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ÁREA TEMÁTICA: Cidades, Campos e Territórios COVILHÃ E CIDADES ALPINAS: O CONTRIBUTO DA PAISAGEM PARA A SUSTENTABILIDADE URBANA MATOS, Maria João Doutoramento em Arquitectura, CIAUD-FA-UTL / LABART-DARQ-ULHT [email protected] VAZ, Domingos Doutoramento em Sociologia, UBI / CESNOVA [email protected]

ÁREA TEMÁTICA: Cidades, Campos e Territórioshistorico.aps.pt/vii_congresso/papers/finais/PAP0665_ed.pdf · Neste quadro, as cidades de montanha1 alpinas surgem como referência

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ÁREA TEMÁTICA: Cidades, Campos e Territórios

COVILHÃ E CIDADES ALPINAS: O CONTRIBUTO DA PAISAGEM PARA A SUSTENTABILIDADE URBANA

MATOS, Maria João

Doutoramento em Arquitectura,

CIAUD-FA-UTL / LABART-DARQ-ULHT

[email protected]

VAZ, Domingos

Doutoramento em Sociologia,

UBI / CESNOVA

[email protected]

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Palavras-chave: Imagem de marca; Cidades de Montanha; Morfologia Urbana; Paisagem; Sustentabilidade

Keywords: Brand Image; Mountain Cities; Urban Morphology; Landscape; Sustainability.

PAP0665

Resumo

A cidade da Covilhã destaca-se como caso de estudo de particular interesse no actual contexto de

competitividade entre cidades. Detém um perfil singular de cidade de montanha associada a uma

tradição industrial, sendo que os efeitos da industrialização se revelam numa paisagem urbana

particular e em fortes marcas identitárias.

Na época contemporânea, a função universitária torna-se o principal activo, moldando um perfil

urbano tendencialmente mais cosmopolita. Dos pontos de vista urbanístico, arquitectónico e

paisagístico, muitas das transformações associadas à Universidade foram significativas. Também a

implementação do programa Polis veio reconfigurar a imagem da cidade.

A reaproximação da cidade relativamente ao espaço natural como elemento simbólico e identitário

tem potencial para singularizar a cidade. Poderia ser acolhida por uma cultura de planeamento que

recuperasse o carácter singular da cidade em simbiose com a montanha, e bem assim, a noção cultural

e simbólica do valor da paisagem, gerando uma nova ideia de cidade, seguindo a linha de algumas

transformações já operadas. A reconversão urbanística consideraria uma identificação com a

montanha, assumindo diferentes frentes (simbólicas, ambientais, paisagísticas e económicas), em

analogia com a lógica já adoptada por outras cidades de montanha alpinas.

Com base nestas premissas, poderia então elaborar-se um projecto de cidade assente na tolerância e na

participação, enquadrado pelos valores da sustentabilidade.

Abstract

The city of Covilhã appears as a case study of particular interest in the current context of

competitiveness among cities. It holds a singular profile of mountain city together with a strong

industrial tradition, whose effects are visible in an unique urban landscape and in the particular

identity aspects.

In contemporary time, the university function becomes the most significant, shaping the urban profile,

which becomes more cosmopolitan. From the urban, architectural and landscape point of views, many

of the transformations associated to the University were considerable.

The approach of the city to the natural space as a symbolic and identity element has the potential to

single out the city. A culture of urban planning, recovering the singular character of the city in

symbiosis with the mountain, as well as the notion of the cultural and symbolic value of landscape,

generating a new idea of city, following the logic of some previews transformations. Urban

regeneration would involve the identification with the mountain, taking different approaches

(symbolic, environmental, landscape and economic) establishing an analogy with the logic already

adopted by other mountain cities in the Alps.

Based on these premises, a project for the city, founded on tolerance and civic participation, could be

elaborated taking into considering the values of sustainability.

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1. Introdução

No contexto europeu das últimas décadas - o de uma sociedade pós-industrial - as cidades tendem

progressiva e rapidamente para um modelo de configuração territorial sem limites claros e sem uma

morfologia específica que as diferencie entre si (Ascher, 1995; Augé, 1992). No entanto, a estruturação do

território urbano, associável à ideia de cidade herdada do passado (como área densamente construída, com a

sua morfologia própria, os seus monumentos e limites precisos) ainda constitui uma referência essencial para

a identificação dos homens com o lugar. Por sua vez, os laços identitários e sociais estabelecidos entre os

lugares da cidade e os que a habitam promovem a participação cívica tendente à qualificação dos espaços

públicos, aspecto indispensável à qualidade de vida urbana e ao desenvolvimento sustentável. Passa por aqui

a preservação das memórias da cidade, através da valorização do património construído caracterizador da sua

identidade e da sua imagem de marca, projectada para o exterior. Imagem esta que se revela central face à

incontornável competitividade entre cidades no contexto global.

Perante este cenário, a cidade da Covilhã destaca-se como caso de estudo de particular interesse. No quadro

das cidades portuguesas intermédias, detém um perfil singular de cidade de montanha, com uma significativa

tradição industrial. Na morfologia e na paisagem urbana, os efeitos da industrialização, que perdurou até aos

anos oitenta do século XX, ainda se fazem sentir muito expressivamente, constituindo, junto com outros

vestígios, um palimpsesto urbano único que marca a identidade da Covilhã. Hoje esta cidade encontra-se

espacial, económica e socialmente estruturada em grande medida em função da Universidade da Beira

Interior (UBI). Às marcas construídas e sociais, acrescenta-se a importância do suporte territorial onde a

cidade existe: a montanha. Inevitavelmente, enquanto objecto, é uma presença constante na paisagem urbana

e vai exercer uma marca indelével na morfologia urbana, reforçando o carácter singular do sítio e

influenciando fortemente as interacções entre o meio urbano e o meio natural.

Estamos conscientes que a problemática relativa à morfologia urbana pode ser abordada segundo diferentes

perspectivas como postula Lévy (2005, p. 25): “la réalité urbaine a des formes diverses et des sens

multiples”, na senda de Ledrut (1984). No presente texto decidimos privilegiar a dimensão paisagística.

Neste quadro, as cidades de montanha1 alpinas surgem como referência no sentido em que, na generalidade

dos casos e de forma pioneira no contexto das montanhas europeias, a importância do meio montanhesco,

englobando a paisagem, estabelece uma plataforma fundamental para a qualidade de vida, para a

identificação dos habitantes com o lugar, para a elaboração de uma imagem de marca e ainda como base de

um desenvolvimento urbano sustentável.

Embora se registem diferenças óbvias em relação ao contexto serrano da Covilhã – a dimensão, a localização

em relação ao espaço europeu, a economia, as sociedades, as culturas – emergem várias situações

comparáveis entre si nas duas áreas geográficas, podendo o estudo dos casos alpinos inspirar boas práticas

para intervir no espaço urbano da Covilhã e contribuir para formular uma ideia de cidade em harmonia com

o seu território.

2.Morfologia urbana e sustentabilidade

A emergência de um novo tipo de configuração urbana, de difícil apreensão para os que a estudam e sobre

ela intervêm, leva Ferrão (2003) a sugerir a adopção de uma visão holística, composta de três vectores

complementares como ferramentas essenciais para entender a cidade de hoje e nela intervir. O primeiro

aspecto a ter em conta seria o sítio que a cidade ocupa, o segundo constaria das diferentes redes que a cidade

comporta e, finalmente importaria considerar o espírito cosmopolita intrínseco à urbanidade. Ferrão defende

ainda, a par com a democracia e a abertura, o valor da “paisagem global”, a face visível da cidade, abarcando

todos os três vectores e revelando o estado de “saúde” do organismo complexo que ela é.

Assim sendo, ao sítio, ou à “cidade morfológica” (Ferrão, 2003), associamos a paisagem urbana, como

concretização dos elementos constituintes do sítio (topografia, morfologia urbana, arquitectura, pontos

notáveis, seres humanos, animais, vegetação, luz, cor), apreendida pelos sentidos e chave mestra para o

decifrar da identidade de cada cidade. Na verdade, na Europa, a importância da paisagem associada à

identidade urbana - bem como a noções como a qualidade de vida e a sustentabilidade -, tem ganho

protagonismo à medida que se tornam difusos os limites urbanos e que as cidades se tornam cada vez mais

parecidas entre si. A adopção da Convenção Europeia da Paisagem (Conseil de l’Europe, 2000), que abrange

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as paisagens urbanas, surge como indicador da valorização crescente da paisagem num sentido lato e como

veículo de construção de uma identidade europeia. Mais concretamente, no âmbito da organização dos

espaços urbanos, destacamos o trabalho de Sampieri (2008), que demonstra a tendência para o uso crescente

da paisagem como instrumento operativo de intervenção urbana.

Nas cidades em zonas montanhosas a topografia constitui um elemento essencial na configuração do seu

espaço, condicionando a evolução da morfologia urbana. Também a constante visibilidade da montanha,

muitas vezes propositadamente enquadrada na paisagem urbana através de intervenções específicas, vai

marcar a imagem destes aglomerados. Outro aspecto tem sido enfatizado, reforçando a relação da cidade

com o meio natural: as vistas de pontos altos da montanha em direcção à cidade, vistas estas que,

frequentemente, no caso das cidades alpinas, são promovidas por meio de instrumentos de planeamento da

paisagem e de ligações físicas entre a cidade e a montanha. O caso de Merano, cidade situada actualmente

nos Alpes italianos, de perfil turístico-termal desde o século XVI, constitui um caso paradigmático de uma

fusão morfológica e paisagística entre a cidade e o meio natural envolvente, planeada ao longo de séculos.

Ainda relativamente à organização espacial das cidades, no contexto alpino, tem vindo a ser defendida a

constituição de sistemas urbanos regionais polinucleares, bem como a densificação das áreas urbanizadas,

funcionalmente diversificadas, evitando-se assim a dispersão urbana descontrolada. A província austríaca do

Vorarlberg é exemplar neste domínio (Matos, 2011).

O caso paradigmático e pioneiro das cidades alpinas destaca-se igualmente no campo do segundo vector

referido por Ferrão (2003): as redes. Nos Alpes, tanto as redes físicas – de mobilidade e comunicação - como

as redes sociais constituem bases sólidas para o desenvolvimento sustentável e reforço de uma identidade

comum, assente em modos de vida urbanos mas onde a democracia, a participação cívica e a entreajuda

desempenham ainda hoje um papel fundamental. A identidade comum, ainda em fase de construção mesmo

no âmbito do território alpino, tem sido objecto de tentativas de clarificação, como nos demonstram os

estudos de Fourny (2000, 2004). Para fundamentar essa construção no contexto português, sendo que não

foram ainda estabelecidas as bases para um desenvolvimento sustentável das cidades enquadrada no seu

território de montanha, poderemos recorrer aos estudos e experiências realizados em contexto alpino.

Por último, relativamente ao cosmopolitismo - entendido como uma inteligência colectiva aberta ao exterior

e imbuída de urbanidade - mais uma vez poderemos procurar inspiração nas cidades alpinas, onde a

consciência de uma identidade ligada à montanha se conjuga com a procura de uma afirmação, em diferentes

campos na constelação das cidades globais. Este fenómeno é notório em diversas cidades de montanha de

uma certa dimensão, sobretudo na Suíça (como por exemplo em Bellinzona e Coira), onde o cosmopolitismo

coexiste com fortes tradições das culturas locais. Este espírito cosmopolita poderá desenvolver-se

fundamentado em processos tão variados como a troca de experiências e saberes ao nível internacional

através de redes, a realização de intervenções de requalificação urbana apelativas ou o investimento em

investigação e em instituições ligadas ao conhecimento.

Seguindo a lógica acima descrita, uma nova visão de cidade - ou o caminho para a cidade da paisagem

global, democrática e aberta -, poderá passar, em grande medida por uma nova forma de valorização da

paisagem urbana, baseada em valores como a ecologia, a identidade e a urbanidade. Como deverá então esta

abordagem induzir uma nova visão de cidade no caso da Covilhã?

3.Composição social heterogénea com novas exigências

Afastada das grandes rotas de urbanização e circulação do país, a Covilhã foi-se constituindo ao longo de

três séculos como “enclave da industrialização” em pleno território de montanha. Um dos aspectos matriciais

da cidade foi a cadência secular com que, desde finais de 1600, o Estado central marcou a feição socio-

económica da Covilhã. Os grandes equipamentos estruturantes têm-se sucedido em ciclos de cem anos,

recaindo sempre no final de cada século, o último dos quais foi a Universidade da Beira Interior, criada em

1986 (sobre o instituto politécnico da década anterior), respondendo à derrocada dos lanifícios e contribuindo

para a conversão da economia local ao sector terciário. Os outros foram a fábrica-escola, promovida pelo

Conde da Ericeira em 1676, que abriu caminho à criação de um centro manufactureiro à escala nacional; a

Real Fábrica de Panos, instituída pelo Marquês de Pombal em 1764, que aprofundou a especialização

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económica da cidade; a Escola Industrial Campos Melo, que começou a funcionar em 1884, direccionando-

se para apetrechar profissionalmente uma nova era da indústria têxtil (Vaz, 2004; Carvalheiro, 2008).

Até às últimas décadas do século XX, a cidade preencheu um tecido muito denso e povoado, no espaço

exíguo de uma saliência de montanha, suspensa entre dois vales profundos onde grande parte das unidades

fabris se concentrou, junto às ribeiras. A presença fabril e a sua interposição com a malha habitacional

atingiu tal densidade que a Covilhã foi classificada como “cidade-fábrica”, traço claramente urbano em

contraste com a industrialização difusa que deu forma a muitas zonas do país.2

A composição social da população é um aspecto essencial, e talvez o mais elucidativo, das dinâmicas e

limitações da matriz urbana histórica covilhanense. O que sucedeu, porém, foi que este processo acabou por

resultar numa população com perfil socioprofissional altamente homogéneo, dada a predominância

esmagadora e prolongada do operariado industrial, cujo contraponto era a minoria de proprietários fabris.

Este perfil histórico da cidade, que se manteve até à década de 1980, não só significou uma estrutura social

dicotómica como também profundamente cavada, instituindo um mundo de ricos e pobres. Um aspecto

importante para uma sociologia do urbano parece residir nos efeitos duradouros da uma estrutura de classes

secular dicotómica. Este tipo de representação é produto da longa ausência de classes médias e é, sobretudo,

um sinal de baixa pluralidade socioprofissional e de pouca complexidade cultural, contrariamente ao que é

apanágio do urbano como mosaico social heterogéneo (Grafmeyer, 1995).

A gradual heterogeneização socioprofissional é um processo que se desenvolve só a partir da década de

1980, sob a influência de vários factores: a expansão do sector de serviços, a qualificação escolar de

segmentos crescentes da população e a maior integração da Covilhã num sistema urbano de circulação de

pessoas e bens. Em vinte anos, a estrutura de classes alterou-se substancialmente no sentido de uma maior

segmentação, do crescimento das classes médias e da diversificação de grupos socio-profissionais. Não

dispondo ainda dos dados mais recentes3, a comparação dos resultados dos censos populacionais de 1981 e

de 2001 permite já constatar a passagem de uma matriz classista altamente “proletarizada” para uma

estrutura social mais diversificada, assim como o crescimento do sector de serviços, configurando um

cenário em que se desfez a dicotomia classista, assim como a hegemonia cultural ligada à indústria têxtil que

vigorava absolutamente na cidade (Carvalheiro, 2008).

Em termos demográficos e de acordo com os dados preliminares do último censo, o núcleo urbano da

Covilhã, manteve relativamente estável o número de residentes, num quadro de decréscimo populacional de

5% no concelho. Além disso, haverá a considerar cerca de seis mil estudantes universitários, cuja grande

maioria não figurará como residente por ser oriunda de outras regiões, mas que constitui um segmento

populacional expressivo no quotidiano da cidade, a que haverá que juntar um corpo docente de meio milhar.

Não será desprezível o impacto social que essa partilha de experiências entre pessoas de outras origens

geográficas e culturais tem no cenário de uma pequena cidade.

No centro destas mutações estão os efeitos sociais e urbanos resultantes da crescente afirmação da

Universidade, em cuja génese se procura aliar uma redefinição e adaptação das estratégias económicas e, a

nível identitário, a sua assunção como activo privilegiado de reforço do poder simbólico, social e político da

própria cidade. É uma capacidade com uma enorme potencialidade para transformar o modelo urbano,

concomitantemente com políticas inovadoras adequadas e direccionadas para a recriação de um ambiente

urbano atractivo e de qualidade, cuja concepção não deve apagar a herança histórica e cultural da Covilhã.

Neste sentido apontam pesquisas por nós concretizadas relativas às representações urbanas que reflectem

aspectos tradicionais enquadrados num imaginário desenvolvimentista (Vaz, 2004). Umas organizadas em

torno de elementos históricos registados pela memória colectiva, outras caracterizadas pelo seu carácter

pragmático ligadas às instituições locais, sobressaindo a UBI cujo papel é singularizado pelo seu contributo

para a auto-imagem da cidade e para a sua projecção externa.

A universidade é hoje associada à palavra «desenvolvimento», o que desde logo esclarece a importância da

academia para o futuro da urbe no quadro de uma progressiva osmose universidade-cidade. A academia

surge vincadamente como alavanca da própria cidade no âmbito de um imaginário cultural e científico. As

referências retidas remetem para a assunção da UBI como pólo de irradiação de dinâmicas variadas, tanto

económicas como sociais ou culturais como fonte de renascimento em direcção à cidade universitária. No

âmbito concreto da actuação sobre o espaço urbano, a UBI tem servido de exemplo através das instalações

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construídas, optando por uma arquitectura integrada na paisagem urbana, incentivando assim a valorização

do património arquitectónico e urbanístico existente. Paralelamente, o curso de Arquitectura poderá gerar

sinergias positivas que reforcem aspectos importantes tais como uma consciência cívica perante a

arquitectura e a paisagem, o desenvolvimento de investigação na área da arquitectura das regiões

montanhosas e até, eventualmente, o desenvolvimento de uma identidade arquitectónica contemporânea e

simultaneamente atenta à história, às tradições construtivas, às memórias e à paisagem local. Isto sem

esquecer o contributo mais importante: a formação de arquitectos responsáveis e conscientes destes

valores(Matos, 2011). Fica a ideia de a cidade estar indelevelmente associada ao destino da UBI.

4. O valor da paisagem urbana para uma nova visão de cidade

Muitas das intervenções que têm vindo a realizar-se recentemente no núcleo urbano da Covilhã são

genéricas, conduzindo a uma notória banalização do espaço urbano e da paisagem, desconectados do meio

envolvente: a montanha. Em relação aos novos espaços, justifica-se que o desenho urbano seja realizado em

concordância com o lugar, retirando partido das suas características morfológicas, para com elas estabelecer,

de uma forma clara, os princípios estruturantes fundamentais dos espaços urbanos (CECVS, 1994).

A este propósito, no caso das cidades alpinas, de uma forma geral, a relação entre montanha e cidade

estabelece-se segundo dois vectores. O primeiro será o da identidade urbana de montanha, baseada em

aspectos simbólicos e socioculturais. Neste contexto, Fourny (2004) admite que, apesar de não se identi-

ficarem traços montanhescos evidentes em todas as cidades alpinas, existe uma identidade urbana e alpina

contemporânea comum em construção. Apresenta-se como uma nova relação da cidade com a montanha,

assente em valores presentes na civilização ocidental actual.Estabelece a fundação de uma identidade alpina

transversal às cidades deste território, conotadascom a imagem de “cidade-natureza” ou “cidade-território”,

em que o desenvolvimento sustentável desempenha um papel fundamental, sendo que a importância do meio

alpino, em todas as suas dimensões (identitárias, culturais, paisagísticas, ambientais e económicas), imprime

a sua marca no lugar urbano de montanha, associando-o à noção de qualidade de vida. Para atingir este

patamar, impõe-se o dinamismo no campo das parcerias entre instituições universitárias e estatais/regionais,

bem como na participação cívica dos habitantes, trabalhando em conjunto para a construção de uma

identidade urbana ligada ao território. Chambéry, nos Alpes franceses, surge como um caso notório do

empenho das políticas locais neste sentido, através de dinâmicas visando a integração da cidade no seu

território envolvente e, simultaneamente nas redes de cidades de montanha ao nível internacional.

O segundo vector consta da concepção arquitectónica de expressão contemporânea como instrumento de

ligação entre os espaços urbanos e o meio naturalizado de montanha. Nas cidades alpinas grandes ou

intermédias, a produção arquitectónica de obras notáveis, marcadas por uma forte relação com o lugar e com

a paisagem de montanha, tanto resulta de intervenções realizadas por arquitectos do star system, externos ao

perímetro alpino (Jean Nouvel em Lucerna, Zaha Hadid em Innsbruck, Mario Botta em Chambéry), como de

autores locais, alguns também com projecção internacional (Aurelio Galfetti em Bellinzona, Peter Zumthor

em Coira) (Matos, 2011). Em qualquer dos casos, estas intervenções recentes reflectem as transformações

económicas, sociais e culturais profundas das cidades pós-industriais situadas num meio natural sensível. A

sua leitura poderá por isso indicar um caminho para compreender e reinventar novas formas de abordar a

paisagem urbana contemporânea e apontar para uma nova sensibilidade paisagística em relação ao meio.

Este entrosamento cidade–paisagem é também evidente nas propostas pioneiras dos arquitectos Costa Cabral

para a UBI e Teotónio Pereira para o Polis. Ambos os projectos, exemplares, foram realizados nas últimas

décadas na Covilhã, propondo novas vias para a reinvenção da cidade, centrando-se numa leitura de

autenticidade do património construído e paisagístico e, simultaneamente, integrando funções e linguagens

arquitectónicas em sintonia com as exigências funcionais da actualidade e com os paradigmas da cidade pós-

industrial. Paralelamente, o Plano de Pormenor da Zona Intra-Muralhas do Centro Histórico da Covilhã,

concebido pelo Gabinete Técnico Local da Câmara Municipal da Covilhã (2007), vai desempenhar um papel

essencial na protecção do património construído.

As obras de Bartolomeu Costa Cabral para UBI constituem um contributo para a reconstrução da paisagem

global da cidade segundo estes parâmetros, ou seja, no respeito e na reinvenção do seu genius loci. Desde a

criação, em 1973, do Instituto Politécnico da Covilhã este arquitecto continuou a projectar as sucessivas

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extensões do que se tornou a UBI, entrando pelo século XXI (Cabral et al., 2005). As suas intervenções vão-

se destacar pela qualidade formal e pelo cuidado na valorização das preexistências e da paisagem

covilhanense, usando a arquitectura de expressão contemporânea como harmonizadora de espaços

urbanizados com espaços naturalizados de montanha, reforçando a imagem de uma cidade em sintonia com

seu meio. Revela-se aqui o sentido humanista do arquitecto, conjugado com uma sensibilidade atenta ao

espírito do lugar.

O Polis Covilhã (iniciado em 2000), projecto conceptual de transformação da cidade idealizado por Nuno

Teotónio Pereira, rege-se pelos mesmos princípios (Pereira et al., 2006). Assume-se como uma proposta para

uma cidade sustentável, apontando para um modelo ecológico como estruturador da cidade pós-industrial:

centra-se na reconversão paisagística das antigas áreas industriais ao longo das ribeiras e na mobilidade

pedonal como aspecto essencial da cidade dos fluxos. Assim, o projecto de cidade implícito no Polis de

Teotónio Pereira inclui um “Plano de Mobilidade Pedonal” (Pereira, 2004), onde as ligações pedonais entre

vários pontos do espaço urbanizado e o centro da cidade são uma prioridade, constituindo uma rede

estruturante que contraria uma topografia difícil e o excessivo congestionamento automóvel numa malha

urbana tortuosa. Esta ideia de cidade “aplanada” seria concretizada essencialmente com o auxílio de

elevadores e de pontes transpondo os vales fundos. A solução proposta, poética na sua essência, vai muito

para além da resolução prática de uma questão funcional, como nos lembra João Afonso:

“As pontes propostas são ao mesmo tempo uma solução pragmática e um símbolo; atravessando os vales,

significam essa capacidade de superar dificuldades e distâncias” (Afonso, 2006, p. 11)

Finalmente, em 2007, o Plano de Pormenor da Zona Intra-Muralhas vem tentar combater a degradação

acelerada da zona histórica, abandonada devido aos difíceis acessos, à desactivação das indústrias e à

desadequação das tipologias habitacionais, mas também como consequência de conotação que teria esta

zona, associada às condições de vida difíceis do passado industrial da cidade. Tomando o balanço

dinamizador do Polis, o município assumiu este passo essencial para a reconversão do centro histórico. Para

além de obras de reabilitação dos espaços públicos e de edifícios (algumas já realizadas), propunha-se a

reconversão funcional, nomeadamente com a criação do Museu da Cidade na antiga localização do castelo

(não concretizada) (Matos, 2011). Embora não considerando, na sua essência, a relação com a paisagem

envolvente como mais-valia a explorar, este plano constitui um instrumento fundamental para a valorização

do património e para a consciencialização da existência de uma identidade covilhanense rica de memórias e

história.

Os três exemplos de boas práticas acima expostas revelam uma leitura sensível do genius loci da cidade e,

simultaneamente, um cuidado ao intervir neste lugar com uma visão integrada do actual contexto urbano

pós-industrial. Postura a adoptar e a aprofundar em futuras intervenções, e no quadro de uma estratégia

global de reconstrução de uma imagem para a cidade de montanha, através da arquitectura e do desenho dos

espaços urbanos, que poderá incluir intervenções mínimas (por exemplo, a manutenção de ruínas industriais

integradas em espaços verdes ou a valorização da zona do castelo através da eliminação de construções

existentes).

5.Estratégias dos actores institucionais

À Universidade e à autarquia cabem papéis decisivos como actores em condições de galvanizar dinâmicas

urbanas e territoriais em torno da construção de um projecto colectivo para a cidade. Na dinamização da base

económica, e sobretudo, na estimulação de condições objectivas para a recriação de identidades sociais e

urbanísticas criativas e sustentáveis. Justificando-se, por parte da autarquia, uma postura esclarecida, forte e

voluntarista que, através das estratégias apropriadas, demonstre que a cidade não se limita a responder ao

mercado, mas age, orienta e decide, enquadrando na lógica do interesse público os interesses dos vários

actores e as intervenções no espaço.

Mas a Covilhã, como muitas outras cidades portuguesas, no período posterior à integração europeia, investiu,

primeiro, nas chamadas infra-estruturas básicas, nos equipamentos, e depois, ainda nas infra-estruturas, mas

agora para a sociedade em rede. Deverá merecer reflexão o facto do discurso autárquico continuar centrado

nas obras; que tenhamos rede, mas pouca sociedade a trabalhar em rede (seja virtualmente ou face a face);

que, em suma, cidades onde até existem plataformas de conhecimento – como universidades – não consigam

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transformar o investimento feito nessas áreas em factores de competitividade, em algo que as distinga das

demais e as torne atractivas num mercado cuja fronteira não é sequer a que separa concelhos vizinhos,

porque essa, como na economia, deixou de existir. E, neste cenário, o que devem as cidades atrair?

“Talentos”. Ou seja, pessoas que, nas mais diversas áreas, sejam criativas, abertas à inovação e que tenham

ideias capazes, de enriquecer, económica e socialmente, o espaço onde vivem (Florida etal., 2004).

O olhar sobre a cidade, enquanto sistema, leva a uma visão integrada das suas diversas componentes, o que

compreende quer elementos tangíveis (as infra-estruturas), quer elementos intangíveis (a criatividade das

pessoas e das organizações). Uns e outros são condições necessárias que importa organizar e estimular para

se obter a inovação e a competitividade. Esta depende da capacidade de atrair e fixar empresas com quotas

de mercado crescentes ou estáveis. E do ponto de vista da inovação é preciso considerar a capacidade de

atrair e fixar talentos, como condição para a formação e a criação de actividades intensivas em

conhecimento. O genius loci constitui a “atmosfera” que gera a atractividade dos lugares, devendo ser

estimulada uma organização do espaço propiciadora da criação de redes sociais e de conhecimento. Um

clima atractivo de talentos, não se mede apenas pelos indicadores tradicionais (por exemplo, níveis de

escolaridade), mas por um “open and experimental environment: in the academic climate, in the urban

culture and in shape and use of the city fabric” (Modder & Saris, 2005). Contrariamente aos modelos

tradicionais, agora preconiza-se que a criatividade também não dispensa aspectos como a atracção de activos

da “classe criativa” para gerar inovação e estimular o desenvolvimento, e assim se consigam ultrapassar os

constrangimentos, nomeadamente ao nível do crescimento económico e da competitividade.

A “tolerância” é uma outra dimensão indissociável a valorizar. Quanto mais aberta e tolerante for uma

cidade, mais fácil será atrair talento. A existência de um ambiente “tolerante” afecta a possibilidade de

regiões e cidades mobilizarem a sua própria capacidade de criatividade e competirem em termos de talento

criativo. A capacidade de atrair “talento” de uma cidade advém da sua diversidade cultural, afabilidade do

local, “tolerância” para as pessoas não convencionais, entre outros factores.

As políticas territoriais têm um papel importante a desempenhar, tal como preservar a herança cultural e a

valorização ambiental. Actualmente, são reconhecidas as ligações e relação entre capital criativo, qualidade

de vida e competitividade, e este reconhecimento teve como resultado considerar as “indústrias criativas” um

factor económico sério que deve ser ponderado na questão da viabilidade das cidades. Uma cidade que aspire

a ser “criativa” deverá propiciar a todos os cidadãos a possibilidade de desenvolver as suas capacidades

criativas, sendo para isso necessário desenvolver ambientes de trabalho e lazer afáveis e promover a utilidade

dos bens culturais. O sucesso das cidades vai depender no futuro da sua capacidade para atrair a “nova classe

criativa”, possuidora de elevada mobilidade. As universidades e outras instituições de ensino e culturais são

o suporte da criatividade.

Neste sentido, as instituições deveriam usar os fundos disponíveis no quadro comunitário de apoio menos em

obras físicas e mais em iniciativas imateriais, que fomentem qualidade de vida e uma identidade própria. Ao

mesmo tempo, criando estímulos à fixação de pessoas interessantes, entre os quais incluímos, por exemplo,

programas orientados para o apoio a estudantes estrangeiros de prolongamento da estadia por um ou dois

anos. As cidades são o terreno fértil para a aplicação das políticas e mecanismos para a criatividade, e as

“indústrias criativas” contribuem decisivamente para a sua regeneração económica e social, e para a

reconstrução das identidades locais.

6.Reflexão final

A evocação de um desenvolvimento urbano sustentável tem as suas raízes na utilização massiva do

automóvel provocada pela hypermobilidade individual motorizada. Esta realidade é colocada em causa após

um meio século de transformações consideráveis das cidades, em que fenómenos de segregação espacial e de

fragmentação lhe estão associados. Estes fenómenos socio-territoriais estão na origem de uma renovação do

interesse dos investigadores urbanos pelo estudo das formas urbanas, que estava acantonado até então

essencialmente à abordagem histórica. A emergência do desenvolvimento sustentável e a afirmação das

preocupações ambientais têm ganho terreno e têm conferido a este tipo de trabalho uma dimensão também

prospectiva.

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De uma forma geral, a problemática da morfologia urbana representa um desafio grande para o

desenvolvimento sustentável. Isto porque este quadro reflexivo permite pensar a maneira como a sociedade

organiza e se apropria do espaço, territorializando as práticas sociais. Nesta perspectiva, uma questão emerge

de imediato: Qual a melhor morfologia urbana para a cidade sustentável?

Uma resposta cabal a um tal questionamento implicaria fazermos aqui um trabalho do «estado da arte» sobre

a maneira como a questão morfológica é utilizada, tanto na sua dimensão teórica para responder aos desafios

do desenvolvimento sustentável, como na dimensão prática, interrogando a maneira como os modelos

teóricos podem ser operacionalizados. Assim como a referência a experiências já realizadas nesta

perspectiva. Obviamente não se tratará de produzir um modelo utópico, mas antes de saber como a cidade de

hoje, com as suas heranças e potencialidades, pode ser transformada segundo um tal horizonte.

Optou-se por uma reflexão em que o processo de transformação da cidade foi analisado interrogando as

concepções de intervenção com incidência na paisagem urbana. Neste quadro, a paisagem assume-se hoje

como campo de acção privilegiado para intervir na cidade, sobretudo em territórios onde o meio natural

representa uma referência estético-simbólica e um recurso económico importante. A paisagem emerge como

a face mais visível do genius loci e da imagem de marca da cidade. Mas também como plataforma de

concertação interdisciplinar e de participação dos diferentes actores, aspectos essenciais na abordagem à

gestão e desenho do espaço urbano, centrada num desenvolvimento sustentável.

Assim, a reflexão sobre as implicações dos diferentes actores territoriais dentro do processo de coordenação,

de construção de representações sobre o futuro da cidade e do seu território ambiental, tem aqui toda a

importância. À escala da cidade, reflectimos sobre uma possibilidade de acção, relevando os desafios a

considerar, e delineando um cenário possível para a cidade sustentável de amanhã. Um trabalho de natureza

assumidamente prospectiva que interroga muito particularmente a coordenação de actores, através de acções

de planeamento territorial e a pertinência de uma nova forma de governância urbana.

Pretendemos demonstrar que as estratégias de ordenamento territorial, a programação e os modos de

realização devem estar reflectidos entre si, e que as inter-relações, as integrações entre problemáticas urbanas

devem combinar-se entre si, mas também em relação com as escalas temporais e espaciais, tendo em vista

dar uma nova dimensão transversal ao planeamento espacial. Será através deste tipo de utensílio de

planificação e de ordenamento do espaço, dentro de uma visão sistémica dos desafios urbanos e territoriais à

escala da cidade, que uma morfologia sustentável pode ser proposta.

Queremos ir mais longe do que a política urbanística tradicional tem feito. Esta tem visado essencialmente a

regulação física da expansão urbana no quadro de uma preocupação da administração pública que intervém

pela regulação (de planos, regulamentos, normas, licenciamento e fiscalização), pela execução das infra-

estruturas, equipamentos e habitação social, mas frequentemente na ausência de uma política activa de

orientação e estímulo da transformação urbana sustentável.

A crise associada à desindustrialização, a estagnação ou declínio demográfico de muitas cidades ou dos seus

núcleos centrais, a competição para captar investimentos e visitantes, a perda da atractividade dos centros

tradicionais, e a importância do crescimento periférico, alterações nos estilos de vida e nas procuras dos

consumidores vão justificar uma nova centralidade atribuída às políticas urbanas. Assim, a par de uma

melhor reorientação na utilização dos recursos existentes, através da reutilização, reestruturação e

revalorização dos espaços, exige-se uma acção activa na atracção económica devido ao aumento da

competitividade entre territórios. Esta é uma dimensão de política de tipo pró-activo e de promoção,

incluindo os factores de competitividade, as condições naturais, mas também condições criadas pela cidade

ao longo do tempo e que lhe são intrínsecas, da cultura ao património.

A partir destas premissas faz sentido a adopção de uma estratégia de marketing territorial para promover a

cidade nas diversas escalas, sendo valorizadas as diferenças, a demonstração daquilo que cada lugar oferece

como especifico. Certamente que o sucesso desta política requer a concertação estratégica entre os actores

que fazem a cidade, na forma de associação e parceria entre instituições e empresas, mas não há dúvida que

muitos casos de sucesso foram mais além procurando o consenso alargado dos cidadãos, incluindo nos

objectivos de política maior coesão social.

A localização geográfica, o ambiente cénico de encosta da Serra da Estrela e a morfologia do seu tecido

urbano consolidado são características que fazem da Covilhã uma cidade diferente de todas as outras,

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devendo aproveitar e preservar as suas panorâmicas e, bem assim, a proximidade à montanha, como factor

impulsionador de uma morfologia do edificado que proporcione uma alta qualidade do ambiente urbano,

capaz de estimular as actividades polarizadoras do conhecimento e de atractividade externa.

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Notas

1A procura de uma definição de “cidade de montanha” tem vindo a ser objecto de interesse de autores como Fourny (2000, 2004) ou Coppola (2000).

É consensual que deverá encontrar-se em território montanhoso e que a montanha deverá ser visível desde a cidade. Importante também seráa

identificaçãoda urbe e dos seus habitantes com a montanha, segundo diversos parâmetros, identificação esta usadafrequentemente como imagem de

marca da cidade e, por vezes, como base para um desenvolvimento sustentável (Matos, 2011).

2 A designação de cidade-fábrica surge ainda no século XIX (Quintella, 1899: 120). Na viragem de século, o número de unidades fabris rondava a

centena (Assunção, 2006). Em 1950, existiam 200 fábricas de lanifícios com um mais de 30 trabalhadores, além das pequenas unidades e do trabalho

doméstico ( Silva, 1996: 121). A interpenetração deste tecido fabril com uma malha urbana de 20 mil habitantes justificou, pois, a designação de

cidade-fábrica até à segunda metade do século XX.

3 Os dados do recenseamento de 2011 apenas são disponibilizados no 4º trimestre de 2012.