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trabalho supervisionado.
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1. INTRODUÇÃO
O presente trabalho é referente à disciplina de Práticas Sociais e Subjetividade do 6°
semestre do curso de Psicologia da Universidade Paulista. E tal disciplina tem como proposta
de estudo observar e registrar fenômenos da realidade cotidiana e compreender as implicações
na constituição das subjetividades contemporâneas. Podendo desta forma, desenvolver uma
percepção acurada e uma escuta atenta à diversidade das interações humanas que permitam
uma apreensão da dialética existente entre a experiência coletiva e a experiência individual. E
para dar vida à proposta de estudo da disciplina em questão colocamos em prática nosso
conhecimento que fora discutido em sala de aula escolhendo o seguinte tema: Manifestações
populares e sociais na Praça da Sé da cidade de São Paulo.
Localizada no coração de São Paulo, a Praça da Sé é o centro geográfico da cidade
onde se pode encontrar também o Marco Zero, que é a partir dele que são medidas as
distâncias das rodovias paulistas, dos quatro estados das fronteiras, assim como a numeração
das vias públicas da cidade. Originalmente conhecido como "Largo da Sé", o local recebeu
intervenções paisagísticas, como espelhos d'água, pelo arquiteto José Eduardo de Assis
Lefèvre na década de 1970, mesma época da criação da estação Sé do metrô. Junto à praça
está à gótica e bizantina Catedral Metropolitana de São Paulo, a antiga Igreja Matriz
construída em 1588 e reformada em 1954, no aniversário de 400 anos da cidade,
configurando, até hoje, a maior igreja de São Paulo com 92 metros de altura.
Referindo-se ao conceito de praça, podemos dizer de maneira ampla que é como
qualquer espaço público urbano livre de edificações que propicie convivência e/ou recreação
para os seus usuários. E considerando que praças são espaços abertos, públicos e urbanos
destinados ao lazer e ao convívio da população, sua função primordial é a de aproximar e
reunir as pessoas, seja por motivo cultural, econômico, político ou social. Queiroga (2001),
diz que a possibilidade do contato interpessoal público oferecida pela praça permite o
estabelecimento de ações culturais fundamentais, desde interações sociais até manifestações
cívicas, potencializando a noção de identidade urbana.
Como definição sobre o termo manifestações pode-se destacar que é uma ação que o
sujeito exerce de tornar-se público, como o ato de expressar um pensamento, uma ideia, um
ponto de vista ou uma revelação. Ou seja, é uma manifestação do pensamento que gera uma
ação de se expressar publicamente que se dá ao ato de se tornar isto público, tornando a praça
um local ideal para tal ato.
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Logo, em nossas observações utilizamos a técnica de observação não participante,
onde foi possível verificar a diversidade de diferentes tipos de manifestações e interações
humanas sem ter a interferência do pesquisador, sendo este apenas um espectador atento aos
fenômenos presenciados.
Dito isto podemos agora expor o recorte que realizamos através do nosso contexto de
observação sobre o tema escolhido.
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1. OBJETIVO
O presente trabalho tem como objetivo observar as manifestações populares e sociais
que se dão em praças públicas. Logo, para promover tal estudo de fins puramente acadêmicos
escolhemos a Praça da Sé da cidade de São Paulo onde existe um grande fluxo de interação de
pessoas, onde se tornou possível realizar nosso recorte social para analisar o tema que fora
escolhido.
2. METODOLOGIA
Frente à escolha de nosso tema de observação, nosso campo de pesquisa se
estabeleceu no centro da Praça da Sé da cidade de São Paulo, iniciando dessa forma nosso
estudo de caso nos aproximando do objeto de observação estando presente no mesmo
contexto. Nossa pesquisa é de caráter descritivo, onde se realiza o estudo, a análise, o registro
e a interpretação dos fatos do mundo físico sem a interferência do pesquisador. E através de
observações semanais com horários que variaram entre 10h00min da manhã às 15h00min,
foram realizados relatórios individuais após cada observação para uma eventual análise e
comparação com material teórico.
A técnica utilizada em nossa pesquisa foi à observação não participante, onde o
observador atua apenas como espectador atento. Segundo SELLTIZ (1974:214) “Nesse tipo
de observação o investigador não toma parte nos conhecimentos objeto de estudo como se
fosse membro do grupo observado, mas atua como espectador atento. Baseado nos objetivos
da pesquisa, e através de seu roteiro de observação, ele procura ver e registrar o máximo de
ocorrências que interessa ao seu trabalho”. Ou seja, o investigador não interage de forma
alguma com o objeto do estudo no momento em que realiza a observação, logo não poderá ser
considerado participante. Este tipo de técnica reduz substancialmente a interferência do
observador no observado e permite o uso de instrumentos de registro sem influenciar o objeto
do estudo. Nossa estrutura de observação além de ser não participante foi assistemática, que
consiste em recolher e registrar fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios
técnicos especiais.
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3. DESCRIÇÃO DOS DADOS
A partir das observações constantes o grupo passou a conhecer e entender melhor todo
o contexto do local, pois em todas as observações que fora realizada presenciamos diversos
tipos de manifestações populares e sociais, presenciando também uma grande gama de
diversidade na praça. Pois na mesma presenciamos todo tipo de pessoas, no âmbito cultural,
econômico, étnico e social onde elas interagem com a dinâmica que acontece na praça. No
âmbito escolar foi possível observar que muitas escolas fazem visitas na Catedral e na Praça
da Sé com seus alunos, que é por sua vez um local histórico da cidade de São Paulo.
Observamos manifestações tanto culturais como religiosas, não podendo esquecer é
claro dos moradores de ruas, que vivem em situações precárias no meio da praça e que são
presença constante e fixa no local.
Dentre as manifestações culturais que observamos podemos destacar os índios e o
grupo de forró. Os índios tocam seus instrumentos e cantam suas canções de origem no meio
da praça, onde acabam atraindo a atenção das pessoas e conseguem desta forma vender seus
cd’s. Já o grupo de forró são três homens que realizam pequenos shows na praça com o intuito
de apresentar seu trabalho e que acabam ganhando uma contribuição de quem passa pela
praça e fica assistindo ao show. Esse tipo de manifestação musical acaba atraindo os
moradores de rua, que se levantam do chão e começam a interagir dançando e cantando.
Observamos também as ciganas que com suas crenças tentam parar as pessoas para
lerem suas mãos e passar suas ‘previsões do futuro’, porém são poucas as pessoas que param
para escutá-las. Na esfera religiosa observamos os ‘pastores’ que pregam a palavra de Deus na
praça. Estes ‘pastores’ leem partes da bíblia em seus discursos onde no final da sua pregação
distribuem envelopes onde as pessoas que param para ouvi-lo colocam sua contribuição
financeira. É interessante dizer que estes ‘pastores’ demarcam o local que ficam na praça com
uma fita em formato de um quadrado, e presenciamos muitas vezes alguns moradores de rua
se exaltando contra estes ‘pastores’, dizendo que eles são impostores.
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4. INTERPRETAÇÃO DOS DADOS
Em nossas observações foi possível verificar como a Praça da Sé esta degradada,
porém não podemos deixar de destacar a diversidade cultural que existe no local mesmo
estando neste estado degradado. A praça é um elemento fundamental da arquitetura de uma
cidade, pois ela é o lugar da fala e da escuta populares, e sem a praça o povo não é sujeito
direto de sua história, e em nosso recorte social que realizamos na praça conseguimos ver
como é a dinâmica de lá, e observamos que ela está em movimento e que existe uma
diversidade rica em seu meio. Em uma analogia de espaço público e privado em relação ao
que fora observado podemos dizer que a separação destes cai por terra, pois principalmente os
moradores de rua que lá se encontram não tem sua vida privada resguardada e sim exposta por
estarem em uma situação de vulnerabilidade social.
De acordo com o que observamos na praça verificamos que a fé tem caráter afetivo
que mexe com os sentimentos e conteúdos latentes de cada indivíduo, pois no local vimos
muitas pessoas doando dinheiro par o homem que pregava. De certa forma ele mobilizava a
população que passava ao redor fazendo com que suas ações fossem coercivas, convencendo
o público facilmente a colaborar com o seu trabalho. De acordo com PEREIRA (2003) “a fé é
um fenômeno pessoal e exclusivo do sujeito que crê, vinda de áreas profundas do seu
inconsciente, e é impulsionada pelo numinoso, independentemente da vontade. “
Referente as apresentações musicais vistas, como por exemplo, o grupo musical de
forró, músicas indígenas, podemos observar que a emoção e atenção, para cada indivíduo
naquele local, se sentia emoções e expressões diferentes, mexendo com sua subjetividade,
cultura e valores sociais internalizados. Para WAZLAWICK (2003) “quando se vivencia a
música não se relaciona apenas com a matéria musical em si, isto é, altura, duração,
intensidade, timbre, estrutura e expressão, e suas relações, mas com toda uma rede de
significados construídos no mundo social, seja nos contextos coletivos mais amplos, seja nos
contextos singulares, enfim, junto dos contextos sócio históricos de sujeitos.
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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através da pesquisa de campo que foi realizada através de nossas observações foi possível
entender a dinâmica do local assim como nosso objeto de estudo escolhido que são as
manifestações que lá ocorrem. A Praça da Sé é um local que existe um grande fluxo de
pessoas, e como existe este grande fluxo também existe uma grande gama de manifestações
devido a este fato.
Por ser um local público os manifestantes lutam para conseguir um espaço e assim
conseguir se expressar de alguma forma, sendo esta uma manifestação cultural, religiosa ou
até mesmo os moradores de rua que fazem parte ativa da dinâmica da praça. Portanto com
nossas observações foi possível verificar que tais manifestações que acontecem na praça, seja
cultural ou religiosa acabam atraindo muitas pessoas a corroborarem com a dinâmica da
praça.
Através das observações foi possível verificar que mesmo com as diferenças e com alguns
conflitos entre as pessoas que se manifestam na praça não há brigas e sim uma disputa para
manter um espaço e atenção das pessoas que por lá circulam.
Com o decorrer das observações algumas passaram a ser bem parecidas, porém nunca
iguais, pois fomos surpreendidos a cada dia com as manifestações e as reações das pessoas.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FERREIRA, Angela; MARQUES, Sonia. Privado e público: inovação espacial ou social?.
Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales. Ed. 69, pag. 20. Natal: Scripta Nova,
2000. Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/sn-69-20.htm
QUEIROGA, Eugênio F. A megalópole e a praça: o espaço entre a razão de dominação e a
ação comunicativa. Tese (Doutorado em Arquitetura e Urbanismo) – Faculdade de
Arquitetura e Urbanismo, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2001.
PEREIRA, José. A fé como fenômeno psicológico. São Paulo: Escrituras, 2003.
SELLTIZ. Métodos de pesquisa nas relações sociais. São Paulo: E.P.U, 1974.
WAZLAWICK, P. Vivências em contextos coletivos e singulares onde a música entra em
ressonância com as emoções. Psicologia Argumento. Pontifícia Universidade Católica do
Paraná. Curitiba ,2006.
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ANEXOS