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Uma publicação do Geoscience Research Institute (Instituto de Pesquisas em Geociências) Estuda a Terra e a vida: sua origem, suas mudanças, sua preservação. Edição em língua portuguesa patrocinada pela DSA da IASD com a colaboração da SCB APRESENTAÇÃO DO DÉCIMO SÉTIMO NÚMERO DE CIÊNCIAS DAS ORIGENS TRADUZIDO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA A Sociedade Criacionista Brasileira, dentro de sua programação editorial, tem a satisfação de apresentar o décimo sétimo número deste periódico (primeiro número anual de 2009), versão brasileira de “Cien- cia de los Orígenes”, editado originalmente pelo “Geoscience Research Institute” (GRI) nos E.U.A. Destacamos o artigo "A Primeira Se- mana: Um Cientista Cristão Lê Gênesis 1" de autoria do Dr. James Gibson, Diretor do GRI, que se tem dedicado particularmente ao campo da Geologia e da Paleontologia. Como sempre, ficam expressos os agradecimentos da Sociedade Criacio- nista Brasileira a todos os que colabo- raram para possibilitar esta publicação em língua portuguesa, particularmente a Roosevelt S. de Castro pelo excelente trabalho de editoração gráfica, e a Marly Barreto Vieira, pelo paciente e difícil tra- balho de tradução. Renovam-se também os agradeci- mentos especiais à Divisão Sul-Ameri- cana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, nas pessoas de seu Presidente, Pastor Erton Koehler, e de seu Departamental de Educação, Pastor Carlos Mesa, pela continuidade do apoio à publicação deste periódico. Finalmente, destacamos ser este o se- gundo número de “Ciências das Origens” que passou a ser publicado formalmente pela Sociedade Criacionista Brasileira em parceria com a Sede do GRI no Brasil, di- rigida pelo Dr. Nahor Neves de Souza Jr. Certamente, esta parceria abrangerá tam- bém, em futuro próximo, outras iniciativas de interesse comum para a divulgação de evidências favoráveis à visão criacionista. Ruy Carlos de Camargo Vieira Diretor-Presidente da Sociedade Criacionista Brasileira Primeiro Semestre de 2009 Nº 17 A PRIMEIRA SEMANA: UM CIENTISTA CRISTÃO LÊ GÊNESIS 1 (1) Dr. L. James Gibson Geoscience Research Institute, Loma Linda, Califórnia, USA INTRODUÇÃO Os Adventistas do Sétimo Dia desejam partilhar as boas novas (o “evangelho”) do caráter de Deus e Seu plano para resgatar os seres humanos dos resultados de suas más escolhas. Em Apocalipse 14:6, a cria- ção se identifica como parte do Evangelho a ser pregado ao mundo inteiro. Assim, a interpretação adventista do relato da cria- ção deverá mostrar a maneira pela qual a história da criação revela as boas novas sobre Deus. As Escrituras revelam que a criação foi um processo sobrenatural, portanto nossa visão das origens está moldada pelo regis- tro bíblico. Gênesis 1 (o primeiro capítulo do livro de Gênesis) é a passagem princi- pal sobre a criação nas Escrituras, razão pela qual um enfoque adventista sobre as origens deve começar por Gênesis 1. Entretanto, as Escrituras provêem um esboço geral do processo da criação, e o texto parece ser escrito mais como uma descrição fenome- nológica (sobre a base da apa- rência) dos eventos, e não como uma descrição técnica. Isto dei- xa numerosos pontos abertos no relato para diferentes interpreta- ções. A natureza também traz in- formação relativa às origens, po- rém esta informação é de difícil interpretação por, pelo menos, três razões. (2) A atividade sobre- Reprodução da primeira página da Bíblia de Gutenberg

APRESENTAÇÃO DO DÉCIMO SÉTIMO NÚMERO DE … · Gênesis 1 (o primeiro capítulo do livro de Gênesis) é a passagem princi-pal sobre a criação nas Escrituras, razão pela qual

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Uma publicação do Geoscience Research Institute (Instituto de Pesquisas em Geociências)Estuda a Terra e a vida: sua origem, suas mudanças, sua preservação.

Edição em língua portuguesa patrocinada pela DSA da IASD com a colaboração da SCB

APRESENTAÇÃO DO DÉCIMO SÉTIMO NÚMERO DECIÊNCIAS DAS ORIGENS

TRADUZIDO PARA A LÍNGUA PORTUGUESA

A Sociedade Criacionista Brasileira, dentro de sua programação editorial, tem a satisfação de apresentar o décimo sétimo número deste periódico (primeiro número anual de 2009), versão brasileira de “Cien-cia de los Orígenes”, editado originalmente pelo “Geoscience Research Institute” (GRI) nos E.U.A.

Destacamos o artigo "A Primeira Se-mana: Um Cientista Cristão Lê Gênesis 1" de autoria do Dr. James Gibson, Diretor do GRI, que se tem dedicado particularmente ao campo da Geologia e da Paleontologia.

Como sempre, ficam expressos os agradecimentos da Sociedade Criacio-

nista Brasileira a todos os que colabo-raram para possibilitar esta publicação em língua portuguesa, particularmente a Roosevelt S. de Castro pelo excelente trabalho de editoração gráfica, e a Marly Barreto Vieira, pelo paciente e difícil tra-balho de tradução.

Renovam-se também os agradeci-mentos especiais à Divisão Sul-Ameri-cana da Igreja Adventista do Sétimo Dia, nas pessoas de seu Presidente, Pastor Erton Koehler, e de seu Departamental de Educação, Pastor Carlos Mesa, pela continuidade do apoio à publicação deste periódico.

Finalmente, destacamos ser este o se-gundo número de “Ciências das Origens” que passou a ser publicado formalmente pela Sociedade Criacionista Brasileira em parceria com a Sede do GRI no Brasil, di-rigida pelo Dr. Nahor Neves de Souza Jr. Certamente, esta parceria abrangerá tam-bém, em futuro próximo, outras iniciativas de interesse comum para a divulgação de evidências favoráveis à visão criacionista.

Ruy Carlos de Camargo VieiraDiretor-Presidente da

Sociedade Criacionista Brasileira

Primeiro Semestre de 2009 Nº 17

A PRIMEIRA SEMANA:UM CIENTISTA CRISTÃO

LÊ GÊNESIS 1(1)Dr. L. James Gibson

Geoscience Research Institute, Loma Linda, Califórnia, USA

INTRODUÇÃOOs Adventistas do Sétimo Dia desejam

partilhar as boas novas (o “evangelho”) do caráter de Deus e Seu plano para resgatar os seres humanos dos resultados de suas más escolhas. Em Apocalipse 14:6, a cria-ção se identifica como parte do Evangelho a ser pregado ao mundo inteiro. Assim, a interpretação adventista do relato da cria-ção deverá mostrar a maneira pela qual a história da criação revela as boas novas sobre Deus.

As Escrituras revelam que a criação foi um processo sobrenatural, portanto nossa visão das origens está moldada pelo regis-tro bíblico. Gênesis 1 (o primeiro capítulo do livro de Gênesis) é a passagem princi-pal sobre a criação nas Escrituras, razão

pela qual um enfoque adventista sobre as origens deve começar por Gênesis 1. Entretanto, as Escrituras provêem um esboço geral do processo da criação, e o texto parece ser escrito mais como uma descrição fenome-nológica (sobre a base da apa-rência) dos eventos, e não como uma descrição técnica. Isto dei-xa numerosos pontos abertos no relato para diferentes interpreta-ções.

A natureza também traz in-formação relativa às origens, po-rém esta informação é de difícil interpretação por, pelo menos, três razões. (2) A atividade sobre- Reprodução da primeira página da Bíblia de Gutenberg

2 Nº 17 Ciências das Origens

natural pode estar fora do alcance da nos-sa compreensão. A natureza mudou com os efeitos do pecado. Os seres humanos geralmente escolhem interpretações equi-vocadas da natureza. Portanto, ainda que as provas da natureza sejam levadas em consideração, as Escrituras devem ser o ponto de partida para um enfoque adven-tista das origens. Não devemos omitir o es-tudo da natureza, pois pode ajudar a escla-recer algumas das ambigüidades no texto. Entretanto, alguns mistérios permanecerão como tais, inclusive depois de consultar-mos tanto as Escrituras como a natureza.

Não houve testemunha humana do pro-cesso da criação. Somente Eva foi criada depois de Adão, mas ele mesmo não pode presenciar o processo de sua formação. Deus fez com que ele ficasse inconsciente para realizar o processo (provavelmente não queria nenhuma sugestão). As Escritu-ras são nossa melhor fonte para aprender como tudo se fez. E, entretanto, ainda nas Escrituras só nos é dada a descrição mais elementar. Há numerosos pontos no relato bíblico que estão abertos a diferentes in-terpretações, porém ainda assim a imagem em conjunto é exeqüível para todos. Abor-darei alguns destes aspectos nos parágra-fos seguintes:

GÊNESIS 1:1NO PRINCÍPIO CRIOU DEUS OS CÉUS E A TERRA.

QUANDO fOI O PRINCÍPIO?Mesmo não sabendo uma data, sabe-

mos que o mundo teve um princípio, como é afirmado em Mateus 24:21. Podemos encontrar evidências físicas disto pela exis-tência da radioatividade. Se a Terra fosse eterna, não poderíamos esperar encontrar radioatividade nas rochas. Além disso, o Universo tem propriedades que sugerem

um começo repentino, “A Grande Explosão”, ou o Big Bang, teoria recusada por alguns cientistas.

Deus estava presente antes de toda criatura e todas as coisas, mesmo ainda antes de existirem o espaço e o tempo. Reconhecemos o passar do tempo pelos eventos no espaço. Se não houvesse es-paço não observaríamos nenhum evento e, portanto, não haveria tempo. Sendo assim, teve de ha-ver um princípio para o tempo e para o espaço, e Deus estava pre-sente nesse começo.

QUEM É O CRIADOR?Jesus é o Criador. João 1:1-3

afirma que todas as coisas foram feitas pelo Verbo, identificado no contexto como Jesus Cristo. O tí-tulo “Verbo” descreve o poder de Deus:

Isaías 55:11 “Assim será a palavra que sair da minha boca: não voltará para mim vazia, mas fará o que me apraz e prosperará naquilo que a designei”.

Hebreus 1:2,3 “... nestes últimos dias nos falou pelo Filho, ... pelo qual também fez o universo. Ele que é ... a expressão exata do seu Ser, susten-tando todas as coisas pela palavra do seu poder ...”

A versão Nueva Reina-Valera 2000 o expressa mais claramente: “... Porém nestes últimos dias (Deus) nos falou por seu Filho, ... por meio de quem fez os mundos. O Filho é ... a mesma imagem de Seu Ser real, o que sustém todas as coisas com sua pode-rosa Palavra.”

Estes textos indicam que Jesus trouxe o Universo à existência através do poder de Sua Palavra.

O QUE fOI CRIADO?Deus fez “os céus e a terra”. As opini-

ões diferem a respeito do que isto signifi-ca. Alguns intérpretes consideram que “os céus e a terra” se referem a todo o Univer-so, enquanto outros preferem considerar que se refere somente ao nosso planeta. Há, pelo menos, três interpretações:(3)

A. Alguns consideram que Gênesis 1:1 se refere à criação do Univer-so num tempo não identificado no passado, com a semana da criação ocorrendo em um momento poste-rior. (Teoria do intervalo)

B. Alguns consideram que Gênesis 1:1 é somente uma introdução à re-contagem da semana da criação, e que se refere somente ao nosso mundo.

C. Alguns consideram que Gênesis 1:1 se refere à criação do Universo du-rante a semana da criação.

Parece que nosso mundo não foi a primeira parte do Universo a ser criada. A criação do nosso mundo se fez acompa-nhada de louvores pelos “filhos de Deus” (Jó 38:4-7). Tais “filhos de Deus” parecem ser os representantes de outros mundos (Jó 1:6). Isto parece implicar a pré-existên-cia de outros mundos, o que favoreceria as interpretações A ou B.(4) Esta possibilidade é reforçada pelas evidências físicas, como a observação de estrelas que parecem es-tar tão distantes que sua luz demoraria mi-lhões de anos para chegar até nós.

COMO DEUS CRIOU?Não nos é dito o mecanismo físico atra-

vés do qual Deus criou, então não sabe-mos como o fez. No entanto, nos é dito que o fez pelo poder de Sua Palavra. Isto im-plica propósito ou intenção, e de maneira crescente os cientistas estão reconhecen-do que o Universo parece ter sido plane-jado.

Gênesis 1:2 “A terra, porém, es-tava sem forma e vazia; havia trevas sobre a face do abismo, e o Espírito de Deus pairava sobre as águas”.

Sobre este texto as opiniões também diferem.(5)

A. Alguns tem interpretado que isto sig-nifica que a Terra foi criada muito tempo antes, num ato de criação não incluído no relato da semana da criação. A Terra permaneceu es-cura e carente de vida (vazia) até a criação descrita em Gênesis. Esta interpretação é conhecida como a "Teoria do intervalo passivo”.

B. Outros crêem que o texto se refere ao breve período de tempo entre a criação inicial descrita no primeiro versículo, e a criação da luz no ver-sículo 3.

C. Um terceiro ponto de vista (a "Teoria do intervalo ativo”) é que Deus não poderia criar um mundo em caos. Então o mundo deve ter ficado “de-sordenado e vazio” depois de uma criação anterior.

Os proponentes de qualquer um dos primeiros pontos de vista podem encontrar apoio em diferentes declarações de Ellen White, porém o assunto permanece sem ser resolvido. O terceiro ponto de vista não está respaldado pelo texto bíblico, então não vamos continuar a considerá-lo.

Por que Deus criaria uma Terra não completamente formada? Certamente ele poderia tê-la criado instantaneamente, num momento, completamente povoada. Porém em vez de fazer isto, a criou em uma série de passos, durante seis dias comple-tos. Não pretendo saber o que Deus tinha em mente para agir dessa maneira, porém sinto-me impressionado por um aspecto da história da criação: Deus tinha um plano. Primeiro a Terra foi preparada para sus-

Nº 17 Ciências das Origens 3

tentar a vida, em seguida Ele a encheu de criaturas viventes. Esse processo foi orde-nado e realizado assim, com um propósito.

Alguns intérpretes (6) têm proposto uma estrutura na narração: nos primeiros três dias, a “terra” foi “formada” com o propósi-to de sustentar a vida, então nos seguintes três dias foi “povoada”. Pode-se ver um paralelismo entre o primeiro dia da criação (luz) e o quarto dia (sol); entre o segundo dia (atmosfera) e o quinto dia (animais que voam); e entre o terceiro dia (terra seca e plantas) e o sexto dia (animais terrestres). Entretanto, este paralelismo parece-me um tanto imperfeito (por exemplo, os mares fo-ram formados no terceiro dia, e povoados no quinto dia), o que indica que a estrutura da narrativa se baseou na seqüência real dos eventos, e não que foram artificialmente ordenados para ajustar-se ao paralelismo.

fORMANDO O MUNDO: PREPARAÇÃO PARA A VIDA

1º DIA(7): “DISSE DEUS: HAjA LUZ, E HOUVE LUZ”.

No primeiro dia foi dada luz à Terra. Não sabemos de que forma se deu esta luz. Há pelo menos três possibilidades.(8)

A. A luz fornecida no primeiro dia era a luz da presença de Deus. O sol não existiu até o quarto dia, quando Deus o criou.

B. A luz fornecida no primeiro dia vi-nha do sol. O sol foi criado junto com a Terra “no princípio”.

C. A luz fornecida no primeiro dia pro-vinha de outra fonte desconheci-da, como uma supernova ou outro evento astronômico.

Os proponentes da primeira interpre-tação podem referir-se a textos bíblicos que mencionam a luz como proveniente de Deus (exemplo, Isaías 60:20; Apocalipse 21:23; Apocalipse 22:5). Por outro lado, a segunda interpretação pode ser sustenta-da pela referência á tarde e manhã de cada dia (exemplo Gênesis 1:5), e a afirmação de Ellen White de que os dias da criação

“estavam assinalados pelo nascer e o pôr do sol”.(9) Ver fonte A terceira possibilidade não foi examinada com profundidade, po-rém é mencionada para recordar ao leitor que Deus tem métodos dos quais pode-mos não ser conscientes.

2º dia: “E DISSE DEUS: HAjA fIRMAMENTO NO MEIO DAS áGUAS E SEPARAÇÃO ENTRE áGUAS E áGUAS. fEZ, POIS, DEUS O fIRMAMENTO E SEPARA-ÇÃO ENTRE AS áGUAS DEbAIxO DO fIRMAMENTO E AS áGUAS SObRE O fIRMAMENTO. E ASSIM SE fEZ. E CHA-MOU DEUS AO fIRMAMENTO CÉUS”.

No segundo dia foram criados o “firma-mento” ou “céus”. Isto é identificado como o lugar entre as camadas de água, as que su-pomos ser as águas da superfície do plane-ta e as nuvens. Elas estão separadas pela atmosfera, que foi criada no segundo dia.

Alguns diriam que como “céus” o regis-tro bíblico está se referindo a toda a expan-são cheia de estrelas, porque o sol estava “na expansão”. Entretanto o texto deve ser interpretado como uma descrição fenome-nológica, de maneira que o sol apareceu na mesma região onde voam as aves. A existência de outros mundos que precede-ram ao nosso (Jó 38:4-7) parece favorecer a interpretação de que “céus” refere-se a uma área ou volume mais restrito. Não pa-rece ser coerente supor que todo o Univer-so separe nossos oceanos de uma cober-tura de água “sobre o firmamento”.

Alguns outros têm declarado que a referência a “firmamento” significa que os hebreus consideravam a Terra como uma superfície plana, apoiada em pilares e coberta com um domo metálico. Pro-põem então que isto invalida o registro da criação porque agora sabemos que a Terra não estava coberta por tal domo metálico. Entretanto, isto parece uma in-congruência (non sequitur). Independen-temente do que os hebreus pensavam da estrutura da Terra, as águas da superfície e as nuvens parecem estar separadas pela atmosfera, e parece também razo-

ável que fosse a atmosfera o que Deus criou no segundo dia.(10) Note-se que Deus chamou de “céus” ao firmamento.

3º DIA:“DISSE TAMbÉM DEUS: AjUNTEM-SE AS áGUAS DEbAIxO DOS CÉUS NUM Só LUGAR,E APAREÇA A PORÇÃO SECA. E ASSIM SE fEZ. À PORÇÃO SECA CHAMOU DEUS TERRA E AO AjUNTAMENTO DAS áGUAS, MARES”.

No terceiro dia as águas da superfície foram reunidas para formar os “mares” e deixar exposta a terra seca, a qual Deus chamou “terra”. Note-se que “terra” aqui se refere ao terreno, e não a todo o pla-neta. Os céus e a terra e o mar (como é mencionado tantas vezes em Êxodo 20:11 e Apocalipse 14:7) já estão formados e pre-parados para receber os organismos vivos, logo em seguida são povoados.

O POVOAMENTO DO MUNDO

3º DIA:“E DISSE: PRODUZA A TERRA RELVA, ERVAS QUE DÊEM SEMENTE E áRVO-RES fRUTÍfERAS QUE DÊEM fRUTO SEGUNDO A SUA ESPÉCIE, CUjA SE-MENTE ESTEjA NELE, SObRE A TER-RA. E ASSIM SE fEZ”.

A vegetação foi criada no terceiro dia. Note aqui que foram criados diferentes gê-neros de árvores que dão fruto, cada uma com seu próprio fruto e este com sua pró-pria semente no seu interior. Alguns têm proposto que aqui são mencionados três tipos de plantas: a “vegetação”, as “plantas que dão semente”, e as “árvores que dão fruto”. Outros sustentam que “vegetação” é um termo genérico, e que no texto só são mencionados dois tipos de plantas. Nenhu-ma das interpretações parece ter significa-do teológico.

A frase “segundo a sua espécie” apa-rece aqui pela primeira vez nas Escrituras. Esta frase tem sido interpretada geralmente como um mandamento divino para produ-zir descendência similar a seus progenito-

4 Nº 17 Ciências das Origens

res. No entanto, não há aqui vislumbres de tal mandamento. Ainda que possamos ver facilmente que a descendência é parecida com seus progenitores, a Bíblia não regis-tra um mandamento divino de que deveria ser assim. Neste texto, “segundo a sua es-pécie” pode significar “tendo cada um seu próprio tipo de semente”. Desta maneira a descendência de um tipo de planta poderia diferenciar-se da descendência de outros tipos de planta. Incidentalmente, parece que os hebreus não criam que as plantas tivessem vida, e provavelmente por isso não consideram que a “morte” das plantas tenha algum significado moral.

4º DIA:“DISSE TAMbÉM DEUS: HAjA LUZEI-ROS NO fIRMAMENTO DOS CÉUS, PARA fAZEREM SEPARAÇÃO ENTRE O DIA E A NOITE; E SEjAM ELES PARA SINAIS, PARA ESTAÇõES, PARA DIAS E ANOS. E SEjAM PARA LUZEIROS NO fIRMAMENTO DOS CÉUS, PARA ALU-MIAR A TERRA. E ASSIM SE fEZ. fEZ DEUS OS DOIS GRANDES LUZEIROS: O MAIOR PARA GOVERNAR O DIA, E O MENOR PARA GOVERNAR A NOITE; E fEZ TAMbÉM AS ESTRELAS”.

Provavelmente exista mais controvér-sia sobre os eventos do 4º dia do que sobre qualquer outro evento da criação. Tem-se proposto ao menos três interpretações:(11)

A. O sol e a lua não existiam até o 4º dia. Antes desse tempo, a luz pro-vinha da presença de Deus sobre a Terra. A tarde e a manhã produ-ziam-se pela rotação do planeta diante da presença de Deus.

B. O sol e a lua existiam antes do 4º dia, porém estariam obscurecidos por grossas nuvens escuras. Estas nuvens foram parcialmente dissi-padas para que no 1º dia o planeta recebesse a luz, porém o sol em si mesmo não era visível, da mesma maneira que não podemos ver o sol num dia completamente nubla-do. No 4º dia o sol e a lua ficaram visíveis pela primeira vez.

C. O sol e a lua existiam antes do 4º dia, e podiam ter sido visíveis em todos os dias da criação, porém só no 4º dia foram designados como “sinais para as estações”.

O texto não parece especificar qual das interpretações é correta. Realmente não sabemos a resposta. Em qualquer caso, Deus continua sendo o criador do sol e da lua. Um evento ocorreu no quarto dia da criação que resultou no estabelecimento da lua e do sol como marcadores de uni-dades de tempo, e para servir como sinais de advertência quando Deus assim o de-terminasse.

fORAM AS ESTRELAS CRIADAS NO 4º DIA?

O texto não especifica o momento da criação das estrelas. Tem-se proposto ao menos três interpretações para a passa-gem concernente às estrelas.

A. As estrelas foram criadas no 4º dia.B. As estrelas foram criadas por Deus,

não importando o momento de sua criação.

C. Deus criou a lua para “governar a noite” com as estrelas.(12)

O texto original em hebraico é um pou-co ambíguo acerca de quando foram cria-das as estrelas. A visibilidade de estrelas que estão a mais de 10.000 anos luz de nosso planeta parece favorecer as inter-pretações B e C.

5º DIA: “DISSE TAMbÉM DEUS: POVOEM-SE AS áGUAS DE ENxAMES DE SERES VIVEN-TES; E VOEM AS AVES SObRE A TERRA, SOb O fIRMAMENTO DOS CÉUS. CRIOU POIS DEUS OS GRANDES ANIMAIS MA-RINHOS E TODOS OS SERES VIVENTES QUE RASTEjAM, OS QUAIS POVOAM AS áGUAS, SEGUNDO AS SUAS ESPÉCIES; E TODAS AS AVES, SEGUNDO AS SUAS ESPÉCIES. E VIU DEUS QUE ISSO ERA bOM. E DEUS OS AbENÇOOU DIZENDO: SEDE fECUNDOS, MULTIPLICAI-VOS E ENCHEI AS áGUAS DOS MARES; E, NA TERRA, SE MULTIPLIQUEM AS AVES”.

Este texto refere-se ao povoamento dos mares e do céu com criaturas viventes. Uma vez mais, note-se o termo “segundo a sua espécie”. “Segundo seu gênero” pro-vavelmente possa ser traduzido como “de muitos tipos diferentes”. Esta interpretação sugere que a biodiversidade esteve pre-sente desde o começo da vida nas águas e no ar. Não há evidências aqui da criação de um único ancestral para produzir a partir dele a sua biodiversidade através de mu-danças evolutivas.

Note-se também que as aves e os animais marinhos deveriam reproduzir-se e encher os habitats disponíveis. Não se estabelece aqui se a reprodução deveria continuar quando a Terra estivesse cheia. Se o propósito divino fosse cumprido, talvez a reprodução fosse detida. Se isso tivesse ocorrido, não haveria necessidade da mor-te. Se a reprodução devesse continuar, a morte, então, poderia ter sido necessária. Baseado nas revelações da vontade de Deus para a Nova Terra, dadas nos capítu-los 11 e 65 de Isaías, e nos capítulos 21 e 22 de Apocalipse, penso que a morte não fazia parte da criação original, pelo menos não a morte dos vertebrados terrestres, mas há opiniões diferentes a esse respeito. De qualquer modo, os sistemas ecológicos atu-ais parecem uma base pouco confiável para elaborarmos conclusões sobre os sistemas ecológicos em um mundo sem pecado.

6º DIA – A:“DISSE TAMbÉM DEUS: PRODUZA A TERRA SERES VIVENTES, CONfORME A SUA ESPÉCIE; ANIMAIS DOMÉSTI-COS, RÉPTEIS E ANIMAIS SELVáTI-COS, SEGUNDO A SUA ESPÉCIE. E AS-SIM SE fEZ”.

Neste momento a superfície da Terra (simplesmente "terra" no registro bíblico) foi povoada por criaturas viventes. Uma vez mais os animais foram “segundo a sua espécie”. Diferentes tipos de criaturas fo-ram criados simultaneamente, e a biodiver-sidade passou a existir desde esse mesmo começo. Nada é dito sobre uma biodiversi-dade evoluindo a partir de uma única for-

Nº 17 Ciências das Origens 5

ma ancestral, e em hebraico seria possível expressar tal idéia se isto tivesse ocorrido.

6º DIA – b:“TAMbÉM DISSE DEUS: fAÇAMOS O HOMEM À NOSSA IMAGEM, CONfOR-ME A NOSSA SEMELHANÇA; TENHA ELE DOMÍNIO SObRE OS PEIxES DO MAR, SObRE AS AVES DOS CÉUS, SO-bRE OS ANIMAIS DOMÉSTICOS, SO-bRE TODA A TERRA E SObRE TODOS OS RÉPTEIS QUE RASTEjAM PELA TERRA”.

Esta passagem é o fundamento lógico para muitos dos ensinos das Escrituras. Os seres humanos são únicos em toda a criação. Somente nós os seres humanos fomos criados à imagem de Deus. Somen-te aos seres humanos foi dado o domínio sobre a natureza, com a responsabilidade de governá-la sabiamente. A Bíblia enfatiza a natureza diferente do ser humano e a dos outros animais. A singularidade dos seres humanos, especialmente sua mente, tam-bém tem sido percebida pelos cientistas.

6º DIA – C:“E A TODOS OS ANIMAIS DA TERRA, E A TODAS AS AVES DOS CÉUS, E A TO-DOS OS RÉPTEIS DA TERRA EM QUE Há fôLEGO DE VIDA, TODA A ERVA VERDE LHE SERá PARA MANTIMEN-TO”.

A vegetação tinha sido criada como fonte de alimento para os animais e para o homem. A predação não é mencionada, o que constitui outra razão que faz inclinar-me à idéia de que a reprodução devia de-ter-se uma vez que toda a Terra estivesse povoada, e assim, não haveria necessida-de da morte.

Nesse ponto a Terra estava formada e povoada. Cada ato da criação havia pre-parado o caminho seguinte. Pode-se ver assim o propósito de Deus na criação: a criação final do homem e da mulher à ima-gem de Deus. A culminação da história da criação, o estabelecimento do Sabbath (em hebraico, que significa "descanso". Nota do Tradutor) que é descrito em Gênesis 2:2-3.

O COMPANHEIRISMO DE DEUS COM OS SERES HUMANOS

7º DIA:“E HAVENDO DEUS TERMINADO NO DIA SÉTIMO A SUA ObRA, QUE fIZERA, DESCANSOU NESSE DIA DE TODA A SUA ObRA QUE TINHA fEITO. E AbEN-ÇOOU DEUS O DIA SÉTIMO E O SANTI-fICOU PORQUE NELE DESCANSOU DE TODA A ObRA QUE, COMO CRIADOR, fIZERA”.

A criação não esteve completa até que foi criado o sábado, um dia de com-panheirismo íntimo entre Deus e os seres humanos. Esta pode ter sido a razão pela

qual Deus criou tudo em seis dias em vez de fazê-lo de forma instantânea. Estabe-lecendo um ciclo de sete dias, com o séti-mo dia como dia de comunicação e culto, Deus mostrou Seu propósito na criação: Ele queria ter esse companheirismo especial conosco. Através da narração de Gênesis é mostrado um plano a ser seguido. Deus tem um plano: companheirismo conosco. Este plano foi interrompido pelo pecado, porém, se completará quando a Terra for renovada.

CRIAÇÃO bÍbLICA: bOAS NOVASEm Apocalipse 14:6 é mostrado um

anjo (palavra que em grego significa "men-sageiro", Nota do Tradutor) proclamando o evangelho, dizendo “adorai Aquele que fez”. Porque a criação bíblica é parte das boas novas de Apocalipse 14:6?(13) Que elementos da história são especialmente importantes ao mostrarmos que Deus é um amoroso Criador?

Considere por um momento a depri-mente história de nossas origens da ma-neira como muitos a entendem, segundo a qual os seres humanos são produto de uma longa história de competição e sobre-vivência dos mais aptos. Somos simples-mente os últimos numa série de espécies animais, cada uma destas espécies mais inteligente e melhor adaptada que as an-teriores. Cada espécie, incluindo a nossa, está condenada à extinção quando as mu-danças ambientais favorecerem a sobrevi-vência de novas espécies. Muitos dos cien-tistas que aceitaram essa teoria aceitaram a inexistência de um Deus amoroso como se reflete na Bíblia. Esta pode ser uma das razões pelas quais muitos cientistas são céticos a respeito do Cristianismo.

Muitos cristãos se recusam a aceitar todas as conseqüências da Teoria da Evo-lução, e tratam de modificá-la para torná-la mais agradável. Propõem que a evolução é o processo escolhido por Deus para criar. Infelizmente isto piora a situação. Passa-mos da condição de não ter um Deus em absoluto, o que por si é ruim, a ter um Deus maldoso, o que é muito pior.(14)

A teoria da Evolução Teísta propõe que a predação, a morte e o sofrimento existi-ram por milhares de anos antes de existir o primeiro homem que pudesse cometer algum pecado. A morte em vez de ser um inimigo a ser destruído, é uma força para melhorar. Aqueles que defendem esta teo-ria estão obrigados a declarar que o Deus da Bíblia escolheu estruturar Sua criação em torno da competição, de maneira que os débeis fossem destruídos pelos fortes. Deste ponto de vista, não é o homem, po-rém Deus o responsável pela morte e o so-frimento. Estas não são boas novas para aqueles que estão à espera de uma vida melhor na Nova Terra.

Algumas pessoas podem tentar justi-ficar o uso da morte por Deus afirmando

que a morte não é má em si mesma. O sofrimento animal e a morte são permiti-dos em prol de um bem maior. Os seres humanos não morrem realmente, mas sua alma imortal vive em outro reino ou dimen-são. Uma alma imortal acrescenta novos problemas à questão da bondade de Deus. Uma alma que não pode morrer, porém que decidiu rebelar-se contra Deus, seria um problema eterno. Dadas estas circuns-tâncias, seria razoável condenar tal “alma” a passar a eternidade no inferno, como propõem muitos cristãos. A idéia de Deus atormentando Seus inimigos pela eternida-de tampouco é boas novas para aqueles que apreciam a liberdade de escolha. Tal idéia é irreconciliável com o Deus revelado nas Escrituras e na vida de Jesus Cristo.

Ao percebermos as implicações da evo-lução teísta podemos ver porque a história bíblica da criação é, realmente, uma boa nova. Primeiro, são boas novas o saber que o Deus Criador tem poder absoluto sobre a natureza, como é demonstrado na criação pela Sua Palavra. Como Deus tem poder ilimitado, podemos confiar nEle para guiar nossa vida. Podemos orar a Ele, sabendo que será capaz de intervir se tal coisa for o melhor. Se a criação tivesse sido realizada no decorrer de longas eras de mudanças graduais, passo a passo, como poderíamos confiar na capacidade de Deus para intervir em nossa vida? São muito boas novas as que Deus criou tudo pela Sua Palavra.

A criação dos seres humanos à ima-gem de Deus é parte das boas novas. Nossa criação à Sua imagem estabelece um elo especial entre nós e Deus. Este elo especial explica o porquê de Deus empenhar-se em nos resgatar das con-seqüências de nossas más escolhas. Se fossemos somente animais inteligentes, produtos de longas eras de mudanças gra-duais, por que Deus haveria de dar-nos um valor especial? São boas novas que tenha-mos sido criados à imagem de Deus.

Ao final da semana da criação, Deus pronunciou as palavras “muito bom”. Esta é uma parte importante das boas novas de Deus porque mostra que Ele não criou o mundo segundo o seu estado atual. A von-tade de Deus para a natureza está descrita em textos tais como: Isaías 11:6-9, Isaías 65:17-25, Apocalipse 21:1-4, Apocalipse 22:1-5. A morte e a dor, a predação e os conflitos serão todos abolidos, e estabele-cido um reino de paz.

Porém, o que aconteceria se o mundo estivesse evoluindo para um estado me-lhor? Se o mundo estivesse melhorando, então tudo teria começado muito mal. Um mau começo não é boa nova sobre Deus. São boas novas as que dizem que Deus deu um bom começo ao nosso mundo e que o restaurará a uma boa condição, tão logo quanto possível, sem violar nossa li-berdade de escolha.

6 Nº 17 Ciências das Origens

As boas novas incluem os outros as-pectos envolvidos em Gênesis 1-11. O sétimo dia, sábado, como uma lembran-ça semanal de nossas origens e de nos-sa relação com o amoroso Criador, é um símbolo da fé no poder criador de Deus. O sábado também é parte das boas novas.

A história do nosso fracasso moral é uma parte importante das boas novas. Nosso fracasso moral explica o porquê de nossa existência estar cheia de misé-ria, sofrimento e morte. Deus aprecia a liberdade de escolha, e por ela nos dá a capacidade de escolhermos entre o bem e o mal, e de experimentarmos as conse-qüências de nossas escolhas. A morte e outros males vieram como resultado da nossa própria escolha, não porque Deus fosse maldoso com a natureza. Deus de-seja resgatar-nos de nossa miséria, e pro-videnciou um amoroso plano para redimir-nos. São boas novas saber que Deus não é maldoso, e que Ele fará desaparecer a maldade do universo.

O dilúvio demonstra que Deus é capaz de intervir, que está desejoso de fazê-lo, e que todos os males serão corrigidos. Isto nos traz confiança de que Deus intervirá para eliminar o mal e seus resultados. Es-tas também são boas novas.

CONCLUSÃOSob a perspectiva apresentada aqui, a

história de nossas origens é parte vital de nossa compreensão sobre nós mesmos e nosso mundo. Ainda que muitos detalhes da criação não sejam bem compreendi-dos, a história das origens apresentada em Gênesis oferece as bases lógicas, os

melhores fundamentos para o evangelho. Tanto a Ciência como as Escrituras con-têm muitos mistérios, porém podemos ver o suficiente para compreender que a criação foi o resultado de uma ação in-tencional e sobrenatural de um amoroso Criador, e podemos partilhar estas boas novas com outros.

Todas as citações bíblicas foram transcritas segundo a Bíblia traduzida em português por João Ferreira de Almeida, revista e atualizada no Brasil, 2 edição.

REfERÊNCIAS1. Baseado na conferência apresentada no

23º Seminário de Fé e Aprendizagem, na Universidade da África Oriental, de 22 de novembro a 04 de dezembro de 1998. As fontes citadas aqui são somente de autores adventistas. A literatura completa é muito extensa. A publicação do autor Herr, Larry G. 1982, "Genesis One historical-critical perspective." Spectrum 13(2):51-62, apresenta muitos desses pontos sob aspectos diferentes. Uma lista de referências sobre o significado de Gênesis, escrita por teólogos adventistas pode ser encontrada em http://grisda.org/resouces/ref_theosda.htm .

2. Cada um destes pontos é reafirmado por Ellen White. Um texto particularmente interessante está em Testimonies, V.8, pp. 255-261.

3. Andreasen, N-E. 1981. "The word 'earth' in Genesis 1:1". Origins 8:13-19 (Traduzido para o Português em Ciências das Origens 11, 206). Para uma discussão do versículo completo, ver Hasel, Gerhard F. 1971. "Recent translation of Genesis 1:1, a critical look". Bible translator 22:154-167.

4. Ellen White afirma claramente que existiam outros mundos antes da criação do nosso (por exemplo, em "Patriarcas e Profetas", p. 41)

5. Widmer, Myron. 1992. "Older than creation week?" Adventist Review 169 (agosto 13):454-62; para discussão do termo “Espírito de Deus” veja Krautschick, Simon. 1994. The definiteness of the construct chain ‘RuachElohim’ in Genesis 1:2. Thesis Master, Andrews University, Berrien Springs, Michigan.

6. Ver, por exemplo (a) Weiss, H. 1979. "Genesis, Chapter One: A theological statement". Spectrum 9(4):54-62; (b) Davidson, R.M. 1987. "The theology of creation". Manuscrito não publicado de uma palestra apresentada em 17 de julho de 1987, na Convenção de Educação do Goscience Research Institute, Brianhead, Utah, EUA.

7. O significado da palavra “dia” tem sido muito polêmico. Uma boa análise está em Hasel, G.F. 1994. "The 'days' of creation in Genesis 1: Literal 'days' or figurative 'periods/epochs' of time?" Origins 40-41, 1995).

8. Herr, Larry G. 1985. "Why (and how) was the light created before the sun?" Adventist Review 162 (Novembro 21):8-9. Consultar também as pp. 315-318 no texto de Roth, A.A. 1998. "Origins: Linking Science and Scripture." Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing.

9. White, Ellen G. Testimonies To Ministers, p. 135-136.

10. Uma perspectiva diferente é apresentada em Herr, 1982 (ver nota ao final da referência 1)

11. Ver referências 8.12. Uma boa apresentação desta interpretação

está em House, Colin L. 1987. "Some notes on translating (“and the stars”) in Genesis 1:6." Andrews University Seminary Studies 25:241-248.

13. Ver Baldwin, J.T. 2000. Creation, Catastrophe and Calvary. Hagerstown, MD: Review and Herald Publishing.

14. Ver: (A) Gibson, L.J. 1992. "Theistic evolution: Is it for Adventists?" Ministry 65(1):22-25; (b) Terreros, M. 1996. "The Adventist message and the challenge of evolution." Dialogue 8(2):11-14.

É este um estudo comparativo das chama-das “traduções católicas” do primeiro capítulo da Bíblia, em Português, confrontadas com o texto da “Vulgata” latina. Nele são tecidas considerações sobre a etimologia das palavras de nossa língua, constantes dessa porção da Bíblia, que enriquecem sobremaneira nosso entendimento do relato da Criação.

Maiores informações poderão ser obtidas no site: http://www.scb.org.br

O Relato da Criação nas Edições

Católicas da Bíblia

Nº 17 Ciências das Origens 7

POR QUE O DILÚVIO DE GÊNESIS É IMPORTANTE?

A transcendência do dilúvio é perce-bida no dramatismo da atuação divina e nas conseqüências que a catástrofe teve sobre a humanidade. De maneira resumida o dilúvio de Gênesis,

• Oferece um notável exemplo de fé salvadora.(1)

• É uma demonstração da proteção providencial para com os justos ante Deus.(2)

• Aponta as condições morais pré-vias ao dilúvio como prévias à se-gunda vinda de Cristo.(3)

• Ilustra as conseqüências do peca-do.(4)

• Oferece uma explicação racional da abundância de evidências de vida pré histórica na Terra.(5)

• A negação do dilúvio é própria do tempo do fim.(6)

• Garante a destruição final do mun-do por fogo.(7)

O TESTEMUNHO DO NOVO TESTAMENTO

Alguns crentes na Bíblia questionam a autenticidade dos primeiros onze ca-pítulos de Gênesis, incluindo o relato do dilúvio. Estes crentes se deparam com o fato de que existem numerosas referências a este evento no Novo Tes-tamento, pois tanto Jesus Cristo como os apóstolos reconheceram o Dilúvio como histórico e consideraram Noé como um personagem que realmente existiu. Neste sentido, quem pode as-sumir a autoridade de negar o relato de Gênesis?

Para os autores das seguintes cita-ções, o dilúvio foi um fato histórico as-sim como Noé foi um personagem real e não mitológico e legendário. Na Tabela 1 apresentam-se algumas destas referên-cias do Novo Testamento aos eventos ou personagens do Gênesis:

O TESTEMUNHO DAS TRADIÇõES DOS POVOS NATIVOS AO REDOR DO MUNDO

O estudo dos eventos do passado re-quer a verificação desses eventos. Como podemos verificar a veracidade de um evento se este não pode ser reproduzi-do? No caso do dilúvio podemos estudar as rochas e a superfície terrestre em bus-ca de provas para tal evento catastrófico. Porém, também podemos fazer uso dos registros, escritos ou não, das tradições de diversos povos que povoaram as regiões do planeta. No folclore dos po-vos nativos encontram-se tradições que guardam uma interessante similaridade com o relato do dilúvio. Sobre isto, diz o Dr. J. Riem:

Entre todas as tradições, nenhu-ma é tão geral, tão extensa sobre a terra ... como as tradições do dilúvio ... porque como base para todos os mi-tos, particularmente mitos naturais, existe um fato real.(8)

Como exemplo citaremos alguns au-tores que compilaram registros relativos a um dilúvio no passado nas tradições de povos nativos de todos os continentes.

Até onde pudemos investigar, o autor que mais extensamente se ocupou das tradições do dilúvio foi Sir J. G. Frazer. Este autor as agrupa por regiões geográ-

ficas analisando-as e mencionando suas coincidências e discrepâncias, para es-tender-se finalmente no questionamento da origem das mesmas, já que descarta o relato bíblico como inspirado. Em geral as atribui a catastróficas inundações lo-cais provocadas por avalanches, torren-tes, rios e lagos, ou a impressionantes tormentas marinhas. Estas catástrofes teriam deixado uma impressão duradou-ra em quem sobreviveu a elas, dando lu-gar assim, às conhecidas tradições.(9)

O pesquisador alemão Dr. R. Andree cita 88 diferentes tradições. Delas, 20 são de origem asiática, 5 européias, 7 africa-nas, 10 da Austrália e ilhas do Pacífico, e 46 americanas. Todas elas coincidem em:

• Que houve uma destruição univer-sal de seres vivos, por água.

• Que houve um meio flutuante de salvação (balsa, bote, arca, janga-da, canoa ...)

• Que alguns seres humanos foram salvos da destruição.

• Que a atual debilidade da humanida-de é conseqüência do dilúvio.(10)

René Noorbergen descreve um gran-de número de tradições interessantes dos cinco continentes, relativas ao dilú-vio. Entre elas menciona uma lenda chi-nesa segundo a qual toda a população descende de oito pessoas que sobrevive-ram a uma grande inundação. O notável é que a palavra chinesa para barco em caracteres antigos, é o símbolo de um bote e oito bocas. Segundo outra lenda chinesa o antepassado mais antigo era Nu-wah (Noé?). E uma lenda havaiana nomeia ao homem justo, Nuu. Segundo este mesmo autor, foram descobertas, no oriente, mais de 30 lendas de dilúvio, e 46 na América do Norte.(11)

Alfred Rehwinkel menciona outros au-tores que enumeram as tradições de di-ferentes povos nativos acerca do dilúvio. Também, demora-se em narrar os deta-lhes de diversas tradições similares ao relato bíblico, em diversos povos. Dedica também, várias páginas à reprodução do poema Metamosphosis do poeta latino Ovidio, que fala da criação e do dilúvio, para reproduzir finalmente o conhecido poema épico babilônico Gilgamés. Este último tem certa similaridade com o rela-to bíblico em vários detalhes, ainda que seja considerado um texto mitológico.(12)

O mesmo poema é apresentado e analisado

O DILÚVIO DE GÊNESIS NO NOVO TESTAMENTO

E NAS TRADIÇÕES ANTIGASProf. Carlos F. Steger

Tabela 1Autor NT Texto AT

Noé como personagem histórico

jesus Mateus 24:37,38Lucas 17:26

Como foi nos dias de Noé … Gênesis 6:5-8

Lucas Lucas 3:36 Noé na genealogia de Cristo. Gênesis 5:29

Pedro 1 Pedro 3:202 Pedro 2:5

Noé ... enquanto se construia a arcaDeus ... guardou a Noé

Gênesis 6:14-18Génesis 7:7

Paulo Hebreus 11:7 Pela fé Noé … Génesis 6:22

A realidade do dilúvio global

jesus Mateus 24:39 … veio o dilúvio e os levou a todos Gênesis 7:6-24

Pedro 2 Pedro 2:522 Pedro 3:6

Trouxe o dilúvio sobre o mundo …O mundo de então pereceu afogado em água

Gênesis 7:6-24 Gênesis 7:6-24

8 Nº 17 Ciências das Origens

extensamente por Alexandre Heidel, fazendo um detalhado paralelismo e análise com re-lação ao relato do Antigo Testamento.(13)

Daniel Hammerly Dupuy diz ter colecio-nado 97 tradições da América do Sul, 22 da América Central e 99 da América do Norte. Um total de 218 tradições do dilúvio somen-te nos dois continentes americanos.(14) Ariel Roth afirma que há o registro de 270 histó-rias sobre o dilúvio ao redor do mundo.(15) Vários outros autores contemporâneos têm escrito sobre as tradições de um dilúvio uni-versal, ressaltando sua importância.(16)

NOTAS E REfERÊNCIASQuando não for feita expressa referên-

cia em contrário, usou-se a tradução da Bí-blia para o Português, de autoria de João Ferreira de Almeida, edição revista e atua-lizada pela Sociedade Bíblica do Brasil.

1. Hebreus 11:7. White, E. G. 1955. História dos Patriarcas e Profetas. Mountain View, Pacific Press Publishing Association, p.82.

2. Gênesis 7:1; II Pedro 2:5. White, 1995, p. 86

3. Mateus 24:38, 39. White, 1955, pp. 90-91.4. Gênesis 6:5, 7. White, 1955, pp.87-90.5. Gênesis 7:21-23. White, 1955, pp.

98,99,103,104. White, E. G. 1964. La Edu-cación. Florida. ACES, p. 125

6. II Pedro 3:3,5,6. White, 1955, pp. 92-94.7. Mateus 24:37; II Pedro 3:6,7. White, 1955,

pp. 90,91.8. Riem, J. 1925. Die Sintflut in Sage und Wisssen-

schaft. Hamburg, Agentur des Rauhen Hau-ses, p. 7. Citado por Noorberger, R. 1977. Secrets of the lost Races. Indianapolis, The Bobbs-Merrill Company, pp.5,6.

9. Frazer, Sir J. G. 1992. El folklore en el anti-guo testamento. México, Fdo. De Cult. Eco-nómica, pp. 66-187.

10. Andree, R. 1891. Die Flutsagen, ethno-logisch betrachtet. Brunswick, Friedrich

Viehweg und Sohn. Citado por Rehwinkel, A. M. 1951 in The Flood in the light of the Bi-ble, Geology, and Archaeology. Saint Louis, Concordia Publishing House, pp.129,130.

11. Noorbergen, 1977, pp.5-10. Noorbergen, R. 1974. The Ark File. Mountain View. PPPA, pp.41,42,148.

12. Rehwinkel, pp.128-164.13. Heidel, A. 194. The Gilgamesh Epic and

Old Testament Parallels. 21 ed. Chicago. The University of Chicago Press.

14. Hammerly Dupuy, D. 1971. Bajo el signo del terremoto. Lima, Ed. Peisa, p.401

15. Roth, A. A. 1999. Los Origenes, eslabones entre la ciencia e las escrituras. Florida, ACES., pp.346-351.

16. Whitcomb, J. C. Jr. E H. M. Morris. 1988. El Diluvio del Génesis. El relato biblico y sus implicaciones cientificas. Barcelona, CLIE, pp.118-127. Flori, J. e H. Rasolofomasoan-dro. 2000. En Busca de los Origenes. Evo-lución o creatión? Madri, Editorial Safeliz, p.245.

World Before Adam: The reconstruc-tion of geohistory in the age of reform, por Martin J. S. Rudwick, University of Chica-go Press 2008, 614 pp.

A pesquisa, as interpretações e os modelos na geologia pressupõem o prin-cípio de que os fenômenos geológicos do passado devem ser explicados pelos pro-cessos atuais atuando no passado com as mesmas taxas atuais. Este ponto de vista, chamado Uniformismo, foi proposto pelo geólogo britânico do século XIX Charles Lyell em seu livro Princípios da Geologia. Desde então esta idéia tem dominado a ciência durante muitas décadas e de fato tem impedido qualquer outra interpreta-ção que possa sugerir qualquer tipo de catastrofismo. A geologia está hoje experi-mentando uma mudança para a aceitação de processos catastróficos que possam ter ocorrido na Terra, e as publicações científicas frequentemente sugerem in-terpretações baseadas em catastrofismo, ainda que não na linha do Dilúvio Bíblico.

Enquanto muitos cientistas crêem que a proposta de Lyell desencadeou uma mudança nas interpretações, e dessa maneira um avanço importante na ciência, outros geólogos consideram que a contribuição de Lyell na realidade foi um obstáculo ao progresso na pesquisa geológica. Nessa linha de controvérsia o livro de Rudwick desafia o ponto de vista assumido desde há muito tempo, de que a idéia de Lyell foi original, recebi-da sem oposição e positiva para a ciência. De fato, ele discute que

aconteceu exatamente o contrário..Durante a segunda metade do século

XVIII e a primeira metade do século XIX houve perto de uma dúzia de “geólogos fundamentalistas" – que defenderam a idéia de que as características geológicas da Terra poderiam ser interpretadas como resultado do Dilúvio de Gênesis. Alguns desses geólogos fundamentalistas tinham credenciais acadêmicas iguais às de Lyell, mais experiência de campo, porém foram simplesmente rechaçados com base em argumentos filosóficos. Lyell não os ouviu, pois tinha uma agenda: advogar por uma abordagem uniformista na interpretação da geologia e das ciências biológicas (se-gundo demonstrado posteriormente pela sua influência exercida sobre Darwin).

Rudwick demonstra que ao princípio as idéias de Lyell não foram aceitas como tem sido tradicionalmente suposto pelos histo-riadores da Teoria da Evolução, e sim, pelo contrário, foi recebido com crítica quase

universal. A falta de aceitação não foi cau-sada pela sua defesa do Uniformismo (Atu-alismo), nem pela oposição aos geólogos fundamentalistas, mas sim pela evidência científica, os próprios fatos geológicos que pareciam contrários à idéia de Lyell a res-peito de processos uniformes com longos períodos de tempo. Os críticos de Lyell sustentavam que a pesquisa deve ser leva-da a cabo com evidências e observações, e não dando preferência a arrazoados te-óricos. O que Lyell e seus seguidores uni-formistas conseguiram com a preferência dada às suas posições teóricas foi que os geólogos passaram a estabelecer anteci-padamente, como funciona a natureza (por meio de processos uniformistas ao longo de muito tempo), para interpretar os dados obtidos da observação.

O livro ilustra como a agenda ou o pro-jeto apistemológico de uma pessoa dirige a pesquisa científica e estabelece a base para o desenvolvimento de um campo in-teiro do conhecimento. Os cientistas nos últimos sessenta anos têm tentado romper o curso uniformista de Lyell, que é um obs-táculo para a completa com-preensão dos fenôme-nos geológicos, sem dar-se conta de que esse curso foi de alguma ma-neira o resulta-do de uma pe-quena mentira de um homem que quis se so-brepor a outros cientistas con-temporâneos, os quais tinham boas razões cien-tíficas para se opor a ele.

A MENTIRA DE LYELL:Resenha do Livro

Nº 17 Ciências das Origens 9

Cro-Magnon é o termo francês utilizado pelos paleontólogos para nomear certos restos de seres humanos fósseis encon-trados em alguns lugares da Europa. Os cientistas agora classificam estes fósseis como Homo sapiens porque crêem que as dimensões físicas do Cro-Magnon não são suficientemente diferentes das dimen-sões dos seres humanos modernos para ter uma designação separada. Assim, os cientistas evolucionistas os consideram como primitivos seres humanos moder-nos que viveram de 40.000 a 10.000 anos atrás, durante o chamado Paleolítico Su-perior Europeu. O termo Cro-Magnon está em desuso por parte dos cientistas porque não se refere a um grupo taxonômico par-ticular de seres humanos fósseis, e devido à grande semelhança morfológica entre estes fósseis e os seres humanos moder-nos, a maioria dos paleontólogos prefere chamá-los "Humanos Anatomicamente Modernos" ou "Primitivos Humanos Mo-dernos". Entretanto, algumas publicações recentes ainda utilizam o nome antigo.

O termo provém da gruta de Cro-Mag-non no sudoeste francês, onde o primeiro espécime foi encontrado em 1868 durante a construção de uma ferrovia. Este pri-meiro espécime, chamado Cro-Magnon 1 (figura ao lado), foi escavado fora de um abrigo da rocha e consiste de um esque-leto masculino adulto (baseado na padrão de suturas cranianas). Os ossos do rosto mostram numerosas marcas resultantes de infecção por fungos.

O crânio de Cro-Magnon 1 mostra tra-ços que são peculiares aos seres huma-nos modernos, incluindo a calota craniana arredondada com a parte frontal quase vertical. As órbitas não são circundadas por protuberâncias supraorbitais destaca-das e não há um prognatismo proeminen-te do rosto.

Segundo antropólogos do Instituto Smithsonian em Washington, “a condi-ção e colocação de ornamentos, incluindo pedaços de cascas e dentes de animais que parecem ter sido pendentes ou cola-res, leva os pesquisadores a pensar que os esqueletos foram enterrados intencio-nalmente em uma só sepultura no abrigo. A análise da patologia dos esqueletos encontrados no abrigo da rochoso de Les Eyzies indica que os seres humanos deste período tiveram uma vida dura fisi-camente. Além da infecção indicada aci-ma, vários dos indivíduos encontrados no abrigo tinham as vértebras do pescoço fundidas, o que indica lesão traumática, e a fêmea adulta encontrada no abrigo teria

sobrevivido certo tempo com uma fratura no crânio. A sobrevivência de indivíduos com tais doenças é indicativa de que na comunidade era prestada ajuda aos indi-víduos convalescentes”.(1)

As escavações demonstraram que os Cro-Magnon tinham uma cultura desen-volvida que produzia uma variedade de sofisticadas ferramentas tais como facas retocadas, raspadores e ferramentas finas feitas de ossos. Os Cro-magnon tiveram uma avançada cultura marcada por uma grande diversificação e especialização das ferramentas (a cultura Aurignaceana). In-ventaram o buril, ou a ferramenta de grava-ção que fez possível grande parte de sua arte, incluindo o talhado e a escultura de pequenos gravações, relevos e figuras no solo, de seres humanos e também de ani-mais. Os Cro-Magnon pintavam as pare-

des das cavernas e dos abrigos rochosos nos quais viveram e que aparecem na Es-panha, França e outros países europeus. Os Cro-Magnon enterravam seus mortos.

Recentemente os cientistas consegui-ram o mtDNA antigo(2) de um espécime de Cro-Magnon, considerado como tendo 28.000 anos, encontrado na Caverna de Paglicci, Itália (Paglicci 23) e compararam sua composição com a do mtDNA de seres humanos modernos. O estudo conduzido por David Caramelli, concluiu que “o indiví-duo de Paglicci 23 tinha uma seqüência de mtDNA que continua sendo comum na Eu-ropa, e que se diferencia substancialmente da do Neandertal, que foi quase contem-porâneo, demonstrando uma continuidade genealógica através de 28.000 anos desde o Cro-Magnóide aos europeus modernos”.(3) Em outras palavras, os Cro-Magnon perma-

SERES HUMANOS MODERNOS E BABELRaúl Esperante

Geoscience Research Institute, Loma Linda, Califórnia

Este crânio de Cro-Magnon foi descoberto num corte rochoso durante a construção de ferrovia em Lês-Eysies, França. Foi reconstruído para mostrar a provável morfologia original.

10 Nº 17 Ciências das Origens

neceram diferentes dos Neandertais apesar da suposta coexistência durante 1.000 a 10.000 anos.(4)

Este e outros estudos revelam inte-ressante informação sobre a natureza dos seres humanos fósseis e de sua relação com os seres humanos modernos. Também mostram como mudam os cenários evolu-cionistas propostos para o surgimento e di-versificação dos seres humanos. Um exame detalhado das provas e pressuposições por trás da historia evolucionista da origem do homem moderno requer algumas perguntas que expõem a debilidade dessa história.

• Seria realmente possível aos Ne-andertais e aos Cro-Magnon vi-verem lado a lado, supostamente durante 30.000 anos e nunca se cruzarem reprodutivamente? Este é um período de tempo muito lon-go sem nenhum intercâmbio sexu-al entre os dois grupos humanos que viveram no mesmo continen-te, e ao mesmo tempo. Este fato está dividindo os evolucionistas, alguns dos quais ainda sustentam que os dois grupos humanos não interagiram reprodutivamente, enquanto outros cientistas dizem que é impossível eliminar alguma mescla entre os dois grupos.

• O espécime de Paglicci 23 está datado em 28.000 anos e é vir-tualmente idêntico, anatômica e geneticamente, aos europeus modernos. Seria possível não ter havido evolução genética entre o tempo em que viveu o Cro-Mag-non e o presente?

• Seria possível aos Neandertais e aos Cro-Magnon viverem na Eu-ropa durante dezenas de milhares de anos e não povoarem o resto do mundo? Sabemos quão rapidamen-te crescem as populações huma-nas, inclusive em condições difíceis.

• Os resultados arqueológicos indi-cam que estes seres humanos não eram estúpidos e/ou subdesenvol-vidos. Eram suficientemente aptos, até mesmo para caçar mamutes, cervos e outros animais grandes, e representar suas atividades nas impressionantes cenas de caça que adornam as paredes dos abrigos e das cavernas nas rochas onde vive-ram. É difícil imaginar que tudo isso sucedeu durante várias dezenas de milhares de anos sem nenhum avanço. Por que eles desenvolve-ram técnicas sofisticadas de caça e não aprenderam a montar a cavalo? Os arqueólogos costumavam crer que estes “Primitivos Humanos Mo-dernos” eram nômades, porém ago-ra os cientistas afirmam que eram sedentários, pelo menos durante longos períodos de tempo. Se assu-mirmos que isto é verdade, por que os Cro-Magnon viveram em caver-nas durante tanto tempo e não cons-truíram casas de pedra ou madeira? Por que levaram milhares de anos para domesticar cavalos, vacas e outros animais, e construir abrigos permanentes?

A Bíblia pode proporcionar um qua-dro no qual se pode responder estas perguntas. Os seres humanos (e o resto dos organismos) não estiveram na Ter-ra por tanto tempo. Lemos em Gênesis 11 que os pós-diluvianos se dispersa-ram depois de Babel, em clãs familia-res diferentes, sobre muitas áreas dos continentes. Parece que vários grupos continuaram habitando o Oriente Médio e a Península de Anatólia, e construí-ram cidades, desenvolveram sistemas completos de escrita, agricultura, e leis políticas e sociais. Os grupos que emi-graram para a Europa e norte da Ásia, fizeram frente a condições muito adver-

sas devido à Idade do Gelo, que prova-velmente retardou o desenvolvimento da agricultura, escrita e a construção de es-tabelecimentos permanentes. Talvez os Neandertais chegaram primeiro à Euro-pa e mais adiante os supostos Cro-Mag-non, sendo, ainda, ambos descendentes de Noé. Este cenário elimina a necessi-dade de longos períodos de tempo que se estendam por dezenas de milhares de anos para a chegada e a presença de seres humanos modernos na Europa. Uma cronologia curta, estendendo-se de algumas centenas a vários milhares de anos depois do Dilúvio de Gênesis pode explicar melhor a semelhança ge-nética entre os Cro-Magnon e os seres humanos atuais, muitos dos resultados arqueológicos e a cultura associada aos Cro-Magnon.

Esta interpretação sobre quem foram os Cro-Magnon e sua origem, é uma pos-sibilidade dentro de um ponto de vista cria-cionista e pós-diluviano. Mais resultados, investigação e estudo adicional ajudarão a esclarecer quem foram estes grupos de pessoas e o quê lhes sucedeu. Enquanto isso, não devemos convertê-los em tema de dogma cientifico ou de fé religiosa.

REfERÊNCIAS1. http:// anthropology.si.edu/HumanOrigins/há/

cromagnon.html.2. mtDNA é o DNA encontrado na mitocôndria

das células eucarióticas, inclusive de seres hu-manos. Ele difere do DNA encontrado nos cro-mossomos do núcleo da célula, em tamanho, forma e função.

3. Caramelli, D., Milani, L., Vai, S., Modi, A., Pec-chioli, E., Girardi, M., Pilli, E., Lari, M., Lippi, B., Ronchitelli, A., Mallegni, F., Casoli, A., Bertorelle, G. And Barbujani, G., 2008. "A 28.000 Years Old Cro-Magnon mtDNA Sequence Differs from All Potencially Contaminating Modern Sequences." PLoS ONE, 3(7), e2700.

4. Mellars, P., 206. "A new radiocarbon revolution and the dispersal of modern humans in Eura-sia." Nature, 439(7079), 931-935.

De 15 a 18 de janeiro de 2009, no campus São Paulo da UNASP (Centro Universitário Adventista de São Paulo), Brasil, aconteceu o 6º Encontro Nacional de Criacionistas, so-bre “Evidências e Especulações sobre as Origens”. O evento foi especialmente dirigido para docentes, universitários e estudantes de nível médio, líderes religiosos, e pesqui-

sadores. Foi organizado pela Dra. Márcia Oli-veira de Paula e seus colaboradores, docen-tes e administradores do UNASP (SP), sob o patrocínio do NEO: Núcleo de Estudos das Origens (UNASP) e pela UNASP-São Paulo.

Mais de 250 participantes puderam escutar e participar de discussões e diá-logos com os expositores (pesquisadores

do GRI e do Brasil), de uma variada e atualizada temática: o Dr. Jim Gibson (di-retor do GRI, com sede central em Loma Linda, Califórnia) dissertou, na cerimônia inaugural, sobre a natureza da ciência; o Dr. Raúl Esperante (GRI-Loma Linda, Ca-lifórnia) apresentou os variados e insatis-fatórios modelos de explicação da origem

PESQUISADORES DO GRI PARTICIPAM DO CONGRESSO CRIACIONISTA

EM SÃO PAULO, bRASILDr. Roberto E. Biagi

(Sede Sul-americana do GRI na UAP)

Nº 17 Ciências das Origens 11

da vida a partir da perspectiva naturalista, como também modelos para a origem e extinção dos dinossauros. Seguindo com as Ciências da Terra, o Dr. Ronny Nalin (GRI-Loma Linda, Califórnia) apresentou os padrões de registro fóssil e seu signi-ficado para o desenvolvimento da crosta terrestre. Várias apresentações mostra-ram indícios que justificam um modelo catastrófico pra o desenvolvimento de uma boa parte da coluna geológica. O Dr. Nalin mostrou como os grandes depósi-tos sedimentares e processos associados desafiam o uniformismo geológico. O Dr. Nahor Neves de Souza Jr. (GRI-UNASP-Campus EC), apresentou possíveis even-tos para o início e final de uma grande catástrofe, e o Dr. Roberto E. Biaggi (GRI-UAP, Argentina), falou sobre algumas evi-dências paleontológicas de catastrofismo (Fig. 1). O Dr. Biaggi também teve duas apresentações com o tema "Fé, Ciência e Bíblia: razões para confiar", no sábado pela manhã no templo central do campus UNASP-São Paulo para todos os mem-bros da comunidade.

Na sexta-feira de tarde o Dr. Ben Clau-sen (GRI-Loma Linda, CA) apresentou um tema sempre esperado e controvertido sobre a datação radiométrica e o tempo, mostrando como os criacionistas tratam o assunto tão difícil, e no encerramento do evento ele fez uma apresentação muito es-pecial e alentadora sobre como crer apesar da incerteza.

Por sua vez, vários colegas de várias instituições brasileiras apresentaram uma série de colocações de relevante atua-lidade: O Dr. Urias Echterhoff Takatohi, UNASP-SP: "A Bíblia e o mundo físico"; o Dr. Wellington Silva, IAENE: "Gênesis, ge-nes e etnias"; o Dr. Yuri Tandel, Geoinform: "Algumas evidências pró e contra o criacio-nistmo"; o Prof. Enézio E. de Almeida Filho, Núcleo de Design Inteligente, Brasil: "Al-guns aspectos de mérito científico da teoria do design inteligente".

Os assistentes puderam formular per-guntas aos conferencistas, e formou-se um painel de expositores que debateu e res-pondeu perguntas do público em relação à temática: "Evidências e Especulações so-bre as Origens" (Fig. 2).

A Sociedade Criacionista Brasileira, com a presença e nas palavras de seu fundador Dr. Ruy Carlos de Camargo Vieira, lançou uma nova publicação: "Criação – Criacionis-mo Bíblico", e para alegria dos participantes foram presenteadas várias de suas publica-ções. A seguir, num evento muito emocio-nante para a instituição, os participantes puderam celebrar a inauguração do futuro Museu de Ciências Naturais da UNASP.

Os apresentadores e um grupo de alu-nos de pós-graduação, interessados em Ci-ências das Origens, puderam participar de uma excursão ao final do encontro.

CURSO SOBRE O ENSINO DA CRIAÇÃO E EVOLUÇÃO

O Geoscience Research Institute de Loma Linda e sua filial na UAP, Argentina, estão organizando nas escolas adventistas um curso intensivo sobre o ensino re-lacionado com as origens. O curso será oferecido em dois locais, em Fevereiro de 2009 conforme explicitado abaixo. Para mais informações, entrar em contato com o Dr. Roberto Biaggi pelo email: rebiaggi@ gmail.com.

• 11-12 de fevereiro, na Universidad Adventista del Plata (Argentina) • 15-18 de fevereiro, na Universidad Peruana Unión (Peru)

Figura 1. Pesquisadores do GRI Ronny Nalin (segundo a partir da esquerda para a direita), e Ro-berto Biaggi (centro), respondem perguntas do público após as suas apresentações, em um pai-nel dirigido por Rui Corrêa Vieira (Sociedade Criacionista Brasileira), com a participação do Prof. Enios Carlos Duarte (UNASP-SP) e a organizadora do evento, Dra. Márcia Oliveira de Paula.

Figura 2. Membros da mesa redonda debatem o tema Evidências e Especulações sobre as Ori-gens. Dirige a palavra o geólogo Dr. Marcos Natal de Souza Costa (UNASP-SP) que junto com seus colegas fizeram curtas apresentações e logo conduziram um debate muito proveitoso e responderam perguntas e comentários do público.

Figura 3. Participantes da excursão geo-paleontológica (liderada pelos Drs. Souza Costa e Tan-del, a direita na foto) posam na Cratera Cruzeiro onde afloram sedimentos da formação Irati, do Permiano Superior. Os visitantes puderam encontrar nesses folhetos escuros restos dos famosos mesossauros, evidência do supercontinente Gondwana.

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Após receber a comunicação de confirmação de seu pedido, favor efetuar o depósito do valor respectivo, em uma das contas bancárias da Sociedade Criacionista Brasileira, a seguir:

Banco BradescoAgência 241-0

Conta Corrente 204874-4

Banco do BrasilAg. 1419-2

Conta Corrente 0007643-0

Posteriormente nos encaminhe o comprovante do depósito via fax: (61)3468-3892 ou o recibo escaneado via nosso e-mail: [email protected] ou cópia xerox via postal para o seguinte endereço:

Sociedade Criacionista BrasileiraCaixa Postal 08743

70312-970 – Brasília DF BRASIL

Ao recebermos o comprovante de depósito, procederemos a remessa do material solicitado.

Quanti-dade

Có-digo

Descrição Preçounitário

Preço total (R$)

FC-68 Revista Criacionista nº 68 8,00

RC-69 Revista Criacionista nº 69 10,00

RC-70 Revista Criacionista nº 70 10,00

RC-71 Revista Criacionista nº 71 10,00

RC-72 Revista Criacionista nº 72 10,00

RC-73RC-74 Revistas Criacionistas nº 73 e 74 10,00

RC-75RC-76 Revistas Criacionistas nº 75 e 76 10,00

RC-77RC-78 Revistas Criacionistas nº 77 e 78 10,00

RC-79RC-80 Revistas Criacionistas nº 79 e 80 10,00

SUB-TOTAL (Soma de todas as importâncias da solicitação)

Caso queira receber o material por SEDEX, o valor do acréscimo será de no mínimo R$ 25,00 ou 20% do total do pedido, o maior dos dois valores. Para entregas normais nenhum valor de postagem será acrescentado.

TOTAL (Soma total do pedido a ser depositado na conta corrente conforme descrição ao lado)

Formulário de Solicitação de Publicações da SCB:Nome:________________________________________________________________________________________________ Sr., Sra., Srta.Endereço: _______________________________________________________________________________________________________________CEP: ________________-_______ Cidade: ________________________________ Estado: ___________________ País: ____________________Telefone ou FAX para contatos eventuais: Tel: (____)-_______________ Fax (____)-_______________e-mail:__________________________________________________________________________________________________________________

“CIÊNCIAS DAS ORIGENS” é uma publicação semestral do Geoscience Research Institute, situado no

Campus da Universidade de Loma Linda, Califórnia, U.S.A.

A Divisão Sul-Americana da Igreja Adventista do Sétimo Dia provê recursos para que esta edição em português de "Ciências das Origens" chegue gratuitamente a professores de cursos superiores interessados no estudo das origens. Interessados no recebimento de números anteriores, em forma impressa, ainda disponíveis, deverão solicitá-los

encontram-se disponibilizadas no site www.scb.org.br em formato PDF.

Projeto e diagramação: Katherine ChingSite: http://www.grisda.org e-mail: [email protected]

DiretorJames Gibson

EditorRaul Esperante

SecretáriaCarol J. Olmo

A OPINIÃO DO LEITOR

Na revista Ciências das Origens queremos ouvir a opinião dos leitores. Façam-no chegar seus comentários sobre os artigos publicados, ou sua colaboração para possíveis artigos. Os comentários devem ser pertinentes e

Pode-se utilizar a página do GRI na in-ternet: http://www.grisda.org para en-viar suas contribuições, que serão avalia-das pela nossa equipe.

Conselho EditorialBen Clausen James Gibson

Ronald Nalin

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bancário em nome da Sociedade Criacionista Brasileira, Banco Bradesco, Agência 241-0 conta corrente 204.874-4 ou Banco do Brasil, Agência 1419-2, conta corrente 7643-0, para o pagamento do porte postal, no valor de R$ 10,00.

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