dores abdominais;
•• Insuficiência hepática; ~~-
Bioativação: é a produção de intermediários metabólicos altamente reativos para as células
hepáticas. Isto só ocorre em altas doses de Paracetfullol. Ou seja, urna vez que estes
metabólitos tóxicos não são mais conjugados devido à depleção do sulfato e do ácido
glicurônico, eles reagem com compostos nucleoillicos presentes nas rnacromoléculas
(proteínas, lipídeos, glicoproteínas, etc.).
Antídoto: administração de compostos contendo grupos SULFIDRILA, como N
acetilcisteína, cisteína, cisteamina e metionina .
•• A N-acetilcisteína (Fluimucil®) é a preferida para o tratamento das intoxicações:
140mglKg, diluídos em soluções a 5%, seguida de 70mg/Kg a cada 4 horas, num total
de 18 DOSES, por via oral.
• Suspensão imediata da droga.
49
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
4. Derivado do Ácido Fenilacético:
• Diclofenaco de sódio (Voltaren®, Biofenac®, Dorgen®) e de potássio (Cataflan®).
• Rapidamente absorvido por via oral e parentera!. O pico da concentração plasmática é
alcançado dentro de 2 horas;
• Após absorção, liga-se a 99,7% das proteínas plasmáticas.
• Possui excelente atividade antiinflamatória, analgésica e antitérmica.
• Tem sido recomendado até para anaIgesia pós-operatória em infusão IV contínua.
Interações: aumenta as concentrações plasmáticas do lítio, digoxina e metotrexato
(MTX), quando administrado concomitantemente.
• Em altas doses, inibe a agregação plaquetária. Tem que haver precaução na
administração com outros antiagregantes plaquetários.
Contra-indicação: portadores de úlceras, gastrites ou pessoas alérgicas ao fármaco. Não
administrá-Io a crianças, hepatopatas, gestal'1tes e lactantes.
Reações adversas: sangramento, ulceração ou perfuração da parede intestinal.
Hepatotoxicidade: pode evoluir para hepatite tóxica com ou sem icterícia.
• Induração no local da aplicação da injeção IM, abscesso e necrose local. Deve
administrar somente no GLÚTEO.
• Insônia, irritabilidade, convulsões, visão borrada, diplopia.
5. Derivados do Ácido Indolacético:
• Indometacina (Indocid®) e sulindaco (Clinoril®);
• Ação antiinflamatória de intensidade equivalente à da aspirina, ação antitérmica e
analgésica comparável;
• Potente inibidor da síntese das PGs;
Reações adversas: cefaléia, náuseas, vômitos, anorexia, dores abdominais, vertigens,
leucopenía, hipersensibilidade;
• Sulindaco: pró-droga - baixa incidência de toxicidade TGI.
6.Derivados do Ácido Propiônico:
50
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
• Naproxeno (Naprosyn®), ibuprofeno (Motrin®), cetoprofeno (Profenid®),
i:' c: íAl' ®)lenoproleno" glpron ;
• Bem absorvidos pelo TGI;
• Acopla-se às proteínas plasmáticas (90%);
• É extensamente metabolizado pelo figado;
• É excretado pelos rins;
• Potente inibidor das PGs;
$ Reações adversas: irritação do TGI e lesões pré-u1cerosas.
7. Derivados do Ácido Fenilantranílico:
• Ácido mefenâmico (ponstan®) e ácido flufenâmico (Mobilisin®);
• Ácido mefenâmico: antiinflamatório, analgésico e antipirético;
• Ácido flufenâmico: apenas antiinflamatório;
• São absorvidos lentamente pelo TGI;
• Possuem efeitos tóxicos (não devem ser utilizados por tempo prolongado);
• Cefaléias, tontuías, perturbações gastrointestinais, agranulocitoses e reações de
hipersensibilidade.
8. D~~s-aos Ácidos Enólicos:
• Piroxicam (Feldene®), tenoxicam (Tilatil®);
• Piroxicam: meia-vida longa, o que permite administração em dose única diária;
• É completamente absorvido pelo TGI, liga-se extensamente às proteínas plasmáticas
(99%) e é excretado pela urina;
• Tem atividade analgésica, antiinflamatória e antitérmica;
• Sua atividade antiinflamatória é superior à da Indometacina, Naproxeno e
Fenilbutazona;
• Sua atividade analgésica é superior à do Ibuprofeno, Naproxeno, Fenilbutazona e
Fenoprofeno;
• Ambos são indicados para inflamação remnática e não-reumática;
51
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
• Provocam discrasias sanguíneas tais como púrpura, anemia, trombocitopenia e
leucoperua;
• Provocam lesões gástricas, náuseas, vômitos, diarréia, gastrite;
• Aumentam o tempo de coagulação.
Contra-Indicações:
• Portadores de úlceras e outros problemas do TGI;
• Portadores de alterações da coagulação somente quando indispensável e sob rigorosa
supervisão médica;
•• Não foi estabelecido o risco do uso em crianças, gestantes e lactantes.
Antiinflamatórios Não-Esteróides
AspirinaTrissalicilato de colina magnésicaDic1ofenacoDiflunisal
FenoprofenoFlurbiprofenoIbuprofenoIndometacina
Cetoprofeno
Mec1ofenamatoNabumetona
NaproxenoOxaprozinaFenilbutazonaPiroxicamSalsalatoSulindacTolmetina
~mportante: A inflamação é a resposta de proteção do organismo frente a umaesão. A circulação sangüínea na área lesada aumenta, levando líquidos eeucócitos que isolam o tecido lesado e limpam a área. Esse processo provocaaumento de volume, rubor, calor, sensibilidade e dor. Os antiinflamatóriosnão-esteróides (AINEs) interrompem a inflamação e diminuem essessintomas. Tanto os AINEs quanto o acetaminofeno reduzem diretamente a dore a febre.
52
Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
7. DROGAS USADAS NO TRATAMENTO DA ESQUIZOFRENIA E
ESTABILIZANTES DO HUNIOR
A Esquizofrenia é uma doença da personalidade total que afeta a zona central do eu e
altem toda estrutura vivencial. Culturalmente o esquizofrênico representa o estereotipo do
"louco", um indivíduo que produz grande estranheza social devido ao seu desprezo para com
a realidade reconhecida. Agindo como alguém que rompeu as amaITas da concordfulcia
cultural, o esquizofrênico menospreza a razão e perde a liberdade de escapar às suas fantasias.
O termo "esquizofrenia" foi cíiado em 1911 pelo psiquiatra suíço Eugem Bleuler com
o significado de mente dividida. Ao propor esse termo, Bleuler quis ressaltar a dissociação
que às vezes o paciente percebia entre si mesmo e a pessoa que ocupa seu corpo. Hoje é o
nome universalmente aceito para este transtorno mental psicótico, entretanto, no meio técnico
e profissional se admite que o termo pode ser insuficiente para descrever a complexidade
dessa condição patológica.
Alguns autores acreditam que, aproximadamente 1% da população é acometida pela
doença, geralmente iniciada antes dos 25 anos e sem predileção por qualquer camada sócio
cultural. O diagnóstico se baseia exclusivamente na história psiquiátrica e no exame do estado
mental. É extremamente raro o aparecimento de esquizofrenia antes dos 10 ou depois dos 50
anos de idade e parece não haver nenhuma diferença na prevalência entre homens e mulheres.
Os transtornos esquizofrênicos se caracterizam, em geral, por distorções características do
pensamento, da percepção e por inadequação dos afetos. Usualmente o paciente com
esquizofrenia mantém clara sua consciência e sua capacidade intelectual._~
Cinética e mecanismo de ação de neurolépticos
Os antipsicóticos ou neurolépticos são medicamentos inibidores das funções
pS1comotoras, como é o caso da excitação e da agitação. Paralelamente eles atenuam também
os distúrbios neuropsíquicos ditos psicóticos, tais como os delírios e as alucinações. São
substâncias químicas sintéticas, capazes de atuar seletivamente em células nervosas que
regulam os processos no homem e a conduta em animais.
Os neurolépticos sedativos são os antipsicóticos cujo principal efeito é a sedação, ao
contrário dos neurolépticos incisivos (como o Haloperidol, p. ex.) cujo efeito principal e a
remoção de delírios e alucinações.
53
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Dos neurolépticos incisivos fazem parte o Haloperidol, Penfluridol, Flufenazina,
Fenotiazina, ete. Ao contrário dos sedativos, os incisivos têm baixa capacidade de sedação
mas urna melhor atuação naquilo que se chama sintomas produtivos das psicoses (delírios e
alucinações), enqufulto os sedativos têm melhor aplicação nos casos de agitação psicomotora.
Os neurolépticos atípicos não podem ser classificados de sedativos ou incisivos tendo
em vista a diversidade de ação, ora cumprindo um objetivo, ora outro. São os antipsicóticos
recentemente introduzidos no mercado que não se classificam nem como Fenotiazínicos,
como Butirofenonas e nem como Ortopramidas.
CLORPROMAZINALEVOMEPROMAZINASULPIRIDATIORIDAZINATRIFLUOPERAZINA
Amplictil, ClorpromazinaLevozine, NeozineDogmatil, EquilidMellerilStelazine
A biodisponibilidade relativa é 94% e a absoluta é 70%. A ligação protéica é muito
alta (90%) para a risperidona e alta (77%) para o metabólito ativo (9-hidroxirisperidona). A
biotransformação é hepática dando origem ao metabólito ativo. A excreção é 7% renal
(função normal), entre 60 à 80% (função renal comprometida) e 15% biliar. A concentração
sanguínea máxima dá~se entre 5 à 6 dias. A meia-vida de eliminação está entre 20 à 24 horas
(função renal normal).
54
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Figura 1 - Esquema ilustrativo dos sítios de ação dos principais grupos de psicofármacos
na transmissão sináptica
Os antidepressivos inibem a MAO e/ou a recaptura de neurotransmissores, os
psícoestimulantes atuam na liberação, os neurolépticos bloqueiam receptores, o litio inibe a
liberação e interfere com o ciclo do fosfatidinilinositol. Os benzodiazepínicos ligam-se a
receptores próprios localizados próximos ao receptor GABAA,potencializando a ação desse
transmissor.
Efeitos colaterais e tratamento
As drogas antipsicóticas, por ocasionarem prejuízo na sexualidade e no controle de
peso dos seus usuários, têm seus efeitos adversos como os principais responsáveis pela
descontinuação, pela baixa adesão, pela redução da qualidade de vida, da interação e da
adaptação social. Com freqüência, observa-se que a troca por outro antipsicótico provoca uma
mudança do perfil de efeitos indesejados, e não a supressão dos mesmos. Assim, deve-se
escolher o menos desastroso para o sujeito. O clínico deve estar sensível para as dificuldades
particulares de seu paciente, e selecionar o medicamento com maior efeito antipsicótico e
menor desconforto e risco. Assim como os antipsicóticos de nova geração (ANG) ou atípicos
(como c1ozapina, risperidona, olanzapina e quetiapina) significaram uma grande contribuição
ao tratamento farmacológico das psicoses, ainda não é tempo de aposentar os de primeira
geração, não só por seus efeitos clínicos, mas também por sua eventual vantagem em~
pacientes nos quais existe preocupação com o ganho de peso e com o control~~licemia.
Efeitos neurológicos
Neurotoxicidade
Os registros de neurotoxicidade ocorrem principalmente junto à desidratação e ao
desequilíbrio hidroeletrolitico durante o uso de antipsicóticos, ou à associação de
antipsicóticos com lítio. A melhor medida de prevenção nos dois casos é o asseguramento de
adequado balanço hídrico. Reserva-se a associação de lítio para situações em que haja um
ganho terapêutico real, suspendendo a mesma em caso de dúvida quanto a esse ganho ou pela
55
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
possibilidade de ocorrência de sintomas como tremor, incoordenação motora e síndrome
cerebelar, delirium e discinesia.
Discinesia tardia (DT)
Pelo risco de surgimento desses efeitos, deve-se, em nível preventivo, reservar o uso
continuado de antipsicóticos somente aos casos de esquizofrenia ou psicose persistente nos
transtornos de humor, limitando o tempo de uso nos demais casos. É importante assegur a
adesão e a manutenção de níveis estáveis de antipsicóticos, sem uso preventivo de
antiparkinsonianos e sem uso desnecessário de fluoxetina. Foi evidenciada melhora em 1/3
dos casos de DT com vitamina E. Bassit & Louzã-Neto propõem dois diferentes algoritmos de
acordo com a gravidade da DT. Na DT leve a moderada, deve-se primeiramente avaliar a
necessidade do uso de antipsicótico. Em caso de piora com a retirada desse, tentar
estabilizadores de humor antes de reintroduzir o antipsicótico. Na necessidade de manutenção,
reduzir a dose do neuroléptico clássico ou trocar por um ANG. Na ausência de melhora da
DT, adicionar vitamina E e, por fim, trocar por c1ozapina. Na DT grave, antes de clozapina,
associar em seqüência: (1) vitamina E (1600 DI/dia), (2) bloqueador de canal de cálcio
(nifedipina), (3) antagonista de noradrenalina (c1onidina), (4) benzodiazepínicos, (5) depletor
de doparnina (reserpina e oxpertina), (6) agonista colinérgico (tacrina), (7) agonista
dopaminérgico (amantadina), (8) agonista serotoninérgico 5-HTl (buspirona), (9) agonista de
receptores para ácido gama-aminobutírico (gabapentina, progabida, valproato ou baclofen),
(10) inibidor seletivo de recaptação de serotonina, (11) antagonistas opióides, (12) estrógeno~
(prednisona), (13) esteróides e (15) eletrocon~oterapia. Na ineficácia dessas medidas,trocar por ANG que não c10zapina e, na piora ou falta de efeito;. usar c1ozapina. Essa deve ser
tentada em primeiro lugar isoladamente e, se necessário, depois em combinação com os
supressores usados anteriormente. Na intolerância a c1ozapina, deve-se então retomar a
antipsicóticos que foram eficazes antes, começai"1do em doses mais baixas e elevando
gradualmente a dose até níveis mais altos que os tentados anteriormente, associando em
seguida os supressores anteriormente citados. Na suspeita de que a intolerância a clozapina
possa ter ocorrido por elevação abrupta de dose, podem-se reintroduzir doses baixas e
elevação lenta de dose. Em casos refratários, existe o relato de uso de dietas ricas em
aminoácidos de cadeia ramificada, insulina ou abordagem cirúrgica (talamotomia). A
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
irreversibilidade desse último procedimento e sua pouca disponibilidade, deixa-o para casos
exc(,;pClOnals.
Sindrome neuroléptica maligna (SNM)
Uma medida preventiva da SNM é evitar a associação com carbamazepina. Still
descreve o tratamento com dantrolene e bromocriptina.
Distonia tardia
Da mesma forma que na DT, na distonia tardia não existe tratamento aceito
universalmente,4 sendo a prevenção a melhor medida. Deve-se reservar o uso de
antipsicóticos aos casos de real necessidade, e avaliar ocorrências de sintomas motores antes
do uso de medicação. São em gemI indicados os anticoIinérgicos (trihexefenidiI 15 rng/dia),
baclofen, clozapina, toxina botulínica local (com resultados inconsistentes),
benzodiazepínicos7 e L-dopa associada a anticolinérgicos.
Tremor tardio
Nessa ocorrência, existe a indicação de troca por clozapina.
Convulsões
Uma vez que todos os antipsicóticos reduzem o limiar convulsivante, recomenda-se a
revisão da história de convulsões nos candidatos a uso, especialmente de clozapina. Na
presença de convulsões, indica-se o tratamento sintomático, sem evidência de superioridade
de um anticonvulsivante em especial.
Sedação
No caso da sedação transitória de início de tratamento, a melhor medida de prevenção
é a elevação lenta da dose. Em uso prolongado, a melhor prevenção é o ajuste periódico a
cada 3 meses. Quando não é possível diminuir a dose nem trocar por outro fármaco, pode-se
associar fluoxetina. Quando utilizado metilfenidato, deve ser esclarecido para a família e para
o paciente o risco de surgimento de sintomas psicóticos.
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Praf. Or. Itamar S. deOliveira-Júnior
Hipotermia
Schwaninger descreve como provável mecanismo de hipotermia o antagonismo de
receptores serotoninérgicos 5-HT2, sendo de ocorrência maior com A...1\JG. Esse autor propõe o
tratamento com drogas agonistas 5-HT2 como sibutramina, com cuidado em relação à
possibilidade de surgimento de hipertermia juntamente com a redução de peso.
Acatisia
Gardos propõe tratamento com vitamina E, além de propranolol, benzodiazepínicos e
c1onidina.Não há eficácia comprovada para o uso de anticolinérgicos.
Blefarospasmo
Propõe-se redução da dose do antipsicótico.
Parkinsonismo
Não existe evidência de vantagem de uso preventivo de drogas antiparkinsonianas
(McDermid, 1998). Com o surgimento desses efeitos, deve-se tentar a redução da dose de
antipsicótico e, se não houver resolução, pode-se tratar com anticolinérgicos, amantadina ou
difenidramina, sendo que a última apresenta menor eficácia e menos efeitos colaterais.
Estudos demonstram a eficácia dos benzodiazepínicos, propranolol e clonidina.
Efeitos hematológicos
Eosinofilia
Recomenda-se a suspensão do antipsicótico.
Neutropenia
Ocorre mais freqüentemente com a clozapina. Há a necessidade de vigilância
hematológica semanal nas primeiras 18 semanas e, depois desse prazo, mensalmente. Em
casos leves, tentar associação com lítio.
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Praf. Dr. Itamar S.de Oliveira-Júnior
Agranulocitose
Também mais comum com c1ozapina. A melhor medida preventiva é o controle
hematológico adequado e a troca pela redução gradual em caso de ausência de melhora. Em
casos graves, utilizar estimuladores de medula.
Efeitos endocrinológicos
Aumento de peso
Ocorre com praticamente todos os antipsicóticos, principalmente com os típicos de
baixa potência e os A.NG. Nesses últimos é postulado um mecanismo misto de bloqueio de
receptores 5-HT2c, beta3-adrenérgicos, histaminérgicos Hl e dopaminérgicos D2. Uma vez
que muitos dos ANG possuem essa quádrupla ação, a melhor medida preventiva consiste na
restrição de seu uso continuado, com monitoração precoce e adoção de medidas não
farmacológicas de controle de peso, como dieta balanceada, atividade fisica regular e controle
do uso de álcool, especialmente em pacientes com risco de diabetes. Stahl recomenda "lutar
ou trocar" (fight or switch), com associação de drogas pró-dopamina-noradrenalina
(bupropiona), pró-noradrenalina-serotonina (sibutramina), pró-B3-noradrenalina + agonismo
5-HT2C (Venlafaxina), ou agonistas 5-HT2C (nefazodone) + agonistas D2 (cabergolida e
bromocriptina).
Hiperglicemia
Ocorre mais com os ANG, e as melhores medidas preventivas são as mesmas
utilizadas na prevenção do ganho de peso. Pessoas com maior risco de diabetes devem
cumprir com monitorização periódica de glicemia e com medida de tolerância à glicose no
caso de aumento de glicemia ou peso corporal.
Hiperprolactinemia
Diretamente relacionada à potência antidopaminérgica da droga e evidenciada com
mais freqüência com neurolépticos típicos e alguns l\NG, como a risperidona. A prevenção é
importante em pacientes com tumores de hipófise, sendo indicada a troca do neuroléptico pela
59
Prof. Dr. Itamar s. de Oliveira-Júnior
clozapina ou, em caso de impossibilidade de uso por problemas hematológicos, pela
olanzapinao
Amenorréia
Mais freqüente com neurolépticos de alta potência, sendo proposta a redução de dose,
ou troca por ANG. Dursun propõe tratamento com vitaminas E e B6, porém com poucas
confirmações de seus achados. No caso de aumento importante de prolactina, a redução da
dose do antipsicótico demonstrou melhora somente nos homens.
Ginecomastia
Ocorre mais freqüentem ente com os neurolépticos de alta potência, especialmente em
associação com fluoxetina. Deve-se evitar associação com essa droga especialmente em
homens.
Efeitos cardiovasculares
Hipotensão postural
O paciente deve ser orientado a se levantar com cuidado, depois de permanecer
sentado durante algum tempo. Em raros casos é necessária a prescrição de meias elásticas ou
vasopressores.
Alterações eletrocardiográficas
A mais comum é o aumento de intervalo Q-T. O tratamento consiste na diminuição da
dosagem da droga.
Síndromes psiquiátricas secundárias
Mania
O tratamento consiste no uso de drogas antimaníacas. Deve-se, no entanto, evitar o uso
de lítio e carbamazepina por problemas associados, optando-se por valproato - se não houver
preocupação com ganho de peso.
60
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Catatonia
A questão mais importante no surgimento de sintomas de catatonia diz respeito à
possibilidade de instalação de um quadm de DA, DT ou SNl\r1. Assim, o primeiro passo é uma
avaliação clínica sobre o possível pródromo dessas situações. Em caso de ativação do mesmo
quadro psicótico, sem relação com DA/DT/SN1vl,pode-se aumentar a dose do antipsicótico,
trocar por outro de maior potência ou por clozapina na ausência de efeito terapêutico.
Também existe indicação de associação de neurolépticos com benzodiazepínicos, como o
lorazepan.
Sintomas obsessivo-compulsivos
Biondi descreve tratamento desses sintomas com clomipramina.
Miscelânea
Sialorréia
Para esse efeito adverso, que ocorre principalmente com clozapina, uma das
alternativas é o uso de tricíclicos.
Superdosagem
É recomendada terapia de suporte.
Síndrome serotoninérgica fatal
Ocorre mais freqüentemente com ANG. A maior medida preventiva consiste em
elevar lentamente o antipsicótico.
Infelizmente, não existe antipsicótico isento de efeitos indesejados. A vantagem
clínica de um grupo de drogas muitas vezes expõe o usuário a complicações particulares,
como no caso dos ANG, que apresentam melhor tolerabilidade de efeitos parkinsonianos,
SNl\1, distonias e problemas de ejaculação, porém com maior risco de ganho de peso,
hiperglicemia ou redução de libido. Da mesma forma, a clozapina apresenta a vantagem de
menor risco de Sl~vl, DT, distonias (inclusive sendo usada no tratamento dos últimos), mas
61
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júniar
também está associada a maior ganho de peso, sedação e sialorréia. Sendo assim, não existe
fórmula única ou universal. O tratamento precisa ser individualizado e o uso continuado de
antipsicóticos deve ser reservado aos pacientes que efetivamente necessitam dessa indicação,
como os esquizofrênicos e em alguns casos de demência ou transtorno bipolar com psicose.
Além disso, por meio do estudo do perfil individual de sensibilidade a efeitos colaterais, deve
se optar pela utilização da menor dose possível, pois pode haver uma pequena variabilidade
individual na dose necessária para induzir vários dos efeitos indesejáveis, como ganho de
peso e distonia. Cautela, detecção precoce de efeitos adversos, diminuição de dose, troca por
outra droga, suspensão de associações desnecessárias e modificação comportamental são as
estratégias recomendadas. A associação de diferentes agentes farmacológicos precisa ser
utilizada em seqüência, visando um maior controle de sintomas, uma maior qualidade de vida
e menores custos familiar, individual e social.
ANTIDEPRESSIVOS E ESTABILIZANTES DO HUMOR
A descoberta no final da década de 50 de drogas antidepressivas e sua utilização na
prática clínica trouxe um aVfulçoimportante no tratamento e no entendimento de possíveis
mecanismos subjacentes aos transtornos depressivos. Tomou a depressão um problema
médico passível de tratamento, semelhante a outras doenças como o diabetes e a hipeltensão
arterial. Até os anos 80 havia duas classes de antidepressivos, os tricíclicos (ADTs) e os
inibidores de monoaminooxidase (IMAOs). Embora muito eficazes, apresentavam efeitos
colaterais indesejáveis causados pela inespecificidade de sua ação farrnacológica e eram
potencialmente letais em casos de superdosagem. Nas últimas duas décadas surgiram novas
classes de antidepressivos a partir da pesquisa de moléculas desprovidas dos efeitos colaterais
dos heterocíc1icos.Eles diferem dos clássicos ADTs e IMAOs, irreversíveis pela seletividade
farmacológica, modificando e atenuando os efeitos colaterais.
Os antidepressivos não influenciam de forma acentuada o organismo normal em seu
estado basal, apenas corrigem condições anômalas. Em indivíduos normais não provocam
efeitos estimulantes ou euforizantes como as anfetaminas. Aproximadamente 70% dos
pacientes com depressão se beneficiam com os ADTs, mas 30% a 40% falham na resposta ao
primeiro ensaio farmacológico, necessitando outra classe de antidepressivos ou mesmo
eletroconvulsoterapia.
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Classe e Mecanismos de Ação
Abordaremos os dois mais utilizados.
Antidepressivos lnibidores da Monoaminooxidase (IMAOs)
• Mecanismo de ação
o mecanismo de ação dos IMAOs foi pouco estudado e ainda não está totalmente
esclarecido. Sabe-se que a atividade da enzima monoaminoxidase (MAO) está inibida. Os
subtipos da MAO, A e B, estão envolvidos no metabolismo de serotonina, noradrenalina e
dopamina. Isocarboxazida, fenelzina e tranilcipromina são ll-,1lA.Osnão seletivos que se ligam
de forma irreversível às MAOs A e B (tabela 1). A redução na atividade da MAO resulta em
aumento na concentração desses neurotransmissores nos locais de armazenamento no sistema
nervoso central (SNC) e no sistema nervoso simpático. O incremento na disponibilidade de
um ou mais neurotransmissores tem sido relacionado à ação antidepressiva dos IMAOs. A
inibição não seletiva dos IMAOs fenelzina, isocarboxazida e tranilcipromina resulta em
subsensibilização de receptores a2- ou b-adrenérgicos e de serotonina. Possivelmente as
mudanças nas características dos receptores produzidas pela administração crônica de IMAOs
se correlacionam melhor com a atividade antidepressiva do que o aumento na atividade do
neurônio secundária ao aumento na concentração de neurotransmissores, e pode explicar a
demora para início da ação terapêutica.
Mais recentemente foram desenvolvidos IMAOs seletivos da MAO-A e da MAO-B,
além de compostos reversíveis, que contornam o problema das crises hipertensivas (tabela 1).
A moclobemida é um antidepressivo inibi dor seletivo da MAO:"A e reversível, que desamina
5-HT e NA, ao passo que inibidores seletivos da MAO-B, como a selegilina, não possuem
ação antidepressiva significativa.
• Farmacocinética
Os IMAOs são bem absorvidos pelo trato gastrintestinal, sofrem biotransformação
hepática rápida por oxidação e possivelmente têm metabólitos ativos. O início de ação se dá
entre 7 a 10 dias com doses apropriadas em alguns pacientes, mas pode levar de 4 a 8 semanas
para atingir o efeito terapêutico pleno. O pico de concentração plasmática é de 3 a 5 horas
63
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
para isocarboxazida, 2 a 4 para fenelzina e 1 a 3,5 para tranilcipromina. Em média são
necessários 10 dias para que a atividade da MAO se recupere, uma vez que em 5 a 10 dias os
IMAOs irreversíveis inibem as MAOs A e B de forma permanente. Elas voltam a ser
produzidas em uma a duas semanas, mas nesta fase o paciente continua vulnerável ao
desencadeamento de crises hipertensivas pelo aumento da concentração de aminas
provenientes da dieta ou de medicamentos aminérgicos. A eficácia da fenelzina se
correlaciona com a inibição de 80 % da MAO plaquetária, ao passo que o melhor preditor de
resposta terapêutica da tranilcipromina parece ser a área sobre a curva cinética. A eliminação
é renal, inclusive dos metabólitos.
A moclobemida inibe apenas a MAO A, por tempo menos prolongado
(aproximadamente 24 horas apenas) e de forma reversível. Conseqüentemente, não é
necessário aguardar duas semanas até que a MAO volte a ser produzida e outros
antidepressivos possam ser prescritos.
• Efeitos colaterais
Os efeitos colaterais descritos a seguir foram selecionados de acordo com a relevância
clínica.
Necessidade de atenção médica
Freqüentes: hipotensão ortostática grave (vertigens e tonturas, especialmente ao levantar;
podem ocorrer quedas); dividir ou reduzir as doses quando necessário.
Menos freqüentes: diarréia, edema nos pés e tornozelos (pode ceder espontaneamente em
semanas); caso persista, monitorar e1etrólitos para verificar a existência da síndrome de
secreção inadequada do hormônio antidiurético; estimulação simpática (taquicardia e
palpitação), menos freqüentemente nervosismo e excitação.
Raros: hepatite, leucopenia, síndrome de Parkinson, síndrome serotonérgica na combinação
com medicamentos serotonérgicos (amitriptilina, clomipramina, doxepina, imipramina;
fluoxetina, sertralina, paroxetina ou trazodona). A síndrome pode se manifestar por confusão
mental, hipomania, inquietação, mioclonias, hiperreflexia, arrepios, calafrios, tremores,
diarréia, incoordenação e febre. A melhora é rápida com a retirada das substâncias.
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Prot Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Necessidade de atenção médica se persistirem:
Menos freqüentes: efeito anticolinérgico, síndrome da secreção inadequada do honnômo
antidiurético (levando à diminuição na píOdução de urina); visão turva; estimulação do SNC
(mioclonias durante o sono, inquietação ou agitação, dificuldades no sono) mais freqüente
com tranilcipromina; disfunção sexual (anorgasmia em homens e mulheres, alterações
ejaculatórias, raramente impotência masculina); sonolência (mais freqüente com fenelzina e
isocarboxazida); cefaléia leve sem aumento da pressão arterial; aumento de apetite e peso
relacionado à fissura por carboidratos; aumento da sudorese; hipotensão ortostática; vertigens,
tontura, cansaço ou fraqueza leve; abalos musculares ou tremores.
Raros: anorexia; calafrios; constipação; boca seca.
• Interações medicamentosas
Na tabela 2 estão descritas as principais interações entre IMAOs e outros
medicamentos. Pelo fato de os ThiA.os inibirem a ]\1i~>Ode forma permanente, é necessário
adotar dieta pobre em tiramina, aminoácido precursor de catecolaminas, de modo a evitar uma
crise hipertensiva potencialmente fatal.
Anti-hipeierd,,'os
Álcooi
Agentes hipog~cemianles
T~e1il2 -Irte.-açõesmedicamentosas -IMAOs
Medicamentos h1ernçãoAntcolinérgcos Polencialização dos efeitosArtklepressi\>Os A associação, quando indic!lda, deve respeitar !llgumas regras: início simultâneo e emprego de doses
menores. Risco meoor: amitriptilina, nortriplHina. RlsÇ() cOllsiderável: imipramina, clomipramina,inibidores seletivos ele recaptação de seroloninaReserpina: excitação oolonõtnica, agitação, hipertensão; Qonidina: hiperiensão. Tiazíclicos:polencialização de efeitos hipolensores. Guanetidha: inibição dos etei/os anli-hipertensivosCrises hipertensivas com bebidas ricas emtiramina (ver ~sla de cuidados especiais)Pode haver polencialização do efeito hipoglicemiante de insulina e hipoglicemiantes contendosul10riluréia '
Hipertensão, agitação, febre, convulsoos, comaCuidado com suplementaçóes que contenham tirosinaO uso de fenelzina pode levar a apnéia prolongadaDelirium, miocloni!ls, hipomania
Aminas simpatomimélices
Suplementação dietéticaSu=irrilcolin!l
Triptofano
Fades;Ciraulo DA, Shader RI, Greenblatl: DJ, Creelman W. Drug interaction in psychialry.2'" edilion, Battimore (Maryland), 1995.Uniled slales pharmacopeial. Dispensing informetion (USP-DI). Drug informslion forthe heatth care professional. 19'"edttion. Massachussetts(USA): Micromedex Inc .• 1999 .
• Sintomas da crise hipertensiva
Cefaléia intensa, palpitações, dor torácica intensa, dilatação das pupilas, taquicardia ou
bradicardia, aümento da fotossensibilidade, pode haver aumento da sudorese, febre ou
65
.------------
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
sensação de frio, pele viscosa, náusea ou vômitos, rigidez de nuca. Existem relatos de
hemorragia intracraniana (algumas vezes fatal) em conseqüência das crises hipertensivas.
Palpitação ou cefaléia freqüente constituem sintomas prodrômicos da reação hipertensiva.
Tabela 1-Classifiçaçi'iodosan:idepressillos
bibidoresdit rnonoaTlino~ase(IViAO)• Não seletivos e rreversíveis
iproniazidaisocarboxazoatr6nilcipromnafenelzna
• Seletivos e Irreversíveisc1crgiina (tI'1AO-A)
• Seetivos e Reversíveisbrofet"omnamoclcbemidatdoxatcnabefbxàma
Inbidoresnão seletivos de reçapturn de mol1llJ<itrRl'l8S(ADTs)• Inbiçoo mista ele recaptura de 5-HT/NE
imipraminadesipralTinaclomipraminaamitrptilinanortripUinadoxepnamaprctilina
Inbidoresseletivosde rec:apturade ser-otonn8 (lSRS)flioxetnapsroxethasertralhacitalopramflivoxamha
lnillidores seletillos derecaptura de 5-HT.tIE(lSRSN)venafaxhadubxeüna
inibidores de reçaptura de 5-HTe antagonistas ALF.A-2(RSA)nefazoomatrazoelcoa
Etirnulantesdar-eçaptur-a de5-HT (ERS)ti6neptina
Inibi dores seletillos de rec:apturade tE (ISPH)rrooxethavloxazha
Inbidoresseletillos de reçaptura de DA (lSRD)amineptinabl4)roponminaprina
Antagonstasdealfa-2 aã-enorreceptol-esmi6nselinamirtazapna
5-HT: serotonina; NE: nrraelrenalila; D.A.: cbpamna
Fonte:8ez:chibnyk-8uUer KZ, Jeffries JJ. Clilical hanclbookofpsycholrop~ elrlgs. 9'h ecI.Tcronto (Calada): Hogefe & HLberPlblishers; 1999.
66
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Antidepressivos Tricíclicos (ADTs)
• Mecanismo de ação
o mecanismo de ação comum aos antidepressivos tricíclicos em nível pré-sináptico é
o bloqueio de recaptura de monoaminas, principalmente norepinefrina (NE) e serotonina (5
RT), em menor proporção dopamina (DA). Aminas terciárias inibem preferencialmente a
recaptura de 5-HT e secundárias a de NE (tabela 3). Atualmente se considera não haver
diferenças significativas quanto à seletividade do bloqueio de recaptura pré-sináptico.3 A
atividade pós-sináptica varia de acordo com o sistema neurotransmissor envolvido e
geralmente é responsável pelos efeitos colaterais. Os ADTs bloqueiam receptores
muscarínicos (colinérgicos), histaminérgicos de tipo 1, a2 e b-adrenérgicos, serotonérgicos
diversos e mais raramente dopaminérgicos (tabela 3). Essas ações não se correlacionam
necessariamente com efeito antidepressivo, mas com efeitos colaterais (tabela 4). O bloqueio
do receptor 5-RTl contribuiria para o efeito terapêutico.
67
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Tabela 3 - Efeito dos aRidepressivos no bloqueio de receJãores
Dregas
Ac:halfa-1H15-HT1 5-HT2
Amitriptilina
++++++++1-+Desipramina
+++O+1-
Do::<:eplna
++++++++.1-+
Imipramina+++O+
Nortriptilina++++1-+
Protriptilina+++++O+
Tiimipt'~m;na+++++O+
Amoxapina++++1-+++
Maprotilina+++O+1-
TrazodonaO++1-++
FiuoxetinaOOOO+.1-
FluvoxaminaOOOOO
Clomipramina
+++O+Bupropion
OOOOO
R~epIDres: Ad1 = coliiér~os; fita 1 = alfa adrenérgicos;H = histamíricostipo 1;5-HT1 = sffotonérgcostipo 1;5-HT2=serctonérgicos tj:lo 2;O=sem eteito; +++ =etelo acenh.ado
Tabela 4- Efeitos colatenis relaciDnadosao bloqueio dereceptores
Anttolinérgcos
boca secavistaturvaaumento da f:ressão ocularretençãourináriataqutardiacons:tipfiÇãoganho de pesoccnfusão
disfunçiíessexusis
alfa-1- oorenérgc:os
hipotensãJ posturaltaqutardia reflexanariz entupidotortura
disflmção erétl e ejaculatóriaVerti~nsTremores
Histaminérgicos
sonoBncia
sedaçãofadgatorturanáuseaganho de pesohípotensão
Potencialização de drogasde}:feSSCHIscentrais
5-HT2- érgicos
fadgatortura
alterações de sonoirritab i1idadeganho de pesohipotensãodisfunçóessexuais
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
TRATAMENTO DO TRANSTORNO BIPOLAR
o transtorno bipolar é um transtorno crônico e complexo caracterizado por episódios
de depressão, mania ou hipomama de forma isolada ou mista com grande morbidade e
mortalidade. O tratamento do paciente eutímico deve sempre considerar a possibilidade de o
paciente vir a ter episódios de mama e/ou depressão. A eutimia, usualmente, é definida como
a remissão dos sintomas, entretanto, idealmente, seria o período no qual o paciente não apenas
estaria sem sintomas, mas (re)integrado funcionalmente em suas atividades de rotina. O
do tratamento, portanto, é manter o paciente sem sintomas. Assim, a meta principal
do tratamento é a remissão e não apenas a resposta clínica (redução de 50% dos sintomas
observados), que é comumente usada como medida de desfecho nos ensaios clínicos.
O tratamento do transtorno bipolar é dividido em três fases: aguda, continuação e
manutenção. Os objetivos do tratamento da fase aguda são: tratar mania sem causar depressão
e/ou consistentemente melhorar depressão sem causar mania. A fase de continuação tem
como meta: estabilizar os beneficios, reduzir os efeitos colaterais, tratar até a remissão,
reduzir a possibilidade de recaída e aumentar o funcionamento global. Finalmente, os
objetivos do tratamento de manutenção são: prevenir mania e/ou depressão e maXImlzar
recuperação funcional, ou seja, que o paciente continue em remissão.
SAIS DE LÍTIO E OUTROS ESTABILIZANTES DO HUMOR
Os critérios para definir um estabilizador do humor são: ser eficaz na mania e em
estados mistos, tratar depressão aguda bipolar, reduzir a freqüência e/ou gravidade de
recorrências maníacas e/ou depressivas, não piorar mania ou depressão ou induzir mudança
ou ciclagem rápida.
Lítio
O lítio é o agente que possui mais evidências como tratamento de manutenção no
transtorno bipolar, prevenindo recaídas de mania mais freqüentemente que de depressão.
Entretanto, o lítio é também um antidepressivo. Ele ainda reduz o risco de suicídio. Em uma
metanálise, o lítio demonstrou diminuir o risco de o paciente cometer suicídio em 8,85%
(95%IC: 4,1 a 19,1).
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Prof. Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
Os pacientes para os quais o lítio é preferido são aqueles com doença hepática, no
estágio final da gravidez e jovens adolescentes.
Uma revisão da Cochrane envolvendo nove estudos concluiu que o lítio é mais eficaz
do que o placebo em prevenir todas as recaídas dos pacientes com transtorno bipolar - 61 %
com placebo e 33% com lítio.
ralproato
O valproato foi a primeira droga, após o lítio, a demonstrar que tem efeito no
tratamento de manutenção do transtorno bipolar.
Em um estudo, embora os tratamentos (valproato, lítio e placebo) não tenham
mostrado diferença estatisticamente significativa no tempo para ocorrer uma recorrência, o
valproato revelou ter efeito profilático melhor que o lítio em medidas secundárias (maior
tempo de duração bem-sucedida de profilaxia e menor deterioração de sintomas depressivos)
e melhor que o placebo com taxas menores de descontinuação. Efeito profilático parece ser
maior contra os episódios maníacos do que contra os episódios depressivos. O efeito positivo
do valproato em remitir um episódio de mania pode ser um bom preditor para a resposta
profilática.
Outros estudos demonstram que o valproato sozinho ou em combinação tem eficácia
equivalente ao lítio e possivelmente maior que a carbamazepina.
Os pacientes para os quais o valproato é preferido são aqueles com doenças cardíacas,
renais, TCE, idosos com demência e dependência química.
Carbamazepina
Uma série de estudos já foi publicada relacionando a carbamazepina (CBZ) e a
oxcarbamazepina com profilaxia do transtorno bipolar.
O lítio mostrou-se melhor que a carbamazepina em morbidade interepisódica, taxas de
desistência e de re-hospitalização. Em quatro estudos, a carbamazepina foi comparada com o
lítio em tratamento de manutenção do transtorno bipolar. Em apenas um estudo o lítio foi
superior, nos outros três estudos, as drogas obtiveram resultado semelhante. Carbamazepina é
indicada como tratamento no início da doença e com um padrão alternativo do humor. Uma
comparação de dez estudos de carbamazepina com o lítio mostrou uma eficácia semelhante.
Um estudo mostra que apenas 8% dos pacientes tratados com carbamazepina ficaram estáveis
por três a quatro anos.
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Prof. Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
A carbamazepina tem potencial de interação importante com outras drogas, por isso
ela vem sendo substituída pela oxcarbamazepina. Esta última tem uma série de vantagens
sobre a carbamazepina: não é necessário monitorar os níveis plasmáticos, realizar testes de
funções hepáticas nem testes sangüíneos, e causa menos indução do citocromo P450.
Lamotrigina
A lamotrigina demonstrou ser tão eficaz quanto o lítio no tratamento de manutenção
dos pacientes com transtorno bipolar. Tem algumas vantagens em seu uso: não apresenta
ganho de peso nem déficit cognitivo, não é necessário controlar níveis sangüíneos. Tem
eficácia no tratamento de recaídas depressivas (Ernst et aI., 2003). Possui eficácia mínima em
mama.
Ela também tem demonstrado resultados favoráveis na manutenção de pacientes
bipolares tipo IIe ciclagem rápida. A monoterapia da lamotrigina foi significativamente mais
eficaz do que o placebo na depressão bipolar I.
Topiramato
Cinco estudos negativos controlados por placebo falharam. É útil como medicamento
adjuvante e na redução de peso. Não é usado como droga de primeira linha para tratamento de
manutenção do transtorno bipolar. Em um estudo com 76 pacientes uma melhora leve foi
vista em 47% e moderada em 13% de bipolares tratados com topiramato.
Gabapentina
Dois ensaios clínicos controlados por placebo falharam em demonstrar um desfecho clínico
favorável. Não é usado como droga de primeira linha para tratamento de manutenção do
transtorno bipolar.
Um estudo naturalístico em pacientes com transtorno pipolar resistente produziu 18
respostas positivas com gabapentina. A gabapentina foi considerada eficaz em 30% dos
pacientes com transtorno bipolar ou unipolar. Em um estudo com a lamotrigina, a gabapentina
não foi melhor que o placebo.
OUTRAS DROGAS
Metilfenidato - Mostrou-se eficaz em 11 de 14 pacientes com depressão bipolar.
Ômega-3 - Os ácidos ômega-3 produziram uma remissão significativa mais longa do que o
placebo em alguns pacientes bipolares.
Prarnipexole - Há relatos de pacientes com depressão bipolar resistente em que a introdução
da pramipexole produziu uma melhora.71
Prat. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Tiabagina - Tiabagina pode ser uma droga útil como terapia adjuntiva do transtorno bipolar,
continuando ser eficaz por diversos meses.
Bloqueadores de canais de cálcio (verapamil, nimodipina, diltiazeno) - Embora
tenham demonstrado alguma eficácia no tratamento de transtorno bipolar, estas drogas não
são usadas como medicamentos de primeira linha para tratamento de manutenção.
72
ProL Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
8. DROGAS ADRENÉRGICAS E ANTIADRENÉRGICAS
As drogas adrenérgicas, também denominadas simpatomiméticas (ou ammas
simpatomiméticas), são substâncias que têm a característica farmacológica de reproduzirem
ou imitarem, total ou parcialmente, os efeitos da estimulação simpática.
As drogas vaso ativas mais empregadas são as catecolaminas, também denominadas
aminas vasoativas ou drogas simpatomiméticas. Dentre elas, destacam-se a noradrenalina
(NA), a adrenalina, a dopamina, a dopexamina,adobutamina eoisoproterenol.
Os mais importantes receptores adrenérgicos são 5: aI, 0.2, J31, ~2 e J33.
• al: são receptores acoplados à proteína G, agindo via fosfolipase C, aumentando o Ca++
intracelular. Principal responsável pelo tônus da PA. Também distribuído em algumas
glândulas.
@ a,2: são receptores acoplados à proteína Gi, inibindo a guanilato cic1ase. Inibição sináptica
homotrópica e heterotrópica (acetilcolina [Ach] e norepinefrina [NA]), agregação plaquetária
e SNC .
• J31, J32, ~3: são receptores acoplados à proteína Gs, todos estimulando a guanilato cic1ase. f31
está mais distribuído nos ventriculos cardíacos, f32 na vasculatura, no baço e vias aéreas e f33
está relacionado com o tecido adiposo (lipólise).
Ação das principais catecolaminas sob receptores:
Noradrenalina > adrenalina > isoprenalina
.•f3: quanto maior a cadeia ligada ao N terminal, maior a ação agonista.
Isoprenalina > adrenalina > noradrenalina
73
Prof. Dr. Itamar S.de Oliveira-Júnior
. Esquema da potência dos agonistas e antagonistas adrenérgicos nos respectivos receptores .
':~2
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Agonistas
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u •••••• _.u ••• •• _ ••...•.•
Propanolol: - - + + + + + +. - - . - . - . - - - - - - - . - - - - - , .. , .. - .. - - - - - - - . - - - ...•
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74
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
• Efeitos mediados pelos receptores adrenérgicos e seus segundos mensageiros.
Os principais que se deve ter em mente:aI: vasoconst., relaxo da musc. lisa do trato gastrointestinal (TGI), secreção salivar eglicogenólise hepática;a2: inibição sináptica homotrópica e heterotrópica, agregação plaquetária e SNC./31: crono e inotropismo (+), relaxo musc. TGI./32: bronco e vasodilatação, glicogenólise hepática, tremor muscular, inibição da liberação dehistamina por mastócitos e relaxante musculatura do TGI./33: lipólise
Tecidos
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lMusc. Liso
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Vias Seminais . Contrai' -' - : Relaxa
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'M. ciliar . -1 - : - ' Relaxa
Glicogenólise egliconeogênese
Tremor
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.Mastócitos Inib. liberaçãohistamina
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75
Praf. Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
. Usos clínicos I terapêuticos:
•.Adrenérgicos:
" Pamda cardíaca: Adrenalina
.•Choque cardiogênico: Dobutamina, dopamina (a última perfusão renal! diurese)
.•Bloqueio cardíaco: Marca-passo, Isoprenalina
.•Reações anafiláticas: Adrenalina
.•Asma: Salbutamol, salmeterol, terbutalina, fenoterol
.•Congestão nasal: Efedrina, oxmetazolina
.•Prolongador da eficiência de anestésicos locais (por vasoconstricção): adrenalina
.•Inibição de parto prematuro: Salbutamol, ritodrina
.•Profilaxia de enxaqueca: clonidina
.•Antiadrenérgicos:
.•Hipertensão: Propanolol (principal), atenolol, alprenolol, oxprenolol, prazocin, etc .
.•Glaucoma: Timolol
.•Estados de ansiedade
.•Tireotoxicose: b-bloqueadores
.•Continência urinária por hipertrofia benigna da próstata: antagonistas aI
.•Arritmias
.•Doença Cardíaca Isquêmica
.•Feocromocitoma
Antagonistas e Antagonistas Adrenérgicos
Simpatomiméticos ou agonistas adrenérgicos
MECANISMO DE AÇÃO
SIMPATOMIMÉTICOS DE AÇÃO DIRETA
Noradrenalina- é agonista de receptores a, e 131,com pouca ação sobre os receptores 132,sendo
o neurotransmissor dos neurônios adrenérgicos pós-ganglionares.
Adrenalina- é agonista de receptores a, e ~.
Dopamina- é precursor para a síntese de noradrenalina e adrenalina. Em baixas concentrações
interagem em receptores DI vasculares e produz vasodilatação; em concentrações
intermediárias atua em receptores 131,produzindo efeito inotrópico positivo, e em altas doses,
apresenta efeitos em receptores aI, podendo resultar em vasoconstrição.
76
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Isoproterenol- é O mais potente agonista f3-adrenérgico não seletivo de origem sintética e
possui afinidade muito baixa pelos receptores a-adrenérgicos.
Dobutamina- é agonista de receptores a e 13·
Agonistas a l-adrenérgicos:
Fenilefrina e Metoxamina - agonistas aI seletivos
Metaraminol- é agonista de receptores a e também estimula a liberação de
noradrenalina.
Agonista a2-adrenérgicos:
Xilazina, detomidina e romifidina- atuam em receptores a2 pré-simpáticos
inibindo a liberação de noradrenalina, a xilazina também apresenta afinidade por receptores
aI.
Agonistas f32-adrenérgicos:
Salbutamol, terbutalina e metaproterenol- agonistas relativamente específicos
para p2, com pequena ação em receptores 131, entretanto em altas doses, atuam
preferencialmente neste último receptor.
Fenoterol- agonista relativamente seletivo para 132.
Clembuterol- agonista seletivo para 132.
Efeitos Colaterais: taquicardia, fibrilação ventricular, hipertensão e arritmias.
SIMPATOMIMÉTICOS DE AÇÃO INDIRETA
Efedrina- exerce sua ação primariamente por facilitar a liberação e bloqueio da
captação de noradrenalina. Apresenta efeito direto em receptores a e p.
Pouco utilizada na terapêutica. Efeitos farmacológicos: aumenta pressão arterial,
broncodilatação, aumenta a freqüência cardíaca e a força de contração do coração.77
Prot Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
SIMP A TOLÍTICOS OU ANTAGONISTAS ADRENÉRGICOS
Classificação
Antagonistas a-adrenérgicos: fenoxíbenzamina, prazo sina, fentolamina e ioimbina.
Antagonistas /3-adrenérgicos: propanolol e atenolol.
Mecanismo de ação
Propanolol- bloqueia competitivamente os receptores /3. Utilizado em arritmias (taquicardia
supraventricular) .
Efeitos colaterais: a retirada abrupta pode causar taquicardia e arritmias.
78
Prof. Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
9. DROGAS COLINÉRGICAS, ANTICOLINÉRGICAS E
ANTICOLINESTERÁSICAS
Classificação das drogas colinérgicas
Diretos: atuam diretamente nos receptores de acetilcolina.
Colinérgicos de ação direta.
Exemplos: muscarina, pilocarpina e carbamilcolina.
Indiretos: são inibi dores da enzima acetilcolinesterase (por isto, conhecidas como
anticolinesterásicas)
Colinérgicos de ação indireta.
Exemplos: edroronio (ação curta), fisiostigmina (ação média) e organofosfarato (ação
prolongada}
Antagonistas colinérgicos - Atropina
Os antagonistas colinérgicos são drogas que agem nos receptores colinérgicos,
bloqueando seletivamente a atividade parassimpática (reduzindo ou bloqueando a ação da
acetilcolina), sendo estes antagonistas também chamados parassimpaticolíticos ou fármacos
anticolinérgicos ou anticolinérgicos assim, diminuem, inibem ou bloqueiam a resposta
colinérgica. Portanto, reduzem ou anulam o efeito de estimulação do sistema nervoso
parassimpático (impede que a acetilcolina estimule os receptores colinérgicos), e, em
determinadas situações (indiretamente) tem o efeito estimulante do sistema nervoso
simpático.
Os antagonistas colinérgicos são agentes também chamados espasmolíticos ou
antiespasmódicos porque reduzem os espasmos principalmente no trato gastrintestinal, e,
apresentam a fórmula R-COO(CH2)nN, sendo que R corresponde ao grupo volumoso ligado
ao nitrogênio básico através da ponte ou grupo isóstero -COO-, e, a cadeia -(CH2)n. De
acordo o local da ação e efeitos, os antagonistas colinérgicos são classificados em:
79
Prof. Dr. Itamar S.de Oliveira-Júnior
Bloqueadores ou agentes antimuscarínicos - Bloqueadores ganglionares - Bloqueadores
neuromusculares - Anticolinérgicos centrais
Os receptores muscarínicos são os receptores colinérgicos (os que liberam a
aceti1colina nos neurônios do sistema nervoso autônomo parassimpático) que são estimulados
pelo alcalóide muscarina, e, bloqueados pela atropina.
Os receptores muscarínicos (estão acoplados a proteína G) são classificados em: lvfJ
ou neural, M2 ou cardíacos, e, M3 ou glandular. Existem mais dois tipos de receptores
muscarínicos que ainda não estão bem caracterizados.
O receptores MIou neurais produzem excitação (lenta) dos gânglios (entéricos e
autônomos), das células parietais (estômago), e, do SNC (córtex e hipocampo).
O receptores M2 ou cardíacos são encontrados nos átrios e provocam redução da
freqüência cardíaca e força de contração dos átrios. Estes receptores também agem na inibição
pré-sináptica.
Os receptores M3 ou glandulares causam a secreção, contração da musculatura lisa
vascular, e, relaxamento vascular (agindo no endotélio vascular).
Os bloqueadores ou agentes antimuscarínicos são seletivos para o sistema
parassimpático, agindo unicamente nos receptores muscarínicos, bloqueando ou inibindo as
ações da aceti1colina nestes receptores.
Existem vários agentes antimuscarinicos, entretanto, são mais utilizados:
Atropina - escopolamina ou hioscina - ipratrópio - propantelina ..,dicicloverina
diciclomina - glicopirrolato - ciclopentolato - tropicamida.
A TROPINA (Sulfato de atropina)
A atropina é um a1calóide extraído, principalmente da planta Atropa belladona, usado
na forma de sulfato, consiste em um bloqueador muscarínico potente com ação tanto central
quanto periférica, com duração de quatro horas, exceto quando administrado no epitélio
ocular que pode durar alguns dias os seus efeitos. Todos os receptores muscarínicos são
bloqueados pela atropina. Embora seja um fármaco relativamente seguro, em doses elevadas
bloqueia as funções do sistema nervoso parassimpático.
Efeitos - indicações - vias de administração:
Os efeitos da atropina consistem em: Antiespasmódico (no trato gastrintestinal),
80
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júniar
broncodilatador, midriático, anti-secretório do trato respiratório superior e inferior,
antiarrítmi co.
O efeito antiespasmódico é utilizado no tratamento de distúrbios gastrintestinais
espásticos funcionais ou neurogênicos (hipermotilidade gastrintestinal), utilizado por via
oral ou subcutânea.
Na asma, como broncodilatador é utilizado em crises asmáticas via inalação diluído
em 3 a 5 mL de solução salina através de nebulizador.
Como adjuvante da anestesia reduzindo as secreções, e, provocando a
broncodilatação, pode ser administrada por via oral ou intramuscular.
Utilizado no exame oftalmológico como midriático, pelo epitélio ocular, para
investigar melhor a retina (as ações midriáticas da atropina podem persistir por uma semana
após a aplicação ocular, assim, tem sido preferidas, atualmente, outras drogas como
ciclopentolato, e, a tropicamida, pois, a recuperação completa da acomodação visual ocorre,
respectivamente, entre 6 a 24 horas, e, 2 a 6 horas).
Na intoxicação por anti-colinesterásicos, a atropina é utilizada também como
antídoto aos efeitos dos inibidores da acetilcolinesterase, praguicidas organofosforados e
muscarina, podendo ser administrada por via venosa (1 a 2 mg).
E utilizada na bradicardia, e, como antiarrítmico pode ser administrado por via
venosa.
As contra-indicações da atropina consistem: glaucoma, pois, pode precipitar crise de
glaucoma em indivíduos predispostos; uropatia obstrutiva; doença obstrutiva do trato
gastrintestinal; íleo paralítico; atonia intestinal de pacientes debilitados ou idosos; colite
u1cerativa grave, especialmente se complicada por megacolo tóxico; estado cardiovascular
instável em hemorragia aguda; miastenia grave; hiperplasia da próstata.
Entre os efeitos adversos da atropina destacam-se: Secura da boca, cic1oplegia, sede
exagerada, dificuldade em urinar e rubor facial. No SNC, pode provocar confusão,
inquietação, alucinações e delírio. Tem sido relatados casos de rubor, principalmente, na área
maxilar devido à vasodilatação. Em doses elevadas a atropina pode provocar a taquicardia, e,
isquemia cardíaca. Em crianças tem sido relatados casos de rubor ("vermelhidão intensa") da
face, e, do tronco após 15 a 20 minutos da injeção llvl de atropina sendo denominado de
"rubor atropínico".
81
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Praf. Dr. Itamar S. de Olíveira-Júnior
Cinética e Mecanismo de ação dos fármacos colinérgicos
Praticamente equivalente a ação e efeito dos impulsos nervosos parassimpáticos pós
ganglionares. A potencia varia muito mais do que a seletividade aos diferentes subtipos de
receptores muscarinicos. Estes receptores pertencem a família dos metabotrópicos (receptores
acoplados a proteína G).
Receptor Ml: também conhecido como neurais, dado a sua distribuição no SNC,
córtex e hipocampo.
Receptor M2: presentes no coração (átrios, tecidos de condução) e no SNC na
membrana pré-sináptica (autoreceptor). Inibição vagal do coração
Receptor M3: glandular; presente em glândulas exócrinas, músculo liso e endotélio
vascular.
Efeitos colaterais de colinérgicos e anticolinérgicos
Os fármacos anticolinérgicos, freqüentemente, provocam constipação podendo
necessária a administração de laxativos, e, como os medicamentos que afetam o sistema
nervoso autônomo não são muito específicos, os efeitos colaterais devem ser observados de
acordo com o segmento afetado, como por exemplo, ressecamento da boca (reduz a
salivação), náusea, vômito, diarréia, cólicas abdominais, taquicardia, dificuldade na
deglutição, retenção urinária, e, fraqueza. Portanto, podem ser importantes procedimentos
para aliviar alguns dos efeitos adversos.
82
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
10. BLOQUEADORES DA JUNçÃO NEUROMUSCULAR
Os bloqueadores neuromusculares (BNM) são fármacos que interrompem a
transmissão do impulso nervoso na junção neuromuscular (JNivf). Atualmente, a escolha entre
BNM despolarizantes e adespolarizantes é influenciada pelo tempo de latência, pela duração
de ação e pela possibilidade de aparecimento de efeitos colaterais
CURARES E SUCCINILCOLINA
BloQueadores dessensibilizantes (despolarizantes)
Estes antagonistas do receptor não são competitivos e provocam seus efeitos pela
dessensibilização dos receptores na junção neuromuscular. Agem de maneira a produzir
efeitos semelhantes aqueles resultantes de um excesso de acetilcolina. In vitro, ocorre uma
estimulação inicial da placa terminal, que se despolariza e o músculo se contrai.
Subsequentemente, a placa terminal permanece despolarizada, enquanto o músculo se relaxa.
No decorrer de mais alguns minutos, a placa motora se repolariza, porém o músculo ainda
permanece relaxado e a placa terminal é insensível à liberação normal de acetilcolina.
À medida que os receptores são dessensibilizados, cai o potencial de placa terminal, a
placa terminal sofre repolarização e toma-se, neste momento, insensível à estimulação
nervosa ou à aceti1colina. As características das interaçães DOS bloqueadores
dessensibilizantes (despolarizantes) na junção neuromuscular .
Succinilcolina
Esta droga é hidrolisada pela colinesterase plasmática, mas não pela acetilcolinesterase;
age à semelhança de um excesso de acetilcolina quando alcança a fenda sináptica
neuromuscular. Não consegue ultrapassar a barreira hematoencefálica ou a placenta e não
libera histamina.
As características especiais da succinilcolina são seu rápido início de ação
(aproximadamente o tempo de uma circulação) e sua curta duração de ação (2-3 minutos).
O uso clínico da succinilcolina é vantajoso devido à sua ação rápida e curta. Suas duas
utilizações principais são, portanto, facilitar a intubação traqueal para ventiiação artificial
83
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
durante a anestesia geral e para paralisar os músculos esqueléticos durante a
eletroconvulsoterapia (choque das doenças).
Cinética e mecanismo de ação
Por serem drogas de administração predominante por via venosa, não consideramos a
fàse de absorção para os BNM. Na corrente sangüínea os BNM ligam-se às proteínas
plasmáticas, em percentuais variáveis. O grau de ligação protéica é um dos fatores
determinantes do volume de distribuição (Vd), e passa a ser clinicamente importante quando
excede os 90%. Quando há redução da proteinemia aumenta a fração livre no plasma,
resultando numa maior disponibilidade da droga. Como para os BNM a ligação protéica é
relativamente baixa, não se espera uma intensificação de seus efeitos na presença de
hipoproteinemia.
O estudo científico do mecanismo de ação dos BNM teve início em 1850, quando
Claude Bernard, em experiência que se tornou clássica em farmacologia, demonstrou em rã
que a administração de curare não alterava a condução do impulso ao longo do nervo e não
modificava a resposta da estimulação direta do músculo. Conseqüentemente, a incapacidade
do músculo responder à estimulação indireta resultava da ação da droga num ponto
intermediário entre o nervo e o músculo. Estudos histológicos evidenciaram a inexistência de
continuidade protoplasmática entre o nervo e o músculo despertando a atenção para o modo
como se deveria processar a TNM.
Cada uma das fibras musculares dos vertebrados é inervada por um único ramo
axônico proveniente do neurônio motor inferior de localização medular25. Fazem exceção à
essa regra as fibras musculares que realizam movimentos finos. como as dos músculos extra
oculares, as de alguns músculos da face e do pescoço, nos quais cada fibra muscular recebe
inervação de mais de um axônio. Quando o axônio se aproxima a 100 mm do músculo que
deve inervar, perde a sua camada de mielina e se divide em ramos secundários que se
destinam, cada um, a uma única fibra muscular26. Denomina-se JNM ou placa motora a união
de um terminal axônico desmielinizado com a membrana da célula muscular. Sua função é
transferir à fibra motora o impulso propagado pelo nervo, resultando em contração muscular.
Através de microscopia eletrônica identifica-se a terminação nervosa contendo grande número
de vesículas, a fenda sináptica de 150 à 500 A e a membrana pós-sináptica apresentando
84
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
invaginações, na qual é possível identificar dois tipos de proteínas, os receptores nicotínicos e
a enzima acetilcolinesterase (AChE).
A cadeia de eventos que se segue à estimulação de um nervo motor pode ser delineada
da seguinte maneira: a acetilcolina (ACh) liberada do terminal axônico se difunde através da
fenda sináptica e se liga aos receptores colinérgicos pós-sinápticos. Essa ligação promove a
abertura de um canal iôntico, com influxo celular de sódio e efluxo de potássio, cujo resultado
é uma diminuição do potencial de membrana, que em repouso é da ordem -90 mV. Esse
fenômeno é conhecido corno despolarização. Quando um número suficiente de receptores
colinérgicos é ativado na JNM, outros canais de sódio voltagem-dependentes são acionados
nas adjacências da placa motora e inicia-se contração muscular. O término do efeito se dá
quando há dissociação da ACh do receptor nicotínico.
Efeitos colaterais
São dose-dependentes. Sonolência, fraqueza, vertigens, náusea, vômitos, hipotensão.
Outros efeitos: úlcera péptica, retenção urinária, broncoespasmo.
Síndrome de abstinência pode ser causada pela suspensão abrupta levando alucinações,
espasticidade, taquicardia, confusão, convulsões
Interações medicamentosas
Exacerbação dos efeitos: álcool, lítio, antidepressivos tricíclicos, antiparkinsonianos.
85
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
11. ANTIARRlTMICOS E DROGAS VASOATIV AS
Classificação
Os medicamentos utilizados para o tratamento das arritmias podem ser classificados
de acordo com sua ação sobre os canais iônicos das células.
As drogas do Grupo I (a, b, c) são os bloqueadores dos canais de sódio. O grupo fi é
constituído pelos beta-bloqueadores. O Gmpo TIl são drogas que atuam sobre canais de
potássio. O Grupo IV atua sobre canais de cálcio. Drogas como o digital e a adenosina não
são classificáveis nesses parâmetros mas possuem propriedades sobre o sistema de condução
e em certas arritmias, sendo estudadas em capítulos específicos.
O diagnóstico das arritmias e a escolha clínica das drogas antiarrítmicas nos casos
clínicos não é assunto desse capítulo, sendo abordado exclusivamente no curso de
eletrocardiografia. Só serão abordados aspectos particulares da farmacologia de cada droga.
Grupo I - Bloqueadores de canais de Na+
Grupo Ia
Quinidina, Procainamida e Disopiramida
Quinidina
Ação eletrofisiológica
Possui pouca ação direta sobre o automatismo do nó sinusal normal, mas diminui o
automatismo na fibra de purkinge, especialmente em marca-passos ectópicos. Na doença do
nó sinusal pode causar depressão do automatismo nesse nível. Experimentalmente pode
causar pós-potenciais precoces que podem ser relacionados como causa de "torsade de
pointes". In vivo, no coração enervado, a quinidina produz taquicardia e aumenta a condução
nodal AV, por ação reflexa de estímulo simpático, produzido pelo seu efeito anticolinérgico e
por bloqueio alfa com conseqüente vaso-dilatação periférica. Ação direta sobre o coração
produz prolongamento do tempo de condução AV e His-Purkinge e da reftatariedade em vias
acessórias. Prolonga a duração do potencial de ação atrial e ventricular. Aumenta o período
refratário efetivo sem alterar o potencial de repouso da membrana. O prolongamento da86
Proi. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
repolarização é mais notavel em FC menores. A amplitude do potencial de ação e o Vmax da
fase Osão diminuídos e de forma mais proeminente durante a isquemia e hipoxia.
Farmacocinética
Pela via oral o pico plasmático é atingido em 90 minutos se administrado sulfato de
quinidina e 3 a 4 horas se for o gluconato de quinidina. Uso IM produz necrose muscular e
tem absorção incompleta. Pode ser administrada EV se for feita em infusão lenta. 80% fica
ligada a proteínas plasmáticas em especial alfa 1 glicoproteina ácida. Eliminação é renal e
hepática. O metabolismo é pela via do cito cromo P450. A dose deve ser reduzida tanto na
doença hepática, como na insuficiência cardíaca e na insuficiência renal. Meia vida é de 5 a 8
horas após administração oral. Dose usual é de 300 a 600 mg 4 vezes ao dia. Doses de ataque
de até 1000mg produzem um pico de ação mais rápido. Se a forma for gluconato a dose oral é
30% maior. Dose EV é 10 mg/kg, seguida de 0,5 mg/kg/min, com atenção nos parâmetros de
PAeECG.
Indicações
Taquiarritmias sustentadas, fibrilação atrial e flutter. Previne a reentrada nodal AV e a
taquicardia reciprocante da Sind. Vl.P.\V. Quando usada para a FA/Flutter agudos deve-se
primeiro reduzir a resposta ventricular com o uso de digital, propranolol ou verapamil. O
aumento da condução AV por efeito reflexo aliada a diminuição da freqüência do flutter atrial
pode produzir condução 1:1, com aumento da resposta ventricular.
Efeitos adversos
Náuseas, vômitos, diarréia e dor abdominal (mais comuns). Toxicidade do SNC com
zumbidos, perda da audição, distúrbios visuais, confusão delírio e psicose, leva o nome de
cinchonismo. Reações alérgicas. Trombocitopenia. Sangramentos pela associação com
anticoagulantes.
Distúrbios do ritmo e condução. Torsade de pointes. Sincope normalmente deve ser
relacionada a um episódio de torsade e a droga deve ser imediatamente interrompida.
Nomes comerciais: Quinicardine (Barrene) 200 mg; Quinidine Duriles (Astra) 200 mg
87
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Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Procainamida
Ação eletrofisiológica
Análogo do anestésico procaina. Possui efeitos eletrofisiológicos semelhantes a
quinidaina, não possuindo no entanto a ação vagolitica e alfa bloqueadora deste fármaco. O
uso IV é tolerado melhor que a quinidina, podendo ser usado para arritmias supra
ventriculares e ventriculares. O uso oral crônico é pouco tolerado devido a efeitos adversos,
além de ser de posologia incoveniente necessitando 3 a 8 tomadas diárias devido sua rápida
eliminação (1/2 vida = 3 a 4 horas), por via renal (inalterado) e hepática (formação de
NAPA).
A procainamida é um bloqueador dos canais abertos de sódio, com uma constante de
tempo de recuperação do bloqueio intermediária. Também prolonga o tempo do potencial de
ação provavelmente por bloquear o efluxo de K+. A procainamida diminui o automatismo,
aumenta o período refratário e diminui a condução. Seu principal metabólito é o N-acetil
procainamida (NAP A). Este metabólito não possui a ação bloqueadora dos canais de Na+ no
entanto possui ação eqüipotente no prolongamento do potencial de ação. Como a
concentração plasmática do metabólíto geralmente é maior que a da própria procainamida o
aumento da reftatariedade e prolongamento do QT durante o uso crônico são atribuíveis pelo
menos em parte ao NAP A. Contudo é a procainamida que reduz a condutancia e prolonga o
QRS. Hipotensão pode ocorrer em altas doses, devido bloqueio ganglionar. O efeito
inotrópico negativo é mínimo.
Efeitos adversos
Hipotensão e redução marcante da condutância são os efeitos adversos maIS
importantes. Ocorre em especial no uso IV, em concentrações plasmáticas altas (> 10 ghr..L).
Náuseas são frequentes durante a terapia oral, sendo dose dependente e atribuível ao
NAPA. Torsade de pointes pode ocorrer especialmente com níveis séricos de NAPA acima de
30g/mL. Aplasia medular fatal pode ocorrer numa incidência de 0,2%, sendo o mecanismo
desconhecido e dose independente.
No uso crônico, a maioria dos pacientes apresenta formação de anti-corpos anti
nucleares. De 25 a 50~ó vão apresentar sintomas da síndrome lupus like, com rash e artralgia
88
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
de pequenas articulações. Outras manifestações podem ocorrer como pericardite com
tamponamento cardíaco. O envolvimento renal não é usual.
Disopiramida
Ação eletrofisiológica
Bloqueio dos canais de Na+, sem causar prolongamento do potencial de ação. Possui
um perfil eletrofisiológico semelhante ao da quinidina. Possui uma ação anticolinérgica
importante, responsável pelos seus efeitos adversos (precipitação de glaucoma, constipação,
boca seca, retenção urinária). Pode precipitar insuficiência cardíaca por depressão miocárdica
e torsade de pointes.
Farmacocinética
Boa absorção por via oral. A ligação plasmática é concentração dependente, assim um
pequeno aumento da concentração total da droga pode produzir um aumento substancial da
fração livre desta. A eliminação é hepática, por metabolismo e renal pela excreção da droga
não modificada.
Indicações
Esta indicada nos casos de manutenção do ritmo sinusal em pacientes com flutter ou
tibrilação atrial e na prevenção de casos de taquicardia e fibrilação ventricular.
Nome Comercial: Dicorantil (Aventis Pharma) F 250 comp 250mg I injetavel amp.
lOmg/lOO mL;
GrupoIb
Lidocaina, Tocainida, Hidantoina
Lidocaina
Anestésico local, útil nas arritmias ventriculares relacionadas com, isquemia
miocárdica. Não possui ação a nível atrial. Diminui o automatismo pela redução da
despolarização da fase 4. Não prolonga o tempo total do potencial de ação, podendo até
encurtá-Io.
89
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Não altera o PR e o qrs. O QT pode encurtar. Causa pouca alteração hemodinamica,
havendo relato no entanto de casos de IC desencadeada pela droga.·
Efeitos adversos: Convulsões, alterações de nível de consciencia, disartria e tremores.
Nistagmo é um sinal precoce de toxicidade.
Dose usual: I a 4 mg / minoDose inicial: 3 a 4 mg / minopor até 30 mino ou 100 mg
EV seguidas de 50 mg a cada 8 min em 3 doses.
Existe fenômeno de perda de eficácia nas primeiras horas de uso por redistribuição da
droga, por isso as doses iniciais altas. O equilíbrio na concentração plasmática da droga é
atingido após 8 a 10 horas de tratamento.
Concentração plasmática ideal: 1,5 a 5 /lg I mL . Dosagens plasmáticas são
recomendaveis para evitar toxicidade.
Nome comercial: Xylocaina
Grupo Ic
Flecainida, Propafenona
Propafenona
Bloqueador dos canais de sódio com uma taxa lenta de recuperação do bloqueio. Seu
maior efeito eletrofisiológico é em tecidos de resposta rápida. Prolonga o PR e o QRS. Atua
em arritmias supra-ventriculares, incluindo a fibrilação atrial. Possui efeito em arritmias
ventriculares mas em menor grau de eficácia, como outras drogàs do grupo L
A droga é bem absorvida pela via oral e é eliminada tanto por via hepática quanto
renal.
Grupo n-Beta Bloqueadores
Entre os diversos beta-bloqueadores para uso como antiarritmico ou para a prevenção
da morte súbita pós IAM o acebutalol, o esmolol, o metoprolol, o propranolol, o atenolol e o
timolol, são os mais utilizados.
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Prot Dr. Itamar S. de üliveira-Júnior
Ação Eletrofisiológica
A ação eletrofisiológica dos beta-bloqueadores é exercicida basicamente pela inibição
competitiva da ligação das catecolaminas aos receptores beta-adrenérgicos. Essa ação é quase
exclusivamente realizada pelo esteroisomero L (levorrotatório). Também existem ações
quinidina like e de estabilização direta da membrana. Esta última ação, um efeito anestésico
por bloqueio de canais de Na, ocorre apenas em concentrações lO vezes maiores que as
concentrações usuais que produzem beta bloqueio e portanto deve ter proticipação
insignificante na ação antiarritmica. Assim a maior ação dos beta-bloqueadores será nas
células mais estimuladas pelo sistema adrenérgico.
O beta-bloqueio produz redução do automatismo no nó sinusal e nas fibras de
Purkinge, que estejam sofrendo estímulo adrenérgico. Não há alteração, nas doses usuais, do
potencial de repouso transmembrana, da amplitude máxima do potencial diastólico, do Vmax,
repolarização ou refratariedade das células atriais, purkinje ou musculares ventriculares.
O propranolol reduz a freqüência sinusal em lO a 20%. Pode ocorrer bradicardia
severa na presença de doença do nó sinusal ou se a FC é muito dependente do tônus
adrenérgico. O intervalo PR e a condução a nlvel do nó AV aumentam. Não ocorrem
alterações do QRS ou do QT. Exceção se faz ao Sotolol que será discutido nas drogas da
Classe lH.
Indicações e uso clínico
Arritmias associadas a tireotoxicose, feocromocitoma, anestesia com ciclo-propano ou
halotano ou arritmias induzidas por estimulo adrenérgico excessivo como exercícios ou
emoções. Reduz a freqüencia ventricular na FA/flutter mas não altera a freqüencia atrial
nessas arritmias. Não é capaz de reverter a FA crônica para o ritmo sinusal, mas pode reverter
o quadro agudo. É mais eficaz que o digital no controle da freqüência cardíaca no paciente
sem insuficiência cardíaca.
Pode ser usada nas taquicardias supra-ventriculares por reentrada: taquicardia AV
nodal, taquicardia ortodrômica da síndrome de Wolf Parkinson White, taquicardia sinusal
inapropriada e reentrada sinusal. Nesses casos pode reverter a arritmia e previnir novos surtos.
Propranolol pode ser usado nas arritmias ventriculares associadas ao prolapso da valva
mitral e na síndrome do QT longo.
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Propranolol reduz o risco de morte súbita pós IAM mas diversos mecanismos podem
estar envolvidos alem de ação antiarritmica.
Grupo m-Bloqueadores de canais de K+
Drogas que atuam no bloqueio dos canais de potássio interferem fundamentalmente na
repolarização (fase 3), sendo drogas que prolongam o QT. Pertencem a essa classe três drogas
bastante distintas, a amiodarona, o sotalol e o Bretílio. O Bretílio é uma droga da classe lU
inexistente no Brasil e portanto não será citada.
AMIODARONA
A amiodarona é um potente antiarrítmico da classe lU, utilizado no tratamento de
arritmias ventriculares, taquicardia paroxística supraventricular, e fibrilação e "flutter" atria!.
A amiodarona é um derivado benzofurânico, com peso molecular de 643,3 em base livre ou
681,8 na forma salina (cloridrato). É classificada como droga anfifllica por possuir, em sua
molécula, um núcleo polar e outro apoIar. Apresenta propriedades hidrofilicas (amina
terciária) e lipofilicas (anel benzênico biodado e benzofurânico). Desenvolvida na Europa no
início da década de 1960, foi inicialmente utilizada como antianginoso e, posteriormente,
como antiarrítmico. A amiodarona relaxa a musculatura lisa e diminui a resistência coronária
e vascular periférica. Além disso, provoca bradicardia sinusal e exerce ações antiadrenérgicas
não-competitivas que provavelmente não são mediadas pela inibição direta dos receptores
adrenérgicos. Apresenta meia-vida de 45 dias e tem como principal metabólito a n-desetil
amiodarona. Tanto esse antiarrítmico como seu metabólito são provavelmente excretados por
via biliar, visto que sua eliminação renal é praticamente desprezível. Como certas drogas
anfifllicas, a amiodarona apresenta a tendência de induzir o acúmulo de fosfolípides em certas
células e tecidos-alvo. Essa substância apresenta, em sua composição, grande quantidade de
iodo, cerca de 37% de seu peso, responsável, juntamente com a semelhança estIUtural da
droga com os hormônios da tireóide, por seus efeitos na função dessa glândula.
Efeitos eletrofisiológicos
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Prof. Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
Prolonga o potencial de ação e a refratariedade de todas as fibras cardíacas, sem afetar
o potencial de repouso. QUfuldo administrado agudamente o potencial de ação nas fibras de
purkinge é reduzido. Reduz a freqüência sinusal e AVe prolonga o tempo de condução AV.
O metabólito desetilamiodarona possui ação antiarritmica e a demora na constituição
desse metabólico explica em parte o tempo retardado para o efeito antiarritmico da
amiodarona. A inibição da conversão de T4 para T3 conta em parte para os efeitos
eletrofisiológicos da amiodarona.
Ocorre aumento do intervalo QT e aparecimento de onda U. Não ocorre dispersão do
QT. A freqüência sinusal se reduz em cerca de 20%.
A Amiodarona possui efeitos de Classe l, H e IV, além dos efeitos classe lH.
As catecolaminas podem reverter parcialmente os efeitos da amiodarona.
Farmacocinética
A absorção é lenta variável e incompleta. O pico plasmático ocorre em 3 a 7 horas
após a dose oral. Ocorre mínimo efeito de primeira passagem indicando pequena extração
hepática. Eliminação é hepática, com certa quantidade de recirculação entero-hepática. A
desetilamiodarona, principal metabólito ocorre numa constante de 3:2 em relação a droga
inicial. Ambos se acumulam no figado, pulmões, gordura, pele e outros tecidos. A
concentração miocardica é 50 vezes maior que a plasmática. O clearence plasmático é
pequeno e a excreção renal mínima, sendo desnecessário o ajuste de dose na insuficiência
renal. A droga e seu metabólito também não são dializaveis. Volume de distribuição é
variável e alto, em média de 60 lJKg. A ligação proteica é alta (96%). Amiodarona atravessa a
barreira placentária e é encontrado no leite.
O início de ação após uma dose EV ocorre em 2 a 3 horas. Doses orais necessitam de
2 a 3 dias ou mais para demonstrarem eficácia clínica, necessitando doses iniciais de ataque
para diminuição desse período. A concentração sérica terapêutica varia de 1 a 2,5 mcg/m1.
Durante o tratamento oral crônico a concentração sérica tem boa correlação com a dose oral,
na média de 0,5mcg/ml para cada 100mg VO/dia. A meia vida plasmática é multifásica e dura
de 3 a 10 dias a redução a 50% dos níveis plasmáticos após a interrupção da droga, seguida de
uma meia vida terminal que em média possui 50 dias.
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Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Indicações e posologia
Pode ser usada em várias arritmias supraventriculares e ventriculares desde intra-utero
até a idade adulta. Em geral a eficácia da amiodarona equivale ou é maior que as demais
drogas com as mesmas indicações.
Não existe consenso sobre uma dose ótima. Recomenda-se 800 a 1600 mgldia por 1 a
3 semanas, reduzindo-se para 600 a 800 mg por outras 4 semanas e com nova redução para
200 a 400 mg/dia como dose de manutenção. A dose deve ser a menor possível para o melhor
efeito desejado, no intuito de se evitar os efeitos colaterais.
Uma dose de ataque EV pode ser usada nos casos emergenciais. Brauwald sugere 15
mg/min por 10 minutos seguidos de lmglmin por 6 horas e de 0,5 mglmin por outras 18
horas.
Efeitos Colaterais e reações adversas
o conhecimento de seus numerosos efeitos colaterais, em geral dose-dependentes,
deve ser bem difundido. Estes incluem acúmulo corneano, hiperpigmentação cutânea,
hepatotoxicidade, toxicidade pulmonar, neuropatia periférica e disfunções tireoideanas.
Foram descritas reações adversas em vários órgãos e sistemas. Efeitos oculares da
amiodarona são descritos desde 1968. São microdepósitos na córnea, geralmente bilaterais.
Existem evidências de que todo esse processo é reversível com a suspensão ou redução da
dosagem, procedimento que só deve ser sugerido se houver repercussão clínica. o
comprometimento endócrino é relevante, principalmente em relação às disfunções
tireoideanas, sendo abordadas em capítulo a parte. A amiodarona pode provocar importantes
alterações laboratoriais e clínicas que podem variar desde simples alterações em dosagens
tireoideanas, sem repercussão clínica, até quadros importantes de tirotoxicose ou
hipotireoidismo.
Os acometimentos neurológicos mais freqüentes consistem em tremor de mãos e
distúrbios do sono. Mas, sem dúvida, devido a sua freqüência, as alterações dermatológicas
são as mais conhecidas. São descritas alterações cinza azuladas de pele, principalmente na
região da face. Essa hiperpigmentação da pele está relacionada ao tratamento de longa
duração com amiodarona, inexistindo qualquer correlação com fotossensibilização, na
verdade sempre precedendo-a.
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Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
A incidência de disfunções pulmonares em usuários desse antiarritmico varia de 1% a
10%. Essa complicação parece ser mais freqüente em pacientes tomando altas doses do
medicamento (superiores a 600 mg/dia), podendo, entretanto, existir comprometimento
pulmonar em usuários que fazem uso de pequenas doses (200 mg/dia).
Existem pelo menos dois padrões clínicos diversos de enfermidade nos pacientes com
toxicidade pulmonar por arniodarona. Na forma mais comum, as queixas clínicas geralmente
ocorrem progressivamente em prazos de um a dois meses. Existe uma segunda maneira de
instalação da doença, a forma aguda, estabeleci da em horas, com insuficiência respiratória
associada ou não a síndrome do desconforto respiratório agudo, que aparece em um número
bem mais reduzido de casos.
Ancoron (Libbs) 100/200 mg; Angiodarona (Cazi) 200 mg; Angyton (Royton) 200 mg!amp
150 rng
SOTALOL
o sotaloI é uma droga betabloqueadora com caracteristicas peculiares, associando
efeitos eletrofisiológicos típicas das drogas pertencentes às classes TI (potentes propriedades
betabloqueadoras não-cardiosseletivas) e III (prolongamento da repolarização das fibras
cardíacas). Ao eletrocardiograma, provoca aumento do intervalo PR e prolongamento do
intervalo QT. Não apresenta atividade estabilizadora de membrana ou atividade simpática
intrínseca, exceto em altas doses.
Causa o aumento da duração do potencial de ação (concentração-dependente) e
prolongamento dos períodos refratários absolutos dos átrios, ventrículos, NA V e vias
anômalas do bypass, anterógradas ou retrógradas. O mecanismo para o .retardo na
repolarização pode ser conseqüente a inibição das correntes de saída de potássio, nas fases 2e
3 do potencial de ação, o que contribui para retardar a inativação dos canais lentos de cálcio.
O aumento absoluto do cálcio intracelular é responsável pelo aumento da
contratilidade miocárdica. No entanto, este efeito inotrópico positivo é contrabalançado pela
ação betabloqueadora, que provoca a diminuição da freqüência cardíaca, do débito cardíaco e
pressão sistólica, e aumento da resistência vascular periférica. Ocorre assim uma tendência da
droga em agravar a insuficiência cardíaca, embora de forma menos intensa do que os
betabloqueadores convencionais.
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Os efeitos eletrofisiológicos são mais pronunciados em freqüências cardíacas mais
baixas. No eletrocardiograma podemos observar a lentificaçãó da condução intranodal
(aumento do intervalo PR), prolongamento do intervalo QT e alterações mínimas na duração
doQRS.
Farmacocinética:
A absorção por via oral é rápida (2 a 3 h) e completa (> 90%) com biodisponibilidade
próxima a 100%. Alimentos, especialmente o leite e derivados, reduzem a absorção oral em
20%. Seus efeitos betabloqueadores ocorrem em 2 a 3 h. após a absorção e sua concentração
plasmática máxima é atingida em 2 a 3 dias. Por via oral, a dose varia entre 160 a 640 mg/dia
(dose máxima) dividida em duas tomadas, antes das refeições, não sendo necessária dose de
ataque. A dose de manutenção em geral é de 240 a 320 mg/dia. A dose deve ser ajustada de
acordo com a função renal, idade ou presença de fatores de risco para proarritmia.
Por via endovenosa, a dose utilizada varia entre 0,2 a 1,5 mglkg, administrada
lentamente em intervalo superior a 5 minutos, sobre rigorosa monitorização do ECa e da
pressão arterial. Esta formulação comercial ainda não está disponível no Brasil.
Os níveis séricos terapêuticos estão entre 1 a 4 f.l g1rnL. A ligação protéica
praticamente não existe e, por ser pouco lipofilico, sua ação sobre o SNC é mínima. Não
foram identificados metabólitos ativos.
A depuração plasmática primariamente renal, com meia vida de eliminação de 7-18 h,
variando linearmente com o clearance de creatinina. A hemodiálise reduz a meia vida da
droga em 6 h e sua concentração plasmática em 35 a 75%. O ajuste da dose deve ser feito de
acordo com o clearance da creatinina.
Devido a suas propriedades hidrofilicas, seu volume de distribuição está aumentado
nas condições clínicas que representem hipervolemia, idade avançada, insuficiência renal e
cardíaca e nos estados hipodinâmicos.
Durante a gestação a droga atravessa a placenta rapidamente, podendo ocorrer
depressão fetal. Não há evidências de teratogenicidade e a droga é excretada no leite materno.
Uso clínico:
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
É droga de primeira linha, eficaz e bem tolerada na supressão de taquiarritmias
ventriculares sustentadas, refratárias e que representam risco de vida, principalmente quando
associadas a cardiopatia isquêmica.
Possibilita a supressão de extra-sístoles atriais, de taquicardias atriais ectópicas, das
taquiarritmias da síndrome de Wolff-Parkinson-White, sendo útil ainda na redução da
resposta ventricular aoflutter efibrilação atriais.
Estudos recentes demonstraram que o sotalol é superior aos betabloqueadores
convencionais na redução do número e complexidade das extra-sístoles ventriculares e
quando comparado aos antiarrítmicos do grupo I, é mais eficaz na prevenção de fibrilação ou
taquicardia ventriculares induzidas por estimulação elétrica progamada.
Quando comparado à quinidina na manutenção do ritmo sinusal após cardioversão
elétrica da fibrilação atrial crônica, o sotalol não somente é mais eficaz como melhor tolerado.
Tanto no flutter quanto na fibrilação atriais seu efeito na prevenção destas arritmias parece ser
muito mais significativo do que na resolução das mesmas.
Na reversão aguda das IPSV reentrantes é incerto o real papel da droga, entretanto na
síndrome de Wolfl-Parkinson-White, o sotalol aumenta o período refratário efetivo do átrio e
ventrículo direitos, além de deprimir a condução do NAV e feixes acessórios, tanto na direção
anterográda quanto retrógrada, mostrando-se também, muito útil no controle da resposta
ventricular na fibrilação atrial associada a essa arritmia.
O sotalol parece ser eficaz nas taquiarritmias supraventriculares na infãncia, quando
doses maiores que 1,5 mglk:g.foram utilizadas. Contudo, a incidência elevada de proarritmias
observada neste grupo de pacientes e a pequena experiência com o uso pediátrico da droga
tornam necessária cautela no seu uso.
A suspensão abrupta da droga deve ser evitada diante do risco de hipertensão rebote e
do agravamento de angina ou arritmias, resposta comum aos beta-bloqueadores.
Efeitos Colaterais:
Os efeitos colaterais cardíacos e extra-cardíacos se assemelham às reações
anteriormente descritas dos betabloqueadores. Adicionalmente, pode produzir proarritmia (3
a 5% dos casos) relacionadas à síndrome do QT prolongado e torsade de pointes (forma mais
comum de arritmia). Em geral, os efeitos proarrítmicos do sotalol ocorrem após 7 dias do
início do tratamento ou da progressão das doses. Portanto, a monitorização eletrocardiográfica
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
do intervalo QT, dos eletrólitos séricos e da freqüência cardíaca são mandatórias. Quando a
medida do intervalo QTc for igualou superior a 550 msegs, recomenda-se a redução ou
suspensão imediata da droga.
Interações Medicamentosas:
Drogas que prolongam o intervalo QTc, como antiarrítmicos da classe IA (quinidina,
procainamida, disopiramida), certos antihistamínicos (terfenadina, astemizol), fenotiazínas,
eritromicina e antidepressivos tricíclicos, teoricamente aumentam o potencial proarrítmico.
O uso concomitante de diuréticos necessita monitorização sérica do potássio. Os
bloqueadores do cálcio e demais betabloqueadores podem interagir deprimindo a função
ventricular, do nós SA e AV.
Hiperglicemia foi observada com o uso de insulina ou hipoglicemiantes orais. Não há
relato de interação com a digoxina.
Contra-indicações:
Hipersensibilidade conhecida à droga, síndromes do QT longo, presença de fatores de
riscos evidentes para proarritmia além das contra-indicações próprias dos betabloqueadores.
Grupo IV - Bloqueadores de canais de Ca+
O Verapamil é protótipo para este grupo. O Diltiazem possui características
eletrofisiológicas similares. As dihidropiridinas não possuem efeitos e1etrofisiológicos
significativos, não sendo discutidas aqui.
Ação Eletrofisiológica
O Verapamil bloqueia os canais lentos de cálcio em todas as fibras cardiacas,
reduzindo a fase de platô do potencial de ação, encurtando discretamente o potencial de ação
nas fibras musculares e aumentando o potencial de ação nas fibras de purkinge. Não altera a
fase O, nem o potencial de repouso em células de resposta rápida (fase O INa+ dependente).
Causa supressão do nó sinusal e nó AV. Atua na redução do Vmax da fase O, do potencial
máximo diastólico, da amplitude do potencial de ação tanto no nó ,sinusal como no nó AV e
aumenta o tempo de condução e o período refratário do nó AV.
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Verapamil aumenta o intervalo AH sem interferir os intervalos PA, HV, e o QRS.
Aumenta o período refratário do nó AV tanto anterogrado quanto tetrogrado. A freqüência do
nó sinusal diminue, sendo apenas parcialmente reversível pela atropina. Normalmente a
vasodilatação causada pela droga causa de forma reflexa uma redução pouco significativa da
FC. Em associação com o beta bloqueador esse reflexo esta bloqueado e a redução da FC é
potencializada. O Verapamil não atua em vias acessórias. No entanto pelo efeito simpático
reflexo, pode aumentar a resposta atrial da fibrilação atrial e com isso aumentar a resposta
ventricular na fibrilação atrial com síndrome de W olfParkinson White.
Farmacocinética
o prolongamento da condução no nó AV acontece a partir de 30 mino após uma dose
oral, mantendo-se por 4 a 6 horas. Após uma dose EV esse efeito ocorre em cerca de 1 a 2
minutos, sendo detectável por até 6 horas. A concentração plasmática necessária para abolir
uma taquicardia supra ventricular é da ordem de 125 ng/ml após uma dose de 0,075 a 0,150
mglKg. Uma dose oral tem absorção completa rápida mas uma biodisponibilidade de apenas
30% devido efeito de primeira passagem hepática. A meia vida é de 3 a 7 horas e a eliminação
e principalmente renal (70%). Ligação a proteínas séricas é de cerca de 90%. O principal
metabólito Norverapamil possui ação eletrofisiológica e auxilia nessa ação da droga.
Indicações e uso clínico
Segunda opção após a adenosina nas taquiarritmias por reentrada sinusal, AV nodal e
associadas a via anômala (ortodrômica). Taxa de sucesso de até 90%. Dose usual do
verapamil é 10mg EV em 1 a 2 minutos de infusão. Dose pode ser repetida em 30 minutos. A
dose venosa de Diltiazem é de 0,25mg!Kg em bolus de 2 minutos, com uma segunda dose em
15 minutos se necessário.
Beta bloqueadores não devem ser associados ao Verapamil.
Verapamil apesar de poder atuar em certas arritmias ventriculares (fascicular/septal),
usualmente causa colapso circulatório nas formas mais comuns de TV. Portanto é regra geral
não administrar verapamil em taquiarritmias de complexo QRS alargado, salvo certeza
absoluta de sua eficácia para o respectivo caso.
A manutenção oral com Verapami1240 a 480 mg/dia ou diltiazem 120 a 360 mg/dia previnem
a recorrência das taquicardias AV nodal e reciprocante ortodromica do WPW.
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DROGAS VASOATIVAS
Controle do tônus do músculo liso vascular
Assim como outras células musculares, as células do músculo liso vascular sofrem
contração quando aumenta a concentração intracelular de cálcio [Ca2+]i; todavia, o
acoplamento entre [Ca2+]i e a concentração é menos rigoroso do que no músculo estriado ou
no músculo cardíaco. Os vasoconstritores e os vasodilatadores atuam ao aumentar ou reduzir
a [Ca2+]i e/ou alterar a sensibilidade da estrutura contrátil ao [Ca2+]i.
Mecanismo de Contração
o Ca2+ intracelular no músculo liso vascular encontra-se principalmente no
retículo sarcoplasmático, que é o principal local de armazenamento do Ca2+ LIBERÁ VEL, e
nas mitocôndrias.
Muitos vasoconstritores ativam a fosforilase C (uma enzima ligada à membrana),
aumentando o IP3 (trifosfato de inositol). Este ativa receptores do retículo, liberando Ca2+ no
citoplasma. No músculo liso o complexo Ca2+-calmodulina regula a quinase de mio sina
MLCK, que fosforila as cadeias livres da miosina, permitindo a interação da miosina + actina
iniciando assim o processo de CONTRAÇÃO.
Mecanismo de Relaxamento
Os agentes que produzem relaxamento podem atuar reduzindo a [Ca2+]i. (1) Os
canaiS de potássio (K+) sensíveis ao ATP intracelular são abertos por drogas, como o
diazóxido, provocando hiperpolarização e, assim, impedindo à. abertura dos canais de Ca2+.
(2) Receptores acoplados à adenilato cic1ase aumentam a produção de cAMP. Este atua
inibindo a contração. (3) A estimulação da guanilato cic1ase solúvel pelo NO (fator de
relaxamento derivado do endotélio) aumenta a formação de cGMP, é este que relaxa o
músculo liso vascular.
Ação Direta das Drogas
As drogas vasoativas incluem os vasodilatadores e vasos constritores.
100
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júniar
Contração
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Controle do músculo liso vascular. Os agentes que produzem contração o fazem através do
aumento da [Ca2+], ou da sensibilidade dos miofilamentos ao Ca2+. Ocorre aumento de
[Ca2+], de várias maneiras: (1) Receptores acoplados à fosfolipase C (PLC), que resultam em
produção de trifosfato de inositol (IP3) com produção e liberação de Ca2+ armazenado (2)
Canais de Ca21+ regulados por voltagem, que se abrem em resposta à despolarização (3)
Canais operados por receptores, que permitem a entrada do Ca2+e que também causam
despolarização. (4) Redução da atividade da mio sina fosfatase, que provoca contração através
da sensibilização do Ca2+. Os agentes que produzem relaxamento podem atuar ao reduzir a
[Ca2+]i ou diretamente na estrutura contrátil: (5) os canais de K+ sensíveis ao ATP intracelular
são abertos por certas drogas, como o diazóxido, provocando hiperpolarização e, assim,
impedindo a abertura dos canais de Ca2+ regulados por voltagem (6) Receptores (ex., para
PGh adenosina) acoplados à adenilato ciclase, cuja ativação provoca aumento da produção de
cAMP. Este atua através da proteína quinase A (PKA) e de quinase da mio sina de cadeia leve
(MLCK), inibindo a contração. Os inibidores da fosfodiesterase (PDE) protegem o cAMP ou
cGMP contra a degradação. (7) A estimulação da guanilato ciclase solúvel pelo NO aumenta a
formação de cGMP. (8) O ANP ocupa um receptor que está diretamente acoplado à guanilato
cic1ase ligada à membrana. (Enzimas: AC -= adenilato cic1ase: GC = guanilato cic1ase;
MLCK = quinase miosina de cadeia leve; PKA = proteína quinase cAMP-dependente; PKQ =
proteína quinase cGMP-dependente.) Este diagrama só mostra as principais vias.
101
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
UTILIZAÇÃO DOS VASOCONSTRITORES
Choques e Estados Hipotensos
o choque é uma emergência médica caracterizada por difusão inadequada dos
órgãos vitais, geralmente devido a uma pressão arterial muito baixa.
A hipotensão resulta em falência de múltiplos órgãos e os especialistas em terapia
intensiva dedicam muitos esforços para manter a circulação desses pacientes com coquetéis
de drogas vasoativas (p. ex. adrenalina, dobrutamina, dopamina, prostaciclina) planejados
para otimizar o fluxo dos órgãos vitais.
Embolia Pulmonar
Na embolia pulmonar a hipotensão pode ser causada por baixo débito cardíaco
secundário a obstrução do trato de saída do VD ou a disfunção miocárdica por isquemia. A
terapia inicial deve incluir a administração agressiva de líquidos cristalóides quando a pressão
venosa central (PVC) for normal ou o uso de vasopressores como a dopamina caso a PVC
esteja normal ou aumentada.
Crise Supra-renal
Suas manifestações se devem basicamente a deficiência de cortisol. A hipotensão
é comum, inclusive a hipotensão postural. O tratamento deve ser instituído de imediato
incluindo a reposição de líquidos e sódio, administração de glicocorticóides, a correção da
hipotensão é realizada com ajuda de agentes vasopressores.
Vasoconstritores Endógenos
Os agentes dos receptores ALFAl-adrenérgicos e as drogas que liberam
noradrenalina das terminações simpáticas ou que inibem a sua captação ("aminas
simpaticomiméticos") provocam VASOCONSTRIÇÃO. Alguns eicosanóides (produtos
derivados do ádico aniquidônico importante na reação inflamatória) como o tromboxano A2 e
diversos peptídeos como endotelina, a angiotensina e a vasopressina são predominantes
vasoconstritores. Alcalóides do esporão do centeio que atuam em receptores 5-HT causam
vasoconstrição. Trataremos aqui da: angiotensina, vasopressina, endotelina e alcalóides do
esporão do centeio.
102
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Angiotensina: é um potente vasoconstritor produzido no figado com potência de
40 vezes maior que a adrenalina na elevação da pressão arterial. Seus efeitos periféricos
assemelham-se aos dos agonistas dos receptores ALFAI. Sua importância farmacológica
reside no fato de que outras drogas (por ex. captopril e losartan) afetam a produção da
angiotensina.
Vasopressina (hormônio antidiurético): é um hormônio peptídeo da neuro
hipófise, importante em virtude de seus efeitos sobre os rins. Provoca retenção de água e tem
a capacidade de potente vasoconstrição generalizada, incluindo vasos mesentéricos,
coronarianos. É algumas vezes utilizada no tratamento de pacientes com varizes esofágicas
hemorrágicas.
Endotelina: exercem efeitos tanto dilatadores como vasoconstritores, com
predomínio da vasoconstrição. São mais potentes que a angiotensina lI. Contudo, ainda não
tem nenhuma aplicação clínica e sua importância farmacológica irá residir no fato de que
outras drogas afetam o sistema cardiovascular alterando a produção ou ação das endotelinas.
Alcalóides do esporão do centeio : constitui um grupo de drogas de dificil
classificação onde a maioria atua em receptores 5-HT de forma não seletiva. Esses alcalóides
ocorrem naturalmente em fungos que infestam grãos de areais. Tem a capacidade de provocar
elevação persistente da pressão arterial visto que ativa receptores ALFA-adrenérgicos,
resultando em vasoconstrição.
DROGASVASOCONSTRITORAS
Também chamadas estimulantes do músculo liso, são usadas em várias condições em
que é necessária a vasoconstrição, em anestesia, arritmias, hemorróidas, hipotensão,
enxaqueca, congestão nasal, oftalmologia e choque.
Etilefrina
Nome comercial: Efortil ® (Boehringer Ingelheim).
Farmacodinâmica: vasoconstritor.
:MECANISMODE AÇÃO (M.A.): Atua de modo simpaticomimético por se ligar
aos receptores ALF A e BET A-adrenérgicos. Por sua ação ionotrópica positiva e sobre o
103
Prof. Dr. Itamar s. de Oliveira-Júnior
sistema circulatório, aumenta o débito cardíaco e eleva a pressão arterial. Usada na forma de
cloridrato. Suas formas farmacêuticas: comprimidos, frascos e ampolas.
Metaraminol
Nome comercial: Aramin ® (Cristália).
Farmacodinâmica: vasoconstritor e agente de reversão do priapismo.
M.A.: Atua primariamente sobre receptores ALFA-adrenérgicos de modo direto.
Indiretamente liberando norepinefrina de seus locais ligantes. Também estimula diretamente
os receptores BET Al-adrenérgicos do coração. Produz igualmente vasoconstrição pulmonar,
aumento do tono venoso e diminuição do fluxo sanguíneo cerebral.
Formas farmacêuticas: ampolas, frasco-ampola
Norepinefrina
M.A : resulta do estímulo dos receptores ALF A-adrenérgicos; o acentuado efeito
vasoconstritor se deve principalmente ao aumento da resistência vascular periférica. Também
estimula receptores BETA1-adrenérgicos estimulando o miocárdio e aumentando o débito
cardíaco ( sendo útil no choque cardiogênico por Infarto Agudo do Miocárdio).
No Brasil só é comercializada em associação com o anestésico locallidocaína.
N oradrenalina
É um neurotransmissor do sistema nervoso simpático e precursor endógeno da adrenalina.
M. A.: interage com receptores ALF A e BET A - adrenérgicos.
Indicações: deve ser empregada como droga vasopressora de eleição na sepse hiperdinâmica
quando outros medicamentos falharem para elevar a pressão arterial. Pode ser utilizada em
pacientes severamente hipovolêmicos e hipotensos até que se processem as manobras de
reposição volêmica.
Observação: Epinefrina = Adrenalina.
DROGAS VASODILATADORAS
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r----------------------~~------- __. _
Prof. Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
Muitos vasodilatadores são usados no tratamento da hipertensão, insuficiência
cardíaca e angina do peito.
Existem os vasodilatadores de ação direta (atua diretamente nas células
musculares lisas) e ação indireta (atua nas células endoteliais e terminações nervosas
simpáticas) .
Vasodilatadores de ação direta
• Antagonistas do Ca2+ ~ são drogas utilizadas no tratamento de angina e de
ICe.
v' Diidropiridina (antodipina inimodipina): atuam preferencialmente no
músculo liso vascular. Está incluído a nitedipina.
v' Verapamil: além de agir na musculatura vascular atua também no
coração.
v' Diltiazem: é um intermediário em termos de capacidade.
As diidropirinas geralmente produzem taquicardia reflexa transitória em
conseqüência da redução da pressão arterial. O verapamil e o diltiazem não o
fazem porque além de reduzir a pressão arterial reduzem também a velocidade
do marcapasso cardíaco através de sua capacidade direta sobre o coração.
• Drogas que ativam os canais de K+ ~ relaxam o músculo liso através do
aumento da permeabilidade da membrana ao K+ (abrindo os canais de K+), e isso
hiperpolariza a membrana desligando os canais de Ca2+ inibindo um potencial de ação. Os
canais de K+ em alguma célula (músculo cardíaco, células beta secretoras de insulina no
pâncreas) são fechados pelo ATP, então essas drogas atuam antagonizando o ATP permitindo
a abertura e relaxamento desses canais.
v' Diazóxido: provoca hiperglicemia (inibir a secreção de insulina). É
administrado por IV no tratamento de emergência da hipertensão.
v' Minoxidil: é um vasodilatador potente de ação prolongada, utilizada como
fármaco de última escolha no tratamento de hipertensão grave. Causa
taquicardia reflexa.
• Agentes que atuam aumentando a concentração de nucleotídeos cíclicos ~
relaxam a musculatura lisa vascular através de aumento na concentração celular de cG1vfP e
cAMP.
105
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júniar
-./ Dopamina: exerce ações vasodilatadoras e vasoconstritoras mistas.
Produz uma mistura de efeitos cardiovasculares resultantes de suas ações
agonistas sobre receptores ALFA e BETA-adrenérgicos, bem como sobre
receptores de dopamina, quando administrada por infusão intravenosa. A
PA aumenta ligeiramente, porém, há vasodilatação na circulação renal e
aumento do débito cardíaco. Em baixas doses a dopamina é relativamente
seletiva para os receptores de dopamina na vasculatura renal, em doses
maiores os efeitos sobre os receptores ALFA e BETA-adrenérgicos
tornam-se progressivamente mais evidentes. Os principais efeitos são:
vasodilatação nos rins, vasoconstrição em outro leito vascular causada pela
ativação dos receptores ALFAl-adrenérgicos, aumento da força de
contração do coração, devido a ativação dos receptores BETAl
adrenérgicos. Essa droga é mais utilizada em UTI em pacientes com
insuficiência renal associada a redução da perfusão renal.
-./ Nitroprusseto (nitroferricianeto): é um vasodilatador potente. Sofre
degradação fisiológica produzindo óxido nítrico. Atua sobre o músculo
liso arterial e venoso. Deve ser administrado por via IV na forma de
infusão contínua, com cuidadosa monitorização para evitar a ocorrência de
hipotensão excessiva. Ocorre taquicardia reflexa, potencializada pelo
bloqueio dos receptores ALFAz.O ALFAl que faz aumentar a liberação de
noradrenalina, aumentando a taquicardia.
Vasodilatadores com mecanismo de ação desconhecido
-./ Hidralazina: atua sobre artérias e arteríolas causando queda da PA,
acompanhada de taquicardia reflexa e aumento do débito cardíaco. Parece
que inibe a liberação de Caz+ do retículo sarcoplasmático. É pouco
utilizada devido a sua toxicidade.
./ Etanol: dilata vasos cutâneos. Vários anestésicos gerais por ex.: propofol
causam vasodilatação como efeito indesejável.
106
Prof. Dro Itamar S. de Oliveira-Júnior
Vasodilatadores de ação indireta
Os dois grupos mais importantes de vasodilatadores indiretos são os que inibem a
vasoconstrição de mediação simpática e os que inibem o sistema renina-angiotensina.
• Drogas que inibem a via simpática: antagonistas dos receptores ALFA
adrenérgicos .
./ Antagonistas não seletivos dos receptores dos receptores ALFA: Ex:
Fenoxibenzamina e fentolamina : além de antagonizar os receptores ALFA
I E ALFA 2 também antagoniza as ações da acetilcolina, histamina e 5
hidroxitriptamina - causam queda da PA e hipotensão postural.
./ Antagonistas ALF A1 seletivos: ex: Piazolina, doxazosina e terazosina.
São drogas altamente seletivas para receptores ALFAI, causam
vasodilatação e queda de PA, porém com menos taquicardia .
• Drogas que inibem o sistema renina-angiotensina
./ Inibidores de enzima conversora de angiotensina (ECA). Ex.: captopril,
enalapril, lisinopril, ramipril, peridropil e trandolapril. Essas drogas
reduzem a PA, inibindo a angiotensina. Não afetam a contratilidade
cardíaca de modo que o débito cardíaco normalmente aumenta e atuam
preferencialmente nos leitos vasculares sensíveis a angiotensina que
incluem aqueles dos rins, coração e cérebro. Essas drogas são indicadas
em hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, após IAM, nefropatia
diabética e insuficiência renal progressiva.
./ Antagonistas dos receptores de angiotensina 11do subtipo 1: saralasina
- inibe o efeito vasoconstritor da angiotensina II - deve ser administrado
por via parentera!. Já o Losartan pode ser administrado oralmente. São
indicados para pacientes com hipertensão e que o tratamento com
inibidores de ECA causam-lhe tosse seca. Sua preparação deve ser feita no
momento da administração e o frasco deve ser protegido da luz com papel
laminado. Esse medicamento é útil apenas para tratamento a curto prazo. É
utilizado em UTI para crises hipertensivas, para produzir hipotensão
controlada na cirurgia e para reduzir o trabalho cardíaco durante a
107
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
disfunção cardíaca reversível que ocorre após cirurgia de by pass
cardíopulmonar.
Precauções com o uso de vasodilatadores em insuficiência cardíaca
1. Embora os pacientes com IC sejam resistentes aos hipotensores, deve-se tomar
cuidado com a titulação e a dosagem para evitar grandes quedas de pressão.
2. Os vasodilatadores de efeitos vasculares pulmonares (nitroprussiato,
fentolamina e associação de nitratos e hidralazina) podem causar hipoxemia e isto pode
tornar-se problema quando a P02 é muito baixa.
3. A terapia vasodilatadora deve ser suspensa gradualmente, pois sua suspensão
abrupta pode causar falência ventricular esquerda aguda.
4. O uso prolongado de vasodilatadores pode causar retenção de Na+ e H20,
necessitando de terapia diurética.
~ Vários mecanismos podem contribuir para o desenvolvimento de tolerância
pela terapia vasodilatadora prolongada: atuação de forças vasoconstritoras endógenas,
aumento da reação vascular devido a retenção de Na+ e H20, redução da afinidade da droga
com seus receptores, redução do número de receptores específicos.
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Prot Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
12.Antihipertensivos
o objetivo primordial do tratamento da hipertensão arterial é a redução da morbidade e
da mortalidade cardiovasculares do paciente hipertenso, aumentadas em decorrência dos altos
níveis tensionais, sendo utilizadas tanto medidas não-medicamentosas isoladas como
associadas a medicamentos anti-hipertensivos.
Assim, os agentes anti-hipertensivos a serem utilizados no tratamento do paciente
hipertenso devem permitir não somente a redução dos níveis tensionais, mas também a
redução da taxa de eventos mórbidos cardiovasculares fatais e não-fatais.
Até o presente momento, a redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares
em hipertensos leves a moderados foi demonstrada de forma consistente, em inúmeros
estudos, apenas para os diuréticos e betabloqueadores.
Em relação à pressão arterial, o tratamento medicamentoso visa a reduzir os níveis de
pressão para valores inferiores a 140 mmHg de pressão sistólica e a 90 mmHg de pressão
diastólica, respeitando-se as características individuais, a co-morbidade e a qualidade de vida
dos pacientes. Reduções da pressão para níveis inferiores a 130/85 mmHg podem ser úteis em
situações específicas, como em pacientes com nefropatia proteinúrica e na prevenção de
acidente vascular cerebral.
Princípios Gerais do Tratamento Medicamentoso
Depois de decidido o tratamento medicamentoso, devem-se observar os critérios
relacionados no Quadro 1.
Escolha do Medicamento Anti-Hipertensivo
Os medicamentos anti-hipertensivos de uso corrente em nosso meio podem ser
divididos em 6 grupos, apresentados no Quadro 2.
Qualquer grupo de medicamentos, com exceção dos vasodilatadores de ação direta,
pode ser apropriado para o controle da pressão arterial em monoterapia inicial, especialmente
para pacientes portadores de hipertensão arterial leve a moderada, que não responderam às
109
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveíra-Júnior
medidas não-medicamentosas. Sua escolha deverá ser pautada nos princípios gerais descritos
anteriormente.
Além do controle da pressão arterial, já mencionado, os anti-hipertensivos também
devem ser capazes de reduzir a morbidade e a mortalidade cardiovasculares dos hipertensos.
Essa capacidade, já demonstrada para diuréticos e betabloqueadores, também foi observada,
recentemente, em um estudo (Syst-Eur) com pacientes idosos portadores de hipertensão
arterial sistólica isolada tratados com nitrendipina, um antagonista dos canais de cálcio
diidropiridínico, isoladamente ou em associação com o inibidor da ECA enalapril.
Estão sendo realizados vários estudos com inibidores da ECA e antagonistas do
receptor da angiotensina II e com outros antagonistas dos canais de cálcio, para avaliar o
impacto dessas drogas sobre a morbidade e a mortalidade cardiovasculares dos hipertensos.
Entretanto, até o presente momento não existem dados que permitam avaliar a capacidade de
essas classes terapêuticas influenciar esses parâmetros.
Diuréticos
o mecanismo anti-hipertensivo dos diuréticos está relacionado, numa primeira fase, à
depleção de volume e, a seguir, à redução da resistência vascular periférica decorrente de
mecanismos diversos.
São eficazes como monoterapia no tratamento da hipertensão arterial, tendo sido
comprovada sua eficácia na redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares. Como
anti-hipertensivos, dá-se preferência aos diuréticos tiazídicos e similares. Diuréticos de alça
são reservados para situações de hipertensão associada a insuficiências renal e cardíaca.
Os diuréticos poupadores de potássio apresentam pequena potência diurética, mas
quando associados a tiazídicos e diuréticos de alça são úteis na prevenção e no tratamento de
hipopotassemia. O uso de diuréticos poupadores de potássio em pacientes com redução de
função renal pode acarretar hiperpotassemia.
Entre os efeitos indesejáveis dos diuréticos, ressalta-se fundamentalmente a
hipopotassemia, por vezes acompanhada de hipomagnesemia (que pode induzir arritmias
ventriculares), e a hiperuricemia. É ainda relevante o fato de os diuréticos poderem provocar
intolerância à glicose. Podem também promover aumento dos níveis séricos de triglicerídeos,
110
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
em geral dependente da dose, transitório e de importância clínica ainda não comprovada. Em
muitos casos, provocam disfunção sexual. Em geral, o aparecimento dos efeitos indesejáveis
dos diuréticos está relacionado à dosagem utilizada.
Quadro 1
,~~~i,~~~,~~~,?~,?,:":",,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,,",,,,,,,,,,,,,.,,,,_,
• O medicamento deve ser eficaz por via oral
• Deve ser bem tolerado
• Deve permitir a administração do menor número possível de tomadas diárias, com preferênciapara aqueles com posologia de dose única diária
• O tratamento deve ser iniciado com as menores doses efetivas preconizadas para cada situaçãoclínica, podendo ser aumentadas gradativamente e/ou associar-se a outro hipotensor de classefarmacológica diferente (deve-se levar em conta que quanto maior a dose, maiores são asprobabilidades de surgirem efeitos indesejáveis)
• Respeitar um período mínimo de 4 semanas para se proceder o aumento da dose e ou aassociação de drogas, salvo em situações especiais
• Instruir o paciente sobre a doença, sobre os efeitos colaterais dos medicamentos utilizados esobre a planificação e os objetivos terapêuticas
• Considerar as condições socioeconômicas
Quadro 2
Inibidores.H ••.••.•.••••••u._ ..... _.... H ••••••••••
Vasodilatadores diretos.......................... - ... .
lni?idoresdét _enziIll(1conversora~ét _angi otensiI1ét''' __.",_' '_""' •••• u •••• "._••.."•••.••••••••• '_' ._._._".
dos canais de cálcio
Antagonistas do receptor da angiotensina TI
111
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
lnibidores adrenérgicos
a) Ação central
Atuam estimulando os receptores alfa-2-adrenérgicos pré-sinápticos (alfametildopa,
c10nidinae guanabenzo) e/ou os receptores imidazolidínicos (moxonidina) no sistema nervoso
central, reduzindo a descarga simpática. A eficácia anti-hipertensiva desse grupo de
medicamentos como monoterapia é, em geral, discreta. Até o presente momento, não existe
experiência clínica suficiente em nosso meio com o inibidor dos receptores imidazolidínicos.
Essas drogas podem ser úteis em associação com medicamentos de outras classes
terapêuticas, particularmente quando existem evidências de hiperatividade simpática.
Entre os efeitos indesejáveis, destacam-se aqueles decorrentes da ação central, como
sonolência, sedação, boca seca, fadiga, hipotensão postural e impotência. Especificamente
com a alfametildopa, pode ocorrer ainda, com pequena freqüência, galactorréia, anemia
hemolítica e lesão hepática. O emprego da alfametildopa é contra-indicado na presença de
disfunção hepática. No caso da clonidina, destaca-se a hipertensão rebote, quando da
suspensão brusca da medicação.
b) Alfa-l bloqueadores
Apresentam baixa eficácia como monoterapia, devendo ser utilizados em associação
com outros anti-hipertensivos. Podem induzir o aparecimento de tolerância farmacológica,
que obriga o uso de doses crescentes. Têm a vantagem de propiciar melhora do metabolismo
lipídico (discreta) e da urodinâmica (sintomas) de pacientes com hipertrofia prostática. Os
efeitos indesejáveis mais comuns são: hipotensão postural (mais evidente com a primeira
dose), palpitação e, eventualmente, astenia.
c) Betabloqueadores
O mecanismo anti-hipertensivo, complexo, envolve diminuição do débito cardíaco
(ação inicial), redução da secreção de renina, readaptação dos barorreceptores e diminuição
das catecolaminas nas sinapses nervosas. Esses medicamentos são eficazes como
monoterapia, tendo sido comprovada sua eficácia na redução da morbidade e da mortalidade
cardiovasculares. Aqueles com atividade simpatomimética intrínseca são úteis em gestantes
112
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
hipertensas e em pacientes com feocromocitoma. Constituem a primeira opção na hipertensão
arterial associada a doença coronariana ou arritmias cardíacas. São úteis em pacientes com
síndrome de cefaléia de origem vascular (enxaqueca). Entre as reações indesejáveis dos
betabloqueadores destacam-se: broncoespasmo, bradicardia excessiva (inferior a 50 bat/min),
distúrbios da condução atrioventricular, depressão miocárdica, vasoconstrição periférica,
insônia, pesadelos, depressão psíquica, astenia e disfunção sexual. Do ponto de vista
metabólico, podem acarretar intolerância à glicose, hipertrigliceridemia e redução do HDL
colesterol. A importância clínica das alterações lipídicas induzidas pelos betabloqueadores
ainda não está comprovada. A suspensão brusca desses bloqueadores pode provocar
hiperatividade simpática, com hipertensão rebote e/ou manifestações de isquemia miocárdica.
Os betabloqueadores são formalmente contra-indicados em pacientes com asma, doença
pulmonar obstrutiva crônica e bloqueio atrioventricular de 29. e 32 graus. Devem ser utilizados
com cautela em pacientes com doença arterial obstrutiva periférica.
Vasodilatad9res diretos
Os medicamentos desse grupo, como a hidralazina e o minoxidil, atuam diretamente
sobre a musculatura da parede vascular, promovendo relaxamento muscular com conseqüente
vasodilatação e redução da resistência vascular periférica. Em conseqüência da vasodilatação
arterial direta, promovem retenção hídrica e taquicardia reflexa, o que contra-indica seu uso
como monoterapia, devendo ser utilizados associados a diuréticos e/ou betabloqueadores.
Antagonistas dos canais de cálcio
A ação anti-hipertensiva dos antagonistas dos canais de cálcio decorre da redução da
resistência vascular periférica por diminuição da concentração de cálcio nas células
musculares lisas vasculares. Não obstante o mecanismo final comum, esse grupo de anti
hipertensivos é dividido em 4 subgrupos, com características químicas e farmacológicas
diferentes: fenilalquilaminas (verapamil), benzotiazepinas (diltiazem), diidropiridinas
(nifedipina, isradipina, nitrendipina, felodipina, amlodipina, nisoldipina, lacidipina) e
antagonistas do canal T (mibefradil).
113
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
São medicamentos eficazes como monoterapia, e a nitrendipina mostrou-se também
eficiente na redução da morbidade e da mortalidade cardiovasculares em idosos com
hipertensão sistólica isolada.
No tratamento da hipertensão arterial, deve-se dar preferência ao uso dos antagonistas
dos canais de cálcio de longa duração de ação (intrínseca ou por formulação galênica), não
sendo recomendada a utilização de antagonistas dos canais de cálcio de curta duração de
ação.
Os efeitos adversos desse grupo incluem: cefaléia, tontura, rubor facial (mais
freqüentes com diídropiridínicos de curta duração de ação) e edema periférico. Mais
raramente, podem induzir hipertrofia gengival. Os diídropiridínicos de curta duração de ação
acarretam importante estimulação simpática reflexa, deletéria ao sistema cardiovascular.
Verapamil e diltiazem podem provocar depressão miocárdica e bloqueio atrioventricular.
Bradicardia excessiva também tem sido relatada com essas duas drogas e com o mibefradil
especialmente quando utilizados em associação com betabloqueadores. Obstipação intestinal
é um efeito indesejável observado principalmente com verapamil.
Inibidores da enzima conversora da angiotensina
O mecanismo de ação dessas substâncias é fundamentalmente dependente da inibição
da enzima conversora, bloqueando, assim, a transformação da angiotensina I em II no sangue
e nos tecidos. São eficazes como monoterapia no tratamento da hipertensão arterial.
Também reduzem a morbidade e a mortalidade de pacientes hipertensos com
insuficiência cardíaca, e de pacientes com infarto agudo do miocárdio, especialmente
daqueles com baixa fração de ejeção. Quando administrados a longo prazo, os inibidores da
ECA retardam o declínio da função renal em pacientes com nefropatia diabética e de outras
etiologias.
Entre os efeitos indesejáveis, destacam-se tosse seca, alteração do paladar e reações de
hipersensibilidade (erupção cutânea, edema angioneurótico). Em indivíduos com insuficiência
renal crônica, podem induzir hiperpotassemia. Em pacientes com hipertensão renovascular
bilateral ou com rim único, podem promover redução da filtração glomerular com aumento
dos níveis séricos de uréia e creatinina.
114
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Seu uso em pacientes com função renal reduzida pode se acompanhar de aumento dos
níveis séricos de creatinina. Entretanto, a longo prazo, prepondera o efeito nefroprotetor
dessas drogas.
Em associação com diurético, a ação anti-hipertensiva dos inibidores da ECA é
magnificada, podendo ocorrer hipotensão postural.
Seu uso é contra-indicado na gravidez. Em adolescentes e mulheres jovens em idade
fértil e que não façam uso de método anticoncepcional medicamente aceitável, o emprego dos
inibidores da ECA deve ser cauteloso devido ao risco de malformações fetais.
Antagonistas do receptor da angiotensina n
Essas drogas antagonizam a ação da angiotensina II por meio do bloqueio específico
de seus receptores AT 1. São eficazes como monoterapia no tratamento do paciente hipertenso.
Em um estudo (ELITE), mostraram-se eficazes na redução da morbidade e da mortalidade de
pacientes idosos com insuficiência cardíaca.
Apresentam bom perfil de tolerabilidade e os efeitos colaterais relatados são tontura e,
raramente, reação de hipersensibilidade cutânea ("rash").
As precauções para seu uso são semelhantes às descritas para os inibidores da ECA.
Esquemas Terapêuticos
Os medicamentos preferenciais para o controle da pressão arterial em monoterapia
inicial são diuréticos, betabloqueadores, antagonistas dos canais de cálcio, inibidores da
enzima conversora da angiotensina e antagonistas do receptor da angiotensina lI.
O tratamento deve ser individualizado e a escolha inicial do medicamento como
monoterapia deve basear-se no mecanismo fisiopatogênico pr~dominante, nas características
individuais, nas doenças associadas, nas condições socioeconômicas e na capacidade de o
medicamento influir sobre a morbidade e a mortalidade cardiovasculares.
A dose do medicamento como mono terapia deve ser ajustada até que se consiga
redução da pressão arterial a um nível considerado satisfatório para cada paciente (em geral,
inferior a 140/90 mmHg). O ajuste deve ser feito buscando-se a menor dose eficaz, ou até que
smjam efeitos indesejáveis. Se o objetivo terapêutico não for conseguido com a monoterapia
inicial, são possíveis três condutas:
115
Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
a) Se o efeito for parcial ou nulo e sem reação adversa, recomenda-se o aumento da dose do
medicamento escolhido para mono terapia inicial ou a associação com medicamento de outra
classe terapêutica.
b) Quando não ocorrer efeito na dose máxima preconizada, ou se surgirem efeitos
indesejáveis, recomenda-se a substituição da droga em monoterapia. T'
c) Se, ainda assim, a resposta for inadequada, devem-se associar duas ou mais drogas.
Finalmente, como mencionado anteriormente, os esquemas terapêuticos instituídos
devem procurar conservar a qualidade de vida do paciente, resultando em melhor adesão às
recomendações médicas.
Os medicamentis mais indicados são:
Farmacologia do Atenolol
Propriedades Farmacodinâmicas:
O Atenolol é um betabloloqueador beta-l seletivo (isto é, age preferencialmente sobre
os receptores adrenérgicos beta-l do coração). A seletividade diminui com o aumento da
dose. O Atenolol não possui atividade simpatomimética intrínseca, nem atividade
estabilizadora de membrana. Assim como outros betabloqueadores, o Atenolol possui efeito
inotrópico negativo e, portanto, deve ser evitado na insuficiência cardíaca descompensada.
É provável que a ação do Atenolol na redução da freqüência econtratilidade cardíacas
faça com que ele se mostre eficaz na eliminação ou redução de sintomas de paciente com
angma.
Atenolol é efetivo e bem tolerado na maioria das populações étnicas, apesar de sua
resposta poder ser menor em pacientes negros.
Propriedades Farmacocinéticas:
A absorção do Atenolol após a administração oral é consistente mas incompleta
(aproximadamente 40-50%), com picos de concentração plasmática que ocorrem 2-4 horas
após a administração da dose. Os níveis sanguíneos de Atenolol são consistentes e sujeitos à
pequena variabilidade. Não há metabolismo hepático significativo e mais de 90% da
quantidade absorvida alcançam a circulação sistêmica inalterados. A meia-vida plasmática é
cerca de 6 horas, mas pode se elevar na presença de comprometimento renal grave, uma vez
que os rins são a principal via de eliminação. O AtenoIol penetra muito pouco nos tecidos
116
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
devido a sua baixa solubilidade lipídica, e sua concentração no cérebro é baixa. Sua ligação às
proteínas plasmáticas é baixa (aproximadamente 3%).
Atenolol é efetivo por pelo menos 24 horas após dose oral única diária. Essa
simplicidade de dose facilita a aceitação do tratamento por parte do paciente.
Farmacologia do Captopril
O primeiro fármaco inibidor da Enzima Conversora de Angiotensina (ECA), que é
uma enzima carboxipeptidase responsável pela conversão de Angiotensiva I (que é
praticamente inativa) em Angiotensina II através da remoção de dois aminoácidos.
A Angiotensina lI, além de promover vasoconstrição, estimula a secreção de
aldosterona no córtex adrenal, levando à retenção de sódio e água. O reflexo destas ações é
um aumento da pressão arterial promovido pela Angiotensina II, portanto, a ação do captopril
como uma ferramenta útil no tratamento da hipertensão, deve-se ao seu efeito de reduzir a
produção de Angiotensina lI.
O captopril apresenta um grupamento sulfidrila que se liga ao átomo de zinco da
Enzima Conversora de Angiotensina, desta forma, inativando-a .
O captopril, assim como os demais inibidores da ECA, afetam tanto a resistência
quanto a capacitância dos vasos e, assim, reduzem tanto a pressão arterial quanto a carga
cardíaca. Ao contrário de outros vasodilatadores, ele não afeta a contratilidade cardíaca, e,
portanto, o débito cardíaco normalmente aumenta. O captopril age preferencialmente nos
leitos vasculares sensíveis a angiotensina, que incluem aqueles dos rins, coração e cérebro.
Esta seletividade pode ser importante para manter uma adequada perfusão destes órgãos vitais
diante da redução de perfusão.
Farmacologia do Maleato de Enalapril
Maleato de Enalapril é um derivado de dois aminoácidos, L-alanina e L-prolina. Após
administração oral, Maleato de Enalapril é rapidamente absorvido e, a seguir, hidrolisado a
enalaprilato, que é um inibidor da enzima conversora de angiotensina (ECA) altamente
específico, de longa ação e não sulfidrílico. Pode ser usado isoladamente como terapia inicial
ou associado à outros anti-hipertensivos, particularmente os diuréticos. Maleato de Enalapril
inibe a formação de Angiotensina n, um potente vasoconstritor (substância que diminui o
calibre dos vasos sangüíneos e aumenta a pressão arterial), que também estimula a secreção
de Aldosterona (substância responsável pela retenção de água e sódio no organismo).
117
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júniar
Portanto, a inibição da ECA resulta em um nível plasmático diminuído de Angiotensina TI, e
como conseqüência, leva à uma diminuição da atividade vasopressora e diminuição da
secreção da Aldosterona (o que pode resultar em discreto aumento nos níveis séricos do
potássio). Através desta ação, o Maíeato de Enalapril pode também facilitar o trabalho do
coração, tomando-o mais eficiente, o que é importante em casos de insuficiência cardíaca. O
início da ação do lYÍaleato de Enalapril é suave e gradativo; inicia-se dentro de uma hora e
seus efeitos geralmente continuam por 24 horas. O controle da pressão arterial é, em geral,
obtido após alguns dias de tratamento.
Farmacologia da Furosemida
Consiste num dos principais diuréticos de alça, sendo estes os diuréticos maiS
poderosos de todos, capazes de acarretar a excreção de 15-25% do sódio existente no filtrado.
A rurosemida ag0 ~vbre u :St:glUt:l1lVt:;spt::ssoda alça de Henle ascendente, inibindo o
transporte de cloreto de sódio para fora do túbulo e para dentro do tecido intersticial através
da inibição UVlHUlSVOHCtOor NaT ; K -r I2C1L- na l11t:üÜJ!alla .iüllrÍüal.
Associação de Agentes Anti-hipertensivos
As associações de drogas devem seguir um racional, obedecendo-se a premissa de não
associar drogas com mecanismos de ação similares, à exceção da associação de diuréticus
tiazídicos e de alça com poupadores de potássio.
Como norma, não é recomendado iniciar o tratamento com associações fixas de
drogas. Todas as associações entre as diferentes classes de anti- hipertensivos são eficazes.
Entretanto, os diuréticos em doses baixas como segunda droga têm sido universalmente
utilizados com bons resultados clínicos. Algumas associações fixas de drogas estão
disponíveis no mercado. Seu emprego após o insucesso da monoterapia, desde que criterioso,
pode ser útil por simplificar o esquema posológico, reduzindo o número de comprimidos
administrados.
Para os casos de hipertensão resistente à dupla terapia, pode-se prescrever terapia com
três ou mais drogas. Nessa situação, o uso de diuréticos é fundamental. Em casos maiS
resistentes, a associação de minoxidil ao esquema terapêutico tem-se mostrado útil.
Interação Medicamentosa
118
Praf. Dr. Itamar s. de Oliveira-Júnior
A possibilidade de interação medicamentosa merece especial atenção nos casos de
patologia crônica, como a hipertensão arterial, para a qual está indicado tratamento com
medicamentos de uso contínuo e, muitas vezes, associações de anti-hipertensivos. Além disso,
com freqüência o paciente hipertenso necessita também de outros medicamentos de uso
contínuo, para tratamento de patologias associadas e/ou complicações do próprio quadro
hipertensivo.
119
Praf. Dr. Itamar s. de Oliveira-Júniar
13. FARMACOS QUE AGEM NA HEMOSTASIA E CARDIOTÔNICOSOS medicamentos que modificam direta ou indiretamente a cinética da coagulação
sangüínea são as heparinas, os dicumarínicos, os antiagregantes plaquetários e os agentes
trombolíticos. Neste artigo nos deteremos nas heparinas e nos anticoagulantes orais, também
chamados AVK (antivitamina K).
A heparina é uma mistura heterogênea de polímeros de um polissacáride natural,
extraído de vísceras animais com peso molecular variando entre 3.000 a 30.000 daltons.
A interação com a antitrombina fi é que confere o seu principal efeito anticoagulante, através
de uma mudança na conformação da antitrombina lU, que acelera sua habilidade em inativar
as enzimas da coagulação: trombina e fatores Xa e lXa. Sua ação biológica, expressa em VI
(unidades internacionais) não satisfaz os critérios atuais de avaliação de medicamentos de
origem biológica. Os novos derivados têm utilizado a expressão de atividade em unidades
antÍ-Xa. A heparina pode serutilizada em esquemas terapêuticos com baixas ou altas doses. A
sua utilização, em baixas doses, está indicada quando se deseja prevenir a trombose venosa
profunda (TVP) em pacientes com determinado risco trombótico (pós-operatório de cirurgias
abdominais e ortopédicas, portadores de neoplasias ou sepse, pacientes em repouso
prolongado, etc).
As altas doses são utilizadas com fins terapêuticas, quando se pretende prevenir a
ocorrência de um segundo episódio tromboembólico em TVP já instalado, em pacientes com
TVP, EP, tromboses ou embolias arteriais ou que estejam sendo submetidos a procedimentos,
que implicam em risco trombótico, como cateterismos arteriais ou angioplastias, hemodiálise
e cirurgia cardiovascular com circulação extracorpórea.
O beneficio do uso profilático da heparina em baixas doses pode ser demonstrado com
o uso do fibrinogênio marcado com 1-131. Técnicas utilizando plaquetas marcadas com
tecnécio também parecem eficientes neste sentido. O efeito antitrombótico deste tipo de
procedimento baseia-se na ação da antitrombina lU relacionada ao fator Xa. Como se sabe, o
fator Xa é importante tanto para o sistema intrínseco como para o extrínseco da coagulação e
influi também na agregação plaquetária. A ação fibrinolítica da heparina é discutível e,
provavelmente, indireta pela redução da atividade coagulante.
As doses utilizadas são de 5.000 a 7.500UI de heparinato de cácio ou sódio, cada 8 ou
12h, por via subcutânea (Se). No caso de cirurgias, a profilaxia deve se iniciar antes do ato
operatório. As alterações laboratoriais, principalmente considerando-se o tempo de
tromboplastina parcial ativado (TTPa) são insignificantes ou inexistentes e as complicações120
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
hemorrágicas intra ou pós-operatórias, raramente, são significativas. A realização de controles
do TTPa, 2 a 5h após administração (pico máximo), mesmo se tratando da via SC, pode ser
útil apenas no sentido de detectar pacientes hiper-reativos, absorção brusca da medicação e
erros de administração (aplicação intramuscular no lugar da SC). A utilização da heparina em
altas doses tem como objetivo o tratamento e prevenção de novos fenômenos
tromboembólicos em pacientes com Tv'P, EP, tromboses ou embolias arteriais ou tromboses
cardíacas intracavitárias.
Pode-se administrar a medicação via endovenosa (EV) ou Se. A forma endovenosa
tem sido a preferida por produzir efeito imediato, não depender de condições individuais de
absorção, facilidade de reversão do efeito e por não produzir hematomas nos locais de
aplicação.
A administração EV pode ser realizada de forma contínua ou intermitente. A infusão
contínua propicia doses totais diárias mais baixas, controles mais adequados e menor
incidência de compiicações hemorrágicas. Dependendo das condições clínicas do paciente,
deve-se aplicar uma dose de ataque de 2.500 a 5.000UI, seguida do esquema de manutenção.
A administração deve ser feita, preferentemente, com o uso de bomba de infusão diluída em
solução salina (a solução glicosada reduz a atividade da heparina). A dose pode ser ajustada
de acordo com os controles laboratoriais e quadro clínico do paciente e, usualmente, varia
entre 1000 a 2000 UI/h. No entanto, devemos lembrar que doses maiores ou menores estão na
dependência de condições individuais, do nível de plaquetas, fatores p.r:edisponentesao quadro
trombótico e variações de ação do medicamento. Nos casos de coagulação intravascular
disseminada, quando o nível plaquetário é baixo, a dose não deve ultrapassar 500 UI/h.
Na administração intermitente, a dose diária varia de 30.000 a 40.000 DI, divididas em
aplicações a cada 3 a 5h. A vida média do efeito anticoagulante é de 1h e 30min e o seu
desaparecimento que está relacionado ao sistema monócito-macrófago, neutralização
plasmática e excreção urinária pode permanecer por 3 a 5h.
Os testes de coagulação baseados na medida do tempo de coagulação do sangue total
ou plasma são, teoricamente, sensíveis à heparina. No entanto, os testes plasmáticos como o
TTPa, tempo de trombina (TT) e determinação da atividade residual do fator Xa com
substrato cromogênico possuem maior sensibilidade e precisão.
Quando o TTPa e o TT estão bem padronizados, pode-se obter a heparinemia em DI
por roL de plasma. Níveis terapêuticos de 0,1 a 0,4UI por mL de plasma correspondem a 60 a
121
Praf. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
100s (relação de tempo de 1,5 a 2,5) do TTPa com reagente padronizado pelo grupo de
Manchester na Inglaterra. Com outros reagentes, este resultado pode estar acima do nível de
segurança e os níveis terapêuticos correspondem de 50 a 70s. Desta forma, o clínico e o
laboratório devem estar informados da sensibilidade à heparina do reagente utilizado,
devendo sempre essa sensibilidade ser testada a cada lote de reagente.
Para altos níveis de heparinização como os utilizados em hemodiálise e circulação
extracorpórea, o teste denominado tempo de coagulação ativado tem sido utilizado por
Efeitos Coiaterais
Doenças como hérnia de hiato, úlcera péptica, diverticulite ou tumores não
diagnosticados ou não considerados podem causar situações hemorrágicas. Pacientes com os
primeiros sinais de insuficiência cardíaca, hepatite ou outras viroses podem ter seus controles
laboratoriais, estáveis há muito tempo, instabilizados. Em pacientes idosos as complicações
hemorrágicas são mais freqüentes, mesmo com tempo de protrombina dentro da faixa
terapêutica. O TTPa é um exame útil no controle do risco hemorrágico. Alargamentos do
TTPa indicam doses excessivas de cumarínicos.
A principal complicação do uso de heparina é o sangramento. A freqüência de
fenômenos hemorrágicos, clinicamente significantes, varia de 3 a 5% e, aparentemente, não se
relacionam a níveis de TTPa e sim a fatores de risco individuais. A observação de condições
que possam impedir à terapêutica, constitui a principal forma de prevenção de fenômenos
hemorrágicos.
Absolutns
• Ttftu.:ma.recente do
slstelna nef\~OSÜcentral {SNC)". - .. '
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.~ Coagnli;)lX1tia
(congênita ou adqllirida) gra\'"e
• Hipertensào severa refiatária atratml1ento
• Entlocanlite bactaiana
• Retitlüpaha (Habétka
• Plaquetopenia grave «:10Ü.OÜOlm.m.3)
$ Idade avançada:
122
Praf. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Tratamento
Antiagregantes plaquetários
Todos os fármaco antiagregantes utilizados agem do mesmo modo, ou seja, impedem
o processo de mobilização intracelular do cálcio. Este processo de impedimento da
mobilização pode ser feito através da membrana plaquetária ou do transporte intracelular do
cálcio. Do ponto de vista prático, temos duas drogas que agem nesse processo: o ácido acetil
salicílico e o dipiridamol.
O ácido acetil-salicílico age bloqueando a enzima ciclo-oxigenase. O dipiridamol age
aumentando a disponibilidade da adenosina, disponibilidade esta que ativa o AMP cíclico
intraplaquetário, conseqüentemente impossibilitando a mobilização do cálcio.
Cardiotônicos
Drogas cardioativas possuem em sua composição glicosídeos cardiotônicos, que são
compostos que atuam diretamente no miocárdio, sendo utilizados principalmente no
tratamento da insuficiência cardíaca congestiva.
Quimicamente, as agliconas (ou geninas) desse grupo caracterizam-se pelo núcleo
fundamental do ciclopentanoperidrofenantreno e são divididas em dois grupos de acordo com
o anel lactônico insaturado ligado ao C-17: pentacíclíco (cardenólido) ou hexacíc1ico
(bufadienólido). Os glicosídeos do grupo cardenólido são os mais importantes na medicina.
Os digitálicos são usados desde Roma e o Egito antigo quando eram utilizados como
veneno, principalmente por causa dos seus efeitos colaterais (arritmias).
Os glicosídeos digitálicos possuem corno característica química um núcleo esteróide
com uma lactona insaturada na posição C 17 e um resíduo ·glicosídeo na posição C3. É
encontrado em diversas plantas, usualmente atua como veneno protetor contra predadores.
Como medicamento é usado há séculos, sendo a primeira descrição científica do uso na
insuficiência cardíaca coube à William Withering em 1785 em monografia sobre a eficácia
terapeutica e a toxicidade da planta Digitalis pUlpurea. A digoxina e a digitoxina são
derivados da Digitalis lanata. Digoxina tornou-se o glicosídeo mais usado devido suas
características farmacológicas. A eliminação da digoxina é renal enquanto a digitoxina é
metabolizada pelo figado, independentemente da função renal.
Mecanismo de ação
123
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Inibição reversível da sódio-potássio ATPase, através de ligação em sítio específico na
face extra-citoplasmática da sub-unidade alfa desta enzima. Como resultado ocorre aumento
da entrada de cálcio na célula, secundário ao acúmulo de sódio não retirado pela ATPase,
através de um canal Na+/Ca+. O aumento da disponibilidade de cálcio proporciona o aumento
da velocidade de encurtamento da fibra, resultando num desvio para cima e para a esquerda
da curva de função ventricular. Estudos mais recentes demonstram a atuação do digital na
redução da ativação neuro-humoral, por ação direta no baroreflexo carotídeo, o que
contribuiria para sua ação na insuficiência cardíaca.
Ou seja, as duas propriedades dos digitálicos, inotropismo (+) e cronotropismo (-),
possuem mecanismo de ação distintos:
Inotropismo (+): No repouso há uma enzima chamada ATPase de membrana que
mantém o K+ no meio intracelular e o Na+ no meio extracelular. Os digitálicos atuam
competindo com o K+pelos receptores da ATPase, mantendo uma maior concentração deste
no meio extracelular e mais sódio no meio intracelular o que provocará um maior influxo de
Ca++ para dentro da célula e consequentemente uma maior ativação do sistema actina
miosina, aumentando a força de contração miocárdica. A célula só voltará a se repolarizar
quando as concentrações de K+forem suficientes para vencer a competição com os digitálicos
pelos receptores da ATPase de membrana. Isto justifica o fato de pacientes com
hipopotassemia serem mais susceptíveis à intoxicação por digitálicos, pois não haverá K+ para
vencer a competição, o que deixará a célula permanentemente despolarizada e hiper-excitada.
Esta excitação excessiva levará a formação de focos ectópicos e extra-sístoles.
Cronotropismo (-): Ocorre por dois mecanismos
Diminuição da velocidade de condução no nó átrio-ventricular: Na fisiologia normal,
há uma pausa de milissegundos do estímulo elétrico nó AV. os digitálicos aumentam
esta pausa, pelo mesmo motivo de aumentar o tempo de despolarização da célula,
fazendo com que haja uma diminuição da freqüência cardíaca.
Aumento do estímulo vagal no nó sinusal: Isto levará a uma diminuição da geração
de estímulos elétricos no nó sinusal, provocando também uma diminuição da
freqüência cardíaca.
124
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Oassificação
Podem ser classificados quanto a origem e a via de administração.
Origem: podem ser de origem animal ou vegetal.
Animal: extraídos da pele seca de sapos
Vegetal: extraídos da digitallis [anata e digitallis purpúrea.
Vias de administração: podem ser de uso parenteral ou oral.
Parentera!: utilizado em pacientes com anasarca (edema generalizado), pois estes
pacientes apresentam congestão do TGI, o que dificulta a sua absorção. A droga mais
utilizada é o cedilanide.
Uso oral: São utilizadas quando há uma regressão do edema e a compensação clínica
da insuficiência cardíaca. Com isso, há uma normalização da absorção do
medicamento por via oral. Os mais usados são digoxina e digitoxina.
Efeito diurético
Existe também o efeito diurético, não existe um efeito diurético estático propriamente
dito, ele está relacionado ao efeito hemodinâmico, melhora o DC, que significa que chega
mais sangue, se mais sangue chega no rim, o mesmo filtrará mais, aumentando o volume
urinário. Além disso, vai ter os efeitos dos diuréticos propriamente ditos que são os de
aumentar a filtração glomerular.
Esquema:
1'DC~ MAIOR APORTE SANGÜÍNEO-+ AillvfENTO DA FILTRAÇÃO GLOJ\1ERULAR
Uso Clínico
Muita controvérsia surgiu após o advento dos Beta-Bloqueadores em relação ao uso do
Digital. O estudo DIG documentou que a droga não possui impacto na mortalidade, não
impedindo a progressão da insuficiência cardíaca, mas comprovadamente melhora os
sintomas e reduz as hospitalizações. Essas evidências baseiam as Diretrizes atuais onde o
Digital está indicado em pacientes sintomáticos. Após melhora clínica e compensação não há
evidências de que o uso contínuo em associação ao beta-bloqueador traga beneficios, sendo
recomendável a descontinuidade da droga após a compensação clínica.
125
Prof. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Os glicosídeos digitálicos estão especialmente indicados nos pacientes com freqüência
cardíaca elevada devido a fibrilação atrial, em qualquer grau de insuficiência cardíaca
sintomática por disfunção sistólica. Nos pacientes assintomáticos em fibrilação atrial a
freqüência cardíaca pode ser controlada pelo digital, no entanto esta droga não é superior ao
beta-bloqueador nessas condições.
Contra-indicações
Bradicardia, BAV 2° e 3° graus, doença do nó sinusal, síndrome do seio carotídeo,
síndrome de W olf Parkinson White, Miocardiopatia hipertrófica obstrutiva, hipocalemia e
hipercalcemia
Doses usuais
Digoxina: 0,25mg /dia se creatinina sérica for normal. Não é necessário dose de
ataque. Na insuficiência renal a dose pode ser corrigida com base no c1earance da creatinina
calculado, uma vez que o c1earance do digital é muito semelhante. Sua concentração
plasmática é alterada pelo uso concomitante de amiodarona, quinidina. A Janela terapêutica é
bastante estreita, com níveis tóxicos muito próximos aos níveis terapêuticos. Doses menores
de O, 125mg podem ser eficazes com menor risco de intoxicação.
Nomes Comerciais (DEF 04/05)
Cimecard (Cimed) 0,25mg; Darrowcor (Darrow) comp. 0,25mg; Digix (Herald's) 0,25mg;
Digoxen (Cifarma) 0,25mg; Digoxina ( GlaxoSmithkline, FURP) 0,25mg; FUNED Digoxina
(Funed); Lanoxin (GlaxoSmithkline) 0,25mg; Valoxin (Sanval) 0,251Tlg.
DIGOXINA: é um digitálico que é bem absorvido por VO, é excelentemente bem absorvido
pelo TGl. É uma das drogas mais usadas na prática clínica, na manutenção do paciente na
insuficiência cardíaca em domicílio, então ele ta em casa controlado, tomando a medicação.
Por VO, 75% dessa droga é absorvida no TGl normal, qualquer procêsso na diminuição da
droga, ou aceleração do trânsito intestinal, diarréia, esse tipo de coisa, pode diminuir esse grau
de absorção, mas é uma droga muito boa. Esses 75% que são absorvidos se sabe, que
fornecem uma resposta terapêutica muito boa. Os 25% restantes se ligam a proteínas
plasmáticas, tem meia-vida muito longa (assim como todos os digitálicos feitos por VO), pois
a excreção é renal. Só 37% da digoxina absorvida é excretada diariamente, então, existe um
tempo de acúmulo dessa droga no organismo, isso faz com que um paciente com intoxicação
digitálica, ocorra a suspensão da droga, sabemos que até 7 dias depois da suspensão da droga
pode ter digitálico circulando no sangue, então, o ideal é aguardar, pelo menos, 7 dias sem126
Proto Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
Os glicosídeos digitálicos estão especialmente indicados nos pacientes com freqüência
cardíaca elevada devido a fibrilação atrial, em qualquer grau de insuficiência cardíaca
sintomática por disfunção sistólica. Nos pacientes assintomáticos em fibrilação atrial a
freqüência cardíaca pode ser controlada pelo digital, no entanto esta droga não é superior ao
beta-bloqueador nessas condições.
Contra-indicações
Bradicardia, BAV 2° e 3° graus, doença do nó sinusal, síndrome do seio carotídeo,
síndrome de Wolf Parkinson White, Miocardiopatia hipertrófica obstrutiva, hipocalemia e
hiperca1cemia
Doses usuais
Digoxina: 0,25mg /dia se creatinina sérica for normal. Não é necessário dose de
ataque. Na insuficiência renal a dose pode ser corrigida com base no clearance da creatinina
calculado, uma vez que o clearance do digital é muito semelhante. Sua concentração
plasmática é alterada pelo uso concomitante de amiodarona, quinidina. A Janela terapêutica é
bastante estreita, com níveis tóxicos muito próximos aos níveis terapêuticos. Doses menores
de O, 125mgpodem ser eficazes com menor risco de intoxicação.
Nomes Comerciais (DEF 04/05)
Cimecard (Cimed) 0,25mg; Darrowcor (Darrow) comp. 0,25mg; Digix (Herald's) 0,25mg;
Digoxen (Cifarma) 0,25mg; Digoxina ( GlaxoSmithkline, FURP) 0,25mg; FUNED Digoxina
(Funed); Lanoxin (GlaxoSmithkline) 0,25mg; Valoxin (Sanval) 0,25111g.
DIGOXINA: é um digitálico que é bem absorvido por VO, é excelentemente bem absorvido
pelo TGI. E urna das drogas mais usadas na prática clínica, na manutenção do paciente na
insuficiência cardíaca em domicílio, então ele ta em casa controlado, tomando a medicação.
Por VÜ, 75% dessa droga é absorvida no TGI normal, qualquer procêsso na diminuição da
droga, ou aceleração do trânsito intestinal, diarréia, esse tipo de coisa, pode diminuir esse grau
de absorção, mas é urna droga muito boa. Esses 75% que são absorvidos se sabe, que
fornecem uma resposta terapêutica muito boa. Os 25% restantes se ligam a proteínas
plasmáticas, tem meia-vida muito longa (assim como todos os digitálicos feitos por VO), pois
a excreção é renal. Só 37% da digoxina absorvida é excretada diariamente, então, existe um
tempo de acúmulo dessa droga no organismo, isso faz com que um paciente com intoxicação
digitálica, ocorra a suspensão da droga, sabemos que até 7 dias depois da suspensão da droga
pode ter digitálico circulando no sangue, então, o ideal é aguardar, pelo menos, 7 dias sem126
Praf. Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
esse doente tomar essa medicação, e depois reiniciar numa dose terapêutica adequada, tendo
controle para o paciente não desenvolver mais urna intoxicação digitálica.
A digoxina é uma droga que atravessa a barreira placentária, isso significa que se deve
ter muito cuidado quando usar digital numa gestante (por vasculopatias, doenças cardíacas
congênitas) uma vez que os efeitos dos digitálicos no coração da mãe podem ter os mesmos
efeitos digitálicos no coração do feto. A digoxina é feita, exclusivamente, por VO .
Resumo:
• VO (exclusivamente) -75% absorvida com TGI normal
• 25% ligada a proteínas plasmáticas
• 1iz vida longa
• 37% é excretada pelos rins diariamente (acumulação)
• pode permanecer no organismo até 7 dias após sua suspensão
• excreção: renal
• atravessa a barreira placentária (cuidado em gestantes)
DIGITOXINA: administrada, exclusivamente, por VO. Sua absorção é quase que total, 90%
ligada a proteínas plasmáticas, o metabolismo dessa droga é mais hepática, então, num
hepatopata, é melhor ele tomar digoxina, pois o metabolismo da digoxina hepático é pequeno,
enquanto que o da digitoxina o metabolismo hepático dela é muito maior, o que pode levar a
hepatotoxicidade. A excreção é renal e a excreção da digitoxina ainda é mais lenta do que a
dos outros digitálicos, então, o paciente que faz intoxicação por digitálicos por uso da
digitoxina, ele tem que passar, pelo menos, 10 dias sem droga, para excreção total.
Resumo:
• VO (exclusivamente)- absorvida quase totalmente
• 90% ligada a proteínas plasmáticas
• metabolismo hepático (parcialmente em digitoxina)
• excreção: renal c:> mais lentamente excretada
• leva mais de 7 dias para ser eliminada totalmente (+/-10 dias)
Uso na Insuficiência Cardíaca
127
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
A visão atual da insuficiência cardíaca é diferente em relação ao início do século xx,quando as principais causas de insuficiência cardíaca congestiva eram miocardiopatia
hipertensiva e valvopatias, especialmente estenose mitral. Atualmente, a insuficiência
cardíaca é vista como doença de progressão lenta, permanecendo compensada por muitos
anos, tendo como principal causa a miocardiopatia isquêmica, seguida pelas miocardiopatias
idiopática e hipertensiva; no Brasil, a miocardiopatia chagásica ainda é prevalente.
A síndrome da insuficiência cardíaca é conseqüência da incapacidade dos ventriculos
em bombear quantidades adequadas de sangue para manter as necessidades periféricas do
organismo. Essa síndrome era descrita primariamente como um distúrbio hemodinâmico. De
acordo com esse modelo, a insuficiência cardíaca sobrevém após agressão cardíaca, que
prejudique sua habilidade de ejetar sangue, levando à diminuição do débito cardíaco, com
conseqüente baixo fluxo renal, levando à retenção de sódio e água e ao surgimento de edemas
periférico e pulmonar. Esse pensamento foi a base para o uso de digitálicos e diuréticos no
tratamento dessa entidade. A despeito dos controles da retenção hídrica e da freqüência
cardíaca, a insuficiência cardíaca progredia, levando o paciente inexoravelmente ao óbito.
Atualmente, a insuficiência cardíaca tem sido vista como uma doença da circulação e
não apenas do coração. Quando o débito cardíaco cai após agressão miocárdica, mecanismos
neuro-hormonais são ativados com o objetivo de preservar a homeostase circulatória. Embora
originalmente vista como uma resposta compensatória benéfica, a liberação endógena de
neuro-hormônios vasoconstritores parece exercer papel deletério no desenvolvimento da
insuficiência cardíaca congestiva, pelo aumento da sobrecarga de volume e da pós-carga do
ventrículo com contratilidade já diminuída. Isso leva à progressão da insuficiência cardíaca já
existente. Esses neuro-hormônios podem exacerbar as anormalidades metabólicas já
existentes, ocasionando o aparecimento de arritmias cardíacas. Por esses mecanismos, a
ativação neuro-hormonal contribui de maneira significativa para os sintomas de insuficiência
cardíaca, assim como está envolvida na alta mortalidade dos portadores dessa doença.
Mecanismos compensatórios
Para compensar a perda de células miocárdicas, mecanismos hemodinâmicos e neuro
hormonais são ativados com o objetivo de aumentar a força contrátil do miocárdio não lesado
e, dessa forma, preservar a função cardíaca. Inicialmente, a incapacidade de esvaziamento dos
ventriculos durante a sístole resulta em aumento das pressões de enchimento ventriculares
direito e esquerdo, aumenta a distensão diastólica das células miocárdicas não lesadas,
128
Prot. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
levando ao aumento de sua contração (princípio de Frank-Starling). Por outro lado, a
diminuição do volume sistólico ejetado para a raiz aórtica leva à ativação do sistema nervoso
simpático, com resultante estimulação dos receptores B-adrenérgicos miocárdicos,
aumentando a força e a freqüência da contração. Esses dois mecanismos compensatórios
envolvem vias intracelulares cálcio-dependentes diferentes, porém complementares. Enquanto
a ativação simpática aumenta a liberação de cálcio para os miofilamentos, a dilatação
ventricular aumenta a sensibilidade dos miofílamentos ao cálcio. Embora os mecanismos
hemodinâmicos e neuro-hormonais visem ao aumento do inotropismo do coração lesado,
aumenta por outro lado a tensão diastólica da parede ventricular, levando à alteração de sua
arquitetura e ao aumento de seu consumo energético. Com o objetivo de evitar esses efeitos
estruturais e funcionais adversos, a circulação tenta regular, de maneira fina, a magnitude da
dilatação ventricular e a ativação simpática. Em primeiro lugar, o aumento da tensão
diastólica na parede ventricular induz a produção de proto-oncogenes específicos (c-fos e c
myc), que levam à síntese de novas proteínas miofibrilares. O aumento subseqüente da
espessura da parede ventricular reduz a dilatação ventricular por distribuir o excesso de tensão
por meio do aumento do número de sarcômeros. Além do mais, as proteínas miofibrilares
sintetizadas durante o estresse hemodinânico têm as características bioquímicas do miocárdio
fetal e são bioenergeticamente mais eficientes do que as isoformas presentes no adulto.
Assim, tanto quantitativa quanto qualitativamente, a hipertrofia cardíaca reduz o gasto
energético do coração com sobrecarga volumétrica, às custas, porém, de diminuição da
eficiência contrátil. Por outro lado, a distensão atrial durante a diástole, com aumento da sua
pressão, estimula os barorreceptores que inibem a via eferente simpática do centro vaso motor,
situado no sistema nervoso central, levando a sua supressão. A distensão atrial leva ainda à
secreção do fator natriurético atrial, que inibe a liberação de noradrenalina e as ações desse
neurotransmissor nos vasos sanguíneos periféricos. Esse peptídeo também tem efeito de
vaso dilatação direta e natriurese, reduzindo a sobrecarga hemo dinâmica dos ventrículos.
Juntos, esses mecanismos compensatórios têm um papel fundamental em limitar as
conseqüências adversas secundárias à dilatação ventricular e à ativação simpática.
Por meio de combinações entre dilatação e hipertrofia ventricular e da ativação de
forças vasoconstritoras e vasodilatadoras, o organismo busca equilíbrio hemodinâmico e
neuro-hormonal com o objetivo de restaurar a função cardíaca às custas de mínimo gasto
energético.
129
Prot Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
14.FARMACOS QUE AGEM NO SISTEMA RESPIRATÓRIO
Broncodilatadores
o tratamento farmacológico da broncoconstrição tem por objetivo não só reduzir a
ação dos autacóides e neurotransmissores que desencadeiam o broncoespasmo, mas
principalmente ativar os mecanismos que induzem relaxamento do músculo liso respiratório.
A contração do músculo liso bronquiolar é dependente de elevação da concentraçãointracelular de cálcio ionizado (Ca2+) livre no dtosol, mais precisamente ao nível dasproteínas contráteis, actina e miosina. Este aumento na concentração intracelular de Ca2+ livredepende de um processo de liberação de Ca2+ de reservatórios intracelulares, principalmentedo retículo sarcoplasmático, que é decorrente da ativação de receptores da membrana domúsculo liso por autacóides endógenos (histamina, leucotrienos, bradicinina e outros) eneurotransmissores (acetilcolina, noradrenalina), os quais podem ser liberados por reaçõesalérgicas, por distúrbios psicossomáticos, pelo exercício ou mesmo pela exposição ao frio.Estas substâncias ligam-se aos seus respectivos receptores na membrana do músculo lisorespiratório, e através de um mecanismo complexo, induzem a liberação de Ca2+ para íntimocontato com as proteínas reguladoras da contração do músculo liso.
o processo de broncodilatação depende de mecanismos que tendem a reduzir a altaconcentração de Ca2+ gerada pelos broncoconstritores endógenos, e possivelmente, doismecanismos envolvidos nesta redução da concentração de Ca2+, sejam o processo de captaçãode Ca2+ para o retículo sarcoplasmático e o processo que transporta Ca2+ do interior da célulamuscular lisa para o espaço extracelular, também denominado de efluxp de Ca2+,
Dessa forma, a bronco dilatação, assim como a broncoconstrição, dependem de um
equilíbrio ou desequilíbrio entre os fatores que tendem a relaxar ou contrair o músculo liso
respiratório. Entre estes fatores, os sistemas adrenérgico (sistema nervoso simpático) e
colinérgico (sistema parassimpático) são importantes no controle do tono bronquiolar e os
medicamentos que ativam (agonistas) ou que inibem (antagonistas) os neurorreceptores
autonôlllÍcos são potencialmente importantes na terapêutica farmacológica, uma vez que, a
estimulação parassimpática diminui o diâmetro dos brônquios e dos bronquíolos, enquanto a
estimulação do simpático produz efeito contrário.
Os fármacos podem alcançar os pulmões por vias inalatória, oral ou parentera!. Comfreqüência prefere-se a via inalatória porque o fármaco é levado diretamente para o tecidoalvo, as vias aéreas, e torna-se efetivo em doses que não causam efeitos adversos sistêmicossignificativos.
130
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Prot. Or. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Agonistas Adrenérgicos
A estimulação de receptores adrenérgicos ativa o adenilato cic1ase, que transforma o
ATP em AMPc. O A1vfPc,por sua vez, teria inúmeras funções intracelulares, e entre elas, a de
promover a captação e o efluxo de Ca2+ do citosol, reduzindo a concentração elevada de Ca2+
observada por ocasião do broncoespasmo. Farmacologicamente, os receptores adrenérgicos
são divididos em dois grandes grupos (alfa e beta), com seus respectivos subgrupos (aI, a2;
f31, f32 e (33). Com a ativação destes receptores ocorrem várias respostas:
Ativação dos receptores a: vasoconstrição e um efeito descongestionante sobre a mucosa
bronquial, broncoconstrição.
Ativação dos receptores f3: relaxamento do músculo liso bronquial:
Ativação dos receptores f31: aumento da freqüência cardíaca, arritmias cardíacas, aumento
do inotropismo cardíaco, aumento da condução do potencial de ação do miocárdio, dilatação
coronanana.
Ativação dos receptores f32: relaxamento bronquiolar, aumento da motilidade do epitélio
respiratório, aumento da secreção de fluido do trato respiratório, estabilização dos mastócitos,
inibição da liberação de histamina, dilatação vascular, aumento da liberação de
neurotransmissores adrenérgicos, ativação miocárdica.
Ativação dos receptores f33: aumento dos níveis plasmáticos de glicose, de insulina, de
corpos cetônicos, de lactato, diminuição de K+,Ca2+, Mg2+ e pol-.
Os medicamentos adrenérgicos mais adequados no tratamento do broncoespasmo
seriam aqueles que apresentam ação preferencial sobre os receptores f32, com mínima atuação
sobre os demais receptores, reduzindo a incidência de outros efeitos, além dos efeitos
adrenérgicos benéficos sobre o aparelho respiratório. Inúmeros compostos adrenérgicos
apresentam ação preferencial para os receptores f32, quando aplicados em doses terapêuticas.
Todavia, esta característica desaparece quando aplicamos doses elevadas destes compostos ou
quando o paciente apresenta grande sensibilidade dos receptores f31 aos medicamentos
simpaticomiméticos. Este aspecto justifica o aparecimento de arritmias cardíacas graves em
pacientes que fazem uso de doses repetidas ou que apresentam doenças cardíacas.131
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Praf. Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
As substâncias simpaticomiméticas classificam-se em catecolaminas (epinefrina ou
adrenalina, isoproterenol e isoetarina), derivados do resorcinol (metaproterenol e terbutalina)
e derivados salinos do isoproterenol (salbutamol). Os agonistas (32 clinicamente mais úteis
mostram rápido início de ação (15 a 30 minutos) e promovem alívio por 4 a 6 horas. Eles são
usados para tratamentos sintomáticos de broncoespasmo e para combater a broncoconstrição
aguda. Os agonistas (32 não possuem efeitos antiinflamatórios e nunca devem ser usados
como agentes terapêuticos isolados em pacientes portadores de asma crônica.
Substâncias simpaticomiméticas:
Adrenalina ou epinefrina: em função da capacidade de estimular todos os receptores
adrenérgicos, além de induzir intenso efeito broncodilatador, também apresenta inúmeros
efeitos colaterais. Na prática, seus efeitos indesejáveis como agitação, aumento da freqüência
cardíaca, arritmias ventriculares, crise hipertensiva, sudorese, cefaléia e náuseas tornaram seu
uso incomum. Desta forma, esta substância só é empregada em casos excepcionais quando se
deseja ação broncodilatadora rápida e intensa, como no estado de mal asmático. A adrenalina,
não sendo absorvida por via oral, é prescrita por via subcutânea, na dose de 0,1 a 0,5 rnL da
solução aquosa milesimal aplicada muito lentamente. Como aerossol, pode ser usada em
solução de 1:100 nos indivíduos que não toleram outros broncodilatadores e/ou em certos
casos de emergência.
Efedrina: é um broncodilatador discreto; seu mecanismo de ação parece ser decorrente da
capacidade de promover a liberação de catecolaminas endógenas, atuando desta forma como
um autêntico ativador inespecífico do sistema simpático. É aplicada exclusivamente por via
oral (comprimidos, soluções e xaropes). Indicação para crianças: 0,3 a 0,5 mg/kg, quatro a
seis vezes ao dia. Adultos: 25 mg, três a quatro vezes ao dia. Apresenta efeitos colaterais
corno estimulação cardíaca, que praticamente restringe seu uso terapêutico, devido ao risco de
complicações cardiovasculares (arritmias, elevação da pressão arterial). Devido ao seu efeito
estimulante sobre o sistema nervoso central, pode-se observar insônia, anorexia e tremores
musculares.
Isoproterenol: broncodilatador potente, de ação rápida, embora de curta duração, age como
(3-1 e (3-2 estimulante, por isso, além de atuar sobre a musculatura brônquíca, é estimulante
cardiovascular. Costuma provocar taquicardia, nervosismo, tremores, cefaléia e náuseas.
Prescrição: urna a três inalações (spray), duas a seis vezes ao dia ou em solução a 0,5% (cinco132
Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júniar
gotas de isoproterenol + 5 mL de água destilada). Existem no mercado o isoproterenol
associado à fenilefrina visando prolongar o efeito beta-2 sobre o pulmão, e a ciclopentamina
com ação descongestionante sobre a mucosa, ambos prescritos como aerossóis.
Isoetarina (Bronkometer): embora seja menos potente que o isoproterenol, está indicado para
os pacientes idosos com isquemia do miocárdio, sem possibilidade de suportar os efeitos
indesejáveis do isoproterenol sobre o aparelho cardiovascular. Prescreve-se exclusivamente
como aerossol, spray ou em solução.
Rimiterol: com ação semelhante à da etarina, atua de maneira rápida e seletiva como
estimulante ~-2 adrenérgico sobre a musculatura brônquica; é de ação potente e duradoura e
seus efeitos indesejáveis são mínimos. É indicado sob a forma de aerossol.
Metaproterenol (Alupent): embora derivado do isoproterenol, é menos ativo do que este.
Prescreve-se por via oral, um comprimido de 10 rng três vezes por dia, ou sob a forma de
xarope, que é mais aconselhável, pois facilita a personalização das doses. Em nebulização,
usar em solução a 5%.
Fenoterol (Berotec): broncodílatador poderoso derivado do metaproterenol cuja ação rápida
perdura por aproximadamente oito horas. Está entre os mais ativos estimulantes 3-2
adrenérgicos e os menos ativos ~-1, com poucos efeitos colaterais indesejáveis. Por via oral:
um a dois comprimidos de 2,5 mg, duas a três vezes ao dia. Xarope: uma medida, três vezes
ao dia. Em aerossol: cinco gotas da solução em 5 mL de soro fisiológico.
Indicações - Tratamento sintomático da asma brônquica e de outras enfermidades com
constrição reversível de vias aéreas. Deve-se considerar a adoção de um tratamento
concomitante para pacientes com asma brônquica ou doença pulmonar obstrutiva crônica
(DPOC) que responda o tratamento com esteróides.
Contra-indicações - Cardiomiopatia obstrutiva hipertrófica, taquiarritmia, hipersensibilidade
ao bromidrato de fenoterol e/ou a qualquer outro componente da fórmula.
Uso prolongado - o uso sob demanda deve ser preferível ao uso regular. Os pacientes devem
ser reavaliados para a administração ou intensificação do tratamento antiinflamatório (por
exemplo, inalação de corticosteróides), a fim de controlar as vias aéreas e prevenir os danos
pulmonares a longo prazo. Se a obstrução brônquica piorar, é pouco apropriado e133
Praf. Dr. !tamar S. de Oliveira-Júniar
eventualmente perigoso simplesmente aumentar o uso de ~-2-agonistas como BEROTEC,
além da dose recomenda e por períodos de tempo prolongados. O uso regular de quantidades
aumentadas de BEROTEC para controlar sintomas de obstrução brônquica, pode significar o
controle inadequado da doença.
Interações medicamentosas - o efeito de BEROTEC pode ser potenciado por ~
adrenérgicos, anticolinérgicos e derivados da xantina. A administração simultânea de
betabloqueadores pode causar uma redução potencialmente grave na broncodilatação.
Reações adversas - efeitos indesejáveis freqüentes atribuídos a BEROTEC são leves
tremores dos músculos esqueléticos, nervosismo, cefaléia, tontura, taquicardia e palpitações.
Como com outros betamiméticos, podem ocorrer fadiga, câimbras musculares ou mialgia,
náusea, vômito e sudorese.
Terbutalina (Bricanl'l): tem notável ação estimulante ~-2 adrenérgica, embora provoque
acentuada vasodilatação periférica com baixa da pressão arterial. Prescreve-se por via oral,
em comprimidos de 2,5 mg, duas a três vezes ao dia. Por via subcutânea, em ampolas de 0,5
mg, prescrevê-Ia no máximo quatro vezes ao dia.
Características - a terbutalina é um agonista adrenérgico que estimula predominantemente os
receptores ~-2, produzindo relaxamento do músculo liso bronquial, inibição da liberação de
espasmógenos endógenos, aumento do movimento mucociliar e relaxamento do uterino. Em
estudos clínicos, o efeito broncodilatador de BRICANYL (sulfato de terbutalina) tem durado
até 8 horas.
Indicações - Asma brônquica, Bronquite crônica, enfisema e outras pneumopatias que
apresentam broncoespasmos.
Contra-indicações - Hipersensibilidade à terbutalina e aos componentes da fórmula.
Precauções e advertências - Como para todos os agonistas ~-2, devem-se observar pacientes
com tireotoxicose e pacientes com distÚrbios cardiovasculares graves, como cardiomiopatia
hipertrófica, isquemia cardíaca, taquidisritmia ou insuficiência cardíaca grave. Devido ao
risco de hiperglicemia dos agonistas ~-2, recomenda-se realizar testes adicionais de glicemia
em pacientes diabéticos. Hipocalemia potencialmente séria pode resultar da terapia com
134
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
agonistas 13-2.Cuidados especiais devem ser tomados em asma aguda grave, pois o risco
associado pode ser aumentado por hipóxia.
Interações medicamentosas - Os betabloqueadores, incluindo os colírios, especialmente os
não seletivos, podem inibir parcial ou totalmente os efeitos dos agonistas beta. Hipocalemia
pode resultar de terapia com agonistas /3-2, e pode ser potencializada com tratamento
concomitante com derivados de xantina, esteróides e diuréticos.
Reações adversas - A intensidade das reações adversas depende da dose e via de
administração. As aminas simpaticomiméticas podem causar tremor, cefaléia, câimbras
musculares e palpitações. A maioria desses efeitos, quando ocorrem, são espontaneamente
reversíveis dentro de 7 a 14 dias de tratamento. Distúrbios de sono e de comportamento como
agitação, hiperatividade e inquietação têm sido observados.
Fumarato de formoterol e budesonida (Foraseq): ação esperada do medicamento:
FORASEQ contém cápsulas de formoterol, que tem ação broncodilatadora e cápsulas de
budesonida que tem ação na redução da inflamação das vias aéreas dos pulmões. O uso
seqüencial de um broncodilatador (com início de ação imediata) e um esteróide faz com que
aumente a deposição deste nas vias aéreas e conseqüente melhora do controle da asma.
o formoterol é um potente estimulante seletivo /32-adrenérgico. Exerce efeito
broncodilatador em pacientes com obstrução reversível de vias aéreas. O efeito inicia-se
rapidamente (em 1 a 3 minutos), permanecendo ainda significativo 12 horas após a inalação.
Com as doses terapêuticas, os efeitos cardiovasculares são pequenos e ocorrem apenas
ocasionalmente.
Indicação - Formoterol é indicado para profilaxia e tratamento das broncoconstrições em
pacientes com doença obstrutiva reversível de vias aéreas, tais como a asma brônquica e
bronquite crônica, com ou sem enfisema. Profilaxia de broncoespasmo induzido por alérgenos
inalados, ar frio ou exercício.
Contra-indicações - hipersensibilidade ao formoterol e/ou budesonida ou a qualquer um dos
componentes da formulação.
Reações adversas - Com FORASEQ, ocasionalmente podem ocorrer as seguintes reações:
tremor, aceleração e irregularidade do batimento do coração ou dores de cabeça; raramente,135
Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
ocorrem câimbras e dores musculares, agitação, tonturas, nervosismo ou cansaço, dificuldade
para dormir, irritação na boca ou na garganta e broncoespasmo. Alguns desses efeitos
desaparecem no decorrer do tratamento. Em alguns casos isolados, observam-se reações
alérgicas, com redução acentuada da pressão arterial e inchaço na face, pálpebras e lábios.
Posologia e forma de administração - para uso em adultos e em crianças a partir de 5 anos
de idade. Inalação de 1 a 2 cápsulas (12 - 24 /lg) de formoterol duas vezes ao dia e 1 a 2
cápsulas de budesonidá de 200 ou 400 /lg duas vezes ao dia. A cápsula de budesonida deve
ser inalada pelo menos 1 minuto após a inalação da cápsula de formotero!. Se necessário, 1 - 2
cápsulas de formoterol, adicionalmente às requeridas para terapia de manutenção, podem ser
usadas cada dia para o alívio de sintomas.
Salbutamol (Aerolin): com ação predominante ~-2 adrenérgica, age sobretudo na
musculatura lisa dos brônquios e só secundariamente sobre o sistema cardiovascular. Em
grandes doses ou em pacientes sensíveis pode ativar os receptores 31 e induzir efeitos
cardíacos graves. Pode ser aplicado sob a forma de comprimidos, soluções, xaropes e por
inalação. Não se deve ultrapassar a dose de 30 mg por dia, sob o risco de aparecimento de
efeitos tóxicos.
Indicações e posologia - AEROLIN Spray: No alívio do broncoespasmo agudo: adultos-l a 2
inalações por aplicação; crianças-l inalação. Repetir se necessário, a cada 4 horas. Na
prevenção das crises ou no tratamento de manutenção : adultos- 2 inalações; crianças-l
inalação. As inalações deverão ser feitas 3 a 4 vezes por dia. Na prevenção do bronco espasmo
induzido pelo exercício (adultos e crianças), 2 inalações antes do exercício.
Contra-indicações - Gravidez e em pacientes com história de hipersensibilidade a qualquer
dos seus componentes.
Salmeterol (Serevent): é um agonista ~-2 adrenérgico de ação prolongada, promovendo
broncodilatação por pelo menos 12 horas, o que justifica seu uso em duas sessões diárias
como spray. O salmeterol tem início de ação lento e não deve ser usado nas crises agudas de
asma.
Modo de ação - O salmeterol é uma nova classe de agonistas ~-2 adrenorreceptores e nas
doses terapêuticas tem pequeno ou nenhum efeito cardiovascular mensurável. A dose
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
regulada produzirá uma melhora acentuada na função pulmonar, tanto nos sintomas de
obstrução de vias aéreas quanto nos sintomas de asma noturna.
Indicações - Para tratamento regular de longa duração da obstrução reversível de vias aéreas,
na asma (incluindo pacientes com asma noturna e asma induzida por exercícios), bronquite
crônica e enfisema.
Posologia e modo de usar - SEREVENT spray é administrado somente pela via inalatória.
Adulto; duas inalações (2 x 25 /lg de salmeterol) duas vezes ao dia. Em pacientes com
obstrução de vias aéreas mais graves recomenda-se 4 inalações (4 x 25 Ilg de salmeterol) 2
vezes ao dia. O início do efeito broncodilatador do salmeterol ocorre em aproximadamente 5
10 minutos. O completo beneficio será observado após a primeira ou segunda dose do
produto.
Contra-indicações - hipersensibilidade aos componentes da fórmula.
Precauções - O salmeterol deve ser prescrito com cautela em pacientes sofrendo de
tireotoxicose. Os pacientes que necessitarem utilizar doses maiores de agonistas 3-2
inalatórios (salbutamol) em adição ao salmeterol, para o alívio dos sintomas, devem procurar
urgente orientação médica. Gravidez: Como ocorre com qualquer droga o uso durante a
gravidez deve somente ser considerado se o beneficio esperado à mãe for maior do que
qualquer possibilidade de risco ao feto.
Interações medicamentosas - Drogas betabloqueadoras não seletivas, como o propanolol,
nunca devem ser prescritas na asma e drogas betabloqueadoras cardiosseletivas devem
somente ser usadas com precaução em pacientes asmáticos.
Superdosagem - Os sintomas e sinais de superdosagem com salmeterol são tremores, dor de
cabeça e taquicardia. O antídoto preferido para superdosagem com salmeterol é um agente
betabloqueador cardiosseletivo. Porém betabloqueadores cardiosseletivos devem ser usados
com precaução em pacientes com história de broncoespasmo.
Antagonistas Colinérgicos
O uso de substâncias bloqueadoras do sistema parassimpático, ou seja, de compostos
anticolinérgicos, é empregado com o objetivo de reduzir o broncoespasmo. Esta indicação se
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Prof. Or. ltamar S. de Oliveira-Júnior
apóia no fato de que o tônus vagal para o pulmão é um dos grandes fatores desencadeantes do
broncoespasmo. Os agentes anticolinérgicos são, geralmente, menos eficazes que os agonistas
j3-adrenérgicos.
Brometo de IvratróDio (Atrol'ent): como este composto é aplicado sob a forma de inalação
seus efeitos ficam restritos à estrutura brônquica, visto que praticamente não ocorre grande
absorção sistêmica, devido às suas características farmacocinéticas.
o ipratrópio é o único anticolinérgico disponível para uso inalatório no Brasil. Ele atua
diretamente sobre os receptores muscarínicos (receptores da acetilcolina), induzindo
broncodilatação. A dose para adulto seria de uma a duas inalações, três a quatro vezes ao dia.
Deve-se evitar a repetição da inalação antes de quatro horas. Possui início lento de ação, com
efeito broncodilatador máximo entre 30 a 90 minutos após a inalação. A associação com 13
agonistas pode ser feita, ocorrendo sinergismo. Estudos recentes, realizados em um grande
número de portadores de DPOC, puderam mostrar que os resultados obtidos quando se
prescreveu um agente simpaticomimético (salbutamol) associado a um anticolinérgico
(brometo de ipratrópio) são superiores àqueles obtidos por um desses fármacos usados
isoladamente. Sua ação broncodilatadora é inferior a dos j3-2-agonistas e sua utilização é
limitada no manejo da asma a longo prazo. Na asma aguda grave, tem efeito adicional aos 3
2-agonistas com comprovada relação custo-efetividade. O brometo de ipratrópio é o
tratamento de escolha para bronco espasmo induzido por beta-bloqueadores.
Indicações - ATROVENT é indicado como broncodilatador no tratamento de manutenção do
broncoespasmo, associado à doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC), incluindo
bronquite crônica, enfisema e asma. ATROVENT também é indicado em combinação com
uma medicação f3-2-agonista, como fenoterol (Berotec), no tratamento do broncoespasmo
agudo associado à doença pulmonar obstrutiva crônica e asma.
Contra-indicações - ATROVENT é contra-indicado a pacientes com história de
Interações medicamentosas - f3-adrenérgicos e derivados da xantina podem intensificar o
efeíto broncodilatador. ATROV bNT tem sido utilizado concomitantemente com outras
drogas usuais no tratamento da doença obstrutiva crônica (DPOC), incluindo
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
broncodilatadores simpaticomiméticos, metilxantinas, esteróides e cromoglicato dissódico,
sem evidência de interações medicamentosas prejudiciais.
Reações adversas - as reações adversas não-respiratórias mais comum ente observadas com o
uso de ATROVENT foram: cefaléia, náusea e secura da boca.
Compostos Xantínicos
Os compostos xantínicos (cafeína, teofilina e teobromina) exercem inúmeros efeitos
importantes e, entre estes, efeito broncodilatador, diurético, estimulante do SNC, estimulante
cardíaco, vasodilatador pulmonar e coronariano, ativador da contração muscular esquelética e
dilatador de alguns músculos lisos. A margem terapêutica das xantinas é muito estreita, isto é,
a dose tóxica é próxima da dose terapêutica. Por outro lado, seus níveis séricos, devido ao seu
metabolismo hepático, podem ser marcadamente afetados por diversos fatores, incluindo
idade, dieta, doenças e interações com outras drogas, tudo contribuindo para a complexidade
no uso seguro destas medicações. Entre as drogas utilizadas para tratamento da asma, as
xantinas têm maior potencial para toxicidade grave. Sintomas gastrointestinais podem ser
intoleráveis para alguns pacientes, mesmo nas doses terapêuticas usuais. No início do
tratamento os efeitos colaterais podem ser reduzidos por elevação gradual das doses. Náuseas,
diarréia, vômitos, cefaléia, irritabilidade e insônia são comuns quando a concentração sérica
excede 20 IlglrnL, e convulsões, encefalopatia tóxica, hipertermia, dano cerebral e morte
podem ocorrer em concentrações séricas maiores. Hiperglicemia, hipocalemia, hipotensão e
arritmias cardíacas podem também ocorrer, especialmente após superdosagem aguda.
Pacientes idosos e lactentes têm maior risco de toxicidade. O mecanismo pelo qual as xantinas
induzem broncodilatação ainda está para ser determinado~ tudo leva a crer que este efeito
dependa de uma redução da concentração de cálcio intracelular, derivado de várias hipóteses:
- inibição da fosfodiesterase com conseqüente elevação do teor de AMPc intracelular.
- aumento da liberação de adrenalina.
- bloqueio do receptor da adenosina. Nos asmáticos, a adenosina induz broncoconstrição por
aumento do teor de cálcio intracelular.
- outros mecanismos.
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Sob a denominação genérica de metilxantinas incluem-se duas substâncias de uso
corrente, a teofilina e a aminofilina. Ambas com a capacidade de potencializar o processo de
broncodilatação ao interferirem com a liberação de mediadores responsáveis pelo
bronco espasmo (inibi dores da fosfodiesterase).
Aminofilina: é uma opção secundária de broncodilatador para alívio imediato dos sintomas
da asma. Seu uso como medicação de alívio deve restringir-se a pacientes hospitalizados, de
preferência em infusão contínua. Deve-se prescrevê-Ia de preferência por via venosa, embora
a via oral, além de ser de uso corrente, seja bem tolerada. A aminofilina por via venosa está
reservada para os surtos agudos da DPOC. Sua aplicação por via venosa deverá ser muito
lenta, nunca em menos de 10 minutos. Habitualmente prescreve-se a aminofilina venosa na
dose de 240 a 480 mg (uma a duas ampolas) como dose de ataque, a seguir como dose de
manutenção, 240 mg cada 8 a 12 horas.
Reações adversas - Cardiovasculares: Aumento dos batimentos cardíacos e queda da pressão
arterial. Pulmonares: Parada respiratória e respiração acelerada. Neurológicas: Convulsão,
depressão e confusão mental. Musculares: Espasmos musculares. Outras: Náuseas, irritação
gástrica, vômitos, diarréia, arritmia cardíaca, queda de pressão arterial e palpitação.
Teofilina: de liberação lenta podem ser administradas como fármacos de controle, para evitar
exacerbações. São superiores às de ação curta por determinarem menor oscilação dos níveis
séricos, melhorarem a adesão e oferecerem melhor proteção contra a asma noturna.
Entretanto, sua eficácia para o controle de sintomas noturnos é inferior à obtida com uso dos
J3-2-agonistas de longa duração, por via inalatória. Devido ao seu baixo índice terapêutico
(relação entre concentração tóxica e concentração terapêuticà), inúmeros efeitos colaterais
podem ser observados, como por exemplo, náusea, vômito, convulsões e arritmias. As doses
iniciais de teofilina seriam de + 15 mglkgldia para adultos e crianças acima de um ano. Se não
houver resposta adequada, esta dose poderá ser aumentada para 20 mglkg/dia ao fim de três
dias. Os efeitos benéficos da teofilina aparecem com concentrações plasmáticas da ordem de
10 a 20 Jlg/mL. As dosagens de teofilina devem ser feitas em sangue colhido cerca de quatro
horas após a última administração, desde que não se tenha alterado ou omitido qualquer dose
nos últimos três dias. Concentrações abaixo ou acima destes níveis são inativas ou tóxicas: <
5 IJ.glml(nenhum efeito); 10 a 20 flglmL (nível terapêutico); 20 a 30 /lglmL (náuseas); 30 a
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Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
40 Ilg/rnL (arritmias cardíacas); 40 a 45 IlglrnL (convulsões). Atualmente foi amplamente
substituída por agonistas p-adrenérgicos e corticosteróides.
Esses medicamentos podem ser divididos em duas categorias, conforme o objetivo da
sua utilização:
1) fármacos para a melhora dos sintomas agudos (p-2-agonistas com rápido início de ação,
brometo de ipratrópio e aminofilina);
2) fármacos para a manutenção, usados para prevenir os sintomas (corticosteróides inalatórios
e sistêmicos, cromonas, antagonistas de leucotrienos, p-2-agonistas de longa duração e
teofilina de liberação lenta).
Broncodilatadores p-2-agonistas:
Os broncodilatadores mais usados na prática clínica são os p-2-agonistas, que podem
ser classificados em de curta ação, corno o salbutamol, a terbutalina e o fenoterol, cujo efeito
broncodilatador dura aproximadamente quatro a seis horas, ou de longa ação, corno o
salmeterol e o formoterol, com efeito de até 12 horas.
A maioria dos efeitos dos p-2-agonistas é mediada pela ativação da adenilciclase e da
produção intracelular de AMP cíclico. O 13-receptoré constituído de sete domínios inseridos
na membrana celular, dispostos em círculo. Os p-2-agonistas de curta duração estimulam
domínios alcançados externamente, enquanto os de longa duração devem penetrar na
membrana para estimular lateralmente o receptor, daí seu início retardado de ação. O
formoterol exibe os dois mecanismos de ação, sendo de longa duração e de início rápido de
ação.
o 13-2-agonistassão parcialmente seletivos para os receptores 13-2,concentrando o seu
efeito sobre a musculatura brônquica e poupando o sistema cardiovascular de paraefeitos
indesejáveis.
Os broncodilatadores p-2-agonistas de curta duração são as medicações de escolha
para o alívio dos sintomas da asma enquanto os 13-2-agonistasde longa ação são fármacos que
associados à terapia de manutenção com corticosteróides inalatórios, atuam para o melhor
controle dos sintomas.
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Quando administrados por via inalatória esses medicamentos resultam em menos taquicardia
e tremor. Raramente desencadeiam arritmias graves. As opções disponíveis para o uso
inalatório são: solução para nebulização, aerossol dosimetrado e inaladores em pó. Efeitos
centrais são incomuns e incluem cefaléia, ansiedade, sedação, fadiga, náuseas e vômitos. Pode
haver hipoxemia, em geral discreta, por piora da relação ventilação/perfusão. Em tratamento
intensivo, os B-2-agonistas têm sido empregados por via endovenosa ou subcutânea.
OS B-2 de longa duração têm efeito por até 12 horas. Duas preparações são
disponíveis: salmeterol e formoterol. O início de ação do formoterol é rápido, semelhante ao
dos B-2 de curta duração (um minuto), ao passo que o salmeterol tem início de ação em 20
minutos, com pico de efeito entre duas e três horas, aproximadamente.
Em caso de crise, um Jj-2 de ação rápida deve ser preferido, não se reduzindo seu
efeito se tiver havido uso prévio de B-2 de ação prolongada (locais distintos de estimulação do
Jj-receptor). Entretanto há evidências de que o formoterol induza melhor controle da asma que
os Jj-2 de curta ação, podendo ser também utilizado como droga de resgate.
Os efeitos adversos dos 13-2de ação prolongada são semelhantes aos dos 13-2de curta
duração e incluem tremor, taquicardia e hipocalemia.
Antileucotrienos
Os leucotrienos originam-se do ácido araquidônico, por ação da lipooxigenase.
Os leucotrienos cisteínicos são potentes broncoconstritores.
Montelucaste - meia vida plasmática de 4-5 h, mas efeitos perduram mais, permitindo
administração de uma dose diária.Zafirlucaste - meia vida plasmática de 10 h, mas deve ser
administrado de 12/12 h
Metabolização hepática
Raros efeitos colaterais:
- Elevação das enzimas hepáticas (hepatotoxicidade?)
- Desencadear doença de Churg-Strauss ??
Cromonas
Impedem degranulação dos mastócitos.
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Prot Dr. ltamar S. de Oliveira-Júnior
Utilizados na prevenção de crises asmáticas.
Raríssimos efeitos colaterais.
Cromoglicato de sódio
Utilizado especialmente em pediatria
Colírio: para conjuntivites alérgicas
Nedocromil
Corticóides
Corticóides sistêmicos:
Utilizados nas crises asmáticas e, raramente, na terapêutica de manutenção (na
manutenção os corticóides inalatórios são preferíveis)
- Hidrocortisona;
- Metilprednisolona
- Prednisona e prednisolona;
- Outros.
- Hidrocortisona:
Utilizar apenas quando não for possível a via oral e o uso da metilprednisolona. Efeito
mineralocorticóide importante.
Doses: 100 mg a cada 8-12h até ??? Via EY.
- Prednisona:
E o corticosteróide mais utilizado. Menor efeito mineralocorticóide que a
hidrocortisona. Efeito antiinflamatório 4 x maior que o da hidrocortisona.
Doses: 60 a 240 mg/dia (inicial) com redução a seguir.
- Prednisolona - metabólito ativo da prednisona
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Prof. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Corticóides inalatórios:
Diversos corticóides inalatórios, a maioria com pequena absorção que não determinam
efeitos sistêmicos importantes, especialmente os mais novos. Podem determinar candidíase
oral (pode ser evitada "enxaguando" a cavidade oral após sua aplicação ou com o uso de
espaçadores) e rouquidão. 1--1edicaçãoessencial no tratamento da asma persistente.
Omazilumab:
É um anticorpo monoclonal recombinante humanizado contra a 19B. A 19B ligada ao
omazilumab não pode se ligar aos receptores da 19B dos mastócitos e basófilos.
Exuecíorantes
Iodeto de potássio
o íodeto age como irritante das terminações parassimpáticas gástricas, estimulando o
reflexo da tosse e ao mesmo tempo aumenta o volume de secreções brônquicas, salivares,
lacrimais, nasal.
Doses: 300 mg 3 a 4 vezes por dia.
Efeitos colaterais:
- náuseas, vômitos, anorexia;
- rinite, lacrimejamento, conjuntivite;
- aumento de volume das glds salivares (caxumba iódica);
- alergia: empção urticariforme até reações bolhosas graves, com febre;
- suprime função tireoideia e diminui a vascularização da tireóide (utilizada no pré-operatório
de cirurgias de tireóide e no tratamento de crise tireotóxica).)
MucoIíticos
Bromexina e AmbroxoI
o ambroxol é derivado da bromexina.
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Praf. Df. Itamar S. de Oliveira-Júnior
Mecanismo de ação: liberação de enzimas lisossômicas que degradam os muco
polissacarídeos.
N-acetilcisteina
Mecanismo de ação: grupos sulfidrílas rompem pontes dissulfetos das mucoproteinas
Vias de administração: oral, inalatória e injetável
Efeito antioxidante
Outras indicações:
- intoxicação pelo paracetamol
- prevenção da nefrotoxidade de contrastes radiológicos
Antitussígenos
Codeína
3 metil-éter da morfina. Eleva o limiar do centro da tosse. Analgésico e sedativo (fraco)
Dose: 5- 20 mg VO ou se até 3/3 h; Dose analgésica: 30 mg ou mais
Efeitos colaterais:
Sedação, sonolência, náuseas e vômitos, tonturas, constipação, xerostomia ...
Dependência (incomum)
Dextrometafano
Antitussígeno não narcótico, sem efeito analgésico ou sedativo.
Não causa dependência
Metabolízado pelo figado, devendo ser evitado em hepatopatas.
Efeitos colaterais: náuseas, vômitos, diarréia. Em doses elevadas: euforia, torpor,
incoordenação da marcha.
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Dose usual: 15-30 mg 3-4 vezes/dia
Outros: Cloridrato de pipazetato, Citrato de butamirato, Dropropizina etc.
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Praf. Dr. Itamar S. de Oliveira-Júnior
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