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O papel dos Conselhos Municipais dos Direitos do Idoso
na proposição e controle de políticas públicas
e na gestão dos Fundos dos Direitos do Idoso
Setembro / 2015
Fabio RibasPrattein – Educação e Desenvolvimento Social
www.prattein.com.br
Conceito de democracia
• Sistema de governo orientado para a realização do bem comum
• População escolhe em eleições livres quem tomará as decisões:
• sobre questões de interesse público
• de forma pública
• GARANTIA DE ACESSO À INFORMAÇÃO
• TRANSPARÊNCIA SOBRE OS FUNDAMENTOS DAS DECISÕES E O EMPREGO DOS
RECURSOS PÚBLICOS
Modelos de democracia
• Democracia representativa: participação tendencialmente limitada ao voto nas
eleições
• Democracia direta: participação absoluta, difícil de viabilizar nas sociedades
complexas
• Democracia participativa: alargamento da democracia representativa por meio
de mecanismos como os CONSELHOS PARITÁRIOS DE POLÍTICAS PÚBLICAS
Democracia no Brasil atual
• Constituição Federal, artigo 1º: “Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio
de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”
• Confiança dos brasileiros na política e nas regras do jogo democrático não é absoluta
• Participação popular estimula transparência e atenção dos gestores públicos e
parlamentares a prioridades coletivas
• Conselhos de políticas públicas podem conferir ao modelo brasileiro de democracia
mais controle social e mais qualidade nas decisões de interesse geral
Democracia e governança local
• Nas democracias modernas as demandas são maiores e as respostas são mais
difíceis
• Aumentam os problemas cuja solução requer participação da sociedade, suporte
de competências técnicas diversas, diagnósticos e planos de ação bem elaborados
• Governança local: capacidade de um sistema de governo de incluir (ou abrir-se à
participação de) atores da sociedade civil na definição e controle de políticas
públicas
Conselhos de políticas públicas
COMO MECANISMOS DE DEMOCRACIA PARTICIPATIVA, OS CONSELHOS PODEM:
• Desconcentrar o poder hierárquico
• Ajudar a superar o patrimonialismo, o clientelismo e o populismo na gestão pública
• Ampliar a transparência e enriquecer os fundamentos dos processos de deliberação
• Aprimorar a qualidade da gestão dos gastos públicos
PORÉM, EM MUITOS CONTEXTOS:
• Seu papel não é compreendido ou são subordinados ao Poder Executivo
• Tornam-se espaços de antagonismo entre a sociedade civil e o Estado
Conselhos de políticas públicas: incompreensões e polêmicas
• São complementares ou antagônicos aos mecanismos da democracia
representativa?
• Seus membros de fato representam as políticas setoriais e a sociedade civil?
• Os membros da sociedade civil representam interesses gerais da população ou
interesses de segmentos e organizações específicos?
• São deliberativos ou consultivos?
A democratização do Estado, ocorrida com a instalação dos parlamentos,
não significa necessariamente que a gestão serviços públicos da sociedade
seja conduzida democraticamente.
A gestão democrática dos serviços públicos não depende apenas do voto,
mas requer também o interesse e a participação dos cidadãos.
(Norberto Bobbio – O futuro da democracia)
• Conselheiros dos Direitos do Idoso: devem representar os interesses gerais da
população idosa, sem limitá-los aos interesses de segmentos ou organizações
específicas
• Diagnósticos abrangentes, participativos e tecnicamente consistentes devem
contribuir para a definição das prioridades de atendimento aos direitos dos
idosos
Conselhos do Idoso: representação e defesa de interesses
Conselhos dos Direitos do Idoso: representantes
• Poder Executivo: Assistência Social; Saúde; Educação; Cultura, Esporte e Lazer;
Administração e Finanças
• Sociedade civil: sindicato e/ou associação de aposentados; organização de grupo
ou movimento do idoso; credo religioso com políticas explícitas e regulares de
atendimento e promoção do idoso; outras entidades com atuação permanente de
atendimento e promoção do idoso
Fonte: Cartilha de Orientação para a Criação de Conselhos e Fundos dos Direitos do IdosoAssociação Nacional do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência
AMPID (www.ampid.org.br)
• Política Nacional do idoso (Lei nº 8.842/1994): define os Conselhos do Idoso
como órgãos “deliberativos” (artigo 6º) e responsáveis pela “formulação de
políticas” (artigo 7º)
• Estatuto do Idoso (artigo 53º): estabelece como competências dos Conselhos
do Idoso “supervisão, acompanhamento, fiscalização e avaliação da política
nacional do idoso” em suas respectivas instâncias político-administrativas”
Papel dos Conselhos do Idoso: deliberativos ou consultivos?
Conselhos dos Direitos do Idoso: atribuições
• Formular, acompanhar, fiscalizar e avaliar a Política Municipal dos Direitos do
Idoso, zelando pela sua execução
• Elaborar proposições, objetivando aperfeiçoar a legislação pertinente à Política
Municipal dos Direitos do Idoso
• Indicar as prioridades a serem incluídas no planejamento municipal quanto às
questões relativas ao idoso
Fonte: Cartilha de Orientação para a Criação de Conselhos e Fundos dos Direitos do IdosoAssociação Nacional do Ministério Público de Defesa dos Direitos dos Idosos e Pessoas com Deficiência
AMPID (www.ampid.org.br)
Para deliberar de forma consistente, o Conselho Municipal do Idoso deve
dispor de um diagnóstico da realidade local.
Bons diagnósticos revelarão como os problemas se manifestam em
cada contexto, apontarão prioridades e permitirão mobilizar forças
locais e regionais para a ação, estimulando em todo o País a
articulação entre o Estado e a sociedade civil em torno da melhoria
das condições de vida da população idosa e da busca de recursos que
viabilizem avanços.
(Conhecer para Transformar – Guia para Diagnóstico e Formulação da Política Municipal de
Garantia dos Direitos da Pessoa Idosa)
Diagnósticos e planos de ação voltados à população idosa
Marco orientador: direitos fundamentais previstos na legislação
Direito à vida
Direito à liberdade, ao respeito e à dignidade
Direito à alimentação
Direito à saúde
Direito à educação, cultura, esporte e lazer
Direito à profissionalização e ao trabalho
Direito à previdência social
Direito à assistência social
Direito à habitação
Direito ao transporte
Pergunta que o diagnóstico deverá responder:
Em que medida esses direitos estão sendo violados ou garantidos em cada município e território?
Marco orientador: Sistema de Garantia dos Direitos do Idoso (SGDI)
• O SGDI é composto pelo conjunto e pela integração das instituições, serviços e
programas públicos, governamentais e da sociedade civil, pelos instrumentos
normativos e pelo funcionamento dos mecanismos de promoção, defesa e
controle dos direitos da pessoa idosa
Perguntas que o diagnóstico deverá responder:
• Quais as forças e fragilidades do SGDI em nossa localidade?
• Em que medida ele está conseguindo garantir direitos em nossa localidade?
Diagnósticos e planos de ação voltados à população idosa
Ponto de partida do diagnóstico: autoavaliação do Conselho do Idoso
com base nos eixos fundamentais da sua operação
• Adequação da legislação que criou o Conselho e o Fundo do Idoso, e do Regimento
Interno do Conselho
• Composição do Conselho e representatividade dos conselheiros
• Qualificação dos conselheiros
• Capacidade do Conselho para deliberar e formular planos de ação que contribuam
para o aprimoramento das políticas públicas na área do envelhecimento
• Capacidade do Conselho de gerir o Fundo dos Direitos do Idoso
Onde estão as fragilidades? Onde estão as forças?
1) Saúde2) Assistência Social3) Trabalho, capacitação profissional
e geração de renda4) Previdência: acesso a
aposentadorias e pensões5) Educação6) Cultura, esporte e lazer7) Transporte8) Habitação9) Acessibilidade10) Justiça e defesa de direitos11) Segurança Pública12) Capacitação de profissionais para
a área do envelhecimento13) Associativismo entre idosos14) Protagonismo social: ouvindo os
idosos do município
Problemas e propostas que emergem nos diagnósticos municipais
Problemas Propostas
• Violência doméstica (física, psicológica, negligência, abandono)
• Programa de acolhimento temporário• Fortalecimento do CREAS, PAIF e PAEFI para
atenção ao público idoso• Implantação e qualificação do SCFVI
• Violência financeira intrafamiliar e extrafamiliar
• Programa de conscientização e fiscalização em parceria com MP, PJ e Segurança Pública
• Programa de educação financeira
• Falta de qualificação dos serviços de saúde básica para o atendimento da populaçãoidosa
• Programa de capacitação dos profissionais de saúde na área do envelhecimento, com participação dos NASF
• Falta de atendimento para idosos que não acessam as UBS
• Programa de atendimento domiciliar para idosos que moram sozinhos ou em locais distantes
Problemas e propostas que emergem nos diagnósticos municipais
Problemas Propostas
• Fragilidade e dificuldade de acesso à assistência farmacêutica
• Serviço de entrega de medicamentos em domicílio
• Falta ou fragilidade de ILPIs ou Centros Dia• Criação ou reorganização de ILPIs e Centros
Dia
• Idosos em situação de trabalho precário e desprotegido
• Falta de programas de inclusão produtiva do idoso
• Articulação com o MPT para fortalecimento da fiscalização
• Programas de capacitação profissional do idoso
• Fragilidade do EJA para o atendimento do público idoso
• Baixa cobertura do Programa de Alfabetização de Idosos, sobretudo nas áreas rurais
• Reorganização do EJA com foco no perfil dos idosos
• Ampliação do Programa de Alfabetização de Idosos
Problemas e propostas que emergem nos diagnósticos municipais
Problemas Propostas
• Dificuldade de idosos para acesso a aposentadorias e pensões
• Articulação entre a agência local do INSS e os serviços da Assistência Social do município
• Precariedade ou falta de transporte público com foco no idoso
• Criação ou qualificação do serviço de transporte
• Precariedade do sistema de justiça e defesa de direitos
• Diálogo para criação da Vara do Idoso e de Núcleo do Idoso na Delegacia de Polícia
• Apoio à criação e fortalecimento de associações que congregam idosos
Fundos dos Direitos do Idoso: visão geral
Fontes de recursos
- Orçamento público- Multas e penalidades- Outras contribuições
Doações dedutíveis do IR devido:- PJ: até 1%- PF: até 6%FUNDO DO IDOSO
Conselho (Gestor do Fundo)
Recibo doaçãoDiagnóstico local e definição de prioridades
Direcionamento de recursos para ações sintonizadas com
as prioridades
Organizações governamentais
Organizações não governamentais
Controle da execução das ações
Controle interno:- Conselho do Idoso- Poder Executivo
Controle externo:- Poder Legislativo- Tribunal de Contas- Ministério Público
Acompanhamento pelos destinadores e pela sociedade
SRF
DBF
Fundos dos Direitos do Idoso: regras para destinações de Pessoas Jurídicas
• Empresas tributadas pelo Lucro Real podem fazer doações dedutíveis até o limite
de 1% do IR devido
• Esse limite de dedução é considerado ISOLADAMENTE, e não em conjunto com o
Fundo da Criança e do Adolescente
• Outros benefícios fiscais podem ser usufruídos pelas Pessoas Jurídicas (Lei Rouanet,
PRONON, PRONAS/PCD, etc.) e não concorrem com as doações aos Fundos do
Idoso
Fundos dos Direitos do Idoso: regras para destinações de Pessoas Físicas
• Pessoas que declaram o IR pelo Modelo Completo de Declaração podem fazer
doações dedutíveis até o limite de 6% do IR devido
• Esse limite não é considerado isoladamente, mas abarca outras todas as
deduções incentivadas
• Está sendo apreciado no Senado Projeto de Lei para que as doações de Pessoas
Físicas possam ser efetuadas no momento da Declaração de Ajuste Anual (até o
final de abril), limitadas a 3% do limite global de 6%
Os Conselhos do Idoso devem:
• Elaborar anualmente o plano de aplicação dos recursos do Fundo, com base em diagnósticos locais
• Definir prioridades e procedimentos para financiamento de ações com recursos do Fundo, em consonância o plano de aplicação e observando os princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência
• Dar publicidade às ações que estão sendo financiadas pelo Fundo
• Monitorar a aplicação dos recursos do Fundo, elaborando e divulgando balancetes e relatórios financeiros
• Monitorar e avaliar os resultados dos serviços, programas ou projetos financiados com os recursos do Fundo
Gestão estratégica dos Fundos do Idoso
• Os Fundos devem ser inscritos no CNPJ como Fundos Públicos (código 120-1) e não
como Órgão Público do Poder Executivo Municipal (código 103-1)
• O Conselho do Idoso tem a obrigação de fornecer aos doadores os recibos das doações
recebidas e de enviar a Declaração de Benefícios Fiscais (DBF) para a Receita Federal,
informando todas as destinações recebidas
• A conta bancária do Fundo deve: ser aberta em instituição financeira pública, ser
específica ao Fundo e estar registrada sob o CNPJ do Fundo (IN-SRFB nº 1.131/2011)
• O Fundo deve ser cadastrado junto à SDH/PR
(www.sdh.gov.br/assuntos/pessoa-idosa/cadastramento-de-fundos-da-pessoa-idosa)
• O Conselho deve atentar para as normas e procedimentos que regulam a transferência
de recursos públicos para organizações não governamentais
Gestão administrativa do Fundo do Idoso: aspectos importantes
Potencial de arrecadação dos Fundos – Pessoas Jurídicas
BRASIL 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
Total da arrecadação do IR-PJ
69.856 84.726 84.520 89.101 104.054 108.839 126.148
Potencial de destinação(até 1% do IR devido)
522 622 623 647 755 804 927
Estimativa do potencial de destinação de recursos dedutíveis do IRPJ, com base na arrecadação efetiva do IR de 2007 a 2013 (em milhões) – Brasil
BRASIL 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013
IR Devido (Formulário Completo – PF)
39,6 46,8 48,7 55,4 64,4 71,4 70,7
Potencial de destinação (até 6% do IR devido)
2,3 2,8 2,9 3,3 3,8 4,2 4,2
Estimativa do potencial de destinação de recursos dedutíveis do IRPF, com base no IR aferido nas declarações (modelo completo) de 2007 a 2012 e estimado para 2013 (em bilhões) – Brasil
Potencial de arrecadação dos Fundos – Pessoas Físicas
Estimativa do potencial de destinação de recursos dedutíveis do Imposto de Renda com base na arrecadação efetiva do imposto, e recursos efetivamente destinados
aos Fundos dos Direitos do Idoso – Brasil / 2012
BRASIL 2012
Pessoas Jurídicas
Potencial (até 1% do IR devido) 804,5 milhões
Valor destinado aos Fundos do Idoso 19,3 milhões
Valor destinado em relação ao potencial (%) 2,4%
Pessoas Físicas
Pessoas Físicas (até 6% do IR devido) 4,29 bilhões
Valor destinado Fundos do Idoso 4,15 milhões
Valor destinado em relação ao potencial (%) 0,1%
Unidade FederadaPotencial de doação de até 6% (bilhões)
Porcentual sobre o total Brasil
São Paulo 1,47 34,3%
Rio de Janeiro 0,67 15,6%
Demais UFs 2,15 50,1%
Total 4,29 100,0%
Potencial de destinação do IR da Pessoa Física, com base no Imposto de Renda aferido nas declarações em modelo completo de 2012, por Unidade Federada
49,9%
Demonstrativo dos Gastos Tributários / Grandes Números IRPF – Receita Federal do Brasil
Os dados mostram que há um amplo espaço para que as
doações aos Fundos cresçam e ajudem a viabilizar serviços e
programas de atendimento prioritários para a população idosa
Estratégia de mobilização de recursos: sugestão de passos a percorrer
1) Formação de uma Comissão de Gestão do Fundo, no âmbito do Conselho do Idoso
2) Autoavaliação do Conselho sobre a situação do Fundo
3) Análise do potencial de destinação do município/região e de outras fontes possíveis de
recursos / Definição de objetivos e metas de mobilização de recursos
4) Planejamento de ações e instrumentos para mobilização de recursos junto às Pessoas
Jurídicas, Pessoas Físicas e demais fontes (folhetos, eventos de divulgação, reuniões com
empresas, parceria com contadores, apoio de lideranças públicas e privadas locais, etc.)
5) Implantação da estratégia / Monitoramento dos resultados (ingressos monetários e
vínculos / Divulgação dos resultados