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FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS FINEP Procedimentos Metodológicos para Aplicação da Avaliação Pós- Ocupação em Conjuntos Habitacionais: do Desenho Urbano à Unidade Habitacional APRESENTAÇÃO GERAL VOLUME 1 NÚCLEO DE PESQUISA EM TECNOLOGIA DA ARQUITETURA E URBANISMO – NUTAU FUNDAÇÃO PARA A PESQUISA AMBIENTAL - FUPAM Agosto de 1999

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FINANCIADORA DE ESTUDOS E PROJETOS

FINEP

Procedimentos Metodológicos para

Aplicação da Avaliação Pós-

Ocupação em Conjuntos

Habitacionais: do Desenho Urbano à

Unidade Habitacional

APRESENTAÇÃO GERAL

VOLUME 1

NÚCLEO DE PESQUISA EM TECNOLOGIA DA

ARQUITETURA E URBANISMO – NUTAU

FUNDAÇÃO PARA A PESQUISA AMBIENTAL - FUPAM

Agosto de 1999

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

1

EQUIPE TÉCNICA • Coordenador Geral da Pesquisa Prof. Dr. Marcelo de Andrade Roméro • Vice-Coordenadora Profa. Dra Sheila Walbe Ornstein • Consultor em Conforto Ambiental Arq. Nelson Solano Vianna

Grupos Específicos • APO Aspectos Construtivos Prof. Dr. Marcelo de Andrade Roméro Prof. Dr. João Roberto Leme Simões Prof. Dr. Wanderley John • Segurança contra Incêndio Arqta. Dra. Rosária Ono – IPT Prof. Dr. Ualfrido Del Carlo • APO Aspectos Funcionais Prof. Dra. Sheila Walbe Ornstein • APO das Áreas Livres Profa. Dra. Gilda Collet Bruna • APO Conforto Ambiental Arq. Nelson Solano Vianna Estagiárias: Arqta. Ana Helena Guglielmetti Arqta. Lúcia F. S. Pirró Dilonardo • Avaliação Econômica Prof. Dr. Khaled Ghoubar • Estatística Profa. Dra. Suzana Pasternak Taschner • Tabulação de Dados Arqto. Antero de Oliveira Cruz • Organização dos Volumes Arqta. Varlete Aparecida Benevente Arqto. Nelson Solano Vianna Arqta. Lucia Pirró Dilonardo • Alunos de Pós-Graduação Arqta. Anelis Napoleão Campos Tisovec Arqto. Claudio Eduardo Saunorins Bueno Arqta. Cleide Torralbo Unello Arqta. Elisete Fátima Gambardella Arqto. Evaldo Nogueira Arqto. Fábio Mello Arqto. Irving Montanar Franco

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Volume I – Apresentação Geral

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Arqto. Isao Watanabe Arqto. Ivan Francisco T. Esquivel Arqta.Jane de Souza Silva Arqta. Maria Francisca da Silva Arqta. Marisa Haddad Arqta. Mônica Amaral Piedade Arqta. Rosa Maria Locatelli Kalil Arqta. Roselene de Araújo M.F.Nogueira Arqta. Varlete Aparecida Benevente • Video Produção: VideoFau Direção: Luiz Bargmann Roteiro: Aurélio Macedo Imagens: Antonio G. da Silva, Mauricio Ferreira, Luiz Bargmann, André Santos Edição: Clara Bueno Computação Gráfica: André Almada e Sergio Lugan Locução: Thereza Corbett Garçez Músicas: Edy Rock, Brown, Ice Blue e Racionais MC’s Apoio: Estúdio de áudio do CTR da Escola de Comunicações e Artes da USP • Estagiários Antonio Carlos Pompeo de Camargo Neto Denise Satiko Ikeda Ivata Soraya Rodrigues • Secretária: Maria Cristina Luchesi de Mello

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Volume I – Apresentação Geral

3

AGRADECIMENTOS

No Brasil

FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos, pela viabilização da

pesquisa e pelo suporte financeiro.

CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do

Estado de São Paulo, pela concessão de dados e materiais.

FUPAM - Fundação para a Pesquisa Ambiental, pela gestão

financeira e administrativa, em especial à administradora Sra.

Cleide Gato Dutra e às funcionárias Ellen Ferreira e Silvana dos

Santos Teodoro.

NUTAU USP - Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e

Urbanismo da Universidade de São Paulo, por todo o apoio

logístico, em especial à secretária Maria Cristina Luchesi de Mello.

FAU - USP - Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade

de São Paulo, AUT - Departamento de Tecnologia da Arquitetura e

Urbanismo, pelo apoio logístico e ao VIDEOFAU, pelo apoio na

produção do vídeo decorrente da pesquisa.

PRÓ-REITORIA DE PESQUISA DA USP - pelo suporte financeiro para

aquisição de equipamentos.

AOS ALUNOS da disciplina de pós-graduação da FAU-USP AUT-805

Avaliação Pós-Ocupação das Edificações (1996 e 1997), pela

colaboração na elaboração, na aplicação dos instrumentos de

coleta de dados e na tabulação dos dados obtidos.

AOS MORADORES que permitiram a entrada em suas casas e pela

gentileza de fornecerem dados pessoais e comportamentais de

suas famílias.

No Exterior

• Estados Unidos

Ao Prof. Dr. Robert B. Bechtel, Department of Psychology, University

of Arizona, Tucson.

À Profa. Dra. Susan Saegert, Center for Human Environments, City

University of New York.

• Holanda

Ao Prof. Theo J. M. Van Der Voordt, Faculty of Architecture, Delft

University of Technology.

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

4

VOLUME I

Procedimentos Metodológicos para Aplicação da Avaliação Pós-Ocupação - APO em Conjuntos Habitacionais: do Desenho Urbano à Unidade Habitacional

APRESENTAÇÃO GERAL

Esta parte inicial da pesquisa apresenta e analisa os procedimentos

metodológicos gerais adotados, descreve o estudo de caso

Conjunto Habitacional Jardim São Luis, as técnicas de amostragem utilizadas,

além de apresentar extensa bibliografia nacional e internacional sobre o tema.

Também apresenta os sumários dos volumes subsequentes.

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

5

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO GERAL DA PESQUISA......................................... 07

1.1 Conjuntos Habitacionais de Interesse Social - à Guisa de

Introdução................................................................................

1.2 Desenvolvimento e Habitação.............................................

1.3 Estrutura Básica da Pesquisa.................................................

1.4 Justificativas para o Projeto...................................................

1.4.1 Justificativas gerais........................................................

1.4.2 Justificativas específicas...............................................

1.5 Objetivos Gerais e Específicos do Projeto...........................

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22

22

22

23

2. ESTADO DA ARTE DA APO............................................................. 27

2.1 Formulação do Problema e Conceituação de APO........

2.2 A APO no Campo Internacional e Nacional e a APO

Aplicada em Conjuntos Habitacionais..............................

2.3 A APO na FAUUSP/ NUTAU-USP.............................................

28

31

33

3. DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO - JARDIM SÃO LUIS I............

3.1 Características Gerais do Distrito São Luís...........................

3.2 Características Gerais do Empreendimento.......................

3.2.1 População atendida....................................................

3.2.2 Equipamentos sociais do entorno...............................

3.2.2.1 Equipamentos de Bem Estar Social ...............

3.2.2.2 Educação.........................................................

3.2.2.3 Saúde ................................................................

3.2.2.4 Cultura e Esporte..............................................

3.2.3 Conjunto Habitacional Jardim São Luís -

abrangência da proposta..........................................

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47

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50

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS GERAIS E ESPECÍFICOS....

4.1 Métodos e Técnicas...............................................................

4.1.1 Roteiro Metodológico Utilizado..................................

4.2 Critérios de Desempenho Utilizados como Parâmetros

para Avaliação Técnica .....................................................

4.3 Definição do Universo da Pesquisa em Relação à

Totalidade do Conjunto Habitacional São Luís.................

4.3.1 Determinação da Amostragem .................................

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Volume I – Apresentação Geral

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4.3.1.1 Sistema de referências....................................

4.3.1.2 Cálculo do tamanho da amostra..................

4.3.1.3. Processo de amostragem..............................

4.4 Elaboração e Aplicação dos Instrumentos - Coleta de

Dados.......................................................................................

4.5 O Pré-Teste...............................................................................

4.6 Aplicação do Questionário Definitivo..................................

4.7 Sistematização e Tratamento dos Dados............................

4.8 Cruzamento entre Respostas................................................

4.9 Construção de Mapas Comportamentais..........................

4.10 Aplicação de Checklist Técnico ........................................

4.11 Discussão sobre Métodos, Técnicas e Conclusões..........

63

63

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68

68

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5. ESTRUTURA BÁSICA E BREVE RELATO DOS DEMAIS VOLUMES

QUE COMPÕEM A APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS.............

77

6. BIBLIOGRAFIA................................................................................. 88

ÍNDICE REMISSIVO............................................................................. 93

ANEXOS.............................................................................................. 95

1. Modelo de Questionário Aplicado...........................................

2. Versão Compactada da tabulação de dados dos

questionários aplicados à população oriunda de favela

(OF=LF) .........................................................................................

3. Versão Compactada da tabulação de dados dos

questionários aplicados à população oriunda das

inscrições regulares (IR=LE)da CDHU........................................

4. Diagrama de Paretto (LF/OF) por item ou temática..............

5. Diagrama de Paretto (LF/OF) geral..........................................

6. Diagrama de Paretto (IR/LE) por item ou temática................

7. Diagrama de Paretto (IR/LE) geral............................................

8. Relatório Técnico de Visitas Realizadas pela Profa. Dra.

Sheila W. Ornstein aos Estados Unidos......................................

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Volume I – Apresentação Geral

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1.

APRESENTAÇÃO GERAL

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

8

1. APRESENTAÇÃO GERAL

Este volume tem como objetivo apresentar de forma panorâmica a pesquisa

intitulada: “Procedimentos Metodológicos para a Aplicação da Avaliação Pós-

Ocupação (APO) em Conjuntos Habitacionais: do Desenho Urbano à Unidade

Habitacional”, que contou com recursos do FNDCT/FINEP.

A pesquisa em questão foi desenvolvida utilizando como estudo de caso o

Conjunto Habitacional Jardim São Luís ocupado a partir de 1993, situado na região

sudoeste do município de São Paulo (Administração Regional do Campo Limpo), e

executado pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado

de São Paulo - CDHU, com unidades habitacionais em edifícios iguais, modelo “H”,

com quatro pavimentos e oito apartamentos cada.

Especificamente, foram considerados nesta pesquisa não somente as unidades

habitacionais e seus edifícios, mas também sua circunvizinhança, a infraestrutura, os

serviços, a escola e as áreas livres do conjunto.

Este trabalho desenvolve, então, uma pesquisa teórico-prática, com a aplicação

dos conceitos e dos procedimentos metodológicos de avaliação pós-ocupação,

objetivando avançar no seu aprimoramento, experimentando técnicas pouco

empregadas nas APOs já desenvolvidas, possibilitando a obtenção de resultados

mais precisos e abrangentes. Tais procedimentos estarão sempre levando em

consideração, além da avaliação de desempenho técnico dos edifícios eleitos a

satisfação de seus usuários em relação aos aspectos priorizados.

Adotou-se basicamente os seguintes procedimentos: aplicação de questionários

junto aos usuários dos edifícios estudados, entrevistas junto aos técnicos da

companhia habitacional, mapas comportamentais (e de atividades) aplicados às

áreas livres, vistorias técnicas, medições "in loco" e grupos focais para o caso das

crianças da escola.

Pretende-se, neste primeiro volume, situar a questão da habitação social, além de

apresentar o estado da arte da APO, elencando os principais métodos e técnicas

de avaliação aplicáveis em conjuntos habitacionais de interesse social típico de

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Volume I – Apresentação Geral

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regiões metropolitanas brasileiras.

Apresenta também a descrição do estudo de caso, os objetivos gerais propostos e

os procedimentos metodológicos aplicados, muito embora cada uma das sub-

áreas de pesquisa deverá apresentar os métodos, técnicas e resultados, adotados e

obtidos para o seu caso específico.

Desta forma, o volume I, além de apresentar a estrutura básica do trabalho,

também mostrará um breve resumo da produção de cada uma das sub-áreas de

avaliação priorizadas para o desenvolvimento desta pesquisa.

Contém ainda, em anexo, o principal conjunto de dados tabulados a respeito da

satisfação dos moradores, na forma de gráficos e diagramas de Paretto, os quais

subsidiam as análises comportamentais e conclusões de todas as sub-áreas, bem

como um relato sucinto do primeiro e do segundo conjunto de visitas técnicas

realizadas nos EUA (em outubro de 1997 e março de 1998 respectivamente).

Para a apresentação dos resultados gerais foi adotado o mesmo princípio de

divisão temática adotado na estruturação da pesquisa (ver item 1.4 "Estrutura da

Pesquisa"), ou seja, estes estão organizados de tal maneira que cada uma das sub-

áreas de estudo priorizadas estão apresentadas de forma independente em

volumes específicos, a saber:

• Volume 1 - APRESENTAÇÃO GERAL

• Volume 2 - APO - ASPECTOS FUNCIONAIS E ÁREAS LIVRES

• Volume 3 - APO - ASPECTOS CONSTRUTIVOS

• Volume 4 - APO - CONFORTO AMBIENTAL

• Volume 5 - AVALIAÇÃO ECONÔMICA

• Volume 6 - APO - EQUIPAMENTO COMUNITÁRIO - ESCOLA

• Volume 7 - APO - RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES

Fazem parte ainda dos produtos, resultantes desta pesquisa, uma fita de vídeo e um

"CD ROM", banco de dados que colaboram de forma decisiva na divulgação dos

resultados da pesquisa no meio acadêmico e profissional, possibilitando uma rápida

transferência deste conhecimento para avaliações e pesquisas futuras.

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Volume I – Apresentação Geral

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Destaca-se em especial, o cumprimento de todos os objetivos e das etapas

propostas no projeto de pesquisa junto à FINEP. Entende-se, inclusive, que os

resultados obtidos e a profundidade dos conteúdos de cada sub-área

extrapolaram os objetivos iniciais da pesquisa, o que gerou análises e resultados até

então nunca demonstrados nas aplicações da APO no Brasil como é o caso, por

exemplo, da avaliação econômica.

1.1 Conjuntos Habitacionais de Interesse Social - à guisa de introdução

A questão da habitação de interesse social vem sendo focalizada principalmente

como a necessidade de abrigo. Fica claro para todos que essa é uma necessidade

vital, mas também é preciso entender que o homem como um ser que sobrevive

em sociedade, não pode dispensar outras características que são inerentes a sua

cidadania, e portanto, a sua necessidade habitacional. Por isto, como mostram

Lloyd RODWIN e Bishwapriya SANYAL 1 a necessidade de abrigo vem sendo tratada

em termos do respectivo assentamento humano e conseqüente desenvolvimento

da região e do país.

Por isto, observam Rodwin e Sanyal, apesar dos esforços contínuos que vêm sendo

feitos em muitos países em prol de maior oferta habitacional, as condições das

famílias mais pobres continuam em significativa desvantagem, principalmente nos

países em desenvolvimento. As políticas habitacionais e seus projetos estão longe

de terem sido implementados, mostrando uma situação preocupante, onde ainda

existe uma força de exclusão social considerável, em que muitas famílias estão

longe de poderem incorporar-se aos avanços de desenvolvimento econômico,

social e cultural do país.

Há, entretanto, que avaliar a situação desses conjuntos habitacionais na realidade

atual, seu impacto em termos de habitação social irradiando nas vizinhanças e na

cidade, a satisfação de seus usuários e as eventuais demandas latentes. Como

deve ser um assentamento humano, o conjunto deve oferecer para essa

população, condições ambientais de qualidade, na qual ela possa cultivar e

mesmo melhorar sua cultura urbana, ou seja, seus hábitos de viver em comunidade,

1 RODWIN, L.; Edited. Shelter, Settlement and Development. Boston, Allen & Uniwin, 476 p, c.1987

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Volume I – Apresentação Geral

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exercendo seus direitos e respeitando os do próximo.

Entende-se assim que o ato de morar demanda um esforço considerável em termos

de educação social e ambiental, pedindo mudanças de comportamento em prol

da “construção” de uma comunidade em que cada membro usufrua das

vantagens oferecidas em seu conjunto habitacional e ao mesmo tempo contribua

para a manutenção dessas qualidades ambientais. Precisam assim, criar sua própria

cultura.

Com essas características é que se pode entender o que estes autores mencionam

como mudanças fundamentais que vêm sendo tomadas em relação à habitação

para os pobres, ou sejam, o fato de que “estas não mais vêm sendo consideradas

como problemas, mas sim como soluções extraordinariamente flexíveis e

ajustáveis”2 que devem ser compreendidas como uma fase de transição para uma

comunidade saudável, produtiva e eficiente.

A estas colocações podem-se somar algumas políticas públicas, como as que vêm

sendo desenvolvidas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e

Urbano do Estado de São Paulo), que oferecem diferentes oportunidades de

escolha para estas populações, seja habitar em conjuntos habitacionais feitos por

chamamento empresarial, seja naqueles construídos pelo processo de mutirão, em

que os interessados participam diretamente da fase de construção, e, mais

recentemente, pelo programa de atuação em cortiços 3.

É importante assinalar que, com o passar dos anos, houve uma total mudança na

maneira de encarar a questão habitacional, e o simples mencionar acima da

política desenvolvida pela CDHU agora em relação aos cortiços, já é um sinal de

que não há mais como desocupar as unidades insalubres, colocando as

populações em outros lugares, muitas vezes longe dos empregos disponíveis.

Atualmente os poderes públicos procuram muito mais respeitar o assentamento

existente, procedendo ao que se tem chamado de reurbanização de favelas e

cortiços.

Não deixa de ser fundamental, entretanto, rever a qualidade da própria unidade

habitacional, assim como do conjunto habitacional como um todo, para prevenir o

2 RODWIN, L. op. supra cit. p.5.

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Volume I – Apresentação Geral

12

surgimento de epidemias muito comuns em cortiços e em favelas, devido às parcas

condições ambientais em que se encontram. Eva Blay, em seu livro Eu Não Tenho

Onde Morar, destaca duas razões principais para a existência de epidemias: a

topografia e as condições de concentração de população nos locais em que

encontra facilidades para viver 4. Seus estudos focalizam 65 cortiços organizados de

diferentes maneiras, porém predominantemente em condições insalubres.

Essa qualidade ambiental tão louvada, prende-se às características de topografia e

movimentação de terra, drenagem e insolação propostos pelo projeto do conjunto

habitacional, por exemplo, mas também é dada pelo padrão dos espaços abertos

e respectivos detalhes de projeto e construção.

Os padrões que deveriam impor qualidades, tanto à unidade habitacional, como

ao assentamento em si, por vezes não são atingidos porque a seleção de material

de baixo custo tem levado a uma rápida deterioração e à ausência de

manutenção da qualidade. Esta análise vale também para a infra-estrutura, que na

grande maioria dos casos não é implantada, embora haja leis expressas

determinando que a venda de qualquer lote urbano só seja aprovada, quando o

loteamento já tiver construído a infra-estrutura prevista e aprovada pelo município.

Outras considerações podem ser feitas em torno da qualidade dos padrões da

construção, em função das políticas públicas que dêem apoio financeiro aos

mutuários. Estes necessitam de fiscalização rigorosa da construção, para que os

materiais não sejam alterados, nem os traços de concreto e tipos de argamassa.

Todo o cuidado é pouco quando se trata de conseguir qualidade de construção a

custos acessíveis!

Estes aspectos são peculiares de um modo geral, para toda a América Latina, com

maior ou menor grau de adoção de medidas mitigadoras, por parte dos poderes

públicos, em relação aos efeitos nocivos oriundos de habitações de qualidade

precária, em áreas igualmente desfavorecidas em termos de saúde ambiental 5 .

O subsídio para produzir uma casa barata, ou lotes semi-urbanizados, não tem sido

suficiente para fixar a população, dando-lhe oportunidade de desenvolvimento e

3 FOLHA DE SÃO PAULO. Programa de Cortiços Tem Primeira Licitação. 10-Imóveis, p.2, 25/01/1998 4 BLAY, Eva Alterman. Eu não tenho onde morar . vilas operárias na cidade de São Paulo. São Paulo: Nobel, 1985.

332p. Ref. P. 66. 5 CARMONA, Marisa and BLENDER, Maria. (Editors). In collaboration with Gerard Stalenhoef de Ayguavives. Social Housing in Latin America. Delft. Holland: Delft University Press, c. 1987. 217p.

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Volume I – Apresentação Geral

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inserção no mercado de trabalho. Ao contrário, com todo o subsídio dado pelos

governos, assistiu-se ao longo do tempo ao “passa-se uma casa”, semelhante ao

passa-se o ponto comercial, com a diferença que neste caso trata-se da troca de

local ou tipo de trabalho e no primeiro, geralmente, de troca de um abrigo por

dinheiro, obrigando assim o ex-mutuário a voltar a morar “embaixo da ponte” e a

de novo engrossar a fila dos sem teto.

A produção de habitação barata, também associada a baixo custo, pode voltar-se

ainda para a construção de uma habitação mínima, como preconiza Alexander

Klein. Daí a importância dada à tipologia da unidade habitacional e a seus

agregados, nestes incluindo desde aspectos urbanísticos como insolação,

ventilação, coordenação modular, sistemas pré-fabricados, dentre outros 6. Muitos

programas públicos foram feitos no Brasil em particular e na América Latina em

geral, tendo como lema a moradia mínima que poderia, posteriormente, ser

aumentada pelo próprio morador. De uma certa forma, estes programas perderam

totalmente o controle urbanístico da área do conjunto, porque os padrões de

espaço permitidos foram, em geral ultrapassados, construindo-se em expansão, em

altura, na frente e nos fundos, o que, em muitos casos levou à formação de uma

“favela incentivada por programas governamentais”. E o problema ambiental de

insalubridade cresceu... Claro que a tese da habitação mínima supunha que a

uma redução na dimensão da unidade corresponderia a um aumento proporcional

nos equipamentos e nas áreas livres. Mas, a prática desta teoria não levou a

resultados satisfatórios nem para um nem para outro desses aspectos.

Alguns projetos mostram-se um desastre, como coloca Oscar Newman, pois se o

plano geral, incluindo as áreas verdes e de recreação for totalmente dissociado de

todas as unidades, tem-se falta de segurança. “Muito rapidamente haverá garrafas,

vidros e lixo por toda parte. As caixas de correio serão vandalizadas. Corredores,

hall de entrada, elevadores e escadas serão lugares perigosos para as pessoas

passarem, estarão cobertos de grafite e sujos com lixo e dejetos humanos” 7.

Os espaços públicos ou áreas verdes do conjunto ficam logo vandalizados. Os

apartamentos em si, embora modestos, são primorosamente tratados. Por que esta

diferença brutal de comportamento dos moradores, se os espaços abertos também

6 KLEIN, Alexander. Vivienda mínima 1906-1957. Barcelona: Gustavo Gilli, c. 1980, 363 p. Ref. p.31 7 NEWMAN, Oscar. Defensible space, a new physical planning tool for urban revitalization. In: EDRA 27 – Public and

Private Places. Edmond, Oklahoma: Environmental Design Research Association, Junho 1996. pp. 18-25.

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Volume I – Apresentação Geral

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são parte das habitações?

A única resposta que se pode encontrar para esta pergunta é a que muitos

estudiosos na Holanda, Inglaterra e nos Estados Unidos, destacando o próprio Oscar

Newman, têm a oferecer: os moradores mantêm controladas, unicamente aquelas

áreas que são claramente demarcáveis e identificáveis como sua propriedade. Daí

observar-se praticamente a ausência de manutenção dos espaços exteriores em

conjuntos habitacionais populares 8. O mesmo revela recente pesquisa feita em

Pelotas, Brasil, por Nirce Saffer Medvedovski, mostrando que as indefinições da

propriedade, e consequentemente de responsabilidades sobre estes espaços

“coletivos”, fazem com que se encontrem abandonados ou “privatizados”, por

uma apropriação indevida de alguns usuários do conjunto 9.

Talvez o bom urbanismo e conseqüente desenho urbano não sejam suficientes para

assegurar bons ambientes residenciais, necessitando, para tanto, do cuidado

contínuo dos moradores, após a construção. Talvez seja por isto também que se

tem procurado fazer com que os projetos evitem ter corredores compartilhados por

muitas habitações, o mesmo podendo ser dito quanto aos halls de entrada e

elevadores. Estas áreas compartilhadas não inspiram a identidade e o respeito dos

moradores, e muito menos lhes evocam a necessidade de cuidarem de sua

manutenção e conservação. Tornam-se espaços públicos anônimos, terra de

ninguém, onde tudo é possível, desde o vandalismo, até o crime, e certamente a

sujeira, que propicia a propagação de doenças... Por outro lado, a apropriação de

certos espaços públicos por alguns moradores, oriundos da “privatização” (pois esta

supõe a transmissão da posse da área, o que não ocorre, mas sim uma usurpação

indevida!) faz com que estes espaços sejam moldados segundo as necessidades

desses poucos usurpadores, modificando o projeto original, sem qualquer sanção,

seja por parte do poder público responsável, seja por parte daqueles moradores

que foram deixados à margem, vendo seus direitos serem simplesmente violados.

Como projetar e construir conjuntos habitacionais saudáveis com níveis mínimos de

habitabilidade e segurança, onde as crianças possam ir e vir sem sentirem-se

ameaçadas por intrusos ou outros fora da lei?

8 NEWMAN, op.supra cit. p. 19 9 MEDVEDOVSKI, Nirce Saffer. As indefinições de responsabilidade da manutenção dos espaços exteriores em

conjuntos habitacionais populares. avaliação pós-ocupação. In NUTAU’96. Anais do Seminário Internacional . Tecnologia Arquitetura Urbanismo , São Paulo, FAU USP, 1997, Ref. Pp.103-118

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Volume I – Apresentação Geral

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1.2 Desenvolvimento e Habitação

Pelos cálculos do IPEA (Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas) 10, a oferta de

vagas de emprego na indústria tenderia a aumentar a nível nacional, durante 1997.

As previsões da Confederação Nacional da Indústria são de que haveria em 1997,

um crescimento ao redor de 22%, de forma que a indústria brasileira voltaria a ser

competitiva e teria um crescimento mais homogêneo que no ano passado.

Esse crescimento, claro, iria variar conforme o tipo de indústria. As expectativas são

de que o setor da Construção Civil venha a absorver mais mão de obra,

principalmente devido a projetos de infra-estrutura, em fase de aprovação no

BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). 11

Entretanto, este crescimento esperado a nível nacional pode repercutir

diferentemente conforme a região e local. Tratam-se, portanto, de estimativas de

empregos formais no chamado setor secundário da economia. A par deste, o

emprego do setor informal vem aumentando significativamente sua participação,

oculta, no equilíbrio do desenvolvimento, em todas as regiões do Brasil. Os dados

que serão expostos a seguir são tão expressivos em termos percentuais, que,

obrigatoriamente demandam reflexão.

Tabela 1 - Perfil do Emprego Informal (por Regiões – em %)

ANO 1985 1986 1987 1988 1989 1990 1992 1993 1995

NO 48,04 46,41 49,11 50,15 48,59 48,97 55,08 55,91 57,48

NOR 57,12 55,67 57,72 55,61 54,21 55,39 58,04 57,11 59,34

SUD 37,71 36,90 36,64 36,33 35,86 36,69 42,19 43,58 44,73

S 36,59 35,51 37,38 37,30 36,41 38,00 42,40 43,25 44,28

C-O 49,10 49,93 49,62 49,31 47,93 47,25 53,79 52,15 53,37

TOT 45,52 41,71 42,59 41,95 41,13 42,13 47,16 47,76 49,12

Fonte: IPEA/Gazeta Mercantil de 03/02/97

Se os últimos levantamentos e estimativas mostram um “boom” no emprego

informal que praticamente atinge 50% da população ocupada 12, a grande

hipótese a se formular é que há uma competitividade latente em muitos dos que

ficaram desempregados, e essa energia tem sido dirigida, positivamente, para se

10 GAZETA MERCANTIL, 2ª feira, 03/02/97, p.A-5 11 Idem, ibidem. 12 Idem, ibidem.

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Volume I – Apresentação Geral

16

adaptarem a novas circunstâncias, iniciarem um “negócio”, ainda que informal.

Panoramas como este são contados por pesquisadores e estudiosos da sociedade

asiática, mostrando que lá, este tem sido o caminho para o amadurecimento

econômico, uma vez que o desenvolvimento tem mostrado que paulatinamente

essas firmas, primeiramente informais, vão se inserindo no mercado formal, dando

lugar a um novo ciclo de empresas informais nascentes, e assim, sucessivamente. A

economia como um todo porém, acaba por se fortalecer e resultar em

desenvolvimento 13.

Talvez o fenômeno aqui no Brasil, por ter-se acentuado só recentemente, não

permita admitir-se semelhante conclusão. Mesmo porque, dados levantados pelo

IPEA mostram que a informalidade no Nordeste, onde já é tradição, atingindo cerca

de 60% dos empregos, é resultado de salários baixos com carteira assinada,

semelhante ao Rio de Janeiro, onde também predomina um informal precário,

como o da região fluminense, com camelôs, vendedores de sanduíches nas praias

e empresas de fundo de quintal 14.

Já em São Paulo, comparativamente, pode-se dizer que o informal, que cresceu

bastante de 1985 a 1995, se caracteriza por sua sofisticação, representada pela

criação de empresas terceirizadas de serviços de nível superior, como advocacia,

informática e escritórios de consultorias. Este grupo atingiu em 1995, cerca de

42,33% da população ocupada, quando em 1985 representava 33,87%15 .

Nesse cenário informal, a Indústria da construção também pode ser focalizada

traçando-se um paralelo com a previsão dos empregos formais crescentes. Pode-se

dizer que os dois mundos convivem lado a lado, ambos com peculiaridades bem

definidas. Este panorama de desenvolvimento, incluindo tanto setores formais,

como informais, leva a descortinarem-se aspectos habitacionais pertinentes a este

tipo de condição social e econômica.

Em termos de domicílios particulares permanentes, verifica-se nacionalmente a

13 UNITED NATIONS Centre for Regional Development. Habitat II, Dialogue 1: “How Cities Will Look in the 21st

Century”. Proceedings of Habitat II, Dialogue 1: How cities will Look in the 21st Century, 4 June, 1996, Istanbul, Turkey, 176 p.

14 Obra supra cit. Gazeta Mercantil. 15 Idem, ibidem.

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Volume I – Apresentação Geral

17

existência de cerca de 34.734.715 unidades. O Estado de São Paulo, por sua vez,

com aproximadamente 8.039.661 domicílios participa portanto com 23,24% do total

nacional, enquanto que a Região Metropolitana da Grande São Paulo atinge

11,40%, e, o Município de São Paulo, 7,31% 16.

No âmbito do Estado de São Paulo, a participação da Região Metropolitana atinge

cerca de 49,27% do total de domicílios do Estado, e, o Município de São Paulo,

aproximadamente 31,59% 17.

As habitações precárias entretanto, traçando um paralelo com as “formais”

anteriormente mencionadas, vêm aumentando consideravelmente. Entre 1988 e

1991 a Secretaria da Habitação do Estado de São Paulo, por intermédio da

Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU), construiu um total

de 15.009 Casas Populares. Por outro lado, o registro dos cortiços ou domicílios

informais existentes em 1990 atinge cerca de 88.649, abrigando cerca de 3.009.550

pessoas 18. Finalmente é importante notar que as habitações informais do tipo

favelas cresceram cerca de 132% entre 1980 e 1991 19.

O Governo do Estado, através da CDHU vem, entretanto, procurando diminuir os

deficits encontrados, por meio de programas especiais que abrangem as famílias

de baixa renda. Todas elas, entretanto, devem comprometer uma parte de seu

salário para o pagamento de sua habitação. Desse modo, as famílias com renda

entre 1,0 e 3,0 Salários Mínimos (SM), têm uma prestação mensal correspondente a

15% de seu salário. Esta porcentagem cresce para os grupos seguintes, com renda

familiar entre 3,1 e 5,0 SM, seguido daquelas entre 5,1 e 8,5 SM e ainda pelas de 8,51

a 10,0 SM, que respectivamente devem comprometer cerca de 20%, 25% e 30% de

sua renda na compra da casa própria 20.

Os Programas Habitacionais oferecidos pela CDHU são bastante amplos e

diversificados, contando-se com cerca de nove tipos diferentes, cujas principais

características podem ser vistas resumidas no quadro a seguir.

16 EMPLASA, Censo de 1991. 17 Idem, ibidem. 18 Idem, ibidem. 19 Idem, EMPLASA/FIBGE 20 Regras Internas da CDHU, conforme SFH, para as duas faixas de maiores rendas familiares, enquanto que para as

duas de menor renda, conforme Lei ICMS-Habitação.

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Volume I – Apresentação Geral

18

Quadro 1 – Programa Habitacional/CDHU

PROGRAMA CARACTERÍSTICAS PREFEITURAS

Empreitada

Global/SH3,

SH4, HIS

Conjuntos habitacionais construídos por

processo licitatório, sob a modalidade de

Empreitada Global

Há participação no interior do

Estado, com terreno e infra-estrutura

/água/ esgoto/ energia elétrica

Chamamento

Empresarial

Parceria com empresários, com a construção

de conjuntos por empreitada global, onde o

terreno e a infra-estrutura são licitados no

processo

Não há participação

Lotes Próprios Atendimento às famílias proprietárias de lotes

dotados de infra-estrutura básica:

financiamento de materiais, mão-de-obra e

assessoria técnica

Há participação, com apoio na

montagem de dossiês, fiscalização e

divulgação

Ação em

Cortiços

Intervenção em áreas e imóveis encortiçados

para a recuperação do perímetro e

otimização da infra-estrutura

Há participação pela

desapropriação ou aquisição dos

imóveis

Habiteto

(Cesta de

Materiais)

Moradias edificadas por autoconstrução, com

repasse direto de recursos para as Prefeituras

Há participação com terreno, infra-

estrutura, aquisição de cestas de

materiais de construção e

administração das obras

Mutirão com

Associações

Comunitárias

Repasse direto para Associações organizadas

que administram os recursos e constróem as

edificações em regime de mutirão

Pode haver participação, com

apoio ao programa, doação de

terrenos às associações/ou

executando as obras de infra-

estrutura

Ação em

Favelas

Intervenção para erradicação e urbanização

de favelas, pela recuperação e/ou

construção de novas moradias

Quando couber, pode haver

participação nas obras de infra-

estrutura

Recuperação

Ambiental

Intervenções em áreas de mananciais para

preservação do solo e meio ambiente

Há participação das Prefeituras

envolvidas, no Conselho de Bacia

Rodovia

Fernão Dias

Remoção de 650 famílias da área onde será

realizada a duplicação da rodovia

FONTE: Secretaria de Estado da Habitação/CDHU, 1997.

Em termos de área construída por Unidade Habitacional, pode-se dimensioná-las

da seguinte maneira: (1) casa térrea isolada, de 36 a 46 m2; (2) casa térrea

geminada, cerca de 33,40 m2; (3) sobrado geminado, de 44 a 48,50 m2; e, (4)

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Volume I – Apresentação Geral

19

apartamento, com 45 m2.21

Paralelamente aos programas habitacionais estaduais, observa-se que renovam-se

prédios do velho centro de São Paulo. Há um grande número de proprietários de

edifícios na área central que estão reprogramando-os, com novas instalações

elétricas, heliporto, sistema de automação predial e fibra ótica, fazendo toda uma

modernização que vem sendo conhecida como retrofit. Dentre estes tem-se o

Banco de Boston situado à rua Líbero Badaró, o Banco Mercantil de Futuros (BMF), a

própria sede da Associação Viva o Centro, o edifício Conde Prates, dentre outros 22.

Essa modernização predial vem sendo feita com firmas especializadas, muitas vezes

em parcerias com empresas estrangeiras de arquitetura e engenharia. Este é o caso

do Banco de Boston no edifício “New BKB”. Outros edifícios vêm fazendo sua

modernização seguindo um cronograma conforme o orçamento que necessitam,

pois os investimentos são bastante altos. Por outro lado, a Secretaria de Habitação

do Município de São Paulo está incentivando a pintura externa dos edifícios da

área central, dando 50% de desconto sobre o imposto predial (IPTU) para os prédios

que tiverem sua fachada pintada e, com patrocínio das fábricas Ypiranga recebem

graciosamente as tintas 23.Há assim um esforço conjunto da iniciativa privada, com

o poder público, para renovar e manter o centro principal da cidade, por muitos

conhecido como “o coração da cidade”.

Outras intervenções de recuperação de edifícios históricos também vêm sendo

feitas nas áreas centrais da metrópole. Por exemplo, recentemente houve a

inauguração, pelo Governador, da Estação Júlio Prestes como Centro Cultural, com

salas de concerto e outras atividades afins. O prédio dos Correios, projeto do

Arquiteto Ramos de Azevedo, também foi alvo de um concurso público e será

modernizado, reformado, ampliado, passando também a ser um espaço cultural.

Outros prédios públicos das proximidades também vêm recebendo especial

atenção das autoridades estaduais, no sentido de renová-los, eventualmente

modificando seu uso, objetivando, por exemplo, ter as fachadas pintadas, além de,

em outros casos, necessitarem de restauração, também nas instalações, banheiros,

cozinhas, saídas de incêndio 24.

21 Secretaria de Estado da Habitação/CDHU, 1997. 22 Gazeta Mercantil, “Renovam-se prédios do velho centro de são Paulo. O ‘retrofit’ do edifício New BKB inclui

automação predial, heliporto, ar-condicionado central e circuito fechado de TV”. São Paulo, 10/04/97, p. D-1. 23 Idem, ibidem. 24 Obra supra cit. GAZETA MERCANTIL

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Volume I – Apresentação Geral

20

Com estas características, observa-se que de um modo geral a Região

Metropolitana de São Paulo ainda concentra um complexo parque industrial e

produtivo, talvez a principal estrutura de serviços de ponta do país, o centro

financeiro nacional, um alto número de profissionais qualificados e de mão-de-obra

especializada. Isto permite à região, desempenhar o papel de elo com as

economias internacionais globalizadas 25.

Do ponto de vista econômico, atualmente, principalmente em conexão com as

atividades internacionais globalizadas, a atividade terciária de ponta mantém-se

concentrada na região, principalmente junto ao centro histórico, ao espigão da

avenida Paulista, ao corredor da avenida Brigadeiro Faria Lima e na marginal do rio

Pinheiros, a sul, também junto à avenida Berrini. A população de renda alta

acompanha os setores de ponta da economia, vindo a se instalar basicamente na

região sul e oeste, porém sempre intercalada por populações de renda mais baixa

(as médias buscando o exemplo das altas rendas) e as baixas, buscando situar-se

tanto mais próximas dos serviços, quanto possível. Há assim, pode-se dizer, uma

cidade fragmentada em termos de qualidade de vida, mas que se complementa,

ainda que inconscientemente, em termos de atividades econômicas formais e

informais.

Por estas razões, verifica-se que desenvolvimento e habitação vem se expandindo

lado a lado, com maior ou menor qualidade, conforme o fragmento urbano a que

se refira.

O objetivo deste trabalho é focalizar as áreas de habitação de baixa renda que

vêm recebendo in puts do CDHU, sobretudo aquela modalidade de “Empreitada

Global” (ver Quadro 1 anterior) para o caso da tipologia em “H” de edifícios de

apartamentos, via de regra repetidos em larga escala pelas companhias

habitacionais em regiões metropolitanas brasileiras.

25 CDHU - Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo - Superintendências de

Desenvolvimento Social, de Planejamento e Controle e de Projetos. “Documento Elaborado por Ocasião da Visita do Especialista Holandês Dr. Theo van der Voordt”, Julho de 1996.

“A Região Metropolitana tem 8.015 km2 de área e compõe-se de 39 municípios, dos quais 22 têm suas áreas urbanas conurbadas, constituindo uma aglomeração contínua, que mede sua maior dimensão, no sentido leste-oeste, 90 km”.

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Volume I – Apresentação Geral

21

1.3 Estrutura Básica da Pesquisa

Tendo em vista a complexidade e as diversas variáveis consideradas prioridades na

avaliação do estudo de caso em questão, bem como o entendimento da

necessidade de desenvolvimento ou de aperfeiçoamento de métodos e técnicas

específicas para cada um dos problemas colocados, a pesquisa foi organizada em

sub-áreas de avaliação, a saber:

• avaliação dos aspectos funcionais e das áreas livres

• avaliação dos aspectos construtivos

• avaliação do conforto ambiental

• avaliação econômica

• avaliação de equipamento comunitário (escola)

Constituindo esferas independentes de pesquisa, embora com caráter claramente

interdisciplinar, este tipo de estrutura propiciou um intercâmbio bastante positivo

entre Instituições e entre as diferentes áreas do estudo da arquitetura e do

urbanismo.

Como já foi dito anteriormente, para a apresentação dos resultados desta pesquisa

também será obedecida esta organização resultando em um volume de

apresentação geral, 5 (cinco) volumes temáticos (seguindo a classificação acima)

e um volume de encerramento e considerações finais além dos anexos. Desta

forma, a manipulação de dados e resultados poderá ser feita de acordo com o

interesse específico do interessado.

Estes resultados podem ser acessados também através do vídeo e ou do "CD ROM”

descritivo do trabalho, apresentando o conjunto habitacional, dados de resultados

da APO e entrevistas com os pesquisadores envolvidos, que além de sua

importância como material de registro, acumula a função de material de

divulgação e didático da metodologia de APO.

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Volume I – Apresentação Geral

22

1.4 Justificativas para o Projeto

1.4.1 Justificativas gerais

APOs sistemáticas decorrentes deste projeto de pesquisa irão colaborar para o

avanço dos aspectos a seguir apontados:

• As normas descritivas são muito mais conhecidas do que as normas de

desempenho relacionadas ao comportamento das edificações durante o uso;

• As normas relativas às avaliações e perícias são em número muito reduzido;

• A norma relativa a manutenção NBR 5674 – Manutenção de Edificações - é

sumária e está sendo revisada e complementada com a preparação de

procedimentos para a elaboração do Manual do Usuário. Este é um aspecto

importante, sobretudo no caso de Conjuntos Habitacionais, onde os moradores

não tem recursos para implementar programas de manutenção corretiva,

extremamente onerosa, entendendo-se que os custos de manutenção anuais

médios podem atingir percentuais superiores a 3%, em especial nas tipologias

edificadas em questão;

• Código de Proteção e Defesa do Consumidor, Lei n° 8078 de 11/09/1990

(consumidor aqui entendido desde o engenheiro, o arquiteto, o construtor até o

usuário final) e o Manual do Profissional elaborado pelo CREA embasado no

primeiro, são pouco conhecidos ou adotados pelos profissionais da área, apesar

do Convênio CREA – PROCON e da existência de ações legais coletivas por

parte dos moradores de Conjuntos Habitacionais junto ao Ministério Público face

ao desempenho inadequado das unidades e/ou infra-estrutura urbana;

• A NBR 9050/95 – Acessibilidade de Pessoas Portadoras de Deficiências a

Edificações, Espaços, Mobiliário e Equipamentos Urbanos, está também prevista

na Constituição/88, no caso dos edifícios públicos, mas praticamente ignorada

no caso dos conjuntos habitacionais de interesse social.

1.4.2 Justificativas específicas

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Volume I – Apresentação Geral

23

De modo mais específico, esta pesquisa justifica-se, em primeiro lugar, pelos

Resultados Esperados constantes deste projeto e, em segundo lugar, pelos pontos a

seguir abordados:

• A existência de grande demanda por parte de órgãos públicos e privados e

escolas de arquitetura, engenharia, profissionais, fabricantes de materiais e

componentes e daqueles que os comercializam, de informações sobre a

aplicação da APO em Conjuntos Habitacionais passíveis de serem adotados em

outras regiões brasileiras;

• O NUTAU/USP, devido à experiência acumulada e à infra-estrutura básica

disponível, atrelada à da FAUUSP, possui condições de transferir estes

conhecimentos aos outros agentes interessados nesta ferramenta de controle de

qualidade, adotando inclusive veículo de difusão em massa, tais como o vídeo;

• Há necessidade de se estabelecer rotinas de avaliação de programas sociais,

particularmente no caso de Conjuntos Habitacionais, que possam gerar diretrizes

de projeto, as quais levam em consideração o desempenho físico dos

ambientes no decorrer do uso e as necessidades e níveis de satisfação dos

moradores;

• Há necessidade de se reduzir custos de manutenção, aumentando o controle

de qualidade sobre o processos de produção e uso de ambientes construídos, a

partir da redução de falhas já na fase de projeto;

• O NUTAU/USP vem desenvolvendo diversos estudos visando ao aprimoramento

metodológico do processamento de dados e das análises estatísticas inseridas

na APO. Este projeto é uma excelente oportunidade para aferir estes estudos,

ajustá-los e aprofundá-los tendo em vista o objeto de estudo – C. H.

1.5 Objetivos Gerais e Específicos do Projeto

Uma vez que os pesquisadores do NUTAU-USP vem desenvolvendo há mais de 10

anos insumos metodológicos e pesquisas aplicadas na área de APO, especialmente

no caso da habitação de interesse social, pretende-se, com esta pesquisa, avançar

ainda mais nos procedimentos metodológicos, de tal forma que Entidades

Municipais, Estaduais, Federais e Privadas, vinculadas à produção de habitações,

possam absorver a APO como uma das rotinas de controle de qualidade do

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

24

processo produtivo (projeto, construção), uso, operação e manutenção destes

conjuntos edificados, à luz das necessidades e da satisfação dos usuários. Assim os

produtos finais desta pesquisa deverão ter formatos de modo que possibilitem a

rápida transferência dos procedimentos metodológicos em questão e de sua

aplicação em estudos de caso. Pretende-se assim, atender a um amplo espectro

de agências públicas e privadas, uma vez que entende-se como “conjunto

habitacional” não só a unidade habitacional em si, mas também a sua

circunvizinhança, a infraestrutura, os serviços, as escolas, áreas de lazer e outros.

Todos estes aspectos estão sendo considerados de modo interligado e

interdependente, visando uma adequada compreensão das necessidades dos

usuários (relações biunívocas ambiente x comportamento).

Portanto, de modo mais específico, objetiva-se apresentar procedimentos

metodológicos de APO referentes aos seguintes aspectos:

a) Sócio-econômicos: origem, tempo de moradia, tamanho e composição familiar;

níveis de renda; consumo de energia; consumo individual e coletivo; faixa etária;

nível de escolaridade; atendimento à demanda de escolas e hospitais;

sociabilidade; o C. H. no contexto sócio-econômico do bairro; outros.

b) Infra, superestrutura urbana e áreas-livres em geral: disponibilidade de comércio

e serviços; distância dos edifícios/habitações ao transporte coletivo;

estacionamento de veículos em áreas públicas; rede de iluminação pública;

distribuição físico-espacial dos pontos de ônibus, dos equipamentos de saúde,

educação, dos espaços de recreação, lazer e comunitários; distribuição

estimada do comércio e serviços formais e informais; e de áreas públicas,

comunitárias e calçadas; distribuição físico-espacial de telefones públicos e

caixas de correio; segurança contra crimes nas áreas públicas do conjunto;

segurança contra incêndio no conjunto (acessibilidade, combate), outros.

c) Avaliação comportamental: abrange uma amostra de edifícios e de suas

unidades habitacionais, do edifício escolar mais próximo e das áreas livres

(praças) ou similares. Inclui no caso das edificações/unidades habitacionais os

seguintes aspectos: aspecto visual; densidade ocupacional do edifício versus

conforto psicológico individual e grupal (privacidade/territorialidade);

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Volume I – Apresentação Geral

25

possibilidade de intervenção no apartamento versus adaptação ao uso;

identificação dos moradores com o edifício e suas áreas comuns

(manutenção/tratamento paisagístico); espaços e equipamentos qualificados e

informais para convivência social, recreação e lazer para crianças, jovens,

adultos e idosos; condições de estacionamento em áreas comuns dos edifícios;

segurança contra crimes nas áreas comuns dos edifícios; nível organizacional

dos moradores para intervir ou implementar programas coletivos de

manutenção; outros. Neste item, serão também contemplados alguns aspectos

básicos de uma avaliação estética a partir do ponto de vista do usuário.

d) Avaliação do(s) sistema construtivo(s): abrange uma amostra de edifícios e

unidades habitacionais e do edifício escolar mais próximo e das áreas livres

(praças). Inclui, no caso das edificações/unidades habitacionais, os seguintes

aspectos: implantação/movimento de terra; infraestrutura; superestrutura;

alvenaria; cobertura e forros; pisos; revestimentos; caixilhos; vidros; pintura;

impermeabilização; louças; metais; instalações hidro-sanitárias; instalações

elétricas e telefonia; águas pluviais; instalações de gás; segurança contra fogo;

segurança de utilização; paisagismo; intervenções/usuários; patologias em geral,

outros.

e) Avaliação funcional: abrange uma amostra dos edifícios e de suas unidades

habitacionais, de um edifício escolar mais próximo e das áreas livres (praças).

Inclui no caso das edificações/unidades habitacionais, os seguintes aspectos:

integração do uso residencial com outros usos; tratamento paisagístico das áreas

comuns do edifício; circulação vertical externa; número de pavimentos do

edifício versus adequação à escala humana; flexibilidade/arranjo espacial do

apartamento; facilidade de manuseio/limpeza das janelas; facilidade de

abertura de portas a 90° em função do espaço de utilização; área útil do

apartamento/morador; área útil dormitório, área útil da sala, área útil da

cozinha; área útil de serviço; área útil do banheiro-lavatório, pé-direito;

circulação/integração entre cômodos no apartamento; adequação ao

uso/equipamento/ mobiliário/intensidade de sobreposição de tarefas; área

útil/área construída do apartamento; adequação e acessibilidade dos

deficientes físicos aos apartamentos; entre outros.

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Volume I – Apresentação Geral

26

f) Avaliação do Conforto Ambiental e Energética: abrange uma amostra dos

edifícios e de suas unidades habitacionais, do edifício escolar e das áreas livres

(praças). Inclui no caso das edificações/unidades habitacionais, avaliações

específicas para cada tipo de cômodo, destacando-se: f.1) Iluminação Natural:

tipo de abóbada celeste; características do entorno do edifício considerando

inclusive obstruções; tarefa e campo visual; nível de iluminância; abertura;

características do ambiente interno; f.2) Consumo de energia; f.3) Acústica

arquitetônica: fontes de ruído; atividade: níveis máximos aceitáveis de

intensidade sonora; reverberação, características e desempenho de materiais e

componentes; f.4) Conforto higrotérmico: características climáticas e do entorno;

atividades do ambiente; características dos ambientes; orientação; insolação;

características e desempenhos de materiais e componentes; f.5) Ventilação:

implantação urbana; distância entre edifícios; direção predominante dos ventos;

dimensão e tipologia das aberturas; arranjo espacial da unidade e desempenho

de cada ambiente e da unidade habitacional como um todo.

g) Avaliação Econômico-Funcional: abrange uma análise “custos versus benefícios”

dos edifícios e unidades habitacionais e leva em consideração as principais

sugestões ou melhorias implementadas pelos moradores, tais como

modificações do mobiliário, aumento da área construída, alterações das

instalações hidráulicas e elétricas, mudança nos acabamentos, entre outros.

Cabe aqui ressaltar que são também analisados, em termos metodológicos, os

procedimentos estatísticos mais adequados, face ao estudo de caso – C.H. – para

definição da amostra, aplicação de questionários, tabulação e análise dos dados

(cap.4, item 4.3).

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2.

ESTADO DA ARTE DA APO

2. ESTADO DA ARTE DA APO

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Volume I – Apresentação Geral

28

2.1 Formulação do Problema e Conceituação de APO

O termo “Qualidade” é conceituado como os aspectos do produto ou serviço que

satisfazem as necessidades do usuário, ou seja, está associado claramente (inclusive

no caso dos produtos da construção civil), ao desempenho satisfatório dos

ambientes e das relações Ambiente - Comportamento (RAC).

A preocupação com a qualidade na construção civil é bastante antiga, sendo que

há 4000 anos atrás o Código de Hamurabi, na Mesopotâmia já estipulava 05 regras

para prevenir defeitos nos edifícios.

Atualmente, apenas parcela dos países desenvolvidos possuem indicadores sobre a

origem dos problemas patológicos nas construções, sendo que em países como a

Bélgica, a Grã-Bretanha, a Alemanha a Dinamarca e outros, de 36 a 49% das

patologias encontradas durante o uso são decorrentes de falhas de projeto,

seguidas de 19 a 31% de origens na execução. Tem-se conhecimento também de

que a baixa qualidade da mão de obra, no caso brasileiro, implica em percentuais

ainda mais elevados de falhas, no caso da etapa de execução.

Por outro lado, nesta década tem aumentado consideravelmente o número dos

estudos sobre qualidade, na forma de eventos, pesquisas e junto aos setores

produtivos, sobretudo aqueles relacionados à série ISO 9000 (no Brasil NB 9000) ou

seja, a propósito da Gestão da Qualidade, tendo em vista, por um lado, a redução

dos custos das falhas durante a produção e uso e, por outro, os custos de

qualidade.

Embora uma parcela significativa das falhas aconteçam na etapa de projeto

(entendendo-se, aqui que a produção e o uso de ambientes construídos incluem as

etapas de projeto, construção, fabricação de materiais e componentes, uso,

operação e manutenção), ou seja, naquela de menor custo, os programas de

qualidade no Brasil estão, no momento, mais voltados à execução e à fabricação

de materiais e de componentes, visando aumento de produtividade da mão de

obra e redução de desperdícios.

São ainda poucas as empresas de consultoria e construtoras que conhecem ou que

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

29

já implementaram programas de controle de qualidade da etapa de projeto,

sendo, por conseguinte, poucos os arquitetos e os engenheiros e outros profissionais

projetistas que têm consciência sobre o assunto. Via de regra, só se leva em

consideração o fator qualidade quando se pretende atender ao cliente externo

“contratante” e, raramente, tem-se em vista o cliente usuário final ou morador. Esta

aplicação (quando ocorre) parcial do conceito de qualidade, acaba

apresentando um impacto sócio-ambiental ainda maior, quando se trata de

conjuntos habitacionais de baixa renda.

No Brasil, de um modo geral, pontos importantes implícitos em sistemas de controle

de qualidade, tais como manutenção, defesa do consumidor e em outros, não

estão sendo levados em conta pelos profissionais, devido ao desconhecimento do

que ocorre no ambiente construído (seja este edificado ou área livre) no decorrer

do uso, tanto no que se refere ao desempenho físico, como no que se refere à

satisfação do usuário, ou no que se refere ao atendimento das suas necessidades.

O levantamento, a análise e as recomendações extraídas destes dados, visando

realimentar o próprio estudo de caso, bem como futuros projetos, trata-se de um

instrumental de controle de qualidade que pode ser colocado em prática através

da metodologia de APO.

A APO, portanto, trata-se de uma série de métodos e técnicas que diagnostica

fatores positivos e negativos do ambiente no decorrer do uso, a partir da análise de

fatores sócio-econômicos, de infra e superestrutura urbanas dos sistemas

construtivos; conforto ambiental, conservação de energia, fatores estéticos,

econômicos, funcionais e comportamentais, levando em consideração o ponto de

vista dos próprios avaliadores, projetistas e clientes, e também dos usuários. Mais do

que isto, a APO se distingue das avaliações de desempenho “clássicas” formuladas

nos Laboratórios dos Institutos de Pesquisa, pois considera fundamental também

aferir o atendimento das necessidades ou o nível de satisfação dos usuários, sem

minimizar a importância da Avaliação de Desempenho físico ou “clássica”. Neste

sentido, a APO tem grande validade “ecológica”, pois faz análises, o diagnóstico e

recomendações a partir dos objetos de uso, “in loco”, na escala e tempos reais.

A APO passa a ser ainda mais relevante no caso de programas de interesse social,

tais como os conjuntos habitacionais, nos quais, no caso brasileiro, nas últimas

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

30

décadas, tem-se adotado soluções urbanísticas, arquitetônicas e construtivas

repetitivas em larga escala, para atender a uma população, via de regra, muito

heterogênea, cujo repertório cultural, hábitos, atitudes e crenças, são bastante

distintos no próprio conjunto dos daqueles dos projetistas.

Figura 1 - Esquema da APO

No caso dos fatores positivos, estes devem ser cadastrados e recomendados para

futuros projetos semelhantes; no caso dos fatores negativos encontrados, são

definidas recomendações que:

• minimizem ou até mesmo possibilitem a correção dos problemas detectados no

próprio ambiente construído submetido à avaliação, através do

estabelecimento de programas de manutenção física e da conscientização dos

usuários/moradores da necessidade de alterações comportamentais, tendo em

vista a conservação do patrimônio público (praças, escolas, outros); semi-

público (áreas condominiais) ou privado (a própria unidade habitacional).

• utilizem os resultados destas avaliações sistemáticas e interdisciplinares,

embasadas em pesquisas aplicadas a estudos de caso, para realimentar o ciclo

do processo de produção e uso de ambientes de futuros projetos com a

formulação de diretrizes, contribuições para normas existentes e outros.

2.2 A APO no Campo Internacional e Nacional e a APO Aplicada em Conjuntos

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Volume I – Apresentação Geral

31

Habitacionais

No campo internacional, os multi-métodos de APO vem sendo adotados por

psicólogos ambientais norte-americanos há mais de 40 anos, visando aferir em que

medida o desempenho dos ambientes influencia o comportamento humano e

vice-versa, em que medida o comportamento humano afeta o ambiente.

Tanto na Europa como nos EUA, a partir do Pós-Guerra, mas sobretudo a partir da

década de 60, equipes interdisciplinares constituídas por arquitetos, engenheiros,

geógrafos, paisagistas, antropólogos, psicólogos e outros, começam a avaliar os

resultados da arquitetura moderna de “massa”, sobretudo no caso dos grandes

conjuntos habitacionais. Além dos aspectos específicos do desempenho físico das

edificações, iniciam-se os estudos sobre padrões culturais, privacidade,

territorialidade, personalização, apropriação, segurança, apropriação, faixa etária

com ênfase no usuário dos ambientes.

O documento “International Directory of Environment - Behavior Design Researches”

26 indica que até 1985 havia cerca de 2950 pesquisadores nesta área distribuídos em

sua maioria nos EUA e Canadá, sendo que apenas 2,2% (65) na América Latina,

especialmente México. Fica, portanto, demonstrada a carência de consultores e

pesquisadores nesta área, especialmente na América do Sul. No Brasil, estima-se

que existam atualmente menos de 30 pesquisadores docentes e pós-graduandos

nesta campo, podendo-se dizer que em São Paulo, o centro gerador de

conhecimentos sobre o assunto, bem como de formação de pessoal é o NUTAU-USP

/ FAUUSP, em São Paulo.

Desde a década de 60, portanto, passou-se a verificar a relevância da aplicação

da APO como mecanismo realimentador de controle de qualidade ou de

desenvolvimento de projetos complexos e/ou populações especiais (ex: aeroportos,

shopping centers, ginásios de esportes, hospitais, asilos, estabelecimentos penais,

parques) e/ou implementados em larga escala e repetitivamente (ex: conjuntos

habitacionais, escolas, postos de saúde, outros).

Iniciam-se, assim, de forma sistemática, as pesquisas sobre o desempenho físico dos

ambientes voltados para a qualidade destes, ou seja, para o atendimento às

26 SAARINEN & SELL, 1987

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Volume I – Apresentação Geral

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necessidades dos usuários. Pode-se destacar, por exemplo, a atuação de GERARD

BLACHÈRE junto ao CSTB - Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, que

publica em 1966 a obra “Savoir-Batir-Habitabilité-Durabilité-Economie des Bâtiments

(Editions Eyrolles). Dentre outros trabalhos na área, historicamente importantes, tem-

se a obra de PHILIPPE BOUDON 27 intitulada “Lived in architecture” que avalia o

conjunto habitacional Pessac próximo a Bordeaux, França, projetado por Corbusier

na década de 20. Na Grã-Bretanha, destaca-se a fundação em 1967, do BPRU -

Building Performance Research Unit, que objetivava o desenvolvimento sistemático

de procedimentos empíricos para a avaliação de edifícios como parte integrante

do processo projetual. Ainda, entre os pesquisadores ingleses, destaca-se David

Canter que em 1970 publica a obra “Architectural Psychology”.

Nos últimos 13 anos, os estudos voltados às relações Ambiente - Comportamento

(RAC) na Europa, estão abrigados na IAPS - International Association for People -

Environment Studies.

Nos EUA, a APO e os estudos das RACs começam a se consolidar em especial a

partir da fundação da EDRA - Environmental Design Research Association, em 1969,

que passa a congregar pesquisadores de campos distintos, buscando o

desenvolvimento de projetos conjuntos e interdisciplinares. Dentre estes

pesquisadores, podem ser destacados: Robert B. Bechtel; Richard Wener, Wolfgang

F. E. Preiser; Christopher Alexander; Claire Cooper Marcus; Amos Rapoport; Robert

Sommer; Denise Lawrence e outros.

Atualmente, a EDRA tem como associados, mais de 300 pesquisadores (dentre estes

acredita-se que não mais do que 10 são brasileiros concentrados no Rio Grande do

Sul e principalmente em São Paulo), destacando-se que ocorreu no caso dos EUA, o

“boom” das avaliações dos programas sociais, sendo que até 1978, Bechtel e

Srivastrava contabilizaram mais de 1500 APOs aplicadas em conjuntos

habitacionais.

No Brasil, devemos destacar no período de 1972-1987 o desenvolvimento de

pesquisas na linha da APO realizadas no IPT - Instituto de Pesquisas Tecnológicas do

Estado de São Paulo e em anos recentes, grupos emergentes, tais como aquele

existente na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo e no NORIE - Núcleo Orientado

27 PHILIPPE BOUDON (1972)

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Volume I – Apresentação Geral

33

para a Inovação da Edificação - Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto

Alegre, RS, na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de

Pernambuco, Recife, no GEPA – Grupo de Estudos Pessoa-Ambiente da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Natal, na Faculdade de Arquitetura e

Urbanismo da Universidade Federal do Rio de Janeiro, e no Laboratório de

Psicologia Ambiental da Universidade de Brasília, além de algumas atividades neste

campo realizadas pela empresa particular CTE - Centro de Tecnologia de

Edificações, com sede na cidade de São Paulo. A bibliografia atualizada e mais

significativa no campo internacional e nacional está listada no último volume -

"Volume VII - Recomendações e Conclusões", no item "Bibliografia Geral".

Porém, é o NUTAU/USP, que hoje abriga os pesquisadores da FAUUSP nesta área,

possuindo provavelmente a mais longa e sistemática experiência nesta área no

Brasil. A confirmação disto pode ser apreciada no texto a seguir (A APO no

NUTAU/FAUUSP), constante na bibliografia geral.

2.3 A APO na FAU-USP/NUTAU-USP

Desde 1984, com o apoio da FAPESP, três professores desta Faculdade (Dr. Ualfrido

Del Carlo, Dr. Geraldo Gomes Serra e Dra. Sheila Walbe Ornstein) visitaram a School

of Architecture & Planning, University of New Mexico, Albuquerque, EUA, voltando-se

para a aplicação da APO em conjunto com o renomado pesquisador Dr. Wolfgang

F. E. Preiser (hoje atuando junto ao College of Design, Architecture and Planning,

School of Architecture and Interior Design, University of Cincinnati, Ohio). Entre 1984

e 1988, Dr. Preiser também esteve por três diferentes períodos visitando-nos na

FAUUSP. No 1º semestre de 1989 foi realizado na FAUUSP, o 1º Seminário Nacional na

área de APO. No 2º semestre de 1989, com o apoio do BID - Banco Interamericano

de Desenvolvimento, da FAPESP e do Latin American Institute, da University of New

Mexico, Dra. Sheila Walbe Ornstein teve oportunidade também de analisar, em

Albuquerque, os métodos e as técnicas da APO junto com o Dr. Wolfgang F. E.

Preiser. Nesta ocasião, a Profa. Sheila visitou diversos outros centros acadêmicos

norte-americanos, situados na California, no Arizona e em New York que aplicam e

desenvolvem a APO do ambiente construído.

No primeiro semestre de 1990, a FAUUSP recebeu a visita do psicólogo ambiental Dr.

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Volume I – Apresentação Geral

34

Robert B. Bechtel, Department of Psychology, University of Arizona, Tucson, grande

especialista na área das RACs e um dos responsáveis pelo programa “Environment

and Behavior” desta Universidade. No segundo semestre de 1991, visitou-nos para

uma conferência, o arquiteto Henry Sanoff, School of Design, Carolina State

University, o qual, nos últimos 20 anos, publicou diversos livros sobre métodos de

projeto, destacando-se os processos participativos com inclusão dos usuários e da

APO.

No primeiro semestre de 1992, Dra. Ornstein, obteve apoio do CNPq - Conselho

Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico e visitou por um período de

dois meses a University of Arizona, Tucson, College of Architecture e o Department of

Psychology, buscando conhecimentos interdisciplinares nas áreas de APO e das

RACs. Nesta ocasião, participou da 23ª “Conferência Anual da EDRA -

Environmental Design Research Association”, que ocorreu no período de 9 a 11 de

abril de 1992, em Boulder, Colorado, sob o tema “Equitable and Sustainable

Habitats”. Desde então, a Profa. Dra. Sheila Ornstein e o Prof. Dr. Marcelo Roméro

vêm participando regularmente das reuniões da EDRA, a qual estão associados

inúmeros especialistas internacionais na área de APO.

No primeiro semestre de 1993, é realizado na FAUUSP um ciclo de conferências

internacionais na área de APO e de RAC, com a participação dos pesquisadores

brasileiros hoje integrantes do NUTAU, Sheila Ornstein e Geraldo Serra e dos

especialistas internacionais Dr. Wolfgang F. E. Preiser e Dr. James J. Potter (University

of Nebraska, USA). No segundo semestre de 1993, o grupo de pesquisadores da

FAUUSP/NUTAU-USP, organizou no Encontro Bi-anual da ANTAC - Associação

Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído ocorrido na Escola Politécnica da

USP, duas sessões de apresentação de estudos de caso na área de APO, as quais

contemplavam mais de 20 artigos técnicos. No segundo semestre de 1994, a

FAUUSP/NUTAU-USP recebeu, a visita da antropóloga Dra. Denise Lawrence da

California State Polytechnic University. Ainda neste mesmo semestre, o NUTAU-USP e

a ANTAC realizaram na FAUUSP o Workshop “Avaliação Pós-Ocupação” que contou

com a participação de professores / pesquisadores de todo o Brasil, e enfatizou o

caráter interdisciplinar deste campo de atuação.

No segundo semestre de 1995, ainda ocorreram as visitas técnicas da Dra. Denise

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Volume I – Apresentação Geral

35

Lawrence (FAPESP), do Dr. Wolfgang F. E. Preiser (CNPq) e do Dr. Ulrich Schramm

(University of Stuttgart, Alemanha). Ainda no segundo semestre de 1995, o grupo de

pesquisadores da FAUUSP/NUTAU-USP participou intensamente com a apresentação

de inúmeros trabalhos nas três sessões no âmbito da APO das atividades do ENTAC-

95 (ANTAC), ocorrido no Rio de Janeiro. No 1° semestre de 1996, a FAUUSP/ NUTAU-

USP recebeu para conferência, o especialista em APO, Dr. Robert Hershberger,

diretor do College of Architecture, University of Arizona, Tucson, USA. Ainda, no

segundo semestre de 1996 a FAUUSP/NUTAU-USP recebeu o Dr. Theo J. M. van der

Voordt, Faculty of Architecture, Delft Univ ersity of Technology, Holanda, especialista

em APO com ênfase nos estudos relativos aos usuários especiais como os

deficientes físicos, crianças e idosos. O Dr. Theo participou da disciplina de pós-

graduação AUT 805 - Avaliação Pós-Ocupação das Edificações e de encontros

técnico-acadêmicos com docentes, pós-graduandos e corpo técnico do CDHU -

Companhia Habitacional e Desenvolvimento Urbano do Estado de São Paulo. A

visita do Dr. Theo teve grande impacto junto à comunidade acadêmica e

profissional, sendo que o pesquisador teve oportunidade de fazer contatos, proferir

conferências e trocar experiências não só na FAUUSP, mas também na UFRGS,

UFMG, UnB e UFRJ. Nesta oportunidade, foi traçado um programa preliminar das

atividades a serem desenvolvidas pela Prof. Ornstein em Delft no ano de 1997,

incluindo propostas de pesquisas comuns, conferências e artigo conjunto.

Assim é que, com o apoio da FAPESP, em outubro de 1997, a Profa. Ornstein

participou de programa de aperfeiçoamento no âmbito dos aspectos de uso,

operação, manutenção e gerenciamento de ambientes construídos, com ênfase

metodológica em APOs, junto à Faculty of Architecture, Delft University of

Technology, incluindo visitas técnicas à Eindhoven University of Technology

(Holanda).

A FAUUSP possui extensa produção científica na área de APO, a qual hoje também

é abrigada no NUTAU-USP. Nesta área foram defendidas nos últimos 6 anos na

FAUUSP, 04 dissertações de mestrado, 03 teses de doutorado e 02 teses de livre-

docência . No que se refere ao ensino da APO na FAUUSP, este ocorre no curso de

graduação desde 1990 e no curso de pós-graduação desde 1984. Têm sido

publicados inúmeros artigos técnicos em revistas especializadas e anais de

congressos nacionais e internacionais. Destaca-se, em particular, a publicação de

dois livros nacionais e um capítulo em livro internacional, cujos autores são

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Volume I – Apresentação Geral

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integrantes do NUTAU-USP.

Desde 1995 encontra-se em curso, na área de APO, intercâmbio acadêmico

(convênio) em desenvolvimento por equipe técnica do NUTAU/FAUUSP e do LNEC -

Laboratório Nacional de Engenharia Civil (Lisboa, Portugal), abrangendo estudos de

casos em ambos os países. O CNPq está apoiando este intercâmbio.

Enfim, inúmeras pesquisas e atividades de consultoria têm sido desenvolvidas pelos

pesquisadores da FAUUSP/NUTAU-USP, destacando-se a aplicação da APO em

conjuntos habitacionais, autoconstruções; shopping-centers; hospitais; escolas do 1º,

2º e 3º Graus; edifícios de escritórios; praças e parques; dentre outros estudos de

caso.

Além disto, destaca-se que a FINEP - Financiadora de Estudos e Projetos, concedeu

recursos ao NUTAU/USP, conforme mencionado anteriormente, para realização da

pesquisa na qual foram incluídas duas visitas técnicas para trocar informações em

termos metodológicos e de resultados de pesquisa aplicada, junto à CUNY - City

University of New York (realizada pela Profa. Ornstein em junho de 1997) e junto ao

College of Architecture e Department of Psychology, University of Arizona, Tucson,

EUA (realizada pelo Prof. Roméro em fevereiro de 1998).

A FAUUSP/NUTAUUSP recebeu a visita no 2° semestre de 1996, com apoio do CNPq,

da Dra. Susan Saegert, diretora do Center for Human Environments - CUNY e

professora de psicologia ambiental (um dos ramos do conhecimento cujos insumos

teórico-metodológicos são levados em consideração em APOs). A Dra. Saegert não

só participou de reuniões e debates com professores, pesquisadores e pós-

graduandos na área de APO aplicada à habitação de interesse social, mas

também foi uma das conferencistas no NUTAU’96, Seminário Internacional sobre

Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo, ocorrido na FAUUSP (outubro / novembro

96). No NUTAU’96, o Painel APO contou com a apresentação de mais de 20 papers

sobre o assunto e grande interesse dos participantes em geral, distribuídos em três

sessões. Dentre estas apresentações, ocorreu também a explanação do Prof. Dr.

Antonio Reis Cabrita, do Departamento de Arquitetura do LNEC, Lisboa, Portugal, o

qual abordou recentes APOs desenvolvidas em Portugal por aquela entidade, junto

a conjuntos habitacionais. Ainda em setembro de 1997 esteve em São Paulo, dentro

do convênio USP/ LNEC, o Dr. Antonio Baptista Coelho, o qual participou de

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Volume I – Apresentação Geral

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atividades de pesquisa, pós-graduação e visitas técnicas com ênfase em APOs

aplicadas à habitação de interesse social.

É relevante frisar ainda que dando continuidade ao sistemático intercâmbio e

desenvolvimento de atividades acadêmicas conjuntas, por ocasião do NUTAU’96,

tivemos também a participação com o apoio da FAPESP, de conferencistas da

Delft University of Technology, como o Prof. Dr. Paul Drewe do Urban and Regional

Planning Group, e da Dra. Marisa Carmona, do Department Housing and Urban

Renewal.

Em dezembro de 1996, a Dra. Ornstein com apoio da FAPESP participou do “CIB-

ASTM-ISO-RILEM, 3rd International Symposium: Applycations of the Performance

Concept in Building”, Tel-Aviv, Israel”. Neste evento, com ampla participação de

pesquisadores europeus (sobretudo holandeses, ingleses, escoceses e italianos), fica

evidente a necessidade de uma maior integração e troca de experiências com a

comunidade européia, na qual a APO é situada como um dos instrumentos de

avaliação de desempenho. Como pode se depreender, os avanços constantes das

áreas de APO/RAC na FAUUSP/NUTAUUSP estão sendo possibilitados, pela

atualização permanente dos pesquisadores envolvidos, pautada no constante

contato e intercâmbio com Instituições e pesquisadores renomados nestas áreas.

Verificou-se, neste momento, que é importante se dar uma maior ênfase nas

experiências européias, ainda relativamente pouco discutidas e assimiladas

(quando pertinente) em nossos trabalhos.

Em outubro de 1996, a Profa. Sheila realizou com o apoio da FAPESP um programa

de aperfeiçoamento junto à Delft University of Technology (TU -Delft) e visitas

técnicas à Eindhoven University of Technology, Holanda. Em ambas as Universidades

a docente realizou conferências e pode ter contatos e reuniões com professores,

inclusive com alguns integrantes da comissão organizadora do IAPS AS – Encontro

da International Association for Person – Environment Studies – que ocorreu em

Eindhoven em julho p.f., além de pesquisadores, docentes, pós-graduandos e

graduandos. Nesta oportunidade a docente em questão pode também,

apresentar e discutir os principais resultados de pesquisa (à época em fase de

conclusão) que recebeu apoio da FAPESP sob o título: “Avaliação Pós-Ocupação

(APO) de Ambientes Urbanos Significativos: Estudos de Caso - Edifícios destinados à

Educação Básica e à Prestação de Serviços e Escritórios”. Parte destes resultados e

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Volume I – Apresentação Geral

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de alguns aspectos discutidos naquela ocasião, serão apresentados para um

público mais amplo e diversificado no IAPS 15. A participação no IAPS 15 e as

atividades complementares propostas irão dar continuidade e embasamento aos

trabalhos já em curso. Além de subsídios para as pesquisas (e projetos) em

andamento, forneceu também insumos para discussão no Seminário Internacional

NUTAU´98, a propósito de “Tecnologias da Arquitetura e do Urbanismo para o

Século XXI” que ocorreu na FAUUSP em setembro de 1998.

Figura 2 - Esquema básico de desenvolvimento de uma avaliação pós-ocupação

ESTUDO(S) DE CASO(S)

(A) AVALIAÇÕES FEITAS PELOS ESPECIALISTAS

(B) AVALIAÇÃO JUNTO AOS USUÁRIOS (questionários, entrevistas, observações, outros)

RECOMENDAÇÕES PARA O ESTUDO DE CASO

RECOMENDAÇÕES PARA FUTUROS PROJETOS SEMELHANTES

DIAGNÓSTICO Cruzamento

(A) x (B)

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Volume I – Apresentação Geral

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3.

DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO

JARDIM SÃO LUIS

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Volume I – Apresentação Geral

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3. DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO

3.1 Características Gerais do Distrito São Luís

De acordo com relatório elaborado pela CDHU28, o município de São Paulo, no qual

se localiza o conjunto habitacional em questão, tem 1 509 km² de área, 10,2 milhões

de habitantes e densidade demográfica de 67,2 habitantes/ hectare. A área

urbanizada compreende 45 970 logradouros com cerca de 16 000 km de extensão.

Embora sendo a principal área urbana do Brasil, a Região Metropolitana de São

Paulo (figura 3), da qual a cidade de São Paulo é o centro populacional e

econômico, sua população vem sofrendo decréscimo na sua renda salarial. A zona

central e expandida da cidade concentra uma população cuja renda média do

chefe da família está entre 12 e 20 salários mínimos, enquanto que a média do

município é de 7 salários mínimos e nas regiões periféricas da zona leste, é de 3

salários mínimos.

A queda na renda das famílias está sendo acompanhada pelo acréscimo de

famílias residindo em habitações sub-normais. Dados estimados revelam que cerca

de 1 901 894 residiam em favelas em 1993, e 1 500 000 em cortiços.

Outros índices sociais significativos do município são os seguintes:

• atendimento de 95% da demanda de abastecimento de água;

• atendimento de 75% da demanda da rede coletora de esgoto;

• índice de mortalidade infantil de 23,39 por 1 000 nascimentos vivos;

• taxa de alfabetização de 7a 10 anos de 84,8% e de 11 a 14 anos de 97,6%.

28 COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL E URBANO DO ESTADO DE SÃO PAULO - CDHU Subsídios à avaliação pós-ocupação dos empreendimentos Jardim São Luís e Vila Sílvia: por ocasião da visita do especialista holandes Dr. Theo Van der Voordt em. São Paulo. CDHU. 1996

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Volume I – Apresentação Geral

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Figura 3 - Mapa da cidade de São Paulo - Região Metropolitana

Fonte: CET, TTC,CDHU,SUPE e SEMPA, apud PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO. Proposta do Plano

Diretor de SP - para transportes, apud PREFEITURA MUNICIPAL DE SÃO PAULO, s.d.

O distrito Jardim São Luís, no qual localiza-se o Conjunto Habitacional Jardim São

Luís, constitui-se em parte da Administração Regional de Campo Limpo, na zona

sudoeste da cidade. O distrito de São Luís, desmembrado de Santo Amaro e de

Capela do Socorro, tem uma área de 24,7 km² e uma população de 204 284

habitantes, com taxa geométrica de crescimento anual - TGCA - de 2,0%. A faixa

etária dos habitantes do distrito é constituída por 43,1% até 19 anos, 30,2% de 20 a

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Volume I – Apresentação Geral

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34 anos e 4,0% de 60 anos ou mais. O censo de 1991 registra a existência de 55.426

domicílios particulares, sendo 91,8% ocupados. Em relação à infra-estrutura, a rede

de abastecimento de água atendia 98,4% dos domicílios e a rede de esgoto 75%

dos domicílios, com coleta de lixo atendendo 93% dos domicílios29.

O Conjunto Habitacional São Luís dista 17 km do centro da cidade de São Paulo,

sendo que o acesso pode ser feito a partir da Marginal do Rio Pinheiros na altura da

Av. João Dias à direita, próximo ao Centro Empresarial ou a partir da Praça da Sé

através de ônibus urbano (figura 3).

Em termos habitacionais, a AR de Campo Limpo apresentava 67 826 favelas,

abrangendo 84 861 moradores e 1 563 cortiços com 21 410 moradores em 1993,

segundo dados da SEHAB/FIPE.

Em relação à renda familiar os dados da Sempla/92 registram que 62,2% das famílias

do distrito de São Luís apresentam renda de até 8 salários mínimo, enquanto que o

Censo/91 registrava 63,45 dos chefes de domicílio com renda de até 5 salários

mínimos e 6,7 % sem rendimentos. A figura 3 localiza o conjunto habitacional Jardim

São Luís na área na qual ele está inserido.

3.2 Características Gerais do Empreendimento

O empreendimento habitacional da CDHU no distrito de São Luís está subdividido

em Jardim São Luís I e II, também denominados Campo Limpo A e C.

O Jardim São Luís II (Campo Limpo C), que possui 573 unidades habitacionais foi

comercializado em 07/04/93.

O empreendimento Jardim São Luís I (Campo Limpo A) está proposto para um total

de 5 fases, num total de 1 728 unidades habitacionais, com prédios de 4

pavimentos, parte no sistema de empreitada global - EG - e parte em mutirão. A

fase A1 com 416 apartamentos foi comercializada em duas etapas: 160 u.h. em

29 COMPANHIA DE DESENVOLVIMENTO HABITACIONAL E URBANO DO ESTADO DE SÃO PAULO - Jardim São Luís I e II e os equipamentos sociais do entorno. São Paulo: CDHU.. 1996

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Volume I – Apresentação Geral

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16/12/93 e 256 u.h. em 29/09/94. A fase A2 com 480 apartamentos também foi

comercializada em duas etapas: 320 u.h. em 25/11/94 e 160 u.h. em 22/12/95. As

outras fases - A3 (160 u. h. /UMM), A4 (384 u.h./EG) e A5 (288u.h./EG) – foram

inauguradas no decorrer de 1998, sendo que ainda não foi feito o cadastramento

para as fases A4 e A5 (figura 4).

Figura 4 - Implantação geral do empreendimento Jardim São Luís

Norte Verdadeiro

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Volume I – Apresentação Geral

44

3.2.1 População atendida

Para o empreendimento do Jardim São Luís I e I I foram cadastradas 6 308 famílias

de 12 associações da zona sul, entre junho e dezembro de 1990, sendo que parte

delas foi destinada para outros empreendimentos.

Deste primeiro cadastramento foram apurados os seguintes dados:

• população total de 24 369 pessoas;

• 19,6% das famílias eram conviventes;

• 46.7% dos componentes com até 17 anos, com população demandante de

creches e pré-escolas representando 21,1%;

• 62,1% dos chefes de família tinham até 35 anos, e chefes com mais de 50 anos

eram 6,4% do total;

• 23,5% das famílias se encontravam na faixa de até 3 salários mínimos mensais, dos

quais 1,8% atingiam 1 salário mínimo; 30,2% se encontravam na faixa de 3 a 5

salários mínimos, 36% na de 5 a 10 salários mínimos e 1,2% na de mais de 10

salários mínimos.

Em 1992, foram cadastradas 275 famílias para o mutirão, sendo 153 titulares, das

quais 28,74% se encontravam na faixa de renda familiar de 1 a 3 salários mínimos,

53,56% na faixa de 3 a 5 salários mínimos e 17,70% na faixa de 5 a 10 salários

mínimos.

No empreendimento Jardim São Luís I houve destinação de 160 UH para famílias

removidas de área de risco do Parque Otero, cujas 162 famílias cadastradas eram

compostas em média por 4,4 pessoas, sendo 35% na faixa de 18 a 35 anos, 21% na

faixa de 7 a 14 anos; 52% auferiam renda familiar de 1 a 3 salários mínimos mensais

e 24% estavam na faixa de 3 a 5 salários mínimos.

As famílias realmente habilitadas apresentam perfil de renda familiar de acordo

com os dados organizados na Tabela 2.

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45

Tabela 2 - Dados comparativos do perfil de renda das famílias habilitadas no

empreendimento São Luís I

FAIXAS DE RENDA EMPREENDIMENTO SÃO LUÍS I

(salários mínimos) A1*

416 UH

A2

479 UH

A3/UMM

160 UH

1 a 3 56,7% 43,2% 48,9%

+3 a 5 28,1% 30,7% 38,3%

+5 a 10 15,1% 26,1% 12,8%

* Inclui 160 famílias removidas da favela Parque Otero.

3.2.2 Equipamentos sociais do entorno

Pelo estudo realizado pelo CDHU, constata-se que a região da AR Campo Limpo é

carente em quase todos os serviços e equipamentos da área social, principalmente

no atendimento às crianças nas creches, nas pré-escolas e no atendimento de

saúde. Quanto à questão da habitação, existem implantados na mesma área

outros empreeendimentos para habitação de interesse social, edificações

unifamiliares autoconstruídas, cortiços e favelas (fotos 1e 2)

Foto 1 - Vista parcial do mesmo empreendimento - fase A3 - em construção sob

sistema de mutirão.

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46

Foto 2 - Vista parcial do entorno - diferentes tipologias para habitação de interesse social (cortiços,

autoconstrução, favelas, conjuntos habitacionais verticais).

A seguir, apresenta-se uma síntese sobre os equipamentos sociais existentes no

distrito e no entorno do conjunto.

A área do distrito é bastante extensa, porisso a existência dos equipamentos não é

suficiente para garantir o acesso e a utilização efetiva pelos moradores do conjunto

habitacional, pois há dependência de transporte entre o local de moradia e o local

dos equipamentos.

Entre o Jardim São Luís I e II existe um cemitério que ocupa parte da porção norte e

leste do entorno do Jardim São Luís I, o que sem sombra de dúvida limita a

implantação de edificações e consequentemente de equipamentos sociais nesta

parte do entorno.

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Volume I – Apresentação Geral

47

3.2.2.1 Equipamentos de Bem Estar Social

• Creches (atendimento de crianças de até 3 anos e 11 meses de idade)

A oferta de vagas no distrito Jardim São Luís é de 2.750, em 29 creches da rede

direta, indireta e conveniada, atendendo apenas 14,3% da demanda, equivalente

à média do município, e apresentando um déficit de 14.520 vagas (121 creches

padrão para 120 crianças).

Considerando o entorno da área Jardim São Luís I, na distância entre 0 e 500 metros

situam-se 2 creches; entre 500 metros e 1 km situam-se 8 creches; entre 1 km e 1,5

km situam-se 11 creches. Ou seja, o maior número de creches situa-se nas áreas

mais distantes do conjunto habitacional, dificultando o acesso das crianças de

menor idade.

• Centros de Juventude (atendimento de crianças e adolescentes de 7 a 14 anos)

A oferta de vagas no distrito Jardim São Luís é de 1.548, em 17 centros de juventude

conveniados, atendendo somente 6,04% da demanda no distrito, muito abaixo da

média municipal, mas ainda um pouco melhor que a média da AR Campo Limpo

com nível de atendimento de 4,38%.

Considerando o entorno da área Jardim São Luís I, na distância entre 0 e 500 metros

situa-se 1 centro de juventude; entre 500 metros e 1 km situa-se 1 centro de

juventude; entre 1 km e 1,5 km situam-se 6 centros de juventude. Ou seja, o maior

número de centros de juventude situa-se nas áreas mais distantes do conjunto

habitacional, dificultando o acesso dos jovens.

3.2.2.2 Educação

• Educação infantil

O atendimento infantil de pré-escola é realizado por meio das EMEIs (Escolas

municipais de Educação Infantil) da rede municipal, estadual e particular. No

distrito Jardim São Luís, a oferta é de 3.779 matrículas em 16 escolas, com

atendimento de 18,4% apenas e apresentando um déficit de 16.808 vagas em 20

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Volume I – Apresentação Geral

48

escolas. O atendimento fica abaixo da média da AR e bem abaixo do nível dos

outros distritos.

Considerando o entorno da área Jardim São Luís I, na distância entre 0 e 500 metros

situa-se 1 EMEI; entre 500 metros e 1 km situam-se 2 EMEI; entre 1 km e 1,5 km situam-

se 4 EMEI. Ou seja, o maior número de EMEI situa-se nas áreas mais distantes do

conjunto habitacional, dificultando o acesso das crianças.

• Educação de 1º e 2º grau

A educação de 1º e 2º grau é atendida em escolas da rede municipal e estadual.

No distrito Jardim São Luís, a oferta é de 41 554 vagas em 34 escolas, mas atende

apenas 95,4% da demanda, havendo um déficit de 2001 vagas. A rede pública

funciona na base da super-utilização, funcionando em 4 e 5 turnos diários, não

garantindo ao aluno, sequer, o mínimo de 4 horas de aula por dia, o que vem

prejudicar em muito a qualidade do ensino público.

Considerando o entorno da área Jardim São Luís I, na distância entre 0 e 500 metros

situam-se 2 EMPG e EEPG e 1 EMPG com pré-escola; entre 500 metros e 1 km situam-

se 3 EMPG, 6 EEPG e EMPG e 1 EMPSG; entre 1 km e 1,5 km situam-se 3 EMPG, 5

EEPG, 5 EEPSG, 1 EEPG com pré-escola. Ou seja, o maior número de equipamentos

de educação situa-se nas áreas mais distantes do conjunto habitacional,

dificultando o acesso das crianças e dos jovens.

3.2.2.3 Saúde

• Assistência primária à saúde - centros de saúde, pronto-atendimento,

ambulatórios

A assistência primária à saúde, dada pela UBS (Unidade Básica de Saúde)

municipal, estadual ou federal, apresenta-se muito precária na periferia do

município, sendo que no distrito Jardim São Luís há déficit de 03 equipamentos.

Considerando o entorno da área Jardim São Luís I, na distância entre 0 e 500 metros

situa-se 1 UBS; entre 500 metros e 1 km situam-se 2 UBS e 1 centro de saúde estadual;

entre 1 km e 1,5 km situam-se 2 UBS, 1 CTISM, 1 hospital municipal e 1 centro de

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Volume I – Apresentação Geral

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saúde estadual. Ou seja, o número de equipamentos de saúde é insuficiente para

um atendimento de qualidade aos moradores do conjunto habitacional.

• Assistência secundária - hospitais

Na assistência secundária a oferta não atende ao mínimo de 4 leitos /mil

habitantes/ano(índice da OMS), no geral do município. Na AR Campo Limpo o

índice é de 0,57 leitos/mil habitantes/ano. Já no distrito Jardim São Luís há déficit

total pois não possui nenhum leito hospitalar.

3.2.2.4 Cultura e Esporte

A região do AR Campo Limpo é muito carente em equipamentos de cultura e

esporte. No Jardim São Luís há apenas uma casa de cultura com atividades, e 14

equipamentos de esporte, todos bastante simples. Além disso, a AR de Campo

Limpo é bastante violenta, sendo que um dos fatores é a ausência de

equipamentos de lazer, agravando a situação nos finais de semana pois os

moradores não dispõem de atividades de lazer.

Considerando o entorno da área Jardim São Luís I, na distância entre 0 e 500 metros

situa-se 1 campo de futebol apenas; entre 500 metros e 1 km situa-se também

apenas 1 campo de futebol; entre 1 km e 1,5 km situam-se 6 campos de futebol e

2 centros desportivos municipais.

Em termos de áreas verdes públicas, observam-se no entorno um total de 8 áreas

destinadas a esta função, na distância entre 0 e 500 metros situam-se 3 áreas verdes

públicas; entre 1 km e 1,5 km situam-se 5 áreas verdes públicas, embora não seja

mencionada a qualidade desses espaços, ou seja, o número de equipamentos de

cultura, esporte e lazer é insuficiente para atendimento aos moradores do conjunto

habitacional (foto 3).

• Abastecimento

O abastecimento através de equipamentos públicos, carente nas regiões

periféricas, no distrito Jardim São Luís dispõe de apenas dois mini-mercados e duas

feiras confinadas municipais. No entorno da área Jardim São Luís I, há apenas 2

sacolões, reforçando a carência da área em equipamentos públicos.

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Volume I – Apresentação Geral

50

Foto 3 - Vista parcial do campo de futebol situado no entorno sul.

3.2.3 Conjunto Habitacional Jardim São Luís - abrangência da proposta

O projeto do conjunto habitacional prevê não só a construção de unidades de

moradia, mas também de um centro de convivência, creche, pré-escola, sistema

de lazer, estacionamentos e área para comércio, porém, nem todos estes

equipamentos foram construídos até a presente fase do empreendimento. O

paisagismo proposto prevê a utilização de espécies frutíferas além das ornamentais,

em todo o conjunto, cuja execução também não ocorreu (figura 4).

Implantação

Os edifícios foram implantados dois a dois obedecendo a mesma orientação em

relação ao norte, ou seja: leste - oeste no seu maior comprimento. Em relação à

topografia, os edifícios foram posicionados perpendicularmente ao desnível. O

terreno em questão apresenta grande declividade e a implantação impôs intensa

movimentação de terra, com o estabelecimento de platôs nos quais estão os

prédios, resultando taludes acentuados e escadarias para acessar a entrada

principal. Em platôs intermediários estão localizados os bolsões de estacionamento.

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Volume I – Apresentação Geral

51

Tipologia dos edifícios e dos apartamentos

O edifício foi organizado em lâminas, implantadas duas a duas e articuladas através

da caixa de escada. Tal configuração recebeu a denominação de módulo. Os

edifícios são compostos por dois módulos agrupados e unidos por duas caixas de

escadas não confinadas.

São edifícios multi-familiares de quatro pavimentos, todos ocupados com unidades

de habitação, inclusive o térreo. Cada lâmina é constituída por quatro

apartamentos compondo oito unidades por pavimento (figura 5).

Figura 5 - Perspectiva isométrica do módulo de edifícios - dois edifícios e caixa de escada

Fonte: CDHU, 1996

As faces laterais dos edifícios não apresentam aberturas, portanto todas as

unidades recebem suas aberturas em faces paralelas, uma voltada para o

“exterior” do módulo e a outra para a área comum entre os dois edifícios.

Os acessos principais, circulação vertical e horizontal das unidades estão

localizados nesta área comum, na qual também se situam os abrigos de gás e os

medidores da instalação elétrica e hidráulica. Sobre as caixas de escadas estão

localizados os reservatórios de água.

Os apartamentos obedecem a mesma organização para todos os edifícios do

conjunto, diferenciando-se apenas na área das unidades localizadas nas

extremidades das lâminas. O apartamento tem uma área útil de 37,69 m² (incluindo

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Volume I – Apresentação Geral

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hall de distribuição) e contempla 2 dormitórios, sala e cozinha (separadas

originariamente por um balcão), área de serviço e banheiro, conforme pode ser

verificado na figura 6. Destaca-se em especial, que a disposição efetiva das louças

sanitárias no banheiro estão em desacordo com o projeto arquitetônico e de

instalações, sendo que tais louças foram colocadas junto à parede divisória com a

cozinha, exigindo a execução de saliência na parede de entrada, o que reduziu o

espaço de acesso ao banheiro. Assim, lavatório e vaso sanitário foram fixados muito

próximos entre si, inviabilizando a colocação de box de chuveiro.

Sistema construtivo

Os edifícios foram construídos segundo a técnica da alvenaria armada de blocos

de concreto. Os blocos de escada recebem estrutura independente de concreto

armado. As fachadas externas foram revestidas e pintadas. Foi adotada para a

cobertura, estrutura de madeira e fechamento em telhas cerâmicas, sem coletores

para águas pluviais. Internamente, as unidades foram entregues aos moradores sem

revestimentos de parede, piso e forro. As esquadrias utilizadas são de ferro pintadas,

com portas internas em madeira.

Figura 6 - Planta Original do Apartamento

Fonte: CDHU, 1996

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4.

PROCEDIMENTOS

METODOLÓGICOS GERAIS E

ESPECÍFICOS

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

54

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS GERAIS E ESPECÍFICOS

No campo internacional, tem-se inúmeras obras e estudos voltados aos

procedimentos metodológicos para a avaliação de desempenho (pós-ocupação)

da denominada habitação de interesse social. Destacam-se no campo das

relações Ambiente & Comportamento (RAC) dentre outros, no contexto conceitual

e teórico e metodológico, BECHTEL 30 e WINKEL 31. Em termos dos procedimentos

para aplicação metodológica, em geral, e em um determinado aspecto

ambiental, ou ainda no que respeita aos aspectos estatísticos, para análise e

tabulação de dados, DENZIN 32; PATTON 33; REAVES 34 RUBIN e RUBIN 35 , BECHTEL,

MARANS e MICHELSON 36; HAYES e LNEC 37.

À propósito de pesquisas aplicadas em estudos de caso, pode-se citar as

excelentes obras de BAIRD et al 38; KERNOHAN et al. 39 e SANOFF 40, sendo que este

último destaca métodos e técnicas visuais. Quanto às análises sobre a eficácia de

programas habitacionais, tem-se por exemplo, BRATT, KEYS, SCHWARTZ & VIDAL 41,

balanços sobre o estado da arte, o futuro da habitação social e a relação com

seus usuários, nos EUA, Europa e outros locais PREISER, VARADY & RUSSELL, 42 e

estudos sobre relações AC internas à habitação, MARCUS 43. A propósito de

aspectos importantes como a manutenção, a segurança e a gestão/autogestão

condominial, tem-se os estudos de U -HAB 44, DUNOWICZ, GERSCOVICH & BOSELLI 45 e

30 BECHTEL, Robert B. Environment & Behavior Research: an introduction. Thousand Oaks, California: Sage

Publications, Inc., 1997. 31 WINKEL, Gary H. Environmental design evaluation as a change oriented Research Process. In: Architecture &

Behaviour, VOL. 9(1). Lausanne, Switzerland, março 1993. pp. 85-97 32 DENZIN, Norman K. Handbook of Qualitative Research. Thousand Oaks, California: Sage Publications, Inc., 1994 33 PATTON, Michael Quinn. Utilization - Focused Evaluation. Thousand Oaks, California: Sage Publications, Inc., 1996. 34 REAVES, C. C. Quantitative Research for the Behavioral Sciences. New York: John Wiley & Sons, Inc. 1992.

35 RUBIN, Harbert J. & RUBIN, Irene S. Qualitative Interviewing. Thousand Oaks, California: Sage Publications, Inc., 1995.

36 BECHTEL, Robert B.; MARANS, Robert W. & MICHELSON, William. Methods in Environmental and Behavioral Research. New York, Van Nostrand Reinhold, 1987.

37 HAYES, Bob E. Cómo Medir la Satisfacción del Cliente: Desarollo y Utilización de Cuestionários. Barcelona, España. Ediciones Gestión 2000, S.A, 1995.

38 BAIRD, Geoge et al. Building Evaluation Techniques. New York: Mc Graw Hill, 1996. 39 KERNOHAN, David et al. User Participation in Building Design and Management. Oxford, Great Britain: Butterworth

- Heinemann Ltd., 1992 40 SANOFF, Henry. Visual Research Methods in Design . New York, Van Nostrand Reinhold, 1991. 41 BRATT, Rachel G.; KEYES, Langley C.; SCHWARTZ, Alex; VIDAL, Avis C. Confronting the Management Challenge:

Affordable Housing in the Nonprofit Sector . New York: Community Development Research Center / Graduate School of Management and Urban Policy / New School for Social Research, 1995.

42 PREISER, W. F. E.; VARADY, D. P. & RUSSEL, F. P. (eds). Future Visions of Urban Public Housing – An International Forum (proceedings). Cincinnati, Ohio: University of Cincinnati, 1994.

43 MARCUS, Clare Cooper. House as a Mirror of Self: Exploring the Deeper Meaning of Home . Berkeley, California: Conari Press, 1995.

44 U-HAB - The Urban Homesteading Assistance Board & HPD - Department of Housing Preservation and Development of the City of New York. Homesteader’s handbook: a guide to building Maintenance and repair. New York: U-HAB,

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

55

o trabalho de NEWMAN 46. Também podem ser mencionados diversos estudos que

destacam os resultados das pesquisas no campo da habitação e(ou) de suas

relações com outros ambientes urbanos, públicos, semi-públicos no âmbito da APO,

com ênfases temáticas em aspectos como a acessibilidade/desenho universal,

privacidade e critérios qualitativos de desempenho e diretrizes de projeto em geral.

Nesta linha tem-se WINTER 47 , COELHO & CABRITA 48 ; MARCUS & FRANCIS (1990) e

MINISTÉRIO DO EQUIPAMENTO SOCIAL E DA QUALIDADE DE VIDA 49. No Brasil, os

estudos e a literatura em geral são mais restritos, mas sobretudo no final da década

de 80 e nesta última década, começam a surgir alguns trabalhos nos campos

mencionados anteriormente.

Dentre eles, destacam-se no âmbito conceitual, teórico e metodológico, ORNSTEIN,

BRUNA & ROMÉRO 50 e ORNSTEIN 51. Quanto a procedimentos metodológicos

específicos, tais como, no âmbito do desempenho térmico de habitações, tem-se

por exemplo, AKUTSU, VITTORIN & YOSHIMOTO 52. A propósito de pesquisas em APO

aplicadas em estudos de caso específicos, tem-se SILVA et AL.53; REIS 54;

KOWALTOWSKI & PINA 55; ELALI 56, além de trabalhos dirigidos às redes de infra-

estrutura urbana em conjuntos habitacionais e suas relações com os moradores 57.

1995 (vol. 6).

45 DUNOWICZ, R.; GERSCOVICH, A.; BOSELLI, T. Usuários, técnicos y município en la rehabilitación del hábitat: administración y mantenimiento de conjuntos habitacionales. Buenos Aires, Argentina: Facultad de Arquitectura, Diseño y Urbanismo, Universidad de Buenos Aires (serie Difusión 6), 1993.

46 NEWMAN, op. supra cit. 47 WINTER, S. Accessible housing by design : universal design principles in practice. New York: Mc Graw Hill

Companies, 1997. 48 COELHO, A. B. ; CABRITA, A. R. Espaço exteriores em novas áreas residenciais. Lisboa, Portugal: Laboratório

Nacional de Engenharia Civil, Instituto Nacional de Habitação, 1992 (série Habitação). 49 MINISTÉRIO DO EQUIPAMENTO SOCIAL E DA QUALIDADE DE VIDA. Recomendações técnicas para habitação

social (Portaria 580/83, de 17/5). Lisboa, Portugal: Diário da República, 3° Suplemento, 14 de fevereiro de 1985. 50 ORNSTEIN, S. W. ; BRUNA, G. C.; ROMÉRO, M. de A. Estudo de caso: escolas de 1° e 2° graus. In: Ambiente

construído & comportamento: a avaliação pós-ocupação e a qualidade ambiental. São Paulo, SP. Studio Nobel, Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, Fundação para a Pesquisa Ambiental, 1995. pp. 99-124.

51 ORNSTEIN, S. W. (coord.). Anais do Workshop Avaliação Pós-Ocupação. São Paulo: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC); Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, FINEP, 1994

52 AKUTSU, M.; VITTORIN, F. e YOSHIMOTO, M. Método expedito para avaliação do desempenho térmico de habitações. In: Anais... III Encontro Nacional / I Encontro Latino – Americano de Conforto no Ambiente Construído. Gramado, RS: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, julho 1995. pp. 299-304.

53 SILVA, M. A. C. et al. Metodologia de avaliação pós-ocupação segundo a abordagem de desempenho: aplicação prática no Núcleo Experimental do Município de Cubatão. In: ENTAC 93 – Avanços em Tecnologia e Gestão da Produção de Edificações. São Paulo, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), novembro de 1993, pp. 923-932 (vol 2).

54 REIS, Antonio T. L. Avaliação de alterações realizadas pelo usuário no projeto original da habitação popular. In: ENTAC 95 – Qualidade e Tecnologia na Habitação. Rio de Janeiro, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), novembro 1995. pp. 319-324. (vol. I).

55 KOWALTOWSKI, D. C. C. K. ; PINA, S. M. Transformações de casas populares: uma avaliação. In: III Encontro Nacional / I Encontro Latino-Americano de Conforto no Ambiente Construído. Gramado, RS: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído, Julho 1995. pp. 625-630

56 ELALI, G. A. Conjunto Rincão: Sonho e Realidade. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1995. (dissertação de mestrado).

57 Ver obra: MEDVEDOVSKI, Nirce Saffer. Avaliação pós-ocupação de redes de esgoto domiciliar em conjuntos

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Volume I – Apresentação Geral

56

No que respeita à manutenção, à segurança e à acessibilidade a portadores de

deficiência física, podem ser destacados estudos de desempenho técnico (HELENE 58; THOMAZ 59; GUIMARÃES 60) e sobre segurança em conjuntos habitacionais 61.

Quanto à gestão da qualidade na construção civil, tem-se como referencial SOUZA

62. Também estão surgindo alguns estudos que podem nortear a formulação de

critérios de desempenho mais compatíveis com as necessidades dos usuários,

observados os aspectos técnicos, econômicos e funcionais implícitos. Tem-se,

dentre eles VIANNA & ROMÉRO 63, ORNSTEIN, ROMÉRO & CRUZ 64, MASCARÓ 65 e

GHOUBAR 66. Ainda deve-se destacar as diretrizes de projeto elaboradas por

MORETTI 67.

4.1 Métodos e Técnicas

Considerando sua conceituação básica, a aplicação de métodos e técnicas de

APO deve levar sempre em consideração tanto o ponto de vista dos técnicos

(vistorias, medições e análises realizadas), bem como a aferição dos níveis de

satisfação dos usuários. O cruzamento destes dois tipos de procedimentos, os

diagnósticos e os produtos decorrentes (recomendações, banco de dados, vídeo,

relatório) estão apresentados na figura 7, a seguir.

habitacionais populares. In: ENTAC 95 – Qualidade e Tecnologia na Habitação. Rio de Janeiro, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), novembro 1995. pp. 365-370 (vol. I).

58 HELENE, Paulo. Manual para Reparo, Reforço e Proteção de Estruturas de Concreto. São Paulo, Pini, 1992. 59 THOMAS, Ercio. Trincas em Edifícios: Causas, Prevenção e Recuperação. São Paulo, Editora Pini, Escola Politécnica

da Universidade de São Paulo, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 1989. 60 GUIMARÃES, Marcelo P. A graduação da acessibilidade versus a NBR 9050/94: Uma análise de conteúdo. Edição

especial para a Comissão da Acessibilidade/Prefeitura Municipal de Belo Horizonte: Centro de Vida Independente de Belo Horizonte, CVI-BH, 1995.

61 REIS, Antônio T. L. & LAY, M. Cristina D. Principais fatores afetando a satisfação e habitacionais. In: ENTAC 95 – Qualidade e Tecnologia na Habitação. Rio de Janeiro, Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), novembro 1995. pp. 307-312 (vol. I).

62 SOUZA, Roberto et al. Sistema de Gestão da Qualidade para Empresas Construtoras. São Paulo: Centro de Tecnologia de Edificações, SindusCon – SP, SEBRAE-SP, 1994.

63 VIANNA, Nelson Solano & ROMÉRO, Marcelo de Andrade. Procedimentos metodológicos para a aplicação da avaliação pós-ocupação em conjuntos habitacionais para a população de baixa renda: do desenho urbano à unidade habitacional – estudo das questões relativas ao conforto ambiental. In: Anais IV Encontro Nacional de Conforto do Ambiente Construído. Salvador, Bahia: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), novembro 1997 (no prelo).

64 ORNSTEIN, Sheila Walbe; ROMÉRO, Marcelo de Andrade & CRUZ, Antero de Oliveira. Avaliação Pós-Ocupação (APO) Aplicada em Conjunto Habitacional em São Paulo: Análise Funcional e Ergométrica dos Ambientes Internos do Apartamento como Indicador de Qualidade para Futuros Projetos. In: IV Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído. Salvador, Bahia: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), novembro 1997 (no prelo).

65 MASCARÓ. Juan Luis. O Custo das Decisões Arquitetônicas. São Paulo, Nobel, 1985. 66 GHOUBAR, Khaled. Alguns indicadores econômicos e funcionais de habitações unifamiliares autoconstruídas em

bairros periféricos de São Paulo. In: Seminário Nacional sobre Desenvolvimento Tecnológico dos Pré-Moldados e Autoconstrução. São Paulo: Núcleo de Pesquisa em Tecnologia da Arquitetura e Urbanismo e Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1995. pp. 281-289.

67 MORETTI, Ricardo de S. Normas Urbanísticas para Habitação de Interesse Social. São Paulo, FINEP, Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São Paulo, 1997.

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

57

Figura 7 – Fluxograma Geral de Desenvolvimento Metodológico da APO (continua)

APO – NUTAU/FINEP Conjuntos Habitacionais

(edifícios de aptos., unidades habitacionais, áreas livres, escola)

CRITÉRIOS DE DESEMPENHO E/OU INDICADORES DE QUALIDADE l Normas l Códigos l Diretrizes de Projeto l Experiências Profissionais l Literatura l Critérios Metodológicos

AVALIAÇÃO TÉCNICA (pelos especialistas)

l entrevistas com técnicos da

companhia habitacional l leitura de projetos, especificações

técnicas, planilhas de custos l seleção amostral para aplicação de

roteiro / checklist técnico l medições in loco: conforto térmico,

iluminação e acústica (ruído) l cálculos e simulações sobre

conforto ambiental e consumo energético

l levantamento de mobiliário, equipamentos eletrodomésticos e louças sanitárias nos aptos.

l cálculo de índices de obstrução nos aptos.

l reuniões com técnicos da Companhia Habitacional para

discussão de resultados

AFERIÇÃO DA SATISFAÇÃO DOS USUÁRIOS

l entrevistas com pessoas chave

no conjunto l seleção amostral l aplicação e análise do

questionário pré teste l aplicação e análise do

questionário definitivo l questionários l observações l mapas comportamentais em

áreas livres/condominiais

TABULAÇÃO DE DADOS

população oriunda da favela (OF)X

população com inscrição regular (IR)

CRUZAMENTOS ENTRE RESPOSTAS

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Volume I – Apresentação Geral

58

... continuação figura 7

Figura 7 – Fluxograma de Desenvolvimento Metodológico da APO

DIAGNÓSTICOS Áreas do conhecimento

objeto de Avaliação

CARACTERIZAÇÃO SÓCIO-ECONÔMICA DO CONJUNTO E DO BAIRRO

INSERÇÃO DO CONJUNTO NO CONTEXTO URBANO

SISTEMA CONSTRUTIVO E INSTALAÇÕES PATOLOGIAS

FUNCIONALIDADE

CONFORTO AMBIETAL Térmica TÉRMICA

Iluminação ILUMINAÇÃO Acústica

ACÚSTICA Ventilação

CONSERVAÇÃO DE ENERGIA

SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

AMBIENTE CONSTRUÍDO X

COMPORTAMENTO HUMANO

ECONOMIA DO EDIFÍCIO CUSTOS X BENEFÍCIOS PRODUTOS

RECOMENDAÇÕES PARA O ESTUDO DE CASO

DIRETRIZES PARA FUTUROS PROJETOS

VÍDEO PARA DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA

BANCO DE DADOS

RELATÓRIO FINAL COM PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS PARA A APLICAÇÃO DA APO EM CONJUNTOS

HABITACIONAIS

OUTROS ASPECTOS INSERIDOS:

• Manutenção, • Gestão Condominial, • Privacidade, etc.

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Volume I – Apresentação Geral

59

4.1.1 Roteiro Metodológico Utilizado

A APO orientou-se pelo seguinte roteiro metodológico básico, o qual procurou

realizar estudo comparativo entre dados coletados nos edifícios e apartamentos

ocupados por moradores oriundos da favela localizada na área de risco do Parque

Otero (OF) e por moradores com inscrição regular no cadastro do CDHU (IR) (a

distribuição amostral e localização das unidades no conjunto encontram-se

descritas no 4.3 deste capítulo) :

(a) Contatos com técnicos do CDHU para seleção do conjunto habitacional

estudo de caso;

(b) Obtenção de dados sócio-econômicos e dos projetos executivos completos

do conjunto habitacional;

(c) Visitas de reconhecimento da área e registros fotográficos;

(d) Apresentação da área de estudo para pós-graduandos participantes do

levantamento de campo e dos diagnósticos;

(e) Formulação e aplicação do questionário pré-teste para aferir níveis de

satisfação dos moradores;

(f) Definição da amostra;

(g) Formulação e aplicação dos questionários definitivos (81, sendo 33 em

moradias de OF e 48 em IR);

(h) Leitura dos projetos executivos, especificações técnicas e planilhas de custos

originais;

(i) Pré-teste das vistorias técnicas, incluindo levantamentos de mobiliário,

equipamentos e conseqüentes índices de obstrução em 16 apartamentos;

(j) Aplicação definitiva das vistorias técnico-funcionais em um total de 27

apartamentos (33% da sub-amostra de 81) sendo 9 de moradores OF e 18 de

IR;

(l) Análise comparativa entre satisfação dos usuários (questionário) e resultados

das vistorias técnicas;

(m) Reuniões dos pesquisadores com técnicos do CDHU para discussão de

resultados;

(n) Diagnóstico final;

(o) Recomendações e diretrizes para futuros projetos semelhantes e

(p) Inserção em vídeo de curta duração, integrante da pesquisa, dos principais

resultados da APO funcional.

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

60

Conforme poder-se-á verificar no decorrer deste volume e ilustrado no Fluxograma

da figura 7, outros procedimentos metodológicos específicos foram adotados nesta

pesquisa. A análise, por exemplo, do edifício como um todo, da escola

(equipamento comunitário eleito para avaliação) e das áreas livres, em suas

respectivas sub-áreas técnicas de avaliação (aspectos construtivos, análise

funcional, conforto ambiental, análise econômica) necessitaram de procedimentos

metodológicos específicos, como por exemplo, medições, simulações etc. A

estruturação temática dos volumes de apresentação dos resultados propicia a

descrição, em separado, dos procedimentos metodológicos específicos de cada

uma das sub-áreas de avaliação. Desta forma, encontram-se aqui descritos

somente os procedimentos e critérios metodológicos considerados básicos.

4.2 Critérios de Desempenho Utilizados como Parâmetros para Avaliação Técnica

Foram estabelecidos para cada área do conhecimento ou temática, um conjunto

de critérios de desempenho (ver figura 7, anterior) que pudesse servir como

referencial de qualidade nas análises técnicas, comportamentais e nos

cruzamentos entre ambas. Estes critérios de desempenho são oriundos de normas

nacionais e internacionais, diretrizes de projeto, indicadores qualitativos e

quantitativos consagrados, códigos de edificações, experiência profissional dos

especialistas envolvidos no projeto e outros.

Por exemplo, quanto ao conforto ambiental, foi considerado dentre outros, o nível

mínimo de iluminação para cada atividade estabelecido pela NBR 5413 (ABNT) e

para a acústica, o nível de ruído de fundo máximo também para cada atividade,

estabelecido pela NBR 10152 (ABNT) 68.

Ainda, no que respeita ao consumo energético (kWh/m2), considerou-se como

referencial o indicador do IBGE para a família paulistana e dados do especialista

para a classe média, levando-se em conta, a área útil reduzida associada ao

aumento da presença de eletrodomésticos e a utilização de chuveiro elétrico 69.

68 obra supra cit. VIANNA & ROMÉRO, 1997 69 ROMÉRO, Marcelo de Andrade. Consumo de energia elétrica e padrões de uso em conjuntos habitacionais para

população de baixa renda. In: Anais IV Encontro Nacional de Conforto no Ambiente Construído. Salvador, Bahia: ssociação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), novembro 1997 (no prelo).

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Volume I – Apresentação Geral

61

Critérios e referências desta natureza também estão sendo utilizados nas outras

áreas do conhecimento objeto desta APO como patologias nos edifícios,

segurança contra incêndio nos edifícios, conforto térmico, equipamentos sociais,

áreas livres, qualidade de vida no conjunto e outras.

4.3 Definição do Universo da Pesquisa em Relação à Totalidade do Conjunto

Habitacional São Luis

Para efeito desta APO funcional, foi selecionado um setor deste conjunto contendo

416 apartamentos (24% da amostra total), distribuídos em 13 edifícios, dos quais 5

abrigam população oriunda de favela (OF) removida de área de risco do Parque

Otero, num total de 160 domicílios (38%), ocupados a partir de dezembro de 1993, e

8 abrigam moradores com inscrição regular (IR) no cadastro de moradores do

CDHU, num total de 256 unidades (62%), ocupados a partir de setembro de 1994.

Em ambos os casos, os edifícios foram executados no processo “empreitada global”

(Figura 8).

Figura 8 - Implantação dos blocos ocupados por moradores oriundos da favela (OF) e por moradores oriundos da UMM (IR)

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Volume I – Apresentação Geral

62

4.3.1 Determinação da Amostragem

A definição amostral considerou os dois níveis de abrangência da pesquisa:

• Avaliação comportamental - primeiro nível

Considerando estes universo, foi escolhida uma amostra intencional de 81 unidades

(19,47% do total) o que permite a extrapolação para o conjunto, visando também

garantir a distribuição proporcional entre as 2 procedências (OF e IR) incluindo

apartamentos de todas as lâminas e nos distintos pavimentos, considerando

orientação solar, localização dos edifícios e dos apartamentos nas lâminas. Esta

distribuição amostral está apresentada esquematicamente na tabela 3.

Tabela 3 - Quadro de distribuição amostral

1 2 3 4 1 andar 9 10 11 12 2 andar 17 18 19 20 3 andar 25 26 27 28 4 andar

8 7 6 5 1 andar 16 15 14 13 2 andar 24 23 22 21 3 andar 32 31 30 29 4 andar

Do ponto de vista prático, foi elaborado sobre a amostra principal - escolha

preferencial (E) uma amostra opcional (O) objetivando cobrir eventualidades dos

levantamentos in loco. Estas duas opções foram organizadas em um quadro

utilizado no campo para orientar as equipes de pesquisadores, conforme

apresentado na tabela 4.

Tabela 4 - U. H. organizadas em amostra preferencial ou opcional

EDIFÍCIO E O E O E O E O E O E O 1 5 4 15 10 32 29 26 13 1 8 25 28 2 4 5 2 3 7 6 16 9 17 24 28 29 3 4 5 28 29 8 7 31 26 19 22 1 9 4 4 5 28 29 15 10 32 25 18 23 12 13 5 1 4 24 17 25 32 23 18 20 12 21 13 6 1 4 24 17 25 32 22 19 20 12 21 13 7 1 4 24 17 25 32 23 18 20 12 21 13 8 8 1 32 25 5 4 29 28 16 9 13 12 9 8 1 32 25 5 4 29 28 16 9 13 12

10 8 1 32 25 5 4 29 28 16 9 13 12 11 4 5 2 3 28 25 7 6 16 9 29 32 12 22 19 16 9 31 26 27 30 1 4 28 29 13 5 8 15 14 32 29 26 27 4 1 25 28

E = escolha O = opção

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Volume I – Apresentação Geral

63

Critérios

1° abordagem - Tabela E ou O

2° abordagem - qualquer no mesmo pavimento

• Avaliação técnica - segundo nível

Para este segundo nível, foi escolhido uma sub-amostra de 27 unidades do universo

de 81, para a realização do levantamento técnico exaustivo, adotando-se o

procedimento da amostragem casual sistemática após a ordenação das unidades

para garantia de “equirepresentação” nas diversas lâminas e pavimentos70 . Estes

dados resultam da seguinte análise estatística:

4.3.1.1 Sistema de referências

Como universo base para o cálculo do tamanho da amostra e da escolha das

unidades a serem levantadas, foram utilizados os domicílios que já foram

entrevistados na pesquisa comportamental. Para garantir a representação dos

segmentos populacionais das 2 procedências (favela e fila normal) e as 3

categorias de apartamento quanto à localização vertical dentro do prédio, o

procedimento escolhido foi a da amostragem casual sistemática, após a

ordenação das unidades para garantia de equirepresentação.

A unidade amostral é, dessa forma, o domicílio a ser submetido a uma avaliação

técnica. É um universo finito, real e enumerável, com tamanho 81. Por sua vez, esse

81 são sub-conjunto do universo de 416 apartamentos e o representam. Embora

escolhidos de forma intencional, o processo de seleção das unidades, bem como o

tamanho da amostra de 81, permitem a extrapolação para o conjunto São Luís.

4.3.1.2 Cálculo do tamanho da amostra

O valor de n (tamanho da amostra) depende da variabilidade apresentada por

cada uma das variáveis em estudo, da precisão desejada, da confiança que se

quer depositar nos resultados e no universo dos domicílios. Como já foi dito, o

universo é finito, enumerável e tem existência real.

70 TASCHNER, Suzana P. Amostragem. São Paulo, 1997 (Projeto Avaliação Pós-Ocupação – NUTAU/USP/FINEP).

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Volume I – Apresentação Geral

64

Como já foi efetuada a pesquisa comportamental no setor do conjunto estudado

(amostra de 81 casos), pode-se pensar na utilização da variabilidade de um

estimado real, com média e desvio-padrão conhecidos. As variáveis referentes à

adequação ao uso, segurança, conforto, privacidade, aparência, convivência

social, características das áreas comuns e da vizinhança e manutenção e

conservação de edifícios e das áreas comuns foram mensuradas através de uma

escala que transformou respostas com nível de mensuração qualitativo numa

escala paramétrica que varia de 4 (ótimo) a 1 (péssimo). Já se apuraram as médias,

desvios-padrão e modas das respostas referentes ao sub-conjunto de procedentes

da favela. São 45 valores de média, cuja mediana foi a média da variável 2.10.1

(classificação da situação do espaço para trabalho extra), com média igual a 2,5 e

desvio padrão de 0,5. Não é a variável de maior variabilidade (variável 8.8 -

qualificação da creche). Se essa variável fosse usada (coeficiente de variação de

46,5%, desvio padrão de 0,99 e média de 2,13), a amostra seria praticamente igual

à de uma população infinita, com os parâmetros de erro e confiabilidade

escolhidos (90% de confiança e 13% como erro máximo).

O levantamento técnico é por demais exaustivo e demorado para permitir amostra

tão grande. Além disso, a variável de maior variabilidade é externa ao

apartamento, referindo-se à qualidade da creche, e o levantamento técnico visa

verificar as condições objetivas da moradia em si. Dessa forma, escolheu-se, para o

cálculo da amostra, utilizar a variância da variável com média na mediana da

distribuição das médias escalares. Foi utilizada a estatística:

Pr { | y-Y| 0,13} = 0,10

onde

Pr = probabilidade

y = verdadeiro valor escalar na população

Y= valor escalar na amostra

Explicando melhor a estatística usada, dizer que | Y-y |, erro, não deve ultrapassar

13%, com confiança de 90%, significa dizer que em apenas 10% das possíveis

>I

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Volume I – Apresentação Geral

65

amostras poderá ter erros superiores a 105, para o tamanho da amostra calculado.

d2

(1,64)2 (0,5) 2

(0,13)

n = 40

Como n/N tem valor apreciável, calculou-se a amostra para população finita

no

= 1+ no - 1

N

4.3.1.3 Processo de amostragem

Escolheu-se o processo de amostragem sistemática. O comportamento da

amostragem sistemática, em relação à amostragem casual simples ou mesmo em

relação à estratificada, depende muito das propriedades da população.

Para sua utilização mais eficaz, é preciso conhecer a estrutura dessa população. No

presente caso, a estrutura perante 2 variáveis importantes é conhecida:

procedência habitacional e situação em relação ao andar. Dessa forma, as N

unidades da população foram ordenadas de 1 a N, primeiramente, a população

procedente da favela, do 1o ao último andar, depois a que não veio da favela,

também da 1o ao último andar. Através disso, ficou bastante simples selecionar e

encontrar as unidades. Segundo COCRHAN 71, “a amostra sistemática se distribui de

maneira mais uniforme através da população, e isso, às vezes, torna a amostragem

sistemática muito mais precisa que a amostragem casual estratificada”.

71 COCRHAN (1965, p. 281)

no = t2 S2

no =

n

n = 27

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Volume I – Apresentação Geral

66

O intervalo de amostragem (N/n) foi 3, e o início casual 2. A seleção amostral pode

ser visualizada na figura que se segue:

Aplicação de Questionários Análises Técnicas e Comportamentais

416 (Fase 1)

81 (19,47%) s/416

48 (59,25%) s/81 IR

33 (40,75%) s/81 OF

27 (33,33% s/81)

18 (66,67% s/27) IR

9 (33,33% s/27) OF

Figura 9 – Procedimentos para Seleção Amostral

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Volume I – Apresentação Geral

67

4.4 Elaboração e Aplicação dos Instrumentos - Coleta de Dados

Foram feitas algumas entrevistas informais com técnicos da Companhia

Habitacional (incluindo o engenheiro responsável pela obra) e com alguns

moradores do conjunto, entrevistas estas que nortearam a formulação do

questionário proposto e da planilha técnica. Tais instrumentos de coleta de dados

foram elaborados e devidamente testados na primeira fase da avaliação (pré-

teste) e sofreram posteriormente as devidas modificações.

Do ponto de vista de seu conteúdo, o questionário foi elaborado de tal forma que

possibilitasse aferir o nível de satisfação dos usuários em relação aos seguintes

aspectos:

• às unidades de habitação

• às áreas comuns dos edifícios

• às áreas livres do conjunto habitacional

• aos equipamentos sociais e urbanos - escola

No quadro 5 é possível verificar o desdobramento destes aspectos macros em

blocos temáticos específicos.

Quadro 2 - Blocos Temáticos abordados no questionário para avaliação das UH.

1. Características sócio-econômicas do entrevistado, família e agregados

2. Apartamento e áreas comuns

3. Segurança

4. Conforto

5. Privacidade

6. Aparência

7. Convivência Social

8. Características das áreas comuns e da vizinhança

9. Manutenção das área comuns

10. Qualidade de vida

11. Você é o 1° morador?

12. Comentários e informações adicionais

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Volume I – Apresentação Geral

68

4.5 O pré-teste

Esta fase tem por objetivo verificar a eficiência dos instrumentos de coleta de

dados. Neste caso, foram pré-testados mediante a aplicação de 11 (onze)

formulários em moradores escolhidos aleatoriamente, para aferição da legibilidade

das perguntas, tempo de duração da aplicação e outros aspectos. Nesta fase,

também aconteceu uma maior aproximação dos pesquisadores com a

comunidade e iniciou-se o reconhecimento físico da área e de seu entorno, sendo

já efetuados os primeiros registros fotográficos do trabalho.

4.6 Aplicação do Questionário Definitivo

Conforme já mencionado anteriormente, foram aplicados 81 questionários na fase 1

do conjunto habitacional Jardim São Luís I, sendo 48 em apartamentos de IR e 33

em apartamentos de OF. Os questionários definitivos foram aplicados por alunos do

Curso de Pós-Graduação da FAUUSP (GAMBARDELLA et al., 1996) no 2° semestre de

1997, no decorrer da semana, mas sobretudo aos domingos.

O questionário definitivo (Anexo 1), de 4 páginas, contém 98 questões, em sua

maioria do tipo múltipla escolha com escala de valores de 4 pontos (péssimo = 1,

ruim = 2, bom = 3 e ótimo = 4), além do n.s.a.= não se aplica, além de cartões

avulsos com as alternativas para a questão 10.

a) identificação e localização da U.H.

b) Instruções para os entrevistadores

Verificar:

• se o usuário não foi entrevistado anteriormente (inclusive pré-teste).

• se é o chefe da família ou representante.

• se o usuário reside regularmente no edifício (não temporariamente).

• se o usuário mora no apartamento há pelo menos 6 meses.

Recomendações:

• aplicar o questionário conforme seleção amostral.

• distribuir o mais homogeneamente possível entre homens e mulheres.

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Volume I – Apresentação Geral

69

• distribuir as entrevistas homogeneamente entre moradores oriundos de favela

ou inscritos diretamente, conforme seleção amostral.

• solicitar ao usuário que responda sempre em relação à situação

predominante (ou seja, evitar respostas múltiplas).

Considerando-se os blocos de questões de (1) a (10) discriminados no Quadro 1,

anterior, a quantidade de questões contidas em cada item pode ser apreciada no

gráfico que se segue.

Obs.: (a) ver legenda de (1) a (10) no Quadro 5, anterior; (b) os blocos de (2) a (10)

objetivaram aferir níveis de satisfação dos moradores / usuários.

Gráfico 1 – Quantidade de questões por bloco temático

Os níveis de abrangência do questionário podem ser visualizados na figura 11, a

seguir:

Figura 10 – Níveis de Abrangência do Questionário

16

20

8

12

3

56

8

15

10

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

me

ro d

e q

ue

stõ

es

po

r b

loc

o

tem

áti

co

(va

lore

s a

bso

luto

s)

(1) (2) (3) (4) (5) (6) (7) (8) (9) (10)

inserção no contexto urbano do bairro/comércio/serviços/equipamentos sociais conjunto como um todo/ vizinhança

áreas livres/equipamentos sociais

edifício de apartamentos

áreas comuns do edifício

unidades habitacionais

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Volume I – Apresentação Geral

70

4.7 Sistematização e Tratamento dos Dados

As informações foram reunidas em planilhas eletrônicas para computador (Excel for

Windows) de modo que cada aspecto estudado pudesse ser tabulado,

distintamente em uma planilha acompanhada do gráfico mais representativo dos

resultados encontrados. As planilhas foram totalmente automatizadas, ou seja, com

a introdução das informações dos questionários em fórmulas, de modo a se obter

automaticamente subtotais de cada aspecto analisado, por número e percentuais

no gráfico, além dos valores como moda, média e desvio padrão (D.P.), em

questões relativas ao nível de satisfação dos usuários.

Foram assim tabuladas as questões em planilhas com seus respectivos gráficos e em

seguida fez-se a compactação destas informações por blocos temáticos,

objetivando visualizar globalmente, os resultados. Os gráficos decorrentes das

respostas de cada questão, visaram comparar níveis de satisfação entre OF e IR, tal

como no exemplo (tabela 5) que se segue:

Tabela 5 - Exemplo de Tabulação de Dados por Questão

Questão: JSL2-3 TAMANHO DO BANHEIRO

ÓTIMO BOM RUIM PÉSSIMO NSA

IR = LE 4 23 14 7 0

OF = LF 3 24 6 0 0

LE LF

MÉDIA 2,50 MÉDIA 2,91

MODA 3 MODA 3

DP 0,84 DP 0,51

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Volume I – Apresentação Geral

71

Gráfico 2 - Exemplo de gráfico resultado da tabulação de dados.

Também foram construídos diagramas de barras horizontais que demonstram

hierarquicamente, as notas-médias atribuídas pelos respondentes, da menor à

maior, em ordem ascendente, segundo uma escala de quatro pontos, como

instrumento complementar para visualização dos resultados e instrumento de

controle de qualidade. A título de exemplo, tem-se a seguir um diagrama de

Paretto parcial para o caso das respostas OF, bloco temático “segurança”.

Tabela 6 – Exemplo de Diagrama de Paretto (bloco segurança/respostas OF)

ITENS MÉDIA MODA D.P.

Segurança bairro 2,03 2 0,87

Segurança conjunto 2,31 3 0,81

Segurança vandalismo no edifício 2,36 2/3 0,88

Segurança assalto no apto. 2,41 3 0,69

Segurança assalto edifício 2,48 3 0,78

Segurança contra acidente nas

escada

2,59 3 0,82

Segurança incêndio edifício. 2,61 3 0,55

Segurança incêndio apto. 2,74 3 0,72

Estes dados tabulados, tanto para UF como para IR no formato de gráficos e de

diagramas de Paretto, podem ser visualizados no Anexo 2 a 6.

(IR) LE2-3 TAMANHO DO BANHEIRO

PÉSSIMO14,58%

ÓTIMO8,33%

RUIM29,17%

BOM47,92%

(OF) LF2-3 TAMANHO DO BANHEIRO

RUIM18,18%

ÓTIMO9,09%

BOM72,73%

2,5

0 1 2 32,5

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

72

4.8 Cruzamento entre respostas

Além da construção de gráficos do tipo “torta” para os dados tabulados de cada

pergunta e dos diagramas de Paretto, foram definidos alguns cruzamentos entre

respostas do questionário, tanto para OF como para I R, visando detectar eventuais

tendências de correlação.

Assim, foram construídos gráficos de barras horizontais representativos de

cruzamentos como:

ð número de ocupantes do apartamento versus nível de satisfação quanto ao

tamanho do apartamento;

ð organização dos moradores para encaminhamento de melhorias versus nível de

satisfação quanto à manutenção, conservação e operação da coleta de lixo;

ð nível de escolaridade versus nível de satisfação quanto à segurança contra

assaltos, roubos e invasões (edifício);

ð sexo do entrevistado versus satisfação quanto à temperatura da casa no verão e

outros.

Um exemplo para o caso de OF de um destes cruzamentos, pode ser visualizado a

seguir (Tabela 7):

Tabela 7 – Exemplo de Cruzamento de Dados da Análise Comportamental

LE 3-2 - Segurança contra assaltos/ roubos e invasões (apartamento) x LE 4-2 - Iluminação artificial nas áreas comuns do edifício

ótimo bom ruim péssimo LE 3-2

ótimo 0 6 0 1 7

bom 1 21 0 1 23

ruim 0 10 0 1 11

péssimo 1 3 3 0 7

LE 4-2 2 40 3 3 48

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

73

Gráfico 3 - Exemplo de avaliação da satisfação do usuário

4.9 Construção de Mapas Comportamentais

Para o caso das denominadas áreas livres, incluindo áreas comuns/condominiais

dos edifícios, estacionamentos, áreas para lazer e esportes (com ou sem

equipamentos específicos) e extrapolando o setor denominado de “fase 1” do

conjunto, foram construídos mapas comportamentais, para análise das relações

“ambiente versus comportamento”.

Os mapas comportamentais são registros físicos das atividades realizadas de modo

repetitivo e sistemático por unidade de espaço, no decorrer de períodos pré-

determinados (por exemplo, no decorrer do dia, a cada hora, da semana, etc.) e

observadas as faixas etárias daqueles indivíduos ou grupos que as estão

exercendo72.

72 ver Obra supra cit. BECHTEL, MARANS & MICHELSON, 1987 e BECHTEL, 1997.

0

6

0 11

21

0 10

10

0 113 3

00

5

10

15

20

25

ótimo bom ruim péssimo

iluminação artificial nas áreas comuns do edifício

mer

o d

e en

trev

ista

do

s ótimo

bom

ruim

péssimo

0 1 0 1

6

21

10

30 0 0

31 1 1 0

0

5

10

15

20

25

ótimo bom ruim péssimo

segurança contra assaltos/ roubos e invasões (apartamento)

mer

o d

e en

trev

ista

do

s

ótimo

bom

ruim

péssimo

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

74

Este instrumento é bastante útil para se entender as múltiplas atividades de caráter

social e de lazer desenvolvidas em áreas coletivas, as zonas ou unidades de espaço

que “atraem” ou “inibem” determinados usos. Os mapas comportamentais podem

também estar acompanhados de registros de trilhas e fluxos de pessoas e veículos,

para se tentar minimizar eventuais conflitos e(ou), sobreposições. A visualização em

mapas destes dados colaboram nas tomadas de decisões de projeto

(recomendações).

Os mapas comportamentais deverão ser acompanhados de observações

qualitativas de atividades in loco, com um caráter mais antropológico.

4. 10 Aplicação de Checklist Técnico

Foi formulado e aplicado no 2° semestre de 1996, um primeiro checklist (roteiro)

técnico, a título de pré-teste, que abrangeu especialmente edifícios, suas áreas

comuns e 16 apartamentos. O checklist tal como discriminado na figura 7 anterior,

orientou as primeiras vistorias realizadas pelos técnicos 73.

O checklist adotado como pré-teste incluiu os seguintes blocos temáticos:

(a) Avaliação dos projetos e do “as built”;

(b) Infraestrutura do conjunto (instalações de gás, coleta de lixo, taludes, etc);

(c) Sistema Construtivo (fundações, estrutura, alvenaria, cobertura e coleta de

águas pluviais, forro, piso, revestimentos, pintura, esquadrias, instalações prediais,

conforto ambiental, etc);

(d) Manutenção;

(e) Acessibilidade;

(f) Segurança contra crimes e contra incêndio;

(g) Funcionalidade dos apartamentos.

No caso do Conforto Ambiental, realizaram-se medições, cálculos e simulação com

softwares (Arquitrop, ESP-r) com base no projeto arquitetônico, nas especificações

73 GAMBARDELLA, Elisete F. et al. Avaliação Pós-Ocupação de Conjuntos Habitacionais: Estudos de Caso do Jardim

São Luís. São Paulo, Faculdade Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1996 (relatório final da equipe de alunos da disciplina de pós-graduação da FAUUSP, AUT 805 – Avaliação Pós-Ocupação em Edificações sob responsabilidade das professoras-doutoras Sheila Walbe Ornstein e Gilda Collet Bruna). Sobre esta técnica ver: Obra supra cit. BAIRD et al 1996 e LNEC, 1995.

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

75

técnicas dos materiais e do sistema construtivo, nas condições de obstrução

externa para luz e calor, nas funções de cada cômodo dos apartamentos dentre

outros quesitos, considerando-se sempre a interdependência entre conforto

térmico, acústico e lumínico 74 .

No caso do consumo de energia elétrica nos 27 apartamentos, foram levantados

todos os equipamentos eletrodomésticos existentes, a distribuição dos pontos de

energia, os padrões de consumo. Calculou-se dentre outros indicadores, a potência

média instalada (W/m2), o consumo médio mensal da habitação, além de análises

do projeto quanto à potência instalada versus bitola da fiação adotada.

Quanto à avaliação funcional, foram levantados e plotados em plantas-baixas e

em perspectivas volumétricas, todo os móveis e equipamentos existentes nos 27

apartamentos, o que permitiu calcular os índices de obstrução (percentual de área

ocupada por mobiliário e equipamentos em relação ao espaço disponível para uso

destes e circulação). Indicadores como m2 útil/morador e densidade de ocupação,

também foram considerados.

Além disto foram feitas leituras de projeto, especificações técnicas e vistorias in loco

por especialistas para estruturação de avaliações técnicas relativas à patologias

das edificações, segurança contra incêndio e outras. Também, análises no âmbito

da “economia do edifício” indicam custos de manutenção preventiva e corretiva

das melhorias implementadas (ou desejadas) pelos moradores nas unidades face

ao as built e assim por diante.

74 Obra supra cit. VIANNA & ROMÉRO, 1997

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

76

4.11. Discussão sobre Métodos, Técnicas e Conclusões

Vários aspectos específicos e genéricos merecem ser aqui elencados sobre o

conjunto de métodos e técnicas adotados como instrumentos de avaliação,

visando o contínuo aperfeiçoamento para aplicação em outros conjuntos

habitacionais semelhantes. São eles:

(1) A APO é uma metodologia eficaz para desenvolvimento de diagnósticos que

subsidiem recomendações e diretrizes calcadas nas efetivas necessidades dos

moradores/usuários;

(2) Na construção do questionário, adotar algumas perguntas com escalas de

valores diferenciadas quanto ao número de pontos, visando também destacar

escalas ímpares (3 ou 5 pontos) ou seja, que contemplem o ponto neutro ou

“regular”;

(3) A diversidade de métodos e técnicas adotados (questionários, entrevistas,

observações, registros fotográficos vistorias técnicas, outros), sendo alguns com

resultados predominantemente quantitativos e outros com resultados

predominantemente qualitativos, e a comparação entre eles aumenta a

confiabilidade dos diagnósticos finais e seus cruzamentos;

(4) Os síndicos devem ser antecipadamente comunicados sobre a aplicação da

APO, para facilitar o acesso e os resultados da pesquisa devem ser apreciados

por eles e por outros moradores interessados, quando da sua conclusão final;

(5) Na tabulação de dados, o agrupamento das informações extraídas dos

questionários por pavimento e(ou) de acordo com a orientação solar,

destacaram problemas específicos da posição do apartamento no bloco;

(6) Os procedimentos estatísticos para análise de dados podem ser ajustados e

aprimorados, caso a caso;

(7) A compreensão das modificações e adaptações feitas pelos moradores nos

apartamentos, áreas comuns dos blocos, áreas livres e estacionamentos,

auxiliam a entender o comportamento do usuário como insumo para

realimentação de projetos;

(8) Os produtos finais da APO, não só na forma de relatório, mas no formato “CD

multimídia” e “vídeo” colaboram, de forma decisiva, na divulgação dos

resultados da pesquisa no meio acadêmico e profissional, facilitando a leitura e

a utilização das recomendações geradas.

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5.

ESTRUTURA BÁSICA E BREVE

RELATO DOS DEMAIS VOLUMES QUE

COMPÕEM A APRESENTAÇÃO DOS

RESULTADOS DESTA PESQUISA

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

78

5. ESTRUTURA BÁSICA E BREVE RELATO DOS DEMAIS VOLUMES QUE COMPÕEM A

APRESENTAÇÃO DOS RESULTADOS

Como já foi dito anteriormente, a estrutura de apresentação dos resultados desta

pesquisa prevê seu fracionamento nas sub-áreas de estudo priorizadas, que

comporão cada uma delas um volume em separado. Desta forma à guisa de

introdução será feito neste capítulo um breve relato da estrutura geral e dos

conteúdos dos demais volumes.

Volume II - ASPECTOS FUNCIONAIS

Esta parte da pesquisa estabelece os critérios de desempenho funcional para

conjuntos habitacionais, os instrumentos de levantamento e registro de dados, a

tabulação de dados do levantamento comportamental, os mapas

comportamentais e as recomendações para futuros projetos e para o estudo de

caso. Neste volume também está registrada a avaliação dos espaços abertos do

conjunto, focalizando portanto, as características sociais e culturais da

comunidade, em relação a locais de consumo, áreas de recreação e

equipamentos de lazer, meios de transporte utilizados, serviços públicos como

correio e coleta de lixo, dentre outros, pretendendo-se observar o modo de vida

das pessoas que freqüentam as áreas livres do conjunto habitacional e adjacências

e a maneira pela qual os moradores se apropriam deste espaço.

SUMÁRIO

PARTE A – APO FUNCIONAL - DAS UNIDADES HABITACIONAIS A ALGUNS ASPECTOS

DAS ÁREAS COLETIVAS E/OU CONDOMINIAIS DOS EDIFÍCIOS

1. APRESENTAÇÃO GERAL

1.1Considerações Preliminares

2. AVALIAÇÃO FUNCIONAL: DA UNIDADE HABITACIONAL A ALGUNS

ASPECTOS COLETIVOS E/OU CONDOMINIAIS DOS EDIFÍCIOS

2.1 Revisão Conceitual, Teórica e da Literatura Nacional e

Internacional no âmbito das Avaliações e Análises Funcionais

2.2 Procedimentos Metodológicos

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

79

2.3 Critérios de Desempenho

2.4 Avaliação Técnica de Desempenho

2.5 Características do Objeto de Estudo

2.6 Avaliação Comportamental

2.7 Diagnóstico: Avaliação técnica versus aferição da satisfação

dos usuários

2.8 Recomendações

PARTE B – APO FUNCIONAL - DOS ESPAÇOS ABERTOS DO CONJUNTO HABITACIONAL

1 APRESENTAÇÃO GERAL

1.1 Considerações Preliminares

2 HABITAÇÃO SOCIAL E A EVOLUÇÃO DA FORMA DE MORAR

3 A AVALIAÇÃO PÓS-OCUPAÇÃO DOS ESPAÇOS ABERTOS DO CONJUNTO

HABITACIONAL JARDIM SÃO LUÍS

3.1 Os Espaços Abertos: Diagnósticos

3.2 Espaços Abertos e a Literatura Pertinente

4 RECOMENDAÇÕES: REDESENHO DOS ESPAÇOS ABERTOS

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ESPECÍFICAS

ÍNDICE REMISSIVO

ANEXOS

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

80

Volume III - ASPECTOS CONSTRUTIVOS

Fazem parte desta fase da pesquisa a avaliação dos aspectos construtivos (da

terraplanagem à cobertura, visando diagnosticar as patologias construtivas nos

edifícios em questão), abrangendo a avaliação das instalações prediais e de

segurança contra incêndio e de aspectos sobre o consumo de energia à luz de

vistorias técnicas efetuadas in loco, comparações com normas e legislações

vigentes no país e com o ponto de vista dos moradores. Como resultado desta fase

da pesquisa são formulados diagnósticos e recomendações sobre terapias ou

medidas corretivas e preventivas sobre os diferentes aspectos pesquisados.

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO GERAL

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

3. CARACTERÍSTICAS TÉCNICAS

3.1 O projeto

3.2 Implantação

3.3 Tipologia dos Edifícios

3.4. Sistema Construtivo

3.5. Instalações Elétricas

3.6. Instalações Hidráulicas e Sanitárias

3.7. Instalação de Equipamentos de Prevenção contra Incêndio

4. AVALIAÇÃO TÉCNICO - CONSTRUTIVA

4.1. Aspectos Gerais

4.2. Terrapleno

4.3. Fundações

4.4. Estrutura

4.5. Vedos

4.6. Cobertura

4.7. Vãos

4.8. Paramentos

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

81

4.9. Pavimentos

4.10 Instalações Hidro-Sanitárias

4.11 Instalações Elétricas

4.12 Infra-estrutura e Equipamentos Complementares

5. AVALIAÇÃO DAS INSTALAÇÕES ELÉTRICAS E CONSUMO ENERGÉTICO

5.1 Introdução

5.2 Potências Médias e Potências Totais Instaladas

5.3 Dimensionamento de Circuitos e Disjuntores

5.4 Índices e Padrões de Consumo

5.5 Conclusões

6. AVALIAÇÃO DA SEGURANÇA CONTRA INCÊNDIO

6.1 Introdução

6.2 Objetivos

6.3 Metodologia

6.4 Legislação e Normas Vigentes

6.5 Anexo fotográfico

7. DIAGNÓSTICO

7.1 Considerações Preliminares

7.2. Avaliação Técnico - Construtiva

7.3. Avaliação das Instalações Elétricas e Consumo Energético

7.4. Avaliação da Segurança Contra Incêndio

8. RECOMENDAÇÕES TÉCNICAS

8.1. Recomendações Relativas a Aspectos Construtivos

8.2 Recomendações quanto às instalações elétricas

8.3 Recomendações quanto à segurança contra incêndio

9.BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE REMISSIVO

ANEXOS

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

82

Volume IV - APO DO CONFORTO AMBIENTAL

Faz parte desta fase da pesquisa a avaliação de diferentes variáveis que compõem

o estudo do Conforto Ambiental, ou seja: Iluminação Natural, Insolação, Conforto

Térmico, Ventilação Natural e Acústica. Portanto, esta parte da pesquisa fixa os

critérios adotados na avaliação para cada uma destas variáveis, os critérios de

desempenho para cada um dos espaços da habitação, as matrizes de avaliação e

a síntese dos resultados da análise comportamental. Procede também às análises

técnicas de cada uma das sub-áreas do Conforto Ambiental através de medições

in loco, observações e informações traçando diagnósticos e propondo

recomendações para cada uma das variáveis. Considerando a importância dos

aspectos aqui estudados e sua relevância com outros aspectos estudados, sua área

de atuação extrapola o edifício e abrange também as áreas comuns e os espaços

públicos, por exemplo, com a avaliação da contribuição ao nível de ruído interno

das habitações proveniente do barulho produzido nas áreas de estacionamentos e

de uso comum dos edifícios.

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO DO CONTEÚDO DO VOLUME

2. PROCEDIMENTO E CRITÉRIOS ADOTADOS NA AVALIAÇÃO DAS VARIÁVEIS

DE CONFORTO AMBIENTAL

2.1 Determinação dos Critérios Gerais de Desempenho das Variáveis do

Conforto Ambiental para os Locais de Habitação

2.2 Determinação dos Critérios Adotados Específicos de Desempenho

das Variáveis do Conforto Ambiental para os Locais de Habitação

com suas Escalas de Valores

2.3 Estruturação das Variáveis Ambientais e Critérios de Desempenho

em Matrizes de Avaliação

3. ANÁLISE COMPORTAMENTAL

3.1 iluminação Natural e Artificial Pública

3.2 Conforto Higro-Térmico de Verão e Inverno

3.3 Ventilação Natural

3.4 Acústica

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

83

4. ANÁLISE TÉCNICA

4.1 Insolação

4.2 iluminação Natural

4.3 Conforto Higro-Térmico de Verão e Inverno

4.4 Ventilação Natural

4.5 Acústica

4. DIAGNÓSTICOS E CONCLUSÕES

5.1 Insolação

5.2 Iluminação Natural

5.3 Conforto Higro-Térmico de Verão e Inverno

5.4 Ventilação Natural

5.5 Acústica

6. RECOMENDAÇÕES

6.1 Recomendações para o Estudo de Caso

6.2 Recomendações para Projetos Futuros de Conjuntos Habitacionais

6.3 Recomendações Metodológicas

7. BIBLIOGRAFIA ESPECÍFICA

ÍNDICE REMISSIVO ANEXOS

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

84

Volume V - APO ECONÔMICA

Este volume resume as análises, conclusões e recomendações decorrentes da

avaliação econômica feita com base nas planilhas e orçamentos da CDHU, à luz das mais significativas alterações propostas pelos moradores e pelas análises

técnicas específicas, o que resultou em propostas de intervenções construtivo-

projetuais. Foram efetuadas análises econômicas definindo, com base nos dados orçamentários originais, os custos a serem agregados pelas intervenções propostas.

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. PROCEDIMENTO METODOLÓGICOS

2.1 Critérios Gerais

2.2 Critérios Específicos 2.3 Estruturação das Variáveis

2.4 Propostas Desenvolvidas

3. ANÁLISES E SIMULAÇÕES

3.1 Elenco do Conjunto de Alterações Sugeridas, com seus Custos Unitários

e Quantidades do Projeto Original e das Quatro Propostas de Alteração 3.2. Proposta 1 (Planta 05)

3.3 Proposta 2 (Planta 06)

3.4 Proposta 3 (Planta 07) 3.5 Proposta 4 (Planta 08)

3.6 Proposta 5 (Planta 05 + 07)

3.7 Proposta 6 (Planta 06 + 08) 3.8 Complementos no Serviço de Urbanização

4. CONCLUSÕES 4.1 Considerações sobre as Soluções Projetuais Adotadas e Priorizadas

pelos Usuários e ou pela Avaliação Técnica como Elemento de

Intervenção 4.2 Custo Agregado pelas Intervenções Propostas

4.3 Algumas Indagações

5. BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE REMISSIVO

ANEXOS

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

85

Volume VI - APO - EQUIPAMENTO COMUNITÁRIO - ESCOLA

A avaliação da escola, foi efetuada com base no método de avaliação

“walkthrought”, que consiste em uma análise sistemática, porém mais rápida, mas

que contou com diferentes inter-fases: avaliação técnica-construtiva, avaliação

funcional, avaliação do conforto ambiental (iluminação natural, insolação, conforto

térmico, ventilação natural e acústica), avaliação comportamental e de satisfação

de seus usuários (funcionários, professores, diretoria, estudantes).

SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

2. A SITUAÇÃO DA EDUCAÇÃO INFANTIL NA AR CAMPO LIMPO E NO DISTRITO

JARDIM SÃO LUÍS I

2.1 Equipamentos do Entorno do Jardim São Luís I

3. DESCRIÇÃO DO ESTUDO DE CASO – ESCOLA

3.1 Considerações preliminares

3.2 O projeto de arquitetura

4. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

4.1 Considerações sobre os Questionários

4.2 Considerações sobre os Grupos Focais

5. AVALIAÇÃO TÉCNICO CONSTRUTIVA

5.1 Considerações Preliminares

5.2 Avaliação Técnico-Construtiva

5.3 Conclusões e Recomendações

6. AVALIAÇÃO FUNCIONAL

6.1 Relação das Modificações no Edifício com o Objetivo de Torná-lo mais

Adequado ao Uso

7. AVALIAÇÃO DE CONFORTO AMBIENTAL

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

86

7.1 Insolação

7.2 Iluminação natural

7.3 Conforto térmico e Ventilação Natural

7.3 Acústica

8. CONCLUSÕES

9. BIBLIOGRAFIA

ÍNDICE REMISSIVO

ANEXOS

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

87

Volume VII - RECOMENDAÇÕES E CONCLUSÕES

Este volume resume todas as recomendações e conclusões gerais e parciais da

pesquisa, apresentadas nos seis volumes anteriores. Faz também um balanço e

recomendações sobre a metodologia da Avaliação Pós-Ocupação para conjuntos

habitacionais de interesse social. Por fim, traz também bibliografia geral exaustiva

sobre as diferentes áreas estudadas.

SUMÁRIO

1. APRESENTAÇÃO

2. 2.RECOMENDAÇÕES SOBRE ASPECTOS FUNCIONAIS E ÁREAS LIVRES

3. RECOMENDAÇÕES SOBRE ASPECTOS CONSTRUTIVOS

4. RECOMENDAÇÕES SOBRE CONFORTO AMBIENTAL

5. RECOMENDAÇÕES SOBRE ASPECTOS ECONÔMICOS

6. RECOMENDAÇÕES SOBRE EQUIPAMENTO COMUNITÁRIO - ESCOLA

7. CONSOLIDAÇÃO DAS RECOMENDAÇÕES

8. CONSIDERAÇÕES SOBRE OS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ADOTADOS

9. BIBLIOGRAFIA GERAL POR ASSUNTO

10. ÍNDICE REMISSIVO

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

88

6.

BIBLIOGRAFIA

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

89

6. BIBLIOGRAFIA

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8. BOUERI FILHO, J. J. Antropometria – Fator Dimensional da Habitação. São Paulo: Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1989 (tese de doutorado).

9. BRATT, Rachel G.; KEYES, Langley C.; SCHWARTZ, Alex; VIDAL, Avis C. Confronting the Management Challenge: Affordable Housing in the Nonprofit Sector . New York: Community Development Research Center / Graduate School of Management and Urban Policy / New School for Social Research, 1995.

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14. DENZIN, Norman K. Handbook of Qualitative Research . Thousand Oaks, California: Sage Publications, Inc., 1994.

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17. FOLHA DE SÃO PAULO. Programa de Cortiços Tem Primeira Licitação. 10-Imóveis, p.2, 25/01/1998

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

90

18. GAMBARDELLA, Elisete F. et al. Avaliação Pós-Ocupação de Conjuntos Habitacionais: Estudos de Caso do Jardim São Luis. São Paulo, Faculdade Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, 1996 (relatório final da equipe de alunos da disciplina de pós-graduação da FAUUSP, AUT 805 – Avaliação Pós-Ocupação em Edificações sob resposabilidade das professoras-doutoras Sheila Walbe Ornstein e Gilda Collet Bruna).

19. GAZETA MERCANTIL, 2ª feira, 03/02/97, p.A-5

20. GERSON, Richard. Measuring Customer Satisfaction : Menlo Park, California: Crisp Publications, Inc., 1993.

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23. HAYES, Bob E. Cómo Medir la Satisfacción del Cliente: Desarollo y Utilización de Cuestionários . Barcelona, España. Ediciones Gestión 2000, S.A, 1995.

24. HELENE, Paulo. Manual para Reparo, Reforço e Proteção de Estruturas de Concreto. São Paulo, Pini, 1992.

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26. KLEIN, Alexander. Vivienda Mínima 1906-1957. Barcelona, Gustavo Gilli, c. 1980, 363p. Ref. P.31

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30. MARCUS, Clare Cooper. House as a Mirror of Self: Exploring the Deeper Meaning of Home. Berkeley, California: Conari Press, 1995.

31. MASCARÓ, Juan Luis. Manual de Loteamentos e Urbanização. Porto Alegre, RS: Sagra – DC Luzzatto, 1994.

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

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43. PREISER, W. F. E.; VARADY, D. P. & RUSSEL, F. P. (eds). Future Visions of Urban Public Housing – An International Forum (proceedings). Cincinnati, Ohio: University of Cincinnati, 1994.

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55. TASCHNER, Suzana P. Amostragem. São Paulo, 1997 (Projeto Avaliação Pós-Ocupação – NUTAU/USP/FINEP).

56. TASCHNER, Suzana P. Amostragem. São Paulo, 1997 (Projeto NUTAU/USP – FINEP – relatório/mimeo).

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60. VIANNA, Nelson Solano & ROMÉRO, Marcelo de Andrade. Procedimentos metodológicos para a aplicação da avaliação pós-ocupação em conjuntos habitacionais para a população de baixa renda: do desenho urbano à unidade habitacional – estudo das questões relativas ao conforto ambiental. In: Anais IV Encontro Nacional de Conforto do Ambiente Construído. Salvador, Bahia: Associação Nacional de Tecnologia do Ambiente Construído (ANTAC), novembro 1997 (no prelo).

61. WINKEL, Gary H. Environmental design evaluation as a change oriented Research Process. In: Architecture & Behaviour, VOL. 9(1). Lausanne, Switzerland, março 1993. pp. 85-97.

62. WINTER, Stven. Accessible Housing by Design: Universal Design Principles in Practice. New York: Mc Graw Hill Companies, 1997.

63. ZEISEL, John. Inquiry by Design: Tools for Environment – Behavior Research . Cambridge, Cambridge University Press, 1984 (1a. edição).

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

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ÍNDICE REMISSIVO

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Esquema da APO..................................................................... 32

Figura 2 - Esquema básico de desenvolvimento de uma avaliação

pós-ocupação..........................................................................................

40

Figura 3 - Mapa da cidade de São Paulo - Região

Metropolitana...........................................................................................

43

Figura 4 - Implantação geral do empreendimento Jardim São Luís.. 45

Figura 5 - Perspectiva isométrica do módulo de edifícios - dois

edifícios e caixa de escada....................................................................

53

Figura 6 - Planta Original do Apartamento........................................... 54

Figura 7 – Fluxograma Geral de Desenvolvimento Metodológico

da APO .....................................................................................................

60

Figura 8 - Implantação dos blocos ocupados por moradores

oriundos da favela (OF) e por moradores oriundos da UMM (IR)......

64

Figura 9 - Procedimentos para seleção amostral................................. 69

Figura 10 – Níveis de abrangência do questionário............................. 72

LISTA DE FOTOS

Foto 1 - Vista parcial do mesmo empreendimento - fase A3 - em

construção sob sistema de mutirão.......................................................

47

Foto 2 - Vista parcial do entorno - diferentes tipologias para

habitação de interesse social (cortiços, autoconstrução, favelas,

conjuntos habitacionais verticais)..........................................................

48

Foto 3 - Vista parcial do campo de futebol situado no entorno sul... 52

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Perfil do emprego informal (por regiões – em %)............... 17

Tabela 2 – Dados comparativos do perfil de renda das famílias

habilitadas no empreendimento São Luís I........................................... 47

Tabela 3 - Quadro de distribuição amostral......................................... 65

Tabela 4 - U. H. organizadas em amostra preferencial ou opcional.. 65

Tabela 6 - Exemplo de Tabulação de Dados por Questão................ 73

Tabela 6 – Exemplo de Diagrama de Paretto (bloco segurança/

respostas OF).............................................................................................

74

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Procedimentos Metodológicos para APO em Conjuntos Habitacionais

Volume I – Apresentação Geral

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Tabela 7 – Exemplo de cruzamento de dados da análise

comportamental...................................................................................... 75

LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Programa Habitacional /CDHU.......................................... 20

Quadro 2 – Blocos temáticos abordados no questionário.................. 70

LISTA DE GRÁFICOS

Gráfico 1 -Quantidade de questões por bloco temático.................. 72

Gráfico 2 - Exemplo de gráfico resultante da tabulação de dados. 74

Gráfico 3 - Exemplo de avaliação da satisfação do usuário............. 76