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Durante o vulcanismo basáltico que gerou as rochas da Formação Serra Geral, nem todo o magma basáltico produzido em profundidade subia à superfície e extravasava-se . Muitos corpos de magma ainda no estado de fusão, aproveitavam as fraquezas dos arenitos das Formações Pirambóia e Botucatu e se co locavam ent re essas rochas em profundidades de até 200 metros. Aí se resfriaram e cristalizaram-se gerando os diabásios, em estruturas chamadas de soleiras.
Areia que Canta
Introdução
A natureza sempre revelou suas maravilhas ao longo do tempo e do espaço. Assim, exatamente nos dias de hoje e neste local tem-se uma fonte d'água natural esplêndida, como raras no mundo o são. Esta ocorrência é uma típica areia movediça, que de fato, tratam-se de sedimentos arenosos expostos numa fonte d'água de fluxo vertical e ascendente.Este jorro constante durante muitos milhares de anos deixou os grãos de areia perfeitamente arredondados, e assim, ao menor atrito, emitem sons, os quais se diferenciam conforme a sua granulometria e grau de umidade, e assim chamada de "Areia que Canta". É como se pegássemos várias bolinhas de gude e atritássemos na mão. (Fotos 1 a 4)\Condições especiais, intimamente relacionados a uma evolução geológica da região nos últimos 200 de milhões de anos, fizeram com que aqui, na Fazenda Tamanduá, aparecesse esta enorme nascente, que é capaz de jorrar mais de 70000 litros de água por hora nos períodos de maior estiagem.
Esta fonte magnífica poderia muito bem ter inspirado o nome município - Brotas.
História Geológica da Areia que Canta
A região da Fazenda Tamanduá é caracterizada por uma condição geológica bem peculiar, dominada por rochas areníticas e por rochas magmáticas conhecidas como diabásios (basalto intrusivo)..
Os arenitos são rochas sedimentares bastante permeáveis e capazes de armazenar e transportar grandes quantidades de água. Os diabásios, por outro lado, são rochas magmáticas cristalinas e praticamente impermeáveis.
A formação de uma surgência (mina d' água) como a da Areia que Canta pode levar muitos milhares de anos e depende de diversos fatores geológicos.
Há 200 milhões de anos atrás a região de Brotas tinha um clima algo diferente do que é hoje. Diversos rios em complexa rede de drenagem transportavam sedimentos arenosos e argilosos das partes elevadas para as regiões mais baixas. Em seu percurso os rios depositavam espessas camadas de sedimentos. Registros desse ambiente fluvial foram preservados em muitos rochas areníticas da região que preservam belas estratificações cruzadas de pequeno a médio porte, produzidas pelas águas dos rios. (Foto 5)
Após esse período o clima se altera e então um extenso deserto se instala na região. Depósitos eólicos, isto é, depósitos sedimentares formados pela ação do vento formaram-se sobre os antigos rios e seus sedimentos. Desse período foram preservadas grandes dunas com suas mega-estratificações cruzadas de até mais de 100 metros de extensão (Foto 6). As rochas mais comuns são arenitos finos sem argila.
O conjunto das rochas formadas nesse ambiente desértico é chamado de arenito Botucatu.
Juntas as rochas areníticas das formações Pirambóia e Botucatu constituem um dos maiores reservatórios de água subterrânea potável do mundo, o Aquífero Guaraní.
Ao final do período desértico, há 120 milhões de anos atrás, mudanças no comportamento global resultaram na fragmentação do Supercontinente Gondwana e separação da América do Sul e África com a conseqüente abertura do Oceano Atlântico. Nas regiões sul, sudeste e centro-oeste do Brasil, grandes derrames de lava basáltica com mais de 200 metros de espessura produzidos por grandes fissuras abertas no chão cobriram grandes extensões..
Os grandes derrames de lava basáltica relacionados a esse vulcanismo da era Mesozóica são conhecidos pelo nome de Formação Serra Geral. São essa rochas, quando alteradas, que geram a conhecida "terra roxa", tão importante para a agricultura e também a "pedra ferro" de grande uso na construção civil..
São também os basaltos da Formação Serra Geral que sustentam a o conjunto de Cuestas na região do Patrimônio, e quase todas as cachoeiras e corredeiras da região (Fotos 7 e 8). O melhor exemplo são o grande conjunto das Cataratas de Foz do Iguaçu, no Paraná.
Após esse vulcanismo, novas rochas depositaram-se sobre os derrames basálticos até o momento em que toda a região foi soerguida por forças da tectônica regional. De bacia sedimentar, para onde eram transportados todos os tipos de sedimentos, a região passou a ser área fonte de sedimentos e de intenso processo erosivo. Rios instalaram-se formando profundas d renagens , a r rasando o re l evo e transportando milhões de toneladas de sedimentos anteriormente depositados. O conjunto dos processos intempéricos e erosivos resultaram na denudação do relevo até o nível atual, hoje observado. Só assim temos esta paisagem hoje vista (Foto 10 e 11).
Foto 1 Foto 2 Foto 3 Foto 4
Foto 7
Foto 8
Foto 9
Foto 10
Foto 5 Foto 6
Fig. 2. Perfis geológicos das
seções A - A' e B- B'
Diabásio
Arenitos da form. Pirambóia
Aluviões retrabalhados (Banhado)
Nível d'água
Nível piezométrico
Fluxo de água subterrânea
Poço tubular
(Exagero vertical: 10X)
720
580
600
620
640
660
680
700
NNW SSW
Rib
. Cab
eça
de V
aca
Rio
Tam
andu
á
Fon
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Poço
Poço
Nível Piezométrico Nível d'água
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A A'
110 m
105 m
Fluxo
700
660
680
620
640
600
Rio
Tam
andu
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Rio
Tam
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Nível d'água
NW SE
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B B'
N.A = 35 m.
N.A = 26 m
A''
0 1 2 3 m
Escala
NFig. 4 Mapa Geológico de Detalhe da Surgência Areia Que Canta
A'
A
A'
A
1,5
2,5
4,5
3,5
0
1,0
A'
Areia Grossa ( 0,5 - 2 mm)
Areia Fina( 0,05 - 0,2 mm)
Areia muito fina, argila e matéria orgânica
Silte, argila e matéria orgânica
Areia Média( 0,2 - 0,5 mm)
Areia muito grossa, cascalhos e finos associados
Legendaescoamento
Profundidade (metros)
Anos
Fig. 3. Pluviosidade anual - (total anual) - pluviômetro Campo Alegre
0
500
1000
1500
2000
2500
Milímetros (mm)
1944
1940
1942
1946
1948
1952
1950
1954
1956
1958
1960
1962
1964
1966
1968
1970
1972
1974
1976
1978
1980
1982
1984
1986
1988
1990
1992
1994
1996
1998
2 Surgências3200 - 300m /h
1 Surgência3100 - 150m /h
Elevação doNível d'água
Manutenção do Nível d'água
Rebaixamento do Nível d'água
Areia Que Canta
660640
700
660
720
680
680
700
720
740
640
620
700
640 Rio
anduá
Ta
m
Rib. C
abeça d
e V
aca
Rib
. Pe
dra
de
Am
ola
r
106
7.529.750 N
80
3.0
00
E
80
4.0
00
E
7.530.000 N
7.528.000 N
7.527.400 N
80
5.9
00
E
N
A. T.
A. T.
Fig. 1. Mapa Geológico da
Região da Fazenda Hotel
001
002
003
004
005
006
007 008
009
010
011
140
013 014 015
016 017
018
019
020
021
022
023
024
025
026
027
028
029
030
031 032
033 034
035 036 037
038 039
040
041
042
043
044
045
046 047 048 049
050 051
052 053
054 055
056
057 058
059 060 061
062
063
064
065
066
067
068
069
070
071 072 073
074 075 076 077
078 079
080
081
082 083
084 085
086
087
088
089 090
091
092
093
094
095 096
097
098
099
100 101 102
103 104
105
107
108
109
110
111
112
113
114
115
116
117
118
119 120
121
122 123
124 125
126 127
128 129
130
131
132
133
134
135
136
137
138
139
153
012
146
151
147
144
143 142
141
152
Mata
Eucalipto
B
A
A'
B'
Pontos visitados
Poço tubular
Surgência
Curvas de nível
Drenagem / Lago
Estradas secundárias
Estradas principais
Arenitos da Fm. Pirambóia
Diabásio
Aluviões retrabalhados
680700
123
0 200 400 600 800 1000 m
10º
10º
05º
Linha de Transmissão