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Área Temática: Ensino de Administração Cibercultura e Educação: a [re]estruturação do saber na atualidade SORAYA SALES DOS SANTOS E SILVA Universidade Federal de Pernambuco [email protected] JULIANA SILVA DE MACÊDO Universidade Federal de Pernambuco [email protected] DARLINE MARIA SANTOS BULHÕES Universidade Federal de Pernambuco [email protected] SÉRGIO CARVALHO BENÍCIO DE MELLO Universidade Federal de Pernambuco [email protected] RESUMO: A invasão da tecnologia na vida cotidiana tem provocado mudanças nas esferas econômicas, educacionais, culturais, políticas e nas interações sociais. As atividades humanas estão mais dependentes das infra-estruturas eletrônicas da informação. Tal mudança reflete diretamente na forma de relacionar-se com o mundo e, conseqüentemente, no aprendizado daqueles que nasceram imersos na dinamicidade deste. Embora as instituições de ensino estejam conscientes da necessidade de adaptarem-se ao contexto da revolução digital, e ao novo modo de ser dos alunos, a sala de aula ainda está distante da configuração requerida. No contexto pós-industrial, observamos o surgimento da cibercultura, caracterizada pela instantaneidade e a diminuição das distâncias, cria ainda uma maior exclusão digital e social. A relevância deste estudo se justifica na idéia de que ao se compreender a configuração do saber na atualidade, mais fácil será o processo de adaptação a esse novo cenário. Procurou-se, aqui, levantar questionamentos relevantes para configuração do saber na sociedade contemporânea. Imersa na revolução digital, fenômeno que transforma a sociedade em todos os seus âmbitos, a Educação não pode ignorar estas mutações na sua prática. A intenção não foi encontrar uma solução única – por não acreditar em sua existência – mas sim apresentar cenários, apontar caminhos e provocar inquietações. Palavras-chave: Cibercultura. Educação Superior. Sociedade Pós-Moderna.

Área Temática: Ensino de Administração Cibercultura e ...sistema.semead.com.br/14semead/resultado/trabalhosPDF/1075.pdf · A influência da tecnologia na sociedade contemporânea

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Área Temática: Ensino de Administração Cibercultura e Educação: a [re]estruturação do saber na atualidade SORAYA SALES DOS SANTOS E SILVA Universidade Federal de Pernambuco [email protected] JULIANA SILVA DE MACÊDO Universidade Federal de Pernambuco [email protected] DARLINE MARIA SANTOS BULHÕES Universidade Federal de Pernambuco [email protected] SÉRGIO CARVALHO BENÍCIO DE MELLO Universidade Federal de Pernambuco [email protected] RESUMO: A invasão da tecnologia na vida cotidiana tem provocado mudanças nas esferas econômicas, educacionais, culturais, políticas e nas interações sociais. As atividades humanas estão mais dependentes das infra-estruturas eletrônicas da informação. Tal mudança reflete diretamente na forma de relacionar-se com o mundo e, conseqüentemente, no aprendizado daqueles que nasceram imersos na dinamicidade deste. Embora as instituições de ensino estejam conscientes da necessidade de adaptarem-se ao contexto da revolução digital, e ao novo modo de ser dos alunos, a sala de aula ainda está distante da configuração requerida. No contexto pós-industrial, observamos o surgimento da cibercultura, caracterizada pela instantaneidade e a diminuição das distâncias, cria ainda uma maior exclusão digital e social. A relevância deste estudo se justifica na idéia de que ao se compreender a configuração do saber na atualidade, mais fácil será o processo de adaptação a esse novo cenário. Procurou-se, aqui, levantar questionamentos relevantes para configuração do saber na sociedade contemporânea. Imersa na revolução digital, fenômeno que transforma a sociedade em todos os seus âmbitos, a Educação não pode ignorar estas mutações na sua prática. A intenção não foi encontrar uma solução única – por não acreditar em sua existência – mas sim apresentar cenários, apontar caminhos e provocar inquietações. Palavras-chave: Cibercultura. Educação Superior. Sociedade Pós-Moderna.

ABSTRACT The invasion of technology in everyday life has caused changes in the economic, educational, cultural, political and social interactions. Human activities are more dependent on the infrastructure of electronic information. This change is reflected directly in the way of relating with the world and in the learning of those who were born immersed in the dynamics of this. Although educational institutions are aware of the need to adapt to the context of the digital revolution and the new mode of being of students, the classroom setting is still far from required. In post-industrial context, we observe the emergence of cyberculture. It creates even greater social and digital exclusion. The relevance of this study is justified on the idea that once we can understand the configuration of knowledge, easier will be the process of adapting to this new scenario. The purpose was raising relevant questions to the configuration of knowledge in society today. Immersed in the digital revolution, a phenomenon that transforms society in all its aspects, Education can’t ignore these changes in their practice. The intention was not to find a single solution - for not believing in their existence - but to present scenarios showing ways and cause unrest. Keywords: Cyberculture. Higher Education. Post-Modern Society.

1. Introdução

A sociedade contemporânea tem sido marcada pelas rápidas mudanças provocadas pelas tecnologias de informação e comunicação (TIC’s), essas mudanças ocorrem em todas as esferas da vida cotidiana; econômica, educacional, cultural, política e nas interações sociais. As atividades humanas se encontram cada vez mais dependentes das infra-estruturas eletrônicas da informação em que a comunicação é baseada em uma rede digital de dados extremamente complexa e descentralizada: a Internet.

A facilidade e a velocidade do uso e da troca de informações pela Internet passam a ter um papel central nessa nova sociedade. Como destaca Guzzi (2006), isso ocorre tanto em termos de circulação de capital quanto de formação de novos diagramas na sociedade, novas subjetividades e, com isso, novas concepções de comunidades que passam a ser, ao mesmo tempo reais e virtuais. O surgimento dessas comunidades, com novos hábitos, forma uma nova cultura com uma nova configuração, inevitavelmente isto reflete no dia-a-dia de escolas e universidades, tornando latente a necessidade de adaptação e compreensão deste “mundo novo” dominado por uma linguagem diferente, que possui códigos e ferramentas específicas, conhecidos e difundidos principalmente entre os jovens.

A enorme profusão de novas tecnologias, como telefones celulares com múltiplas funções e as redes sociais da Internet – Orkut, Twitter, Facebook, Myspace, etc.– sempre acolhidas efusivamente pelos brasileiros, corroboram para moldar atitudes e comportamentos segundo a lógica contemporânea de comunicação, que segundo Velleda (2010), o face-a-face (comunicação homem-homem) é suprimido pela interface (comunicação homem-máquina). Tal mudança reflete diretamente na forma de relacionar-se com o mundo e, conseqüentemente, no aprendizado daqueles que nasceram imersos na dinamicidade deste contexto.

Natali (2010) acredita que as instituições de ensino superior já perceberam que precisam modernizar sua forma de ensinar e começam a disponibilizar conteúdos didáticos via blackboards, Internet, celulares, a usar os 20% permitidos de ensino a distância nos cursos presenciais e ainda a preparar seus docentes para o melhor uso pedagógico das tecnologias digitais. Entretanto, sabemos que no geral, este posicionamento não é uniforme nas instituições de ensino brasileiras, que ainda retratam o cenário de subdesenvolvimento e exclusão digital do país.

Se por um lado os apologéticos da tecnologia torcem para uma maior tecnificação do ensino, por outro, autores demonstram preocupação com as conseqüências desta adesão efusiva. Admitindo como característica da pós-modernidade uma tendência crescente ao individualismo e comunicação mediada, Moura (2000) acredita que no campo da educação caminhamos para uma maior tecnificação do ensino, e questiona como serão refletidas essas experiencias cada vez mais virtualizadas. Tal reflexão deve, contanto, surtir numa rápida ação por parte dos educadores, uma vez que o desafio de acompanhar o surgimento de novas tecnologias aumenta a cada dia.

Gadotti (2000) defende que a escola precisa dar o exemplo, ousar construir o futuro. O autor afirma que “inovar é mais importante do que reproduzir com qualidade o que existe” e considera a “visão do futuro” como matéria prima da escola (GADOTTI, 2000). A ousada proposta deste autor apóia-se na concepção de Paulo Freire, que acreditava que abrir a escola para o mundo é uma das condições para a sua sobrevivência com dignidade. Considerando o planeta como novo espaço escolar, e a Terra como nosso endereço, o novo paradigma educativo funda-se na condição planetária da existência humana.

No contexto pós-moderno, observamos o surgimento da cibercultura que, caracterizada pela instantaneidade e a diminuição das distâncias, cria uma maior dependência digital, transformando radicalmente a sociedade e suas formas de interação. Tal cenário passa

a exigir do sistema educacional a preparação de sujeitos reflexivos e tão dinâmicos quanto o ambiente no qual estão inseridos. É visível a necessidade de adaptação do atual sistema educativo, buscando novos meios eficientes de mediar a aprendizagem deste novo sujeito da era digital.

A preocupação existente com os impactos da tecnologia na educação não é recente. Cysneiros (1999) relata que uma das principais referências nesta área é o trabalho de Larry Cuban (1986), intitulado Professores e Máquinas: O Uso da Tecnologia na Sala de Aula desde 1920. O estudo resultou de uma pesquisa sobre a introdução do rádio, filme, TV e computador em escolas norte-americanas, abrangendo a literatura desde o início deste século até meados da década de oitenta. A principal conclusão de Cuban é que o uso de artefatos tecnológicos na escola tem sido uma história de insucessos, justificada, através de estudos, por causas como falta de recursos, resistência dos professores, burocracia institucional, equipamentos inadequados (CISNEYROS, 1999).

Com o surgimento da Internet, o fenômeno da mundialização ganhou mais força e os recursos tecnológicos passaram a ser cada vez mais indispensáveis para comunicação na sala de aula. A compreensão da configuração do saber na atualidade perpassa a compreensão e imersão no cenário da cibercultura.

A Educação não pode ignorar estas mutações na sua prática. Buscamos neste ensaio teórico levantar questionamentos relevantes sobre este tema. Contudo, nossa intenção não é encontrar uma solução única – por não acreditar em sua existência – mas apresentar cenários, apontar caminhos e provocar inquietações.

A fim de atingir o objetivo proposto, discute-se aqui temas que abordam conceitos considerados essenciais. Após a apresentação dos principais conceitos na área, apresenta-se uma discussão sobre a inserção da tecnologia no ensino superior, o novo público presente na sala de aula, como deve se comportar o professor universitário contemporâneo, as vantagens e desvantagens da utilização das ferramentas tecnológicas e, então, concluímos com algumas considerações.

2. Fundamentação Teórica

Este ensaio se fundamenta em textos que apresentam em sua essência temáticas como a inserção de novas tecnologias dentro do ambiente educacional, a cibercultura – como um novo contexto no qual as relações ocorrem por diversos meios, rompendo barreias de espaço e tempo – além de alguns temas complementares que proporcionam uma melhor compreensão do processo de reestruturação pelo qual e educação tem passado. 2.1 Contexto Pós-Moderno

A influência da tecnologia na sociedade contemporânea é uma das questões que

emergem como prioritárias na atualidade. A transformação social advinda da pós-modernidade permeia o sistema econômico afetando todos os processos de criação, de troca e de distribuição de valor nos apresentando uma nova economia que não é apenas uma economia online, mas uma economia movida pela tecnologia da inovação. Essa nova economia, para Castells (2003), é baseada no conhecimento, na informação, na aprendizagem e em fatores intangíveis (como imagem e conexões), onde a inovação é a função primordial que diz respeito à tecnologia, processo e produto.

Com o surgimento de novas tecnologias abriu-se uma nova gama de possibilidades de ações para o ser humano. Os benefícios aparecem em diversas áreas, inclusive na educação. A nova e revolucionária forma de comunicação modifica os hábitos dos alunos, que nascidos e

criados num mundo tecnologizado, são capazes de transformar o que antes era imaginação em ação, realidade.

Contudo, qualquer tecnologia será insuficiente se as pessoas não compreenderem como colocá-la para seu uso efetivo. De acordo com Câmara (2005), é essencial que as pessoas compreendam a amplitude que as aplicações das tecnologias podem alcançar e então, poderão adquirir potencial para aplicá-las criativamente e coletivamente em várias áreas de suas vidas. É a mobilização social amparada pelo uso da tecnologia. A sociedade se beneficia com a melhora na educação e na aprendizagem da utilização das novas tecnologias. A aplicação criativa proposta por Câmara (2005) é favorecida nessa democratização do acesso ao conhecimento, seja por meios tradicionais ou digitais.

Uma vez que a dimensão do cotidiano foi invadida por essa nova lógica, distanciar-se significa uma morte simbólica, a existência atualmente, é legitimada através dela. Cysneiros (1999) vê as novas tecnologias como mais um dos elementos que podem contribuir para melhoria de algumas atividades nas salas de aula. Pode-se inferir que as novas tecnologias corroboram com a realização de uma boa aula. Associando o conceito de “boa aula” com aquela capaz de gerar aprendizado através da assimilação do conteúdo e desenvolvimento da capacidade de reflexão nos alunos.

Sendo inegável a presença da tecnologia na vida cotidiana, em especial dos jovens, torna-se igualmente inegável a necessidade da utilização de tais tecnologias na sala de aula para criar uma nova linguagem, capaz de ser apreendida por um novo aluno que tem demandado dinamismo e criatividade, além do domínio e atualização do conteúdo, para prender sua atenção e, através de um eficiente processo de aprendizagem, assegurar a difusão o conhecimento. Ressalta-se, entretanto, que apesar de fornecer subsídios para uma aula mais condizente com a realidade, a inserção das ferramentas tecnológicas no processo ensino aprendizagem, por si só, não resolvem os problemas educacionais existentes.

2.2 Cibercultura

Lemos (2008) defende que existe uma relação simbiótica entre homem, natureza e a

sociedade. Cada época da história da humanidade corresponde a uma cultura técnica particular que traz consigo formas distintas de sociabilidade. Para ele, a cultura contemporânea, associada às tecnologias digitais cria uma nova relação entre a técnica e a vida social: a cibercultura. A criação deste conceito impulsionou a geração de diversos estudos voltados ao entendimento dessa nova cultura.

Conforme atenta Lemos (2008), não se deve confundir cibercultura com uma subcultura particular, a cultura de uma ou algumas “tribos”. A cibercultura deve ser vista como a nova forma da cultura. Em analogia com a cultura alfabética, ela é o prolongamento da oralidade e da escrita, não sua negação. Se considerarmos a linguagem como uma forma de vida, o aperfeiçoamento dos meios de comunicação e do tratamento da informação representa uma evolução em seu mecanismo reprodutor (LEMOS, 2008).

Surge juntamente com essa nova cultura, o conceito de dromocracia – que segundo Góes (2007), instituiu a velocidade como fator de poder e valor societário – que foi trazido para as ciências humanas e sociais por Paul Virilio em Velocidade e política (1996). Este autor, segundo relata Arten (2009), abordava o meio de comunicação também como um meio de transporte, não entre pontos geográficos, mas de “coisas” imaginarias, próprias do mundo simbólico da cultura.

Arten (2009) acredita que para que haja a disseminação do acesso e dos possíveis benefícios trazidos pelos processos dromocráticos, é necessário um grande período. A capacidade de atingir o “sistema” global só se evidencia em condições avançadas de desenvolvimento tecnológico e social. Para se entender a especificidade cultural na

contemporaneidade, explica Góes (2007), é necessário considerar a coexistência dos cruzamentos socioculturais. Em tempo de globalização, que, segundo afirma a autora, é um processo irreversível, a sociedade se encontra imersa em várias expressões culturais, que convergem e convivem simultaneamente. E este aspecto deve ser considerado no fenômeno estudado, incluídos e excluídos convivem lado a lado nos ambientes educacionais. 2.3 Técnica e Sociedade

A técnica tem sido coadjuvante no processo ensino-aprendizagem desde a invenção da escrita. A partir de então, o Homem criou mecanismos que são, ao mesmo tempo, mediadores do processo e espelho das sociedades tecnológicas. A Educação tem agregado a técnica como forma de tornar-se mais interessante e eficiente na geração de conhecimento.

A sociedade vive atualmente em termos planetários, um novo ciclo de transformações tecnológicas. Surge uma nova civilização, cujos princípios se ligam cada vez mais aos processos eletrônicos de comunicação. No documento gerado pela Conferência Mundial sobre Ciência para o Século XXI: um Novo Compromisso, ocorrida em 1999, na Hungria, os países participantes declararam que a reformulação da educação em Ciência e Tecnologia (C&T), por meios formais e não-formais, deveria ter como objetivo fazer com que o público compreenda a C&T como parte integrante da cultura (UNESCO, 2003). Dentre as importantes considerações feitas na Conferência Mundial sobre Ciência, está a de que “a revolução da informação e da comunicação oferece meios novos e mais eficazes para o intercâmbio de conhecimento científico e para o avanço da educação e da pesquisa” (UNESCO, 2003).

A sociedade, permeada pelas novas tecnologias, deve buscar uma correta utilização da técnica com a finalidade de melhorar a qualidade de vida dos indivíduos. Todavia, Rüdiger (2007) afirma que, na modernidade, os valores da sociedade se subordinam ao desenvolvimento tecnológico. A conseqüência é que se transforma com ela não só a visão, mas o próprio modo de ser do homem.

A publicação da UNESCO (2003), referente à Conferência de 1999, sugere que em todos os países, e, particularmente, nos países em desenvolvimento, é necessário fortalecer a pesquisa científica na educação superior, inclusive nos programas de pós-graduação, levando em conta as prioridades nacionais. Acredita-se aqui que tal fortalecimento permitiria a melhora na qualidade do ensino superior, que, hoje, é possibilitado muitas vezes pela inserção de novas tecnologias em sala de aula, em complementação, ou mesmo substituição dos métodos tradicionais. 3. Tecnologia no Ensino Superior

Quando se fala em Tecnologia Educacional, pensa-se imediatamente no uso da informática, que privilegia o uso de computadores em sala de aula e a conexão da sala de aula com o mundo externo por meio da Internet, o que é compreensível, dado o impacto provocado por estas tecnologias na Educação. Mas é importante ressaltar que a Tecnologia Educacional inclui também o uso de televisão, rádio, vídeo, retroprojetor e até mesmo da lousa. Tudo o que o ser humano construiu tanto em termos de artefatos quanto de métodos para ampliar sua capacidade de ensinar pode ser considerado Tecnologia Educacional.

O que vem acontecendo no âmbito educacional, entretanto, é uma necessidade crescente de inserção dessas novas tecnologias, e para isso, se faz necessário também que haja uma adaptação da linguagem entre professores e alunos, a fim de tornar a comunicação cada vez mais eficiente. Como afirma Natali (2010b) com a democratização do acesso ao ensino superior e a proliferação das novas tecnologias, a linguagem acadêmica está mudando.

Segundo relata Natali (2000), a tecnologia não serve somente como um recurso "facilitador" da vida do aluno, serve também para a do professor e a da própria instituição.

Neste sentido, Jahn (2010) afirma que a relação comunicação e educação é atualmente um dos principais focos de atenção dentro das instituições de ensino. Com vistas a tornar a comunicação mais clara e precisa, os professores, com freqüência cada vez maior, vêm lançando mão de recursos conhecidos como audiovisuais, que vão desde os simples desenhos e diagramas até os sofisticados equipamentos e programas de multimídia.

Ao mesmo tempo em que estudam o fenômeno social, as universidades se colocam na vanguarda de seus experimentos, com a permissão para que seus alunos apresentem dissertações em forma de blogs, livros, vídeos digitais ou via skype (NATALI, 2010b). Tanto em pesquisas como no próprio ensino, é possível verificar, cada vez mais, a incorporação dessas novas tecnologias.

Nesse contexto, os recursos tecnológicos constituem-se em importantes ferramentas que são colocadas à disposição dos professores para facilitar a comunicação docente. É possível observar inclusive uma mudança na comunicação entre orientadores e orientandos de pós-graduações, que hoje apresenta-se muito mais dinâmica, superando antigas barreiras de tempo e espaço, através da utilização de novas tecnologias. Tornando o processo mais eficiente.

A intensificação do uso das tecnologias baseadas em computador tornou obsoleta as definições mais antigas de ferramentas educacionais. Zhu e Kaplan (2002) elaboraram uma classificação das ferramentas tecnológicas utilizadas no Ensino Superior, não considerando os recursos mais antigos. Tal classificação é aqui apresentada por Gil (2010), com alterações decorrentes da introdução de softwares nacionais.

Figura 1 – Tipos de ferramentas tecnológicas Tipo Exemplos Uso Instrucional Tecnologia da comunicação De um para um De um para muitos De muitos para muitos

E-mail, telefone Teleconferência e videoconferência Internet Relay Center (IRC) (1)

Apresentação da informação, integração de conhecimentos e trabalho cooperativo.

Tecnologia de organização e apresentação Texto Texto/gráfico Texto/gráfico/animação

PowerPoint Semantic networking tools (2) Gif Construction (3)

Apresentação, integração da informação.

Tecnologia de busca de informação e de gestão da informação Busca de informação Gestão da informação

Web, Internet Bases eletrônicas de dados Procite e EndNotes (4)

Apresentação, integração e manipulação da informação.

Tecnologia de áudio e vídeo Analógicas Digitais

Áudio e videoteipe Compact audio /videodisc Digital audio /vídeo Streaming audio/vídeo

Apresentação e integração da informação.

Sistemas de administração de cursos baseados na Web Produtos comerciais Produtos não comerciais

Blackboard (5) e WebCT (6) Teleduc (7) e AulaNet (8)

Apresentação e integração da informação.

Sistemas de educação a distância Baseados na televisão Baseados na Internet

Conferência interativa pela televisão, videoconferência e Audioconferência baseada na Web

Apresentação da informação e envio de instruções para estudantes a distância

Fonte: Adaptada de Zhu e Kaplan (2002) apud Gil (2010).

Notas explicativas da Figura: 1. Internet Relay Center (IRC): protocolo de comunicação utilizado para bate-papo e troca de arquivos. 2. Semantic networking tools: ferramentas que possibilitam a construção de mapas conceituais. 3. Gif Construction: programa utilizado na construção de imagens animadas. 4. Procite e EndNotes: programas de computador utilizados para gerenciar base de dados bibliográficos. 5. Blackboard: ferramenta utilizada para criação e gerenciamento de cursos. 6. WebCT: ferramenta que facilita a criação de ambientes educacionais baseados na Web. 7. Teleduc: ambiente de suporte para ensino-aprendizagem a distância, elaborado pela UNICAMP. 8. AulaNet: ambiente para criação e manutenção de cursos baseados na Web, elaborado pela PUC-Rio.

As ferramentas apresentadas são, em sua maioria, de simples utilização. Porém,

conseguiram causar significantes mudanças na forma de comunicar-se com o mundo. Conseqüentemente, buscando acompanhar as mudanças, as instituições de ensino passam a utilizar tais ferramentas como forma de aprimoramento da comunicação entre instituição e aluno, instituição e professor, além de professor e aluno.

As tecnologias utilizadas atualmente interferiram principalmente no modo como as informações se apresentam. Houve uma diversificação, um aumento dos meios de comunicação e transmissão e uma maior interação entre as informações, situando o cenário do aprendizado no ambiente complexo e dinâmico da cibercultura.

4. Conhecendo a Platéia

As alterações comportamentais das gerações de jovens e crianças vêm tendo um impacto direto e contundente em sala de aula. A platéia já não é mais a mesma de algumas décadas atrás, representando um desafio para as instituições de ensino superior comunicar-se com essa nova geração, universitários, em sua maioria, nascidos no novo paradigmas comunicacional. Velleda (2010) demonstra inquietação quanto a imprevisibilidade dos efeitos deste fenômeno no campo educacional.

A tentativa de definir com maior clareza o comportamento dos adolescentes atuais não veio do mundo da educação ou da sociologia. Foram os especialistas em marketing e recursos humanos que começaram a buscar respostas, a partir dos anos 2000, para compreender as tendências verificadas entre os jovens. A estes eles denominaram de Geração Y, que no Brasil, estão representados por aqueles que cresceram durante os anos 90, em frente ao videogame, conviveram com a Internet, o computador doméstico, o celular e um vasto conjunto de aparatos tecnológicos. A Geração Y se diferencia por se constituir, fundamentalmente, de nascidos imersos num ambiente virtual (REVISTA EDUCAÇÃO, 2010).

Em entrevista cedida a Revista Educação (2010) Renato Trindade, fez uma análise dos aspectos que mais importam, do ponto de vista dos educadores sobre as características dos jovens da Geração Y, onde afirma que: são multitarefa; organizam-se em comunidades físicas e virtuais; valorizam o nível de atualização das informações; relacionam-se com a informação de forma abrangente, mas pouco profunda; pedem retornos constantes e querem resultados imediatos; julgam constantemente, logo vão julgar seus professores; freqüentemente, fogem de suas responsabilidades; são individualistas, mas não necessariamente egoístas (REVISTA EDUCAÇÃO, 2010).

Na visão de Paulo Bedaque, autor de livros didáticos, a mudança na forma de encontrar, selecionar e se apropriar de informações no mundo contemporâneo, afeta diretamente a questão da concentração dos alunos. O autor acredita que o aprendizado ocorre de forma não linear, como uma grande teia Criando resistências ao ensino tradicional, do aprendizado em série e padronizado baseado nos modelos fordistas (CAMARGO, 2010).

Trata-se aqui de uma nova realidade e a escola deve encarar a dificuldade de concentração como um problema a ser enfrentado, partindo da realidade para modificar as estratégias no planejamento. Emoldurar a compreensão dos alunos em uma aula com introdução, desenvolvimento e conclusão, caminha completamente de encontro a forma de acesso à informação totalmente flexível do mundo exterior. Onde os alunos em geral escolhem sua própria trajetória de aprendizagem, apresentam, à sua própria maneira, suas condições para participar do processo educativo. Camargo (2010) sugere que é possível aproveitar esse universo de possibilidades para modificar o ensino de disciplinas tradicionalmente baseado em textos e livros.

A comunicação em massa (sistema um - todos), que prevaleceu durante muito tempo, é gradativamente substituída pela comunicação interativa (sistema todos - todos) possibilitada pelas TIC’s. A interatividade proporcionada por estas tecnologias retira do indivíduo a condição de mero espectador de uma mídia e transforma-o em usuário, estimulado-o a participar o tempo todo. Na construção do conhecimento, esta mudança pode ser geradora de benefícios para alunos, professores e instituições, favorecendo uma relação ganha-ganha, onde diversos atores envolvidos no processo de ensino alcançam resultados satisfatórios.

Estando a sociedade imersa neste nosso cenário, o sistema educacional terá que se adequar a “nova lógica” para entender este “novo aluno”. Não é apenas uma questão de utilizar mais ou menos ferramentas tecnológicas em sala de aula, mas de estar atento as novas configurações do saber na Cibercultura. 5. O Professor Universitário Contemporâneo

As mudanças verificadas no Ensino Superior na contemporaneidade exigem dos profissionais da área, características bem distintas das reconhecidas como importante outrora. Estamos diante de um novo paradigma na Educação. Velleda (2010) considera que a atual geração dos adolescentes carrega características absolutamente novas e peculiares, e, por isso mesmo, é um campo fértil para estudos e análises sob as mais variadas óticas.

Perrenoud (2000) entende que o professor universitário de hoje necessita ser competente, entendendo-se por competência a faculdade de mobilizar um conjunto de recursos cognitivos (saberes, capacidades, informações, etc.) para solucionar com pertinência e eficiência uma série de situações ligadas a contextos culturais, profissionais e condições sociais.

Inspirado em diversos cânones da Educação (Perrenoud, Alarcão, Shön, Ouellet, Stoer e Cortesão, Nóvoa), Gil (2010) aponta competências requeridas aos profissionais de Educação do Ensino Superior na atualidade:

Visão de futuro: Atenção a velocidade das transformações tecnológicas, às mudanças sociais, aos novos perfis profissionais que estão se desenhando, às novas exigências do mercado de trabalho e aos desafios éticos.

Organização e direção de situações de aprendizagem: Domínio dos conteúdos a serem ensinados, e que estes traduzam os objetivos de aprendizagem. Capacidade de explorar os acontecimentos, favorecendo a apropriação ativa e a transferência dos saberes.

Capacidade de gerar sua própria formação contínua: Superação da visão de formação direcionada apenas para o sistema, fundamentando suas convicções em três dimensões básicas: a pessoal (vida), a profissional (profissão) e a organizacional (escola).

Multicultural: Sensibilidade a heterogeneidade, ao arco-íris de culturas que acessa quando trabalha com seus alunos.

Intercultural: Capacidade de compreender a dinâmica da exclusão social e da marginalização, de desvendar obstáculos à igualdade de oportunidades, capacidade de se comunicar com pessoas de culturas diferentes e de participar na interação social criadora de identidades e de pertença comum à Humanidade.

Reflexiva: Pensar a ação, comprometer-se com a profissão e se sentir autônomo; capacidade de tomar decisões e ter opiniões; atender os contextos em que trabalha, interpretá-los e adaptar a própria atuação a eles; questionar o funcionamento da escola, a adequação dos currículos e o seu próprio trabalho; procurar saber por que os estudantes tem dificuldade para aprender. Apelando ainda para a revalorização da dimensão reflexiva – emancipatória que tem em conta a importância da experiência do indivíduo.

Utilização de novas tecnologias: Saber explorar as potencialidades didáticas dos programas em relação aos objetivos de ensino e ser capaz de comunicar-se a distância por meio da Internet e das outras tecnologias.

Abertura para o que se passa na sociedade, fora da universidade: Enxergar as transformações, evoluções e mudanças; atentar para as novas formas de participação, as novas conquistas, os novos valores emergentes e as novas descobertas.

Neste cenário, as metodologias consagradas são substituídas pelo desenvolvimento de estratégias pessoais, buscando-se assim, uma concretização mais eficaz da relação de aprendizagem que dá sentido a escola. Ante o aluno contemporâneo, pautado na sobreposição de estímulos e de informação, os professores tentam encontrar caminhos possíveis (CAMARGO, 2010). Diferentemente do que foi apregoado pela teoria taylorista, que inevitavelmente se disseminou para o campo da educação, a experiência não pode ser negligenciada.

A crítica de Donald Schön apresentada por Moura (2000) é pela presença de previsibilidade e controle no processo do conhecimento, pois ele não crê na existência de um só caminho e da resposta exata e correta. Considerando danosa a atividade profissional que reduz-se a resolução instrumental de problemas pela aplicação de teorias e de técnicas científicas. Em observações realizadas, Schön constatou que os indivíduos desenvolvem um conhecimento-na-ação. Enquanto que a reflexão-na-ação é simultânea à própria ação, a reflexão sobre a reflexão-na-ação é posterior a ela. Moura (2000) acredita que dessa forma o professor torna-se investigador da sua própria prática. Possibilitando assim a personalização do ensino, em lugar da massificação.

Parker Palmer (1990) defende que o bom ensino não pode ser equiparado com uma simples técnica, mas depende da sinergia da integridade do professor e de sua relação com os assuntos e os alunos. Neste sentido, é impossível reduzir a prática a formulas prontas, o desafio maior de investigação na tarefa da docência é descobrir e desenvolver métodos de ensino a partir da experiência reflexiva e respeitando as particularidades de cada contexto. O autor ainda afirma que se é importante trazer os estudantes para dentro de um assunto, é igualmente importante começar o assunto dentro dos estudantes (PALMER, 1990).

O professor Gabriel Prioli, com larga experiência acadêmica, leva até o ensino esse novo padrão de comunicação, e considera de modo enfático, que “o computador tem de ser incluído na sala de aula, assim como a caneta”. Entretanto, acredita não se trata de uma tarefa simples e que sua discussão precisa ser colocada (VELLEDA, 2010).

Velleda (2010) ainda apresenta em seu artigo o posicionamento de Tório Barbosa, diretor da agência de publicidade Educa, Tório considera que as instituições, secularmente acostumadas a comunicar-se apenas falando e ouvindo muito pouco – e isso inclui o próprio processo de aprendizagem, em que só o professor fala e o aluno escuta em silêncio – necessitam mudar. E essa mudança significa, acima de tudo, aprender a ouvir. “As instituições

terão de aprender a dialogar”, diz o diretor. E sugere que esse escutar na atualidade significa monitorar as redes sociais, criar blogs e acompanhar os comentários dos alunos, incentivando-os a participar dos rumos de sua instituição com críticas e sugestões, tornando a universidade mais “colaborativa”.

O ambiente escolar passa por transformações e é mister que todos os atores reencontrem um vocabulário comum e contratem um novo conjunto de valores que permitam reconectar alunos e professores e, assim, começar a demolir as fronteiras presentes na escola. Oferecer na escola, uma educação topdown através da utilização de ferramentas simples (e.g. lápis, papel, textos, aula expositiva), para alunos que utilizam em seus cotidianos ferramentas sofisticadas (e.g. computadores, games, Internet, smartphones, etc.), não surtirá muito efeito para o aprendizado. Os estímulos recebidos por estes alunos em seu dia-a-dia são bem mais atraentes e desafiadores ao seu intelecto, sendo assim, muito mais motivadores na busca pelo conhecimento, ou ainda pior, da informação.

Este cenário que a priori atingia um contexto cultural mais forte nos centros urbanos, requerendo respostas imediatas das instituições, está sendo cada vez mais disseminado por toda parte pela dimensão que as políticas de inclusão digital têm alcançado, seja por iniciativa pública, privada ou ainda do terceiro setor. Programas que buscam incluir um número cada vez maior de sujeitos neste cenário digital da contemporaneidade, estão em expansão.

5.1 Vantagens do uso da tecnologia

A tecnologia pode ser um fator muito importante para o sucesso de uma universidade

moderna, pois envolve todos os aspectos de ensino, pesquisa e os elementos de negócios que permitem à instituição funcionar. Os componentes básicos da Tecnologia da Informação para estimular experiências acadêmicas excepcionais incluem uma infra-estrutura de ponta; sistema e tecnologia relevantes, que agreguem valor e não sejam simplesmente modismos, e profissionais de tecnologia altamente capacitados e motivados que respeitem e enriqueçam a comunidade acadêmica na qual atuam.

O vice-reitor e Chief Information Officer da Universidade de San Diego, Christopher Wessells (2010), acredita que a combinação de pessoal acadêmico capacitado tecnologicamente, aliada a sistemas sofisticados de gestão de aprendizagem, tecnologias de aprendizagem colaborativa, além de treinamento e suporte aos docentes, determina a mudança da forma de ensino em uma universidade.

A publicidade oferecida por esses meios pode ser facilitadora do trabalho dos professores e alunos, na medida em que propicia a participação de um número maior de pessoas, sem restrição de tempo, espaço ou recursos e oferece maior agilidade na busca de informação, com mais pessoas pesquisando conjuntamente (NATALI, 2010b). Além disso, a possibilidade de divulgação de trabalhos online é enriquecedor para o progresso científico e motivador para os criadores.

A utilização de recursos tecnológicos nas aulas, quando bem elaborados e apresentados oportunamente, é capaz de despertar a atenção dos estudantes de forma bem superior a exposição oral e, conseqüentemente, de facilitar a aquisição de novos conhecimentos e de contribuir para a formação de atitudes. Quando professores esperam alcançar objetivos em níveis mais elevados, como aplicação, análise, síntese e avaliação, torna-se conveniente utilizar tecnologias mais complexas, capazes de favorecer a reflexão e promover o engajamento dos estudantes num processo mais ativo. As ferramentas disponíveis para a facilitação da aprendizagem apresentam-se em grande número. Entretanto, nem todas se prestam para as mesmas finalidades, sendo a escolha é essencial para o [in]sucesso. 5.2 Desafios do uso da tecnologia

Recursos tecnológicos no ensino também podem, em certas circunstâncias,

apresentar aspectos negativos. É evidente que os recursos tecnológicos servem para emprestar um caráter moderno ao ensino, entretanto não basta estar presente, a tecnologia tem que aparecer no momento certo e para atender a objetivos dos conteúdos a serem lecionados, sempre de forma equalizada e com finalidade bem definida.

Os professores universitários ainda apresentam muitas dificuldades no uso das novas tecnologias do ensino. Apesar de sua ampla difusão, ainda há muitos profissionais que ainda não inseriram as novas tecnologias em sua prática, não apenas pela na capacitação, mas também em decorrência das resistências a mudança, que acompanham profissionais dos mais diversos níveis (GIL, 2010).

Para utilizar adequadamente as tecnologias do ensino, o professor também precisa levar em consideração a familiaridade dos estudantes com as novas tecnologias e sua acessibilidade a computadores e programas de informática. Apesar da ampla disseminação dos computadores portáteis entre parte dos alunos, esta ainda não é uma realidade uniforme e os laboratórios das universidades quase nunca são suficientes para a demanda existente. Estes aspectos, dentre outros relacionados à infra-estrutura (e.g. conexão), ainda são empecilho para a utilização da tecnologia educacional.

Outro aspecto que tem desconcertado o professor contemporâneo é a utilização de ferramentas tecnológicas, pelos alunos, durante a aula para fins distintos do proposto no momento. Este aspecto merece reflexão. Os alunos, apesar de fisicamente presentes na sala, encontram-se cada qual em seu “mundo”, absorvidos por atividades paralelas, utilizando-se das possibilidades da onipresença oferecidas pela tecnologia, estas possibilidades oferecidas pela mobilidade tecnológica são um desafio ao professor contemporâneo. A desterritorialização do aluno da sala de aula é uma ameaça ao aprendizado nos padrões que conhecemos até então. Como lidar com este fato? Virilio considera a realidade virtual, assim como os transportes, um elemento estrutural de vetorização sociodromológica da existência. Um meio de transporte, não mais entre dois pontos geográficos, mas de “coisas” imaginárias, próprias do mundo simbólico (TRIVINHO, 2005). 6. Considerações

A educação atual é contemporânea da cibercultura. Esta, impõe para a sociedade novos moldes tecnológicos de existência que refletem diretamente na escolha do direcionamento estratégico do processo ensino-aprendizagem, que pode ser afetado na sua [des]qualificação. A adequação da escola aos ditames do império tecnológico ainda é uma discussão imatura e que gera mais indagações do que respostas.

Dentre os teóricos que refletem sobre o fenômeno, existe uma preocupação quanto à subserviência dos conteúdos às tecnologias, quando o ideal seria a relação inversa; utilizar a ferramenta como meio, não como fim. As novas tecnologias são elementos que podem contribuir para o melhoramento da dinâmica utilizada pelo professor; diversificando as atividades, possibilitando pesquisa, aumentando a interatividade, facilitando a comunicação, prendendo a atenção dos alunos, melhorando a fluidez da comunicação, propiciando a atualização de conteúdos e métodos, e, a acima de tudo, gerando uma identificação com este aluno fruto da revolução digital.

É papel do professor ser reflexivo e conhecer o contexto de atuação. Aderir às tecnologias educacionais representa um posicionamento do profissional que é sensível às configurações do ambiente, refletindo e melhorando sua prática. Contudo, a adesão a estas ferramentas disponibilizadas, requer do professor uma preparação para lidar com esse contexto tecnológico. A [in]capacidade do professor direcionar os aprendizado nesta nova

configuração contemporânea será determinante para o [in]sucesso resultante. O desafio está posto, cabe a cada um [re]pensar o seu papel como educador diante das novas configurações da sociedade.

A infra-estrutura disponibilizada pelas instituições tem um papel determinante na inovação pedagógica. Sem os devidos investimentos em tecnologia, e, principalmente, sem a real consciência de que a mudança é necessária, de que é um processo lento, mas exige ação contínua, torna-se extremamente difícil a inovação pedagógica.

A complexidade tem se apresentado como uma característica peculiar do sujeito contemporâneo. Sujeito este que possui uma dinâmica distinta na construção do saber, sendo verdadeiramente fascinado pela aquisição de novas informações e de coisas surpreendentes. Um dos desafios do professor universitário da atualidade, trazido aqui à discussão, é a competência em lidar com as possibilidades oferecidas pelo “mundo digital” e os “sujeitos deste mundo”. Equalizando a utilização de suas ferramentas da forma mais vantajosa para construção do conhecimento sustentável com seus alunos.

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