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ARQUEOLOGIA DA ARQUITETURA E OS ENGENHOS DE MARÉ NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO MARQUES, FERNANDO LUIZ TAVARES 1. Museu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Ciências Humanas. Campus de Pesquisa. Av. Perimetral, 1901. Telefone: (91)3075 6272. CEP 66.077-830. Belém-PA [email protected] RESUMO A realização de pesquisas arqueológicas na área do estuário amazônico tem revelado que até o início do século XX engenhos de cana-de-açúcar utilizaram a energia das marés para girar suas moendas. O estudo de ruínas de espessos muros e abóbadas construídas em pedra bruta e lapidada e tijolos maciços em locais sujeitos às inundações das marés tem levado à descoberta e caracterização dos componentes destes sistemas hidráulicos que foram elementos críticos funcionais da exploração canavieira em tempos coloniais. A pesquisa contribui para resgate e salvaguarda de preciosas informações sobre funcionamento destes engenhos, cujos riscos da perda são iminentes, e num futuro bastante próximo. Palavras-chave: engenhos de maré; estuário amazônico; arquitetura hidráulica.

Arqueologia da Arquitetura e os Engenhos de Maré no Estuário

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Page 1: Arqueologia da Arquitetura e os Engenhos de Maré no Estuário

ARQUEOLOGIA DA ARQUITETURA E OS ENGENHOS DE MARÉ NO ESTUÁRIO AMAZÔNICO

MARQUES, FERNANDO LUIZ TAVARES

1. Museu Paraense Emílio Goeldi. Coordenação de Ciências Humanas.

Campus de Pesquisa. Av. Perimetral, 1901. Telefone: (91)3075 6272. CEP 66.077-830. Belém-PA [email protected]

RESUMO

A realização de pesquisas arqueológicas na área do estuário amazônico tem revelado que até o início do século XX engenhos de cana-de-açúcar utilizaram a energia das marés para girar suas moendas. O estudo de ruínas de espessos muros e abóbadas construídas em pedra bruta e lapidada e tijolos maciços em locais sujeitos às inundações das marés tem levado à descoberta e caracterização dos componentes destes sistemas hidráulicos que foram elementos críticos funcionais da exploração canavieira em tempos coloniais. A pesquisa contribui para resgate e salvaguarda de preciosas informações sobre funcionamento destes engenhos, cujos riscos da perda são iminentes, e num futuro bastante próximo.

Palavras-chave: engenhos de maré; estuário amazônico; arquitetura hidráulica.

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4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro

Introdução

Em 1988, durante estudo de um sítio onde existiu um engenho que funcionou até a década

de 1920, no município de Igarapé-Miri, Pará, a descoberta de vestígios construtivos em

madeira dispostos junto ao rio suscitou interesse em um aspecto crucial ao seu

funcionamento - a força motriz. As estruturas de madeira estavam em locais sujeitos às

inundações diárias das marés, cujas amplitudes são marcantes naquela área. Com apoio de

uma consistente informação oral de um antigo morador do local, pudemos aprender que

estas construções correspondiam às obras hidráulicas do engenho São José, e que foram

identificadas como: 1) caixão, barragem que servia para represamento da água durante a

enchente; 2) canal, depressão escavada no solo, que derivava do igarapé até engenho; e

3) calha, onde era assentada a roda d’água atrelada à moenda do engenho (ANDERSON &

MARQUES, 1992). Portanto, pode-se dizer que no caso desta investigação com base no

depoimento de uma testemunha ocular, em conjunção com as evidências materiais

presentes, revelou-se através do retrato falado apresentado na Figura 01 uma descoberta

relevante para a história da tecnologia no Brasil: moendas de engenhos de cana-de-açúcar

operaram com a energia das marés. (MARQUES, 2004)

Figura 01. Reconstituição do sistema motriz movido a maré do engenho São José, em Igarapé-Miri.: A água da maré atuou na fertilização das margens (1); Durante o preamar uma barragem (2) represava a água enchendo um igarapé e um canal, que foi escavado até o engenho (3). Na vazante, liberava-se a água para girar uma roda acoplada à moenda do engenho (4) (MARQUES, 2004, P.183)

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A continuidade destas pesquisas em outras localidades do estuário fundamentaram a

implantação e consolidação no Museu Paraense Emílio Goeldi do projeto “Arqueologia e

História de Engenhos Coloniais no estuário Amazônico”, no sentido de avaliar aspectos

relacionados à implantação dos sítios na paisagem, à localização das obras funcionais pelos

sítios, bem como as soluções de arquitetura e engenharia que foram empregadas em suas

construções. Estes elementos fornecem importantes subsídios a uma hipotética

reconstituição do seu processo de construção, visando estabelecer um modelo preditivo de

engenho de maré em contexto das épocas coloniais. Atualmente, tem-se ampliado o número

de sítios investigados, ou apenas localizados, para em torno de quarenta engenhos

similares, com suas obras hidráulicas construídas também em outros materiais e técnicas,

como alvenarias de pedra e tijolo maciço.

Figura 02. Mapa de localização de sítios de engenhos de cana-de-açúcar no estuário amazônico, onde foram encontradas evidências de obras hidráulicas sujeitas às marés. (MARQUES, 2004, P.183)

Tendo como enfoque uma abordagem essencialmente da Arqueologia da Arquitetura, esta

pesquisa tem levado ao conhecimento e valorização destes sítios históricos, remanescentes

de agroindústria canavieira, que comprovam que na Amazônia, de fins do século XVIII à

segunda metade do século XIX dispunha-se de um repertório tecnológico de alto nível, nos

campos da arquitetura e engenharia rural.

Esta conclusão se fundamenta no porte das construções de engenhos investigados, com

seus resquícios perdidos em meio à vegetação densa ou nas margens dos rios do estuário,

de algumas peculiaridades em termos de sua significância históricas ou quanto ao seu

aspecto tecnológico, como nos casos do Engenho Murutucu, localizado na periferia de

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Belém, onde se destacam ruínas da capela em estilo neoclássico e seu sistema motriz em

bom estado de conservação, que pertenceu ao arquiteto italiano Antonio Landi; e também

dos engenhos “Bom Intento”, no rio Guamá, e o “Taperuçu”, no rio Capim, os quais

apresentaram sistemas com duas calhas conjugadas.

Energia de Marés

Fundamentalmente, o princípio básico desta tecnologia consiste na transformação de

energia potencial, acumulada pelo represamento da água da maré durante a enchente, em

energia cinética a partir da liberação deste volume durante a vazante.

Uma Tecnologia Quase Milenar.

A energia das marés tem se constituído, ao longo da história do homem, em uma de suas

importantes fontes de energia. Esta técnica teve sua significância refletida pela utilização

em larga escala nos moinhos de cereais desde a época medieval até seu emprego em

tempos atuais, como por exemplo, em grande hidrelétrica maremotriz localizada no estuário

do Rance, na França.

Historicamente, em relação ao aproveitamento da energia das marés em moinhos, as

informações bibliográficas pesquisadas evidenciaram algumas controvérsias quanto à época

de sua origem. Conforme NABAIS (1986, p. 15) esta difusão teria iniciado em 1044, ano

em que o autor relaciona a existência de um moinho de maré localizado ao norte do

Adriático, mas na Enciclopedia Universal Ilustrada Europeo-Americana, consta que "... Es

dudoso que, como se ha venido diciendo, este sistema de utilización de la fuerza de las

mareas fuera conocido de los venecianos en el siglo XI, porque las mareas son muy poco

importantes en el Adriático." (ESPASA-CALPE, 1903, p.1441)

Por outro lado, outros autores consideram que a técnica era já conhecida, no mesmo século

XI, porém na Inglaterra, pois no Domesday Book - recenseamento dos bens do reino bretão,

ordenado por Guilherme I, o Conquistador – refere-se moinhos de maré na Inglaterra desde

1087 (SKINNER & TUREKIAN, 1988, p. 80), inclusive havia um destes registrado em Dover,

litoral inglês (DERRY & WILLIAMS, 1973, p. 253).

Esta informação não é aludida por GIMPEL (1976, p. 27) quando aborda a presença de

5.624 moinhos relacionados neste inventário. Especificamente, a propósito de moinhos de

maré, este autor menciona apenas que é conhecida sua existência no século XIII, na foz do

rio Adour, perto de Bayonne, e no estuário do Deben, Condado de Suffolk. A partir de então,

a técnica de passou a ser difundida pela costa oeste da Europa, evidentemente em locais

sujeitos às inundações periódicas do oceano Atlântico, o que compreende praticamente toda

a faixa litorânea estendendo-se desde a Holanda até o sul da Espanha.

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Em Portugal, a mais antiga referência que se tem notícia sobre a existência de um moinho

de maré remonta ao ano de 1290 quando um é reportado em Castro Marim, foz do

Guadiana, na costa sul. (CASTELO BRANCO, 1965, p. 50) Posteriormente, outros se

expandiram principalmente nos estuários do Tejo e do Sado, proximidades de Lisboa, além

de, em menor número, no litoral ao norte e na costa meridional algarvia. (NABAIS, 1986, p.

20)

Com o advento das expedições colonizadoras, a partir do século XVI a utilização da maré

para mover moinhos passa ser propagada até o Novo Mundo, principalmente na América do

Norte ao longo da costa leste, onde ocorrem as maiores amplitudes. Segundo BENTON

(1972), a Enciclopaedia Britannica assinala o primeiro moinho de maré no continente

americano sendo construído em 1635 em Salem, Nova York, e também indica moinhos

deste tipo em Brooklim, construídos em 1636 pelos holandeses. Na década de 1640, foram

reportados moinhos de maré em Manchester, Massachustes (ELDEN, 1935), e em Boston

(SKINNER & TUREKIAN, 1988, p. 80). Para a América do Sul, a maré como força motriz em

engenhos ocorreu desde 1667, no Suriname.

No Brasil, a respeito do uso de energia de maré como força motriz em engenhos de cana-

de-açúcar, referências encontradas mesmo em publicações específicas sobre o assunto

evidenciaram controvérsias. GAMA (1983, p. 135), menciona as cidades de São Luis, no

Maranhão, e Belém do Pará, como locais onde existem ruínas de moinhos de maré, e

quando consultado a respeito, o autor revelou ter se baseado em informações orais.

Forças Motrizes na Agroindústria Canavieira.

Conforme a historiografia nacional, desde sua implantação em 1530 até fins do século XVIII,

nos engenhos do Brasil, para movimentar suas moendas foram utilizadas as seguintes

fontes de energia: a Força Muscular Humana; a Tração Animal e; a Força Hidráulica.

(AZEVEDO, 1990; ANTONIL, 1967; e CANABRAVA, 1981). No século XIX, estas fontes

ainda continuaram movimentando engenhos, a despeito da modernização dos

equipamentos industriais, principalmente com a utilização de máquinas a vapor

reconhecidamente muito mais eficientes na moagem (GAMA, 1983).

Da mesma forma, em relação à região amazônica, as informações históricas encontradas

sobre o tipo de força motriz usada em engenhos referenciam invariavelmente também como

movidos a animal, a água e mais tardiamente, a vapor. (BAENA, 1885; BARBOSA, 1888; e

d'OLIVEIRA, 1889)

No Brasil, até a adoção de máquinas a vapor na década de 20 do século passado, o uso de

rodas d'água para movimentar engenhos foi a técnica mais eficaz. Na área do estuário

amazônico, a viabilidade da utilização da energia hidráulica em engenhos já havia sido

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inicialmente ressaltada pelo jesuíta espanhol Acuña quando aqui esteve em 1639

(CARVAJAL et al, 1941, p. 194). Em 1819, o viajante José de Brito Inglez ao tratar o estado

da Capitania do Pará assim ressaltou: "...qual paiz onde se fação, ou possão fazer com

tanta facilidade estabellecimentos e engenhos d'ágoa cujas vantagens são tão palpáveis"

(INGLEZ, 1819, p. 138)

Com a eventual colonização da região as referências sobre estas indústrias passaram a

constar com mais frequência em relatos de oficiais portugueses e trabalhos científicos.

Posteriormente, viajantes naturalistas europeus descrevem visitas a engenhos locais em

seus relatórios de viagens pela região durante os séculos XVIII e XIX. (FERREIRA, 1980;

WALLACE, 1939; BATES, 1944; SPIX & MARTIUS, 1961). Apesar de oriundos de países

onde o uso água de maré como força motriz em moinhos era bastante conhecido, estes

viajantes praticamente nada reportaram sobre obras hidráulicas e funcionamento dos

engenhos do estuário amazônico. Curiosamente, na coleção de estampas referentes à

Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues Ferreira na Amazônia, em fins do século XVIII,

constam ilustrações de dois engenhos localizados às proximidades de Belém. Nestes

desenhos são observados muitos detalhes de obras como vertedouros e grandes rodas

d'água, porém, apesar de especificar suas localizações, nada explicam sobre seu

funcionamento (CONSELHO FEDERAL DE CULTURA, 1971).

Figura 03. Estampa da obra “Viagem Filosófica...”, de Alexandre Rodrigues Ferreira, que ilustra um engenho de cana movido por roda hidráulica na qual é demonstrada a calha, em baixo à esquerda.(MARQUES, 2004)

De acordo com outros autores, no final do século XIX, havia um expressivo número de

engenhos "movidos à água". Grande parte destas citações e em especial as de Manoel

Barata (1973) foram compiladas num artigo mais recente sobre a indústria açucareira, no

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qual foram enumerados nomes de engenhos e de seus proprietários, construídos no Pará,

durante os séculos XVII, XVIII e XIX (CRUZ, 1963). De um modo geral, as referências

constantes em obras publicadas sobre os séculos XVIII e XIX são insuficientes quanto a

detalhes de natureza e funcionamento de engenhos do estuário amazônico.

Revisão Histórica sobre Uso de Maré no Contexto Regional

Na região amazônica, esta ideia de aproveitar a água da maré para fazer funcionar

engenhos de cana-de-açúcar foi abordada inicialmente pelo jesuíta João Daniel em sua obra

"Tesouro Descoberto no Máximo Rio Amazonas", precisamente na Sexta Parte.

Este jesuíta, que viveu na Amazônia de 1741 a 1757, formulou muitas ideias sobre a

utilização de recursos naturais da região amazônica para melhoramentos na qualidade de

vida e economia amazônicas. Em relação aos engenhos locais, considerou extremamente

ineficaz o único tipo de força motriz ocorrente na região, que era a tração animal. (DANIEL,

1976, T.2, p. 27) Neste sentido, propôs "a invenção de represar as marés para fazer moto

contínuo", apresentada com detalhes na Sexta Parte da obra (DANIEL, 1976, T.2, p. 403).

Este invento seria viabilizado pelo baixo custo de terras e condições naturais amplamente

favoráveis, em função da topografia plana dos terrenos marginais a rios diariamente sujeitos

às altas marés. (DANIEL, 1976, T.2, p. 409)

No contexto do final do século XVIII, foi encontrada outra referência sobre o uso de maré,

em área próxima à Amazônia, desta feita no estado do Maranhão. Tratando da produção de

arroz naquele estado em 1772, o colono Joaquim de Melo assinala “para a côrte que nada

podia informar sobre os moinhos de maré pois ainda não vira seu efeito." MARQUES (1970,

p. 92)

Especificamente, em relação a engenhos de cana-de-açúcar foi encontrado um registro do

oficial Francisco Barata, que vivia no Pará e viajou até o Suriname em 1789. Em seu

relatório, ao abordar o estado da agricultura naquela colônia reportou como uma novidade a

natureza do funcionamento de engenhos locais em relação aos engenhos paraenses.

A propósito do uso de maré como motriz de engenhos na área estuarina amazônica, para

ser mais preciso, foi obtida apenas uma referência histórica, ainda que não específica. No

início do presente século, o engenheiro Palma Muniz ao reportar sobre a instalação da

colônia agrícola Nossa Senhora do Ó na Ilha das Onças em 1854, transcreve um inventário

do Engenho Boa Vista que anteriormente lá funcionava: "...Dispunha elle de uma maquina

de engenho de cylindros horizontaes de alta pressão, movido a água, moendo a canna

necessária para produzir em cada maré um pipa de aguardente...". (MUNIZ, 1916, p. 28)

Como foi observado, não foram encontradas descrições de funcionamento de engenhos

movidos a maré no estuário amazônico. O mesmo também se pode afirmar a respeito dos

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construtores destes engenhos. Em relação a este assunto, foi localizada uma informação

dando conta da visita à Província do Pará, de um engenheiro português, Joaquim Luis

Simões Lírio, ao que se supõe, durante a primeira metade do século XIX. Conforme o

registro, este engenheiro que construiu a fábrica hidráulica Tamancão em São Luis do

Maranhão, teria vindo ao Pará também para "levantar outras iguais". (MARQUES, 1970,

p.257). De fato, em viagem àquela capital, comprovamos que o sítio de nome Tamancão foi

realmente também um engenho movido a maré, e que informações sobre a época de sua

construção situavam-no seguramente na primeira metade do século XIX.

O Cenário Geográfico Estuarino

A grande incidência de engenhos está localizada na chamada zona fisiográfica guajarina,

circunvizinhanças da cidade de Belém, que se caracteriza tipicamente como uma paisagem

de estuário. Na área são observadas condições naturais específicas como uma

conformação topográfica essencialmente plana, e recortada por inúmeros rios, furos e

igarapés. De acordo com sua altitude e, por este motivo, sua evidente sujeição à influência

das inundações das marés do estuário, estes terrenos são comumente denominados na

região de "várzea alta" e "várzea baixa". As várzeas altas apresentam altitudes variando de

3 a 6m e que são atingidas apenas pelas marés sizígias nos meses de fevereiro a abril,

enquanto as várzeas baixas correspondem às terras que são atingidas pelas inundações

diárias.

Quanto ao movimento das marés, a extensa rede hidrográfica caracterizada por um grande

número de rios, igarapés, furos e canais, oportuniza sua manifestação em todo o estuário.

Referenciado localmente como enchente e vazante, este fenômeno resulta de forças de

atração que o sol e a lua exercem sobre a massa líquida da terra, ocasionando assim

oscilações periódicas do nível da água dos oceanos, até certo ponto bastante regulares,

denominadas fluxo e refluxo. O fluxo consiste na elevação deste nível d'água, o que dura 6

horas e 12 minutos, até atingir sua cota máxima, denominada "preamar". Neste ponto,

permanece por 7 minutos até iniciar o refluxo, ou seja, o abaixamento do nível d'água, que

demora também 6 horas e 12 minutos, até atingir seu nível mínimo, o "baixamar". Neste

ponto também fica parada por 7 minutos até reiniciar o fluxo. (LIMA, 1956, p. 19-25).

Arquitetura Hidráulica e Arqueologia no Estuário Amazônico

Caracterização da Arquitetura Hidráulica.

Estas obras tiveram como função capturar e reter a água da enchente da maré que

penetrava no igarapé. A interpretação de vestígios das Barragens permitiu concluir que esta

estrutura consistia em dois espessos muros autoportantes, localizados nas margens do

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igarapé, a fim de suportar a carga dos inconsistentes terrenos marginais. Estes maciços

apoiaram a comporta que atravessava o igarapé. Em relação à comporta, somente foram

encontrados indícios de sua existência, através da observação no fundo da obra, ou leito do

rio, de sulcos verticais nos muros que lhes serviam de suporte.

Em alguns sítios foram notados revestimentos do leito, possivelmente para evitar problemas

de infiltração sob as paredes e a comporta. Neste aspecto foram caracterizados blocos de

pedra lapidada e peças de madeira.

Figura 04. Planta baixa e vista da barragem do Sítio Laranjeira, rio Acará.

De um modo geral, estas obras observadas nos sítios apresentavam-se já bastante

descaracterizadas. As necessidades atuais de desobstrução dos igarapés, para fins de

navegação, ou até mesmo para obtenção de pedras para construção podem ser apontadas

como causas deste arruinamento.

Figura 05. Vista da barragem do Sítio Uriboca, rio Guamá.

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Os Canais foram interpretados como sendo as depressões nos terrenos dos sítios que

derivavam desde o igarapé Ladrão, a montante da barragem, até a calha. Classificados

como canais abertos, estas obras escavadas serviram para derivar a água represada no

igarapé Ladrão até o local da roda d'água.

O longo período de estagnação destes engenhos com a eventual obstrução da calha

provocou o quase completo aterramento decorrente da lixiviação das áreas marginais e da

contínua acumulação de sedimentos trazidos pelas enchentes das marés.

Em relação às Calhas, conforme observação de seus remanescentes nos sítios e

informações de moradores locais, estas obras correspondiam a um fosso construído no local

da fábrica do engenho. Assim como as barragens, aí eram empregadas também paredes

de quase um metro de espessura, a fim de resistir à pressão dos terrenos nas laterais. Na

grande maioria foram verificados abóbadas nas extremidades. Funcionalmente, a Calha

constitui o vertedouro através do qual a água represada no igarapé e no canal é liberada

para movimentar uma roda d'água lá instalada.

Figura 06. Desenho das obras hidráulicas do Engenho Murutucu, em Belém.

Estas obras apresentaram-se em melhor estado de conservação que as barragens. Estas

condições podem ser atribuídas à localização próxima da atual residência do morador, que

inibe o saque, e também por se encontrarem aterradas, intencionalmente para utilização do

terreno, ou naturalmente pela sedimentação comum na zona estuarina.

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A existência de entulhos de ruínas e sedimentos em seu interior, acumulados desde que o

engenho parou, impossibilitou a aferição da profundidade do fosso. Em alguns sítios a

remoção de parte destes entulhos junto às extremidades do fosso, permitiu evidenciar vãos

em forma de arco que correspondiam a galerias abobadadas que interligavam o fosso até o

rio, na frente, e ao canal, atrás. Estes artifícios além de contribuir para a solidez da

estrutura como um todo, e propiciavam um aumento de área útil no local da fábrica.

Nas abóbadas localizadas entre o fosso e o canal foram observados sulcos verticais nas

paredes laterais indicando a existência de uma comporta, tipo guilhotina, para possibilitar

controle da liberação da água. Junto ao arco desta galeria, na parte interna da calha, foram

notados degraus em cada uma das paredes laterais.

Figura 07. Desenhos de Planta e Corte da Calha do Engenho Itacuã, rio Acará.

Na maioria dos sítios esta obra apresentou-se de forma retangular, ao nível da superfície do

terreno, larguras iguais nas extremidades e no centro. Porém, em relação ao fundo, foi

observado em alguns sítios que a largura no meio era menor que nas extremidades. As

inclinações das paredes laterais neste ponto estreitam o espaço, indicando o exato local

onde as pás da roda eram impactadas. Em algumas destas obras, nas paredes laterais e

junto às abóbadas de trás também foram notados degraus de escadas de acesso ao fundo.

Materiais e Técnicas de Construção.

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Na caracterização dos materiais empregados construção das obras hidráulicas, foi

constatada a ocorrência invariável de pedras em seu estado bruto, de forma irregular, ou

blocos de pedras lapidadas, em forma de paralelepípedo de até 1m de comprimento. Foi

observado também o emprego de tijolos maciços e vazados e lajotas de barro cozido.

Conforme resultados de análises feitas por geólogos da Universidade Federal do Pará,

acerca da matéria-prima das pedras, predominaram nas alvenarias um tipo de arenito

ferruginoso conhecido localmente por Pedra-Pará. Em alguns sítios foram constatadas

amostras de um tipo de mármore, supostamente importado de Portugal. A ocorrência de

antigas pedreiras nas proximidades não foi indicada por moradores locais, mas sabe-se da

existência em 1859 de uma pedreira denominada de São João, situada a 6km de Belém.

Conforme o viajante AVÉ-LALLEMANT (1980, p. 54), este material era muito usado para

construções e pavimentação das ruas e tornava a jazida muito lucrativa para seu

proprietário, embora ressaltasse a pedra era “arenosa, muito pouco consistente, duma cor

preto-avermelhada, evidentemente com forte mistura de ferro”.

Em relação às cerâmicas, como tijolos, lajotas e telhas, sua utilização em conjunção com a

pedra nas alvenarias era predominante nas construções do século XVIII. Além disso, vale

lembrar que muitos engenhos comportavam suas próprias oficinas, como carpintarias,

ferrarias e olarias. No rejuntamento destes elementos foram constatados antiplásticos

caracterizados como areias e até fragmentos de cerâmica, predominando como ligante, a

cal. Por sinal, em algumas amostras foram observadas carapaças de moluscos associadas

a fragmentos de cerâmica indígena, o que confirma a exploração de sítios de sambaquis

para a obtenção de cal.1

Quanto à técnica construtiva, foram empregadas alvenarias ciclópicas mistas, de pedra e

tijolo em muros de até 1m de espessura. Em algumas destas paredes foram notadas

ligeiras inclinações, em forma de talude, que poderia oferecer maior resistência às pressões

do solo nas laterais, e consequentemente o eventual desmoronamento. Na solução de

fechamento de vãos, foram caracterizadas abóbadas de berço, em arcos em tijoleira.

1 Durante os levantamentos foram localizados dois sítios sambaquis, referenciados localmente como Jacarequara e Prainha, às proximidades dos alguns destes engenhos.

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Figura 08. Vistas da Calha do Engenho Santana, na Ilha de Marajó, com detalhe da abóbada em tijoleira.

A utilização da técnica de alvenaria de pedra e tijolo foi uma prática comum nas construções

do Brasil já no século de seu descobrimento (VASCONCELLOS, 1979, p. 23). Inclusive,

foram encontradas informações sobre a existência de olarias já na época da fundação de

Belém (MEIRA FILHO, 1976, p. 194). Não se pretende, contudo, concluir que materiais e

técnicas construtivos caracterizados nos sítios descobertos possam ser entendidos como

indicadores temporais.

Padrões de Estabelecimento.

A observação em conjunto das plantas baixas dos sítios permite também caracterizar

algumas considerações a respeito da localização na paisagem e das soluções técnicas

aplicadas na arquitetura das obras hidráulicas. Na falta de dados mais detalhados,

principalmente sobre formas de delimitações de propriedades em terrenos ribeirinhos

naquela época, é provável que a escolha destas opções tenha resultado de imposições

ambientais.

Especificamente, infere-se que da conjunção destas condições resultaram os seguintes

tipos de estabelecimento: 1) sítio localizado distante do igarapé Ladrão, o que exigiu a

escavação de um extenso canal aberto desde o local da barragem, até a calha, no local do

engenho; 2) sítio localizado próximo do igarapé Ladrão, o que possibilitou a construção de

barragem e calha, em uma só estrutura, no local do engenho e; 3) sítio localizado à margem

do igarapé Ladrão, onde o conjunto barragem e calha lhe atravessa o leito.

Em relação à arquitetura das calhas, a partir da observação de similaridades e diferenças de

características como forma da planta baixa e ocorrência de escadas laterais junto às

abóbadas, foi possível caracterizar três tipos: 1) sítio de calha em planta baixa de forma

retangular ao nível do terreno e escadas laterais junto às abóbadas.; 2) sítio de calha em

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forma retangular, sem escadas junto às abóbadas e 3) sítio onde a calha apresentou planta

disforme, com reentrância semicircular em uma das paredes laterais.

O estudo tem apontado que na implantação destas indústrias, três fatores tenham sido

determinantes: a disponibilidade de fonte de energia tão próximo quanto possível; a

consistência do solo para assentar as fábricas com seus implementos industriais e; a

localização em rios facilmente navegáveis, viáveis à chegada da cana de canaviais

marginais e à saída do produto para Belém. Por outro lado, conforme a caracterização do

meio físico local, os terrenos marginais de igarapés sujeitos à inundação das marés, são

também essencialmente baixos e, portanto, constituídos por solos de várzea, inadequados à

construção civil.

Considerações Finais

O estuário amazônico é cenário de empreendimentos que na história econômica da região

bem retratam um passado próspero e uma realidade de completa ruína. Esta situação foi

comprovada no grande número de engenhos assinalados na historiografia regional, e

também na quantidade de sítios localizados. Inteiramente esquecidos em meio às

plantações nos terrenos dos moradores ribeirinhos atuais, os remanescentes deste sucesso

alcançado durante o período colonial conferem aos lugares uma nova situação – de maneira

irreversível transformaram-se em... sítios arqueológicos!. Paradoxalmente, é esta

condição que permite vislumbrar medidas legais protetivas para a salvaguarda, e para tal

temos realizado o devido registro no Cadastro Nacional de Sítios Arqueológicos, do Instituto

de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional.

No sentido de assegurar a valorização histórica dos sítios e oportunizar a contemplação por

políticas públicas, a pesquisa tem o desafio de prosseguir com as metas de contribuir para o

conhecimento sobre padrões culturais e ecológicos da agroindústria canavieira em um

ambiente amazônico; e principalmente substanciar a elaboração de ações de educação

patrimonial de forma a obter alternativas de utilização dos espaços dos sítios para fins

culturais, de uso e assim, de conservação. Para tanto, em curto prazo, espera-se consolidar

os seguintes produtos: um Banco de Dados da Cultura Material de Engenhos Coloniais;

Organização do acervo documental e iconográfico; proposta para Exposição sobre

Arqueologia de Engenhos; Produção de Catálogo de Sítios Arqueológicos de Engenhos no

Estuário Amazônico; e Elaboração de um Sistema de Informações Geográficas para

localização, catalogação e caracterização dos engenhos coloniais no estuário amazônico.

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4º Seminário Ibero-Americano Arquitetura e Documentação Belo Horizonte, de 25 a 27 de novembro

Figura 09. Vistas da Calha do Engenho Fazendinha, em Cutijuba.

Os exemplares estudados foram componentes importantes no processo de produção de

engenhos que existiram em tempos coloniais. Sua concepção, no contexto de uma

arquitetura funcional, atendeu a um problema crítico o da obtenção de energia, e cuja

aplicação poderia oferecer subsídios a demandas ainda presentes, como por exemplo, o da

geração de energia elétrica em pequena escala. No período de 1994 a 1999 o conhecimento

de soluções técnicas que foram empregadas no passado não apenas na construção das

obras hidráulicas, mas também no que diz respeito à localização dos engenhos fomentou a

implantação experimental de uma maremotriz para gerar energia elétrica para pequenas

comunidades ribeirinhas localizadas na zona estuarina2 (ANDERSON, NOGUEIRA &

MARQUES, 1993).

2 Projeto Energia Elétrica Gerada pela Maré: Uma Proposta para Desenvolver uma Tecnologia em Benefício de

Ribeirinhos no Estuário do Amazonas, realizado pela Universidade Federal do Pará, nas proximidades de

Belém.

Page 16: Arqueologia da Arquitetura e os Engenhos de Maré no Estuário

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