10
DISCIPLINA História do Design no Brasil PROFESSORA Letícia Pedruzzi Fonseca COMPONENTES Aline Toso, Pedro Julio, Ramon Lambranho Junior FICHA CATALOGRÁFICA CLARO, MAURO. Unilabor: desenho industrial, arte moderna e atogestão operária. São Paulo: Editora Senac - SP, 2014. Pg 45 - 78. IMAGENS www.geraldodebarros.com (Acesso em 12 de julho de 2014).

Apresentação unilabor

Embed Size (px)

DESCRIPTION

 

Citation preview

Page 1: Apresentação unilabor

DISCIPLINAHistória do Design no Brasil

PROFESSORALetícia Pedruzzi Fonseca

COMPONENTESAline Toso, Pedro Julio, Ramon Lambranho Junior

FICHA CATALOGRÁFICACLARO, MAURO. Unilabor: desenho industrial, arte moderna e atogestão operária. São Paulo: Editora Senac - SP, 2014. Pg 45 - 78.

IMAGENSwww.geraldodebarros.com (Acesso em 12 de julho de 2014).

Page 2: Apresentação unilabor

ORIGENS DA UNILABOR

Justino Cardoso, Geraldo de Barros e Antônio Thereza, infra-assinados, únicos sócios da Unilabor – Indústria de Artefa-tos de Metal e Madeira Ltda.; declaram [...] que foram convidados pelo Revmo. Frei João Batista Pereira dos Santos para formar uma comunidade de trabalho, a ser instalada nesta capital, na Estrada do Vergueiro, nº 3662, entrando o idealiza-dor do plano com os bens materiais necessários, até a quantia de Cr$ 200.000,00 (duzentos mil cruzeiros), além do prédio onde será instalada a comuni-dade [...]. 1

Documento de constituição da Unilabor (1954), datilografado em papel timbrado, do advogado Mário Carvalho de Jesus, assinado no verso pelos declarantes.

1

Page 3: Apresentação unilabor

FREI JOÃO: nota biográfica

Nascido em 1913 na cidade de Franca – São Paulo, ingressou na ordem dos padres dominicanos aos 17 anos na França. Quando se tornou frade, seu nome civil, Jary Pereira Santos, passou por diversas mudanças até se findar com João Baptista Pereira dos Santos. Concluiu sua formação nos cursos de teologia e filosofia, voltou ao Brasil para trabalhar no Rio de Ja-neiro. Anos depois, frei João volta à França para um estágio em Economia e Humanismo. Trabalhou como padre-operário em uma empresa metalúrgica e con-heceu a prática dos catadores de latas da rua de Paris. De volta ao Brasil em 1950, tomou posse como capelão na Vila Basílio Machado em São Paulo. Con-seguiu que a ordem dos dominicanos comprasse o terreno do Círculo Operário do Ipiranga – lugar onde se tornou mais adiante a Unilabor. Lá era mantido uma Capela, um consultório médico, uma venda e um curso de alfabetização para adultos, festas religiosas aconteciam também.

Page 4: Apresentação unilabor

O PROJETO COMUNITÁRIO

A formação em Economia e Humanismo do frei João Batista influenciou nas mudanças, propondo:

...soluções para as questões econômi-co-sociais no âmbito da sociedade indus-trial a partir de uma ótica "humana". Rev-ela-se também, nessa ação, a linha de um humanismo racionalista cristão que não enfatizava os aspectos místicos da religi-osidade, reforçando a adesão à fé por compreensão teológica e escolha filosófi-ca (CLARO, p. 49).

O objetivo do projeto era fundar uma comuni-dade na qual todos se ajudassem e ao mesmo tempo sua fábrica de móveis tivesse autonomia, podendo entrar na disputa do mercado como qualquer outra empresa. A fábrica assumia o ponto principal da Co-munidade de trabalho, iniciou seus trabalhos em agosto de 1954 e encerrou sua participação no mer-cado em 1967.

Page 5: Apresentação unilabor

OS DOIS PÓLOS DO EMPREENDIMENTO

O projeto do frei João Batista era constituído pela fábrica Unilabor e pelo Centro Social Cristo Operário, instituição que tinha como proposta a apresentação de atividades de formação cultural, educacional e política para o operário e sua família. Mesmo as ativi-dades abrangendo vários temas da vida social dos envolvidos (educação, lazer, teatro, catequese, entre outros), a fábrica era o centro referencial para tudo o que estava sendo desenvolvido. Um grupo de teatro e um trabalho pedagógico foi desenvolvido para o ensino das crianças que mora-vam na vila. Contava também com aulas de cerâmica e marcenaria. Aos fins de semana atividades de lazer e expressão corporal também eram realizadas. As atividades começaram em 1950 e foram interrompi-das em 1959 pelo frei João Batista, ocasionada por desentendimentos com os colaboradores sobre a conduta desses trabalhos. Palestras e debates de cunho político, social e cultural também foram propostos aos integrantes da vila. O jornal Comunidade: órgão das comunidades de trabalho (1962), foi criado a fim de esclarecer a proposta do projeto comunitário. Projeção de filmes emprestados pelo MAM também eram apresentados. Atividades que foram apresentadas como oportuni-dade de um crescimento intelectual que não abrangia a classe operária.

Page 6: Apresentação unilabor

A CAPELA DO CRISTO OPERÁRIO

O ponto de partida do projeto foi a construção da Capela do Cristo Operário, por iniciativa de frei João Batista. Sua construção em um bairro operário fazia parte do debate da integração entra arte e arquitetu-ra que estava vivo nessa época em São Paulo. A obra foi patrocinada burguesia e contou com o trabalho gratuito de artistas, ambos interessados apenas no crescimento sociocultural da classe operária.

A capela respondia a essa questão tendo, a par-ticularidade de fazê-lo na periferia da cidade, em um bairro operário, o que adicionava a questão subjacente do diálogo, mais do que entre artes, entre âmbitos culturais (CLARO, p. 55).

Alfredo Volpi, Yolanda Mohalyi, Bruno Giorgi, Roberto Burle Marx, entres outros, trabalharam na construção da capela.

Page 7: Apresentação unilabor

A FÁBRICA DE MÓVEIS

O grupo inicial era composto por Geraldo de Barros, Antônio Thereza e Justino Cardoso, todos convidados por frei João Batista. Inicialmente, em 1954, a produção era de abajures, liquidificadores e objetos de adorno que não eram comercializados. O primeiro móvel desenhado pela Unilabor foi a cadeira de três pés. A origem de seu nome nasceu do anagrama das palavras trabalho e comunidade traduzidas do latim, perspectivamente, labor e unio. Seu símbolo, desen-hado por Geraldo de Barros, carrega o significado do caráter de trabalho coletivo, apresentando duas mães de indivíduos diferentes segurando o mesmo martelo. O primeiro serviço da empresa foi em 1954, com o objetivo de projetar e produzir peças de madeira e ferro a fim de adequar o ambiente para a realização do 3ª Conferência Rural Brasileira, que foi realizada no Hotel Esplanada, em São Paulo.

Page 8: Apresentação unilabor

INDUSTRIALIZAÇÃO E CLASSES SOCIAIS EM SÃO PAULO

A clientela da Unilabor era formada anterior-mente a esta fase. Os interessados queriam comprar móveis que tivessem soluções inovadoras difundidas por um moderno tributário dos ideais das vanguardas artísticas. Era mais que ostentação ou apenas o aten-dimento das necessidades imediatas. Era o que o ideal de vida dessas pessoas representava, muitas vezes baseados na valorização de ideias vindas da arte e transformações no campo social. Para os in-telectuais brasileiros, o projeto de desenvolvimento nacional passava pela industrialização e atingia refor-mas sociais, comprometidas com a valorização do povo. Essas reformas favoreceriam o mercado inter-no e traria prosperidade.

Page 9: Apresentação unilabor

SÍNTESE DAS ARTES: difusão do moderno

A ideia era produzir, em bases diferentes e mod-ernas, uma imagem de país que quer ser moderno ar-tisticamente e justo socialmente. Vencida essa etapa de construção cultural, o Brasil começa a se confron-tar com uma nova situação: o intercâmbio cultural se amplia e intensifica a experiência que os artistas podem ter com o moderno. A arte nas manifestações urbanas é experimentada aqui nessa época. A Uni-labor não se resumiu a uma experiência fabril, mas se estendeu por atividades culturais, transformações so-ciais, sintetizando aspectos da arte moderna brasilei-ra e o próprio sentido de comunidade.

Page 10: Apresentação unilabor