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FÓRUM SOCIAL TEMÁTICO GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO COMISSÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE IGUALDADE RACIAL Contextualização do campo SAÚDE DA POPULAÇÃO NEGRA Enfermeira Junara Ferreira Porto Alegre, 30 de janeiro de 2013

Apresentação Fsm 2013 Ceppir

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Apresentação sobre o campo de saúde da população negra.

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  • FRUM SOCIAL TEMTICOGRUPO HOSPITALAR CONCEIOCOMISSO DE POLTICAS PBLICAS DE IGUALDADE RACIAL Contextualizao do campoSADE DA POPULAO NEGRAEnfermeira Junara FerreiraPorto Alegre, 30 de janeiro de 2013

  • CAMPO DE SADE DA POPULAO NEGRA[denuncia das] desigualdades raciais e [tentativa de] entender por que o mito da democracia racial ainda estava vivo e era aceito de maneira geral. Em um pas com enormes desigualdades scio-econmicas, era difcil para os negros compreender que suas condies de vida precrias eram resultantes tambm da discriminao racial. Isso comeou a mudar devido crescente visibilidade de um ativo Movimento Negro, presena de um pequeno grupo de intelectuais negros e artistas que freqentemente levantavam o assunto (HERINGER, 2000, p. 58). O Estado passa a ser alvo das reivindicaes, pois o movimento social negro, assim como outros movimentos sociais, tem entendimento sobre o papel dele enquanto entidade gerenciadora da vida. Aps essas denuncias demonstra uma maior abertura para o dilogo sobre o racismo aps inmeras movimentaes das entidades do movimento social negro e da cobrana de organismos internacionais (MAIO e MONTEIRO, 2005).

  • CAMPO DE SADE DA POPULAO NEGRASegundo Werneck (2010) o conceito de sade da populao negra est ancorado em trs aspectos importantes: a poltica, a cincia e a cultura afro-brasileira. Alm disso, destaca trs aspectos dos processos de sade e doena desta populao: o racismo (que influencia direta e indiretamente as condies de vida e sade; incluindo o racismo institucional); vulnerabilidade diferenciada a determinados agravos ou doenas e o aprendizado e vivncia das culturas e tradies afro-brasileiras.

  • CAMPO DE SADE DA POPULAO NEGRAO racismo no Brasil um fenmeno complexo, scio-cultural e, portanto, coletivo. A sociedade que nega o direito natural de pertencimento, coloca o negro brasileiro em condio de vulnerabilidade. A cor que algum se atribui confirmada ou negada pelo olhar do outro. Porque ela faz parte intrnseca da pessoa, tanto quanto seu sexo e seu nome. um definidor tanto de sua individualidade, quanto de sua identidade oficial, pblica e/ou privada (Lopes, F., 2002).Do ponto de vista da Sade, conhecer como se comportam os agravos dentro da perspectiva tnico-racial de fundamental importncia uma vez que poder influir na forma de pensar e fazer as polticas pblicas desta rea.

  • RACISMO INSTITUCIONAL

    fracasso coletivo de uma organizao para prover um servio apropriado e profissional para as pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem tnica. Ele pode ser visto ou detectado em processos, atitudes e comportamentos que totalizam em discriminao por preconceito involuntrio, ignorncia, negligncia e estereotipao racista, que causa desvantagens a pessoas de minoria tnica (GOULART e TANNS, 2007 p. 71-72; KALCKMANN e SANTOS, 2007).

  • PROCESSO CONSTRUTIVO DA PNSIPNO contexto da dcada de 1990 foi cenrio importante para a reivindicao de inmeros movimentos sociais, que aps anos de ditadura, conseguem discutir suas pautas com o Estado e com a Sociedade. importante frisar o papel do Estado como agente de polticas pblicas.

    O Estado passa a ser alvo das reivindicaes, pois o movimento social negro, assim como outros movimentos sociais, tem entendimento sobre o papel dele enquanto entidade gerenciadora da vida. Aps essas denuncias demonstra uma maior abertura para o dilogo sobre o racismo aps inmeras movimentaes das entidades do movimento social negro e da cobrana de organismos internacionais (MAIO e MONTEIRO, 2005).

    uma das primeiras aes do Estado, no que tange a questo racial, foi o Dcimo Relatrio Relativo Conveno Internacional sobre a Eliminao de Todas as Formas de Discriminao Racial (1996) que enviado s Naes Unidas, admite a existncia da discriminao racial em todas as instncias sociais.

  • PROCESSO CONSTRUTIVO DA PNSIPN A pauta sobre a questo racial se insere na agenda do Estado brasileiro iniciando uma discusso tmida sobre polticas focadas no enfrentamento e superem das desigualdades raciais em distintas reas de atuao governamental. Na rea da sade o debate inicia com a mobilizao do movimento de mulheres negras, que realizaram um trabalho poltico e cientfico que data do comeo da dcada de 1990 realizado a muitas mos, oriundas de diferentes setores

    A temtica de sade da populao negra toma corpo com a discusso sobre aes afirmativas.

    Entende-se por ao afirmativa polticas pblicas que objetivam corrigir uma histria de desigualdades e desvantagens sofridas por um grupo racial (ou tnico), diante a um Estado nacional que o discriminou negativamente. A motivao para tais polticas a conscincia de que essas desigualdades tendem a se perpetuar se o Estado continuar utilizando os mesmos princpios ditos universalistas com que tem operado at agora na distribuio de recursos e oportunidades para as populaes que contam com uma histria secular de discriminao (CARVALHO, 2005).

  • PROCESSO CONSTRUTIVO DA PNSIPNS a partir do debate sobre polticas de ao afirmativa no governo Fernando Henrique Cardoso incluiu-se um captulo relativo sade da populao negra, quando da criao do Grupo de Trabalho Interministerial para a Valorizao e Promoo da Populao Negra, por decreto presidencial no dia 20 de novembro de 1995, ocasio de uma homenagem aos 300 anos de Zumbi dos Palmares. Essa iniciativa veio no bojo da elaborao do Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDC) do governo federal, lanado em 1996 (MAIO e MONTEIRO, 2005, p. 438).

    Iniciativas estatais atreladas a documentos.

    III Conferncia Mundial contra o Racismo, Xenofobia e formas Correlatas de Intolerncia, ocorrida em Durban, frica do Sul, no ano de 2001. O Estado brasileiro, preparando-se para participar da Conferncia, realizou um amplo estudo investigativo sobre a questo racial em diversas reas e constatou o alto grau de desigualdade entre brancos e no-brancos

  • PROCESSO CONSTRUTIVO DA PNSIPNNo ano de 2003, houve a construo da Secretaria Especial de Promoo de Polticas de Igualdade Racial (SEPPIR), ligada Presidncia da Repblica. Paralelamente temos uma intensificao da discusso sobre desigualdades tnico-raciais na sade levando a constituio do Comit Tcnico Sade da Populao Negra integrado ao Ministrio da Sade e SEPPIR.

    Elaborao e implementao legal da intitulada Poltica Nacional de Sade Integral da Populao Negra (PNSIPN) - instrumento que tem por objetivo combater a discriminao tnico-racial nos servios e atendimentos oferecidos no Sistema nico de Sade, bem como promover a eqidade em sade da populao negra (BRASIL, 2007).

  • APONTAMENTOS PARA O SUS Dar visibilidade aos agravos prevalentes na populao negraArticulao e fortalecimento das aes de ateno s pessoas com doena falciforme, incluindo a reorganizao, qualificao e humanizao do processo de acolhimento, do servio de dispensao na assistncia farmacutica, contemplando a atenodiferenciada na internao.Qualificao e humanizao da ateno sade da mulher negra, incluindo assistncia ginecolgica, obsttrica, no puerprio, no climatrio e em situao de abortamento.Fortalecimento da ateno sade mental de mulheres e homens negros, em especial aqueles com transtornos decorrentes do uso de lcool e outras drogas.

  • APONTAMENTOS PARA O SUS Dar visibilidade aos agravos prevalentes na populao negra

    Principais doenas na populao negra: Anemia Falciforme DM Deficincia heptica Hipertenso e doenas cardacas Hipertenso na gravidez

    Realizao de capacitaes priorizando os agravos mais prevalentes na populao negra

    Qualificao dos profissionais de sade

    Publicizao dos resultados dos trabalhos desenvolvidos

  • PROPOSTAS DE AES NO SUSAES EDUCATIVAS.SENSIBILIZAO E CAPACITAO DE PROFISSIONAIS DE SADE .QUESITO COR NOS DOCUMENTOS E SISTEMAS DE INFORMAO DO SUS.PARCERIAS Ex: os terreiros e outros espaos de religies de matriz africana so importantes possibilidades de parcerias para atividades educativas em sade. PRODUO DE CONHECIMENTO sobre sade da populao negra, baseados nos dados epidemiolgicos construo de polticas pblicas especficas.

  • PRINCIPAIS DOENAS E AGRAVOS NA POPULAO NEGRA

  • HIPERTENSO ARTERIAL

    Hipertenso arterial definida como a elevao permanente da presso arterial acima de valores considerados normais. Atualmente considera-se hipertenso arterial um valor de presso arterial sistlica igual ou superior a 140 mmHg ou presso arterial diastlica igual ou superior a 90 mmHg. A principal conseqncia da HAS o aumento do risco para o desenvolvimento de doenas cardiovasculares, sendo responsvel por 40% das mortes por AVE e 25% dos bitos por doena arterial coronariana. s nveis elevados de presso arterial esto relacionados a uma menor expectativa de vida. Assim a hipertenso tem elevado custo mdico-social por ser um fator de risco importante para doena cardiovascular, cerebrovascular, insuficincia cardaca, insuficincia renal e aterosclerose perifrica.

  • HIPERTENSO ARTERIAL

    A principal causa de morte em adultos no Brasil so as doenas vasculares e circulatrias. A hipertenso arterial mais freqente, se inicia mais precocemente e apresenta uma evoluo mais grave na populao negra.

    No Brasil, as doenas hipertensivas constituem a principal causa de morte materna, responsveis por um tero dessas mortes. Toda gestante deve ter a presso arterial verificada sempre que for consulta de pr-natal. Embora a hipertenso arterial seja uma doena crnica e sem cura, ela perfeitamente controlvel com a educao em sade que promova na gestante a adoo de um estilo de vida saudvel e com medicamentos pres-critos por mdico(a), se necessrio.

  • DIABETES MELLITUSDiabetes mellitus (tipo II) uma doena metablica caracterizada por um aumento anormal do aucar ou glicose no sangue. A glicose a principal fonte de energia do organismo porm, quando em excesso, pode trazer vrias complicaes sade como ataque cardaco, derrame cerebral, insuficincia renal, problemas na viso (glaucoma), amputao de membros inferiores e leses de difcil cicatrizao, dentre outras complicaes. prevalente na populao negra. As negras tm 50% a mais de chances de desenvolver diabetes que as brancas. Na populao diabtica, a hipertenso arterial duas vezes maior que na populao geral. Mulheres portadoras de diabetes esto mais expostas gravidez de alto risco.

  • MORTE MATERNA EM MULHERES NEGRAS

    Morte materna a morte de uma mulher durante a gravidez, no parto ou at 42 dias aps o trmino da gestao, independentemente da durao ou da localizao da gravidez. So tambm mortes maternas aquelas ocorridas por conseqncia de aborto espontneo ou aborto inseguro. Estudos publicados indicam que a morte materna por toxemia gravdica (a primeira causa de morte materna no Brasil) mais freqente entre as mulheres negras. Eles revelam que a taxa das mulheres negras quase seis vezes maior do que a de mulheres brancas. As causas de morte materna esto relacionadas predisposio biolgica das negras para doenas como a hipertenso arterial, fatores relacionados dificuldade de acesso e baixa qualidade do atendimento recebido e a falta de aes e capacitao de profissionais de sade voltadas para os riscos especficos aos quais as mulheres negras esto expostas.

  • ANEMIA FALCIFORMEAnemia falciforme o nome dado a uma doena hereditria que causa a malformao das hemcias, que assumem forma semelhante a foice (de onde vem o nome da doena), com maior ou menor severidade de acordo com o caso, o que causa deficincia do transporte de oxigenio nos indivduos acometidos pela doena.A anemia falciforme a doena gentica mais comum do Brasil. Trata-se de uma doena hereditria que apresenta maior prevalncia na populao negra. A OMS tambm afirma que, no Brasil, 25% dos falcmicos sem assistncia especfica morrem antes dos 5 anos de idade. A melhor estratgia para a ateno anemia falciforme o diagnstico e cuidado precoce.Mulheres portadoras de anemia falciforme apresentam maior risco de abortamento e complicaes durante o parto (natimorto, prematuridade, toxemia grave, placenta prvia e descolamento prematuro de placenta entre outros). Como esta doena mais prevalente entre as negras, elas esto expostas a um maior risco durante a gravidez e, portanto, necessitam de um acompanhamento mais intensivo.

  • OBRIGADA!

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