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O pensamento criminológico no Brasil Marcos César Alvarez FFLCH, NEV – USP São Paulo Outubro, 2013 Crime e sociedade: um diálogo na perspectiva do Estado Democrático de Direito - ILP - Out. 2013

Apresentação Marcos Alvarez · combate à criminalidade, será vista assim como um instrumento essencial para a viabilização dos mecanismos de controle social necessários à

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Page 1: Apresentação Marcos Alvarez · combate à criminalidade, será vista assim como um instrumento essencial para a viabilização dos mecanismos de controle social necessários à

O pensamento criminológico no Brasil

Marcos César Alvarez

FFLCH, NEV – USP

São Paulo

Outubro, 2013

Crime e sociedade: um diálogo na perspectiva do Estado Democrático de Direito - ILP - Out. 2013

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História da Criminologia

� Teorias Clássicas e Positivistas;

� Uma discussão ainda recorrente no âmbito da Criminologiacontrapõe dois conjuntos de teorias ou duas “escolas”, opostase rivais no que diz respeito à caracterização do crime e dopapel da punição na sociedade: de umlado, a EscolaClássica, desenvolvida desde o século XVIII a partir dasidéias de Cesare Beccaria (1738-1794) e de Jeremy Bentham(1748-1832) e, de outro, aEscola Positiva, defendida porCesare Lombroso (1835-1909) e seus seguidores, comoRaffaele Garofalo (1852-1934) e Enrico Ferri (1856-1929);

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� De forma esquemática, tais escolas são geralmenteapresentadas como diametralmente divergentes, aodiscordaremtanto a respeito da definição do que é crimequanto do papel do livre arbítrio e do determinismo na gênesedas condutas criminosos ou ainda acerca do propósito dapunição, quer como dissuasão, quer como tratamento aoindivíduo e proteção à sociedade;

� A EC define, assim, o crime emtermos estritamente legais,como violação da lei, e preocupa-se mais comasconsequência do ato criminal do que comas efetivasmotivações do criminoso;

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� A doutrina básica sustenta-se na ideia donullum crimen sinelege, ou seja, que não há crime semlei anterior que o defina,ninguémpode ser incriminado de forma arbitrária;

� A lei criminal é assimuma espécie de espada de dois gumes:protege a sociedade contra o indivíduo mas igualmenteprotege o indivíduo contra a ação estatal arbitrária;

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Criminologia e Escola Positiva

� A EP, por sua vez, contesta os pilares daEC. A definição estritamente legaldo crime é substituída pela ideia de que o crime pode ser cientificamentecaracterizado, uma vez que o ponto essencial da visão positivista consisteem aplicar o determinismo e o método científico ao estudo do crime e dapunição;

� Defende a ideia do crime como uma espécie de entidade naturalquepoderia ser objetivamente descrita e cientificamente combatida. De fato, ofoco de interesse daEP se descoloca do crime para o criminoso, ao mesmotempo em que se enfatiza o determinismo em detrimento daresponsabilidade individual e defende-se o tratamento científico docriminoso para proteger a sociedade;

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� Observando-se o desenvolvimento históricos dos estudospenais e criminológicos, é possível perceber que os autores eas doutrinas não se distribuemcoerentemente de acordo comos parâmetros definidos pela contraposiçãoEC versus EP;

� Tal contraposição só ganha efetivos contornos a partir dosdebates provocados pela Antropologia Criminal de Lombrosono final do século XIXna Europa. Emgrande medida, asconcepções de Lombroso resumemo que será reivindicado, apartir desse momento, como uma nova escola voltada àinvestigação do homemcriminoso.

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Lombroso e a Criminologia moderna

� Lombroso era formado emMedicina e foi levado ao estudo docriminoso a partir de seus interesses emPsiquiatria e dainfluência, emtermos mais gerais, de teorias materialistas,positivistas e evolucionistas de sua época.

� Em seu principal livro,L'Uomo delinquente,publicado pelaprimeira vez em1876, Lombroso condensou os ensinamentosda Frenologia, da Antropologia, da Medicina Legal e doalienismo dos dois primeiros terços do século XIX(cf.Mucchielli, 1994), ao construir umparadigma biodeterministade fácil assimilação para pensar a natureza do crime e o papelda punição, emsintonia comas muitas teorias cientificistasentão dominantes.

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� Lombroso construiu uma teoria evolucionista, na qual o criminoso aparececomo um tipo atávico, ou seja, como indivíduo que reproduz física ementalmente características primitivas do homem. Sendo o atavismo tantofísico como mental, poder-se-ia identificar, a partir de sinais anatômicos,quais os indivíduos que estariam hereditariamente destinados ao crime;

� A Criminologia positivista de Lombroso, Ferri e Garofalo rejeitará oigualitarismo formal liberal, ao propor um conjunto de reformas dalegislação e das instituções penais, e a demarcação do embate entre aantiga “escola clássica” e a nova “escola positiva” no âmbito penal servirá,em grande medida, aos propósitos polêmicos dos adeptos da nova escola;

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� Devido à repercussão dos trabalhos de Lombroso, inclusiveentre o público não especializado mas interessado nasquestões do crime e da punição na época, comfrequência ele évisto como umdos pioneiros do conhecimento criminológico;

� No momento do aparecimento do principal livro deLombroso,L'Uomo delinquente,publicado pela primeira vezem 1876, todo umprograma de investigação e reforma socialvoltado ao problema do crime e da punição já ganha certacoerência e irá se desenvolver na Europa e tambémnosEstados Unidos, cominúmeras publicações, realizaçôes decongressos nacionais e internacionais, movimentos de reformada legislação e das instituições penais etc.

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Sociologia de Émile Durkheim

� Durkheim realiza umimportante deslocamento na reflexãoacerca da pena emrelação aos seus demais interlocutores;

� Para ele, a pena não poderia ser compreendida nemcomo umfenômeno natural – tal como se colocava na época emteoriascomo as de Lombroso, emúltima instância baseadas numaconcepção de determinismo biológico –, nema partir dos seusefeitos puramente instrumentais de controle do crime;

� Pelo contrário, a pena é uma reação passional à ruptura dasnormas fundamentais da consciência coletiva emuma dadasociedade. Logo, sua essência não é racional, no sentido deum cálculo instrumental, mas sobretudo passional, resultadodo sentimento de violação das normas sociais;

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� O crime pode ser definido como todo ato que rompe o vínculode solidariedade social, ato esse punido pelo direitorepressivo. A pena, por sua vez, mais do que castigar oucorrigir o criminoso, busca aproximar as consciênciashonestas, reafirmar uma resistência coletiva à quebra dossentimentos compartilhados emuma sociedade;

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� Mesmo entre seus contemporâneos, Durkheimdestoa doconsenso principal que paulatinamente vai se formando nocampo da Criminologia tradicional – a noção de que o crime éuma forma de patologia social e que a pena deve ser umremédio – para enfatizar, emcontrapartida que tanto o crimequanto a pena são fatos sociais normais, presentes emtodas associedade e que a aplicação do direito repressivo sempreenvolve aspectos passionais, de estigma e vergonha, porexemplo, que apenas estariammais organizados nassociedades mais complexas, não havendo nenhuma mudançana natureza da pena quer nas sociedades simples, quer nassociedades complexas;

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� “(...) Quando reclamamos a repressão do crime, não é a nós que queremos pessoalmente vingar, mas a algo sagrado que sentimos de maneira mais ou menos confusa, fora e acima de nós. (...)”(Durkheim, 1995, p.72)

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A Criminologia no Brasil

� A escola positiva terá grande influência na Criminologia americana doséculo XX, na qual predominará o interesse pelo estudo do homemcriminoso, bem como na América Latina, especialmente em países como oBrasil, onde será discussão obrigatória entre juristas e médicos pioneirosno estudo das questões do crime e da punição no final do séculoXIX eainda nas primeiras décadas do século XX;

� Entre os muitos autores que reproduzem, no Brasil, o debate entreclássicos e positivistas, podem ser destacados o médico Nina Rodrigues(1862- 1906), com seu ensaioAs Raças Humanas e a ResponsabilidadePenal no Brasil,de 1894, e os juristas Francisco José Viveiros de Castro(1862-1906) e Paulo Egídio de Oliveira Carvalho (1842-1906),respectivamente com aA Nova Escola Penal, também de 1894, eEstudosde Sociologia Criminal,publicado em 1900

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Ideias em seu lugar

� Parece difícil, deste modo, caracterizar a presença daAntropologia Criminal e da Sociologia Criminal no Brasilapenas como mais umcaso de importação equivocada deidéias;

� Longe de se apresentaremapenas como “idéias fora do lugar”,ou como mero modismo da época, as novas teoriascriminológicas parecemresponder às urgências históricas quese colocavampara certos setores da elite jurídica nacional;

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� A forte presença de Lombroso na maioria dos trabalhos tambémé evidentee indica a subordinação, no Brasil, das abordagens sociológicas do crime àabordagem da Antropologia Criminal. Mesmo aqueles que não seempolgaram com os exageros deterministas da escola antropológica, nãodeixaram de render homenagem a Lombroso e seus discípulos;

� A Criminologia, como conhecimento voltado para a compreensão dohomem criminoso e para o estabelecimento de uma política “científica” decombate à criminalidade, será vista assim como um instrumento essencialpara a viabilização dos mecanismos de controle social necessários àcontenção da criminalidade local;

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“Tratar desigualmente os desiguais”

� O grande desafio consistia em“tratar desigualmente osdesiguais” e não emestender a igualdade de tratamentojurídico-penal para o conjunto da população. A introdução daCriminologia no país representava, deste modo, apossibilidade simultânea de compreender as transformaçõespelas quais passava a sociedade, de implementar estratégiasespecíficas de controle social e de estabelecer formasdiferenciadas de tratamento jurídico-penal para determinadossegmentos da população;

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� Os juristas adeptos da escola positiva, ao longo de toda aPrimeira República, irão propor e por vezes realizar reformaslegais e institucionais que buscarão ampliar o papel deintervenção estatal. Mulheres, menores e loucos, ou seja,aqueles que não se enquadravamplenamente na nova ordemcontratual e que necessitariamde um tratamento jurídicodiferenciado, serão alvos constantes das preocupações doscriminologistas;

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Nina Rodrigues

� “(...) Posso iludir-me, mas estou profundamente convencidode que a adoção de umcódigo único para toda a república foium erro grave que atentou grandemente contra os princípiosmais elementares da fisiologia humana. Pela acentuadadiferença da sua climatologia, pela conformação e aspectofísico do país, pela diversidade étnica da sua população, já tãopronunciada e que ameaça mais acentuar-se ainda, o Brasildeve ser dividido, para os efeitos da legislação penal, pelomenos nas suas quatro grandes divisões regionais, que, comodemonstrei no capítulo quarto, são tão natural eprofundamente distintas.” As Raças Humanas e aResponsabilidade Penal no Brasil, 1894.

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Michel Foucault e a crítica da Criminologia

� O debate que se desenrola entre clássicos e positivistas revelaa lógica e as ambiguidades do controle do crime e daaplicação da punição nas sociedades modernas econtemporâneas;

� A punição legal deslocou seu alvo, da preocupação exclusivaem relação à infração cometida para o indivíduo criminoso, oque duplicou e dissociou os objetos juridicamente definidos ecodificados, que passarama ser tambémobjetos susceptíveisde umconhecimento “científico”;

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� Para Foucault, coexistem, no que diz respeito ao crime e àpunição nas sociedades modernas, duas formas heterogêneasde exercício de poder que se combinamsemse confundirem,uma associada ao poder soberano, baseada na lógica da lei, eoutra associada aos poderes disciplinares, baseada na lógicada normalização dos comportamentos. Ou seja, o sistemapenal é misto, pretende punir mas tambémcorrigir, aocombinar desse modo as práticas jurídicas e as práticas“antropológicas”;

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� Dois perigos maiores residemnesse sistema misto: o de umretorno ao penal puro ou de umdeslizamento na direçãoantropológica tambémpura. No primeiro caso, a sanção setorna cega, ao passo que, no segundo, pode-se caminhar nadireção da sanção indeterminada, decidida pela administraçãoprisional ou por especialistas. O debate entre clássicos epositivistas, sob essa perspectiva, ilustraria esse caráter mistoda racionalidade penal moderna;

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David Garland

� Novos debates, no entanto, são constantemente gerados noque diz respeito aos conhecimentos criminológicos. DavidGarland, por exemplo, defende que as transformaçõescontemporâenas no que diz respeito à violência, ao controledo crime e da criminalidade, às políticas de segurança e àspolíticas penais levaramigualmente a transformações nopensamento criminológico, ao desenharemnovamente duastendências contrastantes mas que se distribuemde acordo comumeixo diverso daquele que oporia clássicos e positivias;

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Criminologia do “eu” e do “outro”

� Avança uma nova “Criminologia do eu” ou uma“Criminologia da vida cotidiana”, que pensa o crime como umfato “normal” e o criminoso como uma espécie de agenteeconômico racional;

� Permanece igualmente presente e atuante uma “Criminologiado outro”, de matriz lombrosiana, que pensa o criminosocomo uma espécie de monstro – pouco importando se emtermos morais, biológicos ou sociais – totalmente diferente doindivíduo não criminoso;

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� O que está em jogo nos debates criminológicos, mesmo por vezes os mais escolásticos, são as formas pelas quais as sociedades modernas e contemporâneas pensam e agem em relação ao crime e a punição;

� Atualmente, buscam-se alternativas nas formas de governar o crime, para além dos dilemas que opuseram, no século XIX e XX, clássicos e positivistas ou que contrapõe, no presente, populismo penal versusgestão econômica dos riscos;

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