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CÂMARA JR, Mattoso. História da Linguística. Capítulo 4 O advento da Linguística. A abordagem Filosófica de Humboldt. A abordagem comparativa de Rask. Capítulo 6 Os fundamentos definitivos da gramática histórico- comparativa do indo-europeu. Bopp e Grimm. MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Cristina. Introdução à Linguística: domínios e fronteiras Capítulo 1 Estudos pré-saussurianos WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística. Capítulo 3 A linguística do século XIX

Apresentação seminário Fundamentos Linguisticos - DEFINITIVO

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CÂMARA JR, Mattoso. História da Linguística. Capítulo 4 O advento da Linguística.A abordagem Filosófica de Humboldt.A abordagem comparativa de Rask.

Capítulo 6 Os fundamentos definitivos da gramática histórico-comparativa do indo-europeu. Bopp e Grimm.

MUSSALIM, Fernanda; BENTES, Anna Cristina. Introdução à Linguística: domínios e fronteirasCapítulo 1 Estudos pré-saussurianos

WEEDWOOD, Bárbara. História concisa da linguística.Capítulo 3 A linguística do século XIX

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Quais foram as bases que estabeleceram a linguística histórico-comparativa?

Como funcionava o método comparativo? Quais as críticas a esse método?

Quais foram as contribuições de Humboldt, Rask, Bopp, Grimm, Schleicher, Bloomfield, Whitney?

Quais os pressupostos dos neogramáticos?

Quais as heranças que o século XIX deixou para o firmamento da linguística como ciência?

Qual ponto de vista seria de fato a perspectiva mais satisfatória de uma ciência linguística?

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Panorama do século XIX

A Primeira Revolução industrial provoca profundas mudanças na economia e na tecnologia.Locomotiva: Richard Trevithick, 1804.

INVENÇÕES:Fonógrafo: Thomas Alva Edison, 1878.Lâmpada incandescente: Heinrich Göbel, 1854.Fotófono: Alexander Graham Bell e Charles Sumner Tainter, 1880, permitia a transmissão do som por meio de uma emissão de luz.Cinematógrafo: Irmãos Lumière, 1894, projetor cinematográfico.Vitascópio: Thomas Alva Edison ,1896.Toca-discos: Emile Berliner, 1888.Fotografia: Nicéphore Niepce, 1816.Telefone: Antonio Meucci, 1854.Anestesia: William Morton, 1846.Sensor de temperatura de resistência de platina.Lente de Fresnel: Augustin FresnelSabonete: William Hesketh Lever, 1884.

Teorias

Teoria dos números: Carl Friedrich Gauss, 1801Teoria da Evolução: Charles Darwin, 1859Teoria microbiana: John Snow, Louis Pasteur, Robert Koch y Joseph ListerTeoria atômica : John Dalton, 1803Teoria Psicanalítica : Sigmund Freud, 1896

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Antiguidadea língua através

da lógica

Idade MédiaEstrutura gramatical

universal - latim

Século XIX Abordagem comparativa

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Em 1803, o termo “gramática comparativa” foi usado pela primeira vez,

provavelmente por analogia com o termo “anatomia comparada”. Período que vai

de 1810 a 1875.

A gramática comparada concerne tanto a um domínio de estudos quanto a uma

orientação da linguística que consistiu em estabelecer as ligações de parentesco

existentes entre dois ou vários idiomas separados no tempo e, mais

frequentemente, no espaço.

A partir de 1860, aproximadamente, que a gramática comparada orientou-se para

a linguística histórica.

A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Língua BLíngua A

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William Jones (1746–1794) William Jones nasceu em 28 de Setembro de 1746, em Londres; e morreu em 27 de Abril de 1794, em Calcutá. Exerceu o magistério em língua latina e grega, utilizando em suas aulas fundamentos gramaticais e traduções de textos clássicos, colocando em destaque o falar nativo para guiar a pronúncia dos textos. Em Oxford, ele inovou os estudos de língua árabe ao utilizar seu método de estudo das línguas clássicas para a elaboração de uma descrição da fala nativa do árabe corrente na Síria. Seus estudos culminaram na obra Grammar of the Persian language, de 1771, que foi reimpressa em 1807. Sua gramática alcançou sucesso, tendo nove edições na Inglaterra e duas na França, sendo influência para gramáticos como Francis Gladwin, George Hadley, John Gilchrist, Duncan Forbes e outros.

Seus estudos mais relevantes, porém, foram feitos no sânscrito. Juntamente com 29 colegas europeus, fundou a Asiatic Society e passou a traduzir manuscritos religiosos em sânscrito, idioma em que ele observou grandes similaridades com o grego, o latim e o persa. A partir da observação destas verossimilhanças, ele redigiu o que Cannon chama de “um dos mais importantes pronunciamentos da história das ideias. Nesta formulação, em um artigo sobre o persa (1786), explanou que estas línguas têm similaridades...” (CANNON, Garland, 1992, p. 261). Formulou a partir destas semelhanças a tese de que estas línguas fariam parte de uma mesma família, em que haviam alternâncias e mutações de sons, informação que influenciou Bopp, Rask, Grimm e Schlegel.

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A abertura do que será o principal canteiro científico do século XIX em matéria de

reflexão e de pesquisa sobre a linguagem e sobre as línguas é a atribuída à

“descoberta” da língua bhrahmi (sânscrito) por eruditos e tradutores ingleses,

final do século XVIII.

W. Jones (1746-1794) evidenciou o fato de que o sânscrito, o latim e o grego

apresentam “ afinidades tanto nas raízes dos verbos quanto nas formas

gramaticais, que não podem ser traduzidas somente ao acaso; afinidades tais que

nenhum filólogo saberia lhes examinar, mesmo superficialmente, sem ser

convencido de que essas línguas derivam de uma origem comum, que talvez nem

exista mais.” (apud LYON, 1970, p.22)

A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Sânscrito Grego Latim

Abertura de um setor científico imenso

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Rasmus Rask nasceu em 1787 e

morreu em 1832. Rask estudou

na Universidade de Copenhague

e imediatamente apresentou

extraordinário talento para

aquisição de línguas . Em 1808,

foi indicado para auxiliar da

biblioteca da Universidade, e

alguns anos depois ele se tornou

professor de história literária na

universidade. Em outubro de

1816, Rask deixou a Dinamarca

numa expedição literária

financiada pelo rei para

investigar as línguas do leste e

coletar manuscritos para a

biblioteca universitária de

Copenhague.

Rasmus Rask (1787–1832)

Adquiriu conhecimento das

línguas abordadas por ele numa

longa viagem feita à Calcutá,

Madras, Trankebar e Ceilão,

realizada entre 1820 e 1822. Ao

voltar à Dinamarca, lecionou na

Universidade de Copenhagen a

cadeira de História da Literatura.

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

A ideia da mudança linguística: Rask foi o primeiro estudioso a fazer progressos

na técnica de comparação histórica entre línguas.

Foram expostas por Rask as principais ideias que deram à comparação histórica

das línguas um método científico, em lugar das suposições do século XVIII.

Rask visava principalmente estabelecer a relação de alguns grupos de línguas

para chegar a uma família maior, mas recusa-se a acreditar na hipótese de uma

‘língua-mãe’. Seu objetivo era aproximar do tronco mais provável do qual ela

procede.

Rask deduz que “ Se descobrimos que em duas línguas as formas de palavras

indispensáveis concordam a um tal ponto que se pode descobrir as regras das

mudanças de letras que permitam passar de uma a outra, então existe um

parentesco fundamental entre essas línguas”. (apud ROBINS, 1976, p.179)

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Franz Bopp nasceu em 14 de

setembro de 1791, em Maiz,

Alemanha; e morreu em 23 de

outubro de 1867, em Berlim.

Influenciado por K.

Windischmann, Bopp

desenvolveu o interesse pelas

línguas e literaturas orientais.

Entre 1812 e 1817, estudou o

sânscrito e estabeleceu amizade

com Wilhelm von Humboldt. Em

1821, devido a influência de

William e Alexander von

Humboldt, tornou-se professor de

literatura oriental e filologia

geral em Berlim, onde

permaneceu até a sua morte.

Franz Bopp (1791–1867)

Incluiu os estudos de céltico,

albanês, antigo prussiano, além

de estabelecer uma comparação

na acentuação entre as várias

línguas que abordou na sua obra

“Gramática Comparativa”, de

1833. Teve interesse também

pelo malaio-polinésio, além das

línguas do Cáucaso. Porém,

segundo Hayward, “Bopp é

sempre relembrado pela sua

contribuição para o ensino de

sânscrito.”

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

O objetivo principal de Bopp era descobrir a origem das formas gramaticais.

Bopp ainda considerava mudanças linguísticas como desintegração da

estrutura original organizada.

O sânscrito pareceu-lhe da mais profunda importância devido à sua

antiguidade, muito maior do que a do grego e do latim.

Sua preocupação primordial é com a morfologia como um estudo estrutural da

palavra.

Bopp não deu importância à fonética.

É Bopp que, na Alemanha, paralelamente a Rask na Dinamarca, orientará a

gramática comparada para o exame da organização morfológica das palavras

(notadamente nome e verbo).

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Esse é Humboldt: um nobre prussiano rico, que viveu um período de abalos sociais e definições políticas, resultante de uma sociedade elitista que vive momentos de libertação. Mas não apenas isso. Humboldt se mostra de uma perseverança comovente: dos oito filhos que teve, todos morreram na infância ou na juventude de febres e infecções epidêmicas. Sua persistência e sua inteligência, nas visitas às bibliotecas de Roma, Paris, Viena e de todos os lugares em que esteve, tornaram-no dono de uma cultura, principalmente lingüística, quase que universal, além de colocá-lo em contato com as mentes mais atuantes de seu tempo. Ele era dono de uma erudição enciclopédica e de uma paixão pelas línguas. Era um intelectual de interesses múltiplos.

Wilhelm von Humboldt (1767–1835)

Nasceu em Potsdam, em 1767, e morreu em 1835. Filho de Alexander Georg von Humboldt, major do exército da Prússia. Estudou direito, dedicou sua vida aos estudos e atuou em várias áreas, tais como: Linguística, Filosofia, Educação e Política. Vivenciou os acontecimentos referentes à Revolução Francesa, tendo representado a Prússia no Congresso de Viena (onde houve a definição das fronteiras da Europa após Napoleão Bonaparte) e também fundou a Universidade de Berlim (1810), a partir de um ideal humanista de educação. Era irmão do renomado explorador e naturalista Alexander von Humboldt, que o ajudou nas pesquisas linguísticas fornecendo-lhe dados sobre diversas línguas e dialetos com os quais entrava em contato em suas viagens. Foi a partir de 1819 que Humboldt se dedicou mais intensamente aos estudos linguísticos, uma vez que as frustrações no campo político o afastaram da vida pública. (HUMBOLDT, 2004; SEUREN, 1998)

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Visualizou a língua sob a influência do poder mental mutável de seus falantes e

distinguiu dois períodos definidos em toda a língua, um criativo (crescente e

ativo) e aquele instinto, tem uma estagnação aparente.

Defendia a forma externa e interna da língua.

A língua é algo dinâmico (energeia), e não estática (ergon).

Uma língua não é um conjunto de enunciados prontos produzidos pelos

falantes, mas os princípios ou regras subjacentes que possibilitam aos falantes

produzir tais enunciados e, mais que isso, um número ilimitado de enunciados.

Esta ideia foi absorvida pelo filólogo alemão Heymann Steinthal e pelo

fisiologista e psicólogo Wilhelm Wundt, influenciando as teorias psicológicas da

linguagem do final do século XIX e início do XX.

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Jacob Grimm nasceu em 4 de

Janeiro de 1785, em Hanau; e

morreu em 20 de Setembro de

1863, em Berlim. fez seus estudos

ginasiais em Kassel, e estudou

entre 1802 e 1806 na

Universidade de Marburg.

Lecionou na Universidade de

Göttingen, cargo que abandonou

abruptamente. Tornou-se, em

1840, membro da Real Academia

de Ciências da Universidade de

Berlim. Considerado o fundador da

gramática histórica, produziu

também importantes estudos sobre

o folclore alemão, mitologia e

história das instituições legais.

Jacob Grimm (1785-1863)

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Empenhou-se em revisar a gramática islandesa de Rask.

Escreveu uma gramática comparada das línguas germânicas que haviam tido um

tratamento superficial na gramática comparada de Bopp a qual abrangia todo o

campo das línguas indo-europeias.

Deu especial atenção ao gótico, a antiga língua dos Godos Orientais.

Na segunda edição do primeiro volume de sua Gramática deu grande atenção à

fonética.

Foi o primeiro linguista a desenvolver um tratamento sistemático da mudança

fonética em face do estudo comparado das línguas germânicas.

Cometeu o erro de dizer que a, i e u são vogais verdadeiras e que e e o são

modificações de a .

Tendência dessa fase: enfoque naturalista, biologismo linguístico: as línguas

nascem, crescem e morrem e a ideia de que as leis da linguística se aproxima

das leis físicas – leis fonéticas.

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Lei de Grimm: é o primeiro modelo das leis fonéticas, traduzindo a regularidade das transformações sonoras da linguagem ao longo da história.

As consoantes aspiradas do indo-europeu [bh, dh, gh]tornaram-se não aspiradas [b, d, g];- as sonoras [b, d, g] tornaram-se surdas [p, t, k];- as surdas [p, t, k] tornaram-se aspiradas [f, θ, h].

Exemplificando pelo latim e o inglês:

d se converteu em t (latim duo, inglês two),g em k ou c (ager/acre)k ou c passou a h (latim collis, inglês hill),um t em th (latim tonitus, inglês thunder),um p em f (piscis/fish).

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August Schleicher (1821-1867) August Schleicher nasceu em 19

de Fevereiro de 1821 em

Meiningen, na Turíngia; e morreu

em 6 de Dezembro de 1868, em

Jena, antes de completar 48 anos.

Estudou teologia, filosofia e

línguas orientais na Universidade

de Leipzig e Tübingen, tendo se

especializado em linguística na

Universidade de Bonn. Obteve seu

doutoramento em 1846, e passou a

lecionar em Praga e, a partir de

1857, em Jena.

Em aulas, o foco de seus ensinos

era a gramática comparativa das

línguas indo-européias. Sua mais

importante obra, como citado

acima, é a sua gramática

comparativa das línguas indo-

européias em 1861-1862

(Compendium der vergleichenden

Grammatik der indogermanischen

Sprachen); mas também publicou

importantes estudos: uma obra

sobre a palatização em 1848, e um

estudo sobre a morfologia em

1859, além de sua importante

teoria evolucionista da relação

entre as línguas em 1863.

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Defendia que as línguas são orgânicas, e por isto tem um comportamento que

pode ser descrito, analisado e previsto.

Formulou a concepção que tomava a língua um organismo vivo, com existência

própria independente de seus falantes, sendo sua história vista como uma

“história natural”.

Trabalhou intensamente num projeto de reconstrução do que ele chamava de

“língua original” indo-europeia, isto é, o estágio remoto (hoje em geral

denominado proto-indo-europeu), donde se originaram essas línguas.

O indo-europeu é uma língua hipotética, sugerida a partir das evidências de

uma origem comum para um grupo de línguas que eram faladas num passado

remoto entre a Europa (extremo ocidental) e a Índia (extremo oriental)

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Método histórico-comparativo: conceito de famílias de línguas geneticamente relacionadas e derivadas paralelamente a partir de uma “língua-mãe.

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Crítica ao método comparativo

Baseava-se numa metáfora genealógica enganosa.

Não há nenhum ponto no tempo em que se possa dizer que novas línguas

‘nasceram’ de uma língua-mãe comum.

Ideia a divergência X convergência: é preciso contar tanto com a

divergência quanto com a convergência no desenvolvimento diacrônico

das línguas: divergência quando o contato entre duas comunidades de

falantes é reduzido ou interrompido, e a convergência quando as duas

comunidades permanecem em contato e quando uma é política ou

culturalmente dominante.

Teoria da onda: as diferentes mudanças linguísticas se difundirão, como

ondas, a partir de um centro político, comercial ou culturalmente

importante, ao longo das principais vias de comunicação.

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Emerge nas últimas do século XIX uma nova sensibilidade teórica, fundada sobre

a renovada exigência de cientificidade em função do contato com o positivismo

filosófico de A. Comte.

“A característica do programa desse grupo foi o questionamento dos pressupostos

tradicionais da prática histórico-comparativa (principalmente seu descritivismo) e

o estabelecimento de uma orientação metodológica diferente e de um conjunto de

postulados teóricos para a interpretação da mudança linguística.” (MUSSALIM,

p.34)

Os linguistas positivistas recusam, em conjunto, os principais objetivos da

“hipótese indo-europeia:

Neogramáticos

1. A explicação filosófica de tipo metafísica; eles denunciam como não científica a

questão da origem da linguagem e como mítico o postulado de uma língua-

mãe;

2. A explicação historicista de tipo teleológica (finalista), que está subjacente à

concepção evolucionista das línguas;

3. A explicação especulativa (que concerne ao funcionamento do espírito); ela

constituiu um prolongamento tardio, no quadro do romantismo, da gramática

geral, já que consiste em sustentar a tese do paralelismo lógico-gramatical

entre pensamento e linguagem.

“O objetivo era que “estudando as línguas vivas atuais, aprender a natureza da

mudança. Interessa-lhe, portanto, investigar os mecanismo de mudança

(desvendar os princípios gerais do movimento histórico das línguas) [...] trata-se

antes de criar uma teoria da mudança.” (MUSSALIM, p.35)

O positivismo foi uma corrente filosófica, cujo mentor e iniciador principal

foi August Comte, no século XIX. Apareceu como reação ao idealismo,

opondo ao primado da razão, o primado da experiência sensível (e dos

dados positivos). Propõe a ideia de uma ciência sem teologia ou

metafísica, baseada apenas no mundo físico, material. A visão positivista

dos fatos abandona a consideração das causas dos fenômenos (Deus ou

natureza) e tornar-se a pesquisa de suas leis, vistas como relações

constantes entre fenômenos observáveis.

Bloomfield, é explicitamente anti-mentalista, considerando que a linguagem é

acessível do exterior, quanto comportamento, e não do interior, como

expressões de realidades psicológicas ou mentais. Para ele, espírito, vontade,

consciência não são mais que “configurações de sucessão do mundo material”,

dos movimentos corporais.

Hermann Paul que acreditava que os princípios fundamentais da mudança

linguística deveriam ser buscados nos fatores psíquicos e físicos tomados como

determinantes dos objetos culturais como a língua. Paul também acreditava que

a mudança da linguística é originada principalmente no processo de aquisição

da língua.

Relativização do conceito de LEI FONÉTICA.

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William D. Whitney (1827-1894)

Whitney era americano e estudou

na Europa sob a égide da

Gramática Comparada. Sua

principal obra de teoria da

linguagem foi publicada em 1875 e

foi marcada pela influência das

mudanças sociais, que fizeram o

ser humano mais materialista e

racional, e pela composição étnica

de seu país. Sua pesquisa ficou

concentrada nas necessidades

práticas que enfrentava em seu

dia-a-dia como professor. Seus

conceitos denotam uma busca por

soluções práticas para o

aprendizado das línguas.

William Dwight Whitney nasceu em

Northampton, Massachussets, a 9

de fevereiro de 1826. Filho do

banqueiro Josiah Dwight Whitney e

de Sarah Williston Whitney, foi o

terceiro filho que sobreviveu. Aos

quinze anos, em 1842, iniciou o

curso universitário no Williams

College. Terminou a graduação em

1845 e permaneceu por três anos

trabalhando no banco de seu pai

como caixa. Duas atividades

ocupavam seu tempo livre: o estudo

de línguas estrangeiras e o

interesse pela história natural.

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

Ele acredita que os signos linguísticos são arbitrários e convencionais.

A língua como instituição social, como oposição à língua como organismo natural,

e como sistema autônomo.

Defesa da necessidade de uma ciência autônoma da linguagem.

A concepção de língua como uma totalidade organizada, em que o elemento só faz

sentido no conjunto, traço que será fundamental para a linguística estrutural do

século XX.

Vamos encontrar Saussure dizendo: “ Para mostrar que a língua é instituição

pura, Whitney insistiu, com razão, no caráter arbitrário dos signos; com

isso, colocou a linguística em seu verdadeiro eixo. Mas ele não foi até o

fim e não viu que tal caráter arbitrário separa radicalmente a língua de

todas as outras instituições”. (SAUSSURE, p.90)

Saussure diz sobre Whitney : “No ponto essencial, porém, o linguista norte-

americano parece ter razão: a língua é uma convenção e a natureza do

signo convencional é indiferente.”

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A linguística no século XIX: a linguística histórica, o método comparativo e os neogramáticos

CONSIDERAÇÕES FINAIS

“O século XIX nos deixou, por exemplo, o delineamento claro da língua como

uma realidade com a história (sob mutação permanente no eixo tempo);

reorganizou nossa percepção da diversidade (demonstrando sistematicamente a

existência de uma rede de relações ‘genéticas’ entre várias línguas diferentes);

deu forma ao senso de sistema (exercitanto perspectivas biologizantes,

psicologizantes e sociologizantes, bem como lançando as condições para o

grande corte sistêmico saussuriano). E, se a carruagem ia se encaminhando

celeremente para a estagnação da estrutura, não faltou também ao século XIX

elaborar um modo de pensar a língua não como sistema (gramatical), mas como

uma atividade sistemática (do espírito humano), perspectiva que voltará no

século XX sob as mais variadas formas”.

(MUSSALIM, pág.45)

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"A História, no meu modo de ver,é uma canção que se deveria cantar a muitas vozes -

e precisamos aceitar o inconveniente de que as vozes volta e meia se sobreponham umas às outras.

Mas não há uma voz que se lance a cantar um solo,e que possa recusar qualquer tipo de

acompanhamento.

Como será que poderemos chegar a perceber,no sincronismo de um instante,

como por transparências,as muitas histórias que a realidade sobrepõe?"

Fernand Braudel

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SÂNSCRITO

ANTROPOLOGIA

HISTÓRICAORIGEM

LÍNGUA-MÃE

EMPIRISMO

CIENTIFICIDADE

CATALOGAÇÃO

POSITIVISMO

PSICOLOGISMO

EVOLUÇÃO

NEOGRAMÁTICOS

POLÊMICA

AUTONOMIA

INSTITUCIONALSIGNOS ARBITRÁRIOS

CONCORDÂNCIA

RELAÇÃO

FONÉTICA

MORFOLOGIA

RACIONALISMO

ANTIGUIDADE

AFINIDADES

DIACRÔNICA

SISTEMA

MUDANÇAS DE PARADIGMAS

EIXO TEMPO

ORGANISMO LINGUÍSTICO

NATURALISTA