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Aptidão Física e Composição Corporal Josué Tadeo Alves da Costa Porto, 2008 Estudo das alterações induzidas por um módulo-base de preparação física multilateral em vários indicadores da Aptidão Física e da Composição Corporal, no processo de recruta em bombeiros sapadores.

Aptidão Física e Composição Corporal · Aptidão Física e Composição Corporal Orientador: Professor Doutor José Augusto Rodrigues dos Santos Josué Tadeo Alves da Costa Porto,

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Page 1: Aptidão Física e Composição Corporal · Aptidão Física e Composição Corporal Orientador: Professor Doutor José Augusto Rodrigues dos Santos Josué Tadeo Alves da Costa Porto,

Aptidão Física eComposição Corporal

Josué Tadeo Alves da Costa

Porto, 2008

Estudo das alterações induzidas por um módulo-base de preparação física multilateral em vários indicadores da Aptidão Física e da Composição Corporal, no processo de recruta em bombeiros sapadores.

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Aptidão Física eComposição Corporal

Orientador: Professor Doutor José Augusto Rodrigues dos SantosJosué Tadeo Alves da Costa

Porto, 2008

Monografia realizada no âmbito da disciplina de Seminário do 5º ano da licenciatura em Desporto e Educação Física, na opção de Atletismo, da Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

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Costa, J. (2008). Aptidão Física e Composição Corporal: Estudo das

alterações induzidas por um módulo-base de preparação física multilateral

em vários indicadores da Aptidão Física e da Composição Corporal no

processo de recruta em bombeiros sapadores. Porto: J. Costa. Dissertação

de Licenciatura apresentada à Faculdade de Desporto da Universidade do

Porto.

Palavras-chave: COMPOSIÇÃO CORPORAL, APTIDÃO FÍSICA, FORÇA,

TESTE DE COOPER, TESTE WINGATE.

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

I Josué T. Alves Costa

À minha mãe por todo apoio,

carinho e amor, demonstrado ao longo

destes anos. Sem ela, nada seria

possível… é ela a razão disto tudo, e é

a ela que devo o facto de ser aquilo

que sou hoje!

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

II Josué T. Alves Costa

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

III Josué T. Alves Costa

Agradecimentos

Para que a consecução deste trabalho fosse possível, foi fundamental o

estímulo e a colaboração de várias pessoas, pelo que gostaria de expressar

aqui o meu profundo agradecimento e reconhecimento.

Ao meu Orientador, Professor Doutor José Augusto Rodrigues dos

Santos, pela amizade, disponibilidade e apoio que demonstrou ao longo de

todas as etapas de realização do trabalho.

Ao Senhor Comandante Tenente-Coronel Morais Ferreira e à plena

disponibilidade do batalhão de Sapadores de Bombeiros do Porto que

permitiram este estudo.

Ao colega e amigo Rui Martins, pela sua amizade, prestabilidade e

disponibilidade demonstrada.

À Cristina, por todo o apoio, carinho e amor demonstrado ao longo

destes últimos meses, incentivo e paciência, que se tornaram fundamentais na

realização deste trabalho.

Aos meus Colegas pela contribuição, amizade e estímulo diários.

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

IV Josué T. Alves Costa

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

V Josué T. Alves Costa

Índice geral

Agradecimentos ................................................................................................ III

Resumo.............................................................................................................XI

Abstract ...........................................................................................................XIII

Lista de Abreviaturas e Símbolos.................................................................... XV

I. Introdução ....................................................................................................... 1

II. Revisão da literatura ...................................................................................... 3

2.1. Aptidão Física .......................................................................................... 3

2.2. Composição Corporal .............................................................................. 4

2.2.1. Avaliação da Composição Corporal .................................................. 5

2.2.2. Influência da Actividade Física na Composição Corporal ................. 7

2.3. Força Muscular ........................................................................................ 8

2.3.1. Definição de Força Muscular............................................................. 8

2.3.2. Formas de Manifestação de Força Muscular .................................... 9

2.3.2.1 Manifestação Activa da Força.................................................... 10

2.3.2.1.1. Força Máxima .................................................................... 10

2.3.2.1.2. Força Rápida ou Explosiva ................................................ 11

2.3.2.1.3. Força de Resistência ......................................................... 12

2.3.2.2. Manifestação Reactiva da Força .............................................. 13

2.3.2.2.1. Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento e

Encurtamento..................................................................................... 13

2.3.2.2.2. Força elástico–explosiva.................................................... 14

2.3.2.2.3. Força elástica-explosiva-reactiva ....................................... 14

2.3.2.3. Manifestação Estática da Força................................................ 15

2.3.3. Factores susceptíveis de influenciar a Força Muscular................... 15

2.4. Regimes de Produção de Energia ......................................................... 16

2.4.1. Sistema dos Fosfagénios ATP-CP ou Sistema Anaeróbio Aláctico 16

2.4.2. Sistema ATP – Ácido Láctico ou Sistema Anaeróbio Láctico.......... 17

2.4.3. Sistema de Oxigénio ou Sistema Aeróbio. ...................................... 17

2.5. Consumo máximo de oxigénio (VO2máx.) / Potência Aeróbia .............. 18

2.6. Resistência Muscular............................................................................. 19

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

VI Josué T. Alves Costa

III. Objectivos e Hipóteses................................................................................ 21

3.1. Objectivos .............................................................................................. 21

3.1.1. Objectivo Geral................................................................................ 21

3.1.2. Objectivos Específicos .................................................................... 21

3.2.Hipoteses................................................................................................ 22

IV. Material e Métodos ..................................................................................... 25

4.1. Avaliação dos Indicadores Antropométricos .......................................... 28

4.1.1.Pregas de Adiposidade Subcutânea ................................................ 28

4.1.2. Peso e Altura................................................................................... 29

4.2. Avaliação da Composição Corporal....................................................... 30

4.2.1. Densidade Corporal ........................................................................ 30

4.3. Avaliação das Componentes da Aptidão Física..................................... 31

4.3.1 Avaliação da Força Máxima ............................................................. 31

4.3.1.1. Avaliação da Força Máxima Isométrica de Preensão Manual .. 31

4.3.1.2. Avaliação da Força Rápida dos Membros Inferiores ................ 31

4.3.1.2.1. Squat Jump (SJ) ................................................................ 31

4.3.1.2.2. Counter Movement Jump (CMJ) ........................................ 32

4.3.1.2.3. Velocidade de Deslocamento............................................. 33

4.3.2. Avaliação da Força Resistência ...................................................... 33

4.3.3. Avaliação da Potencia Anaeróbia.................................................... 34

4.3.4. Avaliação da Potência Aeróbia ....................................................... 35

4.4. Procedimentos Estatísticos.................................................................... 35

V. Apresentação dos Resultados ..................................................................... 37

5.1. Composição Corporal ............................................................................ 37

5.2. Força Máxima Isométrica de Preensão Manual..................................... 40

5.3. Força Rápida ......................................................................................... 42

5.4. Força de Resistência ............................................................................. 44

5.5. Potência Anaeróbia ............................................................................... 45

5.6. Potência Aeróbia ................................................................................... 47

VI. Discussão dos Resultados.......................................................................... 49

6.1. Composição Corporal ............................................................................ 49

6.2. Força Máxima Isométrica de Preensão Manual..................................... 51

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

VII Josué T. Alves Costa

6.3. Força Rápida ......................................................................................... 52

6.4. Força de Resistência ............................................................................. 55

6.5. Potência Anaeróbia ............................................................................... 57

6.6. Potência Aeróbia ................................................................................... 59

VII. Conclusões ................................................................................................ 61

VIII. Bibliografia ................................................................................................ 65

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

VIII Josué T. Alves Costa

Índice de quadros

Quadro 1. Diversificação do conceito de Resistência. (Adaptado de

Castanheira, 1993, p 7) ………………………………………………………..…

19

Quadro 2. Média e Desvio Padrão (DP) e Amplitude de Variação (AV) da

caracterização biométrica da amostra ………………………………………….

37

Quadro 3. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes

momentos de realização dos testes nas diversas variáveis da Composição

Corporal ……………………………………………………………………………

38

Quadro 4. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas

as variáveis da Composição Corporal ………………………………………….

39

Quadro 5. Valores de p inter-momentos nas variáveis da Composição

Corporal ……………………………………………………………………………

40

Quadro 6. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes

momentos de realização do teste da Força Máxima Isométrica de

Preensão Manual …………………………………………………………………

40

Quadro 7. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas

as variáveis da Força Máxima Isométrica de Preensão Manual ……………

41

Quadro 8. Valores de p inter-momentos nas variáveis da Força Máxima

Isométrica de Preensão Manual ………………………………………………..

41

Quadro 9. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes

momentos de realização dos testes nas diversas variáveis da Força

Rápida ……………………………………………………………………………..

42

Quadro 10. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas

as variáveis da Força Rápida ……………………………………………………

43

Quadro 11. Valores de p inter-momentos nas variáveis da Força Rápida ... 43

Quadro 12. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes

momentos de realização dos testes nas diversas variáveis da Força de

Resistência ………………………………………………………………………...

44

Quadro 13. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas

as variáveis da Força de Resistência …………………………………………..

44

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

IX Josué T. Alves Costa

Quadro 14. Valores de p inter-momentos nas variáveis da Força de

Resistência ………………………………………………………………………...

45

Quadro 15. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes

momentos de realização dos testes nas diversas variáveis da Potência

Anaeróbia ………………………………………………………………………….

45

Quadro 16. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas

as variáveis da Potência Anaeróbia …………………………………………….

46

Quadro 17. Valores de p inter-momentos nas variáveis da Potência

Anaeróbia ………………………………………………………………………….

46

Quadro 18. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes

momentos de realização dos testes na execução do Teste de Cooper ……

47

Quadro 19. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p no teste

de Cooper ………………………………………………………………………….

47

Quadro 20. Valores de p inter-momentos no teste de Cooper …………..…. 47

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

X Josué T. Alves Costa

Índice de Figuras

Fig. 1. Squat Jump (González-Badillo & Ayestarán, 1995) .......................... 32

Fig. 2. Counter Movement Jump (González-Badillo & Ayestarán, 1995) ….. 32

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

XI Josué T. Alves Costa

Resumo

Neste estudo pretendemos analisar as alterações induzidas por um

módulo-base de preparação física multilateral em vários indicadores da Aptidão

Física e da Composição Corporal durante um período de 6 meses, com

avaliações no início (M1), aos 3 meses (M2) e no final (M3) do processo de

recruta de Bombeiros Sapadores do Porto. A nossa amostra foi constituída por

35 sujeitos, todos dextrímanos, do género masculino, com idades

compreendidas entre os 18 e os 29 anos.

A avaliação da aptidão física foi feita através dos testes: Força Máxima

Isométrica de Preensão Manual, Força Rápida (Squat Jump, Counter

Movement Jump, Índice de Elasticidade e 50 metros de velocidade de

deslocamento), Força de Resistência (Supino, Elevações do Tronco na Barra e

Abdominais), Potência anaeróbia (Wingate test) e Capacidade Aeróbia (Teste

Cooper). Foram medidos o peso e altura. A composição corporal foi

determinada através da mensuração das pregas de adiposidade subcutânea.

Os procedimentos estatísticos utilizados foram as medidas de estatística

descritiva, média, desvio-padrão (DP), o teste Kolmogorov-Smirnov (K-S), o

teste de Mauchly, ANOVA medidas repetidas e o teste LSD de Fisher.

Os principais resultados obtidos foram os seguintes: entre M1 e M2

verificaram-se alterações estatisticamente significativas (p< 0,05) nas seguintes

variáveis: redução da massa gorda e aumento da massa magra; aumento da

força de preensão manual (mão direita), da velocidade máxima de

deslocamento, da Força de Resistência e das componentes da Potência

Anaeróbia e Capacidade Aeróbia. Entre o M2 e M3 verificamos ganhos

significativos na Força Rápida (SJ e CMJ). Podemos concluir que, a partir do

modelo de treino seleccionado, três meses são suficientes para induzir

melhorias significativas nos vários indicadores estudados e que a continuidade

do mesmo tipo de treino tende a não produzir efeitos significativos ulteriores.

Palavras-chave: COMPOSIÇÃO CORPORAL; APTIDÃO FÍSICA;

FORÇA; TESTE DE COOPER; TESTE WINGATE.

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XII Josué T. Alves Costa

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

XIII Josué T. Alves Costa

Abstract

The aim of this study is to assess the changes induced, by a module of

multilateral physical preparation, in multiple indicators of Physical Fitness and

Body Composition, for a period of 6 months, with evaluations at the beginning of

the program (M1), after 3 months (M2) and at the end of the program (M3),

concerning the recruitment for fireman in Oporto. Our sample consisted of 35

right handed male subjects, all aged between 18 and 29 years old.

In the evaluation of Physical Fitness the tests used accessed the

following capacities: handgrip maximal isometric strength, Speed Strength

(Squat Jump, Counter Movement Jump, Index of elasticity and 50 meters

sprint), Strength Endurance (bench press, pull-ups and crunches), anaerobic

power (Wingate test) and Aerobic capacity (Cooper test). We also measured

the weight and height. The body composition was determined by measuring the

folds of subcutaneous fat.

The statistical procedures we used were descriptive statistics, mean,

standard deviation (SD), the Kolmogorov-Smirnov test (KS), Mauchly’s test, the

ANOVA test for repeated measures and the Fisher’s LSD test.

These were the main results obtained: between M1 and M2 there were

statistically significant changes (p <0.05) in the following variables: fat mass

(reduction), lean mass (increase), handgrip strength of the right hand

(increase), maximum velocity of displacement, Strength Endurance, anaerobic

power and aerobic capacity. During the M2 and M3 there were significant gains

in the Speed Strength (Squat Jump and Counter Movement Jump). In

conclusion, for the type of training selected, three months are sufficient to

induce significant improvements in the various indicators studied. Beyond that,

the continuity of the same type of training program tends not to produce

significant later effects.

Keywords: BODY COMPOSITION; PHYSICAL FITNESS; STRENGTH;

COOPER TEST; WINGATE TEST.

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

XIV Josué T. Alves Costa

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

XV Josué T. Alves Costa

Lista de Abreviaturas e Símbolos

AAHPER American Association for Health, Physical Education,

and Recreation

ADP Adenosinadifosfato

AG Ácidos Gordos

ATP Adenosinatrifosfato

AV Amplitude de Variação

CDUP Complexo Desportivo da Universidade do Porto

CK Creatinaquinase

Cm Centímetros

CMAE Ciclo Muscular de Alongamento-Encurtamento

CMJ Countermovement Jump

CP Fosfocreatina

DC Densidade Corporal

DP Desvio-padrão

F Valor do teste F

F=m.a Força igual ao produto da massa pela aceleração

FADEUP Faculdade de Desporto da Universidade do Porto

g/kg Grama por quilograma

gr/mm² Gramas por milímetro ao quadrado H2O Água

HC Hidratos de Carbono

I=FxT Impulso igual ao produto da força pelo tempo

IF (%) Índice de Fadiga em percentagem

IF Índice de Fadiga

IWGK International Working Group On Kinatropometry

K-S Kolmogorov-Smirnov.

LSD Least Significant Difference

M.I. Membro Inferior

m/s Metro por Segundo

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

XVI Josué T. Alves Costa

M1 Momento inicial de avaliação

M2 Segundo momento de recolha de dados

M3 Terceiro momento de recolha dos dados

MG (%) Massa Gorda em percentagem

MG (Kg) Massa Gorda em Quilogramas

MM (%) Massa Magra em percentagem

p Valor de prova

PAMáx Potência Anaeróbia máxima

PAMéd. Potência Anaeróbia média

PAMín. Potencia Anaeróbia mínima

PAS Abd Prega de Adiposidade Subcutânea Abdominal

PAS Bcp Prega de Adiposidade Subcutânea Bicipital

PAS Cru Prega de Adiposidade Subcutânea Crural

PAS Gem Prega de Adiposidade Subcutânea Geminal PAS Sbscap Prega de Adiposidade Subcutânea Subescapular

PAS Supra Prega de Adiposidade Subcutânea Suprailíaca

PAS Tcp Prega de Adiposidade Subcutânea Tricipital SJ Squat Jump SMI Sports Medicine Industries

SPSS Statistical Package for the Social Sciences

VO2máx Consumo máximo de oxigénio

w.kg¹ Watts/Quilograma

WANT Wingate Anaerobic cycle Test

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

1 Josué T. Alves Costa

I. Introdução

A definição do conceito Aptidão Física tem evoluído numa perspectiva

de saúde, noutra na lógica do rendimento motor e outra, no nosso entender a

mais correcta, numa perspectiva de constructo multidimensional que privilegia

o desenvolvimento de capacidades de realização das funções e actividades

físicas na vida diária.

A bateria de testes AAHPER, em 1958, veio dar uma nova dimensão e

importância à multidimensionalidade do conceito Aptidão Física, bem expressa

pelas múltiplas relações entre os factores de rendimento motor e os factores de

saúde (Franks & Howley, 1989).

O desenvolvimento dos factores conotados com a Aptidão Física

assume importância não só quanto ás preocupações concernentes à melhoria

dos indicadores de saúde, como também se podem constituir como indicadores

que permitem aferir a eficácia de programas de desenvolvimento físico mesmo

em atletas de elevado nível competitivo. Nesse sentido, Caspersen, Powell e

Christenson (1985) definem a Aptidão Física como um conjunto de atributos

que podem ser relacionados com a saúde (capacidades cardiorespiratórias,

resistência e força musculares, flexibilidade e composição corporal) ou

simplesmente com o domínio de técnicas de prestação motora (equilíbrio,

agilidade, velocidade e coordenação).

Vários departamentos de saúde internacionais definem como um dos

objectivos centrais da sua política de saúde a promoção do exercício físico

como factor essencial na melhoria da capacidade funcional indispensável à

realização das actividades da vida diária (Podsiadlo & Richarson, 1981).

Também Marques (1996) relaciona o grau de aptidão motora na resolução dos

problemas da vida diária com os programas de desenvolvimento da aptidão

física.

Embora, os programas visando a promoção da actividade física sejam

uma preocupação global para todas as populações, até pelas implicações

epidemiológicas que lhes estão subjacentes, em algumas profissões, o

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

2 Josué T. Alves Costa

desenvolvimento dos vários factores conotados com a Aptidão Física assume

papel crucial, e que deve ser condicionante do acesso dos sujeitos a certas

vias profissionais.

Estão neste caso os bombeiros sapadores, cujo grau de exigência física

das suas tarefas profissionais, é incompatível com défices acentuados nas

várias vertentes do desenvolvimento motor.

Assim, foi preocupação deste estudo, analisar o grau de proficiência

motora de bombeiros profissionais em processo de recruta bem como

averiguar o timing das adaptações motoras induzidas por um programa de

treino sistemático visando o desenvolvimento, o mais completo possível, de

vários factores conotados com o constructo – Aptidão Física.

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

3 Josué T. Alves Costa

II. Revisão da literatura

2.1. Aptidão Física

A Aptidão Física é definida por Sobral (1991, p. 51), como sendo:

“…uma capacidade global, através do qual o indivíduo consegue realizar, pelos

seus meios físicos, tarefas diárias com vigor e vivacidade. É a maneira como o

indivíduo se encontra cuja eficácia depende dos valores quantitativos das

capacidades físicas individuais”.

Segundo Hilgert e Aquini (2003), a Aptidão Física pode ser definida

como a capacidade inata ou adquirida que confere ao indivíduo a possibilidade

de um determinado desempenho motor. Além dos aspectos físicos, envolve

aspectos psicológicos, sociológicos, emocionais e culturais.

Aptidão Física é um estado de bem-estar, influenciado pelo estado

nutricional, pela estrutura genética e pela frequente participação em várias

actividades físicas, de moderadas a intensas, permanentemente (Gallahue &

Ozmun, 2001).

De acordo com Maia, Lopes e Morais (2001), a Aptidão Física tem duas

vertentes, uma mais relacionada com o rendimento desportivo-motor, onde são

avaliadas num conjunto diversificado de componentes ou capacidades tais

como a força, velocidade, resistência, etc. e a outra mais relacionada com a

saúde que são habitualmente avaliadas a flexibilidade, a força, a capacidade

cardiorespiratória e a composição corporal.

Safrit (1995) menciona que algumas baterias de testes recentes,

nomeadamente, The Prudential FITNESSGRAM, desenvolveram critérios de

referência específicos para vários testes físicos que avaliam, entre outros

aspectos, a capacidade aeróbia, representando o nível de risco do aspecto da

saúde associado com cada um dos testes físicos.

De acordo com Maia (1996), na bateria de testes da The Prudential

FITNESSGRAM estão incluídas três componentes essenciais da aptidão

associadas à saúde: a capacidade aeróbia; a composição corporal; a força

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

4 Josué T. Alves Costa

muscular, resistência e flexibilidade. E esta bateria é provavelmente a mais

conhecida e melhor estudada, e além disso foi recentemente actualizada.

A bateria de testes utilizada no nosso estudo foi constituída por tarefas

específicas do trabalho tendo em conta a natureza da amostra com quem

trabalhamos bombeiros recrutas, importava coincidir os testes que serviriam os

objectivos do nosso estudo com aqueles que teriam de ser feitos no âmbito do

desempenho profissional dos sujeitos que connosco trabalharam.

Investigações existentes demonstram de forma consistente que a

inactividade física em adultos jovens está relacionada com uma série de fracos

resultados em testes de Aptidão Física evidenciados em anos anteriores

(Dennison, Straus, Mellits & Charney., 1988).

Blair et al. (1996), num estudo realizado concluíram que a taxa de

mortalidade era consideravelmente menor nos homens e mulheres com uma

Aptidão Física moderada quando comparados com grupos de menor Aptidão

Física.

2.2. Composição Corporal

Para Corbin e Lindsey (1994), a Composição Corporal é uma

componente da Aptidão Física relacionada com a saúde e refere-se às

quantidades relativas de músculo, gordura, osso e outras partes vitais do

corpo.

O estudo da Composição Corporal visa assim, determinar e quantificar

as principais componentes estruturais do corpo humano. Ward, Johnson e

Stager (1984) referem que os três maiores componentes estruturais do corpo

são:

Massa muscular (composta por 72% de agua, 20% de proteína, minerais

e ácidos gordos);

Massa gorda (composta por 60-95% de ácidos gordos e agua) e

Massa óssea (fundamentalmente composta por minerais, agua,

proteínas e ácidos gordos).

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

5 Josué T. Alves Costa

A Massa Gorda é a componente mais variável do corpo humano e

segundo Katche e McArdle (1974) apresenta dois depósitos básicos:

i) gordura essencial que se encontra na medula óssea, no cérebro, nos

diferentes órgãos, estimada em cerca de 3% para os homens e 12% para a

mulheres e

ii) gordura armazenada que é composta pelos depósitos do tecido

adiposo e se constitui como a reserva nutricional incluindo os tecidos gordos

que protegem os órgãos internos de traumatismos e choques e o tecido

adiposo subcutâneo que é estimado em 12% nos homens e 15% nas mulheres.

Segundo Maia (1989), existem varias concepções para a

compartimentação do corpo humano, salientando:

o modelo bicompartimentado que consiste na divisão da massa corporal

em massa isenta de gordura e massa gorda, determinados que são a

partir dos valores da densidade corporal e/ou das medidas das pregas

de adiposidade subcutânea (Skinfolds);

o modelo tricompartimentado que fracciona a massa corporal em massa

isenta de gordura, massa gorda e agua corporal total;

o modelo tetracompartimentado que fracciona a massa corporal em

massa gorda, massa proteica, massa mineral e agua;

O modelo bicompartomentado é habitualmente o mais utilizado no

fraccionamento da massa corporal em que é calculada indirectamente (massa

gorda) e a outra é obtida por subtracção (massa magra).

2.2.1. Avaliação da Composição Corporal

A determinação e a avaliação da composição corporal podem ser feitas

através de métodos directos e indirectos. O método directo analisa e quantifica

a composição corporal através do estudo anatómico e químico post mortem de

seres humanos e animais. Assume-se como um método moroso, exige material

sofisticado, pessoal altamente especializado e levanta inúmeros problemas

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6 Josué T. Alves Costa

éticos e legais para a obtenção de cadáveres o que nos interessa como mera

referencia.

Pelo contrário, os métodos indirectos, que são os mais importantes,

podem, segundo Maia (1989), ser subdivididos em:

Laboratoriais, que embora rigorosos, são muito complexos e

dispendiosos (métodos densimétricos ou densiometria e métodos

bioléctricos ou bioimpedância) e

Clínicos ou de terreno que, apesar de controversos são mais fáceis de

administrar e aplicar (cálculo antropométrico da composição corporal).

Os métodos clínicos ou de terreno têm sido os mais utilizados uma vez

que recorrem apenas à avaliação das pregas de adiposidade subcutânea

(skinfolds), para estimar a densidade corporal e a percentagem de gordura.

Estes métodos partem do princípio de que a densidade corporal, o peso da

massa gorda, da massa magra e da água corporal total estão

significativamente correlacionadas como indicadores antropométricos tais

como: skinfolds, circunferências e o peso relativo e assumem o pressuposto

fundamental de que cerca de 50% da massa gorda se localiza nos depósitos

de gordura subcutânea. O método mais praticado para quantificar as

componentes da massa corporal, assim como a densidade corporal, é o que se

baseia no emprego das equações antropométricas.

As vantagens deste método residem na grande facilidade de

manuseamento, grande quantidade de material antropométrico, da não

invasividade e na ausência de restrições culturais. As desvantagens reportam-

se às equações antropométricas uma vez que estas, quando estabelecidas a

partir de skinfolds, não respeitam o padrão diferenciado de distribuição

individual de gordura e só apresentam validade para as amostras de onde

derivam. Ward et al (1984) referem que os valores das pregas de adiposidade

subcutânea que medem a espessura da camada de gordura mostraram ser

bons preditores da totalidade da gordura corporal.

Geralmente no Domínio das Ciências do Desporto, a antropometria é o

método de eleição, dada a sua simplicidade de aplicação, sendo o modelo

bicompartimentado o mais utilizado. Tal como propõem Boileau, Lohman, e

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7 Josué T. Alves Costa

Slaughter (1985), os procedimentos consistem nos cálculos da densidade

corporal através das fórmulas, conversão em percentagem de gordura, cálculo

da massa gorda e por fim, cálculo da massa isenta de gordura.

2.2.2. Influência da Actividade Física na Composição Corporal

Nos últimos anos, o objectivo central de grande parte dos estudos

efectuados nesta temática tem sido a influência da actividade física e do treino

na regulação e manutenção do peso corporal.

A grande maioria destes estudos centra-se em adultos e, na sua

generalidade, conclui que, o exercício conduz:

a reduções moderadas no peso corporal total,

a perdas grandes ou moderadas na massa gorda e

a aumentos pequenos ou moderados na massa magra (Boileau et al.,

1985)

Sobral (1981), numa revisão de estudos longitudinais de diferente

duração conclui que o treino físico, em qualquer idade e género, é

acompanhado de uma diminuição da massa gorda e consequente aumento da

massa magra.

Segundo Sallis e McKenzie (1991), a investigação tem mostrado que a

participação regular em programas de exercícios pode alterar a Composição

Corporal.

Estudos realizados com jovens adultos do género feminino

demonstraram que, depois de 15 semanas de treino aeróbio, estes diminuem,

a gordura relativa e subcutânea e aumentam a massa magra (Tremblay,

Despres & Bouchard, 1988).

Em estudos epidemiológicos, a redução da Actividade Física é

identificada como a principal causa para o aumento da adiposidade (Bray,

1992; Cruz, 1983; U.S. Department of Health and Human Services, 1988).

Em estudos realizados, Van Loan (1996) verificou que aumentavam a

percentagem da massa gorda e do peso corporal com o aumento da idade e

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8 Josué T. Alves Costa

que ocorre uma diminuição da massa isenta de gordura, assim como do

conteúdo mineral ósseo e da água corporal.

Gallahue e Ozmun (2001) referem que a Actividade Física vigorosa e

regular pode alterar positivamente a composição corporal, aliada a uma

regulação de ingestão calórica, resulta no aumento da massa corporal magra,

revelando-se na diminuição de percentagem de gordura no indivíduo.

2.3. Força Muscular

2.3.1. Definição de Força Muscular

A análise da literatura demonstra o quão difícil é definir o conceito de

força. Desde logo, por existirem diferentes formas de manifestação e diferentes

capacidades de força (Carvalho 1993). Esta diversidade resulta de vários

aspectos, como a resistência a vencer, a duração, velocidade e ritmos de

movimento, a estrutura muscular envolvida, formas e ângulos de acção

muscular.

No entanto a força pode ser diferenciada desde logo por dois aspectos

essenciais: a força como grandeza física e mecânica do movimento e a força

como capacidade biológica (motora) do ser humano. (Schmidtbleicher, 1985).

No que se refere à força como grandeza física e mecânica do

movimento, sabemos que, de acordo com a segunda lei de Newton, a

aplicação de uma força tende a alterar o estado de inércia de um corpo, isto é,

a força pode ser entendida como o produto da massa de um corpo pela

aceleração que ela lhe imprime (F=m.a) (Mil-Homens, 1996; Zatsiorsky 1995;

González-Badilo & Ayestaran, 2001; Barbanti, 2001; Correia, 2002; Costa,

2003; Alves, 2006; Pereira 2007). No fundo, força é toda a causa capaz de

modificar o estado de repouso ou de movimento de um corpo, podendo mantê-

lo imóvel, acelera-lo, trava-lo, e até deforma-lo. Este tipo de força, enquanto

grandeza física, enquadra-se nas Ciências do Desporto com particular

relevância no domínio da Biomecânica desportiva (Carvalho, 1993).

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9 Josué T. Alves Costa

Assim, na perspectiva da actividade física e desporto, a força representa

a capacidade de um sujeito para vencer ou suportar uma resistência, em

resultado de uma contracção muscular (Manso, Valdivielso & Caballerl, 1996)

No âmbito biológico existe alguma dificuldade na definição de força,

dada a grande diversidade de opiniões. No entanto, podemos distinguir dois

tipos de força: as forças internas que são produzidas pelos músculos,

ligamentos e tendões sobre as estruturas ósseas e que permitem a oposição

ou superação de resistências e as forças externas que agem externamente

sobre o corpo humano, tais como a gravidade, atrito, inércia, resistência do ar,

oposição de um adversário, ou um peso que se pretenda levantar (Zatsiorsky,

1995; Barbanti, 2001; Costa, 2003; Alves, 2006; Pereira, 2007).

A noção mais aceite, apesar de não consensual, é sugerida por Carl (cit.

por Pereira, 2007, p. 10) em que descreve a força muscular como a capacidade

de ser humano, com base em processos metabólicos e de inervação, vencer

ou opor-se a uma resistência através da sua estrutura muscular.

Assim, a definição de Carl (cit. por Pereira, 2007, p. 10) dá-nos ênfase a

dimensão de uma capacidade biológica do ser humano, que depende de

factores morfológicos, coordenativos e motivacionais. Sendo possível destacar

a relação estabelecida entre a força produzida e a estrutura muscular, podendo

desenvolver força sem encurtamento e sem alongamento (trabalho isométrico),

com encurtamento (trabalho concêntrico) ou em alongamento (trabalho

excêntrico), que transmitida ao sistema ósseo permite a oposição ou superação

de determinadas resistências.

2.3.2. Formas de Manifestação de Força Muscular

Para Vittori (cit. por Correia 2002, p. 12), a capacidade de produção de

força pode manifestar-se de três formas:

manifestação activa de força;

manifestação reactiva de força, e;

a manifestação estática de força.

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10 Josué T. Alves Costa

Esta diferenciação assume-se de grande importância uma vez que

introduz a Força Reactiva, sendo que a grande maioria dos gestos desportivos

envolve a realização de ciclos musculares de alongamento-encurtamento

(CMAE) para além das habituais contracções isométricas e estáticas. Alias, a

Força Reactiva é uma forma de manifestação de força relativamente

independente das outras componentes de força uma vez que os valores de

correlação encontrados entre a Força Máxima e a performance no CMAE são

muito baixos (Mil-Homens, 1996).

2.3.2.1 Manifestação Activa da Força

2.3.2.1.1. Força Máxima

A Força Máxima é talvez, de entre as diferentes formas de manifestação

da força, aquela que parece ser a mais consensual entre os autores. Segundo

Siff e Verlhoshansky (2000), a Força Máxima pode ser definida como a

capacidade que um determinado grupo muscular tem de produzir uma

contracção voluntária máxima, em resposta a uma activação nervosa óptima,

contra uma carga externa. Já, Letzelter (1987) refere que é a maior força que o

sistema neuromuscular pode desenvolver, independentemente do factor tempo,

através de uma contracção máxima voluntaria. Ainda segundo Mil-Homens

(1996), contra uma resistência inamovível. Só a magnitude da resistência

exterior pode expressar o valor máximo de força que o músculo pode gerar. No

fundo, representa valor mais elevado de força que o sistema neuromuscular

pode desenvolver numa contracção máxima voluntária (Mitra & Mogos, 1990).

A Força Máxima segundo Weineck (1992) depende de um conjunto de

factores que são determinantes na sua expressão: a área de secção

transversal das fibras musculares, o volume muscular, a diferenciação das

fibras musculares, a coordenação inter e intra muscular, a capacidade elástico-

reflexa e a motivação.

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11 Josué T. Alves Costa

2.3.2.1.2. Força Rápida ou Explosiva

A definição deste tipo de manifestação da força torna-se difícil, uma vez

que existe uma grande variedade de conceitos e significados que a ela se

encontram associados.

De acordo com González-Badillo (2000) esta capacidade representa a

relação entre a força expressada e o tempo necessário para a alcançar essa

dita expressão. Schmidtbleicher (1992) e Mil Homens (1996) referem que se

trata da capacidade que o sistema neuromuscular tem de produzir o maior

impulso (I=FxT) possível no menor período de tempo.

Barbanti (2001) define Força Rápida como a capacidade do sistema

neuromuscular de superar resistências com uma elevada rapidez de

contracção.

A Força Rápida exprime-se na capacidade de um atleta vencer uma

oposição (resistência constituída por instrumentos acessórios ou pelo peso do

próprio corpo), com uma velocidade de movimento elevada. Através duma

rápida contracção muscular, o corpo ou referido instrumento, adquire

velocidade final elevada, que por seu lado, poder vir a ser posteriormente

aumentada se houver conjugação e boa harmonia entre o treino da força rápida

e da força máxima (Harre & Lotz, 1989).

Embora existam diversas definições para o mesmo conceito de Força

Rápida, num aspecto os autores são unânimes, ou seja, o de que deverá ser

produzida a maior quantidade de força durante o tempo que possuímos para

executar o movimento, dependendo do gesto desportivo.

Outros autores tais como Matvéiev (1986), Siff e Verkhoshansky (2000)

referem esta capacidade como Força Explosiva, sendo comum, na literatura,

confundir-se com força velocidade, força rápida, e força explosiva. O termo

força velocidade poderá, segundo Matvéiev (1986), identificar-se com acções

em que, juntamente com a força, é exigida uma grande velocidade de

movimentos, mas, como afirma González-Badillo e Ayestarán (2001), poderá

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12 Josué T. Alves Costa

significar uma leitura da curva força velocidade, ou simplesmente treino misto

de força e velocidade.

2.3.2.1.3. Força de Resistência

A força resistente é entendida por Siff e Verkhonshansky (2000), como a

forma específica em que se desenrola a força, em actividades que requerem

uma duração de tensão muscular relativamente longa, sem diminuição da

eficácia. Mas a sua definição mais usual, na bibliografia consultada, é que a

força resistente trata-se da capacidade neuromuscular de resistência à fadiga,

em esforços de força longa (Weineck, 1988, 1992; Alonso, 2001; Barbanti,

2001) e de média duração, num trabalho muscular estático ou dinâmico, sem

perder eficácia do movimento (Mil-Homens, 1996; Dantas, 1998; Siff &

Verkhoshansky, 2000).

Siff e Verkhoshansky (2000) dividem a força resistente, segundo o tipo

de actividade física, em dois tipos: força resistente dinâmica e força resistente

estática.

A força resistente relaciona-se com a capacidade de manter uma tensão

considerável, em cada ciclo de movimento, nos movimentos cíclicos e

acíclicos. Por sua vez, a força resistente estática é a capacidade de manter

uma tensão muscular isométrica de duração e intensidade variável (Siff &

Verkhoshansky, 2000).

Os mesmos autores, ainda dividem a força resistente, em geral e local,

consoante o número de grupos musculares que participam no trabalho

muscular. Sendo força resistente geral quando relacionada com actividades em

que participam muitos grupos musculares e força resistente local quando

relacionada com grupos musculares isolados.

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13 Josué T. Alves Costa

2.3.2.2. Manifestação Reactiva da Força

2.3.2.2.1. Força Reactiva em Ciclo Muscular de Alongamento

e Encurtamento

Komi (1992) refere que os exercícios musculares raramente envolvem

formas puras de acções isoladas isometrias, concêntricas e excêntricas.

Surgem, de forma preferencial, as acções concêntricas imediatamente

precedidas de acções excêntricas, as quais formam um tipo natural da função

muscular, chamado Ciclo Muscular de Alongamento e Encurtamento (CMAE)

(Norman & Komi, 1979).

Segundo Mil-Homens (1996), a maioria dos gestos desportivos

envolvem a realização de ciclos musculares de alongamento encurtamento

(CMAE), pelo que a última componente da força rápida é a força reactiva. O

mesmo autor refere que a força reactiva é uma forma de manifestação de força

relativamente independente das outras componentes da força (isométrica,

concêntrica e excêntrica). Com efeito, existe uma baixa correlação entre a força

máxima e a força produzida em CMAE.

Esta forma de manifestação de força exprime-se na possibilidade do

sistema neuromuscular passar, rapidamente, de uma contracção excêntrica

para uma concêntrica, aumentando-se assim a energia produzida na fase

concêntrica através da enervação dos músculos agonistas, do movimento,

como resultado do reflexo ao estiramento (Komi, 1992).

A eficiência do CMAE está essencialmente associada à qualidade dos

mecanismos de regulação neurais e ao estado de treino/adaptação do

complexo musculo-tendinoso relativamente ao seu potencial elástico e

contráctil (Komi, 1992; Schmidtbleicher, 1992; Mil Homens, 1996).

Na literatura são referenciados dois tipos de manifestação de força

reactiva: a força elástica-explosiva e a força elástico–explosiva-reactiva

(Schmidtbleicher, 1992; González-Badillo & Ayestarán 2001).

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14 Josué T. Alves Costa

2.3.2.2.2. Força elástico–explosiva

A força elástico–explosiva manifesta-se na realização de CMAE longos,

que são caracterizados por movimentos amplos com grande deslocamento

angular e por uma duração, de aplicação de força superior a 250 m/s

(Schmidtbleicher, 1992; Mil-Homens, 1996; Carvalho & Carvalho, 1999).

Nesta acção, o sistema músculo-esquelético para além da capacidade

de desenvolver grandes níveis de força, pelo recrutamento e sincronização

instantâneos de um maior número de unidades motoras, acrescesse-lhe o

componente elástico, que actua pelo efeito de uma alongamento prévio

armazenando a energia cinética, criada na fase de amortecimento, para libertar

de seguida na fase concêntrica, sob forma de energia mecânica (González-

Badillo & Ayestarán, 2001).

2.3.2.2.3. Força elástica-explosiva-reactiva

Manifesta-se na realização de CMAE curtos, que são caracterizados por

movimentos curtos que envolvem menores deslocamentos angulares das

articulações e por uma aplicação de força com uma duração entre 100 e 250

m/s (Schmidtbleicher, 1992; Mil-Homens, 1996; Carvalho & Carvalho, 1999).

Nesta acção, acrescenta-se aos factores anteriormente referidos na força

elástico-explosiva, um componente de facilitação neural importante, como é o

efeito do reflexo miotático, que intervêm devido à rapidez do CMAE e a fase de

transição muito curta (González-Badillo & Ayestarán 2001).

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15 Josué T. Alves Costa

2.3.2.3. Manifestação Estática da Força

Este tipo de manifestação acontece quando a velocidade articular é zero

(Schmidtbleicher, 1992; Mil-Homens, 1996). Podemos distinguir dois tipos: a

força estática ou isométrica máxima e a força estática ou isométrica sub

máxima (Correia, 2002).

A força estática ou isométrica máxima é produzida quando um individuo

realiza uma contracção voluntária máxima contra uma resistência incapaz de

ser superada (Weineck, 1988, 1992; González-Badillo & Ayestarán, 2001;

González-Badillo & Serna 2002) existindo um equilíbrio entre as forças internas

e externas (Barbanti, 2001) e, como afirma Mil-Homens (1996), não é mais do

que “um caso especial da acção muscular concêntrica, em que a velocidade é

zero”. Por isso, a força estática ou isométrica sub-maxima é aquela que se

produz quando se realiza uma contracção voluntária sub-máxima contra uma

resistência superável (Correia, 2002) ou não.

2.3.3. Factores susceptíveis de influenciar a Força Muscular.

O nível de força desenvolvido pelo músculo durante a sua contracção

depende de factores musculares (Tipo de fibras musculares, Hipertrofia e a

Hiperplasia), neurais (Recrutamento das unidades motoras, Coordenação

intermuscular e intramuscular e Processos reflexos) e mecânicos

(Comprimento do músculo, Velocidade contracção e Propriedades elásticas).

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16 Josué T. Alves Costa

2.4. Regimes de Produção de Energia

2.4.1. Sistema dos Fosfagénios ATP-CP ou Sistema

Anaeróbio Aláctico

Nos desportos de potência, em que a actividade se caracteriza por

esforços de intensidade máxima com uma duração inferior a 30s, o músculo

recorre a fontes energéticas imediatas, habitualmente designadas por

fosfagénios, como a adenosinatrifosfato (ATP) e a fosfocreatina (CP).

ATP + H2O + ATPase = ADP + Pi + Energia

Quando quantidades extras de ATP estão disponíveis na célula, muita

da sua energia é utilizada para sintetizar fosfocreatina (CP) formando, dessa

maneira, um reservatório de energia para a regeneração do ATP. Deste modo,

quando o ATP começa a ser gasto na contracção muscular, a energia da CP é

transferida rapidamente de volta ao ATP (ressíntese do ATP) e deste para os

sistemas funcionais da célula. Esta relação reversível entre o ATP e a CP pode

ser assim representada pela interacção da CP com ADP (adenosinadifosfato)

catalizada pela enzima creatinaquinase.

CP + ADP + Pi + Creatinaquinase (CK) = ATP + C + Pi

Durante os primeiros segundos de uma actividade muscular intensa (ex:

sprint), verifica-se que o ATP se mantém a um nível relativamente constante,

enquanto as concentrações de CP declinam de forma sustentada à medida que

este último composto se degrada rapidamente para ressintetizar o ATP gasto.

Quando finalmente a exaustão ocorre, os níveis de ambos os substratos são

bastante baixos, sendo então incapazes de fornecer energia que permitam

assegurar posteriores contracções e relaxamentos das fibras esqueléticas

activas.

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17 Josué T. Alves Costa

Deste modo, a capacidade do ser humano em manter os níveis de ATP

durante o exercício de alta intensidade à custa da energia obtida da CP é

limitada no tempo.

2.4.2. Sistema ATP – Ácido Láctico ou Sistema Anaeróbio

Láctico

A glicólise é, por definição, a degradação rápida dos hidratos de carbono

(HC) armazenados, sob a forma de glicogénio ou glicose, em ácido láctico, um

processo anaeróbio que decorre no citosol, das fibras esqueléticas. Deste

modo, é possível converter rapidamente uma molécula de glicose em 2 de

ácido láctico, formando paralelamente 2 ATP, sem necessidade de utilizar O2.

Glicogénio = ATP + 2 Ácido Láctico

2.4.3. Sistema de Oxigénio ou Sistema Aeróbio.

Nos esforços de duração superior a 2min, a produção de ATP é já

maioritariamente assegurada pela mitocôndria, pelo que esses esforços são

apelidados de oxidativos ou, simplesmente, aeróbios. Com efeito, a produção

de energia aeróbia na célula muscular é assegurada pela oxidação mitocondrial

dos HC (glicose) e dos lípidos (AG), sendo pouco significativo o contributo

energético proveniente da oxidação das proteínas (aminoácidos).

Glicose + 02 = 36 ATP + CO2 + H2O

Ácidos Gordos + 02 = 129 ATP + CO2 + H2O

Aminoacidos + 02 = 15 ATP + CO2 + H2O

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18 Josué T. Alves Costa

2.5. Consumo máximo de oxigénio (VO2máx.) / Potência

Aeróbia

A capacidade de um sujeito desenvolver esforços prolongados está

directamente relacionada com a potência e capacidade do metabolismo

oxidativo, cujo conceito chave é o consumo máximo de oxigénio (VO2máx.)

(Rodrigues dos Santos, 1995). Segundo Santos (2002) o consumo máximo de

oxigénio (VO2máx.) corresponde à máxima taxa a que o oxigénio pode ser

captado e utilizado durante um exercício de alta intensidade que se prolongue

mais ou menos no tempo. Portanto, a potência aeróbia máxima é avaliada

através do consumo de oxigénio (VO2máx.), traduzindo-se na capacidade do

organismo produzir energia aeróbia a uma elevada taxa (Bangsbo, 1993).

Segundo Ekblom (1986), o VO2máx. corresponde ao pico mais elevado

do consumo do oxigénio que um sujeito pode alcançar durante um exercício

dinâmico, em que são solicitadas grandes massas musculares, durante pouco

tempo, em condições normais.

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19 Josué T. Alves Costa

2.6. Resistência Muscular

A definição deste conceito surge expresso na literatura de diversas

formas, como se constata no quadro 1:

Quadro 1. Diversificação do conceito de Resistência. (Adaptado de Castanheira, 1993, p.7).

Referências Definições

Teleña, 1978 Faculdade para sustentar um esforço eficazmente durante o maior tempo

possível

Holmann e

Hettinger, 1982

Capacidade de suportar a fadiga com uma carga de longa duração. A

definição abrange dois aspectos: 1) manter uma carga durante um tempo

largo sem fadiga; 2) suportar fadiga crescente até que finalize a carga.

Grosser et al.

1983

Limite no tempo sobre o qual se pode manter uma determinada

intensidade de trabalho.

Harre, 1987 Capacidade do desportista para resistir à fadiga.

Weineck, 1988 Capacidade psicofísica do desportista para resistir à fadiga.

Bompa, 1990 Capacidade do organismo em resistir à fadiga numa actividade motora

prolongada.

Zintl, 1991 Capacidade manter o equilíbrio psíquico e funcional o mais adequado

possível perante uma carga de intensidade e duração suficientes para

desencadear uma perda de rendimento insuperável (manifesta),

assegurando, simultaneamente, uma recuperação rápida após esforços

físicos.

Manno, 1992 Capacidade motora que permite ao Homem se opor à fadiga dentro dos

trabalhos de longa duração. A prestação da resistência se caracteriza por

outra parte dela uma economia máxima dos movimentos.

Alves, 1998 Capacidade de realizar uma prestação de uma determinada intensidade

sem deteriorar a eficiência mecânica apesar da acumulação de fadiga.

Oliveira, 2000 Capacidade de realizar um exercício de duração prolongada, ser capaz de

prolongar um esforço com menor decréscimo da capacidade funcional e,

ainda, ser capaz de recuperar rapidamente.

Luís, 2003 Capacidade de realizar um exercício de forma prolongada, sem

decréscimo da capacidade funcional, sendo capaz de recuperar

rapidamente.

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20 Josué T. Alves Costa

Analisando as diversas noções apresentadas no quadro, podemos

concluir que “a resistência é a capacidade de realizar um exercício de duração

prolongada, sem que a fadiga provoque um decréscimo da capacidade

funcional, facilitando uma rápida recuperação de esforços realizados”

(Castanheira, 1993, p. 8).

Na actividade física encontramos formas muito diversas de manifestação

da resistência (Zintl, 1991; Manso et al., 1996) em função do ponto de vista

(fisiológica, pratica, funcional, etc.). Em função da forma como se trabalha a

musculatura implicada, podemos falar de resistência estática e de resistência

dinâmica (Zintl, 1991; Manso et al., 1996). De acordo com os mesmos autores,

se perspectivamos a quantidade de massa muscular implicada na acção

podemos falar de resistência local e resistência geral. Por outro lado, se

fazemos referência a via energética predominante, podemos falar da

resistência aeróbia e resistência anaeróbia (láctico e aláctica) na sua

manifestação de capacidade e potência.

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21 Josué T. Alves Costa

III. Objectivos e Hipóteses

3.1. Objectivos

3.1.1. Objectivo Geral

Este trabalho é percorrido por um objectivo central:

Analisar as alterações induzidas por um módulo-base de preparação

física multilateral em vários indicadores da Aptidão Física e da

Composição Corporal.

3.1.2. Objectivos Específicos

Com este trabalho pretendemos:

Comparar as adaptações produzidas ao nível da Composição Corporal

(Pregas de Adiposidade Subcutânea, Densidade Corporal, Massa

Gorda, Massa Magra, Peso e Altura) pelo módulo-base de preparação

física multilateral de treino nos três momentos de avaliação.

Comparar as adaptações produzidas ao nível da Força Máxima

Isométrica de Preensão Manual (Dinamometria da mão) pelo módulo-

base de preparação física multilateral nos três momentos de avaliação.

Comparar as adaptações produzidas ao nível da Força Rápida (Squat

Jump, Counter Movement Jump, Índice de Elasticidade e 50 metros de

velocidade) pelo módulo-base de preparação física multilateral nos três

momentos de avaliação.

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22 Josué T. Alves Costa

Comparar as adaptações produzidas ao nível da Força Resistência

(Supino, Barras e Abdominais) pelo módulo-base de preparação física

multilateral nos três momentos de avaliação.

Comparar as adaptações produzidas ao nível da Potência Anaeróbia

(Wingate Anaerobic Test) pelo módulo-base de preparação física

multilateral nos três momentos de avaliação.

Comparar as adaptações produzidas ao nível da Potência Aeróbia

(Teste de Cooper) pelo módulo-base de preparação física multilateral

nos três momentos de avaliação.

3.2.Hipoteses

Face a este conjunto de objectivos a que nos propusemos atingir,

definimos as hipóteses a estudar. Desta forma, de acordo com os objectivos

específicos, foram estabelecidas as seguintes hipóteses:

H1 – Existem diferenças, ao nível da Composição Corporal, nas

adaptações produzidas pelo módulo-base de preparação física multilateral nos

três momentos de avaliação.

H2 – Existem diferenças, ao nível da Força Máxima Isométrica de

Preensão Manual, nas adaptações produzidas pelo módulo-base de

preparação física multilateral nos três momentos de avaliação

H3 – Existem diferenças, ao nível da Força Rápida, nas adaptações

produzidas pelo módulo-base de preparação física multilateral nos três

momentos de avaliação.

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23 Josué T. Alves Costa

H4 – Existem diferenças, ao nível da Força de Resistência, nas

adaptações produzidas pelo módulo-base de preparação física multilateral nos

três momentos de avaliação.

H5 – Existem diferenças, ao nível da Potência Anaeróbia, nas

adaptações produzidas pelo módulo-base de preparação física multilateral nos

três momentos de avaliação.

H6 – Existem diferenças, ao nível da Potencia Aeróbia, nas adaptações

produzidas pelo módulo-base de preparação física multilateral nos três

momentos de avaliação.

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25 Josué T. Alves Costa

IV. Material e Métodos

A amostra foi constituída por 35 adultos de idades compreendidas entre

os 18 e os 29 anos (22,97±2,74) que estavam integrados no processo de

recruta na Escola de Bombeiros Sapadores do Porto sendo todos dextrímanos.

A amostra foi sujeita a um módulo-base de preparação física multilateral

durante um período de 6 meses, com avaliações no início, aos 3 meses e no

final da recruta.

O momento inicial de avaliação (M1) traduz os resultados obtidos nos

diferentes testes e medidas antes da aplicação de qualquer protocolo de treino.

O segundo momento (M2) de recolha de dados traduz os resultados

obtidos no final dos três meses de aplicação do módulo-base de preparação

física multilateral.

O terceiro momento (M3) de recolha dos dados traduz os resultados

obtidos no final dos seis meses da aplicação do módulo-base de preparação

física multilateral.

Os testes foram efectuados à segunda-feira com, no mínimo, um

período de 48 horas de descanso após a última sessão de trabalho. Optamos

por um período de 48 horas de descanso para evitar a fadiga do treino anterior.

Cada microciclo era constituído por 5 dias de treino e 2 de descanso

(sábado e domingo).

O protocolo de treino assentava em duas vertentes – uma de

desenvolvimento geral da aptidão física e outra desenvolvendo os skills

técnicos e profissionais dos bombeiros, com a seguinte lógica organizativa

diária:

8h00-9h00 – Desenvolvimento Geral da Aptidão Física, segundo um

módulo estabilizado.

9h30-10h00 – Exercícios de ordem unida (livre, com machado, com

escada).

10h30-12h00 – Exercícios técnicos na casa escola (subidas à corda,

subidas com escada de gancho, subidas com escadas de montar, coradas,

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26 Josué T. Alves Costa

etc.), slides, exercícios de resistência, exercícios de destreza e coragem,

exercícios de resistência a diversos fumos, etc.

a) Módulo-base preparação física multilateral visando o desenvolvimento

geral da Aptidão Física

Segunda-feira:

• 60 minutos de corrida contínua lenta/moderada;

A intensificação das cargas neste tipo de treino era feita pela capacidade de

cada sujeito em manter um ritmo mais intenso de microciclo para microciclo. De

uma forma geral todos os sujeitos evoluíram a intensidade da sua corrida no 1º

mês tendo, após esse período estabilizado a intensidade.

Terça-feira:

• Aquecimento (15 minutos de corrida contínua lenta + 10 minutos

exercícios de flexibilidade passiva e activa);

• Treino em Circuito constituído pelas seguintes estações (12 estações):

1ª estação – Supino (30 kg);

2ª estação – Abdominais Superiores (Prancha nos espaldares a 45º,

mãos ao peito, pernas semi-flectidas);

3ª estação – Extensão de pernas na prensa (80 kg);

4ª estação – Flexão de braços no solo (push-ups);

5ª estação – Lombares no solo (mãos atrás da nuca);

6ª estação – Semi-agachamento (barra à nuca c/ 30 kg);

7ª estação – Bíceps (bíceps curl) c/ manúbrios de 10 kg em cada mão;

8ª estação – Abdominais Inferiores (prancha nos espaldares a 45º, mãos

fixas no espaldar, pernas extendidas levadas a tocar o espaldar);

9ª estação – Triceps no banco sueco;

10ª estação – Saltitares laterais sobre uma corda com 30 cm de altura;

11ª estação – Arranque a partir do solo c/ barra de 10 kg;

12ª estação – Abdominais completos (braços a abraçar pernas flectidas)

a partir da posição de corpo estendido no solo.

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27 Josué T. Alves Costa

Este circuito começou com 25 segundos de trabalho e 35 segundos de

descanso. A intensificação do circuito era feita a partir do aumento do tempo de

trabalho reduzindo o tempo de descanso, tentando manter o ritmo de execução

do movimento em cada estação. Em cada semana aumentou-se 1 segundo ao

trabalho reduzindo 1 segundo ao descanso até se estabilizar a intensidade das

cargas quando se atingiu o patamar de 40 segundos de trabalho e 20

segundos de descanso. Cada sessão comportava 3 circuitos.

Quarta-feira:

• Aquecimento (15 minutos de corrida contínua lenta + 10 minutos

exercícios de flexibilidade passiva e activa);

• Treino Intervalado Extensivo (2 x 10 x 200 metros (80%) intervalo 1

minuto);

Nota: Os grupos eram formados por 5 - 6 elementos com o mesmo nível

para correrem dentro da intensidade pretendida que era estabelecida a partir

de uma execução individual máxima de 200-metros.

A intensificação deste tipo de trabalho era feita a partir dos testes feitos

de mês a mês, mantendo-se sempre os 80% que correspondiam a

intensidades crescentes que estabilizaram ao 3º mês.

Quinta-feira:

• Aquecimento (15 minutos de corrida contínua lenta + 10 minutos

exercícios de flexibilidade passiva e activa);

• Treino de Força

Trabalho visando o desenvolvimento mais orientado e intenso do tronco

e membros superiores. Eram feitos exercícios na corda, barra (com mãos em

pronação e em supinação) e espaldar (subidas, descidas, subidas e descidas,

sempre com os pés suspensos).

A intensificação deste tipo de trabalho era muito difícil de controlar

porque muitas vezes, em virtude do trabalho desenvolvido na casa escola, os

recrutas apresentavam níveis de resistência manual inferiores aos anteriores

pelo que impossibilitava um crescendo na intensificação.

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Sexta-feira:

• Aquecimento (15 minutos de corrida contínua lenta + 10 minutos

exercícios de flexibilidade passiva e activa);

• Treino de Velocidade: numa distância de 40 metros, realização de vários

exercícios técnicos de corrida e saltitares terminando com sprints

máximos.

A intensificação deste tipo de trabalho era feita pelo aumento do número

de repetições de 40-metros a velocidade máxima. Começou-se com 6

repetições de 40-metros c/ intervalo de 1’30” a 2’. Cada semana aumentava-se

1 repetição, até estabilizar nos 10 sprints de 40-metros.

Sábado e Domingo:

• Descanso

4.1. Avaliação dos Indicadores Antropométricos

4.1.1.Pregas de Adiposidade Subcutânea

Relativamente às pregas de adiposidade subcutânea, foi utilizado o

protocolo proposto pelo International Working Group On Kinatropometry

(IWGK), descrito por Ross e Marfell-Jones (1983) e Borms (1987). Utilizou-se

um adipómetro, da marca Slim Guide, com a compressão de 10 gr/mm² nas

medições das seguintes pregas de adiposidade subcutânea (PAS): bicipital

(bcp), tricipital (tcp), subescapular (sbscap), suprailíaca (supra), abdominal

(abd), crural (cru) e geminal (gem). Os valores referentes à avaliação foram

registados em milímetros e com uma precisão de 0,1 mm. As medições foram

realizadas no lado direito dos indivíduos independentemente do seu lado

dominante.

A medida das diversas PAS forma recolhidas nos seguintes pontos

anatómicos:

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PAS Tricipital (tcp) – prega vertical medida na face posterior do

membro superior direito, a meia distância entre os pontos

acromiale e radiale.

PAS Bicipital (bcp) – prega vertical, medida no bicípite braquial na

mesma linha da PAS tricipital.

PAS Subescapular (sbscap) – prega oblíqua dirigida para baixo e

para o exterior, medida imediatamente abaixo do vértice inferior

da omoplata direita.

PAS Suprailíaca (supra) – prega ligeiramente obliqua, dirigida

para baixo e para dentro, medida acima da crista ilíaca sobre a

linha midaxilar.

PAS Crural (cru.) – prega vertical, medida sobre a linha média da

face anterior da coxa direita, a meia distancia entre os pontos

tibiale e iliospinale com o sujeito sentado com o joelho flectido a

90º.

PAS Abdominal (abd.) – prega vertical, medida 5 cm a esquerda

do omphalion.

PAS Geminal (gem.) – prega vertical, medida ao nível da maior

circunferência da perna direita, na face interna com o sujeito

sentado com o joelho a 90º.

À excepção da prega geminal, todas as pregas foram medidas com o

sujeito em pé, e na posição antropométrica.

4.1.2. Peso e Altura

Na medida do peso corporal utilizou-se uma balança, da marca Seca,

com aproximação às 500 g, tendo sido o registo efectuado em quilogramas

(kg). O peso corporal foi obtido com o indivíduo em calção e descalço,

posicionado na plataforma da balança totalmente imóvel e com o peso do

corpo distribuído nos dois pés.

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30 Josué T. Alves Costa

Na medição da estatura foi utilizado um Antropómetro. A medição foi

realizada, estando o sujeito descalço, entre o “vertex” e o plano de referência

do solo. Os valores foram registados por aproximação ao milímetro.

4.2. Avaliação da Composição Corporal

Para este efeito foi utilizado um método terreno, baseado

exclusivamente em medições antropométricas.

4.2.1. Densidade Corporal

O fraccionamento da massa muscular em dois compartimentos foi feito a

partir da proposta de Durnin e Womersley (1974), para a determinação da

Densidade Corporal (DC) sendo a percentagem de massa gorda MG (%)

calculada pela formula de Siri (1961), a partir de estimativa de densidade

corporal determinada pela equação proposta por Durnin e Womersley (1974).

Durnin e Womersley (1974),

DC = 1.1631 – 0.0632 [log10 (∑PAS Bcp + Tcp + Sbscap + Supra)]

Siri (1961),

MG (%) = (4,95 / DC – 4,50) x 100

Para calcular a Massa Gorda em quilogramas (Kg).

MG (kg) = [peso x (MG%)] / 100

Para calcular o cálculo da Massa Magra em quilogramas (Kg).

MM (kg) = [peso x (MM%)] / 100

Para o cálculo da Massa Magra em percentagem (%)

MM (%) = 100 - MG%

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4.3. Avaliação das Componentes da Aptidão Física

4.3.1 Avaliação da Força Máxima

4.3.1.1. Avaliação da Força Máxima Isométrica de Preensão

Manual

No que concerne à avaliação da força máxima isométrica de preensão

manual, foi realizado o teste de dinamometria manual, no qual o sujeito é

colocado na posição antropométrica, utilizando um dinamómetro manual (Grip

Strength Dynamometer), da marca Takei Physical Fitness Test, e regulado para

a dimensão da mão. O sujeito realiza uma preensão da mão até atingir o

máximo da força, finda a qual monstra ao examinador no visor do dinamómetro

para a leitura e registo da marca obtida. Após um período de dois minutos de

descanso, o sujeito realiza novamente o teste da força com a mesma mão.

Seguidamente realiza o teste com a outra mão. Para efeitos de resultado final,

utilizamos o valor mais alto efectuado com cada mão.

4.3.1.2. Avaliação da Força Rápida dos Membros Inferiores

Para a avaliação da potência muscular foi realizado o teste de impulsão

vertical o Squat Jump (SJ) na qual pretendemos avaliar a força explosiva dos

M.I. (componente contráctil) e Counter Movement Jump (CMJ) onde

pretendemos através da soma da energia elástica armazenada na fase

excêntrica do movimento, avaliar a força elástico-explosiva .

4.3.1.2.1. Squat Jump (SJ)

Salto de impulsão vertical partindo de uma flexão dos M.I. a 90º, sem

contra movimento prévio. As mãos devem ser colocadas na cintura fixas. O

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tronco deve estar vertical sem inclinação excessiva. Os M.I. devem permanecer

em extensão durante o voo, e na recepção ao solo, sendo o contacto feito com

as pontas dos pés. Após o contacto com o solo poderá haver flexão dos M.I.

(fig.1). Realizam-se 2 tentativas, considerando-se a melhor das 2. Foi calculada, em centímetros, a altura de impulsão a partir da altura de

voo.

Fig.1. Squat Jump (González-Badillo & Ayestarán, 1995)

4.3.1.2.2. Counter Movement Jump (CMJ)

Partindo da posição de pé, realiza-se um movimento de flexão-extensão

rápido dos M.I., com um tempo de paragem mínimo entre as duas fases. A

flexão deve alcançar um ângulo aproximado de 90º. A posição das mãos,

tronco e acção dos M.I. após salto é igual ao SJ (fig. 1.). Realizam-se 2

tentativas, considerando-se a melhor das 2.

Foi calculada, em centímetros, a altura de impulsão a partir da altura de

voo.

Fig. 2. Counter Movement Jump (González-Badillo & Ayestarán, 1995)

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Em ambos os testes foi utilizado o Ergojump Digitime 1000 ou tapete de

Bosco que foi concebido pelo autor do mesmo nome e consiste num

cronómetro digital electrónico (± 0,001 seg.), ligado por um cabo a uma

plataforma sensível. O cronómetro acciona-se automaticamente, através de um

interruptor, no momento em que os pés do sujeito voltam a contactar com a

plataforma após o salto. O Ergojump foi concebido de forma a registar o tempo

de voo em cada salto, ou num conjunto de saltos. (Bosco, 1993).

Todos os testes de potência muscular realizados foram precedidos de

aquecimento e activação muscular.

4.3.1.2.3. Velocidade de Deslocamento

O sujeito parte da posição de pé e realiza um percurso de 50 metros à

máxima intensidade, registando-se o tempo final. Para a realização deste teste

foi usado 1 cronómetro e 1 apito. Foram utilizados aparelhos electrónicos, de

marca “Speed Trap II Timer”, com precisão até aos centésimos de segundo,

constituído por 4 pares de células fotoeléctricas.

4.3.2. Avaliação da Força Resistência

Para avaliar a força de resistência forma executados três testes: supino

(bench press), elevações do tronco na barra e abdominais.

Supino – foi realizado com 50kg de peso (disco + barra). Cada elemento

da amostra executou o número máximo de repetições sem interrupções.

Elevações do tronco na barra – foi contabilizado o número máximo de

elevações, sem interrupções e com o queixo a tocar na barra a partir da

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posição base de braços completamente estendidos. Não era necessário

ultrapassar o nível da barra bastava tocar com o queixo na mesma.

Abdominais – partindo da posição de deitado na prancha colocada no

espaldar com um ângulo de 45º, com as mãos presas ao espaldar, foi

contabilizado o número máximo de repetições sem interrupções em que

os pés tocavam acima da cabeça com as pernas sempre estendidas.

4.3.3. Avaliação da Potencia Anaeróbia

Foi realizado o Wingate Anaerobic cycle Test - 30 segundos (WANT) é

um teste desenvolvido por Inbar e Bar-Or, em 1974, no departamento de

Investigação e Medicina Desportiva do Wingate Institute of Physical Education

and Sport, de Israel (Inbar et al., 1986).

No teste para a avaliação dos membros inferiores exige-se que o atleta

pedale com a máxima intensidade durante 30 segundos, com uma resistência

correspondente a 75g/kg do peso corporal num ergómetro Monark. Para a sua

concretização utilizou-se uma bicicleta ergonómica Monark 824E, ligada a um

PC portátil que inclui o programa informático Sports Medicine Industries ®

(SMI ®) específico para o teste.

O aquecimento constou de 5 minutos a pedalar de uma forma

intermitente (30 segundos de trabalho / 30 segundos de descanso).

Os indicadores de rendimento registados foram: os valores de potência

anaeróbia máxima (PAMáx.), obtida nos primeiros 5 segundos do teste;

potência anaeróbia média (PAMéd.) refere-se à potência média obtida durante

os 30 segundos; potencia anaeróbia mínima (PAMín.) obtida a partir do valor

de potência mais baixo registado em todo o teste e índice de fadiga (IF), que é

a razão entre o valor da diferença da PAMáx. e da PAMín. e a PAMáx.

multiplicada por cem. Todos os valores foram registados em relação ao peso

corporal e portanto expressos em Watts/kg (w.kg¹).

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4.3.4. Avaliação da Potência Aeróbia

Foi realizado o teste de Cooper que consiste em percorrer a máxima

distância possível em 12 minutos.

Foi utilizada uma pista de Atletismo (pista do CDUP) com 400 metros e

um cronómetro.

A distância percorrida foi medida em metros.

Para a realização dos testes do nosso estudo foram utilizados os

instrumentos de avaliação da FADEUP.

4.4. Procedimentos Estatísticos

Após a recolha e organização de todos os dados passamos ao

tratamento dos mesmos, para isso utilizámos as medidas de estatística

descritiva, média (medida de tendência central), desvio-padrão (DP) (medida

de dispersão), máximo e mínimo (amplitude).

A análise de normalidade de cada distribuição em todas as variáveis foi

realizada recorrendo ao teste Kolmogorov-Smirnov (K-S).

A aplicação do teste Kolmogorov-Smirnov (K-S) mostrou a inexistência

de diferenças significativas na maioria das variáveis alvo de estudo. Apesar de

algumas variáveis (Squat Jump, Counter Mouvement Jump e Índice de

elasticidade) afastaram-se ligeiramente da distribuição normal, optamos por

utilizar o teste paramétrico, ANOVA de medidas repetidas, uma vez que

cumpre com os restantes requisitos e, segundo Pereira (2004), como os teste

paramétricos são bastantes robustos, podem ser utilizados mesmo quando

este pressuposto é violado, a menos que os dados tenha uma distribuição

muito diferente do normal.

Foi utilizado o teste de Mauchly para verificar a esfericidade de cada

uma das variáveis no grupo amostral. Nos casos em que a esfericidade não foi

assumida usamos o teste Greenhouse-Geisser, que corrige esta situação.

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36 Josué T. Alves Costa

Para as comparações à posteriori utilizamos o teste LSD de Fisher

(Least Significant Difference, Diferença Mínima Significativa).

O nível se significância utilizado em todos os testes de estatística

inferencial foi de 0,05.

Todo o tratamento de dados foi realizado com o software informático

Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) versão 15.0 para o

Windows.

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37 Josué T. Alves Costa

V. Apresentação dos Resultados

Apresentamos a amostra do nosso estudo caracterizando-a

sumariamente a partir do peso e altura de acordo com o quadro anexo:

Quadro 2. Média e Desvio Padrão (DP) e Amplitude de Variação (AV) da caracterização

biométrica da amostra.

Variáveis da amostra Média ± DP

Máximo – Mínimo

Peso (Kg) 67.76 ± 6,57

(81,70 – 55,60)

Estatura (cm) 1,73 ± 0,044

(186 – 164)

As medições e os testes de terreno efectuados foram agrupados em seis

categorias: Composição Corporal, Força Máxima Isométrica de Preensão

Manual, Força Rápida, Força de Resistência, Potência Anaeróbia e Aeróbia.

Os quadros seguintes caracterizam a amostra em cada uma destas

categorias nos diferentes momentos de avaliação.

5.1. Composição Corporal

No quadro 3, podemos observar que houve um aumento na medida do

Peso.

Em todas as medidas de PAS verificamos uma diminuição dos valores,

do momento 1 para o momento 2, exceptuado a medida de PAS geminal (PAS

gem) que aumentou. Do momento 2 para o momento 3 todas as medidas de

PAS aumentaram, excepto na medida de PAS tricipital (PAS tcp). Apesar deste

aumento do momento 2 para o momento 3, todas as medidas de PAS

permaneceram inferiores aos valores iniciais.

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38 Josué T. Alves Costa

A variável de Densidade Corporal ao longo dos três momentos

praticamente não sofreu alterações.

Verificamos a existência de uma perda na percentagem de Massa Gorda

(MG %), do momento 1 para o momento 2 e assim como um ligeiro aumento no

momento 3.

Quanto à Massa Magra (MM) verificamos um ligeiro aumento quer na

percentagem, quer em quilogramas.

Quadro 3. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes momentos de realização dos

testes nas diversas variáveis da Composição Corporal.

Variáveis M1

Média ± DP M2

Média ± DP M3

Média ± DP

Peso (Kg) 67,76 ± 6,57 68,09 ± 6,07 68,37 ± 6,16

PAS bcp (mm) 3,33 ± 0,78 3,19 ± 0,74 3,25 ± 0,73

PAS tcp (mm) 6,78 ± 2,10 6,49 ± 2,12 6,35 ± 2,00

PAS sbscap (mm) 8,60 ± 2,36 8,09 ± 1,99 8,10 ± 1, 90

PAS supra (mm) 8,44 ± 2, 96 6,78 ± 3, 94 7,22 ± 2,19

PAS abd (mm) 10,70 ± 4,11 9,78 ± 3,67 9,32 ± 3,15

PAS cru (mm) 9,85 ± 3, 31 9,14 ± 3,04 9,78 ± 2,83

PAS gem (mm) 6,52 ± 2,79 6,74 ± 2,71 6,12 ± 0,70

DC (g/cc) 1,07 ± 0,007 1,08 ± 0,006 1,07 ± 0,006

MG (%) 11,20 ± 2,90 10,00 ± 2,67 10,25 ± 2,61

MM (%) 88,79 ± 2,90 89,97 ± 2,67 89, 75 ± 2,62

MM (Kg) 60,08 ± 5,13 61,20 ± 5,13 61, 30 ± 5,07

No quadro 4, vamos verificar se existem diferenças estatisticamente

significativas entre pelo menos dois momentos em todas as variáveis da

Composição Corporal.

Pela análise do valor de prova (p) constamos que há diferenças com

significado estatístico entre pelo menos dois momentos em todas as variáveis,

excepto na variável Peso e PAS geminal (PAS gem).

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39 Josué T. Alves Costa

Quadro 4. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas as variáveis da

Composição Corporal.

Teste de EsfericidadeANOVA

(medidas repetidas)

Variáveis Teste de Mauchly

p F p

Peso 0,646 0,001 3,011* 0,073

PAS bcp 0,608 0,000 4,315* 0,030

PAS tcp 0,745 0,008 6,266* 0,006

PAS sbscap 0,591 0,000 12,999* 0,000

PAS supra 0,790 0,023 22,663* 0,000

PAS abd 0,580 0,000 7,875* 0,003

PAS cru 0,786 0,019 6,607* 0,005

PAS gem. 0,694 0,003 2,430* 0,111

DC 0,714 0,004 24,461* 0,000

%MG 0,709 0,003 24,381* 0,000

%MM 0,709 0,003 24,381* 0,000

MM 0,823 0,043 30,488* 0,000

* foi utilizado o teste Greenhouse-Geisser, uma vez que a esfericidade não foi assumida F- valor do teste F, p - valor de prova;

No quadro 5, vamos verificar entre que momentos as diferenças são

estatisticamente significativas. Apenas apresentamos os resultados das

variáveis nas quais encontramos significado estatístico no quadro anterior.

Verificamos que há diferenças estatisticamente significativas do

momento 1 para o momento 2 em todas as variáveis.

Do momento 1 para o momento 3 há diferenças estatisticamente

significativas, excepto na variável PAS bicipital (PAS bcp).

Do momento 2 para o momento 3 não há diferenças estatisticamente

significativas, excepto na variável PAS suprailíaca (PAS supra).

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40 Josué T. Alves Costa

Quadro 5.Valores de p inter-momentos nas variáveis da Composição Corporal.

Valores de p

Variáveis M1 – M2 M1 – M3 M2 – M3

PAS bcp 0,004* 0,193 0,090

PAS tcp 0,005* 0,007* 0,257

PAS sbscap 0,000* 0,001* 0,942

PAS supra 0,000* 0,001* 0,027*

PAS abd 0,017* 0,003* 0,051

PAS cru 0,011* 0,003* 0,834

DC 0,000* 0,000* 0,146

%MG 0,000* 0,000* 0,149

%MM 0,000* 0,000* 0,149

MM 0,000* 0,000* 0,473

*-diferenças estatisticamente significativas (p < 0.05)

5.2. Força Máxima Isométrica de Preensão Manual

No quadro 6, podemos verificar uma melhoria dos valores da força do

momento 1 para o momento 2 e uma diminuição momento 2 para o 3 de

realização dos testes tanto na mão direita ou esquerda.

Quadro 6. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes momentos de realização do

teste da Força Máxima Isométrica de Preensão Manual.

Teste M1

Média ± DP M2

Média ± DP M3

Média ± DP

Dinamometria

Mão direita 51,47 ± 4,82 52,73 ± 4,65 50,91 ± 5,65

Dinamometria

Mão esquerda 52,66± 5,28 53,06± 5,53 50,91± 5,52

No quadro 7, vamos verificar se existem diferenças com significado

estatístico entre pelo menos dois momentos das duas variáveis da Força

Máxima Isométrica de Preensão Manual.

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41 Josué T. Alves Costa

Observando o quadro 7, verificamos que existem diferenças

estatisticamente significativas entre pelos menos dois momentos no teste na

mão direita e na mão esquerda.

Quadro 7. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas as variáveis da Força

Máxima Isométrica de Preensão Manual.

Teste de EsfericidadeANOVA

(medidas repetidas)

Variáveis Teste de Mauchly

p F p

Dinamometria

Mão direita 0,762 0,011 4,803* 0,017

Dinamometria

Mão esquerda 0,967 0,577 9,132 0,000

* foi utilizado o teste Greenhouse-Geisser, uma vez que a esfericidade não foi assumida F- valor do teste F p - valor de prova;

No quadro 8, vamos verificar entre que momentos as diferenças são

estatisticamente significativas. Apenas apresentamos os resultados das

variáveis nas quais encontramos diferenças com significado estatístico no

quadro anterior.

Verificamos que existe diferenças estatisticamente significativas do

momento 1 para o momento 2 no teste na mão direita. Do momento 1 para o 3

existe diferenças com significado estatístico no teste na mão esquerda. Do

momento 2 para o 3 existe diferenças no teste em ambas as mãos.

Quadro 8.Valores de p inter-momentos nas variáveis da Força Máxima Isométrica de Preensão

Manual.

Valores de p

Variáveis M1 – M2 M1 – M3 M2 – M3

Dinamometria

Mão direita 0,029* 0,450 0,001*

Dinamometria

Mão esquerda 0,486 0,003* 0,000*

*-diferenças estatisticamente significativas (p < 0.05)

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42 Josué T. Alves Costa

5.3. Força Rápida

Os resultados apresentados pelo CMJ (Counter Movement Jump) são,

em todos os momentos superiores ao SJ (Squat Jump) embora o seu

comportamento ao longo dos três momentos do estudo não tenha sido similar.

De realçar a melhoria no Índice de Elasticidade do momento 1 para o momento

2.

No teste 50 metros, verificamos uma diminuição do tempo do momento

1 para o 2 e um aumento do momento 2 para o 3.

Quadro 9. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes momentos de realização dos

testes nas diversas variáveis da Força Rápida.

Testes M1

Média ± DP M2

Média ± DP M3

Média ± DP

Squat Jump (cm) 35,29 ± 3,53 34,90 ± 3,03 36,52 ± 2,49

Counter Movement

Jump (cm) 37,73 ± 3,07 37,99 ± 2,77 38,89 ± 3,24

Índice de Elasticidade (cm) 2,44 ±2, 51 3,08 ± 2,36 2,37 ± 1,90

50m (seg.) 6,88 ± 0,23 6,75 ± 0, 21 6,82 ± 0,24

No quadro 10, vamos verificar se existem diferenças estatisticamente

significativas entre pelo menos dois momentos em todas as variáveis da Força

Rápida.

Observando o quadro 10 verificamos que existem diferenças com

significado estatístico entre pelos menos dois momentos em todas as variáveis

da força rápida, excepto o Índice de elasticidade.

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43 Josué T. Alves Costa

Quadro 10. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas as variáveis da Força

Rápida.

Teste de EsfericidadeAnova

(medidas repetidas)

Variáveis Teste de Mauchly

p F p

Squat Jump (cm) 0,753 0,009 7,637* 0,002

Counter Movement

Jump (cm) 0,993 0,891 4,540 0,014

Índice de Elasticidade (cm) 0,956 0,473 1,063 0,351

50m (seg.) 0,750 0,009 9,116* 0,001

* foi utilizado o teste Greenhouse-Geisser, uma vez que a esfericidade não foi assumida

F- valor do teste F p - valor de prova;

No quadro 11, vamos verificar entre que momentos as diferenças são

estatisticamente significativas. Apenas apresentamos os resultados das

variáveis nas quais encontramos diferenças com significado estatístico no

quadro anterior.

Verificamos que existe diferenças estatisticamente significativas do

momento 1 para o 2 no teste de 50 metros.

Do momento 1 para o 3 apenas constatamos que há diferenças

estatisticamente significativas no teste SJ e CMJ.

Do momento 2 para o momento 3 existe diferenças estatisticamente

significativas nos três testes da variável de força rápida.

Quadro 11. Valores de p inter-momentos nas variáveis da Força Rápida.

Valores de p

Variáveis M1 – M2 M1 – M3 M2 – M3

Squat Jump (cm) 0,363 0,024* 0,000*

Counter Movement

Jump (cm) 0,532 0,005* 0,038*

50m (seg) 0,000* 0,170 0,022*

*-diferenças estatisticamente significativas (p < 0.05)

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44 Josué T. Alves Costa

5.4. Força de Resistência

No quadro 12, observamos uma melhoria no teste de Supino e Barras

nos três momentos.

Existe um aumento no teste de Abdominais do monumento 1 para o

momento 2 e uma redução do momento 2 para o momento 3.

Quadro 12. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes momentos de realização

dos testes nas diversas variáveis da Força de Resistência.

Testes M1

Média ± DP M2

Média ± DP M3

Média ± DP

Supino

(repetições) 11,77 ± 5,76 16,31 ± 4,96 20,37 ± 5,77

Barras

(repetições) 7,74 ± 1,89 9,26 ± 1,79 13,77 ± 2,58

Abdominais

(repetições) 12,71 ± 4,18 29, 11 ± 6,00 26,00 ± 5,38

No quadro 13, vamos verificar se existem diferenças estatisticamente

significativas entre pelo menos dois momentos em todas as variáveis da Força

de Resistência.

Observando o quadro 13, verificamos que existem diferenças

estatisticamente significativas entre pelos menos dois momentos em todas as

variáveis da Força de Resistência.

Quadro 13. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas as variáveis da Força

de Resistência.

Teste de Esfericidade Anova

(medidas repetidas)

Variáveis Teste de Mauchly p F p

Supino 0,776 0,015 151,044* 0,000

Barras 0,869 0,099 280,401 0,000

Abdominais 0,569 0,000 201,534* 0,000

* foi utilizado o teste Greenhouse-Geisser, uma vez que a esfericidade não foi assumida

F- valor do teste F p - valor de prova;

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45 Josué T. Alves Costa

No quadro 14, vamos verificar entre que momentos as diferenças são

estatisticamente significativas. Apenas apresentamos os resultados das

variáveis nas quais encontramos diferenças estatisticamente significativas no

quadro anterior.

Verificamos que existe diferenças estatisticamente significativas entre

todos os momentos em todos os testes.

Quadro 14. Valores de p inter-momentos nas variáveis da Força de Resistência.

Valores de p

Variáveis M1 – M2 M1 – M3 M2 – M3

Supino 0,000* 0,000* 0,000*

Barras 0,000* 0,000* 0,000*

Abdominais 0,000* 0,000* 0,000*

*-diferenças estatisticamente significativas (p <0,05)

5.5. Potência Anaeróbia

No quadro 15, observamos que em todas as variáveis da Potencia

Anaeróbia há uma melhoria, em todos os momentos de realização dos testes.

Quadro 15. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes momentos de realização

dos testes nas diversas variáveis da Potência Anaeróbia

Variáveis M1

Média ± DP M2

Média ± DP M3

Média ± DP

PAMáx (w.kg ¹) 10,80 ± 0,55 11,37 ± 0,47 11,47 ± 0,51

PAMéd (w.kg ¹) 7,49 ± 0,33 7,95 ± 0,34 8,09 ± 0,33

PAMín (w.kg ¹) 5,16 ± 0, 29 5,43 ± 0,42 5,78 ± 0,41

Índice de Fadiga (%) 52,14 ± 3,16 52,06 ± 4,19 49,29 ± 4,61

No quadro 16, vamos verificar se existem diferenças estatisticamente

significativas entre pelo menos dois momentos em todas as variáveis da

Potência Anaeróbia.

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46 Josué T. Alves Costa

Observando o quadro 16, verificamos que existem diferenças

estatisticamente significativas entre pelos menos dois momentos em todas as

variáveis.

Quadro 16. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p em todas as variáveis da

Potência Anaeróbia.

Teste de EsfericidadeAnova

(medidas repetidas)

Variáveis Teste de Mauchly

p F p

PAMáx (w.kg ¹) 0,697 0,003 26,812* 0,000

PAMéd (w.kg ¹) 0,920 0,251 62,218 0,000

PAMín (w.kg ¹) 0,971 0,615 37,998 0,000

IF (%) 0,827 0,044 7,554* 0,002

* foi utilizado o teste Greenhouse-Geisser, uma vez que a esfericidade não foi assumida F- valor do teste F p - valor de prova;

No quadro 17, vamos verificar entre que momentos as diferenças são

estatisticamente significativas. Verificamos que existe diferenças

estatisticamente significativas do momento 1 para o momento 2 nas variáveis

PAMáx, PAMéd e PAMín. Do momento 1 para o 3 existe diferenças com

significado estatístico em todos as variáveis. Do momento 2 para o 3 existe

diferenças estatisticamente significativas na PAMéd e na PAMín e na

percentagem do Índice de Fadiga.

Quadro 17. Valores de p inter-momentos nas variáveis da Potência Anaeróbia.

Valores p

Variáveis M1 – M2 M1 – M3 M2 – M3

PAMáx (w.kg ¹) 0,000* 0,000* 0,323

PAMéd (w.kg ¹) 0,000* 0,000* 0,020*

PAMín (w.kg ¹) 0,001* 0,000* 0,000*

IF (%) 0,915 0,007* 0,000*

*-diferenças estatisticamente significativas (p <0.05)

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47 Josué T. Alves Costa

5.6. Potência Aeróbia

No quadro 18, verificamos uma melhoria dos valores do teste Cooper.

Quadro 18. Média e Desvio Padrão (DP) da amostra nos diferentes momentos de realização

dos testes na execução do Teste Cooper.

Teste M1

Média ± DP M2

Média ± DPM3

Média ± DP

Cooper (m) 2688 ± 141 3021 ± 146 3025 ± 161

No quadro 19 vamos verificar se existem diferenças estatisticamente

significativas entre pelo menos dois momentos na variável da Potência Aeróbia.

Observando o quadro 19 verificamos que existem diferenças

estatisticamente significativas entre pelos menos dois momento no teste

Cooper.

Quadro 19. Esfericidade da distribuição e ANOVA: valores de p no teste Cooper.

Teste de EsfericidadeAnova

(medidas repetidas)

Teste Teste de Mauchly

p F p

Cooper (m) 0,752 0,009 196,503* 0,000

* foi utilizado o teste Greenhouse-Geisser, uma vez que a esfericidade não foi assumida F- valor do teste F p - valor de prova;

No quadro 20, vamos verificar entre que momentos as diferenças são

estatisticamente significativas. Verificamos que existe diferenças

estatisticamente significativas do momento 1 para o momento 2 e do momento

1 para o momento 3.

Quadro 20. Valores de p inter-momentos no teste de Cooper.

Valores de p

Teste M1 – M2 M1 – M3 M2 – M3

Cooper (m) 0,000* 0,000* 0,805

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48 Josué T. Alves Costa

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49 Josué T. Alves Costa

VI. Discussão dos Resultados

A análise dos resultados nos seis grupos de variáveis permite-nos

constatar o comportamento diferenciado de cada uma, durante o período de 6

meses em que a nossa amostra foi submetida a um módulo-base de

preparação física multilateral, com particular destaque para a série de

adaptações produzidas nos primeiros 3 meses e comparação com as

adaptações verificadas ao fim dos 6 meses.

6.1. Composição Corporal

Relativamente a Composição Corporal podemos afirmar que o módulo-

base de preparação física multilateral por nós seleccionado é eficaz na

melhoria dos indicadores da composição corporal nos primeiros três meses.

Verificou-se uma redução significativa da quantidade e percentagem de massa

gorda e o concomitante aumento quer da percentagem quer da quantidade de

massa magra.

Estes resultados estão de acordo com os resultados encontrados por

outros autores (e.g., Gettman et al., 1978;).

Gettman et al. (1978) conduziram uma investigação, envolvendo setenta

indivíduos, onde verificaram as alterações na composição corporal decorrentes

do treino com pesos em circuito e do treino de corrida, com duração de 20

semanas. Foi possível, neste estudo, detectar alterações na composição

corporal do grupo que realizou o circuito de treino com pesos, nomeadamente

um incremento de 1,8 kg no peso de massa magra, um decréscimo no peso de

massa gorda e um significativo decréscimo nas medidas das pregas de

adiposidade subcutânea. Este estudo não nos fornece informações acerca do

tempo mais curto exigido para as adaptações verificadas. Quer-nos parecer

que se o estudo tivesse analisado as adaptações em vários momentos não

teriam sido necessárias 20 semanas para a eficácia do trabalho se ter

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50 Josué T. Alves Costa

verificado. Também Dolezal e Potteiger (1998), após 10 semanas de treino

com pesos (3 treinos por semana), verificaram um aumento de peso de cerca

de 2% (média de 1,6kg) que resultou do efeito conjugado do aumento da

massa magra (2,3 kg) e redução de 0,8% na massa gorda. Os nossos dados

também são parcialmente corroborados por outros autores. Broeder et al.

(1997), ao compararem as alterações na composição corporal de dois grupos

sujeitos, um a protocolo de treino de força e o outro a treino de endurance de

alta intensidade, verificaram alterações significativas em relação à composição

corporal em ambos os grupos que não se diferenciavam entre si. No entanto,

enquanto o grupo de endurance reduziu significativamente a massa gorda sem

alteração da massa magra o grupo de força experimentou quer uma redução

da massa gorda quer o aumento da massa magra. Também Hickson (1980)

não encontrou diferenças significativas em relação à composição corporal em

três grupos, um sujeito a treino de força, outro a treino de endurance e um

terceiro a treino de força mais endurance. Parece que quer o trabalho de força

quer o trabalho de endurance promovem alterações similares em relação à

composição corporal.

Como o protocolo de treino que elegemos para a melhoria da aptidão

física dos bombeiros recrutas se caracterizava por uma série de estímulos

diversificados de força, endurance e potência, é-nos difícil discernir a

importância relativa de cada forma de trabalho em relação à composição

corporal. O que podemos afirmar é que o conjunto dos estímulos de treino

provocou alterações significativas da composição corporal dos sujeitos

estudados e que três meses de treino foram suficientes para que as

adaptações se verificassem. A inexistência de alterações significativas nos três

meses últimos do período de treino indicia a estabilização das adaptações

verificadas. Pensamos que reduções da massa gorda e aumentos da massa

magra mais significativas, no decurso do 4º ao 6º mês, obrigariam a um

trabalho mais específico e intenso que está fora do âmbito do treino de

bombeiros profissionais.

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

51 Josué T. Alves Costa

6.2. Força Máxima Isométrica de Preensão Manual

A força máxima de preensão manual (fundamentalmente isométrica) tem

sido considerada um indicador na melhoria da capacidade funcional promovida

pelo treino. O treino de força das extremidades dos membros superiores tem

um efeito positivo não só na vertente neuronal (redução do tempo de reacção,

aumento da velocidade de tapeamento e da coordenação) como também no

aumento da força de preensão manual (Kauranen, Siira & Vanharanta, 1998).

Parece existir uma certa relação entre a melhoria dos indicadores de saúde e o

aumento da força de preensão manual induzida pelo treino (Correa, Conde, &

Santini, 1989). Alguns estudos relacionam a quantidade de massa muscular e a

força de preensão manual, no entanto, após repouso prolongado em cama, a

redução da força máxima voluntária não se correlacionou com a

correspondente redução de massa muscular o que indicia que as reduções da

força máxima voluntária são devidas quer à redução da massa muscular quer à

redução da função neuromuscular (Suzuki et al., 1994).

O presente estudo permitiu verificar uma adaptação bifásica em relação

à evolução dos indicadores de força de preensão manual. Assim, entre os

momentos 1 e 2 (primeiros 3 meses de treino) verificou-se uma melhoria

significativa (p=0.29) na força da mão direita (mão dominante para a totalidade

dos sujeitos) enquanto para a mão esquerda não se verificaram alterações

significativas. Estes dados são corroborados pelo estudo de Brock e Legg

(1997) que encontram aumentos significativos (p<0.001) na força de preensão

manual (de 263.1±52.2 N para 304.9±54.0 N) em recrutas femininas do

exército britânico após 6 semanas de treino físico global.

O aumento da força de preensão manual no nosso estudo só se

verificou na mão dominante o que poderá estar relacionado com factores

coordenativos.

É de salientar que no segundo período de treino (entre o 4º e 6º mês) se

verificou uma redução significativa da força de preensão em ambas as mãos,

com valores inferiores aos obtidos na primeira avaliação. Como interpretar isto?

A resposta lógica que nos surge de imediato prende-se com o acúmulo de

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52 Josué T. Alves Costa

fadiga no decurso da recruta, fadiga essa com certo carácter crónico pois os

testes foram todos realizados após, pelo menos, 48 horas de descanso. Esta

nossa especulação (considerada como raciocínio aproximativo fundamentado e

não como mera asserção opinativa) alicerça-se no facto de que os dois meses

terminais da recruta colocarem a ênfase em exercícios na casa-escola, com

elevada solicitação da força de preensão manual o que obviamente conduziria

a um desenvolvimento da força isométrica manual. Não se tendo verificado

esta adaptação positiva temos de admitir que a razão de tal foi derivada da

acumulação de fadiga. Pensamos que se respeitássemos um intervalo de

recuperação superior, os níveis de força de preensão manual teriam sido muito

diferentes.

Portanto, não podemos afirmar que o módulo-base de treino escolhido

tenha efeitos deletérios sobre a força de preensão manual mas, que nas

condições de verificação utilizadas, os resultados são pelo menos conflituais

com o que a literatura nos apresenta.

6.3. Força Rápida

A força rápida (dominante contráctil e dominante elástica e/ou reactiva)

apresenta uma forte dependência das qualidades elásticas do complexo

músculo-tendão. Essa elasticidade é-nos dada pelo diferencial entre os valores

da expressão contráctil da força explosiva e a dimensão elástico-reactiva.

De acordo com González-Badillo e Ayestarán (1995), os valores para a

elasticidade deverão ser sempre superiores a 6-9 cm, sendo que abaixo deste

valor se considera que reflectem um mau aproveitamento da energia

armazenada durante a contracção excêntrica (CMJ) que precede a contracção

concêntrica (SJ). Os resultados do nosso estudo estão aquém dos valores

referidos por estes autores situando-se entre 2, 37 e 3,08 cm.

O contributo crucial do contra-movimento parecer ser o de permitir que

os músculos construam um elevado nível de activação (fracção das pontes

cruzadas em conexão) e de força antes do início da fase de contracção,

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53 Josué T. Alves Costa

permitindo assim produzir mais trabalho na primeira parte da distância de

encurtamento (Bobbert, Gerritsen, Litjens, & Soest., 1996).

De acordo com Manso (1999) a eficácia da contracção excêntrica está

dependente: da velocidade a que se realiza (quanto maior, menores as perdas

de energia elástica); duração da fase de transição entre a contracção

excêntrica e concêntrica (quanto menor, menores as perdas de energia

elástica); velocidade de execução na fase concêntrica (quanto maior, maior a

contribuição para a potencia final de salto); da carga externa com que se

realiza a acção; da composição de fibras musculares (benefícios em músculos

onde predominam as fibras de tipo II).

Em termos médios, a melhoria do salto em CMJ relativamente ao SJ é

de cerca de 15-20% (Manso, 1999). Para este autor, diferenças inferiores a 10

% são um indicador de pouca eficácia de aproveitamento do ciclo de

estiramento-encurtamento, ao passo que diferenças superiores a 20% são um

indicador de défice na capacidade contráctil do músculo. Mais uma vez os

valores do nosso estudo estão aquém dos valores referidos por este autor,

tendo-se verificado uma melhoria de 6,9% no momento 1, de 8,8% no

momento 2 e de 6,5% no momento 3.

Comparando os nossos resultados com Amorim (2003) que aplicou um

protocolo de treino de corrida, durante 4 semanas, seguido de um protocolo de

treino de força, num grupo enquanto o outro grupo realizou os protocolos de

treino pela ordem inversa do primeiro grupo, verificamos que em todos os

momentos nas diversas variáveis da força rápida, os valores do nosso estudo

são superiores aos valores apresentados por Amorim (2003). Deste modo

podemos afirmar que aparentemente o nosso protocolo de treino promove

maiores benefícios da força explosiva nos M.I. quando comparados com

protocolos de corrida e de força em separado. Acresce que, no decurso do

nosso estudo, nas sessões de treino de força e velocidade, colocávamos uma

certa ênfase nos exercícios de multisaltos e técnica de corrida que derivam na

melhoria da qualidade de explosividade muscular.

A performance nos esforços de velocidade está determinada pela

capacidade de aceleração, a magnitude da velocidade máxima atingida e a

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

54 Josué T. Alves Costa

capacidade de manter a velocidade atingida contra o efeito negativo da fadiga.

Põe esse motivo elegemos a distância de 50 metros para evitar que a fadiga

afectasse significativamente a máxima expressão de velocidade de

deslocamento dos sujeitos estudados.

A melhoria da velocidade (sprint) está condicionada por factores

antropométricos e metabólicos que estão relacionados com a melhoria dos

processos de activação muscular e recrutamento das fibras de contracção

rápida. A velocidade de condução neuronal dos estímulos é fundamental para a

performance em velocidade e parece que é potenciada pelo treino de sprint

(Ross, Leveritt. & Riek, 2001).

No presente estudo, em relação à velocidade de deslocamento também

verificamos uma adaptação bifásica. Houve uma melhoria significativa entre os

momentos 1 e 2, enquanto entre os momentos 2 e 3 verificou-se uma

deterioração, também significativa, da velocidade máxima de deslocamento.

Pensamos que os reduzidos níveis iniciais de força, coordenação e

velocidade dos sujeitos da nossa amostra permitiram o aparecimento de

melhorias significativas na velocidade de deslocamento mesmo através de um

protocolo de treino multilateral. Se os treinos de força e sprint concorreram para

a melhoria da velocidade, os treinos de corrida prolongada bem como os

exercícios de ordem unida, afectaram as qualidades contrácteis musculares. A

melhoria da função aeróbia é de duvidosa utilidade para a performance em

velocistas (Heugas, Brisswalter & Vallier, 2001).

Portanto, as adaptações verificadas ao fim de três meses são o

resultado de um constructo funcional que se exprimiu na melhoria da

velocidade de deslocamento mesmo apesar da multilateralidade do processo

de treino. No entanto, ou porque o protocolo de treino deixou de ter intensidade

suficiente para induzir ulteriores melhorias ou porque a fadiga neuronal se foi

progressivamente instalando no decurso da recruta, verificou-se uma

deterioração da velocidade de deslocamento no momento 3 que está em linha

com a redução da força de preensão manual no terceiro momento de

avaliação. No entanto, a inter-verificação dos nossos dados conduz-nos a

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

55 Josué T. Alves Costa

algumas constatações paradoxais. Sabendo-se que o treino de força reflecte-

se positivamente na melhoria de velocidade, principalmente na fase de

aceleração (0-10 metros) (Delecluse et al., 1995), é de estranhar que os

significativos ganhos de força explosiva (SJ e CMJ) verificados entre o 2º e 3º

momentos do nosso estudo não se reflictam na melhoria da velocidade máxima

nos 50-m. Só a acumulação de fadiga pode justificar esta discrepância já que

os factores coordenativos relacionados com a técnica de corrida foram bem

trabalhados e dominados.

6.4. Força de Resistência

Relativamente a esta manifestação de força, foram utilizados três testes

para avaliação do desempenho: supino (bench press), elevações do tronco na

barra e abdominais.

Os nossos resultados permitem verificar uma melhoria significativa

(p<0.001) entre os momentos 1 e 2 em relação ao supino, elevações na barra e

abdominais. A evolução dos resultados entre os momentos 2 e 3 permitiu-nos

verificar a continuidade de melhorias significativas (p <0.001) no supino e

elevações na barra enquanto nos abdominais se verificou uma perda de

performance, também com significado estatístico (p <0.001).

A melhoria dos níveis de força, nos três testes escolhidos, entre o 1 e 2º

momentos, é corroborada pelo estudo de Amorim (2003) que estudou também

a evolução da condição física em bombeiros recrutas. No entanto, é de

salientar que mesmo no período em que foi colocada a ênfase no treino de

força, os sujeitos de Amorim (2003) apresentaram performances e melhorias

inferiores ás do presente estudo. Os ganhos de força do nosso estudo são

corroborados por outros autores (Haykowsky et al., 2000; Chilibeck, Calder,

Sale, & Webber, 1998). Pela análise dos nossos resultados parece existir uma

certa relação (que não estudamos) nos ganhos de massa magra e os

aumentos dos níveis de força entre os momentos 1 e 2, o que é corroborado

por Chilibeck et al. (1998). No entanto, embora se continuem a verificar ganhos

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de força no supino e elevações na barra entre os momentos 2 e 3, não se

verificaram aumentos significativos de massa magra, pelo que podemos

especular que os ganhos de força verificados entre os momentos 2 e 3 se

ficaram a dever a melhor controlo neural do movimento e menos a factores

hipertróficos. No entanto, como os testes escolhidos avaliavam a resistência de

força e não a força máxima, pensamos que a expressão hipertrófica perde

importância para a capacidade de lutar contra a fadiga, mais assente em

mecanismos aeróbios e de capacidade de tamponamento da acidose

intramuscular induzida pela hipoxia subsequente ao progressivo

desenvolvimento das cargas. Romer e Dempsey (2006) asseveram que a

fadiga muscular e a redução na performance são o resultado da redução da

saturação arterial de oxigénio que ocorre no decurso do tempo durante

exercício sustentado de alto intensidade, o que é causado pela acidose e

aumento de temperatura intramuscular.

Um aspecto importante que se salienta da análise dos nossos resultados

necessita que encontremos uma eventual justificação. O facto de que enquanto

a força expressa pelos exercícios de supino e elevações na barra continuam a

melhorar entre os momentos 2 e 3, contrariamente a força abdominal é

reduzida de forma significativa. Pensamos que as razões destas discrepâncias

se perdem com a especificidade e ênfase colocadas no treino. Como, bons

níveis de força manual e de braços são condição sine qua non para um bom

desempenho profissional de bombeiros, o processamento dos planos de treino

colocou especial ênfase nos exercícios de supino e elevações na barra. A

especial acuidade colocada no treino destes exercícios redundou numa

melhoria significativa entre os vários momentos de avaliação. Em relação ao

desenvolvimento de força abdominal, os exercícios seleccionados eram

diversos, normalmente realizados no plano horizontal, somente sendo

executados no plano inclinado (45º) na execução dos testes de controlo. Quer-

nos parecer que radica menos na fadiga e mais na ausência de treino

específico os resultados inferiores verificados no 3º momento de avaliação.

Também não é de excluir que alguns grupos musculares sejam mais sensíveis

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57 Josué T. Alves Costa

à fadiga crónica que outros o que permitirá justificar as discrepâncias

verificadas nos desenvolvimentos de força nos três exercícios seleccionados.

6.5. Potência Anaeróbia

O Wingate Anaerobic cycle Test tem sido amplamente utilizado para a

avaliação do desempenho anaeróbio (Bulbulian, Jeong. & Murphy, 1996; Bar-

Or, 1987; Hill & Smith, 1991; Green, 1995), por se tratar de um teste não-

invasivo, de fácil aplicabilidade, validado, com alta reprodutibilidade (Bar-Or,

1987) e por poder ser administrado em diversos segmentos populacionais,

incluindo militares e bombeiros (Amorim, 2003; Hackney, Kelleher, Coyne &

Hodgdon, 1992; Faff & Korneta, 2000).

Tal como já foi referido no capítulo IV, o teste consiste num esforço

máximo de 30 segundos, realizado numa bicicleta ergométrica com carga

proporcional à massa corporal do sujeito, fornecendo indicadores de

desempenho motor, tais como a potência anaeróbia máxima (valor mais alto

registado em qualquer momento do teste), potência anaeróbia média

(representa a média da potência gerada durante o tempo total do teste),

potência anaeróbia mínima (representa o valor de potência mais baixo

registado em todo o teste) e o índice de fadiga (representa, em percentagem, o

grau de declínio da potência durante o teste).

A potência muscular é o resultado do produto da força pela velocidade a

que o músculo se encurta ou alonga (Brooks, Fahey & White, 1996). Uma vez

que se considera o esforço anaeróbio, esse produto da força pela velocidade

terá sempre de ser reflexo de um esforço máximo de curta duração.

Os nossos resultados permitem-nos verificar uma melhoria significativa

(p <0,001) entre os momentos 1 e 2 nas variáveis da PAMáx, PAMéd. e

PAMín, enquanto que no Índice de Fadiga verificou-se uma diminuição não

significativa. Entre os momentos 2 e 3, constatamos a continuidade das

melhorias verificadas entre os momentos 1 e 2, que apresentaram significado

estatístico (p <0,001) na PAMéd e na PAMín, reduzindo-se também de forma

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significativa o Índice de Fadiga. No entanto, entre os momentos 2 e 3, o ligeiro

aumento verificado em relação à PAMáx não teve relevância estatística

(p=0.323).

As melhorias verificadas em todas as variáveis do Teste Wingate, entre

os momentos 1 e 2, têm a ver com a melhoria dos níveis globais de força que

se verificaram entre esses momentos. Koutedakis e Sharp (1986) verificaram

uma elevada correlação (r=0.81) entre a potência média num teste de braços

similar ao Wingate (Double-Arm Anaerobic Work Test) e os níveis de força.

Também foi verificado que os sujeitos com maiores índices de força

apresentavam níveis de fadiga mais reduzidos. Também podemos especular

que o treino cruzado (cross training) de força e endurance podem ter

concorrido para as melhorias verificadas quer nos indicadores de potência quer

no índice de fadiga. Esta hipótese é, em parte, corroborada por Pearson (2000)

que concluiu que o treino de endurance em conjugação com o treino de força

incrementa significativamente a potência anaeróbia média e o tempo até à

exaustão. Corroborando os nossos dados, foi corroborado que a actividade

física regular tem um efeito positivo significativo (p<0.05) entre a potência

obtida no Teste Wingate e as forças (isométrica e explosiva) dos membros

inferiores, isto quer em sedentários quer nos sujeitos habitualmente envolvidos

em actividades desportivas regulares (Arslan, 2005).

A inexistência de aumentos significativos na PAMáx entre os momentos

2 e 3, e as melhorias significativas verificadas na PAMéd, PAMín e Índice de

Fadiga nesses momentos pode querer significar que num estado de treino mais

evoluído, as melhorias dos indicadores máximos são mais difíceis de atingir. O

factor endurance global promovido pelo protocolo de treino pode ser a

justificação para as melhorias verificadas nos indicadores submáximos (PAMéd

e PAMín) e a resistência à fadiga. Parece que em sujeitos treinados, e

podemos considerar treinados os sujeitos da nossa amostra ao fim de três

meses de treino global, as melhorias da potência anaeróbia inespecífica são

mais difíceis de atingir. Isso mesmo verificaram Visich, Tyo e Loubert (2002),

em ginastas femininas, que no decurso de uma época mantiveram sem

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59 Josué T. Alves Costa

alterações significativas os valores de potência máxima obtidos em Teste de

Wingate.

6.6. Potência Aeróbia

A capacidade de desenvolver esforços continuados está directamente

relacionada com a potência e capacidade do metabolismo oxidativo, cujo

conceito chave é o consumo máximo de oxigénio (VO2max) correspondendo

este à máxima taxa a que o oxigénio pode ser captado, transportado e utilizado

durante um exercício de alta intensidade que se prolongue mais ou menos no

tempo (Rodrigues dos Santos, 2002). Segundo Bangsbo (1993), a capacidade

aeróbia pode definir-se, como a capacidade para manter, durante um

prolongado período de tempo, uma certa intensidade de exercício com base no

metabolismo oxidativo.

O treino da capacidade aeróbia, melhorando os factores centrais (e.g.

débito cardíaco) e os factores periféricos (e.g. vascularização), permite

desenvolver esforços prolongados, com maior economia de esforço e menor

agressão sistémica (Rodrigues dos Santos, 2002).

O teste de Cooper tem sido utilizado para predizer o consumo máximo

de oxigénio sendo um bom indicador da capacidade aeróbia. McNaughton, Hall

e Cooley (1998) verificaram uma boa correlação (r=0.82) entre o Teste de

Cooper e o valor de VO2max obtido em laboratório. Por isso, e por fazer parte

da bateria de testes com que anualmente se verifica a capacidade funcional

dos bombeiros profissionais, elegemos a corrida de 12 minutos como um dos

testes fundamentais para análise dos efeitos de treino durante o período de

recruta. Grant, Corbett, Amjad, Wilson e Aitchison (1995) também constataram

que entre vários testes de corrida, o Teste de Cooper era o que melhor se

relacionava com o VO2max.

Contrariamente ao estudo realizado por Amorim (2003) que não

encontrou diferenças estatisticamente significativas na capacidade aeróbia

avaliada pelo Teste de Cooper, no nosso estudo encontramos diferenças

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estatisticamente significativas do momento 1 para o momento 2. Tais

diferenças são óbvias e radicam na ênfase colocada na corrida no decurso de

todas as sessões de treino que ou correspondia ao “menu” principal da sessão

ou era trabalhada de forma complementar na fase de aquecimento. Acresce

que enquanto Amorim (2003), também com bombeiros em fase de recruta,

avaliou os efeitos de treino ao fim de 4 semanas, no nosso estudo fizemo-lo ao

fim de 3 meses, pelo que as adaptações metabólicas e mecânicas foram muito

mais conseguidas. Os nossos resultados são corroborados com outros estudos

que, embora tenham utilizado a medição directa do VO2max, verificaram uma

melhoria significativa da capacidade aeróbia após treino de endurance

(Sokmen 2001; Melrose, 1999).

De acordo com os valores de referência do Teste de Cooper a nossa

amostra encontrava-se situada entre no nível excelente (2668 metros) no início

do programa de treino e melhorou para o nível superior (3021 metros) ao fim de

três meses. Portanto, o ponto de partida dos bombeiros de presente estudo já

era bom o que radicou no treino anterior às provas de admissão à recruta e que

lhe proporcionou um nível funcional aeróbio com alguma qualidade.

De salientar a ausência de melhorias com significado estatístico, no

Teste de Cooper, entre o 2º e 3º momentos. Os níveis de funcionalidade

obtidos no teste de corrida ao fim de três meses, são o corolário lógico da

ênfase colocada neste tipo de exercício. Os resultados obtidos asseguram um

nível superior de funcionalidade aeróbia segundo as tabelas internacionais.

Assim, para se verificarem melhorias subsequentes o treino dos bombeiros

teria de perder o seu carácter global e focalizar mais o treino de corrida, o que

era difícil e até não justificável para o perfil de aptidão física que se pretende

para bombeiros profissionais.

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61 Josué T. Alves Costa

VII. Conclusões

O presente trabalho pretendeu fazer o estudo da evolução de vários

factores conotados com a aptidão física e composição corporal no decurso de

um período de recruta de bombeiros profissionais. Como se sabe, a

preparação de um bombeiro sapador pressupõe o desenvolvimento de

competências técnico-profissionais muito diversas que devem estar alicerçadas

numa boa aptidão física considerada também em termos globais. Assim, houve

um momento inicial de adaptação ás cargas de treino que se reflectiu, de uma

forma geral, na melhoria de todos os indicadores escolhidos e, em virtude da

expressão global dos estímulos de treino não permitiu a continuidade das

melhorias em todos os indicadores num segundo momento de avaliação.

Algumas melhorias verificadas entre os momentos 2 e 3 podem estar

relacionadas com a continuidade do treino específico de alguns exercícios (e.g.

barras, supino) que, em virtude dos baixos níveis de partida tinham mais

margem de evolução.

Com esta ressalva, é-nos possível estabelecer as seguintes conclusões:

Relativamente à Composição Corporal verificou-se uma redução

significativa da quantidade e percentagem de massa gorda e um aumento quer

da percentagem quer da quantidade de massa magra. Assim, podemos afirmar

que o módulo-base de preparação física multilateral por nós seleccionado foi

eficaz na melhoria dos indicadores da composição corporal nos primeiros três

meses – Hipótese 1 parcialmente confirmada.

A análise dos resultados da Força Máxima de Preensão Manual permite-

nos constatar que no primeiro trimestre houve uma melhoria significativa na

força da mão direita (mão dominante para a totalidade dos sujeitos) enquanto

para a mão esquerda não se verificaram alterações significativas. No segundo

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trimestre verificou-se uma redução significativa da força de preensão em

ambas as mãos, com valores inferiores aos obtidos na primeira avaliação – Hipótese 2 parcialmente confirmada.

Na Força Rápida, verificamos uma melhoria significativa entre os

momentos 1 e 2, enquanto entre os momentos 2 e 3 verificou-se uma

deterioração, também significativa, da velocidade máxima de deslocamento.

Por outro lado no que se refere aos testes SJ e CMJ só verificamos ganhos

significativos de força explosiva entre o 2º e 3º momentos – Hipótese 3 parcialmente confirmada.

No que se refere aos resultados das variáveis que compõem a categoria

da Resistência de Força os nossos resultados permitem-nos concluir que

houve uma melhoria significativa entre os momentos 1 e 2 em relação ao

supino, elevações na barra e abdominais. Por outro lado entre os momentos 2

e 3 permitiu-nos verificar a continuidade de melhorias significativas no supino e

elevações na barra enquanto nos abdominais se verificou uma perda de

performance, também com significado estatístico – Hipótese 4 confirmada.

A análise dos resultados do Wingate Test permite-nos concluir que o

nosso módulo-base de preparação física multilateral seleccionado é eficaz para

o treino das componentes da potência anaeróbia no primeiro trimestre. No

segundo trimestre o protocolo de treino por nós aplicado perde a sua a eficácia

na PAMÁx – Hipótese 5 parcialmente confirmada.

A realização do teste de Cooper evidenciou que o nosso protocolo de

treino de preparação física multilateral é eficaz para o treino da potência

aeróbia do momento 1 para o 2. - Hipótese 6 parcialmente confirmada.

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Tese de Monografia. FADE-UP, 2008

63 Josué T. Alves Costa

Como corolário podemos afirmar que três meses de treino multilateral

são suficientes para incrementar o nível de aptidão física global e melhoria da

composição corporal de bombeiros-recrutas, e que a melhoria ulteriores de

alguns indicadores só é possível com maior incidência de treino desses

mesmos indicadores.

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