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O FÓRUM LIXO E CIDADANIA E A COLETA SELETIVA SOLIDÁRIA Sonia Dias Setembro 2008 Questões no centro do debate em torno do tema lixo e cidadania • Quais as respostas que a cidade pode dar aos sonhos de conquista da cidadania plena daqueles que vivem dos resquícios, das sobras do nosso consumismo voraz?
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Seminário Fórum Estadual L & C Rio de Janeiro
O FÓRUM LIXO E CIDADANIA E A COLETA SELETIVA SOLIDÁRIA
Sonia Dias
Setembro 2008
Questões no centro do debate em torno do tema lixo e cidadania
• Quais são as possibilidades existentes de transformação, reaproveitamento do lixo?
• Quais as respostas que a cidade pode dar aos sonhos de conquista da cidadania plena daqueles que vivem dos resquícios, das sobras do nosso consumismo voraz?
Enquanto um problema social a catação sempre foi encarada como
caso de polícia Perseguição de fiscais das prefeituras com confisco de materiais; Repressão policial e retirada das ruas; ‐ Representação social negativa: mendigo, pedinte, vadio, marginal ...
Submetido a condições de trabalho e vida degradantes.
De problema social a catação passou a ser considerada uma questão sócio-
ambiental na última década no Brasil... • Inserindo- se no âmbito da política, à medida
que passou a ser objeto de políticas públicas em nível nacional, estadual e municipal.
Presidente Lula na cerimônia de assinatura do Fundo Social BNDES para cooperativas –dez 2006
O QUE MUDOU. . .
• Os catadores passaram a ser considerados agentes ambientais;
• Uma nova concepção de gestão do lixo no âmbito da gestão pública e das organizações da sociedade civil: disseminação da noção de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos –GIRSU como guarda chuva conceitual da gestão no setor ( forte componente de inclusão social a partir das possibilidades de tratamento e transformação do lixo) ;
• Surgimento de canais de formulação de políticas públicas de resíduos sólidos na perspectiva de uma composição sócio-governamental – os Fóruns Lixo e Cidadania.
Que processos estão por trás de todas essas
mudanças que permitiram que recicladores informais adquirissem “status semi- público”? E que a gestão
dos resíduos sólidos ganhasse uma dimensão
participativa?
Manuais com diretrizes chanceladas pelo governo federal
O contextualizando a mudança. . .
• De um lado temos o processo sócio-organizativo desse segmento social, tradicionalmente avesso à organização – os catadores de papel, trabalhadores de rua do setor de reciclagem e cuja trajetória de vida da maior parte de seus integrantes remetia-se ao viver na rua;
• De outro, temos todo o processo de surgimento, no Brasil, de novas formas de participação política e de experiências que buscam resignificar a participação política para além do direito de votar e de ser votado, nos quais os fóruns lixo e cidadania se inserem .
Fórum Lixo e Cidadania: o que é?
• Seja no âmbito nacional, estadual ou municipal o Fórum é constituído de
representantes de diversos segmentos da sociedade civil, dos governos e da iniciativa privada - e atua nos sentidos propositivo,
de articulação de apoios e do monitoramento de programas de gestão
integrada de resíduos sólidos na perspectiva da inclusão dos catadores.
A rede Fórum lixo e Cidadania Fórum Nacional: surgiu em 1998 com 19 instituições integrantes tendo chegado a A 56 em seu auge. Fóruns Estaduais Lixo e
Cidadania: constituídos em 23 estados em 2004. NÃO SE SABE HOJE QUANTOS ESTÃO ATIVOS.
Os fóruns foram criados com o papel de articular ações, redirecionar atuação dos parceiros,eliminar obstáculos e facilitar implementação de programas com inclusão social.
ALGUNS DADOS
• PNAD 2006 (amostra expandida): - 229.568 catadores no Brasil - Maior concentração em São Paulo (+
de 79 mil), Rio Grande do Sul (quase 25 mil); RJ (17.655); MG (14.029)
- Crianças (até 16 anos): 23.216(10,11%) - Catadores com carteira assinada:
10.272 (RAIS:11,781)
COLETA SELETIVA COM INCLUSÃO SOCIAL:
SUPORTE À CATADORES NA CATALIZAÇÃO DE PROCESSOS
• Suporte à criação e/ou fortalecimento de associações, cooperativas;
• Abertura de canais de diálogo focados nas demandas do segmento;
• Coordenação de parceiros envolvidos em projetos de inclusão social;
SUPORTE À CATADORES NA IMPLEMENTAÇÃO DE
PROCESSOS • Implantação de processos de coleta
seletiva que facultem o acesso dos catadores aos recicláveis
• Provisão de infra-estrutura para triagem, acondicionamento e comercialização de recicláveis
• Condução de campanhas educativas para melhoria da imagem do catador e para adesão à coleta seletiva
• Elaboração de arcabouço legal de suporte à parcerias
• Capacitação
EXEMPLOS DEMONSTRATIVOS INICIAIS: BH
üA Lei Orgânica Municipal(1990) assegurou às cooperativas de trabalhadores a prioridade na parceria para os programas de coleta seletiva.
ü1993: parceria é firmada através de convênio com a ASMARE como parceiro da coleta seletiva da cidade
Belo Horizonte
ü Inicialmente Coleta seletiva ponto-a -ponto (containers) ü Desde 2004 Coleta porta-a-porta Doação para ASMARE
Belo Horizonte
Suporte da Prefeitura: ü Galpões de triagem ü Repasse mensal para gastos administrativos e Manutenção (aprox.R$61.000) ü Educação ambiental ü Doação de recicláveis coletados pela coleta seletiva formal
BELO HORIZONTE
• Diversificação: üReciclo 1 – Bar Cultural e oficinas para
população de rua; üReciclo 2 – Restaurante üFábrica de reciclagem de PET
PARCERIAS ENVOLVEM FUNDAÇÕES (IAF; MISEREOR; BANCO DO BRASIL, EMPRESAS)
Belo Horizonte
Destaque: desde 2003 prefeitura estabeleceu parceria com 7 outras associações de catadores congregados no Fórum Municipal Lixo e Cidadania
EXEMPLOS DEMONSTRATIVOS INICIAIS:POA
Centro de educação ambiental Vila Pinho - POA
üColeta seletiva implantada desde 1990 integrando a cooperativa existentes à época
üExistem 14 cooperativas (cerca de 700 pessoas) cada um com convênios específicos.
üSuporte: galpões, subsídio mensal para despesas de manutenção.
Outras experiências de parcerias - Santo André
Cooperativa Cidade Limpa
üColeta seletiva desde 1997 em parceria com 2 cooperativas (Coopcicla e Cidade Limpa). üSistema mixto de coleta seletiva: porta-a-porta e contêineres. üDestaque: parceria com o Projeto Brasil-Canadá: conhecimento da cadeia -pesquisa catadores avulsos (1993 catadores) üSuporte: galpões para triagem, coleta dos recicláveis (terceirizado), capacitação.
Outras experiências de parcerias - CAEC
üCAEC integra a CATABAHIA uma rede organizações de catadores de 10 municipalidades na Bahia üSuporte do PANGEA, Petrobras e outras agências federais. Não há parceria com a municipalidade. üDestaque: forte rede de suporte advinda de estabelecimentos comerciais (shoppings, sueprmercados) que contratam a CAEC para prestação de serviços de coleta seletiva Galpão e Containers
da CAEC– supermercado Bom Preço
Outras experiências de parcerias - Diadema
Catadores e adolescentes em campanha educativa
ücatadores organizados são remunerados pelo serviço de limpeza urbana que prestam à cidade, na mesma base em que são remuneradas as empresas contratadas: (R$ 38,80 por tonelada de material reciclável)
üO Decreto-Lei municipal N° 5984 de 26/09/2005 dispõe entre outros sobre a coleta seletiva solidária
- Destaque: primeiro município a formalizar a integração de catadores através do estabelecimento de contrato por prestação de serviços
Outras experiências de parcerias - LONDRINA
• Início do programa de coleta seletiva: retirada de 120 catadores do lixão em função de ação movida pelo Ministério Público - assinatura TAC para incorporação destes catadores na coleta seletiva e o compromisso de transformar o lixão em aterro controlado.
• Incorporação posterior dos catadores de rua ao programa.
• O programa envolve 29 associações e cerca de 500 pessoas (dados de 2005). A cidade foi dividida em 26 setores com o fim de alocar cada setor às organizações envolvidas.
Outras experiências de parcerias - LONDRINA
• Convênios estabelecidos com ONGs (formato no qual os grupos de catadores se organizaram).
• Destaque: contratação da empresa que faz a coleta seletiva é feita por preço global influindo diretamente nos índices da coleta seletiva (aumentando o índice de recuperação) estimulando a logística reversa interessando à empresa a redução dos resíduos coletados;
• - esquema de “phasing out”: a prefeitura aluga os galpões de triagem durante um ano, após o qual as ONGs envolvidas com os catadores devem assumir a responsabilidade pelo pagamento do aluguel como forma de incentivar a busca por sustentabilidade.
DESAFIOS
• Apesar dos benefícios sociais e capital social gerado a maioria dos programas de C.S com associações ainda têm uma baixa capacidade de inclusão de catadores avulsos.
• Na dimensão econômica, poucas prefeituras sabem o custo de seus programas e têm indicadores confiáveis.
DESAFIOS
• Incipiente marco regulador para a gestão dos resíduos sólidos
• Fragmentação, dispersão e lacunas de informação sobre o setor de RS e principalmente em relação ao setor informal da reciclagem dificultando a formulação de políticas consistentes
• Limitações das práticas de responsabilidade social das empresas
Considerações finais
• 10 anos de engajamento em torno do lixo e da cidadania conseguiu criar um constrangimento ético em torno da existência de milhares de pessoas vivendo em condições sub-humanas nos lixões e nas ruas como algo que afeta as habilidades dessas pessoas de desenvolverem plenamente suas capacidades humanas ameaçando, portanto, os Direitos Humanos.
Considerações finais
• Este constrangimento ético estimulou inúmeras iniciativas advindas tanto do governo (em vários níveis), quanto contribuições da sociedade civil e do setor privado com o objetivo de enfrentar essa problemática: resultando em parcerias entre governos e catadores e no surgimento do movimento social de catadores.