113
UNIVERSIDADE POTIGUAR UNP PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO PPGA MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO MPA CÍNTIA GOUVEIA COSTA APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de gestores públicos. NATAL/RN 2014

APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

  • Upload
    others

  • View
    1

  • Download
    0

Embed Size (px)

Citation preview

Page 1: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

UNIVERSIDADE POTIGUAR – UNP

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DE PÓS-GRADUAÇÃO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO – PPGA

MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO – MPA

CÍNTIA GOUVEIA COSTA

APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de

gestores públicos.

NATAL/RN

2014

Page 2: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

CÍNTIA GOUVEIA COSTA

APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de gestores

públicos.

Dissertação de mestrado apresentada ao Programa de Pós-

Graduação em Administração, por meio do Mestrado

Profissional em Administração da Universidade Potiguar –

UnP, como requisito para obtenção do título de mestre, na

área de concentração Gestão Estratégica de Pessoas.

ORIENTADOR (A): Profa. Dra. Lydia Maria Pinto Brito

NATAL/RN

2014

Page 3: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

C837a Costa, Cíntia Gouveia. Aprendizagem no trabalho: uma análise da percepção de gestores públicos / Cíntia Gouveia Costa. – Natal, 2014.

113f.

Orientador: Drª Lydia Maria Pinto Brito Dissertação (Mestrado em Administração). – Universidade

Potiguar. Pró - Reitoria Acadêmica.– Núcleo de Pós-Graduação. Bibliografia. f. 96-100.

1. Administração – Dissertação. 2. Aprendizagem organizacional.

3.Gestão do conhecimento. I. Título.

Page 4: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram
Page 5: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

Dedico este trabalho:

A Deus, por toda proteção espiritual e bênçãos que tem proporcionado na

minha vida.

A Minha Família, pelo apoio e amor incondicional.

Ao IFRN, local de trabalho, aprendizados, alegria e realização profissional.

A todos os trabalhadores do Brasil; sobretudo, servidores públicos, que

valorizam a aprendizagem e crescimento coletivo e compartilham seus

ideais, conhecimentos e modo de ser com o intuito de auxiliar no

desenvolvimento do seu local de trabalho e do País.

Aos gestores do IFRN, que se dedicam diariamente a arte de gerir com o

intuito de auxiliar a instituição a cumprir a sua função social.

Page 6: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

AGRADECIMENTOS

Ser grato, saber agradecer, gratidão é um valor e uma atitude que faz bem a alma. É o

reconhecimento de que não conseguimos nada sozinhos, mas com a ajuda dos outros. Por isso,

tenho muito a agradecer a todas as mãos que teceram junto comigo as páginas dessa dissertação,

através do apoio, dos sorrisos, palavras de incentivos, reconhecimento.

A DEUS,

Agradeço a Deus pela minha vida, por possibilitar que cursasse o Mestrado, a fim de aprimorar os

meus conhecimentos e crescer profissionalmente. Sobretudo, sou grata pela linda família que ele

permitiu que nascesse e por ter colocado pessoas especiais no meu caminho, que me apoiaram e me

incentivaram ao longo dessa caminhada.

A MINHA FAMÍLIA,

Agradeço a minha família, por embarca comigo em todos os meus sonhos, por me apoiar de forma

irrestrita e por ser sempre fonte de compreensão e de amor.

À Mainha, meu exemplo de dedicação, amor e determinação, meu agradecimento por todos os

momentos que me deu colo, me acalentou para que eu recuperasse minhas energias. Muito obrigada

por sempre acreditar em mim.

Meu Pai (In Memorian), apesar da sua ausência, o amor sempre está presente.

Meu Papito, meu pai do coração, leitor nato, escrevinhador, agradeço pelo incentivo a leitura, por

todos os livros e, principalmente, pelo amor e dedicação.

Minha Irmã querida, conviver com uma pessoa com o coração tão puro e que tem o sobrenome

sinceridade só permite que eu cresça a cada dia. Muito obrigada por permitir que eu seja sua eterna

pequena.

Meus irmãos, pelo carinho e torcida.

Minha avó, que sempre incentivou os meus estudos.

Page 7: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

A MINHA ORIENTADORA,

A Prof(a). Dra. Lydia Brito, por ter aceitado o meu interesse de pesquisa, por ter me acolhido,

incentivado e me auxiliado na construção e execução deste sonho. Aprendi muito com o seu

conhecimento, mas, sobretudo, com o jeito de ser, de conduzir as situações, com dedicação e

respeito aos outros.

AOS DOCENTES E EQUIPE DO MESTRADO PROFISSIONAL EM ADMINISTRAÇÃO,

Por cada ensinamento, cada olhar, pela paciência, pela compreensão, indicações, elogios e

recomendações; meu reconhecimento e gratidão a todos os docentes do mestrado, sobretudo, os que

ministraram as aulas na área de Gestão de Pessoas.

Agradeço, especialmente, a professora Fernanda Gurgel, que foi um exemplo e incentivo para

minha atuação na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho ainda na época da graduação e

que tive a grata alegria de reencontrar no mestrado e o Professor, Alípio Veiga, que com o seu jeito

“contundente” e ao mesmo tempo acolhedor me tirou da zona de conforto, possibilitando que

escrevesse os primeiros rascunhos rumo a esta dissertação.

Sou grata também a todo apoio e incentivo fornecido por Glicia Xavier, seu sorriso e

disponibilidade em ajudar foi importante durante o mestrado.

AOS COLEGAS DE TURMA,

Obrigada pelo acolhimento, pelo apoio nos momentos mais “tensos” do mestrado. Apesar de todo o

esforço, que cada um vivenciou no seu dia a dia para conciliar trabalho, família e estudo, dos vários

quilômetros percorridos por muitos de nós todas as semanas; reencontrá-los todas as segundas-

feiras era fonte de inspiração e alegria.

AOS AMIGOS

Aos amigos da escola, da faculdade, do trabalho, da vida, a todos que de alguma forma

contribuíram para que conseguisse concluir o mestrado, através de palavras de incentivos, sorrisos e

abraços.

Em especial agradeço:

Page 8: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

Amélia, Anaclea, Amilde, Marcia e Antônio, muito obrigada pela convivência durante o tempo que

residi em Pau dos Ferros/RN e me deslocava para as aulas do mestrado todas as semanas. Agradeço

por terem sempre apoiado e por todos os momentos de alegria que tivemos no Alto Oeste.

Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão

de Pessoas, que conviveram com meu jeito acelerado, que se acentuou, para conseguir conciliar as

demandas do trabalho com as do mestrado, em especial a equipe da Coordenação de Atenção à

Saúde do Servidor. Considero a nossa convivência muito especial e fonte de aprendizado no

trabalho coletivo e multiprofissional. Sou grata também ao apoio fornecido por Maria das Graças

(Gracinha), Mestre em Administração, que também me ajudou a percorrer este caminho.

A amiga Lisane Maciel, minha amiga-irmã, incentivadora de todas as minhas conquistas.

AO IFRN

Agradeço ao Magnífico Reitor da Instituição, Belchior de Oliveira Rocha, por ter permitido que

realizasse a coleta do dados da pesquisa.

Agradeço a Diretora do Campus Pau dos Ferros do IFRN, Antonia Francimar, por ter autorizado a

minha liberação e compensação de carga horária a fim de que pudesse me deslocar para a cidade do

Natal, semanalmente, para assistir as aulas do mestrado.

A Dionly Damião, Coordenador de Gestão de Pessoas do Campus Pau dos Ferros, por permitir que

atuasse na Gestão de Pessoas na referida unidade.

A Auridan Dantas, Diretor de Gestão de Pessoas do IFRN, sou imensamente grata por ter

possibilitado a minha atuação, de forma sistêmica e em tempo integral, na área de Gestão de

Pessoas do IFRN, pelo reconhecimento, incentivo, confiança.

A disponibilidade e cooperação de todos os colegas de trabalho que auxiliaram na coleta de dados

nas diversas unidades organizacionais da instituição. A colaboração de vocês foi fundamental para

que conseguisse realizar esta coleta de forma ampla, em todas as unidades: muito obrigada!

AOS GESTORES PARTICIPANTES DA PESQUISA

A todos os gestores, de todas as unidades, que dedicaram parte do seu tempo para responder aos

instrumentos desta pesquisa, minha gratidão.

Page 9: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

“A alegria não chega apenas no encontro do achado, mas faz parte do

processo da busca. E ensinar e aprender não pode dar-se fora do procura,

fora da boniteza e da alegria”.

(Paulo Freire)

Page 10: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

RESUMO

A capacidade de aprender é fundamental para sustentabilidade de uma instituição, pois é através da

aprendizagem que há inovação dos processos e o aumento da efetividade das ações. Nesse contexto,

a aprendizagem é identificada como um meio de realizar os objetivos estratégicos da organização

para tanto é necessário ir além da execução das tarefas, e fazer perguntas sobre elas. Portanto, é

fundamental analisar como organização viabiliza a aprendizagem e como os trabalhadores

aprendem, ou seja, que estratégias de aprendizagem eles utilizam no trabalho. Diante desse

contexto, o presente estudo procurou analisar a relação existente entre o modo como uma

Instituição da Rede Federal de Ensino do nordeste brasileiro viabiliza a aprendizagem do

conhecimento e as estratégias utilizadas pelos gestores para aprender no trabalho. Para isso,

desenvolveu-se uma pesquisa mista, descritiva, tipo estudo de caso. O universo desta pesquisa

foram os gestores da instituição ocupantes de cargo comissionado do tipo Cargo de Direção e

Função Gratificada. Por ter sido realizada através de cooperação voluntária dos gestores, a

amostragem foi obtida por conveniência e acessibilidade. Obteve-se a participação de 214 gestores.

Os instrumentos de pesquisa utilizados foram o Passo Aprenda do Diagnostico de Gestão do

Conhecimento de Bukowits e Williams (2002) e o de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho de

Brandão (2009). Além disso, utilizou-se um instrumento para coleta de dados socioprofissionais e

incluíram-se duas questões abertas sobre aprendizagem organizacional, elaboradas pela autora. O

tratamento dos dados foi através de estatística descritiva e inferencial, utilizando-se neste os testes

de Análise de Variância, o Teste de Tukey e o Teste Qui-quadrado; também foi utilizado a análise

de conteúdo. Os resultados demonstraram que os gestores da instituição pesquisa percebem que a

organização viabiliza a aprendizagem, sobretudo através da capacidade de interagir das pessoas e a

busca de informações, valorizando a cooperação, a cultura de companheirismo e responsabilidade.

Além disso, verificou-se que os gestores aprendem, principalmente através da estratégia busca de

ajuda interpessoal e da experimentação, através do uso da estratégia de aplicação prática. Quando

comparado à percepção sobre como a organização viabiliza a aprendizagem e as estratégias

utilizadas no trabalho, dos gestores, a partir do nível de gestão ocupado, encontra-se diferenças em

relação à forma como é viabilizada a aprendizagem, mas não em relação às estratégias. Identificou-

se, existir conceitualmente uma relação entre a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem e

as estratégias utilizadas para aprender no trabalho, mas não estatisticamente. Verificou-se também

que a capacitação e a integração entre as diversas unidades organizacionais e setores afins foram as

principais sugestões fornecidas pelos gestores como forma de alavancar a aprendizagem

organizacional. Dessa forma, compreender esta relação é relevante para que a instituição possa criar

estratégias para fortalecer os modos de viabilizar a aprendizagem organizacional; bem como

desenvolver formas de aprendizagem ainda não praticadas pela instituição.

Palavras-chave: Aprendizagem organizacional. Gestão do Conhecimento. Estratégias de aprendizagem

no trabalho.

Page 11: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

ABSTRACT

The ability to learn is essential for sustainability of an institution, because it is through learning that

there is process innovation and the increase of the effectiveness of the actions. In this context, the

learning is identified as a means of achieving the organization's strategic objectives for this it is

necessary to go besides the execution of tasks, and ask questions about them. Therefore, it is

essential to analyze how the organization enables learning and how workers learn, in other words,

that learning strategies they use at work. In this context, the present study tried to analyse the

relationship between how an institution of the Federal Education Network northeastern Brazilian

enables the learning of knowledge and the strategies used by managers to learn on the job. For this,

we developed a mixed, descriptive, case study type research. The universe of this research were the

managers of the occupants institution commissioned position, like role of the direction and gratified

function. To have been accomplished through voluntary cooperation of managers, the sample was

obtained by convenience and accessibility. It was obtained the 214 managers’ participation. The

research instruments used were the Step Learn of the Diagnostic Management of Knowledge of

Bukowits and Williams (2002) and Learning Strategies at Work of Brandão (2009). In addition, an

instrument was used for collection of data socio-occupational and two open questions about

organizational learning, developed by the author. Data analysis was by descriptive and inferential

statistics, using this testing ANOVA, Tukey test and Chi-square test; also the content analysis was

used. The results showed that the managers of the institution research notice that the organization

enables learning, especially through the ability to interact with people and finding information,

enhancing cooperation, culture of fellowship and accountability. Furthermore, it was found that

managers learn mainly through inter help search strategy and experimentation, using the practical

implementation strategy. When compared to the perception of how the organization enables

learning and strategies used in the work of managers, from the level of busy management, is

somewhat different from the way it is feasible learning, but not in relation to strategies. It was

identified that there is conceptually a relation between the way the institution enables learning and

the strategies used to learn on the job, but not statistically. It was also found that training and

integration between the various organizational units and related sectors were the main suggestions

provided by managers as a way to leverage organizational learning. Thus, understanding this

relationship is important for the institution to develop strategies to strengthen ways of enabling

organizational learning, and to develop ways of learning not yet practiced by the institution.

Keywords: Organizational Learning. Knowledge Management. Learning strategies at work

Page 12: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 – Conteúdo do conhecimento criado pelos quadro modos de conversão. ................ 30

Figura 2 - Espiral de criação do conhecimento organizacional. .............................................. 31

Figura 3 – Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento. .......................... 32

Figura 4 - Estruturação do processo de gestão do conhecimento. ........................................... 35

Figura 5 – Processos e dimensões da aprendizagem................................................................ 49

Figura 6 – Aprendizagem na vida profissional. ....................................................................... 50

Figura 7 – Tipos de estratégias de aprendizagem. ................................................................... 52

Figura 8 – Mapa de distribuição das unidades administrativas. .............................................. 60

Page 13: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

LISTA DE FLUXOGRAMA

Fluxograma 1 – Procedimentos Metodológicos....................................................................... 58

Page 14: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 - Indicadores do Passo Aprenda – Resultado ANOVA ........................................... 75

Gráfico 2 – Estratégias de Aprendizagem – Resultado ANOVA ............................................ 79

Page 15: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Síntese das contribuições das Práticas na Criação do Conhecimento .................. 33

Quadro 2 - Modelos de Gestão do Conhecimento e seus componentes. ................................. 37

Quadro 3 - Comparação entre teorias cognitivistas, construtivistas e comportamentalistas. .. 40

Quadro 4 - Características dos Estilos de Aprendizagem ........................................................ 42

Quadro 5 - Tipologia de aprendizagem baseada na iniciativa do estímulo ............................. 44

Quadro 6 - Definições de Aprendizagem Organizacional ....................................................... 47

Quadro 7 - Estratégias de Aprendizagem – Taxonomia de Warr e Allan (1998) ................... 53

Quadro 8 - Estratégias de Aprendizagem – Taxonomia de Holman et al. (2001) ................... 54

Quadro 9 - Estratégias de Aprendizagem da Escala de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho

.................................................................................................................................................. 55

Quadro 10 - Indicadores do passo Aprenda da gestão do conhecimento de Bukowitz e Williams

(2002). ...................................................................................................................................... 56

Quadro 11 – Indicadores Passo Aprenda e Estratégias de aprendizagem. ............................... 57

Quadro 12 - Conceituação dos itens avaliativos. ..................................................................... 65

Quadro 13 - Estratégias de Aprendizagem e Itens da Escala de Estratégias de Aprendizagem no

Trabalho de Brandão (2009). ................................................................................................... 66

Quadro 14 - Variáveis analíticas. ............................................................................................. 67

Quadro 15 – Resumo das características sócio profissionais ................................................... 72

Page 16: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Composição do universo da pesquisa. .................................................................... 61

Tabela 2 –Percentual de gestores com os dados coletados. ..................................................... 62

Tabela 3 – Níveis de Desempenho dos indicadores do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento.

.................................................................................................................................................. 73

Tabela 4 – Resultado ANOVA – Passo Aprenda. ................................................................... 74

Tabela 5 - Média e Desvio Padrão do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento. ................ 76

Tabela 6 – Resultado ANOVA Estratégias de Aprendizagem. ............................................... 78

Tabela 7 - Média e Desvio Padrão das Estratégias de Aprendizagem ..................................... 80

Tabela 8 - Frequências e Porcentagem Estratégias de Aprendizagem e Função ..................... 82

Tabela 9 - Resultado Qui-quadrado – Passo Aprenda e Estratégias ........................................ 83

Tabela 10 - Frequências e Percentual Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento ................. 84

Tabela 11 - Resultado Qui-quadrado Passo Aprenda e Função após correção de Yates. ........ 85

Tabela 12 – Frequências e Porcentagem Estratégias de Aprendizagem e Função .................. 86

Tabela 13 - Resultado Qui-quadrado - Estratégias e Funções ................................................. 86

Tabela 14 – Categorias de avaliações sobre o processo de aprendizagem. ............................ 88

Tabela 15 – Categorias de sugestões de melhoria do processo de aprendizagem. .................. 89

Tabela 16 - Distribuição de sexo por função. ........................................................................ 103

Tabela 17 - Distribuição de idade por função. ....................................................................... 103

Tabela 18 - Distribuição de localização de exercício por função. ......................................... 104

Tabela 19 - Distribuição de escolaridade por função. ............................................................ 105

Tabela 20 - Distribuição de tempo de exercício por função. ................................................. 105

Tabela 21 - Distribuição de tempo de exercício na função de gestor por função. ................. 106

Tabela 22 - Distribuição de experiência anterior por função. ................................................ 106

Page 17: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

SIGLAS

ANOVA – análise de Variância

AO – Aprendizagem Organizacional

CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior

CD – Cargo de Direção

CEFET – Centro Federal de Educação Tecnológica

ETFERN – Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte

FG – Função Gratificada

GESPUBLICA – Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização

IFRN – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte.

MEC – Ministério da Educação

OA – Organizações que aprendem

PQSP – Programa de Qualidade no Serviço Público

QPAP - Programa Qualidade e Participação na Administração Pública

SETEC – Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica

TD&E – Treinamento, Desenvolvimento e Educação

Page 18: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 18

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO .................................................................................................. 18

1.2 PROBLEMA ...................................................................................................................... 19

1.3 OBJETIVOS ....................................................................................................................... 20

1.4 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................... 21

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ....................................................................................... 22

2 REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................. 24

2.1 MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E NO SERVIÇO PÚBLICO .................. 24

2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO ..................................................................................... 27

2.2.1 O Conhecimento e a sua criação. ................................................................................. 29

2.2.2 Gestão do Conhecimento Organizacional ................................................................... 34

2.3 APRENDIZAGEM ............................................................................................................. 39

2.4 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL ........................................................................ 42

2.5 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM .......................................................................... 51

2.6 APRENDER E ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM. ................................................ 55

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ..................................................................... 58

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA ............................................................................. 59

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA ................................................................................................ 59

3.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS ................................................................. 62

3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA ..................................................................................... 63

3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS .............................................................................................. 67

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS ......................................................................................... 67

3.7 AMBIENTE DE PESQUISA ............................................................................................. 69

4 RESULTADOS .................................................................................................................... 72

4.1 AMBIENTE DE PESQUISA ............................................................................................. 72

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS ....................................................................................... 73

4.2.1 Aprendizagem – Gestão do Conhecimento ................................................................. 73

4.2.2 Estratégias de Aprendizagem no Trabalho ................................................................. 78

4.2.3 Como a aprendizagem é viabilizada e as estratégias de aprendizagem

uma relação? ....................................................................................................................... 80

Page 19: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

4.2.4 Como a aprendizagem é viabilizada e as estratégias de aprendizagem: diferenças

entre os níveis de responsabilidades do Cargo de Direção e Função Gratificada? ...... 83

4.2.5 Avaliação e sugestões sobre o processo de aprendizagem organizacional. .............. 87

5 CONSIDERAÇÕES ............................................................................................................ 93

REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 96

APÊNDICES .........................................................................................................................101

Page 20: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

18

1 INTRODUÇÃO

1.1 CONTEXTUALIZAÇÃO

O processo de aprender está inserido na Gestão do Conhecimento de uma organização,

sendo uma etapa que investiga como os trabalhadores aprendem a aprender. A aprendizagem

no trabalho sempre existiu informalmente nas organizações, mesmo no modelo artesanal ou

no início das unidades fabris. No entanto, o atual modelo de gestão ressalta a importância

deste construto devido à diversidade cultural e constantes mudanças de cenário do mundo

organizacional. As principais transformações são a dissolução das unidades, mudanças no

conceito de tarefa e carreira, aumento da complexidade no trabalho e necessidade de iniciativa

pessoal em comparação à adaptação no novo local de atuação, competição global, mais

trabalho em equipe e através de projetos e menos supervisão. Diante destas transformações,

pesquisadores têm investigado a área da Aprendizagem Organizacional e seus diversos níveis,

como o individual, grupal e o organizacional. Assim como também os Estilos de

Aprendizagem e as Estratégias utilizadas por profissionais para aprender sobre o seu trabalho

e atuar de forma mais eficaz nas organizações.

A aprendizagem deve viabilizar o sucesso organizacional, gerando a sua permanência no

mercado. Para tanto, ela deve ter foco na missão ou função social, estratégias e valores

empresariais, institucionais. Afinal, a capacidade de aprender, desaprender e reaprender para

inovar pode ser uma questão de sobrevivência no mundo atual dos negócios e para garantia de

serviços efetivos nas diversas instituições, independente da gestão ser pública ou privada e do

porte da organização.

Verificar como os profissionais aprendem no ambiente de trabalho, que estratégias

utilizam, auxilia na formatação dos programas formais de aprendizagem; mas, principalmente,

na compreensão de como eles interagem de maneira informal no referido ambiente. De posse

deste conhecimento e da identificação de como o processo de aprendizagem é percebido pelos

trabalhadores, as organizações podem aprimorar o apoio fornecido aos profissionais,

ampliando a capacidade de aprendizagem dos mesmos e, incentivar a aprendizagem nos

níveis grupal e organizacional. Diante deste contexto, questiona-se sobre como a organização

viabiliza a aprendizagem e as estratégias de aprendizagem relacionada ao trabalho, utilizadas

por gestores.

Page 21: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

19

1.2 PROBLEMA

A Rede Federal de Ensino é composta por unidades centenárias que tem o objetivo de

proporcionar aos cidadãos uma formação técnica e tecnológica. Este tipo de formação tem

sido importante para a o crescimento do Brasil e este reconhecimento tem se expressado

através da grande expansão da referida Rede.

De acordo com Secchi (2009), desde os anos 1980, as administrações públicas em

todo o mundo realizaram mudanças substanciais nas políticas de gestão pública e no desenho

de organizações. Essas reformas administrativas consolidam novos discursos e práticas

derivadas do setor privado e os usam como benchmarks para organizações públicas em todas

as esferas de governo. Considerando que o modelo burocrático de administração pública se

tornou inadequado para o contexto institucional contemporâneo por sua presumida

ineficiência, morosidade, estilo autorreferencial e não atendimento das necessidades dos

cidadãos; buscou-se implantar a visão gerencialista da administração, que prima pela eficácia

e eficiência, pelo papel do gestor público e sua relevância na consolidação das estratégias e

suporte na expansão das instituições. Diante da valorização do gestor público torna-se

necessário investigar a percepção deles em relação à aprendizagem organizacional.

Apesar do esforço do Governo Federal em oferecer capacitação através das Escolas de

Administração, devido à rápida expansão da Rede Federal de Ensino, muitos servidores

assumem uma função de gestão sem capacitação prévia. Na instituição de ensino pesquisada,

por exemplo, através de consulta ao Sistema Unificado de Administração Pública - SUAP

(2013), verifica-se que o numero de gestores cresceu com a expansão das unidades. Em 2006,

no início deste processo de expansão, a instituição tinha 264 gestores, sendo 62 de Cargo de

Direção e 202 no nível de Função Gratificada e em 2013 esse número era de 92 de Cargo de

Direção e 240 no nível de Função Gratificada, totalizando 332 gestores.

Com relação às oportunidades formais de aprendizagem ainda não existe planejamento

das capacitações, através de um Programa ou Plano Anual, por exemplo, as mesmas são

realizadas de acordo com as demandas que surgem a partir da análise de necessidades na

atuação dos servidores. No entanto, desde 2005 foi regulamentado, através de resolução da

instituição, a destinação de 5% do orçamento de custeio para a implementação de ações de

qualificação e capacitação. Com este orçamento a organização tem estabelecido convênios

com universidades no sentido de promover a ampliação da qualificação de seus servidores e

incentivado a participação de servidores em congressos e seminários. Além disso, cada

Page 22: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

20

unidade organizacional tem desenvolvido capacitações relacionadas à administração no

serviço público promovendo a disseminação do conhecimento na área de legislação pública,

licitação, compras, processo administrativo, entre outros, que são importante para o

desenvolvimento das áreas administrativas, de ensino, pesquisa e extensão. Ressalta-se que

essas capacitações na sua grande maioria são realizadas através da modalidade de ensino

presencial.

Contudo, é necessário também pensar o aprendizado além das estratégias formais de

ensino e de suas diversas modalidades (presencial, virtual, em serviço); deve ser considerado

o ambiente informal e a aprendizagem organizacional nos seus diversos níveis. Diante disto,

faz-se relevante investigar: existe relação entre o modo como uma Instituição da Rede Federal

de Ensino viabiliza a aprendizagem e as estratégias de aprendizagem utilizadas no trabalho na

percepção de gestores?

1.3 OBJETIVOS

Geral

Analisar a relação existente entre o modo como uma Instituição da Rede Federal de Ensino do

nordeste brasileiro viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas por gestores para

aprender no trabalho.

Objetivos Específicos

Descrever o modo como a instituição viabiliza a aprendizagem.

Identificar as estratégias de aprendizagem utilizadas pelos gestores no trabalho.

Comparar a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem com as estratégias de

aprendizagem no trabalho.

Comparar o modo como a instituição viabiliza a aprendizagem e as estratégias

utilizadas no trabalho por gestores nos níveis de responsabilidade de Cargo de Direção

(CD) e Função Gratificada (FG).

Identificar a avaliação e sugestão dos gestores sobre o processo de aprendizagem

organizacional.

Page 23: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

21

1.4 JUSTIFICATIVA

A aprendizagem no trabalho pode contribuir para o estabelecimento de novas e mais

eficazes formas de relacionamento e estratégias de ação. Sendo assim, este é um tema de

relevância social e para o mundo organizacional competitivo e complexo, no qual para

sobreviver às organizações devem construir e desenvolver um ambiente de aprendizagem.

Este ambiente deve contemplar eventos formais de ensino, cada vez mais estruturados, como

as universidades corporativas. Além disso, deve fornecer o suporte necessário à ocorrência de

processos informais de aprendizagem nos quais os indivíduos possam aprender trocando

informações, consultando material, entre outros meios (PANTOJA; BORGES- ANDRADE,

2009).

Moraes (2010) realizou um levantamento de pesquisas na área de estratégias de

aprendizagem que apontam o crescente interesse por essa área de estudo. Do ano de 2000 a

2009 foram registrados onze estudos enfocando construção e validação de medidas de

estratégias de aprendizagem. E em relação às pesquisas nacionais sobre estratégias de

aprendizagem e contexto de trabalho foram realizadas oito pesquisas entre o ano de 2003 e

2009. Destas houve apenas dois estudos com gestores, mas que não privilegiaram dirigentes

em postos elevados das organizações. Além disso, ao analisar a importância desta pesquisa

para a academia/ciência, deve-se a relativa escassez de investigações empíricas sobre

estratégias de aprendizagem no trabalho, em especial no Brasil (BRANDÃO; BORGES-

ANDRADE, 2011). Pantoja e Borges-Andrade (2009) sugerem que pesquisas contemplem

diferentes variáveis como grau de complexidade da tarefa, valores e crenças do indivíduo a

cerca da melhor forma de aprender a executar o trabalho, percepção de suporte da

aprendizagem, inovação e mudança organizacional. Além disso, Bertolin, Zwick e Brito

(2013) afirmam que o desenvolvimento do campo da aprendizagem organizacional tem

sinalizado para diversas oportunidades de pesquisa ainda não exploradas, indicando a

necessidade de se deslocar o foco de análise para outras esferas, tais como: o terceiro setor, o

agronegócio e o setor público.

O ambiente da pesquisa foi uma instituição da Rede Federal de Ensino de um estado

do nordeste brasileiro. Cobrindo todo o território nacional, a Rede Federal presta um serviço à

nação ao dar continuidade à sua missão de qualificar profissionais para os diversos setores da

economia brasileira, realizar pesquisa e desenvolver novos processos, produtos e serviços em

colaboração com o setor produtivo. A referida Rede está vivenciando a maior expansão de sua

Page 24: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

22

história. De 1909 a 2002, foram construídas 140 escolas técnicas no país. Entre 2003 e 2010,

o Ministério da Educação entregou à população as 214 previstas no plano de expansão da rede

federal de educação profissional. Além disso, outras escolas foram federalizadas. O MEC está

investindo mais de R$ 1,1 bilhão na expansão da educação profissional. Atualmente, são 354

unidades e mais de 400 mil vagas em todo o país. Com outras 208 novas escolas previstas

para serem entregues até o final de 2014, serão 562 unidades que, em pleno funcionamento,

gerarão 600 mil vagas (MEC, 2013).

Diante deste contexto a Rede Federal de Ensino têm um relevante papel social no

Brasil e é composta pelos Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia; Centros

Federais de Educação Tecnológica, Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais e

Universidade Tecnológica Federal. No estado do nordeste brasileiro, que será alvo desta

pesquisa a referida Rede é composta por uma Instituição de Ensino com 19 Campus e 01

Reitoria, que será foco deste estudo, e três Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades.

Devido à grande área de abrangência e expansão da rede neste estado, analisar as estratégias

de aprendizagem no trabalho e verificar como a organização viabiliza a aprendizagem a partir

da percepção de seus gestores, justifica-se pela relevância da atuação destes no processo de

expansão e consolidação da Rede Federal de Ensino. Sendo assim, esta pesquisa poderá

auxiliar a instituição a compreender como os seus gestores aprendem no local de trabalho.

Para o pesquisador a importância desta pesquisa reside na curiosidade científica de

compreender como gestores de diferentes níveis de responsabilidade de atuação, formações e

tempo de experiência na função gerencial aprendem.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

Esta dissertação está estruturada em cinco capítulos. O primeiro, já descrito, refere-se

à introdução, que contempla a contextualização, o problema, os objetivos e a justificativa. O

segundo capítulo é composto pelo referencial teórico, que perpassa as Mudanças no mundo do

trabalho e no serviço público, a Gestão do Conhecimento – o conhecimento e a sua criação e a

Gestão do conhecimento organizacional -, a Aprendizagem, a Aprendizagem Organizacional

e as Estratégias de aprendizagem.

O terceiro capítulo discorre sobre os procedimentos metodológicos empregados neste

estudo, enfatizando a caracterização da pesquisa, o universo e a amostra, o procedimento de

Page 25: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

23

coleta de dados, os instrumentos utilizados, as variáveis do estudo, a forma de tratamento dos

dados e a caracterização dos pesquisados. O quarto capítulo descreve a caracterização do

ambiente de pesquisa e a análise e discussão dos resultados encontrados, apresentados a partir

da proposição dos objetivos e interpretados à luz do referencial teórico explorado nesse

estudo. Por fim, o quinto capítulo trata das considerações finais, destacando as limitações

encontradas na execução desta pesquisa, bem como sugestões para estudos futuros

envolvendo a temática aqui proposta.

Page 26: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

24

2 REFERENCIAL TEÓRICO

Com a intenção de realizar uma análise sobre como a organização viabiliza a

aprendizagem e as estratégias de aprendizagem utilizadas no trabalho, este capítulo expõe o

estado da arte contemplado neste estudo,

2.1 MUDANÇAS NO MUNDO DO TRABALHO E NO SERVIÇO PÚBLICO

De acordo com Borges e Yamamoto (2004), o trabalho é objeto de múltiplas e

ambíguas atribuições de significados e/ou sentidos. Na sua condição originária, o trabalho

deriva de necessidades naturais (fome, sede, etc.), mas se realiza na interação entre os homens

ou entre os homens e a natureza, seguindo as condições sócio históricas em que cada pessoa

vive. Verifica-se assim, que o sujeito busca uma identificação, através da ressignificação da

atividade laboral que desenvolve; o trabalho é vivenciado como um lócus para a realização de

suas necessidades. Ao trabalhar ele se sente pertencente a um grupo e procura alinhar o seu

“fazer” ao seu projeto de vida; gerando neste espaço uma identidade e uma busca pela

realização profissional.

Ao longo da história, de acordo com as características socioeconômicas de cada época,

o trabalho foi compreendido sob diferentes pontos de vista. Na Antiguidade, a Filosofia

Clássica, por exemplo, caracterizava o trabalho como degradante, inferior e desgastante e,

exaltava a ociosidade. Essa ideologia partia do conceito mais restrito de trabalho, relacionado

às atividades braçais e/ou manuais e executados pelos escravos (BORGES;YAMAMOTO,

2004).

Na época do taylorismo, por exemplo, de acordo com Rego (2011), o trabalhador

desejado era o “trabalhador boi”, ou seja, um ser que não reflete sobre o seu trabalho, que se

submete passivamente às ordens da hierarquia superior e ao controle de seus tempos e

movimentos na execução de seu trabalho; que respeita os rígidos códigos de disciplina das

empresas e que realiza repetidamente o trabalho característico de seu posto sem se revoltar

contra isso.

De acordo com Antunes (2006), pode-se indicar que o binômio taylorismo/fordismo,

se estruturava a partir de uma produção mais homogeneizada e enormemente verticalizada,

com o trabalho sendo parcelado, fragmentado. O processo produtivo se caracterizou pela

Page 27: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

25

mescla da produção em série fordista com o cronômetro taylorista. Esta forma de trabalho

suprimia a dimensão intelectual do trabalho operário, que era transferida para a esfera da

gerência científica. A atividade de trabalho se reduzia, assim, a uma ação mecânica e

repetitiva.

Para Cruz e Neto (2011) é no âmbito de profundas mudanças tecnológicas e

organizacionais do trabalho, a partir dos anos de 1980, marcadas pela flexibilização da

produção e reestruturação das ocupações, que verificamos uma valorização dos saberes dos

trabalhadores não ligados ao trabalho prescrito ou ao conhecimento formalizado. Assim, o

desenvolvimento tecnológico, aliado a internacionalização do capital exige um novo perfil de

trabalhador, cuja qualificação profissional vem sendo tencionada para o desenvolvimento de

competências, cuja finalidade seria adquirir novas habilidades que lhes garanta condições de

empregabilidade num contexto de precarização e flexibilização do trabalho.

Desde o final da década de 80 o Brasil buscou, com a abertura de mercado,

mecanismos e métodos que preparassem e atualizassem as empresas e o serviço público com

relação à qualidade e produtividade. Para tanto, no referido serviço, realizou-se o seguinte

trajeto: 1990 – criação do Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade com foco na

gestão dos processos; 1995 – criação do Programa Qualidade e Participação na Administração

Pública - QPAP, ainda com foco nas ferramentas e o início de um discurso voltado para a

qualidade como instrumento de modernização do aparelho do Estado; 1999 – criação, pelo

Ministério do Planejamento Orçamento e Gestão, do Programa da Qualidade no Serviço

Público - PQSP, agregando toda a experiência dos programas anteriores e o foco no

atendimento ao cidadão e em 2005 o Governo Federal lançou, através do Decreto n° 5378, de

23 de fevereiro de 2005, o Programa Nacional de Gestão Pública e Desburocratização -

GESPUBLICA, unificando o Programa da Qualidade com o Programa Nacional de

Desburocratização. (FERREIRA, 2009).

Vale ressaltar que foi a partir da Reforma Constitucional de 1998 (Emenda

Constitucional - EC 19/98) que o princípio da eficiência foi incorporado aos princípios da

administração pública, juntando-se a moralidade, impessoalidade, legalidade e publicidade.

Assim, a referida emenda introduziu práticas gerenciais no âmbito da administração pública

através da eficiência, presteza e agilidade nos serviços, revertendo o foco para o usuário do

serviço, o chamado usuário cidadão. Sendo assim, o GESPUBLICA insere-se em um contexto

mais amplo de mudança de paradigma administrativo: da administração burocrática para a

administração gerencial.

Page 28: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

26

As diretrizes principais da administração gerencial podem ser resumidas da seguinte

forma: (1) descentralização política, transferindo recursos e atribuições para os níveis

regionais e locais; (2) descentralização administrativa, por meio da delegação de autoridade

aos administradores públicos; (3) adoção de formatos organizacionais com poucos níveis

hierárquicos, ao invés das estruturas piramidais; (4) flexibilidade organizacional, em lugar de

estruturas unitárias e monolíticas, compatível com a multiplicidade, à competição

administrada e o conflito; (5) adoção do pressuposto da confiança limitada em substituição à

desconfiança total em relação aos funcionários e dirigentes; (6) controle por resultados, a

posteriori, ao invés do controle rígido, passo a passo, dos processos administrativos; e (7)

administração voltada para o atendimento do cidadão e aberta ao controle social.

(FERREIRA, 2009)

Neste contexto, existe uma valorização do conhecimento tácito do trabalhador, ou

seja, do conhecimento que advém da sua experiência e do seu modo de ser. Dessa forma, as

transformações no processo produtivo afetou diretamente a esfera educacional;

principalmente a direcionada à formação profissional. O termo qualificação adquire, hoje,

uma nova configuração, uma vez que o mercado exige uma força de trabalho detentora de

saberes mais holísticos. Além disso, o deslocamento do conceito de qualificação para

competências foi possível uma vez que acontece uma nova configuração nas formas de

trabalho, redução ou fechamento de postos de trabalho e valorização da subjetividade do

trabalhador (REGO, 2011).

O referido deslocamento de conceito no serviço público pode ser percebido de forma

mais marcante a partir de 2006 por meio dos Decretos n°s 5.707, de 23 de fevereiro de 2006,

que institui a Politica e as Diretrizes para o Desenvolvimento de Pessoal da Administração

Pública Federal Direta, Autárquica e Fundacional, e o 5.825, de 29 de Junho de 2006, que

estabelece as diretrizes para elaboração do Plano de Desenvolvimento dos Integrantes do

Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativo em Educação. Estes documentos

expressam os conceitos de qualificação e gestão por competência; sendo aquele o documento

que tornou a referida gestão um referencial para gestão de pessoas do serviço público.

Diante do exposto, pode-se afirmar que assim, como a concepção de trabalho sofreu

alterações ao longo da história; a forma de conceber o desenvolvimento do trabalhador atende

a uma determinada forma de processo produtivo. A necessidade de valorização do

conhecimento tácito, a importância da socialização do conhecimento e do desenvolvimento

através de competências vêm fornecer suporte a lógica produtiva da atualidade, que é marcada

pela flexibilidade e rapidez.

Page 29: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

27

2.2 GESTÃO DO CONHECIMENTO

Para manter sua hegemonia o modelo de gestão do capital sofre transformações de

forma a garantir sua acumulação. As pesquisas financiadas pelo capital e realizadas pelos

centros de excelência na produção de conhecimento e universidades americanas da área de

Administração, no final dos anos oitenta, do século passado, mostraram que as organizações

de sucesso, ou seja, as que apresentavam lucro, se expandiam no mercado e se projetavam

para o futuro, tinham “aprendido a aprender”, a se adaptarem com rapidez às demandas do

mercado; e apresentavam como características marcantes a gestão de sua competência

essencial e a gestão do conhecimento necessário para projetar a empresa para o futuro

(BRITO, 2008).

Desde a década de 90 do século XX os trabalhadores são analisados não pelas tarefas

que realizam, mas pelos resultados que alcançam (STEWART, 1998). A Gestão por

Competências, a Gestão do Conhecimento e a Aprendizagem Organizacional são modelos

administrativos que auxiliam na transição para este novo trabalhador, focado em resultados.

Mas, como ressalta Brito (2008), esses modelos não são iniciativas isoladas e emergem da

necessidade do capital em manter seus padrões de lucro. De acordo com Davenport (2001), o

contrato de trabalho vigente nas organizações exige que o indivíduo olhe para o valor de seu

capital humano como única fonte de segurança no emprego. Assim, O antigo contrato social

implícito – você trabalha bastante e terá emprego durante o tempo que quiser – não existe

mais. A segurança do emprego não é mais uma decorrência do trabalho em uma única

empresa, mas da manutenção de uma carteira de qualificações relacionadas ao emprego. Essa

transformação sinaliza um “novo contrato psicológico” entre empregador e empregado. Sob

os termos desse novo contrato, os empregadores oferecem aprendizagem em lugar de

segurança no emprego. As qualificações e conhecimento adquiridos promovem a capacidade

contínua de emprego do funcionário – a capacidade de encontrar um trabalho significativo

dentro ou fora da empresa (MEISTER, 1999).

Para Stewart (1998) o capital humano é a fonte de inovação e ele cresce de duas

formas: quando as empresas utilizam mais o que as pessoas sabem e quando um número

maior de pessoas sabe mais coisas úteis para a organização. Para esse autor, pode-se

classificar a força de trabalho de uma organização da seguinte forma: (1) Fácil de substituir,

pouco valor agregado; (2) Difícil de substituir, pouco valor agregado; (3) Fácil de substituir,

muito valor agregado e (4) Difícil de substituir, muito valor agregado. O Capital humano esta

Page 30: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

28

incorporado em pessoas cujo talento e a experiência criam os produtos e os serviços que são o

motivo pelo qual os clientes procuram a empresa e não os concorrentes, portanto, é um

profissional difícil de substituir e de muito valor agregado. Para criar o referido capital à

empresa precisa estimular o trabalho em equipe, comunidades de prática e outras formas

sociais de aprendizado.

De acordo com Davenport (2001), está na hora de pensar nos empregados não como

capital humano, mas como proprietários e investidores de capital humano. Um trabalhador

que agir como investidor deste capital o aplicará onde obter maior retorno. O investimento de

capital humano feito por envolvimento, preservado por comprometimento e apoiado por um

ambiente de trabalho e um contexto de atividade produtiva renderá desempenho. Este é o

cenário de uma organização do conhecimento, que é aquela em que o repertório de saberes

individuais e dos socialmente compartilhados pelo grupo é tratado como um ativo valioso,

capaz de entender e vencer as contingências ambientais (ANGELONI, 2002).

Deve ser criada uma cultura da transferência do conhecimento, pois a falta de

confiança mútua, a falta de tempo e de locais de encontro, a falta de capacidade de absorção, a

crença de que o conhecimento é prerrogativa de determinados grupos e a intolerância com os

erros ou necessidade de ajuda são alguns dos inibidores que retardam ou impedem a referida

transferência (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). Para a criação desta cultura tem-se que

superar as percepções de que o aprendizado e trabalho são diferentes, de que o aprendizado

ocorre apenas em sala de aula e de que o aprendizado e treinamento são um e o mesmo

(ROSENBERG, 2002). Assim, segundo Meister (1999), o foco saiu da sala de aula e dirigiu-

se para um processo de aprendizagem, onde a prioridade é entrar em contato com o

conhecimento da organização como um todo. Ou seja, há a necessidade de transferir o foco de

seus esforços de treinamento e educação corporativa de eventos únicos em uma sala de aula,

cujo objetivo é desenvolver qualificações isoladas, para a criação de uma cultura de

aprendizagem contínua, em que os funcionários aprendem uns com os outros e compartilham

inovações e melhores práticas com o objetivo de solucionar problemas empresariais reais.

Para compreender o processo de gestão do conhecimento nas organizações é

fundamental, inicialmente, analisar a criação do conhecimento. Para tanto é preciso distinguir

dados, informação e conhecimento.

Page 31: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

29

2.2.1 O Conhecimento e a sua criação.

De acordo com Davenport e Prusak (1998), dados são um conjunto de fatos distintos e

objetivos, relativos a eventos. Informação é uma mensagem que tem por finalidade mudar o

modo como o destinatário vê algo, exercer algum impacto sobre o seu julgamento e

comportamento. E conhecimento é uma mistura fluida de experiências condensadas, valores,

informação contextual, insight experimentado, a qual proporciona uma estrutura para

avaliação e incorporação de novas experiências e informações. Para os referidos autores a

transformação da informação para conhecimento acontece através dos processos de

comparação, consequência, conexões e conversação.

O conhecimento é mais do que aquilo que uma pessoa sabe ou que várias pessoas

sabem. É também o que a empresa sabe, reunidos de fontes internas ou externas durante anos,

até mesmo, décadas (ROSENBERG, 2002). Assim, conhecimento é um ativo fluido, mas

importante ativo corporativo que necessita de gerenciamento (FLEURY, 2001). Nonaka e

Takeuchi (1997) consideram que o conhecimento, ao contrário da informação, se refere a

crenças e compromissos, ou seja, o conhecimento é uma função de uma atitude, perspectiva

ou intenção específica. Esses autores fazem a distinção entre conhecimento explícito e tácito.

Para eles, o conhecimento explícito pode ser expresso em palavras e números, e facilmente

comunicado e compartilhado sob a forma de dados brutos, fórmulas científicas,

procedimentos codificados ou princípios universais. Já o conhecimento tácito, que possui uma

dimensão técnica e uma cognitiva, é altamente pessoal e difícil de formalizar, o que dificulta

sua transmissão e compartilhamento com outros. Para Davenport (2001), Conhecimento tácito

abrange o que as pessoas sabem, mas não conseguem expressar prontamente. E o

Conhecimento explícito ou codificado é aquele que as pessoas criam e transmitem mediante a

linguagem formal, sistemática. Além disso, o conhecimento está relacionado à ação, o que

difere da informação propriamente dita. Para Angeloni (2002), o conhecimento é um

agrupamento articulado de informações por meio da legitimação empírica, cognitiva e

emocional. Ele é mais valioso e poderoso do que os recursos naturais, grandes indústrias ou

polpudas contas bancárias (STEWART, 1998). Percebe-se que o conceito de conhecimento

está relacionado com movimento – fluidez, ação, intenção – sendo, portanto, tão valorizado

num mundo organizacional de constante mudança.

A criação do conhecimento organizacional é a capacidade de uma empresa de criar

novo conhecimento, difundi-lo na organização como um todo e incorporá-lo a produtos,

Page 32: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

30

serviços e sistemas. Esta criação é uma interação contínua entre o conhecimento tácito e o

conhecimento explicito e ocorre a partir de quatro modos de conversão, como exposto na

Figura 1: do conhecimento tácito em conhecimento tácito, denominada socialização; do

conhecimento tácito em conhecimento explícito chamado de externalização; do conhecimento

explícito em conhecimento explícito, combinação e do conhecimento explícito em

conhecimento tácito, internalização. O processo de criação do conhecimento é iniciado

através do indivíduo, e ampliado para o grupo até atingir a organização, se concretizando,

assim, o conhecimento organizacional (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Figura 1 – Conteúdo do conhecimento criado pelos quadro modos de conversão.

(Socialização)

Conhecimento Compartilhado

(Externalização)

Conhecimento Conceitual

(Internalização)

Conhecimento Operacional

(Combinação)

Conhecimento Sistêmico

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997).

A referida criação, representada na Figura 2, apresenta-se em duas perspectivas:

epistemológica (a teoria do conhecimento) que tem como sua pedra fundamental a distinção

entre o conhecimento tácito e o conhecimento explícito, e a ontológica que se preocupa

principalmente com os níveis de entidades criadoras do conhecimento (indivíduo, grupo,

organização e entre organizações). A criação do conhecimento organizacional ocorre em

forma de espiral e começa no indivíduo e vai subindo, ampliando comunidades de interação

que cruzam fronteiras entre seções, departamentos, divisões, até atingir toda a organização e

mesmo entre organizações. Fornecer contexto apropriado para facilitação das atividades em

grupo e para criação e acúmulo do conhecimento em nível individual é função da organização

no processo de criação do conhecimento organizacional. Existem cinco condições em nível

organizacional que promovem a espiral do conhecimento: intenção, autonomia, flutuação e

Conhecimento

explícito

Conhecimento

tácito

Conhecimento tácito Conhecimento explícito

do

em

Page 33: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

31

caos criativo, redundância e variedade de requisitos. Assim, a organização deve ter uma visão

sobre o tipo de conhecimento que deve ser desenvolvido, promover a autonomia como

possibilidade de automotivação para que os indivíduos criem conhecimento, estimular a

interação entre a organização e o ambiente externo, incentivar o compartilhamento de

informações que transcendam as exigências operacionais imediatas dos membros das

organizações e promover a combinação de informações de forma rápida e flexível em todos

os níveis da organização (NONAKA; TAKEUCHI, 1997).

Figura 2 - Espiral de criação do conhecimento organizacional.

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997)

Compartilhamento do conhecimento tácito, criação de conceitos, justificação dos

conceitos, construção de um arquétipo e difusão interativa do conhecimento são as cinco fases

para o processo de criação do conhecimento apresentada no modelo de Nonaka e Takeuchi

(1997), de acordo com o exposto na Figura 3. Vale ressaltar que, de acordo com os referidos

autores, para criação do conhecimento nas organizações os processos gerenciais Top-down e

Bottom-up são ineficazes, tendo em vista que não estimulam a interação dinâmica necessária à

criação do conhecimento organizacional. Para este tipo de criação propõe-se um novo

modelo, denominado middle-up-down (do-meio-para-cima-e-para-baixo). Este novo modelo

põe o gerente de nível médio no centro da gestão do conhecimento e redefine o papel da alta

gerência, bem como dos funcionários da linha de frente. Sendo assim a equipe de criação do

Page 34: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

32

conhecimento seria composta por Profissionais do Conhecimento – funcionários da linha de

frente e gerentes de linha; Engenheiros do Conhecimento – gerentes de nível médio e

Gerentes do Conhecimento – altos gerentes.

Figura 3 – Modelo de cinco fases do processo de criação do conhecimento.

Fonte: Nonaka e Takeuchi (1997)

Existem diversas formas, iniciativas organizacionais, que podem facilitar o

compartilhamento e a criação de conhecimentos. Schlesinger (2008) cita alguma dessas

iniciativas: educação corporativa, portais corporativos de conhecimento, mapa do

conhecimento, E-business, benchmarking, comunidades de prática, gestão de conversas, que

são expostas e analisadas quanto a fase da criação do conhecimento, no Quadro 1.

Page 35: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

33

Quadro 1 – Síntese das contribuições das Práticas na Criação do Conhecimento

Práticas Socialização Externalização Combinação Internalização

Educação Corporativa X X

Portais corporativos do

conhecimento X X X

Memória organizacional X X X

Mapa do conhecimento X X X

E-business X X X

Benchmarking X

Comunidades de prática X X

Gestão de pessoas X X

Gerenciar conversas X X

Sistemas de Informação

Intranet X

Workflow X X

Groupware X

Inteligencia artificial X

Business Inteligence X

Inovation suport tools X

Fonte: Elaborado por Ferreira (2004) apud Schlesinger (2008)

Destaca-se a importância das conversas para a criação de novos conhecimentos,

multiplicando-os e aplicando-os em toda a organização. As mesmas ligam-se intimamente à

socialização e à externalização de conhecimentos. Assim, os aspectos cruciais para a criação

do conhecimento são compatíveis com as atividades humanas, entre elas, as conversas.

Evidentemente, para muitos gestores, preocupados prioritariamente com aspectos racionais,

essa vertente humana é relegada a um segundo plano e enfatizam-se aspectos mais lógicos.

Essa postura gera prejuízos imensuráveis para a organização. Dentro desse contexto, a

questão que se coloca é inovar profundamente os seus valores. No contexto da nova

economia, “gerenciar conversas” é uma prática que conduz as organizações a resultados

desejáveis (SCHLESINGER, 2008).

Para Davenport e Prusak (1998), conversar é a maneira pela qual os trabalhadores

descobrem aquilo que sabem, compartilham com os seus colegas e criam conhecimento novo

para organização. Nonaka e Takeuchi (1997) corroboram com este pensamento ao relatar que

para transmitir conhecimento, o conhecimento pessoal de um indivíduo deve ser

compartilhado com outros, e esta é a forma de transformar conhecimento tácito em explícito.

Afinal, o aprendizado mais poderoso é expresso através da experiência direta. Já Davenport

(2001), sugere a criação de grupos prático, que são grupos de trabalho informais, que surgem

no local de trabalho, pois a aprendizagem é social (e não individual) e obtida da interação

entre iguais (e não apenas dos instrutores).

Page 36: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

34

Ressalta-se que reconhecer o conhecimento como um ativo corporativo é entender a

necessidade de geri-lo e cercá-lo do mesmo cuidado dedicado à obtenção de valor de outros

ativos mais tangíveis (DAVENPORT; PRUSAK, 1998). A gestão do conhecimento criado

nas organizações envolve principalmente o trabalho com o relacionamento humano e seus

vários elementos intangíveis. Tal dinâmica tem como principal elemento fomentador a cultura

organizacional. (ANGELONI, 2002).

2.2.2 Gestão do Conhecimento Organizacional

A gestão do conhecimento é a capacidade desenvolvida pelas organizações de mapear

na sociedade, trazer para a organização, distribuir, criar, recompensar e reter conhecimento

relacionado à sua competência essencial (BRITO, 2008). Para Davenport e Prusak (1998), a

Gestão do Conhecimento é dividida em quatro etapas contínuas: acesso (mercados de

conhecimento), geração (aquisição, aluguel, recursos dirigidos, fusões, adaptação e redes de

conhecimento), incorporação (através da codificação, que converte o conhecimento para

formatos acessíveis e aplicáveis) e transferência (contratar pessoas perspicazes e deixar que

elas conversem entre si). Já para Rosenberg (2002), o gerenciamento do conhecimento pode

ser dividido em três níveis: gerenciamento de documentos (nível 1), criação,

compartilhamento e gerenciamento da informação (nível 2) e inteligência empresarial (nível

3).

De acordo com Bukowitz e Williams (2002), a estruturação do processo de gestão do

conhecimento segue dois cursos de atividades que ocorrem simultaneamente nas

organizações, como representado na Figura 4: (1) O Tático – que é a utilização de

conhecimento no dia-a-dia para responder às demandas ou às oportunidades do mercado e o

(2) Estratégico – que a meta é o alinhamento da estratégia de conhecimento da organização

com a estratégia geral dos negócios.

Page 37: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

35

Figura 4 - Estruturação do processo de gestão do conhecimento.

Fonte: Bukowitz e Williams (2002)

De acordo com as referidas autoras, o lado tático do processo de gestão do

conhecimento abarca quatro passos básicos: obtenha, utilize, aprenda e contribua. O obter e

utilizar são os dois processos mais comuns para as organizações, uma vez que a obtenção

configura-se pela busca, por parte dos trabalhadores, das informações necessárias para depois

utilizá-las na resolução de problemas, tomadas de decisão ou criação de novos produtos e

serviços. O aprender e contribuir são um desafio na medida em que as organizações precisam

integrar a aprendizagem ao modo como às pessoas trabalham e convencê-las de que a

contribuição dá retorno tanto para organização como para elas próprias. Já o nível estratégico,

apresenta os seguintes passos: avalie, construa e sustente, despoje. A avaliação exige que a

organização defina o conhecimento necessário para a sua missão e mapeie o capital intelectual

atual, em contraste com as necessidades futuras de conhecimento. O passo construa e sustente

assegura que o capital intelectual futuro manterá a organização viável e competitiva. Por

ultimo, é fundamental descartar o conhecimento que não cria mais valor. Assim, a

organização poderá alinhar a estratégia de conhecimento com a estratégia geral de negócios.

De acordo com Brito, Oliveira e Castro (2012), existem várias formas de abordagens

teóricas para a Gestão do Conhecimento, pois vários autores ao longo do tempo tiveram

diferentes contribuições na construção desse processo. O Quadro 2 resume alguns dos

principais modelos, suas contribuições e características.

Ressalta-se que a gestão do conhecimento está associada à própria evolução da teoria

organizacional e depende de uma análise profunda da relação entre as seguintes variáveis:

Page 38: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

36

ambiente econômico e social, evolução tecnológica, lógica organizacional e concepções sobre

a natureza humana (TERRA, 2000). Além disso, as gestões do conhecimento e de uma

empresa estão interligadas. Sendo assim, o conhecimento e sua gestão perpassam a estratégia,

informações, processos, projetos, capital humano e cliente nas organizações. Assim a gestão

do conhecimento é o processo pelo qual a organização gera riqueza, a partir do seu

conhecimento ou capital Intelectual. Ela representa um esforço para reparar prejuízos

anteriores e uma política de segurança contra a perda de memória organizacional no futuro

(BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002).

Page 39: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

37

Quadro 2 - Modelos de Gestão do Conhecimento e seus componentes.

MODELO

Criação do

conhecimento

(espiral)

Ativos intangíveis Geração do

conhecimento

Capital

intelectual como

fator de sucesso

Facilitação da

criação do

conhecimento

Sete dimensões da

GC

Diagnóstico da

GC

Criação do

significado na

organização do

conhecimento

AUTOR Nonaka e takeuchi Sveiby Davenport e

Prusak Stewart

Von Krogh, Ichijo

e Nonaka Terra

Bukowitz e

Williams Choo

ANO 1997 1998 1998 1998 2001 2005 2002 2003

FOCO

O processo de

criação do

conhecimento

organizacional

voltado para o

desenvolvimento de

produtos e serviços.

Aprendizagem

organizacional a

partir da transferência

de conhecimento,

competência do

funcionário, melhoria

das estruturas

internas e externas.

Geração do

conhecimento

por aquisição ou

por

desenvolviment

o

Como descobrir,

gerenciar e

desenvolver o

capital

intelectual por

meio da

simulação

Proporcionar uma

atmosfera para o

aprendizado e a

disseminação de

informações

através de

condições

capacitadoras.

Avaliação da GC

considerando-se as

dimensões da

prática gerencial.

Estruturação dos

processos de

GC com base no

diagnóstico.

Como as

organizações usam

a informação para

criar significado,

construir

conhecimento e

tomar decisões.

COMPO-

NENTES

DO

MODELO

Criação do

conhecimento

organizacional a

partir de quatro

processos:

socialização,

externalização,

combinação e

internalização.

GC como um ativo

para os negócios e

organização.

Conjunto de

quatro etapas:

geração de

conhecimento

de forma

consciente e

intencional;

codificação e

coordenação de

conhecimento;

transferência de

conhecimento e

utilização para

provocar

mudanças.

Aquisição,

desenvolviment

o, remodelação

de capital

intelectual.

Recursos

humanos,

motivação de

funcionários,

treinamentos,

qualidade,

trabalho em

equipe,

brainstorming,

entre outras

estratégias.

Elementos

construtivos: metas

de conhecimento,

identificação,

desenvolvimento,

compartilhamento e

distribuição,

utilização,

preservação e

avaliação do

conhecimento.

DGC em dois

processos:

Tático (seções:

obtenha, utilize,

aprenda,

contribua), e

processo

Estratégico

(seções: avalie,

construa/manten

ha e descarte).

Mudança ecológica,

interpretação,

seleção e retenção.

Fonte: Brito, Oliveira e Castro (2012).

Page 40: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

38

Fleury (2001) entende por gestão estratégica do conhecimento a tarefa de identificar,

desenvolver, disseminar e atualizar o conhecimento estrategicamente relevante para a

empresa, seja por meio de processos internos, seja por meio de processos externos às

empresas. Assim, a gestão do conhecimento deve servir como uma linha-mestra norteadora

das ações estratégicas das empresas que se pretendem manter competitivas na economia do

conhecimento. Na gestão estratégica, as competências essenciais são entendidas como a

aprendizagem coletiva na organização ou, em outras palavras, são o conjunto de habilidades e

tecnologias que habilitam uma companhia a proporcionar um benefício particular para os

clientes. A conversão da aprendizagem em recursos e habilidades específicos da empresa,

principalmente as competências essenciais, representa um comprometimento dos ativos que

ajudam a moldar sua estratégia.

Angeloni (2002) propõe um modelo de três dimensões para explicar a organização do

conhecimento e sua gestão: a Infra-estrutura organizacional - favorece a readaptação e

participação dos colaboradores com a visão do todo, criando meios para a utilização do

conhecimento; as Pessoas - como criadoras do conhecimento e objetivos comuns e as

Tecnologias - funcionam primordialmente como canais de comunicação do conhecimento. Na

dimensão infra-estrutura é fundamental o estudo da cultura da organização, consideração do

modelo holístico, o estilo gerencial da era do conhecimento e o desenho da estrutura

organizacional. A dimensão das Pessoas compreende a aprendizagem organizacional, os

modelos mentais, a criatividade, inovação e intuição. Na dimensão Tecnológica destacam-se

as redes como apoio a gestão do conhecimento.

A tecnologia desempenha papel essencial na Era do Conhecimento, consistindo na

adoção de técnicas e métodos que irão facilitar a captação, a estruturação e a disseminação do

conhecimento, anteriormente desestruturado e disperso na organização ou restrito a poucas

pessoas, por meio de manuais e normas complexas. Nesse contexto, o ser humano

desempenha um papel fundamental na diferenciação entre tecnologias da informação e

tecnologias do conhecimento. Aquelas podem ser processadas em grandes volumes e por

computadores, sem a necessidade da intervenção humana. Já as últimas tendem a ser

utilizadas de forma interativa e iterativa por seus usuários (ANGELONI, 2002). A gestão do

conhecimento é muito mais do que tecnologia, mas a tecnologia certamente faz parte da

gestão do conhecimento (DAVENPORT; PRUSAK, 1998).

Para Johnson (2011), as redes de comunicação são, cada vez mais, os meios pelos

quais o conhecimento é difundido, disseminado e criado. Elas revelam o modo como as

pessoas de fato saem em busca de informações, sua forma de distribuição, e a maneira pela

Page 41: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

39

qual elas colaboram para criar novos conhecimentos. O referido autor afirma que a análise de

redes é um meio extremamente sistemático de examinar a maneira como as relações se

configuram dentro de uma organização. E que o bom desempenho está intimamente ligado à

capacidade de o indivíduo fazer as conexões necessárias para obter as informações corretas

em tempo hábil. Está claro, portanto, que as estruturas informais e fluídas caracterizadas pela

autonomia individual são a chave para a construção do conhecimento.

Dessa forma, segundo Davenport e Prusak (1998), a gestão do conhecimento nas

organizações deve atender os seguintes objetivos, mantendo o foco no conhecimento e não no

dado ou na informação: (1) criar um repositório de conhecimento constituído de

conhecimento externo, utilizando, por exemplo, os conceitos e ferramentas de Inteligência

Competitiva; conhecimento interno estruturado; conhecimento interno informal; (2) melhorar

o acesso ao conhecimento através de identificação dos “páginas amarelas”; estabelecimento

de rede de contato com especialistas; elementos de ligação entre grupos na organização; (3)

desenvolver um ambiente e uma cultura organizacional que estimulem a criação, a

transferência e o uso do conhecimento; (4) gerenciar o conhecimento como um recurso

mensurável por meio de auditorias internas, buscando o conhecimento - capital intelectual -

disperso pela organização.

Assim, a Gestão do Conhecimento requer a criação de novos modelos organizacionais

(estruturas, processos, sistemas gerenciais), novas posições quanto ao papel da capacidade

intelectual de cada funcionário e uma efetiva liderança, disposta a enfrentar, ativamente, as

barreiras existentes ao processo de transformação (FLEURY, 2001). Contudo, a gestão do

conhecimento não alcançara sucesso numa organização se ela for responsabilidade

unicamente de um grupo; portanto, deve ser responsabilidade de todos (DAVENPORT;

PRUSAK, 1998).

2.3 APRENDIZAGEM

A aprendizagem é um processo psicológico essencial para a sobrevivência dos seres

humanos no decorrer de todo o seu desenvolvimento e faz referência a mudanças que ocorrem

no corpo do indivíduo, não resultantes unicamente da maturação, mas também da interação

com o contexto. É um conceito que envolve, além da aquisição e retenção, a generalização e

transferência de conhecimento (ABBAD; BORGES-ANDRADE, 2004).

Page 42: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

40

A aprendizagem humana tem uma condição fundamental que é a interação entre dois

processos: um de interação externa, do sujeito com sua condição social, cultural e meio

ambiente material e outra interna, de elaboração e aquisição em que novos impulsos são

conectados com os resultados de aprendizagens anteriores. Ressalta-se que aprender, pensar,

lembrar, entender e funções similares não são apenas cognitivas ou de conteúdos. Essas

funções são inseparavelmente ligadas com as emoções e motivações (ILLERIS, 2004).

O estudo da aprendizagem está presente nas diversas teorias psicológicas. As

definições de aprendizagem se dividem nas abordagens comportamentalistas, cognitivistas e

construtivistas. Cada uma dessas define o fenômeno de acordo com suas bases conceituais e

filosóficas, como exposto no Quadro 3. Ressalta-se que em psicologia organizacional e do

trabalho o conceito de aprendizagem não é unidimensional e não se refere apenas à aquisição

e retenção do conhecimento; mas também a processos de generalização, à demonstração ou

aplicação no trabalho, de habilidades, conhecimentos ou atitudes adquiridas - cognitivismo e

comportamentalismo - ou desenvolvidas - construtivismo (ABBAD; BORGES-FERREIRA;

NOGUEIRA, 2006).

Quadro 3 - Comparação entre teorias cognitivistas, construtivistas e comportamentalistas.

Teorias Cognitivistas Teorias construtivistas Teorias comportamentalistas

Abordagem S-O-R (Estímulo-

Organismo-Resposta)

Abordagem considera a

interação do ambiente com o

indivíduo, contextualizado em

seu ambiente social.

Abordagens de estímulo e

resposta: S-R (condicionamento

clássico) e contingência tríplice:

estímulo (antecedente), resposta

e conseqüência: S-R-C

(condicionamento operante).

Pressupõe processos internos e

estruturas responsáveis por esses

processos.

Pressupõem que os processos

internos se estruturam a partir

das relações com os outros

indivíduos, e se modificam para

fazer sentido.

Fenômenos encobertos são

oriundos dos mesmos processos

que os abertos, não atribuem

estruturas internas para explicar

esses processos.

O ambiente propicia estímulos

que servem de insumos aos

processos internos. Os estímulos

sensoriais, transformados em

informações neurais,

impressionam receptores

sensoriais. Esses estímulos são

temporariamente retidos e dão

início ao processamento

cognitivo de informações

O ambiente social fornece o

contexto para a aprendizagem,

este se insere num momento

histórico e é influenciado pela

cultura. O aprendiz não é uma

máquina que recebe ou processa

estímulos, a eles atribui

significados, a partir de seus

conhecimentos pré-existentes,

com os quais reorganizará seu

processo de desenvolvimento

cognitivo.

Os estímulos externos

antecedentes são discriminativos

– SD (na presença dos quais

uma resposta, se emitida, será

reforçada) ou S deltas (na

presença dos quais, o

comportamento se emitido não

será reforçado).

A experiência passada do

indivíduo com esses SD/S deltas

influencia o estabelecimento de

novos estímulos discriminativos

e S deltas (história

comportamental)

Fonte: adaptado de Abbad, Nogueira e Walter (2006).

Page 43: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

41

A abordagem cognitivista define a aprendizagem como uma mudança de

comportamento, resultante da interação do individuo com o meio, e de seus processos mentais

de aquisição de conhecimentos, habilidades e atitudes. O modelo de processamento de

informação, desta abordagem, pressupõe, no processo de aprendizagem, um sistema composto

por estruturas cognitivas e processos internos em constante interação com o meio ambiente. O

fluxo de informação, do referido modelo, pode ser influenciado pelo controle executivo e

pelas expectativas. Através do primeiro, a partir de experiências anteriores, o indivíduo pode

regular as etapas da aprendizagem. Já as expectativas referem-se àquilo que o aprendiz

acredita que se espera dele; afetando, portanto, o modo como percebe os estímulos do início

do fluxo, a interpretação da retroalimentação que segue suas ações e também determina o que

vai ser esquecido (ABBAD; NOGUEIRA; WALTER, 2006).

Para Pozo (2002), qualquer atividade ou tarefa, embora se realize de modo automático,

conserva certo grau de regulagem ou controle cognitivo. Numa tarefa de aprendizagem esse

controle pode ser exercido em três momentos: no planejamento da tarefa, na regulagem de sua

execução ou no desdobramento de uma estratégia de aprendizagem. Ressalta-se que uma

reflexão consciente sobre a aprendizagem ajudará não apenas a exercer mais controle sobre

nossos modos de aprender como também a compreender melhor as lacunas e possibilidades.

Para Kolb (1997), há duas dimensões básicas no processo de aprendizagem. A

primeira dimensão corresponde à experiência concretas (EC) de eventos, de um lado, e a

conceituação abstrata (CA) de outro. Já a segunda dimensão é formada pela experiência ativa

(EA) e a observação reflexiva (OR). Assim, para este autor a aprendizagem é concebida num

ciclo quadrifásico em que a experiência concreta imediata é à base da observação e da

reflexão. Este modelo denominado de Aprendizagem Vivencial exige os aprendizes às

seguintes habilidades: (1) capacidade de se envolver completa, aberta e imparcialmente a

novas experiências; (2) refletir sobre essas experiências e observá-las a partir de diversas

perspectivas, (3) criar conceitos que integrem suas observações em teorias sólidas em termo

de lógica e (4) usar estas teorias para tomar decisões e resolver problemas. Os Estilos

Individuais de Aprendizagem a partir da perspectiva do Modelo de Aprendizagem Vivencial

são: convergente, divergente, assimilador e acomodador. As principais características de cada

estilo podem ser observadas no Quadro 4.

Page 44: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

42

Quadro 4 - Características dos Estilos de Aprendizagem.

Estilo Habilidades Característica

Convergente Conceituação Abstrata (CA) e

Experiência Ativa (EA) Aplicação prática de idéias

Divergentes Experiência Concreta (EC) e

Observação Reflexiva (OR) Capacidade de imaginação

Assimilador Conceituação Abstrata (CA) e

Observação Reflexiva (OR) Raciocínio indutivo

Acomodador Experiência Concreta (EC) e

Experiência Ativa (EA) Realizar, executar planos.

Fonte: Kolb (1997).

O estilo Convergente através do raciocínio hipotético-dedutivo consegue se concentrar

em problemas específicos. De forma oposta, o estilo Divergente tem a capacidade de ver

situações concretas a partir de várias perspectivas, tendo um excelente desempenho em

situações que exijam gerações de idéias. Já o Assimilador tem capacidade de integrar

observações desencontradas numa explicação e o Acomodador é um estilo em que as pessoas

tendem a se arriscar mais do que as possuidoras dos outros três estilos de aprendizagem, pois

sua formação esta na execução e na capacidade de se sobressair em situações nas quais se

precisa adaptar-se a circunstâncias imediatas e específicas (KOLB, 1997).

Para o mundo organizacional, a aprendizagem tem se tornado um tema de grande

relevância devido à capacidade que os profissionais precisam aprender constantemente a

aprender a fim de lidar com as transformações do referido mundo. A análise deste tipo de

aprendizagem se dá através de estudos sobre a aprendizagem formal e informal e, sobretudo,

da relação entre aprendizagem e local de trabalho.

2.4 APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL

Algumas organizações chegaram à conclusão de que ter capacidade para aprender é,

afinal, a única maneira de crescerem e renovarem. No nível organizacional, a aprendizagem é

identificada como um meio de realizar objetivos estratégicos. Para tanto, a liderança da

organização deve comunicar obstinadamente como a estratégia da organização é alcançada

pela aprendizagem, a qual deriva das decisões e ações cotidianas. Ligar os pontos entre a

estratégia e as ações cotidianas é um estado estratégico chamado “alinhamento”. Quando as

ligações são visíveis, elas tornam-se as regras de como exercitar a aprendizagem e uma

Page 45: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

43

maneira que beneficie a organização. Além disso, ligar as ações e as decisões cotidianas aos

objetivos estratégicos ajuda as pessoas a verem como as tarefas que desempenham

estritamente nas horas de trabalho, têm impacto no sistema organizacional mais amplo.

Assim, a aprendizagem é importante para a organização porque ela é o passo de transição

entre a aplicação de ideias e a geração de ideias novas. Para a maioria das organizações, o

processo de gestão do conhecimento termina quando as pessoas utilizam o conhecimento que

adquiriram para satisfazer as suas necessidades imediatas. No entanto, as organizações que

utilizam a aprendizagem como um meio de alavancar a experiência individual em benefício

do empreendedorismo não solicitam aos indivíduos que reservem tempo para aprender.

Nessas organizações, a aprendizagem está firmemente integrada aos hábitos e rotinas de

trabalho e é indistinguível e inseparável do próprio processo de trabalho. Ela não é ajustada ao

verdadeiro trabalho da organização – ela é o verdadeiro trabalho da organização.

(BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002).

A aprendizagem organizacional refere-se à maneira como as organizações constroem,

suplementam e organizam conhecimentos e rotinas em torno de sua competência essencial e

em sintonia com a construção de culturas adaptativas que permitam a eficácia organizacional

através da melhoria da utilização do conhecimento e das habilidades de sua força de trabalho.

Ela é equacionada com o desenvolvimento de novas atitudes provocadas pelos insights ou

mudanças de estados de conhecimento que não são facilmente perceptíveis, mas que influem

de forma determinante nos resultados econômicos da empresa (BRITO, 2008). Este tipo de

aprendizagem não é um tema recente de estudos científicos, tendo seu início da década de

setenta do século passado; no entanto, o relacionamento entre as dimensões individual, grupal

e organizacional se constitui em assunto que ainda está para ser esclarecido (BIDO et al.,

2011). Além disso, aprendizagem organizacional usualmente vem sendo relacionado a ações

formais como as de Treinamento, Desenvolvimento e Educação (TD&E). No entanto, as

possibilidades de aprendizagem nas organizações vão além das referidas ações orientadas para

atender a necessidades específicas de trabalho. A aprendizagem dos indivíduos nas

organizações pode advir, por exemplo, por meio das consequências organizacionais resultante

dos seus comportamentos, da observação das consequências dos comportamentos dos

membros de sua equipe, ouvindo histórias e recebendo instruções de supervisores

(PANTOJA; BORGES-ANDRADE, 2009).

De acordo com Abbad e Borges-Andrade (2004), a aprendizagem pode ser natural ou

induzida. Ela é daquele tipo quando ocorre através da observação, imitação, tentativa e erro,

busca de materiais escritos, contatos informais com outras pessoas; acontece no dia-a-dia do

Page 46: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

44

trabalhador é pouco sistemática e segue um ritmo baseado em preferências, estilos e

motivações pessoais. Já a aprendizagem induzida acontece em situações planejadas e

estruturadas para facilitar a aprendizagem, a retenção e transferências como acontece nas

situações de treinamento e desenvolvimento. De acordo com Brito (2008), a diferença entre a

forma de compartilhamento natural do conhecimento e as novas formas de compartilhamento

do conhecimento, promovidas pelas organizações, é o gerenciamento, manipulação e controle

rigoroso do processo de aprendizagem a partir unicamente dos interesses do capital. Esta nova

forma de controle sobre o aprendizado organizacional constitui-se na forma mais sofisticada

de apropriação e alienação do trabalho iniciada pelo Taylorismo/Fordismo, que se apropriou

dos movimentos, tempo e ritmos do trabalhador, e que agora exige a apropriação por parte do

capital também da teleologia, do conhecimento tácito, do desejo, do abstrato, das formas de

interação e da criatividade coletiva.

Moraes (2010) apresenta uma tipologia de aprendizagem baseada na iniciativa do

estímulo, como pode ser observada no Quadro 5. No caso da indução pela organização há um

estímulo para a ocorrência da aprendizagem individual através de treinamentos, oficinas,

mentoria, coaching e job rotation. Na aprendizagem induzida pelo indivíduo ele é o

protagonista do seu estímulo. Quando não há indução para aprendizagem, consideram-se as

aquisições de conhecimento tácito, nas quais o indivíduo está pouco ciente.

Quadro 5 - Tipologia de aprendizagem baseada na iniciativa do estímulo

Tipologia da aprendizagem relacionada

ao trabalho Característica

Induzida pela organização Ocorre a partir do estímulo gerado deliberadamente pela

organização.

Induzida pelo aprendiz Ocorre a partir do estímulo gerado deliberadamente pelo

próprio indivíduo.

Não induzida Ocorre sem que tenha havido alguma deliberação para a

geração do estímulo.

Fonte: Moraes (2010).

As organizações comprometidas com a aprendizagem têm de ajudar indivíduos e

equipes de funcionários a desenvolver a capacidade de aprender. Isso significa fazer

experiências com ferramentas e técnicas que não pertencem ao kit do instrutor tradicional.

Neste mundo conectado, as corporações estão desenvolvendo cursos para treinar funcionários

em realidade virtual, intranet e internet, para que a colaboração global em equipe se torne

Page 47: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

45

realidade. Essas tecnologias mudarão a forma do conhecimento, ampliando o alcance das

práticas empresariais em qualquer lugar, a qualquer momento. As Universidades

Corporativas, por exemplo, em essência, personifica a filosofia de aprendizagem da

organização, um modo de pensar que tem como meta oferecer a todos os níveis de

funcionários o conhecimento, as qualificações e as competências necessárias para atingir os

objetivos estratégicos da organização. As empresas que estão aplicando os princípios

inerentes a este tipo de universidade estão criando um sistema de aprendizagem contínua em

que toda a organização aprende e trabalha com novos processos e novas soluções. Assim, ao

mesmo tempo em que as universidades corporativas desafiam antigas suposições sobre

treinamento e trabalham para encontrar novas ideias e soluções, elas assumem um novo papel

na organização: o de laboratório de aprendizagem (MEISTER, 1999).

De acordo com Meister (1999), o principal objetivo do lançamento de uma

universidade corporativa é institucionalizar uma cultura de aprendizagem contínua, vinculada

às mais importantes estratégias empresariais. Para compreender a importância dessas

universidades é necessário entender as forças que sustentam esse fenômeno. Em essência, são

cinco: a emergência da organização não hierárquica, enxuta e flexível; o advento e a

consolidação da “economia do conhecimento”; a redução do prazo de validade do

conhecimento; o novo foco na capacidade de empregabilidade/ocupacionalidade para a vida

toda em lugar do emprego para a vida toda e uma mudança fundamental no mercado da

educação global. Atualmente, espera-se que os trabalhadores construam sua base de

conhecimento ao longo da vida. Assim, a meta é fazer com que a atitude de aprender a

aprender se torne parte natural do modo como os funcionários pensam e comportam-se no

trabalho. Para tanto, o currículo básico das universidades corporativas é incrivelmente

semelhantes na sua atenção aos três Cs – desenvolver a Cidadania Corporativa, proporcionar

uma Estrutura Contextual para a empresa e criar Competências Básicas entre os funcionários

no ambiente de negócios.

A partir dos conceitos existentes na literatura sobre aprendizagem informal pode-se

afirmar que este tipo de aprendizagem ocorre por ações específicas, pontuais e condicionadas

aos interesses dos indivíduos; não constituem ações sistematicamente programadas e não há

controle da organização sobre o que está sendo aprendido. Além disso, sua ocorrência pode

estar ou não relacionada aos objetivos organizacionais e do trabalho, não estando, portanto,

direcionadas ao alcance de resultados específicos (PANTOJA; BORGES-ANDRADE, 2009).

Aprendizagem Organizacional (AO) e Organizações que Aprendem (OA) são duas

vertentes de estudos e pesquisas do domínio de processos de aprendizagem. A primeira é

Page 48: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

46

representada por pesquisadores e acadêmicos e propõe-se a descrever como as organizações

estão aprendendo e os fatores ligados a este processo, através da investigação empírica e do

rigor metodológico. A segunda vertente é desenvolvida por consultores e pesquisadores

orientados para transformação organizacional e normalizam e prescrevem o que as

organizações devem fazer para aprender. Verifica-se que as duas vertentes tratam do mesmo

fenômeno a partir de interesses distintos. Existe uma diversidade quando se trata de

conceituar Aprendizagem Organizacional (AO), que está apresentada no Quadro 6. Parte

desta decorre da ênfase que cada autor em um dos níveis de análise do fenômeno – individual,

grupal ou organizacional. Os autores que restringem a aprendizagem no nível individual,

afirmam que o indivíduo é fonte primária de aprendizagem e que ele age e aprende na

organização, criando, inclusive, as formas ou estruturas organizacionais que permitem a

aprendizagem. Já os que enfatizam a organização afirmam que a aprendizagem organizacional

é um fenômeno maior do que a soma das aprendizagens individuais. Pode-se afirmar,

contudo, que a aprendizagem passa a ser organizacional, transcendendo do plano individual,

quando os conhecimentos, as atitudes e as visões e as práticas tornam-se compartilhadas pelo

coletivo. O processo de aprendizagem permite o desenvolvimento de esquemas interpretativos

da realidade a partir de premissas que orientam as prescrições e rotinas e que estão integrados

ao conhecimento produzido no contexto de uma dada organização. Esses esquemas ou mapas

podem ser compartilhados criando mapas coletivos ou organizacionais. Ressalta-se que há

uma carência de abordagens que integrem os dois níveis em que a aprendizagem se realiza –

individual e organizacional, abrindo espaço para perspectivas unidirecionais, que entende ser

o nível organizacional um somatório dos processos individuais. Na vertente da aprendizagem

organizacional, fica evidente que o processo de aprendizagem organizacional é complexo,

plurideterminado e que requer esforço interdisciplinar para equacionar as suas múltiplas

questões teóricas e empíricas (BASTOS; GONDIM; LOIOLA, 2004).

Page 49: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

47

Quadro 6 - Definições de Aprendizagem Organizacional

Definição Nível de análise Natureza do

processo/produto

Autores

representativos

“... crescimento de insights e de reestruturações

bem-sucedidas de problemas organizacionais,

provenientes de indivíduos que exercem papéis

decisivos na estrutura e nos resultados da

organização.”

Individual Estrutural e de

Desempenho

Simon (1970, p.

125)

“... aquisição, sustentação e mudanças de

significados intersubjetivos através da expressão e

transmissão de ações coletivas de grupo.”

Grupal Cultural Cook e Yanow

(1996, p. 384)

“...processo pelo qual a base do conhecimento

organizacional é construída e desenvolvida(...)” Organizacional Cognitivo

Shrivastava

(1983, p.15)

“... codificação de interferências oriundas da

história da organização que se manifestam por meio

de rotinas que guiam o comportamento.”

Organizacional Cognitivo /

Comportamental

Levitt e March

(1988, p.320

apud TSANG,

1997, p.76)

“... a capacidade, conjunto de processos internos

que melhoram ou mantêm o desempenho baseado

na experiência, cuja a operacionalização envolve a

aquisição,a disseminação e a utilização do

conhecimento.”

Organizacional Cognitivo /

Comportamental

Dibella, Neves e

Gould (1996,

p.365)

“... mudança no comportamento organizacional.” Organizacional Comportamental

SwieringWierdsm

an (1992, p.33

apud TSANG,

1997, p.76)

Fonte: Bastos, Gondim e Loiola (2004).

No Brasil, um estudo de revisão conduzido por Antonello e Godoy (2009), a partir de

94 artigos que reuniu trabalhos publicados em um período de cinco anos (2001 a 2005)

também mostram resultados interessantes. Os artigos analisados nesta revisão foram captados

em quatro periódicos da área de administração e em anais de dois congressos nacionais que,

na ocasião da formulação da pesquisa, possuíam conceito A, de acordo com o critério Qualis

da CAPES. Identificou-se que os estudos analisados dirigem-se, predominantemente, aos

níveis de análise organizacional (58) e individual (43), em detrimento de um maior

investimento na compreensão do nível grupal e do nível inter-organizacional. Apenas 14

estudos analisam, simultaneamente, os níveis individual e organizacional.

Ao abordar o estado da arte sobre Aprendizagem Organizacional (AO), Antonello e

Godoy (2010), analisam este fenômeno sobre as perspectivas Psicológica, Sociológica,

Antropológica, da Ciência Política, Histórica, Econômica e da Ciência da Administração. Sob

a ótica desta última, os referidos autores definem seis perspectivas para abordar a

aprendizagem organizacional: a Perspectiva Cognitiva e do Conhecimento - considera que os

membros das organizações não são somente uma caixa de armazenamento de experiências

racionais passadas, mas intérpretes da realidade de acordo com as especificidades do seu

Page 50: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

48

sistema cognitivo; a Perspectiva da Tomada de Decisão Organizacional e da Adaptação –

usa os indivíduos da organização como instrumentos, porém afirma que é possível lidar com

adaptação em nível agregado da organização; a Perspectiva da Teoria de Sistemas - define a

organização como sistemas de atividades conscientemente coordenadas. Nesta a AO é

concebida como um incremento na solução de problemas potenciais de sistemas sociais,

incremento derivado da aprendizagem institucional. Na Perspectiva Cultural considera-se

este tipo de aprendizagem como mudanças nas rotinas defensivas no interior das organizações

e se pode capturar a aprendizagem em nível de aprendizagem coletivo; contrapondo-se a

perspectiva cognitiva, que focaliza o nível individual. Na Perspectiva da Aprendizagem Ação

a aprendizagem organizacional é definida como a capacidade de uma organização para manter

ou melhorar seu desempenho baseado na experiência. A aprendizagem ocorre a partir da

experiência, e a experiência dos aprendizes é refletida enquanto ocorre a ação. E a Perspectiva

da Estratégia/Gerencial aponta que a aprendizagem não somente significa que uma

organização aprende, mas deve aprender mais rapidamente que outras. Os autores que seguem

esta abordagem acreditam que os gerentes têm papel ativo e importante no processo de AO,

criando ambiente de aprendizagem dentro da organização, identificando problemas e tomando

decisões estratégicas. A partir desta análise os autores supracitados apontam quatro questões

principais – e relacionadas - para discussão desta área de pesquisa: nível interpessoal da

aprendizagem, neutralidade da meta (a aprendizagem pode ser vista como algo bom ou ruim),

noção de mudança (nem toda a aprendizagem se manifesta como mudança no

comportamento) e natureza processual da aprendizagem.

Bertolin, Zwick e Brito (2013) corroboram com a análise dos autores acima citados

afirmando que nos últimos 30 anos o campo de pesquisa da aprendizagem nas organizações

tem apresentado uma multiplicidade de conceitos e perspectivas de estudo, institucionalizando

diversas abordagens de análise. Entre essas abordagens, a sociológica se destaca como

contraponto da visão tradicional cognitivista por considerar o processo de aprendizagem como

fenômeno incorporado ao cotidiano, sendo, portanto, fruto das interações sociais.

Um dos modelos de aprendizagem relacionada ao trabalho existente é o proposto por

Illeris (2003; 2004). O mesmo é embasado numa visão cognitivista da aprendizagem e

pressupõe dois processos codeterminantes na aprendizagem (aquisição psicológica e interação

social) e três dimensões integradas, que se relacionam de maneira dinâmica: conteúdo da

aprendizagem (cognitivo), dinâmica da aprendizagem (emocional) e Ambiente (social), de

acordo com o exposto na Figura 5. O aspecto individual faz a ligação entre o conteúdo e a

dinâmica da aprendizagem.

Page 51: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

49

Figura 5 – Processos e dimensões da aprendizagem.

Fonte: Illeris (2004).

De acordo com Illeris (2003), a aprendizagem implica a integração de dois processos

diferentes: um de interação externa do indivíduo com o seu ambiente social, cultural ou

material e um processo psicológico interno, de aquisição e elaboração. No modelo de

aprendizagem do referido autor, o processo de interação externa é descrito por uma seta

vertical dupla entre o ambiente, na parte inferior, e o aprendiz (indivíduo), no topo. O

processo interno é também representado por uma seta dupla e integra duas funções

psicológicas: a função de cognição, lidar com o conteúdo da aprendizagem, e o emocional ou

psicodinâmica da função, que fornece energia mental necessária para o processo. A dimensão

cognitiva é a dimensão do conteúdo da aprendizagem, que pode ser descrito como

conhecimentos ou habilidades. O esforço do aprendiz é construir significado e capacidade de

lidar com os desafios da vida prática. A dimensão emocional ou psicodinâmica é a dimensão

que engloba energia mental, sentimentos e motivações. Sua função principal é proteger o

equilíbrio mental do aprendiz. Aprendizagem cognitiva e emocional influencia-se

mutuamente. Já a dimensão social é a parte externa da interação tal como participação,

comunicação e cooperação. Ela constrói a sociabilidade do aprendiz. O triângulo representa o

que o autor identifica como campo de tensão de aprendizagem em geral e de qualquer evento

específico ou processo de aprendizagem traduzido em funcionalidade, sensibilidade e

sociabilidade.

Page 52: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

50

Quando se trata da aprendizagem na vida profissional deve-se caracterizar o local de

trabalho e o trabalho-vida como espaços de aprendizagem. O ambiente de vida e de trabalho

pode ser dividido em ambiente de aprendizagem técnico-organizacional que se relaciona com

questões como conteúdo do trabalho, divisão do trabalho, oportunidades de autonomia,

possibilidades de interação social e em ambiente de aprendizagem sócio-cultural. Este diz

respeito a grupo e processos sociais, tradições, normas e valores (ILLERIS, 2004).

Para explicar a aprendizagem no trabalho esta autora faz uso do modelo de

aprendizagem no local de trabalho proposto por Jorgënsen e Warring. Para Moraes e Borges-

Andrade (2010), este tipo de aprendizagem acontece no encontro dos ambientes de

aprendizagem e os processos de aprendizagem dos indivíduos, no espaço da prática

profissional. Assim, é neste espaço que os indivíduos interagem com as oportunidades de

aprendizagem disponíveis no ambiente de trabalho, conforme exposto na Figura 6.

Figura 6 – Aprendizagem na vida profissional.

Fonte: Illeris (2004).

De acordo com o modelo exposto, verifica-se que o conceito de aprendizagem é

basicamente de natureza construtiva. Tem-se que considerar que as mudanças da modernidade

está alterando as condições de aprendizagem, por isso os políticos, administradores e

Page 53: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

51

educadores devem ser capazes de desenvolver teorias adequadas que correspondam aos

problemas vividos pelos indivíduos em todos os níveis. A teoria da aprendizagem com ênfase

na dimensão cognitiva tradicional e de assimilação da aprendizagem não auxilia na

compreensão da educação de adultos e ao longo da vida, por exemplo, em que estes assumem

a responsabilidade de si mesmo e decidem o que quer aprender. Esta compreensão só é

possível quando se considera a dimensão emocional e social da aprendizagem e se considera

os processos de acomodação e transformação (ILERRIS, 2003).

Orientação pedagógica, coaching, redes internas ou externas, grupos de experiências,

rotação de trabalho e outras iniciativas que estreitem a relação entre atividades de ensino e

ligação com o trabalho são importantes na combinação aprendizagem organizacional e

aprendizagem no local de trabalho (ILLERIS, 2004).

2.5 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM

As estratégias de aprendizado no trabalho vêm sendo contemplada em estudos científicos

na área da Psicologia da Educação; mas vem despertando crescente interesse em teóricos e

pesquisadores na área da Psicologia Organizacional. Esses estudos têm sido conduzidos em

contextos educacionais ou em ambientes organizacionais e com o foco nos processos de

aprendizagem formal. Há uma escassez de pesquisas empíricas que contemplem as relações

existentes entre estas estratégias e características das organizações de trabalho. Estratégias de

aprendizagem são as atividades adotadas pelo indivíduo para facilitar o processamento de

informações nas etapas de aquisição, retenção, recuperação e transferência de novas habilidades e

conhecimentos no contexto profissional (PANTOJA; BORGES-ANDRADE, 2009).

De acordo com Pozo (2002), as estratégias são procedimentos que se aplicam de modo

controlado, dentro de um plano projetado deliberadamente com fim de conseguir uma meta

fixada. O uso estratégico de procedimentos se diferencia da execução de uma técnica, pois

requer planejamento e controle de execução, implica no uso seletivo dos próprios recursos e

capacidades disponíveis e do domínio das técnicas que o compõe. Assim, as fases de

execução de uma estratégia são: (1) fixar a meta ou objetivo da estratégia, (2) selecionar uma

estratégia ou curso da ação para alcançar esse objetivo a partir dos recursos disponíveis, (3)

aplicar as estratégias, executando as técnicas que a compõe e (4) avaliar a realização dos

objetivos fixados após a aplicação das estratégias .

Page 54: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

52

O referido autor define três tipos de estratégias de aprendizagem como pode ser

observado na Figura 7. A estratégia de repetição, que se apoia numa aprendizagem

associativa, é a mais simples e serve para reproduzir de forma mais eficaz um material,

normalmente informação verbal ou técnica rotineira. Já as estratégias de elaboração e

organização tem como base a aprendizagem por reestruturação. A primeira se divide em

elaboração simples, que consiste em proporcionar uma estrutura ou organização para o

material sem afetar o seu significado e elaboração complexa, utilizada quando se quer

compreende um material, construir significados sobre ele. Já a estratégia por organização cria

estruturas conceituais a partir das quais se constroem relações de significado. Relacionando

essas estratégias com os tipos de procedimento de tratamentos das informações, o referido

autor afirma que as estratégias de repetição e elaboração simples estão relacionadas ao

procedimento de aquisição de informação. As estratégias de elaboração complexa ao

procedimento de interpretação da informação e os procedimentos de análise da informação,

compreensão e organização conceitual com a estratégia de organização.

Figura 7 – Tipos de estratégias de aprendizagem.

Fonte: Pozo (2002).

Os estudos de Warr e Allan (1998) de categorização das estratégias de aprendizagem

serviram de base para o desenvolvimento e validação de outras escalas de estratégia. Os referidos

Page 55: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

53

pesquisadores elaboraram uma taxonomia composta por nove estratégias de aprendizagem

apresentada no Quadro 7.

Quadro 7 - Estratégias de Aprendizagem – Taxonomia de Warr e Allan (1998)

Categoria Estratégias

Cognitiva

Reprodução: repetição mental do material a ser aprendido.

Organização: identificação de questões-chave e criação de estruturas mentais

que agrupem e inter-relacionem os elementos a serem aprendidos.

Elaboração: uso de procedimentos para examinar implicações e criar conexões

com material a ser aprendido e o conhecimento que ela já dispõe.

Comportamental

Procura de Ajuda Interpessoal: procedimento de busca ativa, do auxílio de

outras pessoas para aumentar o entendimento do material a ser aprendido.

Procura de ajuda em material escrito: pesquisa e localização de informações em

documentos, manuais, programas de computador e outras fontes não-sociais.

Aplicação Prática: tentativa de colocar em prática os novos conhecimentos

enquanto aprende.

Auto-regulação

Controle emocional: procedimentos utilizados para livrar-se da ansiedade e

prevenir-se de falas na concentração.

Controle da motivação: estratégias para manter a atenção e motivação.

Monitoramento da compreensão: estratégias usadas para verificar o quanto está

aprendendo, como para modificar o próprio comportamento.

Fonte: Elaborado a partir de Warr e Allan (1998).

Warr e Downing (2000) com o intuito de examinar a correlação entre as estratégias e o

relacionamento delas com o sucesso da aprendizagem, utilizou as nove estratégias sugeridas por

Warr e Allan (1998), através de um instrumento de 45 itens que foi aplicado em estudantes

universitários (amostra 1) e participantes de um treinamento profissionalizante (amostra 2). Neste

estudo, as estratégias de organização e elaboração juntaram-se num único fator, denominado

reflexão ativa. Já Holman et al. (2001) desenvolveram e validaram uma escala para mensurar

estratégias de aprendizagem, junto a funcionários de call center de uma empresa britânica e

encontraram as categorias relacionadas na Quadro 8. Ressalta-se que nesta escala não foram

incluídas as variáveis de estratégias de auto-regulação sugerida originalmente por Warr e Allan

(1998).

Page 56: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

54

Quadro 8 - Estratégias de Aprendizagem – Taxonomia de Holman et al. (2001)

Categoria Estratégias

Cognitivas

Reprodução

Reflexão intrínseca

Reflexão Extrínseca

Comportamental

Procura de Ajuda Interpessoal

Procura de ajuda em material escrito

Aplicação prática

Fonte: Holman et al. (2001).

No Brasil, Pantoja (2004) e Brandão (2009) procuraram validar escalas de estratégias de

aprendizagem no trabalho. Aquela autora realizou um mapeamento exploratório das estratégias,

que teve como objetivo classificar dezesseis ocupações profissionais, em quatro categorias de

postos de trabalho e descrever e comparar estratégias utilizadas pelos indivíduos para aprenderem

em seu dia-a-dia de trabalho. Em seu estudo foi encontrado cinco categorias de estratégias, tendo

os itens relativos às estratégias de aplicação prática e reflexão intrínseca se aglutinado em um

único fator. Os demais fatores se mantiveram semelhantes aos encontrados originalmente em

Holman et al. (2001). Os resultados evidenciaram que existem diferenças em termos das

configurações das estratégias de aprendizagem, em cada uma das categorias profissionais do

estudo. E também indicou a estratégia aplicação prática tendo um papel central nos processos de

aprendizagem informal, em ambientes organizacionais.

Brandão (2009) levando em consideração que a escala desenvolvida por Pantoja (2004),

que apesar de apresentar bons indicadores psicométricos, não apresentou uma medida que

permitisse discriminar empiricamente as estratégias de aplicação prática e reflexão intrínseca, que

são consideradas como distintas na literatura; e a necessidade de aprimorar alguns itens da escala

da referida autora e de Holman et al. (2001), que representassem melhor a idéias de esforço

empreendido pelo indivíduo para aprender algo em seu trabalho propôs a validação de uma nova

escala; bem como investigar a freqüência com que funcionários de um banco público brasileiro

utilizavam tais estratégias. A descrição dos tipos de estratégias utilizadas na Escala validada por

Brandão são apresentados no Quadro 9. Ressalta-se que a reflexão intrínseca e extrínseca

denominada por Holman et al. (2001) agruparam-se num unido fator denominado reflexão ativa.

Brandão e Borges-Andrade (2011) afirmam que, apesar dessas estratégicas serem conceitualmente

distintas, o estudo não demonstrou diferenças empíricas entre elas. Como essas estratégias têm o

mesmo viés cógnito, os respondentes parecem ter entendido tais itens como representativos de

uma mesma prática. Isso pode ter decorrido do papel ocupacional dos respondestes, que eram

gestores, e compreenderam, pela sua prática profissional, não ser possível dissociar os dois tipos

de reflexão.

Page 57: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

55

Quadro 9 - Estratégias de Aprendizagem da Escala de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho.

Estratégia Descrição

Reflexão ativa

Reflexão do indivíduo sobre partes componentes do seu trabalho, bem como a

reflexão de estruturas mentais que relacionam o trabalho da pessoa a

diferentes aspectos da organização.

Busca de ajuda

interpessoal. Procura ativa do indivíduo pelo auxílio de outras pessoas

Busca de ajuda em

material escrito.

Pesquisa e a localização de informações em documentos, manuais,

normativos, livros e outras fontes não-sociais.

Reprodução Memorização e repetição mental de informações, sem reflexão sobre o seu

significado

Aplicação prática Tentativa do indivíduo de aprender por meio da experimentação.

Fonte: Brandão (2009).

No trabalho em que relata a adaptação e validação, com uma amostra de prefeitos (as)

e secretários (as) municipais, da escala de estratégias de aprendizagem no trabalho utilizada

por Brandão (2009), Moraes (2010), apresenta um resgate das produções enfocando a

construção e validação de medidas de estratégias de aprendizagem entre o ano 2000 e 2009. A

partir da análise de 11 estudos, com amostras diversificadas (estudantes, profissionais,

ambientes de trabalho) e tratamento de dados através de análise fatorial exploratória e

confirmatória, percebe-se uma busca por medidas confiáveis que permitam estudar com maior

precisão as estratégias de aprendizagem utilizadas por indivíduos para aprender no contexto

de atuação profissional.

2.6 APRENDER E ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM.

O passo aprenda do processo tático da gestão do conhecimento definido por Bukowitz

e Williams (2002), é relativamente novo para as organizações e ao mesmo tempo se constitui

um desafio na busca de integrar a aprendizagem com o modo como às pessoas trabalham. Nas

organizações onde a liderança adotou a aprendizagem como decisiva para a realização de uma

vantagem competitiva é possível destinar-se tempo para refletir sobre as experiências e

considerar seu valor. Este passo apresenta os seguintes imperativos: visibilidade e

familiarização.

A aprendizagem é identificada como um meio de realizar os objetivos estratégicos da

organização para tanto é necessário ir além da execução das tarefas, e fazer perguntas sobre

elas. Assim, tornar a aprendizagem visível é não permitir que Know-how se perca quando as

Page 58: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

56

pessoas descartam o que obtiveram e utilizaram para solucionar um conjunto de questões.

Para tanto, é importante a comunicação da liderança da organização de como a estratégia da

organização é alcançada pela aprendizagem, a qual deriva das decisões e ações cotidianas. Já

para desenvolver o hábito de aprender, ou seja, torna-lo familiar, as organizações devem

descobrir maneiras de enfrentar os seguintes desafios: promover o princípio do prazer no

trabalho, integrar mecanismos de reflexão no hábito do trabalho; captar os benefícios dos

erros, fracassos e discordâncias e cultivar a arte de aprender fazendo. Assim, os erros e

discordâncias devem ser vistas como berço de inovação e idéias, deve-se investir em

treinamento no trabalho, em que o risco real demanda mais atenção do que o simulado

(BUKOWITS; WILLIAMS, 2002). O quadro 10 expõe os indicadores do passo Aprenda da

Gestão do Conhecimento.

Quadro 10 - Indicadores do passo Aprenda da gestão do conhecimento de Bukowitz e Williams (2002).

Indicador de Gestão do

Conhecimento Conceituação

Avaliação do Conhecimento

Refletir sobre as experiências de trabalho e sobre o conhecimento

aprendido como uma indispensável maneira de ajustar o sistema

organizacional, tornando-o mais efetivo e eficiente (BUKOWITZ E

WILLIAMS, 2002)

Processos de gestão do

conhecimento/Contextualização/

Política de Gestão do

conhecimento

Considerar os erros, fracassos, problemas e discordâncias nas

experiências pode revelar a oportunidade de aprender como forma de

reconstruir os processos de gestão do conhecimento no ambiente

organizacional (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002; CHOO, 2003)

Simulação / Jogos / Inovação /

Resolução de Problemas

Utilização de jogos e simulações para entender melhor como os fatos

acontecem no contexto organizacional e utilizar uma experiência do

passado sobre a impressão coletiva para prever ações futuras e para

favorecer a aprendizagem mútua (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002)

Parceria

Transpor os limites organizacionais através da colaboração com os

clientes, fornecedores e concorrentes como pré-condição para produzir

aprendizagem mútua (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002)

Processo Decisório

Utilização de modelos mentais e de tomada de decisão em redundância

para entender melhor como os fatos acontecem de determinada forma e

aprender como resolver as situações diferentes (BUKOWITZ E

WILLIAMS, 2002)

Compartilhamento do

conhecimento / Comunicação /

Relacionamento

Capacidade de interagir com outras pessoas na busca de informação

favorecendo a cultura de companheirismo, responsabilidade,

igualitarismo, cooperação e complementariedade, independente do nível

hierárquico que ocuparem (BUKOWITZ E WILLIAMS, 2002)

Fonte: Castro (2011).

Verifica-se que o passo aprenda do diagnóstico da gestão do conhecimento dos autores

acima citados tem como objetivo identificar como a organização viabiliza a aprendizagem do

Page 59: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

57

conhecimento. Fazendo uma aproximação com os tipos de estratégias de aprendizagem

utilizadas no trabalho, definidas por Brandão (2009), obtêm-se a seguinte relação:

Quadro 11 – Indicadores Passo Aprenda e Estratégias de aprendizagem.

Indicador de Gestão do Conhecimento do Passo Aprender Estratégia de Aprendizagem no Trabalho

Avaliação do conhecimento Reflexão Ativa

Processo Decisório

Parceria

Busca de ajuda interpessoal. Compartilhamento do Conhecimento / Comunicação /

Relacionamento

Processos de gestão do conhecimento/Contextualização/

Política de Gestão do conhecimento Aplicação prática

Simulação/ Jogos/ Inovação / Resolução de Problemas Reprodução

Busca de Ajuda em Material Escrito.

Fonte: Pesquisa (2013).

Infere-se que quando uma organização viabiliza o aprendizado a partir de um

determinado indicador, ela possibilita o uso de determinadas estratégias. Por exemplo, uma

organização que considera importante e incentiva a parceria e compartilhamento do

conhecimento, a comunicação e o relacionamento, poderá apresentar a estratégia de busca de

ajuda interpessoal como uma das mais utilizadas pelos seus colaboradores. Dessa forma,

parece existir uma relação conceitual entre a forma como a organização viabiliza a

aprendizagem e as estratégias utilizadas, pelos colaboradores, no trabalho para aprender.

Page 60: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

58

3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Nesta seção estão descritos a caracterização da pesquisa, o universo e a amostra, o

procedimento de coleta de dados, os instrumentos de pesquisa, as variáveis do estudo, o

tratamento utilizado nos dados coletados e o ambiente de pesquisa.

As etapas que foram seguidas para a realização deste estudo serão:

Fluxograma 1 – Procedimentos Metodológicos.

Fonte: pesquisa (2013)

Desenvolvimento da conclusão do

estudo.

Fundamentação teórica do estudo

Adaptação do questionário

de pesquisa e Pré-teste

Definição do universo

Coleta de dados

Tratamento dos dados

Análise dos resultados

Page 61: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

59

3.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA

A pesquisa em questão analisou, a partir da percepção de gestores, como a instituição

pesquisada viabiliza a aprendizagem e sobre a utilização de estratégias de aprendizagem no

trabalho. Trata-se, de uma pesquisa de abordagem quantitativa por focalizar em termos de

grandeza ou quantidade do fator presente em uma situação e ter os caracteres expressos em

valores numéricos (MARCONI; LAKATOS, 2002). Mas também possui elementos

qualitativos, de acordo com Creswell (2010), uma vez que pretende explorar e entender,

através da avaliação e sugestão, o significado que os indivíduos ou os grupos atribuem ao

constructo pesquisado. Dessa forma para este autor, pode ser considerada como uma pesquisa

de métodos mistos, que reside no meio deste contínuo porque incorpora elementos das duas

abordagens, qualitativa e quantitativa.

Em relação ao objetivo da pesquisa, é considerada como descritiva por ter o objetivo

de descrever as características de uma determinada população, fenômeno ou estabelecer

relação entre variáveis (GIL, 2008). Além disso, de acordo com Vergara (2009) é descritiva

por não ter o compromisso de explicar o fenômeno que descreve, apesar de servir de base para

tal explicação.

Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, de acordo com esta autora, pode ser

definida como um estudo de caso; uma vez que se trata de uma pesquisa numa única

instituição e tem caráter de aprofundamento em relação ao fenômeno pesquisado, a

aprendizagem. Além disso, se configura como pesquisa de campo, pois a investigação é

realizada no local onde ocorre o fenômeno.

3.2 UNIVERSO E AMOSTRA

O universo estudado foram os gestores de uma Instituição da Rede Federal de Ensino

de um estado do nordeste brasileiro. Os mesmos pertencem a duas categorias de função: a de

Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG). Os gestores do nível CD são o Reitor, os

Pró-reitores, os Diretores Sistêmicos, os Diretores Gerais de Campus, os Diretores

Acadêmicos, os Diretores de Centro de Ensino e os Diretores Administrativos. Já os gestores

do nível FG são os Coordenadores, Chefes de setor.

Page 62: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

60

O universo é composto por 332 sujeitos, somando-se as duas categorias. A

investigação aconteceu em vinte unidades organizacionais da instituição pesquisada. A

distribuição delas pode ser observada na Figura 8.

Figura 8 – Mapa de distribuição das unidades administrativas.

Fonte: Pesquisa (2013)

A pesquisa foi censitária, englobando todos os gestores da instituição, de acordo com a

Tabela 1.

Page 63: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

61

Tabela 1 - Composição do universo da pesquisa.

Unidade N° de Gestores

Total Cargo de Direção Função Gratificada

Campus Apodi 04 15 19

Campus Caicó 03 15 18

Campus Cidade Alta 03 13 16

Campus Canguaretama 01 00 01

Campus Ceará Mirim 02 01 03

Campus Currais Novos 04 13 17

Campus Natal Central 14 29 43

Campus Educação a Distância 03 07 10

Campus Ipanguaçu 04 14 18

Campus João Câmara 03 13 16

Campus Macau 04 12 16

Campus Mossoró 04 15 19

Campus Nova Cruz 03 15 18

Campus Parnamirim 03 10 13

Campus Pau dos Ferros 03 14 17

Campus Santa Cruz 03 14 17

Campus São Gonçalo do Amarante 03 12 15

Campus São Paulo do Potengi 02 02 04

Campus Natal Zona Norte 03 13 16

Reitoria 23 13 36

Total 92 240 332

Fonte: Pesquisa (2013).

Entende-se por universo ou população o conjunto de elementos que possuem as

características que são objeto de estudo. Assim não foi escolhida uma parte do universo

segundo algum critério de representatividade (VERGARA, 2009).

No entanto, apesar da intenção da coleta ser censitária, por se tratar de uma

cooperação voluntária, não foi possível obter a devolução de todos os gestores. A não

obtenção do censo se deu por não interesse de participação na pesquisa, ou por afastamento

do ambiente de trabalho (licença para tratamento de saúde, férias, etc.), por parte de alguns

gestores. A Tabela 2 demonstra o percentual de devolução dos instrumentos de pesquisa em

cada unidade organizacional da instituição pesquisada. Dessa forma, pode-se afirmar que se

teve uma amostragem por acessibilidade e conveniência.

Page 64: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

62

Tabela 2 –Percentual de gestores com os dados coletados.

Unidade

N° de Gestores

Total Cargo de

Direção

Função

Gratificada

N % N % N %

Campus Apodi 04 100,0% 14 93,33% 18 94,74%

Campus Caicó 02 66,66% 14 93,33% 16 88,88%

Campus Cidade Alta 02 66,66% 11 84,61% 13 81,25%

Campus Canguaretama 00 0% 00 0% 00 0%

Campus Ceará Mirim 02 100% 00 0% 02 66,66%

Campus Currais Novos 01 25% 05 38,46% 06 35,29%

Campus Natal Central 04 28,57% 13 44,82% 17 39,53%

Campus Educação a Distância 03 100.0% 07 100,0% 10 100,0%

Campus Ipanguaçu 02 50% 12 85,71% 14 77,77%

Campus João Câmara 01 33,33% 06 46,15% 07 43,75%

Campus Macau 03 75% 09 75% 12 75%

Campus Mossoró 01 25% 09 60% 10 52,63%

Campus Nova Cruz 02 66,66% 11 73,33 13 72,22%

Campus Parnamirim 01 33,33% 05 50% 06 46,15%

Campus Pau dos Ferros 02 66,66% 10 71,42% 12 70,58%

Campus Santa Cruz 01 33,33% 10 71,42% 11 64,70%

Campus São Gonçalo do Amarante 02 66,66% 08 66,66% 10 66,66%

Campus São Paulo do Potengi 00 0% 01 50% 01 25%

Campus Natal Zona Norte 02 66,66% 08 61,53% 10 62,50%

Reitoria 15 65,21% 11 84,61% 26 72,22%

Total 50 54,35% 164 68,33% 214 64,46%

Fonte: Pesquisa (2013).

Sendo assim, obteve-se a devolução de 64,46% dos gestores da instituição pesquisada,

ou seja, 214 gestores. Tendo um retorno significativo, de mais de 80% de gestores

participantes, em quatro unidades: Apodi, Caicó, Cidade Alta e Educação à Distância.

3.3 PROCEDIMENTO DE COLETA DE DADOS

Antes de iniciar a coleta de dados foi realizado, dos dias 16 a 19 de Agosto, um pré-

teste dos instrumentos de pesquisa. O mesmo foi aplicado com cinco gestores de uma mesma

unidade organizacional, mas com funções distintas. Sendo três ocupantes de Função

Gratificada e dois de Cargo de Direção. Após a aplicação do referido teste foi necessário

realizar ajustes nos instrumentos: inclusão da sigla da função na questão que investigava o

tempo de exercício na função de gestor (“Tempo de exercício na função de gestor” para

“Tempo de exercício na função de gestor (CD ou FG) no IFRN”), no questionário

socioprofissional, especificando, assim, também, que o tempo de experiência era na

Page 65: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

63

instituição pesquisada. E, foi acrescentado, no instrumento do Passo Aprenda, o termo “o que

acontece na sua organização” na explicação dos níveis de análise para enfatizar que a

descrição que os respondentes iam analisar se referia a uma análise da organização.

A coleta de dados se iniciou a partir da aprovação da pesquisa pela gestão da

instituição de ensino. Esta aprovação foi fornecida pelo dirigente máximo da organização no

dia 23 de Agosto de 2013, através de uma declaração de autorização (Apêndice A).

Como a coleta foi realizada em todas as unidades do estado pesquisado, foi necessário

utilizar o apoio de servidores para auxiliar na coleta. Os mesmos foram escolhidos para

fornecer o apoio pelo envolvimento e experiência com pesquisas acadêmicas e/ou por atuar na

área de Gestão de Pessoas da instituição. Vale ressaltar, que estes foram previamente

treinados para compreender os objetivos da pesquisa e o método de aplicação dos

instrumentos.

Dessa forma, a coleta seguiu as seguintes estratégias:

1) Divulgação da pesquisa através do e-mail institucional dos servidores que compõe o

universo de pesquisa a fim de explicar os objetivos da mesma e informar qual servidor

do Campus estava fornecendo apoio na coleta dos dados.

2) Participação na reunião de Comitê gestor nos Campus a fim de explicar pessoalmente,

o objetivo da pesquisa e a importância da mesma para a instituição e para a academia

e/ou

3) Entrega individual do instrumento de pesquisa aos gestores de cada Campus.

Em cada unidade organizacional, foi fornecido um prazo para devolução do instrumento.

Este variou de sete a quinze dias. A coleta teve duração de aproximadamente dois meses,

compreendendo o seguinte período: do dia 21 de Agosto a 18 de Outubro de 2013.

Os dados foram coletados por meio de cooperação voluntária dos respondentes, sem

qualquer desvantagem para eles, respeitando-se o seu direito de privacidade e garantindo-lhes

que as informações prestadas não seriam utilizadas para outra finalidade.

3.4 INSTRUMENTO DE PESQUISA

Com o intuito de atender ao objetivo da pesquisa, foram utilizados dois instrumentos:

o questionário do Passo Aprenda do Diagnóstico da Gestão do Conhecimento de Bukowitz e

Williams (2002) e a Escala de Estratégias de Aprendizagem de Brandão (2009). Esses

Page 66: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

64

instrumentos foram precedidos de uma apresentação com informações sobre a pesquisa e o

caráter confidencial das respostas, agradecimentos à colaboração do respondente e orientações

para a resposta. Houve um espaço destinado à coleta de dados socioprofissionais.

O instrumento utilizado para identificar a percepção dos gestores sobre como a

organização viabiliza a aprendizagem a partir da perspectiva da Gestão do Conhecimento na

organização pesquisada foi o desenvolvido pelas autoras Bukowitz e Williams (2002), de

acordo com o exposto no Quadro 12. Ele corresponde a uma seção, a aprenda, de um

diagnóstico mais amplo, composto por 140 (cento e quarenta) questões fechadas, divididas em

7 (sete) seções - obtenha, utilize, aprenda, contribua, avalie, construa/mantenha e descarte -,

cada uma com uma lista de 20 (vinte) afirmações, que busca identificar como a instituição

gerencia o conhecimento.

Page 67: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

65

Quadro 12 - Conceituação dos itens avaliativos.

Indicador de Gestão

do Conhecimento Perguntas

Avaliação do

Conhecimento

5 – Refletir sobre as lições aprendidas com as experiências de trabalho é uma

prática estabelecida na nossa organização.

7 – Geralmente, quando as pessoas terminam projetos, elas tomam o tempo

necessário para reunir-se com a sua equipe e analisar o que deu errado e o que

poderia ter sido melhor.

9 - Com frequência, o nosso processo de aprendizagem inclui obter o retorno dos

beneficiários.

14 - Quando temos um grande sucesso, conversamos sobre o que fizemos de certo.

Processos de gestão do

conhecimento/Contextu

alização/ Política de

Gestão do

conhecimento

1 - Antes que as pessoas tratem dos problemas, elas consideram o contexto geral no

qual o problema ocorreu.

10 - Quando ocorre uma falha, a nossa primeira resposta é não determinar a culpa.

12 - As pessoas admitem quando falham.

15 - Na nossa organização, o fracasso é considerado uma oportunidade para

aprender.

Simulação / Jogos /

Inovação / Resolução

de Problemas

4 - Utilizamos jogos e simulações relacionados com o trabalho para pensar mais

claramente sobre as nossas situações de negócios.

11 - Na nossa organização, as pessoas exibem uma curiosidade natural.

13 - As pessoas aplicam as ideias que desenvolveram em trabalhos anteriores às

situações novas.

Parceria

3 - As equipes engajam-se em experiências de aprendizagem fora do local de

trabalho para encontrarem maneiras melhores de trabalharem juntas.

Processo Decisório

2 - Construímos modelos, para os nossos sistemas de tomada de decisões, para

entender melhor por que os fatos acontecem daquela maneira.

6 - As pessoas aplicam o que aprenderam fora da organização ao seu trabalho.

8 - O nosso processo de planejamento inclui olhar para uma série de cenários, de

modo que possamos pensar em como responder em situações diferentes.

17 - Em uma ocasião ou em outra, todos na nossa organização “põem as mãos na

massa” para ter a experiência em primeira mão das consequências das suas

decisões.

18 - Aprender com as falhas está incorporado a como conduzimos o trabalho

subsequente.

Compartilhamento do

conhecimento /

Comunicação /

Relacionamento

19 – Tentamos assegurar que as pessoas tenham algumas responsabilidades em

comum, de modo que seja mais fácil aprender uns com os outros.

16 – A nossa organização apoia atividades de grupo que promovem a aprendizagem

mútua.

20 - Tratamos as discordâncias como oportunidades para aprender com os outros.

Fonte: adaptado de Castro (2011).

Com base nos estudos de Brandão (2009), o instrumento relativo às Estratégias de

Aprendizagem no Trabalho, conforme exposto no Quadro 13, engloba as seguintes variáveis:

Reflexão Ativa, Busca de ajuda interpessoal, Busca de ajuda em material escrito, Reprodução

e Aplicação prática. A Escala descreve 28 estratégias de aprendizagem, em relação às quais os

respondentes deverão assinalar a frequência com que utilizam cada uma no trabalho, variando

de 1 (nunca faço) a 10 (sempre faço).

Page 68: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

66

Quadro 13 - Estratégias de Aprendizagem e Itens da Escala de Estratégias de Aprendizagem no Trabalho de

Brandão (2009).

Estratégia Itens

Fator 1:

Reflexão

ativa

20- Busco entender como os diferentes aspectos do mau trabalho estão relacionados entre si.

24 – Procuro compreender como meu trabalho está relacionado aos resultados obtidos nas

diferentes áreas da organização.

28 – Tento conhecer como as diferentes áreas da organização estão relacionadas entre si.

27 – Busco compreender as relações entre as demandas feitas por outras áreas da organização e

a finalidade do meu trabalho.

11 – Busco compreender como a atuação das diferentes áreas da organização influencia a

execução do meu trabalho.

23 – Para melhor execução do meu trabalho, reflito como ele contribui para atender as

expectativas dos clientes.

10 – Quando faço meu trabalho, penso como ele está relacionado ao negócio e às estratégias da

organização.

19 – Para aprimorar a execução das minhas atividades, procuro compreender melhor cada

procedimento e tarefa do meu trabalho.

07 – Analisando criticamente a execução do meu trabalho, tento compreendê-lo melhor.

Fator 2:

Busca de

ajuda

interpessoal.

22 – Consulto colegas de trabalho mais experientes, quando tenho dúvida sobre algum assunto

relacionado ao meu trabalho.

01 – Busco ajuda dos meus colegas quando necessito de informações mais detalhadas sobre o

trabalho.

14 – Peço ajuda aos meus colegas de equipe quando necessito aprender algo sobre meu

trabalho.

21 – Procuro obter novos conhecimentos e informações consultando colegas de outras equipes.

02 – quando tenho dúvidas sobre algo no trabalho, consulto colegas de outras áreas da

empresa.

Fator 3:

Busca de

ajuda em

material

escrito.

13 – consultando informações disponíveis na intranet, busco compreender melhor as atividades

que executo no trabalho.

17 – para obter as informações de que necessito no trabalho, leio informativos e matérias

publicadas na agência de notícias.

12 - Quando tenho dúvida sobre algo no trabalho, procuro ajuda em publicações, informativos,

fascículos e relatórios da empresa.

18 – Visando obter informações importantes à execução do meu trabalho, consulto a Internet.

16 – Quando estou em dúvida sobre algo no trabalho, consulto normativos e instruções

editados pela organização.

Fator 4:

Reprodução

08 – Visando executar melhor minhas atividades no trabalho, busco repetir automaticamente

ações e procedimentos memorizados.

06 – Para melhor execução do meu trabalho, procuro seguir sempre os mesmo procedimentos.

09 - Para executar melhor meu trabalho, procuro repetir mentalmente informações e

conhecimentos recém-adquiridos.

05 – Para aprimorar a execução do meu trabalho, busco memorizar dados (n° de rubricas,

contas, transações em sistemas, etc.).

Fator 5:

Aplicação

prática

03 – Experimento na prática novas formas de executar meu trabalho.

25 – Procuro aprimorar algum procedimento de trabalho, experimentado na prática novas

maneiras de executá-lo.

26 – Testo novos conhecimentos aplicando na prática do meu trabalho.

Fonte: Brandão (2009)

Além do questionário socioprofissional e dos instrumentos acima descritos, a pesquisa

contemplou duas questões abertas com a finalidade de se obter a opinião dos participantes em

relação à avaliação da aprendizagem organizacional na instituição pesquisada, bem como

sugestões de melhorias para a referida aprendizagem.

Page 69: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

67

3.5 VARIÁVEIS ANALÍTICAS

Para atender ao objetivo desse estudo sobre aprendizagem organizacional através da

percepção de gestores públicos sobre como a instituição pesquisada aprende e as estratégias de

aprendizagem utilizadas no trabalho, foram utilizadas as variáveis analíticas expostas no Quadro

14.

Quadro 14 - Variáveis analíticas.

Categorias Variáveis Analíticas

Socioprofissional

Sexo, função, idade, escolaridade, local de exercício, tempo de exercício,

tempo na função de gestor, experiência anterior na função de gestor e

oportunidades de aprendizagem formal.

Passo Aprender

Avaliação do Conhecimento; Processos de gestão do

conhecimento/Contextualização/ Política de Gestão do conhecimento;

Simulação / Jogos / Inovação / Resolução de Problemas; parceria; processo

decisório; Compartilhamento do conhecimento / Comunicação /

Relacionamento.

Estratégias de Aprendizagem Reflexão ativa, busca de ajuda interpessoal, busca de ajuda em material

escrito, reprodução e aplicação prática.

Avaliação do processo de

aprendizagem

Expressão positiva, necessidade de melhoria, expressão negativa, processo e

ausência.

Sugestões para o processo de

aprendizagem

Capacitação, integração e socialização, gestão organizacional, padronização de

procedimentos e outros.

Fonte: Pesquisa (2013)

As variáveis analíticas auxiliam na interpretação dos dados e compreensão dos resultados

da pesquisa, ou seja, auxiliam no entendimento da temática estudada.

3.6 TRATAMENTO DOS DADOS

A análise estatística dos dados tem uma importante contribuição na caracterização e

resumo dos dados, como também no estudo das relações que existem entre as variáveis e

também para verificar em que medida as conclusões podem ser estendidas para além da

amostra considerada (GIL, 2008).

Page 70: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

68

Na pesquisa em questão, incialmente, fez-se uso da estatística descritiva, ou análise

univariada, com o intuito de caracterizar os respondentes, o que era típico no grupo e verificar

a distribuição e variabilidade dos pesquisados em relação a determinadas variáveis.

A fim de caracterizar os participantes da pesquisa, através das informações do

instrumento de caracterização socioprofissional, foi realizada a comparação de frequências, a

fim de compreender as caraterísticas e efetuar comparações. Esta comparação foi realizada

através de percentagem, analisando os dados através da variável função (Cargo de direção e

Função Gratificada).

Posteriormente, fez-se uma investigação das respostas do instrumento do Passo

Aprenda e das Estratégias de Aprendizagem no Trabalho a fim de se fazer uma análise

comparativa das médias oriundas de grupos diferentes e verificar se as médias eram diferentes

ou similares, ou seja, se uma ou mais dessas médias diferem das demais, através Análise de

Variância (ANOVA). Detectou-se que nas variáveis do instrumento de Estratégias de

Aprendizagem apresentava 32 sujeitos com médias (índices) similares para mais de duas

variáveis. Esses sujeitos foram excluídos da análise dos dois instrumentos, permanecendo 182

sujeitos, afim de não alterar a distribuição dos indivíduos quanto á essa variável. Para saber

quais dessas médias diferem (comparando-se duas a duas) e em que sentido essa média difere

das outras se realizou o Teste de Tukey, que é um teste de comparação de média e serve como

um complemento para o estudo da Análise de Variância. O referido teste é uma alternativa ao

teste T de Student quando se deseja testar mais de duas médias simultaneamente. Ressalta-se

que a ANOVA utiliza a estatística de teste “F” para verificar o tipo de tratamento.

Assim, a fim de se investigar o primeiro objetivo específico da pesquisa, como a

instituição viabiliza a aprendizagem, inicialmente utilizou-se a estatística descritiva,

analisando-se a frequência das respostas e a percentagem para cada indicador do passo

Aprenda da Gestão do Conhecimento, com o intuito de verificar qual indicador tinha o melhor

desempenho. Para tanto, utilizou-se as respostas dos 214 gestores participantes da pesquisa.

Posteriormente, como já explicitado, utilizou-se a estatística inferencial através da Análise de

Variância e de teste de comparação de média (Tukey) com o intuito de analisar as diferenças

significativas entre a média de cada indicador.

Para Identificar as estratégias de aprendizagem utilizadas no trabalho, segundo objetivo

específico desta pesquisa, foi utilizado a mesma estatística inferencial utilizada no

instrumento do Passo Aprenda da gestão do Conhecimento, envolvendo a análise dos 182

sujeitos.

Page 71: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

69

Com a finalidade de verificar o terceiro objetivo específico da pesquisa, o modo como a

instituição viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas no trabalho por gestores nos

níveis de responsabilidade de Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG), foi utilizado

o teste Qui-quadrado, método estatístico para testar a hipótese de independência de dois

fatores. Esse teste também foi utilizado para comparar a forma como a instituição viabiliza a

aprendizagem com as estratégias de aprendizagem no trabalho, que é o quarto objetivo

específico.

E, por fim, para identificar a avaliação e sugestão dos gestores sobre o processo de

aprendizagem organizacional, utilizou-se a Análise de Conteúdo, através de codificação. De

acordo com Marconi e Lakatos (2002) o processo de codificação de perguntas abertas são de

natureza qualitativa e o primeiro passo é a organização em categorias não sobrepostas, as

quais as respostas não podem incidir. Para tanto, seguiu-se a orientação fornecida por Gil

(2008), cumprindo-se as seguintes etapas: (1) redução dos dados – análise e seleção das

respostas por temas, início da criação de categorias; (2) apresentação – organização dos dados

de forma a possibilitar a análise sistemática das semelhanças e diferenças e seu inter-

relacionamento e (3) conclusão/verificação – revisão para considerar o significado dos dados,

suas regularidades, padrões e explicações de forma a elaborar uma conclusão.

3.7 AMBIENTE DE PESQUISA

O Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte (IFRN) é

uma instituição com mais de 100 anos de existência. Atualmente, a sua Função Social é

Oferecer formação humana integral por meio da educação profissional e tecnológica, de

qualidade, socialmente referenciado, comprometido com a produção e difusão de

conhecimento, com a transformação da realidade e a emancipação dos sujeitos em sua

totalidade.

A história desta instituição começou em 23 de setembro de 1909 quando o então

Presidente Nilo Peçanha assinou o decreto de criação de 19 Escolas de Aprendizes Artífices,

entre as quais a de Natal. Instalada em janeiro de 1910 no antigo Hospital da Caridade, onde

atualmente funciona a Casa do Estudante de Natal, a Escola de Aprendizes Artífices oferecia

curso primário, de desenho e oficinas de trabalhos manuais. Durante um século de existência

esta instituição recebeu outras denominações: Liceu Industrial de Natal (1937); Escola

Industrial de Natal (1942) – início da oferta de cursos técnicos de nível médio; Escola

Page 72: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

70

Industrial Federal (1965); Escola Técnica Federal do Rio Grande do Norte (1968). Com o

passar dos anos, a ETFRN extinguiu os cursos industriais básicos e passou a concentrar-se no

ensino profissionalizante de 2º grau.

Em 1994, inicia-se o processo de "cefetização" da ETFRN, culminando, em 1999, com

sua transformação em Centro Federal de Educação Tecnológica (CEFET), cujos desafios

incluiriam a oferta de educação profissional nos níveis básico, técnico e tecnológico, além do

ensino médio. Sua atuação no ensino de 3º grau começou com a oferta de cursos de graduação

tecnológica, ampliando-se, posteriormente, para os cursos de formação de professores, as

licenciaturas.

A expansão da Rede Federal de Educação Tecnológica no Rio Grande do Norte teve

início em 1994 com a inauguração da Unidade de Ensino Descentralizada de Mossoró. Doze

anos depois, o Ministério da Educação, por meio da Secretaria de Educação Profissional e

Tecnológica (SETEC), amplia a atuação da rede federal no estado, implantando, em 2006, as

Unidades de Ensino da Zona Norte de Natal, de Ipanguaçu e de Currais Novos.

Em 2007, entra em ação a segunda etapa do Plano de Expansão da Rede, no qual o Rio

Grande do Norte passa a contar com outras seis unidades que foram inauguradas em 2009 nos

municípios de: Apodi, Pau dos Ferros, Macau, João Câmara, Santa Cruz e Caicó. E em 23 de

setembro de 2009, a instituição adquire a atual configuração com a transformação em Instituto

Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Norte, decorrente da lei n.º

11.892, de 29/12/2008.

As instituições que compõe a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e

Tecnológica possuem natureza jurídica de autarquia, detentoras de autonomia administrativa,

patrimonial, financeira, didático-pedagógica e disciplinar (BRASIL, 2008, parágrafo único,

Art. 1°).

Cada Instituto Federal é organizado em estrutura multicampi, com proposta orçamentária

anual identificada para cada Campus e a reitoria, exceto no que diz respeito a pessoal,

encargos sociais e benefícios aos servidores. Além disso, a administração tem como órgãos

superiores o Colégio de Dirigentes e o Conselho Superior (BRASIL, 2008, Art. 9° e 10°).

De Acordo com Brasil (2008), os Institutos Federais tem como órgão executivo a

Reitoria, composta por um Reitor e cinco Pró-Reitores e os Campi que são dirigidos por

Diretores-Gerais.

Com a nova expansão de 2013 e a inclusão dos Campi Canguaretama, São Paulo do

Potengi e Ceará-Mirim, atualmente, o IFRN tem 19 Campus e a Reitoria, distribuídos em

diversas cidades do estado do Rio Grande do Norte. Nesta unidade encontram-se as seguintes

Page 73: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

71

funções de gestão: Reitor (CD1), Pró-reitores (CD2), Diretores Sistêmicos (CD4) e

Coordenadores (FG). Naquelas, a estrutura administrativa de gestão é composta por Diretor

Geral (CD2), Diretor Acadêmico (CD3), Diretor Administrativo (CD4), Diretor (centro de

ensino ou área administrativa – CD4) e Coordenadores (FG).

A Instituição conta hoje com aproximadamente 2.000 servidores, 20 mil alunos

matriculados em cursos de longa duração, oferecendo: cursos técnicos, tecnológicos,

licenciaturas, formação inicial e continuada de trabalhadores, cursos de especialização e

mestrado. Há, ainda, outros alunos em cursos de curta duração. Além da oferta regular de

cursos, o IFRN desenvolve programas de qualificação vinculados à recuperação de

escolaridade de adultos e, também, de treinamento e capacitação, por meio de convênios com

diversas instituições públicas e privadas (IFRN, 2013).

Como explicitado em cada cargo/função descrita acima, os gestores são denominados em

Cargos de Direção (CD) nos níveis 1, 2, 3 ou 4 e em Funções Gratificadas (FG) 1, 2 e 4. Os

cargos de Pró-reitor e Diretores-Gerais são nomeados pelo Reitor. Estes são nomeados para

mandato de quatro anos, permitida uma recondução, após processo de consulta a comunidade

do respectivo Campus atribuindo-se o peso de um terço para manifestação do corpo docente,

de um terço para manifestação dos servidores técnicos administrativos e de um terço para a

manifestação do corpo discente, como estabelecido no Art. 13° da Lei 11.892/2008.

O Diretor-Geral de cada campus escolhe os servidores que devem ocupar os cargos de

Direção Acadêmica e Administrativa; bem como as Funções Gratificadas (FGs). Assim, o

Reitor disponibiliza um determinado número de FGs para cada campus e o Diretor- Geral

determina, através de critérios locais, quais funções serão gratificadas e o nível de cada uma.

Sendo assim, não existe um registro das competências gerenciais que o servidor deve ter

ou desenvolver para assumir uma função gratificada. Além disso, não existe, de forma

sistematizada, uma preparação para que o servidor assuma a referida função de liderança, nem

acompanhamento que proporcione o desenvolvimento do mesmo. Ressalta-se que as funções

gratificadas no IFRN têm uma grande importância na coordenação da operacionalização das

estratégias da instituição e para a efetivação da Função Social deste instituto.

Page 74: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

72

4 RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DOS PESQUISADOS

Em relação à caracterização dos pesquisados foi investigado sobre o sexo, função,

local de exercício, idade, escolaridade, tempo de exercício na instituição, tempo de exercício

na função, experiência anterior como gestor e as últimas oportunidades de aprendizagem

formal oferecida pela instituição.

Foi analisado o número total de casos processados, 214 gestores participantes da

pesquisa. Dos gestores participantes da pesquisa, 23,36% assumem a função de Cargo de

Direção (50 sujeitos) e 76,64% Função Gratificada (164 sujeitos). Percebe-se também que os

gestores que ocupam Cargo de Direção tiveram um bom percentual de participação quando

comparado ao total existente na instituição, 54,34%. E que 68,33% dos gestores de Função

Gratificada da instituição também se submeteram à pesquisa. O quadro 15 resume as

características dos pesquisados.

Quadro 15 – Resumo das características sócio profissionais.

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Percebe-se que a diferença entre os sexos é bastante significativa, uma vez que as

mulheres ocupam apenas 26,64% das funções de gestão. Em relação aos dados apresentados

sobre o tempo de exercício na instituição e na função, percebe-se que os mesmos refletem a

grande e recente expansão da instituição: servidores “recém-chegados”, sem ter concluído o

estágio probatório, ocupando função de gestor. Verifica-se também, que a instituição oferece

oportunidades de aprendizagem para os seus gestores, apesar destas não serem

Variável Descrição

Função 76,64% ocupam o nível gerencial de Função Gratificada (FG)

Sexo 73,36% são do sexo masculino

Local de exercício 12,15% atuam na Reitoria.

Idade 45,79% têm entre 26 e 35 anos.

Escolaridade 36,92% são especialistas

Tempo de exercício na Instituição 32,71% atuam de 2 a 3 anos na instituição.

Tempo de exercício na Função 44,39% têm até 01 ano de atuação em função gerencial

Experiência anterior 64,02% nunca atuaram como gestor.

Oportunidades formais de

aprendizagem.

57% dos gestores expressaram já ter tido alguma oportunidade

formal de aprendizagem.

Page 75: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

73

especificamente relacionadas à educação gerencial. A apresentação por variável da

caracterização dos pesquisados está descrita no Apêndice B.

4.2 ANÁLISE DOS RESULTADOS

4.2.1 Aprendizagem – Gestão do Conhecimento

Aprendizagem é a transição entre a aplicação de ideias e a geração de ideias novas,

estando, portanto, firmemente integrada aos hábitos e rotinas de trabalho e é indistinguível e

inseparável do próprio processo de trabalho. Sendo, portanto, importante promover o prazer

no trabalho, refletir e verificar os benefícios dos erros e discordâncias (BUKOWITZ;

WILLIAMS, 2002).

A fim de verificar como a instituição viabiliza a aprendizagem, que é o primeiro

objetivo desta pesquisa, inicialmente, foi analisado através de estatística descritiva a

frequência de resposta e a percentagem para cada indicador do passo Aprenda da Gestão do

Conhecimento, do total de respostas, dos 214 sujeitos, como exposto na Tabela 3.

Tabela 3 – Níveis de Desempenho dos indicadores do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento.

Indicador

Níveis de Desempenho

Forte Moderado Fraco Total

N° % N° % N° % N° %

Avaliação do Conhecimento 16 7,5% 133 62,1% 65 30,4% 214 100%

Processos de gestão do

conhecimento/Contextualização/ Política

de Gestão do conhecimento

12 5,6% 107 50% 95 44% 214 100%

Simulação / Jogos / Inovação / Resolução

de Problemas 11 5,1% 124 57,9% 79 36,9% 214 100%

Parceria 35 16,4% 133 62,1% 65 30,4% 214 100%

Processo Decisório 28 13,1% 91 42,5% 95 44,4% 214 100%

Compartilhamento do Conhecimento /

Comunicação / Relacionamento 81 37,9% 61 28,5% 72 33,6% 214 100%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Analisando o desempenho de cada indicador do Passo Aprenda, observa-se que quase

todos apresentam um nível de desempenho predominantemente moderado. Como exceção, tem-se

Page 76: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

74

o indicador Compartilhamento do Conhecimento / Comunicação / Relacionamento, com

indicação de 37,9% dos respondentes, indicando-o como fortemente descritivo da forma como

a instituição viabiliza a aprendizagem e o indicador Processo Decisório, que se expressa de

forma fraca, a partir da percepção 44.4% dos gestores. De uma forma geral, pode-se

considerar que a instituição pesquisada apoia a aprendizagem mútua, a cooperação e a

responsabilidade. No entanto, é uma instituição, na percepção dos gestores, que não utiliza

modelos mentais e de tomada de decisão para compreender como os fatos acontecem e

resolver situações diferentes.

No entanto, com o intuito de verificar se essas diferenças entre os indicadores são

realmente significativas estatisticamente realizou-se uma ANOVA (Análise de variância), para

testar se as médias de respostas dos indicadores diferem entre si. Para tanto, construiu-se duas

hipóteses: as médias dos indicadores do Passo Aprenda não diferem entre si (Hipótese 0) ou

diferem (Hipótese 1). Para este tipo de análise, desejou-se um nível de confiança de 95%,

tendo, portanto, um alfa de 5% (0,05). Obtiveram-se os graus de liberdade, onde sendo k o

número de indicadores, define-se o número de tratamentos (G.L=k(k-1)). Assim com k=6,

temos (6 x 6-1 = 30) GL=30. Logo com um alfa de 0,05 e G.L=30, obtemos na Tabela 4 uma

estatística um F = 1,746.

Tabela 4 – Resultado ANOVA – Passo Aprenda.

ANOVA – Análise de Variância.

Fator de Efeito Lambda

Wilks

Estatística

F

Efeitos

Estimados Resíduos

Valor-

p

Passo Aprenda - Gestão do

Conhecimento 0,069 21,65 30 686 0,00*

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Obtendo-se o resultado da ANOVA, comparou-se o F tabelado com F calculado e o

alfa com o valor-p da ANOVA. Observa-se então que o valor-p < alfa (0,00<0,05) e que F

tabelado < F calculado (1,746<21,65). Logo com 95% de confiança rejeita-se a hipótese nula,

ou seja, pelo menos uma das médias diferem das demais. Para saber a diferença entre as

médias foi utilizado o Teste de Tukey.

Para realização do teste proposto, seguiu-se o mesmo procedimento do teste anterior,

ou seja, definiram-se as hipóteses e o valor de significância (alfa). Este valor permaneceu 0,05

ou 95% de confiança. O resultado deste teste é visual, em que são apresentados os intervalos

Page 77: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

75

de confiança para as médias das seis variáveis. A análise deste gráfico deve ser realizada

através da observação de cada variável (eixo x). Deve-se verificar se o escore de uma variável

não se intercepta com as demais. Cada barra chama-se intervalo de confiança para a média, se

eles se interceptam as médias não diferem estatisticamente, conforme pode ser observado no

Gráfico 1, a seguir.

Gráfico 1 - Indicadores do Passo Aprenda – Resultado ANOVA

Fonte: pesquisa (2013).

Através do Gráfico acima nota-se que os indicadores Processo Decisório e Processos

de Gestão do Conhecimento/Contextualização/ Política de Gestão do Conhecimento do Passo

Aprenda da Gestão do Conhecimento não apresentam um perfil bem definido, uma vez que

ela se intercepta com as demais variáveis. De acordo com Bukowitz e Williams (2002),

aquela variável é composta por seis itens que, investigam se a organização, para melhor

compreender como os fatos acontecem e aprender como resolver as situações diferentes,

utiliza modelos mentais e de tomada de decisão e este indicador, composto por quatro itens,

verifica se os erros, fracassos, problemas e discordâncias nas experiências são considerados

Page 78: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

76

como oportunidades de aprender. Diante dessa análise pode-se inferir que a organização

pesquisada não possui modelo e estratégias organizacionais formais para tomar decisões e os

erros, problemas não são considerados como oportunidades de melhoria do processo no

ambiente organizacional.

Os demais indicadores, não se interceptam com outros, o que indica que suas médias

se diferem, tendo relevância estatística. Essas informações podem ser corroboradas, através da

Tabela 5, que expressa a tradução das informações do gráfico 1.

Tabela 5 - Média e Desvio Padrão do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento.

Indicador N° de gestores Média Desvio Padrão

Avaliação do Conhecimento 35 2,31 0,38

Processos de gestão do

conhecimento/Contextualização/ Política

de Gestão do conhecimento

23 2,25 0,36

Simulação / Jogos / Inovação / Resolução

de Problemas 29 2,33 0,24

Parceria 37 2,71 0,46

Processo Decisório 19 2,02 0,42

Compartilhamento do Conhecimento /

Comunicação / Relacionamento 39 2,48 0,34

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Destaque-se o indicador Compartilhamento do Conhecimento/Comunicação/

Relacionamento, pois além de ser bem definido, sem interceptar outras variáveis, ainda foi o

perfil com mais servidores classificados. Este dado revela que na percepção dos gestores

pesquisados, a instituição viabiliza a aprendizagem através do compartilhamento das

informações, que se promove a interação, de forma que os servidores aprendam uns com os

outros. Sendo assim, este indicador expressa que a instituição promove a interação com outras

pessoas na busca de informação favorecendo a cultura de companheirismo, responsabilidade,

igualitarismo, cooperação e complementariedade, independente do nível hierárquico que

ocupam (BUKOWITZ; WILLIAMS, 2002). A relevância dessa forma de viabilizar a

aprendizagem é compartilhada por Nonaka e Takeuchi (1997), ao afirmar que o conhecimento

pessoal de um indivíduo deve ser compartilhado com os outros, pois é através desta interação

que o conhecimento tácito pode ser transformado em explicito. Ou seja, os conhecimentos que

as pessoas sabem, mas não conseguem expressar prontamente podem ser revelados através de

sua externalização por meio da interação, das conversas.

Page 79: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

77

O indicador Parceria também teve um elevado número de gestores (37) e uma média

mais alta (2,71), indicando que a instituição pesquisada procura, de acordo com o conceito

deste indicador estabelecido por Bukowitz e Williams (2002), transpor os limites

organizacionais através da colaboração com os clientes, fornecedores e concorrentes como

pré-condição para produzir aprendizagem mútua.

A Avaliação do Conhecimento e a Simulação/Jogos/Inovação/Resolução de Problemas

são indicadores que também demonstraram uma boa definição de perfil, sendo considerados

com relevantes no modo como a organização viabiliza a aprendizagem por 35 e 29 gestores,

respectivamente. Isso indica que aqueles gestores percebem que existe uma reflexão sobre as

experiências de trabalho como forma de auxiliar na eficácia dos processos e estes que as

simulações e experiências do passado são importantes para o aprendizado mútuo e para prever

ações no futuro (BUKOWITS; WILLIAMS, 2002).

O Processo Decisório de acordo com as referidas autoras refere-se à utilização de

modelos mentais e de tomada de decisão em redundância para entender melhor como os fatos

acontecem de determinada forma e aprender como resolver as situações diferentes. Como se

pode observar este indicador apenas 19 gestores, nesta avaliação, contribuíram com as

avaliações mais altas para este desempenho, o que gerou uma baixa média (2,02). O mesmo

acontece com o indicador Processos de Gestão do conhecimento/Contextualização/ Política de

Gestão do conhecimento com uma média de 2,25, apontando uma dificuldade institucional em

considerar os erros, fracassos, problemas e discordâncias nas experiências como forma de

reconstruir os processos de gestão do conhecimento no ambiente organizacional. Ressalta-se

que como já expresso acima pelas autoras do instrumento de pesquisa Passo Aprenda um dos

desafios para promover o hábito de aprender, cultivar a arte do aprender fazendo é captar os

benefícios dos erros, fracassos e discordâncias. Esse aspecto é descrito no registro dos

gestores abaixo, da questão aberta que investiga sugestões de melhoria da aprendizagem

organizacional.

Maior interação entre ocupantes de um mesmo cargo para que possam trocar

experiências de maneira sistemática contribuindo para conhecer erros e acertos nas

diversas áreas (N° 44 – gestor do nível FG).

Penso que devemos refletir mais nas falhas e nas conquistas e buscar nelas aspectos

práticos para melhorar nossa atuação futura (N° 74 – gestor do nível FG).

Page 80: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

78

Dessa forma, pode-se afirmar que apesar da dificuldade de gerar aprendizado através

dos erros, a instituição pesquisada viabiliza a aprendizagem através do compartilhamento de

informações, tenta assegurar responsabilidades em comum para os servidores e valoriza o

trabalho em grupo.

4.2.2 Estratégias de Aprendizagem no Trabalho

Estratégias de aprendizagem são as atividades adotadas pelo indivíduo para facilitar o

processamento de informações nas etapas de aquisição, retenção, recuperação e transferência

de novas habilidades e conhecimentos no contexto profissional (PATOJA; BORGES-

ANDRADE, 2009).

Com o intuito de cumprir o segundo objetivo específico desta dissertação - identificar as

estratégias de aprendizagem utilizadas pelos gestores no trabalho – utilizou-se a estatística

inferencial, com o intuito de verificar se as diferenças entre as médias das respostas de cada

estratégia são estatisticamente significativas. Foram aplicados os mesmos testes utilizados

para análise dos indicadores do Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento. Os valores da

ANOVA estão expressões na Tabela 6.

Tabela 6 – Resultado ANOVA Estratégias de Aprendizagem.

ANOVA – Análise de Variância.

Fator de Efeito Lambda Wilks Estatística F Efeitos Estimados Resíduos Valor-p

Estratégia de Aprendizagem 0,30979 12,179 20 574,7 0,00*

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Após a confirmação de que as médias das estratégias diferem estre si, uma vez que o

valor-p < alfa (0,00 < 0,05), aplicou-se o teste de Tukey, a fim de se conhecer essas

diferenças; obtendo-se o Gráfico 2.

Page 81: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

79

Gráfico 2 – Estratégias de Aprendizagem – Resultado ANOVA

Classificação Estratégia de Aprendizagem (Sem Empates); LS Means

Wilks lambda=,30979, F(20, 574,73)=12,179, p=0,0000

Decomposição dos Efeitos

As barras Verticais denotam Intervalos de Confianção de 95%

Indice Ajuda Interp. Indice Reflexão Ativa Indice Ajuda Mat Indice Reprodução Indice Apl. Prát.

Reflexão AtivaAjuda Interpessoal

ReproduçãoAjuda Material

Aplicação Prática5,5

6,0

6,5

7,0

7,5

8,0

8,5

9,0

9,5

10,0

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Analisando o gráfico verifica-se que a barra da estratégia Ajuda Interpessoal não se

intercepta com as barras das outras estratégias, o que demonstra, com 95% de confiança, que

a média do Índice Estratégia Ajuda Interpessoal difere das médias dos demais escores, sendo

um perfil bem definido. O mesmo pode-se constatar com a estratégia Aplicação Prática. As

demais estratégias não apresentam um perfil bem definido, uma vez que se interceptam com

outras variáveis. Essas informações podem ser corroboradas, através da Tabela 7, que

expressa a tradução das informações do Gráfico 2.

Page 82: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

80

Tabela 7 - Média e Desvio Padrão das Estratégias de Aprendizagem

Estratégias N° Média Desvio Padrão

Ajuda Interpessoal 102 8,78 1,01

Reflexão Ativa 18 8,86 0,83

Reprodução 17 8,85 1,10

Aplicação Prática 23 9,07 0,70

Ajuda Material 22 8,91 1,62

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Observando a tabela acima, percebe-se que a estratégia Ajuda Interpessoal é a mais

utilizada pelos gestores pesquisados (102). E em seguida, a Aplicação Prática com melhor

média (9,07) e menor desvio padrão (0,70); demonstrando que os gestores que utilizam esta

estratégia o fazem com maior frequência e menor variabilidade. Aquela estratégia, de acordo

com Brandão (2009) consiste na procura ativa do indivíduo pelo auxílio de outras pessoas;

enquanto essa é a tentativa do indivíduo de aprender por meio da experimentação.

Dessa forma, pode-se afirmar que os gestores participantes da pesquisa procuram

aprender no trabalho testando, na prática, novas maneiras de executar o trabalho e englobando

novos conhecimentos; bem como para aprender busca a ajuda de colegas mais experientes, da

mesma equipe e até mesmo de outras áreas de trabalho dentro da instituição.

As estratégias Reflexão Ativa, Reprodução e Ajuda Material são utilizadas, de forma

predominante, por um menor número de gestores. Mas estes buscam aprender,

respectivamente, a partir da reflexão sobre partes componentes do seu trabalho; memorizando

e repetindo mentalmente as informações, sem reflexão sobre o seu significado e através de

pesquisa em documentos, manuais, normativos, livros e outras fontes não-sociais (Brandão,

2009).

4.2.3 Como a aprendizagem é viabilizada e as estratégias de aprendizagem: uma

relação?

Comparar a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem com as estratégias de

aprendizagem no trabalho é o quarto objetivo específico desta pesquisa.

No referencial teórico deste estudo foi realizada uma aproximação conceitual entre os

níveis de análise organizacional e individual, ou seja, na forma como a instituição viabiliza

Page 83: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

81

que a aprendizagem aconteça e as estratégias utilizadas pelos gestores para aprender no

trabalho.

Os resultados estatísticos apresentados sobre a forma coma a intuição viabiliza a

aprendizagem e as estratégias de aprendizagem utilizadas no ambiente de trabalho

demonstraram que, na percepção dos gestores participantes, a organização viabiliza a

aprendizagem através do incentivo a interação, cooperação e parcerias além dos limites da

organização para buscar de uma melhor atuação e que os gestores, prioritariamente, portanto,

utilizam como estratégia a busca ativa por outras pessoas a fim de auxiliar na aprendizagem.

A partir dos resultados estatísticos, analisando cada nível individualmente, é possível

afirmar que existe uma relação teórica entre os dois níveis de análise da aprendizagem; uma

vez que a referida relação apontou a aproximação entre a forma de viabilizar a aprendizagem

através dos indicadores Parceria e Compartilhamento do Conhecimento/Comunicação/

Relacionamento e as estratégia de Aprendizagem Busca de Ajuda Interpessoal. Essa

percepção de cooperação e ajuda mútua pode ter relação com, no caso dos gestores de Função

Gratificada, com a proximidade desses gestores no mesmo campus e em relação aos de nível

de Cargo de Direção pelas reuniões de colegiado, onde é compartilhada as experiências e

tomadas as decisões em conjunto.

Os registros abaixo, realizados no questionamento sobre a avaliação de como ocorre o

processo de aprendizagem na instituição pesquisada, exemplificam e reforçam a relação

acima.

A aprendizagem ocorre principalmente da troca de experiências práticas entre os

servidores. Há o estimulo para o desenvolvimento de trabalho em conjunto e

intercâmbio de idéias (N° 07 – gestor do nível FG).

No dia a dia a disponibilidade geral dos setores no auxílio mutuo (quando surge

alguma duvida nos procedimentos administrativos, por exemplo) é muito boa. É

natural acontecer de um servidor de um setor ir a outro procurar ajuda, orientação e

essa ajuda é quase sempre dada (sempre que possível). Mas a falta de treinamentos

específicos por setor ainda é um problema a ser resolvido na instituição (N° 181 –

gestor do nível FG).

A importância da interação entre as pessoas, da busca de ajuda interpessoal, da

cooperação é reforçado por Nonaka e Takeuchi (1997) ao relatar sobre a importância da

transmissão do conhecimento, através da externalização e Davenport e Prusak (1998), ao

afirma que conversar é a maneira pela qual os trabalhadores descobrem aquilo que sabem,

Page 84: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

82

compartilham com os seus colegas e criam conhecimento novo para organização. As

conversas são importância, pois elas estão ligadas intimamente à socialização e à

externalização de conhecimentos; “gerenciar conversas” é uma prática que conduz as

organizações a resultados desejáveis (SCHLESINGER, 2008).

Contudo, a fim de verificar se esta relação conceitual se comprova através de uma

relação estatística, ou seja, se existe associação entre os indicadores do Passo Aprenda da

Gestão do Conhecimento e as Estratégias de Aprendizagem no Trabalho foi utilizado teste

Qui-Quadrado (2 ).

Para tanto, inicialmente, definiu-se as hipóteses: não existe associação, ou seja, as

variáveis são independentes (Hipótese 0) ou existe associação, as variáveis entre os dois

instrumentos são dependentes (Hipótese 1). O teste em interesse teve um nível de confiança

de 95% (alfa=5%) e com 5 graus de liberdade, logo se obteve uma Estatística Qui-Quadrado

Tabelada de ( 2

tab = 31,4). A tabela 8 demonstra as frequências observadas para todos os

grupos formados pelas variáveis em estudo:

Tabela 8 - Frequências e Porcentagem Estratégias de Aprendizagem e Função

Estratégia de

Aprendizagem

Indicadores do Passo Aprenda - Gestão do Conhecimento

Parceria

Aval. do

Conheci

mento

Processo

Decisório

Processo

de Gestão Simulação

Comp. do

Conhecime

nto

Total

Reflexão Ativa N 3 3 2 4 5 1 18

% 1,65% 1,65% 1,10% 2,20% 2,75% 0,55% 9,89%

Ajuda Interpessoal N 24 20 10 12 15 21 102

% 13,19% 10,99% 5,49% 6,59% 8,24% 11,54% 56,04%

Reprodução N 0 4 2 4 1 6 17

% 0,00% 2,20% 1,10% 2,20% 0,55% 3,30% 9,34%

Ajuda Material N 2 4 3 3 3 7 22

% 1,10% 2,20% 1,65% 1,65% 1,65% 3,85% 12,09%

Aplicação Prática N 8 4 2 0 5 4 23

% 4,40% 2,20% 1,10% 0,00% 2,75% 2,20% 12,64%

Total N 37 35 19 23 29 39 182

% 20,33% 19,23% 10,44% 12,64% 15,93% 21,43% 100%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Observa-se que em algumas células a frequência observada é menor que 5, o que

sugere a realização do teste Qui-Quadrado com correção de Yates. Segue as frequências

esperadas em cada célula.

Page 85: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

83

Tabela 9 - Resultado Qui-quadrado – Passo Aprenda e Estratégias

Summary Table: Expected Frequencies

Marked cells have counts > 10

Person Chi-square: 22,6291, df = 20, p= ,3017371

Estratégias

Indicadores Passo Aprenda

Parceria Avaliação do

Conhecimento

Processo

Decisório

Processo de

Gestão Simulação

Compartilhamento

do Conhecimento

Reflexão

Ativa 3,65934 3,46154 1,87912 2,27473 2,86813 3,85714

Ajuda

Interpessoal 20,73626 19,61538 10,64835 12,89011 16,25275 21,85714

Reprodução 3,45604 3,26923 1,77473 2,14835 2,70879 3,64286

Ajuda

Material 4,47253 4,23077 2,29670 2,78022 3,50549 4,71429

Aplicação

Prática 4,67582 4,42308 2,40110 2,90659 3,66484 4,92857

All Grps 37,00000 35,00000 19,00000 23,00000 20,00000 39,00000

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Comparando os valores alfa e do valor-p, vê-se que valor-p > alfa (0,301 > 0,05)

assim aceita-se a Hipótese Nula com 95% de confiança, ou seja, não existe associação entre

os Indicadores do Passo Aprenda e as estratégias de Aprendizagem. O mesmo acontece se a

comparação for entre os valores de Qui-Quadrado, vê-se que 2 2

tab cal (31,4>22,62).

Sendo assim, apesar de existir uma relação conceitual, não existe uma relação

estatística entre os Indicadores do Passo Aprenda e as estratégias de Aprendizagem.

4.2.4 Como a aprendizagem é viabilizada e as estratégias de aprendizagem: diferenças

entre os níveis de responsabilidades do Cargo de Direção e Função Gratificada?

O terceiro objetivo específico desta pesquisa é comparar o modo como a instituição

viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas no trabalho por gestores nos níveis de

responsabilidade de Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG). A importância deste

objetivo é corroborada por Pantoja e Borges-Andrade (2009) ao sugerirem pesquisas que

contemplem diferentes variáveis como grau de complexidade da tarefa, nível de

responsabilidade.

Com o intuito de se obter a referida comparação, utilizou-se o teste Qui-Quadrado.

Verificou-se, assim, através dele, se existia associação entre os níveis de gestão e a forma

Page 86: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

84

como a instituição viabiliza aprendizagem e, posteriormente, se existe associação com as

estratégias de aprendizagem no trabalho.

Para verificar a associação entre as variáveis do instrumento Passo Aprenda e a

variável Função (CD e FG), estabeleceu-se as seguintes hipóteses: não existe associação entre

a Função do indivíduo e a o Perfil do Passo Aprenda da Gestão do Conhecimento, ou seja, as

variáveis são independentes (H0) e existe associação, ou seja, as variáveis são dependentes

(H1). O teste em interesse teve um nível de confiança de 95% (alfa=5%) e com 5 graus de

liberdade, logo se obteve uma Estatística Qui-Quadrado Tabelada de ( 2

tab = 11,1). A tabela 10

demonstra as frequências observadas para todos os grupos formados pelas variáveis em

estudo:

Tabela 10 - Frequências e Percentual Passo Aprenda – Gestão do Conhecimento

Indicador Função

Total CD FG N° % N° %

Avaliação do Conhecimento 5 12,20% 30 21,28 35 Processos de gestão do

conhecimento/Contextualização/

Política de Gestão do

conhecimento

5 12,20% 18 12,77% 23

Simulação / Jogos / Inovação /

Resolução de Problemas 12 29,27% 17 12,06% 29

Parceria 11 26,83% 26 18,44% 37 Processo Decisório 2 4,88% 17 12,06% 19 Compartilhamento do

Conhecimento / Comunicação /

Relacionamento 6 14,63% 33 23,40% 39

Total 41 141 182 Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Observa-se que em algumas células a frequência observada é menor que 5, o que

sugere a realização do teste Qui-Quadrado com correção de Yates. Observam-se na tabela 11

os resultados do teste, considerando o Valor Qui-Quadrado com correção de Yates Calculada

( 2

cal =11,0836) e o valor-p do teste (0,4975).

Page 87: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

85

Tabela 11 - Resultado Qui-quadrado Passo Aprenda e Função após correção de Yates.

Summary Table: Expected Frequencies

Person Chi-square: 11,0836, df = 5, p= ,049748

Função Parceria Avaliação do Conhecimento

Processo Decisório

Processo de Gestão

Simulação

Compart. do Conhecimento

Row Totais

CD 8,33516 7,88462 4,28022 5,18132 6,53297 8,78571 41,0000

FG 28,66484 27,11538 14,71978 17,81868 22,46703 30,21429 141,0000

All Grps

37,00000 35,00000 19,00000 23,00000 29,00000 39,00000 182,0000

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Comparando os valores alfa ( 0,05 ) com o valor-p do teste, verifica-se que o

valor-p é menor do que o alfa (0,04975< 0,05). Portanto, recusa-se a Hipótese Nula com 95%

de confiança, ou seja, existe associação entre a Função do indivíduo e a o Perfil de Gestão do

Conhecimento, ou seja, as variáveis são dependentes.

Através da análise da Tabela 8, percebe-se que enquanto a maior parte dos gestores de

Cargo de Direção percebe que a aprendizagem se dá através dos indicadores Simulação /

Jogos / Inovação / Resolução de Problemas (29,27%) e Parceria (26,83%); os gestores do

nível de função gratificada percebem que a aprendizagem acontece através do

compartilhamento do conhecimento/comunicação/relacionamento (23,40%) e da Avaliação

do Conhecimento (21,28%).

Assim, além de considerarem importante a aprendizagem mútua através da parceria

com todos os envolvidos nas atividades organizacionais, os gestores do nível de Cargo de

Direção, considera que a instituição viabiliza a aprendizagem através de simulação sobre os

fatos e utilizando uma experiência do passado sobre a impressão coletiva para prever ações

futuras e para favorecer a aprendizagem mútua.

Já os gestores do nível de Função Gratificada, além de considerarem que a instituição

viabiliza a aprendizagem através da interação e do compartilhamento de informações,

consideram como relevante o indicador Avaliação do Conhecimento que demonstra que a

instituição reflete sobre as experiências de trabalho e sobre o conhecimento aprendido como

uma indispensável maneira de ajustar o sistema organizacional, tornando-o mais efetivo e

eficiente (BUKOWITZ ; WILLIAMS, 2002).

Verifica-se assim, que além do Compartilhamento do Conhecimento e da Parceria, a

Simulação e Avaliação do Conhecimento também estão presentes e são relevantes, na

percepção dos gestores, na forma como a instituição pesquisada viabiliza a aprendizagem.

Page 88: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

86

Já para verificar a associação entre as estratégias de aprendizagem no trabalho e a

variável Função (CD e FG), estabeleceram-se as seguintes hipóteses: não existe associação

entre a função e a estratégia de aprendizagem (Hipótese 0) ou existe associação (Hipótese 1).

O teste em interesse terá um nível de confiança de 95% ( 0,05 ) e com 4 graus de

liberdade, logo temos uma Estatística Qui-Quadrado Tabelada de ( 2

tab = 9,49). A tabela 12

demonstra as frequências observadas.

Tabela 12 – Frequências e Porcentagem Estratégias de Aprendizagem e Função

Idade Função

Total CD FG

Ajuda

Interpessoal

N 27 75 102

% 14,84% 41,21% 56,04%

Ajuda Material N 6 16 22

% 3,30% 8,79% 12,09%

Aplicação Prática N 3 20 23

% 1,65% 10,99% 12,64%

Reflexão Ativa N 4 14 18

% 2,20% 7,69% 9,89%

Reprodução N 1 16 17

% 0,55% 8,79% 9,34%

Total 41 141 182

22,53% 77,47% 100%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Observa-se que em algumas células a frequência observada é menor que 5, o que

sugere a realização do teste Qui-Quadrado com correção de Yates.

Tabela 13 - Resultado Qui-quadrado - Estratégias e Funções

Summary Table: Expected Frequencies Marked cells have counts > 10 Person Chi-square: 5,07761, df = 4, p= ,279426

Função Classificação estratégia de aprendizagem (sem empates)

Reflexão Ativa

Ajuda Interpessoal

Reprodução Ajuda Material

Aplicação Prática

Row Totais

CD 4, 05495 22,9780 3,82967 4,95604 5,18132 41,0000

FG 13,94505 79,0220 13,17033 17,04396 17,81868 141,0000

All Grps

18,00000 102,0000 17,00000 22,00000 23,00000 182,0000

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Page 89: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

87

Comparando os valores alfa e do valor-p, vê-se que valor p > alfa (0,279 > 0,05) assim

aceita-se a Hipótese Nula com 95% de confiança, ou seja, não existe associação entre a

Função do indivíduo e a o Perfil de Estratégia de Aprendizagem, ou seja, as variáveis são

independentes. O mesmo acontece se a comparação for entre os valores de Qui-Quadrado, vê-

se que 2 2

tab cal (9,49>5,078). Sendo assim, apesar de na análise da frequência observar-se

diferença entre as funções em relação às estratégias; estas não podem ser consideradas

significativas estatisticamente.

4.2.5 Avaliação e sugestões sobre o processo de aprendizagem organizacional.

Além dos instrumentos utilizados com o intuito de descrever o fenômeno da

aprendizagem organizacional na instituição pesquisada; foi solicitado aos participantes que

registrassem sua opinião através de duas perguntas abertas: (1) Como você avalia o processo

de aprendizagem organizacional nesta Instituição? (2) E O que você sugere como melhoria do

processo de aprendizagem nesta instituição?

Assim, com o intuito de verificar o quinto objetivo específico desta pesquisa -

Identificar a avaliação e sugestão dos gestores sobre o processo de aprendizagem

organizacional – analisou-se os registros dos gestores nas perguntas acima citada.

A primeira pergunta foi respondida por 71,03% dos 214 participantes, ou seja, por 152

gestores. A partir da análise dos registros das avaliações sobre o processo de aprendizagem

organizacional, foi possível agrupá-las de acordo com a tabela 14.

Page 90: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

88

Tabela 14 – Categorias de avaliações sobre o processo de aprendizagem.

Categoria Descrição Percentual de

respostas

Expressão positiva Registros que avaliam de forma positiva a aprendizagem

organizacional através de termos como "ótimo",

"excelente", "bom", positivo", "satisfatório".

26,32%

Necessidade de melhoria Registros que apontam necessidade de melhoria a

aprendizagem organizacional através de expressões como

"regular", "razoável", "precisa ser melhorado".

23,68%

Expressão Negativa Registros que avaliam de forma negativa a aprendizagem

organizacional através de termos como "fraco", "ruim",

insatisfatório", "deficiente" e “lento”.

19,08%

Processo Registros que expressaram a avaliação da aprendizagem

organizacional através da descrição de como ela ocorre,

sem denotar caráter positivo, negativo ou de necessidade

de melhoria.

28,95%

Ausência Registros no qual o gestor expressou a incapacidade de

fazer avaliação sobre o processo de aprendizagem

organizacional.

1.97%

Fonte: pesquisa (2013)

A maioria dos gestores (28,95%) que responderam esta questão aberta expressou a sua

avaliação sobre a aprendizagem organizacional descrevendo como ela acontece na instituição

pesquisada. E aqueles que se expressaram emitindo um juízo de valor, o fizeram registrando

uma percepção positiva sobre a referida aprendizagem (26,32%). Ressalta-se, no entanto, que

um numero significativo de gestores (23,68%) apontou que a aprendizagem organizacional

necessita de melhorias, aprimoramento. Esses resultados podem ser verificados,

respectivamente, através dos seguintes registros de gestores participantes da pesquisa.

Analisando toda a instituição, falta interação entre os campi. Já levando em

consideração o campus que atuo há uma grande interação entre os servidores, o que

nos leva a aprendizado mutuo (N° 130 – gestor do nível FG).

O processo é muito bom devido à interação com os colegas tanto no quesito

experiência como do conhecimento (N° 40 – gestor do nível CD).

Necessita de aprimoramentos. É totalmente informal, você sê vê num processo,

aprendendo, com situações dinâmicas e não com algo oferecido a servidor (N° 102 –

gestor do nível FG).

A segunda pergunta foi respondida por 147 gestores, ou seja, 68,69% dos pesquisados.

A partir da análise das sugestões foi possível agrupá-las em cinco categorias de acordo com a

tabela 15.

Page 91: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

89

Tabela 15 – Categorias de sugestões de melhoria do processo de aprendizagem.

Categoria Descrição N° de

unidades

Percentual de

respostas

Capacitação

Sugestões que expressaram a necessidade de

aumento do número de capacitações,

planejamento através de programas de

capacitação e que as mesmas sejam específicas

de cada área como para os ocupantes de função

gerenciais.

74 50,34%

Integração e Socialização

Sugestões que expressaram a necessidade de

integração entre as diversas unidades

organizacionais e áreas administrativas.

33 22,45%

Gestão Organizacional

Sugestões que expressam opinião sobre a

comunicação organizacional, planejamento e

estrutura organizacional.

22 14,97%

Padronização de

procedimentos

Sugestões que expressaram a necessidade de

padronizar os processos da instituição. 20 13,61%

Outros

Outras sugestões ou registros no qual o gestor

expressou a incapacidade de fornecer sugestões

sobre o processo de aprendizagem

organizacional.

15 10,20%

Fonte: pesquisa (2013)

Ressalta-se, que o registro de alguns gestores apresentavam sugestões distintas, que se

encaixavam em mais de uma categoria. Dessa forma, as sugestões foram divididas em

unidades de modo que se garantisse a exclusividade das categorias e se contabilizasse todas as

sugestões. Assim, o somatório do percentual de respostas por categoria é superior a 100% e o

número de unidades superior ao número de gestores que responderam a esta questão.

Verifica-se que 50,34% das sugestões relaciona a melhoria no processo de

aprendizagem organizacional à disponibilidade de capacitações, seja através de cursos de

curta duração, formações específicas para o cargo e educação gerencial, necessidade de

planejamento e elaboração de programa de capacitação. Esta informação pode ser

exemplificada através do registro dos seguintes gestores:

Capacitações de forma mais específica e permanente, pois vivemos num processo

muito dinâmico de mudanças administrativas e operacionais” (N° 75 – gestor do

nível CD).

Criação ou aperfeiçoamento de programa permanente de capacitação com foco nas

diversas áreas de trabalho e para elas direcionando de forma mais específica” (N° 30

– gestor do nível FG)

Page 92: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

90

Faz-se necessário capacitar os novos servidores com a cultura organizacional;

considerando que a Instituição está com um percentual bastante elevado com

servidores nesta condição” (N° 20 – gestor do nível CD).

Em relação à educação gerencial ou cursos específicos para gestores, percebe-se que

esta necessidade já havia sido apontada na investigação de últimas oportunidades formais de

aprendizagem oferecida pela instituição, no questionário socioprofissional, na qual se

verificou que a instituição oferece oportunidades de aprendizagem para os seus gestores,

apesar destas não serem especificamente relacionadas à Educação Gerencial.

Percebe-se, através dessas sugestões que a aprendizagem induzida, ou seja, aquela que

ocorre a partir do estímulo gerado deliberadamente pela organização, foi apresentada em

maior número para melhoria da aprendizagem organizacional. De acordo com Abbad e

Borges-Andrade (2004) a aprendizagem induzida acontece em situações planejadas e

estruturadas para facilitar a aprendizagem, a retenção e transferências como acontece nas

situações de treinamento e desenvolvimento.

Ressalta-se que o processo de aprendizagem organizacional é realizado no decorrer da

geração do conhecimento (NONAKA; TAKEUCHI, 1997). No entanto, é de importância

fundamental para uma empresa, ao adotar uma prática voltada à educação de seus

funcionários, disseminar o conhecimento como um valor em todo o contexto organizacional

(SCHLESINGER, 2008). Para Meister (1999), as organizações comprometidas com a

aprendizagem têm de ajudar indivíduos e equipes de funcionários a desenvolver a capacidade

de aprender.

Um percentual bastante significativo dos gestores, 22,45% (33 registros), expressou

como relevante, para a melhoria do processo de aprendizagem organizacional, a integração

entras diversas unidades organizacionais e entre os servidores que atuam em setores afins,

seja presencial ou através de recursos tecnológicos que permitam a integração à distância.

Esta opinião pode ser exemplificada através dos registros abaixo:

A implantação de um banco de talentos via SUAP. Implantação via SUAP de Banco

de Ideias, de boas práticas no serviço público para conhecermos ideias que estejam

sendo implantadas nos demais campus da rede. E um fórum via SUAP para

discussão entre gestores por setor de atuação, pois atualmente fazemos isso por e-

mail (N° 125 – gestor do nível FG).

Page 93: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

91

Buscar melhor articulação entre os vários setores; bem como autonomia para

desfazer entraves, inclusive de ordem burocrática, que impedem o bom

funcionamento da instituição (N° 166 – gestor do nível FG).

Ressalta-se que as sugestões fornecidas nestas categorias apontam a necessidade de

integração, não apenas entre os servidores da mesma unidade, mas, sobretudo, entre as

unidades organizacionais, os setores afins e da reitoria (unidade sistêmica) com as demais

unidades. Dessa forma, apesar dos gestores perceberem que a instituição viabiliza a

aprendizagem através do Compartilhamento do Conhecimento/Comunicação/

Relacionamento (primeiro objetivo específico); existe a necessidade que esta interação entre

as unidades seja sistematizada pela organização, como pode ser observado no registro abaixo.

Haver mais troca de experiências entre os campi, bem como entre os setores ou

quem sabe entre outras instituições (N° 18 – gestor do nível FG).

Pode-se dizer assim, que os gestores percebem a viabilidade da aprendizagem pela

busca de informação, cooperação entre os servidores. No entanto, que pode haver um

aprimoramento nesta forma de viabilizar: é necessário melhorar a integração entre as unidades

e áreas afins.

O Benchmarking, as Comunidades de Práticas e a Gestão de Conversas são práticas

organizacionais, que a partir da interação proporcionam a socialização e externalização do

conhecimento. Sobre o Benchmarking, Schlesinger (2008) afirma que ao adotar essa

estratégia, as organizações se voltam à forma de atuação de outras organizações, visando

identificar novas práticas e formas de atuação que podem ser úteis para o desenvolvimento de

suas atividades. Nesse sentido, o benchmarking fornece um canal de transferência do

conhecimento entre quem observa e quem possui a prática. Essa prática pode ser desenvolvida

entre as diversas unidades administrativas da instituição pesquisada.

A categoria Gestão Organizacional e a Padronização de processos também foram

apontadas como relevante por 14,97% e 13,61% dos gestores, respectivamente, como

sugestão para melhoria da aprendizagem organizacional como pode ser observado nos relatos

abaixo:

Page 94: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

92

Fomentar a gestão do conhecimento entre diversos setores, assim como estimular,

promover a comunicação entre esses setores de uma maneira que deixe bem claro

que todos fazem parte de uma mesma instituição ( N° 43 – gestor do nível FG).

Confecção de cartilha padronizada para cada setor com o intuito de diminuir os

erros, facilitar o aprendizado e uniformizar o processo de trabalho ( N° 203 – gestor

do nível FG).

Ressalta-se assim, a importância do desenvolvimento de práticas organizacionais que

auxiliem na criação do conhecimento, em todas as suas fases – socialização, externalização,

combinação e internalização -, como relatado por Schlesinger (2008): educação corporativa,

mapa do conhecimento, gerenciar conversas, comunidades de práticas, inteligência artificial,

entre outras práticas.

Page 95: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

93

5 CONSIDERAÇÕES

Aprender é essencial durante toda a vida do indivíduo. É através da capacidade de

aprender que conseguimos nos transformar e modificar a realidade ao nosso redor, que

podemos fazer diferente, gerar melhores resultados, criar e inovar. O mesmo acontece com as

organizações. No mundo do trabalho a capacidade organizacional de aprender é fundamental

para a sustentabilidade das instituições e a prestação de serviços efetivos para os cidadãos.

Essa aprendizagem pode ser analisada pelo viés organizacional, das equipes de trabalho e dos

indivíduos e através da relação entre esses diferentes níveis.

Neste trabalho buscou-se analisar a relação existente entre o modo como uma

Instituição da Rede Federal de Ensino do nordeste brasileiro viabiliza a aprendizagem e as

estratégias utilizadas por gestores para aprender no trabalho. Dessa forma, essa pesquisa

busca fazer uma análise do fenômeno no nível organizacional e no nível individual.

Descrever este fenômeno é relevante, uma vez que se pode analisar as formas de

aprendizagem mais utilizadas e reforçada pela cultura organizacional, proporcionando a

criação de estratégias para fortalecer os modos de viabilizar a aprendizagem organizacional;

bem como desenvolver formas de aprendizagem ainda não praticadas pela instituição. Além

disso, ao compreender como os trabalhadores aprendem que estratégias utilizam é possível

refletir sobre a importância da aprendizagem informal para as organizações; compreendendo

os seus benefícios e criando estratégias que vão além das estratégias formais.

O primeiro objetivo específico da pesquisa, descrever o modo como a instituição

viabiliza a aprendizagem, proporcionou reconhecer que a instituição pesquisada apresenta um

desempenho moderado na maior parte dos indicadores explorados no Passo Aprenda do

diagnóstico da gestão do conhecimento de Bukowitz e Williams (2002). Este instrumento

investiga a aprendizagem na gestão do conhecimento a partir de seis indicadores, que

demonstram a forma como a organização possibilita que a aprendizagem aconteça. Destacou-

se principalmente, o indicador Compartilhamento do Conhecimento/ Comunicação/

Relacionamento demonstrando que a instituição viabiliza que a aprendizagem aconteça,

sobretudo, através da interação entre as pessoas, da cooperação e divisão de

responsabilidades. Outro indicador que também teve destaque foi o de Parceria. Ele apresenta

uma relação próxima com o anteriormente citado, uma vez que implica engajamento entre as

pessoas além do ambiente de trabalho. Contudo, no modo como viabiliza a aprendizagem, a

Page 96: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

94

instituição pesquisada, pode ser aprimorada, ampliada, por exemplo, ao valorizar os erros e

fracassos como processo de aprendizagem e implantar modelos de tomada de decisão.

Em relação ao segundo objetivo da pesquisa, que buscava investigar no nível

individual, a aprendizagem, identificou-se o uso de estratégias de aprendizagem no trabalho,

utilizando a escala de Brandão (2009) e verificou-se que os gestores prioritariamente, utilizam

as estratégias de busca de ajuda interpessoal e aplicação prática. O uso dessas estratégias

denotam que a aprendizagem é obtida através das relações e da busca por aprimorar o

trabalho, testando novas práticas. Ou seja, que a aprendizagem acontece de forma natural, ou

seja, não sistemática, no dia a dia do trabalhador.

Ao responder ao terceiro objetivo específico da pesquisa - comparar o modo como a

instituição viabiliza a aprendizagem e as estratégias utilizadas no trabalho por gestores nos

níveis de responsabilidade de Cargo de Direção (CD) e Função Gratificada (FG) – verificou-

se que os gestores de nível FG percebem que a aprendizagem é viabilizada através dos

indicadores Compartilhamento do conhecimento / Comunicação / Relacionamento e

Avaliação do conhecimento e os gestores do nível CD apontam que a aprendizagem se dá

através dos indicadores Simulação / Jogos / Inovação / Resolução de Problema e Parceria. No

entanto, não se verificou nenhuma associação significativa estatisticamente entre as

estratégias utilizadas pelos gestores do nível de cargo de direção e os de função gratificada,

apesar do nível de complexidade das tarefas serem distintas.

Comparar a forma como a instituição viabiliza a aprendizagem com as estratégias de

aprendizagem no trabalho era o quarto objetivo específico. Ao responder o mesmo, verificou-

se que apesar da relação conceitual entre os indicadores do Passo Aprenda e as Estratégias de

aprendizagem no trabalho, não se obteve uma relação comprovada estatisticamente.

Por meio das questões abertas, foi possível identificar a avaliação e sugestão dos

gestores sobre o processo de aprendizagem organizacional, que era o quinto objetivo

específico desta pesquisa. Essa investigação demonstrou que a maioria dos gestores ao

fazerem um julgamento sobre a avaliação do processo de aprendizagem organizacional o

consideram de forma positiva; apesar do número expressivo de gestores que apontam

necessidade de melhoria. Além disso, verificou-se que os gestores identificam a capacitação

como meio de alavancar a aprendizagem organizacional e que a integração entre as unidades

organizacionais, os setores afins e da reitoria (unidade sistêmica) com as demais unidades

deve ser aprimorada.

De posse destas informações a instituição pode desenvolver estratégias para estimular

novos modos de viabilizar a aprendizagem, por exemplo, considerar os erros, problemas e

Page 97: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

95

discordâncias como forma de melhorar os processos organizacionais, como já citado. Assim

como, adotar práticas de possibilitem a aprendizagem na organização.

Uma limitação desta pesquisa: não ter utilizado outras estratégias de coletas

complementares, da abordagem qualitativa, e que proporcionasse maiores subsídios para

descrição e compreensão do fenômeno como os grupos focais (discussão em grupo) ou

entrevistas.

Assim, ela pode ser ampliada investigando diferentes instituições, de diferentes

regiões do Brasil a fim de verificar as relações existentes entre o modo como a organização

viabiliza a aprendizagem e a estratégias utilizadas pelos gestores. É indicado também utilizar

pesquisa do tipo qualitativa a fim de aprofundar a compreensão sobre este fenômeno. Outra

possibilidade é investigar as estratégias de aprendizagens utilizadas pelos gestores,

procurando comparar a estratégias a partir da formação, cargo dos gestores. Na pesquisa em

questão, por exemplo, também poderia ter sido investigado se existia diferenças no uso de

estratégias de aprendizagem no trabalho entre os gestores que são docentes e os que ocupam

cargo de técnico administrativo em educação.

Dessa forma, a pesquisa em questão tem sua relevância para a academia e para a

instituição pesquisada ao possibilitar um olhar descritivo sobre um fenômeno, possibilitando

novas formas de compreensão e atuação.

Page 98: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

96

REFERÊNCIAS

ABBAD, G.; BORGES-ANDRADE, J. E. Aprendizagem Humana em Organizações e

Trabalho. In: ZANELLI, J. C.; BORGES-ANDRADE, J. E.; BASTOS, A. V. B. (Org.).

Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 237-275.

ABBAD, G.; BORGES-FERREIRA, M. F.; NOGUEIRA, R. Medidas de Aprendizagem em

avaliação de TD&E. In: BORGES-ANDRADE, J. E.; ABBAD, G.; MOURÃO, L.

(colaboradores). Treinamento , desenvolvimento e educação em organizações e trabalho:

fundamentos para gestão de pessoas. Porto Alegre: Artmed, 2006. cap. 23.

ABBAD, G.; NOGUEIRA, R; WALTER, M. Abordagens instrucionais em planejamento de

TD&E. In: BORGES-ANDRADE, J. E.; ABBAD, G.; MOURÃO, L. (colaboradores).

Treinamento, desenvolvimento e educação em organizações e trabalho: fundamentos para

gestão de pessoas. Porto Alegre: Artmed, 2006. cap. 13.

ANGELIONI, M. T. (Coord.). Organizações do Conhecimento: infra-estrutura, pessoas e

tecnologia. São Paulo: Saraiva, 2002.

ANTONELLO, C. S.; GODOY, A. S. Uma agenda brasileira para os estudos em

aprendizagem organizacional. Revista de Administração de Empresas. São Paulo. v. 49, n

3, p. 266-281, jul/set. 2009.

____________________________________. A Encruzilhada de Aprendizagem

Organizacional: uma visão multipragmática. Revista de Administração Contemporânea.

Curitiba. v. 14, art. 7, p. 310-332, mar/abr. 2010.

ANTUNES, R. Os Sentidos do Trabalho: ensaio sobre a firmação e a negação do trabalho.

São Paulo: Boitempo Editorial, 2006.

BASTOS, A. V. B.; GONDIM, S. M. G.; LOIOLA, E. Aprendizagem organizacional versus

organizações que aprendem: características e desafios que cercam essas duas abordagens de

pesquisa. Revista de administração. São Paulo, v. 39, n. 3, p. 220-230, jul/ago/set, 2004.

BERTOLIN, R. V., ZWICK, E., BRITO, M.J.. Aprendizagem Organizacional Socioprática no

serviço público: um estudo de caso interpretativo. Revista Administração Pública. Rio de

Janeiro 47(2):493-513, mar./abr. 2013.

Page 99: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

97

BIDO, D.; GODOY, A.; FERREIRA, J.; KENSKI, J.; SACARTEZINI, V. Examinando a

relação entre aprendizagem individual, grupal e organizacional em uma instituição financeira.

Revista Eletrônica de Administração. Ed. 68, v. 17, n 1, p. 58-85, jan/abr, 2011.

BORGES, L. O.; YAMAMOTO, O. H. O Mundo do Trabalho. In: ZANELLI, J.C; BORGES

- ANDRADE, J.E; BASTOS, A.V.B. Psicologia, Organizações e Trabalho no Brasil. Porto

Alegre: Artmed, 2004. cap. 1.

BRANDÃO, H. P. Aprendizagem, Contexto, Competência e Desempenho: um estudo

multinível. Brasília: UNB, 2009.

BRANDÃO, H. P.; BORGES-ANDRADE, J. E. Desenvolvimento e validação de uma escala

de estratégias de aprendizagem no trabalho. Psicologia: Reflexão e Crítica. v. 24, n. 3, p.

448-457, 2011.

BRASIL. Lei n° 11.892 de 29 de dezembro de 2008. Institui a Rede Federal de Educação

Profissional, Científica e Tecnológica, cria os Institutos Federais de Educação, Ciência e

Tecnologia, e dá outras providências. Diário Oficial da República Federativa do Brasil, Poder

Executivo, Brasília, DF, 30 de dezembro de 2008.

BRITO, L. M. P. Gestão de Competências, Gestão do Conhecimento e organizações de

aprendizagem – instrumentos de apropriação pelo capital do saber do trabalhador. Cadernos

de Educação. Pelotas. p. 203 - 225, jul/dez, 2008.

BRITO, L. M. P; OLIVEIRA, P. W. S.; CASTRO, A. B. C.. Gestão do conhecimento numa

instituição pública de assistência técnica e extensão rural do Nordeste do Brasil. Revista de

Administração Pública. Rio de Janeiro. v. 46, n. 5, p. 1341-366, set./out, 2012

BUKOWITZ, R. W.; WILLIAMS, R. L. Manual de Gestão do Conhecimento. Porto

Alegre: Bookman, 2002.

CASTRO, A. B.C. Gestão do Conhecimento: um estudo em uma Instituição Pública de

Assistência Técnica e Extensão Rural. UNP, 2011.

CRESWELL, J. W.. Projeto de pesquisa: métodos qualitativo, quantitativo e misto;

tradução Magda Lopes. – 3 ed. – Porto Alegre: Artmed, 2010.

CRUZ, K, S, L.; NETO, E. A. As interfases da qualificação do trabalhador brasileiro no

contexto da mundialização do capital. Revista Labor, n° 06, v. 01, 2011.

Page 100: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

98

DAVENPORT, T. Capital Humano. São Paulo: Nobel, 2001.

DAVENPORT, T.; PRUSAK, L.. Conhecimento Empresarial - Como as Organizações

Gerenciam o seu Capital Intelectual – Métodos e Aplicações Práticas. Rio de Janeiro:

Campus, 1998.

FERREIRA, A.R. Modelo de excelência em gestão pública no governo brasileiro:

importância e aplicação. XIV Congreso Internacional del CLAD sobre la Reforma del Estado

y de la Administración Pública, Salvador de Bahia, Brasil, 27 - 30 oct. 2009

FLEURY, O. Gestão estratégica do conhecimento: integrando aprendizagem, conhecimento

e competências. São Paulo: Atlas, 2001.

GIL, A. C. Métodos e Técnicas de pesquisa Social. 6 ed. São Paulo: atlas, 2008.

HOLMAN, D.; EPITROPAKI, O.; FERNIE, S.. Understanding learning strategies in the

workplace: a factor analytic investigation. Journal of Occupational and Organizational

Psychology. v. 74, n. 5, p. 675-682, 2001.

IFRN. Cartas de Serviço. Disponivel em <http://portal.ifrn.edu.br/>. Acesso em 12 de

setembro de 2013.

ILLERIS, K.. Towards a contemporary and comprehensive theory of learning. International

Journal of Lifelong Education. n. 22, 2003.

____________. A model for learning in working life. The Journal of Workplace Learning.

p. 431-441, 2004.

JOHNSON, J. D. Gestão de Redes de Conhecimento. São Paulo: Editora SENAC, 2011.

KOLB, D. A. A gestão e o processo de aprendizagem. In: STARKEY, K. Como as

organizações aprendem: relato de sucesso das grandes empresas. São Paulo: Futura, 1997.

cap. 15.

MARCONI, M. A.; LAKATOS, E. M.. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de

pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisas, elaboração, análise e interpretação de dados.

5 ed. São Paulo: Atlas, 2002.

Page 101: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

99

MEC. Expansão da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica.

Disponível em:< http://redefederal.mec.gov.br>. Acesso em: 02/04/2013.

MEISTER, J. C. Educação Corporativa - A Gestão do Capital Intelectual Através das

Universidades Corporativas. Makron Books, São Paulo, 1999.

MORAES, V. V. Trocando o pneu com o carro andando: aprendizagem no trabalho de

novos prefeitos (as) e Secretários (as) Municipais. Brasília: UNB, 2010.

MORAES, V. V.; BORGES-ANDRADE, J. E.. Validação de escala de estratégias de

aprendizagem no trabalho entre prefeitos (as) e secretários (as) municipais. Estudos de

Psicologia. Brasília, 15 (3), 325-334, Set/Dez, 2010.

NONAKA e TAKEUCHI. Criação do Conhecimento na Empresa – Como as empresas

Japonesas geram a dinâmica da Inovação. Rio de Janeiro: Campus,1997.

PANTOJA, M. J. Estratégias de aprendizagem no trabalho e percepções de suporte à

aprendizagem contínua: uma análise multinível. Brasília: UNB, 2004.

PANTOJA, M. J.; BORGES-ANDRADE. J. E. Estratégias de Aprendizagem no Trabalho em

Diferentes ocupações Profissionais. Revista de Administração Contemporânea Eletrônica.

Curitiba, v. 3, n. 1, art. 3, p. 41-62, Jan/Abr, 2009.

POZO, J. I. Aprendizes e Mestres: A nova cultura de aprendizagem. Porto Alegre: Artmed

Editora, 2002.

REGO, T. C. F.. O deslocamento da pedagogia da qualificação profissional para a pedagogia

das competências no mundo do trabalho. Revista Labor, n° 06, v. 01, 2011.

ROSENBERG, M. J. E-Learning. São Paulo: Makron, 2002.

SECCHI, L. Modelos organizacionais e reformas da administração pública. Revista de

Administração Pública. Rio de Janeiro 43(2):347-69, Mar/Abr. 2009.

SCHLESINGER, C. C. B. Gestão do Conhecimento na Administração Pública. Curitiba,

Instituto Municipal de Administração Pública - IMAP, 2008.

Page 102: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

100

STEWART, T. A. Capital Intelectual: a nova vantagem competitiva das empresas. Tradução

Ana Beatriz Rodrigues. Rio de Janeiro: Campus, 1998.

SUAP. Relatórios servidores com função. Disponível em <http://www.suap.ifrn.edu.br > .

Acesso em 20 de julho de 2013.

TERRA, J. C. C. Gestão do Conhecimento – o grande desafio empresarial. São Paulo:

Negócio, 2000.

VERGARA, S. C. Projetos e relatórios de Pesquisa em administração. 11 ed. São Paulo:

Atlas, 2009.

WARR, P.; ALLAN, C. Learning strategies and occupational training. International Review

of Industrial and Organizational Psychology. v. 48, n 2, p. 347-375, 1998.

WARR, P.; DOWNING, J. Learning strategies, learning anxiety and knowledge acquisition.

British Journal of Psychology. v. 91, n. 3, p. 311-333, 2000.

Page 103: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

101

APÊNDICES

Page 104: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

102

Apêndice A - CARTA DE APRESENTAÇÃO E AUTORIZAÇÃO DA PESQUISA.

Page 105: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

103

Apêndice B – CARACTERIZAÇÃO DOS PESQUISADOS

Sexo

Tabela 16 - Distribuição de sexo por função.

Sexo Função

Total FG CD

Masculino N 117 40 157

% 54.67% 18,69% 73,36%

Feminino N 47 10 57

% 21,96% 4,67% 26,64%

Total 164 50 214

76,64% 23,36% 100%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Idade

Tabela 17 - Distribuição de idade por função.

Idade Função

Total FG CD

18 a 25 anos N 24 2 26

% 11,21% 0,93% 12,15%

26 a 35 anos N 84 14 98

% 30,25% 6,54% 45,79%

36 a 45 anos N 40 11 51

% 18,69% 5,14% 23,83%

46 a 55 anos N 10 18 28

% 4,67% 8,41% 13,08%

Maior ou igual a

56 anos

N 6 5 11

% 2,80% 2,34% 5,14%

Total 164 50 214

76,64% 23,36% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Page 106: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

104

Local de Exercício

Tabela 18 - Distribuição de localização de exercício por função.

Local de Exercício Função

Total FG CD

Reitoria N 11 15 26

% 5,14% 7,01% 12,15%

Campus Natal Central N 13 4 17

% 6,07% 1,87% 7,94%

Campus de Educação à

Distância

N 7 3 10

% 3,27% 1,40% 4,67%

Campus Cidade Alta N 11 2 13

% 5,14% 0,93% 6,07%

Campus Zona Norte N 8 2 10

% 3,74% 0,93% 4,67%

Campus Parnamirim N 5 1 6

% 2,34% 0,47% 2,80%

Campus São Gonçalo

do Amarante

N 8 2 10

% 3,74% 0,93% 4,67%

Campus João Câmara N 6 1 7

% 2,80% 0,47% 3,27%

Campus Nova Cruz N 11 2 13

% 5,14% 0,93% 6,07%

Campus Santa Cruz N 10 1 11

% 4,67% 0,47% 5,14%

Campus Currais Novos N 5 1 6

% 2,34% 0,47% 2,80%

Campus Caicó N 14 2 16

% 6,54% 0,93% 7,48%

Campus Pau dos Ferros N 10 2 12

% 4,67% 0,93% 5,61%

Campus Apodi N 14 4 18

% 6,54% 1,87% 8,41%

Campus Mossoró N 9 1 10

% 4,21% 0,47% 4,67%

Campus Ipanguaçu N 12 2 14

% 5,61% 0,93% 6,54%

Campus Macau N 9 3 12

% 4,21% 1,40% 5,61%

Campus Ceará-Mirim N 0 2 2

% 0% 0,93% 0,93%

Campus São Paulo do

Potengi

N 1 0 1

% 0,47% 0% 0,47%

Total 164 50 214

76,64% 23,36% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Page 107: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

105

Escolaridade

Tabela 19 - Distribuição de escolaridade por função.

Escolaridade Função

Total FG CD

Ensino Médio N 4 0 4

% 1,87% 0% 1,87%

Ensino Superior

Incompleto

N 34 2 36

% 15,89% 0,90% 16,82%

Ensino Superior

Completo

N 36 1 37

% 16,82% 0,50% 17,29%

Especialização N 59 20 79

% 27,57% 9,30% 36,92%

Mestrado N 25 16 41

% 11,68% 7,50% 19,16%

Doutorado N 6 11 17

% 2,80% 5,10% 7,94%

Total 164 50 214

76,64% 23,40% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Tempo de Exercício na Instituição

Tabela 20 - Distribuição de tempo de exercício por função.

Tempo de Exercício Função

Total FG CD

Menor ou igual a 1

ano

N 28 1 29

% 13,08% 0,47% 13,55%

De 2 a 3 anos N 59 11 70

% 27,57% 5,14% 32,71%

De 4 a 5 anos N 51 4 55

% 23,83% 1,87% 25,70%

De 6 a 7 anos N 9 5 14

% 4,21% 2,34% 6,54%

De 7 a 8 anos N 3 1 4

% 1,40% 0,47% 1,87%

De 9 a 10 anos N 0 4 4

% 0% 1,87% 1,87%

Maior ou igual a

11 anos

N 14 24 38

% 6,54% 11,21% 17,76%

Total 164 50 214

76,64% 23,36% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Page 108: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

106

Tempo de Exercício na Função

Tabela 21 - Distribuição de tempo de exercício na função de gestor por função.

Tempo de Exercício

Função

Função Total

FG CD

Menor ou igual a 1

ano

N 82 13 95

% 38,32% 6,07% 44,39%

De 2 a 3 anos N 53 15 68

% 24,77% 7,01% 31,78%

De 4 a 5 anos N 15 7 22

% 7,01% 3,27% 10,28%

De 6 a 7 anos N 7 5 12

% 3,27% 2,34% 5,61%

De 7 a 8 anos N 1 0 1

% 0,47% 0% 0,47%

De 9 a 10 anos N 0 2 2

% 0% 0,93% 0,93%

Maior ou igual a

11 anos

N 6 8 14

% 2,80% 3,74% 6,54%

Total 156 55 211

76,64% 23,36% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Experiência anterior em função de gestão

Tabela 22 - Distribuição de experiência anterior por função.

Sexo Função

Total FG CD

Sim N 55 22 77

% 25,70% 10,28% 35,98%

Não N 109 28 137

% 50,93% 13,08% 64,02%

Total 164 50 214

76,64% 23,36% 100,0%

Fonte: Dados da pesquisa (2013).

Oportunidades de aprendizagem formal oferecida pela Instituição e modalidades

Foi solicitado aos participantes que descrevessem as três últimas oportunidades de

aprendizagem formal oferecida pela instituição pesquisada. Essa descrição deveria constar o

ano, o nome e a modalidade de ensino (presencial / à distância ou mista) do curso.

Page 109: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

107

Dos 214 participantes apenas 122 informaram já ter tido alguma oportunidade formal

de aprendizagem na organização, ou seja, 57%. Destes a maioria das oportunidades aconteceu

de forma presencial (100).

Dos gestores que tiveram uma oportunidade formal de aprendizagem, 40,16% (49

gestores) expressaram que tiveram uma segunda oportunidade e destes 51,02% (25 gestores)

descreveram uma terceira oportunidade.

No total foram 196 oportunidades descritas pelos gestores participantes. Destas 166

ocorreram de forma presencial, 29 através da educação à distância e 01 de forma mista.

Ressalta-se que estas oportunidades englobam cursos de curta duração capacitações, educação

formal e que 92 gestores não expressaram nenhuma oportunidade formal de aprendizagem.

Percebe-se assim, que a instituição oferece oportunidades de aprendizagem para os seus

gestores, apesar destas não serem especificamente relacionadas à Educação Gerencial.

Page 110: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

108

Apêndice C – INSTRUMENTOS DE PESQUISA.

Este instrumento de pesquisa faz parte do trabalho acadêmico de conclusão do curso de

Mestrado em Administração na área de Gestão de Pessoas da Universidade Potiguar. O tema

da dissertação é Aprendizagem Organizacional e objetivo geral da pesquisa é analisar se

existe relação entre o modo como uma Instituição da Rede Federal de Ensino no nordeste

brasileiro viabiliza a aprendizagem do conhecimento e as estratégias utilizadas pelos gestores

para aprender no trabalho. Portanto, solicitamos sua colaboração no sentido de responder aos

questionários a seguir, colaborando para o cumprimento do objetivo proposto na realização da

pesquisa.

Questionário Sócio profissional

Sexo: ( ) Masculino ( ) Feminino Função: ( ) FG ( ) CD

Local de Exercício (Campus): ( ) RE ( ) CNAT ( ) EAD ( ) CAL ( ) ZN ( ) PAR

( ) SGA ( ) JC ( ) NC ( ) SC ( ) CN ( ) CA ( ) PF ( ) AP ( ) MO ( ) IP ( ) MC

( ) CANG ( ) CM ( ) SPO

Idade: ( ) 18 a 25 anos ( ) 26 a 35 anos ( ) 36 a 45 anos ( ) 46 a 55 anos ( ) Maior ou igual a

56 anos

Escolaridade: ( ) Ensino médio completo ( ) Ensino superior incompleto ( ) Ensino superior

completo ( ) Especialização ( ) Mestrado ( ) Doutorado

Tempo de exercício no IFRN:

( ) Menor ou igual a 1 ano ( ) De 2 a 3 anos ( ) De 4 a 5 anos ( ) De 6 a 7 anos

( ) De 7 a 8 anos ( ) De 9 a 10 anos ( ) Maior ou igual a 11 anos

Tempo de exercício na função de gestor (CD ou FG) no IFRN:

( ) Menor ou igual a 1 ano ( ) De 2 a 3 anos ( ) De 4 a 5 anos ( ) De 6 a 7 anos

( ) De 7 a 8 anos ( ) De 9 a 10 anos ( ) Maior ou igual a 11 anos

Experiência anterior ao IFRN em função de gestão: ( ) Sim ( ) Não

Últimas oportunidades de aprendizagem formal oferecida pela Instituição:

Ano Nome Modalidade (Presencial/EaD)

Universidade Potiguar – UnP

Programa de Pós-Graduação em Administração – PPGA

Mestrado em Administração

Page 111: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

109

Questionário sobre o Passo Aprenda da Gestão do Conhecimento

(BUKOWITZ;WILLIAMS, 2002)

Esse instrumento tem como objetivo identificar a sua percepção sobre como o IFRN

viabiliza a aprendizagem.

Leia cada uma das afirmações. Considere a organização que você está avaliando e decida em

que grau a afirmação descreve a sua organização. Por favor, não deixe questões sem

resposta.

o Se a afirmação descreve fortemente o que acontece na sua organização, marque um

“X” na opção F, correspondente ao nº 3.

o Se a afirmação descreve moderadamente o que acontece na sua organização, marque

um “X” na opção M, correspondente ao nº 2.

o Se a afirmação descreve fracamente o que acontece na sua organização, marque um

“X” na opção Fr, correspondente ao nº 1.

P APRENDA 3 2 1

1 Antes que as pessoas tratem dos problemas, elas consideram o contexto geral no qual o problema

ocorreu. F M Fr

2 Construímos modelos, para os nossos sistemas de tomada de decisões, para entender melhor por que

os fatos acontecem daquela maneira. F M Fr

3 As equipes engajam-se em experiências de aprendizagem fora do local de trabalho para encontrarem

maneiras melhores de trabalharem juntas. F M Fr

4 Utilizamos jogos e simulações relacionados com o trabalho para pensar mais claramente sobre as

nossas situações de negócios. F M Fr

5 Refletir sobre as lições aprendidas com as experiências de trabalho é uma prática estabelecida na nossa

organização. F M Fr

6 As pessoas aplicam o que aprenderam fora da organização ao seu trabalho. F M Fr

7 Geralmente, quando as pessoas terminam projetos, elas tomam o tempo necessário para reunir-se com

a sua equipe e analisar o que deu errado e o que poderia ter sido melhor. F M Fr

8 O nosso processo de planejamento inclui olhar para uma série de cenários, de modo que possamos

pensar em como responder em situações diferentes. F M Fr

9 Com frequência, o nosso processo de aprendizagem inclui obter o retorno dos beneficiários. F M Fr

10 Quando ocorre uma falha, a nossa primeira resposta é não determinar a culpa. F M Fr

11 Na nossa organização, as pessoas exibem uma curiosidade natural. F M Fr

12 As pessoas admitem quando falham. F M Fr

13 As pessoas aplicam as ideias que desenvolveram em trabalhos anteriores às situações novas. F M Fr

14 Quando temos um grande sucesso, conversamos sobre o que fizemos de certo. F M Fr

15 Na nossa organização, o fracasso é considerado uma oportunidade para aprender. F M Fr

16 A nossa organização apoia atividades de grupo que promovem a aprendizagem mútua. F M Fr

17 Em uma ocasião ou em outra, todos na nossa organização “põem as mãos na massa” para ter a

experiência em primeira mão das consequências das suas decisões. F M Fr

18 Aprender com as falhas está incorporado a como conduzimos o trabalho subsequente. F M Fr

19 Tentamos assegurar que as pessoas tenham algumas responsabilidades em comum, de modo que seja

mais fácil aprender uns com os outros. F M Fr

20 Tratamos as discordâncias como oportunidades para aprender com os outros. F M Fr

Page 112: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

110

Escala de Estratégias de Aprendizado no Trabalho (Brandão, 2009)

São apresentadas a seguir, afirmativas que descrevem estratégias de aprendizagem que podem

ser utilizadas pelo gestor para aprender algo no seu trabalho. Por favor, leia atentamente essas

afirmativas e avalie em que medida você utiliza essas estratégias no seu local de trabalho.

Tais itens expressam sobre o que você faz para adquirir novos conhecimentos e habilidades, e

não sobre o seu desempenho profissional. Para responder cada questão, utilize a seguinte

escala:

NUNCA FAÇO 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 SEMPRE FAÇO

Quanto mais próximo do número UM você se posicionar, MENOR a frequência com que você utiliza a estratégia.

Quanto mais próximo do número DEZ você se posicionar, MAIOR a frequência com que você utiliza a estratégia.

Assinale com um “X”, à direita de cada afirmativa, o número que melhor representa a sua

opinião sobre as estratégias de aprendizagem que você utiliza no trabalho. Por favor, não

deixe questões sem resposta.

Estratégias de Aprendizagem no Trabalho Frequência com que utilizo a

estratégia

1. Busco ajuda dos meus colegas quando necessito de informações mais

detalhadas sobre o trabalho.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

2. Quando tenho dúvidas sobre algo no trabalho, consulto colegas de outras

áreas da instituição.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

3. Experimento na prática novas formas de executar o trabalho. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

4. Aprendo na prática, por tentativas sucessivas, a utilizar novos sistemas e

aplicativos de informática.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

5. Para aprimorar a execução do meu trabalho, busco memorizar dados (número

de rubricas, contas, transações em sistema, etc.).

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

6. Para melhor execução do meu trabalho, procuro seguir sempre os mesmo

procedimentos.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

7. Analisando criticamente a execução do meu trabalho, tento compreendê-lo

melhor.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

8. Visando executar melhor minhas atividades de trabalho, busco repetir

automaticamente ações e procedimento memorizados.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

9. Para executar melhor o meu trabalho, procuro repetir mentalmente

informações e conhecimentos recém-adquiridos.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

10. Quando faço meu trabalho penso como ele está relacionado à razão social e

metas da instituição.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

11. Tento compreender como as estratégias das diferentes áreas da organização

influenciam a execução do meu trabalho.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

12. Quando tenho dúvidas sobre algo no trabalho, procuro ajuda em publicações,

informativos, fascículos e relatórios editados pela organização.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

13. Consultando informações disponíveis no portal (site) da organização, busco

compreender melhor as atividades que executo no trabalho.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

14. Peço ajuda aos meus colegas de equipe quando necessito aprender algo sobre

meu trabalho.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

15. Busco aprender no trabalho colocando em prática novos conhecimentos e

habilidades.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

16. Quando estou em dúvida sobre algo no trabalho, consulto normativos e

instruções editados pela organização.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Page 113: APRENDIZAGEM NO TRABALHO: uma análise da percepção de ... · Aos amigos da Gestão de Pessoas do IFRN, sobretudo, aos que fazem parte da Diretoria de Gestão de Pessoas, que conviveram

111

17. Para obter informações que necessito para o meu trabalho, leio informativos

e matérias publicadas nas diversas mídias.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

18. Visando obter informações importantes à execução do meu trabalho, consulto

a internet.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

19. Para aprimorar a execução das minhas atividades, procuro compreender

melhor cada procedimento e tarefa que faz parte do meu trabalho.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

20. Busco entender como diferentes aspectos do meu trabalho estão relacionados

entre si.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

21. Procuro obter novos conhecimentos e informações consultando colegas de

outras equipes.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

22. Consulto colegas de trabalho mais experientes, quando tenho dúvidas sobre

algum assunto relacionado ao meu trabalho.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

23. Para melhor execução do meu trabalho, reflito como ele contribui para

atender as expectativas dos clientes.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

24. Procuro compreender como meu trabalho está relacionado aos resultados

obtidos nas diferentes áreas da organização.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

25. Procuro aprimorar algum procedimento de trabalho, experimentando na

prática novas maneiras de executá-lo.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

26. Testo novos conhecimentos aplicando-os na prática do meu trabalho. 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

27. Busco compreender as relações entre as demandas feitas por outras áreas da

instituição e a finalidade do meu trabalho.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

28. Tento conhecer como as diferentes áreas da organização estão relacionadas

entre si.

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Como você avalia o processo de aprendizagem organizacional nesta Instituição?

O que você sugere como melhoria do processo de aprendizagem nesta instituição?